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METODOLOGIA PARA O CONTROLE ORÇAMENTÁRIO: UM ESTUDO EM UMA EMPRESA FUMAGEIRA DE SANTA CRUZ DO SUL Jaqueline Schulz 1 Marlon Minussi 2 RESUMO Este trabalho apresenta um estudo sobre orçamento em uma empresa do ramo fumageiro do município de Santa Cruz do Sul, tendo como objetivo encontrar uma maneira mais eficaz do controle orçamentário. O estudo desenvolvido com base em uma pesquisa que visa descrever o controle orçamentário da empresa, onde o estudo será realizado através de planilhas eletrônicas. Nesse sentido, a justificativa consiste na dificuldade encontrada pelo controle do orçamento para analisar e controlar os gastos do departamento de manutenção. A pesquisa verificou a efetividade do orçamento bem como a participação dos funcionários na elaboração do mesmo. O orçamento deve ser claro e realizado com a participação de todos os colaboradores para que, problemas no setor sejam evitados. Palavras-chave: orçamento; gestão de recursos; planejamento ABSTRACT This work presents a study of the budget in a Cigarette Manufacturing Company in the city of Santa Cruz do Sul, having as objective to find a more efficient budgetary control. The study was based on a research with the aim of describing the budgetary control of the company, through the analysis of electronic charts. It’s justification consists of the difficulties found to analyze and to control the expenses of the Maintenance department. The research verified the effectiveness of the budget, as well as the employees’ participation in it’s elaboration. The budget must be clear and be carried through with the participation of all the employees in order to prevent budgetary problems. Key-words: budget, management of resources; planning 1 Introdução Atualmente as organizações buscam competitividade, começam a entender e tornar mais qualitativos seus processos. Independentemente da mobilização de recursos inovadores para grandes transformações, cada vez mais a mudança é inserida no cotidiano da empresa. Assim, as organizações buscam o planejamento na resolução de seus problemas.

METODOLOGIA PARA O CONTROLE ORÇAMENTÁRIO: UM ESTUDO EM … · 4 surpreendido por imprevistos e colocar a empresa em grandes dificuldades, ou até mesmo levá-la à falência (SANVICENTE;

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METODOLOGIA PARA O CONTROLE ORÇAMENTÁRIO: UM ESTUDO EMUMA EMPRESA FUMAGEIRA DE SANTA CRUZ DO SUL

Jaqueline Schulz1

Marlon Minussi2

RESUMO

Este trabalho apresenta um estudo sobre orçamento em uma empresa do ramofumageiro do município de Santa Cruz do Sul, tendo como objetivo encontrar umamaneira mais eficaz do controle orçamentário. O estudo desenvolvido com base emuma pesquisa que visa descrever o controle orçamentário da empresa, onde oestudo será realizado através de planilhas eletrônicas. Nesse sentido, a justificativaconsiste na dificuldade encontrada pelo controle do orçamento para analisar econtrolar os gastos do departamento de manutenção. A pesquisa verificou aefetividade do orçamento bem como a participação dos funcionários na elaboraçãodo mesmo. O orçamento deve ser claro e realizado com a participação de todos oscolaboradores para que, problemas no setor sejam evitados.

Palavras-chave: orçamento; gestão de recursos; planejamento

ABSTRACT

This work presents a study of the budget in a Cigarette Manufacturing Company inthe city of Santa Cruz do Sul, having as objective to find a more efficient budgetarycontrol. The study was based on a research with the aim of describing the budgetarycontrol of the company, through the analysis of electronic charts. It’s justificationconsists of the difficulties found to analyze and to control the expenses of theMaintenance department. The research verified the effectiveness of the budget, aswell as the employees’ participation in it’s elaboration. The budget must be clear andbe carried through with the participation of all the employees in order to preventbudgetary problems.

Key-words: budget, management of resources; planning

1 Introdução

Atualmente as organizações buscam competitividade, começam a entender e

tornar mais qualitativos seus processos. Independentemente da mobilização de

recursos inovadores para grandes transformações, cada vez mais a mudança é

inserida no cotidiano da empresa. Assim, as organizações buscam o planejamento

na resolução de seus problemas.

2

O orçamento é um instrumento que permite acompanhar o desempenho da

empresa, consiste em reunir e analisar suas variáveis. Quando ocorre o

planejamento, estrategicamente ganha-se tempo para a tomada de ação. Ele é de

extrema importância para as organizações, pois possibilita uma visão do futuro

financeiro da empresa, facilitando o trabalho e auxiliando a empresa a alcançar suas

metas, seus objetivos.

Pretende-se com este trabalho apresentar um estudo sobre orçamento de

uma empresa fumageira de Santa Cruz do Sul. A escolha do tema orçamento,

investigado no setor de manutenção de produção, é importante, pois se observa que

a indústria fumageira pode aperfeiçoar o processo de controle orçamentário,

facilitando e tendo um maior controle dos gastos obtendo um lucro maior.

O objetivo geral é sugerir um modelo de SI (Sistema de Informação) para

auxiliar o setor de manutenção da empresa em estudo, tendo assim um maior

controle sobre os gastos, possibilitando aumentar sua lucratividade.

Este trabalho se justifica dado a dificuldade encontrada pelo controle do

orçamento para analisar e controlar os gastos do departamento, pois todo o mês o

mesmo é ultrapassado (gasta-se mais do que foi orçado), e estes gastos só serão

detectados ao final do mês.

Com base neste contexto, torna-se relevante investigar maneiras para

solucionar e amenizar os problemas causados no setor devido ao inadequado

controle orçamentário. Portanto, essa pesquisa pode contribuir para aperfeiçoar as

práticas administrativas no setor de manutenção e produção.

Nesta perspectiva, o tema aponta para questões importantes que merecem

estudos: que estratégias podem ser desenvolvidas para o controle do orçamento?

2 Revisão de literatura

2.1 Organização

De acordo com Cury (2000), as organizações são constantemente

submetidas a novas exigências por parte de seus clientes e consumidores, levando

a gerência apostar em invenções, criações e tecnologias, e conseqüentemente a

novas reflexões e técnicas de ação. Descuidar-se destas exigências e inovações

pode causar danos irreversíveis ao progresso da empresa.

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Uma das principais exigências das atuais organizações é cada vez mais

planejar, pensar estrategicamente, administrar observando cenários, buscando

metas desafiadoras e contando com uma liderança que envolva toda a sua equipe

na construção do futuro da organização (CURY, 2000).

As organizações passam por transformações crescentes ligadas aos

avanços na área científica e tecnológica. As tecnologias permitem aos gestores, em

geral, formular, estudar, analisar e promover a correta gestão da organização

(ARAUJO, 2007).

Essas transformações levam as modificações não apenas de

equipamentos, mas também nos processos de trabalho, treinamentos, marketing,

orçamento.

2.2 Orçamento

O orçamento é uma ferramenta muito importante para o sucesso de qualquer

organização. Ele é um valioso instrumento de planejamento e controle das

operações das empresas, independente do ramo de atividade ou porte. Das grandes

companhias multinacionais até as mais modestas o orçamento pode ser utilizado

como ferramenta de controle visando alcançar seus objetivos. Controlar é

acompanhar a execução das atividades e comparar este desempenho com o que foi

planejado.

O desenvolvimento do orçamento requer uma visão global e razoavelmentedetalhada do futuro da empresa, o que aliás, terá sido anteriormenteproporcionado pelos planos estratégicos ou de longo prazo (SOBANSKI,2000, p.19).

Planejar é estabelecer com antecedência as ações a serem executadas,

estimar os recursos a serem empregados e definir as correspondentes atribuições

de responsabilidades em relação a um período futuro determinado, para que sejam

alcançados satisfatoriamente os objetivos porventura fixados para uma empresa e

suas diversas unidade, nesse sentido a fixação de objetivos é um passo inicial

indispensável a todo o processo. Através do planejamento é que se realiza uma

gestão eficaz. Se não planejar suas atividades, o gestor corre o risco de ser

4

surpreendido por imprevistos e colocar a empresa em grandes dificuldades, ou até

mesmo levá-la à falência (SANVICENTE; SANTOS, 2006).

O orçamento nas empresas teve início nos anos 20 como uma ferramenta de

gestão de custos. Naquela época, era uma maneira simples e eficaz de se

programar operações e controlar o desempenho de funcionários e seus

departamentos. Sendo então, um instrumento econômico com objetivos de prever

determinadas quantias que serão utilizadas para determinados fins, em que é

necessário ter uma noção do que realizar e quanto custará realizar. Várias

organizações empregam atualmente o controle orçamentário com um período de

planejamento anual, dividido em trimestre ou meses (RAZA,2007).

Uma das principais conseqüências do orçamento é a necessidade, exigida em

sua preparação e execução, de um trabalho integrado por todos os componentes da

organização.“Orçamento é um meio de coordenar os esforços individuais num plano

de ação que se baseia em dados de desempenhos anteriores e guiado por

julgamentos racionais dos fatores que influenciarão ao rumo dos negócios no

futuro”(MATZ, CURRY; FRANK apud WELSCH, 1993, p.470).

O orçamento é um instrumento utilizado para realizar, de forma eficaz eeficiente, o planejamento e o controle financeiros das atividadesoperacionais e de capital da empresa, auxiliando à tomada de decisão(ZDANOWICZ, 1998, p. 20).

O orçamento sozinho não é suficiente para fazer a empresa atingir seus

objetivos, mas quando acompanhado de controle, avaliação permanente e

distribuição de responsabilidades com os gerentes executores, convencendo-os de

que o orçamento está ali para os auxiliar, identificando e corrigindo distorções

eventuais, torna-se ferramenta indispensável para obtenção das metas empresariais

(SANVICENTE; SANTOS 1995).

2.3 Objetivo do orçamento

Como instrumento de administração, os orçamentos elaborados fornecem

direção e instruções para a execução de planos, enquanto o acompanhamento,

levando ao controle, permite a comparação das realizações da empresa ao que

tenha sido planejado. A implantação de um orçamento tem como objetivo criar um

instrumento de ação gerencial, para que os responsáveis pelos departamentos se

comprometam com metas de receitas, a partir de fundamentos da realidade do

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mercado da empresa, e por conseqüência com as despesas e investimentos

necessários, autorizados e controlados dentro dos limites do equilíbrio financeiro

necessário (SANVICENTE; SANTOS, 1995).

Segundo Benicio (2007), é importante lembrar que o orçamento deve ser

elaborado tomando por base: que sejam definidas as metas e as estratégias das

ações a serem realizados para atingir os seus objetivos; que esteja claro, que o

orçamento é produto de intensos debates entre o sonho e a realidade, entre o

desejável e o possível; que a organização tenha clareza dos recursos necessários;

ter equilíbrio entre o desejado e o realizado.

Caberá ao administrador verificar as diferenças entre o orçado e o realizado,

com o intuito de implementar mudanças necessárias quando este for superior ao

orçado, ou o orçado ficar abaixo do real e de manter os resultados. Ele ainda requer

uma discussão dos objetivos em todos os níveis hierárquicos da organização, o que

gera um aumento da integração e do comprometimento dos colaboradores, uma vez

que eles envolvem-se diretamente com os resultados planejados (ZDANOWICZ,

1998).

O orçamento deverá ter um acompanhamento através da emissão de relatórios

periódicos em que são apresentados os valores reais, os valores orçados, as

variações e análise dessas variações. O analista deve distinguir as variações mais

significativas, para poder apresentar à direção relatórios úteis (LEONE,2001).

O orçamento base zero tem como objetivo a redução de custos, é um processo

que não só liga os processos de planejamento e orçamento, mas fornece um

instrumento de controle efetivo para avaliar o funcionamento da organização.

2.4 Orçamento Base Zero (OBZ)

Para os gestores existe uma técnica conhecida como Orçamento Base Zero ,

em que este é apontado como medida preventiva contra o desperdício e uma

reflexão para a criação de outras mais eficazes. O orçamento Base Zero promove a

mudança da cultura organizacional, envolvendo toda a empresa em sua concepção,

pois os colaboradores podem, refletir no seu desenvolvimento intelectual e

profissional, descobrindo novos talentos, aprimorando o trabalho em equipe através

da busca de melhores práticas e modelos de redução de despesas (RAZA, 2006).

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O orçamento Base zero é uma ferramenta de controle estratégico, com grande

flexibilidade que realiza previsões de acontecimentos e prepara a empresa para

resolvê-lo; proporcionando análises de gastos, realizando comparativos de

exercícios anteriores, históricos de volume, utilizando índices.

Segundo Raza (2006) o Orçamento Base Zero ou OBZ como é chamado foi

desenvolvido nos Estados Unidos durante o ano de 1969, foi adotado pelo estado de

Geórgia. As principais características: análise e revisão de todas as despesas

propostas e não apenas das solicitações que ultrapassam o nível de gasto já

existente, ele não exige modificação dos controles e registros contábeis, ele reforça

a base de dados e pode facilitar a eliminação de alguns controles desnecessários.

Ele pode ser aplicado a todas as organizações, pois o seu objetivo é a redução

de custos. O que acontece em muitas empresas normalmente é que as pessoas se

baseiam no orçamento do ano anterior e só aplicam um percentual de incremento

em cima levando em consideração apenas a sua área (CIAFFONE, 2006).

A característica do OBZ é baseada no exame detalhado dos gastos; define

metas de redução específicas para cada gerência de acordo com o seu

desempenho comparando as melhores práticas; propõe desafios compatíveis com o

potencial de ganho de cada área; estabelece uma sistemática eficaz de

acompanhamento e controle dos gastos (CIAFFONE, 2006).

2.5 Implementação do Orçamento Base Zero (OBZ)

O processo de acompanhamento das despesas define claramente a avaliação

do previsto versus realizado. Os desvios são tratados e analisados através de

relatórios visando claramente a compreensão das causas e o desenvolvimento de

um plano de ação para eliminá-las. Com isto o orçamento será baseado em regras

claras, com intensa participação dos funcionários na redução das despesas. Para

que uma companhia seja bem sucedida num processo de Orçamento Base Zero é

preciso saber com exatidão aonde a empresa quer chegar, para que seja

estabelecida a ordem de prioridades do OBZ (RAZA, 2006).

Acredito que o OBZ seja um método de orçamento que a empresa poderá

utilizar, pois ele promove a mudança da cultura organizacional, fazendo com que os

colaboradores participem do orçamento e saibam a importância da realização do

mesmo, sendo que o sistema de informação deverá ser eficiente.

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2.6 Sistema de Informação

A mistura de tecnologia e a preocupação das empresas estão influenciando

os setores empresariais, em que o processo é o mais recente na evolução dos

negócios. Todas as empresas precisam atualizar sua infra-estrutura e mudar sua

maneira de trabalho para que possam atender as exigências do mercado e as

necessidades de seus clientes. Toda a organização depende de muitos tipos de

sistema de informação, alguns utilizam dispositivos manuais e simples de hardware

e canais de comunicação informal (O’BRIEN, 2007).

Um dos grandes desafios dos Sistemas de Informação é assegurar a

qualidade e a agilidade da informação, imprescindível para as corporações e seus

gestores. A eficiência dos sistemas não é medida pela informatização, mas pela

qualidade e eficiência dos métodos, assegurando a informação desejada, confiável e

no tempo certo (ORLANDI, 2005).

Independentemente do uso ou da tecnologia da informação, os sistemas

procuram atuar como ferramentas para exercer o funcionamento complexo das

organizações, instrumentos que possibilitam uma avaliação analítica e quando

necessário, sintética das organizações, facilitadores dos processos internos e

externos, geradores de modelos de informações para auxiliar os processos

decisórios organizacionais (OBRIEN, 2004).

Todo o sistema que manipula dados e gera informação, usando ou não

recursos de tecnologia da informação, pode ser genericamente considerado como

um sistema de informação (GONÇALVES, 2006).

3 Metodologia

O trabalho é desenvolvido com base em uma pesquisa que visa a descrever o

controle orçamentário da empresa. A abordagem do estudo é qualitativa e o

instrumento de pesquisa é um roteiro de observação. A análise é descritiva onde é

verificado o dia-a-dia do responsável pelo orçamento.

O trabalho tem como base uma pesquisa analítica e exploratória que visa a

descrever o controle orçamentário da empresa e propor uma solução que possa

melhorar este controle e suas justificativas.

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O objetivo da pesquisa é analítica, procura padrões, idéias e hipóteses, em

vez de testar ou confirmar uma hipótese. Esta pesquisa tem por finalidade,

(especialmente quando se trata de pesquisa bibliográfica), proporcionar maiores

informações sobre determinado assunto; facilitar a delimitação de uma temática de

estudo; definir os objetivos ou formular as hipóteses de uma pesquisa ou ainda

descobrir um novo enfoque para o estudo que se pretende realizar.

De acordo com Cervo e Bervian :

Os estudos exploratórios não elaboram hipóteses aserem testados no trabalho, restringindo-se definir objetivose buscar mais informações sobre determinado assunto de estudo.Tais estudos têm por objetivo familiarizar-se com o fenômeno ouobter uma nova percepção do mesmo e descobrir novas idéias.(2002, p. 69).

O procedimento a ser desenvolvido é um estudo de caso. Este é uma categoria

de pesquisa cujo objetivo é uma unidade que se analisa profundamente, onde pode

ser utilizado tanto em pesquisas exploratórias, quanto descritivas e analítico-

exploratórias.

O estudo de caso é um tipo de pesquisa que tem sempre um forte cunho

descritivo. O pesquisador não pretende intervir sobre a situação, mas dá-la a

conhecer tal como ela surge. O estudo de caso visa à descoberta, mesmo que o

investigador parte de alguns pressupostos teóricos iniciais, ele manter-se-á atento a

novos elementos que poderão surgir, buscando novas respostas e novas

indagações no desenvolvimento de seu trabalho.

Este trabalho de pesquisa conforme a sua abordagem pode ser classificado

como uma abordagem qualitativa porque esse tipo de estudo ajuda a identificar

questões e entender por que elas são importantes (THIOLLENT, 2002): Tem como

meta investigar as reais dificuldades enfrentadas pelo controle do orçamento para as

justificativas à gerência; identificar o motivo das contas estarem estourando; Verificar

se os colaboradores estão envolvidos na elaboração e andamento do orçamento.

Neste trabalho é verificado o dia-a-dia do colaborador responsável na

realização e controle do orçamento, desde o início até a conclusão das justificativas

das devidas contas em cada mês.

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4 Análise de dados

O trabalho tem como finalidade analisar as planilhas (documentos) da

empresa, e a investigação foi realizada em suas duas contas de manutenção que

são as contas de Material de Manutenção e Peças e Reposição.

A empresa possui o sistema ERP (Sistemas Integrados de Gestão), onde são

contabilizadas todas as contas. O orçamento é realizado em uma planilha, separado

por centro de custos e contas, no qual é calculado um índice, com base nos valores

do orçamento do ano anterior dividido pelo volume de produção. Este índice é

multiplicado pelo volume de produção previsto para o próximo ano. O volume de

produção é informado pelo setor de Planejamento de Produção.

Além do índice são previstas as trocas de conjunto, tambor das máquinas, ou

itens eventuais com valores significativos que se chama de extra-índice. Após a

conclusão do orçamento, os dados são inputados no sistema. Ao término da etapa

de criação do orçamento, a diretoria analisa as informações e estas são enviadas ao

escritório central, onde é realizada uma reunião junto com a Presidência e Diretoria

para aprovação final.

Ao final do mês o setor de Informações Gerenciais envia uma planilha para o

controle orçamentário com todas as contas baseado nos gastos ocorridos no mês

versus o orçado, as contas que ultrapassaram o orçado deverão ser justificadas e

elaborado uma apresentação para a Diretoria e Gerência. O acompanhamento

destes custos serve para visualização de problemas através de valores e o impacto

da manutenção no custo final do produto.

Os dados abaixo mostram a evolução da análise das respectivas contas,

onde foi analisado e verificado a forma de controle do orçamento. Através desta

análise verificou um modelo de sistema de informação para o melhor controle do

orçamento.

O quadro 1 mostra a evolução da conta de Peças e Reposição referente ao

período de Dezembro de 2006 a Novembro de 2007, com isto pode-se estudar o

andamento do orçamento neste período.

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QUADRO 1 – Evolução da Análise de Peças e Reposição

Mês Orçado Realizado VariaçãoDez R$ 15,50 R$ 5,50 R$ 10,00 Jan R$ 142,30 R$ 166,00 (R$ 23,70)Fev R$ 129,50 R$ 155,50 (R$ 26,00)Mar R$ 137,55 R$ 158,95 (R$ 21,40)Abr R$ 127,50 R$ 155,00 (R$ 27,50)

Maio R$ 142,25 R$ 165,30 (R$ 23,05)Jun R$ 164,90 R$ 125,35 R$ 39,55 Jul R$ 175,00 R$ 179,30 (R$ 4,30)Ago R$ 170,90 R$ 148,00 R$ 22,90 Set R$ 119,30 R$ 135,00 (R$ 15,70)Out R$ 155,25 R$ 135,00 R$ 20,25 Nov R$ 185,00 R$ 170,00 R$ 15,00

GRÁFICO 1 - Peças de Reposição

Analisando o gráfico de Peças e Reposição pode-se concluir que nos meses

de Janeiro a Maio, Julho e Setembro, o orçamento ultrapassou o orçado devido a

maior quantidade em peças para a reforma e instalações de máquina. Neste período

ocorreu a alteração de máquinas que possui uma maior tecnologia. Em junho e

outubro não ocorreu a troca dos tambores. Em novembro e dezembro foi previsto a

troca dos cabeçotes das máquinas o que não ocorreu.

O quadro 2 mostra a evolução da conta de Material de Manutenção referente

ao período de Janeiro a Novembro de 2007, com isto podemos estudar o andamento

do orçamento neste período.

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QUADRO 2 – Evolução da Análise de Material de Manutenção

Mês Orçado Realizado VariaçãoDez R$ 10,25 R$ 5,65 R$ 4,60 Jan R$ 15,50 R$ 12,50 R$ 3,00 Fev R$ 15,00 R$ 16,50 (R$ 1,50)Mar R$ 10,50 R$ 6,50 R$ 4,00 Abr R$ 7,50 R$ 8,50 (R$ 1,00)

Maio R$ 8,75 R$ 30,05 (R$ 21,30)Jun R$ 7,50 R$ 14,50 (R$ 7,00)Jul R$ 9,50 R$ 6,00 R$ 3,50 Ago R$ 13,00 R$ 14,55 (R$ 1,55)Set R$ 12,55 R$ 25,00 (R$ 12,45)Out R$ 20,00 R$ 6,50 R$ 13,50 Nov R$ 15,00 R$ 15,50 (R$ 0,50)

GRÁFICO 2 - Material de Manutenção

Na análise do gráfico de Material de Manutenção verificou-se que no mês de

janeiro e março estava prevista a pintura da tubulação das máquinas, onde não

ocorreu. Em maio o orçamento ultrapassou o orçado devido a materiais importados

como por exemplo painéis elétricos e a pintura da tubulação das máquinas que

foram orçados no mês de outubro. Nos meses de Junho, agosto e setembro ocorreu

à confecção de algumas peças as quais não estavam orçadas.

Após a análise realizada verificou-se que vem sendo gasto mais que o

orçado. A dificuldade enfrentada pelo controle orçamentário para a justificativa do

orçamento poderá relacionar-se ao fato dos colaboradores do setor de manutenção

não terem nenhum envolvimento no andamento do orçamento, não procuram saber

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quando há a necessidade de trocar uma peça, se esta peça foi orçada ou não e a

necessidade da compra desta ser antecipada. Outro motivo ocorre quando uma

determinada peça foi orçada em um mês e no decorrer do mês não há a

necessidade de trocá-la, o setor não informa o controle orçamentário solicitando que

a compra da peça deverá ser postergada, além disso não é calculado nenhum

percentual de erro para o orçamento.

O correto seria que os colaboradores cujos setores são afetados por este

indicador participassem do planejamento orçamentário, assim informariam antes a

necessidade de postergar ou antecipar a compra de algum material (troca de

informações, feedback), conferindo desta forma, uma maior eficácia do orçamento.

5 Considerações finais

Atualmente as organizações encontram-se em um ambiente turbulento e de

muitas mudanças. Para sobreviver nesse ambiente, elas necessitam utilizar medidas

de desempenho que sejam sistemáticas e conhecidas por todas as pessoas

envolvidas com esse resultado onde elas representam um importante instrumento na

tomada de decisão. Para sobreviver em um ambiente competitivo que muda

diariamente, os gestores precisam tomar decisões para continuar a manter-se no

mercado assumindo responsabilidades e trabalhando para alcançar os resultados

propostos.

As empresas organizadas sabem da importância e das vantagens de um bom

planejamento de suas atividades em busca de seus objetivos. As constantes

mudanças que vem ocorrendo no ambiente de negócios, muitas delas por causa da

globalização dos mercados, estão exigindo cada vez mais o aprimoramento de seus

processos de planejamento e controle, para a tomada de decisão rápida e de

qualidade, assegurando seus objetivos e obtendo assim uma maior lucratividade.

O planejamento deve envolver toda a empresa desde os Diretores, Gerentes,

supervisores até o pessoal do operacional para a elaboração de um orçamento, que

priorize os recursos existentes conforme os objetivos e estratégias de cada

empresa.

Somente o orçamento não é suficiente para fazer a empresa atingir seus

objetivos, mas, quando acompanhado de controle, avaliação permanente e

distribuição de responsabilidade aos gerentes de todas as áreas da organização,

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convencendo-os de que o orçamento existe para auxiliá-los, identificando e

corrigindo distorções eventuais, torna-se ferramenta indispensável para a

organização atingir suas metas.

Com isto o orçamento deve direcionar ações que permitem responder às

necessidades e proporcionar a sinergia necessária para a concretização das metas

estabelecidas.

Um principal direcionador de valor para a empresa é a inovação, seja em

tecnologia, produto ou organização. A inovação representa a capacidade da

empresa em mudar para adaptar-se a mudanças de seu ambiente, com o objetivo

de manter ou ampliar a vantagem competitiva. Nesse sentido o orçamento deve

sofrer sua maior mudança, tornando um verdadeiro instrumento e alavanca de

inovação.

Ele não deve ser uma barreira, ele deve ser uma alavanca que vai conduzir a

empresa aos seus objetivos.

O orçamento deve ser o elo principal do sistema de gestão, integrando e

harmonizando as operações.

Acredita-se que estabelecendo uma relação entre a pesquisa e o OBZ

(Orçamento Base Zero), ou seja verificar se o OBZ está adequado para o setor de

manutenção da empresa para que forneça uma boa base de dados permite-se a

análise que venha a ajudar a administração, tanto a curto como a longo prazo, a

reavaliar as operações sendo fonte de informações na busca de solução de

problemas.

Salienta-se que é importante a participação de todos os colaboradores da

empresa (um trabalho em equipe) ao fazer o orçamento, explicando a todos os

colaboradores o que é o orçamento, qual a sua importância, pois somente assim

será possível um controle eficiente, pois todos estarão comprometidos. Com isto

será necessário que o orçamento seja claro, para definir metas estratégias e ações

para atingir o objetivo da empresa.

O planejamento e o controle orçamentário juntos possibilitam mudanças táticas

para tratar de eventos estranhos que podem pôr em risco o alcance dos objetivos

estabelecidos. O correto é que o orçamento empresarial flua naturalmente, que ele

seja bem coordenado com uma boa comunicação entre a gerência da empresa e a

parte operacional. O comprometimento e apoio de todos são fundamentais na

elaboração e execução do orçamento.

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Para dar continuidade a este trabalho, para um estudo futuro, é relevante um

estudo sobre a comunicação interna. Qual a importância da realização de cada

tarefa? Que benefício o orçamento bem planejado traz para a empresa, para os

colaboradores? Eles precisam estar cientes que se o orçamento for bem planejado e

executado conforme a sua realização, sobrará mais dinheiro que poderá ser

investido em mais máquinas, Marketing e em treinamentos para todos os

colaboradores.

Assim com o estudo realizado sobre orçamento e sobre a comunicação interna,

estes dois estudos poderão ajudar a empresa a minimizar seus custos e atingir o

objetivo da mesma, maximizando seus lucros.

Em uma companhia, jamais haverá economia, enquanto não houver um

objetivo comum onde todos respondam pelo orçamento como um todo.

6 Referências

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BENICIO, João Carlos. Gestão Financeira para organizações da sociedade civil.Disponível em: <http://www.ritz.org.br>. Acesso em: maio 2007.

CIAFFONE, Andréa. Vacina contra perdas. 2006. Disponível:<http://forbesbrasil.uol.com.br>. Acesso em: maio 2007.

CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia Científica. 5. ed. SãoPaulo:Prentice Hall, 2002.

CURY, Antonio. Organizações e Métodos: uma visão holística. 7. ed. São Paulo:Atlas, 2000.

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O’BRIEN, James A. Sistema de Informação e as Decisões Gerenciais na Era daInternet. 2. ed. São Paulo, 2004.

ORLANDI, Leandro. A Importância dos Sistemas de Informação. 2005.Disponível: http://www.bonde.com.br/bonde.php?id_bonde=1-14--1646-20050407. Acesso em: ago. 2008.

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RAZA, Claudio. Orçamento base zero:modismo ou necessidade. 2006. Disponível:<http://www.administradores.com.br>. Acesso em: maio 2007.

______. Orçamento base zero:modismo ou necessidade. 2005. Disponível:<http://www.administradores.com.br>. Acesso em: maio 2007.

SANVICENTE, Antônio Zoratto; SANTOS, Celso da Costa. Orçamento naAdministração de Empresas: planejamento e controle. São Paulo: Atlas, 1995.

SOBANSKI, Jaert J; Prática de Orçamento Empresarial: Um exercícioProgramado. São Paulo: Atlas, 2000.

THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-ação. 10. ed. São Paulo: Cortez,2002

WELSCH, Glenn Albert. Orçamento empresarial. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1993.

1 Formanda em Administração da Faculdade Dom Alberto.2 Mestre em Engenharia Elétrica e professor da Faculdade Dom Alberto.