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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE NÚCLEO DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA A SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS E SAÚDE Fabio Maia FORMAÇÃO NA ÁREA DA SAÚDE E WEB 2.0: POSSIBILIDADES DE USO PEDAGÓGICO DOS WEBLOGS E DO ORKUT EM CURSOS DE MEDICINA RIO DE JANEIRO 2009

Metodológicos para uma Abordagem da Saúde e da Doença · use for weblogs and Orkut at Medicine courses. Final project (Mastery degree, Education on Sciences and Health) - Núcleo

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

NÚCLEO DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA A SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS E SAÚDE

Fabio Maia

FORMAÇÃO NA ÁREA DA SAÚDE E WEB 2.0: POSSIBILIDADES DE USO PEDAGÓGICO DOS WEBLOGS E DO ORKUT

EM CURSOS DE MEDICINA

RIO DE JANEIRO

2009

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Fabio Maia

FORMAÇÃO NA ÁREA DA SAÚDE E WEB 2.0: POSSIBILIDADES DE USO PEDAGÓGICO DOS WEBLOGS E DO ORKUT

EM CURSOS DE MEDICINA

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Saúde, Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Educação em Ciências e Saúde.

Orientador: Miriam Struchiner, Dra. Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde – UFRJ.

RIO DE JANEIRO 2009

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Maia, Fabio

Formação na área da saúde e Web 2.0: possibilidades de uso pedagógico dos weblogs e do Orkut em cursos de Medicina / Fabio Maia – Rio de Janeiro: UFRJ / NUTES, 2009.

xii, 125f. : il. ; 31 cm.

Orientadores: Miriam Struchiner

Dissertação (mestrado) -- UFRJ, NUTES, Programa de Pós-graduação em Educação em Ciências e Saúde, 2009

Referências bibliográficas: f. 114-128

1. Internet. 2. Educação de graduação em Medicina - método. 3. Aprendizagem. 4. Tecnologia educacional - educação. 5. Educação em Ciências e Saúde - Tese. I. Struchiner, Miriam. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, NUTES, Programa de Pós-graduação em Educação em Ciências e Saúde. III. Título.

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Fabio Maia

FORMAÇÃO NA ÁREA DA SAÚDE E WEB 2.0:

possibilidades de uso pedagógico dos weblogs e do Orkut em cursos de Medicina

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Saúde, Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Educação em Ciências e Saúde.

Aprovada em, 26 de agosto de 2009.

_________________________________________________________________ Miriam Struchiner, Dra. Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde – UFRJ.

__________________________________________________________________ Luiz Augusto Coimbra de Rezende Filho, Dr. Núcleo de Tecnologia Educacional

para a Saúde – UFRJ.

___________________________________________________________________ Evelyse dos Santos Lemos, Dra. Laboratório de Educação em Ambiente e Saúde –

Instituto Oswaldo Cruz.

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À memória de Erynéa Maia, minha mãe,

pelo seu amor, carinho, dedicação e amizade.

Por ter, no período que esteve entre nós,

sempre me apoiado e me ajudado nos momentos mais difíceis.

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AGRADECIMENTOS

À Miriam Struchiner, minha orientadora, pelo empenho, pelas considerações, pelas críticas e, especialmente, pela paciência. Obrigado por ter acreditado e confiado no meu potencial.

Às pessoas que se tornaram minhas grandes amigas e me apoiaram, cada qual à sua maneira, nos momentos em que nada parecia dar certo: Paula Ramos, Marina Bazzo, Luciana Mendonça, Rosilaine Wardenski, Taís Giannella, Leonel Tractenberg e Guilherme Santa Rosa.

Aos professores Luiz Rezende, Evelyse Lemos, Victoria Brant Ribeiro e Carlos Otávio Moreira que, gentilmente, aceitaram participar da banca examinadora da defesa desta dissertação.

Aos professores Antonio José Ledo Alves da Cunha e Lúcio Pereira de Souza, respectivamente Diretor e Coordenador de Graduação da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro, por terem autorizado a realização das entrevistas junto os professores do departamento de Psiquiatria e Medicina Legal. Aos professores Carla de Meis, Lina Morais e Sérgio Zaidhaft que aceitaram participar do grupo focal. Aos participantes do Projeto Vivências por suas contribuições para com este trabalho.

Aos alunos do mestrado da turma de 2007 pelos momentos de descontração e alegria que tornaram este caminhar muito mais prazeroso.

Aos meus colegas de trabalho do Instituto A Vez do Mestre cujo apoio e solidariedade também foram fundamentais.

Aos amigos de longa data, em especial Barreto, Tânia, Sérgio e Ulisses, pelas boas vibrações e compreensão das minhas faltas e ausências.

Agradecimentos especiais:

À Carly Machado, minha eterna professora, por ter me apresentado a “vida acadêmica”. Pelo incentivo antes, durante o processo seletivo e em todo o andamento do mestrado. Por ter compreendido as minhas ausências profissionais e por ter acreditado no meu trabalho e no meu potencial.

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Quem passou pela vida em branca nuvem, E em plácido repouso adormeceu;

Quem não sentiu o frio da desgraça, Quem passou pela vida e não sofreu;

Foi espectro de homem, não foi homem, Só passou pela vida, não viveu.

Desilusões da Vida - Francisco Otaviano

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RESUMO

MAIA, Fabio. Formação na área da Saúde e Web 2.0: possibilidades de uso pedagógico dos weblogs e do Orkut em cursos de Medicina. Rio de Janeiro, 2009. Dissertação (Mestrado em Educação em Ciências e Saúde) - Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009.

Esta dissertação apresenta um estudo sobre as possibilidades de uso pedagógico

das ferramentas da Web 2.0 nos cursos de graduação em Medicina. A proposta da

pesquisa concentrou-se em realizar um levantamento para evidenciar a existência

de weblogs e de comunidades do Orkut, que veiculam assuntos relacionados às

psicopatologias, os quais poderiam ser usados como objetos de aprendizagem, bem

como analisar as contribuições dessas ferramentas para o desenvolvimento de

estratégias pedagógicas para valorizarem os aspectos subjetivos na prática médica.

Para tanto, foi preciso compreender os conceitos relacionados à humanização na

saúde, narrativa do adoecimento e tratamento na prática médica, aprendizagem

situada e corporificada, e Web 2.0, suas ferramentas e suas contribuições ao

processo de aprendizagem. A partir da compreensão destes conceitos, buscou-se

identificar as abordagens metodológicas e métodos mais adequados para atingir os

objetivos propostos. Iniciou-se, após a escolha dos materiais, métodos e

instrumentos de coleta de dados, o levantamento dos espaços digitais e das

contribuições dos mesmos para o processo de aprendizagem, segundo a

perspectiva dos professores. Em seguida, produziu-se a análise dos dados

coletados objetivando categorizar os espaços pesquisados e identificar as

possibilidades pedagógicas de uso do weblog e do Orkut. Os resultados da análise

demonstraram que os weblogs e comunidades do Orkut, criados por profissionais da

área de saúde e pacientes para veicular informação sobre as psicopatologias e

relatos de experiências do processo de adoecer, apresentavam potencial para

serem utilizados como instrumentos de aprendizagem. Ainda, foi possível identificar

diferentes propostas de uso desses recursos na formação médica e os aspectos

positivos e negativos relacionados ao uso deles no processo educacional. Por fim, o

estudo concluiu que a utilização dos weblogs e do Orkut, favorece o

desenvolvimento de estratégias de aprendizagem que valorizem os aspectos

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subjetivos na prática médica e permitem novas formas de aproximação dos alunos

com as experiências do adoecimento relatadas por pacientes Entretanto, ainda faz-

se necessário um trabalho junto aos professores para auxiliá-los na familiarização

dessas ferramentas e na sua efetiva utilização no contexto educacional.

Palavras-chave: SOFTWARE SOCIAL, BLOGS, TECNOLOGIA EDUCACIONAL, APRENDIZAGEM CORPORIFICADA, APRENDIZAGEM SITUADA.

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ABSTRACT

Maia, Fabio. Degree on Health field and web 2.0: possibilities of pedagogical use for weblogs and Orkut at Medicine courses. Final project (Mastery degree, Education on Sciences and Health) - Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde, Universidade federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009.

This writing presents a study upon the possibilities of pedagogical uses of Web 2.0

tools at the Medicine graduation course. The purpose of this research focused on the

accomplishment of data in order to demonstrate the existence of weblogs and Orkut

communities which spread subjects related to psychopathologies and that could be

used as apprenticeship objects, and to analyse the conttribuition of such tools for the

development of pedagogical strategies to enrich the subjective aspects in the

medical practice. To do so, it was necessary to understand the concepts related to

humanization in health, sickening narrative and treatment in medical practices

situated learning and embodied learning, and web 2.0, its tools and contribution for

the learning process. From the understanding of such concepts, the aim was to

identify the methodological approaches and proper methods to achieve the proposed

goals. A survey of digital space and its contribution for the learning process , based

on professors perspectives, took place after the choice of materials, methods and

instruments of data collection. Following this, an analysis of data was produced

aimed at the categorization of the researched spaces and to identify the pedagogical

possibilities of uses for weblog and orkut. The results of analyses have demonstrated

that weblogs and Orkut communities, set by professionals and patients in order to

spread information on psychopathologies and the report of experiences on the

sickening process, showed a potential to be used as learning objects. Yet, it was

possible to identify different propositions of used of these resources in the medical

degree and positive and negative aspects related to their use in educational process.

Finally, the study has concluded that the use of weblogs and orkut favours the

development of learning strategies that enrich the subjective aspects in the medical

practice and allow new ways of students`approaching with the experiences of

sickening related by patients. However, it is still necessary to work with teachers to

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help them in the familiarization of these tools and in the effective use into the

educational context.

Keywords: SOCIAL SOFTWARE, BLOGS, EDUCATIONAL TECHNOLOGY, EMBODIED LEARNING, SITUATED LEARNING

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Ilustração 1 - Página do perfil de um usuário do Orkut ............................................. 52

Ilustração 2 - Página da Comunidade “Eu amo a minha MÃE!” no Orkut.................. 53

Ilustração 3 - Área de recados de um perfil no Orkut ................................................ 54

Ilustração 4 - Fórum de discussão de uma comunidade no Orkut ............................ 55

Ilustração 5 - Página da comunidade Problemas de geometria plana no Orkut ........ 57

Ilustração 6 - Tela principal do motor de busca Google – Pesquisa de blogs ........... 69

Ilustração 7 - Tela do mecanismo de busca do Orkut com resultado de pesquisa com o termo Saúde Mental realizado no dia 27 de outubro de 2008 ........................ 70

Ilustração 8 - Objetivo de criação dos weblogs com temáticas relacionadas às psicopatologias ..................................................................................................... 85

Ilustração 9 - Perfil dos proprietários dos weblogs com temáticas relacionadas às psicopatologias ................................................................................................... 87

Ilustração 10 - Objetivo de criação das comunidades do Orkut com temáticas relacionadas às psicopatologias ................................................................................ 90

Ilustração 11 - Perfil dos proprietários das comunidades do Orkut com temáticas relacionadas às psicopatologias ................................................................................ 92

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Total de weblogs com temática relacionada às psicopatologias .............. 83

Tabela 2 - Total de comunidades do Orkut com temática relacionada às psicopatologias ......................................................................................................... 88

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 15

2. APRENDIZAGEM CORPORIFICADA NO ENSINO MÉDICO 23

2.1 ABORDAGEM DA NARRATIVA DO ADOECIMENTO E TRATAMENTO NA PRÁTICA MÉDICA 23

2.2 A APRENDIZAGEM SITUADA E CORPORIFICADA 26

2.2.1 A Aprendizagem Corporificada e as práticas educativas mediadas pelas tecnologias digitais 29

2.3 CONCLUSÃO 31

3. WEB 2.0: NOVAS FERRAMENTAS E NOVAS POSSIBILIDADES 34

3.1 WEB 2.0 E SEUS IMPACTOS NA SOCIEDADE 34

3.2 SAÚDE, FORMAÇÃO MÉDICA E WEB 2.0 39

3.3 OS WEBLOGS 43

3.3.1 Possibilidades pedagógicas do weblog 45

3.4 O SOFTWARE SOCIAL 49

3.4.1 Características do Software Social Orkut 51

3.4.2 Possibilidades pedagógicas do software social Orkut 56

3.5 CONCLUSÃO 58

4. ABORDAGEM METODOLÓGICA, MATERIAIS E MÉTODOS 61

4.1 ABORDAGEM METODOLÓGICA PARA IDENTIFICAR E CLASSIFICAR OS WEBLOGS E AS COMUNIDADES DO ORKUT 61

4.1.1 Abordagem de estudo de espaços na Internet 61

4.1.2 Ferramentas de busca na Internet 65

4.1.3 Levantamento dos weblogs e das comunidades do Orkut no contexto das psicopatologias 67

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4.2 ABORDAGEM METODOLÓGICA PARA IDENTIFICAR AS VISÕES DOS PROFESSORES SOBRE AS CONTRIBUIÇÕES DOS WEBLOGS E DAS COMUNIDADES DO ORKUT NA FORMAÇÃO MÉDICA 73

4.2.1 Grupo focal e Análise de conteúdo 73

4.2.2 Contribuição dos weblogs e das comunidades do Orkut ao processo de aprendizagem na perspectiva dos professores 77

4.2.3 Ética em Pesquisa da área da Saúde envolvendo seres humanos 81

4.3 CONCLUSÃO 82

5. ANÁLISE DOS DADOS 83

5.1 ANÁLISE E RESULTADOS 83

5.1.1 Análise e Resultados do levantamento weblogs 83

5.1.2 Análise e Resultados do levantamento das Comunidades do Orkut 88

5.1.3 Análise e Resultados sobre as contribuições dos weblogs e das comunidades do Orkut ao processo de aprendizagem na perspectiva dos professores 93

5.2 CONCLUSÃO 101

6. DISCUSSÃO SOBRE OS RESULTADOS E CONCLUSÃO 103

6.1 DISCUSSÃO SOBRE OS RESULTADOS 103

6.2 CONCLUSÃO 110

REFERÊNCIAS 114

ANEXOS 129

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1. INTRODUÇÃO

Os noticiários de televisão e os jornais com frequência vinculam reportagens

sobre a saúde que tratam geralmente sobre falta de médicos, enfermarias lotadas,

escassez de medicamentos nos hospitais públicos brasileiros e qualidade da

atenção aos pacientes.

De acordo com o Ministério da Saúde (2001), dentre os temas listados, a

falta de qualidade da atenção aos usuários do sistema de saúde no Brasil é uma das

questões mais críticas. Do ponto de vista dos pacientes, ainda de acordo com o MS,

a forma de atendimento e a capacidade dos profissionais para entender suas

demandas e expectativas são questões, até certo ponto, mais valorizadas do que a

falta de médicos, leitos e medicamentos. É importante ressaltar que, no âmbito da

Saúde, as tecnologias e os dispositivos organizacionais possuem papéis

importantíssimos. Porém, a eficácia dos mesmos é diretamente influenciada pelo

fator humano e pelas relações estabelecidas entre médicos e pacientes durante o

atendimento.

A eficiência técnico-científica e a racionalidade administrativa nos serviços

de saúde, quando desacompanhadas de princípios e valores como a

solidariedade, o respeito e a ética na relação entre profissionais e usuários,

não são suficientes para a conquista da qualidade no atendimento à saúde.

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001, p. 11)

Não há como negar que o desenvolvimento científico e tecnológico traz

inúmeros benefícios para a área da Saúde. Porém, pode acarretar na redução do

direito de voz do paciente (MS, 2002). Segundo o Ministério da Saúde (2002),

durante a descrição técnica dos sintomas e da evolução de uma doença, o lado

humano é esquecido, excluído. Uma vez que o paciente é visto como um simples

objeto de intervenção técnica, torna-se desnecessário ouvir suas angústias, temores

e expectativas (MS, 2002).

Uma das propostas para alcançar melhor qualidade de atendimento clínico

envolve, entre outros fatores, a humanização da assistência à saúde (MS, 2001). O

conceito "Humanização" no âmbito da Saúde já tem sido discutido há quase dez

anos. Segundo afirma Deslandes (2004), na década de 90, já era possível identificar

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modelos assistenciais regidos pelos princípios da humanização como, por exemplo,

"Maternidade Segura" e "Método Canguru", que receberam apoio tanto do Ministério

da Saúde quanto da Organização Mundial da Saúde. A partir do ano de 2000, a

humanização passa a ser legitimada e ganha novos contornos por meio da

regulamentação do Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar

(PNHAH) pelo Ministério da Saúde (DESLANDES, 2004).

O PNHAH pode ser entendido como um grupo de ações integradas que visa

a modificar o padrão de assistência ao usuário nos hospitais públicos brasileiros por

meio do aumento da qualidade e da eficácia dos serviços prestados. O programa

oferta orientações para o desenvolvimento de projetos que tenham como foco a

humanização do atendimento hospitalar. Sua principal função é motivar a criação e

manutenção de espaços de comunicação entre diferentes setores de atendimento

hospitalar baseados na livre expressão, na educação continuada, no diálogo, no

respeito à diversidade de opiniões e na solidariedade (MS, 2001, 2002).

Mas, o que seria "Humanização"? Para o Ministério da Saúde, humanização

é:

...entendida como valor, na medida em que resgata o respeito à vida

humana. Abrange circunstâncias sociais, éticas, educacionais e psíquicas

presentes em todo relacionamento humano. Esse valor é definido em

função de seu caráter complementar aos aspectos técnico-científicos que

privilegiam a objetividade, a generalidade, a causalidade e a especialização

do saber. (2001, p. 52)

O conceito de Humanização no âmbito da Saúde pode ser entendido,

segundo Deslandes (2004, p. 8), como uma "assistência que valoriza a qualidade do

cuidado do ponto de vista técnico, associada ao reconhecimento dos direitos do

paciente, de sua subjetividade e referências culturais". Já no PNHAH, o Ministério

da Saúde diz que humanizar no atendimento hospitalar é:

...garantir à palavra a sua dignidade ética. Ou seja, para que o sofrimento

humano, as percepções de dor ou de prazer sejam humanizados, é preciso

que as palavras que o sujeito expressa sejam reconhecidas pelo outro. É

preciso, ainda, que esse sujeito ouça do outro palavras de seu

reconhecimento. [...] sem comunicação, não há humanização. A

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humanização depende de nossa capacidade de falar e de ouvir, depende do

diálogo com nossos semelhantes. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002, p. 4)

Alguns estudos mostram (ROSSI; SANTOS, 2003) que durante a

comunicação do diagnóstico de uma doença grave como, por exemplo, o câncer, o

paciente se vê invadido por diversos sentimentos: tristeza, insegurança, temores

relacionados ao tratamento, as incertezas ligadas à possibilidade de cura e a

possibilidade de deixar desamparados os entes da família. Por isso, a forma pela

qual o médico informa sobre os resultados do diagnóstico é de extrema importância.

Os médicos, de acordo com Barbosa, et al (2007), por estarem mais preocupados

com os aspectos técnicos, acabam por colocar em segundo plano os aspectos

éticos relacionados com o significado dos diagnósticos para os pacientes e com o

direito dos mesmos de expressarem seus sentimentos concernentes ao adoecer e

as formas de tratamentos oferecidas.

A maioria das decisões sobre os tratamentos a serem realizados não é do

paciente ou de seus familiares, mas dos médicos. Geralmente, as decisões são

impostas, sem que se abram espaços para que o paciente reflita, discorde ou

questione as recomendações fornecidas. Não é dada ao paciente a oportunidade de

falar ou de se posicionar sobre os tratamentos e nem a oportunidade para elaborar

psicologicamente sobre os eventos do diagnóstico (ROSSI; SANTOS, 2003).

Para a realização de uma atividade clínica humanizada, é necessário que os

médicos reflitam sobre as suas práticas e encarem os pacientes como seres

humanos complexos e integrais, formados pelo conjunto corpo, mente e afeto. O

foco da assistência deve ser o doente e não a doença. Durante o processo de

adoecimento e tratamento, é importante que se ouça o paciente e aprenda a olhar o

seu sofrimento de forma mais humana (BARBOSA et al, 2007). Neste contexto, de

acordo com Rossi e Santos (2003), o objetivo da assistência passa a ser a garantia

da qualidade de vida e não apenas a cura da doença e o aumento de tempo de vida.

As soluções para as questões da humanização são muito complexas e

envolvem diferentes iniciativas que devem ir além da melhoria das instalações

físicas das instituições de saúde. Um caminho crítico está relacionado à formação do

médico. O processo de formação médica deve objetivar a construção de valores e

atitudes de respeito à vida humana e o preparo para lidar com a angústia e com as

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reações emocionais do paciente (MS, 2001; ROSSI, SANTOS, 2003). Para isso,

tomam-se iniciativas para o desenvolvimento de novas metodologias de ensino,

além das já existentes nos cursos de Medicina, que valorizem não somente a

formação técnica como, também, os aspectos éticos e humanistas. (DESLANDES,

2004; LAMPERT, 2001).

Esta pesquisa visa contribuir para os cursos de graduação em Medicina, no

que diz respeito à utilização das tecnologias digitais, em especial os weblogs e

comunidades presentes no Orkut, para o desenvolvimento de atividades de

aprendizagem que valorizem os aspectos subjetivos e humanistas na formação do

médico. Ela se desenvolve no contexto de uma parceria entre o Laboratório de

Tecnologias Cognitivas do NUTES (LTC), o Laboratório de Vídeo Educativo do

NUTES (LVE) e o departamento de Psiquiatria e Medicina Legal da UFRJ e Instituto

de Psiquiatria da UFRJ para o desenvolvimento de um projeto intitulado “Projeto

Vivências: espaços virtuais na aprendizagem das dimensões experiencial e narrativa

dos processos de adoecimento”. O “Projeto Vivências” tem como objetivo discutir o

desenvolvimento de um modelo de ambiente virtual de aprendizagem, baseado na

Teoria de Aprendizagem Corporificada (Theory Embodied Learning), a dirigido a

estudantes de Medicina e tem como enfoque a vivência do adoecimento e do

tratamento dos pacientes (STRUCHINER, 2008). O ambiente fará uso de diferentes

ferramentas de informação e comunicação como, por exemplo, weblogs e vídeos

para promover novas formas de acesso às experiências do processo de adoecer

vivências pelos pacientes. O presente estudo pretende contribuir com o projeto por

meio dos estudos das ferramentas da Web 2.0 e das certificações oferecidas por

professores sobre as possibilidades de uso pedagógico dessas ferramentas nos

cursos de formação médica.

1.1 OBJETIVO GERAL

O presente estudo se propõe a realizar o levantamento, a identificação e a

classificação dos weblogs e das comunidades do Orkut relacionadas às

psicopatologias com o objetivo de evidenciar a existência de um repertório de

materiais que podem ser explorados durante as práticas pedagógicas e analisar, na

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visão dos docentes, as contribuições dessas ferramentas no processo de

aprendizagem nos cursos de graduação de Medicina.

Desta forma, os objetivos específicos desta pesquisa são:

a) Identificar e caracterizar os weblogs e as comunidades do Orkut que

tenham como temática central assuntos relacionados à Síndrome do

Pânico, ao Transtorno Mental, à Psiquiatria, à Psicose, à

Esquizofrenia, ao Transtorno Bipolar, à Fobia, à Doença Metal e à

Saúde Mental;

b) Analisar as possíveis contribuições dos weblogs e das comunidades

do Orkut para o desenvolvimento de atividades educativas que

valorizem a narrativa dos pacientes e as práticas clínicas

humanizadas, na perspectiva de professores do departamento de

Psiquiatria e Medicina Legal do curso de graduação em Medicina.

1.2 JUSTIFICATIVA

A incorporação das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) no

processo de ensino-aprendizagem pode trazer grande diferencial às novas

metodologias de ensino para cursos da graduação de Medicina que enfoquem as

práticas clínicas humanizadas. Segundo Struchiner (2001), o uso das TICs na

educação têm potencial para promover mudanças significativas nos modelos

educativos, pois permitem o desenvolvimento de currículos mais flexíveis, geração

de diferentes modelos de ensino-aprendizagem e aumento de autonomia dos

alunos.

Os avanços tecnológicos dos últimos cinco anos fizeram surgir um novo

conceito de Internet chamado de Web 2.0. Esta permitiu o desenvolvimento de

novas ferramentas de informação e comunicação que possibilitam o aumento

considerável do nível de interação e de colaboração entre seus usuários e a

construção de ambientes mais dinâmicos, participativos e colaborativos na Internet.

Além disso, ampliou as possibilidades de atuação das pessoas no ciberespaço,

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permitindo que elas sejam provedores de conteúdo e possam criar e manter os seus

próprios espaços virtuais. Isto é, que elas tenham voz e lugar no mundo virtual

(O’REILLY, 2005).

Por suas características técnicas, essas ferramentas baseadas na tecnologia

Web 2.0 potencializam a criação de espaços de participação, de interação e

colaboração; podem, também, ser empregadas no processo de aprendizagem de

forma a potencializar a troca de experiências entre os envolvidos no processo e a

realização de atividades por meio de parcerias (ANDERSON, 2007; DE LA TORRE,

2006). Além disso, elas possuem o potencial para o desenvolvimento de novas

estratégias de aprendizagem que ampliem as possibilidades, já existentes nos

cursos de formação médica, para que os alunos tenham experiências mais reflexivas

e críticas quando expostos às angústias e aos sofrimentos durante o processo de

adoecimento e tratamento dos pacientes. Estas experiências podem contribuir para

que os alunos vivenciem uma aprendizagem que valoriza a importância dos

aspectos humanos nas práticas clínicas e para que tenham uma melhor

compreensão da importância do papel do médico na humanização. No entanto, para

que se viabilizem estes novos espaços de aprendizagem no processo de formação

do profissional de Medicina, é necessário que os professores conheçam e valorizem

o potencial dessas tecnologias em atividades educativas.

1.3 ESTRUTURA

Esta dissertação está dividida em cinco capítulos. O Capítulo 1 - A

Aprendizagem Corporificada no ensino médico discute como as Teorias

Pedagógicas da Aprendizagem Situada e da Aprendizagem Corporificada podem

contribuir para o desenvolvimento, nos cursos de Medicina, de práticas educativas

que capacitem os futuros profissionais na valorização da dimensão subjetiva dos

pacientes durante o exercício médico. Faz, ainda, uma breve discussão sobre o

exercício da Medicina baseada na Abordagem Clínica Tradicional e na Abordagem

da Narrativa do Adoecimento e do Tratamento, dando destaque a importância de

cada uma dessas abordagens para a realização da anamnese e para o tratamento

dos pacientes. Além disso, apresentará as teorias pedagógicas da Aprendizagem

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Situada e Corporificada mediadas pelo uso das tecnologias digitais como um

possível caminho a ser adotado para a realização de práticas educativas que

considerem tanto a dimensão técnico-científica quanto as dimensões éticas e

humanistas na formação médica.

O Capítulo 2 - Web 2.0: novas ferramentas e possibilidades discute a

nova geração de ferramentas de comunicação e informação baseadas na tecnologia

Web 2.0 e suas possibilidades de utilização na Educação com um todo e, em

especial, na formação médica. Faz, ainda, uma breve apresentação sobre o conceito

da Web 2.0 e suas novas ferramentas, particularmente os weblogs e os softwares

sociais, e analisa possibilidades de sua utilização pedagógica. Além disso, discute

os possíveis ganhos adquiridos com a inserção dessas nas práticas educativas nos

cursos de Medicina e em outras áreas da Educação em Saúde.

O Capítulo 3 – Abordagens, materiais e métodos descreve as

abordagens metodológicas, os materiais e os métodos utilizados para realizar o

levantamento, a identificação e classificação dos weblogs e das comunidades do

Orkut com objetivo de evidenciar a existência de um repertório de materiais que

possam ser explorados pelos professores do departamento de Psiquiatria e

Medicina Legal da Faculdade de Medicina da UFRJ, e para levantar as percepções

desses professores sobre as possibilidades de inserção dessas ferramentas no

processo de aprendizagem nos cursos de graduação de Medicina.

O Capítulo 4 - Análise dos dados apresenta os resultados das análises

dos dados coletados no levantamento dos weblogs e das comunidades do Orkut e

nas sessões de grupo focal com os professores do departamento de Psiquiatria e

Medicina Legal da Faculdade de Medicina da UFRJ utilizando as abordagens

metodológicas, os materiais e os métodos descritos no capítulo anterior.

O Capítulo 5 – Discussão sobre os Resultados e Conclusão discute os

resultados obtidos no levantamento dos weblogs e das comunidades do Orkut e nas

sessões de grupo focal com os professores do departamento de Psiquiatria e

Medicina Legal da Faculdade de Medicina da UFRJ. Em seguida, apresenta as

considerações finais do estudo, quanto à validade das abordagens metodológicas,

dos materiais e dos métodos utilizados e dos resultados obtidos, como forma de

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identificar a existência de blogs e comunidades que possuem temáticas relacionadas

às psicopatologias e que podem ser utilizados como recursos de aprendizagem,

além de destacar as contribuições do uso dos dessas ferramentas, segundo a visão

dos professores, para o processo de aprendizagem nos cursos de formação médica.

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23

2. A APRENDIZAGEM CORPORIFICADA NO ENSINO MÉDICO

Este capítulo discute como as teorias pedagógicas da Aprendizagem

Situada e da Aprendizagem Corporificada podem contribuir para o desenvolvimento,

nos cursos de Medicina, de práticas educativas que capacitem os futuros

profissionais na valorização dos aspectos subjetivos dos pacientes durante a prática

médica. Adicionalmente, faz uma breve discussão sobre o exercício da Medicina

baseada nas abordagens descritiva (SCHNEIDER, 2002; SERPA JUNIOR et al,

2007) e subjetiva (CAPRARA, 2003; UCHOA, VIDAL, 1994), dando destaque

especial à abordagem da Narrativa do Adoecimento e do Tratamento

(GREENHALGH, HURWITZ, 1999; SHAPIRO, ROSS, 2002), apresentando a

importância de cada uma dessas abordagens para a realização da anamnese e para

o tratamento dos pacientes. Além disso, apresenta as teorias pedagógicas da

Aprendizagem Situada e Corporificada mediadas pelo uso das tecnologias digitais

como um possível caminho a ser adotado para a realização de práticas educativas

que considerem tanto a dimensão técnico-científica, quanto as dimensões éticas e

humanistas na formação médica.

2.1 ABORDAGEM DA NARRATIVA DO ADOECIMENTO E TRATAMENTO NA

PRÁTICA MÉDICA

Como foi discutido anteriormente, a humanização da assistência à saúde

visa o aumento da qualidade da assistência prestada e a valorização dos aspectos

subjetivos dos pacientes durante o atendimento. Neste contexto, o paciente não é

somente considerado como um objeto de intervenção técnica, mas também um

sujeito que, diante do seu processo de adoecimento ou de tratamento, possui

temores, angústias e anseios. Para isso, é necessário que os cursos de Medicina se

preocupem em formar médicos capazes de, também, lidar com as reações

emocionais e dialogar com os pacientes, permitindo que estes se expressem de

forma integral sobre suas experiências com a doença (MS, 2002; DESLANDES

2004; BARBOSA et al, 2007; ROSSI, SANTOS, 2003).

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24

Normalmente, as práticas médicas baseadas na abordagem descritiva

(SCHNEIDER, 2002; SERPA JUNIOR et al, 2007) favorecem o exercício de uma

prática somática, onde os aspectos subjetivos e experienciais do paciente

relacionados ao estado de adoecimento e tratamento são, de certa maneira,

descartados dos processos de decisão clínica (diagnóstica e terapêutica) , já que tal

prática tem como foco a dimensão sintomatológica dos quadros clínicos e a

descrição dos elementos relacionados ao adoecimento. Neste modelo, o médico é o

detentor de todo o conhecimento necessário para definir os problemas e as

melhores formas de tratamento em prol da recuperação clínica do paciente, não

havendo o interesse e nem a necessidade de ouvir as suas expectativas e suas

preferências, isto é, sua a experiência com a doença (SERPA JUNIOR et al, 2007;

SOUZA, 2003).

Segundo Grossman e Cardoso (2006), o declínio dos índices de mortalidade

relacionados a doenças infecciosas, o aumento de doenças crônicas e

degenerativas, o aumento ao acesso a informações sobre doenças e os debates

públicos sobre a efetividade da Medicina são alguns dos fatores que vêm

provocando mudanças significativas nas práticas clínicas, no que diz respeito à

valorização dos sentimentos, experiências e percepções dos pacientes sobre a

doença e as formas de tratamento. Como exemplo, os autores citam o caso de

alguns médicos que valorizam a narrativa e a experiência do adoecer e do

tratamento dos pacientes de doenças crônicas e degenerativas durante o

atendimento clínico para melhor compreender como estes lidam com as limitações

que comprometem a realização das suas atividades cotidianas.

A abordagem da Narrativa do Adoecimento e do Tratamento

(GREENHALGH, HURWITZ, 1999; SHAPIRO, ROSS, 2002), compartilhando dos

pressupostos das práticas clínicas humanizadas, mostra-se como contraponto à

Abordagem Clínica Tradicional, por colocar a experiência do paciente como

elemento central, por valorizar a dimensão subjetiva do processo de adoecimento e

do tratamento e os seus aspectos relacionais e interpessoais. Nesta abordagem, o

paciente é visto de forma holística, envolvendo aspectos semiológicos e subjetivos e

o reconhecimento da importância da experiência do adoecimento. Esta abordagem

entende que a doença de um paciente é inserida em um contexto maior da

existência humana, acima dos aspectos físicos e biológicos, favorecendo assim a

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aproximação entre médicos e pacientes e auxiliando os médicos a compreenderem

o significado de “estar doente” para cada paciente, em particular (SERPA JUNIOR et

al, 2007; GROSSMAN, CARDOSO, 2006).

A abordagem da Narrativa do Adoecimento e do Tratamento

(GREENHALGH, HURWITZ, 1999; SHAPIRO, ROSS, 2002) reconhece a

importância da criação de espaço para que os pacientes falem sobre suas

experiências relacionadas ao adoecer, permitindo, desta forma, a valorização da

palavra dele e de sua experiência, permitindo o desenvolvimento de uma relação

singular entre médicos e pacientes. Uma relação que permite cada um deles discutir

sobre o significado das doenças, sobre os tratamentos a serem utilizados e sobre as

problemáticas ocasionadas pela adoção de um ou outro método terapêutico. Neste

cenário, os médicos são desafiados a ampliar suas perspectivas, a sofrerem uma

inserção em situações complexas, a se confrontarem com suas concepções e

preconceitos; e, consequentemente, a repensarem as suas práticas clínicas

(SOUZA, 2003; GROSSMAN, CARDOSO, 2006).

É importante destacar que, de acordo com Serpa Junior et al (2007), apesar

da Abordagem Descritiva apresentar limitações quando se trata de oferecer acesso

à experiência subjetiva dos pacientes, ela tem sua importância nas práticas médicas,

já que auxilia na realização das entrevistas diagnósticas, ajuda na formulação de

hipóteses diagnósticas confiáveis e facilita a comunicação entre os profissionais de

saúde por meio do uso de um vocabulário técnico e específico. Entretanto, ela

descarta elementos da abordagem da Narrativa do Adoecimento e do Tratamento

como, por exemplo, os aspectos emocionais, os questionamentos e a experiência do

paciente relacionada ao processo de adoecer que, na maioria das vezes, são

essenciais para a aceitação do diagnóstico e do engajamento ao tratamento para a

eficácia e eficiência da ação terapêutica (SERPA JUNIOR et al, 2007; GROSSMAN,

CARDOSO, 2006).

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26

2.2 A APRENDIZAGEM SITUADA E CORPORIFICADA

Tradicionalmente, as práticas médicas são baseadas na abordagem

descritiva (SCHNEIDER, 2002; SERPA JUNIOR et al, 2007), onde o foco principal

da relação entre médicos e pacientes é o diagnóstico e o tratamento das doenças.

Essas práticas colocam em segundo plano o lado subjetivo dessa relação e não

consideram as histórias sociais dos pacientes, suas emoções, anseios e angústias

como aspectos importantes para o sucesso do tratamento. Entretanto, alguns fatores

estão levando os profissionais de saúde a adotarem uma abordagem mais subjetiva,

tais como a Abordagem da Narrativa do Adoecimento e Tratamento. Nessas

práticas, percebe-se um maior respeito pelos aspectos subjetivos que envolvem o

processo de adoecimento e tratamento, o que possibilita a aproximação do médico

com os seus pacientes e acarreta tratamentos mais precisos e eficazes, já que

geralmente o paciente ao perceber que é ouvido, aceita melhor o diagnóstico

apresentado e a terapia sugerida (SERPA JUNIOR et al, 2007; GROSSMAN,

CARDOSO, 2006; BUCHALLA, 2004).

Entretanto, para que haja essa mudança de atitude, no que se refere à

adoção de uma abordagem mais subjetiva em detrimento a uma abordagem voltada

aos aspectos sintomatológicos dos quadros clínicos, é necessário que a educação

médica valorize, em seus currículos, tanto os aspectos técnicos quanto os

subjetivos, permitindo que os futuros médicos desenvolvam habilidades que os

possibilitem enxergar, ouvir, compreender e entender os pacientes de forma holística

(SMITH, 2003). É importante frisar que tais aspectos já são previstos nas Diretrizes

Curriculares Nacionais dos cursos de graduação em Medicina (2001), nas quais é

sugerido o desenvolvimento de atitudes e valores orientados para a cidadania e a

integração das dimensões biológicas, psicológicas, sociais e ambientais na

formação médica, por meio da inclusão das dimensões éticas e humanísticas nos

currículos dos cursos.

Diante desta problemática, a adoção de uma corrente pedagógica

construtivista, tais como Teoria da Aprendizagem Situada (Theory Situated Learning)

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e, em especial, a Teoria de Aprendizagem Corporificada1 (Theory Embodied

Learning), nos cursos de formação médica poderia favorecer a implementação de

currículos voltados não somente para uma formação que valorize os aspectos

técnico-científicos, mas, também, para os subjetivos, aqui fundamentadas na

Abordagem da Narrativa do Adoecimento e Tratamento, o que possibili ta uma

mudança significativa na prática clínica dos futuros médicos.

A Aprendizagem Situada é uma teoria pedagógica construtivista e por isso

se mostra um como um contraponto em relação às práticas educativas baseadas na

abordagem tradicional; ela entende que o processo de construção do conhecimento

vai além da simples emissão e recepção de informações, isto é, da simples

reprodução de conteúdos. As práticas educativas baseadas nesta abordagem

valorizam aprendizagem por meio da realização de atividades e da resolução de

problemas que levem os alunos a fazer uso planejado do conhecimento, de acordo

com um determinado contexto. Isto é, as práticas educativas envolvem a solução de

problemas e tarefas contextualizadas, evitando, com isso, o uso de conhecimentos

abstratos e descontextualizados que reduzem ou eliminam as dificuldades

encontradas em uma situação real. (CLANCEY, 1995; BROWN, et al 1989 apud

BILLET, 1993; LAVE, WENGER, 1991, FOX, 1997).

A Teoria da Aprendizagem Situada não considera o conhecimento como algo desinteressado, objetivo, apolítico, não–social, não-histórico, independente e descontextualizado que está pronto para ser adquirido por mentes individuais dentro das instituições do sistema educacional formal. Em vez disso, a Teoria da Aprendizagem Situada vê o processo de aprendizagem como um processo gerador de produção de conhecimento que dissociável do encontro social, do contexto, da situação com as informações da vida cotidiana

2. (FOX, 1997, p. 732)

A Teoria da Aprendizagem Situada estabelece uma ligação direta entre o

processo de aprendizagem e o contexto onde ele é realizado. Ela considera que o

contexto é um fator importante, pois ele tem poder de moldar as atitudes, posturas e

ações dos alunos, influenciando de maneira significativa a construção do

conhecimento (THERRIEN, LOIOLA, 2001; BILLETT, 1996). Segundo Clancey

(1995), o contexto exerce forte influência na forma como o aluno realiza uma

1 A adoção destas teorias de aprendizagem, em especial a Aprendizagem Corporificada, se deve ao

fato destas serem a mesma concepção pedagógica adotada para o desenvolvimento do Ambiente Virtual de Aprendizagem no “Projeto Vivência”. 2 Tradução do autor.

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determinada atividade, o que leva a concluir que toda aprendizagem é “situada” de

acordo com a atitude que cada aluno assume perante um determinado contexto.

A construção do conhecimento na Aprendizagem Situada não é somente

considerada como um fenômeno mental, mas também um fenômeno social que

envolve a realização de atividades educativas de forma colaborativa (CHAIKLIN,

LAVE, 1988 apud THERRIEN, LOIOLA, 2001; CLANCEY, 1995).

A Teoria da Aprendizagem Situada não problematiza o processo de aprendizagem como um processo de aquisição mental. Ela não vê a “mente” como um recipiente esperando para ser preenchido, mas ela vê a mente em ação (mind-in-action) no mundo cotidiano, criando conhecimento e aprendendo simultaneamente na interação com os aspectos sociais e materiais da vida cotidiana

3. (FOX, 1997, p. 732)

A Aprendizagem é vista com um processo social que favorece o

engajamento e a participação dos alunos na realização das atividades, levando-os a

compreender seu lugar no processo educativo e facilitando a “corporificação” das

informações apresentadas durante as aulas (CLANCEY, 1995; LAVE , WENGER,

1991).

Compartilhando também dos pressupostos construtivistas, a Teoria da

Aprendizagem Corporificada considera que, para a construção do conhecimento

ocorrer de forma satisfatória, é importante levar em conta que a cognição envolve

tanto os aspectos mentais quanto os aspectos físicos, emocionais e afetivos

(KERKA, 2002). Segundo Mckenzie et al (2006), tal reconhecimento favorece uma

aprendizagem “corporificada”, já que neste caso não existe uma separação entre

mente/corpo durante o processo de aprendizagem (CHAPMAN, 1998).

Na abordagem Corporificada da Aprendizagem, o planejamento das práticas

educativas considera a integração do corpo/mente no processo de aprendizagem,

contribuindo de forma significativa para o maior envolvimento e participação

discente. As práticas educativas “corporificadas” propiciam a construção do

conhecimento que vai além do aspecto cognitivo, levando os alunos a atuarem de

forma mais ativa e participativa nas transformações sociais. Ou seja, a

transformação individual do aluno, durante o processo educativo, não ocorre

3 Tradução do autor

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separadamente da sua transformação social (BARLAS, 2001; CHAPMAN, 1998;

KERKA, 2002; EMIG, 2001).

A sala de aula “corporificada” é um terreno onde os estudantes são solicitados a reconhecer a complexidade humana, situações ambíguas, discutir, até mesmo, questões sem solução sobre eles mesmos e a sociedade [...] A sala de aula corporificada nos pede que evitemos a violência física e verbal em favor da racionalidade e razão.

A sala de aula corporificada nos solicita a introduzir os hábitos e costumes tradicionais de colaboração e de comunidade [...] A sala de aula corporificada convida os estudantes a conhecer em si mesmo formas que somente a interação com outros pode favorecer

4. (EMIG, 2001, p. 279-280)

O reconhecimento da importância da aprendizagem “corporificada” poderia

fazer com que as instituições de educação superior planejassem os currículos dos

seus cursos visando o desenvolvimento de habilidades relacionadas ao saber,

saber-fazer e saber-ser nos seus programas de ensino (STROOBANTS, 1997;

DALL’ALBA, BARNACLE, 2005). Um exemplo apropriado para utilização de uma

abordagem “corporificada” nos cursos superiores, segundo Dall’Alba e Barnacle

(2005), seria o programa de formação médica onde, além da construção do

conhecimento necessário para o tratamento e o diagnóstico dos sintomas e das

doenças, é extremamente necessário o desenvolvimento de habilidades

relacionadas ao ser/agir com relação a outros profissionais da área da saúde, aos

pacientes e seus familiares.

2.2.1 A Aprendizagem Corporificada e as práticas educativas mediadas pelas

tecnologias digitais

A Educação e a Tecnologia, de acordo com Kesnki (2007), estão

diretamente relacionadas. Isto, porque durante as práticas educativas, os

professores sempre fizeram uso de diferentes recursos tecnológicos, tais como

linguagem verbal, escrita, material impresso, material audiovisual e, mais

recentemente, tecnologias multimídias e digitais para mediar o processo de

aprendizagem. Atualmente, as tecnologias digitais estão presentes em todos os

níveis de ensino e são importantes auxiliares do processo educativo por oferecer a

4 Tradução do autor

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aprendizagem, quando utilizadas de forma coerente para a criação de novos

espaços de interação e construção do conhecimento (KENSKI, 2003; MORAN,

2000). Entretanto, é importante frisar que diferentes autores, como Kenski (2007) e

Behrens (2000), destacam que, para as tecnologias poderem contribuir de forma

significativa ao processo de aprendizagem, é necessário que a sua inserção seja

feita de forma consciente e planejada. Isto é, ela não deve ser pensada somente

como um simples recurso didático, mas, sim, como uma ferramenta de

aprendizagem que irá contribuir para o desenvolvimento dos discentes, para

melhoraria da qualidade do ensino e para favorecimento de experiências inovadoras

no processo educacional.

Uma das vantagens relacionada à utilização das tecnologias digitais nos

contextos educacionais é permitir a ampliação da sala de aula, possibilitando que

docentes e discentes possam se encontrar, interagir e trabalhar de forma

colaborativa; criando, assim, outros meios e espaços para aprofundamento e

complementação dos assuntos, sem a necessidade de estarem reunidos no mesmo

espaço físico e temporal (MORAN, 2000). Entretanto, tal vantagem, segundo

Dall’Alba e Barnacle (2005), pode ser apontada como um fator crítico para a

implementação de práticas educativas “corporificadas”, já que as tecnologias digitais

permitem a ausência corpórea no processo de aprendizagem. De acordo com que

foi exposto, fica um questionamento: como desenvolver um ambiente com base na

abordagem de aprendizagem corporificada em práticas educativas mediadas por

tecnologias digitais?

Entende-se como tecnologia qualquer artefato e/ou procedimento criado pelo

homem para auxiliá-lo no desenvolvimento de tarefas específicas como, por

exemplo, utensílios de cozinha, canetas, microscópios e guindastes. Alguns autores,

como McLuhan (1964) e Kensi (2007), consideram que as tecnologias são

extensões do corpo humano, pois permitem aumentar e aperfeiçoar suas

funcionalidades, tais como o aumento da visão por meio dos microscópios e a maior

facilidade de percorrer grandes distâncias por meio dos meios de transportes.

O desenvolvimento tecnológico, segundo Bazzo (2003), não é um processo

neutro. As tecnologias são criadas para atender interesses políticos, sociais e

econômicos. Por isso, sua utilização produz inúmeros impactos na sociedade,

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modificando o modo como as pessoas pensam, agem, se relacionam e adquirem

conhecimento, possibilitando o surgimento de novos modelos sociais. Pode-se dizer,

então, que as tecnologias não somente facilitam a realização de tarefas e tornam a

vida mais eficiente, mas, também, produzem novos valores sociais (KENSKI, 2003;

CASTELLS, 2001; FEENBERG, 2003).

Como discutido anteriormente, as Abordagens Situada e Corporificada

integram uma compreensão diferenciada das práticas educativas tradicionais. Elas

consideram que a aprendizagem vai além dos processos mentais de racionalização

do conhecimento e que o processo de construção do conhecimento é composto pela

interação de diferentes aspectos mentais, simbólicos e afetivos. Além disso, elas

consideram que a aprendizagem é um processo social que envolve a interação,

troca e colaboração dos seus participantes. Apesar da utilização, a princípio, da

tecnologia digital como mediadora de processos educativos corporificados mostra-se

desfavorável pela ausência física dos participantes, Dall’Alba e Barnacle (2005)

afirmam que, as tecnologias, por serem consideradas a extensão do corpo humano,

podem aumentar as percepções dos alunos, trazendo ganhos para a experiência

multi-sensorial durante o processo de construção do conhecimento e, ainda,

contribuírem para construção de novos modelos sociais por meio da interação,

participação e colaboração entre alunos e professores, favorecendo desta forma a

integração do conhecimento e dos aspectos subjetivos no processo de

aprendizagem.

2.3 CONCLUSÃO

Existe, atualmente, um debate em torno das abordagens que devam

adotadas durante o exercício da Medicina. A tradição nas práticas clínicas é o uso

de uma abordagem mais somática que se preocupa em identificar, durante a

anamnese, os elementos necessários para ajudar na definição do diagnóstico e das

formas terapêuticas. Não se pode discordar que tais procedimentos sejam

extremamente necessários para a realização de diagnósticos confiáveis e

tratamentos eficientes. Entretanto, tal abordagem não considera a experiência

subjetiva do adoecimento e do tratamento, isto é, os sentimentos, a emoção, as

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sensações, os questionamentos e os anseios que rodeiam os pacientes nestes

momentos.

Para dar conta tanto dos aspectos físicos e biológicos quanto dos

emocionais, que não podem ser considerados isoladamente, é proposto o uso de

abordagens subjetivas como, por exemplo, a Narrativa do Adoecimento e do

Tratamento. Tais abordagens tentam, também, dar conta da dimensão

sintomatológica dos quadros clínicos, porém integram as questões subjetivas que

cercam o adoecimento. Acredita-se que, ao reconhecer e valorizar as vozes dos

pacientes, suas opiniões, emoções e aflições, será possível desenvolver uma maior

aproximação entre os médicos e seus pacientes que contribuiria de forma positiva

na ação terapêutica.

A mudança de uma abordagem descritiva para uma subjetiva vai além da

mudança de postura profissional do médico. É necessário que os cursos de

formação preparem os futuros médicos a fim de que lidem com os aspectos

subjetivos, conforme já determina as Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de

graduação em Medicina. Struchiner (1998) corrobora para tal necessidade ao

afirmar que o planejamento e a implementação de estratégias pedagógicas nos

cursos de formação médica devem adotar abordagens que valorizem os fatores

humanos e sociais, o conhecimento e a experiência do paciente sobre a saúde e

sobre a doença, de forma a contribuir efetivamente na promoção do ser humano e

em uma mudança substancial na atuação médica.

A implementação de práticas educativas baseadas na Aprendizagem

Situada e na Corporificada pode ser uma alternativa para a integração da dimensão

técnico-cientifica, ética e humana na formação médica em toda a sua complexidade,

uma vez que elas consideram que a aprendizagem somente poderá ocorrer de

forma satisfatória, se esta for realizada de forma contextualizada e se houver a

valorização dos aspectos cognitivos e subjetivos dos alunos durante o processo

educativo.

A contextualização permitiria a realização de atividades não abstratas, isto é,

que tenham maior relação com as reais demandas dos futuros médicos. A

consideração dos aspectos subjetivos, além de contribuir para maior engajamento

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dos alunos ao processo educativo, poderia levá-los a uma compreensão mais ampla

sobre o estado emocional dos pacientes, a ter uma nova visão social do processo de

adoecimento e tratamento, a desenvolver uma nova postura e a atuarem de forma

mais humana durante o exercício da Medicina. Se, além disso, essas práticas forem

mediadas por artefatos digitais, talvez seja possível trazer novos ganhos no que diz

respeito ao desenvolvimento de outros canais de comunicações, além dos já

existentes, o que favoreceriam a interação, colaboração e troca entre alunos e

professores e a participação de outros indivíduos como pacientes e médico-

especialistas no processo educativo.

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34

3. WEB 2.0: NOVAS FERRAMENTAS E NOVAS POSSIBILIDADES

Este capítulo discute a nova geração de ferramentas de comunicação e

informação baseadas na tecnologia Web 2.0 e suas possibilidades de utilização na

Educação com um todo e, em especial, na formação médica. O capítulo faz uma

breve apresentação sobre o conceito da Web 2.0 e suas novas ferramentas,

particularmente o weblog e os softwares sociais, e discute sobre suas possibilidades

de utilização pedagógica. Além disso, analisa os possíveis ganhos a serem

adquiridos com a inserção dessas nas práticas educativas nos cursos de Medicina e

em outras áreas da Educação em Saúde.

3.1 WEB 2.0 E SEUS IMPACTOS NA SOCIEDADE

Desde seu surgimento, no ano de 1969, a Internet está em constante

evolução. Em seu início, toda informação transmitida era baseada em texto; após

algum tempo, com a invenção da World Wide Web, na década de 1990, por Tim

Berners-Lee, passou a ser possível a vinculação de informações nos formatos

textual e audiovisual. Nesses quase 40 anos de existência, foram desenvolvidas

inúmeras ferramentas de informação e comunicação, tais como o protocolo de

transferência de arquivos (FTP), o correio-eletrônico (e-mail), a sala de bate-papo

(chat) e os programas de mensagem instantânea (AFONSO, 2000; LONG,

BAECKER, 1997; MONTEIRO, 2001).

A evolução no campo da informática, segundo Anderson (2007), fez surgir

novas ferramentas que permitiram o aprimoramento dos aplicativos e serviços

voltados para a Internet. O AJAX (acrônimo em língua inglesa de Asynchronous

Javascript and XML) é um exemplo atual dessas técnicas. Ele é composto por

diferentes aplicativos e padrões, dos quais pode-se citar:

a) Os padrões, denominados de XHTML e CSS, usados para

apresentação de informações nos browser;

b) O modelo de controle dinâmico de documentos eletrônicos, conhecido

como DOM (Document Object Model);

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c) As linguagens de marcação de hipertexto, conhecidas com XML e

XSLT, que permitem intercâmbio e manipulação de dados;

d) O recurso, denominado de XMLHttpReques, que permite a

recuperação assíncrona de dados de um servidor;

e) A linguagem de programação, chamada de JavaScript, que permite a

validação dos formulários dos browsers e a interação com a página

Web .

Dentre os ganhos introduzidos pelo uso do AJAX, podem ser citados a

diminuição do tempo gasto para o carregamento da informação nas páginas web e

a possibilidade de vincular informação dinâmica, isto é, de conteúdos que são

constantemente atualizados em tempo real, como ocorre no Google Maps5, por

exemplo. (ANDERSON, 2007).

A difusão do AJAX permitiu, a partir do ano de 2004, o desenvolvimento de

uma nova geração de ferramentas de comunicação da Internet. Essa nova geração,

denominada de Web 2.0, possui características que ampliam as possibilidades de

interação, publicação, compartilhamento e organização de conteúdo, por meio de

ferramentas mais fáceis e intuitivas de serem utilizadas. (PRIMO, 2006; DE LA

TORRE, 2006). Entretanto, é importante ressaltar que as possibilidades de

publicação de conteúdo, compartilhamento de dados e colaboração sempre

estiveram presentes na Internet, entretanto, eram subutilizadas devido às limitações

tecnológicas (PEREIRA, 2006).

Segundo O’Reilly (2005), não existe consenso sobre o conceito do termo

Web 2.0. Algumas pessoas dizem que ela é simplesmente um modismo ou uma

estratégia mercadológica; outras acreditam que seja a evolução e o

aperfeiçoamento da Internet. A seguir, algumas conceituações que podem ajudar a

compreender o que é a Web 2.0:

A segunda geração de serviços on-line e caracteriza-se por potencializar as

formas de publicação, compartilhamento e organização de informações,

além de ampliar os espaços para a interação entre os participantes do

processo. A Web 2.0 refere-se não apenas a uma combinação de técnicas

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informáticas..., mas também a um determinado período tecnológico, a um

conjunto de novas estratégias mercadológicas e a processos de

comunicação mediados pelo computador. (PRIMO, 2006, p. 1)

A Web 2.0 é uma forma de compreender a Internet que, com a ajuda de

novas ferramentas e tecnologias, promove a organização e o fluxo das

informações dependendo do comportamento das pessoas que a acessam,

permitindo não somente um acesso muito mais fácil e centralizado dos

conteúdos, mas, também, a participação do usuário tanto na classificação

quanto na construção desses conteúdos, por meio de ferramentas mais

fáceis e intuitivas de serem utilizadas6. (DE LA TORRE, 2006, s/p)

A Web 2.0, de acordo com O’Reilly (2005), é constituída por dois princípios

fundamentais: o uso da Internet como plataforma e a potencialização da inteligência

coletiva. O primeiro princípio está relacionado à capacidade de utilização de

programas diretamente na Internet, sem haver a necessidade de eles estarem

instalados no computador. O segundo está relacionada à maior possibilidade de

participação, do compartilhamento de dados e da colaboração entre os usuários por

meio da utilização da nova geração de ferramentas de comunicação e informação.

De acordo com Kerres (apud Voigt, 2007), existem três características que

servem como pontos-chave para diferenciar a Web 2.0 da Web 1.07. As três

características são: Usuário versus Autor, Acesso Local versus Acesso Remoto e

Conteúdo Privado versus Conteúdo público.

A característica Usuário versus Autor refere-se à ampliação das

possibilidades dos usuários deixarem de ser simples receptores de informação e

passarem a ser autores/co-autores. Na Web 2.0, as pessoas não somente lêem os

conteúdos disponíveis nas páginas Web; eles também possuem a oportunidade de

disponibilizar suas considerações e opiniões sobre a informação apresentada, além

de poder criar seu próprio conteúdo e modificar os já existentes. A característica

Acesso Local versus Acesso Remoto refere-se ao rompimento das barreiras entre

processamento e armazenamento local/remoto de informação. Antes do advento da

Web 2.0, a informação era gravada no computador pessoal; agora existe a

5 http://maps.google.com.br

6 Tradução do autor

7 O termo Web 1.0 se refere às ferramentas de comunicação e informações criadas antes do ano de

2004.

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possibilidade de armazená-la em servidores remotos e acessá-la em qualquer lugar,

bastando para isso ter um computador com acesso a Internet. Já o Conteúdo

Privado versus Conteúdo Público está relacionado ao novo contorno do conceito de

público e de privado. Na Web 2.0, o conteúdo privado vem se tornando cada vez

mais público. Arquivos, acontecimentos pessoais, lista de favoritos, entre outros

elementos são compartilhados na rede mundial de computadores e tornam-se

acessíveis a outras pessoas.

Não há como negar que o surgimento da Web 2.0 vem propiciando uma

mudança significativa no que se refere às ampliações das possibilidades de

construção e veiculação de conteúdos e às novas formas de interação e

colaboração. Entretanto, alguns autores, como Keen (2009), acreditam que os

impactos dessas mudanças podem trazer muito mais prejuízos do que vantagens

para a sociedade.

Segundo o autor, a facilidade de manuseio das ferramentas de publicação

de conteúdo, como os weblogs e os wikis8, faz surgir a cada dia inúmeros espaços

digitais que veiculam uma grande e variada quantidade de informação. Por sua vez,

este grande número de espaços pode trazer dificuldades para identificação da

confiabilidade e da veracidade da informação apresentada como, por exemplo,

ocorre na Wikipédia9. Tal fato faz com que, frequentemente as pessoas tenham

dificuldade de identificar o que é verdadeiro ou falso, o que é real e o que é fictício.

Outra ferramenta criticada por Keen é o YouTube10 que, por causa da facilidade

oferecida para veicular vídeos pela Internet, faz com que a rede mundial de

computadores seja invadida diariamente por milhares de vídeos de conteúdo

duvidoso e bizarro. Ele ainda destaca que apesar das pessoas pregarem que os

softwares sociais favorecem a interação, a maior parte dos usuários está mais

preocupada em utilizar os recursos dessas ferramentas para realizar a

8 O wiki é uma página web que pode ser facilmente editada por um grupo de pessoas. Ela é uma

ferramenta assíncrona que permite que pessoas separadas geograficamente trabalhem conjuntamente e de forma colaborativa na criação de textos (ANDERSON, 2007). 9 A Wikipédia é um ambiente wiki que reproduz uma enciclopédia virtual em que os verbetes são

construídos de forma colaborativa. Desde sua criação em julho de 2002, ela possui algo em torno de 2 milhões de verbetes (VALENTE, MATTAR, 2007). 10

O YouTube é sistema Multimedia sharing que permitem o armazenamento e o compartilhamento de vídeos, ampliando as possibilidades de atuação do usuário dentro da Internet, já que estes podem produzir seus próprios vídeos e disponibilizá-los na rede (ANDERSON, 2007).

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autopromoção, autopropaganda por meio da disponibilização de informação,

testemunhos, fotos e vídeos.

Os ganhos propiciados pelos avanços tecnológicos que deram origem a

Web 2.0, de acordo com Keen (2009), são na verdade uma ilusão. As suas

características relacionadas ao compartilhamento e à autoria podem produzir

impactos negativos na sociedade. Por exemplo, o favorecimento da apropriação

ilícita e da pirataria de livros, músicas, filmes e vídeos e o detrimento da opção de

escolha das informações produzidas pelas mídias de comunicação de massa

tradicionais pelas veiculadas nos weblogs e na Wikipédia, que são produzidas por

pessoas que não são profissionais da comunicação. As consequências de tais

escolhas são: (a) a diminuição das vendas dos livros, compact discs, DVDs, jornais

e revistas, (b) o plágio de informações, (c) o roubo da propriedade intelectual, (d) o

aumento ao acesso a informações superficiais, sem profundidade e não verídicas,

(e) as perdas econômica das empresas de comunicação em massa e dos seus

profissionais, e (f) o empobrecimento da cultura (KEEN, 2009).

Mesmo diante dos argumentos apresentados por Keen (2009), não se pode

negar que as facilidades propiciadas pela Web 2.0, relacionada à autoria, ao

compartilhamento e à colaboração, também trazem ganhos significativos para a

sociedade. Não se pode esquecer que essas facilidades possibilitam colocar os

usuários como os atores do processo de veiculação da informação, favorecendo a

quebra de hegemonia dos meios convencionais de comunicação em massa.

Contribuindo, desta forma, para efetivação da Internet como um espaço

democrático, permitindo que todos os seus usuários tenham o direito de expressar

seus pensamentos e ponto de vista sobre diferentes assuntos e acontecimentos.

Além disso, deve-se destacar que as características da Web 2.0 podem oferecer

contribuições para o processo de aprendizagem por meio da construção da

inteligência coletiva (O’REILLY, 2005). Entretanto, é importante frisar a necessidade

urgente do desenvolvimento de competências que permitam aos usuários terem um

posicionamento crítico e poderem tirar o melhor proveito dos recursos ofertados na

Internet.

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3.2 SAÚDE, FORMAÇÃO MÉDICA E WEB 2.0

Como já discutido anteriormente, as características da Web 2.0 relacionadas

às questões de autoria, colaboração, compartilhamento e interatividade vêem

oferecendo cada vez mais oportunidades para que as pessoas possam disponibilizar

informação, realizar atividades colaborativas e interagir por meio da rede mundial de

computadores.

A ampliação das possibilidades ofertada para Web 2.0, segundo McCosker

(2008), vem transformado a Internet em um espaço de significativa importância para

obter informação sobre doenças. Isso vem ocorrendo por causa do aumento no

número de espaços digitais que, devido a grande facilidade de manuseio das

ferramentas autorais, disponibilizam informação sobre doenças, formas de

tratamentos e prevenção. Como exemplo, pode-se citar o número significativo de

médicos americanos que possuem weblogs voltados para a área da saúde.

(MANHATTAN RESEARCH, 2007). Além disso, percebe-se que os pacientes,

provavelmente, motivados pelo aumento das possibilidades de troca de informação

e interação, vêm utilizando diferentes ferramentas comunicativas, tais como o

weblog e softwares sociais, para construir espaços digitais e participar discussões

sobre assuntos relacionados à saúde (FURTUOSO et al, 2007; GARBIN et al, 2008).

De acordo com McCosker (2008), as motivações de pessoas acometidas por alguma

doença em manter um weblog e participar de uma comunidade virtual podem ser os

mais variados: (a) possibilidade ofertada por esses espaços para que o paciente

possa expressar os seus sentimentos e as suas experiências do “estar doente”,

permitindo, desta forma, dar significado ao momento conturbado que ele vivencia.

(b) compartilhar sua experiência, sua angústia e seu sofrimento do adoecer com

outras pessoas que passam pela mesma situação e (c) construir conhecimento

sobre o momento que está vivenciando, permitindo sentir-se mais segura e confiante

para dar continuidade ao tratamento ao qual é submetido.

A maior oferta de espaços digitais que tratam de assuntos relacionados à

área da saúde, ocasionado pela facilidade de manuseio das ferramentas da Web

2.0, tem levado ao aumento progressivo do número de pessoas que utilizam a rede

para buscar informações sobre doenças, formas de tratamento e de prevenção

(GARBIN et al, 2008). Alguns estudos (SILVA, 2006; GARBIN et al, 2008) apontam

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que o aumento de interesse pela busca de informação relacionada à saúde faz

surgir um novo perfil de paciente, que tende a ter uma postura mais crítica durante

as suas idas ao atendimento médico, e, consequentemente, vem ocasionando uma

mudança significativa na relação entre médicos e pacientes. Geralmente, durante as

consultas, esses pacientes, de acordo com alguns médicos, tendem a apresentar

perguntas e necessidades mais específicas, a posicionar-se mais criticamente em

relação aos tratamentos que são sugeridos e a reagir mais positivamente ao

tratamento ao qual são submetidos. Este perfil de paciente tem levado alguns

médicos a adotarem uma nova postura, não somente voltada para o diagnóstico e o

tratamento da doença, mas, também, que valorize a narrativa dos pacientes e a

compreensão das suas necessidades cognitivas, sociais e emocionais, propiciando,

desta forma, uma prática clínica humanizada (FURTUOSO et al, 2007; GARBIN et

al, 2008; SANTANA, 2008).

Segundo Boulos et al (2007) e McLean et al (2007), as possibilidades de

utilização das ferramentas da Web 2.0 no contexto da saúde são bastante variadas.

Em seus estudos, os autores apontam algumas dessas possibilidades. Os weblogs

podem ser utilizados para discussão de casos clínicos, de imagens clinicas e de

tópicos específicos da área médica. Os wikis podem ser utilizados como ferramentas

para apresentar e divulgar informações médicas com objetivo, por exemplo, de

preparar comunidades médicas a lidarem com doenças epidêmicas como a gripe

aviária. Eles também podem ser usados para o desenvolvimento de projetos por

meio de parcerias entre médicos e pesquisadores da área médica, como ocorreu

com a revisão da Classificação Internacional de Doenças11. Os podcasts12 trazem

ganhos significativos para educação e são recursos tecnológicos amplamente

utilizados nos cursos de formação médica nas universidades americanas, onde são

utilizados, por exemplo, para complementar as leituras dos livros e para construir

uma biblioteca de sons emitidos pelo aparelho respiratório. O YouTube pode ser

usado para disponibilizar vídeos de campanhas educativas como, por exemplo, de

11

A Organização Mundial de Saúde desenvolveu um projeto que utiliza uma ferramenta wiki para que diferentes profissionais da área da saúde possam contribuir e participar de debate on-line com objetivo de rever a Classificação Internacional de Doenças. Disponível em <http://www.cbc.ca/health/story/2007/05/02/disease-wiki.html>. Acesso em: 07 jun. 2009. 12

Os podcasts são gravações em áudio de músicas, opiniões, entrevistas e leituras. Geralmente, esses arquivos estão no formato MP3 e podem ser gravados e executados em qualquer computador pessoal ou para qualquer dispositivo do tipo MP3-Player (ALECRIM, 2007).

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combate ao fumo. O uso dos softwares sociais é bastante variado, como exemplo,

pode-se citar o caso de pacientes que os utilizam para formar grupo de apoio e para

troca de informação sobre médicos e serviços de saúde. Além disso, vem surgindo

iniciativas de uso deste tipo de ferramentas por algumas instituições de saúde, como

ocorre com o Hospital Universitário da Pensilvânia (University of Pennsylvania

Hospital), nos Estados Unidos, onde foi desenvolvido um software social para que os

pacientes internados possam interagir com os seus familiares. A instituição ainda

planejar utilizar a ferramenta como forma de interação e comunicação entre os

familiares de pacientes que necessitam de cuidados médicos constantes e as

equipes médicas da instituição. Ainda cabe ressaltar que, alguns cursos de

formação médica estão fazendo uso dos mundos virtuais13 para treinamento de

procedimentos cirúrgicos e de intervenções terapêuticas.

Diante do que foi apresentado, percebe-se que o uso das ferramentas da

Web 2.0 no contexto da Saúde é bastante diversificado e que já existem diferentes

iniciativas para o seu emprego na Educação em Saúde. Além disso, inúmeros

pesquisadores em diferentes países já estão discutindo sobre as possibilidades e

limitações da incorporação desses recursos nas práticas educativas (ANDERSON,

2007; DE LA TORRE, 2006).

A aplicabilidade das ferramentas da Web 2.0 no contexto educacional, de

acordo com Anderson (2007), possui quatro vertentes: pesquisa acadêmica,

publicações, biblioteca e ensino-aprendizagem. No que se refere à pesquisa

acadêmica, as ferramentas são utilizadas para compartilhar com a comunidade

científica os resultados obtidos nos estudos, difundir informações científicas junto ao

público e ajudar os pesquisadores a armazenarem e organizarem os seus

documentos acadêmicos. No caso das publicações, elas podem ser utilizadas como

um meio mais rápido para a publicação de informações quando comparadas as

mídias tradicionais, tais como livros, revistas e periódicos e para facilitar o acesso às

informações publicadas. Nas bibliotecas, elas podem oferecer novas formas de

indexação que auxiliam a recuperação de informação e coloquem os usuários não

13

Um mundo virtual é um ambiente multimídia simulado, onde os usuários deste ambiente podem interagir entre si por meio de representações gráficas chamadas de avatares. Atualmente, o Second Life (http://secondlife.com/) é dos mais populares, tendo mais de 3,5 milhões de usuários cadastrados (ANDERSON, 2007).

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somente como consumidores, mas também com produtores de conteúdo. Já no que

se refere ao ensino-aprendizagem, o uso das ferramentas possibilita a realização de

práticas educativas que valorizam a aprendizagem continuada e o desenvolvimento

do espírito criativo e inovador dos alunos. Além disso, contribuem para o

desenvolvimento das habilidades voltadas para a reflexão, a investigação, o auto-

aprendizado, a negociação, o compartilhamento de idéias e o trabalho colaborativo

(ANDERSON, 2007; HERNÁNDEZ, 2007; PRIMO, 2006).

A utilização das ferramentas de informação e comunicação da Web 2.0

como recursos pedagógicos, nos cursos de graduação em Medicina, podem trazer

contribuições significativas para a formação profissional dos futuros médios

(McLEAN et al, 2007). O uso da Web 2.0 no contexto educativo, segundo Boulos et

al (2007), possibilita a criação de comunidades de aprendizagem, mediadas por

tecnologias digitais, permitindo que os alunos realizem atividades colaborativas e

compartilhem recursos e conhecimento. Tais possibilidades podem trazer novas

perspectivas para o processo de aprendizagem nos cursos da área da Saúde, em

especial a Medicina, envolvendo professores, alunos, pacientes e diferentes

especialistas. Além disso, essas ferramentas são extremamente adequadas para

divulgar e transmitir informação relacionada à saúde, servir de apoio para consultas

acadêmicas e capacitar profissionais da saúde que tenham restrição de acesso aos

centros acadêmicos e de hospitais que possuem grande nível de excelência

(BOULOS et al, 2006; McLEAN et al, 2007).

Apesar da existência de diferentes experiências com uso das ferramentas da

Web 2.0 no contexto da saúde, ainda, é muito pequeno o número de médicos que

tem conhecimento sobre a Web 2.0, suas ferramentas e possibilidades de utilização

(McLEAN et al, 2007). Diante disso, Boulos et al (2006) afirmam que é

extremamente necessária a realização de estudos que apontem as formas mais

adequadas para utilização dessas ferramentas nas práticas educativas nos cursos

de Medicina e de outras áreas da Saúde.

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3. 3 OS WEBLOGS

Historicamente, pode-se dizer que o primeiro weblog foi uma página web

(http://info.cern.ch/), criada por Tim Beners Lee, com objetivo de disponibilizar links e

dicas de páginas web pouco conhecidas, além de comentários sobre assuntos

relacionados a tecnologias. Atualmente, é possível acessar esta página pelo

endereço http://www.w3.org/History/19921103-hypertext/hypertext/WWW/News/92

01.html. O nome weblog foi criado por Jorn Barger, em dezembro de 1997; já o

termo “blogger” (blogueiro) foi instituído por Peter Merholz para identificar pessoas

que possuíam e mantinham weblogs (BRADLEY, 2004; OLIVEIRA, 2005; PRIMO,

RECUERO, 2003).

A partir do final da década de 1990, os weblogs, também conhecidos como

blogs, se difundiram rapidamente. Tal fenômeno ocorreu porque, diferente das

páginas web, para criar e manter um blog não é necessário conhecimentos técnicos

específicos de informática como, por exemplo, Linguagem de Marcação de

Hipertexto (HTML) e protocolo de transferência de arquivos (FTP), e nem possuir

programas específicos com o Macromedia Dreamweaver e o Microsoft FrontPage. A

criação, a hospedagem e a manutenção de um blog, não é um processo complexo;

basta ter um computador conectado à Internet e utilizar algum dos diferentes

aplicativos gratuitos disponíveis na rede mundial de computadores como, por

exemplo, o WordPress (http://wordpress.com/), o Blogger (http://www.blogger.com/)

e o My 1st Blog (http://my1blog.com/). Todo o processo é realizado por meio de um

programa de navegação (browser) como, por exemplo, o Microsoft Internet Explorer

e Mozilla Firefox (OLIVEIRA, 2005; MORESCO, BEHAR, 2006; GUTIERREZ, 2005;

FRANCO, 2005).

O weblog é uma página web que permite a inserção de informações

conhecidas como postagens ou posts. As postagens são apresentadas em ordem

cronologicamente inversa. Isto é, as informações que foram inseridas recentemente

são apresentadas na frente das mais antigas. Geralmente são constituídas por texto,

mas também existe a possibilidade de fazer uso de recursos de imagens, vídeos,

sons e links (GUTIERREZ, 2005; MANTOVANI, 2006).

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Quando um post é criado, automaticamente, são apresentados a data e o

horário da criação e um link permanente no corpo do weblog para facilitar o acesso

ao conteúdo publicado. Além disso, é criado um espaço denominado de área de

comentários que permite que outras pessoas possam fazer considerações e

observações sobre as informações inseridas, favorecendo, desta forma, a interação,

a troca e o diálogo entre o “blogueiro” e as pessoas que visitam o blog e até mesmo

entre os próprios visitantes (FRANCO, 2005; MANTOVANI, 2006; PRIMO,

RECUERO, 2003).

A criação de um weblog é bastante simples e fácil. Primeiramente, é

necessário realizar um pequeno cadastro para ter acesso ao ambiente de criação.

Em seguida, o próprio aplicativo vai fornecendo as etapas necessárias para a

criação do blog. Durante essas etapas, o “blogueiro” irá definir o nome do weblog, a

sua descrição, o seu endereço eletrônico, a sua aparência (cor da página, imagens,

cor do texto, tipo de fonte e tamanho da fonte, entre outras características) e a forma

de como as informações serão publicadas. Durante a criação, o proprietário também

pode fazer uso de diferentes recursos que permitam, por exemplo, mostrar

informações referentes ao “blogueiro” (perfil do proprietário), obter valores

estatísticos sobre a quantidade de acesso, identificar as mensagens mais lidas e

realizar as postagens por meio do e-mail (GOMES, 2005; MANTOVANI, 2006). Além

disso, neste momento é possível definir se o weblog terá ou não colaboradores (ou

diferentes autores). Se for definida a presença de colaboradores, as contribuições de

terceiros não ficam restritas somente à utilização da área de comentários. Neste

caso, algumas pessoas estarão autorizadas a inserir informação e ainda poderão

complementar e modificar as postagens realizadas por outros (PRIMO, RECUERO,

2003).

Nos últimos três anos, uma ferramenta que vem ganhando destaque é o

microblog. O microblog é um formato simplificado dos weblogs. Como o blog, ele

permite a inserção de informação em ordem cronologicamente inversa, porém

apresenta algumas restrições como, por exemplo, limitação no número de

caracteres que compõem a informação a ser inserida, não apresenta uma área de

comentários e nem permite a inserção de imagens e vídeos. Um dos seus principais

objetivos é permitir uma maior integração e facilitar a inserção de informação por

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meio dos dispositivos móveis, tais como o celular. Um dos microblogs mais

populares é o Twitter14. (ZAGO, 2008).

O Twitter é um microblog, desenvolvido no ano de 2006, que possibilita a

postagem de informação por meio da própria página do Twitter, do envio de

mensagem pelo SMS (Short Message Service) e IM (Instant Message), por meio da

Internet e do aparelho de telefonia móvel (aparelho celular). A informação postada

não pode exceder o número de 140 caracteres. As informações inseridas ficam

disponibilizadas no perfil do proprietário do microblog e também são enviadas para

os perfis de outras pessoas que escolheram acompanhar o conteúdo postado neste

determinado espaço digital (ZAGO, 2008). Uma demonstração da força de alcance e

mobilização dos weblogs e microblogs foi a tragédia ocasionadas pelas chuvas no

estado de Santa Catarina, no mês de novembro de 2008, na qual um número

significativo de pessoas utilizaram essas ferramentas para disponibilizar

informações atualizadas sobre a tragédia, listas de desaparecidos e dos locais dos

abrigos, para mobilizar as pessoas para as campanhas de arrecadação de donativos

e para comunicação direta com as vítimas das tragédias15. Um outro exemplo

recente é o uso do Twitter pelos iranianos para divulgar informações, protestar e

driblar a repressão e a censura aos meios tradicionais de comunicação impostas

pelo governo do Irã, para conter as manifestações populares contra o resultado da

última eleição para presidente realizada neste país16.

3.3.1 Possibilidades pedagógicas do weblog

Os weblogs, geralmente, são utilizados como instrumento de expressão

pessoal. Entretanto, tem-se observado que eles vêm assumindo outros papéis

como, por exemplo, servir de meio para a publicação de informações comerciais,

institucionais e jornalísticas (OLIVEIRA, 2005; FRANCO, 2005; GOMES, 2005).

Navegando pela Internet, é possível encontrar blogs que possuem diferentes

14

Disponível em <http://twitter.com/>. Acesso em: 21 mai. 2009. 15

Disponível em <http://www.observatoriodaimprensa.com.br/blogs.asp?id_blog=2&id={D9D1E183-DC2A-4489-9DD7-D955A6C7EBB3}>. Acesso em: 21 mai. 2009. 16

Disponível em <http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2009/06/16/iranianos-usam-internet-para-tentar-driblar-censura-756365525.asp>. Acesso em: 04 jul. 2009.

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temáticas e que foram construídos para atender os mais variados objetivos: lúdico,

político, informacional, educacional e intervenção cívica e social (GOMES, 2005). De

acordo com Gomes e Lopes (2007) e Lara (2005), os weblogs criados

especificamente para abordar assuntos educacionais e servir para apoiar o processo

de aprendizagem são classificados “Edublogs”.

Uma das primeiras experiências com o uso dos edublogs, segundo Lara

(2005), ocorreu em 2001, na Inglaterra, por meio do portal britânico Schoolblogs.com

(http://www.ebn.weblogger.com/). Alguns países, como Portugal e Espanha, vêm se

destacando na utilização desta ferramenta educativa em cursos de Ensino Superior

(GOMES, LOPES, 2007; LARA, 2005). Entretanto, no Brasil, a sua utilização ainda

é pouco significativa, apesar do reconhecimento acadêmico das possibilidades e das

vantagens do uso pedagógico do weblog no contexto educacional (OLIVEIRA, 2005;

MANTOVANI, 2006).

Os weblogs, segundo Moresco e Behar (2006), podem ser considerados

com um novo meio para a produção do conhecimento por meio da leitura, da escrita

e do compartilhamento de informação. Suas características técnicas favorecem a

implementação de práticas educativas que valorizam uma postura ativa e reflexiva

dos participantes do processo de aprendizagem (FRANCO, 2005). Isto é, a

utilização de um edublog pode levar a uma maior participação dos alunos, pois

permite gerar um novo espaço para discussão e complementação das temáticas das

aulas e para reflexão sobre as informações apresentadas (MORESCO, BEHAR,

2006).

O uso dos blogs nas práticas educacionais presenciais permite a criação de

outros canais de comunicação, além daqueles já tradicionalmente existentes,

possibilitando diversificar as oportunidades de diálogo entre os participantes do

processo de aprendizagem. Ainda pode facilitar a participação e a colaboração de

pessoas que não pertencem ao contexto escolar, por exemplo, alunos de outras

escolas, médicos, autoridades públicas, sanitaristas e pesquisadores, de forma a

enriquecer a aprendizagem (GUTIERREZ, 2005; MORESCO, BEHAR, 2006;

GOMES, 2005). Além disso, eles podem ser usados com instrumentos para

favorecer o desenvolvimento de inúmeras competências como a pesquisa e a

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seleção de informações, a produção textual e o domínio das ferramentas

computacionais (GOMES, 2005).

No que se refere ao uso desta ferramenta nas práticas educacionais dos

cursos de formação médica, os weblogs, com base nos estudos de Gomes (2005) e

Gomes e Lopes (2007), podem ser agrupados em duas grandes categorias:

recursos pedagógicos e estratégias pedagógicas.

a) Uso de weblogs como recurso pedagógico:

A utilização como recurso pedagógico ocorre quando eles são empregados

basicamente como repositórios de informações para complementar os assuntos

tratados em sala de aula. A implementação de práticas educativas que utilizam os

weblogs como recurso pedagógico, de acordo com Gomes (2005), pode ocorrer de

três maneiras. A primeira se refere a utilização de blogs já existentes na Internet que

apresentam informações atuais sobre as temáticas relacionadas ao conteúdo das

disciplinas. A segunda é por meio da criação de blogs por professores com o

objetivo de apresentar conteúdos relacionados às disciplinas. A diferença entre esta

forma de utilização e a anterior é que nesta, normalmente, as informações

disponibilizadas acompanham a seqüência dos assuntos apresentados em sala de

aula. Também, pode ocorrer pelo incentivo do professor para que cada aluno ou

grupo de alunos desenvolva o seu weblog sobre temas tratados em sala de aula.

Nas duas primeiras formas de utilização apresentadas, de acordo com

Gomes e Lopes (2007), o objetivo principal é complementar as temáticas abordadas

no conteúdo das disciplinas por meio da oferta de informação para os alunos. Neste

caso, o aluno tende a assumir uma postura passiva perante o processo de

aprendizagem, já que ele pode se limitar somente a ler as informações apresentadas

e, eventualmente, fazer comentários. Ainda segundo os autores, no caso de uso de

weblogs já existentes na Internet, é importante que os professores façam uma

análise prévia e cuidadosa dos conteúdos apresentados para garantir a integridade,

qualidade e veracidade da informação.

A terceira forma de utilização poderá levar o aluno a assumir uma posição

mais ativa durante o processo de aprendizagem, já que é de sua responsabilidade a

publicação das informações. Este tipo de uso pode favorecer o desenvolvimento de

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diferentes competências como, por exemplo, a pesquisa, seleção, análise e síntese

de informações.

Além das três formas acima apresentadas, pode se pensar em mais uma

alternativa de inserção dos weblogs como recurso pedagógico nos cursos de

graduação em Medicina. Neste caso, faria-se o uso dos weblogs mantidos por

pacientes, já que muitos deles utilizam essas ferramentas para compartilhar suas

experiências, suas angústias e seus sofrimento com o adoecer e com os

tratamentos aos quais são submetidos (McCOSKER, 2008). Esses blogs seriam

utilizados como Espaço Experiencial ou Vivencial. Isto é, eles seriam usados como

mais um recurso pedagógico, além dos usualmente utilizados nos cursos de

Medicina. Por meio das narrativas apresentadas nos weblogs, seria possível

desenvolver uma nova forma de contato com diversos pacientes e suas diferentes

experiências decorrentes do processo de adoecimento e tratamento, o que pode

contribuir para o desenvolvimento de atividades que possibilitem os alunos

vivenciarem diferentes experiências, contribuindo, desta forma, para o entendimento

da necessidade da compreensão dos aspectos subjetivos do adoecimento para

maiores êxitos no desenvolvimento de práticas médicas humanizadas.

b) Uso de weblogs como estratégica pedagógica

Os blogs utilizados como estratégia pedagógica podem assumir o formato de

portifólio digital, espaço para intercâmbio e colaboração, espaço de debate e espaço

de integração.

1) Portifólio digital: A possibilidade de uso de recursos textuais, imagens,

áudios e vídeos fazem com que os weblogs sejam ferramentas propícias

para a criação de portifólios multimídia. O desenvolvimento deste tipo de

recurso serve como instrumento para que os alunos acompanhem e

reflitam sobre as atividades desenvolvidas durante as aulas. Além disso,

eles podem ser usados para documentar e divulgar trabalhos realizados

pelos alunos ou como instrumento de avaliação. Um aspecto relevante a

ser destacado é a possibilidade de abertura do espaço para a

contribuição e colaboração de professores, alunos e outras pessoas por

meio do recurso área de comentários.

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2) Espaço para intercâmbio e colaboração: Além de permitir a publicação de

mensagens, os blogs são ferramentas que permitem a comunicação,

colaboração, debates e confronto de idéias, já que podem, por meio do

recurso área de comentários, receber contribuições de qualquer pessoa.

Desta forma, eles podem ser usados em atividades educativas e projetos

interdisciplinares que envolvam alunos de uma mesma ou de diferentes

instituições, assim como diferentes profissionais da área da Saúde;

3) Espaço de debate: Os weblogs podem ser utilizados como ferramentas

pedagógicas para o desenvolvimento de debates sobre diferentes

temáticas. Neste contexto, os alunos são convidados a apresentar,

argumentar e defender diferentes pontos de vista sobre determinado

assunto. Tal estratégia se torna importante para o processo formativo,

por permitir a compreensão da complexidade que envolve diferentes

problemas e a exposição do alunado a diferentes pontos de vista sobre

um determinado assunto (GOMES, 2005).

4) Espaço de integração: Os weblogs podem ser utilizados para servir de

espaço de integração da turma e para a construção da compreensão e

do respeito às diferenças. Neste caso, seria interessante a construção de

um blog coletivo, onde cada aluno é convidado a participar por meio de

postagens que relatem sobre as suas perspectivas, experiências e

anseios (GOMES, 2005).

3.4 O SOFTWARE SOCIAL

Os Softwares sociais são páginas web ou aplicativos constituídos por um

conjunto de tecnologias (fóruns, chats, e-mail, recados ou mensagens instantâneas)

que favorecem a interação mediada pela Internet entre pessoas (ou grupo de

pessoas), a criação de redes sociais, o compartilhamento de interesses comuns e a

discussão de diferentes temáticas (PRIMO, BRAMBILLA, 2005; RECUERO, 2005;

BOTTENTUIT JUNIOR, COUTINHO, 2007; MACHADO, TIJIBOY, 2005, VALENTE,

MATTAR, 2007).

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50

De acordo com Primo e Brambilla (2005), os softwares sociais foram

desenvolvidos com o objetivo de favorecer a comunicação e a organização da

informação, o compartilhamento de idéias, o debate e a negociação das diferenças e

o registro da memória coletiva do grupo. Segundo os autores, este tipo de

ferramenta pode ser utilizado para agregar diferentes grupos como, por exemplo,

estudantes, pesquisadores e empresários, com o objetivo de registrar a memória

coletiva do grupo sobre uma problemática.

Normalmente, os softwares sociais são gratuitos e para utilizá-los basta

realizar um simples cadastro. Entretanto, alguns desses aplicativos somente aceitam

novos usuários, se estes forem convidados pelos mais antigos e, ainda, existem

aqueles que cobram uma taxa de utilização (MACHADO, TIJIBOY, 2005).

Navegando pela Internet, é possível encontrar diferentes softwares sociais

como, por exemplo, o FaceBook17, o Hi518, o Multiply19, o Wallop20, o MySpace21, o

Orkut22 e EveryOne's23, entre outros (BOTTENTUIT JUNIOR, COUTINHO, 2007).

Apesar de esses softwares possuírem características que os diferenciam

entre si, a maior parte oferece os seguintes recursos: (a) Página pessoal, também

conhecida com Perfil, (b) Álbum de fotos, (c) Galeria de amigos, (d) Comunidades,

(e) Correio eletrônico, (f) Fóruns de discussão, (e) Quadros de avisos e (f) Galeria de

vídeo.

Dentre todos os softwares sociais aqui listados, o Orkut é o mais conhecido

entre os brasileiros. Sua popularidade, segundo Assis et al (2006), pode ser

explicada pela sua inovação tecnológica que permite o acesso a milhões de usuários

e a oferta de inúmeras ferramentas para comunicação e construção do perfil dos

participantes.

17

http://www.facebook.com/ 18

http://hi5.com/ 19

http://multiply.com/ 20

http://www.wallop.com/ 21

http://www.myspace.com/ 22

http://www.orkut.com/ 23

http://www.everyonesconnected.com

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51

3.4.1 Características do Software Social Orkut

O software social Orkut foi criado, no ano de 2004, pelo engenheiro turco

Orkut Buyukkokten. Trata-se de um serviço oferecido pela empresa norte-americana

Google24 (RECUERO, 2005). Dados disponíveis no próprio Orkut25 mostram que

mais de 53% dos usuários cadastrados são brasileiros e que 61% das pessoas que

possuem perfis no Orkut declaram ter entre 18 a 25 anos de idade. A presença dos

brasileiros é tão expressiva que a língua portuguesa foi adotada com uma dos

idiomas oficiais da ferramenta (FORTE, ROCHA, 2007). Esses dados são

indicadores da popularidade, aceitação e familiaridade da ferramenta entre os

brasileiros e o público jovem. A sua grande popularidade vem motivando os seus

desenvolvedores a criarem novas formas de acesso à ferramenta como, por

exemplo, o acesso por meio dos aparelhos de telefonia móvel (celulares). Agora, já

é possível enviar e receber recados por meio de serviço de SMS26 e acessar o

software social por meio dos aparelhos celulares27.

O software social Orkut é gratuito e para utilizá-lo basta que a pessoa

interessada possua uma conta de acesso. Após a criação da conta de acesso, deve-

se realizar um cadastro, onde são fornecidas as informações necessárias para

construção da página pessoal, chamada de Perfil (Figura 1). O Perfil é composto por

informações básicas como, por exemplo, nome, sexo, idade e profissão, e

secundárias como música preferida, filme preferido, hobby, etc. Além disso, o

programa fornece uma série de recursos que permite inserir fotos (álbum de foto) e

vídeos, criar conexões com perfis de outras pessoas, enviar e receber recados,

escrever depoimentos, buscar informação por meio de mecanismos de busca

próprios do sistema, participar e criar comunidades (RECUERO, 2005;

BOTTENTUIT JUNIOR, COUTINHO, 2007; RECUERO, 2007; FORTE, ROCHA,

2007).

24

http://www.google.com.br/ 25

Disponível em<http://www.orkut.com/MembersAll.aspx>. Acesso em: 20 ago. 2008. 26

Disponível em <http://blog.orkut.com/2007/09/recados-em-sms-para-assinantes-da.html>. Acesso em: 20 ago. 2008. 27

Disponível em <http://g1.globo.com/Noticias/Tecnologia/0,,MUL399397-6174,00.html> Acesso em: 20 ago. 2008.

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52

Um dos recursos que merece destaque é o que permite a criação de

comunidades. Este recurso possibilita reunir pessoas que possuam as mesmas

preferências e afinidades sobre os mais variados assuntos (RECUERO, 2007). O

principal objetivo das comunidades, segundo Forte e Rocha (2007), é servir de

espaço para troca de informações sobre diferentes temáticas. Existem, atualmente,

no Orkut, 60 milhões de comunidades, sendo que 40 milhões são em língua

portuguesa. Ao navegar pelo Orkut, é possível encontrar inúmeras comunidades,

agrupadas em diferentes categorias (Culinária, Bebidas e Vinhos, Negócios, Países

e Regiões, Romances e Relacionamentos, Saúde, Bem-estar e Fitness, Artes e

Entretenimento, Alunos e Escolas e Cidades e Bairros), criadas para debater

assuntos polêmicos como pedofilia, violência, anorexia e bulimia; assim como para

falar sobre amenidades. Uma das maiores comunidades presente no Orkut é de

origem brasileira. Seu título é "Eu amo a minha MÃE!" (figura 2) e possui 3.903.588

membros (SPERTUS, 2008).

As comunidades construídas no software sociaL Orkut podem fazer uso de

diferentes recursos, tais como fóruns de discussão, ferramentas de pesquisa

(também conhecidas como enquetes), e divulgação de eventos, que permitem a

disseminação de informação e troca de experiências entre os membros das

comunidades. Ao criar uma comunidade, o proprietário pode definir se o acesso aos

Ilustração 1 - Página do perfil de um usuário do Orkut

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53

conteúdos disponibilizados estará restrito (conteúdo privado) somente aos

participantes ou se as informações estarão disponíveis (conteúdo público) para

qualquer usuário do Orkut (BOTTENTUIT JUNIOR, COUTINHO, 2007; FORTE,

ROCHA, 2007).

De acordo com Recuero (2007), as possibilidades interativas e

comunicacionais, a dinamicidade da ferramenta e as potencialidades para a criação

de laços sociais podem ser consideradas as principais características do Orkut.

Segundo a autora, essas características são de extrema importância, já que elas são

consideradas como os principais atrativos que levam à adoção e utilização da

ferramenta, assim como para a criação e a manutenção das comunidades. A seguir,

essas características serão descritas mais detalhadamente:

a) Possibilidades interativas:

Uma das características do Orkut é possibilitar que os usuários possam

interagir entre si. Tais interações podem ocorrer pela área “recados” presente no

perfil de cada usuário (figura 3) ou por meio do recurso “fórum” presente nas

comunidades (figura 4).

b) Dinamicidade:

Ilustração 2 – Página da Comunidade “Eu amo a minha MÃE!” no Orkut

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54

Diariamente, novas pessoas tornam-se usuárias do Orkut, surgem novas

comunidades, novos membros se agregam às comunidades existentes, novas

discussões são produzidas nos fóruns e mensagens são trocadas. Toda essa

dinâmica faz com que a maioria das comunidades seja acessada e atualizada quase

que constantemente, produzindo discussões e troca de informação.

c) Criação de laços sociais:

Este tipo de software aumenta as possibilidades de estabelecer relações

pessoais, profissionais e afetivas. As comunidades permitem que um usuário se

relacione com diferentes pessoas que possuem os mesmos interesses e ainda

permitem que informações e experiências sobre diferentes assuntos sejam

compartilhadas.

d) Possibilidades comunicacionais:

A comunicação entre usuários do Orkut pode ser feita pelo uso de diferentes

linguagens como, por exemplo, textos, por meio de mensagens enviadas pela área

de depoimento e pela área de recados, imagens e vídeos. As trocas

comunicacionais nas comunidades ocorrem no formato textual, por meio dos fóruns

de discussão, das ferramentas de pesquisas e ferramenta de divulgação de eventos.

Ilustração 3 - Área de recados de um perfil no Orkut.

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55

Uns dos motivos de grande interesse pelo público, mesmo daqueles que não

tinham interesse na Internet, pelo software social Orkut, segundo Nogueira et al

(2004), se deve ao fato de que, no início de funcionamento da ferramenta, era

possível desenvolver uma rede virtual que reproduzia as relações no mundo real,

onde as pessoas podiam se relacionar virtualmente com seus conhecidos do mundo

real e com amigos dos seus conhecidos, diferentes de outras ferramentas como a

sala de bate-papo (chats), onde normalmente a interação ocorre com pessoas

desconhecidas. Outro motivo, apontado pelas autoras, é que não existe a

necessidade das pessoas estarem conectadas em tempo real na ferramenta para

interagirem entre si, já que o Orkut é uma ferramenta de comunicação assíncrona.

Além disso, o Orkut possui características lúdicas, que relembra o tempo de infância,

permitindo que os usuários escrevam testemunhos para os amigos, enviem recados

com figuras e vídeos e definam o grau de confiabilidade, integridade e “beleza” das

pessoas que fazem parte da rede de relacionamento do usuário, por meio de figuras

no formato de rostos (smiles), cubos de gelo e corações. Apesar do caráter lúdico do

software social Orkut, ele não é, atualmente, somente considerado um ambiente de

lazer e diversão. Muitos usuários utilizam as facilidades e vantagens oferecidas por

esta ferramenta para atender interesses profissionais como, por exemplo, criar ou se

filiar a uma comunidade para troca de experiências profissionais e para promover

Ilustração 4 - Fórum de discussão de uma comunidade no Orkut

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eventos. Muitas empresas de recursos humanos vêem incluindo a análise do perfil

do Orkut dos candidatos como uma das etapas do processo de seleção de vagas de

empregos (NOGUEIRA et al 2004, MARTHE, 2004; MARTINS, 2005).

Entretanto, a popularidade do Orkut, a sua facilidade para a localização de

pessoas e a sua capacidade de potencializar a interação podem ser fatores que

propiciam a utilização ilícita do software. Nos últimos meses, pessoas vêm utilizando

a ferramenta como meio para a realização de diversos crimes. As revistas Época,

no mês de agosto de 2005, e Galileu, no mês de agosto de 2008, apresentaram

reportagens sobre a proliferação de comunidades voltadas para apologia ao tráfico

de drogas, ao crime, ao racismo e a prática da anorexia, da bulimia e do suicídio

(TIRABOSCHI, 2008). Outra matéria, veiculada pela revista Época, no mês de março

de 2007, mostrou a morte de três adolescentes no Estado do Pará. A polícia acredita

ser um caso de pedofilia e que os contatos entre o assassino e os adolescentes

ocorreram por meio do software social (BAHE, 2007). Para tentar conter os crimes

virtuais, a polícia Federal, o Congresso Nacional e o Ministério Público vêem

realizando uma série de iniciativas com o objetivo de conter a proliferação dos

crimes na Internet. Como exemplo, pode-se citar a prisão de um grupo de pessoas,

pertencentes à classe média e alta do Rio de Janeiro, que utilizavam os recursos do

Orkut para negociar a venda de drogas e a implantação da Comissão de Inquérito

Parlamentar (CPI) da Pedofilia com objetivo de investigar os crimes de pedofilia na

Internet (MARTINS, 2005).

3.4.2 Possibilidades pedagógicas do software social Orkut

O software social Orkut é um espaço que permite que várias pessoas criem

e ampliem suas redes de relacionamentos pessoais, profissionais e afetivas. Além

disso, ele possui diferentes recursos que potencializam a troca de informações, o

debate de idéias e a construção do conhecimento (MACHADO, TIJIBOY, 2005). A

adoção do Orkut como ferramenta pedagógica é acompanhada de algumas

controvérsias. Alguns acreditam que ele seja um espaço que somente sirva para

testar a popularidade dos seus usuários, que favorece a exposição das pessoas e

que incentiva a prática de crimes como, por exemplo, o nazismo, racismo e a

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pedofilia (TIRABOSCHI, 2008). Outros crêem que ele possa enriquecer o ambiente

educacional por possibilitar que o aluno assuma uma postura mais ativa na

construção do conhecimento e por favorecer a interação dos participantes do

processo educativo (FORTE, ROCHA, 2007).

Bottentuit Junior e Coutinho (2007) afirmam que o software social Orkut

pode ser utilizado em diferentes contextos educacionais. Entretanto, o grande

desafio é desenvolver metodologias que permitam a realização de atividades que

melhor se adaptem ao conteúdo das disciplinas e ao perfil dos alunos. No Orkut,

existem diferentes comunidades de cunho educativo, como por exemplo, Estudos

sobre Física Quântica28, História do Brasil29 e Problemas de geometria plana30

(figura 5), que podem ser utilizadas para favorecer a aprendizagem por meio de

canais de comunicação que incentivem a interação e a capacidade de expressão e

possibilitem dar significado às experiências dos participantes do processo de

aprendizagem (FORTE, ROCHA, 2007; MACHADO, TIJIBOY, 2005).

O software social Orkut, de acordo com as possibilidades pedagógicas

apontadas nos estudos de Forte e Rocha (2007) e Machado e Tijiboy (2005), pode

28

http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=383937 29

http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=130404 30

http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=3236388

Ilustração 5 – Página da comunidade Problemas de geometria plana no Orkut

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ser utilizado como diferentes objetivos nos cursos de formação médica para: (a) criar

comunidades de aprendizagem onde os alunos possam fornecer opiniões sobre

determinados assuntos, (b) compartilhar informações e experiências e (c) aprofundar

temas tratados durante as aulas, possibilitando a adoção de uma atitude ativa dos

alunos durante o processo de construção do conhecimento. Além disso, ele pode ser

utilizado para criação de comunidades com o objetivo de debater assuntos que

agreguem não somente alunos e professores, mas também profissionais de

diferentes especialidades médicas e até mesmo pacientes, objetivando enriquecer o

processo de aprendizagem por meio da troca de suas experiências pessoais e

profissionais. Cabe destacar, ainda, que o uso das comunidades do Orkut mantidas

por pacientes no desenvolvimento de atividades educacionais, assim como ocorre

nos weblogs, pode permitir novas formas de contato com um conjunto diversificado

de experiências relacionadas ao processo de adoecimento. Isto pode contribuir para

a conscientização dos alunos da necessidade do reconhecimento dos pacientes e

de suas experiências como um dos fatores importantes para o sucesso dos

tratamentos e para o desenvolvimento da prática clínica humanizada.

3.5 CONCLUSÃO

A partir do ano de 2004, surgiram novas possibilidades de uso da Internet

por meio do desenvolvimento de ferramentas de comunicação e informação que

potencializam as formas de interação, colaboração e cooperação. Essa evolução

tecnológica da rede mundial de computadores, chamada de Web 2.0, coloca os

usuários no centro da rede, pois, agora, eles têm a possibilidade de deixar de ser

simples leitores e passarem a ter a oportunidade de contribuir na construção de

conteúdos disponibilizados na Internet. Entretanto, a ampliação das oportunidades

de atuação dos usuários exige que estes também apresentem um posicionamento

crítico, reflexivo, responsável e ético diante das suas ações na rede. Tais

posicionamentos são necessários para minimizar os impactos relacionados à

divulgação de informações errôneas, à pirataria digital e aos crimes virtuais.

No que diz respeito à utilização das ferramentas da Web 2.0 como

mediadores dos processos de aprendizagem nos cursos de Medicina, baseadas na

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teoria da aprendizagem situada e corporificada, podem ser uma opção viável para o

desenvolvimento de novas metodologias e práticas educativas que levem os futuros

médicos a refletirem e reconhecerem a importância dos aspectos subjetivos nas

práticas clínicas.

No caso do uso dos weblogs e dos softwares sociais como, por exemplo, o

Orkut, eles podem levar à participação mais ativa e ainda facilitar a interação e a

colaboração entre alunos e professores por meio do desenvolvimento de novos

canais de comunicação, além daqueles já normalmente utilizados. Eles, também,

poderiam ser utilizados para tornar o processo de aprendizagem mais rico e

dinâmico, por permitir o desenvolvimento de outras formas de contato entre os

alunos e médicos de diferentes especialidades, já que existe a possibilidade desses

profissionais serem proprietários de weblogs e participarem das comunidades do

Orkut relacionadas à área da saúde.

Cabe ainda destacar, que sendo o weblog e o Orkut ferramentas com

características sociais, eles permitem a geração de novas oportunidades de

aproximação dos alunos com a realidade vivenciada pelos pacientes e com as

diferentes formas de expressão utilizadas por eles para falarem sobre suas

sensações físicas e psíquicas relacionadas ao adoecimento. Os mecanismos de

comunicação existentes nestes espaços serviriam como um canal de interação que

permitiria o contato dos alunos com diferentes pacientes e com um número

diversificado de experiências e vivências. A diversidade das interações,

provavelmente, aumentaria as possibilidades dos alunos terem uma compreensão

mais ampla e significativa sobre o estado emocional dos pacientes e uma nova visão

social do processo de adoecimento e tratamento, aumentando assim a chance da

concretização de uma aprendizagem situada e corporificada que os levaria não

somente a compreender a importância da subjetividade, mas a ter uma nova postura

profissional e uma atuação mais humana durante o exercício da atividade médica.

Entretanto, é importante frisar que os weblogs e os softwares sociais são

meros artefatos tecnológicos e a inserção por si só dessas ferramentas no contexto

educacional não trará ganhos significativos para a educação. As potencialidades

dessas ferramentas para promover a autoria, interação e colaboração somente se

concretizarão, caso professores e alunos enxerguem o processo educativo como um

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processo de construção compartilhado de conhecimento e não como um simples

processo de transmissão de informação.

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61

4. ABORDAGEM METODOLÓGICA, MATERIAIS E MÉTODOS

Este capítulo é dividido em duas partes. A primeira descreve as abordagens

metodológicas, os materiais e os métodos utilizados para fazer o levantamento, a

identificação e a classificação dos weblogs e das comunidades do Orkut

relacionadas a algumas psicopatologias, tais como Síndrome do Pânico, Transtorno

Mental, Psiquiatria, Psicose, Esquizofrenia, Transtorno Bipolar, Fobia, Doença

Mnetal e Saúde Mental, com o objetivo de evidenciar a existência de um repertório

de materiais que podem ser explorados pelos professores do departamento de

Psiquiatria e Medicina Legal da Faculdade de Medicina da UFRJ. A segunda parte,

por sua vez, descreve as abordagens metodológicas, os materiais e os métodos

utilizados para analisar como os professores perceberam as possibilidades de

inserção destas ferramentas no processo de aprendizagem nos cursos de

graduação em Medicina.

4.1 ABORDAGEM METODOLÓGICA PARA IDENTIFICAR E CLASSIFICAR OS

WEBLOGS E AS COMUNIDADES DO ORKUT

4.1.1 Abordagem de estudo de espaços na Internet

Na atualidade, a Internet pode ser considerada uma das maiores fontes de

informação produzida por diferentes autores e que pode ser facilmente acessada e

explorada. É um espaço considerado democrático, já que qualquer pessoa pode ser

produtora e consumidora de informação. Entretanto, essa característica é apontada,

também, como fator negativo, já que a grande quantidade de fontes e a diversidade

de autores podem comprometer a confiança, qualidade e veracidade da informação

(VANTI, 2005; BJÖRNEBORN, INGWERSEN, 2001).

De acordo com Vanti (2005), a Internet vem ganhando destaque no meio

acadêmico e científico no que diz respeito a ser mais um canal de comunicação e

uma fonte de consulta. Em 2001, BJörneborn e Ingwersen destacavam que, por ser

um espaço diferente daqueles comumente conhecidos pela academia (livros,

documentos, revistas e artigos), seria importante o desenvolvimento de métodos e

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62

critérios de avaliação dos conteúdos e das formas de veiculação no contexto digital.

Ao longo destes últimos anos, surgiram novos campos de pesquisa voltados a

identificação, descrição, análise e avaliação dos conteúdos disponibilizados na

Internet como, por exemplo, a Webometria (Webometric), a Cibermetria

(Cybermetric) e a Netnografia (VANTI, 2005; MONTARDO, PASSERINO, 2006).

A Webometria e a Cibermetria são, de acordo com Vanti (2005), campos de

relevada importância na área da Biblioteconomia e da Ciência da Informação para

os estudos quantitativos na Internet. Segundo Björneborn e Ingwersen (2004), esses

dois campos de conhecimento estão relacionados à análise quantitativa dos

conteúdos disponibilizados na rede, da estrutura de links, do uso da Internet e de

suas ferramentas de informação e comunicação. Porém, cada um dos campos

apresenta características próprias que os diferenciam entre si, no que diz respeito à

abrangência, recursos e objetos de estudo. A Webometria é mais restrita por

abranger somente os estudos voltados para análise quantitativa de informações

presentes nas páginas web. Por sua vez, a Cibermetria é mais abrangente, pois se

volta para a análise quantitativa de todas as informações disponíveis na Internet

incluindo as páginas web. (VANTI, 2005).

Os estudos no contexto da Cibermetria e da Webometria, segundo Martinez

Rodriguez (2006), ainda são pouco explorados. Os instrumentos utilizados para a

realização desses estudos são os motores de busca como, por exemplo, o Yahoo!

Search31 e o Google32. A opção pelo uso dessas ferramentas comerciais se deve ao

fato de que elas permitem, teoricamente, trabalhar com um grande volume de

informação e contabilizar o número significativo de páginas web, facilitando, assim, a

quantificação e a avaliação dos fluxos de intercâmbio de dados e de informação na

rede mundial de computadores (SMITH apud VANTI, 2002).

Os objetos de estudo da Webometria e da Cibermetria podem ser bastante

variados como, por exemplo, determinação da freqüência de distribuição,

classificação e medição da evolução dos espaços digitais (ALMIND, INGWERSEN,

1997; VANTI, 2002; MARTINEZ RODRIGUEZ, 2006). Entretanto, os objetos de

estudo de maior destaque e relevância nos campos da Webometria e da

31

Disponível no endereço http://br.yahoo.com/ 32

Disponível no endereço http://www.google.com.br/

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Cibermetria, de acordo com Vanti (2002), são os estudos dos links33, isto é, das

ligações entre os diferentes conteúdos. Neste caso, os links não são vistos como

meros elementos gráficos presentes nas páginas web que, ao serem “clicados”,

possibilitam o acesso a outras páginas disponibilizadas na Internet; são

considerados como indicadores da importância que uma página web assume dentro

de um determinado contexto. Um desses indicadores, segundo Vanti (2005), é

conhecido como Fator de Impacto da Web (Web Impact Factor). Ele é utilizado para

medir e comparar a atração e a influência que uma terminada página web pode

alcançar na Internet, permitindo, desta forma, determinar o grau de reconhecimento

desses espaços em um determinado contexto e período (VANTI, 2005).

Durante a realização de estudos cibermétricios e webométricos, de acordo

com Almind e Ingwersen (1997) e Vanti (2002), é importante estar atento a fatores

como a natureza dinâmica da Internet, a grande quantidade de informação não

padronizada e as limitações técnicas dos motores de busca, que impedem a

recuperação das informações disponibilizadas na Internet em toda a sua totalidade.

Já a Netnografia é a transposição da Etnografia34 para o estudo das práticas

comunicacionais mediadas por recursos computacionais. Apesar desta abordagem

metodológica ainda ser pouco empregada por pesquisadores brasileiros, ela

começou a ser utilizada no final da década de 80, com o surgimento das primeiras

comunidades virtuais. Assim como na etnografia tradicional, a netnografia não tem

como objetivo principal retratar objetivamente uma determinada realidade, mas

descrever o ponto de vista de outros indivíduos sobre uma determinada realidade,

que permita compreender os fenômenos sociais envolvidos neste contexto

33

Recurso presente em uma página web que permite conectar diferentes tipos de informação, tais como tópico específico presente na própria página, outra página web, referência, informação adicional, esquema, imagem, vídeo, programa ou arquivo. Os links podem ser classificados com internos e externos. Os links internos são aqueles que presentes em uma determinada página remetem para as outras páginas existentes no mesmo domínio. Os links externos, por sua vez, remetem a uma página web fora do domínio da página que contem o link (VANTI, 2005). 34 Segundo Goetz e Lecompte (apud MONTARDO, PASSERINO, 2006, pp.4), a etnografia “é uma metodologia de pesquisa originária da antropologia e está intimamente relacionada com o conceito de cultura. Sua origem remonta-se a fins de século XIX e começo do século XX, e embora os trabalhos iniciais, fossem em alguns aspectos divergentes do que hoje se considera um estudo etnográfico, sua essência permanece: o estudo cultural por meio de uma imersão profunda no grupo que está sendo estudado... é uma reconstrução analítica de cenários e grupos culturais que traz as crenças, práticas, artefatos e conhecimentos compartilhados pela cultura que está sendo estudada”.

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64

(MONTARDO, PASSERINO, 2006; AMARAL et al, 2008; HERRERA, PASSERINO,

2008).

A netnografia pode ser amplamente realizada em diferentes contextos

digitais, tais como listas de discussões, chats, weblogs, comunidades virtuais,

programas de mensagens eletrônicas e fóruns de discussão (HERRERA e

PASSERINO, 2008). Apesar de recente, já foram implementados alguns estudos

netnográficos para análise das interações ocorridas em ambientes da Web 2.0

como, por exemplo, as pesquisas realizadas por Herrera e Passerino (2008) sobre a

sociabilidade estabelecida nos weblogs por pessoas portadoras de deficiência visual

e por Montardo e Passerino (2006) sobre análise da pertinência do uso da

netnografia para estudos de espaços de socialização como os weblogs. Cabe

destacar que, assim como na etnografia, a netnografia deve atender alguns

procedimentos básicos: ingresso cultural, coleta de dados, análise dos dados

coletados, ética de pesquisa, feedback e checagem das informações com os

membros do grupo analisado (MONTARDO, PASSERINO, 2006; AMARAL et al,

2008).

A presente pesquisa tinha como objeto de estudo as ferramentas de

comunicação e informação da Web 2.0, em especial os weblogs e as comunidades

do Orkut. Por se tratar de uma pesquisa que envolve espaços digitais, acreditou-se,

em um primeiro momento, que as abordagens metodológicas baseadas na

Webometria, Cibermetria e/ou Netnografia poderiam atender a natureza do estudo.

Entretanto, durante o andamento da pesquisa, observou-se que ela não

atendia os principais objetivos destes campos, tais como a medição do Fator de

Impacto da Web dos espaços digitais e a compreensão dos fenômenos sociais que

permeiam as interações realizadas no contexto da Internet, já que a sua proposta

era a realização de um levantamento que objetivava identificar e categorizar os

weblogs e comunidades do Orkut, os quais tratavam de assuntos relacionados às

psicopatologias. Porém, diante da necessidade de estabelecimento de

procedimentos metodológicos para a coleta dos dados, optou-se adotar alguns

princípios e orientações procedimentais da Webometria e da Cibermetria como a

frequência de distribuição, a classificação dos espaços e as técnicas de coletas.

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65

4.1.2 Ferramentas de busca na Internet

Diante da grande quantidade de recursos, tais como páginas web, weblogs,

wikis e vídeos, disponibilizados na Internet, é extremamente necessário que esses

recursos estejam sistematicamente organizados para que os inúmeros usuários da

rede mundial de computadores possam buscá-los, selecioná-los e consultá-los. Para

a realização de buscas de informação disponível na Internet, existem três tipos

básicos de ferramentas: os motores de busca, os diretórios e a metapesquisa.

Apesar de apresentarem características que as diferenciam, o funcionamento destas

ferramentas consiste em criar, por meio de um software, uma listagem com as

informações dos recursos disponibilizados na Internet, de acordo com as palavras-

chaves colocadas pelos usuários (CENDÓN, 2001; CARVALHO, PEREIRA, 2005).

Uma das ferramentas mais utilizada para a localização de informação é o

motor de busca. Atualmente, é possível encontrar na Internet um número

significativo dessas ferramentas como, por exemplo, o Yahoo! Search35, Google36,

AltaVista37 e Bing38. Geralmente, elas são constituídas por três componentes: (a) um

software, também conhecido como robô, que busca e localiza periodicamente os

recursos presentes na Internet; (b) um programa de indexação que extrai a

informação dos recursos encontrados pelo robô e a armazena em um banco de

dados; (c) a interface constituída por uma página web, onde o usuário digita uma ou

mais palavras chaves que serão utilizadas na pesquisa no banco de dados, e por um

programa que faz a localização das informações cadastradas no banco de dados e

as apresenta na forma de lista, contendo a descrição dos recursos e os seus links

(CENDÓN, 2001; CARVALHO, PEREIRA, 2005; KIRCHHOFF et al, 2007).

Ao apresentar os resultados das buscas feitas pelo usuário, o motor de

busca faz a ordenação dos resultados de forma a garantir que os mais relevantes

sejam apresentados em primeiro lugar. Diante do grande número de recursos

presentes na Internet, ao realizar uma determinada busca, uma pessoa pode se

deparar com um número excessivo de resultados e, neste caso, a sua sequência de

35

http://br.yahoo.com/ 36

http://www.google.com.br/ 37

http://www.altavista.com/ 38

http://www.bing.com/

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66

apresentação é de extrema importância. Os resultados podem ser ordenados

segundo diferentes critérios: (a) localização e frequência de aparecimento de

palavras utilizadas nas buscas, (b) apresentação das palavras utilizadas na busca

no código HTML (metatags) das páginas web, (c) quantidade de links que apontam

para um determinado recurso e (d) remuneração por parte dos produtores dos

recursos para que possam estar presentes nos resultados das buscas. O método

usado para ordenar os resultados encontrados é um dos critérios utilizado para

garantir a relevância e a qualidade dos motores de busca (CENDÓN, 2001). Um

outro critério é o tamanho do seu banco de dados, que é medido pela quantidade de

endereços eletrônicos (URL) dos recursos mapeados. Quanto maior for a cobertura

do motor de busca, maiores serão as chances do banco de dados conter a

informação procurada. Entretanto, cabe frisar que nenhum motor de busca é capaz

de localizar todas as informações presentes na Internet. Nem os melhores e mais

populares dos mecanismos de busca, segundo Cendón (2001), são capazes de

localizar mais do que 60% das informações presentes na rede mundial de

computadores. Por isso, se for realizada uma pesquisa utilizando dois motores de

busca diferentes, é muito provável que os resultados encontrados apresentem

diferenças significantes, já que esses têm relação direta com as características

técnicas dos mecanismos como, por exemplo, tamanho do banco de dados e

critérios de ordenação dos resultados (CENDÓN, 2001; CARVALHO, PEREIRA,

2005; KIRCHHOFF et al, 2007).

Segundo pesquisa39 apresentada pela comScore, empresa líder na medição

do mundo digital, um dos mais populares motores de busca na atualidade é o

Google40. Os dados apresentados pelo estudo mostram que 63,3% das pesquisas

realizadas na Internet no mês de fevereiro de 2009 foram feitas por meio deste

motor de busca. A sua popularidade deve estar relacionada ao tamanho do seu

banco de dados e ao critério para a ordenação dos resultados da busca baseado na

relevância dos links.

39

Disponíveis em <http://www.comscore.com/press/release.asp?press=2750>. Acesso em: 19 abr. 2009. 40

É o motor de busca mais utilizado na atualidade. De propriedade de uma empresa privada, que possui o mesmo nome da ferramenta, foi desenvolvido em 1997 por Serge Brin e Larry Page, na época estudantes da Universidade de Stanford (CARVALHO, PEREIRA, 2005).

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67

De acordo com informações apresentadas pela empresa Google41, o

tamanho de seu banco de dados é superior a um bilhão de endereços indexados

(URL), indicando maior capacidade de mapeamento das suas ferramentas de busca.

A ordenação dos links resultantes das buscas baseia-se no critério de relevância

que é estabelecido a partir da quantidade de vezes que um link é referenciado por

outra página (CENDÓN, 2001).

A empresa Google oferece outras ferramentas de busca temáticas voltadas

para recursos e temas específicos: Google Acadêmico42, motor de busca voltado

para a pesquisa de artigos, teses, livros, dissertações e questões relacionadas ao

mundo acadêmico; Google - pesquisa de imagens43 que permite a pesquisa de

imagens disponibilizadas na Internet; Google - pesquisa de livros44, motor de busca

voltada para pesquisa de livros on-line e informações sobre as obras; e Google -

pesquisa de blogs45, motor de busca específico voltado para a localização de

weblogs.

4.1.3 Levantamento dos weblogs e das comunidades do Orkut no contexto

das psicopatologias

A princípio, acreditou-se que a natureza desta pesquisa estivesse

relacionada à Webometria, à Cibermetria e, ou à Netnografia por se tratar de um

estudo que envolvia o uso de espaços digitais disponibilizados na Internet.

Posteriormente, observou-se que a pesquisa não atendia ao principal objetivo dos

estudos Webométricos, Cibermétricos e Netnográficos que são respectivamente a

medição do Fator de Impacto da Web dos espaços digitais e a compreensão dos

fenômenos sociais que permeiam as interações realizadas no contexto da Internet.

Diante disso, para concretizar os objetivos desse estudo, optou-se por realizar um

41

Disponível em <http://www.google.com.br/intl/pt-BR/why_use.html>. Acesso em: 19 abr. 2009. 42

Informação disponível em <http://scholar.google.com.br/intl/pt-BR/scholar/about.html>. Acesso em: 19 abr. 2009. 43

Disponível em <http://www.google.com.br/intl/pt-BR/features.html>. Acesso em: 19 abr. 2009. 44

Disponível em <http://www.google.com.br/intl/pt-BR/googlebooks/about.html>. Acesso em: 19 abr. 2009. 45

Disponível em <http://www.google.com.br/support/faqs/bin/static.py?page=faq_blog_Sea rch.html&hl=pt-BR>. Acesso em: 19 abr. 2009.

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68

levantamento exploratório dos weblogs e comunidades do Orkut, que tinham como

temática central assuntos relacionados às psicopatologias, por meio da utilização de

ferramentas de busca para Internet, baseando-se em alguns princípios e orientações

procedimentais da Webometria e da Cibermetria, tais como freqüência de

distribuição, classificação dos espaços e técnicas de coleta de dados.

Para realizar o levantamento dos weblogs, optou-se pelo uso de um motor

de busca temático voltado para a pesquisa específica deste tipo de espaços. Apesar

de, atualmente, existirem diferentes motores de busca temática, tais como

Technorati46, BlogBlogs47, BlogLines48 e Google – pesquisa de blogs49, a escolha

recaiu sobre o motor de busca Google – pesquisa de blogs. A opção pela sua

utilização deve-se às características que se mostraram superiores a dos outros

motores de busca, tais como, tamanho do banco de dados, ordenação baseada na

relevância dos links, uso de interface com design minimalista que facilita o manuseio

da mesma e o uso de pesquisa avançada com diferentes critérios (CARVALHO,

PEREIRA, 2005).

Como já foi dito anteriormente, o Google - pesquisa de blogs é um motor de

busca temático, de propriedade da empresa Google, desenvolvido especialmente

para pesquisa de weblogs. Segundo informações presentes na página web50 do

próprio motor de busca, a ferramenta permite a pesquisa de weblogs escritos em

diferentes idiomas como, por exemplo, português, inglês, francês, italiano, alemão,

espanhol e coreano.

O motor de busca permite que a pesquisa seja realizada de duas diferentes

formas. A primeira é por meio da página principal (Figura 8). Neste caso, basta o

usuário digitar a palavra referente ao assunto desejado e clicar no botão “Pesquisar”.

A segunda forma permite que se tenha um maior controle sobre a pesquisa a ser

realizada. Neste caso, o usuário deve clicar no link "Pesquisa avançada" para

determinar os critérios que serão utilizados como, por exemplo, títulos, autores,

idiomas e datas das postagens. Independentemente da forma de pesquisa utilizada,

46

Disponível no endereço: http://technorati.com/ 47

Disponível no endereço: http://blogblogs.com.br/ 48

Disponível no endereço: http://www.bloglines.com/ 49

Disponível no endereço: http://blogsearch.google.com.br/blogsearch 50

Disponível em <http://www.google.com.br/support/faqs/bin/static.py?page=faq_blog_search. html&hl=pt-BR> Acesso em: 19 abr. 2009.

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69

os resultados são listados em uma página web com links que apontam para os

weblogs que tenham relação com o tema pesquisado, segundo o critério de

ordenação adotado pela ferramenta de busca.

No caso da investigação das comunidades do Orkut, foi utilizado o próprio

mecanismo de busca existente no software social (Figura 9). A ferramenta de busca

do Orkut funciona por meio do fornecimento de palavras-chave que tenham relação

com o tema a ser pesquisado. Permite, também, realizar buscas por meio da

definição de critérios como nome dos usuários, nome das comunidades e títulos dos

tópicos de discussão presentes nos fóruns. Os resultados das buscas são listados

na forma de links que remetem aos perfis dos usuários, às comunidades ou aos

tópicos de discussão.

Após a escolha do motor de busca para fazer o levantamento dos weblogs e

das comunidades do Orkut, foi solicitado a dois professores do departamento de

Psiquiatria e Medicina Legal da faculdade de Medicina da Universidade Federal do

Rio de Janeiro (UFRJ), participantes do “Projeto Vivência”51 (STRUCHINER, 2008),

que indicassem termos ou palavras que tivessem relação com o contexto do projeto.

Cabe destacar que os professores possuem como objeto de estudo a narrativa do

51

Para maiores informações sobre o Projeto Vivência vide a página 16.

Ilustração 6 - Tela principal do motor de busca Google – Pesquisa de blogs

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adoecer e do tratamento de pacientes acometidos por psicopatologias. Eles

indicaram nove termos ou palavras relacionadas à área de psicopatologia: Síndrome

do Pânico, Transtorno Mental, Psiquiatria, Psicose, Esquizofrenia, Transtorno

Bipolar, Fobia, Doença Mental e Saúde Mental.

O levantamento dos weblogs ocorreu em um único dia (27 de outubro de

2008). Optou-se por fazer as buscas por meio da opção de “Pesquisa Avançada” do

motor de busca Google – pesquisa de blog. Os critérios para a realização do

levantamento foram o “Título do blog” e o idioma adotado. Buscou-se trabalhar com

os espaços digitais que apresentavam no seu título as palavras ou os termos

indicados pelos especialistas e que apresentavam informações em língua

portuguesa. Cabe ressaltar que as palavras e os termos de busca foram usados de

forma independente e no caso de expressões como, por exemplo, Saúde Mental,

não houve a necessidade de utilização de aspas para a procura exata da expressão,

pois se optou utilizar a “Pesquisa Avançada”.

Com base nos resultados obtidos na busca para cada palavra ou termo,

posteriormente, foi realizada a análise individual das informações presentes em cada

dos weblogs pesquisados para avaliar a adequação ou não destes à proposta da

pesquisa. Tal procedimento foi importante, pois nem sempre os weblogs tratavam de

Ilustração 7 – Tela do mecanismo de busca do Orkut com resultado de pesquisa com o termo Saúde Mental realizado no dia 27 de outubro de 2008.

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71

assuntos sobre as psicopatologias. Para exemplificar, pode-se citar o caso das

buscas realizadas com o termo Psicose, onde não foram localizados somente

espaços que tratavam sobre a psicopatologia, mas também espaços que tratavam

sobre assuntos como, por exemplo, bandas de rock. As informações consideradas

como relevantes para a pesquisa foram:

a) Título do blog – informação que indica o nome do weblog e que é,

normalmente, exibida na parte superior da página web;

b) Endereço – endereço eletrônico, também conhecido como URL, usado

para acessar uma página web ou um recurso da Internet, que neste

caso é o weblog;

c) Temática – informação sobre os assuntos tratados no weblogs, no caso

deste estudo, são as psicopatologias;

d) Objetivo – informação que indica qual foi o motivo que levou a criação

do weblog. Normalmente, essa informação é apresentada no espaço

reservado para descrição do blog;

e) Perfil do proprietário – informação geral, que pode ou não estar

identificada, sobre os proprietários dos weblogs;

f) Data da última postagem – informação referente à data da última

inserção de informação disponibilizada no weblog.

Diante da falta de informação em alguns dos espaços, que não permitiram

definir os objetivos dos blogs pesquisados e o perfil dos proprietários, foram

empregadas duas estratégias para coletar essas informações. A primeira foi realizar

a análise das postagens presentes nos weblogs. A segunda foi entrar em contato

com os proprietários, por meio da área de comentário dos blogs ou por e-mail, para

que esses fornecessem as informações solicitadas.

O levantamento das comunidades do Orkut foi realizado em um único dia

(27 de outubro de 2008). Utilizou-se o motor de busca disponibilizado no próprio

software social. Para realizar os levantamentos, utilizou-se, primeiro, os filtros de

categoria e idioma, restringido as comunidades pertencentes à categoria “Saúde,

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Bem-estar e Fitness” e que o idioma adotado fosse a língua portuguesa. Em

seguida, buscaram-se as comunidades que apresentassem no título as palavras ou

os termos indicados previamente pelos professores. A utilização das palavras ou dos

termos para a realização das buscas foi feita de forma independente. Cabe destacar

que não existe a necessidade do uso de aspas para localização exata de

expressões como, por exemplo, Síndrome do Pânico e Transtorno Mental.

Após as buscas das comunidades do Orkut, realizou-se a análise individual

das informações presentes em cada uma das comunidades pesquisadas para

avaliar a adequação ou não destas à proposta da pesquisa. Assim como no caso

dos weblogs, tal procedimento foi importante, pois nem sempre as comunidades

tratavam de assuntos sobre as psicopatologias. As informações consideradas

relevantes para a pesquisa das comunidades foram:

a) Título da comunidade – informação que indica o nome da comunidade;

b) Endereço – endereço eletrônico, também conhecido como URL, usado

para acessar de uma página web ou de um recurso da Internet que,

neste caso, é a comunidade;

c) Temática – informação sobre os assuntos tratados na comunidade, no

caso deste estudo, são as psicopatologias;

d) Objetivo – informação que indica qual foi o motivo que levou à criação

da comunidade. Normalmente, essa informação é apresentada no

espaço reservado para a descrição da comunidade.

e) Perfil do proprietário – informação sobre o proprietário da comunidade

que, geralmente, é disponibilizada no perfil do usuário do Orkut;

f) Data da última postagem – indica a data mais recente da última

inclusão de informação nos fóruns existentes na comunidade.

Diante da falta de informações em alguns dos espaços que não permitiam

definir os objetivos das comunidades pesquisadas e o perfil dos proprietários, foram

empregadas as mesmas estratégias adotadas no levantamento dos weblogs para

coletar as informações. A primeira estratégia foi realizar a análise das postagens

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presentes nos fóruns de discussões existentes nas comunidades. A segunda foi

entrar em contato com os proprietários, por meio das diferentes ferramentas de

comunicação oferecidas por Orkut ou por e-mail, para que esses fornecessem as

informações necessárias.

Para armazenar as informações durante o levantamento dos espaços

digitais, foi criado um banco de dados, no Microsoft Office Access 200352, com duas

tabelas para armazenar, respectivamente, as informações dos weblogs e das

comunidades do Orkut.

4.2 ABORDAGEM METODOLÓGICA PARA IDENTIFICAR AS VISÕES DOS

PROFESSORES SOBRE AS CONTRIBUIÇÕES DOS WEBLOGS E DAS

COMUNIDADES DO ORKUT NA FORMAÇÃO MÉDICA

4.2.1 Grupo focal e Análise de conteúdo

O grupo focal é um tipo de entrevista com um pequeno grupo homogêneo de

pessoas que visa, por meio das interações entre seus componentes, obter por meio

do consenso ou da divergência informações sobre um determinado tema (MINAYO,

2008). Esta técnica faz uso de sessões grupais, onde os participantes podem

expressar suas percepções, crenças, valores, atitudes e representações sociais

sobre uma temática específica. (WESTPHAL et al, 1997; ASCHIDAMINI, SAUPE,

2004; GOMES, 2003).

A técnica de grupo focal vem sendo utilizada por muitos pesquisadores da

área das Ciências Humanas e Socais e inclusive na área de Educação em Saúde.

Um dos interesses para o seu uso se deve ao fato do pesquisador poder atingir um

maior número de pessoas ao mesmo tempo, se comparado às outras técnicas,

como, por exemplo, a entrevista individual, e pela facilidade de conseguir dados com

certo nível de profundidade em um curto período de tempo (WESTPHAL et al, 1997).

52

Sistema relacional de administração de banco de dados da Microsoft que permite o desenvolvimento de aplicações que envolvem tanto a modelagem e estrutura de dados quanto a interface a ser utilizada pelos usuários. (Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Microsoft_Access>. Acesso em: 14 mar. 2009).

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74

Algumas das principais vantagens, de acordo com Gomes (2005), para a

utilização do grupo focal são custo relativamente baixo, rapidez na obtenção dos

dados, maior fidedignidade das informações apresentadas pelos participantes e

modelo mais flexível que permite explorar questões não previstas. Entretanto, ainda

segundo o autor, essa técnica apresenta algumas limitações no que diz respeito à

dificuldade de encontrar participantes quando a pesquisa apresenta critérios bem

específicos; a grande possibilidade de gerar polêmicas e oposições durante as

discussões, e as dificuldades para a realização das análises e das generalizações

devido à complexidade das informações coletadas.

A dinâmica do grupo focal não fica restrita a uma simples apresentação de

perguntas à espera das respostas dos entrevistados. Ela se constitui em uma

reunião com um pequeno grupo de pessoas com o objetivo de discutir vários

aspectos de um tópico específico. O tempo de duração não deve ser superior à uma

hora e meia. O grupo deve ser formado por um pequeno número de pessoas, de

seis a quinze participantes. É importante estar atento para os critérios de seleção

dos participantes para que esses possam atender de forma satisfatória aos objetivos

da pesquisa (MINAYO, 2008; WESTPHAL et al, 1997).

Para a condução do grupo focal, se faz necessária a presença de um

mediador e de um relator. O mediador ocupa-se da apresentação das questões,

mediando as discussões e promovendo a participação de todos os componentes do

grupo. O relator, por sua vez, é responsável por registrar as interações, as

informações não-verbais e verbais expressas e os aspectos relevantes que surgem

durante as discussões (MINAYO, 2008).

As questões apresentadas aos participantes pelo mediador devem fazer

parte de um roteiro previamente elaborado a partir dos objetivos do estudo. O roteiro

deve ser constituído de temas e questões qualitativas e abrangentes que auxiliem o

mediador na condução das discussões e favoreça a interação entre os participantes

(WESTPHAL et al, 1997; ASCHIDAMINI, SAUPE, 2004; MINAYO, 2008).

Antes do início das discussões, o moderador deve informar aos participantes

sobre o propósito e o formato da reunião, os objetivos da pesquisa, os motivos que

propiciaram a escolha do grupo para participar do estudo, os aspectos éticos

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75

relacionados à pesquisa e a garantia do anonimato dos informantes. O registro das

discussões deve ser feito com o uso de instrumento tecnológico como gravador de

voz (analógico ou digital) ou filmadora de vídeo. Entretanto, é importante destacar a

necessidade de obter o consentimento prévio dos participantes para que seja feito o

registro da fala e/ou da voz durante as discussões. Caso existam objeções, o

investigador deve fazer o registro da fala dos participantes por escrito. Após a

realização do grupo focal, mediador e relator devem se reunir para avaliar as

discussões e as impressões sobre o encontro e para criar um relatório contendo as

idéias centrais apresentadas (ASCHIDAMINI, SAUPE, 2004; GOMES, 2005;

MINAYO, 2008).

Posteriormente à coleta dos dados, deve-se iniciar o processo de análise e

de tratamento dos dados. O primeiro passo é a transcrição das falas captadas pelos

instrumentos de gravação durante as discussões ocorridas no Grupo Focal. O

segundo é a escolha da técnica de análise de dados que será utilizada para

interpretação das falas dos participantes (ASCHIDAMINI, SAUPE, 2004; MINAYO,

2008).

Apesar de não existir um método específico para análise de dados em

pesquisas qualitativas, a mais indicada, de acordo com Minayo (2008), é codificação

das informações por meio do método de Análise de Conteúdo. Esse método de

tratamento de dados compartilha a mesma lógica dos outros métodos qualitativos de

análise, já que tem como objetivo interpretar o material de caráter qualitativo.

Geralmente, a Análise de Conteúdo trabalha com textos. Estes podem ser de dois

tipos: a) documentos, legislações e material jornalístico; b) transcrições de

entrevistas e protocolos de observação. (ASCHIDAMINI, SAUPE, 2004;

CAREGNATO, MUTTI, 2006; MINAYO, 2008).

As técnicas de Análise de Conteúdo, segundo Minayo (2008, p. 303), são

“técnicas de pesquisa que permitem tornar replicáveis e válidas inferências sobre

dados de um determinado contexto, por meio de procedimentos especializados e

científicos”.

Os procedimentos utilizados na técnica de Análise de Conteúdo vão além da

simples análise das informações apresentadas no texto. Eles têm como objetivo

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76

relacionar as estruturas semânticas (significantes) de um texto com os seus

aspectos socioculturais (significados). Isto é, relacionar o conteúdo apresentado com

os fatores que caracterizam o texto como, por exemplo, variáveis psicossociais,

contexto cultural e processo de produção (MINAYO, 2008).

A Análise de Conteúdo pode ser dividida em cinco modalidades: Lexical,

Expressão, Relações, Temática e Enunciação. Dentre as cinco modalidades citadas,

a mais adequada para as investigações qualitativas é a técnica de Análise Temática

(MINAYO, 2008).

A Análise Temática, segundo Minayo (2008), tem como objetivo identificar os

núcleos temáticos presentes em um determinado discurso de forma que produzam

algum sentido ou significado. Inicialmente, ela era utilizada para definir o caráter do

discurso por meio da contagem de frequência das unidades de significação, tais

como palavras, expressões ou frases recorrentes. Atualmente, ela é usada para

identificar estruturas de relevância, valores de referência e modelos

comportamentais que estão presentes ou subentendidos no discurso. A técnica de

Análise de Conteúdo é divida em três etapas: Pré-análise; Exploração do material; e

Tratamento e Interpretação dos resultados obtidos (CAREGNATO, MUTTI, 2006;

MINAYO, 2008).

A etapa da Pré-análise diz respeito à escolha e à organização dos materiais

textuais a serem analisados. Nesta etapa, são definidas as palavras-chaves e as

frases que formam a unidade de registro, o contexto para compreensão da unidade

de registro (unidade de contexto), as formas de categorização, a modalidade de

codificação, e os conceitos teóricos que guiarão a análise do material coletado. Para

isso, faz-se uso de diferentes procedimentos como leitura flutuante, construção do

corpus e formulação e reformulação de hipóteses e objetivos. Na leitura flutuante,

realiza-se a leitura do material com base nas hipóteses iniciais e nas teorias que

embasam a pesquisa. Na constituição do corpus, deve-se verificar se o material

atende aos critérios específicos como: aspectos da pesquisa, características

essências do universo a ser analisado, critérios de escolha dos temas tratados,

técnicas utilizadas, características dos interlocutores e adequação aos objetivos

propostos da pesquisa. Já na formulação e reformulação das hipóteses e objetivos,

existe a possibilidade de ajustes nos rumos das interpretações e abertura de novos

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questionamentos com base na leitura do material coletado (CAREGNATO, MUTTI,

2006; MINAYO, 2008).

A etapa da Exploração do material consiste na codificação do material

coletado a partir das unidades de registro. É uma fase de operação classificatória

que tem como objetivo localizar o núcleo de compreensão do texto por meio da

busca de expressões ou palavras significativas que possibilitem categorizar o

conteúdo analisado (CAREGNATO, MUTTI, 2006; MINAYO, 2008).

A etapa de Tratamento e interpretação dos resultados obtidos, por sua vez,

é uma tarefa interpretativa que busca obter a compreensão dos significados das

falas por meio de comparações (inferências) e de interpretações relacionando-as

com o quadro teórico inicial e com as novas teorias e questionamentos advindos da

leitura do material de análise. (MINAYO, 2008).

4.2.2 Contribuição dos weblogs e das comunidades do Orkut ao processo de

aprendizagem na perspectiva dos professores

O grupo focal foi o método escolhido para coleta das informações que

indicassem as possibilidades de utilização dos weblogs e as comunidades do Orkut

como ferramentas pedagógicas, nos cursos de graduação em Medicina, segundo a

perspectiva dos professores. O grupo focal foi realizado em dois encontros com uma

sessão em cada. Os participantes do grupo focal eram cinco professores do

departamento de Psiquiatria e Medicina Legal da Faculdade de Medicina da

Universidade Federal do Rio de Janeiro e no momento do estudo estavam em plena

atividade do curso. A seleção destes professores se deveu ao fato que estes

pertenciam a departamento de Psiquiatria e Medicina Legal que é um dos

colaboradores no desenvolvimento do “Projeto Vivências” e, provavelmente,

compartilham dos mesmos pressupostos do Projeto, no que diz respeito a

importância da valorização dos aspectos subjetivos que permeiam a prática médica

e a relação entre médicos e pacientes.

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78

O convite inicial para a participação do grupo focal realizou-se por meio de

mensagem por correio eletrônico (e-mail) direcionada ao coordenador do

departamento. Após o aceite, por parte do mesmo, iniciou-se, também por meio do

correio eletrônico, o contato com os demais professores para agendar a data e o

local de realização do grupo focal. O conteúdo desta mensagem informava, de forma

clara e resumida, os dados deste pesquisador, o objetivo da pesquisa e as opções

de datas e locais para o agendamento do encontro. A partir das respostas recebidas,

verificou-se que dos cincos professores convidados, somente quatro tinham

disponibilidade para participar do grupo focal, pois um deles estava fora da

universidade neste período. A data e o local escolhido para realização do encontro

foi o dia 08 de abril de 2009, a partir das 12 horas, na sala de aula do Laboratório de

Tecnologias Cognitivas do NUTES, localizado no bloco L do edifício do Centro de

Ciências e Saúde no Campus do Fundão da Universidade Federal do Rio de

Janeiro. Após a escolha da data e do local, foi enviada uma mensagem de correio

eletrônico, confirmando o encontro e indicando uma lista com exemplos de weblogs

e comunidades presentes no Orkut com temáticas relacionadas às psicopatologias.

A disponibilização desses espaços para os professores tinha como principais

objetivos familiarizá-los com a estrutura e funcionamento desses ambientes digitais

e permitir que tivessem acesso aos relatos apresentados pelos pacientes,

possibilitando desta forma que adquirissem um conhecimento prévio sobre o

assunto para facilitar as discussões sobre as possibilidades de uso dessas

ferramentas no processo de aprendizagem.

A lista foi composta por um total de dois weblogs e duas comunidades do

Orkut que fizeram parte do levantamento realizado neste estudo. Para facilitar a

escolha dos recursos foram adotados os seguintes critérios: (a) espaços mantidos

por pacientes, (b) espaços que veiculavam relatos de experiências sobre

psicopatologias, (c) espaços que se apresentavam em maior número durante o

levantamento, e (d) espaços que possuíam a maior quantidade de postagens

(weblogs) ou quantidade de membros (comunidades). No caso dos weblogs, foram

escolhidos os seguintes espaços: “Bipolar... ou, Mente poderosa”53 e “Mais um

53

http://sf-mentepoderosa.blogspot.com/

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79

Diário de mais um bipolar”54. Já no caso do Orkut, foram escolhidas as

comunidades: “Síndrome do Pânico. Tem cura?”55 e “Síndrome do Pânico”56.

Os preparativos para o encontro do dia 08 de abril de 2009 envolveram: a

composição da equipe de apoio do grupo focal composta pelo professor

coordenador do Laboratório de Tecnologias Cognitivas, pelo relator e pelo

moderador (pesquisador responsável), a aquisição dos instrumentos de gravação de

áudio, a redação dos termos de “Consentimento Livre e Esclarecido”57 e “Cessão de

uso de verbalizações”58, a preparação da sala de aula, e a elaboração do roteiro

com as questões relativas aos objetivos da pesquisa, para auxiliar na condução das

discussões.

O roteiro para auxiliar na moderação do grupo focal foi elaborado em três

partes: (1) vivência e experiência com uso da informática e da Internet, (2) narrativa

dos pacientes e formação médica e (3) utilização dos weblogs e do Orkut no curso

de Medicina. Na primeira parte, o objetivo era obter a fala dos participantes sobre a

sua experiência com o uso da informática e da Internet no âmbito pessoal,

profissional e educacional. Na segunda parte, esperava-se que cada participante

apresentasse suas considerações sobre a importância da narrativa dos pacientes na

formação médica e as estratégicas pedagógicas usualmente adotadas para que os

alunos tivessem contato com essa narrativa. Já a terceira, solicitava que cada

professor apresentasse suas considerações e observações pessoais sobre as

possibilidades de utilização dos weblogs e das comunidades do Orkut mantidas por

pacientes durante o processo de aprendizagem.

No dia agendado para a realização do grupo focal, apesar de quatros

professores terem confirmado a presença, somente três docentes compareceram ao

encontro. A sessão durou em torno de cinqüenta minutos. Ao chegarem ao

Laboratório de Tecnologias Cognitivas, os professores foram recebidos pelo

professor coordenador e pelo pesquisador e acomodados ao redor de uma mesa.

Foi solicitado que os professores preenchessem e assinassem os termos

“Consentimento Livre e Esclarecido” e “Cessão de uso de verbalizações”, com o

54

http://maisumbipolar.blogspot.com 55

http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=6678216 56

http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=33690625 57

Termo de “Consentimento Livre e Esclarecido” disponível na página 128.

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80

objetivo de atender às exigências legais para garantir a ética nas pesquisas que

envolvem seres humanos. Em seguida, o professor coordenador iniciou a sessão

apresentando informações sobre o NUTES, o Laboratório de Tecnologias

Cognitivas, o Projeto Vivências (STRUCHINER, 2008) e situando a presente

pesquisa com os outros trabalhos desenvolvidos no laboratório. Além disso, ele

destacou os motivos que levaram a escolha dos professores do departamento de

Psiquiatria e Medicina Legal e da importância da participação destes nesta fase da

pesquisa. Esta etapa do encontro foi de extrema importância para sensibilizar a

participação dos professores.

Após as colocações do professor coordenador, o moderador solicitou aos

participantes que falassem sobre a sua experiência no uso da informática e da

Internet, tanto no contexto pessoal quanto no profissional e educacional. Após as

considerações apresentadas pelos participantes, foi feito o encerramento da sessão,

pois existia uma restrição de horário de um dos participantes que impossibilitou a

continuação da sessão. Aproveitou-se este momento para agendar uma nova data e

horário para um segundo encontro com o objetivo de dar continuidade às

discussões.

O segundo encontro foi realizado no dia 05 de maio de 2009 e teve duração

de 60 minutos. Os participantes do primeiro encontro estavam presentes e a equipe

de apoio foi constituída somente do moderador (pesquisador responsável) e do

relator. O moderador iniciou a segunda sessão do grupo focal recordando os

objetivos da pesquisa e explicando de forma sucinta o conceito e a funcionalidade

do weblog e do Software Social Orkut. Em seguida, foi solicitado que cada

participante fizesse suas considerações pessoais sobre a importância das narrativas

dos pacientes para a formação médica e apresentassem as estratégias pedagógicas

que eles utilizavam nas suas aulas para que os alunos tivessem contato com essa

narrativa. Após as considerações, o moderador realizou uma apresentação rápida

de cada um dos weblogs e das comunidades do Orkut, disponibilizadas

anteriormente, com o objetivo de recordar a estrutura e as dinâmicas de interação

desses espaços e solicitou que os participantes sugerissem possibilidades de uso

dos weblogs e das comunidades durante o processo de aprendizagem. Em seguida,

58

Termo de “Cessão de uso de verbalizações” disponível na página 129.

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81

a sessão foi finalizada. A próxima etapa foi a realização da transcrição das

verbalizações dos dois encontros para que, posteriormente, fosse realizada a

análise do conteúdo das informações coletadas.

4.2.3 Ética em Pesquisa da área da Saúde envolvendo seres humanos

Recentemente, os meios de comunicação vêm abordando as questões

éticas relacionadas às pesquisas sobre testagem de medicamentos, transplantes de

órgãos, estudos do código genético e clonagens. Entretanto, as preocupações com

as questões éticas das pesquisas com seres humanos, de acordo Marziale e

Mendes (2002), não são recentes e começaram a ganhar destaque na comunidade

cientifica a partir da década 40, devido aos crimes de guerras ocorridos durante a

Segunda Guerra Mundial. No Brasil, ainda segundo as autoras, somente na década

de 80, foram instituídas as exigências quanto ao consentimento, à necessidade de

aprovação e ao acompanhamento de protocolos de pesquisas com seres humanos.

No ano de 1996, foi aprovado a Resolução 196 pelo Conselho Nacional de Saúde

(CNS), do Ministério da Saúde, que estabeleceu as Diretrizes e Normas

Regulamentadoras de Pesquisas envolvendo seres humanos que objetivavam a

garantia dos aspectos éticos da pesquisa que envolve seres humanos. Todas as

pesquisas desta natureza devem obedecer às recomendações apresentadas pela

Resolução 196/96 e devem ser submetidas à apreciação de um Comitê de Ética em

Pesquisa (CEP) objetivando a garantia e o resguardo da integridade e dos direitos

dos participantes (MS, 1996).

De acordo com o Ministério da Saúde (1996), estudos desta natureza devem

atender princípios éticos e fundamentais, tais como garantia (1) da autonomia por

meio do consentimento livre e esclarecimento dos indivíduos envolvidos e a

proteção a grupos vulneráveis e aos legalmente incapazes; (2) da beneficência por

meio da ponderação entre riscos e benefícios, tentando garantir o máximo de

benefícios e o mínimo de danos e riscos aos participantes; (3) da não maleficência

buscando evitar os danos previsíveis; (4) da justiça e eqüidade por meio da

relevância social da pesquisa que mostram as vantagens significativas e

minimização do ônus para as pessoas envolvidas.

Page 83: Metodológicos para uma Abordagem da Saúde e da Doença · use for weblogs and Orkut at Medicine courses. Final project (Mastery degree, Education on Sciences and Health) - Núcleo

82

A presente pesquisa, de forma a atender a Resolução 196/96, foi submetida

à apreciação ao Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos do Hospital

Universitário Clementino Fraga Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro,

recebendo parecer favorável para sua realização pelo comitê no dia 23 de março de

2009 e está registrada sobre o número de protocolo 216/08 – CEP59.

4. 3 CONCLUSÃO

Este capítulo apresentou as abordagens metodológicas, os materiais e os

métodos selecionados para realizar o levantamento dos weblogs e das comunidades

do Orkut com o objetivo de identificar aqueles que veiculam assuntos relacionados a

algumas psicopatologias. Os procedimentos metodológicos foram baseados em

alguns princípios da Webometria e da Cibermetrias e tiveram como propósito fazer o

levantamento prévio desses espaços digitais para evidenciar a existência de um

repertório de materiais que podem ser explorados durante o processo de ensino-

aprendizagem.

Discutiu-se sobre as abordagens metodológicas, os materiais e os métodos

para identificar as visões dos professores, do curso de graduação em Medicina,

sobre as possibilidades de utilização dos weblogs e das comunidades do Orkut no

desenvolvimento de atividades pedagógicas no curso de graduação em Medicina.

Desta forma, identificou-se que a técnica de grupo focal seria a mais adequada para

discutir, junto com os docentes, as possibilidades de uso pedagógico das

ferramentas. Além disso, discorreu sobre as questões éticas que permeiam as

pesquisas que envolvem seres humanos.

59

Cópia do parecer sobre o projeto de pesquisa emitido pelo Comitê de Ética está disponível na página 130.

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83

5. ANÁLISE DOS DADOS

Este capítulo apresenta os resultados das análises dos dados coletados no

levantamento dos weblogs e das comunidades do Orkut e nas sessões de grupo

focal com os professores do departamento de Psiquiatria e Medicina Legal,

utilizando as abordagens metodológicas, os materiais e os métodos descritos no

capítulo anterior.

5.1 ANÁLISE E RESULTADOS

5.1.1 Análise e Resultados do levantamento dos weblogs

Os resultados obtidos durante o levantamento produziram um total de 190

weblogs. Destes, 78 blogs foram considerados válidos para o presente estudo60, já

que estes tinham relação com as temáticas da psicopatologia. Ficaram excluídos

aqueles weblogs que: (a) não possuíam relação com as temáticas já citadas, (b) não

apresentavam endereço (URL) válido e (c) não apresentavam as datas das

postagens. A tabela 1 apresenta o número de weblogs encontrados para cada termo

de busca utilizado.

TEMÁTICA TOTAL ENCONTRADO TOTAL SELECIONADO

Saúde Mental 36 27

Psiquiatria 29 21

Transtorno Bipolar 40 16

Esquizofrenia 50 10

Fobia 15 2

Psicose 19 2

Doença Mental 0 0

Síndrome do Pânico 1 0

Transtorno Mental 0 0

TOTAL 190 78

Tabela 1 – Total de weblogs com temática relacionada às psicopatologias.

A análise das informações, referentes ao total de weblogs selecionados,

presentes na tabela 1, mostra a predominância de weblogs que possuem como

60

A listagem contendo os 78 weblogs considerados válidos para este estudo está disponível na página 131.

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84

temática central assuntos relacionados à Saúde mental (n= 27; 34,61%), Psiquiatria

(n=21; 26,92%) e Transtorno Bipolar (n= 16; 20,51%). Cabe destacar que não foi

encontrado nenhum weblog que possuía como tema a Doença Mental e o

Transtorno Mental.

Segundo Sirfy (2006, 2006a), a taxa de atividade dos weblogs é determinada

pela frequência das postagens realizadas pelos seus proprietários. Para que um

blog seja considerado ativo (em funcionamento), ele deve ter recebido pelo menos

alguma postagem em um período inferior ou igual a três meses. Nesta análise, os

espaços considerados ativos, foram os que receberam algum tipo de postagem

entre os dias 27 de julho de 2008 e 27 de outubro de 2008. Os espaços em que não

ocorreram postagens neste período foram classificados como inativos. Dentre os 78

weblogs selecionados para este estudo, somente 30 desses espaços se

encontravam ativos. Isso indica uma taxa de atividade de 38,46%. Cabe destacar

que a maior quantidade de espaços ativos está relacionada ao Transtorno bipolar

(n=11; 36,67%).

Os weblogs selecionados foram classificados segundo o objetivo de sua

criação, conforme apresentado no Gráfico 1. Durante a análise das informações

disponibilizadas nos espaços, foram identificados os seguintes objetivos de criação:

a) Divulgação de serviços: categoria utilizada para identificar os weblogs

criados por instituições e profissionais que atuavam na área da saúde

para divulgação dos seus serviços;

b) Educacional: categoria usada para identificar os espaços que foram

criados por professores e estudantes para o desenvolvimento de

atividades educacionais;

c) Experiência: categoria utilizada para agrupar os weblogs que foram

criados por pacientes e/ou familiares para servir de espaço para

apresentação de relatos;

d) Informação: categoria que identifica os espaços que foram

desenvolvidos exclusivamente para apresentar informações sobre as

psicopatologias.

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85

e) Não definido: quando não foi possível identificar os objetivos de criação

dos weblogs, pois não estavam indicados e não existiam pistas para

que os indicassem.

Quando são analisadas as informações relacionadas ao objetivo da criação

dos weblogs selecionados, é possível verificar o predomínio de espaços voltados

para a veiculação de informações (n=41; 52,56%), para a exposição de experiências

(n=15; 19,23%) e para fins educacionais (n=10; 12,82%). A maior parte dos weblogs

que veiculava informações tinha como temática a Saúde Mental (n=16; 39,02%),

seguido dos que tinham como tema central a Psiquiatria (n=12; 29,27%). Os blogs

que apresentavam experiências possuíam como temática assuntos relacionados ao

Transtorno Bipolar (n=13; 86,67%). Já os que tinham objetivos educacionais eram os

relacionados à Psiquiatria (n=6; 60%).

O Gráfico 2 mostra o perfil dos proprietários dos weblogs selecionados. Após

a análise das informações presentes nos espaços, os blogs foram agrupados

segundo as seguintes categorias:

Ilustração 8 - Objetivo de criação dos weblogs com temáticas relacionadas às psicopatologias

5

3

16

1

22

6

12

11

2

6

13

3

2 2

1

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

Divulgação de

serviços

Educacional Experiência Informação Informação e

Divulgação de

serviços

Não definido

Saúde Mental Psiquiatria Esquizofrenia

Transtorno Bipolar Fobia Psicose

Doença Mental Síndrome do Pânico Transtorno Mental

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86

a) Aluno da área da saúde: categoria criada para identificar os

proprietários que declararam ser estudantes de cursos voltados para a

área da saúde;

b) Aluno da educação básica: categoria utilizada para identificar os

espaços onde as informações apresentadas indicavam que os

proprietários eram estudantes do Ensino fundamental e Médio;

c) Familiar: categoria que agrupa os weblogs criados por pessoas que

possuíam familiares acometidos por alguma das psicopatologias que

fazem parte desta pesquisa;

d) Institucional: categoria que identifica os espaços digitais que foram

criados por instituições voltadas para a área da psicopatologia;

e) Paciente: categoria que agrupa os weblogs criados por pessoas que

foram acometidas por alguma psicopatologia;

f) Professor da área da saúde: categoria usada para agrupar os espaços

criados por pessoas que declararam ser professores de cursos

relacionados à área da saúde;

g) Profissional da área da saúde: categoria que identifica os blogs

concebidos por pessoas que declararam ser profissionais da área da

saúde; e

h) Não especificado: Para agrupar os weblogs onde não foi possível

identificar o perfil dos proprietários, pois não estavam indicados e não

existiam pistas para que os indicassem.

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87

Observando as informações do Gráfico 2, percebe-se a predominância de

weblogs voltados para as psicopatologias mantidas por proprietários que declaram

ser profissionais da área da saúde (n=20; 25,64%), pacientes (n=18; 23,07%) e

instituições da área da saúde (n=14; 17,95%). Já os blogs mantidos por estudantes

(n=7; 8,97%), professores (n=3; 3,85%) da área da saúde ou por ambos (n=1;

1,28%) se apresentam em menor número. Ainda cabe destaque que a maior parte

dos weblogs mantidos por pacientes é a que possui como temática o Transtorno

Bipolar (n=13; 72,22%).

A relação entre o objetivo dos weblogs e o perfil dos seus proprietários é de

muita importância, pois o perfil do proprietário, de acordo Gomes e Lopes (2007),

pode ser uma garantia da credibilidade e da idoneidade dos conteúdos veiculados

nos espaços. Por exemplo, as informações disponibilizadas sobre Transtorno Bipolar

em um weblog mantido por um profissional da saúde tendem a ter mais credibilidade

do que por um espaço mantido por alunos. O resultado da análise61, segundo a

relação objetivo/perfil do proprietário, mostra que os weblogs mantidos por

61

O valor total de weblogs (n=65) apresentado nesta análise não corresponde ao total dos espaços que fizeram parte deste estudo. Pois, foram excluídos aqueles onde não foi possível identificar o objetivo de criação ou o perfil dos seus proprietários.

Ilustração 9 - Perfil dos proprietários dos weblogs com temáticas relacionadas às psicopatologias

1

13

1 11 1

2

1

5

1 11 1

5

3

1

2

9

1

2

10

1 1

10

3

0

2

4

6

8

10

12

14

Aluno da área

da Saúde

Aluno da

Educação

básica

Familiar Institucional Paciente Paciente e

Familiar

Professor da

área da saúde

Professor e

aluno da área

da saúde

Profissional

da área da

saúde

Não

especificado

Transtorno Bipolar Esquizofrenia Fobia

Psicose Psiquiatria Doença Mental

Saúde Mental Síndrome do Pânico Transtorno Mental

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88

profissionais da área da saúde e por pacientes para vincular, respectivamente,

informações (n= 17; 26,15%) e experiências (n=14; 21,54%) vivenciadas sobre a

doença e tratamento se apresentam em maior número. Ainda cabe destacar que, o

número de weblogs com objetivo educacional (n=5; 7,69%) criados por alunos da

área da saúde é superior aos dos criados por professores (n=2; 3,08%).

5.1.2 Análise e Resultados do levantamento das Comunidades do Orkut

Nas buscas, com o objetivo de levantar as comunidades do Orkut, localizou-

se um total de 362 comunidades. Sendo que destas, somente 187 comunidades

foram consideradas neste estudo62. As comunidades excluídas foram aquelas que:

(a) não apresentavam relação com as temáticas desta pesquisa, ou (b) não

apresentavam endereços de internet (URL) válidos, ou (c) não possuíam nenhuma

postagem nos fóruns de discussão. As informações coletadas nas buscas,

referentes à quantidade de comunidades, são apresentadas na tabela 2.

TEMÁTICA TOTAL ENCONTRADO TOTAL SELECIONADO

Síndrome do Pânico 118 55

Transtorno Bipolar 88 41

Psiquiatria 52 36

Saúde Mental 64 30

Fobia 28 17

Esquizofrenia 11 7

Transtorno Mental 1 1

Doença Mental 0 0

Psicose 0 0

TOTAL 362 187

Tabela 2 – Total de comunidades do Orkut com temática relacionada às psicopatologias.

Verifica-se na análise dos dados presentes na tabela 2, referentes à

quantidade de comunidades do Orkut selecionadas, a predominância das que

possuem como tema a Síndrome do Pânico (n=55; 29,41%), Transtorno Bipolar

(n=41; 21,93%) e Psiquiatria (n=36; 19,25%). Ao comparar o levantamento dos

weblogs (tabela 1) e das comunidades, percebe-se a maior presença de

comunidades do Orkut relacionadas às temáticas das psicopatologias.

62

A listagem contendo as 187 comunidades do Orkut consideradas válidos para este estudo está disponível na página 133.

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89

Para analisar a taxa de atividade (funcionamento) das comunidades do

Orkut, utilizou-se dos mesmos parâmetros, adotados por Sirfy (2006, 2006a), para

análise do funcionamento dos weblogs, pois não foi possível identificar um método

específico voltado para as comunidades. Das 187 comunidades do Orkut

selecionadas como válidas para esta pesquisa, somente 110 delas (58,82%)

estavam em funcionamento. O maior número de comunidades que se apresentam

ativas eram as tinham como temática a Síndrome do pânico (n=28; 25,45%), a

Psiquiatria (n=24; 21,82%) e o Transtorno Bipolar (n=23; 20,91%). Para efeito de

análise, assim como no caso dos weblogs, as comunidades consideradas ativas,

foram aquelas que receberam algum tipo de postagem entre os dias 27 de julho de

2008 e 27 de outubro de 2008 e, consequentemente, aquelas que não receberem

postagens neste período foram consideradas inativas.

De forma semelhante aos weblogs, as comunidades do Orkut selecionadas

foram classificadas de acordo com o seu objetivo de criação. Diante da análise das

informações presentes nas comunidades, foi possível classificá-las em seis

diferentes categorias:

a) Divulgação de serviços: categoria utilizada para identificar as

comunidades mantidas de instituições e profissionais que atuam na

área da psicopatologia para divulgar informações sobre seus serviços;

b) Educacional: categoria usada para identificar as comunidades que

foram criadas por professores e estudantes para o desenvolvimento de

atividades educacionais;

c) Experiência: categoria utilizada para agrupar as comunidades que

foram criadas por pacientes e/ou por seus familiares para apresentar

os relatos relacionados às pscicopatologias;

d) Informação: categoria que identifica as comunidades que foram

desenvolvidas exclusivamente para apresentar informações sobre as

psicopatologias.

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90

e) Não definido: quando não foi possível identificar os objetivos de criação

das comunidades, pois não estavam indicados e não existiam pistas

para que os indicassem.

O Gráfico 3 apresenta as informações referentes ao objetivo de criação das

comunidades do Orkut voltadas para as psicopatologias. A análise das suas

informações mostra o predomínio de comunidades criadas para veicular

exclusivamente informação (n=79; 42,25%), tanto informação quanto relatos de

experiência (n=50; 26,74%) e exclusivamente relatos de experiência (n=33; 17,65%)

sobre as psicopatologias. Ainda cabe destacar que, as comunidades criadas com

objetivo educacional relacionadas às psicopatologias (n=2; 1,07%), se apresentavam

em menor número. A maior parte das comunidades que veiculava exclusivamente

informação tinha com temática a Psiquiatria (n=24; 30,38%). As comunidades que

apresentavam exclusivamente relatos de experiência possuíam com tema central

assuntos relacionados ao Transtorno Bipolar (n=12; 36,36%). Já as que tinham

como objetivo veicular tanto informação quanto relatos de experiência eram as

relacionadas à Síndrome do Pânico (n=27; 54%).

9

2

24

1

6

1 1

19

2

11

12

17

10

11

11

14

27

2

1

3 3

1

6

2

8

1

0

5

10

15

20

25

30

Divulgação de serviços Educacional Experiência Informação Informação e

Experiência

Não definido

Psiquiatria Saúde mental Transtorno bipolar

Síndrome do pânico Esquizofrenia Fobia

Doença mental Psicose Transtorno mental

Ilustração 10 - Objetivo de criação das comunidades do Orkut com temáticas relacionadas às psicopatologias

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91

O Gráfico 4 apresenta o perfil dos proprietários das comunidades existentes

no Orkut, voltadas respectivamente para as temáticas relacionadas às psicologias.

As comunidades foram agrupadas segundo as seguintes categorias:

a) Aluno da área da saúde: categoria criada para identificar os

proprietários que declararam ser estudantes de cursos voltados para a

área da saúde;

b) Familiar: categoria que agrupada as comunidades que foram criadas

por pessoas que possuem familiares acometidos por alguma das

doenças que fazem parte desta pesquisa;

c) Institucional: categoria que identifica comunidades que foram criadas

por instituições voltadas para a área da psicopatologia;

d) Paciente: categoria que agrupa as comunidades pertencentes a

pessoas que estavam ou foram acometidas por alguma psicopatologia;

e) Professor da área da saúde: categoria usada para agrupar as

comunidades mantidas por pessoas que declararam ser professores de

cursos relacionados à área da saúde;

f) Profissional da área da saúde: categoria que identifica as comunidades

concebidas por pessoas que declararam ser profissionais da área da

saúde;

g) Voluntário: categoria para agrupar as comunidades onde os seus

proprietários declararam ser solidários as causas relacionadas às

psicopatologias;

h) Não especificada: Para agrupar as comunidades onde não foi possível

identificar o perfil dos proprietários, pois não estavam indicados e não

existiam pistas para que os indicassem.

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92

Os dados disponibilizados no gráfico 4, que apresentam o perfil dos

proprietários das comunidades voltadas para as psicopatologias, mostram que a

maior parte dos espaços digitais foram criados por pacientes (n=63; 33,69%) e

profissionais da área da saúde (n=45; 24,06%), enquanto as comunidades mantidas

por estudantes (n=2; 1,07%) e professores (n=1; 0,53%) se apresentam em menor

número. As comunidades, mantidas por pacientes, que se apresentam em maior

quantidade são as que possuem como temática os assuntos referentes à Síndrome

do Pânico (n=32; 50,79%) e ao Transtorno Bipolar (n=18; 28,57%).

Assim como no caso dos weblogs, a relação entre o objetivo de criação e

perfil dos proprietários das comunidades presentes no Orkut é de grande

importância, pois, partindo dos mesmos pressupostos adotados por Gomes e Lopes

(2007) para análise dos weblogs, a identificação do perfil dos proprietários das

comunidades pode ser uma garantia da credibilidade e da idoneidade dos conteúdos

Ilustração 11 - Perfil dos proprietários das comunidades do Orkut com temáticas relacionadas às

psicopatologias

1 1

32

7

1

13

6

18

5

12

10

7

9

3

18

6

1 1 1

4

1

6

1

14

8

1

0

5

10

15

20

25

30

35

Aluno da área da

saúde

Familiar Institucional Paciente Professor da área

da saúde

Profissional da

área da saúde

Voluntário Não especificado

Síndrome do Pânico Transtorno Bipolar Fobia

Psiquiatria Doença Mental Esquizofrenia

Psicose Saúde Mental Transtorno Mental

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93

veiculados nesses espaços. Os resultados da análise63 da relação entre objetivo e

perfil do proprietário mostram que as comunidades que se apresentam em maior

quantidade são aquelas mantidas por profissionais da área da saúde e por

pacientes. No caso das mantidas por profissionais da saúde, elas são utilizadas para

veicular informação sobre as doenças (n=32; 23,70%). Já no caso dos pacientes, as

comunidades são utilizadas para apresentar tanto as informações quanto as

experiências vivenciadas com as doenças (n=24; 17,78%); para veicular somente os

relatos de experiências (n=21; 15,56%); para apresentar somente informações

(n=18; 13,33%) sobre as doenças. Cabe destacar que, durante a análise não foi

possível identificar comunidades criadas com objetivo educacional mantidas por

professores ou alunos da área da saúde.

5.1.3 Análise e Resultados sobre as contribuições dos weblogs e das

comunidades do Orkut ao processo de aprendizagem na perspectiva dos

professores

A partir da análise das verbalizações coletadas, foi possível identificar sete

núcleos temáticos que conduziram as discussões no grupo focal: (1) conhecimento e

uso dos recursos computacionais e da Internet, (2) relação entre a formação médica

e a subjetividade, (3) relação entre a prática médica e a subjetividade, (4) estratégias

pedagógicas utilizadas, (5) aspectos positivos no uso das tecnologias, (6) aspectos

negativos no uso das tecnologias, e (7) possibilidades do uso dos weblogs e do

Orkut. Como se pode perceber, as questões apresentadas foram abrangentes,

extrapolando questionamentos pontuais sobre as contribuições dos weblogs e do

Orkut para o processo de aprendizagem. Entretanto, elas se mostraram essenciais

para a compreensão da visão dos docentes sobre de que forma essas ferramentas

podem contribuir para a valorização das questões subjetivas e da narrativa dos

pacientes na formação médica e nas práticas clínicas, sobre suas práticas de ensino

e sobre a utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) na

educação.

63

O valor total de comunidades do Orkut (n=135) apresentado nesta análise não corresponde ao total dos espaços que fizeram parte deste estudo. Pois, foram excluídos aqueles onde não foi possível identificar o objetivo de criação ou o perfil dos seus proprietários.

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94

1) Conhecimento e uso dos recursos computacionais e da Internet

Todos os professores que participaram do grupo focal, em geral, fazem uso

dos recursos computacionais da Internet para realização de atividades profissionais

e acadêmicas e dois deles declaram ter dificuldades para o manuseio das

ferramentas. Apesar de somente um professor declarar que faz uso das ferramentas

de informação e comunicação da Web 2.0. e que acredita nos ganhos que essas

ferramentas podem trazer para o processo de aprendizagem, todos reconheceram

as possibilidades de interação e socialização ofertadas pelos recursos da Internet.

A minha história com o computador e a Internet começa assim, quando eu era mais nova tinha muito medo do computador. Eu sempre tive a sensação de ele ia explodir quando eu apertasse alguma tecla. Era um pensamento mágico. Até hoje, eu tenho medo, mas agora o medo é bem menor. Pois, na vida acadêmica você tem que lidar com o computador. Quando eu fiz o mestrado e o doutorado, comecei a utilizar o computador. A Internet, comecei a utilizar um pouco mais tarde. Basicamente, utilizo e-mail, faço pesquisas no Google, nos periódicos CAPES e em alguns sites. Mas, nunca utilizei blog ou entrei no Orkut. (Fala do professor A)

Eu me considero jurássico para mexer em computador. Tive uma resistência enorme. Minha tese de mestrado, eu fiz a mão e outra pessoa digitou o texto. Comecei a usar computador no doutorado somente para pesquisa acadêmica. A partir deste momento, curiosamente, abriu um novo mundo para mim... Eu comecei a ver que o computador poderia ser uma ferramenta bastante útil, inclusive para o ensino. Eu e o professor A estamos desenvolvendo um trabalho informal, onde utilizamos o computador e a Internet para discussão de diferentes textos e questões. (Fala do professor B)

2) Relação entre a formação médica e a subjetividade

Durante as discussões, foi apresentada uma questão de grande relevância

no que se refere à formação médica e à subjetividade. Segundo um dos

participantes, na Medicina não existe espaço para tratar de questões referentes à

subjetividade e ao sofrimento, já que o seu principal objetivo é o tratamento dos

aspectos físicos relacionados à doença.

Nós falamos desse negócio da inserção da subjetividade no campo da Medicina... Se isso é possível ou não, é uma questão complicada... a questão é como incluir, dentro desse modelo médico hegemônico, algo que diz respeito ao sofrimento, à angústia e à dor. O médico é treinado para estudar a lesão, a encontrar a doença. O curso médico é para isso. É assim que os livros ensinam os alunos... Por isso, a Medicina, metodologicamente e epistemologicamente, precisa ser como o conhecimento científico e não tem como ser de outro jeito... (Fala do professor B)

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Mas, todos eles reconhecem a importância de trabalhar as questões

referentes à subjetividade com o objetivo de formar médicos sensíveis aos

sentimentos, às sensações e às vivências trazidas pelos pacientes, conforme

apresentado na fala abaixo:

Você vai chegar no paciente e o paciente vai ser melhor tratado, por um aluno mais sensível, um médico melhor, mais bem informado... (Fala do professor C)

Os professores relatam que, durante o processo de formação dos alunos

que cursam a graduação em Medicina, são raros os momentos reservados para a

discussão das questões referentes a sensações e sentimentos dos alunos e dos

pacientes. Então, por isso, os professores, que participaram do grupo focal, têm a

preocupação em ofertar, durante o andamento dos seus cursos, oportunidades para

que os alunos reflitam sobre os aspectos subjetivos do adoecimento e tomem

consciência de que o adoecer ultrapassa as sensações físicas e envolve aspectos

emocionais. A preocupação não é somente criar oportunidades para tratar as

questões relacionadas às sensações e experiências dos pacientes, mas, também,

às dos alunos, já que os professores partem do pressuposto que o médico somente

terá condição de lidar com a subjetividade dos pacientes, se ele conseguir lidar com

as sua própria, conforme a fala destacada a seguir:

Eu imagino que a única forma de uma pessoa se aproximar da subjetividade de outra é quando ela tenta se aproximar, minimamente, da sua própria. (Fala do professor B)

3) Relação entre a prática médica e a subjetividade

Assim como no contexto da formação, na prática médica também não

existem espaços para as questões emocionais e sentimentais, sejam elas

relacionadas ao paciente ou ao médico. Muitas das vezes, a valorização da

subjetividade ocorre para atender as demandas dos pacientes. Além disso, cabe

destacar que tais situações exigem muito mais trabalho e mais demandas

emocionais por parte do médico.

... [A formação médica] é diferente da prática médica, onde os pacientes exigem de seus médicos um algo a mais. Essa contradição, quer dizer, esse atrito, esse conflito, essa faísca, até pode sair coisa, mas

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metodologicamente e epistemologicamente falando, é uma tarefa impossível. O médico é treinado a estudar a lesão, a encontrar a doença. (Fala do professor B)

...há uns 15 dias, duas alunas me perguntaram como é que elas faziam para ficarem menos tristes com os casos que estavam vendo nas enfermarias. Respondi: Não tem como ficar menos triste... Disse que era uma escolha pessoal, que tinham que ver qual era o modelo para elas de boa prática médica, que realmente se envolver é muito difícil sim, que a tendência da gente é virar poste... Mas talvez, entre virar poste, e aquele que chora a toda a hora, faz carinho, passa a mão na cabeça [do paciente]... Tem aí um meio termo que você consegue. (Fala do professor C)

Não há como afirmar que os médicos não se deixam envolver

emocionalmente com determinadas situações vivenciadas por seus pacientes, já

que eles são seres humanos e tais aspectos fazem parte da natureza humana. Mas,

para que possam dar continuidade ao seu trabalho, alguns médicos acabam

desenvolvendo estratégias para encontrar o equilíbrio entre o emocional e o

racional. Tais estratégias têm como objetivo evitar o envolvimento demasiado com

as sensações, as emoções e os sentimentos apresentados pelos pacientes que

possam comprometer o trabalho do médico.

... acho muito importante a noção de que o médico também é humano... Tem alguns casos, que a gente se identifica demais, que é difícil, entende? Que a gente vira poste, encaminha para outro médico e até chora... Quando a gente chora e faz cafuné... Quando a gente não devia ter essa atitude... Mas isso não devia ser a regra, a gente tem que buscar um equilíbrio... (Fala do paciente A)

Estamos agindo do mesmo jeito da outra vez, você está perguntando se a narrativa dos pacientes é importante e a gente vem falando de novo dos alunos e dos médicos... Não é uma coisa tão estanque assim... Porque senão vira a análise de narrativa do paciente com um olhar distante, como se aquilo não tocasse o médico de modo algum. Esse é o problema! Não tem como a gente ouvir essa subjetividade toda e ficar na nossa natureza. (Fala do professor B)

Apesar de os professores reconhecerem limitações da valorização da

subjetividade na prática médica, eles destacam que ela pode trazer ganhos

significativos. Os professores consideram que a valorização pode servir como fator

de motivação para os pacientes, principalmente os que possuem doenças crônicas,

para darem continuidade aos tratamentos sugeridos. Além disso, o estreitamento

das relações entre médicos e pacientes pode trazer diferentes ganhos como, por

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exemplo, permitir que o médico tenha acesso às informações apresentadas pelo

paciente que em outras situações não seriam facilmente percebidas.

[Com a ausência da subjetividade]... você perde a relação com o seu paciente, você perde o controle sobre ele. O paciente de uma doença crônica vai parar de tomar medicação. Acho que, principalmente, no consultório é uma questão de sedução. Na verdade, você tem que fazer os pacientes voltarem [ao consultório], não é? Além da questão da sedução, tem a coisa, também, de que se você não seduzir o paciente para um tratamento, ele não se tornará um co-piloto e o tratamento não irá funcionar... (Fala do professor A)

4) Estratégias pedagógicas utilizadas

De acordo com os depoimentos dos professores, as estratégicas utilizadas

para tratar sobre as questões referentes à subjetividade são bastante variadas.

Apesar de cada professor ter a liberdade de utilizar a estratégia que acredita ser a

mais adequada, todos reconhecem que o uso de linguagens midiáticas (filmes,

teatro, artes plásticas, músicas, etc.) podem contribuir significativamente para a

sensibilização dos alunos para as questões das emoções, dos sentimentos, das

sensações que fazem parte do processo de adoecimento.

A linguagem artística permite que você exercite de algum modo esta questão da subjetividade. Seja no conto, seja no teatro... Até mesmo nas artes plásticas e na música. Essas linguagens podem até não serem tão diretas quanto o teatro e a literatura... Mas com as artes plásticas e a música você também pode de algum modo se colocar no lugar do outro. (Fala do Professor C)

As principais estratégias adotadas por esses professores são: uso de filmes

que tratem sobre a subjetividade no processo de adoecimento, de textos fictícios, de

relatos de pacientes, de debates sobre questões clínicas, de relatos vivenciados

pelo professor, de casos clínicos, de filmes produzidos pelos alunos, de aulas

conceituais com uma abordagem antropológica, e das próprias experiências

vivenciadas pelos alunos nas enfermarias do Hospital Universitário. Independente

das estratégias utilizadas, os professores têm como principal objetivo levar os alunos

a questionarem e refletirem sobre os aspectos subjetivos que permeiam o adoecer.

... existem filmes ótimos como “Mar Aberto” e “O Escafandro e a Borboleta” que apresentam muitas questões para discussão. Acho que isso gera uma coisa interessante para os alunos... No momento que estão vendo o filme

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ou uma peça de teatro imbuídos do papel de médico, aquilo entra de outra maneira... Já quando vai um paciente falar na sala de aula da sua experiência como doente, os alunos não precisam entrevistá-lo, eles não são médicos naquele momento. Aquilo causa um impacto emocional mais forte... Mas, além de tudo isso, o que eu acho que funciona mesmo é a discussão de casos em que os alunos falam das suas experiências, além do ofício médico, da aprendizagem, da técnica, da habilidade... Abrir espaços para eles falarem como é complicado acompanhar pacientes todos os dias... As pessoas internadas no HU são pacientes muito graves, o que gera uma exigência emocional muito grande. É um trabalho muito difícil, muito delicado para qualquer pessoa, ainda mais com 20 e 21 anos de idade... (Fala do Professor B)

5) Aspectos positivos no uso das tecnologias da Web 2.0

Apesar de alguns professores, inicialmente, apresentarem resistência ao uso

dos weblogs e do Orkut como mais uma estratégia de aproximação entre os alunos

e a subjetividade dos pacientes, todos reconhecem que estes são recursos que

podem trazer contribuições ao processo de aprendizagem. Entretanto, eles frisam

que estas não podem ser usadas como a única estratégia.

... [O weblog e o Orkut] são ferramentas, que eu acho que acabam ajudando, desde que você tenha esta disposição, mas tem que ter mais alguma coisa. São ferramentas, mas elas não substituem a interação... (Professor C)

Os professores destacam que, por fazer parte do cotidiano da maioria dos

alunos e estes terem domínio no manuseio dessas ferramentas, a inserção desses

recursos no contexto educacional pode ser vantajosa. Além disso, destacam que os

alunos já utilizam outras Tecnologias de Informação e Comunicação para a

realização de atividades como, por exemplo, a produção de filmes para os trabalhos

de conclusão do curso e o uso das listas de e-mail para discussão de temáticas e o

intercâmbio de materiais. Segundo estes professores, a inserção de diferentes

mídias no contexto educacional, por exemplo, a produção de filmes para os

trabalhos escolares, motiva os alunos a participar das aulas e a realizar as

atividades propostas e, além disso, melhoram a relação entre docentes e discentes.

O Professor B sugeriu de usarmos mais audiovisual e propormos aos alunos que apresentassem os trabalhos no final do curso utilizando fragmentos de filmes... Os alunos pegaram os filmes pela Internet, fizeram a edição e produziram um novo material... Eles próprios usaram a cena do filme para discutir a teoria. (Professor A)

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99

Em relação às percepções dos professores sobre o uso pedagógico dos

weblogs e das comunidades do Orkut, eles declaram que provavelmente esses

espaços digitais podem permitir que os alunos tenham acesso, segundo o ponto de

vista dos pacientes, à vivência do adoecer e às implicações de estar doente. Cabe

ainda destacar que, segundo os professores, esses espaços trazem a sensação de

depoimentos menos distanciados da realidade e com uma linguagem menos

romanceada do que as apresentadas nos textos fictícios, livros biográficos e filmes.

Tem alguns exemplos que nós falamos da outra vez, como os livros autobiográficos de pessoas acometidas por doenças... (Professor A)

Mas, eu tenho a impressão que nos weblogs e nas comunidades do Orkut a coisa é mais viva do que no livro. Porque o livro já é um processo de reflexão... Uma coisa mais romanceada. (Professor C)

6) Aspectos negativos no uso das tecnologias da Web 2.0

Durante a análise das falas dos professores, foi possível perceber alguns

aspectos que indicam dificuldades na utilização pedagógica das ferramentas da Web

2.0 no contexto da formação médica.

Dentre estes aspectos, pode-se citar a falta de conhecimento, a não

familiaridade com o uso dos weblogs e do Orkut e a crença de que a utilização das

ferramentas impossibilitará o acesso aos aspectos emocionais e subjetivos e,

consequentemente, dificultará a aproximação dos alunos com a vivência do

adoecimento dos pacientes e entre professores e alunos.

Eu tenho que confessar que eu sou um pouco alérgico a essas coisas [Orkut, weblogs e MSN] porque você perde muito tempo. (Professor A)

Se a gente está tratando de humanização, e humanização implica em sensorialidade, em cheiro e ir com a cara do outro. Tem que bater com o santo, tem que cruzar o santo ou não cruzar o santo. Como é que se cruza santo via internet?... Como é que vai com a cara do outro, ou não vai? Como é que a gente vai utilizar, se é que é o caso, um sistema como esse, para facilitar o ensino, para fortalecer o ensino, para que o estudante perceba que ele e os doentes são gentes... Isso não é uma contradição? (Fala do professor B)

Além disso, os professores apresentaram questões relevantes que devem

ser consideradas como pontos importantes para a implementação de estratégias de

aprendizagens mediadas por tecnologias. Nas suas falas, os professores dizem que

muitas das vezes não se sentem à vontade para utilizar determinadas abordagens

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pedagógicas. Eles destacam que o uso de técnicas e estratégias que não são

familiares aos professores pode comprometer a aprendizagem dos alunos.

... algumas pessoas defendem que o professor tem que saber de tudo, não é? Você tem que dominar todas as linguagens... Estamos falando de seres humanos.... Os professores também são humanos... Tem técnicas que a gente domina melhor. Qualquer trabalho bonito funciona... Se você faz uma coisa direito... Os alunos vão gostar, vão aprender... Se você tentar dominar todas as técnicas, muitas vezes você fica falso e fraudulento. Os alunos não são burros, são muito inteligentes, eles percebem quando você não dá conta, e neste caso são extremamente cruéis... Acho que o professor dá melhores aulas quando ele está à vontade... Mas, tem gente que tenta impor teorias educacionais e dizem que o professor tem que saber tudo. O professor é humano, gente... Na teoria tudo é lindo, mas na prática muitas das vezes não funciona... (Fala do professor A)

7) Possibilidades do uso dos weblogs e do Orkut.

Apesar de os professores reconhecerem as possíveis vantagens da inserção

das ferramentas da Web 2.0 no processo de aprendizagem, durante as discussões,

eles apresentaram dificuldades de apontar possibilidades para a utilização

pedagógica dos weblogs e do software social Orkut no processo de ensino-

aprendizagem.

Entretanto, no processo de análise das informações, identificaram-se três

propostas para inserção pedagógica das ferramentas. Uma das propostas

apresentadas era o uso dos espaços como repositório de informação. Neste caso,

foram sugeridas duas possibilidades, a primeira era que os weblogs e as

comunidades do Orkut fossem utilizadas como fonte bibliográfica para a realização

de atividades e trabalhos. A segunda era que se realizasse um levantamento prévio

dos weblogs e comunidades do Orkut, relacionadas às temáticas a serem

estudadas, para que os endereços desses espaços fossem disponibilizados para os

alunos como fonte de consulta.

Cada grupo de alunos escolhe um tema sobre qual eles querem trabalhar: eutanásia, câncer de mama, vocação médica e anorexia... os weblogs e as comunidades do Orkut podem ser usadas como bibliografias dos trabalhos dos alunos... (Professor B) Essas comunidades e os blogs podem ter materiais interessantes, nós poderíamos indicá-las para alunos... Indicar os links de alguns desses espaços para que eles possam utilizá-los como fonte de consulta. Seria uma possibilidade... (Professor C)

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Os professores sugeriram, também, que o software social Orkut seja

utilizado como espaço de debate. Neste caso, seria construída uma comunidade,

onde os alunos seriam estimulados a discutir algumas temáticas tratadas na sala de

aula. Além disso, foi proposto o uso dos weblogs e das comunidades como espaço

Experiencial ou Vivencial. Neste caso, os recursos digitais seriam utilizados para

oferecer oportunidades para que os alunos compartilhem entre si as suas

experiências com os pacientes e os seus sentimentos, suas sensações, suas

angústias e seus anseios relacionados à formação e à prática médica.

No caso do Orkut, seria interessante criar uma comunidade para discutir tópicos abordados em sala de aula... Até mesmo a criação de uma comunidade que fosse um espaço que permitisse aos alunos trocar experiências entre eles de forma mais tranqüila... (Professor C)

A análise dos dados apresentou um panorama geral da distribuição de

weblogs e comunidades do Orkut, em língua portuguesa, que veiculam assuntos

relacionados às psicopatologias, do perfil das pessoas que tomaram iniciativa para

construção e dos motivos que levaram a criação desses espaços. Além disso,

permitiu ter acesso à visão dos professores sobre as contribuições dos weblogs e

das comunidades para o desenvolvimento de atividades pedagógicas, no curso de

Medicina, que valorizem as questões subjetivas no processo de adoecimento e na

prática médica.

5.2 CONCLUSÃO

Este capítulo apresentou os resultados das análises dos dados coletados no

levantamento dos weblogs e das comunidades do Orkut que objetivou identificar os

espaços digitais, que veiculavam assuntos relacionados a algumas psicopatologias,

com o propósito fazer o levantamento prévio desses espaços para evidenciar a

existência de um repertório de materiais que podem ser explorados pelos

professores do departamento de Psiquiatria e Medicina Legal.

Ele ainda apresentou os resultados das análises das informações obtidas

nas sessões do grupo focal, que permitiram compreender a percepção dos

professores deste departamento sobre suas práticas de ensino e sobre a utilização

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das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) no contexto educacional e

identificar a visão desses docentes sobre de que forma os weblogs e o Orkut podem

contribuir para a valorização das questões subjetivas e da narrativa dos pacientes na

formação e na prática médica.

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103

6. DISCUSSÃO SOBRE OS RESULTADOS E CONCLUSÃO

Este capítulo discute os resultados obtidos no levantamento dos weblogs e

das comunidades do Orkut e nas sessões de grupo focal com os professores do

departamento de Psiquiatria e Medicina Legal. Em seguida, apresenta as

considerações finais do estudo, quanto à validade das abordagens metodológicas,

dos materiais e dos métodos utilizados e dos resultados obtidos, como forma de

identificar a existência de blogs e comunidades, que possuem temáticas

relacionadas às psicopatologias, que podem ser utilizadas como recursos de

aprendizagem, além de destacar as contribuições do uso dessas ferramentas,

segundo a visão dos professores, para o processo de aprendizagem nos cursos de

graduação em Medicina.

6.1 DISCUSSÃO SOBRE OS RESULTADOS

A presente pesquisa identificou a presença de weblogs e comunidades

criadas no Orkut que possuíam temáticas relacionadas as psicopatologias,

objetivando comprovar a existência de um repertório de recursos disponibilizados na

Internet que poderiam ser utilizados como ferramentas de aprendizagem em

atividades que tivessem como foco principal a valorização da subjetividade na

formação do médica. Além disso, buscou discutir as contribuições que esses

recursos, a partir da visão dos professores do departamento de Psiquiatria e

Medicina Legal, poderiam proporcionar para o processo de aprendizagem nos

cursos de graduação em Medicina.

Na primeira parte deste estudo, realizou-se um levantamento para identificar

e classificar comunidades do Orkut e weblogs que veiculavam assuntos referentes

às psicopatologias. Foi identificado um total de 78 blogs e de 187 comunidades que

tratavam sobre essa temática. Diante dos mais 36 milhões de weblogs64, presentes

na Internet, e das 60 milhões de comunidades existentes no Orkut65, é possível

perceber que a presença destes tipos de espaços é proporcionalmente muito

64

Sirfy (2006, 2006a). 65

Spertus (2008).

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104

pequena. Talvez a inclusão de outros termos para a realização das buscas e de

espaços que utilizam outros idiomas como, por exemplo, inglês e espanhol, possam

apresentar resultados mais satisfatórios.

Os resultados, também, mostraram que dos 78 weblogs analisados somente

30 estavam em funcionamento. Isto demonstra que a taxa de atividade (38,46%)

deste tipo de espaço é bastante reduzida. De acordo com Gurzick e Lutters (2006),

muitos podem ser os fatores que podem acarretar o abandono (inatividade) de

espaços digitais, tais como a descoberta de novas ferramentas e eventos que

impeçam as pessoas terem acesso à ferramenta como, por exemplo, mudança de

endereço, emprego e falecimento.

Os dados mostraram que 110 das comunidades analisadas estavam em

funcionamento. Isto é, das 187 comunidades, somente 58,82% estavam ativas.

Mesmo não sendo uma taxa de atividade relativamente alta, isso indica que no caso

das comunidades, a taxa é superior a dos blogs. A maior presença de comunidades

em funcionamento, provavelmente, está relacionada às maiores facilidades e

possibilidades que o Orkut oferece para criação de comunidades e para interação e

comunicação quando comparadas com as oferecidas pelos weblogs.

Apesar dos resultados referentes à quantidade de espaços encontrados e à

taxa de atividade dos mesmos, ao primeiro momento, parecerem insatisfatórios, não

se pode negar a existência de weblogs e comunidades que tratam sobre as

psicopatologias que podem ser utilizadas como mais um recurso de aprendizagem

no curso de formação médica.

Ainda discutindo sobre os resultados obtidos na análise dos dados coletados

no levantamento dos weblogs e das comunidades do Orkut, foi percebida a maior

presença de espaços mantidos por pacientes e profissionais da área da saúde. Dos

78 weblogs analisados, 20 deles (25,64%) foram criados por profissionais da área da

saúde e 18 (23,08%) criados por pacientes. Das 187 comunidades pesquisadas, 45

delas (24,06%) foram criadas por profissionais da área da saúde e 63 (33,69%)

criadas por pacientes. Essas informações corroboram com as afirmativas de alguns

autores, Manhattan Research (2007), Furtuoso et al (2007), Garbin et al, (2008) e

McCosker, (2008), sobre o aumento do interesse de médicos em veicularem

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informação sobre saúde na Internet; e de pacientes por novas possibilidades de

interação e compartilhamento, objetivando a troca de informação sobre as

psicopatologias e os tratamentos e a busca de novas formas e espaços para

expressar sentimentos, angústias, medos e experiências sobre o adoecer. Os

resultados mostraram, também, a existência de um número reduzido de weblogs

(n=3; 3,85%) e de comunidades do Orkut (n=1; 0,53%) criados por professores da

área da saúde. Este número reduzido de participação de professores nestes

espaços, quando comparados aos de pacientes e de profissionais da área da saúde,

deve ser ocasionado pela falta de conhecimento e familiaridade com o manuseio das

ferramentas de comunicação da Web 2.0, conforme observado durante a análise

dos dados coletados no grupo focal com os professores.

A segunda parte da pesquisa buscou-se identificar, na perceptiva dos

professores do departamento de Psiquiatria e Medicina Legal, as possíveis

contribuições dos weblogs e das comunidades do Orkut no desenvolvimento de

estratégias de aprendizagem que valorizem os aspectos subjetivos que permeiam a

prática médica. Apesar dos questionamentos apresentados aos professores

extrapolarem o contexto de processo educacional, eles se mostraram essenciais

para a compreensão de que forma essas ferramentas podem contribuir para a

valorização das questões subjetivas e da narrativa dos pacientes na formação

médica e nas práticas clínicas.

Os resultados, obtidos durante a análise dos dados coletados junto aos

professores, indicaram que sendo a prática médica uma relação que envolve seres

humanos (médicos e pacientes) é quase ou até mesmo impossível dissociar a

subjetividade do exercício da Medicina, já que os sentimentos, as sensações e as

experiências vivenciadas fazem parte de todas as relações humanas (FERNANDES,

1993; SILVA; ROCHA, 2008). Na perspectiva destes professores, diferentes fatores

podem dificultar a abertura de espaços e momentos para trabalhar a questão da

subjetividade na Medicina. Dentre eles, pode-se citar a exigência de maior

disponibilidade de tempo e demanda emocional por parte dos médicos para lidarem

com essas questões durante o atendimento aos seus pacientes, além da

necessidade de criação de artifícios para preservarem a sua saúde psíquica e

emocional, diante de situações vivenciadas, durante o acompanhamento dos

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pacientes (FERNANDES, 1993; NOGUEIRA-MARTINS, 1993; SILVA; ROCHA,

2008).

Para atender às demandas da prática médica, de acordo com as falas dos

professores, a formação está voltada para o desenvolvimento de competências e

habilidades que possibilitem aos alunos lidarem com os aspectos físicos do adoecer

e as formas de tratamento das patologias e não com os aspectos subjetivos do

processo de adoecimento.

Eles destacaram que poucos são os momentos reservados na graduação

em Medicina para a discussão destas questões, que permeiam a formação e a

prática médica, referentes à vivência, aos sentimentos e às experiências tanto de

pacientes quanto dos futuros médicos (SILVA; ROCHA, 2008). Normalmente, essas

questões são discutidas em disciplinas como, por exemplo, Psicologia Médica, que

na faculdade de Medicina da UFRJ está sob responsabilidade do departamento de

Psiquiatria e Medicina Legal. Esta disciplina, segundo Nogueira-Martins (2003), tenta

contribuir efetivamente para a formação de médicos mais sensibilizados para as

questões referentes à valorização dos aspectos subjetivos e da narrativa do paciente

durante a prática médica.

A abertura de novos espaços, durante a realização do curso, para a

discussão dos aspectos subjetivos que permeiam a prática médica pode contribuir

para a formação de médicos mais sensibilizados para questões da humanização da

Medicina e trazer ganhos significativos no que diz respeito à motivação e ao maior

envolvimento dos pacientes nos tratamentos sugeridos, conforme afirmam Serpa

Junior et al (2007) e Grossman e Cardoso (2006).

A análise dos resultados mostrou que estes professores fazem uso de

diferentes de estratégias pedagógicas, durante o processo de ensino-aprendizagem,

para tratar das questões subjetivas que fazem parte do processo de adoecimento e

de tratamento, objetivando sempre levar os alunos a questionarem e a refletirem

sobre essas questões, tanto do ponto de vista dos pacientes quanto dos próprios

médicos. Dentre as estratégias mais utilizadas, pode-se citar: a leitura de textos de

ficção, a apresentação de relatos de pacientes, a realização de debates, a

apresentação de casos clínicos e a produção de filmes pelos alunos.

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A utilização dessas estratégias favorece a aprendizagem construtivista, tais

como aprendizagem situada e corporificada (CLANCLEY, 1995; EMIG, 1995), já que

reconhecem que a construção do conhecimento envolve tanto os aspectos

cognitivos quanto os simbólicos e afetivos. Essas estratégias ainda reconhecem que

a aprendizagem é um processo social que engloba a interação, troca e colaboração

entre alunos, professores e pacientes. Além disso, o uso de recursos midiáticos

(DALL’ALBA, BARNACLE, 2005) amplia a percepção dos alunos sobre a

importância dos aspectos subjetivos e do papel do paciente na formação e na

prática médica, contribuindo para uma transformação substancial no modelo de

relação entre médicos e pacientes, atualmente adotado, para um novo modelo que

valorize tanto os aspectos físicos quanto os subjetivos do adoecimento e tratamento.

Em um contexto mais abrangente, segundo a visão desses professores, a

utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) podem trazer

ganhos significativos para o processo de aprendizagem, pois a inserção das TICs,

no ambiente educacional, torna os alunos mais engajados e participativos na

realização das atividades e favorece a aproximação entre alunos e professores

(MORAN, 2000; KENSKI, 2007).

No que diz respeito ao uso dos weblogs e do Orkut para o desenvolvimento

de estratégias pedagógicas, para tratar sobre as questões relacionadas à

subjetividade, foram apresentadas pelos professores, três propostas: (a) uso dos

weblogs e das comunidades com repositório de informação (GOMES, 2005;

GOMES; LOPES, 2007), onde os espaços já existentes na Internet poderiam ser

utilizados pelos alunos como fonte de informação e consulta para realização de

atividades e para complementar os assuntos tratados nas aulas. (b) A possibilidade

de criação de comunidades que permitiriam os alunos e os professores discutirem

sobre temáticas, trocarem informações e aprofundarem os assuntos tratados

durante as aulas (FORTE; ROCHA, 2007; MACHADO, JIBOY, 2005). (c) A criação

de espaço Experiencial, ou Vivencial, que permitiria novas oportunidades para os

alunos compartilharem as suas experiências, vivências e sentimentos, suscitados

com o contato com os pacientes ao longo da formação médica.

Os dados dos levantamentos, identificando weblogs e comunidades do Orkut

que tratam sobre temáticas relacionadas às psicopatologias, mostraram que a maior

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108

parte dos blogs (n=41; 52,56%) e das comunidades (n=79; 42,25%) pesquisadas foi

criada para veicular informação sobre as psicopatologias. Este resultado é um

indicador favorável para o uso desses recursos como repositórios de informação.

Porém, é importante observar algumas considerações, indicadas por Gomes e

Lopes (2007), sobre o cuidado na seleção dos espaços para garantir a idoneidade e

veracidade das informações disponíveis e, consequentemente, a garantia da

qualidade da aprendizagem.

As características, referentes à dinamicidade e às possibilidades interativas

e comunicacionais, oferecidas pelo Orkut (RECUERO, 2007) favorecem o

desenvolvimento da proposta sugerida, pelos professores pesquisados, no que diz

respeito à criação de comunidades para o desenvolvimento de atividades que

permitam a discussão de temáticas tratadas durante o curso, o aprofundamento dos

assuntos tratados durante as aulas e o compartilhamento dos aspectos subjetivos

relacionados à formação e à prática médica. Permitindo desta forma, a

aprendizagem corporificada (EMIG, 1995) por meio da integração dos aspectos

técnico-científicos, éticos e humanos na formação médica em toda a sua

complexidade. Favorecendo não somente a aquisição de conhecimentos técnicos,

mas, também, a compreensão mais ampla sobre o estado emocional dos pacientes

e dos próprios médicos, a obtenção de uma nova visão social sobre o processo de

adoecimento e tratamento e o desenvolvimento de uma postura mais humanística

durante o exercício da Medicina.

A existência de weblogs (n=14; 21,54%) e de comunidades do Orkut (n=21;

15,56%) mantidos por pacientes para veicular experiências, sensações e angústias

sobre o adoecimento e as afirmativas feitas pelos professores, participantes do

grupo focal, de que as narrativas apresentadas nestes espaços são mais

espontâneas e próximas da realidade do que as apresentadas em outros meios

midíaticos (textos de ficção, livros biográficos e filmes) são indicadores positivos dos

ganhos que a utilização dos weblogs e das comunidades do Orkut como espaços

Experienciais (ou Vivenciais) pode proporcionar para o processo de aprendizagem,

por meio do desenvolvimento de atividades que possibilitem novas formas de

aproximação dos alunos com as experiências vivenciadas pelos pacientes,

favorecendo, assim, a sensibilização para as questões da humanização na Medicina

e para a valorização da subjetividade na prática médica.

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109

Torna-se importante frisar que a utilização dos artefatos tecnológicos como

um simples recurso didático não é suficiente para contribuir de forma significativa

para o processo de aprendizagem, no que se refere à importância da valorização da

subjetividade durante a prática médica. As estratégias pedagógicas propostas

devem ir além da reprodução de conteúdos. Os professores devem desenvolver

atividades, baseadas em concepções construtivistas, tais como Aprendizagem

Situada e Corporificada, que envolvam a solução de problemas, a realização de

tarefas contextualizadas e que permitam aos alunos atuarem ativamente no

processo de construção do conhecimento, favorecendo, assim, a transformação

substancial do modelo de relação entre médicos e pacientes, atualmente adotado,

para um modelo que valorize tanto os aspectos físicos quanto os aspectos

subjetivos do processo de adoecimento e tratamento (DALL’ALBA, BARNACLE,

2005; CLANCLEY, 1995; EMIG, 1995).

Segundo os professores participantes desta pesquisa, diferentes aspectos

podem favorecer a inserção do weblog e do Orkut como recursos de aprendizagem

nos cursos de formação médica. Dentre esses aspectos, eles citaram o interesse, o

domínio e a familiaridade com as ferramentas digitais apresentados pelos alunos. Os

resultados da análise das falas indicaram desafios, que precisam ser superados,

para o uso efetivo dos recursos tecnológicos no ambiente educacional como: a falta

de conhecimento e de familiaridade dos recursos tecnológicos dos professores, as

dificuldades para o manuseio das ferramentas que, consequentemente, levam à

inibição do uso efetivo desses recursos e o receio de que a inserção das tecnologias

venha substituir estratégias tradicionalmente utilizadas e o contato face a face com

os alunos. No entanto, é necessário destacar que esses desafios não estão restritos

ao contexto da Educação em Saúde e das ferramentas de comunicação da Web 2.0,

já que diversos estudos apontam que esses desafios ocorrem em todos os níveis

educacionais e com outras tecnologias educacionais (GOMES, 2002; KESNKI, 2003;

FERREIRA, VENTURA, 2008; TONANI, 2008).

É importante destacar que os resultados apresentados, referentes à visão

dos professores sobre as contribuições do uso pedagógico dos weblogs e das

comunidades do Orkut nos cursos de formação médica, estão restritos a um

determinado contexto. Por isso, não se pode afirmar que as perspectivas

apresentadas são compartilhadas por outros professores do departamento de

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110

Psiquiatria e Medicina Legal e, até mesmo, de outros departamentos que compõem

a Faculdade de Medicina da UFRJ. Diante disso, para confirmar os resultados

obtidos seria necessária a ampliação desta pesquisa para englobar a visão dos

demais professores e a realização de experiências de ensino-aprendizagem com o

uso destes recursos nas disciplinas do curso de Medicina.

6.2 CONCLUSÃO

Reconhecendo a importância do desenvolvimento de estratégias

pedagógicas construtivistas, tais com as teorias da Aprendizagem Situada e

Corporificada (CLANCLEY, 1995; EMIG, 1955), que possibilite a valorização dos

aspectos subjetivos, que permeiam a prática médica nos cursos de graduação em

Medicina, e as questões referentes à humanização na Saúde, no que diz respeito à

formação de médicos mais sensíveis para as questões que envolvem o processo de

adoecimento e tratamento e ao desenvolvimento de um novo modelo de relação

entre médicos e pacientes (SERPA JUNIOR et al, 2007; GROSSMAN, CARDOSO,

2006), esta pesquisa foi desenvolvida com o intuito de identificar as possibilidades

de uso das ferramentas da Web 2.0 como recursos pedagógicos. O objetivo era

identificar a existência de weblogs e comunidades do Orkut, que tratam sobre temas

relacionados às psicopatologias, que pudessem ser utilizadas como recursos de

aprendizagem, bem como as contribuições que essas ferramentas poderiam

oferecer, segundo a visão dos professores do departamento de Psiquiatria e

Medicina Legal, para o processo de aprendizagem.

Os resultados desta pesquisa permitiram constatar que diferentes

profissionais da área da saúde estão utilizando as comunidades do Orkut e os

weblogs como instrumento para veicular informação sobre diferentes

psicopatologias. Além disso, percebeu-se que os pacientes tendem utilizar esses

espaços como mais um meio para buscar informações sobre a doença, para

expressar seus sentimentos e suas experiências com o processo de adoecimento e

para compartilhar suas angustias e seus sofrimentos com outras pessoas que

também estão vivenciando este mesmo processo.

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111

No que se refere ao processo de aprendizagem, percebeu-se que os blogs e

o Orkut ainda são poucos utilizados no contexto da formação médica. Apesar disso,

foi constatado que eles podem ser utilizados como ferramentas pedagógicas para o

desenvolvimento de estratégias que permitam alunos e professores discutirem sobre

as questões subjetivas que permeiam a formação e a prática médica. Eles, também,

podem ser usados como uma nova forma de aproximação dos alunos com as

experiências relacionadas ao processo de adoecimento e tratamento, por meio dos

relatos apresentados nestes espaços. Neste caso, as principais vantagens deste tipo

de utilização pedagógica dos weblogs e das comunidades do Orkut são as

facilidades de acesso às narrativas dos pacientes e a espontaneidades dos relatos

apresentados, devido às interações entre as pessoas que acesso os espaços,

permitindo que os depoimentos sejam menos distanciados da realidade dos

pacientes dos que são apresentados nos outros recursos tradicionalmente adotados

pelos professores. Além disso, eles podem servir como mais uma fonte informação a

ser utilizada para o desenvolvimento dos trabalhos e das atividades pelos alunos de

graduação em Medicina.

Os resultados apresentados no capítulo 4 mostraram que os professores

participantes do grupo focal possuíam um posicionamento contraditório em relação

ao uso das Tecnologias de Informação e Comunicação no contexto educacional.

Apesar de reconhecerem as possibilidades e as contribuições que a inserção dos

weblogs e do Orkut pode propiciar ao processo de aprendizagem, no que diz

respeito às questões da subjetividade, eles acreditavam que as relações

interpessoais mediadas pelas tecnologias digitais apresentavam limitações quanto

aos aspectos sensoriais, afetivos e emocionais. Diante disso, constata-se a

necessidade do desenvolvimento de um trabalho junto aos docentes, do curso de

graduação em Medicina, para auxiliá-los na familiarização das ferramentas da Web

2.0, em especial o weblog e o Orkut, e na utilização desses recursos no contexto

educacional, permitindo, desta forma, minimizar os aspectos relacionados às

limitações do uso das tecnologias quanto à subjetividade e favorecer o

reconhecimento destes ambientes, como novos espaços sociais que não substituem

o contato presencial, mas que podem enriquecer a experiência dos alunos na

formação médica.

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112

Durante o desenvolvimento desta pesquisa, identificaram-se algumas

dificuldades para a sua implementação. As limitações estavam relacionadas: (a) à

falta de padronização das informações, apresentadas nos blogs e nas comunidades

pesquisadas, referentes o objetivo de criação e o perfil dos proprietários; (b) à

dinamicidade da Internet que obrigou que o levantamento dos espaços fosse

realizado em um único dia e (c) à dificuldade de reunir todos os professores para a

realização do grupo focal, devido à grande quantidade de compromissos e

atividades desenvolvidas por eles.

Apesar dos resultados da pesquisa evidenciarem os ganhos e as

possibilidades que a utilização do weblog e do Orkut podem trazer para o processo

de aprendizagem, no que diz respeito ao desenvolvimento de atividades

pedagógicas que valorizem os aspectos subjetivos e o papel dos pacientes nas

práticas clínicas, é necessário destacar que a simples inserção dessas ferramentas

no contexto educacional não irão trazer transformações significativas nos modelos

adotados na formação médica e, consequentemente, na relação entre médicos e

pacientes. Para que essas transformações ocorram, se faz necessário a utilização

de abordagens pedagógicas construtivistas, tais como as teorias da Aprendizagem

Corporificada e Situada, que contemplem a solução de problemas, a realização de

atividades contextualizadas e o desenvolvimento de trabalhos colaborativos, e que

favoreçam a atuação dos alunos como agentes ativos na construção do

conhecimento e dos professores como mediadores do processo de aprendizagem

(CLANCLEY, 1995; EMIG, 1955; MORAN, 2000; KENSKI, 2007). Além disso, é

importante frisar que os docentes devem estar cientes de que os elementos

essenciais para o processo de transformação são as abordagens pedagógicas

utilizadas e o papel desempenhado pelos alunos e professores. Sendo as

ferramentas da Web 2.0, por causa das suas potencialidades voltadas para

interação, colaboração, autoria e comunicação, uma das diversas alternativas

existentes que podem ser usadas para a concretização dos objetivos educacionais

propostos.

No que se refere às contribuições deste estudo para como o Projeto

Vivências66 (STRUCHINER, 2008), evidenciou a viabilidade de utilização das

66

Para maiores informações sobre o Projeto Vivência, vide a página 16.

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113

narrativas apresentadas nos weblogs e nas comunidades do Orkut para o

desenvolvimento de atividades com enfoque nos aspectos relacionados a vivência

do adoecimento e do tratamento. Mesmo que essas narrativas não tenham sido

concebidas exclusivamente para atender um propósito educacional, elas se

mostraram tão ricas e espontâneas que podem ser utilizadas para promover novas

formas de acesso às experiências subjetivas do processo de adoecer vivenciadas

pelos pacientes. Além disso, essas narrativas até mesmo poderão vir a substituir os

depoimentos de pacientes apresentados em outros meios midiáticos, já que,

normalmente, a captação e gravação de depoimentos de pacientes são processos

complexos, devido às questões éticas relacionadas às pesquisas na área da saúde

que envolvem seres humanos.

Alguns possíveis desdobramentos desta pesquisa podem contemplar futuros

estudos que: (a) realizem a análise de outras ferramentas da Web 2.0, tais como

wikis e vídeos presentes no YouTube; (b) ampliem os critérios utilizados para o

levantamento dos espaços digitais, tais como outras psicopatologias e outros

idiomas; (c) considerem não somente a visão dos docentes para a identificação das

contribuições pedagógica do uso das ferramentas da Web 2.0, mas também a dos

discentes do curso de graduação de Medicina.

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114

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ANEXOS

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130

ANEXO A - Termo de consentimento livre e esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

FORMAÇÃO NA ÁREA DA SAÚDE E WEB 2.0: POSSIBILIDADES DE USO PEDAGÓGICO DOS WEBLOGS E DO ORKUT EM CURSOS DE MEDICINA

Você está sendo convidado a participar voluntariamente da pesquisa intitulada “Formação na área da saúde e Web 2.0: possibilidades de uso pedagógico dos weblogs e do Orkut em cursos de Medicina”, desenvolvido pela parceria entre a Faculdade de Medicina da UFRJ, o Instituto de Psiquiatria (IPUB) da UFRJ e o Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde (NUTES) da UFRJ.

A pesquisa tem como finalidade identificar weblogs e comunidades, presentes no Orkut, que possuem como temática a área da saúde, analisando suas características. Pretende-se, também, identificar as possíveis contribuições dessas ferramentas para atividades educativas que valorizem as práticas clínicas subjetivas na perspectiva de alunos e professores e do curso de Medicina. Os dados coletados durante a pesquisa, por meio de entrevistas por grupo de foco, visam fornecer informações para a análise das possibilidades de uso dos Weblogs e das comunidades do Orkut na perspectiva dos professores da área da medicina, em especial daqueles que lecionam na disciplina Psicologia Médica ministrada no HUCFF/UFRJ de responsabilidade do Departamento de Psiquiatria e Medicina Legal da Faculdade de Medicina.

Em qualquer etapa do estudo, você terá acesso ao pesquisador responsável que pode ser encontrado no e-mail: [email protected] e no telefone (21) 9954-4735. Se você tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) - sala 01D-46- 1° andar, fone (21) 2562-2480 – e-mail: [email protected]. Este termo de consentimento é uma etapa necessária para garantir a ética nas pesquisas que envolvem seres humanos. Leia atentamente o seguinte termo e, caso concorde, preencha seus dados e assine no local indicado abaixo.

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE, APÓS ESCLARECIMENTO

Eu, ______________________________________________________________, portador do documento de identidade no ________________, expedido pelo órgão _____________________, li o texto acima e compreendi para que serve o estudo no qual estou participando. A explicação, que recebi, esclarece sobre riscos e benefícios do estudo. Eu entendi que sou livre para interromper minha participação a qualquer momento, sem justificar minha decisão e que isso não representará nenhum prejuízo para mim, como professor da UFRJ. Sei que minha identidade não será divulgada e que os resultados desta pesquisa não implicarão em nenhuma conseqüência para mim. Sei que não terei despesas e não receberei dinheiro por participar do estudo. Eu concordo em participar e confirmo ter recebido cópia desse documento por mim assinado.

Rio de Janeiro, _______/ _______/ ___________

_________________________________________________________________

(Assinatura do voluntário)

_________________________________________________________________

(Assinatura do pesquisador responsável)

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131

ANEXO B – TERMO DE CESSÃO DE USO DE VERBALIZAÇÕES

TERMO DE CESSÃO DE USO DE VERBALIZAÇÕES

FORMAÇÃO NA ÁREA DA SAÚDE E WEB 2.0: POSSIBILIDADES DE USO PEDAGÓGICO DOS WEBLOGS E DO ORKUT EM CURSOS DE MEDICINA

Eu, ________________________________________________________________, brasileiro, natural de ________________________, portador de RG n.º________________, inscrito no CPF sob o n.º _____________________________, residente e domiciliado na cidade de ___________________________, declaro estar ciente das finalidades e objetivos acadêmicos do grupo focal sobre o uso pedagógico dos recursos da WEB 2.0 na formação médica do qual me dispus a participar como voluntário, realizado nas dependências do Centro de Ciências e Saúde da Universidade Federal do Rio de Janeiro, no dia 08 de abril de 2009.

Desta forma, autorizo o pesquisador Fabio Maia, aluno regularmente matriculado no curso de Mestrado do NUTES/UFRJ, sob orientação da professora doutora Miriam Struchiner; a utilizar e veicular gratuitamente todas as minhas verbalizações que vierem a ser captadas em áudio durante as etapas do grupo de focal para

finalidades acadêmicas em apresentação em congressos, exposição em aulas e publicações científicas, sem idenficação ou prejuízo para a minha pessoa.

Por ser esta a expressão da verdade, firmo a presente.

Rio de Janeiro, 08 de abril de 2009.

______________________________________

Participante

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132

ANEXO C – Cópia do parecer do Comitê de Ética

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133

ANEXO D – Listagem dos weblogs selecionados

ESQUIZOFRENIA

Arte, filosofia e um pouco de esquizofrenia

http://tarjapretagirl.blogspot.com

Esquizofrenia http://apam-esquizofrenia.blogspot.com

Esquizofrenia http://esquizofrenia-enf.blogspot.com

Esquizofrenia http://esquizofreniapensando.blogspot.com

Esquizofrenia http://theesquizofrenia.blogspot.com

Esquizofrenia http://www.esquizofrenia.org

Esquizofrenia Pensando http://dayanpaiva.blogspot.com

Esquizofrenia, Bipolar, Depressão http://casahollos.blogspot.com

Neuropsicologia da Esquizofrenia http://neuropsicologiadaesquizofrenia.blogspot.com

Sentido: Estado de Sentimento http://sentido.blogspot.com

FOBIA

Fobia de Escuro http://acluofobia.blogspot.com

Fobia Social (Original) http://fobiasocialoriginal.blogspot.com

PSICOSE

Psicose http://srpsicose.blogspot.com

Psicose X Sanidade. Quem ganha?! http://psicosesesanidade.blogspot.com

PSIQUIATRIA

Alunos da Pós-Graduação em Psiquiatria - UNIRIO/EMC

http://pgpsiqunirio.wordpress.com

Filmes e Psicologia http://psicoo.blogspot.com

Fórum de Psiquiatria e Saúde Mental http://forumpsi.blogspot.com

Guia de Pacientes http://guiadepacientes.blogspot.com

História da Psiquiatria http://neidson.blogspot.com

Mestrado em Psiquiatria Cultural http://psiquiatriacultural.blogspot.com

Paciente Psiquiátrico http://pacientepsiquiatrico.blogspot.com

Psicologia/Psiquiatria/Psicoterapia http://psico-consulta.blogspot.com

Psiquiatria http://olivaldolacerda.blogspot.com

Psiquiatria http://tudoparamedicina.blogspot.com

Psiquiatria e saude mental http://psiquiatriaesaudemental.blogspot.com

Psiquiatria e Saúde Mental http://psiquiatriaesademental.blogspot.com

Psiquiatria hoje http://psiquiatriahoje.blogspot.com

Psiquiatria Perinatal http://psiquiatriaperinatal.blogspot.com

Psiquiatria UFSM http://psiquiatriaufsm.blogspot.com

Residência Psiquiatria HU http://residenciapsiquiatriahu.blogspot.com

Saber Viver Psiquiatria http://saberviver_psiquiatria.blogs.sapo.pt

Saúde e psiquiatria http://doutorprozac.blogspot.com

Saúde Mental e Psiquiatria http://mentalmente.blogspot.com

Sociedade Paranaense de Psiquiatria http://psiquiatria-pr.blogspot.com

Uma visão positiva acerca da psiquiatria

http://gopsiq.blogspot.com

SAÚDE MENTAL

A Prática da Intensificação de Cuidados na Reforma Psiquiátrica

http://seminariopic.blogspot.com

Associação Saúde Mental - ASM http://asmsaudemental.blogspot.com

Blog da Turma de Saúde Mental da URCAMP - Bagé

http://smbage.blogspot.com

Centro de Saúde Mental Professor Aristides Novis

http://aristidesnovis.blogspot.com

Clínica ampliada e Saúde Mental http://clinicaampliada.blogspot.com

Conscientização em Saúde Mental http://projetocosme.blogspot.com

Cursos em Saúde Mental - Dr. Pablo Vinicius

http://cursosemsaudemental.blogspot.com

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134

Diversidade e cultura na saúde mental

http://diversidadeculturasaudemental.blogspot.com

Enfermagem em Saúde Mental http://enfermagemsaudemental.blogspot.com

Ensino e Prática Clínica em Saúde Mental

http://sequeiracarlos.blogspot.com

Entendendo a saúde Mental http://entendendoasaudemental.blogspot.com

Fórum de Psiquiatria e Saúde Mental http://forumpsi.blogspot.com

Fórum Gaúcho de Saúde Mental (FGSM)

http://forumgauchosm.blogspot.com

Fórum Goiano de Saúde Mental http://forumgoianosaudemental.blogspot.com

Grupo de Saúde Mental http://grupodesaudemental.blogspot.com

Guia de Pacientes http://guiadepacientes.blogspot.com

Hygina Saúde Mental http://hyginasaudemental.blogspot.com

Jornadas de Enfermagem Saúde Mental CSCP - "Tendências e Novos Desafios"

http://jornadasdeenfermagem.blogspot.com

Psicanálise e Saúde Mental http://lindalvapsicanalista.blogspot.com

Psicanálise e Saúde Mental http://psicanalisesaudemental.blogspot.com

Psicologia e Saúde Mental http://saudeepsicologia.blogspot.com

Psiquiatria e Saude Mental http://psiquiatriaesaudemental.blogspot.com

Saúde Mental http://indiradiogenes.blogspot.com

Saúde Mental em Contexto Escolar http://saudementalescolar.blogspot.com

Sociedade Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental

http://spesm-saudemental.blogspot.com

SOS - Saude Mental http://sos-saudemental.blogspot.com

Works shops de Saúde Mental http://wsmcaldas.wordpress.com

TRANSTORNO BIPOLAR

(mais um) Diário de (mais) um bipolar http://maisumbipolar.blogspot.com

A Bipolar e Eu http://abipolareeu.blogspot.com

BiPoLaR ?????? eU?????? http://bipolar-eu.blogspot.com

Bipolar on-line http://bipolar-online.blogspot.com

Bipolar... ou, mente poderosa http://sf-mentepoderosa.blogspot.com

Dani maluca bipolar http://danimalucaesuasperipeciais.blogspot.com

Diário de uma adolescente bipolar http://diariodeumaadolescentebipolar.blogs.sapo.pt

Distúrbio bipolar: quando a tristeza e a euforia se tornam doença.

http://doencabipolarqdatristezasetornadoenca.blogspot.com

Identidade Bipolar http://identidadebipolar.blogspot.com

Memórias de uma bipolar http://bipolar-memory.blogspot.com

Sim, eu sou Bipolar http://eubipolarclaro.blogspot.com

Sou Bipolar http://soubipolar.wordpress.com

Tonho, o louco bipolar http://tonhodalua.blogspot.com

Transtorno Afetivo Bipolar http://transtornoafetivobipolar.blogspot.com

Transtorno Bipolar do Humor http://transtornobipolardohumor.blogspot.com

Transtorno Bipolar ou Altos e Baixos? http://altosandbaixos.blogspot.com

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135

ANEXO F – Listagem das comunidades do Orkut selecionadas

ESQUIZOFRENIA

Convivendo com a esquizofrenia

http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=61676489

Entender a Esquizofrenia http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=1697055

Esquizofrenia http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=16856355

Esquizofrenia http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=12675257

Esquizofrenia: que difícil http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=38322191

Mistério Mental: Esquizofrenia http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=64117317

O que é Esquizofrenia http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=17485470

FOBIA

Acluofobia - Fobia de Escuro http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=28058747

É foda ter Fobia Social http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=8984864

Fobia de elevador http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=8411146

Fobia Social http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=3527648

Fobia Social http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=89794

Fobia Social - [Chat] http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=44711697

Fobia Social - [Original] http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=46813

Fobia Social -[dono eleito] http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=35331298

Fobia Social Ter. Alternativas http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=31445724

Fobia social X felicidade http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=7166439

Fobia social, timidez Curitiba http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42963232

Medo! Pânico! Fobia! http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=23684659

Tenho fobia de cachorro! http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=2998177

Tenho Fobia Social http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=6320650

Tratamento Virtual de Fobia http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=16423898

Vencendo a fobia social http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=14591073

Você tem fobia? http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=562831

PSIQUIATRIA

Enfermagem & Psiquiatria http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=7046074

Eu Adoro Psiquiatria http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=5278582

Eu amo Psiquiatria http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=775776

Liga de Psiquiatria - FMIT http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=927911

Neurologia e Psiquiatria http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=18684127

Psicologia + Psiquiatria TDAH http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=234415

Psicologia e psiquiatria DF http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=1171989

Psiquiatria http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=16761814

Psiquiatria - Farmacoterapia http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=86388

Psiquiatria - RS http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=46137710

Psiquiatria - UFSC http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=5653061

Psiquiatria & Psicologia http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=5355312

Psiquiatria & Psicose http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=23442420

Psiquiatria + Psicoterapia http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=14664343

Psiquiatria Democrática http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=56507209

Psiquiatria e Direito http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=55587017

Psiquiatria e Espiritualidade http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=19242358

Psiquiatria e Psicologia http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=3928595

Psiquiatria em Todos Hospitais http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=9008601

Psiquiatria Infantil http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42851115

Psiquiatria Infantil http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=7465952

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Psiquiatria Leiga http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=9013164

Psiquiatria ñ é Médico de maluco

http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=3445426

Psiquiatria ñ é p/ Neurologia http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=4339820

Psiquiatria na Globo http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=43529966

Psiquiatria no Ceara http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=2296595

Psiquiatria no Rio de Janeiro http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=31188467

Psiquiatria Sem Respostas http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=1020667

Psiquiatria UNIFESP http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=279382

Psiquiatria: sou normal??? http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=8615897

Psiquiatria; Incomparável!!! http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=25016427

Saúde Mental Psiquiatria TDAH http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=171301

Saude Mental, Psiquiatria. http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=18688715

TDAH/DDA é com a Psiquiatria! http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=18784234

Temas em Psiquiatria http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=47553801

Vídeos Psicologia + Psiquiatria http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=9012681

SAÚDE MENTAL

A. B. Saúde Mental http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=47753629

Apoio em Saúde Mental no Orkut

http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=41041558

Especialistas em Saúde Mental http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=7621144

Fenix Pró-Saúde Mental http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=31229248

Forum CAT Saude Mental http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=19556300

Grupo de Saúde Mental http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=20634382

Hosp. Vera Cruz Saúde Mental http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=48776114

Liga de Saúde Mental - UFMS http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=18773558

Núcleo de saúde mental - Macaé

http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=19410621

Palestras Grátis Saúde Mental http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=19100077

PSI Saúde Mental: Nova Reforma!

http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=8746541

Saúde Mental http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=379778

Saúde Mental - 8ª Turma -UECE

http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=40666047

Saúde Mental - Baixo Guandu http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=14966149

Saúde Mental - Clínica Pompéia

http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=63628089

Saúde mental - DF http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=2423900

Saúde Mental - GRUPPS http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=4646984

Saúde Mental - Recife e RMR/PE

http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=6610801

Saúde Mental de São Gonçalo http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=30975531

Saúde Mental Direito de Todos! http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=17080133

Saude Mental e Cinema http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=25145855

Saúde Mental e Neurofitness http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=22468020

Saúde Mental Hoje http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=711338

Saúde Mental Incorporar-te http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=2312368

Saúde Mental Psiquiatria TDAH http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=171301

Saude Mental Sobral http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=11231844

Saude Mental, Psiquiatria. http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=18688715

Saude Mental - MS http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=26292264

Serviços Saúde Mental Gratuito http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=15332969

Terapia e Saúde Mental http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=14647454

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SÍNDROME DO PÂNICO

"Síndrome do Pânico" http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=18833274

●Síndrome do Pânico ® http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=36362790

Curada da Síndrome do Pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=17846745

Depressão & Síndrome do pânico

http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=26065610

Depressão e Síndrome do Pânico

http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=39359977

Eu tenho Síndrome do Pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=16647214

Eu tenho Síndrome do Pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=19515240

Eu tenho Síndrome do Pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=5571698

Eu tenho Síndrome do Pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=9284602

Eu tenho Síndrome do Pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=6327050

Eu tenho Síndrome do Pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=60496321

Eu tenho Síndrome do pânico! http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=3377441

Família Transtorno Pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=24321438

Já tive Síndrome do Pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=7517255

Já tive Síndrome do Pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=578740

Pânico - A Síndrome do Medo http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=23680384

Pânico, Síndrome http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=143353

Panicosos [Síndrome do Pânico]

http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=15846984

Paracambi Síndrome do Pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=10352822

Síndrome de pânico! http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=12610237

Síndrome do Pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=6275784

Síndrome do Pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=23893472

Síndrome do Pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=33690625

Síndrome do pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=84471

Síndrome do Pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=14422835

Síndrome do Pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=17834161

Síndrome do Pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=19362396

Síndrome do pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=3481592

Síndrome do Pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=37703796

Síndrome do Pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=402743

Síndrome do Pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42135405

Síndrome do Pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=705839

Síndrome do Pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=751806

Síndrome do Pânico - Amigos http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=19845250

Síndrome do Pânico - Apoio http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=52962545

Síndrome do Pânico - Fortaleza http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=10006231

Síndrome do Pânico - RENASÇA

http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=14559011

Síndrome do Pânico - RJ http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=6841406

Síndrome do Pânico* INTERPAN

http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=8241485

Síndrome do pânico ANacionalSP

http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=1542115

Síndrome do Pânico controlada http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=38173860

Síndrome do Pânico e Evolução

http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=7200673

Síndrome do Pânico ES http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=4261490

Síndrome do Pânico eu assumo!

http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=11272275

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Síndrome do Pânico JF http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=34290295

Síndrome do Pânico tem cura? http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=67689993

Síndrome do Pânico Transtorno http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=24121540

Síndrome do Pânico X Vomitar http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=8020868

Síndrome do Pânico, sua aliada http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=7248865

Síndrome do Pânico. Tem cura?

http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=6678216

Síndrome do Pânico, Depressão

http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=17365437

Síndrome/Transtorno do Pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=6342563

Tireóide x Síndrome do Pânico http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=26388946

Tive (tenho) Síndrome do Pânico

http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=4788155

Transtorno do Pânico: conviver http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=6549332

TRANSTORNO BIPOLAR

"Bipolar na busca de remédio" http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=36920825

Acho que sou Bipolar http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=7809951

Adote um bipolar http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=26928671

Beware, bipolar! http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=4091378

Bipolar --//-- como lidar? http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=44761354

Bipolar Depressivo http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=3780448

Bipolar Equilíbrio Criatividade http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=63005545

Bipolar Minas Gerais http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=44421012

Bipolar sem medicação NÃO!!! http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=46172672

Conheço um Bipolar do Humor http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=25194972

Diário Bipolar ° http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=41028096

Diário de um Bipolar http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=34223465

Distúrbio Bipolar http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=6156685

É possível viver e ser bipolar http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=39078064

Eu amo e/ou conheço um bipolar

http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=3793439

Eu sou bipolar e daí !!! http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=4555857

Eu Sou Bipolar. E Dai? http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=7524298

Minha Esposa É Bipolar http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=41679435

São Pedro é Bipolar! http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=48106522

SOS -Transtorno Afetivo Bipolar

http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42022497

Sou bipolar e sou feliz http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=26778456

Tenho um(a) amigo(a) bipolar http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=38427577

Transtorno Bipolar http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=26916720

Transtorno Bipolar http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=34196466

Transtorno bipolar http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=48442365

Transtorno Bipolar http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=52116321

Transtorno Bipolar http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=8198346

Transtorno Bipolar http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=8804761

Transtorno Bipolar + Suicidio http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=29008613

Transtorno Bipolar Disorder http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=561825

Transtorno Bipolar do Humor http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=1111026

Transtorno Bipolar do Humor http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=16861212

Transtorno bipolar do humor http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=57528813

Transtorno Bipolar do Humor http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=31514833

Transtorno bipolar em crianças http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=27347843

Transtorno bipolar hoje http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=4436662

Transtorno Bipolar Tipo III http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42948720

Transtorno bipolar tipo ll http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=65158437

Transtorno Bipolar. THB http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=45736085

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Transtorno Bipolar-Ciclotimia http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=8897497

Viver e ser feliz na Bipolar http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=32855725

TRANSTORNO MENTAL

Transtornos Mentais Infantis http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=26263221