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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PR Ministério da Educação Universidade Tecnológica Federal do Paraná Câmpus Dois Vizinhos PROJETO PEDAGÓGICO DO CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS, MODALIDADE LICENCIATURA DOIS VIZINHOS, JUNHO DE 2014 VERSÃO ATUALIZADA: OUTUBRO DE 2016

Ministério da Educação PRportal.utfpr.edu.br/cursos/coordenacoes/graduacao/dois-vizinhos/dv... · EVERTON RICARDI LOZANO DA SILVA - Comissão para Elaboração do Projeto (Portarias

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  • UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

    PR

    Ministério da Educação

    Universidade Tecnológica Federal do Paraná

    Câmpus Dois Vizinhos

    PROJETO PEDAGÓGICO DO CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS,

    MODALIDADE LICENCIATURA

    DOIS VIZINHOS, JUNHO DE 2014

    VERSÃO ATUALIZADA: OUTUBRO DE 2016

  • 2

    Reitor da UTFPR

    LUIZ ALBERTO PILATTI

    Pró-Reitor de Graduação e Educação Profissional

    LUIS MAURÍCIO MARTINS DE RESENDE

    Diretor do Câmpus Dois Vizinhos

    ALFREDO DE GÔUVEA

    Diretor de Graduação e Educação Profissional

    FABIANI DAS DORES ABATI MIRANDA

    Equipe responsável pela criação do PPC

    - Coordenação de Curso

    EVERTON RICARDI LOZANO DA SILVA

    - Comissão para Elaboração do Projeto (Portarias GADIR n° 073, 101 e 140/2012)

    Daniela de Macedo Lima

    Fernanda Ferrari

    Fernando Carlos de Sousa

    Glauber Sartori

    Rosangela Aparecida Botinha Assumpção

    Rosangela Maria Boeno

    - Núcleo Docente Estruturante (Portaria GADIR nº 025/2013 e n° 089/2013)

    Anelize Queiroz do Amaral

    Carolina Zabini

    Daniela de Macedo Lima

    Everton Ricardi Lozano da Silva (Presidente)

    Fernando Carlos de Sousa

    Marcela de Paiva Foletto

    Paulo Fernando Diel

    Rosangela Maria Boeno

  • 3

    Thiago Cintra Maniglia

    - Colegiado de Curso (Portaria GADIR nº 024/2013 e nº 23/2014)

    Everton Ricardi Lozano da Silva - Presidente

    Membros Titulares Membros Substitutos

    Mara Luciane Kovalski Rosângela Maria Boeno

    Gustavo Sene Silva Fernanda Ferrari

    Diesse Aparecida de Oliveira Sereia Siderlene Muniz Oliveira

    Daniela Macedo de Lima Marciele Felippi

    Lilian de Souza Vismara Cristiane de Abreu Dias

    Samara Ernandes Cleverson Busso

    Patrícia Franchi de Freitas Fernando Carlos de Sousa

    Michele Potrich Elton Celton de Oliveira

    Emellyn Gabriela Ioris (Acadêmica) Ana Cristina Algeri (Acadêmica)

    - Assessoria Pedagógica e Revisão

    Sandra Jubelli Mezzomo

    Rosângela Maria Boeno

    Equipe responsável pela atualização do PPC:

    - Coordenação de Curso

    ELTON CELTON DE OLIVEIRA

    - Núcleo Docente Estruturante (Portarias GADIR nº 153/2015 e nº 20/2016)

    Cleverson Busso

    Daniela Aparecida Estevan

    Daniela de Macedo Lima

    Elton Celton de Oliveira (presidente)

    Everton Ricardi Lozano da Silva

    Fernando Carlos de Sousa

    Gustavo Sene Silva

    Mara Luciane Kovalski

    Paulo Fernando Diel

  • 4

    - Colegiado do Curso (Portarias GADIR nº 154/2015 e nº 47/2016)

    Elton Celton de Oliveira Presidente

    Membros Titulares Suplentes

    Mara Luciane Kovalski Anelize Queiroz Amaral

    Fernanda Ferrari Gustavo Sene Silva

    Diesse Aparecida de Oliveira Sereia Lilian de Souza Vismara

    Marciele Felippi Daniela Aparecida Estevan

    Siderlene Muniz Oliveira Paulo Fernando Diel

    Juliana Morini Kupper Cardoso Perseguini Cleverson Busso

    Marcela de Paiva Foletto Patrícia Franchi de Freitas

    Michele Potrich Jucelaine Haas

    Lara Susan Marcos (Acadêmica) Denis Damasio (Acadêmico)

  • 5

    SUMÁRIO

    1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 8 1.1 HISTÓRICO DA UTFPR ........................................................................................ 8 1.2 HISTÓRICO DO CÂMPUS DOIS VIZINHOS ...................................................... 10 1.3 HISTÓRICO DO CURSO .................................................................................... 12 1.4 IDENTIFICAÇÃO DO CURSO ............................................................................ 17 2 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 19 3 OBJETIVOS ........................................................................................................... 22 3.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................. 22 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................... 22 4 MISSÃO, VISÃO E VALORES .............................................................................. 24 4.1 MISSÃO .............................................................................................................. 24 4.2 VISÃO ................................................................................................................. 24 4.3 VALORES ........................................................................................................... 24 5 PERFIL DO EGRESSO E FUNDAMENTAÇÃO LEGAL ....................................... 26 5.1 ÁREAS DE ATUAÇÃO ........................................................................................ 28 6 ORGANIZAÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA ........................................................ 30 6.1 CONCEPÇÃO DO CURSO ................................................................................. 30 6.2 DAS DIRETRIZES PARA A EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS ................ 32 6.3 HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA E INDÍGENA ............................... 33 6.4 EDUCAÇÃO AMBIENTAL ................................................................................... 36 7 GESTÃO ................................................................................................................ 38 7.1 COORDENAÇÃO DE CURSO ............................................................................ 38 7.2 NÚCLEO DOCENTE ESTRUTURANTE ............................................................. 38 7.3 COLEGIADO DE CURSO ................................................................................... 39 8 ESTRUTURA CURRICULAR ................................................................................ 40 8.1 MATRIZ CURRICULAR....................................................................................... 45 8.2 PERIODIZAÇÃO ................................................................................................. 49 8.2.1 Regime de funcionamento ................................................................................ 49 8.2.2 Duração do curso e escalonamento das disciplinas ......................................... 49 8.3 EMENTAS, BIBLIOGRAFIAS BÁSICAS E COMPLEMENTARES ...................... 54 8.3.1 Ementário das disciplinas obrigatórias ............................................................. 54 8.3.2 Ementário das disciplinas optativas ............................................................... 101 8.3.2.1 Disciplinas optativas ofertadas pelo curso de Ciências Biológicas .............. 105 8.3.2.2 Disciplinas aproveitadas dos demais cursos do Câmpus como optativas ... 148 8.4 PRÁTICA DE ENSINO ...................................................................................... 167 9 METODOLOGIA .................................................................................................. 170 10 AVALIAÇÃO ...................................................................................................... 172 10.1 AVALIAÇÃO DO ENSINO-APRENDIZAGEM ................................................. 172 10.2 AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL ........................................................................ 173 10.3 AUTO AVALIAÇÃO DO CURSO ..................................................................... 176 11 ATIVIDADES PRÁTICAS SUPERVISIONADAS (APS) .................................... 178 12 ATIVIDADES PRÁTICAS COMO COMPONENTE CURRICULAR (APCC) ..... 179 12.1 TEORIA E PRÁTICA DO ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA ..................... 179 12.2 PROJETOS INTEGRADORES ....................................................................... 180 13 ATIVIDADES COMPLEMENTARES ................................................................. 182 14 ESTÁGIO SUPERVISIONADO .......................................................................... 184 15 TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ..................................................... 186 16 ARTICULAÇÃO ENTRE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO ......................... 187

  • 6

    17 TECNOLOGIA E INOVAÇÃO ............................................................................ 189 17.1 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO TICs .......................... 190 18 APOIO AO DISCENTE ...................................................................................... 192 19 CURSO E COMUNIDADE ................................................................................. 196 20 INFRAESTRUTURA .......................................................................................... 200 20.1 SETOR ADMINISTRATIVO E DE APOIO ....................................................... 200 20.2 SALAS DE AULA ............................................................................................ 201 20.3 BIBLIOTECA E ACERVO BIBLIOGRÁFICO ................................................... 202 20.4 LABORATÓRIOS E UNIDADES DE ENSINO E PESQUISA .......................... 204 20.4.1 Laboratório de Ensino de Ciências e Biologia .............................................. 214 21 PLANO GERAL DE AÇÕES (PGA) .................................................................. 217 21.1 RELAÇÃO DE DOCENTES RESPONSÁVEIS PELAS DISCIPLINAS DO CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS ................................... 217 21.2 INFRAESTRUTURA EM PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO ............................ 219 22 PROJETOS ........................................................................................................ 222 22.1 PROJETOS IMPLANTADOS .......................................................................... 222 22.2 PROJETOS EM IMPLANTAÇÃO .................................................................... 226 22.3 PROJETOS A SEREM IMPLANTADOS ......................................................... 227 23 AVALIAÇÃO DO PROJETO .............................................................................. 230 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 232

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    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Unidades Curriculares do Núcleo de Estudos Básicos (NEB) do Curso de Ciências Biológicas da UTFPR, Câmpus Dois Vizinhos, modalidade licenciatura. ... 45

    Tabela 2 Unidades Curriculares do Núcleo de Conteúdos Específicos (NEE) do Curso de Ciências Biológicas da UTFPR, Câmpus Dois Vizinhos, modalidade licenciatura. ............................................................................................................... 46

    Tabela 3 Unidades Curriculares do Núcleo de Atividades Integradoras (NAI) do Curso de Ciências Biológicas da UTFPR, Câmpus Dois Vizinhos, modalidade licenciatura. ............................................................................................................... 47

    Tabela 4 Totalização das cargas horárias do Curso de Ciências Biológicas da UTFPR, Câmpus Dois Vizinhos, modalidade licenciatura. ........................................ 48

    Tabela 5 Escalonamento das disciplinas em períodos da matriz do Curso de Ciências Biológicas da UTFPR, Câmpus Dois Vizinhos, modalidade licenciatura. ... 49

    Tabela 6 Demais atividades que compõe a matriz do Curso de Ciências Biológicas da UTFPR, Câmpus Dois Vizinhos, modalidade licenciatura. ................................... 52

    Tabela 7 Matriz curricular do Curso de Ciências Biológicas da UTFPR, Câmpus Dois Vizinhos, modalidade licenciatura. ............................................................................ 53

    Tabela 8 Lista de disciplinas optativas do curso de Ciências Biológicas da UTFPR, Câmpus Dois Vizinhos, modalidade licenciatura, por área de conhecimento (em consonância com o Parecer CFBio GT 01/2010). ................................................... 102

    Tabela 9 Instalações do Setor Administrativo e de Apoio da UTFPR – DV, com área/instalação e área total. .................................................................................... 201

    Tabela 10 Instalações do Setor Pedagógico da UTFPR - DV. ................................ 202

    Tabela 11 Acervo bibliográfico e audiovisual da UTFPR - DV. ............................... 203

    Tabela 12 Número de livros por área do conhecimento da UTFPR - DV. ............... 203

    Tabela 13 Relação de docentes pelas disciplinas obrigatórias do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da UTFPR, Câmpus Dois Vizinhos. .............. 218

  • 8

    1 INTRODUÇÃO

    O Projeto Pedagógico de um Curso (PPC) deve expressar os principais

    parâmetros de ação educativa, fundamentando, juntamente com o Projeto

    Pedagógico Institucional (PPI), a gestão acadêmica, pedagógica e administrativa

    dos cursos.

    O PPC deve estar sintonizado com a nova visão de mundo, expressa nesse

    novo paradigma de sociedade e de educação, garantindo a formação global e crítica

    para os envolvidos no processo, como forma de capacitá-los para o exercício da

    cidadania, bem como sujeitos de transformações da realidade, com respostas para

    os grandes problemas contemporâneos.

    Desta forma, faz-se necessária uma permanente avaliação institucional e de

    desempenho, tanto interna quanto externa, para levar adiante este processo e

    garantir sua efetividade, relevância, pertinência e qualidade. Por isso, a construção e

    execução deste projeto devem constituir um processo contínuo, considerando a

    dinâmica evolutiva do processo de conhecimento, dos processos de ensino-

    aprendizagem, e das exigências do mercado e da própria sociedade.

    A seguir serão apresentados os dados históricos da instituição, do Câmpus e

    do curso de Ciências Biológicas, modalidade licenciatura, da UTFPR, Câmpus Dois

    Vizinhos, bem como a caracterização geral do curso.

    1.1 HISTÓRICO DA UTFPR

    A história da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, autarquia de

    regime especial vinculada ao Ministério da Educação, teve seu início no começo do

    Século XX, quando em 1909 foi fundada a Escola de Aprendizes e Artífices de

    Curitiba com oficinas de curtume e sapataria, como resultado da política instituída

    pelo Presidente Republicano Nilo Peçanha. Em 1937, a Escola de Aprendizes do

    Paraná transformou-se em Liceu Industrial de Curitiba, equivalendo à escola de

    ensino básico, demonstrando a ampliação necessária para formar trabalhadores

    com pensamento mais ágil e flexível na produção. Em 1942, o Liceu foi

  • 9

    transformado em Escola Técnica de Curitiba, responsável não só pelo ensino

    básico, mas também o médio, sinalizando as novas alterações do sistema. A Escola

    Técnica de Curitiba foi ampliada pela Lei 3.552 em 1959, tornando-se escola técnica

    federal, possibilitando-lhe maior autonomia administrativa e pedagógica, para

    atender as novas exigências do mercado. Essa medida refletiu a necessidade de

    superação do modelo de ensino profissionalizante anterior, destinado à formação de

    trabalhadores operacionais.

    As escolas técnicas federais direcionavam-se para a formação de técnicos

    especialistas em planejamento, controle e supervisão da produção. A continuidade

    desse processo culminou com a liberação das escolas técnicas para ministrarem

    cursos de curta duração em Engenharia de Operação, pelo Decreto-lei 796/1969.

    Em 1978, algumas escolas técnicas, entre elas a do Paraná, foram

    transformadas pela Lei 6.545 em Centros Federais de Educação Tecnológica

    (CEFET) para ministrar cursos tecnológicos, ensino superior e pós-graduação.

    O sistema CEFET-PR expandiu-se durante a década de 90, descentralizando

    unidades em várias regiões do Estado, com base no Programa de Expansão e

    Melhoria do Ensino Técnico criado em julho de 1986 pelo Governo Federal. Esse

    programa ampliou a possibilidade do acesso ao ensino técnico de 2º grau e de

    Ensino Superior, para uma parcela significativa de alunos que deixaram de se

    deslocar para os grandes centros a fim de concorrer às vagas lá ofertadas.

    Como resultados da política de expansão, foram criadas as Unidades de

    Ensino Descentralizadas do Paraná (UNED’s). O CEFET/PR construiu e implantou

    cinco Unidades Descentralizadas: Unidade de Medianeira (1990); Ponta Grossa,

    Cornélio Procópio e Pato Branco (1993); Campo Mourão (1995).

    Em 1997 o governo federal instituiu o Programa de Reforma da Educação

    Profissional, atendendo às determinações da Lei de Diretrizes e Bases da Educação

    (LDB) (BRASIL, 1996) e ao Decreto nº 2.208 de 17 de abril de 1997 (este revogado

    posteriormente pelo Decreto n° 5.154 (BRASIL, 2004)), que regulamentou o ensino

    técnico. Tais determinações desvinculavam o ensino médio regular (2º grau) do

    ensino técnico. O ensino técnico passou a ser ofertado em três modalidades: o

    Básico para qualificação e requalificação profissional; Técnico de nível médio (1,5 a

    2 anos) para os alunos que estivessem cursando o ensino médio (2º ano) ou

    concluído; Tecnologia de nível superior (3 a 4 anos) para aqueles que concluíram o

    Ensino Médio e ou Técnico.

  • 10

    Diante da restrição que a legislação impunha, de atuar apenas no ensino

    técnico e possível redução de repasses de recursos, devido aos cursos de ensino

    superior e de pós-graduação, em 1997 é proposta a transformação do CEFET-PR

    em Universidade Tecnológica, uma vez que o parágrafo único do artigo 52 da LDB

    faculta a criação de universidades especializadas por campo do saber.

    Finalmente, após longa caminhada, o CEFET-PR foi transformado em

    Universidade Tecnológica pela Lei Federal 11.184 de 07 de outubro de 2005,

    publicada no Diário Oficial da União em 10 de outubro de 2005, passando a ter a

    denominação de Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR. Em outubro

    de 2015, comemorou-se os dez anos de transformação da UTFPR em universidade,

    a primeira tecnológica do país. Mesmo sendo considerada uma instituição recente, a

    UTFPR já figura entre as dez maiores Instituições Federais de Ensino Superior

    (IFES) do Brasil, sendo a maior universidade multi-câmpus do país, com 13

    unidades distribuídas no Estado do Paraná. Em 2016, a UTFPR aparece como uma

    das melhores IFES do estado do Paraná e figura também como uma respeitada

    instituição de ensino em nível de América Latina.

    1.2 HISTÓRICO DO CÂMPUS DOIS VIZINHOS

    A história da UTFPR Câmpus Dois Vizinhos é resultado de inúmeros esforços

    da comunidade sudoestina. Na década de 70, representantes políticos, comunitários

    e com apoio do conjunto da população, que mais tarde viria se constituir na

    Associação dos Municípios do Sudoeste do Paraná – AMSOP, buscavam

    materializar a ideia de construir o que seria a primeira Escola Agrotécnica Federal

    (EAF) do Estado. Segundo IBGE (2007)1, o Sudoeste do Paraná contava com uma

    população de 565.513 (quinhentos e sessenta e cinco mil, quinhentos e treze)

    habitantes, economia voltada ao setor primário, composto basicamente pelo

    minifúndio, a exemplo do oeste catarinense e paranaense. A implantação desta

    1. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo 2007. Disponível em: www.ibge.gov.br.

    Acesso em 21/01/2008.

  • 11

    Escola se tornou uma busca contínua na vida do Sudoeste do Paraná e

    especialmente no município de Dois Vizinhos.

    Em 1992, por instrução da Secretaria da Educação Média e Tecnológica -

    SEMTEC, do Ministério da Educação e do Desporto, Dois Vizinhos foi contemplado

    com a criação da Escola, emitindo para tanto, parecer favorável à aquisição de uma

    área com aproximadamente 200 hectares, indispensável para a viabilização do

    projeto, ficando evidenciado, portanto, a necessidade de uma contrapartida do

    Município. As exigências do MEC e as normas do Programa de Expansão do Ensino

    Tecnológico - PROTEC foram prontamente atendidas.

    Em agosto de 1993, o Município adquiriu 191,3 ha de terra, deixando assim

    evidenciada a vontade dos munícipes em edificar a futura EAF em Dois Vizinhos. No

    dia 20 de dezembro de 1996, a Prefeitura Municipal de Dois Vizinhos procedeu a

    inauguração das obras já realizadas.

    Para o funcionamento desta instituição de ensino criou-se uma Unidade de

    Ensino Descentralizada - UNED (Portaria Ministerial 047, publicada no DOU em

    14/01/97), vinculada à EAF de Rio do Sul - SC, a qual era uma Autarquia Federal

    vinculada ao MEC/SEMTEC criada pela Lei 8.670 de 30 de junho de 1.993 e

    autarquizada pela Lei 8.731 de 16 de novembro de 1.993.

    Em 14 de março de 1997, procedeu-se o teste de seleção da primeira turma

    de alunos, para o Curso de Técnico Agrícola com habilitação em Agropecuária, a

    qual colou grau em maio de 2000, sendo, portanto a turma pioneira de formados

    desta escola.

    Com os novos desafios propostos pela reforma da educação, em março de

    1999, no seu terceiro ano de existência, deu-se início ao primeiro curso Técnico

    Agrícola no sistema Pós-Médio dentro dos moldes da reforma da educação, com

    habilitações em Agricultura, Zootecnia e Agropecuária.

    A proposta inicial da autarquização da UNED Dois Vizinhos foi buscada

    incessantemente, porém a política implementada pelo governo federal à época

    proibia a criação de novas autarquias federais. Além disso, a manutenção da UNED

    - Dois Vizinhos vinculada à EAF Rio do Sul trazia uma série de problemas de ordem

    administrativa e de apoio pedagógico, devido, principalmente, à distância.

    Diante de tal realidade, em meados de 2001, buscou-se incorporar a UNED -

    Dois Vizinhos ao sistema CEFET-PR, por meio de uma comissão, com

  • 12

    representantes de ambas as instituições, para a elaboração de um projeto de

    incorporação.

    No dia 19 de novembro de 2003, a Escola Agrotécnica de Rio do Sul repassou

    a Escola Agrotécnica Federal de Dois Vizinhos para o Sistema CEFET-PR, ficando

    esta vinculada administrativamente à UNED Pato Branco. Com a transformação em

    2005 do Sistema CEFET-PR em UTFPR foi criado o Câmpus Dois Vizinhos,

    inicialmente com sede administrativa no Câmpus Pato Branco. No início de 2007, a

    UTFPR Câmpus Dois Vizinhos passou a ter autonomia administrativa. Atualmente, o

    Câmpus Dois Vizinhos tem os cursos de Agronomia, Engenharia de Bioprocessos e

    Biotecnologia, Engenharia Florestal, Engenharia de Software e Zootecnia na

    modalidade de bacharelado, e os cursos de Educação do Campo e Ciências

    Biológicas na modalidade de licenciatura. Desde a sua transformação em

    Universidade, iniciou-se um processo gradativo de abertura de vagas para

    professores efetivos, começando com a abertura do curso de Zootecnia (2007) e

    ampliado em 2008, através do projeto de Reestruturação e Expansão das

    Universidades (REUNI), com a abertura do curso de Engenharia Florestal (2008),

    Agronomia e Ciências Biológicas (2011), Engenharia de Software (2014),

    Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia (2015). Ainda, existe a previsão de

    abertura do curso de Arquitetura nos próximos anos.

    1.3 HISTÓRICO DO CURSO

    A implantação de cursos de licenciatura nas instituições federais de ensino

    superior do Brasil (IFES) é um dos compromissos que tais instituições firmaram com

    o Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades

    Federais - REUNI (Decreto no. 6.096, de 24 de abril de 2007).

    Na Universidade Tecnológica Federal do Paraná - Câmpus Dois Vizinhos,

    entre os cursos possíveis de serem implantados no âmbito do REUNI e do Plano de

    Desenvolvimento Institucional, o curso de Ciências Biológicas, modalidade

    licenciatura, foi considerado uma das alternativas mais pertinentes diante da

    realidade regional e estrutural do Câmpus, de acordo com o Relatório da Comissão

  • 13

    para estudo sobre a implantação de um curso de licenciatura no Câmpus Dois

    Vizinhos - Portaria 45 de 30 de abril de 2009 e Portaria 73 de 30 de junho de 2009.

    Na região sudoeste do Paraná, até o ano de 2009 havia apenas duas

    instituições privadas e nenhuma pública que ofertasse o curso de Ciências

    Biológicas - Licenciatura. Essa pouca oferta do curso refletia na grande demanda

    por professores que detivessem, em especial, formação específica para atuação no

    ensino de Ciências e Biologia na educação básica. De acordo com dados levantados

    junto aos Núcleos de Educação e diretores de escolas estaduais da região, a

    maioria dos professores atuantes no Sudoeste do Paraná tinha formação apenas em

    Ciências, pelo antigo Centro Universitário Católico do Sudoeste do Paraná (UNICS),

    em Palmas, que só posteriormente (em 2009) foi federalizado tornando-se parte do

    Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná (IFPR). Era notória, portanto,

    a escassez de instituições que ofereciam formação de profissionais para a educação

    básica na área das Ciências Biológicas nesta região do Estado.

    Associados à carência regional de professores para o ensino básico, alguns

    fatores de ordem estrutural e de recursos humanos também foram decisivos para a

    definição pela abertura do curso de Ciências Biológicas - Licenciatura. A estrutura

    física disponível e também projetada, por exemplo, era constituída especialmente

    por laboratórios e áreas experimentais mais ajustados a atender cursos da área das

    ciências agrárias e biológicas. Da mesma forma, a formação do corpo docente

    existente no Câmpus na época do planejamento do curso, apesar de considerada

    diversa, estava mais voltada para a área das ciências agrárias e biológicas.

    Diante deste cenário, a implantação do curso de Ciências Biológicas,

    modalidade licenciatura, foi avaliada como a mais viável para o Câmpus Dois

    Vizinhos. O curso visava atender a demanda de formação de recursos humanos e

    de agregação de conhecimento à comunidade do município e da região, devido a

    sua relevância para o ensino e desenvolvimento da ciência e tecnologia na área.

    Uma vez definido, o curso de Ciências Biológicas, modalidade licenciatura,

    teve o início da concepção do seu projeto de abertura no ano de 2009, o qual foi

    elaborado por uma Comissão designada pelas Portarias n° 104 de 03 de Novembro

    de 2009 e n° 24 de 09 de março de 2010, pelo Diretor Geral do Câmpus Dois

    Vizinhos - UTFPR. Após formulação, o projeto foi encaminhado para análise do

    (COEPP) em 30 de setembro de 2010, tendo sido aprovado em 10 de dezembro de

  • 14

    2010 (Resolução no. 176/2010 - COEPP), mediante atendimento ou justificativa de

    todas as recomendações.

    O curso iniciou seu funcionamento em regime semestral com a oferta de 44

    vagas e o ingresso da primeira turma ocorreu no segundo semestre de 2011. Os

    estudantes foram selecionados por meio do Sistema Único de Seleção (SISU/MEC),

    um processo seletivo cuja escolha dos candidatos às vagas é efetuada com base

    nos resultados obtidos pelos estudantes no Exame Nacional do Ensino Médio

    (ENEM).

    O Projeto Pedagógico do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas foi

    aprovado pelo Colegiado do Curso em 01 setembro de 2014. A estrutura curricular

    do curso já passou por algumas modificações, em menor escala, ao longo de sua

    implantação, visando uma melhor formação do egresso. Os ajustes promovidos até

    o presente momento foram todos aprovados pelo Colegiado do Curso e pelo

    Conselho de Graduação e Educação Profissional (COGEP) desta Universidade e

    podem ser visualizados a seguir:

    - Resolução no 66 de 25 de setembro de 2013 – COGEP: aprovou a reestruturação

    da matriz curricular em função da inclusão das disciplinas de Estágio Curricular

    Supervisionado em Ciências I e II e Estágio Curricular Supervisionado em Biologia I

    e II. Os estágios foram incluídos como disciplinas no quinto, sexto, sétimo e oitavo

    períodos, respectivamente, computando, cada um, carga horária de 30 horas

    presenciais (2 horas-aula por semana) e 70 horas em atividades práticas,

    principalmente, as supervisionadas (APS). Para viabilizar este acréscimo de

    disciplinas no quinto período, ocorreu a migração da disciplina de Libras I para o

    sétimo período e a optativa 3 para o oitavo período. Além do Estágio Curricular

    Supervisionado em Ciências I, no quinto período foi acrescido uma hora-aula teórica

    na disciplina de Teoria e Prática de Ensino de Ciências e Biologia 2. Também foi

    realizada a migração da disciplina de Ética, Profissão e Cidadania do sexto para o

    quinto período. No sexto período, adicionou-se a disciplina de Estágio Curricular

    Supervisionado em Ciências II no lugar da disciplina de Ética, Profissão e Cidadania

    que migrou para o quinto período. No sétimo período, a disciplina de Trabalho de

    Conclusão de Curso I (TCC I) foi reformulada, ficando com 30h de aulas presenciais

    e 30h de atividades práticas supervisionadas (APS). Com isso, viabilizou-se a

    inserção da disciplina de Estágio Curricular Supervisionado em Biologia I. Ainda, a

    disciplina de Libras 2 migrou para o oitavo período, dando lugar a Libras 1 vinda do

  • 15

    quinto período. No oitavo período, o mesmo procedimento adotado com a disciplina

    de TCC I foi empregado na disciplina de TCC II, a qual ficou com 30h de aulas

    presenciais e 30h de APS. Consequentemente, gerou-se espaço para a adição da

    disciplina de Estágio Curricular Supervisionado em Biologia II.

    - Resolução no 69 de 02 de outubro de 2013 – COGEP: aprovou a inclusão de novas

    disciplinas optativas na matriz do curso, sendo elas: Fotografia para Biologia,

    Biotecnologia aplicada a microrganismos, Sistemática e Evolução, Poliquetologia,

    Comportamento Animal, Redação Científica, Histotécnica, Padrões do

    Desenvolvimento, Bioquímica Experimental para Licenciatura, Marcadores

    moleculares aplicados na conservação da biodiversidade e Sementes florestais

    nativas: aspectos biológicos e tecnológicos.

    - Resolução no 15 de 07 de março de 2014 – COGEP: aprovou a alteração na carga

    horária da disciplina optativa de Bioquímica Experimental, a qual passou de 2 para 3

    aulas semanais, sendo duas de aulas práticas e uma de aulas teóricas.

    - Resolução no 76 de 14 de novembro de 2014 – COGEP: aprovou a modificação na

    duração das aulas, que passaram de 50 para 45 minutos. Esta mudança não alterou

    a carga horária total do curso, pois houve uma compensação de carga horária com

    atividades práticas supervisionadas (APS), que anteriormente correspondiam a 5,5%

    do total e, após a aprovação, passou a representar 15%. Embora esta modificação

    não tenha alterado as unidades curriculares, as ementas e a periodização das

    disciplinas, foi suficiente para gerar uma nova matriz para o curso (matriz 22) e, com

    isso, ocorreu a migração dos alunos regulares para esta nova matriz. Os alunos

    foram consultados e, em comum acordo, fizeram a opção pela nova matriz.

    - Resolução no 88 de 24 de novembro de 2015 – COGEP: aprovou a alteração na

    carga horária das disciplinas optativas e dos Estágios Curriculares Supervisionados

    em Ciências e Biologia, referente ao número de APS. Após a modificação efetuada

    pela resolução no 76/14-COGEP, como descrito anteriormente, o número de

    atividades práticas supervisionadas de todas as disciplinas optativas e dos Estágios

    ficou desajustado. Assim, houve a necessidade desta correção para que a carga

    horária total do curso (3465 horas) fosse mantida. As disciplinas optativas com 2

    horas-aula semanais passaram a apresentar um total de 6 horas-aula de APS e as

    disciplinas com 3 horas-aula semanais tiveram um ajuste para um total de 9 horas-

    aula de APS. Todas as disciplinas de Estágio Curricular Supervisionado, Ciências I e

    II e Biologia I e II, não haviam sido contabilizadas com carga horária de APS na

  • 16

    resolução no 76/14-COGEP e, desta forma, tiveram uma adição de 100 horas-aula

    de APS, dado as suas características singulares que envolvem ambientação,

    observação, planejamento de ensino e regência, conforme descrito na resolução no

    66/13-COGEP.

    - Resolução no 89 de 24 de novembro de 2015 – COGEP: aprovou a inserção de

    novas disciplinas optativas na matriz do curso, sendo que parte delas foram

    aproveitadas da matriz de outros cursos do Câmpus Dois Vizinhos e a outra parte

    representou as novas demandas dos docentes. As disciplinas aproveitadas de

    outros cursos foram: Entomologia (Agronomia), Climatologia Ambiental (Agronomia),

    Bioinformática (Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia), Enzimologia Aplicada

    (Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia), Análise de Alimentos (Engenharia de

    Bioprocessos e Biotecnologia), Biotecnologia Animal (Engenharia de Bioprocessos e

    Biotecnologia), Biotecnologia Aplicada ao Melhoramento Vegetal (Engenharia de

    Bioprocessos e Biotecnologia), Recursos Genéticos e Melhoramento Vegetal

    (Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia), Fitogeografia (Engenharia Florestal),

    Dendrologia e Fitossociologia (Engenharia Florestal), Política e Legislação: Florestal

    e Ambiental (Engenharia Florestal), Etnobiologia (Engenharia Florestal), Ecologia da

    Paisagem (Engenharia Florestal), Manejo e Conservação da Fauna Silvestre

    (Engenharia Florestal), Perícias, Licenciamento e Avaliação de Impacto Ambiental

    (Engenharia Florestal), Manejo e Criação de Animais Silvestres (Zootecnia),

    Tecnologia da Informação e Comunicação na Educação (Engenharia de Software),

    Empreendedorismo e Inovação (Engenharia de Software), Fundamentos

    Sociológicos e Antropológicos da Educação (Licenciatura em Educação no Campo)

    e História e Cultura Afro-Brasileira (Licenciatura em Educação no Campo). As novas

    disciplinas optativas demandadas pelos professores do curso foram:

    Biomonitoramento, Ictiologia, Ensino de Genética na Educação Básica,

    Metodologias de Sequenciamento Genético, Oceanologia Elementar, Fundamentos

    de Citogenética, O Ensino de Botânica na Educação Básica, A Perspectiva de

    Ensino por Pesquisa no Ensino de Ciências e Biologia, Reflexões sobre o Trabalho

    do Professor de Ciências e Biologia, Métodos para Análise de Qualidade de Água,

    Experimentação em Ecologia de Organismos Aquáticos Fotossintetizantes,

    Interculturalidade e Diversidade na Educação, Bioterismo e Experimentação Animal,

    Fundamentos de Anatomia de Animais Domésticos, Neurociência do Aprendizado,

  • 17

    Neuroanatomia Funcional, Biologia e Cidadania e Métodos de Ensino e Pesquisa em

    Anatomia e Fisiologia Humana.

    A partir das informações geradas no processo de reconhecimento do curso,

    em novembro de 2014, da análise dos dados de retenção e evasão dos alunos, de

    2011 a 2015, e da publicação das novas Diretrizes Curriculares Nacionais para a

    Formação Inicial e Continuada em Nível Superior de Profissionais do Magistério para

    a Educação Básica (Resolução CNE/CP nº 02 de 1º de julho de 2015), o Núcleo

    Docente Estruturante (NDE) do curso, em comum acordo com todos os professores,

    resolveu propor uma alteração significativa na estrutura da matriz curricular do curso

    de Ciências Biológicas da UTFPR, Câmpus Dois Vizinhos, visando atender as novas

    premissas do Conselho Nacional de Educação e também melhorar a qualidade do

    curso e, consequentemente, da formação dos egressos. Este processo de

    reformulação do curso se estendeu de abril de 2015 a setembro de 2016.

    Ao longo da elaboração da nova proposta de matriz curricular do curso, a qual

    será apresentada mais adiante neste Projeto Político Pedagógico (PPC), os alunos

    do 6º ao 8º períodos e todos os professores que ministram aulas no curso de

    Ciências Biológicas foram consultados e tiveram suas sugestões incorporadas, na

    medida do possível, à nova estrutura curricular. Todo o processo de elaboração da

    nova matriz, bem como as decisões tomadas estão registradas nas atas de reunião

    do NDE, do Colegiado e/ou da Coordenação do Curso de Ciências Biológicas e,

    portanto, disponíveis para consulta. Ao longo deste PPC será apresentada a nova

    estrutura curricular proposta para o curso, bem como o seu funcionamento.

    1.4 IDENTIFICAÇÃO DO CURSO

    O curso de Ciências Biológicas, modalidade Licenciatura, do Câmpus Dois

    Vizinhos da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR-DV) tem por

    finalidade formar biólogos com sólida formação pedagógica, que além de atuar em

    todas as áreas de competência do biólogo constantes na legislação vigente no país,

    estarão plenamente capacitados a atuarem na docência e gestão educacional nos

    anos finais do ensino fundamental e no ensino médio. O profissional também estará

    apto a progredir em sua formação para atuar no ensino superior. Para alcançar o

  • 18

    perfil profissional pretendido, o curso está estruturado de forma a inserir os

    acadêmicos nas etapas de produção do conhecimento, sua transmissão e

    socialização dos saberes científicos na comunidade interna e externa à

    universidade.

    O tempo necessário à formação do Licenciado em Ciências Biológicas é de

    oito semestres letivos, com uma carga horária total de 3.285 horas para

    cumprimento de disciplinas obrigatórias, disciplinas optativas, estágio curricular

    supervisionado, trabalho de conclusão de curso e atividades complementares.

    Denominação do curso: Ciências Biológicas (Portaria MEC nº 124/2011)

    Modalidade: Licenciatura

    Titulação conferida: Biólogo (Lei nº 6684/1979)

    Habilitação e/ou ênfase e/ou núcleo formador: Licenciado em Ciências

    Biológicas

    Tipo do curso: Curso Regular

    Nível do curso: Graduação

    Duração do curso:

    - Tempo previsto - 8 semestres letivos

    - Tempo máximo - 14 semestres letivos

    Área de conhecimento: Ciências Biológicas

    Processo seletivo: a admissão dos alunos será feita por processo seletivo

    definido pela UTFPR.

    Regime escolar: o curso é presencial e funcionará em regime semestral,

    contendo pré-requisitos, sendo a matrícula realizada por disciplina.

    Número de vagas ofertadas por semestre: 44 (quarenta e quatro) vagas

    totalizando 88 (oitenta e oito) vagas por ano.

    Turno de funcionamento: noturno

    Início do funcionamento do curso: segundo semestre de 2011 (Resolução

    do Conselho de Ensino Pesquisa e Pós-Graduação - COEPP 176/2010).

  • 19

    2 JUSTIFICATIVA

    A Lei 11.184 de 7 de outubro de 2005 que transformou o Centro de Educação

    Tecnológica Federal do Paraná em Universidade Tecnológica Federal do Paraná em

    seu artigo quatro, que trata dos objetivos da universidade, já determinava que a

    instituição deveria ministrar “cursos de licenciatura, bem como programas especiais

    de formação pedagógica, com vistas à formação de professores e especialistas para

    as disciplinas nos vários níveis e modalidades de ensino de acordo com as

    demandas de âmbito local e regional.”

    O Projeto Político Institucional (PPI) da UTFPR, elaborado em 2007 e

    reelaborado em 2013 afirma o compromisso com o ensino tecnológico por se tratar

    de uma universidade especializada e que tem atuado nesta área com excelência por

    mais de 100 anos. Ao mesmo tempo o PPI reafirmou o compromisso com o ensino

    de licenciatura ao afirmar que o “atuar nos diferentes níveis e modalidades de

    ensino” (Art. 2º, Lei nº 11.184/05) constitui uma das três dimensões fundamentais da

    UTFPR para a qual a universidade deve ofertar, entre outros tipos, “cursos de

    licenciatura concebidos em consonância com sua vocação histórica, com as

    diretrizes de seu Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) e com as demandas

    sociais”.

    Ainda no ano de 2007, através do Decreto 6.096 de 24 de abril, foi instituído o

    Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades

    Federais (REUNI) que, em seu artigo, determinava como uma das diretrizes do

    programa a “diversificação das modalidades de graduação, preferencialmente não

    voltadas à profissionalização precoce e especializada”. Assim, na elaboração do

    Plano de Reestruturação e Expansão da UTFPR, determinou-se para a expansão da

    graduação presencial a oferta de ao menos uma licenciatura em cada Câmpus da

    universidade. Com a abertura de cursos de licenciatura, o Plano de Reestruturação

    e Expansão da UTFPR buscava “minimizar a carência de professores para a

    educação básica, principalmente para as áreas da física, química, biologia e

    matemática; e servir como referência de qualidade na formação docente para as

    regiões onde os campi estão instalados.” Além disso, a UTFPR entende que, por

    possuir importante atuação no segmento da educação profissional tecnológica,

    necessita de suporte didático-pedagógico que os cursos de licenciatura irão

    disponibilizar a toda comunidade acadêmica”.

  • 20

    Aprovado o referido Plano de Reestruturação e Expansão da UTFPR pelo seu

    Conselho Universitário (COUNI) através da Deliberação nº 17 em 20/12/2007 e pela

    Comissão de Homologação do MEC em 16/01/2008, firmou-se o Acordo de Metas nº

    05 que foi assinado em março de 2008 entre o MEC e a UTFPR e que estabeleceu,

    entre outras metas, que a universidade deveria saltar de um total de 24 cursos de

    graduação em 2007 para 56 cursos até 2012, sendo destes 13 no período noturno.

    Para indicar o curso noturno mais viável no Câmpus Dois Vizinhos, foi

    designada pela Portaria 45 da Direção Geral, de 30 de abril de 2009, e prorrogada

    pela Portaria 73 de 30 de junho de 2009, a “Comissão para Estudo Sobre a

    Implantação de um Curso de Licenciatura no Câmpus Dois Vizinhos”. A comissão

    estabeleceu como objetivo identificar cursos de licenciatura que não fossem

    oferecidos por universidades públicas na região e optar por um curso que viesse de

    encontro às demandas locais e que pudesse ser ofertado aproveitando-se ao

    máximo a estrutura física e o corpo docente já instalado no Câmpus.

    Nos levantamentos da referida comissão constatou-se que no Sudoeste do

    Paraná em 2009 havia 120 cursos de graduação. Destes 30 (25%) eram oferecidos

    em instituições públicas de ensino e 90 (75%) em instituições privadas ou

    filantrópicas. No primeiro semestre de 2009, de acordo com a Associação dos

    Municípios do Sudoeste do Paraná (AMSOP), havia 15.090 alunos matriculados em

    cursos de nível superior no Sudoeste do Paraná, dos quais 4.196 (27,8%) em

    instituições públicas.

    No que se refere às licenciaturas, levantou-se que vinte cursos estavam

    sendo ofertados na região abrangendo as áreas de ciências, educação física,

    geografia, história, letras, matemática e pedagogia. Apenas sete licenciaturas eram

    oferecidas em instituições públicas de ensino: matemática e letras com habilitação

    em Inglês na UTFPR de Pato Branco; geografia e pedagogia pela Universidade

    Estadual do Oeste do Paraná - Unioeste em Francisco Beltrão; pedagogia e ciências

    com habilitação em biologia, física e química na Unicentro em Chopinzinho e a

    licenciatura em letras com habilitação em português e espanhol pela Universidade

    Federal da Fronteira Sul – UFFS em Realeza. Além destes, havia um curso

    itinerante em Educação do Campo oferecido pela Unioeste em Francisco Beltrão.

    Um processo que se considerou na análise foi a possibilidade de

    incorporação de instituições privadas de ensino por instituições públicas. Neste

    sentido, observou-se que o Centro Universitário Católico do Sudoeste do Paraná

  • 21

    (UNICS), em Palmas, passou pelo processo de federalização junto ao MEC, sendo

    incorporada ao Instituto Federal do Paraná. O então denominado IFPR Palmas

    possui cinco cursos de licenciatura: artes visuais, educação física, letras com

    habilitação em português e inglês, química e pedagogia. Já a Faculdade Vizinhança

    Vale do Iguaçu - VIZIVALE, Dois Vizinhos, que pertence ao mesmo grupo da

    UNICS, possui cursos de licenciatura em artes visuais, letras e pedagogia e,

    recentemente, está encerrando suas atividades.

    Observou-se que não existiam universidades públicas que oferecessem curso

    de Ciências Biológicas, modalidade licenciatura, na região sudoeste do Paraná, o

    que reforçou a viabilidade para a implantação desse curso no Câmpus Dois

    Vizinhos. Além disso, nesta região existia apenas o curso de Ciências da UFFS, com

    área de concentração em Biologia, e o curso de Ciências Biológicas da UNICS-

    Palmas (instituição privada de ensino). Adicionalmente, observou-se que o curso

    apresentava demanda pelas médias expressivas de concorrência nos vestibulares

    das instituições públicas nas diferentes regiões do estado.

    Destaca-se ainda o fato de que em consulta feita pelos membros da

    comissão, alguns diretores de escolas estaduais vinculadas ao Núcleo Regional de

    Educação de Dois Vizinhos, quando questionados sobre as necessidades de

    professores, ressaltaram a carência na área de Ciências Biológicas, sugerindo a

    implantação dessa licenciatura.

    Ao final dos trabalhos, a Comissão para Estudo Sobre a Implantação de um

    Curso de Licenciatura no Câmpus Dois Vizinhos definiu em seu relatório final pela

    indicação do curso de Ciências Biológicas. A comissão justificou sua indicação

    considerando que a estrutura disponível no Câmpus e a formação profissional do

    corpo docente já lotado eram mais relacionadas a essa área do conhecimento.

    Considerou-se também que os professores que atuam na área de Ciências

    Biológicas na região são, em sua maioria, oriundos de outras regiões do estado

    demonstrando a carência de formação de professores na própria região Sudoeste.

    Portanto, entendeu-se que um curso de Ciências Biológicas em Dois Vizinhos

    aproveitaria a estrutura já instalada e atenderia a demanda de formação de

    professores na região.

  • 22

    3 OBJETIVOS

    3.1 OBJETIVO GERAL

    O Curso de Ciências Biológicas, modalidade licenciatura, do Câmpus Dois

    Vizinhos da Universidade Tecnológica Federal do Paraná tem por finalidade formar

    professores de ciências para os anos finais do ensino fundamental e de biologia

    para o ensino médio. Além disso, o profissional formado será biólogo e poderá atuar

    nas demais áreas de competência do biólogo, desde que atenda a legislação vigente

    no país.

    3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

    Considerando que o campo de atuação do biólogo se estende pelas áreas de

    educação, pesquisa e prestação de serviço à comunidade, busca-se:

    - Formar professores para o Ensino de Ciências no Ensino Fundamental e de

    Biologia no Ensino Médio, que considerem na sua prática docente a relação entre

    teoria e prática.

    - Preparar educadores capazes de centralizar o processo de

    ensino/aprendizagem no aluno, considerando a necessidade de acolhimento e trato

    da diversidade.

    - Instrumentalizar docentes para o uso de tecnologias da informação e da

    comunicação e de metodologias, estratégias e materiais de apoio inovadores, bem

    como para o desenvolvimento de hábitos de colaboração e de trabalho em equipe.

    - Formar profissionais com espírito crítico e investigativo aptos a atuarem na

    pesquisa básica e aplicada.

    - Formar biólogos com conhecimento generalista na grande área de Ciências

    Biológicas e aptos a se especializarem por meio da pós-graduação para atuar nas

    subáreas da Biologia no Ensino Superior.

  • 23

    - Promover a formação básica, permitindo ao aluno se capacitar por meio de

    formação continuada para atuar na orientação, assessoramento e prestação de

    consultoria, realização de exames, perícias, emissão de laudos técnicos e pareceres

    de competência do biólogo, de acordo com a legislação vigente no país.

  • 24

    4 MISSÃO, VISÃO E VALORES

    4.1 MISSÃO

    O curso de Ciências Biológicas, modalidade licenciatura, da UTFPR-DV tem a

    missão de promover uma formação profissional de excelência por meio da interação

    entre o ensino, pesquisa e extensão, contribuindo para o desenvolvimento social,

    científico e tecnológico da comunidade.

    4.2 VISÃO

    Ser um curso de referência na formação de Biólogos licenciados, oferecendo

    uma sólida fundamentação pedagógica e científica, de modo a tornar-se um modelo

    na formação de professores para a Educação Básica.

    4.3 VALORES

    O curso de Ciências Biológicas, modalidade licenciatura, da UTFPR, Câmpus

    Dois Vizinhos, tem como base os seguintes valores na formação de seus alunos:

    Ética: os biólogos deverão atuar seguindo os preceitos éticos e legais da

    profissão para gerar e manter a credibilidade junto à sociedade.

    Desenvolvimento humano: biólogos cidadãos, solidários e integrados no

    contexto social, de modo que sua prática seja vinculada a realidade da comunidade.

    Integração social: realizar ações interativas com a sociedade contribuindo

    para a popularização do conhecimento e promovendo o desenvolvimento social e

    tecnológico.

    Inovação: valorizar ideias e ações capazes de ampliar as possibilidades de

    ensino-aprendizagem, contribuir com a elaboração de estudos inovadores e

    promover o desenvolvimento tecnológico.

  • 25

    Qualidade e excelência: promover a formação de profissionais qualificados

    para contribuir com a melhoria contínua dos serviços oferecidos a sociedade.

  • 26

    5 PERFIL DO EGRESSO E FUNDAMENTAÇÃO LEGAL

    O profissional estará capacitado ao exercício do trabalho em Ciências

    Biológicas, em especial na área de ensino, em todas as suas dimensões. O egresso

    terá amplo conhecimento biológico, estando capacitado para atuar como sujeito

    transformador da realidade, considerando os parâmetros bioéticos e legais e

    buscando a melhoria da qualidade de vida.

    Enquanto licenciado deverá ter consciência de sua responsabilidade como

    educador. Ademais, trabalhar o conteúdo de forma integrada, contextualizada e com

    rigor científico, estando apto a atuar multi e interdisciplinarmente para estimular o

    raciocínio crítico, a criatividade e o compromisso dos alunos, no que se refere às

    questões fundamentais das ciências biológicas e suas tecnologias, atuando assim

    de acordo com o Parecer CNE/CES nº 1301/2001, de 06/11/2001.

    Portanto, o currículo do curso está organizado de modo que o egresso

    apresente as seguintes características:

    - Consciente de sua responsabilidade como educador, nos vários contextos

    de atuação profissional;

    - Comprometido com os resultados de sua atuação, pautando sua conduta

    profissional por critérios humanísticos, compromisso com a cidadania e rigor

    científico, bem como por referenciais éticos legais;

    - Apto a atuar multi e interdisciplinarmente nos mais diversos contextos

    educacionais e sociais;

    - Preparado para desenvolver ideias inovadoras e ações estratégicas,

    capazes de ampliar e aperfeiçoar sua área de atuação.

    - Capacitado para atuar como gestor nas instituições educacionais, pautando-

    se nos princípios da gestão democrática.

    - Generalista, crítico, ético e cidadão, com espírito de solidariedade;

    - Detentor de adequada fundamentação teórica, como base para uma ação

    competente, que inclua o conhecimento profundo da diversidade dos seres vivos,

    bem como sua organização e funcionamento em diferentes níveis, suas relações

    filogenéticas e evolutivas, suas respectivas distribuições e relações com o meio em

    que vivem;

  • 27

    - Consciente da necessidade de atuar tanto no ensino quanto na pesquisa

    com qualidade e responsabilidade em prol da conservação e manejo da

    biodiversidade, políticas de saúde, meio ambiente, biotecnologia, bioprospecção,

    biossegurança, na gestão ambiental, tanto nos aspectos técnico-científicos, quanto

    na formulação de políticas, e de se tornar agente transformador da realidade

    presente, na busca de melhoria da qualidade de vida;

    - Comprometido com os resultados de sua atuação, pautando sua conduta

    profissional por critérios humanísticos, compromisso com a cidadania e rigor

    científico, bem como por referenciais éticos legais;

    - Apto a atuar multi e interdisciplinarmente nos mais diversos contextos

    educacionais e sociais;

    - Preparado para desenvolver ideias inovadoras e ações estratégicas,

    capazes de ampliar e aperfeiçoar sua área de atuação.

    O egresso também deverá estar atento às Leis relativas ao Exercício

    Profissional do Biólogo, as quais são regulamentadas pelo Conselho Federal de

    Biologia e pelos Conselhos Regionais de Biologia. Cabe citar as seguintes leis: Lei

    Federal 6684/79, que regulamenta as profissões de Biólogo e de Biomédico, cria o

    Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Biologia e Biomedicina, e dá suas

    outras providências; Lei Federal 7017/82, que dispõe no artigo 1º, sobre os

    Conselhos Federal e Regionais de Biomedicina e de Biologia, desmembrando-os em

    Conselhos Federal e Regionais de Biomedicina e Conselhos Federal e Regionais de

    Biologia, passando a constituir entidades autárquicas autônomas; Decreto

    88.438/83; a Resolução CFBio nº 005/85 explicita os termos genéricos utilizados

    para discriminar as atividades profissionais do biólogo; Resolução CFBio nº 01/90

    (dispõe sobre concessão de Termo de Responsabilidade Técnica em Controle de

    Vetores); Resolução CFBio nº 11/91 (cria as COFEPs - Comissões de Orientação e

    Fiscalização do Exercício Profissional no âmbito dos CRBios, define competências e

    institui o Manual de Orientação e Fiscalização do Exercício Profissional – MOFEP);

    Resolução CFBio nº 01/93 (dispõe sobre a Concessão de Termo de

    Responsabilidade Técnica em Testes de Investigação de Paternidade por Análise de

    Ácido Desoxiribonucleico (ADN) e outros Marcadores Genéticos Moleculares);

    Resolução CFBio nº 12/93 (regulamenta a concessão de Termo de

    Responsabilidade Técnica em Análises Clínicas e dá outras providências);

    Resolução CFBio nº 17/93 (Dispõe sobre normas e procedimentos para a concessão

  • 28

    do título de Especialista em Áreas das Ciências Biológicas); Resolução CFBio nº

    03/96 (regulamenta a concessão de Termo de Responsabilidade Técnica em Análise

    e Controle de Qualidade Físico-química e Microbiológica de Águas, inclusive as de

    Abastecimento Público); Resolução CFBio nº 05/96 (institui a regulamentação para

    Concessão da “Anotação de Responsabilidade Técnica” no âmbito de serviços

    inerentes à Profissão de Biólogo); Resolução CFBio nº 03/99 (dispõe sobre normas

    e procedimentos para a concessão do Termo de Responsabilidade Técnica - TRT -

    nas diversas Áreas das Ciências Biológicas); Resolução CFBio nº 06/00, adendo a

    Resolução CFBio nº 17/93 (dispõe sobre normas e procedimentos para a concessão

    do Título de Especialista em Áreas das Ciências Biológicas); Resolução CFBio nº

    10/03 (dispõe sobre as Atividades, Áreas e Subáreas do Conhecimento do Biólogo);

    Resolução CFBio nº 30/04 (dispõe sobre a Re-Ratificação da Resolução nº 11/03

    (dispõe sobre a regulamentação para Anotação de Responsabilidade Técnica – ART

    por atividade profissional no âmbito das atividades inerentes à profissão de Biólogo);

    Resolução CFBio nº 60/05 re-ratifica as Resoluções CFBio nº 11/03 e nº 30/04

    (dispõem sobre a regulamentação para Anotação de Responsabilidade Técnica –

    ART por atividade profissional no âmbito das atividades inerentes a profissão de

    Biólogo); Resolução CFBio nº 214/10 (dispõe sobre a regulamentação para inclusão

    ao Acervo Técnico de atividades e serviços profissionais regulamentados pelo

    CFBio, prestados por Biólogos fora do Brasil); Resolução CFBio nº 227/10 (dispõe

    sobre a regulamentação das Atividades Profissionais e as Áreas de Atuação do

    Biólogo, em Meio Ambiente e Biodiversidade, Saúde e, Biotecnologia e Produção,

    para efeito de fiscalização do exercício profissional); e Resolução CFBio nº 300/12

    (estabelece os requisitos mínimos para o Biólogo atuar em pesquisa, projetos,

    análises, perícias, fiscalização, emissão de laudos, pareceres e outras atividades

    profissionais nas áreas de Meio Ambiente e Biodiversidade, Saúde e, Biotecnologia

    e Produção).

    5.1 ÁREAS DE ATUAÇÃO

    O egresso do Curso de Ciências Biológicas da UTFPR Câmpus Dois

    Vizinhos, na condição de biólogo poderá atuar nas seguintes áreas:

  • 29

    1. Ensino: docência de Ciências, no ensino fundamental; de Biologia, no

    ensino médio e das subáreas da Biologia no ensino superior em instituições de

    ensino do sistema público ou privado. Atuação em questões educacionais como

    novas propostas pedagógicas para o ensino de Ciências e Biologia, bem como

    trabalhar com educação ambiental em parques, reservas, zoológicos e outros

    espaços não formais de ensino.

    2. Pesquisa: elaboração, coordenação e execução de projetos de pesquisa

    básica e aplicada.

    3. Prestação de serviços à comunidade: orientação, assessoramento e

    prestação de consultorias a empresas, fundações, autarquias, sociedades e

    associações de classe, no âmbito de sua especialidade. Realização de exames,

    perícias, emissão e assinatura de laudos técnicos e pareceres, de acordo com o

    currículo efetivamente realizado, conforme legislação vigente.

  • 30

    6 ORGANIZAÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

    6.1 CONCEPÇÃO DO CURSO

    A Biologia é a ciência que estuda os seres vivos, a relação entre eles e o

    meio ambiente, além dos processos e mecanismos que regulam a vida. Portanto, os

    profissionais formados nesta área do conhecimento têm papel preponderante nas

    questões que envolvem o conhecimento da natureza.

    O estudo das Ciências Biológicas deve possibilitar a compreensão de que a

    vida se organizou através do tempo, sob a ação de processos evolutivos, tendo

    resultado numa diversidade de formas sobre as quais continuam atuando as

    pressões seletivas. Esses organismos, incluindo os seres humanos, não estão

    isolados, ao contrário, constituem sistemas que estabelecem complexas relações de

    interdependência. O entendimento dessas interações envolve a compreensão das

    condições físicas do meio, do modo de vida e da organização funcional interna

    própria das diferentes espécies e sistemas biológicos. Contudo, uma atenção

    particular deve ser dispensada às relações estabelecidas pelos seres humanos,

    dada a sua especificidade. Em tal abordagem, os conhecimentos biológicos não se

    dissociam dos sociais, políticos, econômicos e culturais.

    O Curso de Ciências Biológicas da UTFPR, modalidade licenciatura, buscará

    como estratégia, a construção/produção do conhecimento de forma integrada, que

    gere a consolidação dos conhecimentos necessários às competências e habilidades

    do egresso.

    Para tanto, deverão ser estimuladas ações que privilegiem a associação entre

    alunos, professores e funcionários em atividades que vão além do ensino, ou seja,

    que incluam a pesquisa e a extensão como parte integrante do processo de

    ensino/aprendizagem.

    Os alunos serão estimulados a entrar em contato com a realidade futura do

    meio de atuação profissional por meio da associação ensino, pesquisa e extensão;

    pela articulação das disciplinas às Atividades Práticas como Componente Curricular

    (APCC) e às Atividades Práticas Supervisionadas (APS); pelo estágio curricular

    supervisionado; pelas atividades complementares e pelo trabalho de conclusão de

  • 31

    curso. Tal processo possibilitará o conhecimento, desde a graduação, dos

    problemas, potencialidades e perspectivas a serem vivenciados futuramente,

    retroalimentando e revisando o conhecimento, bem como as atividades de ensino. A

    participação dos alunos em projetos de pesquisa e extensão assegura o papel social

    da universidade junto à comunidade onde está inserida.

    O ensino prático do curso terá suas possibilidades ampliadas pela associação

    entre universidade e comunidade, na forma de convênios e intercâmbios

    institucionais promovendo um constante contato entre universidade e sociedade.

    A construção da matriz curricular está baseada no estabelecimento de pré-

    requisitos mínimos, na oferta de disciplinas optativas e de atividades

    complementares de graduação, as quais oportunizarão aos acadêmicos uma

    formação diferenciada, atendendo aos seus anseios individuais, dentro das

    possibilidades de formação e atribuição profissional legal, permitindo também

    atualização constante.

    As atividades complementares de graduação são estabelecidas de forma

    sistemática e ofertadas aos alunos. Estas atividades permitem o aprimoramento da

    formação profissional do egresso, sendo já normatizadas pelo Regulamento das

    Atividades Complementares dos Cursos de Graduação da UTFPR (aprovado pela

    Resolução nº 61/06 (COEPP) e retificado pela Resolução nº 56/07 (COEPP)).

    Almeja-se que os alunos tenham participação efetiva nas atividades

    acadêmicas do curso, assim como naquelas atividades extraclasse, com o uso

    frequente da estrutura da biblioteca, o contato constante com os professores fora

    dos horários de aula para dirimir dúvidas, trabalhos em grupo, atuação em projetos

    de pesquisa, extensão e ensino, comissões, movimentos estudantis, dentre outros,

    caracterizando uma formação mais ampla e cidadã. A participação dos alunos

    nestas atividades, de forma complementar às disciplinas cursadas, sob a orientação

    dos professores, é requisito fundamental à formação desejada, além do zelo

    necessário pelo patrimônio público e do bom relacionamento com colegas,

    professores e técnico-administrativos, atendendo ao Regulamento Disciplinar Do

    Corpo Discente da UTFPR, no 30 de 27 de maio de 2015.

    Para o corpo docente, as atitudes esperadas partem do princípio da

    indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, desenvolvendo suas

    atividades em consonância com os objetivos da UTFPR. Para tanto, o trabalho

    docente deve ser embasado em princípios éticos e humanísticos, atualização

  • 32

    técnica e didático-pedagógica contínua, inserção científica, forte atuação junto aos

    discentes, participação na gestão acadêmica e administrativa, promovendo cada vez

    mais a inserção social do curso e, consequentemente, da universidade. Esse

    processo deve ocorrer de forma associada, visando à produção do conhecimento e

    valorização da pessoa humana, priorizando a interdisciplinaridade de modo a

    instigar nos acadêmicos uma visão holística do conhecimento e da realidade.

    6.2 DAS DIRETRIZES PARA A EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS

    Os direitos humanos tem como marco a Declaração Universal dos Direitos

    Humanos (DUDH), proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em Paris

    em 1948, por meio da Resolução 217 A (III) da Assembleia Geral, cujo objetivo é

    estabelecer uma norma comum a ser alcançada por todos os povos e nações. Esta

    Declaração estabelece, pela primeira vez, a proteção universal dos direitos

    humanos.

    No Brasil, este direito está estabelecido na Constituição Federal de 1988, a

    qual contempla Direitos e Deveres Individuais e Coletivos, Direitos Sociais e Direitos

    Políticos.

    Atendendo ao que dispõe a Resolução CNE/CP Nº 1, de 30 de maio de 2012,

    que estabelece Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos, as

    instituições de ensino, dentre elas de Ensino Superior, cabe à efetivação da

    Educação em Direitos Humanos, conforme o exposto em seu Art. 8º: "A Educação

    em Direitos Humanos deverá orientar a formação inicial e continuada de todos (as)

    os (as) profissionais da educação, sendo componente curricular obrigatório nos

    cursos destinados a esses profissionais".

    A referida resolução propõe em seu Art. 6º:

    A Educação em Direitos Humanos, de modo transversal, deverá ser

    considerada na construção dos Projetos Político-Pedagógicos (PPP); dos

    Regimentos Escolares; dos Planos de Desenvolvimento Institucionais (PDI);

    dos Programas Pedagógicos de Curso (PPC) das Instituições de Educação

    Superior; dos materiais didáticos e pedagógicos; do modelo de ensino,

  • 33

    pesquisa e extensão; de gestão, bem como dos diferentes processos de

    avaliação.

    Em seu Art. 7º, a Resolução apresenta as formas como esta temática poderá

    ser desenvolvida tanto na Educação Básica, quanto na Superior, sendo: "I - pela

    transversalidade, por meio de temas relacionados aos Direitos Humanos e tratados

    interdisciplinarmente; II - como um conteúdo específico de uma das disciplinas já

    existentes no currículo escolar; III - de maneira mista, ou seja, combinando

    transversalidade e disciplinaridade".

    Diante do exposto, o Curso de Ciências Biológicas, modalidade licenciatura,

    trabalha o conteúdo de Direitos Humanos de modo transversal e interdisciplinar,

    dando ênfase deste conteúdo nas disciplinas obrigatórias de Políticas Educacionais

    e Ética, Profissão e Cidadania e nas disciplinas optativas de História e Cultura Afro-

    Brasileira e Interculturalidade e Diversidade na Educação.

    Além disso, a instituição tem o Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação

    (GREPE) com a linha de pesquisa "História e Cultura Afro-Brasileira; Literatura de

    Minorias; Gênero e Diversidade Sexual", a qual contempla os direitos humanos. Os

    membros do GREPE reúnem-se mensalmente para debater temas referentes às

    linhas de pesquisa, socializar informações sobre pesquisas e promover outras

    atividades.

    Neste sentido, o Curso de Ciências Biológicas da UTFPR, modalidade

    licenciatura, aborda essa temática por meio do ensino, pesquisa e extensão,

    contemplando os três eixos do trabalho universitário.

    6.3 HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA E INDÍGENA

    A Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003 que alterou a lei nº 9.394, de 20 de

    dezembro de 1996 (LDB), tornou obrigatório o ensino da História e Cultura Afro-

    Brasileira na Educação Básica. Em 2004, o Conselho Nacional de Educação, por

    meio da Resolução CNE/CP nº 1, de 17 de junho de 2004, instituiu as Diretrizes

    Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o

    Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Tais diretrizes devem ser

  • 34

    observadas pelas instituições, em todos os níveis de ensino, em especial, por

    instituições que desenvolvem programas de formação inicial e continuada de

    professores.

    Em 10 de março de 2008 a Lei 11.645 em seu artigo nº 1, que altera o artigo

    26-A da Lei de Diretrizes e Bases, tornou obrigatória a inclusão no currículo oficial

    da rede de ensino a temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”.

    Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio,

    públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira

    e indígena.

    § 1º O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos

    aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população

    brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da

    África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura

    negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional,

    resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes

    à história do Brasil.

    § 2º Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos

    indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em

    especial nas áreas de educação artística e de literatura e história brasileira.

    A lei objetiva inserir nos processos de educação formal as temáticas que

    historicamente ficaram excluídas dos currículos e da formação escolar e

    universitária. A escola e a educação também são geradoras de exclusão na medida

    em que se omitem de discutir os temas centrais que compõem a história e a cultura

    de povos que historicamente foram excluídos.

    Os negros e os índios tiveram desde a chegada dos colonizadores suas

    histórias negadas. Os índios foram vítimas da colonização, tiveram suas terras

    roubadas, seus povos foram destruídos e a sua cultura foi negadas pelos brancos.

    Os negros arrancados de sua terra, a África, foram transplantados ao Brasil, sendo a

    marca desta história, a escravidão. Assim o Brasil carrega no seu código genético

    histórico a marca da escravidão dos negros e do extermínio dos povos indígenas.

    Esta história marcou a completa exclusão social destes dois grupos. Mesmo

    após o fim da escravidão em 1888 e o advento da República em 1889 os negros e

    índios não tiveram um mínimo de cidadania garantida pelo Estado e pela lei.

  • 35

    Continuaram sendo os mais pobres, sem escola, sem saúde, sem emprego e

    quando empregados, ganhando menos que os brancos.

    Apesar desta condição, os negros e os índios deram uma contribuição

    inestimável à cultura brasileira, não deixando de contribuir para o desenvolvimento

    cultural do Brasil. Nesse sentido, a presente lei vem buscar corrigir distorções que

    ainda estão presentes na educação, pois esta ainda possui uma “cor branca”. A

    educação brasileira tem de ser mestiça, de múltiplas cores, mas marcada pelo senso

    da justiça e da verdade. A referida legislação objetiva resgatar uma leitura crítica da

    nossa história, bem como recuperar e desenvolver os elementos culturais destas

    duas culturas.

    Diante do exposto, ressalta-se a necessidade do trabalho com a história e

    culturas Afro-Brasileira e indígenas nos cursos de licenciaturas, uma vez que estes

    têm como foco de sua formação a docência na educação básica. As resoluções

    determinam de forma especial que as instituições de ensino superior incluirão, nos

    conteúdos de disciplinas e atividades curriculares dos cursos que ministram, a

    educação das relações étnico-raciais e o tratamento de questões e temáticas que

    dizem respeito aos afrodescendentes, nos termos explicitados na citada Resolução

    CNE/CP 01-2004.

    Com o objetivo de atender a referida legislação, o curso de Ciências

    Biológicas da UTFPR, modalidade licenciatura, apresenta uma unidade curricular

    obrigatória de Desenvolvimento do Ensino na História que contempla conteúdos

    relacionados à História e a Cultura Afro-Brasileira e Indígena. Ainda, duas unidades

    curriculares optativas, História e Cultura Afro-Brasileira e Interculturalidade e

    Diversidade na Educação, abordam a referida temática. Além disso, os projetos

    integradores são disciplinas interdisciplinares que visam uma educação mais

    completa dos educandos, rompendo barreiras entre as disciplinas, na busca pela

    interação entre as diversas áreas do saber; incluindo as temáticas acima

    mencionadas.

    Além das disciplinas, são promovidas uma série de atividades

    extracurriculares com o objetivo de ampliar a inclusão da temática no processo de

    formação dos futuros docentes. Juntamente com o Departamento de Educação –

    DEPED da UTFPR são desenvolvidas atividades de extensão tais como: culturais

    (música, danças, costumes, gastronomia e etc); projeção de filmes com debates em

    torno das temáticas. O DEPED também desenvolve atividades voltadas às religiões

  • 36

    africanas, mais precisamente o candomblé e a umbanda. Atualmente a temática

    também está incluída no GREPE – Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação na

    linha de pesquisa: história e cultura afro-brasileira; literatura de minorias; gênero e

    sua diversidade. Os membros do GREPE reúnem-se mensalmente para debater

    temas referentes às linhas de pesquisa, socializar informações sobre pesquisas e

    promover outras atividades. Além disso, os alunos serão sensibilizados a

    escreverem seus TCCs (Trabalho de Conclusão de Curso) contemplando as

    temáticas sugeridas.

    6.4 EDUCAÇÃO AMBIENTAL

    A Lei n. 9.795 de 27 de abril de 1999 dispõe sobre a Educação Ambiental,

    instituindo a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) por meio de diversas

    providências, entre as quais, estabelece no Capítulo I, Art. 1o:

    Entende-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o

    indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades,

    atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de

    uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.

    Para tanto, estabelece por meio do Art. 2o que a “educação ambiental é um

    componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente,

    de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em

    caráter formal e não formal”.

    Recorrendo a referida lei, verifica-se no Art. 9º o entendimento de educação

    ambiental formal, como sendo aquela desenvolvida no âmbito dos currículos das

    instituições de ensino públicas e privadas, englobando:

    I - educação básica: a) educação infantil; b) ensino fundamental; c) ensino

    médio;

    II - educação superior;

    III - educação especial;

    IV - educação profissional;

    V - educação de jovens e adultos.

  • 37

    A referida lei também, no Art. 13, ressalta que a Educação Ambiental não

    formal diz respeito às “ações e práticas educativas voltadas à sensibilização da

    coletividade sobre as questões ambientais e à sua organização e participação na

    defesa da qualidade do meio ambiente”.

    Nesse sentido, verifica-se que a educação ambiental deve ocorrer em

    diferentes espaços formativos, levando o cidadão a entender a problemática

    ambiental do mundo atual, situar-se pessoal e coletivamente em relação a essa

    problemática e ter capacidade de atuar em relação a essas questões.

    Para tanto, faz-se necessário rever práticas pedagógicas tradicionais que

    muitas vezes são entendidas como práticas descontextualizadas, disciplinares,

    reducionistas e pragmáticas.

    Tal posicionamento se refere a um processo que, além de lidar com

    concepções e reflexões específicas e relevantes, não deve se restringir a simples

    oferta dessas informações, mas trabalhar de modo amplo com conhecimentos,

    valores e ações para um posicionamento de ordem política.

    Com o objetivo de atender adequadamente ao cumprimento dos princípios e

    objetivos da Política Nacional de Educação Ambiental, o curso de Ciências

    Biológicas, modalidade licenciatura, da UTFPR – Câmpus Dois Vizinhos – PR

    desenvolve uma série de atividades nos eixos: formal e não-formal.

    - Formal: Na matriz curricular do curso a discussão sobre a Educação

    Ambiental está contemplada de maneira interdisciplinar/transdisciplinar em diversas

    disciplinas do curso. Adicionalmente, atividades voltadas especificamente para as

    questões socioambientais são apresentadas de maneira contínua, permanente e

    contextualizada com a realidade local nas disciplinas de Educação Ambiental,

    Ecologia de Ecossistemas, Ecologia de Populações e Comunidades, Introdução a

    Biologia, Parasitologia e Saúde Pública, Projetos Integradores e Teoria e Prática do

    Ensino de Ciências e Biologia.

    - Não formal: O curso de Ciências Biológicas da UTFPR – Câmpus Dois

    Vizinhos – PR desenvolve diversas práticas que promovem conforme o exposto na

    Política Nacional de Educação Ambiental: a) a difusão, por intermédio dos meios de

    comunicação de massa; b) ampla participação de escolas e comunidade na

    formulação e execução de atividades vinculadas à educação ambiental; c) a

    participação de empresas públicas e privadas no desenvolvimento de propostas de

    educação ambiental em parceria com a escola e a universidade.

  • 38

    7 GESTÃO

    O processo de gestão do curso de Ciências Biológicas, modalidade

    licenciatura, está organizado de forma que a participação democrática nas decisões

    esteja presente em cada ação. Para isso, a gestão do curso está organizada da

    seguinte forma: coordenação de curso, representada na figura do coordenador e

    respectivo substituto; núcleo docente estruturante (NDE), composto por professores

    lotados na Coordenação do Curso de Ciências Biológicas (COBIO); e colegiado de

    curso, composto por professores lotados na COBIO, alunos e técnicos

    administrativos. Os alunos estão organizados e representados pelo Centro

    Acadêmico que participa ativamente da vida acadêmica e de toda a gestão do curso.

    Assim, é garantida a participação da comunidade, professores e alunos, onde

    juntos, auxiliam o coordenador do curso nas tomadas de decisões.

    7.1 COORDENAÇÃO DE CURSO

    O Coordenador de Curso e seu substituto são indicados a partir de lista

    tríplice, elaborada pelo Colegiado de Curso e encaminhada por meio da Diretoria de

    Graduação e Educação Profissional ao Diretor-Geral para escolha.

    As atribuições da Coordenação de Curso são previstas no Regimento dos

    Câmpus da UTFPR, conforme Deliberação n.º 10/2009 de 25 de setembro de 2009.

    7.2 NÚCLEO DOCENTE ESTRUTURANTE

    O Núcleo Docente Estruturante (NDE) do curso de Ciências Biológicas é um

    órgão consultivo da Coordenação de Curso que, dentre as suas atribuições, é

    responsável pelo processo de concepção, consolidação e contínua atualização do

    Projeto Pedagógico do Curso. O NDE atua diretamente na avaliação periódica do

    PPC, sugerindo modificações na sua escrita e conteúdo. Ainda, analisa

  • 39

    periodicamente a concepção do curso e, em caso de necessidade, sugere as

    alterações na matriz curricular.

    O PPC do curso foi elaborado com o auxílio de todos os membros do NDE.

    Durante processo de implantação do curso, o NDE se reuniu mensalmente,

    conforme cronograma de reuniões ordinárias, previamente aprovado, para a

    execução das atividades. Após o reconhecimento do curso e sua total implantação,

    o NDE continuou a se reunir mensalmente, buscando: 1- avaliar o curso por meio de

    um processo de auto avaliação que incluiu alunos e professores; 2- reestruturar a

    matriz curricular do curso e o PPC com base em quatro critérios; i) nas sugestões

    apontadas pelos avaliadores do MEC; ii) nos resultados e sugestões obtidas no

    processo de auto avaliação do curso; iii) nos dados de retenção total e parcial e

    evasão do curso; iv) nas novas diretrizes curriculares nacionais para a formação

    docente (Resolução CNE/CP nº 02/2015); 3- planejar novas disciplinas optativas que

    atendam a demanda do curso e equivaler disciplinas de outros cursos que podem

    funcionar como optativas pelos alunos de Ciências Biológicas; 4- propor ações de

    desenvolvimento de atividades de pesquisa e extensão vinculadas a área de

    atuação do licenciado em Ciências Biológicas.

    O atual Núcleo Docente Estruturante do Curso de Ciências Biológicas foi

    nomeado pela Portaria n° 153 de 21 de setembro de 2015. As atribuições do NDE

    estão definidas pelo Regulamento do Núcleo Docente Estruturante dos Cursos de

    Graduação da UTFPR aprovado pela Resolução n.º 009/12-COGEP, de 13 de abril

    de 2012.

    7.3 COLEGIADO DE CURSO

    O Colegiado de Curso é um órgão consultivo e deliberativo para os assuntos

    de política de ensino, pesquisa e extensão em conformidade com as diretrizes da

    instituição e suas atribuições estão previstas no Regulamento do Colegiado de

    Curso de Graduação e Educação Profissional da UTFPR, conforme resolução

    015/12-COGEP de 22 de maio de 2012. Esse órgão é formado por representantes

    docentes e discentes. Dessa forma, a participação de professores e alunos efetiva o

    processo de gestão democrática.

  • 40

    8 ESTRUTURA CURRICULAR

    As disciplinas que compõem o currículo do curso de Ciências Biológicas,

    modalidade licenciatura, foram determinadas levando em consideração os

    conhecimentos necessários para a atuação nas diversas áreas de competência do

    biólogo de acordo com a legislação vigente. Por se tratar de um curso de licenciatura

    existe a necessidade de contemplar um conjunto de conhecimentos e metodologias

    para capacitar os alunos a ensinar nas diferentes etapas da educação básica. Para

    tanto, respeitando a legislação vigente sobre a formação de professores, foram

    incluídas disciplinas específicas para a formação docente, disciplinas para promover

    a interdisciplinaridade e transdisciplinaridade, disciplinas para contemplar a

    diversidade de gêneros e a história da cultura afro-brasileira, além das atividades

    práticas como componentes curriculares e os estágios curriculares supervisionados.

    A matriz curricular inclui também disciplinas consideradas relevantes frente às

    necessidades regionais da área de abrangência da UTFPR e decorrentes das

    características desta instituição de ensino. Partiu-se da nomenclatura das disciplinas

    comuns aos cursos de licenciatura da UTFPR e também das demais disciplinas

    básicas comuns aos cursos de Ciências Biológicas do Brasil, modalidade

    licenciatura, bem como da normatização do Conselho Federal de Biologia (CFBio). A

    carga horária total do curso é de 3285 horas, distribuídas em oito períodos,

    abrangendo aulas teóricas e práticas, práticas como componentes curriculares,

    estágios curriculares supervisionados, trabalho de conclusão de curso e atividades

    complementares.

    Os critérios de organização da matriz curricular, incluindo a alocação de

    tempo e espaço na matriz curricular para cada disciplina, foram pautados: i) no

    Parecer CNE/CES 1.301/2001 que trata das diretrizes curriculares nacionais para os

    Cursos de Ciências Biológicas; ii) no Parecer GT nº 01/2010 do CFBio que trata das

    áreas de atuação e requisitos mínimos para o biólogo atuar em pesquisa, projetos,

    análises, perícias, fiscalização, emissão de laudos, pareceres e outros serviços nas

    áreas de meio ambiente, saúde e biotecnologia; iii) na Resolução CNE/CES 4/2009

    que dispõe sobre a carga horária mínima e procedimentos relativos à integralização

    e duração do curso de Ciências Biológicas; iv) na Resolução CNE/CP 2/2015 que

    institui as diretrizes curriculares nacionais para a formação de professores da

  • 41

    educação básica e, consequentemente, a duração e carga horária dos cursos de

    licenciaturas para a formação destes profissionais; e v) na Lei 9394/1996 que

    estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.

    Com relação à carga horária mínima é importante destacar que de acordo

    com a Resolução CNE/CES 4/2009