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EDUCAÇÃO TEOLÓGICA A DISTÂNCIA M M I I N N I I S S T T É É R R I I O O P P A A S S T T O O R R A A L L TREINAMENTO BÍBLICO INTERNACIONAL Uma Escola de Treinamento da Palavra e do Espírito

Ministerio Pastoral

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EDUCAÇÃO TEOLÓGICA A DISTÂNCIA

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PPAASSTTOORRAALL

TREINAMENTO BÍBLICO INTERNACIONAL Uma Escola de Treinamento da Palavra e do Espírito

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O MINISTÉRIO PASTORAL

© 2005. José Evaristo de Oliveira Filho.

© 2005. TREINAMENTO BÍBLICO INTERNACIONAL.

Mossoró-RN

1ª Edição: 2005.

Publicado no Brasil com todos os direitos reservados por

TREINAMENTO BÍBLICO INTERNACIONAL

Rua Eufrásio de Oliveira, 38 – Alto da Conceição.

Mossoró-RN

É expressamente proibida a reprodução comercial deste manual, por quaisquer meios (mecânicos, eletrônicos, xerográficos, fotográficos, gravação, estocagem em banco de dados, etc.).

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Conteúdo

Visão Geral ................................................................................ 4

Lição Um: O Ofício de Pastor .................................................... 7

Os Termos Usados Na Bíblia ..................................................................... 7

Presbítero ................................................................................................ 9

Bispo ...................................................................................................... 10

Pastor ..................................................................................................... 10

O Pastor Como Ofício E O Pastor Como Dom ......................................... 11

A Importância das Definições.................................................................. 13

Lição Dois: Qualificações do Pastor ......................................... 15

Coisas Que Nos Desqualificam ................................................................ 15

Coisas Que Nos Qualificam ..................................................................... 19

Desenvolvimento do Caráter ................................................................... 21

A Necessidade de Autoconhecimento ..................................................... 22

Lição Três: O Trabalho do Pastor ............................................ 25

Do Ponto de Vista do Pastor .................................................................... 25

Ser Um Exemplo ................................................................................... 26

Trabalhar ............................................................................................... 27

Do Ponto de Vista das Ovelhas ................................................................ 28

O Pastor Deve Alimentar As Ovelhas ................................................... 29

O Pastor Tem Que Cuidar das Ovelhas ................................................ 30

O Pastor Deve Proteger As Ovelhas ...................................................... 32

O Pastor Deve Governar A Igreja ......................................................... 33

O Pastor Deve Reconhecer Novos Obreiros ......................................... 34

Tarefas Implícitas do Pastoreio ............................................................... 34

Em Relação Consigo Mesmo ................................................................ 35

Em Relação Às Ovelhas ......................................................................... 35

Lição Quatro: A Espiritualidade do Pastor .............................. 37

O Que É Espiritualidade .......................................................................... 37

Espiritualidade Em Atos ....................................................................... 38

Espiritualidade Em 2 Coríntios ............................................................ 39

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Lição Cinco: A Responsabilidade do Pastor ............................ 41

Uma Vida Que Sirva de Exemplo ............................................................ 42

Trato Sábio E Fiel ..................................................................................... 42

Esforço Para Ser Frutífero ....................................................................... 42

Fiel Em Declarar Todo O Desígnio de Deus ............................................ 42

Compreender Suas Limitações ................................................................ 43

Completar Fielmente Seu Ministério ...................................................... 43

Lição Seis: O Pastor Como Administrador .............................. 45

A Principal Tarefa do Pastor .................................................................... 45

Como Usar O Potencial da Igreja ............................................................ 46

Lição Sete: A Intelectualidade do Pastor ................................. 48

O Mandato do Estudo .............................................................................. 48

O Método do Estudo ................................................................................ 49

Os Temas .................................................................................................. 51

A Cultura Em Geral ............................................................................... 51

A Cultura Bíblica E A Teologia ............................................................. 52

A Preparação de Sermões ........................................................................ 54

Lição Oito: O Pastor E O Ministério da Palavra ....................... 56

Bons Pastores Praticam A Palavra .......................................................... 56

Rejeitando Os Falsos Ensinamentos .................................................... 57

Exercitando-Se Na Piedade .................................................................. 57

Sendo Um Exemplo Para Os Crentes ................................................... 58

Bons Pastores Pregam A Palavra ............................................................. 59

A Pregação Revela Os Falsos Mestres .................................................. 60

A Palavra de Deus É Alimento Para O Cristão ..................................... 61

Lição Nove: O Pastor Sênior E A Equipe Pastoral ................... 63

O Pastor Sênior ........................................................................................ 63

A Equipe Pastoral ..................................................................................... 64

Lição Dez: A Visitação Pastoral ............................................... 69

Os Limites ................................................................................................ 70

O Método ................................................................................................... 71

As Vantagens ............................................................................................ 72

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A Visitação dos Enfermos ........................................................................ 74

Lição Onze: Nascimentos, Casamentos E Velórios .................. 77

Nascimentos ............................................................................................. 78

A Programação ...................................................................................... 78

O Sermão ............................................................................................... 78

Casamentos .............................................................................................. 78

A Programação ...................................................................................... 78

O Sermão da Cerimônia ........................................................................80

Velórios .....................................................................................................80

A Importância de Ministrar Em Velórios .............................................80

Sugestões Para Ministrar Em Velórios ................................................. 81

Lição Doze: As Recompensas do Pastor .................................. 84

Os Pastores Fiéis Serão Recompensados ................................................ 84

A Avaliação do Senhor É O Mais Importante ......................................... 85

A Coroa da Glória ..................................................................................... 86

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O MINISTÉRIO PASTORAL

VISÃO GERAL

DESCRIÇÃO DO CURSO

Neste curso nós estudaremos o ministério pastoral. Nós veremos a importância deste ministério, sua definição, seu serviço, a relação entre o pastor e suas ovelhas, e tudo o mais que for necessário para estabelecermos uma teologia saudável deste ministério.

Desenvolver uma teologia pastoral é um pouco complicado nos dias atuais. Primeiramente, porque muitas igrejas e denominações estão mais preocupadas em perpetuar suas tradições herdadas do que seguir os princípios e valores bíblicos nesta questão. Elas estão satisfeitas com o que têm conquistado nesta área e não querem modificações. De fato, modificar estruturas denominações com séculos de existência, por exemplo, é uma tarefa difícil, se não impossível!

Em segundo lugar, o extenso e popular uso da palavra „pastor‟ dificulta e muito a diferenciação entre o ofício de pastor e o dom de pastor. E isto, por sua vez, dificulta que muitos possam servir como líderes pastorais e acordo com seus mais diversos dons.

Apesar destas dificuldades, nós procuraremos apresentar um quadro geral do ministério pastoral segundo a Bíblia, sem nos determos muito nas tradições e práticas das diversas igrejas evangélicas.

OBJETIVOS DO CURSO

Ao concluir este curso você será capaz de:

Compreender a importância do ministério pastoral.

Definir as palavras bíblicas usadas para o líder pastoral.

Descrever o trabalho do pastor em seus diversos aspectos.

Refletir sobre a espiritualidade do pastor.

Examinar a relação entre os pastores de uma igreja.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Bíblia de Estudo NVI: Editora Vida.

Bíblia de Estudo de Genebra: Editora Cultura Cristã.

REQUERIMENTOS DO CURSO

Este manual pode ser estudado em dois níveis: enriquecimento e diploma.

Enriquecimento: você pode usar este manual para seu enriquecimento pessoal, não sendo necessário, portanto, que você faça a matrícula ou envie-nos os trabalhos escritos.

Diploma: para receber os créditos referentes ao curso e o diploma no final do programa, você deve efetuar a matrícula e completar o exame final.

QUESTÕES PARA REVISÃO E EXAME FINAL

Questões Para Revisão: Ao concluir o conteúdo da lição, complete as questões para revisão. Você pode usar suas notas pessoais, sua Bíblia ou o conteúdo do estudo principal para as respostas. O propósito delas é ajudá-lo a focalizar os principais pontos do estudo e prepará-lo para o exame final.

Exame Final: No final de cada manual existe um exame final que foi elaborado para testar os seus conhecimentos e, conseqüentemente, esse exame serve para a sua aprovação no curso/manual. Para ser aprovado no curso/manual, você deverá conseguir pelo menos 70% de respostas corretas.

FORMATO DO MANUAL

Visão Geral: Traz todas as informações referentes ao manual: descrição da matéria, objetivos, referências bibliográficas, requerimentos, questões para revisão, exame final e qualquer outra informação necessária.

Lições: Cada lição contém:

Número e Título da Lição.

Objetivos.

Versículo-Chave.

O Conteúdo da Lição.

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Questões Para Revisão.

Exame Final: No final deste manual você encontrará um exame final que contará pontos para a aprovação no curso/manual.

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LIÇÃO UM

O OFÍCIO DE PASTOR

Versículos-Chave “De Mileto, mandou a Éfeso chamar os presbíteros da igreja... Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue”.

INTRODUÇÃO

Uma das tarefas mais difíceis no estudo do ministério pastoral é a definição do termo „pastor‟. Não nos referimos à definição baseada no serviço, mas no uso correto do termo à luz da Bíblia. Afinal, o uso popular da palavra, inclusive por não-evangélicos, não significa que a doutrina e a prática do ministério de pastor sejam condizentes com aquilo que a Bíblia ensina.

Pode ser um desafio e um problema para alguns cristãos estudar a Bíblia em busca da verdade sobre qualquer tema. É um desafio porque isso nos leva a redescobrir a Palavra de uma maneira gloriosa e libertadora, porém, pode ser um problema se estivermos mais dispostos a guardar nossas tradições do que a Palavra de Deus. Seja como for, se faz necessário apresentarmos o que a Bíblia ensina sobre este tempo, e o fazemos com a expectativa de que Deus levante uma nova geração de pastores segundo o coração de Deus.

Nesta lição, nós procuraremos definir o que é o ofício de pastor e a diferença entre ofício e dom.

OS TERMOS USADOS NA BÍBLIA

Quando lemos o Novo Testamento, especialmente o livro de Atos e as epístolas apostólicas, nós percebemos algumas diferenças significativas entre o tipo e as posições de liderança que encontramos ali na Bíblia e o que vemos hoje em dia nas igrejas.

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Hoje em dia, cada denominação tem seu próprio tipo de governo ou liderança. Seus líderes recebem nomes que são, na maioria das vezes, estranhos às Escrituras – eles simplesmente não se encontram nas Escrituras! Como se não bastasse, as posições e funções que esses líderes exercem, muitas vezes, vão diretamente contra ao que já está revelado na Palavra de Deus!

Independente do tipo específico de governo da igreja local (episcopal, congregacional, apostólico, etc.), o certo é que a figura do pastor é a mais proeminente de todas. A maioria das congregações evangélicas tem um pastor como seu líder exclusivo ou, na melhor das hipóteses, seu líder principal.

Mas, o que é um pastor? O que a Bíblia ensina sobre o ministério do pastor? Aliás, é correto usar o termo „pastor‟ para o líder principal da igreja?

Vamos à Bíblia!

Nossa primeira referência se encontra em Atos 20.17, 28:

“De Mileto, mandou a Éfeso chamar os presbíteros da igreja... Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue”.

No texto acima, nós vemos que são mencionados dois termos específicos para os líderes da igreja: presbíteros e bispos. Seriam duas posições distintas de liderança? Hoje em dia muitas igrejas possuem bispos, que são os superiores dos pastores, que são superiores dos presbíteros. Será que isso é ensinado nas Escrituras?

De acordo com o versículo 17 deste texto, os presbíteros são chamados por Paulo para uma reunião. Quando Paulo se encontra com estes presbíteros, ele diz que eles foram constituídos pelo Espírito Santo como bispos, cuja função seria pastorear (ser pastor de) a Igreja de Deus. Portanto, fica claro que bispo, presbítero e pastor são apenas nomes diferentes para designar a mesma posição de liderança na igreja local. Não se tratam de “cargos” diferentes com níveis de autoridade diferente. Um bispo é um presbítero que é também um pastor, tudo ao mesmo tempo.

Para nos assegurarmos disso, vamos estudar os significados dos termos e seus usos nas Escrituras:

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PRESBÍTERO:

A palavra „presbítero‟ vem do grego presbuteros e significa um „ancião‟. Ela aparece na forma singular 04 vezes nos Novo Testamento1: duas vezes por Paulo (1 Timóteo 5.19; 1 Pedro 5.1) e duas vezes pelo apóstolo João (2 João 1.1; 3 João 1.1). No caso de Paulo, ele está claramente falando sobre o ofício de presbítero, ou seja, do líder de uma igreja cristã local. Embora alguns não discordem, o apóstolo João usa o título de presbítero para si mesmo não para designar a sua idade, mas sim o seu ofício como líder da igreja, pois „a senhora eleita‟ é reconhecidamente o uso figurado de uma igreja cristã com a qual ele se relacionava.

No plural, a palavra presbítero aparece 14 vezes no Novo Testamento, a maioria em Atos dos Apóstolos (10 vezes). Todas as menções em Atos se referem aos lideres principais de uma igreja local:

Atos 11.30

Atos 14.23

Atos 15.2

Atos 15.4

Atos 15.6

Atos 15.22

Atos 15.23

Atos 16.4

Atos 20.17

Atos 21.18

Além do livro de Atos, a palavra no plural também aparece em 1 Timóteo 5.17; Tito 1.5; Tiago 5.14 e 1 Pedro 5.1. Nestas referências, a palavra sempre se refere aos líderes da igreja local.

O que fica no Novo Testamento é que presbuteros é o termo mais usado para designar os líderes de uma igreja local e, exceto quando se fala de uma maneira geral, ele sempre é usado no plural. Jamais encontramos em todo o Novo Testamento ou na história do primeiro século da era cristã que qualquer igreja tenha tido menos do que mais de um presbítero em sua liderança local.

1 Nós estamos usando a versão Almeida e Atualizada 2ª Edição como referência.

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BISPO:

A palavra bispo vem do grego episkopos e significa “um supervisor”, alguém que supervisiona alguém ou alguma coisa. No Novo Testamento, o bispo sempre está relacionado à supervisão de uma igreja local, mas nunca à supervisão de várias igrejas numa dada região. A idéia de que o bispo é alguém que lidera certo número de igrejas numa região foi uma inovação dos bispos que tinham sede pelo poder no século II. Sempre que o termo foi usado no Novo Testamento ele se referiu aos líderes principais de uma igreja local.

O termo é usado no singular apenas 03 vezes no Novo Testamento: duas vezes por Paulo (1 Timóteo 3.2; Tito 1.7) e uma vez por Pedro. Paulo usa a palavra para se referir aos líderes da igreja, mas Pedro usa para se referir ao Senhor Jesus, como o pastor e bispo de nossas almas.

No plural, ela aparece duas vezes no Novo Testamento e nas duas vezes o termo é usado por Paulo. No primeiro uso se trata da mensagem de Paulo aos presbíteros de Éfeso (Atos 20.28). Paulo diz que o Espírito os constituiu bispos da igreja. Isso implica, é claro, que um bispo é o mesmo que um presbítero.

O outro uso da palavra no plural se encontra em Filipenses 1.1, quando Paulo apresenta os destinatários da carta e enfatiza que ela foi dirigida a toda a igreja, inclusive bispos e diáconos.

PASTOR:

A palavra pastor vem do grego poimen e usada no Novo Testamento 13 vezes no singular. Ele se refere tanto àqueles que cuidam literalmente de ovelhas quanto ao Senhor Jesus Cristo (João 10). Nenhuma vez é usada no singular para os líderes de igrejas.

No plural, a palavra é usada para „pastores de ovelhas‟ literais. Judas chama aos falos mestres que se infiltraram nas igrejas de „pastores de si mesmos‟ (Judas 1.12), enfatizando que eles cuidavam apenas deles e não do rebanho do Senhor.

O único uso positivo relacionado diretamente à igreja se encontra em Efésios 4.11, onde a palavra aparece em conexão com „mestres‟. A construção gramatical indica claramente que pastor e mestre se referem ao mesmo dom dado por Cristo a um grupo de pessoas para o benefício da igreja.

O Novo Testamento jamais usa o título pastor (no singular) para qualquer líder da igreja. Este é um fato muito interessante porque hoje em dia ele se tornou o termo mais popular e conhecido. Mas, certamente, não por razões bíblicas explícitas.

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Em Atos 20.17 e 28, Paulo chama aos líderes de presbíteros e bispos, cuja função seria também a de pastorear o rebanho de Deus. Assim, por inferência, o termo pastor tem sido usado como um título para os líderes de igrejas; afinal de contas, quem pastoreia é o pastor.

O que, porém, concluímos do estudo dos termos bíblicos para os líderes da igreja local?

1. O termo mais popular usado para os líderes das igrejas no Novo Testamento era presbítero e não pastor. A palavra pastor jamais é usada diretamente como um título para os líderes principais da igreja.

2. Os termos „presbítero‟ e „bispo‟ são usados intercambiavelmente e são empregados sem qualquer noção hierárquica. Os termos são diferentes, mas o ofício é o mesmo – líder da igreja local.

3. Os termos presbítero e bispos sempre que usados diretamente como um título para os líderes da igreja, eles são usados no plural. Tal uso no Novo Testamento, juntamente com a comprovação da história da Igreja no primeiro século, comprova que a liderança das igrejas do Novo Testamento sempre foi plural – sempre havia mais de um líder na supervisão geral da igreja.

4. Devido à cultura popular evangélica atual, e tomando por inferência que o título pastor pode ser usado para quem exerce a função de pastorear, nós podemos também usar o termo pastor para designar os líderes de uma igreja local. Porém, os princípios que vimos para os demais termos – presbíteros e bispos – se aplicam igualmente ao pastor. Ou seja, (1) não existe no ensino e exemplo do Novo Testamento qualquer hierarquia entre pastor, bispo e presbítero e (2) sempre havia mais de um pastor na liderança das igrejas neotestamentárias. Qualquer coisa diferente disso na atualidade é uma inovação estranha ao Novo Testamento.

O PASTOR COMO OFÍCIO E O PASTOR COMO DOM

É complicado fazer essa diferenciação porque o termo mais popular para os líderes das igrejas hoje em dia é „pastor‟. No entanto, como isso não acontecia no Novo Testamento, naquela época era fácil diferenciar o pastor como ofício e o pastor como dom. Pois, aquele que exercia o ofício de pastor, na verdade, era chamado de presbítero ou de bispo, de maneira que o dom de pastor ficava livre para ser chamado desta forma.

No Novo Testamento, quando alguém queria se referir ao nosso pastor moderno, ele o chamava de presbítero. Quando ele queria se referir àqueles que eram capacitados como pastores no corpo de Cristo – que tinham o dom de pastorear (Efésios 4.11) – eles o chamavam de pastor.

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A diferença entre o ofício e o dom de pastor aparece, portanto, em três fatos básicos:

1. No uso do termo: aquele que tinha o ofício de pastorear a igreja era comumente chamado de presbítero ou bispo; aquele que tinha o dom de pastor era chamado apenas de pastor.

2. Na qualificação: para exercer o ofício de pastor (presbítero, bispo), um homem deveria cumprir os requisitos necessários (ver 1 Timóteo 3.1-13 e Tito 1.5-9). Mas para ser um pastor-dom, tudo o que a pessoa precisava era receber o dom da parte de Deus (Efésios 4.11).

3. No alcance de sua obra: o pastor-ofício estava limitado à igreja local, enquanto que o pastor-dom era dado a todo o corpo de Cristo, onde quer que ele se encontrasse representado.

Efésios 4.11 não está tratando de ofícios na igreja, mas sim de homens-dons dados por Cristo à Sua Igreja com a finalidade de capacitar aos demais membros do corpo à obra do ministério. Nada no contexto de Efésios 4.11 implica em que se trata ali de liderança, mas sim de dom e ministério. Liderança e ministério/dom não são a mesma coisa. Uma pessoa pode ter muitos dons e exercer muitos ministérios e não ser um líder na igreja. E ainda que alguém tenha o dom de liderança, isso não significa que ela vá se tornar um presbítero/bispo/pastor da igreja.

O mesmo é verdade para com aqueles que possuem o dom de pastor. Você pode ter o dom de pastor, mas não ser um dos líderes da igreja. Ser pastor é ter o dom e exercer ministério, mas isso não significa que você tem ou terá alguma posição de liderança na igreja local. Para ser um líder pastoral da igreja, você deverá cumprir as exigências para os presbíteros/bispos.

O pastor-dom é um mestre da Palavra que alimenta a igreja com seu dom. Porém, o pastor-ofício não é necessariamente dotado como um mestre da Palavra. É por isso que um dos requisitos para ser presbítero/pastor da igreja é ser apto para ensinar (1 Timóteo 3.2). O dom de mestre não é aprendido, ainda que possa ser aperfeiçoado; é um dom, uma obra da graça de Deus que capacita uma pessoa que tem o dom de pastor. Aquele, porém, que deseja exercer o ofício de pastor/presbítero não precisa ter o dom de mestre, mas deverá ter a habilidade de ensinar, a qual pode ser aprendida com treinamento e aperfeiçoada pela prática.

Os presbíteros (pastor-ofício) estavam limitados à igreja local na qual lideravam, enquanto que os pastores-mestres (pastor-d0m) exerciam seu ministério entre diversas igrejas locais. Um presbítero só tinha autoridade na sua localidade, pois os ele foi estabelecido para ser um líder para aquela igreja específica. Os presbíteros não eram presbíteros para „igrejas‟ (no plural), mas sim para uma só igreja local. O pastor-mestre, no

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entanto, servia a várias igrejas, viajando entre elas para alimentar, confortar e educar o povo de Deus.

A IMPORTÂNCIA DAS DEFINIÇÕES

Por que é importante considerarmos todas estas questões? Por que gastar tempo explicando a diferença entre o ofício e o dom de pastor?

Primeiro, porque nós desejamos edificar uma teologia pastoral que seja alicerçada na Palavra de Deus e não nas tradições humanas. Não cremos que seja verdadeiramente útil perder tempo promovendo e praticando doutrinas humanas, sem qualquer respaldo bíblico consistente.

Em segundo lugar, o uso equivocado dos termos e a entronização do título pastor nas igrejas, mesmo quando o líder não tem o dom de pastor, tem privado a igreja de excelentes ministérios, prejudicado muitas igrejas locais e suprimido a eficácia de muitos líderes. Por exemplo, muitas pessoas querem liderar na igreja e serem úteis na obra da igreja local, mas não sentem que são chamadas para pastorear uma igreja. Eles são dotados como evangelistas, profetas e mestres, mas a denominação só reconhece o cargo de pastor. Eles não possuem o dom necessário para pastorear, mas se sentem obrigados a assumir o cargo de pastor, pois, do contrário, eles não teriam o espaço e o reconhecimento necessários para ter um ministério mais eficaz. Assim, eles acabam sofrendo e fracassando porque não estão exercendo o verdadeiro ministério ao qual foram chamados.

Nós precisamos rever nossa teologia do ministério do pastor para que tenhamos uma prática não somente mais eficiente, mas principalmente mais bíblica. Por isso devemos nos dedicar ao correto aprendizado e uso dos termos bíblicos e, claro, dos princípios e valores encravados nos mesmos.

Para concluir esta lição, nós lembramos que daqui por diante a nossa ênfase será no ministério do pastor-ofício e não no pastor-dom. Assim, sempre que você encontrar a palavra pastor, lembre-se que nós estamos nos referindo àquele que tem o ofício de pastor e que também pode ser chamado de presbítero e bispo.

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Lição 1 – Questões Para Revisão 1. Qual dos temos aparece mais vezes no Novo Testamento (bispo,

presbítero ou pastor)?

2. O que significa a palavra „bispo‟?

3. O que significa a palavra „presbítero‟?

4. Quantas vezes a palavra „pastor‟ é usada para os líderes das igrejas cristãs?

5. Qual é a diferença entre o pastor como „ofício‟ e o pastor como „dom‟?

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LIÇÃO DOIS

QUALIFICAÇÕES DO PASTOR

Versículo-Chave “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2 Timóteo 2.15).

INTRODUÇÃO

O cristianismo tem sofrido muito porque nós temos pastores mal preparados para exercer o ministério. E não queremos dizer com isso simplesmente que há pastores teologicamente mal preparados, mas estamos nos referindo às qualificações globais que uma pessoa deve ter para pastorear.

Basicamente falando, um pastor deve ser uma pessoa qualificada em termos de chamado, caráter, capacidades e conhecimentos. Nós já tratamos consistentemente de algumas destas questões no curso Fundamentos II.

Nesta lição, nós veremos as coisas que nos desqualificam para o ofício pastoral e as qualificações essenciais de um bom pastor.

COISAS QUE NOS DESQUALIFICAM

Antes de tratarmos do aspecto positivo das qualificações do pastor, nós queremos enfatizar o aspecto negativo. Muitas pessoas querem servir como pastores, mas elas simplesmente não se qualificam. Há coisas em suas vidas que não permite que elas avancem neste ministério.

Nós precisamos lembrar que o chamado de Deus para o episcopado (ofício do bispo/presbítero/pastor) não é a única qualificação requerida para o líder pastoral. Até mesmo na Bíblia nós vemos muitas pessoas que foram chamadas por Deus para desempenharem certas tarefas, mas foram desclassificadas e rejeitadas por Deus posteriormente. De fato, o chamado é a primeira coisa; mas não é a única.

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Além do chamado, o pastor também precisa cumprir outros requisitos. Por isso, ele precisa lidar com as coisas que podem desclassificá-lo para o exercício de seu ministério e, principalmente, para ser aprovado por Deus.

Quais são algumas das coisas que nos desclassificam para a liderança pastoral?

1. Crises de identidade não resolvidas. Muitas pessoas ainda não sabem quem elas são e qual é o seu papel no mundo, e acham que entrando para o ministério pastoral elas vão conseguir „se encontrar‟. Isso é um terrível engano! Resolva seus problemas de identidade antes de „aventurar-se‟ no pastorado ou você não somente criará problemas para si mesmo, mas também para outras pessoas. Para ser um pastor, você precisa saber e estar seguro de quem você é em Cristo e qual é o seu chamado.

2. Inabilidade para ser criticado ou corrigido ou ensinado. Todo pastor recebe críticas, comete erros e precisa aprender novas coisas. Se você não sabe escutar críticas e lidar com elas de maneira sóbria e pacífica, você terá problemas no pastorado. Não pense que isso vai mudar depois que você for pastor; pelo contrário, irá se intensificar, pois você agora terá mais autoridade na igreja e será tentado a pensar que sempre está certo, que „Deus falou‟ com você e por isso tudo deve ser feito de sua maneira. É claro, quando você age assim, as pessoas o criticaram, até mesmo aqueles que estiverem mais perto de você. E essa idéia/atitude de que você não pode ser corrigido, criticado ou quem ninguém pode ensinar-lhe nada porque você é „o pastor‟ o desclassificará diante de Deus e dos homens sábios.

3. A inabilidade de trabalhar em equipe. O ministério e a liderança, em qualquer nível e área, é um trabalho de equipe. O ensinamento bíblico nos mostra que em cada igreja local havia um grupo de pastores/presbíteros liderando. O pastorado não é um ofício isolado e você não deve se isolar de outros líderes. Você deve trabalhar, dividir sua autoridade e compartilhar suas tarefas com eles.

4. A tendência de guardar ofensas. Isso é um problema sério e que muitas vezes fica oculto dentro do pastor. As pessoas o ofendem e, aparentemente, ele perdoa e esquece, mas por dentro eles ficam se remoendo, recordando e se amargurando cada vez mais. O escritor de Hebreus nos adverte sobre o perigo que uma raiz de amargura pode gerar numa pessoa (12.15), pois ela não fica só; ela contamina outras pessoas. Um pastor amargurado por causa de ofensas pode prejudicar toda a igreja.

5. Uma preocupação com posição e poder ao invés de serviço. Esta é uma das principais armadilhas nas quais os pastores caem. Eles acham que o ministério pastoral é simplesmente uma questão de posição

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e de poder. E quando há somente um pastor na igreja esse mal é ainda maior. O que precisamos entender definitivamente é que a liderança, qualquer tipo de liderança, de acordo com a Bíblia, não é uma questão de posição ou poder, mas sim de serviço e responsabilidade. O verdadeiro pastor é aquele que procura servir aos outros e não aquele que procura ser servido pelos outros. Ele está mais interessado em assumir responsabilidades do que ter uma posição e um título na igreja. Os pastores que colocam um título acima da responsabilidade estão se desclassificando – pelo menos aos olhos de Deus – para o ministério, pois o padrão estabelecido pelo próprio Senhor Jesus para o líder é um de serviço e humildade, não de posição e poder.

6. Orgulho. Seria suficiente dizermos que Lúcifer, o querubim, se tornou Satanás, a serpente, por causa do orgulho. Ele quis ser e agiu como se fosse igual ou maior do que Deus. Ele tinha uma idéia sobre si mesmo que não correspondia à sua natureza e posição. Nós também não podemos pensar de nós mesmos além do que verdadeiramente somos. O pastor é o escravo e o servo dos outros e, por isso, devemos nos considerar servos inúteis que estão apenas fazendo o que devem fazer. Não temos de que nos orgulhar em nós mesmos; nosso conhecimento, habilidades, teologia, e etc., tudo é graça de Deus! E só por graça! Do contrário, você não pode servir ao Senhor. O pastorado é algo que ninguém toma para si mesmo; é um chamado na graça de Deus. Se alguém quer se orgulhar, que se orgulhe no Senhor.

7. Achar que algumas tarefas ou funções são indignas ou inferiores. É comum, devido ao mito da posição „especial‟ do pastor na igreja, que ele se sinta excluído de realizar certas tarefas ou funções consideradas „inferiores‟. Em muitas igrejas, mesmo quando a igreja é pequena, o pastor não pode „pegar no pesado‟, varrer ou lavar as dependências do local de reuniões da igreja, servir de „porteiro‟, sentar-se junto com os outros e etc. Nós devemos honrar os pastores e líderes, sim, mas eles não podem esquecer que são servos e não existe tarefa indigna para um servo.

8. Se alegrar em excesso quando honrado, elogiado. É bom receber elogios, mas eles não devem ser buscados. Nós devemos receber e agradecer de bom grado e sem religiosidade os elogios que possamos receber por nossas pregações e/ou atitudes, mas em nosso coração não devemos nos desfrutar disso excessivamente e dar lugar para o orgulho. Dar muito aos elogios e honras cria orgulho e o orgulho leva à queda.

9. Nunca concordar com o modo como os outros o vêem e as suas capacidades. Um grande problema de muitos pastores é que eles querem opinar sobre tudo nos outros, mas não estão dispostos a ouvir a opinião dos outros sobre si mesmo. No entanto, devemos aprender a ouvir e, quando acertadas, concordar com a visão que os outros têm de

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nós mesmos. Algumas vezes eles estão mais certos a nosso respeito do que nós mesmos, pois quem está de fora, na maioria das vezes, consegue ver melhor as coisas do que quem está dentro. Se você não é capaz de ouvir o que os outros pensam sobre você, sem se justificar ou retaliar, você não será um pastor aprovador por Deus, pois o Senhor exige que o pastor seja humilde e sábio.

10. Falta de tempo. Isso pode parecer óbvio demais, porém, é esquecido por muitos pastores. Eles querem pastorear a igreja, mas simplesmente não possuem tempo para fazer isso. Aqueles que não se dedicam de tempo integral ao ministério pastoral e não possuem profissões ou empregos que lhe permitam um tempo de sobra para cuidar da igreja sabem do que estou falando. A verdade, porém, é que cuidar verdadeiramente da igreja exige um bom tempo de dedicação aos outros. O pastor precisa estar nas reuniões principais da igreja, precisa discipular, treinar e, principalmente, se preparar para fazer isso e muito mais. Mesmo que ele seja bom em distribuir a sua responsabilidade, ele precisa dedicar, no mínimo, 3 horas diárias ao seu ministério; do contrário, ele conseguirá pastorear a igreja.

11. Sexo, dinheiro e poder. A „trindade do mal‟ para o pastor. Quantas já não caíram e foram desclassificados do ministério porque descuidaram numa destas áreas! Se você deseja ser um pastor aprovado por Deus cuide de ter uma boa vida sexual com sua esposa e não hesite em se afastar e/ou pedir ajuda de outros quando você se sentir tentado. Trate com isso logo no início e não permite que um desejo sexual cresça por outra mulher além de sua esposa. Também se afaste do dinheiro da igreja; escolha homens fiéis que administrem o dinheiro da igreja. Esteja no controle e saiba de tudo, de como o dinheiro está sendo administrado, quanto está entrando e etc., mas jamais seja aquele que conta e guarda o dinheiro da igreja. Sobre o poder, nós já falamos mais acima.

12. A inabilidade de mudar para um novo odre. Uma igreja precisa de vinho novo e de odres novos. Muitos pastores estão abertos e dão as boas-vindas à renovação espiritual (o vinho novo) em seu meio, mas poucos estão dispostos a modificar a estrutura da igreja (odres novos) para que a renovação continue e glorifique a Deus. Como pastor, nós lidamos não somente com pessoas, mas também com estruturas de funcionamento da igreja. Um pastor sábio é capaz de entender quando uma estrutura não cumpre mais a missão da igreja e de fazer as mudanças que são necessárias. Se você não capaz de mudar para um novo odre, é melhor ficar fora do pastorado, pois você não é pastor para si mesmo, mas sim para a igreja. Então, quando ela precisa mudar e crescer, por que você a deixará na mão?

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COISAS QUE NOS QUALIFICAM

Paulo estabeleceu alguns requisitos para aqueles que desejam ser pastores da igreja em 1 Timóteo 3 e Tito 1.

“Fiel é a palavra: se alguém aspira ao episcopado, excelente obra almeja. É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar; não dado ao vinho, não violento, porém cordato, inimigo de contendas, não avarento; e que governe bem a própria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito (pois, se alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará da igreja de Deus?); não seja neófito, para não suceder que se ensoberbeça e incorra na condenação do diabo. Pelo contrário, é necessário que ele tenha bom testemunho dos de fora, a fim de não cair no opróbrio e no laço do diabo” (1 Timóteo 3.1-7).

“Por esta causa, te deixei em Creta, para que pusesses em ordem as coisas restantes, bem como, em cada cidade, constituísses presbíteros, conforme te prescrevi: alguém que seja irrepreensível, marido de uma só mulher, que tenha filhos crentes que não são acusados de dissolução, nem são insubordinados. Porque é indispensável que o bispo seja irrepreensível como despenseiro de Deus, não arrogante, não irascível, não dado ao vinho, nem violento, nem cobiçoso de torpe ganância; antes, hospitaleiro, amigo do bem, sóbrio, justo, piedoso, que tenha domínio de si, apegado à palavra fiel, que é segundo a doutrina, de modo que tenha poder tanto para exortar pelo reto ensino como para convencer os que o contradizem” (Tito 1.5-9).

Os textos acima não são os únicos que podem ser usados para traçar as qualificações de um pastor, mas eles são aqueles que eliminam os pretendentes na „primeira bateria‟; são os requisitos mínimos. Se uma pessoa não se encaixa neste perfil que Paulo traça para o pastor/bispo/presbítero, antes de entrar no ministério, então é melhor que ele não pretenda ser um pastor. Muitos pastores têm envergonhado o evangelho e a igreja porque estes requisitos classificatórios estão sendo abandonados.

A liderança já existente numa igreja local pode determinar outros requisitos para novos pastores, porém, nenhum que vá contra os princípios, valores e práticas bíblicas.

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A seguir, nós faremos uma pequena lista de coisas que devem ser esperadas dos pretendentes a pastor. Não é uma lista exaustiva e algumas das qualidades abaixo se encontram nas listagens paulinas.

Como uma pessoa deve ser ou o que ela deve fazer para se qualificar como um pastor aprovado por Deus?

1. Uma piedade saudável. O pastor deve ser um dedicado filho, amigo e servo de Deus. Ele deve ser agressivo para com sua vida espiritual, no sentido de não permitir que nada impeça a sua comunhão com Deus e o seu desenvolvimento espiritual.

2. O pastor deve ter uma unção especial para a obra, ser maduro como cristão; não um novato, mas alguém que possa realmente liderar um rebanho.

3. Ele deve ter um testemunho de estar crescendo na graça e no conhecimento de Cristo.

4. Ele deve ser um constante discípulo de Cristo e um aprendiz do Espírito Santo.

5. O pastor deve ter um saudável „senso comum‟. Ele deve ser um homem do Espírito e da razão. Se ele abandona ou pende mais para um destes lados, ele se torna um pastor fraco aos olhos de Deus e das pessoas.

6. O pastor deve ser sábio; deve ser capaz de pensar consistentemente sobre as coisas e encontrar uma solução bíblica e/ou de bom senso. Ele deve ser capaz de aplicar o conhecimento que tem com sabedoria.

7. Ele deve ser prudente, não precipitado ou fazer as coisas irrefletidamente.

8. Ele deve ter domínio próprio, o qual faz parte do fruto do Espírito (Gálatas 5.22-23). Ele não pode ser descontrolado em nenhuma área de sua vida.

9. O pastor deve ter boas maneiras. Ele não precisa ser especialista em etiqueta, mas deve ser capaz de proceder de uma maneira educada em qualquer lugar em que se encontrar.

10. Temperante. Ele deve ser paciente capaz de suportar críticas, provocações e problemas com sobriedade.

11. Não deve amar o dinheiro. Ele não pode servir como pastor e com alegria apenas quando há um salário ou um bom salário. O profissionalismo do ministério pastoral não pode „mexer‟ com sua cabeça, de maneira que você se esqueça de que seu „patrão‟ é Deus e você é um servo da igreja.

12. Negar-se a si mesmo pelo bem dos outros.

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13. Simpático. Ele deve ser capaz de verdadeiramente simpatizar com as pessoas e cumprimentar com cordialidade a todos. Ele deve ter um sorriso amigável para todas as pessoas, mesmo quando ele não está bem.

14. Transparente. Ele deve ser um livro aberto em suas palavras e ações, ainda que isso não signifique ter uma vida privada. Porém, em sua vida não pública não deverá ter nada que não possa vir à tona e se tornar conhecido pelos outros. O pastor deve ser o primeiro a „abrir o jogo‟ e falar francamente sobre suas falhas e fracassos. Ele não deve encobrir ou justificar seus erros com medo de perder sua autoridade; no fundo, as pessoas esperam que o pastor seja verdadeiro e não perfeito.

15. Acessível. As pessoas devem ser capazes de encontrá-lo facilmente e de falar com você abertamente. Não se esconda das pessoas; pelo contrário, crie oportunidades para estar e falar com as pessoas. As pessoas ter prioridade na sua agenda.

16. Deve ser um líder. Veja o Curso Liderança e Administração.

17. O pastor deve ser firme em suas convicções, porém, não deve ser obstinado. Deve ser capaz de se retratar quando errado e de escutar e ponderar seriamente no que os outros dizem.

18. O pastor deve ser discreto. Não deve procurar atrair a atenção para si mesmo, seja no seu vestir, falar, etc.

19. Deve ser um amante da paz com todos e entre todos.

20. Deve sustentar os valores bíblicos, mas não deve ser preconceituoso.

21. Deve ser naturalmente terno.

22. Deve ter um espírito de reformado, para que a igreja continue sendo reformada constantemente e nunca perca de vista a sua missão no mundo.

23. Deve ser capaz de guardar um segredo e se fiel a este respeito.

DESENVOLVIMENTO DO CARÁTER

Para sermos aprovados por Deus como pastores qualificados, nós devemos desenvolver o nosso caráter para que ele se torne semelhante ao de Cristo.

A Bíblia diz que o propósito de Deus é que sejamos conformados à imagem de seu Filho Jesus:

“Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” (Romanos 8.29).

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Esse é o alvo de Deus para todos os cristãos, mas como o pastor pode ajudar os outros a buscarem este alvo, se ele mesmo não o está buscando?

Os traços do caráter de Cristo são resumidos no fruto do Espírito:

“Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei” (Gálatas 5.22-23).

Essas qualidades acima devem ser os traços do caráter do pastor, assim como são de Cristo. Por isso, nós devemos dedicar muito tempo e esforço para construir um caráter sólido e bíblico. Se negligenciarmos isso, nós seremos desclassificados por Deus, ainda que sustentemos uma posição ou título na igreja.

É importante ter um caráter cristão saudável e maduro porque nossa visão será testada através de muitas provas e situações. Sem um caráter cristão maduro você cederá diante das pressões e perderá (ou venderá) sua visão quando a pressão aumentar ao seu redor.

Além disso, no pastorado é comum experimentarmos uma operação maior da cruz de Cristo através de oposições, sofrimentos, provas, desapontamentos nas relações, falsos irmãos e etc. É o caráter maduro que nos proporcionará uma âncora para lidarmos com estas situações sem nos deixarmos que as ondas dos problemas nos afoguem.

Antes de exercermos o pastorado, especialmente quando observamos outros pastores bem sucedidos, a nossa visão é que ser pastor é uma coisa cheia de glamour, porém, quando entramos no pastorado, nós vemos que não há nada de encantador ali. O ministério pastoral é uma guerra, é uma tarefa árdua cheia de sofrimentos. É claro, se somos chamados e estamos desfrutando da comunhão com Deus, isso nos ajuda bastante, porém, é o caráter amadurecido que nos faz permanecer confiando em Deus e seguindo em frente. Pois se não temos os traços de Cristo, nós podemos continuar com a aparência do ministério, mas não com a sua realidade.

A NECESSIDADE DE AUTOCONHECIMENTO

Embora poucos líderes dediquem alguma atenção a isso, o autoconhecimento é fundamental para a qualificação do pastor. Você precisa conhecer a si mesmo de uma maneira profunda e real. Sem isso, por exemplo, você não conseguirá ser transparente nem admitirá facilmente os seus erros.

Esse mais do necessário autoconhecimento do pastor inclui o seu crescimento familiar, pois nós herdamos algumas características, atitudes, temperamento, inteligência e até mesmo aspectos de nossa espiritualidade através de nossos pais e família. Se não estamos

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plenamente conscientes disso não podemos detectar o que temos recebido de errado como herança e que tem moldado a nossa espiritualidade presente – entre outras coisas.

Tenha um conhecimento vital da importância de seu treinamento. Nós somos treinados não somente através de cursos formais, mas também através de experiências informais em diversas situações da vida. Nossa família é uma escola de treinamento, assim como a escola, os empregos e a igreja. Tudo isso nos treina e molda nossa maneira de ver as coisas e, claro, nós levamos estas coisas para o ministério pastoral. Portanto, precisamos conhecer bem como essas coisas afetaram nossas vidas e, principalmente, quais nós devemos preservar e quais nós devemos excluir.

Nós também precisamos ser amplamente conhecedores da graça que temos recebido da parte de Deus. Os enchimentos do Espírito Santo, as habilidades e dons espirituais que temos recebido, todos vêm da graça de Deus, assim como nossa salvação e chamado ao ministério. A graça de Deus está sempre nos capacitando e provendo com recursos para servirmos a Deus conforme a Sua vontade. Se tentarmos fazer algo que não procede da graça de Deus, nós não podemos esperar que Deus nos apóie. Também não podemos esperar sucesso se estamos tentando realizar um ministério ou obra para a qual não temos a graça de Deus.

A experiência também é muito importante, por isso devemos conhecer bem como elas nos marcaram. Alguém já disse que „aquele que enfrentou a batalha e voltou para contar a história está mais qualificado do que aquele que nem ainda entrou na luta‟. A sua experiência, portanto, tem uma grande força em seu ministério e você deve conhecer bem os resultados de suas experiências em sua própria vida e aproveitar isso para ajudar aos outros.

Por fim, conheça bem o seu chamado. Você exatamente para o quê Deus lhe chamou? Basicamente, há três tipos de pastores e você precisa saber em qual deles você se encaixa, ou seja, para qual você foi chamado.

Primeiro, há os pastores com habilidades pastorais (cuidar, aconselhar, confortar, advertir, exortar, etc.), mas sem habilidades grandes habilidades administrativas, executivas ou de pregação/ensino. Em segundo lugar, há aqueles com habilidades de administrativas para liderar a igreja (habilidades administrativas, capazes de lidar com disciplina e resolução de conflitos). Em terceiro lugar, há aqueles que possuem excelentes habilidades de comunicação e se tornam proeminentes pregadores e mestres da Palavra.

Como pastor, você deve procurar ter todas estas habilidade habilidades ministeriais e elas devem realmente existir em você em algum nível, mas com certeza você será melhor em apenas uma delas. Portanto, descubra

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qual é o seu tipo de pastorado e dedique-se a ele. Procure qualificar-se nesta área específica e dê o seu melhor para crescer nela, pois Deus pedirá contas do que você tem feito com Sua graça específica.

Que nós possamos nos qualificar como Cristo foi aprovado pelo Pai. E, como Paulo, depois de percebermos nossas fraquezas e limitações, bem como nossos pontos fortes e qualidades, possamos dizer:

“Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo” (1 Coríntios 15.10).

Lição 2 – Questões Para Revisão 1. Quais são algumas das coisas que nos desqualificam para o pastorado?

2. Quais são algumas das coisas que nos qualificam?

3. Por que é importante desenvolver nosso caráter?

4. Qual é a importância do auto-conhecimento?

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LIÇÃO TRÊS

O TRABALHO DO PASTOR

Versículo-Chave “Pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho” (2 Pedro 5.2-3).

INTRODUÇÃO

O pastor é um obreiro e tem um trabalho a realizar. Ele é chamado e capacitado por Deus para a tarefa de pastorear o rebanho que Deus colocou sob os seus cuidados.

Nesta lição, nós estudaremos qual é o trabalho do pastor e como ele pode desempenhá-lo bem para a glória de Deus. Nós estudaremos a obra do pastor do ponto de vista do pastor e do rebanho. Também brevemente quais são as tarefas implícitas no pastoreio.

DO PONTO DE VISTA DO PASTOR

A recomendação apostólica é que o trabalho do pastor comece consigo mesmo. Paulo disse em Atos 20.28 que o presbítero tem que primeiro cuidar dele mesmo – “Atendei por vós” – e, depois, cuidar do rebanho.

Como o pastor cuida de si mesmo?

O pastor é alertado pelo menos duas vezes a ter cuidado consigo mesmo (Atos 20.28; 1 Timóteo 4.16). Isso significa que, de maneira geral, ele tem prestar atenção em si mesmo e não descuidar-se de seu desenvolvimento pessoal.

Especificamente, ele deve dar atenção especial a:

Sua pureza (1 Timóteo 5.22). Ele deve conservar-se puro, especialmente no diz respeito à questão sexual. Mas ele também deve agir com pureza em seus tratos e pensamentos para com os

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outros, mesmo quando isso não envolve questões sexuais. Isso significa que o pastor deve ser íntegro de coração e não apenas de aparência.

Sua piedade (1 Timóteo 4.7). Piedade é devoção ou dedicação espiritual. É ser dedicado ou consagrado às coisas de Deus. Assim, o pastor deve cuidar de sua vida espiritual, não negligenciado as disciplinas espirituais e a comunhão com Deus.

Seu equilíbrio (1 Timóteo 3.2). O pastor deve ser sóbrio (ter os pensamentos e as emoções sob controle). Ele deve ser prudente (autocontrolado), alguém capaz de realizar todas as coisas tendo o costume de refletir antes de fazer.

Sua disciplina. Ele deve ter domínio próprio (2 Timóteo 1.7; Gálatas 5.23), deve ser livre de toda excitação e vacilação. O pastor não deve permitir que se manifestem suas paixões ou apetites carnais.

Seu dom espiritual. Ele não deve negligenciar seu dom (1 Timóteo 4.14); antes, ele deve avivá-lo (2 Timóteo 1.6), ou seja, manter a chama sempre acesa.

Como o pastor pode se torna capaz de cuidar seriamente de sua pureza, piedade, equilíbrio, etc.?

Primeiramente, perseverando em ter uma hora devocional diária. Você deve estabelecer isso como a sua prioridade diária. Gastar tempo com Deus é mais importante do que a obra com as pessoas. Aliás, se você não gastar tempo com Deus, como você poderá ter alguma coisa realmente da parte de Deus para transmitir às pessoas?

Em segundo lugar, ele deve ter o hábito de prestar contas de sua vida e trabalho para um supervisor ou pastor amigo. A prestação de contas é muito importante para que o pastor se mantenha focado em agradar a Deus e fazer o trabalho ao qual foi chamado. Sem a prestação de contas, o pastor se sentirá relaxado e plenamente livre; desta maneira, ele não será um ministro disciplinado e, com muito ou pouco tempo, ele falhará duramente em seu ministério.

SER UM EXEMPLO:

Parte do trabalho do pastor para consigo inclui tornar-se um exemplo para que outros possam seguir. Há diversas exortações bíblicas sobre ser um exemplo para os outros como, por exemplo, 1 Pedro 5.3 e 1 Timóteo 4.12. Ser um exemplo é ser uma pessoa digna de imitação. Se você não é uma pessoa que as pessoas possam imitar, então você não está sendo um exemplo. A obra do pastor não é só pregar e visitar, mas também

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proporcionar um exemplo pessoal para ser seguido (Hebreus 13.7; 1 Coríntios 4.16; 11.1; Filipenses 3.17).

No aspecto negativo, o pastor tem que ser exemplo vivendo uma vida irrepreensível (1 Timóteo 3.2; 5.7; 6.14). Isso significa ser uma pessoa em quem nada no qual o adversário possa se agarrar. Não há nada na vida dele que possa ser uma base de acusação para outras pessoas. Ele não deve ser uma pessoa que está vivendo em pecado e assim estar exposto às acusações. Ele não pode estar sob a acusação de ter cometido algum crime.

A palavra usada por Paulo em Tito 1.6-7 e 1 Timóteo 3.10 para irrepreensível é anegkletos (gr.). Ela era usada quando uma pessoa sofria uma investigação pública e, depois disso, se constatava que não havia nenhuma acusação contra ela. Assim deve ser o pastor!

No aspecto positivo, o pastor deve ser exemplo do bem (1 Timóteo 4.12) em seu fazer (o aspecto externo – palavras e conduta; palavras e feitos), em seu ser (o aspecto interno – amor, entusiasmo, fé, fidelidade) e em ambos (deve ser puro de coração e sexualmente).

Algumas áreas práticas nas quais os pastores devem ser exemplo:

Pontualidade.

Contribuição sacrificial.

Evangelismo como estilo de vida.

Conversão amena (não crítica).

Amor leal.

Alegria constante.

Humildade evidente.

Serviço.

TRABALHAR:

O pastor tem que trabalhar. Paulo deixou claro que os líderes da igreja eram aqueles que trabalhavam entre o rebanho e que trabalhavam arduamente:

“Agora, vos rogamos, irmãos, que acateis com apreço os que trabalham entre vós e os que vos presidem no Senhor e vos admoestam; e que os tenhais com amor em máxima consideração, por causa do trabalho que realizam. Vivei em paz uns com os outros” (1 Tessalonicenses 5.12-13).

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“Devem ser considerados merecedores de dobrados honorários os presbíteros que presidem bem, com especialidade os que se afadigam na palavra e no ensino” (1 Timóteo 5.17).

A palavra „afadigar‟ no texto acima é a tradução do grego kopiao, que significa „trabalhar duro‟, até esgotar-se. O esgotamento resulta do trabalho duro. Portanto, o pastor não pode ser preguiçoso ou sossegado. Ele deve trabalhar com muito esforço para realizar o seu trabalho. Ele tem direito a descanso, é claro. Porém, ele deve ter um horário de trabalho e deve dedicar-se com grande zelo para aproveitar ao máximo seu tempo e sua energia. Uma pessoa preguiçosa e que só quer relaxar e se divertir, obviamente, não pode se tornar um bom pastor e nem deveria se apontado como tal.

Paulo usa a palavra doulos (gr.) para mostrar a natureza do trabalho do líder cristão. Em algumas versões estava palavra é traduzida como „servo‟, mas a tradução real deveria ser „escravo‟. O pastor tem que trabalhar como um escravo para realizar a sua obra (2 Coríntios 4.5; 1 Coríntios 9.19). Um escravo não deve reivindicar descanso em sua hora de trabalho e deve estar sempre pronto para atender às necessidades do seu senhor, não importando a hora ou o tempo.

DO PONTO DE VISTA DAS OVELHAS

Em Atos 20.28, a primeira exortação do apóstolo é para que os pastores cuidem de si mesmos. A segunda é que eles cuidem do rebanho.

Como líderes, nós temos que nos submeter ao verdadeiro pastor – o Senhor Jesus Cristo (1 Pedro 2.25; João 10.11, 14; 1 Pedro 5.4). Ele é o chefe e nós Seus subalternos. O rebanho da Igreja pertence a Ele e nós somos apenas auxiliares do Supremo Pastor.

Visto que somos auxiliares de Cristo na obra de pastorear o Seu rebanho, temos que nos avaliar para vermos se estamos agindo para com o rebanho como o próprio Senhor Jesus age.

Em Ezequiel 34.1-10, nós temos um belo quadro do trabalho pastoral para com as ovelhas e nós devemos usá-lo como um meio de avaliar o nosso próprio trabalho.

O pastor não deve apascentar a si mesmo, mas sim as ovelhas (v. 2). Muitos pastores só querem usufruir dos bens materiais que as ovelhas podem proporcionar-lhes, mas não querem verdadeiramente cuidar das ovelhas (v. 3). O trabalho do pastor é fortalecer a ovelha fraca, curar a doente, atar a que se feriu, e buscar e trazer de volta a que se desgarrou (v.

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4). É um trabalho servil, humilde e terno; não pode ser feito com rigor e dureza, mas com graça e compreensão.

Quando o pastor não cumpre seu papel para com as ovelhas, elas se dispersam e se tornam vítimas das seitas e falsos mestres (v. 5). Se o pastor não cumpre seu papel, fazendo as ovelhas sofrer por causa disso, o Senhor julgará esses pastores infiéis (vs. 6-10).

O PASTOR DEVE ALIMENTAR AS OVELHAS:

O conceito geral do trabalho pastoral pode ser descrito como pastorear ou apascentar as ovelhas de Deus. Em João 21.15-17, Jesus ordena que Pedro apascente Suas ovelhas. „Apascentar‟ significa cuidar de ovelhas e levá-las ao pasto para se alimentarem. O pastor, portanto, é aquele que apascenta as ovelhas.

“Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue” (Atos 20.28).

„Pastoreardes‟ no texto acima é traduzido do grego poimaino, que significa „atender às ovelhas‟.

Pastorear significa cuidar das ovelhas, mas especificamente significa alimentar, levar as ovelhas ao pastor para se alimentarem. Jesus repetiu a palavra „apascenta‟ diversas vezes em João 21, dando a entender que alimentar as ovelhas é a parte mais importante do trabalho do pastor. Assim, um pastor não deve permitir que seu pastoreio geral impeça que as ovelhas sejam devidamente alimentadas. Pois muitos pastores gastam tanto tempo administrando as coisas da igreja – seus programas, eventos e atividades – que não têm tempo de preparar uma alimentação saudável e consistente para o rebanho de Deus.

O alimento com o qual o pastor alimenta a igreja é a Palavra de Deus (Hebreus 5.12-14). Ele deve trabalhar diligentemente para servir o alimento da Palavra de Deus à igreja, por meio da pregação e do ensino (Hebreus 13.7; 1 Timóteo 5.17). Para que ele possa pregar e ensinar com conteúdo e unção, ele deve dedicar-se ao estudo da Palavra de Deus (2 Timóteo 2.15) e à aquisição da aptidão para ensinar (1 Timóteo 3.2; 2 Timóteo 2.24).

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O PASTOR TEM QUE CUIDAR DAS OVELHAS:

“Pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho” (1 Pedro 5.2-3).

„Vos foram confiados‟ é a tradução de kleros (gr.) e significa literalmente uma herança ou porção sorteada. É usada para descrever uma responsabilidade que foi atribuída a alguém e pela qual se cobrará. Isso nos mostra claramente que Deus torna os pastores responsáveis pelo rebanho e que Ele cobrará deles essa responsabilidade.

Como o pastor cuida das suas ovelhas?

1. Através do cuidado pessoal e individual. Jesus disse que Ele conhecia as Suas ovelhas e que elas O conheciam (João 10.14). Ele não estava falando meramente de um conhecimento superficial, mas de um conhecimento pessoal pelo qual você pode identificar as pessoas pelo próprio nome.

Paulo também nos mostra que ele cuidou das suas ovelhas pessoalmente, individualmente:

“Portanto, vigiai, lembrando-vos de que, por três anos, noite e dia, não cessei de admoestar, com lágrimas, a cada um” (Atos 20.31).

Não é possível cuidar pessoalmente de cada pessoa num rebanho grande. Por isso o ministério pastoral da igreja deve ser compartilhado entre vários pastores.

2. Deve haver um cuidado preventivo para com as ovelhas. Paulo diz por implicação que o presbítero deve cuidar da igreja de Deus (1 Timóteo 3.5). A palavra grega usada para „cuidará‟ é epimeleomai (gr.) e significa preocupar-se com; a função do pastor é preocupar-se de tal maneira com o rebanho que ele fará um forte trabalho de prevenção, impedindo assim que as ovelhas sejam extraviadas por falsas doutrinas ou pelo pecado.

O pastor cuida de suas ovelhas usando o bordão e o cajado (Salmos 23.4). O bordão era usado como arma e como apoio. É um símbolo da disciplina e proteção que o pastor deve exerce para com o rebanho do Senhor. O cajado era usado para dar direção e fala da

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direção, compaixão, bondade e paciência que um pastor deve exercer para com suas ovelhas.

Ao cuidar do rebanho preventivamente, o pastor prevê os perigos que a igreja pode enfrentar e se adianta ensinando, confortando e fortalecendo os irmãos para enfrentarem esses perigos. Ele adverte a igreja sobre os possíveis problemas que podem ser enfrentados. Ele ensina e encoraja que as pessoas o busquem para conselho quando elas têm dúvidas ou não sabem o que fazer. Como Paulo, o bispo anuncia todo o conselho de Deus (Atos 20.27) e assegura aos crentes da provisão de Deus face às dificuldades.

3. O pastor também cuida do rebanho de maneira curativa. Nós vemos um grande disso na parábola do samaritano:

“E, chegando-se, pensou-lhe os ferimentos, aplicando-lhes óleo e vinho; e, colocando-o sobre o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e tratou dele” (Lucas 10.34).

Muitas vezes o trabalho de prevenção não funciona e as ovelhas se machucam com alguma coisa. É preciso cuidar de suas feridas e tratar delas. Isso implica em ministério particular as ovelhas, demonstrando graça, aconselhando-as e corrigindo-as.

Este trabalho curativo também implica em chorar com as ovelhas e orar por elas em suas enfermidades (Tiago 5.13-16). No caso da oração em situações de enfermidade, a ovelha deve solicitar a ajuda do pastor, mas ele deve deixar claro e publicamente que poderá ser chamado e estará disponível quando necessário.

A palavra „sofrendo‟ em Tiago 5.13 significa preocupação ou angustia mental. A palavra „doente‟ pode significar tanto desânimo emocional quanto debilidade física. „Enfermo‟ (v. 15) significa exausto, esgotado, cansado (como um resultado de trabalho constante ou de lutar contra uma enfermidade – Hebreus 12.3; Apocalipse 2.3). A pessoa pode estar nesta situação por causa da constante luta contra o pecado e a solução é o cuidado pastoral amoroso. As enfermidades de uma pessoa podem ser mentais, emocionais ou físicas e isso não importa. O pastor deve cuidar dessas coisas e, se algo está além de sua capacidade, ele deve procurar ajuda profissional cristã.

A pessoa que está em pecado deve ser levada à confissão de pecados pelo presbítero, que a ungirá com óleo e orará para que a

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enfermidade (da alma ou do corpo) seja curada. Este é o trabalho de admoestação do pastor (1 Tessalonicenses 5.12, 14 – corrigir por meio de instrução e advertência).

Este tipo de cuidado para com as ovelhas (pessoal, individual, preventivo e curativo) requer um relacionamento de confiança entre o pastor e a ovelha e se realiza principalmente por meio da visitação nas casas. Isso é necessário para conhecer os problemas (cuidado preventivo) e animar aos fracos e caídos (cuidado curativo).

O PASTOR DEVE PROTEGER AS OVELHAS:

Além de cuidar positivamente de seu rebanho, o pastor deve proteger as ovelhas:

1. Velando por elas.

Em Atos 20.31 Paulo usava a palavra „vigiai‟ (gregoreo, gr.), que significa estar atento porque há perigo (v. 27). Os perigos vêm de fora da igreja (v. 29), por isso não aceite todo pregador que aparece na igreja; conheça-o primeiro antes de franquear-lhe a palavra. Mas os perigos também vêm de dento da própria igreja (v. 30). Esteja discretamente atento, em especial, àqueles que pregam, ensinam ou lideram na igreja!

Em Hebreus 13.17, o escritor usa a palavra „velar‟ com o sentido de „evite dormir porque você é o responsável‟. Muitas divisões e falsos ensinamentos começam na igreja porque os pastores não estão atentos para os perigos. Temos que lembrar, sempre, que nossa tarefa não é somente alimentar e curar, mas também é proteger o rebanho de Deus.

2. Tratando com as disputas doutrinárias.

Parte da obra de proteção inclui tratar com as questões doutrinárias discordantes na igreja. Em Atos 15 nós temos o exemplo dos apóstolos e presbíteros se reunindo para decidir o que a igreja deveria aceitar como a verdade revelada sobre a salvação. Eles decidiram (vs. 2-22; 16.4), mas toda a igreja deu a sua aprovação (vs. 22-23) às decisões dos líderes. Muitos membros de igrejas gostariam que fossem eles quem decidisse em que a igreja deveria crer, mas esta tarefa pertence aos que exercem um ministério apostólico e aos

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presbíteros da igreja. Os presbíteros foram originalmente estabelecidos nas igrejas pelos apóstolos para supervisionar as igrejas, observando se elas estavam mantendo a doutrina apostólica ou não.

Quando há disputas doutrinárias na igreja, o pastor deve tratar rapidamente com elas. Tito 1.9-11 tem algumas instruções importantes para fazer isso:

“Apegado à palavra fiel, que é segundo a doutrina, de modo que tenha poder tanto para exortar pelo reto ensino como para convencer os que o contradizem. Porque existem muitos insubordinados, palradores frívolos e enganadores, especialmente os da circuncisão. É preciso fazê-los calar, porque andam pervertendo casas inteiras, ensinando o que não devem, por torpe ganância”.

Aqui nós somos instruídos a:

1. Reter a sã doutrina – estar convicto de que estamos ensinando a verdadeira doutrina com base na Palavra de Deus;

2. Ensinar a sã doutrina – comunicar a doutrina correta e saudável à igreja;

3. Defender a sã doutrina – defender a doutrina correta e calar aqueles que se opõe a ela.

O PASTOR DEVE GOVERNAR A IGREJA:

“Devem ser considerados merecedores de dobrados honorários os presbíteros que presidem bem, com especialidade os que se afadigam na palavra e no ensino” (1 Timóteo 5.17).

“E que governe bem a própria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito (pois, se alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará da igreja de Deus?)” (1 Timóteo 3.4-5).

“Agora, vos rogamos, irmãos, que acateis com apreço os que trabalham entre vós e os que vos presidem no Senhor e vos admoestam” (1 Tessalonicenses 5.12).

O trabalho do pastor é presidir (ser o presidente, proistemi) do rebanho. Isso significa se colocar diante da igreja e liderá-la no cumprimento de sua missão e funções. Ele deve assumir a

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responsabilidade pela igreja e preocupar-se com o seu crescimento espiritual e numérico da mesma.

Como aquele que preside a igreja, o pastor é encarregado pelo bem-estar do rebanho, assim como pelo seu sustento e proteção. Porém, ao contrário do que muitos pensam, „presidir‟ não é „controlar‟ ou „mandar‟. Devemos lembrar que o pastor é um servo/escravo e deve presidir pelo exemplo ativo do serviço.

Todos os membros da igreja podem ministrar, mas governar a igreja é o trabalho especial dos bispos/pastores (1 Pedro 5.2). Governar ou presidir implica em administração ou organização da igreja; esse trabalho é dos pastores, não de toda a igreja.

O pastor é o administrador da igreja e isso não somente implica em prestar contas de seu trabalho, mas também que ele é representante de Cristo na igreja e deve ser acatado como tal. Como administradores, eles são responsáveis por todas as pessoas e atividades da igreja, incluindo supervisionar a coleta e uso das finanças (Atos 11.30) e resolver as contendas (1 Coríntios 6.4-5).

O PASTOR DEVE RECONHECER NOVOS OBREIROS:

Os presbíteros são escolhidos por aqueles que possuem um ministério apostólico – independente do título denominacional que possam ter (Atos 14.23; Tito 1.5). Porém, os presbíteros/pastores também reconhecem e comissionam líderes na igreja local.

Quando ainda não havia presbíteros na igreja, os apóstolos sugeriram o apontamento de novos obreiros na igreja (Atos 6.1-6) e buscaram o respaldo dos irmãos. Depois que foram escolhidos os novos obreiros da igreja, eles impuseram as mãos sobre eles, dando-lhes autoridade para o ministério. Essa foi a primeira escolha de diáconos para igreja. Com o surgimento dos presbíteros, os diáconos passaram a ser comissionados pelos pastores das igrejas, pois os diáconos são os auxiliares dos presbíteros.

Os presbíteros também são responsáveis por confirmar o chamado daqueles que possuem um dom apostólico para plantar e/ou edificar igrejas (Atos 13.1-3).

TAREFAS IMPLICITAS DO PASTOREIO

Além do que foi desenvolvido acima, o trabalho do pastor também pode ser considerado sob os seguintes pontos:

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EM RELAÇÃO CONSIGO MESMO:

O pastor deve continuar cumprindo os requisitos qualificativos de seu ministério (1 Timóteo 3.1-7; Tito 1.5-9), com atenção especial em seu lar:

Deve ser marido de uma só mulher;

Hospitaleiro

Governar bem seu lar

Ter os filhos em sujeição

Ter filhos crentes que não são acusados de dissolução ou rebeldia

Ele também deve ter as atitudes corretas (1 Pedro 5.2-3):

Deve ser um pastor não por obrigação, mas sim voluntariamente;

Tem que ser pastor com a motivação correta, não por ganância;

Deve trabalhar com entusiasmo;

Não como senhor ou dono do rebanho;

Mas como exemplo.

O pastor deve estar aberto às críticas quando deixa de cumprir suas tarefas, quando muda de atitude ou quando é injusto para com alguém. Ele não somente deve ser apto para ensinar, mas também deve ser „ensinável‟.

O pastor deve aceitar ser disciplinado (1 Timóteo 5.19-21). Nesse caso, a disciplina tem que ser justa, pública e imparcial – como deve ser aquela que ele aplica aos outros.

EM RELAÇÃO ÀS OVELHAS:

O pastor deve buscar que a igreja descubra e funcione de acordo com os seus dons espirituais (Romanos 12.4-8). Isso implica em analisar a situação e proporcionar os ministérios adequados para suprir as necessidades apresentadas.

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O pastor deve aprender a persuadir em vez de se impor sobre o rebanho (Hebreus 13.17). Ele também deve participar ativamente nas situações de disciplina da igreja, usando o bordão e o cajado (Salmos 23.4) e admoestando e corrigindo (Mateus 18.15-18; Gálatas 6.1; 1 Tessalonicenses 5.12).

Por fim, o trabalho implícito do pastor é treinar a futura geração e dar espaço para ela.

Lição 3 – Questões Para Revisão 1. O que está envolvido no trabalho pastoral do ponto de vista do

pastor?

2. O que está envolvido no trabalho pastoral do ponto de vista das ovelhas?

3. Quais sãos as tarefas implícitas do pastoreio que você pode citar de memória?

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LIÇÃO QUATRO

A ESPIRITUALIDADE DO PASTOR

Versículo-Chave “Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito” (Gálatas 5.25).

INTRODUÇÃO

Muita se fala e se escreve sobre os deveres ou tarefas que o pastor deve desempenhar, mas nós precisamos focar também e, talvez, principalmente, na espiritualidade do pastor.

Nesta lição, portanto, nós focaremos na vida espiritual do pastor. Nós definiremos espiritualidade à luz da Palavra de Deus e depois estudaremos alguns textos em Atos e 2 Coríntios que nos ajudam a compreender como o pastor deve viver a sua espiritualidade.

O QUE É ESPIRITUALIDADE

A espiritualidade pode ser vista de dois pontos de vista básicos. No primeiro, a espiritualidade é o oposto do mundanismo, portanto, tem um foco externo e a ênfase está nas coisas que não devemos fazer ou que fazemos de errado. Nesse caso, a espiritualidade é determinada pelo que se faz. No segundo, o ponto de vista bíblica, a espiritualidade é vista com um foco interno, sendo o oposto da carnalidade (1 Coríntios 3.1; Gálatas 5.16-17) e enfatiza o que nós somos. Ou seja, ela é determinada pelo que alguém é não pelo faz. Tem a ver com qualidades, atitudes, valores e motivações.

O pastor deve cuidar de sua espiritualidade a partir deste segundo ponto de vista, pois é a visão bíblica da espiritualidade. O pastor espiritual não é aquele que faz ou deixa de fazer certas coisas, mas sim aquele que é espiritual por causa dos resultados de sua identificação com Cristo. Uma pessoa faz coisas espirituais porque é uma pessoa espiritual e não o contrário. Você não se torna espiritual por fazer ou deixar de fazer certas coisas. Se você é uma mangueira, você dará mangas; mas se você compra mangas no mercado e se enfeita com elas, isso não fará de você uma mangueira!

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Nós já somos pessoais espirituais porque nós estamos unidos a Cristo; porém, a gente vive a espiritualidade sob a direção ou controle do Espírito Santo (Romanos 8.1-14; Gálatas 5.16-26). E a melhor maneira de cultivar uma vida espiritual é realizando diariamente um momento ou hora devocional. Por meio da oração e meditação na Palavra nós desenvolvemos as qualidades, atitudes, valores e motivações espirituais, que devem ser colocadas em prática por meio de nossas ações.

A seguir, nós aplicaremos alguns textos de Atos e 2 Coríntios à espiritualidade do pastor.

ESPIRITUALIDADE EM ATOS:

“Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra” (Atos 1.8).

O pastor espiritual é aquele que manifesta o poder do Espírito Santo em seu ministério. O poder espiritual do pastor resulta do enchimento do Espírito (Atos 2.4; 4.8, 31). Ele se manifesta de diferentes maneiras de acordo com a intenção do Espírito (1 Coríntios 12.7, 11).

O enchimento do Espírito proporciona poder e o poder sempre visa a expansão missionária da igreja e a evangelização do mundo. Assim, a espiritualidade sempre inclui a paixão missionária.

Os apóstolos estavam cheios do Espírito Santo e as pessoas repararam que eles estiveram com Jesus (Atos 4.13), porque a espiritualidade é cultivada por passar tempo com Jesus e se manifesta no ministério ousado, sem covardia.

Em Atos 6.1-6, nós vemos os apóstolos ajudando a igreja a escolher seus diáconos. Os apóstolos sabiam quais eram suas prioridades e o pastor também! A primeira prioridade do pastor é cuidar do seu caráter e, por tabela, cuidar do caráter dos seus auxiliares:

Ter bom testemunho

Ser cheio do Espírito Santo

Cheio de sabedoria

Cheio de fé

A segunda prioridade é „o ministério da Palavra‟ (v. 2, 4; 18.5) e a terceira é a oração (v. 4, 6; 13.3; 14.23; 16.25).

De acordo com Atos, o líder espiritual é aquele que:

Tem espírito perdoador (7.60).

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É sensível à direção divina (8.26; 16.6-10) e nunca diz „não‟ ao Senhor (10.14).

Confia no Senhor (14.3; 27.25; 2 Coríntios 1.9) o suficiente para confiar a Ele todas as coisas (14.23, 26; 15.40; 20.32).

Sabe chorar (20.19, 31; 2 Coríntios 2.4; 12.21).

Tem uma boa consciência (23.1; 24.16; 2 Coríntios 1.12; Hebreus 13.17-18).

Está disposto a morrer servindo (20.24).

ESPIRITUALIDADE EM 2 CORÍNTIOS:

Há cinco textos-chave em 2 Coríntios que se aplicam à espiritualidade do pastor:

2 Coríntios 1.12: O pastor espiritual sabe que tem um comportamento exemplar, tanto no mundo quando na igreja. Esse comportamento se caracteriza por simplicidade, santidade, sinceridade (2.17) e a graça de Deus (misericórdia, 4.1). Desta maneira, ele não confia na sabedoria humana, mas sim no poder de Deus.

2 Coríntios 3.18; 4.16: O pastor espiritual se transforma à imagem de Cristo. Essa transformação é contínua e Cristo começa a ser formado nele, de maneira que ele se torna uma nova pessoa (3.18). Para que essa renovação interna seja eficaz em nosso ser, nós precisamos de disciplina diária (4.16), lembrando sempre que o instrumento da transformação é a Palavra de Deus aplicada pelo Espírito Santo, à qual o pastor deve se expor constantemente (3.18).

2 Coríntios 7.1: O pastor espiritual se esforça para manter-se puro e santo. Nós chamados por Deus à santidade e a base desse chamado são as promessas de Deus (6.16-18). Esta purificação pessoal deve ser uma decisão definitiva, mas também um processo contínuo motivado pelo temor a Deus (5.11).

2 Coríntios 10.3-5: O pastor espiritual reconhece a realidade da batalha espiritual. Essa batalha não é segundo a carne e as suas armas não são carnais. O propósito da batalha espiritual é a conquista da mente das pessoas. Portanto, o pastor luta com armas espirituais para levar cativo todo pensamento á obediência de Cristo.

2 Coríntios 12.9-10: O pastor espiritual reconhece que às vezes as suas próprias capacidades e habilidades

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impedem que Deus se manifeste. Nós tendemos a nos gloriar em nossas forças e nos lamentar em nossas debilidades. Porém, devemos nos gloriar em nossas debilidades, sabendo que Deus se manifesta poderosamente quando nós as reconhecemos.

Lição 4 – Questões Para Revisão 1. Quais são os dois pontos de vista básicos acerca da espiritualidade?

2. Como você resumiria a espiritualidade em Atos?

3. Como você resumiria a espiritualidade em 2 Coríntios?

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LIÇÃO CINCO

A RESPONSABILIDADE DO PASTOR

Versículo-Chave “Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles; pois velam por vossa alma, como quem deve prestar contas, para que façam isto com alegria e não gemendo; porque isto não aproveita a vós outros” (Hebreus 13.17).

INTRODUÇÃO

Ao pastor, num sentido verdadeiro, está encomendado o cuidado das pessoas da congregação. Por isso, ele está sob a obrigação de fazer tudo o que pode para que as pessoas se convertam e vivam em santidade:

“O qual nós anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo” (Colossenses 1.28).

Paulo disse aos pastores de Éfeso:

“Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue” (Atos 20.28).

A razão pela qual Deus colocou as pessoas sob os seus cuidados e para obedecer-lhe se encontra em Hebreus 13.17:

“Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles; pois velam por vossa alma, como quem deve prestar contas, para que façam isto com alegria e não gemendo; porque isto não aproveita a vós outros” (Hebreus 13.17).

Esta responsabilidade que os pastores têm para com o rebanho inclui diversas coisas, as quais nós veremos no restante desta lição.

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UMA VIDA QUE SIRVA DE EXEMPLO

O pastor é responsável por ter uma vida pessoal que sirva de exemplo para os crentes, pois ele deve ser em tudo um bom exemplo em todas as coisas (1 Timóteo 4.12). Por isso Paulo fez menção de sua própria vida, não como uma vida perfeita, mas sim como um exemplo público de caráter cristão (Filipenses 4.9; 1 Tessalonicenses 2.10). Se o pastor tem uma vida irregular, isso anula os maiores esforços do púlpito e pode resultar na ruína da congregação.

TRATO SÁBIO E FIEL

O pastor é responsável por ter um trato sábio e fiel para com as pessoas sob sua responsabilidade. Paulo andou de cada em casa e não cessava de admoestar a cada um (Atos 20.31). Ele propõe o mesmo como exemplo de fidelidade no ministério, requerendo que o pastor insta a tempo e fora de tempo (2 Timóteo 4.4). É óbvio que ele não pensava que o pastor cumpre todo o seu dever quando estuda a Palavra e a prega na igreja. Seu trato para com as pessoas está incluído ali também.

ESFORÇO PARA SER FRUTÍFERO

O pastor é responsável por esforçar-se sinceramente para ser um pastor frutífero. O pastor está sob a obrigação de esforçar-se para alcançar o máximo de poder intelectual e espiritual na pregação. Os temas que ele revela estão entre os mais grandiosos para ocuparem as mentes de homens e anjos. O fim – a salvação de almas e a edificação da igreja – é o mais transcendental que foi encarregado a um ser infinito. O pastor negligente e preguiçoso será culpado diante de Deus e porá em perigo as almas do povo.

FIEL EM DECLARAR TODO O DESIGNIO DE DEUS

O pastor tem que declarar claramente tanto as ameaças quanto as promessas do evangelho, os perigos e as esperanças do ser humano. Ele não pode esquivar-se de um tema porque não está na moda. Nenhuma preferência pessoal pode impedir ao pastor fiel de declarar toda a Palavra de Deus. O pastor é responsável diante de Deus por anunciar a verdade da Palavra:

“Se eu disser ao perverso: Ó perverso, certamente, morrerás; e tu não falares, para avisar o perverso do seu caminho, morrerá esse perverso na sua iniqüidade, mas o seu sangue eu o demandarei de ti” (Ezequiel 33.8).

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COMPREENDER SUAS LIMITAÇÕES

O trabalho do pastor tem suas limitações. Certamente, Cristo não exige o impossível de seus servos, porém, visto que eles têm recebido dons e talentos, é seu dever usá-los responsavelmente. Se o pastor é fiel ao seu chamado, ele será „para com Deus o bom perfume de Cristo, tanto nos que são salvos como nos que se perdem‟ (2 Coríntios 2.15).

COMPLETAR FIELMENTE SEU MINISTÉRIO

No final das contas, o pastor deve ser capaz de dizer como Paulo:

„Portanto, eu vos protesto, no dia de hoje, que estou limpo do sangue de todos; porque jamais deixei de vos anunciar todo o desígnio de Deus‟ (Atos 20.26-27).

Assim foi o ministério de Paulo, um mero homem ajudado pela mesma ajuda divina que tem sido prometida a cada servo de Deus. É a fidelidade, não o sucesso, que constitui o limite de nossa responsabilidade. O êxito pertence a Deus. Paulo plantou, Apolo regou, porém Deus deu o crescimento.

Jeremias falou com a sinceridade e ternura de lábios inspirados, porém, não foi bem recebido e, aos olhos dos homens, não tinha sucesso algum. Sem dúvida, seu nome figura entre os líderes mais destacados, porque na sua época ele permaneceu fiel ao seu chamado.

Além disso, não se pode medir o poder do ministro pelos resultados imediatos. Pode ser que um avivamento poderoso, no qual centenas de pessoas vão às igrejas, pareça ser o resultado do ministério e os dons de um pregador popular, porém, sua verdadeira causa se encontra na obra paciente, pouco conhecida, de outros com dons diferentes. Cada um tem seu dom. Um semeia, outro colhe, e somente na colheita final, no fim do mundo, é que serão conhecidos os verdadeiros resultados de cada um.

O que o Senhor nos admoesta é:

“Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida” (Apocalipse 2.10).

Então, o limite da responsabilidade do pastor é a fidelidade. O pastor sincero que, com lealdade a Cristo, tem ido até o limite de sua habilidade e oportunidades, e tem cumprido seu chamado, pode saber com segurança que escutará Seu Mestre dizer, “Muito bem, servo fiel! Entra no gozo de teu Senhor!”.

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Lição 5 – Questões Para Revisão 1. Como o pastor pode levar uma vida que serve de exemplo?

2. Qual é a importância da sabedoria e da fidelidade para o pastor?

3. O que é mais importante: esforçar-se para ser frutífero ou alcançar o sucesso no pastorado a qualquer custo?

4. O que significa declarar todo o desígnio de Deus?

5. Por que o pastor deve compreender as suas limitações?

6. Como o pastor pode completar fielmente o seu ministério?

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LIÇÃO SEIS

O PASTOR COMO ADMINISTRADOR

Versículo-Chave “Meus filhos, por quem, de novo, sofro as dores de parto, até ser Cristo formado em vós” (Gálatas 4.19).

INTRODUÇÃO

Nós já estudamos em outro curso acerca dos princípios de administração e liderança. Nesta lição, nós queremos focar no pastor/presbítero/bispo como administrador da igreja no aspecto prático de mobilizar o corpo para a obra do ministério.

A PRINCIPAL TAREFA DO PASTOR

A função principal do pastor é capacitar a igreja para a obra do ministério, ou seja, desenvolver os pontos fortes espirituais, mentais e sociais da igreja. Em cada igreja há capacidades em estado latente que devem ser desenvolvidas para o bem-estar de todos.

Neste aspecto, o pastor é um tenente encarregado de soldados. É seu dever treinar, organizar e discipular seus soldados. Se ele quer que os soldados lutem, ele tem que dirigir a batalha. Alguns dos pastores diligentes se encarregam de cargas que devem ser levada por outras pessoas na igreja. Se outras pessoas se encarregassem delas, o pastor ficaria livre para ocupar-se com outras tarefas. É melhor para os membros também, porque eles têm a oportunidade de desenvolver e usar seus dons.

Um dos vínculos principais numa igreja é o sentimento de ser colaborador, cada um com uma responsabilidade e sendo parte na obra. Nenhum membro deve ficar apenas como um recipiente, só recebendo sem nada que possa compartilhar. A igreja chega ao topo da eficácia quando cada membro é um obreiro consciente da importância de sua obra.

Grande parte da imperfeição da vida de uma igreja se dá ao fato de que ou esta força em estado latente está sem se desenvolver ou então está mal dirigida.

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COMO USAR O POTENCIAL DA IGREJA

O povo deve estudar cuidadosamente seu povo para discernir e utilizar seus talentos. Em cada contato com o povo, o pastor deve conhecê-los melhor. Pode ser que alguém manifeste uma aptidão para ensinar e pode servir ensinando numa classe de discipulado. Outro tem um bom testemunho e liderança e pode conduzir um conduzir um estudo bíblico caseiro. Outro tem bom senso e conhecimento para servir na administração do dinheiro da igreja. Pode ser que outros tenham as qualidades necessárias para dirigir as atividades sociais da igreja. A meta do pastor deve ser que cada membro tenha um lugar e uma responsabilidade. Ele deve convencer aos demais da importância desta meta para que eles também animem aos demais a encontrar e desenvolver seu dom. O pastor que trabalha com esta meta vai se encontrar pastoreando uma igreja ativa, crescente e feliz. Por sua vez, ele não estará tão carregado que não pode desfrutar de tempo livre com sua família. Em muitos casos de um pastor bem sucedido, o segredo tem sido que ele sabia encontrar, desenvolver e utilizar os dons dos irmãos em sua congregação.

A organização de ministérios na igreja para os distintos aspectos da obra é outra maneira de desenvolver e utilizar os pontos fortes espirituais da igreja. No Curso Eclesiologia Prática nós abordamos os ministérios básicos de uma igreja local, mas há muitos outros que podem ser desenvolvidos na igreja. Um pastor pensativo, administrando bem o seu trabalho, encontrará o número sem fim de trabalhos nos quais ele pode utilizar os dons particulares nos ministérios da igreja. Há uma bênção dupla em fazer isso. Há aquela que os próprios obreiros desfrutam em tornar os crentes melhores e mais felizes e há também uma benção para os que recebem o fruto de sua obra.

Sem dúvida, aqui há duas coisas que devemos notar:

1. Não devemos ter tantos ministérios que isso resulte num conflito com as reuniões principais da igreja. Cada um deve respeitar a suma importância das reuniões gerais com toda a igreja.

2. Os ministérios sempre devem estar sob a supervisão dos pastores e submissos à sua direção. Certamente isto requer cuidado e tato da parte do pastor.

Para poder desenvolver os pontos fortes da igreja é de suma importância que o pastor discirna quais sãos os jovens que têm habilidade intelectual e que os encoraje a estudar e desenvolver suas habilidades. A inteligência é um dom de Deus. É uma lástima quando ela não é desenvolvida. Devemos estar dispostos a reconhecer esta verdade e fazer com que os jovens a entendam. Você verá jovens em sua igreja que, com a educação adequada, podem ocupar diversas funções na igreja e levar ao mundo sua influência para fazer Cristo conhecido. Um dos deveres mais

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sublimes do pastor é o de fomentar nas mentes um anelo de ter uma boa educação e a facilitar tal fim de toda maneira possível. Ele sempre deve encorajar o povo a aumentar seu conhecimento e não estar satisfeito a menos que alguns dos jovens da igreja cheguem a entrar na faculdade. Um pastor fica desacreditado se ele fracassa em desenvolver seu povo intelectualmente.

Outro fim importante é o de desenvolver dons que possam servir no ministério. A reunião de oração, os grupos pequenos e as demais atividades, de uma maneira geral, servem para manifestar estes dons. Às vezes há jovens tímidos que têm dons e temos que encorajá-los a desenvolvê-los. O pastor deve estar vigiando e trazer à luz o poder no estado latente. Algumas palavras de estímulo às vezes têm encaminhando uma pessoa para uma vida de grande utilidade no Reino de Deus. Além disso, há muitos talentos na igreja que podem ser usados na pregação. Há os que têm bom conhecimento bíblico e eloqüência que podem servir de várias maneiras sem renunciar seu trabalho. É necessário o cuidado do pastor em buscar a estes e encontrar uma ocasião para que eles usem seus dons. Assim, ele pode multiplicar o evangelismo na igreja.

Lição 6 – Questões Para Revisão 1. Qual é a principal tarefa do pastor?

2. Como o pastor pode usar bem o potencial da igreja?

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LIÇÃO SETE

A INTELECTUALIDADE DO PASTOR

Versículo-Chave “Medita estas coisas e nelas sê diligente, para que o teu progresso a todos seja manifesto” (1 Timóteo 4.15).

INTRODUÇÃO

Numa lição anterior, nós tratamos da espiritualidade do pastor. Nesta lição, nós abordaremos a sua intelectualidade e mais precisamente o seu hábito de estudo. Muito já tem sido falado e escrito sobre a vida espiritual do pastor, por isso, não foi necessário discorrermos muito sobre o tema. Porém, pouco se fala/escreve acerca da intelectualidade do pastor, por isso nós nos dedicaremos um pouco mais a este tema aqui nesta lição.

O MANDATO DO ESTUDO

O estudo é um mandato que de contínuo recai sobre o pastor:

“Medita estas coisas e nelas sê diligente, para que o teu progresso a todos seja manifesto” (1 Timóteo 4.15).

“Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2 Timóteo 2.15).

A razão para isso é óbvia. Conhecimento é poder. Os pastores, em sua posição, são os líderes do pensamento cristão. Para que sejam dignos de respeito é imprescindível que eles sejam mais adiantados em conhecimento bíblico-teológico do que os demais ao seu redor.

Não há outro ofício que exija tanto esforço mental do que o pastorado. Normalmente se exige que os senadores, juízes e escritores façam um elevado uso do intelecto, porém, o mesmo geralmente se exige dos pastores. Contudo, o pastorado requer semanalmente os melhores sermões que podemos produzir. O pastor tem que ter frescor, ser original e pregar com energia. Se não, ele perde sua influência sobre o povo. Este

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esgotamento completo dos recursos continua ano após ano. E ninguém pode cumprir com esta exigência sem estudar diligente e constantemente. Ele tem que estar sempre crescendo. Seu progresso mental continuamente tem que estar ativo, empurrando-o a novas esferas de pesquisa, meditando sobre o novo e aumentando sua disciplina e tornando-se uma pessoa mais ampla, profunda e valiosa.

Em sua vida, o pastor deve evitar dois extremos. Por um lado, ele não deve ser um „verme‟ de livros, sempre fechado em seu escritório, sem contato vital e emocional com aqueles ao seu redor. Alguns pastores com grande conhecimento têm sido relativamente inúteis por falta de uma conexão viva entre seu conhecimento e as necessidades reais do mundo ativo no qual eles vivem.

Por outro lado, um pastor pode ser um homem desorientado, um piadista que anda de cada em casa, ocupado com revistas e diários, mais ou menos em dia com o pensamento popular, enquanto se descuida do processo da disciplina necessária ao crescimento intelectual. A falta de estabilidade no pastorado pode resultar disto. Frescor e originalidade em pensar e expressar-se tem se perdido e o povo, cansado de repetições e trivialidades, deixam de amar e respeitar à pregação. O ideal, então, é uma combinação de aluno e pastor – uma mente crescendo no conhecimento e poder pelo afã habitual de administrar e influir pelo contato constante entre a igreja e o povo. Precisamos de um sistema bem planejado e continuamente executado. Que sistema deve ser? Ao responder estar questão, quero sugerir duas coisas: o método de estudo e os objetos do estudo.

O MÉTODO DO ESTUDO

Seja um aluno em todo lugar. O pastor deve ocupar-se com a mente humana e as experiências dos homens. Por isso, ele deve andar no mundo com seus olhos e ouvidos abertos, estudando a fundo o povo e a vida ao seu redor. Na rua, na sociedade, em reuniões sociais, a mente deve estar funcionando continuamente, observando o caráter e estudando as fases da vida e juntando material para seu trabalho intelectual. Muitos dos melhores raciocínios, pontos de vista das Escrituras, e ilustrações mais vívidas surgem na conversação ou na reunião de oração. Ninguém deve perdê-las porque, visto que estão cheias de contato com o povo, é mais provável que tais raciocínios satisfazem as necessidades da congregação e tratarão de perguntas de grande importância para ela. O pastor estudioso que preservar estes textos, pensamentos e ilustrações, se surpreenderá com a rapidez com que ocorrem, e a riqueza e frescor que acrescentam a seus pensamentos e instruções.

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Sempre ande com um livro na mão. Cada vida tem momentos livres e se pode acrescentar muito à sua cultura e conhecimentos por aproveitar-se deles. Grande parte da literatura de hoje, junto com grande parte da biografia, história, ciência, poesia e arte, podem ser lida desta maneira se temos à mão o livro correto. Em 15 ou 30 minutos por dia nós podemos ler uma grande quantidade de livros dentro de um ano. Se tivermos cuidado ao escolhê-los, eles acrescentarão grandemente a amplitude e inteligência do pastor e renovará em vez de esgotar a mente.

Devemos dedicar um tempo específico a cada dia para trabalhar sozinhos no estudo. O hábito geral de observar e ler já sugerido não é um substituto para o estudo mais compenetrado. O tempo dedicado ao estudo árduo deve ser um tempo sagrado e não deve ser interrompido por acontecimentos ordinários. As vantagens são óbvias:

1. Uma vez que um hábito chegue a ser fixado ele tem cada vez mais poder. A mente funciona com mais facilidade quando temos o costume de estudar em períodos regulares. Em vez de lutar por horas tratando de concentrar-se sobre um tema, a mente entre com grande energia na obra. Quanto mais fixo for o hábito, mais fácil, rápido e potente será o processo mental.

2. Uma vez que estas ocasiões estão estabelecidas, e o povo entende isso, por regra geral, serão livres de interrupções. A congregação se conformará ao plano do pastor e respeitará sua fidelidade em preparar sua instrução para a reunião da igreja. Não há nenhuma regra para dizer qual parte do dia é que deve ser escolhida para estudar. Depende, em parte, dos hábitos do pastor, e em parte, das necessidades de sua responsabilidade. Por regra geral, a manhã é melhor. Não há tantas interrupções e deixa a tarde e a noite livres para visitações, reuniões e sua vida social.

Quero acrescentar dizendo que, nada menos que um alto conceito do ministério e um alto desejo de cumprir seu dever permitirá ao pastor em persistir em semelhante disciplina de estudo. Ele deve tomá-lo como um dever solene que ele deve a Deus, a seu povo e a si mesmo. Se não, ele fracassará. A indolência frequentemente é levada adiante por depender enganosamente do gênio ou esperar que no momento certo venha o que precisa para dar eficácia e brilho às suas pregações. Às vezes, os ouvintes desatentos aplaudirão aos sermões mal preparados e isso desanimará ao pastor que se prepara bem. Além disso, sempre há obstáculos ao estudo na obra do pastor. Ele tem que atender aos enfermos, os aflitos, os errantes, junto com a administração da igreja. Há também deveres a cumprir para com a sociedade em geral. Muitas vezes, estes lhe impedem de cumprir seu dever de estudar.

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OS TEMAS

Suponhamos que o pastor tem horários fixos para sua obra mental. O que ele deve estudar? Não somente para preparar os sermões. Muitos cometem um erro grave nesta questão. Dedicam todo o tempo á preparação de sermões sem deixar tempo para a cultura em geral, conhecimento bíblico e teologia. O resultado é uma mente estéril e vazia. Não tem nada em que pensar. A mente sempre está buscando, mas não há nada para ser acrescentado e o recipiente se esvazia. Falta frescor. A mente sempre anda na mesma rasura e no mesmo círculo diminuto. Porém, se o pastor ler, pesquisas, olhar as coisas de outros pontos de vista e pensadores, a mente sempre estará crescendo e seus sermões estarão cheios de idéias novas, frescas e interessantes.

No estudo temos que buscar três objetivos: a cultura geral, a pesquisa bíblica e teológica, e a preparação de sermões.

A CULTURA EM GERAL:

Com isso eu quero dizer estudos para desenvolver o homem inteiro. O pastor não deve ser, em sentido técnico restrito, um mero teólogo. Seu anelo deve ser o de ser um homem de ampla cultura, desenvolvida em sua natureza em todo sentido. Para que isso aconteça, é necessária uma ampla esfera de estudos. Ele deve estar exposto às grandes esferas de verdades reveladas pela ciência, filosofia, poesia e história.

1. A ciência. Certamente, o pastor não deve descuidar de sua obra espiritual para estudar demasiadamente a ciência. Porém, nesta era de pesquisa científica, quando os problemas da ciência ocupam tantos os pensamentos dos homens, o homem que prega em público semanalmente não pode ser ignorante quando à ciência. A ciência tem transformado profundamente a civilização e toca questões profundas do cristianismo e da vida. A astronomia, a geologia, a botânica, a química, cada uma destas ciências abre um mundo novo de verdade e ajudam na interpretação da Palavra de Deus e abundam em ilustrações ricas dos temas pregados pelo pastor. Os livros em geral sobre todas estas ciências podem estar ao alcance de cada pastor e ainda somente um deles seria suficiente para aumentar grandemente o seu pensamento.

2. A filosofia ou a ciência da mente. Nenhum pastor deve desejar tornar-se um filósofo. Pois você teria que deixar de tratar com as almas e sua relação para com Deus e perder-se na especulação metafísica. O pastor, em seu trabalho com as almas, trata de influenciá-las pelo raciocínio, persuasão e vários outros motivos. Então, ele deve estudar como as pessoas pensam e quais são as mentes que têm influenciado o mundo.

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3. A cultura estética. Deus não nos fez meras máquinas lógicas, mas sim seres humanos com gostos, imaginação e capacidade de ser tocado por objetos de beleza. Uma boa parte do livro de Deus é poesia dirigida à imaginação. O universo ao nosso redor está cheio de formas inumeráveis de beleza. Quando a lógica – fria e impassível – falha a verdade muitas vezes vem através da imaginação e dos sentidos. Um homem não pode ser completo sem também cultivar este aspecto de sua natureza. Serve para aumentar nosso poder intelectual. Um das melhores maneiras de fazer isso é por ler cuidadosamente os grandes poetas.

4. História e literatura em geral. O estudo da história deve ter um lugar importante na formação de nossa cultura. Ela serve para amplificar a esfera inteira do pensamento e ilumina o vasto plano da providência e da graça. Tampouco devemos olhar por alto as

A CULTURA BÍBLICA E A TEOLOGIA:

Uma das obras mais importantes do pastor é educar o povo nas verdades da Bíblia. Se ele falha em algo, pelo menos, ele deve ser um mestre no evangelho. A ignorância em alguns temas já mencionados, ainda que seja lamentável, pode ser tolerado, porém, o homem que se atreve a pregar e ensinar a Bíblia publicamente não pode ser perdoado se lhe falta conhecimento bíblico ou se fala da Bíblica de uma maneira crua e equivocada. O poder retórico ou aquilo que parece ser sincero não podem expiar a falta de domínio dos temas da pregação. Estudos bíblicos e teológicos, então, devem ter um lugar prioritário no plano de estudo do pastor.

É de suma importância o estudo da Bíblia porque traz à mente o contato vivo com a Palavra de Deus. Como alunos do hebraico e grego, nós devemos dedicar uma parte de cada dia ao estudo cuidadoso e crítico das Escrituras nas línguas originais ou, pelo menos, de dicionários expositivos de palavras segundo os originais na Bíblia. Nenhuma tradução é perfeita, portanto, nenhuma é capaz de dar-nos a impressão plena dos originais. Um pouco de trabalho a cada dia na leitura dos originais, dentro de pouco tempo facilitará o processo de estudo. A Bíblia é a Palavra de Deus e o grande instrumento de seu poder, „a Espada do Espírito‟. O Espírito Santo opera através da verdade divina e o pregador mais capaz é aquele que descobre mais clara e plenamente as palavras vivas de Deus.

Como acessórios da interpretação bíblica, sugiro o estudo da geografia e da história da terra santa. A habilidade reconhecer os personagens e eventos nas Escrituras e situar-nos em seu ambiente histórico é de grande valor. Assim, ao ler o Pentateuco e os primeiros livros históricos, mais vívidos se tornarão os eventos se você pode localizá-los no Egito e no

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deserto. Busque um livro que possa ajudá-lo a entender a geografia bíblica relacionando-a aos eventos bíblicos.

O pastor deveria estudar toda a Bíblia. O livro de Deus não é completo se não inclui tudo entre Gênesis e Apocalipse. Um sistema de verdade segundo a redenção se revela em etapas sucessivas. Não é uma mera coleção fortuita de escritos sagrados, mas sim uma só e grande revelação de Deus. Cada parte se relaciona com as outras e forma a obra completa. Os tipos e profecias e símbolos na primeira parte são as sementes do evangelho que se revela mais claramente adiante. Ninguém pode entender perfeitamente um testamento sem um estudo cuidadoso do outro. Há alguns livros que ajudam o aluno em compreender esta união do todo.

Os livros da Bíblia devem ser estudados em sua conexão cronológica e histórica. Suponhamos que alguém está estudando a profecia de Isaías. Ele a entenderá muito melhor se primeiramente tiver estudado sobre a época em que Isaías viveu e os reinos de vários reis que se encontram nos livros de Crônicas. Ou então, suponhamos que alguém estuda as epístolas de Paulo. Será muito mais fácil se ele tem o conhecimento do caráter de Paulo e as circunstâncias sob as quais ele escreveu. Este conhecimento pode ser obtido por ler o livro dos Atos, as epístolas e Paulo e alguns livros sobre a vida e ministério de Paulo.

Também é necessário estudar a Bíblia analiticamente. Uma leitura rápida das Escrituras não serve para interpretá-la como você já estudou nos cursos O Ministério da Palavra I e II. Você deve analisá-la cuidadosamente se quiser penetrar em seu significado completo. O homem que cuidadosamente e fielmente analisa a Palavra de Deus, enquanto a estuda, penetrará o coração dela e ficará maravilhado por sua riqueza. Os grandes pensamentos de Deus se abrirão diante de seus olhos de uma maneira que seria impossível para o leitor descuidado e superficial. Se o pastor se dedica a estudar a Bíblia assim ele será capaz de pregar, pelo menos em parte, sermões expositivos a cada semana. Esta conexão direta entre o estudo do pastor e o púlpito acrescentará interesse e força a ambos.

Ao estudar as doutrinas cristãs também é preciso ter um método, que deve ser planejado de tal maneira que, através dos anos, tomando um tema de cada vez, o pastor possa investigar todos os temas principais. Você pode começar com um livro de apoio como „Teologia Sistemática‟ de Wayne Grudem ou outro parecido e seguir a ordem dos temas, estudando cada um até dominar seus pontos principais. Por exemplo, suponhamos que você começa com o tema da inspiração. Primeiramente devemos o que alguns autores de confiança dizem sobre o tema. Assim teremos um conceito claro na mente sobre o tema. O segundo passo é anotar as porções da Bíblia que dizem algo sobre o tema. Examine cada uma cuidadosamente e anote as suas observações. O terceiro passo é escrever

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uma declaração completa de seu conceito de inspiração como resultado de seu estudo. Isso pode ser feito cada tema.

Tal processo de pesquisa teológica, praticado ano após ano, não pode fazer do pastor menos do que um bom pensador quanto às verdades espirituais e acrescentará muito poder em sua pregação.

Também é conveniente estudar a história das doutrinas. Você pode fazer isso com a ajuda de bons livros. Este estudo lhe ajudará a continuar seu desenvolvimento das grandes verdades da Bíblia através das eras. Tal estudo serve para estimular idéias e nos dá uma base mais ampla para nossas opiniões. Se o pastor escolhe pregar sobre as grandes verdades da Bíblia, ele pode compartilhar o resultado de seu trabalho no estudo com seu povo.

A PREPARAÇÃO DE SERMÕES

Uma grande parte do tempo que o pastor passa em seu escritório será dedicada à preparação de sermões. Sem dúvida, este tema pertence ao estudo da homilética e você poderá encontrar muitas informações sobre o tema no curso O Ministério da Palavra III.

Por isso, eu quero apenas dizer algo sobre a importância de ter uma alta consideração pela preparação para pregar. O sermão é a encarnação do pastor quanto à sua cultura e leitura e é a expressão pública de seu caráter espiritual e intelectual. É seu dever apresentar-se “a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2 Timóteo 2.15). Ele desonra a Cristo e a si mesmo se ele tem o costume de pregar sem preparar-se adequadamente.

O sermão é a mensagem que Deus manda através dele à congregação. Ele revela temas santos e sublimes aos quais os anjos anelam contemplar. São temas que tem ocupado com reverência as mentes mais nobres das eras. Eles tratam das almas dos homens e os grandes interesses da eternidade. Certamente, aquele que se atreve a levantar-se e falar rapidamente sobre tais temas, com toda a certeza, tem fracassado em compreender a solenidade do grande ofício de ser um pastor evangélico.

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Lição 7 – Questões Para Revisão 1. O pastor deve procurar desenvolver seu aspecto intelectual? Justifique.

2. O pastor deve ser dedicado ao estudo, não somente da Bíblia, mas também de outros livros? Justifique.

3. Como o pastor deve estudar?

4. Quais são algumas das áreas temáticas que o pastor deve estudar?

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LIÇÃO OITO

O PASTOR E O MINISTÉRIO DA PALAVRA

Versículo-Chave “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2 Timóteo 2.15).

INTRODUÇÃO

Se você está seguindo a ordem dos cursos neste programa de treinamento, você lembrará que nós já consideramos em outro curso (O Ministério da Palavra III) diversos princípios e questões práticas sobre a pregação e o ensino. Portanto, esta lição não será uma repetição do que já foi tratado. Pelo contrário, nós queremos dar uma ênfase maior no papel do pastor/bispo como pregador, mestre e defensor da sã doutrina na igreja local.

BONS PASTORES PRATICAM A PALAVRA

Os bons pastores são aqueles que estão seriamente comprometidos com a prática e o ensino da Palavra de Deus. Antes de ensinar a Palavra de Deus, o pastor deve ser um praticante desta mesma Palavra. O exemplo que encontramos em Cristo é que Ele primeiro fez e depois ensinou (Atos 1.1). Assim, o pastor também deve ter este compromisso de não somente ser um mestre da Palavra, mas principalmente um praticante da Palavra.

Em 1 Timóteo 4.7-12, nós encontramos algumas orientações apostólicas sobre como o bispo/pastor pode tornar-se um praticante da Palavra de Deus em relação ao seu próprio ministério de pregação e ensino.

“Mas rejeita as fábulas profanas e de velhas caducas. Exercita-te, pessoalmente, na piedade. Pois o exercício físico para pouco é proveitoso, mas a piedade para tudo é proveitosa, porque tem a promessa da vida que agora é e da que há de ser. Fiel

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é esta palavra e digna de inteira aceitação. Ora, é para esse fim que labutamos e nos esforçamos sobremodo, porquanto temos posto a nossa esperança no Deus vivo, Salvador de todos os homens, especialmente dos fiéis. Ordena e ensina estas coisas. Ninguém despreze a tua mocidade; pelo contrário, torna-te padrão dos fiéis, na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza”.

REJEITANDO OS FALSOS ENSINAMENTOS:

Aqui nós vemos que o bom presbítero/pastor deve rejeitar os falsos ensinamentos (v. 7). Isso significa ter cuidado com as filosofias que distorcem a verdade de Deus e transmitem um conhecimento que não edifica na fé e nem promove um melhor relacionamento pessoal com Deus (Colossenses 2.8).

O pastor também deve ter cuidado com as fábulas (1 Timóteo 1.4; Tito 1.14). As „fábulas‟ dos dias de Paulo eram lendas judaicas que eram ensinadas como verdade. Paulo diz que devemos rejeitar este tipo de ensinamento porque não produz a verdadeira edificação na fé. Nós crescemos na fé quando esta é baseada na verdade da Palavra de Deus e não nas estórias inventadas pelos outros. Hoje em dia nós talvez não vejamos muito de lendas judaicas em nossas igrejas, mas o que dizer das „lendas cristãs‟ usadas para ensinar doutrinas de homens?

Os falsos ensinamentos também se manifestam nos falatórios inúteis e profanos (1 Timóteo 6.20; 2 Timóteo 2.16). Paulo está falando de discussões inúteis sobre coisas que não foram reveladas por Deus ou que não podem ser confirmadas com toda a certeza. Muitas discussões acabam ferindo a soberania e a sabedoria de Deus, tornando-se assim discussões profanas. Nós não podemos perde tempo com este tipo de ensinamento e devemos até proibi-los na igreja.

O pastor deve ser um exemplo de piedade na doutrina, ensinando aquilo que promove a edificação, que está acima das fábulas. Estude a sã doutrina, medite nela, alimente-se dela e transmita-a aos outros.

EXERCITANDO-SE NA PIEDADE:

Paulo exorta que Timóteo se exercite na piedade (v. 7), pois não há como comparar o exercício físico com o exercício espiritual em seus efeitos eternos. O exercício físico é bom e recomendável, mas serve apenas para esta vida, que é curta.

Porém, a preocupação de Paulo não é tanto com exercício físico natural que traz saúde ao corpo, mas sim com as regras religiosas impostas pelos

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falsos mestres quanto à abstenção de alimentos e de exercícios físicos com fins „espirituais‟. O apóstolo estava tratando com „ascetismo‟, uma crença que prega a autonegação por meio de um severo tratamento do corpo, a fim de aperfeiçoar-se moral e espiritualmente. É este tipo de exercício que não tem proveito algum e não passa de um falso ensinamento. Nós já estamos perfeitos em Cristo e somente precisamos crer para receber os benefícios conquistados por Ele, incluindo a santificação. Por meio da fé nós podemos nos esforçar para agradar a Deus, mas sempre reconhecendo que isso só é possível pela graça de Deus.

A proibição dos prazeres do corpo não gera santificação e não produz frutos eternos. Negar-se a si mesma das coisas boas desta vida com o intuito de tornar-se „mais santo‟ é uma ilusão. E, como um ministro da Palavra, o pastor não deve ensinar tal doutrina na igreja. Não engane as pessoas com a idéia de que deixando de lado as coisas materiais elas serão mais espirituais ou santas. Tudo o que Deus criou é bom e recebido com ações de graças, nada é recusável. Nós devemos nos afastar daquilo que a Bíblia diz que é pecado e não daquilo que os homens dizem que é pecado.

A piedade verdadeira, que é a vida de Cristo tendo liberdade para aumentar em nós e se expressar em nós, para tudo é proveitosa. Ela tem proveito para esta vida, pois quando colocamos o reino de Deus em primeiro lugar, todas as outras coisas nos são acrescentadas (Mateus 6.33) e o nosso Deus nos supre em cada necessidade (Filipenses 4.19). A piedade também tem proveito para a vida futuro, pois se o nosso coração estiver voltado para Deus, ali estará o nosso tesouro (Mateus 6.19-20).

Aqueles que querem viver piedosamente, não legalísticamente ou asceticamente, sofrerão perseguição (2 Timóteo 3.12). Aqueles que desejam ser semelhantes a Jesus em seu caráter e ministério serão injuriados pelos homens (Lucas 6.22-23). Nós somos co-participantes dos sofrimentos de Cristo e de alguma maneira e em certo nível nós enfrentaremos os mesmos sofrimentos que Ele (1 Pedro 4.12-14), o que inclui a perseguição por decidirmos viver como cristãos no mundo.

O pastor deve ser um exemplo de piedade. Ele deve viver uma vida piedosa em suas palavras e ações, tendo uma consciência limpa diante de Deus. Ele deve dedicar-se ao exercício das graças divinas e não ao ascetismo. Ele deve exercitar-se na fé, no amor, no temor a Deus, na humildade, na adoração, na oração, no fervor, e etc.

SENDO UM EXEMPLO PARA OS CRENTES:

O pastor deve ser um exemplo para os crentes na palavra, no procedimento, no amor, na fé e na pureza (v. 12). A conversação do pastor deve ser exemplar e não fútil ou soberba (Efésios 4.29); deve ser

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agradável (Colossenses 4.6). O ensino do pastor deve ser íntegro, reverente; ele deve usar de linguagem sadia e irrepreensível (Tito 2.7-8).

A conduta do pastor deve ser digna do evangelho (Filipenses 1.27), cheia de mansidão, sabedoria e dignidade (Tiago 3.13). O pastor deve ser santo em todo o seu procedimento (1 Pedro 1.15).

O pastor deve ser um exemplo no amor. O amor deve estar acima de tudo (Colossenses 3.14) e todos os nossos atos devem ser feitos com amor (1 Coríntios 16.14) – amor a Deus, à igreja e ao mundo.

O bispo também deve ser exemplo dos fiéis na fé. O pastor deve demonstrar uma vida de fé, uma vida que permanece confiando firmemente em Deus a despeito das circunstâncias (2 Coríntios 5.7), pois sem fé é impossível agradar ou receber qualquer coisa de Deus (Hebreus 11.6).

O pastor também deve ser exemplo na pureza. Ele sabe que os limpos de coração verão a Deus (Mateus 5.8) e que ele deve conservar-se puro para cumprir seu ministério (1 Timóteo 5.22). Ele espera pelo dia em que o Senhor virá buscá-lo e recompensá-lo por seu trabalho, assim ele purifica a si mesmo (1 João 3.1-3).

Ensinar e proteger a sã doutrina, exercitar-se na piedade e ser um exemplo para os crentes é uma parte inseparável do ministério de pregação e ensino do pastor. Pois se ele não pratica estas coisas ele não pode ser um bom pregador da Palavra de Deus. Se ele não preservar a são doutrina, o seu ensino será contrário às Escrituras; se ele não for piedoso, o seu ensino será hipócrita; se ele não for um exemplo, como ele poderá ensinar com a consciência limpa?

BONS PASTORES PREGAM A PALABRA

O ministério do pastor começa com a prática da Palavra. Ele é um exemplo de praticante da Palavra para os crentes, mas também deve ser um fiel pregador e mestre da Palavra.

Neste aspecto específico, o pastor dever preocupar-se tanto com os falsos ensinamentos na igreja quanto com a nutrição dos fiéis. Algumas pessoas acham que se simplesmente alimentarmos os crentes eles estarão protegidos dos falsos mestres e ensinamentos, mas isso não é verdade. Certamente o apóstolo Paulo alimentou os crentes com a Palavra de Deus e mesmo assim muitos deles se desviaram dando ouvidos aos falsos ensinamentos. Isso levou o apóstolo a combater e orientar aos presbíteros das igrejas para que também lutassem contras os falsos mestres. Porém, devemos ter o cuidado para não enfatizarmos mais um lado do que o outro, pois isso também seria prejudicial para a igreja.

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A PREGAÇÃO REVELA OS FALSOS MESTRES:

Paulo alertou que nos últimos dias surgiriam falsos mestres que ensinariam doutrinas de homens e de demônios nas igrejas (1 Timóteo 4.1-6). O fato de sermos cristãos e de amarmos a Deus não nos torna imunes aos falsos ensinamentos. Por isso, o pastor deve pregar a verdadeira doutrina da Palavra para revelar os falsos mestres e seus ensinamentos.

Os falsos mestres fazem com que muitos se desviem da fé evangélica (2 Timóteo 4.1-4; 2 Pedro 3.13-18). Nos últimos dias as pessoas se cercarão de mestres „segundo a sua própria cobiça‟. Elas darão mais ouvidos àqueles que puderem ocultar a verdadeira mensagem do Evangelho enquanto pregam aquilo que satisfaz aos seus ouvidos. Nós devemos ter cuidado com os pregadores que nos seduzem com suas palavras de maneira que o conteúdo pregado seja desconsiderado. Nem tudo que é pregado hoje em dia corresponde verdadeiramente ao reto ensino da Palavra de Deus. Ao pregar o que as pessoas querem ouvir e não a Palavra de Deus em verdade, os falsos mestres afastam os crentes do verdadeiro evangelho e da sã doutrina.

Como reconhecer um falso mestre?

O falso mestre é usado tem um espírito enganador (1 Timóteo 4.1). A palavra „enganador‟ significa „que distrai; que induz a alguém a crer no que é não é verdade‟. Qualquer pessoa que ensina aquilo que é explicitamente contrário à Bíblia tem um espírito enganador. Note, porém, que não estamos falando de pessoas que não possuem sólidos conhecimentos bíblicos e ensinam equivocadamente a Palavra de Deus. Estamos falando, sim, de pessoas que conhecem bem a Bíblia e distorcem suas palavras e negam suas doutrinas principais. O falso mestre é aquele que ensina ardilosamente fazendo com que a Bíblia confirme suas doutrinas particulares. Ele faz isso rejeitando os princípios elementares de interpretação bíblica, ou seja, ignorando o contexto histórico, cultural, gramatical e teológico do que está escrito.

Além de ter um espírito enganador, o falso mestre ensina falsa doutrina (doutrinas de demônios). Essas doutrinas são baseadas em filosofias e vãs sutilezas de acordo com as tradições do mundo e não segundo os ensinamentos e a verdade de Cristo (Colossenses 2.8). Tais doutrinas falsas estão recheadas de proibições e coisas estranhas às Escrituras ao invés de estar saturada da graça de Deus (Hebreus 13.9). Elas são introduzidas na igreja dissimuladamente e aparentemente parecem concordar com a Palavra de Deus, por isso as pessoas não percebem logo que elas não passam de heresias destruidoras (2 Pedro 2.1).

Paulo cita como falso ensinamento a proibição do casamento e abstinência de certos alimentos (1 Timóteo 4.3). Os falsos mestres da

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época de Paulo diziam que se o cristão fizesse estas coisas ele se tornaria mais espiritual. É claro que isso é mentira! Nós já somos espirituais porque estamos unidos a Cristo e somos um espírito com Ele (1 Coríntios 6.17). Hoje em dia os falsos ensinamentos podem ter mudado na forma desde os dias de Paulo, mas em essência são os mesmos. Qualquer ensinamento baseado em proibições juntamente com a promessa de, seguindo-as, se tornar mais crente, mais santo ou mais espiritual (agradar mais a Deus) é heresia; é falso ensinamento ensinado por um falso mestre.

O pastor deve pregar a Palavra para fortificar os crentes na graça e no conhecimento de Cristo (2 Pedro 3.18) e firmá-los no pleno conhecimento da verdade, de maneira que eles não se deixem levar por ensinamentos estranhos e diversos.

A PALAVRA DE DEUS É ALIMENTO PARA O CRISTÃO:

O pastor deve dedicar-se seriamente ao ensino da Palavra porque ela é o alimento para o cristão. Se você ensina a Palavra apenas para advertir do erro, você está protegendo os cristãos, mas não estará alimentando-os. Você pregar não somente para combater o erro, mas também para fortalecer o espírito do cristão ministrando Cristo por meio da Palavra. Ele é a Palavra viva que alimenta e sustenta o cristão.

A Bíblia se descreve como sendo mais „doce que o mel‟ (Salmos 119.103), portanto, ela deve ser desejada mais do que a comida material (Jó 23.12). Como crentes e pastores, nós jamais devemos nos afastar da Palavra de Deus; pelo contrário, devemos guardá-la bem no íntimo de nosso ser.

A Palavra de Deus deve ser „comida‟ tal qual o alimento material (Jeremias 15.16), pois ela é o alimento pelo qual o homem deve viver (Mateus 4.4). Tal alimento espiritual deve ser desejado ardentemente como as crianças recém nascidas desejam o leitor materno (1 Pedro 2.2).

Visto que a Palavra de Deus é o alimento do cristão, o pastor deve ser como uma mãe que dá de mamar para o filho. Quando a mãe começa a amamentar, ele sente alguma dor enquanto o filhinho suga com vigor o leite materno. Mas, ao mesmo tempo, ela também sente prazer. O pregador da Palavra também deve sentir dor (responsabilidade) e prazer (alegria) ao proclamar a Palavra de Deus para alimentar o rebanho de Deus.

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Lição 8 – Questões Para Revisão 1. Quais são as duas coisas básicas que os bons pastores fazem em

relação à Palavra de Deus?

2. Quais são algumas das maneiras pelas quais os pastores mostram que estão praticando a Palavra de Deus?

3. Quais são os dois aspectos que os pastores devem trabalhar igualmente na pregação?

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LIÇÃO NOVE

O PASTOR SÊNIOR E A EQUIPE PASTORAL

Versículo-Chave “A uns estabeleceu Deus na igreja, primeiramente, apóstolos; em segundo lugar, profetas; em terceiro lugar, mestres...” (1 Coríntios 12.28).

INTRODUÇÃO

É nossa firme convicção que Deus escolhe, chama, aponta, unge e equipa aqueles a quem Ele quer para liderar Sua Igreja. Ele delega níveis de autoridade a quem Ele quer e da maneira como Ele quer. E nós cremos também que o modelo bíblico de pluralidade de liderança ainda é válido para a Igreja hoje em dia. Pluralidade de liderança, contudo, não impede que Deus aponte, entre uma equipe de líderes ou pastores, um que liderará essa equipe.

Nesta lição, nós estudaremos a importância do pastor sênior e o relacionamento na equipe pastoral (presbitério).

O PASTOR SÊNIOR

Como já mencionamos acima, a pluralidade de liderança na igreja local não impede que Deus aponte, entre uma equipe de líderes ou pastores, um que liderará essa equipe.

Por exemplo, quando Pedro escreve o capítulo 5 de sua primeira epístola, ele mostra claramente a sua posição de liderança: “eu, presbítero como eles”. Pedro se posiciona como um dos membros da equipe pastoral da Igreja e não reivindica qualquer autoridade especial para si mesmo. Ele não se posiciona como líder sobre os demais pastores, mas sim entre os pastores. Na prática, isto significa que Pedro exercia sua liderança como um coordenador das atividades dos Doze e, portanto, como porta-voz do grupo (Atos 1.15; 2.14; 4.8; 5.3; 5.29; etc.) e não como um dominador ou controlador.

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Note, porém, que Paulo escreveu, por exemplo, que Pedro era uma das “colunas” da Igreja em Jerusalém, somando-se a ele Tiago e João (Gálatas 2.9). Pedro era, portanto, primos inter paris – “o primeiro entre os iguais”, o que ilustra muito bem o papel do pastor sênior na coordenação e liderança da equipe pastoral da igreja. O pastor sênior é um pastor como todos os demais pastores, mas ele é aquele que lidera ou coordena entre os demais pastores. (Ver Tiago, que também era um líder entre líderes - Atos 12.17; 15.1, 13, 22).

O pastor sênior é aquele, dentre os demais pastores, a quem Deus dá a graça e unção para liderar uma igreja local. Ele é aquele que recebeu de Deus uma visão para estabelecer uma determinada igreja com características próprias. Ele tem a “planta” dada por Deus acerca da obra a ser realizada em determinado lugar pela igreja que Deus colocou Sob os seus cuidados.

Entre os privilégios e responsabilidades do pastor sênior, podemos citar:

Ser capaz de estabelecer a visão de Deus para a igreja local.

Estabelecer e preservar os valores, prioridades, filosofia de ministério e estruturas da igreja.

Ser capaz de descobrir, treinar, equipar e liberar outros líderes.

Poder de liderança e decisão finais nas decisões.

Assumir a responsabilidade final pelas decisões.

Prestar contas de seus Atos e decisões aos demais.

Ser um servo dos demais.

Dar mais de si.

Ser o mais maduro.

Apontar líderes.

Corrigir os líderes.

A EQUIPE PASTORAL

Apesar de ser o primeiro, o pastor sênior não é o único pastor da igreja. A igreja também é liderada pelo presbitério (1 Timóteo 4.14). O presbitério é o corpo de pastores locais. Nós o chamamos contemporaneamente de “Equipe Pastoral”. A Equipe Pastoral é formada por líderes com unção e chamado diferentes (Efésios 4.11), porém, com prioridades, metas e estratégias comuns.

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Os pastores (membros da equipe pastoral) são co-iguais em função, isto é, eles compartilham as mesmas responsabilidades perante Deus e devem trabalhar em unidade para executar a manifesta vontade de Deus. Embora sejam co-iguais em função, eles não são co-iguais em habilidade (Mateus 25.15), dons (Romanos 12.6), ou ministérios (Efésios 4.11-12).

Por ser um grupo formado por pessoas com gostos e pensamentos próprios, é inevitável que haja diferenças de opiniões e atitudes para com determinados assuntos. É possível também que, devido aos níveis diferentes de graça, unção, conhecimento bíblico e visão, os membros da equipe pastoral nem sempre tenham a mesma mente acerca dos assuntos a decidir.

No entanto, é possível buscar um alto nível de concordância e unanimidade ao tomar decisões e elaborar metas e planos para a igreja. Para que isto aconteça, alguns princípios devem estar bem claros na mente de todos os membros da equipe e colocados em prática constantemente.

Há diversos princípios que devem governar as decisões e planos de uma equipe pastoral ou de liderança. Praticar estes princípios é uma questão de decisão pessoal. Todo verdadeiro líder que faz parte de uma equipe deverá tomar decisões baseando-se nos seguintes princípios:

1. Reconhecer a primazia da Palavra de Deus.

Nossas opiniões e conselhos devem ser deixados para trás e a Bíblia deve ser colocada à frente de todas as nossas decisões. O que desejamos fazer está de acordo com a Bíblia? Quebra algum princípio bíblico?

Quando colocamos a Palavra de Deus acima de nossas opiniões e idéias, nós aprendemos a valorizar o que Deus valoriza e a dar prioridade ao que Deus diz que é mais importante.

2. Manter-se dentro de nossa visão, prioridades, valores, declaração de fé, filosofia de ministério e estruturas de crescimento.

As nossas decisões e planos facilitarão o cumprimento de nossa visão? Estão dentro de nossas prioridades? Concordam com nossos valores? Fomentam, facilitam, cooperam com nossa filosofia de ministério? Promove nossas estruturas de crescimento?

3. Não ser independente.

Toda decisão deve ser tomada em conselho. Nenhum líder deverá decidir questões que se relacionam ou afetam a igreja como um todo sem

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consultar os demais líderes. Não avançar sozinho, mas com os demais pastores. Não seguir uma direção sem o aval da equipe. Quando cada líder se aventura a dar conselhos e sugestões baseado em sua própria opinião e conhecimento pessoal sem consultar o que os demais líderes pensam ou sabem sobre o assunto, pode-se minar a autoridade da equipe e causar insegurança aos irmãos que buscam conselho.

4. Enfatizar a unidade.

A unidade da equipe é refletida em diversas maneiras. Na linguagem, por exemplo, ninguém enfatiza a individualidade, mas sim a unidade: “nossa igreja, nosso ministério, nossos valores, nossas prioridades, nossas estratégias, nossas decisões, nosso rebanho, etc.”. Não importa se a idéia foi minha ou não; não importa se o Senhor me usou para trazer à luz a solução de uma decisão ou não; o que importa é que eu enfatizarei a unidade em tudo – “nossa decisão...”, o “Senhor nos falou”, etc.

Quando houver discordância sobre doutrinas ou práticas não essenciais, o mais importante será preservar a unidade, ao invés de argumentar sobre as diferenças.

5. Estabelecer a autoridade dos outros e não a sua.

Uma das maiores provas de que estamos sob o governo de Deus é a nossa submissão aos nossos pares. Um líder não deve procurar estabelecer a sua própria autoridade, mas sim a dos outros. Ele deverá estar ocupado em governar a sua própria vida, pois quem se autogoverna não se sente ameaçado quando outros líderes surgem na igreja.

O líder espiritual não luta para manter ou estabelecer a sua autoridade na igreja, mas sim para que outros sejam levantados e cresçam.

Nunca se deve minar a autoridade dos companheiros de liderança falando de suas limitações ou deficiências para outros. De fato, nunca devemos comentar sobre as debilidades de outro líder perante o rebanho.

Quando vemos aspectos negativos na liderança ou ministério de um colega, devemos procurar uma maneira de ajudá-lo sem magoá-lo ou menosprezar o que ele tem feito para o Senhor dentro de suas limitações.

6. Andar em transparência, sinceridade e integridade.

Quando perceber uma falha ou aspectos negativos num companheiro, falar pessoal e francamente com ele sobre isto. Porém, isto não deve ser feito de maneira ameaçadora, mas com humildade e amor. Ao invés de fazer afirmações, faça perguntas: “Você não acha que deveria...?” “O que você acha de...?” Fale sempre a verdade, mas com espírito de amor.

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Não oculte seus próprios erros, falhas, dúvidas, posicionamentos e idéias diferentes, etc., mas busque as orações e a ajuda da equipe. Atos 20.28 recomenda: “Cuidai de vós mesmos...”. A primeira preocupação dos líderes é com os membros da equipe pastoral; depois, com os membros da igreja.

Seja sincero no seu trato com os demais; mantenha-se íntegro no seu relacionamento com seus companheiros de jugo.

7. Não se endurecer quando corrigido, repreendido ou quando suas idéias e opiniões não forem consideradas, aceitas.

Quando nosso objetivo é ser como Jesus, nós recebemos de bom grado repreensões, correções e até mesmo a indiferença da parte dos outros. Nós vemos em cada circunstância uma oportunidade para sermos tratados e nos parecer mais com Jesus.

Quando a nossa prioridade e objetivo é o avanço do reino de Deus, a vontade de Deus, então podemos aceitar muito bem quando nossas idéias e opiniões não são consideradas ou aceitas.

Evite ressentir-se com seus companheiros considerando que o Espírito Santo está no controle e que, portanto, cada decisão tomada está sendo dirigida por Ele. Se Ele está no controle, então é uma boa coisa quando nossas opiniões – se não expressam a vontade de Deus - não são acatadas.

8. Ter como meta demonstrar graça para com os irmãos.

A graça de Deus aceita o inaceitável, toca o intocável e alcança o inalcançável. Por isso, nós precisamos decidir andar em graça e demonstrar aos outros a mesma graça com que fomos alcançados.

Não devemos nos ressentir quando alguém nos chamar a atenção indevidamente ou se equivocar num conselho que nos deu, ou quando fizer uma observação que não corresponde à nossa verdade pessoal.

Nós devemos preferir a amizade e o estar bem com os irmãos do que ter razão. Daí nós precisamos ter muito amor e graça ao discordarmos dos outros.

Demonstrar graça também implica em dar liberdade para cada um se expressar com as características que Deus lhe deu e não constranger ninguém a falar, vestir ou agir como os demais.

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9. Não impor suas idéias sobre os outros.

Um líder espiritual pode estar vendo o que ninguém mais vê e ouvindo o que ninguém mais ouve; porém, mesmo assim, ele esperará até que o Senhor mostre a e fale com os demais líderes.

Ele entende que o Senhor fala com os demais assim como fala com ele, que ele não é mais especial que os outros e que também pode estar errado como os demais.

O líder espiritual compreende que é apenas mais uma peça no quebra-cabeça e que os demais – assim como ele mesmo – podem ser usados para trazer soluções e estratégias da parte do Senhor.

10. Jogar em equipe.

Em tudo o que se fizer, procurar fazer em equipe. Não é só decidir em equipe; também é necessário fazer em equipe. A igreja é um corpo, mas na maioria das vezes a liderança não funciona de acordo com esta figura. É imperativo que cada membro da equipe saiba jogar em equipe, que conheça seu lugar no time, mas também que conheça o posicionamento dos demais, respeitando e cooperando para que os outros sejam bem-sucedidos em suas funções e ministérios.

Lição 9 – Questões Para Revisão 1. Há alguma base bíblica que possa apoiar a idéia do pastor sênior?

Qual?

2. Quais seriam as funções de e/ou requisitos para o pastor sênior?

3. Você pode escrever pelo menos três coisas que ajudam no relacionamento entre os pastores?

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LIÇÃO DEZ

A VISITAÇÃO PASTORAL

Versículo-Chave “Portanto, vigiai, lembrando-vos de que, por três anos, noite e dia, não cessei de admoestar, com lágrimas, a cada um” (Atos 20.31).

INTRODUÇÃO

O cuidado pelo rebanho é a principal obra do pastor. O pastor é o encarregado de um rebanho. É seu dever guiar, apascentar e defender o seu rebanho. O mandamento divino é:

“Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue” (Atos 20.28).

O pastor deve ser um amigo cristão de toda a confiança para o rebanho. Ele deve conhecer as pessoas pelo nome e guiá-las ao bom pasto (João 10.3-4). Cada membro de seu rebanho é uma pessoa que o Senhor colocou sob o seu cuidado, e se o pastor digno desta confiança, ele será aquele que vela pelas almas como quem delas dará contas (Hebreus 13.17).

Paulo, quando estava em Éfeso, ensinava publicamente de casa em casa. Em sua despedida final aos pastores de Éfeso, eles lhes encarregou de cuidarem de si mesmos e de todo o rebanho (Atos 20.28). O próprio exemplo de Paulo foi o de “por três anos, noite e dia, não cessei de admoestar, com lágrimas, a cada um” (Atos 20.31).

A visitação pastoral – o cuidado pelas almas – é uma parte essencial da obra do pastor. Nenhum pastor cumpre com a responsabilidade do ofício se é negligente em fazer contatos pessoais com os membros de seu rebanho.

Para cumprir com este dever é óbvio que não há regras que possam ser aplicadas em toda e qualquer situação. Cada homem é diferente em suas características e maneira de ser; da mesma maneira, cada pastor terá melhor sucesso com seu próprio método. As igrejas também são diferentes em suas circunstâncias e estilo de vida. Um método que serve

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para uma igreja pode não servir para outra. O principal é que o pastor precisa ter uma comunhão pessoal com os membros de sua congregação. Ele deve ter um plano fixo para fazê-lo. As sugestões que nós daremos a seguir, então, são gerais e tem a ver unicamente com os limites de seu dever e os métodos de realizá-lo.

OS LIMITES

No horário do pastor, quanto tempo deve ser dedicado à visitação? Sem dúvida, a pregação e o ensino público devem ter prioridade. No ministério público, o pastor está rodeado por seu rebanho e diante do mundo como o embaixador de Deus e pregador e defensor da Palavra de Deus. Nenhum dever privado pode superar a dignidade e responsabilidade desta grande obra pública. Nenhuma súplica de exigências pastorais pode desculpar o pastor de ser negligente em preparar-se bem para servir na pregação pública. Isso é essencial e principal.

No entanto, o pastor deve visitar cada família e cada Pessoa da congregação (se isso é possível). Na maioria das igrejas não há nenhuma razão pela qual isso não possa ser feito pelo menos uma vez a casa ano. Em algumas, seria possível fazê-lo mais frequentemente. Tendo um plano e guardando tempo em seu horário também é possível visitar uma congregação numerosa.

Suponhamos que, além das visitas aos enfermos e os casos de emergência, o pastor faz 6 visitas a cada semana. Parece que são poucas, porém, em apenas seis meses ele pode visitar mais de 150 famílias. Por regra geral, a média das igrejas não tem tantas famílias assim, então deve ser possível cumprir com isso em duas ou três tardes por semana. Assim, o pastor se coloca em comunhão pessoal com o povo da igreja e acrescenta algo a sua pregação que jamais pode acrescentar por meio do estudo.

Nas igrejas onde há somente um pastor (o que está fora do padrão bíblico) tem sido estabelecido na igreja que, pela grandeza da igreja e as exigências de outros deveres, o pastor não pode fazer muito mais que visitar aos enfermos ou outros casos especiais. A solução, então, seria estabelecer mais pastores e dividir a tarefa da visitação.

O pastor deveria visitar aqueles que não são membros da congregação?

Ao responder a pergunta, temos que levar em conta o tamanho de seu rebanho, seus talentos e os limites de sua força. O Senhor não pede mais do que podemos cumprir. Se levarmos em conta que, por regra geral, apenas 20% da população freqüenta assiduamente uma igreja evangélica, nós temos razão de perguntar „como eles serão alcançados‟?

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Um pastor que prega todo domingo numa igreja média cheia deve perguntar-se se é prudente esperar que as pessoas venham ouvi-lo ou se ele deve sair em busca delas com o evangelho. Se ele não pode fazer isso, ele deve treinar e organizar obreiros que possam enfrentar essa situação. Pois a inspiração e organização de tal obra de visitação de casa em casa está entre os deveres mais importantes do ministério pastoral. Em igrejas com grupos pequenos, os líderes e seus grupos poderiam se responsabilizar por isso.

Nenhum esforço cristão é mais frutífero e abençoado do que a visitação de casa em casa, pois este foi o método básico de crescimento numérico e espiritual da igreja primitiva (Atos 2.42-47; 5.42). Ele serve tanto para ajudar os irmãos da igreja para desenvolver seus talentos quanto para despertar e converter aos perdidos.

O MÉTODO

Não se pode sugerir nenhum método que servirá para todos os ministérios. Então, você pode aproveitar e adaptar o que lhe serve e ignorar o restante.

O propósito da vida do pastor deve ser o bem-estar espiritual do rebanho. Há ocasiões para visitas que são para cortesia e amizade, porém quase sempre sua finalidade deve ser a de entrar em contato com o povo para saber de sua experiência cristã e ajudar-lhes a superar o que lhes impede de entregar-se a Deus de todo o coração. O ministro que vai de casa em casa conversando unicamente sobre os temas de interesse mundial é negligente em cumprir com seu chamado e aos olhos do Mestre é um fracasso em cuidar das almas entregues a ele.

A visita deve ser espiritual, porém, por sua vez, deve ser informal. Uma cara fechada e um estilo formal não é condizente com a conversação sobre temas espirituais. O pastor vem como um amigo cristão com um interesse profundo no bem-estar espiritual da família. Ao tratar de suas almas ele deve usar um estilo natural para tranqüilizá-los e ganhar sua confiança.

Alguns pastores têm algumas perguntas e exortações que repetem a cada visita. Um método tão rígido e não natural não tem poder moral. É um estilo formal e profissional. A conversa com o povo sobre sua relação com Deus é sempre delicada e demanda o melhor do pastor. Ele tem que tocar o tema do pecado com firmeza, porém, com amor. Aquele que sabe fazer isso bem mudará a atitude da pessoa sem ofendê-la. Ele deve fazer isso de tal forma que estará seguro de ter uma recepção cordial em sua próxima visita.

O pastor não deve olhar por alto a ninguém na casa. Empregados, crianças e velhos devem compartilhar de sua atenção. Devemos visitar tanto os ricos quanto os pobres, os crentes e os não crentes. Por isso, é

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melhor ter um plano para sua visitação. Assim todos saberão que você não tem nenhum favorito e que, no que lhes diz respeito, eles receberão a mesma atenção que os demais.

Por regra geral, a visita deve ser curta. Muitas vezes as circunstâncias controlam o tempo que de permanecer. Se passarmos muito tempo é quase certo de que ficaremos falando de temas deste mundo. Às vezes, os desatentos pedem que o pastor os visite cedo e fique até o almoço. Tenha o cuidado para não ceder a tais situações inoportunas. Algumas vezes isso pode ser bom, mas não sempre, pois isso tira o seu tempo de estudo e não contribui tanto para o bem-estar espiritual da família. Além, pode nos impedir de fazer mais visitas ou visitar pessoas mais necessitadas.

Uma visita pastoral deve ser confidencial. Não temos direito de encorajar as pessoas que compartilhem conosco coisas privadas e depois saiamos a compartilhar esse conhecimento com todo o bairro. Isso é violar uma confiança sagrada. Fazendo isso, muitos pastores têm destruído sua influência e fechado a porta à confiança do povo.

Acima de tudo, o pastor deve recordar de deve instar „a tempo e fora de tempo‟ (2 Timóteo 4.2). Ele deve aproveitar-se de toda oportunidade, nas lojas, no escritório, na escola, nos lares, nas ruas, e instar para que as pessoas se voltem para Deus. O seu desejo deve ser o de levar as pessoas a Cristo em todos os lugares. Se o pastor é prudente, ele vai levar em consideração os limites do tempo e do ambiente, porém, não deve perder nenhuma oportunidade para falar de Cristo. O cuidado das almas é a obra de sua vida. A salvação, continuamente, deve ser o tema de sua conversação.

Como regra geral, é melhor falar com os não crentes quando estamos sozinhos com eles, porque desta maneira eles estarão mais propensos a expressar-se. A falta de dedicação em falar da salvação é um dos defeitos mais lamentáveis na vida do ministro.

AS VANTAGENS

O crescimento espiritual do pastor está relacionado à sua fidelidade em entrar em contato com as pessoas na igreja. Sempre há o perigo de que ele retroceda e se torne um profissional. É possível estudar as grandes verdades da Palavra de Deus unicamente para sua preparação de sermões sem pensar em sua aplicação pessoal a si mesmo e para os de sua congregação. Se ele não está com consciente de sua relação pessoal com Deus, ele vai ler, estudar e orar pensando unicamente nos demais. É possível aumentar seu conhecimento bíblico e seu poder profissional quanto à homilética e eloqüência e, por sua vez, retroceder em sua vida pessoal como crente.

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O contato pessoal com as almas na visitação pastoral traz o assunto de viver a vida cristã diante de nós, não tanto como teoria, mas sim como realidade pessoal. Nisto temos que tratar com a vida cristã no concreto e no abstrato. Nisto somos testemunhas do poder de Deus em consolar aos angustiados, fortalecer aos tentados, guiar aos perplexos e triunfar sobre as múltiplas tentações. Nossa alma experimentar tudo isso como um fato vivo. Ao ministrar aos demais nós encontramos aquilo que nos falta para elevar nosso espírito e aproximar-nos mais de Deus. Isto desenvolve em nós um amor mais amplo com o fim de sermos cristãos mais nobres e genuínos.

A visitação também nos oferece uma oportunidade para estudar as pessoas em sua vida real; seu caráter, opiniões, tentações, aflições e pecados. O pastor bem sucedido tem que ser um estudante de sua congregação. Um pastor recluso gasta mal uma grande parte de seu esforço porque não pode adaptar a sua pregação à vida real. Pode ser que seu sermão seja quase perfeito no que é retórico, lógico, cheio de aprendizado e ortodoxo, porém, ele será importante para mover o povo porque não se trata de sua experiência pessoal. Não tira suas perplexidades, não toca seus pecados em particular, não se trata de perguntas vitais em sua vida. O pregador não está sintonizado com a vida real da congregação e o sermão, ainda que bem preparado, não os toca e nem os abençoa. Temos que estudar a congregação em todas as suas múltiplas facetas sob o poder do pecado e da graça de Deus. Um antigo pregador disse que nós „temos que estudar três livros: a Bíblia, a si mesmo e ao seu povo‟.

A visitação pastoral é um processo que nos enriquece mentalmente. No estudo da vida e da experiência, como o pastor as encontra ao passar continuamente de casa em cada, ele está alcançando novas perspectivas. Em suas conversações, novos vislumbres da verdade se abrem diante dele e destas visitas ele regressa a seu estudo com novos textos e novos temas para sermões, juntos com ilustrações novas de experiência e doutrina.

Além disso, estas visitas formam uma relação espiritual e pessoal entre o pastor e a sua congregação. Assim, a congregação se torna muito mais atenta à sua pregação. O homem com o qual você tem falado, com sabedoria e ternura, sobre as verdades espirituais não pode tapar seus ouvidos quando você prega. Tampouco lhe escutará simplesmente porque ele admira seu empenho na pregação. Ele tem um sentimento mais profundo. Ele lhe inclina, não somente seu ouvido crítico e intelectual, mas também seu ouvido espiritual e lhe escuta porque é sincero em buscar o que precisa para seu bem-estar espiritual. Isso, sem dúvida, é o segredo do pastoreado bem sucedido, ainda quando não grande eloqüência na pregação. É que o pastor tem estabelecido relacionamentos espirituais com seus ouvintes e, para eles, ainda que seus sermões sejam medíocres, estão cheios de poder divino. Uma excelente pregação pode

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atrair a popularidade, porém, é somente o vínculo espiritual entre o pastor e a congregação que rende fruto espiritual.

A visitação pastoral leva o pastor à porta do povo que ele não pode alcançar através da pregação na igreja. Em cada lugar há anciãos que precisam de ajuda espiritual em suas debilidades. Há também enfermos e angustiados que se alegram em escutar palavras de consolação e esperança. Há também aqueles que são indiferentes, os quais devem ter um convite e advertência. O pastor é o representante de Deus, encarregado de falar com tais pessoas.

Além disso, a visitação pastoral é a melhor maneira de abençoar e cimentar a relação pastoral. Nos últimos anos os pastores não têm ficado muito temo na mesma igreja. Um pastor está bem estabelecido e trabalhando bem, mas já está pensando em mudar-se. Pode ser que a falta de visitação pastoral, realizada tão fielmente por nossos antecessores seria, em parte, uma explicação para isso? Os da igreja nunca têm a oportunidade de sentir a vida espiritual pessoal do pastor. O resultado é que não têm confiança nele e seu ministério não está sintonizado com suas necessidades. O único vínculo entre eles é a pregação pública. Quando se cansam de sua voz, de sua maneira de ser e de seus pensamentos, eles estão prontos para mudar de pastor.

Quando o pastor não é fiel às almas em particular, elas têm dúvidas de sua sinceridade. No domingo ele se apresenta e proclama as verdades mais solenes e os anima a tomar uma decisão, porém, durante a semana ele fala com elas sem nenhuma exortação nem advertência. No púlpito ele ameaça o incrédulo com o juízo de Deus, porém, se encontra com ele em sua casa ou na rua sem manifestar nenhuma preocupação por seu bem-estar espiritual. Tal inconstância prejudica a confiança que o povo deve ter em seu pastor e não há um vínculo para unir o pastor e o povo. Porém, a relação entre o pastor e o povo, ordenado por Deus, é sagrada e duradoura. Sendo encarregado pelo cuidado das almas, ele deve circular entre seu rebanho como seu orientador espiritual e amigo.

A VISITAÇÃO DOS ENFERMOS

Esta é uma das responsabilidades mais difíceis que caem sobre o pastor. Às vezes, lhe cabe guiar as almas que se encontram na fronteira da eternidade. Em tal caso, o que se diz deve ser com franqueza e urgência. Por isso, nós temos reservado este tema para uma consideração especial no próximo capítulo.

Devemos educar as pessoas para avisar aos pastores quando alguém está doente. Às vezes o criticam por não visitar aos enfermos quando ele nem sabia que eles estavam enfermos.

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Quando é possível, devemos visitar aos enfermos depois de descansar bem e depois de comer. Assim, não há tanto perigo de contagiar-se com as enfermidades. Se você sabe que alguém tem uma doença contagiosa, seria prudente averiguar sobre as precauções que se deve tomar. Depois da visita devemos usar desinfetantes para não expor outros ao perigo. Se é prudente ou não visitar a alguém, sabendo que tem uma enfermidade contagiosa, é uma decisão que o pastor tem que tomar.

Antes de cada visita, devemos preparar-nos bem estudando e orando. Devemos ter um bom estado de ânimo espiritual. Também devemos ter em mente porções da Bíblia que podemos adotar às distintas condições e necessidades dos enfermos. Devemos estar equipados com boas ilustrações da salvação ou qualquer estado espiritual do enfermo. Quando o pastor estar ao lado da cama do enfermo ele deve ser um amigo compassivo.

Quanto a sua maneira de ser, é importante ser natural, simpático e alegre. Devemos ajudar ao enfermo a relaxar e animá-lo a confiar. Nossa voz deve ser terna e doce, não demasiadamente forte. Exceto nas circunstâncias anormais, a visita deve ser breve. A negligência nestas coisas destruirá o fruto da visita e, em alguns casos, excluirá o pastor de visitar aos enfermos.

Quanto à conversação com os enfermos, é difícil dar regras fixas. O bom senso do pastor sugerirão o melhor método em cada caso. O principal é um bom entendimento da condição espiritual do enfermo porque, além dele, o pastor não saberá como dirigir suas palavras e ainda é possível levar-lhe à conclusões errôneas. Não devemos tratara de consolar um coração em rebelião a deus. O que precisamos é advertir com amabilidade. Por falar um pouco com o enfermo podemos ver uma manifestação de seu coração e assim podemos falar mais diretamente sobre sua necessidade. Se o enfermo já é crente, devemos tentar saber se tem paz cm Deus. Se não, devemos averiguar sobre o que lhe impede e tentar levá-lo a Deus. Se ele não é crente, devemos averiguar sobre o que lhe impede de entregar-se a Deus e, se for possível, ajudá-lo a ser salvo.

Devemos ser claros em nossa explicação para evitar que ele tenha uma experiência religiosa e só isso. Não devemos usar palavras vagas como „você deve buscar a Cristo‟. Explique-lhe quem é Cristo, o que tem feito e que temos que nos arrepender de nossas pecados para que possamos receber o dom da salvação. Em todo caso, devemos falar de Cristo e a amplitude de Sua graça, poder e a esperança com a qual Ele nos brinda. Devemos guiar os pensamentos do enfermo a Cristo como um Salvador vivo, pessoal e um amigo todo poderoso.

Sempre devemos orar pelos enfermos. No caso de alguém estar gravemente enfermo, quase sempre, isso é tudo o que poderemos fazer. Então, devemos fazê-lo com poder. Se aquele que sofre está na fronteira

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da eternidade, devemos buscar e esperar a direção de Deus quanto às palavras de nossa petição, tentando levar o enfermo ao trono da graça.

Tiago ensina que os presbíteros orem pelos enfermos com a unção de óleo (Tiago 5.14-15). O papel do pastor não é somente consolar o enfermo e levá-lo a Deus em sua enfermidade. Ele também deve orar pela cura do enfermo. Se a doença for causada pelo pecado, a pessoa deve ser guiada à confissão de pecados e cura da alma. Havendo arrependimento e fé – a oração da fé – o pastor deve orar pela cura do enfermo, ungindo-o com óleo.

Os tempos de enfermidade brindam ao pastor com o acesso aos lares e corações de seu rebanho e, se os aproveitarmos bem, pode adicionar grandemente ao seu ministério e fomentar um vínculo de amor entre você e os visitados. Se o pastor é negligente em atender aos afligidos e enfermos, ele é culpado de não cumprir com a obrigação sagrada de seu ofício e sofre rejeição tanto dos piedosos quanto dos ímpios.

Por fim, destrói também o poder de seu ministério na pregação pública. Por isso, ele deve esforçar-se por estar tanto com os que estão enfermos ou afligidos e ser pontal em visitá-los com o espírito de seu Mestre e com o amor terno e genuíno de um amigo cristão.

Lição 10 – Questões Para Revisão 1. Qual é a importância da visitação pastoral?

2. Quais sãos alguns dos limites da visitação pastoral?

3. Quais são algumas características do método sugerido nesta lição?

4. Quais são algumas das vantagens de usar um método e de fazer a visitação pastoral?

5. Quais sãos algumas coisas importantes que devemos considerar ao visitarmos os enfermos?

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LIÇÃO ONZE

NASCIMENTOS, CASAMENTOS E VELÓRIOS

Versículo-Chave “Jamais deixando de vos anunciar coisa alguma proveitosa e de vo-la ensinar publicamente e também de casa em casa” (Atos 20.20).

INTRODUÇÃO

Na lição anterior nós vimos a importância da visitação pastoral e sugerimos algumas linhas sobre como o pastor deve proceder em suas visitas, incluindo a visitação aos enfermos.

Nesta lição, nós trataremos três deveres pastorais que não se encontram nas Escrituras, porém, são importantíssimas para o ministério pastoral efetivo: celebrar nascimentos, casamentos e velórios.

A Bíblia nada fala da responsabilidade do pastor em prover algum tipo de solenidade para nascimentos, casamentos e velórios. Porém, não é uma tradição que vai contra as Escrituras e que é naturalmente esperada da parte da membresia da igreja. Assim, é uma questão de teologia pastoral, um dever implícito do pastor. Portanto, não é um pecado, e não deve ser um problema, se uma igreja ou um pastor prestigia ou não estes deveres pastorais.

A forma de celebrar tais cerimônias é uma questão de tradição e cada pastor escolhe a melhor maneira de fazê-lo. Não há regras universais aqui e deve haver uma concordância entre o pastor e os interessados (pais, noivos e familiares) sobre como proceder. Algumas pessoas contratam um „cerimonial‟ profissional para organizar a parte social da celebração, encaixando apenas o sermão e/ou as bênçãos do pastor na programação.

No entanto, nesta lição, nós queremos dar algumas sugestões práticas sobre como realizar essas cerimônias. Você é livre para aprender e usar outras formas. Seria útil também você participar de algumas cerimônias de nascimento, casamento e morte com o intuito de colher algumas idéias.

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NASCIMENTOS

A cerimônia tradicional para celebrar os nascimentos no âmbito da igreja geralmente é chamada de „apresentação de crianças‟ ou „consagração de crianças‟. A tradição de tal apresentação é a substituição evangélica para a circuncisão judaica e o batismo infantil católico, duas práticas que não são apoiadas pela maioria dos cristãos evangélicos. Somente algumas poucas denominações evangélicas substituem a apresentação de crianças pelo batismo infantil.

A PROGRAMAÇÃO:

O programa é e deve ser simples. Geralmente não se usa uma ocasião especial para isso, apenas reunião dominical da igreja.

Num dado momento da reunião, o pastor chama os pais e a criança recém-nascida e apresenta-os à igreja. Ele faz uma breve exposição da importância da prática de apresentar as crianças na igreja e sobre o papel dos pais e da igreja na educação espiritual e social das mesmas.

Depois, o pastor unge os pais e a criança com óleo, orando por eles e abençoando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

Isso é tudo!

O SERMÃO:

Na verdade, não há um sermão, no sentido técnico do mesmo, na apresentação de crianças. O que o pastor deve fazer é, como já foi mencionado, simplesmente expor a importância desta prática segundo a visão dele e/ou da igreja e o papel dos pais e da igreja na educação espiritual e social das mesmas. Isso deve ser feito de maneira sucinta, porém, série e reflexiva.

CASAMENTOS

A PROGRAMAÇÃO:

É bom que a programação se mantenha simples e seja curta. A cerimônia deve ser breve e o sermão não deve ser demorado demais, pois a duração da cerimônia/sermão não influencia na duração do casamento!

O pastor ou outro irmão pode ser o dirigente da celebração. O dirigente deve fazer a programação juntamente com os noivos e juntos devem escolher os elementos que farão parte da cerimônia. Os elementos que nunca mudam são: o sermão do pastor, a entrada da noiva, os votos dos noivos, a troca de alianças e a declaração de casados. O restante pode ser feito ao gosto dos noivos.

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Um modelo simples de uma cerimônia de casamento seria:

1. Convite ao Culto com uma canção especial (pode ser instrumental).

2. O Dirigente introduz a reunião explicando a razão de estarem reunidos ali e faz uma oração entregando a reunião à direção do Espírito de Deus.

3. Um ou dois cânticos congregacionais ou solos são entoados.

4. O Dirigente apresenta as famílias dos noivos e dá as boas-vindas aos convidados da celebração.

5. O Dirigente pede que a congregação se coloque de pé e avisa que é hora da noiva entrar. Se o dirigente não é o pastor, ele convida o pastor à frente, bem como o noivo. Toca-se (ao vivo ou com uma gravação), a marcha nupcial e a noiva é convidada a entrar no recinto.

6. A Noiva entra com seu pai ou acompanhante. Ao chegar onde o noivo de encontra, o pai da noiva entrega-o ao noivo.

7. O Pastor dá as boas-vindas ao noivo e aos presentes, explicando a ocasião – „estamos aqui para celebrar a união de fulano e cicrana‟.

8. O pastor segue com o sermão (no próximo ponto nós apresentamos algumas sugestões sobre o que falar no sermão).

9. Ao final do sermão, o pastor pergunta se os noivos estão realmente conscientes do passo que estão dando. Em seguida, ele se dirige ao noivo e pergunta se ele recebe a sua noiva como sua esposa (ele então profere seus votos pessoais; se não, o pastor pode usar o convencional „recebe como sua legítima esposa, para amar e proteger, cuidar e honrar, proteger e ser fiel, na dor e na alegria, na doença e na saúde, na pobreza e na riqueza, na vida e na morte...?). Depois é a vez da noiva. Enquanto eles apresentam seus votos, eles começam a introduzir a aliança no dedo do outro; ao concluir seus votos eles deverão ter posto o anel completamente em seu lugar.

10. Em seguida, o pastor faz a declaração de casados. Geralmente é „pelo poder a mim conferido por Deus, pela igreja e pela constituição do nosso país, eu os declaro marido e mulher‟. E diz ao noivo: „pode beijar a noiva!‟.

11. Em seguida, os noivos se viram e saem em direção à saída. Se houverem padrinhos, eles seguem atrás dos noivos. A partir daí segue a comemoração social que alguém mais deveria organizar e não o pastor!

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O SERMÃO DA CERIMÔNIA:

Enfatize a seriedade do matrimônio como uma instituição divina, pois ele realmente foi ordenado por Deus (Gênesis 2.24-25) e Ele o considera algo muito sério (Hebreus 13.4). Simpatize com aqueles que manifestam o desejo de se casar e não trate a questão, jamais, com leviandade.

Tenha cuidado para não dizer ou fazer alguma coisa que seja contrário à seriedade e beleza do casamento. Não viole os princípios de temperança antes, durante ou após a cerimônia.

Ao dirigir-se ao casal, dê algumas poucas palavras de advertência e conselho; isso pode muito útil para eles naquela ocasião. Advirta o casal para não enganar uns aos outros; também sobre guardar segredos e reservas um do outro. Fale sobre a necessidade de tratar com o egoísmo latente em ambos e que eles tenham cuidado com as palavras ásperas.

Aconselhe ao casal a não responder com palavras duras e ferinas, mas sempre ser respeitoso um para com o outro. Que tenham uma sagrada preocupação com os sentimentos um do outro. Lembre-os de tratar a opinião do outro com respeito e nunca entrar em disputa, especialmente diante dos filhos. Instrua aos noivos para cultivar persistentemente as afeições um do outro e a demonstrar tais afeições com clareza no lar.

Fale aos noivos sobre a nova relação deles para com a sociedade e suas novas responsabilidades e deveres. Exorte-os a manter um lar cristão que realmente expressa e representa a igreja de Deus.

Advirta-os para se manterem puros e não flertarem com outras pessoas. Que nenhum deles fique sozinho com uma pessoa do sexo oposto, mas somente quando o seu cônjuge estiver por perto.

Mostre-lhes, como sabiamente o disse Dietrich Bonhoeffer, que „não é o amor que sustenta o casamento, mas sim o casamento que sustenta o amor‟. Portanto, exorte-os a não investirem somente no amor, mas num bom „relacionamento‟ cheio de amor.

VELÓRIOS

A IMPORTÂNCIA DE MINISTRAR EM VELÓRIOS:

Nos velórios, o pastor se encontra nas relações mais ternas e influenciáveis com as famílias de sua congregação. Também são algumas das relações mais perplexas e difíceis. É preciso orientação e consolo. Se não, é possível que se perca o seu bom ensino no púlpito. Quanto a isso, nós temos algumas poucas sugestões.

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SUGESTÕES PARA MINISTRAR EM VELÓRIOS:

Como regra geral, é melhor evitar um sermão formal nos velórios. Sem motivo algum, ele prolonga a reunião, para o incômodo das pessoas. Também sobrecarrega o pastor tanto na preparação da mensagem quanto no cumprimento de seu dever.

No caso da morte de uma pessoa bem conhecida na vizinhança ou uma com uma posição importante na igreja, pode ser apropriado trazer uma mensagem evangelística curta no velório. Também pode ser apropriado, se o velório está em um lugar público e as pessoas raramente tem a oportunidade de escutar a pregação.

Por regra geral, é melhor ter uma reunião breve na casa com uma forte expressão de consolo e amor do que um „culto‟ público. Normalmente se inclui na reunião a leitura da Bíblia, algumas palavras e uma oração. A música vai bem se é o que querem os familiares e se há condições.

Se o pastor vai elogiar o falecido, isso deve ser feito com poucas palavras e nunca dever ser a parte eminente. Por melhor que ele tenha sido, alguns irão recordar de algumas coisas não tão boas que ele fez. Além disso, se o pastor dedica uma boa parte da reunião fúnebre ao elogio do morto, talvez ele sinta-se na obrigação de fazer o mesmo por alguém que não era tão bom. Se não, os familiares dos outros ficarão ofendidos. E mais, elogiar muito ao falecido pode sugerir para alguns que o pastor o tinha como um preferido em detrimento de outros. Uma análise breve do caráter do defunto em tal ocasião é uma coisa delicada e difícil, e não se deve tentar fazer isso a menos que sejam em casos raros quando se trata de uma pessoa que todos tenham em alta estima.

Sempre é conveniente ter cuidado em expressar no elogio ou na oração uma opinião quanto ao caráter espiritual ou destino do falecido. Em seu grande anelo de expressar consolo é possível dizer coisas que somente o Onisciente é capaz de saber. De fato, é seu dever no enterro de alguém que tinha um bom testemunho cristão assumir que deus tem cumprido Sua promessa de levar a Ele aqueles que têm colocado sua fé no sacrifício de Cristo. Assim ele pode falar de quão ditoso seria estar na cidade celestial. Ainda assim, ele deve falar com confiança da esperança bem-aventurada e não com conhecimento absoluto.

As circunstâncias da ocasião muitas vezes sugerem o tema do discurso. Além delas, outros temas também podem ser úteis. Por exemplo, a abundância do poder do evangelho em preparar-nos para a morte por Sua graça que vivifica, justifica e santifica; a bem-aventurança do crente além da morte na presença de Cristo e a beleza e pureza do lugar sagrado onde morará; a ressurreição gloriosa dos mortos em Cristo que é o cumprimento da redenção; a certeza da esperança do crente, baseada nas

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promessas de um Deus imutável em contraste com a incerteza das esperanças mundanas.

Também é possível anunciar as grandes verdades e encontrar fontes de consolo pelo desenvolvimento informal de algumas porções das Escrituras. Por exemplo: a compaixão e ternura de Deus que se vê no fato de que Ele não encontra gozo em afligir aos Seus; o resultado sublime e bendito que Deus quer ter através da aflição; o quão passageira que são as tristezas terrenas em comparação com a alegria celestial.

Continuamente os temas que podem servir de consolo aos aflitos surgem enquanto realizamos o nosso ministério. É conveniente anotá-los e guardá-los. Quando nos cabe conduzir o serviço fúnebre de um não convertido, às vezes é difícil escolher um tema. Em tal ocasião o pastor tem que ser um „filho da consolação‟ e, por sua vez, pregar honestamente o evangelho. Ele não pode dizer nada que daria aos aflitos uma razão para pensar que seu ser querido está nos céus. Temos que permanecer fiéis em nosso juízo e conhecimento do que a Bíblia diz sobre os requisitos para a salvação. Não podemos violar a verdade bíblica que diz que a salvação é por aceitar pessoalmente a Cristo como seu Salvador e que se manifesta por sua maneira de viver. Por sua vez, o pastor deve levar em consideração que em tal momento é seu dever consolar aos aflitos. Por isso, não lhe convém falar do horrendo que é quando os não convertidos caem nas mãos do Deus vivo (Hebreus 10.31). Talvez a melhor maneira de consolar aos aflitos em semelhantes ocasiões seria falar de temas como: a brevidade e incerteza da vida; o plano de salvação; a habilidade e disponibilidade de Cristo para salvar; a redenção que os aflitos encontram na compaixão e salvação de Cristo.

Os temas acima nos dão ocasião para falar da natureza e urgência de aceitar a Cristo e são uma fonte verdadeira de consolação, sem mencionar a relação que o falecido tinha com Cristo. De todo jeito, nossa maneira de ser deve manifestar simpatia genuína pelos aflitos e apreciação pelo bom caráter e vida do falecido. Ainda que ele não fosse crente, ele pode ter sido um bom cidadão, generoso, um amigo não egoísta, um bom marido e pão, etc. Se fazemos observações podemos falar de tais características e honrar sua memória e dizer que seu falecimento constitui uma perda para o mundo.

A reunião no enterro deve ser breve porque o povo vai estar de pé. Alguns pastores lêem algo de um livro preparado para tais ocasiões, outros lêem uma porção da Bíblia que a ver com a morte, sepultura ou ressurreição. Alguns têm um discurso breve. Seja como for, devemos preparar-nos bem para a reunião. A reunião termina com a bênção apostólica seguida por uma oração.

É aconselhável visitar a família antes do velório para expressar sua simpatia e ter mais conhecimento sobre o defunto e planejar o velório.

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Nesta ocasião, o pastor serve como conselheiro e amigo. Ao planejar o velório, devemos conformar-nos aos costumes da vizinhança tanto quanto for possível. Se ele tiver influência, pode recomendar que seja feito algo simples e não caro. Extravagância e pompa em velórios são um mal que o pastor deve tratar de frear. Freqüentemente aumentam a aflição da família por deixá-la com dúvidas e ressentimentos.

Também é importante visitar a família pouco depois do velório para administrar mais consolação. Muitas vezes esta é uma boa oportunidade para o pastor falar da necessidade de tomar uma decisão quanto à sua relação com Deus desde que seus corações são ternos. É nestes dias escuros que o evangelho pode ser mais facilmente aceito. O pastor deve agir cuidadosamente com a prudência e aproveitar-se da oportunidade.

Lição 11 – Questões Para Revisão Há alguma base bíblica para que o pastor realize cerimônias de nascimentos, casamentos e velórios da igreja? Justifique.

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LIÇÃO DOZE

AS RECOMPENSAS DO PASTOR

Versículo-Chave “Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós... pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós... logo que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis a imarcescível coroa da glória” (1 Pedro 4.1-4).

INTRODUÇÃO

Não poderíamos concluir este curso sobre o ministério pastoral sem falarmos acerca das recompensas do pastor, pois cremos que já expomos claramente quais são os seus diversos deveres. Deus irá julgar os pastores infiéis que não cumprem os seus deveres (Ezequiel 34.1-10). Porém, Ele também recompensará os que cumprem fielmente com o seu ministério.

OS PASTORES FIÉIS SERÃO RECOMPENSADOS

Na parábola dos talentos (Mateus 25.14-31), o Senhor Jesus enfatiza a importância de sermos fiéis no uso das coisas que o Senhor tem colocado sob nossa responsabilidade – e são tantas!

No que diz respeito ao cuidado com o rebanho, nós devemos fazer bom uso do chamado e dos recursos que Ele nos tem dado para cumprirmos com o nosso ministério. O que o Senhor espera de nós é fidelidade no cumprimento de nosso chamado e não a quantidade de nossas realizações. Não interessa se nosso ministério ao Seu povo não tem nenhuma repercussão nacional ou nem mesmo local. Não interessa se ninguém tem ouvido falar de nós e de nossa igreja. O importante é se estamos sendo fiéis ao que Deus nos confiou e cumprindo com seriedade o nosso chamado.

Hoje em dia se valoriza e se usa como medidor de sucesso no pastorado o tamanho da igreja do pastor. Se a igreja é grande e conhecida, pelo menos na cidade, então ali existe um pastor bem sucedido. Porém, devemos prestar atenção que, na parábola dos talentos, o Senhor elogiou tanto ao que tinha 5 quanto ao que tinha apenas 2 talentos. Eles não foram elogiados pela quantidade que tinham recebido e nem pela

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quantidade que tinha conquistado, mas sim porque tinha sido fiel em fazer bom uso dos recursos que tinham recebido.

Deus não vai julgar o pastor pela quantidade de coisas que ele faz nem por quantas pessoas há na sua igreja, mas sim pelo que ele tem feito com o seu chamado e dons e talentos que tem recebido da parte de Deus, se ele tem feito um bom uso destes ou não.

Se você é um pastor fiel a Deus e ao seu rebanho, você será recompensado por Deus. Você ouvirá Deus lhe dizer:

“Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor” (Mateus 25.21).

A AVALIAÇÃO DO SENHOR É O MAIS IMPORTANTE

Nós acreditamos que o pastor deve prestar contas de seus atos a Deus e também aos homens. Ele deve ser avaliado por outros líderes e, quando necessário, ele deve ser corrigido. Porém, quando se trata de ser avaliado quando ao sucesso em seu ministério, a avaliação do Senhor é a coisa mais importante para o pastor.

Os homens podem nos avaliar segundo seus próprios critérios; as denominações podem nos avaliar de acordo com as suas doutrinas e metas específicas, mas nós devemos estar mais preocupados com as expectativas do Senhor.

Por mais importante que seja a sua auto-avaliação, o parecer do Senhor é o que realmente importa. Paulo escreveu:

“Porque não é aprovado quem a si mesmo se louva, e sim aquele a quem o Senhor louva” (Romanos 14.18).

Em Atos 20, Paulo faz um balanço de seu ministério em Éfeso e isso nos fala de diversas áreas em que Deus nos avaliará. Nós seremos avaliados:

Quanto ao nosso caráter: honesto, trabalhador, generoso, etc. (vs. 19, 33-35);

Quanto à nossa dedicação: servindo ao Senhor com humildade e lágrimas (v. 19); ensinando de casa em casa (v. 21); não considerando a vida preciosa para ser preservada (v. 24); admoestando a igreja dia e noite (v. 31);

Quanto ao nosso ministério: jamais deixando de anunciar coisas proveitosas (v. 20); testificando o arrependimento e a fé (v. 21); pregando o reino (v. 25); jamais deixando de anunciar todo o

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desígnio de Deus; pastoreando a igreja (v. 28); protegendo a igreja (vs. 29-31); visitando a igreja (v. 20, 31).

O Senhor nos julgará por estas coisas e não pelo tamanho de nossa igreja ou por quanto nós arrecadamos de dinheiro a cada ano. Por isso, nós devemos prestar mais atenção naquilo que é mais importante para o Senhor e não naquilo que é mais importante para as pessoas.

Fazer aquilo que o Senhor nos mandou fazer é mais importante do que produzir resultados que as pessoas esperam que tenhamos. O verdadeiro sucesso no ministério é fazer a vontade de Deus e ser fiel no uso do tempo e dos recursos que o Senhor nos dá, e realizar a obra que Ele nos confiou. Se estamos nos dedicando menos ao ministério do que deveríamos, aí sim temos que nos sentir culpados diante de Deus e certos de que Ele não nos recompensará.

A COROA DA GLÓRIA

O apóstolo Pedro escreveu que os pastores fiéis serão recompensados com a imarcescível coroa da glória quando o Supremo Pastor se manifestar:

“Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero como eles, e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e ainda co-participante da glória que há de ser revelada: pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho. Ora, logo que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis a imarcescível coroa da glória” (1 Pedro 4.1-4).

A recompensa da coroa da glória é para os pastores que se encaixam nos padrões de Deus para o ministério pastoral. Observe que, como Paulo em Atos 20, Pedro também apresenta qualificações de caráter, dedicação e ministério como requisitos básicos para os pastores. Aqueles que forem aprovados nestas áreas receberão a recompensa do Supremo Pastor.

É interessante notarmos que Pedro usa o título de „Supremo Pastor‟ para o Senhor. Ele mostra claramente que o presbítero/pastor é, na verdade, um co-pastor sob a responsabilidade do Senhor e a Ele o pastor deve prestar contas de seus atos. E é do Senhor que Ele deve esperar a sua recompensa. Quando esperamos a recompensa da parte dos homens, nós podemos esperar grandes decepções; mas quando esperamos da parte do Senhor, nós podemos contar com uma grande recompensa.

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Quando Jesus voltar, Ele recompensará generosamente aqueles pastores que serviram sob a Sua supervisão e foram fiéis em sua obra. Eles receberão a coroa da glória das mãos do Senhor.

A palavra „coroa‟ é traduzida do grego stephanos, que significa „um galardão de vitória‟, o prêmio que era dado aos vencedores nos jogos da época. A coroa era feita de ramos e folhas de louro (mais comum) e era dada por alguma personalidade importante. Os atletas se esforçavam ao máximo para alcançar esse prêmio. Era algo glorioso para eles.

A coroa que o pastor receberá não será uma coroa corruptível de louros, mas sim uma coroa imarcescível, incorruptível, que não perece ou murcha, envelhece ou se acaba. É uma coroa de glória que será dada por Aquele que é o Rei dos reis e Senhor dos senhores. Ela será dada aos pastores vitoriosos, àqueles que suportarem todos os sofrimentos do ministério e permanecerem fiéis até o fim.

Receber a coroa da glória não quer dizer que será, necessariamente, uma coroa literal, mas certamente é uma recompensa pela vitória no ministério. Será algum tipo de condecoração, elogio ou bênçãos adicionais que eles receberão, assim como as coroas de Apocalipse 2 e 3 serão dadas aos crentes vencedores. E, visto que o Senhor deseja dar-nos tais recompensas, nós devemos almejá-las. Se há satisfação no Senhor em dar-nos algum tipo de recompensa, nós também devemos encontrar satisfação e prazer nisso.

Você deseja ser recompensado pelo Senhor em Sua vida? Seja o tipo de pastor que Deus quer que você seja!

Lição 12 – Questões Para Revisão 1. Que tipo de pastor será recompensado pelo Senhor?

2. O que é mais importante para Deus – sucesso numérico ou fidelidade?

3. De quem vem a avaliação mais importante para o pastor?

4. Qual é a recompensa específica para os pastores fiéis mencionada pelo apóstolo Pedro?

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Exame Final Este exame final consiste de 40 questões. Cada questão de 1 a 30 vale 2 pontos e cada questão de 31 a 40 vale 4 pontos. Portanto, o máximo de pontos que podem ser obtidos neste exame é de 100 pontos.

1. Qual dos temos aparece mais vezes no Novo Testamento (bispo, presbítero ou pastor)?

2. O que significa a palavra „bispo‟?

3. O que significa a palavra „presbítero‟?

4. Quantas vezes a palavra „pastor‟ é usada para os líderes das igrejas cristãs?

5. Qual é a diferença entre o pastor como „ofício‟ e o pastor como „dom‟?

6. Quais são algumas das coisas que nos desqualificam para o pastorado?

7. Quais são algumas das coisas que nos qualificam?

8. Qual é a importância do autoconhecimento?

9. O que está envolvido no trabalho pastoral do ponto de vista do pastor?

10. O que está envolvido no trabalho pastoral do ponto de vista das ovelhas?

11. Quais sãos as tarefas implícitas do pastoreio que você pode citar de memória?

12. Quais são os dois pontos de vista básicos acerca da espiritualidade?

13. Como você resumiria a espiritualidade em Atos?

14. Como você resumiria a espiritualidade em 2 Coríntios?

15. Como o pastor pode levar uma vida que serve de exemplo?

16. Qual é a importância da sabedoria e da fidelidade para o pastor?

17. O que é mais importante: esforçar-se para ser frutífero ou alcançar o sucesso no pastorado a qualquer custo?

18. Por que o pastor deve compreender as suas limitações?

19. Como o pastor pode completar fielmente o seu ministério?

20. Qual é a principal tarefa do pastor?

21. Como o pastor pode usar bem o potencial da igreja?

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22. O pastor deve procurar desenvolver seu aspecto intelectual? Justifique.

23. O pastor deve ser dedicado ao estudo, não somente da Bíblia, mas também de outros livros? Justifique.

24. Como o pastor deve estudar?

25. Quais são algumas das áreas temáticas que o pastor deve estudar?

26. Quais são as duas coisas básicas que os bons pastores fazem em relação à Palavra de Deus?

27. Quais são algumas das maneiras pelas quais os pastores mostram que estão praticando a Palavra de Deus?

28. Quais são os dois aspectos que os pastores devem trabalhar igualmente na pregação?

29. Há alguma base bíblica que possa apoiar a idéia do pastor sênior? Qual?

30. Quais seriam as funções de e/ou requisitos para o pastor sênior?

31. Você pode escrever pelo menos três coisas que ajudam no relacionamento entre os pastores?

32. Qual é a importância da visitação pastoral?

33. Quais sãos alguns dos limites da visitação pastoral?

34. Quais são algumas características do método sugerido nesta lição?

35. Quais são algumas das vantagens de usar um método e de fazer a visitação pastoral?

36. Quais sãos algumas coisas importantes que devemos considerar ao visitarmos os enfermos?

37. Há alguma base bíblica para que o pastor realize cerimônias de nascimentos, casamentos e velórios da igreja? Justifique.

38. Que tipo de pastor será recompensado pelo Senhor?

39. O que é mais importante para Deus – sucesso numérico ou fidelidade?

40. De quem vem a avaliação mais importante para o pastor?

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Este manual faz parte de uma série de diversos manuais

desenvolvidos para o treinamento ministerial, pastoral e teológico

do TREINAMENTO BÍBLICO INTERNACIONAL , que

visa equipar cada crente para o cumprimento de seu papel dado

por Deus na evangelização do mundo e na edificação da igreja.

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