50

Mirtilo = Arandano - CONTAMAIS consultoria · ocupada pelas raízes dos arbustos de mirtilo. Em condições normais o raio das raízes, como na maioria das fruteiras, égeralmente

Embed Size (px)

Citation preview

Mirtilo = ArandanoSelvagem (Gerês)Selvagem (Gerês)Selvagem (Gerês)Selvagem (Gerês) Cultivado (EUA e CanadCultivado (EUA e CanadCultivado (EUA e CanadCultivado (EUA e Canadáááá))))

Vaccinium myrtillus (mirtilo selvagem europeu)

• Ainda não estudado para cultivo;

• Menores produções;

• Pior adaptação transporte e

conservação;

• Excelente sabor;

• Grande potencial em termos

económicos, por ser selvagem há

mercados que o valorizam.

Espécies principais:

• Vaccinium corymbosum (highbush)

•Vaccinium ashei (rabbiteye = olho coelho)

Híbridos:

•Híbridos com mirtilo anão (V. angustifolium) e

outros

Mirtilo rabbiteye – olho coelho

Mirtilo highbush (tipo mais comum)Raro o lowbush sem ser hibridoNorte (northern) Sul (southern)

- Adaptado ao frio

invernal;

- Floração e maturação

mais tardia;

- Exigência de

vernalização (horas de

frio);

- Igualmente sensível à

geada, se não estiver

adaptado ao local;

- Adequado ao locais com

Invernos temperados (Sul,

junto ao mar e estufa);

- Tem pequena, ou

nenhuma, exigência de frio

(vernalização);

- Floresce e frutifica mais

cedo;

- Poda diferente;

- Maior vigor;

- Pode nem perder todas

as folhas no inverno.

- Fruta diferente do highbush;

- Requisitos de frio intermédios;

- Produção tardia (fim de Verão);

- Muito vigor. Podendo chegar a

passar os 4 metros de altura.

Todas as variedades aguentam o frio do Inverno de Portugal Continental e o risco de queima por geada ocorre em todas as variedades

em que a floração se dê muito cedo. (IMPORTANTE CONHECER DADOS METEOROLÓGICOS)

Quando a exigência de horas de frio é pequena a planta “rebenta” muito cedo, podendo ser queimada. Se plantas com grandes

requisitos de frio forem plantadas em zonas temperadas ou em estufa podem ter um abrolhamento irregular, redução de produção, e

ser útil aplicar hormonas (como no kiwi) para que se quebre a dormência e o abrolhamento seja sincronizado.

Características dos solos e parcela

• Acidez ou alcalinidade:

O pH ideal está compreendido entre 4,2 e 5,5. Acima de pH 5,0 deve-se controlar

regularmente o pH e procurar acidificar, por exemplo na fertirega.

• Matéria Orgânica:

O teor em matéria orgânica deve ser > 3% (é o mínimo). Quanto maior o teor de matéria

orgânica maior a tolerância a variações do pH e melhor uso de nutrientes.

• Requisito ideal, à plantação de:

- 150 ppm Potássio K

- 150 ppm Fósforo P

Adubar, antes da plantação, para atingir estes valores. Não interessa superar estes teores. A

partir deste nível deve-se aplicar fertilizantes para reposição.

Evitar solos pesados (argila) por não ter arejamento. Porém pode ser modificado com

doses elevadas de matéria orgânica ou uma cultura em faixas com substrato.

Clorose Férrica• A clorose férrica é um dos mais comuns

acidentes fisiológicos do mirtilo.

• Sucede quando há falta ou indisponibilidade de

ferro no solo (raro) em consequência do pH

altos.

• Quando o pH é inferior a 4 a maioria dos

nutrientes não pode ser absorvida.

• Como o mirtilo tem raízes pouco profundas,

quase sem pêlos radiculares, e depende de

fungos (micorrizas) para uma melhor nutrição,

alguns nutrientes de difícil translocação, como o

ferro, têm de ser facilmente assimiláveis.

• O mirtilo é muito sensível às variações de pH.

A pH baixo ótima disponibilidade do ferro do solo.

Deficiente disponibilidade, em formas de fácil absorção, dos restantes nutrientes.

Fertilização

EvitarEvitarEvitarEvitar UtilizarUtilizarUtilizarUtilizar

• Os melhores são os que têm azoto

amídico (Ureia) para solos

excessivamente ácidos pH (4 a 4,2),

pois tem algum poder alcalinizante.

• São de preferir os que têm azoto na

forma amoniacal (NH4+

), como

sulfato de amónio.

• Os sulfatos, pela presença de

enxofre (S), são adubos a preferir,

pois, além do importante nutriente

ajudam a manter o pH baixo.

• Na fertilização do Mirtilo são de

banir todos os fertilizantes que

tenham cloro, caso do Cloreto de

Potássio, pois são tóxicos para a

cultura;

• Evitar todos os que têm nitratos na

sua composição uma vez que a

planta do mirtilo absorve mal os

adubos em que o azoto está na

forma nítrica.

Necessidades nutricionais

Na fertilização tem-se em consideração:

1 - Produção (quanto maior a extração maior a necessidade de nutrientes para

compensar o que sai do campo);

2 – Nutrientes da análise do solo;

3 - Teores de nutrientes das folhas (análises)

Para ser bem conduzida não se pode poupar em análises foliares.

Nível de nutrientes extraídos nos frutos (10 toneladas) + ramos de poda / hectare / ano

Azoto Fósforo Potássio Cálcio Magnésio

Total

(kg/ha/ano)

13 2,8 12 1,4 0,9

Defice Suficiente Excesso

Azoto 1,7% 1,7-2,1% 2,3ppm

Fósforo 0,08% 0,1-0,4% 0,6ppm

Potássio 0,35% 0,4-0,65% 0,9ppm

Cálcio 0,13% 0,3-0,8% 1ppm

Magnésio 0,1% 0,15-0,3% 0,4ppm

Enxofre - 0,12-0,2% -

Boro 20ppm 30-70ppm 200ppm

Cobre 5ppm 5-20ppm -

Ferro 60ppm 60-200ppm 400ppm

Manganês 25ppm 50-350ppm 450ppm

Zinco 8ppm 8-30ppm 80ppm

Pritts e Hancock , 1992 – Highbush Blueberry Production Guide

Interpretação da análise foliar

Exposição Solar- O mirtilo é tolerante a certo ensombramento (naturalmente cresce em bosques).

- Em regiões com hiperinsolação a redução da incidência solar é algo vantajoso.

- Porém, a boa exposição garante fruta menos ácida e mais doce, com melhores aromas,

bem como antecipação da colheita.

- Só os ramos diretamente expostos ao Sol, pelo menos 30% do tempo, é que produzem

gomos florais.

- As redes anti pássaro reduzem a insolação em cerca de 15%. Tal pode ser crítico em

zonas com muitas névoas e pouca insolação.

- Nas zonas do Sul pode ser vantajoso providenciar sombra para reduzir stress hídrico e

danos pelo Sol, e assim melhorar a produção. Nunca exceder 50% de sombra. As melhores

redes sombra são brancas, cinzentas ou vermelhas. Cores escuras podem reduzir

produção.

- Não há benefício em sombrear acima do paralelo 41º (Porto).

- Alguns plásticos de estufa e a sombra permitem atrasar a maturação, o que tem

interesse para quem quer vender fora de época.

As raízes de mirtilo de absorção têm, aproximadamente, 0,4metros, encontrando-se

algumas, que se pensa servirem apenas para suporte, até 1 metro de profundidade. É um

sistema radicular relativamente fraco, superficial e muito localizado.

O stress hídrico pode ocorrer em muito pouco tempo. E mesmo que as plantas resistam,

as produções ressentem-se.

Quando as plantas passam algum tempo em stress hídrico não se notam sintomas, mas

se tal acontece quando a fruta está a crescer ou a amadurecer, quando se regar ou

chover poderá acontecer o rachamento da fruta, pois a película não terá elasticidade

suficiente.

Quando o stress se prolonga as folhas podem ficar avermelhadas e inclusivamente cair.

Nesta cultura prever um sistema de rega é fundamental.

No ambiente natural, entre árvores, as perdas de água são menores e, em

Portugal, estas plantas ocorrem naturalmente no Gerês, região da Europa com

maior pluviometria e nos Estados Unidos por vezes nas orlas de pântanos.

A rega pode ser feita por aspersão, ou rega localizada.

• Dificilmente entope;

• Fácil manutenção e deteção de

avarias;

• Permite reduzir a temperatura;

• Pode prevenir os danos por

geadas;

• Eficiente;

•Fácil instalação;

• Menor manutenção dos filtros.

• Não permite a fertirrega;

• Não se deve regar

quando se dá a floração;

• Geralmente exige maiores

caudais (idealmente regas

mais frequentes);

• Exige maior potência das

bombas, com maior gasto

de energia;

• Exige maior reserva de

água.

Rega por Aspersão

VantagensVantagensVantagensVantagens DesvantagensDesvantagensDesvantagensDesvantagens

http://www.ces.ncsu.edu/depts/hort/hil/hil-201-e.html

Pomar de Mirtilo nos EUA a ser protegido da geada pela acção de

aspersores de rega.

Rega Localizada

Microaspersores Microaspersores Microaspersores Microaspersores Rega gotaRega gotaRega gotaRega gota----aaaa----gotagotagotagota

• Maior diâmetro húmido;

• Maior facilidade de deteção de

entupimentos;

• Mais adaptado a solos arenosos;

• Mais difícil de manter na posição

correta;

• Não deve ser usado em plantações em

que se aplica plástico.

• Em solos arenosos é necessário um

maior número de gotejadores,

eventualmente duas rampas por linha

plantada;

• Manutenção mais difícil,

nomeadamente a deteção de

problemas e de substituição.

Microaspersores Microaspersores Microaspersores Microaspersores Rega gotaRega gotaRega gotaRega gota----aaaa----gotagotagotagota

As raízes procuram a

zona húmida.

Se o solo for arenoso,

ou o gotejador muito

afastado pode haver

uma crescimento

heterogéneo das raízes.

Diferentes tipos de rega em diferentes tipos de solo.

(em solos arenosos usar, preferentemente, aspersão,

microaspersão, ou além de dois gotejadores duas linhas

de gotejadores)

No mirtilo o sistema radicular e a parte aérea não funcionam em total

comunicação, de modo que se a água ou os nutrientes forem aplicados

apenas de um lado as varas desse lado irão ter melhor desenvolvimento.

Embora estejam ligadas à mesma coroa, as varas devem ser encaradas

como tendo certa autonomia. Isto é importante na aplicação de água e

nutrientes, mas também na poda.

A quantidade de água gasta pelo mirtilo depende da região do país, em termos térmicos,

do tipo de solo e do mulching utilizado.

Além disso depende da idade das plantas e da fase fenológica.

Há indicações de que cada planta consome, no pico do Verão e na fase de maturação,

aproximadamente 4 a 6 litros de água por dia. Ou seja, aproximadamente 35 litros por

planta por semana.

Isto significa que, num hectare com 4.000 plantas é necessário aplicar, diariamente

entre16 a 24m3 de água. Quanto mais repartida a rega ao longo do dia e dos dias,

melhor os resultados, pois a planta terá menor dificuldade em obter água e nutrientes.

Coeficientes culturais, segundo o INRA citado por Sylvie Tillard

Naturalmente esta planta é muito tolerante ao alagamento e encharcamento, mas apenas até começar a rebentação. A partir de

então a drenagem é muito importante, senão as raízes não respiram.

Estado fenológico Kc

Floração 0,22

Frutos vingados 0,32

Maturidade 0,4

Depois da colheita 0,25

Mulching – controlo de adventíciasComo praticamente todas a plantas cultivadas, deve-se garantir a menor

concorrência possível entre as plantas e as infestantes, seja por água, luz ou

nutrientes.

Idealmente não se deve permitir o aparecimento de ervas concorrentes na faixa que é

ocupada pelas raízes dos arbustos de mirtilo. Em condições normais o raio das raízes,

como na maioria das fruteiras, é geralmente semelhante ao raio da copa, caso esta não

fosse podada.

Portanto deve-se ter essa faixa livre de raízes de outras plantas.

O controlo pode ser feito:

1 – Herbicidas;

2 – Capinadeiras (controlo pouco eficiente uma vez que reduz a concorrência mas não a

elimina);

3 – Mulching (coberturas) que podem ser:

A – com plásticos e telas;

B – Com materiais orgânicos, como estilha de madeira (situação ideal), casca

de pinheiro, ou palha.

.

.

Enrrelvamento bem feito (EUA)

(com herbicidas).

Enrrelvamento “selva” -Sever do Vouga.

Claramente existe concorrência.

As plantações de mirtilo obedecem a compassos variáveis dependentes:

- do grau de mecanização;

-Variedade;

- Uso de estufas (ou até plantação em contentores).

O compasso mais frequente é 1m x 2,5m ou 1m x 3m.

Mas também se recomendam compassos de 0,8 x 2m ou 2,5m para variedades

de menor vigor (referida, por exemplo, para a Bluetta).

E até 1m x 2m em algumas plantações em estufa.

A maioria dos pomares tem uma densidade teórica de 3.300 plantas ou 4.000

plantas.

Densidade

Num interessante, e praticamente único, longo estudo de comparação de compassos

de alta densidade, registou-se um aumento de 204% quando a plantação teve um

entrelinhamento de 0,45m comparando com o 1,2m.

No primeiro caso (0,45m), em 4 anos foram colhidas 76 ton/ha (ou seja 19 ton/ano)

No segundo caso (1,2m), em 4 anos foram colhidas 37,4 ton/ha (ou seja, 9,4 ton/ano).

Strik, B., G. Buller (2003) - Improving yield and machine harvest efficiency of 'Bluecrop' through high-density planting and

trellising. Acta Hort. 574:227-231.

Alta densidade

Para haver fruto deve haver polinização.

Esta espécie beneficia com a polinização cruzada.

E para bem produzir devem ser plantadas, a par, 2 a 3 variedades diferentes de

mirtilo, e providenciar boas condições para a polinização (abelhas ou abelhões)

As variedades escolhidas, mesmo que não frutifiquem em simultâneo, têm de florir em

simultâneo.

Nem todas as variedades têm o mesmo comportamento (umas são mais auto-férteis)

porém todas beneficiam com a polinização cruzada.

Polinização

Peso do Fruto Frutos vingados %

Auto polinizado Pol. cruzada Diferença Auto polinizado Pol. cruzada Diferença

Bluecrop 1,87 2,36 21%

Duke 1,7 1,8 5% 76 85 10%

Elliott 1,6 2,03 21%

Legacy 1,59 1,89 19% 78 90 15%

Ozarkblue 1,64 2,1 22% 90 91 0

Bluegold 1,15 1,31 14% 50 79 58%

Sunrise 1,31 1,72 31% 61 89 31%

Adaptado de Retamales, J. and J. Hancock (2012). Blueberries. Oxfordshire.

Em Espanha é vasta a área plantada em estufa ou túneis.

Tratam-se de estruturas ligeiras, muitas vezes sem as paredes laterias, de baixo pé

direito.

Os tOs tOs tOs túúúúneis permitem:neis permitem:neis permitem:neis permitem:

1 – Antecipação da colheita em até 14 dias (dados no INIA – Fataca); o que se pode

refletir em grandes diferenças em termos de preço;

2- Por vezes uma segunda colheita com algumas variedades, mas só no Sul;

3- Maior produção até mais 50%;

4- Menor número de anos até entrada nos anos de cruzeiro;

5- Menor risco de perda de colheita por granizo, chuva e ventos fortes e até pássaros;

6 – Menor risco de geada;

7 – Fruta com algumas características melhoradas (teores de açúcar);

(existem modelos a partir de 4€/m2)

Devem ser de abertura total no Inverno, para permitir a vernalização das plantas.

Produção em abrigos (estufas)

“Mais vale não podar do que podar mal”

A planta de mirtilo, quando não podada sofre, nos primeiros anos, de excesso de produção.

Quais são as consequências da sobre produQuais são as consequências da sobre produQuais são as consequências da sobre produQuais são as consequências da sobre produçççção?ão?ão?ão?

O primeiro sinal de uma sobre produção é um rácio desequilibrado entre o número de folhas/frutos.

Um excesso de frutos em relação ao número de folhas resulta numa insuficiente capacidade para,

através da fotossíntese, garantir o crescimento vegetativo, a acumulação de reservas no lenho e ainda o

crescimento de frutos e a nutrição das sementes.

A sobre produção gera frutos de menor calibre, plantas com menor crescimento dos ramos e varas,

redução de vigor e longevidade comprometida.

Poda

É muito importante entender-se cada ramo como um indivíduo semi-autónomo, isto é, o rácio deve

ser encontrado em cada ramo, e não no total da planta, ou seja, não é indiferente o local onde se

encontram as folhas.

De acordo com Retamales e Hanckoch (2012), o rácio ideal será a proporção 3:1, no mínimo 2:1.

Em estudos em que se usou o rácio 1:2 (ou seja, 1 folha por cada 2 frutos) verificou-se uma

redução de calibre, teor de sólidos solúveis, portanto qualidade.

Quando o rácio era de 5:1 a fruta amadureceu mais cedo (3 dias), mais pesada (até 22% no caso da

variedade Bluecrop), redução muito significativa da acidez titulável (0,58 contra 1,29 na mesma

variedade).

Obter um equilíbrio ideal entre superfície fotossintética (folhas) e frutos nem sempre se consegue,

de forma eficiente, pelas podas (seja em seco, seja em verde), e forma de mais rapidamente se

atingir o rácio ideal é feita pela monda de frutos (de preferência este sobre a monda de flores), algo

que se pode fazer manualmente.

Antes de se desenhar a arquitetura das plantas há que conhecer o modo de crescimento das

plantas de mirtilo.

Este arbusto não tem um verdadeiro tronco, assemelha-se, em certa medida, ao das avelaneiras,

em que a partir de uma “coroa” ao nível do solo partem várias VARAS, de diversas idades, que se

vão renovando naturalmente ao longo das décadas, cada uma delas representando como que um

pequeno tronco dotado de certa autonomia.

Se deixado crescer sem qualquer controlo ficará excessivamente ramificado, com alta densidade de

troncos e ramos, que além de competirem entre si por nutrientes e luz, dificultam o arejamento e a

própria colheita.

Nestas plantas as ramificações novas (do ano), quando é Inverno, e portanto a planta não tem

folhas, reconhecem-se facilmente pela sua cor avermelhada (algumas variedades mantêm o tom

esverdeado), que as distingue dos ramos mais velhos que tem uma coloração cinzento/prateada ou

castanho claro.

Antes de podar

Aspeto muito importante a considerar na poda do mirtilo é o facto de a frutificação se dar nos

raminhos que tiveram crescimento no ano anterior, assim, é destes ramos avermelhados que

nós encontramos no Inverno que irão sair as flores e os frutos na Primavera seguinte.

Tal como na maioria das fruteiras é possível, no Inverno, distinguir, nos ramos, os gomos ou

gemas florais e vegetativos, ou seja, aqueles que vão dar origem a flores ou apenas a folhas.

A distinção é feita pela sua forma, de modo que os gomos arredondados produzirão flores na

Primavera seguinte, enquanto os gomos pontiagudos apenas folhas ou outros ramos.

No Mirtilo os gomos florais estão na ponta dos ramos e varas. Portanto, nunca se cortam as

pontas.

Gomo de folhas

(pontiagudo)

Botão floral

Nos primeiros dois anos de vida da plantação (ou seja até ao 4º ano de vida da planta), devem ser

eliminadas todas as frutas que vinguem nas jovens plantas, algo que deve ser feito o mais

precocemente possível, de preferência eliminando as flores.

A planta está ainda a estabelecer-se, tendo poucas reservas, o que que faz com que as folhas

sejam incapazes de sustentar as necessidades que apresenta frutos, o que acaba comprometendo

o crescimento vegetativo .

Importa que a planta expanda o máximo possível as suas raízes e cresça (expandido o máximo

possível os seus ramos), pois o fator determinante da produção é o número de ramos por arbusto

e o número de frutos por ramo.

Experiências indicam que não eliminar as flores implicou uma redução de 44, 24 e 19% nas

colheitas do 3º ano nas variedades Elliot (tardia), Duke e Bluecrop, respetivamente. A médio prazo

a redução de produção não é compensada pelos quilos de fruta que foram colhidos nos primeiros

2 anos.

Monda de flores/frutos

Jovem plantação

•Segundo alguns, logo após a plantação, deve ser removida a vara principal que as plantas apresentam nos vasos,

promovendo, assim, o crescimento de novas varas a partir da base e que serão a estrutura base do início da

plantação.

•A maioria da bibliografia indica que não é necessária qualquer poda nos dois primeiros anos, além da “poda em

verde” que consiste a remoção das flores e frutos.

•Embora não se possa falar, nesta planta, de uma arquitetura em “vaso”, por não existir um tronco único, na

verdade é essencial que se garanta um arejamento e abertura do centro da planta, pelo que se deve, a todo o

custo, precaver que as primeiras varas originadas nas jovens plantas (e que, idealmente, vão permanecer produtivas

por até 6 anos), assumam uma forma em taça.

•Deste modo, varas vigorosas que intercetem de um lado ao outro, o centro do arbusto devem ser amarradas de

algum modo para contrariar esse comportamento ou simplesmente eliminadas próximo do solo.

•Nesta fase deve eliminar-se os ramos que crescem prostrados (junto ao solo) bem como de ramos e varas

(consideram-se varas os ramos que têm origem no solo) que rocem entre si.

•Eliminar ramos danificados de algum modo ou mortos.

•A maioria das variedades comerciais de mirtilo (exceção feita para as espécies tipo Rabbiteye) não cresce mais do

que 2 metros, de modo que é rara a necessidade de realizar atarraques.

•Quanto maior for o crescimento vegetativo nos primeiros 2 ou 3 anos de plantação mais forte e intenso será o

arranque produtivo da plantação, de modo que idealmente se procura que se gerem, pelo menos, 2 novas varas por

ano.

Poda de formação

De acordo com a maioria dos especialistas uma planta adulta e produtiva deve ter entre 15 a 20

varas em simultâneo de várias idades.

Tal número depende, do local, da variedade, também do compasso entre plantas (com compassos de

0,75m x 2m é natural que se tenha que reduzir o número de varas por pé) e da sensibilidade do

produtor e podador.

As varas mais produtivas são as que têm entre 4 e 6 anos. Estas varas normalmente têm entre 2,5

e 3,5 cm, medidos na sua base.

Para se manter o equilíbrio de produção é ideal que todos os anos se deixem 2 ou 3 varas novas,

com bom vigor, sanidade e posição, que vão substituir 2 a 3 varas das mais velhas, ou seja, com

mais de 6-8 anos, que se eliminarão.

A proporção ideal numa planta adulta, produtiva e bem mantida, será de cerca de 15- 20% de varas

com menos de 2,5 cm, 50-70% varas de idade média, as mais produtivas, (2,5 a 3,5 cm) e até 20% de

varas com maior diâmetro.

Poda de plantas adultas

Com a poda pretende-se arejar o interior da copa do arbusto (tornando-o menos denso),

proporcionar uma boa inserção de ramos, que facilite a apanha e eliminação de ramos e varas que

estejam fracas e subprodutivos.

Assim, a poda dos ramos deve ser feita em:

1 – Ramos baixos, próximos do solo;

2 – Ramos fracos, curtos, com pequenos entrenós;

3 – Ramos danificados ou doentes;

4 – Ramos que toquem outros ramos;

5 – Ramos ensombrados;

6 - Ramos não devidamente atempados (crescimentos do Verão).

Todos os cortes devem ser feitos junto à vara, não esquecendo que as gomas florais se concentram

na parte terminal do ramo.

De notar que a poda ao nível dos ramos, embora mais trabalhosa, é a que tem maior impacto sobre o

peso da fruta, isto porque, como se já viu, o balanço folha/fruta é avaliado em cada vara, e não no

contexto global do arbusto, deste modo, a remoção de pequenos ramos, principalmente da base das

varas e dos ramos principais vai fazer concentrar a energia nos ramos mais vigorosos e nos gomos

da ponta dos ramos, que são, como se disse, os mais produtivos e férteis.

A poda das varas respeitas os seguintes critA poda das varas respeitas os seguintes critA poda das varas respeitas os seguintes critA poda das varas respeitas os seguintes critéééériosriosriosrios:

1 – Eliminar varas do ano mal inseridas (muito no centro do arbusto, tortas, encostadas a outras);

2 – Manter entre 2 a 3 varas novas por ano;

3 – Eliminar proporção semelhante de varas mais velhas, com diâmetros acima de 3,5 cm ou mais de 6

a 8 anos, e todas as que mostrem suportar ramos débeis ou apenas com gomos vegetativos.

O corte é feito próximo do solo, mas não abaixo deste.

De notar que as cultivares das espécies do grupo rabbiteye e lowbush, por terem vigores e

desenvolvimentos muito distintos também devem receber uma atenção diferenciada, pois o grande

vigor das primeiras pode exigir podas de atarraque das varas, para que não atinjam um porte

excessivo, atarraques que se fazem amputando o ramo ou a vara a seguir a um gomo cujo

abrolhamento vamos estimular.

Num interessante estudo plurianual foi concluído que, no caso das variedades bluecrop e berkeley, a

produção foi mais alta quando as plantas não eram podadas (durante 5 anos), no entanto o calibre da

fruta era 27% maior no caso das plantas podadas de forma convencional. Outro dado de extrema

relevância, que se soma à média de 5 dias de antecipação da data de maturada data de maturada data de maturada data de maturaççççãoãoãoão é a velocidade de

colheita, que duplicava no caso das plantas podadas, em virtude da maior concentração da fruta,

melhor acesso, e maior peso individual dos frutos.

A poda de Verão pode ser tão subtil como a simples passagem pelo pomar com eliminação de ramos

ladrões, crescimentos anómalos e mal inseridos, ou tão severa como a passagem de uma máquina “corta-

sebes” em todo o pomar.

Em alguns pomares onde estão instaladas variedades Sul (Southern), os produtores, depois da colheita

procedem a uma poda com corta-sebes. Esta prática tem como objetivo reduzir o tamanho do arbusto,

diminuir o consumo de água (ao reduzir a superfície foliar) e controlar o vigor. Neste caso a sebe é

formada a cerca de 1m a 1,3m, quer com o topo plano quer com uma inclinação.

Um outro tipo de poda de Verão, feita em qualquer variedade, consiste no atarraque em cerca de 20 a 30

cm de ramos principais, com o objetivo de que se estimule a rebentação de gomos laterais e assim ter-se

uma maior quantidade de ramos produtivos na Primavera seguinte. Esta poda de Verão deve ser feita logo

a seguir à colheita, para permitir o atempamento das varas antes do Inverno. Porém, esta prática não deve

ser feita sem que o produtor realize ensaios durante anos consecutivos, pois os resultados podem até ser

contrários ao desejado, dependendo da variedade e do local.

Por outro lado uma primeira escolha das varas de renovação pode ser feita no Verão, mantendo as

principais candidatas para seleção na poda de Inverno, procedendo, assim, a uma economia de energia da

planta.

Poda de Verão

Apesar de se indicar, que a esperança de vida económica é de aproximadamente 20 a 25 anos, na

verdade uma correta condução da poda, e a excussão de algumas podas de renovação, a

plantação pode perpetuar-se por muitas mais décadas, sempre em excelentes condições de

produção.

As podas de renovação fazem-se em pomares que não foram corretamente podados ou em que

se verificou um abrandamento da renovação anual de varas e do seu vigor.

Nestes casos pode-se fazer um corte severo, com redução do número de todas as varas com

mais de 2 ou 3 anos, procurando-se estimular, assim, a rebentação.

Inclusivamente alguns autores referem que uma poda total, ou seja, a remoção de toda a parte

aérea e sacrifício de um ano de produção, pode compensar quer pela rápida resposta, e por uma

superprodução no segundo ano (Retamales and Hancock 2012).

Poda de renovação

Poda para mecanização

Quando se conduz um pomar para nele trabalharem máquinas e equipamentos de

colheita, deve-se, em primeiro lugar, escolher variedades que tenham, por natureza,

qualidades para este tipo de colheita.

Por outro lado, para que as perdas sejam minimizadas, deve-se procurar que a coroa

de produção seja mais estreita, ou seja, a ideia da condução em que se procura formar

uma taça é abandonada neste tipo de produção, procurando que os arbustos tenham

menos varas e estas mais concentradas no centro.

Estes arbustos, normalmente, são conduzidos de forma a terem uma forma piramidal ou

cilíndrica, procurando que o máximo de frutos se forme no mesmo plano.

Podado como uma macieira :

1 – Varas amputadas, eliminados os gomos da ponta. Só um ramo do ano anterior foi deixado, sem ser eliminados todos os gomos florais.2 – Varas bifurcadas da base - muita vegetação e pouca fruta (Sever do Vouga)

1

2

Quantidade (unidades; kg; m2) Prc unitário (€)

Análises elementares. 2 24

Adubo orgânico 1300 3510

Adubo fundo 40 816

Aplicação de

fertilizantes 1 200

Preparação do solo 2 400

Rasgos 1 250

Mão de obra 1 600

Plantas mirtilo 1m x 2,5 4000 11200

Rega (inclui Bombas) 1 6.000

Telas 6000 2100

Cinturões, baldes de

apanha, tesouras 30 420

Custo TotalCusto TotalCusto TotalCusto Total 25.520 25.520 25.520 25.520 €€€€

Estimativa de Custos de uma plantação base de Mirtilo

(1 hectare e 4.000 plantas de densidade).

Não inclui, furo de água, depósito, rede anti pássaro, vedações, construções, baixada elétrica, estufa nem desmatamento.

Cenário 1

Produção média no pico de 10.000 kg/ha

Preços por kg: 3,5€

Sem considerar ajudas PRODER

1º anos balanço (-) explicado pela amortização do investimento inicial

(não é perceptível em caso de apoio PRODER)

2º A mão de obra do empresário agrícola (auto-salário) imputado como custo “mão de obra”.

Cenário de elevado interesse quer para

agricultura empresarial

(investimento) quer

para agricultura

familiar.

Oportunidades:

1 - Aumentar produção

2 – Melhores preços/época

Cenário 2

Produção média no pico de 5.000 kg/ha

Preços por kg: 3,5€

Sem considerar ajudas PRODER

1º anos balanço explicado pela amortização do investimento inicial

2º A mão de obra do empresário agrícola (auto-salário) imputado

como custo “mão de obra”.

Cenário em que a cultura éfeita no “vermelho”,

Apenas de interesse para Agricultura Familiar.

Há que aumentar produtividade

2.4362.4964.8154.8894.9637.3377.4257.5139.94110.0429.91112.61112.72712.84310.4145.6144.224-2.267-8.431-6.497

RESULTADO LÍQUIDO DO PERÍODO

8128321.6051.6301.6542.4462.4752.5043.3143.3473.3044.2044.2424.2813.4711.8710000

Imposto sobre o

rendimento do

período

3.2473.3286.4206.5196.6189.7829.90010.01713.25413.39013.21516.81416.96917.12413.8857.4864.224-2.267-8.431-6.497

RESULTADO ANTES DE IMPOSTOS

5.8885.8885.8885.8885.8885.8885.8885.8885.8885.8886.1986.1986.1986.1986.1986.1986.1986.1986.1986.198

Depreciação e

amortização

9.1359.21612.30712.40612.50515.67015.78715.90419.14219.27719.41223.01223.16723.32220.08213.68310.4213.9302.234299Resultado Operacional

9.4359.35411.39611.29711.19813.16713.05012.93214.82814.69314.55816.55816.40316.24813.88810.0208.1494.373504299

Gastos com o

pessoal

2.4302.4302.4302.4302.4302.4302.4302.4302.4302.4302.4302.4302.4302.4302.4302.4302.4302.4301.7300

Gastos de

Manutenção

21.00021.00026.13326.13326.13331.26731.26731.26736.40036.40036.40042.00042.00042.00036.40026.13321.00010.73300Vendas

20312030202920282027202620252024202320222021202020192018201720162015201420132012

Demonstração de Resultados Previsional

Pressuposto 10.000 kg/ha/anoPreço venda fresco, médio, 3,5€/kg

• Há quem produza 30 toneladas por hectare ano;

• Algumas grandes explorações chegam a passar a média dos 15 ton/há;

• As médias a nível nacional estão inferiores a 6 ton/ha.

HHHHáááá que fazer bem. que fazer bem. que fazer bem. que fazer bem.

Com estudo, bom senso, e interCom estudo, bom senso, e interCom estudo, bom senso, e interCom estudo, bom senso, e inter----ajuda.ajuda.ajuda.ajuda.

Metas e Exemplos

ServiServiServiServiçççços prestados pela Conta Maisos prestados pela Conta Maisos prestados pela Conta Maisos prestados pela Conta Mais

Projectos PRODER – INSTALAÇÃO JOVENS AGRCIULTORES

1 – Elaboração de projectos de Investimento – Candidatura PRODER

500€ + 200€/dia dedicado ao projecto. Aprox até 1.500€/projecto (mirtilo).

2- Contabilidade (organizada) incluída nos honorários do projecto, de acordo negociação.

3- Assistência em Engenharia Agronómica, em regime de avença, desde 50€/consulta na

exploração.

Sempre àdisposição!

Lurdes Gonçalves

contamaisconsultoria.wordpress.com

contamaisconsultoria.wordpress.com

258 488 341

968 271 730