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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PIRACICABA 1 EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA ___ VARA DA CÍVEL DA COMARCA DE PIRACICABA ESTADO DE SÃO PAULO DISTRIBUIÇÃO URGENTE O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, pela Promotora de Justiça que esta subscreve, no uso de suas atribuições legais, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência para, com fundamento no artigo 129, inciso III, da Constituição Federal, bem como na Lei 7.347/85, ajuizar a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA em face do SINDICATO DOS TRABALHADORES EM TRANSPORTE URBANO DE PIRACICABA E REGIÃO, inscrito no CNPJ/MF sob 06.093.120/0001-67, com endereço na Rua Floriano Peixoto, n. 1046, Centro, Piracicaba-SP, CEP 13.400-520, pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos: I DOS FATOS Conforme noticiado pela mídia, centrais sindicais estão organizando protesto no dia 28.04.2017, com o objetivo de se contrapor às reformas da Previdência Social e Trabalhista, conduzidas pelo Governo Federal. Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/esaj, informe o processo 1007076-73.2017.8.26.0451 e código 24D277B. Este documento foi protocolado em 27/04/2017 às 13:19, é cópia do original assinado digitalmente por Tribunal de Justica de Sao Paulo e ANA CANDIDA SILVEIRA BARBOSA. fls. 1

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO · Conlutas e Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB). "Por isso, ... vínhamos conversando com o Conespi era de que haveria

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PIRACICABA

1

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA ___ VARA DA CÍVEL DA

COMARCA DE PIRACICABA – ESTADO DE SÃO PAULO

DISTRIBUIÇÃO URGENTE

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, pela Promotora

de Justiça que esta subscreve, no uso de suas atribuições legais, vem respeitosamente

à presença de Vossa Excelência para, com fundamento no artigo 129, inciso III, da

Constituição Federal, bem como na Lei 7.347/85, ajuizar a presente

AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM PEDIDO DE

TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA

em face do SINDICATO DOS TRABALHADORES EM TRANSPORTE URBANO DE

PIRACICABA E REGIÃO, inscrito no CNPJ/MF sob 06.093.120/0001-67, com endereço

na Rua Floriano Peixoto, n. 1046, Centro, Piracicaba-SP, CEP 13.400-520, pelos motivos

de fato e de direito a seguir aduzidos:

I – DOS FATOS

Conforme noticiado pela mídia, centrais sindicais estão organizando

protesto no dia 28.04.2017, com o objetivo de se contrapor às reformas da Previdência

Social e Trabalhista, conduzidas pelo Governo Federal.

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Centrais convocam greve para 28 de abril contra terceirização e reformas da Previdência e trabalhista.

Nove centrais sindicais divulgaram nota nesta segunda-feira em que convocam uma paralisação dos trabalhadores para o dia 28 de abril em protesto contra a aprovação do projeto de lei que regulamenta a terceirização, além das reformas trabalhista e da Previdência.

"Em nossa opinião, trata-se do desmonte da Previdência pública e da retirada dos direitos trabalhistas garantidos pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho)", afirmaram as centrais na nota assinada por Força Sindical, Central Única dos Trabalhadores (CUT), Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Nova Central, União Geral dos Trabalhadores (UGT), Intersindical, CSP-Conlutas e Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB). "Por isso, conclamamos todos, neste dia (28 de abril), a demonstrarem o seu descontentamento, ajudando a paralisar o Brasil", acrescenta a nota assinada por dirigentes das nove centrais. No dia 15 de março uma série de paralisações convocadas pelas centrais contra a reforma da Previdência levou centenas de milhares de pessoas às ruas em manifestações realizadas em várias cidades do país. Além disso, várias categorias realizaram greves e, em cidades como São Paulo, a paralisação de funcionários do metrô e de motoristas de ônibus complicou a locomoção dos usuários e o trânsito da cidade.

http://extra.globo.com/noticias/brasil/centrais-convocam-greve-para-28-de-abril-contra-terceirizacao-reformas-da-previdencia-trabalhista-21121547.html (g.n.)

Centrais sindicais marcam nova paralisação para 28 de abril DE SÃO PAULO 27/03/2017 19h06 As centrais sindicais pretendem fazer uma paralisação geral no

dia 28 de abril em protesto contra a reforma da Previdência, mudanças na legislação trabalhista e o projeto de terceirização aprovado na Câmara dos Deputados na semana passada.

A decisão foi anunciada nesta segunda-feira (27) após reunião em São Paulo na sede da União Geral dos Trabalhadores (UGT). Além da entidade, participaram do encontro a CTB, a CSB, a Nova Central, a Força Sindical, a CUT, a Intersindical, a CSP-Conlutas e a CGTB.

"Em nossa opinião, trata-se do desmonte da Previdência Pública e da retirada dos direitos trabalhistas garantidos pela CLT. Por isso, conclamamos todos, neste dia, a demonstrarem o seu descontentamento, ajudando a paralisar o Brasil", escrevem, em nota conjunta. (...)

http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/03/1870261-centrais-sindicais-marcam-nova-paralisacao-para-28-de-abril.shtml (g.n.)

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A ideia é “paralisar o Brasil” mediante, entre outras coisas, a paralisação

completa dos serviços de transporte público, o que impediria grande parcela dos

cidadãos de se deslocar para os seus locais de trabalho.

Aderindo a referido protesto, os requeridos planejam paralisar as

atividades dos serviços de ônibus na cidade de Piracicaba no dia 28.04.2017 “em

apoio à classe trabalhadora nacional”, contra as reformas da Previdência e Trabalhista,

em trâmite no Congresso Nacional, conforme se denota da publicação veiculada pelo

Jornal de Piracicaba, no qual se lê:

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Segue, abaixo, o texto integral da matéria:

“Motoristas de ônibus paralisam atividades na sexta-feira O Conespi (Conselho das Entidades Sindicais de Piracicaba)

anunciou ontem a adesão de 100% dos trabalhadores da Via Ágil — concessionária do transporte público urbano do município — à greve geral convocada para a próxima sexta-feira, 28, em protesto contra a proposta de reforma da Previdência, em discussão no Congresso Nacional.

Segundo a entidade, que reúne 30 sindicatos da cidade, o protesto dos condutores deve durar cerca de sete horas. Com a decisão, os ônibus só devem deixar a garagem da empresa às 11h.

“Entre as 4h e as 11h não tem transporte, a categoria foi unânime. Dentro do diálogo com os sindicatos, estamos informando aos trabalhadores de que não haverá ônibus. Acredito que a situação deve se normalizar apenas por volta das 13h”, afirmou João Soares, presidente do Sindicato Municipal dos Transportes Urbanos.

O secretário municipal de Trânsito e Transportes, Jorge Akira Kobayashi, disse que a prefeitura não foi notificada sobre o movimento.

“Isso (paralisação do transporte) para mim é novidade. O que vínhamos conversando com o Conespi era de que haveria um ato na Avenida Armando Salles. Vamos nos reunir com a empresa amanhã (hoje) e, com o nosso jurídico, ver o que pode ser feito. Do ponto de vista da mobilidade, para a cidade, é muito ruim”, ressaltou.

Segundo o secretário, a Via Ágil deve receber hoje a notificação sobre a greve. Vice-presidente do conselho e integrante do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil, Milton Costa, admite o transtorno e nega a existência de motivação política no movimento.

“É claro que vai haver transtorno, mas é preciso alertar os trabalhadores. A greve não tem nada haver com partido político. É o Conespi, representando os seus associados, em uma luta que é de extrema importância”, completou. De acordo com o presidente do conselho, Francisco Pinto Filho, as entidades sindicais farão um ato em frente ao TCI (Terminal Central de Integração) durante o dia de greve.

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“Vamos conscientizar a população. Muita gente ainda não sabe o quanto essa reforma vai prejudicar as próximas gerações”, concluiu.

ADESÕES — Na última sexta-feira, o Sindicato dos Trabalhadores em Saúde e Previdência de Piracicaba e região também anunciou adesão à greve. Com isso, a agência do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) não deve funcionar durante o dia.

A Apeoesp (Sindicato dos Professores dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) também participará do movimento, o que deve afetar as aulas nas escolas estaduais.

O Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Piracicaba — que representa os funcionários da prefeitura e autarquias — aderiu à greve como entidade, mas não deve convocar assembleia para convocar os trabalhadores a cruzar os braços.”

Ocorre que essa paralisação completa, contrária às normas constitucionais

e legais que regem o serviço público, causará sérios danos à população, em especial:

- danos aos usuários do transporte público, que não poderão usufruir do

transporte, direito social incluído no rol do art. 6º da Carta Magna pela EC nº

90/2015;

- danos às crianças e adolescentes pela impossibilidade de comparecimento à

escola, o que implica prejuízo à educação, direito assegurado pela Constituição Federal

e pelo Estatuto da Criança e Adolescente (Lei 8.069/90);

- danos à saúde, pela diminuição dos quadros de funcionários desse segmento que

deixarão de comparecer ao trabalho, assim como pela dificuldade de acesso da

população de baixa renda aos respectivos serviços públicos e privados de saúde;

Esses são apenas alguns dos danos causados por eventual paralisação

geral do serviço público de transporte coletivo.

II – DO DIREITO

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Determina o art. 9º da Constituição Federal:

Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores

decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que

devam por meio dele defender.

§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o

atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.

§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei.

Regulamentando esse direito e suas limitações, a Lei 7.783/89 dispõe em

seu o art. 10, V:

“São considerados serviços ou atividades essenciais:

...

V - transporte coletivo”

Tratando-se de serviço essencial, deve ser prestado sem solução de

continuidade, devendo os sindicatos, os empregadores e os trabalhadores ficam

obrigados ... a garantir, durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao

atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade (art. 11 da Lei 7783/89).

Não bastasse, ainda que não houvesse sido considerado essencial pela Lei

nº 7.783/89, o serviço de transporte de passageiros por ônibus não poderia sofrer

solução de continuidade, por se tratar de serviço público, marcado pela nota da

continuidade.

Nesse sentido se posicionou o Min. Eros Grau quando do julgamento do

Mandado de Injunção nº 712-8.

“Em segundo lugar, a relação de emprego público é instrumental, direta ou indiretamente, da provisão de serviços públicos, cuja continuidade há de ser assegurada em benefício do todo social.

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(...) Boa parte da filosofia do serviço público encontra inspiração no princípio da sua continuidade, isto é, continuidade do serviço público. (...) Estreitamente vinculado à própria essência do serviço público, o princípio da sua continuidade expressa exigência de funcionamento regular do serviço, sem qualquer interrupção, além das previstas na regulamentação a ele aplicável. E assim é porque serviço público é atividade indispensável à consecução da coesão social e a sua noção há de ser construída sobre as ideias de coesão e de interdependência social.” (g.n.)

Portanto, o exercício do direito de greve não pode implicar a

paralisação de um serviço público.

Tanto assim que o Ministro Eros Grau, fixando os parâmetros para a

aplicação do art. 14 da Lei nº 7.783/89, preconizou que “constitui abuso do direito de

greve a inobservância das normas contidas na presente lei, em especial o

comprometimento da regular continuidade na prestação do serviço público” (g.n.).

Assim sendo, de acordo com as normas constitucionais e legais que tratam

do direito de greve, não podem os requeridos efetuar a paralisação integral dos serviços

públicos de transporte.

Ademais, no presente caso, não se está reivindicando nenhum direito

trabalhista da categoria em face de seus empregadores.

Sobre o tema, ensina Henrique Macedo Hinz, “a greve só pode ser

motivada por atos ou fatos do empregador, o que torna abusivas as greves políticas

ou de solidariedade a outras categorias, pois nessas hipóteses inexiste a

possibilidade de o empregador influir nos motivos ou possuir meios de influenciar

na solução da greve”1 (g.n.).

1 HINZ, Henrique Macedo. Direito Coletivo do Trabalho. São Paulo: Saraiva, 2012, p.163.

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Nessa linha, jurisprudência vem considerando inadmissíveis e, portanto,

abusivos, movimentos de natureza política.

RECURSO ORDINÁRIO. DISSÍDIO DE GREVE. NOMEAÇÃO PARA REITOR DA PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO - PUC. CANDIDATA MENOS VOTADA EM LISTA TRÍPLICE. OBSERVÂNCIA DO REGULAMENTO. PROTESTO COM MOTIVAÇÃO POLÍTICA. ABUSIVIDADE DA PARALISAÇÃO. 1. A Constituição da República de 1988, em seu art. 9º, assegura o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e os interesses que devam por meio dele defender. 2. Todavia, embora o direito de greve não seja condicionado à previsão em lei, a própria Constituição (art. 114, § 1º) e a Lei nº 7.783/1989 (art. 3º) fixaram requisitos para o exercício do direito de greve (formais e materiais), sendo que a inobservância de tais requisitos constitui abuso do direito de greve (art. 14 da Lei nº 7.783). 3. Em um tal contexto, os interesses suscetíveis de serem defendidos por meio da greve dizem respeito a condições contratuais e ambientais de trabalho, ainda que já estipuladas, mas não cumpridas; em outras palavras, o objeto da greve está limitado a postulações capazes de serem atendidas por convenção ou acordo coletivo, laudo arbitral ou sentença normativa da Justiça do Trabalho, conforme lição do saudoso Ministro Arnaldo Süssekind, em conhecida obra. 4. Na hipótese vertente, os professores e os auxiliares administrativos da PUC se utilizaram da greve como meio de protesto pela não nomeação para o cargo de reitor do candidato que figurou no topo da lista tríplice, embora admitam que a escolha do candidato menos votado observou as normas regulamentares. Portanto, a greve não teve por objeto a criação de normas ou condições contratuais ou ambientais de trabalho, mas se tratou de movimento de protesto, com caráter político, extrapolando o âmbito laboral e denotando a abusividade material da paralisação. Recurso ordinário conhecido e provido, no tema. (TST, RO - 51534-84.2012.5.02.0000 , Relator Ministro: Walmir Oliveira da Costa, Data de Julgamento: 09/06/2014, Seção Especializada em Dissídios Coletivos, Data de Publicação: DEJT 20/06/2014) (g.n.)

É nítida, portanto, a ilegalidade e a abusividade da paralisação total do

serviço de transporte público no Município de Piracicaba planejada para o dia 28 de abril

de 2017.

III - DOS DANOS DECORRENTES DE EVENTUAL PARALISAÇÃO AOS

CONSUMIDORES DO SERVIÇO PÚBLICO DE TRANSPORTE COLETIVO POR

ÔNIBUS EM PIRACICABA

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O fumus boni iuris ficou evidente no tópico precedente.

O perigo de dano, são notórios os prejuízos decorrentes de uma

paralização no serviço de transporte coletivo, conforme pontuou o D. Juízo da 13ª Vara

da Fazenda Pública da Comarca de São Paulo ao deferir tutela de urgência postulada

pelo Município de São Paulo na ação tombada sob o nº 1010369-81.2017.8.26.0053. E

o raciocínio registrado na decisão em foco é perfeitamente válido para o município de

Piracicaba:

No Município de São Paulo, grande parte da população depende do transporte público para sua locomoção na cidade. A propósito, o transporte público traduz-se na única opção de deslocamento para a grande maioria das pessoas para chegarem aos seus postos de trabalho, suas escolas e, até mesmo, aos hospitais. Portanto, não há se falar em utilizar outro meio de transporte como opção. Ao impedir que estudantes cheguem às salas de aula com tal paralisação, afrontar-se-iam seus direitos sociais a educação, os quais deveriam ser garantidos acima de vários outros direitos, pois é somente pela educação que pode haver a transformação de uma nação. Por outro lado, a grave crise econômica que assola o País levou quase duas dezenas de milhões de pessoas ao desemprego que, para seu parco sustento, apegam-se a trabalhos ocasionais na informalidade. Significa afirmar que o pão, literalmente, é ganho por dia trabalhado. Um dia sem trabalho é um prato a menos na mesa de milhões de famílias. As milhões de mãos vazias de mão de obra oportunizam ao empregador/contratante a fácil e imediata substituição. E o critério, para tanto, resume-se no fácil e pronto deslocamento do contratado para seu posto de trabalho. A este cenário acrescenta-se o gigantesco número de pessoas que sofre com o sistema de saúde pública. Meses e meses de espera por consultas, exames ou cirurgias pré-agendados são prejudicados pelo impedimento que a paralisação do transporte público acarreta. Por certo que novo agendamento poderá acontecer mas, no contexto de cada paciente, será, o mesmo, efetivo e útil? Será que a falta de transporte público não acarretará o próprio perecimento do tratamento necessário com a imposição, se ainda em tempo, de tratamentos mais gravoso? (g.n.)

A medida liminar em questão restou deferida com o fito de evitar a

paralisação total do serviço de transporte coletivo de ônibus na cidade de São Paulo em

manifestação realizada no dia 15.03.2017.

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De fato, não há como se negar que eventual paralisação dos serviços de

transporte coletivo por ônibus na cidade de Piracicaba, se ocorrer, causará enormes

prejuízos à população, conforme exposto, acarretando danos de naturezas diversas,

dentre eles danos ao direito ao transporte público coletivo sem solução de continuidade,

danos ao direito à educação de crianças e adolescentes que não terão como chegar à

escola, danos ao direito à saúde da população, que não terão acesso ao atendimento

médico de que necessitarem, dentre outros.

Evidente, pois, os danos que fatalmente advirão da realização da

paralisação em comento, que atingirão os interesses difusos da sociedade, “como tais

considerados os pertencentes concomitantemente a todos e a cada um dos membros da

sociedade, como um bem não individualizável ou divisível”. (STF - RE 213631 / MG -

Relator: Min. ILMAR GALVÃO - Julgamento: 09/12/1999 - Tribunal Pleno - Publicação:

DJ 07-04-2000), a ensejar a procedência da presente demanda.

IV – O PRECEDENTE DA CAPITAL

Salienta-se que, na data de ontem, foi proferida decisão concedendo

liminar em demanda idêntica, ajuizada pelo Estado de São Paulo, visando impedir a

paralização dos funcionários do Metrô e da CPTM, na Capital.

A aludida decisão foi prolatada nos seguintes termos:

“... A ação civil pública é o instrumento adequado para reprimir ou impedir danos e proteger os interesses difusos da sociedade, e é importante instrumento de defesa dos direitos em geral. No caso em tela, o autor busca evitar que a paralisação programada pelos réus no próximo dia 28 de abril de 2017 afete a prestação de serviço público essencial, que é o de transporte, cuja regular continuidade não pode ser comprometida e causar os inúmeros danos especificados danos aos usuários do transporte que dele dependem para se locomover; danos ao trânsito

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metropolitano, que se torna caótico; dano à economia, à saúde e ao meio ambiente, e que ferem os interesses e direitos da população. ... Nestas condições, temos, de um lado, os direitos dos usuários do serviço público de transporte, que é um serviço essencial e que não pode sofrer descontinuidade, devido aos inúmeros danos que são causados com a sua interrupção ou paralisação, e a atuação do Estado por meio desta ação, com o fim de evitar a paralisação programada pelos Sindicatos réus no próximo dia 28 de abril quanto aos serviços de transporte público de trem e metrô, de modo a proteger os direitos e evitar danos à população. De outro lado, temos a paralisação que está sendo programada pelos Sindicatos réus, e que tem por finalidade aderir ao movimento de iniciativa das centrais sindicais Cut, Força Sindical, UGT, CSP-Conlutas, Nova Central, CGTB, CSB e CTB, Intersindical, pelo qual pretendem mobilizar as bases das categorias em todos os estados e construir um grande dia de paralisações e protestos contra as reformas da Previdência e Trabalhista. O direito de greve, mesmo em relação aos que prestam serviços públicos, é assegurado pela Constituição Federal, artigo 37, VII, pela qual deverá ser definido por lei os serviços essenciais e o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade, nos termos do artigo 9º. Contudo, até o momento não foi editada lei a respeito, razão pela qual é observada a Lei 7.783/89, que traz como serviço público essencial o de transporte coletivo (artigo 10) e outros como o de água, energia elétrica, gás e combustíveis, saúde, dsitribuição e comercialização de medicamentos e alimentos, telecomunicações etc., e, nos termos do artigo 11 e parágrafo único, os sindicatos, os empregados e os trabalhadores ficam obrigados, de comum acordo, a garantir, durante a greve, a prestação desses serviços. Verifica-se, pois, que mesmo assegurado o direito de greve em relação aos que prestam serviço público essencial, medidas devem ser tomadas com o fim de evitar a descontinuidade do serviço e garantir à população o direito de acesso e uso ao serviço, sua segurança etc., ou seja, ao mesmo tempo em que se assegura o direito de greve, deve ser assegurado o direito da população de ter acesso contínuo e permanente ao serviço público, de modo a estabelecer limites ao exercício do direito de greve e impor aos que prestam esse serviço o cumprimento do dever de assegurar sua continuidade. Destarte, não se trata de direito absoluto e irrestrito, e, uma vez relacionado a serviço público essencial, os limites são mais restritos ainda, porque compromete os interesses e direitos dos cidadãos que necessitam da prestação do serviço público.

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No caso em tela, sequer se trata de exercício de direito de greve, pois, como bem observado pelo autor, os réus almejam paralisar integralmente os serviços de transporte coletivo, metroviário e ferroviário na cidade de São Paulo, não em reivindicação de direitos trabalhistas da categoria em face de seus empregadores, e sim em apoio a movimento de iniciativa de centrais sindicais voltadas a pleitos relacionados à reforma da Previdência e Trabalhista, que não podem ser atendidos pelo Metrô e pela CTPM mas apenas pelo Governo Federal e pelo Congresso Nacional. ... Presentes, pois, os requisitos legais plausibilidade do direito invocado e perigo da demora, em razão do acima exposto, é caso de deferimento do pedido liminar, sob pena de multa na hipótese de descumprimento da ordem judicial. Quanto à multa, a fixação não será em valor diário e sim fixo, pois, ou os réus cumprem a ordem no próximo dia 28 de abril ou não cumprem e se sujeitam ao pagamento. A multa a ser aplicada não tem natureza indenizatória, pois visa compelir os réus ao cumprimento da ordem judicial, e, na fixação do valor, será levado em conta, à mingua de outros elementos, a gravidade da situação apresentada. (...) Diante do exposto, DEFIRO o pedido liminar, para determinar aos réus que se abstenham de promover a paralisação, total ou parcial, dos serviços públicos de transporte metroviário e ferroviário, programada para o dia 28 de abril de 2017, sob pena de multa no valor de R$ 937.000,00 (novecentos e trinta e sete mil reais) atribuída para cada um, ou seja, de forma autônoma.” (Processo Digital nº 1017438-67.2017.8.26.0053, da 16ª Vara da Fazenda Pública da Capital, proferida em 26/04/2017).

É mais uma evidência da relevância e da razoabilidade dos argumentos ora

apresentados pelo Ministério Público.

V – A CONCLUSÃO E OS PEDIDOS

Diante do exposto, requer seja concedida medida liminar que determine

aos requeridos que se abstenham de promover a paralisação, total ou parcial, dos

serviços de transporte coletivo por ônibus, programada para o dia 28 de abril de

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2017, sob pena de multa diária a ser fixada por Vossa Excelência, assim como de crime

de desobediência.

Em seguida e com urgência, requer sejam os réus citados nos endereços

constantes do preâmbulo desta inicial, outorgando-se ao Sr. Oficial de Justiça os

benefícios do art. 212, § 2º do CPC, para que, querendo e podendo, contestem a

demanda, sob pena de revelia.

Ao final do devido processamento do feito, requer seja julgado totalmente

procedente o pedido para o fim de, tornando definitiva a liminar, condenar os réus a não

promoverem a paralisação, total ou parcial, dos serviços de transporte metroviário e

ferroviário programada para o dia 28 de abril de 2017.

Protesta-se pelo pleno exercício do direito que lhe assegura o art. 5º, LV,

da Constituição de 1988, em especial no que tange a provas, sem qualquer exceção,

com a inquirição de testemunhas, posterior juntada de documentos, públicos ou privados,

referidos ou exigidos, perícias, vistorias e o que mais se fizer útil e necessário à firme

convicção julgadora.

Atribui-se à causa o valor de R$ 1.000,00.

Termos em que,

Pede deferimento.

Piracicaba, 27 de abril de 2017.

ANA CANDIDA SILVEIRA BARBOSA

Promotora de Justiça

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE PIRACICABAFORO DE PIRACICABAVARA DA FAZENDA PÚBLICARua Moraes Barros, 468, . - CentroCEP: 13400-353 - Piracicaba - SPTelefone: (19) 3402.5101 - E-mail: [email protected]

Processo nº 1007076-73.2017.8.26.0451 - p. 1

C O N C L U S Ã O

Em 27 de abril de 2017, faço estes autos conclusos ao Exmo. Sr. Dr. Wander Pereira

Rossette Júnior, Juiz de Direito da Vara da Fazenda Pública desta Comarca.

Eu__________, Pedro de Castro Lopes Pereira, Escrevente Técnico Judiciário,

subscrevi.

DECISÃO

Processo nº: 1007076-73.2017.8.26.0451

Classe - Assunto Ação Civil Pública - Prestação de Serviços

Requerente: 1Ministério Público do Estado de São Paulo

Requerido: Sindicato dos Trabalhadores Em Transporte Urbano de Piracicaba e Região

Juiz(a) de Direito: Dr(a). Wander Pereira Rossette Júnior

Ordem nº 2017/002344

Vistos.

A Constituição Federal de 1988 assegurou aos trabalhadores o

direito de greve, competindo a eles decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses

que devam, por meio dele, defender. Não cabe ao Juízo analisar os motivos pelos quais os

trabalhadores decidiram realizar tal paralisação, mas devida a análise dos limites da paralisação e

as consequências negativas sobre interesses difusos ou coletivos por tratar-se de serviço essencial.

O § 1º do artigo 9º da Constituição Federal dispõe que "a lei

definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades

inadiáveis da comunidade".

A Lei n° 7.783, de 28 de junho de 1989, define dentre as atividades

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Processo nº 1007076-73.2017.8.26.0451 - p. 2

que atendem as necessidades inadiáveis da comunidade, seu artigo 10 o transporte coletivo,

enquanto o artigo 11 do referido diploma dispõe que os sindicatos, empregadores e trabalhadores

ficam obrigados a garantir, durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento

das necessidades inadiáveis da comunidade, que são aquelas que, se não forem atendidas, colocam

em perigo iminente a sobrevivência, a saúde ou a segurança da população.

Notório que no Município de Piracicaba grande parte da população

depende do transporte público para sua locomoção para chegar aos postos de trabalho, escola e

hospitais, evidente o risco a direitos sociais.

Adequa-se tal quadro as limitações previstas na Lei n° 7.783, de 28

de junho de 1989.

Conforme documentação juntada e observada à cognição sumária,

quanto à população, não atendido o disposto no artigo 13 da Lei n° 7.783/89, não viabilizada

oportunidade de preparar modos alternativos de transporte aos munícipes, evidenciado o periculum

“in mora”.

Por tais razões, defiro a liminar pleiteada e determino que o

demandado assegure o funcionamento do sistema de transporte coletivo de ônibus na cidade de

Piracicaba, com o mínimo de 85% da frota operando em linhas que atendam hospitais e escolas e o

mínimo de 70% da frota operando nas demais linhas. Caso haja descumprimento desta medida,

incidirá multa de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais).

Quanto à multa, a fixação não será em valor diário e sim fixo, diz

respeito ao cumprimento da ordem no próximo dia 28 de abril. Portanto, a multa não tem natureza

indenizatória, pois visa compelir réus ao cumprimento de ordem judicial.

Esta mesma decisão, assinada digitalmente, servirá como mandado

de intimação e citação a ser cumprido com urgência.

Cite-se o(a) réu(ré) , na pessoa de seu representante legal, para os

atos e termos da ação proposta, cientificando-o(a) de que não contestado o pedido no prazo de 15

(quinze) dias, presumir-se-ão verdadeiros os fatos alegados pelo autor, nos termos do artigo 344 do

Código de Processo Civil. Considerando que não será marcada audiência de conciliação, advirto

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Processo nº 1007076-73.2017.8.26.0451 - p. 3

que o prazo de resposta tem contagem a partir da juntada do mandado cumprido, na forma do

artigo 335, inciso III, e artigo 231, inciso II, ambos do Código de Processo Civil.

Deixo de designar audiência de conciliação ante a

indisponibilidade do direito (art. 334, § 4º, inciso II, do CPC) e exíguo lapso temporal para a

efetivação da medida.

Cumpra-se, na forma e sob as penas da Lei, servindo esta

decisão como mandado.

Int.

Piracicaba, 27 de abril de 2017.

Wander Pereira Rossette JúniorJuiz de Direito

DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE NOS TERMOS DA LEI 11.419/2006, CONFORME IMPRESSÃO À MARGEM DIREITA

DATA

Em ______/_______/______, recebi estes autos em cartório.

Eu, _______________, Escrevente subscrevi.

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