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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DOUTORADO INTERINSTITUCIONAL (DINTER) UFRN-UERN PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE ESTAFILOCOCCIAS, COLONIZAÇÃO NASAL POR Staphylococcus spp. E OS FATORES ASSOCIADOS EM PACIENTES HOSPITALIZADOS EM CAICÓ-RN GILMARA CELLI MAIA DE ALMEIDA NATAL/RN 2014

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO … · Valentina e minha cunhada Ana que passa por um momento extremamente difícil, mas vai vencer, com a graça de Deus. Agradeço

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  • MINISTRIO DA EDUCAO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

    CENTRO DE CINCIAS DA SADE DOUTORADO INTERINSTITUCIONAL (DINTER) UFRN-UERN

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM CINCIAS DA SADE

    ESTAFILOCOCCIAS, COLONIZAO NASAL POR Staphylococcus spp. E OS FATORES ASSOCIADOS EM PACIENTES HOSPITALIZADOS EM CAIC-RN

    GILMARA CELLI MAIA DE ALMEIDA

    NATAL/RN 2014

  • GILMARA CELLI MAIA DE ALMEIDA

    ESTAFILOCOCCIAS, COLONIZAO NASAL POR Staphylococcus spp. E OS FATORES ASSOCIADOS EM PACIENTES HOSPITALIZADOS EM CAIC-RN

    Tese apresentada ao Programa de Ps-graduao em Cincias da Sade da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para obteno do ttulo de Doutor em Cincias da Sade

    Orientador: Prof. Doutor Kenio Costa Lima

    NATAL/RN 2014

  • iii

    MINISTRIO DA EDUCAO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

    CENTRO DE CINCIAS DA SADE DOUTORADO INTERINSTITUCIONAL (DINTER) UFRN-UERN

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM CINCIAS DA SADE

    COORDENADORA DO DOUTORADO INTERISTITUCIONAL (DINTER) DO PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM CINCIAS DA SADE: PROF. DR.

    EULLIA MARIA CHAVES MAIA

  • iv

    GILMARA CELLI MAIA DE ALMEIDA

    Aprovada em: 17/10/2014

    Banca Examinadora:

    Presidente da Banca: Professor Dr. Kenio Costa de Lima (UFRN) Professor Dr. Dyego Leandro Bezerra de Souza (UFRN) Professora Dra. Marise Reis de Freitas (UFRN) Professor Dr. Milton de Uzeda (UNESA) Professora Dra. Sandra Regina Torres (UFRJ)

  • v

    DEDICATRIA

    Ao meu filho Cau, luz da minha vida, e ao meu esposo Roberto pela

    pacincia e fora em todos os momentos vividos e compartilhados durante a construo deste trabalho

  • vi

    AGRADECIMENTOS

    Uma das maiores verdades que no somos nada sozinhos. Nossas conquistas

    dependem de pessoas especiais que compartilham ideias, vitrias e fracassos. Que

    compreendem a angstia, ansiedade e dificuldades vividas no caminhar das nossas

    consquistas. Ento, agradecer pouco a essas pessoas que participaram da

    construo do trabalho.

    Agradeo primeiramente a Deus por ter me dado fora nos momentos de

    desgaste e dificuldades. Ao meu querido orientador professor Kenio, a quem admiro

    imensamente. Kenio me possibilitou um crescimento acadmico e profissional mpar

    que vou levar para o resto da vida, alm de ensinar a cada dia como importante

    gostar do que fazemos, como importante ser honesto e correto nas atitudes.

    Agradeo ao meu orientador, com muito carinho, pela compreenso das minhas

    dificuldades e limitaes, bem como pela troca constante que s me enriqueceu como

    profissional e como pessoa.

    Aos meus colegas do DINTER (Iana, Lbne, Ellany, Eliane, Clber, Edvan, Paulo,

    Fabiano, Rosendo, Horcio, Giovani e Marcelo) e, especialmente, aos colegas de

    Caic: Daniela, Cristiane, Roberta e Dulcian. Compartilhamos bons momentos de

    aprendizado e boas risadas nas viagens para Mossor. Aqui destaco Daniela, que

    muito mais que minha amiga. Hoje a considero como irm. Agradeo a voc Dani por

    rir e chorar junto comigo, por dividir as tristezas e somar as alegrias. Estamos juntas

    nesse processo desde o incio, desde da entrevista do processo seletivo, passando por

    todas, literalmente todas, as outras etapas at a finalizao desse trabalho. Mas

    enfatizo que aqui se encerra s um trabalho. Ainda teremos muitas outras conquistas

    juntas, pessoais e profissionais, pois sei que nossa amizade perdurar por toda vida.

    Agradeo Jamile pela fora e por me ouvir em momentos de turbulncia.

    Izabel por ter me ajudado com o desevolvimento das prticas laboratorias. Obrigada

    por me ajudar em todos os momentos que precisei durante a realizao do trabalho.

    Agradeo em especial a Marquiony, meu brao direito no desenvolvimento da

    pesquisa. Sem ele o trabalho no teria sido concludo. Muito obrigada Marquiony, pois

    voc foi essencial na concluso desse trabalho. Agradeo Nara, por contribuir com a

    coleta de dados da pesquisa e pelo seu empenho durante todo o trabalho como

    bolsista de iniciao cientfica. Meus agradecimentos a Thiago e Sabina que muito

    contriburam com as etapas desenvolvidas no laboratrio de Microbiologia da UFRN.

  • vii

    Agradeo professora Celeste por ser to solcita, por abrir as portas do laboratrio da

    UFRN sempre com boa vontade e por estar constantemente disposta a ajudar e

    esclarecer minhas dvidas. Obrigada professora Celeste por ter contribudo desde a

    construo do projeto at a finalizao do trabalho. Agradeo tambm professora

    Eveline pelas contribuies durante a qualificao que permitiram melhorias no artigo

    antes de sua publicao. Agradeo aos pacientes do Hospital Regional do Serid e

    seus acompanhantes, sempre to receptivos mesmo diante de tanta fragilidade.

    Agradeo equipe de enfermagem por ter permitido nosso acesso e ter ajudado

    diretamente na coleta de dados da nossa pesquisa.

    E como chegar at aqui sem famlia! A minha, posso dizer que muito especial.

    Forneceu a base do que sou hoje, incentivou em todos os momentos para que eu

    pudesse construir um caminho vitorioso e baseado no estudo, sempre! Obrigada ao

    meu pai Gileno, minha me Marly, meu irmo Clayton, meus sobrinhos Rylmer e

    Valentina e minha cunhada Ana que passa por um momento extremamente difcil, mas

    vai vencer, com a graa de Deus. Agradeo a minha sogra Carminha que, juntamente

    com minha me, ficou alguns momentos com meu filho para que eu pudesse concluir o

    trabalho. E por fim, mas de forma especial, ao meu esposo Roberto e meu filho Cau,

    famlia que constru durante o doutorado e que me acolhe a cada dia. Sinto-me

    extremamente feliz de poder contar com a energia, fora e carinho deles todos os dias.

  • viii

    Seja a mudana que voc quer ver no mundo

    Mahatma Gandhi

    http://pensador.uol.com.br/autor/mahatma_gandhi/

  • ix

    RESUMO

    As infeces por Staphylococcus tm sido cada vez mais evidentes nas ltimas dcadas, sendo este relevante em infeces humanas, principalmente em mbito hospitalar. Os Staphylococcus, especialmente S. aureus e S. aureus resistente meticilina (MRSA), destacam-se como colonizadores de feridas infectadas, as quais so fontes potenciais de contaminao cruzada em ambiente hospitalar. Assim, objetivou-se conhecer a prevalncia de Staphylococcus spp. isolados de feridas em pacientes internados, verificar associao de fatores sociodemogrficos, relativos leso e a internao com a presena de S. aureus e caracterizar os pacientes com presena de MRSA em ferida infectada e com colonizao na mucosa nasal. Tambm foi objetivo da pesquisa identificar, a partir de pronturios mdicos, a prevalncia de estafilococcias e estreptococcias, verificando associao de fatores clnicos e relativos internao com o tipo de infeco. A pesquisa foi dividida em duas etapas. Primeiramente, foram investigados os pronturios mdicos dos pacientes internados no Hospital Regional do Serid com estafilococcias ou estreptococcias entre 2008 e 2010 (n= 315), obtendo-se a prevalncia das referidas infeces e a identificao de fatores como idade, sexo, sinais locais e sistmicos, presena de comorbidades, local da infeco, realizao de exames, tempo de internao e uso de antibiticos. Em um segundo momento da pesquisa, foram coletadas amostras em pacientes que apresentavam feridas e estavam internados na clnica mdica, clnica cirrgica ou Unidade de Terapia Intensiva do referido hospital. A coleta de amostras de ferida e da mucosa nasal foi realizada com swab estril embebido em soluo salina a 0,85%. No laboratrio, o material foi semeado em gar manitol salgado e incubado em estufa bacteriolgica (37C-48 horas). As colnias com fermentao do manitol foram submetidas colorao de Gram, teste da catalase e coagulase. Posteriormente, foram realizados antibiogramas para identificao de MRSA e, em seguida, realizao de reao de polimerase em cadeia (PCR) para amplificao do gene mecA e confirmao das cepas de MRSA. Foi realizado teste do Qui-quadrado para verificar associao de variveis independentes (idade, sexo, condies socioeconmicas, caractersticas da ferida, presena de doenas sistmicas e fatores relativos internao) com a presena de Staphylococcus em feridas. Mann Whitney e teste t de Student foram utilizados para verificar se havia diferena significativa entre as variveis independentes e a colonizao nasal por Staphylococcus spp. e entre as variveis independentes e o tipo de infeco (estafilococcia e estreptococcia). Com base nos pronturios mdicos, a classificao do tipo de infeco foi realizada em quase totalidade por critrios exclusivamente clnicos. Houve diferena significativa entre os grupos tratamento de estreptococcias e estafilococcias em relao a quantidade de antibiticos administrados (p=0,001) e nmero de dias internados (p

  • x

    narina, e aqueles com MRSA estavam significativamente associados ao tratamento prolongado com antibiticos (p=0,002). Diante dos resultados, verifica-se que as feridas so fontes de infeco por Staphylococcus, com expressiva frequncia de S. aureus e MRSA. A mucosa nasal um importante stio para contaminao cruzada, com destaque para linhagens resistentes, principalmente quando h uso prolongado de antibiticos. Alm disso, o diagnstico de estafilococcias ocorre prioritariamente por critrios clnicos, o que pode contribuir para aumento da resistncia dos microrganismos quando realizados tratamentos empricos inadequados. Assim, h necessidade de cuidados voltados ao tratamento de feridas e cautela no uso de antibiticos em pacientes internados, para evitar disseminao de bactrias resistentes em ambiente hospitalar.

    Palavras-chave: Infeces bacterianas; Staphylococcus aureus; Hospital;

    Epidemiologia

  • xi

  • xii

    SUMRIO

    Dedicatria ..................................................................................................................v

    Agradecimentos...........................................................................................................vi

    Epgrafe.......................................................................................................................viii

    Resumo........................................................................................................................ix

    1 INTRODUO .......................................................................................................01

    2 JUSTIFICATIVA ....................................................................................................04

    3 OBJETIVOS...........................................................................................................05

    3.1 Objetivos gerais....................................................................................................05

    3.2 Objetivos especficos ...........................................................................................05

    4 MTODO ...............................................................................................................06

    4.1 Tipo de estudo .....................................................................................................06

    4.2 Unidade geogrfica...............................................................................................06

    4.3 Primeira etapa: pesquisa no banco de dados eletrnico e pronturios mdicos do

    Hospital Regional do Serid.......................................................................................06

    4.4 Segunda etapa: pesquisa com pacientes internados no Hospital Regional do

    Serid.........................................................................................................................07

    4.4.1 Caractersticas da populao de estudo...........................................................07

    4.4.2 Tamanho da amostra, alocao dos sujeitos e coleta de dados ......................07

    4.4.3 Variveis ...........................................................................................................08

    4.4.4 Instrumentos de coleta de dados.......................................................................08

    4.4.5 Anlise para a presena de MRSA ...................................................................10

    4.4.6 Anlise dos dados .............................................................................................10

    4.5 Consideraes ticas ..........................................................................................11

    5 ARTIGOS PRODUZIDOS .......................................................................................12

    5.1 Artigo 1..................................................................................................................13

    5.2 Artigo 2.................................................................................................................22

    5.3 Artigo 3..................................................................................................................30

    6 COMENTRIOS, CRTICAS E SUGESTES ........................................................51

    REFERNCIAS...........................................................................................................54

    Abstract.......................................................................................................................58

  • xiii

    Resumen.....................................................................................................................60

    7. APNDICE... ..........................................................................................................62

    7.1 Apndice 1. Formulrio de coleta das amostras e questionrio socioeconmico e

    demogrfico.................................................................................................................63

    8 ANEXOS ..................................................................................................................66

    8.1 Anexo 1. Parecer do Comit de tica em Pesquisa (UERN) referente primeira

    parte da pesquisa com os pronturios mdicos do Hospital Regional do Serid........67

    8.2 Anexo 2. Parecer do Comit de tica em Pesquisa (UERN) referente segunda

    parte da pesquisa com os pacientes internados no Hospital Regional do Serid.......69

    8.3 Anexo 3. Modelo de Manuscrito do Programa de Ps-Graduao em Cincias da

    Sade Portaria n 002/2012-PPGCSa.......................................................................70

  • 1

    1. INTRODUO

    As infeces por Staphylococcus, especialmente Staphylococcus aureus (S.

    aureus) tm sido cada vez mais frequentes nas ltimas dcadas, sendo essa bactria

    associada tanto s infeces adquiridas na comunidade como s desenvolvidas em

    ambiente hospitalar(1). Apesar do S. aureus normalmente compor a microbiota

    residente da mucosa nasal, evidenciado como patgeno importante para o homem,

    sendo responsvel por mais de 30% das infeces hospitalares. Desta forma, a

    relao dos S. aureus com as infeces alvo constante de pesquisas, dada sua

    capacidade de produzir toxinas potencialmente danosas aos indivduos, resistir s

    defesas do hospedeiro, bem como desenvolver resistncia aos antibiticos

    utilizados(2,3,4,5,6,7).

    Alm do S. aureus frequentemente estar associado microbiota anfibintica na

    regio nasal, pode tambm ser encontrado em pregas cutneas, perneo, axilas e

    vagina(5). A virulncia do S. aureus se deve, em parte, sua capacidade de produzir

    exotoxinas, destacando-se a existncia de mais de 20 tipos de enterotoxinas, bem

    como produo da toxina-1 causadora da sndrome do choque txico (TSST-1) que

    atua como superantgeno no corpo humano. Parte da virulncia se deve produo de

    cogulos e presena de protena A, que evita a fagocitose; e produo de

    leucocidinas e estafiloquinase, que contribuem para colonizao e disseminao da

    bactria no hospedeiro. Alm das mltiplas toxinas, tambm so descritos como fatores

    de virulncia estafiloccica: a resistncia antibitica, presena de cpsula e produo

    de lipase, hialuronidase e protena de ligao fibronectina(5,8,9).

    Considerando a alta capacidade dos S. aureus de adquirir resistncia aos

    antibiticos, emergem cepas que dificultam o tratamento adequado das infeces,

    sendo um exemplo tpico dessa categoria o MRSA, que tem sido frequentemente

    encontrado na comunidade e, principalmente, em ambiente hospitalar. MRSA

    comumente identificado como patgeno nos hospitais em termos mundiais (7). O uso

    inadequado dos antibiticos, incluindo automedicao, contribui para seleo de cepas

    resistentes, sendo importante a utilizao de exames microbiolgicos para fornecer

    subsdios para o tratamento eficaz das infeces por bactrias resistentes (2,3,5,10).

    Essas cepas resistentes aos antibiticos que fazem parte da microbiota residente

    de indivduos saudveis podem desenvolver infeces oportunistas quando houver

  • 2

    desequilbrio ecolgico (local ou sistmico). A narina corresponde ao principal

    reservatrio de MRSA, sendo este comumente encontrado entre os pacientes

    internados e trabalhadores de sade (7). As infeces por MRSA so mais dificilmente

    tratadas se no houver correta identificao do agente causal e, consequentemente,

    escolha inadequada do antibitico para controle da infeco.

    Os S. aureus resistentes meticilina ou oxacilina (MRSA) caracterizam-se pela

    resistncia aos -lactmicos em geral, normalmente devido a presena do gene mecA,

    sendo renomeado Staphylococcal Cassette Chromossomal SCC mec (11). Os

    elementos mecA referem-se a pelo menos 5 tipos, variando do I ao V, sendo o mecIV

    normalmente associado a MRSA adquirido na comunidade (CA-MRSA) (11). No Brasil,

    MRSA responsvel por 26,6 a 71% das cepas de Staphylococcus aureus isoladas em

    diversos hospitais do pas, contribuindo para o aumento das taxas de infeco

    hospitalar (12). Ao avaliar presena de MRSA em crianas brasileiras, Lamaro-Cardoso

    et al. (13) detectaram presena de 3 tipos de SCC mec (IIIA, IV e V), sendo a linhagem

    gentica predominante (82,7%) similar aos clones brasileiros (ST239-MRSA IIIA).

    Nesta perspectiva, Orscheln et al. (2009) (14) tambm evidenciaram o aumento

    significativo de culturas de MRSA ao redor do mundo. Nos EUA e Europa, o percentual

    de MRSA na narina variou entre 0,2% e 15% nos estudos (7). A maioria dos hospitais

    da sia apresentou altas taxas de MRSA multidroga resistente, variando de 28% (em

    Hong Kong e Indonsia) para mais 70% (na Coreia) (10). Na Austrlia, o percentual de

    MRSA aumentou de 10,3% em 2000 para 16% em 2006, sendo a emergncia de

    clones MRSA associados comunidade a explicao atribuda por Coombs et al.

    (2006) (15) para o aumento observado.

    Vale salientar que o custo para tratamento de infeces por MRSA oito vezes

    maior que as infeces por S. aureus sensvel meticilina (MSSA)(16), sendo

    importante estabelecer medidas de preveno para diminuir as despesas com a

    internao. Para isso, os estudos que levam em considerao as caractersticas

    regionais contribuem no fornecimento de subsdios para a equipe de sade trabalhar

    na preveno e controle de complicaes no ambiente hospitalar, com destaque para

    as infeces nosocomiais.

    Assim, no que concerne ao ambiente hospitalar, ressalta-se a condio do

    paciente que, normalmente, encontra-se mais vulnervel ao desenvolvimento de

  • 3

    infeces, seja devido idade avanada, presena de mltiplas doenas ou uso de

    drogas que deprimem o sistema imune. Alm dos fatores de imunidade do hospedeiro,

    o desenvolvimento de procedimentos invasivos tais como catteres venosos, dilise,

    ventilao mecnica e intervenes cirrgicas contribuem na disseminao dos S.

    aureus na corrente sangunea e, consequentemente, na aquisio de infeco

    nosocomial (4,17) . Esses aspectos tambm so abordados por Coello et al. (1997) (18)

    quanto s infeces por MRSA, sendo verificado atravs de uma coorte que existiam

    altas taxas de MRSA em situaes como: pacientes em tratamento intensivo, uso de

    mais de 3 antibiticos, utilizao de tubos nasogstricos ou endotraqueal, drenos e

    cateteres urinrios ou intravenosos.

    Alm disso, as feridas cirrgicas, abscessos, leses ou lceras na pele so locais

    propcios para colonizao bacteriana, sendo importante aumentar ateno para essas

    leses no que se refere fonte de bacteremia e infeces hospitalares (16,18,19). MRSA

    encontra-se entre os patgenos mais prevalentes nas infeces de pele e mucosa,

    sendo pouco clara a distino entre as linhagens adquiridas na comunidade ou em

    ambiente hospitalar (20). Ao avaliar as caractersticas de infeces por MRSA em

    hospital de Madri, as lceras de presso e feridas cirrgicas estavam entre os locais

    mais frequentes de infeco por S. aureus resistentes, sendo 44,6% das infeces por

    MRSA adquiridas no ambiente hospitalar (21). Alm da ferida favorecer a colonizao

    bacteriana, a persistncia da bactria pode contribuir com a sua cronicidade e dificultar

    a cicatrizao (22,23).

    Diante disso, verifica-se a importncia das leses de pele e mucosa como locais

    propcios para infeces por Staphylococcus, com possiblidade de bacteremias (19). Em

    feridas crnicas comum a presena de bactrias em biofilme, sendo encontradas

    cepas de Staphylococcus, Pseudomonas e Enterobacter. Essas bactrias so

    frequentemente associadas a infeces hospitalares, apresentando alta capacidade de

    adquirir resistncia a antimicrobianos, dificultando, assim, o tratamento eficaz para o

    paciente (21,24,25). Em queimaduras, os Staphylococcus esto entre as bactrias

    predominantes, alm de serem frequentemente isoladas Acinetobacter baumannii e

    Pseudomonas spp.

    Apesar das infeces de pele e tecidos moles serem causas comuns de

    hospitalizao (26), h poucas publicaes epidemiolgicas e clnicas nessa temtica

    (27), principalmente ao considerar as peculiaridades inerentes ao sistema de sade e

  • 4

    variabilidades regionais. A maioria dos MRSA isolados provm de instituies de

    cuidados em sade com financiamento pblico, em geral com ateno voltada aos

    segmentos economicamente desfavorecidos (26). Como a presena de linhagens

    bacterianas resistentes (MRSA e Staphylococcus coagulase negativo resistentes

    meticilina-MRSCN) esto associadas a tempo prolongado de internao, aumento da

    morbimortalidade e elevao dos custos em sade (27,28,29), faz-se necessrio investigar

    o perfil de infeces por Staphylococcus spp. em ambiente hospitalar, principalmente

    em feridas, que se configuram como fontes de contaminao cruzada de MRSA e

    MRSCN (23,30,31).

    De acordo com Menegotto e Picoli (2007) (11) e Andrade (2008) (6) poucas

    pesquisas na perspectiva da Epidemiologia molecular tm sido desenvolvidas no Brasil,

    devendo os estudos nessa rea serem estimulados tendo em vista a grande extenso

    territorial do Brasil, bem como as discrepncias regionais e populacionais encontradas

    no pas. Considerando a importncia do S. aureus como patgeno humano, a

    expanso do conhecimento nessa rea traz contribuies significativas para a

    preveno e controle das infeces estafiloccicas, levando em considerao as

    particularidades locais da populao envolvida.

    2. JUSTIFICATIVA

    No ambiente hospitalar, os Staphylococcus so comumente encontrados entre a

    equipe de sade, pacientes e itens compartilhados no processo de tratamento (32) e

    podem se apresentar como fonte de contaminao cruzada. Nos pacientes, as feridas

    so potenciais fontes de colonizao bacteriana e sua persistncia pode contribuir com

    a cronicidade da ferida e dificultar a sua cicatrizao (22,23). Em pacientes

    hospitalizados, a presena de lcera de presso se apresenta como fator associado a

    infeces por MRSA (31), destacando a importncia de se estudar a relao entre

    feridas e presena de Staphylococcus em ambiente hospitalar.

    No entanto, as pesquisas de Epidemiologia clnica e molecular, que permitem

    caracterizao das infeces em ambiente hospitalar, so mais desenvolvidas em

    grandes centros de pesquisas ou so restritas as capitais dos estados. A regio

    Nordeste brasileira apresentou, entre os anos de 2010 e 2013, a maior proporo de

    estafilococcias (42,74% em mdia), conforme dados do Sistema Hospitalar do SUS

    (SIH-SUS/DATASUS). Como o Brasil um pas de grande extenso territorial10,

  • 5

    importante identificar aspectos regionais, principalmente em locais pouco acessveis a

    pesquisas e estudos laboratoriais, destacando-se nesse contexto as regies

    interioranas. Apesar disso, poucas pesquisas so desenvolvidas no interior dos

    estados, sendo as informaes escassas para conduzir avanos na identificao e

    tratamento de problemas de sade da populao. Neste sentido, o desenvolvimento de

    pesquisas que possam contribuir com a identificao de problemas e fatores

    associados infeco proporciona um tratamento dos agravos em sade de modo

    mais adequado e embasado cientificamente.

    Portanto, conhecer o panorama de infeces estafiloccicas em feridas,

    especialmente por MRSA, contribue significativamente para preveno, controle e

    tratamento das infeces. Atravs das pesquisas desenvolvidas no mbito da

    academia possvel instaurar ou fortalecer parcerias entre universidade e servios de

    sade, bem como construir prticas embasadas na realidade local. Neste sentido, a

    parceria entre instituio de ensino e os sistemas de sade proporciona readequao

    constante das prticas pblicas, identificando os pontos positivos e negativos, de forma

    a melhorar os servios de sade oferecidos populao.

    3. OBJETIVOS

    3.1 Objetivos Gerais:

    Identificar, a partir dos pronturios mdicos do Hospital Regional do Serid (Caic-

    RN), a prevalncia de estafilococcias e estreptococcias, verificando associao de

    fatores clnicos e relativos internao com o tipo de infeco e, conhecer a

    prevalncia e os fatores associados presena de Staphylococcus em feridas de

    pacientes internados no referido Hospital.

    3.2 Objetivos Especficos:

    Avaliar a presena de Staphylococcus spp. na mucosa nasal dos pacientes

    internados e verificar a associao com fatores sociodemogrficos, relativos ao

    paciente e a internao.

    Analisar a prevalncia de S. aureus e MRSA na mucosa nasal de pacientes

    internados.

    Identificar a presena de Staphylococcus aureus em diferentes tipos de ferida

    dos pacientes internados no Hospital do Serid e verificar a proporo de

    MRSA.

  • 6

    Verificar o perfil dos pacientes com colonizao por MRSA na narina e/ou

    presena de MRSA em ferida infectada.

    4. MTODO

    4.1 Tipo de estudo

    Estudo transversal, individuado e observacional, de abordagem exploratria.

    4.2 Unidade geogrfica:

    A pesquisa foi desenvolvida no municpio de Caic, localizado na microrregio do

    Serid Ocidental do estado do Rio Grande do Norte (RN). O municpio apresenta rea

    de 1.229 km2, com mais de 60 mil habitantes (33), configurando-se como municpio de

    destaque no interior RN. Neste sentido, requer ateno com relao ao

    desenvolvimento de pesquisas, sendo importante a participao da Instituio

    Universitria na ampliao do conhecimento nessa regio.

    A pesquisa foi dividida em 2 etapas:

    4.3 Primeira etapa: pesquisa em banco de dados eletrnico e pronturios

    mdicos do Hospital Regional do Serid

    Inicialmente, nas bases de dados eletrnicas do Hospital Regional do Serid,

    foram obtidos os registros dos procedimentos desenvolvidos entre 2008 e 2010,

    verificando o nmero de "tratamento de estafilococcias" e tratamento de

    estreptococcias" e a proporo desses tratamentos diante das infeces bacterianas

    registradas. Aps essa primeira fase, foram ento localizados os pronturios mdicos

    no arquivo no Hospital dos casos de estafilococcias e estreptococcias registrados e

    previamente identificados no sistema de informao local, com intuito de obter

    informaes mais detalhadas desses casos (idade, local da infeco, antibitico

    utilizado e requisio de exame microbiolgico).

    O estudo utilizou como varivel dependente o tipo de infeco (estafilococcia ou

    estreptococcia) nos anos de 2008 a 2010. Como possveis fatores associados a cada

    infeco, investigaram-se as variveis: idade, sexo, sinais e sintomas locais e

    sistmicos, presena de diabetes, problemas cardiovasculares, local da infeco,

  • 7

    realizao de exames laboratoriais e microbiolgicos, tempo de internao, tipo e

    quantidade de antibitico utilizado.

    Realizou-se anlise descritiva das variveis dependente e independentes

    nominais atravs da apresentao de frequncias absolutas e percentuais. As variveis

    independentes quantitativas (idade, tempo de internao e quantidade de antibiticos

    utilizada) foram apresentadas atravs de mdia, mediana, desvio padro, quartil 25 e

    quartil 75, de acordo com o tipo de infeco (estreptococcia e estafilococcia). A

    associao entre as variveis independentes categricas e a dependente foram obtidas

    atravs do teste do Qui-quadrado ou Exato de Fisher. Em contrapartida, para analisar

    se existia diferena estatstica entre os tipos de infeco (estreptococcia ou

    estafilococcia) em relao idade, dias de internao e quantidade de antibiticos foi

    realizado o teste t de Student. Na anlise mltipla, foi realizada Regresso de Poisson

    com varincia robusta. Em todos os testes, foi considerado um nvel de significncia de

    5%, sendo utilizado o programa Stata 10.0.

    4.4 Segunda etapa: pesquisa com pacientes internados no Hospital Regional

    do Serid

    4.4.1 Caractersticas da populao de estudo

    A populao de estudo foi composta pelos pacientes (maiores de 18 anos) que

    apresentassem feridas e estivessem internados na clnica mdica, clnica cirrgica ou

    Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Regional do Serid.

    4.4.2 Tamanho da amostra, alocao dos sujeitos e coleta de dados

    No incio da pesquisa, foi realizada coleta nasal em todos os pacientes no

    momento da internao e o paciente, caso no apresentasse ferida, era acompanhado

    at a alta para verificar se surgia ferida para se realizar coleta. No entanto, aps os

    dois primeiros meses (durante realizao de estudo piloto), verificou-se que essa

    metodologia foi invivel e passou-se a realizar coleta apenas nos pacientes que j

    apresentassem ferida. Os dados do estudo piloto, inclusive dos pacientes que no

    apresentaram feridas, foram utilizados em artigo cujo objetivo foi analisar colonizao

    nasal por Staphylococcus em pacientes internados. Aps realizao do estudo piloto,

    apenas os pacientes com feridas passaram a fazer parte da pesquisa. A amostra foi de

  • 8

    convenincia, sendo includos todos os pacientes com feridas que estivessem

    internados nos dias de coleta de dados (segunda quarta de cada semana durante o

    ano de 2012). Os pacientes includos na pesquisa foram acompanhados at a alta para

    verificar a evoluo clnica.

    4.4.3 Variveis

    a) variveis independentes

    A idade e o sexo dos pacientes envolvidos, o tipo de ferida, localizao da

    infeco, extenso da leso, sinais e sintomas locais e sistmicos, comorbidades,

    aspectos relativos ao tratamento (nmero de antibiticos, tipo e tempo de uso), fatores

    da internao (tempo de internao, evoluo clnica, internao prvia, local da

    internao) e condies socioeconmica e demogrficas do indivduo.

    b) variveis dependentes

    Presena de Staphylococcus, S. aureus e MRSA

    4.4.4 Instrumentos de coleta de dados

    - Pronturio do paciente e questionrio scio-econmico

    Atravs do pronturio foram coletadas informaes como idade, gnero, local

    onde reside, tempo de internao, motivo da internao, presena de doenas

    crnicas (como diabetes) e/ou presena de alteraes que comprometam o

    sistema imunolgico tais como: transplante de rgos, uso de imunossupressores,

    cncer, HIV, leucemia, anemia, ou alguma doena oportunista. Os dados

    inexistentes no pronturio foram questionados ao paciente ou equipe mdica. Alm

    disso foi aplicado um questionrio socioeconmico (ANEXO 1) ao paciente,

    coletando informaes acerca do nvel de escolaridade, renda familiar e

    caractersticas de moradia.

    - Coleta de amostra em mucosa nasal e feridas.

    A ANVISA(34) recomenda que as coletas em feridas, abscessos e exsudatos

    devem ser feitas a partir de processados de bipsia ou aspirado, sendo evitado o uso

    do swab. No entanto, o swab tem sido comumente utilizado no cenrio clnico e em

    estudos microbiolgicos envolvendo feridas (35,36,37,38,39). Assim, por ser mais vivel e

    factvel, alm de apresentar embasamento na literatura, foi utilizado swab estril na

    coleta.

  • 9

    Antes da coleta propriamente dita foi realizada limpeza das margens e

    superfcies da leso com soro fisiolgico, conforme recomendaes do manual da

    ANVISA (34). Posteriormente, coletou-se amostra com swab embebido em soluo

    salina a 0,85% da regio mais profunda da leso. As amostras de mucosas nasais

    tambm foram obtidas atravs de swab embebido em soluo salina a 0,85%. Em

    seguida, foi realizado transporte das amostras (inseridas em tubos com caldo Crebro-

    corao - BHI), para o laboratrio de Microbiologia do Campus Caic-UERN,

    acondicionadas em isopor com gelo. As amostras foram devidamente identificadas por

    numerao (1 a 125), constando tambm informaes do tipo de infeco, local da

    leso e caractersticas clnicas.

    - Fase laboratorial

    O Staphylococcus aureus tem a capacidade de fermentar o manitol em meio de

    cultura contendo 7,5 % de cloreto de sdio, denominado gar manitol salgado ou Meio

    de Chapman. A reao positiva indicada quando o meio ao redor das colnias se

    torna amarelo. No laboratrio de Microbiologia, foi utilizada ala bacteriolgica

    calibrada de 0,1mL para semear, em placa de Petri com gar manitol salgado, as

    amostras coletadas no hospital. Os meios de cultura semeados foram incubados em

    estufa bacteriolgica a 37C durante 48 horas. As colnias sugestivas de

    Staphylococcus coagulase negativo (colnias brancas sem fermentao do meio) e de

    Staphylococcus aureus (colnias amarelas e com fermentao do meio) foram

    submetidas colorao de Gram. As amostras Gram positivas (colorao roxa/violeta)

    e com morfologia de cocos arranjados em cacho de uvas (estafilococos) foram

    submetidas ao teste da catalase e prova da coagulase livre.

    O teste da coagulase em tubo baseia-se na presena da coagulase livre que

    reage com um fator plasmtico, formando um complexo que atua sobre o fibrinognio

    que convertido em fibrina. A colnia isolada no meio gar manitol salgado foi

    inoculada, com auxlio de uma ala bacteriolgica, em tubo de ensaio contendo 0,5 mL

    de plasma de coelho com EDTA. A leitura foi feita aps 2h, 4h, 6h, 8h e 24h,

    verificando assim a formao de cogulo que indica uma reao positiva. No que

    concerne ao teste da catalase, com a ala bacteriolgica, coletou-se o centro de uma

    colnia suspeita presente no meio gar manitol e realizou-se esfregao em uma lmina

    de vidro. Sobre este esfregao foi colocada uma gota de gua oxigenada a 3% e

    observaou-se a formao de bolhas.

  • 10

    As amostras que apresentaram fermentao do gar manitol salgado,

    apresentaram-se como cocos Gram-positivos, catalase e coagulase positivos, foram

    classificadas como Staphylococcus aureus. Os microrganismos identificados como S.

    aureus foram submetidos ao antibiograma, utilizando o mtodo do disco com difuso

    em gar para identificar as cepas de MRSA. As amostras Gram-positivas, catalase

    positiva e coagulase negativa foram classificadas como Staphylococcus coagulase

    negativo. No caso das amostras nasais, os Staphylococcus coagulase negativo

    tambm foram submetidos ao antibiograma para verificar resistncia ou sensibilidade

    meticilina.

    4.4.5 Anlise para a presena de MRSA

    As amostras identificadas como Staphylococcus aureus foram submetidas ao

    antibiograma, utilizando o mtodo do disco com difuso em gar Muller Hinton. Foi

    verificada resistncia cefoxitina para classificao em MRSA ou MSSA, conforme

    recomendaes do CLSI 2013 (40). Staphylococcus aureus ATCC 25923 foi usada

    como controle de qualidade dos testes de susceptibilidade antimicrobiana. Para serem

    consideradas MRSA, as amostras resistentes cefoxitina foram submetidos extrao

    do DNA total (24) e, em seguida, foi realizada amplificao do gene mecA a partir da

    reao da polimerase em cadeia (PCR), conforme parmtros descritos por Oliveira e

    De Lancastre, 2002 (41).

    4.4.6 Anlise dos dados

    O teste do Qui-quadrado foi usado para identificar a associao entre as

    variveis independentes dicotomizadas e a varivel dependente, sendo considerado um

    nvel de significncia de 5%. Na anlise de colonizao nasal por Staphylococcus, para

    verificar se havia diferena significativa entre os grupos das variveis dependentes em

    relao a varivel quantitativa "idade do paciente" (com distribuio normal) foi utilizado

    o teste t de Student, enquanto em relao as demais variveis quantitativas

    independentes que no apresentaram distribuio normal (nmero de dias de

    antibiticos prvio a coleta, nmero de dias de internao e nmero de internaes

    prvias no ltimo ano) a anlise foi atravs do teste de Mann Whitney. As variveis

    independentes que apresentaram p

  • 11

    4.5 Consideraes ticas

    A pesquisa foi desenvolvida com base na resoluo do Conselho Nacional de

    Sade nmero 196/1996. A pesquisa foi desenvolvida aps aprovao do Comit de

    tica em Pesquisa da UERN (protocolos 065/10 e 001/11 ANEXO 1 e ANEXO 2

    respectivamente).

  • 12

    5. ARTIGOS PRODUZIDOS

    5.1 O artigo Prevalence and factors associated with wound colonization by

    Staphylococcus spp. and Staphylococcus aureus in hospitalized patients in inland

    northeastern Brazil: a cross-sectional study foi publicado no peridico BMC Infectious

    Diseases que possui fator de impacto 2.56 e Qualis A2 da CAPES para rea de

    Medicina II.

    5.2 O artigo Colonizao nasal por Staphylococcus sp. em pacientes internados foi

    publicado no peridico Acta Paulista de Enfermagem que possui fator de impacto de

    0.267 e Qualis B3 da CAPES para rea de Medicina II.

    5.3 O artigo Estafilococcias e estreptococcias em pacientes hospitalizados no interior

    do Brasil foi enviado para o peridico Revista de Sade Pblica que possui fator de

    impacto 1.219 e Qualis B2 da CAPES para rea de Medicina II.

  • 13

    5.1 Artigo 1: Prevalence and factors associated with wound colonization by

    Staphylococcus spp. and Staphylococcus aureus in hospitalized patients in inland

    northeastern Brazil: a cross-sectional study

  • 14

  • 15

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  • 17

  • 18

  • 19

  • 20

  • 21

  • 22

    5.2 Artigo 2: Colonizao nasal por Staphylococcus sp. em pacientes internados

  • 23

  • 24

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  • 27

  • 28

  • 29

  • 30

    5.3 Artigo 3: Estafilococcias e estreptococcias em pacientes hospitalizados no interior do Brasil

  • 31

    Estafilococcias e estreptococcias em pacientes hospitalizados no interior do Brasil Staphylococcal and streptococcal infections in hospitalized patients in inland of

    Brazil

    Estafilococcias e estreptococcias em hospitalizados

    Gilmara Celli Maia de Almeida1*, Marquiony Marques dos Santos2, Nara Grazieli

    Martins Lima3, Kenio Costa Lima4

    1 Doutoranda em Cincias da Sade pela Universidade Federal do Rio Grande do

    Norte (UFRN), Mestre em Sade Coletiva pela UFRN, Professora assistente do

    Departamento de Odontologia - Universidade do Estado do Rio Grande do Norte

    (UERN). Email: [email protected]

    2 Mestrando em Sade Coletiva pela UFRN, Graduado em Enfermagem pela UERN,

    Responsvel pelo laboratrio de Microbiologia da UERN. Email:

    [email protected]

    3 Graduada em Odontologia pela UERN. Email: [email protected]

    4 Doutor em Microbiologia (UFRJ), Professor adjunto do departamento de

    Odontologia UFRN. Email: [email protected]

    * corresponding author: Rua Andr Sales, 667, Paulo VI, Campus Caic-UERN, Caic-

    RN, Brasil. CEP:59300-000. Email: [email protected]

    mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]

  • 32

    Resumo

    Objetivo: identificar prevalncia de estafilococcias e estreptococcias, e a associao de

    fatores clnicos e relativos internao com o tipo de infeco.

    Mtodos: estudo seccional em hospital pblico do interior do Nordeste brasileiro. Foram

    investigados os pronturios mdicos dos pacientes internados com estafilococcias ou

    estreptococcias entre 2008 e 2010 (n= 315), obtendo-se a prevalncia das referidas

    infeces e a identificao de fatores como idade, sexo, sinais locais e sistmicos,

    presena de comorbidades, local da infeco, realizao de exames, tempo de

    internao e uso de antibiticos. Foram utilizados teste do Qui-quadrado e teste t de

    Student na anlise bivariada. Na anlise mltipla, foi realizada Regresso de Poisson

    com varincia robusta.

    Resultados: Foram 117 pronturios de estafilococcias e 178 de estreptococcias. A

    classificao do tipo de infeco foi realizada em quase totalidade por critrios

    exclusivamente clnicos. Houve diferena significativa entre os grupos tratamento de

    estreptococcias e estafilococcias em relao a quantidade de antibiticos

    administrados (p=0,001) e nmero de dias internados (p

  • 33

    Abstract

    Objective: To assess the prevalence of staphylococci and streptococcal infections, and

    the association of clinical and hospitalization factors to the type of infection.

    Methods: Cross-sectional study in a public hospital in inland northeastern Brazil.

    Medical records of patients admitted with staphylococci or streptococcal infections

    between 2008 and 2010 (n = 315) were investigated to give the prevalence of these

    infections and the identification of factors such as age, sex, local and systemic signs,

    comorbidities, location infection, exams, length of stay and antibiotic use. Chi-square

    and Student t test were used in the bivariate analysis. In multivariate analysis was

    performed Poisson regression with robust variance.

    Results: There were 117 records of staphylococcal infections and 178 of streptococcal.

    The classification of the type of infection was performed in almost all exclusively by

    clinical criteria. There was a significant difference between the treatment groups

    staphylococci and streptococcal infections compared the amount of administered

    antibiotics (p=0.001) and number of days hospitalized (p

  • 34

    INTRODUO As infeces bacterianas na pele e tecidos moles so comumente causadas por

    Staphylococus ou Streptocococcus com destaque para o primeiro microrganismo que

    frequentemente faz parte da microbiota residente.1-5 Pela grande extenso da pele,

    essas bactrias podem estar presentes em diversas partes do corpo, o que contribui

    com a contaminao cruzada decorrentes da internao. Assim, em ambiente

    hospitalar, a condio debilitada dos pacientes pode favorecer a ocorrncia de

    bacteremias, infeces sistmicas, ou permanncia de infeces locais por resistncia

    dos microrganismos.

    Como exemplos comuns de infeces por Staphylococcus na pele e tecidos

    subjacentes esto os furnculos, carbnculos, celulites, abscessos, impetigo,

    piodermites, alm da contaminao de feridas. Como agravantes das infeces por

    Staphylococcus esto a sndrome do choque txico, bacteremias e sepses, com maior

    preocupao para os casos de Staphylococcus aureus resistente meticilina (MRSA).

    Fatores como internao prolongada, idade do paciente, debilidade imunolgica, uso

    de terapia antibitica emprica, doenas crnicas severas, problemas vasculares,

    presena de feridas infectadas, entre outros podem estar associados presena de

    MRSA com potencial invasivo para causar infeces sistmicas.1-3,6 Um dos aspectos

    relacionados resistncia o uso inadequado de antibiticos na populao, bem como

    uso emprico em ambiente hospitalar, baseado prioritariamente em critrios clnicos.

    Para as infeces na pele causadas por Streptococcus destacam-se a erisipela,

    impetigo e fascete necrosante, apesar das mesmas tambm poderem associar-se aos

    Staphylococcus. Alm de infeces na pele e tecidos subjacentes, os Streptococcus

    esto frequentemente relacionados s faringites, causa comum de internao

    principalmente em crianas.7

    Atravs de reviso sistemtica observou-se que nos pases em desenvolvimento

    as infeces causadas por Staphylococcus apresentaram altas frequncias quando

    comparadas a outras infeces tanto em pacientes de alto risco (22% - referente aos

    internados em Unidades de Terapia Intensiva e pacientes transplantados), como os

    admitidos no hospital em reas de menor risco (32%). Foram verificadas propores de

    36% nas infeces sanguneas e 26% nas infeces de stio cirrgico.8 Entre os

    pases em desenvolvimento, destaca-se o Brasil que possui uma populao extrema-

  • 35

    mente heterognea, com diferenas regionais e nas condies de acesso aos servios

    de sade.

    Dada a grande extenso territorial do pas, em muitos locais h ausncia de

    informaes do perfil de infeces, com limitaes na avaliao de fatores associados,

    morbimortalidade e microrganismos mais envolvidos. Assim, h dificuldades em

    conhecer as variabilidades regionais e, portanto, em desenvolver estratgias de ao

    condizentes com a situao de sade diagnosticada.9 Diante da variabilidade regional,

    os Sistemas de Informao em Sade podem nortear a identificao do perfil de

    infeces em hospitais brasileiros, mas a confiabilidade e adequao dos dados

    dependem diretamente da alimentao do sistema pela equipe do hospital ao registrar

    a internao hospitalar. No caso do Sistema de Informaes Hospitalares do SUS (SIH-

    SUS) possvel verificar a quantidade de internaes decorrentes de estafilococcias ou

    estreptococcias, mas imprescindvel identificar se a alimentao realizada pelo

    hospital de origem criteriosa e adequada para diagnstico e planejamento de aes.

    Nesse contexto, conhecer o perfil de estafilococcias e estreptococcias em

    regies interioranas do Brasil, e identificar as limitaes cotidianas no registro de

    informaes e no processo teraputico e diagnstico, pode contribuir com condutas

    mais efetivas e subsidiadas na rotina clnica comum ao ambiente hospitalar.

    MTODOS

    A pesquisa foi desenvolvida no municpio de Caic, localizado no interior do Rio

    Grande do Norte (RN), regio nordeste do Brasil, a qual se caracteriza por precrias

    condies sociodemogrficas.10 A populao de estudo vive sob privao social, com

    redimento mdio familiar de 2203,38 reais na rea urbana (aproximadamente 997

    dlares) e de 1160,05 reais (aproximadamente 525 dlares) na rea rural.11 O

    municpio apresenta rea de 1228,583 km2, com mais de 60 mil habitantes11. Neste

    sentido, requer ateno com relao ao desenvolvimento de pesquisas, sendo

    importante a participao da Instituio Universitria na ampliao do conhecimento

    nessa regio. Assim, foi realizado um estudo seccional, a partir de pesquisa no banco

    de dados eletrnico e pronturios mdicos do Hospital Regional do Serid, o qual

    referncia para a regio, e apresenta uma mdia anual de internao de 2000

    pacientes.

    Inicialmente, nas bases de dados eletrnicas do Hospital Regional do Serid,

    foram obtidos os registros dos procedimentos desenvolvidos entre 2008 e 2010,

  • 36

    verificando o nmero de "tratamento de estafilococcias" e tratamento de

    estreptococcias" e a proporo desses tratamentos diante das infeces bacterianas

    registradas. Aps essa primeira fase, foram ento localizados os pronturios mdicos

    no arquivo no Hospital dos casos de estafilococcias e estreptococcias registrados e

    previamente identificados no sistema de informao local, com intuito de obter

    informaes mais detalhadas desses casos (idade, local da infeco, antibitico

    utilizado e requisio de exame microbiolgico).

    O estudo utilizou como varivel dependente o tipo de infeco (estafilococcia ou

    estreptococcia) nos anos de 2008 a 2010. Como possveis fatores associados a cada

    infeco, investigaram-se as variveis: idade, sexo, sinais e sintomas locais e

    sistmicos, presena de diabetes, problemas cardiovasculares, local da infeco,

    realizao de exames laboratoriais e microbiolgicos, tempo de internao, tipo e

    quantidade de antibitico utilizado.

    Realizou-se anlise descritiva das variveis dependente e independentes

    nominais atravs da apresentao de frequncias absolutas e percentuais. As variveis

    independentes quantitativas (idade, tempo de internao e quantidade de antibiticos

    utilizada) foram apresentadas atravs de mdia, mediana, desvio padro, quartil 25 e

    quartil 75, de acordo com o tipo de infeco (estreptococcia e estafilococcia). A

    associao entre as variveis independentes categricas e a dependente foram obtidas

    atravs do teste do Qui-quadrado ou Exato de Fisher. Em contrapartida, para analisar

    se existia diferena estatstica entre os tipos de infeco (estreptococcia ou

    estafilococcia) em relao idade, dias de internao e quantidade de antibiticos foi

    realizado o teste t de Student. Na anlise mltipla, foi realizada Regresso de Poisson

    com varincia robusta. Em todos os testes, foi considerado um nvel de significncia de

    5%, sendo utilizado o programa Stata 10.0.

    RESULTADOS

    No sistema de informao do hospital, havia 124 pronturios cadastrados

    referentes ao tratamento de estafilococcias (n=32 em 2008; n=44 em 2009 e n=48 em

    2010), 191 ao tratamento de estreptococcias (n=46 em 2008; n=61 em 2009 e n=84 em

    2010) e 33 de registros de "tratamento de outras doenas bacterianas" (n=3 em 2008;

    n=6 em 2009 e n=24 em 2010). No foi considerado para esse estudo os registros de

    "tratamento de doenas infecciosas e intestinais", tendo em vista a associao com

  • 37

    maior diversidade de agentes causadores. Assim, verifica-se que no sistema de

    informao do Hospital, entre as infeces bacterianas, o tratamento de estafilococcias

    representou entre os anos de 2008-2010 em mdia 30,8%, o tratamento de

    estreptococias 53,8% e outras doenas bacterianas 15,4%. A partir dos registros, foram

    procurados apenas os pronturios referentes ao tratamento de estreptococcias e

    estafilococcias por serem o desfecho do estudo. Entretanto, no foram localizados 7

    pronturios referentes ao tratamento de estafilococcias (4 em 2009 e 3 em 2010) e 13

    relativos ao tratamento de estreptococcias (2 em 2008; 4 em 2009; e 7 em 2010).

    Diante disso, o estudo foi desenvolvido com 117 pronturios de tratamento de

    estafilococcias e 178 de tratamento de estreptococcias.

    A partir dos pronturios, obteve-se a estatstica descritiva das variveis

    quantitativas idade, dias de internao e nmero de antibiticos em relao ao tipo de

    infeco, a qual pode ser verificada na tabela 1. Houve diferena significativa entre os

    grupos tratamento de estreptococcias e estafilococcias em relao a quantidade de

    antibiticos administrados (p=0,001) e nmero de dias internados (p

  • 38

    Entre as partes do corpo, a pele foi a mais atingida nos casos de

    estafilocococcias (n=108, 92,31%) e estreptococcias (n=90; 50,56%). Alm das

    infeces na pele, foram citadas infeces sistmicas, ps-cirrgicas e de orofaringe,

    sendo este ltimo caso citado apenas nas infeces por estreptococos. Vale ressaltar

    que em 62 (75,2%) dos 82 casos de infeco de orofaringe havia presena de pus.

    As infeces sistmicas, ps-cirrgicas e de orofaringe foram classificadas

    como "outros locais", sendo 9 (7,69%) para os casos de estafilococcias e 88 (49,44%)

    para estreptococcias. A distribuio dentro de cada uma das partes do corpo (pele e

    outros locais) pode ser verificada atravs da tabela 2.

    Atravs da tabela 3, possvel observar caractersticas gerais do paciente no

    momento da internao, sendo a presena de diabetes e desidratao associadas

    significativamente aos pacientes tratados para estafilococcia. Na tabela 4 foram

    analisados os fatores clnicos relacionados s estafilococcias conforme frequncia

    apresentada nos pronturios do estudo, e na tabela 5 os aspectos relativos s

    estreptococcias, sendo possvel observar que a presena de feridas/lceras ou p

    diabtico, presena de necrose, leses disseminadas e odor ftido foram associados

    significativamente aos pacientes tratados para estafilococcia, enquanto a presena de

    erisipela, febre, eritema, edema, dor, mialgia/artralgia e fadiga/prostrao foram

    associados significativamente aos pacientes tratados para estreptococcia.

    DISCUSSO O tratamento emprico de infeces bacterianas uma rotina de alguns hospitais,

    principalmente nos localizados distantes dos grandes centros. Diante dessa realidade,

    os exames microbiolgicos so requeridos apenas em casos mais graves para

    confirmao diagnstica e direcionamento do tratamento. Prevalece sobremaneira o

    diagnstico clnico baseado nos sinais locais e sistmicos apresentados pelo paciente.

    Nesse sentido, salutar analisar se os critrios clnicos utilizados pela equipe de sade

    para conduzir um tratamento de infeces bacterianas condizem com os protocolos

    clnicos descritos na literatura, bem como verificar fatores clnicos e do paciente

    associados ao tratamento de escolha pelo profissional.

    Diante disso, Asgeirsson et al.(2011)12 verificaram que o tratamento emprico de

    bacteremias foi efetivo em apenas 41,8% dos casos. O hemograma foi utilizado como

    referncia para deteco de infeco bacteriana e utilizao de antibitico, sendo o

  • 39

    tratamento iniciado um dia ou dois aps cultura sangunea, corroborando assim o

    nosso estudo em que tal exame foi o predominante como complementar diagnstico e

    norteador para antibioticoterapia. No entanto, a adequao do tratamento emprico das

    bacteremias por S. aureus sensveis meticilina maior que para MRSA12, o que

    aponta a falta de integrao entre a situao epidemiolgica e a prtica de prescrio

    mdica. Vale ressaltar ainda que o tratamento apropriado correlaciona-se com menor

    taxa de recidiva e menor mortalidade.12

    Apesar das ressalvas quanto ao tratamento emprico, a realidade apresentada

    no interior brasileiro. O ponto de maior fragilidade do estudo que os casos foram

    registrados como estafilococcias ou estreptococcias, mas sem identificao

    microbiolgica. Assim, as infeces podem ser causadas por outras bactrias e no por

    Staphylococcus ou Streptococcus, o que limita sobremaneira as associaes

    realizadas no estudo. No entanto, salutar expor o que considerado na rotina

    hospitalar como critrio para diagnstico clnico de estafilococcia ou estreptococcia.

    uma realidade identificada e que necessita ser exposta e discutida. A classificao

    como tratamento de estafilococcias e tratamento de estreptococcias consta como

    procedimento hospitalar disponvel no Sistema de Informaes Hospitalares do SUS

    (SIH-SUS/DATASUS), o que alerta a limitao na anlise desse procedimento, uma

    vez que sua alimentao no sistema por outros municpios tambm pode ser realizada

    sem critrios microbiolgicos. O cuidado na alimentao do SIH-SUS se deve a sua

    importncia em termos de sade uma vez que, entre outros fatores, dispe de

    informaes sobre os procedimentos mais comuns nas diferentes regies e estados

    brasileiros, indica as causas mais comuns de internao e permite verificar os recursos

    destinados a cada hospital integrante da ampla rede do SUS.13(TARGINO).

    O diagnstico de uma realidade a partir do Sistema de Informao em Sade

    esbarra nas limitaes inerentes a esse sistema, com destaque para o mau

    preenchimento das fontes de registro hospitalar que apresentam dados ignorados ou

    sem preenchimento 13. Diante disso, existe anlise de dados com base muitas vezes

    em informaes imprecisas e inexatas 13. No caso da nossa pesquisa, muitos casos

    podem ter sido identificados erroneamente como estafilococcias ou estreptococcias,

    transparecendo a limitao em avaliar tal procedimento no SIH-SUS.

    Essa prtica hospitalar pode interferir nos custos do tratamento em sade pblica.

    Se houver um diagnstico inadequado e consequentemente tratamento direcionado

  • 40

    para agente causador incorreto pode no somente prolongar tempo de internao

    como favorecer seleo de linhagens resistentes de bactrias como Pseudomonas,

    Enterobacter, Staphylococcus e Streptococcus. Outro aspecto a ser discutido a

    importncia de se preencher adequadamente os pronturios mdicos para evitar

    anlise inadequada quanto ao planejamento em sade. Os dados que constam nos

    pronturios representam informaes bsicas sobre as quais repousa o conhecimento

    da realidade sanitria e que subsidia a organizao dos servios de sade.14

    (Mendona 1990) Nesse contexto. so considerados obstculos para o

    desenvolvimento e a pesquisa em Sade Coletiva: a ineficincia dos sistemas de

    informao no registros de dados nosolgicos e limitao na classificao das doenas

    que interferem no processo sade-doena.14

    Apesar das limitaes apresentadas, os Sistemas de informao e anlise de

    pronturios mdicos so comumente utilizados em pesquisa cientfica para diagnosticar

    uma realidade da assistncia em sade e, consequentemente, nortear planejamento e

    aes que favoream a melhoria do servio prestado. Diante disso, verificou-se que a

    mdia de dias de internao na nossa pesquisa foi quase o dobro para os casos

    diagnosticados como estafilococcias comparado s estreptococcias. A literatura aponta

    uma mdia de internao de 3 a 4 dias quando decorrente de infeces de pele.15 As

    estafilococcias que foram mais prevalentes na pele e tecidos moles, corroborando

    dados da literatura,1,5,16 apresentaram em nosso estudo associao significativa com

    tempo de internao mais prolongado, sendo em mdia o dobro do relatado na

    literatura.15

    Esse resultado preocupante, uma vez que o longo perodo de internao

    hospitalar considerado fator de risco para presena de MRSA.16 Esse aspecto pode

    ser agravado pela realidade de alguns municpios do interior brasileiro em que se

    realizam poucos antibibiogramas e inviabilizam uma teraputica adequada ao perfil

    bacteriano da regio. Assim, o tratamento prolongado, resultante em muitos momentos

    de linhagens resistentes de S. aureus, aumentam os custos em sade,16 o que aponta

    para maior ateno no processo de preveno, diagnstico e tratamento dessas

    infeces.

    No que concerne ao uso de antibiticos, em nosso estudo houve associao das

    estafilococcias com maior quantidade de antibiticos, o que indica maior debilidade do

    paciente e complexidade do tratamento. No entanto, o uso de antibitico na maioria dos

  • 41

    casos foi realizada de forma emprica, o que, se realizado inadequadamente, pode

    levar ao surgimento de linhagens bacterianas resistentes. Ainda so comuns as

    prescries antimicrobianas sem identificao laboratorial, favorecendo aquisio no

    apenas de MRSA hospitalar, mas tambm na comunidade (CA-MRSA), sendo prescrito

    aos pacientes em mdia 2,5 antibiticos no ano anterior ao desenvolvimento de

    infeces por CA-MRSA.17

    Outro aspecto que favorece o uso inadequado de antibiticos a alta demanda de

    pacientes, que pode levar ao diagnstico inadequado, alm de serem referidas as

    prescries prvias ao tratamento hospitalar e os preos elevados dos antibiticos

    como fatores que inviabilizam efetividade do tratamento e podem favorecer linhagens

    resistentes.18

    Nesse sentido, a instaurao de tratamento emprico requer uma maior ateno

    das caractersticas clnicas1 e epidemiolgicas para minimizar problemas na evoluo

    teraputica do paciente e no controle de infeces no mbito hospitalar. Ainda

    comum a escassez de informaes teraputicas adequadas e atualizada entre os

    profissionais de sade, o que aponta a necessidade de educao permanente,

    disseminao de informaes sobre antibioticoterapia e adoo de condutas

    embasadas em protocolos vigentes.18 No entanto, a suscetibilidade antimicrobiana

    varia bastante nos pases e regies, devendo a equipe de sade basear seu

    tratamento emprico em padres de resistncia da sua localidade,3,5 com realizao de

    antibiogramas para identificar o perfil bacteriano associado as diferentes infeces

    locais e sistmicas recorrentes no ambiente hospitalar.

    Apesar disso, a terapia emprica ainda utilizada, principalmente em localidades

    menores, muitas vezes sem base em aspectos epidemiolgicos e microbiolgicos do

    setor sade da regio. Existem alguns subsdios na literatura para o uso emprico nos

    casos mais simples de leses de pele e mucosa (casos tpicos de erisipela e celulite

    por exemplo), uma vez que o crescimento bacteriano baixo em culturas sanguneas e

    em amostras obtidas da pele, sendo difcil o isolamento mesmo a partir de aspirao ou

    bipsia da pele 3,5. As aspiraes e bipsias da pele nos casos tpicos so

    consideradas desnecessrias por alguns autores, pois a terapia deve ser direcionada

    aos Streptococcus e Staphylococcus.3,5 No entanto, nos pacientes com diabetes,

    neoplasias, imunossupresso, neutropenia ou fatores locais incomuns, a cultura

    microbiana se torna essencial,3 dada a debilidade do paciente, maior possibilidade

  • 42

    resistncia bacteriana, e portanto necessidade de uma teraputica mais especfica para

    garantir que a infeco seja debelada.

    Apesar de ser recomendado realizar antibiograma no tratamento de infeco de

    pacientes com diabetes e outros comprometimentos sistmicos, essa prtica foi pouco

    evidente no nosso estudo. A presena de diabetes e desidratao foram fatores do

    paciente associados significativamente ao tratamento de estafilococcias, o que podem

    predispor o paciente a presena de linhagens resistentes de Staphylococcus. O

    diabetes pode ter sido associado significativamente aos casos de estafilococcias pela

    sua relao estreita com lceras de presso, p diabtico e evoluo das feridas3, as

    quais tambm foram associadas s estafilococcias. Alm disso, a literatura tambm

    aponta a presena de diabetes nos pacientes com MRSA6, como fator de risco para

    ocorrncia de celulites no supurativas19 e como fator de risco para desenvolvimento

    de sepse.24 O risco de bacteremia em decorrncia de Staphylococcus e Streptococcus

    hemolticos duas a trs vezes maior em pacientes diabticos, e frequentemente so

    originadas de feridas infectadas.20

    Um outro problema detectado que estudos demonstram associao entre

    bacilos Gram-negativos e p-diabticos,21,22,23 o que pode ser um indicativo que o

    diagnstico realizado em alguns pronturios do nosso estudo foi direcionado para o

    grupo bacteriano incorreto. Isso porque, p diabtico e lceras de presso foram leses

    associadas cilinciamente em nosso estudo aos casos de estafilococcias. Apesar de

    tambm existirem relatos na literatura da associao de feridas e lceras de presso

    com presena de S. aureus1, a possibilidade de haver bactrias Gram-negativas como

    agentes causadores, principalmente em pacientes diabticos, chama ateno para

    necessidade de melhor investigao antes de diagnosticar e nortear a conduta

    teraputica. Outros sinais clnicos que reforam a possibilidade de haver bacilos Gram-

    negativos como agentes causadores so necrose e odor ftido que se associam mais

    frequentemente a esse grupo bacteriano24. No entanto, nos pronturios investigados

    em nosso estudo esses sinais foram associados aos casos de estafilococcias.

    Diante disso, a associao de diabetes, p diabtico, necrose e odor ftido com

    estafilococcias pode ser inadequada, uma vez que o diagnstico e tratamento referidos

    em parte dos pronturios deveriam ser direcionados s bactrias Gram-negativas. Isso

    pode contribuir para um pior prognstico e explicar em parte o maior tempo de

    internao para os casos tratados como estafilococcias.

  • 43

    Apesar da possibilidade de existirem bacilos Gram-negativos, ainda forte a

    relao de feridas com Staphylococcus, principalmente MRSA. Conforme dados de

    reviso sistemtica, as feridas so consideradas stios que aumentam em 17% a

    chance de encontrar MRSA.25 Nesse contexto, conhecer a epidemiologia dos

    patgenos bacterianos associada s feridas infectadas preponderante na formulao

    de polticas pblicas voltadas ao controle de infeces.26

    A erisipela encontrada em maior proporo nos membros superiores, mas pode

    ocorrer na face e membros inferiores.2,5 Picadas de inseto, lceras de presso e

    dermatites prvias podem funcionar como porta de entrada para os estreptococos

    hemolticos do grupo A e desenvolvimento da erisipela. Alm da associao com

    traumas locais e eroses prvias, a maioria dos pacientes apresenta diabetes e/ou

    enfermidade vascular perifrica.2 No nosso estudo, a erisipela foi associada s

    estreptococcias, mas no presena de diabetes e problemas circulatrios.

    Reforando a limitao na discusso dos dados apresentados, verificou-se que a

    presena de pus na pele foi mais frequentemente diagnosticada como estafilococcias.

    Esses dados corroboram a literatura que apontam a presena de secreo associada a

    leses de pele com Staphylococcus,1,27 sendo os casos de celulite no supurativa

    raramente associada a MRSA.19 No entanto, os Streptococcus, principalmente do

    grupo A, tambm podem relacionar-se a presena de pus em leses de pele, seja de

    forma isolada ou associados aos Staphylococcus.15,27,28

    Quanto localizao, os membros inferiores foram as regies da pele mais

    atingidas tanto no caso de estreptococcia como estafilococcia.Devido a ausncia de

    exame laboratorial, possvel que alguns casos tenham sido diagnosticados

    equivocadamente por parte dos profissionais de sade do nosso estudo.Clinicamente,

    a erisipela se caracteriza inicialmente por uma placa edemaciada dolorosa,

    eritematosa, borda claramente diferenciada da pele, podendo ocasionalmente

    apresentar vesculas ou bolhas, requerendo nesses casos maior tempo de internao.2

    Vale salientar que nosso estudo foi desenvolvido em uma cidade com alta

    temperatura mdia anual, e numa regio de privao social. Nesse sentido, as

    dificuldades econmicas, deficincias no sistema de sade, diagnstico inadequado,

    vulnerabilidade para mudanas climticas e localizao geogrfica so apontados

    como fatores que influenciam na sade, e podem interferir na presena de linhagens

    bacterianas resistentes.18 A privao social e econmica da populao do estudo em

  • 44

    questo pode favorecer um uso inadequado de antibiticos em ambiente domiciliar, ou

    interferir no tratamento hospitalar quando o paciente no tem possibilidades de

    comprar alguns medicamentos prescritos ou produtos de higiene para tratamento local

    de feridas. Alm disso, a alta temperatura pode favorecer as infeces de pele em

    geral,18 sendo esta uma condio ambiental do municpio estudado (temperatura mdia

    em 2012 de 30C, com mxima de 37,5C e mnima de 24,3C).29

    Apesar da faringite ser comum em crianas, em nosso estudo grande parte dos

    casos de faringite estreptoccica referia-se aos adolescentes e adultos, sendo na

    maioria dos casos acompahada de dor, edema e febre. De acordo com reviso

    sistemtica,7 os sinais e sintomas como dor de cabea, dor abdominal, faringe

    eritematosa e disfagia foram bem heterogneos entre os estudos, enquanto foram

    coincidentes entre os estudos aumento tonsilar, linfadenopatia e ausncia de coriza.

    Alm disso, na reviso sistemtica verificou-se que h aumento na possibilidade de

    faringite estreptoccica em mais de 50% quando esto presentes sintomas como

    petquias palatais, exsudato farngeo, vmito e aumento dos ndulos cervicais. No

    entanto, em nosso estudo a associao signficativa com estreptococcia ocorreu apenas

    para edema, dor e febre, sendo esses sinais e sintomas em sua maioria relativos aos

    casos de faringite.

    CONSIDERAES FINAIS

    No Hospital onde foi realizada a pesquisa, o diagnstico das infeces ocorre

    com base prioritariamente em caractersticas clnicas, e o tratamento das infeces

    realiza-se de forma emprica, o que pode contribuir com aumento da resistncia dos

    microrganismos envolvidos. Alm disso, a ausncia de critrios microbiolgicos para

    classificao diagnstica limita sobremaneira as associaes identificadas no estudo e

    expe a fragilidade em se trabalhar com pronturios e Sistema de Informao em Sade

    no Brasil, principalmente no que concerne s infeces bacterianas. Nesse sentido, so

    necessrios estudos que investiguem se essa uma realidade dos hospitais afastados

    das capitais ou grandes centros, e assim investir em aes que estimulem a

    identificao bacteriana por critrios microbiolgicos, bem como monitorar a assistncia

    em sade prestada em hospitais de referncia.

    As infeces por Streptococcus so atribudas principalmente aos quadros

    clnicos de faringites e erisipela, sendo verificada associao de sinais inflamatrios,

  • 45

    presena de febre e dor ao tratamento de estreptococcias. J os Staphylococcus

    requerem uma ateno especial pois o maior tempo de internao e presena de

    desidratao foram fatores associados s essas infeces, assim como a presena de

    ferimento, de leses disseminadas e de odor ftido. Nesse contexto, as infeces por

    Staphylococcus, apesar de menos prevalentes, resultam em maior permanncia em

    ambiente hospitalar, e em casos de resistncia bacteriana ou ausncia de teraputica

    apropriada, pode predispor a complicaes clnicas, tais como persistncia ou

    disseminao de ferimentos infectados e desenvolvimeto de infeces sistmicas.

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    Tabela 1. Mdia, desvio padro, mediana, quartil 25 e quartil 75 das variveis independentes quantitativas, segundo o tipo de infeco. Caic-RN, 2014.

    Tipo de infeco

    Variveis independentes quantitativas Mdia

    Desvio Padro Quartil 25 Mediana Quartil 75

    Estafilococcias

    Idade 50,74 21,191 34,5 47 71

    Dias de Internao 6,36 6,682 3 4 6,5

    N de antibiticos 2,21 1,016 1 2 3

    Estreptococcias

    Idade 49,55 21,969 29,75 46,5 69,25

    Dias de Internao 3,97 2,625 3 3 4

    N de antibiticos 1,85 0,905 1 2 2

    Tabela 2. Distribuio das infeces de acordo com as partes do corpo atingidas. Caic-RN, 2014.

    Partes do corpo Estafilococcias Estreptococcias

    Pele n % n %

    trax/costas/cervical 14 12,96 5 5,56

    membros inferiores 62 57,41 74 82,22

    membros superiores 11 10,19 4 4,44 regio perianal/gltea/lombar/sacral/plvica 14 12,96 3 3,33

    Face 7 6,48 4 4,44

    Total 108 100,00 90 100,00

    Outros locais n % n %

    Infeco ps-cirrgica/ps-histerectomia 4 44,44 3 3,41

    infeco sistmica 5 55,56 3 3,41

    orofaringe/amgdalas 0 0,00 82 93,18

    Total 9 100,00 88 100,00

  • 49

    Tabela 3. Associao entre as variveis independentes relativas s caractersticas gerais do

    paciente e o tipo de infeco. Caic-RN, 2014.

    Variveis independentes categricas -

    caractersticas gerais paciente

    Tratamento de infeces

    diagnosticadas como

    Staphylococcus sp.

    Tratamento de infeces

    diagnosticadas como

    Streptococcus sp.

    p RP IC 95% p RPaj IC 95% n (%) n (%)

    Sexo Feminino 63 (42,3) 86 (57,7)

    0,418 1,143 0,861-1,518 0,860 1,018 0,758-1,367 Masculino 54 (37,0) 92 (63,0)

    Idade

    0-38 anos 38(38,4) 61(61,6)

    0,786

    1 - - - -

    39-61 anos 40(42,6) 54(57,4) 1,109 0,786-1,563 0,746 1,041 0,729-1,487

    61-101 anos 39(38,2) 178(60,3) 0,996 0,701-1,416 0,581 0,909 0,628- 1,314

    Desidratao Ausente 80(33,5) 159(66,5)

  • 50

    Tabela 5. Associao entre as variveis independentes relacionadas clinicamente s

    estreptococcias e o tipo de infeco. Caic-RN, 2014.

    Variveis independentes categricas - fatores

    clnicos relacionados estreptococcias

    Tratamento de infeces

    diagnosticadas como

    Streptococcus sp.

    Tratamento de infeces

    diagnosticadas como

    Staphylococcus sp.

    p RP IC 95% p RPaj IC 95% n (%) n (%)

    Erisipela Ausente 118 (51,5) 111 (48,5)

  • 51

    6.COMENTRIOS, CRTICAS E SUGESTES

    O anteprojeto inical da pesquisa previa a identificao no somente de infeces

    por Staphylococcus em feridas, mas tambm em infeces secundrias decorrentes da

    internao, como infeco sistmica e septicemia por Staphylococcus. No entanto,

    durante realizao do estudo piloto, verificou-se ser invivel operacionalizar essa

    investigao por dificuldades encontradas na rotina de atendimento do Hospital

    Regional do Serid. Alm disso, no desenvolvimento do projeto inicial contaramos com

    enfermeiro do prprio hospital para realizar a coleta sangunea para verificao de

    bacteremias e essa amostra seria utilizada para identificao do S. aureus da pesquisa.

    No entanto, durante o estudo piloto no encontramos apoio adequado quanto a esse

    aspecto. Nesse sentido, a pesquisa foi readequada apresentando como objetivo

    identificar a prevalncia de Staphylococcus em feridas dos pacientes internados, sendo

    a presena de ferida o principal critrio de incluso dos pacientes no estudo.

    Outro problema enfrentado foi o limitado suporte laboratorial, durante o perodo

    de realizao da pesquisa, para realizao de caracterizao molecular das linhagens

    de MRSA. Apesar de ser uma etapa de desenvolvimento corrente no laboratrio de

    Microbiologia da UFRN, durante a utilizao das amostras do nosso estudo, houve uma

    sequncia de problemas que inviabilizou a realizao dessa etapa. Primeiramente,

    houve problemas na fonte de energia do equipamento utilizado para realizao do

    PFGE. Quando solucionada essa questo, faltaram enzimas para desenvolvimento da

    caracterizao molecular dos MRSA da pesquisa. Assim, a partir de oramentos

    prprios do pesquisador, foi providenciada a compra das enzimas necessrias para

    realizao dessa etapa. Entretanto, as enzimas no constavam em estoque no

    momento da compra, o que atrasou a realizao do procedimento. Quando a

    caracterizao molecular com as amostras da pesquisa foi realizada, verificou-se que a

    enzima de restrio utilizada apresentou problemas, inviabilizando mais uma vez o

    cumprimento dessa etapa. Em decorrncia da escassez do tempo, e a impossibilidade

    de se realizar caracterizao molecular, esse objetivo, constante inicialmente na

    pesquisa, foi removido do texto final da tese. No entanto, pretende-se, assim que

    houver condies tcnicas e estruturais, dar continuidade pesquisa e complementar

    os resultados obtidos.

  • 52

    Apesar dos problemas descritos acima, a pesquisa atingiu seu principais

    objetivos e foi desenvolvida sob rigor tcnico e metodolgico para viabilizar um trabalho

    de qualidade. Quanto ao mrito da pesquisa, destaca-se o seu desenvolvimento no

    interior do Nordeste brasileiro, em geral carente de estudos, principalmente em se

    tratando daqueles que necessitam de suporte laboratorial e de infraestrutura mais

    complexa. Para fins cientficos e mais gerais, a nossa pesquisa contemplou uma

    investigao na rea de infeces bacterianas por Staphylococcus, at ento pouco

    expressiva na regio interiorana do pas. Por outro lado, a pesquisa contribuiu para fins

    locais, ampliando conhecimento sobre perfil e fatores associados s infeces por

    Staphylococcus em feridas em Hospital de referncia para o Serid Ocidental,

    responsvel pelo atendimento de mais de 14 municpios do interior do estado do Rio

    Grande do Norte. Tambm se fortaleceu a relao entre instituio universitria e

    assistncia hospitalar em sade da regio, o que permite que as pesquisas cientficas

    continuem a se desenvolver com intuito de trazer benefcios para a equipe de sade,

    gestores e pacientes.

    Vale salientar que o crescimento acadmico, intelectual e cientfico da

    pesquisadora foi bastante expressivo, contribuindo para essa evoluo fatores como:

    contato com pacientes internados em situao de extrema vulnerabilidade; dificuldades

    enfrentadas para desenvolvimento das etapas laboratoriais inerentes realidade de um

    municpio do interior do estado; vivncia diria com fragilidades no processo de

    ateno em sade, em nvel de alta complexidade, e o esforo da equipe de sade em

    suprir as deficincias constantes encontradas nesse sistema, inclusive em presenciar

    com certa frequncia falta de medicamentos e de insumos bsicos como gaze e luva.

    Houve ainda participao efetiva de alunos de graduao no projeto de pesquisa do

    doutorado, fortalecendo o meu papel tambm como orientadora de iniciao cientfica

    durante esse processo de formao. Alm disso, houve um crescimento considervel

    na rea de anlise dos dados, uma vez que foi permitido durante o doutorado o

    desenvolvimento de habilidades em Bioestatstica, com nfase na anlise inferencial.

    Todos esses aspectos contribuiro par