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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS LUCAS BARBOSA MARCOS METODOLOGIA PARA ANÁLISE DE DESEMPENHO DO PROTOCOLO PROFINET APLICADO A REDES DE COMUNICAÇÃO INDUSTRIAL São Carlos - SP 2013

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS

LUCAS BARBOSA MARCOS

METODOLOGIA PARA ANÁLISE DE DESEMPENHO DO PROTOCOLO

PROFINET APLICADO A REDES DE COMUNICAÇÃO INDUSTRIAL

São Carlos - SP

2013

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LUCAS BARBOSA MARCOS

METODOLOGIA PARA ANÁLISE DE DESEMPENHO DO PROTOCOLO

PROFINET APLICADO A REDES DE COMUNICAÇÃO INDUSTRIAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à

Escola de Engenharia de São Carlos, da

Universidade de São Paulo

Curso de Engenharia Elétrica com ênfase em

Sistemas de Energia e Automação.

Área: Engenharia Elétrica, automação industrial.

ORIENTADOR: Prof. Dr. Dennis Brandão

São Carlos - SP

2013

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO,POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINSDE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

Marcos, Lucas Barbosa M321m Metodologia para análise de desempenho do protocolo

PROFINET aplicado a redes de comunicação industrial /Lucas Barbosa Marcos; orientador Dennis Brandão. SãoCarlos, 2013.

Monografia (Graduação em Engenharia Elétrica com ênfase em Sistemas de Energia e Automação) -- Escola deEngenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo,2013.

1. PROFINET. 2. Jitter. 3. Ethernet Industrial. 4. Automação Industrial. 5. Indicadores de Desempenho. I.Título.

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Para Agnaldo, Sandra, Renan e Daniela.

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AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador Prof. Dr. Dennis Brandão, por gentilmente ter me acolhido no

Laboratório de Automação Industrial.

Ao Eng. Guilherme Serpa Sestito, pelo auxílio e acompanhamento direto deste

trabalho, desde a parta teórica até a implementação e testes.

Aos engenheiros Afonso Turcato, André Luis Dias e Rogério Máximo Rapanello, pelo

auxílio remoto e colocações pontuais, mas muito pertinentes.

A todas as demais pessoas que, direta ou indiretamente, colaboraram com a

conclusão deste trabalho.

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A primeira regra de qualquer tecnologia utilizada

nos negócios é que a automação aplicada a uma

operação eficiente aumentará a eficiência. A

segunda é que a automação aplicada a uma

operação ineficiente aumentará a ineficiência.

William Henry "Bill" Gates III

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RESUMO

O presente trabalho tem como propósito apresentar uma metodologia para análise

do desempenho de redes de comunicação industrial que trabalham com o protocolo

PROFINET através da identificação e quantificação de variáveis de indicadoras de

desempenho (especificamente o jitter) em função da variação da sua topologia. Com

a popularização de sistemas de controle automatizados, em especial com a

aplicação do protocolo PROFINET, torna-se imperativo avaliar qual o

comportamento dos seus indicadores de desempenho (definidos na IEC 61784-2)

em função de mudanças efetuadas na topologia da rede. Fundamentos para este

trabalho são encontrados na teoria de redes de comunicação industrial, redes de

computadores, na normatização e em evidência empírica de testes. A monografia

compreende uma revisão bibliográfica sobre o assunto, seguido de testes na rede e

apresentação de resultados em tabelas, gráficos e histogramas. Finaliza o assunto

com a apresentação das conclusões e de sugestões para trabalhos futuros que

sigam a linha proposta.

Palavras-chave: PROFINET, Jitter, Ethernet Industrial, Automação, Indicadores de

Desempenho.

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ABSTRACT

This paper aims to identify and quantify changes in performance indicators

(especially jitter) in a PROFINET (SIEMENS Technology) network due to changes in

topology. With the popularization of automated control systems, particularly with

PROFINET protocol applications, it becomes imperative to evaluate the behavior of

its performance indicators (defined by IEC 61784-2) due to topology changes. The

foundations for this work are found in industrial communication networks theory,

computer networks theory, standardization and empirical evidence. The paper

comprises a literature review on the subject, followed by network testing and results

presentation in tables, charts and histograms. It winds up the matter showing

conclusions and suggestions for future papers following the proposed method.

Keywords: PROFINET, Jitter, Industrial Ethernet, Automation, Performance

Indicators.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1- Market Share das soluções de Ethernet industrial -------------------------------------- 27

Figura 2- Elementos da Rede --------------------------------------------------------------------------31

Figura 3- Relação de Aplicação -----------------------------------------------------------------------33

Figura 4- Transmissão de dados em PROFINET-----------------------------------------------------35

Figura 5- Canais de Comunicação do Protocolo PROFINET--------------------------------------36

Figura 6- Ciclo de Transmissão em PROFINET IO ----------------------------------------------37

Figura 7- Tempo de Transmissão em PROFINET IO ----------------------------------------------39

Figura 8- Arquivo GSD ---------------------------------------------------------------------------------42

Figura 9- Troca de Dados -----------------------------------------------------------------------------44

Figura 10- Situações de Jitter--------------------------------------------------------------------------48

Figura 11 - Topologia da rede 1------------------------------------------------------------------------54

Figura 12 - Topologia da rede 2------------------------------------------------------------------------56

Figura 13- Vista da tela do Wireshark ----------------------------------------------------------------58

Figura 14- Gráfico de tempo de ciclo por amostra rede 1 ------------------------------------------60

Figura 15- Histograma de tempo de ciclo para a rede 1 --------------------------------------------60

Figura 16- Gráfico de tempo de ciclo para cada amostragem da rede 2 -------------------------61

Figura 17- Histograma de tempo de ciclo para a rede 2 --------------------------------------------62

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Conformance Classes -----------------------------------------------------------------------45

Tabela 2- Interdependência entre Indicadores de Desempenho -----------------------------------47

Tabela 3- Equipamentos utilizados na rede 1 --------------------------------------------------------53

Tabela 4- Endereçamento dos componentes da rede 1 ---------------------------------------------54

Tabela 5- Equipamentos da rede 2 --------------------------------------------------------------------55

Tabela 6– Componentes da rede, endereços IP, MAC e nome de identificação na rede 2 -----55

Tabela 7- Comparação entre redes 1 e 2 --------------------------------------------------------------62

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO-----------------------------------------------------------------------21

1.1- Objetivos e contribuição do trabalho------------------------------------------------22

1.2- Organização do trabalho --------------------------------------------------------------22

CAPÍTULO 2: CONCEITOS FUNDAMENTAIS --------------------------------------------------24

2.1 – Breve revisão da tecnologia Ethernet -------------------------------------------------24

2.2 – Real-Time Ethernet ----------------------------------------------------------------------25

2.3 – Protocolos RTE ---------------------------------------------------------------------------26

2.4 – PROFINET -------------------------------------------------------------------------------26

CAPÍTULO 3: PROFINET ----------------------------------------------------------------------------28

3.1 – Introdução ao PROFINET---------------------------------------------------------------28

3.2 – PROFINET IO ---------------------------------------------------------------------------29

3.3 – Elementos da rede -----------------------------------------------------------------------29

3.4 – Tipos de comunicação dentro de PROFINET IO ------------------------------------31

3.5 – O tempo de transmissão de mensagens -----------------------------------------------38

3.6 – A topologia – estrela, anel e linha ------------------------------------------------------39

3.7 – O switch -----------------------------------------------------------------------------------40

3.8 – Integração ---------------------------------------------------------------------------------41

3.9 – Arquivo GSD -----------------------------------------------------------------------------41

3.10 – System Start-Up ------------------------------------------------------------------------43

3.11 – Conformance Classes ------------------------------------------------------------------44

3.12 – Conclusões do Capítulo 3 -------------------------------------------------------------45

CAPÍTULO 4: INDICADORES DE DESEMPENHO ---------------------------------------------46

4.1 – Os indicadores de desempenho --------------------------------------------------------46

4.2 – O Jitter -------------------------------------------------------------------------------------48

4.3 – Conclusões do Capítulo 4 ---------------------------------------------------------------51

CAPÍTULO 5: METODOLOGIA ---------------------------------------------------------------------52

5.1 – Descrição das redes ----------------------------------------------------------------------52

5.2 - Descrição do método de captura--------------------------------------------------------56

CAPÍTULO 6: RESULTADOS ------------------------------------------------------------------------58

CAPÍTULO 7: CONCLUSÃO-------------------------------------------------------------------------64

REFERÊNCIAS -----------------------------------------------------------------------------------------65

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CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO

No contexto do setor industrial, define-se rede de comunicação industrial

como um conjunto de dispositivos independentes, interligados por um sistema de

comunicação, capacitados a trocar informações entre si. Estas redes têm como

finalidade transmitir informações cruciais de controle e dados operacionais para

operadores, equipamentos, controladores, válvulas e sensores a fim de permitir a

coordenação automatizada dos mais variados processos. Para tanto, são

necessários os seguintes componentes: fonte dos dados, transmissor, canal de

comunicação, receptor, destino dos dados.

Existem variadas maneiras de formatação e transmissão das informações

(ou mensagens) entre os diversos componentes da rede. A essas diferentes

maneiras dá-se o nome de protocolo. Cada protocolo abrange um determinado

conjunto de regras para estabelecer a comunicação e criar um envelope de dados

(conhecido como quadro) para concatenar códigos necessários para a comunicação

da rede, além dos dados de interesse propriamente ditos que compõem a

mensagem.

PROFINET é um protocolo para comunicação de redes industriais que

utiliza o padrão Ethernet como meio físico e camada para enlace de dados. É

desenvolvido pela SIEMENS e apoiado pela fundação Profibus International

(associação de empresas e universidades do setor de automação industrial).

O protocolo PROFINET tem uma importância destacada no mercado.

Desde 2003, o número de dispositivos PROFINET em operação tem aumentado

exponencialmente. Ao final de 2012, estes eram em número superior a 5,8 milhões.

As expectativas sugerem que ao final de 2014, a quantidade de dispositivos

PROFINET operantes já tenha ultrapassado os 10 milhões [1].

Tendo em vista esta expansão do protocolo PROFINET, torna-se

imprescindível uma avaliação criteriosa do seu desempenho. Esta verificação é

plenamente possível se baseada em uma das normas da INTERNATIONAL

ELECTROTECHNICAL COMMISSION, a IEC 61784-2 [2]. Nesta norma é feita a

definição de indicadores de desempenho, cujo propósito é quantificar a qualidade

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das redes de comunicação industrial e de seus dispositivos, bem como facilitar a

determinação de requisitos de projeto. Torna-se, portanto, referência para a

avaliação da qualidade dos protocolos aplicados às redes de comunicação industrial.

Assim sendo, este trabalho propõe-se em avaliar o desempenho (sob o

ponto de vista do jitter) de uma rede PROFINET em função de variações na sua

topologia.

1.1 - Objetivos e contribuição do trabalho

Tendo em vista o contexto relatado, o objetivo deste trabalho é identificar

e quantificar as variações de indicadores de desempenho (especificamente o jitter)

em uma rede PROFINET em função da variação da sua topologia, baseando-se na

teoria de redes de comunicação industrial, redes de computadores, normatização e

evidência empírica de testes.

Uma vez atingido o objetivo, este trabalho fornecerá informações para

projetistas, de modo que poderão ter a priori indícios do comportamento de uma

rede PROFINET nas ocasiões de sua implementação e alteração. Com isso,

poderão determinar projetos que melhor atendam os seus requisitos.

Ainda, este trabalho possibilitará ao autor a aplicação e expansão dos

conhecimentos adquiridos nas disciplinas de graduação correlatas, especificamente

SEL 406 – Automação, SEL 431 – Laboratório de Controle de Processos e SEL 432

– Redes de Comunicação Industrial.

1.2 - Organização do trabalho

O capítulo 2 apresenta os conceitos fundamentais para o embasamento

teórico do protocolo PROFINET. Faz uma revisão da origem do protocolo PROFINET

e de seus objetivos, desde a origem da tecnologia Ethernet, passando pelas

transformações que sofreu para se adaptar ao ambiente industrial, até a gênese do

protocolo PROFINET e suas características básicas.

O capítulo 3 trata do protocolo PROFINET propriamente dito. Vai desde

uma visão geral do protocolo, passando por canais de comunicação, topologias de

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rede, análise de parâmetros de tempo, até o processo de inicialização da rede

PROFINET. Fornece todo o embasamento teórico necessário para a compreensão

deste trabalho.

O capítulo 4 mostra os indicadores de desempenho, como estão

relacionados entre si e como podem ser úteis na avaliação da qualidade de uma

rede. Destaca o jitter, indicador fundamental para a continuidade do trabalho.

O capítulo 5 detalha uma metodologia de ensaio para teste em duas

redes PROFINET, desde a descrição da topologia até a descrição do método de

captura de dados.

O capítulo 6 exibe os resultados obtidos dos ensaios relatados no capítulo

5, explicando qual foi o tratamento utilizado para os dados.

O capítulo 7 finaliza este trabalho com algumas conclusões pertinentes ao

trabalho.

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CAPÍTULO 2: CONCEITOS FUNDAMENTAIS

2.1 - Breve revisão da tecnologia Ethernet

Ethernet é o tipo de rede de computadores mais comumente instalado no

mundo. Foi desenvolvido pela empresa americana XEROX no início da década de

70. Em Fevereiro de 1980, o grupo de trabalho número 802 do IEEE (Institute of

Electrical and Electronics Engineers) definiu pela primeira vez Ethernet como um

padrão para redes LAN [3].

Seu método de acesso ao meio é o CSMA/CD. Consiste em um esquema

Carrier-Sense (os dispositivos verificam se o meio físico está disponível) com acesso

múltiplo (vários dispositivos podem estar conectados à rede) com detecção de

colisão (se dois dispositivos tentam transmitir dados ao mesmo tempo, causando

uma colisão, os dispositivos aguardam um tempo aleatório para voltar a transmitir,

obedecendo ao algoritmo de backoff exponencial binário) [3].

O quadro (formato do pacote de dados) Ethernet é dividido em 7 (sete)

partes: preâmbulo, delimitador de início de frame, endereço MAC do destino,

endereço MAC da origem, tamanho/ethertype, dados propriamente ditos e frame

check sequence.

O endereço de hardware de um dispositivo Ethernet é chamado MAC

(Media Access Control) address. Um MAC address consiste de 2 partes de 3 bytes

cada uma: a primeira, designa qual é o fabricante do dispositivo; a segunda, designa

o número de sequência individual dele [3].

Para o transporte de dados, Ethernet faz uso dos protocolos TCP

(Transmission Control Protocol) ou UDP (User Datagram Protocol). A diferença

fundamental entre eles é que TCP é um protocolo com conexão e confirmação,

enquanto UDP não apresenta essas características. UDP é mais veloz, enquanto

TCP é mais confiável [3].

Para camada de rede, geralmente Ethernet vem acompanhada do

protocolo IP, que faz o roteamento das mensagens. É o protocolo mais usado em

tecnologia da informação (TI) no mundo [3].

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2.2 Real-Time Ethernet

Apesar de muito difundida para aplicação em escritórios, havia alguns

requisitos que a tecnologia Ethernet ainda não era capaz de atender [4]. e que são

cruciais para o seu uso em ambiente industrial, tais como [5]:

Comunicação determinística;

Sincronismo entre os dispositivos;

Troca eficiente e frequente de quantidades muito pequenas de

dados.

Ainda, tem-se como exigência implícita a existência da

intercambiabilidade de comunicação entre os modelos de Ethernet para escritório e

industrial de modo que o software normalmente usado em Ethernet não precise ser

substituído. Isso nos leva a mais duas (2) necessidades [5]:

Suporte para a migração da Ethernet de escritório para e Ethernet

industrial;

Uso dos componentes padrão, bridges e protocolos mantidos o

máximo possível.

Tendo em vista que a Ethernet padrão não era apropriada para alcançar

essas condições, foram propostas algumas mudanças para que ela alcançasse o

desempenho necessário. Essas mudanças transformariam a Ethernet em Real-Time

Ethernet (RTE). Tais mudanças foram propostas em diferentes abordagens, tais

como [5]:

Preservar a pilha TCP/IP e implementar mudanças apenas nas

camadas superiores (solução on top of TCP/IP);

Ignorar etapas do protocolo TCP/IP e fazer o acesso direto às

funcionalidades da camada Ethernet (on top of Ethernet) – na qual

se enquadra PROFINET CBA (mais detalhes na sequência do

trabalho);

Modificações diretas na camada Ethernet (modified Ethernet).

A primeira abordagem, apesar de possibilitar a expansão da rede a um

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nível de abrangência similar ao da Internet, tem como efeitos indesejados o uso de

muitos recursos para processamento, memória e introduz atrasos não-

determinísticos na comunicação, não sendo, portanto, capaz de atender plenamente

os requisitos necessários; a segunda abordagem leva ao uso do protocolo IP

associado a outro protocolo típico da tecnologia a ser empregada, sem alterações de

hardware; a terceira abordagem requer a modificação do switch, e a integração do

switch modificado aos dispositivos no caso de se fazer uma topologia em

barramento ou anel [5].

Diversas foram as associações e empresas que desenvolveram soluções

RTE, como Ethernet/IP (criado pela Rockwell Automation), HSE (apoiado pela

Fieldbus Foundation) e PROFINET (incentivado pela SIEMENS) [4].

2.3 Protocolos RTE

Pode-se definir RTE como uma especificação fieldbus que usa a

tecnologia Ethernet para as camadas 1 e 2 do modelo OSI [5] capaz de atender os

requisitos listados.

2.4 PROFINET

As principais razões para o desenvolvimento de novas tecnologias são

redução de custo, melhoras técnicas e melhora na relação custo-benefício.

PROFINET alcança esses objetivos sob todos os pontos de vista [3].

PROFINET tem sua importância destacada por ser uma evolução de

Profibus DP, mas com muitas vantagens, como [3]:

Operação em alta velocidade

Estrutura de rede simplificada

Baixos Custos

Cabeamento único

Rede de expansão simples

Configurações individuais

Integração com sistemas fieldbus

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Dadas essas características vantajosas (e outras ainda a serem

detalhadas neste trabalho), o protocolo PROFINET vem despontando na liderança

do segmento de Ethernet industrial. Segundo [2], PROFINET já detém 30% do

market share (ver Figura 1). Assim sendo, o protocolo mostra-se digno de maior

pesquisa, com o intuito de ampliar o entendimento a seu respeito e aperfeiçoar as

suas aplicações.

Figura 1- Market Share das soluções de Ethernet industrial

(adaptado de [2])

Também, o protocolo PROFINET tem despertado o interesse da

comunidade acadêmica, sendo encontrados mais de 40 artigos publicados nos

últimos 5 anos na base de dados do IEEE (ieeexplore.org).

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CAPÍTULO 3: PROFINET

Este capítulo objetiva o embasamento teórico sobre o protocolo

PROFINET. Encontra-se dividido em 12 seções, cada uma com um propósito bem

definido.

Na seção 3.1, é feita uma introdução ao Protocolo PROFINET, na seção

3.2, é feita a descrição de PROFINET IO, a versão atual do protocolo; na seção 3.3,

são destacados os elementos de uma rede PROFINET IO; em 3.4, faz-se a análise

dos três diferentes canais de comunicação de PROFINET IO; em 3.5, é abordada a

questão do tempo de ciclo para a tecnologia PROFINET IO; em 3.6, são explicadas

as diferentes topologias que uma rede PROFINET IO pode assumir; a seção 3.7

foca em um dispositivo da rede muito importante - o switch; a seção 3.8 comenta

sobre a integração do protocolo PROFINET com outros protocolos diferentes; a

seção 3.9 comenta sobre o arquivo GSD, importante para a parametrização e a

inicialização da rede PROFINET; em 3.10, é debatido o system start-up, ou seja,

quais são os primeiros passos para a inicialização de uma rede PROFINET; a seção

3.11 retrata as conformance classes, que definem categorias para os dispositivos

PROFINET de acordo com suas funcionalidades disponíveis; finalmente, em 3.12

são apresentadas as conclusões finais deste capítulo.

3.1- Introdução ao PROFINET.

PROFINET é um padrão aberto e inovador para automação industrial

baseado em Ethernet industrial. Possibilita a troca de dados entre dispositivos

similarmente ao um fieldbus tradicional, mas substituindo-o pela Ethernet como meio

de comunicação [3].

PROFINET tem como um de seus objetivos o corte de custos na área de

engenharia por meio da integração com plantas já existentes, mesmo que sejam

baseadas em fieldbuses tradicionais [4]. Há a possibilidade instalar equipamentos

Profinet gradualmente através da utilização de gateways específicos denominados

proxies. Isto gera uma economia de recursos por evitar que todos dispositivos já

instalados sejam mudados.

PROFINET é uma tecnologia de extrema relevância, por se tratar do único

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protocolo RTE pela Siemens. Como a esta é a líder mundial em fabricação de CLPs,

espera-se que o protocolo PROFINET mantenha uma posição de liderança no

mercado, assim como PROFIBUS (também da Siemens) o fez [6].

3.2 - PROFINET IO

PROFINET IO é um protocolo definido também por uma miríade de

indústrias (com destaque novamente para a Siemens) e apoiado pela Profibus

International (Associação de empresas e universidades do setor de automação

industrial que representa os protocolos Profibus e PROFINET) que visa à conexão

entre os dispositivos de campo e os controladores.

PROFINET IO usa três canais de comunicação distintos para a troca de

dados com os sistemas de controle e outros dispositivos:

O padrão TCP/IP é usado para parametrização, configuração e

operações de leitura/escrita acíclicas. - é o canal NRT, usado para

processos não-críticos no tempo;

O canal RT (Real Time, tempo real) é usado como padrão para a

transferência cíclica de dados e para alarmes;

O terceiro canal, IRT, é o canal de alta velocidade usado para

aplicações de controle de movimento.

Em todos os casos, os dispositivos de campo são descritos por um

arquivo chamado GSD (General Station Description), baseado em linguagem XML

(Extensible Markup Language) [3], [5].

PROFINET IO ambiciona fundamentalmente: substituir os módulos IO

tradicionais que estão atualmente conectados via fieldbus e estender o protocolo

PROFINET às aplicações de controle de movimento [4].

3.3- Elementos da rede

Os elementos da rede podem assumir diferentes funções em PROFINET

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IO, a saber:

IO Controller: é um dispositivo inteligente - geralmente, um CLP -

no qual o programa de automação é executado. O controlador é

usado para endereçar os dispositivos conectados, implicando que

ele troca sinais de entrada e saída os elementos IO no campo.

IO Supervisor: é, geralmente, uma estação de engenharia. Este

termo refere-se a um dispositivo para programação, um PC ou HMI

para configuração, comissionamento ou diagnóstico.

IO Device: é um dispositivo de campo (como sensores, atuadores,

módulos de entrada e saída) atribuído a um dos controladores.

Recebe ciclicamente suas entradas do IO Controller, e envia para

ele (também ciclicamente) os dados de saída do processo.

Transmite para o IO Controller também dados para diagnóstico e

informações de alarme [6].

Um subsistema contém ao menos 1 IO Controller e 1 ou mais IO Devices

[7].

Um IO Device é um dispositivo modular, composto de um ou mais slots,

os quais podem ter subslots. Cada slot (ou subslot) representa um módulo IO e tem

um número fixo de bits de entrada e de saída. O dado de entrada do IO Device é a

sequência de todos os dados de entrada dos slots e subslots, de acordo com seu

posicionamento no dispositivo. O raciocínio similar também vale para os dados de

saída, alarme e diagnóstico [6].

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Figura 2- Elementos da Rede

Fonte: Adaptado de [3].

3.4 - Tipos de comunicação dentro do PROFINET IO

Como meio físico de comunicação, PROFINET utiliza Ethernet. Para o

transporte de dados, os protocolos TCP/UDP e IP estão implementados. Entretanto,

eles não são o suficiente para o processamento dos dados. Logo, outros protocolos

de aplicação devem ser implementados, como HTTP, SNMP, SMTP, FTP etc [3].

PROFINET IO é um conceito para a comunicação de dispositivos

distribuídos de entrada e saída. Usa o modelo provedor-consumidor, em que o

consumidor é o dispositivo que recebe dados e o provedor é o que envia [7].

Em PROFINET IO, existem três categorias de dados distintos (data

objects):

I/O Data objects: objetos de dados de entrada e saída são

transportados ciclicamente entre provedor (IO Device) e

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consumidor (IO Controller) sem confirmação (ACK ou

acknowledgement). Os intervalos de transmissão são configuráveis

via ferramentas de engenharia [7].

Record Data Objects: são usados para definir os parâmetros dos

IO Devices, configurá-los e ler suas mensagens de status. Utiliza

transmissão de dados acíclica, por meio de serviços de

leitura/escrita (read/write). Alguns exemplos são dados de

parametrização, informação de diagnóstico, I&M (Identificação e

Manutenção) etc [7].

Alarm Data objects: alarmes são usados para transferir eventos

que tem que ser confirmados pelo processo de aplicação. Há dois

tipos: definidos por sistema ou por usuário. Os definidos por

sistema são, por exemplo, retirada e inserção de módulos; os

definidos por usuário são, por exemplo, tensão de carga defeituosa

ou temperatura muito alta. Alarmes de diagnóstico e de processo

podem ser priorizados diferentemente pelo usuário [7].

Com a função de estabelecer uma troca de dados cíclica ou acíclica entre

IO Controller e IO Device, o IO Controller deve definir as configurações de

comunicação ao iniciar o sistema. A figura 3 mostra os serviços de comunicação

entre um IO Controller e um IO Device. Para fazê-lo, o Controller configura a

conexão baseado nos dados da estação de engenharia (IO Supervisor). A Relação

de Aplicação (AR – Application Relationship) corresponde ao conjunto de dados

necessários para o estabelecimento da troca de dados. Uma AR pode conter uma ou

mais relações de comunicação (CR – Communication Relationship). São três ARs

distintas, cada uma para uma categoria de data object.

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Figura 3- Relação de Aplicação

(adaptado de [7])

PROFINET usa três canais de comunicação com desempenhos distintos,

a saber:

3.4.1 – PROFINET NRT

PROFINET NRT (non real-time) é usada para processos acíclicos e não-

críticos no tempo, como parametrização, configuração ou HMI[7]. PROFINET usa as

pilhas TCP/IP e UDP/IP para transmitir os pacotes de dados, aliados aos demais

mecanismos padrão da Ethernet (padrão IEEE 802.3) [3], [7].

O endereçamento é feito usando ambos os endereços IP e MAC. O

endereço IP é usado para comunicação entre redes diferentes, enquanto endereços

MAC são usados para identificar o dispositivo dentro da própria rede. Todos os

equipamentos PROFINET suportam transmissão de dados via UDP/IP [7].

Toda a comunicação para gerenciamento de contexto, parametrização e

configuração é considerada NRT e é definida como um protocolo de aplicação

usando RPC (Remote Procedure Calls – Chamadas de procedimento remoto) sem

conexão e no topo da Pilha UDP/IP [6].

O tráfego de dados gerado por IO Supervisor e IO Parameter Server

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tipicamente acontece enquanto o sistema não está em operação (off-line), tratando-

se, portanto de tráfego NRT [8].

3.4.2 – PROFINET RT

PROFINET RT (real-time) visa à transmissão de dados críticos no tempo,

para um desempenho otimizado na troca de dados. As operações de leitura e escrita

para automação industrial requerem, na maioria, transferência de dados de alta

velocidade. Este é o canal a ser usado, já que o padrão TCP/IP ou UDP/IP não

satisfaz este requisito [3], [7].

As latências causadas pelas pilhas TCP/IP ou UDP/IP podem ser evitadas

já que algumas ferramentas adicionais desses protocolos não são necessárias para

a comunicação em tempo real. Por exemplo, pelo uso de transferência de dados não

é necessário um protocolo orientado a conexão para controlar a comunicação;

comunicação em tempo real não necessita, geralmente, ser roteada para uma

subrede diferente e, logo, essa funcionalidade do protocolo IP não precisa ser

implementada (até porque o atraso para roteamento é muito maior do que os

requisitos de tempo demandados para comunicação RT); o tamanho dos frames a

serem enviados está tipicamente na faixa de 32 a 256 bytes, logo não é necessário

manter os elementos usados para a segmentação de dados (já que com fast

Ethernet é possível transmitir até 1500 bytes no mesmo frame) [9].

Para possibilitar desempenho em tempo real, PROFINET abandona

partes dos protocolos IP, TCP e UDP, mas conserva os mecanismos da Ethernet

(IEEE 802.3) [7].

O agendamento das tarefas de comunicação em PROFINET RT (e

também IRT) é baseado nos seguintes parâmetros [9]:

Send Clock: o atributo send clock é expresso em múltiplos da base

de tempo (31,25 µs). Um valor típico para Send Clock é 32, para

que o tamanho de uma fase (veja definição a seguir) seja de 1 ms.

Taxa de redução (reduction ratio): esse atributo contém a taxa de

redução do send clock do dispositivo. O verdadeiro ciclo de envio

de dados (send cycle) é a multiplicação de send clock e taxa de

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redução.

Fase: esse atributo indica em que send cycle em particular o dado

deve ser enviado. Os valores permitidos vão de 1 até a taxa de

redução escolhida. Este atributo também permite espalhar o envio

dos frames por todo o send cycle e provém um meio de gerenciar a

distribuição do uso de largura de banda.

Sequência: esse atributo contém a posição do frame de dados na

fila de envio.

Offset de envio de frame: esse atributo contém o offset de envio

relativo ao início da fase em questão de acordo com a taxa de

redução correspondente. Sequência e offset de envio de frame

podem substituir um ao outro, já que o número de sequência não é

tão preciso quanto o necessário para aplicações de controle de

movimento (IRT).

Figura 4- Transmissão de dados em PROFINET

Os tempos de ciclo típicos são de 5 a 10 ms [7].

3.4.3 – PROFINET IRT

PROFINET IRT é usado para comunicação com sincronismo de clock.

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Utilizado em aplicações como controle de movimento, já que pode atingir tempos de

resposta inferiores a 1 ms, além de automação industrial e de alto desempenho

[3],[7]. Exige modificações no hardware, não correspondendo simplesmente aos

elementos da Ethernet padrão.

Tempos de ciclo típicos são inferiores a 1 ms com jitter inferior a 1 µs [7].

O tráfego de dados entre IO Controller e IO Device é, via de regra,

relacionado ao processo de automação e, portanto, sujeito a requisitos de tempo

restritos [8]. Consequentemente, é enviado pelos canais RT e IRT.

Figura 5- Canais de comunicação do Protocolo PROFINET

(adaptado de [7])

O ciclo de comunicação em PROFINET IO é multiplexado no tempo entre

os 3 canais: uma parte corresponde a IRT, a outra a RT e, finalmente, NRT. Note que

a coexistência desses 3 canais não implica em qualquer interferência entre eles,

permitindo a circulação de dados TCP/UDP e RT em um mesmo ciclo. [7], [4], [11].

Um clock altamente preciso é usado para dividir estas 3 fases distintas [4].

A primeira fase, chamada fase isócrona, são transmitidos todos os frames

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IRT. Esses frames são enviados pelo switch sem qualquer interpretação das

informações de endereço contidas neles. Os switches devem ser configurados

previamente com uma agenda. Percorrido um determinado tempo (offset time) o

frame agendado é enviado, sem interpretação do endereço, de uma porta a outra.

Na segunda fase, chamada fase de tempo real, o switch usa comunicação baseada

em endereçamento e se comporta como um switch tradicional, transmitindo os

dados RT. Por fim, são transmitidos os frames NRT [5].

Figura 6- Ciclo de Transmissão em PROFINET IO

(adaptado de [5])

Caso não seja feita a implementação do canal IRT, o ciclo começa

diretamente em sua fase RT. Tanto na presença quanto na ausência do canal IRT, os

quadros RT que são transmitidos primeiro são os cíclicos, para depois serem

transferidos os acíclicos [6]. Os dados cíclicos referem-se à informação transportada

periodicamente entre IO Controller e IO Device. Já os dados acíclicossão

informações trocadas esporadicamente nos instantes de configuração e diagnóstico

do IO Device.

Diferentemente da comunicação IRT, o canal RT não requer hardware

especial para a sua implementação, permitindo o uso de switches padrão (sem

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sincronismo de clock). Essa ausência de sincronismo resulta em desempenhos não-

determinísticos com jitter crescente. Para limitar tal fenômeno, as especificações de

PROFINET RT exigem que pelo menos 40% da largura de banda deve ser deixado

livre de qualquer tipo de tráfego [11]. Essa fração de 40% do ciclo é chamada de

margem de segurança [6].

A não-observância da margem de segurança é fator primordial para a

sobrecarga do sistema. Na ocasião de tal sobrecarga, o protocolo tenta enviar os

frames RT, mas já encontra tráfego circulando na rede. A medida que é tomada

consiste em descartar todos os frames RT do ciclo, levando à perda de dados [9].

3.5 – O Tempo de Transmissão de Mensagens:

Quanto a parâmetros temporais, antes mesmo de analisar o tempo de

ciclo, é conveniente mencionar divisões do tempo de processamento para a

transmissão de dados. Ele pode ser dividido em 5 partes: T1 é o tempo que o

provedor leva para disponibilizar o dado; T2 é o tempo que a pilha de comunicação

leva para processar o dado e torná-lo adequado para transmissão no meio físico; T3

é o espaço temporal decorrido até que o dado percorra o meio físico até o

consumidor; T4 é o tempo que a pilha de comunicação do consumidor gasta para

conduzi-lo de forma adequada até a aplicação do consumidor; finalmente, T5 é o

tempo que o consumidor leva para processar o dado na sua camada de aplicação. A

soma desses tempos é determinante do tempo de ciclo e, em função dos requisitos

de tempo, escolhe-se o canal de comunicação a ser usado para melhor atender as

necessidades [7]. A figura 7 ilustra as etapas temporais da transmissão de dados:

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Figura 7- Tempo de Transmissão em PROFINET IO

(adaptado de [7])

3.6 - A topologia - estrela, anel, linha

A topologia consiste no modo em que a interconexão dos equipamentos

acontece em certa rede. A escolha da topologia deve levar em conta os objetivos de

trabalho para a rede [3].

As topologias mais usuais são as seguintes:

Estrela: Existe um switch central que distribui os sinais e conecta-

se individualmente aos elementos da rede. Se um único dispositivo

falha, não leva a uma falha completa da rede. Mas se o switch

falha, a rede como um todo perde as conexões. É usada em área

com alta densidade de dispositivos e para curtas distâncias, como

em pequenas células de manufatura [3].

Linha: todos os dispositivos da rede são conectados em série,

como num barramento. Para a conexão entre os dispositivos,

existe um elemento de conexão (switch) conectando o dispositivo à

rede ou o elemento de conexão está integrado no próprio

dispositivo. Se um dos equipamentos falha, os equipamentos após

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ele não poderão mais comunicar-se. Esta é a topologia que menos

exige fiação. É usada preferencialmente para conectar sistemas

distantes, como sistemas de transporte e diferentes células de

manufatura [3].

Anel: consiste na conexão das duas extremidades de uma

topologia em linha. É uma topologia redundante, ou seja, aumenta

a segurança contra panes. Se um fio da rede se quebra ou algum

dos componentes falha, a rede em si continua funcionando [3].

Árvore: é a conexão entre várias topologias tipo estrela. Nesta

topologia é possível combinar cabos de fibra óptica e de cobre. É

usada quando um sistema muito complexo é dividido em

subsistemas menores que precisam ser interconectados [3].

3.7 - O switch

PROFINET utiliza switches especiais para Ethernet industrial na conexão

entre os dispositivos. Isso acarreta em evitar colisões nos domínios por meio de

conexões dedicadas ponto-a-ponto. O uso de switches aumenta a robustez da rede

contra alto tráfego temporário de dados. [3] As diversas portas do switch permitem a

conexão de vários dispositivos [7]. Switches comuns podem ser usados se não

houver interesse em operar no canal IRT. [5] Vale ressaltar que os switches

especiais para aplicação IRT suportam tranquilamente as operações tradicionais

definidas na norma IEEE1588 [4].

Para garantir um bom desempenho de PROFINET IO, deve ser usada

uma rede com switch de 100 Mbits/s operando em full duplex [5], [9].

Vale lembrar que hubs não são usados em PROFINET [3].

Os diferentes tipos de switch são:

Cut through: um switch cut-through ou “on the fly” encaminha um

pacote de dados imediatamente após receber os 6 bytes

correspondentes ao endereço do destinatário. Desse modo, o

atraso entre emissão e recepção é reduzido, com os pacotes não

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armazenados completamente em buffer. O atraso padrão de um

switch cut-through varia entre 5 e 60 µs [3].

Store-and-forward: um switch store-and-forward examina

previamente todos os pacotes de dados. Esses pacotes são

armazenados em buffer, verificados, validados e só então

rejeitados ou encaminhados. Isto aumenta o atraso para o

encaminhamento dos pacotes, mas garante que pacotes com

problemas não sejam transmitidos. O atraso de um pacote de

dados dependerá do tamanho do seu frame. Um frame pequeno

pode causar um atraso de 8 a 10 µs, enquanto um frame grande

pode causar um atraso até de 1,5 ms [3]. Switches store-and-

forward são as mais confiáveis [4].

Ainda, existe o switch fragment-free (sem fragmentação). É uma

derivação do switch cut-through, mas que verifica se o pacote possui o tamanho

mínimo para o frame Ethernet antes de iniciar a retransmissão [4].

3.8 – Integração

O conceito PROFINET permite o uso de proxy para integrar um sistema

fieldbus já existente, como PROFIBUS, INTERBUS, ASI etc a uma rede PROFINET.

Essa arquitetura levará a um sistema híbrido entre fieldbus e Ethernet industrial [3].

A tecnologia proxy é muito importante para permitir uma migração das

instalações fieldbus já existentes para a rede proposta pela PROFINET [5].

3.9 - Arquivo GSD

Todo equipamento PROFINET IO de campo deve ser descrito por um

arquivo GSD (General Station Description). O arquivo GSD é baseado em linguagem

XML e contém toda a informação técnica e as funções do dispositivo. Essa

informação é importante para a troca de dados. O arquivo GSD é disponibilizado

pelo próprio fabricante do equipamento. Por ser semelhante ao XML, a linguagem de

descrição do arquivo GSD é chamada de GDSML (General Station Description

Markup Language) [7].

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O arquivo GSD permite a definição da estrutura dos módulos IO e a sua

parametrização. Esse arquivo, após devidamente editado no IO Supervisor, é

descarregado no IO Controller, o qual usa essa informação para configurar e

parametrizar os IOs associados antes de entrar no modo de troca cíclica de dados

[6].

O arquivo GSD é baseado no padrão ISO 15745 e contém duas partes,

profile header (cabeçalho) e profile body (corpo) [7], conforme a imagem abaixo:

Figura 8- Arquivo GSD

(adaptado de [7])

O cabeçalho contém as definições comuns especificando as funções dos

dispositivos de campo. Compreende também as referências ao padrão internacional

ISO 15745 [7].

O corpo abriga as informações que descrevem as possibilidades técnicas

do dispositivo de campo. Todos os módulos, submódulos, pré-alocação inicial e

diagnóstico são descritos nele. [7]

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3.10 - System start-up

Para a inicialização do sistema, os arquivos GSD devem ser configurados

na ferramenta de engenharia (IO Supervisor). Nela, os equipamentos de campo são

conectados a um ou mais IO Controllers. Nessa etapa, o IO Device deve ser

configurado em relação à rede baseado no conteúdo do seu arquivo GSD. O IO

Device é, então, integrado, parametrizado e inserido na topologia [7].

Completada a etapa anterior, a informação de configuração e o programa

de automação do usuário são transferidos para o IO Controller [7].

Assim, o IO Controller toma o controle da troca de dados entre os IO

Devices descentralizados [7].

Uma vez que o IO Controller toma o controle da troca de dados, ele passa

por diversas etapas antes de iniciar a troca cíclica propriamente dita [6], a saber:

Cada IO Device configurado é verificado e tem um endereço de IP

atribuído via protocolo DCP (Discovery and Configuration Protocol).

São formadas as conexões de comunicação entre todos os IO

Devices, com os chamados serviços de gerenciamento de

contexto.

Com os serviços de record data todos os dispositivos são

configurados e parametrizados.

Uma vez bem-sucedida a configuração e a parametrização, um IO Device

entra o modo de troca de dados cíclicos. De acordo com a figura 9, a transmissão

ocorre de buffer para buffer. As áreas de buffer são lidas e escritas pelo processo de

aplicação no IO Controller e no IO Device de modo assíncrono no ciclo de

comunicação. No modo de troca de dados cíclico, também são trocadas mensagens

acíclicas de alarmes e confirmações (ACK). O tempo de ciclo é supervisionado pelo

IO Controller. Se houver três violações consecutivas do tempo máximo de ciclo

permitido, a comunicação é abortada por ser considerada instável [6].

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Figura 9- Troca de Dados

Fonte: Adaptado de [6].

3.11 – Conformance classes

No protocolo PROFINET, existem três classes distintas entre si cuja

diferenciação é feita levando-se em consideração o tipo de comunicação usada, o

meio de comunicação, o protocolo de redundância e algumas outras funcionalidades

disponíveis. Contudo, vale ressaltar que todas as três classes abrangem as funções

básicas primordiais como troca de dados cíclicos, acíclicos e alarmes. O

agrupamento em Conformance Classes (CC) tem como propósito facilitar o projeto

das redes ao agrupar os dispositivos de características similares.

Um ordenamento das Conformance Classes, em ordem crescente de

funcionalidade, pode ser dado por: Conformance Class A (CC-A), Conformance

Class B (CC-B) e Conformance class C (CC-C). A Tabela 1 apresenta de maneira

sucinta as funcionalidades de distinguem as CCs entre si.

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Tabela 1- Conformance Classes

CC-A CC-B CC-C

Funções

Básicas

Profinet com

comunicação

RT

Entradas e

saídas cíclicas

Parâmentros

Alarmes

Informação da

topologia

(LLDP)

Profinet com

comunicação RT

Entradas e

saídas cíclicas

Parâmentros

Alarmes

Informação da

topologia (LLDP)

Diagnóstico da

rede via IP

(SNMP)

Informação da

topologia com

LLDP-MIB

Redundância

Profinet com

comunicação RT

Entradas e saídas

cíclicas

Parâmentros

Alarmes

Informação da

topologia (LLDP)

Diagnóstico da

rede via IP

(SNMP)

Informação da

topologia com

LLDP-MIB

Redundância

Sincronização de

Hardware

Fonte: Adaptado de [10]

3.12 – Conclusões do Capítulo 3

Ao final do Capítulo 3, estão apresentadas as características principais

para que haja um bom entendimento do protocolo PROFINET, dos seus

mecanismos e das suas possibilidades. Este conhecimento é de total importância

para a execução do estudo de caso, apresentado no capítulo 4.

Terminada a análise do protocolo PROFINET, segue-se para outro

aspecto muito importante para o desenvolvimento deste estudo: o indicador de

desempenho denominado jitter.

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CAPÍTULO 4: INDICADORES DE DESEMPENHO

Este capítulo introduz o conceito de indicadores de desempenho proposto

pela norma internacional IEC 61784-2. Destaca e diferencia-os uns dos outros,

apresentando também suas relações de interdependência. É apresentada também a

definição de jitter propriamente dita, bem como a sua relação com os indicadores.

4.1 – Os Indicadores de Desempenho

Sabe-se que os usuários dos protocolos RTE apresentam requisitos

distintos de desempenho para diferentes aplicações. Para satisfazer da melhor

maneira possível a distinção entre esses requisitos a norma IEC 61784-2 instituiu os

indicadores de desempenho [2].

Indicadores de desempenho são usados para detalhar o desempenho de

um dispositivo, da rede e também para representar os requisitos de uma

determinada aplicação [2].

São nove os indicadores de desempenho, a saber [2]:

Delivery Time: é o tempo para um dado ser enviado de um Device

e ser recebido por outro.

Number of RTE end-stations: mostra a quantidade máxima de

Devices que um protocolo RTE suporta.

Basic network topology: A topologia de redes suportada por um

protocolo RTE deve ser uma das ou a combinação das topologias:

estrela, anel ou barramento.

Number of switches between RTE end-stations: número de

switches entre quaisquer dois Devices com conexão lógica AR.

Throughput RTE: mostra o total de dados RTE (em bytes) em um

ponto da rede por segundos.

Non-RTE bandwidth: indica a porcentagem da banda que pode ser

usada por comunicação non-RTE em um ponto da rede.

Time synchronization accuracy: indica o máximo desvio entre

quaisquer dois clocks de dispositivos.

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Non-time-based synchronization accuracy: quaisquer dois Devices

podem estabelecer uma sincronização, independentemente do

resto da rede.

Redundancy recovery time: indica o tempo máximo do período da

falha até tornar-se totalmente operacional.

Vale lembrar que os indicadores de desempenho não são independentes

entre si, apresentando interdependências. A Tabela 2 mostra essas relações [2]:

Tabela 2- Interdependência entre Indicadores de Desempenho

Indicador

Dependente

Indicador Influente

Delive

ry

Time

Number

of RTE

end-

stations

Basic

networ

k

topolog

y

Number

of

switches

between

RTE end-

stations

Throughpu

t RTE

Non-RTE

bandwidth

Delivery Time Não Não Sim Não Não

Number of RTE

end-stations

Não Sim Sim Não Não

Basic network

topology

Não Não Não Não Não

Number of

switches

between RTE

end-stations

Sim Sim Sim Não Não

Throughput RTE Sim Sim Sim Sim Sim

Non-RTE

bandwidth

Não Não Não Não Sim

Fonte: Adaptado de [2].

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4.2 – O Jitter.

A norma IEC 61784-2 define jitter como “mudança temporal em um sinal

de clock ou mudança temporal em um evento que, em outras circunstâncias,

apresentaria intervalos de tempo regulares”

Quando se trabalha com sistemas de comunicação, espera-se que as

mensagens cheguem em intervalos de tempo determinados. Mas, na situação real

não é isso que acontece, as mensagens podem chegar atrasadas ou adiantadas.

Essas variações de tempo é o que foi denominado jitter. Neste trabalho, o

conceito de jitter é utilizado para quantificar a variação de tempo dos pacotes em

uma rede. O termo correto a se utilizar nesse caso seria Packet Delay Variation. A

figura 10 representa as três possíveis condições de jitter [10]:

Atrasado: quando o pacote de dados de referência inicia-se antes do pacote

real.

Avançado: quando o pacote de dados de referência inicia-se depois do pacote

real.

Situação ideal: quando o pacote de dados de referência inicia-se ao mesmo

tempo em que o pacote real.

Figura 10- Situações de Jitter

Fonte: adaptado de [10]

Diversos outros trabalhos na literatura científica internacional fazem

menção ao jitter em redes de comunicação industrial e/ou às suas consequências.

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Tais trabalhos são destacados nos parágrafos a seguir.

O artigo [5] apresenta as perspectivas da tecnologia Real-Time Ethernet

e requisitos especificados para a sua parametrização. Dentre esses requisitos, são

apresentados 8 dos 9 indicadores de desempenho propostos pela IEC 61784-2,

Ainda, este artigo destaca as capacidades de PROFINET IRT ao sincronizar os

clocks dos dispositivos, levando a um jitter na casa de 1 µs.

O artigo [4] faz a avaliação experimental do Protocolo PROFINET. Foi

realizado um ambiente de teste para medições e mostrado que PROFINET RT

classe 1 tem um bom resultado em aplicação RT, com jitter inferior a 10% mesmo

em condições de rede altamente carregada. Também traz orientações para o uso

dos 3 diferentes canais PROFINET em função do jitter e do tempo de ciclo

desejados: non-RT para tempo de ciclo maior que 100 ms e e jitter acima de 100%

do tempo de ciclo; RT para tempo de ciclo ao redor de 10 ms e e jitter em torno de

15%; IRT para tempos de ciclo em torno de 250 µs e teoricamente nenhum jitter.

O artigo [4] adicionalmente faz a indicação de que os atrasos na

propagação dos pacotes dependem da topologia da rede, fato que será avaliado no

estudo de caso proposto neste trabalho.

O artigo [11] cria modelos de simulação para avaliar a o desempenho do

Protocolo PROFINET IO RT. Apresenta uma definição de jitter como sendo a

diferença entre o valor máximo e mínimo do tempo de reação a um evento. Lista

alguns dos parâmetros que exercem influência direta no desempenho de PROFINET

IO, como o tempo de ciclo da aplicação no IO-Controller e o tamanho dos pacotes

transmitidos.

O artigo [6] realça o papel crucial que a eliminação de etapas da pilha

UDP/IP para PROFINET RT exerce na diminuição dos tempos de ciclo e do jitter,

mesmo que PROFINET RT não tenha mecanismos que garantam um tamanho fixo

para o tempo de ciclo.

O artigo [9] faz comentários sobre as aplicações industriais da tecnologia

PROFINET. Ressalta a eficiência de PROFINET IRT em termos de pequenos

tempos de ciclo e baixo jitter, obtido graças ao sincronismo de clock. Destaca

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50

também as dificuldades de se fazer o sincronismo de clock quando há muitos

switches entre o produtor e o consumidor dos dados, situação comum no ambiente

industrial.

O artigo [8] faz a análise de desempenho de redes PROFINET. Ressalta

as necessidades de baixo jitter no ambiente industrial. Mostra que para atingir

atrasos de transmissão previsíveis, sem jitter, é necessário sincronismo estrito entre

os dispositivos, o que não está disponível na versão RT de PROFINET, apenas em

IRT. Realça também que os erros de sincronização tendem a aumentar na situação

de switches em cascata.

Em [12], o autor faz uma análise geral da comunicação RTE via

PROFINET IO. Destaca a característica variável do jitter para PROFINET RT (sem

sincronismo) em contraste ao diminuto jitter constante de PROFINET IRT (com

sincronismo).

No artigo [13], o autor faz a avaliação de desempenho de duas redes RTE

(Ethernet Powerlink e EtherCAT) sob o ponto de vista dos indicadores de

desempenho especificado na norma IEC 61784-2. Destaca que os indicadores

propostos na norma são intensamente influenciados por características da rede em

específico, como também pela quantidade de dados transmitidos. Apresenta ainda

uma definição de jitter como sendo o módulo da diferença entre um dado tempo de

ciclo e o tempo de ciclo mínimo. Levanta como possíveis causas de jitter erros de

transmissão, atrasos e a característica imprevisível da transmissão não-

sincronizada.

Em [14], o autor detalha a trajetória da Ethernet desde sua origem no

ambiente de escritório até suas mudanças que levaram ao desempenho em RTE.

Apresenta uma definição de jitter como sendo o desvio padrão do atraso na

transmissão. Atenta-se para a questão de que, embora menor jitter seja alcançado

com a transmissão de pacotes pequenos, isso leva a uma utilização inferior da rede.

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4.3 - Conclusões do capítulo 4

Neste capítulo foram consolidados os conhecimentos sobre os

indicadores de desempenho e o jitter, dando uma visão abrangente de como esses

parâmetros podem ser utilizados para o decorrer do trabalho e qual a razão e

importância de seus estudos.

Finalizado este capítulo, pode-se proceder para o estudo de caso

propriamente dito, com a sua metodologia, resultados e conclusões.

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52

CAPÍTULO 5: METODOLOGIA

A metodologia desde trabalho consiste na comparação de duas redes

PROFINET distintas. Ambas as redes serão devidamente descritas sob os seguintes

aspectos:

Número total de componentes;

Número de IO Controllers;

Número de IO Devices;

Número de Switches;

Endereços IP e MAC dos dispositivos da rede, com o nome dos

dispositivos na rede e demais dados para identificação dos componentes;

Descrição da topologia, com imagens.

Em seguida, será feita a descrição do método de captura, tanto sob o

ponto de vista da conexão do hardware para captura, quanto do ponto de vista do

software utilizado. Serão mostradas vantagens e desvantagens entre o método de

captura utilizado e as demais opções existentes. Ainda, será também detalhado o

meio para transformar os dados capturados pelo software em um formato de dados

que possa ser devidamente trabalhado para a obtenção de resultados concretos.

Após o devido tratamento dos dados de captura, serão escolhidos

aqueles relevantes ao trabalho e justificada a sua escolha. A apresentação e análise

dos resultados serão feitos em capítulo posterior.

5.1 – Descrição das redes

Seguindo o método de descrição da rede proposto, pode-se descrever a

rede 1 da seguinte maneira:

REDE 1:

Número de componentes : 3 (três)

Número de IO Controllers: 1 (um)

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53

Número de IO Devices: 1 (um)

Número de switches: 1 (um)

Descrição dos componentes:

Tabela 3- Equipamentos utilizados na rede 1

Quantidade Equipamento Função

1 CPU S7-1200 IO Controller

1 Remota ET 200-S IO-Device

1 Módulo 2DI x 24 DC ST Módulo de entrada digital

1 Switch Scalance X208 Switch

IO Controller: o IO Controller é um CLP (Controlador Lógico

Programável) da Siemens, série S7-1200. Apresenta interface

PROFINET integrada, que pode ser utilizada para programação e

para comunicação entre CLP e IHM (interface homem-máquina)

Pode ser também utilizada para comunicação com dispositivos de

outros fabricantes través de protocolos abertos em Ethernet. A

interface possui conexão RJ 45, funcionalidade de auto-crossover

e taxas de transmissão de 10/100 Mbits/s Um alto número de

conexões Ethernet está disponível pelos protocolos TCP/IP nativo,

ISO em TCP e comunicação S7. Além dos seus I/Os integrados,

pode receber expansões diretamente na CPU, sendo 4 (quatro)

digitais a 200 kHz ou 1 analógica. Suas aplicações são as mais

variadas, indo desde controle em malha PID com auto-tuning,

passando por leitura de tags e até controle de movimento

(velocidade e posição)

IO Device: o IO Device é uma remota da Siemens, série ET200,

modelo ET 200S. Tem grau de proteção IP20, o que significa que o

equipamento é protegido contra objetos sólidos maiores do que 12

mm (mais precisamente, dedos ou objetos de comprimento maior

do que 80 mm, cuja menor dimensão é maior do que 12 mm). Pode

ser usada em zonas perigosas com classificação 2 (área onde não

é provável, em condições normais de funcionamento, a formação

de uma atmosfera explosiva constituída por uma mistura com o ar

de substâncias inflamáveis, sob a forma de gás, vapor ou névoa,

ou onde essa formação, caso se verifique, seja de curta duração) e

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54

22 (área onde não é provável, em condições normais de

funcionamento, a formação de uma atmosfera explosiva sob a

forma de uma nuvem de poeira combustível, ou onde essa

formação, caso se verifique, seja de curta duração). É indicada

para uso no campo, mas no interior de painéis.

Switch: o switch da rede é um Scalance X208, para aplicações de

Ethernet Industrial. Tem 8 conectores RJ 45 para conexão dos

segmentos da rede.

A Tabela 4 mostra os componentes da rede, seus endereços IP, MAC e

nome de identificação:

Tabela 4- Endereçamento dos componentes da rede 1

Componente Endereço IP Endereço MAC Nome

IO Controller 192.168.0.1 00-0E-8C-F7-53-B6 CPU

IO Device 192.168.0.2 00.0E.8C-F6-13-42 Remota

Switch 192.168.0.4 00.1B-1B-4E-E1-1B Switch1

A figura 11 mostra a conexão da topologia da rede 1.

Figura 11 - Topologia da rede 1

REDE 2

Número de componentes : 3 (três)

Número de IO Controllers: 1 (um)

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Número de IO Devices: 12 (doze)

Número de switches: 6 (seis)

Descrição dos componentes:

Endereços IP, MAC, nome de identificação.

A Tabela 5 mostra os componentes da rede, seus endereços IP, MAC e

nome de identificação:

Tabela 5- Equipamentos da Rede 2

Quantidade Equipamento Função

1 CPU S7-1200 IO Controller

3 Remota ET 200-S IO-Device

4 Módulo 2DI x 24V DC ST Módulo de entrada digital

6 Módulo 4 DO DC24V/0.5A ST Módulo de saída digital

5 Módulo 2DI DC24V HF Módulo de entrada digital

5 Módulo 2 DO DC24V/0.5A ST Módulo de saída digital

4 Switch Scalance X208 Switch

2 Switch Scalance X204-2 Switch

5 Módulo 8DC/8DI/8DO Módulo de entradas e saídas

1 Proxy IE-PB Link

1 PAC 3200 Medidor

Tabela 6– Componentes da rede, endereços IP, MAC e nome de identificação na rede 2

Componente Endereço IP Endereço MAC Nome

IO Controller 192.168.0.1 00-0E-8C-F7-53-B6 CPU

IO Device(1/8) 192.168.0.2 00-0E-8C-F6-13-42 remota

IO Device(1/8) 192.168.0.3 00-1B-1B-53-64-A6 remota3

Switch (1/6) 192.168.0.4 00-1B-1B-4E-E1-1B switch1

Switch (2/6) 192.168.0.5 00-1B-1B-51-09-5D switch2

Switch (3/6) 192.168.0.6 00-1B-1B-73-F9-9B switch3

Switch (4/6) 192.168.0.7 00-1B-1B-73-F8-E7 switch4

Switch (5/6) 192.168.0.8 00-1B-1B-74-0E-4E switch5

Switch (6/6) 192.168.0.9 00-1B-1B-4E-E1-1B switch6

IO Device(1/8) 192.168.0.10 00-0E-8C-F6-96-96 remota2

IO Device(1/8) 192.168.0.11 00-24-59-00-68-B0 ci502_pnio

IO Device(1/8) 192.168.0.13 00-24-59-00-68-B8 ci502_pnio2

IO Device(1/8) 192.168.0.14 00-24-59-00-68-38 ci502_pnio3

IO Device(1/8) 192.168.0.15 00-24-59-00-68-34 ci502_pnio4

IO Device(1/8) 192.168.0.16 00-24-59-00-68-18 ci502_pnio1

Proxy 192.168.0.18 00-1B-1B-79-2A-53 ie/pb-link_1

Medidor Pac3200 192.168.0.21 00-0E-8C-E1-9C-9D pac3200

A figura 12 Figura mostra a conexão da topologia da rede 2.

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56

Figura 12- Topologia da Rede 2

5.2 – Descrição do método de captura.

O método de captura escolhido é composto da combinação entre o uso

de uma porta espelhada no switch e a captura de dados via software wireshark.

Uma porta espelhada é uma duplicação ativa do pacote, isto é, o

dispositivo da rede tem que fisicamente fazer uma cópia dos pacotes na porta

espelho. Para tanto, isso significa que o dispositivo usado para espelhar a porta terá

de utilizar seus recursos computacionais (por exemplo, CPU) para copiar o tráfego

da porta desejada para a porta espelho. Tal situação causa um prejuízo para o

switch, já que o uso de recursos para o espelhamento reduz o seu desempenho

(explicitamente, a velocidade). Também pode ocasionar na perda de alguns pacotes,

caso a rede seja utilizada perto da sua capacidade máxima. Ainda assim, é uma

boa alternativa, dado seu baixo custo [14], [15].

Em contraste à técnica da porta espelhada, existe o TAP de rede. Trata-se

de um dispositivo completamente passivo, que copia para as suas portas os pacotes

desejados eletricamente ou ópticamente.. Ele atribui uma estampa de tempo com

resolução de 5 ns para os pacotes e transforma os dados em formato PCAP.

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57

Contudo, trata-se de um custo adicional, o que inviabilizou sua utilização neste

trabalho.

Determinado o uso de porta espelhada, o software escolhido para a

captura dos dados foi o Wireshark. O Wireshark é um analisador de pacotes de

rede. Tem como função capturar os pacotes e exibir os seus dados da forma mais

detalhada possível. Algumas de suas aplicações possíveis são auxílio para solução

de problemas na rede, análise de problemas de segurança na rede e depurar

implementações de protocolo, além do propósito educacional – aprender os

mecanismos internos dos protocolos.

Define-se o seguinte esquema de captura de dados, tanto para a rede 1

quanto para a rede 2: o switch principal terá uma porta espelhada com conexão para

a Central de Captura (PC), no qual o Wireshark fará a captura de dados entre o IO

Controller e os IO Devices. O IO Supervisor é usado para descarregar as

configurações da rede no IO Controller

Definida e explícita a metodologia deste trabalho, segue-se a

apresentação dos resultados.

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58

CAPÍTULO 6: RESULTADOS

Para a melhor compreensão dos resultados, faz-se necessário dividir este

capítulo em 2 seções. Na primeira, mostram-se quais os dados disponibilizados pelo

Wireshark que interessam para este trabalho, como será a sua filtragem, tratamento

e como serão usados para fornecer dados estatísticos interessantes e o jitter. A

segunda,apresenta os resultados relevantes na forma de gráficos, histogramas e

tabelas.

6.1 – Descrição do tratamento de dados.

O software Wireshark fornece vários dados a respeito dos pacotes da

rede, como se pode ver na figura 13.

Figura 13 - Vista da tela do Wireshark

No: número do quadro capturado

Time: instante da captura

Source: endereço IP da fonte de dados

Destination: endereço IP do destino dos dados

Protocol: protocolo correspondente ao quadro capturado

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59

Length: tamanho do quadro, em bytes

Info: informação geral sobre o frame

Este trabalho explorará o tempo de ciclo. Define-se o tempo de ciclo como

a diferença entre o instante de tempo da transmissão atual e da transmissão

anterior, sendo fixos o IO Controller, o IO Device e o sentido da transmissão de

dados.

Para esta análise, o tempo de ciclo de interesse é a diferença entre os

instantes de tempo anterior e posterior para transmissão de dados do IO Controller

(será a fonte de dados) para a Remota (será o destino dos dados). Para o cálculo

desses tempos de ciclo, será usada a ferramenta de exportação de dados do

Wireshark, aliado ao Microsoft Office Excel.

Definido o tempo de ciclo, usar-se-ão as definições de desvio padrão

usual e de jitter encontrada em [17]. Deste modo, seguem-se expressões (1) e (2):

(1)

Em que s será o desvio padrão, xi é uma dada amostra de tempo de ciclo,

n é o número de amostras e será a média dos tempos de ciclo.

(2)

Sendo o jitter a diferença entre o maior e o menor tempo de ciclo xi.

Assim sendo, segue-se a apresentação dos resultados.

6.2 - Apresentação dos resultados

Seguem-se os resultados para as redes 1 e 2. Apresentam-se gráficos de

tempo de ciclo e histograma de dados.

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60

Figura 14- Gráfico de tempo de ciclo por amostra rede 1

Para o tempo de ciclo da rede 1, nenhuma amostra excedeu os 2500 µs,

nem ficou abaixo dos 1500 µs. Ainda, pode-se dizer que a grande maioria dos

valores de tempo de ciclo está entre 1800 e 2200 µs.

Figura 15- Histograma de tempo de ciclo para a rede 1

O histograma da rede 1 mostra como a grande maioria dos tempos de

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

1

87

8

17

55

26

32

35

09

43

86

52

63

61

40

70

17

78

94

87

71

96

48

10

52

5

11

40

2

12

27

9

13

15

6

14

03

3

14

91

0

15

78

7

16

66

4

17

54

1

18

41

8

19

29

5

Tempo de Ciclo Rede 1

Tempo de Ciclo (us)

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

15

23

15

63

,63

82

98

16

04

,27

65

96

16

44

,91

48

94

16

85

,55

31

91

17

26

,19

14

89

17

66

,82

97

87

18

07

,46

80

85

18

48

,10

63

83

18

88

,74

46

81

19

29

,38

29

79

19

70

,02

12

77

20

10

,65

95

74

20

51

,29

78

72

20

91

,93

61

7

21

32

,57

44

68

21

73

,21

27

66

22

13

,85

10

64

22

54

,48

93

62

22

95

,12

76

6

23

35

,76

59

57

23

76

,40

42

55

24

17

,04

25

53

24

57

,68

08

51

Fre

ên

cia

Bloco

Histograma Tempo de Ciclo Rede 1

Freqüência

Page 63: METODOLOGIA PARA ANÁLISE DE DESEMPENHO DO … · O capítulo 2 apresenta os conceitos fundamentais para o embasamento teórico do protocolo PROFINET. Faz uma revisão da origem do

61

ciclo está concentrada próxima aos 2000 µs nominais da rede, com poucos valores

distantes deste valor.

Figura 16- Gráfico de tempo de ciclo para cada amostragem da rede 2

O gráfico de tempo de ciclo para a rede 2 evidencia uma mudança grande

nos tempos de ciclo. Nota-se que há muitos valores perto dos 2500 µs, e uma menor

quantidade de valores próximos à média.

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

1

26

4

52

7

79

0

10

53

1

31

6

15

79

1

84

2

21

05

2

36

8

26

31

2

89

4

31

57

3

42

0

36

83

3

94

6

42

09

4

47

2

47

35

4

99

8

52

61

5

52

4

57

87

6

05

0

Tempo de Ciclo Rede 2

Tempo de Ciclo (us)

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62

Figura 17- Histograma de tempo de ciclo para a rede 2

O histograma para a rede 2 mostra como há um maior espaçamento entre

os tempos de ciclo, e uma grande quantidade de valores longe da média, ao redor

dos 1500 µs.

Seguem na tabela 7 os valores de comparação entre tempo de ciclo

médio, desvio padrão e jitter.

Tabela 7- Comparação entre redes 1 e 2

Rede Tempo de Ciclo Médio (us) Desvio Padrão (us) Jitter (us)

Rede 1 2000,96 31,68 955

Rede 2 1999,86 369,17 1136

Tanto para a rede 1 quanto para a rede 2, o tempo de ciclo médio ficou

bem próximo dos 2000 µs, valor nominal estipulado para a transmissão de dados.

Para a rede 1, o desvio padrão foi de 31,67 µs, enquanto para a rede 2,

foi de 369,17 µs. Isso mostra que com o aumento do número de Devices (e

consequente aumento do tráfego da rede) a variação do tempo de ciclo se

intensifica.

Segundo a definição encontrada em [17], o jitter aumenta de 955 µs em 1

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600 1

49

5

15

52

,51

89

87

16

10

,03

79

75

16

67

,55

69

62

17

25

,07

59

49

17

82

,59

49

37

18

40

,11

39

24

18

97

,63

29

11

19

55

,15

18

99

20

12

,67

08

86

20

70

,18

98

73

21

27

,70

88

61

21

85

,22

78

48

22

42

,74

68

35

23

00

,26

58

23

23

57

,78

48

1

24

15

,30

37

97

24

72

,82

27

85

25

30

,34

17

72

25

87

,86

07

59

Fre

ên

cia

Bloco

Histograma de Tempo de Ciclo da Rede 2

Freqüência

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63

para 1136 µs em 2. Todavia, o valor de jitter para a rede 1 não reflete a maioria

absoluta dos tempos de ciclo, podendo ser considerado um valor atípico. Ainda

assim, mostra-se o aumento do jitter para o caso com maior carga na rede.

Nota-se que o Protocolo PROFINET IO aplicado a RT é bastante robusto

em termos de tempo de ciclo médio, porém apresenta variações significativas com o

aumento da carga da rede. Esta característica deve ser observada em aplicações

para redes de comunicação industrial com grande número de IO Devices e que

apresentem criticidade. Este resultado já era esperado, segundo a bibliografia

consultada e relatada previamente nesta monografia. Ainda assim, nota-se pelos

histogramas que a maioria dos tempos de ciclo está próxima do esperado,

mostrando a eficiência do protocolo em questão.

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64

CAPÍTULO 7: CONCLUSÃO

Note que fica clara a diferença em termos de desvio padrão, jitter e

comportamento em geral do tempo de ciclo entre as redes 1 e 2. Nota-se um

aumento do desvio padrão e do jitter com o aumento da carga na rede (aumento da

quantidade de IO devices e demais componentes conectados a ela). Com essa

diferença inquestionavelmente realçada, o trabalho alcança o seu objetivo.

Assim, recomenda-se para projetistas que trabalhem com PROFINET IO

que observem o aumento considerável do jitter e do desvio padrão com o aumento

da carga da rede. Vale ressaltar que as tolerâncias para tais valores devem ser

estabelecidas caso a caso sob a responsabilidade do engenheiro designado para a

tarefa.

Propõem-se alguns sugestões no sentido de melhorar os resultados

encontrados por este trabalho. Por exemplo, a substituição do uso da porta

espelhada por um ProfiTap elimina a influência do tempo de resposta da porta

espelhada do switch. Ainda, poder-se-ia propor a substituição do uso do Wireshark

por algum mecanismo que leia diretamente a estampa de tempo do pacote

PROFINET, aumentando ainda mais a confiabilidade dos dados. Tais procedimentos

não foram avaliados neste trabalho devido à impossibilidade de uso do equipamento

apropriado.

Sob o ponto de vista acadêmico, este trabalho complementa o curso de

graduação em Engenharia Elétrica – ênfase em sistemas de energia e automação

por permitir um aprofundamento em redes de comunicação industrial, protocolos em

geral, PROFINET e nas disciplinas que compõem o núcleo do certificado de estudos

especiais em automação de modo geral. Logo, mostra-se plenamente satisfatório

para o enriquecimento intelectual e educacional do aluno autor.

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65

REFERÊNCIAS

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