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UNIVERSIDADE PAULISTA UNIP PROGRAMA DE DOUTORADO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Paulista - UNIP, para obtenção do título de Doutor em Engenharia de Produção. NELIO FERNANDO DOS REIS SÃO PAULO 2014

MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

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Page 1: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP

PROGRAMA DE DOUTORADO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS

PROSPECTIVOS

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Paulista - UNIP, para obtenção do título de Doutor em Engenharia de Produção.

NELIO FERNANDO DOS REIS

SÃO PAULO

2014

Page 2: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP

PROGRAMA DE DOUTORADO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS

PROSPECTIVOS

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Paulista - UNIP, para obtenção do título de Doutor em Engenharia de Produção.

Orientador: Prof. Dr. Jair Minoro Abe

Área de Concentração: Gestão de Sistemas de Operação.

Linha de Pesquisa: Métodos quantitativos em Engenharia de Produção.

Projeto de Pesquisa: Processos decisórios baseados em lógica não clássica.

NELIO FERNANDO DOS REIS

SÃO PAULO

2014

Page 3: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

FICHA CATALOGRÁFICA

Reis, Nélio Fernando dos. Método Paraconsistente de Cenários Prospectivos / Nélio Fernando dos Reis. - 2014. 164 f.: il. color. + CD-ROM.

Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Paulista, São Paulo, 2014.

. Área de Concentração: Gestão de Sistemas de Operação. Orientador: Prof. Dr. Jair Minoro Abe.

1. Cenários prospectivos. 2. Método Quantitativo. 3. Lógica E . I. Título. II. Abe, Jair Minoro (orientador).

Page 4: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

NELIO FERNANDO DOS REIS

MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS

PROSPECTIVOS

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Paulista – UNIP, para obtenção do título de Doutor em Engenharia de Produção.

Aprovado em:

BANCA EXAMINADORA

__________________________/__/___ Prof. Dr. Jair Minoro Abe - Orientador

Universidade Paulista – UNIP

_________________________/__/___ Prof. Dr. Rodrigo Franco Gonçalves

Universidade Paulista – UNIP

_____________________________/__/___ Prof. Dr. João Gilberto Mendes dos Reis

Universidade Paulista – UNIP

_______________________/__/___ Prof. Dr. Claudio Rodrigo Torres

Universidade Metodista de São Paulo – UNIMESP

______________________________________/__/___ Prof. Dr. Claudio Roberto de Sá e Benevides Neves

Escola Superior de Guerra – ESG

Page 5: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos amores da minha vida, minha esposa Sibele e meus

filhos Bruno e Lucas, que com muito afeto me propiciaram tranquilidade para que eu

pudesse percorrer esses longos anos de estudos.

Page 6: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

AGRADECIMENTOS

Agradeço imensamente ao meu orientador Prof. Dr. Jair Minoro Abe que de

forma amiga, educada, peculiar e discreta ofereceu suas orientações ao longo da

construção desta tese, motivando-me e, principalmente, colaborando com meu

desenvolvimento e de minhas ideias.

Agradeço ao coordenador do Doutorado Prof. Dr. Oduvaldo Vendrametto por

sua gestão exemplar a frente do Programa de Pós-Graduação e principalmente por

sua sabedoria, simpatia e amizade.

Agradeço ao Prof. Dr. Pedro Luiz de Oliveira Costa Neto por suas aulas

brilhantes e por nos brindar com seu conhecimento, ao Prof. Dr. José Benedito

Sacomano por sua genialidade e amizade, a coordenadora do Mestrado Profa. Dra.

Irenilza de Alencar Nääs por seu carinho, sabedoria e simpatia dispensados a todos.

Agradeço de forma especial a Profa. Cristina Corrêa de Oliveira por sua

contribuição irrestrita na elaboração desta tese, ao grupo de pesquisa e, não menos

importante, por sua amizade incondicional.

Agradeço também a todos aqueles que colaboraram de forma direta ou

indireta na construção deste trabalho.

Page 7: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

“Toda forma de predição do futuro é uma impostura; o futuro

não está escrito e, pelo contrário, é necessário construí-lo. O

futuro é múltiplo, indeterminado e aberto a uma variedade de

futuros possíveis. O que se vai passar amanhã depende menos

de tendências passadas e mais das políticas que hoje são

levadas a cabo para alterar essas tendências” (MICHEL

GODET).

Page 8: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

RESUMO

Este trabalho apresenta o Método Paraconsistente de Cenários Prospectivos

(MPCP) com a finalidade de apoiar as organizações em seu planejamento

estratégico, sendo uma ferramenta útil por se adequar à execução de uma tarefa

nobre. O método é baseado na lógica não clássica, chamada de Lógica

Paraconsistente Anotada Evidencial E (Lógica E ), a qual está se avultando nos

campos da pesquisa. Suas principais características são estabelecidas pelo

pensamento de especialistas, gerando parâmetros de entrada e se consolidando

pela forma coletiva que se traduz em termos matemáticos. É uma lógica que tem

capacidade para manipular informações imprecisas, conflitantes e paracompletas de

modo não trivial. A pesquisa envolveu duas fases clássicas de pesquisa em pós-

graduação, uma teórica e outra empírica. A pesquisa teórica envolveu revisão da

literatura sobre estudos de futuro, cenários prospectivos e apresentação da

linguagem da Lógica E com seu valor de controle e algoritmo para-analisador. A

prática foi feita com aplicação de pesquisa-ação no setor de ensino superior

brasileiro.

Palavras-chave: Cenários Prospectivos; Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial

E Método Quantitativo.

Page 9: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

ABSTRACT

This work presents the Paraconsistent Method of Prospective Scenarios (PMPS) to

support organizations in their strategic planning, and is a useful tool in the

performance of a noble task. The method is based on non-classical logic, the so-

called Paraconsistent Annotated Evidential Logic E (Logic E ). This logic excels at

the fields of research and its main characteristics arise from experts’ thinking; it

generates input parameters and is expressed in the collective format that translates

into mathematical terms. Is the Logic has the capacity to manipulate imprecise,

conflicting and paracomplete information without being trivial. The research involved

two classic phases of research in graduate school, one theoretical and one empirical.

The theoretical research involved literature review of studies of prospective scenarios

and presentation of Logic E language with its control of demand and algorithm

analyzer tool. The practical phase used the action-research methodology in the

Brazilian higher education field.

Keywords: Prospective Scenarios; Annotated Paraconsistent Evidential Logic E ;

Quantitative Method.

Page 10: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Visão geral da metodologia de pesquisa .................................................. 37

Figura 2 – Representação do reticulado das anotações pelo diagrama de Hasse. 53

Figura 3 – Quadrado Unitário no Plano Cartesiano (QUPC). .................................... 54

Figura 4 – QUPC e a linha perfeitamente definida (LPD) .......................................... 55

Figura 5 – QUPC e a linha perfeitamente indefinida (LPD) ....................................... 56

Figura 6 – QUPC dividido em quatro regiões pelas linhas LPD e LPI. ...................... 57

Figura 7 – Regiões extremas com graus de contradição e de certeza ...................... 58

Figura 8 – Processo do MPCP .................................................................................. 63

Figura 9 – Esquema de aplicação dos operadores MÁX e MÍN.. .............................. 76

Figura 10 – Regiões não extremas do algoritmo para-analisador ............................. 77

Figura 11 – QUPC dos fatores de Porter .................................................................. 85

Figura 12 – QUPC dos fatores do SINAES ............................................................... 94

Figura 13 – QUPC na Visão A ................................................................................. 108

Figura 14 – QUPC na Visão B ................................................................................. 115

Figura 15 – QUPC na Visão C ................................................................................ 123

Figura 16 – QUPC na Visão D ................................................................................ 131

Page 11: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Referência para autoavaliação dos especialistas .................................... 70

Tabela 2 – Categorias adotadas para classificação dos Riscos................................ 74

Tabela 3 – Categorias adotadas para classificação dos Impactos. ........................... 75

Tabela 4 – Categorias adotadas para classificação dos Prazos. .............................. 75

Tabela 5 – Exemplo de Base de dados ..................................................................... 75

Tabela 6 – Exemplo de Regras de MÁX (OR) e MIN (AND). .................................... 76

Tabela 7 – Base de dados dos especialistas aos fatores de Porter .......................... 83

Tabela 8 – Regras OR e AND aos fatores de Porter ................................................. 84

Tabela 9 – Base de dados dos especialistas para os fatores do SINAES ................ 90

Tabela 10 – Regras OR e AND para os fatores do SINAES ..................................... 92

Tabela 11 – Definição de dez temas estratégicos ................................................... 103

Tabela 12 – Evidência favorável e contrária na Visão A ......................................... 106

Tabela 13 – Evidência sobre o Risco na Visão A .................................................... 106

Tabela 14 – Evidência sobre o Impacto na Visão A ................................................ 107

Tabela 15 – Evidência sobre o Prazo na Visão A ................................................... 107

Tabela 16 – Evidência favorável e contrária na Visão B ......................................... 113

Tabela 17 – Evidência sobre o Risco na Visão B .................................................... 113

Tabela 18 – Evidência sobre o Impacto na Visão B ................................................ 114

Tabela 19 – Evidência sobre o Prazo na Visão B ................................................... 114

Tabela 20 – Evidência favorável e contrária na Visão C ......................................... 121

Tabela 21 – Evidência sobre o Risco na Visão C .................................................... 121

Tabela 22 – Evidência sobre o Impacto na Visão C ................................................ 122

Tabela 23 – Evidência sobre o Prazo na Visão C ................................................... 122

Tabela 24 – Evidência favorável e contrária na Visão D ......................................... 129

Tabela 25 – Evidência sobre o Risco na Visão D .................................................... 129

Tabela 26 – Evidência sobre o Impacto na Visão D ................................................ 130

Tabela 27 – Evidência sobre o Prazo na Visão D ................................................... 130

Page 12: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Principais métodos para elaboração de cenários prospectivos .............. 30

Quadro 2 – Temas levantados na pesquisa com especialistas. ................................ 68

Quadro 3 – Proposições estratégicas aos temas levantados .................................... 69

Quadro 4 – Mapa para evidência do especialista (1ª Consulta) ................................ 71

Quadro 5 – Mapa para evidência do especialista (2ª Consulta) ................................ 72

Quadro 6 – Proposições estratégicas para os Temas Estratégicos (TE) ................ 104

Quadro 7 – Resumo dos cenários prospectivos na Visão A ................................... 109

Quadro 8 – Resumo dos cenários prospectivos na Visão B ................................... 116

Quadro 9 – Resumo dos cenários prospectivos na Visão C ................................... 124

Quadro 10 – Resumo dos cenários prospectivos na Visão D ................................. 132

Quadro 11 – Resumo dos Cenários Prospectivos nas Visões: A; B; C e D ............ 137

Page 13: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BOVESPA Bolsa de Valores de São Paulo

CEFET Centro Federal de Educação Tecnológica

COBENGE Congresso Brasileiro de Educação em Engenharia

CSM Comprehensive Situation Mapping

DCN Diretrizes Curriculares Nacionais

FIES Financiamento Estudantil

FPF Fatos Portadores de Futuro

FURB Fundação Universidade Regional de Blumenau GEIES/CRA-SP

Grupo de Excelência em Gestão de Ensino Superior do Conselho Regional de Administração de São Paulo

HEAD O responsável pela Instituição IEA – USP

Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo

IECECE

International Conference on Engineering and Computer Education

IESp Instituição de Ensino Superior Privada INEP

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

JUCESP Junta Comercial do Estado de São Paulo

Lógica E Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial E

LPD Linha Perfeitamente Definida

LPI Linha Perfeitamente Indefinida

MEC Ministério da Educação

ONU Organização das Nações Unidas

PDI Plano de Desenvolvimento Institucional

PPC Projeto Pedagógico de Curso

PROUNI Programa Universidade para Todos

QUPC Quadrado Unitário do Plano Cartesiano SEMESP

Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior do Estado de São Paulo

SIDEPRO Simpósio de Engenharia de Produção

SINAES Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior

SSIA Simpósio de Sistemas Industriais e Automação

TE Temas Estratégicos

USP Universidade de São Paulo

Letra grega mi que simboliza evidência favorável

Letra grega lambda que simboliza evidência contrária

Letra grega alfa que simboliza autoavaliação

OR Palavra inglesa que significa conjunto “ou"

AND Palavra inglesa que significa conjunto “e”

Hcert Simboliza Grau de certeza

Gcontr Simboliza Grau de contradição

Page 14: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 15

1.1 Objetivo .................................................................................................... 15

1.2 Problema .................................................................................................. 16

1.3 Variáveis .................................................................................................. 17

1.4 Alcance .................................................................................................... 17

1.5 Contribuições .......................................................................................... 18

1.6 Justificativa ............................................................................................. 18

1.7 Estrutura .................................................................................................. 19

2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................. 21

2.1 Futuring ................................................................................................... 21

2.2 Cenários Prospectivos ........................................................................... 24

2.3 Métodos para elaboração de Cenários Prospectivos .......................... 28

2.4 Recomendações para elaboração de Cenários Prospectivos ............ 33

3 METODOLOGIA DE PESQUISA ....................................................................... 36

3.1 Visão geral ............................................................................................... 37

3.2 Fase teórica: Definição da Metodologia de Cenário Prospectivo ....... 38

3.2.1 Revisão bibliográfica .......................................................................... 38

3.2.2 Estudos sobre lógica não clássica ..................................................... 39

3.2.3 Seleção de métodos e técnicas de cenários prospectivos ................. 41

3.3 Fase empírica: Aplicação da Metodologia ............................................ 42

3.3.1 Desenho da pesquisa de campo ........................................................ 44

3.3.2 Definição da visão de presente e de futuro ........................................ 45

3.3.3 Definição das variáveis-chave ............................................................ 46

3.3.4 Levantamento de dados ..................................................................... 48

3.3.5 Análise dos dados .............................................................................. 50

Page 15: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

3.3.6 Apresentação dos resultados ............................................................. 50

4 LÓGICA PARACONSISTENTE ANOTADA EVIDENCIAL E (Lógica E ) ....... 51

4.1 O reticulado .......................................................................................... 53

4.2 Grau de incerteza .................................................................................... 54

4.3 Grau de certeza ....................................................................................... 55

4.4 Regra de decisão .................................................................................... 57

4.5 Valor de controle ..................................................................................... 59

5 MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS (MPCP) ... 61

5.1 Processos do Método e Características ............................................... 61

5.2 Visão de Presente ................................................................................... 64

5.2.1 Identificação do Sistema .................................................................... 64

5.2.2 Diagnóstico Estratégico ...................................................................... 65

5.2.3 Regulação e Competição ................................................................... 65

5.2.4 Uso da Lógica E ............................................................................... 66

5.3 Visão de Futuro ....................................................................................... 66

5.3.1 Fatos Portadores de Futuro (FPF) e temas estratégicos.................... 67

5.3.2 Elaboração de proposições e objetivos estratégicos .......................... 69

5.3.3 Consulta aos especialistas e uso da Lógica E .................................. 70

5.3.4 Cenários Prospectivos........................................................................ 77

5.3.5 Redação dos Cenários ....................................................................... 78

6 APLICAÇÃO DO MPCP E RESULTADOS ........................................................ 79

6.1 Visão de Presente ................................................................................... 79

6.1.1 Localização ........................................................................................ 80

6.1.2 Missão ................................................................................................ 81

6.1.3 Filosofia gerencial .............................................................................. 81

6.1.4 Ações estratégicas ............................................................................. 81

Page 16: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

6.1.5 Resultados do MPCP nos fatores de Porter ....................................... 82

6.1.6 Relatório dos Fatores de Porter ......................................................... 86

6.1.7 Resultados do MPCP nos fatores do SINAES ................................... 90

6.1.8 Relatório dos Fatores do SINAES ...................................................... 95

6.2 Visão de Futuro ..................................................................................... 101

6.2.1 Invariantes ........................................................................................ 101

6.2.2 Fatos Portadores de Futuro (FPF) e mudanças em marcha ............ 102

6.2.3 Incertezas críticas ............................................................................ 102

6.2.4 Temas Estratégicos .......................................................................... 102

6.2.5 Visão A – Resultados do MPCP na Massificação Planejada ........... 105

6.2.6 Relatório dos Cenários Prospectivos na Visão “A” ........................... 109

6.2.7 Visão B – Resultados do MPCP na Massificação Planejada ........... 112

6.2.8 Relatório dos Cenários Prospectivos na Visão “B” ........................... 116

6.2.9 Visão C – Resultados do MPCP na Educação Desqualificada ........ 119

6.2.10 Relatório dos Cenários Prospectivos na Visão “C” ....................... 124

6.2.11 Visão D – Resultados do MPCP em Tudo pelo Mercado .............. 127

6.2.12 Relatório dos Cenários Prospectivos na Visão “D” ....................... 132

7 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ........................................................... 138

7.1 Recomendações ................................................................................... 139

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 141

ANEXOS ................................................................................................................. 147

APÊNDICES ........................................................................................................... 151

Page 17: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

15

1 INTRODUÇÃO

Conhecer o futuro é um desafio constante para as empresas. Cada dia mais,

a incerteza do futuro abala o psicossocial das companhias. Preparar-se para o futuro

é condição sine qua non para aquelas corporações que querem se manter vivas no

ambiente de competição que o mundo moderno lhes impõe.

Para conhecer o futuro, o homem usou, ao longo do tempo, adivinhos com

predição baseada em raciocínio não divulgado, profetas, sacerdotes e, até mesmo,

feiticeiros inspirados no sobrenatural ou no misticismo. Porém, o futuro é algo que

desperta a curiosidade humana principalmente pelo fato de ser contraditório, incerto

e duvidoso.

Para tratar as incertezas e paracompleteza do futuro este trabalho propõe

uma estrutura de pensamento baseada em lógica não clássica, com critérios

técnico-operacionais não apenas confiáveis, mas também operacionalmente

eficientes.

Essa estrutura de pensamento sobre o futuro é organizada através de um

método que apresenta saídas numéricas que são adequadamente compreendidas

pelos tomadores de decisão.

O método apresenta resultados não se levando em conta apenas a verdade e

a falsidade, mas valores ‘intermediários’. O método paraconsistente é desenvolvido

com Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial E Lógica E ).

1.1 Objetivo

O objetivo deste trabalho é definir um Método Paraconsistente de Cenários

Prospectivos com lógica. Desta forma, foi utilizada a Lógica E .

De forma prática, buscou-se atingir o objetivo geral perseguindo-se os

objetivos intermediários abaixo:

a) Identificar na literatura os métodos de cenários prospectivos existentes;

b) Analisar os métodos existentes e elaborar método próprio com Lógica E ;

Page 18: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

16

c) Levantar as variáveis e defini-las para elaboração de método próprio;

d) Identificar e conseguir empresa para aplicação do método próprio;

e) Aplicar um projeto-piloto do método definido em uma amostra reduzida;

f) Ajustar o método com base nos resultados observados no projeto-piloto;

g) Realizar aplicação prática do método desenvolvido e verificar resultados.

Os objetivos foram alcançados por produzirem respostas ao problema de

pesquisa apresentado a seguir.

1.2 Problema

Para articular os diferentes caminhos que poderão existir amanhã e descobrir

os movimentos adequados ao longo desses caminhos, avulta-se o uso de cenários

prospectivos.

Pode-se comparar os cenários prospectivos a histórias escritas ou faladas,

criadas em torno de enredos cuidadosamente construídos, que ressaltam os

elementos significativos de cada cena mundial. O sentido dos cenários prospectivos

é o de fazer escolhas hoje com a percepção de como essas escolhas poderão ser

viabilizadas.

Entretanto, não existe um método que possa ser chamado de “universal” e se

aplique a todos os segmentos com a mesma eficiência. Isto porque se trata de um

campo cheio de incertezas e contradições.

Para ser possível levar em consideração a contradição e a incompleteza em

estudos de futuro, faz-se necessário estabelecer um método que trate dessas

questões, já que a lógica clássica não se mostra adequada para essa finalidade.

Assim, deve-se buscar uma nova lógica que permita o tratamento de incertezas,

contradições e paracompletezas.

Dessa forma, procura-se responder à principal pergunta da pesquisa: Qual

deve ser o método que utilize a lógica não clássica na elaboração de cenários

prospectivos?

Page 19: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

17

A partir dessa questão, a hipótese básica do tema é a de que os métodos

tradicionais de cenários prospectivos não levam em consideração a contradição. A

hipótese perseguida neste trabalho é a de que é possível elaborar cenários

prospectivos com lógica não clássica.

Enfim, os diferentes caminhos que uma empresa pode seguir para atingir

seus objetivos podem ser iluminados com cenários prospectivos. Esses cenários

serão produzidos à luz de variáveis que servirão de balizadores, conforme forem se

apresentando.

1.3 Variáveis

Neste trabalho, as variáveis são organizadas em dois grandes grupos,

chamados de visão de presente e visão de futuro.

A visão de presente é enxergada através de duas grandes variáveis, a saber:

1 – Competição em que a empresa está inserida; e

2 – Qualidade que a empresa apresenta.

A visão de futuro é iluminada pelas variáveis chamadas de:

1 – Temas Estratégicos.

A relação entre as variáveis é recíproca, onde cada uma das variáveis é,

alternadamente, causa e efeito, exercendo contínuo efeito sobre a outra, onde uma

variável (independente) exerce efeito sobre a outra (dependente).

O alcance e os limites da pesquisa sobre essas variáveis também ajudaram a

moldar o trabalho final, conforme se explica a seguir.

1.4 Alcance

A pesquisa buscou alcançar um percentual representativo do universo

pesquisado na aplicação prática.

A pesquisa também buscou encontrar especialistas que fossem capazes,

leais ao processo de pesquisa e com aderência ao perfil desejado.

Page 20: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

18

A limitação da pesquisa se deu em função de não se conseguir comparar os

métodos tradicionais de elaboração de cenários prospectivos com o método

desenvolvido nessa pesquisa.

Outra limitação foi a impossibilidade de se desenvolver um software para

aplicação prática da pesquisa-ação. Entretanto, a aplicação na ferramenta Excel

apresentou resultados suficientes para dar uma ideia da proposta.

Portanto, a contribuição deste trabalho pode ser considerada relevante devido

aos resultados que ela propiciou, conforme relatado a seguir.

1.5 Contribuições

O trabalho proposto busca trazer contribuições, tais como:

1) Ampliação do entendimento a respeito de cenários prospectivos;

2) Ampliação do conhecimento no campo de Engenharia de Produção de

estudos com Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial E sobre

cenários prospectivos;

3) Possível aplicação do método proposto em outras organizações privadas;

e

4) Aumento da integração da academia com empresas privadas, ampliando

o debate sobre a aplicação da Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial

E na tomada de decisão.

A pesquisa deste trabalho se justifica por motivos que serão apresentados a

seguir.

1.6 Justificativa

Dois grandes motivos justificam a pesquisa:

1) Inexistência de método de elaboração de cenários prospectivos com

Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial E e

2) Existência de poucos estudos sobre cenários prospectivos com lógica não

clássica.

Page 21: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

19

Assim, o presente estudo tem caracterizado seu ineditismo na medida em que

analisa as contribuições do método – singular – proposto e aplicado empiricamente,

sendo validado pelo consenso de especialistas e situado no estado da arte.

Além disso, no estudo realizado, salienta-se a carência efetiva de trabalhos

de pesquisa e literatura teórica que apresentem um processo estruturado para

elaboração de cenários prospectivos apresentando estudo por uma metodologia

quantitativa.

A relevância da pesquisa, per se, transparece ao considerar a abordagem

quanto à originalidade e ao ineditismo do tema, mas também pode ser entendida

pelas possibilidades de transformação do comportamento nas organizações.

A importância do tema se confirma ainda mais quando se percebe que não

existem evidências de estudos prospectivos com emprego de uma Lógica não

clássica.

Cabe, ainda, salientar que este trabalho se justifica tanto por sua importância

prática, pois pressupõe a aplicação empírica de um método ainda não

experimentado, quanto pelas contribuições teóricas, que podem enriquecer a

literatura sobre o tema proposto e, desse modo, servir para instigar futuros estudos.

Enfim, o trabalho se justifica de uma maneira ampla e foi estruturado de forma

a ser compreendido sem prejuízo do entendimento do assunto pesquisado, por parte

do leitor, conforme se apresenta a seguir.

1.7 Estrutura

A tese foi estruturada em sete capítulos, sendo que neste primeiro capítulo

apresenta-se o campo da investigação que abrange uma contextualização do tema a

ser desenvolvido. Há também a definição do problema de pesquisa, dos objetivos

gerais e específicos a serem alcançados, das variáveis, do alcance e limites da

pesquisa, da justificativa, da importância e relevância do estudo e da aderência do

tema ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção.

Dispõem-se, no segundo capítulo, do quadro teórico de referência, que trata

de reflexões filosóficas sobre o futuro, de técnicas e métodos de cenários

prospectivos pelo Brasil e pelo mundo.

Page 22: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

20

No terceiro capítulo, evidenciam-se os procedimentos metodológicos que

norteiam o desenvolvimento do trabalho, abordando-se a classificação da pesquisa

e os procedimentos no desenvolvimento do trabalho.

A Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial E é apresentada em seus

detalhes no quarto capítulo, após amplo estudo sobre o assunto com um dos

maiores pesquisadores e aplicadores da Lógica E , Prof. Jair Minoro Abe.

A essência e espinha dorsal desta tese estão no quinto capítulo, que tem por

objetivo apresentar o Método Paraconsistente de Cenários Prospectivos (MPCP)

elaborado.

O sexto capítulo apresenta os resultados da aplicação do MPCP. E por fim,

mas não menos importante, o sétimo capítulo apresenta as conclusões desta

pesquisa e recomendações para uso do MPCP em pesquisas futuras.

Portanto, esta tese foi organizada segundo os métodos científicos atuais, mas

também houve a preocupação de facilitar o entendimento dos resultados por parte

do leitor, conforme o transcorrer dos capítulos.

Page 23: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

21

2 REFERENCIAL TEÓRICO

No capítulo anterior foram estabelecidas as bases da pesquisa desenvolvida

neste trabalho. Essas bases serão alicerçadas pela pesquisa bibliográfica que

atuará como suporte para o entendimento sobre estudos de futuro.

O futuro foi visto por Blondel como um campo a ser construído usando-se o

material e as restrições do passado sendo que "o futuro não está previsto, mas sim

preparado” (BLONDEL, 1993). Com a mesma perspectiva, Berger foi ainda mais

longe, afirmando que “o futuro é a raison d'être do presente e que muitas das ações

atuais podem ser explicadas pelos projetos que as justificam”. (BERGER, 1972).

Verdade seja dita, tais ideias não eram novas e podem ser encontradas em

Aristóteles, que distingue a causa eficiente, que provoca efeito, da causa final, o que

justifica as ações como um projeto. O conceito “projeto e plano de ação para se

atingir um objetivo” não é novo tampouco. No entanto, lidar com o desconhecido é

algo sempre intrigante.

Ao não saberem para onde ir, pode-se dizer que as empresas percorrem um

caminho que leva a um futuro, ou futuring, que não se conhece. Para que o futuro

possa ser ao menos possível, faz-se necessário o entendimento do que vem a ser o

futuro através de cenários prospectivos, conforme abordado a seguir.

2.1 Futuring

O termo futuring tem sido usado em ciências sociais aplicadas, mais

precisamente em administração de empresas, para designar estudos de futuro ou

cenários prospectivos nas corporações. “O futuring, ou futurismo, consiste em aplicar

um conjunto de ferramentas e técnicas a serviço do planejamento” (GUGONI, 2013).

Ao longo da história da humanidade, muitos filósofos acirraram debates

sobre antevisão do futuro. Segundo o filósofo grego Aristóteles, cujas ideias

influenciam até hoje a humanidade, existe relação entre tempo, movimento e alma.

Ele não via o tempo como algo que pudesse ser compreendido sem estar unido ao

movimento. (BERTII, 1998). O filósofo via o tempo como um ser em potência para

um ser em ato, ou seja, um tempo em potência para um constante passar a ato.

Page 24: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

22

Segundo Aristóteles, o passado e o futuro estariam ligados por um agora (BERTII,

1998).

O filósofo medieval Agostinho de Hipona, também conhecido como Santo

Agostinho, abordou o chamado “problema do tempo”. Agostinho considerava

impossível a previsão do futuro. Segundo Agostinho:

[...] nós premeditamos nossas ações futuras e que tal premeditação é presente, mas o ato que premeditamos ainda não existe, porque é futuro [...] qualquer que seja a natureza dessa misteriosa previsão do futuro, não podem ver senão o que existe, mas o que existe não é futuro e sim presente (AGOSTINHO, 2002, p. 15).

Kant e Hegel, em sua contribuição ao campo da filosofia conhecido como

Filosofia da História, desenvolveram interessantes argumentos a respeito do

passado, presente e futuro.

O elo da natureza entre passado, presente e futuro, segundo Kant, faz com

que a história seja determinística, conforme a citação:

Como o filósofo não pode pressupor nos homens e seus jogos, tomados em seu conjunto, nenhum propósito racional próprio, ele não tem outra saída senão tentar descobrir, neste curso absurdo das coisas humanas, um propósito da natureza que possibilite todavia uma história segundo um determinado plano da natureza para criaturas que procedem sem um plano próprio. Nós queremos ver se conseguimos encontrar um fio condutor para tal história e deixar ao encargo da natureza gerar o homem que esteja em condição de escrevê-la segundo este fio condutor (KANT, 1985, p.95).

Existem mecanismos que movem a história e a levam a um futuro

previamente determinado, segundo Kant:

[...] se prescindirmos deste princípio de que todas as disposições naturais de uma criatura estão destinadas a um dia se desenvolver completamente e conforme um fim], não teremos uma natureza regulada por leis, e sim um jogo sem finalidade da natureza e uma indeterminação desconsoladora toma o lugar do fio condutor da razão (KANT, 1985, p. 97).

Kant afirma que se há um mecanismo que conduz a história humana, ao

compreendê-lo se torna possível antever o destino para onde a história está se

encaminhando. Entretanto, ele acredita que a história possui um ciclo, mas que tal

ciclo seria tão longo que a experiência humana não seria suficiente para descobrir

esse mecanismo de condução da história:

Page 25: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

23

O problema está em saber se a experiência revela algo de um tal curso do propósito da natureza. Digo que muito pouco, pois este ciclo parece exigir tanto tempo para cumprir-se que, deste ponto de vista, a pequena parte que a humanidade percorreu permite determinar somente de maneira muito incerta a forma de sua trajetória e a relação das partes com o todo, e o mesmo ocorre se quisermos determinar, a partir das observações do céu feitas até aqui, o curso do nosso sol junto com todo o cortejo de seus satélites no sistema de estrelas fixas – e entretanto o princípio geral da constituição sistemática da estrutura do mundo e o pouco que se observou bastam para concluir com segurança a respeito da realidade de um tal ciclo (KANT, 1985, p.105).

A afirmação de Kant de que a história possui um mecanismo que a conduz,

fica mais evidente:

[...] Descobre-se assim, creio, um fio condutor que pode servir não apenas para o esclarecimento do tão confuso jogo das coisas humanas ou para a arte de predição política das futuras mudanças estatais [...] mas que abre também [...] uma perspectiva consoladora para o futuro (KANT, 1985, p.110).

Pensando de outra forma, Hegel acredita que a história é construída

essencialmente de maneira racional. Portanto, o futuro seria construído pelo homem

de forma racional e deliberada.

Segundo Hegel, o homem seria o agente que constrói a história e, portanto,

constrói o futuro. O homem buscaria satisfazer seus anseios pessoais, mas nessa

busca acabaria dando forma à história.

Hegel afirma que “a ação imediata do homem pode conter algo além do que

está na vontade e na consciência do autor” (HEGEL, 1995, p. 37) e também que “a

razão governa o mundo, e que, portanto, a história universal é também um processo

racional” (HEGEL, 1995, p.38). Essa afirmação é reforçada, mais uma vez, pela

seguinte citação:

Portanto, o estudo da história universal resultou e deve resultar em que nela tudo aconteceu racionalmente, que ela foi a marcha racional e necessária do espírito universal; espírito cuja natureza é sempre idêntica e que a explicita na existência universal. [...] A história, porém, devemos considerá-la como ela é: devemos proceder de forma histórica, empírica; ademais, não podemos permitir que os historiadores profissionais nos seduzam, pois estes [...] fazem aquilo de que acusam os filósofos, ou seja, invenções a priori da história (HEGEL, 1995, p.43).

Se, conforme afirma Hegel, o futuro é construído pela razão humana, pode-se

concluir que, uma vez identificadas as forças humanas que estão agindo no

Page 26: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

24

presente, seria possível antever seu resultado no futuro, isto é, seria possível prever

o futuro de alguma maneira.

Assim, posiciona-se de um lado Aristóteles, que afirma que o tempo passado

e futuro são ligados por um agora. Tem-se Santo Agostinho que acredita ser

impossível antever o futuro. Por outro lado, Kant afirma que um “fio condutor” liga o

agora ao futuro, e que, ao se compreender o comportamento do “fio”, poder-se-á

prever o futuro. Hegel afirma que a razão humana é quem constrói a história, ou

seja, o futuro seria previsível na medida em que a ação humana fosse

compreendida.

A filosofia, portanto, não apresenta uma resposta definitiva para a pergunta “é

possível fazer estudos de futuro?”. No entanto, ela deixa aberta essa possibilidade,

principalmente pelos trabalhos de Kant e Hegel. Assim, poder-se-ia afirmar que os

estudos do futuro visam, principalmente, servir de guia para o que o homem

pretende fazer.

Seguindo essa linha de raciocínio, busca-se na sequência o entendimento do

que vêm a ser estudos de futuro, ou seja, prospectivos.

2.2 Cenários Prospectivos

O termo prospectivo é de fácil entendimento, tendo em vista que é o antônimo

de retrospectivo, este bem mais difundido como um filme de fatos passados.

Entretanto, grande parte da discussão sobre desenvolvimento de cenários no

mundo dos negócios tem se centrado no trabalho pioneiro, na década de 70, da

empresa The Royal Dutch/Shell Group (JEFFERSON, 2012).

Nos últimos 50 anos, tem-se observado o crescimento e desenvolvimento de

aplicação de cenários prospectivos retratando futuros possíveis. As ameaças, no

final dos anos 1960, que atormentavam as companhias internacionais de petróleo,

fizeram com que a Shell se destacasse, conforme afirma Jefferson:

A narrativa geral de cenários da Shell está bem estabelecida na literatura-de vários artigos publicados na Harvard Business Review sob o nome de Pierre Wack, chefe da equipe de planejamento e de cenários do Grupo Shell sendo a maioria da década de 1970 e década de 1980, e em numerosos livros publicados desde então (JEFFERSON, 2012, p.186).

Page 27: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

25

Todavia, segundo Jefferson, há lições a serem aprendidas com os erros que a

própria Shell cometeu entre as décadas de 1970 e 1980 que são de relevância atual

não só para as organizações empresariais. “Houve falha grave até o início de 1974

devido à incapacidade de avaliar suficientemente os riscos macroeconômicos”

(JEFFERSON, 2012, p.186).

Para Godet, 2010, desde a década de 1960, os cenários prospectivos são

atividades discutidas em culturas anglo-americanas. Destaca que “cenários

prospectivos são construídos com o objetivo de detectar fragilidades e corrigi-las

para avançar em direção ao futuro, sendo uma construção coletiva para o agir”

(GODET, 2010, p. 1457).

Godet afirma que, atualmente, “os futuristas têm cenários exagerados e

projetos mal construídos” (GODET, 2010, p. 1458). No entanto, ele próprio se sente

culpado por difundir, muitas vezes de forma equivocada, os métodos de construção

de cenários, e, depois de quase 40 anos como futurista, tem repensado seus

métodos:

Gostaria de compartilhar as lições aprendidas, pois, frequentemente, eu tenho redescoberto ideias que eram novas para mim, mas não para aqueles que tinham vindo antes. Isto deve fazer-nos mais modestos com o que nós acreditamos que estamos descobrindo, que muitas vezes reflete a nossa própria ignorância (GODET, 2010, p.1458).

Godet afirma que “a atitude prospectiva é vital para se antecipar a mudança e,

então, reagir” (GODET, 2010, p. 1459). O cenário tem como objetivo antecipar o

futuro para suportar ações através do planejamento estratégico (por exemplo, a

inovação como forma de aumentar e/ou sustentar a participação no mercado).

Ringland afirma que cenários têm dois papéis fundamentais no apoio à

estratégia das organizações em ambiente de incerteza: “modelos mentais e servir de

metodologia para permitir exploração do futuro” (RINGLAND, 2010, p. 1493).

Cenários "são uma visão internamente consistente do que o futuro pode vir a

ser - não é uma previsão, mas um possível resultado futuro” (PORTER, 1985).

Cenários são fundamentais para se entender novos fatores que estão

aparecendo no campo de atuação da organização. Segundo Ringland, “o uso

Page 28: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

26

precoce de cenários na Shell foi uma resposta para a pergunta: Como podemos

entender a OPEP?”. (RINGLAND, 2010, p. 1495).

As organizações precisam da visão estratégica que conduz à renovação a fim

de sobreviverem aos desafios do futuro; por esse motivo, dois papéis para cenários

sustentam os processos de previsão estratégica – uso de cenários como modelos

mentais e benefício derivado da própria metodologia de cenário.

Segundo Vacík:

Cenários devem oferecer imagens de futuro e de desenvolvimento do sujeito certo onde estas imagens são construídas por indicadores qualitativos e elementos quantitativos e interligação entre eles (VACIK, 2013, p. 665).

Vacik afirma que “a etapa preliminar do planejamento estratégico é a

formulação de visão”. A partir da visão, formulam-se os objetivos estratégicos

relevantes, constituindo-se a base estratégica para se delinear o cenário básico:

Este cenário construído irá descrever a mudança da empresa para ação final, com base em informações conhecidas, os interessados solicitam os recursos para tomada de decisão e ação. O cenário foi elaborado como se estivesse sob certeza, outras eventualidades não estão sendo levadas em conta (VACIK, 2013, p. 665).

Cenários devem representar um conjunto de imagens internamente

consistentes de futuros e estados da natureza, com base na lógica e de forma

racional. (VACIK, 2013, p. 667).

Vacik, 2013, ainda afirma que “cenários devem focar os fatores de risco e

demonstrar se seu impacto é positivo ou negativo no cumprimento do conjunto

estratégico, devendo ser trabalhados entre três e quatro cenários”. (VACIK, 2013, p.

667).

A construção de cenários pode ter funções valiosas para as empresas.

“Cenários referem-se a narrativas de futuros possíveis que podem surgir além do

controle da empresa” (SCHOEMAKER, 2013, p. 817).

Para Schoemaker, 2013, os cenários devem refletir uma ampla gama de

pontos de vista a partir do interior, bem como fora da organização, de modo que eles

representem conjuntamente um amplo espectro de possibilidades futuras.

Page 29: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

27

Milestad, Svenfelt e Dreborg afirmam que “o elemento central de cenários é a

concentração nas condições fora de controle dos atores principais” (MILESTAD, et

al, 2014, p. 61).

Para Ramirez e Wilkinson, cenários prospectivos têm valor além de uma

matriz matemática:

O valor de cenários não é simplesmente seu papel na determinação a respeito das diferentes visões de mundo, mas também para ajudar a evitar uma polarização de perspectivas ou de uma redução de arquétipos para estereótipos (RAMIREZ e WILKINSON, 2014, p.260).

Para Ramirez e Wilkinson, o desafio do propósito e da utilização de cenários

muitas vezes é esquecido na escolha do método de construção de cenários:

Dada a diversidade das diferentes tradições de pensamento e métodos de construção de cenários, o potencial para confusão metodológica e mau entendimento é considerável. Essa diversidade pode ser mais difícil para esclarecer o que funciona na prática.

A palavra cenário vem do termo teatral inglês scenario, que significa o roteiro

de um filme ou peças (LAPIN, 2004). Um cenário pode ser conceituado como

histórias sobre como o mundo poderá se transformar no futuro (KLUSACEK, 2004).

Cenários Prospectivos eram informais até a década de 1970 (HAVAS, 2003), e era

necessário que as organizações enfrentassem as incertezas sem um processo

delineado para se manterem competitivas.

A vontade de enfrentar incertezas requer transformações em empresas (DE

La PORTE, 2001) com olhar para o tempo futuro. Todavia, para enfrentamento das

incertezas, avulta-se a necessidade de o horizonte de tempo ser fixado em uma data

futura. O processo de elaboração de cenários prospectivos considera proposições e

opiniões sobre alternativas referentes a uma dada questão, independentemente de

sua localização temporal (ILMOLA; KUUSI, 2006).

Os cenários prospectivos devem procurar ser desprovidos de julgamentos de

valor, sem incorporar ideologias e tendências (ARMSTRONG, 2006). Cenários não

devem ser caracterizados de forma estanque e inflexível como uma tríade otimista,

tendencial e pessimista, pois pode vir a comprometer as estratégias (ARMSTRONG,

2002).

Page 30: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

28

Como a análise de cada cenário é complexa e demorada, os cenários

prospectivos devem ser analisados em uma sequência que gere o discernimento

necessário. (GODET, 2011).

Elaborar cenários prospectivos é um processo altamente colaborativo, e é

sinônimo de pensamento amplo e livre sobre um problema. Na construção de

cenário prospectivo, a ênfase é dada à síntese das ideias preferidas e não apenas a

uma análise mais profunda e estendida do futuro.

Para se alcançar uma síntese de cenários prospectivos deve haver pessoas

bem informadas, curiosas e desejosas de explorar novas ideias e métodos que

possam pavimentar esse caminho a fim de viabilizar o atingimento deste objetivo.

Vários métodos foram desenvolvidos ao longo dos anos, conforme pode ser visto a

seguir.

2.3 Métodos para elaboração de Cenários Prospectivos

O método mais aplicável pode variar em função do segmento a que pertence

a empresa, do momento que a organização estiver vivenciando e do seu estágio em

termos de planejamento estratégico, que pode variar desde a fase inicial até a fase

de maturidade. Os cenários prospectivos para fins de planejamento e gestão

estratégica podem ser projetados a partir da combinação das diferentes técnicas

para elaboração de cenário prospectivo (GRISI; BRITTO, 2003).

De forma sintetizada e bem resumida algumas destas técnicas são:

Extrapolativa – trata-se da previsão de eventos futuros pela extrapolação

de eventos verificados no passado. Baseia-se na invariância dos

fenômenos presentes, na inexistência de germes transformacionais, na

manutenção em cena dos atuais atores e na previsibilidade dos conflitos.

Gera a visão de um futuro mais provável.

Exploratória – concentra a atenção na análise dos processos de

mudança. Busca intuir os caminhos alternativos para o futuro,

identificando-se os direcionadores transformacionais. Gera a visão de um

conjunto de futuros alternativos e contrastes.

Page 31: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

29

Normativa – busca orientar as ações de “n” futuros, guiando-as conforme

valores e necessidades. É derivada e complementar às técnicas

extrapolativa e exploratória. Gera a visão de um futuro almejado e

desejável.

Já Oliveira (1991, p.151) cita cinco técnicas principais (dedução, indução,

lógica intuitiva, tendência de impacto e impacto integrativo) e duas técnicas

alternativas (inserção e encadeamento):

a) Dedução – deve-se selecionar os fatores dominantes e prever os

acontecimentos relevantes para cada fator.

b) Indução – consiste em selecionar alguns poucos fatores relevantes,

postular possibilidades futuras para cada fator, verificar cada combinação

possível através de uma matriz e selecionar um conjunto de três ou

quatro cenários prospectivo distintos.

c) Lógica intuitiva – baseia-se exclusivamente na experiência do grupo

participante, não ocorrendo análise qualitativa.

d) Análise da tendência de impacto – combina-se análise qualitativa e

quantitativa, avaliando-se a probabilidade de ocorrência e o seu nível de

importância, não se avaliando as inter-relações, mas somente o fator do

qual se tem maior informação histórica.

e) Análise do impacto integrativo – consiste em considerar todos os

cruzamentos de fatores, as expectativas elaboradas por especialistas,

trabalhando-se com a média das estimativas para se estabelecer um

cenário mais aceitável e um conjunto de vários outros cenários

prospectivos com probabilidade de ocorrência.

f) Inserção – procura especificar segmentos do ambiente empresarial

sequencialmente encestados em segmentos de âmbito maior.

g) Encadeamento – busca identificar os vínculos entre o sistema produtivo

da empresa e o seu ambiente.

Page 32: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

30

Grumbach e Marcial, 2002, afirmam que há diversos métodos que podem ser

utilizados de forma combinada. Na sequência, detalham-se alguns dos métodos

mais utilizados atualmente.

A importância de se estabelecer o método é fundamental na construção de

cenários. Cada método destaca seu cerne de estrutura que ancora os resultados,

conforme o quadro a seguir.

Quadro 1 – Principais métodos para elaboração de cenários prospectivos

Fonte Método Destaque

(GRISI e BRITTO, 2003) Modelo de Michel Godet Invariantes

(GRUMBACH; MARCIAL, 2002) Análise de Impactos de

Tendências

Previsão isolada de

variável principal

(BONTEMPO, 2000) Análise dos Impactos Cruzados Cruzamento de

probabilidades

(GREEN; POPPER; MILES,

2005). Tratamento Lógico Intuitivo

Fundamenta-se na visão,

intuição e experiência de

especialistas

(SCHWARTZ, 2000) Método da Global Business

Network (GBN)

Forma disciplinada de

pensar

(CHAUDHRY e ROSS, 1989) Modelo da Arthur D. Little

Consultores

Impulsionadores que

determinam o futuro

(GRISI; BRITTO, 2003) Método Schoemaker Testa consistência e

plausibilidade

(MITCHELL, TYDEMAN e

GEORGIADE, 1979)

Modelo de Mitchell, Tydeman e

Georgiade

Tendências

(PORTER, 1998) Modelo de Porter Fatores diretos e indiretos

de competitividade

(CAVALCANTI, 2001) Método de Vasconcellos e

Pagnoncelli

Utiliza cenário de referência

(RINGLAND, 2010). Método Comprehensive

Situation Mapping (CSM)

Mapas mentais

(RINGLAND, 2010). Future Mapping – Mapeando o

Futuro

Assemelha-se ao lógico

intuitivo

Fonte: elaborado pelo autor a partir das obras citadas no quadro como fonte bibliográfica

Portanto, dos métodos elencados no quadro acima, existem vários que são

utilizados atualmente por corporações em todo o mundo, mas é possível verificar

que não há um método único que pretenda ser dominante em utilização. Em cada

Page 33: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

31

método, faz-se uso de ferramentas que possibilitem sua construção, e uma das mais

utilizadas, sem dúvida, é a técnica Delphi.

A técnica Delphi passou a ser disseminada no início dos anos 60 pela Rand

Corporation (ESTES e KUESPERT, 1976) com o objetivo original de desenvolver

uma metodologia para aprimorar o uso da opinião de especialistas na previsão

tecnológica, buscando o consenso de opiniões de um grupo de peritos a respeito de

eventos futuros.

Pode-se dizer que a metodologia desenvolvida originalmente baseia-se em

três premissas básicas: o anonimato dos respondentes, a representação estatística

da distribuição dos resultados e o feedback de respostas do grupo para reavaliação

nas rodadas subsequentes (MARTINO, 1993).

Segundo Wright:

A técnica Delphi é especialmente recomendável quando não se dispõe de dados quantitativos ou estes não podem ser projetados para o futuro com segurança, em face de expectativa de mudanças estruturais nos fatores determinantes das tendências futuras, ou seja, quando há rupturas ou descontinuidades no ambiente ou no assunto específico que se pretende estudar (WRIGHT, 2000).

Segundo Veloso et al, 2001, “o método apresenta uma série de vantagens,

como a possibilidade de se realizar previsões em situações de carência de dados

históricos”.

Segundo Wright, 2000, as vantagens inerentes à técnica Delphi são:

Utilização de um grupo de especialistas, o que traz à análise do problema pelo menos o nível de informação do membro melhor informado; e em geral traz um volume muito maior de informação. Além disso, o uso de questionários e respostas escritas conduzem a uma maior reflexão e cuidado nas respostas, e facilita o seu registro, em comparação a uma discussão em grupo. Já o anonimato nas respostas elimina a influência de fatores como o “status” acadêmico ou profissional do respondente, ou sua capacidade de oratória, na consideração da validade de seus argumentos. Além disso, outros fatores restritivos da dinâmica de grupo são reduzidos, como a supressão de posições minoritárias, a omissão de participantes, a adesão espúria às posições majoritárias, a manipulação política, etc. (WRIGHT, 2000).

Wright, 2000, ainda afirma que “outra vantagem refere-se ao fato de não

haver custos de deslocamento de pessoal, havendo o envio dos questionários por

Page 34: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

32

correio ou outros meios, e os peritos podem responder sem a restrição de conciliar

agendas para uma reunião”.

Contudo, Veloso et al, 2001, afirmam que existem desvantagens também em

relação a técnica Delphi:

A técnica Delphi apresenta também algumas desvantagens, tais como um tratamento dos resultados estatisticamente não aceitáveis e a questão da seleção de “amostra” de respondentes, com uma excessiva dependência dos resultados na escolha dos especialistas, havendo a possibilidade de introdução de viés pela escolha dos respondentes. (VELOSO et al, 2001).

Wright, 2000, observa que em relação a essas duas restrições “é necessário

ressaltar que não se pretende que uma técnica Delphi seja um levantamento

estatisticamente representativo da opinião de um determinado grupo amostrado”,

afirmando que:

A técnica consiste de uma consulta a um grupo limitado e seleto de especialistas, que através da sua capacidade de raciocínio lógico, da sua experiência e da troca objetiva de informações procura chegar a opiniões conjuntas sobre as questões propostas. Nesta situação, as questões de validade estatística da amostra e dos resultados não se aplicam. (WRIGHT, 2000).

Além da técnica Delphi, outra técnica que é amplamente utilizada na

elaboração de cenários é o Brainstorming. Segundo Feinberg e Nemeth, 2008,

“brainstorming é uma das técnicas mais populares para o aumento do número de

ideias ou soluções a um problema que é de debate”.

Desenvolvida por Osborn (1957), é especificamente destinada a fomentar e

gerar ideias pelo uso de quatro regras: “(1) Busque o maior número de ideias

possíveis; (2) Não critique ideias uns dos outros; (3) Tenha liberdade para

compartilhar ideias; e (4) Amplie as ideias existentes” (OSBORN, 1957).

O conceito de brainstorming foi criado por Alex Osborn nos anos 30.

Brainstorming é uma ferramenta para geração de novas idéias, conceitos e soluções

para qualquer assunto ou tópico em um ambiente livre de críticas e de restrições à

imaginação: “Essa ferramenta é utilizada quando se deseja gerar em um curto prazo

de tempo uma grande quantidade de ideias para resolução, descoberta das causas

de problemas ou sobre ações a serem tomadas” (PAULUS, 2003).

Page 35: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

33

Ele é usado para que um grupo de pessoas crie o maior número de ideias

acerca de um tema previamente selecionado. Brainstorming significa “tempestade

mental” ou “tempestade de idéias” (OSBORN, 1957). Também pode ser utilizado

para identificar problemas no questionamento de causas ou para se fazer a análise

da relação causa-efeito. E pode ser realizado de duas formas: braistorming

estruturado ou braistorming não estruturado.

No braistorming estruturado, todos os integrantes devem dar uma ideia

quando chegar a sua vez na rodada, ou passar a vez até a próxima rodada:

Dessa forma se evita a preponderância dos integrantes mais falantes, proporciona a todos uma oportunidade igual para contribuir com ideias e promovem o envolvimento maior de todos os integrantes, mesmo os mais tímidos. O brainstorming termina quando nenhum dos integrantes tem mais ideias e todos “passam a vez” em uma mesma rodada” (FEINBERG e NEMETH, 2008).

No brainstorming não estruturado:

[...] qualquer integrante lança ideias à medida que vão surgindo na mente. Tende-se a criar uma atmosfera mais relaxada, mas também há o risco dos integrantes mais falantes dominarem o ambiente. Torna-se mais fácil para certos integrantes “pegar carona” nas ideias dos outros” (FEINBERG e NEMETH, 2008).

A técnica de brainstorming termina quando nenhum integrante tem mais

ideias e todos concordam em parar.

Saber como proceder, qual ferramenta utilizar e como elaborar os cenários

prospectivos é fundamental. Alguns autores experientes na elaboração de cenários

prospectivos fazem recomendações para estudos de futuro, conforme pode ser

observado a seguir.

2.4 Recomendações para elaboração de Cenários Prospectivos

No item anterior, observou-se uma série de métodos utilizados, mas, segundo

Porter, dentre todas as recomendações relevantes à elaboração de cenários

prospectivos, “é importante lembrar que a elaboração de cenários prospectivos é

necessária somente quando incertezas significativas estão presentes” (PORTER,

1998).

Page 36: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

34

Normalmente, as incertezas não são tratadas de modo adequado na

formulação de estratégias, pois elas frequentemente se baseiam na suposição de

que o passado irá se repetir, ou nas previsões dos próprios executivos quanto ao

futuro mais provável de uma indústria - o que é muito limitado e perigoso.

Assim, cenários prospectivos servem para possibilitar escolhas estratégicas,

pois permitem que a empresa se afaste de previsões perigosas sobre um único

ponto do futuro, nos casos em que este não puder ser previsto:

A unidade apropriada para a análise é o setor, pois é o ambiente que interfere na empresa, sem deixar de observar como se encontra a realidade das competências da própria corporação, haja vista que ela pode interferir no ambiente do setor. (PORTER, 1998).

Uma vez verificada a necessidade de elaboração de cenários prospectivos, o

trabalho crucial é o das equipes de colaboradores mais próximos da organização.

Por se estar pensando o futuro e suas múltiplas possibilidades, o exercício não

envolve apenas conhecimentos articulados e codificados, mas faz uso de ideias e

percepções de todos os envolvidos. Todos os fatores deverão receber atenção

especial, pois cada um deles possui diferentes impactos, em diferentes épocas.

É importante, ainda, lembrar que os cenários prospectivos exercem impacto

maior quando os executivos seniores estão engajados em seu desenvolvimento

(ROSS, 1989).

A quantidade de cenários prospectivos a serem elaborados pode ser um

elemento complicador (BONTEMPO, 2000).

Especial atenção deve ser dispensada para quando dois ou mais cenários

prospectivos são trabalhados, a fim de que não sejam caracterizados de forma

estanque e inflexível como uma tríade otimista, tendencial e pessimista, o que pode

vir a comprometer as estratégias (ARMSTRONG, 2005).

O fato de os cenários prospectivos elaborados não serem flexíveis pode

reduzir o aprendizado e a capacidade de percepção sobre os ambientes. As

pessoas que não estão familiarizadas com os cenários prospectivos serão tentadas

a identificar um deles como o mais provável e, então, o tratarão como alternativa

única, e todas as vantagens da metodologia desaparecerão.

Page 37: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

35

Os cenários prospectivos devem ser desprovidos de julgamentos de valor e

não incorporar ideologias e tendências (ARMSTRONG, 2005). Outro fator importante

é o horizonte temporal para os cenários prospectivos, pois deve compreender

sempre algo realizável em longo prazo, que pode ser de poucos meses até cerca de

30 anos (BONTEMPO, 2000).

Muitos especialistas sustentam que quanto mais extenso for o horizonte a ser

analisado, maiores serão as incertezas e mais abstratas serão as estratégicas e as

ações a serem propostas. Schawartz, 2003, recomenda algumas regras para a

leitura dos cenários prospectivos:

Criar um clima livre de tensão e aberto; Incluir pessoas livres de tensão e abertas; Incluir pessoas e informações de fora da companhia; Trabalhar com perspectivas muito antes de ter de tomar decisões; Começar observando o presente e o passado; Fazer alguns trabalhos preliminares com grupos pequenos; Ensaiar o que a companhia fará em diferentes cenários prospectivos; Transformar essa conversa estratégica em um hábito permanente; Evitar um futuro oficial (SCHAWARTZ, 2003).

Segundo Wilson, 2002, embora seja fundamental o planejamento, para

elaboração de estudos de futuro coerentes, criativos e verossímeis, é preciso ter

sempre em mente que a razão de tal exercício é traduzir tais cenários prospectivos

em decisões acertadas e, finalmente, em ações.

Os cenários prospectivos devem constituir “uma ferramenta de gestão que

sirva para melhorar a tomada de decisões e passar à ação” (WILSON, 2002, p. 94).

Em outras palavras, se não houver ações estratégicas derivadas dos cenários

prospectivos, o exercício é inútil.

Enfim, este capítulo procurou explorar o referencial teórico sobre futuring,

cenários prospectivos, métodos para elaboração de cenários e as recomendações

para elaboração de cenários prospectivos. No próximo capítulo será apresentado

como se desenvolveu a metodologia desta fase teórica.

Page 38: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

36

3 METODOLOGIA DE PESQUISA

No capítulo anterior foi possível verificar o embasamento teórico utilizado para

suportar os assuntos pertinentes a este trabalho, e neste capítulo será apresentada

a metodologia de pesquisa que norteou a presente tese de doutorado. Na

sequência, será apresentada uma visão geral da metodologia, seguida do

detalhamento de suas várias fases.

A título de elucidação, cabe ressaltar que não se deve confundir a

metodologia de pesquisa, que será apresentada neste capítulo, com o método

paraconsistente de cenários prospectivos que foi desenvolvido ao longo do trabalho,

o qual será apresentado mais adiante, no capítulo 6.

A metodologia pode ser definida como um conjunto de etapas organizadas a

serem vencidas na investigação de um fenômeno. Definida a metodologia, faz-se

necessário proceder à definição de pesquisa. Pesquisa é “um procedimento formal

com método de pensamento reflexivo que requer um tratamento científico e se

constitui no caminho para se conhecer a realidade ou para descobrir verdades

parciais” (LAKATOS e MARCONI, 2012).

Existem várias formas de classificação das pesquisas. Gil, 2007, classifica a

pesquisa da seguinte forma, considerando seus objetivos:

Exploratória: estabelece critérios, métodos e técnicas para elaboração de uma pesquisa e visa a oferecer informações sobre o objeto da pesquisa e orientar a formulação de hipóteses; Descritiva: estuda, analisa, registra e interpreta os fatos do mundo físico sem a interferência do pesquisador; Explicativa: registra fatos, analisa-os, interpreta-os e identifica suas causas (GIL, 2007, p. 33).

Segundo Gil, 2007, outro critério classifica a pesquisa segundo seu

delineamento, ou seja, de acordo com os procedimentos técnicos de coleta e análise

dos dados, que podem ser divididos em dois grandes grupos: as chamadas fontes

de ‘papel’ e a obtenção de dados através de pessoas.

No primeiro grupo estão a pesquisa bibliográfica e a documental, sendo que a

primeira consiste em pesquisar material já publicado em livros, artigos de periódicos

e materiais disponibilizados na Internet e a segunda consiste em elaborar a pesquisa

com base em materiais não tratados analiticamente.

Page 39: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

37

No segundo grupo estão:

[...] pesquisa experimental: onde se manipula as variáveis relacionadas com o objeto em estudo para se determinar a interação entre estas variáveis e explicar as causas do fenômeno estudado; pesquisa ex-post facto: quando o experimento ocorre depois dos fatos; levantamento: que consiste na interrogação direta das pessoas que são o foco da pesquisa; e pesquisa-ação e a pesquisa participante: quando o pesquisador e os pesquisados interagem de forma cooperativa ou participativa. (GIL, 2007, p.45).

A metodologia utilizada nesta tese foi desenvolvida com fontes de ‘papel’ e

com obtenção de dados através de pessoas conforme será detalhado a seguir.

3.1 Visão geral

A metodologia de pesquisa foi desenhada, basicamente, em duas grandes

fases, conforme mostra a Figura abaixo:

1) Fase teórica: levantamento bibliográfico dos métodos existentes e

definição de um método para elaboração de cenários prospectivos; e

2) Fase empírica: aplicação de forma exploratória do método elaborado e

com pesquisa-ação.

Figura 1 – Visão geral da metodologia de pesquisa

Fonte: o autor.

Fase (teórica)

Definição da metodologia

Revisão bibliográfica e pesquisa de documentos

Seleção de metódos e técnicas de cenários

prospectivos

Fase (empírica)

Desenho do método

Aplicação em uma amostra reduzida

Reajustes da metodologia

Aplicação da metodologia no universo

Fase (conclusão)

Cenários Prospectivos 2030

Page 40: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

38

Para que se tenha um entendimento maior da metodologia deste trabalho,

faz-se necessário o detalhamento das partes que o integram conforme a seguir.

3.2 Fase teórica: Definição da Metodologia de Cenário Prospectivo

A metodologia foi desenvolvida de uma maneira geral da seguinte forma:

1) Revisão da bibliografia existente sobre cenários prospectivos, incluindo

livros, artigos em periódicos e em congressos, trabalhos de conclusão de

curso, dissertações e teses de doutoramento nacionais e internacionais

pertinentes ao assunto deste trabalho;

2) Visita de estudos a órgãos ligados ao estudo prático deste trabalho, tais

como: Ministério da Educação; Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas

Educacionais Anísio Teixeira (INEP); SEMESP - Sindicato das Entidades

Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São

Paulo, a fim de se conhecer os problemas ligados ao IESp, bem como

discutir este tema com profissionais desses órgãos; e

3) Definição de método paraconsistente de cenários prospectivos com base

nos estudos teóricos realizados.

A primeira parte da metodologia foi desenvolvida com foco no levantamento

bibliográfico conforme a seguir.

3.2.1 Revisão bibliográfica

A revisão da literatura existente sobre o tema seguiu os passos abaixo:

1) Levantamento e revisão de fontes sobre estudos de futuro;

2) Levantamento e revisão de fontes sobre métodos de elaboração de

cenários prospectivos, bem como recomendações para outras pesquisas;

e

3) Estudo sobre lógica não clássica, atendo-se especificamente à lógica

paraconsistente anotada evidencial E

Page 41: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

39

Revisar fontes que tratam sobre estudos de futuro foi uma atividade que teve

como objetivo principal o entendimento e o conhecimento do que já havia sido

pesquisado sobre o tema até então, de forma geral. Toda concentração de

entendimento foi feita em estudos de futuro, seus métodos e a busca de

recomendações para estudos e elaboração de cenários prospectivos.

Buscou-se, também, o entendimento e o conhecimento sobre Lógica

Paraconsistente Anotada Evidencial E conforme é descrito a seguir.

3.2.2 Estudos sobre lógica não clássica

Os estudos sobre lógica não clássica foram desenvolvidos de forma integral

no programa de pós-graduação do departamento de Engenharia de Produção da

Universidade Paulista, sob orientação constante do Prof. Jair Minoro Abe. A Lógica

Paraconsistente inclui-se entre as chamadas lógicas não clássicas ou heterodoxas e

tem como um dos seus fundadores o brasileiro Newton da Costa, cujas teorias são

de grande importância para diversas áreas, além da matemática, filosofia, direito,

computação, inteligência artificial, engenharia de produção e empresas. Atualmente,

um dos maiores nomes e pesquisadores desta lógica é o Prof. Jair Minoro Abe, que

foi discípulo do Prof. Newton Costa na Universidade de São Paulo. Dentre as várias

atividades desenvolvidas no programa pode-se citar:

1) Seminários/palestras:

a. Lógicas Paraconsistentes Anotadas e Fundamentos das Redes

Neurais Artificiais;

b. Seminários de Lógica Paraconsistente;

c. Redes de Empresas e Cadeias de Fornecimentos;

d. Lógica e Linguagem;

e. Linguagem Proposicional;

f. Cálculo Proposicional;

g. Linguagem Predicativa;

h. Semântica da Lógica de Predicados.

Page 42: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

40

2) Organização de Eventos:

a. I Workshop Intelligent Computing System no Instituto de Estudos

Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP);

b. II Workshop Intelligent Computing System no Instituto de Estudos

Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP);

c. Encontro do grupo de Lógica e Teoria da Ciência na Faculdade de

Medicina da Universidade de São Paulo (IEA-USP);

3) Publicações e participação em congressos:

a. VII International Conference on Engineering and Computer Education

– ICECE (University of Minho, Portugal);

b. Advances in Production Management Systems – APMS (Université de

Bourdeaux, França);

c. Congresso Brasileiro de Educação em Engenharia – COBENGE

(FURB, Blumenau, Santa Catarina);

d. Encontro Nacional de Engenharia de Produção – ENEGEP (UFPR,

Curitiba, Paraná);

e. Simpósio de Engenharia de Produção – SIMPEP (UNESP, Bauru,

São Paulo)

f. Simpósio sobre Redes de Empresas – SIDEPRO (UNIP, São Paulo,

São Paulo)

g. Simpósio de Sistemas Industriais e Automação – SSIA (CEFET, Belo

Horizonte, Minas Gerais);

4) Visitas técnicas:

a. Cata-vento - museu interativo dedicado às ciências, localizado

no Palácio das Indústrias, São Paulo - SP;

b. 11 (onze) Instituições de Ensino Superior Privadas;

c. Bolsa de Valores de São Paulo – BOVESPA, São Paulo - SP;

d. Ministério da Educação (MEC), Brasília - DF;

Page 43: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

41

e. Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior do Brasil,

Brasília - DF;

f. Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de

Ensino Superior no Estado de São Paulo, São Paulo – SP;

g. Grupo de Excelência em Gestão de Instituições de Ensino Superior do

Conselho Regional de Administração de São Paulo (GEGIES/CRA-

SP), São Paulo – SP.

Por fim, o principal produto dos estudos sobre Lógica E foi sua aplicação no

MPCP, que é o objetivo principal deste trabalho. Contudo, a busca e a investigação

de temas importantes para a aplicação do método também foram atividades

constantes, conforme descrito a seguir.

3.2.3 Seleção de métodos e técnicas de cenários prospectivos

Como resultado do levantamento realizado, da análise e da comparação das

diversas metodologias de cenários prospectivos, foram selecionados os métodos e

as técnicas de elaboração de cenários prospectivos como referência e partiu-se para

a aplicação de um método próprio, objetivo da pesquisa.

No levantamento de teoria-base para se estabelecer as variáveis que

comporiam os fatores a serem levantados dentro da visão de presente da empresa

objeto de pesquisa de campo, optou-se pelo pesquisador, professor e uma das

grandes referências em competitividade mundial, Prof. Michael Porter, adotando-se

seus fatores de competitividade definidos na literatura atual.

Para elaboração de cenários prospectivos, buscou-se restringir a pesquisa a

um determinado setor empresarial, portanto, o campo de aplicação do MPCP foi

definido como sendo o setor de educação superior brasileiro sob a ótica de uma

organização, ou seja, houve necessidade de um ator que teria o estudo de futuro

realizado sob seu olhar.

Após a definição da empresa objeto de aplicação prática, as variáveis de

qualidade da visão de presente foram definidas e optou-se por utilizar o instrumento

de avaliação institucional para recredenciamento de instituições superiores através

Page 44: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

42

do Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior – SINAES, do Ministério da

Educação do Brasil – MEC.

Para a construção do método paraconsistente de cenários prospectivos

optou-se por estudar o modelo do professor francês e renomado pesquisador de

cenários, Michel Godet. Para obtenção de dados, foi aplicado um método próprio

construído com o apoio de informações obtidas através da consulta a especialistas,

com rodadas de depuração através da técnica Delphi, com elaboração de ideias

com técnicas de Brainstorming e aplicação da Lógica E .

A fase teórica foi desenvolvida com o olhar na aplicação prática do MPCP,

que será detalhada a seguir no tópico fase empírica.

3.3 Fase empírica: Aplicação da Metodologia

A segunda fase da pesquisa foi a aplicação da metodologia desenvolvida na

fase anterior, a saber:

1) Desenho do método;

Definição do instrumento de pesquisa;

Definição do campo de aplicação (alcance);

Definição do objeto de pesquisa (setor/organização);

Definição dos especialistas e

Análise e definição das variáveis.

2) Aplicação do método em uma amostra reduzida;

3) Reajustes no método e

4) Aplicação do método no universo amplo.

O “universo ou população é o conjunto de seres animados ou inanimados que

apresentam pelo menos uma característica em comum” (LATAKATOS e MARCONI,

2012). Portanto, o universo da pesquisa é muito amplo, e devido a alguns fatores,

como por exemplo, o tempo destinado à pesquisa, deve-se delimitar esse universo,

fazendo com que sejam estudados alguns elementos que compõem o universo da

Page 45: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

43

pesquisa e que tenham as mesmas características, para que o resultado obtido

possa ser aplicado, total ou parcialmente, no restante da população.

Essa delimitação feita na população da pesquisa é chamada de amostragem,

pois normalmente as pesquisas são realizadas através de amostragem. Esse fato é

justificado devido à dificuldade de se obter informações de todos os elementos ou

indivíduos que compõem o universo ou a população que se deseja estudar

(LAKATOS e MARCONI, 2012).

A população para aplicação do MPCP concentrou-se no setor de ensino

superior privado e contou com a participação de 32 responsáveis por instituições de

ensino para delinear os temas estratégicos, sendo que essas instituições possuem

16% do número total de alunos no Brasil, o que caracteriza uma amostragem

probabilística interessante.

No entanto, para que fosse possível explorar o método seria preciso aplicar

as atividades em uma instituição com a participação de seus stakeholders, ou seja,

fornecedores, clientes, colaboradores e seus gestores. A escolha foi aleatória, pois

precisa haver participação voluntária. A instituição alvo da pesquisa está localizada

na cidade de Jundiaí-SP.

Essa fase empírica foi aplicada em trabalho de campo, com consulta a

especialistas, principalmente por meio de pesquisa através de formulário e

questionários. A pesquisa foi tanto qualitativa quanto quantitativa.

Em um primeiro momento da fase empírica, realizou-se uma pesquisa piloto

com uma amostra reduzida do universo a ser pesquisado. O objetivo foi verificar se

a metodologia apresentada era consistente e, se necessário, fazer ajustes

eventuais.

Em um segundo momento, foi analisado o resultado da primeira etapa e feitas

adequações e reajustes para melhorar a metodologia.

Na terceira etapa, após as devidas melhorias, foi aplicada novamente a

pesquisa em um universo mais amplo, sendo objeto de estudo uma organização do

setor de ensino superior voluntária. A aplicação empírica seguiu um desenho de

pesquisa, conforme se explica a seguir.

Page 46: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

44

3.3.1 Desenho da pesquisa de campo

A fase de aplicação da metodologia foi realizada por meio de pesquisa de

campo e, também, com obtenção de informações via web (internet). Para que isso

fosse possível, a pesquisa foi arquitetada em três grandes eixos:

1) As dimensões de qualidade do SINAES;

2) Os fatores de competitividade de PORTER; e

3) Os temas estratégicos obtidos através do MPCP.

A pesquisa de campo contou com a participação de vários especialistas em

suas fases distintas.

Durante toda aplicação do MPCP colaboraram como especialistas: 01 (um)

responsável pela instituição onde foi feita a aplicação prática, chamado de Head; e

04 (quatro) especialistas, incluindo o pesquisador desta tese, que integraram o

comitê de gestores.

As evidências nas dimensões do SINAES foram feitas por 06 (seis)

especialistas divididos em três grupos chamados de A, B e C, a saber:

Grupo A – 02 (dois) especialistas externos com formação, experiência e

conhecimento na área de economia;

Grupo B - 02 (dois) especialistas externos com formação, experiência e

conhecimento na área de educação e

Grupo C - 02 (dois) especialistas externos formação, experiência e

conhecimento na área de gestão universitária.

Já as evidências nas dimensões de Porter foram feitas por outros 06 (seis)

especialistas, também divididos em três grupos chamados de A, B e C, a saber:

Grupo A – 02 (dois) especialistas de mercado e externos à organização

com formação, experiência e conhecimento no setor de educação

superior no Brasil;

Page 47: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

45

Grupo B - 02 (dois) especialistas de mercado e externos à organização

com formação, experiência e conhecimento em empresas do setor de

logística; e

Grupo C - 02 (dois) especialistas com experiência em direção e

conhecimentos na área de economia e empresas.

Na aplicação do MPCP para elaboração de cenários prospectivos

participaram 09 (nove) especialistas também divididos em três grupos chamados de

A, B e C, a saber:

Grupo A – 03 (três) especialistas de mercado educacional e externos à

organização com formação, experiência e conhecimento no setor de

educação superior no Brasil;

Grupo B - 03 (três) especialistas de órgão regulador do setor de educação

e externos à organização com formação, experiência e conhecimento no

setor de educação superior e

Grupo C - 03 (três) especialistas em educação e experiência como

gestores e professores no ensino superior privado.

Os resultados da pesquisa são apresentados no capítulo seis.

3.3.2 Definição da visão de presente e de futuro

A visão de presente foi definida como sendo um olhar para a competição a

qual a empresa está inserida e a qualidade a qual esta apresenta.

Já na definição da visão de futuro foi necessário estabelecer algumas

premissas para orientar os temas estratégicos.

Através de reuniões, utilizando o brainstorming com os especialistas, optou-se

por definir quatro visões de futuro, que foram suficientes para a aplicação do MPCP,

a saber:

Visão A – “Crescimento sustentável” e “Educação é um bem público”,

traduzindo-se em MASSIFICAÇÃO PLANEJADA;

Page 48: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

46

Visão B – “Crescimento sustentável” e “Educação como mercadoria”,

traduzindo-se em MASSIFICAÇÃO SEGMENTADA;

Visão C – “Oscilação de crescimento” e “Educação é um bem público”,

traduzindo-se em EXPANSÃO COM QUALIFICAÇÃO; e

Visão D – “Oscilação de crescimento” e “Educação como mercadoria”,

traduzindo-se em TUDO PELO MERCADO.

Essas premissas chamadas de visões possibilitaram estabelecer um foco de

olhar para o futuro. Esse olhar para o futuro foi balizado pelas variáveis-chave.

3.3.3 Definição das variáveis-chave

Na visão de presente, buscou-se definir as variáveis-chave da qualidade,

conforme o instrumento institucional de avaliação externa do SINAES do MEC, a

saber:

Eixo 1 – Planejamento e Avaliação Institucional

Eixo 2 – Desenvolvimento Institucional

Eixo 3 – Políticas Acadêmicas

Eixo 4 – Políticas de Gestão

Eixo 5 – Infraestrutura Física

Ainda dentro da visão de presente, as variáveis-chave relacionadas à

competição foram utilizadas as identificadas na literatura, mais precisamente na obra

de Porter (1998), sendo as seguintes:

Eixo 1 – Competitividade Direta:

Fator 1 - Entrantes potenciais;

Fator 2 - Produtos substitutos;

Fator 3 - Relação com clientes;

Fator 4 - Relação com fornecedores;

Fator 5 - Relação com concorrentes;

Page 49: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

47

Eixo 2 – Competitividade Indireta:

Fator 6 - Governamentais;

Fator 7 - Tecnológicos e ecológicos;

Fator 8 - Econômicos e de mercado;

Fator 9 - Culturais e demográficos;

Fator 10 - Vínculos regionais e infraestrutura.

Contudo, dentro da visão de futuro a pesquisa se deu da seguinte forma:

32 (trinta e dois) especialistas consultados através de questionário

identificaram 140 (cento e quarenta) Fatos Portadores de Futuro, que são

fatos reais existentes no presente e que continuarão a impactar, no futuro,

o ambiente do setor de ensino superior no Brasil;

Após a identificação desses temas, foram conduzidas sessões de

brainstorming com o Comitê de Gestores para identificação de 29 (vinte e

nove) temas estratégicos;

Esses 29 (vinte e nove) temas estratégicos foram submetidos a 09 (nove)

especialistas, através da técnica Delphi e com Lógica E sendo reduzidos

a um número de 10 (dez) temas estratégicos; e

Depois de identificados os 10 (dez) temas estratégicos houve a

construção da proposição estratégica pelo Comitê de Gestores.

A proposição é uma hipótese de acontecimento futuro, identificada com base

no tema. Os 10 (dez) temas estratégicos definidos pelos especialistas foram os

seguintes:

Temas Estratégicos

Política de ensino superior

Regulação

Demanda

Oferta

Ensino Público

Page 50: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

48

Ensino Privado

Financiamento

EaD

Presença de Instituições Estrangeiras

Concorrência

Após definidas as variáveis-chave foi feito o levantamento de dados,

conforme apresentado a seguir.

3.3.4 Levantamento de dados

Após a definição das variáveis-chave, o levantamento de dados foi feito

através de formulários e inserção em planilha de computador com tratamento da

Lógica E conforme será explicado no capítulo 5.

A técnica de pesquisa utilizada neste trabalho foi a de documentação indireta

através de pesquisa documental e bibliográfica, mas também foi feito uso de

documentação direta, conforme relatado abaixo. O levantamento de dados ocorreu

em vários períodos entre os anos de 2012 e 2013.

Os especialistas assinalaram suas evidências em formulários que foram

entregues ao pesquisador desta tese. Contudo, estes especialistas relataram que

buscaram levantar dados para alicerçar suas evidências sobre a qualidade da

empresa objeto de estudo da seguinte forma:

a) Levantamento de dados de forma direta intensiva através de:

1) Observação – Houve a preocupação de ver e ouvir in loco os

integrantes da organização pesquisada, para assinalar suas

evidências nestas variáveis, a saber:

50 (cinquenta) alunos reunidos em sala de aula da organização;

05 (cinco) professores da IESp na sala de professores;

02 (dois) integrantes da Comissão Própria de Avaliação da

organização;

02 (dois) coordenadores de curso; e

01 (um) cidadão externo à organização.

Page 51: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

49

b) Levantamento de dados de forma direta extensiva através de:

1) Formulário – roteiro de perguntas enunciadas pelo especialista e

preenchidas por ele com as respostas do pesquisado a:

05 (cinco) professores;

01 (uma) coordenadora de curso; e

02 (dois) funcionários técnico-administrativos.

Em paralelo ao levantamento de dados referentes à qualidade, outros

especialistas que também assinalaram suas evidências em formulários que foram

entregues ao pesquisador desta tese relataram que buscaram levantar dados para

alicerçar suas evidências sobre o campo de competição da empresa objeto de

estudo da seguinte forma:

Levantamento de dados de forma direta intensiva através de:

1) Observação – Houve a preocupação de ver e ouvir in loco:

01 (um) investidor do setor de educação;

01 (um) responsável por pesquisas em novas formas de

aprendizagem online; e

05 (cinco) alunos reunidos no auditório da organização.

Levantamento de dados de forma direta extensiva através de:

1) Questionário – constituído por uma série de perguntas que foram

respondidas por escrito, via e-mail e sem a presença do pesquisador,

e aplicadas em:

05 (cinco) alunos; e

02 (dois) professores da IESp.

2) Pesquisa de mercado – foi feita a obtenção de informações sobre o

mercado, de maneira organizada e sistemática.

Já o levantamento de dados da visão de futuro foi feito da seguinte forma:

1) Levantamento de dados de forma direta extensiva através de:

a) Questionário – constituído por perguntas que foram respondidas,

sem a presença do pesquisador, por 32 (trinta e dois) altos

executivos de organizações, que juntas respondem por 16% do

mercado total do setor do campo de aplicação do MPCP, para

definição dos Temas Estratégicos explicados no capítulo cinco;

Page 52: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

50

b) Formulário – roteiro de questões enunciadas pelo pesquisador e

respondidas pelos especialistas, preenchido pelos integrantes do

comitê de gestores na constituição das proposições estratégicas,

conforme explicado no capítulo cinco; e

c) Medidas de opinião e atitudes – instrumento de padronização, por

meio do qual se assegurou a equivalência de diferentes opiniões

dos especialistas na aplicação do MPCP.

Após o levantamento procedeu-se a análise dos dados, conforme é

apresentado a seguir.

3.3.5 Análise dos dados

Conforme relatado no item anterior, feito o levantamento dos dados, este

conjunto de informações foi analisado. A análise de dados foi realizada de forma

individual, em trabalho realizado pelo Comitê de Gestores.

Utilizou-se para analisar os dados colhidos a ferramenta desenvolvida no

MPCP. A análise dos dados obtidos na aplicação prática é apresentada ao leitor

conforme explicado a seguir.

3.3.6 Apresentação dos resultados

Depois de levantados e analisados os dados na aplicação do MPCP foram

apresentados no capítulo 6 em forma de base de dados em quadros e tabelas.

Para melhor entendimento dos resultados dedicou-se o próximo capítulo para

entendimento da Lógica E utilizada nesta tese.

Page 53: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

51

4 LÓGICA PARACONSISTENTE ANOTADA EVIDENCIAL E (Lógica E )

Neste capítulo, faz-se um resumo das principais definições e noções sobre a

Lógica E , para entendimento da aplicação no MPCP, já que este é o principal

objetivo desta tese.

O primeiro lógico a construir um sistema de cálculo proposicional

paraconsistente, entre 1948 e 1949, foi o polonês Stanislaw Jáskowski

(£UKASIEWICZ, 1971). Ele chamou seu sistema de Lógica ou Discursiva.

Porém, quem é reconhecido como o inventor da Lógica Paraconsistente é o

brasileiro Newton Carneiro Affonso da Costa (ABE, 2011). Isto se deve,

principalmente, ao modo independente com que, a partir de 1958, desenvolveu

ideias que o levaram à construção de diversos sistemas de Lógica Paraconsistente,

não só em nível proposicional, mas também no nível de predicados, bem como

lógicas de ordem superior.

Uma lógica (ou cálculo) se diz paraconsistente se ela puder ser a lógica

subjacente de teorias paraconsistentes (inconsistentes, porém não triviais) (ABE,

2011). Portanto, nas teorias paraconsistentes existem fórmulas A tais que a partir de

A e A não decorre qualquer fórmula B, ou seja, existe uma fórmula B de um

conjunto de todas as sentenças tal que B não é teorema da teoria. A Lógica

Paraconsistente Anotada permite tratar dados subjetivos do mundo real das

empresas em dados precisos com saídas numéricas (REIS, 2007). Uma de suas

vantagens é realizar a tradução da linguagem natural (termos linguísticos) utilizada

nas comunicações diárias em expressões matemáticas. Isso é conseguido por meio

das propriedades do reticulado de anotações. As vantagens na elaboração de

sistemas paraconsistentes são: a rapidez com que a construção do sistema é

realizada em relação aos modelos baseados em Lógica “fuzzy” (comum ou

booleana) e de tornar desnecessário o desenvolvimento ou conhecimento de um

modelo matemático (DA SILVA FILHO e ABE, 2001).

Segundo De Carvalho e Abe:

Page 54: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

52

Na lógica E associa-se a cada proposição p, no sentido comum, um par

( ), representado pelas letras gregas mi ( ) e lambda ( ), representando

da seguinte forma: p( ). e variam no intervalo fechado real [0, 1].

Portanto, o par ( ) pertence ao produto cartesiano [0, 1] x [0, 1].

Intuitivamente, representa o grau de evidência favorável expressa em p, e

o grau de evidência contrária (ou grau de descrença) expressa por p. O

par ( ) é chamado de constante de anotação ou, simplesmente, anotação.

As proposições atômicas da lógica E são do tipo p( ) (DE CARVALHO e ABE, 2011).

Pode-se interpretar o par da seguinte forma:

(0; 0) indica a ausência total de evidência favorável e máxima evidência

contrária a p (ele traduz um estado lógico denominado de

paracompleteza);

(1; 0) significa ponto extremo de evidência favorável máxima e nenhuma

evidência contrária a p (ele traduz um estado lógico denominado de

verdade);

(0; 1) representa nenhuma evidência favorável e máxima evidência

contrária a p (ele traduz um estado lógico denominado de falsidade) e

(1; 1) significa, simultaneamente, máxima evidência favorável e máxima

evidência contrária a p (ele traduz um estado lógico denominado de

inconsistência).

Abe, 2011, afirma que “o referido reticulado é chamado reticulado de

anotações Seu ínfimo, é representado por ; o seu supremo, o par (1; 1), é

representado por T”.

O diagrama Hasse pode servir de representação conforme a figura abaixo.

Page 55: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

53

Figura 2 – Representação do reticulado das anotações pelo diagrama de Hasse

Fonte: adaptada pelo autor

4.1 O reticulado

De Carvalho e Abe, 2011, afirmam que “o conjunto das constantes anotações

( ) pode ser representado no sistema de coordenadas cartesianas pelo quadrado

unitário [0, 1] x [0, 1], chamado de quadrado unitário no plano cartesiano (QUPC)”.

Este QUPC é demonstrado na figura a seguir.

T = (1; 1)

Evidência favorável máxima;

Evidência contrária máxima

(Inconsistência)

F = (0; 1)

Nenhuma Evidência favorável;

Evidência contrária máxima

(Falsidade)

Evidência favorável máxima;

Nenhuma Evidência contrária (Verdade)

V = (1; 0)

= (0; 0)

Nenhuma Evidência favorável;

Nenhuma Evidência contrária

(Paracompleteza)

Page 56: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

54

Figura 3 – Quadrado Unitário no Plano Cartesiano (QUPC).

Fonte: DE CARVALHO e ABE, 2011.

As fronteiras do QUPC apresentam os pontos extremos; contudo, em seus

pontos internos tem-se 0 1 e 0 1. Portanto, no interior do quadrado

jamais ocorrerá uma evidência favorável ou contrária máxima, nem uma situação de

verdade absoluta ou falsidade absoluta e tampouco uma situação de total

paracompleteza ou de total inconsistência (DE CARVALHO e ABE, 2011).

De Carvalho e Abe afirmam que:

Um ponto interno do QUPC poderá estar próximo do ponto C, portanto, representando uma situação de quase verdade; ou próximo de B, representando uma quase inconsistência; próximo de A, representando uma quase paracompleteza; ou próximo de D, representando uma quase falsidade” (DE CARVALHO e ABE, 2011).

4.2 Grau de incerteza

Segundo De Carvalho e Abe, 2011, algumas considerações iniciais são

necessárias devido ao uso genérico da linguagem, não sendo separados os

conceitos de linha AB, de reta AB ou de segmento AB; ou o segmento de reta AB

“conecta-se” aos pontos A e B quando se “percorre” do ponto A para o ponto B; ou

“sobre” a reta BC. Serão também utilizadas expressões como “quase verdade”,

“máxima verdade”, “máxima falsidade”, etc.

A = (0; 0) paracompleteza ( )

B = (1; 1) inconsistência (T)

C = (1; 0) verdade (V)

D = (0; 1) falsidade (F)

(0; 1)

(1; 0)

(0; 0)

(1; 1)

A

B

C

D

Page 57: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

55

Observe-se que na figura 4 o segmento de reta CD “conecta-se” aos pontos C

e D na figura abaixo, nos quais se têm situações de perfeita definição (verdade ou

falsidade). Por isso, o segmento CD é chamado de linha perfeitamente definida

(LPD). A equação desta linha é + – 1 = 0 (DE CARVALHO E ABE, 2011).

Figura 4 – QUPC e a linha perfeitamente definida (LPD)

Fonte: DE CARVALHO E ABE, 2011.

De Carvalho e Abe, 2011, afirmam que é bastante razoável definir grau de

incerteza de uma anotação ( ) como sendo: Gcontr = + – 1

4.3 Grau de certeza

De Carvalho e Abe, 2011, chamam de linha perfeitamente indefinida (LPI) a

reta AB do QUPC na figura abaixo. A equação de reta AB é - = 0.

Definindo-se assim o grau de certeza (Hcert) de uma anotação ( ; ) da

seguinte forma: Hcert = -

A = (0; 0) paracompleteza ( )

B = (1; 1) inconsistência (T)

C = (1; 0) verdade (V)

D = (0; 1) falsidade (F)

CD = Linha perfeitamente definida (LPD)

MN = segmento com GCon = - 0,6

(0; 1)

(1; 0)

(0; 0)

(1; 1)

A

B

C

D

N = (0; 0,4)

M = (0,4; 0)

X = (m; l)

Page 58: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

56

Figura 5 – QUPC e a linha perfeitamente indefinida (LPD)

Fonte: DE CARVALHO E ABE, 2011.

A “máxima verdade” ocorre no ponto C, quando a evidência favorável é

máxima ( = 1) e a evidência contrária é mínima ( = 0); neste caso, o grau de

verdade é máximo.

A situação de “máxima falsidade” ocorre no ponto D, quando a evidência

contrária é ( = 1) e a evidência favorável é nula ( = 0).

Em decorrência do exposto, verifica-se que as linhas LPD e LPI dividem o

QUPC em quatro regiões, como se vê na figura 6.

A = (0; 0) paracompleteza ( )

B = (1; 1) inconsistência (T)

C = (1; 0) verdade (V)

D = (0; 1) falsidade (F)

AB = Linha perfeitamente Indefinida

(LPD)

PQ = segmento com HCet = + 0,6

(0; 1)

(1; 0)

(0; 0)

(1; 1)

A

B

C

D

Q = (1,0; 0,4)

P = (0,6; 0)

X = (m; l)

Page 59: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

57

Figura 6 – QUPC dividido em quatro regiões pelas linhas LPD e LPI.

Fonte: DE CARVALHO e ABE, 2011.

4.4 Regra de decisão

Uma divisão conveniente do reticulado é vista na figura abaixo, na qual o

quadrado unitário é dividido em doze regiões. Destas, destacam-se as quatro

regiões denominadas regiões extremas.

Nesta divisão são destacados os segmentos AB, chamado de linha

perfeitamente indefinida (LPI), e D, chamado de linha perfeitamente definida (LPD).

Conforme mostra a figura abaixo, para uma dada constante de anotação ( ;

), são definidos o:

Grau de incerteza, pela expressão Gcontr( ; ) = + -1 (proporcional à

distância do ponto que a representa à LPD); e, também, o

Grau de certeza, pela expressão Hcert( ; ) = – (proporcional à

distância do ponto que a representa à LPI).

A = (0; 0) paracompleteza ( )

B = (1; 1) inconsistência (T)

C = (1; 0) verdade (V)

D = (0; 1) falsidade (F)

AB = Linha perfeitamente Indefinida (LPI)

CD = Linha perfeitamente definida (LPD)

(0; 1)

(1; 0)

(0; 0)

(1; 1)

A

B

C

D

O

Page 60: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

58

Figura 7 – Regiões extremas com graus de contradição e de certeza

Fonte: ABE, 2011

Segundo De Carvalho e Abe:

Para pontos X = ( ; ) próximos de A, os valores do grau de evidência

favorável ( ) e do grau de evidência contrária ( ) são próximos de 0, caracterizando uma região de paracompleteza (AMN); próximos de B, ao

contrário, os valores de e são próximos de 1, caracterizando região de

inconsistência (BRS); nas proximidades de C, os valores de são próximos

de 1 e os de , próximos de 0, definindo uma região com alto grau de certeza (próximo de 1), chamada região de verdade (CPQ); e, finalmente,

nas proximidades de D, os valores de m são próximos de 0 e os de , próximos de 1, definindo uma região com baixo grau de certeza (próximos de -1), mas alto em módulo, chamada de falsidade (DTU). (De Carvalho e ABe, 2011).

Como se observou nas definições do QUPC, destacam-se quatro regiões

extremas e uma região central.

Região AMN: -1,0 ≤ G ≤ -0,60 → região de paracompleteza

Região BRS: 0,60 ≤ G ≤ -1,0 → região de inconsistência

Região CPQ: 0,60 ≤ H ≤ 1,0 → região de verdade

Região DTU: -1,0 ≤ H ≤ -0,60 → região de falsidade

Ao contrário das anteriores, nestas regiões ocorrem situações de alta

definição (verdade ou falsidade). Portanto, se o ponto X = ( ), que traduz a

AMN= Região de paracompleteza ( ) BRS= Região de inconsistência (T) CPQ= Região de verdade (V) DTU= Região de falsidade (f) OFSL= Quase (T), tendendo à F OHUL= Quase (F), tendendo à T

OHTI= Quase (F), tendendo à

OENT= Quase ( ), tendendo à F

OEMK= Quase ( ), tendendo à V

OGPK= Quase (V), tendendo à OGQJ= Quase (V), tendendo à T OFRJ= Quase (T), tendendo à V

A

B

C

D

0,4

0,2

0,2

0,4

0,6

0,6

0,8

0,8

1,0

1,0

0,0 0,0

E

F

G

H

M

N

P

Q

R

S

T

U L

I J

Grau de evidência favorável

Gra

u d

e e

vid

ên

cia

co

ntr

ári

a

Quadrado unitário do plano cartesiano - QUPC

K

o

Page 61: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

59

situação genérica em estudo, pertencer à região CPQ ou DTU, dir-se-á que a

situação apresenta um alto grau de certeza favorável (verdade) ou de certeza

contrária (falsidade), respectivamente.

4.5 Valor de controle

De forma mais genérica, De Carvalho e Abe, 2011, apresentam o valor de

controle - VC:

H ≥ VC → decisão favorável (o evento ocorre);

H ≤ -VC → decisão desfavorável (o evento não ocorre);

- VC < H < VC → análise não conclusiva.

Em decorrência das considerações feitas anteriormente, para a configuração

da Figura 7, pode-se enunciar o seguinte valor de controle:

H ≥ 0,60 → decisão favorável (o evento ocorre);

H ≤ -0,60 → decisão desfavorável (o evento não ocorre);

- 0,60 < H < 0,60 → análise não conclusiva.

De Carvalho e Abe afirmam que:

O Valor de Controle depende da segurança, da confiança que se quer ter na decisão, que, por sua vez, depende da responsabilidade que ela implica, do investimento que está em jogo, do envolvimento ou não de risco para vidas humanas. (DE CARVALHO e ABE, 2011).

Se houver necessidade de um critério mais rigoroso para as tomadas de

decisão, ou seja, decisão mais segura, mais confiável, é necessário aumentar o

Valor de Controle, isto é, devem-se aproximar as linhas PQ e TU dos pontos C e D,

respectivamente.

Portanto, a aplicação do MPCP com a Lógica Paraconsistente Anotada

Evidencial E permite determinar possíveis inconsistências de dados e verificar até

que ponto elas são aceitáveis ou não nas regras de decisão dos cenários

prospectivos.

Page 62: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

60

De Carvalho e Abe afirmam que:

A importância da análise de uma situação real por meio dos operadores de maximização e minimização está no fato de que, mesmo que as condições analisadas apresentem resultados contraditórios, estes são levados em conta. Isto significa que esse método aceita bases de dados que apresentam contradições, ou paracompletezas, ou seja, consegue lidar com situações dotadas de incertezas desde que não sejam triviais. (DE CARVALHO E ABE, 2011).

Verifica-se assim um modelo de proposições atômicas de fácil entendimento,

sem ser trivial. Abe e outros pesquisadores têm desenvolvido aplicações para a

Lógica E , destacando-se a análise de viabilidade (DE CARVALHO; BRUNSTEIN;

ABE, 2004), tomada de decisão (DE CARVALHO; BRUNSTEIN; ABE, 2005(a)) e

diagnósticos médicos (DE CARVALHO; BRUNSTEIN; ABE, 2005(b)).

Em trabalho pioneiro (DE CARVALHO; BRUNSTEIN; ABE, 2008), faz-se

comparações com lógica indutiva por meio do método estatístico e também com a

Lógica Fuzzy, afirmando-se que: “ao se fixar o mesmo valor para o Valor de

Controle, a decisão Fuzzy fica mais forte do que a paraconsistente” (DE CARVALHO

e ABE, 2011). O uso da Lógica Paraconsistente Anotada, porém, é prático e

dispensa cálculos matemáticos complexos (REIS, 2012).

Enfim, este capítulo sobre a Lógica E serve de embasamento para

entendimento da aplicação desta lógica no Método Paraconsistente de Cenários

Prospectivos que será apresentado no capítulo a seguir.

Page 63: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

61

5 MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS (MPCP)

O Método Paraconsistente de Cenários Prospectivos (MPCP) desenvolvido

com a aplicação de Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial E é construído a

partir de parâmetros estabelecidos pela lógica de pensamento natural de

especialistas que delineiam os fatores a serem extraídos através do MPCP.

Passar da retrospecção à prospecção não é simplesmente dirigir a atenção

para o outro lado do tempo, mas sim preparar para agir, pois o futuro é uma

decorrência de ações realizadas no presente.

Na retrospectiva o passado é razoavelmente conhecido, apesar das inúmeras

interpretações, e em relação a ele não há mais nada a fazer. Na prospectiva o futuro

não existe, está para ser construído e é decorrência das inúmeras ações que

poderão ser implementadas a partir do presente.

Para se vislumbrar o futuro existe a necessidade de especialistas com suas

percepções e evidências, estabelecendo grau de pertinência para esse futuro. “As

funções de pertinência ficam definidas após a consulta a pessoas especialistas, não

havendo limite de pessoas” (ABE, 1992).

O método aliou algumas ideias de autores consagrados, como as de ANSOFF

(1993(a)(b)), PORTER (1998), e GODET (2000 e 2001).

O principal objetivo do método é encontrar possíveis desenvolvimentos de

futuros e avaliar quão prováveis e desejáveis são esses desenvolvimentos

alternativos utilizando a Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial E .

5.1 Processos do Método e Características

O MPCP desenvolve-se em duas fases, conforme figura 8: visão de presente

e visão de futuro.

A fase visão de presente possui quatro etapas:

1. Identificação do sistema;

2. Diagnóstico estratégico;

Page 64: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

62

3. Variáveis-chave de regulação e competição; e

4. Aplicação da Lógica E

A fase de visão de futuro possui seis etapas:

1. Geração de Fatos Portadores de Futuro;

2. Identificação de Temas Estratégicos - TE;

3. Elaboração de proposições aos Temas Estratégicos;

4. Consulta aos especialistas;

5. Aplicação da Lógica E ; e

6. Elaboração dos Cenários Prospectivos.

O Método Paraconsistente de Cenários Prospectivos (MPCP) foi desenvolvido

com enfoque sistêmico, em que a instituição objeto de estudo é tratada como um

sistema aberto, a qual influencia e é influenciada pelo seu ambiente.

Page 65: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

63

Figura 8 – Processo do MPCP

Fonte: o autor.

Identificação do Sistema

Diagnóstico Estratégico

VIS

ÃO

DE

PR

ES

EN

TE

REGULAÇÃO

COMPETIÇÃO

Lógica E

VIS

ÃO

DE

FU

TU

RO

Geração de Fatos Portadores de Futuro

Identificação Temas Estratégicos

Elaboração de Proposições

Consulta a Especialistas

Lógica E

CENÁRIOS PROSPECTIVOS

Page 66: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

64

5.2 Visão de Presente

A visão de presente apresenta a situação atual da empresa em relação a

competição a qual ela está inserida e também avalia sua qualidade levando-se em

consideração os instrumentos utilizados pelo órgão regulador. A elaboração da visão

de presente no MPCP foi feita fazendo uso da Lógica E , conforme detalhado a

seguir.

5.2.1 Identificação do Sistema

A identificação preliminar dos dados fundamentais do sistema constitui a

primeira fase do método. Trata-se do conjunto de informações que caracterizam e

individualizam a instituição no ambiente em que se encontra inserida e que orientam

a realização de todo o seu planejamento estratégico, uma vez que nesses dados

está definido o propósito do sistema. Alguns deles são essenciais ao início do

processo, tais como o Negócio, a Missão, a Visão, os objetivos e a estratégia da

empresa.

Todavia, algumas ações de natureza preparatória foram conduzidas antes do

início propriamente dito da fase. O responsável da instituição, aqui denominado

Head — fixou os propósitos do estudo prospectivo que foi realizado, determinou a

amplitude do sistema que foi analisado e estabeleceu o horizonte temporal no qual

se iria trabalhar.

Adicionalmente, o Head determinou, em conjunto com sua assessoria, quais

seriam os membros do comitê de gestores e quais seriam os especialistas

convidados a participar dos trabalhos.

Os especialistas foram, em sua maioria, pessoas de fora da instituição,

especializadas em determinadas áreas do conhecimento humano, porém detentoras

não só de uma visão geral do sistema sobre o qual irão opinar, como do ambiente

em que a instituição se insere.

Nesse período preparatório também foi elaborado um cronograma de

trabalho, que serviu de orientação aos especialistas sobre os prazos a serem

Page 67: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

65

cumpridos. Ao estabelecer esses prazos, o Head também indicou o nível de

profundidade que desejava para a pesquisa de dados.

O Head transmitiu, também, aos especialistas seus principais juízos de valor

acerca do tema que foi estudado. Suas principais preocupações e expectativas

serviram aos especialistas como parâmetros de uma escala de prioridades.

No decorrer do trabalho, principalmente durante a interpretação dos cenários

gerados, o grupo identificou com bastante clareza os aspectos mais importantes do

ponto de vista do Head.

5.2.2 Diagnóstico Estratégico

Esta fase, como o próprio nome indica, consistiu de um diagnóstico detalhado

do sistema (Instituição) e do ambiente em que ele se insere, visando a extrair de

ambos, respectivamente, condicionantes de futuro, suas invariantes, as mudanças

em andamento, os fatos portadores de futuro e suas incertezas críticas.

Com base no diagnóstico da situação atual que foram extraídas e

condensadas as informações relevantes do sistema e do ambiente.

5.2.3 Regulação e Competição

Nesta etapa, o Head e o Comitê de Gestores definiram o valor de controle na

regra de decisão do Quadrado Unitário no Plano Cartesiano – QUPC.

Esta etapa buscou identificar o resultado da seguinte proposição (pcompetição):

“está inserida em um mercado de competitividade viável”.

Nesta proposição entende-se que competitividade:

[...] é a característica ou capacidade de qualquer organização em lograr cumprir a sua missão, com mais êxito que outras organizações competidoras. Baseia-se na capacidade de satisfazer as necessidades e expectativas dos clientes ou cidadãos aos quais serve, no seu mercado objetivo, de acordo com a sua missão específica, para a qual foi criada” (HAIDAR, 2012).

As variáveis para identificação da competitividade da empresa foram

apresentadas na metodologia no capítulo 3.

Page 68: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

66

Sendo coerente e seguindo a mesma ideia da análise anterior, apresenta-se a

seguinte proposição (pregulação):

“atende de forma satisfatória as exigências de qualidade do órgão

regulador”.

Nesta proposição entende-se que qualidade é "conformidade com as

exigências dos clientes" (FNQ, 2013).

As variáveis para identificação da qualidade da empresa foram apresentadas

na metodologia no capítulo 3.

Em cada uma dessas variáveis foram assinaladas evidências por parte dos

especialistas, sendo favoráveis, desfavoráveis, ou até mesmo contraditórias. Os

resultados obtidos constituem a base de dados.

5.2.4 Uso da Lógica E

Ao se estabelecer as variáveis-chave, considerou-se que elas são

independentes uma das outras. Assim sendo, os especialistas atribuíram graus de

evidência favorável ( ) e evidência contrária ( ) a cada uma delas conforme

preconiza a Lógica E .

Outra atividade importante nessa fase foi à interpretação dos resultados

matemáticos da lógica e a redação de relatório sobre as variáveis.

A redação do relatório da visão de presente foi confeccionada pelo comitê de

gestores juntamente com o pesquisador desta tese que fizeram a interpretação dos

resultados.

5.3 Visão de Futuro

As incertezas relativas ao futuro são múltiplas e diversas, e a visão de futuro,

realizada por meio do MPCP, não pretende eliminá-las mediante uma predição

ilusória, tendo tão somente por objetivo organizá-las e reduzi-las tanto quanto

possível.

Page 69: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

67

O MPCP trabalhou sempre com mais de uma possibilidade de ocorrência da

realidade, visando reduzir a inevitável incerteza frente ao futuro sem cair no

determinismo.

Isso não excluiu a necessidade de realizar estudos históricos e mapear as

tendências em curso e os fatos portadores de futuro, que podem romper com os

atuais padrões de comportamento de certos fenômenos sociais.

Por fim, cabe ressaltar sobre o fato de que nenhum cenário acontece

exatamente como descrito – a realidade geralmente evolui tomando de empréstimo

elementos dos diversos cenários traçados (além de trazer outros à cena).

Assim, um bom conjunto de cenários é um sistema de referência útil para a

tomada de decisões estratégicas e a formulação de políticas, uma vez que a sua

explicitação reduz conflitos de percepção e orienta a tomada de posições dos grupos

humanos envolvidos com o desdobrar dos fenômenos.

O MPCP deve ser interpretado buscando-se identificar para cada

acontecimento futuro as suas possíveis consequências, também situadas no futuro,

e, a partir delas, de maneira proativa, estabelecer medidas, no presente, capazes de

fazer face a essas consequências.

5.3.1 Fatos Portadores de Futuro (FPF) e temas estratégicos

Nessa etapa, o Head e o Comitê de Gestores inicialmente construíram o

formulário de questões abertas e fechadas para identificar os temas mais relevantes

e impactantes para o setor.

Os integrantes do Comitê de Gestores dispuseram de tempo para analisar

tudo o que lhes foi apresentado, de modo que puderam maturar bem todos os

dados. Sugeriu-se que se deixasse passar um final de semana entre a entrega da

mesma e a reunião seguinte.

A técnica de brainstorming serviu de base à criatividade dos integrantes do

Comitê de Gestores, a fim de que vislumbrassem quais temas poderão surgir no

futuro. Os temas são possíveis ocorrências futuras, externas à instituição, que

tendem a exercer impacto significativo sobre a capacidade desta de atingir seus

objetivos.

Page 70: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

68

As projeções do passado — as repetições de acontecimentos de outrora —

surgiram e não foram relegadas. No entanto, as rupturas de tendências foram os

principais alvos. O rompimento do status quo — onde e como aparecem — foram

buscados.

Cada sessão de brainstorming não ultrapassou uma hora. E os eventos

arrolados nessa ocasião não sofreram qualquer tipo de censura. Fez-se necessário,

ao final, depurar todas as ideias surgidas. Essa depuração consistiu na verificação

de como surgiu cada tema.

Todos os temas estavam amparados por, no mínimo, um fato portador de

futuro. Aqueles que estiveram amparados apenas na imaginação de alguns

especialistas do Comitê de Gestores foram criteriosamente discutidos por todos os

demais, a fim de não se permitir que o estudo passe para o campo da “adivinhação”.

Surgiram temas que, embora não amparados em fatos já listados, também

foram considerados: aqueles que tenham brotado de alguma nova informação

eventualmente surgida durante a reunião ocorrida ao final do diagnóstico

estratégico, quando cada integrante do Comitê de Gestores deu ciência aos demais

dos resultados de seu estudo. Nesse caso, acrescentou-se a informação nova aos

fatos portadores de futuro anteriormente identificados.

Percebeu-se que o método procurou seguir o caminho normal do pensamento

humano quando este busca a solução de um problema tomando por base aspectos

concretos e fugindo de possível especulação.

Durante a depuração dos eventos, também foi importante agrupar aqueles

que tratavam dos mesmos aspectos do problema, a fim de evitar que a quantidade

final fosse muito grande e tornasse impraticável a elaboração dos cenários

prospectivos. Exemplo de temas no quadro abaixo:

Quadro 2 – Temas levantados na pesquisa com especialistas.

TEMAS ESTRATÉGICOS

1 Regulação

2 Demanda

3 Oferta

Fonte: o autor.

Page 71: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

69

5.3.2 Elaboração de proposições e objetivos estratégicos

A proposição estratégica é uma hipótese de ocorrência de um acontecimento

futuro, identificada com base em um tema estratégico. A proposição serve para

definir os objetivos estratégicos, organizar uma consulta Delphi e identificar as

alternativas de futuro.

Cada um dos temas estratégicos listados foi analisado pelo Comitê de

Gestores, fruto da pesquisa-ação desta tese. Essa análise teve enfoque prospectivo,

buscando uma visão de melhor futuro possível. Após sua identificação, foram

submetidos a novas rodadas de consolidação junto aos especialistas que

elaboraram as análises de conjuntura retrospectiva.

Os exemplos de resultados obtidos dos temas e proposições estão

apresentados no quadro 3:

Quadro 3 – Proposições estratégicas aos temas levantados

TEMAS ESTRATÉGICOS

Regulação

Forte regulamentação da educação, no entanto, constitui uma barreira de entrada para muitas instituições em virtude das exigências feitas para o ingresso e, mais importante, para sua permanência no setor. Nesse terreno, a vinda de instituições estrangeiras é estimulada e bem aceita desde que sua idoneidade seja comprovada e exista parceria formal com uma entidade nacional do ramo.

Demanda

Estímulo à demanda por cursos “remediais” ou “instrumentais” voltados, principalmente, aos trabalhadores adultos com determinadas carências cognitivas e de conteúdo, inclusive demanda por cursos de graduação e educação continuada.

Oferta

Oferta também apresenta um substancial crescimento, sobretudo pela renovação das instituições públicas e pela atuação das instituições mistas (públicas e privadas), cujas vagas ofertadas

crescem em taxas mais elevadas do que no segmento privado.

Fonte: o autor.

Page 72: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

70

5.3.3 Consulta aos especialistas e uso da Lógica E

Foram realizadas diversas consultas aos especialistas, empregando-se o

método Delphi. Ao término das consultas, foram gerados e interpretados os

diferentes cenários.

Foi apresentado um questionário no qual os especialistas deveriam atribuir

suas evidências sobre a pertinência do tema estratégico, levando também em

consideração sua autoavaliação, onde foram instruídos a pensar em um horizonte

temporal até o ano de 2035.

A opinião dos especialistas, emitida através do grau de evidência favorável ( )

e evidência contrária ( ), na ocorrência de determinado evento no futuro será

ponderada de acordo com seu nível de conhecimento sobre o mesmo, conforme

assinalado na terceira coluna com a letra grega .

Por fim, na autoavaliação cada especialista tem a oportunidade de atribuir um

grau a si mesmo, relativo ao nível de conhecimento que detém sobre cada evento,

considerado isoladamente (Tabela 1).

Tabela 1 – Referência para autoavaliação dos especialistas

Prazos Grau de Autoavaliação ( )

Domina plenamente o tema. 8 ≤ ≤ 10

Está atualizado e tem alto conhecimento 6 ≤ < 8

Está atualizado, mas tem médio conhecimento 4 ≤ < 6

Não está atualizado, mas tem pouco conhecimento 2 ≤ < 4

Conhece apenas superficialmente 0 ≤ < 2

Fonte: o autor

A evidência foi multiplicada pela autoavaliação, gerando um resultado único

para cada evento, da seguinte forma:

Evidência Favorável ( ) = (evidência atribuída x autoavaliação)/10;

Evidência Contrária ( ) = (evidência atribuída x autoavaliação)/10;

Page 73: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

71

Exemplo:

logo: [(1,0 x 5)/10] = 0,5

logo: [(0,6 x 10)/10] = 0,6

Seguindo o mesmo exemplo para evidência contrária:

logo: [(1,0 x 5)/10] = 0,5

logo: [(0,6 x 10)/10] = 0,6

Para definir o resultado foi admitido que os graus de evidência favorável e

contrária não são complementares, isto é, + ≠ 1. O grau de evidência foi

organizado em formulário, conforme quadro 4.

Quadro 4 – Mapa para evidência do especialista (1ª Consulta)

MAPA DE EVIDÊNCIA DO ESPECIALISTA (1ª RODADA)

Eventos Especialista

Pertinência

Regulação

Demanda

Oferta

Fonte: o autor Legenda:

= autoavaliação

= evidência favorável

= evidência contrária

= evidência favorável ponderada a autoavaliação

= evidência contrária ponderada a autoavaliação

Os formulários foram preenchidos pelos especialistas isoladamente, ou seja,

em seus próprios locais de trabalho ou em suas residências. Estimou-se um prazo

de pelo menos duas semanas para que as questões fossem respondidas e

devolvidas ao Comitê de Gestores, o que caracterizará a aplicação do Método

Delphi.

Page 74: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

72

Recebidas as respostas, os integrantes do Comitê de Gestores as

cadastraram no mapa de opiniões dos especialistas com o propósito de gerar os

dados necessários à elaboração da consulta seguinte.

A segunda consulta aos especialistas - uma vez computados os primeiros

dados coletados - gerou um 2º formulário contendo os valores tratados com a Lógica

E dos graus de evidências dos especialistas consultados e espaços em branco para

que cada um deles, se assim desejassem, alterassem suas opiniões iniciais,

conforme exemplo demonstrado no quadro 5.

Quadro 5 – Mapa para evidência do especialista (2ª Consulta)

MAPA DE EVIDÊNCIA DO ESPECIALISTA (2ª RODADA)

Eventos

Especialista

Alterar Max

Relevância do Tema

Regulação 1,0 0,0 Altíssima

Demanda 0,9 0,1 Altíssima

Oferta 0,7 0,3 Alta

Fonte: o autor Legenda:

= autoavaliação

= evidência favorável

= evidência contrária

= evidência favorável ponderada a autoavaliação

= evidência contrária ponderada a autoavaliação

Nova carta-padrão foi enviada aos especialistas agradecendo pela

participação na 1ª consulta e explicando-lhes que tinham a oportunidade de rever

suas opiniões à luz dos valores médios das opiniões informadas por todos.

Esta é uma aplicação prática do método Delphi de trabalho em grupo e visa

obter uma convergência de opiniões entre os especialistas. De posse das novas

respostas, o Comitê de Gestores repetiu a tarefa de inserir os novos dados no

computador até obter a convergência desejada.

Essas informações foram mais uma vez repassadas aos especialistas e o

processo foi reiniciado. A experiência mostrou que o Comitê de Gestores pode tentar

Page 75: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

73

promover a convergência de opiniões até um limite de vezes. Adotou-se neste

método até no máximo três vezes.

De posse das evidências finais dos especialistas sobre os temas preliminares,

os integrantes do Comitê de Gestores realizaram reunião formal para decidirem

quais temas seriam mantidos.

Após a definição dos temas que seriam mantidos, houve nova consulta aos

especialistas para atribuírem evidências em cada tema estratégico nas seguintes

componentes:

1) Certeza - C;

2) Risco - R;

3) Impacto - I;

4) Prazo - P;

Em cada componente foi constituída uma proposição pelo Comitê de

Gestores, da seguinte forma:

1 – (p): “o tema ocorre”.

2 – (p): “a ocorrência impacta a empresa”.

3 – (p): “a ocorrência e o impacto geram risco à empresa”.

4 – (p): “o tema ocorre até o ano 2035, sendo possível ocorrer antes”.

Risco é entendido nesta tese como “possibilidade de ocorrência de um

determinado evento que gere prejuízo econômico a empresa” (FERMA, 2003).

O risco pode ser definido:

[...] como a combinação da probabilidade de um acontecimento e das suas

consequências. O simples fato de existir atividade, abre a possibilidade de ocorrência de eventos ou situações cujas consequências constituem oportunidades para obter vantagens ou então ameaças ao sucesso” (ISO-31010, 2009).

Entretanto, este trabalho não faz uso de lógica clássica, tais como

probabilidade. A estrutura de pensamento do especialista deve levar em

consideração a ocorrência e o impacto do tema antes de assinalar sua evidência

Page 76: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

74

sobre risco.

Para definição de certeza, adotou-se como linhas limites de verdade e de

falsidade nas retas determinadas por grau de certeza Hcert = 0,5 e, como linhas

limites de paracompleto e de indeterminação, as retas determinadas por grau de

contradição Gcont = -0,5.

Dessa forma, tem-se um cenário de evidência favorável ou contrária à certeza

de ocorrência do tema, se houver um grau de certeza em módulo igual ou maior que

0,5.

Para Risco, Impacto e Prazo será admitido que os graus de evidência

favorável e contrária não são complementares, isto é, + ≠ 1. Com isso está se

admitindo que os dados referentes a riscos, impacto e prazos apresentam

contradição. De fato, com essa hipótese, o grau de contradição de cada variável não

será nulo.

Para evidência do risco que a Proposição do Tema Estratégico causará na

corporação objeto de estudo, foi considerado, conforme demonstrado na tabela 2:

“Alto”, se Hcert ≥ 0,5; “Moderado”, se – 0,5 < Hcert < 0,5; e “Baixo”, se Hcert ≤ -

0,5.

Tabela 2 – Categorias adotadas para classificação dos Riscos.

Riscos Grau de certeza

(Hcert)

Alto 0,5 ≤ H ≤ 1,0

Moderado -0,5 < H <0,5

Baixo -1,0 ≤ H ≤ -0,5

Fonte: o autor

Para evidência dos Impactos que a Proposição do Tema Estratégico causará

na corporação objeto de estudo, foi considerado, conforme demonstrado na tabela 3:

“Positivo”, se Hcert ≥ 0,5; “Moderado”, se – 0,5 < Hcert < 0,5; e “Negativo”, se Hcert ≤ -

0,5.

Page 77: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

75

Tabela 3 – Categorias adotadas para classificação dos Impactos.

Impactos Grau de certeza

(Hcert)

Positivo 0,5 ≤ H ≤ 1,0

Moderado -0,5 < H <0,5

Negativo -1,0 ≤ H ≤ -0,5

Fonte: o autor

Para evidência do prazo em que a Proposição do Tema Estratégico se

apresentará no Ensino Superior do Brasil, foi considerado, conforme demonstrado

na tabela 4:

“2035”, se Hcert ≥ 0,5; “2030”, se – 0,5 < Hcert < 0,5; e “2025”, se Hcert ≤ -0,5.

Tabela 4 – Categorias adotadas para classificação dos Prazos.

Prazos Grau de certeza

(Hcert)

2035 0,5 ≤ H ≤ 1,0

2030 -0,5 < H <0,5

2025 -1,0 ≤ H ≤ -0,5

Fonte: o autor

Para se evitar uma única linha de pensamento, foram escolhidos especialistas

com formações sólidas e distintas para a atribuição dos valores e, também, para que

o resultado não fosse eivado de subjetividade.

A aplicação do método foi o próximo passo, conforme exemplo na tabela 5.

Tabela 5 – Exemplo de Base de dados

RE

GU

LA

ÇÃ

O Grupo A Grupo B Grupo C

Especialista

1

Especialista

2

Especialista

3

Especialista

4

Especialista

5

Especialista

6

C 1,0 0,0 1,0 1,0 1,0 1,0 0,8 0,2 1,0 1,0 0,8 0,2

P 0,8 0,2 0,8 0,8 0,8 0,8 1,0 0,0 0,8 0,8 1,0 0,0

I 0,6 0,4 0,6 0,6 0,6 0,6 0,8 0,2 0,6 0,6 0,8 0,2

R 0,4 0,6 0,8 0,8 0,8 0,8 0,6 0,4 0,8 0,8 0,6 0,4

Fonte: o autor

Page 78: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

76

O passo seguinte foi aplicar a regra de maximização (OR) e de minimização

(AND) da Lógica E às opiniões dos especialistas para cada um dos temas

estratégicos.

Aplicou-se as regras intragrupos, sendo o conectivo de maximização (OR) na

evidência favorável e o conectivo de minimização (AND) na evidência contrária

dentro de cada grupo. Já nas regras intergrupos, fez-se o contrário aplicando o

conectivo de minimização (AND) na evidência favorável e o conectivo de

maximização (OR) na evidência contrária entre os grupos, para os resultados

obtidos nos três grupos (entre grupos). Conforme figura 9.

Figura 9 – Esquema de aplicação dos operadores MÁX e MÍN..

Fonte: o autor

As regras foram definidas e traduzidas como exemplo na tabela 6.

Tabela 6 – Exemplo de Regras de MÁX (OR) e MIN (AND).

Tema Fatores Intergrupos Intergrupos Intergrupos Intragrupos Evidência Controle

1A 2A 1B 2B 1C 2C 1R 2R Hcert Gcontr Decisão

Reg

ula

çã

o C 1,0 0,0 1,0 0,0 1,0 0,0 1,0 0,0 1,0 0,0 Viável

P 0,8 0,2 1,0 0,0 1,0 0,0 0,8 0,2 0,6 0,0 2030

I 0,6 0,4 0,8 0,2 0,8 0,2 0,6 0,4 0,2 0,0 Moderado

R 0,4 0,6 0,8 0,2 0,8 0,2 0,4 0,6 -0,2 0,0 Baixo

Fonte: o autor

Analisou-se estes resultados finais, após a aplicação das regras de

Page 79: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

77

maximização e de minimização, pelo dispositivo para-analisador. Fez-se a plotagem

no Quadrado Unitário do Plano Cartesiano (QUPC), que é uma forma mais precisa

de observação dos resultados, onde foi possível observar a distância dos pontos

extremos que caracterizam o limite, conforme a figura abaixo.

Figura 10 – Regiões não extremas do algoritmo para-analisador

Fonte: ABE, 2011

Após a plotagem no QUPC a construção lógica de dados foi finalizada e

passou-se à caracterização dos Cenários Prospectivos.

5.3.4 Cenários Prospectivos

De posse dos valores atribuídos por todos os especialistas e introduzidos no

algoritmo para-analisador para cenários prospectivos, o cenário foi gerado,

passando a ser descrito e interpretado.

Nesse momento o Comitê de Gestores e o Head se reuniram para fazerem a

análise, levando em consideração que esta é a parte mais importante do Método,

tendo em vista os vários cenários distintos decorrentes da divisão dos estados

lógicos de decisão.

Page 80: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

78

A percepção do grupo envolvido com a análise foi importantíssima nesse

trabalho. E a facilidade no emprego do algoritmo para-analisador fez com que

fossem extraídos do conjunto de especialistas os cenários prospectivos para cada

tema.

5.3.5 Redação dos Cenários

Os Cenários Prospectivos foram descritos pelos especialistas do Comitê de

Gestores. Para a descrição, o redator se posicionou no futuro (Horizonte Temporal)

e enumerou encadeadamente os temas estratégicos que compõem o cenário, como

se efetivamente houvesse ocorrido (ou não, conforme o caso), a partir do ano atual,

conforme aplicação apresentada no próximo capítulo.

Page 81: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

79

6 APLICAÇÃO DO MPCP E RESULTADOS

A aplicação desta pesquisa foi feita em Instituição de Ensino Superior com

toda dinâmica apresentada nos capítulos anteriores. As invariantes, fatos portadores

de futuro e incertezas críticas do setor de educação superior do Brasil levantadas no

MPCP são mínimas, haja vista que a aplicação se faz necessária tão somente para

medir a capacidade do Método desenvolvido em apresentar resultados fidedignos,

principalmente, na visão de presente, pois a visão de futuro só se terá real certeza

quando o tempo avançar e as proposições forem se consolidando.

6.1 Visão de Presente

A Faculdade onde foi aplicado o MPCP solicitou que o seu nome não fosse

divulgado, pois é uma instituição de ensino superior particular com Estatuto

registrado na Junta Comercial do Estado de São Paulo (JUCESP). A IES está

localizada no município de Jundiaí. Foi fundada oficialmente na década de 90.

Possui atualmente centenas de professores com titulação mínima de pós-graduação

lato sensu, milhares de alunos distribuídos em vários cursos e centenas de

funcionários técnico-administrativos com gestão profissional de Executivo.

A mantenedora realiza um conjunto de procedimentos para estabelecer as

necessidades sociais que justificam a implantação de uma Instituição de Ensino

Superior em determinada cidade, com o objetivo de melhorar a qualificação

profissional da região.

Os procedimentos utilizados para solicitar pedidos de credenciamento de

novas unidades e autorização para cursos são:

Levantamento da demanda por cursos superiores junto às terceiras séries

das escolas de ensino médio dos municípios.

Estudo orçamentário para verificar a possibilidade de atendimento da

demanda, com valores das mensalidades acessíveis às classes menos

favorecidas e que possibilitem maior inclusão social.

Page 82: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

80

Verificação dos indicadores do Índice de Desenvolvimento Humano – IDH

para a categoria educação, estabelecendo como base o Plano Nacional

de Educação – Lei 10.172 de 2001.

Verificação das porcentagens de jovens na faixa de 18 a 24 anos que

cursam ensino superior na região e a possibilidade de acréscimo dessas

porcentagens.

Aprovação dos recursos orçamentários para obras e equipamentos, pelos

órgãos internos competentes.

O resultado desses procedimentos permite que a IESp esteja sintonizada com

as características regionais de sua localização e permite a adequação dos

componentes acadêmico-pedagógicos à realidade regional investigada, traduzida

nos projetos pedagógicos dos cursos.

6.1.1 Localização

O município de Jundiaí faz parte de uma região densamente povoada e

economicamente bem estruturada do Estado de São Paulo. Todos os setores da

economia aparecem bem representados na formação da riqueza do município, o que

demanda profissionais especializados para exercer as diversas atividades

socioeconômicas e sociais.

Jundiaí ocupa uma área de 431,97 km². Segundo dados do IBGE, em 2011 a

cidade de Jundiaí possuía 378.098 habitantes. Sua densidade demográfica era de

876,91 hab./km² e, ainda segundo o instituto, em 2011 a Taxa de Fecundidade Geral

(por mil mulheres entre 15 e 49 anos) era de 51,12 filhos. É considerada uma cidade

rica, exibindo um Índice de Desenvolvimento Humano Municipal - IDHM de 0,857 em

2011 e um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 20,1 bilhões.

Jundiaí está localizada entre a capital do Estado, a cidade de São Paulo, e

Campinas, que é considerada a 12ª cidade mais rica do Brasil, estando distante 63

Km a noroeste da capital do Estado de São Paulo e a 40 Km da cidade de

Campinas.

O acesso à cidade é feito pelas rodovias Anhanguera, Bandeirantes e Dom

Gabriel Paulino Couto, além da proximidade com as rodovias Castelo Branco, Dom

Page 83: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

81

Pedro I e Fernão Dias.

Considerada uma região próspera no Estado de São Paulo, Jundiaí ocupa o

oitavo lugar no PIB. Em 2008, segundo fonte do IBGE, o PIB foi de R$ 15.106

548,900 mil. A indústria de Jundiaí cresceu e diversificou-se muito, sendo hoje a

oitava economia do Estado. A posição privilegiada no mapa vai desenvolvendo a

vocação para o setor de logística, pois favorece a circulação de mercadorias, e, na

área fabril, de equipamentos industriais.

Jundiaí ocupa o 12° lugar no ranking de valor adicionado fiscal do ICMS,

desde 1994, no Estado de São Paulo. A estabilidade é atribuída à diversificação do

Parque Industrial, composto por 33 tipos de atividades, o que, teoricamente, livra a

cidade de crises setoriais. Os setores que mais se destacam são: Alimentos,

Plásticos, Metalurgia e Eletroeletrônicos, somando quase 800 indústrias.

6.1.2 Missão

A missão da Faculdade está pautada no compromisso de promover o ensino

de forma eficiente, com o grau de qualidade necessário ao bom desempenho das

futuras atividades profissionais dos educandos, para que, de forma competente e

ética, possam desenvolver seus projetos de vida como cidadãos cientes dos seus

direitos, deveres e responsabilidades sociais.

6.1.3 Filosofia gerencial

Como Filosofia Gerencial, a Faculdade delega autoridade e responsabilidade

ao seu diretor e a seus coordenadores e professores para que possam cumprir os

objetivos e planos institucionais aprovados, com incentivo ao trabalho comprometido

com resultados.

6.1.4 Ações estratégicas

Considerando a necessidade de implementar estratégias a Faculdade deve

realizar ações mensuráveis com acompanhamento e monitoração da qualidade, num

determinado tempo e contexto.

Page 84: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

82

Como ações institucionais consideram-se:

Incentivar o Programa de Melhoria de Qualidade para o Ensino e seus

serviços educacionais, acadêmicos e administrativos;

Criar novos cursos de graduação, nas áreas de maior necessidade social;

Promover a formação continuada de seus egressos e demais

interessados.

Desenvolver projetos de extensão e ampliar os relacionamentos

comunitários e sociais;

Implantar projetos como o Programa de Iniciação Científica nas áreas de

interesse institucional;

Estimular a produção docente e discente e incrementar os investimentos

para manutenção e aperfeiçoamento dos periódicos de divulgação

científica e intelectual;

Ampliar, quando necessário, a infraestrutura, os espaços físicos e os

equipamentos de apoio às atividades afins, bem como os setores

específicos para atender aos alunos;

Desenvolver ações para consolidação das coordenadorias e colegiados

de cursos;

Consolidar o Programa de Avaliação Institucional (PAI) com vistas ao

crescimento do grau de qualidade dos serviços e das ações institucionais;

e

Consolidar os programas institucionais e desenvolver ações de inovação

na organização didático-pedagógica e administrativa, de acordo com a

missão, os objetivos e as metas propostas e em execução.

6.1.5 Resultados do MPCP nos fatores de Porter

No estudo aplicado à Instituição de Ensino Superior Privada admite-se que

todas as faixas são forças motrizes, ou seja, todos os fatores e faixas possuem o

mesmo grau de importância para o cenário futuro. Usou-se a base de dados obtida

Page 85: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

83

pela pesquisa junto aos especialistas.

Esta etapa da visão de presente visa identificar o resultado da seguinte

proposição (pcompetição):

“está inserida em um mercado de competitividade viável”.

Tabela 7 – Base de dados dos especialistas aos fatores de Porter

FA

TO

RE

S

GRUPO A GRUPO B GRUPO C

Especialista 1

E1

Especialista 2

E2

Especialista 3

E3

Especialista 4

E4

Especialista 5

E5

Especialista 6

E6

1 1

F1 0,8 0,2 0,7 0,4 0,8 0,3 0,6 0,3 0,7 0,2 1,0 0,1

F2 0,9 0,2 0,7 0,1 0,9 0,3 1,0 0,1 0,8 0,2 0,8 0,0

F3 0,9 0,2 0,7 0,5 0,8 0,2 0,6 0,2 0,7 0,2 1,0 0,1

F4 1,0 0,1 0,7 0,3 0,8 0,2 0,7 0,3 0,8 0,3 0,6 0,3

F5 0,8 0,2 0,5 0,2 0,4 0,1 0,8 0,5 0,7 0,5 0,3 0,4

F6 0,8 0,5 0,4 0,3 0,4 0,7 0,7 0,1 0,6 0,1 0,8 0,3

F7 0,1 0,9 0,1 0,9 0,2 1,0 0,1 1,0 0,1 1,0 0,0 1,0

F8 0,7 0,2 0,6 0,2 0,4 0,1 0,8 0,3 0,7 0,5 0,3 0,6

F9 0,8 0,2 0,7 0,4 0,8 0,2 0,6 0,2 0,7 0,2 1,0 0,1

F10 0,8 0,3 0,5 0,2 0,5 0,1 0,8 0,2 0,7 0,5 0,3 0,5

Fonte: Evidências colhidas de 06 (seis) especialistas

O valor de controle foi o seguinte:

a) Hcert 0,5 Verdade (V), ou seja, o tema é viável;

b) Hcert -0,5 Falsidade (F), ou seja, o tema não é viável; e

c) -0,5 < Hcert < 0,5 Região entre a Verdade e a Falsidade.

O passo seguinte foi aplicar a regra de maximização (OR) e de minimização

(AND) da Lógica E às opiniões dos especialistas para cada um dos temas

estratégicos.

Com os resultados obtidos na pesquisa, vide tabela 7, pode-se extrair das

opiniões dos especialistas as evidências demonstradas na tabela 8.

Page 86: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

84

Tabela 8 – Regras OR e AND aos fatores de Porter F

AT

OR

ES

Grupo A Grupo B Grupo C

Indicadores 10

Valor de Controle ≥ 0,500

Entre Grupos Conclusões

OR AND OR AND OR AND AND OR Hcert Gcontr Decisão

F1 0,80 0,20 0,80 0,30 0,70 0,10 0,70 0,10 0,60 -0,20 VIÁVEL

F2 0,90 0,10 0,90 0,10 0,80 0,00 0,80 0,10 0,70 -0,10 VIÁVEL

F3 0,90 0,20 0,80 0,20 1,00 0,10 0,80 0,20 0,60 0,00 VIÁVEL

F4 1,00 0,10 0,80 0,20 0,80 0,30 0,80 0,30 0,50 0,10 VIÁVEL

F5 0,80 0,20 0,80 0,10 0,70 0,30 0,70 0,30 0,40 0,00

Quase (V) viável,

tendendo à ( )

paracompleteza

F6 0,80 0,30 0,70 0,10 0,80 0,10 0,70 0,30 0,40 0,00

Quase (V) viável,

tendendo à ( )

paracompleteza

F7 0,10 0,90 0,20 1,00 0,10 1,00 0,10 1,00 -0,90 0,10 INVIÁVEL

F8 0,70 0,20 0,80 0,10 0,70 0,50 0,70 0,50 0,20 0,00

Quase (V) viável,

tendendo à (T)

inconsistência

F9 0,80 0,20 0,80 0,20 1,00 0,10 0,80 0,20 0,60 0,00 VIÁVEL

F10 0,80 0,20 0,80 0,20 0,70 0,50 0,70 0,50 0,20 0,20

Quase (V) viável,

tendendo à (T)

inconsistência

Baricentro W 0,68 0,35 0,33 0,03

Quase (V) viável,

tendendo à ( )

paracompleteza

Fonte: o autor

Observando-se os graus de evidência favorável e contrária resultantes da

aplicação das regras de maximização (OR) e minimização (AND) às opiniões dos

especialistas sobre o ambiente de competição da IESp, nota-se que o grau de

certeza (Hcert) para quase todos os fatores (F5; F6; F8; F10) está abaixo de 0,5,

como estabelecido no critério para certeza de ocorrência. Observa-se que, embora o

especialista 1 em F5 e o especialista 6 em F6 tenham atribuído evidência ( ,0;8 0,3),

que é uma afirmação limite de (V) verdade, conforme estabelecido no Valor de

Controle, ao se levar em consideração as demais evidências dos demais

especialistas, o resultado não é de (V) verdade e nem de (F) falsidade da certeza de

viabilidade dos temas estratégicos F5 e F6. Contudo, pode-se dizer em qual região

da certeza eles se encontram. Conforme se observa na figura abaixo, os temas F5 e

Page 87: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

85

F6 estão plotados em ( 0,7; 0,3) na região Quase (V) viável, tendendo à ( )

paracompleteza. Os temas F8 e F10 estão plotados em ( 0,7; 0,5) na região de

Quase (V) viável, tendendo à (T) inconsistência. Já o F7 tem sua evidência coletiva

na região de (F) inviável, ou seja, há negação da proposição p “está em um

ambiente de competição viável”. Contudo, os fatores F1, F2, F3, F4 e F9 estão na

região de (V) viável. O resultado global desses fatores é um baricentro, chamado de

W. Neste caso, a empresa está com o baricentro na região de Quase (V) viável,

tendendo à ( ) paracompleteza, ou seja, dado o Valor de Controle, a empresa está

próxima de um ambiente de competição viável, segundo a evidência dos

especialistas em relação aos fatores de Porter, conforme mostra a figura 11.

Figura 11 – QUPC dos fatores de Porter

Fonte: o autor.

Os fatores têm o mesmo peso (o mesmo grau de influência) na análise do

cenário futuro e auxiliam a tomada de decisão quanto ao que planejar

estrategicamente.

Mediante as evidências acima descritas pelos especialistas, não se pode

dizer que o cenário, como um todo, seja inviável, nem dizer que seja viável, pois ele

está num campo onde está próximo da verdade (V), ou seja, há viabilidade de

Page 88: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

86

competição neste ambiente no qual se insere, onde é possível avaliar cada fator e

atuar de forma precisa com as estratégias competitivas sobre ele.

Os dados são descritos na forma do relatório construído pelo comitê de

gestores, conforme se explica a seguir.

6.1.6 Relatório dos Fatores de Porter

O cenário é descrito em formato de texto, subdividido em fatores

determinados. A partir da coleta das informações dos entrevistados e da pesquisa

bibliográfica, o relatório dos cenários foi elaborado pelo autor desta tese, o cenarista,

que foi encarregado de distribuir o resultado final a todos os envolvidos.

Ano 2014 e a IESp está em um ambiente de competição onde:

1 – A empresa oferta serviço educacional a menor custo relativamente ao

mercado, com características aceitáveis pelo cliente. A empresa desenvolveu bom

relacionamento com seus fornecedores, principalmente de livros, e nos próximos

anos esses relacionamentos permanecerão estáveis; a empresa nutre tais

relacionamentos com a finalidade de gerar custos de mudanças para outros

concorrentes. O acesso aos canais de distribuição representa um forte obstáculo ao

ingresso de novos participantes. Desse modo, o novo entrante terá de convencer os

distribuidores a manterem estoque de seus produtos, além dos produtos já

estocados ou no lugar destes. De acordo com os especialistas, não há uma barreira

de tecnologia nem por parte da empresa, nem por parte do setor, sendo uma faixa

onde há grande fragilidade da empresa, pois qualquer concorrente pode desenvolver

a tecnologia aplicada, ou até mesmo melhor, e passar a pressioná-la de forma

penetrante e de alcance diversificado. Os especialistas acreditam que as receitas

estão aumentando na empresa, mas a estratégia de preços para maximizar o valor

depende da capacidade de produção e da tecnologia disponíveis à IESp no curto

prazo, que não são as melhores possíveis, pois o potencial para mudanças futuras

desse modelo de ensino é complexo, o custo para iniciar o projeto e operar no EaD,

inicialmente, é elevado e o potencial da concorrência imediata e em prazo mais

longo depende da autorização do órgão regulador, sendo a autorização de

funcionamento um processo lento.

Page 89: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

87

2 – Os produtos substitutos não representam forte ameaça à empresa para os

próximos anos, pois o cliente enfrentará custos de mudança, dada a diferença nos

currículos das IESp; já os concorrentes possuem custos de aquisição de

equipamentos auxiliares novos, retreinamento dos professores e até mesmo custos

físicos do término do relacionamento pactuado em contrato. A IESp possui uma

capacidade produtiva que possibilita economias de escala nos próximos cinco anos.

3 – A administração de alto escalão desempenha uma função crítica nos

esforços para reconhecer e entender essas necessidades, gerando algumas mídias

negativas por conta de clientes que estão com problemas administrativos. A

empresa possui a capacidade de obter informações valiosas, ouvindo e estudando

os clientes. A empresa é capaz de se antecipar e suprir as necessidades

desconhecidas dos clientes-alvo. O mix de serviços da empresa possui lucratividade

em cada segmento selecionado. A imagem da marca possui percepções favoráveis

sobre os atributos do produto ofertado. Acredita-se que a venda de cada produto,

em valor monetário ou unidades, terá uma participação relativa com relação à maior

empresa concorrente, e a taxa de crescimento do mercado no qual o produto

compete tem grande possibilidade de aumentar, haja vista o crescimento do PIB

brasileiro. A empresa e seus executivos conhecem profundamente cada mercado ou

segmento de mercado onde ela atua. Os próximos anos são favoráveis, no que se

refere a relação com os clientes. Entretanto, os especialistas disseram que a

empresa não tem condições de se aproximar dos clientes através de uma

verticalização a jusante. A integração vertical é quase impossível. A decisão de

integração não é prioridade competitiva da empresa, nem do seu sistema de

operações, para os próximos anos.

4 – O aumento de preços não será feito pelo fornecedor de livros e insumos,

haja vista que os contratos estabelecidos protegem a empresa para os próximos

anos e a qualidade dos produtos vendidos é assegurada também nesse contrato.

Não há grupo de fornecedores que pressione a empresa, pois a empresa pode ser

considerada cliente importante para o grupo fornecedor e os fornecedores não

representam ameaça nesse setor. Há boa integração com a cadeia de suprimentos

que fornece livros e componentes de serviços, na qual há um alinhamento com a

empresa, há controle sobre previsão de demanda, comunicações de distribuição,

controle de estoque, manuseio de materiais, processamento de pedidos, peças de

reposição e serviços de suporte. A IESp, segundo os especialistas, não tem como

Page 90: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

88

evitar que concorrentes assumam o controle de fornecedores importantes ou, ainda,

obtenham vantagens de custo. Contudo, a empresa não tem como se transformar

em seu próprio fornecedor, ou seja, não há possibilidade de se enveredar por outro

campo produtivo, pois os inconvenientes que isso representa em termos de perda de

escala e de eficiência são significativos e a empresa não tem como absorvê-los.

5 – Os executivos participam constantemente de feiras nacionais e

internacionais para a divulgação dos produtos e têm contato superficial com os

concorrentes. A configuração atual e futura dos concorrentes, a princípio, é boa,

limitando-se a cinco IESp na região. A empresa possui uma parcela do mercado que

considera boa, pois não tem capacidade produtiva para obter, nos próximos cinco

anos, parcela maior. Contudo, a empresa não tem conhecimento sobre os

concorrentes na região; com exceção dos preços, suas metas, estratégias e

capacidades são desconhecidas. Não é sabido se há bons ou maus concorrentes.

Não se sabe quais são os pontos fracos da concorrência, não é de conhecimento da

empresa se a concorrência tem estratégias realistas, se fixa os preços de acordo

com seus custos, enfim sabe-se pouco sobre os concorrentes. Não há relação

nenhuma com eles.

6 – A empresa está de acordo com as leis tributárias, leis de treinamento no

trabalho e o grau de compromisso com as instituições educacionais. A empresa tem

um cenário futuro viável, pois se encontra sem débitos que possam afetar a saúde

financeira, sindical e motivacional de seu público interno. A empresa cumpre e irá

cumprir todas as exigências de certificações, ou seja, adequação a leis, agências do

governo e grupos de pressão que influenciam e restringem as ações da empresa. A

empresa está preparada para atuar nesse campo árido nos próximos anos, pois

possui um quadro jurídico motivado e bem ambientado no setor.

7 – Com o avanço acelerado das mudanças tecnológicas, novas ideias têm

sido introduzidas muito rapidamente. Isso pode mudar por completo o cenário do

setor. Como analisado no macroambiente, as mudanças tecnológicas decorrentes

de inovações frequentes podem tornar os produtos da empresa e seus processos de

fabricação obsoletos. O recurso tecnológico não é dominado pela empresa e pode

se constituir em poderosa vantagem competitiva da concorrência. Entretanto, a

empresa adotou modernas técnicas de administração, mas que exigem uma base

tecnológica para que seja possível colocá-las em prática. Os especialistas admitem

que essa base tecnológica é fundamental para que a empresa faça aquisição da

Page 91: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

89

matéria-prima, execute os processamentos necessários para a transformação e

obtenção do bem e faça a distribuição física até o produto chegar às mãos do

consumidor de maneira rápida e com qualidade assegurada. Essa base tecnológica

é fundamental para alinhar parceiros da cadeia de suprimentos da IESp.

8 – A propriedade de elasticidade da função de demanda é viável para a

empresa. Os indicadores econômicos revelam tranquilidade para os próximos anos,

tendo em vista que o governo federal tem sido seu maior cliente, através de FIES e

PROUNI. Os especialistas acreditam que a empresa tem bom retorno sobre os

investimentos e margem de contribuição positiva de todos os segmentos. A

tecnologia da empresa consiste de processos de produção modernos, equipamentos

um pouco precários, mão-de-obra bem treinada, aptidões gerenciais e capacidade

de processamento de informações. A empresa possui elevado valor econômico e

valor de mercado agregado satisfatório, pois o índice de valor agregado projetado

para os próximos anos é altamente positivo. A economia brasileira para os próximos

anos está em crescimento, com possíveis baixas nas taxas de juros, e inflação baixa

com diminuição do desemprego. Esse cenário futuro se apresenta de forma viável

para a empresa.

9 – Os próximos anos são de crescimento para o setor da educação, que por

consequência vai gerar muitas oportunidades para a região da IESp, haja vista que a

região é rica economicamente em relação ao estado. Os valores das mensalidades

estão sendo subsidiados por programas governamentais e estão guiando o

comportamento para o aumento de alunos a cada ano. O corpo docente da região

possui acesso a formação stricto sensu, ou seja, não há escassez desse

profissional. Portanto, os fatores culturais e demográficos para os próximos anos são

otimistas para a IESp.

10 – A empresa possui ótima localização, próxima à rodovia Anhanguera, que

atrai alunos de cidades vizinhas, e conta com serviço de transporte coletivo, que

atrai os alunos de cidades vizinhas que utilizam transporte ferroviário. Entretanto,

sua localização para veículos é limitada, haja vista o quarteirão residencial no

entorno. A empresa não está inserida em cluster educacional de São Paulo por ser

Faculdade isolada. Não tem vantagens regionais com decréscimo nos custos de

transportes para seus clientes-alunos. Sua capacidade de salas de aulas está

praticamente preenchida e o plano diretor da cidade limita a construção de nova

estrutura para estacionamento no local, e há falta de espaço para isso, sendo que

Page 92: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

90

muitos edifícios da vizinhança residencial têm criticado o congestionamento na

região. Os próximos anos são importantes para se observar esse fator e tomar

decisões que facilitem o escoamento da produção sem onerar financeiramente as

operações.

6.1.7 Resultados do MPCP nos fatores do SINAES

Obtêm-se na tabela abaixo os valores dos graus de evidência da seguinte

proposição (pregulação):

“atende de forma satisfatória as exigências de qualidade do órgão

regulador”.

Tabela 9 – Base de dados dos especialistas para os fatores do SINAES

MPCP SINAES

GRUPO A GRUPO B GRUPO C

Espec. 1 Espec. 2 Espec. 3 Espec. 4 Espec. 5 Espec. 6

FATORES 1 1 2 2 3 3 4 4 5 5 6 6

E1

F1 0,8 0,2 0,7 0,4 0,8 0,3 0,6 0,3 0,7 0,2 1,0 0,1

F2 1,0 0,1 0,8 0,1 1,0 0,1 0,8 0,2 0,8 0,1 0,7 0,1

F3 1,0 0,1 0,8 0,3 0,8 0,1 0,7 0,1 0,8 0,1 1,0 0,1

F4 1,0 0,1 0,8 0,1 1,0 0,1 0,8 0,2 0,8 0,1 0,7 0,1

F5 0,9 0,5 0,8 0,3 0,9 0,5 0,7 0,1 0,6 0,1 0,8 0,4

E2

F1 0,9 0,2 0,7 0,1 0,9 0,3 1,0 0,1 0,8 0,2 0,8 0,0

F2 1,0 0,1 0,7 0,3 0,8 0,2 0,7 0,3 0,8 0,3 0,6 0,3

F3 1,0 0,1 0,8 0,1 1,0 0,1 0,8 0,2 0,8 0,1 0,7 0,1

F4 0,9 0,2 0,7 0,5 0,8 0,2 0,6 0,2 0,7 0,2 1,0 0,1

F5 0,9 0,5 0,6 0,4 0,4 0,3 1,0 0,1 0,6 0,1 1,0 0,4

F6 0,8 0,1 0,8 0,2 0,9 0,3 1,0 0,1 0,7 0,2 0,9 0,1

F7 1,0 0,1 0,8 0,1 1,0 0,1 0,8 0,2 0,8 0,1 0,7 0,1

E3

F1 1,0 0,1 0,7 0,3 0,8 0,2 0,7 0,3 0,8 0,3 0,6 0,3

F2 1,0 0,1 0,8 0,2 1,0 0,4 0,8 0,2 0,8 0,1 0,7 0,1

F3 1,0 0,1 0,8 0,1 1,0 0,1 0,8 0,2 0,8 0,1 0,7 0,1

F4 0,0 1,0 0,0 0,2 0,0 1,0 0,0 0,5 0,7 0,5 0,0 0,4

F5 1,0 0,1 0,8 0,1 1,0 0,1 0,8 0,2 0,8 0,1 0,7 0,1

F6 0,8 0,2 0,7 0,4 0,8 0,2 0,6 0,3 0,7 0,2 1,0 0,1

F7 1,0 0,5 1,0 0,3 1,0 0,7 0,7 0,1 0,6 0,1 0,8 0,3

F8 1,0 0,1 0,8 0,3 0,8 0,1 0,7 0,1 0,8 0,1 1,0 0,1

F9 0,1 0,9 0,1 0,9 1,0 1,0 0,1 1,0 0,1 1,0 0,0 0,0

F10 1,0 0,1 1,0 0,2 0,8 0,2 0,7 0,2 0,7 0,3 1,0 0,1

F11 0,0 0,2 0,0 0,2 0,0 0,1 0,8 0,3 0,7 0,5 0,3 0,6

F12 1,0 0,1 0,7 0,2 0,8 0,2 0,7 0,4 0,8 0,3 0,6 0,3

Page 93: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

91

E4

F1 1,0 0,1 0,7 0,3 0,8 0,2 0,7 0,3 0,8 0,3 0,6 0,3

F2 1,0 0,1 0,8 0,2 1,0 0,4 0,8 0,2 0,8 0,1 0,7 0,1

F3 0,1 0,7 0,1 0,8 0,2 0,7 0,2 1,0 0,3 1,0 0,4 1,0

F4 0,0 0,2 0,0 0,2 0,0 0,1 0,0 0,5 0,0 0,5 0,0 1,0

F5 1,0 0,1 0,8 0,1 1,0 0,1 0,8 0,2 0,8 0,1 0,7 0,1

F6 0,8 0,2 0,7 0,4 0,8 0,2 0,6 0,3 0,7 0,2 1,0 0,1

F7 0,0 0,2 0,0 0,2 0,0 0,1 0,0 0,5 0,0 0,5 0,0 1,0

E5

F1 1,0 0,1 0,8 0,3 0,8 0,1 0,7 0,1 0,8 0,1 1,0 0,1

F2 0,1 0,9 0,1 0,9 0,2 1,0 0,1 1,0 0,1 1,0 0,0 1,0

F3 1,0 0,1 1,0 0,2 1,0 0,2 1,0 0,2 1,0 0,3 1,0 0,1

F4 0,7 0,2 1,0 0,2 1,0 0,1 1,0 0,3 1,0 0,5 0,3 0,6

F5 1,0 0,1 0,7 0,2 0,8 0,2 0,7 0,4 0,8 0,3 0,6 0,3

F6 1,0 0,1 0,7 0,3 0,8 0,2 0,7 0,3 0,8 0,3 0,6 0,3

F7 0,1 0,9 0,1 0,9 0,2 1,0 0,1 1,0 0,1 1,0 0,0 1,0

F8 1,0 0,1 0,8 0,1 1,0 0,1 0,8 0,2 0,8 0,1 0,7 0,1

F9 1,0 0,1 0,7 0,3 0,8 0,2 0,7 0,3 0,8 0,3 0,6 0,3

F10 1,0 0,1 0,8 0,1 1,0 0,1 0,8 0,2 0,8 0,1 0,7 0,1

F11 0,8 0,2 0,7 0,4 0,8 0,2 0,6 0,3 0,7 0,2 1,0 0,1

F12 1,0 0,1 0,7 0,3 0,8 0,2 0,7 0,3 0,8 0,3 0,6 0,3

F13 1,0 0,1 0,8 0,3 0,8 0,1 0,7 0,1 0,8 0,1 1,0 0,1

F14 1,0 0,1 0,7 0,2 0,8 0,2 0,7 0,4 0,8 0,3 0,6 0,3

F15 1,0 0,1 1,0 0,2 0,8 0,2 0,7 0,2 0,7 0,3 1,0 0,1

RL

RL1 1,0 0,1 0,7 0,3 0,8 0,2 0,7 0,3 0,8 0,3 0,6 0,3

RL2 1,0 0,1 0,7 0,2 0,8 0,2 0,7 0,4 0,8 0,3 0,6 0,3

RL3 1,0 0,1 0,8 0,2 1,0 0,1 0,8 0,1 0,8 0,1 0,7 0,1

RL4 0,8 0,2 0,7 0,4 0,8 0,2 0,6 0,2 0,7 0,2 1,0 0,1

RL5 1,0 0,1 0,7 0,3 0,8 0,2 0,7 0,3 0,8 0,3 0,6 0,3

RL6 1,0 0,1 0,7 0,3 0,8 0,2 0,7 0,3 0,8 0,3 0,6 0,3

RL7 1,0 0,1 0,7 0,3 0,8 0,2 0,7 0,3 0,8 0,3 0,6 0,3

RL8 1,0 0,1 0,7 0,3 0,8 0,2 0,7 0,3 0,8 0,3 0,6 0,3

RL9 1,0 0,1 0,7 0,2 0,8 0,2 0,7 0,4 0,8 0,3 0,6 0,3

RL10 1,0 0,1 0,8 0,2 1,0 0,1 0,8 0,1 0,8 0,1 0,7 0,1

RL11 0,8 0,2 0,7 0,4 0,8 0,2 0,6 0,2 0,7 0,2 1,0 0,1

RL12 1,0 0,1 0,7 0,3 0,8 0,2 0,7 0,3 0,8 0,3 0,6 0,3

Fonte: o autor.

O valor de controle é o seguinte:

a) Hcert 0,5 Verdade (V), ou seja, satisfatório;

b) Hcert -0,5 Falsidade (F), ou seja, insatisfatório e

c) -0,5 < Hcert < 0,5 Região entre a Verdade e a Falsidade.

Com os resultados obtidos na pesquisa, pode-se extrair das opiniões dos

especialistas as evidências na tabela abaixo.

Page 94: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

92

Tabela 10 – Regras OR e AND para os fatores do SINAES

Grupo A Grupo B Grupo C

Indicadores 65

Valor de Controle ≥ 0,500

Conclusões

OR AND OR AND OR AND AND OR Hcert Gcontr Decisão

E1

F1 0,80 0,20 0,80 0,30 1,00 0,10 0,80 0,30 0,50 0,10 SATISFATÓRIO

F2 1,00 0,10 1,00 0,10 0,80 0,10 0,80 0,10 0,70 -0,10 SATISFATÓRIO

F3 1,00 0,10 0,80 0,10 1,00 0,10 0,80 0,10 0,70 -0,10 SATISFATÓRIO

F4 1,00 0,10 1,00 0,10 0,80 0,10 0,80 0,10 0,70 -0,10 SATISFATÓRIO

F5 0,90 0,30 0,90 0,10 0,80 0,10 0,80 0,30 0,50 0,10 SATISFATÓRIO

E2

F1 0,90 0,10 1,00 0,10 0,80 0,00 0,80 0,10 0,70 -0,10 SATISFATÓRIO

F2 1,00 0,10 0,80 0,20 0,80 0,30 0,80 0,30 0,50 0,10 SATISFATÓRIO

F3 1,00 0,10 1,00 0,10 0,80 0,10 0,80 0,10 0,70 -0,10 SATISFATÓRIO

F4 0,90 0,20 0,80 0,20 1,00 0,10 0,80 0,20 0,60 0,00 SATISFATÓRIO

F5 0,90 0,40 1,00 0,10 1,00 0,10 0,90 0,40 0,50 0,30 SATISFATÓRIO

F6 0,80 0,10 1,00 0,10 0,90 0,10 0,80 0,10 0,70 -0,10 SATISFATÓRIO

F7 1,00 0,10 1,00 0,10 0,80 0,10 0,80 0,10 0,70 -0,10 SATISFATÓRIO

E3

F1 1,00 0,10 0,80 0,20 0,80 0,30 0,80 0,30 0,50 0,10 SATISFATÓRIO

F2 1,00 0,10 1,00 0,20 0,80 0,10 0,80 0,20 0,60 0,00 SATISFATÓRIO

F3 1,00 0,10 1,00 0,10 0,80 0,10 0,80 0,10 0,70 -0,10 SATISFATÓRIO

F4 0,00 0,20 0,00 0,50 0,70 0,40 0,00 0,50 -0,50 -0,50 INSATISFATÓRIO

F5 1,00 0,10 1,00 0,10 0,80 0,10 0,80 0,10 0,70 -0,10 SATISFATÓRIO

F6 0,80 0,20 0,80 0,20 1,00 0,10 0,80 0,20 0,60 0,00 SATISFATÓRIO

F7 1,00 0,30 1,00 0,10 0,80 0,10 0,80 0,30 0,50 0,10 SATISFATÓRIO

F8 1,00 0,10 0,80 0,10 1,00 0,10 0,80 0,10 0,70 -0,10 SATISFATÓRIO

F9 0,10 0,90 1,00 1,00 0,10 0,00 0,10 1,00 -0,90 0,10 INSATISFATÓRIO

F10 1,00 0,10 0,80 0,20 1,00 0,10 0,80 0,20 0,60 0,00 SATISFATÓRIO

F11 0,00 0,20 0,80 0,10 0,70 0,50 0,00 0,50 -0,50 -0,50 INSATISFATÓRIO

F12 1,00 0,10 0,80 0,20 0,80 0,30 0,80 0,30 0,50 0,10 SATISFATÓRIO

E4

F1 1,00 0,10 0,80 0,20 0,80 0,30 0,80 0,30 0,50 0,10 SATISFATÓRIO

F2 1,00 0,10 1,00 0,20 0,80 0,10 0,80 0,20 0,60 0,00 SATISFATÓRIO

F3 0,10 0,70 0,20 0,70 0,40 1,00 0,10 1,00 -0,90 0,10 INSATISFATÓRIO

F4 0,00 0,20 0,00 0,10 0,00 0,50 0,00 0,50 -0,50 -0,50 INSATISFATÓRIO

F5 1,00 0,10 1,00 0,10 0,80 0,10 0,80 0,10 0,70 -0,10 SATISFATÓRIO

F6 0,80 0,20 0,80 0,20 1,00 0,10 0,80 0,20 0,60 0,00 SATISFATÓRIO

F7 0,00 0,20 0,00 0,10 0,00 0,50 0,00 0,50 -0,50 -0,50 INSATISFATÓRIO

E5

F1 1,00 0,10 0,80 0,10 1,00 0,10 0,80 0,10 0,70 -0,10 SATISFATÓRIO

F2 0,10 0,90 0,20 1,00 0,10 1,00 0,10 1,00 -0,90 0,10 INSATISFATÓRIO

F3 1,00 0,10 1,00 0,20 1,00 0,10 1,00 0,20 0,80 0,20 SATISFATÓRIO

F4 1,00 0,20 1,00 0,10 1,00 0,50 1,00 0,50 0,50 0,50 SATISFATÓRIO

F5 1,00 0,10 0,80 0,20 0,80 0,30 0,80 0,30 0,50 0,10 SATISFATÓRIO

F6 1,00 0,10 0,80 0,20 0,80 0,30 0,80 0,30 0,50 0,10 SATISFATÓRIO

F7 0,10 0,90 0,20 1,00 0,10 1,00 0,10 1,00 -0,90 0,10 INSATISFATÓRIO

F8 1,00 0,10 1,00 0,10 0,80 0,10 0,80 0,10 0,70 -0,10 SATISFATÓRIO

F9 1,00 0,10 0,80 0,20 0,80 0,30 0,80 0,30 0,50 0,10 SATISFATÓRIO

F10 1,00 0,10 1,00 0,10 0,80 0,10 0,80 0,10 0,70 -0,10 SATISFATÓRIO

F11 0,80 0,20 0,80 0,20 1,00 0,10 0,80 0,20 0,60 0,00 SATISFATÓRIO

F12 1,00 0,10 0,80 0,20 0,80 0,30 0,80 0,30 0,50 0,10 SATISFATÓRIO

F13 1,00 0,10 0,80 0,10 1,00 0,10 0,80 0,10 0,70 -0,10 SATISFATÓRIO

F14 1,00 0,10 0,80 0,20 0,80 0,30 0,80 0,30 0,50 0,10 SATISFATÓRIO

F15 1,00 0,10 0,80 0,20 1,00 0,10 0,80 0,20 0,60 0,00 SATISFATÓRIO

Page 95: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

93

RL

RL1 1,00 0,10 0,80 0,20 0,80 0,30 0,80 0,30 0,50 0,10 SATISFATÓRIO

RL2 1,00 0,10 0,80 0,20 0,80 0,30 0,80 0,30 0,50 0,10 SATISFATÓRIO

RL3 1,00 0,10 1,00 0,10 0,80 0,10 0,80 0,10 0,70 -0,10 SATISFATÓRIO

RL4 0,80 0,20 0,80 0,20 1,00 0,10 0,80 0,20 0,60 0,00 SATISFATÓRIO

RL5 1,00 0,10 0,80 0,20 0,80 0,30 0,80 0,30 0,50 0,10 SATISFATÓRIO

RL6 1,00 0,10 0,80 0,20 0,80 0,30 0,80 0,30 0,50 0,10 SATISFATÓRIO

RL7 1,00 0,10 0,80 0,20 0,80 0,30 0,80 0,30 0,50 0,10 SATISFATÓRIO

RL8 1,00 0,10 0,80 0,20 0,80 0,30 0,80 0,30 0,50 0,10 SATISFATÓRIO

RL9 1,00 0,10 0,80 0,20 0,80 0,30 0,80 0,30 0,50 0,10 SATISFATÓRIO

RL10 1,00 0,10 1,00 0,10 0,80 0,10 0,80 0,10 0,70 -0,10 SATISFATÓRIO

RL11 0,80 0,20 0,80 0,20 1,00 0,10 0,80 0,20 0,60 0,00 SATISFATÓRIO

RL12 1,00 0,10 0,80 0,20 0,80 0,30 0,80 0,30 0,50 0,10 SATISFATÓRIO

Baricentro W 0,81 0,29 0,52 0,09 SATISFATÓRIO

Fonte: o autor.

Observando-se os graus de evidência favorável e contrária resultantes da

aplicação das regras de maximização (OR) e minimização (AND) às opiniões dos

especialistas sobre os fatores do SINAES, nota-se que o grau de certeza (Hcert) para

os fatores de E3 (F4; F9; F11) estão abaixo de 0,5, como estabelecido no critério

para certeza de ocorrência. A título de exemplo, observa-se que embora o

especialista 2 em F9 tenha atribuído evidência ( ,1;0 0,1), que é uma afirmação

máxima de (V) verdade e mínima de afirmação contrária, ou seja, a afirmação deste

especialista é de que a IESp atende de forma satisfatória ao quesito “programas de

apoio ao discente” ver apêndice B, fatores do SINAES, conforme estabelecido no

Valor de Controle, ao se levar em consideração as demais evidências dos demais

especialistas o resultado não é de (V) verdade, mas sim de (F) falsidade, ou seja,

evidencia que a IESp não atende de forma satisfatória ao quesito, sendo uma

contradição entre o especialista e os demais colegas de grupo, mas sendo possível

extrair uma evidência lógica.

Os demais fatores estão todos acima de 0,5, demonstrando que a IESp

atende de forma satisfatória a todos os fatores e requisitos legais exigidos pelo

SINAES, fazendo com que seja possível gerar um baricentro W, que nada mais é do

que todos os fatores apontados de forma global, com evidência favorável (V),

verdade, para a proposição p “a IESp atende de forma satisfatória ao seu regulador

MEC”, conforme resumo exposto no QUPC na figura a seguir e relatado na

sequência.

Page 96: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

94

Figura 12 – QUPC dos fatores do SINAES

Fonte: o autor.

Page 97: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

95

6.1.8 Relatório dos Fatores do SINAES

Após as evidências acima descritas pelos especialistas, embora cada fator

tenha na ampla maioria uma evidência favorável à IESp, ou seja, ela tem atendido

todos os critérios estabelecidos pelo MEC, através do SINAES, não se pode deixar

de evidenciar aqueles fatores que não estão satisfatórios.

Foram colhidas opiniões dos especialistas a respeito desses campos

insatisfatórios para o cenário futuro, conforme demonstrado abaixo, sendo ponto de

atenção por parte da IESp.

Ano 2014, a IESp necessita prestar atenção aos seguintes pontos:

As ações acadêmico-administrativas de pesquisa/iniciação científica,

tecnológica, artística e cultural não estão previstas nem implantadas de

maneira adequada, não estando em conformidade com as políticas

estabelecidas, sendo uma preocupação importante para IESp em vista de

suas metas indicadas.

Os programas de apoio ao discente não estão previstos nem implantados,

considerando-se, em uma análise sistêmica e global, os aspectos: falta de

incentivo moral e financeiro por parte da IESp à participação ou, até

mesmo, à realização de congressos, seminários, palestras, viagens de

estudo e visitas técnicas, não tendo sido identificada a produção quer seja

científica, tecnológica, cultural, técnica ou artística por parte de um

número mínimo de discentes, considerando o universo de alunos da IESp.

As ações previstas não foram implantadas pela IES para verificação do

egresso em relação à sua atuação profissional, considerando-se, em uma

análise sistêmica e global, os aspectos: responsabilidade social e

cidadania onde a IES está inserida, empregabilidade, preparação para o

mundo do trabalho, relação com entidades de classe e empresas do

setor, que são muito importantes para se verificar o real projeto de vida do

aluno, conforme sua missão.

Fatores Insatisfatórios em Políticas de Gestão também foram observados nos

resultados, tais como:

A gestão institucional não está funcionando adequadamente na

Page 98: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

96

instituição, considerando-se, em uma análise sistêmica e global, os

aspectos: autonomia e representatividade dos órgãos de gestão e

colegiados; participação de professores e estudantes; critérios de

indicação e recondução de seus membros; realização e registro de

reuniões. Não foram observados os locais de trabalho nem as atas por

parte de NDE, CPA, etc., havendo fragilidade na construção e aplicação

de planos e projetos por parte da IESp.

O sistema de registro acadêmico implantado não atende às necessidades

institucionais e dos discentes, considerando-se, em uma análise sistêmica

e global, os aspectos: organização, informatização, agilidade no

atendimento e diversificação de documentos disponibilizados, pois em

conversa com discentes observou-se a preocupação com a demora na

disponibilização de diplomas, por exemplo, para os alunos que se

formaram há anos.

Não existe gestão do corpo docente em relação ao plano de carreira

protocolado e implantado, pois não se observou aumento de faixa salarial

por produção científica, por exemplo. Não existe plano de carreira definido

para os técnicos administrativos.

Seguindo a observação sobre fatores Insatisfatórios, observa-se nos

resultados de Infraestrutura o seguinte:

As salas de aula existentes atendem muito parcialmente às necessidades

institucionais, considerando-se, em uma análise sistêmica e global, os

aspectos: quantidade, dimensão, limpeza, iluminação, acústica,

ventilação, segurança, acessibilidade e conservação, pois vários alunos e

docentes reclamam das salas de aula superlotadas, sendo uma

fragilidade do ensino-aprendizagem.

Os gabinetes ou estações de trabalho previstos para os docentes em TI

não atendem às necessidades institucionais, considerando-se, em uma

análise sistêmica e global, os aspectos: quantidade, dimensão, limpeza,

iluminação, acústica, ventilação, segurança, acessibilidade e

conservação, pois não se observou essa instalação, sendo uma

preocupação até mesmo trabalhista, pois não há local adequado para o

exercício da profissão.

Page 99: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

97

A Faculdade demonstra claramente a evolução institucional contida no Relato

Institucional que é caracterizada em relação aos processos de Planejamento e

Avaliação Institucional. O processo de autoavaliação institucional está implantado e

atende às necessidades institucionais, como instrumento de gestão e de ações

acadêmico-administrativas de melhoria institucional, que é chamado de PAI. Seu

processo de autoavaliação está implantado há vários anos, com participação maciça

da comunidade acadêmica. A divulgação das análises dos resultados do processo

de autoavaliação institucional e das avaliações externas previstas/implantadas

ocorre para a comunidade acadêmica a cada semestre, mediante a apresentação

pelo coordenador dos cursos aos seus alunos e pela CPA a toda colegiado. O

relatório de autoavaliação apresenta resultados, análises, reflexões e proposições

para subsidiar o planejamento e as ações que estão sendo aplicadas pelo gestor

atual.

A IESp apresenta metas e objetivos do PDI previstos e que estão sendo

implantados no tempo devido, os quais estão articulados com a missão institucional

e em conformidade com o cronograma estabelecido e com os resultados do

processo de avaliação institucional. Há coerência entre o PDI e as atividades de

ensino (graduação e de pós-graduação) implantadas. Há coerência entre o PDI e as

práticas de extensão implantadas. Há coerência entre o PDI e as atividades

implantadas de pesquisa/iniciação científica, tecnológica, artística e cultural. As

ações institucionais implantadas estão coerentes com o PDI, considerando-se, em

uma análise sistêmica e global, os aspectos: meio ambiente, memória cultural,

produção artística e patrimônio cultural. As ações da Instituição (com ou sem

parceria) implantadas contemplam a inclusão social e o desenvolvimento econômico

e social, conforme proposto no PDI, considerando-se, em uma análise sistêmica e

global, os aspectos: trabalhos com a comunidade, melhoria da infraestrutura

urbana/local, melhoria das condições e qualidade de vida da população e

projetos/ações de inovação social. Há coerência entre o PDI e as atividades,

previstas/implantadas, voltadas para a cooperação, o intercâmbio e os programas

com finalidade de internacionalização.

A IESp demonstra que as ações acadêmico-administrativas implantadas

estão relacionadas com as políticas de ensino para os cursos de graduação,

considerando-se, em uma análise sistêmica e global, os aspectos: sistemática de

Page 100: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

98

atualização curricular, desenvolvimento e utilização de material didático-pedagógico,

sistemática de implantação e oferta de componentes curriculares na modalidade

semipresencial (quando previsto no PDI) e programas de monitoria. As ações

acadêmico-administrativas implantadas estão relacionadas com as políticas de

ensino para os cursos de pós-graduação stricto sensu, considerando, inclusive, sua

articulação com a graduação, e embora a IESp não possua stricto sensu, muitos

alunos egressos estão dando continuidade aos estudos neste nível em outras IES,

conforme relato de alunos. As ações acadêmico-administrativas previstas no PDI

estão sendo implantadas e estão relacionadas com as políticas de ensino para os

cursos de pós-graduação lato sensu considerando-se, em uma análise sistêmica e

global, os aspectos: aprovação nos colegiados da IES, acompanhamento e

avaliação do desenvolvimento dos cursos. As ações acadêmico-administrativas de

extensão estão implantadas de maneira excelente, considerando-se, em uma

análise sistêmica e global, o apoio à realização de programas, projetos, atividades e

ações. As ações de estímulos e difusão às produções acadêmicas estão

implantadas de maneira excelente, considerando-se, em uma análise sistêmica e

global, os aspectos: incentivo a publicações científicas, didático-pedagógicas,

tecnológicas, artísticas e culturais; bolsa de pesquisa/iniciação científico-tecnológica;

grupos de pesquisa e auxílio para participação em eventos. Os canais de

comunicação externa estão previstos/implantados, considerando-se, em uma análise

sistêmica e global, os aspectos: acesso da comunidade externa às informações

acerca dos resultados das avaliações recentes, da divulgação dos cursos, da

extensão e pesquisa, da existência de mecanismos de transparência institucional, da

ouvidoria, entre outros. Os programas de apoio aos estudantes (apoio

psicopedagógico, programas de acessibilidade ou equivalente, nivelamento e/ou

monitoria) estão previstos/implantados. A IESp demonstra que as ações da

Instituição contemplam a inovação tecnológica e a propriedade intelectual, conforme

proposto no PDI.

A IESp possui uma política de formação e capacitação do corpo técnico-

administrativo que está implantada de acordo com o valor da formação continuada

desse público. A gestão institucional está funcionando, considerando-se, em uma

análise sistêmica e global os aspectos: autonomia e representatividade dos órgãos

de gestão e colegiados; participação de professores e estudantes; critérios de

Page 101: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

99

indicação e recondução de seus membros; realização e registro de reuniões. O

planejamento financeiro (orçamento com as respectivas dotações e rubricas)

previsto/executado está relacionado com a gestão do ensino, da pesquisa e da

extensão e em conformidade com o PDI.

As instalações administrativas existentes da IESp atendem às necessidades

institucionais, considerando-se, em uma análise sistêmica e global, os aspectos:

quantidade, dimensão, limpeza, iluminação, acústica, ventilação, segurança,

acessibilidade e conservação. Os auditórios existentes atendem às necessidades

institucionais, considerando-se, em uma análise sistêmica e global os aspectos:

quantidade, dimensão, limpeza, iluminação, acústica, ventilação, segurança,

acessibilidade e conservação. A sala de professores existente atende às

necessidades institucionais, considerando-se, em uma análise sistêmica e global, os

aspectos: quantidade, dimensão, limpeza, iluminação, acústica, ventilação,

segurança, acessibilidade e conservação. Os espaços existentes para atendimento

aos alunos atendem às necessidades institucionais, considerando-se, em uma

análise sistêmica e global, os aspectos: quantidade, dimensão, limpeza, iluminação,

acústica, ventilação, segurança, acessibilidade e conservação. A infraestrutura

destinada à CPA atende às necessidades institucionais. As instalações sanitárias

existentes atendem às necessidades institucionais, considerando-se, em uma

análise sistêmica e global, os aspectos: quantidade, dimensão, limpeza, iluminação,

ventilação, segurança, acessibilidade e conservação. A infraestrutura física atende

às necessidades institucionais, considerando-se, em uma análise sistêmica e global,

os aspectos: espaço físico (dimensão, limpeza, iluminação, ventilação, segurança,

acessibilidade e conservação), instalações para o acervo, ambientes de estudos

individuais e em grupo, espaço para técnico-administrativos e plano de expansão

física. Os serviços da biblioteca atendem às necessidades institucionais,

considerando-se, em uma análise sistêmica e global, os aspectos: acesso via

internet (consulta, reserva), informatização do acervo, empréstimo e horário de

funcionamento. O plano de atualização do acervo (físico e eletrônico/digital) atual

atende às necessidades institucionais, considerando-se, em uma análise sistêmica e

global, os aspectos: coerência com o PDI e alocação de recursos.

Os laboratórios de informática e infraestrutura equivalente existente atendem

às necessidades institucionais, considerando-se, em uma análise sistêmica e global,

Page 102: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

100

os aspectos: equipamentos, normas de segurança, espaço físico, acesso à internet,

atualização de software, acessibilidade digital, serviços, suporte e plano de

atualização.

Os recursos de tecnologias de informação e comunicação atendem às

necessidades dos processos de ensino e aprendizagem, que envolvem professores,

técnicos e estudantes.

A infraestrutura física existente dos laboratórios, ambientes e cenários para

práticas didáticas atendem às necessidades institucionais, considerando-se, em uma

análise sistêmica e global, os aspectos: espaço físico (dimensão, limpeza,

iluminação, ventilação, segurança e conservação), plano de atualização e

acessibilidade. Os laboratórios, ambientes e cenários para práticas didáticas

atendem às necessidades institucionais, considerando-se, em uma análise sistêmica

e global, os aspectos: serviços e normas de segurança. Os espaços de convivência

e de alimentação existentes atendem às necessidades institucionais, considerando-

se, em uma análise sistêmica e global, os aspectos: quantidade, dimensão, limpeza,

iluminação, ventilação, segurança, acessibilidade e conservação.

A instituição apresenta condições adequadas de acessibilidade para pessoas

com deficiência ou mobilidade reduzida. O Plano de Cargos e Carreira Docente está

homologado no Ministério do Trabalho e Emprego. O Plano de Cargos e Carreira

dos Técnico-Administrativos está protocolado ou homologado no Ministério do

Trabalho e Emprego. O corpo docente tem, no mínimo, formação lato sensu. A

contratação de professores se dá mediante regime de trabalho CLT ou Estatutário

pela mantenedora com registro na mantida. A IES possui CPA implantada. A IES

atende a normas e procedimentos para credenciamento e recredenciamento de

Faculdade, conforme o disposto na Resolução CNE/CES n° 1, de 20 de janeiro de

2010. Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações Étnico-raciais e

para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e africana e indígena, conforme o

disposto na Lei n° 11.645 de 10/03/2008, na Resolução CNE/CP n° 01, de 17 de

junho de 2004, e na Lei n° 10.639, de 09 de janeiro de 2003, estão sendo atendidas

pela IESp. As políticas de educação ambiental, conforme o disposto na Lei n° 9.795,

de 27 de abril de 1999, e no Decreto n° 4.281, de junho de 2002, estão sendo

atendidas corretamente pela IESp. A IESp está cumprindo os desafios expressos

nas DCN para educação em Direitos Humanos.

Page 103: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

101

6.2 Visão de Futuro

O ensino superior brasileiro poderá ter um contorno construído por agentes

externos, que, com poder legítimo, irão atuar no mesmo, agindo nos principais

campos do setor, tais como: político, social, econômico, tecnológico e ambiental.

A concorrência e suas nuances também poderão trazer externalidades

positivas e negativas que ajudarão a traçá-lo. Assim, pode-se dizer que as escolhas

desses agentes, bem como as invariantes, as condicionantes de futuro, que são, na

verdade, as mudanças em andamento e seus fatos portadores de futuro, tais como

pirâmide etária, questões de demanda e a própria regulação do setor, irão propiciar

um futuro promissor ou não, dependendo da escolha feita por todos os envolvidos

nessa relação de poder.

6.2.1 Invariantes

As invariantes identificadas que são fatos latentes que estão marchando em

direção ao futuro sem sinais de interrupção nesse caminhar são:

Mudanças demográficas;

Envelhecimento da população;

Relações trabalhistas com mudanças profundas; e

Papel do Estado sendo questionado e propenso a mudar.

Sob a ótica do ensino superior pode-se observar:

Diversificação da demanda;

Amadurecimento da cultura de avaliação institucional;

Código do consumidor sendo aplicado com rigor às IESp;

Concorrência acirrada;

Novos produtos, serviços e atores profissionais nas IESp;

Aumento de demanda para o ensino superior constante;

Aumento de estudante-trabalhador adulto em horário heterodoxo e

Consolidação de grandes grupos profissionais no mercado.

Page 104: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

102

6.2.2 Fatos Portadores de Futuro (FPF) e mudanças em marcha

Os eventos que estão em andamento são fundamentais para se observar o

que vem no futuro, sendo os FPF os mais incipientes, contudo não desprezáveis. No

ensino superior é possível observar atualmente:

Diminuição do grau de relevância social (elitismo) dos portadores de

ensino superior;

Aumento da qualificação de mão-de-obra no setor produtivo;

Certificação profissional atuando como reguladora no ensino superior;

Revisão do sistema de avaliação;

Abertura de capital de IESp;

Aumento na demanda por EaD;

Pressão por qualidade percebida e certificada nas IESp;

Profissionalização na gestão das IESp e

Cobrança por resultados financeiros em IESp com capital aberto.

6.2.3 Incertezas críticas

O futuro traz consigo uma série de preocupações por parte das IESp, que

podem ser definidas como incertezas críticas. O ambiente de ensino superior

brasileiro é afetado pelo ambiente externo, que também é incerto, e as duas

questões traduzem esse sentimento:

1) Qual a dinâmica de crescimento econômico até 2035?

2) Qual conceito irá predominar para o ensino superior até 2035?

Essas questões geram hipóteses de visão que servem como norteadores

para os temas estratégicos que afetam o setor e as empresas que o compõe.

6.2.4 Temas Estratégicos

Conforme demonstrado na tabela 11, os especialistas assinalaram suas

evidências sobre quais TE são mais relevantes para elaboração dos cenários

prospectivos.

Page 105: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

103

O valor de controle é o seguinte:

a) Hcert 0,5 Verdade (V), ou seja, ALTA relevância;

b) Hcert -0,5 Falsidade (F), ou seja, BAIXA relevância; e

c) -0,5 < Hcert < 0,5 Região entre a Verdade e a Falsidade, ou seja,

MODERADA relevância.

Tabela 11 – Definição de dez temas estratégicos

MPCP

Indicadores 10

Valor de Controle ≥ 0,500

Conclusões

Fatores Faixa Hcert Gcontr Decisão

1 Biodiversidade F1 -0,70 0,10 BAIXA

2 Biotecnologia F2 -0,80 0,20 BAIXA

3 Bloco político-econômico no MERCOSUL F3 -0,60 0,20 BAIXA

4 Brasil, Rússia, Índia, China F4 -0,70 0,30 BAIXA

5 Carga tributária F5 -0,70 0,10 BAIXA

6 Conselho de segurança da ONU F6 -0,70 0,30 BAIXA

7 Contas públicas F7 -0,60 0,20 BAIXA

8 Controle da inflação F8 -0,60 0,20 BAIXA

9 Desigualdade social F9 -0,70 0,30 BAIXA

10 Desigualdades regionais F10 -0,70 0,10 BAIXA

11 Despesas correntes F11 -0,70 0,30 BAIXA

12 Diversidade cultural F12 -0,70 0,10 BAIXA

13 Política de ensino superior F13 0,80 0,00 ALTA

14 Distribuição de matrícula F14 -0,70 0,10 BAIXA

15 Interiorização da matrícula F15 -0,80 0,20 BAIXA

16 Regulação F16 0,80 0,00 ALTA

17 Demanda F17 0,50 0,10 ALTA

18 Oferta F18 0,80 -0,20 ALTA

19 Ensino Público F19 0,70 0,10 ALTA

20 Ensino Privado F20 0,60 0,20 ALTA

21 Financiamento F21 0,60 0,20 ALTA

22 Ambiente Tecnológico F22 -0,10 0,10 MODERADA

23 EaD F23 0,70 -0,10 ALTA

24 Concorrência F24 0,80 0,00 ALTA

25 Presença de Instituições Estrangeiras F25 0,50 0,10 ALTA

26 Entes federados F26 -0,80 0,20 BAIXA

27 Estrutura tributária F27 -0,70 0,30 BAIXA

28 Exportações brasileiras F28 -0,60 0,20 BAIXA

29 Infraestrutura F29 -0,70 0,30 BAIXA

Fonte: o autor.

Page 106: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

104

Conforme a tabela acima demonstra, os especialistas identificaram 10 (dez)

Temas Estratégicos (TE) de alta relevância para elaboração dos cenários

prospectivos. As proposições foram elaboradas e demonstradas, no quadro a seguir:

Quadro 6 – Proposições estratégicas para os Temas Estratégicos (TE)

F1 Política de

ensino superior

Plano Nacional de Educação em vigor, com ampla universalização da educação em nível básico, fundamental e médio. Forte incentivo para entrada de estudantes no ensino superior, na faixa etária entre 18 e 25 anos.

F2 Regulação

Forte regulamentação no ensino superior no que tange a exigência de qualidade, constituindo-se uma barreira de entrada para muitas instituições em virtude das exigências feitas para o ingresso e, mais importante, para permanência no setor.

F3 Demanda

Estímulo à demanda por cursos voltados, principalmente, aos estudantes-trabalhadores adultos com determinadas carências cognitivas e de conteúdo. Demanda elevada por cursos de graduação e de educação continuada.

F4 Oferta Oferta com substancial crescimento, sobretudo pela renovação das instituições públicas. Autorizações do regulador aumentam as vagas nas IESp.

F5 Ensino Público

De maneira muito progressiva e após a superação de muitas resistências, também ocorre uma profunda revisão do modelo de financiamento vigente para o ensino público, com a introdução do pagamento de mensalidades nas IES públicas segundo a renda familiar disponível dos alunos ingressantes.

F6 Ensino Privado

Instituições privadas abrem seu capital a investimentos financeiros, permitindo a realização de investimentos em modernização e expansão, mas a lógica predominante acordada é a garantia do retorno no longo prazo e não a maximização dos investimentos no curto prazo. Com isso, muitas instituições renovadas profissionalizam e melhoram seus processos de organização e gerenciamento.

F7 Financiamento

Novos mecanismos de financiamento do ensino superior, destacando-se incentivos fiscais para empresas que financiarem alunos carentes, cursos e projetos de pesquisa junto a universidades.

F8 EaD

Contexto bastante estimulante para o EAD. Os grandes problemas tecnológicos que limitariam o desenvolvimento do EAD são solucionados, e os custos da infraestrutura necessária, tanto para a produção quanto para o consumo, encontram-se em queda contínua, refletindo a mesma tendência verificada externamente.

F9 Presença de Instituições

Estrangeiras

Incentivo à entrada de instituições de ensino estrangeiras na graduação, forçando-as a ensinar em português, envolvendo pesquisa e transferência de tecnologias.

F10 Concorrência Ambiente de dinamismo e crescimento torna o ensino superior no Brasil um ramo de atividade bastante atrativo.

Fonte: o autor.

Page 107: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

105

Com os TE e suas proposições obtidas na pesquisa pode-se extrair as

evidências dos especialistas sobre a certeza de ocorrência, risco, impacto e prazo

das quatro visões estabelecidas em cada proposição abaixo:

1 - (p): “o tema ocorre”.

2 – (p): “a ocorrência impacta a IESp”.

3 – (p): “a ocorrência e o impacto geram risco à IESp”.

4 – (p): “o tema ocorre até 2035, sendo possível ocorrer antes”.

6.2.5 Visão A – Resultados do MPCP na Massificação Planejada

As tabelas 12, 13, 14 e 15 apresentam os resultados colhidos dos

especialistas, assinalando suas evidências para os cenários prospectivos, onde o

crescimento econômico é sustentável e a educação é tratada como um bem público,

ou seja, onde haverá uma massificação planejada no ensino superior até 2035. As

evidências dos especialistas são fixadas no quadrado unitário do plano cartesiano

(QUPC) e analisadas à luz do dispositivo para-analisador, conforme figura 13.

Page 108: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

106

Tabela 12 – Evidência favorável e contrária na Visão A

Fonte: o autor.

Tabela 13 – Evidência sobre o Risco na Visão A

Fonte: o autor.

Page 109: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

107

Tabela 14 – Evidência sobre o Impacto na Visão A

Fonte: o autor.

Tabela 15 – Evidência sobre o Prazo na Visão A

Fonte: o autor.

Page 110: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

108

Figura 13 – QUPC na Visão A

Fonte: o autor.

Page 111: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

109

É possível fazer um quadro-resumo dos cenários prospectivos sob a ótica da

Visão “A”, conforme quadro 7:

Quadro 7 – Resumo dos cenários prospectivos na Visão A

Fonte: o autor.

6.2.6 Relatório dos Cenários Prospectivos na Visão “A”

A partir evidências dos especialistas, o relatório dos cenários prospectivos é

descrito a seguir.

A visão A tem como hipótese que em 2035 pode haver ampla inclusão social,

onde a educação é assumida como o principal vetor de promoção da inclusão e da

mobilidade ascendente, além de ser o grande capital para o Brasil que conseguiu

estabelecer uma economia baseada no conhecimento. Entende-se que a educação

não é só um bem público, mas também um recurso estratégico para o País.

O Plano Nacional de Educação aprovado pelo congresso em 2014 surtiu

efeitos com ampla universalização da educação em nível básico, fundamental e

médio. OCORRE forte incentivo para a entrada de estudantes no ensino superior, na

faixa etária entre 18 e 25 anos. Esse cenário apresenta BAIXO risco à gestão das

IESp e impacto POSITIVO em seus resultados. As IESp sem fins lucrativos são

obrigadas a renovar sua gestão para enfrentar com agilidade a concorrência.

OCORRE forte regulamentação no ensino superior no que tange a exigência

de qualidade, constituindo-se uma barreira de entrada para muitas instituições em

virtude das exigências feitas para o ingresso e, mais importante, para sua

permanência no setor. As universidades tornam-se obrigadas a aplicar um

Page 112: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

110

percentual de suas receitas em pesquisas, sendo livres para captar recursos junto

às fontes privadas e internacionais. Sendo um risco ALTO para a IESp e tendo um

impacto NEGATIVO em seu mercado de atuação, haja vista a possibilidade de

novos entrantes, o aparato fiscalizatório é modernizado para fazer frente às

exigências legais. A regulação é ampliada e há a inserção de novas dimensões a

partir de 2025.

OCORRE estímulo à demanda por cursos voltados, principalmente, aos

estudantes-trabalhadores adultos com determinadas carências cognitivas e de

conteúdo. Demanda elevada por cursos de graduação e de educação continuada. A

melhoria do ensino fundamental e médio leva ao crescimento substantivo do volume

de concluintes, expandindo as vagas no ensino superior, e essa demanda faz com

que o número de alunos seja o dobro do de 2015, ou seja, mais de 14 milhões de

estudantes no ensino superior, gerando um risco BAIXO para IESp, tendo em vista

que o mercado é promissor. O impacto causado por essa demanda elevada é

POSITIVO para a IESp.

OCORRE aumento da Oferta de vagas e cursos por parte das IESp,

sobretudo pela falta de renovação das instituições públicas e pelo aumento de

autorizações do regulador, aumentando as vagas nas IESp a partir de 2025, devido

ao fato de o governo financiar vagas para as classes menos favorecidas. Contudo,

essa proposição representa BAIXO risco para IESp e impacto POSITIVO em seu

mercado de atuação.

NÃO OCORRE de maneira progressiva uma profunda revisão do modelo de

financiamento vigente para o ensino público, e não há pagamento de mensalidades

nas IES públicas segundo a renda familiar disponível dos alunos ingressantes. Essa

medida apresenta um BAIXO risco com impacto MODERADO no campo de atuação

da IESp. Contudo, as IES públicas ganham autonomia para a gestão segundo

parâmetros negociados de qualidade, eficácia e eficiência. Além de vagas noturnas,

novos formatos são experimentados, sendo mais curtos e atendendo às demandas

específicas dos alunos e do mercado de trabalho, sendo a implicação disto uma

lógica mercantil. Há real aproximação entre o setor produtivo no desenvolvimento de

pesquisas e consultorias, o que gera mais recursos à IES pública.

NÃO OCORRE abertura de capital e investimentos financeiros que permitam

a modernização e expansão nas IESp, mas a lógica predominante acordada é a

Page 113: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

111

garantia do retorno no longo prazo e não a maximização dos investimentos no curto

prazo. Com isso, muitas instituições renovadas vão profissionalizando e melhorando

seus processos de organização e gerenciamento. Isto gera um risco BAIXO para a

IESp, com impacto POSITIVO em seu mercado de atuação. O aperfeiçoamento do

corpo docente melhora sobremaneira, incentivado por inúmeros programas de

qualificação das novas gerações de professores.

OCORRE que novos mecanismos de financiamento do ensino superior,

destacando-se incentivos fiscais para empresas que financiarem alunos carentes,

cursos e projetos de pesquisa junto às universidades, geram um risco BAIXO para

IESp e um impacto POSITIVO em seu campo de atuação, a partir de 2030.

Mudanças na natureza jurídica das universidades públicas também são

implementadas para viabilizar seu financiamento. É implementado um amplo ajuste

fiscal e a questão dos inativos é solucionada por meio da constituição de fundos de

pensão, o que libera recursos para investimento na melhoria da infraestrutura geral

das instituições. Fontes adicionais de recursos são incorporadas através de

contratos firmados com empresários e parcerias com o setor privado. Já na esfera

do ensino privado, observa-se uma progressiva e substancial redução da

inadimplência, principalmente devido à melhoria da renda da população, à redução

do desemprego, à ampliação do crédito educativo e a uma certa contenção do valor

das mensalidades. Tudo isso faz com que a demanda se amplie e se mantenha a

atratividade para a iniciativa privada, mesmo com uma exigente regulação.

OCORRE contexto bastante estimulante para o EAD. Os grandes problemas

tecnológicos que limitariam o desenvolvimento do EAD são solucionados, e os

custos da infraestrutura necessária tanto para a produção quanto para o consumo

encontra-se em queda contínua, refletindo a mesma tendência verificada

externamente. Esse ambiente gera um ALTO risco para a IESp em cursos

presenciais, sendo necessárias ações de implementação e rigor na qualidade de

seus cursos EAD. O impacto para o mercado de atuação é NEGATIVO a partir de

2030, pois esse ambiente diminui a demanda por curso presencial, que é o maior

mercado da IESp, exigindo investimentos para atuar nesse campo de EAD.

NÃO OCORRE incentivo à entrada de instituições de ensino estrangeiras na

graduação. Esse ambiente gera BAIXO risco para a IESp, pois as IES em nível de

escala global são mais competitivas, gerando um impacto POSITIVO para o setor, já

Page 114: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

112

que muitas IES não se preparam para essa competição e o tema terá sido arquivado

em 2030 pelo congresso.

OCORRE ambiente de dinamismo e crescimento, tornando o ensino superior

no Brasil um ramo de atividade bastante atrativo e gerando um risco MODERADO

para a IESp, pois permite o interesse de novos entrantes e um impacto MODERADO

a partir de 2025 para o mercado no qual está inserida. Observa-se progressiva e

substancial redução da inadimplência, principalmente devido à melhoria da renda da

população, à redução do desemprego, à ampliação do crédito educativo e a uma

certa contenção do valor das mensalidades. Tudo isso faz com que a demanda se

amplie e se mantenha a atratividade para a iniciativa privada, principalmente com

pouca exigência de regulação. Grandes grupos consolidadores do mercado estão

acirrando a concorrência. As IES estão revendo a tendência de crescimento via

expansão de suas redes físicas, de forma a melhor aproveitar o potencial do EAD.

Os campi passam por transformações estruturais, que envolvem redução do número

de salas de aula e criação de ambientes de encontro, debates e espaços de

convivência. A resultante deste conjunto de mudanças é uma melhoria expressiva

no atendimento e na qualidade do ensino superior, que alcança patamares

internacionalmente aceitáveis. Em paralelo, observa-se, também, uma melhor

distribuição espacial das matrículas, tornando possível a educação superior em

áreas de pouca oportunidade.

6.2.7 Visão B – Resultados do MPCP na Massificação Planejada

As tabelas 16, 17, 18 e 19 apresentam os resultados colhidos dos

especialistas, assinalando suas evidências para os cenários prospectivos onde o

crescimento econômico é sustentável e a educação é tratada como uma mercadoria,

ou seja, onde haverá massificação segmentada do ensino superior até 2035.

As evidências dos especialistas são fixadas no quadrado unitário do plano

cartesiano (QUPC) e analisadas à luz do dispositivo para-analisador.

Nas próximas páginas, os resultados são apresentados em forma de tabelas

e quadro.

Page 115: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

113

Tabela 16 – Evidência favorável e contrária na Visão B

Fonte: o autor.

Tabela 17 – Evidência sobre o Risco na Visão B

Fonte: o autor.

Page 116: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

114

Tabela 18 – Evidência sobre o Impacto na Visão B

Fonte: o autor.

Tabela 19 – Evidência sobre o Prazo na Visão B

Fonte: o autor.

Page 117: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

115

Figura 14 – QUPC na Visão B

Fonte: o autor.

Page 118: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

116

É possível fazer um quadro-resumo dos cenários prospectivos sob a ótica da

Visão “B”, conforme quadro 8:

Quadro 8 – Resumo dos cenários prospectivos na Visão B

Fonte: o autor.

6.2.8 Relatório dos Cenários Prospectivos na Visão “B”

A partir da coleta das informações dos especialistas, o relatório dos cenários

prospectivos é descrito a seguir.

A visão B tem como hipótese que em 2035 pode haver inclusão social pela

via da educação, mas o ensino superior, antes de ser um bem público a ser provido

e regulado pelo Estado, assume posição de produto a ser negociado segundo a

lógica de mercado. O foco da educação, antes de ser essencialmente a qualidade

do processo como um todo, é a garantia da concorrência, deixando os alunos livres

para decidirem sobre a construção de suas trajetórias diante da multiplicidade de

ofertas disponíveis. A política pública, bastante ativa, visa elaborar regras que

permitam a criação de um ambiente saudável para os investimentos e a

concorrência. A transparência e a estabilidade dos contratos são essenciais. As

barreiras de entrada são reduzidas, porém as regras de permanência devem ser

cumpridas à risca.

O Plano Nacional de Educação aprovado pelo congresso em 2014 surtiu

efeitos com ampla universalização da educação em nível básico, fundamental e

médio. OCORRE forte incentivo para a entrada de estudantes no ensino superior, na

Page 119: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

117

faixa etária entre 18 e 25 anos. Este cenário apresenta BAIXO risco para gestão das

IESp e MODERADO impacto em seus resultados.

As IESp sem fins lucrativos são obrigadas a renovar sua gestão para

enfrentar com agilidade a concorrência. NÃO OCORRE forte regulamentação no

ensino superior no que tange a exigência de qualidade, constituindo-se uma barreira

de entrada para muitas instituições em virtude das exigências feitas para o ingresso

e, mais importante, para sua permanência no setor.

As universidades tornam-se obrigadas a aplicar um percentual de suas

receitas em pesquisas, sendo livres para captar recursos junto às fontes privadas e

internacionais. Sendo um risco MODERADO para a IESp e tendo um impacto

POSITIVO em seu mercado de atuação, haja vista a impossibilidade de novos

entrantes, o aparato fiscalizatório não é modernizado para fazer frente às exigências

legais. A regulação é ampliada e há inserção de novas dimensões.

OCORRE estímulo à demanda por cursos voltados, principalmente, aos

estudantes-trabalhadores adultos com determinadas carências cognitivas e de

conteúdo. Há demanda elevada por cursos de graduação e de educação continuada

a partir de 2025. A melhoria do ensino fundamental e médio leva ao crescimento

substantivo do volume de concluintes, expandindo as vagas no ensino superior, e

essa demanda faz com que o número de alunos seja o dobro do de 2015, ou seja

mais de 14 milhões de estudantes no ensino superior, gerando um risco BAIXO para

IESp, tendo em vista que o mercado é promissor. O impacto causado por essa

demanda elevada é POSITIVO para a IESp.

OCORRE crescimento da oferta, sobretudo pela falta de renovação das

instituições públicas e poucas autorizações do regulador, não aumentando as vagas

nas IESp, que ainda são obrigadas a ter reservas de vagas para populações em

desvantagem de renda e outros. Contudo, essa proposição representa BAIXO risco

para IESp e impacto MODERADO em seu mercado de atuação.

OCORRE de maneira progressiva revisão do modelo de financiamento

vigente para o ensino público, não havendo introdução do pagamento de

mensalidades nas IES públicas de acordo com a renda familiar disponível dos

alunos ingressantes. Essa medida apresenta um BAIXO risco com impacto

MODERADO no campo de atuação da IESp. Contudo, as IES públicas ganham

Page 120: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

118

autonomia de gestão segundo os parâmetros negociados de qualidade, eficácia e

eficiência. Além de vagas noturnas, novos formatos são experimentados, mais

curtos e atendendo as demandas específicas dos alunos e do mercado de trabalho,

sendo a implicação disto uma lógica mercantil. Há real aproximação entre o setor

produtivo no desenvolvimento de pesquisas e consultorias, o que gera mais recursos

à IES pública.

OCORRE que as Instituições privadas abrem seu capital a investimentos

financeiros, o que permite a realização de investimentos em modernização e

expansão, mas a lógica predominante acordada é a garantia do retorno no longo

prazo e não a maximização dos investimentos no curto prazo. Com isso, muitas

instituições renovadas vão profissionalizando e melhorando seus processos de

organização e gerenciamento. Isto gera um risco ALTO para a IESp, que terá uma

concorrência mais bem preparada, com impacto NEGATIVO em seu mercado de

atuação. O aperfeiçoamento do corpo docente melhora sobremaneira, incentivado

por inúmeros programas de qualificação das novas gerações de professores.

OCORREM novos mecanismos de financiamento do ensino superior,

destacando-se incentivos fiscais para empresas que financiarem alunos carentes,

cursos e projetos de pesquisa junto às universidades, gerando um risco

MODERADO para IESp e um impacto POSITIVO em seu campo de atuação a partir

de 2030. Mudanças na natureza jurídica das universidades públicas também são

implementadas para viabilizar seu financiamento. É implementado um amplo ajuste

fiscal e a questão dos inativos é solucionada por meio da constituição de fundos de

pensão, o que libera recursos para investimento na melhoria da infraestrutura geral

das instituições. Fontes adicionais de recursos são incorporadas através de

contratos firmados com empresários e parcerias com o setor privado. Já na esfera

do ensino privado, observa-se uma progressiva e substancial redução da

inadimplência, principalmente devido à melhoria da renda da população, à redução

do desemprego, à ampliação do crédito educativo e a uma certa contenção do valor

das mensalidades. Tudo isso faz com que a demanda se amplie e se mantenha a

atratividade para a iniciativa privada, mesmo com uma exigente regulação.

OCORRE contexto bastante estimulante para o EAD. Os grandes problemas

tecnológicos que limitariam o desenvolvimento do EAD são solucionados e os custos

da infraestrutura necessária tanto para a produção quanto para o consumo

Page 121: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

119

encontram-se em queda contínua, refletindo a mesma tendência verificada

externamente. Esse ambiente gera ALTO risco para IESp em cursos presenciais,

sendo necessárias ações de implementação e rigor na qualidade de seus cursos

EAD. O impacto para o mercado de atuação é POSITIVO a partir de 2030, pois este

ambiente é seletivo.

OCORRE incentivo à entrada de instituições de ensino estrangeiras na

graduação, forçando-as a ensinar em português, envolvendo pesquisa e

transferência de tecnologias e capacitação mútua. Esse ambiente gera um ALTO

risco para a IESp, pois as IES em nível de escala global são mais competitivas,

gerando um impacto NEGATIVO para o setor, haja vista que muitas IES não se

preparam para essa competição.

OCORRE ambiente de dinamismo e o crescimento torna o ensino superior no

Brasil um ramo de atividade bastante atrativo, gerando um risco ALTO para IESp,

pois permite o interesse de novos entrantes e um impacto NEGATIVO para o

mercado na qual está inserida, a partir de 2030. Observa-se progressiva e

substancial redução da inadimplência, principalmente devido à melhoria da renda da

população, à redução do desemprego, à ampliação do crédito educativo e a uma

certa contenção do valor das mensalidades. Tudo isso faz com que a demanda se

amplie e se mantenha a atratividade para a iniciativa privada, principalmente com a

pouca exigência de regulação. Grandes grupos consolidadores do mercado estão

acirrando a concorrência. As IES estão revendo a tendência de crescimento via

expansão de suas redes físicas, de forma a melhor aproveitarem o potencial do

EAD. Os campi passam por transformações estruturais que envolvem a redução do

número de salas de aula e a criação de ambientes de encontro, debates e espaços

de convivência. A resultante deste conjunto de mudanças é uma melhoria

expressiva no atendimento e na qualidade do ensino superior, que alcança

patamares internacionalmente aceitáveis. Em paralelo, observa-se, também, uma

melhor distribuição espacial das matrículas, tornando possível a educação superior

em áreas de pouca oportunidade.

6.2.9 Visão C – Resultados do MPCP na Educação Desqualificada

As tabelas 20, 21, 22 e 23 apresentam os resultados colhidos dos

Page 122: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

120

especialistas, assinalando suas evidências para os cenários prospectivos, onde o

crescimento econômico é oscilante e a educação é tratada como um bem público,

ou seja, onde haverá uma educação desqualificada no ensino superior até 2035.

Page 123: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

121

Tabela 20 – Evidência favorável e contrária na Visão C

Fonte: o autor.

Tabela 21 – Evidência sobre o Risco na Visão C

Fonte: o autor.

Page 124: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

122

Tabela 22 – Evidência sobre o Impacto na Visão C

Fonte: o autor.

Tabela 23 – Evidência sobre o Prazo na Visão C

Fonte: o autor.

Page 125: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

123

Figura 15 – QUPC na Visão C

Fonte: o autor.

Page 126: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

124

É possível fazer um quadro-resumo dos cenários prospectivos sob a ótica da

Visão “C”, conforme quadro 9:

Quadro 9 – Resumo dos cenários prospectivos na Visão C

Fonte: o autor.

6.2.10 Relatório dos Cenários Prospectivos na Visão “C”

A partir da coleta das informações dos especialistas, o relatório dos cenários

prospectivos é descrito a seguir.

A visão C tem como hipótese que em 2035 a educação pode ter como foco a

qualidade do processo como um todo, é a garantia da concorrência, deixando os

alunos livres para decidirem sobre a construção de suas trajetórias diante da

multiplicidade de oferta disponível. A política pública, bastante ativa, visa sobretudo

a criar regras que permitam a criação de um ambiente saudável para os

investimentos e a concorrência. A transparência e a estabilidade dos contratos são

essenciais. As barreiras de entrada são reduzidas, porém as regras de permanência

devem ser cumpridas à risca.

O Plano Nacional de Educação aprovado pelo congresso em 2014 surtiu

efeitos, com ampla universalização da educação em nível básico, fundamental e

médio. OCORRE forte incentivo para a entrada de estudantes no ensino superior, na

faixa etária entre 18 e 25 anos. Este cenário apresenta BAIXO risco para gestão das

IESp e POSITIVO impacto em seus resultados.

As IESp sem fins lucrativos são obrigadas a renovar sua gestão para

enfrentarem com agilidade a concorrência.

Page 127: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

125

OCORRE Forte regulamentação no ensino superior no que tange a exigência

de qualidade, constituindo-se uma barreira de entrada para muitas instituições em

virtude das exigências feitas para o ingresso e, mais importante, para sua

permanência no setor. As universidades tornam-se obrigadas a aplicar um

percentual de suas receitas em pesquisas, sendo livres para captar recursos junto

às fontes privadas e internacionais. Sendo um risco MODERADO para a IESp e

tendo um impacto POSITIVO em seu mercado de atuação, haja vista a

impossibilidade de novos entrantes, o aparato fiscalizatório não é modernizado para

fazer frente às exigências legais. A regulação é ampliada e há inserção de novas

dimensões.

NÃO OCORRE estímulo à demanda por cursos voltados, principalmente, aos

estudantes-trabalhadores adultos com determinadas carências cognitivas e de

conteúdo. Demanda BAIXA por cursos de graduação e de educação continuada a

partir de 2025. A melhoria do ensino fundamental e médio leva ao crescimento

substantivo do volume de concluintes e não se reflete na expansão das vagas no

ensino superior; essa baixa demanda faz com que o número de alunos não tenha

aumentado como deveria em relação a 20 anos atrás, gerando um risco

MODERADO para a IESp, tendo em vista que o mercado se encolhe um pouco. O

impacto causado por essa demanda baixa é NEGATIVO para a IESp.

NÃO OCORRE crescimento da oferta, sobretudo pela falta de renovação das

instituições públicas e pelas poucas autorizações do regulador, não havendo

aumento de vagas nas IESp, que ainda são obrigadas a ter reservas de vagas para

populações em desvantagem de renda e outros. Contudo, essa proposição

representa risco MODERADO e impacto MODERADO também para a IESp.

OCORRE de maneira progressiva, após superação das resistências, uma

profunda revisão no modelo de financiamento vigente para o ensino público,

havendo introdução do pagamento de mensalidades nas IES públicas segundo a

renda familiar disponível dos alunos ingressantes. Essa medida apresenta um

BAIXO risco com impacto MODERADO no campo de atuação da IESp. Contudo, as

IES públicas ganham autonomia de gestão segundo os parâmetros negociados de

qualidade, eficácia e eficiência. Além de vagas noturnas, novos formatos são

experimentados, mais curtos e atendendo às demandas específicas dos alunos e do

Page 128: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

126

mercado de trabalho, sendo a implicação disto uma lógica mercantil. Há real

aproximação entre o setor produtivo no desenvolvimento de pesquisas e

consultorias, o que gera mais recursos à IES pública.

QUASE NÃO OCORRE a abertura de capital a investimentos, por parte das

Instituições privadas, em modernização e expansão, mas a lógica predominante

acordada é a garantia do retorno no longo prazo e não a maximização dos

investimentos no curto prazo. Com isso, muitas instituições renovadas vão

profissionalizando e melhorando seus processos de organização e gerenciamento.

Isto gera um risco moderado para a IESp, que terá uma concorrência mais bem

preparada, com impacto NEGATIVO em seu mercado de atuação. O

aperfeiçoamento do corpo docente melhora sobremaneira, incentivado por inúmeros

programas de qualificação das novas gerações de professores.

OCORREM novos mecanismos de financiamento do ensino superior,

destacando-se os incentivos fiscais para empresas que financiarem alunos carentes,

cursos e projetos de pesquisa junto a universidades, gerando um risco MODERADO

para a IESp e um impacto POSITIVO em seu campo de atuação a partir de 2030.

Mudanças na natureza jurídica das universidades públicas também são

implementadas para viabilizar seu financiamento. É implementado amplo ajuste

fiscal, e a questão dos inativos é solucionada por meio da constituição de fundos de

pensão, o que libera recursos para investimento na melhoria da infraestrutura geral

das instituições. Fontes adicionais de recursos são incorporadas através de

contratos firmados com empresários e parcerias com o setor privado. Já na esfera

do ensino privado, observa-se uma progressiva e substancial redução da

inadimplência, principalmente devido à melhoria da renda da população, à redução

do desemprego, à ampliação do crédito educativo e a certa contenção do valor das

mensalidades. Tudo isso faz com que a demanda se amplie e se mantenha a

atratividade para a iniciativa privada, mesmo com uma exigente regulação.

OCORRE contexto bastante estimulante para o EAD. Os grandes problemas

tecnológicos que limitariam o desenvolvimento do EAD são solucionados e os custos

da infraestrutura necessária tanto para a produção quanto para o consumo

encontram-se em queda contínua, refletindo a mesma tendência verificada

externamente. Esse ambiente gera um ALTO risco para a IESp em cursos

Page 129: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

127

presenciais, sendo necessárias ações de implementação e rigor na qualidade de

seus cursos EAD. O impacto para o mercado de atuação é NEGATIVO a partir de

2030, pois esse ambiente não é seletivo.

QUASE NÃO OCORRE incentivo à entrada de instituições de ensino

estrangeiras na graduação, forçando-as a ensinar em português, envolvendo

pesquisa e transferência de tecnologias e capacitação mútua. Este ambiente gera

um MODERADO risco para a IESp, pois as IES em nível de escala global são mais

competitivas, gerando um impacto MODERADO para o setor, haja vista que muitas

IES não se preparam para essa competição.

OCORRE ambiente de dinamismo e crescimento, que torna o ensino superior

no Brasil um ramo de atividade bastante atrativo, gerando um risco ALTO para IESp,

pois permite o interesse de novos entrantes e um impacto NEGATIVO para o

mercado no qual está inserida, a partir de 2030. Observa-se progressiva e

substancial redução da inadimplência, principalmente devido à melhoria da renda da

população, à redução do desemprego, à ampliação do crédito educativo e a certa

contenção do valor das mensalidades. Tudo isso faz com que a demanda se amplie

e se mantenha a atratividade para a iniciativa privada, principalmente com pouca

exigência de regulação. Grandes grupos consolidadores do mercado estão acirrando

a concorrência. As IES estão revendo a tendência de crescimento via expansão de

suas redes físicas, de forma a melhor aproveitar o potencial do EAD. Os campi

passam por transformações estruturais que envolvem a redução do número de salas

de aula e a criação de ambientes de encontro, debates e espaços de convivência. A

resultante deste conjunto de mudanças é uma melhoria expressiva no atendimento e

na qualidade do ensino superior, que alcança patamares internacionalmente

aceitáveis. Em paralelo, observa-se também uma melhor distribuição espacial das

matrículas, tornando possível a educação superior em áreas de pouca oportunidade.

6.2.11 Visão D – Resultados do MPCP em Tudo pelo Mercado

As tabelas 24, 25, 26 e 27 apresentam os resultados colhidos dos

especialistas, assinalando suas evidências, para os cenários prospectivos onde o

crescimento econômico é oscilante e a educação é tratada como uma mercadoria,

ou seja, tudo pelo mercado no ensino superior até 2035.

Page 130: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

128

Estas evidências dos especialistas são fixadas no quadrado unitário do plano

cartesiano (QUPC) e analisadas à luz do dispositivo para-analisador, conforme

apresentado nas próximas páginas.

Page 131: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

129

Tabela 24 – Evidência favorável e contrária na Visão D

Fonte: o autor.

Tabela 25 – Evidência sobre o Risco na Visão D

Fonte: o autor.

Page 132: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

130

Tabela 26 – Evidência sobre o Impacto na Visão D

Fonte: o autor.

Tabela 27 – Evidência sobre o Prazo na Visão D

Fonte: o autor.

Page 133: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

131

Figura 16 – QUPC na Visão D

Fonte: o autor.

Page 134: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

132

É possível fazer um quadro-resumo dos cenários prospectivos sob a ótica da

Visão “D”:

Quadro 10 – Resumo dos cenários prospectivos na Visão D

Fonte: o autor.

6.2.12 Relatório dos Cenários Prospectivos na Visão “D”

A partir da coleta das informações dos especialistas, o relatório dos cenários

prospectivos é descrito a seguir.

A visão D tem como hipótese que em 2035 pode haver baixo crescimento

econômico, com escassez de recursos públicos e modesto investimento privado,

inclusive no ensino superior. Aqui, o Estado exerce uma política educacional

bastante ativa e busca ampliar o acesso aos diversos níveis de ensino. O ensino

fundamental mantém-se universalizado e os níveis de ensino médio e superior

público experimentam grande expansão de oferta para fazer face à forte pressão

das demandas sociais neste sentido. Com recursos públicos escassos, e reduzida

atratividade para o setor privado, a expansão do ensino superior público é

viabilizada com grande perda de qualidade, ocorrendo, nesse nível, movimento

semelhante ao que se verificou com o ensino básico nas décadas de 80 e 90 do

século XX.

O Plano Nacional de Educação aprovado pelo congresso em 2014 surtiu

efeito com ampla universalização da educação em nível básico, fundamental e

médio. OCORRE forte incentivo à entrada de estudantes no ensino superior, na

faixa etária entre 18 e 25 anos. Este cenário apresenta BAIXO risco para gestão das

Page 135: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

133

IESp e MODERADO impacto em seus resultados. As IESp sem fins lucrativos são

obrigadas a renovar sua gestão para enfrentar com agilidade a concorrência.

OCORRE forte regulamentação no ensino superior no que tange a exigência

de qualidade, constituindo-se uma barreira de entrada para muitas instituições em

virtude das exigências feitas para o ingresso e, mais importante, para sua

permanência no setor. As universidades tornam-se obrigadas a aplicar um

percentual de suas receitas em pesquisas, sendo livres para captar recursos junto

às fontes privadas e internacionais. Isso significa um risco ALTO para a IESp e tem

impacto POSITIVO em seu mercado de atuação, haja vista a impossibilidade de

novos entrantes. O aparato fiscalizatório não é modernizado para fazer frente às

exigências legais. A regulação é ampliada e há inserção de novas dimensões.

NÃO OCORRE estímulo à demanda por cursos voltados, principalmente, aos

estudantes-trabalhadores adultos com determinadas carências cognitivas e de

conteúdo. Demanda baixa por cursos de graduação e de educação continuada a

partir de 2025. A melhoria do ensino fundamental e médio não se reflete em

crescimento substantivo do volume de concluintes, não expandindo as vagas no

ensino superior, e essa demanda faz com que o número de alunos não tenha

aumentado como se previa em relação aos últimos 20 anos, gerando um risco

BAIXO para a IESp, tendo em vista que ela está preparada para a concorrência. O

impacto causado por essa demanda baixa é POSITIVO para a IESp que se preparou

adequadamente.

NÃO OCORRE oferta em crescimento, sobretudo pela falta de renovação das

instituições públicas e poucas autorizações do regulador, não havendo aumento das

vagas nas IESp, que ainda são obrigadas a ter reserva de vagas para populações

em desvantagem de renda e outros. Contudo, essa proposição representa BAIXO

risco e MODERADO impacto para a IESp.

OCORRE de maneira progressiva, após superar resistências, uma profunda

revisão do modelo de financiamento vigente para o ensino público, havendo

introdução do pagamento de mensalidades nas IES públicas segundo a renda

familiar disponível dos alunos ingressantes. Essa medida apresenta BAIXO risco,

com impacto MODERADO no campo de atuação da IESp. Contudo, as IES públicas

ganham autonomia de gestão segundo os parâmetros negociados de qualidade,

Page 136: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

134

eficácia e eficiência. Além de vagas noturnas, novos formatos são experimentados,

mais curtos e atendendo às demandas específicas dos alunos e do mercado de

trabalho, sendo a implicação disto uma lógica mercantil. Há real aproximação entre o

setor produtivo no desenvolvimento de pesquisas e consultorias, o que gera mais

recursos para a IES pública.

OCORRE que as Instituições privadas abrem seu capital a investimentos

financeiros, permitindo a realização de investimentos em modernização e expansão,

mas a lógica predominante acordada é a garantia do retorno no longo prazo e não a

maximização dos investimentos no curto prazo. Com isso, muitas instituições

renovadas vão profissionalizando e melhorando seus processos de organização e

gerenciamento. Isto gera um risco ALTO para a IESp, que terá uma concorrência

mais bem preparada, com impacto NEGATIVO em seu mercado de atuação. O

aperfeiçoamento do corpo docente melhora sobremaneira, incentivado por inúmeros

programas de qualificação das novas gerações de professores.

OCORREM novos mecanismos de financiamento do ensino superior,

destacando-se os incentivos fiscais para empresas que financiarem alunos carentes,

cursos e projetos de pesquisa junto a universidades, gerando um risco MODERADO

para a IESp e um impacto POSITIVO em seu campo de atuação a partir de 2030.

Mudanças na natureza jurídica das universidades públicas também são

implementadas para viabilizar seu financiamento. É implementado um amplo ajuste

fiscal, e a questão dos inativos é solucionada por meio da constituição de fundos de

pensão, o que libera recursos para investimento na melhoria da infraestrutura geral

das instituições. Fontes adicionais de recursos são incorporadas através de

contratos firmados com empresários e parcerias com o setor privado. Já na esfera

do ensino privado, observa-se progressiva e substancial redução da inadimplência,

principalmente devido à melhoria da renda da população, à redução do desemprego,

à ampliação do crédito educativo e a certa contenção do valor das mensalidades.

Tudo isso faz com que a demanda se amplie e se mantenha a atratividade para a

iniciativa privada, mesmo com uma exigente regulação.

OCORRE contexto bastante estimulante para o EAD. Os grandes problemas

tecnológicos que limitariam o desenvolvimento do EAD são solucionados, e os

custos da infraestrutura necessária tanto para a produção quanto para o consumo

Page 137: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

135

encontra-se em queda contínua, refletindo a mesma tendência verificada

externamente. Esse ambiente gera um ALTO risco para a IESp em cursos

presenciais, sendo necessárias ações de implementação e rigor na qualidade de

seus cursos EAD. O impacto para o mercado de atuação é NEGATIVO a partir de

2030, pois esse ambiente exige que a IESp oferte menos curso presencial e se

prepare para ofertar EAD com qualidade para se manter competitiva.

OCORRE incentivo à entrada de instituições de ensino estrangeiras na

graduação, forçando-as a ensinar em português, envolvendo pesquisa e

transferência de tecnologias e capacitação mútua. Este ambiente gera um ALTO

risco para a IESp, pois as IES em nível de escala global são mais competitivas,

gerando um impacto NEGATIVO para o setor, visto que muitas IES não se preparam

para essa competição.

OCORRE ambiente de dinamismo e crescimento, o que torna o ensino

superior no Brasil um ramo de atividade bastante atrativo, gerando um risco ALTO

para a IESp, pois permite o interesse de novos entrantes e um impacto NEGATIVO

para o mercado no qual está inserida, a partir de 2030. Observa-se progressiva e

substancial redução da inadimplência, principalmente devido à melhoria da renda da

população, à redução do desemprego, à ampliação do crédito educativo e a certa

contenção do valor das mensalidades. Tudo isso faz com que a demanda se amplie

e se mantenha a atratividade para a iniciativa privada, principalmente com pouca

exigência de regulação. Grandes grupos consolidadores do mercado estão acirrando

a concorrência. As IES estão revendo a tendência de crescimento via expansão de

suas redes físicas, de forma a melhor aproveitar o potencial do EAD. Os campi

passam por transformações estruturais que envolvem a redução do número de salas

de aula e a criação de ambientes de encontro, debates e espaços de convivência. A

resultante deste conjunto de mudanças é uma melhoria expressiva no atendimento e

na qualidade do ensino superior, que alcança patamares internacionalmente

aceitáveis. Em paralelo, observa-se, também, melhor distribuição espacial das

matrículas, tornando possível a educação superior em áreas de pouca oportunidade.

Enfim, a diminuição do grau de relevância social (elitismo) dada aos

portadores de ensino superior em 2014 é algo que pode se apresentar no futuro,

conforme evidências dos especialistas nos cenários prospectivos apresentados. O

Page 138: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

136

aumento da qualificação de mão-de-obra no setor produtivo deverá continuar e as

entidades de classe continuaram atuando como reguladoras do ensino superior. A

revisão do sistema de avaliação não trará profundas mudanças, segundo o cenário

descrito. A abertura de capital das IESp será uma tônica no futuro, não sendo

prevista mudança na regulação. O aumento na demanda por EAD segue em marcha

e será a grande oportunidade de demanda no futuro. A pressão por qualidade

percebida e certificada nas IESp poderá gerar agência credenciadora. A

profissionalização na gestão das IESp será um caminho sem volta, em vista dos

benefícios que traz aos serviços educacionais. A cobrança por resultados financeiros

nas IESp com capital aberto exigirá profissional credenciado para atuar na educação

e que suporte essa pressão por resultados financeiros, principalmente. A

diversificação da demanda entre presencial e à distância será equilibrada. E no

governo haverá amadurecimento da cultura de avaliação institucional. As relações

civis continuarão em marcha acelerada, fazendo com que o código do consumidor

seja aplicado com rigor e de forma constante às IESp. A concorrência acirrada irá

perdurar no futuro. Os novos produtos e serviços que se apresentarão no mercado

de educação superior serão um grande fator de diferenciação entre as concorrentes.

O número de estudantes-trabalhadores adultos em horário heterodoxo também será

mais amplo. E a consolidação de grandes grupos profissionais no mercado trará

gigantes para esse setor.

Os cenários prospectivos expostos anteriormente podem ser observados no

quadro 11 de forma resumida e facilitar o entendimento global das evidências

favoráveis e contrárias, segundo o sistema dos especialistas.

Page 139: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

137

Quadro 11 – Resumo dos Cenários Prospectivos nas Visões: A; B; C e D

Fonte: o autor.

Page 140: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

138

7 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Como conclusão desta tese, destacam-se alguns olhares e certas

recomendações a respeito do Método Paraconsistente de Cenários Prospectivos

(PMCP). Comparando-o de forma superficial a outros métodos encontrados na

literatura é possível destacar que a técnica com a Lógica E constitui uma valiosa e

inédita ferramenta para elaboração de cenários prospectivos.

O método indica, por exemplo, se há contradição entre os dados utilizados e

se essa contradição é acentuada ou não pela distância da linha perfeitamente

definida (LPD). Indica se a contradição constitui uma paracompleteza ou uma

inconsistência. Além de aceitar dados contraditórios, dá indicações sobre o grau de

contradição desses dados e, o mais importante, permite a sua manipulação

mecânica.

Caso as evidências dos especialistas apresentem alto grau de contradição, o

cenarista pode optar por analisar a razão da inconsistência. Isso é possível porque o

método se baseia na Lógica E , que aceita contradições sem se tornar trivial.

Uma das grandes vantagens do MPCP é sua versatilidade. É possível ser

mais confiável de diversas maneiras. Pode-se utilizar maior número de temas

estratégicos. Pode-se aumentar o Valor de Controle. Pode-se utilizar um número

maior de especialistas, etc.

Além da versatilidade, é de fácil informatização sua aplicação. Pode-se, sem

maiores dificuldades, implementar o MPCP em programa de computador. No caso

desta tese, foi possível fazer a aplicação em planilha eletrônica do Excel, que foi

capaz de executar as operações e chegar aos resultados rapidamente.

Este trabalho cumpriu aquilo a que se destinava, pois, para que fosse atingido

esse objetivo, no segundo capítulo foi apresentado referencial teórico sobre estudos

de futuro, sob a ótica de renomados filósofos, tais como Aristóteles, Santo

Agostinho, Hegel e Kant, bem como pesquisa sobre cenários prospectivos, suas

técnicas e métodos, pelo Brasil e pelo mundo.

Page 141: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

139

A apresentação da metodologia foi o foco do terceiro capítulo, onde foi

possível demonstrar os caminhos percorridos pela pesquisa, sendo necessário

seguir todos os passos para se chegar à fase de conclusão dos trabalhos.

A Lógica E passou a ser mais conhecida mediante estudo panorâmico

apresentado no quarto capítulo. A apresentação da linguagem da lógica possibilitou

o entendimento de sua aplicação no MPCP e dos resultados que ela propiciou.

O quinto e mais importante capítulo desta tese é a resposta ao objetivo

proposto, apresentando o MPCP – Método Paraconsistente de Cenários

Prospectivos desenvolvido durante esses anos de estudo no Programa de Pós-

Graduação em Engenharia de Produção.

O sexto capítulo apresenta os resultados colhidos junto aos especialistas.

Estes podem sofrer influências, mas de uma forma geral não são as mesmas para

todos. Observa-se no quadro 16 que a certeza de ocorrência da visão A só não

ocorre em três temas (F5; F6 e F9). Já na visão B, apenas no tema F2. Enquanto

que na visão C não ocorre em (F3, F4 e F5), sendo que quase não ocorre, mas tem

possibilidade de ocorrer em (F6; F7 e F9). E por fim, na visão D, não ocorre em (F2;

F3 e F4) e quase não ocorre, similarmente à visão C, em (F6; F7 e F9).

É certo que, num momento de melancolia, o especialista tende mais a se

desencantar com o futuro do que se animar, podendo ocorrer o contrário nos

momentos de alta potência do agir e da euforia, mas dificilmente todos os

especialistas estarão sendo acometidos pelas mesmas paixões.

Enfim, é possível diagnosticar contradições e paracompleteza nas evidências

de cada um. Cabe ao gestor analisar e decidir qual o melhor caminho. Com isso, a

IESp em questão pode estabelecer estratégias competitivas para os diferentes

cenários prospectivos apresentados no MPCP.

7.1 Recomendações

Tem-se a esperança de que este trabalho possa cumprir sua missão e seus

objetivos, vindo a tornar-se um meio de orientação e consulta àqueles gestores de

IESp que precisem tomar uma decisão e possam executá-la com base em um

Page 142: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

140

fundamento lógico e metodológico, e não apenas em suas experiências e

sensibilidades. Possa auxiliar os estudantes que tenham interesse no tema e

venham a desenvolver trabalho futuro sobre o tema escolhido.

O MPCP – Método Paraconsistente de Cenários Prospectivos pode ser

aplicado também em organizações públicas e empresarias, preparando-as para as

diversas possibilidades de acontecimentos futuros, permitindo a tomada de decisão

com maior eficiência e eficácia e, consequentemente, tornando-as aptas à

formulação de um planejamento organizacional adequado e flexível.

Com relação a trabalhos futuros, pode-se estudar não apenas uma empresa,

mas um conjunto de empresas, ou até mesmo um setor, e traçar cenários

estratégicos através da Lógica Paraconsistente Anotada Evidencial E utilizando

uma gama maior de especialistas.

Muitas empresas não constroem cenários prospectivos pela dificuldade que

têm de obter informações e como tratá-las, tendo em vista que muitas vezes são

contraditórias e paracompletas. Como se vê, trata-se de uma proposta que poderá

contribuir para o aprimoramento dos modelos existentes, pautada na realidade das

organizações públicas e privadas.

Pode-se, a partir do MPCP, desenvolver trabalhos para construção de

software para uma interface mais amigável, gerando relatórios mais enxutos e

objetivos.

Também podem ser desenvolvidas pesquisas fazendo comparação entre os

vários métodos e o MPCP. Podem ser desenvolvidas pesquisas onde se observe o

status quo estratégico de empresas e, após a elaboração de cenários prospectivos,

redefinir o status quo.

Enfim, espera-se que esta tese, através dos estudos desenvolvidos e das

informações oferecidas, seja uma ferramenta que proporcione subsídios para uma

gestão eficiente e eficaz das empresas, objetivando alavancar os progressos

técnicos, econômicos e sociais das organizações brasileiras, indispensáveis à

geração de empregos e à melhoria da coesão social em nosso País.

Page 143: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

141

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147

ANEXOS

ANEXO A – Instrumento de Avaliação Institucional Externa

Eixo 1 –

Planejamento e

Avaliação

Institucional

1 Demonstra a evolução institucional contida no Relato Institucional caracterizada em relação aos processos de Planejamento e Avaliação Institucional.

2

Projeto/processo de autoavaliação institucional está previsto/implantado e atende às necessidades institucionais como instrumento de gestão e de ações acadêmico-administrativas de melhoria institucional.

3 Processo de autoavaliação está previsto/implantado, com participação da comunidade acadêmica.

4 Divulgação das análises dos resultados do processo de autoavaliação institucional e das avaliações externas previstas/implantadas para a comunidade acadêmica.

5 Relatório de autoavaliação apresenta resultados, análises, reflexões e proposições para subsidiar planejamento e ações.

Eixo 2 –

Desenvolvimento

Institucional

6

Metas e objetivos do PDI previstos/implantados estão articulados com a missão institucional e em conformidade com o cronograma estabelecido e com os resultados do processo de avaliação institucional.

7 Há coerência entre o PDI e as atividades de ensino (graduação e pós-graduação) previstas/implantadas.

8 Há coerência entre o PDI e as práticas de extensão previstas/implantadas.

9 Há coerência entre o PDI e as atividades previstas/implantadas de pesquisa/iniciação científica, tecnológica, artística e cultural.

10 Ações institucionais previstas/implantadas estão coerentes com o PDI, considerados, em uma análise sistêmica e global, os aspectos: meio ambiente, memória cultural, produção artística e patrimônio cultural.

11

As ações da Instituição (com ou sem parceria) previstas/implantadas contemplam a inclusão social e o desenvolvimento econômico e social, conforme proposto no PDI, considerados, em uma análise sistêmica e global, os aspectos: trabalhos com a comunidade, melhoria da infraestrutura urbana/local, melhoria das condições/qualidade de vida da população e projetos/ações de inovação social.

12 Há coerência entre o PDI e as atividades previstas/implantadas, voltadas para cooperação, intercâmbio e programas com finalidades de internacionalização.

Eixo 3 – Políticas

Acadêmicas

13

As ações acadêmico-administrativas previstas/implantadas estão relacionadas com as políticas de ensino para os cursos de graduação, considerados, em uma análise sistêmica e global, os aspectos: sistemática de atualização curricular, desenvolvimento/utilização de material didático-pedagógico, sistemática de implantação/oferta de componentes curriculares na modalidade semipresencial (quando previsto no PDI) e programas de monitoria.

14

As ações acadêmico-administrativas previstas/implantadas estão relacionadas com as políticas de ensino para os cursos de pós-graduação stricto sensu, considerando, inclusive, sua articulação com a graduação.

15

As ações acadêmico-administrativas previstas no PDI/implantadas estão relacionadas com as políticas de ensino para os cursos de pós-graduação lato sensu, considerados, em uma análise sistêmica e global, os aspectos: aprovação nos colegiados da IES, acompanhamento e avaliação do desenvolvimento dos cursos.

16 As ações acadêmico-administrativas de pesquisa/iniciação científica, tecnológica, artística e cultural estão previstas/implantadas de maneira excelente e em conformidade com as políticas estabelecidas.

Page 150: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

148

17

As ações acadêmico-administrativas de extensão estão previstas/implantadas de maneira excelente, considerando-se, em uma análise sistêmica e global, o apoio à realização de programas, projetos, atividades e ações.

18

As ações de estímulos e difusão voltadas às produções acadêmicas estão previstas/implantadas de maneira excelente, considerando-se, em uma análise sistêmica e global, os aspectos: incentivo a publicações científicas, didático-pedagógicas, tecnológicas, artísticas e culturais; bolsa de pesquisa/iniciação científico-tecnológica; grupos de pesquisa e auxílio para participação em eventos.

19

Os canais de comunicação externa estão previstos/implantados, considerando-se, em uma análise sistêmica e global, os aspectos: acesso da comunidade externa às informações acerca dos resultados das avaliações recentes, da divulgação dos cursos, da extensão e pesquisa, da existência de mecanismos de transparência institucional, da ouvidoria, entre outros.

20 Os programas de apoio aos estudantes (apoio psicopedagógico, programas de acessibilidade ou equivalente, nivelamento e/ou monitoria) estão previstos/implantados.

21

Os programas de apoio ao discente estão previstos/implantados considerando-se, em uma análise sistêmica e global, os aspectos: participação/realização de eventos (congressos, seminários, palestras, viagens de estudo e visitas técnicas) e produção discente (científicas, tecnológicas, culturais, técnicas e artísticas).

22 O plano de ação/ações institucionais previsto/implantado atende à política de acompanhamento dos egressos.

23

Estão previstas /implantadas ações por parte da IES para verificação do egresso em relação à sua atuação profissional, considerando-se, em uma análise sistêmica e global, os aspectos: responsabilidade social e cidadania onde a IES está inserida, empregabilidade, preparação para o mundo do trabalho, relação com entidades de classe e empresas do setor.

24 As ações da Instituição previstas/implantadas contemplam a inovação tecnológica e a propriedade intelectual, conforme proposto no PDI.

Eixo 4 – Políticas

de Gestão

25

A política de formação e capacitação docente está prevista/implantada, considerando-se, em uma análise sistêmica e global, o incentivo/auxílio à participação em eventos científicos/técnicos/culturais, capacitação (formação continuada), qualificação acadêmica docente e devida divulgação das ações junto aos docentes.

26 A política de formação e capacitação do corpo técnico-administrativo está prevista/implantada, considerando o incentivo/auxílio para formação continuada.

27

A gestão institucional está prevista/implantada para o funcionamento da instituição, considerados, em uma análise sistêmica e global, os aspectos: autonomia e representatividade dos órgãos de gestão e colegiados; participação de professores e estudantes; critérios de indicação e recondução de seus membros; realização e registro de reuniões.

28

O sistema de registro acadêmico previsto/implantado atende às necessidades institucionais e dos discentes, considerados, em uma análise sistêmica e global, os aspectos: organização, informatização, agilidade no atendimento e diversificação de documentos disponibilizados.

29 As fontes de recursos previstas/executadas atendem aos requisitos de custeio e investimento em ensino, extensão, pesquisa e gestão, segundo o PDI.

30 O planejamento financeiro (orçamento com as respectivas dotações e rubricas) previsto/executado está relacionado com a gestão do ensino, da pesquisa e da extensão e em conformidade com o PDI.

Page 151: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

149

31 Existe gestão do corpo docente em relação ao plano de carreira protocolado/implantado.

32 Existe gestão do corpo técnico-administrativo em relação ao plano de carreira protocolado/implantado.

Eixo 5 –

Infraestrutura

Física

33

As instalações administrativas existentes atendem às necessidades institucionais, considerando-se, em uma análise sistêmica e global, os aspectos: quantidade, dimensão, limpeza, iluminação, acústica, ventilação, segurança, acessibilidade e conservação.

34

As salas de aula existentes atendem às necessidades institucionais, considerando-se, em uma análise sistêmica e global, os aspectos: quantidade, dimensão, limpeza, iluminação, acústica, ventilação, segurança, acessibilidade e conservação.

35

O(s) auditório(s) ou equivalente(s) existente(s) atende(m) às necessidades institucionais, considerando-se, em uma análise sistêmica e global, os aspectos: quantidade, dimensão, limpeza, iluminação, acústica, ventilação, segurança, acessibilidade e conservação.

36

A(s) sala(s) de professores existente(s) atende(m) às necessidades institucionais, considerando-se, em uma análise sistêmica e global, os aspectos: quantidade, dimensão, limpeza, iluminação, acústica, ventilação, segurança, acessibilidade e conservação.

37

Os espaços existentes para atendimento aos alunos atendem às necessidades institucionais, considerados, em uma análise sistêmica e global, os aspectos: quantidade, dimensão, limpeza, iluminação, acústica, ventilação, segurança, acessibilidade e conservação.

38 A infraestrutura destinada à CPA atende às necessidades institucionais.

39

Os gabinetes/estações de trabalho previstos/implantados para os docentes em TI atendem às necessidades institucionais, considerando-se, em uma análise sistêmica e global, os aspectos: quantidade, dimensão, limpeza, iluminação, acústica, ventilação, segurança, acessibilidade e conservação.

40

As instalações sanitárias existentes atendem às necessidades institucionais, considerados, em uma análise sistêmica e global, os aspectos: quantidade, dimensão, limpeza, iluminação, ventilação, segurança, acessibilidade e conservação.

41

A infraestrutura física atende às necessidades institucionais, considerando-se, em uma análise sistêmica e global, os aspectos: espaço físico (dimensão, limpeza, iluminação, ventilação, segurança, acessibilidade e conservação), instalações para o acervo, ambientes de estudos individuais e em grupo, espaço para técnicos administrativos e plano de expansão física.

42

Os serviços da biblioteca atendem às necessidades institucionais, considerados, em uma análise sistêmica e global, os aspectos: acesso via internet (consulta, reserva), informatização do acervo, empréstimo e horário de funcionamento.

43

O plano de atualização do acervo (físico e eletrônico/digital) previsto/implantado atende às necessidades institucionais, considerando-se, em uma análise sistêmica e global, os aspectos: coerência com o PDI e alocação de recursos.

44

O(s) laboratório(s) de informática ou infraestrutura equivalente existente(s) atende(m) às necessidades institucionais, considerando-se, em uma análise sistêmica e global, os aspectos: equipamentos, normas de segurança, espaço físico, acesso à internet, atualização de software, acessibilidade digital, serviços, suporte e plano de atualização.

45 Os recursos de tecnologia de informação e comunicação atendem às necessidades dos processos de ensino e aprendizagem, que envolvem professores, técnicos e estudantes.

Page 152: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

150

46

A infraestrutura física existente dos laboratórios, ambientes e cenários para práticas didáticas atendem às necessidades institucionais, considerados, em uma análise sistêmica e global, os aspectos: espaço físico (dimensão, limpeza, iluminação, ventilação, segurança e conservação), plano de atualização e acessibilidade.

47 Os laboratórios, ambientes e cenários para práticas didáticas atendem às necessidades institucionais, considerados, em uma análise sistêmica e global, os serviços e as normas de segurança.

48

Os espaços de convivência e de alimentação existentes atendem às necessidades institucionais, considerando-se, em uma análise sistêmica e global, os aspectos: quantidade, dimensão, limpeza, iluminação, ventilação, segurança, acessibilidade e conservação.

Requisitos

Legais

49 A instituição apresenta condições adequadas de acessibilidade para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida?

50 O Plano de Cargos e Carreira Docente está protocolado ou homologado no Ministério do Trabalho e Emprego?

51 O Plano de Cargos e Carreira dos Técnico-Administrativos está protocolado ou homologado no Ministério do Trabalho e Emprego?

52

Universidades e Centros Universitários: A instituição tem, no mínimo, um terço do corpo docente com titulação stricto sensu? O corpo docente tem, no mínimo, formação lato sensu? Faculdades: O corpo docente tem, no mínimo, formação lato sensu?

53

Universidades: A instituição tem, no mínimo, um terço do corpo docente contratado em regime de tempo integral? Centros Universitários: A instituição tem, no mínimo, um quinto do corpo docente contratado em regime de tempo integral?

54 A contratação de professores se dá mediante regime de trabalho CLT ou Estatutário pela mantenedora, com registro na mantida?

55 A IES possui CPA prevista/implantada?

56

Normas e procedimentos para credenciamento e recredenciamento de Centros Universitários, conforme disposto na Resolução CNE/CES n° 1, de 20 de janeiro de 2010. A IES atende aos requisitos exigidos pela Resolução?

57

Normas e procedimentos para credenciamento e recredenciamento de Universidades, conforme disposto na Resolução CNE/CES n° 3, de 14 de outubro de 2010. A IES atende aos requisitos exigidos pela Resolução?

58

Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e africana e indígena, conforme disposto na Lei n° 11.645 de 10/03/2008, na Resolução CNE/CP n° 01, de 17 de junho de 2004, e na Lei n° 10.639, de 09 de janeiro de 2003. A Instituição está cumprindo às exigências das legislações?

59

Políticas de educação ambiental, conforme o disposto na Lei n° 9.795, de 27 de abril de 1999 e no Decreto n° 4.281, de junho de 2002. A Instituição está cumprindo as exigências das legislações?

60 A Instituição está cumprindo os desafios expressos nas Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos?

Fonte: MEC/INEP. Instrumento de Avaliação Institucional Externa.

Page 153: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

151

APÊNDICES

APÊNDICE A – Formulário usado na coleta de dados da pesquisa

FATORES DE “PORTER” FORMULÁRIO

O presente formulário tem como objetivo colher a opinião de especialistas atuantes na empresa. Ele está dividido em fatores que podem influenciar o cenário futuro da empresa. Esses fatores são apresentados na tabela abaixo. 1º passo: Atribua valores aos fatores e às faixas na escala de 0 a 1, variando de 0,1 em 0,1, onde 0 é a menor evidência e 1, a maior. Reflita sobre as evidências que você tem a respeito da empresa e o que pode se tornar real no futuro.

Fonte: o autor

Legenda:

= autoavaliação

= evidência favorável

= evidência contrária

= evidência favorável ponderada a autoavaliação

= evidência contrária ponderada a autoavaliação

UNIVERSIDADE PAULISTA

DOUTORADO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

Nelio Fernando dos Reis

MAPA DE EVIDÊNCIA DO ESPECIALISTA

Eventos

Especialista

Alterar Max

Regra de decisão

Entrantes Potenciais

Produtos Substitutos

Relacionamento com clientes

Relacionamento com fornecedores

Relacionamento com concorrentes

Governamentais

Tecnológicos

Econômicos e de mercado

Culturais e demográficos

Vínculos regionais e infraestrutura

Page 154: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

152

APÊNDICE B – Formulário usado na coleta de dados da pesquisa

FATORES DO “SINAES” FORMULÁRIO

O presente formulário tem como objetivo colher a opinião de especialistas atuantes na empresa. Ele está dividido em fatores que podem influenciar o cenário futuro da empresa. Esses fatores são apresentados na tabela abaixo. Espera-se, ao final da coleta e tabulação de dados, a estruturação de um quadro preciso sobre o cenário futuro que se apresenta para a empresa. 1º passo: Atribua valores aos fatores e às faixas, na escala de 0 a 1, variando de 0,1 em 0,1, onde 0 é a menor evidência e 1, a maior. Reflita sobre as evidências que você tem a respeito da empresa e o que pode se tornar real no futuro.

FATORES FAIXAS Especialista

Eixo 1 –

Planejamento e

Avaliação

Institucional

Demonstra a evolução institucional contida no Relato Institucional caracterizada em relação aos processos de Planejamento e Avaliação Institucional.

Projeto/processo de autoavaliação institucional está previsto/implantado e atende às necessidades institucionais como instrumento de gestão e de ações acadêmico-administrativas de melhoria institucional.

Processo de autoavaliação está previsto/implantado com participação da comunidade acadêmica.

Divulgação das análises dos resultados do processo de autoavaliação institucional e das avaliações externas previstas/implantadas para a comunidade acadêmica.

Relatório de autoavaliação apresenta resultados, análises, reflexões e proposições para subsidiar planejamento e ações.

Eixo 2 –

Desenvolvimento

Institucional

Metas e objetivos do PDI previstos/implantados estão articulados com a missão institucional e em conformidade com o cronograma estabelecido e com os resultados do processo de avaliação institucional.

Há coerência entre o PDI e as atividades de ensino (graduação e pós-graduação) previstas/implantadas.

Há coerência entre o PDI e as práticas de extensão previstas/implantadas.

Há coerência entre o PDI e as atividades previstas/implantadas de pesquisa/iniciação científica, tecnológica, artística e cultural.

Ações institucionais previstas/implantadas estão coerentes com o PDI considerando-se, em uma análise sistêmica e global, os aspectos: meio ambiente, memória cultural, produção artística e patrimônio cultural.

As ações da Instituição (com ou sem parceria) previstas/implantadas contemplam a inclusão social e o desenvolvimento econômico e social, conforme proposto no PDI, considerando-se, em uma análise sistêmica e global, os aspectos: trabalhos com a comunidade, melhoria da infraestrutura urbana/local, melhoria das condições/qualidade de vida da população e projetos/ações de inovação social.

Há coerência entre o PDI e as atividades, previstas/implantadas voltadas a cooperação, intercâmbio e programas com finalidades de internacionalização.

Page 155: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

153

Eixo 3 – Políticas

Acadêmicas

As ações acadêmico-administrativas previstas/implantadas estão relacionadas com as políticas de ensino para os cursos de graduação, considerados, em uma análise sistêmica e global, os aspectos: sistemática de atualização curricular, desenvolvimento/utilização de material didático-pedagógico, sistemática de implantação/oferta de componentes curriculares na modalidade semipresencial (quando previsto no PDI) e programas de monitoria.

As ações acadêmico-administrativas previstas/implantadas estão relacionadas com as políticas de ensino para os cursos de pós-graduação stricto sensu, considerando, inclusive, sua articulação com a graduação.

As ações acadêmico-administrativas previstas no PDI /implantadas estão relacionadas com as políticas de ensino para os cursos de pós-graduação lato sensu, considerando-se, em uma análise sistêmica e global, os aspectos: aprovação nos colegiados da IES, acompanhamento e avaliação do desenvolvimento dos cursos.

As ações acadêmico-administrativas de pesquisa/iniciação científica, tecnológica, artística e cultural estão previstas/implantadas de maneira excelente e em conformidade com as políticas estabelecidas.

As ações acadêmico-administrativas de extensão estão previstas/implantadas, de maneira excelente, considerando, em uma análise sistêmica e global, o apoio à realização de programas, projetos, atividades e ações.

As ações de estímulo e difusão voltadas às produções acadêmicas estão previstas/implantadas de maneira excelente, considerando-se, em uma análise sistêmica e global, os aspectos: incentivo a publicações científicas, didático-pedagógicas, tecnológicas, artísticas e culturais; bolsa de pesquisa/iniciação científico-tecnológica; grupos de pesquisa e auxílio para participação em eventos.

Os canais de comunicação externa estão previstos/implantados considerando-se, em uma análise sistêmica e global, os aspectos: acesso da comunidade externa às informações acerca dos resultados das avaliações recentes, da divulgação dos cursos, da extensão e pesquisa, da existência de mecanismos de transparência institucional, da ouvidoria, entre outros.

Os programas de apoio aos estudantes (apoio psicopedagógico, programas de acessibilidade ou equivalente, nivelamento e/ou monitoria) estão previstos/implantados.

Os programas de apoio ao discente estão previstos/implantados considerando-se, em uma análise sistêmica e global, os aspectos: participação/realização de eventos (congressos, seminários, palestras, viagens de estudo e visitas técnicas) e produção discente (científicas, tecnológicas, culturais, técnicas e artísticas).

O plano de ações institucionais previsto/implantado atende à política de acompanhamento dos egressos.

Estão previstas/implantadas ações por parte da IES para verificação do egresso em relação a sua atuação profissional, considerando-se, em uma análise sistêmica e global, os aspectos: responsabilidade social e cidadania onde a IES está inserida, empregabilidade, preparação para o mundo do trabalho, relação com entidades de classe e empresas do setor.

Page 156: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

154

As ações da Instituição previstas/implantadas contemplam a inovação tecnológica e a propriedade intelectual, conforme proposto no PDI.

Eixo 4 – Políticas

de Gestão

A política de formação e capacitação docente está prevista/implantada considerando, em uma análise sistêmica e global, o incentivo/auxílio à participação em eventos científicos/técnicos/culturais, capacitação (formação continuada), qualificação acadêmica docente e devida divulgação das ações junto aos docentes.

A política de formação e capacitação do corpo técnico-administrativo está prevista/implantada, considerando o incentivo/auxílio para formação continuada.

A gestão institucional está prevista/implantada para o funcionamento da instituição, considerando-se, em uma análise sistêmica e global, os aspectos: autonomia e representatividade dos órgãos de gestão e colegiados; participação de professores e estudantes; critérios de indicação e recondução de seus membros; realização e registro de reuniões.

O sistema de registro acadêmico previsto/implantado atende às necessidades institucionais e dos discentes, considerando-se, em uma análise sistêmica e global, os aspectos: organização, informatização, agilidade no atendimento e diversificação de documentos disponibilizados.

As fontes de recursos previstas/executadas atendem aos requisitos de custeio e investimento em ensino, extensão, pesquisa e gestão, em conformidade com o PDI.

O planejamento financeiro (orçamento com as respectivas dotações e rubricas) previsto/executado está relacionado com a gestão do ensino, da pesquisa e da extensão, em conformidade com o PDI.

Existe gestão do corpo docente em relação ao plano de carreira protocolado/implantado.

Existe gestão do corpo técnico-administrativo em relação ao plano de carreira protocolado/implantado.

Eixo 5 –

Infraestrutura

Física

As instalações administrativas existentes atendem às necessidades institucionais, considerados, em uma análise sistêmica e global, os aspectos: quantidade, dimensão, limpeza, iluminação, acústica, ventilação, segurança, acessibilidade e conservação.

As salas de aula existentes atendem às necessidades institucionais, considerando-se, em uma análise sistêmica e global, os aspectos: quantidade, dimensão, limpeza, iluminação, acústica, ventilação, segurança, acessibilidade e conservação.

O(s) auditório(s) ou equivalente(s) existente(s) atende(m) às necessidades institucionais, considerando-se, em uma análise sistêmica e global, os aspectos: quantidade, dimensão, limpeza, iluminação, acústica, ventilação, segurança, acessibilidade e conservação.

A(s) sala(s) de professores existente(s) atende(m) às necessidades institucionais, considerando-se, em uma análise sistêmica e global, os aspectos: quantidade, dimensão, limpeza, iluminação, acústica, ventilação, segurança, acessibilidade e conservação.

Page 157: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

155

Os espaços existentes para atendimento aos alunos atendem às necessidades institucionais, considerando-se, em uma análise sistêmica e global, os aspectos: quantidade, dimensão, limpeza, iluminação, acústica, ventilação, segurança, acessibilidade e conservação.

A infraestrutura destinada à CPA atende às necessidades institucionais.

Os gabinetes/estações de trabalho previstos/implantados para os docentes em TI atendem às necessidades institucionais, considerando-se, em uma análise sistêmica e global, os aspectos: quantidade, dimensão, limpeza, iluminação, acústica, ventilação, segurança, acessibilidade e conservação.

As instalações sanitárias existentes atendem às necessidades institucionais, considerando-se, em uma análise sistêmica e global, os aspectos: quantidade, dimensão, limpeza, iluminação, ventilação, segurança, acessibilidade e conservação.

A infraestrutura física atende às necessidades institucionais, considerando-se, em uma análise sistêmica e global, os aspectos: espaço físico (dimensão, limpeza, iluminação, ventilação, segurança, acessibilidade e conservação), instalações para o acervo, ambientes de estudos individuais e em grupo, espaço para técnico-administrativos e plano de expansão física.

Os serviços da biblioteca atendem às necessidades institucionais, considerando-se, em uma análise sistêmica e global, os aspectos: acesso via internet (consulta, reserva), informatização do acervo, empréstimo e horário de funcionamento.

O plano de atualização do acervo (físico e eletrônico/digital) previsto/implantado atende às necessidades institucionais, considerando-se, em uma análise sistêmica e global, os aspectos: coerência com o PDI e alocação de recursos.

O(s) laboratório(s) de informática ou infraestrutura equivalente existente(s) atende(m) às necessidades institucionais, considerando-se, em uma análise sistêmica e global, os aspectos: equipamentos, normas de segurança, espaço físico, acesso à internet, atualização de software, acessibilidade digital, serviços, suporte e plano de atualização.

Os recursos de tecnologia de informação e comunicação atendem às necessidades dos processos de ensino e aprendizagem, que envolvem professores, técnicos e estudantes.

A infraestrutura física existente dos laboratórios, ambientes e cenários para práticas didáticas atendem às necessidades institucionais, considerando-se, em uma análise sistêmica e global, os aspectos: espaço físico (dimensão, limpeza, iluminação, ventilação, segurança e conservação), plano de atualização e acessibilidade.

Os laboratórios, ambientes e cenários para práticas didáticas atendem às necessidades institucionais, considerando-se, em uma análise sistêmica e global, os aspectos: serviços e normas de segurança.

Os espaços de convivência e de alimentação existentes atendem às necessidades institucionais, considerando-se, em uma análise sistêmica e global, os aspectos: quantidade, dimensão, limpeza, iluminação, ventilação, segurança, acessibilidade e conservação.

Page 158: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

156

Requisitos

Legais

A instituição apresenta condições adequadas de acessibilidade para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida?

O Plano de Cargos e Carreira Docente está protocolado ou homologado no Ministério do Trabalho e Emprego?

O Plano de Cargos e Carreira dos Técnico-Administrativos está protocolado ou homologado no Ministério do Trabalho e Emprego?

Universidades e Centros Universitários:

A instituição tem, no mínimo, um terço do corpo docente com titulação stricto sensu?

O corpo docente tem, no mínimo, formação lato sensu?

Faculdades:

O corpo docente tem, no mínimo, formação lato sensu?

Universidades:

A instituição tem, no mínimo, um terço do corpo docente contratado em regime de tempo integral?

Centros Universitários:

A instituição tem, no mínimo, um quinto do corpo docente contratado em regime de tempo integral?

A contratação de professores se dá mediante regime de trabalho CLT ou Estatutário pela mantenedora, com registro na mantida?

A IES possui CPA prevista/implantada?

Normas e procedimentos para credenciamento e recredenciamento de Centros Universitários, conforme disposto na Resolução CNE/CES n° 1, de 20 de janeiro de 2010.

A IES atende aos requisitos exigidos pela Resolução?

Normas e procedimentos para credenciamento e recredenciamento de Universidades, conforme disposto na Resolução CNE/CES n° 3, de 14 de outubro de 2010.

A IES atende aos requisitos exigidos pela Resolução?

Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira, africana e indígena, conforme disposto na Lei n° 11.645 de 10/03/2008, na Resolução CNE/CP n° 01, de 17 de junho de 2004, e na Lei n° 10.639, de 09 de janeiro de 2003.

A Instituição está cumprindo as exigências das legislações?

Políticas de educação ambiental, conforme disposto na Lei n° 9.795, de 27 de abril de 1999, e no Decreto n° 4.281, de junho de 2002.

A Instituição está cumprindo as exigências das legislações?

A Instituição está cumprindo os desafios expressos nas Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos?

Page 159: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

157

APÊNDICE C – E-mail usado na coleta de dados da pesquisa

TEXTO DO E-MAIL ENVIADO AOS ESPECIALISTAS

Pesquisa – Programa de Doutorado em Engenharia de Produção da UNIP

Prezados Senhores,

Meu nome é Nelio Fernando dos Reis e sou estudante do Programa de Pós-

Graduação em Engenharia de Produção (Doutorado) na Universidade Paulista.

Envio este e-mail para solicitar sua colaboração na pesquisa que estou

realizando para elaboração da minha tese.

O objetivo principal da pesquisa é identificar Temas Estratégicos, a partir das

quatro visões predefinidas para o setor de ensino superior do Brasil, que sejam

relevantes para estudos de futuro:

Visão A – Crescimento sustentável e Educação é um bem público, traduzindo-

se em MASSIFICAÇÃO PLANEJADA;

Visão B – Crescimento sustentável e Educação como mercadoria, traduzindo-

se em MASSIFICAÇÃO SEGMENTADA;

Visão C – Oscilação de crescimento e Educação é um bem público, traduzindo-

se em EXPANSÃO COM QUALIFICAÇÃO; e

Visão D – Oscilação de crescimento e Educação como mercadoria, traduzindo-

se em TUDO PELO MERCADO.

Assim, gostaria de contar com a colaboração de V. Sa. como participante da

pesquisa, pois as suas informações são fundamentais para o resultado do meu

estudo. Meu e-mail é [email protected]

Muito obrigado!

Nelio Fernando dos Reis - pesquisador

Page 160: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

158

APÊNDICE D – Questionário usado na coleta de dados da pesquisa

TEMAS ESTRATÉGICOS QUESTIONÁRIO

O presente questionário tem como objetivo colher a opinião de especialistas

atuantes na empresa. Ele está dividido em duas questões sobre os temas que irão

impactar o setor de educação superior nos próximos 20 anos. Assinale Temas

Estratégicos que você julga relevante para nesse setor para sua empresa.

Antes de responder: observe as questões e faça uma análise crítica antes de emitir

uma opinião. Pense em todos os aspectos que você julga importante. A resposta

deverá influenciar o futuro. Pese essas reflexões sob as óticas pessimista, realista e

otimista. Liste ao menos um tema por questão, devendo se limitar a, no máximo,

três.

Qual será a dinâmica de crescimento da economia brasileira?

a) Crescimento sustentado até 2035;

b) Oscilação de crescimento até 2035.

Tema 1______________________________________________________

Tema 2______________________________________________________

Tema 3______________________________________________________

Que conceito irá predominar na dinâmica de expansão do ensino superior

brasileiro?

a) Educação como bem público;

b) Educação como mercadoria.

Tema 1______________________________________________________

Tema 2______________________________________________________

Tema 3______________________________________________________

Page 161: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

159

APÊNDICE E – Formulário usado na coleta de dados da pesquisa

FORMULÁRIO PARA ESPECIALISTAS (1ª RODADA DELPHI)

UNIVERSIDADE PAULISTA

DOUTORADO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

Nelio Fernando dos Reis

MAPA DE EVIDÊNCIA DO ESPECIALISTA

Eventos Especialista

Pertinência

Regulação

Demanda

Oferta

FORMULÁRIO PARA ESPECIALISTAS (2ª RODADA DELPHI)

Fonte: o autor

Legenda:

= autoavaliação

= evidência favorável

= evidência contrária

= evidência favorável ponderada a autoavaliação

= evidência contrária ponderada a autoavaliação

UNIVERSIDADE PAULISTA

DOUTORADO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

Nelio Fernando dos Reis

MAPA DE EVIDÊNCIA DO ESPECIALISTA

CERTEZA DE OCORRÊNCIA DO TEMA ESTRATÉGICO

Eventos

Especialista

Alterar Max

Regra de decisão

Política de ensino superior

Regulação

Demanda

Page 162: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

160

APÊNDICE F – Formulário usado na coleta de dados da pesquisa

FORMULÁRIO PARA ESPECIALISTAS

CERTEZA DE OCORRÊNCIA DE TEMAS ESTRATÉGICOS

Fonte: o autor

Legenda:

= autoavaliação; = evidência favorável; = evidência contrária; = evidência favorável

ponderada a autoavaliação; e = evidência contrária ponderada a autoavaliação

UNIVERSIDADE PAULISTA

DOUTORADO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

Nelio Fernando dos Reis

MAPA DE EVIDÊNCIA DO ESPECIALISTA

Eventos

Especialista

Alterar Max

Regra de decisão

Política de ensino superior

Regulação

Demanda

Oferta

Ensino Público

Ensino Privado

Financiamento

EaD

Presença de Instituições Estrangeiras

Concorrência

Page 163: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

161

APÊNDICE G – Formulário usado na coleta de dados da pesquisa

FORMULÁRIO PARA ESPECIALISTAS

IMPACTO DE TEMAS ESTRATÉGICOS A EMPRESA

Fonte: o autor

Legenda:

= autoavaliação; = evidência favorável; = evidência contrária; = evidência favorável

ponderada a autoavaliação; e = evidência contrária ponderada a autoavaliação

Impactos Grau de certeza(Hcert)

Positivo 0,5 ≤ H ≤ 1,0

Moderado -0,5 < H <0,5

Negativo -1,0 ≤ H ≤ -0,5

UNIVERSIDADE PAULISTA

DOUTORADO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

Nelio Fernando dos Reis

MAPA DE EVIDÊNCIA DO ESPECIALISTA

Eventos

Especialista

Alterar Max

Regra de decisão

Política de ensino superior

Regulação

Demanda

Oferta

Ensino Público

Ensino Privado

Financiamento

EaD

Presença de Instituições Estrangeiras

Concorrência

Page 164: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

162

APÊNDICE H – Formulário usado na coleta de dados da pesquisa

FORMULÁRIO PARA ESPECIALISTAS

RISCO DE TEMAS ESTRATÉGICOS PARA EMPRESA

Fonte: o autor

Legenda:

= autoavaliação; = evidência favorável; = evidência contrária; = evidência favorável

ponderada a autoavaliação; e = evidência contrária ponderada a autoavaliação

Riscos Grau de certeza

(Hcert)

Alto 0,5 ≤ H ≤ 1,0

Moderado -0,5 < H <0,5

Baixo -1,0 ≤ H ≤ -0,5

UNIVERSIDADE PAULISTA

DOUTORADO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

Nelio Fernando dos Reis

MAPA DE EVIDÊNCIA DO ESPECIALISTA

Eventos

Especialista

Alterar Max

Regra de decisão

Política de ensino superior

Regulação

Demanda

Oferta

Ensino Público

Ensino Privado

Financiamento

EaD

Presença de Instituições Estrangeiras

Concorrência

Page 165: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

163

APÊNDICE I – Formulário usado na coleta de dados da pesquisa

FORMULÁRIO PARA ESPECIALISTAS

PRAZO PARA TEMAS ESTRATÉGICOS

Fonte: o autor

Legenda:

= autoavaliação; = evidência favorável; = evidência contrária; = evidência favorável

ponderada a autoavaliação; e = evidência contrária ponderada a autoavaliação

Prazos Grau de certeza (Hcert)

2035 0,5 ≤ H ≤ 1,0

2030 -0,5 < H <0,5

2025 -1,0 ≤ H ≤ -0,5

UNIVERSIDADE PAULISTA

DOUTORADO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

Nelio Fernando dos Reis

MAPA DE EVIDÊNCIA DO ESPECIALISTA

Eventos

Especialista

Alterar Max

Regra de decisão

Política de ensino superior

Regulação

Demanda

Oferta

Ensino Público

Ensino Privado

Financiamento

EaD

Presença de Instituições Estrangeiras

Concorrência

Page 166: MÉTODO PARACONSISTENTE DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS

164

APÊNDICE J – Quadro de apoio usado na coleta de dados da pesquisa

TEMAS E PROPOSIÇÕES ESTRATÉGICAS

F1

Política de

ensino

superior

Plano Nacional de Educação em vigor, com ampla universalização da educação em nível básico, fundamental e médio. Forte incentivo para entrada de estudantes no ensino superior, na faixa etária entre 18 e 25 anos.

F2 Regulação

Forte regulamentação no ensino superior no que tange a exigência de qualidade, constituindo-se em barreira de entrada para muitas instituições em virtude das exigências feitas para o ingresso e, mais importante, para sua permanência no setor.

F3 Demanda

Estímulo à demanda por cursos voltados, principalmente aos estudantes-trabalhadores adultos com determinadas carências cognitivas e de conteúdo. Demanda elevada por cursos de graduação e de educação continuada.

F4 Oferta Oferta com substancial crescimento, sobretudo pela renovação das instituições públicas. Autorizações do regulador aumentam as vagas nas IESp.

F5 Ensino Público

De maneira muito progressiva e após a superação de muitas resistências, também ocorre uma profunda revisão do modelo de financiamento vigente para o ensino público, com a introdução do pagamento de mensalidades nas IES públicas segundo a renda familiar disponível dos alunos ingressantes.

F6 Ensino Privado

Instituições privadas abrem seu capital a investimentos financeiros permitindo a realização de investimentos em modernização e expansão, mas a lógica predominante acordada é a garantia do retorno no longo prazo e não a maximização dos investimentos no curto prazo. Com isso, muitas instituições renovadas vão profissionalizando e melhorando seus processos de organização e gerenciamento.

F7 Financiamento

Novos mecanismos de financiamento do ensino superior, destacando-se incentivos fiscais para empresas que financiarem alunos carentes, cursos e projetos de pesquisa junto a universidades.

F8 EaD

Contexto bastante estimulante para o EAD. Os grandes problemas tecnológicos que limitariam o desenvolvimento do EAD são solucionados, e os custos da infraestrutura necessária tanto para a produção quanto para o consumo encontram-se em queda contínua, refletindo a mesma tendência verificada externamente.

F9

Presença de

Instituições

Estrangeiras

Incentivo à entrada de instituições de ensino estrangeiras na graduação, forçando-as a ensinar em português, envolvendo pesquisa e transferência de tecnologias.

F10 Concorrência Ambiente de dinamismo e crescimento torna o ensino superior no Brasil um ramo de atividade bastante atrativo.