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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
NÚCLEO DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA A SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS E SAÚDE
Fabio Maia
FORMAÇÃO NA ÁREA DA SAÚDE E WEB 2.0: POSSIBILIDADES DE USO PEDAGÓGICO DOS WEBLOGS E DO ORKUT
EM CURSOS DE MEDICINA
RIO DE JANEIRO
2009
Fabio Maia
FORMAÇÃO NA ÁREA DA SAÚDE E WEB 2.0: POSSIBILIDADES DE USO PEDAGÓGICO DOS WEBLOGS E DO ORKUT
EM CURSOS DE MEDICINA
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Saúde, Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Educação em Ciências e Saúde.
Orientador: Miriam Struchiner, Dra. Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde – UFRJ.
RIO DE JANEIRO 2009
Maia, Fabio
Formação na área da saúde e Web 2.0: possibilidades de uso pedagógico dos weblogs e do Orkut em cursos de Medicina / Fabio Maia – Rio de Janeiro: UFRJ / NUTES, 2009.
xii, 125f. : il. ; 31 cm.
Orientadores: Miriam Struchiner
Dissertação (mestrado) -- UFRJ, NUTES, Programa de Pós-graduação em Educação em Ciências e Saúde, 2009
Referências bibliográficas: f. 114-128
1. Internet. 2. Educação de graduação em Medicina - método. 3. Aprendizagem. 4. Tecnologia educacional - educação. 5. Educação em Ciências e Saúde - Tese. I. Struchiner, Miriam. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, NUTES, Programa de Pós-graduação em Educação em Ciências e Saúde. III. Título.
Fabio Maia
FORMAÇÃO NA ÁREA DA SAÚDE E WEB 2.0:
possibilidades de uso pedagógico dos weblogs e do Orkut em cursos de Medicina
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Saúde, Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Educação em Ciências e Saúde.
Aprovada em, 26 de agosto de 2009.
_________________________________________________________________ Miriam Struchiner, Dra. Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde – UFRJ.
__________________________________________________________________ Luiz Augusto Coimbra de Rezende Filho, Dr. Núcleo de Tecnologia Educacional
para a Saúde – UFRJ.
___________________________________________________________________ Evelyse dos Santos Lemos, Dra. Laboratório de Educação em Ambiente e Saúde –
Instituto Oswaldo Cruz.
À memória de Erynéa Maia, minha mãe,
pelo seu amor, carinho, dedicação e amizade.
Por ter, no período que esteve entre nós,
sempre me apoiado e me ajudado nos momentos mais difíceis.
AGRADECIMENTOS
À Miriam Struchiner, minha orientadora, pelo empenho, pelas considerações, pelas críticas e, especialmente, pela paciência. Obrigado por ter acreditado e confiado no meu potencial.
Às pessoas que se tornaram minhas grandes amigas e me apoiaram, cada qual à sua maneira, nos momentos em que nada parecia dar certo: Paula Ramos, Marina Bazzo, Luciana Mendonça, Rosilaine Wardenski, Taís Giannella, Leonel Tractenberg e Guilherme Santa Rosa.
Aos professores Luiz Rezende, Evelyse Lemos, Victoria Brant Ribeiro e Carlos Otávio Moreira que, gentilmente, aceitaram participar da banca examinadora da defesa desta dissertação.
Aos professores Antonio José Ledo Alves da Cunha e Lúcio Pereira de Souza, respectivamente Diretor e Coordenador de Graduação da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro, por terem autorizado a realização das entrevistas junto os professores do departamento de Psiquiatria e Medicina Legal. Aos professores Carla de Meis, Lina Morais e Sérgio Zaidhaft que aceitaram participar do grupo focal. Aos participantes do Projeto Vivências por suas contribuições para com este trabalho.
Aos alunos do mestrado da turma de 2007 pelos momentos de descontração e alegria que tornaram este caminhar muito mais prazeroso.
Aos meus colegas de trabalho do Instituto A Vez do Mestre cujo apoio e solidariedade também foram fundamentais.
Aos amigos de longa data, em especial Barreto, Tânia, Sérgio e Ulisses, pelas boas vibrações e compreensão das minhas faltas e ausências.
Agradecimentos especiais:
À Carly Machado, minha eterna professora, por ter me apresentado a “vida acadêmica”. Pelo incentivo antes, durante o processo seletivo e em todo o andamento do mestrado. Por ter compreendido as minhas ausências profissionais e por ter acreditado no meu trabalho e no meu potencial.
Quem passou pela vida em branca nuvem, E em plácido repouso adormeceu;
Quem não sentiu o frio da desgraça, Quem passou pela vida e não sofreu;
Foi espectro de homem, não foi homem, Só passou pela vida, não viveu.
Desilusões da Vida - Francisco Otaviano
RESUMO
MAIA, Fabio. Formação na área da Saúde e Web 2.0: possibilidades de uso pedagógico dos weblogs e do Orkut em cursos de Medicina. Rio de Janeiro, 2009. Dissertação (Mestrado em Educação em Ciências e Saúde) - Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009.
Esta dissertação apresenta um estudo sobre as possibilidades de uso pedagógico
das ferramentas da Web 2.0 nos cursos de graduação em Medicina. A proposta da
pesquisa concentrou-se em realizar um levantamento para evidenciar a existência
de weblogs e de comunidades do Orkut, que veiculam assuntos relacionados às
psicopatologias, os quais poderiam ser usados como objetos de aprendizagem, bem
como analisar as contribuições dessas ferramentas para o desenvolvimento de
estratégias pedagógicas para valorizarem os aspectos subjetivos na prática médica.
Para tanto, foi preciso compreender os conceitos relacionados à humanização na
saúde, narrativa do adoecimento e tratamento na prática médica, aprendizagem
situada e corporificada, e Web 2.0, suas ferramentas e suas contribuições ao
processo de aprendizagem. A partir da compreensão destes conceitos, buscou-se
identificar as abordagens metodológicas e métodos mais adequados para atingir os
objetivos propostos. Iniciou-se, após a escolha dos materiais, métodos e
instrumentos de coleta de dados, o levantamento dos espaços digitais e das
contribuições dos mesmos para o processo de aprendizagem, segundo a
perspectiva dos professores. Em seguida, produziu-se a análise dos dados
coletados objetivando categorizar os espaços pesquisados e identificar as
possibilidades pedagógicas de uso do weblog e do Orkut. Os resultados da análise
demonstraram que os weblogs e comunidades do Orkut, criados por profissionais da
área de saúde e pacientes para veicular informação sobre as psicopatologias e
relatos de experiências do processo de adoecer, apresentavam potencial para
serem utilizados como instrumentos de aprendizagem. Ainda, foi possível identificar
diferentes propostas de uso desses recursos na formação médica e os aspectos
positivos e negativos relacionados ao uso deles no processo educacional. Por fim, o
estudo concluiu que a utilização dos weblogs e do Orkut, favorece o
desenvolvimento de estratégias de aprendizagem que valorizem os aspectos
subjetivos na prática médica e permitem novas formas de aproximação dos alunos
com as experiências do adoecimento relatadas por pacientes Entretanto, ainda faz-
se necessário um trabalho junto aos professores para auxiliá-los na familiarização
dessas ferramentas e na sua efetiva utilização no contexto educacional.
Palavras-chave: SOFTWARE SOCIAL, BLOGS, TECNOLOGIA EDUCACIONAL, APRENDIZAGEM CORPORIFICADA, APRENDIZAGEM SITUADA.
ABSTRACT
Maia, Fabio. Degree on Health field and web 2.0: possibilities of pedagogical use for weblogs and Orkut at Medicine courses. Final project (Mastery degree, Education on Sciences and Health) - Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde, Universidade federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009.
This writing presents a study upon the possibilities of pedagogical uses of Web 2.0
tools at the Medicine graduation course. The purpose of this research focused on the
accomplishment of data in order to demonstrate the existence of weblogs and Orkut
communities which spread subjects related to psychopathologies and that could be
used as apprenticeship objects, and to analyse the conttribuition of such tools for the
development of pedagogical strategies to enrich the subjective aspects in the
medical practice. To do so, it was necessary to understand the concepts related to
humanization in health, sickening narrative and treatment in medical practices
situated learning and embodied learning, and web 2.0, its tools and contribution for
the learning process. From the understanding of such concepts, the aim was to
identify the methodological approaches and proper methods to achieve the proposed
goals. A survey of digital space and its contribution for the learning process , based
on professors perspectives, took place after the choice of materials, methods and
instruments of data collection. Following this, an analysis of data was produced
aimed at the categorization of the researched spaces and to identify the pedagogical
possibilities of uses for weblog and orkut. The results of analyses have demonstrated
that weblogs and Orkut communities, set by professionals and patients in order to
spread information on psychopathologies and the report of experiences on the
sickening process, showed a potential to be used as learning objects. Yet, it was
possible to identify different propositions of used of these resources in the medical
degree and positive and negative aspects related to their use in educational process.
Finally, the study has concluded that the use of weblogs and orkut favours the
development of learning strategies that enrich the subjective aspects in the medical
practice and allow new ways of students`approaching with the experiences of
sickening related by patients. However, it is still necessary to work with teachers to
help them in the familiarization of these tools and in the effective use into the
educational context.
Keywords: SOCIAL SOFTWARE, BLOGS, EDUCATIONAL TECHNOLOGY, EMBODIED LEARNING, SITUATED LEARNING
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Ilustração 1 - Página do perfil de um usuário do Orkut ............................................. 52
Ilustração 2 - Página da Comunidade “Eu amo a minha MÃE!” no Orkut.................. 53
Ilustração 3 - Área de recados de um perfil no Orkut ................................................ 54
Ilustração 4 - Fórum de discussão de uma comunidade no Orkut ............................ 55
Ilustração 5 - Página da comunidade Problemas de geometria plana no Orkut ........ 57
Ilustração 6 - Tela principal do motor de busca Google – Pesquisa de blogs ........... 69
Ilustração 7 - Tela do mecanismo de busca do Orkut com resultado de pesquisa com o termo Saúde Mental realizado no dia 27 de outubro de 2008 ........................ 70
Ilustração 8 - Objetivo de criação dos weblogs com temáticas relacionadas às psicopatologias ..................................................................................................... 85
Ilustração 9 - Perfil dos proprietários dos weblogs com temáticas relacionadas às psicopatologias ................................................................................................... 87
Ilustração 10 - Objetivo de criação das comunidades do Orkut com temáticas relacionadas às psicopatologias ................................................................................ 90
Ilustração 11 - Perfil dos proprietários das comunidades do Orkut com temáticas relacionadas às psicopatologias ................................................................................ 92
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Total de weblogs com temática relacionada às psicopatologias .............. 83
Tabela 2 - Total de comunidades do Orkut com temática relacionada às psicopatologias ......................................................................................................... 88
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 15
2. APRENDIZAGEM CORPORIFICADA NO ENSINO MÉDICO 23
2.1 ABORDAGEM DA NARRATIVA DO ADOECIMENTO E TRATAMENTO NA PRÁTICA MÉDICA 23
2.2 A APRENDIZAGEM SITUADA E CORPORIFICADA 26
2.2.1 A Aprendizagem Corporificada e as práticas educativas mediadas pelas tecnologias digitais 29
2.3 CONCLUSÃO 31
3. WEB 2.0: NOVAS FERRAMENTAS E NOVAS POSSIBILIDADES 34
3.1 WEB 2.0 E SEUS IMPACTOS NA SOCIEDADE 34
3.2 SAÚDE, FORMAÇÃO MÉDICA E WEB 2.0 39
3.3 OS WEBLOGS 43
3.3.1 Possibilidades pedagógicas do weblog 45
3.4 O SOFTWARE SOCIAL 49
3.4.1 Características do Software Social Orkut 51
3.4.2 Possibilidades pedagógicas do software social Orkut 56
3.5 CONCLUSÃO 58
4. ABORDAGEM METODOLÓGICA, MATERIAIS E MÉTODOS 61
4.1 ABORDAGEM METODOLÓGICA PARA IDENTIFICAR E CLASSIFICAR OS WEBLOGS E AS COMUNIDADES DO ORKUT 61
4.1.1 Abordagem de estudo de espaços na Internet 61
4.1.2 Ferramentas de busca na Internet 65
4.1.3 Levantamento dos weblogs e das comunidades do Orkut no contexto das psicopatologias 67
4.2 ABORDAGEM METODOLÓGICA PARA IDENTIFICAR AS VISÕES DOS PROFESSORES SOBRE AS CONTRIBUIÇÕES DOS WEBLOGS E DAS COMUNIDADES DO ORKUT NA FORMAÇÃO MÉDICA 73
4.2.1 Grupo focal e Análise de conteúdo 73
4.2.2 Contribuição dos weblogs e das comunidades do Orkut ao processo de aprendizagem na perspectiva dos professores 77
4.2.3 Ética em Pesquisa da área da Saúde envolvendo seres humanos 81
4.3 CONCLUSÃO 82
5. ANÁLISE DOS DADOS 83
5.1 ANÁLISE E RESULTADOS 83
5.1.1 Análise e Resultados do levantamento weblogs 83
5.1.2 Análise e Resultados do levantamento das Comunidades do Orkut 88
5.1.3 Análise e Resultados sobre as contribuições dos weblogs e das comunidades do Orkut ao processo de aprendizagem na perspectiva dos professores 93
5.2 CONCLUSÃO 101
6. DISCUSSÃO SOBRE OS RESULTADOS E CONCLUSÃO 103
6.1 DISCUSSÃO SOBRE OS RESULTADOS 103
6.2 CONCLUSÃO 110
REFERÊNCIAS 114
ANEXOS 129
15
1. INTRODUÇÃO
Os noticiários de televisão e os jornais com frequência vinculam reportagens
sobre a saúde que tratam geralmente sobre falta de médicos, enfermarias lotadas,
escassez de medicamentos nos hospitais públicos brasileiros e qualidade da
atenção aos pacientes.
De acordo com o Ministério da Saúde (2001), dentre os temas listados, a
falta de qualidade da atenção aos usuários do sistema de saúde no Brasil é uma das
questões mais críticas. Do ponto de vista dos pacientes, ainda de acordo com o MS,
a forma de atendimento e a capacidade dos profissionais para entender suas
demandas e expectativas são questões, até certo ponto, mais valorizadas do que a
falta de médicos, leitos e medicamentos. É importante ressaltar que, no âmbito da
Saúde, as tecnologias e os dispositivos organizacionais possuem papéis
importantíssimos. Porém, a eficácia dos mesmos é diretamente influenciada pelo
fator humano e pelas relações estabelecidas entre médicos e pacientes durante o
atendimento.
A eficiência técnico-científica e a racionalidade administrativa nos serviços
de saúde, quando desacompanhadas de princípios e valores como a
solidariedade, o respeito e a ética na relação entre profissionais e usuários,
não são suficientes para a conquista da qualidade no atendimento à saúde.
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001, p. 11)
Não há como negar que o desenvolvimento científico e tecnológico traz
inúmeros benefícios para a área da Saúde. Porém, pode acarretar na redução do
direito de voz do paciente (MS, 2002). Segundo o Ministério da Saúde (2002),
durante a descrição técnica dos sintomas e da evolução de uma doença, o lado
humano é esquecido, excluído. Uma vez que o paciente é visto como um simples
objeto de intervenção técnica, torna-se desnecessário ouvir suas angústias, temores
e expectativas (MS, 2002).
Uma das propostas para alcançar melhor qualidade de atendimento clínico
envolve, entre outros fatores, a humanização da assistência à saúde (MS, 2001). O
conceito "Humanização" no âmbito da Saúde já tem sido discutido há quase dez
anos. Segundo afirma Deslandes (2004), na década de 90, já era possível identificar
16
modelos assistenciais regidos pelos princípios da humanização como, por exemplo,
"Maternidade Segura" e "Método Canguru", que receberam apoio tanto do Ministério
da Saúde quanto da Organização Mundial da Saúde. A partir do ano de 2000, a
humanização passa a ser legitimada e ganha novos contornos por meio da
regulamentação do Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar
(PNHAH) pelo Ministério da Saúde (DESLANDES, 2004).
O PNHAH pode ser entendido como um grupo de ações integradas que visa
a modificar o padrão de assistência ao usuário nos hospitais públicos brasileiros por
meio do aumento da qualidade e da eficácia dos serviços prestados. O programa
oferta orientações para o desenvolvimento de projetos que tenham como foco a
humanização do atendimento hospitalar. Sua principal função é motivar a criação e
manutenção de espaços de comunicação entre diferentes setores de atendimento
hospitalar baseados na livre expressão, na educação continuada, no diálogo, no
respeito à diversidade de opiniões e na solidariedade (MS, 2001, 2002).
Mas, o que seria "Humanização"? Para o Ministério da Saúde, humanização
é:
...entendida como valor, na medida em que resgata o respeito à vida
humana. Abrange circunstâncias sociais, éticas, educacionais e psíquicas
presentes em todo relacionamento humano. Esse valor é definido em
função de seu caráter complementar aos aspectos técnico-científicos que
privilegiam a objetividade, a generalidade, a causalidade e a especialização
do saber. (2001, p. 52)
O conceito de Humanização no âmbito da Saúde pode ser entendido,
segundo Deslandes (2004, p. 8), como uma "assistência que valoriza a qualidade do
cuidado do ponto de vista técnico, associada ao reconhecimento dos direitos do
paciente, de sua subjetividade e referências culturais". Já no PNHAH, o Ministério
da Saúde diz que humanizar no atendimento hospitalar é:
...garantir à palavra a sua dignidade ética. Ou seja, para que o sofrimento
humano, as percepções de dor ou de prazer sejam humanizados, é preciso
que as palavras que o sujeito expressa sejam reconhecidas pelo outro. É
preciso, ainda, que esse sujeito ouça do outro palavras de seu
reconhecimento. [...] sem comunicação, não há humanização. A
17
humanização depende de nossa capacidade de falar e de ouvir, depende do
diálogo com nossos semelhantes. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002, p. 4)
Alguns estudos mostram (ROSSI; SANTOS, 2003) que durante a
comunicação do diagnóstico de uma doença grave como, por exemplo, o câncer, o
paciente se vê invadido por diversos sentimentos: tristeza, insegurança, temores
relacionados ao tratamento, as incertezas ligadas à possibilidade de cura e a
possibilidade de deixar desamparados os entes da família. Por isso, a forma pela
qual o médico informa sobre os resultados do diagnóstico é de extrema importância.
Os médicos, de acordo com Barbosa, et al (2007), por estarem mais preocupados
com os aspectos técnicos, acabam por colocar em segundo plano os aspectos
éticos relacionados com o significado dos diagnósticos para os pacientes e com o
direito dos mesmos de expressarem seus sentimentos concernentes ao adoecer e
as formas de tratamentos oferecidas.
A maioria das decisões sobre os tratamentos a serem realizados não é do
paciente ou de seus familiares, mas dos médicos. Geralmente, as decisões são
impostas, sem que se abram espaços para que o paciente reflita, discorde ou
questione as recomendações fornecidas. Não é dada ao paciente a oportunidade de
falar ou de se posicionar sobre os tratamentos e nem a oportunidade para elaborar
psicologicamente sobre os eventos do diagnóstico (ROSSI; SANTOS, 2003).
Para a realização de uma atividade clínica humanizada, é necessário que os
médicos reflitam sobre as suas práticas e encarem os pacientes como seres
humanos complexos e integrais, formados pelo conjunto corpo, mente e afeto. O
foco da assistência deve ser o doente e não a doença. Durante o processo de
adoecimento e tratamento, é importante que se ouça o paciente e aprenda a olhar o
seu sofrimento de forma mais humana (BARBOSA et al, 2007). Neste contexto, de
acordo com Rossi e Santos (2003), o objetivo da assistência passa a ser a garantia
da qualidade de vida e não apenas a cura da doença e o aumento de tempo de vida.
As soluções para as questões da humanização são muito complexas e
envolvem diferentes iniciativas que devem ir além da melhoria das instalações
físicas das instituições de saúde. Um caminho crítico está relacionado à formação do
médico. O processo de formação médica deve objetivar a construção de valores e
atitudes de respeito à vida humana e o preparo para lidar com a angústia e com as
18
reações emocionais do paciente (MS, 2001; ROSSI, SANTOS, 2003). Para isso,
tomam-se iniciativas para o desenvolvimento de novas metodologias de ensino,
além das já existentes nos cursos de Medicina, que valorizem não somente a
formação técnica como, também, os aspectos éticos e humanistas. (DESLANDES,
2004; LAMPERT, 2001).
Esta pesquisa visa contribuir para os cursos de graduação em Medicina, no
que diz respeito à utilização das tecnologias digitais, em especial os weblogs e
comunidades presentes no Orkut, para o desenvolvimento de atividades de
aprendizagem que valorizem os aspectos subjetivos e humanistas na formação do
médico. Ela se desenvolve no contexto de uma parceria entre o Laboratório de
Tecnologias Cognitivas do NUTES (LTC), o Laboratório de Vídeo Educativo do
NUTES (LVE) e o departamento de Psiquiatria e Medicina Legal da UFRJ e Instituto
de Psiquiatria da UFRJ para o desenvolvimento de um projeto intitulado “Projeto
Vivências: espaços virtuais na aprendizagem das dimensões experiencial e narrativa
dos processos de adoecimento”. O “Projeto Vivências” tem como objetivo discutir o
desenvolvimento de um modelo de ambiente virtual de aprendizagem, baseado na
Teoria de Aprendizagem Corporificada (Theory Embodied Learning), a dirigido a
estudantes de Medicina e tem como enfoque a vivência do adoecimento e do
tratamento dos pacientes (STRUCHINER, 2008). O ambiente fará uso de diferentes
ferramentas de informação e comunicação como, por exemplo, weblogs e vídeos
para promover novas formas de acesso às experiências do processo de adoecer
vivências pelos pacientes. O presente estudo pretende contribuir com o projeto por
meio dos estudos das ferramentas da Web 2.0 e das certificações oferecidas por
professores sobre as possibilidades de uso pedagógico dessas ferramentas nos
cursos de formação médica.
1.1 OBJETIVO GERAL
O presente estudo se propõe a realizar o levantamento, a identificação e a
classificação dos weblogs e das comunidades do Orkut relacionadas às
psicopatologias com o objetivo de evidenciar a existência de um repertório de
materiais que podem ser explorados durante as práticas pedagógicas e analisar, na
19
visão dos docentes, as contribuições dessas ferramentas no processo de
aprendizagem nos cursos de graduação de Medicina.
Desta forma, os objetivos específicos desta pesquisa são:
a) Identificar e caracterizar os weblogs e as comunidades do Orkut que
tenham como temática central assuntos relacionados à Síndrome do
Pânico, ao Transtorno Mental, à Psiquiatria, à Psicose, à
Esquizofrenia, ao Transtorno Bipolar, à Fobia, à Doença Metal e à
Saúde Mental;
b) Analisar as possíveis contribuições dos weblogs e das comunidades
do Orkut para o desenvolvimento de atividades educativas que
valorizem a narrativa dos pacientes e as práticas clínicas
humanizadas, na perspectiva de professores do departamento de
Psiquiatria e Medicina Legal do curso de graduação em Medicina.
1.2 JUSTIFICATIVA
A incorporação das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) no
processo de ensino-aprendizagem pode trazer grande diferencial às novas
metodologias de ensino para cursos da graduação de Medicina que enfoquem as
práticas clínicas humanizadas. Segundo Struchiner (2001), o uso das TICs na
educação têm potencial para promover mudanças significativas nos modelos
educativos, pois permitem o desenvolvimento de currículos mais flexíveis, geração
de diferentes modelos de ensino-aprendizagem e aumento de autonomia dos
alunos.
Os avanços tecnológicos dos últimos cinco anos fizeram surgir um novo
conceito de Internet chamado de Web 2.0. Esta permitiu o desenvolvimento de
novas ferramentas de informação e comunicação que possibilitam o aumento
considerável do nível de interação e de colaboração entre seus usuários e a
construção de ambientes mais dinâmicos, participativos e colaborativos na Internet.
Além disso, ampliou as possibilidades de atuação das pessoas no ciberespaço,
20
permitindo que elas sejam provedores de conteúdo e possam criar e manter os seus
próprios espaços virtuais. Isto é, que elas tenham voz e lugar no mundo virtual
(O’REILLY, 2005).
Por suas características técnicas, essas ferramentas baseadas na tecnologia
Web 2.0 potencializam a criação de espaços de participação, de interação e
colaboração; podem, também, ser empregadas no processo de aprendizagem de
forma a potencializar a troca de experiências entre os envolvidos no processo e a
realização de atividades por meio de parcerias (ANDERSON, 2007; DE LA TORRE,
2006). Além disso, elas possuem o potencial para o desenvolvimento de novas
estratégias de aprendizagem que ampliem as possibilidades, já existentes nos
cursos de formação médica, para que os alunos tenham experiências mais reflexivas
e críticas quando expostos às angústias e aos sofrimentos durante o processo de
adoecimento e tratamento dos pacientes. Estas experiências podem contribuir para
que os alunos vivenciem uma aprendizagem que valoriza a importância dos
aspectos humanos nas práticas clínicas e para que tenham uma melhor
compreensão da importância do papel do médico na humanização. No entanto, para
que se viabilizem estes novos espaços de aprendizagem no processo de formação
do profissional de Medicina, é necessário que os professores conheçam e valorizem
o potencial dessas tecnologias em atividades educativas.
1.3 ESTRUTURA
Esta dissertação está dividida em cinco capítulos. O Capítulo 1 - A
Aprendizagem Corporificada no ensino médico discute como as Teorias
Pedagógicas da Aprendizagem Situada e da Aprendizagem Corporificada podem
contribuir para o desenvolvimento, nos cursos de Medicina, de práticas educativas
que capacitem os futuros profissionais na valorização da dimensão subjetiva dos
pacientes durante o exercício médico. Faz, ainda, uma breve discussão sobre o
exercício da Medicina baseada na Abordagem Clínica Tradicional e na Abordagem
da Narrativa do Adoecimento e do Tratamento, dando destaque a importância de
cada uma dessas abordagens para a realização da anamnese e para o tratamento
dos pacientes. Além disso, apresentará as teorias pedagógicas da Aprendizagem
21
Situada e Corporificada mediadas pelo uso das tecnologias digitais como um
possível caminho a ser adotado para a realização de práticas educativas que
considerem tanto a dimensão técnico-científica quanto as dimensões éticas e
humanistas na formação médica.
O Capítulo 2 - Web 2.0: novas ferramentas e possibilidades discute a
nova geração de ferramentas de comunicação e informação baseadas na tecnologia
Web 2.0 e suas possibilidades de utilização na Educação com um todo e, em
especial, na formação médica. Faz, ainda, uma breve apresentação sobre o conceito
da Web 2.0 e suas novas ferramentas, particularmente os weblogs e os softwares
sociais, e analisa possibilidades de sua utilização pedagógica. Além disso, discute
os possíveis ganhos adquiridos com a inserção dessas nas práticas educativas nos
cursos de Medicina e em outras áreas da Educação em Saúde.
O Capítulo 3 – Abordagens, materiais e métodos descreve as
abordagens metodológicas, os materiais e os métodos utilizados para realizar o
levantamento, a identificação e classificação dos weblogs e das comunidades do
Orkut com objetivo de evidenciar a existência de um repertório de materiais que
possam ser explorados pelos professores do departamento de Psiquiatria e
Medicina Legal da Faculdade de Medicina da UFRJ, e para levantar as percepções
desses professores sobre as possibilidades de inserção dessas ferramentas no
processo de aprendizagem nos cursos de graduação de Medicina.
O Capítulo 4 - Análise dos dados apresenta os resultados das análises
dos dados coletados no levantamento dos weblogs e das comunidades do Orkut e
nas sessões de grupo focal com os professores do departamento de Psiquiatria e
Medicina Legal da Faculdade de Medicina da UFRJ utilizando as abordagens
metodológicas, os materiais e os métodos descritos no capítulo anterior.
O Capítulo 5 – Discussão sobre os Resultados e Conclusão discute os
resultados obtidos no levantamento dos weblogs e das comunidades do Orkut e nas
sessões de grupo focal com os professores do departamento de Psiquiatria e
Medicina Legal da Faculdade de Medicina da UFRJ. Em seguida, apresenta as
considerações finais do estudo, quanto à validade das abordagens metodológicas,
dos materiais e dos métodos utilizados e dos resultados obtidos, como forma de
22
identificar a existência de blogs e comunidades que possuem temáticas relacionadas
às psicopatologias e que podem ser utilizados como recursos de aprendizagem,
além de destacar as contribuições do uso dos dessas ferramentas, segundo a visão
dos professores, para o processo de aprendizagem nos cursos de formação médica.
23
2. A APRENDIZAGEM CORPORIFICADA NO ENSINO MÉDICO
Este capítulo discute como as teorias pedagógicas da Aprendizagem
Situada e da Aprendizagem Corporificada podem contribuir para o desenvolvimento,
nos cursos de Medicina, de práticas educativas que capacitem os futuros
profissionais na valorização dos aspectos subjetivos dos pacientes durante a prática
médica. Adicionalmente, faz uma breve discussão sobre o exercício da Medicina
baseada nas abordagens descritiva (SCHNEIDER, 2002; SERPA JUNIOR et al,
2007) e subjetiva (CAPRARA, 2003; UCHOA, VIDAL, 1994), dando destaque
especial à abordagem da Narrativa do Adoecimento e do Tratamento
(GREENHALGH, HURWITZ, 1999; SHAPIRO, ROSS, 2002), apresentando a
importância de cada uma dessas abordagens para a realização da anamnese e para
o tratamento dos pacientes. Além disso, apresenta as teorias pedagógicas da
Aprendizagem Situada e Corporificada mediadas pelo uso das tecnologias digitais
como um possível caminho a ser adotado para a realização de práticas educativas
que considerem tanto a dimensão técnico-científica, quanto as dimensões éticas e
humanistas na formação médica.
2.1 ABORDAGEM DA NARRATIVA DO ADOECIMENTO E TRATAMENTO NA
PRÁTICA MÉDICA
Como foi discutido anteriormente, a humanização da assistência à saúde
visa o aumento da qualidade da assistência prestada e a valorização dos aspectos
subjetivos dos pacientes durante o atendimento. Neste contexto, o paciente não é
somente considerado como um objeto de intervenção técnica, mas também um
sujeito que, diante do seu processo de adoecimento ou de tratamento, possui
temores, angústias e anseios. Para isso, é necessário que os cursos de Medicina se
preocupem em formar médicos capazes de, também, lidar com as reações
emocionais e dialogar com os pacientes, permitindo que estes se expressem de
forma integral sobre suas experiências com a doença (MS, 2002; DESLANDES
2004; BARBOSA et al, 2007; ROSSI, SANTOS, 2003).
24
Normalmente, as práticas médicas baseadas na abordagem descritiva
(SCHNEIDER, 2002; SERPA JUNIOR et al, 2007) favorecem o exercício de uma
prática somática, onde os aspectos subjetivos e experienciais do paciente
relacionados ao estado de adoecimento e tratamento são, de certa maneira,
descartados dos processos de decisão clínica (diagnóstica e terapêutica) , já que tal
prática tem como foco a dimensão sintomatológica dos quadros clínicos e a
descrição dos elementos relacionados ao adoecimento. Neste modelo, o médico é o
detentor de todo o conhecimento necessário para definir os problemas e as
melhores formas de tratamento em prol da recuperação clínica do paciente, não
havendo o interesse e nem a necessidade de ouvir as suas expectativas e suas
preferências, isto é, sua a experiência com a doença (SERPA JUNIOR et al, 2007;
SOUZA, 2003).
Segundo Grossman e Cardoso (2006), o declínio dos índices de mortalidade
relacionados a doenças infecciosas, o aumento de doenças crônicas e
degenerativas, o aumento ao acesso a informações sobre doenças e os debates
públicos sobre a efetividade da Medicina são alguns dos fatores que vêm
provocando mudanças significativas nas práticas clínicas, no que diz respeito à
valorização dos sentimentos, experiências e percepções dos pacientes sobre a
doença e as formas de tratamento. Como exemplo, os autores citam o caso de
alguns médicos que valorizam a narrativa e a experiência do adoecer e do
tratamento dos pacientes de doenças crônicas e degenerativas durante o
atendimento clínico para melhor compreender como estes lidam com as limitações
que comprometem a realização das suas atividades cotidianas.
A abordagem da Narrativa do Adoecimento e do Tratamento
(GREENHALGH, HURWITZ, 1999; SHAPIRO, ROSS, 2002), compartilhando dos
pressupostos das práticas clínicas humanizadas, mostra-se como contraponto à
Abordagem Clínica Tradicional, por colocar a experiência do paciente como
elemento central, por valorizar a dimensão subjetiva do processo de adoecimento e
do tratamento e os seus aspectos relacionais e interpessoais. Nesta abordagem, o
paciente é visto de forma holística, envolvendo aspectos semiológicos e subjetivos e
o reconhecimento da importância da experiência do adoecimento. Esta abordagem
entende que a doença de um paciente é inserida em um contexto maior da
existência humana, acima dos aspectos físicos e biológicos, favorecendo assim a
25
aproximação entre médicos e pacientes e auxiliando os médicos a compreenderem
o significado de “estar doente” para cada paciente, em particular (SERPA JUNIOR et
al, 2007; GROSSMAN, CARDOSO, 2006).
A abordagem da Narrativa do Adoecimento e do Tratamento
(GREENHALGH, HURWITZ, 1999; SHAPIRO, ROSS, 2002) reconhece a
importância da criação de espaço para que os pacientes falem sobre suas
experiências relacionadas ao adoecer, permitindo, desta forma, a valorização da
palavra dele e de sua experiência, permitindo o desenvolvimento de uma relação
singular entre médicos e pacientes. Uma relação que permite cada um deles discutir
sobre o significado das doenças, sobre os tratamentos a serem utilizados e sobre as
problemáticas ocasionadas pela adoção de um ou outro método terapêutico. Neste
cenário, os médicos são desafiados a ampliar suas perspectivas, a sofrerem uma
inserção em situações complexas, a se confrontarem com suas concepções e
preconceitos; e, consequentemente, a repensarem as suas práticas clínicas
(SOUZA, 2003; GROSSMAN, CARDOSO, 2006).
É importante destacar que, de acordo com Serpa Junior et al (2007), apesar
da Abordagem Descritiva apresentar limitações quando se trata de oferecer acesso
à experiência subjetiva dos pacientes, ela tem sua importância nas práticas médicas,
já que auxilia na realização das entrevistas diagnósticas, ajuda na formulação de
hipóteses diagnósticas confiáveis e facilita a comunicação entre os profissionais de
saúde por meio do uso de um vocabulário técnico e específico. Entretanto, ela
descarta elementos da abordagem da Narrativa do Adoecimento e do Tratamento
como, por exemplo, os aspectos emocionais, os questionamentos e a experiência do
paciente relacionada ao processo de adoecer que, na maioria das vezes, são
essenciais para a aceitação do diagnóstico e do engajamento ao tratamento para a
eficácia e eficiência da ação terapêutica (SERPA JUNIOR et al, 2007; GROSSMAN,
CARDOSO, 2006).
26
2.2 A APRENDIZAGEM SITUADA E CORPORIFICADA
Tradicionalmente, as práticas médicas são baseadas na abordagem
descritiva (SCHNEIDER, 2002; SERPA JUNIOR et al, 2007), onde o foco principal
da relação entre médicos e pacientes é o diagnóstico e o tratamento das doenças.
Essas práticas colocam em segundo plano o lado subjetivo dessa relação e não
consideram as histórias sociais dos pacientes, suas emoções, anseios e angústias
como aspectos importantes para o sucesso do tratamento. Entretanto, alguns fatores
estão levando os profissionais de saúde a adotarem uma abordagem mais subjetiva,
tais como a Abordagem da Narrativa do Adoecimento e Tratamento. Nessas
práticas, percebe-se um maior respeito pelos aspectos subjetivos que envolvem o
processo de adoecimento e tratamento, o que possibilita a aproximação do médico
com os seus pacientes e acarreta tratamentos mais precisos e eficazes, já que
geralmente o paciente ao perceber que é ouvido, aceita melhor o diagnóstico
apresentado e a terapia sugerida (SERPA JUNIOR et al, 2007; GROSSMAN,
CARDOSO, 2006; BUCHALLA, 2004).
Entretanto, para que haja essa mudança de atitude, no que se refere à
adoção de uma abordagem mais subjetiva em detrimento a uma abordagem voltada
aos aspectos sintomatológicos dos quadros clínicos, é necessário que a educação
médica valorize, em seus currículos, tanto os aspectos técnicos quanto os
subjetivos, permitindo que os futuros médicos desenvolvam habilidades que os
possibilitem enxergar, ouvir, compreender e entender os pacientes de forma holística
(SMITH, 2003). É importante frisar que tais aspectos já são previstos nas Diretrizes
Curriculares Nacionais dos cursos de graduação em Medicina (2001), nas quais é
sugerido o desenvolvimento de atitudes e valores orientados para a cidadania e a
integração das dimensões biológicas, psicológicas, sociais e ambientais na
formação médica, por meio da inclusão das dimensões éticas e humanísticas nos
currículos dos cursos.
Diante desta problemática, a adoção de uma corrente pedagógica
construtivista, tais como Teoria da Aprendizagem Situada (Theory Situated Learning)
27
e, em especial, a Teoria de Aprendizagem Corporificada1 (Theory Embodied
Learning), nos cursos de formação médica poderia favorecer a implementação de
currículos voltados não somente para uma formação que valorize os aspectos
técnico-científicos, mas, também, para os subjetivos, aqui fundamentadas na
Abordagem da Narrativa do Adoecimento e Tratamento, o que possibili ta uma
mudança significativa na prática clínica dos futuros médicos.
A Aprendizagem Situada é uma teoria pedagógica construtivista e por isso
se mostra um como um contraponto em relação às práticas educativas baseadas na
abordagem tradicional; ela entende que o processo de construção do conhecimento
vai além da simples emissão e recepção de informações, isto é, da simples
reprodução de conteúdos. As práticas educativas baseadas nesta abordagem
valorizam aprendizagem por meio da realização de atividades e da resolução de
problemas que levem os alunos a fazer uso planejado do conhecimento, de acordo
com um determinado contexto. Isto é, as práticas educativas envolvem a solução de
problemas e tarefas contextualizadas, evitando, com isso, o uso de conhecimentos
abstratos e descontextualizados que reduzem ou eliminam as dificuldades
encontradas em uma situação real. (CLANCEY, 1995; BROWN, et al 1989 apud
BILLET, 1993; LAVE, WENGER, 1991, FOX, 1997).
A Teoria da Aprendizagem Situada não considera o conhecimento como algo desinteressado, objetivo, apolítico, não–social, não-histórico, independente e descontextualizado que está pronto para ser adquirido por mentes individuais dentro das instituições do sistema educacional formal. Em vez disso, a Teoria da Aprendizagem Situada vê o processo de aprendizagem como um processo gerador de produção de conhecimento que dissociável do encontro social, do contexto, da situação com as informações da vida cotidiana
2. (FOX, 1997, p. 732)
A Teoria da Aprendizagem Situada estabelece uma ligação direta entre o
processo de aprendizagem e o contexto onde ele é realizado. Ela considera que o
contexto é um fator importante, pois ele tem poder de moldar as atitudes, posturas e
ações dos alunos, influenciando de maneira significativa a construção do
conhecimento (THERRIEN, LOIOLA, 2001; BILLETT, 1996). Segundo Clancey
(1995), o contexto exerce forte influência na forma como o aluno realiza uma
1 A adoção destas teorias de aprendizagem, em especial a Aprendizagem Corporificada, se deve ao
fato destas serem a mesma concepção pedagógica adotada para o desenvolvimento do Ambiente Virtual de Aprendizagem no “Projeto Vivência”. 2 Tradução do autor.
28
determinada atividade, o que leva a concluir que toda aprendizagem é “situada” de
acordo com a atitude que cada aluno assume perante um determinado contexto.
A construção do conhecimento na Aprendizagem Situada não é somente
considerada como um fenômeno mental, mas também um fenômeno social que
envolve a realização de atividades educativas de forma colaborativa (CHAIKLIN,
LAVE, 1988 apud THERRIEN, LOIOLA, 2001; CLANCEY, 1995).
A Teoria da Aprendizagem Situada não problematiza o processo de aprendizagem como um processo de aquisição mental. Ela não vê a “mente” como um recipiente esperando para ser preenchido, mas ela vê a mente em ação (mind-in-action) no mundo cotidiano, criando conhecimento e aprendendo simultaneamente na interação com os aspectos sociais e materiais da vida cotidiana
3. (FOX, 1997, p. 732)
A Aprendizagem é vista com um processo social que favorece o
engajamento e a participação dos alunos na realização das atividades, levando-os a
compreender seu lugar no processo educativo e facilitando a “corporificação” das
informações apresentadas durante as aulas (CLANCEY, 1995; LAVE , WENGER,
1991).
Compartilhando também dos pressupostos construtivistas, a Teoria da
Aprendizagem Corporificada considera que, para a construção do conhecimento
ocorrer de forma satisfatória, é importante levar em conta que a cognição envolve
tanto os aspectos mentais quanto os aspectos físicos, emocionais e afetivos
(KERKA, 2002). Segundo Mckenzie et al (2006), tal reconhecimento favorece uma
aprendizagem “corporificada”, já que neste caso não existe uma separação entre
mente/corpo durante o processo de aprendizagem (CHAPMAN, 1998).
Na abordagem Corporificada da Aprendizagem, o planejamento das práticas
educativas considera a integração do corpo/mente no processo de aprendizagem,
contribuindo de forma significativa para o maior envolvimento e participação
discente. As práticas educativas “corporificadas” propiciam a construção do
conhecimento que vai além do aspecto cognitivo, levando os alunos a atuarem de
forma mais ativa e participativa nas transformações sociais. Ou seja, a
transformação individual do aluno, durante o processo educativo, não ocorre
3 Tradução do autor
29
separadamente da sua transformação social (BARLAS, 2001; CHAPMAN, 1998;
KERKA, 2002; EMIG, 2001).
A sala de aula “corporificada” é um terreno onde os estudantes são solicitados a reconhecer a complexidade humana, situações ambíguas, discutir, até mesmo, questões sem solução sobre eles mesmos e a sociedade [...] A sala de aula corporificada nos pede que evitemos a violência física e verbal em favor da racionalidade e razão.
A sala de aula corporificada nos solicita a introduzir os hábitos e costumes tradicionais de colaboração e de comunidade [...] A sala de aula corporificada convida os estudantes a conhecer em si mesmo formas que somente a interação com outros pode favorecer
4. (EMIG, 2001, p. 279-280)
O reconhecimento da importância da aprendizagem “corporificada” poderia
fazer com que as instituições de educação superior planejassem os currículos dos
seus cursos visando o desenvolvimento de habilidades relacionadas ao saber,
saber-fazer e saber-ser nos seus programas de ensino (STROOBANTS, 1997;
DALL’ALBA, BARNACLE, 2005). Um exemplo apropriado para utilização de uma
abordagem “corporificada” nos cursos superiores, segundo Dall’Alba e Barnacle
(2005), seria o programa de formação médica onde, além da construção do
conhecimento necessário para o tratamento e o diagnóstico dos sintomas e das
doenças, é extremamente necessário o desenvolvimento de habilidades
relacionadas ao ser/agir com relação a outros profissionais da área da saúde, aos
pacientes e seus familiares.
2.2.1 A Aprendizagem Corporificada e as práticas educativas mediadas pelas
tecnologias digitais
A Educação e a Tecnologia, de acordo com Kesnki (2007), estão
diretamente relacionadas. Isto, porque durante as práticas educativas, os
professores sempre fizeram uso de diferentes recursos tecnológicos, tais como
linguagem verbal, escrita, material impresso, material audiovisual e, mais
recentemente, tecnologias multimídias e digitais para mediar o processo de
aprendizagem. Atualmente, as tecnologias digitais estão presentes em todos os
níveis de ensino e são importantes auxiliares do processo educativo por oferecer a
4 Tradução do autor
30
aprendizagem, quando utilizadas de forma coerente para a criação de novos
espaços de interação e construção do conhecimento (KENSKI, 2003; MORAN,
2000). Entretanto, é importante frisar que diferentes autores, como Kenski (2007) e
Behrens (2000), destacam que, para as tecnologias poderem contribuir de forma
significativa ao processo de aprendizagem, é necessário que a sua inserção seja
feita de forma consciente e planejada. Isto é, ela não deve ser pensada somente
como um simples recurso didático, mas, sim, como uma ferramenta de
aprendizagem que irá contribuir para o desenvolvimento dos discentes, para
melhoraria da qualidade do ensino e para favorecimento de experiências inovadoras
no processo educacional.
Uma das vantagens relacionada à utilização das tecnologias digitais nos
contextos educacionais é permitir a ampliação da sala de aula, possibilitando que
docentes e discentes possam se encontrar, interagir e trabalhar de forma
colaborativa; criando, assim, outros meios e espaços para aprofundamento e
complementação dos assuntos, sem a necessidade de estarem reunidos no mesmo
espaço físico e temporal (MORAN, 2000). Entretanto, tal vantagem, segundo
Dall’Alba e Barnacle (2005), pode ser apontada como um fator crítico para a
implementação de práticas educativas “corporificadas”, já que as tecnologias digitais
permitem a ausência corpórea no processo de aprendizagem. De acordo com que
foi exposto, fica um questionamento: como desenvolver um ambiente com base na
abordagem de aprendizagem corporificada em práticas educativas mediadas por
tecnologias digitais?
Entende-se como tecnologia qualquer artefato e/ou procedimento criado pelo
homem para auxiliá-lo no desenvolvimento de tarefas específicas como, por
exemplo, utensílios de cozinha, canetas, microscópios e guindastes. Alguns autores,
como McLuhan (1964) e Kensi (2007), consideram que as tecnologias são
extensões do corpo humano, pois permitem aumentar e aperfeiçoar suas
funcionalidades, tais como o aumento da visão por meio dos microscópios e a maior
facilidade de percorrer grandes distâncias por meio dos meios de transportes.
O desenvolvimento tecnológico, segundo Bazzo (2003), não é um processo
neutro. As tecnologias são criadas para atender interesses políticos, sociais e
econômicos. Por isso, sua utilização produz inúmeros impactos na sociedade,
31
modificando o modo como as pessoas pensam, agem, se relacionam e adquirem
conhecimento, possibilitando o surgimento de novos modelos sociais. Pode-se dizer,
então, que as tecnologias não somente facilitam a realização de tarefas e tornam a
vida mais eficiente, mas, também, produzem novos valores sociais (KENSKI, 2003;
CASTELLS, 2001; FEENBERG, 2003).
Como discutido anteriormente, as Abordagens Situada e Corporificada
integram uma compreensão diferenciada das práticas educativas tradicionais. Elas
consideram que a aprendizagem vai além dos processos mentais de racionalização
do conhecimento e que o processo de construção do conhecimento é composto pela
interação de diferentes aspectos mentais, simbólicos e afetivos. Além disso, elas
consideram que a aprendizagem é um processo social que envolve a interação,
troca e colaboração dos seus participantes. Apesar da utilização, a princípio, da
tecnologia digital como mediadora de processos educativos corporificados mostra-se
desfavorável pela ausência física dos participantes, Dall’Alba e Barnacle (2005)
afirmam que, as tecnologias, por serem consideradas a extensão do corpo humano,
podem aumentar as percepções dos alunos, trazendo ganhos para a experiência
multi-sensorial durante o processo de construção do conhecimento e, ainda,
contribuírem para construção de novos modelos sociais por meio da interação,
participação e colaboração entre alunos e professores, favorecendo desta forma a
integração do conhecimento e dos aspectos subjetivos no processo de
aprendizagem.
2.3 CONCLUSÃO
Existe, atualmente, um debate em torno das abordagens que devam
adotadas durante o exercício da Medicina. A tradição nas práticas clínicas é o uso
de uma abordagem mais somática que se preocupa em identificar, durante a
anamnese, os elementos necessários para ajudar na definição do diagnóstico e das
formas terapêuticas. Não se pode discordar que tais procedimentos sejam
extremamente necessários para a realização de diagnósticos confiáveis e
tratamentos eficientes. Entretanto, tal abordagem não considera a experiência
subjetiva do adoecimento e do tratamento, isto é, os sentimentos, a emoção, as
32
sensações, os questionamentos e os anseios que rodeiam os pacientes nestes
momentos.
Para dar conta tanto dos aspectos físicos e biológicos quanto dos
emocionais, que não podem ser considerados isoladamente, é proposto o uso de
abordagens subjetivas como, por exemplo, a Narrativa do Adoecimento e do
Tratamento. Tais abordagens tentam, também, dar conta da dimensão
sintomatológica dos quadros clínicos, porém integram as questões subjetivas que
cercam o adoecimento. Acredita-se que, ao reconhecer e valorizar as vozes dos
pacientes, suas opiniões, emoções e aflições, será possível desenvolver uma maior
aproximação entre os médicos e seus pacientes que contribuiria de forma positiva
na ação terapêutica.
A mudança de uma abordagem descritiva para uma subjetiva vai além da
mudança de postura profissional do médico. É necessário que os cursos de
formação preparem os futuros médicos a fim de que lidem com os aspectos
subjetivos, conforme já determina as Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de
graduação em Medicina. Struchiner (1998) corrobora para tal necessidade ao
afirmar que o planejamento e a implementação de estratégias pedagógicas nos
cursos de formação médica devem adotar abordagens que valorizem os fatores
humanos e sociais, o conhecimento e a experiência do paciente sobre a saúde e
sobre a doença, de forma a contribuir efetivamente na promoção do ser humano e
em uma mudança substancial na atuação médica.
A implementação de práticas educativas baseadas na Aprendizagem
Situada e na Corporificada pode ser uma alternativa para a integração da dimensão
técnico-cientifica, ética e humana na formação médica em toda a sua complexidade,
uma vez que elas consideram que a aprendizagem somente poderá ocorrer de
forma satisfatória, se esta for realizada de forma contextualizada e se houver a
valorização dos aspectos cognitivos e subjetivos dos alunos durante o processo
educativo.
A contextualização permitiria a realização de atividades não abstratas, isto é,
que tenham maior relação com as reais demandas dos futuros médicos. A
consideração dos aspectos subjetivos, além de contribuir para maior engajamento
33
dos alunos ao processo educativo, poderia levá-los a uma compreensão mais ampla
sobre o estado emocional dos pacientes, a ter uma nova visão social do processo de
adoecimento e tratamento, a desenvolver uma nova postura e a atuarem de forma
mais humana durante o exercício da Medicina. Se, além disso, essas práticas forem
mediadas por artefatos digitais, talvez seja possível trazer novos ganhos no que diz
respeito ao desenvolvimento de outros canais de comunicações, além dos já
existentes, o que favoreceriam a interação, colaboração e troca entre alunos e
professores e a participação de outros indivíduos como pacientes e médico-
especialistas no processo educativo.
34
3. WEB 2.0: NOVAS FERRAMENTAS E NOVAS POSSIBILIDADES
Este capítulo discute a nova geração de ferramentas de comunicação e
informação baseadas na tecnologia Web 2.0 e suas possibilidades de utilização na
Educação com um todo e, em especial, na formação médica. O capítulo faz uma
breve apresentação sobre o conceito da Web 2.0 e suas novas ferramentas,
particularmente o weblog e os softwares sociais, e discute sobre suas possibilidades
de utilização pedagógica. Além disso, analisa os possíveis ganhos a serem
adquiridos com a inserção dessas nas práticas educativas nos cursos de Medicina e
em outras áreas da Educação em Saúde.
3.1 WEB 2.0 E SEUS IMPACTOS NA SOCIEDADE
Desde seu surgimento, no ano de 1969, a Internet está em constante
evolução. Em seu início, toda informação transmitida era baseada em texto; após
algum tempo, com a invenção da World Wide Web, na década de 1990, por Tim
Berners-Lee, passou a ser possível a vinculação de informações nos formatos
textual e audiovisual. Nesses quase 40 anos de existência, foram desenvolvidas
inúmeras ferramentas de informação e comunicação, tais como o protocolo de
transferência de arquivos (FTP), o correio-eletrônico (e-mail), a sala de bate-papo
(chat) e os programas de mensagem instantânea (AFONSO, 2000; LONG,
BAECKER, 1997; MONTEIRO, 2001).
A evolução no campo da informática, segundo Anderson (2007), fez surgir
novas ferramentas que permitiram o aprimoramento dos aplicativos e serviços
voltados para a Internet. O AJAX (acrônimo em língua inglesa de Asynchronous
Javascript and XML) é um exemplo atual dessas técnicas. Ele é composto por
diferentes aplicativos e padrões, dos quais pode-se citar:
a) Os padrões, denominados de XHTML e CSS, usados para
apresentação de informações nos browser;
b) O modelo de controle dinâmico de documentos eletrônicos, conhecido
como DOM (Document Object Model);
35
c) As linguagens de marcação de hipertexto, conhecidas com XML e
XSLT, que permitem intercâmbio e manipulação de dados;
d) O recurso, denominado de XMLHttpReques, que permite a
recuperação assíncrona de dados de um servidor;
e) A linguagem de programação, chamada de JavaScript, que permite a
validação dos formulários dos browsers e a interação com a página
Web .
Dentre os ganhos introduzidos pelo uso do AJAX, podem ser citados a
diminuição do tempo gasto para o carregamento da informação nas páginas web e
a possibilidade de vincular informação dinâmica, isto é, de conteúdos que são
constantemente atualizados em tempo real, como ocorre no Google Maps5, por
exemplo. (ANDERSON, 2007).
A difusão do AJAX permitiu, a partir do ano de 2004, o desenvolvimento de
uma nova geração de ferramentas de comunicação da Internet. Essa nova geração,
denominada de Web 2.0, possui características que ampliam as possibilidades de
interação, publicação, compartilhamento e organização de conteúdo, por meio de
ferramentas mais fáceis e intuitivas de serem utilizadas. (PRIMO, 2006; DE LA
TORRE, 2006). Entretanto, é importante ressaltar que as possibilidades de
publicação de conteúdo, compartilhamento de dados e colaboração sempre
estiveram presentes na Internet, entretanto, eram subutilizadas devido às limitações
tecnológicas (PEREIRA, 2006).
Segundo O’Reilly (2005), não existe consenso sobre o conceito do termo
Web 2.0. Algumas pessoas dizem que ela é simplesmente um modismo ou uma
estratégia mercadológica; outras acreditam que seja a evolução e o
aperfeiçoamento da Internet. A seguir, algumas conceituações que podem ajudar a
compreender o que é a Web 2.0:
A segunda geração de serviços on-line e caracteriza-se por potencializar as
formas de publicação, compartilhamento e organização de informações,
além de ampliar os espaços para a interação entre os participantes do
processo. A Web 2.0 refere-se não apenas a uma combinação de técnicas
36
informáticas..., mas também a um determinado período tecnológico, a um
conjunto de novas estratégias mercadológicas e a processos de
comunicação mediados pelo computador. (PRIMO, 2006, p. 1)
A Web 2.0 é uma forma de compreender a Internet que, com a ajuda de
novas ferramentas e tecnologias, promove a organização e o fluxo das
informações dependendo do comportamento das pessoas que a acessam,
permitindo não somente um acesso muito mais fácil e centralizado dos
conteúdos, mas, também, a participação do usuário tanto na classificação
quanto na construção desses conteúdos, por meio de ferramentas mais
fáceis e intuitivas de serem utilizadas6. (DE LA TORRE, 2006, s/p)
A Web 2.0, de acordo com O’Reilly (2005), é constituída por dois princípios
fundamentais: o uso da Internet como plataforma e a potencialização da inteligência
coletiva. O primeiro princípio está relacionado à capacidade de utilização de
programas diretamente na Internet, sem haver a necessidade de eles estarem
instalados no computador. O segundo está relacionada à maior possibilidade de
participação, do compartilhamento de dados e da colaboração entre os usuários por
meio da utilização da nova geração de ferramentas de comunicação e informação.
De acordo com Kerres (apud Voigt, 2007), existem três características que
servem como pontos-chave para diferenciar a Web 2.0 da Web 1.07. As três
características são: Usuário versus Autor, Acesso Local versus Acesso Remoto e
Conteúdo Privado versus Conteúdo público.
A característica Usuário versus Autor refere-se à ampliação das
possibilidades dos usuários deixarem de ser simples receptores de informação e
passarem a ser autores/co-autores. Na Web 2.0, as pessoas não somente lêem os
conteúdos disponíveis nas páginas Web; eles também possuem a oportunidade de
disponibilizar suas considerações e opiniões sobre a informação apresentada, além
de poder criar seu próprio conteúdo e modificar os já existentes. A característica
Acesso Local versus Acesso Remoto refere-se ao rompimento das barreiras entre
processamento e armazenamento local/remoto de informação. Antes do advento da
Web 2.0, a informação era gravada no computador pessoal; agora existe a
5 http://maps.google.com.br
6 Tradução do autor
7 O termo Web 1.0 se refere às ferramentas de comunicação e informações criadas antes do ano de
2004.
37
possibilidade de armazená-la em servidores remotos e acessá-la em qualquer lugar,
bastando para isso ter um computador com acesso a Internet. Já o Conteúdo
Privado versus Conteúdo Público está relacionado ao novo contorno do conceito de
público e de privado. Na Web 2.0, o conteúdo privado vem se tornando cada vez
mais público. Arquivos, acontecimentos pessoais, lista de favoritos, entre outros
elementos são compartilhados na rede mundial de computadores e tornam-se
acessíveis a outras pessoas.
Não há como negar que o surgimento da Web 2.0 vem propiciando uma
mudança significativa no que se refere às ampliações das possibilidades de
construção e veiculação de conteúdos e às novas formas de interação e
colaboração. Entretanto, alguns autores, como Keen (2009), acreditam que os
impactos dessas mudanças podem trazer muito mais prejuízos do que vantagens
para a sociedade.
Segundo o autor, a facilidade de manuseio das ferramentas de publicação
de conteúdo, como os weblogs e os wikis8, faz surgir a cada dia inúmeros espaços
digitais que veiculam uma grande e variada quantidade de informação. Por sua vez,
este grande número de espaços pode trazer dificuldades para identificação da
confiabilidade e da veracidade da informação apresentada como, por exemplo,
ocorre na Wikipédia9. Tal fato faz com que, frequentemente as pessoas tenham
dificuldade de identificar o que é verdadeiro ou falso, o que é real e o que é fictício.
Outra ferramenta criticada por Keen é o YouTube10 que, por causa da facilidade
oferecida para veicular vídeos pela Internet, faz com que a rede mundial de
computadores seja invadida diariamente por milhares de vídeos de conteúdo
duvidoso e bizarro. Ele ainda destaca que apesar das pessoas pregarem que os
softwares sociais favorecem a interação, a maior parte dos usuários está mais
preocupada em utilizar os recursos dessas ferramentas para realizar a
8 O wiki é uma página web que pode ser facilmente editada por um grupo de pessoas. Ela é uma
ferramenta assíncrona que permite que pessoas separadas geograficamente trabalhem conjuntamente e de forma colaborativa na criação de textos (ANDERSON, 2007). 9 A Wikipédia é um ambiente wiki que reproduz uma enciclopédia virtual em que os verbetes são
construídos de forma colaborativa. Desde sua criação em julho de 2002, ela possui algo em torno de 2 milhões de verbetes (VALENTE, MATTAR, 2007). 10
O YouTube é sistema Multimedia sharing que permitem o armazenamento e o compartilhamento de vídeos, ampliando as possibilidades de atuação do usuário dentro da Internet, já que estes podem produzir seus próprios vídeos e disponibilizá-los na rede (ANDERSON, 2007).
38
autopromoção, autopropaganda por meio da disponibilização de informação,
testemunhos, fotos e vídeos.
Os ganhos propiciados pelos avanços tecnológicos que deram origem a
Web 2.0, de acordo com Keen (2009), são na verdade uma ilusão. As suas
características relacionadas ao compartilhamento e à autoria podem produzir
impactos negativos na sociedade. Por exemplo, o favorecimento da apropriação
ilícita e da pirataria de livros, músicas, filmes e vídeos e o detrimento da opção de
escolha das informações produzidas pelas mídias de comunicação de massa
tradicionais pelas veiculadas nos weblogs e na Wikipédia, que são produzidas por
pessoas que não são profissionais da comunicação. As consequências de tais
escolhas são: (a) a diminuição das vendas dos livros, compact discs, DVDs, jornais
e revistas, (b) o plágio de informações, (c) o roubo da propriedade intelectual, (d) o
aumento ao acesso a informações superficiais, sem profundidade e não verídicas,
(e) as perdas econômica das empresas de comunicação em massa e dos seus
profissionais, e (f) o empobrecimento da cultura (KEEN, 2009).
Mesmo diante dos argumentos apresentados por Keen (2009), não se pode
negar que as facilidades propiciadas pela Web 2.0, relacionada à autoria, ao
compartilhamento e à colaboração, também trazem ganhos significativos para a
sociedade. Não se pode esquecer que essas facilidades possibilitam colocar os
usuários como os atores do processo de veiculação da informação, favorecendo a
quebra de hegemonia dos meios convencionais de comunicação em massa.
Contribuindo, desta forma, para efetivação da Internet como um espaço
democrático, permitindo que todos os seus usuários tenham o direito de expressar
seus pensamentos e ponto de vista sobre diferentes assuntos e acontecimentos.
Além disso, deve-se destacar que as características da Web 2.0 podem oferecer
contribuições para o processo de aprendizagem por meio da construção da
inteligência coletiva (O’REILLY, 2005). Entretanto, é importante frisar a necessidade
urgente do desenvolvimento de competências que permitam aos usuários terem um
posicionamento crítico e poderem tirar o melhor proveito dos recursos ofertados na
Internet.
39
3.2 SAÚDE, FORMAÇÃO MÉDICA E WEB 2.0
Como já discutido anteriormente, as características da Web 2.0 relacionadas
às questões de autoria, colaboração, compartilhamento e interatividade vêem
oferecendo cada vez mais oportunidades para que as pessoas possam disponibilizar
informação, realizar atividades colaborativas e interagir por meio da rede mundial de
computadores.
A ampliação das possibilidades ofertada para Web 2.0, segundo McCosker
(2008), vem transformado a Internet em um espaço de significativa importância para
obter informação sobre doenças. Isso vem ocorrendo por causa do aumento no
número de espaços digitais que, devido a grande facilidade de manuseio das
ferramentas autorais, disponibilizam informação sobre doenças, formas de
tratamentos e prevenção. Como exemplo, pode-se citar o número significativo de
médicos americanos que possuem weblogs voltados para a área da saúde.
(MANHATTAN RESEARCH, 2007). Além disso, percebe-se que os pacientes,
provavelmente, motivados pelo aumento das possibilidades de troca de informação
e interação, vêm utilizando diferentes ferramentas comunicativas, tais como o
weblog e softwares sociais, para construir espaços digitais e participar discussões
sobre assuntos relacionados à saúde (FURTUOSO et al, 2007; GARBIN et al, 2008).
De acordo com McCosker (2008), as motivações de pessoas acometidas por alguma
doença em manter um weblog e participar de uma comunidade virtual podem ser os
mais variados: (a) possibilidade ofertada por esses espaços para que o paciente
possa expressar os seus sentimentos e as suas experiências do “estar doente”,
permitindo, desta forma, dar significado ao momento conturbado que ele vivencia.
(b) compartilhar sua experiência, sua angústia e seu sofrimento do adoecer com
outras pessoas que passam pela mesma situação e (c) construir conhecimento
sobre o momento que está vivenciando, permitindo sentir-se mais segura e confiante
para dar continuidade ao tratamento ao qual é submetido.
A maior oferta de espaços digitais que tratam de assuntos relacionados à
área da saúde, ocasionado pela facilidade de manuseio das ferramentas da Web
2.0, tem levado ao aumento progressivo do número de pessoas que utilizam a rede
para buscar informações sobre doenças, formas de tratamento e de prevenção
(GARBIN et al, 2008). Alguns estudos (SILVA, 2006; GARBIN et al, 2008) apontam
40
que o aumento de interesse pela busca de informação relacionada à saúde faz
surgir um novo perfil de paciente, que tende a ter uma postura mais crítica durante
as suas idas ao atendimento médico, e, consequentemente, vem ocasionando uma
mudança significativa na relação entre médicos e pacientes. Geralmente, durante as
consultas, esses pacientes, de acordo com alguns médicos, tendem a apresentar
perguntas e necessidades mais específicas, a posicionar-se mais criticamente em
relação aos tratamentos que são sugeridos e a reagir mais positivamente ao
tratamento ao qual são submetidos. Este perfil de paciente tem levado alguns
médicos a adotarem uma nova postura, não somente voltada para o diagnóstico e o
tratamento da doença, mas, também, que valorize a narrativa dos pacientes e a
compreensão das suas necessidades cognitivas, sociais e emocionais, propiciando,
desta forma, uma prática clínica humanizada (FURTUOSO et al, 2007; GARBIN et
al, 2008; SANTANA, 2008).
Segundo Boulos et al (2007) e McLean et al (2007), as possibilidades de
utilização das ferramentas da Web 2.0 no contexto da saúde são bastante variadas.
Em seus estudos, os autores apontam algumas dessas possibilidades. Os weblogs
podem ser utilizados para discussão de casos clínicos, de imagens clinicas e de
tópicos específicos da área médica. Os wikis podem ser utilizados como ferramentas
para apresentar e divulgar informações médicas com objetivo, por exemplo, de
preparar comunidades médicas a lidarem com doenças epidêmicas como a gripe
aviária. Eles também podem ser usados para o desenvolvimento de projetos por
meio de parcerias entre médicos e pesquisadores da área médica, como ocorreu
com a revisão da Classificação Internacional de Doenças11. Os podcasts12 trazem
ganhos significativos para educação e são recursos tecnológicos amplamente
utilizados nos cursos de formação médica nas universidades americanas, onde são
utilizados, por exemplo, para complementar as leituras dos livros e para construir
uma biblioteca de sons emitidos pelo aparelho respiratório. O YouTube pode ser
usado para disponibilizar vídeos de campanhas educativas como, por exemplo, de
11
A Organização Mundial de Saúde desenvolveu um projeto que utiliza uma ferramenta wiki para que diferentes profissionais da área da saúde possam contribuir e participar de debate on-line com objetivo de rever a Classificação Internacional de Doenças. Disponível em <http://www.cbc.ca/health/story/2007/05/02/disease-wiki.html>. Acesso em: 07 jun. 2009. 12
Os podcasts são gravações em áudio de músicas, opiniões, entrevistas e leituras. Geralmente, esses arquivos estão no formato MP3 e podem ser gravados e executados em qualquer computador pessoal ou para qualquer dispositivo do tipo MP3-Player (ALECRIM, 2007).
41
combate ao fumo. O uso dos softwares sociais é bastante variado, como exemplo,
pode-se citar o caso de pacientes que os utilizam para formar grupo de apoio e para
troca de informação sobre médicos e serviços de saúde. Além disso, vem surgindo
iniciativas de uso deste tipo de ferramentas por algumas instituições de saúde, como
ocorre com o Hospital Universitário da Pensilvânia (University of Pennsylvania
Hospital), nos Estados Unidos, onde foi desenvolvido um software social para que os
pacientes internados possam interagir com os seus familiares. A instituição ainda
planejar utilizar a ferramenta como forma de interação e comunicação entre os
familiares de pacientes que necessitam de cuidados médicos constantes e as
equipes médicas da instituição. Ainda cabe ressaltar que, alguns cursos de
formação médica estão fazendo uso dos mundos virtuais13 para treinamento de
procedimentos cirúrgicos e de intervenções terapêuticas.
Diante do que foi apresentado, percebe-se que o uso das ferramentas da
Web 2.0 no contexto da Saúde é bastante diversificado e que já existem diferentes
iniciativas para o seu emprego na Educação em Saúde. Além disso, inúmeros
pesquisadores em diferentes países já estão discutindo sobre as possibilidades e
limitações da incorporação desses recursos nas práticas educativas (ANDERSON,
2007; DE LA TORRE, 2006).
A aplicabilidade das ferramentas da Web 2.0 no contexto educacional, de
acordo com Anderson (2007), possui quatro vertentes: pesquisa acadêmica,
publicações, biblioteca e ensino-aprendizagem. No que se refere à pesquisa
acadêmica, as ferramentas são utilizadas para compartilhar com a comunidade
científica os resultados obtidos nos estudos, difundir informações científicas junto ao
público e ajudar os pesquisadores a armazenarem e organizarem os seus
documentos acadêmicos. No caso das publicações, elas podem ser utilizadas como
um meio mais rápido para a publicação de informações quando comparadas as
mídias tradicionais, tais como livros, revistas e periódicos e para facilitar o acesso às
informações publicadas. Nas bibliotecas, elas podem oferecer novas formas de
indexação que auxiliam a recuperação de informação e coloquem os usuários não
13
Um mundo virtual é um ambiente multimídia simulado, onde os usuários deste ambiente podem interagir entre si por meio de representações gráficas chamadas de avatares. Atualmente, o Second Life (http://secondlife.com/) é dos mais populares, tendo mais de 3,5 milhões de usuários cadastrados (ANDERSON, 2007).
42
somente como consumidores, mas também com produtores de conteúdo. Já no que
se refere ao ensino-aprendizagem, o uso das ferramentas possibilita a realização de
práticas educativas que valorizam a aprendizagem continuada e o desenvolvimento
do espírito criativo e inovador dos alunos. Além disso, contribuem para o
desenvolvimento das habilidades voltadas para a reflexão, a investigação, o auto-
aprendizado, a negociação, o compartilhamento de idéias e o trabalho colaborativo
(ANDERSON, 2007; HERNÁNDEZ, 2007; PRIMO, 2006).
A utilização das ferramentas de informação e comunicação da Web 2.0
como recursos pedagógicos, nos cursos de graduação em Medicina, podem trazer
contribuições significativas para a formação profissional dos futuros médios
(McLEAN et al, 2007). O uso da Web 2.0 no contexto educativo, segundo Boulos et
al (2007), possibilita a criação de comunidades de aprendizagem, mediadas por
tecnologias digitais, permitindo que os alunos realizem atividades colaborativas e
compartilhem recursos e conhecimento. Tais possibilidades podem trazer novas
perspectivas para o processo de aprendizagem nos cursos da área da Saúde, em
especial a Medicina, envolvendo professores, alunos, pacientes e diferentes
especialistas. Além disso, essas ferramentas são extremamente adequadas para
divulgar e transmitir informação relacionada à saúde, servir de apoio para consultas
acadêmicas e capacitar profissionais da saúde que tenham restrição de acesso aos
centros acadêmicos e de hospitais que possuem grande nível de excelência
(BOULOS et al, 2006; McLEAN et al, 2007).
Apesar da existência de diferentes experiências com uso das ferramentas da
Web 2.0 no contexto da saúde, ainda, é muito pequeno o número de médicos que
tem conhecimento sobre a Web 2.0, suas ferramentas e possibilidades de utilização
(McLEAN et al, 2007). Diante disso, Boulos et al (2006) afirmam que é
extremamente necessária a realização de estudos que apontem as formas mais
adequadas para utilização dessas ferramentas nas práticas educativas nos cursos
de Medicina e de outras áreas da Saúde.
43
3. 3 OS WEBLOGS
Historicamente, pode-se dizer que o primeiro weblog foi uma página web
(http://info.cern.ch/), criada por Tim Beners Lee, com objetivo de disponibilizar links e
dicas de páginas web pouco conhecidas, além de comentários sobre assuntos
relacionados a tecnologias. Atualmente, é possível acessar esta página pelo
endereço http://www.w3.org/History/19921103-hypertext/hypertext/WWW/News/92
01.html. O nome weblog foi criado por Jorn Barger, em dezembro de 1997; já o
termo “blogger” (blogueiro) foi instituído por Peter Merholz para identificar pessoas
que possuíam e mantinham weblogs (BRADLEY, 2004; OLIVEIRA, 2005; PRIMO,
RECUERO, 2003).
A partir do final da década de 1990, os weblogs, também conhecidos como
blogs, se difundiram rapidamente. Tal fenômeno ocorreu porque, diferente das
páginas web, para criar e manter um blog não é necessário conhecimentos técnicos
específicos de informática como, por exemplo, Linguagem de Marcação de
Hipertexto (HTML) e protocolo de transferência de arquivos (FTP), e nem possuir
programas específicos com o Macromedia Dreamweaver e o Microsoft FrontPage. A
criação, a hospedagem e a manutenção de um blog, não é um processo complexo;
basta ter um computador conectado à Internet e utilizar algum dos diferentes
aplicativos gratuitos disponíveis na rede mundial de computadores como, por
exemplo, o WordPress (http://wordpress.com/), o Blogger (http://www.blogger.com/)
e o My 1st Blog (http://my1blog.com/). Todo o processo é realizado por meio de um
programa de navegação (browser) como, por exemplo, o Microsoft Internet Explorer
e Mozilla Firefox (OLIVEIRA, 2005; MORESCO, BEHAR, 2006; GUTIERREZ, 2005;
FRANCO, 2005).
O weblog é uma página web que permite a inserção de informações
conhecidas como postagens ou posts. As postagens são apresentadas em ordem
cronologicamente inversa. Isto é, as informações que foram inseridas recentemente
são apresentadas na frente das mais antigas. Geralmente são constituídas por texto,
mas também existe a possibilidade de fazer uso de recursos de imagens, vídeos,
sons e links (GUTIERREZ, 2005; MANTOVANI, 2006).
44
Quando um post é criado, automaticamente, são apresentados a data e o
horário da criação e um link permanente no corpo do weblog para facilitar o acesso
ao conteúdo publicado. Além disso, é criado um espaço denominado de área de
comentários que permite que outras pessoas possam fazer considerações e
observações sobre as informações inseridas, favorecendo, desta forma, a interação,
a troca e o diálogo entre o “blogueiro” e as pessoas que visitam o blog e até mesmo
entre os próprios visitantes (FRANCO, 2005; MANTOVANI, 2006; PRIMO,
RECUERO, 2003).
A criação de um weblog é bastante simples e fácil. Primeiramente, é
necessário realizar um pequeno cadastro para ter acesso ao ambiente de criação.
Em seguida, o próprio aplicativo vai fornecendo as etapas necessárias para a
criação do blog. Durante essas etapas, o “blogueiro” irá definir o nome do weblog, a
sua descrição, o seu endereço eletrônico, a sua aparência (cor da página, imagens,
cor do texto, tipo de fonte e tamanho da fonte, entre outras características) e a forma
de como as informações serão publicadas. Durante a criação, o proprietário também
pode fazer uso de diferentes recursos que permitam, por exemplo, mostrar
informações referentes ao “blogueiro” (perfil do proprietário), obter valores
estatísticos sobre a quantidade de acesso, identificar as mensagens mais lidas e
realizar as postagens por meio do e-mail (GOMES, 2005; MANTOVANI, 2006). Além
disso, neste momento é possível definir se o weblog terá ou não colaboradores (ou
diferentes autores). Se for definida a presença de colaboradores, as contribuições de
terceiros não ficam restritas somente à utilização da área de comentários. Neste
caso, algumas pessoas estarão autorizadas a inserir informação e ainda poderão
complementar e modificar as postagens realizadas por outros (PRIMO, RECUERO,
2003).
Nos últimos três anos, uma ferramenta que vem ganhando destaque é o
microblog. O microblog é um formato simplificado dos weblogs. Como o blog, ele
permite a inserção de informação em ordem cronologicamente inversa, porém
apresenta algumas restrições como, por exemplo, limitação no número de
caracteres que compõem a informação a ser inserida, não apresenta uma área de
comentários e nem permite a inserção de imagens e vídeos. Um dos seus principais
objetivos é permitir uma maior integração e facilitar a inserção de informação por
45
meio dos dispositivos móveis, tais como o celular. Um dos microblogs mais
populares é o Twitter14. (ZAGO, 2008).
O Twitter é um microblog, desenvolvido no ano de 2006, que possibilita a
postagem de informação por meio da própria página do Twitter, do envio de
mensagem pelo SMS (Short Message Service) e IM (Instant Message), por meio da
Internet e do aparelho de telefonia móvel (aparelho celular). A informação postada
não pode exceder o número de 140 caracteres. As informações inseridas ficam
disponibilizadas no perfil do proprietário do microblog e também são enviadas para
os perfis de outras pessoas que escolheram acompanhar o conteúdo postado neste
determinado espaço digital (ZAGO, 2008). Uma demonstração da força de alcance e
mobilização dos weblogs e microblogs foi a tragédia ocasionadas pelas chuvas no
estado de Santa Catarina, no mês de novembro de 2008, na qual um número
significativo de pessoas utilizaram essas ferramentas para disponibilizar
informações atualizadas sobre a tragédia, listas de desaparecidos e dos locais dos
abrigos, para mobilizar as pessoas para as campanhas de arrecadação de donativos
e para comunicação direta com as vítimas das tragédias15. Um outro exemplo
recente é o uso do Twitter pelos iranianos para divulgar informações, protestar e
driblar a repressão e a censura aos meios tradicionais de comunicação impostas
pelo governo do Irã, para conter as manifestações populares contra o resultado da
última eleição para presidente realizada neste país16.
3.3.1 Possibilidades pedagógicas do weblog
Os weblogs, geralmente, são utilizados como instrumento de expressão
pessoal. Entretanto, tem-se observado que eles vêm assumindo outros papéis
como, por exemplo, servir de meio para a publicação de informações comerciais,
institucionais e jornalísticas (OLIVEIRA, 2005; FRANCO, 2005; GOMES, 2005).
Navegando pela Internet, é possível encontrar blogs que possuem diferentes
14
Disponível em <http://twitter.com/>. Acesso em: 21 mai. 2009. 15
Disponível em <http://www.observatoriodaimprensa.com.br/blogs.asp?id_blog=2&id={D9D1E183-DC2A-4489-9DD7-D955A6C7EBB3}>. Acesso em: 21 mai. 2009. 16
Disponível em <http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2009/06/16/iranianos-usam-internet-para-tentar-driblar-censura-756365525.asp>. Acesso em: 04 jul. 2009.
46
temáticas e que foram construídos para atender os mais variados objetivos: lúdico,
político, informacional, educacional e intervenção cívica e social (GOMES, 2005). De
acordo com Gomes e Lopes (2007) e Lara (2005), os weblogs criados
especificamente para abordar assuntos educacionais e servir para apoiar o processo
de aprendizagem são classificados “Edublogs”.
Uma das primeiras experiências com o uso dos edublogs, segundo Lara
(2005), ocorreu em 2001, na Inglaterra, por meio do portal britânico Schoolblogs.com
(http://www.ebn.weblogger.com/). Alguns países, como Portugal e Espanha, vêm se
destacando na utilização desta ferramenta educativa em cursos de Ensino Superior
(GOMES, LOPES, 2007; LARA, 2005). Entretanto, no Brasil, a sua utilização ainda
é pouco significativa, apesar do reconhecimento acadêmico das possibilidades e das
vantagens do uso pedagógico do weblog no contexto educacional (OLIVEIRA, 2005;
MANTOVANI, 2006).
Os weblogs, segundo Moresco e Behar (2006), podem ser considerados
com um novo meio para a produção do conhecimento por meio da leitura, da escrita
e do compartilhamento de informação. Suas características técnicas favorecem a
implementação de práticas educativas que valorizam uma postura ativa e reflexiva
dos participantes do processo de aprendizagem (FRANCO, 2005). Isto é, a
utilização de um edublog pode levar a uma maior participação dos alunos, pois
permite gerar um novo espaço para discussão e complementação das temáticas das
aulas e para reflexão sobre as informações apresentadas (MORESCO, BEHAR,
2006).
O uso dos blogs nas práticas educacionais presenciais permite a criação de
outros canais de comunicação, além daqueles já tradicionalmente existentes,
possibilitando diversificar as oportunidades de diálogo entre os participantes do
processo de aprendizagem. Ainda pode facilitar a participação e a colaboração de
pessoas que não pertencem ao contexto escolar, por exemplo, alunos de outras
escolas, médicos, autoridades públicas, sanitaristas e pesquisadores, de forma a
enriquecer a aprendizagem (GUTIERREZ, 2005; MORESCO, BEHAR, 2006;
GOMES, 2005). Além disso, eles podem ser usados com instrumentos para
favorecer o desenvolvimento de inúmeras competências como a pesquisa e a
47
seleção de informações, a produção textual e o domínio das ferramentas
computacionais (GOMES, 2005).
No que se refere ao uso desta ferramenta nas práticas educacionais dos
cursos de formação médica, os weblogs, com base nos estudos de Gomes (2005) e
Gomes e Lopes (2007), podem ser agrupados em duas grandes categorias:
recursos pedagógicos e estratégias pedagógicas.
a) Uso de weblogs como recurso pedagógico:
A utilização como recurso pedagógico ocorre quando eles são empregados
basicamente como repositórios de informações para complementar os assuntos
tratados em sala de aula. A implementação de práticas educativas que utilizam os
weblogs como recurso pedagógico, de acordo com Gomes (2005), pode ocorrer de
três maneiras. A primeira se refere a utilização de blogs já existentes na Internet que
apresentam informações atuais sobre as temáticas relacionadas ao conteúdo das
disciplinas. A segunda é por meio da criação de blogs por professores com o
objetivo de apresentar conteúdos relacionados às disciplinas. A diferença entre esta
forma de utilização e a anterior é que nesta, normalmente, as informações
disponibilizadas acompanham a seqüência dos assuntos apresentados em sala de
aula. Também, pode ocorrer pelo incentivo do professor para que cada aluno ou
grupo de alunos desenvolva o seu weblog sobre temas tratados em sala de aula.
Nas duas primeiras formas de utilização apresentadas, de acordo com
Gomes e Lopes (2007), o objetivo principal é complementar as temáticas abordadas
no conteúdo das disciplinas por meio da oferta de informação para os alunos. Neste
caso, o aluno tende a assumir uma postura passiva perante o processo de
aprendizagem, já que ele pode se limitar somente a ler as informações apresentadas
e, eventualmente, fazer comentários. Ainda segundo os autores, no caso de uso de
weblogs já existentes na Internet, é importante que os professores façam uma
análise prévia e cuidadosa dos conteúdos apresentados para garantir a integridade,
qualidade e veracidade da informação.
A terceira forma de utilização poderá levar o aluno a assumir uma posição
mais ativa durante o processo de aprendizagem, já que é de sua responsabilidade a
publicação das informações. Este tipo de uso pode favorecer o desenvolvimento de
48
diferentes competências como, por exemplo, a pesquisa, seleção, análise e síntese
de informações.
Além das três formas acima apresentadas, pode se pensar em mais uma
alternativa de inserção dos weblogs como recurso pedagógico nos cursos de
graduação em Medicina. Neste caso, faria-se o uso dos weblogs mantidos por
pacientes, já que muitos deles utilizam essas ferramentas para compartilhar suas
experiências, suas angústias e seus sofrimento com o adoecer e com os
tratamentos aos quais são submetidos (McCOSKER, 2008). Esses blogs seriam
utilizados como Espaço Experiencial ou Vivencial. Isto é, eles seriam usados como
mais um recurso pedagógico, além dos usualmente utilizados nos cursos de
Medicina. Por meio das narrativas apresentadas nos weblogs, seria possível
desenvolver uma nova forma de contato com diversos pacientes e suas diferentes
experiências decorrentes do processo de adoecimento e tratamento, o que pode
contribuir para o desenvolvimento de atividades que possibilitem os alunos
vivenciarem diferentes experiências, contribuindo, desta forma, para o entendimento
da necessidade da compreensão dos aspectos subjetivos do adoecimento para
maiores êxitos no desenvolvimento de práticas médicas humanizadas.
b) Uso de weblogs como estratégica pedagógica
Os blogs utilizados como estratégia pedagógica podem assumir o formato de
portifólio digital, espaço para intercâmbio e colaboração, espaço de debate e espaço
de integração.
1) Portifólio digital: A possibilidade de uso de recursos textuais, imagens,
áudios e vídeos fazem com que os weblogs sejam ferramentas propícias
para a criação de portifólios multimídia. O desenvolvimento deste tipo de
recurso serve como instrumento para que os alunos acompanhem e
reflitam sobre as atividades desenvolvidas durante as aulas. Além disso,
eles podem ser usados para documentar e divulgar trabalhos realizados
pelos alunos ou como instrumento de avaliação. Um aspecto relevante a
ser destacado é a possibilidade de abertura do espaço para a
contribuição e colaboração de professores, alunos e outras pessoas por
meio do recurso área de comentários.
49
2) Espaço para intercâmbio e colaboração: Além de permitir a publicação de
mensagens, os blogs são ferramentas que permitem a comunicação,
colaboração, debates e confronto de idéias, já que podem, por meio do
recurso área de comentários, receber contribuições de qualquer pessoa.
Desta forma, eles podem ser usados em atividades educativas e projetos
interdisciplinares que envolvam alunos de uma mesma ou de diferentes
instituições, assim como diferentes profissionais da área da Saúde;
3) Espaço de debate: Os weblogs podem ser utilizados como ferramentas
pedagógicas para o desenvolvimento de debates sobre diferentes
temáticas. Neste contexto, os alunos são convidados a apresentar,
argumentar e defender diferentes pontos de vista sobre determinado
assunto. Tal estratégia se torna importante para o processo formativo,
por permitir a compreensão da complexidade que envolve diferentes
problemas e a exposição do alunado a diferentes pontos de vista sobre
um determinado assunto (GOMES, 2005).
4) Espaço de integração: Os weblogs podem ser utilizados para servir de
espaço de integração da turma e para a construção da compreensão e
do respeito às diferenças. Neste caso, seria interessante a construção de
um blog coletivo, onde cada aluno é convidado a participar por meio de
postagens que relatem sobre as suas perspectivas, experiências e
anseios (GOMES, 2005).
3.4 O SOFTWARE SOCIAL
Os Softwares sociais são páginas web ou aplicativos constituídos por um
conjunto de tecnologias (fóruns, chats, e-mail, recados ou mensagens instantâneas)
que favorecem a interação mediada pela Internet entre pessoas (ou grupo de
pessoas), a criação de redes sociais, o compartilhamento de interesses comuns e a
discussão de diferentes temáticas (PRIMO, BRAMBILLA, 2005; RECUERO, 2005;
BOTTENTUIT JUNIOR, COUTINHO, 2007; MACHADO, TIJIBOY, 2005, VALENTE,
MATTAR, 2007).
50
De acordo com Primo e Brambilla (2005), os softwares sociais foram
desenvolvidos com o objetivo de favorecer a comunicação e a organização da
informação, o compartilhamento de idéias, o debate e a negociação das diferenças e
o registro da memória coletiva do grupo. Segundo os autores, este tipo de
ferramenta pode ser utilizado para agregar diferentes grupos como, por exemplo,
estudantes, pesquisadores e empresários, com o objetivo de registrar a memória
coletiva do grupo sobre uma problemática.
Normalmente, os softwares sociais são gratuitos e para utilizá-los basta
realizar um simples cadastro. Entretanto, alguns desses aplicativos somente aceitam
novos usuários, se estes forem convidados pelos mais antigos e, ainda, existem
aqueles que cobram uma taxa de utilização (MACHADO, TIJIBOY, 2005).
Navegando pela Internet, é possível encontrar diferentes softwares sociais
como, por exemplo, o FaceBook17, o Hi518, o Multiply19, o Wallop20, o MySpace21, o
Orkut22 e EveryOne's23, entre outros (BOTTENTUIT JUNIOR, COUTINHO, 2007).
Apesar de esses softwares possuírem características que os diferenciam
entre si, a maior parte oferece os seguintes recursos: (a) Página pessoal, também
conhecida com Perfil, (b) Álbum de fotos, (c) Galeria de amigos, (d) Comunidades,
(e) Correio eletrônico, (f) Fóruns de discussão, (e) Quadros de avisos e (f) Galeria de
vídeo.
Dentre todos os softwares sociais aqui listados, o Orkut é o mais conhecido
entre os brasileiros. Sua popularidade, segundo Assis et al (2006), pode ser
explicada pela sua inovação tecnológica que permite o acesso a milhões de usuários
e a oferta de inúmeras ferramentas para comunicação e construção do perfil dos
participantes.
17
http://www.facebook.com/ 18
http://hi5.com/ 19
http://multiply.com/ 20
http://www.wallop.com/ 21
http://www.myspace.com/ 22
http://www.orkut.com/ 23
http://www.everyonesconnected.com
51
3.4.1 Características do Software Social Orkut
O software social Orkut foi criado, no ano de 2004, pelo engenheiro turco
Orkut Buyukkokten. Trata-se de um serviço oferecido pela empresa norte-americana
Google24 (RECUERO, 2005). Dados disponíveis no próprio Orkut25 mostram que
mais de 53% dos usuários cadastrados são brasileiros e que 61% das pessoas que
possuem perfis no Orkut declaram ter entre 18 a 25 anos de idade. A presença dos
brasileiros é tão expressiva que a língua portuguesa foi adotada com uma dos
idiomas oficiais da ferramenta (FORTE, ROCHA, 2007). Esses dados são
indicadores da popularidade, aceitação e familiaridade da ferramenta entre os
brasileiros e o público jovem. A sua grande popularidade vem motivando os seus
desenvolvedores a criarem novas formas de acesso à ferramenta como, por
exemplo, o acesso por meio dos aparelhos de telefonia móvel (celulares). Agora, já
é possível enviar e receber recados por meio de serviço de SMS26 e acessar o
software social por meio dos aparelhos celulares27.
O software social Orkut é gratuito e para utilizá-lo basta que a pessoa
interessada possua uma conta de acesso. Após a criação da conta de acesso, deve-
se realizar um cadastro, onde são fornecidas as informações necessárias para
construção da página pessoal, chamada de Perfil (Figura 1). O Perfil é composto por
informações básicas como, por exemplo, nome, sexo, idade e profissão, e
secundárias como música preferida, filme preferido, hobby, etc. Além disso, o
programa fornece uma série de recursos que permite inserir fotos (álbum de foto) e
vídeos, criar conexões com perfis de outras pessoas, enviar e receber recados,
escrever depoimentos, buscar informação por meio de mecanismos de busca
próprios do sistema, participar e criar comunidades (RECUERO, 2005;
BOTTENTUIT JUNIOR, COUTINHO, 2007; RECUERO, 2007; FORTE, ROCHA,
2007).
24
http://www.google.com.br/ 25
Disponível em<http://www.orkut.com/MembersAll.aspx>. Acesso em: 20 ago. 2008. 26
Disponível em <http://blog.orkut.com/2007/09/recados-em-sms-para-assinantes-da.html>. Acesso em: 20 ago. 2008. 27
Disponível em <http://g1.globo.com/Noticias/Tecnologia/0,,MUL399397-6174,00.html> Acesso em: 20 ago. 2008.
52
Um dos recursos que merece destaque é o que permite a criação de
comunidades. Este recurso possibilita reunir pessoas que possuam as mesmas
preferências e afinidades sobre os mais variados assuntos (RECUERO, 2007). O
principal objetivo das comunidades, segundo Forte e Rocha (2007), é servir de
espaço para troca de informações sobre diferentes temáticas. Existem, atualmente,
no Orkut, 60 milhões de comunidades, sendo que 40 milhões são em língua
portuguesa. Ao navegar pelo Orkut, é possível encontrar inúmeras comunidades,
agrupadas em diferentes categorias (Culinária, Bebidas e Vinhos, Negócios, Países
e Regiões, Romances e Relacionamentos, Saúde, Bem-estar e Fitness, Artes e
Entretenimento, Alunos e Escolas e Cidades e Bairros), criadas para debater
assuntos polêmicos como pedofilia, violência, anorexia e bulimia; assim como para
falar sobre amenidades. Uma das maiores comunidades presente no Orkut é de
origem brasileira. Seu título é "Eu amo a minha MÃE!" (figura 2) e possui 3.903.588
membros (SPERTUS, 2008).
As comunidades construídas no software sociaL Orkut podem fazer uso de
diferentes recursos, tais como fóruns de discussão, ferramentas de pesquisa
(também conhecidas como enquetes), e divulgação de eventos, que permitem a
disseminação de informação e troca de experiências entre os membros das
comunidades. Ao criar uma comunidade, o proprietário pode definir se o acesso aos
Ilustração 1 - Página do perfil de um usuário do Orkut
53
conteúdos disponibilizados estará restrito (conteúdo privado) somente aos
participantes ou se as informações estarão disponíveis (conteúdo público) para
qualquer usuário do Orkut (BOTTENTUIT JUNIOR, COUTINHO, 2007; FORTE,
ROCHA, 2007).
De acordo com Recuero (2007), as possibilidades interativas e
comunicacionais, a dinamicidade da ferramenta e as potencialidades para a criação
de laços sociais podem ser consideradas as principais características do Orkut.
Segundo a autora, essas características são de extrema importância, já que elas são
consideradas como os principais atrativos que levam à adoção e utilização da
ferramenta, assim como para a criação e a manutenção das comunidades. A seguir,
essas características serão descritas mais detalhadamente:
a) Possibilidades interativas:
Uma das características do Orkut é possibilitar que os usuários possam
interagir entre si. Tais interações podem ocorrer pela área “recados” presente no
perfil de cada usuário (figura 3) ou por meio do recurso “fórum” presente nas
comunidades (figura 4).
b) Dinamicidade:
Ilustração 2 – Página da Comunidade “Eu amo a minha MÃE!” no Orkut
54
Diariamente, novas pessoas tornam-se usuárias do Orkut, surgem novas
comunidades, novos membros se agregam às comunidades existentes, novas
discussões são produzidas nos fóruns e mensagens são trocadas. Toda essa
dinâmica faz com que a maioria das comunidades seja acessada e atualizada quase
que constantemente, produzindo discussões e troca de informação.
c) Criação de laços sociais:
Este tipo de software aumenta as possibilidades de estabelecer relações
pessoais, profissionais e afetivas. As comunidades permitem que um usuário se
relacione com diferentes pessoas que possuem os mesmos interesses e ainda
permitem que informações e experiências sobre diferentes assuntos sejam
compartilhadas.
d) Possibilidades comunicacionais:
A comunicação entre usuários do Orkut pode ser feita pelo uso de diferentes
linguagens como, por exemplo, textos, por meio de mensagens enviadas pela área
de depoimento e pela área de recados, imagens e vídeos. As trocas
comunicacionais nas comunidades ocorrem no formato textual, por meio dos fóruns
de discussão, das ferramentas de pesquisas e ferramenta de divulgação de eventos.
Ilustração 3 - Área de recados de um perfil no Orkut.
55
Uns dos motivos de grande interesse pelo público, mesmo daqueles que não
tinham interesse na Internet, pelo software social Orkut, segundo Nogueira et al
(2004), se deve ao fato de que, no início de funcionamento da ferramenta, era
possível desenvolver uma rede virtual que reproduzia as relações no mundo real,
onde as pessoas podiam se relacionar virtualmente com seus conhecidos do mundo
real e com amigos dos seus conhecidos, diferentes de outras ferramentas como a
sala de bate-papo (chats), onde normalmente a interação ocorre com pessoas
desconhecidas. Outro motivo, apontado pelas autoras, é que não existe a
necessidade das pessoas estarem conectadas em tempo real na ferramenta para
interagirem entre si, já que o Orkut é uma ferramenta de comunicação assíncrona.
Além disso, o Orkut possui características lúdicas, que relembra o tempo de infância,
permitindo que os usuários escrevam testemunhos para os amigos, enviem recados
com figuras e vídeos e definam o grau de confiabilidade, integridade e “beleza” das
pessoas que fazem parte da rede de relacionamento do usuário, por meio de figuras
no formato de rostos (smiles), cubos de gelo e corações. Apesar do caráter lúdico do
software social Orkut, ele não é, atualmente, somente considerado um ambiente de
lazer e diversão. Muitos usuários utilizam as facilidades e vantagens oferecidas por
esta ferramenta para atender interesses profissionais como, por exemplo, criar ou se
filiar a uma comunidade para troca de experiências profissionais e para promover
Ilustração 4 - Fórum de discussão de uma comunidade no Orkut
56
eventos. Muitas empresas de recursos humanos vêem incluindo a análise do perfil
do Orkut dos candidatos como uma das etapas do processo de seleção de vagas de
empregos (NOGUEIRA et al 2004, MARTHE, 2004; MARTINS, 2005).
Entretanto, a popularidade do Orkut, a sua facilidade para a localização de
pessoas e a sua capacidade de potencializar a interação podem ser fatores que
propiciam a utilização ilícita do software. Nos últimos meses, pessoas vêm utilizando
a ferramenta como meio para a realização de diversos crimes. As revistas Época,
no mês de agosto de 2005, e Galileu, no mês de agosto de 2008, apresentaram
reportagens sobre a proliferação de comunidades voltadas para apologia ao tráfico
de drogas, ao crime, ao racismo e a prática da anorexia, da bulimia e do suicídio
(TIRABOSCHI, 2008). Outra matéria, veiculada pela revista Época, no mês de março
de 2007, mostrou a morte de três adolescentes no Estado do Pará. A polícia acredita
ser um caso de pedofilia e que os contatos entre o assassino e os adolescentes
ocorreram por meio do software social (BAHE, 2007). Para tentar conter os crimes
virtuais, a polícia Federal, o Congresso Nacional e o Ministério Público vêem
realizando uma série de iniciativas com o objetivo de conter a proliferação dos
crimes na Internet. Como exemplo, pode-se citar a prisão de um grupo de pessoas,
pertencentes à classe média e alta do Rio de Janeiro, que utilizavam os recursos do
Orkut para negociar a venda de drogas e a implantação da Comissão de Inquérito
Parlamentar (CPI) da Pedofilia com objetivo de investigar os crimes de pedofilia na
Internet (MARTINS, 2005).
3.4.2 Possibilidades pedagógicas do software social Orkut
O software social Orkut é um espaço que permite que várias pessoas criem
e ampliem suas redes de relacionamentos pessoais, profissionais e afetivas. Além
disso, ele possui diferentes recursos que potencializam a troca de informações, o
debate de idéias e a construção do conhecimento (MACHADO, TIJIBOY, 2005). A
adoção do Orkut como ferramenta pedagógica é acompanhada de algumas
controvérsias. Alguns acreditam que ele seja um espaço que somente sirva para
testar a popularidade dos seus usuários, que favorece a exposição das pessoas e
que incentiva a prática de crimes como, por exemplo, o nazismo, racismo e a
57
pedofilia (TIRABOSCHI, 2008). Outros crêem que ele possa enriquecer o ambiente
educacional por possibilitar que o aluno assuma uma postura mais ativa na
construção do conhecimento e por favorecer a interação dos participantes do
processo educativo (FORTE, ROCHA, 2007).
Bottentuit Junior e Coutinho (2007) afirmam que o software social Orkut
pode ser utilizado em diferentes contextos educacionais. Entretanto, o grande
desafio é desenvolver metodologias que permitam a realização de atividades que
melhor se adaptem ao conteúdo das disciplinas e ao perfil dos alunos. No Orkut,
existem diferentes comunidades de cunho educativo, como por exemplo, Estudos
sobre Física Quântica28, História do Brasil29 e Problemas de geometria plana30
(figura 5), que podem ser utilizadas para favorecer a aprendizagem por meio de
canais de comunicação que incentivem a interação e a capacidade de expressão e
possibilitem dar significado às experiências dos participantes do processo de
aprendizagem (FORTE, ROCHA, 2007; MACHADO, TIJIBOY, 2005).
O software social Orkut, de acordo com as possibilidades pedagógicas
apontadas nos estudos de Forte e Rocha (2007) e Machado e Tijiboy (2005), pode
28
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=383937 29
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=130404 30
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=3236388
Ilustração 5 – Página da comunidade Problemas de geometria plana no Orkut
58
ser utilizado como diferentes objetivos nos cursos de formação médica para: (a) criar
comunidades de aprendizagem onde os alunos possam fornecer opiniões sobre
determinados assuntos, (b) compartilhar informações e experiências e (c) aprofundar
temas tratados durante as aulas, possibilitando a adoção de uma atitude ativa dos
alunos durante o processo de construção do conhecimento. Além disso, ele pode ser
utilizado para criação de comunidades com o objetivo de debater assuntos que
agreguem não somente alunos e professores, mas também profissionais de
diferentes especialidades médicas e até mesmo pacientes, objetivando enriquecer o
processo de aprendizagem por meio da troca de suas experiências pessoais e
profissionais. Cabe destacar, ainda, que o uso das comunidades do Orkut mantidas
por pacientes no desenvolvimento de atividades educacionais, assim como ocorre
nos weblogs, pode permitir novas formas de contato com um conjunto diversificado
de experiências relacionadas ao processo de adoecimento. Isto pode contribuir para
a conscientização dos alunos da necessidade do reconhecimento dos pacientes e
de suas experiências como um dos fatores importantes para o sucesso dos
tratamentos e para o desenvolvimento da prática clínica humanizada.
3.5 CONCLUSÃO
A partir do ano de 2004, surgiram novas possibilidades de uso da Internet
por meio do desenvolvimento de ferramentas de comunicação e informação que
potencializam as formas de interação, colaboração e cooperação. Essa evolução
tecnológica da rede mundial de computadores, chamada de Web 2.0, coloca os
usuários no centro da rede, pois, agora, eles têm a possibilidade de deixar de ser
simples leitores e passarem a ter a oportunidade de contribuir na construção de
conteúdos disponibilizados na Internet. Entretanto, a ampliação das oportunidades
de atuação dos usuários exige que estes também apresentem um posicionamento
crítico, reflexivo, responsável e ético diante das suas ações na rede. Tais
posicionamentos são necessários para minimizar os impactos relacionados à
divulgação de informações errôneas, à pirataria digital e aos crimes virtuais.
No que diz respeito à utilização das ferramentas da Web 2.0 como
mediadores dos processos de aprendizagem nos cursos de Medicina, baseadas na
59
teoria da aprendizagem situada e corporificada, podem ser uma opção viável para o
desenvolvimento de novas metodologias e práticas educativas que levem os futuros
médicos a refletirem e reconhecerem a importância dos aspectos subjetivos nas
práticas clínicas.
No caso do uso dos weblogs e dos softwares sociais como, por exemplo, o
Orkut, eles podem levar à participação mais ativa e ainda facilitar a interação e a
colaboração entre alunos e professores por meio do desenvolvimento de novos
canais de comunicação, além daqueles já normalmente utilizados. Eles, também,
poderiam ser utilizados para tornar o processo de aprendizagem mais rico e
dinâmico, por permitir o desenvolvimento de outras formas de contato entre os
alunos e médicos de diferentes especialidades, já que existe a possibilidade desses
profissionais serem proprietários de weblogs e participarem das comunidades do
Orkut relacionadas à área da saúde.
Cabe ainda destacar, que sendo o weblog e o Orkut ferramentas com
características sociais, eles permitem a geração de novas oportunidades de
aproximação dos alunos com a realidade vivenciada pelos pacientes e com as
diferentes formas de expressão utilizadas por eles para falarem sobre suas
sensações físicas e psíquicas relacionadas ao adoecimento. Os mecanismos de
comunicação existentes nestes espaços serviriam como um canal de interação que
permitiria o contato dos alunos com diferentes pacientes e com um número
diversificado de experiências e vivências. A diversidade das interações,
provavelmente, aumentaria as possibilidades dos alunos terem uma compreensão
mais ampla e significativa sobre o estado emocional dos pacientes e uma nova visão
social do processo de adoecimento e tratamento, aumentando assim a chance da
concretização de uma aprendizagem situada e corporificada que os levaria não
somente a compreender a importância da subjetividade, mas a ter uma nova postura
profissional e uma atuação mais humana durante o exercício da atividade médica.
Entretanto, é importante frisar que os weblogs e os softwares sociais são
meros artefatos tecnológicos e a inserção por si só dessas ferramentas no contexto
educacional não trará ganhos significativos para a educação. As potencialidades
dessas ferramentas para promover a autoria, interação e colaboração somente se
concretizarão, caso professores e alunos enxerguem o processo educativo como um
60
processo de construção compartilhado de conhecimento e não como um simples
processo de transmissão de informação.
61
4. ABORDAGEM METODOLÓGICA, MATERIAIS E MÉTODOS
Este capítulo é dividido em duas partes. A primeira descreve as abordagens
metodológicas, os materiais e os métodos utilizados para fazer o levantamento, a
identificação e a classificação dos weblogs e das comunidades do Orkut
relacionadas a algumas psicopatologias, tais como Síndrome do Pânico, Transtorno
Mental, Psiquiatria, Psicose, Esquizofrenia, Transtorno Bipolar, Fobia, Doença
Mnetal e Saúde Mental, com o objetivo de evidenciar a existência de um repertório
de materiais que podem ser explorados pelos professores do departamento de
Psiquiatria e Medicina Legal da Faculdade de Medicina da UFRJ. A segunda parte,
por sua vez, descreve as abordagens metodológicas, os materiais e os métodos
utilizados para analisar como os professores perceberam as possibilidades de
inserção destas ferramentas no processo de aprendizagem nos cursos de
graduação em Medicina.
4.1 ABORDAGEM METODOLÓGICA PARA IDENTIFICAR E CLASSIFICAR OS
WEBLOGS E AS COMUNIDADES DO ORKUT
4.1.1 Abordagem de estudo de espaços na Internet
Na atualidade, a Internet pode ser considerada uma das maiores fontes de
informação produzida por diferentes autores e que pode ser facilmente acessada e
explorada. É um espaço considerado democrático, já que qualquer pessoa pode ser
produtora e consumidora de informação. Entretanto, essa característica é apontada,
também, como fator negativo, já que a grande quantidade de fontes e a diversidade
de autores podem comprometer a confiança, qualidade e veracidade da informação
(VANTI, 2005; BJÖRNEBORN, INGWERSEN, 2001).
De acordo com Vanti (2005), a Internet vem ganhando destaque no meio
acadêmico e científico no que diz respeito a ser mais um canal de comunicação e
uma fonte de consulta. Em 2001, BJörneborn e Ingwersen destacavam que, por ser
um espaço diferente daqueles comumente conhecidos pela academia (livros,
documentos, revistas e artigos), seria importante o desenvolvimento de métodos e
62
critérios de avaliação dos conteúdos e das formas de veiculação no contexto digital.
Ao longo destes últimos anos, surgiram novos campos de pesquisa voltados a
identificação, descrição, análise e avaliação dos conteúdos disponibilizados na
Internet como, por exemplo, a Webometria (Webometric), a Cibermetria
(Cybermetric) e a Netnografia (VANTI, 2005; MONTARDO, PASSERINO, 2006).
A Webometria e a Cibermetria são, de acordo com Vanti (2005), campos de
relevada importância na área da Biblioteconomia e da Ciência da Informação para
os estudos quantitativos na Internet. Segundo Björneborn e Ingwersen (2004), esses
dois campos de conhecimento estão relacionados à análise quantitativa dos
conteúdos disponibilizados na rede, da estrutura de links, do uso da Internet e de
suas ferramentas de informação e comunicação. Porém, cada um dos campos
apresenta características próprias que os diferenciam entre si, no que diz respeito à
abrangência, recursos e objetos de estudo. A Webometria é mais restrita por
abranger somente os estudos voltados para análise quantitativa de informações
presentes nas páginas web. Por sua vez, a Cibermetria é mais abrangente, pois se
volta para a análise quantitativa de todas as informações disponíveis na Internet
incluindo as páginas web. (VANTI, 2005).
Os estudos no contexto da Cibermetria e da Webometria, segundo Martinez
Rodriguez (2006), ainda são pouco explorados. Os instrumentos utilizados para a
realização desses estudos são os motores de busca como, por exemplo, o Yahoo!
Search31 e o Google32. A opção pelo uso dessas ferramentas comerciais se deve ao
fato de que elas permitem, teoricamente, trabalhar com um grande volume de
informação e contabilizar o número significativo de páginas web, facilitando, assim, a
quantificação e a avaliação dos fluxos de intercâmbio de dados e de informação na
rede mundial de computadores (SMITH apud VANTI, 2002).
Os objetos de estudo da Webometria e da Cibermetria podem ser bastante
variados como, por exemplo, determinação da freqüência de distribuição,
classificação e medição da evolução dos espaços digitais (ALMIND, INGWERSEN,
1997; VANTI, 2002; MARTINEZ RODRIGUEZ, 2006). Entretanto, os objetos de
estudo de maior destaque e relevância nos campos da Webometria e da
31
Disponível no endereço http://br.yahoo.com/ 32
Disponível no endereço http://www.google.com.br/
63
Cibermetria, de acordo com Vanti (2002), são os estudos dos links33, isto é, das
ligações entre os diferentes conteúdos. Neste caso, os links não são vistos como
meros elementos gráficos presentes nas páginas web que, ao serem “clicados”,
possibilitam o acesso a outras páginas disponibilizadas na Internet; são
considerados como indicadores da importância que uma página web assume dentro
de um determinado contexto. Um desses indicadores, segundo Vanti (2005), é
conhecido como Fator de Impacto da Web (Web Impact Factor). Ele é utilizado para
medir e comparar a atração e a influência que uma terminada página web pode
alcançar na Internet, permitindo, desta forma, determinar o grau de reconhecimento
desses espaços em um determinado contexto e período (VANTI, 2005).
Durante a realização de estudos cibermétricios e webométricos, de acordo
com Almind e Ingwersen (1997) e Vanti (2002), é importante estar atento a fatores
como a natureza dinâmica da Internet, a grande quantidade de informação não
padronizada e as limitações técnicas dos motores de busca, que impedem a
recuperação das informações disponibilizadas na Internet em toda a sua totalidade.
Já a Netnografia é a transposição da Etnografia34 para o estudo das práticas
comunicacionais mediadas por recursos computacionais. Apesar desta abordagem
metodológica ainda ser pouco empregada por pesquisadores brasileiros, ela
começou a ser utilizada no final da década de 80, com o surgimento das primeiras
comunidades virtuais. Assim como na etnografia tradicional, a netnografia não tem
como objetivo principal retratar objetivamente uma determinada realidade, mas
descrever o ponto de vista de outros indivíduos sobre uma determinada realidade,
que permita compreender os fenômenos sociais envolvidos neste contexto
33
Recurso presente em uma página web que permite conectar diferentes tipos de informação, tais como tópico específico presente na própria página, outra página web, referência, informação adicional, esquema, imagem, vídeo, programa ou arquivo. Os links podem ser classificados com internos e externos. Os links internos são aqueles que presentes em uma determinada página remetem para as outras páginas existentes no mesmo domínio. Os links externos, por sua vez, remetem a uma página web fora do domínio da página que contem o link (VANTI, 2005). 34 Segundo Goetz e Lecompte (apud MONTARDO, PASSERINO, 2006, pp.4), a etnografia “é uma metodologia de pesquisa originária da antropologia e está intimamente relacionada com o conceito de cultura. Sua origem remonta-se a fins de século XIX e começo do século XX, e embora os trabalhos iniciais, fossem em alguns aspectos divergentes do que hoje se considera um estudo etnográfico, sua essência permanece: o estudo cultural por meio de uma imersão profunda no grupo que está sendo estudado... é uma reconstrução analítica de cenários e grupos culturais que traz as crenças, práticas, artefatos e conhecimentos compartilhados pela cultura que está sendo estudada”.
64
(MONTARDO, PASSERINO, 2006; AMARAL et al, 2008; HERRERA, PASSERINO,
2008).
A netnografia pode ser amplamente realizada em diferentes contextos
digitais, tais como listas de discussões, chats, weblogs, comunidades virtuais,
programas de mensagens eletrônicas e fóruns de discussão (HERRERA e
PASSERINO, 2008). Apesar de recente, já foram implementados alguns estudos
netnográficos para análise das interações ocorridas em ambientes da Web 2.0
como, por exemplo, as pesquisas realizadas por Herrera e Passerino (2008) sobre a
sociabilidade estabelecida nos weblogs por pessoas portadoras de deficiência visual
e por Montardo e Passerino (2006) sobre análise da pertinência do uso da
netnografia para estudos de espaços de socialização como os weblogs. Cabe
destacar que, assim como na etnografia, a netnografia deve atender alguns
procedimentos básicos: ingresso cultural, coleta de dados, análise dos dados
coletados, ética de pesquisa, feedback e checagem das informações com os
membros do grupo analisado (MONTARDO, PASSERINO, 2006; AMARAL et al,
2008).
A presente pesquisa tinha como objeto de estudo as ferramentas de
comunicação e informação da Web 2.0, em especial os weblogs e as comunidades
do Orkut. Por se tratar de uma pesquisa que envolve espaços digitais, acreditou-se,
em um primeiro momento, que as abordagens metodológicas baseadas na
Webometria, Cibermetria e/ou Netnografia poderiam atender a natureza do estudo.
Entretanto, durante o andamento da pesquisa, observou-se que ela não
atendia os principais objetivos destes campos, tais como a medição do Fator de
Impacto da Web dos espaços digitais e a compreensão dos fenômenos sociais que
permeiam as interações realizadas no contexto da Internet, já que a sua proposta
era a realização de um levantamento que objetivava identificar e categorizar os
weblogs e comunidades do Orkut, os quais tratavam de assuntos relacionados às
psicopatologias. Porém, diante da necessidade de estabelecimento de
procedimentos metodológicos para a coleta dos dados, optou-se adotar alguns
princípios e orientações procedimentais da Webometria e da Cibermetria como a
frequência de distribuição, a classificação dos espaços e as técnicas de coletas.
65
4.1.2 Ferramentas de busca na Internet
Diante da grande quantidade de recursos, tais como páginas web, weblogs,
wikis e vídeos, disponibilizados na Internet, é extremamente necessário que esses
recursos estejam sistematicamente organizados para que os inúmeros usuários da
rede mundial de computadores possam buscá-los, selecioná-los e consultá-los. Para
a realização de buscas de informação disponível na Internet, existem três tipos
básicos de ferramentas: os motores de busca, os diretórios e a metapesquisa.
Apesar de apresentarem características que as diferenciam, o funcionamento destas
ferramentas consiste em criar, por meio de um software, uma listagem com as
informações dos recursos disponibilizados na Internet, de acordo com as palavras-
chaves colocadas pelos usuários (CENDÓN, 2001; CARVALHO, PEREIRA, 2005).
Uma das ferramentas mais utilizada para a localização de informação é o
motor de busca. Atualmente, é possível encontrar na Internet um número
significativo dessas ferramentas como, por exemplo, o Yahoo! Search35, Google36,
AltaVista37 e Bing38. Geralmente, elas são constituídas por três componentes: (a) um
software, também conhecido como robô, que busca e localiza periodicamente os
recursos presentes na Internet; (b) um programa de indexação que extrai a
informação dos recursos encontrados pelo robô e a armazena em um banco de
dados; (c) a interface constituída por uma página web, onde o usuário digita uma ou
mais palavras chaves que serão utilizadas na pesquisa no banco de dados, e por um
programa que faz a localização das informações cadastradas no banco de dados e
as apresenta na forma de lista, contendo a descrição dos recursos e os seus links
(CENDÓN, 2001; CARVALHO, PEREIRA, 2005; KIRCHHOFF et al, 2007).
Ao apresentar os resultados das buscas feitas pelo usuário, o motor de
busca faz a ordenação dos resultados de forma a garantir que os mais relevantes
sejam apresentados em primeiro lugar. Diante do grande número de recursos
presentes na Internet, ao realizar uma determinada busca, uma pessoa pode se
deparar com um número excessivo de resultados e, neste caso, a sua sequência de
35
http://br.yahoo.com/ 36
http://www.google.com.br/ 37
http://www.altavista.com/ 38
http://www.bing.com/
66
apresentação é de extrema importância. Os resultados podem ser ordenados
segundo diferentes critérios: (a) localização e frequência de aparecimento de
palavras utilizadas nas buscas, (b) apresentação das palavras utilizadas na busca
no código HTML (metatags) das páginas web, (c) quantidade de links que apontam
para um determinado recurso e (d) remuneração por parte dos produtores dos
recursos para que possam estar presentes nos resultados das buscas. O método
usado para ordenar os resultados encontrados é um dos critérios utilizado para
garantir a relevância e a qualidade dos motores de busca (CENDÓN, 2001). Um
outro critério é o tamanho do seu banco de dados, que é medido pela quantidade de
endereços eletrônicos (URL) dos recursos mapeados. Quanto maior for a cobertura
do motor de busca, maiores serão as chances do banco de dados conter a
informação procurada. Entretanto, cabe frisar que nenhum motor de busca é capaz
de localizar todas as informações presentes na Internet. Nem os melhores e mais
populares dos mecanismos de busca, segundo Cendón (2001), são capazes de
localizar mais do que 60% das informações presentes na rede mundial de
computadores. Por isso, se for realizada uma pesquisa utilizando dois motores de
busca diferentes, é muito provável que os resultados encontrados apresentem
diferenças significantes, já que esses têm relação direta com as características
técnicas dos mecanismos como, por exemplo, tamanho do banco de dados e
critérios de ordenação dos resultados (CENDÓN, 2001; CARVALHO, PEREIRA,
2005; KIRCHHOFF et al, 2007).
Segundo pesquisa39 apresentada pela comScore, empresa líder na medição
do mundo digital, um dos mais populares motores de busca na atualidade é o
Google40. Os dados apresentados pelo estudo mostram que 63,3% das pesquisas
realizadas na Internet no mês de fevereiro de 2009 foram feitas por meio deste
motor de busca. A sua popularidade deve estar relacionada ao tamanho do seu
banco de dados e ao critério para a ordenação dos resultados da busca baseado na
relevância dos links.
39
Disponíveis em <http://www.comscore.com/press/release.asp?press=2750>. Acesso em: 19 abr. 2009. 40
É o motor de busca mais utilizado na atualidade. De propriedade de uma empresa privada, que possui o mesmo nome da ferramenta, foi desenvolvido em 1997 por Serge Brin e Larry Page, na época estudantes da Universidade de Stanford (CARVALHO, PEREIRA, 2005).
67
De acordo com informações apresentadas pela empresa Google41, o
tamanho de seu banco de dados é superior a um bilhão de endereços indexados
(URL), indicando maior capacidade de mapeamento das suas ferramentas de busca.
A ordenação dos links resultantes das buscas baseia-se no critério de relevância
que é estabelecido a partir da quantidade de vezes que um link é referenciado por
outra página (CENDÓN, 2001).
A empresa Google oferece outras ferramentas de busca temáticas voltadas
para recursos e temas específicos: Google Acadêmico42, motor de busca voltado
para a pesquisa de artigos, teses, livros, dissertações e questões relacionadas ao
mundo acadêmico; Google - pesquisa de imagens43 que permite a pesquisa de
imagens disponibilizadas na Internet; Google - pesquisa de livros44, motor de busca
voltada para pesquisa de livros on-line e informações sobre as obras; e Google -
pesquisa de blogs45, motor de busca específico voltado para a localização de
weblogs.
4.1.3 Levantamento dos weblogs e das comunidades do Orkut no contexto
das psicopatologias
A princípio, acreditou-se que a natureza desta pesquisa estivesse
relacionada à Webometria, à Cibermetria e, ou à Netnografia por se tratar de um
estudo que envolvia o uso de espaços digitais disponibilizados na Internet.
Posteriormente, observou-se que a pesquisa não atendia ao principal objetivo dos
estudos Webométricos, Cibermétricos e Netnográficos que são respectivamente a
medição do Fator de Impacto da Web dos espaços digitais e a compreensão dos
fenômenos sociais que permeiam as interações realizadas no contexto da Internet.
Diante disso, para concretizar os objetivos desse estudo, optou-se por realizar um
41
Disponível em <http://www.google.com.br/intl/pt-BR/why_use.html>. Acesso em: 19 abr. 2009. 42
Informação disponível em <http://scholar.google.com.br/intl/pt-BR/scholar/about.html>. Acesso em: 19 abr. 2009. 43
Disponível em <http://www.google.com.br/intl/pt-BR/features.html>. Acesso em: 19 abr. 2009. 44
Disponível em <http://www.google.com.br/intl/pt-BR/googlebooks/about.html>. Acesso em: 19 abr. 2009. 45
Disponível em <http://www.google.com.br/support/faqs/bin/static.py?page=faq_blog_Sea rch.html&hl=pt-BR>. Acesso em: 19 abr. 2009.
68
levantamento exploratório dos weblogs e comunidades do Orkut, que tinham como
temática central assuntos relacionados às psicopatologias, por meio da utilização de
ferramentas de busca para Internet, baseando-se em alguns princípios e orientações
procedimentais da Webometria e da Cibermetria, tais como freqüência de
distribuição, classificação dos espaços e técnicas de coleta de dados.
Para realizar o levantamento dos weblogs, optou-se pelo uso de um motor
de busca temático voltado para a pesquisa específica deste tipo de espaços. Apesar
de, atualmente, existirem diferentes motores de busca temática, tais como
Technorati46, BlogBlogs47, BlogLines48 e Google – pesquisa de blogs49, a escolha
recaiu sobre o motor de busca Google – pesquisa de blogs. A opção pela sua
utilização deve-se às características que se mostraram superiores a dos outros
motores de busca, tais como, tamanho do banco de dados, ordenação baseada na
relevância dos links, uso de interface com design minimalista que facilita o manuseio
da mesma e o uso de pesquisa avançada com diferentes critérios (CARVALHO,
PEREIRA, 2005).
Como já foi dito anteriormente, o Google - pesquisa de blogs é um motor de
busca temático, de propriedade da empresa Google, desenvolvido especialmente
para pesquisa de weblogs. Segundo informações presentes na página web50 do
próprio motor de busca, a ferramenta permite a pesquisa de weblogs escritos em
diferentes idiomas como, por exemplo, português, inglês, francês, italiano, alemão,
espanhol e coreano.
O motor de busca permite que a pesquisa seja realizada de duas diferentes
formas. A primeira é por meio da página principal (Figura 8). Neste caso, basta o
usuário digitar a palavra referente ao assunto desejado e clicar no botão “Pesquisar”.
A segunda forma permite que se tenha um maior controle sobre a pesquisa a ser
realizada. Neste caso, o usuário deve clicar no link "Pesquisa avançada" para
determinar os critérios que serão utilizados como, por exemplo, títulos, autores,
idiomas e datas das postagens. Independentemente da forma de pesquisa utilizada,
46
Disponível no endereço: http://technorati.com/ 47
Disponível no endereço: http://blogblogs.com.br/ 48
Disponível no endereço: http://www.bloglines.com/ 49
Disponível no endereço: http://blogsearch.google.com.br/blogsearch 50
Disponível em <http://www.google.com.br/support/faqs/bin/static.py?page=faq_blog_search. html&hl=pt-BR> Acesso em: 19 abr. 2009.
69
os resultados são listados em uma página web com links que apontam para os
weblogs que tenham relação com o tema pesquisado, segundo o critério de
ordenação adotado pela ferramenta de busca.
No caso da investigação das comunidades do Orkut, foi utilizado o próprio
mecanismo de busca existente no software social (Figura 9). A ferramenta de busca
do Orkut funciona por meio do fornecimento de palavras-chave que tenham relação
com o tema a ser pesquisado. Permite, também, realizar buscas por meio da
definição de critérios como nome dos usuários, nome das comunidades e títulos dos
tópicos de discussão presentes nos fóruns. Os resultados das buscas são listados
na forma de links que remetem aos perfis dos usuários, às comunidades ou aos
tópicos de discussão.
Após a escolha do motor de busca para fazer o levantamento dos weblogs e
das comunidades do Orkut, foi solicitado a dois professores do departamento de
Psiquiatria e Medicina Legal da faculdade de Medicina da Universidade Federal do
Rio de Janeiro (UFRJ), participantes do “Projeto Vivência”51 (STRUCHINER, 2008),
que indicassem termos ou palavras que tivessem relação com o contexto do projeto.
Cabe destacar que os professores possuem como objeto de estudo a narrativa do
51
Para maiores informações sobre o Projeto Vivência vide a página 16.
Ilustração 6 - Tela principal do motor de busca Google – Pesquisa de blogs
70
adoecer e do tratamento de pacientes acometidos por psicopatologias. Eles
indicaram nove termos ou palavras relacionadas à área de psicopatologia: Síndrome
do Pânico, Transtorno Mental, Psiquiatria, Psicose, Esquizofrenia, Transtorno
Bipolar, Fobia, Doença Mental e Saúde Mental.
O levantamento dos weblogs ocorreu em um único dia (27 de outubro de
2008). Optou-se por fazer as buscas por meio da opção de “Pesquisa Avançada” do
motor de busca Google – pesquisa de blog. Os critérios para a realização do
levantamento foram o “Título do blog” e o idioma adotado. Buscou-se trabalhar com
os espaços digitais que apresentavam no seu título as palavras ou os termos
indicados pelos especialistas e que apresentavam informações em língua
portuguesa. Cabe ressaltar que as palavras e os termos de busca foram usados de
forma independente e no caso de expressões como, por exemplo, Saúde Mental,
não houve a necessidade de utilização de aspas para a procura exata da expressão,
pois se optou utilizar a “Pesquisa Avançada”.
Com base nos resultados obtidos na busca para cada palavra ou termo,
posteriormente, foi realizada a análise individual das informações presentes em cada
dos weblogs pesquisados para avaliar a adequação ou não destes à proposta da
pesquisa. Tal procedimento foi importante, pois nem sempre os weblogs tratavam de
Ilustração 7 – Tela do mecanismo de busca do Orkut com resultado de pesquisa com o termo Saúde Mental realizado no dia 27 de outubro de 2008.
71
assuntos sobre as psicopatologias. Para exemplificar, pode-se citar o caso das
buscas realizadas com o termo Psicose, onde não foram localizados somente
espaços que tratavam sobre a psicopatologia, mas também espaços que tratavam
sobre assuntos como, por exemplo, bandas de rock. As informações consideradas
como relevantes para a pesquisa foram:
a) Título do blog – informação que indica o nome do weblog e que é,
normalmente, exibida na parte superior da página web;
b) Endereço – endereço eletrônico, também conhecido como URL, usado
para acessar uma página web ou um recurso da Internet, que neste
caso é o weblog;
c) Temática – informação sobre os assuntos tratados no weblogs, no caso
deste estudo, são as psicopatologias;
d) Objetivo – informação que indica qual foi o motivo que levou a criação
do weblog. Normalmente, essa informação é apresentada no espaço
reservado para descrição do blog;
e) Perfil do proprietário – informação geral, que pode ou não estar
identificada, sobre os proprietários dos weblogs;
f) Data da última postagem – informação referente à data da última
inserção de informação disponibilizada no weblog.
Diante da falta de informação em alguns dos espaços, que não permitiram
definir os objetivos dos blogs pesquisados e o perfil dos proprietários, foram
empregadas duas estratégias para coletar essas informações. A primeira foi realizar
a análise das postagens presentes nos weblogs. A segunda foi entrar em contato
com os proprietários, por meio da área de comentário dos blogs ou por e-mail, para
que esses fornecessem as informações solicitadas.
O levantamento das comunidades do Orkut foi realizado em um único dia
(27 de outubro de 2008). Utilizou-se o motor de busca disponibilizado no próprio
software social. Para realizar os levantamentos, utilizou-se, primeiro, os filtros de
categoria e idioma, restringido as comunidades pertencentes à categoria “Saúde,
72
Bem-estar e Fitness” e que o idioma adotado fosse a língua portuguesa. Em
seguida, buscaram-se as comunidades que apresentassem no título as palavras ou
os termos indicados previamente pelos professores. A utilização das palavras ou dos
termos para a realização das buscas foi feita de forma independente. Cabe destacar
que não existe a necessidade do uso de aspas para localização exata de
expressões como, por exemplo, Síndrome do Pânico e Transtorno Mental.
Após as buscas das comunidades do Orkut, realizou-se a análise individual
das informações presentes em cada uma das comunidades pesquisadas para
avaliar a adequação ou não destas à proposta da pesquisa. Assim como no caso
dos weblogs, tal procedimento foi importante, pois nem sempre as comunidades
tratavam de assuntos sobre as psicopatologias. As informações consideradas
relevantes para a pesquisa das comunidades foram:
a) Título da comunidade – informação que indica o nome da comunidade;
b) Endereço – endereço eletrônico, também conhecido como URL, usado
para acessar de uma página web ou de um recurso da Internet que,
neste caso, é a comunidade;
c) Temática – informação sobre os assuntos tratados na comunidade, no
caso deste estudo, são as psicopatologias;
d) Objetivo – informação que indica qual foi o motivo que levou à criação
da comunidade. Normalmente, essa informação é apresentada no
espaço reservado para a descrição da comunidade.
e) Perfil do proprietário – informação sobre o proprietário da comunidade
que, geralmente, é disponibilizada no perfil do usuário do Orkut;
f) Data da última postagem – indica a data mais recente da última
inclusão de informação nos fóruns existentes na comunidade.
Diante da falta de informações em alguns dos espaços que não permitiam
definir os objetivos das comunidades pesquisadas e o perfil dos proprietários, foram
empregadas as mesmas estratégias adotadas no levantamento dos weblogs para
coletar as informações. A primeira estratégia foi realizar a análise das postagens
73
presentes nos fóruns de discussões existentes nas comunidades. A segunda foi
entrar em contato com os proprietários, por meio das diferentes ferramentas de
comunicação oferecidas por Orkut ou por e-mail, para que esses fornecessem as
informações necessárias.
Para armazenar as informações durante o levantamento dos espaços
digitais, foi criado um banco de dados, no Microsoft Office Access 200352, com duas
tabelas para armazenar, respectivamente, as informações dos weblogs e das
comunidades do Orkut.
4.2 ABORDAGEM METODOLÓGICA PARA IDENTIFICAR AS VISÕES DOS
PROFESSORES SOBRE AS CONTRIBUIÇÕES DOS WEBLOGS E DAS
COMUNIDADES DO ORKUT NA FORMAÇÃO MÉDICA
4.2.1 Grupo focal e Análise de conteúdo
O grupo focal é um tipo de entrevista com um pequeno grupo homogêneo de
pessoas que visa, por meio das interações entre seus componentes, obter por meio
do consenso ou da divergência informações sobre um determinado tema (MINAYO,
2008). Esta técnica faz uso de sessões grupais, onde os participantes podem
expressar suas percepções, crenças, valores, atitudes e representações sociais
sobre uma temática específica. (WESTPHAL et al, 1997; ASCHIDAMINI, SAUPE,
2004; GOMES, 2003).
A técnica de grupo focal vem sendo utilizada por muitos pesquisadores da
área das Ciências Humanas e Socais e inclusive na área de Educação em Saúde.
Um dos interesses para o seu uso se deve ao fato do pesquisador poder atingir um
maior número de pessoas ao mesmo tempo, se comparado às outras técnicas,
como, por exemplo, a entrevista individual, e pela facilidade de conseguir dados com
certo nível de profundidade em um curto período de tempo (WESTPHAL et al, 1997).
52
Sistema relacional de administração de banco de dados da Microsoft que permite o desenvolvimento de aplicações que envolvem tanto a modelagem e estrutura de dados quanto a interface a ser utilizada pelos usuários. (Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Microsoft_Access>. Acesso em: 14 mar. 2009).
74
Algumas das principais vantagens, de acordo com Gomes (2005), para a
utilização do grupo focal são custo relativamente baixo, rapidez na obtenção dos
dados, maior fidedignidade das informações apresentadas pelos participantes e
modelo mais flexível que permite explorar questões não previstas. Entretanto, ainda
segundo o autor, essa técnica apresenta algumas limitações no que diz respeito à
dificuldade de encontrar participantes quando a pesquisa apresenta critérios bem
específicos; a grande possibilidade de gerar polêmicas e oposições durante as
discussões, e as dificuldades para a realização das análises e das generalizações
devido à complexidade das informações coletadas.
A dinâmica do grupo focal não fica restrita a uma simples apresentação de
perguntas à espera das respostas dos entrevistados. Ela se constitui em uma
reunião com um pequeno grupo de pessoas com o objetivo de discutir vários
aspectos de um tópico específico. O tempo de duração não deve ser superior à uma
hora e meia. O grupo deve ser formado por um pequeno número de pessoas, de
seis a quinze participantes. É importante estar atento para os critérios de seleção
dos participantes para que esses possam atender de forma satisfatória aos objetivos
da pesquisa (MINAYO, 2008; WESTPHAL et al, 1997).
Para a condução do grupo focal, se faz necessária a presença de um
mediador e de um relator. O mediador ocupa-se da apresentação das questões,
mediando as discussões e promovendo a participação de todos os componentes do
grupo. O relator, por sua vez, é responsável por registrar as interações, as
informações não-verbais e verbais expressas e os aspectos relevantes que surgem
durante as discussões (MINAYO, 2008).
As questões apresentadas aos participantes pelo mediador devem fazer
parte de um roteiro previamente elaborado a partir dos objetivos do estudo. O roteiro
deve ser constituído de temas e questões qualitativas e abrangentes que auxiliem o
mediador na condução das discussões e favoreça a interação entre os participantes
(WESTPHAL et al, 1997; ASCHIDAMINI, SAUPE, 2004; MINAYO, 2008).
Antes do início das discussões, o moderador deve informar aos participantes
sobre o propósito e o formato da reunião, os objetivos da pesquisa, os motivos que
propiciaram a escolha do grupo para participar do estudo, os aspectos éticos
75
relacionados à pesquisa e a garantia do anonimato dos informantes. O registro das
discussões deve ser feito com o uso de instrumento tecnológico como gravador de
voz (analógico ou digital) ou filmadora de vídeo. Entretanto, é importante destacar a
necessidade de obter o consentimento prévio dos participantes para que seja feito o
registro da fala e/ou da voz durante as discussões. Caso existam objeções, o
investigador deve fazer o registro da fala dos participantes por escrito. Após a
realização do grupo focal, mediador e relator devem se reunir para avaliar as
discussões e as impressões sobre o encontro e para criar um relatório contendo as
idéias centrais apresentadas (ASCHIDAMINI, SAUPE, 2004; GOMES, 2005;
MINAYO, 2008).
Posteriormente à coleta dos dados, deve-se iniciar o processo de análise e
de tratamento dos dados. O primeiro passo é a transcrição das falas captadas pelos
instrumentos de gravação durante as discussões ocorridas no Grupo Focal. O
segundo é a escolha da técnica de análise de dados que será utilizada para
interpretação das falas dos participantes (ASCHIDAMINI, SAUPE, 2004; MINAYO,
2008).
Apesar de não existir um método específico para análise de dados em
pesquisas qualitativas, a mais indicada, de acordo com Minayo (2008), é codificação
das informações por meio do método de Análise de Conteúdo. Esse método de
tratamento de dados compartilha a mesma lógica dos outros métodos qualitativos de
análise, já que tem como objetivo interpretar o material de caráter qualitativo.
Geralmente, a Análise de Conteúdo trabalha com textos. Estes podem ser de dois
tipos: a) documentos, legislações e material jornalístico; b) transcrições de
entrevistas e protocolos de observação. (ASCHIDAMINI, SAUPE, 2004;
CAREGNATO, MUTTI, 2006; MINAYO, 2008).
As técnicas de Análise de Conteúdo, segundo Minayo (2008, p. 303), são
“técnicas de pesquisa que permitem tornar replicáveis e válidas inferências sobre
dados de um determinado contexto, por meio de procedimentos especializados e
científicos”.
Os procedimentos utilizados na técnica de Análise de Conteúdo vão além da
simples análise das informações apresentadas no texto. Eles têm como objetivo
76
relacionar as estruturas semânticas (significantes) de um texto com os seus
aspectos socioculturais (significados). Isto é, relacionar o conteúdo apresentado com
os fatores que caracterizam o texto como, por exemplo, variáveis psicossociais,
contexto cultural e processo de produção (MINAYO, 2008).
A Análise de Conteúdo pode ser dividida em cinco modalidades: Lexical,
Expressão, Relações, Temática e Enunciação. Dentre as cinco modalidades citadas,
a mais adequada para as investigações qualitativas é a técnica de Análise Temática
(MINAYO, 2008).
A Análise Temática, segundo Minayo (2008), tem como objetivo identificar os
núcleos temáticos presentes em um determinado discurso de forma que produzam
algum sentido ou significado. Inicialmente, ela era utilizada para definir o caráter do
discurso por meio da contagem de frequência das unidades de significação, tais
como palavras, expressões ou frases recorrentes. Atualmente, ela é usada para
identificar estruturas de relevância, valores de referência e modelos
comportamentais que estão presentes ou subentendidos no discurso. A técnica de
Análise de Conteúdo é divida em três etapas: Pré-análise; Exploração do material; e
Tratamento e Interpretação dos resultados obtidos (CAREGNATO, MUTTI, 2006;
MINAYO, 2008).
A etapa da Pré-análise diz respeito à escolha e à organização dos materiais
textuais a serem analisados. Nesta etapa, são definidas as palavras-chaves e as
frases que formam a unidade de registro, o contexto para compreensão da unidade
de registro (unidade de contexto), as formas de categorização, a modalidade de
codificação, e os conceitos teóricos que guiarão a análise do material coletado. Para
isso, faz-se uso de diferentes procedimentos como leitura flutuante, construção do
corpus e formulação e reformulação de hipóteses e objetivos. Na leitura flutuante,
realiza-se a leitura do material com base nas hipóteses iniciais e nas teorias que
embasam a pesquisa. Na constituição do corpus, deve-se verificar se o material
atende aos critérios específicos como: aspectos da pesquisa, características
essências do universo a ser analisado, critérios de escolha dos temas tratados,
técnicas utilizadas, características dos interlocutores e adequação aos objetivos
propostos da pesquisa. Já na formulação e reformulação das hipóteses e objetivos,
existe a possibilidade de ajustes nos rumos das interpretações e abertura de novos
77
questionamentos com base na leitura do material coletado (CAREGNATO, MUTTI,
2006; MINAYO, 2008).
A etapa da Exploração do material consiste na codificação do material
coletado a partir das unidades de registro. É uma fase de operação classificatória
que tem como objetivo localizar o núcleo de compreensão do texto por meio da
busca de expressões ou palavras significativas que possibilitem categorizar o
conteúdo analisado (CAREGNATO, MUTTI, 2006; MINAYO, 2008).
A etapa de Tratamento e interpretação dos resultados obtidos, por sua vez,
é uma tarefa interpretativa que busca obter a compreensão dos significados das
falas por meio de comparações (inferências) e de interpretações relacionando-as
com o quadro teórico inicial e com as novas teorias e questionamentos advindos da
leitura do material de análise. (MINAYO, 2008).
4.2.2 Contribuição dos weblogs e das comunidades do Orkut ao processo de
aprendizagem na perspectiva dos professores
O grupo focal foi o método escolhido para coleta das informações que
indicassem as possibilidades de utilização dos weblogs e as comunidades do Orkut
como ferramentas pedagógicas, nos cursos de graduação em Medicina, segundo a
perspectiva dos professores. O grupo focal foi realizado em dois encontros com uma
sessão em cada. Os participantes do grupo focal eram cinco professores do
departamento de Psiquiatria e Medicina Legal da Faculdade de Medicina da
Universidade Federal do Rio de Janeiro e no momento do estudo estavam em plena
atividade do curso. A seleção destes professores se deveu ao fato que estes
pertenciam a departamento de Psiquiatria e Medicina Legal que é um dos
colaboradores no desenvolvimento do “Projeto Vivências” e, provavelmente,
compartilham dos mesmos pressupostos do Projeto, no que diz respeito a
importância da valorização dos aspectos subjetivos que permeiam a prática médica
e a relação entre médicos e pacientes.
78
O convite inicial para a participação do grupo focal realizou-se por meio de
mensagem por correio eletrônico (e-mail) direcionada ao coordenador do
departamento. Após o aceite, por parte do mesmo, iniciou-se, também por meio do
correio eletrônico, o contato com os demais professores para agendar a data e o
local de realização do grupo focal. O conteúdo desta mensagem informava, de forma
clara e resumida, os dados deste pesquisador, o objetivo da pesquisa e as opções
de datas e locais para o agendamento do encontro. A partir das respostas recebidas,
verificou-se que dos cincos professores convidados, somente quatro tinham
disponibilidade para participar do grupo focal, pois um deles estava fora da
universidade neste período. A data e o local escolhido para realização do encontro
foi o dia 08 de abril de 2009, a partir das 12 horas, na sala de aula do Laboratório de
Tecnologias Cognitivas do NUTES, localizado no bloco L do edifício do Centro de
Ciências e Saúde no Campus do Fundão da Universidade Federal do Rio de
Janeiro. Após a escolha da data e do local, foi enviada uma mensagem de correio
eletrônico, confirmando o encontro e indicando uma lista com exemplos de weblogs
e comunidades presentes no Orkut com temáticas relacionadas às psicopatologias.
A disponibilização desses espaços para os professores tinha como principais
objetivos familiarizá-los com a estrutura e funcionamento desses ambientes digitais
e permitir que tivessem acesso aos relatos apresentados pelos pacientes,
possibilitando desta forma que adquirissem um conhecimento prévio sobre o
assunto para facilitar as discussões sobre as possibilidades de uso dessas
ferramentas no processo de aprendizagem.
A lista foi composta por um total de dois weblogs e duas comunidades do
Orkut que fizeram parte do levantamento realizado neste estudo. Para facilitar a
escolha dos recursos foram adotados os seguintes critérios: (a) espaços mantidos
por pacientes, (b) espaços que veiculavam relatos de experiências sobre
psicopatologias, (c) espaços que se apresentavam em maior número durante o
levantamento, e (d) espaços que possuíam a maior quantidade de postagens
(weblogs) ou quantidade de membros (comunidades). No caso dos weblogs, foram
escolhidos os seguintes espaços: “Bipolar... ou, Mente poderosa”53 e “Mais um
53
http://sf-mentepoderosa.blogspot.com/
79
Diário de mais um bipolar”54. Já no caso do Orkut, foram escolhidas as
comunidades: “Síndrome do Pânico. Tem cura?”55 e “Síndrome do Pânico”56.
Os preparativos para o encontro do dia 08 de abril de 2009 envolveram: a
composição da equipe de apoio do grupo focal composta pelo professor
coordenador do Laboratório de Tecnologias Cognitivas, pelo relator e pelo
moderador (pesquisador responsável), a aquisição dos instrumentos de gravação de
áudio, a redação dos termos de “Consentimento Livre e Esclarecido”57 e “Cessão de
uso de verbalizações”58, a preparação da sala de aula, e a elaboração do roteiro
com as questões relativas aos objetivos da pesquisa, para auxiliar na condução das
discussões.
O roteiro para auxiliar na moderação do grupo focal foi elaborado em três
partes: (1) vivência e experiência com uso da informática e da Internet, (2) narrativa
dos pacientes e formação médica e (3) utilização dos weblogs e do Orkut no curso
de Medicina. Na primeira parte, o objetivo era obter a fala dos participantes sobre a
sua experiência com o uso da informática e da Internet no âmbito pessoal,
profissional e educacional. Na segunda parte, esperava-se que cada participante
apresentasse suas considerações sobre a importância da narrativa dos pacientes na
formação médica e as estratégicas pedagógicas usualmente adotadas para que os
alunos tivessem contato com essa narrativa. Já a terceira, solicitava que cada
professor apresentasse suas considerações e observações pessoais sobre as
possibilidades de utilização dos weblogs e das comunidades do Orkut mantidas por
pacientes durante o processo de aprendizagem.
No dia agendado para a realização do grupo focal, apesar de quatros
professores terem confirmado a presença, somente três docentes compareceram ao
encontro. A sessão durou em torno de cinqüenta minutos. Ao chegarem ao
Laboratório de Tecnologias Cognitivas, os professores foram recebidos pelo
professor coordenador e pelo pesquisador e acomodados ao redor de uma mesa.
Foi solicitado que os professores preenchessem e assinassem os termos
“Consentimento Livre e Esclarecido” e “Cessão de uso de verbalizações”, com o
54
http://maisumbipolar.blogspot.com 55
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=6678216 56
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=33690625 57
Termo de “Consentimento Livre e Esclarecido” disponível na página 128.
80
objetivo de atender às exigências legais para garantir a ética nas pesquisas que
envolvem seres humanos. Em seguida, o professor coordenador iniciou a sessão
apresentando informações sobre o NUTES, o Laboratório de Tecnologias
Cognitivas, o Projeto Vivências (STRUCHINER, 2008) e situando a presente
pesquisa com os outros trabalhos desenvolvidos no laboratório. Além disso, ele
destacou os motivos que levaram a escolha dos professores do departamento de
Psiquiatria e Medicina Legal e da importância da participação destes nesta fase da
pesquisa. Esta etapa do encontro foi de extrema importância para sensibilizar a
participação dos professores.
Após as colocações do professor coordenador, o moderador solicitou aos
participantes que falassem sobre a sua experiência no uso da informática e da
Internet, tanto no contexto pessoal quanto no profissional e educacional. Após as
considerações apresentadas pelos participantes, foi feito o encerramento da sessão,
pois existia uma restrição de horário de um dos participantes que impossibilitou a
continuação da sessão. Aproveitou-se este momento para agendar uma nova data e
horário para um segundo encontro com o objetivo de dar continuidade às
discussões.
O segundo encontro foi realizado no dia 05 de maio de 2009 e teve duração
de 60 minutos. Os participantes do primeiro encontro estavam presentes e a equipe
de apoio foi constituída somente do moderador (pesquisador responsável) e do
relator. O moderador iniciou a segunda sessão do grupo focal recordando os
objetivos da pesquisa e explicando de forma sucinta o conceito e a funcionalidade
do weblog e do Software Social Orkut. Em seguida, foi solicitado que cada
participante fizesse suas considerações pessoais sobre a importância das narrativas
dos pacientes para a formação médica e apresentassem as estratégias pedagógicas
que eles utilizavam nas suas aulas para que os alunos tivessem contato com essa
narrativa. Após as considerações, o moderador realizou uma apresentação rápida
de cada um dos weblogs e das comunidades do Orkut, disponibilizadas
anteriormente, com o objetivo de recordar a estrutura e as dinâmicas de interação
desses espaços e solicitou que os participantes sugerissem possibilidades de uso
dos weblogs e das comunidades durante o processo de aprendizagem. Em seguida,
58
Termo de “Cessão de uso de verbalizações” disponível na página 129.
81
a sessão foi finalizada. A próxima etapa foi a realização da transcrição das
verbalizações dos dois encontros para que, posteriormente, fosse realizada a
análise do conteúdo das informações coletadas.
4.2.3 Ética em Pesquisa da área da Saúde envolvendo seres humanos
Recentemente, os meios de comunicação vêm abordando as questões
éticas relacionadas às pesquisas sobre testagem de medicamentos, transplantes de
órgãos, estudos do código genético e clonagens. Entretanto, as preocupações com
as questões éticas das pesquisas com seres humanos, de acordo Marziale e
Mendes (2002), não são recentes e começaram a ganhar destaque na comunidade
cientifica a partir da década 40, devido aos crimes de guerras ocorridos durante a
Segunda Guerra Mundial. No Brasil, ainda segundo as autoras, somente na década
de 80, foram instituídas as exigências quanto ao consentimento, à necessidade de
aprovação e ao acompanhamento de protocolos de pesquisas com seres humanos.
No ano de 1996, foi aprovado a Resolução 196 pelo Conselho Nacional de Saúde
(CNS), do Ministério da Saúde, que estabeleceu as Diretrizes e Normas
Regulamentadoras de Pesquisas envolvendo seres humanos que objetivavam a
garantia dos aspectos éticos da pesquisa que envolve seres humanos. Todas as
pesquisas desta natureza devem obedecer às recomendações apresentadas pela
Resolução 196/96 e devem ser submetidas à apreciação de um Comitê de Ética em
Pesquisa (CEP) objetivando a garantia e o resguardo da integridade e dos direitos
dos participantes (MS, 1996).
De acordo com o Ministério da Saúde (1996), estudos desta natureza devem
atender princípios éticos e fundamentais, tais como garantia (1) da autonomia por
meio do consentimento livre e esclarecimento dos indivíduos envolvidos e a
proteção a grupos vulneráveis e aos legalmente incapazes; (2) da beneficência por
meio da ponderação entre riscos e benefícios, tentando garantir o máximo de
benefícios e o mínimo de danos e riscos aos participantes; (3) da não maleficência
buscando evitar os danos previsíveis; (4) da justiça e eqüidade por meio da
relevância social da pesquisa que mostram as vantagens significativas e
minimização do ônus para as pessoas envolvidas.
82
A presente pesquisa, de forma a atender a Resolução 196/96, foi submetida
à apreciação ao Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos do Hospital
Universitário Clementino Fraga Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro,
recebendo parecer favorável para sua realização pelo comitê no dia 23 de março de
2009 e está registrada sobre o número de protocolo 216/08 – CEP59.
4. 3 CONCLUSÃO
Este capítulo apresentou as abordagens metodológicas, os materiais e os
métodos selecionados para realizar o levantamento dos weblogs e das comunidades
do Orkut com o objetivo de identificar aqueles que veiculam assuntos relacionados a
algumas psicopatologias. Os procedimentos metodológicos foram baseados em
alguns princípios da Webometria e da Cibermetrias e tiveram como propósito fazer o
levantamento prévio desses espaços digitais para evidenciar a existência de um
repertório de materiais que podem ser explorados durante o processo de ensino-
aprendizagem.
Discutiu-se sobre as abordagens metodológicas, os materiais e os métodos
para identificar as visões dos professores, do curso de graduação em Medicina,
sobre as possibilidades de utilização dos weblogs e das comunidades do Orkut no
desenvolvimento de atividades pedagógicas no curso de graduação em Medicina.
Desta forma, identificou-se que a técnica de grupo focal seria a mais adequada para
discutir, junto com os docentes, as possibilidades de uso pedagógico das
ferramentas. Além disso, discorreu sobre as questões éticas que permeiam as
pesquisas que envolvem seres humanos.
59
Cópia do parecer sobre o projeto de pesquisa emitido pelo Comitê de Ética está disponível na página 130.
83
5. ANÁLISE DOS DADOS
Este capítulo apresenta os resultados das análises dos dados coletados no
levantamento dos weblogs e das comunidades do Orkut e nas sessões de grupo
focal com os professores do departamento de Psiquiatria e Medicina Legal,
utilizando as abordagens metodológicas, os materiais e os métodos descritos no
capítulo anterior.
5.1 ANÁLISE E RESULTADOS
5.1.1 Análise e Resultados do levantamento dos weblogs
Os resultados obtidos durante o levantamento produziram um total de 190
weblogs. Destes, 78 blogs foram considerados válidos para o presente estudo60, já
que estes tinham relação com as temáticas da psicopatologia. Ficaram excluídos
aqueles weblogs que: (a) não possuíam relação com as temáticas já citadas, (b) não
apresentavam endereço (URL) válido e (c) não apresentavam as datas das
postagens. A tabela 1 apresenta o número de weblogs encontrados para cada termo
de busca utilizado.
TEMÁTICA TOTAL ENCONTRADO TOTAL SELECIONADO
Saúde Mental 36 27
Psiquiatria 29 21
Transtorno Bipolar 40 16
Esquizofrenia 50 10
Fobia 15 2
Psicose 19 2
Doença Mental 0 0
Síndrome do Pânico 1 0
Transtorno Mental 0 0
TOTAL 190 78
Tabela 1 – Total de weblogs com temática relacionada às psicopatologias.
A análise das informações, referentes ao total de weblogs selecionados,
presentes na tabela 1, mostra a predominância de weblogs que possuem como
60
A listagem contendo os 78 weblogs considerados válidos para este estudo está disponível na página 131.
84
temática central assuntos relacionados à Saúde mental (n= 27; 34,61%), Psiquiatria
(n=21; 26,92%) e Transtorno Bipolar (n= 16; 20,51%). Cabe destacar que não foi
encontrado nenhum weblog que possuía como tema a Doença Mental e o
Transtorno Mental.
Segundo Sirfy (2006, 2006a), a taxa de atividade dos weblogs é determinada
pela frequência das postagens realizadas pelos seus proprietários. Para que um
blog seja considerado ativo (em funcionamento), ele deve ter recebido pelo menos
alguma postagem em um período inferior ou igual a três meses. Nesta análise, os
espaços considerados ativos, foram os que receberam algum tipo de postagem
entre os dias 27 de julho de 2008 e 27 de outubro de 2008. Os espaços em que não
ocorreram postagens neste período foram classificados como inativos. Dentre os 78
weblogs selecionados para este estudo, somente 30 desses espaços se
encontravam ativos. Isso indica uma taxa de atividade de 38,46%. Cabe destacar
que a maior quantidade de espaços ativos está relacionada ao Transtorno bipolar
(n=11; 36,67%).
Os weblogs selecionados foram classificados segundo o objetivo de sua
criação, conforme apresentado no Gráfico 1. Durante a análise das informações
disponibilizadas nos espaços, foram identificados os seguintes objetivos de criação:
a) Divulgação de serviços: categoria utilizada para identificar os weblogs
criados por instituições e profissionais que atuavam na área da saúde
para divulgação dos seus serviços;
b) Educacional: categoria usada para identificar os espaços que foram
criados por professores e estudantes para o desenvolvimento de
atividades educacionais;
c) Experiência: categoria utilizada para agrupar os weblogs que foram
criados por pacientes e/ou familiares para servir de espaço para
apresentação de relatos;
d) Informação: categoria que identifica os espaços que foram
desenvolvidos exclusivamente para apresentar informações sobre as
psicopatologias.
85
e) Não definido: quando não foi possível identificar os objetivos de criação
dos weblogs, pois não estavam indicados e não existiam pistas para
que os indicassem.
Quando são analisadas as informações relacionadas ao objetivo da criação
dos weblogs selecionados, é possível verificar o predomínio de espaços voltados
para a veiculação de informações (n=41; 52,56%), para a exposição de experiências
(n=15; 19,23%) e para fins educacionais (n=10; 12,82%). A maior parte dos weblogs
que veiculava informações tinha como temática a Saúde Mental (n=16; 39,02%),
seguido dos que tinham como tema central a Psiquiatria (n=12; 29,27%). Os blogs
que apresentavam experiências possuíam como temática assuntos relacionados ao
Transtorno Bipolar (n=13; 86,67%). Já os que tinham objetivos educacionais eram os
relacionados à Psiquiatria (n=6; 60%).
O Gráfico 2 mostra o perfil dos proprietários dos weblogs selecionados. Após
a análise das informações presentes nos espaços, os blogs foram agrupados
segundo as seguintes categorias:
Ilustração 8 - Objetivo de criação dos weblogs com temáticas relacionadas às psicopatologias
5
3
16
1
22
6
12
11
2
6
13
3
2 2
1
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
Divulgação de
serviços
Educacional Experiência Informação Informação e
Divulgação de
serviços
Não definido
Saúde Mental Psiquiatria Esquizofrenia
Transtorno Bipolar Fobia Psicose
Doença Mental Síndrome do Pânico Transtorno Mental
86
a) Aluno da área da saúde: categoria criada para identificar os
proprietários que declararam ser estudantes de cursos voltados para a
área da saúde;
b) Aluno da educação básica: categoria utilizada para identificar os
espaços onde as informações apresentadas indicavam que os
proprietários eram estudantes do Ensino fundamental e Médio;
c) Familiar: categoria que agrupa os weblogs criados por pessoas que
possuíam familiares acometidos por alguma das psicopatologias que
fazem parte desta pesquisa;
d) Institucional: categoria que identifica os espaços digitais que foram
criados por instituições voltadas para a área da psicopatologia;
e) Paciente: categoria que agrupa os weblogs criados por pessoas que
foram acometidas por alguma psicopatologia;
f) Professor da área da saúde: categoria usada para agrupar os espaços
criados por pessoas que declararam ser professores de cursos
relacionados à área da saúde;
g) Profissional da área da saúde: categoria que identifica os blogs
concebidos por pessoas que declararam ser profissionais da área da
saúde; e
h) Não especificado: Para agrupar os weblogs onde não foi possível
identificar o perfil dos proprietários, pois não estavam indicados e não
existiam pistas para que os indicassem.
87
Observando as informações do Gráfico 2, percebe-se a predominância de
weblogs voltados para as psicopatologias mantidas por proprietários que declaram
ser profissionais da área da saúde (n=20; 25,64%), pacientes (n=18; 23,07%) e
instituições da área da saúde (n=14; 17,95%). Já os blogs mantidos por estudantes
(n=7; 8,97%), professores (n=3; 3,85%) da área da saúde ou por ambos (n=1;
1,28%) se apresentam em menor número. Ainda cabe destaque que a maior parte
dos weblogs mantidos por pacientes é a que possui como temática o Transtorno
Bipolar (n=13; 72,22%).
A relação entre o objetivo dos weblogs e o perfil dos seus proprietários é de
muita importância, pois o perfil do proprietário, de acordo Gomes e Lopes (2007),
pode ser uma garantia da credibilidade e da idoneidade dos conteúdos veiculados
nos espaços. Por exemplo, as informações disponibilizadas sobre Transtorno Bipolar
em um weblog mantido por um profissional da saúde tendem a ter mais credibilidade
do que por um espaço mantido por alunos. O resultado da análise61, segundo a
relação objetivo/perfil do proprietário, mostra que os weblogs mantidos por
61
O valor total de weblogs (n=65) apresentado nesta análise não corresponde ao total dos espaços que fizeram parte deste estudo. Pois, foram excluídos aqueles onde não foi possível identificar o objetivo de criação ou o perfil dos seus proprietários.
Ilustração 9 - Perfil dos proprietários dos weblogs com temáticas relacionadas às psicopatologias
1
13
1 11 1
2
1
5
1 11 1
5
3
1
2
9
1
2
10
1 1
10
3
0
2
4
6
8
10
12
14
Aluno da área
da Saúde
Aluno da
Educação
básica
Familiar Institucional Paciente Paciente e
Familiar
Professor da
área da saúde
Professor e
aluno da área
da saúde
Profissional
da área da
saúde
Não
especificado
Transtorno Bipolar Esquizofrenia Fobia
Psicose Psiquiatria Doença Mental
Saúde Mental Síndrome do Pânico Transtorno Mental
88
profissionais da área da saúde e por pacientes para vincular, respectivamente,
informações (n= 17; 26,15%) e experiências (n=14; 21,54%) vivenciadas sobre a
doença e tratamento se apresentam em maior número. Ainda cabe destacar que, o
número de weblogs com objetivo educacional (n=5; 7,69%) criados por alunos da
área da saúde é superior aos dos criados por professores (n=2; 3,08%).
5.1.2 Análise e Resultados do levantamento das Comunidades do Orkut
Nas buscas, com o objetivo de levantar as comunidades do Orkut, localizou-
se um total de 362 comunidades. Sendo que destas, somente 187 comunidades
foram consideradas neste estudo62. As comunidades excluídas foram aquelas que:
(a) não apresentavam relação com as temáticas desta pesquisa, ou (b) não
apresentavam endereços de internet (URL) válidos, ou (c) não possuíam nenhuma
postagem nos fóruns de discussão. As informações coletadas nas buscas,
referentes à quantidade de comunidades, são apresentadas na tabela 2.
TEMÁTICA TOTAL ENCONTRADO TOTAL SELECIONADO
Síndrome do Pânico 118 55
Transtorno Bipolar 88 41
Psiquiatria 52 36
Saúde Mental 64 30
Fobia 28 17
Esquizofrenia 11 7
Transtorno Mental 1 1
Doença Mental 0 0
Psicose 0 0
TOTAL 362 187
Tabela 2 – Total de comunidades do Orkut com temática relacionada às psicopatologias.
Verifica-se na análise dos dados presentes na tabela 2, referentes à
quantidade de comunidades do Orkut selecionadas, a predominância das que
possuem como tema a Síndrome do Pânico (n=55; 29,41%), Transtorno Bipolar
(n=41; 21,93%) e Psiquiatria (n=36; 19,25%). Ao comparar o levantamento dos
weblogs (tabela 1) e das comunidades, percebe-se a maior presença de
comunidades do Orkut relacionadas às temáticas das psicopatologias.
62
A listagem contendo as 187 comunidades do Orkut consideradas válidos para este estudo está disponível na página 133.
89
Para analisar a taxa de atividade (funcionamento) das comunidades do
Orkut, utilizou-se dos mesmos parâmetros, adotados por Sirfy (2006, 2006a), para
análise do funcionamento dos weblogs, pois não foi possível identificar um método
específico voltado para as comunidades. Das 187 comunidades do Orkut
selecionadas como válidas para esta pesquisa, somente 110 delas (58,82%)
estavam em funcionamento. O maior número de comunidades que se apresentam
ativas eram as tinham como temática a Síndrome do pânico (n=28; 25,45%), a
Psiquiatria (n=24; 21,82%) e o Transtorno Bipolar (n=23; 20,91%). Para efeito de
análise, assim como no caso dos weblogs, as comunidades consideradas ativas,
foram aquelas que receberam algum tipo de postagem entre os dias 27 de julho de
2008 e 27 de outubro de 2008 e, consequentemente, aquelas que não receberem
postagens neste período foram consideradas inativas.
De forma semelhante aos weblogs, as comunidades do Orkut selecionadas
foram classificadas de acordo com o seu objetivo de criação. Diante da análise das
informações presentes nas comunidades, foi possível classificá-las em seis
diferentes categorias:
a) Divulgação de serviços: categoria utilizada para identificar as
comunidades mantidas de instituições e profissionais que atuam na
área da psicopatologia para divulgar informações sobre seus serviços;
b) Educacional: categoria usada para identificar as comunidades que
foram criadas por professores e estudantes para o desenvolvimento de
atividades educacionais;
c) Experiência: categoria utilizada para agrupar as comunidades que
foram criadas por pacientes e/ou por seus familiares para apresentar
os relatos relacionados às pscicopatologias;
d) Informação: categoria que identifica as comunidades que foram
desenvolvidas exclusivamente para apresentar informações sobre as
psicopatologias.
90
e) Não definido: quando não foi possível identificar os objetivos de criação
das comunidades, pois não estavam indicados e não existiam pistas
para que os indicassem.
O Gráfico 3 apresenta as informações referentes ao objetivo de criação das
comunidades do Orkut voltadas para as psicopatologias. A análise das suas
informações mostra o predomínio de comunidades criadas para veicular
exclusivamente informação (n=79; 42,25%), tanto informação quanto relatos de
experiência (n=50; 26,74%) e exclusivamente relatos de experiência (n=33; 17,65%)
sobre as psicopatologias. Ainda cabe destacar que, as comunidades criadas com
objetivo educacional relacionadas às psicopatologias (n=2; 1,07%), se apresentavam
em menor número. A maior parte das comunidades que veiculava exclusivamente
informação tinha com temática a Psiquiatria (n=24; 30,38%). As comunidades que
apresentavam exclusivamente relatos de experiência possuíam com tema central
assuntos relacionados ao Transtorno Bipolar (n=12; 36,36%). Já as que tinham
como objetivo veicular tanto informação quanto relatos de experiência eram as
relacionadas à Síndrome do Pânico (n=27; 54%).
9
2
24
1
6
1 1
19
2
11
12
17
10
11
11
14
27
2
1
3 3
1
6
2
8
1
0
5
10
15
20
25
30
Divulgação de serviços Educacional Experiência Informação Informação e
Experiência
Não definido
Psiquiatria Saúde mental Transtorno bipolar
Síndrome do pânico Esquizofrenia Fobia
Doença mental Psicose Transtorno mental
Ilustração 10 - Objetivo de criação das comunidades do Orkut com temáticas relacionadas às psicopatologias
91
O Gráfico 4 apresenta o perfil dos proprietários das comunidades existentes
no Orkut, voltadas respectivamente para as temáticas relacionadas às psicologias.
As comunidades foram agrupadas segundo as seguintes categorias:
a) Aluno da área da saúde: categoria criada para identificar os
proprietários que declararam ser estudantes de cursos voltados para a
área da saúde;
b) Familiar: categoria que agrupada as comunidades que foram criadas
por pessoas que possuem familiares acometidos por alguma das
doenças que fazem parte desta pesquisa;
c) Institucional: categoria que identifica comunidades que foram criadas
por instituições voltadas para a área da psicopatologia;
d) Paciente: categoria que agrupa as comunidades pertencentes a
pessoas que estavam ou foram acometidas por alguma psicopatologia;
e) Professor da área da saúde: categoria usada para agrupar as
comunidades mantidas por pessoas que declararam ser professores de
cursos relacionados à área da saúde;
f) Profissional da área da saúde: categoria que identifica as comunidades
concebidas por pessoas que declararam ser profissionais da área da
saúde;
g) Voluntário: categoria para agrupar as comunidades onde os seus
proprietários declararam ser solidários as causas relacionadas às
psicopatologias;
h) Não especificada: Para agrupar as comunidades onde não foi possível
identificar o perfil dos proprietários, pois não estavam indicados e não
existiam pistas para que os indicassem.
92
Os dados disponibilizados no gráfico 4, que apresentam o perfil dos
proprietários das comunidades voltadas para as psicopatologias, mostram que a
maior parte dos espaços digitais foram criados por pacientes (n=63; 33,69%) e
profissionais da área da saúde (n=45; 24,06%), enquanto as comunidades mantidas
por estudantes (n=2; 1,07%) e professores (n=1; 0,53%) se apresentam em menor
número. As comunidades, mantidas por pacientes, que se apresentam em maior
quantidade são as que possuem como temática os assuntos referentes à Síndrome
do Pânico (n=32; 50,79%) e ao Transtorno Bipolar (n=18; 28,57%).
Assim como no caso dos weblogs, a relação entre o objetivo de criação e
perfil dos proprietários das comunidades presentes no Orkut é de grande
importância, pois, partindo dos mesmos pressupostos adotados por Gomes e Lopes
(2007) para análise dos weblogs, a identificação do perfil dos proprietários das
comunidades pode ser uma garantia da credibilidade e da idoneidade dos conteúdos
Ilustração 11 - Perfil dos proprietários das comunidades do Orkut com temáticas relacionadas às
psicopatologias
1 1
32
7
1
13
6
18
5
12
10
7
9
3
18
6
1 1 1
4
1
6
1
14
8
1
0
5
10
15
20
25
30
35
Aluno da área da
saúde
Familiar Institucional Paciente Professor da área
da saúde
Profissional da
área da saúde
Voluntário Não especificado
Síndrome do Pânico Transtorno Bipolar Fobia
Psiquiatria Doença Mental Esquizofrenia
Psicose Saúde Mental Transtorno Mental
93
veiculados nesses espaços. Os resultados da análise63 da relação entre objetivo e
perfil do proprietário mostram que as comunidades que se apresentam em maior
quantidade são aquelas mantidas por profissionais da área da saúde e por
pacientes. No caso das mantidas por profissionais da saúde, elas são utilizadas para
veicular informação sobre as doenças (n=32; 23,70%). Já no caso dos pacientes, as
comunidades são utilizadas para apresentar tanto as informações quanto as
experiências vivenciadas com as doenças (n=24; 17,78%); para veicular somente os
relatos de experiências (n=21; 15,56%); para apresentar somente informações
(n=18; 13,33%) sobre as doenças. Cabe destacar que, durante a análise não foi
possível identificar comunidades criadas com objetivo educacional mantidas por
professores ou alunos da área da saúde.
5.1.3 Análise e Resultados sobre as contribuições dos weblogs e das
comunidades do Orkut ao processo de aprendizagem na perspectiva dos
professores
A partir da análise das verbalizações coletadas, foi possível identificar sete
núcleos temáticos que conduziram as discussões no grupo focal: (1) conhecimento e
uso dos recursos computacionais e da Internet, (2) relação entre a formação médica
e a subjetividade, (3) relação entre a prática médica e a subjetividade, (4) estratégias
pedagógicas utilizadas, (5) aspectos positivos no uso das tecnologias, (6) aspectos
negativos no uso das tecnologias, e (7) possibilidades do uso dos weblogs e do
Orkut. Como se pode perceber, as questões apresentadas foram abrangentes,
extrapolando questionamentos pontuais sobre as contribuições dos weblogs e do
Orkut para o processo de aprendizagem. Entretanto, elas se mostraram essenciais
para a compreensão da visão dos docentes sobre de que forma essas ferramentas
podem contribuir para a valorização das questões subjetivas e da narrativa dos
pacientes na formação médica e nas práticas clínicas, sobre suas práticas de ensino
e sobre a utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) na
educação.
63
O valor total de comunidades do Orkut (n=135) apresentado nesta análise não corresponde ao total dos espaços que fizeram parte deste estudo. Pois, foram excluídos aqueles onde não foi possível identificar o objetivo de criação ou o perfil dos seus proprietários.
94
1) Conhecimento e uso dos recursos computacionais e da Internet
Todos os professores que participaram do grupo focal, em geral, fazem uso
dos recursos computacionais da Internet para realização de atividades profissionais
e acadêmicas e dois deles declaram ter dificuldades para o manuseio das
ferramentas. Apesar de somente um professor declarar que faz uso das ferramentas
de informação e comunicação da Web 2.0. e que acredita nos ganhos que essas
ferramentas podem trazer para o processo de aprendizagem, todos reconheceram
as possibilidades de interação e socialização ofertadas pelos recursos da Internet.
A minha história com o computador e a Internet começa assim, quando eu era mais nova tinha muito medo do computador. Eu sempre tive a sensação de ele ia explodir quando eu apertasse alguma tecla. Era um pensamento mágico. Até hoje, eu tenho medo, mas agora o medo é bem menor. Pois, na vida acadêmica você tem que lidar com o computador. Quando eu fiz o mestrado e o doutorado, comecei a utilizar o computador. A Internet, comecei a utilizar um pouco mais tarde. Basicamente, utilizo e-mail, faço pesquisas no Google, nos periódicos CAPES e em alguns sites. Mas, nunca utilizei blog ou entrei no Orkut. (Fala do professor A)
Eu me considero jurássico para mexer em computador. Tive uma resistência enorme. Minha tese de mestrado, eu fiz a mão e outra pessoa digitou o texto. Comecei a usar computador no doutorado somente para pesquisa acadêmica. A partir deste momento, curiosamente, abriu um novo mundo para mim... Eu comecei a ver que o computador poderia ser uma ferramenta bastante útil, inclusive para o ensino. Eu e o professor A estamos desenvolvendo um trabalho informal, onde utilizamos o computador e a Internet para discussão de diferentes textos e questões. (Fala do professor B)
2) Relação entre a formação médica e a subjetividade
Durante as discussões, foi apresentada uma questão de grande relevância
no que se refere à formação médica e à subjetividade. Segundo um dos
participantes, na Medicina não existe espaço para tratar de questões referentes à
subjetividade e ao sofrimento, já que o seu principal objetivo é o tratamento dos
aspectos físicos relacionados à doença.
Nós falamos desse negócio da inserção da subjetividade no campo da Medicina... Se isso é possível ou não, é uma questão complicada... a questão é como incluir, dentro desse modelo médico hegemônico, algo que diz respeito ao sofrimento, à angústia e à dor. O médico é treinado para estudar a lesão, a encontrar a doença. O curso médico é para isso. É assim que os livros ensinam os alunos... Por isso, a Medicina, metodologicamente e epistemologicamente, precisa ser como o conhecimento científico e não tem como ser de outro jeito... (Fala do professor B)
95
Mas, todos eles reconhecem a importância de trabalhar as questões
referentes à subjetividade com o objetivo de formar médicos sensíveis aos
sentimentos, às sensações e às vivências trazidas pelos pacientes, conforme
apresentado na fala abaixo:
Você vai chegar no paciente e o paciente vai ser melhor tratado, por um aluno mais sensível, um médico melhor, mais bem informado... (Fala do professor C)
Os professores relatam que, durante o processo de formação dos alunos
que cursam a graduação em Medicina, são raros os momentos reservados para a
discussão das questões referentes a sensações e sentimentos dos alunos e dos
pacientes. Então, por isso, os professores, que participaram do grupo focal, têm a
preocupação em ofertar, durante o andamento dos seus cursos, oportunidades para
que os alunos reflitam sobre os aspectos subjetivos do adoecimento e tomem
consciência de que o adoecer ultrapassa as sensações físicas e envolve aspectos
emocionais. A preocupação não é somente criar oportunidades para tratar as
questões relacionadas às sensações e experiências dos pacientes, mas, também,
às dos alunos, já que os professores partem do pressuposto que o médico somente
terá condição de lidar com a subjetividade dos pacientes, se ele conseguir lidar com
as sua própria, conforme a fala destacada a seguir:
Eu imagino que a única forma de uma pessoa se aproximar da subjetividade de outra é quando ela tenta se aproximar, minimamente, da sua própria. (Fala do professor B)
3) Relação entre a prática médica e a subjetividade
Assim como no contexto da formação, na prática médica também não
existem espaços para as questões emocionais e sentimentais, sejam elas
relacionadas ao paciente ou ao médico. Muitas das vezes, a valorização da
subjetividade ocorre para atender as demandas dos pacientes. Além disso, cabe
destacar que tais situações exigem muito mais trabalho e mais demandas
emocionais por parte do médico.
... [A formação médica] é diferente da prática médica, onde os pacientes exigem de seus médicos um algo a mais. Essa contradição, quer dizer, esse atrito, esse conflito, essa faísca, até pode sair coisa, mas
96
metodologicamente e epistemologicamente falando, é uma tarefa impossível. O médico é treinado a estudar a lesão, a encontrar a doença. (Fala do professor B)
...há uns 15 dias, duas alunas me perguntaram como é que elas faziam para ficarem menos tristes com os casos que estavam vendo nas enfermarias. Respondi: Não tem como ficar menos triste... Disse que era uma escolha pessoal, que tinham que ver qual era o modelo para elas de boa prática médica, que realmente se envolver é muito difícil sim, que a tendência da gente é virar poste... Mas talvez, entre virar poste, e aquele que chora a toda a hora, faz carinho, passa a mão na cabeça [do paciente]... Tem aí um meio termo que você consegue. (Fala do professor C)
Não há como afirmar que os médicos não se deixam envolver
emocionalmente com determinadas situações vivenciadas por seus pacientes, já
que eles são seres humanos e tais aspectos fazem parte da natureza humana. Mas,
para que possam dar continuidade ao seu trabalho, alguns médicos acabam
desenvolvendo estratégias para encontrar o equilíbrio entre o emocional e o
racional. Tais estratégias têm como objetivo evitar o envolvimento demasiado com
as sensações, as emoções e os sentimentos apresentados pelos pacientes que
possam comprometer o trabalho do médico.
... acho muito importante a noção de que o médico também é humano... Tem alguns casos, que a gente se identifica demais, que é difícil, entende? Que a gente vira poste, encaminha para outro médico e até chora... Quando a gente chora e faz cafuné... Quando a gente não devia ter essa atitude... Mas isso não devia ser a regra, a gente tem que buscar um equilíbrio... (Fala do paciente A)
Estamos agindo do mesmo jeito da outra vez, você está perguntando se a narrativa dos pacientes é importante e a gente vem falando de novo dos alunos e dos médicos... Não é uma coisa tão estanque assim... Porque senão vira a análise de narrativa do paciente com um olhar distante, como se aquilo não tocasse o médico de modo algum. Esse é o problema! Não tem como a gente ouvir essa subjetividade toda e ficar na nossa natureza. (Fala do professor B)
Apesar de os professores reconhecerem limitações da valorização da
subjetividade na prática médica, eles destacam que ela pode trazer ganhos
significativos. Os professores consideram que a valorização pode servir como fator
de motivação para os pacientes, principalmente os que possuem doenças crônicas,
para darem continuidade aos tratamentos sugeridos. Além disso, o estreitamento
das relações entre médicos e pacientes pode trazer diferentes ganhos como, por
97
exemplo, permitir que o médico tenha acesso às informações apresentadas pelo
paciente que em outras situações não seriam facilmente percebidas.
[Com a ausência da subjetividade]... você perde a relação com o seu paciente, você perde o controle sobre ele. O paciente de uma doença crônica vai parar de tomar medicação. Acho que, principalmente, no consultório é uma questão de sedução. Na verdade, você tem que fazer os pacientes voltarem [ao consultório], não é? Além da questão da sedução, tem a coisa, também, de que se você não seduzir o paciente para um tratamento, ele não se tornará um co-piloto e o tratamento não irá funcionar... (Fala do professor A)
4) Estratégias pedagógicas utilizadas
De acordo com os depoimentos dos professores, as estratégicas utilizadas
para tratar sobre as questões referentes à subjetividade são bastante variadas.
Apesar de cada professor ter a liberdade de utilizar a estratégia que acredita ser a
mais adequada, todos reconhecem que o uso de linguagens midiáticas (filmes,
teatro, artes plásticas, músicas, etc.) podem contribuir significativamente para a
sensibilização dos alunos para as questões das emoções, dos sentimentos, das
sensações que fazem parte do processo de adoecimento.
A linguagem artística permite que você exercite de algum modo esta questão da subjetividade. Seja no conto, seja no teatro... Até mesmo nas artes plásticas e na música. Essas linguagens podem até não serem tão diretas quanto o teatro e a literatura... Mas com as artes plásticas e a música você também pode de algum modo se colocar no lugar do outro. (Fala do Professor C)
As principais estratégias adotadas por esses professores são: uso de filmes
que tratem sobre a subjetividade no processo de adoecimento, de textos fictícios, de
relatos de pacientes, de debates sobre questões clínicas, de relatos vivenciados
pelo professor, de casos clínicos, de filmes produzidos pelos alunos, de aulas
conceituais com uma abordagem antropológica, e das próprias experiências
vivenciadas pelos alunos nas enfermarias do Hospital Universitário. Independente
das estratégias utilizadas, os professores têm como principal objetivo levar os alunos
a questionarem e refletirem sobre os aspectos subjetivos que permeiam o adoecer.
... existem filmes ótimos como “Mar Aberto” e “O Escafandro e a Borboleta” que apresentam muitas questões para discussão. Acho que isso gera uma coisa interessante para os alunos... No momento que estão vendo o filme
98
ou uma peça de teatro imbuídos do papel de médico, aquilo entra de outra maneira... Já quando vai um paciente falar na sala de aula da sua experiência como doente, os alunos não precisam entrevistá-lo, eles não são médicos naquele momento. Aquilo causa um impacto emocional mais forte... Mas, além de tudo isso, o que eu acho que funciona mesmo é a discussão de casos em que os alunos falam das suas experiências, além do ofício médico, da aprendizagem, da técnica, da habilidade... Abrir espaços para eles falarem como é complicado acompanhar pacientes todos os dias... As pessoas internadas no HU são pacientes muito graves, o que gera uma exigência emocional muito grande. É um trabalho muito difícil, muito delicado para qualquer pessoa, ainda mais com 20 e 21 anos de idade... (Fala do Professor B)
5) Aspectos positivos no uso das tecnologias da Web 2.0
Apesar de alguns professores, inicialmente, apresentarem resistência ao uso
dos weblogs e do Orkut como mais uma estratégia de aproximação entre os alunos
e a subjetividade dos pacientes, todos reconhecem que estes são recursos que
podem trazer contribuições ao processo de aprendizagem. Entretanto, eles frisam
que estas não podem ser usadas como a única estratégia.
... [O weblog e o Orkut] são ferramentas, que eu acho que acabam ajudando, desde que você tenha esta disposição, mas tem que ter mais alguma coisa. São ferramentas, mas elas não substituem a interação... (Professor C)
Os professores destacam que, por fazer parte do cotidiano da maioria dos
alunos e estes terem domínio no manuseio dessas ferramentas, a inserção desses
recursos no contexto educacional pode ser vantajosa. Além disso, destacam que os
alunos já utilizam outras Tecnologias de Informação e Comunicação para a
realização de atividades como, por exemplo, a produção de filmes para os trabalhos
de conclusão do curso e o uso das listas de e-mail para discussão de temáticas e o
intercâmbio de materiais. Segundo estes professores, a inserção de diferentes
mídias no contexto educacional, por exemplo, a produção de filmes para os
trabalhos escolares, motiva os alunos a participar das aulas e a realizar as
atividades propostas e, além disso, melhoram a relação entre docentes e discentes.
O Professor B sugeriu de usarmos mais audiovisual e propormos aos alunos que apresentassem os trabalhos no final do curso utilizando fragmentos de filmes... Os alunos pegaram os filmes pela Internet, fizeram a edição e produziram um novo material... Eles próprios usaram a cena do filme para discutir a teoria. (Professor A)
99
Em relação às percepções dos professores sobre o uso pedagógico dos
weblogs e das comunidades do Orkut, eles declaram que provavelmente esses
espaços digitais podem permitir que os alunos tenham acesso, segundo o ponto de
vista dos pacientes, à vivência do adoecer e às implicações de estar doente. Cabe
ainda destacar que, segundo os professores, esses espaços trazem a sensação de
depoimentos menos distanciados da realidade e com uma linguagem menos
romanceada do que as apresentadas nos textos fictícios, livros biográficos e filmes.
Tem alguns exemplos que nós falamos da outra vez, como os livros autobiográficos de pessoas acometidas por doenças... (Professor A)
Mas, eu tenho a impressão que nos weblogs e nas comunidades do Orkut a coisa é mais viva do que no livro. Porque o livro já é um processo de reflexão... Uma coisa mais romanceada. (Professor C)
6) Aspectos negativos no uso das tecnologias da Web 2.0
Durante a análise das falas dos professores, foi possível perceber alguns
aspectos que indicam dificuldades na utilização pedagógica das ferramentas da Web
2.0 no contexto da formação médica.
Dentre estes aspectos, pode-se citar a falta de conhecimento, a não
familiaridade com o uso dos weblogs e do Orkut e a crença de que a utilização das
ferramentas impossibilitará o acesso aos aspectos emocionais e subjetivos e,
consequentemente, dificultará a aproximação dos alunos com a vivência do
adoecimento dos pacientes e entre professores e alunos.
Eu tenho que confessar que eu sou um pouco alérgico a essas coisas [Orkut, weblogs e MSN] porque você perde muito tempo. (Professor A)
Se a gente está tratando de humanização, e humanização implica em sensorialidade, em cheiro e ir com a cara do outro. Tem que bater com o santo, tem que cruzar o santo ou não cruzar o santo. Como é que se cruza santo via internet?... Como é que vai com a cara do outro, ou não vai? Como é que a gente vai utilizar, se é que é o caso, um sistema como esse, para facilitar o ensino, para fortalecer o ensino, para que o estudante perceba que ele e os doentes são gentes... Isso não é uma contradição? (Fala do professor B)
Além disso, os professores apresentaram questões relevantes que devem
ser consideradas como pontos importantes para a implementação de estratégias de
aprendizagens mediadas por tecnologias. Nas suas falas, os professores dizem que
muitas das vezes não se sentem à vontade para utilizar determinadas abordagens
100
pedagógicas. Eles destacam que o uso de técnicas e estratégias que não são
familiares aos professores pode comprometer a aprendizagem dos alunos.
... algumas pessoas defendem que o professor tem que saber de tudo, não é? Você tem que dominar todas as linguagens... Estamos falando de seres humanos.... Os professores também são humanos... Tem técnicas que a gente domina melhor. Qualquer trabalho bonito funciona... Se você faz uma coisa direito... Os alunos vão gostar, vão aprender... Se você tentar dominar todas as técnicas, muitas vezes você fica falso e fraudulento. Os alunos não são burros, são muito inteligentes, eles percebem quando você não dá conta, e neste caso são extremamente cruéis... Acho que o professor dá melhores aulas quando ele está à vontade... Mas, tem gente que tenta impor teorias educacionais e dizem que o professor tem que saber tudo. O professor é humano, gente... Na teoria tudo é lindo, mas na prática muitas das vezes não funciona... (Fala do professor A)
7) Possibilidades do uso dos weblogs e do Orkut.
Apesar de os professores reconhecerem as possíveis vantagens da inserção
das ferramentas da Web 2.0 no processo de aprendizagem, durante as discussões,
eles apresentaram dificuldades de apontar possibilidades para a utilização
pedagógica dos weblogs e do software social Orkut no processo de ensino-
aprendizagem.
Entretanto, no processo de análise das informações, identificaram-se três
propostas para inserção pedagógica das ferramentas. Uma das propostas
apresentadas era o uso dos espaços como repositório de informação. Neste caso,
foram sugeridas duas possibilidades, a primeira era que os weblogs e as
comunidades do Orkut fossem utilizadas como fonte bibliográfica para a realização
de atividades e trabalhos. A segunda era que se realizasse um levantamento prévio
dos weblogs e comunidades do Orkut, relacionadas às temáticas a serem
estudadas, para que os endereços desses espaços fossem disponibilizados para os
alunos como fonte de consulta.
Cada grupo de alunos escolhe um tema sobre qual eles querem trabalhar: eutanásia, câncer de mama, vocação médica e anorexia... os weblogs e as comunidades do Orkut podem ser usadas como bibliografias dos trabalhos dos alunos... (Professor B) Essas comunidades e os blogs podem ter materiais interessantes, nós poderíamos indicá-las para alunos... Indicar os links de alguns desses espaços para que eles possam utilizá-los como fonte de consulta. Seria uma possibilidade... (Professor C)
101
Os professores sugeriram, também, que o software social Orkut seja
utilizado como espaço de debate. Neste caso, seria construída uma comunidade,
onde os alunos seriam estimulados a discutir algumas temáticas tratadas na sala de
aula. Além disso, foi proposto o uso dos weblogs e das comunidades como espaço
Experiencial ou Vivencial. Neste caso, os recursos digitais seriam utilizados para
oferecer oportunidades para que os alunos compartilhem entre si as suas
experiências com os pacientes e os seus sentimentos, suas sensações, suas
angústias e seus anseios relacionados à formação e à prática médica.
No caso do Orkut, seria interessante criar uma comunidade para discutir tópicos abordados em sala de aula... Até mesmo a criação de uma comunidade que fosse um espaço que permitisse aos alunos trocar experiências entre eles de forma mais tranqüila... (Professor C)
A análise dos dados apresentou um panorama geral da distribuição de
weblogs e comunidades do Orkut, em língua portuguesa, que veiculam assuntos
relacionados às psicopatologias, do perfil das pessoas que tomaram iniciativa para
construção e dos motivos que levaram a criação desses espaços. Além disso,
permitiu ter acesso à visão dos professores sobre as contribuições dos weblogs e
das comunidades para o desenvolvimento de atividades pedagógicas, no curso de
Medicina, que valorizem as questões subjetivas no processo de adoecimento e na
prática médica.
5.2 CONCLUSÃO
Este capítulo apresentou os resultados das análises dos dados coletados no
levantamento dos weblogs e das comunidades do Orkut que objetivou identificar os
espaços digitais, que veiculavam assuntos relacionados a algumas psicopatologias,
com o propósito fazer o levantamento prévio desses espaços para evidenciar a
existência de um repertório de materiais que podem ser explorados pelos
professores do departamento de Psiquiatria e Medicina Legal.
Ele ainda apresentou os resultados das análises das informações obtidas
nas sessões do grupo focal, que permitiram compreender a percepção dos
professores deste departamento sobre suas práticas de ensino e sobre a utilização
102
das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) no contexto educacional e
identificar a visão desses docentes sobre de que forma os weblogs e o Orkut podem
contribuir para a valorização das questões subjetivas e da narrativa dos pacientes na
formação e na prática médica.
103
6. DISCUSSÃO SOBRE OS RESULTADOS E CONCLUSÃO
Este capítulo discute os resultados obtidos no levantamento dos weblogs e
das comunidades do Orkut e nas sessões de grupo focal com os professores do
departamento de Psiquiatria e Medicina Legal. Em seguida, apresenta as
considerações finais do estudo, quanto à validade das abordagens metodológicas,
dos materiais e dos métodos utilizados e dos resultados obtidos, como forma de
identificar a existência de blogs e comunidades, que possuem temáticas
relacionadas às psicopatologias, que podem ser utilizadas como recursos de
aprendizagem, além de destacar as contribuições do uso dessas ferramentas,
segundo a visão dos professores, para o processo de aprendizagem nos cursos de
graduação em Medicina.
6.1 DISCUSSÃO SOBRE OS RESULTADOS
A presente pesquisa identificou a presença de weblogs e comunidades
criadas no Orkut que possuíam temáticas relacionadas as psicopatologias,
objetivando comprovar a existência de um repertório de recursos disponibilizados na
Internet que poderiam ser utilizados como ferramentas de aprendizagem em
atividades que tivessem como foco principal a valorização da subjetividade na
formação do médica. Além disso, buscou discutir as contribuições que esses
recursos, a partir da visão dos professores do departamento de Psiquiatria e
Medicina Legal, poderiam proporcionar para o processo de aprendizagem nos
cursos de graduação em Medicina.
Na primeira parte deste estudo, realizou-se um levantamento para identificar
e classificar comunidades do Orkut e weblogs que veiculavam assuntos referentes
às psicopatologias. Foi identificado um total de 78 blogs e de 187 comunidades que
tratavam sobre essa temática. Diante dos mais 36 milhões de weblogs64, presentes
na Internet, e das 60 milhões de comunidades existentes no Orkut65, é possível
perceber que a presença destes tipos de espaços é proporcionalmente muito
64
Sirfy (2006, 2006a). 65
Spertus (2008).
104
pequena. Talvez a inclusão de outros termos para a realização das buscas e de
espaços que utilizam outros idiomas como, por exemplo, inglês e espanhol, possam
apresentar resultados mais satisfatórios.
Os resultados, também, mostraram que dos 78 weblogs analisados somente
30 estavam em funcionamento. Isto demonstra que a taxa de atividade (38,46%)
deste tipo de espaço é bastante reduzida. De acordo com Gurzick e Lutters (2006),
muitos podem ser os fatores que podem acarretar o abandono (inatividade) de
espaços digitais, tais como a descoberta de novas ferramentas e eventos que
impeçam as pessoas terem acesso à ferramenta como, por exemplo, mudança de
endereço, emprego e falecimento.
Os dados mostraram que 110 das comunidades analisadas estavam em
funcionamento. Isto é, das 187 comunidades, somente 58,82% estavam ativas.
Mesmo não sendo uma taxa de atividade relativamente alta, isso indica que no caso
das comunidades, a taxa é superior a dos blogs. A maior presença de comunidades
em funcionamento, provavelmente, está relacionada às maiores facilidades e
possibilidades que o Orkut oferece para criação de comunidades e para interação e
comunicação quando comparadas com as oferecidas pelos weblogs.
Apesar dos resultados referentes à quantidade de espaços encontrados e à
taxa de atividade dos mesmos, ao primeiro momento, parecerem insatisfatórios, não
se pode negar a existência de weblogs e comunidades que tratam sobre as
psicopatologias que podem ser utilizadas como mais um recurso de aprendizagem
no curso de formação médica.
Ainda discutindo sobre os resultados obtidos na análise dos dados coletados
no levantamento dos weblogs e das comunidades do Orkut, foi percebida a maior
presença de espaços mantidos por pacientes e profissionais da área da saúde. Dos
78 weblogs analisados, 20 deles (25,64%) foram criados por profissionais da área da
saúde e 18 (23,08%) criados por pacientes. Das 187 comunidades pesquisadas, 45
delas (24,06%) foram criadas por profissionais da área da saúde e 63 (33,69%)
criadas por pacientes. Essas informações corroboram com as afirmativas de alguns
autores, Manhattan Research (2007), Furtuoso et al (2007), Garbin et al, (2008) e
McCosker, (2008), sobre o aumento do interesse de médicos em veicularem
105
informação sobre saúde na Internet; e de pacientes por novas possibilidades de
interação e compartilhamento, objetivando a troca de informação sobre as
psicopatologias e os tratamentos e a busca de novas formas e espaços para
expressar sentimentos, angústias, medos e experiências sobre o adoecer. Os
resultados mostraram, também, a existência de um número reduzido de weblogs
(n=3; 3,85%) e de comunidades do Orkut (n=1; 0,53%) criados por professores da
área da saúde. Este número reduzido de participação de professores nestes
espaços, quando comparados aos de pacientes e de profissionais da área da saúde,
deve ser ocasionado pela falta de conhecimento e familiaridade com o manuseio das
ferramentas de comunicação da Web 2.0, conforme observado durante a análise
dos dados coletados no grupo focal com os professores.
A segunda parte da pesquisa buscou-se identificar, na perceptiva dos
professores do departamento de Psiquiatria e Medicina Legal, as possíveis
contribuições dos weblogs e das comunidades do Orkut no desenvolvimento de
estratégias de aprendizagem que valorizem os aspectos subjetivos que permeiam a
prática médica. Apesar dos questionamentos apresentados aos professores
extrapolarem o contexto de processo educacional, eles se mostraram essenciais
para a compreensão de que forma essas ferramentas podem contribuir para a
valorização das questões subjetivas e da narrativa dos pacientes na formação
médica e nas práticas clínicas.
Os resultados, obtidos durante a análise dos dados coletados junto aos
professores, indicaram que sendo a prática médica uma relação que envolve seres
humanos (médicos e pacientes) é quase ou até mesmo impossível dissociar a
subjetividade do exercício da Medicina, já que os sentimentos, as sensações e as
experiências vivenciadas fazem parte de todas as relações humanas (FERNANDES,
1993; SILVA; ROCHA, 2008). Na perspectiva destes professores, diferentes fatores
podem dificultar a abertura de espaços e momentos para trabalhar a questão da
subjetividade na Medicina. Dentre eles, pode-se citar a exigência de maior
disponibilidade de tempo e demanda emocional por parte dos médicos para lidarem
com essas questões durante o atendimento aos seus pacientes, além da
necessidade de criação de artifícios para preservarem a sua saúde psíquica e
emocional, diante de situações vivenciadas, durante o acompanhamento dos
106
pacientes (FERNANDES, 1993; NOGUEIRA-MARTINS, 1993; SILVA; ROCHA,
2008).
Para atender às demandas da prática médica, de acordo com as falas dos
professores, a formação está voltada para o desenvolvimento de competências e
habilidades que possibilitem aos alunos lidarem com os aspectos físicos do adoecer
e as formas de tratamento das patologias e não com os aspectos subjetivos do
processo de adoecimento.
Eles destacaram que poucos são os momentos reservados na graduação
em Medicina para a discussão destas questões, que permeiam a formação e a
prática médica, referentes à vivência, aos sentimentos e às experiências tanto de
pacientes quanto dos futuros médicos (SILVA; ROCHA, 2008). Normalmente, essas
questões são discutidas em disciplinas como, por exemplo, Psicologia Médica, que
na faculdade de Medicina da UFRJ está sob responsabilidade do departamento de
Psiquiatria e Medicina Legal. Esta disciplina, segundo Nogueira-Martins (2003), tenta
contribuir efetivamente para a formação de médicos mais sensibilizados para as
questões referentes à valorização dos aspectos subjetivos e da narrativa do paciente
durante a prática médica.
A abertura de novos espaços, durante a realização do curso, para a
discussão dos aspectos subjetivos que permeiam a prática médica pode contribuir
para a formação de médicos mais sensibilizados para questões da humanização da
Medicina e trazer ganhos significativos no que diz respeito à motivação e ao maior
envolvimento dos pacientes nos tratamentos sugeridos, conforme afirmam Serpa
Junior et al (2007) e Grossman e Cardoso (2006).
A análise dos resultados mostrou que estes professores fazem uso de
diferentes de estratégias pedagógicas, durante o processo de ensino-aprendizagem,
para tratar das questões subjetivas que fazem parte do processo de adoecimento e
de tratamento, objetivando sempre levar os alunos a questionarem e a refletirem
sobre essas questões, tanto do ponto de vista dos pacientes quanto dos próprios
médicos. Dentre as estratégias mais utilizadas, pode-se citar: a leitura de textos de
ficção, a apresentação de relatos de pacientes, a realização de debates, a
apresentação de casos clínicos e a produção de filmes pelos alunos.
107
A utilização dessas estratégias favorece a aprendizagem construtivista, tais
como aprendizagem situada e corporificada (CLANCLEY, 1995; EMIG, 1995), já que
reconhecem que a construção do conhecimento envolve tanto os aspectos
cognitivos quanto os simbólicos e afetivos. Essas estratégias ainda reconhecem que
a aprendizagem é um processo social que engloba a interação, troca e colaboração
entre alunos, professores e pacientes. Além disso, o uso de recursos midiáticos
(DALL’ALBA, BARNACLE, 2005) amplia a percepção dos alunos sobre a
importância dos aspectos subjetivos e do papel do paciente na formação e na
prática médica, contribuindo para uma transformação substancial no modelo de
relação entre médicos e pacientes, atualmente adotado, para um novo modelo que
valorize tanto os aspectos físicos quanto os subjetivos do adoecimento e tratamento.
Em um contexto mais abrangente, segundo a visão desses professores, a
utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) podem trazer
ganhos significativos para o processo de aprendizagem, pois a inserção das TICs,
no ambiente educacional, torna os alunos mais engajados e participativos na
realização das atividades e favorece a aproximação entre alunos e professores
(MORAN, 2000; KENSKI, 2007).
No que diz respeito ao uso dos weblogs e do Orkut para o desenvolvimento
de estratégias pedagógicas, para tratar sobre as questões relacionadas à
subjetividade, foram apresentadas pelos professores, três propostas: (a) uso dos
weblogs e das comunidades com repositório de informação (GOMES, 2005;
GOMES; LOPES, 2007), onde os espaços já existentes na Internet poderiam ser
utilizados pelos alunos como fonte de informação e consulta para realização de
atividades e para complementar os assuntos tratados nas aulas. (b) A possibilidade
de criação de comunidades que permitiriam os alunos e os professores discutirem
sobre temáticas, trocarem informações e aprofundarem os assuntos tratados
durante as aulas (FORTE; ROCHA, 2007; MACHADO, JIBOY, 2005). (c) A criação
de espaço Experiencial, ou Vivencial, que permitiria novas oportunidades para os
alunos compartilharem as suas experiências, vivências e sentimentos, suscitados
com o contato com os pacientes ao longo da formação médica.
Os dados dos levantamentos, identificando weblogs e comunidades do Orkut
que tratam sobre temáticas relacionadas às psicopatologias, mostraram que a maior
108
parte dos blogs (n=41; 52,56%) e das comunidades (n=79; 42,25%) pesquisadas foi
criada para veicular informação sobre as psicopatologias. Este resultado é um
indicador favorável para o uso desses recursos como repositórios de informação.
Porém, é importante observar algumas considerações, indicadas por Gomes e
Lopes (2007), sobre o cuidado na seleção dos espaços para garantir a idoneidade e
veracidade das informações disponíveis e, consequentemente, a garantia da
qualidade da aprendizagem.
As características, referentes à dinamicidade e às possibilidades interativas
e comunicacionais, oferecidas pelo Orkut (RECUERO, 2007) favorecem o
desenvolvimento da proposta sugerida, pelos professores pesquisados, no que diz
respeito à criação de comunidades para o desenvolvimento de atividades que
permitam a discussão de temáticas tratadas durante o curso, o aprofundamento dos
assuntos tratados durante as aulas e o compartilhamento dos aspectos subjetivos
relacionados à formação e à prática médica. Permitindo desta forma, a
aprendizagem corporificada (EMIG, 1995) por meio da integração dos aspectos
técnico-científicos, éticos e humanos na formação médica em toda a sua
complexidade. Favorecendo não somente a aquisição de conhecimentos técnicos,
mas, também, a compreensão mais ampla sobre o estado emocional dos pacientes
e dos próprios médicos, a obtenção de uma nova visão social sobre o processo de
adoecimento e tratamento e o desenvolvimento de uma postura mais humanística
durante o exercício da Medicina.
A existência de weblogs (n=14; 21,54%) e de comunidades do Orkut (n=21;
15,56%) mantidos por pacientes para veicular experiências, sensações e angústias
sobre o adoecimento e as afirmativas feitas pelos professores, participantes do
grupo focal, de que as narrativas apresentadas nestes espaços são mais
espontâneas e próximas da realidade do que as apresentadas em outros meios
midíaticos (textos de ficção, livros biográficos e filmes) são indicadores positivos dos
ganhos que a utilização dos weblogs e das comunidades do Orkut como espaços
Experienciais (ou Vivenciais) pode proporcionar para o processo de aprendizagem,
por meio do desenvolvimento de atividades que possibilitem novas formas de
aproximação dos alunos com as experiências vivenciadas pelos pacientes,
favorecendo, assim, a sensibilização para as questões da humanização na Medicina
e para a valorização da subjetividade na prática médica.
109
Torna-se importante frisar que a utilização dos artefatos tecnológicos como
um simples recurso didático não é suficiente para contribuir de forma significativa
para o processo de aprendizagem, no que se refere à importância da valorização da
subjetividade durante a prática médica. As estratégias pedagógicas propostas
devem ir além da reprodução de conteúdos. Os professores devem desenvolver
atividades, baseadas em concepções construtivistas, tais como Aprendizagem
Situada e Corporificada, que envolvam a solução de problemas, a realização de
tarefas contextualizadas e que permitam aos alunos atuarem ativamente no
processo de construção do conhecimento, favorecendo, assim, a transformação
substancial do modelo de relação entre médicos e pacientes, atualmente adotado,
para um modelo que valorize tanto os aspectos físicos quanto os aspectos
subjetivos do processo de adoecimento e tratamento (DALL’ALBA, BARNACLE,
2005; CLANCLEY, 1995; EMIG, 1995).
Segundo os professores participantes desta pesquisa, diferentes aspectos
podem favorecer a inserção do weblog e do Orkut como recursos de aprendizagem
nos cursos de formação médica. Dentre esses aspectos, eles citaram o interesse, o
domínio e a familiaridade com as ferramentas digitais apresentados pelos alunos. Os
resultados da análise das falas indicaram desafios, que precisam ser superados,
para o uso efetivo dos recursos tecnológicos no ambiente educacional como: a falta
de conhecimento e de familiaridade dos recursos tecnológicos dos professores, as
dificuldades para o manuseio das ferramentas que, consequentemente, levam à
inibição do uso efetivo desses recursos e o receio de que a inserção das tecnologias
venha substituir estratégias tradicionalmente utilizadas e o contato face a face com
os alunos. No entanto, é necessário destacar que esses desafios não estão restritos
ao contexto da Educação em Saúde e das ferramentas de comunicação da Web 2.0,
já que diversos estudos apontam que esses desafios ocorrem em todos os níveis
educacionais e com outras tecnologias educacionais (GOMES, 2002; KESNKI, 2003;
FERREIRA, VENTURA, 2008; TONANI, 2008).
É importante destacar que os resultados apresentados, referentes à visão
dos professores sobre as contribuições do uso pedagógico dos weblogs e das
comunidades do Orkut nos cursos de formação médica, estão restritos a um
determinado contexto. Por isso, não se pode afirmar que as perspectivas
apresentadas são compartilhadas por outros professores do departamento de
110
Psiquiatria e Medicina Legal e, até mesmo, de outros departamentos que compõem
a Faculdade de Medicina da UFRJ. Diante disso, para confirmar os resultados
obtidos seria necessária a ampliação desta pesquisa para englobar a visão dos
demais professores e a realização de experiências de ensino-aprendizagem com o
uso destes recursos nas disciplinas do curso de Medicina.
6.2 CONCLUSÃO
Reconhecendo a importância do desenvolvimento de estratégias
pedagógicas construtivistas, tais com as teorias da Aprendizagem Situada e
Corporificada (CLANCLEY, 1995; EMIG, 1955), que possibilite a valorização dos
aspectos subjetivos, que permeiam a prática médica nos cursos de graduação em
Medicina, e as questões referentes à humanização na Saúde, no que diz respeito à
formação de médicos mais sensíveis para as questões que envolvem o processo de
adoecimento e tratamento e ao desenvolvimento de um novo modelo de relação
entre médicos e pacientes (SERPA JUNIOR et al, 2007; GROSSMAN, CARDOSO,
2006), esta pesquisa foi desenvolvida com o intuito de identificar as possibilidades
de uso das ferramentas da Web 2.0 como recursos pedagógicos. O objetivo era
identificar a existência de weblogs e comunidades do Orkut, que tratam sobre temas
relacionados às psicopatologias, que pudessem ser utilizadas como recursos de
aprendizagem, bem como as contribuições que essas ferramentas poderiam
oferecer, segundo a visão dos professores do departamento de Psiquiatria e
Medicina Legal, para o processo de aprendizagem.
Os resultados desta pesquisa permitiram constatar que diferentes
profissionais da área da saúde estão utilizando as comunidades do Orkut e os
weblogs como instrumento para veicular informação sobre diferentes
psicopatologias. Além disso, percebeu-se que os pacientes tendem utilizar esses
espaços como mais um meio para buscar informações sobre a doença, para
expressar seus sentimentos e suas experiências com o processo de adoecimento e
para compartilhar suas angustias e seus sofrimentos com outras pessoas que
também estão vivenciando este mesmo processo.
111
No que se refere ao processo de aprendizagem, percebeu-se que os blogs e
o Orkut ainda são poucos utilizados no contexto da formação médica. Apesar disso,
foi constatado que eles podem ser utilizados como ferramentas pedagógicas para o
desenvolvimento de estratégias que permitam alunos e professores discutirem sobre
as questões subjetivas que permeiam a formação e a prática médica. Eles, também,
podem ser usados como uma nova forma de aproximação dos alunos com as
experiências relacionadas ao processo de adoecimento e tratamento, por meio dos
relatos apresentados nestes espaços. Neste caso, as principais vantagens deste tipo
de utilização pedagógica dos weblogs e das comunidades do Orkut são as
facilidades de acesso às narrativas dos pacientes e a espontaneidades dos relatos
apresentados, devido às interações entre as pessoas que acesso os espaços,
permitindo que os depoimentos sejam menos distanciados da realidade dos
pacientes dos que são apresentados nos outros recursos tradicionalmente adotados
pelos professores. Além disso, eles podem servir como mais uma fonte informação a
ser utilizada para o desenvolvimento dos trabalhos e das atividades pelos alunos de
graduação em Medicina.
Os resultados apresentados no capítulo 4 mostraram que os professores
participantes do grupo focal possuíam um posicionamento contraditório em relação
ao uso das Tecnologias de Informação e Comunicação no contexto educacional.
Apesar de reconhecerem as possibilidades e as contribuições que a inserção dos
weblogs e do Orkut pode propiciar ao processo de aprendizagem, no que diz
respeito às questões da subjetividade, eles acreditavam que as relações
interpessoais mediadas pelas tecnologias digitais apresentavam limitações quanto
aos aspectos sensoriais, afetivos e emocionais. Diante disso, constata-se a
necessidade do desenvolvimento de um trabalho junto aos docentes, do curso de
graduação em Medicina, para auxiliá-los na familiarização das ferramentas da Web
2.0, em especial o weblog e o Orkut, e na utilização desses recursos no contexto
educacional, permitindo, desta forma, minimizar os aspectos relacionados às
limitações do uso das tecnologias quanto à subjetividade e favorecer o
reconhecimento destes ambientes, como novos espaços sociais que não substituem
o contato presencial, mas que podem enriquecer a experiência dos alunos na
formação médica.
112
Durante o desenvolvimento desta pesquisa, identificaram-se algumas
dificuldades para a sua implementação. As limitações estavam relacionadas: (a) à
falta de padronização das informações, apresentadas nos blogs e nas comunidades
pesquisadas, referentes o objetivo de criação e o perfil dos proprietários; (b) à
dinamicidade da Internet que obrigou que o levantamento dos espaços fosse
realizado em um único dia e (c) à dificuldade de reunir todos os professores para a
realização do grupo focal, devido à grande quantidade de compromissos e
atividades desenvolvidas por eles.
Apesar dos resultados da pesquisa evidenciarem os ganhos e as
possibilidades que a utilização do weblog e do Orkut podem trazer para o processo
de aprendizagem, no que diz respeito ao desenvolvimento de atividades
pedagógicas que valorizem os aspectos subjetivos e o papel dos pacientes nas
práticas clínicas, é necessário destacar que a simples inserção dessas ferramentas
no contexto educacional não irão trazer transformações significativas nos modelos
adotados na formação médica e, consequentemente, na relação entre médicos e
pacientes. Para que essas transformações ocorram, se faz necessário a utilização
de abordagens pedagógicas construtivistas, tais como as teorias da Aprendizagem
Corporificada e Situada, que contemplem a solução de problemas, a realização de
atividades contextualizadas e o desenvolvimento de trabalhos colaborativos, e que
favoreçam a atuação dos alunos como agentes ativos na construção do
conhecimento e dos professores como mediadores do processo de aprendizagem
(CLANCLEY, 1995; EMIG, 1955; MORAN, 2000; KENSKI, 2007). Além disso, é
importante frisar que os docentes devem estar cientes de que os elementos
essenciais para o processo de transformação são as abordagens pedagógicas
utilizadas e o papel desempenhado pelos alunos e professores. Sendo as
ferramentas da Web 2.0, por causa das suas potencialidades voltadas para
interação, colaboração, autoria e comunicação, uma das diversas alternativas
existentes que podem ser usadas para a concretização dos objetivos educacionais
propostos.
No que se refere às contribuições deste estudo para como o Projeto
Vivências66 (STRUCHINER, 2008), evidenciou a viabilidade de utilização das
66
Para maiores informações sobre o Projeto Vivência, vide a página 16.
113
narrativas apresentadas nos weblogs e nas comunidades do Orkut para o
desenvolvimento de atividades com enfoque nos aspectos relacionados a vivência
do adoecimento e do tratamento. Mesmo que essas narrativas não tenham sido
concebidas exclusivamente para atender um propósito educacional, elas se
mostraram tão ricas e espontâneas que podem ser utilizadas para promover novas
formas de acesso às experiências subjetivas do processo de adoecer vivenciadas
pelos pacientes. Além disso, essas narrativas até mesmo poderão vir a substituir os
depoimentos de pacientes apresentados em outros meios midiáticos, já que,
normalmente, a captação e gravação de depoimentos de pacientes são processos
complexos, devido às questões éticas relacionadas às pesquisas na área da saúde
que envolvem seres humanos.
Alguns possíveis desdobramentos desta pesquisa podem contemplar futuros
estudos que: (a) realizem a análise de outras ferramentas da Web 2.0, tais como
wikis e vídeos presentes no YouTube; (b) ampliem os critérios utilizados para o
levantamento dos espaços digitais, tais como outras psicopatologias e outros
idiomas; (c) considerem não somente a visão dos docentes para a identificação das
contribuições pedagógica do uso das ferramentas da Web 2.0, mas também a dos
discentes do curso de graduação de Medicina.
114
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ANEXOS
130
ANEXO A - Termo de consentimento livre e esclarecido
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
FORMAÇÃO NA ÁREA DA SAÚDE E WEB 2.0: POSSIBILIDADES DE USO PEDAGÓGICO DOS WEBLOGS E DO ORKUT EM CURSOS DE MEDICINA
Você está sendo convidado a participar voluntariamente da pesquisa intitulada “Formação na área da saúde e Web 2.0: possibilidades de uso pedagógico dos weblogs e do Orkut em cursos de Medicina”, desenvolvido pela parceria entre a Faculdade de Medicina da UFRJ, o Instituto de Psiquiatria (IPUB) da UFRJ e o Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde (NUTES) da UFRJ.
A pesquisa tem como finalidade identificar weblogs e comunidades, presentes no Orkut, que possuem como temática a área da saúde, analisando suas características. Pretende-se, também, identificar as possíveis contribuições dessas ferramentas para atividades educativas que valorizem as práticas clínicas subjetivas na perspectiva de alunos e professores e do curso de Medicina. Os dados coletados durante a pesquisa, por meio de entrevistas por grupo de foco, visam fornecer informações para a análise das possibilidades de uso dos Weblogs e das comunidades do Orkut na perspectiva dos professores da área da medicina, em especial daqueles que lecionam na disciplina Psicologia Médica ministrada no HUCFF/UFRJ de responsabilidade do Departamento de Psiquiatria e Medicina Legal da Faculdade de Medicina.
Em qualquer etapa do estudo, você terá acesso ao pesquisador responsável que pode ser encontrado no e-mail: [email protected] e no telefone (21) 9954-4735. Se você tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) - sala 01D-46- 1° andar, fone (21) 2562-2480 – e-mail: [email protected]. Este termo de consentimento é uma etapa necessária para garantir a ética nas pesquisas que envolvem seres humanos. Leia atentamente o seguinte termo e, caso concorde, preencha seus dados e assine no local indicado abaixo.
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE, APÓS ESCLARECIMENTO
Eu, ______________________________________________________________, portador do documento de identidade no ________________, expedido pelo órgão _____________________, li o texto acima e compreendi para que serve o estudo no qual estou participando. A explicação, que recebi, esclarece sobre riscos e benefícios do estudo. Eu entendi que sou livre para interromper minha participação a qualquer momento, sem justificar minha decisão e que isso não representará nenhum prejuízo para mim, como professor da UFRJ. Sei que minha identidade não será divulgada e que os resultados desta pesquisa não implicarão em nenhuma conseqüência para mim. Sei que não terei despesas e não receberei dinheiro por participar do estudo. Eu concordo em participar e confirmo ter recebido cópia desse documento por mim assinado.
Rio de Janeiro, _______/ _______/ ___________
_________________________________________________________________
(Assinatura do voluntário)
_________________________________________________________________
(Assinatura do pesquisador responsável)
131
ANEXO B – TERMO DE CESSÃO DE USO DE VERBALIZAÇÕES
TERMO DE CESSÃO DE USO DE VERBALIZAÇÕES
FORMAÇÃO NA ÁREA DA SAÚDE E WEB 2.0: POSSIBILIDADES DE USO PEDAGÓGICO DOS WEBLOGS E DO ORKUT EM CURSOS DE MEDICINA
Eu, ________________________________________________________________, brasileiro, natural de ________________________, portador de RG n.º________________, inscrito no CPF sob o n.º _____________________________, residente e domiciliado na cidade de ___________________________, declaro estar ciente das finalidades e objetivos acadêmicos do grupo focal sobre o uso pedagógico dos recursos da WEB 2.0 na formação médica do qual me dispus a participar como voluntário, realizado nas dependências do Centro de Ciências e Saúde da Universidade Federal do Rio de Janeiro, no dia 08 de abril de 2009.
Desta forma, autorizo o pesquisador Fabio Maia, aluno regularmente matriculado no curso de Mestrado do NUTES/UFRJ, sob orientação da professora doutora Miriam Struchiner; a utilizar e veicular gratuitamente todas as minhas verbalizações que vierem a ser captadas em áudio durante as etapas do grupo de focal para
finalidades acadêmicas em apresentação em congressos, exposição em aulas e publicações científicas, sem idenficação ou prejuízo para a minha pessoa.
Por ser esta a expressão da verdade, firmo a presente.
Rio de Janeiro, 08 de abril de 2009.
______________________________________
Participante
132
ANEXO C – Cópia do parecer do Comitê de Ética
133
ANEXO D – Listagem dos weblogs selecionados
ESQUIZOFRENIA
Arte, filosofia e um pouco de esquizofrenia
http://tarjapretagirl.blogspot.com
Esquizofrenia http://apam-esquizofrenia.blogspot.com
Esquizofrenia http://esquizofrenia-enf.blogspot.com
Esquizofrenia http://esquizofreniapensando.blogspot.com
Esquizofrenia http://theesquizofrenia.blogspot.com
Esquizofrenia http://www.esquizofrenia.org
Esquizofrenia Pensando http://dayanpaiva.blogspot.com
Esquizofrenia, Bipolar, Depressão http://casahollos.blogspot.com
Neuropsicologia da Esquizofrenia http://neuropsicologiadaesquizofrenia.blogspot.com
Sentido: Estado de Sentimento http://sentido.blogspot.com
FOBIA
Fobia de Escuro http://acluofobia.blogspot.com
Fobia Social (Original) http://fobiasocialoriginal.blogspot.com
PSICOSE
Psicose http://srpsicose.blogspot.com
Psicose X Sanidade. Quem ganha?! http://psicosesesanidade.blogspot.com
PSIQUIATRIA
Alunos da Pós-Graduação em Psiquiatria - UNIRIO/EMC
http://pgpsiqunirio.wordpress.com
Filmes e Psicologia http://psicoo.blogspot.com
Fórum de Psiquiatria e Saúde Mental http://forumpsi.blogspot.com
Guia de Pacientes http://guiadepacientes.blogspot.com
História da Psiquiatria http://neidson.blogspot.com
Mestrado em Psiquiatria Cultural http://psiquiatriacultural.blogspot.com
Paciente Psiquiátrico http://pacientepsiquiatrico.blogspot.com
Psicologia/Psiquiatria/Psicoterapia http://psico-consulta.blogspot.com
Psiquiatria http://olivaldolacerda.blogspot.com
Psiquiatria http://tudoparamedicina.blogspot.com
Psiquiatria e saude mental http://psiquiatriaesaudemental.blogspot.com
Psiquiatria e Saúde Mental http://psiquiatriaesademental.blogspot.com
Psiquiatria hoje http://psiquiatriahoje.blogspot.com
Psiquiatria Perinatal http://psiquiatriaperinatal.blogspot.com
Psiquiatria UFSM http://psiquiatriaufsm.blogspot.com
Residência Psiquiatria HU http://residenciapsiquiatriahu.blogspot.com
Saber Viver Psiquiatria http://saberviver_psiquiatria.blogs.sapo.pt
Saúde e psiquiatria http://doutorprozac.blogspot.com
Saúde Mental e Psiquiatria http://mentalmente.blogspot.com
Sociedade Paranaense de Psiquiatria http://psiquiatria-pr.blogspot.com
Uma visão positiva acerca da psiquiatria
http://gopsiq.blogspot.com
SAÚDE MENTAL
A Prática da Intensificação de Cuidados na Reforma Psiquiátrica
http://seminariopic.blogspot.com
Associação Saúde Mental - ASM http://asmsaudemental.blogspot.com
Blog da Turma de Saúde Mental da URCAMP - Bagé
http://smbage.blogspot.com
Centro de Saúde Mental Professor Aristides Novis
http://aristidesnovis.blogspot.com
Clínica ampliada e Saúde Mental http://clinicaampliada.blogspot.com
Conscientização em Saúde Mental http://projetocosme.blogspot.com
Cursos em Saúde Mental - Dr. Pablo Vinicius
http://cursosemsaudemental.blogspot.com
134
Diversidade e cultura na saúde mental
http://diversidadeculturasaudemental.blogspot.com
Enfermagem em Saúde Mental http://enfermagemsaudemental.blogspot.com
Ensino e Prática Clínica em Saúde Mental
http://sequeiracarlos.blogspot.com
Entendendo a saúde Mental http://entendendoasaudemental.blogspot.com
Fórum de Psiquiatria e Saúde Mental http://forumpsi.blogspot.com
Fórum Gaúcho de Saúde Mental (FGSM)
http://forumgauchosm.blogspot.com
Fórum Goiano de Saúde Mental http://forumgoianosaudemental.blogspot.com
Grupo de Saúde Mental http://grupodesaudemental.blogspot.com
Guia de Pacientes http://guiadepacientes.blogspot.com
Hygina Saúde Mental http://hyginasaudemental.blogspot.com
Jornadas de Enfermagem Saúde Mental CSCP - "Tendências e Novos Desafios"
http://jornadasdeenfermagem.blogspot.com
Psicanálise e Saúde Mental http://lindalvapsicanalista.blogspot.com
Psicanálise e Saúde Mental http://psicanalisesaudemental.blogspot.com
Psicologia e Saúde Mental http://saudeepsicologia.blogspot.com
Psiquiatria e Saude Mental http://psiquiatriaesaudemental.blogspot.com
Saúde Mental http://indiradiogenes.blogspot.com
Saúde Mental em Contexto Escolar http://saudementalescolar.blogspot.com
Sociedade Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental
http://spesm-saudemental.blogspot.com
SOS - Saude Mental http://sos-saudemental.blogspot.com
Works shops de Saúde Mental http://wsmcaldas.wordpress.com
TRANSTORNO BIPOLAR
(mais um) Diário de (mais) um bipolar http://maisumbipolar.blogspot.com
A Bipolar e Eu http://abipolareeu.blogspot.com
BiPoLaR ?????? eU?????? http://bipolar-eu.blogspot.com
Bipolar on-line http://bipolar-online.blogspot.com
Bipolar... ou, mente poderosa http://sf-mentepoderosa.blogspot.com
Dani maluca bipolar http://danimalucaesuasperipeciais.blogspot.com
Diário de uma adolescente bipolar http://diariodeumaadolescentebipolar.blogs.sapo.pt
Distúrbio bipolar: quando a tristeza e a euforia se tornam doença.
http://doencabipolarqdatristezasetornadoenca.blogspot.com
Identidade Bipolar http://identidadebipolar.blogspot.com
Memórias de uma bipolar http://bipolar-memory.blogspot.com
Sim, eu sou Bipolar http://eubipolarclaro.blogspot.com
Sou Bipolar http://soubipolar.wordpress.com
Tonho, o louco bipolar http://tonhodalua.blogspot.com
Transtorno Afetivo Bipolar http://transtornoafetivobipolar.blogspot.com
Transtorno Bipolar do Humor http://transtornobipolardohumor.blogspot.com
Transtorno Bipolar ou Altos e Baixos? http://altosandbaixos.blogspot.com
135
ANEXO F – Listagem das comunidades do Orkut selecionadas
ESQUIZOFRENIA
Convivendo com a esquizofrenia
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=61676489
Entender a Esquizofrenia http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=1697055
Esquizofrenia http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=16856355
Esquizofrenia http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=12675257
Esquizofrenia: que difícil http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=38322191
Mistério Mental: Esquizofrenia http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=64117317
O que é Esquizofrenia http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=17485470
FOBIA
Acluofobia - Fobia de Escuro http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=28058747
É foda ter Fobia Social http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=8984864
Fobia de elevador http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=8411146
Fobia Social http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=3527648
Fobia Social http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=89794
Fobia Social - [Chat] http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=44711697
Fobia Social - [Original] http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=46813
Fobia Social -[dono eleito] http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=35331298
Fobia Social Ter. Alternativas http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=31445724
Fobia social X felicidade http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=7166439
Fobia social, timidez Curitiba http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42963232
Medo! Pânico! Fobia! http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=23684659
Tenho fobia de cachorro! http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=2998177
Tenho Fobia Social http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=6320650
Tratamento Virtual de Fobia http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=16423898
Vencendo a fobia social http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=14591073
Você tem fobia? http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=562831
PSIQUIATRIA
Enfermagem & Psiquiatria http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=7046074
Eu Adoro Psiquiatria http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=5278582
Eu amo Psiquiatria http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=775776
Liga de Psiquiatria - FMIT http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=927911
Neurologia e Psiquiatria http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=18684127
Psicologia + Psiquiatria TDAH http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=234415
Psicologia e psiquiatria DF http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=1171989
Psiquiatria http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=16761814
Psiquiatria - Farmacoterapia http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=86388
Psiquiatria - RS http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=46137710
Psiquiatria - UFSC http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=5653061
Psiquiatria & Psicologia http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=5355312
Psiquiatria & Psicose http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=23442420
Psiquiatria + Psicoterapia http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=14664343
Psiquiatria Democrática http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=56507209
Psiquiatria e Direito http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=55587017
Psiquiatria e Espiritualidade http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=19242358
Psiquiatria e Psicologia http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=3928595
Psiquiatria em Todos Hospitais http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=9008601
Psiquiatria Infantil http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42851115
Psiquiatria Infantil http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=7465952
136
Psiquiatria Leiga http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=9013164
Psiquiatria ñ é Médico de maluco
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=3445426
Psiquiatria ñ é p/ Neurologia http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=4339820
Psiquiatria na Globo http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=43529966
Psiquiatria no Ceara http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=2296595
Psiquiatria no Rio de Janeiro http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=31188467
Psiquiatria Sem Respostas http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=1020667
Psiquiatria UNIFESP http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=279382
Psiquiatria: sou normal??? http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=8615897
Psiquiatria; Incomparável!!! http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=25016427
Saúde Mental Psiquiatria TDAH http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=171301
Saude Mental, Psiquiatria. http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=18688715
TDAH/DDA é com a Psiquiatria! http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=18784234
Temas em Psiquiatria http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=47553801
Vídeos Psicologia + Psiquiatria http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=9012681
SAÚDE MENTAL
A. B. Saúde Mental http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=47753629
Apoio em Saúde Mental no Orkut
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=41041558
Especialistas em Saúde Mental http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=7621144
Fenix Pró-Saúde Mental http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=31229248
Forum CAT Saude Mental http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=19556300
Grupo de Saúde Mental http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=20634382
Hosp. Vera Cruz Saúde Mental http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=48776114
Liga de Saúde Mental - UFMS http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=18773558
Núcleo de saúde mental - Macaé
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=19410621
Palestras Grátis Saúde Mental http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=19100077
PSI Saúde Mental: Nova Reforma!
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=8746541
Saúde Mental http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=379778
Saúde Mental - 8ª Turma -UECE
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=40666047
Saúde Mental - Baixo Guandu http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=14966149
Saúde Mental - Clínica Pompéia
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=63628089
Saúde mental - DF http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=2423900
Saúde Mental - GRUPPS http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=4646984
Saúde Mental - Recife e RMR/PE
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=6610801
Saúde Mental de São Gonçalo http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=30975531
Saúde Mental Direito de Todos! http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=17080133
Saude Mental e Cinema http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=25145855
Saúde Mental e Neurofitness http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=22468020
Saúde Mental Hoje http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=711338
Saúde Mental Incorporar-te http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=2312368
Saúde Mental Psiquiatria TDAH http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=171301
Saude Mental Sobral http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=11231844
Saude Mental, Psiquiatria. http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=18688715
Saude Mental - MS http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=26292264
Serviços Saúde Mental Gratuito http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=15332969
Terapia e Saúde Mental http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=14647454
137
SÍNDROME DO PÂNICO
"Síndrome do Pânico" http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=18833274
●Síndrome do Pânico ® http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=36362790
Curada da Síndrome do Pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=17846745
Depressão & Síndrome do pânico
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=26065610
Depressão e Síndrome do Pânico
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=39359977
Eu tenho Síndrome do Pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=16647214
Eu tenho Síndrome do Pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=19515240
Eu tenho Síndrome do Pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=5571698
Eu tenho Síndrome do Pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=9284602
Eu tenho Síndrome do Pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=6327050
Eu tenho Síndrome do Pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=60496321
Eu tenho Síndrome do pânico! http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=3377441
Família Transtorno Pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=24321438
Já tive Síndrome do Pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=7517255
Já tive Síndrome do Pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=578740
Pânico - A Síndrome do Medo http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=23680384
Pânico, Síndrome http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=143353
Panicosos [Síndrome do Pânico]
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=15846984
Paracambi Síndrome do Pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=10352822
Síndrome de pânico! http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=12610237
Síndrome do Pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=6275784
Síndrome do Pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=23893472
Síndrome do Pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=33690625
Síndrome do pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=84471
Síndrome do Pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=14422835
Síndrome do Pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=17834161
Síndrome do Pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=19362396
Síndrome do pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=3481592
Síndrome do Pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=37703796
Síndrome do Pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=402743
Síndrome do Pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42135405
Síndrome do Pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=705839
Síndrome do Pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=751806
Síndrome do Pânico - Amigos http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=19845250
Síndrome do Pânico - Apoio http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=52962545
Síndrome do Pânico - Fortaleza http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=10006231
Síndrome do Pânico - RENASÇA
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=14559011
Síndrome do Pânico - RJ http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=6841406
Síndrome do Pânico* INTERPAN
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=8241485
Síndrome do pânico ANacionalSP
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=1542115
Síndrome do Pânico controlada http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=38173860
Síndrome do Pânico e Evolução
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=7200673
Síndrome do Pânico ES http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=4261490
Síndrome do Pânico eu assumo!
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=11272275
138
Síndrome do Pânico JF http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=34290295
Síndrome do Pânico tem cura? http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=67689993
Síndrome do Pânico Transtorno http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=24121540
Síndrome do Pânico X Vomitar http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=8020868
Síndrome do Pânico, sua aliada http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=7248865
Síndrome do Pânico. Tem cura?
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=6678216
Síndrome do Pânico, Depressão
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=17365437
Síndrome/Transtorno do Pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=6342563
Tireóide x Síndrome do Pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=26388946
Tive (tenho) Síndrome do Pânico
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=4788155
Transtorno do Pânico: conviver http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=6549332
TRANSTORNO BIPOLAR
"Bipolar na busca de remédio" http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=36920825
Acho que sou Bipolar http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=7809951
Adote um bipolar http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=26928671
Beware, bipolar! http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=4091378
Bipolar --//-- como lidar? http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=44761354
Bipolar Depressivo http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=3780448
Bipolar Equilíbrio Criatividade http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=63005545
Bipolar Minas Gerais http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=44421012
Bipolar sem medicação NÃO!!! http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=46172672
Conheço um Bipolar do Humor http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=25194972
Diário Bipolar ° http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=41028096
Diário de um Bipolar http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=34223465
Distúrbio Bipolar http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=6156685
É possível viver e ser bipolar http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=39078064
Eu amo e/ou conheço um bipolar
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=3793439
Eu sou bipolar e daí !!! http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=4555857
Eu Sou Bipolar. E Dai? http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=7524298
Minha Esposa É Bipolar http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=41679435
São Pedro é Bipolar! http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=48106522
SOS -Transtorno Afetivo Bipolar
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42022497
Sou bipolar e sou feliz http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=26778456
Tenho um(a) amigo(a) bipolar http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=38427577
Transtorno Bipolar http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=26916720
Transtorno Bipolar http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=34196466
Transtorno bipolar http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=48442365
Transtorno Bipolar http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=52116321
Transtorno Bipolar http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=8198346
Transtorno Bipolar http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=8804761
Transtorno Bipolar + Suicidio http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=29008613
Transtorno Bipolar Disorder http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=561825
Transtorno Bipolar do Humor http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=1111026
Transtorno Bipolar do Humor http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=16861212
Transtorno bipolar do humor http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=57528813
Transtorno Bipolar do Humor http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=31514833
Transtorno bipolar em crianças http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=27347843
Transtorno bipolar hoje http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=4436662
Transtorno Bipolar Tipo III http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42948720
Transtorno bipolar tipo ll http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=65158437
Transtorno Bipolar. THB http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=45736085
139
Transtorno Bipolar-Ciclotimia http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=8897497
Viver e ser feliz na Bipolar http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=32855725
TRANSTORNO MENTAL
Transtornos Mentais Infantis http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=26263221