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Direito do Desporto

David Amorim 2

Introdução

A arbitragem desportiva constitui um processo pedagógico de avaliação, que tem no

juiz desportivo o seu intérprete humano, o qual desempenha as funções de avaliador,

fiscalizador, critico e julgador das acções de cada jogador, em relação a um quadro de

normas estabelecidas de acordo com o Regulamento da Arbitragem da Federação

Portuguesa de Futebol.

A arbitragem é uma das componentes de todas as modalidades desportivas sem a qual

não se dá inicio a qualquer competição que esteja incluída na calendarização oficial.

Não há nenhuma federação em associação desportiva que não recorra á arbitragem, pois

esta representa a garantia oficial dos resultados. A arbitragem constitui uma área que

sempre nos mereceu especial atenção, temos a obrigação moral de contribuir para uma

melhor compreensão dos seus problemas, como também para a sua valorização como

factor de progresso do desporto português.

Em todas as modalidades existem entendidos na matéria, em todas há árbitros e equipas

de arbitragem, em todas se trabalha sem alardes para melhorar as técnicas de arbitrar,

para aferir os critérios de interpretação das regras e para utilizar os meios mais

evoluídos, de modo a dar maior rigor à arbitragem.

Neste trabalho não se pretende ensinar como se arbitra mas sim, tentar fornecer uma

perspectiva na vertente história do que é a organização da arbitragem, o lugar que deve

ocupar no seio do desporto.

Em todas as modalidades existem entendidos na matéria, em todas há árbitros e equipas

de arbitragem, em todas se trabalha sem alardes para melhorar as técnicas de arbitrar,

para aferir os critérios de interpretação das regras e para utilizar os meios mais

evoluídos, de modo a dar maior rigor à arbitragem.

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Organização da arbitragem antes do 25 de Abril

A arbitragem surgiu organizada e regulamentada dentro da Federação Portuguesa de

Futebol em 1938. A arbitragem teve início em 1914, entre essa data e 1938 o sector da

arbitragem foi dirigido pela própria direcção, o secretário-geral teve um papel

preponderante para a sua organização. De acordo com os artigos do regulamento geral,

passou a existir uma Comissão Central de Árbitros, que era presidida por um presidente

do concelho técnico, na altura por António Ribeiro dos Reis e por dois membros

nomeados pela direcção.

A partir de 1941 a Associação de Futebol de Lisboa, começa também a estar

intrinsecamente ligada á arbitragem, começa a promove-la e ajuda na sustentação e

desenvolvimento da mesma, dentro da sua área territorial, que depois viria a ter

repercussões a nível de todo o território nacional. Apesar deste desenvolvimento era

hábito por vezes que por falta de árbitros os próprios jogadores tinham de jogar e

arbitrar. Até 1942, a comissão central dos Árbitros fazia parte da Federação Portuguesa

de Futebol, mas a partir de 3 de Agosto de 1943, o Governo pelo Decreto Lei nº32946,

fez com que o C.C.A. fosse composta por três elementos, até aqui nada mudou, mas

teve uma diferença que foi a nomeação do presidente pela Direcção-Geral de Educação

Física, Desportos e Saúde Escolar, um vogal pela F.P.F. e outro eleito em assembleia

geral da corporação. Depois de aplicada a nova legislação, teve-se obrigatoriamente de

se nomear uma nova comissão central, veio nessa altura a ser presidida pelo Dr. Virgílio

Paula, com os vogais Manuel Nazaré Monteiro e Jorge Gomes Vieira.

A arbitragem nacional teve a sua primeira experiência internacional no ano de 1921,

num jogo arbitrado por Jorge Vieira em Bilbau, seguindo-se a partir daí vários nomes,

destacando este por ter sido o primeiro. A partir de Março de 1948, os jogos

internacionais aumentou substancialmente, o que levou a FIFA, que na altura tinha o

nome de Comissão de Regras de Jogo, a dar novas orientações a este sector, este já era o

órgão que tinha a responsabilidade por toda a arbitragem mundial. A arbitragem lusitana

começa a ter maior expressão a partir de 1953/1954, nessa altura começa a integrar com

maior regularidade os quadros da FIFA.

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David Amorim 4

A organização da arbitragem depois do 25 de Abril

Após o 25 de Abril houve mais expressão, nomeadamente, no que concerne à

associação de vários órgãos para a constituição de novas normas e regras de arbitragem.

A partir desta altura a arbitragem não deixando de ser o parente pobre do desporto,

começa também ela a organizar-se com federações e associações a fim de combater uma

classe, que tinha voz pouco activa no panorama desportivo.

São essas mesmas entidades que ajudam a que os árbitros ganhem outra expressão junto

a entidades importantes que concentram as suas decisões em causas justas no

melhoramento do trabalho e mais importante que tudo na defesa quer em estâncias

nacionais quer em estâncias internacionais.

Mas nem tudo foi de salutar, os primeiros anos após o 25 de Abril trouxeram a

irreverência própria de um pais que em vários panoramas se sentia preso, contrariado

por uma falta de liberdade de expressão de muitos e muitos anos, a democracia própria

que se traduz após o 25 de Abril, faz com que as pessoas cometam excessos, que

provoquem os seus próprios limites. Na arbitragem isso revela-se com a falta de

segurança dos homens que todos os fins de semana tentavam fazer o seu trabalho em

prol da verdade desportiva. Segundo o relato de alguns árbitros da época como o

exemplo do antigo juiz de campo que já fazia parte dos eleitos da FIFA, António

Garrido, nessa altura, as pessoas sentiam-se com uma liberdade excessiva, que os

motivava a provocarem distúrbios, até os carros dos próprios árbitros na época eram

alvo de vandalismo. A partir dessa altura com a introdução de leis que regiam todo o

sistema desportivo, os interesses começaram por ser salvaguardados e criadas condições

generalizadas nunca vistas até então.

Lei de Bases do Sistema Desportivo

A arbitragem com os anos foi sofrendo transformações, visando o melhoramento

estratégico da classe, alicerçada em leis, que defendiam a constituição de uma liga de

clubes que em paralelo com a FPF, que teria a responsabilidade de organizar algumas

variantes do futebol, uma das quais precisamente a arbitragem passaria a ser geridos por

esta e passaria a estar sobe a sua alçada disciplinar.

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Verifica-se uns anos mais tarde uma alteração à lei, lei essa que defende a constituição

uma liga profissional dotada de personalidade jurídica e ser um órgão autónomo a nível

financeiro, administrativo e técnico, tendo esta competências na gestão e nas acções

disciplinares da arbitragem em todas as provas profissionais. As ligas profissionais

embora estejam sujeitas a uma avaliação e correcção por parte da federação são elas que

criam os regulamentos de arbitragem.

De acordo com os critérios actuais do Regulamento arbitragem, aprovado a 4 de Maio

de 2002, com alterações a 3 de Abril de 2004 e 21 de Maio de 2005 é a Federação

Portuguesa de Futebol que compete toda a parte da gestão da arbitragem e é através das

normas e estatutos que é exercida pelo Plenário do Conselho de Arbitragem da FPF,

Conselho de Arbitragem da FPF, Comissão de Arbitragem da Liga PFP e, no âmbito da

respectiva jurisdição, pelos Conselhos de Arbitragem das Associações distritais ou

regionais.

A parte da coordenação e administração da actividade da arbitragem, bem como a

aprovação das normas reguladoras e toda a adopção de procedimentos para a formação

Árbitros, Árbitros Assistentes e Observadores de Árbitros e de Árbitros Assistentes,

compete ao Plenário do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol.

É ao Conselho de Arbitragem de Futebol que cabe administrar a arbitragem no âmbito

das competições não profissionais, assegurando os métodos de recrutamento e

conteúdos programáticos da formação dos agentes da arbitragem. Ao mesmo tempo,

compete promover a aplicação geral de novas instruções.

De acordo com o regulamento de arbitragem, o conselho tem autonomia para adaptar o

presente Regulamento aos seus próprios Quadros de Árbitros, nomeadamente quanto ao

desdobramento das Categorias.

Também imprescindível para os árbitros é a APAF (Associação Portuguesa de Árbitros

de Futebol), associação essa que defende os direitos da classe dos árbitros, as suas

principais competências são as de defender os interesses, liberdades e direitos dos seus

associados.

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A constante formação nesta área também não é descurada por este órgão, pois é a partir

da mesma que os sócios evoluem no campo desportivo e associativo, sendo decisivo

para as suas competências quer técnicas quer pessoais. Consciencializar mentalidades e

princípios que façam deles melhores profissionais, também os árbitros poderão contar

com o apoio jurídico sempre que necessário decorrente de conflitos que surjam

associados á práticas das suas funções.

A APAF faz parte da assembleia geral da Federação Portuguesa de Futebol, na

qualidade de sócio ordinário, onde tem uma voz activa na procura na dignificação da

arbitragem.

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Considerações Finais

A arbitragem continua a ser uma das partes mais importantes do desporto, mas nem por

isso a mais sensível, a evolução desta continua, nestes últimos 10 anos foram dados

passos decisivos, para aumentar a qualidade e a criteriosidade do trabalho de um homem

que sozinho no meio de um campo de futebol luta com diversas pressões e

contrariedades. Esta é uma classe, hoje, mais aberta, não tão rígida, mais democrata, o

problema foi quando se fechou em si mesma, sem ouvir as opiniões de sectores

externos, já se percebeu que o erro é o pecado do comum dos mortais, mas também tem

de se perceber que para o combater, não só são importantes meios técnicos, como uma

constante formação, a aprendizagem deverá ser traduzida para que cada vez mais se

diminua a margem de erro.

Outro assunto pertinente é percebermos a grande máquina que é o futebol sendo um

desporto que envolve tantas massas, tantos media, tanto dinheiro e tanto

profissionalismo, parece-me a mim ser hora dos árbitros merecerem as mesmas

oportunidades, serem profissionais, dedicarem-se e preocuparem-se apenas á

arbitragem, não faz sentido na minha opinião estas pessoas, estarem integradas em

projectos diferentes, em que durante a semana vestem o fato e a gravata e ao fim de

semana vestirem o tradicional equipamento preto, com os respectivos calções e meias,

que por vezes destapam pernas que não estão preparadas em termos físicos para

acompanhar o nosso desporto Rei, o futebol.

Neste momento existe uma assunto que todos os anos, antes da época desportiva

começar se coloca, qual o melhor método para se distribuir os árbitros pelos jogos, por

sorteio? ou nomeação? Há quem defenda o sorteio isso faria com que não se especulasse

em redor da escolha do arbitro, não mereceria a desconfiança por parte dos clubes,

normalmente é o dirigente desportivo que defende o sorteio, mas o presidente da APAF

tem uma visão diferente, a sua opinião vai no sentido que os árbitros são todos

diferentes, com características e experiências distintas, embora estejam todos na

primeira categoria, a possibilidade de nomeação faz que exista uma melhor gestão dos

recursos e para determinados jogos será sempre melhor um arbitro com características

diferentes, do que de um jovem em inicio de carreira.

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No panorama internacional os sinais não são nada animadores, é preocupante perceber

que para o mundial de 2006 na Alemanha, não tenhamos elegido qualquer árbitro, é a

constatação de um facto pouco optimista para o nosso pais, em particular para a

arbitragem portuguesa.

Priiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii……. Este não é com certeza o apito final de uma classe que é cada

vez mais importante no desporto, os árbitros terão sempre um enorme problema,

decidir, decidir entre um cartão vermelho ou um cartão amarelo, decidir entre uma falta

dentro da área, decidir um fora de jogo, decidir um resultado…

Provavelmente muitas histórias ficam por contar, provavelmente muitas histórias

futuras irão surgir, a verdade é que a arbitragem será sempre uma assunto em cima da

mesa, dependente, das escolhas clubisticas de cada um e da falta de imparcialidade por

parte dos adeptos em analisar lances que os beneficiem ou prejudiquem, a verdade será

sempre relativa, porque a avaliação será sempre vista por diferentes cores.

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Bibliografia

- LIMA, Teotónio – Fora o Árbitro – Editorial Caminha, Lisboa, 1982;

- Regulamento de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol;

Sites Consultados:

- WWW.APAF.PT;

- WWW.FPF.PT;

- WWW.GOOGLE.COM;