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EM N o _____/MMA/2009 Brasília, de novembro de 2009. Excelentíssimo Senhor Presidente da República, Submeto à apreciação de Vossa Excelência o anexo projeto de decreto que regulamenta, nos termos dos arts. 16, 44, 44-A e 44-B da Lei n o 4.771, de 1965, do art. 9 o -A, da Lei n o 6.938, de 31 de agosto de 1981, e dos itens “22” e “23”, do inciso II, do art. 167, da Lei n o 6.015, de 31 de dezembro de 1973, critérios para a aprovação da localização, compensação, desoneração e averbação da reserva legal, servidão ambiental dos imóveis rurais e critérios técnicos para o regime de manejo florestal sustentável da reserva legal dos imóveis rurais. O objetivo do Decreto é regulamentar os procedimentos para a aprovação da localização da área de reserva legal, padronizando esses procedimentos e criando condição favorável para a agilização e simplificação dos procedimentos, regulamentação dos mecanismos de compensação através da aquisição de cotas de reserva florestal, desoneração com doação de área no interior de unidade de conservação de domínio público, critérios para a utilização sustentável dos recursos naturais da área de reserva legal, favorecendo o correto uso deste espaço e a regularização ambiental das propriedades rurais. O processo de construção da proposta de decreto contou com ampla participação e colaboração de representantes do Ministério do Meio Ambiente, do Ministério do Desenvolvimento Agrário, do Ministério da Fazenda, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis-IBAMA, bem como de diversos representantes dos mais representativos movimentos sociais ligadas a agricultura familiar, de entidades ambientalistas e dos órgãos ambientais estaduais, e reflete a perspectiva de materialização de instrumento que, na avaliação unânime destes diferentes setores envolvidos na sua construção, poderá auxiliar de maneira decisiva na regularização de diversos passivos ambientais e contribuir para a desejada melhoria da qualidade ambiental no país... Essas Senhor Presidente, as razões que justificam o encaminhamento do projeto de decreto, que ora submeto à elevada consideração de Vossa Excelência. Respeitosamente, CARLOS MINC Ministro de Estado do Meio Ambiente

Minuta de Decreto regulamenta Reserva Legal - mma.gov.br · I - averbação da área de reserva legal do imóvel no registro de imóveis; II ... consignadas no memorial descritivo,

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EM No _____/MMA/2009Brasília, de novembro de 2009.

Excelentíssimo Senhor Presidente da República,

Submeto à apreciação de Vossa Excelência o anexo projeto de decreto que regulamenta, nos termos dos arts. 16, 44, 44-A e 44-B da Lei no 4.771, de 1965, do art. 9o-A, da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, e dos itens “22” e “23”, do inciso II, do art. 167, da Lei no 6.015, de 31 de dezembro de 1973, critérios para a aprovação da localização, compensação, desoneração e averbação da reserva legal, servidão ambiental dos imóveis rurais e critérios técnicos para o regime de manejo florestal sustentável da reserva legal dos imóveis rurais.

O objetivo do Decreto é regulamentar os procedimentos para a aprovação da localização da área de reserva legal, padronizando esses procedimentos e criando condição favorável para a agilização e simplificação dos procedimentos, regulamentação dos mecanismos de compensação através da aquisição de cotas de reserva florestal, desoneração com doação de área no interior de unidade de conservação de domínio público, critérios para a utilização sustentável dos recursos naturais da área de reserva legal, favorecendo o correto uso deste espaço e a regularização ambiental das propriedades rurais.

O processo de construção da proposta de decreto contou com ampla participação e colaboração de representantes do Ministério do Meio Ambiente, do Ministério do Desenvolvimento Agrário, do Ministério da Fazenda, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis-IBAMA, bem como de diversos representantes dos mais representativos movimentos sociais ligadas a agricultura familiar, de entidades ambientalistas e dos órgãos ambientais estaduais, e reflete a perspectiva de materialização de instrumento que, na avaliação unânime destes diferentes setores envolvidos na sua construção, poderá auxiliar de maneira decisiva na regularização de diversos passivos ambientais e contribuir para a desejada melhoria da qualidade ambiental no país...

Essas Senhor Presidente, as razões que justificam o encaminhamento do projeto de decreto, que ora submeto à elevada consideração de Vossa Excelência.

Respeitosamente,

CARLOS MINCMinistro de Estado do Meio Ambiente

Anexo à Exposição de Motivos do Ministério do Meio Ambiente No ____, de ____/11/2009.1 - Síntese do problema ou da situação que reclama providências:

Necessidade de regulamentar os procedimentos relativos a regularização e uso correto da área de reserva legal nos imóveis rurais, conforme determinação da Lei no 4.771, de 15 de setembro de 1965.

2 - Soluções e providências contidas no ato normativo ou na medida proposta:

A medida ora proposta visa regulamentar os procedimentos de aprovação da área de reserva legal para posterior averbação no registro de imóveis, bem como procedimentos de compensação, desoneração e utilização sustentável da vegetação na reserva legal.

3 - Alternativas existentes à medida proposta:

Não existem alternativas à proposta.

4 - Custos:

Não haverá dispêndio financeiro.

5 - Razões que justificam a urgência:

6 - Impacto sobre o meio ambiente:

7 - Alterações propostas:

Texto atual

Texto proposto

8 - Síntese do parecer do órgão jurídico:

O Projeto ora analisado encontra-se elaborado em conformidade com as exigências do Decreto no

4.176, de 28 de março de 2002. Presentes os requisitos de constitucionalidade e juridicidade.

DECRETO No , DE DE DE 2009Regulamenta nos termos dos arts. 16, 44, 44-A e 44-B da Lei no 4.771, de 1965, do art.9o-A, da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, e dos itens “22” e “23”, do inciso II, do art.167, da Lei no 6.015, de 31 de dezembro de 1973, critérios para a aprovação da localização, manejo, compensação, desoneração e averbação da reserva legal, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, inciso IV e VI alínea “a”, da Constituição,

D E C R E T A :CAPÍTULO I

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1o Este Decreto regulamenta, nos termos dos arts. 16, 44, 44-A e 44-B da Lei no

4.771, de 15 de setembro de 1965, e do art.9o-A, da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, e dos itens “22” e “23”, inciso II, do art.167, da Lei no 6.015, de 31 de dezembro de 1973, critérios para a aprovação da localização, compensação, desoneração e averbação da reserva legal, instituição de servidão ambiental dos imóveis rurais e critérios técnicos para o regime de manejo florestal sustentável da reserva legal.

Art. 2o Constituem formas de cumprimento da obrigação prevista no art. 16, da Lei no 4.771:

I - averbação da área de reserva legal do imóvel no registro de imóveis;

II - averbação da área de reserva legal de imóveis em condomínio no registro de imóveis;

III - averbação do termo de compensação de reserva legal por:

a) arrendamento de servidão ambiental;

b) aquisição de Cotas de Reserva Florestal-CRF;

IV - averbação do termo de desoneração da obrigação de recompor vegetação nativa, pelo proprietário rural, por aquisição e doação de área localizada no interior de unidade de conservação de domínio público, pendente de regularização fundiária;

§ 1o Nos casos previstos nos incisos I e II deste Decreto, quando o percentual de vegetação nativa for inferior ao estabelecido na legislação o proprietário ou possuidor do imóvel deverá recompor a vegetação de acordo com o disposto no art. 44, incisos I e II.

§ 2o A compensação de reserva legal por arrendamento de servidão ambiental ou aquisição de cotas não será permitida para os proprietários ou possuidores que suprimiram total ou

parcialmente, floresta ou demais formas de vegetação nativa, situadas no interior de suas propriedades sem as devidas autorizações, a partir de 15 de dezembro de 1998, nos termos do art. 44-C da Lei no 4.771, de 1965.

§ 3o Para fins de regularização da reserva legal no caso de imóvel rural com vegetação nativa em percentual inferior ao previsto nos incisos I e II, do art.16, da Lei no 4.771, de 1965, será permitida a compensação de que trata o art. 44, Lei no 4.771, de 1965, desde que a vegetação da área complementar a ser regularizada tenha sido suprimida por meio de autorização expedida antes de 28 de maio de 2000, data da publicação da Medida Provisória no 1.956-50, de 26 de maio de 2000.

§ 4o A desoneração de que trata o inciso IV deste artigo não se aplica aos proprietários de imóveis que suprimiram total ou parcialmente, floresta ou demais formas de vegetação nativa, situadas no interior de suas propriedades sem as devidas autorizações a partir de 26 de dezembro de 2006, data da publicação da Lei no 11.428, de 22 de dezembro de 2006.

CAPÍTULO II

DA APROVAÇÃO DA LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE RESERVA LEGAL

Seção IDisposições Gerais

Art. 3o Deverão constar do processo de aprovação da localização da reserva legal pelo órgão ambiental ou instituição devidamente habilitada:

I - identificação do proprietário ou possuidor contemplando endereço, estado civil, número da Carteira de Identidade, ou CNPJ;

II - identificação do imóvel por meio da respectiva matrícula ou transcrição no Registro de Imóveis ou comprovação da posse; e

III - mapa do imóvel, com memorial descritivo contendo a indicação das coordenadas geográficas:

a) do perímetro do imóvel;

b) do perímetro da Reserva Legal;

c) da localização de remanescentes de vegetação nativa; e

d) da localização das áreas de preservação permanente.

§ 1o Serão considerados documentos hábeis à comprovação da posse o Certificado de Cadastro de Imóvel Rural-CCIR, termos de concessão ou cessão de imóveis ou qualquer outro documento comprobatório atualizado, devidamente reconhecidos por órgão ou entidade pública.

§ 2o A inserção das coordenadas geográficas de pelo menos um ponto de amarração relativo ao perímetro do imóvel e de um ponto relativo à reserva legal, consignadas no memorial descritivo, pelo profissional responsável, dispensa o georreferenciamento do perímetro do imóvel.

§ 3o Nas hipóteses em que é permitido o cômputo de áreas relativas à vegetação nativa em área de preservação permanente no cálculo do percentual da reserva legal, de que trata o § 6o, do art. 16, da Lei no 4.771, de 1965, o documento a que se refere o inciso III deste artigo deverá discriminar tais áreas.

§ 4o No caso de processo de aprovação da localização da reserva legal em condomínio entre mais de uma propriedade, os requisitos indicados neste artigo serão observados para cada um dos imóveis.

§ 5o A aprovação da localização da reserva legal dispensa vistoria técnica caso se

utilize imagens de satélite de alta resolução obtidas nos últimos cinco anos.

Art. 4o A localização da reserva legal obedecerá ao disposto no § 4o do art. 16, da Lei no 4.771, de 1965 e sua aprovação em processo próprio é requisito para a emissão do Termo de Averbação ou do Termo de Ajustamento de Conduta de Responsabilidade de Manutenção da Reserva Legal.

Art. 5o A definição da localização da reserva legal, em observância à função social da propriedade, priorizará os remanescentes de vegetação nativa conservados.

§ 1o A Reserva Legal de um imóvel pode ser constituída de mais de um polígono/gleba, dentro do mesmo imóvel, ou em imóveis diferentes, desde que observados os requisitos mínimos previstos neste Decreto e o percentual previsto em Lei.

§ 2o No caso de imóvel rural com remanescentes distribuídos em mais de um polígono, a definição da localização da Reserva Legal deverá priorizar a conexão dos remanescentes.

Art. 6o A instrução do processo para a aprovação da localização da reserva legal poderá ser realizada coletivamente para determinado grupo de imóveis rurais, devendo ser coletadas as informações de todos os imóveis.

Seção IIDa Aprovação da Localização da Reserva Legal da Pequena Propriedade ou Posse Rural

Art. 7o Deverão constar do processo de aprovação da localização da reserva legal da pequena propriedade ou posse rural, pelo órgão ambiental ou instituição devidamente habilitada:

I - identificação do proprietário ou posseiro do imóvel;

II - croqui do imóvel indicando a área e a proposta de localização da Reserva Legal;

III - indicação e localização de remanescentes de vegetação nativa; e

IV - identificação do imóvel através da matricula no registro de imóveis ou comprovação de posse, com indicação dos principais pontos de referência como estradas, rios, sede do imóvel, nome dos confrontantes .

Parágrafo Único. O processo de aprovação da localização da reserva legal de que trata esta Seção será gratuito, devendo o Poder Público prestar apoio técnico e jurídico, quando necessário.

Art. 8o O georreferenciamento das informações relativas à identificação do imóvel e da localização da reserva legal será processado pelo órgão ambiental competente ou instituição habilitada, observado o disposto no § 2o, do art. 3o, deste Decreto.

Seção IIIDas Instituições Habilitadas

Art. 9o Nos termos do § 4o do art. 16 da Lei no 4.771, de 1965, são instituições habilitadas a aprovar a localização da reserva legal e emitir Termo de Averbação aquelas que disponham de capacidade técnica para análise, processamento e disponibilização das informações geográficas em base compatível com aquela utilizada pelo órgão ambiental estadual.

§ 1o Observado o disposto no caput poderão se habilitar mediante convênio ou instrumentos de cooperação técnica com o órgão ambiental estadual, além dos órgãos do Sistema Nacional do Meio Ambiente-SISNAMA, fundações e autarquias, universidades e instituições de pesquisa que desenvolvam atividades de extensão, órgãos e empresas públicas de assistência técnica e extensão rural, associações e consórcios municipais.

§ 2o As informações sobre os processos de localização da Reserva Legal aprovados pelas instituições habilitadas deverão ser disponibilizadas ao órgão ambiental estadual periodicamente, e o acesso público a estes dados e informações observará os termos da Lei no

10.650, de 16 de abril de 2003.

CAPÍTULO IV

DA INSTITUIÇÃO DE SERVIDÃO AMBIENTAL E DE COTA DE RESERVA FORESTAL E SUAS UTILIZAÇÕES PARA FINS DE COMPENSAÇÃO DA RESERVA LEGAL

Seção IDa instituição da Servidão Ambiental

Art. 10. O proprietário rural poderá instituir servidão ambiental em área localizada fora da reserva legal e da área com vegetação de preservação permanente, pela qual renuncia voluntariamente, em caráter permanente ou temporário, a direitos de uso, exploração ou supressão da vegetação nativa.

§ 1o A limitação de que trata o caput deve ser, no mínimo, a mesma estabelecida para a Reserva Legal, e a respectiva servidão deverá ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, após anuência do órgão ambiental competente.

§ 2o Durante o prazo de sua vigência, é vedada a alteração da destinação da área da servidão, nos casos de transmissão a qualquer título, de desmembramento ou de retificação dos limites da propriedade.

§ 3o A anuência do órgão ambiental competente deverá observar as condições de que trata o caput deste artigo.

§ 4o O Termo de Servidão Ambiental, emitido pelo órgão ambiental competente, é o documento representativo necessário para a averbação à margem da inscrição da matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, e deverá conter, no mínimo:

a) informações relativas aos requisitos previstos neste artigo;

b) o regime de limitação instituída;

c) o prazo de validade da servidão ambiental;

d) a Bacia Hidrográfica;

e) identificação do imóvel, com a inserção das coordenadas geográficas de pelo menos um ponto de amarração relativo ao perímetro do imóvel e de um ponto relativo à área que serviu de base para a instituição da servidão;

f) o número da matrícula do imóvel.

Seção IIDa compensação da reserva legal por arrendamento de Servidão Ambiental

Art. 11. O proprietário ou possuidor rural que não possuir, no interior de sua propriedade, floresta ou demais formas de vegetação nativa em extensão suficiente para compor a Reserva Legal, poderá mediante arrendamento de servidão ambiental, compensar a reserva legal conforme dispõe o § 5o, do art. 44, da Lei no 4.771, de 1965.

Parágrafo único. O proprietário ou possuidor rural que suprimiu total ou parcialmente floresta ou demais formas de vegetação nativa situadas no interior de sua propriedade ou posse, após 15 de dezembro de 1998, sem as devidas autorizações exigidas por Lei, não poderá fazer uso dos benefícios previstos no caput deste artigo.

Art. 12. A aprovação da compensação de que trata esta Seção pelo órgão ambiental competente observará o seguinte:

I - equivalência em extensão e importância ecológica das áreas;

II - localização das áreas no mesmo ecossistema;

III - localização das áreas na mesma microbacia hidrográfica;

IV - existência de Termo de Servidão Ambiental a ser utilizada para fins de compensação, devidamente averbado à margem da inscrição da matrícula do imóvel;

IV - existência de proposta ou negócio jurídico relativo ao arrendamento da servidão ambiental, em que conste:

a) prazo de validade do arrendamento, adequado ao prazo de validade da servidão ambiental instituída, vedada a extinção ou rescisão antes do prazo pactuado; e

b) limitação de uso da área objeto da servidão ambiental, no mínimo, equivalente ao da reserva legal.

§ 1o Na impossibilidade de compensação da reserva legal dentro da mesma microbacia, justificada no processo administrativo, deverá ser aplicado o critério de maior proximidade possível entre a propriedade desprovida de reserva legal e a área escolhida para a

compensação, desde que na mesma Bacia Hidrográfica e no mesmo Estado, atendido, quando houver, o respectivo Plano de Bacia Hidrográfica, e respeitadas as demais condicionantes de que trata este artigo.

§ 2o Após a aprovação da compensação será emitido Termo de Averbação de Compensação pelo órgão ambiental competente, com validade condicionada ao aperfeiçoamento do negócio jurídico do arrendamento.

§ 3o O Termo de Averbação de Compensação pelo órgão ambiental deverá conter informações relativas aos requisitos previstos neste artigo para fins de averbação a margem da matrícula da propriedade rural compensada.

§ 4o Os critérios de que trata o presente artigo deverão ser observados, no que couber, quando da celebração do Termo de Ajustamento de Conduta de Manutenção da Reserva Legal nos casos de posse rural.

Seção IIIDa emissão de Cotas de Reserva Florestal-CRF

Art. 13. A CRF é título representativo de vegetação nativa, emitido em favor de pessoas físicas ou jurídicas de direito privado, localizada em:

I - reserva legal excedente, instituída voluntariamente e averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, após anuência do órgão ambiental estadual;

II - servidão ambiental, a que se refere o art.44-A, da Lei no 4.771, de 1965, averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, após anuência do órgão ambiental estadual competente; e

III - Reserva Particular do Patrimônio Natural, instituída nos termos da Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000.

§ 1o A CRF poderá ser emitida em reserva legal excedente instituída voluntariamente sobreposta à Área de Preservação Permanente-APP, nos casos do § 6o do art. 16, da Lei no 4.771, de 1965, desde que mantido o regime de uso da área de preservação permanente.

§ 2o A CRF não pode ser emitida com base em vegetação nativa localizada em área de Reserva Particular do Patrimônio Natural instituída em sobreposição à Reserva Legal do imóvel.

Art. 14. A CRF poderá ser emitida por tempo indeterminado ou com prazo de validade, a critério do proprietário do imóvel sobre o qual foi emitida a CRF.

Parágrafo único. Ficam ressalvados do disposto no caput deste artigo, os seguintes casos:

I - quando a CRF for representativa de vegetação localizada em área de servidão ambiental, o prazo de validade não poderá ser superior ao prazo da servidão; e

II - quando a CRF emitida representar área em regeneração ou recomposição, o prazo de validade será de 5 anos, renovável por igual período, até que a área esteja em estágio avançado de regeneração ou recomposição, a partir de quando poderá ser por prazo indeterminado.

Art. 15. A unidade da CRF será emitida com base em um hectare:

I - de área com vegetação nativa primária, ou vegetação secundária em qualquer estágio de regeneração ou recomposição; e

II - de áreas de recomposição mediante reflorestamento misto com espécies nativas.

§ 1o O estágio sucessional ou o tempo de recomposição ou regeneração da vegetação nativa será avaliado pelo órgão ambiental estadual competente com base em declaração do proprietário e vistoria de campo.

§ 2o A CRF não poderá ser emitida pelo órgão ambiental competente quando a regeneração ou recomposição da área forem improváveis ou inviáveis.

Art. 16. A CRF só poderá ser emitida com base em vegetação nativa localizada em propriedade que estiver em situação regular com relação à Lei no 4.771, de 1965.

Art. 17. O título representativo da CRF deverá informar, no mínimo:

I - informações relativas aos requisitos previstos nesta Seção;

II - o regime da CRF emitida;

III - o prazo da CRF;

IV - a Bacia Hidrográfica;

V - a caracterização da vegetação nativa;

VI - identificação do imóvel, com a inserção das coordenadas geográficas de pelo menos um ponto de amarração relativo ao perímetro do imóvel e um ponto relativo à área que serviu de base para a emissão da CRF;

VII - o número da matrícula do imóvel que serviu de base para sua emissão.

Art. 18. A CRF poderá conter cláusula de remuneração financeira ou outras vantagens não financeiras.

Art. 19. É obrigatório o registro da CRF na Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos-CETIP no prazo de 30 (trinta) dias, contados da data da sua emissão.

Art. 20. A responsabilidade pela manutenção da vegetação nativa representada na CRF, , nos termos da legislação ambiental, incumbe ao proprietário do imóvel sobre o qual foi emitida a CRF.

Art. 21. A execução do disposto nesta Seção caberá conjuntamente aos órgãos e entidades enumeradas a seguir, com suas respectivas atribuições:

I - Ministério do Meio Ambiente:

a) editar as normas orientadoras do funcionamento do sistema de informações sobre as CRF;

II - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis-IBAMA:

a) fiscalizar e atuar supletivamente no controle dos atos relacionados à CRF;

b) implantar e disponibilizar na rede mundial de computadores o sistema de informações sobre as CRF, integrado ao Portal da Gestão Florestal;

III - órgãos ambientais estaduais, conforme art. 44, § 5o da Lei no 4.771, de 1965:

a) avaliar o cumprimento dos requisitos do art. 15 deste Decreto;

b) emitir a CRF e encaminhar à CETIP para registro;

c) fiscalizar o cumprimento das normas e regime relacionados à CRF emitida;

d) manter e atualizar o sistema de informação sobre as CRF emitidas; e

e) manter a documentação de cada CRF emitida.

Seção IVDa aquisição de Cotas de Reserva Florestal-CRF para fins de compensação

Art. 22. O proprietário ou possuidor rural que não possuir no interior de seu imóvel floresta ou demais formas de vegetação nativa em extensão suficiente para compor a Reserva Legal poderá compensar essa insuficiência mediante a aquisição de CRF, com aprovação do órgão estadual competente.

§ 1o O proprietário ou possuidor que suprimiu total ou parcialmente floresta ou demais formas de vegetação nativa situadas no interior de sua propriedade ou posse, após 15 de

dezembro de 1998, sem as devidas autorizações exigidas por Lei, não poderá fazer uso dos benefícios previstos no caput deste artigo.

§ 2o No caso de propriedade rural localizada em área de cerrado na Amazônia Legal, onde a Reserva Legal deve corresponder a trinta e cinco por cento da propriedade ou posse, somente quinze por cento dessa área poderá ser objeto de compensação mediante aquisição de CRF.

Art. 23. A aprovação da compensação de que trata esta Seção o órgão ambiental competente observará o seguinte:

I - equivalência em extensão e importância ecológica das áreas;

II - localização das áreas no mesmo ecossistema;

III - localização das áreas na mesma microbacia hidrográfica; e

IV - a quantidade proporcional de CRF em relação a área de reserva legal compensada; e

V - o regime e prazo de validade da CRF.

§ 1o Na impossibilidade de compensação da reserva legal dentro da mesma microbacia, deverá ser aplicado o critério de maior proximidade possível entre a propriedade desprovida de reserva legal e a área escolhida para a compensação, desde que na mesma bacia hidrográfica e no mesmo Estado, atendido, quando houver, o respectivo Plano de Bacia Hidrográfica, e respeitadas as demais condicionantes de que trata este artigo.

§ 2o Após a aprovação da compensação será emitido Termo de Averbação de Compensação pelo órgão ambiental competente, com validade condicionada ao aperfeiçoamento do negócio jurídico de aquisição da CRF.

§ 3o O Termo de Averbação de Compensação pelo órgão ambiental deverá conter informações relativas aos requisitos previstos neste artigo para fins de averbação a margem da matrícula da propriedade rural compensada.

§ 4o Os critérios de que tratam o presente artigo deverão ser observados, no que couber, quando da celebração do Termo de Ajustamento de Conduta de Manutenção da Reserva Legal nos casos de posse rural.

Art. 24. A alienação da CRF pelo comprador sem a adoção de outra forma de compensação da reserva legal ou aquisição de outra CRF implica a irregularidade quanto obrigação de manutenção da reserva legal do imóvel rural.

CAPÍTULO V

DA DESONERAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DE RECOMPOR A RESERVA LEGAL

Art. 25. O processo de desoneração da obrigação de recomposição de reserva legal, prevista no art. 44, § 6o, da Lei no 4.771 de 1965, se dará mediante a doação, por parte de proprietário de imóvel rural que não detém reserva legal em extensão suficiente, ao órgão gestor de unidade de conservação, de área localizada no interior de unidade de conservação de domínio público pendente de regularização fundiária.

§ 1o Poderão ser desonerados da obrigação de recomposição de reserva legal o proprietário rural com área de floresta nativa natural, primitiva ou regenerada ou outra forma de vegetação nativa em extensão inferior ao estabelecido nos incisos I, II, III e IV do art. 16 da Lei no

4.711, de 1965 e que não detém reserva legal de seu imóvel rural averbada no registro de imóveis.

§ 2o A desoneração de que trata o caput deste artigo não se aplica aos proprietários de imóveis rurais que, detendo área de floresta nativa no imóvel suficiente para averbação da respectiva reserva legal, não o fizeram, e para aqueles detentores de autorização de supressão de vegetação nativa superior à necessária à averbação da reserva legal, expedida a partir de 26 de dezembro de 2006, data da publicação da Lei 11.428 de 22 de dezembro de 2006.

§ 3o O órgão gestor de unidades de conservação donatário expedirá o Termo de Desoneração da obrigação de recompor reserva legal, que deverá ser averbado à margem da matrícula da propriedade rural desonerada.

Art. 26. O proprietário rural de imóvel inserido parcialmente em Unidade de Conservação, que não detém reserva legal em extensão suficiente na parcela situada fora dos limites, poderá ser desonerado da obrigação de recomposição da Reserva Legal, mediante doação de área equivalente situada no interior da unidade de conservação.

Parágrafo único. A parcela do imóvel rural inserida em unidade de conservação também poderá ser doada como forma de desoneração da obrigação de recomposição da reserva legal de outro imóvel.

Art. 27. O órgão gestor da Unidade de Conservação indicará, em cada unidade de conservação pendente de regularização fundiária, as áreas aptas a serem adquiridas e posteriormente doadas ao poder público, para fins da desoneração de que trata o artigo anterior.

Art. 28. O órgão gestor da unidade de conservação, após a indicação das áreas passíveis de aquisição, fará publicar edital dirigido aos proprietários dos imóveis situados no interior da unidade de conservação, previamente delimitadas, convidando-os a apresentarem, no prazo estipulado:

I - os documentos comprobatórios de domínio;

II - localização do imóvel com delimitação do perímetro; e

III - valor pretendido para o imóvel.

Art. 29. Vencida a etapa a que se refere o artigo anterior, o órgão gestor da unidade de conservação dará publicidade ao processo com a publicação de edital discriminando as áreas passiveis de alienação e posterior doação, convidando proprietários de imóveis rurais com passivo de reserva legal a se regularizar em mediante a aquisição e posterior doação ao órgão gestor de imóvel situado no interior da área delimitada na Unidade de Conservação, objeto do edital.

Parágrafo único. No edital de que trata este artigo, o órgão gestor da unidade de conservação poderá fazer constar a delimitação da área cujos imóveis se enquadrem nos requisitos técnicos necessários à desoneração na respectiva unidade de conservação que se pretende regularizar.

Art. 30. O proprietário rural interessado em ser desonerado da obrigação de manutenção de reserva legal em seu imóvel deverá formalizar o pedido junto ao órgão gestor da unidade de conservação, com a indicação da localização, perímetro e área total do imóvel a ser desonerado e indicação da área a ser adquirida.

Art. 31. A área a ser adquirida e doada ao poder público e a área correspondente ao imóvel que será desonerado da obrigação de manutenção da Reserva Legal, deverão:

I - ser equivalentes em extensão;

II - estar no mesmo ecossistema; e

III - localizar-se na mesma microbacia hidrográfica.

Parágrafo único. Na impossibilidade do cumprimento do inciso III, deverá ser aplicado o critério de maior proximidade possível entre a propriedade desprovida de reserva legal e a área escolhida para a compensação, desde que na mesma bacia hidrográfica e no mesmo Estado, atendido, quando houver, o respectivo Plano de Bacia Hidrográfica, e respeitadas as demais condicionantes de que trata este artigo.

Art. 32. O órgão gestor de unidade de conservação deverá figurar no negócio jurídico de aquisição do imóvel apenas como terceiro beneficiário e donatário, vedada a assunção

de qualquer responsabilidade em relação às cláusulas do negócio jurídico de aquisição do imóvel.

Art. 33. Após o aperfeiçoamento do negócio jurídico de que trata o artigo anterior por meio da formalização junto ao órgão de registro público de imóveis, que correrá às expensas do doador, o órgão gestor da unidade de conservação emitirá Termo de Desoneração da obrigação a que se refere o art. 44 da Lei no 4.771, de 1965, que deverá ser averbado no registro de imóveis à margem da matrícula do imóvel rural desonerado.

Parágrafo único. O Termo de Desoneração previsto no caput deverá conter a extensão da área desonerada, a Bacia Hidrográfica onde se localiza e o número da matrícula do imóvel desonerado.

CAPÍTULO VI

DA AVERBAÇÃO DA RESERVA LEGAL

Art. 34. Serão averbados no registro público de imóveis os documentos representativos dos seguintes atos:

I - localização da área de reserva legal na propriedade rural;

II - localização da área de reserva legal em regime de condomínio de propriedades rurais;

III - desoneração da obrigação de recompor a reserva legal na forma do art. 44, § 6o

da Lei no 4.771, de 1965;

IV - compensação da reserva legal por meio de arrendamento de servidão ambiental; e

V - compensação da reserva legal por meio de aquisição de Cota de Reserva Florestal-CRF.

§ 1o O documento de que trata o inciso II deverá ser averbado à margem das matrículas de todas as propriedades rurais envolvidas.

§ 2o Na posse rural a reserva legal é assegurada por Termo de Ajustamento de Conduta de Manutenção da Reserva Legal, firmado pelo possuidor com o órgão ambiental competente, e que será registrado no Registro de Títulos e Documentos, para os fins previstos nos § 8o e 10 do art. 16 da Lei no 4.771, de 1965.

Art. 35. O Termo expedido pelo órgão ambiental competente ou instituição habilitada deverá será averbado desde que contenha os seguintes requisitos gerais:

I - dados de identificação do proprietário ou possuidor;

II - dados do registro do imóvel rural ou comprovação da posse;

III - área da reserva legal a ser averbada; e

IV - memorial descritivo contendo coordenadas geográficas da área de reserva legal.

§ 1o Os documentos de que tratam os incisos II, III, IV e V do art. 34, deste Decreto deverão conter os requisitos gerais previstos nos incisos deste artigo referentes a todos os imóveis envolvidos;

§ 2o Para fins de cumprimento do requisito de que trata o inciso IV deste artigo será admitida a forma disposta no § 2o do art. 3o deste Decreto, com a inserção das coordenadas geográficas de pelo menos um ponto de amarração relativo ao perímetro do imóvel e de um ponto relativo à reserva legal, consignadas no memorial descritivo, pelo profissional responsável.

§ 3o No caso de desoneração de que trata o inciso III do art. 35, deste Decreto o Termo de Averbação os dados de que trata o inciso III deverão indicar a extensão da área doada, a microbacia hidrográfica de ambos os imóveis e a indicação da matrícula do imóvel doado.

§ 4o No caso de imóvel cujas coordenadas geodésicas já estejam averbadas, o oficial do registro de imóveis deverá confirmar a inclusão da área de reserva legal dentro dos limites do imóvel antes de proceder à averbação.

CAPÍTULO VII

DA IMPLEMENTAÇÃO DO MANEJO FLORESTAL SUSTENTÁVEL NA RESERVA LEGAL

Seção IDas Disposições Gerais

Art. 36. Para os fins do disposto neste Capítulo, considera-se:

I - Manejo da Reserva Legal: técnicas de condução, exploração e reposição praticadas de forma sustentável visando manter a proteção e o uso sustentável da vegetação nativa e obter benefícios econômicos, sociais e ambientais, respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema objeto do manejo e considerando-se, cumulativa ou alternativamente, a utilização de múltiplos produtos e subprodutos, bem como a utilização de outros bens e serviços ambientais;

II - Plano de Manejo Sustentável-PMS: instrumento técnico de administração das atividades desenvolvidas na unidade de manejo florestal;

III - Plano Operacional Anual-POA: Documento a ser apresentado ao órgão ambiental competente, contendo as informações definidas em suas diretrizes técnicas, com a especificação das atividades a serem realizadas no período de 12 meses;

IV - Unidade de Manejo: perímetro definido a partir de critérios técnicos, socioculturais, econômicos e ambientais, objeto de um PMS;

V - Produtos Florestais: produtos madeireiros e não madeireiros gerados pelo manejo sustentável; e

VI - Sistema Agro Florestal-SAF: Sistema de uso e ocupação do solo em que plantas lenhosas perenes são manejadas em associação com plantas herbáceas, arbustivas, arbóreas, culturas agrícolas, forrageiras em uma mesma unidade de manejo, de acordo com arranjo espacial e temporal, com alta diversidade de espécies e interações entre estes componentes.

Art. 37. Para a utilização da vegetação da Reserva Legal, de que trata o § 2o, do art. 16 da Lei no 4.771, de 1965, serão adotados procedimentos técnicos para execução do Manejo Florestal Sustentável, observando-se o disposto neste Decreto.

Parágrafo único. No caso de Reserva Legal situada nos remanescentes de vegetação nativa na área de aplicação da Lei no 11.428, de 21 de dezembro de 2006, observar-se-á o disposto neste Decreto e no Decreto no 6.660, de 21 de novembro de 2008.

Art. 38. Para a utilização da vegetação da Reserva Legal, serão adotadas práticas de exploração seletiva que atendam ao manejo sustentável nas seguintes modalidades:

I - manejo sustentável da Reserva Legal para a exploração florestal eventual, sem propósito comercial direto ou indireto, para consumo na pequena propriedade ou posse rural; e

II - manejo sustentável da Reserva Legal para exploração florestal com finalidade comercial.

Seção IIDo Manejo Sustentável da Reserva Legal para Exploração Florestal Eventual sem Propósito

ComercialArt. 39. O manejo sustentável da reserva legal para exploração florestal eventual,

sem propósito comercial direto ou indireto, para consumo na pequena propriedade ou posse rural na área de Reserva Legal, independe de autorização dos órgãos competentes, quando tratar-se de:

I - lenha para uso doméstico no limite de retirada não superior a quinze metros cúbicos por ano por propriedade ou posse; e

II - madeira para construção de benfeitorias e utensílios na posse ou propriedade rural até 20 metros cúbicos a cada três anos.

Parágrafo único. Os limites para a exploração prevista no caput deste artigo, no caso de posse coletiva de populações tradicionais ou do agricultor familiar, serão adotados por unidade familiar.

Art. 40. O transporte de produtos e subprodutos florestais madeireiros provenientes da exploração eventual, além dos limites da posse ou propriedade rural, para fins de beneficiamento, deverá ser acompanhado da autorização de transporte especifica emitida pelo órgão ambiental competente, contendo:

I - dados de volume individual e total por espécie, previamente identificadas e numeradas;

II - justificativa de utilização e descrição dos subprodutos a serem gerados;

III - indicação do responsável pelo beneficiamento dos produtos; e

IV - indicação do responsável pelo transporte dos produtos e subprodutos gerados, bem como do trajeto a ser percorrido.

Seção IIIDa Coleta de Subprodutos Florestais e Atividades de Uso Indireto na Reserva Legal

Art. 41. É livre a coleta de subprodutos florestais, tais como frutos, folhas e sementes, devendo-se observar:

I - os períodos de coleta e volumes fixados em regulamentos específicos, quando houver;

II - a época de maturação dos frutos e sementes;

III - técnicas que não coloquem em risco a sobrevivência de indivíduos e da espécie coletada no caso de coleta de flores, folhas, cascas, óleos, resinas, cipós, bulbos, bambus e raízes; e

IV - as limitações legais específicas e, em particular, as relativas ao acesso ao patrimônio genético, à proteção e ao acesso ao conhecimento tradicional associado e de biossegurança, quando houver.

Art. 42. Consideram-se de uso indireto, não necessitando de autorização dos órgãos ambientais competentes, as seguintes atividades realizadas em área de Reserva Legal:

I - abertura de pequenas vias de acesso interno e suas pontes e pontilhões, quando necessárias à travessia de um curso de água, ou à retirada de produtos oriundos das atividades de manejo agroflorestal sustentável praticado na pequena propriedade ou posse rural;

II - implantação de trilhas para desenvolvimento de ecoturismo;

III - implantação de aceiros para prevenção e combate a incêndios florestais;

IV - implantação de instalações necessárias à captação e condução de água e efluentes tratados, desde que comprovada a outorga do direito de uso da água, quando couber;

V - implantação de corredor de acesso de pessoas e animais para obtenção de água;

VI - construção de rampa de lançamento de barcos e pequeno ancoradouro;

VII - coleta de produtos não madeireiros para fins de manutenção da família e produção de mudas, como sementes, castanhas e frutos, desde que eventual e respeitada a legislação específica do acesso a recursos genéticos;

VIII - plantio de espécies nativas produtoras de frutos, sementes, castanhas e outros produtos vegetais em áreas alteradas, plantados junto ou de modo misto;

IX - construção e manutenção de cercas ou picadas de divisa de propriedades;

X - pastoreio extensivo tradicional em campos naturais desde que não promova a supressão da vegetação nativa ou a introdução de espécies vegetais exóticas; e

XI - outras ações ou atividades similares, reconhecidas pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA como eventual.

Seção IVDo Manejo Sustentável da Reserva Legal para Exploração Florestal com Finalidade

ComercialArt. 43. O manejo florestal sustentável da vegetação da Reserva Legal, com

propósito comercial direto ou indireto, de espécies da flora nativa provenientes de formações naturais, que não descaracterize a cobertura vegetal e não prejudique a função ambiental da área, deverá atender as seguintes diretrizes e orientações:

I - adoção de práticas silviculturais e medidas para a minimização dos impactos sobre os indivíduos jovens das espécies arbóreas secundárias e climácicas na área manejada;

II - a priorização do corte de espécies arbóreas pioneiras nativas, que não poderá ultrapassar a cinquenta por cento do número de indivíduos de cada espécie explorada existentes na área manejada;

III - o cálculo do percentual previsto no inciso II deverá levar em consideração somente os indivíduos com Diâmetro na Altura do Peito-DAP acima de cinco centímetros;

IV - o manejo sustentável da Reserva Legal que tenha sido constituída com plantios de árvores frutíferas, ornamentais ou industriais, compostas por espécies exóticas, cultivadas em sistema intercalar ou em consórcio com espécies nativas, deverá priorizar o corte destas espécies exóticas, num ciclo que resguarde a função ambiental da área; e

V - na condução do manejo de espécies exóticas deverão ser adotadas medidas que favoreçam a regeneração de espécies nativas.

Art. 44. Na pequena propriedade ou posse rural, o manejo florestal madeireiro sustentável da Reserva Legal com propósito comercial direto ou indireto depende de autorização do órgão ambiental competente, devendo o interessado apresentar, no mínimo, as seguintes informações:

I - dados do proprietário ou possuidor;

II - dados da propriedade ou posse, incluindo cópia da matrícula do imóvel no Registro Geral do Cartório de Registro de Imóveis, ou comprovante de posse;

III - croqui da área com indicação da área a ser objeto do manejo seletivo;

IV - comprovação da averbação da Reserva Legal; e

V - Laudo Técnico, com respectiva Anotação de Responsabilidade Técnica, contendo, no mínimo, inventário fitossociológico da área a ser manejada com a indicação da fitofisionomia original, elaborado com metodologia e suficiência amostral adequadas; estimativa do volume de produtos e subprodutos florestais a serem obtidos com o manejo seletivo, indicação da sua destinação e cronograma de execução previsto.

Parágrafo único. O Laudo Técnico mencionado no inciso V deste artigo deverá ainda atestar a viabilidade do manejo proposto, considerando os volumes de produtos e subprodutos florestais a serem explorados, com a necessária manutenção das funções ambientais da área manejada.

Art. 45. Nas demais propriedades, não mencionadas no artigo anterior, a autorização

do órgão ambiental competente será precedida da apresentação e aprovação do Plano de Manejo Sustentável-PMS, contendo:

I - dados sobre proprietário, empresa ou responsável pela área;

II - dados da propriedade ou posse, incluindo cópia da matrícula do imóvel no Registro Geral do Cartório de Registro de Imóveis, ou comprovante de posse;

III - dados sobre o responsável técnico pelo PMS;

IV - localização georreferenciada do imóvel, e indicação das áreas de preservação permanente, reserva legal e uso alternativo do solo;

V - mapeamento das unidades de manejo e malha de acesso descrito em modulo de escala compatível;

VI - caracterização do meio físico e biológico da reserva legal e da unidade de manejo, incluindo descrição hidrográfica;

VII - descrição do estoque dos produtos madeireiros e não madeireiros, a serem extraídos na Unidade de Manejo da área objeto do PMS, por meio do Inventário Florestal amostral;

VIII - ciclo de corte compatível com as diretrizes gerais e com o tempo de restabelecimento do volume ou quantidade de cada produto ou subproduto a ser extraído da unidade de manejo;

IX - cronograma de execução do manejo previsto;

X - descrição das medidas adotadas para promoção da regeneração natural das espécies exploradas na unidade de manejo; e

XI - descrição do sistema de transporte adequado e da construção de vias de acesso com métodos e traçados que causem o menor impacto.

§ 1o Anualmente, o proprietário ou responsável pelo PMS, encaminhará formulário especifico, ao órgão ambiental competente, contendo o relatório assinado pelo responsável técnico, com as informações sobre toda a área de manejo florestal sustentável, a descrição das atividades realizadas e o volume efetivamente explorado de cada produto no período anterior de doze meses;

§ 2o O proprietário ou responsável pelo PMS submeterá ao órgão ambiental competente o formulário especifico acompanhado do Plano Operacional Anual, e a Anotação de Responsabilidade Técnica-ART, com a especificação das atividades a serem realizadas no período de doze meses e do volume ou quantidade máxima proposta para a exploração no período.

Seção VDisposições Gerais para o Manejo Florestal Sustentável na Reserva Legal

Art. 46. A área de Reserva Legal excedente destinada a constituição de cotas de reserva florestal, prevista no Art. 44-B, da Lei no 4.771, de 1965, terá o mesmo regime de manejo florestal para a exploração prevista neste Capítulo, observados os contratos de serviços entre proprietários e portadores dos títulos de Cota de Reserva Florestal-CRF.

Art. 47. Os formulários contendo os modelos de elaboração, apresentação, execução e avaliação técnica do PMS e Plano Operacional Anual-POA observarão modelo especifico emitido pelo órgão ambiental competente.

Art. 48. Para os fins do disposto neste Capítulo, ressalvado normatização específica, é vedada a exploração de espécies incluídas na Lista Oficial de Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção ou constantes de listas dos Estados, bem como aquelas constantes de listas de proibição de corte objeto de proteção por atos normativos dos entes federativos.

Art. 49. O manejo sustentável de Reserva Legal será submetido a vistorias técnicas

para acompanhar e controlar rotineiramente as operações e atividades desenvolvidas na área de manejo.

Art. 50. As pessoas físicas ou jurídicas que utilizarem matéria-prima florestal proveniente da área de manejo de Reserva Legal, excetuado as modalidades previstas nas Seções II e III deste Capítulo, são obrigadas a comprovar a origem dos produtos florestais na forma da legislação vigente.

Art. 51. O transporte e armazenamento de produtos e subprodutos florestais madeireiros de origem nativa decorrentes da exploração em regime de manejo sustentável de Reserva Legal deverão estar acompanhados de documento expedido pelo órgão ambiental competente e válido para todo o tempo da viagem ou do armazenamento.

CAPÍTULO VIII

Das Disposições Finais

Art. 52. Para fins deste Decreto, considera-se microbacia hidrográfica a bacia de nível três, conforme mapas de bacias hidrográficas editados pela Agência Nacional de Águas-ANA

Art. 53. Para os fins do disposto neste Decreto o procedimento de georreferenciamento poderá ser feito com a utilização de equipamentos portáteis de navegação do Sistema Global de Posicionamento-GPS, ou outra ferramenta de geoprocessamento compatível.

Art. 54. É gratuito o processo de aprovação da localização da reserva legal e a sua averbação quando tratar-se de pequena propriedade rural ou posse rural familiar, devendo o Poder Público prestar apoio técnico e jurídico, quando necessário.

Art. 55. Na pendência de processo de aprovação da localização da Reserva Legal junto ao órgão ambiental estadual ou instituição habilitada e até 120 dias após a emissão dos Termos de averbação, compensação ou desoneração de que trata este decreto, o proprietário ou possuidor rural não serão autuados pela infração de que trata o art. 55 do Decreto no 6.514 de 2008,.

Art. 56. O proprietário ou possuidor de imóvel rural, bem como o responsável técnico, quando houver, são responsáveis pela veracidade das informações prestadas no ato de averbação da Reserva Legal prevista neste Decreto, ficando sujeitos às sanções administrativas, civis e penais aplicáveis no caso de declaração falsa.

Art. 57. O Cartório de Registro de Imóveis e de Registro de Títulos encaminhará aos órgãos ambientais competentes, preferencialmente de forma eletrônica, relatório com as informações dos processos de averbação e de registro de que trata este decreto efetivado a cada trimestre do ano.

Art. 58. O art. 55 do Decreto no 6.514, de 2008 passa a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 55. ..................................................................................................................................

..................................................................................................................................................

§ 5o As sanções previstas neste artigo não serão aplicadas no prazo de até 120 dias após a emissão dos Termos de averbação, compensação ou desoneração de reserva legal pelo órgão competente ou instituição habilitada”. (NR)

Art. 59. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 60. Regovam-se as disposições em contrário

Brasília, de de 2009, 188o da Independênc