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MICROGERAÇÃO DISTRIBUÍDA PARA USO RESIDENCIAL COM BASE EM FONTES DE ENERGIA EÓLICA E SOLAR FOTOVOLTAICA André Luiz da Silva Dias Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro Civil. Orientador: Eduardo Linhares Qualharini Rio de Janeiro Fevereiro/ 2017

MICROGERAÇÃO DISTRIBUÍDA PARA USO RESIDENCIAL … · apresentação do dimensionamento e instalação dos sistemas de microgeração distribuída a partir da geração de energia

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MICROGERAÇÃO DISTRIBUÍDA PARA USO RESIDENCIAL COM BASE EM

FONTES DE ENERGIA EÓLICA E SOLAR FOTOVOLTAICA

André Luiz da Silva Dias

Projeto de Graduação apresentado ao Curso

de Engenharia Civil da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro,

como parte dos requisitos necessários à

obtenção do título de Engenheiro Civil.

Orientador: Eduardo Linhares Qualharini

Rio de Janeiro

Fevereiro/ 2017

i

MICROGERAÇÃO DISTRIBUÍDA PARA USO RESIDENCIAL COM BASE EM

FONTES DE ENERGIA EÓLICA E SOLAR FOTOVOLTAICA

André Luiz da Silva Dias

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO

DE ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS

NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinada por:

Prof. Eduardo Linhares Qualharini

Profa. Isabeth da Silva Mello

Prof. Osvaldo Ribeiro da Cruz Filho

Rio de Janeiro, RJ - Brasil

Fevereiro de 2017

ii

DIAS, André Luiz da Silva

Microgeração Distribuída para uso Residencial com Base em

Fontes de Energia Eólica e Solar Fotovoltaica/ André Luiz da Silva

Dias. - Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2017.

XI, 88 p.: il.; 29,7cm.

Orientador: Eduardo Linhares Qualharini

Projeto de Graduação - UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de

Engenharia Civil, 2017.

Referencias Bibliográficas: p. 86-88.

1. Apresentação do projeto. 2. Microgeração distribuída. 3.

Potenciais nacionais de energia eólica e solar 4. Os Sistemas e suas

particularidades na implantação. 5. Aspectos de custo e investimento.

6. Dimensionamento e instalação 7. Considerações Finais.

I. Qualharini, Eduardo Linhares II. Universidade Federal do

Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil. III.

Engenheiro Civil.

iii

Dedicatória

Inicialmente, gostaria de dedicar este projeto de final de curso, à memória de

minha avó Engracia Sacramento da Silva e de minha Tia Gracinete Sacramento da Silva

e Sousa, que não tiveram tempo de presenciar esta minha conquista, mas que sempre

realizaram em vida o apoio e a atenção que puderam e da forma que podiam, de um

jeitinho todo singelo, que permaneceu. Faço esta dedicatória também de modo

particular e especial, à minha Mãe querida, Gracinaide Sacramento da Silva que apostou

em meu sucesso e não desistiu em acreditar na minha pessoa mesmo nos momentos em

que muito fraquejei, à minha amada esposa Roberta Aparecida Soares Cebreiro Dias,

que perseverou em estar ao meu lado nos bons e tortuosos momentos durante esta

caminhada apoiando-me e incentivando-me a todo instante e de todas as formas que

podia. E por último aos amigos, familiares, colegas e professores, que contribuíram de

tantas formas em meu caminho, me concedendo a dádiva da certeza de que nada

conquistamos sozinhos.

iv

Agradecimentos

Rendo Graças ao Pai Maior, Causa Primária de todas as coisas, por mais este

momento verdadeiramente Abençoado em minha vida, pois Esteve comigo a todo

instante, como Pai Misericordioso e Amoroso, Infinito em todas as coisas, mesmo

apesar de minhas más escolhas, do meu mal proceder, de minhas rendições às minhas

más tendências, de meus defeitos e limitações. Agradeço à minha querida Mãe e a

minha amada Esposa, por depositarem sobre a minha pessoa todo o apoio, incentivo,

dedicação e perseverança em auxiliar-me a me disciplinar e focar nas coisas que são

mais importantes, seja de forma branda ou enérgica, mas da forma que puderam,

ungidas com Amor todo especial, o qual jamais esquecerei. Repouso minha gratidão,

também, aos demais familiares e amigos, colegas e professores, que mesmo com um

gesto simbólico como uma gota de orvalho, em conjunto formaram a corrente que

moveu o moinho que proporcionou-me forças pra trilhar o caminho penoso, e

igualmente virtuoso, o qual percorri. E por fim, agradeço a Universidade Federal do Rio

de Janeiro, pois a partir do convívio e das experiências vividas entre suas paredes, pude

verdadeiramente amadurecer e melhorar significativamente como pessoa em todos os

aspectos.

v

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte

dos requesitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.

Microgeração Distribuída para uso Residencial com Base em Fontes de Energia Eólica e

Solar Fotovoltaica

André Luiz da Silva Dias

Fevereiro/ 2017

Orientador: Eduardo Linhares Qualharini

Curso: Engenharia Civil

Este trabalho estará tratando da microgeração distribuída aplicada ao uso

residencial baseada nas fontes de geração de energia eólica e solar fotovoltaica, voltada

à baixa tensão, apresentando aspectos desde as condições de acesso até a implantação

dos sistemas de microgeração eólico e solar fotovoltaico, abordando inicialmente a

normatização e procedimentos estabelecidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica

(ANEEL), partindo deste marco às informações do potencial nacional de energia eólica

e solar, seguindo com a apresentação de algumas particularidades dos sistemas de

microgeração e questões em relação aos custos e investimentos, bem como a

apresentação do dimensionamento e instalação dos sistemas de microgeração distribuída

a partir da geração de energia eólica e solar fotovoltaica.

Palavras-chave: Microgeração Distribuída, ANEEL, Potencial Nacional de Energia,

Dimensionamento e Instalação.

vi

Summary of the Graduation Project presented to the Polytechnic School / UFRJ as part

of the requisites required to obtain the degree of Civil Engineer.

Distributed Microgeneration for Residential Use Based on Wind Power and

Photovoltaic Solar

André Luiz da Silva Dias

February 2017

Advisor: Eduardo Linhares Qualharini

Course: Civil Engineering

This work will deal with the distributed microgeneration applied to the residential use

based on wind and solar photovoltaic energy sources, focused on low voltage,

presenting aspects from the access conditions to the implantation of the wind and solar

photovoltaic microgeneration systems, initially addressing the Regulations and

procedures established by the National Electric Energy Agency (ANEEL), starting from

this milestone to the information of the national wind and solar energy potential,

followed by the presentation of some particularities of microgeneration systems and

issues regarding costs and investments, as well as The presentation of the design and

installation of distributed microgeneration systems from the generation of wind energy

and solar photovoltaic.

Keywords: Distributed Micro Generation, ANEEL, National Energy Potential, Sizing

and Installation.

vii

SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO DO PROJETO .................................................................... - 1 -

1.1 Introdução ...................................................................................................- 1 -

1.2 Objetivo ......................................................................................................- 2 -

1.3 Justificativa .................................................................................................- 2 -

1.4 Metodologia empregada ..............................................................................- 2 -

1.5 Conteúdo dos capítulos ................................................................................- 2 -

2. MICROGERAÇÃO DISTRIBUÍDA .................................................................. - 4 -

2.1 Procedimentos de acesso .............................................................................- 5 -

2.2 Sistema de Medição................................................................................... - 12 -

2.3 Formalização da Contratação ..................................................................... - 12 -

2.4 Sistema de compensação de energia elétrica .............................................. - 13 -

3. POTENCIAl NACIOAL DE ENERGIA EÓLICa E SOLAR ......................... - 18 -

3.1 Viabilidade e Potencialidade Eólica ........................................................... - 18 -

3.2 Viabilidade e Potencialidade Solar ............................................................ - 26 -

4. SISTEMAS E SUAS PARTICULARIDADES NA IMPLANTAÇÃO ............ - 33 -

4.1 Sistema de Microgerador Eólico ................................................................ - 33 -

4.2 Sistema de Microgerador Solar Fotovoltaico ............................................. - 40 -

4.3 Esquema de ligação dos sistemas ............................................................... - 48 -

4.4 Responsabilidades e Deveres ..................................................................... - 50 -

4.5 Outras modalidades de Compensação de Energia ...................................... - 51 -

5. ASPECTOS DE CUSTO E INVESTIMENTOS .............................................. - 53 -

5.1 Incidência de impostos .............................................................................. - 53 -

5.2 Sistemas de Tarifação ................................................................................ - 54 -

5.3 Considerações quanto ao investimento ...................................................... - 58 -

6. DIMENSIONAMENTO E INSTALAÇÃO ...................................................... - 62 -

6.1 Sistema de Microgeração Eólica ................................................................ - 62 -

6.2 Sistema de Microgeração Solar Fotovoltaico ............................................. - 67 -

viii

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ - 84 -

7.1 Críticas ...................................................................................................... - 84 -

7.2 Sugestões .................................................................................................. - 84 -

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ - 86 -

REFERÊNCIAS NORMATIVAS ................................................................................... - 86 -

INDICAÇÕES ELETRÔNICAS ..................................................................................... - 87 -

ix

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Distribuição Geral dos Ventos................................................................. - 18 -

Figura 2 - Total Brasil Estimado - Potencial Eólico-Elétrico ................................... - 25 -

Figura 3 - Total Brasil Estimado - Potencial Eólico-Elétrico por região ................... - 25 -

Figura 4 - Mapa de Radiação Solar Diária, média mensal - ANUAL ....................... - 27 -

Figura 5 - Mapa de Insolação diária, Média Mensal - ANUAL ................................ - 28 -

Figura 6 - Potencial anual médio de energia solar .................................................... - 32 -

Figura 7 - Rotor Horizontal ..................................................................................... - 34 -

Figura 8 - Rotor Savonius ....................................................................................... - 35 -

Figura 9 - Rotor Darrieus ........................................................................................ - 35 -

Figura 10 - Rotor H-Darrieus .................................................................................. - 36 -

Figura 11 - Distância de Obstáculos ........................................................................ - 38 -

Figura 12 - Célula ................................................................................................... - 42 -

Figura 13 - Módulo ................................................................................................. - 42 -

Figura 14 - Painel .................................................................................................... - 42 -

Figura 15 - Painel de Silicio Monocristalino ............................................................ - 43 -

Figura 16 - Painel de Silício policristalino ............................................................... - 44 -

Figura 17 - Painel de Silício Amorfo ....................................................................... - 44 -

Figura 18 - Painel de Telureto de Cadmio ............................................................... - 45 -

Figura 19 - Medição a partir de medidor bidirecional .............................................. - 49 -

Figura 20 - Medição a partir de dois mediores ......................................................... - 49 -

Figura 21 - Esquema de ligação sistema solar fotovoltaico ...................................... - 49 -

Figura 22 - Esquema de ligação sistema eólico ........................................................ - 50 -

Figura 23 - Sistema de tarifação net metering com um medidor bidirecional ........... - 56 -

Figura 24 - Sistema de tarifação net metering com dois medidores .......................... - 57 -

Figura 25 - Funcionamento do sistema de tarifação feed in ...................................... - 58 -

Figura 26 - Aerogerador Skystream Land - Energia Pura ......................................... - 63 -

Figura 27 - Torre Tubular ........................................................................................ - 64 -

Figura 28 - Torre Treliçada ..................................................................................... - 64 -

Figura 29 - Torre Estaiada ....................................................................................... - 65 -

Figura 30 - Comprimento máximo sem transição para diâmetro maior .................... - 66 -

Figura 31 - Transição para diâmetros maiores ........................................................ - 66 -

Figura 32 - Aterramento do aerogerador à torre ....................................................... - 66 -

x

Figura 33 - Especificações técnicas do painel fotovoltaico [14] ............................... - 69 -

Figura 34 - Simulador solar - Instituto Ideal, América do Sol .................................. - 71 -

Figura 35 - Caracteriazação do Sistema Fotovoltaico .............................................. - 72 -

Figura 36 - Consumo médio detalhado .................................................................... - 73 -

Figura 37 - Dados de Irradiação .............................................................................. - 74 -

Figura 38 - Quatro passos para a instalação [15] ...................................................... - 75 -

Figura 39 - Características do material empregado na instalação [15] ...................... - 75 -

Figura 40 - Visão Geral do Sistema [15] ................................................................. - 75 -

Figura 41 - Ferramentas para instalação [15] ........................................................... - 76 -

Figura 42 - Materiais e Instrumentos - parte 1 [15] .................................................. - 77 -

Figura 43 - Materiais e instrumentos - parte 2 [15] .................................................. - 78 -

Figura 44 - Instalação em Telhas Romana, Francesa, Italiana, Portuguesa e Americana

[15] ......................................................................................................................... - 79 -

Figura 45 - Instalação em telha lisa [15] .................................................................. - 80 -

Figura 46 - Instalação em telhas de zinco e estanhadas [15] ..................................... - 80 -

Figura 47 - Instalação do trilho [15] ........................................................................ - 81 -

Figura 48 - Instalação do Módulos [15] ................................................................... - 82 -

Figura 49 - Instalação da abraçadeira de cabos e aterramento [15] ........................... - 83 -

- 1 -

1. APRESENTAÇÃO DO PROJETO

1.1 Introdução

Por consequência do crescimento populacional, da evolução tecnológica e outros

fatores provindos do advento da globalização, a demanda mundial pelo consumo de

energia elétrica só vem aumentando e de forma galopante.

Todavia, atualmente é de conhecimento que se servir de fontes convencionais

não renováveis de geração de energia elétrica, já não são mais satisfatórias quando se

refere a conservação do meio ambiente e o não favorecimento ao aquecimento global a

partir do efeito estufa, bem como, quando é levado em consideração os altos

investimentos realizados para suprir a demanda consumista de energia elétrica.

Dessa forma observa-se que já a algum tempo, a tendência mundial em estar se

servindo da geração de energia elétrica a partir de fontes renováveis, tem sido bem

evidente, seja por questões econômicas, políticas ou ambientais.

Neste âmbito, os estímulos nacionais à geração de energia elétrica a partir de

fontes renováveis tem disparado, incluído também sob estes incentivos governamentais,

a geração distribuída de pequeno porte, que além de ser muito bem vinda, são tem seus

estímulos justificados no favorecimento que a modalidade pode conceder a curto e

longo prazo ao sistema elétrico, diminuindo ou adiando investimentos de expansão dos

sistemas de distribuição e transmissão, proporcionando baixo impacto ambiental,

reduzindo o carregamento das redes de distribuição e perdas, diversificando a matriz

energética e até mesmo influenciar na conscientização social, bem como outros muitos

benefícios.

Já no caso do consumidor, a adoção do sistema de geração distribuída, na

maioria das vezes reflete-se tão somente na busca pela autonomia de consumo de

energia e economia nas despesas para com a energia elétrica, ficando para alguns

poucos ou por consequência da adoção do sistema, a conscientização no favorecimento

de um meio ambiente mais limpo.

No Brasil, estes estímulos vem por repercussão e relevância em relação ao

crescimento demográfico, o aumento do poder econômico, e também da galopante

evolução tecnológica, resultando no aumento exorbitante do consumo de energia

elétrica no País, que vem trazendo muitas discussões e debates acerca da geração de

- 2 -

energia elétrica, onde é preciso pensar em alternativas que respondam à demanda de

expansão e diversidade na geração de energia elétrica no país. E neste aspecto tem-se a

microgeração distribuída.

1.2 Objetivo

O objetivo deste trabalho é apresentar a microgeração distribuída aplicada ao uso

residencial baseada em fonte de energia eólica e solar fotovoltaica no contexto que

tange, desde o acesso aos sistemas de microgeração até a sua implantação em

edificações de unidades consumidoras de baixa tensão.

1.3 Justificativa

Neste trabalho será abordado os aspectos e particularidades da microgeração

distribuída de energia para uso residencial com base em fontes eólica e solar

fotovoltaica, aplicada ao consumidor de classe B (baixa tensão), principalmente pelo

fato de que o Brasil possui grande potencial energético a ser explorado no campo de

energia eólica e solar já evidenciado e que por consequência tem atraído significativos

investimentos, o que tende a beneficiar à preservação do meio ambiente a partir do uso

de fontes de energias renováveis e limpas, favorecendo ao movimento sustentável,

assim como pode vir a tornar-se um canal próspero, seja no aspecto político e social.

1.4 Metodologia empregada

Para a consolidação de todo conteúdo, foi utilizada bibliografia pertinente ao

tema, principalmente a partir de publicações renomadas no assunto, bem como acesso às

normas da ANEEL, consultas a reportagens, artigos e documentos de referência, tais

como os atlas de potencial brasileiro de energia solar e eólica.

1.5 Conteúdo dos capítulos

Inicialmente são elucidadas no Capítulo 2 as questões pertinentes as normativas

e procedimentos da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), dando a conhecer

as particularidades da microgeração distribuída, bem como o sistema de compensação

de energia elétrica, como se dá o faturamento e os passos de acesso de microgeração

- 3 -

distribuída. Em seguida no Capítulo 3 é apresentado o potencial energético nacional a

partir dos atlas de potencial brasileiro de energia solar e eólica. Já no Capítulo 4

apresenta-se os sistemas de microgeração de energia eólica e solar fotovoltaica norteado

a implantação dos sistemas de microgeração. No Capítulo 5 aborda-se alguns aspectos

referentes aos custos e investimentos na adoção da microgeração distribuída a partir das

fontes eólica e solar fotovoltaica. E por sua vez no Capítulo 6 aborda-se as questões de

dimensionamento e instalação dos sistemas de microgeração. Finalizando no Capítulo 7

com um breve levantamento de algumas considerações finais.

- 4 -

2. MICROGERAÇÃO DISTRIBUÍDA

Tendo como objetivo de otimizar e orientar o acesso para a conexão de pequenas

centrais geradoras na rede de distribuição, utilizando fontes renováveis de energia, a

ANEEL publicou a Resolução Normativa n° 482/2012, alterada pela Resolução

Normativa n° 687/2015 e complementada na seção 3.7 do Módulo 3 dos Procedimentos

de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional (PRODIST), onde

estabeleceu-se os procedimentos para acesso de micro e minigeração distribuída ao

sistema de distribuição.

Segundo essas regulamentações, a micro e a minigeração distribuída consistem

na geração de energia elétrica a partir de fontes com base em energia alternativa,

renovável e limpa, tais como, hidráulica, solar, eólica, biomassa ou mesmo cogeração

qualificada, conectadas à rede de distribuição.

Conforme mencionado, estará sendo abordado a microgeração distribuída de

energia para uso residencial com base em fonte renovável eólica e solar fotovoltaica,

aplicada ao consumidor de classe B (baixa tensão).

Segundo a Resolução Normativa n° 482/2012, microgeração distribuída consiste

em uma central geradora de energia elétrica, com potência instalada menor ou igual a 75

kW e que utilize cogeração qualificada, ou fontes renováveis de energia elétrica,

conectada na rede de distribuição por meio de instalações de unidades consumidoras.

No contexto de microgeração distribuída, sob a REN 482/2012, tem-se as

seguintes definições e aplicações:

a) Sistema de compensação de energia elétrica que consiste na injeção de

energia ativa por unidade consumidora cedida, por meio de empréstimo

gratuito, à distribuidora local e posteriormente compensada com o consumo

de energia elétrica ativa;

b) Melhorias de instalação, substituição ou reforma de equipamentos em

instalações de distribuição existentes, ou a adequação destas instalações,

visando manter a prestação de serviço adequado de energia elétrica;

c) Reforço de instalação, substituição ou reforma de equipamentos em

instalações de distribuição existentes, ou a adequação destas instalações,

para aumento de capacidade de distribuição, de confiabilidade do sistema de

distribuição, de vida útil ou para conexão de usuários;

- 5 -

d) Empreendimento com múltiplas unidades consumidoras que é caracterizado

pela utilização da energia elétrica de forma independente, no qual cada

fração com uso individualizado constitua uma unidade consumidora e as

instalações para atendimento das áreas de uso comum constituam uma

unidade consumidora distinta, de responsabilidade do condomínio, da

administração ou do proprietário do empreendimento, e desde que as

unidades consumidoras estejam localizadas em uma mesma propriedade ou

em propriedades contíguas, sendo vedada a utilização de vias públicas, de

passagem aérea ou subterrânea e de propriedades de terceiros não

integrantes do empreendimento;

e) Geração compartilhada, caracterizada pela reunião de consumidores, dentro

da mesma área de concessão ou permissão, por meio de consórcio ou

cooperativa, composta por pessoa física ou jurídica, que possua unidade

consumidora em local diferente das unidades consumidoras nas quais a

energia excedente será compensada;

f) Autoconsumo remoto, caracterizado por unidades consumidoras de

titularidade de uma mesma pessoa jurídica, incluídas matriz e filial, ou

pessoa física que possua unidade consumidora em local diferente das

unidades consumidoras, dentro da mesma área de concessão ou permissão,

nas quais a energia excedente será compensada.

2.1 Procedimentos de acesso

Para que a central geradora seja definida como microgeração distribuída, são

necessárias o cumprimento das etapas de solicitação e de parecer de acesso.

A solicitação de acesso é realizada pelo consumidor, e entregue a distribuidora,

sob prioridade de atendimento, de acordo com a ordem cronológica de protocolo.

Na solicitação de acesso deve-se disponibilizar alguns documentos tais como, o

projeto das instalações de conexão, contendo, memorial descritivo, localização, arranjo

físico, diagramas e etc., além de outros documentos e informações que porventura

venham a ser solicitados pela distribuidora.

Na sequência, um parecer de acesso é disponibilizado pela distribuidora ao

consumidor, no qual são dispostas condições de acesso, estendendo-se a conexão e o

uso, assim como os requisitos técnicos que possibilitem a conexão das instalações do

- 6 -

consumidor e os prazos. Em alguns casos, o parecer de acesso deverá indicar também, a

definição do ponto de conexão, as particularidades do sistema de distribuição acessado,

a lista das obras de cunho da distribuidora, e as responsabilidades do consumidor, entre

outras.

A seção 3.7 do Módulo 3 do PRODIST, deixa claro que o procedimento de

acesso é simples, assim como as demais requisições de proteção indispensáveis para

garantir a segurança das pessoas e a qualidade da energia injetada na rede.

Importante salientar que é à distribuidora a responsável pela coleta das

informações das unidades geradoras junto aos microgeradores de energia distribuída,

bem como o envio dos dados à ANEEL para registro.

As distribuidoras deverão adequar seus sistemas comerciais e elaborar ou revisar

normas técnicas para tratar do acesso de microgeração distribuída, utilizando como

referência os Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico

Nacional – PRODIST, as normas técnicas brasileiras e, de forma complementar, as

normas internacionais, ficando dispensada a assinatura de contratos de uso e conexão na

qualidade de central geradora para os participantes do sistema de compensação de

energia elétrica, sendo suficiente a emissão pela distribuidora do Relacionamento

Operacional para a microgeração.

A potência instalada da microgeração distribuída fica limitada à potência

disponibilizada para a unidade consumidora onde a central geradora será conectada. E

no caso que o consumidor deseje instalar central geradora com potência superior ao

limite estabelecido, deve solicitar o aumento da potência disponibilizada, sendo

dispensado o aumento da carga instalada. Ainda neste contexto, é importante saber, que

é vedada a divisão de central geradora em unidades de menor porte para se enquadrar

nos limites de potência para microgeração, devendo a distribuidora identificar esses

casos, solicitar a readequação da instalação e, caso não atendido, negar a adesão ao

Sistema de Compensação de Energia Elétrica.

Para a determinação do limite da potência instalada da central geradora

localizada em empreendimento de múltiplas unidades consumidoras, deve-se considerar

a potência disponibilizada pela distribuidora para o atendimento do empreendimento. E

para a solicitação de fornecimento inicial de unidade consumidora que inclua

microgeração distribuída, a distribuidora deve observar os prazos estabelecidos na

Seção 3.7 do Módulo 3 do PRODIST para emitir a informação ou o parecer de acesso,

bem como os prazos de execução de obras previstos na Resolução Normativa n° 414, de

- 7 -

9 de setembro de 2010. Já nos os casos de empreendimento com múltiplas unidades

consumidoras e geração compartilhada, a solicitação de acesso deve ser acompanhada

da cópia de instrumento jurídico que comprove o compromisso de solidariedade entre

os integrantes.

Os custos de eventuais melhorias ou reforços no sistema de distribuição em

função exclusivamente da conexão de microgeração distribuída não devem fazer parte

do cálculo da participação financeira do consumidor, sendo integralmente arcados pela

distribuidora, exceto para o caso de geração compartilhada.

Do Acesso à Segurança, segundo Seção 3.7 do Módulo 3 do PRODIST

O objetivo é descrever os procedimentos para acesso de microgeração

distribuída participante do Sistema de Compensação de Energia Elétrica ao sistema de

distribuição.

À viabilização do acesso para a central geradora classificada como microgeração

distribuída são obrigatórias apenas as etapas de solicitação de acesso e parecer de

acesso.

A solicitação de acesso é o requerimento formulado pelo consumidor que, uma

vez entregue à distribuidora, implica a prioridade de atendimento, de acordo com a

ordem cronológica de protocolo, e compete à distribuidora a responsabilidade pela

coleta e envio à ANEEL das informações para registro de microgeração distribuída, nos

termos da regulamentação específica, ficando dispensada a apresentação do Certificado

de Registro, ou documento equivalente, na etapa de solicitação de acesso, conforme já

mencionando.

No ato da solicitação de acesso deve-se conter o Formulário de Solicitação de

Acesso para microgeração distribuída, conforme potência instalada da geração,

acompanhado dos documentos pertinentes a cada caso, não cabendo à distribuidora

solicitar documentos adicionais àqueles indicados nos Formulários. Caso a

documentação estabelecida esteja incompleta, a distribuidora deve, imediatamente,

recusar o pedido de acesso e notificar o consumidor sobre todas informações pendentes,

devendo o consumidor realizar uma nova solicitação de acesso após a regularização das

pendências identificadas. Após o recebimento da documentação completa, a

distribuidora deve entregar ao consumidor um recibo da formalização da solicitação de

acesso.

- 8 -

A distribuidora deve disponibilizar em sua página na internet os modelos de

Formulário de Solicitação de Acesso para microgeração distribuída, contendo a relação

das informações que o consumidor deve apresentar na solicitação de acesso.

O parecer de acesso é o documento formal obrigatório apresentado pela

distribuidora, sem ônus para o consumidor, em que são informadas as condições de

acesso, compreendendo a conexão e o uso, e os requisitos técnicos que permitam a

conexão das instalações do consumidor com os respectivos prazos, devendo indicar,

quando couber:

a) as características do ponto de entrega, acompanhadas das estimativas dos

respectivos custos, conclusões e justificativas;

b) as características do sistema de distribuição acessado, incluindo requisitos

técnicos, tensão nominal de conexão, e padrões de desempenho;

c) orçamento da obra, contendo a memória de cálculo dos custos orçados, do

encargo de responsabilidade da distribuidora e da participação financeira do

consumidor;

d) a relação das obras de responsabilidade da distribuidora, com

correspondente cronograma de implantação;

e) as informações gerais relacionadas ao local da ligação, como tipo de terreno,

faixa de passagem, características mecânicas das instalações, sistemas de

proteção, controle e telecomunicações disponíveis;

f) o Relacionamento Operacional para microgeração;

g) as responsabilidades do consumidor;

h) eventuais informações sobre equipamentos ou cargas susceptíveis de

provocar distúrbios ou danos no sistema de distribuição acessado ou nas

instalações de outros consumidores.

Para conexão de microgeração distribuída em unidade consumidora existente

sem necessidade de aumento da potência disponibilizada, o Parecer de Acesso poderá

ser simplificado, indicando apenas as responsabilidades do consumidor e encaminhando

o Relacionamento Operacional. Compete à distribuidora a realização de todos os

estudos para a integração de microgeração, sem ônus ao consumidor. O prazo para

elaboração do parecer de acesso deve observar o seguinte:

a) não existindo pendências impeditivas por parte do consumidor, a

distribuidora deve emitir o parecer de acesso e encaminhá-lo por escrito ao

consumidor, sendo permitido o envio por meio eletrônico, nos seguintes

- 9 -

prazos, contados a partir da data de recebimento da solicitação de acesso:

até 15 (quinze) dias após o recebimento da solicitação de acesso, para

central geradora classificada como microgeração distribuída, quando não

houver necessidade de melhorias ou reforços no sistema de distribuição

acessado; até 30 (trinta) dias após o recebimento da solicitação de acesso,

para central geradora classificada como microgeração distribuída, quando

houver necessidade de execução de obras de melhoria ou reforço no sistema

de distribuição.

b) na hipótese de alguma informação de responsabilidade do consumidor estar

ausente ou em desacordo com as exigências da regulamentação, a

distribuidora deve notificar o consumidor, formalmente e de uma única vez,

sobre todas as pendências a serem solucionadas, devendo o consumidor

garantir o recebimento das informações pendentes pela distribuidora em até

15 (quinze) dias, contados a partir da data de recebimento da notificação

formal, sendo facultado prazo distinto acordado entre as partes;

c) na hipótese de a deficiência das informações referenciada ser pendência

impeditiva para a continuidade do processo, o prazo estabelecido deve ser

suspenso a partir da data de recebimento da notificação formal pelo

consumidor, devendo ser retomado a partir da data de recebimento das

informações pela distribuidora

O consumidor deve solicitar vistoria à distribuidora em até 120 (cento e vinte)

dias após a emissão do parecer de acesso. A inobservância do prazo estabelecido

implica a perda das condições de conexão estabelecidas no parecer de acesso, exceto se

um novo prazo for pactuado entre as partes.

O critério técnico operacional do consumidor com microgeração distribuída é o

ponto de conexão que nada mais é que o ponto de entrega da unidade consumidora,

conforme definido em regulamento específico e que para o caso de microgeradores, está

dispensada de realizar os estudos mais específicos, os quais, quando necessários, devem

ser realizados pela distribuidora sem ônus para o consumidor.

Levando em consideração os requisitos de projetos, deve-se observar que os

projetos das instalações de conexão devem seguir os critérios estabelecidos nas

Condições Gerais de Fornecimento de Energia Elétrica. A quantidade de fases e o nível

de tensão de conexão da central geradora serão definidos pela distribuidora em função

das características técnicas da rede e em conformidade com a regulamentação vigente.

- 10 -

As indicações dos requisitos mínimos do ponto de conexão da microgeração distribuída

são:

a) Elemento de desconexão: Chave seccionadora visível e acessível que a

distribuidora usa para garantir a desconexão da central geradora durante

manutenção em seu sistema, exceto para microgeradores que se conectam à

rede através de inversores;

b) Elemento de interrupção: Elemento de interrupção automático acionado por

proteção para microgeradores distribuídos;

c) Proteção de sub e sobretensão/ sobrefrequência: Não é necessário relé de

proteção específico, mas um sistema eletroeletrônico que detecte tais

anomalias e que produza uma saída capaz de operar na lógica de atuação do

elemento de interrupção.

d) Relé de sincronismo: Não é necessário relé de sincronismo específico, mas

um sistema eletroeletrônico que realize o sincronismo com a frequência da

rede e que produza uma saída capaz de operar na lógica de atuação do

elemento de interrupção, de maneira que somente ocorra a conexão com a

rede após o sincronismo ter sido atingido.

e) Anti-ilhamento: No caso de operação em ilha do consumidor, a proteção de

anti-ilhamento deve garantir a desconexão física entre a rede de distribuição

e as instalações elétricas internas à unidade consumidora, incluindo a

parcela de carga e de geração, sendo vedada a conexão ao sistema da

distribuidora durante a interrupção do fornecimento.

f) Medição: O sistema de medição bidirecional deve, no mínimo, diferenciar a

energia elétrica ativa consumida da energia elétrica ativa injetada na rede.

Para o caso de sistemas que se conectam à rede por meio de inversores, o

consumidor deve apresentar certificados atestando que os inversores foram ensaiados e

aprovados conforme normas técnicas brasileiras ou normas internacionais, ou o número

de registro da concessão do Inmetro para o modelo e a tensão nominal de conexão

constantes na solicitação de acesso, de forma a atender aos requisitos de segurança e

qualidade estabelecidos. Nos sistemas que se conectam à rede através de inversores, os

quais devem estar instalados em locais apropriados de fácil acesso, as proteções

relacionadas podem estar inseridas nos referidos equipamentos, sendo a redundância de

proteções desnecessária para microgeração distribuída. Os valores de referência a serem

- 11 -

adotados para os indicadores de tensão em regime permanente, fator de potência,

distorção harmônica, desequilíbrio de tensão, flutuação de tensão e variação de

frequência são os estabelecidos na Seção 8.1 do Módulo 8 – Qualidade da Energia

Elétrica. A distribuidora pode propor proteções adicionais, desde que justificadas

tecnicamente, em função de características específicas do sistema de distribuição

acessado, sem custos para microgeração distribuída.

No que tange aos procedimentos de implementação e vistoria das instalações, é

disposto que a distribuidora deve realizar vistoria das instalações de conexão de

microgeração distribuída, no prazo de até 7 (sete) dias, contados da data de solicitação

formal, com vistas à conexão ou ampliação das instalações do consumidor. Caso sejam

detectadas pendências nas instalações da unidade consumidora com microgeração

distribuída que impeçam sua conexão à rede, a distribuidora deve encaminhar ao

interessado, por escrito, em até 5 (cinco) dias, sendo permitido o envio por meio

eletrônico, relatório contendo os respectivos motivos e uma lista exaustiva com todas as

providências corretivas necessárias. Após sanadas as pendências detectadas no relatório

de vistoria, o consumidor deve formalizar nova solicitação de vistoria à distribuidora.

Nos casos em que for necessária a execução de obras para o atendimento da unidade

consumidora com microgeração distribuída, o prazo de vistoria começa a ser contado a

partir do primeiro dia útil subsequente ao da conclusão da obra, conforme cronograma

informado pela distribuidora, ou do recebimento, pela distribuidora, da obra executada

pelo interessado. A distribuidora deve emitir a aprovação do ponto de conexão,

liberando-o para sua efetiva conexão, no prazo de até 7 (sete) dias a partir da data de

realização da vistoria na qual se constate a adequação das instalações de conexão da

microgeração distribuída.

E quanto aos requisitos para operação, manutenção e segurança da conexão, é

regulamentado que o consumidor deve instalar no ponto de conexão, junto ao padrão de

entrada, sinalização indicativa da existência na unidade consumidora de geração própria

através de placa de advertência. Para a elaboração do Relacionamento Operacional,

deve-se fazer referência ao Contrato de Adesão (ou número da unidade consumidora),

Contrato de Fornecimento ou Contrato de Compra de Energia Regulada para a unidade

consumidora associada à central geradora classificada como microgeração distribuída e

participante do sistema de compensação de energia elétrica da distribuidora local, nos

termos da regulamentação específica.

- 12 -

2.2 Sistema de Medição

O sistema de medição deve atender às mesmas especificações exigidas para

unidades consumidoras conectadas no mesmo nível de tensão da microgeração

distribuída, acrescido da funcionalidade de medição bidirecional de energia elétrica

ativa. Para conexão de microgeração distribuída em unidade consumidora existente sem

necessidade de aumento da potência disponibilizada, a distribuidora não pode exigir a

adequação do padrão de entrada da unidade consumidora em função da substituição do

sistema de medição existente, exceto se, for constatado descumprimento das normas e

padrões técnicos vigentes à época da sua primeira ligação ou houver inviabilidade

técnica devidamente comprovada para instalação do novo sistema de medição no padrão

de entrada existente. A medição bidirecional pode ser realizada por meio de dois

medidores unidirecionais, um para aferir a energia elétrica ativa consumida e outro para

a energia elétrica ativa gerada, caso seja a alternativa de menor custo ou seja solicitado

pelo titular da unidade consumidora com microgeração distribuída. A distribuidora é

responsável por adquirir e instalar o sistema de medição, sem custos para o consumidor

no caso de microgeração distribuída, assim como pela sua operação e manutenção,

incluindo os custos de eventual substituição. A distribuidora deve adequar o sistema de

medição e iniciar o sistema de compensação de energia elétrica dentro do prazo para

aprovação do ponto de conexão.

2.3 Formalização da Contratação

Dispensa-se a assinatura dos contratos de uso e conexão na qualidade de central

geradora para os participantes do sistema de compensação de energia elétrica, nos

termos da regulamentação específica, sendo suficiente a emissão pela Distribuidora do

Relacionamento Operacional para a microgeração, o qual deverá ser encaminhado pela

distribuidora ao consumidor em anexo ao Parecer de Acesso. Caso sejam necessárias

melhorias ou reforços na rede para conexão da microgeração distribuída, a execução da

obra pela distribuidora deve ser precedida da assinatura de contrato específico com o

interessado, no qual devem estar discriminados as etapas e o prazo de implementação

das obras, as condições de pagamento da participação financeira do consumidor, além

de outras condições vinculadas ao atendimento. A unidade consumidora que aderir ao

sistema de compensação de energia elétrica da distribuidora deve ser faturada conforme

- 13 -

regulamentação específica para microgeração distribuída e observada as Condições

Gerais de Fornecimento, não se aplicando as regras de faturamento de centrais

geradoras estabelecidas em regulamentos específicos.

2.4 Sistema de compensação de energia elétrica

Em síntese, esse sistema permite que a energia excedente gerada pela unidade

consumidora com microgeração seja injetada na rede da distribuidora, armazenando

esse excedente até o momento em que a unidade consumidora necessite de energia

proveniente da distribuidora. Dessa forma, a energia elétrica gerada por essas unidades

consumidoras é cedida à distribuidora local, sendo posteriormente compensada com o

consumo de energia elétrica dessa mesma unidade consumidora (ou de outra unidade

consumidora de mesma titularidade). Na prática, se em um determinado ciclo de

faturamento a energia injetada na rede pelo microgerador for maior que a consumida, o

consumidor receberá um crédito em energia na forma de kWh, na próxima fatura. Caso

contrário, o consumidor pagará apenas a diferença entre a energia consumida e a gerada.

Cabe ressaltar que, dependendo da forma de incidência dos impostos em cada

Estado, o consumidor terá ainda que pagar os impostos incidentes sobre o total da

energia absorvida da rede, bem como para unidades consumidoras conectadas em baixa

tensão (grupo B), ainda que a energia injetada na rede seja superior ao consumo, será

devido o pagamento referente ao custo de disponibilidade, equivalente ao sistema

monofásico, bifásico ou trifásico. Em regra, o consumo de energia elétrica a ser faturado

corresponde à diferença entre a energia consumida e a injetada. E, havendo excedente

de energia injetada que não tenha sido compensada no ciclo de faturamento corrente, a

distribuidora utilizará essa diferença positiva para abater o consumo medido em outros

postos tarifários, outras unidades consumidoras de mesmo titular ou nos meses

subsequentes. Caso o consumidor tenha outras unidades consumidoras em sua

titularidade na mesma área de concessão, os montantes de energia ativa injetada que não

tenham sido compensados na própria unidade consumidora poderão compensar o

consumo dessas outras unidades, desde que tenham sido cadastradas previamente para

tal fim. Nessa circunstância, o consumidor deverá indicar a ordem de prioridade das

suas unidades consumidoras para participação no sistema de compensação, observada a

regra de que a unidade de instalação da geração deve ser a primeira a ter o consumo

compensado. Após a compensação em todos os postos tarifários e em todas as demais

- 14 -

unidades consumidoras, os créditos de energia ativa porventura existentes serão

utilizados para abatimento da fatura dos meses subsequentes e expirarão 60 meses após

a data de faturamento, sendo revertidos em prol da modicidade tarifária e sem direito do

consumidor a quaisquer formas de compensação.

A ordem de compensação dos créditos se dá da seguinte forma:

a) A energia ativa gerada em determinado posto horário deve ser utilizada para

compensar a energia ativa consumida nesse mesmo posto;

b) Havendo excedente, os créditos de energia ativa devem ser utilizados para

compensar o consumo em outro posto horário, na mesma unidade

consumidora e no mesmo ciclo de faturamento;

c) Restando créditos, o excedente deve ser utilizado para abater o consumo de

energia ativa em outra unidade consumidora escolhida pelo consumidor, no

mesmo posto horário em que a energia foi gerada e no mesmo ciclo de

faturamento;

d) O eventual excedente após aplicação do item anterior deve ser utilizado para

abater o consumo da unidade consumidora escolhida pelo consumidor e

referenciada no item 3, no mesmo ciclo de faturamento, mas em outro posto

horário;

e) Caso ainda haja excedente, o processo descrito nos itens 3 e 4 deve ser

repetido para as demais unidades consumidoras cadastradas previamente

pelo consumidor, obedecida a ordem de prioridade escolhida por ele;

f) Após aplicação do item 5, até o esgotamento das unidades consumidoras

cadastradas, caso ainda existam créditos de energia ativa, o procedimento

descrito nos itens 1 a 5 deve ser repetido nessa ordem para os ciclos de

faturamento posteriores, obedecido o limite de 60 meses de validade dos

créditos.

Com mais abrangência no tema, tem-se sob a REN 482/2012, alterada pela REN

687/2015, que, podem aderir ao sistema de compensação de energia elétrica os

consumidores responsáveis por unidade consumidora com microgeração distribuída,

integrante de empreendimento de múltiplas unidades consumidoras, caracterizada como

geração compartilhada, caracterizada como autoconsumo remoto.

Para fins de compensação, a energia ativa injetada no sistema de distribuição

pela unidade consumidora será cedida a título de empréstimo gratuito para a

- 15 -

distribuidora, passando a unidade consumidora a ter um crédito em quantidade de

energia ativa a ser consumida por um prazo de 60 (sessenta) meses.

A distribuidora não pode incluir os consumidores no sistema de compensação de

energia elétrica nos casos em que for detectado, no documento que comprova a posse ou

propriedade do imóvel onde se encontra instalada a microgeração ou minigeração

distribuída, que o consumidor tenha alugado ou arrendado terrenos, lotes e propriedades

em condições nas quais o valor do aluguel ou do arrendamento se dê em reais por

unidade de energia elétrica.

No faturamento de unidade consumidora integrante do sistema de compensação

de energia elétrica devem ser observados os seguintes procedimentos:

a) deve ser cobrado, no mínimo, o valor referente ao custo de disponibilidade

para o consumidor do grupo B;

b) para o caso de unidade consumidora com microgeração distribuída, exceto

para empreendimento de múltiplas unidades consumidoras, o faturamento

deve considerar a energia consumida, deduzidos a energia injetada e

eventual crédito de energia acumulado em ciclos de faturamentos anteriores,

por posto tarifário, quando for o caso, sobre os quais deverão incidir todas

as componentes da tarifa em R$/MWh;

c) para o caso de unidade consumidora com microgeração ou minigeração

distribuída a que se refere o empreendimento de múltiplas unidades

consumidoras, o faturamento deve considerar a energia consumida,

deduzidos o percentual de energia excedente alocado a essa unidade

consumidora e eventual crédito de energia acumulado em ciclos de

faturamentos anteriores, por posto tarifário, quando for o caso, sobre os

quais deverão incidir todas as componentes da tarifa em R$/MWh;

d) o excedente de energia é a diferença positiva entre a energia injetada e a

consumida, exceto para o caso de empreendimentos de múltiplas unidades

consumidoras, em que o excedente é igual à energia injetada;

e) quando o crédito de energia acumulado em ciclos de faturamentos anteriores

for utilizado para compensar o consumo, não se deve debitar do saldo atual

o montante de energia equivalente ao custo de disponibilidade, aplicado aos

consumidores do grupo B;

f) o excedente de energia que não tenha sido compensado na própria unidade

consumidora pode ser utilizado para compensar o consumo de outras

- 16 -

unidades consumidoras, observando o enquadramento como

empreendimento com múltiplas unidades consumidoras, geração

compartilhada ou autoconsumo remoto;

g) para o caso de unidade consumidora em local diferente da geração, o

faturamento deve considerar a energia consumida, deduzidos o percentual

de energia excedente alocado a essa unidade consumidora e eventual crédito

de energia acumulado em ciclos de faturamentos anteriores, por posto

tarifário, quando for o caso, sobre os quais deverão incidir todas as

componentes da tarifa em R$/MWh;

h) o titular da unidade consumidora onde se encontra instalada a microgeração

ou minigeração distribuída deve definir o percentual da energia excedente

que será destinado a cada unidade consumidora participante do sistema de

compensação de energia elétrica, podendo solicitar a alteração junto à

distribuidora, desde que efetuada por escrito, com antecedência mínima de

60 (sessenta) dias de sua aplicação e, para o caso de empreendimento com

múltiplas unidades consumidoras ou geração compartilhada, acompanhada

da cópia de instrumento jurídico que comprove o compromisso de

solidariedade entre os integrantes;

i) para cada unidade consumidora participante do sistema de compensação de

energia elétrica, encerrada a compensação de energia dentro do mesmo ciclo

de faturamento, os créditos remanescentes devem permanecer na unidade

consumidora a que foram destinados;

j) quando a unidade consumidora onde ocorreu a geração excedente for

faturada na modalidade convencional, os créditos gerados devem ser

considerados como geração em período fora de ponta no caso de se utilizá-

los em outra unidade consumidora;

k) em cada unidade consumidora participante do sistema de compensação de

energia elétrica, a compensação deve se dar Inicialmente no posto tarifário

em que ocorreu a geração e, posteriormente, nos demais postos tarifários,

devendo ser observada a relação dos valores das tarifas de energia;

l) os créditos de energia ativa expiram em 60 (sessenta) meses após a data do

faturamento e serão revertidos em prol da modicidade tarifária sem que o

consumidor faça jus a qualquer forma de compensação após esse prazo;

- 17 -

m) eventuais créditos de energia ativa existentes no momento do encerramento

da relação contratual do consumidor devem ser contabilizados pela

distribuidora em nome do titular da respectiva unidade consumidora pelo

prazo máximo de 60 (sessenta) meses após a data do faturamento, exceto se

houver outra unidade consumidora sob a mesma titularidade e na mesma

área de concessão, sendo permitida, nesse caso, a transferência dos créditos

restantes;

n) adicionalmente às informações definidas na Resolução Normativa n° 414,

de 2010, a fatura dos consumidores que possuem microgeração ou

minigeração distribuída deve conter, a cada ciclo de faturamento:

i. informação da participação da unidade consumidora no sistema de

compensação de energia elétrica;

ii. o saldo anterior de créditos em kWh;

iii. a energia elétrica ativa consumida, por posto tarifário;

iv. a energia elétrica ativa injetada, por posto tarifário;

v. histórico da energia elétrica ativa consumida e da injetada nos últimos

12 ciclos de faturamento;

vi. o total de créditos utilizados no ciclo de faturamento, discriminados

por unidade consumidora;

vii. o total de créditos expirados no ciclo de faturamento;

viii. o saldo atualizado de créditos;

ix. a próxima parcela do saldo atualizado de créditos a expirar e o ciclo

de faturamento em que ocorrerá;

o) as informações elencadas acima podem ser fornecidas ao consumidor, a

critério da distribuidora, por meio de um demonstrativo específico anexo à

fatura, correio eletrônico ou disponibilizado pela internet em um espaço de

acesso restrito, devendo a fatura conter, nesses casos, no mínimo as

informações elencadas anteriormente;

As unidades consumidoras cadastradas no sistema de compensação de energia

elétrica que não possuem microgeração distribuída instalada, além da informação de sua

participação no sistema de compensação de energia, a fatura deve conter o total de

créditos utilizados na correspondente unidade consumidora por posto tarifário, se

houver.

- 18 -

3. POTENCIAL NACIONAL DE ENERGIA EÓLICA E SOLAR

A partir do contato com os incentivos à adoção da microgeração de energia

distribuída, bem como o acesso às normativas e procedimentos para implantação dos

sistemas, faz-se necessário adquirir intimidade com a tecnologia das soluções a serem

aplicadas servindo-se das energias renováveis, o que neste caso se refere aos

aerogeradores que servem-se das fontes de vento e aos painéis fotovoltaicos que

servem-se da radiação solar. Entretanto, não basta ter conhecimento íntimo das

tecnologias e de suas legislações pertinentes, mas sim, consolidar procedimento para se

ter segurança de que as tecnologias pretendidas são viáveis e se há potencial energético

satisfatório no local de implantação de forma a favorecer ao sistema. E para isso, ao

menos para permitir a idealização preliminar na elaboração de projetos, é importante a

busca por informações do potencial energético, principalmente a partir dos Atlas de

Potencial Eólico [1] e Solar Brasileiro [2] [3], os quais possuem informações técnicas

suficientes para nortear a elaboração do projeto, inclusive os de microgeração

distribuída.

3.1 Viabilidade e Potencialidade Eólica

Segundo o Atlas de Potencial Eólico Brasileiro [1], a distribuição geral dos

ventos sobre o Brasil é controlada pelos aspectos da circulação geral planetária da

atmosfera próxima, conforme se observa na figura 1. Este aspecto permite que o Brasil

tenha uma pré-disposição climática que favorece satisfatoriamente a utilização do

sistema de geração de energia eólica, como será evidenciado.

Figura 1 - Distribuição Geral dos Ventos

Fonte: Atlas do Potencial Eólico Brasileiro, [1]

- 19 -

Dentre esses aspectos, sobressaem os sistemas de alta pressão anticiclone

subtropical do Atlântico Sul e do Atlântico Norte e a faixa de baixas pressões da

Depressão Equatorial. A posição média da Depressão Equatorial estende-se de oeste a

leste ao longo da região Norte do Brasil e sobre o Oceano Atlântico adjacente. Ela

coincide com a localização e orientação da Bacia Amazônica, no centro da qual existe

uma faixa persistente de baixas pressões.

A Depressão Equatorial é geralmente uma zona de pequenos gradientes de

pressão e ventos fracos. Ao norte da Depressão Equatorial os ventos são persistentes de

leste a nordeste. Ao sul, os ventos são persistentes de leste a sudeste entre a Depressão

Equatorial e o Anticiclone Subtropical Atlântico, o qual tem uma posição média anual

próxima a 30°S, 25°W. Esse perfil geral de circulação atmosférica induz ventos de leste

ou nordeste sobre o território brasileiro ao norte da Bacia Amazônica e no litoral

nordeste. Os ventos próximos à superfície são geralmente fracos ao longo da Depressão

Equatorial, porém aumentam de intensidade ao norte e ao sul dessa faixa.

A área entre a Depressão Equatorial e a latitude de 10°S é dominada pelos

ventos alísios de leste a sudeste. Ao sul da latitude 10°S, até o extremo sul brasileiro,

prevalecem os efeitos ditados pela dinâmica entre o centro de alta pressão Anticiclone

Subtropical Atlântico, os deslocamentos de massas polares e a Depressão do Nordeste

da Argentina – centro de baixas pressões a leste dos Andes.

Esse perfil geral de circulação atmosférica encontra variações significativas na

mesoescala e na microescala, por diferenças em propriedades de superfícies, tais como

geometria e altitude de terreno, vegetação e distribuição de superfícies de terra e água.

Esses fatores atuantes nas escalas menores podem resultar em condições de vento locais

que se afastam significativamente do perfil geral da larga escala da circulação

atmosférica. Uma síntese dessas características em menores escalas sobre a distribuição

dos regimes de vento é apresentada a seguir, organizada em 7 regiões geográficas: (1)

Bacia Amazônica Ocidental e Central; (2) Bacia Amazônica Oriental; (3) Zona

Litorânea Norte-Nordeste; (4) Zona Litorânea Nordeste-Sudeste; (5) Elevações

Nordeste-Sudeste; (6) Planalto Central; (7) Planaltos do Sul.

A Bacia Amazônica Ocidental e Central estende-se aproximadamente entre as

latitudes 10° S e 5° N, e longitudes 70° W e 55° W. As velocidades médias anuais de

vento a 50m de altura através dessa região são inferiores a 3,5m/s. O escoamento

atmosférico predominante de leste (alísios) sobre essa região é bastante reduzido pelo

- 20 -

atrito de superfície associado à longa trajetória sobre florestas densas e pelos gradientes

fracos de pressão associados à zona difusa de baixas pressões centrada nessa região da

Bacia Amazônica. Apesar de não refletida nos ventos de superfície, existe uma faixa

estreita de ventos médios anuais de 8m/s a 10m/s na camada entre 1.000m e 2.000m

acima da superfície; essa faixa inicia-se no Atlântico, a leste da foz do Rio Amazonas, e

estende-se para oeste sobre a porção norte da Bacia Amazônica e gradualmente se

enfraquece à medida que o escoamento aproxima-se das cadeias montanhosas da parte

oeste do continente. Essa faixa de altas velocidades tem pouco significado para os

ventos de superfície na Bacia Amazônica, porém torna-se uma fonte de energia eólica

para as áreas mais elevadas que ocorrem no extremo norte da Bacia Amazônica: é ela

que muito provavelmente constitui o principal fator para a existência de uma área

isolada de altas velocidades médias anuais de vento na região da Serra Pacaraima, em

Roraima, ao longo da fronteira Brasil-Venezuela. Naquela área, esse escoamento de

altitude alcança os níveis da superfície dos terrenos mais elevados, grande parte dos

quais cobertos pela baixa rugosidade de savanas, onde em alguns locais também

ocorrem canalizações orográficas. Entretanto, excetuando-se essa área isolada e única

na região, os ventos nessa grande área da Bacia Amazônica são bastante fracos. As

noites são geralmente de calmarias, ocorrendo ventos descendentes de montanhas,

fracos e ocasionais, nas áreas a leste e a sul dessa grande região. Durante o dia, podem

ocorrer ventos localizados mais fortes causados pelo aquecimento desigual da

superfície, induzidos por pequenas diferenças em vegetação, disponibilidade hídrica do

solo ou cobertura de nuvens. No entanto, é pequena a magnitude das velocidades de

vento geradas por esse processo, devido à baixa amplitude das variações de temperatura

e à alta rugosidade/atrito de superfície.

A Bacia Amazônica Oriental abrange a área continental a partir da longitude 55°

W (Santarém, PA) até aproximadamente 100km da costa que se estende entre o Amapá

e o Maranhão. A Depressão Equatorial permanece geralmente próxima a essa região, a

qual é dominada por ventos alísios de leste a nordeste, em sua porção norte, e leste a

sudeste, em sua porção sul. O vento médio anual é geralmente inferior a 3,5m/s devido

à proximidade dos gradientes fracos de pressão associados à Depressão Equatorial e ao

elevado atrito de superfície causado pela rugosidade da vegetação densa. Existe um

generalizado, porém pequeno, aumento nas velocidades de vento de oeste para leste ao

longo dessa região. Isso acontece porque o escoamento predominante de leste percorre

trajetórias gradualmente menores sobre as áreas de vegetação densa e o gradiente de

- 21 -

pressão aumenta gradualmente para o leste, devido aos contrastes térmicos mais

acentuados entre continente e mar. As máximas velocidades médias anuais de vento

nessa região são encontradas nas porções nordeste e sudeste, onde existem elevações de

terreno que aceleram os ventos pelo efeito de compressão vertical do escoamento

atmosférico, e especialmente na porção nordeste, onde algumas elevações alcançam as

velocidades de vento de camadas mais altas da atmosfera atuantes nessa área.

A Zona Litorânea Norte-Nordeste é definida como a faixa costeira com cerca de

100km de largura, que se estende entre o extremo norte da costa do Amapá e o Cabo de

São Roque, no Rio Grande do Norte. Nessa região, os ventos são controlados

primariamente pelos alísios de leste e brisas terrestres e marinhas. Essa combinação das

brisas diurnas com os alísios de leste resulta em ventos médios anuais entre 5m/s e

7,5m/s na parte norte dessa região (litorais do Amapá e Pará) e entre 6m/s a 9m/s em

sua parte sul, que abrange os litorais do Maranhão, Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte.

As velocidades são maiores na parte sul devido a dois principais fatores: (1) os ventos

alísios geralmente tornam-se mais fortes à medida que se afastam da Depressão

Equatorial; (2) as brisas marinhas são significativamente acentuadas ao sul dessa região

em razão dos menores índices de vegetação e de umidade do solo, fazendo que a

superfície do solo atinja temperaturas mais elevadas durante as horas de sol e,

consequentemente, acentuando o contraste de temperaturas terra-mar e as brisas

marinhas resultantes. As maiores velocidades médias anuais de vento ao longo dessa

região estão ao norte do Cabo de São Roque, abrangendo os litorais do Rio Grande do

Norte e Ceará, onde a circulação de brisas marinhas é especialmente intensa e alinhada

com os ventos alísios de leste-sudeste. Adicionalmente, ocorrem áreas em que os ventos

são acentuados por bloqueios ao escoamento causados por montanhas na parte

continental. Entretanto, o vento médio anual decresce rapidamente à medida que se

desloca da costa para o interior, devido ao aumento de atrito e rugosidade de superfície

e ao enfraquecimento da contribuição das brisas marinhas.

A Zona Litorânea Nordeste-Sudeste é definida como a faixa de

aproximadamente 100km de largura que se estende entre o Cabo de São Roque (RN) até

aproximadamente o Estado do Rio de Janeiro. As velocidades médias anuais decrescem

de 8-9 m/s na porção norte (Rio Grande do Norte) até 3,5m/s a 6m/s sobre a maioria da

costa que se estende até o Sudeste. A exceção mais significativa desse comportamento

está na costa entre as latitudes 21° S e 23° S (sul do Espírito Santo e nordeste do Rio de

Janeiro), onde as velocidades são próximas de 7,5m/s. Isso é resultante do efeito de

- 22 -

bloqueio do escoamento leste-nordeste (causado pelo Anticiclone Subtropical Atlântico)

pelas montanhas imediatamente a oeste da costa. Nesse caso, é criada uma espécie de

aceleração por obstáculo, pois o ar acelera-se para o sul para aliviar o acúmulo de massa

causado pelo bloqueio das formações montanhosas. Ao sul dessa região, a costa do

Estado do Rio de Janeiro desvia-se para oeste, onde os ventos passam a ser

consideravelmente mais fracos devido ao abrigo das montanhas a norte e a nordeste.

Disso resultam velocidades relativamente menores na região que engloba a cidade do

Rio de Janeiro.

As Elevações Nordeste-Sudeste são definidas como as áreas de serras e chapadas

que se estendem ao longo da costa brasileira, desde o Rio Grande do Norte até o Rio de

Janeiro, a distâncias de até 1.000km da costa. Velocidades médias anuais de 6,5m/s até

8m/s devem ser encontradas nos cumes das maiores elevações da Chapada Diamantina e

da Serra do Espinhaço. Essas áreas de maiores velocidades ocorrem em forma

localizada, primariamente devido ao efeito de compressão vertical do escoamento

predominante em larga escala, que é leste nordeste, quando ultrapassa a barreira elevada

das serras.

Os ventos anuais mais intensos são geralmente encontrados nas maiores

elevações, onde o efeito de compressão é mais acentuado. No entanto, o escoamento

atmosférico é bastante complexo nessa região, existindo outras características locais

com influência adicional, resultantes de uma combinação de fatores relacionados à

topografia e ao terreno.

O Planalto Central está ao sul da Bacia Amazônica e estende-se desde a margem

esquerda da Bacia do Rio São Francisco até as fronteiras com Bolívia e Paraguai. Essa

região é dominada pelo escoamento leste-sudeste em torno do Anticiclone Subtropical

Atlântico. A velocidade média anual na região situa-se geralmente entre 4m/s e 6m/s. A

intensidade do escoamento de leste predominante em larga escala aumenta para o sul,

onde o gradiente de pressão é mais acentuado e a superfície tem menor rugosidade, pela

vegetação menos densa. Assim, as velocidades médias anuais de vento variam de 3m/s a

4m/s ao norte dessa região (no limite sul da Bacia Amazônica) para 5m/s a 6m/s sobre a

porção sul do extenso planalto. Destacam-se nessa área algumas regiões mais elevadas a

oeste, na fronteira com o Paraguai (no Mato Grosso do Sul), onde as velocidades

médias anuais aproximam-se de 7m/s, resultantes principalmente do efeito de

compressão vertical do escoamento ao transpor as elevações.

- 23 -

Na região mais ao sul do Brasil estão os Planaltos do Sul, que se estendem

aproximadamente de 24°S (São Paulo) até os limites ao sul do Rio Grande do Sul. O

escoamento atmosférico geral nessa área é controlado pela Depressão do Nordeste da

Argentina, uma área quase permanente de baixas pressões, geralmente estacionária ao

leste dos Andes sobre planícies secas e o Anticiclone Subtropical Atlântico. A posição

média da Depressão do Nordeste da Argentina é aproximadamente 29°S, 66°W, sendo

criada pelo bloqueio da circulação atmosférica geral pelos Andes e por intenso

aquecimento da superfície na região.

O gradiente de pressão entre a Depressão do Nordeste da Argentina e o

Anticiclone Subtropical Atlântico induz um escoamento persistente de nordeste ao

longo dessa área. Desse escoamento resultam velocidades médias anuais de 5,5m/s a

6,5m/s sobre grandes áreas da região. Entretanto, esse escoamento é significativamente

influenciado pelo relevo e pela rugosidade do terreno.

Os ventos mais intensos estão entre 7m/s e 8m/s e ocorrem nas maiores

elevações montanhosas do continente, bem como em planaltos de baixa rugosidade,

como os Campos de Palmas. Outra área com velocidades superiores a 7m/s encontra-se

ao longo do litoral sul, onde os ventos predominantes leste-nordeste são acentuados pela

persistente ação diurna das brisas marinhas.

A partir dos aspectos expostos, e por consequência dos resultados de simulações

realizadas, foram elaborados mapas temáticos por escalas de cores, representando os

regimes de vento e fluxos de potência eólica na altura de 50 metros, na resolução

horizontal de 1km x 1km, para todo o país. Os mapas revelam que existem extensas

áreas com potencial promissor para o aproveitamento eólio-elétrico em todas as regiões

do Brasil. Dessa forma, sugere-se a consulta direta aos mapas dos potenciais eólicos

deste ATLAS, para uma síntese e identificação detalhada das melhores áreas, como

premissa à idealização de um projeto de aerogeradores.

Potencial Eólico Anual

O mapa de potencial eólico anual, revela uma importante complementaridade

geográfica entre os potenciais eólico e hidráulico no Brasil: de modo geral, as melhores

áreas para aproveitamento eólico situam-se nas extremidades do sistema elétrico,

distantes da geração hidrelétrica. Nessa situação, a inserção de energia eólica no sistema

elétrico melhora seu desempenho.

- 24 -

Potencial Eólico Sazonal

Também confirmam a existência de complementaridade sazonal entre os

regimes naturais de vento e as vazões naturais hídricas na parcela hidrelétrica

predominante do sistema elétrico brasileiro atual. Nesse sistema, a inserção de energia

eólica potencializa uma maior estabilidade sazonal na oferta de energia. As

oportunidades para o uso de geração eólica isolada são geograficamente mais

abrangentes, pois turbinas eólicas pequenas são muitas vezes capazes de atender às

demandas isoladas com velocidades menores de vento. Para esse tipo de aproveitamento

existem amplas áreas em todo o Brasil, com exceção da Floresta Amazônica.

Potencial Eólico Regional

O Atlas de Potencial Eólico Brasileiro [1] pode ser utilizado na pré-identificação

das melhores áreas para projetos de aproveitamentos eólio-elétricos. Entretanto, devido

à grande sensibilidade da energia eólica às condições de microescala, a localização

exata das turbinas eólicas e a avaliação econômica do empreendimento deve seguir

programas específicos de medições, compatíveis com os padrões da indústria eólica,

para se obter em dados com a precisão exigida pelo projeto. Todavia, para uma melhor

observância do potencial eólico para viabilizar questões preliminares de projeto, são

apresentados os mapas de potencial regional.

Potencial Eólico Estimado

Sob as considerações finais do Atlas do Potencial Eólico Brasileiro [1], as

condições médias anuais de vento para todo o território brasileiro está na resolução de

1km x 1km. E através da integração dos mapas digitais, servindo-se de recursos de

geoprocessamento e cálculos de desempenho e produção de energia elétrica a partir de

curvas de potência de turbinas eólicas existentes no mercado, foi possível adquirir

resultados significativos da estimativa de potencial eólico-elétrico. Com esses

resultados, foi possível estimar um potencial disponível (segundo as premissas

anteriores) da ordem de 143 GW. Na figura 2, apresenta-se estimativa de potencial

eólico-elétrico.

- 25 -

Figura 2 - Total Brasil Estimado - Potencial Eólico-Elétrico

Fonte: Atlas do Potencial Eólico Brasileiro [1]

Na figura 3 abaixo é apresentada a estimativa do potencial eólico-eletrico por

região.

Figura 3 - Total Brasil Estimado - Potencial Eólico-Elétrico por região

Fonte: Atlas do Potencial Eólico Brasileiro [1]

- 26 -

3.2 Viabilidade e Potencialidade Solar

Assim como no campo da geração de energia a partir de aerogeradores, para

viabilizar os projetos de sistemas de aproveitamento de energia solar, são necessários

pesquisa específica sobre a radiação solar na superfície terrestre. Estas pesquisas têm

como base o aferimento radiação extraterrestre, realizada por satélites, em conjunto com

a adoção de métodos de cálculos matemáticos e a medição da radiação solar ao nível do

solo. Para calcular a radiação ao nível do solo são utilizados dispositivos específicos

normatizados, tais como, os piranômetros, pireliômetros, heliógrafos e acinógrafos.

No Brasil há dois principais guias seguros sobre a radiação solar em território

brasileiro. O Atlas Solarimétrico do Brasil [2] e o Atlas Brasileiro de Energia Solar [3]

que complementam-se a partir de seus estudos e avaliações, disponibilizando as

variações na radiação captada na superfície do território brasileiro ao longo de um ano.

O Atlas Solarimétrico [2] dentre outras particularidades, apresenta os valores da

radiação no plano horizontal em mega joules por metro quadrado (MJ/m²). E avaliam

através de cartas de radiação que a radiação solar global diária, média mensal, mostram

que a radiação solar no Brasil varia entre 8 a 22 MJ/m².dia e revelam um período de

mínimo no trimestre maio-junho-julho, onde as estações solarimétricas registram

intensidade de radiação na faixa de 8 a 18 MJ/m².dia. Verifica-se também neste

trimestre que o centro de máxima ( 18 MJ/m².dia) ocorre sobre uma vasta região

compreendida entre leste do estado de Pará, oeste dos estados de Ceará e Bahia e a

fronteira sul do estado da Bahia. A tendência de mínima ( 8 MJ/m².dia) ocorre ao sul do

estado de Rio Grande do Sul. Estes fatos são exemplificados nas isolinhas de radiação

solar diária, média mensal, para o mês de maio, junho e julho.

Já no trimestre outubro-novembro-dezembro, observa-se que as estações

solarimétricas registram intensidades de radiação acima de 16 MJ/m².dia, atingindo um

valor máximo de 24 MJ/m².dia. Neste período ocorre um centro de máxima de 24

MJ/m².dia em uma região pequena do centro-oeste do Rio Grande do Sul e valores de

22 MJ/m².dia em uma região relativamente vasta do Nordeste do Brasil. Neste período a

tendência de mínima de 16 MJ/m².dia ocorre na vastíssima região Amazônica. Onde se

exemplificam estes fatos mostrando as isolinhas da radiação solar diária, média mensal,

para os meses de outubro, novembro e dezembro.

Também pode ser deduzido das cartas de isolinhas de radiação solar, que o

menor índice de nebulosidade (maior índice de radiação Solar) se concentra na parte

- 27 -

central da região Nordeste do Brasil, onde as influências da costa marítima, da Zona de

Convergência Inter-Tropical e dos sistemas Frontais do Sul são menores. Convém

ressaltar que as cartas de distribuição espacial de radiação solar diária, média mensal

representam apenas uma primeira aproximação do campo de energia solar disponível à

superfície. Para situações locais deve-se recorrer às médias numéricas das respectivas

estações solarimétricas.

Cartas de Isolinhas de Radiação Solar

As cartas de isolinhas de radiação solar, trazem mensalmente os aspectos

potenciais de energia solar numa média diária, consolidando o estudo numa média

potencial anual, conforme o que se segue na figura 4 com potências mínimas e máximas

em média anual.

Figura 4 - Mapa de Radiação Solar Diária, média mensal - ANUAL

Fonte: Atlas Solarimétrico do Brasil [2]

Cartas de Isolinhas de Insolação

As cartas de isolinhas de insolação, trazem mensalmente os aspectos potenciais

de energia solar numa média diária, consolidando o estudo numa média potencial anual,

- 28 -

conforme o que se segue na figura 5 com potências mínimas e máximas em média

anual.

Figura 5 - Mapa de Insolação diária, Média Mensal - ANUAL

Fonte: Atlas Solarimétrico do Brasil [2]

O Atlas Brasileiro de Energia Solar [3] expressa os resultados em quilowatts

hora por metro quadrado. O valor dado em kWh/m² é chamado de Horas de Sol Pico

(HSP) ou Horas de Sol Pleno. A Radiação solar oscila durante o dia e tem sua maior

intensidade ao meio-dia-solar. Do nascer ao pôr do sol, a radiação solar vai do mínimo

ao máximo, e de volta ao mínimo. É importante salientar que as nuvens influenciam a

Irradiância Direta, fazendo com que se possa captar menos energia. As horas de sol pico

consistem entre duas a três horas antes e depois do meio-dia-solar. O meio-dia-solar no

momento em que os raios de sol se projetam na direção Norte-Sul, no meridiano local.

Observa-se que o meio dia solar varia durante o ano, e dessa forma, normalmente será

distinto ao meio dia no horário civil.

Dentre várias questões o Atlas Brasileiro de Energia Solar [3] dispõe que todos

os mapas a seguir apresentam os valores médios das estimativas do total diário de

irradiação solar para o período de julho de 1995 a dezembro de 2005 - uma década

- 29 -

completa de dados. Os mapas estão na resolução espacial de 10km x 10km. Ainda

sendo referência para idealizações de projeto no campo de geração de energia solar.

A média anual do total diário de irradiação solar global incidente no território

brasileiro, apesar das diferentes características climáticas observadas no Brasil, pode-se

observar que a média anual de irradiação global apresenta boa uniformidade, com

médias anuais relativamente altas em todo país. O valor máximo de irradiação global –

6,5kWh/m² - ocorre no norte do estado da Bahia, próximo à fronteira com o estado do

Piauí. Essa área apresenta um clima semi-árido com baixa precipitação ao longo do ano

(aproximadamente 300mm/ano) e a média anual de cobertura de nuvens mais baixa do

Brasil. A menor irradiação solar global – 4,25kWh/m² – ocorre no litoral norte de Santa

Catarina, caracterizado pela ocorrência de precipitação bem distribuída ao longo do ano.

Nas médias sazonais da irradiação global diária, Os meses do ano foram

classificados em 4 estações de modo que o período de dezembro a fevereiro refere-se ao

Verão, de março a maio ao Outono, de junho a agosto ao Inverno e de setembro a

novembro refere-se à Primavera. A região Norte recebe menor incidência de radiação

solar durante o Verão do que a região Sul, apesar de sua localização próxima à linha do

Equador. Durante os meses de Inverno, ocorre o inverso e a região amazônica recebe

maior irradiação solar global. Isso se deve às características climáticas da região

amazônica que apresenta fração de cobertura de nuvens e precipitação elevadas durante

o Verão devido à forte influência da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT). A

variação da incidência de radiação solar entre o Inverno e Verão é menor na região

Norte do que nas regiões Sul e Sudeste. O decréscimo natural da incidência de radiação

solar no topo da atmosfera que ocorre no Inverno em decorrência de fatores

astronômicos associados ao sistema Sol-Terra é compensado na região amazônica por

uma menor nebulosidade associada ao deslocamento da ZCIT em direção ao hemisfério

norte. O deslocamento da ZCIT associado à incursão dos ventos Alísios provenientes do

Oceano Atlântico é responsável por altas taxas de precipitação (cerca de 1100mm) no

noroeste da região Amazônica, mesmo durante o período de estiagem entre julho e

setembro. Em razão disso, o oeste do estado do Amazonas apresenta as menores

irradiações solares da região Norte do Brasil durante todo o ano. A incursão dos ventos

Alísios também explica a menor irradiação solar no litoral e região costeira do Nordeste

Brasileiro. Os valores máximos de irradiação solar são observados a oeste da região

Nordestina, incluindo parcialmente o norte de Minas Gerais, o nordeste de Goiás e o sul

de Tocantins. Durante todo o ano, a influência da Alta Tropical, que está associada ao

- 30 -

Anticiclone Tropical do Atlântico Sul, confere um regime estável de baixa nebulosidade

e alta incidência de irradiação solar para essa região semi-árida.

A irradiação solar global apresenta maior variação inter-sazonal na região Sul.

Também é na região Sul que são observados os menores valores de irradiação global no

Brasil, notadamente na costa norte do estado de Santa Catarina, litoral do Paraná e

litoral sul de São Paulo. As características de clima temperado dessa região e a

influência de sistemas frontais associados ao Anticiclone Polar Antártico contribuem

para o aumento da nebulosidade na região, principalmente durante os meses de Inverno.

Assim como a região Norte, a região Central do Brasil recebe maior incidência de

radiação solar durante as estações secas (Outono e Inverno), particularmente entre os

meses de julho e setembro, quando a precipitação é baixa e o número de dias com céu

claro é maior.

A média do total diário de irradiação solar na faixa espectral fotossinteticamente

ativa, denominada PAR, embora essa radiação não tenha uma aplicação direta na área

de energia, o conhecimento dessa radiação tem impliplicações na área de agronegócios

e, portanto, no setor de biocombustíveis, alem de ser importante para a determinação da

produtividade primária. Os maiores níveis de irradiação PAR ocorrem durante a

Primavera, sobre as regiões Nordeste e Centro-Oeste, e durante o Verão, na região Sul e

Nordeste.

As médias anual e sazonais da irradiação solar diária incidente sobre um plano

com inclinação igual a latitude do pixel em consideração, não levando em conta a

topografia local, essa configuração é a que possibilita a máxima captação da energia

solar incidente. A irradiação solar sobre o plano inclinado apresenta forte influência do

albedo de superfície. Os maiores níveis de irradiação no plano inclinado ocorrem na

faixa que vai do Nordeste ao Sudeste durante a Primavera e os menores valores em

todas as regiões do Brasil ocorrem durante os meses de Inverno.

As médias anuais e sazonais para a componente difusa do total diário da

irradiação solar, onde na média anual, pode-se observar que a região Norte do país é a

que apresenta maiores níveis de radiação difusa, principalmente sobre a foz do rio

Amazonas. Isso se deve a maior nebulosidade na região em decorrência da ZCIT.

Sazonalmente, os maiores níveis de radiação difusa ocorrem durante o Verão sobre toda

a região Amazônica e os menores índices ocorrem durante o Inverno sobre as regiões

Sudeste e Sul.

- 31 -

Com o objetivo de avaliar como o fluxo de radiação solar incidente na

superfície varia em torno dos valores médios anuais e sazonais apresentados nos mapas

anteriores, foram desenvolvidos dois estudos, um estudo da variabilidade média anual e

um estudo da variabilidade média para cada estação do ano. Na variabilidade anual,

pode-se interpretar a informação contida no mapa como a dispersão média apresentada

pelos valores do total diário em torno de sua média no período de 10,5 anos de dados,

considerados na elaboração, ou seja, uma variabilidade anual igual a 0,45 significa que

o total diário de irradiação solar global apresentou uma dispersão média de 45% em

torno do valor médio apresentado no mapa de radiação solar global horizontal.

Analisando o mapa de variabilidade anual, pode-se notar que toda a região amazônica e

a parte setentrional das regiões Nordeste e Centro-Oeste, incluindo o norte do estado de

São Paulo e o oeste de Minas Gerais, apresentam menor variabilidade ao longo do ano –

menor de 25%. Essas regiões apresentam diferentes características climáticas que

reduzem a variabilidade da irradiação solar incidente na superfície ao longo do ano

como por exemplo a baixa nebulosidade durante todo o ano na região semi-árida do

Nordeste e a elevada nebulosidade durante o Verão na região amazônica. Grande parte

da região Sul e o leste da região Sudeste apresentou uma variabilidade anual entre 30 e

35% causada principalmente pela penetração das massas de ar polares durante a estação

seca do ano (maio a outubro). Os maiores valores de variabilidade foram observados na

região costeira desde Santa Catarina até São Paulo.

Já quanto a variabilidade sazonal para as quatro estações do ano, verifica-se que

as variabilidades sazonais apresentam o mesmo padrão verificado para a variabilidade

anual. Toda a área centro-norte do país – a região amazônica, o cerrado, a região semi-

arida do Nordeste, oeste de Minas Gerais e noroeste de São Paulo – apresenta as

menores variabilidades sazonais. Por outro lado, a área costeira das regiões Sul e

Sudeste apresenta a maior variabilidade em todas as estações do ano. Vale mencionar

que a área central do Brasil e a região amazônica apresentam menor variabilidade

durante o Inverno (junho a agosto) e maior variabilidade durante o Verão. Esse

comportamento reflete a variação da nebulosidade ao longo do ano. Durante o Inverno

ocorrem poucas chuvas em toda essa região e o número de dias com céu claro é maior,

reduzindo a variabilidade da irradiação solar na região. A presença de maior

nebulosidade durante o Verão acarreta uma variabilidade maior da irradiação solar

durante esse período. Em síntese, o potencial anual médio de energia solar para o

período de 10 anos em que o estudo do Atlas se baseia, reflete na figura 6 apresentada,

- 32 -

onde a região Nordeste apresenta a maior disponibilidade energética, seguida pelas

regiões Centro-Oeste e Sudeste. As características climáticas da região Norte reduzem

seu potencial solar médio a valores próximos da região Sul.

Figura 6 - Potencial anual médio de energia solar

Fonte: Atlas Brasileiro de Energia Solar [3]

- 33 -

4. SISTEMAS E SUAS PARTICULARIDADES NA IMPLANTAÇÃO

Neste Capítulo, serão apresentados os sistemas e suas particularidades para

implantação de microgeração distribuída baseado em fontes de energia eólica e solar

fotovoltaica aplicada a usuário de baixa tensão (Classe B), segundo considerações do

Instituo Ideal com seus guias de energia eólica e solar fotovoltaica, bem como baseado

nas exposições de FADIGAS (2011), uma vez munidos a partir dos capítulos II e III,

dos matizes das normatizações e procedimentos da Agência Nacional de Energia

Elétrica (ANEEL), assim como dos aspectos nacionais de potencialidade energética.

4.1 Sistema de Microgerador Eólico

Microgeradores eólicos são sistemas de geração elétrica a partir da força dos

ventos com potência suficiente para produzir eletricidade para o abastecimento de

pequenos consumidores, como casas, comércios ou, até mesmo, um galpão de uma

indústria. Microgeradores são sistemas com potência igual ou de até 75 kW, segundo a

Resolução Normativa REN 482/2012 da ANEEL, que foi recentemente alterada pela

REN 687-2015.

Sistemas eólicos de pequeno porte estão mais próximos do solo do que grandes

aerogeradores. Por isso, o terreno e o entorno da edificação deverão ser analisados antes

de definir-se o local exato da instalação. Desse modo, será possível identificar

obstáculos que possam influenciar o comportamento dos ventos.

De modo geral, a velocidade do vento aumenta com a altura e depende do que

está construído nos arredores. Nas alturas mais baixas, ela é afetada pela fricção do

vento com a superfície terrestre. Bosques ou áreas urbanas densas, por exemplo, podem

abrandar muito o vento, enquanto áreas abertas, como lagoas, têm influência quase nula.

Por isso aerogeradores são normalmente instalados em torres elevadas ou no topo de

edificações, mantendo-se distantes de outros edifícios, árvores e eventuais obstáculos.

Tipos de Aerogeradores de Pequeno Porte

Todos os microgeradores eólicos possuem um rotor, que pode ser composto de

duas, três ou mais pás. Ele é o responsável por capturar e transmitir a força mecânica

dos ventos para o gerador propriamente dito.

- 34 -

As principais tecnologias de aerogeradores de pequeno porte são com eixo

horizontal ou vertical. As de eixo horizontal geralmente possuem eficiência maior e são

mais comuns no mercado. Porém, sistemas eólicos com eixo vertical têm a vantagem de

serem menos barulhentos e de integrarem-se melhor com as edificações.

a) Rotor Horizontal

São o tipo mais comumente utilizado em edificações, apesar de não serem o

mais indicado para áreas urbanas, principalmente por conta de ser um tipo que produz

algum ruído. Este tipo de aerogerador consiste basicamente num rotor em eixo

horizontal que possui três ou mais pás, e suas características ilustradas na figura 7 são:

i. O mais eficiente quando sem muitas mudanças de direção do vento;

ii. Sem sistema de controle das pás ou eixo interno, e ainda pode ser mais

ruidoso do que os outros tipos;

iii. Inadequado para locais com ventos turbulentos.

Figura 7 - Rotor Horizontal

Fonte: <https://portuguese.alibaba.com/p-detail/1KW-horizontal-aerogeradores-pe.html>

b) Rotor Savonius

Aerogerador com o rotor em eixo vertical que possui duas pás onduladas, em

formato de "S", e suas características ilustradas na figura 8 são:

i. Começa a gerar energia com pouco vento;

ii. Suporta melhor ventos mais turbulentos;

iii. É muito silencioso - quase inaudível;

iv. Ideal para áreas urbanas;

v. Este tipo, contudo, possui uma potência baixa.

- 35 -

Figura 8 - Rotor Savonius

Fonte: < http://savonius-balaton.hupont.hu/42/tangarie-alternative-power-usa>

c) Rotor Darrieus

Aerogerador com rotor em eixo vertical e pás arqueadas, e suas características

ilustradas na figura 9 são:

i. Disponível em níveis de potência maiores;

ii. Aplicável em áreas urbanas;

iii. Muitos modelos são ruidosos;

iv. Normalmente precisa de sistema de aceleração inicial;

v. Geralmente é mais caro que outros tipos.

Figura 9 - Rotor Darrieus

Fonte:< http://www.cntimar.com/sale-2898172-blue-and-green-residential-vertical-wind-turbine-magnetic-levitation-

generator.html>

d) Rotor H-Darrieus

Trata-se de um modelo mais atualizado com relação ao anterior e consiste num

aerogerador com rotor em eixo vertical e pás verticais posicionadas em paralelo, e suas

características ilustradas na figura 10 são:

- 36 -

i. Mais eficiente que o tipo Darrieus;

ii. Modelos com motores sem núcleo não precisam de sistema de aceleração

inicial;

iii. Muito silencioso.

Figura 10 - Rotor H-Darrieus

Fonte:< http://www.archiexpo.com/pt/prod/7challenge/product-65756-519442.html>

Ao escolher o seu aerogerador, preste atenção nos seguintes pontos:

a) Velocidade mínima de vento para funcionamento do microgerador eólico;

b) Velocidade de vento em que o microgerador eólico alcança a potência

nominal;

c) Velocidade (máxima) de vento em que o microgerador eólico desliga.

Aspectos Gerais de Implantação do Microgerador Eólico

O projeto de instalação e de conexão à rede de um micro ou minigerador eólico

deve ser realizado por uma empresa com experiência comprovada nessa área e por

profissionais devidamente habilitados. É importante informar-se antes sobre a empresa,

solicitando referências de outros trabalhos na área de geração elétrica.

O custo da eletricidade tem aumentado ao longo do tempo, enquanto o valor

para instalar sistemas eólicos de pequeno porte faz o caminho inverso, diminuindo

anualmente. Com a nova regulação da ANEEL, que permite a injeção de energia na rede

em troca de créditos em kWh na conta de luz, a geração descentralizada de energia

- 37 -

tornou-se viável economicamente para consumidores residenciais de quase todo o

Brasil.

Esse tem-se tornado um investimento cada vez mais atrativo, porque, após

recuperar o investimento inicial, onde o consumidor poderá ter economias significativas

no longo prazo. Salientando que um sistema eólico gera energia por pelo menos 20

anos, e a conta de luz poderá ser reduzida para o valor mínimo (custo de

disponibilidade).

Além disso, o consumidor contribuirá para reduzir o impacto ambiental de sua

residência, empresa ou indústria. Ao consumir a energia que é gerada, o consumidor

elimina as perdas ocorridas na transmissão e distribuição. Quando não está consumindo,

a energia gerada e injetada passa pela rede da distribuidora. Outra vantagem é a

valorização do imóvel, pois essa é uma tecnologia bastante inovadora no Brasil.

Para participar do Sistema de Compensação de Energia o consumidor deve

escolher um microgerador eólico que atenda à necessidade energética da edificação na

medida certa, gerando no máximo a energia que é consumida ao longo de um ano ou

considerando o uso de créditos para compensação em outras unidades consumidoras que

estão em seu nome.

Inicialmente, o instalador verificará o quanto de eletricidade a residência,

escritório ou indústria consome em determinado período, para calcular qual deve ser a

capacidade do sistema eólico. No entanto, consumidores atendidos em baixa tensão

(grupo B) terão de pagar o custo de disponibilidade nos meses em que a geração for

igual ou maior que o consumo da rede. Depois, o instalador conhecerá o local onde será

instalado o gerador, para avaliar as condições físicas e definir como será o

microgerador. Isso inclui a medição de ventos e a escolha do posicionamento que

proporcione melhor eficiência. O desempenho de um gerador eólico de pequeno porte

deve levar em conta tanto a intensidade e a regularidade dos ventos quanto a

continuidade da direção.

Distância de obstáculos

Para garantir um bom aproveitamento do vento, é importante manter distâncias

mínimas entre o gerador eólico e eventuais obstáculos no entorno. Uma regra geral é

que o microgerador seja instalado a uma altura de pelo menos 10 metros a mais que o

obstáculo mais alto dentro de um raio de 150 metros, como é ilustrado na figura 11.

- 38 -

Obstáculos de mesma altura ou mais altos que o microgerador localizados a partir de um

raio de 150 metros terão pouca influência na geração de energia.

O profissional deverá verificar se existe uma corrente de ar livre, pelo menos na

direção principal do vento e uma saída de ar atrás do aerogerador. Caso não haja, ele

terá de analisar se é possível aumentar a torre, para que o obstáculo não atrapalhe, ou,

ainda, afastá-la do local.

Ao considerar instalar um microgerador sobre um telhado, é importante pedir

auxílio a um profissional qualificado para fazer um laudo estrutural e garantir que ele

fique firme e bem fixado à superfície. É importante levar em consideração quanto a

emissão de ruídos nesse caso, pois o próprio edifício poderá atuar como uma caixa de

ressonância.

Figura 11 - Distância de Obstáculos

Fonte:< http://institutoideal.org/guiaeolica/>

Ruídos e Sombras

Torres de sustentação com cabos de suporte tensionados, por exemplo, podem

fazer barulho, dependendo da intensidade do vento, e as pás do aerogerador podem

fazer sombras ou mesmo reflexos na vizinhança. Ao escolher o modelo do aerogerador,

preste atenção ao nível de ruído em diferentes distâncias: 5, 10, 20 metros, e assim por

diante. Pois o mesmo ao causar sombreamentos e produzir ruídos que possam

incomodar os vizinhos.

- 39 -

Recomendações e Manutenção

Importante sempre verificar a confiabilidade dos fabricantes dos equipamentos a

serem utilizados, principalmente os aerogeradores e os inversores. Sugere-se que o

instalador utilize somente equipamentos com certificação nacional ou internacional. No

Brasil, o principal organismo de certificação nessa área é o INMETRO. Além da

qualidade dos equipamentos, o processo de instalação também deve ser observado. E

quanto à manutenção, recomenda-se:

a) Monitorar a produção de energia (via inversor), para verificar e corrigir

eventuais falhas de forma rápida;

b) Verificar periodicamente o sistema, para avaliar se o gerador ou a torre

estão com alguma vibração visível;

c) Monitorar o aparecimento de algum ruído no sistema, para verificar se não

houve alguma alteração no padrão;

d) Em momentos de ausência de vento observar o estado das pás do

aerogerador.

Passo a passo para a implantação do sistema eólico

Em síntese, para realizar a implantação de um sistema eólico de microgeração

distribuída deve-se:

1º. Realizar uma pré-avaliação minuciosa do local onde será instalado o

microgerador, a partir de uma empresa instaladora, onde a mesma

confirmará a viabilidade da implantação do sistema;

2º. Verificar se a prefeitura exige uma licença para esse tipo de instalação;

3º. Contratar uma empresa qualificada para projetar, instalar e conectar à rede

elétrica o sistema eólico, conforme as normativas da ANEEL (Até aqui, os

passos competem ao consumidor);

4º. Obter junto à distribuidora as normas, padrões e procedimentos técnicos que

devem ser seguidos na elaboração do projeto do microgerador;

5º. Projetar o microgerador a partir dos dados da medição de ventos e escolher

o sistema mais adequado junto com a empresa contratada;

- 40 -

6º. Solicitar à distribuidora a conexão à rede por meio de envio do formulário

de solicitação de acesso para microgeração distribuída, preenchido e

acompanhado dos documentos exigidos anexados;

7º. Acompanhar junto à distribuidora a aprovação da conexão: o Parecer de

Acesso deve ser enviado para o consumidor em até 15 dias após a realização

do pedido. Quando houver necessidade de execução de obras de melhoria

ou reforço na rede de distribuição, o prazo é de 30 dias;

8º. Providenciar adequações, caso seja solicitado no Parecer de Acesso, no

prazo de 15 dias após a emissão do documento;

9º. Instalar e testar o microgerador;

10º. Solicitar a vistoria da distribuidora para que o ponto de conexão seja

aprovado (Esta solicitação deve ser realizada em até 120 dias após a

emissão do Parecer de Acesso e a distribuidora por sua vez, deve realizar a

vistoria em até 7 dias após a data de solicitação da vistoria);

11º. Acompanhar a vistoria da distribuidora (Caso sejam detectados problemas

na instalação, a distribuidora deve emitir um Relatório de Vistoria em até 5

dias após a vistoria e o consumidor deve realizar a adequação das

instalações, caso seja solicitado no relatório);

12º. Acompanhar a aprovação do ponto de conexão, a instalação do novo

medidor bidirecional e o início do sistema de compensação de energia (A

conexão deve ser realizada pela distribuidora em até 7 dias após a vistoria

quando não forem encontradas pendências).

Caso o consumidor tenha dificuldades para receber informações da distribuidora

sobre os procedimentos para conexão à rede, o mesmo deve procurar a ouvidoria da

mesma e se mesmo assim não for atendido, o consumidor deve entrar em contato com a

ouvidoria da ANEEL.

4.2 Sistema de Microgerador Solar Fotovoltaico

Assim como o sistema eólico, microgeradores solares fotovoltaicos (FV) são

sistemas de geração elétrica de pequena potência, normalmente instalados para produzir

energia suficiente para alimentar uma casa, um edifício ou, até mesmo, um galpão de

uma indústria. Microgeradores são sistemas com potência igual ou de até 75 kW,

- 41 -

segundo a Resolução Normativa REN 482/2012 da ANEEL, que foi recentemente

alterada pela REN 687/2015.

São mais comumente instalados sobre o telhado de edificações, pois, além de

reduzir os riscos de sombreamento pela própria construção, ocupam uma área que não

seria utilizada para outro fim. Ao instalá-los sobre o telhado, tem-se ainda a vantagem

de poder utilizar a instalação elétrica da edificação como interface entre o gerador solar

e a rede elétrica pública.

Para participar do Sistema de Compensação de Energia, o consumidor deve

projetar seu microgerador fotovoltaico de modo que ele atenda à necessidade energética

da edificação, gerando no máximo a energia que se consome ao longo de um ano ou

considerando o uso de créditos para compensação em outras unidades consumidoras que

estarão em seu nome.

Inicialmente, o instalador irá verificar o quanto de eletricidade a casa consome

em determinado período, para calcular qual deve ser a capacidade de seu sistema

fotovoltaico. Salienta-se, no entanto, de que consumidores atendidos em baixa tensão

(grupo B) terão de pagar o custo de disponibilidade nos meses em que a geração for

igual ou maior que o consumo da rede. Por isso, com o intuito de otimizar os ganhos

com a instalação de um sistema de geração solar, recomenda-se aos consumidores do

grupo B que a geração para atendimento à própria unidade consumidora seja projetada

para gerar um pouco menos que o consumo médio no local, de forma que haja um

consumo mínimo da rede mensalmente. Depois, o instalador irá conhecer o local onde

você deseja instalar o gerador, para avaliar as condições físicas e, então, definir como

será o microgerador. Isso inclui especificar os equipamentos mais adequados (tipo,

modelo e quantidade de módulos fotovoltaicos e inversores), a forma como os módulos

fotovoltaicos devem ser ligados, qual o melhor posicionamento para garantir a melhor

eficiência, qual a melhor estrutura para fixação dos módulos e se serão necessárias obras

estruturais para, por exemplo, suportar o peso do sistema ou para proteger o telhado. E

também, como os sistemas fotovoltaicos são modulares, inicialmente pode-se investir

em um sistema com capacidade menor e, com o decorrer do tempo, expandi-lo até

atender a toda sua demanda energética.

- 42 -

Tipos de módulos

O painel fotovoltaico é formado basicamente de módulos, os quais por sua vez

são compostos por células. A célula (figura 12) nada mais é que a unidade básica

desenvolvida para realizar a conversão direta de energia solar em elétrica. O módulo

(figura 13) é a unidade formada por um conjunto de células solares, interligadas

eletricamente e encapsuladas, com o objetivo de gerar eletricidade. Já os painéis (figura

14) são um ou mais módulos fotovoltaicos interligados eletricamente, montados de

modo a formar uma única estrutura. Um conjunto de módulos, juntamente com

equipamentos complementares (inversores e cabos), forma um sistema FV.

Figura 12 - Célula

Fonte:< http://americadosol.org/tipos-de-modulos-fotovoltaicos/#toggle-id-1>

Figura 13 - Módulo

Fonte:< http://americadosol.org/tipos-de-modulos-fotovoltaicos/#toggle-id-1>

Figura 14 - Painel

Fonte:< http://americadosol.org/tipos-de-modulos-fotovoltaicos/#toggle-id-1>

- 43 -

Dentre os diversos tipos de materiais que se utilizam para fabricar os painéis

fotovoltaicos, tem-se:

a) Silício Cristalino

A robustez e confiabilidade foram responsáveis pela consolidação desta

tecnologia no mercado fotovoltaico. Essas células podem ser de dois tipos: silício

monocristalino (m-Si) (figura 15) e silício policristalino (p-Si) (figura 16).

Além de ser a mais antiga tecnologia FV, as células de silício monocristalino

(m-Si) são também as mais eficientes em aplicações comerciais. Esta célula é produzida

puxando uma espécie de semente de cristal de forma extremamente lenta (da ordem de

cm/hora) e uniforme a partir de um banho de silício fundido de alta pureza (Si = 99,99%

a 99,9999%) em reatores sob atmosfera controlada. Isto produz um cilindro com duas

pontas finas que são cortadas fora e, então, o cristal é cortado em secções usando quatro

cortes em toda sua extensão – isto será transformado em quadrados com as quinas

arredondadas. Finalmente, o cristal é cortado em centenas de lâminas (wafers) por fios

ou serras diamantadas. Esse será o pré-produto usado na produção das células solares, o

qual envolve uma série de processos tais como lapidações e banhos químicos.

Figura 15 - Painel de Silicio Monocristalino

Fonte:< http://americadosol.org/tipos-de-modulos-fotovoltaicos/#toggle-id-2>

Como o próprio nome já diz, estas células são formadas por diversos cristais,

que são fundidos e posteriormente solidificados direcionalmente. É justamente por

causa das bordas das partículas de cristais que a eficiência das células de policristalino é

menor que as de monocristalino. Por outro lado, sua produção requer menos material e

energia, resultando em um custo final menor que as monocristalinas.

- 44 -

Figura 16 - Painel de Silício policristalino

http://americadosol.org/tipos-de-modulos-fotovoltaicos/#toggle-id-2

b) Silício Amorfo (a-Si)

Figura 17 - Painel de Silício Amorfo

http://americadosol.org/tipos-de-modulos-fotovoltaicos/#toggle-id-2

A célula solar de silício amorfo (figura 17) foi a primeira tecnologia de filmes

finos desenvolvida, começando a ser empregada em meados da década de 1970. Logo,

começou a ser aplicada em equipamentos de baixo consumo elétrico como calculadoras,

relógios e outros produtos com baixo consumo elétrico. As células a-Si são camadas

extremamente finas de silício, muitas vezes não tendo mais do que 0,5 micrometros de

espessura com uma estrutura amorfa, o que reduz os níveis de eficiência quando

comparado com as células cristalinas. Sua eficiência não passa de 6%, mas o custo por

metro quadrado é a metade do silício cristalino. Portanto, se área disponível não for um

problema, a tecnologia pode ter um melhor custo benefício. Para fabricá-las, o

semicondutor é depositado sobre um substrato (normalmente vidro, inox ou alguns

plásticos), em processos a plasma (estado gasoso). Então, camadas condutoras

transparentes são adicionadas para transmitir a corrente elétrica. Um laser é usado para

dividir a superfície em diversas células, processo usado para alcançar correntes e

voltagens mais adequadas. Em comparação com outras tecnologias, ela pode ser mais

- 45 -

vantajosa em países de clima quente como o Brasil, pois não apresenta redução na

potência com o aumento da temperatura de operação.

c) Telureto de Cádmio (CdTe)

Figura 18 - Painel de Telureto de Cadmio

http://americadosol.org/tipos-de-modulos-fotovoltaicos/#toggle-id-2

Também uma tecnologia de filme fino (figura 18), este material era usado

inicialmente para aplicação em calculadoras para, em seguida, ser comercializado em

módulos para grandes áreas externas, normalmente sobre placas de vidros. Enquanto as

células de silício são normalmente azuis ou quase pretas, as células CdTe são de um

tom marrom ou azul escuro. Os baixos custos de produção em grande escala, quando

comparado às células de silício, são um atrativo, assim como a maior eficiência na

conversão da energia solar em elétrica em relação ao silício amorfo (a-Si). Os

problemas relacionados a essa tecnologia são a disponibilidade deste composto químico

(bem inferior a do silício) e a toxidade do cádmio que, como o mercúrio, pode se

acumular na cadeia de alimentos.

d) Disseleneto de cobre (gálio) e índio (CIS e CIGS)

As células solares fabricadas a partir da família de compostos baseados no

Disseleneto de cobre e índio (CulnSe2, ou simplesmente CIS) e Disseleneto de cobre,

gálio e índio (Cu(InGa)Se2, ou simplesmente CIGS) são bastante similares a do

Telureto de cádmio. Não são fáceis de serem fabricadas em escala industrial, razão pelo

qual as empresas ativas nesta área levaram alguns anos para desenvolverem uma boa

capacidade de produção. Devido à aparência estética, esses módulos são muitas vezes

escolhidos pelos consumidores para a integração a edificações, além de terem uma boa

eficiência (chegam a 12%, bem superior as de silício amorfo – a-Si). Porém, assim

- 46 -

como as células de CdTe, também apresentam problemas ligados à toxidade dos

elementos e a pouca abundância.

e) Módulos coloridos

Os painéis solares com células de silício cristalino são normalmente azuis

porque esta é a cor com a qual a célula apresenta a melhor eficiência na conversão de

energia solar para elétrica. No entanto, existem fabricantes que produzem painéis

coloridos, como vermelhos ou verdes, com o objetivo de atrair clientes que desejam

criar projetos arquitetônicos que primam pela estética. Isto, contudo, eleva o valor dos

módulos, pois o custo por Wp é maior devido a menor eficiência em relação aos

tradicionais azuis.

Benefícios do sistema solar fotovoltaico

Os sistemas fotovoltaicos integradas às edificações urbanas e conectadas à rede

oferecem diversas vantagens para o sistema elétrico de um país, muitas delas

relacionadas à redução de custos e que ainda não são consideradas ou quantificadas.

Pode-se citar:

a) redução de perdas por transmissão e distribuição de energia, já que a

eletricidade é consumida onde é produzida;

b) redução de investimentos em linhas de transmissão e distribuição;

c) baixo impacto ambiental;

d) fornecimento de maiores quantidades de eletricidade nos momentos de

maior demanda;

e) a não exigência de área física dedicada;

f) rápida instalação devido à sua grande flexibilidade e curtos prazos de

instalação, aumentando assim a geração elétrica necessária em determinado

ponto ou edificação.

Recomendações e Manutenção

É fundamental que seu instalador utilize somente equipamentos certificados pelo

INMETRO. Além da qualidade dos equipamentos, o processo de instalação também

- 47 -

deve ser observado. Atenção, principalmente ao desempenho e ao atendimento a

eventuais solicitações de substituições de equipamentos dentro da garantia.

É importante monitorar a produção de energia (via inversor) para verificar e

corrigir eventuais falhas de forma rápida. Atentar a potenciais sombreamentos causados

por fatores não previstos antes da instalação do sistema. Lembrando que antes de

instalar o microgerador é importante fazer um estudo de sombreamento para garantir a

eficiência do mesmo. De modo geral, não é preciso limpar os módulos fotovoltaicos, já

que, devido à inclinação, a própria chuva encarrega-se de fazer esse trabalho. Contudo,

se os módulos forem instalados com pouca inclinação ou estiverem perto de locais onde

há muita poeira ou particulados no ar, faça um acompanhamento para observar se há um

depósito muito grande de poeira, fuligem ou outro elemento sobre os módulos, já que

isso pode reduzir a eficiência do sistema.

Passo a passo para a implantação do sistema solar fotovoltaico

Em síntese, para realizar a implantação de um sistema solar fotovoltaico de

microgeração distribuída deve-se:

1º. Fazer o pré-dimensionamento com Simulador Solar (com exceção dos casos

de auto consumo remoto, geração compartilhada e em condomínios, para os

quais o Simulador não deve ser utilizado) ou com empresa ou instituição

especializada;

2º. Contratar uma empresa qualificada para projetar, instalar e conectar à rede

um sistema fotovoltaico (Até aqui os passos serão realizados pelo

consumidor);

3º. Obter junto à distribuidora as normas, padrões e procedimentos técnicos que

devem ser seguidos na elaboração do projeto do microgerador;

4º. Inspecionar minuciosamente o local onde será instalado o microgerador,

para verificar se algo pode dificultar a instalação e , então, elaborar o

projeto;

5º. Projetar o microgerador a partir do pré-dimensionamento realizado;

6º. Solicitar à distribuidora a conexão à rede por meio de envio do formulário

de solicitação de acesso para microgeração distribuída, preenchido e

acompanhado dos documentos exigidos anexados;

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7º. Acompanhar junto à distribuidora a aprovação da conexão: o Parecer de

Acesso deve ser enviado ao consumidor em até 15 dias após a realização do

pedido. Quando houver necessidade de execução de obras de melhoria ou

reforço na rede de distribuição, o prazo será de 30 dias.

8º. Providenciar adequações, caso seja solicitado no Parecer de Acesso, no

prazo de 15 dias após a emissão do documento;

9º. Instalar e testar o microgerador;

10º. Solicitar a vistoria da distribuidora para que o ponto de conexão seja

aprovado (Esta solicitação deve ser realizada em até 120 dias após a

emissão do Parecer de Acesso e a distribuidora por sua vez, deve realizar a

vistoria em até 7 dias após a data de solicitação da vistoria);

11º. Acompanhar a vistoria da distribuidora (Caso sejam detectados problemas

na instalação, a distribuidora deve emitir um Relatório de Vistoria em até 5

dias após a vistoria e o consumidor deve realizar a adequação das

instalações, caso seja solicitado no relatório);

12º. Acompanhar a aprovação do ponto de conexão, a instalação do novo

medidor bidirecional e o início do sistema de compensação de energia (A

conexão deve ser realizada pela distribuidora em até 7 dias após a vistoria

quando não forem encontradas pendências).

Caso o consumidor tenha dificuldades para receber informações da distribuidora

sobre os procedimentos para conexão à rede, o mesmo deve procurar a ouvidoria da

mesma e se mesmo assim não for atendido, o consumidor deve entrar em contato com a

ouvidoria da ANEEL.

4.3 Esquema de ligação dos sistemas

Conforme já mencionado, tanto para o sistema de aerogeradores e painéis

fotovoltaicos, a medição de energia gerada e consumida pode ser realizada através de

medidores bidirecionais (figura 19) ou através de 2 medidores, sendo um para a energia

que é gerada e outro medidor para a energia consumida (figura 20).

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Figura 19 - Medição a partir de medidor bidirecional

Fonte: ZILLES (2012)

Figura 20 - Medição a partir de dois mediores

Fonte: ZILLES (2012)

O esquemas de ligação são idênticos, para ambos os sistemas, sendo distinto

somente suas particularidades tecnológicas, conforme pode-se observar para o sistema

solar fotovoltaico (figura 21).

Figura 21 - Esquema de ligação sistema solar fotovoltaico

Fonte: ZILLES (2012)

E no o sistema eólico (figura 22), que particularmente se serve dos mesmos

equipamentos em seu esquema de ligação, exceto quando o inversor já vem embutido

no aerogerador.

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Figura 22 - Esquema de ligação sistema eólico

Fonte: FADIGAS (2012)

O esquema de ligação também pode influenciar na forma de tarifação, assunto

que será tratado com mais detalhes no próximo capítulo deste trabalho.

4.4 Responsabilidades e Deveres

O titular da unidade consumidora onde o microgerador será instalado, é quem

deverá solicitar à distribuidora local o acesso à rede (as informações necessárias deverão

ser disponibilizadas no site da distribuidora). O instalador poderá orientá-lo. Entre os

documentos necessários, estão o certificado de conformidade do(s) inversor(es) ou

número de registro da concessão do Inmetro, lista de unidades consumidores

participantes do sistema de compensação e a ART do Responsável Técnico pelo projeto

elétrico e pela instalação do sistema de microgeração. E antes de quaisquer serviços de

manutenção ou outras intervenções nos equipamentos ou na instalação de conexão, é

necessário consultar a distribuidora. Sugere-se ainda que o consumidor se informe sobre

os procedimentos recomendados pela distribuidora para garantir a segurança do pessoal

e de terceiros durante a execução de serviços.

Os custos com a adequação no sistema de medição de energia gerada e

consumida deverão ser feitos pela distribuidora, sem cobrança de qualquer taxa para o

proprietário de um microgerador. A ANEEL exige que seja utilizado um medidor

bidirecional, o qual mede tanto o que foi gerado quanto o que foi consumido, ou dois

medidores unidirecionais, um para medir a energia injetada na rede e outro pra medir a

energia consumida. Depois de instalado(s) o(s) medidor(es), a distribuidora é quem fica

responsável pela operação e manutenção, incluindo os custos que isso possa envolver,

- 51 -

bem como a realização e total custeio de todos os estudos para integração do sistema à

rede. E conforme mencionado no Capítulo II,

A REN 482/2012 atualizada em 2015 pela REN 687/2015 exige das

distribuidoras que incluam na conta de luz do consumidor com geração distribuída, os

seguintes dados:

a) informação da participação da unidade consumidora no sistema de

compensação de energia elétrica;

b) o saldo anterior de créditos em kWh;

c) a energia elétrica ativa consumida, por posto tarifário;

d) a energia elétrica ativa injetada, por posto tarifário;

e) histórico da energia elétrica ativa consumida e da injetada nos últimos 12

ciclos de faturamento;

f) o total de créditos utilizados no ciclo de faturamento, discriminados por

unidade consumidora;

g) o total de créditos expirados no ciclo de faturamento;

h) o saldo atualizado de créditos;

i) a próxima parcela do saldo atualizado de créditos a expirar e o ciclo de

faturamento em que ocorrerá.

j) Essas informações podem ser anexadas à fatura, enviadas por correio

eletrônico ou disponibilizadas na internet, em um espaço de acesso restrito

ao cliente.

4.5 Outras modalidades de Compensação de Energia

Conforme mencionado na capítulo II, é possível compensar o consumo elétrico

com créditos gerados também em unidades consumidoras em outro local, desde que

esteja na mesma área de atendimento da distribuidora e no nome do mesmo titular. Um

exemplo seria instalar um microgerador em uma casa de praia e usar os créditos gerados

lá para compensar o consumo de um apartamento no centro da cidade, assim como

consumidores podem formar um consórcio ou cooperativa que pode reunir pessoas

físicas ou jurídicas para repartir a energia gerada por um gerador e, assim, participar do

Sistema de Compensação de Energia. O sistema de geração pode ser instalado em local

diferente do consumo, mas deve estar em uma unidade sob a titularidade do consórcio

ou da cooperativa, e na mesma área de concessão ou permissão dos consumidores

- 52 -

participantes. Os créditos gerados podem ser utilizados pelos cooperados/consorciados

em suas unidades consumidoras, em porcentagens previamente definidas por eles. E

mais, condomínios horizontais ou verticais também podem instalar microgeração e

repartir os créditos entre os condôminos. Nesse caso, aplicável tanto a condomínios

residenciais quanto comerciais, toda a energia gerada e injetada na rede pode ser rateada

entre os participantes, sem necessidade de utilizá-la para redução da fatura de energia do

próprio condomínio (consumo nas instalações internas – iluminação comunitária,

elevadores, etc.).

- 53 -

5. ASPECTOS DE CUSTO E INVESTIMENTOS

A iniciativa de instalação de microgeração distribuída é do consumidor. Apesar

dos incentivos governamentais, a ANEEL e instituições do Governo não estabelecem o

custo dos geradores nem eventuais condições de financiamento. Dessa forma, compete

ao consumidor realizar a análise da relação de custo/benefício para instalação dos

microgeradores. Há várias circunstâncias a serem consideradas nessa projeção, tais

como, tipo da fonte de energia, tecnologia dos equipamentos de microgeração, porte da

unidade consumidora e da central geradora, localização, tarifa à qual a unidade

consumidora está submetida, condições de pagamento/financiamento do projeto e

existência de outras unidades consumidoras que possam usufruir dos créditos do sistema

de compensação de energia elétrica.

5.1 Incidência de impostos

Segundo o caderno temático da ANEEL, que aborda o tema sobre Mini e

Microgeração distribuída, a definição sobre a cobrança de impostos e tributos federais e

estaduais foge das competências da ANEEL, cabendo à Receita Federal do Brasil e às

Secretarias de Fazenda Estaduais tratar da questão. Aborda também que o ICMS,

Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS é um tributo Estadual

aplicável à energia elétrica. Com respeito à microgeração distribuída, é importante

esclarecer que o Conselho Nacional de Política Fazendária – CONFAZ aprovou o

Convênio ICMS 6, de 5 de abril de 2013, estabelecendo que o ICMS apurado tem como

base de cálculo toda energia que chega à unidade consumidora proveniente da

distribuidora, sem considerar qualquer compensação de energia produzida pelo

microgerador. Com isso, a alíquota aplicável do ICMS incide sobre toda a energia

consumida no mês.

Deve-se ressaltar que a ANEEL possui entendimento diverso em relação à

cobrança do ICMS no âmbito do sistema de compensação, pois a energia elétrica

injetada é cedida, por meio de empréstimo gratuito, à distribuidora e posteriormente

compensada com o consumo dessa mesma unidade consumidora ou de outra unidade

consumidora de mesma titularidade da unidade consumidora onde os créditos foram

gerados. É importante destacar a iniciativa do Estado de Minas Gerais ao publicar a Lei

n° 20.824, de 31 de julho de 2013, estabelecendo que o ICMS no Estado deve ser

- 54 -

cobrado apenas sobre a diferença positiva entre a energia consumida e a energia injetada

pelos micro e minigeradores, pelo prazo de cinco anos.

Já quanto ao PIS/COFINS, com a publicação das Leis n° 10.637/02 e 10.833/03,

o Programa de Integração Social - PIS e a Contribuição para o Financiamento da

Seguridade Social - COFINS passaram a obedecer ao regime de tributação não

cumulativo, isto é, cada etapa da cadeia produtiva se apropria dos créditos decorrentes

das etapas anteriores. As alíquotas estabelecidas são: PIS = 1,65%, COFINS = 7,60%,

PIS + COFINS = 9,25%.

Após essa alteração, a ANEEL determinou às concessionárias de distribuição de

energia uma nova fórmula de cálculo para estas contribuições, tendo em vista que as

alíquotas efetivas passaram a variar mensalmente em função dos créditos adquiridos nas

etapas anteriores da cadeia. O custo do PIS e da COFINS passou, então, a ser calculado

mensalmente.

A forma de cálculo adotada pela ANEEL teve como objetivo repassar aos

consumidores exatamente o custo suportado pelas concessionárias em razão das

contribuições ao PIS e à COFINS.

Atualmente, para o cálculo do montante de impostos a pagar, algumas

distribuidoras aplicam a tarifa final com impostos (PIS/COFINS e ICMS) para todo o

consumo, deduzindo-se o montante equivalente ao valor do consumo total com a tarifa

sem impostos. Por fim, apesar de não ser competência desta Agência, a visão da

ANEEL é que a tributação deveria incidir apenas na diferença, se positiva, entre os

valores finais de consumo e energia excedente injetada (geração). Caso a diferença entre

a energia consumida e gerada seja inferior ao consumo mínimo, a base de cálculo dos

tributos (PIS/COFINS e ICMS) deveria ser apenas o valor do custo de disponibilidade.

5.2 Sistemas de Tarifação

De aspecto interessante, o modo de tarifação dos sistema de microgeração

distribuída de energia, influenciam no esquema de instalação dos sistemas eólicos e

fotovoltaicos objeto deste trabalho, no que diz respeito a quantidade, particularidades,

ordem de instalação do medidores e principalmente a aplicação da tarifa sobre a energia

produzida. Adiante serão apresentados os pormenores dos sistemas de tarifação mais

comumente no Brasil, que são o net metering e o feed in. A abordagem se realizará

- 55 -

conforme VILLALVAS (2015), e adaptado para ambos sistemas de microgeração

distribuída de energia, onde se aplicam as mesmas condições de tarifação.

Tarifação net metering

A tarifação net metering, ou medida da energia liquida, é um sistema de medição

adotado em alguns países que já empregam sistemas eólico/fotovoltaicos residenciais

conectados a rede elétrica. Nesse tipo de tarifação existe um medidor eletrônico que

registra a energia que a residência consome da rede elétrica publica e a energia que a

residência produz e eventualmente exporta para a rede elétrica. De acordo com esse

sistema de tarifação, no final do mês o consumidor só paga a diferença entre o que

consumiu e o que gerou. Pode-se enxergar o sistema de net metering como aquele que

emprega um medidor tradicional que gira para os dois lados. Consumindo energia, o

medidor registra o consumo. Exportando energia, o medidor gira no sentido contrário e

vai diminuindo o valor do consumo que foi registrado. No final do mês o consumidor só

paga o que ficou registrado no medidor, ou seja, a diferença entre o que ele consumiu e

o que gerou.

O sistema de net metering, que é o modelo que será implantado no Brasil, é

necessário para viabilizar a microgeração eólico/fotovoltaica residencial, pois o sistema

eólico/fotovoltaico gera mais energia durante o dia, quando o consumo residencial é

menor. O net metering permite então registrar a energia que foi exportada pela

residência durante o dia, gerando créditos de energia que depois São abatidos na conta

de eletricidade. Na pratica é como se o proprietário de um microssistema residencial

estivesse exportando energia durante o dia, quando não esta em casa, e recebendo a

energia de volta no período da noite, quando não ha sol e a energia obrigatoriamente é

consumida da rede elétrica. No conceito do net metering empregado nos sistemas

eólico/fotovoltaicos de microgeração a rede elétrica funciona como uma bateria que

armazena a energia gerada. A energia é enviada para a bateria quando existe excedente

e posteriormente é recuperada. Sem a existência de um sistema de tarifação com net

metering, caso a energia produzida pelo sistema eólico/fotovoltaico seja maior do que o

consumo, o excedente exportado para a rede elétrica não é contabilizado e a energia é

perdida, e o proprietário do sistema eólico/fotovoltaico não recebe nada por isso.

No Brasil, de acordo com a resolução da Aneel nº 482/2012, o microprodutor de

energia tem o prazo de 60 meses para utilizar os Créditos gerados. Ao final desse

- 56 -

período os créditos serão perdidos, sem remuneração pela energia produzida. Os

medidores usados no sistema de net metering são eletrônicos, Com a capacidade de

medir o fluxo de energia nos dois sentidos, ou seja, tanto a energia consumida como a

energia gerada. São os chamados medidores eletrônicos de quatro quadrantes.

O consumidor que desejar se tornar um microgerador de eletricidade pode

solicitar a concessionária a instalação de um medidor de quatro quadrantes. Para

conectar o seu sistema eólico/fotovoltaico a rede elétrica, o consumidor deve atender as

exigências da concessionária, adequando a instalação elétrica de sua residência segundo

as normas e acrescentando os sistemas de proteção que forem exigidos, além de

observar se os equipamentos utilizados (inversores, dispositivos de proteção e

aerogeradores/módulos fotovoltaicos) atendem as certificações nacionais e

internacionais vigentes.

O consumidor que possuir um sistema de geração eólico/fotovoltaica registrado

na concessionária de energia recebe todo mês uma conta de eletricidade em que

constam duas medidas: a energia consumida e a energia gerada. O consumidor paga

somente a diferença e verifica mensalmente a economia proporcionada pelo sistema

eólico/fotovoltaico conectado a rede elétrica. As figuras 23 e 24 ilustra os sistemas com

as duas formas de utilização dos medidores.

Figura 23 - Sistema de tarifação net metering com um medidor bidirecional

Fonte: VILLALVAS (2015)

- 57 -

Figura 24 - Sistema de tarifação net metering com dois medidores

Fonte: VILLALVAS (2015)

Tarifação feed in

O sistema de tarifário feed in foi criado na Europa para incentivar o uso de

energias renováveis. O sistema de medição é semelhante ao do net metering com dois

medidores, mas no feed in o consumidor é premiado com a instalação de um sistema de

energia eólico/fotovoltaica em sua residência, recebendo um pagamento pela energia

que o seu sistema eólico/fotovoltaico exporta para a rede elétrica. O pagamento da

energia exportada é maior do que o prego da energia consumida da rede publica,

portanto a instalação de um sistema eólico/fotovoltaico com a tarifação feed in é muito

vantajosa e rentável.

Para incentivar ainda mais o uso das energias renováveis, o sistema feed in foi

aperfeiçoado pelos governos de alguns países, premiando o Consumidor por toda a

energia que é gerada por fontes alternativas e não somente pela energia que é exportada.

Nesse Caso o sistema torna-se ainda mais rentável. Na pratica o governo, através desse

incentivo, torna mais barata a eletricidade para o consumidor, que recebe dinheiro pela

eletricidade que ele próprio consome, desde que seja gerada por uma fonte renovável.

No sistema feed in aperfeiçoado existem três tipos de tarifas:

a) Tarifa de geração: o proprietário do sistema eólico/fotovoltaico recebe por

quilowatt-hora [kWh] gerado a partir de uma fonte renovável,

independentemente de essa energia ser consumida localmente ou ser

exportada para a rede.

- 58 -

b) Tarifa de exportação: se a residência produzir mais do que consome, o

proprietário recebe um valor adicional por quilowatt-hora [kWh] exportado

para a rede elétrica.

c) Tarifa de consumo: a energia efetivamente consumida da rede elétrica, que é

a diferença entre o que foi retirado da rede e o que foi exportado, é tarifada

pelo preço normal da eletricidade, o mesmo preço que qualquer consumidor

pagaria se não tivesse um sistema de energia eólico/fotovoltaica.

A Figura 25 ilustra o sistema de tarifação feed in, com preços diferenciados para

a energia consumida, a energia gerada e a energia exportada.

Figura 25 - Funcionamento do sistema de tarifação feed in

Fonte: VILLALVAS (2015)

5.3 Considerações quanto ao investimento

Atualmente no Brasil, há tido um aumento considerável de fornecedores das

tecnologias de microgeração distribuída, principalmente no que tange ao aerogeradores

e painéis fotovoltaicos, mesmo apesar de que a fabricação de seus componentes ainda

não sejam significativamente nacional, também os custos para aquisição destas

tecnologias vem diminuindo por consequência, tanto dos incentivos à adoção dos

sistemas de microgeração, quanto ao aumento das aquisições, principalmente a partir

dos consumidores com maior poder aquisitivo, mas também numa evidente contribuição

dos consumidores menores, atraídos pela facilidade de financiamento proporcionado

pelos maiores bancos nacionais, tais como, Banco do Brasil e Caixa Econômica, para

pessoas física, o Banco do Nordeste e o BNDES para pessoas jurídica (empresas).

- 59 -

Todavia, as questões que ainda imperam, são as questões gerais do custo de implantação

dos sistemas, no que tange, aos custos de construção, utilização e manutenção, bem

como a previsão de retorno de investimento.

Com relação a este último, não será tratado neste trabalho a análise detalhada do

retorno de investimento com relação aos sistemas de microgeração, mas entende-se de

ante mão que mesmo apesar de o fluxo financeiro de um sistema de microgeração ser

muito particular sob o perfil do consumidor, pode-se ser possível basicamente realizar

uma previsão de retorno de investimento, tomando como premissa o perfil anual da

conta de eletricidade.

Já em relação ao custo geral de implantação, FADIGAS (2011), expõe que o

método do custo do ciclo de vida (MCCV) é comumente usado para avaliação

econômica de sistemas de produção de energia e baseado no principio do valor do

dinheiro no tempo. O MCCV resume despesas e receitas ocorridas em certo período em

um parâmetro simples (ou numero), de tal forma que uma escolha baseada na economia

possa ser feita.

Ao analisar fluxos de caixa futuros e necessário considerar o valor do dinheiro

no tempo. Uma quantidade de dinheiro pode aumentar em quantidade obtendo

rendimentos de um investimento realizado. O dinheiro pode também perder valor

durante um certo tempo, quando a inflação força os pregos para cima, fazendo com que

cada unidade monetária possua um menor poder de compra. A medida que a taxa de

inflação é igual ao retorno do investimento para uma soma fixa de dinheiro, o poder de

compra não é diminuído. Como é usualmente o caso, todavia, se esses dois valores não

são iguais então a soma de dinheiro pode aumentar em valor (se o retorno do

investimento é maior do que a inflação) ou decrescer em valor (se a taxa de inflação é

maior do que o retorno do investimento).

O concerto da analise do MCCV é usado nos princípios contábeis por

organizações para analisar oportunidades de investimento. Para avaliar o valor de um

investimento feito em um sistema eólico/fotovoltaico de geração de energia, o princípio

do MCCV pode ser aplicado aos custos e benefícios, ou melhor dizendo, ao seu Fluxo

de caixa esperado. Us custos incluem as despesas associadas com a compra, instalação e

operação do sistema eólico/fotovoltaico. Os benefícios econômicos de um sistema

eólico/fotovoltaico influem o uso ou a venda da eletricidade gerada, bem como taxas de

retorno relacionadas a alguma economia obtida, ou outros incentivos. Ambos, custos e

benefícios, podem também variar no tempo. Os princípios do MCCV podem levar em

- 60 -

conta fluxos de caixa variantes no tempo referidos a um ponto comum no tempo. Desse

modo, o sistema eólico/fotovoltaico pode ser comparado com outros sistemas de

produção de energia de uma forma internamente consistente.

A metodologia do MCCV leva em conta a inflação e os juros aplicados ao

dinheiro e usa o modelo baseado no "valor do dinheiro no tempo” para projetar o "valor

presente" de um investimento para qualquer tempo no futuro.

Panorama geral e definições dos conceitos e parâmetros do MCCV

Em MCCV, os seguintes conceitos e parâmetros são considerados:

a) O valor do dinheiro no tempo e o fator de valor presente :O dinheiro que

deve ser pago (ou gasto) no futuro não possui o mesmo valor no presente.

Isso acontece mesmo que não haja inflação, visto que pode se fazer uma

aplicação deste e obter rendimentos (juros). Portanto, seu valor é aumentado

pelos juros.

b) Séries uniformes :São um método para expressar os custos ou receitas que

ocorrem de uma forma irregular em pagamentos iguais equivalentes em

intervalos regulares. Suponha que se queira que o valor presente de um

empréstimo adquirido seja arranjado em uma série de prestações iguais

mensais ou anuais. Ou seja, o VP de um empréstimo deve ser pago em

prestações anuais iguais A durante N anos.

c) Fator de recuperação de capital: O fator de recuperação de capital (FRC) é

usado para determinar a quantidade de cada pagamento futuro requerido

para acumular um dado valor presente quando uma taxa de desconto e um

numero de pagamentos são conhecidos. Em outras palavras, transforma um

valor presente em uma série uniforme de valores durante um período

definido.

d) Valor presente liquido: O valor presente liquido (VPL) é definido como a

soma de todos os valores presentes relevantes.

e) Taxa interna de retorno (TIR): A taxa interna de retorno é definida como:

IRR = valor da taxa de desconto cujo VPLe se iguale a zero. A TIR e

frequentemente utilizada por concessionárias ou investidores na avaliação

de investimentos e consiste em uma medida da lucratividade. Quanto maior

a TIR, melhor o desempenho econômico do sistema eólico/fotovoltaico.

- 61 -

f) Relação entre benefício e custo (B/C): B/C é definida como: B/ C = valor

presente de todos os benefícios / valor presente de todos os custos.

Geralmente sistemas com uma relação beneficio-custo maior do que 1 são

aceitáveis, e altos valores de B/C são desejados.

- 62 -

6. DIMENSIONAMENTO E INSTALAÇÃO

Neste capítulo estarão sendo apresentadas formas de dimensionamento dos

sistemas de microgeradores eólicos e solar fotovoltaico, bem como os aspectos de

instalação baseado em manuais técnicos e catálogos de fornecedores que estarão sendo

mencionados no desenvolvimento do conteúdo.

6.1 Sistema de Microgeração Eólica

Dimensionamento do Microgerador Eólico (Aerogeradores)

O primeiro passo é definir o quanto da sua demanda energética deseja-se que o

sistema forneça. Visando obter a melhor viabilidade econômica, é considerado um

balanço anual sem acúmulo de créditos para o ano seguinte. Para isso, sugere-se

descontar um consumo mínimo mensal da rede elétrica que corresponde ao custo de

disponibilidade. Dessa maneira, será possível minimizar seu investimento e ainda

garantir os benefícios do sistema de compensação de energia.

Em seguida, o ideal é medir os ventos no local, para calcular a potência do

microgerador. Para se ter uma ideia sobre o potencial de vento na região de

implantação, pode-se servir do Atlas do Potencial Eólico Brasileiro [1].

Mas é importante atentar para o fato de que, conforme mencionado no capítulo

3, o Atlas está desenhado para sistemas eólicos de grande porte, que normalmente têm

mais de 50 metros de altura, enquanto microgeradores eólicos geralmente possuem entre

10 e 40 metros. O vento pode variar muito conforme a altura, por isso não se pode

basear-se apenas no Atlas para instalar o sistema, sendo necessário pedir ao instalador

uma medição detalhada da velocidade do vento no lugar e na altura específica para o

caso. O ideal é medir em duas alturas diferentes, para observar alterações na velocidade

do vento e avaliar a influência de edifícios e outros obstáculos do entorno. O

recomendado é ter dados da velocidade dos ventos durante um ano inteiro, para

considerar as oscilações das estações do ano. Contudo, com três meses de medição já é

possível recolher informações suficientes. Os dados deverão ser analisados pelos

próprios instaladores dos sistemas de medição de vento ou pelo instalador do

aerogerador. Essa análise permite calcular a potência de um microgerador eólico

adequado para a real necessidade energética.

- 63 -

Tendo por hipótese, uma residência, possuindo um consumo médio anual de 430

kwh/mês, inicialmente pode-se observar através da consulta ao Atlas do Potencial

Eólico Brasileiro [1], a ordem de variação da velocidade do vento no ano, bem como

outras informações. Entretanto, com a implantação do aerogerador sendo abaixo dos

50m de altura, faz-se necessária a contratação de uma empresa especializada que pode

ser a própria instaladora, que a partir da coleta de dados de forma específica para a

localização da residência, definirá o aerogerador mais indicado para o perfil da

localização e de consumo, que neste caso hipotético poderia ser o modelo de

aerogerador Skystream Land [12] da empresa Energia Pura (figura 26) que pode gerar

algo em torno de 400 kwh/mês atendendo ao perfil de consumo da residência em

questão, levando-se em consideração o que se sugere ao fato de permitir uma margem

de consumo a ser realizado pela rede pública, a qual refletirá somente o custo de

disponibilidade.

Figura 26 - Aerogerador Skystream Land - Energia Pura

Fonte: < http://www.energiapura.com/aerogerador-skystream-37-land>

Aspectos de instalação do Aerogerador

Os aerogeradores são instalados em torres, e dessa forma neste trabalho será

abordada a instalação do mesmo nesta modalidade. FADIGAS (2011), menciona que as

torres tem a função de suportar o aerogerador a uma determinada altura do solo. A

altura da torre deve ser no mínimo igual ao diâmetro das pás. Quanto maior a altura,

- 64 -

maior a velocidade do Vento e, consequentemente, maior a produção de energia. No

entanto, o custo adicional de 1m de torre não é desprezível e uma analise da relação

custo-benefício deve ser realizada para verificar se é economicamente viável instalar a

turbina em uma altura maior. Turbinas de pequeno porte normalmente são instaladas em

a1turas bem superiores ao diâmetro de suas pás. Não é aconselhável instalar as turbinas

eólicas em alturas inferiores a 20m, pois a velocidade do vento é baixa e o vento

próximo ao solo é bastante turbulento. Ha três tipos de torres que são utilizadas nas

turbinas: Tubulares (figura 27), Treliçadas (figura 28) e Treliçadas e Tubulares estaiadas

(figura 29).

Figura 27 - Torre Tubular

Fonte: < http://www2.aneel.gov.br/aplicacoes/atlas/energia_eolica/6_4.htm>

Figura 28 - Torre Treliçada

Fonte: < http://www.grandesconstrucoes.com.br/br/index.php?option=com_conteudo&task=viewMateria&id=689>

- 65 -

Figura 29 - Torre Estaiada

Fonte: < https://evolucaoaalp.wordpress.com/category/evolucao-da-ciencia/>

As torres eólicas são usualmente feitas de aço, algumas reforçadas com concreto.

Quando o material usado é o aço, este é galvanizado e pintado para evitar corrosão.

Aqui nesta seção apresenta-se alguns aspectos de instalação de um aerogerador

baseando-se nas particularidades do manual do aerogerador [13] mencionado como

exemplo no tópico anterior, o qual orienta que, o local ideal para instalação da turbina

eólica muitas vezes pode sofrer adaptações. Restrições locais de construção, a altura das

construções vizinhas, o comprimento dos fios e a disponibilidade de espaço aberto

podem exigir que o aerogerador [12] seja instalado em um local que não o mais ideal.

Em geral, o aerogerador [12] produz mais energia se instalado em torres mais altas. No

entanto, as torres são caras, por isso, é importante balancear o desempenho (altura da

torre) e o custo de instalação a fim de atingir o menor custo de energia com o retorno de

investimento mais rápido.

As normas de construção e instalação podem variar significantemente de acordo

com o país, estado, cidade ou município. É importante certificar-se de que obter todas as

licenças de construção antes de começar a instalação, e de que esteja a par de todas as

normas de inspeção e instalação. Muitas regiões podem exigir que a instalação seja

realizada por um profissional habilitado de forma a atender normas de construção ou

receber qualificação para desconto como forma de incentivo. Além disso, não deixe de

entrar em contato com a concessionária de energia local. Muitas concessionárias exigem

um “contrato de interconexão” antes da instalação. Algumas delas podem até exigir a

instalação de um medidor de energia específico para o aerogerador.

Alguns pontos a serem levados em consideração quanto a instalação de um

aerogerador:

- 66 -

a) Diâmetro dos condutores, que no caso do modelo em questão pode variar de

acordo com as figuras 30 e 31, apresentando os diâmetros até os disjuntores

e a partir dele;

Figura 30 - Comprimento máximo sem transição para diâmetro maior

Fonte: Manual do proprietário [13]

Figura 31 - Transição para diâmetros maiores

Fonte: Manual do proprietário [13]

b) Aterramento (figura 32), o qual deve ser realizado em todos os sistemas

elétricos de acordo com os padrões locais e nacionais. O aterramento

oferece proteção contra descargas atmosféricas, choques elétricos, picos de

tensão e eletricidade estática.

Figura 32 - Aterramento do aerogerador à torre

Fonte: Manual do proprietário [13]

- 67 -

c) Conexão ao quadro de energia que se conecta ao aerogerador, o qual pode

estar próximo ao medidor ou na base da torre e normalmente possui um

disjuntor que permita proteção e ausência de tensão na linha durante

manutenção ou consertos. Seu dimensionamento é realizado a partir das

normas vigentes;

d) E outros componentes de proteção e segurança, tais como, dispositivos de

proteção contra surtos e sistema de proteção contra descargas atmosféricas.

6.2 Sistema de Microgeração Solar Fotovoltaico

Dimensionamento do Microgerador Solar Fotovoltaico

Com base nas explanações de VILLALVA (2015), estarão sendo desenvolvidos

nesta seção deste trabalho, questões em relação ao dimensionamento do sistema

fotovoltaico para microgeração distribuída.

Os Sistemas fotovoltaicos de microgeração são fáceis de dimensionar instalar e

utilizam poucos componentes. A fixação de módulos fotovoltaicos nos telhados é feita

com técnicas semelhantes às empregadas na instalação de coletores solares térmicos.

As instalações elétricas são simples e exigem apenas alguns requisitos de

proteção e os módulos fotovoltaicos são conectados à rede elétrica da residência através

de um inversor CC-CA especifico para a conexão à rede elétrica, coforme já

mencionado e apresentado anteriormente.

Os inversores para a conexão de sistemas fotovoltaicos a rede elétrica,

convertem em corrente alternada a eletricidade de corrente contínua coletada dos

módulos fotovoltaicos, além de funcionarem como fontes de corrente.

Já em se tratando da ligação dos módulos fotovoltaicos, tem-se que os mesmos

são combinados entre si através de ligações em serie e em paralelo, de forma a criar

conjuntos com maior capacidade de fornecimento de energia, com tensões e correntes

maiores do que as produzidas por um painel individualmente.

Os módulos ligados em série constituem fileiras ou strings. Para minimizar as

perdas de potência no sistema, apenas devem ser utilizados módulos do mesmo tipo. O

numero de módulos ligados em serie determina a tensão do conjunto fotovoltaico, que é

a tensão aplicada aos terminais de entrada de corrente contínua do inversor. Os

inversores devem ser dimensionados para suportar a soma das tensões de circuito aberto

- 68 -

dos módulos, que é a tensão de circuito aberto da fileira ou do string. Normalmente os

inversores para sistemas conectados a rede possuem tensões de entra da entre 200 V e

500, então são projetados para receber strings com vários módulos.

Para formar conjuntos de potencia maior, de acordo com as necessidades do

sistema ou de acordo com potência máxima do inversor empregado colocam-se strings

em paralelo. A Corrente fornecida pelo conjunto todo é a soma das correntes fornecidas

por cada string individualmente. A ligação em paralelo de módulos individuais

geralmente ocorre apenas nos sistemas isolados e não e empregada nos sistemas

conectados a rede, exceto quando os inversores tem um nível baixo de tensão de entrado

no lado de corrente contínua.

Para construir um conjunto fotovoltaico, em geral se dimensiona inicialmente o

numero de módulos que serão conectados em série em cada string, levando em conta a

tensão admissível na entrada CC do inversor, escolhendo-se o numero de painéis

máximo e mínimo que podem ser empregados em serie. Em seguida, de acordo com a

potência do inversor ou com a potência desejada no sistema, escolhe-se o numero de

strings que serão conectados em paralelo.

O número de módulos que podem ser ligados em série na entrada de um inversor

conectado a rede é determinado de acordo com a tensão máxima admissível na entrada

CC e com a faixa de tenso útil do inversor. Ao determinar o número de módulos

conectados em série, o projetista deve verificar as características do modulo no catálogo

do fabricante.

Os Valores da tensão de circuito aberto e da tensão de máxima potência do

módulo devem ser multiplicados pelo número de módulos em serie, e os valores

resultantes devem estar de acordo com as características do inversor empregado.

Recomenda-se que as tensões calculadas estejam 10% abaixo das tensões

especificadas para o inversor, especialmente a tensão máxima admissível, pois variações

de temperatura alteram a tensão de saída dos módulos. Na prática os valores de tensão

serão diferentes daqueles calculados, então uma margem de segurança é necessária no

dimensionamento.

Em síntese, inicialmente conforme mencionado, faz-se o dimensionamento do

número de módulos que a partir do conhecimento das características do modelo de

modulo que será utilizado, faz-se o dimensionamento do inversor. Para início dos

cálculos, deve-se determinar a quantidade de energia produzida pelo painel na

localidade em que será instalado, a partir da seguinte fórmula:

- 69 -

çã

Conhecendo a área do modulo e a sua eficiência, calcula-se com facilidade a

energia elétrica por ele produzida diariamente. Para saber a produção mensal, basta

multiplicar por 30 o valor diário obtido.

Por exemplo, deseja-se produzir 300kwh/ mês em uma a residência localizada

no estado do Rio de Janeiro/ RJ, e para isso, inicialmente busca-se saber a quantidade de

energia produzida em cada módulo através da fórmula mencionada anteriormente.

Por hipótese para obter os dados do módulo, será utilizado o painel fotovoltaico

[14], que possui as seguintes características (figura 33):

Figura 33 - Especificações técnicas do painel fotovoltaico [14]

- 70 -

A partir disso para dar continuidade à composição dos dados para utilização da

fórmula, busca-se a informação da insolação diária a partir do Atlas Brasileiro de

Energia Solar [3] (o Sundata [16], também é uma fonte alternativa na busca deste dado),

que para este exemplo retorna o valor de 5,7 kWh/m². Assim, aplicando os dados

obtidos à formula, tem-se:

Seguindo com este exemplo para obter o dimensionamento dos módulos,

multiplica-se o valor encontrado referente a energia produzida do módulo por 30 para

encontrar a energia produzida pelo módulo no mês, assim sendo:

O que permite calcular a quantidade de módulos a partir da demanda de 300

kWh/ mês da residência em questão neste exemplo, resultando em:

O que já permite realizar o dimensionamento do inversor, verificando a folha de

dados do fabricante [14], observa-se que a tensão de circuitos abertos é 37,6 Volts, que

multiplicada pelos 7 módulos resulta em 263,2 Volts, onde aplica-se um fator de

segurança empírico de 10%, obtendo-se a adequação de 289,52 Volts.

Para saber se pode-se ligar esses módulos em serie com a tensão total de 289,52

Volts na temperatura mais baixa considerada, precisa-se verificar se existe um modelo

de inversor adequado para essa tensão. E da mesma forma, para empregar um string

com 7 módulos na linha de inversores definida, deve-se optar por um modelo

compatível com a potencia dos módulos, onde o string com 7 módulos de 250 W,

fornece uma potencia máxima ou de pico igual 7 x 250W = 1750W (1,75 kW em STC),

para que seja adequado para o projeto.

O exemplo abordado, serve para aplicação em qualquer sistema fotovoltaico.

Entretanto, quando se trata de uma residência, o consumidor com a sua última conta de

eletricidade em mãos, de uma forma mais direta, pode acessar o Simulador Solar (site

do Instituo Ideal [5] ilustrado na figura 34), para calcular o tamanho de um sistema

- 71 -

fotovoltaico que atenda a real demanda energética, bastando somente preencher os

dados requeridos, o que o proporcionará dados suficientes somente para contratar uma

empresa especializada para instalar a tecnlogia.

Figura 34 - Simulador solar - Instituto Ideal, América do Sol

Fonte: < http://americadosol.org/simulador/>

Visando obter a melhor viabilidade econômica do sistema FV, o Simulador

Solar considera um balanço anual sem acúmulo de créditos para o ano seguinte. Para

isso, desconta um consumo mínimo mensal da rede elétrica que corresponde ao custo de

disponibilidade. Caso haja geração de energia além do que a consumida no mês, o

excedente será convertido em créditos na conta de luz, que serão usados para abater da

sua fatura de eletricidade nos meses subsequentes.

- 72 -

Para o exemplo de dados ilustrados na figura 34, o simulador solar gera os

seguintes resultados:

i. Caracterização do sistema fotovoltaico (figura 35), que nada mais é um

conjunto de informações internamente dimensionados pelo sistema, que

retornam os dados necessários para que o consumidor ou instalador possa

escolher ou projetar o sistema fotovoltaico a ser utilizado.

Figura 35 - Caracteriazação do Sistema Fotovoltaico

Fonte:< http://americadosol.org/simulador/>

ii. Consumo médio detalhado (figura 36), que consiste em uma amostragem de

dados baseados num cruzamento do consumo anual inserido pelo

consumidor e o retorno do dimensionamento realizado e adequado para o

perfil apresentado, apresentando detalhadamente a previsão de consumo de

energia pela rede pública e a previsão de geração de energia a partir do

sistema fotovoltaico. Salienta-se que os dados referem-se ao consumo no

último ano, e dessa forma tem-se que levar em consideração uma folga na

- 73 -

elaboração do projeto com o objetivo de suprir possíveis oscilações de

maior consumo.

Figura 36 - Consumo médio detalhado

Fonte:< http://americadosol.org/simulador/>

iii. Dados de Irradiação (figura 37), onde são apresentadas informações

baseadas na irradiação do local que fora inserido pelo consumidor,

referenciadas em média anual e detalhada em relação a cada mês com as

particularidades de incidência de radiação solar inclinada, direta e global,

tratando da média entre estas duas últimas.

- 74 -

Figura 37 - Dados de Irradiação

Fonte:< http://americadosol.org/simulador/>

Aspectos de instalação dos painéis fotovoltaicos

Nesta seção deste trabalho estará sendo apresentada as particularidades de

instalação dos painéis fotovoltaicos em telhados, a partir da orientação do Manual de

Instalação de Sistemas Fotovoltaicos em Telhados da PHB [15], a fim de simplificar a

instalação do painel solar. O manual expõe que a fácil instalação dos encaixes (figura

38) no perfil de sustentação tem quatro etapas que permitem a acomodação em qualquer

posição, fornecendo um tempo menor de instalação.

- 75 -

Figura 38 - Quatro passos para a instalação [15]

É extremamente importante que as práticas de segurança sejam observadas

durante a instalação, bem como verificar a pressão e velocidade do vento na região e

levar em conta a forma do telhado, e a disposição e modelo das telhas.

O sistema de instalação em questão tem as seguintes características de material

(figura 39):

Figura 39 - Características do material empregado na instalação [15]

E em sua linha de montagem apresenta a seguinte visão geral (figura 40) com

seus componentes, que podem variar em versão e quantidades dependendo dos

seguintes aspectos:

i. Tipo de telhado e tipo de telhas;

ii. Tipo do Módulo FV;

iii. Número de Módulos FV;

iv. Especificações do projeto.

Figura 40 - Visão Geral do Sistema [15]

- 76 -

O sistema de instalação em questão, utiliza ainda, um conjunto padrão de

ferramentas (figura 41) para auxiliar no processo de instalação, conforme o que segue:

Figura 41 - Ferramentas para instalação [15]

Em sequência, apresentando ainda os componentes para a instalação, são

listados os materiais e instrumentos pertinentes para o processo (figura 42 e 43), sendo

descritas as formas de utilização e a aplicação de cada material, para a partir disso dar

seguimento aos processos de instalação já utilizando as ferramentas adequadas e os

respectivos materiais e instrumentos.

- 77 -

Figura 42 - Materiais e Instrumentos - parte 1 [15]

Observa-se que são apresentados cada componente com sua respectiva função,

bem como com seus respectivos materiais empregados no conjunto do componente, o

que possibilita uma fácil identificação dos materiais a serem aplicados o que

proporciona a otimização no processo de instalação, principalmente a partir do

conhecimento prévio do local de instalação com suas particularidades.

- 78 -

Figura 43 - Materiais e instrumentos - parte 2 [15]

A partir deste ponto são apresentados os passos de instalação dos painéis

fotovoltaicos, separados por tipo de telhado.

- 79 -

A figura 44, apresenta instalação em telha do tipo Romana, Francesa,

Portuguesa, Americana e Italiana, que são de processos iguais.

Figura 44 - Instalação em Telhas Romana, Francesa, Italiana, Portuguesa e Americana [15]

Nas figuras 45 e 46, apresenta-se instalação de telhas do tipo lisa , zinco e

estanhadas que como se observa, são significativamente um mais direta.

- 80 -

Figura 45 - Instalação em telha lisa [15]

Figura 46 - Instalação em telhas de zinco e estanhadas [15]

Dando sequência a apresentação dos processos de instalação, tem-se os passos

para a implantação dos demais componentes do suporte para os painéis fotovoltaicos ,

tais como, os trilhos, os módulos, as abraçadeiras de cabos e aterramento, finalizando a

instalação dos painéis.

Conforme mencionado, na figura 47, está sendo apresentado os passos para

implantação dos trilhos.

- 81 -

Figura 47 - Instalação do trilho [15]

Na figura 48, está ilustrada a instalação dos módulos, os quais podem variar de

acordo com o modelo, principalmente em seu tamanho.

- 82 -

Figura 48 - Instalação do Módulos [15]

E para finalizar a instalação, na figura 49, está resentada o passo para a

implantação da abraçadeira de cabos e aterramento.

- 83 -

Figura 49 - Instalação da abraçadeira de cabos e aterramento [15]

É evidenciado que para cada tipo de telhado, com seu tipo de superfície, o

processo de instalação é mais elaborado ou mais simplório, o que como pôde ser

observado, repercute em distintas formas de abordagem para a sua instalação e dessa

forma, reafirma-se a necessidade de sempre as instalações das tecnologias de

microgeração distribuída, devem ser realizadas por empresas especializadas nos

processos de instalação em todo os seus matizes.

- 84 -

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

7.1 Críticas

Apesar do tema sobre a microgeração distribuída estar sendo muito bem

elaborado e estruturado, seja por parte da Agência Nacional de Energia Elétrica a partir

de suas resoluções normativas e procedimentos, ou mesmo a partir da colaboração das

concessionárias de distribuição de energia, o advento da microgeração com suas

particularidades ainda está muito restrito a uma pequena parcela da sociedade, onde são

difundidos os debates, estudos, até mesmos os incentivos e atrativos com relação à

custos e investimentos, somente detidos particularmente a empreendedores,

investidores, instaladores e técnicos, ou seja, tem-se a tecnologia, há crescimento

evidenciado na adoção dos sistemas seja por parte do governo, ou pela iniciativa

privada, mas ainda há pouca difusão do tema para o consumidor final, que em sua

maioria não tem consciência dos aspectos da microgeração distribuída e seus benéficos

econômicos, sociais e ambientais.

Apesar do grande potencial nacional a ser explorado, como pôde ser observado

neste trabalho, mesmo já existindo programas de financiamento para aquisição das

tecnologias, que com pesquisas e estudos a cada dia vem evoluindo, verifica-se que o

Brasil, ainda carece de maior dedicação ao tema da microgeração distribuída baseada

em fontes de energia eólica e solar fotovoltaica aplicada ao consumidor residencial de

baixa tensão, havendo grande lacuna a ser preenchida, no que tange ao acesso à

informação destas tecnologias ao consumidor final, o que adia maiores benefícios ao

país a partir da à conscientização social e consequente preservação do meio ambiente,

favorecendo o movimento sustentável.

7.2 Sugestões

Objetivando principalmente a conscientização social que cada vez mais poderá

favorecer o movimento sustentável e a preservação do meio ambiente, sugere-se um

significativo esforço, seja da iniciativa pública ou privada ao crescimento na difusão da

microgeração distribuída à grande massa que reflete justamente o perfil de consumidor

desta modalidade, que por consequência poderá trazer não somente uma transformação

social positiva, mas também auxiliará na máquina econômica e política do país.

- 85 -

É de suma importância, proporcionar o acesso à informação aos consumidores

residenciais de baixa tensão, em conjunto com os aspectos de favorecimento ambiental,

bem como as particularidades quanto as facilidades de financiamento, para que os

mesmos além de terem ciência das tecnologias, possam optar verdadeiramente aderir ao

sistema de microgeração, seja com o objetivo de colaborar com o meio ambiente ou tão

somente para proporcionar economia no consumo de energia, pois a partir do momento

que o indivíduo adota e implanta o sistema, são alcançados estes dois matizes.

Uma difusão séria, nas redes de comunicação, instituições de ensino, programas

empresarias e etc., forçosamente proporcionará uma satisfatória conscientização social e

consequentemente crescimento na adoção dos sistemas de microgeração, explorando

cada vez mais o potencial nacional energético no que diz respeito a geração de energia a

partir de fontes renováveis, permitindo benefícios econômicos às distribuidoras através

dos variados aspectos já mencionados neste trabalho, assim como estará colaborando

positivamente com o movimento sustentável.

Entretanto, não basta que haja somente a difusão da microgeração distribuída, há

a necessidade de que as fontes de informação deem o exemplo, implantando os sistemas

para que a sociedade veja as aplicações e testemunhem a vantagens, a partir da

transparência dos resultados alcançados através dos sistemas implantados nas

edificações públicas e privadas, bem como nas áreas públicas urbanas, tais como, praças

e parques.

É importante observar que uma iniciativa aparentemente pequena, pode

movimentar toda uma ação coletiva que estará proporcionando benefícios em vários

aspectos, sejam eles políticos, econômicos ou ambientais.

- 86 -

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica. Cadernos Temáticos ANEEL: Micro

e Minigeração Distribuída, Sistema de Compensação de Energia Elétrica. Brasília/

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Manole Ltda, 2011.

SOUZA, Ronilson. Os Sistemas de Energia Solar Fotovoltaica. Jardim América/

Ribeirão Preto - SP: BlueSol Energia Solar. 2016 (Livro Digital)

VILLALVA, Marcelo Gradella. Energia solar fotovoltaica: conceitos e aplicações. 2ª

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ZILLES, Roberto et al. Sistemas Fotovoltaicos Conectados à rede elétrica. 1ª Edição.

São Paulo. Oficina dos Textos, 2012.

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______________________________________. Resolução Normativa n° 482, de 17

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______________________________________. Resolução Normativa n° 687, de 24

de Novembro de 2105. Altera a Resolução Normativa n° 482, de 17 de abril de 2012, e

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- 87 -

______________________________________. Procedimentos de Distribuição de

Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional – PRODIST, Módulo 3 – Acesso ao

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LIGHT - Informação Técnica DTE/DTP – 01/12, de 13 de dezembro de 2012.

Procedimentos para a Conexão de Microgeração e Minigeração ao Sistema de

Distribuição da Light SESA BT e MT – Até Classe 36,2kV. Revisão 03 – Março de

2016.

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[1] http://www.cresesb.cepel.br/index.php?section=atlas_eolico&. Atlas do

Potencial Eólico Brasileiro. Acesso em: 15 nov. 2016.

[2] http://www.cresesb.cepel.br/index.php?section=publicacoes&task=livro&cid=2.

Atlas Solarimétrico do Brasil. Acesso em: 15 nov 2016.

[3] http://sonda.ccst.inpe.br/publicacoes/atlas_solar.html. Atlas Brasileiro de

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[4] https://agenciavirtual.light.com.br/LASView/av/energiaalternativa/energiaAltern

ativaDescricao.do. Saiba como receber compensação na conta de energia através

de instalação de central geradora. Acesso em: 18 jan. 2017.

[5] http://institutoideal.org/.PROJETOS. Acesso em: 31 jan. 2017.

[6] http://americadosol.org. CONHECIMENTO DA ENERGIA

FOTOVOLTAICA. Acesso em: 31 jan. 2017.

[7] http://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2011/09/28/oferta-de-energia-

precisa-crescer-cerca-de-5-ao-ano-diz-secretario-de-desenvolvimento-energetico.

OFERTA de energia precisa aumentar em 5% ao ano. Acesso em : 08 de fev.

2017.

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[8] http://www.portal-energia.com/crescimento-mundial-recorde-das-energias-

renovaveis-2015/. CRESCIMENTO mundial recorde das energias renováveis em

2015. (07/04/2016). Acesso em : 08 de fev. 2017.

[9] http://institutoideal.org/guiaeolica/. COMO faço para ter energia eólica em

minha casa?.Acesso em: 13 fev. 2017.

[10] http://www.americadosol.org/guiaFV/. COMO faço para ter eletricidade solar

em minha casa? Acesso em: 13 fev. 2017.

[11] http://www.neoeolica.com.br/dimensionar.htm. Como dimensionar O seu

sistema eólico ?. Acesso em: 20 fev 2017.

[12] http://www.energiapura.com/aerogerador-skystream-37-land. Aerogerador

Skystream Land. Acesso em: 20 fev. 2017.

[13] http://www.energiapura.com/aerogerador-skystream-37-land. Manual Original.

Acesso em: 20 fev. 2017.

[14] https://www.neosolar.com.br/loja/painel-solar-fotovoltaico-yingli-yl250p-29b-

250wp.html. Painel Solar Fotovoltaico Yingli YL250P 29b (250Wp). Acesso

em: 20 fev. 2017.

[15] http://www.phb.com.br/produtos/solar/Estruturas/SolarEstruturas_br.aspx.

Manual de Instalação de Sistemas Fotovoltaicos em Telhados. Acesso em: 21

fev 2017.

[16] http://www.cresesb.cepel.br/index.php?section=sundata&. Potencial Solar -

SunData. Acesso em: 21/02/2017.