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Resistencia dos materiais 2
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ANÁLISE DE TENSÃO PARA SEÇÃO COM VÁRIOS MATERIAIS (SEÇÃO COMPOSTA)1
Kássia Karla Rodrigues Oliveira2
André Sarkis Muller3
RESUMO
Este trabalho procurou apresentar a viabilidade do uso de vigas compostas de variados
materiais, a visão geral de seus comportamentos e suas vantagens relativamente ligadas às
suas características mecânicas, tanto a sua resistência quanto na questão econômica. Essa
ideia teve como base, também, as amostras de exemplos pelo método da Seção Transformada,
que avalia a flexão estática e estuda os conectores presentes, e o método da Rigidez
Equivalente, que estuda as tensões em vários pontos e, portanto, funcionam como ferramentas
válidas para análise de vigas mistas.
PALAVRAS-CHAVE: Vigas Compostas. Método. Flexão estática. Tensões.
1 INTRODUÇÃO
O surgimento das estruturas mistas está estritamente relacionado ao
desenvolvimento econômico, técnico e científico. Com a intenção de aproveitamento de
propriedades específicas de cada material, tanto no quesito estrutural, quanto no quesito
construtivo, a combinação de perfis metálicos com concreto tornou-se prática comum nos
países europeus e cresce no Brasil de modo modesto (ALVA e MALITE, 2005; NARDIN,
TOLEDO e SOUZA, 2010).
Cada vez com mais frequências, os projetos de determinadas obras são procuradas
com pontos importantes de rapidez no momento de execução. Essas estruturas têm a
capacidade de anteciparem o andamento de uma obra, vantagens de um melhor
aproveitamento desses materiais e, portanto, as construções em sistema misto são
1 Paper apresentado à disciplina Resistência dos Materiais II, da Unidade de Ensino Superior Dom Bosco - UNDB.2 Aluna do 5° Período do curso de Engenharia Civil, da UNDB.3 Professor orientador.
intensamente usáveis em edifícios e pontes tanto no exterior assim como estão evolucionando
no mercado brasileiro.
Os sistemas estruturais mistos facilitam no processo construtivo e,
consequentemente, amenizam os desperdícios. Ainda, possui inúmeras vantagens como: a
utilização de médios e grandes vãos, uma melhor estabilidade, o uso de formas, possui uma
resistência das lajes de concreto necessárias, entre outros. Logo, é um meio de alternativa
tanto para superestruturas quanto para lajes e vigas no qual a interação, por exemplo, de aço-
concreto se interagem pela força de adesão dos materiais e, assim, mostram-se mais
eficientes.
Nesse sentindo, o presente trabalho tem como objetivo principal apresentar
conhecimentos mais profundos sobre o comportamento estrutural com materiais mistos, além
do seu histórico, apresentar modelos de análises de seções mistas com respectivos exemplos
demostrados, extraído de outros trabalhos encontrados e com ajuda de autores conhecidos do
assunto para um melhor embasamento sobre o tema.
2 HISTÓRICO SOBRE VIGAS MISTAS
As vigas mistas são resultados da combinação de uma viga de aço com uma laje
de concreto, no qual é preciso de uma ligação por meio de conectores mecânicos com o
objetivo de que tanto a viga quanto a laje se relacionem. Essa interação permite que os dois
materiais se deformem para se tornar um só elemento e gerar melhorias estruturais.
No contexto mundial, estudos referentes aos sistemas compostos tiveram seu
início antes da primeira grande guerra, na Inglaterra, com base em uma série de ensaios para
pisos. Entre 1922 e 1939, foram construídos edifícios e pontes que adotavam o sistema de
vigas compostas. No Brasil, por sua vez, na década de 50 a construção de elementos mistos se
ateve apenas a alguns edifícios e mais em pontes pequenas. (MALITE, 1990).
. Embora, ainda falte muita mão de obra especializada e conhecimentos das
vantagens desse processo no Brasil, esse sistema torna-se uma nova forma de utilização aceita
e recomendável para lajes, vigas e pilares, pois tem vantagens quanto à rigidez, que é
resultado da mistura de aço e concreto, e acrescida resistência. Alva e Malite (2005), afirmam
que as construções com materiais mistos tiveram maior procura e execução no país com o
aumento da produção do aço estrutural.
As vigas compostas, por exemplo, que é a combinação de materiais distintos, tem
o perfil mais utilizado do tipo “I” nas construções de edifícios como viga de aço. Já as lajes de
concreto são moldadas in loco com forma de aço agrupada. Dessa junção de aço e concreto é
proporcionado, também, às vantagens do material que possibilita a redução da altura gerando
uma economia no uso do material.
Logo, a construção em sistemas compostos se torna competitiva no mercado para
estruturas de vãos elevados, locais de difíceis acessos e solos de baixa capacidade resistente,
pois tem características na rapidez de execução e pela redução do peso total da estrutura
quando comparado a outros sistemas de concretos.
Figura I: Seções mistas em vigas – Fonte: UERJ
3 O MÉTODO DE ANÁLISE DA SEÇÃO TRANSFORMADA
Sabe-se que a fórmula da flexão é aplicada apenas quando a flexão acontece em
torno dos eixos principais de inércia para a seção transversal nas vigas de material
homogêneo. Assim, o método de análise da seção transformada foi desenvolvido a fim de
modificar o material misto (seção transversal) em um único elemento e, portanto, será
possível ser usada à fórmula da flexão para estudo da tensão.
Para o cálculo de uma viga mista é necessário, primeiro, tornar a seção
homogeneizada, escolhendo-se apenas o módulo de deformação de um material como
referência. A área total da seção transversal continuará plana após uma flexão, caso o
momento fletor seja aplicado a essa viga e, consequentemente, as alterações normais variarão
linearmente de zero no eixo neutro a máxima no material mais distante desse eixo. Ou seja, a
seção transversal da viga composta em estudo será transformada em uma seção semelhante,
formada por um único material.
A declaração de Timon-shenko & Gere (1960), garante que para a seção
transformada seja igual à seção real, é necessário que duas hipóteses aconteçam. A primeira é
que a linha neutra deve está na posição tanto da seção transformada quanto da real, ou seja, as
duas devem estar na mesma posição. A segunda hipótese é quando se trata da capacidade de
resistir ao momento fletor de serviço que precisa ser a mesma na seção transformada e real.
Define-se fator de transformação (n), ou razão modular, o quociente entre o
módulo de deformação do material (E1) e o módulo de deformação do material de referência
(E2), encaminhada da necessidade de determinar a largura considerando a força que age em
uma área da viga. Esse fator transformação é usável nesse método de seção no qual faz
aumentar a base do material mais rígido ou reduz do material mais frágil.
n=E1E2
Portanto, nota-se, que a viga acabara por se tornar em um só material, a sua
distribuição de tensão normal se torna linear depois do processo de transformação. Por
conseguinte, a fórmula da flexão pode ser ajustada nesse tipo de viga para determinar a tensão
em cada ponto da estrutura transformada, com um detalhe a ser observado que as larguras dos
outros materiais (diferente do material de referência) têm que ser multiplicadas pelas suas
respectivas razões modulares. Além disso, é possível determinar, também, o eixo neutro e o
momento de inércia nessa área.
3.1 Exemplo
Uma viga de abeto branco é reforçada com tiras de aço A-36 nas partes superior e
inferior. Determinar a tensão máxima desenvolvida na madeira e no aço se a viga for
submetida a um momento fletor M = 8 kip.pés. Desenhar a distribuição de tensão que atua na
seção. Sabe que Emad = Ew = 1,40 (10³) e o Eaço = Est = 29,0 (10³).
Para solucionar o problema, primeiramente, precisa saber o fator de multiplicação
(n) entre os dois materiais.
n=Emad
Eaço=
1,40 (103)29,0 (103)
=0,048276
baço=nbmad=0,048276 (3 )=0,14483∈¿
Obteve-se, também, a espessura necessária caso fosse um só material. Nesse caso,
correspondente a madeira se fosse aço.
Para determinar a tensão de flexão se tem conhecimento que é obtido pelo
teorema do eixo paralelo ou, para facilitar, pode usar a fórmula conhecida do retângulo inteiro
subtraindo o retângulo vazio.
σ=−MyI
Nesse caso, ficaria:
INA=112
(3 ) (53 )− 112
(3−0,14483 ) ( 43 )=16,0224¿4
E, por fim, é possível determinar a tensão normal máxima por flexão na viga
transformada para um só material, nesse caso, para aço.
σ (max )aço=McI
=8 (12)(2,5)
16,0224=15,0ksi
Para junção y=2 este valor seria:
σ (B )aço=MyI
=8(12)(2)16,0224
=12,0 ksi
E para obter a tensão real na madeira para y=2, basta multiplicar pelo fator n.
σ (max )mad=nMyI
=0,048276 [ 8(12)(2)16,0224 ]=0,578ksi
4 O MÉTODO DE ANÁLISE DA RIGIDIZ EQUIVALENTE
A fórmula conhecida da tensão cisalhante em uma seção ( τ=V QT I
) não pode ser
aproveitada diretamente para determinar as tensões de cisalhamento em vigas mistas. Nesses
casos deve-se considerar uma viga composta carregada transversalmente para o estudo e,
ainda, notar somente as forças axiais atuando nas seções transversais do comprimento dx da
viga estuda. Assim, têm-se os dois anexos abaixo:
Viga comporta carregada transversalmente.
Tensões atuando num elemento da viga composta.
Notam-se as imposições do equilíbrio de forças na direção x, no qual se tem a
equação do somatório das forças nesse sentido.
∑ Fx=0 ; ∫A '
❑
σ dA−∫A'
❑
σ 'dA+τ ( t . dx )=0
Onde σ é a tensão normal atuando na seção transversal esquerda do elemento, σ ' é
a tensão normal atuando do lado direito na seção, t é a largura da seção no ponto onde se
deseja determinar a tensão cisalhante e A’ é área acima do ponto onde se deseja determinar a
tensão de cisalhamento. Agora, necessita fazer a substituição da equação ( I=∫A
❑
y ²dA ¿¿ que
determina a tensão de flexão nas vigas mistas na equação do equilíbrio de forças.
E, portanto, tem-se:
∫A '
❑
−Ei ¿¿
Depois de considerar que o momento dM e a rigidez equivalente <EI> é constante
na seção e simplificando a equação acima, basta isolar a variável tensão de cisalhamento da
equação:
τ=−dMdx
1¿EI >t∫A'
❑
Ei y dA
Tendo conhecimento da parte da última equação é dMdx
=−V e considerando que o
primeiro momento da área A’ seja igual a Q=∫A '
❑
Ei y dA = ∑ Ei yi Ai , tem-se:
τ= VQ¿EI >t
Onde se nomeia o τ é a tensão cisalhante em y’ , V é o cortante na seção
analisada, Q é o primeiro momento de área, <EI> é a rigidez equivalente e t é a largura da
vida na mesma posição y’. Na equação de Q, Ei é o módulo de elasticidade do material i, Yi é
a posição do centroide da área do material i e a Ai é a área do material i. Logo, a rigidez
equivalente é igual a ∑ Ei I i.
4.1 Exemplo
Se o momento máximo no ski abaixo é 77,78 N.m, determine as tensões de flexão
no aço e na madeira se a seção transversal do ski é como apresentando abaixo. Tome E aço =
200 GPa e Emad = 12 GPa.
Calcula-se a rigidez equivalente <EI>:
¿ EI>¿2Eaço [ 100.23
12+2 .100 .(15
2+ 2
2 )2]+Emad [ 100 .153
12 ]
¿ EI>¿2.200. 10³[ 100 .23
12+2.100.( 15
2+ 2
2 )2]+12 .10³[ 100 .153
12 ]¿ EI>¿6,14x109 N.mm²
Para o cálculo das tensões em cada ponto;
No ponto A (aço)
σ A=−Eaço M
¿EI>¿ y A=−200.103 77,78.103 .9,56,14.109
, σ A=−24,05Mpa¿
No ponto B (aço)
σ B=−Eaço M
¿ EI>¿ yB=−200.103 77,78.103 .7,56,14.109
, σB=−18,99Mpa¿
No ponto C (aço)
σ C=−Emad M
¿EI >¿ yC=−12.103 77,78.103.7,56,14.109
, σC=−1,14Mpa ¿
5 CONCLUSÃO
As estruturas mistas, principalmente de aço e concreto, apresentam soluções
bastante competitivas no mercado brasileiro para edifícios, pontes e entre outros meios que
são baseadas nessas estruturas. O emprego do sistema misto no Brasil, ainda vem se
encontrando relativamente, mas já tem crescido de maneira gradual no comercio da
construção civil brasileira.
O objetivo principal do estudo realizado foi aprofundar os conhecimentos no
comportamento desse tipo de estrutura que envolve as vigas mistas de diversos materiais
comuns da construção e, ainda, mostrar que elas são alternativas quando envolvem o consumo
de matérias e quanto sua resistência relacionando as dimensões para diferentes tamanhos de
obras.
Essas estruturas se tornam atraentes para edifícios de múltiplos andares, com
necessidade de grandes ou médios vãos e se quer uma execução mais rápida. Logo, aos
poucos, acaba por se tornar uma crescente demanda por esse tipo de material que pode
influenciar no desenvolvimento econômico, as perspectivas de melhorias e agilidade para
diversas e grandiosas obras pelo Brasil, visando sua eficiência construtiva, custos, seus
aproveitamentos e prazos de execução.
REFERÊNCIAS
ALVA, G. M. S.; MALITE, M. Cadernos de Engenharia de Estruturas. São Carlos, v. 7, n.
25, p. 51-84, 2005.
ALVA, G. M. S.; MALITE, M. Comportamento estrutural e dimensionamento de
elementos mistos aço-concreto – Caderno de Engenharia de Estruturas. 2005. 34 f. São
Carlos.
HIBBELER, R. C. Resistência dos Materiais. 7. Ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010.
LABCIV. Estruturas mistas aço-concreto. Rio de Janeiro. 59 p. Disponível em: <
http://www.labciv.eng.uerj.br/pgeciv/files/7_vigas_mistas.pdf>. Acesso em: 10 out. 2014.
MALITE, M. (1990). Sobre o cálculo de vigas mistas aço-concreto: ênfase em edifícios.
São Carlos. 144p. Dissertação (Mestrado) – Escola de Engenharia de São Carlos -
Universidade de São Paulo.
MARCONCIN, Liliane do Rocio. Modelagem numérica de vigas mistas aço-concreto.
Curitiba: Universidade Federal do Paraná. 2008. 155 p. Dissertação – Pós Graduação em
Construção Civil. Paraná. 2008.
NARDIN, S.; TOLEDO, G. N.; SOUZA, A. S. C. Viabilidade da utilização de pilares
mistos parcialmente revestidos em edifícios de múltiplos pavimentos: estudo de caso. In:
CONSTRUMETAL 2010 – CONGRESSO LATINO-AMERICANO DA CONSTRUÇÃO
2010, Nº 8.
RUSSEL, Johnston Jr; MAZUREK, David F.; BEER, Ferdinand P.; DEWOLF, John T.
Mecânica dos materiais. McGrawHill. New York: NY, 2008. p. 229-260.