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8/4/2019 Ministerio Publico Rozangela Cardozo
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Ministrio Pblico Estadual Luz da Constituio de 1988
Rozangela Valria Cardozo
1. Introduo
O Ministrio Pblico vem ocupando posio cada vez mais destacada na
organizao do Estado, dado o alargamento de suas funes de proteo de direitos
indisponveis e de interesses coletivos.
Neste estudo analisaremos a posio que a Constituio Federal deu para a
instituio, apontando seus princpios, funes, garantias e vedaes, bem como sua
importncia para a consecuo da justia no pas.
2. Noes Gerais
Em seu artigo 127 a atual Constituio da Repblica Federativa do Brasil (2008,
p.96) afirma que O Ministrio Pblico instituio permanente, essencial funo
jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurdica, do regime
democrtico e dos interesses sociais e individuais indisponveis. (CRFB, 1989) Com
isso nossa carta magna mostra a imensa importncia que a instituio ora em estudo tem
para o pas.
Contudo, em sua origem remota, o Ministrio Pblico (MP) no possua
exatamente essa funo, segundo Antonio Cintra, Ada Grinover e Cndido Dinamarco;
Foi numa ordonnance francesa do incio do sculo XIV que pela primeira vez se fez
meno a ele, porm na qualidade de mero encarregado da defesa judicial dos interesses
do soberano. (GRINOVER, 2001) Felizmente isso mudou e a cada novo sculo o MP
ganha maior importncia e independncia, sendo hoje um rgo essencial consecuo
da justia e manuteno do Estado Democrtico de Direito.
A Propsito da instituio, podemos lembrar uma passagem de Calamandrei:Entre todos os cargos judicirios, o mais difcil, segundo me parece, o do
Ministrio Pblico. Este, como sustentculo da acusao, devia ser to parcial
quanto um advogado; como guarda inflexvel da lei, deveria ser to imparcial
quanto um juiz.
Advogado sem paixo, juiz sem imparcialidade, tal o absurdo psicolgico no
qual o Ministrio Pblico, se no adquirir o sentido do equilbrio, se arrisca,
momento a momento, a perder, por amor da sinceridade, a generosa
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combatividade do defensor ou do amor da polmica, a objetividade sem paixo
do magistrado. (CALAMANDREI, 1991).
Este brilhante pensamento mostra o quo complica, porm importantssima a
funo exercida pelos membros doparquetem nossa sociedade.
3. Princpios
Dentre os princpios que regem o trabalho da instituio, destacamos os trs
constantes na prpria Constituio Federal e outro na esfera doutrinria, porm de no
menor importncia do que os constitucionais.
No Art. 127 1 a nossa Carta Poltica assevera que So princpios
institucionais do Ministrio Pblico a unidade, a indivisibilidade e a independncia
funcional.
O princpio da unidade, segundo Hugo Nigro Mazzili significa que os
promotores e procuradores de um Estado integram um s rgo sob a direo de um s
chefe enquanto o princpio da indivisibilidade, para o mesmo autor, significa que seus
membros podem ser substitudos uns pelos outros, porm, no de forma arbitrria, mas
segundo a estabelecida em lei. (MAZZILI, 1989).
Ambos os princpios so muito parecidos, convergindo na concluso de que o
Ministrio Pblico uma instituio una, cujos membros fazem parte de uma mesma
instituio e que os trabalhos so exercidos em nome desse rgo e no pelos seus
agentes individualmente, pois como afirma Pedro Lenza: quem atua no o promotor
individualmente, mas o MP (LENZA, 2007), disso decorrendo a possibilidade de um
promotor poder ser substitudo por outro (conforme a lei), pois quem est na causa no
o promotor, mas o prprioParquet.
J o princpio da independncia funcional significa, em primeira anlise, que
cada membro da instituio age segundo sua prpria conscincia jurdica, submetendo-se apenas s leis e constituio, sem interferncia de nenhum dos poderes, nem mesmo
dos rgos superiores do prprio Ministrio Pblico. Tal independncia primordial
para que o MP possa exercer suas funes constitucionais de forma justa e imparcial.
Alm disso, tal princpio garante que o rgo tenha competncia para observado
o disposto no Art. 169, propor ao Poder Legislativo a criao e extino de seus cargos
e servios auxiliares, provendo-os por concurso pblico de provas ou de provas e
ttulos, a poltica remuneratria e os planos de carreira e para elaborar sua propostaoramentria dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes oramentrias.
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Com isso o MP se torna independente dos outros poderes, sendo, inclusive,
discutido por alguns autores se a instituio seria ou no uma espcie de quarto Poder,
j que no se submete a nenhum dos outros. Contudo, o renomado constitucionalista
Jos Afonso da Silva, opina da seguinte forma:
No aceitvel a tese de alguns que querem ver na instituio um quarto
Poder do Estado, pois suas atribuies, mesmo ampliadas, so ontologicamente de
natureza executiva, sendo, pois uma instituio vinculada ao Poder Executivo,
funcionalmente independente. (SILVA, 2006).
A opinio de Jos Afonso, contudo, no amparada pelo texto constitucional,
que colocou o MP em captulo apartado do referente ao Poder Executivo, levando-nos a
concluso de que oParquetno est vinculado a nenhum dos trs poderes, no obstante
exercer funes executivas.Outro princpio importantssimo, mas que no fora includo no texto
constitucional, o que garante o direito ao Promotor Natural que segundo Coelho:
Pelo princpio do promotor natural estaria impedida a criao da figura do
promotor de exceo. Conceitualmente, pois, poderamos dizer que tal princpio
assegura que a independncia funcional do membro do Parquet e mesmo os direitos
subjetivos do cidado somente so respeitados na medida em que sejam vedadas
designaes arbitrrias de membros do Ministrio Pblico para uma Promotoria ou
Procuradoria de Justia ou para as funes de Promotor ou Procurador, com prejuzo
das atribuies e prerrogativas legais do ocupante natural do cargo, segundo os
critrios abstratos e pr-determinados pela lei. (COELHO, 2006).
Assim como o princpio do juiz natural fundamental para que se tenha um
devido processo legal, tambm de extrema importncia a no existncia de promotor
de exceo e que todos os membros do MP tenham autonomia para buscar a realizao
da justia em cada caso em que atue.
4. Funes
O Artigo 129 da Constituio Federal aponta, em seus incisos, as principais
funes do Ministrio Pblico, dentre elas destacamos: 1) A promoo, privativa, da
ao penal pblica; 2) Zelar pela proteo, por parte dos poderes pblicos, dos direitos
garantidos na constituio; 3) Promover o inqurito e a ao civil pblica na defesa dos
direitos difusos e coletivos; 4) promover a ao de inconstitucionalidade ou
representao para fins de interveno da Unio e dos Estados, nos casos previstos na
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Constituio; 5) Defender, no judicirio, os direitos das populaes indgenas; 6)
Exercer o controle externo da atividade policial.
Alm dessas, a constituio tambm elenca outras funes que podem ser
analisadas na consulta ao artigo 129 da Carta Magna. A considerao desse dispositivo
constitucional nos permite perceber o quo significativo o papel exercido pela
instituio, hora em estudo, na busca pela garantia do Estado Democrtico de Direito
em nosso pas.
5. Garantias
O artigo 128 da Carta Poltica brasileira aponta como garantia dos membros do
parquet a vitaliciedade (aps dois anos de exerccio do cargo), a irredutibilidade de
subsdios e a inamobilidade (salvo por motivo de interesse pblico, respeitado o
contraditrio e a ampla defesa).
A vitaliciedade garante que os promotores e procuradores, decorrido os dois
anos de estgio probatrio, s percam seu cargo mediante deciso judicial transitada em
julgado. Tal medida visa assegurar que os membros da instituio tenham tranquilidade
para atuar sem qualquer temor de represlias.
Com a irredutibilidade de subsdios, fica assegurado que por nenhuma razo os
membros do Ministrio Pblico tero seus subsdios reduzidos, contudo, essa garantia
no abrange as perdas salariais oriundas de variao inflacionria.
A inamobilidade, por sua vez, garante que nenhum integrante do parquet seja
removido da sede de suas funes sem que tenha autorizado, ou que pelo menos haja
motivo de interesse pblico, assegurado neste caso, o direito ao contraditrio e a ampla
defesa.
6. Vedaes
vedado aos membros no Ministrio Pblico, nos dizeres do art. 128 5 inc.
II, da CRFB (2008 p. 97):
a) receber, a qualquer ttulo e sob qualquer pretexto, honorrios, percentagens ou
custas processuais; b) exercer a advocacia; c) participar de sociedade comercial, na
forma da lei; d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra funo pblica,
salvo uma de magistrio; e) exercer atividade poltico-partidria. f) receber, a
qualquer ttulo ou pretexto, auxlios ou contribuies de pessoas fsicas, entidades
pblicas ou privadas, ressalvadas as excees previstas em lei.
No h necessidade de nos prendermos explicao de cada uma dessas
vedaes. Nos limitamos a transcrever o que o diz o promotor de justia Mrio Jos de
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Lima, para quem as vedaes: servem para assegurar que o promotor no possua
nenhuma espcie de relao ou atividade que prejudique sua imparcialidade. (LIMA,
1999).
O que denota a imensa preocupao do constituinte em que os membros do
parquetexercessem suas funes de forma imparcial e justa.
7. Consideraes Finais
Foi com grande acerto que nossa Constituio inclui o Ministrio Pblico entre
as funes essenciais justia, pois conforme fora analisado, o papel exercido pelos
membros do MP de vital importncia para que se consiga alcanar, ou pelo menos se
aproximar da verdadeira equidade.
, portanto, essencial que essa instituio obtenha cada vez mais fora para
conseguir cumprir, de forma satisfatria, as suas funes.
8. Referncias:
CALAMANDREI, Piero. Chiovenda: Lembranas de Juristas. 1. ed. Rio deJaneiro. LZN Editores, 2003.
CINTRA, Antnio Carlos de Arajo; DINAMARCO, Cndido Rangel;
GRINOVER, Ada Pellegrini. Teoria geral do processo. 17. ed. So Paulo: MalheirosEditores, 2001.
COELHO, Inocncio Mrtires. O ministrio pblico na constituio de 1988. RT
668/228. 2006. Disponvel em: . Acesso
em: 09 out. 2009.
LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 11. ed. So Paulo: Editora
Mtodo, 2007.
LIMA, Mrio Jos. Noes acerca do Ministrio Pblico brasileiro. 1. ed. SoPaulo. Malheiros Editores, 2006.
MAZZILI, Hugo Nigro. Ministrio pblico na constituio de 1988. 1. ed. So
Paulo: Editora Saraiva, 1989.
SILVA, Jos Afonso. Curso de direito constitucional positivo. 27. ed. So Paulo:
Malheiros Editores, 2006.