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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALProcuradoria da República no Município de Redenção-PA
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DEREDENÇÃO-PA
Ref.: Inquéritos Civis (ICs) nº 1.23.005.000007/2013-54 e 1.23.001.000303/2015-57;
O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, por meio da Procuradora da República
signatária, vem à presença de Vossa Excelência, no exercício de suas atribuições constitucionais e
legais em defesa do patrimônio público, previstas nos artigos 127 e 129, inciso III, da Constituição
Federal, no art. 1°, inciso I, da Lei n° 7.347/1985 e no artigo 6º, inciso VII, “b”, da Lei
Complementar nº 75/1993, vem ajuizar
AÇÃO CIVIL PÚBLICA
em face de DEPARTAMENTO NACIONAL DEINFRAESTRUTURA E TRANSPORTES – DNIT,autarquia federal vinculada ao Ministério daInfraestrutura, que poderá ser citado na pessoa doSuperintendente Regional do Pará, no endereço daSuperintendência do DNIT no Estado do Pará:Rodovia BR-316, km 0, s/n. Bairro Castanheira. CEP:66.645-000. Belém/PA. E-mail
;
UNIÃO, pessoa jurídica de direito público interno,que poderá ser citada na pessoa de seu representantelegal, o Procurador-Chefe da União, com endereço naAvenida Assis de Vasconcelos, nº 625/623. BairroCampina. CEP: 66.017-070. Belém/PA. E-mail
;
pelas razões de fato e os fundamentos de direito a seguir expostos.
Avenida Independência nº. 91, Núcleo Urbano - CEP 68553-055 –Redenção/PA – Tels.: (94) 3424-1537/3644 – [email protected]
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I – DO OBJETO DA AÇÃO
Trata-se de ação civil pública para compelir a UNIÃO e o DNIT a realizarem e
concluírem obras de conservação/recomposição/restauração/recuperação/reestruturação na BR-158,
trecho Redenção – Santana do Araguaia, que demandam intervenção urgente (principalmente no
subtrecho que vai de Redenção até o distrito de Casa de Tábuas1) em virtude dos riscos
apresentados aos usuários, a fim de garantir a segurança no tráfego.
A Rodovia BR 158 inicia-se no km 590 (entroncamento BR 155 / 158 na cidade de
Redenção) e estende-se ao km 889, na divisa PA/MT, tendo sentido crescente de Redenção em
direção à divisa PA/MT e, no trecho mencionado acima, encontra-se em estado precário.
Tal precariedade no trecho Redenção – Santana do Araguaia é notória e não apenas
foi reconhecida em Relatórios da PRF e em levantamentos fotográficos e relatórios feitos por
servidor do MPF, como tem causado, e é de conhecimento público, diversos acidentes com vítimas
graves e fatais, conforme atesta a documentação que acompanha esta inicial.
Ressalte-se que a mencionada precariedade não se restringe apenas à estrada de
rolamento, mas também e, principalmente, às diversas pontes existentes, infraestruturas de Obras
de Arte Especiais – OAEs2.
Por isso, torna-se necessário que o DNIT e a UNIÃO atuem de modo mais vigoroso
na região, implementando todas as medidas necessárias para se garantir a efetiva segurança do
usuário da rodovia em questão, considerando se tratar de atividade que reduzirá o número de
mortes e acidentes naquele trecho.
II – DOS FATOS
A documentação que embasa a presente inicial é oriunda de inquéritos civis que
tramitaram nessa Procuradoria da República, haja vista o péssimo estado de conservação da
rodovia BR-158, trecho Redenção – Santana do Araguaia, quais sejam 1.23.005.000007/2013-54 e
1.23.001.000303/2015-57, iniciados, nessa ordem, a partir de ata de reunião encaminhada pela
Promotoria de Justiça de Redenção e de despacho de Procurador da República relatando a situação
da pista após deslocamento para o município de Santana do Araguaia; e de relatório da Polícia
Rodoviária Federal acerca das condições da BR-158. Em síntese, o fatos albergados em tais
procedimentos podem ser descritos, lógica e cronologicamente, da seguinte forma:
1 Trata-se de distrito do Município de Santa Maria das Barreiras/PA.2 Trata-se de nomenclatura técnica do ramo da engenharia civil: obras de arte especiais são estruturas que têm a
finalidade de transpor obstáculos, tais como avenidas, vales, rios, entre outros. Quando construídas sobre cursosd`água, são denominadas pontes; sobre avenidas ou vales secos, viadutos. (https://www.google.com/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=2&cad=rja&uact=8&ved=2ahUKEwjwzKuHheDlAhUnH7kGHT-JAzwQFjABegQIChAE&url=https%3A%2F%2Fwww.ipt.br%2Fdownload.php%3Ffilename%3D1130-Noticias_da_Construcao_SindusCon_Outubro_2014.pdf&usg=AOvVaw0HZUKfY-wcFi5MbpHMJMqa)
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Em 20 de dezembro de 2012, o então Procurador da República oficiante na
Procuradoria da República em Redenção (Leonardo Cervino Martinelli) determinou a instauração
de procedimento administrativo considerando o teor da ata de reunião realizada na sede da
Promotoria de Justiça de Redenção/PA, no dia 10 de setembro de 2012, na qual moradores e
empresários da região relataram as péssimas condições de trafegabilidade da BR-158 (trecho entre
os municípios de Redenção e Santana do Araguaia), a qual abrange não apenas a estrada de
rolamento, mas também as pontes e pontilhões existentes. A autuação do procedimento também se
justificou pela constatação in loco do Procurador da República, por ocasião do deslocamento para
participar de audiência pública realizada, em 10 de novembro de 2012, em Santana do Araguaia,
quando atestou que havia "trechos em que a cobertura asfáltica não mais exige pontes e pontilhões
em precário estado de conservação, o que exige dos condutores redobrada atenção".
Assim, e com a instauração do Inquérito Civil nº 1.23.005.000007/2013-54, foram
prestadas informações iniciais pelo DNIT.
Consta de Nota Técnica datada de 19/03/20123 considerações específicas acerca da
situação das 11 (onze) pontes na BR-158/PA – Subtrecho Redenção – Santana do Araguaia
(segmento 590,5 ao km 700,5), quais sejam:
1) Ponte sobre o Rio Mágico no km 598,18;
2) Ponte sobre o Rio Benedito I no km 624,28;
3) Ponte sobre o Rio Benedito II no km 625,61;
4) Ponte sobre o Rio Água Preta no km 627,23;
5) Ponte sobre o Rio Arraia no km 632,37
6) Ponte sobre o Rio Arraia I no km 632,67;
7) Ponte sobre o Rio Itamarati no km 638,06;
8) Ponte sobre o Rio Araras no km 654,60;
9) Ponte sobre o Rio Inajazinho no km 676,69;
10) Ponte sobre o Rio Inajá no km 688,53;
11) Ponte sobre o Rio Jacaré no km 692,50;
Explicou, ainda com base na mesma nota técnica, que a empresa SEMENGE S.A
ENGENHARIA E EMPREENDIMENTOS assinou o contrato AJUR-021/2005 com a Secretaria
Executiva de Transportes do Estado do Pará – SETRAN, em 10/08/2005 para execução dos
serviços de complementação de apenas 06 (seis) obras de arte especiais na então rodovia PA-150.
Em seguida, com a federalização da rodovia PA passando, então, a ser a atual BR-158, houve a
3 Assinada pelo Engenheiro David Wilkerson Bessa da Luz (Analista em Infraestrutura de Transportes DNIT –PA/AP)
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subrrogação do aludido contrato ao DNIT, em 23/08/2006, e a celebração do Contrato 0189/2006,
com ordem de início a partir de 18/10/2006, sem contemplar todas as pontes4.
A contratação da SEMENGE S A, conforme informações do DNIT constantes dos
Memorandos nº 271 e 276/2012 – UL de Marabá (em anexo), também se deu pelo contrato nº
02.1.0.00.0006.2006 C. EMP., para o segmento km 700,5 a km 893,5 da BR-158, iniciado em
23/08/2006 e finalizado em 23/08/2011.
Na mesma época também, foi celebrado contrato de convervação com a empresa
Construtora Meirelles Mascarenhas Ltda – CMM para o segmento km 590,5 ao km 700,50,
iniciado em 04/08/2006 e finalizado em 07/08/2012 (contrato nº 02.1.0.00.0003.2006 C.EMP).
Em seguida, e após um período sem contratação, foram celebrados para os citados segmentos, os
contratos nº 02 00680/20125 e 02 00681/20126, com a empresa CCM – Construtora Centro Minas
Ltda, com início a partir de 03/10/2012 (vide Memorandos nº 271 e 276/2012 – UL de Marabá).
Em 2013, por meio do Ofício nº 012/2013 – UL de Marabá, o DNIT, de pronto,
reconheceu estar "ciente do estado físico em que se encontram as pontes da Rodovia BR-
158/PA, segmento Redenção – PA – Casa de Tábuas-PA", assim como dos riscos aos usuários.
Na mesma ocasião, sinalizou também acerca de processo para implantação dessas infraestruturas
de Obras de Arte Especiais se desencandeando em setor específico do DNIT em Brasília.
Como medidas primárias para continuar os acessos de travessias provisórias até a
consecução das obras definitivas dessas pontes em concreto, afirmou o DNIT acerca da construção
de outras pontes de madeira, além da conservação das provisórias existentes, através do contrato de
conservação nº 02 00680/2012, com a empresa CCM – Construtora Centro Minas Ltda.
Já em 2014, a autarquia informou o MPF acerca da finalização dos contratos nº 02
00680/2012 e 02 00681/2012 em 09/07/2013 e a substituição pelo Contrato TT-0496/20137 com a
empresa PAVOTEC – Pavimento e Terraplanagem Ltda, com objeto específico relativo a
"restauração e manutenção rodoviária, no segmento do km 590,500 ao km 889,580 (Redenção –
Divisa PA-MT)" (OFÍCIO DNIT SR-PA/AP nº 065/2014).
Certo é que, com base no esclarecido pelo DNIT8, os contratos nº 02 00680/2012 e
02 00681/2012 visaram a realização de serviços com características funcionais a fim de manter a
4 As pontes contempladas nos contratos foram as seguintes: Ponte sobre o Rio Mágico, sobre o Rio Benedito I, RioBenedito II, sobre o Rio Araras, sobre o Rio Inajazinho e sobre o Rio Inajá. Como atestado pelo próprio DNIT, emoutro documento intitulado "Exposição de Problemas na BR-158/PA nº 001/2007", o contrato AJUR-021/2005 jánasceu insuficiente pois não contemplou todas as pontes.
5 O objeto do contrato, conforme instrumento anexo, consistiu na manutenção (conservação/recuperação) do LOTE01 da BR-158, segmento km 590,500 – km 699,030, extensão 108,530 km.
6 O objeto do contrato, conforme instrumento anexo, consistiu na manutenção (conservação/recuperação) do LOTE02 da BR-158, segmento km 699,030 – km 889,600, extensão 190,570 km.
7 O objeto do contrato, conforme instrumento anexo, consistiu na execução de obras de revitalização (recuperação,restauração e manutenção) rodoviária – Projeto de CREMA 2ª etapa, na BR-158, segmento km 590,5 – km 889,58,extensão 299,08 km.
8 Em documento datado em 08 de maio de 2014 pelo Analista em Infraestrutura de Transportes – Unidade Local de Marabá, encaminhando informações ao Supervisor da UL – Marabá.
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boa trafegabilidade da rodovia, a exemplo de "tapa buraco, remendo profundo, recomposição
mecanizada de aterro, roçada manual e execução de pontes de madeira". Por outro lado, o
Contrato TT-0496/2013 previu modalidade de obras referentes à reestruturação completa
(recuperação, restauração e manutenção) do trecho, inclusive com Projetos de sinalização vertical e
horizontal do segmento contratado, além da execução também de serviços relativos à tapa buraco,
remendo profundo e limpeza de faixa de domínio em toda extensão da rodovia como parte
integrante dos serviços de conservação e manutenção.
Sobre esse contrato, o DNIT também informou no mesmo documento que "em
relação aos travalhos de reestruturação podemos afirmar que a principal frente de serviço está
restaurando os primeiros 18.00 km de rodovia, próximo ao Município de Redenção, seguindo rumo
ao Município de Santana do Araguaia. Dentro desse contexto podemos afirmar que a rodovia
apresenta boas condições de trafegabilidade em função das obras que avançam e em virtude deste
novo programa que foi implantado, que é mais completo que os contratos 02 00680/2012 e 02
00681/2012".
Passado algum tempo, o Contrato TT-0496/2013 também foi alvo de substituição,
por outros 02 (dois) contratos, quais sejam os Contratos nº 02 00348/2015 e nº 02 00349/2015
(vide também Ofício nº 71/2015 – UL de Marabá9, Ofício UL-Marabá nº 091/201510, Ofício CFA
nº 001/201611):
Lote 01 – BR 158/PA; ordem de serviço 25/05/2015 - Contrato nº 02 00348/2015Subtrecho entr. da BR 155 / Redenção – entr. da BR 235/PASegmento – Km 590,50 (Redenção) – km 699,04 (Distrito de Casa de Tábuas)Contratada – CFA – Construções e Terraplenagem e Pavimentação Ltda.
Lote 02 – BR 158/PA; ordem de serviço 25/05/2015 - Contrato nº02 00349/2015Subtrecho entr. da BR 235/PA – div. PA/MTSegmento – Km 699,04 (Distrito de Casa de Tábuas) – Km 889,60 (div. PA/MT)Contratada – ETHOS – Engenharia de Infraestrutura S/A.
Ambos os contratos foram realizados para manutenção conservação/recuperação)
na rodovia, com serviços que incluem "obturação de buracos e desgastes na pista de rolamento,
desobstrução e limpera do sistema existente de drenagem superficial e profunda, roçada da
vegetação adjacente à rodovia e recuperação da sinalização vertical e horizontal existente"12.
Ainda, em período próximo à emissão das ordens de serviço apontadas acima, no
bojo do Inquérito Civil nº1.23.001.000303/2015-57, a Polícia Rodoviária Federal – PRF, por meio
do ofício nº 128/15-3ª DEL/19ªSR/DPRF/MJ (anexo), relatou as condições da rodovia, com
fotografias, nos seguintes termos:
9 Constante do IC nº 1.23.005.000007/2013-54;10 Constante do IC nº 1.23.001.000303/2015-57;11 Constante do IC nº 1.23.005.000007/2013-54;12 Esse resumo dos contratos foi exposto pelo DNIT no seguinte documento: Memorando nº
33009/2017/ASSJUR/DIR/DNIT SEDE (IC nº 1.23.005.000007/2013-54).
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A BR-158 é uma importante rodovia federal no estado do Pará (...). Mesmo sem estar todapavimentada, esta rodovia é responsável pelo escoamento de 1,3 milhão de toneladas desoja e milho do Valde do Araguaia para o porto de Ponta da Madeira, em São Luiz doMaranhão. Este ano [2015] serão 2,5 milhões pelos modais rodoviário e rodoferroviário.Não obstante a importância desta rodovia, a mesma tem graves problemas estruturais,como por exemplo: Conservação Asfáltica (muitos trechos sem o betume), pontes demadeiras em condições precárias e pontes de concreto com chapas soltas, sem elas e semproteção. Isto agrava-se ainda mais com o intenso fluso de veículos de carga transportandosoja, milho, minério e outros produtos para distribuição interna e até para exportação.No ano 2014, registramos vários acidentes com estes caminhões cujos fatores agravantes,sem sua maioria, foram as condições da rodovia e o péssimo estado das pontes,comprometendo a segurança dos motoristas e seus veículos.No dia 21.07.15 (terça) um caminhão de 70 t afundou em um buraco em uma PONTE deconcreto com chapas de ferro (faltando) e ficou inerte por mais de quatro horas; causando,além dos prejuízos, um congestionamento de 2 quilômetros (...)Não bastasse os acidentes e prejuízos financeiro dos motoristas, nesta rodovia temacontecido vários assaltos (registrados no DPC de Redenção), isto também por causa dascondições da BR 158 e suas pontes intrafegáveis, que faz com que os motoristas dirijammuito lentamente e as vezes parar nas pontes e buracos facilitando assim as ações dosmeliantes
Sobre os impactos da má conservação da BR-158 na economia e também na rotina
daqueles que precisam trasitar pela via, o Município de Redenção/PA também se manifestou
(Ofício GAB/pmr Nº 018/2013)13:
(...) tem sido inviável o transporte rodoviário da produção (carne bovina, soja) por aquelavia e o Município de Redenção vem deixando de ser rota de escoamento, refletindo nofaturamento do comércio em geral.Outrossim, por ser a principal via de acesso, o atual estado de conservação da BR-158 tempraticamente impedido que a população das pequenas cidades e povoados circunvizinhos,daquela região, dirijam-se até o Município de Redenção para tratamento de saúde,aquisição de bens e/ou serviços, cursar ensino fundamental, médio e superior de qualidade,dentre outros.A par do impacto direto na economia do Município, o atual estado de conservação da BR-158 tem provacado inúmeros acidentes automobilísticos com vítimas fatais (...)
Em semelhante sentido também foi a manifestação do Município de Santana do
Araguaia/PA, conforme documento anexo (OF. GAB. Nº. 079/201314).
Acerca do lote 01, abarcado pelo Contrato nº 02 00348/2015, o DNIT esclareceu
que é onde se concentram as ocorrências de obras de arte especiais (OAE) que ainda
funcionam de forma provisória, totalizando seis pontes que ali permaneceram como
remanescentes não concluídos de contratos anteriores, e que tais já estariam recebendo
manutenção, com intervenções específicas, de acordo com as previsões em contrato (Ofício UL-
Marabá nº 091/2015):
13 Ao encontro disso, também foi juntado ao IC 1.23.005.000007/2013-54 manifestação do Sindicato Rural deRedenção, Bannach, Cumaru do Norte e Pau D'Arco (CAR. 208/2012 – SRR/PA), inclusive com fotos, vídeos emara com coordenadas geográficas (em anexo).
14 “A BR-158, que liga Santana do Araguaia/PA a cidade de Redenção/PA, numa distância de 188 km, encontra-se empéssimo estado de conservação, com pontes há mais de 15 anos sem construção, trechos sem sequer coberturaasfáltica, com buracos em toda a sua extensão, o qual vêm prejudicando sobremaneira a economia do nossoMunicípio, impedindo a mobilidade da popilação que demora horas para chegar a Redenção, bem comodificultando o escoamento da produção agrícola e pecuária, sendo ainda constante a ocorrência de acidentes, osquais já ceifaram várias vidas".
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Ao lado da ponte mista sobre o Rio Inajazinho (de estrutura mista concreto/metáliza), estásendo construída uma ponte de madeira, como alternativa ao tráfego;A ponte mista sobre o Rio Inajá, também está sofrendo intervenção de recuperação com ainstalação de peças de madeira nos vãos, em substituição às chapas metálicas, para assim segarantir o tráfego com segurança;As pontes já existentes em madeira também estão sendo recuperadas.
Em 2016, a PRF apresenta nova relatório, com fotografias, sobre as condições da
rodovia federal, destacando a ausência de sinalização vertical e horizontal já nos primeiros 40 km
da BR-158 (iniciando em Redenção/PA) e, após isso, indica a presença de diversos buracos na
pista. Destacou também que "sobre o Rio Inajá (km 688), a ponte apresenta espaço para
passagem de apenas um único veículo por vez. Sua estrutura de metal/madeira apresenta
estrutura em condição já precisando de novos reparos, visto que diversas partes já estão
danificadas" (Ofício nº 30/2016/NPF03-PA/DEL03-PA/SRPRF-PA – IC nº 1.23.001.000303/2015-
57). Posteriormente, em novas informações (Ofício nº 62/2016/DEL03-PA/SRPRF-PA)15, a PRF
reforça que a rodovia "carece de sinalização de 'perigo ponte em obras' ou outras mais específicas
(cones, cavaletes, fitas zebradas e etc.).
Tais constatações se coadunaram com as informações contidas em relatório de
constatação in loco realizado, em 14/05/2016, feito por servidor (agente de segurança institucional)
desta Procuradoria da República. As conclusões contidas no indigitado relatório sinalizaram a
precariedade da BR-158 entre as cidades de Redenção e o Distrito de Casa de Tábuas/PA; perigo na
travessia das pontes. Sobre esse último aspecto foi consignado também que as cabeceiras de todas
as pontes estão repletas de buracos e com chão bruto (barro/arenoso).
Já em 2017, a fim de prestar informações mais atualizadas, o DNIT informou que o
segmento km 590,50 – km 699,04 (objeto do contrato nº 02 00348/2015, com a empresa CFA)
estaria com pontes em madeira e mista (aço/madeira) em condições regulares a boas e a pista ainda
apresentaria pequenos buracos que estão em fase de obturação por parte da empresa (Memorando
nº 33009/2017/ASSJUR/DIR/DNIT SEDE), tendo afirmado, no ano de 2018, que "os serviços de
manutenção rodoviária (conservação/recuperação) na BR-158 continuam em plena atividade"
(Ofício nº 38207/2018/CGMRR/DIR/DNIT SEDE-DNIT).
Importante registrar que, também em 2018 (em 02 de janeiro), foi assinado o
Contrato TT 00003/2018-02 com o CONSÓRCIO ÁPIA/CONSERVA/CONSOL, pelo valor total
(PI + R) de R$169.000.000,00, com ordem de início dos serviços nº 005/2018 em 01/02/2018
(Memorando nº 187/2017 – SR DNIT/PA). O objeto aqui é a elaboração dos projetos básico e
executivo de engenharia, execução de obras de restauração da pista, implantação de acostamentos e
recuperação/restauração das obras de arte especiais, considerando o segmento km 590,50 – km
699,00 (extensão de 108,50 km) (lote 01).
15 Constante do IC nº 1.23.001.000303/2015-57.
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Sobre esse contrato, o DNIT esclareceu, já em outubro de 2019 (OFÍCIO Nº
96044/2019/SRE-PA16), que foi fruto do edital RDCi nº 424/2016-02, assim como o contrato nº 02
00845/2018, com o CONSÓRCIO ETHOS/PAVIDEZ/SPAZIO, com início de vigência em
25/10/2018, para o segmento 699,00 km – km 889,50 (lote 02). Acrescentou, ainda, que no lote 01,
o CONSÓRCIO ÁPIA/CONSERVA/CONSOL já iniciou "mobilização para execução das pontes
definitivas".
Acerca desse do citado edital, o DNIT já havia informado ao MPF, em oportunidade
anterior (Ofício nº 130/2017 – SR DNIT/PA)17, que se destinaria à contratação de empresa para
realizar, entre outros, também as obras de restauração nas pontes inacabadas18:
Contudo, a despeito de ambas as contratações para restauração da via (Contrato
TT 00003/2018-02 e 02 00845/2018), o DNIT não comprovou o início das obras até o momento, e
muito menos qualquer tipo de planejamento adequado para tanto. Ao contrário, em tom de
incertezas, cingiu-se a dizer que "espera-se que o orçamento do ano 2020 contemple o início das
obras de restauração da BR-158, com especial atenção ao lote 01 e à construção das pontes", sem
nada mencionar, inclusive, a respeito do lote 02 (OFÍCIO Nº 96044/2019/SRE-PA).
Diga-se, também, que como confirmado pelo próprio DNIT, os quantitativos de
serviços dos contratos de manutenção da rodovia firmados pela autarquia desde que a estrada foi
16 Constante do IC nº 1.23.001.000303/2015-57.17 Constante do IC nº 1.23.001.000303/2015-57.18 Esclareceu igualmente o DNIT que: “Com esses serviços todas as 06 (seis) pontes do quadro acima, serão
executados em definitivo, outras melhorias serão o alargamento da plataforma para 1,20 m e a substituição de todosos bueiros metálicos por bueiros tubulares e/ou celulares de concreto” (Ofício nº 130/2017 – SR DNIT/PA).
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federalizada, "não foram suficientes para adequar, completamente, a rodovia ao tráfego crescente,
especialmente diante do estado em que foi recepcionada no Sistema Nacional de Viação" (OFÍCIO
Nº 96044/2019/SRE-PA), o que só é possível, por óbvio, com a completa execução dos serviços de
restauração viária.
E mais, em diligência realizada por servidor do MPF em 24 de outubro de 2018,
outro fato grave foi atestado: não havia qualquer equipe de trabalhadores realizando serviços de
manutenção/recuperação ao longo dos 187,5 km de rovodia. Tal paralisação foi, posteriormente,
admitida pelo DNIT, após ser instado a se manifestar: "quanto às providências de manutenção, de
fato, a Construtora CFA não executou serviços de tapa-buraco entre os meses de julho, agosto,
setembro e outubro de 2018", sendo que a única providência informada pela autarquia em relação a
isso foi a de que teriam sido atribuídas notas baixas no desempenho da contratada.
Embora, o DNIT tenha afirmado que, após esse período, os serviços de manutenção
prosseguiram e que os segmentos sem pavimentação asfáltico relativos ao lote 02 já estivessem
sido concluídos (OFÍCIO Nº 96044/2019/SRE-PA), Relatório da PRF, elaborado após constatação
in loco em setembro de 2019, atestou situação diferente da alegada, inclusive em relação ao lote
02, já que ainda foram verificadas algumas patologias e ausência de sinalização ao longo do trecho.
Pela importância das informações, pertinente destacar os dados informados no
recente Relatório de Trafegabilidade e Acidentologia da BR-15819, realizado pela equipe da PRF, a
partir de levantamento iniciado no km 590,7 e encerrado no km 890,5 (ou seja, o segmento que
engloba todos os contratos do DNIT). Após atestar que o segmento, em sua maioria retilínieo,
apresenta pontos sensíveis com sinalização e estruturas precárias que potencializam a ocorrência de
acidentes, como a inexistência de iluminação pública, buracos e falta de acostamento, foi registrado
o seguinte:
RELATÓRIO DE FATORES DE RISCOS DE ACIDENTESA rodovia é dotada de pista simples com uma faixa de circulação para cada sentido (pistasimples com duplo sentido), não possui acostamento ao longo da sua extensão, sistema deiluminação pública quase que inexistente, principalmente nos trechos urbanos, as pontesem sua maioria são de madeira não oferecem largura para passagem concomitante demais de 01 (um) veículo com outro veículo em sentido contrário, não possuisinalização de estreitamento de pista, gerando perigo de colisão frontal, ou as vezessendo necessário o veículo que vem num sentido parar e esperar o outro passar, a grandemaioria das pontes são improvisadas, de madeira, com obras inacabadas de pontes aolado, das pontes existentes praticamente 3 (três) pontes de concreto oferecem umaestrutura adequada de fluidez do trânsito. Praticamente não existe sinalização verticalou horizontal no trecho de Redenção até a divisa com MT.
DA SINALIZAÇÃO HORIZONTAL E VERTICALQuanto a sinalização horizontal e vertical praticamente não existe e os poucos trechossinalizados, não atendem os princípios básicos da sinalização, conforme manual doCONTRAN, não permite boas condições de percepção aos usuários da via, não fornecemensagens claras, não canaliza ou ordena o fluxo de veículos. Ou seja, a sinalização no
19 O Relatório foi encaminhado ao MPF por meio do OFÍCIO Nº 264/2019/DEL03-PA/SRPRF-PA e instruiu o IC nº 1.23.001.000303/2015-57 (cópia anexa).
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local está precária sem condições de legibilidade, visibilidade e clareza, conforme épossível observar as imagens do anexo 02. (destacou-se)
As fotografias que acompanharam o relatório também seguem em anexo e instruem
essa ação civil pública. Contudo, para que se tenha noção imediata dos problemas aqui versados e
dos riscos à vida e à segurança aos motoristas e passageiros que necessitam transitar pela via,
destaca-se as fotos, a seguir, em que se percebe pouquíssimos segmentos com trechos razoáveis:
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As constatações da PRF só vieram a confirmar o quadro fático que já era de
conhecimento do MPF. Como já mencionado linhas atrás, em outubro de 2018, foram realizadas
novas diligências in loco por servidor desta Procuradoria da República, quando também foi
atestado o péssimo estado de trafegabilidade da Rodovia BR-158.
Nas mencionadas diligências, também foi evidenciado o perigo que o estado atual
das pontes representa para os motoristas (inclusive a passagem de apenas um veículo em
diversas pontes), bem assim foi destacado o abandono de algumas estruturas de metal que
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serviriam para a construção em definitivo das pontes hoje em madeira, além do registro acerca da
más sinalizações vertical, por conta de falta de manutenção, e horizontal (sem contar os pontos em
que as poucas placas existentes estão cobertas por vegetação).
A título exemplificativo, colaciona-se, abaixo, a situação evidenciada em relação à
ponte sobre o Rio Água Preta:
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Além do destaque para outras pontes, também foi alarmante o registro feito em
relação à ponte sobre o Rio Arara, pontuando o servidor do MPF responsável pelo relatório20, que
as carretas que precisam trafegar pelo local, o fazem bem próximo ao limite estrutural da referida
ponte, que possuí 50 metros de comprimento e 3,10 metros de largura, sendo que um caminhão
possui, em média, 2,50 metros de largura. Ademais, as fotografias também demonstram a ausência
de qualquer proteção lateral:
20 Valdelino Rabelo Alves Filho, agente de segurança institucional, matrícula nº 23852.
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Por fim, e em relação a esse relatório, merecem últimos destaques as pontes sobre o
Rios Inajazinho e Inajá, ambas com estrutura mista (concreto + aço + madeira)
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Por todo o exposto, é certo que não há qualquer indício do início dos serviços de
restauração da via, a despeito de a precária situação da via já ser de conhecimento do DNIT
desde, pelo menos, 2006, quando, após a federalização da rodovia, subrrogou contrato firmado pela
SETRAN. Diga-se que o próprio DNIT reconhece que apenas com tais serviços de restauração é
que haverá a necessária melhoria à infraestrutura rodoviária da BR-158/PA (OFÍCIO Nº
96044/2019/SRE-PA)21, o que deve ocorrer sem prejuízo dos serviços de manutenção da rodovia
(conservação/recuperação), estes de caráter continuado, de execução perpétua no dia a dia.
Aliás, quanto a estes serviços de manutenção, registre-se que a despeito de todos os
problemas ora evidenciados, o DNIT atestou que ainda continuam em plena vigência os contratos
21 Esse fato também foi reconhecido pelo DNIT, quando se fez representar pelo analista de infraestrutura e transportesCleo Marcelo Monteiro em reunião realizada no dia 07/06/2017 na sede do MPF em Marabá, conforme ata dereunião anexa (Protocolo PRM-Marabá nº 4888/2017 – IC nº 1.23.001.000305/2015-57.
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contratos nº 02 00348/2015, firmado com a CFA – Construções e Terraplenagem e Pavimentação
LTDA) e nº 02 00349/2015, firmado com a ETHOS – Engenharia de Infraestrutura S/A.
E mais, recentemente, atendendo à requisição do MPF (OFÍCIO Nº 2576/2019/1º
OFÍCIO), esclareceu a autarquia que já foram gastos, desde 2006, mais de cento e vinte milhões
de reais em recursos públicos federais para manutenção e restauração rodoviária, conforme
teor do OFÍCIO Nº 114440/2019/SRE – PA (datado de 14 novembro de 2019) e tabela a seguir,
encaminhada pelo próprio DNIT:
Registre-se que foram encontradas divergências entre os valores informados pelo
DNIT na tabela acima em relação aos contratos 003/2006 e 006/2006 e os dados constantes dos
relatórios gerais do contrato (extraídos do sistema do DNIT – documentos em anexo). Sobre essa
qeustão, esclareceu a autarquia que a discrepância encontrada se deu "nos valores do reajustamento
de ambos os contratos. Ocorrendo da seguinte forma"22:
22 Tal explicação consta do e-mail subscrito pelo Analista em Infraestrutura de Transportes RONYERE FERRAZMOREIRA DE SOUSA (Chefe de Serviços da Unidade Local de Redenção/PA - Superintendência Regional doDNIT no Estado do Pará), conforme documento anexo.
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Dessa forma, considerando os valores gastos nos contratos 003/2006 e 006/2006,
respectivamente R$21.333.101,68 e R$9.541.279,84, e os demais valores constantes dos relatórios
gerais dos demais contratos (documentos em anexo) e indicados, pormenorizadamente, na tabela
acima, tem-se que foram despendidos exatos R$125.569.159,11 para manutenção e restauração da
via até hoje.
Não obstante isso, a má preservação da estrada federal é notória e tem sido fator
decisivo para o elevado indíce de assaltos e acidentes na BR-158 (trecho Redenção – Santana do
Araguaia)23, já tendo ocorrido o desabamento da ponte sobre o Rio Água Preta em 2018, sem
contar o aumento do valor do frete em cima dos gêneros alimentícios e dos produtos de consumo.
Aliás, basta simples pesquisa na internet para se verificar as consquências causadas pelas graves
patologias no pavimento asfáltico, sinalização precária e péssimo estado das pontes24:
https://g1.globo.com/pa/para/noticia/2019/04/22/pessimas-condicoes-das-rodovias-no-sul-
do-para-causam-prejuizos-para-produtores-e-consumidores.ghtml
https://g1.globo.com/pa/para/noticia/2018/10/10/trecho-da-br-158-em-redencao-segue-
interditado-apos-temporal.ghtml
https://www.olhar21.com.br/noticia/2833/br-158-esta-interditada-no-trecho-que-liga-
redencao-a-santana-do-araguaia.html
https://www.zedudu.com.br/caminhao-carregado-de-carne-tomba-na-pa-158-em-santana-
do-araguaia/
https://www.edmarbrito.com.br/careta-com-carne-da-jbs-tomba-na-br-158-em-santana-do-
araguai/
23 O que também é fator ensejador para o ajuizamento de diversas ações de indenização por perdas e danos, onerandomais ainda os cofres da União. Exemplo disso foram os processos nº 418-09.2011.4.01.3905 (atualmente no TRF) e8973-61.2010.4.01.3901 (declinado para a JF/RDO).
24 Em anexo, íntegra de algumas das reportagens jornalísticas.
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22
links no youtube:
https://www.youtube.com/watch?v=qu9uNR6FmPQ
https://www.youtube.com/watch?v=LXR0qskyNxA
No particular, imperioso ressaltar que as estatísticas oficiais de acidentes por
defeitos na via não condizem com a realidade. Embora a PRF tenha o registro de apenas 1 (um)
acidente entre os anos de 2014 e 2015 (OFÍCIO Nº 264/2019/DEL03-PA/SRPRF-PA), é certo que
os dados estão claramente subnotificados, o que se deve, em parte, à ausência de base da PRF em
Redenção e a distância da rodovia para a Delegacia e Unidade Operacional da PRF mais próxima
(no município de Marabá/PA), o que foi reconhecido pela própria polícia em mais de uma
oportunidade (OFÍCIOS Nº 62/2016, 84/2017 e 264/2019/DEL03-PA/SRPRF-PA).
A situação, portanto, é grave e urgente, ainda mais quando se tem em conta a
informação trazida pelo DNIT no OFÍCIO Nº 96044/2019/SRE-PA acerca das incertezas
orçamentárias em relação ao ano 2020, notadamente no que diz respeito às obras de restauração da
BR-158.
Diante de todo a exaustiva descrição histórica e fática relacionada à Rodovia BR-
158, no trecho que liga os Municípios de Redenção a Santana do Araguaia, é possível concluir que
embora já liberados, desde pelo menos 2006, mais de cento e vinte e cinco milhões de reais em
recursos federais, a rodovia continua em precárias condições de trafegabilidade e segurança, com
graves problemas de manutenção e restauração em diversos segmentos e com algumas pontes que,
além de só comportarem a passagem de um veículo por vez (aumentando o risco de acidentes de
trânsito e de assaltos na via), possuem estrutura de madeira totalmente incompatíveis com o intenso
tráfego de automóveis e de caminhões biarticulados e com grandes cargas que precisam circular
pela região, sem contar as estruturas de obras inacabadas verificadas nas diligências realizadas pela
PRF e por servidor do MPF, em claro prejuízo ao patrimônio público federal.
Diante do quadro que se apresenta, não se vislumbrou outra forma a não ser acionar
o Poder Judiciário para compelir a União (inclusive no que diz respeito ao adequado repasse de
recursos orçamentários) e o DNIT a realizarem (e concluírem) efetivas obras no local de modo a
proteger a vida dos milhares de transeuntes, motoristas e passageiros que utilizam o mencionado
trecho rodoviário federal, pois não obstante a vultosa quantia já liberada, ainda não houve a correta
execução dos serviços (conservação/recuperação/restauração) e melhoria da rodovia federal.
III – DO DIREITO
III.I – DA LEGITIMIDADE ATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Entre as funções institucionais do Ministério Publico, previstas no art. 129, III, da
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Constituição, consta a promoção do “inquérito civil e a ação civil pública, para proteção do
patrimonio publico e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos". Também
o art. 5º, III, 'b'; art. 6º, VII, alíneas ‘a’, ‘b’ e ‘d', todos da Lei Complementar nº 75/93, bem como o
art. 1º, IV, e art. 5º, ambos da Lei 7.347/85, legitimam (conferem atribuição/obrigação) ao
Ministério Publico Federal para o ingresso da presente Ação Civil Pública.
Além do pedido para que sejam adotadas as medidas necessárias para a garantia do
efetivo respeito dos poderes públicos aos direitos à vida e à integridade dos usuários da rodovia
BR-158, pretende-se, com o ajuizamento da presente ação, proteger o patrimônio público e social e
os interesses difusos dos usuários daquela via.
Vislumbra-se, assim, a nítida caracterização dos fatos analisados como interesse
difuso a ser tutelado através de Ação Civil Pública. Veja-se a definição a respeito no Código de
Defesa do Consumidor, adotado em todo o âmbito do microssistema do direito processual coletivo:
“Art. 81. (...)Paragrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:I- interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, ostransindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas eligadas por circunstancias de fato; (...)”.
Com efeito, o direito dos cidadãos a estradas transitáveis, que efetivem os
mandamentos de segurança do Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503/97) e, em última instância,
que respeitem o direito de ir e vir, a dignidade humana e o direito à vida, configura-se como
inegável direito difuso, um interesse de toda a coletividade e que, dada a sua própria natureza
indivisível, é titularizado por pessoas indeterminadas.
E é na tutela da vida e da integridade física, bem como da garantia fundamental à
segurança (art. 5º, caput, da CF), que se busca a adequação da rodovia BR-158, de forma a efetivar
a prerrogativa da cidadania ao “exercício do direito de trânsito seguro” (art. 1º, § 3º, in fine, do
CTB).
Ainda, a segurança viária aqui tratada insere-se no conceito de direito social, na
medida em que é uma questão de segurança pública, como se extrai do §10 do artigo 144 da
Constituição Federal. Por sua vez, o transporte também é classificado como direito social em
conjunto com a segurança, conforme rol do artigo 6º da Constituição Federal.
As vias terrestres, além de serem patrimônio público, são consideradas como um
espaço coletivo, já que é direito de todos os cidadãos o acesso a um trânsito seguro, ao mesmo
tempo em que também é dever de todos agir de maneira adequada no trânsito, como uma forma de
propiciar condições seguras de trafegabilidade, fatos estes que caracterizam evidente interesse
coletivo na demanda.
Portanto, inexistem dúvidas acerca da legitimidade do Ministério Público Federal
para propor a presente ação civil pública relativa à rodovia federal (BR-158).
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III.II – DA LEGITIMIDADE PASSIVA DO DNIT E DA UNIÃO
A pretensão contida nesta ação é dirigida em desfavor do DNIT em razão desta
autarquia ter atribuição de administrar, diretamente ou por meio de convênios de delegação ou
cooperação, os programas de operação, manutenção, conservação, restauração e reposição de
rodovias federais. Nos termos do art. 80 da Lei nº 10.233/2001, compete a essa autarquia
implementar, em sua esfera de atuação, a política formulada para a administração da infraestrutura
do Sistema Federal de Viação, compreendendo sua operação, manutenção, restauração ou
reposição e adequação de capacidade.
O art. 81 da mesma lei define a esfera de atuação do DNIT, correspondente à
infraestrutura do Sistema Federal de Viação, constituída, entre outras, das rodovias federais.
O art. 82 desse diploma normativo elenca, dentre outras, as seguintes atribuições da
autarquia:
I - estabelecer padrões, normas e especificações técnicas para os programas de segurançaoperacional, sinalização, manutenção ou conservação, restauração ou reposição de vias,terminais e instalações; (…)
IV - administrar, diretamente ou por meio de convênios de delegação ou cooperação, osprogramas de operação, manutenção, conservação, restauração e reposição derodovias, ferrovias, vias navegáveis, eclusas ou outros dispositivos de transposiçãohidroviária de níveis, em hidrovias situadas em corpos de água de domínio da União, einstalações portuárias públicas de pequeno porte; (Redação dada pela Lei nº 13.081, de2015) (destacou-se)
V - gerenciar, diretamente ou por meio de convênios de delegação ou cooperação,projetos e obras de construção e ampliação de rodovias, ferrovias, vias navegáveis,eclusas ou outros dispositivos de transposição hidroviária de níveis, em hidroviassituadas em corpos de água da União, e instalações portuárias públicas de pequeno porte,decorrentes de investimentos programados pelo Ministério dos Transportes e autorizadospelo orçamento geral da União; (Redação dada pela Lei nº 13.081, de 2015) (destacou-se)
Assim é que, no caso dos autos, compete ao DNIT gerenciar e fiscalizar os contratos
firmados até então para manutenção e restauração da rodovia BR-158 (trecho Redenção – Santana
do Araguaia).
Portanto, na qualidade de órgão gestor e executor, em sua esfera de atuação, da
infraestrutura de transporte terrestre e aquaviário integrante do Sistema Federal de Viação, não
restam dúvidas quanto à legitimidade passiva do DNIT para responder aos termos da presente ação
em litisconsórcio passivo necessário com a União.
Quanto a esta última, inconteste é também a necessidade da correspondente presença
no polo passivo da presente ação. É que a manutenção e a conservação das rodovias federais
dependem dos valores provenientes do Orçamento Anual da União, e assim esta tem interesse
jurídico na demanda, já que a sentença produz efeitos em sua esfera jurídica, especialmente no caso
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dos autos em que o DNIT noticiou incertezas orçamentárias em relação ao ano 2020 (OFÍCIO Nº
96044/2019/SRE-PA), as quais refletem diretamente na concretização das obras de restauração da
rodovia, imprescindíveis para a necessária melhoria à infraestrutura rodoviária da BR-158/PA
(OFÍCIO Nº 96044/2019/SRE-PA).
Inclusive, a legitimidade passiva da União neste tipo de demanda já foi afirmada
pelo Egrégio Tribunal Regional da 1ª Região:
AÇÃO CIVIL PÚBLICA. REPARAÇÃO DE RODOVIA FEDERAL. INTERESSESDIFUSOS. LETIGIMIDADE PASSIVA DA UNIÃO E DO DEPARTAMENTONACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM RECONHECIDA. AUSÊNCIA DEOFENSA AO PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DE PODERES. 1. Cuida-se,originariamente, de Ação Civil Pública proposta pelo Ministério Público Federal contra aUnião e o DNIT, objetivando a restauração das rodovias federais que cortam o Estado deGoiás. 2. Não há que se falar em ilegitimidade passiva dos Apelantes, uma vez que aexistência de interesse a amparar a presença da União e do DNIT no feito é evidente.Como bem colocado pelo Ministério Público Federal (fls. 840/845), a União detém atitularidade dominial quando se tratar de rodovias federais, tendo consequentementeinteresse jurídico na demanda, pois a sentença produz efeitos em sua esfera jurídica.E ainda que a responsabilidade de conservação e de fiscalização seja exclusiva doDNIT, o art. 175 da CF/88 atribui ao poder público, diretamente ou sob regime deconcessão ou permissão, a prestação dos serviços públicos. Além disso, a Uniãoaprova e concede verbas públicas para uso da referida Autarquia, que caracterizam ointeresse e legitimidade passiva ad causam da Entidade Federativa na presentedemanda. Nesse sentido é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, que porintermédio de sua Segunda Turma, assim já se expressou no RECURSO ESPECIAL -959395 Relator(a) HERMAN BENJAMIN, DJE DATA 24/09/2010 - LEXSTJ VOL. 255,p. 132. (…) 5 - Apelações improvidas. (AC 0005094-66.2002.4.01.3500 / GO, Rel. JUIZFEDERAL GRIGÓRIO CARLOS DOS SANTOS, 4ª TURMA SUPLEMENTAR, e-DJF1p.112 de 11/04/2012)
Como referido no julgado, o entendimento tem fundamento na jurisprudência do
Colendo Superior Tribunal de Justiça:
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. REPARAÇÃODE RODOVIA FEDERAL. INTERESSES DIFUSOS. OFENSA AO ART. 535 DO CPC.FUNDAMENTAÇÃO DEFICIENTE. SÚMULA 284/STF. LETIGIMIDADE PASSIVADA UNIÃO RECONHECIDA. AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR NÃOCONFIGURADA. PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DE PODERES. CONTINÊNCIA DEAÇÕES. FALTA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211/STJ. MATÉRIACONSTITUCIONAL. 1. Cuida-se, originariamente, de Ação Civil Pública proposta pelo Ministério PúblicoFederal contra a União e o DNIT, objetivando a restauração das rodovias BR 158 e BR 377– trecho compreendido entre o Município de Palmeira das Missões e Cruz Alta em direçãoa Ibirubá.2. O Tribunal de origem concluiu pela procedência parcial da Ação, condenando os réus àrealização das obras de restauração e conservação da pista de rolamento e acostamento dasrodovias nos trechos indicados.3. A recorrente sustenta que o art. 535, II, do CPC foi violado, mas deixa de apontar, deforma clara, o vício em que teria incorrido o acórdão impugnado. Assevera apenas teroposto Embargos de Declaração no Tribunal a quo, sem indicar as matérias sobre as quaisdeveria pronunciar-se a instância ordinária, nem demonstrar a relevância delas para ojulgamento do feito. Aplicação da Súmula 284/STF. Precedentes do STJ.4. A União tem legitimidade para integrar o pólo passivo da Ação Civil Públicaoriginária – pois a manutenção e a conservação das rodovias federais dependem dosvalores provenientes do seu Orçamento Anual –, bem como é parte diretamenteresponsável pela concretização das medidas requeridas.5. As condições mínimas de segurança e trafegabilidade das rodovias são típicos interessesdifusos. Há, portanto, interesse de agir da Procuradoria Geral da República na presente
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demanda, que cuida de estrada federal.(...)10. Recurso Especial parcialmente conhecido e não provido. (REsp 959395/RS, Rel.Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 23/04/2009, DJe24/09/2010)
Pelo exposto, patente é a legitimidade passiva da União e do DNIT.
III.III – DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL
A competência da Justiça Federal é definida pela Constituição da República
Federativa do Brasil no art. 109, incisos I a XI, entre os quais se inclui o processo e julgamento das
lides em que a União, empresas públicas ou entidades autárquicas federais atuem na condição de
autoras, rés, assistentes ou oponentes, salvo exceções específicas, como as ações de falência,
acidente do trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e do Trabalho.
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – DNIT, sucessor
do extinto DNER, é pessoa jurídica de direito público, submetido ao regime autárquico, e está
vinculado ao Ministério da Infraestrutura, incumbindo-lhe o desempenho das funções relativas à
construção, manutenção e operação da infraestrutura dos segmentos do Sistema Federal de Viação
sob administração direta da União nos modais rodoviário, ferroviário e aquaviário, nos termos do
art. 79 e seguintes da Lei n.º 10.233/2001.
A União, por sua vez, possui interesse manifesto, uma vez que a rodovia em tela,
sendo federal, integra seu patrimônio.
Assim, encontrando-se inseridas no polo passivo da demanda a União e o DNIT,
competente se torna esse Juízo Federal para o conhecimento e julgamento da presente lide.
Além do mais, o próprio Superior Tribunal de Justiça possui precedente
reconhecendo que a simples presença do MPF no polo ativo da demanda é apta a atrair a
competência federal, como espeque no art. 109, I, CR/88. Nesse sentido, foi o decidido no REsp
1.283.737-DF.
Evidente, portanto, se tratar de causa sujeita à competência desta Justiça Federal.
III.IV – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS
A) DO DIREITO À LIVRE LOCOMOÇÃO, À SEGURANÇA PÚBLICA, À PROTEÇÃO
DOS CONSUMIDORES E AO MEIO AMBIENTE ARTIFICIAL EQUILIBRADO
Pelos fatos fartamente expostos ao norte, fica clara a violação maciça de uma
sequência de direitos, a maioria deles elencados na Constituição Federal:
Art. 5º (...) XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz (...); Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos (...); Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre
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iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiçasocial, observados os seguintes princípios: (...) V - defesa do consumidor; Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de usocomum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e àcoletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.
De mais a mais, é função institucional do Ministério Público Federal adotar medidas
para prevenir danos ao Patrimônio Público Federal (no caso a BR-158), nos termos do Art. 129, III,
da CF e Súmula 329 do STJ.
B) DA VIOLAÇÃO A DIREITOS FUNDAMENTAIS EM RAZÃO DA OMISSÃO
ESTATAL. DA POSSIBILIDADE DE INTERVENÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO
A inobservância das normas e regulamentos e a falta de zelo da Administração
pública faz imperiosa a intervenção do Poder Judiciário, sob pena de a ilegalidade perpetuar-se
indefinidamente sem qualquer possibilidade de reação por parte do cidadão administrado.
Verifica-se que a Constituição da República dispõe no artigo 5º:
“Art. 5 . Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aosestrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade (…).”
Além disso, no rol de garantias fundamentais também está inserido o já mencionado
direito à livre locomoção (artigo 5º, XV, CF), bem como o transporte é previsto como um direito
social (artigo 6º, CF), de forma que a segurança viária torna-se uma garantia constitucional
implícita nesses dispositivos.
Tanto assim que o texto constitucional foi alterado para a inclusão da matéria,
conforme se depreende da leitura do artigo 144,§ 10, da Constituição da República, a fim de
assegurar ao cidadão o trânsito em condições seguras. Eis os termos do dispositivo constitucional:
“§ 10. A segurança viária, exercida para a preservação da ordem pública e daincolumidade das pessoas e do seu patrimônio nas vias públicas:I - compreende a educação, engenharia e fiscalização de trânsito, além de outrasatividades previstas em lei, que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade urbanaeficiente; e II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, aos respectivosórgãos ou entidades executivos e seus agentes de trânsito, estruturados em Carreira, naforma da lei.”
No caso, em razão do atual estado da via, revelado pela má conservação asfáltica
(inclusive nas cabeceiras das pontes), pelas péssimas condições de sinalização (vertical e
horizontal) e da maioria das pontes (algumas com espaço para passagem de um único veículo, sem
proteção lateral e com estrutura precária de madeira), não está garantida a segurança viária. Os
condutores que circulam no trecho da rodovia são obrigados a arriscar a própria vida (vide notícia
citada sobre o rompimento de uma das pontes), além dos prejuízos econômicos sofridos com
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acidentes, a exemplo do tombamento de caminhões e perda de cargas.
É inquestionável que a segurança dos usuários de rodovias é direito de todos. A
omissão administrativa dos requeridos representa lesão à integridade física, patrimônio e vida, em
franca contrariedade à dicção dos dispositivos constitucionais e legais já referenciados, devido à
situação de insegurança causada pela exposição das pessoas às condições de risco inaceitável no
ponto específico da via.
In casu, a despeito dos R$125.569.159,11 já liberados, somando-se os valores já
gastos em todos os contratos, há de, no mínimo, se concluir que o Poder Público tem sido omisso,
já que tem liberado recursos públicos federais e permitido que as péssimas condições de
trafegabilidade, segurança e sinalização na BR-158 (trecho Redenção – Santana do Araguaia) se
mantenham, em prejuízo da vida de milhares de cidadãos que por esta precisam transitar.
Aliás, após constatação feita por servidor do MPF acerca da não verificação de
funcionários da empresa CFA trabalhando na pista, e instado a se manifestar, o próprio DNIT
confessou que "de fato, a Construtora CFA não executou serviços de tapa-buraco entre os meses de
julho, agosto, setembro e outubro de 2018"" (OFÍCIO Nº 96044/2019/SRE – PA), sob a alegação
de falta de material. A despeito disso, a empresa, contratada para o lote em estado mais crítico da
estrada (km 590,50 a km 699,04), mesmo com a paralisação dos serviços por quatro meses, foi
beneficiária de nota de empenho emitida em 27/09/2018 no valor de R$2.500.000,00 (informações
extraídas do portal da transparência – em anexo) e foi uma das contratadas que mais recebeu
recursos públicos federais (na órbita de R$31.254.447,08).
Certo é que a perpetuação da situação em que recursos públicos federais vem
reiteradamente sendo liberados desde 2006 sem que haja a significativa melhoria da rodovia, é
situação que não pode continuar. Em outras palavras, o DNIT é conhecedor das condições da
estrada desde, pelo menos 2006, e, ainda asssim, a rodovia encontra-se em estado precário, de
forma que não há como se esperar, sem o ajuizamento desta ação, o transcurso da vigência de mais
contratos administrativos (e mais liberação de recurso federal), quando as partes rés vem sendo
nitidamente omissas.
Por conta da faceta objetiva dos direitos fundamentais, há um dever positivo de
proteção por parte do Estado. Omissões ou falhas relativas a esse respeito configuram a
negligencia da Administração, com sua responsabilidade primordial que é cuidar do bem publico e
de proteger a incolumidade física de indivíduos.
Nessas condições, o poder de agir se converte no dever de agir, não havendo, no
caso, espaço para que a Administração exerça qualquer juízo de conveniência, considerando
seu dever de proteção em relação aos usuários da rodovia, e tampouco de oportunidade,
considerando a constatação de riscos iminentes.
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A pretensão de que o Estado seja compelido a agir por meio de determinação
judicial encontra respaldo nas normas que determinam a proteção do cidadão e que impõe ao Poder
Público a oferta de condições para que se tenha um trânsito seguro, dotado de condições mínimas
de trafegabilidade.
Mais que isso. A exigência de estruturação em rodovia federal de condições de
segurança compatíveis com o tráfego e necessidades de uso da via, mediante a imposição de
medidas corretivas e preventivas, que visem a proteger a vida e a segurança dos usuários, nada
mais é do que a efetivação de uma política pública obrigatória da qual o Estado não pode se
esquivar.
Diante disso, é plenamente cabível no presente caso e, mais que isso, imperioso, o
controle dos atos administrativos pelo Poder Judiciário, já tendo sido objeto de amplo debate, no
âmbito do STF, o tema políticas públicas e atuação jurisdicional, notadamente a respeito da escolha
e da implementação dessas últimas no caso de inércia da Administração.
Nesse sentido, a ADPF nº 45, citando-se breve trecho do julgado respectivo:
Não obstante a formulação e a execução de políticas públicas dependam de opçõespolíticas a cargo daqueles que, por delegação popular, receberam investidura em mandatoeletivo, cumpri reconhecer que não se revela absoluta, nesse domínio, a liberdade deconformação do legislador, nem de atuação do Poder Executivo. É que, se tais Poderes doEstado agirem de modo irrazoável ou procederem com a clara intenção de neutralizar,comprometendo-a a eficácia dos direitos sociais, econômicos e culturais, afetando, comodecorrência causal de uma injustificável inércia estatal ou de um abusivo comportamentogovernamental, aquele núcleo intangível, consubstanciador de um conjunto irredutível decondições mínimas necessárias a uma existência digna e essenciais à própria sobrevivênciado individuo, ai, então, justificar-se-á, como precedentemente já enfatizado – e até mesmopor razões fundadas em um imperativo ético-jurídico –, a possibilidade de intervenção doPoder Judiciário, em ordem a viabilizar, a todos, o acesso aos bens cuja fruição lhes hajasido injustamente recusada pelo Estado.
Tratando especificamente da restauração das rodovias federais, pertinente citar o
posicionamento do Egrégio TRF da 1ª Região:
AÇÃO CIVIL PÚBLICA. REPARAÇÃO DE RODOVIA FEDERAL. INTERESSESDIFUSOS. LETIGIMIDADE PASSIVA DA UNIÃO E DO DEPARTAMENTONACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM RECONHECIDA. AUSÊNCIA DEOFENSA AO PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DE PODERES. (…) 3. O Princípio daSeparação dos Poderes não pode servir para fundamentar o esvaziamento da funçãojudicial de controle da Administração Pública, sobretudo quando estiverem em jogo avida e a segurança das pessoas. 4 - Manutenção da conclusão do juízo de origem quecondenou os réus à realização de obras e serviços necessários à restauração dostrechos das rodovias indicadas a fls. 536/538, bem como a instalação dos postos depesagem, em conformidade com as diretrizes definidas pelo Plano Diretor dePesagem de Veículos em Rodovias Federais (fls. 540/574), com prazo de conclusão emvinte e quatro meses; determinar à União que inclua no orçamento dos exercíciosfinanceiros seguintes montantes necessários à realização das obras e instalação dosequipamentos. 5 - Apelações improvidas. (AC 0005094-66.2002.4.01.3500 / GO, Rel.JUIZ FEDERAL GRIGÓRIO CARLOS DOS SANTOS, 4ª TURMA SUPLEMENTAR, e-DJF1 p.112 de 11/04/2012) (destacou-se)
Tal entendimento não destoa das decisões do Superior Tribunal de Justiça
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igualmente no que diz respeito a ações civis públicas com obrigações de fazer visando a reparação
de rodovias federais: “5. As condições mínimas de segurança e trafegabilidade das rodovias são
típicos interesses difusos. (…) 6. O Princípio da Separação dos Poderes não é mote – nem pode
ser transformado em tal – para o esvaziamento da função judicial de controle da Administração
Pública, sobretudo quando estiverem em jogo a vida e a segurança das pessoas” (REsp
959395/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 23/04/2009,
DJe 24/09/2010).
B) DO NÃO CABIMENTO DE OBJEÇÕES ACERCA DA RESERVA DO POSSÍVEL E DA
SEPARAÇÃO DE PODERES.
Os direitos relacionados à segurança no trânsito refletem, consequentemente, em
outros direitos como o de livre locomoção, propriedade, integridade física e vida, direitos
fundamentais esses ligados ao mínimo existencial, que assim pode ser definido:
“é possível conceber o mínimo existencial como um instrumento jurídico de importantevalor quando se trata de refrear a reserva do possível enquanto restrição aos direitosfundamentais sociais. Ainda que não seja o mais adequado considerá-lo como fatordeterminante da subjetividade (exigibilidade) dos direitos fundamentais sociais, é certo quediante da atuação da reserva do possível, atingindo desvantajosamente o âmbito deproteção da norma jusfundamental, e reduzindo a responsabilidade do Estado para com asprestações materiais normativamente previstas, o mínimo existencial, compreendidocomo condições necessárias à sobrevivência do homem, e como núcleo essencial dodireito fundamental no dado caso concreto, em relação direta com a dignidade dapessoa humana, erige-se, tal qual verdadeira muralha, que não poderá ser transposta,sob pena de comprometimento de todo o sistema constitucional, e da legitimidade doEstado Democrático de Direito25.”
O Supremo Tribunal Federal já rechaçou a escusa da escassez de recursos como
óbice à concretização dos direitos fundamentais, conferindo interpretação da cláusula da reserva do
possível conforme a Constituição, in verbis:
ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL. A QUESTÃO DALEGITIMIDADE CONSTITUCIONAL DO CONTROLE E DA INTERVENÇÃO DO PODER JUDICIÁRIOEM TEMA DE IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS, QUANDO CONFIGURADA HIPÓTESEDE ABUSIVIDADE GOVERNAMENTAL. DIMENSÃO POLÍTICA DA JURISDIÇÃO CONSTITUCIONALATRIBUÍDA AO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. INOPONIBILIDADE DO ARBÍTRIO ESTATAL ÀEFETIVAÇÃO DOS DIREITOS SOCIAIS, ECONÔMICOS E CULTURAIS. CARÁTER RELATIVO DALIBERDADE DE CONFORMAÇÃO DO LEGISLADOR. CONSIDERAÇÕES EM TORNO DA CLÁUSULADA "RESERVA DO POSSÍVEL". NECESSIDADE DE PRESERVAÇÃO, EM FAVOR DOS INDIVÍDUOS, DAINTEGRIDADE E DA INTANGIBILIDADE DO NÚCLEO CONSUBSTANCIADOR DO "MÍNIMOEXISTENCIAL". VIABILIDADE INSTRUMENTAL DA ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO NOPROCESSO DE CONCRETIZAÇÃO DAS LIBERDADES POSITIVAS (DIREITOS CONSTITUCIONAIS DESEGUNDA GERAÇÃO). (...) É que a realização dos direitos econômicos, sociais e culturais - além decaracterizar-se pela gradualidade de seu processo de concretização - depende, em grande medida, de uminescapável vínculo financeiro subordinado às possibilidades orçamentárias do Estado, de tal modo que,comprovada, objetivamente, a incapacidade econômico financeira da pessoa estatal, desta não se poderárazoavelmente exigir, considerada a limitação material referida, a imediata efetivação do comando fundado notexto da Carta Política. Não se mostrará lícito, no entanto, ao Poder Público, em tal hipótese - mediante indevidamanipulação de sua atividade financeira e/ou político-administrativa - criar obstáculo artificial que revele oilegítimo, arbitrário e censurável propósito de fraudar, de frustrar e de inviabilizar o estabelecimento e apreservação, em favor da pessoa e dos cidadãos, de condições materiais mínimas de existência. Cumpreadvertir, desse modo, que a cláusula da "reserva do possível" - ressalvada a ocorrência de justo motivoobjetivamente aferível - não pode ser invocada, pelo Estado, com a finalidade de exonerar-se documprimento de suas obrigações constitucionais, notadamente quando, dessa conduta governamental
25OLSEN, Ana Carolina Lopes. Direitos Fundamentais Sociais, efetividade frente a reserva do possível. p. 333. Ed.Juruá.
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negativa, puder resultar nulificação ou, até mesmo, aniquilação de direitos constitucionais impregnados deum sentido de essencial fundamentalidade. (ADPF 45 MC/DF – Informativo do STF n 345).
Ademais, as normas constitucionais que disciplinam tais direitos exigem que sejam
atendidos em primeiro plano, destinando-se os recursos públicos prioritariamente a essas
finalidades, de modo que resta incabível alegar falta de recursos materiais no caso.
E, seja como for, é dever do Estado demonstrar a escassez de recursos para fazer
frente a determinado serviço público, “cabendo-lhe o ônus de provar suficientemente – e não
simplesmente alegar de maneira genérica – a impossibilidade de atendimento das prestações
demandadas26”.
Além dessas garantias, verifica-se que a segurança no trânsito, prevista no art. 144,
§10, da Constituição da República, também é disciplinada infraconstitucionalmente pela Lei nº
9.503/97 (Código de Trânsito Brasileiro) que em seu art. 1º, § 2º, impõe aos órgãos e entidades
componentes do Sistema Nacional de Trânsito, do qual o DNIT faz parte, o dever de adotar
medidas destinadas a garantir o exercício do direito ao trânsito seguro:
Art. 1 O trânsito de qualquer natureza nas vias terrestres do território nacional, abertas à circulação, rege-se poreste Código. § 2 O trânsito, em condições seguras, é um direito de todos e dever dos órgãos e entidades componentes doSistema Nacional de Trânsito, a estes cabendo, no âmbito das respectivas competências, adotar as medidasdestinadas a assegurar esse direito. (grifarmos)
Partindo dessas premissas conclui-se que o direito à vida está intimamente ligado
ao direito à segurança, de forma que ao ser proporcionada segurança viária aos usuários, estar-se-á
preservando outros direitos fundamentais como de integridade física e propriedade e
consequentemente resguardando a dignidade humana.
Por tudo isso, deve haver a imediata aceleração ou, ao menos, o prosseguimento a
contento (que não ocorre atualmente) das obras relativas aos contratos de manutenção e de
restauração atualmente ativos, quais sejam o contrato nº 02 00348/2015 (CFA – Construções e
Terraplenagem e Pavimentação Ltda); 02 00349/2015 (ETHOS – Engenharia de Infraestrutura
S/A); 02 00003/2018 (CONSÓRCIO ÁPIA/CONSERVA/CONSOL); e 02 00845/2018
(CONSÓRCIO ETHOS/PAVIDEZ/SPAZIO).
Inegável, pois, a necessidade de conclusão das obras de
recomposição/restauração/recuperação/reestruturação da via federal, inclusive com a construção de
pontes em estrutura definitiva, sob pena de se validar a omissão das partes requeridas em relação às
atuais condições de trafegabilidade da BR-158 no trecho Redenção – Santana do Araguaia,
pactuando-se com o aumento do já elevado número de acidentes na estrada, e com a liberação de
vultosas quantias de dinheiro, com sucessivas prorrogações contratuais, sem a adequada
contrapartida dos serviços.
26 NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. 5ª ed., São Paulo: Método, 2011. p. 532.
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IV – DA TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA
É manifesta a presença dos requisitos para o deferimento da tutela provisória de
urgência, nos moldes do art. 12 da Lei n° 7.347/85 e do art. 300 do Código de Processo Civil:
probabilidade do direito e perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
A probabilidade do direito decorre não só da Lei 10.233/2001, que prevê as
atribuições do DNIT, mas também da Lei 9.503/97, que instituiu o Código de Trânsito Brasileiro, e
também da Lei 8.666/1993, art. 55, IV, dispositivo do qual se extrai que uma obra não pode seguir
eternamente inacabada. Fica evidente também, por tudo quanto já foi exposto, bem como dos
elementos de prova coligidos nos Inquéritos Civis nº 1.23.005.000007/2013-54 e
1.23.001.000303/2015-57 que instruem a presente ação.
O perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo é igualmente evidente:
não bastassem as conclusões feitas pela Polícia Rodoviária Federal e por servidor do MPF relativas
a riscos à vida e segurança dos usuários, as matérias jornalísticas em anexo apontam para a
alarmante incidência de acidentes com vítimas fatais, o que tende a se agravar caso nenhuma
medida célere e eficaz seja adotada. E, mais, a não adoção de medidas judiciais imediatamente
pode contribuir para a permanência da situação caótica e excessivamente arriscada dos motoristas
da BR-158, com a continuidade da ocorrência de acidentes evitáveis em razão dos problemas
relatados.
Ressalte-se, mais uma vez, não haver espaço para que a Administração exerça
qualquer juízo de conveniência, considerando seu dever de proteção em relação aos usuários da
rodovia, e tampouco, de oportunidade, considerando a constatação de riscos iminentes.
Ante o exposto, o MINISTÉRIO PUBLICO FEDERAL requer a expedição de
mandado liminar determinando-se aos réus, solidariamente:
1) a concessão liminar de tutela de urgência, a fim de impor as seguintes obrigações de fazer
aos réus:
a) elaboração urgente e imediata, em até 30 (trinta) dias (prazo máximo para entrega em juízo), de
relatório situacional/diagnóstico (ou similar) das condições de trafegabilidade, conservação de
infraestrutura e sinalização do trecho Redenção – Santana do Araguaia da rodovia BR-158:
a.1) o citado diagnóstico deve ser acompanhado de estudo técnico, elaborado por engenheiro
com notável conhecimento e experiência no campo de engenharia de trânsito,
preferencialmente de fora dos quadros do DNIT, acerca das medidas técnicas necessárias e
recomendáveis para aprimorar a segurança viária da BR-158 (trecho Redenção – Santana do
Araguaia), abarcando todas as medidas relativas à manutenção e restauração da pista e pontes,
considerando o objeto dos contratos 02 00348/2015; 02 00349/2015; 02 00003/2018; e 02
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00845/2018, e que contemple todas as Obras de Arte Especiais – OAEs, considerando,
especialmente, a necessidade de construção de pontes em estrutura definitiva (em substituição às
que, atualmente, funcionam em estrutura provisória de madeira), alargamento de plataformas
irregulares e colocação de proteções laterais;
b) adoção urgente e imediata, após a entrega em juízo do relatório diagnóstico (ou similar) citado
no item “a”, de todas as providências e reparos, manutenção e restauração, necessários à
regularização das condições de trafegabilidade e realização de obras para reparação
estrutural e restauração na BR-158 (trecho Redenção – Santana do Araguaia), corrigindo as
irregularidades apontadas, do seguinte modo:
b.1) apresentação, no prazo máximo e improrrogável de até 30 (trinta) dias, de cronograma27 de
recomposição/restauração/recuperação das obras (de todos os contratos atualmente vigentes)
que contemple a previsão de término improrrogável das obras, com indicação das previsões de
medição e pagamento e plano concreto de trabalho contemplando, inclusive, possibilidade de
reformulação do cronograma hoje existente e previsão de liberação de novos recursos.
b.2) o cronograma a ser apresentado, indicado no item anterior, não poderá contemplar o início da
execução das obras em prazo superior a 60 (sessenta) dias da apresentação do cronograma em
juízo.
c) apresentação em juízo, bimestralmente, dos comprovantes de medição e de pagamento e dos
relatórios de fiscalização (com fotografias), prazo este a contar do início da execução das obras,
conforme cronograma a ser apresentado, até final conclusão das obras de restauração.
d) apresentação em juízo, a qualquer tempo, de qualquer aditivo ou outra modificação ocorrida nos
contratos.
Requer, também, seja imposta à Uniao, também em caráter liminar, a obrigação de
dotar o DNIT com os recursos necessários ao cumprimento das obrigações acima, de forma
urgente, especialmente em relação aos contratos atualmente vigentes.
Ainda, requer a fixação de multa mínima diária para o caso de descumprimento de
quaisquer dos itens supra, no valor de R$ 50.000,00.
V – DOS PEDIDOS
Pelos motivos fáticos e jurídicos aduzidos, o MINISTÉRIO PÚBLICO
FEDERAL requer:
27 Com indicações claras acerca da adequada retomada, execução e prazo final de conclusão das obras.
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1) a concessão liminar de tutela de urgência, a fim de impor as seguintes obrigações de fazer aos
réus:
a) elaboração urgente e imediata, em até 30 (trinta) dias (prazo máximo para entrega em juízo), de
relatório situacional/diagnóstico (ou similar) das condições de trafegabilidade, conservação de
infraestrutura e sinalização do trecho Redenção – Santana do Araguaia da rodovia BR-158:
a.1) o citado diagnóstico deve ser acompanhado de estudo técnico, elaborado por engenheiro com
notável conhecimento e experiência no campo de engenharia de trânsito, preferencialmente de fora
dos quadros do DNIT, acerca das medidas técnicas necessárias e recomendáveis para aprimorar a
segurança viária da BR-158 (trecho Redenção – Santana do Araguaia), abarcando todas as medidas
relativas à manutenção e restauração da pista e pontes, considerando o objeto dos con tratos 02
00348/2015; 02 00349/2015; 02 00003/2018; e 02 00845/2018, e que contemple todas as Obras de Arte
Especiais – OAEs, considerando, especialmente, a necessidade de construção de pontes em estrutura
definitiva (em substituição às que, atualmente, funcionam em estrutura provisória de madeira),
alargamento de plataformas irregulares e colocação de proteções laterais;
b) adoção urgente e imediata, após a entrega em juízo do relatório diagnóstico (ou similar) citado no
item “a”, de todas as providências e reparos, manutenção e restauração, necessários à
regularização das condições de trafegabilidade e realização de obras para reparação estrutural e
restauração na BR-158 (trecho Redenção – Santana do Araguaia), corrigindo as irregularidades
apontadas, do seguinte modo:
b.1) apresentação, no prazo máximo e improrrogável de até 30 (trinta) dias, de cronograma28 de
recomposição/restauração/recuperação das obras (de todos os contratos atualmente vigentes) que
contemple a previsão de término improrrogável das obras, com indicação das previsões de medição e
pagamento e plano concreto de trabalho contemplando, inclusive, possibilidade de reformulação do
cronograma hoje existente e previsão de liberação de novos recursos.
b.2) o cronograma a ser apresentado, indicado no item anterior, não poderá contemplar o início da
execução das obras em prazo superior a 60 (sessenta) dias da apresentação do cronograma em juízo.
c) apresentação em juízo, bimestralmente, dos comprovantes de medição e de pagamento e dos
relatórios de fiscalização (com fotografias), prazo este a contar do início da execução das obras,
conforme cronograma a ser apresentado, até final conclusão das obras de restauração.
d) apresentação em juízo, a qualquer tempo, de qualquer aditivo ou outra modificação ocorrida nos
contratos.
28 Com indicações claras acerca da adequada retomada, execução e prazo final de conclusão das obras.
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e) Imposição à Uniao da obrigação de dotar o DNIT com os recursos necessários ao cumprimento das
obrigações acima, de forma urgente, especialmente em relação aos contratos atualmente vigentes.
f) Fixação de multa mínima diária para o caso de descumprimento de quaisquer dos itens supra, no
valor de R$ 50.000,00.
2) a citação dos demandados para que compareçam a audiência de conciliação a ser designada pelo
juízo federal, nos termos do art. 334 do CPC, com a máxima urgência possível, devendo a parte ré,
acaso possua interesse na resolução autocompositiva do litígio, comparecer em audiência com
propostas concretas para a solução do problema (ex. estabelecimento de medidas específicas para o
prosseguimento de ambos os contratos, com prazos de execução das obras estipulados, inclusive com
possibilidade de reformulação do cronograma hoje existente, datas para as medições e liberações de
novos recursos, data concreta e improrrogável para a finalização dos serviços e outros);
3) em não havendo conciliação, a concessão de prazo para que os demandados apresentem defesa,
sob pena de revelia, nos termos dos arts. 344 e seguintes do CPC;
4) a produção de todos os meios de prova admitidos, notadamente inspeção judicial (se assim esse juízo
entender conveniente), pericial, testemunhal e a documental, desde já apresentando os documentos que
instruíram os Inquéritos Civis nº 1.23.005.000007/2013-54 e 1.23.001.000303/2015-57;
5) a confirmação da tutela de urgência e a condenação dos requeridos nas obrigações já indicadas
relativas à recomposição/restauração/recuperação/reestruturação do trecho Redenção – Santana do
Araguaia da Rodovia BR-158.
Requer a isenção de custas e demais emolumentos, nos termos legais.
Dá-se à causa o valor de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais).
Termos em que pede deferimento.
Redenção-PA, 19 de novembro de 2019.
(assinado eletronicamente)
ISADORA CHAVES CARVALHO Procuradora da República
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