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MINISTÉRIO PÚBLICO E O CONTROLE SOCIAL NA EDUCAÇÃO

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MINISTÉRIO PÚBLICOE O CONTROLE SOCIALNA EDUCAÇÃO

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁSESCOLA SUPERIOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO

DO ESTADO DE GOIÁSCENTRO DE APOIO OPERACIONAL DA EDUCAÇÃO

MINISTÉRIO PÚBLICO E O CONTROLE SOCIAL NA EDUCAÇÃO

GOIÂNIAMINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS

2015

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“Só existirá uma democracia no Brasil

no dia em que se montar no país

a máquina que prepara as democracias.

Essa máquina é a da escola pública.”

Anísio Teixeira

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SUMÁRIO

1 - APRESENTAÇÃO..................................................................................07

2 - GESTÃO DEMOCRÁTICA DO ENSINO PÚBLICO............................09

3 - CONSELHOS ESCOLARES..................................................................17

4 - CONSELHO DE EDUCAÇÃO.................................................................21

5 - CONSELHOS DE ACOMPANHAMENTO E CONTROLE SOCIAL DO FUNDEB............................................................................27

6 - CONSELHOS DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR....................................35

7 - O MINISTÉRIO PÚBLICO COMO INSTITUIÇÃO RESPONSÁVELPOR GARANTIR A EXISTÊNCIA E O FUNCIONAMENTO ADEQUADODOS CONSELHOS DE CONTROLE SOCIAL, BEM COMO AEFETIVIDADE DE SUAS DELIBERAÇÕES...........................................43

8 - CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................47

9 - REFERÊNCIAS......................................................................................49

10 - ANEXO I - COLETÂNEA DE LEGISLAÇÕES ..................................51

11 - ANEXO II - CONTATOS...........................................................................97

12 - ANOTAÇÕES.......................................................................................99

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1 - APRESENTAÇÃO

Esta publicação integra o material elaborado para sub-sidiar a atuação dos membros do Ministério Público do Estadode Goiás na execução do Plano Geral de Atuação 2014/2015,que traz como meta única a intensificação do combate à corrup-ção, tanto na esfera de atuação repressiva quanto preventiva.

Em se tratando de ações preventivas de combate à cor-rupção, o fortalecimento do Controle Social mostra-se como umadas iniciativas mais desafiadoras e mais importantes, haja vistaque consolida valores intrínsecos à própria Constituição Federalde 1988, quais sejam: a importância da participação popular nafiscalização da aplicação das verbas públicas; a transparênciados gastos públicos; a participação do cidadão na construçãodas políticas públicas, dentre outros.

Na área da Educação, especialmente, a gestão demo-crática é considerada um princípio constitucional, previsto no ar-tigo 206, VI, da nossa Carta Magna.

Ao Ministério Público cabe a defesa do regime demo-crático de direito. A democracia pensada e idealizada pelo Cons-tituinte de 1988 não é um regime simplesmente representativo,mas também participativo. E é buscando garantir a consolidaçãodessa Democracia Participativa que o promotor de Justiça devedebruçar-se sobre o fortalecimento dos instrumentos de controlesocial existentes, dentre eles os Conselhos de Controle Social.

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O objetivo deste trabalho é facilitar o percurso daquelesque estão ampliando seu conhecimento e buscando interagircom a comunidade na luta pela implementação da verdadeiragestão democrática da Educação. Para tal finalidade, buscou-se elaborar um texto simples e direto, que se apresenteútil no momento de estudo e pesquisa acerca da temática aquiproposta, sem deixar de ser inspirador.

Boa leitura!

Goiânia, outubro de 2015.

Simone Disconsi de Sá CamposPromotora de Justiça

Coordenadora do CAOEDUCAÇÃO

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2 - GESTÃO DEMOCRÁTICA DO ENSINO PÚBLICO

A preocupação com uma educação universal e demo-crática remonta de várias décadas no Brasil. Nesse sentido, éimportante rememorar um dos maiores marcos da educaçãobrasileira, chamado “Manifesto dos Pioneiros da EducaçãoNova”. O documento foi redigido em 1932 por um grupo de 26(vinte e seis) intelectuais, com diferentes ideologias, e consoli-dou a visão de um segmento que vislumbrava a possibilidadede interferir na sociedade brasileira do ponto de vista da educa-ção. Ao ser lançado, em meio ao processo de reordenação po-lítica resultante da Revolução de 30, o documento tornou-se omarco inaugural do projeto de renovação educacional do País.

O longo histórico iniciado pelo movimento dos Pioneirosda Educação Nova, com o Manifesto de 1932, prosseguiu emvários e importantes passos que marcaram a gradativa evoluçãoaté os dias atuais.

Hoje, o princípio da gestão democrática do ensinopúblico está insculpido no art. 206, inciso VI da Constituiçãoda República.

O que essa previsão constitucional significa na realidadecontemporânea?

Como se depreende da leitura dos objetivos tambémconstitucionalmente definidos para a educação em nosso País1,um deles é o do preparo para o exercício da cidadania, sendoesta, por sua vez, fundamento do Estado Democrático de Direitoem que se constitui a República Federativa do Brasil2.

1 Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovidae incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento dapessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.2 Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados

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Assim, para o efetivo aprendizado do exercício da cidadanianas escolas faz-se necessária uma gestão democrática.

Exercitar no meio escolar a escolha de representantes,a realização de assembleias, a cooperação de cada um dos queintegram a comunidade, a revelação de lideranças, os conceitosde legitimidade e de mobilização social é atividade estruturantepara a formação de cidadãos.

A cidadania de cada indivíduo é o ponto de partida paraa efetivação do controle social. A escola que, de fato, pretendatransmitir aos seus estudantes a importância da participação po-pular e as formas pelas quais a democracia é colocada em prá-tica precisa oferecer ambiência, rotinas e projetopolítico-pedagógico que lhes sirvam de exemplo.

Mais que o cumprimento de atos normativos, a educa-ção escolar para a cidadania decorre de preceitos sociais deética e valores humanos.

Gerir democraticamente significa decidir de forma cole-tiva e transparente sobre os rumos das unidades escolares, com-preendendo a pluralidade e respeitando as diferenças. É criar emanter espaços de diálogo e de construção conjunta nas esco-las, para que se possa conferir prioridade ao que a própria comu-nidade escolar de fato escolheu ser prioritário. É possibilitar eestimular que a voz dos próprios estudantes, de seus pais/mães/responsáveis, dos funcionários e dos docentes da escolapossa ser manifestada, ouvida e considerada, seja na elabora-ção do projeto pedagógico, seja na administração dos recursos.

e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e temcomo fundamentos:I - a soberania;II - a cidadania;III - a dignidade da pessoa humana;IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;V - o pluralismo político.Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de represen-tantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. (grifamos)

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Conferir democracia à gestão é colocá-la a serviço dacoletividade.

Veja-se que a sociedade brasileira quer aprofundar estaconquista legal. O eixo II da I Conferência Nacional de Educa-ção, que aconteceu no ano de 2010 em Brasília, com a partici-pação de diversos setores, indicou a necessidade de ampliaçãodo princípio constitucional ora analisado, para alcançar tambémo setor privado de ensino. O Documento Final3 da conferência(p. 41) é claro ao afirmar que:

A gestão democrática da educação nas instituições educativase nos sistemas é um dos princípios constitucionais do ensino pú-blico, segundo o art. 206 da Constituição Federal de 1988, que deveser estendido ao setor privado de ensino com as necessárias alte-rações legais. (Grifos do original.).

Em uma clara compreensão de que, seja no âmbito pú-blico, seja no privado, a educação tem a atribuição de formar ci-dadãos, o mencionado documento prossegue afirmando que:

A fundamentação da gestão democrática está, portanto, na constitui-ção de um espaço público de direito, que deve promover condiçõesde igualdade, liberdade, justiça e diálogo em todas as esferas, ga-rantir estrutura material e financeira para a oferta de educação de qua-lidade, contribuir para a superação do sistema educacionalseletivo e excludente e, ao mesmo tempo, possibilitar a interrelaçãodesse sistema com o modo de produção e distribuição de riquezas,com a organização da sociedade, com a organização política, com adefinição de papéis do poder público, com as teorias de conhecimento,as ciências, as artes e as culturas. (Primeiro grifo do original.).

Veja-se que a Lei n. 13.005, de 25 de junho de 2014(Plano Nacional de Educação), destinou uma de suas vintemetas especificamente à gestão democrática:

Meta 19: assegurar condições, no prazo de 2(dois) anos, para a efe-tivação da gestão democrática da educação associada a critérios

3Disponível em: http://conae.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=360:documento-final&catid=38&Itemid=59

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técnicos de mérito e desempenho e à consulta pública à comunidadeescolar, no âmbito das escolas públicas, prevendo recursos e apoiotécnico da União para tanto.

As oito estratégias que acompanham a meta 19 bemdemonstram a relevância do tema. Para o foco do presente tra-balho, destacam-se as de número 2 e 5, adiante transcritas:

19.2) Ampliar os programas de apoio e formação aos conselheiros(as) dos conselhos de acompanhamento e controle social do Fun-deb, conselhos de alimentação escolar, conselhos regionais e outros;e aos representantes educacionais em demais conselhos de acom-panhamento de políticas públicas.(...)19.5) Estimular a constituição e o fortalecimento de conselhos esco-lares e conselhos municipais de educação, como instrumentos departicipação e fiscalização na gestão escolar e educacional, inclusivepor meio de programas de formação de conselheiros, assegurando-se condições de funcionamento autônomo.

Com a leitura da meta 19 e de suas estratégias fica claroque, para a plena realização do princípio da gestão democráticado ensino, não basta assegurar que as direções das unidadessejam escolhidas pela comunidade escolar, embora este tam-bém seja um elemento muito importante.

A verdadeira força das unidades de ensino para o avançona qualidade do serviço educacional está diretamente relacionadaao real e autônomo funcionamento dos conselhos legalmente pre-vistos para a área da educação, especialmente os escolares4.

O Documento Final da CONAE 2010 (p. 43) também as-severou que a gestão democrática, entendida como espaço dedeliberação:

4 Lei de Diretrizes e Bases da Educação:Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensinopúblico na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os se-guintes princípios:

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precisa ser assumida como fator de melhoria da qualidade da educaçãoe de aprimoramento e continuidade das políticas educacionais, en-quanto políticas de Estado articuladas com as diretrizes nacionaispara todos os níveis e modalidades de educação. (Grifos nossos.).

A II Conferência Nacional de Educação - CONAE 2014,realizada no período de 19 a 23 de novembro de 2014, apresen-tou como tema: O Plano Nacional de Educação na articulaçãodo sistema Nacional de Educação: Participação Popular, Coo-peração Federativa e Regime de Colaboração.

Durante a conferência, o Eixo V- Gestão Democrática,Participação Popular e Controle Social apontou sobre a impor-tância de construir, ampliar, implementar, efetivar, garantir eaperfeiçoar espaços democráticos de controle social e de to-mada de decisão que garantam novos mecanismos de organi-zação e gestão baseados em uma dinâmica que favoreça oprocesso de interlocução e o diálogo entre setores da socie-dade, buscando construir consensos e sínteses entre os diver-sos interesses e visões que favoreçam as decisões coletivas.

Deve-se, ainda, garantir os meios e as condições favo-ráveis para que os processos de gestão sejam construídos co-letivamente, de modo a ficar claro que a participação não seimpõe e, portanto, não pode ser entendida apenas como meca-nismo formal/legal.

A efetiva participação social, popular e da comunidadeescolar na construção de uma política nacional de educação edo controle social no processo de elaboração, implementaçãoe avaliação requer conscientização do regime de colaboraçãopor meio de medidas operacionais eficientes e claras, com asquais os diferentes entes federados possam estar articulados.Será necessário estabelecer as atribuições de cada ente na

I - participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico daescola;II - participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ouequivalentes. (grifamos)

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democratização da gestão, garantir a participação popular - emdiálogo com os movimentos sociais - e o controle social na edu-cação para lograr processos formativos emancipatórios.

É por essas razões que a atribuição do Ministério Pú-blico no acompanhamento das atividades dos conselhos da áreada educação assume proporção de extrema relevância, inclu-sive no cumprimento de sua missão constitucional de defesa doregime democrático5.

O presente estudo dirige o olhar para as práticas quepromovam a aproximação dos órgãos de gestão e de controleinstitucional (interno ou externo)6 com as esferas de controle so-cial na área da educação, para o fortalecimento da gestão de-mocrática, base da qualidade do ensino.

Os conselhos são instâncias colegiadas e plurais quetêm o potencial de vivificar novos paradigmas de relacionamentodos cidadãos e da sociedade com as instituições governamen-tais. Daí a importância de que ultrapassem existências for-mais, que os limitam à posição de meros legitimadores deescolhas que se lhes apresentam prontas. Uma vez em ação,também não devem permitir que seu papel se esvazie no iso-lamento ou resuma-se a infindáveis debates sem resultadosou atitudes concretas.

Interagir com os demais conselhos das diversas áreas,por exemplo7, promove e consolida a coesão desses órgãos noaparelhamento do controle social.

5 Constituição da República:Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdi-cional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democráticoe dos interesses sociais e individuais indisponíveis.6 Tribunais de Contas, Poder Legislativo, Controladorias, e órgãos de fiscalizaçãocomo o Ministério Público, Federal e Estadual (arts. 70, 71 e 74 da Constituição daRepública).7 Conselhos de Assistência Social, de Saúde, das Pessoas com Deficiência, deSegurança Alimentar e Nutricional, Tutelares, de Direitos, entre tantos outros.

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Participar dos espaços democráticos extraescolares,como os fóruns e as conferências, incentivando que os debatessejam desenvolvidos sob as diferentes óticas dos grupos so-ciais, também é medida fundamental.

Passemos então à análise de cada um dos conselhosatuantes na área da educação, na medida do alcançável em umtrabalho deste porte.

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3 - CONSELHOS ESCOLARES

O primeiro passo a ser dado para que os Conselhos Es-colares possam, de fato, cumprir sua função é a ampla divulga-ção quanto a sua existência e suas atribuições nas própriasunidades de ensino.

A prática tem demonstrado que ainda é lento o processode informação sobre o papel desse colegiado, especialmenteentre os alunos e seus responsáveis.

Muitos desconhecem que em cada escola pública deveexistir um conselho escolar, formado por integrantes dos diversossegmentos daquela própria unidade, e que há, inclusive, deter-minação legal nesse sentido, prevista no artigo 14 da Lei de Di-retrizes e Bases da Educação. Sabe-se menos ainda a respeitodo amplo poder fiscalizador e decisório dessas esferas coletivas departicipação.

Todos têm responsabilidade na sua divulgação: sistemasde ensino, diretores, professores, funcionários, pais, mães, res-ponsáveis, alunos, conselheiros em exercício e ex-conselheirospodem ser elencados como os principais agentes dessa tarefa.

Por outro lado, a alternância dos representantes noórgão, bem como dos segmentos no exercício da presidência oudireção do colegiado também são fatores que contribuem para aconsolidação desse espaço como de verdadeira gestão demo-crática, além de contribuir para que a difusão de seus trabalhosocorra de maneira equânime e contínua entre os segmentos.

Os conselhos escolares possuem importantes funçõesno desenvolvimento da autonomia da escola. Seu papel deve serde destaque, por exemplo, na elaboração do projeto político-pe-dagógico, do regimento ou plano de convivência escolar, na con-solidação de rotinas inclusivas e humanísticas e na definição do

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uso dos recursos destinados à unidade.

O Programa Nacional de Fortalecimento dos ConselhosEscolares, produzido pelo Ministério da Educação em parceria comdiversos outros atores, qualifica as competências dos conselhosescolares como: deliberativa, consultiva, fiscal e mobilizadora.

O estudo feito pelo referido programa apontou, no en-tanto, para uma tendência à constrição das funções dos conse-lhos escolares nas normas elaboradas pelos sistemas de ensino.Estes, especialmente em virtude do formato de gestão dos re-cursos do Programa Dinheiro Direto na Escola - PDDE8, acabampor transformar os conselhos em entidades civis, com personali-dade jurídica e estatutos próprios “com institucionalidade inde-

pendente da escola” 9.

Essa fórmula tem fragilizado o envolvimento e o senti-mento dos membros dos conselhos em relação a pertencer à es-cola e à comunidade, posicionando-os em situaçãopreponderantemente burocrática e legitimadora.

A fim de bem desempenharem sua função, os conselhei-ros precisam ir além, sendo a ponte que liga a escola ao seu en-torno, inclusive buscando instrumentos que auxiliem as direçõesa oferecer um serviço educacional de qualidade.

Os sistemas de ensino devem garantir, além de forma-ção continuada aos membros dos conselhos, transparência eequilíbrio na sua composição, de modo que todos os segmentossejam representados e tenham condições efetivas de participaçãoisonômica10.

8 Vide Lei n. 11.947/09 e Resolução CD/FNDE n. 10, de 18/04/13.9 Publicação do Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares. Con-selhos Escolares: Uma estratégia de Gestão Democrática da Educação Pública. Bra-sília: Ministério da Educação – Secretaria de Educação Básica, 2004. p. 41. Disponívelem: http://portal.mec.gov. br/seb/arquivos/pdf/Consescol/ce_gen.pdf

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Também é preciso que as direções colaborem com aestrutura física e administrativa para que as reuniões e demaisatividades dos conselhos possam ocorrer a contento e semembaraços.

Os membros eleitos, por sua vez, honram a confiançaque receberam dos seus pares quando se comprometem comum trabalho ativo e claro, ouvindo seus representados antes dasreuniões do conselho e prestando-lhes contas após as decisõestomadas pelo colegiado.

Além das reuniões sistemáticas, cuja periodicidade deveser amplamente divulgada à comunidade escolar, sendo as atasafixadas nos murais das escolas, é salutar que os conselhos es-colares realizem periodicamente sessões públicas de divulgaçãode suas atividades, propiciando a avaliação destas, e o encami-nhamento de sugestões ou críticas para o seu aperfeiçoamento.

Pertinente consignar que a atuação desses conselhosprecisa acontecer dentro e fora da escola, em razão do seu fortetraço mobilizador.

Interagindo, a título de exemplo, com associações debairro, postos de saúde, diretorias ou coordenadorias regionaisde educação, conselhos tutelares e promotorias de Justiça lo-cais, os conselheiros escolares devem ser profundos conhece-dores da realidade que cerca a unidade de ensino onde atuam.

Os seguintes trechos da publicação Conselhos Escola-

res: Uma estratégia de Gestão Democrática da Educação Pú-

blica11 ilustram bem o verdadeiro sentido da atuação dessesconselheiros:

10 Lei de Diretrizes e Bases da Educação:Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:(...)VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dossistemas de ensino. (grifamos)11 Publicação do Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares.

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O Conselho Escolar constitui a própria expressão da escola, como

seu instrumento de tomada de decisão.

(...)

O Conselho será a voz e o voto dos diferentes atores da escola, in-

ternos e externos, desde os diferentes pontos de vista, deliberando

sobre a construção e a gestão de seu projeto político-pedagógico.

(...)

O ato companheiro (daquele que faz parte do mesmo objetivo) de

ouvir opiniões e compartilhar decisões divide responsabilidades e au-

menta a possibilidade de acertos. Essa é a razão de ser, o verdadeiro

significado dos Conselhos Escolares.

Conselhos Escolares: Uma estratégia de Gestão Democrática da Educação Pública.Brasília: Ministério da Educação - Secretaria de Educação Básica, 2004. p. 33-35. Dis-ponível em: http://portal.mec. gov.br/seb/arquivos/pdf/Consescol/ce_gen.pdf12 Publicação do Programa Nacional de Capacitação de Conselheiros Municipais de

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4 - CONSELHOS DE EDUCAÇÃO

Os sistemas de ensino estão assim definidos nos artigos16 a 18 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação:

Art. 16. O sistema federal de ensino compreende:I - as instituições de ensino mantidas pela União;II - as instituições de educação superior criadas e mantidas pela iniciativaprivada;III - os órgãos federais de educação.

Art. 17. Os sistemas de ensino dos Estados e do Distrito Federalcompreendem:I - as instituições de ensino mantidas, respectivamente, pelo PoderPúblico estadual e pelo Distrito Federal;II - as instituições de educação superior mantidas pelo Poder Públicomunicipal;III - as instituições de ensino fundamental e médio criadas e mantidaspela iniciativa privada;IV - os órgãos de educação estaduais e do Distrito Federal, respectiva-mente.Parágrafo único. No Distrito Federal, as instituições de educação in-fantil, criadas e mantidas pela iniciativa privada, integram seu sistemade ensino.

Art. 18. Os sistemas municipais de ensino compreendem:

I - as instituições do ensino fundamental, médio e de educação infantilmantidas pelo Poder Público municipal;II - as instituições de educação infantil criadas e mantidas pela ini-ciativa privada;III – os órgãos municipais de educação. (Grifos nossos.).

A organização desses sistemas é fundamental na auto-nomia dos entes federados, e os conselhos de educação são es-paços permanentes e essenciais para assegurar o diálogo entreos setores sociais e governamentais na construção da respectivapolítica pública educacional.

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Educação. Perfil dos Conselhos Municipais de Educação. Brasília: Ministério da Edu-cação – Secretaria de Educação Básica, 2007. p. 79. Disponível em:http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/livro_ final_proconselho07.pdf

A natureza dos conselhos de educação foi se transfor-mando ao longo do tempo, sendo atualmente afirmada sua iden-tidade como órgão de Estado e não de governo. No entanto, paraaferir em cada situação os reais níveis de sua autonomia em rela-ção aos governos, é necessário observar a forma pela qual se com-põe, bem como sua atuação prática.

O Programa Nacional de Capacitação de Conselheiros Mu-nicipais de Educação, em pesquisa publicada no ano de 200712,verificou, por exemplo, que:

O exercício da presidência pelo Executivo, por meio do próprio Se-cretário de Educação ou por pessoa de sua confiança, é superior a¼ dos conselhos do Rio de Janeiro (46%), Pernambuco (36%), MinasGerais (33%), Ceará (32%), Paraná (27%) e Espírito Santo (26%).Pará, Rondônia e Roraima não registram a presença do Executivona presidência de conselhos municipais de educação. No Tocantinse Rio Grande do Sul não há secretários exercendo o cargo, mas háindicados pelo Executivo (respectivamente 13% e 2%).

Essa é uma realidade que merece reflexão. A substancialpreponderância do Poder Executivo no exercício da presidênciados conselhos de educação é fator que pode indicar sistemas deensino ainda pautados pela verticalidade decisória, prestando ocolegiado funções características de assessoramento.

A independência dos conselhos de educação está dire-tamente relacionada à representatividade que congregam e àdescentralização de poder, sendo a paridade na distribuição dosassentos no colegiado elemento primordial.

Veja-se a constatação exposta na publicação acimareferida:

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A composição e a forma de escolha dos conselheiros podem ser con-sideradas como indicadores da concepção que os municípios têmdos conselhos como órgãos de gestão democrática dos sistemas deensino. Quando predominam os representantes do Executivo, porvinculação a cargos ou livre nomeação, o conselho tende a expressara voz do governo. Quanto mais a pluralidade da representação socialtiver presença e peso nas decisões, mais os conselhos assumirão anatureza de órgãos de Estado.

É do Documento Final da CONAE 201013 o seguinte trecho:

Para pensar a relação entre os sujeitos e as instâncias de participa-ção, é preciso dar especial atenção aos CEE, CME e CNE. A organi-zação dos conselhos necessita, pois: superar a fragmentaçãocomumente existente nos órgãos colegiados, articulando suas dife-rentes funções em um conselho de educação fortalecido; equilibrara função normativa com a de acompanhamento e avaliação da so-ciedade; trazer a discussão de políticas para os conselhos; instituiruma composição que reconheça a pluralidade de saberes e contri-buições, de modo a refletir a diversidade dos/das agentes e sujeitospolíticos do campo educacional e para além deles/delas; que os man-datos dos conselheiros e das conselheiras não sejam coincidentescom os dos gestores/as; proibir que o exercício da Presidência doConselho seja exercido por integrantes do Poder Executivo; ampliariniciativas comprometidas com o desenvolvimento da capacidade eo fortalecimento da função de conselheiro/a; vincular a representaçãoda sociedade a um fórum permanente (municipal, estadual, distritalou nacional) de educação. (Grifos do original.).

Por outro lado, não basta constituir-se democraticamentee receber legalmente funções viabilizadoras da articulação social.É imprescindível que o conselho reúna-se e debruce-se efetivae sistematicamente sobre as questões enfrentadas pelo corres-pondente sistema de ensino. A larga periodicidade dos encontrose a baixa frequência nestes afetam a qualidade das decisões,comprometem o funcionamento dos conselhos e retiram-lhes oprotagonismo no controle social democrático.

Daí decorre a necessidade de que a periodicidade e oquórum para a realização das reuniões sejam previamente esta-belecidos nos atos normativos instituidores dos conselhos.

13 Disponível em: http://conae.mec.gov.br/images/stories/pdf/pdf/documetos/docu-mento_final_sl.pdf

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Reproduzindo-se nos âmbitos regional e local a formaprevista para o de âmbito nacional, no §1º do art. 9º da Lei deDiretrizes e Bases da Educação14, os conselhos de educaçãotêm funções normativas e de supervisão.

Vale lembrar que a função normativa não se sobrepõe àatividade do Poder Legislativo (arts. 21 a 30 da Constituição daRepública) nem pode ser exercida por conselhos de municípiosque estejam integrados ao sistema estadual de ensino.

As normas estabelecidas pelos conselhos de educaçãodirigem-se às especificidades não previstas na legislação, taiscomo os requisitos exigidos para a autorização de funcionamentodas escolas públicas e privadas do respectivo sistema de ensino.

A função consultiva decorre do papel normativo e super-visor dos conselhos. Porém, seu exercício em colegiados queainda não alcançaram em plenitude a natureza de órgão de Es-tado pode acabar por assumir um caráter simplesmente referen-dador de programas e projetos de governo.

A incumbência dos conselhos de educação tem alcance re-verso e mais amplo, pois são órgãos que também detêm força delibe-rativa (art. 7º, da Lei 9.131/95). Assim, mobilizar a sociedade aexpressar sua voz aos governos integra o feixe de suas competências.

A inexistência de plano de educação ou a inexecução desuas metas são alguns dos assuntos com os quais os conselhosde educação precisam envolver-se diuturnamente.

Outro exemplo está previsto no Decreto Federal6.094/07:

14 Art. 9º A União incumbir-se-á de:(...)§ 1º Na estrutura educacional, haverá um Conselho Nacional de Educação, com funçõesnormativas e de supervisão e atividade permanente, criado por lei.

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Art. 2º - A participação da União no Compromisso será pautada pelarealização direta, quando couber, ou, nos demais casos, pelo incen-tivo e apoio à implementação, por Municípios, Distrito Federal,Estados e respectivos sistemas de ensino, das seguintes diretri-zes:(...)XX - acompanhar e avaliar, com participação da comunidade e doConselho de Educação, as políticas públicas na área de educação egarantir condições, sobretudo institucionais, de continuidade dasações efetivas, preservando a memória daquelas realizadas;XXI - zelar pela transparência da gestão pública na área da educa-ção, garantindo o funcionamento efetivo, autônomo e articulado dosconselhos de controle social. (grifamos)

Os conselhos de educação devem receber estruturaçãocompatível com o pleno desenvolvimento da sua missão e con-ferir plena publicidade aos seus atos, viabilizando o acesso doscidadãos às suas reuniões, atas e deliberações, inclusive pelaInternet.

O porte do sistema de ensino em que o conselho atuapode direcionar sua organização em câmaras temáticas, à se-melhança do que ocorre no Conselho Nacional de Educação,que possui a Câmara de Educação Básica e a de Educação Su-perior (Lei 9.131/95).

Por outro lado, o art. 37 da Lei 11.494/07 previu a possi-bilidade de que os conselhos do FUNDEB sejam integrados aosConselhos Municipais de Educação, nestes instituindo-se câ-mara específica para o acompanhamento e o controle socialsobre a distribuição, a transferência e a aplicação dos recursosdo fundo, desde que observado o disposto nos seus dispositivosdo inciso IV do § 1o e nos §§ 2º, 3º, 4º e 5º do art. 24.

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5 - CONSELHOS DE ACOMPANHAMENTO E CONTROLESOCIAL DO FUNDEB

A Lei 11.494/07 regulamentou o Fundo de Manutenção eDesenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Pro-fissionais da Educação – FUNDEB, prevendo no seu artigo 24 que:

O acompanhamento e o controle social sobre a distribuição, a trans-ferência e a aplicação dos recursos dos Fundos serão exercidos,junto aos respectivos governos, no âmbito da União, dos Estados, doDistrito Federal e dos Municípios, por conselhos instituídos especifi-camente para esse fim.

Possibilitar que o cidadão acompanhe de perto o uso dodinheiro público é um dos fundamentos do controle social. Naárea dos recursos educacionais, a expectativa é de que essaaproximação possa ocorrer principalmente por meio do usual-mente denominado Conselho do FUNDEB.

Legalmente posto como importante expressão da demo-cracia participativa, o conselho agrega entre seus membros: re-presentantes de professores, diretores, servidores, pais dealunos, estudantes e dos Conselhos de Educação, assim como,em âmbito federal e estadual, representantes da ConfederaçãoNacional dos Trabalhadores em Educação – CNTE e da UniãoNacional dos Dirigentes Municipais de Educação - UNDIME.

Em todas as esferas há previsão legal para o assento derepresentantes do Poder Executivo.

Com no mínimo quatorze membros no âmbito federal, dozeno nível estadual e nove no municipal, os conselhos devem ser criadospor legislação específica. Seus integrantes possuem mandato de nomáximo dois anos, permitida uma recondução por igual período.

O Conselho Nacional de Secretários de Estado da Educação

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- CONSED tem assento no colegiado federal, e os conselhos locaisde educação e tutelar, no municipal.

Não há número máximo de conselheiros legalmente de-terminado, mas é imprescindível que, nos casos em que se façanecessário o aumento do quantitativo de integrantes, o equilíbriodas representações seja mantido.

A função de conselheiro do FUNDEB não é remuneradae os impedimentos para o seu exercício estão elencados no §5ºdo art. 24 da Lei 11.494/07:

§ 5º São impedidos de integrar os conselhos a que se refere o caputdeste artigo:I - cônjuge e parentes consanguíneos ou afins, até 3º (terceiro) grau,do Presidente e do Vice-Presidente da República, dos Ministros deEstado, do Governador e do Vice-Governador, do Prefeito e do Vice-Prefeito, e dos Secretários Estaduais, Distritais ou Municipais;II - tesoureiro, contador ou funcionário de empresa de assessoria ouconsultoria que prestem serviços relacionados à administração oucontrole interno dos recursos do Fundo, bem como cônjuges, parentesconsanguíneos ou afins, até 3º (terceiro) grau, desses profissionais;III - estudantes que não sejam emancipados;IV - pais de alunos que:a) exerçam cargos ou funções públicas de livre nomeação e exone-ração no âmbito dos órgãos do respectivo Poder Executivo gestordos recursos; oub) prestem serviços terceirizados, no âmbito dos Poderes Executivosem que atuam os respectivos conselhos.

É impedido de ocupar a presidência o representante do go-verno gestor dos recursos do Fundo no âmbito da União, dos Estados,do Distrito Federal e dos Municípios (art. 24, § 6º, da Lei 11.494/07).

A especial preocupação com a autonomia do Conselhodo FUNDEB prossegue na redação do § 7º do art. 24:

§ 7º Os conselhos dos Fundos atuarão com autonomia, sem vincu-lação ou subordinação institucional ao Poder Executivo local eserão renovados periodicamente ao final de cada mandato dos seusmembros.

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Como o FUNDEB representa substancial aporte financeiro paraa educação, a legislação pretendeu envolver os conselhos incumbidosdo seu controle social em uma série de garantias que lhes viabilizassemo exercício do seu mister com desembaraço e fluidez. No entanto, aprática tem demonstrado que as dificuldades daqueles que aceitamo desafio de integrar esse conselho costumam ser variadas e pro-fundas, inclusive no âmbito da autonomia.

A começar pela carência de capacitação técnica em áreatão específica quanto a do orçamento, passando pelo peso damaior disponibilidade de presença e do acesso à informação dosrepresentantes governamentais e chegando à precária estruturafísica e de recursos humanos, os conselhos do FUNDEB muitasvezes precisam recorrer ao Ministério Público para o fortaleci-mento de sua atuação.

A ação ministerial foi prevista no art. 29 da Lei11.494/07 e tem sido concretizada por meio da instauração deinquéritos civis, quando são realizadas reuniões de acompa-nhamento, expedidas recomendações, celebrados termos deajustamento de conduta e distribuídas ações ao Poder Judiciá-rio, tudo com o objetivo de regularizar o funcionamento dosconselhos do FUNDEB.

A Controladoria-Geral da União e os Tribunais de Contastambém têm encontrado conselhos do FUNDEB despreparadose submersos em problemas estruturais e de gestão, o que vemconstantemente sendo notícia nos meios de comunicação.

Um ponto que atinge a eficiência dos conselhos em gerale que produz peculiar impacto no conselho do FUNDEB é o da des-continuidade das suas atividades por falhas em sua composição. Aprevisão de suplência para os conselheiros nos atos legislativosque instituem os conselhos do FUNDEB é medida relevante.

O prazo previsto pela Lei 11.494/07 para o mandato dosconselheiros do FUNDEB é curto. Bem menor, por exemplo, queo dos conselheiros de alimentação escolar. A alternância de

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conselheiros durante esse prazo e suas ausências às reuniões di-ficultam sobremaneira a apropriação dos saberes necessários aobom desempenho de suas relevantes tarefas. Tanto é assim que amatéria foi objeto da preocupação legislativa em dois momentos:no §3º e no §8º (incisos IV e V do art. 24 da Lei 11.494/07)15.

Os dados cadastrais relativos à criação e composiçãodos conselhos do FUNDEB devem ser encaminhados ao Minis-tério da Educação/FNDE pelo respectivo ente federativo, sendocerto que a este também incumbe a garantia da infraestrutura edas condições materiais adequadas ao funcionamento do órgão,na forma prevista no §10 do art. 24 da Lei 11.494/07.

Em respeito à transparência dos atos públicos, todos osdados do Conselho do FUNDEB, bem como as atas de suas reuniões,

15 Art. 24. O acompanhamento e o controle social sobre a distribuição, a transferência ea aplicação dos recursos dos Fundos serão exercidos, junto aos respectivos governos,no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, por conselhosinstituídos especificamente para esse fim.(...)§ 3º Os membros dos conselhos previstos no caput deste artigo serão indicados até20 (vinte) dias antes do término do mandato dos conselheiros anteriores:I - pelos dirigentes dos órgãos federais, estaduais, municipais e do Distrito Federal e dasentidades de classes organizadas, nos casos das representações dessas instâncias;II - nos casos dos representantes dos diretores, pais de alunos e estudantes, pelo conjuntodos estabelecimentos ou entidades de âmbito nacional, estadual ou municipal, conformeo caso, em processo eletivo organizado para esse fim, pelos respectivos pares;III - nos casos de representantes de professores e servidores, pelas entidades sindicaisda respectiva categoria.(...)§ 8º A atuação dos membros dos conselhos dos Fundos:(...)IV - veda, quando os conselheiros forem representantes de professores e diretores oude servidores das escolas públicas, no curso do mandato:a) exoneração ou demissão do cargo ou emprego sem justa causa ou transferência in-voluntária do estabelecimento de ensino em que atuam;b) atribuição de falta injustificada ao serviço em função das atividades do conselho;c) afastamento involuntário e injustificado da condição de conselheiro antes do términodo mandato para o qual tenha sido designado;V - veda, quando os conselheiros forem representantes de estudantes em atividades doconselho, no curso do mandato, atribuição de falta injustificada nas atividades escolares.

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devem ser disponibilizados na Internet e divulgados especialmentenas escolas da respectiva rede de ensino.

Todos os entes da federação contribuem com aportes fi-nanceiros para o FUNDEB, posteriormente distribuídos de acordocom o número de alunos matriculados nos respectivos âmbitos deatuação prioritária, assim definidos no art. 211 da Constituição daRepública: estados no ensino fundamental e médio; municípios noensino fundamental e na educação infantil.

Considerando o critério acima mencionado para o cál-culo de distribuição dos recursos do FUNDEB, é de especial des-taque o papel do Conselho na supervisão do censo escolar, talcomo previsto no §9º do art. 24 da Lei 11.494/07.

As informações relativas ao censo escolar costumam terprazo final para envio pelos gestores ao sistema Educacenso noinício do segundo semestre letivo. No ano de 2015 o limite foi adata de 28 de agosto (Portaria INEP/MEC 99/2015)16.

Ao controle social sobre a distribuição, transferência eaplicação dos recursos do fundo e à supervisão do censo escolarsoma-se a atribuição do Conselho do FUNDEB de acompanhara aplicação dos recursos federais transferidos à conta do Pro-grama Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar - PNATE edo Programa de Apoio aos Sistemas de Ensino para Atendimentoà Educação de Jovens e Adultos.

Os conselheiros devem receber e analisar as prestaçõesde contas referentes aos programas acima mencionados, formularpareceres conclusivos acerca da aplicação dos recursos e enca-minhá-los ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação- FNDE (§13, do art. 24 da Lei 11.494/07).

16 Disponível em:http://download.inep.gov.br/educacao_basica/censo_escolar/legislação/2013/portaria_ n138_cronograma_educacenso_2013.pdf

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Para a consecução das incumbências do Conselho doFUNDEB, a legislação conferiu-lhe poderes de convocação, re-quisição, visitação e inspeção, os quais precisam ser plenamenteutilizados pelos conselheiros. Ademais, colocou à sua permanentedisposição os registros contábeis e demonstrativos gerenciais men-sais e atualizados, relativos aos recursos repassados e recebidosà conta dos Fundos, assim como os referentes às despesas reali-zadas, inclusive por meio eletrônico (art. 25, caput e parágrafo únicoe seus incisos, da Lei 11.494/07). Dessa forma, fica clara a respon-sabilidade dos conselheiros no exercício da sua função, sendo im-prescindível que a exerçam com seriedade e dedicação.

Alguns dos exemplos de atividades que devem fazerparte da rotina do Conselho do FUNDEB são: visitar escolas ecreches (inclusive privadas, se conveniadas com o Poder Pú-blico); requisitar e analisar documentos; inspecionar o estadodos veículos que operam com o transporte escolar; verificar aoferta/qualidade da educação de jovens e adultos; e, por deci-são da maioria dos seus membros, convocar o Secretário deEducação a prestar esclarecimentos acerca do fluxo de recursose da execução das despesas do Fundo.

É também essencial promover interlocução com os Tri-bunais de Contas e com as Casas Legislativas, nestas dialo-gando especialmente com as Comissões de Educação e deOrçamento.

Acaso encontrem dificuldades para a realização dassuas diligências e não consigam alcançar a resolução da pen-dência perante a própria Administração Pública, os conselheirospodem também acionar o Ministério Público, procurando a pro-motoria de Justiça da localidade.

No que se refere ao uso de verbas federais, é o Ministé-rio Público Federal que deve ser procurado, por meio da Procu-radoria da República da região.

A Controladoria-Geral da União também possui escritórios

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em todos os estados e publicou em meio virtual vasto materialsobre o controle social, sendo um deles específico sobre oFUNDEB17.

17 Disponível em: http://www.cgu.gov.br/Publicacoes/CartilhaOlhoVivo/Arquivos/Fundeb.pdf

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6 - CONSELHOS DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR

A extrema importância da alimentação na vida dos alu-nos é conhecida por todos. Com vínculos estreitos com o apro-veitamento no processo de aprendizagem, a qualidade dosalimentos consumidos pelos estudantes é determinante para orendimento escolar e, em muitos casos, para a sua própria per-manência na escola.

A diretriz da inclusão da educação alimentar e nutricionalno processo de ensino e aprendizagem, perpassando pelo cur-rículo escolar, foi assinalada no art. 2º, inciso II, da Lei 11.947/09.

A mesma legislação definiu, em seu art. 1º, como alimen-tação escolar todo alimento oferecido no ambiente das escolas du-rante o período letivo e previu o funcionamento de Conselhos deAlimentação Escolar-CAEs para o respectivo acompanhamento.

Tais Conselhos devem ser instituídos pelos Estados, DistritoFederal e Municípios, na forma do estabelecido pelo art. 18 da Lei11.947/09, para mandato de quatro anos, permitida a recondução.

Possuem assento no CAE: trabalhadores da educação,discentes (maiores de dezoito anos ou emancipados), pais dealunos, entidades civis organizadas e o Poder Executivo.

O §2º do dispositivo supramencionado dispôs que cadamembro titular do CAE terá um suplente do mesmo segmentorepresentado.

O §4º do art. 34 da Resolução CD/FNDE 26, de 17 dejunho de 201318, que detalha o Programa Nacional de Alimentação

18 Disponível em: http://www.fnde.gov.br/fnde/legislacao/resolucoes/item/4620-resolu%C3%A7%C3%A3o-cd-fnde-n%C2%BA-26,-de-17-de-junho-de-2013

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Escolar - PNAE, abriu exceção para a suplência dos titulares dascadeiras de representantes dos trabalhadores da educação e dosdiscentes, a estes possibilitando ter como suplentes membros dequalquer uma dessas duas categorias.

O regimento interno só pode ser aprovado pelo voto de,no mínimo, dois terços dos conselheiros titulares, na forma doart. 37 da Resolução CD/FNDE 26/2013.

A previsão inicial do número de conselheiros pode serampliada, desde que obedecida a proporcionalidade legalmentedefinida.

A Resolução CD/FNDE 26/2013 possibilita, no §3º doseu art. 34, que as entidades executoras19 com mais de cem es-colas da educação básica organizem a composição do CAE comaté três vezes o número de membros.

Pelo §4º do art. 18 da Lei 11.947/09, o representante doPoder Executivo não pode exercer a presidência ou a vice-pre-sidência dos Conselhos de Alimentação Escolar.

Já segundo o §7º do art. 34 da Resolução CD/FNDE26/2013, ficou vedada a indicação do Ordenador de Despesas dasEntidades Executoras para compor o Conselho de AlimentaçãoEscolar.

O exercício do mandato de Conselheiro de AlimentaçãoEscolar, segundo o que dispõe o art. 18, §5º, da Lei 11.947/09, éconsiderado serviço público relevante e não é remunerado.

19 Art. 5º, inciso II, da Resolução CD/FNDE 26/2013:II - a Entidade Executora - EEx.: Estado, Município, Distrito Federal e escolas federais,como responsável pela execução do PNAE, inclusive pela utilização e complementaçãodos recursos financeiros transferidos pelo FNDE, pela prestação de contas do Programa,pela oferta de alimentação nas escolas por, no mínimo 800 horas/aula, distribuídas em,no mínimo, 200 (duzentos) dias de efetivo trabalho escolar, e pelas ações de educaçãoalimentar e nutricional a todos os alunos matriculados;

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Da mesma forma que para os demais conselhos anali-sados neste trabalho, é essencial que sejam conferidas ao CAEinstalações físicas e de recursos humanos que viabilizem o seupleno funcionamento, o que foi expressamente determinado noinciso VI do art. 17 da Lei 11.947/09.

O art. 36 da Resolução CD/FNDE 26/2013 detalhou:

Art. 36 Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios devem:I - garantir ao CAE, como órgão deliberativo, de fiscalização e de as-sessoramento, a infraestrutura necessária à plena execução das ati-vidades de sua competência, tais como:a) local apropriado com condições adequadas para as reuniões doConselho;b) disponibilidade de equipamento de informática;c) transporte para deslocamento dos membros aos locais relativosao exercício de sua competência, inclusive para as reuniões ordiná-rias e extraordinárias do CAE; ed) disponibilidade de recursos humanos e financeiros, previstos noPlano de Ação do CAE, necessários às atividades inerentes as suascompetências e atribuições, a fim de desenvolver as atividades deforma efetiva.II - fornecer ao CAE, sempre que solicitado, todos os documentos einformações referentes à execução do PNAE em todas as etapas,tais como: editais de licitação e/ou chamada pública, extratos bancá-rios, cardápios, notas fiscais de compras e demais documentos ne-cessários ao desempenho das atividades de sua competência;III - realizar, em parceria com o FNDE, a formação dos conselheirossobre a execução do PNAE e temas que possuam interfaces comeste Programa; eIV - divulgar as atividades do CAE por meio de comunicação oficial da EEx.§1º O exercício do mandato de conselheiro do CAE é consideradoserviço público relevante e não será remunerado.§2° Quando do exercício das atividades do CAE, previstos no art. 19 daLei n. 11.947/2009 e art. 35 desta Resolução, recomenda-se a liberaçãodos servidores públicos para exercer as suas atividades no Conselho,de acordo com o Plano de Ação elaborado pelo CAE, sem prejuízo dassuasfunções profissionais.

Para a execução dos seus encargos, os CAEs poderãoatuar em regime de cooperação com os Conselhos de Segu-rança Alimentar e Nutricional estadual e municipais e demaisconselhos afins (como os Conselhos Regionais de Nutricionistas)

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e deverão observar as diretrizes estabelecidas pelo ConselhoNacional de Segurança Alimentar e Nutricional - CONSEA20.

No art. 14, a Lei 11.947/09 reservou o percentual mínimode trinta por cento dos recursos repassados pelo FNDE para aaquisição de gêneros alimentícios provenientes da agricultura fa-miliar e do empreendedor familiar rural ou de suas organizações,com prioridade para os assentamentos da reforma agrária e co-munidades tradicionais indígenas e quilombolas.

Cabe salientar que os arts. 24 a 32 da ResoluçãoCD/FNDE 26/2013 pormenorizaram o procedimento para o cum-primento do preceito legal aludido no parágrafo anterior.

Além de acompanhar e fiscalizar a aplicação dos recur-sos destinados à alimentação escolar e o cumprimento das dire-trizes estabelecidas no art. 2º da Lei 11.947/09, é incumbênciados conselhos ora analisados zelar pela qualidade dos alimentos,inclusive quanto às condições higiênicas, bem como verificar aaceitabilidade dos cardápios oferecidos.

O art. 35 da Resolução CD/FNDE assim dispôs:

Art. 35 São atribuições do CAE, além das competências previstas noart. 19 da Lei 11.947/ 2009:I - monitorar e fiscalizar a aplicação dos recursos e o cumprimentodo disposto nos arts. 2º e 3º desta Resolução;II - analisar o Relatório de Acompanhamento da Gestão do PNAE, emi-tido pela EEx, contido no Sistema de Gestão de Conselhos – SIGECONOnline, antes da elaboração e do envio do parecer conclusivo;III - analisar a prestação de contas do gestor, conforme os arts. 45 e46, e emitir Parecer Conclusivo acerca da execução do Programa noSIGECON Online;IV - comunicar ao FNDE, aos Tribunais de Contas, à Controladoria-Geral da União, ao Ministério Público e aos demais órgãos de con-trole qualquer irregularidade identificada na execução do PNAE,inclusive em relação ao apoio para funcionamento do CAE, sob penade responsabilidade solidária de seus membros;

20 Vide Lei 11.346/06, de Segurança Alimentar e Nutricional

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V - fornecer informações e apresentar relatórios acerca do acompa-nhamento da execução do PNAE, sempre que solicitado;VI - realizar reunião específica para apreciação da prestação decontas com a participação de, no mínimo, 2/3 (dois terços) dos con-selheiros titulares;VII - elaborar o Regimento Interno, observando o disposto nestaResolução; eVIII - elaborar o Plano de Ação do ano em curso e/ou subsequente afim de acompanhar a execução do PNAE nas escolas de sua redede ensino, bem como nas escolas conveniadas e demais estruturaspertencentes ao Programa, contendo previsão de despesas neces-sárias para o exercício de suas atribuições e encaminhá-lo à EEx.antes do início do ano letivo.§1º O Presidente é o responsável pela assinatura do ParecerConclusivo do CAE. No seu impedimento legal, o Vice-Presidenteo fará.§2º O CAE poderá desenvolver suas atribuições em regime de coo-peração com os Conselhos de Segurança Alimentar e Nutricional es-taduais e municipais e demais conselhos afins, e deverão observaras diretrizes estabelecidas pelo Conselho Nacional de SegurançaAlimentar e Nutricional - CONSEA.

Não há como se cumprir essa gama de competências semque o CAE visite rotineiramente as unidades de ensino onde oprograma é executado, para emitir relatórios e conferir prazo deadequação às unidades onde forem verificadas irregularidades.

Em alguns casos, poderá fazer-se necessário acionar aVigilância Sanitária, órgão que detém o poder de autuação daentidade inspecionada.

Não sanadas as pendências, o CAE tem a possibilidadede encaminhar cópia de toda a documentação à promotoria deJustiça da localidade para as devidas providências.

Assim como acontece em relação aos Conselhos doFUNDEB, a necessidade de transparência dos atos públicosexige que todos os dados do CAE, bem como as atas de suasreuniões, sejam disponibilizados na Internet e amplamente divul-gados nas escolas da respectiva rede de ensino.

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Há expressa responsabilidade de os Estados, o DistritoFederal e os Municípios informarem ao FNDE a composição dosseus Conselhos de Alimentação Escolar, tal como previsto no §6ºdo art. 18 da Lei 11.947/09 e no §10º do art. 34 da ResoluçãoCD/FNDE 26/2013.

Os arts. 11 e 12 da Lei 11.947/09 atribuíram a responsa-bilidade técnica pela alimentação escolar a profissional nutricio-nista, que deve elaborar os cardápios respeitando as referênciasnutricionais, os hábitos alimentares, a cultura e a tradição alimen-tar da localidade, pautando-se na sustentabilidade e diversifica-ção agrícola da região e na alimentação saudável e adequada.

O §2º do art. 12 da Resolução CD/FNDE 26/2013 realçoua importância de que a entidade executora do programa ofereçacondições suficientes e adequadas de trabalho para o profissio-nal e cumpra os parâmetros numéricos mínimos de referênciade nutricionistas por escolares, previstos na Resolução CFN n.465/201021.

Prosseguiu a referida norma determinando no §3º que onutricionista responsável deve obrigatoriamente ser vinculado àentidade executora e estar cadastrado no FNDE.

O público de atendimento do Programa Nacional de Ali-mentação Escolar- PNAE, delineado no §5º do art. 5º da Lei11.947/09, foi detalhado pelo art. 4º da Resolução CD/FNDE26/2013, a seguir transcrito:

Art. 4º Serão atendidos pelo PNAE os alunos matriculados na edu-cação básica das redes públicas federal, estadual, distrital e munici-pal, em conformidade com o Censo Escolar do exercício anteriorrealizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacio-nais Anísio Teixeira do Ministério da Educação - INEP/MEC.

§1º Para os fins deste artigo, serão considerados como integrantesdas redes estadual, municipal e distrital os alunos cadastrados no

21 Disponível em: http://www.cfn.org.br/novosite/arquivos/Resol-CFN-465-atribuicao-nutricionista-PAE.pdf.

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Censo Escolar do ano anterior ao do atendimento e matriculados na:I - educação básica das entidades filantrópicas ou por elas mantidas,inclusive as de educação especial e confessionais;II - educação básica das entidades comunitárias, conveniadas como poder público.§2º Os alunos de que trata o inciso I do parágrafo anterior, matricu-lados na educação básica, serão atendidos pelo PNAE, mediante acomprovação da certificação da entidade como beneficente de as-sistência social da área de educação, conforme dispõe o art. 24 doDecreto n. 7.237, de 20 de julho de 2010.§3º As entidades de que tratam os incisos I e II serão atendidas peloPNAE mediante a declaração, no Censo Escolar, do interesse de ofe-recer a alimentação escolar gratuita.§4º Serão atendidos duplamente, no âmbito do PNAE, os alunos ma-triculados no ensino regular público que tiverem matrícula concomi-tante em instituição de Atendimento Educacional Especializado –AEE, desde que em turno distinto.22

Aqui também se verifica a importância dos dados docenso escolar, cuja supervisão, como se viu anteriormente, cabeao Conselho do FUNDEB.

O relatório anual de gestão do Programa Nacional de Ali-mentação Escolar deverá ser encaminhado ao CAE pelos Esta-dos, Distrito Federal e Municípios em seus respectivos âmbitosde atuação, a fim de que o colegiado emita parecer conclusivo arespeito, aprovando ou reprovando a execução do Programa.

22 Vide também, na mesma Resolução:Art. 9º Os recursos financeiros destinados à alimentação escolar dos alunos matriculadosem entidades filantrópicas, escolas comunitárias e escolas confessionais, na forma pre-vista no §1º do art. 4º desta Resolução, serão transferidos para o respectivo Estado,Distrito Federal e Município, que deverão atendê-las mediante o fornecimento de gênerosalimentícios e/ou repasse dos correspondentes recursos financeiros. (grifamos)Parágrafo único. No caso de a EEx. optar em repassar os recursos financeiros recebidosà conta do PNAE às escolas de que trata este artigo, somente poderá fazê-lo medianteformalização de termo de convênio, na forma estabelecida na Portaria InterministerialMPOG/MF/CGU n. 507, de 24 de novembro de 2011, no prazo máximo de cinco diasúteis, a contar da efetivação do crédito realizado pelo FNDE.Art.10 A operacionalização do Programa na forma prevista nos artigos 8º e 9º não afastaa responsabilidade da EEx. de responder pela regular aplicação dos recursos financeirose da prestação de contas ao FNDE.

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A prestação de contas é feita pelos entes federados aoFNDE, e seus respectivos comprovantes devem ser mantidospor cinco anos contados da aprovação, inclusive à disposição doConselho de Alimentação Escolar.

A Lei 11.947/09 autorizou o FNDE a suspender os repas-ses de recursos do PNAE nas seguintes hipóteses:

Art. 20. Fica o FNDE autorizado a suspender os repasses dos recur-sos do PNAE quando os Estados, o Distrito Federal ou os Municí-pios:I - não constituírem o respectivo CAE ou deixarem de efetuar osajustes necessários, visando ao seu pleno funcionamento;II - não apresentarem a prestação de contas dos recursos anterior-mente recebidos para execução do PNAE, na forma e nos prazos es-tabelecidos pelo Conselho Deliberativo do FNDE;III - cometerem irregularidades na execução do PNAE, na forma es-tabelecida pelo Conselho Deliberativo do FNDE.§ 1º Sem prejuízo do previsto no caput, fica o FNDE autorizado a co-municar eventuais irregularidades na execução do PNAE ao Minis-tério Público e demais órgãos ou autoridades ligadas ao tema de quetrata o Programa.§ 2º O restabelecimento do repasse dos recursos financeiros à contado PNAE ocorrerá na forma definida pelo Conselho Deliberativo doFNDE. (grifos nossos)

É imperioso ressaltar que os recursos do PNAE têm na-tureza complementar e não desoneram o ente federativo, em ne-nhuma hipótese, quanto às suas obrigações para com aalimentação escolar dos discentes de sua rede de ensino.

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7 - O MINISTÉRIO PÚBLICO COMO INSTITUIÇÃORESPONSÁVEL POR GARANTIR A EXISTÊNCIA E OFUNCIONAMENTO ADEQUADO DOS CONSELHOSDE CONTROLE SOCIAL, BEM COMO A EFETIVIDADEDE SUAS DELIBERAÇÕES

O artigo 127 da Carta Magna define o Ministério Públicocomo “instituição permanente, essencial à função jurisdicional doEstado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime de-mocrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis”.

Tal definição traz ao Ministério Público especial relevânciano rol das instituições que estruturam o Estado Democrático de Di-reito, colocando-o como base de sustentação de um de seus fun-damentos, qual seja, a cidadania (art. 1º, inciso II, CF).

A cidadania, em um de seus aspectos, traz a ideia do direitofundamental da pessoa à educação, saúde, trabalho, moradia, lazer,segurança, entre outras garantias que o Estado deve assegurar.

Como prescreve expressamente o artigo 127, caput, daConstituição da República, já estando suficientemente demonstradoque os conselhos sociais são espaços de democraciadeliberativa/participativa assentada constitucionalmente de modoprincipiológico, evidentemente compete à instituição ministerial res-guardar a existência e o funcionamento regular dessas instâncias,sem que isso implique nenhuma interferência quanto ao conteúdodos posicionamentos a serem adotados.

Ao Ministério Público cabe: recomendar e postular a cria-ção dos conselhos ainda inexistentes, cobrando a estruturação ade-quada para a regularização de aspectos relacionados ao seufuncionamento, atuando no sentido de verificar se há composiçãoparitária; zelar pelo cumprimento efetivo das funções, mediante ne-cessidade de reuniões periódicas e públicas com pautas prévias

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amplamente divulgadas; resguardar a autonomia financeira e orça-mentária do colegiado, cujos membros devem possuir preparaçãoe formação continuada custeada pelo Estado para cumprimento doseu papel, entre outras diversas possibilidades.

Cabe ao Ministério Público zelar pela efetiva implementa-ção e funcionamento dos conselhos. Os conselhos podem, também,acionar o órgão ao detectar alguma irregularidade.

Importante destacar que ao conjunto das carreiras e insti-tuições componentes do Ministério Público brasileiro (Ministérios Pú-blicos Estaduais, Ministério Público do Distrito Federal e Territórios,Ministério Público Federal, Ministério Público do Trabalho e Minis-tério Público Militar, além do Ministério Público de Contas como seg-mento especial), o advento da Constituição destinou não só ocumprimento das tradicionais funções judiciais, como parte ou fiscalda lei, como também e fundamentalmente o desempenho de fun-ções extrajudiciais relativas à fiscalização dos poderes da sociedadepolítica, além da defesa de direitos sociais coletivos nas mais diver-sas áreas (segurança pública, saúde, educação, meio ambiente, pa-trimônio público, assistência social, controle externo da atividadepolicial, defesa dos direitos de crianças e dos adolescentes, idosos,pessoas com deficiência, etc.).

Compete ao Ministério Público, ainda, garantir junto com asociedade a existência dos conselhos sociais como instâncias par-ticipativas. Muitos são os benefícios a serem auferidos no fortaleci-mento dos conselhos sociais se houver aproximação da instituiçãocom o Ministério Público. Se essa ainda não é uma tarefa assimiladapela realidade institucional, urge que transformações de mentalidadee gestão sejam implementadas.

Por mais que se queira desenvolver a autonomia e a eman-cipação dos conselhos como espaços democráticos abertos à par-ticipação da sociedade, as instituições são fundamentais para aconstrução de uma nova ordem política com pretensão de justiça.

Outrossim, mais do que o Ministério Público ser um instrumento

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de potencialização das atividades dos conselhos sociais, o fato de a ins-tituição incluir no seu planejamento as propostas e reivindicações ma-nifestadas naqueles espaços reforça a sua legitimidade para agir emdefesa da livre expressão democrática materializada nos espaços dosconselhos, oferecendo ao povo o que este almeja do Estado, no caso,a realização de suficientes e qualificadas políticas públicas. Fiscalizar asociedade política no cumprimento do seu papel consiste em uma dasrazões justificadoras e legitimadoras para a criação e manutenção deum ente detentor de mandato constitucional que lhe confere poderes eprerrogativas para agir em favor do interesse geral.

Não havendo a atuação vigilante do Ministério Público (sejapara atuar diretamente por sua própria conta e iniciativa, seja para,indiretamente, garantir ambiente adequado para a informação e mo-bilização permanentes da sociedade civil no tocante às atividadesdos conselhos, características muitas vezes necessárias para cha-mar a atenção dos meios de comunicação social), a vontade depoder manifestada nos conselhos sociais tem grandes chances denão “poder atuar” com o impacto esperado, o que pode frustrar as fi-nalidades que justificam a existência desses espaços democráticos,dentre as quais a introdução de novos valores na ordem política vi-gente.

Portanto, se de um lado o Ministério Público tem tudo paraser uma das instituições decisivas para o funcionamento adequadodos conselhos sociais, de outro, o relacionamento adequado dosconselhos sociais com o Ministério Público poderá contribuir paraincrementar as atividades dos colegiados, colocando-as mais pró-ximas e afinadas com as funções de controle social.

A atuação do Ministério Público na viabilização do funcio-namento e na efetivação das deliberações válidas, oriundas dosconselhos sociais, constitui fato que precisa integrar o agir ministerialrotineiro de modo contínuo e permanente, bem como ser conhecidoe melhor compreendido de parte da população, pois é assim queestará acentuado traço de envolvimento, empenho e dedicação dasociedade no exercício da sua participação política.

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Não obstante a compreensão de que a existência de com-promisso constitucional do Ministério Público com os conselhos so-ciais somente vem a reforçar um dos recortes constitutivos dadimensão jurídica desses espaços, é evidente que diversos outrosfatores (de ordem política, social, cultural e institucional) serão de-cisivos para que essas importantes instâncias democráticas funcio-nem à plenitude, dentre os quais ética dos governantes,compromisso jurisdicional, responsabilidade de todos os meios decomunicação, e, sobretudo, o elemento mais importante de todos:a existência do capital social vivo (intelectualidade orgânica), que éa capacidade de indignação e elevação de consciência do povo edos movimentos sociais de modo a estabelecer pressão, luta e per-manente mobilização para que a participação da comunidade e osupremo poder do cidadão sejam, mais do que promessa, uma rea-lidade.

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8 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

De tudo quanto foi exposto, é de se alinhavar derradeirasconsiderações.

A primeira delas é relativa à tomada de decisão sociale política para a implementação da gestão democrática do en-sino, preconizada há longa data, mas ainda incipiente na prá-tica. Uma vez que não há democracia sem cidadania e não hácidadania sem exercício de escolha e sem assunção das cor-respondentes responsabilidades, fica claro que é preciso apren-der a ser cidadão. Não há dúvidas, pois, de que para odesenvolvimento de tal competência, especialmente nas futurasgerações, é fundamental que a ambiência das escolas proporcioneesse aprendizado. É pela via da gestão democrática do ensino quese poderá consolidar o Estado Democrático de Direito, preconizadopelo art. 1º da Carta Magna.

Formados cidadãos, há condições de partida para quese constituam instâncias de mobilização coletiva, como as decontrole social aqui analisadas: os conselhos atuantes na áreada educação. Tais instâncias, se estruturadas, transparentes eisonomicamente ativas, farão avançar a democracia, inserindo asociedade diuturnamente nas decisões governamentais e noacompanhamento da execução destas.

Assim, restou patente a importância de que, ao denomi-nado controle institucional (interno e externo) da AdministraçãoPública na área da educação, some-se o efetivo exercício docontrole social, não apenas pelos cidadãos isoladamente, mastambém por órgãos plurais e autônomos, legalmente previstospara a estruturação da democracia participativa: os conselhos.

No momento em que as esferas governamentais e as de

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controle social atuam com paridade de forças, o patamar de sin-tonia das respostas administrativas às demandas da populaçãoé elevado sobremaneira.

É por todas essas razões que o Ministério Público do Es-tado de Goiás, no cumprimento de suas missões constitucionais,fincadas no art. 127 da Carta Magna, tem atuado incansavel-mente no fortalecimento dos órgãos de democracia participativa.

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9 - REFERÊNCIAS

BERCLAZ, Márcio Soares. A dimensão político jurídica dos conselhos

sociais no Brasil. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2013.

CONFERÊNCIA NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 2010, Brasília.Construindo o sistema nacional articulado de educação: o plano

nacional de educação, diretrizes e estratégias de ação. Brasília:MEC, 2010.

______, 2014, Brasília. Construindo o sistema nacional articu-

lado de educação: o plano nacional de educação, diretrizes e

estratégias de ação. Brasília: MEC, 2014. Disponívelem:<http://conae2014.mec.gov.brimagens/doc/Sistematizacao/DocumentoFinal29012015.pdf. Acesso em: 29 set 2015.

CONTROLE social: orientações aos cidadãos para participação nagestão pública e exercício do controle social. Brasília: CGU, 2011.

FUNDEB:orientações para acompanhamento das ações do fundode manutenção e desenvolvimento da educação básica e de va-lorização dos profissionais da educação. Brasília: CGU, 2010.

FORTUNATI, José. Gestão da educação pública: caminhos e de-

safios. São Paulo: Artmed, 2007.

GREMAUD, Amauri Patrick. et al. Justiça pela qualidade na edu-

cação. São Paulo: Saraiva, 2013.

LUIZ, Maria Cecília (Org.). Conselho escolar: algumas concep-

ções e propostas de ação. São Paulo: Xamã, 2010.

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10 - ANEXO I: LEGISLAÇÕES PARA CONSULTA

10.1 - LEI N. 11.494, DE 20 DE JUNHO DE 2007

Presidência da RepúblicaCasa Civil

Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI N. 11.494, DE 20 DE JUNHO DE 2007.

Conversão da MPv n. 339, 2006.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1º. É instituído, no âmbito de cada Estado e do Distrito Fe-deral, um Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Bá-sica e de Valorização dos Profissionais da Educação - FUNDEB, denatureza contábil, nos termos do art. 60 do Ato das Disposições Cons-titucionais Transitórias - ADCT.

Parágrafo único. A instituição dos Fundos previstos no caputdeste artigo e a aplicação de seus recursos não isentam os Estados, oDistrito Federal e os Municípios da obrigatoriedade da aplicação na ma-nutenção e no desenvolvimento do ensino, na forma prevista no art.

Regulamenta o Fundo de Manutenção eDesenvolvimento da Educação Básica e deValorização dos Profissionais da Educação- FUNDEB, de que trata o art. 60 do Ato dasDisposições Constitucionais Transitórias; al-tera a Lei n. 10.195, de 14 de fevereiro de2001; revoga dispositivos das Leis n. 9.424,de 24 de dezembro de 1996, 10.880, de 9de junho de 2004, e 10.845, de 5 de marçode 2004; e dá outras providências.

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212 da Constituição Federal e no inciso VI do caput e parágrafo únicodo art. 10 e no inciso I do caput do art. 11 da Lei n. 9.394, de 20 de de-zembro de 1996, de:

I - pelo menos 5% (cinco por cento) do montante dos impostose transferências que compõem a cesta de recursos do Fundeb, a quese referem os incisos I a IX do caput e o § 1º do art. 3º desta Lei, demodo que os recursos previstos no art. 3º desta Lei somados aos refe-ridos neste inciso garantam a aplicação do mínimo de 25% (vinte ecinco por cento) desses impostos e transferências em favor da manu-tenção e desenvolvimento do ensino;

II - pelo menos 25% (vinte e cinco por cento) dos demais im-postos e transferências.

Art. 2º. Os Fundos destinam-se à manutenção e ao desenvol-vimento da educação básica pública e à valorização dos trabalhadoresem educação, incluindo sua condigna remuneração, observado o dis-posto nesta Lei.

CAPÍTULO IIDA COMPOSIÇÃO FINANCEIRA

Seção IDas Fontes de Receita dos Fundos

Art. 3º. Os Fundos, no âmbito de cada Estado e do Distrito Fe-deral, são compostos por 20% (vinte por cento) das seguintes fontesde receita:

I - imposto sobre transmissão causa mortis e doação de quais-quer bens ou direitos previsto no inciso I do caput do art. 155 da Cons-tituição Federal;

II - imposto sobre operações relativas à circulação de mercado-rias e sobre prestações de serviços de transportes interestadual e inter-municipal e de comunicação previsto no inciso II do caput do art. 155combinado com o inciso IV do caput do art. 158 da Constituição Federal;

III - imposto sobre a propriedade de veículos automotores pre-visto no inciso III do caput do art. 155 combinado com o inciso III docaput do art. 158 da Constituição Federal;

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IV - parcela do produto da arrecadação do imposto que a Uniãoeventualmente instituir no exercício da competência que lhe é atribuídapelo inciso I do caput do art. 154 da Constituição Federal prevista noinciso II do caput do art. 157 da Constituição Federal;

V - parcela do produto da arrecadação do imposto sobre a pro-priedade territorial rural, relativamente a imóveis situados nos Municí-pios, prevista no inciso II do caput do art. 158 da Constituição Federal;

VI - parcela do produto da arrecadação do imposto sobre rendae proventos de qualquer natureza e do imposto sobre produtos indus-trializados devida ao Fundo de Participação dos Estados e do DistritoFederal - FPE e prevista na alínea a do inciso I do caput do art. 159 daConstituição Federal e no Sistema Tributário Nacional de que trata aLei n. 5.172, de 25 de outubro de 1966;

VII - parcela do produto da arrecadação do imposto sobre rendae proventos de qualquer natureza e do imposto sobre produtos indus-trializados devida ao Fundo de Participação dos Municípios – FPM eprevista na alínea b do inciso I do caput do art. 159 da Constituição Fe-deral e no Sistema Tributário Nacional de que trata a Lei n. 5.172, de25 de outubro de 1966;

VIII - parcela do produto da arrecadação do imposto sobre pro-dutos industrializados devida aos Estados e ao Distrito Federal e pre-vista no inciso II do caput do art. 159 da Constituição Federal e na LeiComplementar n. 61, de 26 de dezembro de 1989; e

IX - receitas da dívida ativa tributária relativa aos impostos pre-vistos neste artigo, bem como juros e multas eventualmente incidentes.

§ 1º Inclui-se na base de cálculo dos recursos referidos nos in-cisos do caput deste artigo o montante de recursos financeiros transfe-ridos pela União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios,conforme disposto na Lei Complementar n. 87, de 13 de setembro de1996.

§ 2º Além dos recursos mencionados nos incisos do caput eno § 1º deste artigo, os Fundos contarão com a complementação daUnião, nos termos da Seção II deste Capítulo.

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Seção IIDa Complementação da União

Art. 4º. A União complementará os recursos dos Fundos sem-pre que, no âmbito de cada Estado e no Distrito Federal, o valor médioponderado por aluno, calculado na forma do Anexo desta Lei, não al-cançar o mínimo definido nacionalmente, fixado de forma a que a com-plementação da União não seja inferior aos valores previstos no incisoVII do caput do art. 60 do ADCT.

§ 1º O valor anual mínimo por aluno definido nacionalmenteconstitui-se em valor de referência relativo aos anos iniciais do ensinofundamental urbano e será determinado contabilmente em função dacomplementação da União.

§ 2º O valor anual mínimo por aluno será definido nacional-mente, considerando-se a complementação da União após a deduçãoda parcela de que trata o art. 7º desta Lei, relativa a programas direcio-nados para a melhoria da qualidade da educação básica.

Art. 5º. A complementação da União destina-se exclusiva-mente a assegurar recursos financeiros aos Fundos, aplicando-se o dis-posto no caput do art. 160 da Constituição Federal.

§ 1º É vedada a utilização dos recursos oriundos da arrecadaçãoda contribuição social do salário-educação a que se refere o § 5º do art.212 da Constituição Federal na complementação da União aos Fundos.

§ 2º A vinculação de recursos para manutenção e desenvolvi-mento do ensino estabelecida no art. 212 da Constituição Federal supor-tará, no máximo, 30% (trinta por cento) da complementação da União.

Art. 6º. A complementação da União será de, no mínimo, 10% (dez porcento) do total dos recursos a que se refere o inciso II do caputdo art. 60 do ADCT.

§ 1º A complementação da União observará o cronograma da pro-gramação financeira do Tesouro Nacional e contemplará pagamentos men-sais de, no mínimo, 5% (cinco por cento) da complementação anual, aserem realizados até o último dia útil de cada mês, assegurados os repas-ses de, no mínimo, 45% (quarenta e cinco por cento) até 31 de julho, de85% (oitenta e cinco por cento) até 31 de dezembro de cada ano, e de 100%(cem por cento) até 31 de janeiro do exercício imediatamente subseqüente.

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§ 2º A complementação da União a maior ou a menor em fun-ção da diferença entre a receita utilizada para o cálculo e a receita rea-lizada do exercício de referência será ajustada no 1º (primeiro)quadrimestre do exercício imediatamente subseqüente e debitada oucreditada à conta específica dos Fundos, conforme o caso.

§ 3º O não cumprimento do disposto no caput deste artigo im-portará em crime de responsabilidade da autoridade competente.

Art. 7º. Parcela da complementação da União, a ser fixadaanualmente pela Comissão Intergovernamental de Financiamento paraa Educação Básica de Qualidade instituída na forma da Seção II do Ca-pítulo III desta Lei, limitada a até 10% (dez por cento) de seu valoranual, poderá ser distribuída para os Fundos por meio de programasdirecionados para a melhoria da qualidade da educação básica, naforma do regulamento.

Parágrafo único. Para a distribuição da parcela de recursosda complementação a que se refere o caput deste artigo aos Fundosde âmbito estadual beneficiários da complementação nos termos do art.4º desta Lei, levar-se-á em consideração:

I - a apresentação de projetos em regime de colaboração porEstado e respectivos Municípios ou por consórcios municipais;

II - o desempenho do sistema de ensino no que se refere aoesforço de habilitação dos professores e aprendizagem dos educandose melhoria do fluxo escolar;

III - o esforço fiscal dos entes federados;

IV - a vigência de plano estadual ou municipal de educaçãoaprovado por lei.

CAPÍTULO IIIDA DISTRIBUIÇÃO DOS RECURSOS

Seção IDisposições Gerais

Art. 8º. A distribuição de recursos que compõem os Fundos,no âmbito de cada Estado e do Distrito Federal, dar-se-á, entre o go-verno estadual e os de seus Municípios, na proporção do número de

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alunos matriculados nas respectivas redes de educação básica públicapresencial, na forma do Anexo desta Lei.

§ 1º Será admitido, para efeito da distribuição dos recursos pre-vistos no inciso II do caput do art. 60 do ADCT, em relação às instituiçõescomunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos e conve-niadas com o poder público, o cômputo das matrículas efetivadas: (Reda-ção dada pela Lei n. 12.695, de 2012)

I - na educação infantil oferecida em creches para crianças deaté 3 (três) anos; (Incluído pela Lei n. 12.695, de 2012)

II - na educação do campo oferecida em instituições credenciadasque tenham como proposta pedagógica a formação por alternância, ob-servado o disposto em regulamento. (Incluído pela Lei n. 12.695, de 2012)

§ 2º As instituições a que se refere o § 1º deste artigo deverãoobrigatória e cumulativamente:

I - oferecer igualdade de condições para o acesso e permanênciana escola e atendimento educacional gratuito a todos os seus alunos;

II - comprovar finalidade não lucrativa e aplicar seus exceden-tes financeiros em educação na etapa ou modalidade previstas nos §§1º, 3º e 4º deste artigo;

III - assegurar a destinação de seu patrimônio a outra escolacomunitária, filantrópica ou confessional com atuação na etapa ou mo-dalidade previstas nos §§ 1º, 3º e 4º deste artigo ou ao poder públicono caso do encerramento de suas atividades;

IV - atender a padrões mínimos de qualidade definidos peloórgão normativo do sistema de ensino, inclusive, obrigatoriamente, teraprovados seus projetos pedagógicos;

V - ter certificado do Conselho Nacional de Assistência Socialou órgão equivalente, na forma do regulamento.

§ 3º Será admitido, até 31 de dezembro de 2016, o cômputo dasmatrículas das pré-escolas, comunitárias, confessionais ou filantrópicas,sem fins lucrativos, conveniadas com o poder público e que atendam acrianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos, observadas as condições previstas

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nos incisos I a V do § 2º, efetivadas, conforme o censo escolar mais atua-lizado, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educa-cionais Anísio Teixeira - INEP. (Redação dada pela Lei n. 12.837, de 2013)

§ 4º Observado o disposto no parágrafo único do art. 60 da Lein. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e no § 2º deste artigo, admitir-se-á o cômputo das matrículas efetivadas, conforme o censo escolarmais atualizado, na educação especial oferecida em instituições comu-nitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadascom o poder público, com atuação exclusiva na modalidade.

§ 5º Eventuais diferenças do valor anual por aluno entre as ins-tituições públicas da etapa e da modalidade referidas neste artigo e asinstituições a que se refere o § 1º deste artigo serão aplicadas na cria-ção de infra-estrutura da rede escolar pública.

§ 6º Os recursos destinados às instituições de que tratam os §§1º, 3º e 4º deste artigo somente poderão ser destinados às categorias dedespesa previstas no art. 70 da Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996.

Art. 9º. Para os fins da distribuição dos recursos de que trataesta Lei, serão consideradas exclusivamente as matrículas presenciaisefetivas, conforme os dados apurados no censo escolar mais atuali-zado, realizado anualmente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pes-quisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP, considerando asponderações aplicáveis.

§ 1º Os recursos serão distribuídos entre o Distrito Federal, os Es-tados e seus Municípios, considerando-se exclusivamente as matrículas nosrespectivos âmbitos de atuação prioritária, conforme os §§ 2º e 3º do art. 211da Constituição Federal, observado o disposto no § 1º do art. 21 desta Lei.

§ 2º Serão consideradas, para a educação especial, as matrí-culas na rede regular de ensino, em classes comuns ou em classes es-peciais de escolas regulares, e em escolas especiais ou especializadas.

§ 3º Os profissionais do magistério da educação básica da redepública de ensino cedidos para as instituições a que se referem os §§ 1º,3º e 4º do art. 8º desta Lei serão considerados como em efetivo exercíciona educação básica pública para fins do disposto no art. 22 desta Lei.

§ 4º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão,

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no prazo de 30 (trinta) dias da publicação dos dados do censo escolarno Diário Oficial da União, apresentar recursos para retificação dosdados publicados.

Art. 10. A distribuição proporcional de recursos dos Fundos le-vará em conta as seguintes diferenças entre etapas, modalidades etipos de estabelecimento de ensino da educação básica:

I - creche em tempo integral;

II - pré-escola em tempo integral;

III - creche em tempo parcial;

IV - pré-escola em tempo parcial;

V - anos iniciais do ensino fundamental urbano;

VI - anos iniciais do ensino fundamental no campo;

VII - anos finais do ensino fundamental urbano;

VIII - anos finais do ensino fundamental no campo;

IX- ensino fundamental em tempo integral;

X - ensino médio urbano;

XI - ensino médio no campo;

XII - ensino médio em tempo integral;

XIII - ensino médio integrado à educação profissional;

XIV - educação especial;

XV - educação indígena e quilombola;

XVI - educação de jovens e adultos com avaliação no processo;

XVII - educação de jovens e adultos integrada à educação pro-fissional de nível médio, com avaliação no processo.

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§ 1º A ponderação entre diferentes etapas, modalidades e tipos de esta-belecimento de ensino adotará como referência o fator 1 (um) para os anos iniciaisdo ensino fundamental urbano, observado o disposto no § 1º do art. 32 desta Lei.

§ 2º A ponderação entre demais etapas, modalidades e tiposde estabelecimento será resultado da multiplicação do fator de referên-cia por um fator específico fixado entre 0,70 (setenta centésimos) e 1,30(um inteiro e trinta centésimos), observando-se, em qualquer hipótese,o limite previsto no art. 11 desta Lei.

§ 3º Para os fins do disposto neste artigo, o regulamento dis-porá sobre a educação básica em tempo integral e sobre os anos ini-ciais e finais do ensino fundamental.

§ 4º O direito à educação infantil será assegurado às criançasaté o término do ano letivo em que completarem 6 (seis) anos de idade.

Art. 11. A apropriação dos recursos em função das matrículasna modalidade de educação de jovens e adultos, nos termos da alínea cdo inciso III do caput do art. 60 do Ato das Disposições ConstitucionaisTransitórias - ADCT, observará, em cada Estado e no Distrito Federal, per-centual de até 15% (quinze por cento) dos recursos do Fundo respectivo.

Seção IIDa Comissão Intergovernamental de Financiamento

para a Educação Básica de Qualidade

Art. 12. Fica instituída, no âmbito do Ministério da Educação,a Comissão Intergovernamental de Financiamento para a EducaçãoBásica de Qualidade, com a seguinte composição:

I - 1 (um) representante do Ministério da Educação;

II - 1 (um) representante dos secretários estaduais de educa-ção de cada uma das 5 (cinco) regiões político-administrativas do Brasilindicado pelas seções regionais do Conselho Nacional de Secretáriosde Estado da Educação - CONSED;

III - 1 (um) representante dos secretários municipais de educaçãode cada uma das 5 (cinco) regiões político-administrativas do Brasil indi-cado pelas seções regionais da União Nacional dos Dirigentes Municipaisde Educação - UNDIME.

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§ 1º As deliberações da Comissão Intergovernamental de Fi-nanciamento para a Educação Básica de Qualidade serão registradasem ata circunstanciada, lavrada conforme seu regimento interno.

§ 2º As deliberações relativas à especificação das ponderaçõesserão baixadas em resolução publicada no Diário Oficial da União até odia 31 de julho de cada exercício, para vigência no exercício seguinte.

§ 3º A participação na Comissão Intergovernamental de Finan-ciamento para a Educação Básica de Qualidade é função não remune-rada de relevante interesse público, e seus membros, quandoconvocados, farão jus a transporte e diárias.

Art. 13. No exercício de suas atribuições, compete à Comissão In-tergovernamental de Financiamento para a Educação Básica de Qualidade:

I - especificar anualmente as ponderações aplicáveis entre di-ferentes etapas, modalidades e tipos de estabelecimento de ensino daeducação básica, observado o disposto no art. 10 desta Lei, levandoem consideração a correspondência ao custo real da respectiva etapae modalidade e tipo de estabelecimento de educação básica, segundoestudos de custo realizados e publicados pelo Inep;

II - fixar anualmente o limite proporcional de apropriação de re-cursos pelas diferentes etapas, modalidades e tipos de estabelecimentode ensino da educação básica, observado o disposto no art. 11 desta Lei;

III - fixar anualmente a parcela da complementação da União aser distribuída para os Fundos por meio de programas direcionadospara a melhoria da qualidade da educação básica, bem como respec-tivos critérios de distribuição, observado o disposto no art. 7º desta Lei;

IV - elaborar, requisitar ou orientar a elaboração de estudos téc-nicos pertinentes, sempre que necessário;

V - elaborar seu regimento interno, baixado em portaria do Mi-nistro de Estado da Educação.

VI - fixar percentual mínimo de recursos a ser repassado às institui-ções de que tratam os incisos I e II do § 1º e os §§ 3º e 4º do art. 8º, de acordocom o número de matrículas efetivadas. (Incluído pela Lei n. 12.695, de 2012)

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§ 1º Serão adotados como base para a decisão da Comissão In-tergovernamental de Financiamento para a Educação Básica de Qualidadeos dados do censo escolar anual mais atualizado realizado pelo Inep.

§ 2º A Comissão Intergovernamental de Financiamento para aEducação Básica de Qualidade exercerá suas competências em obser-vância às garantias estabelecidas nos incisos I, II, III e IV do caput doart. 208 da Constituição Federal e às metas de universalização da edu-cação básica estabelecidas no plano nacional de educação.

Art. 14. As despesas da Comissão Intergovernamental de Finan-ciamento para a Educação Básica de Qualidade correrão à conta das do-tações orçamentárias anualmente consignadas ao Ministério da Educação.

CAPÍTULO IVDA TRANSFERÊNCIA E DA GESTÃO DOS RECURSOS

Art. 15. O Poder Executivo federal publicará, até 31 de dezem-bro de cada exercício, para vigência no exercício subseqüente:

I - a estimativa da receita total dos Fundos;

II - a estimativa do valor da complementação da União;

III - a estimativa dos valores anuais por aluno no âmbito do Dis-trito Federal e de cada Estado;

IV - o valor anual mínimo por aluno definido nacionalmente.

Parágrafo único. Para o ajuste da complementação da Uniãode que trata o § 2º do art. 6º desta Lei, os Estados e o Distrito Federaldeverão publicar na imprensa oficial e encaminhar à Secretaria do Te-souro Nacional do Ministério da Fazenda, até o dia 31 de janeiro, os va-lores da arrecadação efetiva dos impostos e das transferências de quetrata o art. 3º desta Lei referentes ao exercício imediatamente anterior.

Art. 16. Os recursos dos Fundos serão disponibilizados pelasunidades transferidoras ao Banco do Brasil S.A. ou Caixa EconômicaFederal, que realizará a distribuição dos valores devidos aos Estados,ao Distrito Federal e aos Municípios.

Parágrafo único. São unidades transferidoras a União, os Estados

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e o Distrito Federal em relação às respectivas parcelas do Fundo cuja arre-cadação e disponibilização para distribuição sejam de sua responsabilidade.

Art. 17. Os recursos dos Fundos, provenientes da União, dosEstados e do Distrito Federal, serão repassados automaticamente paracontas únicas e específicas dos Governos Estaduais, do Distrito Federale dos Municípios, vinculadas ao respectivo Fundo, instituídas para essefim e mantidas na instituição financeira de que trata o art. 16 desta Lei.

§ 1º Os repasses aos Fundos provenientes das participações aque se refere o inciso II do caput do art. 158 e as alíneas a e b do incisoI do caput e inciso II do caput do art. 159 da Constituição Federal, bemcomo os repasses aos Fundos à conta das compensações financeirasaos Estados, Distrito Federal e Municípios a que se refere a Lei Comple-mentar no 87, de 13 de setembro de 1996, constarão dos orçamentosda União, dos Estados e do Distrito Federal e serão creditados pela Uniãoem favor dos Governos Estaduais, do Distrito Federal e dos Municípiosnas contas específicas a que se refere este artigo, respeitados os critériose as finalidades estabelecidas nesta Lei, observados os mesmos prazos,procedimentos e forma de divulgação adotados para o repasse do res-tante dessas transferências constitucionais em favor desses governos.

§ 2º Os repasses aos Fundos provenientes dos impostos pre-vistos nos incisos I, II e III do caput do art. 155 combinados com os in-cisos III e IV do caput do art. 158 da Constituição Federal constarãodos orçamentos dos Governos Estaduais e do Distrito Federal e serãodepositados pelo estabelecimento oficial de crédito previsto no art. 4ºda Lei Complementar n. 63, de 11 de janeiro de 1990, no momento emque a arrecadação estiver sendo realizada nas contas do Fundo abertasna instituição financeira de que trata o caput deste artigo.

§ 3º A instituição financeira de que trata o caput deste artigo,no que se refere aos recursos dos impostos e participações menciona-dos no § 2º deste artigo, creditará imediatamente as parcelas devidasao Governo Estadual, ao Distrito Federal e aos Municípios nas contasespecíficas referidas neste artigo, observados os critérios e as finalida-des estabelecidas nesta Lei, procedendo à divulgação dos valores cre-ditados de forma similar e com a mesma periodicidade utilizada pelosEstados em relação ao restante da transferência do referido imposto.

§ 4º Os recursos dos Fundos provenientes da parcela do im-posto sobre produtos industrializados, de que trata o inciso II do caput

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do art. 159 da Constituição Federal, serão creditados pela União em favordos Governos Estaduais e do Distrito Federal nas contas específicas, se-gundo os critérios e respeitadas as finalidades estabelecidas nesta Lei,observados os mesmos prazos, procedimentos e forma de divulgaçãoprevistos na Lei Complementar n. 61, de 26 de dezembro de 1989.

§ 5º Do montante dos recursos do imposto sobre produtos in-dustrializados de que trata o inciso II do caput do art. 159 da Constitui-ção Federal a parcela devida aos Municípios, na forma do disposto noart. 5º da Lei Complementar n. 61, de 26 de dezembro de 1989, serárepassada pelo Governo Estadual ao respectivo Fundo e os recursosserão creditados na conta específica a que se refere este artigo, obser-vados os mesmos prazos, procedimentos e forma de divulgação do res-tante dessa transferência aos Municípios.

§ 6º A instituição financeira disponibilizará, permanentemente,aos conselhos referidos nos incisos II, III e IV do § 1º do art. 24 destaLei os extratos bancários referentes à conta do fundo.

§ 7º Os recursos depositados na conta específica a que se re-fere o caput deste artigo serão depositados pela União, Distrito Federal,Estados e Municípios na forma prevista no § 5º do art. 69 da Lei n.9.394, de 20 de dezembro de 1996.

Art. 18. Nos termos do § 4º do art. 211 da Constituição Federal,os Estados e os Municípios poderão celebrar convênios para a transfe-rência de alunos, recursos humanos, materiais e encargos financeiros,assim como de transporte escolar, acompanhados da transferência ime-diata de recursos financeiros correspondentes ao número de matrículasassumido pelo ente federado.

Parágrafo único. (VETADO)

Art. 19. Os recursos disponibilizados aos Fundos pela União,pelos Estados e pelo Distrito Federal deverão ser registrados de formadetalhada a fim de evidenciar as respectivas transferências.

Art. 20. Os eventuais saldos de recursos financeiros disponíveisnas contas específicas dos Fundos cuja perspectiva de utilização sejasuperior a 15 (quinze) dias deverão ser aplicados em operações finan-ceiras de curto prazo ou de mercado aberto, lastreadas em títulos da dí-vida pública, na instituição financeira responsável pela movimentação

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dos recursos, de modo a preservar seu poder de compra.

Parágrafo único. Os ganhos financeiros auferidos em decor-rência das aplicações previstas no caput deste artigo deverão ser utili-zados na mesma finalidade e de acordo com os mesmos critérios econdições estabelecidas para utilização do valor principal do Fundo.

CAPÍTULO VDA UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS

Art. 21. Os recursos dos Fundos, inclusive aqueles oriundosde complementação da União, serão utilizados pelos Estados, pelo Dis-trito Federal e pelos Municípios, no exercício financeiro em que lhesforem creditados, em ações consideradas como de manutenção e de-senvolvimento do ensino para a educação básica pública, conforme dis-posto no art. 70 da Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996.

§ 1º Os recursos poderão ser aplicados pelos Estados e Mu-nicípios indistintamente entre etapas, modalidades e tipos de estabele-cimento de ensino da educação básica nos seus respectivos âmbitosde atuação prioritária, conforme estabelecido nos §§ 2º e 3º do art. 211da Constituição Federal.

§ 2º Até 5% (cinco por cento) dos recursos recebidos à contados Fundos, inclusive relativos à complementação da União recebidosnos termos do § 1º do art. 6º desta Lei, poderão ser utilizados no 1º (pri-meiro) trimestre do exercício imediatamente subseqüente, medianteabertura de crédito adicional.

Art. 22. Pelo menos 60% (sessenta por cento) dos recursosanuais totais dos Fundos serão destinados ao pagamento da remune-ração dos profissionais do magistério da educação básica em efetivoexercício na rede pública.

Parágrafo único. Para os fins do disposto no caput deste ar-tigo, considera-se:

I - remuneração: o total de pagamentos devidos aos profissio-nais do magistério da educação, em decorrência do efetivo exercícioem cargo, emprego ou função, integrantes da estrutura, quadro ou ta-bela de servidores do Estado, Distrito Federal ou Município, conformeo caso, inclusive os encargos sociais incidentes;

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II - profissionais do magistério da educação: docentes, profis-sionais que oferecem suporte pedagógico direto ao exercício da docên-cia: direção ou administração escolar, planejamento, inspeção,supervisão, orientação educacional e coordenação pedagógica;

III - efetivo exercício: atuação efetiva no desempenho das ativi-dades de magistério previstas no inciso II deste parágrafo associada àsua regular vinculação contratual, temporária ou estatutária, com o entegovernamental que o remunera, não sendo descaracterizado por even-tuais afastamentos temporários previstos em lei, com ônus para o em-pregador, que não impliquem rompimento da relação jurídica existente.

Art. 23. É vedada a utilização dos recursos dos Fundos:

I - no financiamento das despesas não consideradas como demanutenção e desenvolvimento da educação básica, conforme o art.71 da Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996;

II - como garantia ou contrapartida de operações de crédito, in-ternas ou externas, contraídas pelos Estados, pelo Distrito Federal oupelos Municípios que não se destinem ao financiamento de projetos,ações ou programas considerados como ação de manutenção e desen-volvimento do ensino para a educação básica.

CAPÍTULO VIDO ACOMPANHAMENTO, CONTROLE SOCIAL,

COMPROVAÇÃO E FISCALIZAÇÃO DOS RECURSOS

Art. 24. O acompanhamento e o controle social sobre a distri-buição, a transferência e a aplicação dos recursos dos Fundos serãoexercidos, junto aos respectivos governos, no âmbito da União, dos Es-tados, do Distrito Federal e dos Municípios, por conselhos instituídosespecificamente para esse fim.

§ 1º Os conselhos serão criados por legislação específica, editadano pertinente âmbito governamental, observados os seguintes critérios decomposição:

I - em âmbito federal, por no mínimo 14 (quatorze) membros, sendo:

a) até 4 (quatro) representantes do Ministério da Educação;

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b) 1 (um) representante do Ministério da Fazenda;

c) 1 (um) representante do Ministério do Planejamento, Orçamentoe Gestão;

d) 1 (um) representante do Conselho Nacional de Educação;

e) 1 (um) representante do Conselho Nacional de Secretáriosde Estado da Educação - CONSED;

f) 1 (um) representante da Confederação Nacional dos Trabalhadoresem Educação - CNTE;

g) 1 (um) representante da União Nacional dos Dirigentes Mu-nicipais de Educação - UNDIME;

h) 2 (dois) representantes dos pais de alunos da educação básicapública;

i) 2 (dois) representantes dos estudantes da educação básica pú-blica, um dos quais indicado pela União Brasileira de Estudantes Secun-daristas - UBES;

II - em âmbito estadual, por no mínimo 12 (doze) membros, sendo:

a) 3 (três) representantes do Poder Executivo estadual, dos quaispelo menos 1 (um) do órgão estadual responsável pela educação básica;

b) 2 (dois) representantes dos Poderes Executivos Municipais;

c) 1 (um) representante do Conselho Estadual de Educação;

d) 1 (um) representante da seccional da União Nacional dos Di-rigentes Municipais de Educação - UNDIME;

e) 1 (um) representante da seccional da Confederação Nacionaldos Trabalhadores em Educação - CNTE;

f) 2 (dois) representantes dos pais de alunos da educação básicapública;

g) 2 (dois) representantes dos estudantes da educação básica

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pública, 1 (um) dos quais indicado pela entidade estadual de estudantessecundaristas;

III - no Distrito Federal, por no mínimo 9 (nove) membros,sendo a composição determinada pelo disposto no inciso II deste pa-rágrafo, excluídos os membros mencionados nas suas alíneas b e d;

IV - em âmbito municipal, por no mínimo 9 (nove) membros, sendo:

a) 2 (dois) representantes do Poder Executivo Municipal, dosquais pelo menos 1 (um) da Secretaria Municipal de Educação ou órgãoeducacional equivalente;

b) 1 (um) representante dos professores da educação básicapública;

c) 1 (um) representante dos diretores das escolas básicas públicas;

d) 1 (um) representante dos servidores técnico-administrativosdas escolas básicas públicas;

e) 2 (dois) representantes dos pais de alunos da educação básicapública;

f) 2 (dois) representantes dos estudantes da educação básica pú-blica, um dos quais indicado pela entidade de estudantes secundaristas.

§ 2º Integrarão ainda os conselhos municipais dos Fundos,quando houver, 1 (um) representante do respectivo Conselho Municipalde Educação e 1 (um) representante do Conselho Tutelar a que se re-fere a Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990, indicados por seus pares.

§ 3º Os membros dos conselhos previstos no caput deste ar-tigo serão indicados até 20 (vinte) dias antes do término do mandatodos conselheiros anteriores:

I - pelos dirigentes dos órgãos federais, estaduais, municipaise do Distrito Federal e das entidades de classes organizadas, nos casosdas representações dessas instâncias;

II - nos casos dos representantes dos diretores, pais de alunos eestudantes, pelo conjunto dos estabelecimentos ou entidades de âmbito

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nacional, estadual ou municipal, conforme o caso, em processo eletivo or-ganizado para esse fim, pelos respectivos pares;

III - nos casos de representantes de professores e servidores,pelas entidades sindicais da respectiva categoria.

§ 4º Indicados os conselheiros, na forma dos incisos I e II do §3º deste artigo, o Ministério da Educação designará os integrantes doconselho previsto no inciso I do § 1º deste artigo, e o Poder Executivocompetente designará os integrantes dos conselhos previstos nos in-cisos II, III e IV do § 1º deste artigo.

§ 5º São impedidos de integrar os conselhos a que se refere ocaput deste artigo:

I - cônjuge e parentes consanguíneos ou afins, até 3º (terceiro)grau, do Presidente e do Vice-Presidente da República, dos Ministrosde Estado, do Governador e do Vice-Governador, do Prefeito e do Vice-Prefeito, e dos Secretários Estaduais, Distritais ou Municipais;

II - tesoureiro, contador ou funcionário de empresa de asses-soria ou consultoria que prestem serviços relacionados à administraçãoou controle interno dos recursos do Fundo, bem como cônjuges, paren-tes consanguíneos ou afins, até 3º (terceiro) grau, desses profissionais;

III - estudantes que não sejam emancipados;

IV - pais de alunos que:

a) exerçam cargos ou funções públicas de livre nomeação eexoneração no âmbito dos órgãos do respectivo Poder Executivo gestordos recursos; ou

b) prestem serviços terceirizados, no âmbito dos Poderes Exe-cutivos em que atuam os respectivos conselhos.

§ 6º O presidente dos conselhos previstos no caput deste ar-tigo será eleito por seus pares em reunião do colegiado, sendo impe-dido de ocupar a função o representante do governo gestor dosrecursos do Fundo no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federale dos Municípios.

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§ 7º Os conselhos dos Fundos atuarão com autonomia, semvinculação ou subordinação institucional ao Poder Executivo local e serãorenovados periodicamente ao final de cada mandato dos seus membros.

§ 8º A atuação dos membros dos conselhos dos Fundos:

I - não será remunerada;

II - é considerada atividade de relevante interesse social;

III - assegura isenção da obrigatoriedade de testemunhar sobreinformações recebidas ou prestadas em razão do exercício de suas ati-vidades de conselheiro e sobre as pessoas que lhes confiarem ou delesreceberem informações;

IV - veda, quando os conselheiros forem representantes de pro-fessores e diretores ou de servidores das escolas públicas, no cursodo mandato:

a) exoneração ou demissão do cargo ou emprego sem justacausa ou transferência involuntária do estabelecimento de ensino emque atuam;

b) atribuição de falta injustificada ao serviço em função das ati-vidades do conselho;

c) afastamento involuntário e injustificado da condição de con-selheiro antes do término do mandato para o qual tenha sido designado;

V - veda, quando os conselheiros forem representantes de es-tudantes em atividades do conselho, no curso do mandato, atribuiçãode falta injustificada nas atividades escolares.

§ 9º Aos conselhos incumbe, ainda, supervisionar o censo escolaranual e a elaboração da proposta orçamentária anual, no âmbito de suasrespectivas esferas governamentais de atuação, com o objetivo de concor-rer para o regular e tempestivo tratamento e encaminhamento dos dadosestatísticos e financeiros que alicerçam a operacionalização dos Fundos.

§ 10. Os conselhos dos Fundos não contarão com estrutura ad-ministrativa própria, incumbindo à União, aos Estados, ao Distrito Federale aos Municípios garantir infraestrutura e condições materiais adequadas

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à execução plena das competências dos conselhos e oferecer ao Mi-nistério da Educação os dados cadastrais relativos à criação e compo-sição dos respectivos conselhos.

§ 11. Os membros dos conselhos de acompanhamento e con-trole terão mandato de, no máximo, 2 (dois) anos, permitida 1 (uma) re-condução por igual período.

§ 12. Na hipótese da inexistência de estudantes emancipados,representação estudantil poderá acompanhar as reuniões do conselhocom direito a voz.

§ 13. Aos conselhos incumbe, também, acompanhar a aplicaçãodos recursos federais transferidos à conta do Programa Nacional deApoio ao Transporte do Escolar - PNATE e do Programa de Apoio aosSistemas de Ensino para Atendimento à Educação de Jovens e Adultose, ainda, receber e analisar as prestações de contas referentes a essesProgramas, formulando pareceres conclusivos acerca da aplicação des-ses recursos e encaminhando-os ao Fundo Nacional de Desenvolvimentoda Educação - FNDE.

Art. 25. Os registros contábeis e os demonstrativos gerenciaismensais, atualizados, relativos aos recursos repassados e recebidos àconta dos Fundos assim como os referentes às despesas realizadas fica-rão permanentemente à disposição dos conselhos responsáveis, bemcomo dos órgãos federais, estaduais e municipais de controle interno e ex-terno, e ser-lhes-á dada ampla publicidade, inclusive por meio eletrônico.

Parágrafo único. Os conselhos referidos nos incisos II, III e IVdo § 1º do art. 24 desta Lei poderão, sempre que julgarem conveniente:

I - apresentar ao Poder Legislativo local e aos órgãos de controleinterno e externo manifestação formal acerca dos registros contábeis edos demonstrativos gerenciais do Fundo;

II - por decisão da maioria de seus membros, convocar o Se-cretário de Educação competente ou servidor equivalente para prestaresclarecimentos acerca do fluxo de recursos e a execução das despe-sas do Fundo, devendo a autoridade convocada apresentar-se emprazo não superior a 30 (trinta) dias;

III - requisitar ao Poder Executivo cópia de documentos referentes a:

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a) licitação, empenho, liquidação e pagamento de obras e serviçoscusteados com recursos do Fundo;

b) folhas de pagamento dos profissionais da educação, asquais deverão discriminar aqueles em efetivo exercício na educaçãobásica e indicar o respectivo nível, modalidade ou tipo de estabeleci-mento a que estejam vinculados;

c) documentos referentes aos convênios com as instituições aque se refere o art. 8º desta Lei;

d) outros documentos necessários ao desempenho de suas funções;

IV - realizar visitas e inspetorias in loco para verificar:

a) o desenvolvimento regular de obras e serviços efetuadosnas instituições escolares com recursos do Fundo;

b) a adequação do serviço de transporte escolar;

c) a utilização em benefício do sistema de ensino de bens adquiridoscom recursos do Fundo.

Art. 26. A fiscalização e o controle referentes ao cumprimentodo disposto no art. 212 da Constituição Federal e do disposto nesta Lei,especialmente em relação à aplicação da totalidade dos recursos dosFundos, serão exercidos:

I - pelo órgão de controle interno no âmbito da União e pelosórgãos de controle interno no âmbito dos Estados, do Distrito Federale dos Municípios;

II - pelos Tribunais de Contas dos Estados, do Distrito Federale dos Municípios, junto aos respectivos entes governamentais sob suasjurisdições;

III - pelo Tribunal de Contas da União, no que tange às atribui-ções a cargo dos órgãos federais, especialmente em relação à com-plementação da União.

Art. 27. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios prestarãocontas dos recursos dos Fundos conforme os procedimentos adotados

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pelos Tribunais de Contas competentes, observada a regulamentaçãoaplicável.

Parágrafo único. As prestações de contas serão instruídascom parecer do conselho responsável, que deverá ser apresentado aoPoder Executivo respectivo em até 30 (trinta) dias antes do vencimentodo prazo para a apresentação da prestação de contas prevista no caput

deste artigo.

Art. 28. O descumprimento do disposto no art. 212 da Constitui-ção Federal e do disposto nesta Lei sujeitará os Estados e o Distrito Federalà intervenção da União, e os Municípios à intervenção dos respectivos Es-tados a que pertencem, nos termos da alínea e do inciso VII do caput doart. 34 e do inciso III do caput do art. 35 da Constituição Federal.

Art. 29. A defesa da ordem jurídica, do regime democrático,dos interesses sociais e individuais indisponíveis, relacionada ao plenocumprimento desta Lei, compete ao Ministério Público dos Estados edo Distrito Federal e Territórios e ao Ministério Público Federal, espe-cialmente quanto às transferências de recursos federais.

§ 1º A legitimidade do Ministério Público prevista no caput

deste artigo não exclui a de terceiros para a propositura de ações a quese referem o inciso LXXIII do caput do art. 5º e o § 1º do art. 129 daConstituição Federal, sendo-lhes assegurado o acesso gratuito aos do-cumentos mencionados nos arts. 25 e 27 desta Lei.

§ 2º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os MinistériosPúblicos da União, do Distrito Federal e dos Estados para a fiscalizaçãoda aplicação dos recursos dos Fundos que receberem complementaçãoda União.

Art. 30. O Ministério da Educação atuará:

I - no apoio técnico relacionado aos procedimentos e critériosde aplicação dos recursos dos Fundos, junto aos Estados, Distrito Fe-deral e Municípios e às instâncias responsáveis pelo acompanhamento,fiscalização e controle interno e externo;

II - na capacitação dos membros dos conselhos;

III - na divulgação de orientações sobre a operacionalização do

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Fundo e de dados sobre a previsão, a realização e a utilização dos va-lores financeiros repassados, por meio de publicação e distribuição dedocumentos informativos e em meio eletrônico de livre acesso público;

IV - na realização de estudos técnicos com vistas na definiçãodo valor referencial anual por aluno que assegure padrão mínimo dequalidade do ensino;

V - no monitoramento da aplicação dos recursos dos Fundos,por meio de sistema de informações orçamentárias e financeiras e decooperação com os Tribunais de Contas dos Estados e Municípios edo Distrito Federal;

VI - na realização de avaliações dos resultados da aplicaçãodesta Lei, com vistas na adoção de medidas operacionais e de naturezapolítico educacional corretivas, devendo a primeira dessas medidas serealizar em até 2 (dois) anos após a implantação do Fundo.

CAPÍTULO VIIDISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Seção IDisposições Transitórias

Art. 31. Os Fundos serão implantados progressivamente nosprimeiros 3 (três) anos de vigência, conforme o disposto neste artigo.

§ 1º A porcentagem de recursos de que trata o art. 3º destaLei será alcançada conforme a seguinte progressão:

I - para os impostos e transferências constantes do inciso II docaput do art. 155, do inciso IV do caput do art. 158, das alíneas a e bdo inciso I e do inciso II do caput do art. 159 da Constituição Federal,bem como para a receita a que se refere o § 1º do art. 3º desta Lei:

a) 16,66% (dezesseis inteiros e sessenta e seis centésimos porcento), no 1º (primeiro) ano;

b) 18,33% (dezoito inteiros e trinta e três centésimos por cento),no 2º (segundo) ano; e

c) 20% (vinte por cento), a partir do 3º (terceiro) ano, inclusive;

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II - para os impostos e transferências constantes dos incisos Ie III do caput do art. 155, inciso II do caput do art. 157, incisos II e III docaput do art. 158 da Constituição Federal:

a) 6,66% (seis inteiros e sessenta e seis centésimos por cento),no 1º (primeiro) ano;

b) 13,33% (treze inteiros e trinta e três centésimos por cento),no 2º (segundo) ano; e

c) 20% (vinte por cento), a partir do 3º (terceiro) ano, inclusive.

§ 2º As matrículas de que trata o art. 9º desta Lei serão consi-deradas conforme a seguinte progressão:

I - para o ensino fundamental regular e especial público: a to-talidade das matrículas imediatamente a partir do 1º (primeiro) ano devigência do Fundo;

II - para a educação infantil, o ensino médio e a educação dejovens e adultos:

a) 1/3 (um terço) das matrículas no 1º (primeiro) ano de vigênciado Fundo;

b) 2/3 (dois terços) das matrículas no 2º (segundo) ano de vigênciado Fundo;

c) a totalidade das matrículas a partir do 3º (terceiro) ano de vigênciado Fundo, inclusive.

§ 3º A complementação da União será de, no mínimo:

I - R$ 2.000.000.000,00 (dois bilhões de reais), no 1º (primeiro)ano de vigência dos Fundos;

II - R$ 3.000.000.000,00 (três bilhões de reais), no 2º (segundo)ano de vigência dos Fundos; e

III - R$ 4.500.000.000,00 (quatro bilhões e quinhentos milhõesde reais), no 3º (terceiro) ano de vigência dos Fundos.

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§ 4º Os valores a que se referem os incisos I, II e III do § 3ºdeste artigo serão atualizados, anualmente, nos primeiros 3 (três) anosde vigência dos Fundos, de forma a preservar em caráter permanenteo valor real da complementação da União.

§ 5º Os valores a que se referem os incisos I, II e III do § 3º desteartigo serão corrigidos, anualmente, pela variação acumulada do Índice Na-cional de Preços ao Consumidor – INPC, apurado pela Fundação InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, ou índice equivalente que lhevenha a suceder, no período compreendido entre o mês da promulgaçãoda Emenda Constitucional n. 53, de 19 de dezembro de 2006, e 1º de janeirode cada um dos 3 (três) primeiros anos de vigência dos Fundos.

§ 6º Até o 3º (terceiro) ano de vigência dos Fundos, o crono-grama de complementação da União observará a programação finan-ceira do Tesouro Nacional e contemplará pagamentos mensais de, nomínimo, 5% (cinco por cento) da complementação anual, a serem rea-lizados até o último dia útil de cada mês, assegurados os repasses de,no mínimo, 45% (quarenta e cinco por cento) até 31 de julho e de 100%(cem por cento) até 31 de dezembro de cada ano.

§ 7º Até o 3º (terceiro) ano de vigência dos Fundos, a complemen-tação da União não sofrerá ajuste quanto a seu montante em função da di-ferença entre a receita utilizada para o cálculo e a receita realizada doexercício de referência, observado o disposto no § 2º do art. 6º desta Leiquanto à distribuição entre os fundos instituídos no âmbito de cada Estado.

Art. 32. O valor por aluno do ensino fundamental, no Fundode cada Estado e do Distrito Federal, não poderá ser inferior ao efeti-vamente praticado em 2006, no âmbito do Fundo de Manutenção e De-senvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério- FUNDEF, estabelecido pela Emenda Constitucional n. 14, de 12 desetembro de 1996.

§ 1º Caso o valor por aluno do ensino fundamental, no Fundode cada Estado e do Distrito Federal, no âmbito do Fundeb, resulte infe-rior ao valor por aluno do ensino fundamental, no Fundo de cada Estadoe do Distrito Federal, no âmbito do Fundef, adotar-se-á este último exclu-sivamente para a distribuição dos recursos do ensino fundamental, man-tendo-se as demais ponderações para as restantes etapas, modalidadese tipos de estabelecimento de ensino da educação básica, na forma doregulamento.

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§ 2º O valor por aluno do ensino fundamental a que se refereo caput deste artigo terá como parâmetro aquele efetivamente praticadoem 2006, que será corrigido, anualmente, com base no Índice Nacionalde Preços ao Consumidor - INPC, apurado pela Fundação Instituto Bra-sileiro de Geografia e Estatística - IBGE ou índice equivalente que lhevenha a suceder, no período de 12 (doze) meses encerrados em junhodo ano imediatamente anterior.

Art. 33. O valor anual mínimo por aluno definido nacionalmentepara o ensino fundamental no âmbito do Fundeb não poderá ser inferiorao mínimo fixado nacionalmente em 2006 no âmbito do Fundef.

Art. 34. Os conselhos dos Fundos serão instituídos no prazo de 60(sessenta) dias contados da vigência dos Fundos, inclusive mediante adap-tações dos conselhos do Fundef existentes na data de publicação desta Lei.

Art. 35. O Ministério da Educação deverá realizar, em 5 (cinco)anos contados da vigência dos Fundos, fórum nacional com o objetivode avaliar o financiamento da educação básica nacional, contando comrepresentantes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municí-pios, dos trabalhadores da educação e de pais e alunos.

Art. 36. No 1º (primeiro) ano de vigência do Fundeb, as pon-derações seguirão as seguintes especificações:

I - creche - 0,80 (oitenta centésimos);

II - pré-escola - 0,90 (noventa centésimos);

III - anos iniciais do ensino fundamental urbano - 1,00 (um inteiro);

IV - anos iniciais do ensino fundamental no campo - 1,05 (uminteiro e cinco centésimos);

V - anos finais do ensino fundamental urbano - 1,10 (um inteiroe dez centésimos);

VI - anos finais do ensino fundamental no campo - 1,15 (um inteiroe quinze centésimos);

VII - ensino fundamental em tempo integral - 1,25 (um inteiro evinte e cinco centésimos);

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VIII - ensino médio urbano - 1,20 (um inteiro e vinte centésimos);

IX - ensino médio no campo - 1,25 (um inteiro e vinte e cincocentésimos);

X - ensino médio em tempo integral - 1,30 (um inteiro e trintacentésimos);

XI - ensino médio integrado à educação profissional - 1,30 (uminteiro e trinta centésimos);

XII - educação especial - 1,20 (um inteiro e vinte centésimos);

XIII - educação indígena e quilombola - 1,20 (um inteiro e vintecentésimos);

XIV - educação de jovens e adultos com avaliação no processo- 0,70 (setenta centésimos);

XV - educação de jovens e adultos integrada à educação profissio-nal de nível médio, com avaliação no processo - 0,70 (setenta centésimos).

§ 1º A Comissão Intergovernamental de Financiamento para aEducação Básica de Qualidade fixará as ponderações referentes à crechee pré-escola em tempo integral.

§ 2º Na fixação dos valores a partir do 2o (segundo) ano de vi-gência do Fundeb, as ponderações entre as matrículas da educaçãoinfantil seguirão, no mínimo, as seguintes pontuações:

I - creche pública em tempo integral - 1,10 (um inteiro e dez centésimos);

II - creche pública em tempo parcial - 0,80 (oitenta centésimos);

III - creche conveniada em tempo integral - 0,95 (noventa ecinco centésimos);

IV - creche conveniada em tempo parcial - 0,80 (oitenta centésimos);

V - pré-escola em tempo integral - 1,15 (um inteiro e quinze centésimos);

VI - pré-escola em tempo parcial - 0,90 (noventa centésimos).

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Seção IIDisposições Finais

Art. 37. Os Municípios poderão integrar, nos termos da legis-lação local específica e desta Lei, o Conselho do Fundo ao ConselhoMunicipal de Educação, instituindo câmara específica para o acompa-nhamento e o controle social sobre a distribuição, a transferência e aaplicação dos recursos do Fundo, observado o disposto no inciso IV do§ 1º e nos §§ 2º, 3º, 4º e 5º do art. 24 desta Lei.

§ 1º A câmara específica de acompanhamento e controle socialsobre a distribuição, a transferência e a aplicação dos recursos do Fundebterá competência deliberativa e terminativa.

§ 2º Aplicar-se-ão para a constituição dos Conselhos Municipaisde Educação as regras previstas no § 5º do art. 24 desta Lei.

Art. 38. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípiosdeverão assegurar no financiamento da educação básica, previsto noart. 212 da Constituição Federal, a melhoria da qualidade do ensino, deforma a garantir padrão mínimo de qualidade definido nacionalmente.

Parágrafo único. É assegurada a participação popular e dacomunidade educacional no processo de definição do padrão nacionalde qualidade referido no caput deste artigo.

Art. 39. A União desenvolverá e apoiará políticas de estímuloàs iniciativas de melhoria de qualidade do ensino, acesso e permanên-cia na escola, promovidas pelas unidades federadas, em especial aque-las voltadas para a inclusão de crianças e adolescentes em situaçãode risco social.

Parágrafo único. A União, os Estados e o Distrito Federal de-senvolverão, em regime de colaboração, programas de apoio ao es-forço para conclusão da educação básica dos alunos regularmentematriculados no sistema público de educação:

I - que cumpram pena no sistema penitenciário, ainda que nacondição de presos provisórios;

II - aos quais tenham sido aplicadas medidas socioeducativasnos termos da Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990.

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Art. 40. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverãoimplantar Planos de Carreira e remuneração dos profissionais da edu-cação básica, de modo a assegurar:

I - a remuneração condigna dos profissionais na educação bá-sica da rede pública;

II - integração entre o trabalho individual e a proposta pedagó-gica da escola;

III - a melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem.

Parágrafo único. Os Planos de Carreira deverão contemplarcapacitação profissional especialmente voltada à formação continuadacom vistas na melhoria da qualidade do ensino.

Art. 41. O poder público deverá fixar, em lei específica, até 31de agosto de 2007, piso salarial profissional nacional para os profis-sionais do magistério público da educação básica.

Parágrafo único. (VETADO)

Art. 42. (VETADO)

Art. 43. Nos meses de janeiro e fevereiro de 2007, fica mantidaa sistemática de repartição de recursos prevista na Lei n. 9.424, de 24de dezembro de 1996, mediante a utilização dos coeficientes de par-ticipação do Distrito Federal, de cada Estado e dos Municípios, refe-rentes ao exercício de 2006, sem o pagamento de complementação daUnião.

Art. 44. A partir de 1º de março de 2007, a distribuição dos re-cursos dos Fundos é realizada na forma prevista nesta Lei.

Parágrafo único. A complementação da União prevista no in-ciso I do § 3º do art. 31 desta Lei, referente ao ano de 2007, será inte-gralmente distribuída entre março e dezembro.

Art. 45. O ajuste da distribuição dos recursos referentes aoprimeiro trimestre de 2007 será realizado no mês de abril de 2007, con-forme a sistemática estabelecida nesta Lei.

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Parágrafo único. O ajuste referente à diferença entre o total dosrecursos da alínea a do inciso I e da alínea a do inciso II do § 1º do art. 31desta Lei e os aportes referentes a janeiro e fevereiro de 2007, realizadosna forma do disposto neste artigo, será pago no mês de abril de 2007.

Art. 46. Ficam revogados, a partir de 1º de janeiro de 2007, osarts. 1º a 8º e 13 da Lei n. 9.424, de 24 de dezembro de 1996, e o art.12 da Lei n. 10.880, de 9 de junho de 2004, e o § 3º do art. 2º da Lei n.10.845, de 5 de março de 2004.

Art. 47. Nos 2 (dois) primeiros anos de vigência do Fundeb, aUnião alocará, além dos destinados à complementação ao Fundeb, re-cursos orçamentários para a promoção de programa emergencial deapoio ao ensino médio e para reforço do programa nacional de apoioao transporte escolar.

Art. 48. Os Fundos terão vigência até 31 de dezembro de 2020.

Art. 49. Esta Lei entra em vigor na data da sua publicação.

Brasília, 20 de junho de 2007; 186º da Independência e 119º da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVATarso Genro

Guido Mantega

Fernando Haddad

José Antonio Dias Toffoli.

Este texto não substitui o publicado no DOU de 21.6.2007 e retificado no DOUde 22.6.2007.

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10.2 - LEI N. 11.947, DE 16 DE JUNHO DE 2009

Presidência da RepúblicaCasa Civil

Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI N. 11.947, DE 16 DE JUNHO DE 2009.

Conversão da Medida Provisória n. 455, de 2008

O VICE–PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no exercício do cargode PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º. Para os efeitos desta Lei, entende-se por alimentaçãoescolar todo alimento oferecido no ambiente escolar, independente-mente de sua origem, durante o período letivo.

Art. 2º. São diretrizes da alimentação escolar:

I - o emprego da alimentação saudável e adequada, compreen-dendo o uso de alimentos variados, seguros, que respeitem a cultura,as tradições e os hábitos alimentares saudáveis, contribuindo para ocrescimento e o desenvolvimento dos alunos e para a melhoria do ren-dimento escolar, em conformidade com a sua faixa etária e seu estadode saúde, inclusive dos que necessitam de atenção específica;

II - a inclusão da educação alimentar e nutricional no processo deensino e aprendizagem, que perpassa pelo currículo escolar, abordando

Dispõe sobre o atendimento da alimentaçãoescolar e do Programa Dinheiro Direto naEscola aos alunos da educação básica; al-tera as Leis n. 10.880, de 9 de junho de2004, 11.273, de 6 de fevereiro de 2006,11.507, de 20 de julho de 2007; revoga dis-positivos da Medida Provisória n. 2.178-36,de 24 de agosto de 2001, e a Lei n. 8.913,de 12 de julho de 1994; e dá outras provi-dências.

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o tema alimentação e nutrição e o desenvolvimento de práticas saudá-veis de vida, na perspectiva da segurança alimentar e nutricional;

III - a universalidade do atendimento aos alunos matriculadosna rede pública de educação básica;

IV - a participação da comunidade no controle social, no acom-panhamento das ações realizadas pelos Estados, pelo Distrito Federal epelos Municípios para garantir a oferta da alimentação escolar saudávele adequada;

V - o apoio ao desenvolvimento sustentável, com incentivospara a aquisição de gêneros alimentícios diversificados, produzidos emâmbito local e preferencialmente pela agricultura familiar e pelos em-preendedores familiares rurais, priorizando as comunidades tradicionaisindígenas e de remanescentes de quilombos;

VI - o direito à alimentação escolar, visando a garantir segu-rança alimentar e nutricional dos alunos, com acesso de forma iguali-tária, respeitando as diferenças biológicas entre idades e condições desaúde dos alunos que necessitem de atenção específica e aqueles quese encontram em vulnerabilidade social.

Art. 3º. A alimentação escolar é direito dos alunos da educaçãobásica pública e dever do Estado e será promovida e incentivada comvistas no atendimento das diretrizes estabelecidas nesta Lei.

Art. 4º. O Programa Nacional de Alimentação Escolar - PNAEtem por objetivo contribuir para o crescimento e o desenvolvimento bio-psicossocial, a aprendizagem, o rendimento escolar e a formação dehábitos alimentares saudáveis dos alunos, por meio de ações de edu-cação alimentar e nutricional e da oferta de refeições que cubram assuas necessidades nutricionais durante o período letivo.

Art. 5º. Os recursos financeiros consignados no orçamento daUnião para execução do PNAE serão repassados em parcelas aos Es-tados, ao Distrito Federal, aos Municípios e às escolas federais peloFundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE, em confor-midade com o disposto no art. 208 da Constituição Federal e observa-das as disposições desta Lei.

§ 1º A transferência dos recursos financeiros, objetivando a

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execução do PNAE, será efetivada automaticamente pelo FNDE, semnecessidade de convênio, ajuste, acordo ou contrato, mediante depósitoem conta corrente específica.

§ 2º Os recursos financeiros de que trata o § 1º deverão serincluídos nos orçamentos dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-cípios atendidos e serão utilizados exclusivamente na aquisição de gê-neros alimentícios.

§ 3º Os saldos dos recursos financeiros recebidos à conta doPNAE existentes em 31 de dezembro deverão ser reprogramados parao exercício subsequente, com estrita observância ao objeto de sua trans-ferência, nos termos disciplinados pelo Conselho Deliberativo do FNDE.

§ 4º O montante dos recursos financeiros de que trata o § 1ºserá calculado com base no número de alunos devidamente matricula-dos na educação básica pública de cada um dos entes governamentais,conforme os dados oficiais de matrícula obtidos no censo escolar rea-lizado pelo Ministério da Educação.

§ 5º Para os fins deste artigo, a critério do FNDE, serão con-siderados como parte da rede estadual, municipal e distrital, ainda, osalunos matriculados em:

I - creches, pré-escolas e escolas do ensino fundamental emédio qualificadas como entidades filantrópicas ou por elas mantidas,inclusive as de educação especial;

II - creches, pré-escolas e escolas comunitárias de ensino fun-damental e médio conveniadas com os Estados, o Distrito Federal e osMunicípios.

Art. 6º. É facultado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Mu-nicípios repassar os recursos financeiros recebidos à conta do PNAEàs unidades executoras das escolas de educação básica pertencentesà sua rede de ensino, observando o disposto nesta Lei, no que couber.

Parágrafo único. O Conselho Deliberativo do FNDE expediránormas relativas a critérios de alocação de recursos e valores per capita,bem como para organização e funcionamento das unidades executorase demais orientações e instruções necessárias à execução do PNAE.

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Art. 7º. Os Estados poderão transferir a seus Municípios a res-ponsabilidade pelo atendimento aos alunos matriculados nos estabe-lecimentos estaduais de ensino localizados nas respectivas áreas dejurisdição e, nesse caso, autorizar expressamente o repasse direto aoMunicípio por parte do FNDE da correspondente parcela de recursoscalculados na forma do parágrafo único do art. 6º.

Art. 8º. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios apresen-tarão ao FNDE a prestação de contas do total dos recursos recebidos.

§ 1º A autoridade responsável pela prestação de contas queinserir ou fizer inserir documentos ou declaração falsa ou diversa daque deveria ser inscrita, com o fim de alterar a verdade sobre o fato,será responsabilizada na forma da lei.

§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios manterãoem seus arquivos, em boa guarda e organização, pelo prazo de 5(cinco) anos, contados da data de aprovação da prestação de contasdo concedente, os documentos a que se refere o caput, juntamentecom todos os comprovantes de pagamentos efetuados com os recursosfinanceiros transferidos na forma desta Lei, ainda que a execução es-teja a cargo das respectivas escolas, e estarão obrigados a disponibi-lizá-los, sempre que solicitado, ao Tribunal de Contas da União, aoFNDE, ao Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal eao Conselho de Alimentação Escolar - CAE.

§ 3º O FNDE realizará auditagem da aplicação dos recursosnos Estados, no Distrito Federal e nos Municípios, a cada exercício fi-nanceiro, por sistema de amostragem, podendo requisitar o encami-nhamento de documentos e demais elementos necessários para tanto,ou, ainda, delegar competência a outro órgão ou entidade estatal parafazê-lo.

Art. 9º. O FNDE, os entes responsáveis pelos sistemas de en-sino e os órgãos de controle externo e interno federal, estadual e mu-nicipal criarão, segundo suas competências próprias ou na forma derede integrada, mecanismos adequados à fiscalização e ao monitora-mento da execução do PNAE.

Parágrafo único. Os órgãos de que trata este artigo poderãocelebrar convênios ou acordos, em regime de cooperação, para auxiliare otimizar o controle do programa.

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Art. 10. Qualquer pessoa física ou jurídica poderá denunciarao FNDE, ao Tribunal de Contas da União, aos órgãos de controle in-terno do Poder Executivo da União, ao Ministério Público e ao CAE asirregularidades eventualmente identificadas na aplicação dos recursosdestinados à execução do PNAE.

Art. 11. A responsabilidade técnica pela alimentação escolarnos Estados, no Distrito Federal, nos Municípios e nas escolas federaiscaberá ao nutricionista responsável, que deverá respeitar as diretrizesprevistas nesta Lei e na legislação pertinente, no que couber, dentrodas suas atribuições específicas.

Art. 12. Os cardápios da alimentação escolar deverão ser ela-borados pelo nutricionista responsável com utilização de gêneros ali-mentícios básicos, respeitando-se as referências nutricionais, oshábitos alimentares, a cultura e a tradição alimentar da localidade, pau-tando-se na sustentabilidade e diversificação agrícola da região, na ali-mentação saudável e adequada.

§ 1º Para efeito desta Lei, gêneros alimentícios básicos sãoaqueles indispensáveis à promoção de uma alimentação saudável, ob-servada a regulamentação aplicável. (Renumerado do parágrafo únicoIncluído pela Lei n. 12.982, de 2014)

§ 2º Para os alunos que necessitem de atenção nutricional in-dividualizada em virtude de estado ou de condição de saúde específica,será elaborado cardápio especial com base em recomendações médi-cas e nutricionais, avaliação nutricional e demandas nutricionais dife-renciadas, conforme regulamento. (Incluído pela Lei n. 12.982, de 2014)

Art. 13. A aquisição dos gêneros alimentícios, no âmbito doPNAE, deverá obedecer ao cardápio planejado pelo nutricionista e serárealizada, sempre que possível, no mesmo ente federativo em que selocalizam as escolas, observando-se as diretrizes de que trata o art. 2ºdesta Lei.

Art. 14. Do total dos recursos financeiros repassados peloFNDE, no âmbito do PNAE, no mínimo 30% (trinta por cento) deverãoser utilizados na aquisição de gêneros alimentícios diretamente da agri-cultura familiar e do empreendedor familiar rural ou de suas organiza-ções, priorizando-se os assentamentos da reforma agrária, ascomunidades tradicionais indígenas e comunidades quilombolas.

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§ 1º A aquisição de que trata este artigo poderá ser realizadadispensando-se o procedimento licitatório, desde que os preços sejamcompatíveis com os vigentes no mercado local, observando-se os prin-cípios inscritos no art. 37 da Constituição Federal, e os alimentos aten-dam às exigências do controle de qualidade estabelecidas pelasnormas que regulamentam a matéria.

§ 2º A observância do percentual previsto no caput será disci-plinada pelo FNDE e poderá ser dispensada quando presente uma dasseguintes circunstâncias:

I - impossibilidade de emissão do documento fiscal correspondente;

II - inviabilidade de fornecimento regular e constante dos gê-neros alimentícios;

III - condições higiênico-sanitárias inadequadas.

Art. 15. Compete ao Ministério da Educação propor açõeseducativas que perpassem pelo currículo escolar, abordando o temaalimentação e nutrição e o desenvolvimento de práticas saudáveis devida, na perspectiva da segurança alimentar e nutricional.

Art. 16. Competem à União, por meio do FNDE, autarquia res-ponsável pela coordenação do PNAE, as seguintes atribuições:

I - estabelecer as normas gerais de planejamento, execução,controle, monitoramento e avaliação do PNAE;

II - realizar a transferência de recursos financeiros visando aexecução do PNAE nos Estados, Distrito Federal, Municípios e escolasfederais;

III - promover a articulação interinstitucional entre as entidadesfederais envolvidas direta ou indiretamente na execução do PNAE;

IV - promover a adoção de diretrizes e metas estabelecidas nospactos e acordos internacionais, com vistas na melhoria da qualidadede vida dos alunos da rede pública da educação básica;

V - prestar orientações técnicas gerais aos Estados, ao DistritoFederal e aos Municípios para o bom desempenho do PNAE;

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VI - cooperar no processo de capacitação dos recursos huma-nos envolvidos na execução do PNAE e no controle social;

VII - promover o desenvolvimento de estudos e pesquisas ob-jetivando a avaliação das ações do PNAE, podendo ser feitos em re-gime de cooperação com entes públicos e privados.

Art. 17. Competem aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municí-pios, no âmbito de suas respectivas jurisdições administrativas, as seguintesatribuições, conforme disposto no § 1º do art. 211 da Constituição Federal:

I - garantir que a oferta da alimentação escolar se dê em con-formidade com as necessidades nutricionais dos alunos, durante o pe-ríodo letivo, observando as diretrizes estabelecidas nesta Lei, bemcomo o disposto no inciso VII do art. 208 da Constituição Federal;

II - promover estudos e pesquisas que permitam avaliar asações voltadas para a alimentação escolar, desenvolvidas no âmbitodas respectivas escolas;

III - promover a educação alimentar e nutricional, sanitária eambiental nas escolas sob sua responsabilidade administrativa, com ointuito de formar hábitos alimentares saudáveis aos alunos atendidos,mediante atuação conjunta dos profissionais de educação e do respon-sável técnico de que trata o art. 11 desta Lei;

IV - realizar, em parceria com o FNDE, a capacitação dos re-cursos humanos envolvidos na execução do PNAE e no controle social;

V - fornecer informações, sempre que solicitado, ao FNDE, aoCAE, aos órgãos de controle interno e externo do Poder Executivo, arespeito da execução do PNAE, sob sua responsabilidade;

VI - fornecer instalações físicas e recursos humanos que possi-bilitem o pleno funcionamento do CAE, facilitando o acesso da população;

VII - promover e executar ações de saneamento básico nos esta-belecimentos escolares sob sua responsabilidade, na forma da legislaçãopertinente;

VIII - divulgar em locais públicos informações acerca do quan-titativo de recursos financeiros recebidos para execução do PNAE;

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IX - prestar contas dos recursos financeiros recebidos à contado PNAE, na forma estabelecida pelo Conselho Deliberativo do FNDE;

X - apresentar ao CAE, na forma e no prazo estabelecidos peloConselho Deliberativo do FNDE, o relatório anual de gestão do PNAE.

Art. 18. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios institui-rão, no âmbito de suas respectivas jurisdições administrativas, Conse-lhos de Alimentação Escolar - CAE, órgãos colegiados de caráterfiscalizador, permanente, deliberativo e de assessoramento, compostosda seguinte forma:

I - 1 (um) representante indicado pelo Poder Executivo do respec-tivo ente federado;

II - 2 (dois) representantes das entidades de trabalhadores daeducação e de discentes, indicados pelo respectivo órgão de represen-tação, a serem escolhidos por meio de assembleia específica;

III - 2 (dois) representantes de pais de alunos, indicados pelosConselhos Escolares, Associações de Pais e Mestres ou entidades simi-lares, escolhidos por meio de assembleia específica;

IV - 2 (dois) representantes indicados por entidades civis organi-zadas, escolhidos em assembleia específica.

§ 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão, aseu critério, ampliar a composição dos membros do CAE, desde queobedecida a proporcionalidade definida nos incisos deste artigo.

§ 2º Cada membro titular do CAE terá 1 (um) suplente domesmo segmento representado.

§ 3º Os membros terão mandato de 4 (quatro) anos, podendo serreconduzidos de acordo com a indicação dos seus respectivos segmentos.

§ 4º A presidência e a vice-presidência do CAE somente po-derão ser exercidas pelos representantes indicados nos incisos II, III eIV deste artigo.

§ 5º O exercício do mandato de conselheiros do CAE é consi-derado serviço público relevante, não remunerado.

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§ 6º Caberá aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios informarao FNDE a composição do seu respectivo CAE, na forma estabelecidapelo Conselho Deliberativo do FNDE.

Art. 19. Compete ao CAE:

I - acompanhar e fiscalizar o cumprimento das diretrizes esta-belecidas na forma do art. 2º desta Lei;

II - acompanhar e fiscalizar a aplicação dos recursos destinadosà alimentação escolar;

III - zelar pela qualidade dos alimentos, em especial quanto àscondições higiênicas, bem como a aceitabilidade dos cardápios oferecidos;

IV - receber o relatório anual de gestão do PNAE e emitir parecerconclusivo a respeito, aprovando ou reprovando a execução do Programa.

Parágrafo único. Os CAEs poderão desenvolver suas atribui-ções em regime de cooperação com os Conselhos de Segurança Ali-mentar e Nutricional estaduais e municipais e demais conselhos afins,e deverão observar as diretrizes estabelecidas pelo Conselho Nacionalde Segurança Alimentar e Nutricional - CONSEA.

Art. 20. Fica o FNDE autorizado a suspender os repasses dosrecursos do PNAE quando os Estados, o Distrito Federal ou os Municípios:

I - não constituírem o respectivo CAE ou deixarem de efetuaros ajustes necessários, visando ao seu pleno funcionamento;

II - não apresentarem a prestação de contas dos recursos an-teriormente recebidos para execução do PNAE, na forma e nos prazosestabelecidos pelo Conselho Deliberativo do FNDE;

III - cometerem irregularidades na execução do PNAE, naforma estabelecida pelo Conselho Deliberativo do FNDE.

§ 1º Sem prejuízo do previsto no caput, fica o FNDE autorizadoa comunicar eventuais irregularidades na execução do PNAE ao Minis-tério Público e demais órgãos ou autoridades ligadas ao tema de quetrata o Programa.

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§ 2º O restabelecimento do repasse dos recursos financeirosà conta do PNAE ocorrerá na forma definida pelo Conselho Deliberativodo FNDE.

Art. 21. Ocorrendo a suspensão prevista no art. 20, fica oFNDE autorizado a realizar, em conta específica, o repasse dos recursosequivalentes, pelo prazo de 180 (cento e oitenta) dias, diretamente àsunidades executoras, conforme previsto no art. 6º desta Lei, correspon-dentes às escolas atingidas, para fornecimento da alimentação escolar,dispensando-se o procedimento licitatório para aquisição emergencialdos gêneros alimentícios, mantidas as demais regras estabelecidas paraexecução do PNAE, inclusive quanto à prestação de contas.

Parágrafo único. A partir da publicação desta Lei, o FNDEterá até 180 (cento e oitenta) dias para regulamentar a matéria de quetrata o caput deste artigo.

Art. 22. O Programa Dinheiro Direto na Escola - PDDE, com oobjetivo de prestar assistência financeira, em caráter suplementar, àsescolas públicas da educação básica das redes estaduais, municipaise do Distrito Federal, às escolas de educação especial qualificadascomo beneficentes de assistência social ou de atendimento direto e gra-tuito ao público, às escolas mantidas por entidades de tais gêneros eaos polos presenciais do sistema Universidade Aberta do Brasil - UABque ofertem programas de formação inicial ou continuada a profissionaisda educação básica, observado o disposto no art. 25, passa a ser regidopelo disposto nesta Lei. (Redação dada pela Lei n. 12.695, de 2012)

§ 1º A assistência financeira a ser concedida a cada estabele-cimento de ensino beneficiário e aos polos presenciais da UAB queofertem programas de formação inicial ou continuada a profissionais daeducação básica será definida anualmente e terá como base o númerode alunos matriculados na educação básica e na UAB, de acordo, res-pectivamente, com dados do censo escolar realizado pelo Ministério daEducação e com dados coletados pela Coordenação de Aperfeiçoa-mento de Pessoal de Ensino Superior - CAPES, observado o dispostono art. 24. (Redação dada pela Lei n. 12.695, de 2012)

§ 2º A assistência financeira de que trata o § 1º será concedidasem a necessidade de celebração de convênio, acordo, contrato, ajusteou instrumento congênere, mediante crédito do valor devido em contabancária específica:

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I - diretamente à unidade executora própria, representativa dacomunidade escolar, ou àquela qualificada como beneficente de assis-tência social ou de atendimento direto e gratuito ao público;

II - ao Estado, ao Distrito Federal ou ao Município mantenedordo estabelecimento de ensino, que não possui unidade executora própria.

Art. 23. Os recursos financeiros repassados para o PDDEserão destinados à cobertura de despesas de custeio, manutenção ede pequenos investimentos, que concorram para a garantia do funcio-namento e melhoria da infraestrutura física e pedagógica dos estabe-lecimentos de ensino.

Art. 24. O Conselho Deliberativo do FNDE expedirá normasrelativas aos critérios de alocação, repasse, execução, prestação decontas dos recursos e valores per capita, bem como sobre a organiza-ção e funcionamento das unidades executoras próprias.

Parágrafo único. A fixação dos valores per capita contem-plará, diferenciadamente, as escolas que oferecem educação especialde forma inclusiva ou especializada, de modo a assegurar, de acordocom os objetivos do PDDE, o adequado atendimento às necessidadesdessa modalidade educacional.

Art. 25. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverãoinscrever, quando couber, nos respectivos orçamentos os recursos fi-nanceiros destinados aos estabelecimentos de ensino a eles vincula-dos, bem como prestar contas dos referidos recursos.

Art. 26. As prestações de contas dos recursos recebidos à contado PDDE, a serem apresentadas nos prazos e constituídas dos docu-mentos estabelecidos pelo Conselho Deliberativo do FNDE serão feitas:

I - pelas unidades executoras próprias das escolas públicasmunicipais, estaduais e do Distrito Federal e dos polos presenciais dosistema UAB aos Municípios e às Secretarias de Educação a que es-tejam vinculadas, que se encarregarão da análise, julgamento, conso-lidação e encaminhamento ao FNDE, conforme estabelecido pelo seuconselho deliberativo; (Redação dada pela Lei n. 12.695, de 2012)

II - pelos Municípios, Secretarias de Educação dos Estados edo Distrito Federal e pelas entidades qualificadas como beneficentes

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de assistência social ou de atendimento direto e gratuito ao públicoàquele Fundo.

§ 1º As prestações de contas dos recursos transferidos paraatendimento das escolas e dos polos presenciais do sistema UAB quenão possuem unidades executoras próprias deverão ser feitas aoFNDE, observadas as respectivas redes de ensino, pelos Municípios epelas Secretarias de Educação dos Estados e do Distrito Federal. (Re-dação dada pela Lei n. 12.695, de 2012)

§ 2º Fica o FNDE autorizado a suspender o repasse dos re-cursos do PDDE nas seguintes hipóteses:

I - omissão na prestação de contas, conforme definido pelo seuConselho Deliberativo;

II - rejeição da prestação de contas;

III - utilização dos recursos em desacordo com os critérios es-tabelecidos para a execução do PDDE, conforme constatado por aná-lise documental ou de auditoria.

§ 3º Em caso de omissão no encaminhamento das prestaçõesde contas, na forma do inciso I do caput, fica o FNDE autorizado a sus-pender o repasse dos recursos a todas as escolas e polos presenciaisdo sistema UAB da rede de ensino do respectivo ente federado. (Re-dação dada pela Lei n. 12.695, de 2012)

§ 4º O gestor, responsável pela prestação de contas, que per-mitir, inserir ou fizer inserir documentos ou declaração falsa ou diversada que deveria ser inscrita, com o fim de alterar a verdade sobre osfatos, será responsabilizado na forma da lei.

Art. 27. Os entes federados, as unidades executoras própriase as entidades qualificadas como beneficentes de assistência social oude atendimento direto e gratuito ao público manterão arquivados, emsua sede, em boa guarda e organização, ainda que utilize serviços decontabilidade de terceiros, pelo prazo de 5 (cinco) anos, contado dadata de julgamento da prestação de contas anual do FNDE pelo órgãode controle externo, os documentos fiscais, originais ou equivalentes,das despesas realizadas na execução das ações do PDDE.

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Art. 28. A fiscalização da aplicação dos recursos financeirosrelativos à execução do PDDE é de competência do FNDE e dos ór-gãos de controle externo e interno do Poder Executivo da União e seráfeita mediante realização de auditorias, inspeções e análise dos pro-cessos que originarem as respectivas prestações de contas.

Parágrafo único. Os órgãos incumbidos da fiscalização dosrecursos destinados à execução do PDDE poderão celebrar convêniosou acordos, em regime de mútua cooperação, para auxiliar e otimizaro controle do Programa.

Art. 29. Qualquer pessoa, física ou jurídica, poderá denunciarao FNDE, ao Tribunal de Contas da União, aos órgãos de controle internodo Poder Executivo da União e ao Ministério Público irregularidades iden-tificadas na aplicação dos recursos destinados à execução do PDDE.

Art. 30. Os arts. 2º e 5º da Lei n. 10.880, de 9 de junho de2004, passam a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 2º Fica instituído o Programa Nacional de Apoio ao Transportedo Escolar - PNATE, no âmbito do Ministério da Educação, a ser exe-cutado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação -FNDE, com o objetivo de oferecer transporte escolar aos alunos daeducação básica pública, residentes em área rural, por meio de as-sistência financeira, em caráter suplementar, aos Estados, ao DistritoFederal e aos Municípios, observadas as disposições desta Lei.

§ 1º O montante dos recursos financeiros será repassado em parce-las e calculado com base no número de alunos da educação básicapública residentes em área rural que utilizem transporte escolar ofe-recido pelos entes referidos no caput deste artigo....................................................................................” (NR)

“Art. 5º O acompanhamento e o controle social sobre a transferênciae aplicação dos recursos repassados à conta do PNATE serão exer-cidos nos respectivos Governos dos Estados, do Distrito Federal edos Municípios pelos conselhos previstos no § 13 do art. 24 da Leino. 11.494, de 20 de junho de 2007.

§ 1º Fica o FNDE autorizado a suspender o repasse dos recursos doPNATE nas seguintes hipóteses:

I - omissão na prestação de contas, conforme definido pelo seu Con-selho Deliberativo;

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II - rejeição da prestação de contas;

III - utilização dos recursos em desacordo com os critérios estabele-cidos para a execução do Programa, conforme constatado por análisedocumental ou de auditoria....................................................................................” (NR)

Art. 31. A Lei n. 11.273, de 6 de fevereiro de 2006, passa a vi-gorar com as seguintes alterações:

“Art. 1º Ficam o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação -FNDE e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Su-perior - Capes autorizados a conceder bolsas de estudo e bolsas depesquisa no âmbito dos programas de formação de professores paraa educação básica desenvolvidos pelo Ministério da Educação, inclu-sive na modalidade a distância, que visem:.............................................................................................

III - à participação de professores em projetos de pesquisa e de de-senvolvimento de metodologias educacionais na área de formaçãoinicial e continuada de professores para a educação básica e para osistema Universidade Aberta do Brasil - UAB..............................................................................................

§ 4º Adicionalmente, poderão ser concedidas bolsas a professoresque atuem em programas de formação inicial e continuada de funcio-nários de escola e de secretarias de educação dos Estados, do Dis-trito Federal e dos Municípios, bem como em programas de formaçãoprofissional inicial e continuada, na forma do art. 2º desta Lei.” (NR)

“Art. 3º As bolsas de que trata o art. 2º desta Lei serão concedidasdiretamente ao beneficiário, por meio de crédito bancário, nos termosde normas expedidas pelas respectivas instituições concedentes, emediante a celebração de termo de compromisso em que constem oscorrespondentes direitos e obrigações.” (NR)

“Art. 4º As despesas com a execução das ações previstas nesta Leicorrerão à conta de dotações orçamentárias consignadas anualmenteao FNDE e à Capes, observados os limites de movimentação, empe-nho e pagamento da programação orçamentária e financeira anual.”(NR)

Art. 32. Os arts. 1º e 7º da Lei n. 11.507, de 20 de julho de2007, passam a vigorar com a seguinte redação:

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“Art. 1º Fica instituído o Auxílio de Avaliação Educacional -AAE, devido ao servidor que, em decorrência do exercício dadocência ou pesquisa no ensino superior público ou privado,participe, em caráter eventual, de processo de avaliação edu-cacional de instituições, cursos, projetos ou desempenho deestudantes realizado por iniciativa do Instituto Nacional de Es-tudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - Inep, da Fun-dação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de NívelSuperior - Capes e do Fundo Nacional de Desenvolvimento daEducação - FNDE.” (NR)

“Art. 7º As despesas decorrentes do AAE correrão à conta dedotações e limites previstos no orçamento anual consignadasà Capes, ao Inep e ao FNDE no grupo de despesas ‘OutrasDespesas Correntes’.” (NR)

Art. 33. Fica o Poder Executivo autorizado a instituir oPrograma Nacional de Educação na Reforma Agrária - Pronera,a ser implantado no âmbito do Ministério do DesenvolvimentoAgrário - MDA e executado pelo Instituto Nacional de Coloniza-ção e Reforma Agrária - Incra.

Parágrafo único. Ato do Poder Executivo disporá sobreas normas de funcionamento, execução e gestão do Programa.

Art. 33-A. O Poder Executivo fica autorizado a concederbolsas aos professores das redes públicas de educação e a es-tudantes beneficiários do Programa Nacional de Educação na Re-forma Agrária - PRONERA. (Incluído pela Lei n. 12.695, de 2012)

§ 1º Os professores das redes públicas de educação po-derão perceber bolsas pela participação nas atividades do Pro-nera, desde que não haja prejuízo à sua carga horária regular eao atendimento do plano de metas de cada instituição com seumantenedor, se for o caso. (Incluído pela Lei n. 12.695, de 2012)

§ 2º Os valores e os critérios para concessão e manu-tenção das bolsas serão fixados pelo Poder Executivo. (Incluídopela Lei n. 12.695, de 2012)

§ 3º As atividades exercidas no âmbito do Pronera nãocaracterizam vínculo empregatício e os valores recebidos a títulode bolsa não se incorporam, para qualquer efeito, ao vencimento,

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salário, remuneração ou proventos recebidos. (Incluído pela Lei n.12.695, de 2012)

Art. 34. Ficam revogados os arts. 1º a 14 da Medida Provisóriano 2.178-36, de 24 de agosto de 2001, e a Lei n. 8.913, de 12 de julhode 1994.

Art. 35. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 16 de junho de 2009; 188º da Independência e 121º da República.

JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA Fernando Haddad

Paulo Bernardo Silva

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11 - ANEXO II: CONTATOS

Ministério Público do Estado de GoiásRua 23, esq. com Av. Fued José Sebba, Qd. A06, Lts.15/24, Jardim Goiás- CEP: 74805-100Tel: (62) 3243-8000Ouvidoria: 127www.mpgo.mp.br

Centro de Apoio Operacional da Educação- CAOEDUCAÇÃOEd. Sede do MPGO- Sala T-14- Térreo - Ala ATel: (62) 3243-8029/8073/8511/8590/8347 (fax)[email protected]

Ministério Público Federal Procuradoria da República no Estado de GoiásAv. Olinda, Ed. Rosângela Pofahl Batista, Qd.G, Lt. 2, Park Lozandes, Goiânia-GO,CEP:74884-120Tel: (62) 3243-5400www.prgo.mpf.mp.br

Tribunal de Contas do Estado de GoiásPraça Pedro Ludovico Teixeira, 332, Centro- Goiânia -GOCEP: 74003-010Tel: (62) 3201-6160www.tce.go.gov.br

Tribunal de Contas dos MunicípiosRua 68, n. 727- Centro- Goiânia-GO- CEP: 74055-100Tel: (62) 3216-6160www.tcm.go.gov.br

Controladoria-Geral da União Escritório do Estado de GoiásRua 02, 49, CentroCEP: 74013-020Tel: (62) [email protected]

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12 - ANOTAÇÕES

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