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1 Metodologia da Pesquisa

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Metodologia da Pesquisa

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3 Metodologia da Pesquisa

Metodologia da Pesquisa

Marcelo Rythowem Thereza Martins de Oliveira

Valtuir Soares Filho

Palmas-TO/ 2006

Page 4: metodologia_da_pesquisa

Fundação Universidade do Tocantins

Humberto Luiz Falcão Coelho Reitor

Livio William Reis de Carvalho

Vice-Reitor

Galileu Marcos Guarenghi Pró-Reitor Acadêmico

Maria Luiza C. P. do Nascimento

Pró-Reitora de Pós-Graduação e Extensão

Antônia Custódia Pedreira Pró-Reitora da Pesquisa

Maria Valdênia Rodrigues Noleto

Pró-Reitora de Administração e Finanças

Claudemir Andreaci Diretor de Educação a Distância e Tecnologias

Educacionais

Geraldo da Silva Gomes Coordenador Pedagógico

Marcelo Rythowem, Thereza Martins de Oliveira,

Valtuir Soares Filho Organização dos Conteúdos

Karylleila Andrade Klinger, Kyldes

Batista Vicente, Maria Lourdes F. G. Aires

Material Didático

Edglei Rodrigues Designer

Edglei Rodrigues

Paginação

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Metodologia da Pesquisa

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Apresentação A disciplina Metodologia da Pesquisa objetiva auxiliá-lo na

compreensão dos procedimentos que permitirão a você realizar seus estudos e organizar suas produções de forma sistemática e científica e conforme as normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas e Técnicas). A metodologia científica possibilita instrumentais indispensáveis para que você seja capaz de atingir seus objetivos neste curso: o estudo e a pesquisa nas áreas de conhecimento em que está inserido.

Ao preparar este Caderno de Conteúdos e Atividades, buscamos lhe oferecer subsídios nessa perspectiva. Portanto, o que se verá, neste material, resulta da nossa experiência como professores da disciplina com base na pesquisa bibliográfica por meio da produção e da síntese de textos de Metodologia Científica, extratos da ABNT, dentre outras produções. A bibliografia indicada pode e deverá ser referência para suas consultas.

Faça bom uso do material. Ele será seu grande companheiro para sistematizar suas atividades de produção acadêmica.

Marcelo Rythowem, Thereza Martins de Oliveira e Valtuir Soares Filho

5 Metodologia da Pesquisa

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PLANO DE ENSINO CURSO: XX CURSO SUPERIOR DE POLÍCIA/ XIV- CURSO ESPECIAL DE POLÍCIA DISCIPLINA: Metodologia da Pesquisa

EMENTA Conceitos fundamentais acerca do pensamento científico, relações entre conhecimeto, saber, ciência e tecnologia. OBJETIVO Compreender os pressupostos teórico-metodológicos básicos de iniciação à pesquisa científica. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

• O conhecimento científico • O conhecimento científico • Concepção atual do método • A pesquisa científica • Tipos de pesquisa • Elementos do projeto de pesquisa • Elaboração de Trabalho de Conclusão de Curso • Redação científica • Relatório de pesquisa • Normas da ABNT

BIBLIOGRAFIA BÁSICA ANDRADE, Maria M. de. Introdução à Metodologia do Trabalho Científico. 6. ed., São Paulo: Atlas, 2003. CERVO, Amado L. e BERVIAN, Pedro A. Metodologia Científica. 5. ed. São Paulo: Prentice-Hall, 2002. LAVILLE, Christian; DIONNE, Jean. A construção do saber, manual de metodologia da pesquisa em ciências humanas. Trad. Heloísa Monteiro e Francisco Settineri.Porto Alegre: Artes Médicas; Belo Horizonte: UFMG, 1999. MÁTTAR NETO, João Augusto. Metodologia Científica na Era da Informática. São Paulo: Saraiva, 2003. SANTOS, Antônio Raimundo dos. Metodologia Científica a Construção do Conhecimento. 5. ed. São Paulo: DP & A, 2002. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR ARANHA, M. L. de A. Filosofia da educação. 2. ed. rev. e ampl., São Paulo: Moderna, 1996. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio Século XXI: o dicionário da língua portuguesa. 3. ed. rev. e ampl., Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. GIL, Antonio C. Como elaborar Projetos de Pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

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Metodologia da Pesquisa

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LAKATOS, Eva M. e MARCONI, Marina de. A Metodologia Científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2000. ______________________. A Fundamentos de Metodologia Científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003. MEDEIROS, João Bosco; TOMASI, Carolina. Português Forense. São Paulo: Atlas, 2004. PASQUARELLI, Maria Luiza. Normas para apresentação de Trabalhos Acadêmicos (ABNT/NBR 14724, agosto 2002). Osasco: Edifeo, 2004. SEVERINO, Antonio J. Metodologia do Trabalho Científico. 22. ed. São Paulo: Cortez, 2002.

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SUMÁRIO Aula 01 O conhecimento científico 09 Aula 02 O conhecimento e o método 14 Aula 03 Concepção atual do método 19 Aula 04 A pesquisa científica 29 Aula 05 Tipos de pesquisa 33 Aula 06 Elementos do projeto de pesquisa 40 Aula 07 Elaboração de Trabalho de Conclusão de Curso 46 Aula 08 Redação científica 52 Aula 09 Relatório de pesquisa 60 Aula 10 Normas da ABNT 65

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Metodologia da Pesquisa

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O Conhecimento Científico Objetivos • Compreender a diferença do conhecimento produzido

cientificamente das outras modalidades de conhecimento. • Interpretar a evolução do conhecimento científico como processo

histórico, fruto das condições sociais em que esse conhecimento foi produzido.

• Identificar as diferentes classes de conhecimento científico e suas características.

Introdução A ciência, ou conhecimento científico, é vista pelas pessoas de

maneira antagônica: para alguns, seria o caminho de redenção da humanidade, pois permite ao ser humano obter um conhecimento que não tem limites. Seria, dessa forma, uma oportunidade de superar as limitações que nossa condição humana nos impõe. Por outro lado, muitos a interpretam como uma forma muito perigosa de relacionar-se com o mundo, pois abre a possibilidade de dominar e modificar a natureza e os seres humanos. São várias as definições sobre o conhecimento científico.

Vamos encontrar nessas definições elementos comuns que o diferenciam de outras formas de conhecimento que produzimos, tais como senso comum, filosofia, religião, arte. Essas diferenças nos possibilitam compreender o objeto de cada uma, embora algumas tenham o mesmo objeto de estudo, mas com enfoque diferente. Senso comum, crenças, filosofia, religião são conhecimentos produzidos sobre qualquer realidade da natureza ou humana. O senso comum é adquirido e absorvido a partir de nossas vivências, nossas experiências, com base na aprendizagem, desde crianças, dos costumes, valores sociais, crenças. A filosofia tem como ponto de partida o pensamento – aqui entendido como coerência lógica de seus argumentos e raciocínios. Os filósofos preocupam-se em refletir criticamente sobre qualquer realidade. A religião tem como ponto de partida a fé, com base nas crenças, livros sagrados, e suas verdades são dogmas que não podem ser questionados pelos fiéis.

Esses conhecimentos, no entanto, inter-relacionam-se. Os pressupostos de uma ciência têm na sua base uma concepção filosófica. O senso comum é ponto de partida para filosofar, para o desenvolvimento das

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ciências. As religiões são analisadas pelos filósofos e demais ciências sociais enquanto valores vivenciados pelas pessoas. Por exemplo, um grupo religioso, por razões doutrinárias, não pode receber transfusões de sangue, colaborou financeiramente para a invenção do sangue artificial. Essas distinções e aproximações entre as modalidades de conhecimento lhe permitirão compreender com melhor discernimento as características básicas do conhecimento científico.

O que é o conhecimento científico? Da mesma forma que o conhecimento filosófico, o conhecimento

científico é racional, com a diferença de que tem a pretensão de ser sistemático e revelar aspectos da realidade, pois opera com ocorrências ou fatos. Máttar Neto (2002) esclarece que as noções de experiência e verificação são essenciais nas ciências, o conhecimento científico deve ser justificado e é sempre passível de revisão, desde que se possa provar sua inexatidão.

Lakatos e Marconi (2003, p. 23) apresentam a ciência como um conhecimento racional, objetivo, lógico e confiável. Seu objetivo não é apresentar um conjunto de verdades inquestionáveis, mas admite que seus resultados são falíveis, isto é, pode ocorrer que novos fatos levem o cientista a abandonar um conjunto de saberes articulados que até então se apresentavam confiáveis em favor de outros mais consistentes. Um exemplo disso pode ser constatado recentemente a respeito da reposição hormonal para mulheres na menopausa. Esse tratamento foi considerado adequado por muitos anos para aliviar os sintomas da menopausa, porém, descobriu-se, mais tarde, que poderia provocar um aumento no risco de câncer e deixou de ser prescrito pelos ginecologistas.

Do exemplo acima, destacamos outro aspecto do conhecimento científico: para ser aceito, ele precisa ser verificado por meio da experimentação para a comprovação de suas hipóteses. Com certeza, muitos cientistas haviam alertado para os riscos da prática citada, mas ela só deixou de ser consenso na comunidade médica após estudos baseados na observação de seus efeitos e desses efeitos que comprovaram os riscos da reposição hormonal.

Características do conhecimento científico A partir de Lakatos e Marconi (2003, p. 30-42), apresentamos

algumas características do conhecimento científico. Não se trata da única caracterização dessa forma de conhecimento. Você encontrará outras análises se consultar diferentes autores.

• O conhecimento científico é racional e objetivo porque é

constituído por conceitos, juízos e raciocínios a partir da observação dos fatos e não por sensações, imagens, modelos de conduta. É também analítico porque decompõe o todo em suas partes componentes, por serem parciais os problemas da Ciência. Suas soluções e procedimento científico de “análise” conduziam à síntese.

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• O Conhecimento científico é verificável uma vez que é considerado verificável em virtude de ser aceito como válido, quando passa pela prova da experiência (ciências factuais) ou da demonstração (ciências formais).

• O conhecimento científico é metódico isto porque é planejado,

pois o cientista não age ao acaso; planeja seu trabalho, deve saber proceder para encontrar o que almeja. Além disso, o cientista baseia-se em conhecimento anterior, particularmente em hipóteses já confirmadas, em leis e princípios já estabelecidos. Obedece a um método preestabelecido, que conduz, no processo de investigação, a aplicação de normas e técnicas, em etapas.

• O conhecimento científico é falível não é definitivo, absoluto ou

final – o próprio progresso da ciência descortina novos horizontes, conduz a novas indagações, sugere novas hipóteses derivadas da própria combinação das idéias existentes. É dessa forma também aberto: não conhece barreiras que, a priori, limitem o conhecimento.

• O Conhecimento científico é geral em decorrência de situar os

fatos singulares em modelos gerais, os enunciados particulares em esquemas amplos; busca, na variedade e unicidade, a uniformidade e a generalidade; a descoberta de leis ou princípios gerais que permitem a elaboração de modelos ou sistemas mais amplos. O conhecimento científico explica os fatos em termos de leis e as leis em termos de princípios; além de inquirir como as coisas são, intenta responder por quê. Dessa forma, é também preditivo porque, fundamentando-se em leis já estabelecidas e em informações fidedignas sobre o estado ou o relacionamento das coisas, seres ou fenômenos, pode, pela indução probabilística, prever ocorrências. Essa característica refere-se ao conhecimento no campo das ciências exatas e da natureza. Os fenômenos sociais, humanos, pela complexidade e processos de mudanças que sofrem ao longo da história, não permitem encontrar leis gerais, uniformidade, os mesmos princípios que possam ser aplicados a todas as sociedades e ações humanas.

• O Conhecimento Científico é útil em decorrência de sua

aplicabilidade, cria métodos, procedimentos e ferramentas de observação, experimentação que lhe conferem credibilidade pelos resultados que apresenta.

• Conhecimento Científico é dinâmico, construído historicamente

e, portanto, suas teorias e os resultados de suas investigações passam por processos de validação ou substituição, nas diversas etapas históricas, pela inesgotável sede de conhecimento que os seres humanos possuem.

Divisão e Classificação das Ciências De acordo com Máttar Neto (2003, p. 27), é muito difícil fazer uma

classificação das ciências em nossos dias, pois seria necessário dominar as principais ciências e os principais métodos científicos pelo menos em seus

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aspectos básicos, tarefa praticamente impossível na atualidade. Esse autor ressalta que qualquer classificação seria provisória, uma vez que a ciência é muito dinâmica, surgindo a cada momento novas ciências.

Qualquer divisão das ciências que se faça, deve seguir uma definição de critérios. Moles (apud MÁTTAR NETO, 2003, p. 27) sugere que se utilizem dois eixos distintos: as técnicas experimentais e os processos racionais utilizados pelas ciências.

1- Exatas, biológicas e humanas. A política educacional brasileira elaborou um critério de

classificação das ciências em três grandes grupos: exatas, biológicas e humanas.

Ciências O Objeto Principal Ramos do Conhecimento

Exatas

Todas as que têm a

matemática como pilar básico.

Matemática, física,

astronomia, ciências da computação,

estatística, engenharias e geologia

meteorológica.

Biológicas

Estudo da natureza e o

ser humano em seus aspectos

biológicos.

Biologia, medicina

odontologia, educação física,

fisioterapia, nutrição, veterinária e

agronomia.

Humanas

O ser humano a partir

da ótica sociológica.

Filosofia, história, geografia,

sociologia, economia, letras, ciências

administrativas e contábeis, direito e

turismo.

Segundo Máttar Neto, essa divisão é frágil, pois não classifica importantes ciências da modernidade. Como deveriam ser classificadas a antropologia e a psicologia: ciências humanas ou ciências biológicas? Mesmo reconhecendo a fragilidade dessa classificação, essa divisão é largamente utilizada pelas instituições de ensino brasileiro para separar os estudantes e planejar seus currículos.

2- Formais x Empíricas Uma outra forma de classificar as ciências é separando-as em

ciências formais ou puras ou ciências empíricas ou fatuais. Por essa divisão, as ciências formais seriam compostas pela lógica e a matemática, que estudam basicamente os números e as formas de raciocínio, pois não possuem objeto de estudo empírico ou real. As ciências empíricas incluem todas as ciências naturais e humanas que têm a natureza ou o ser humano como seus objetos de estudo.

Para Máttar Neto (2003, p 28), a divisão adotada nesse modelo utiliza critérios mais bem definidos. Enquanto as ciências formais fazem da demonstração seu método básico, as empíricas utilizam principalmente a sensação e a observação. Da mesma forma, do ponto de vista histórico, as ciências empíricas estariam submetidas à evolução temporal de seus objetos de estudo, isto é, as transformações da sociedade interferem no modo como

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Metodologia da Pesquisa

Page 13: metodologia_da_pesquisa

se produz a ciência. Por outro lado, as ciências formais são a-históricas, pois o tempo não seria uma variável significativa para elas.

Essa divisão, apesar de possuir uma maior definição quanto ao critério de divisão, ainda necessitaria de uma subdivisão (MÁTTAR NETO, 2003, p. 28), ao juntar no grupo das ciências empíricas um grande número de ciências que são claramente distintas. Seria necessário acrescentar um terceiro grupo que é formado por ciências hermenêuticas, isto é, ciências da interpretação. Esse grupo seria das ciências humanas. Máttar Neto questiona ainda o fato de não haver uma distinção entre ciência aplicada e ciência pura.

Como dissemos anteriormente, qualquer divisão de ciências seria incompleta, dada à dinâmica do processo de criação científica. Isso é hoje mais difícil porque as fronteiras entre os saberes são cada vez mais difusas. Temos, atualmente, uma tendência a compreender os problemas de forma transdisciplinar. Isto é, várias ciências são necessárias para desenvolver um determinado problema.

Formam-se grupos de pesquisa em âmbito internacional em rede. As agências financiadoras de pesquisa nacionais e internacionais têm seus critérios para apoio à pesquisa, critérios esses muitas vezes com prioridades para as necessidades dos países hegemônicos. E, quase sempre, privilegiam apoio à pesquisa aplicada, pelos interesses econômicos das empresas, voltadas para resultados mais rápidos em função desses interesses. Cientistas que se dedicam à pesquisa básica têm denunciado essa política, que prejudica a construção do conhecimento em áreas fundamentais, cujos resultados, embora mais demorados, revertem de forma conseqüente para a pesquisa aplicada.

Síntese da unidade

Nesta unidade você pôde perceber a definição e classificação das ciências. Teve, também, a oportunidade de estudar as características do conhecimento científico diferenciado das demais formas de conhecimento.

1 – Assinale abaixo a alternativa que NÃO corresponde a uma

característica do conhecimento científico. a) O conhecimento científico depende da autoridade representada

pelo cientista. b) O conhecimento científico não é definitivo. Por ser falível,

permite que um problema seja tratado por diversos ângulos. c) O conhecimento científico é considerado verificável em virtude de

ser aceito como válido, quando passa pela prova da experiência (ciências factuais) ou da demonstração (ciências formais).

d) O Conhecimento Científico é útil em decorrência de sua objetividade, pois, na busca da verdade, cria ferramentas da observação e experimentação que lhe conferem um conhecimento adequado das coisas; mantém a ciência em conexão com a tecnologia.

Comentário Para a realização dessa atividade, elabore uma síntese

esquemática da unidade.

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O Conhecimento e o Método Objetivos • Investigar o conceito de método. • Apresentar a evolução histórica do método utilizado nas ciências. Introdução O método tornou-se fundamental nas ciências para que se chegasse

aos resultados que temos hoje. Porém é muito difícil falarmos de um método científico, uma vez que, com a fragmentação do saber, há uma infinidade de ciências que possuem métodos específicos. Apresentaremos neste tema as linhas gerais do método.

O ser humano, ao se relacionar com o mundo externo por meio do conhecimento, não o faz de modo passivo. Há sempre uma atitude ativa, por parte do conhecente, ao procurar descobrir a verdade dos fatos. A imaginação trabalha em paralelo, procurando ir à frente da própria observação que se faz dos fatos.

No caso da ciência, não é diferente. De acordo com Máttar Neto (2003), é possível falar em serendipidade, isto é, descobrir acidentalmente respostas a uma pergunta não formulada, ou de pseudo-serendipidade, ou seja, chegar acidentalmente à reposta para uma pergunta formulada ou mesmo de imaginação científica criadora. É necessário a utilização do método para que a ciência encontre as respostas necessárias para alcançar seus objetivos. Muitos avanços científicos, como o teflon, o viagra entre outros, foram “descobertos acidentalmente”, por acaso ou como efeito colateral de objeto principal da pesquisa. Porém o progresso da ciência é, na maioria dos casos, fruto de investigações e questionamentos que se utilizam de procedimentos padronizáveis que chamaríamos aqui de método.

Para Máttar Neto, seria impossível reunir em único texto todos os métodos possíveis utilizados pelas ciências em suas investigações.

Hoje as ciências utilizam uma tal diversidade de métodos que fica impossível para um cientista dominá-los, mesmo uma pequena parte deles. Uma lista despretensiosa e desordenada pode nos assustar: métodos da física computacional, métodos para estudos de genética molecular, metodologia histórica, métodos para estudo de pigmentos do fitoplânctron em oceanografia, métodos científicos para antropologia, métodos probabilísticos para o design estrutura de aeronave, metodologia lingüística para análise de acidentes de avião, metodologia para determinação do valor de sistemas de

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Metodologia da Pesquisa

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conversão de energia do vento, metodologia para medições oceânicas, metodologia para estudo da comunicação entre animais, métodos multidimensionais para mapeamento cientrométrico em cartografia, métodos neurocitoquímicos, metodologia para pesquisa criminológica, métodos para pesquisa demográfica, métodos experimentais para ecologia microbial, métodos em ecologia das plantas, metodologia sintética para estudo de química orgânica, metodologia para filmagem antropológica, métodos de computação do nível da água em grandes lagos e reservatórios, métodos de inversão para estudos atmosféricos, métodos para pesquisas em fotossíntese, métodos para análises microscopias em arqueologia, métodos para estudos em fisiologia, métodos em estudos em corais, métodos em biológica molecular estrutural, métodos para arqueologia medieval, métodos em química ecológica, métodos para determinação de critérios ecológicos em hidrobiocenose, métodos químicos para pesquisa do solo e de minerais, métodos geofísicos em geologia, metodologia para estudo de renda familiar, métodos para estudo de biologia marinha, métodos para estudos em economia, métodos para avaliação de dados experimentais em psicologia e outros (MÁTTAR, 2003, p. 32).

Lakatos e Marconi (2000) observam que todas as ciências

caracterizam-se pela utilização de métodos científicos, isto é, precisam de um caminho seguro para chegar a seus objetivos, mas, em contrapartida, nem todos os ramos de estudo que empregam esses métodos são ciências. Para elas, a utilização de métodos científicos não é da alçada exclusiva da ciência, mas não há ciência sem o emprego de métodos científicos.

O que é Método? Etimologicamente, método (grego)vem de meta, “ao longo de”, e hodós, “via, caminho”. Logo: qual caminho seguir para investigar os fenômenos? A seguir, apresentamos uma relação dos possíveis conceitos de

método. 1. Método é o “caminho pelo qual se chega a determinado

resultado, ainda que se esse caminho não tenha sido fixado de antemão de modo refletido e deliberado”.

2. Método é a forma de proceder ao longo de um caminho. Na ciência, os métodos constituem os instrumentos básicos que ordenam de início o pensamento em sistemas, traçam de modo ordenado a forma de proceder do cientista ao longo de um percurso para alcançar um objetivo.

3. Método é a ordem que se deva impor aos indiferentes processos necessários para atingir um fim dado (... ) é o caminho a seguir para chegar à verdade nas ciências.

4. Em seu sentido mais geral, o método é a ordem que se deve impor aos diferentes processos necessários para atingir um fim dado ou um resultado desejado. Nas ciências, entende-se por método o conjunto de processos que o espírito humano deve empregar na investigação e demonstração da verdade.

5. Método é um conjunto coerente de procedimentos racionais ou prático-racionais que orienta o pensamento para serem alcançados conhecimentos válidos.

15 Metodologia da Pesquisa

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6. Método é um procedimentos regular, explícito e passível de ser repetido para conseguir-se alguma coisa, seja material ou conceitual.

7. Método científico é “um conjunto de procedimentos por intermédio dos quais (a) se propõe os problemas científicos e (b) colocam-se à prova as hipóteses científicas”.

8. A característica distintiva do método é a de ajudar a compreender, no sentindo mais amplo, não resultados das investigações científicas, mas o próprio processo de investigação. (LAKATOS, MARCONI, 2000, p. 44-45).

Resumindo, diríamos que a finalidade da atividade científica é a

produção de conhecimentos demonstráveis por intermédio da comprovação das hipóteses apresentadas. Nesse sentido, o método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e demonstráveis –, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do pesquisador.

A construção histórica do método científico a partir do

Renascimento (séc. XIV) Como você teve a oportunidade de ver no início desta unidade,

não há ciência sem método. Porém o método científico não é único. Podemos falar em métodos científicos. Veja a seguir como o método científico foi se constituindo a partir de seus primórdios no Renascimento.

O Método de Francis Bacon (1561-1626) Bacon elaborou uma crítica da ciência antiga, pois seu resultado não

propiciava coisas úteis à humanidade. Para ele, a ciência deveria propiciar uma melhoria na qualidade de vida das pessoas. Mas como se daria isso? Em primeiro lugar, era necessário eliminar os obstáculos ao conhecimento. Esses obstáculos seriam os pré-juízos, idéias pré-concebidas que impedem o avanço do conhecimento. Bacon dá a esses pré-juízos o nome de ídolos. Estes ídolos seriam causados pelas falhas e insuficiência dos sentidos, pela educação e inclinações pessoais, pela tirania da linguagem e pelo respeito exagerado para com a autoridade.

Feito isso, seria necessário usar um método adequado para o avanço do conhecimento. Na Antiguidade e Idade Média, usava-se o método dedutivo. Para Bacon, esse método conseguia apenas antecipações estéreis, tirava conclusões precipitadas que não produzia nada de novo. O método adequado seria, então, o método indutivo porque procura interpretar os fatos particulares em busca de leis universais que regem a natureza.

O método proposto por Bacon seria, daí em diante, cânone, regra para a pesquisa científica. A adoção desse método trouxe uma série de avanços, o que influenciou de forma decisiva o mundo ocidental, servindo de base para o desenvolvimento posterior do capitalismo, por meio da pesquisa tecnológica.

O método científico proposto por Bacon traz algumas conseqüências éticas em pelo menos dois aspectos: o ser humano enquanto objeto de pesquisa pode ser manipulado, experimentado livremente? Que tipo de

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Metodologia da Pesquisa

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conseqüências a exploração da natureza, por meio do método científico, pode acarretar para o equilíbrio ecológico?

Sendo o conhecimento científico o único caminho seguro para a verdade dos fatos, deve acompanhar os seguintes passos, conforme a abordagem de Lakatos e Marconi:

a) Experimentação – nessa fase, o cientista, para poder observar e

registrar, de forma sistemática, todas as informações que têm possibilidade de coletar, realiza experimentos acerca do problema;

Hipótese – tese provisória que procura explicar certo fenômeno devendo ser demonstrada.

b) Formulação de Hipóteses – tendo por base os experimentos e a análise dos resultados obtidos por seu intermédio, as hipóteses procuram explicitar (e explicar) a relação casual entre os fatos;

c) Repetição – os experimentos devem ser repetidos em outros lugares por outros cientistas, tendo por finalidade acumular dados que, por sua vez, servirão para formular hipóteses;

d) Testagem das Hipóteses – por intermédio da repetição dos experimentos, testam-se as hipóteses; nessa fase, procura-se obter novos dados, assim como evidências que as confirmem, pois o grau de confirmação das hipóteses depende da quantidade de evidências favoráveis;

e) Formulação de Generalização e Leis – o cientista, desde que tenha percorrido todas as fases anteriores, formula a ou as leis que descobriu, fundamentado nas evidências que obteve, e generaliza suas explicações para todos os fenômenos da mesma espécie (LAKATOS, MARCONI, 2000, p. 48).

O Método de Renée Descartes (1596-1650) Considerado o pai da filosofia moderna, Renée Descartes foi

contemporâneo de Galileu e Bacon. Ao contrário deles, desenvolveu o método dedutivo. Sua contribuição se deu também na matemática – com certeza você deve se lembrar do plano cartesiano. Seu método pode ser dividido em quatro fases, conforme o texto a seguir:

a) A da evidência – “não acolher jamais como verdadeira uma coisa

que não se reconheça evidentemente como tal, isto é, evitar a precipitação e o preconceito e não incluir juízos, senão aquilo que se apresenta como tal clareza ao espírito que torne impossível a dúvida”;

b) A da análise – “dividir cada uma das dificuldades em tantas partes quantas necessárias para melhor resolvê-las”;

c) A da síntese – “conduzir ordenadamente os pensamentos, principiando com os objetos mais simples e mais fáceis de conhecer, para subir, em seguida, pouco a pouco, até o conhecimento dos objetos que não se disponham, de forma natural, em seqüências de complexidade crescente”;

d) A da enumeração – “realizar sempre enumerações tão cuidadas e revisões tão geris que se possa ter certeza de nada haver omitido” (HEGENBERG apud LAKATOS, MARCONI, 2000, p. 49).

A análise compreende o processo em que determinado problema

geral é decomposto em seus elementos constitutivos, até chegar às partes mais simples.

17 Metodologia da Pesquisa

Page 18: metodologia_da_pesquisa

A síntese compreende o processo de reunificação das partes em seu todo maior, após a resolução dos problemas mais simples.

O método cartesiano proporcionou avanços significativos para a ciência porque permitiu que problemas de alta complexidade fossem abordados a partir de suas partes. Nosso atual modelo de educação baseia-se no método cartesiano, ao dividir o conhecimento em diversas disciplinas. O grande problema apontado, hoje, é que, por causa dessa divisão, o conhecimento fragmentou-se, provocando a multiplicação de abordagens parcelares da realidade, levando à perda da visão do todo.

Síntese da unidade

Nesta unidade, você teve a oportunidade de compreender o conceito de método e sua evolução ao longo da história, obedecendo a preocupação que as pessoas da época tinham em relação à resolução de seus problemas.

Analise as assertivas abaixo e classifique-as em verdadeiras ou

falsas. I - Método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que,

com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo da pesquisa. II - O método cartesiano compreende as fases de análise, síntese,

demonstração e experimentação. III – Francis Bacon elaborou a crítica da ciência antiga e propôs o

método experimental que consistia na proposição de uma hipótese que deveria ser comprovada pela experimentação.

Assinale a alternativa que corresponde ao julgamento correto. a) I, II e III são verdadeiras. b) Somente I e II são verdadeiras. c) Somente II e III são verdadeiras. d) Somente I e III são verdadeiras.

Comentário

Ao realizar essa atividade, você deve levar em conta que o método científico é uma construção histórica e que não se pode atribuir a um ou outro pensador o título de pai desse método.

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Metodologia da Pesquisa

Page 19: metodologia_da_pesquisa

3 Concepção atual do método Objetivos • Apresentar algumas das principais concepções metodológicas

usadas na atualidade. • Analisar as concepções apresentadas e demonstrar sua pertinência

ao trabalho de pesquisa. Introdução Com o passar do tempo, muitas modificações foram sendo

feitas nos métodos existentes, inclusive surgiram outros novos. Atualmente, o método baseia-se na teoria da investigação.

Já não podemos mais compreender as questões metodológicas por um prisma unilateral. A especialização e a fragmentação do conhecimento fazem com que, na atualidade, cada problema/investigação tenha um método específico: cada situação a ser resolvida emprega o método que lhe é mais adequado. Porém, mesmo diante de tal fragmentação, podemos citar, dentre os métodos, alguns que são mais utilizados, seja pelo ponto de vista de argumentação, seja em relação às ciências humanas e sociais.

Vejamos a seguir as principais construções metodológicas atualmente utilizadas do ponto de vista da argumentação. Esses métodos são formas de argumentação utilizadas nas ciências naturais, humanas e exatas.

Método Indutivo Podemos caracterizar a indução como processo mental que, partindo

de dados particulares, tira conclusões gerais, que ainda não estavam presentes nas partes examinadas. O objetivo do método indutivo é fazer com que, por meio da observação de dados particulares, suficientemente constados se possa chegar a conclusões cujo conteúdo é mais amplo do que as premissas em que se baseiam.

Da mesma forma que o método dedutivo, o argumento indutivo fundamenta-se em premissas. Porém, se no primeiro é possível deduzir uma verdade já implícita na premissa maior, no método indutivo só é possível chegar a um conhecimento provável.

• Exemplo: A mangueira é um vegetal que realiza fotossíntese.

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A grama reliza fotossíntese; A orquídea realiza fotossíntese. Logo, todos os vegetais realizam fotossíntese. • Exemplo: O alumímio conduz energia; Ferro conduz energia; Níquel conduz energia. Logo, todo metal é condutor de energia. A indução se realiza por três etapas: 1. Observação dos fenômenos: consiste em observar os fatos ou

fenômenos para, por meio de análise, descobrir as causas de sua manifestação.

2. Descoberta da relação: o objetivo dessa fase é detectar a relação

constante existente entre eles, por meio da comparação. 3. Generalização: nesta etapa, ocorre um salto porque, por meio da

generalização das relações encontradas entre os fenômenos e os fatos semelhantes, aplica-se a hipótese levantada aos demais casos, mesmo sem observá–los.

Formas e tipos de indução De acordo com Lakatos e Marconi (2000 p. 56), a indução apresenta

duas formas: a) Completa ou formal: foi estabelecida por Aristóteles. A indução

nessa situação é feita a partir da observação de todos os casos e não de apenas alguns. Como esse tipo de indução não leva a novos conhecimentos, pois apenas organiza coisas já conhecidas, não tem influência para o processo da ciência.

• Exemplo: Segunda, Terça, Quarta, Quinta, Sexta, Sábado e

Domingo têm 24 horas. Ora, Segunda, Terça, Quarta, Quinta, Sexta, Sábado e Domingo

são dias da semana. Logo, todos os dias da semana têm 24 horas. b) Incompleta ou científica: essa forma de indução foi criada por

Galileu Galilei e aperfeiçoada por Bacon. Induz, de alguns casos adequadamente observados e, às vezes, de um só, observações àquilo que se pode afirmar ou negar dos demais elementos da mesma categoria à indução científica. Fundamenta-se na causa ou na lei que rege o fenômeno ou fato, constatada em um número significativo de casos, mas não em todos.

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Metodologia da Pesquisa

Page 21: metodologia_da_pesquisa

• Exemplo: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno,

Urano, Netuno e Plutão não têm brilho próprio. Ora Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno

e Plutão são planetas. Logo, todos os planetas não têm brilho próprio. A indução é amplamente utilizada nas ciências naturais. Tendo em

vista que permite formular generalizações a partir da análise de um pequeno número de casos, contribui, de forma efetiva, para o progresso do conhecimento e para a construção do saber.

Método Dedutivo O raciocínio dedutivo parte de uma lei, teoria ou hipótese geral que é

aceita por todos e da qual é possível tirar conclusões particulares. Diz-se, portanto, que a dedução vai do geral para o particular. Deduzir nada mais é que comparar uma situação particular frente a uma teoria ou verdade geral, para concluir se aquele caso particular se encaixa na teoria geral.

Para alguns, a dedução é um raciocínio estéril, pois não acrescenta nada de novo ao conhecimento. Apenas confirma se uma situação particular se encaixa em princípios universais. O exemplo clássico de dedução é o silogismo aristotélico. Sua forma pode ser descrita a partir do exemplo abaixo.

Todos os homens são mortais.

Sócrates é homem.

Logo, Sócrates é mortal.

Todavia a dedução tem sido muito utilizada para a construção de teorias que partem de saberes prévios e que, por dedução, podem contribuir para a produção de saberes em que não é possível elaborar, pelo menos ainda, experimentos. Um exemplo disso é a teoria dos buracos negros que por meio de uma série de deduções tem sido elaborada.

Temos assim algumas possibilidades para o uso da dedução. Outros desdobramentos do método dedutivo são dados pelos argumentos condicionais.

Argumentos Condicionais São aqueles que, por meio da colocação de uma condição,

determinam o resultado a ser alcançado pela conclusão. Temos dois tipos de argumentos condicionais: a afirmação

antecedente (modus ponens) e a negação do conseqüente (modus tollens). • Afirmação do antecedente: é chamada assim porque a primeira

premissa é um enunciado condicional, a segunda é uma antecedente desse

21 Metodologia da Pesquisa

Page 22: metodologia_da_pesquisa

enunciado e a terceira, ou conclusão, é a conseqüência da primeira. Possui a seguinte forma:

Se p, então q. Ora, p. Então, q. Vejamos estes dois exemplos: Se a taxa de inflação for maior que o aumento do salário, haverá

uma perda do poder de compra dos salários. A taxa de inflação foi o dobro dos ganhos salariais Por isso, o poder de compra está menor com essa taxa de inflação. O argumento condicional pode ser utilizado sem obedecer a essa

fórmula padrão. Veja o exemplo: Esta sociedade apresenta um sistema de castas? Apresentará se for

dividida em grupos hereditariamente especializados, hierarquicamente sobrepostos e mutuamente opostos; se se opuser, ao mesmo tempo, às misturas de sangue, às conquistas de posição e às mudanças de ofício. Como tudo isso aparece nesta sociedade, a resposta é sim. (LAKATOS, MARCONI, 2000, p. 65).

• A negação do conseqüente recebe essa denominação porque a

primeira premissa é um condicional, sendo a segunda a negação do conseqüente desse condicional. É expressa pela forma:

Se p, então q. Ora, não-q. Então, não-p. Veja os exemplos: Se a equipe estiver unida, então todos sabem quais são os seus

objetivos. A maioria da equipe não sabe qual é o objetivo a ser alcançado. Então, a equipe não será unida. • Método hipotético-dedutivo Abordaremos o método hipotético dedutivo a partir das idéias de Sir

Karl Raymond Popper, que lançou as bases desse método e do critério de falseabilidade.

Todos os cisnes são brancos? Após a

observação de um certo número de casos chega-se a conclusão

de que não necessariamente. Isto comprova na visão do

método hipotético-dedutivo que nem

sempre a indução leva a um conhecimento

confiável.

A abordagem de Popper parte das seguintes premissas: • Para ele, a indução não pode ser justificada como método porque

leva a um círculo sem fim em busca de fatos que a confirmem, ou ao apriorismo, que consiste em admiti-la como algo já dado simplesmente aceito, sem necessidade de ser demonstrada, justificada (LAKATOS, MARCONI, 2000, p. 74).

• A indução, na sua concepção, é um ato psicológico, uma crença, um pulo no escuro e não conseqüência lógica necessária, pois, segundo a argumentação de Hume – de uma causa X não se pode inferir uma conseqüência Y – é impossível porque exigiria que uma quantidade pequena de situações atingisse o universal, o infinito. (Idem).

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Metodologia da Pesquisa

Page 23: metodologia_da_pesquisa

• O avanço da ciência, para Popper, ocorre porque ela está sempre propondo e descobrindo problemas novos e mais gerais, sujeitando suas respostas aos testes provisórios, renovados e mais rigorosos.

Por acreditar que a episteme – conhecimento absolutamente certo,

demonstrável – era um ídolo e, portanto, insustentável e inatingível, Popper propõe o método hipotético-dedutivo, que Marconi e Lakatos chamam de “método de tentativas e eliminação de erros”.

A metodologia é como uma arma de busca, caçada aos problemas e destruição de erros, mostrando-nos como podemos detectar e eliminar o erro, criticando as teorias e as opiniões alheias e, ao mesmo tempo, as nossas próprias. (POPPER apud LAKATOS; MARCONI, 2000, p. 73).

Seguindo o raciocínio do método hipotético-dedutivo, seria mais

fácil demonstrar que algo pode estar errado do que certo; é mais fácil negar, falsear uma hipótese do que confirmá-la. Ao procurar demonstrar os erros, buscar o que é falso, eliminam-se as concepções equivocadas, não se tem certeza da posse da verdade, mas se tem a segurança da eliminação do erro.

O método hipotético-dedutivo apresenta as seguintes etapas: a) problema – surge a partir do momento em que determinada

situação não se enquadra num esquema pré-estabelecido, frustrando as expectativas, desencadeando a pesquisa.

b) conjecturas – é uma solução proposta em forma de proposição passível de teste, direto ou indireto, em suas conseqüências sempre dedutivamente. A conjectura é utilizada para explicar ou prever aquilo que despertou uma curiosidade intelectual ou uma dificuldade de ordem prática ou teórica.

c) tentativa de falseamento - nessa etapa do método hipotético-dedutivo, são realizados os testes, cujo objetivo é a tentativa de falseamento para eliminação de erros tornado falsas as conseqüências derivadas ou deduzidas da hipótese.

• Método dialético O termo “dialética” significa a relação entre termos opostos. A

dialética tem seu início com o pensamento de Heráclito de Éfeso. Ele reconhecia que a realidade era um contínuo fluxo, tudo se move, tudo se transforma. É celebre a sua afirmação de que é impossível banhar-se duas vezes no mesmo rio: em primeiro lugar porque as águas que correm no rio não são as mesmas e também porque nós não somos os mesmos, pois acumulamos experiências que nos transformam a cada dia. Compreendia que o movimento era a passagem de uma realidade para o seu oposto. Assim, era impossível compreender a doença sem saber o que era a saúde, compreender a escuridão sem saber o que era a luz, o quente sem o frio...

Um exemplo de contradição: machismo e feminismo são atitudes contraditórias. A convivência e o respeito entre homens e mulheres seria a atitude síntese de ambas.

Hegel também reconhecia que a realidade era processo contínuo. E poderia ser compreendida porque era perfeitamente racional. Não se tratava de uma racionalidade estática, mas dinâmica.

23 Metodologia da Pesquisa

Page 24: metodologia_da_pesquisa

O método usado para compreender a realidade era dialético, única forma de apreender a realidade em sua totalidade, abarcando o afirmativo e o negativo, as coisas e sua contradição.

Hegel desenvolve a dialética em três momentos: 1 – TESE – afirmação de uma idéia. 2 – ANTÍTESE - negação da tese afirmada. 3 – SÍNTESE – é o momento de união entre as partes postas pela

tese e antítese num todo único, em que são anuladas as imperfeições e se conserva a positividade de cada uma delas.

Como Hegel propunha a dialética no campo das idéias, Marx e Engels propunham a dialética materialista, isto é, não é a consciência humana que transforma a realidade como queria Hegel, mas é o contrário, é a realidade material que transforma a mentalidade, a consciência humana.

Como desdobramentos posteriores da dialética materialista, teremos então a construção das leis da dialética que passam a fundamentar os procedimentos do método dialético:

Lei da passagem da quantidade à qualidade – o processo de

transformação das coisas se faz por saltos. Mudanças mínimas de quantidade vão se acrescentando e provocando em determinado momento uma mudança qualitativa: o ser passa a ser outro. O exemplo clássico é o da água esquentando; ao alcançar 100ºC, deixa o estado líquido e passa para o gasoso. (...) Na biologia, segundo a teoria evolucionista de Darwin, alterações acumuladas levam à formação de uma nova espécie. (...)

Lei da interpenetração dos contrários – a dialética considera a contradição inerente à realidade das coisas. E justamente a contradição é a força motriz que provoca o movimento e a transformação. A contradição é o atrito, a luta que surge entre os contrários. Mas os dois pólos contrários são também inseparáveis, e a isso chamamos de unidade dos contrários pois, mesmo em oposição, estão em relação recíproca. Por estarem em luta, há a geração do novo. Por exemplo, o ovo já tem em germe a sua negação; nele coexistem duas forças: que ele permaneça ovo e que ele venha a ser pinto.

Lei da negação da negação - da interação das forças contraditórias, em que uma nega a outra, deriva um terceiro momento: a negação da negação, ou seja, a síntese, que é o surgimento do novo. Tese, antíteses e síntese eis a tríade que explica o movimento do mundo e do pensamento. (ARANHA, 1996, p.89-90).

Dentre os métodos utilizados nas ciências humanas e sociais

destacamos de forma sintética: Qualquer que seja o método adotado para realizar sua pesquisa, você

deve ter clareza da teoria que adotou para fundamentar a investigação. Sem teoria, sua pesquisa não conduz a lugar nenhum. Por ex: vou investigar o número de analfabetos existente no Brasil. Qual a concepção que você vai adotar sobre analfabeto? Você terá pelo menos três concepções básicas: - o analfabeto é aquele que não sabe escrever o nome e não sabe contar – somar, dividir etc.; - o analfabeto é aquele que não domina a leitura, a escrita, os

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Metodologia da Pesquisa

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conhecimentos básicos da matemática ou, - o analfabeto é aquele que domina a leitura, a escrita, os conhecimentos básicos da matemática, mas não sabe interpretar o mundo a partir dos conhecimentos adquiridos. Uma vez selecionado o conceito, você saberá qual o caminho-método irá adotar.

Em uma pesquisa, conforme o objetivo proposto, o objeto de estudo

e a teoria selecionada, pode ser usado mais de um método.

• Método Histórico Consiste em investigar acontecimentos, processos e instituições do

passado para verificar sua influência na sociedade de hoje. Ex: para entender o desenvolvimento do Turismo no estado de São Paulo, posso utilizar esse método delimitando um período histórico e, a partir daí, realizar a pesquisa coletando documentos, bibliografia, realizando entrevistas.

Não se esqueça, entretanto, que o método histórico adotado varia conforme a concepção que o fundamenta. Por isso, é importante que você esteja por dentro das várias modalidades de método histórico, para não correr o risco de realizar um simples levantamento bibliográfico, sem saber como irá analisar os dados e informações coletadas.

• Método comparativo É usado para comparações de grupos no presente, no passado, ou

entre os existentes e os do passado, quanto entre sociedades de iguais ou de diferentes estágios de desenvolvimento. Vai-se buscar elemento do passado; utiliza, ao mesmo tempo, o método histórico. Exemplo: Características do turismo no Brasil e Estados Unidos.

• Método Estatístico Significa a redução de fenômenos sociológicos, políticos,

econômicos e etc. a termos quantitativos. Esse é um método auxiliar de outros métodos, dependendo dos objetivos de sua pesquisa, e da concepção/teoria que irá adotar nela.

• Método Tipológico Esse método foi empregado por Max Weber e possui semelhanças

com o método comparativo, uma vez que também realiza comparações. Coforme Maconi e Lakatos (2000, p. 93-94):

Ao comparar fenômenos sociais complexos, o pesquisador cria tipos ou modelos ideais, construídos a partir da análise de aspectos essenciais do fenômeno. A característica principal do tipo ideal é não existir na realidade, mas servir de modelo para a análise e compreensão de casos concretos.

Observe que o próprio nome, tipo ideal, já subentende que se refere

ao plano das idéias. Conforme acentua Lakatos (2000, p.94). Weber, ao utilizar desse método, mostrou que, ao comparar diversos

tipos de cidades, determinou as características essenciais da cidade; da

25 Metodologia da Pesquisa

Page 26: metodologia_da_pesquisa

mesma maneira, pesquisou as diferentes formas de capitalismo para estabelecer a caracterização ideal do capitalismo moderno; e, partindo do exame dos tipos de organização, apresentou o tipo ideal de organização burocrática.

Foi com essa metodologia que Weber estudou a relação entre

protestantismo e capitalismo, tendo demonstrado que a racionalidade dos protestantes e sua atitude ascética levaram à acumulação de capital, favorecendo, assim, o desenvolvimento do capitalismo na Europa. Tal estudo resultou na obra intitulada A ética protestante e o espírito do capitalismo. Você vai estudar mais detalhadamente esse clássico da Sociologia nas aulas seguintes.

• Método funcionalista Como o termo indica, esse método consiste em estudar determinadas

realidades dando prioridade a função dos indivíduos, grupos ou instituições. O método funcionalista tem sua origem no positivismo e foi bastante utilizado por Malinowiski que estudou determinadas culturas de sociedades simples (nativas). O funcionalismo considera que a sociedade é formada por partes interdependentes, de modo que se deve analisar cada realidade exatamente a partir das funções para entender o todo. Emile Durkheim, um dos sociólogos clássicos, que será estudado nesta disciplina, foi também um dos teóricos que desenvolveu seus estudos a partir do método funcionalista.

• Método estruturalista O método estruturalista parte do funcionalismo para estudar a

sociedade e as diferentes culturas. O sociólogo francês Claude Lévi-Strauss é o principal responsável pelo desenvolvimento desse método, ao estudar as culturas indígenas, principalmente no Brasil. Tal como o funcionalismo, o estruturalismo considera as funções e os sistemas, mas, além disso, prioriza os elementos centrais ou estruturais para analisar uma dada cultura. O estruturalismo, na realidade, constrói mentalmente as estruturas que são percebidas na realidade. A partir de então, o pesquisador realiza seus estudos e tira suas conclusões.

Para um maior esclarecimento sobre o assunto, tome como exemplo uma família na nossa sociedade e veja como ela funciona, quais são seus aspectos centrais; sua forma de organização, seu modelo de ação no dia a dia, seus valores etc. Dessa forma, você tem possibilidade de imaginar uma família moderna. Quando você faz isso, significa que você tem construído mentalmente uma estrutura de família, mas a partir da realidade. Feito esse percurso, você analisa algum problema com base nesse método.

Conforme aponta Lakatos,

O método parte da investigação de um fenômeno concreto eleva-se, a seguir, ao nível abstrato, por intermédio da constituição de um modelo que represente o objeto de estudo, retornando, por fim, ao

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Metodologia da Pesquisa

Page 27: metodologia_da_pesquisa

concreto, dessa vez com uma realidade estruturada e relacionada com a experiência do sujeito social. Considera-se que uma linguagem abstrata deve ser indispensável para assegurar a possibilidade de comparar experiências, à primeira vista, irredutíveis que, se assim permanecessem, nada poderiam ensinar, em outras palavras, não poderiam ser estudadas. (2000, p. 95-96)

Observe que esse método também apresenta semelhança com o

tipológico, pois considera as operações mentais, isto é, o que é construído pelas idéias para compreender uma dada realidade. A diferença é que o tipo ideal não existe na realidade, ao passo que a estrutura construída mentalmente por meio do método estruturalista é uma representação concebível da realidade, conforme afirma Lakatos (2000, p.96).

A metodologia varia conforme a concepção teórica, o objeto e finalidade da pesquisa. Pode-se utilizar em uma mesma investigação levantamentos estatísticos (aspectos quantitativos) e análise qualitativa, (observações, entrevistas, relatos orais, documentos históricos, entre outros).

• Método dialético Parte da concepção de que a sociedade é dinâmica e contraditória,

em conseqüência das relações econômicas, políticas e culturais desiguais entre os que detêm o poder e os que não o possuem.

Do ponto de vista do método, valoriza a contradição dinâmica do fenômeno observado e a atividade criadora do sujeito que observa as contradições entre o todo e a parte e os vínculos do saber e do agir com a vida social dos homens. Estudo sobre as contradições do fenômeno da globalização, comparando as sociedades desenvolvidas e subdesenvolvidas, por exemplo.

A ciência não é um conhecimento pronto e acabado, mas está aberta às transformações que ocorrem com o ser humano e com a sociedade.

Síntese da unidade

O que você precisa saber? A indução é o processo mental que, partindo de dados

particulares, tira conclusões gerais, que ainda não estavam presentes nas partes examinadas.

O raciocínio dedutivo parte de uma lei, teoria ou hipótese geral que é aceita por todos da qual é possível tirar conclusões particulares.

O método hipotético-dedutivo parte de uma idéia geral sob a forma de uma hipótese que será ou não validada a partir da investigação dos fenômenos.

O método dialético apreende a realidade em sua totalidade, por meio da análise das contradições abarcando o afirmativo e o negativo, as coisas em sua contradição nas fases de tese, antítese e síntese.

27 Metodologia da Pesquisa

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1 – Na atualidade, o método é compreendido como uma ferramenta que deve se adequar à investigação e à comprovação/refutação dos resultados esperados pelo pesquisador. Assinale nas alternativas abaixo aquela que representa o método dedutivo.

a) Fundamenta-se na realização de experimentos controlados, em que os fenômenos estudados são submetidos à influência de certas variáveis.

b) Consiste em investigar os fatos, fenômenos, instituições ou acontecimentos do passado, a fim de verificar sua influência na sociedade de hoje.

c) Parte de uma lei, teoria ou hipótese geral que é aceita por todos, da qual é possível tirar conclusões particulares.

d) Estuda a sociedade ou outros fenômenos sociais do ponto de vista da função de suas unidades, isto é, como um sistema organizado de atividades, buscando compreender os efeitos dos fenômenos.

Comentário

Na realização dessa atividade, você deverá considerar, na sua reflexão, que, para cada problema – ponto de origem, da investigação, há um método adequado.

28

Metodologia da Pesquisa

Page 29: metodologia_da_pesquisa

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A Pesquisa Científica Objetivos • Compreender os diferentes significados de pesquisa. • Identificar os níveis de pesquisa. • Elaborar uma interpretação pessoal a respeito da importância da

pesquisa para suas atividades profissionais. Introdução É muito comum associarmos a pesquisa à atividade daqueles

cientistas geniais, meio doidos, às vezes, trancados em seus laboratórios, realizando experiências mirabolantes. Na verdade, a pesquisa pode ser feita por todos aqueles que tenham a curiosidade necessária e dominarem os métodos adequados. O pesquisador individual, hoje, é um personagem em extinção. As agências financiadoras de projeto aprovam projetos em abordagem interdisciplinar, com a formação de grupos de pesquisadores.

A pesquisa em rede, viabilizada pela internet, possibilita que um mesmo problema seja investigado por vários grupos de vários países, em intercâmbio sistemático. Problemas na área ambiental, saúde, educação, entre outros, que afetam o globo, em suas várias regiões, são investigados em rede. Pesquisar, como você verá neste tema, é algo extremamente importante para o desenvolvimento de habilidades cognitivas e para a produção de novos conhecimentos necessários para a solução dos problemas que nossa sociedade enfrenta.

O que é pesquisa? O termo pesquisa pode ser compreendido segundo vários

significados. Há uma diferença fundamental entre consumir pesquisa e fazer pesquisa. Poucas pessoas são pesquisadores profissionais, mas todos nós já realizamos alguma investigação, por ex., preparar um questionário, conduzir uma entrevista, interpretar dados estatísticos, fazer análises de conteúdos.

Quanto a consumir pesquisa, comentam Laville & Dionne (1999, p 276) que “a vida cotidiana também faz de nós, quer desejemos ou não, grandes consumidores de pesquisa, sobretudo por meio da mídia ou da publicidade, mas também nos discursos públicos, em nossas trocas com os outros etc.” Observam esses autores que “Aaprendizagem da metodologia da pesquisa nos ajuda a ser consumidores esclarecidos, bem como eventuais

29 Metodologia da Pesquisa

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produtores de pesquisas”. É grande a responsabilidade do pesquisador para apresentar resultados que construíram por meio de suas investigações (éticos, não distorcidos, se suas suposições têm fundamentos, entre outros).

Vamos distinguir alguns tipos de pesquisa: Significado amplo: segundo Aurélio (1999, p. 1556),

“indagação ou busca minuciosa para averiguação da realidade; investigação, inquirição”. Aplica-se a levantamento de opinião (pesquisas de mercado, eleitoral etc.), investigação policial, detetive, entre outros.

Pesquisa escolar, acadêmica: levantamento de informações sistematizadas, em sua maior parte, já produzidas por meio da investigação científica e publicadas nos livros didáticos, para conhecer algo não devidamente esclarecido pelo professor ou pelo aluno – por interesse pessoal ou por solicitação do professor.

Significado restrito, propriamente científico: dentre as várias definições, citamos Gil (2002, p. 17) que a define como um procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos. De acordo com a concepção de Gil (idem), utiliza-se a pesquisa quando não se dispõe de informação suficiente para responder a um problema, ou então, quando a informação disponível se encontra em tal estado de desordem que não possa ser adequadamente relacionada ao problema.

Para Máttar Neto (2003, p. 145), “A pesquisa é, ao mesmo tempo,

um processo de descoberta e de invenção. Há um elemento de criatividade, lúdico, envolvido na atividade de investigação científica”.

Como instrumento de investigação científica, é uma busca de dados e informações, por meio de métodos específicos de cada ciência, para investigar um problema/hipóteses com vistas a validar as respostas encontradas: “Às vezes a pesquisa vai confirmar suas idéias ou opiniões, às vezes vai modificá-las, mas quase sempre vai ajudar a dar forma a seu pensamento” (MÁTTAR NETO, 2003, p. 146).

A pesquisa exige rigor, paciência e seriedade no tratamento dos dados, ética na divulgação de seus resultados.

Para que alcance seus resultados, a pesquisa é desenvolvida

mediante o concurso dos conhecimentos disponíveis e a utilização cuidadosa de métodos, técnicas e outros procedimentos científicos. Percorrendo um longo caminho, a pesquisa, desde a formulação do problema até a apresentação dos resultados, é desenvolvida por uma série de fases. Compreender e articular essas diferentes fases é uma forma de promover o desenvolvimento e aprofundar o conhecimento.

Como pudemos perceber, a pesquisa é sempre resultado da busca de solução para algum problema. Os problemas podem ser de duas diferentes ordens de razão: razões de ordem intelectual e razões de ordem prática. Ambas as formas estão interligadas, pois investigar um problema de ordem intelectual, mesmo que, em sua origem, seja por curiosidade do pesquisador, pode, de alguma forma, resultar em uma aplicação prática.

A partir dessa concepção, é comum classificar as pesquisas de acordo com a sua orientação final.

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Metodologia da Pesquisa

Page 31: metodologia_da_pesquisa

Teríamos a chamada pesquisa pura, ou teórica, e a pesquisa aplicada. Na tradição intelectual ocidental, é comum colocá-las em campos opostos como se fossem excludentes. O que se percebe na realidade é que ambas se complementam. Por exemplo, quando foram descobertas as propriedades radioativas de alguns elementos químicos, logo em seguida foi possível “aplicar” esse conhecimento em instrumentos até hoje utilizados pela medicina, como os Raios X, tão utilizados nos hospitais até hoje. Como Gil afirma (2002, p. 18), “uma pesquisa sobre problemas práticos pode conduzir a descoberta de princípios científicos. Da mesma forma, uma pesquisa pura pode fornecer conhecimentos passíveis de aplicação prática imediata”.

Níveis da pesquisa científica Podemos distinguir dois níveis de pesquisa: • Pesquisa acadêmica - na vida acadêmica, o estudante precisa

realizar uma série de trabalhos acadêmicos para aferir como está o andamento de sua aprendizagem. Os estudantes recebem orientações para iniciação às atividades de pesquisa. Elaboram e executam projetos na área de sua formação. Para Santos,

A pesquisa acadêmica é, pois, uma atividade pedagógica que visa despertar o espírito de busca intelectual autônoma. É necessário que se aprendam as formas de problematizar necessidades, solucionar problemas, indicar respostas adequadas... A pesquisa acadêmica é, antes de tudo, exercício, preparação. O resultado mais importante não é a oferta de uma resposta salvadora para a Humanidade, mas a aquisição do espírito e método para a indagação intencional (SANTOS, 2003, p. 24).

• Pesquisa de ponta – após a formação básica, há a possibilidade de

ingresso em um curso de pós-graduação, mestrado, doutorado, e o ensino da pesquisa adquire uma nova configuração. O pós-graduando adquiriu maior grau de autonomia e é portador de uma bagagem de conhecimentos para realizar investigações em maior nível de complexidade e profundidade. Entretanto, não necessariamente terá condições de investigar no nível denominado pesquisa de ponta. O tempo disponível, muitas vezes, não permite buscar as raízes do problema. A pesquisa de ponta refere-se a buscar respostas aos fatores fundamentais do problema levantado. Em geral, é realizada pelos grupos de pesquisa constituídos por cientistas que se dedicam exclusivamente a essa atividade, principalmente nos países do primeiro mundo, uma vez que no Brasil, na maioria dos casos, o pesquisador é docente. Exemplos: pesquisas na área da biogenética, células tronco, doenças como AIDS, entre outras. Na pesquisa de ponta, o sujeito do conhecimento é desafiado a responder a esses problemas oferecendo soluções concretas a problemas concretos atuais ou futuros.

Ressaltamos, entretanto, que quem realiza pesquisa no sentido propriamente científico não necessariamente passa pelo ensino superior.

31 Metodologia da Pesquisa

Page 32: metodologia_da_pesquisa

Muitas pessoas talentosas e com espírito de investigação aguçado para investigar problemas em busca de fatores explicativos são aceitas na comunidade científica como capacitadas para essa atividade, e podem dar importantes contribuições na área investigada.

Síntese da unidade

Abordamos nesta unidade: • A relevância da pesquisa para a sociedade

contemporânea; • Os diferentes significados de pesquisa: sentido amplo,

acadêmico e restrito, propriamente científico; • Conceituamos a pesquisa científica, com destaque para

suas especificidades; • Distinguimos a pesquisa pura da prática e suas inter-

relações; • Apresentamos os dois níveis básicos de pesquisa: a

acadêmica - como iniciação de aprendizagem e a de ponta – realizada por profissionais que buscam encontrar os fatores explicativos para o problema levantado.

1 - A pesquisa é sempre resultado da busca de solução para algum

problema. Os problemas podem ser de duas diferentes ordens de razão: razões de ordem intelectual e razões de ordem prática. Ambas as formas estão interligadas, pois investigar um problema de ordem intelectual, mesmo que em sua origem seja por curiosidade do pesquisador, pode de alguma forma resultar em uma aplicação prática. Temos assim dois níveis de pesquisa: acadêmica e de ponta. Assinale abaixo a alternativa INCORRETA sobre a pesquisa:

a - A pesquisa acadêmica é, antes de tudo, exercício, preparação. O

resultado mais importante não é a oferta de uma resposta salvadora para a humanidade, mas a aquisição do espírito e método para a indagação intencional.

b – Para a realização da pesquisa, é imprescindível a formação acadêmica em nível de pós-graduação.

c - A pesquisa de ponta refere-se a buscar respostas aos fatores fundamentais do problema levantado.

d - Na pesquisa de ponta, o sujeito do conhecimento é desafiado a responder ao problema, oferecendo respostas concretas a problemas concretos atuais ou futuros.

Comentário

Para a realização dessa atividade, sugerimos que você releia o tópico referente aos níveis de pesquisa.

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Metodologia da Pesquisa

Page 33: metodologia_da_pesquisa

5 Tipos de pesquisa Objetivos • Identificar os diferentes tipos de pesquisa. • Posicionar-se a respeito da utilização adequada dos tipos de

pesquisa em uma investigação científica. Introdução Os níveis de pesquisa apresentados na aula anterior apontam para a

necessidade de distinção entre os diferentes tipos de pesquisa, quanto aos objetivos, fontes e procedimentos da coleta de dados. É importante destacar que uma vez definido o problema, a teoria que fundamenta a investigação, o pesquisador precisa identificar se a pesquisa, quanto aos objetivos, será somente exploratória, exploratória e descritiva ou exploratória e explicativa. As pesquisas acadêmicas são, geralmente, exploratórias e descritivas, por não buscarem explicações do problema a partir de suas raízes. Já as explicativas situam-se no nível da pesquisa de ponta. As fontes utilizadas para coleta de dados e informações, bem como os procedimentos da coleta são conseqüentemente selecionadas a partir do problema/hipóteses levantados e dos objetivos selecionados.

Tipos de pesquisa científica No campo da pesquisa, é possível adotar três critérios para

identificação da natureza metodológica dos trabalhos de pesquisa: por meio de seus objetivos: exploratórias, descritivas, explicativas; segundo as fontes utilizadas na coleta de dados: campo, laboratório, bibliografia; segundo os procedimentos de coleta: experimental, ex-post-facto, levantamento, estudo de caso, pesquisa-ação, bibliográfica, documental.

Esses critérios não são excludentes: ao definir o objetivo de uma

pesquisa, seleciono as fontes que irei utilizar e os procedimentos que serão adotados.

Pesquisas segundo os objetivos Definir o objetivo de uma pesquisa constitui a sua espinha dorsal.

Trata-se de explicitar: o que pretendo alcançar com a pesquisa que vou realizar?

33 Metodologia da Pesquisa

Page 34: metodologia_da_pesquisa

Esse critério leva em conta o grau de aproximação do pesquisador com o problema que irá estudar e o nível conceitual com que o pesquisador se coloca diante do seu objeto de estudo. Nesse critério, as pesquisas podem ser classificadas em exploratórias, descritivas ou explicativas. Variável, em uma pesquisa,

“É um conceito, e como tal um substantivo que representa

classes de objetos.” São aspectos observáveis de um

fenômeno e devem apresentar variações ou diferenças em

relação ao mesmo ou a outros fenômenos. Ex.:

sexo, estado civil etc. Variável independente é

aquela que afeta outra variável, mas não precisa estar

relacionada entre elas. Influencia outra variável:

A variável dependente: a que é afetada, ou explicada pela variável independente.

Essa variável em uma pesquisa é o antecedente e a

dependente é o conseqüente. O pesquisado elabora as

hipóteses a partir da primeira para a segunda. (SOUZA, M.

M. Ribeiro, 1998.

• Exploratórias – via de regra, toda pesquisa tem início com a

exploração do problema/fenômeno que vai ser investigado. Trata-se de responder às perguntas: o que eu sei sobre o problema que quero investigar? O que já está publicado a respeito? São informações preliminares que o pesquisador deverá coletar, que lhe permitirão delimitar, de forma mais objetiva, o problema e construir suas hipóteses. Do ponto de vista conceitual, você deve selecionar a melhor teoria que irá fundamentar sua pesquisa e destacar e explicitar os conceitos básicos que serão utilizados como referências. As fontes de coleta de dados e informações geralmente envolvem o

levantamento bibliográfico e documental, a realização de entrevistas com pessoas que tiveram contato ou experiências com o problema a ser pesquisado, análise de situações que permitam uma maior compreensão a respeito do assunto, visita a websites, entre outros. A pesquisa exploratória lhe permitirá mapear o seu objeto de estudo e, muitas vezes, você irá descobrir que o problema (ou um de seus aspectos) que pretende investigar já foi solucionado.

Quando você respondeu à pergunta acima colocada: o que pretende alcançar com a pesquisa que vou realizar, praticamente tem definida se sua pesquisa será descritiva ou explicativa.Vejamos por que:

• Descritivas – seu principal objetivo é descrever as características

de uma determinada população ou fenômeno por meio do estabelecimento de relação entre variáveis. É feita na forma de levantamento de dados sistematicamente organizados. As pesquisas descritivas podem visar ao estudo das características de um grupo, obter a opinião de uma determinada população ou investigar como se dá o atendimento do sistema público de saúde em uma localidade, por exemplo. Em geral, a pesquisa descritiva objetiva descreve um fenômeno por meio de seus efeitos, utilizando, como procedimento de coleta de dados, a estatística, com ênfase na análise quantitativa.

Observação: “observar não significa apenas “olhar”, mas

discriminar e discernir. Significa separar, em meio à complexa vida social, aquilo

que é circunstancial e periférico daquilo que é

essencial e diz respeito ao problema investigado”. Podem-

se nesse processo distinguir três etapas: a primeira,

reunião de uma massa de dados considerados

importantes (dados brutos).A segunda, codificação, em que

os dados são compilados e classificados. A terceira,

tabulação, disposição dos dados segundo sua

significância, encadeados numa ordem lógica que permite

verificar as relações que eles mantêm entre si (COSTA,

Cristina, 2001, p. 211).

• Explicativas – são consideradas as mais profundas porque buscam explicar as razões ou fatores que determinam a ocorrência de determinado fenômeno. Como não se resumem a apenas descrever ou explorar um fenômeno, as hipóteses levantadas podem não ser validadas, e novas hipóteses serão elaboradas para novas investigações. Não se pode, aqui, desmerecer as outras modalidades de pesquisa, tendo em vista que uma pesquisa explicativa pode ser o desdobramento de uma pesquisa exploratória ou descritiva. Por exemplo: o resultado de uma pesquisa descritiva sobre os efeitos no mercado de trabalho pela não qualificação da mão-de-obra necessária pode provocar indagações diversas que levam a uma

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Metodologia da Pesquisa

Page 35: metodologia_da_pesquisa

pesquisa explicativa: quais as razões da não qualificação da mão-de-obra necessária a determinado tipo de trabalho? Pesquisas segundo as fontes de dados Uma pesquisa só é possível desde que haja a disponibilidade de

fontes de dados para que possa coletá-los e analisá-los. Numa analogia bastante simples, da mesma forma que um automóvel se locomove por causa do combustível que queima, a pesquisa depende de fontes de dados para que possa elaborar seus raciocínios, pois “entende-se pesquisa como atividade intelectual, como desenvolvimento de raciocínios, cujo combustível são dados” (GIL, 2002, p. 19). Dentre as possíveis fontes de pesquisa, três merecem destaque por serem as mais utilizadas: bibliografia a respeito do tema, um campo em que se possa observar e um laboratório em que se possa recriar.

• Pesquisa de campo – geralmente é realizada por meio de observação direta do pesquisador. Os dados são colhidos no local onde são produzidos, por isso os dados obtidos são mais fidedignos. Sua maior desvantagem é que os resultados podem demorar mais a aparecer.

• Laboratório – geralmente utilizada como experimento. Essa fonte de dados é uma forma de coleta de dados usual em áreas da biologia, por exemplo, de fenômenos ligados à pesquisa de ponta, também chamada básica, como as pesquisas que vêm sendo realizadas no campo da biogenética, das doenças como AIDS, DNA, com aplicações práticas, inclusive na investigação criminal. Na pesquisa de laboratório, podem-se ter duas situações distintas: pela interferência artificial em um fenômeno ou pela artificialização da capacidade humana de captar os dados. No primeiro caso, o objetivo é construir um padrão de observação que muitas vezes é impossível na realidade fora do laboratório. No outro caso, os mecanismos naturais de observação não permitem uma observação acurada do fenômeno e então é necessário artificializar o ambiente e os instrumentos de observação.

Experimento: “na área social o experimento é uma técnica importante quando a situação que se quer estudar envolve grande risco social e humano, como a organização da população durante incêndios, a prevenção urbana contra a violência do crime organizado, entre outros exemplos. A idéia do evento simulado tem sido cada vez mais usada em muitas disciplinas e áreas profissionais, especialmente na educação e na psicologia. (COSTA, Cristina, 2001, p. 222-223).

• Bibliografia – a pesquisa bibliográfica é a mais utilizada, sobretudo, no meio acadêmico. Você já deve ter ouvido aquela expressão “não precisamos reinventar a roda”. Pois é grande parte das pesquisas realizadas em laboratório e/ou de campo acabam se transformando em livros, revistas e outras formas de divulgação bibliográfica, inclusive na internet. Por meio da pesquisa bibliográfica, é possível acessar o conhecimento produzido e acumulado ao longo de vários anos, como fonte de informações para pesquisa exploratória, explicada acima.

Outras fontes de dados: censo, história de vida e levantamento histórico.

Dados censitários O levantamento sistemático de dados censitários a respeito de uma

população constitui a sociometria. Os paises que dispõem de um banco de dados a respeito, sistemática e periodicamente, atualizam-nos e editam, possibilitando aos pesquisadores a utilização de técnicas de amostragem, como analisar relações entre aspectos de uma população. No Brasil, temos o Instituto Brasileiro de Pesquisas (IBGE). Costa (2001, p. 233) cita exemplos

35 Metodologia da Pesquisa

Page 36: metodologia_da_pesquisa

de pesquisas realizadas por sociólogos, com a utilização de dados censitários. Entre esses, a de Kingsley Davis, em 1963, que:

...fez uma análise de dados censitários que procurava relacionar aumento de renda per capita e aumento demográfico. Tomando as taxas de países “desenvolvidos” (industrializados) e “subdesenvolvidos” (não-industrializados), constatou que, nos primeiros, à medida que crescia a renda per capita, diminui a taxa de crescimento demográfico. Inversamente, nos países de pequena renda per capita a taxa de crescimento demográfico aumentava consideravelmente (COSTA, 2001, p. 233).

Comenta Costa que, em termos metodológicos, Davis descobriu que

a taxa de crescimento era a variável dependente, conseqüência da renda per capita, variável independente. Essa autora chama a atenção para a necessidade de que os dados censitários sejam de fonte fidedigna e, ao realizar uma pesquisa desse tipo, testar, numa pequena amostra, as variáveis que se quer experimentar.

História de vida É um outro método de pesquisa amplamente utilizado em sociologia.

A história de vida “compõe-se de relatos, depoimentos, memórias e documentos pertencentes ao depoente”. (COSTA, 2001, p. 234). É um tipo de fonte de coleta de dados e informações que apresenta vantagens, como fator importante para recuperar interpretações “não-oficiais” sobre certos acontecimentos, e pode revelar novos aspectos desses acontecimentos, a visão de quem viveu e testemunhou. Atualmente, tem-se valorizado “a análise dos valores, das tradições, da expressão de opinião” que permite a decifração mais apurada desses depoimentos (COSTA, 2001, p. 234).

Levantamento histórico Trata-se de realizar levantamentos de documentação para apreender

o processo de transformação de determinado fenômeno. Esses documentos constituem fonte preciosa de informação, tais como correspondências, diários, contratos, relatos de viajantes, atas de instituições, entre tantos outros.

As fontes de pesquisa acima citadas podem ser usadas de forma combinadas, dependendo do objetivo a ser alcançado, e do problema a ser desvendado.

Caracterização das pesquisas segundo os procedimentos de

coleta de dados Conforme Santos (2002, p. 29-32), os procedimentos de coleta são

os métodos práticos utilizados para juntar as informações necessárias à construção dos raciocínios em torno de um fato/fenômeno/processo. Na verdade, a coleta de dados de cada pesquisa terá peculiaridades adequadas àquilo que se quer descobrir. Mas é possível apontar alguns procedimentos-

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Metodologia da Pesquisa

Page 37: metodologia_da_pesquisa

padrão, comumente utilizados, aos quais se fazem as adaptações de espaço/tempo/matéria necessárias às exigências de cada caso.

• Pesquisa experimental – Parte da determinação de um objeto de estudo e da seleção de variáveis que poderiam provocar algum tipo de influência. É preciso, também, determinar a forma pela qual será realizado o controle e observação dos efeitos produzidos por uma variável no objeto de estudo. A pesquisa experimental, geralmente, é feita por amostragem, isto é, escolhe-se dentro de um universo bastante extenso para ser esgotado, um conjunto significativo de casos, que comporão a amostra. Os resultados poderão ser aplicados a todos os casos. Esse tipo de pesquisa necessita de um bom planejamento para que a experimentação seja realizada de modo a se observar os aspectos que interessam ao estudo. Assim, muitas vezes, escolhe-se a variável que se quer analisar e neutraliza-se as demais, para que se possa compreender qual a sua influência no objeto de estudo que pode ser um fato, fenômeno ou processo. Exemplos: pesquisa para descobrir uma vacina contra o vírus da AIDS ou da gripe aviária.

• Ex-post-facto - Literalmente, significa "a partir de depois do fato". A pesquisa ex-post-facto é, também, uma pesquisa experimental. Diferencia-se desta, porque é anterior ou sem o controle do pesquisador. A observação se dá depois que ocorre o problema a ser investigado. Por exemplo, compreender porque determinada campanha publicitária não atingiu seus objetivos.

• Levantamento – Busca obter, junto a um determinado grupo, as informações que se desejam. A partir da coleta das informações solicitadas, é elaborada uma análise quantitativa dos dados para que se formulem as conclusões. Muito utilizado nas pesquisas exploratórias e descritivas, é realizado em três etapas: seleção da amostra a ser pesquisada; aplicação dos questionários; análise estatística dos dados coletados. Entre as principais vantagens do levantamento, estão o conhecimento direto da realidade, a economia e rapidez e a possibilidade de quantificação. Suas principais limitações se devem ao caráter subjetivo da opinião dos entrevistados, o que colabora para a perda de objetividade. Uma pesquisa para compreender a preferência dos consumidores masculinos de uma determinada faixa etária seria um exemplo de levantamento.

• Estudo de caso – quando se quer aprofundar o conhecimento sobre um determinado objeto de pesquisa, é selecionado para que se verifique seus aspectos característicos. Costuma exigir do pesquisador grande equilíbrio intelectual e capacidade de observação porque ao lidar com casos isolados, necessita de muito cuidado para se inferir generalizações dos resultados. É, também, comum a utilização do estudo de caso quando se trata de reconhecer num caso um padrão científico já delineado, no qual possa ser enquadrado. Por exemplo, observar como se comporta um consumidor em um determinado ambiente de consumo.

• Pesquisa-ação – está voltada para a resolução de um problema ou suprimento de uma necessidade. É comum a participação e o envolvimento cooperativo entre os pesquisadores e a comunidade envolvida na pesquisa. Admite que outros procedimentos, já descritos neste tema, podem ser utilizados como meio de coleta. Todos os envolvidos, pesquisados e pesquisadores, podem adotar procedimentos como experimentação, pesquisa bibliográfica, observação etc. para alcançar os

37 Metodologia da Pesquisa

Page 38: metodologia_da_pesquisa

resultados almejados. Por exemplo, uma empresa que pretende resolver o problema do absenteísmo ao trabalho.

• Bibliografia – de acordo com Santos, É o conjunto de materiais escritos/ gravados, mecânica ou

eletronicamente, que contêm informações já elaboradas e publicadas por outros autores. São fontes bibliográficas os livros (de leitura corrente ou de referência, tais como dicionários, enciclopédias, anuários etc.), as publicações periódicas (jornais, revistas, panfletos etc.), fitas gravadas de áudio e vídeo, páginas de web sites, relatórios de simpósios/seminários, anais de congressos etc. A utilização total ou parcial de quaisquer dessas fontes caracteriza a pesquisa como pesquisa bibliográfica (SANTOS, 2003, p. 32).

• Documento – Para Santos,

É o nome genérico dado às fontes de informação bibliográficas que ainda não receberam organização, tratamento analítico e publicação. São fontes documentais: tabelas estatísticas; relatórios de empresas; documentos informativos arquivados em repartições públicas, associações, igrejas, hospitais, sindicatos; fotografias; epitáfios; obras originais de qualquer natureza; correspondência pessoal ou comercial etc. A utilização de qualquer dessas fontes de informação caracteriza a pesquisa como pesquisa documental (SANTOS, 2003, p. 32).

Síntese da unidade

Aspectos que destacamos nesta unidade: Os tipos de pesquisa segundo os objetivos, fontes e

procedimentos da coleta e os critérios para sua seleção. Enfatizamos a relação conseqüente entre problema/hipóteses e

a seleção dos métodos de pesquisa que devem ser escolhidos, quanto aos objetivos da pesquisa, se exploratória, se exploratória e acadêmica (descritiva), se exploratória e explicativa.

A adequada seleção dos tipos de pesquisa para realização da investigação poderá facilitar e simplificar seu trabalho, que certamente contará com o acompanhamento de seu orientador.

1- Definir o objetivo de uma pesquisa constitui a sua espinha dorsal.

Ao adotar esse critério, leva-se em conta o grau de aproximação do pesquisador com o problema que irá estudar e o nível conceitual com que o pesquisador se coloca diante do seu objeto de estudo. Nesse critério, as pesquisas podem ser classificadas em exploratórias, conceituais ou explicativas. Analise as assertivas abaixo classificando-as em verdadeiras ou falsas.

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Metodologia da Pesquisa

Page 39: metodologia_da_pesquisa

I - Exploratórias são as pesquisas que têm início com a exploração do problema/fenômeno que vai ser investigado. São informações preliminares que o pesquisador deverá coletar, que lhe permitirão delimitar, de forma mais objetiva, o problema e construir suas hipóteses.

II – Nas pesquisas descritivas o principal objetivo é descrever as características de uma determinada população ou fenômeno por meio do estabelecimento de relação entre variáveis.

III - Explicativas são consideradas as mais profundas porque buscam explicar as razões ou fatores que determinam a ocorrência de determinado fenômeno.

Assinale a alternativa que corresponde ao julgamento correto: a) I, II e III são falsas. b) Somente I e III são verdadeiras. c) I, II e III são verdadeiras. d) Somente II e III são falsas.

Comentário

Você poderá ter maior clareza para responder a questão acima revendo os conceitos sobre o tipo de pesquisa segundo os objetivos.

Referências COSTA, Cristina. Sociologia, introdução à ciência da sociedade. 2. ed. São Paulo: Moderna, 1997. SOUZA, Hilda M. M. Ribeiro de. Glossário. In Análise experimental dos níveis de ruído produzido por peça de mão de alta rotação em consultórios odontológicos: possibilidades de humanização do posto de trabalho do cirurgião dentista. [Tese de Doutorado]. Fundação Oswaldo Cruz, Escola Nacional de Saúde Pública, 1998. Disponível em: <http://portalteses.cict.fiocruz.br/>, acesso em 13 julho 2006.

39 Metodologia da Pesquisa

Page 40: metodologia_da_pesquisa

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Elementos do projeto de pesquisa

Objetivos • Identificar os elementos de um projeto de pesquisa. • Compreender o significado de cada um desses elementos. • Distinguir os aspectos básicos de um projeto de pesquisa. Introdução A literatura existente sobre como elaborar um projeto de pesquisa é

ampla e muitas vezes confusa e complicada. Há autores que propõem a elaboração de pré-projeto, projeto, planejamento da pesquisa, entre outros mecanismos. Na realidade, não são necessárias tantas sofisticações para realizarmos uma investigação científica.

Não existem regras fixas para elaboração de um projeto. O desenvolvimento de uma pesquisa está muito mais ligado ao estilo pessoal de seus autores, bem como ao fio de problema a ser resolvido. Porém, é preciso definir com clareza quais as etapas principais por que passará a pesquisa, quais os recursos necessários para atingir os resultados e como tudo isso se processará na pesquisa.

O que é um projeto de pesquisa? Como elaborar um projeto de pesquisa? Quais seus elementos principais? O projeto é uma intenção planejada para a realização da pesquisa. Ao longo da realização da pesquisa, pode sofrer alterações,

dependendo de muitos fatores: Tratando-se de elaboração de um projeto de pesquisa para uma

agência de fomento, nacional ou estrangeira, como CNPq, Fundo Nacional do Meio Ambiente, entre outras, o projeto deve seguir os seguintes passos:

• Título • Escolha do tema com justificativa

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Metodologia da Pesquisa

Page 41: metodologia_da_pesquisa

• Revisão da literatura • Problema • Hipóteses (caso haja necessidade) • Objetivos • Metodologia • Recursos materiais, humanos e financeiros • Cronograma de execução • Bibliografia

A seguir vamos acompanhar a explicação de cada um desses passos,

com base nos autores Santos (2002) e Máttar Neto (2003). Título do projeto É elaborado a partir da escolha do tema e, quase sempre, é

reformulado após o projeto pronto. Deve ser claro, conciso, e redigido de tal forma que o leitor compreenda de imediato sobre o objeto de investigação pretendido.

Escolha do tema/justificativa A escolha do tema deve considerar os seguintes critérios: - do ponto de vista pessoal do pesquisador deve atender ao seu

interesse e estar apaixonado pelo tema. Não há sucesso na investigação se você não tem gosto e aptidão pelo tema escolhido;

- o pesquisador deve ter uma relativa familiaridade com o tema escolhido;

- tempo disponível para realizar a pesquisa, previsto relativamente à extensão e ao grau de profundidade do problema a ser investigado;

- ser relevante para uma sociedade, para uma ciência ou para a instituição onde você trabalha ou para a qual você vai realizar a pesquisa;

- a viabilidade de obtenção de dados e informações sobre o tema selecionado;

- a disponibilidade de recursos para a execução do projeto. Se tais critérios não podem ser preenchidos, o pesquisador deve

repensar o seu tema. No projeto, as razões acima apontadas para a seleção do tema são redigidas com o título: Justificativa. Trata-se, como se diz, em linguagem popular, “de saber vender o peixe”.

Revisão de literatura Escolhido o tema, que é delimitado de um assunto, deve-se buscar as

fontes bibliográficas a respeito, para uma análise exploratória inicial e para a seleção da teoria e dos conceitos que serão adotados pertinentes ao tema e ao respectivo problema. Na realidade, quando delimitamos o tema, já elaboramos uma pergunta prévia sobre o que desejamos saber a respeito do tema. Essa primeira leitura permitirá esclarecer os aspectos centrais e os secundários na delimitação do tema a ser pesquisado. Exemplo:

• Assunto: violência urbana • Tema: (delimitação do assunto): violência urbana nas grandes

cidades do Brasil. A adoção de uma teoria que irá embasar sua pesquisa está

diretamente relacionada ao conceito que o pesquisador irá adotar sobre

41 Metodologia da Pesquisa

Page 42: metodologia_da_pesquisa

violência. Os temas tratados no campo das ciências humanas são analisados sobre diversas óticas, pela complexidade das ações sociais, com valores que variam no contexto histórico em que ocorrem. Se você consultar a bibliografia (livros ou site na internet) existente sobre esse tema, irá constatar a multiplicidade de posições e, entre essas, deverá adotar aquela que melhor fundamente a sua pesquisa.

Problema O problema é o núcleo em torno do qual se desenvolve uma

pesquisa. Sem problema não há pesquisa. Mas, o que é um problema? Geralmente é uma necessidade humana que é transformada em uma pergunta que deverá ser respondida pela pesquisa. Por exemplo: a partir do tema – violência urbana nas grandes cidades do Brasil: Quais as formas de violência são mais freqüentes nas grandes cidades brasileiras? A elaboração do problema requer a compreensão das situações de violência que ocorrem nessas cidades, uma prévia descrição da problemática levantada, à luz de uma teoria ou uma conceituação clara sobre o seu significado. A pesquisa exploratória, já explicada anteriormente, é um recurso importante como fonte de informações para que se possa selecionar e delimitar mais precisamente o problema.

Esse problema deve ser selecionado e delimitado. Uma pesquisa pode levar em consideração duas abordagens de um

determinado problema: a extensão e a profundidade. A extensão privilegia uma abordagem ampla do problema, levando em consideração seus vários aspectos; a profundidade, por outro lado, investiga a fundo um dos aspectos de um determinado problema deixando de lado outros. Falando em termos práticos, o processo de seleção e delimitação permitirá escolher quais os aspectos relevantes de um problema. Geralmente, deve-se escolher um aspecto bem específico para que dele se extraia o máximo em uma pesquisa. Continuando nosso exemplo sobre violência urbana nas grandes cidades brasileiras, pode-se, a partir da pesquisa exploratória, selecionar os tipos mais freqüentes de violência presentes nas grandes cidades, e também delimitar a extensão do ponto de vista físico, ou seja, selecionar, entre as capitais, quais aspectos você irá privilegiar para realizar sua investigação. Ex.: suponhamos que você tenha selecionado pelo critério de maior freqüência de assaltos à mão armada seguidos de assassinatos. Problema: Qual o perfil sócio-econômico dos grupos que praticam assaltos à mão armada com assassinato?

Formulação de hipóteses Muitos trabalhos científicos não necessitam de hipóteses (podem ser

simplesmente um estudo bibliográfico sobre um problema). A hipótese é uma solução possível para um problema. Uma resposta

provisória que você elabora que será confirmada ou negada a partir da coleta e análise dos dados. É uma construção intelectual a priori do autor da pesquisa baseada em alguns conhecimentos prévios a respeito do problema que você delimitou. O trabalho posterior da pesquisa será confirmar ou negar a hipótese.

• A hipótese é formulada pela junção da pergunta delimitada com o conteúdo da resposta em uma única frase. Por exemplo: A hipótese poderia

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Metodologia da Pesquisa

Page 43: metodologia_da_pesquisa

ser (caso os indícios na pesquisa exploratória já apontassem para esta hipótese): O perfil sócio-econômico dos grupos de indivíduos que praticam assaltos a mão armada com assassinato pertence a segmentos de renda média e alta.

Objetivos Podem ser: Objetivo Geral e Específicos. Objetivo Geral Explicita onde o pesquisador pretende chegar, quais as suas

expectativas em relação aos resultados de sua pesquisa. Por isso o objetivo é considerado como a espinha dorsal do projeto, porque deve apresentar claramente aquilo que se pretende com a pesquisa. Deve delimitar quais os aspectos a serem abordados na investigação.

• Sempre são formulados pela junção de duas partes: uma ação, a ser aplicada a um conteúdo. Deve-se sempre usar um verbo no infinitivo (terminados em –ar, -er, -ir).

• Para facilitar a construção de objetivos, veja a seguir uma relação de verbos que indicam diferentes graus de raciocínio: Conhecimento – apontar, citar, classificar, conhecer, definir,

descrever, identificar, reconhecer, relatar; Compreensão - compreender, concluir, deduzir, demonstrar,

determinar, diferenciar, discutir, interpretar, localizar, reafirmar. Aplicação – aplicar, desenvolver, empregar, estruturar, operar,

organizar, praticar, selecionar, traçar. Análise - analisar, comparar, criticar, debater, diferenciar,

discriminar, examinar, investigar, provar. Síntese – compor, construir, documentar, especificar, esquematizar,

formular, produzir, propor, reunir, sintetizar. Avaliação – argumentar, avaliar, contrastar, decidir, escolher,

estimar, julgar, medir, selecionar. Exemplo de objetivo geral a partir do problema acima levantado: Descrever e examinar os tipos grupos que praticam assalto a mão

armada com assassinato para subsidiar as ações que reduzam esses delitos nas grandes cidades brasileiras.

Objetivos específicos Para resolver o problema proposto pelo objetivo geral é necessário

subdividi-lo em objetivos específicos. Cada um dos objetivos específicos será uma parte componente da redação final do texto. Portanto, é necessária a organização dos objetivos específicos atendendo a quatro momentos:

• Levantamento dos componentes do problema; • Transformação de cada um dos aspectos em um objetivo; • Verificação da suficiência dos objetivos específicos propostos; • Escolha da melhor seqüência lógica.

43 Metodologia da Pesquisa

Page 44: metodologia_da_pesquisa

Metodologia Vimos que metodologia significa o caminho a seguir para a

obtenção de dados e informações e alcançar os resultados pretendidos (objetivos).

Os métodos de pesquisa estão umbilicalmente ligados ao problema e aos objetivos definidos para sua pesquisa. Nas aulas 2, 3 e 5 você poderá rever os métodos e tipos de pesquisa apropriados para ser adotados na sua investigação. Em relação à escolha das fontes e dos procedimentos de coleta, é importante elencar as atividades práticas que serão realizadas para a coleta dos dados com os quais serão formulados os raciocínios. Portanto, cada procedimento deve ser planejado de acordo com sua relação com os objetivos específicos.

Deve-se apontar como será feita a coleta dos dados - se pesquisa de campo, experiência em laboratório ou pesquisa bibliográfica. É evidente que isso fica a cargo das opções do pesquisador, em função do problema levantado, das hipóteses elaboradas e do objetivo da pesquisa.

Previsão dos recursos Prever a utilização de recursos materiais, humanos e financeiros

necessários para a execução da pesquisa. O nível de detalhamento dos recursos depende das exigências da agência de fomento que irá financiar o projeto.

É importante que, ao propor uma determinada pesquisa, se leve em conta os recursos já disponíveis para a sua consecução. Caso contrário, corre-se o risco de não se alcançarem os objetivos propostos.

Cronograma de execução das atividades da pesquisa Trata-se de prever o tempo de execução das atividades previstas,

para controle e informação do andamento da pesquisa, por meio de relatórios parciais, quando solicitado pela instituição ou pela agência de fomento.

Apresentamos abaixo uma matriz como referência para elaboração de um cronograma:

Cronograma de execução das atividades da pesquisa

Período 1º semestre de 2006

Atividade jan fev mar abr mai jun jul

Escolha do tema X

Revisão da literatura X X X

Elaboração do problema

e hipóteses

X

Metodologia X

Previsão dos recursos X

Bibliografia X

Redação do projeto X X

Encaminhamento do

projeto

X

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Metodologia da Pesquisa

Page 45: metodologia_da_pesquisa

Redação do Projeto Deve ser concisa, objetiva e conter todas as informações necessárias

para a avaliação correta de quem irá julgar sobre a validade ou não da proposta. Você poderá ler alguns projetos já aprovados para familiarizar-se com a linguagem e a forma da redação e, certamente, terá um orientador que acompanhará suas atividades, desde a elaboração até o final da execução da pesquisa, e sua redação.

Síntese da unidade

• O planejamento de uma pesquisa é extremamente importante para que seus objetivos sejam alcançados.

• A seleção do tema deve atender ao gosto pessoal, à relativa familiaridade com o tema, à relevância social, à disponibilidade de tempo, de recursos, entre outros.

• Seguir os procedimentos apontados no roteiro do projeto é uma das formas eficazes de se alcançar em conhecimentos significativos e relevantes.

• Como não há um único caminho a ser seguido na pesquisa, o pesquisador deve estar consciente de qual a melhor forma de abordagem de um problema.

1. Utilizando o roteiro abaixo, elabore os cinco primeiros passos de um projeto de pesquisa, a partir de um problema de relevância para seu interesse acadêmico.

2. Tema 3. Problema 4. Hipóteses 5. Objetivo geral 6. Objetivos específicos

Comentário

Para você realizar essa atividade, faça uma releitura

cuidadosa do tema e elabore um quadro síntese. Lembre-se de que, ao escolher do tema, deve-se levar em consideração sua relevância do ponto vista acadêmico, profissional e social.

45 Metodologia da Pesquisa

Page 46: metodologia_da_pesquisa

7

Elaboração de Trabalho de Conclusão de Curso

Objetivos • Conhecer os passos fundamentais para elaboração de um Trabalho

de Conclusão de Curso. • Elaborar seu Trabalho de Conclusão de Curso. Introdução Nas unidades anteriores, você recebeu os subsídios fundamentais

para a construção de um Trabalho de Conclusão de Curso. As opções quanto à modalidade desse trabalho dependem das alternativas que a instituição (para quem você vai realizar esse trabalho) oferece para sua escolha.

O que é um Trabalho de Conclusão de Curso? O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) constitui-se numa

atividade acadêmica que visa à sistematização do conhecimento sobre um objeto de estudo ou problemas relacionados com o curso dos acadêmicos, desenvolvido mediante controle, orientação e avaliação de um orientador.

Por dentro da História A primeira monografia foi

publicada em 1855 (embora já viesse

empregando o método desde 1830), por LE PLAY

(1806-1882), LES OUVRIERS EURPÉENS.

O autor descreve com minúcias o gênero de vida

dos operários e o orçamento de uma família-

padrão daquela classe.

O TCC pode ser de natureza prática ou teórica; pode ser inovador quanto ao tema ou à abordagem metodológica, ou constituir-se em ampliação de trabalhos já existentes em que a idéia central será contestada ou aprofundada.

O TCC poderá ser apresentado da seguinte forma: a) por meio de um artigo sintético para ser publicado em algum

periódico; b) por meio de uma monografia com objetivos acadêmicos

(monografia de conclusão de curso), e de pós-graduação Lato Sensu, dissertação de mestrado ou tese de doutorado;

c) na forma de um livro; d) em apresentação oral. Dentre os TCCs mais freqüentes, destacam-se aqueles exigidos para

obtenção de graus universitários Stricto Sensu, a saber, dissertação de mestrado e tese de doutorado. Para a conclusão de cursos de especialização (Lato Sensu) ou, ainda, para a conclusão de curso de graduação. É comum a apresentação de trabalhos acadêmicos também monográficos, muitas vezes chamados simplesmente de monografias (monos = um só e graphien = escrever). Nos cursos de doutorado deve necessariamente apresentar uma

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Metodologia da Pesquisa

Page 47: metodologia_da_pesquisa

tese inédita a respeito do problema pesquisado. Nos demais níveis de graduação respeitando-se sua complexidade deve ser um trabalho que demonstre capacidade do autor em desenvolver conhecimento sobre uma determinada área do saber.

Importante! A apresentação científica é resultado da realização da pesquisa a partir do projeto elaborado, assunto discutido no tema 04 desta apostila.

Na construção do TCC, deve ser aceitável que o estudante apresente

um texto que verse sobre partes de uma elaboração científica plena, tais como uma pesquisa bibliográfica, uma pesquisa empírica, um projeto de pesquisa, um estudo de caso, ou uma proposta ou avaliação de intervenção organizacional, entre outras possibilidades.

Como escolher um assunto ou tema? Para se chegar à elaboração do TCC, pressupõe-se que já se tenha

definido uma idéia, um tema ou assunto, sobre o qual será centrada a investigação. Essas estão sempre orientadas para resolver um problema, que pode ser apresentado na forma de uma questão. A escolha do orientador deve seguir o critério da afinidade com o tema e também pessoal. Muitos orientandos ficam perdidos no meio do caminho por não seguir esse critério, entre outros. Para o sucesso da pesquisa, é conveniente levar em consideração o interesse pelo tema, preferências pessoais, formação e conhecimentos prévios do acadêmico, bem como originalidade e utilidade do tema. A opinião, o conhecimento e a experiência do orientador do TCC também devem ser levadas em consideração.

Tome Nota!! A escolha de um tema digno de estudo deve resultar em um TCC que: • Corresponda ao gosto e interesse do acadêmico; • Propicie experiências duráveis e de grande valor para acadêmico; • Possua importância teórica e prática; • Corresponda às possibilidades de tempo e de recursos financeiros aluno; • Seja viável em termos de levantamento de dados e informações.

O tema do TCC pode surgir de situações pessoais, sociais, ou profissionais. O interesse do acadêmico, por um tema que mereça ser desenvolvido na forma de monografia, surge das mais diferentes maneiras, dentre elas:

a. interesses pessoais, experiência, ou indagação própria; b. em função de seu trabalho; c. momento profissional em que se encontra (mudança de

emprego, por exemplo); d. leitura de outras obras, tais como livros e artigos de revistas

especializadas de sua área de interesse; e. consultas a catálogos de teses, dissertações e monografias em

geral, disponibilizadas de forma convencional nas bibliotecas e via Internet;

Fique Ligado!! A escolha um tema ligado a suas atividades profissionais poderá capitalizar os resultados da monografia para o seu ambiente profissional, facilitando a especialização em uma área específica de seu campo de atuação.

f. troca de mensagens via Internet; g. informações e dados obtidos em home pages/sites da Internet,

sobre livros e demais publicações disponibilizados por sites, livrarias, ou bibliotecas acadêmicas on line; entre outras.

Para aqueles que trabalham em alguma organização (pública,

privada, do terceiro setor, ou cooperativas) sugere-se que possa vincular o processo ensino-aprendizagem aos seus problemas organizacionais, por esses se constituírem, possivelmente, em uma efetiva motivação e utilidade, em razão de que poderá contribuir com boas modificações do trabalho.

No caso dos acadêmicos que ainda não exerçam atividades profissionais de qualquer ordem, é aconselhável a escolha de um assunto no qual queiram se especializar no futuro ou, melhor ainda, que tenha despertado interesse de estudo durante a realização do curso.

47 Metodologia da Pesquisa

Page 48: metodologia_da_pesquisa

Recomenda-se que o assunto, uma vez escolhido, seja delimitado para que se possa aprofundar e aprimorar conhecimentos, aplicáveis a um pequeno conjunto de fatores ou variáveis que compõem o campo de estudo abordado. Ou seja, é preferível escrever de forma detalhada e consistir sobre poucas coisas do que falar genericamente sobre muitas coisas.

Escolha de um assunto ou tema Agora que você já possui as noções básicas para construir seu

Trabalho de Conclusão de Curso, gostaríamos de sugerir uma proposta de fluxograma para facilitar sua tarefa. Foi adaptada do livro Como fazer uma monografia, escrito pelo professor Délcio Vieira Salomon:

ESCOLHA DO

ASSUNTO

PESQUISA

BIBLIOGRÁFICA

(exploratória)

DOCUMENTAÇÃO

CRÍTICA À

DOCUMENTAÇÃO

CONSTRUCÃO

REDAÇÃO

PESQUISA EMPÍRICA

METODOLOGIA

INDUTIVA

METODOLOGIA

DEDUTIVA

PESQUISA NÃO

EMPÍRICA

Dicas para construir

o TCC Redação Provisória:

fazer primeiramente um esboço, rascunho,

planejamento, a maquete;

Redação Definitiva: Consta das 3 partes da

construção do TCC- Introdução,

Desenvolvimento e Conclusão;

Estrutura Material da TCC: o TCC deve

agradar ao público e também o serviço de

documentação (obedecer às normas

técnicas elaboradas pela Associação

Brasileira de Normas Técnicas); * ver

abaixo. Linguagem

Científica: existe a tendência em se

descuidar da linguagem quando se redige um

trabalho científico.

RESULTADOS RESULTADOS

Apesar de o fluxograma ser auto-explicativo, será oportuno destacar

que: • Pesquisa Empírica: é a pesquisa dedicada ao tratamento da face

empírica e factual da realidade; produz e analisa dados, procedendo sempre pela via do controle empírico e factual;

• Pesquisa não Empírica: é análise conceitual, de teorias, seja para explicitá-las ou interpretá-las criticamente.

48

Metodologia da Pesquisa

Page 49: metodologia_da_pesquisa

• Metodologia indutiva e dedutiva: veja definições e procedimentos no tema 03;

Quando redigir use: Correção gramatical;

Exposição clara, concisa, objetiva, condizente com a redação científica;

Evite períodos extensos;

Preocupação em se redigir com simplicidade, evitando o colóquio excessivamente familiar e vulgar, a ironia causticante, os recursos retóricos;

Linguagem direta;

Precisão e rigor com o vocabulário técnico, sem cair no hermetismo.

• Pesquisa Bibliográfica: (exploratória): momento de coleta de informações relevantes ao tema do TCC em livros, CD-ROM, sites, revistas e demais meios de publicação. Note que toda pesquisa requer levantamento bibliográfico para conhecer o que se pesquisou sobre o assunto;

• Documentação: é a fase em que as informações coletadas nas diferentes etapas da pesquisa são registradas para balizar a construção do saber na elaboração do TCC;

• Crítica à documentação: nem todo material produzido deverá ser levado a público na construção do saber. É a fase da crítica da documentação que irá possibilitar a depuração da informação apreendida;

• Redação e construção: é a fase de finalização de todo o trabalho de pesquisa e levantamento de dados. Nessa fase, as idéias são ordenadas em títulos, capítulos, gráficas, figuras etc.

O projeto e a estrutura do TCC Um projeto de TCC deverá possuir os seguintes elementos: a. folha de rosto com dados gerais de identificação; b. tempo de compromisso do orientador; c. capítulo introdutório com a caracterização clara do problema a ser

investigado, objetivos claramente definidos, delimitação do estudo e definição de termos, além de uma revisão preliminar da literatura;

d. detalhamento da metodologia a ser utilizada; Importante! Fundamentação teórica é a seleção de uma teoria a partir do problema levantado e da bibliografia consultada. Constitui a referência para analisar os dados da pesquisa realizada.

e. cronograma; f. lista de referências Após a construção do projeto e todo trabalho de levantamento de

dados para a elaboração do TCC, chega-se à fase de estruturar legalmente o trabalho. Quando se tratar de uma monografia, além das orientações apresentadas no tema 06 (normas da ABNT), a instituição onde o acadêmico estiver matriculado se pronunciará quanto à estrutura mínima exigida. Para efeito didático, sugerimos a seguinte estrutura:

I. Capa; II. Folha de rosto;

III. Página de Dedicatória; IV. Sumário

Fique Ligado! A exemplificação para anotação de referências bibliográficas apresentadas neste tema não se limita apenas aos três modelos. No momento de registrar as referências, consulte o manual de normas técnicas da instituição.

V. Agradecimentos; VI. Introdução;

VII. Desenvolvimento; VIII. Conclusão e Sugestões;

IX. Apêndices ou anexos; X. Referências Bibliográficas;

XI. Glossário. Sobre a revisão bibliográfica Para a construção dos trabalhos de conclusão de curso, faz-se

necessária a revisão bibliográfica, ou fundamentação teórica do problema a ser investigado.

Assim, identificada a problemática do trabalho, deve-se efetuar uma pesquisa criteriosa sobre os diversos autores que abordaram, efetivamente,

49 Metodologia da Pesquisa

Page 50: metodologia_da_pesquisa

tal problema. Essa pesquisa não se limita aos autores clássicos, devendo ser estendida às teses e dissertações de mestrado e doutorado, bem como às revistas técnicas e científicas, artigos de jornais e outros periódicos. A partir da identificação desses autores, efetua-se um apanhado acerca dos limites investigados por cada um dos autores pesquisados, apontando-se suas conclusões, críticas e observações gerais.

Para o registro da bibliografia pesquisada, a formatação espacial está normatizada na NBR-6023 de agosto de 2002. O arranjo das referências deverá estar de acordo com o sistema de chamada autor-data (em ordem alfabética) ou numérica (em ordem numérica, como aparece no texto). Veja alguns exemplos:

Atenção! A revisão bibliográfica

não se confunde com a fundamentação teórica,

tendo em vista que esta visa apenas à apresentação das

diversas opiniões dos autores sobre um

determinado conceito, sobre um determinado

tema, visando a agregar um caráter

científico ao trabalho que está sendo

desenvolvido.

a) Quando a referência for de apenas um autor: FREIRE, Gilberto. Casa Grande & Senzala: formação da família

brasileira sob o regime de economia patriarcal. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1943.

b) Quando a referência for de vários autores: COELHO, Aline Martins; REIS, Graziela; OTSUKA, José Kasuo.

In: Caderno de Conteúdos e Atividades: Curso Seqüencial em Fundamentos e Práticas Judiciárias, UNITINS-EaD. Palmas, TO, 2005

c) Quando a referência for de várias obras do mesmo autor

citadas no mesmo trabalho: FREIRE, Gilberto. Casa Grande & Senzala: formação da família

brasileira sob o regime de economia patriarcal. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1943. 2v.

___________. Sobrados e Mucambos: decadência do patriarcado

rural no Brasil. São Paulo: Nacional, 1936

Síntese da unidade

Para a conclusão dos cursos de atualização, graduação ou especialização, é exigido a apresentação de um TCC - Trabalho de Conclusão de Curso. Para a elaboração desse trabalho, será necessário seguir as orientações das ABNT, bem como as disposições reguladas pela instituição em que o aluno estuda.

1 - O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) constitui-se numa

atividade acadêmica que visa a sistematização do conhecimento sobre um objeto de estudo ou problemas relacionados com o curso dos acadêmicos, desenvolvido mediante controle, orientação e avaliação de um orientador. Assinale dentre as alternativas abaixo a que NÃO corresponde a uma característica do TCC.

a) O TCC pode ser de natureza prática ou teórica.

50

Metodologia da Pesquisa

Page 51: metodologia_da_pesquisa

b) O TCC poderá ser apresentado na forma de um artigo sintético para ser publicado em algum periódico.

c) O TCC deve necessariamente apresentar uma tese original em qualquer um dos níveis de ensino.

d) A monografia é uma das formas mais usuais de TCC.

Comentário

Para a realização dessa atividade, procure construir uma síntese esquemática da unidade.

Referências SALOMON, Delcio Vieira. Como se faz uma monografia. São Paulo: Martins Fontes, 1993.

51 Metodologia da Pesquisa

Page 52: metodologia_da_pesquisa

8 Redação Científica Objetivos • Conhecer o estilo e as modalidades de redação de uma pesquisa

científica, como relatórios, artigos de pesquisa, resenha, resumo e sinopse. • Aprender a redigir textos de cunho científico por meio de

atividades práticas. Introdução Nesta aula vamos abordar os itens necessários ao texto da redação

científica, os estilos de redação e as formas básicas de apresentação de textos originários de pesquisa científica e da postura ética na produção e redação de textos.

Conceito de Redação Quando se pensa em redação, quem não se lembra das sugestões de

produção textual apresentadas pelas professoras do ensino fundamental nos primeiros anos de formação? “Minhas férias”, a “Excursão” “O passeio no parque”, entre tantas outras.

Prefira termos de fácil entendimento a

expressões arcaicas de dúbio sentido.

Santos (2003, p 33-34) distingue três grandes grupos de textos escritos, conforme as diferentes necessidades de comunicação:

• Textos literários • Textos oficiais e comerciais • Textos científicos Os textos literários têm objetivo artístico. Expressam a realidade

recriando-a, interpretando-a, por descrição ou por narrativa. A anedota, a fábula, a poesia, o romance, a crônica, a novela, entre outras formas, compõem o universo do texto literário.

Fique Ligado! Nos dias atuais a

importância do estilo de linguagem científica

está atrelado ao objeto fim das pesquisas. Não

se concebe mais pesquisas que não

cumpram seu papel: informar e formar.

Nesse quesito entra a comunicabilidade que

deverá ser acessível ao leitor.

Os textos oficiais e comerciais têm o objetivo de estabelecer comunicação formal e documentada em ambientes de trabalho institucionais. Como exemplos o memorando, o ofício, o requerimento, o parecer, o memorial. Há casos registrados no passado, século XX, de redação de textos oficiais escritos sob a forma literária. Um relatório escrito pelo então prefeito de Palmares, Graciliano Ramos, é uma verdadeira peça literária pela linguagem utilizada. Vale a pena conferir.

Os textos científicos têm por finalidade comunicar corretamente os resultados de uma pesquisa. A correção da informação implica uma postura

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Metodologia da Pesquisa

Page 53: metodologia_da_pesquisa

ética, fidedignidade aos resultados obtidos, com a demonstração clara da metodologia utilizada e os procedimentos adotados.

Itens necessários ao texto da redação científica

Na seleção da informação que você dispõe, apresente só o que for relevante. O leitor quer um relato lógico, objetivo e, se possível, retilíneo, tanto das observações, como do raciocínio feitos pelo autor. Isso é ainda mais importante em um artigo, em que a concisão é geralmente desejada pelo periódico e pelo leitor.

Na redação de trabalhos acadêmicos, artigos para periódicos científicos, sites de pesquisa e outras formas de publicação científica, algumas características devem ser observadas pelo autor, para que a transmissão da informação e a sua compreensão por parte do leitor sejam eficazes.

Deve-se seguir alguns princípios básicos para a promoção de interação entre autor e leitor. Sem qualquer ordem de prioridade, ei-los:

• Clareza de expressões Tudo que tiver sido escrito deve ser perfeitamente compreensível

pelo leitor. O pesquisador deve realizar uma cuidadosa releitura sobre a sua redação; colocando-se no lugar do leitor, colaborará para evitar dúbias interpretações acerca do texto. Outra técnica, muito eficaz, é apresentar o texto a um terceiro para apreciação. Esse procedimento possibilita a verificação do alcance da mensagem do texto.

• Objetividade na apresentação Será conveniente escolher criteriosamente o material que será

utilizado no texto de uma dissertação, tese ou artigo. Nem toda observação forte durante a execução do trabalho ou que foi lida na literatura deverá ser necessariamente relatado ao leitor. Algumas talvez tenham sido importantes em uma determinada fase do projeto, mas com o aprimoramento da idéia podem ter perdido sua relevância. Ao final do trabalho, alguns tópicos, talvez, acabaram por revelar-se apenas como tentativas de análises ou de experimentos, mas que terminaram em becos sem saída, sem a menor significância para a compreensão do texto. Há observações e argumentos que não contribuem com a idéia central do relato e desviam a atenção do leitor para pontos menos importantes.

• Precisão na linguagem Na construção de um trabalho científico, a linguagem deverá ser -

além de cunho científico - precisa e clara. Caso seja necessário, ilustre seu texto com figuras, gráficos, tabelas. O uso de signos e símbolos podem guiar o leitor durante a leitura. Mas necessitam ser decodificadas pelo leitor, à medida que percorre o texto. Será que os signos são facilmente decodificáveis? Muitos têm várias possibilidades de decodificação (muitas palavras têm vários significados). Muita atenção com termos vagos ou que possam ser mal interpretados. Para o leitor, nada deve ficar obscuro ou subentendido.

Palavras e figuras que entrarem no texto devem ser escolhidas com cuidado para exprimir o que o realmente o autor deseja e não apenas para ilustrar ou ganhar espaço na construção do trabalho. Os vários sinônimos de uma palavra têm diferenças pequenas e sutis entre si.

53 Metodologia da Pesquisa

Page 54: metodologia_da_pesquisa

• Utilização correta das regras da língua Nesse item, não é necessário perder muito tempo e espaço com essa

recomendação, pois escrever erradamente pode resultar de ignorância ou de desleixo. Se for por ignorância, será aproveitável a consulta aos dicionários e aos textos de gramática. Se for por desleixo, o leitor (e membro da Banca Examinadora – quando seu trabalho é passivo de avaliação) terá todo direito de pensar que o trabalho em si também foi feito com desleixo.

É mais fácil ser preciso na linguagem científica

do que na literária, uma vez que nesta última a escolha de termos é bem mais ampla. De qualquer forma, a seleção de

termos inequívocos e a cautela no uso de

expressões coloquiais (de uso comum, tais

como por exemplo "quer chova ou faça

sol" ou "das duas, uma") devem constituir

preocupação sempre presente na redação

acadêmica.

Enfim seja qual for a razão, será um desrespeito ao leitor. Estilo de redação Na construção de um trabalho científico, o estilo da redação deverá

ter por referência um conjunto de princípios básicos. A observância destes princípios devem garantir o máximo de isenção e clareza na descrição da atividade de investigação desenvolvida.

Os princípios básicos indispensáveis à redação científica, comuns a outras formas de escrita, podem ser resumidos nas seguintes características:

• clareza; • precisão; • comunicabilidade e • consistência. Uma redação é clara quando não deixa margem a interpretações

diferentes da que o autor deseja comunicar. A construção de uma linguagem rebuscada, cheia de termos desnecessários, leva o leitor a desviar a atenção, servindo apenas para confundi-lo e proferir idéias contrárias àquelas que necessariamente o texto gostaria de exprimir.

A linguagem empregada no texto deverá instigar o leitor a “mergulhar na leitura”. A falta de clareza de um texto aparece muitas vezes acompanhada de ambigüidade, isto é, falta de ordem na apresentação de idéias, utilização excessiva de termos com pouco uso na língua, o que desencoraja fortemente o leitor. Ao contrário, um texto correto expõe os conceitos e a lógica pretendida numa seqüência que constitui um estímulo para o prosseguimento da leitura.

O autor é claro quando usa linguagem precisa, isto é, quando atribui a cada palavra empregada a tradução exata do pensamento que se deseja transmitir. Expressões como "nem todos", "praticamente todos", "vários deles" são interpretadas de formas diferentes e tiram força às afirmações. Será sempre melhor utilizar expressões como: "cerca de 90%", "menos da metade", ou ainda com maior precisão: "93%", "40%", quando necessário. O uso de coeficientes matemáticos de porcentagem possibilita ao leitor maior clareza do que expressões confusas.

Fique Ligado! Analise diferentes

construções textuais encontradas na

literatura, jornais, gibis, panfletos

informativos, relatórios publicados em jornais e

na internet. Procure identificar o estilo de redação empregada. A comunicabilidade é um ponto essencial na linguagem científica.

Os assuntos devem ser tratados de maneira direta e simples, expondo, assim, a lógica e a continuidade que sustentam as idéias defendidas. O foco da produção científica está na socialização do conhecimento: por isso a necessidade de uma linguagem, mesmo que técnica, mas clara para oportunizar a disseminação do conhecimento aprendido na pesquisa. A leitura torna-se dispersa com a inserção de frases que substituem simples palavras, ou com uma seqüência de idéias que é interrompida por digressões irrelevantes.

54

Metodologia da Pesquisa

Page 55: metodologia_da_pesquisa

A chave para uma boa compreensão deverá ser, também, a pontuação correta para proporcionar pausas adequadas à compreensão do texto. Pontuação em excesso cansa a leitura e, quando deficiente, não define com clareza as idéias apresentadas.

Por último, e não menos essencial, deverá ser observado o princípio da consistência, como um elemento importante no estilo, o que pode ser analisado de três formas complementares: consistência da expressão gramatical, consistência de categoria e consistência de seqüência.

• Consistência da Expressão Gramatical A consistência de expressão gramatical é violada quando, por

exemplo, numa enumeração de três itens, o primeiro é um substantivo, o segundo, uma frase e o terceiro, um período completo, o que confunde e distrai o leitor. Outro exemplo seria o de uma enumeração cujos itens se iniciassem, ora por substantivo, ora por verbo.

No exemplo: "Na análise das demonstrações contábeis, deve-se observar, entre outras regras: (1) identificação da Empresa; (2) organizar por ordem cronológica; (3) ordem dos fatos ocorridos”. Para que seja observada a consistência da expressão gramatical, teriam de ser enunciados da seguinte forma: "(2) ordem cronológica de apresentação; (3) ordenar fatos por data". Nesse sentido, permanece o item 1 e se altera o conteúdo dos itens 2 e 3.

• Consistência de Categoria A consistência de categoria reside no equilíbrio que deve ser

mantido nas principais secções de um capítulo ou subsecções de uma secção. Por exemplo: um capítulo cujas três primeiras secções se referem, respectivamente, à história dos indígenas do norte do Brasil e uma quarta secção que trate da produção do artesanato indígena no Brasil está desequilibrado. A quarta secção, sem dúvida, apresenta matéria de categoria diferente da abordada pelas três primeiras, devendo, portanto, pertencer a um outro capítulo. Se o tema do capítulo aborda a história dos povos indígenas, por que abordar a economia indígena?

Lembre-se de que textos longos e complexos, com frases retóricas e palavras incomuns não demonstram erudição. Ao contrário, indicam que o autor precisa melhorar seu modo de escrever

• Consistência de Seqüência A consistência de seqüência está relacionada com a seqüência que

deve ser mantida na apresentação de capítulos, secções e subsecções e deve seguir a ordem lógica organizada no corpo do trabalho.

Durante as leituras complementares, é importante a construção de mecanismos de registros de suas pesquisas como por exemplo a montagem de um banco de dados com textos, resumos e citações bibliográficas.

Como deve ser o perfil de um pesquisador? Da construção dos trabalhos acadêmicos a artigos científicos ou um

simples relatório de leitura, o acadêmico deverá buscar uma rotina de pesquisa, leitura e visão multirreferencial do mundo. A busca de um perfil de pesquisador proporcionará ao estudante mecanismo e rotinas de trabalho que simplificam a tarefa da escrita. Um pesquisador deverá, em primeiro lugar, ser curioso, a curiosidade levou o homem às grandes descobertas. O hábito da pesquisa, mesmo que não orientada pelos professores, será de grande importância para a sistematização de futuros textos. O trabalho baseado na pesquisa levará o aluno a desenvolver competências e habilidades voltadas

55 Metodologia da Pesquisa

Page 56: metodologia_da_pesquisa

para o assunto, em especial o foco do trabalho. Os temores à ignorância vão aos poucos sendo substituídos pela certeza da busca constante.

Um bom pesquisador busca sempre uma boa orientação e procura divulgar o fruto do seu trabalho. Para isso, existem periódicos especializados e ainda site grátis na internet ávidos a publicar trabalhos científicos. Mas sempre, antes de levar o trabalho a público, o pesquisador deverá:

1. organizar um roteiro com as idéias e a ordem em que elas serão

apresentadas. Estabelecer um plano lógico para o texto;2. trabalhar com dicionário e uma gramática - a consulta deverá ser

feita sempre que as dúvidas surgirem;4. iniciar a escrita com frases curtas e simples; 5. na construção do texto, usar palavras precisas e específicas.

Preferir as mais simples, usuais e curtas; 6. evitar regionalismos, jargões, modismos, lugar comum,

abreviaturas sem a devida explicação, palavras e frases longas; 7. realizar diversas leituras do texto escrito, sempre checar as

informações antes de retratá-la no texto; 8. apresentar seus textos aos colegas; e 9. pesquisar, pesquisar, pesquisar, sempre. Formas básicas de apresentação de textos orginários de

pesquisas científicas Para Santos (2002, p 33-47), são considerados textos científicos:

resenha, relatório científico, monografia, sinopse e resumo, artigo científico, artigo relatório, paper ou comunicação científica, informe científico, ensaio científico, textos acadêmicos - dissertação e teses.

Em função dos objetivos deste curso, selecionamos algumas formas de redação que julgamos relevantes: resenha, relatório científico, monografia, sinopse e resumo, artigo científico.

Resenha Consiste no exame e apresentação do conteúdo de obras prontas,

acompanhado ou não de avaliação crítica. Em geral é elaborada por pessoas especializadas no tema abordado. A resenha deve conter:

Imprenta: Conjunto de informações

identificando a casa editora, sua localização

(cidade) e a data de edição de um livro

(ano).

• Identificação da obra - autor, título, imprenta, total de páginas resenhadas.

• Credenciais do autor - formação, publicações, atividades desenvolvidas na área.

• Conteúdo - idéias principais, pormenores importantes, pressupostos para o entendimento do assunto e breve explicação das concluões do autor

• Crítica - determinação histórica e metodologica (científica, jornalística, didática) da obra, contribuições importantes, estilo, forma, méritos, considerações éticas (SANTOS, 2002, p. 36).

Relatório científico Essa forma de redação será desenvolvida na unidade 9.

56

Metodologia da Pesquisa

Page 57: metodologia_da_pesquisa

Monografia O projeto elaborado com o planejamento da pesquisa a ser realizada

é o ponto de partida do trabalho monográfico. É um texto analítico sobre um tema específico, desenvolvido em

profundidade. Os dados e informações coletados na pesquisa a partir de um problema, com utilização de referencial teórico, são organizados e trabalhados analiticamente, interpretados, confome os objetivos propostos no projeto. O raciocínio argumentativo poderá ser indutivo (quando parte de experiências e observações particulares para chegar a uma conclusão ou a um princípio geral) ou dedutivo, tendo como ponto de partida uma hipótese geral ou um princípio (para buscar a verificação com os dados e infomações coletadas em casos particulares). As partes da monografia seguem as orientações já fornecidas na unidade 07- Elaboração de um Trabalho de Conclusão de Curso, e a redação final deve ser constituida de textos pré-textuais, corpo do trabalho ordenado logicamente em capítulos e textos pós-textuais.

Sinopse e resumo As duas formas são textos reduzidos. A sinopse é um texto de 25 a

50 linhas, com apresentação concisa das grandes linhas da obra. Via de regra é elaborada pelo próprio autor da obra. Santos destaca que é uma forma muito útil para a realização de levantamentos bibliográficos.

Por outro lado, o resumo é um texto mais longo, cerca de 10 a 25% do texto original. Deve levantar as idéias essenciais do texto-base respeitando-se a mensagem do autor. Muitas vezes o texto resumido é longo, com muitos exemplos, e pode ser resumido, conforme dissemos, extraindo-se as idéias principais do autor e as respectivas argumentações. Não se deve, portanto, considerar o resumo uma transcrição de parágrafos do texto, mas a elaboração sintética das idéias do autor, com redação pessoal, sem entretanto alterar o que o autor da obra está dizendo. No resumo, não há interpretação pessoal sobre a obra do autor, como na sinopse.

Artigo científico A elaboração do texto de um artigo científico segue os mesmos

critérios de uma monografia. A diferença é o formato reduzido (entre cinco a dez páginas). Como na monografia, o corpo do artigo é um trabalho completo:

• Título (subtítulo do trabalho); • Autor(res); • Credenciais do(s) autor(es); • Sinopse; resumo (ou abstract, atinge-se estrangeiros); • Palavras-chave; • Introdução; • Corpo do trabalho; • Complementam-no os elementos prós-textuais: • Conclusão; • Referências bibliográficas (SANTOS, 2002, p. 41- 42).

57 Metodologia da Pesquisa

Page 58: metodologia_da_pesquisa

Sobre as demais formas citadas, você poderá consultar Santos, ou outros livros de metodologia científica.

Ética na produção e redação dos textos Com o advento da internet e agora com as políticas de inclusão

social, a gama de informação no siber espaço está muito grande. Mas cuidado, nem todo material encontrado na rede mundial de computadores será confiável. Na produção e impressão de livro, o autor necessita de árduo trabalho de pesquisa, registro e arquivamento da sua obra. Publicar um livro no Brasil custa caro. Mas “postar” um texto em site gratuito, custa, em certos casos, menos de R$1,00, levando-se em consideração a quantia paga em pontos públicos de acesso à internet. Por isso, cuidado com os texto, artigos, notícias encontradas nas páginas da internet. Analise com cuidado, procure identificar a fonte da postagem da informação. Se estiver num grau avançado de leituras sobre tema pesquisado, compare com as idéias coletadas nos livros que você pesquisou. Mas toda regra tem sua exceção. Há sites que veiculam conteúdo sério e de grande valor científico. Na dúvida, busque outras fontes, consulte seu orientador.

Fique Ligado! Ao utilizar material

eletrônico coletado da rede mundial de

computadores, procure certificar-se da

informação, comparando-o a outras matérias e sempre cite a fonte da informação.

Máttar Neto (2003, p 156-162) trata do tema. È uma obra

interessante para você se atualizar nos

caminhos da internet.

Além da confiabilidade da informação, o pesquisador deverá levar

em consideração a proteção dos direitos autorais de quem escreve. Numa sociedade virtuzalizada, é natural que os direitos de propriedade sejam mais complexos do que numa sociedade essencialmente materializada. Sempre que optar por utilizar textos, figuras, gráficos, dados coletados pela rede mundial de computadores, certifique-se de que o autor permite utilização, normalmente está descrito ao final do conteúdo com a expressão “permitida a divulgação desde que cite a fonte”.

Síntese da unida e d

Na construção da redação científica, espera-se organização lógica, elegância, simplicidade, concisão, propriedade sintática e clareza semântica. Para construção de textos precisos, serão necessárias várias tentativas até chegar ao esperado. Para que um texto científico venha reunir todas estas características, seu autor deve conhecer modelos literários apropriados e ter passado por uma experiência de redação científica sistemática. O texto deverá respeitar as regras gramaticais da língua e a normatização do documento.

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Metodologia da Pesquisa

Page 59: metodologia_da_pesquisa

Construa em seu caderno um resumo sobre as formas de linguagem

abordadas neste capítulo. 1. Compare vários estilos de escrita em jornais, revistas, livros e no

próprio material didático que você tem à mão.

Comentário

2. Elabore um quadro síntese com as principais formas de redação científica descritas nesse texto.

Para realizar essa atividade final, você deverá rever os conceitos apresentados neste tema sobre a redação científica.

59 Metodologia da Pesquisa

Page 60: metodologia_da_pesquisa

9 Relatório de pesquisa Objetivos • Apresentar as características de um relatório de pesquisa. • Refletir sobre a importância da elaboração de relatórios de

pesquisa. Introdução A pesquisa científica deve ser comunicada. Ninguém faz uma

pesquisa para guardá-la somente para si. Imagine se o cientista que descobriu a penicilina, por algum acesso de vaidade, resolvesse guardar sua descoberta somente para si. Seria uma tragédia. Quantas vidas não foram poupadas com a ajuda desse medicamento. A divulgação dos resultados de uma pesquisa é de fundamental importância para a comunidade científica que poderá validá-la, ou não; e então, reestruturar seus padrões de investigação ou mesmo aprofundar determinado assunto. É importante também para o público em geral que poderá usufruir de seus benefícios de forma direta ou indireta. Um exemplo atual dessa questão são as pesquisas realizadas com células tronco, cujos benefícios se mostram bastante promissores num futuro relativamente próximo.

Dessa forma, é salutar para o desenvolvimento do saber que os resultados, sempre que possível e oportuno, sejam divulgados. Todavia, em determinados ramos da pesquisa científica, as informações são guardadas a sete chaves, pois envolvem grandes somas de investimento e é a forma de muitas empresas garantirem seu faturamento, especialmente nos países desenvolvidos onde boa parte do investimento em pesquisa é feito por empresas privadas. No caso brasileiro, pesquisas desenvolvidas pelo setor privado ainda são raridades. O Estado, por meio de organismos de fomento à pesquisa, tais como o CNPq, CAPES, FAPESP entre outros, é o grande financiador das pesquisas. A sociedade tem então o direito de ter acesso aos seus resultados.

Apresentaremos nesta unidade o relatório de pesquisa, ferramenta imprescindível para que os frutos de uma determinada pesquisa sejam do conhecimento da comunidade acadêmica e do público em geral.

60

Metodologia da Pesquisa

Page 61: metodologia_da_pesquisa

O que é um relatório de pesquisa? É uma apresentação científica intermediária, que é mais simples do

que uma obra científica final, e que se propõe apenas a relatar, provisoriamente, resultados de uma pesquisa realizada ou em curso. Esse tipo de documento científico tem uma estrutura constituída de:

Folha de rosto Dedicatória e agradecimentos Apresentação ou prefácio Lista de gráficos ou tabelas Sumário Introdução Referencial teórico Metodologia utilizada (denominada também como Material e

métodos) Resultados e discussão Sugestões/recomendações Conclusão Bibliografia Anexos ou apêndices Glossário Índice remissivo Vejamos passo a passo em que consiste cada uma das partes

características do relatório de pesquisa. As demais, veja a unidade 08 na qual foram apresentadas.

Introdução A introdução é o cartão de visitas do relatório. Deve estar aí contido

de forma bem clara o problema. Para que a pesquisa seja compreendida é necessário deixar de forma explícita qual problema será abordado. O leitor que tiver contato com o relatório deverá identificar com facilidade o objetivo da pesquisa tendo por referência o problema a ser enfrentado.

Na introdução, deve-se também justificar a relevância acadêmica e social da pesquisa. Essa justificativa deve servir como um chamariz para que desperte o interesse do leitor.

Outro aspecto importante na introdução é a apresentação dos objetivos da pesquisa. Inicialmente deve, de forma clara e concisa, apresentar o objetivo geral que deve ser expresso sem rodeios, de preferência em uma frase ou oração curta.

Por fim, é importante informar ao leitor o que contém cada capítulo, sem descrever os resultados, afinal o importante é manter o leitor interessado, curioso para a leitura integral do texto.

61 Metodologia da Pesquisa

Page 62: metodologia_da_pesquisa

Referencial teórico O referencial teórico é utilizado para explicitar qual é o estado da

questão na atualidade a respeito do problema ao qual a pesquisa pretende responder. É fruto de pesquisa bibliográfica e dá ao leitor uma noção da fundamentação teórica adotada para a realização da pesquisa. Geralmente é realizado na forma de um texto que não deve ocupar uma extensão muito grande no relatório. No referencial teórico, são explicitados também os significados dos conceitos-chave que serão utilizados na pesquisa.

Metodologia A metodologia deve descrever detalhadamente todos os

procedimentos utilizados na elaboração da pesquisa, tais como: • explicitação do objeto de estudo; • descrição detalhada e rigorosa dos procedimentos de coleta de

dados utilizados; • os recursos humanos e materiais envolvidos; • em que contexto se insere a pesquisa; • quais os critérios utilizados para a seleção das informações ou

amostras; • a maneira como foram coletados os dados referentes à pesquisa; • o tratamento dispensado aos dados coletados.

Resultados e discussão Nessa seção apresentam-se os resultados obtidos. Por se tratar de

uma pesquisa científica, deve-se levar em conta os aspectos quantitativos expressos na forma de gráficos e tabelas para que facilite a percepção do leitor. É importante que os resultados apresentados estejam de acordo com a exposição dos objetivos anteriormente citados.

Outro elemento a ser abordado nessa seção é a análise dos resultados alcançados. Essa análise deve ser feita a partir do referencial teórico que o autor da pesquisa apresentou e que guiou o posicionamento do problema no contexto da pesquisa. Nesse momento, o pesquisador poderá apreciar os resultados alcançados e sua coerência com os objetivos propostos e a abordagem teórica utilizada.

Geralmente, desde o início da pesquisa, já se sabe o que se deseja. É muito difícil que, ao final da pesquisa, se afirme que os objetivos não foram alcançados. Quando se percebe que o projeto é inviável, ele deve ser avaliado e revisto para evitar o constrangimento de realizar uma pesquisa que não atingiu seus objetivos. Os pesquisadores iniciantes terão certa dificuldade em realizar essa adaptação, o que exige o acompanhamento de um orientador com relativa experiência no campo em que se realiza a pesquisa.

Sugestões/recomendações Uma pesquisa deve ter relevância científica e social, não deve ser

feita por capricho ou vaidade pessoal. Portanto é importante que o

62

Metodologia da Pesquisa

Page 63: metodologia_da_pesquisa

pesquisador aponte em que áreas deve ser utilizado o resultado de sua pesquisa, como a comunidade científica e a sociedade podem se beneficiar de seu trabalho e a relevância da pesquisa para a área do conhecimento em que está inserida.

Conclusão Representa a parte final do trabalho e deve retomar as idéias-chave

desenvolvidas no referencial teórico, na metodologia e análise dos dados. Essa retomada é necessária para, novamente, situar o leitor no contexto da pesquisa.

A conclusão não deve trazer informações que não estejam contidas no corpo do trabalho. É uma síntese dos resultados da pesquisa, que devem estar em consonância com o objetivo geral da investigação que foi proposto no projeto.

Espera-se que o pesquisador demonstre com honestidade as suas conclusões sem a intenção de manipular os resultados para dar uma falsa idéia de sucesso na pesquisa ou agradar a agência financiadora.

Deixar em aberto novas possibilidades, as pesquisas devem permitir que novos conhecimentos sejam acrescidos aos seus resultados. Portanto as conclusões nem sempre são fechadas, acabadas. Se assim fossem, teríamos o engessamento do conhecimento por meio de posturas dogmáticas, as quais não permitem que o conhecimento seja dinâmico e se desenvolva.

O que deve ser levado em conta em um relatório? O relatório de pesquisa deve ser um instrumento de divulgação do

conhecimento. É necessário que seja acessível ao maior número possível de leitores. Alguns elementos devem caracterizar o relatório:

• Linguagem clara e acessível: sempre que possível, o relatório deve levar em conta as pessoas que são leigas e usar uma linguagem que, respeitando a profundidade científica da pesquisa, traduza para a sociedade em geral quais os benefícios na melhoria da qualidade de vida das pessoas que os resultados do trabalho trarão;

Síntese da unidade

• Fidedignidade aos dados: a pesquisa precisa ser fidedigna aos dados coletados. Qualquer forma de manipulação representa um ato de desrespeito ao leitor e perda da credibilidade da atividade científica. Para muitas pessoas, nem sempre é fácil aceitar os resultados de determinado estudo porque contrariam suas crenças pessoais e seus valores que são fruto de uma mentalidade construída pela cultura em que vive. Se uma pesquisa levanta dúvidas quanto aos seus resultados, passa a ser questionada pela comunidade científica e sociedade em geral, o que pode levar até ao fechamento dos canais financiadores da pesquisa.

Nesta unidade, apresentamos a você os principais elementos de um relatório de pesquisa quanto à linguagem, formato e postura científica.

63 Metodologia da Pesquisa

Page 64: metodologia_da_pesquisa

Comentário

1- O relatório de pesquisa é uma apresentação científica intermediária, que é mais simples do que uma obra científica final, e que se propõe apenas a relatar, provisoriamente, resultados de uma pesquisa realizada ou em curso. Assinale, dentre as alternativas abaixo, a que indica elementos da estrutura de um relatório de pesquisa:

a) Introdução, resultados e discussão, experimentação. b) Introdução, metodologia, bibliografia. c) Comprovação, metodologia, introdução. d) Análise dos dados, experimentação, comprovação.

Releia esta unidade e elabore uma síntese com os pontos principais de um relatório de pesquisa científica.

64

Metodologia da Pesquisa

Page 65: metodologia_da_pesquisa

10 Normas da ABNT Objetivos • Conhecer as principais normas da ABNT. • Familiarizar-se com a aplicação das normas da ABNT na

construção de alguns modelos de documentos técnicos. Introdução Com este tema, você iniciará sua aprendizagem sobre como buscar

referências básicas para a elaboração de todos os trabalhos. Nele apresentam-se as normas para apresentação gráfica dos trabalhos acadêmicos.

Não há uma norma rígida que defina exatamente como um trabalho deve ser formatado. A ABNT, contudo, definiu uma norma (NBR nº 14724) para apresentação de trabalhos científicos caracterizados como monografia, dissertação e tese. Nota-se que as normas estão em constante revisão. Antes de formatar o material produzido, verifique se há alterações na norma.

O Corpo do Texto Antes de apresentar os elementos do trabalho científico, é

conveniente mencionar os padrões para a formatação dos documentos. O papel a ser utilizado para a digitação ou datilografia do texto é o A4. Na construção do trabalho, recomenda-se usar fonte de tamanho 12 para o texto, e tamanho 10 para citações longas (destacadas no texto conforme será visto abaixo) e notas de rodapé. Usa-se fonte 14 para os títulos de capítulos. Os títulos que aparecem na capa e folha de rosto não devem ultrapassar o tamanho 18.

Recomenda-se o uso de fonte Arial ou a Times New Roman. O importante é que a fonte escolhida seja de fácil visualização. As margens das páginas obedecem ao seguinte padrão:

• Superior: 3,0 cm, inferior: 2,0 cm, esquerda: 3,0 cm e direita: 2,0

cm.

65 Metodologia da Pesquisa

Page 66: metodologia_da_pesquisa

3,0 cm 3,0cm 2,0cm

2,0cm

Quanto à entrelinha, ela deve ter o espaço duplo (nova norma

ABNT) para o corpo do texto (salvo orientação específica do orientador) e, à exceção dos resumos, nas notas de rodapé, indicações de título e fonte das figuras e das citações longas, destacadas do texto, deve - se usar a entrelinha simples.

Títulos e subtítulos de seção devem ser separados do texto precedente e do subseqüente por duas entrelinhas duplas.

Na paginação do documento, deve se seguir uma regra simples: todas as páginas, a partir da folha de rosto, devem ser contadas para a numeração em algarismos arábicos, mas começa-se efetivamente colocar a numeração a partir da primeira página dos elementos textuais (introdução). No caso de o trabalho ser constituído de mais de um volume, deve ser mantida uma única seqüência de numeração das folhas, do primeiro ao último volume. Havendo apêndice e anexo, as suas folhas devem ser numeradas de maneira contínua e sua paginação deve dar seguimento ao texto principal. A numeração é colocada no canto superior direito da folha, a 2 cm da borda superior, ficando o último algarismo a 2 cm da borda direita da folha (NBR 14724, item 5.4).

Componentes do trabalho acadêmico/científico A apresentação dos trabalhos acadêmico-científicos, seja resumo,

resenha, relatório etc., deve conter três requisitos lógicos estruturados: Introdução, Desenvolvimento e Conclusão. O autor deverá preparar uma apresentação (elementos pré-textuais) e um fechamento (elementos pós-textuais) de seu trabalho.

Esquema representativo das partes componentes de um trabalho

acadêmico Adaptado de http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/met07.htm, acesso

em 15 de maio de 2006.

66

Metodologia da Pesquisa

Page 67: metodologia_da_pesquisa

Elementos pré-textuais

Elementos pós-textuais

Elementos pré-textuais

Elementos textuais

ATENÇÃO: * Opcionais. ** Obrigatoriedade restrita a determinados tipos de trabalhos. *** Obrigatórios em todo trabalho acadêmico.

Índice * Anexo **

Referências *** Conclusão ***

Desenvolvimento ***

Sumário *** Lista de Símbolos *

Lista de Abreviatura * Lista de Tabela *

Lista de Ilustração * Abstract *

Resumo ** Epígrafe *

Agradecimentos * Dedicatória *

Folha de Aprovação ** Errata *

Folha de Rosto *** Capa ***

Introdução ***

Glossário *

Apêndice *

• Capa - Independentemente do nível do trabalho, a capa é obrigatória em qualquer trabalho acadêmico, pois o identifica. Os elementos da capa são os seguintes:

- nome da instituição onde o trabalho foi executado (opcional); - título (e subtítulo, se houver) do trabalho; - se houver mais de um volume, a especificação do respectivo

volume; - cidade e ano/semestre de conclusão do trabalho.

67 Metodologia da Pesquisa

Page 68: metodologia_da_pesquisa

• Folha de Rosto – Também conhecida como contra-capa, contém informações essenciais à identificação do trabalho e deve manter coerência de forma com a capa. A folha de rosto deverá vir logo após a capa, mostrando seu anverso e deve conter os seguintes elementos:

• As mesmas informações contidas na capa; • As informações essenciais da origem do trabalho; • O nome do autor ou dos autores do trabalho. • Folha de aprovação – Elemento obrigatório da monografia e

outros trabalhos a serem submetidos à aprovação. Deve vir após a folha de rosto e deve conter os seguintes elementos:

• Nome do autor • Título (e subtítulo, se houver) do trabalho. • Natureza • Objetivos • Nome da instituição • Área de concentração • Data da aprovação • Nome, titulação, assinatura dos componentes da banca e as

instituições a que fazem parte. • Dedicatória - Elemento opcional, que vem após a folha de

aprovação. Esse elemento é de cunho bastante pessoal e, de certa forma, mostra um vínculo de relação íntima ou de apreço.

• Agradecimento – Representa a revelação de gratidão àqueles que

contribuíram na elaboração do trabalho. Também é um item dispensável, portanto não existe um elemento básico normatizado; sua elaboração necessita de criatividade e imaginação.

• Epígrafe - Também opcional. É a citação de uma frase de algum

autor que expresse, de forma consistente, o conteúdo do trabalho. A localização fica a critério da estética do autor do trabalho. Deve vir acompanhada do nome do autor da frase. Pode estar localizada também nas folhas de abertura das seções primárias.

• Resumo em Língua Portuguesa – Elemento obrigatório em

monografias, teses e artigos científicos. Consiste numa apresentação sucinta do conteúdo do trabalho, permitindo uma visão rápida, clara e geral desse conteúdo e das conclusões a que o autor chegou ao realizá-lo. O resumo deve, portanto, permitir que o leitor decida sobre a necessidade de consultar ou não o texto. Não possui título, sendo simplesmente indicado pela palavra Resumo, devidamente centralizado. Não é contado na numeração dos documentos.

• Abstract ou Resumo em Língua Estrangeira – Obrigatório em

artigos científicos destinados a publicação em periódicos especializados.

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Metodologia da Pesquisa

Page 69: metodologia_da_pesquisa

• Lista de Ilustrações - Apresentada na ordem em que aparece no trabalho, com o nome da ilustração e a página onde se encontra. Caso haja mais de um tipo pode ser apresentado separadamente (fotografias, gráficos, tabelas etc.). É um item opcional.

• Lista de Abreviações e Siglas - Abreviações e siglas apresentadas

no texto, apresentada em ordem alfabética. É um item opcional. • Sumário: Conforme NBR. 6027, o sumário é o último elemento

pré-textual de caráter obrigatório. Consiste na enumeração das principais divisões, seções e outras partes do trabalho com a indicação das respectivas páginas. As divisões deverão ser elaboradas em números arábicos.

Elementos Textuais Os elementos textuais consistem no corpo do trabalho propriamente

dito. O autor apresenta, desenvolve e conclui as idéias que constituem o trabalho acadêmico apresentado. A matéria do trabalho é, portanto, exposta pelo seu autor em três partes fundamentais: introdução, desenvolvimento e conclusão. Essas três partes estão logicamente encadeadas: na introdução, anuncia-se o que se pretende fazer; no desenvolvimento, a idéia anunciada na introdução é trabalhada sob a forma de capítulos; na conclusão, resume-se o que se alcançou e fecha-se o trabalho. Alguns autores defendem o uso do termo Considerações Finais no lugar de Conclusão. Em relação ao tópico desenvolvimento do trabalho, após introdução, são ordenados os capítulos desenvolvidos sobre o tema que constituem, na realidade, a essência do trabalho. Veja no sumário desta apostila o que destacamos neste parágrafo.

• Introdução visa a contextualizar o trabalho acadêmico (discorre

sobre que tipo de trabalho foi realizado, sua área do conhecimento e tema abordado), apresentar o problema de pesquisa, cuja investigação e solução foram tratadas ao longo do estudo, definir seus objetivos (geral e específicos) e limitações (estas são opcionais), delinear o quadro teórico no qual o trabalho foi desenvolvido, bem como apresentar uma indicação de sua importância ou relevância, ou seja, em linhas gerais, a introdução pode ser considerada como uma espécie de apresentação do trabalho. Não existe nenhum padrão em termos de número de páginas, devendo a introdução ser elaborada de maneira equilibrada em relação ao conteúdo do trabalho (ou seja, trabalhos muito curtos não devem ser antecedidos por uma introdução muito longa. Geralmente, os professores estipulam seu limite conforme a necessidade do trabalho solicitado).

Para auxiliar na elaboração da introdução, algumas perguntas devem ser respondidas, entre as quais: De que trata o assunto? Qual a situação – problema levantada? Em que se fundamenta o estudo? Qual o objetivo do pesquisador? Qual o relato histórico do problema?

• Desenvolvimento do trabalho é composto por tantos capítulos ou subtítulos quantos se fizerem necessários para a solução do problema de pesquisa ou trabalho. A grande maioria dos trabalhos acadêmicos exigirá a apresentação de um referencial teórico. A revisão da literatura a respeito do tema do trabalho pode ser dividida em tantos capítulos quanto forem necessários.

Um capítulo que pode ser apresentado no desenvolvimento são as

metodologias, no qual o autor classifica o trabalho de acordo com critérios

69 Metodologia da Pesquisa

Page 70: metodologia_da_pesquisa

previamente definidos e apresenta os métodos e técnicas utilizados para a coleta, análise e tratamento dos dados constantes do trabalho, a caracterização da instituição.

Outros elementos podem ser agregados de acordo com as necessidades do trabalho. Em relação à apresentação dos capítulos do desenvolvimento, é preciso lembrar que cada capítulo inicia uma nova página, e que os capítulos podem ser divididos em seções. A numeração dos capítulos e seções é progressiva e utiliza algarismos romanos ou arábicos, de acordo com o critério estabelecido pelo autor. A numeração dos títulos deve ir até três algarismos (1.1.1, por exemplo), não sendo aconselhável ir além disso.

• Conclusão ou Considerações Finais - Consiste num fechamento

do trabalho, em que os principais aspectos abordados são recapitulados resumidamente, e as recomendações feitas são apresentadas sinteticamente (devem-se evitar recomendações que sejam polêmicas ou controversas na conclusão, apresentando-se somente os aspectos que possam ser considerados aceitáveis sem maiores discussões). A conclusão do trabalho também pode apontar possibilidades de estudos mais profundos ou outros problemas que possam vir a ser objeto de análise pelo autor ou por outros pesquisadores, bem como as limitações do estudo desenvolvido, caso não tenham sido apresentadas na introdução. É essencial que as conclusões permitam analisar até que ponto os objetivos definidos na introdução foram cumpridos pelo autor do trabalho.

A NBR 14724:2002 considera opcionais os aspectos referentes à importância, síntese,

projeção, repercussão e encaminhamentos

futuros de trabalho na conclusão. Um aspecto

que não pode ser esquecido: conclusões não podem introduzir elementos novos no

trabalho. Mesmo que corram o risco de ser

repetitivas, as conclusões devem

apenas trazer o que já foi tratado no trabalho.

Em alguns trabalhos (como os relatórios de

estágio), dá-se preferência ao termo

considerações finais no lugar de conclusão.

Naturalmente, as dimensões dos elementos textuais num trabalho acadêmico são muito variáveis. Relatórios de estágio, por exemplo, devem ter dimensões bem maiores que trabalhos apresentados para uma disciplina, pois trabalham com maior número de elementos.

Na construção dos elementos textuais, as observações elencadas na unidade 5 serão utilizadas.

Elementos Pós-Textuais Os elementos pós-textuais são, na maior parte, elementos opcionais,

e constituem-se de todos aqueles documentos cuja apresentação é considerada, pelo autor, como importante para a compreensão do trabalho, mas não tão fundamentais que exijam sua colocação ao longo do desenvolvimento do mesmo.

• Referências, conhecidas até a revisão de 2000 da NBR 6023 como

referências bibliográficas. O título mais geral se deve ao fato de que, hoje em dia, existem muito mais opções de obras que podem ser usadas como referências, não somente os livros e textos impressos. As referências consistem numa listagem das obras consultadas e citadas ao longo do trabalho, apresentadas de acordo com os padrões definidos pela NBR 6023:2002, permitindo ao leitor identificar e consultar as fontes originais sobre as quais se baseou o trabalho. Veja o exemplo no índice de referências bibliográficas, no início deste material.

70

Metodologia da Pesquisa

Page 71: metodologia_da_pesquisa

• Glossário apresenta palavras e expressões técnicas de uso restrito ou de sentido obscuro, seguido de suas definições. As palavras devem ser apresentadas em ordem alfabética, não devendo ser numeradas.

• Apêndices apresentam textos ou documentos elaborados pelo

próprio autor do trabalho e complementam a argumentação desenvolvida por ele. São identificados pela expressão APÊNDICES (em maiúsculas), por letras maiúsculas consecutivas e por um travessão separando-os do título (na hipótese de existirem mais elementos do que letras no alfabeto usam-se letras dobradas: apêndice AA, por exemplo).

• Anexos, por sua vez, são documentos não elaborados pelo autor e

usados para fundamentar, comprovar ou ilustrar a argumentação deste. Seu sistema de identificação é semelhante ao dos apêndices.

Para evitar a perda de tempo na disposição espacial dos trabalhos

acadêmicos apresentamos alguns modelos adotados pela UNITINS, que poderão facilitar essa tarefa, deixando mais tempo livre para a autêntica produção.

Apêndices e anexos devem ser antecedidos por lista específica, na qual

eles são devidamente identificados. Na hipótese de serem apresentadas

como anexos, cópias de documentos, nas quais não seja possível

acrescentar um título, é conveniente antecedê-las por uma folha de

identificação. As páginas dos anexos são numeradas em seqüência aos

elementos textuais. No sumário, a página inicial das seções apêndices e

anexos deve ser colocada de acordo com a regra de apresentação do

sumário, já referida anteriormente.

71 Metodologia da Pesquisa

Page 72: metodologia_da_pesquisa

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO TOCANTINS UNITINS

CIÊNCIAS CONTÁBEIS EAD

METODOLOGIA DA CIÊNCIA E DA PESQUISA

RELATÓRIO DE PESQUISA: A PRÁTICA DE LEITURA NA

FORMAÇÃO DOCENTE

Relatório apresentado como pré-requisito avaliativo da disciplina Metodologia da Ciência e da Pesquisa, dos Cursos Ciências - EaD da UN as -TO. ITINS, PalmAcadêmicos

Palmas, TO, 2006

Palmas, TO, 2006

Acadêmicos

RELATÓRIO DE PESQUISA: A PRÁTICA DA ANÁLISE DAS

DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO

TOCANTINS UNITINS CIÊNCIAS CONTÁBEIS

EAD METODOLOGIA DA CIÊNCIA E

DA PESQUISA

Modelos de Capa e Folha de rosto

Documentos não previstos na NBR 6.023 Você poderá consultar o texto de Máttar Neto (2003, p 216: 223)

sobre a forma de referências a documentos ainda não previstos pela NBR. O autor apresenta sugestões para formatação das referências a alguns documentos que não estão incluídos na norma. Entre os quais: programas de televisão e rádio, entrevistas, informação verbal, correspondência (cartas, bilhetes e telegramas). O item 6.2.9. dessa obra de Máttar Neto descreve a

INTRODUÇÃO

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.......................................................3

1 IDENTIFICAÇÃO DA ENTIDADE ................. 04

2 A PRÁTICA DA LEITURA ........................... 05

2.1.BALANÇO PATRIMONIAL........................07

2.2.BALANÇO PATRIMONIAL........................07

3 DESCRIÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO

DOS DADOS .................................................... 09

CONSIDERADÕES FINAIS ............................. 12

REFERÊNCIAS .................................................. 13

ANEXOS .............................................................15

Exemplo de sumário. A introdução é a primeira

página numerada.

Modelos de Sumário e página de introdução

72

Metodologia da Pesquisa

Page 73: metodologia_da_pesquisa

atual situação quanto ao uso de documentos eletrônicos. Vale a pena conferir.

Síntese da unidade

Você ficou conhecendo as principais normas da ABNT para elaboração de um trabalho científico. Essas normas estão em constante revisão. O esquema representativo das partes componentes de um Trabalho Acadêmico apresentado nesta unidade pode contribuir para uma melhor revisão do tema tratado.

Pesquise em um site de busca uma monografia e avalie o formato da

apresentação e a consistência do conteúdo apresentado

Comentário

A análise de uma monografia lhe permitirá se familiarizar com o processo de construção de um trabalho científico a partir das normas da ABNT.

73 Metodologia da Pesquisa

Page 74: metodologia_da_pesquisa

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Metodologia da Pesquisa