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MOÇAMBIQUE

Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Maio de 2014

Parceiro estratégico:

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

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Índice

Acrónimos ............................................................................................................................................................................... 5

1. SADC. Enquadramento regional, político e económico ................................................................................................... 22

1.1.Caracterização da comunidade ....................................................................................................................................... 22

1.1.1. Principais objetivos e aspirações da SADC. ................................................................................................... 22

1.1.2. Os Estados Membros da SADC ...................................................................................................................... 24

1.1.3. Mecanismos de integração e prioridades no desenvolvimento da SADC ....................................................... 25

1.2. A SADC enquanto comunidade económica ............................................................................................................... 31

1.2.1. SADC e a COMESA ....................................................................................................................................... 35

1.3. As economias da SADC ............................................................................................................................................. 36

1.3.1. Angola. O maior produtor de petróleo da região e um dos maiores de África. ............................................... 36

1.3.2. Moçambique. Forte potencial de Gás Natural. ................................................................................................ 37

1.3.3. África do Sul. O país com o maior PIB do continente africano. ...................................................................... 39

1.3.4. Lesoto, Madagáscar, Maláui, República Democrática do Congo, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué. Regiões de

forte orientação agrícola. ........................................................................................................................................... 40

1.3.5. Suazilândia e Zimbabué. Economias em transição para a atividade industrial. .............................................. 41

1.3.6. Seicheles. SIDS com economia orientada para o Turismo. ............................................................................ 42

1.3.7. Maurícias. Peso relevante da indústria, mas com motor nos serviços. ........................................................... 43

1.3.8. Botsuana, Namíbia e Zâmbia. Regiões de forte orientação para a indústria extrativa. ................................... 44

1.4. Trocas comerciais na SADC ...................................................................................................................................... 46

1.4.1. Complementaridade das Economias .............................................................................................................. 46

1.4.2. Comércio intrarregional ................................................................................................................................... 47

1.4.3. África do Sul e Angola. Os países com maior intensidade comercial na região ............................................. 49

1.5. Comércio extrarregional ............................................................................................................................................. 52

1.5.1. Principais parceiros comerciais da SADC ....................................................................................................... 52

1.5.2. Trocas comerciais entre a CPLP e a SADC ................................................................................................... 59

1.6. Investimento direto estrangeiro na SADC .................................................................................................................. 63

1.7. SADC. Oportunidades de investimento na modernização da agricultura e do tecido industrial ................................. 65

1.8. Principais setores de oportunidade por país, aeroportos e portos ............................................................................. 66

1.9. Principais produtos importados pelos países da SADC e oportunidades para as empresas Portuguesas ................ 69

2. África do Sul. O país com maior peso na região .............................................................................................................. 74

2.1. Macroeconomia .......................................................................................................................................................... 74

2.1.1. PIB da economia Sul-Africana ........................................................................................................................ 74

2.1.2. Orçamento Geral do Estado ........................................................................................................................... 75

2.1.3. Dívida Pública externa e interna ..................................................................................................................... 76

2.2. Estrutura produtiva ..................................................................................................................................................... 77

2.2.1. PIB por Setor .................................................................................................................................................. 77

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2.2.2. Composição do Setor Empresarial do Estado ................................................................................................ 78

2.3. Política económica ..................................................................................................................................................... 79

2.3.1. Perspetivas futuras ......................................................................................................................................... 79

2.3.2. Prioridades estratégicas da África do Sul ....................................................................................................... 79

2.4. Infraestruturas e energia ............................................................................................................................................ 82

2.5. Grandes projetos de investimento previstos com infraestruturas ............................................................................... 90

2.6. Abertura da Economia e Relações Comerciais .......................................................................................................... 94

2.7. Principais setores de oportunidade .......................................................................................................................... 106

2.8. Investimento direto estrangeiro na África do Sul ...................................................................................................... 108

2.9. Financiamento à Economia ...................................................................................................................................... 109

2.9.1. Principais bancos presentes ......................................................................................................................... 109

2.9.1. Bancarização da população .......................................................................................................................... 110

2.9.2. Microcrédito .................................................................................................................................................. 111

2.9.3. Taxas de juro de financiamentos .................................................................................................................. 111

2.9.4. Bolsa de valores ........................................................................................................................................... 112

3. Moçambique. Uma potência no setor do carvão, uma potência emergente no setor do gás natural ............................. 114

3.1. Macroeconomia ........................................................................................................................................................ 114

3.1.1. PIB da economia moçambicana ................................................................................................................... 114

3.1.2. Orçamento Geral do Estado ......................................................................................................................... 115

3.1.3. Dívida pública ............................................................................................................................................... 117

3.1.4. Reservas de moeda estrangeira ................................................................................................................... 117

3.1.5. Nível de financiamento à Economia .............................................................................................................. 117

3.1.6. Evolução das taxas de juro e variação da liquidez ....................................................................................... 118

3.2. Política Económica ................................................................................................................................................... 119

3.3. Estrutura produtiva ................................................................................................................................................... 126

3.3.1. PIB por setor ................................................................................................................................................. 126

3.3.2. Setor empresarial do Estado ........................................................................................................................ 126

3.4. Aproveitamentos hídricos e recursos naturais ......................................................................................................... 128

3.5. Infraestruturas e energia .......................................................................................................................................... 131

3.6. Grandes projetos de investimento previsto em infraestruturas ................................................................................ 143

3.7. Abertura da economia e relações comerciais .......................................................................................................... 146

3.8. Investimento direto estrangeiro de, e para Moçambique ......................................................................................... 156

3.9. Principais polos de desenvolvimento ....................................................................................................................... 159

3.10. Principais setores de oportunidades ................................................................................................................... 162

3.11. Financiamento à economia ................................................................................................................................ 164

3.11.1. Principais bancos presentes ......................................................................................................................... 164

3.11.2. Bancarização da população .......................................................................................................................... 165

3.11.3. Taxas de juro de empréstimo........................................................................................................................ 166

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3.11.4. Bolsa de valores ........................................................................................................................................... 166

4. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de segurança social .................................................................. 170

4.1. População Ativa ....................................................................................................................................................... 170

4.2. Desemprego ............................................................................................................................................................. 170

4.3. Desigualdades ......................................................................................................................................................... 170

4.4. Breve descrição do regime de Segurança Social ..................................................................................................... 171

4.5. Como investir? ......................................................................................................................................................... 171

4.5.1. Fases/Etapas a observar no Processo de estabelecimento em Moçambique .............................................. 173

4.6. Incentivos e benefícios ao investimento ................................................................................................................... 174

4.6.1. Benefícios genéricos ..................................................................................................................................... 174

4.6.2. Benefícios Específicos .................................................................................................................................. 175

4.7. Principais mecanismos de financiamento ................................................................................................................ 177

4.8. Competitividade de Moçambique ............................................................................................................................. 180

4.8.1. Atratividade de Moçambique no contexto regional ....................................................................................... 180

4.9. Principais constrangimentos ao IDE e Exportação .................................................................................................. 182

4.9.1. Alfândegas – Barreiras aduaneiras: tarifas, barreiras não tarifárias, outros impedimentos .......................... 182

4.9.2. Estabilidade legal e fiscal – Barreiras legais, fiscais e regulamentares ........................................................ 187

4.9.3. Obtenção de vistos, disponibilidade de mão-de-obra ................................................................................... 189

4.9.4. Modelos de cobertura de risco – Financeiros, operacionais, propriedade .................................................... 190

4.9.5. Sistema jurídico e judicial ............................................................................................................................. 191

4.9.6. Resolução extrajudicial de litígios em Moçambique ...................................................................................... 192

4.10. Principais características dos acordos Moçambicanos no domínio do comércio e investimento ....................... 193

4.10.1. Protocolos existentes e posicionamento de Moçambique face aos mesmos ............................................... 193

4.11. Acordos críticos estabelecidos (PTA, DTT, BTA e BIT) ..................................................................................... 195

4.11.1. Acordos entre Estados Unidos e Moçambique – AGOA ............................................................................... 196

4.11.2. Acordos entre a União Europeia e Moçambique........................................................................................... 197

5. Atratividade de Moçambique no contexto CPLP ............................................................................................................ 200

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Acrónimos

ACP – African, Caribbean, and Pacific Group of States

ACI - Acordos Comerciais de Investimento

ADT – Acordo para evitar a Dupla Tributação

AGO – Angola

AGOA – African Growth and Opportunity Act

ANIP – Agência Nacional de Investimento Privado

APPRI – Acordos de Promoção e Proteção Recíproca de Investimentos

ASEAN – Association of Southeast Asian Nations

BAfD – Banco Africano de Desenvolvimento

BD – Barris (de petróleo) por dia

BDI – Burundi

BEI – Banco Europeu de Investimento

BIT – Bilateral Investment Treaty

BM – Banco Mundial

BNA – Banco Nacional de Angola

BNT – Barreiras Não Tarifárias

BTA – Bilateral Trade Agreements

BT – Barreiras Tarifárias

BWA – Botsuana

CAGR – Compound Annual Growth Rate - Taxa de crescimento anual composta

CAF – República Centro-Africana

CCI – Câmara de Comércio Internacional

CCIPA – Câmara de Comércio e Indústria Portugal - Angola

CEDEAO – Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental

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CEEAC – Comunidade Económica dos Estados de África Central

CGD – Caixa Geral de Depósitos

CMR – Camarões

COD – República Democrática do Congo

COG – Congo

CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa

CRIP - Certificado de Registo de Investimento Privado (Angola)

DB – Ranking Doing Business

EIU - Economist Intelligence Unit

EM – Estados Membros

EUA – Estados Unidos da América

FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura

FMI – Fundo Monetário Internacional

GAB – Gabão

GATT – General Agreement on Tariffs and Trade

GNL – Gás Natural Liquefeito

GNQ – Guiné Equatorial

IDE – Investimento Direto Estrangeiro

IDH – Índice de Desenvolvimento Humano

INE – Instituto Nacional de Estatística

IPA – Investment Promotion Agency

IRT - Imposto sobre o Rendimento do Trabalho

LSO – Lesoto

LUPP – Luanda Urban Poverty Programme

MDG – Madagáscar

MERCOSUL – Mercado Comum do Sul

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MIGA - Agência Multilateral de Garantia de Investimentos

MMTZ – Maláui-Moçambique-Tanzânia-Zâmbia

MPME – micro, pequenas e médias empresas

MOZ – Moçambique

MUS – Maurícias

MWI – Maláui

NAM – Namíbia

OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico

OEM – Original Equipment Manufacturer

OMC – Organização Mundial do Comércio

OMPI - Organização Mundial da Propriedade Intelectual

OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo

PE – Projetos Estruturantes

PIB – Produto Interno Bruto

PME – pequenas e médias empresas

PPPs – Parcerias Público-Privadas

PTAs – Preferential Trade Arrangements

RDC – República Democrática do Congo

SACU – Southern African Customs Union

SADC – Southern African Development Countries

SIDS – Small Islands Developing States

STP – São Tomé e Príncipe

SWZ – Suazilândia

SYC – Seicheles

TBI – Tratado Bilateral de Investimento

TCD – Chade

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TIC – Tecnologias de Informação e Comunicação

TZA – Tanzânia

UE – União Europeia

UNCTAD – United Nations Conference for Trade and Development

USAID – United States Agency for International Development

WTTC – World Travel & Tourism Council

ZAF – África do Sul

ZCL – Zona de Comércio Livre

ZMB – Zâmbia

ZWE – Zimbabué

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Nota prévia

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Nota prévia

O presente documento constitui resultado de um trabalho de pesquisa e análise que decorreu entre 1 de julho e 31 de Dezembro de 2013, ao abrigo de contrato celebrado entre a AIP – Associação Industrial Portuguesa (“AIP”) e a PricewaterhouseCoopers&Associados – Sociedade de Revisores Oficiais de Contas, Lda. ( “PwC”).

Os elementos estatísticos, dados e informação constantes do presente documento e que serviram de base à análise e conclusões obtidas, têm por base informação pública disponível, como referenciado ao longo do documento, as quais foram alvo de apreciação quanto à sua materialidade e aplicabilidade à análise, tendo presente critérios de razoabilidade e aderência às realidades locais e regionais, e que sejam do nosso conhecimento. Foram integrados alguns dados e elementos adicionais que foram publicados após a fase de pesquisa e análise dada a sua relevância para o estudo.

Esta comunicação é de natureza geral e meramente informativa, não se destinando a qualquer entidade ou situação particular, e não substitui aconselhamento profissional adequado ao caso concreto.

As conclusões obtidas e os cálculos efetuados estão dependentes da qualidade da informação obtida em todos os aspetos materialmente relevantes, sendo que a informação recolhida foi considerada como adequada, não tendo sido realizada qualquer forma de auditoria ou certificação, para além do referido, que não as de consistência com fontes concorrentes ou complementares, salvo indicação expressa em contrário.

Os valores e as conclusões apresentados só terão sustentabilidade caso se verifiquem os pressupostos considerados, não podendo este estudo ser entendido como uma garantia ou confirmação de que esses pressupostos se verificarão. Desta forma, as nossas conclusões devem ser analisadas em função das limitações referidas. A PwC e a AIP, não se responsabilizarão por qualquer dano ou prejuízo emergente de decisão tomada com base na informação aqui descrita.

Em nenhuma circunstância, assumiremos qualquer responsabilidade relativamente a terceiros que tenham

acesso ao presente documento.

Projeto Co-Financiado:

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Sumário

Executivo

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Sumário Executivo

A redefinição das centralidades de dinamismo económico, a par da relativa contração das economias desenvolvidas, confere uma nova relevância às economias emergentes.

Entre estas, os países da CPLP e a Região Administrativa Especial de Macau (RAE Macau) assumem um papel relevantíssimo, não só pelo seu potencial intrínseco, mas também por se encontrarem inseridas em comunidades económicas regionais em crescente integração económica. Constituem, assim, um incontornável desafio e uma oportunidade única para os empresários nacionais.

Com efeito, os países da CPLP e a RAE de Macau encontram-se integrados em sete espaços regionais económicos distribuídos por quatro continentes.

Estima-se que o espaço lusófono tenha cerca de 258 milhões de habitantes e as regiões económicas que integram cerca de 1.8 mil milhões de habitantes.

Os estados membros da CPLP e a RAE de Macau apresentam, no seu conjunto, potencialidades e características próprias que podem permitir aumentar as exportações das empresas portuguesas, potenciar novas parcerias para a sua internacionalização e atrair investimento direto estrangeiro.

CPLP

Características

%

Comércio CPLP

(% Quota Mundial)

% - Valor

População CPLP 2012, % da população mundial

3,68% CPLP - Total do comércio mundial

3,9% - US$ 706 mil milhões

PIB 2012, % do PIB mundial 3,67% Exportações totais CPLP 2,1% - US$ 379 mil milhões

Água disponível na CPLP 2012, % mundo 13,53% Importações totais CPLP 1,8% - US$ 327 mil milhões

Terra arável disponível na CPLP, % mundo 5,86%

Fonte: Banco Mundial, FAO e UNCTADstat

Acresce que muito embora os países da CPLP apresentem uma dinâmica de crescimento relevante, quando comparados com o resto do mundo, verificamos a existência de um gap. Ora, este gap deverá poder ser minimizado ou revertido, através do incremento da cooperação e da integração da CPLP, assente na proximidade cultural e na complementaridade de competências.

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O reforço da integração no espaço comum lusófono e o estabelecimento de players regionais e de redes de empresas oriundas desse espaço facilitarão o acesso a novos consumidores, com preferências tendencialmente convergentes, e a mercados com elevadíssimo potencial de desenvolvimento e forte necessidade de investimento.

Por outro lado, o desenvolvimento será exponenciado com o desenvolvimento dos grandes projetos de infraestruturas regionais, aumentando ainda o grau de integração de cada uma das comunidades económicas regionais.

Adicionalmente, grandes áreas dessas regiões não apresentam, ainda, um nível de concorrência particularmente elevado, podendo conferir uma vantagem relevante (first mover) aos investidores

que primeiro acedam ao mercado.

As comunidades económicas regionais a que pertencem os demais países da CPLP e a RAE de Macau, são constituídas por 53 países, aos quais acrescem ainda os EM da União Europeia e do Espaço Económico Europeu. Apesar de Timor-Leste ainda só ser membro observador da ASEAN já apresentou o pedido formal de adesão à ASEAN.

Comunidades económicas regionais*

ASEAN

Estados Membros: Indonésia, Malásia, Filipinas, Singapura, Tailândia, Brunei Darussalam, Vietname, Laos, Myanmar e Camboja.

Membros observadores: Papua Nova Guiné e Timor-Leste.

SADC

Estados Membros: Angola, Botsuana, República Democrática do Congo, Lesoto, Madagáscar, Maláui, Maurícias, Moçambique, Namíbia, Seicheles, África do Sul, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué.

CEEAC

Estados Membros: Angola, Burundi, Camarões, República Centro - Africana, Chade, Congo, República Democrática do Congo, Guiné Equatorial, Gabão

e São Tomé e Príncipe.

MERCOSUL

Estados Membros: Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela.

CEDEAO

Estados Membros: Benim, Burkina Faso, Cabo Verde, Costa do Marfim, Gâmbia, Gana, Guiné, Guiné-Bissau, Libéria, Mali, Níger, Nigéria, Senegal,

Serra Leoa e Togo. * A RAE Macau apesar de não se encontrar numa comunidade económica regional foi analisada enquanto plataforma para a China e RAE Hong-Kong.

*RP China e RAE Macau

2.35% 2.60%

3.24% 3.40% 3.38% 3.54%

3.31%

4.04% 4.37% 4.46% 4.51% 4.49%

2%

3%

4%

5%

2013 2014 2015 2016 2017 2018

Taxa de crescimento estimada

CPLP Mundo

Fonte: FMI e análise PwC

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O presente guia procura portanto enfatizar como os países da CPLP e a RAE de Macau podem contribuir para as exportações portuguesas e o IDE nacional, enquanto plataformas de acesso àqueles mercados de integração regional. E, reciprocamente, enfatizar ainda como Portugal pode tornar-se uma plataforma de acesso do resto do mundo àqueles mercados e, simultaneamente, promover também as exportações e o IDE oriundos daquelas regiões, enquanto plataforma de acesso à União Europeia e ao Espaço Económico Europeu.

Para o efeito procurou-se caraterizar, nas suas múltiplas dimensões, os mercados das comunidades económicas regionais, o país com maior representatividade económica na região e o país da CPLP. Foi analisado um conjunto muito alargado de variáveis económicas e oportunidades nestes mercados que resultam no presente guia de investimento não só para os mercados alvo, neste caso Moçambique, como também para a respetiva comunidade económica regional, neste caso a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC).

Conhecer a estratégia regional comum e o nível de integração dos países, permitirá antecipar as tendências de desenvolvimento da economia, o comportamento dos mercados e a sua futura evolução, que será sempre reforçada pelo processo de integração destas regiões e consequente convergência económica.

Moçambique e a SADC

A crescente integração regional de Moçambique na SADC, apoiada na sua localização geográfica, no desenvolvimento dos corredores de ligação aos países vizinhos e na crescente disponibilidade de recursos naturais, poderá incrementar o potencial de crescimento deste país e permitir o desenvolvimento de oportunidades nos mercados adjacentes pelos agentes económicos da CPLP (sendo o oposto, igualmente, um objetivo).

O crescimento económico em Moçambique tem vindo a assumir uma maior solidez desde 2009. A

transformação da economia assentou nomeadamente em: i) incremento do investimento direto estrangeiro

(para compensação da deficitária conta corrente) que em 2011 ultrapassou pela 1º vez os apoios

internacionais (em parte resultante da disponibilidade de recursos naturais) e ii) a estabilidade

macroeconómica para a qual tem contribuído a manutenção do rácio entre dívida pública e PIB (após um

perdão parcial de dívida, ao abrigo de uma iniciativa do FMI).

O crescimento anual do PIB tem registado valores superiores a 7% (7,3% em 2011 e 7,4% em 2012), para o

qual contribuíram a generalidade dos diversos setores da economia, embora com preponderância no setor

extrativo, setor agrícola e setor financeiro. Estes valores deverão ser colocados em perspetiva com

acontecimentos recentes, como as cheias de 2013 e alguma instabilidade social localizada em regiões

específicas de Moçambique.

No sentido de facilitar e promover o crescimento económico o Governo Moçambicano definiu como prioridades

estratégicas para Moçambique:

i) Crescimento das exportações em 21% (comparativamente a 2013);

ii) Aumento do saldo de reservas internacionais líquidas para US$ 3 mil milhões, permitindo uma

cobertura de importações de bens e serviços superior a 3 meses;

iii) Melhoria da quantidade e qualidade de serviços públicos de educação, saúde, água e

saneamento, estradas e energia.

É de realçar a previsão do aumento do investimento em infraestruturas com possíveis financiamentos do

Banco Mundial para suportar parte da execução do investimento público, assim como a aceleração da

capacidade produtiva de carvão a médio prazo, a extração futura bem-sucedida de gás natural, e a superação

de limitações estruturais históricas (ex: elevada taxa de abandono escolar). São áreas em que os agentes

económicos privados, juntamento com o Estado, terão um papel preponderante e de onde emergem

oportunidades que poderão ser exploradas.

Moçambique assume-se, cada vez mais, como um país de sucesso, como uma nação segura, como um centro

de negócios e como um território de progresso e estabilidade.

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

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Setores relevantes no país:

As principais oportunidades em Moçambique em encontram-se alavancadas em:

Setor primário:

90% da terra arável total por cultivar (de realçar que é dos países abundantes em terra arável da

SADC);

vastas bacias hidrográficas que permanecem por explorar;

extensão litoral superior a 2.700 kms; e,

zona económica exclusiva que ronda os 585 mil m2 de superfície oceânica.

Setor secundário:

recursos naturais significativos, nomeadamente em relação às reservas de carvão e gás natural;

crescimento exponencial previsto para o setor cimenteiro;

necessidade de desenvolvimento de infraestruturas sociais; e

potencial energético de 12.500 MW.

Setor terciário:

possibilidade de se posicionar como um player turístico da África Austral (exploração de praias

paradísicas;

Comércio Internacional de Moçambique com os parceiros económicos:

Moçambique poderá desenvolver vantagens competitivas na região assentes em: i) dimensão e posição

geográfica, ii) estabilização do sistema bancário, iii) facilidade de negócio na região (do qual resulta a criação e

funcionamento de uma Zona Económica Especial em Nacala - região de Nampula - e projeto de criação de

uma Zona Franca Industrial na região

da Beira).

Relações comerciais:

As suas principais relações comerciais

são com a África do Sul, Países

Baixos, e Emirados Árabes Unidos,

que representam no conjunto cerca de

47% das importações totais de

Moçambique.

As importações globais de

Moçambique ascendem a um total

anual de US$ 6.177 milhões.

Portugal atualmente representa 5% do

total das importações moçambicanas,

num volume total de US$ 312 milhões,

uma quota de importações que se

encontra, potencialmente, sob

explorada.

Do total dos produtos importados por Moçambique aos seus

parceiros comerciais no total de US$ 6 mil milhões, identificamos

de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que

representam 51% das importações, no montante de US$ 3.167

milhões, e a negrito os produtos que poderão representar

oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Energia;

Veículos a motor para transporte de mercadorias; Máquinas para a

construção civil; Arroz; Trigo e centeio em grão; Outras máquinas e

aparelhos para as indústrias particulares; Fertilizantes;

Equipamento de telecomunicação; Eixos de transmissão; Alumínio;

Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Produtos

residuais de petróleo; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio;

Barras de ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Carvão;

Gorduras vegetais e óleos, refinado; Pneus de borracha e câmaras-

de-ar; Máquinas e aparelhos elétricos; Produtos laminados planos de

ferro e aço; Equipamentos de aquecimento e refrigeração; Tubos e

perfis ocos, acessórios de ferro e aço; Veículos automóveis para

transporte de pessoas; Sabonetes, limpeza e de polimento;

Mobiliário e peças.

Fonte: UNCTADStat, dados de 2012

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

16

Os produtos portugueses mais exportados

para Moçambique em 2012 foram as

máquinas e equipamentos para

empreitadas de engenharia e construção e

civil (US$ 21 milhões), material de

impressão (US $ 18 milhões) e estruturas e

partes de estruturas de ferro, aço ou

alumínio (US$ 14 milhões).

A composição das importações evidencia a

dependência de Moçambique,

relativamente aos países industrializados.

Os investidores Portugueses poderão

antecipar o esperado acréscimo de

rendimento disponível em Moçambique, e

posicionarem-se no sentido de diversificar

a base de exportação, nomeadamente ao

nível de bens de consumo e agroindustrial.

Note-se que 50% das importações

moçambicanas são relativas a energia

(gasóleo e energia elétrica) e automóveis,

nas quais Portugal não apresenta

vantagens comparativas.

Southern Africa Development Countries (SADC)

A SADC tem vindo a reforçar o seu impacto na comunidade internacional e a incrementar a integração da sua

zona de comércio livre. Em termos de setores relevantes na região, são de destacar:

Com o objetivo de melhorar a comunidade económica regional e desenvolver as infraestruturas de transportes

e comunicações, foi implementado pela SADC um programa que visa a liberalização do comércio, a livre

circulação de pessoas, bens e capital, bem como a realizar um conjunto de iniciativas com outras

comunidades regionais, com objetivos ambiciosos a médio prazo.

A SADC conta com um mercado potencial na ordem dos 286 milhões de consumidores, distribuídos pelos

seus EMs que apresentam características distintas, quer do ponto de vista das estruturas produtivas, como da

preferência dos consumidores.

Sendo o nível de complementaridade ainda reduzido na SADC, a intensificação das trocas comerciais é um

dos seus objetivos, pelo que se torna necessária a especialização da cadeia de valor dos Ems.

A economia moçambicana corresponde a 2,3% do PIB da SADC, a 6ª mais significativa ao nível da

comunidade, apresentando, contudo ainda um nível reduzido de relações comerciais com os restantes EMs

com exceção da África do Sul, sendo que 31% das suas importações são oriundas deste país.

Do total dos produtos importados por Moçambique a Portugal,

que totalizaram US$ 312 milhões identificamos de seguida, por

ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam

63% das importações, no montante de US$ 198 milhões:

Maquinas para a construção civil (7%); Material para impressão

(6%); Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio (4%); Equipamento

para distribuição de energia elétrica; Aparelho para circuitos

elétricos, tabuleiro, painéis; Mobiliário e peças; Veículos a motor

para transporte de mercadorias; Outras máquinas e aparelhos para

as indústrias; Equipamentos de aquecimento e refrigeração;

Geradores; Equipamento de telecomunicação; Bebidas alcoólicas;

Equipamentos e ferramentas mecânicas; Medicamentos (incluindo

medicamentos veterinários); Metais comuns; Produtos da indústria

química; Papel e cartão; Embarcações; Materiais de construção;

Artigos de plástico; Trailers e semirreboques; Componentes para

máquinas de energia elétrica; Barras de ferro e aço, cantoneiras;

Tubos, canos e mangueiras de plásticos; Máquinas agrícolas e

peças.

Fonte: UNCTADStat, dados de 2012

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

17

Nas exportações da SADC

o petróleo tem um peso

significativo. Os mercados

de maior relevância são a

China (em resultado da sua

incremental presença em

África, através de uma

política de apoio ao

desenvolvimento obtendo

como contrapartida

recursos naturais).

Os produtos mais

importados pela SADC são

os óleos brutos, óleos de

petróleo, veículos

automóveis para transporte

de pessoas, equipamentos

de telecomunicação e

máquinas para a

construção civil.

Refira-se que a China

surge como concorrente de

alguns produtos que

formam a base industrial

portuguesa, tendo como

fator competitivo, o baixo

preço.

Quanto às importações da SADC a Portugal, é de

destacar o seu grau de diversificação que

compreende maquinaria e equipamentos de

transporte, mas também bens e outros produtos

manufaturados, produtos alimentares, tabacos e

produtos químicos.

Nas trocas comerciais entre a SADC e os países

da CPLP, apenas Portugal e o Brasil têm

representatividade significativa (que resulta,

também, do facto de SADC incluir as duas

maiores economias Africanas dos EMs da CPLP).

O principal destino das exportações portuguesas

na SADC é Angola, absorvendo aproximadamente

87% destas. O Brasil exporta para a SADC,

maioritariamente, produtos agroalimentares, sendo

também de destacar a exportação de maquinaria e

equipamento de transporte. A África do Sul surge

como o principal mercado de destino das

exportações brasileiras para a SADC (54%),

seguido de Angola (35%).

Do total dos produtos importados pela SADC, no total de US$ 216.171 milhões,

identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 50 principais produtos

que representam 55% das importações, no montante de cerca de US$ 119.893

milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de

exportação para as empresas portuguesas:

Óleos brutos de petróleo, óleos de xistos, materiais em bruto; Óleos de petróleo ou

de minerais betuminosos > óleo de 70%; Veículos automóveis para transporte de

pessoas; Equipamento de telecomunicação; Maquinas para a construção civil;

Veículos a motor para transporte de mercadorias; Pérolas, pedras preciosas e

semipreciosas; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Máquinas

de processamento de dados; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias

particulares; Peças e acessórios dos veículos; Fertilizantes; Máquinas e

aparelhos elétricos; Geradores; Mobiliário e peças; Outras carnes e miudezas

comestíveis; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Pneus de

borracha e câmaras-de-ar; Equipamento mecânico manuseio; Aparelhos de

medição, análise e controle; Metais comuns; Calçado; Aeronaves e equipamentos

associados; Tubos e perfis ocos de ferro e aço; Artigos plásticos; Bombas

compressoras de gás e ventiladores; Equipamentos de aquecimento e

refrigeração; Bebidas alcoólicas; Minérios de cobre, outros; Produtos diversos

da indústria química; Arroz; Trigo e centeio em grão; Papel e cartão; Barras de

ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Gorduras vegetais e óleos, refinado;

Peças, acessórios para máquinas; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio;

Gorduras vegetais e óleos e refinado; Automóveis; Aparelhos para

canalizações, caldeiras, reservatórios, cubas; Equipamento para distribuição

de energia elétrica; Máquinas e ferramentas, Equipamentos domésticos

elétricos; Turbinas a vapor e componentes; Motores de pistão de combustão

interna e peças; Embarcações; Sabonetes, produtos de limpeza e de polimento;

Cobre; Elementos químicos inorgânicos, óxidos e sais de halogéneo; e Materiais de

construção.

Fonte: UNCTADStat, dados 2012

Do total dos produtos importados pela SADC a Portugal,

no valor total de US$ 5.279 milhões, identificamos de

seguida, por ordem decrescente, os 25 principais

produtos que representam 55% das importações do

bloco, no montante de US$ 2.908 milhões:

Bebidas alcoólicas; Mobiliário e peças; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Barras de ferro e aço, barras, cantoneiras, perfis e seções; Maquinas para a construção civil; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Carne, miudezas, comestíveis, preparados, conservados; Equipamento para distribuição de energia elétrica; Artigos plásticos; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Equipamentos de aquecimento e refrigeração; Metais comuns; Bebidas não alcoólicas; Óleos, petróleo bruto, refinado; Papel e cartão; Máquinas e aparelhos elétricos; Equipamento e componentes mecânicas; Geradores; Peças e acessórios de veículos; Material para impressão; Materiais de construção; Componentes para máquinas de energia elétrica; Alumínio.

Fonte: UNCTADStat, dados 2012

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A experiência brasileira na região é um fator que deverá ser analisado com maior detalhe, dado o nível de

penetração alcançado fora dos países africanos que são EM’s da CPLP, por via das relações com África do

Sul.

Já no domínio das exportações da SADC para a CPLP, também Portugal e o Brasil se destacam, denotando

igualmente crescimentos globais relevantes entre 2008 e 2012, de respetivamente 3.876 milhões de US$ para

6.800 milhões de US$, Tendo Portugal sido o principal importador com cerca de US$ 5.8 mil milhões em 2012.

Portugal importa quase exclusivamente petróleo (93%), as importações do Brasil são mais diversificadas,

incluindo-se i) produtos químicos e relacionados, ii) bens manufaturados, e iii) combustíveis minerais (85%).

África do Sul

A África do Sul é a principal economia da SADC, responsável por 59% do PIB, e representando 34% do PIB

da África Subsariana (valor revisto em baixa após a atualização da metodologia de cálculo do PIB da Nigéria

para o ano de 2013). É um país com uma razoável rede de infraestruturas, das quais se destaca a sua

estrutura portuária.

Após a recessão ocorrida em 2009, ultrapassada, em parte, pela melhoria da conjuntura externa e por um

conjunto de políticas governamentais expansionistas (que fomentaram a recuperação da procura interna) a

economia Sul-africana retomou o crescimento embora a níveis inferiores. O dinamismo económico da África

do Sul deve-se, por um lado, à relevância do setor mineiro (o qual contribuiu para 10% do PIB), e por outro à

capacidade de gerar riqueza no setor agrícola e de serviços, nomeadamente turismo.

O Governo assenta a sua estratégia global de

crescimento e desenvolvimento em 4 pilares

fundamentais:

i) a melhoria do bem-estar da população, ii)

redução dos custos associados à realização de

negócios, iii) aumento das exportações, e iv)

na criação de mais emprego.

Para o efeito, a África do Sul definiu, um

conjunto de medidas e objetivos futuros:

Aumento do PIB per capita de US$

4.700 para US$ 10.500 (2010-2030);

Nível de formação bruta de capital fixo

a crescer de 17% para 30%, com o

investimento fixo do setor público a

aumentar cerca de 10% até 2030;

Comércio da África do Sul com os

países vizinhos deverá aumentar de

15% para 30% até 2030;

Aumento da capacidade portuária do

porto de Durban (principal

infraestrutura portuária do país) de 3

milhões de contentores/ano para 20

milhões em 2040; e

Eletricidade disponível deverá

aumentar mais de 29 000 megawatts

até 2030.

Do total dos produtos importados pela África do Sul aos

seus parceiros comerciais, no valor de US$ 124.245 milhões,

identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25

principais produtos que representam 43% das importações,

no montante de US$ 54.093 milhões, e a negrito os produtos

que poderão representar oportunidades de exportação para

as empresas portuguesas:

Óleos brutos de petróleo, materiais em bruto; Óleos de petróleo

ou de minerais betuminosos > óleo de 70%; Veículos para

transporte de pessoas; Equipamento de telecomunicação;

Maquinas para a construção civil; Máquinas de

processamento de dados; Medicamentos (incluindo

medicamentos veterinários); Veículos a motor para

transporte de mercadorias; Peças e acessórios dos veículos;

Aeronaves e equipamentos associados; Outras máquinas e

aparelhos para as indústrias; Turbinas a vapor e

componentes; Aparelhos de medição, análise e controle;

Máquinas e aparelhos elétricos; Calçado; Equipamento

mecânico e componentes; Peças e acessórios para

máquinas; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro,

painéis; Papel e cartão; Bombas, compressores de gás e

ventiladores; Equipamentos de aquecimento e refrigeração;

Produtos diversos da indústria química; Pneus de borracha

e câmaras-de-ar; Fertilizantes; e Arroz

Fonte: UNCTADStat, dados 2012

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

19

As principais importações referem-se, maioritariamente, a maquinaria e equipamento de transporte, óleos

brutos de petróleo, veículos para transporte de pessoas e equipamentos de telecomunicações, representando

25% das importações.

As importações da África do Sul aos países da CPLP não são representativas (4,81%), sendo estas

maioritariamente asseguradas por Angola, e em segundo lugar pelo Brasil. Portugal tem uma dimensão

reduzida, representando em 2012, apenas 0,13% das importações.

Quanto a exportações da África do Sul estas compreendem matérias-primas (excetuando combustíveis –

26%), bens manufaturados (23%) e maquinaria e equipamentos de transporte (17%).

Os principais destinatários são países industrializados como a China, os EUA e o Japão.

Importa realçar oportunidades identificadas no setor energético, e ao nível de infraestruturas, dada a sua

significativa expansão se encontrar contemplado nos objetivos do Governo. Oportunidades a explorar foram

identificadas no i) desenvolvimento de tecnologia agroindustrial, ii) desenvolvimento de serviços e

equipamentos associados ao cluster da indústria extrativa, ou iii) exploração turística, tendo presente a

possibilidade do país se tornar um hub para a África Austral.

Conclusões Globais

Face ao que foi sobredito, existem relevantes oportunidades de negócio em Moçambique, assentes na

proximidade geográfica ao “líder de bloco” da SADC, a África do Sul, e pelo estimado dinamismo da economia

(através da expansão do setor de extração de recursos, do dinamismo do setor turístico, ou do

desenvolvimento de um hub logístico na região).

A forte integração regional associada ao início de exploração do gás natural, as reservas de carvão e a

hidroeletricidade poderão potenciar Moçambique enquanto fornecedor energético da região e aumentar a

ligação com os países vizinhos. A intenção do governo de África do Sul de aumentar a estrutura industrial do

país irá criar novas necessidades energéticas que poderão ser supridas por Moçambique, o que criarão novas

oportunidades na construção de infraestruturas, de redes elétricas, de gasodutos e de áreas de apoio

associadas. Sendo igualmente previsível um aumento do investimento nas infraestruturas básicas para acesso

a água potável, combate a doenças tropicais e melhoria das condições da sua população

O crescimento da economia alavancada pela integração regional e a necessidade dos países sem acesso

marítimo utilizarem as infraestruturas moçambicanas para o seu comércio e exportações, em particular os

corredores de desenvolvimento, poderá potenciar moçambique enquanto hub logístico de ligação entre estes,

a Índia e a região asiática.

Acresce que apenas 10% da área agrícola moçambicana (48 milhões de hectares) encontra-se por explorar. O

país dispõe de muitas possibilidades em termos de irrigação, possuindo grandes bacias hidrográficas que

poderão ser aproveitadas para o desenvolvimento da agrícola.

Por último, sendo o 4º país com maior população da SADC, o crescimento económico poderá potenciar o

rendimento per capita da sua população, que ganhará novos consumidores e aumentará o consumo interno.

Há um conjunto de elementos a ponderar na abordagem ao mercado que podemos sintetizar no seguinte quadro:

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Forças Fraquezas

Português é a língua oficial de Moçambique

Dimensão da ZEE oceânica

Portugal é um parceiro económico potencial ao nível de bens agrícolas

Perspetiva do início de exploração de gás natural

Elevadas reservas de gás natural descobertas na bacia oceânica do norte do país

Abertura ao investimento externo

As previsões de retoma da atividade económica nos próximos anos

Papel crescente do IDE ao nível da consolidação orçamental

Fortalecimento de Maputo enquanto centro financeiro robusto e credível

Grandes extensões de terreno arável com condições agrícolas

Outros fatores como as praias, a paisagem, o clima, a hospitalidade, o nível de segurança e a cultura local, que potenciam o turismo

Boa cobertura geográfica dos aeroportos locais

Localização geostratégica para a Ásia – acesso aos portos do Índico por EMs da SADC

Elevada percentagem de abandono escolar e falta de mão-de-obra qualificada

Dificuldade na obtenção de crédito

Baixos níveis de rendimentos

Várias infraestruturas em estado debilitado

Exportações dependentes de três setores de atividade – produção e comércio de alumínio, gás liquefeito e eletricidade

Acesso limitado a eletricidade

Vários distritos com limitado acesso a instituições financeiras

Oportunidades Ameaças

Grande potencial de crescimento, apoiado na tendência de crescimento económico registada nos últimos anos

A implementação, pela SADC, de programa que visa a liberalização do comércio, livre circulação de pessoas, bens, capital e infraestruturas

Os programas de apoio de organismos internacionais (FMI) e acordos de cooperação estabelecidos (EU, EUA e Portugal)

Fundo Fiduciário EU-África para as Infraestruturas

Atual solidez do sistema bancário moçambicano, com forte presença de bancos internacionais

Desenvolvimento de infraestruturas (habitação, educação, saúde, saneamento, transportes (porto e aeroporto) e comunicação

Potencial privatização da TDM

Grandes projetos de investimento previstos em infraestruturas (elevada concentração no setor energético)

Plano estratégico de desenvolvimento regional (2012-2015)

Crescimento potencial do setor da construção civil, educação e dos produtos de consumo intermédio

Atraso no início da exploração de blocos de GPL e reservas de carvão

O elevado nível de concorrência internacional em alguns setores específicos (ex. no turismo com maior oferta por parte de operadores / nações geograficamente próximas com setores turísticos mais desenvolvidos)

Nível de saneamento básico e a falta de acesso a cuidados básicos de saúde contribui para a propagação de doenças

S W

O T

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

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1.SADC

Enquadramento regional, político e económico

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1. SADC. Enquadramento regional, político e

económico

1.1. Caracterização da comunidade

1.1.1. Principais objetivos e aspirações da SADC.1

A Comunidade para o Desenvolvimento de África Austral (“SADC”) é uma organização de âmbito regional,

criada a 17 de agosto de 1992, no âmbito da Conferência para a Coordenação do Desenvolvimento da África

Austral (“SADCC”). A SADCC, criada a 1 de abril de 1980 – constituída por Angola, Botsuana, Lesoto, Maláui,

Moçambique, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué – orientou-se sobre a cooperação em temas como a

independência política, a segurança, a solidariedade regional e a luta contra o apartheid.

A 17 de agosto de 1992, os Chefes de Estado e Governos da SADCC assinaram, durante a Cimeira de

Windhoek (Namíbia), o tratado que viria a transformar a “SADCC” em SADC – Comunidade de

Desenvolvimento da África Austral. A fundação da SADC teve como objetivo principal a coordenação de

projetos estruturantes para a região, alvejando o desenvolvimento económico dos Estados Membros (“EMs”).

O Tratado da SADC serve de base jurídica e de quadro regulatório para a realização da missão da SADC na

promoção de um crescimento económico sustentável e equitativo, visando atingir um desenvolvimento

socioeconómico sustentável e justo através de sistemas produtivos eficientes, e de uma boa governação,

cooperação e integração aprofundada, paz duradoura e segurança, permitindo que a região se assuma como

competitiva e eficaz nas suas relações económicas internacionais. Efetivamente os EMs da SADC

apresentam, regra geral, um risco por país comparativamente menor do que a generalidade dos demais

Estados do continente Africano.

1 www.sadc.int

Figura 1 - Risco dos países da SADC 2013

Dentro do contexto africano, os

países da SADC são os que

apresentam, em média, menor

risco, com exceção da República

Democrática do Congo e do

Botsuana

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

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Abaixo elencam-se as principais etapas históricas que se encontram na origem e desenvolvimento da

SADCC/SADC.

Figura 2 - Principais etapas na criação da SADC

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1.1.2. Os Estados Membros da SADC

Atualmente a SADC conta com 15 EMs: África do Sul, Angola, Botsuana, Lesoto, Madagáscar, Maláui,

Maurícias, Moçambique, Namíbia, República Democrática do Congo, Seicheles, Suazilândia, Tanzânia,

Zâmbia e Zimbabué.

SADC

Angola, Botsuana, República Democrática do Congo, Lesoto,

Madagáscar, Maláui, Maurícias, Moçambique, Namíbia,

Seicheles, África do Sul, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e

Zimbabué.

Áreas de cooperação:

Segurança alimentar, terras e agricultura;

Serviços;

Indústria, comércio, infraestruturas e finanças;

Desenvolvimento de recursos humanos, ciência e tecnologia;

Recursos naturais e meio ambiente;

Bem-estar social, informação, cultura e desporto;

Política, diplomacia, relações internacionais, paz e segurança. Missão e objetivos da SADC:

Desenvolver valores políticos comuns, sistemas e instituições;

Promover e defender a paz e segurança;

Promover o desenvolvimento autossustentado na base da

autossuficiência coletiva, e da interdependência entre os EMs;

Conseguir a complementaridade entre as estratégias e os programas

nacionais e regionais;

Promover e otimizar o emprego produtivo e a utilização dos recursos

da região;

Conseguir a utilização sustentável dos recursos naturais e a proteção

efetiva do meio ambiente;

Reforçar e consolidar as afinidades e laços históricos, sociais e

culturais desde há muito existentes entre os povos da região;

Promover o crescimento económico e o desenvolvimento

socioeconómico sustentáveis e equitativos, que garantam o alívio da

pobreza, com o objetivo final da sua erradicação;

Melhorar o padrão e a qualidade de vida dos povos da África Austral,

bem como apoiar os socialmente desfavorecidos, através da

integração regional.

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25

1.1.3. Mecanismos de integração e prioridades no desenvolvimento da SADC2

Através do Plano Estratégico Indicativo de Desenvolvimento Regional (“RISDP”), foram definidos quatro

setores principais para impulsionar a integração regional e desta forma fomentar o crescimento e

desenvolvimento económico da região: Indústria, Comércio, Finanças e Infraestruturas.

Simultaneamente, e como forma de agilizar o processo de integração, a SADC introduziu medidas que visam:

1. A integração do mercado de mercadorias e serviços e facilitação do crescimento, desenvolvimento e

liberalização do comércio;

2. Desenvolvimento industrial competitivo e diversificado e atração de investimento;

3. Desenvolvimento e fortalecimento dos mercados financeiros e de capitais;

4. Concretização de uma maior cooperação monetária e correspondente concretização da convergência

macroeconómica;

5. Aumento dos níveis de investimento intra-SADC e do investimento direto estrangeiro (“IDE”) e o reforço da

competitividade produtiva;

6. Participação eficaz e cumprimento dos acordos internacionais.

1 - Integração do mercado de mercadorias e serviços e facilitação do crescimento, desenvolvimento e liberalização do comércio

O grande objetivo nesta área está intimamente ligado à

implementação e à concretização da Zona de Comércio Livre

(“ZCL”), que visa a liberalização das trocas comerciais entre os

EMs. O processo teve início em 2008, com adesão imediata de 12

dos 15 EMs: África do Sul, Botsuana, Lesoto, Namíbia, Maláui,

Maurícias, Madagáscar, Moçambique, Suazilândia, Tanzânia,

Zâmbia, Zimbabué (estando em via de concretização a entrada dos

países que ainda não aderiram ao Protocolo de Comércio - Angola,

República Democrática do Congo e Seicheles).

Protocolo de Comércio SADC

O Protocolo de Comércio é a base legal da ZCL - foi

assinado em 1996 e encontra-se em vigor desde 2000. O

Protocolo vincula os EMs à eliminação das taxas existentes

aquando da troca de produtos e serviços, visando

harmonizar os procedimentos comerciais e burocráticos

existentes ao nível da SADC, como sucede, a título

exemplificativo, com a harmonização dos títulos de

transporte de mercadorias. Tem ainda como objetivo a

definição das regras de origem da SADC e a redução de

outras barreiras ao comércio intrarregião, facilitando assim o

movimento de capitais, bens e serviços transfronteiriços.

Implementação da Zona de Comércio Livre da SADC

Ao abrigo da ZCL, os EM eliminaram taxas e outras

barreiras tarifárias e não tarifárias. Estão ainda incluídas na

ZCL medidas dirigidas à facilitação do comércio, reduzindo-

se assim a burocracia nas fronteiras e estabelecendo-se um

regime para dinamizar a circulação de mercadorias na

região.

2 Plano Estratégico Indicativo de Desenvolvimento Regional

Ao abrigo do Protocolo do Comércio foram

estabelecidas as seguintes instituições:

Comité de Ministros responsáveis pelo Comércio: Responsável pela implementação do Protocolo. Superintende o Comité de Funcionários Seniores e os subcomités.

Comité de Funcionários Seniores: Atua como um órgão técnico de consulta, e é composto por Secretários Permanentes responsáveis pelo Comércio. Supervisiona a implementação do Protocolo do Comércio, bem como o Fórum de Negociação de Comércio.

Fórum de Negociação de Comércio: O Fórum é responsável pelas negociações do comércio da SADC, pela liberalização comercial, e pela cooperação regional noutros setores.

Angola poderá aderir, a breve prazo, à ZCL (que integra 12 EMs, fazendo já parte do Protocolo de Comércio desde 1996)

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26

Eliminação das Tarifas no Comércio Regional

Ao abrigo do protocolo de Comércio da SADC, a liberalização das tarifas na região foi efetuada

progressivamente. Em geral, os EMs mais desenvolvidos reduziram as tarifas para níveis mais baixos - a

África do Sul, em conjunto com outros países (Botsuana, Lesoto, Namíbia e Suazilândia) eliminaram grande

parte das taxas no ano 2000. Os países de rendimento médio, nomeadamente as Maurícias, reduziram

gradualmente as suas taxas no período compreendido entre os anos de 2000 e 2008. No entanto, nos países

menos desenvolvidos, como Moçambique e Zâmbia, as reduções tarifárias foram introduzidas apenas entre

2007 e 2008.

Todas as mercadorias são classificadas em quatro categorias tarifárias: A, B, C e E.

Categoria A

Liberalização imediata

Todas as tarifas são eliminadas, a partir da data de implementação, previsto

para o período após 25 de setembro de 2000, cumpridas as exigências de

ratificação do tratado.

Categoria B

Liberalização gradual

Adiantamento (liberalização gradual) - as tarifas são reduzidas, de forma

igualitária, desde o 1.º até ao 8.º ano;

Normalização (liberalização gradual pelas Maurícias e pelo Zimbabué) - as

tarifas são reduzidas, de forma igualitária, desde o 4º até ao 8º ano;

Atraso (liberalização gradual por MMTZ) - as tarifas são reduzidas, de

forma igualitária, desde o 6º até ao 8º ano.

Categoria C

Mercadorias sensíveis

Estão incluídas nesta categoria, as mercadorias de elevada importância

económica para os EMs:

A redução tarifária tem início apenas após o período de 8 anos;

Representam 15 % (ou menos) das tarifas.

Categoria E

Lista de exclusão

Esta categoria compreende um número reduzido de mercadorias (como,

nomeadamente, armas de fogo).

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27

Cooperação aduaneira e facilitação do comércio

No sentido de reduzir dificuldades de cariz burocrático nas barreiras aduaneiras, o Subcomité de Cooperação

Aduaneira desenvolveu e implementou um documento único - SADC-CD3, consistindo num formulário de

declaração única que substituiu várias declarações aduaneiras concebidas para diferentes regimes.

Monitorização de implementação

A Direção de Comércio, da Indústria, das Finanças e do Investimento do Secretariado da SADC monitoriza as

operações da ZCL ao nível regional, embora a implementação

efetiva esteja dependente das estruturas desenvolvidas nos

EMs.

Encontra-se previsto o (potencial) estabelecimento de um

Mecanismo de Cumprimento e Monitorização do Comércio

(MCM), tendo como objetivo incrementar consideravelmente o

comércio na região.

Resolução de disputas na ZCL

A resolução de disputas entre os EM é regulada no Anexo VI do Protocolo de Comércio (baseado no

Entendimento da OMC sobre o assunto).

Zona Franca de Comércio (ZFC)4

No âmbito tarifário da SADC, cumpre ainda fazer

referência à Zona Franca de Comércio (“ZFC”), uma

zona geográfica delimitada dentro de um país onde dão

entrada mercadorias nacionais ou estrangeiras,

beneficiando as mesmas de tarifas alfandegárias

reduzidas, ou nalguns casos mesmo de isenção.

O principal objetivo da criação de uma ZFC é o de

estimular as trocas comerciais e de fomentar o

desenvolvimento regional.

Na SADC são de destacar as seguintes ZFCs (que

podem ter especial interesse para potenciais

investidores):

Na região do Sul de Angola no Lubango,

perspetiva-se a criação de uma zona franca de

desenvolvimento da Lusofonia que integrará as

províncias de Huíla, Namibe e Cunene, onde se prevê

que operem os empresários destas províncias e os da

Lusofonia com o objetivo de estreitar laços de

investimento;

Em Moçambique foi criada uma zona franca

industrial denominada Parque Industrial de Beluluane,

localizado na província de Maputo e, mais

recentemente, as Zonas Francas de Locone e

Minheuene, ambos localizados no distrito de Nacala.

3 Disponível em http://www.manica-africa.com/UserFiles/File/01a%20-%20TMS%20Traders%20Manual.pdf

4 Agência Angola Press, 2013; Portal do Governo Moçambicano.

Acordos de Comércio Livre - Oportunidade ou Ameaça ao desenvolvimento?

São vários os argumentos a favor e contra a

adoção de práticas regionais de comércio livre.

Por um lado, o livre comércio aumenta o nível

global de produção, permitindo a especialização

entre os países que dedicam recursos e

esforços para a produção de bens e serviços

específicos, nos quais detêm vantagens

comparativas. Por outro lado, argumenta-se que

os países se fecham na produção e exportação

de um limitado número de produtos, não

promovendo a inovação e desenvolvimento de

outros setores e a diversificação económica

interna, ficando igualmente dependentes da

importação de um conjunto relevante de

produtos e serviços. No entanto, é sabido que a

dependência económica contribui para reduzir a

probabilidade de conflitos regionais entre

países.

Acresce ainda que a redução mútua de tarifas

potencia, igualmente, o comércio e o

desenvolvimento económico, “desonerando” os

produtos e tornando-os mais acessíveis às

populações, e, consequentemente, potenciando

as estratégias de redução da pobreza nos

países menos desenvolvidos.

Desde o estabelecimento da ZCL, em

janeiro de 2008, que produtores e

consumidores não pagam taxas de

importação em aproximadamente 85%

nos bens de primeira necessidade. As

restantes tarifas serão, na sua maioria,

eliminadas até 2015

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2 - Desenvolvimento industrial competitivo e diversificado e atração de investimento

No setor industrial, a SADC implementou uma nova política e estratégia de desenvolvimento industrial regional, bem como um plano de reforço da competitividade e diversificação do setor industrial, tendo em vista a concretização de vários objetivos, entre os quais se destacam:

Harmonização dos quadros reguladores no domínio da exploração mineira, tendo sido já desenvolvido

o respetivo plano de implementação;

Adoção de um quadro regional de política mineira da SADC;

Implementação de uma estratégia de cadeia de valores da indústria para os setores prioritários.

3- Desenvolvimento e fortalecimento dos mercados financeiro e de capitais

Nesta área, quatro países – a República Democrática do Congo, o Maláui, a África do Sul e a Tanzânia –

mantêm mecanismos de câmbio liberalizados, tendo sido desenvolvido um quadro para cotações duplas e

cruzadas das bolsas de valores regionais, bem como um modelo de interligação das bolsas de valores com o

objetivo de assegurar a eficiência e estabilidade do mercado financeiro e de capitais.

4 - Concretização de uma maior cooperação monetária e correspondente concretização da convergência macroeconómica

No plano estratégico de desenvolvimento regional, a coordenação e a harmonização das políticas monetárias

foi reconhecida como essencial para o aumento dos índices de integração económica regional, tendo já os

EMs constituído um comité de governadores de bancos centrais da SADC.

No âmbito deste quadro de cooperação, foram fixados em 2013 os seguintes objetivos:

Adoção de mecanismos que aumentem os níveis da cooperação monetária regional;

Operacionalização do Sistema de Pagamento, Compensação e Liquidação Facilitada; e

Desenvolvimento do Quadro Administrativo e Jurídico Institucional Facilitado.

Regras de “origem” na SADC: As regras de “origem” são instrumentos importantes no processo de integração regional. Determinando a origem dos bens transacionados, estas regras servem para possibilitar o tratamento pautal preferencial de mercadorias comercializadas entre os EMs da SADC (caso estas tenham origem nos EMs da região). Para que um produto qualifique como originário de um EM, deve satisfazer um dos critérios das regras de origem da SADC: Regra "totalmente produzidos/obtidos": As mercadorias produzidas ou manufaturadas num EM utilizando materiais da região, são consideradas como originárias da região da SADC; "Regra suficientemente trabalhados ou processados": a transformação de um produto num produto diferente. Por forma a aferir se um produto foi ou não suficientemente trabalhado ou processado, o mesmo deverá ser submetido ao " teste de importação limitada" (critérios de conteúdo de importação ou de adição de valor) ou ao "teste de classificação pautal do SH" (regra de mudança da posição pautal). Para que um produto beneficie da isenção num EM, torna-se necessária a apresentação de evidência documental no posto aduaneiro fronteiriço.

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29

De notar que o memorando de entendimento de convergência macroeconómica celebrado pelos EMs tem

como principal objetivo o estabelecimento de um conjunto de critérios orçamentais que contribuam para a

diminuição dos défices fiscais e das dívidas públicas dos EMs.

Em resultado desta implementação, em 2008, todos os EMs da SADC conseguiram alcançar um défice inferior

a 5% do PIB. Cumpre ainda notar que 13 EM atingiram uma dívida pública inferior a 60% do PIB (com exceção

da República Democrática do Congo e do Zimbabué); por outro lado, em 2010, a África do Sul, o Lesoto, as

Maurícias, a Namíbia, e o Zimbabué concretizaram as metas de inflação inseridas no programa de

convergência macroeconómica de 2012.

5 - Aumento dos níveis de investimento intra-SADC e do IDE, bem como o reforço da competitividade produtiva

Em 2010, foi lançado um programa para promoção do investimento da região, através de Acordos

Preferenciais de Comércio (“PTA” – Preferential Trade Agreements), tendo sido também desenvolvido um

modelo de tratado bilateral de investimento na SADC, e criadas diretrizes para a concessão de isenções

fiscais. A necessidade de coordenação das políticas e das atividades de promoção do investimento é

necessária para facilitar o aumento de investimento na região.

Encontra-se atualmente a ser desenvolvido pelo Secretariado da SADC, um portal de investimento para a

região da SADC que tem uma informação prospetiva dos investimentos a realizar durante no âmbito do plano

de investimento regional. Este portal irá sensibilizar potenciais investidores quanto ao clima e às oportunidades

em aberto na SADC, bem como facilitar a interação com os PTAs dos vários EMs.

Foi ainda desenvolvido, através da colaboração com o Instituto Internacional para o Desenvolvimento

Sustentável, um modelo Tratado Bilateral de Investimento (“BIT”) para a SADC. Assim, os EMs concordaram

em desenvolver diretrizes para implementação dos BITs, com o objetivo de regular, de forma eficaz, o

investimento estrangeiro nas suas economias.

Cumpre referir que em janeiro de 2011 foi inaugurado o fórum de PTA da SADC, que teve por objetivo

promover o diálogo e desenvolver estratégias com a vista a melhorar o clima de investimentos na região.

No âmbito de uma avaliação macro da competitividade regional, o relatório de 2013 do World Economic

Forum, ao ter procedido à análise da competitividade de 148 economias, com base em 12 pilares de

avaliação, dentre os quais fatores económicos, sociais, fiscais, populacionais, tecnológicos e infraestruturais,

entendeu que o mercado no qual a SADC se encontra inserido é pouco competitivo.

Aliás, entende o World Economic Forum que o continente Africano é, atendendo aos fatores em avaliação,

uma das regiões menos competitivas do mundo.

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30

Figura 3 – Índice Global de Competitividade 2013

Fonte: Fórum Económico Mundial

Porém, uma análise circunscrita aos fatores económicos poderá determinar uma diferente conclusão. A

análise em conjunto de outros fatores que não económicos, não reflete o valor de investimentos que estes

países têm captado nos últimos anos, como adiante é demonstrado.

6- Participação eficaz e cumprimento com os acordos internacionais

Atualmente, 14 dos EMs da SADC são também membros da Organização Mundial de Comércio (“OMC”) (com

a exceção das Seicheles, que se encontram em processo de adesão). Assim, os EMs da SADC pertencentes

à OMC estão adstritos ao regime jurídico estabelecido por esta organização.

Em junho de 2010, os responsáveis da SADC adotaram uma estratégia com vista a concluir um PTA que

abrange mercadorias. Apesar de ainda não estar em vigor, é intenção da SADC que as negociações sobre

serviços e investimentos estejam concluídas até 2014.

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1.2. A SADC enquanto comunidade económica

O desempenho económico da região da SADC nos últimos 5 anos, fortemente dependente da procura de

matérias-primas, foi largamente influenciado pela desaceleração da economia global, mais precisamente das

economias avançadas e das economias emergentes. O fraco desempenho económico mundial provocou uma

diminuição na procura global, comprometendo o ritmo de crescimento da economia da região da SADC, que já

mostrava sinais claros de recuperação dos efeitos da crise financeira internacional.

Mesmo estando geograficamente ligados e tendo projetos comuns, as economias dos EM da SADC

apresentam características distintas em muitos aspetos, como geografia do país, população e níveis de

produção. Acresce que o nível de complementaridade das economias é limitado.

Tabela 1 - Caracterização dos países membros da SADC

País

Extensão

Territorial

(milhares de

km2)

População5

População

(% s/ total

região)

PIB

(milhões

de US$)

PIB

per

capita Nível de IDH

6

Índice de

Liberdade

Económica

(Ranking Mundial

2013)

África do Sul 1.221,0 51.189.306 17,9% 384.313 7.508 Médio 74

Angola 1.246,7 20.820.525 7,3% 114.197 5.485 Baixo 158

Botsuana 581,7 2.003.910 0,7% 14.411 7.191 Médio 30

Lesoto 30,4 2.051.545 0,7% 2.448 1.193 Baixo 155

Madagáscar 587,0 22.293.914 7,8% 9.975 447 Baixo 73

Maláui 108,5 15.906.483 5,6% 4.264 268 Baixo 118

Maurícias 2,0 1.291.456 0,5% 10.492 8.124 Elevado 8

Moçambique 801,6 25.203.395 8,8% 14.588 579 Baixo 123

Namíbia 824,3 2.259.393 0,8% 12.807 5.668 Médio 84

R.D. Congo 2.344,9 65.705.093 23,0% 17.870 272 Baixo 171

Seicheles 0,5 87.785 0,0% 1.032 11.758 Muito Elevado 124

Suazilândia 17,4 1.230.985 0,4% 3.747 3.044 Médio 104

Tanzânia 945,1 47.783.107 16,7% 28.249 609 Baixo 98

Zâmbia 752,6 14.075.099 4,9% 20.678 1.469 Baixo 93

Zimbabué 390,8 13.724.317 4,8% 10.814 788 Baixo 175

Região SADC 9.854,5 285.626.313 100% 649.885 2.2757

5 Dados de 2012

6 Dados de 2012. Dado que o PIB per capita não leva em conta níveis de educação e de saúde como dimensões mais

próximas do desenvolvimento social, considerou-se o índice de Desenvolvimento Humano (IDH), calculado pela ONU/PNUD. Os resultados do IDH variam entre zero (na ausência completa de bem-estar social) e um (pleno desenvolvimento humano). 7 PIB per capita da região = PIB / População Total

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32

A extensão territorial dos países membros oscila entre 0,5 km2 das Seicheles e 2.344,9 km

2 da República

Democrática do Congo, que, além de ser o país com maior extensão territorial, é também o que tem mais

habitantes (65,7 milhões), representando 23% do total da população da região.

Estima-se que a população da SADC ultrapasse os 285 milhões de habitantes (dados de 2012). Desse total,

35,5% vivem em centros urbanos. Importa salientar, no entanto, que o grau de urbanização difere entre os

diversos países que constituem a região. Na África do Sul, a população urbana representa 62,43% do total, no

Botsuana 62,25%, em Angola 59,91%, e nas Seicheles 54,01%. Os menores índices de urbanização

verificam-se no Maláui (15,85%) e na Suazilândia (21,25%).

Economicamente, a região é dominada pela África do Sul – que representa quase 60% do PIB da região –,

seguida de Angola, que representa quase 18%. A economia da África do Sul, abundante em recursos naturais

como o ouro, platina e diamantes, é a maior e mais sofisticada do continente Africano. Com um crescimento

de 2,5% em 2012, a economia Sul-Africana desacelerou face ao ano anterior (3,5%). No entanto, para 2013, o

FMI prevê uma expansão de 3,3%, e para 2014, de 3,4%. Angola, a segunda maior economia da SADC, é um

país rico em recursos naturais e o maior produtor de petróleo daquela região. As receitas deste recurso natural

representam quase ¾ do PIB do país.

Os países que mais cresceram nos últimos 5 anos (2008-2012), foram a Namíbia, a Zâmbia e o Zimbabué,

com taxas de crescimento médias do PIB muito próximas dos 7%. No entanto, os principais impulsionadores

do PIB da SADC em 2012, foram Moçambique (7,40%), Zâmbia (7,32%) e República Democrática do Congo

(7,15%).

Gráfico 1 – Crescimento médio anual países SADC 2008-2012

Fonte: Banco Mundial

Os países que apresentam um PIB per capita em 2012 abaixo da média da região - $2.275 USD - (i.e, Lesoto, Madagáscar, Moçambique, República Democrática do Congo, Zâmbia e Zimbabué), têm revelado um crescimento significativo, denotando alguma convergência regional.

No entanto, a grande maioria dos países da SADC viram a sua posição no ranking do Índice Global de

Competitividade do World Economic Forum cair entre 2008 e 2013, exceção para as Maurícias (que passou de

57º para 45º), resultado dos esforços da agência de promoção de investimento – Enterprise Mauritius – na

desburocratização do país, e na criação de condições de maior atratividade ao investidor externo; Zâmbia (de

112º para 93º; Zimbabué (de 133º para 131º) e Suazilândia (em 2009 era 128º e passou para 126º).

8.91% 7.92% 6.71%

11.23% 10.69%

1.51%

-0.08%

2.14%

10.20% 9.74%

1.64%

5.54% 8.06% 9.01%

25.10%

-30.00%

-20.00%

-10.00%

0.00%

10.00%

20.00%

30.00%

Cre

scim

en

to m

éd

io 0

8-1

2 (

%)

Crescimento médio 08-12 PIB (crescimento, % anual, 2012)

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33

No entanto o desempenho no índice é particularmente relevante, como o demonstra a correlação deste com o crescimento do PIB (confrontar gráfico seguinte). Gráfico 2 - Relacionamento do crescimento do PIB e variação no índice global de competitividade 2008-2013

Fonte: Cálculos PwC com base nos dados do Fórum Económico Mundial

O Lesoto manteve a sua posição no ranking global.

Os restantes EMs da SADC viram o seu posicionamento no ranking cair, como sucedeu com Angola, África do

Sul, Moçambique, Namíbia e Tanzânia, não obstante o crescimento registado ao nível do PIB no mesmo

período.

A manutenção dos índices de crescimento atuais pode estar em crise, caso não sejam adotadas medidas, a

curto e a médio prazo, que sejam valorizadas pelos investidores externos e que permitam trazer maior

competitividade à Economia.

Maláui

Madagáscar

Moçambique

Tanzânia

Zimbabué

Lesoto

Zâmbia

Suazilândia

Angola

Namíbia

Botsuana

A. do Sul

Maurícias Seicheles

-5%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

(20) (15) (10) (5) - 5 10 15 20

Taxa d

e c

rescim

en

to m

éd

ia a

nu

al d

o P

IB 2

008

-2012

Alteração ao Ranking GCI 08-09 e 13-14

Figura 4 - Estimativas de crescimento do PIB em 2014

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Gráfico 3 - Análise do PIB per capita em 2012 de cada um dos países, da taxa de crescimento média do PIB 2008-21012 e do peso do PIB do País no total da SADC

Fonte: Banco Mundial

A análise do gráfico supra compara o crescimento do PIB, a taxa de crescimento média dos últimos 5 anos e a

sua representatividade regional, medida pela dimensão do círculo.

Atendendo aos respetivos critérios de análise, verifica-se que o desempenho da região é influenciado

fundamentalmente por dois países - a África do Sul, com o PIB mais relevante da região (59,14%), seguido de

perto por Angola (17,57%).

A manter-se o ritmo de crescimento médio dos últimos anos associado ao valor do PIB anual, África do Sul

poderá aumentar a sua representatividade económica na SADC. Os países que acompanharam o crescimento

de África do Sul em 2012 e que apresentam um valor de crescimento médio elevado do PIB entre 2008 e

2012, Namíbia e Maurícias, têm uma representatividade de PIB reduzida na economia da Região que não

influenciará o seu desempenho económico.

Angola, apesar de um crescimento médio abaixo de África do Sul, Maurícias e Namíbia entre 2008 e 2012,

apresenta uma variação de PIB no ano de 2012 elevada, a qual terá como consequência uma aproximação

aos níveis de crescimento médio dos países atrás referidos e uma maior influência na economia da região.

A SADC tem vindo a realizar um conjunto de iniciativas com outras comunidades regionais que poderão

potenciar a integração regional entre os países africanos, nomeadamente com a COMESA.

África do Sul

Angola

Botswana

R.D. Congo

Lesoto Madagáscar

Malawi

Maurícias

Moçambique

Namíbia

Seicheles

Swazilândia

Tanzânia Zâmbia

Zimbabwe

2,000

4,000

6,000

8,000

10,000

12,000

14,000

0.00% 1.00% 2.00% 3.00% 4.00% 5.00% 6.00% 7.00% 8.00% 9.00% 10.00%

Δ P

IB 2

012 (

US

$)

Taxa de crescimento média do PIB 2008-2012

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35

1.2.1. SADC e a COMESA

Caraterização e objetivos

O Mercado Comum da África Austral e Oriental (COMESA) surge como resultado das recomendações feitas pela

Comissão Económica para África (órgão das Nações Unidas) no sentido de se formar uma comunidade económica da

áfrica austral e oriental, como meio para facilitar a integração regional.

Atualmente são 19 os Estados Membros que constituem o mercado comum de África Austral e Oriental nomeadamente;

República do Burundi, Cômoros, RDC, Djibuti, Egito, Eritreia, Etiópia, Quénia, Líbia, Madagáscar, Maláui, Maurícias,

Ruanda, Seicheles, Sudão, Suazilândia, Uganda, Zâmbia, Zimbabué. Para além destes países existem 5 Estados que

figuram na lista de estados observadores desde Angola, Moçambique, Namíbia, Tanzânia e Lesoto.

Os objetivos da COMESA são amplos e de longo prazo, tendo, no entanto, sido definidas como prioridade de médio prazo

a “Promoção da Integração Regional através do Comércio e Investimento.”

São objetivos da COMESA:

A criação de uma área livre de comércio que garante a livre circulação de bens e serviços produzidos na região

que integra os países membros e a remoção de todas as tarifas e de barreiras não tarifárias;

A criação de uma união aduaneira, na qual bens e serviços importados de Países não Membros da COMESA

passem a estar sujeitos a uma tarifa única em todos os Estados da COMESA;

Livre circulação de capital e investimento suportada pela adoção de uma área comum de investimento bem como

pela criação de um clima mais favorável ao investimento na região da COMESA;

Criação gradual de uma união de pagamentos baseada na Casa de Compensação da COMESA e a eventual

criação de uma união monetária comum com uma moeda comum; e,

A adoção de regras comuns de acordos de visto, incluindo o direito de estabelecimento conduzindo

eventualmente à livre circulação de pessoas de boa-fé.

A SADC e COMESA – A proposta de “Acordo Tripartido entre a COMESA, SADC e EAC*”

Com o objetivo de aumentar a competitividade, os Estados membros das três Comunidades Económicas Regionais do

Mercado Comum da África Oriental e Austral (COMESA), a Comunidade do Leste Africano (EAC) e a Comunidade para o

Desenvolvimento Africano Austral (SADC), têm vindo a negociar um acordo tripartido, que de acordo com a última versão

proposta, tem como objetivos principais:

Reduzir as tarifas impostas aos produtos originários e comercializados na região;

Eliminar todas as barreiras tarifárias e não-tarifárias no comércio de bens;

Liberalizar o comércio de serviços, facilitar o investimento transfronteiriço e a circulação de empresários;

Harmonizar os procedimentos aduaneiros e adotar medidas de facilitação do comércio;

Reforçar a cooperação no desenvolvimento de infraestruturas;

Estabelecer e promover a cooperação em todas as áreas relacionadas ao comércio entre os Estados-Membros

do Acordo Tripartido;

Estabelecer e manter uma estrutura institucional para a implementação e administração da Área de Livre

Comércio Tripartido e, eventualmente, uma união aduaneira.

O Acordo Tripartido propõe abranger igualmente a harmonização e coordenação de normas industriais e de saúde, o

combate de práticas desleais de comércio e surtos de importação, a liberalização de certos setores de serviços prioritários,

a promoção da agregação do valor de transformação da região.

A futura criação de uma vasta área de comércio livre composta por 26 Estados das três regiões económicas resultaria na

criação do maior mercado Africano, com 26 dos 54 países africanos, integrando as principais economias africanas e com

uma maior capacidade de atrair IDE e produção em larga escala.

* EAC é uma organização intergovernamental regional, que engloba o Burundi, o Quénia, o Ruanda,a Tanzânia e o

Uganda. Os principais objetivos desta organização passam, entre outros, por ampliar e aprofundar a cooperação politica,

económica e social entre os seus EMs, tendo sido criada, em 2005 uma União Aduaneira, e em 2010, um Mercado

Comum.

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36

1.3. As economias da SADC

1.3.1. Angola. O maior produtor de petróleo da região e um dos maiores de África.8

Gráfico 4 - Produto Interno Bruto por setor 2012 – Angola %

Fonte: African Economic Outlook

Energia (*) – Eletricidade, água e gás

Representando 17,57% do PIB da

SADC, Angola possui reservas de

petróleo que no ano de 2011 foram

estimadas em 10.470 milhões de barris,

tendo a produção nesse mesmo ano

sido de 1.618 barris/dia. Contudo, a

elevada importância deste subsetor na

economia poderá acarretar um

enviesamento da estrutura produtiva do

país (“dutch disease”).

Apesar de a produção de diamantes

corresponder apenas a 0,9% do PIB, o

setor não deixa de ter um forte

potencial de crescimento. Aliás, e de

acordo com o Sumário Global de 2009

do Esquema de Certificação do

Processo de Kimberley, Angola é o

quarto maior produtor mundial deste

recurso natural.

Constituindo 21,70% do PIB angolano, e em resultado do aumento do consumo interno e do investimento

privado nos últimos 4 anos, o comércio assume-se como setor essencial, sendo caracterizado por uma forte

preponderância das importações (enquanto a produção nacional não conseguir dar resposta às necessidades

do mercado nacional).

Relativamente ao setor agrícola (10,50%), o Governo tem vindo a apostar na produção nacional através de

várias iniciativas, incluindo:

Programas de incentivos;

Linhas de financiamento;

Forte investimento público;

Campanhas de marketing e de estímulo a comprar nacional.

O Governo pretende também fomentar pólos agroindustriais com o objetivo de criar sinergias entre as

produções agrícolas e pecuárias, o seu processo de transformação, de armazenamento e de logística.

O setor da construção (8,40%) tem vindo a crescer, como resultado de uma forte aposta do Governo na

reconstrução e requalificação das infraestruturas de apoio à produção e à população.

8 Relatório Integrado dos Desenvolvimentos Económicos Recentes na SADC, Banco Nacional de Angola, setembro 2012;

Ministério das Finanças de Angola; BPI - Research Angola julho 2013; Análise BES, 2012; Indicadores de desenvolvimento mundiais, Banco Mundial; BNA

45.30

21.70

10.50

8.40

6.50

7.30 0.10

0.00

10.00

20.00

30.00

40.00

50.00

60.00

70.00

80.00

90.00

100.00

Energia (*)

Outros

Indústria

Construção

Agricultura

Comércio

Ind. Mineira

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

37

Quanto ao setor industrial (6,50%), este é caracterizado pelo elevado nível de importações, o que deverá

conduzir a uma aposta estratégica na produção nacional.

1.3.2. Moçambique. Forte potencial de Gás Natural.9

Representando 2,24% do PIB da SADC,

Moçambique encontra-se localizado numa

zona estratégica, sendo uma porta de

entrada na região, condicionando o acesso

ao mar a muitos dos países da SADC,

nomeadamente: Maláui, Zâmbia e

Zimbabué.

Moçambique apresenta forte potencial de

exploração de carvão, gás natural e

hidroeletricidade. No entanto, não tem

capacidade para explorar eficazmente estes

recursos e servir as necessidades em

eletricidade da sua população. Sabe-se que,

atualmente, apenas 10% da população tem

acesso a eletricidade (2011). Estima-se que

o país exporte 35% da produção total de

energia, maioritariamente para a África do

Sul e para o Zimbabué.10

Apenas 10% da área agrícola

moçambicana (48 milhões de hectares) se

encontra explorada. O país dispõe de

muitas possibilidades em termos de

irrigação, possuindo grandes bacias

hidrográficas que continuam por explorar

(Zambeze, Save, Limpopo). O estado atual

das infraestruturas em nada tem ajudado o

desenvolvimento do setor agrícola do país,

apesar de já estarem perspetivados diversos

investimentos a este nível.

Gráfico 5 - Produto Interno Bruto por setor 2011 – Moçambique %

Fonte: African Economic Outlook

Serv. Financeiros (*) Financeiros, Imobiliário e Serviços de Negócio

A agricultura foi definida, no Orçamento de Estado de 2012, como um setor prioritário, estando-lhe destinado

11,6% do orçamento de despesas totais. O Programa Estratégico para o Desenvolvimento Agrário (PEDSA

2010-2019) preconiza o crescimento acumulado da agricultura em pelo menos 7% ao ano, a duplicação da

produção, a intensificação do repovoamento pecuário, o aumento da capacidade de produção de aves e a boa

gestão dos recursos naturais.

Cumpre notar ainda que Moçambique é um país com grandes potencialidades pesqueiras, devido à sua

localização costeira, com uma extensão de litoral de 2.750 km e uma Zona Económica Exclusiva (“ZEE”) de

586 mil km2 de superfície oceânica, possuindo grande diversidade de recursos de pesca.

Os recursos naturais, especialmente o gás natural, desempenham em Moçambique um papel determinante

para o crescimento da Economia.

A relevância dada à indústria extrativa no Plano Económico e Social para 2013 dá enfoque aos objetivos de

desenvolvimento previstos para a área dos recursos minerais.

9 Análise BES, junho 2013; Relatório Integrado dos Desenvolvimentos Económicos Recentes na SADC - Banco Nacional

de Angola, setembro 2012; CPI Moçambique 10

Grupo do Banco Africano de Desenvolvimento, República de Moçambique: Country Strategy Paper, 2011-2015

30.60

28.00

11.20

8.70

7.30

6.50

4.50 2.70

0.00

10.00

20.00

30.00

40.00

50.00

60.00

70.00

80.00

90.00

100.00

Agricultura

Outros

Admin. pública,saúdee educ.

Construção

Indústria

Transp. e comum.

Serv. Financeiros (*)

Comércio

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

38

De salientar que a dimensão e a qualidade do gás natural descoberto no país justificam o estudo sobre o

desenvolvimento, em larga escala de um projeto de GNL, tendo sido anunciado recentemente um projeto que

irá envolver duas das maiores empresas de prospeção deste recurso. Perspetiva-se a construção de 10

fábricas de processamento de gás natural avaliadas no valor de US$ 50.000 milhões. Assim, Moçambique

poderá vir a tornar-se, em 2018, no segundo maior exportador de gás natural de África, ficando apenas atrás

da Nigéria.

A produção industrial tem crescido a uma taxa média anual acima dos 3% no decurso dos dois últimos anos,

prevendo-se que atinja os 5,8% em 2013. Os setores que manifestam maior potencial de crescimento são o

dos cimentos, o mobiliário e também das indústrias alimentares e bebidas. Um forte investimento no setor do

cimento vai triplicar a capacidade de produção até 2013, atualmente próximo de 1.3 milhões de toneladas

anuais.

Tem-se acentuado o aumento da procura no mercado da construção em Moçambique, estando perspetivados

grandes projetos na indústria extrativa, energia, e transportes. O crescimento económico do país requer

investimentos nas respetivas infraestruturas, desenvolvidas em torno dos três principais corredores logísticos

de Maputo, Beira e Nacala (o corredor de Mtwara fica a norte de Moçambique) que servem, não apenas as

exportações de carvão, mas também o desenvolvimento dos outros setores da economia nacional e a ligação

às regiões do interior.

Apesar do peso ainda diminuto no PIB do país,

cerca de 2% (5% se considerarmos os efeitos

indiretos), o setor do turismo tem vindo a recuperar

o seu potencial, tendo reforçado a capacidade de

alojamento e a qualidade do produto oferecido.

Destacam-se as áreas do país que têm vindo a ser

tidas como potenciais zonas turísticas:

Mapa 1 Corredores de desenvolvimento e potenciais polos de desenvolvimento

Fonte: Perspetivas para os Polos de Crescimento em Moçambique: Sumário do Relatório, FMI

Zona costeira de Matutuine – Maputo;

Parque Nacional do Limpopo – Gaza;

Corredor dos Parques Nacionais de

Banhine, Zinave e Bazaruto-

Inhambane/Gaza;

Reserva de Pomene- Inhambane;

Costa Morrungulo - Inhambane Vilanculos

– Inhambane;

Praia do Tofo – Inhambane;

Arquipélago de Bazaruto – Inhambane;

Cidade de Inhambane;

Parque Nacional de Gorongosa – Sofala;

Reserva de Marromeu- Sofala;

Ilha de Moçambique- Nampula;

Chocas Mar – Nampula;

Pemba - Cabo Delgado;

Ibo - Cabo Delgado;

Lago Niassa- Niassa; e

Reserva do Niassa – Niassa.

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

39

1.3.3. África do Sul. O país com o maior PIB do continente africano.11

Gráfico 6 - Produto Interno Bruto por setor (%) - África do Sul

Fonte: African Economic Outlook

Representando a África do Sul 59,14% do

PIB da SADC, os serviços financeiros e o

imobiliário desempenham, como se

salienta através do gráfico, um papel de

relevo no desenvolvimento do país. O

crescimento do setor deveu-se, em

grande parte, a um aumento da atividade

nos bancos comerciais. De salientar que

a África do Sul dispõe de uma estrutura

financeira sofisticada, sendo a Bolsa de

Valores de Joanesburgo (JSE Limited) a

maior de África.

O Governo Sul-Africano está empenhado

em alcançar os resultados propostos pelo

Plano de Desenvolvimento Nacional,12

contando-se entre estes, melhores

resultados educacionais, a promoção da

saúde da população, adequada

localização e manutenção de

infraestruturas, uma forte rede de

segurança social, a criaçao de um Estado

competente e a aposta na redução dos

níveis de corrupção.

O turismo também se apresenta como um importante setor na sua economia. Também ao nível do emprego,

este setor apresenta uma importância relevante, tendo empregado, em 2011, cerca de 1.200 mil pessoas

(emprego direto e indireto). Em 2011, a África do Sul posicionava-se, no ranking mundial dos destinos

turísticos, em 31º lugar, o 2º destino mais visitado do continente africano (depois de Marrocos).

A indústria extrativa tem um peso preponderante no PIB Sul- Africano. Em 2011, o setor mineiro contribuiu

10% para o PIB do país, estimando-se que, com os efeitos indiretos, esta contribuição ascenda a 20%. O setor

empregou cerca de 520 mil pessoas em 2011, aumentando para 525 mil empregados em 201213

.

Em 2011, a África do Sul foi considerada a 5ª maior produtora de ouro, com uma quota mundial de 6,8% (tem

vindo a reduzir os níveis de extração nos últimos anos) e a 4ª maior produtora de diamantes em valor

(US$), apresentando uma quota mundial de 9,87%.14

A agricultura, ao contrário do que sucede no resto do continente africano, tem um peso diminuto no PIB do

país. No entanto, a África do Sul não deixa de ter uma relevante base agrícola. Neste setor destaca-se o

vinho, ocupando o país, em 2010, o 7º lugar do ranking mundial de produção uma quota mundial de 3,5%.Para

além disso, é considerado o principal produtor de milho na região SADC. Com uma balança agrícola

positiva de (2011/2012), África do Sul apresenta uma estrutura agrícola positiva, realçando a capacidade de

autoabastecimento agrícola15.

11

Relatório Integrado dos Desenvolvimentos Económicos Recentes na SADC - Banco Nacional de Angola, setembro 2012 12

“Banco Nacional de Desenvolvimento 2030: “Our future - make it work”, Capítulo 3: “Economy and employment” 13

Factos sobre a Indústria Mineira da África do Sul – agosto de 2013, Câmara de Minas da África do Sul 14

África do Sul, Junho 2013; Kimberley Process Certification Scheme disponível em: https://kimberleyprocessstatistics.org/ 15

Conclusões com base nos dados da Análise Económica da Agricultura da África do Sul, 2011/2012

21.20

16.30

14.50

13.40

9.80

8.20

6.90

4.50 2.90 2.40

0.00

10.00

20.00

30.00

40.00

50.00

60.00

70.00

80.00

90.00

100.00 Agricultura

Energia (*)

Construção

Outros

Transp. e comum.

Ind. mineira

Indústria

Comércio

Adm. pública, saúde eeducação

Serv. financeiros (*)

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

40

1.3.4. Lesoto, Madagáscar, Maláui, República Democrática do Congo, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué. Regiões de forte orientação agrícola.16

Gráfico 7 - Produto Interno Bruto por setor (%) – Lesoto

Fonte: African Economic Outlook, 2011

Lesoto, Madagáscar, Maláui, República

Democrática do Congo, Tanzânia, Zâmbia e

Zimbabué representam cerca de 13% do PIB

regional e apresentam forte peso da agricultura

na sua economia.

Apesar da relação entre o Lesoto e a África

do Sul ter por várias vezes beneficiado o

Lesoto, discute-se a necessidade de

diversificar a economia do país por forma a

reduzir a dependência deste face à África do

Sul.

O país que contribui com apenas 0,38% para o

PIB da região, tem cerca de 85% da população

residente em áreas rurais.

A economia do país cresceu aproximadamente

4,2% em 2011, impulsionada por uma

recuperação da atividade do setor mineiro (que,

por sua vez, cresceu a uma taxa de 14,5%).

Este setor foi estimulado, por um lado, pela

reabertura de algumas das minas e, por outro,

pela abertura de novas minas.

O setor com maior contribuição no PIB do Lesoto é o setor dos serviços financeiros (19,80%). Apesar deste

setor ser relativamente pequeno e subdesenvolvido, o acesso ao financiamento tem vindo a ser facilitado. A

banca comercial é responsável por 51,3% dos ativos do setor financeiro.17

O setor da indústria é impulsionado, principalmente, pela indústria dos têxteis, motor de crescimento e de

criação de emprego durante a última década (2011).18

No entanto, a competitividade deste setor está

condicionada à elevada concorrência dos produtores asiáticos no mercado americano, após a interrupção das

quotas pelo Acordo Multi-Fibras (AMF).

Com um peso de 1,53% e 0,66% do PIB da SADC, respetivamente, Madagáscar e Maláui apresentam uma

estrutura produtiva semelhante, com forte peso agrícola.

No caso de Madagáscar, este setor apresenta um peso preponderante na sua estrutura produtiva, contribuindo

com 70% das receitas das exportações, e empregando cerca de 80% da população. Contudo, apenas 5% do

terreno é próprio para cultivo. As plantações mais relevantes são o arroz, mandioca, batata-doce, vegetais

frescos, bananas, milho e feijão.19

O setor agrícola, responsável por 31,60% de valor acrescentado para a economia de Maláui, sustenta 85% da

população e contribui com 90% de receitas de exportação. A economia do Maláui depende, em grande

medida, das exportações do tabaco, tendo estas totalizado, em 2010, US$ 585 milhões, representando assim

49% do total das exportações do país.20

16

African Economic Outlook / Relatório Integrado dos Desenvolvimentos Económicos Recentes na SADC - Banco Nacional de Angola, setembro 2012 17

Relatório do País Nr. 12/102 – FMI 18

Reino do Lesoto, Country Strategy Paper 2013-2017, Banco Africano de Desenvolvimento 19

http://www.intracen.org/; http://faostat.fao.org/ 20

Estratégia Nacional de Exportações do Maláui para 2013-2018

19.80

12.80

12.50

11.50

9.10

8.60

7.90

6.70

6.50

4.70

-

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100Energia (*)

Construção

Transp. e comum.

Ind. mineira

Agricultura

Comércio

Outros

Admin. pública,saúde eeduc.

Indústria

Serv. Financeiros (*)

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

41

Gráfico 8 - Produto Interno Bruto por setor (%) - Madagáscar

Gráfico 9 - Produto Interno Bruto por setor (%) - Maláui

Fonte: African Economic Outlook, 2012 Fonte: African Economic Outlook, 2012

Gráfico 10 - Produto Interno Bruto por setor (%) - República Democrática do Congo

Fonte: African Economic Outlook, 2011

Representando 2,75% do PIB da SADC, a

República Democrática do Congo dispõe de

inúmeros recursos naturais, destacando-se os

diamantes, cobalto, cobre, ouro, e nióbio. A

participação de produtos minerais nas exportações

do país atinge cerca de 70%.

O setor agrícola carece de ganhos de

competitividade e de escala, embora não deixe de

ser um setor de grande importância para o país,

tendo contribuído para o seu crescimento nos

últimos anos. A agricultura ocupa a maior parte da

mão-de-obra local.

Tradicionalmente, o país exporta tabaco, madeira,

café, algodão e óleo de palma.

No plano industrial, a República Democrática do

Congo produz têxteis, artigos de limpeza, calçados

e plástico.

1.3.5. Suazilândia e Zimbabué. Economias em transição para a atividade industrial.

Gráfico 11 – Produto Interno Bruto por setor (%) –

28.70

17.60

15.00

13.70

12.30

6.10

4.50

0.00

10.00

20.00

30.00

40.00

50.00

60.00

70.00

80.00

90.00

100.00Construção

Admin. pública,saúdee educ.

Comércio

Indústria

Serv. Financeiros (*)

Transp. e comum.

Agricultura

31.60

23.50

11.80

11.30

7.00

5.60 3.40 2.80

0.00

10.00

20.00

30.00

40.00

50.00

60.00

70.00

80.00

90.00

100.00Indústria

Construção

Outros

Transp. ecomum.

Ind. mineira

Serv. Financeiros(*)

Comércio

Agricultura

23.20

22.20

13.50

12.20

8.40

7.40

7.30

4.70

0.00

10.00

20.00

30.00

40.00

50.00

60.00

70.00

80.00

90.00

100.00

Construção

Serv. Financeiros (*)

Admin. pública,saúde eeduc.

Ind. mineira

Transp. e comum.

Comércio

Agricultura

Indústria

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

42

O setor agrícola é ainda a principal fonte de

rendimento para mais de 70% da população

da Suazilândia, sendo por isso a principal

fonte de subsistência da Economia.21

Entre os

principais produtos exportados encontram-se o

açúcar, o algodão, os produtos enlatados e o

milho.

O setor industrial tem-se tornado mais

diversificado desde meados da década de

1980, e representou cerca de 44% do PIB em

2011.

Ao longo dos últimos anos, a estrutura

económica da Suazilândia tem vindo a alterar-

se, de uma base agrícola para uma base

industrial (43,50%).

Suazilândia

Fonte: African Economic Outlook, 2011

1.3.6. Seicheles. SIDS22 com economia orientada para o Turismo.23

Representado menos de 1% do PIB da

SADC, o turismo pesa fortemente no PIB

das Seicheles, sendo que dos quase 31%

do PIB relativos ao “Comércio”, 20,7%

respeitam à hotelaria e restauração (em

2011).

Gráfico 12 - Produto Interno Bruto por setor 2011 (%) – Seicheles

Fonte: African Economic Outlook, 2011

21

Reino da Suazilândia – Comunidade Europeia, Country Strategy Paper and National Indicative Programme 2008-2013. 22

Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento 23

Fonte: Áfrican Economic Outlook / Relatório Integrado dos Desenvolvimentos Económicos Recentes na SADC - Banco Nacional de Angola, setembro 2012

43.50

21.20

9.90

7.40

7.40

7.20

2.20

0.00

10.00

20.00

30.00

40.00

50.00

60.00

70.00

80.00

90.00

100.00Construção

Serv. Financeiros (*)

Transp. e comum.

Agricultura

Comércio

Admin. pública,saúde eeduc.

Indústria

30.60

28.00

11.20

8.70

7.30

6.50

4.50

0.00

10.00

20.00

30.00

40.00

50.00

60.00

70.00

80.00

90.00

100.00Outros

Admin. pública,saúde eeduc.

Construção

Indústria

Transp. e comum.

Serv. Financeiros (*)

Comércio

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

43

1.3.7. Maurícias. Peso relevante da indústria, mas com motor nos serviços.

Gráfico 13 - Produto Interno Bruto por setor (%) – Maurícias %

Representando menos de 1,61% do PIB

da SADC, um dos setores que mais

impulsionou o crescimento económico

das Maurícias foi o setor dos serviços,

com destaque para o turismo,

transportes, comunicação e serviços

financeiros.

Não obstante, o setor industrial mantém

relevo económico no país, fruto da

estratégia de desenvolvimento de

clusters, zonas francas industriais e de

comércio e da atividade de captação de

IDE.

Acresce ainda a proatividade da agência

de investimento das Maurícias na

promoção das exportações e do país

enquanto destino de IDE, sendo ainda

uma plataforma de investimento em

África.

Fonte: African Economic Outlook, 2012

23.50

18.90

17.60

13.50

9.00

6.30

5.90

3.50

0.00

10.00

20.00

30.00

40.00

50.00

60.00

70.00

80.00

90.00

100.00

Agricultura

Comércio

Serv. Financeiros (*)

Admin. pública,saúde e educ.

Transp. e comum.

Construção

Indústria

Ind.mineira

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

44

1.3.8. Botsuana, Namíbia e Zâmbia. Regiões de forte orientação para a indústria extrativa.24

Gráfico 14 - Produto Interno Bruto por setor (%) – Botsuana

Fonte: African Economic Outlook, 2011

Atendendo à dimensão da economia do

Botsuana, Namíbia e Zâmbia, a análise

conjunta dos seus principais setores permitirá

uma visão mais abrangente e adequada do

seu impacto regional.

Destes países, verifica-se que a indústria

extrativa, em particular, a mineira assume-se

como o setor mais relevante representando

7,5% do PIB da SADC.

Representando 2,22% do PIB da SADC, o

Botsuana tem como pilar da sua economia o

setor diamantífero, o qual responde por

uma parte significativa do PIB, e representa

cerca de 45% das receitas do Governo, e

aproximadamente 70% das receitas de

exportação. Em 2011, o Botsuana produziu

28% do valor global de diamantes, com as

vendas perfazendo US$ 3.900 milhões.

A agricultura no Botsuana desempenha um

papel relevante do ponto de vista social pelo

número de pessoas que dependem deste

setor, apesar da sua reduzida expressão

económica no PIB. Ainda assim, as

condições do país para a prática agrícola não

são as melhores, devido às más condições

do solo e às chuvas irregulares, o que explica

a incapacidade de satisfazer a população a

nível alimentar. Um dos maiores sistemas de

águas insulares do mundo – o Delta do

Okavango – está localizado no Botsuana,

sendo um ponto de importante atração

turística.

Nos próximos anos o crescimento económico

deverá manter-se “robusto”, com os serviços

(hotelaria e serviços aéreos e financeiros) a

responderem por grande parte deste

crescimento.

24

Fontes: African Economic Outlook / Relatório Integrado dos Desenvolvimentos Económicos Recentes na SADC - Banco Nacional de Angola, setembro 2012

26.40

18.70

15.60

13.70

6.30

6.10

5.20

4.70 2.70

0.00

10.00

20.00

30.00

40.00

50.00

60.00

70.00

80.00

90.00

100.00

Agricultura

Outros

Transp. e comum.

Indústria

Construção

Serv. Financeiros (*)

Comércio

Admin. pública,saúdee educ.

Ind. mineira

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

45

Equivalendo a 1,97% do PIB da SADC, a

Namíbia tem na base da sua economia a

extração e processamento de minerais,

representando o setor mineiro cerca de 20%

do PIB do país.

Mais de metade da população da Namíbia

depende da agricultura para a sua

subsistência. Apesar do peso relativo do

setor dos serviços financeiros ser relevante

para a economia (28,70%), este apresenta

um conjunto de fraquezas passíveis de se

transformar em oportunidades: mercado

financeiro superficial, concorrência limitada,

sistema de proteção financeira limitado,

mercado de capitais subdesenvolvido,

ineficiente e inadequada regulação, acesso

limitado aos serviços financeiros, iliteracia e

falta de proteção ao consumidor; falta de

competências de gestão financeira, e

domínio de capital estrangeiro na prestação

de serviços financeiros.

Gráfico 15 - Produto Interno Bruto por setor (%) – Namíbia

Fonte: African Economic Outlook, 2011

Gráfico 16 - Produto Interno Bruto por setor (%) – Zâmbia

Fonte: African Economic Outlook, 2012

Representando 3,18% do PIB da SADC, a

Zâmbia, 4º maior produtor mundial de cobre,

é um país rico em vários minerais: cobalto,

ouro e diversas pedras preciosas. A indústria

extrativa representa uma grande parte das

exportações de mercadorias do país.

Outros setores relevantes na economia do

país são a agricultura (19,10%), o comércio

(16,20%) e os serviços financeiros (13,70%).

Contam-se, entre os produtos exportados, os

têxteis, os materiais de construção, os

alimentos processados e os produtos

animais e de couro.

Nos últimos anos, o país tem vindo a crescer

economicamente, devido, em grande

medida, às políticas económicas ponderadas

do Governo, visando melhorar e diversificar

a competitividade da Economia.

28.70

14.80

13.50

11.30

10.60

7.90

5.50

3.90 3.10

0.00

10.00

20.00

30.00

40.00

50.00

60.00

70.00

80.00

90.00

100.00

Energia (*)

Construção

Outros

Agricultura

Ind. mineira

Comércio

Indústria

Transp. e comum.

Serv. Financeiros (*)

27.50

19.10

16.20

13.70

8.60

3.80 3.70 2.90 2.30

0.00

10.00

20.00

30.00

40.00

50.00

60.00

70.00

80.00

90.00

100.00Admin. pública,saúdee educ.

Energia (*)

Transp. e comum.

Outros

Indústria

Serv. Financeiros (*)

Comércio

Agricultura

Construção

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

46

1.4. Trocas comerciais na SADC

1.4.1. Complementaridade das Economias

A intensificação das trocas exige a complementaridade industrial das economias, implicando níveis de

especialização diferenciados. O baixo nível de industrialização das economias da região reduz essa

possibilidade, que, no entanto, poderá ser estimulada pelo desenvolvimento económico e pelo esforço de

diversificação das economias - uma aspiração de muitos países da região.

Tabela 2 - TCI (Trade Complementary Index) intra-SADC

25

País Exportador

AO

26 BW

27 CG

28 LS

29 MG

30 MW

31 MU

32 MZ

33 NA

34 SC

35 ZA

36 SZ

37 TZ

38 ZM

39 ZW

40

País

im

po

rtad

or

AO - 2 0 0 0 0 1 0 0 1 53 0 50 50 50

BW 27 - 29 29 23 30 25 31 38 29 16 31 64 67 67

CG 15 20 - 9 10 13 14 19 16 16 14 10 59 63 58

LS 42 44 42 - 52 44 47 43 43 43 44 44 71 71 71

MG 23 32 26 28 - 33 23 30 31 25 22 32 65 61 64

MU 20 22 14 25 26 - 22 24 25 25 12 29 59 58 65

MUS 19 20 17 29 44 21 - 21 27 28 9 30 58 59 62

MZ 16 34 18 25 18 25 13 - 21 14 34 30 64 57 64

NA 39 34 27 40 29 35 39 36 - 40 10 37 64 66 67

SC 10 21 15 15 13 18 9 15 15 - 15 18 61 55 58

ZA 58 54 62 53 51 58 45 77 65 55 - 58 80 81 86

SZ 14 9 12 11 9 10 15 13 12 12 3 - 55 55 56

TZ 27 32 28 34 28 41 23 33 34 29 17 35 64 64 69

ZM 22 28 28 31 31 40 23 31 31 29 18 31 - - 70

ZW 24 30 20 30 23 33 24 28 28 25 19 30 62 60 -

Fonte: Cálculo realizado pela PwC com base nos dados do UNCTAD, UNCTADstat

25

O Trade Complementary Index (TCI – Indice de Complementaridade de Comércio) é um indicador utilizado para medir a compatibilidade do perfil comercial, através da comparação das estruturas de exportação e de importação entre países. Índices mais elevados revelam potenciais de complementaridade superiores e maior correspondência entra a estrutura de exportações/importações dos 2 países. TCI nulo é sinónimo de não complementaridade. 26

Angola 27

Botsuana 28

República Democrática do Congo 29

Lesoto 30

Madagáscar 31

Maláui 32

Maurícias 33

Moçambique 34

Namíbia 35

Seicheles 36

África do Sul 37

Suazilândia 38

Tanzânia 39

Zâmbia 40

Zimbabué

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47

O nível de complementaridade na SADC é reduzido, havendo no entanto maior complementaridade entre a

África do Sul enquanto importador de um vasto conjunto de países, dos quais se destacam o Zimbabué (86

pts), a Zâmbia (81 pts), a Tanzânia (80 pts) e Moçambique (77 pts).

Em termos de complementaridade enquanto país exportador, o Zimbabué apresenta um maior nível de

complementaridade com 6 países do bloco, o Botsuana (67 pts), o Lesoto (71 pts), a Namíbia (67 pts), África

do Sul (86 pts), Tanzânia (69 pts) e Zâmbia (70 pts).

É notória a importância da África do Sul no bloco e a capacidade de absorção das exportações de um

alargado conjunto de países atendendo à sua estrutura de importações, e em concreto de Moçambique.

1.4.2. Comércio intrarregional

A SADC regista o 3º maior valor mundial de trocas intrarregião, medido pelo rácio de exportações sobre o PIB,

dos espaços de integração económica analisados, cujo nível de integração é liderado pela União Europeia

(“UE”) e seguido pela ASEAN, o que indicia um nível de integração relevante, tendo em consideração o nível

de desenvolvimento da região e o facto das trocas informais nestas regiões poderem representar o dobro das

registadas.

Tabela 3 - Comunidades económicas regionais em perspetiva (2012)

Indicador SADC União Europeia

CPLP CEEAC Mercosul CEDEAO ASEAN

Exportações intrarregião

(milhões US$, 2012) 27.153 3.630.191 16.283 1.111 67.343 11.667 324.184

Exportações intrarregião

(% no PIB da região, 2012)

4,09% 21,90% 0,62% 0,47% 2,10% 2,86% 13,90%

Exportações intrarregião

(% das exportações mundiais, 2012)

0,15% 19,87% 0,09% 0,01% 0,37% 0,06% 1,77%

Crescimento anual médio das exportações

intrarregião (2008-2012)

6,66% -2,17% 8,12% 3,43% 4,50% 4,27% 6,65%

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

Acresce que a dinâmica de crescimento é a mais acentuada das regiões analisadas. Importa no entanto,

referir que os produtos petrolíferos assumem especial relevo nas trocas comerciais, estimando-se que possam

representar 20% do total das exportações intrarregião.

As exportações intra-SADC só representam 8,86% do total das exportações da região

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48

Gráfico 17 - Evolução do comércio intra-SADC vs. Evolução do PIB da região

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

A dimensão, estrutura, localização das economias e acordos prévios determinam o fluxo atual de trocas

comerciais.

A análise do peso das exportações vs. importações intrarregião revela que 4 países representem cerca de

52% das importações intrarregionais: África do Sul, Botsuana, Namíbia e Zâmbia, conjuntamente, demonstram

um elevado nível de integração económica regional.

Angola, apesar de apresentar um elevado índice de exportações regionais, tem um valor reduzido de

importações. Este indicador é característico de uma economia protecionista ou de uma baixa

complementaridade entre as necessidades dos países e a capacidade de exportação dos demais países da

região da SADC.

No polo oposto, Botsuana, Namíbia e Zâmbia, apesar de apresentarem índices de importações regionais mais

elevados que os demais países, têm valores de exportação reduzidos (quando comparando com as

exportações). Este indicador é característico de economias menos protecionistas ou de um maior grau de

complementaridade regional. Para mais informações sobre o grau de complementaridade verificar a análise

realizada adiante em ponto autónomo.

Gráfico 18 - Peso das exportações/importações intra-SADC no total da região

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

20,980 19,444

22,344 25,882 27,153

472,620 469,077

572,817

658,562 663,724

0

100,000

200,000

300,000

400,000

500,000

600,000

700,000

0

5,000

10,000

15,000

20,000

25,000

30,000

2008 2009 2010 2011 2012

PIB

a p

reço

s c

orr

en

tes (

mil

es U

S$)

Imp

ort

açõ

es;

Exp

ort

açõ

es (

Mil

es U

S$)

Exportações (milhões US$) PIB (milhões US$)

África do Sul

Angola

Zâmbia

Zimbabué

Namíbia

Moçambique

Tanzânia

Botsuana

Maurícias

Maláui

Madagáscar

Rep. Dem. Congo

Seicheles

Lesoto

0%

2%

4%

6%

8%

10%

12%

14%

16%

18%

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45%

Imp

ort

açõ

es in

tra-S

AD

C (

%n

o t

ota

l d

as im

po

rtaçõ

es in

tra-S

AD

C)

Exportações intra-SADC (%no total das exportações da SADC)

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49

De referir que apenas a África do Sul, Angola e Tanzânia (embora em menor grau) apresentam balanças

comerciais intra-regionais positivas, sendo a República Democrática do Congo e o Lesoto aquelas que

apresentam balanças comerciais proporcionalmente mais deficitárias.

Importa igualmente compreender, atendendo às características dos vários mercados, quais os produtos

transacionados intra-SADC e, consequentemente, aqueles que revelam menos obstáculos à exportação.

Produtos transacionados intra-SADC

Gráfico 19 - Produtos transacionados intra-SADC (2012)

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

1.4.3. África do Sul e Angola. Os países com maior intensidade comercial na região

A África do Sul, a economia mais desenvolvida da SADC, mantém vínculos comerciais com quase todos os

países-membros da SADC e possui uma grande diversidade de produtos exportados, sendo de destacar os

seguintes: petróleo refinado (6%), veículos de transporte de mercadorias (5%) e máquinas e equipamentos

para a construção civil (3%).

Da análise dos mercados de destino dos produtos exportados verifica-se uma dispersão das exportações de

petróleo refinado pelos vários países da SADC, e uma concentração das exportações com um maior volume

para seis países: Zâmbia (19%), Moçambique (18%), Zimbabué (18%), Botswana (12%), Angola (10%) e Rep.

Dem. Congo (10%).

35%

17% 14%

9%

8%

6%

4% 3% 3%

Combustíveis minerais,lubrificantes e materiaisrelacionadosMaquinaria e equipamentos detransporte

Bens manufaturados

Alimentos e animais vivos

Químicos e produtos relacionados

Outros artigos manufaturados

Matérias-primas (excetocombustíveis)

Commodities e transações n.e.

Bebidas e tabaco

As principais trocas assentam

em matérias-primas, produtos

petrolíferos, nos quais a região é

abundante, produtos

agroalimentares para satisfazer

a procura decorrente do

aumento populacional, assim

como do aumento do poder de

compra, e em equipamento de

transporte.

Os produtos manufaturados têm

ainda uma baixa

representatividade, quando

comparado com as regiões

económicas mais desenvolvidas,

o que representa uma

oportunidade para os países que

acelerem a sua industrialização.

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50

Figura 5 - Principais exportações de África do Sul intra-SADC, por produto

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

As principais exportações para estes seis países totalizaram em 2012 um montante superior a 4 mil milhões de

USD, sendo as exportações de maquinarias e equipamentos de transportes responsáveis por cerca de 49%

das principais exportações, num total de 1.9 mil milhões de USD exportados.

Angola tem um peso substancial nas trocas intra-SADC (25%), mas concentrando-se apenas num produto – o

petróleo (99% do total das exportações de Angola para a SADC) com destino a África do Sul.

África do Sul 43% das exportações intra-SADC

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51

Figura 6 - Principais exportações de Angola intra-SADC, por produto

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2010 e 2012

O incremento e diversificação da base industrial, beneficiando de um mercado interno, poderão gerar uma

base de produção para as economias vizinhas, muito embora existam um conjunto de fatores críticos que,

entre outros, terão de ser ultrapassados:

Concorrência da África do Sul;

Crescimento da capacidade industrial;

Capacitação de quadros técnicos;

Adesão a instrumentos regionais de facilitação de transporte de mercadorias;

Compatibilização e futura harmonização aduaneira;

Adesão a instrumentos de harmonização fiscal;

Adesão à estratégia de integração regional da SADC.

Angola 25% das trocas intra-SADC

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52

1.5. Comércio extrarregional

1.5.1. Principais parceiros comerciais da SADC

A SADC tem historicamente apresentado uma Balança Comercial negativa em cerca de USD 8 mil

milhões (cerca de 1,2% do PIB da região), excetuando em 2011, ano em que as exportações

superaram marginalmente as importações.

Importações

A SADC importa maioritariamente de países industrializados (China, países membros da EU, Japão e Índia).

Nota-se que a China foi o único país que conseguiu aumentar significativamente a sua importância relativa nas

importações do bloco, em parte pela sua crescente necessidade de recursos naturais, dos quais se destaca,

entre outros, o petróleo.

A importação de petróleo do bloco resulta em grande medida das necessidades de África do Sul que, além das

importações de Angola, importa petróleo dos Emirados Árabes Unidos e Nigéria. Aliás, Angola encontra-se no

terceiro lugar das importações de petróleo de África do Sul, apesar de ter capacidade de produzir petróleo

suficiente para suprir a totalidade das necessidades deste país.

Entre 2008 e 2012, assistiu-se a um crescimento do nível das importações para a região, a ritmo anual de

5,72%.

Gráfico 20 - Evolução das importações da SADC e principais países de destino

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat; Centro de Comércio Internacional, 2008-2012

Numa análise global, o aumento das importações demonstra um crescimento contínuo e consistente das

economias emergentes, como é o caso da China e da Índia, com forte presença na região e em todo o

continente Africano. Por outro lado, nos principais produtos importados pelo bloco, pode verificar-se uma certa

estagnação na importância dos países europeus, dos EUA e do Japão.

11% 12% 13% 14% 17%

9% 9% 9% 8% 8% 5% 4% 5% 6% 6% 4% 4%

4% 4% 5%

4% 3% 4% 3%

3% 4% 4%

3% 3% 3%

1% 2% 2% 2%

3%

3% 3% 2% 2%

3%

2% 3% 2% 2%

3%

2% 2% 2% 2%

2%

2% 2% 2% 2%

2%

3% 3% 2% 2%

2%

171.955

140.592

162.756

205.792 214.824

-

50,000

100,000

150,000

200,000

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

2008 2009 2010 2011 2012

Imp

ort

açõ

es (

mil

es U

S$)

Peso

nas im

po

rtaçõ

es d

a S

AD

C

China Alemanha Índia Reino Unido Japão

França Gana Portugal Países Baixos Bélgica

Tailândia Brasil Importações

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53

Importações da SADC – Top produtos

Gráfico 21 – Importações da SADC - Top produtos, 2012

Relativamente aos produtos, destacam-se as importações de maquinaria e equipamentos de transporte,

representando cerca de 33% das importações totais da região. Em segundo lugar surgem as importações de

combustíveis minerais, lubrificantes e materiais relacionados com um peso de 18%, dada a inexistência de

capacidade instalada na refinação de petróleo na região.

33%

18% 15%

11%

9%

8%

3% 2% Maquinaria e equipamentos detransporte

Combustíveis minerais, lubrificantes emateriais relacionados

Bens manufaturados

Químicos e produtos relacionados

Alimentos e animais vivos

Outros artigos manufaturados

Matérias-primas (exceto combustíveis)

Óleos vegetais e animais, gorduras eceras

Do total dos produtos importados pela SADC no montante de US$ 216 mil milhões identificamos

de seguida, por ordem decrescente, os 50 principais produtos que representam 55% das

importações, no montante de cerca US$ 119.9 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão

representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Óleos brutos de petróleo, óleos de xistos, materiais em bruto; Óleos de petróleo ou de minerais

betuminosos> óleo de 70%; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Equipamento de

telecomunicação; Máquinas para a construção civil; Veículos a motor para transporte de

mercadorias; Pérolas, pedras preciosas e semipreciosas; Medicamentos (incluindo medicamentos

veterinários); Máquinas de processamento de dados; Outras máquinas e aparelhos para as

indústrias particulares; Peças e acessórios dos veículos; Fertilizantes; Máquinas e aparelhos

elétricos; Geradores; Mobiliário e peças; Outras carnes e miudezas comestíveis; Aparelho para

circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Equipamento mecânico

manuseio; Aparelhos de medição, análise e controle; Metais comuns; Calçado; Aeronaves e

equipamentos associados; Tubos e perfis ocos de ferro e aço; Artigos plásticos; Bombas

compressoras de gás e ventiladores; Equipamentos de aquecimento e refrigeração; Bebidas

alcoólicas; Minérios de cobre, outros; Produtos diversos da indústria química; Arroz; Trigo e centeio

em grão; Papel e cartão; Barras de ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Gorduras vegetais e

óleos; Peças, acessórios para máquinas; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Gorduras

vegetais e óleos refinados; Automóveis; Aparelhos para canalizações, caldeiras, reservatórios,

cubas; Equipamento para distribuição de energia elétrica; Máquinas e ferramentas, Equipamentos

domésticos elétricos; Turbinas a vapor e componentes; Motores de pistão de combustão interna

e peças; Embarcações; Sabonetes, produtos de limpeza e de polimento; Cobre; Elementos químicos

inorgânicos, óxidos e sais de halogéneo; Materiais de construção.

Fonte: UNCTADStat, dados 2012

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54

Importações SADC da China e da Alemanha

Gráfico 22 - Importações SADC da China

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Gráfico 23 - Importações SADC da Alemanha

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Nas importações de maquinaria e equipamento de

transporte vindas da China, são de destacar as

importações de máquinas automáticas para

processamento de dados, equipamentos de

telecomunicações e calçado.

Este facto resulta da política explícita do Governo

chinês, que troca petróleo por bens e

infraestruturas.

Note-se que a China posiciona-se como um

concorrente de muitos produtos que formam a base

da estrutura industrial portuguesa.

Da Alemanha os grandes fluxos de importação

referem-se a veículos de transporte de pessoas,

turbinas de vapor e partes e acessórios para veículos

automóveis.

45%

23%

21%

8% 3%

Maquinaria e equipamentos de transporte

Bens manufaturados

Outros artigos manufaturados

Químicos e produtos relacionados

Alimentos e animais vivos

59%

14%

13%

7% 4%

Maquinaria e equipamentos de transporte

Químicos e produtos relacionados

Bens manufaturados

Outros artigos manufaturados

Alimentos e animais vivos

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55

Importações SADC dos EUA e da Índia

Gráfico 24 - Importações SADC dos EUA

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Gráfico 25 - Importações SADC da Índia

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Os Estados Unidos da América também apresentam

um peso significativo nas importações da SADC de

veículos (para transporte de pessoas e de

mercadorias), assim como de máquinas e

equipamentos de engenharia civil.

Da Índia são importados veículos de transporte de

passageiros, embora pesem mais os óleos de petróleo

ou de minerais betuminosos (> 70%) e as importações

de medicamentos (incluindo medicamentos

veterinários).

A Índia, apesar de não ser um importante produtor de

petróleo, aproveita a sua capacidade excedentária de

refinação para se posicionar como um fornecedor de

combustíveis beneficiando, deste modo, as suas

exportações para o bloco.

52%

13%

10%

9%

9% 4%

Maquinaria e equipamentos de transporte

Químicos e produtos relacionados

Bens manufaturados

Alimentos e animais vivos

Outros artigos manufaturados

Combustíveis minerais, lubrificantes emateriais relacionados

34%

23%

18%

13%

7% 5%

Combustíveis minerais, lubrificantes emateriais relacionados

Maquinaria e equipamentos de transporte

Químicos e produtos relacionados

Bens manufaturados

Alimentos e animais vivos

Outros artigos manufaturados

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56

Importações SADC do Reino Unido

Gráfico 26 - Importações SADC do Reino Unido

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Relativamente ao Reino Unido, são de

destacar as importações de óleos brutos

de petróleo, óleos de minerais

betuminosos, crude, artigos de cerâmica

e veículos de transporte de pessoas.

Note-se que a proximidade cultural do

Reino Unido é explorada, em produtos

menos complexos, permitindo-lhe

posicionar-se como um sério concorrente

de muitos produtos que formam a base

da estrutura industrial portuguesa.

44%

23%

10%

9%

5% 5%

Maquinaria e equipamentos de transporte

Bens manufaturados

Químicos e produtos relacionados

Outros artigos manufaturados

Combustíveis minerais, lubrificantes emateriais relacionados

Bebidas e tabaco

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57

Exportações da SADC – Top produtos

Exportações

Os principais destinos das exportações dos países da SADC são a China, os EUA, a Índia e o Reino Unido,

representando cerca de 54% do total das exportações da SADC em 2012.

Gráfico 27 – Evolução das exportações da SADC e principais países de destino, 2008-2012

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat; Centro Internacional de Comércio, 2008-2012

Gráfico 28 – Exportações da SADC - Top produtos, 2012

Fonte: International Trade Centre

As exportações dos EM da SADC são maioritariamente matérias-primas, com especial relevo para o petróleo e

seus derivados, diamantes, minérios e cobre, denotando assim a elevada importância que as indústrias ligadas

à extração mineira ou petrolífera têm nos países da região.

Pela natureza das exportações (matérias-primas), os principais destinos analisados individualmente continuam

a ser os países com elevada produção industrial. Assim, boa parte do petróleo exportado pelos países da

SADC tem como destino a China, os EUA, a Índia e Taiwan.

17% 20% 25% 27% 28%

16% 13% 13% 11% 10% 4% 7% 7% 7% 8% 6% 5% 5% 4% 8%

5% 4% 4% 4%

4% 5% 5%

4% 4% 4%

171,049

131,156

170,444

206,740 206,868

-

50,000

100,000

150,000

200,000

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

2008 2009 2010 2011 2012

Exp

ort

açõ

es (

mil

es U

S$)

Peso

nas e

xp

ort

açõ

es t

ota

is d

a S

AD

C

China EUA Índia

Reino Unido Japão Alemanha

Taipé Chinesa Hong Kong, China Exportações

40%

21%

14%

8%

5%

4% 4% 2% 2%

Combustíveis minerais, lubrificantes e materiaisrelacionados

Bens manufaturados

Matérias-primas (exceto combustíveis)

Maquinaria e equipamentos de transporte

Alimentos e animais vivos

Commodities e transações n.e.

Químicos e produtos relacionados

Outros artigos manufaturados

Bebidas e tabaco Angola representa 85%

das exportações de

combustíveis da SADC

As exportações da

SADC cresceram, em

média, 17% por ano,

desde 2009

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

58

Gráfico 29 - Exportações SADC para a China

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Gráfico 30 - Exportações SADC para os EUA

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Gráfico 31 - Exportações SADC para a Índia

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Gráfico 32 - Exportações SADC para o Reino Unido

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

58% 24%

10%

2% 2%

2%

Matérias-primas (exceto combustíveis)

Bens manufaturados

Combustíveis minerais, lubrificantes e materiaisrelacionados

Químicos e produtos relacionados

Bebidas e tabaco

Maquinaria e equipamentos de transporte

72%

11%

7%

4% 3%

2%

Combustíveis minerais, lubrificantes e materiaisrelacionados

Bens manufaturados

Maquinaria e equipamentos de transporte

Outros artigos manufaturados

Matérias-primas (exceto combustíveis)

Químicos e produtos relacionados

79%

11%

4% 2% 2%

Combustíveis minerais, lubrificantes e materiaisrelacionados

Commodities e transações n.e.

Matérias-primas (exceto combustíveis)

Bens manufaturados

Alimentos e animais vivos

49%

25%

8%

5%

5% 3% 3%

Bens manufaturados

Combustíveis minerais, lubrificantes e materiaisrelacionadosAlimentos e animais vivos

Matérias-primas (exceto combustíveis)

Maquinaria e equipamentos de transporte

Outros artigos manufaturados

Commodities e transações n.e.

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

59

1.5.2. Trocas comerciais entre a CPLP e a SADC

Importações

Analisando a relação comercial na vertente das trocas comerciais da SADC com os países pertencentes à CPLP,

começando pelas importações, apenas Portugal e Brasil apresentam níveis significativos no contexto global. Portugal

merece especial destaque pelo aumento do volume de exportações para a SADC (crescimento médio anual de 21%, entre

2008 e 2012).

Gráfico 33 - Importações da SADC aos países da CPLP (valor e crescimento médio)

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

Figura 7 - Principais destinos das exportações portuguesas para a SADC

Fonte: Centro de Comércio Internacional, 2012

3,895 3,298 2,620 3,357 4,317

3,883 4,527

3,135

4,468

8,187 4.52% 5.57%

3.54%

3.80%

5.82%

-

2,000

4,000

6,000

8,000

10,000

12,000

14,000

2008 2009 2010 2011 2012

Imp

ort

açõ

es (

mil

es U

S$)

Brasil Portugal

Angola é o principal

parceiro comercial

de Portugal dentro

da SADC,

absorvendo 87% das

exportações

portuguesas para

este mercado

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

60

Gráfico 34 - Importações SADC a Portugal

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Quando observados os principais grupos de produtos

exportados por Portugal para a SADC, os que

apresentam maior peso são a maquinaria, o

equipamento de transporte e os bens manufaturados.

Se analisarmos cada um dos países da CPLP que

integram a SADC são de destacar os seguintes

produtos exportados por Portugal:

- Angola: bebidas alcoólicas; estruturas e partes de

estruturas de ferro, aço ou alumínio e móveis e suas

partes, cujo principal destino é Angola.

- Moçambique: máquinas e aparelhos, metais comuns,

veículos e outros materiais de transporte, produtos

alimentares, pastas celulósicas e papel e químicos, para

Moçambique.

Importações SADC do Brasil

Figura 8 - Principais destinos das exportações brasileiras para a SADC

30%

23% 15%

10%

10%

8% 2%

Maquinaria e equipamentos de transporte

Bens manufaturados

Outros artigos manufaturados

Alimentos e animais vivos

Bebidas e tabaco

Químicos e produtos relacionados

Óleos vegetais e animais, gorduras e ceras

A África do Sul é o país da SADC que mais importa produtos oriundos do Brasil, seguido de Angola

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

61

O Brasil apresenta uma forte exportação de

alimentos para a SADC. São de destacar as “outras

carnes e miudezas comestíveis” com elevado envio

para Angola e para África do Sul, assim como os

açúcares, melaço e mel, com presença forte em

Angola.

As exportações de móveis e peças de mobiliário

apresentam também um valor relevante, tendo como

principal destino, dentro da SADC, Angola.

O Brasil apresenta uma base mais diversificada de

exportação, com competências para exportar para a

África do Sul (pese embora a base de produtos

corresponder a bens do setor primário).

O peso de Moçambique nas importações do Brasil é

diminuto.

Gráfico 35 - Importações SADC do Brasil

Exportações

A CPLP é responsável somente por cerca de 3,3% das exportações da SADC, sendo que apenas Portugal e Brasil apresentam valores dignos de registo.

Gráfico 36 - Exportações da SADC para a CPLP (valor e crescimento médio)

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2008-2012

Portugal tem vindo a aumentar a sua importância no seio da SADC, nomeadamente através da crescente

importação dos produtos da SADC. Entre 2008 e 2012, Portugal aumentou a sua quota nas exportações da

SADC de 0,68% para 2,81%.

49%

21%

10%

7%

5% 4%

Alimentos e animais vivos

Maquinaria e equipamentos de transporte

Bens manufaturados

Outros artigos manufaturados

Químicos e produtos relacionados

Matérias-primas (exceto combustíveis)

1,160 692 1,094

1,980

5,808 2,716

528

1,209

1,392

992

2.27%

0.93%

1.35%

1.63%

3.29%

-

1,000

2,000

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5,000

6,000

7,000

8,000

2008 2009 2010 2011 2012

Exp

ort

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mil

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S$)

Portugal Brasil

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

62

O Brasil surge como o 2º país da CPLP, não pertencente ao bloco, em termos de destino das exportações dos

países membros da SADC, representando cerca de 0,48% das exportações da zona.

Exportações SADC para Portugal e para o Brasil

Gráfico 37 - Exportações SADC para Portugal

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Gráfico 38 - Exportações SADC para o Brasil

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Enquanto Portugal importa quase exclusivamente combustíveis da SADC, o Brasil importa também químicos e

outros bens manufaturados, bem como alguma maquinaria.

93%

4%

Combustíveis minerais, lubrificantes e materiaisrelacionados

Alimentos e animais vivos

32%

27%

25%

8%

5%

Químicos e produtos relacionados

Bens manufaturados

Combustíveis minerais, lubrificantes e materiaisrelacionados

Maquinaria e equipamentos de transporte

Matérias-primas (exceto combustíveis)

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

63

1.6. Investimento direto estrangeiro na SADC

A SADC tem vindo a registar desde 2008 uma tendência de abrandamento na sua competitividade para

captação de investimento direto estrangeiro, nomeadamamente pela diminuição do capital investido na região

que em 2008 registava um volume de US$ 18 mil milhões e em 2012 somente de cerca de US$ 11 mil

milhões. Os países da SADC que mais captaram IDE em 2012 foram Moçambique, África do Sul e a Rep.

Democrática do Congo.

Relativamente ao aumento do investimento da região no exterior (Outward) este tem vindo a aumentar

exponencialmente desde 2008, tendo atingido em 2012 cerca de US$ 7.8 mil milhões.

Gráfico 39 - IDE na SADC - inward e outward, 2008-2012

Com exeção de Angola, Moçambique, África do Sul e a Rep. Democrática do Congo, os fluxos de IDE nos demais países da região têm-se apresentado heterogéneos. Países como o Botsuana, o Lesoto, Madagáscar, Maláui, Namíbia, Seicheles, Suazilândia e Zimbabué têm-se apresentado pouco atrativos ao investidor estrangeiro, seja pela sua dimensão, seja pela sua estrutura produtiva.

Tabela 4 - Investimento Direto Estrangeiro nos países-membros da SADC – inward (milhões US$)

País 2008 2009 2010 2011 2012

Angola 1.679 2.205 (3.227) (3.024) (6.898)

Botsuana 521 129 (6) 414 293

Rep. Dem. Congo 1.727 664 2.939 1.687 3.312

Lesoto 112 100 114 132 172

Madagáscar 1.169 1.066 808 810 895

Maláui 195 49 97 129 129

18,714

13,177

8,198

12,865 11,788

(514)

1,509 2,591

2,080

7,841

(5,000)

-

5,000

10,000

15,000

20,000

2008 2009 2010 2011 2012

Mil

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Inward Outward

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

64

País 2008 2009 2010 2011 2012

Maurícias 383 248 430 273 361

Moçambique 592 893 1.018 2.663 5.218

Namíbia 720 522 793 816 357

Seicheles 130 118 160 144 114

África do Sul 9.006 5.365 1.228 6.004 4.572

Suazilândia 106 66 136 93 90

Tanzânia 1.383 953 1.813 1.229 1.706

Zâmbia 939 695 1.729 1.108 1.066

Zimbabué 52 105 166 387 400

SADC 18.714 13.177 8.198 12.865 11.788

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

Nos últimos 2 a 3 anos registou-se um forte aumento da atratividade de Moçambique como destino de IDE,

muito tendo contribuído os projetos associados ao potencial de desenvolvimento da exploração de LNG – Gás

Natural.

A Tanzânia e a República Democrática do Congo viram igualmente os fluxos de IDE serem reforçados em

2012.

Por outro lado, verificou-se também uma diminuição dos fluxos de IDE para a África do Sul com uma queda

de 24 por cento para US$ 4,6 milhões.

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

65

1.7. SADC. Oportunidades de investimento na modernização da agricultura e do tecido industrial

A SADC constitui uma geografia de oportunidade de IDE, na contribuição para o seu desenvolvimento,

agregando cerca de US$ 650 mil milhões de PIB e mais de 285 milhões de habitantes.

Os planos de desenvolvimento e reforço de integração gerarão a prazo oportunidades de modernização

económica da região e intensificação de trocas comerciais, a par de um incremento do tecido industrial com

potencial exportador, os quais poderão ser impulsionados pela concretização das ZCL e dos instrumentos para

o desenvolvimento de setores industriais competitivos a nível global, a que não ficará alheia a modernização e

maior integração do mercado de capitais e do sistema financeiro.

De fato, presentemente as importações de maquinaria, combustíveis, bens manufaturados e químicos

constituem cerca de 75% das importações da SADC, como resultado da incapacidade de refinação dos países

produtores de petróleo (Angola em particular) e da menor industrialização das economias, em particular as de

menor dimensão. As importações de fora da SADC têm origem na sua maioria da China, EUA, Alemanha e

Reino Unido, excetuando o que respeita a combustíveis que são exportados a partir da Índia e também de

Angola (por refinar).

Aliás, em termos de balança comercial, desde o final da década de 90, o desempenho económico e a balança

comercial dos países da SADC encontram-se altamente correlacionados com o crescimento da economia

chinesa. Por outro lado, verificou-se um declínio das relações comerciais relativas com os EUA, deixando

assim os países da SADC menos expostos ao desempenho da Economia norte-americana. Estas mudanças

são particularmente expressivas no caso da África do Sul, de Angola, de Madagáscar, da Namíbia e das

Seicheles.

A heterogeneidade económica dos EMs da SADC releva o peso da África do Sul e Angola, que representam

cerca de 60% e 18% do PIB da região, respetivamente, mas com estruturas produtivas substancialmente

diferentes, sendo que, as restantes 13 economias representam cerca de 22% do PIB (dados de 2012).

A África do Sul, quando comparada com as restantes economias da região, apresenta uma estrutura produtiva

bastante diversificada, sendo o parceiro dominante nas trocas comerciais intra-regionais, representando 43%

das exportações intra-SADC e com elevada diversidade de produtos exportados. As exportações com maior

volume destinam-se à Zâmbia (19%), Moçambique (18%), Zimbabué (18%), Botsuana (12%), Angola (10%) e

Rep. Dem. Congo (10%), sendo que este conjunto de nações importa, fundamentalmente, Maquinaria e

Equipamento de Transporte, Químicos e Combustíveis.

O petróleo é particularmente significativo na estrutura económica angolana. Fortalecida por uma Balança

Comercial positiva, Angola representa 25% das trocas comerciais da SADC, com elevada concentração de

exportações de petróleo para a África do Sul. No quadro da estratégia do Governo de Angola surge o fomento

à diversificação da economia. Esta opção governativa introduz um conjunto de oportunidades de investimento

no tecido empresarial local, desde o setor agrícola, passando pela indústria agroalimentar, até às atividades de

logística e serviços. O tecido industrial deverá ser igualmente alvo de crescimento a prazo como resultado da

política de fomento, bem como do incremento do rendimento da população e do consumo privado, constituindo

aqui também uma oportunidade de investimento.

Moçambique, a prazo, tem focos desenvolvimento no projeto de exploração de gás natural, estimando-se que

todas as atividades no cluster da prospeção, extração e exploração possam prosperar a médio / longo prazo, a

par das atividades subsidiárias e acessórias ao mencionado cluster. De igual modo, a aceleração esperada da

Economia colocará mais capital a circular nas ruas, fomentando o aumento do consumo de bens duradouros e

bens não - duradouros. A oportunidade que o gás natural poderá gerar tem levado a um intensificar dos níveis

de IDE para Moçambique, que desde 2010 têm crescido a um ritmo superior a 100% ao ano.

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

66

A agricultura surge com principal relevo no Lesoto, Madagáscar, Maláui, República Democrática do Congo,

Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué, que no seu conjunto representam cerca de 16% do PIB da região. Principal

fonte de emprego, a agricultura apresenta, na maioria das explorações, oportunidades de mecanização e

incremento de produtividade. Acresce ainda que é um setor que em muitos países apresenta fortes índices de

exportação, apresentando um peso relevante na Balança Comercial desses países. São também estes países

que se têm apresentado menos atrativos à captação de IDE, seja pela sua dimensão, seja pela sua estrutura

produtiva.

A indústria extrativa, em particular a mineira, é preponderante nas economias do Botsuana, Namíbia e Zâmbia,

concentrando-se as oportunidades de negócio neste cluster.

As oportunidades de investimento no Turismo têm sido, na sua maioria, concretizadas nas Seicheles e

Maurícias, sendo que o Botsuana (Bacia do Okavango), Moçambique e Namíbia vêm apostando no

desenvolvimento deste setor. Angola tem também como objetivo, a prazo, a criação de uma indústria de

Turismo, promovendo o desenvolvimento de 3 polos turísticos em Cabo Ledo, Kalandula e junto ao Okavango,

o qual impulsionará atividades de serviços profissionais nas áreas do ambiente, ordenamento do território e

construção e infraestruturas.

1.8. Principais setores de oportunidade por país, aeroportos e portos

Região País Principais

produtos agrícolas

Oportunidades

para o bloco

(produtos e serviços

associados aos setores)

Principais

aeroportos

Principais

portos

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

67

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

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1.9. Principais produtos importados pelos países da SADC e oportunidades para as empresas Portuguesas

A SADC apresenta um conjunto alargado de oportunidades para as empresas portuguesas em termos de

exportações e que, em muitos casos, poderão ser potenciados por Moçambique.

Do total dos produtos importados pela SADC a Portugal, no total US$ 5.3 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 55% das importações, no montante de US$ 2.9 mil milhões:

Do total dos produtos importados por Moçambique aos seus parceiros comerciais no total de US$ 6 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 51% das importações, no montante de US$ 3.167 milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Bebidas alcoólicas; Mobiliário e peças; Estruturas e peças

de ferro, aço, alumínio; Aparelho para circuitos elétricos,

tabuleiro, painéis; Barras de ferro e aço, barras,

cantoneiras, perfis e seções; Maquinas para a construção

civil; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários);

Carne, miudezas, comestíveis, preparados, conservados;

Equipamento para distribuição de energia elétrica; Artigos

plásticos; Veículos a motor para transporte de mercadorias;

Outras máquinas e aparelhos para as indústrias

particulares; Equipamentos de aquecimento e refrigeração;

Metais comuns; Bebidas não alcoólicas; Gorduras vegetais

e óleos, refinado; Papel e cartão; Máquinas e aparelhos

elétricos; Equipamento e componentes mecânicas;

Geradores; Peças e acessórios de veículos; Material para

impressão; Materiais de construção; Componentes para

máquinas de energia elétrica; Alumínio.

Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Energia; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Máquinas para a construção civil; Arroz; Trigo e centeio em grão; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Fertilizantes; Equipamento de telecomunicação; Eixos de transmissão; Alumínio; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Produtos residuais de petróleo; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Barras de ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Carvão; Gorduras vegetais e óleos, refinado; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Máquinas e aparelhos elétricos; Produtos laminados planos de ferro e aço; Equipamentos de aquecimento e refrigeração; Tubos e perfis ocos, acessórios de ferro e aço; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Sabonetes, limpeza e de polimento; Mobiliário e peças.

Do total dos produtos importados pelo Botsuana aos seus parceiros comerciais no, total US$ 8.025 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 51% das importações, no montante de US$ 5.870 milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Do total dos produtos importados pela República Democrática do Congo aos seus parceiros comerciais no, total US$ 6.1 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 50% das importações, no montante de cerca de US$ 3 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Pérolas, pedras preciosas e semipreciosas; Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Energia; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Máquinas para a construção civil; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Equipamento de telecomunicação; Materiais de construção; Geradores; Aeronaves e equipamentos

associados; Madeira e aparas de madeira; Equipamento para distribuição de energia elétrica; Máquinas de processamento de dados; Cereais em grão; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Peças e acessórios dos veículos; Tabaco; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Metais comuns; Mobiliário e peças; Aparelhos para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Calçado; Produtos comestíveis e preparações.

Veículos a motor para transporte de mercadorias; Óleos

de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Máquinas para a construção civil; Outras carnes e miudezas comestíveis; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Equipamento de telecomunicação; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Peixe fresco ou congelado; Produtos comestíveis e preparações; Tubos e perfis ocos, de ferro e aço; Tecidos de algodão; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Materiais de construção; Bombas para água; Máquinas e aparelhos elétricos; Farinha de trigo e farinha de trigo com centeio; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Trigo e centeio em grão; Metais comuns; Máquinas de energia elétrica e componentes; Bombas, compressores a gás e ventiladores; geradores; Roupas e outros artigos têxteis; Ferramentas mecânicas e outras.

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

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Do total dos produtos importados pelo Lesoto aos seus parceiros comerciais no, total US$ 2.6 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 53% das importações, no montante de US$ 1.4 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Do total dos produtos importados por Madagáscar aos seus parceiros comerciais no, total US$ 3.05 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 54% das importações, no montante de cerca de US$ 1.7 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Tecidos de malha; Tecidos de algodão; Outras refeições à base de cereais e farinha; Equipamento de

telecomunicação; Outras carnes e miudezas comestíveis; Automóveis; Mobiliário e peças; Gorduras vegetais e óleos, refinado; Preparações de cereais, farinha de frutas ou vegetais; Perfumaria e cosméticos; Recetores de televisão; Produtos residuais de petróleo; Milho; Calçado; Fios têxteis; Sabonetes, produtos de limpeza e polimento; Pregos, parafusos, porcas, parafusos, rebites e semelhantes; Aparelho para circuitos elétricos, painéis; Gás natural; Papel e cartão; Trigo e centeio em grão; Máquinas e aparelhos elétricos; Artigos de plástico; Leite e produtos lácteos.

Os óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Fios têxteis; Arroz; Açúcar, melaço e mel; Elementos químicos inorgânicos, óxidos e sais de halogéneo; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Veículos automóveis para transporte de pessoas; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Tecidos de algodão; Tecidos artificiais; Gorduras vegetais e óleos; Tecidos de malha; Farinha de trigo e farinha de trigo com centeio; Outros tecidos; Peixe fresco ou congelado; Equipamento de telecomunicação; Carvão; Produtos laminados de ferro, aço não ligado, revestidos, folheados; Artigos de plástico; Lã; Artigos de matérias têxteis; Preparações de cereais, farinha de frutas ou vegetais; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Gorduras vegetais e óleos, refinado; Materiais de construção.

Do total dos produtos importados pelo Maláui aos seus parceiros comerciais no, total US$ 2.7 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 56% das importações, no montante de cerca de US$ 1.5 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Do total dos produtos importados pela Maurícia aos seus parceiros comerciais no, total US$ 5.7 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 54% das importações, no montante de cerca de US$ 5.7 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Fertilizantes; Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Tabaco; Materiais de construção; Material para impressão; Trigo e centeio em grão; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Equipamento de telecomunicação; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Produtos medicinais e farmacêuticos; Sabonetes, produtos de limpeza e de polimento; Produtos laminados de ferro, aço não ligado, revestidos, folheados; Máquinas para a construção civil; Mobiliário e peças; Aparelhos elétricos de diagnóstico para as ciências médicas; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Artigos de matérias têxteis; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Papel e cartão; Polímeros de etileno; Automóveis; Óleos essenciais e perfumes; Máquinas e aparelhos elétricos; Minerais em bruto.

Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Peixe fresco ou congelado; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Equipamento de telecomunicação; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Carvão; Materiais de construção; Tecidos de algodão; Pérolas, pedras

preciosas e semipreciosas; Leite e produtos lácteos; Máquinas de processamento de dados; Fios têxteis; Propano e butano liquefeito; Tabaco; Barras de ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Motores de pistão de combustão interna e componentes; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Perfumaria e cosméticos; Produtos comestíveis e preparações; Metais comuns; Arroz; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Máquinas e aparelhos elétricos; Trigo e centeio em grão; Artigos de plástico.

Do total dos produtos importados pela Namíbia aos seus parceiros comerciais no total de cerca de US$ 6.4 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 57% das importações, no montante de US$ 3.679 milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Do total dos produtos importados pelas Seicheles aos seus parceiros comerciais no total de cerca de US$ 752 milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 68% das importações, no montante de cerca de US$ 513 milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Minérios de cobre; Embarcações; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Pérolas, pedras preciosas e semipreciosas; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Equipamento de

Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Embarcações; Peixe fresco ou congelado; Mobiliário e peças; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Madeira e aparas; Gorduras

vegetais e óleos, refinado, do fracionamento; Metais

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

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telecomunicação; Máquinas para a construção civil; Aparelhos e equipamentos fotográficos; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Cobre; Mobiliário e peças; Aeronaves e equipamentos associados; Artigos de matérias têxteis; Elementos químicos inorgânicos, óxidos e sais de halogéneo; Bebidas alcoólicas; Outras carnes e miudezas comestíveis; Metais comuns; Máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Aparelhos de medição, análise e controle; Recipientes de metal para armazenamento ou transporte; Peças e acessórios de veículos; Trigo e

centeio em grão; Preparações de cereais, farinha de frutas ou vegetais; Artigos plásticos.

comuns; Materiais de construção; Produtos laminados de ferro, aço não ligado, revestidos, folheados; Bebidas alcoólicas; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Barras de ferro e aço, barras, cantoneiras, perfis e seções; Papel e cartão;

Equipamento de telecomunicação; Leite e produtos lácteos; Recipientes de metal para armazenamento ou transporte; Arroz; Artigos plásticos; Aeronaves e equipamentos associados; Equipamentos de aquecimento e refrigeração; Outras carnes e miudezas comestíveis; Sabonetes, produtos de limpeza e de polimento; Material para impressão; Legumes.

Do total dos produtos importados pela Suazilândia aos seus parceiros comerciais no total de cerca de US$ 2 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 61% das importações, no montante de cerca de US$ 1.2 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Do total dos produtos importados pela Tanzânia aos seus parceiros comerciais no total de cerca de US$ 11.7 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 59% das importações, no montante de cerca de US$ 6.9 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Tecidos de malha; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Pérolas, pedras preciosas e semipreciosas; Tecidos de algodão; Sabonetes, produtos de limpeza e de polimento; Óleos essenciais e perfumes; Material para impressão; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Sumos de frutas e de vegetais; Artigos de plástico; Produtos comestíveis e preparações; Energia; Calçado; Refeições à base de cereais e farinha; Bebidas alcoólicas; Produtos diversos das indústrias químicas; Mobiliário e peças; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Tules, rendas, fitas e outras mercadorias pequenas;

Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Tecidos artificiais; Cobre; Equipamento de telecomunicação; Peças e acessórios dos veículos; Outros produtos químicos orgânicos.

Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Máquinas para a construção civil; Gorduras vegetais e óleos, refinado; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Trigo e centeio em grão; Equipamento de telecomunicação; Embarcações; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Automóveis; Açúcar, melaço e mel; Produtos laminados planos de ferro, aço não ligado e não revestido; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Motocicletas e velocípedes; Outras matérias plásticas em formas primárias; Fertilizantes; Barras de ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Máquinas e aparelhos elétricos; Artigos de plásticos; Geradores; Polímeros de etileno, em formas primárias; Metais comuns; Máquinas de processamento de dados; Semirreboques.

Do total dos produtos importados pela Zâmbia aos seus parceiros comerciais no total de cerca de US$ 8.2 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 61% das importações, no montante de cerca de US$ 5 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Do total dos produtos importados pelo Zimbabué aos seus parceiros comerciais no total de cerca de US$ 4.4 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 52% das importações, no montante de cerca de US$ 2.3 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Minérios de cobre e seus concentrados; Óleos brutos de petróleo e outros; Máquinas para a construção civil;

Elementos químicos inorgânicos, óxidos e sais de halogéneo; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Cobre; Fertilizantes; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Óleos de

petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Minérios e concentrados de metais básicos; Equipamento de telecomunicação; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Veículos automóveis para transporte de pessoas; Barras de ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Estruturas e peças de ferro, aço e alumínio; Bombas de água; Metais comuns; Produtos diversos das indústrias químicas; Tubos e perfis ocos,

Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Fertilizantes; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Equipamento de telecomunicação; Gorduras vegetais e óleos, refinado; Máquinas para a construção civil; Milho; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Trigo e centeio em grão; Sabonetes, produtos de limpeza e de polimento; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Açúcar, melaço e mel;

Farinha de trigo e farinha de trigo com centeio; Tabaco; Níquel minérios e concentrados; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Energia; Produtos comestíveis e preparações; Automóveis; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Artigos de plástico; Papel e cartão; Preparações de cereais, farinha de frutas ou vegetais; Sais metálicos e

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acessórios, ferro e aço; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Produtos laminados planos de ferro e aço, revestidos, folheados; Automóveis; Ferramentas mecânicas, outras; Peças e acessórios de veículos.

peroxossais, de ácidos inorgânicos; Tecidos artificiais.

Países analisados autonomamente

Do total dos produtos importados por Angola aos seus parceiros comerciais no, total US$ 24 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 49% das importações, no montante de US$ 11.811 milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Do total dos produtos importados a África do Sul aos seus parceiros comerciais no total de US$ 124 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 43% das importações, no montante de US$ 54 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Máquinas para a construção civil; Carnes e miudezas comestíveis; Geradores; Tubos e perfis ocos, acessórios, ferro, aço; Bebidas alcoólicas; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Mobiliário e peças; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Barras de ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Aparelhos para canalizações, caldeiras, reservatórios, cubas; Artigos de plástico; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Metais comuns; Equipamento de telecomunicação; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Ferramentas mecânicas e outros; Motocicletas e velocípedes; Aparelhos de medição, análise e controle; Materiais de construção; Equipamento para distribuição de energia elétrica; Preparações de cereais, farinha de frutas ou vegetais; Bombas, compressores a gás e ventiladores; Equipamentos de aquecimento e refrigeração.

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Óleos brutos de petróleo, materiais em bruto; Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Veículos para transporte de pessoas; Equipamento de telecomunicação; Máquinas para a construção civil; Máquinas de processamento de dados; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Veículos a motor para transporte de mercadorias; Peças e acessórios dos veículos; Aeronaves e equipamentos associados; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias; Turbinas a vapor e componentes; Aparelhos de medição, análise e controle; Máquinas e aparelhos elétricos; Calçado; Equipamento mecânico e componentes; Peças e acessórios para máquinas; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Papel e cartão; Bombas, compressores de gás e ventiladores; Equipamentos de aquecimento e refrigeração; Produtos diversos da indústria química; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Fertilizantes; Arroz.

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2.África do Sul

O país com maior peso na região

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

74

2. África do Sul. O país com maior peso na região

2.1. Macroeconomia

2.1.1. PIB da economia Sul-Africana

A África do Sul é o país com maior peso na região, representando mais de 59% do PIB da SADC.

Gráfico 40 – Representação da percentagem do PIB dos EM na SADC41

A economia da África do Sul 42

é a maior e mais sofisticada do continente Africano, representando cerca de

34% do PIB da África Subsaariana e 59% do PIB da SADC. É uma economia abundante em recursos naturais,

como platina, ouro, diamantes e carvão, dispõe de uma razoável rede de infraestruturas e transportes e

apresenta um sistema financeiro bastante desenvolvido. A sua importância no continente Africano foi

confirmada pela inclusão no acrónimo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - South Africa).

41

World Bank 42

Fonte: FMI (Fundo Monetário Internacional), IFI (Instituto de Finanças Internacionais), Análise do Orçamento de Estado de 2012 da República da África do Sul, e Análise BPI agosto 2013

África do Sul 59.14%

Angola 17.57%

Botsuana 2.22%

Congo R.D 2.75%

Lesoto 0.38%

Madagáscar 1.53%

Malauí 0.66%

Maurícia 1.61%

Moçambique 2.24%

Namíbia 1.97%

Seicheles 0.16%

Suazilândia 0.58%

Tanzânia 4.35%

Zâmbia 3.18%

Zimbabué 1.66%

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

75

Gráfico 41 - Evolução anual do PIB per capita em US$

Gráfico 42 - Taxa de crescimento anual do PIB

Após o decréscimo do PIB registado em 2009 a trajetória de crescimento do PIB recuperou, em parte como

resultado do conjunto de políticas governamentais de estímulo fiscal e da recuperação da procura interna, por

via da realização do Mundial de Futebol. Em 2011 o crescimento do PIB de 3.5% (segundo o FMI e o IFI),

resulta da contribuição positiva das exportações (evolução dos preços das commodities), mas também da

procura interna.

O setor mineiro apresenta-se como um dos setores mais importantes da economia Sul-Africana, tendo

contribuído em 2010 com cerca de 8,6% para o PIB e em 2011 com cerca de 10% (Análise BES 2012). A

importância deste setor resulta do facto da África do Sul ser um país bastante rico em recursos minerais. Em

2010, o país foi o maior produtor mundial de crómio, o maior produtor de platina (com uma quota mundial de

76%), o 5º maior produtor de ouro e o 4º maior produtor de diamantes (em volume e valor).

Para além deste setor, aqueles que têm maior peso no crescimento económico do país são as infraestruturas

(transportes, energia, comunicações e habitação social), a agricultura e o turismo.

2.1.2. Orçamento Geral do Estado43

A situação orçamental da África do Sul é sólida, muito embora se tenha registado uma ligeira quebra no

exercício de 2012. O défice do setor público administrativo aumentou ligeiramente de 4.1% do PIB em 2011,

para 4.2% do PIB em 2012.

Os maiores défices orçamentais recentes foram consequência de medidas anticíclicas do Governo, que

visaram apoiar o crescimento e o emprego. Assim, a despesa pública governamental aumentou, tendo subido

de 20% do PIB em 2011, para 29,9% em 2012.

O Governo previu para o ano de 2013 um aumento na despesa pública. No entanto, tudo indica que este

aumento está a decorrer a um ritmo inferior quando comparado com os resultados do exercício anterior, e com

as previsões orçamentais.

Apesar da economia Sul-Africana ter continuado a crescer desde a recessão de 2009, o ritmo moderado do

seu crescimento tem afetado negativamente as receitas, tendo a economia sido afetada pela instabilidade no

mercado laboral e pela diminuição dos preços nas matérias-primas. A degradação contínua do crescimento

económico verificada nos principais parceiros comerciais do país também não contribuiu para inverter esta

tendência.

43

Fontes: African Economic Outlook; Relatório Económico Anual – Banco Central da África do sul, 2013

5,591 5,766

7,265 7,951 7,507

2008 2009 2010 2011 2012

PIB per capita (USD)

3.6

-1.5

3.1 3.5

2.5

2008 2009 2010 2011 2012

PIB (variação anual)

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76

2.1.3. Dívida Pública externa e interna44

A dívida pública interna aumentou substancialmente, tendo passado de cerca US$ 87 mil milhões em 2011,

para cerca de US$ 105 mil milhões em 2012. A dívida nacional corresponde a 90% do endividamento total.

Devido à natureza da moeda nacional e dos mercados de capitais, a fonte de financiamento primária para o

défice orçamental continua a ser a contratação de empréstimos internos através de uma combinação de títulos

do Tesouro, de obrigações de taxa fixa, e de obrigações indexadas à inflação.

A dívida pública externa reduziu de 3,8% do PIB em 2011, para 3,7% em 2012, enquanto a dívida externa total

passou de 27% (US$ 50,9 mil milhões) do PIB em 2011, para 29,2% (US$ 53,3 mil milhões) em 2012. O rácio

do serviço da dívida (que avalia a proporção das receitas da exportação necessárias para pagar o serviço da

dívida), aumentou de 93.8% em 2011, para 96.4% em 2012..

O aumento da dívida externa deveu-se, em grande parte, ao aumento do financiamento junto dos mercados de

capitais internacionais pelo Governo, pelo setor bancário, e através de financiamento externo com vista a

financiar investimentos em infraestruturas.

A Moody’s desceu a notação do crédito soberano da África do Sul em um nível - de A3 para Baa1, bem como

as notações dos depósitos externos das principais instituições financeiras e dos bancos comerciais. Cumpre

informar que as notações revistas, emitidas pela Moody’s, estão alinhadas com as notações das outras

principais agências de notação de risco de crédito, sendo improvável que afetem o acesso do país aos

mercados de crédito internacionais.

A estratégia para a gestão da dívida faz parte integrante das amplas políticas de sustentabilidade do Governo,

sendo de destacar afixação dos objetivos líquidos de financiamento, que incluem projeções detalhadas de

componentes internos e externos, a longo e a curto prazo (para um período de três anos).

O total da dívida bruta aumentou de cerca US$ 97 mil milhões, a 31 de março de 2011, para US$ 119 mil

milhões em 2012.

44

Fonte: African Economic Outlook

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77

2.2. Estrutura produtiva

2.2.1. PIB por Setor

O papel do Governo é relevante ao ponto de assegurar 40%, do investimento na Economia.

Conforme referido, os serviços financeiros e o imobiliário desempenham um papel de relevo no

desenvolvimento da África do Sul, sendo um dos setores determinantes na contribuição para o PIB. O

crescimento do setor deveu-se, em grande parte, a um aumento da atividade dos bancos comerciais. De

salientar que a África do Sul dispõe de uma estrutura financeira sofisticada, sendo a Bolsa de Valores de

Joanesburgo (JSE Limited) a maior de África.

Gráfico 43 - África do Sul, PIB por setor 2011

No setor dos serviços, o turismo vem-se apresentando como um importante setor na sua Economia,

contribuindo fortemente para os níveis de emprego. Em 2011, a África do Sul posicionava-se, no ranking

mundial dos destinos turísticos, em 31º lugar, o 2º destino mais visitado do continente Africano (depois de

Marrocos).

A indústria extrativa tem um peso preponderante no PIB sul-Africano. Em 2011, o setor mineiro contribuiu 10%

para o PIB do país, estimando-se que com os efeitos indiretos destas contribuições ascendam a 20%. O setor

empregou cerca de 520 mil pessoas em 2011, aumentando para 525 mil empregados em 201245

. Em 2011, a

África do Sul foi considerada a 5ª maior produtora de ouro, com uma quota mundial de 6,8% (tem vindo a

reduzir os níveis de extração nos últimos anos) e a 4ª maior produtora de diamantes em valor (apresentando

uma quota mundial de 9,87%46

).

A agricultura, ao contrário do que sucede no resto do continente Africano, tem um peso diminuto no PIB do

país. No entanto, a África do Sul não deixa de ter relevantes fundações agrícolas. Neste setor destaca-se o

vinho, ocupando o país, em 2010, o 7º lugar do ranking mundial de produção, com uma quota mundial de

3,5%.Para além disso, é considerado o principal produtor de milho na região SADC. Com uma balança

45

Facts about South African Mining-August 2013, Câmara de Minas da África do Sul 46

BES Research Africa do Sul, Junho 2013; Kimberley Process Certification Scheme available at: https://kimberleyprocessstatistics.org/

7%

16%

21%

8%

15%

5%

3%

13%

10% 2%

Serviços Pessoais

Serviços Públicos

Serviços Financeiros e imobiliário

Transportes e comunicação

Turismo e Comércio

Construção

Eletricidade, gás e água

Indústria Transformadora

Mineração

Agricultura, pescas e florestas

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78

agrícola positiva de (2011/2012), África do Sul apresenta uma estrutura agrícola positiva, realçando a

capacidade de autoabastecimento agrícola47.

2.2.2. Composição do Setor Empresarial do Estado

O Departamento de Empresas Públicas (Department of Public Enterprises – DPE) é o representante do

Governo com responsabilidade pelas seguintes empresas detidas pelo Estado (State Owned Companies -

SOC):

Setor da Energia e Extração Mineira - Eskom e Alexkor;

Setor da Produção - Denel, Safcol e Broadband Infraco;

Setor dos Transportes - South Áfrican Airways, Transnet e South Áfrican Express Airways.

Estas empresas têm um papel fundamental no crescimento económico do país, e um peso muito importante

em vários domínios da região da África Subsariana.

A Eskom é responsável por 95% da energia usada na África do Sul e por cerca de 45% da energia usada em

todo o continente Africano. Estas empresas são responsáveis pelo desenvolvimento de infraestruturas chave e

contribuem para o aumento da capacidade de produção do país – por exemplo, a principal filial da Safcol, a

Komatiland Forests, detém 80% da companhia de florestas moçambicana - Indústrias Florestais de Manica -,

tendo um papel vital no desenvolvimento rural e na redução do desemprego local.

Os investimentos em infraestruturas são um elemento fulcral da estratégia de crescimento, e as empresas

detidas pelo Estado estão a implementar programas por forma a assegurar que são criadas oportunidades

sustentáveis para investir.

O objetivo deste departamento é o de impulsionar o investimento e a produtividade, e transformar o leque de

empresas do Estado, bem como os seus clientes e fornecedores, por forma a incentivar o crescimento,

industrialização, criação de novas empresas e o desenvolvimento de novas competências. Para que tal

aconteça, os objetivos e atividades do departamento deverão estar em linha com os do Governo.

47

Conclusões com base nos dados do Economic Review of the South African Agriculture 2011/2012

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79

2.3. Política económica

2.3.1. Perspetivas futuras

Gráfico 44 - Crescimento anual do PIB (1994-2018), África do Sul

48

As perspetivas de crescimento futuro continuam a

refletir uma incapacidade estrutural do país em

retomar o crescimento registado na última década.

Para 2014, a média das previsões de instituições

internacionais aponta para um crescimento de

3,5%, ainda que o cenário do FMI aponte para um

crescimento de 2,0%, e para 2015 as instituições

internacionais esperam um crescimento de 3,7%,

prevendo o FMI um crescimento de apenas 3,4%.

A desaceleração da Economia da África do Sul é

consistente com o abrandamento da taxa de

crescimento dos BRICS e da economia mundial. O

retomar das taxas de crescimento de 5%,

encontra-se pois dependente de alterações da

estrutura económica, e também da conjuntura

mundial.

Vários são os fatores limitativos do potencial crescimento da África do Sul: um mercado de trabalho ineficiente,

com grande falta de formação técnica e infraestruturas deficitárias e degradadas. Por outro lado, as elevadas

taxas de criminalidade, corrupção, ineficiência das entidades públicas e um crescimento mundial mais fraco,

continuarão a atrasar o crescimento do país.

No entanto, verificam-se alguns aspetos positivos como, designadamente, a expansão da classe média, que

deverá estimular o consumo privado de bens duradouros e serviços e a melhoria de redes de transporte e

estações elétricas que deverão permitir um reforço gradual da atratividade ao investimento externo.

2.3.2. Prioridades estratégicas da África do Sul

Embora tenham ocorrido avanços significativos em determinadas áreas, a África do Sul continua a debater-se

com desafios significativos.

A maior economia Africana, e a 28º do mundo, enfrenta um alto nível de desemprego, sobretudo jovem, uma

população que vive com escassos rendimentos (contextos que explicam os elevados índices de criminalidade);

para além de questões de saúde pública, nomeadamente o ainda significativo flagelo da incidência de VIH.

A fraca qualidade do ensino e lacunas ao nível da educação contribuem também para o posicionamento mais

frágil em termos de desenvolvimento. A nível económico, pontua a dificuldade sentida nos últimos anos em

alcançar patamares de expansão mais robustos, que permitam sustentar a trajetória de desenvolvimento e

prosseguir na senda do crescimento. Neste ponto, entre os fatores que mais contribuem para esta situação,

destacam-se a deficiente oferta de energia elétrica, causando roturas nos transportes e na atividade

económica; o comportamento volátil do setor de extração e transformação de minério; o impacto desfasado

das políticas económicas restritivas antes da crise de 2008; e o recuo da procura externa e dos preços das

commodities nos mercados internacionais.

Mais recentemente, o Governo Sul-Africano anunciou as linhas gerais do Plano Nacional de Desenvolvimento

(NDP) para 2030.

48

Fonte: FMI, IFI, Análise do Orçamento de Estado de 2012 da República da África do Sul - BPI Research agosto 2012

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80

Plano Nacional de Desenvolvimento: Uma estratégia para o crescimento e desenvolvimento49

O Orçamento para 2013 consubstancia os objetivos estratégicos de crescimento e redução da pobreza

definidos no Plano Nacional de Desenvolvimento (“NDP”, na sigla original). O NDP, criado com o objetivo de

introduzir uma estratégia de longo prazo para um combate definitivo à pobreza e para reduzir as

desigualdades sociais até 2030, tem como principal foco (i) a melhoria do bem estar da população, (ii) a

redução dos custos associados à realização de negócios, (iii) o aumento das exportações e (iv) a criação de

mais emprego, com o objetivo último de tornar o crescimento económico mais inclusivo.

Plano Nacional de Desenvolvimento – África do Sul: 10 Ações Prioritárias

1. Criação de um pacto social (entre o Governo, setor privado, sindicatos e a sociedade civil) para reduzir a

pobreza e as desigualdades, com o objetivo de impulsionar o investimento e o crescimento económico;

2. Definição de uma estratégia para erradicar a pobreza e os seus efeitos que passe por reduzir o desemprego,

reforçar o salário mínimo nacional, desenvolver a rede de transportes públicos e aumentar o rendimento dos

trabalhadores em zonas rurais;

3. Melhoria da gestão e responsabilidade do serviço público, a coordenação do Governo com outras áreas e

eliminação da corrupção;

4. Impulso ao investimento em setores com maior intensidade de trabalho (com especial foco na criação de

emprego para os mais jovens), impulso da competitividade do país e das exportações;

5. Desenvolvimento do sistema educativo;

6. Desenvolvimento do sistema de saúde, através da modernização das infraestruturas de apoio à saúde pública,

de uma maior formação e desenvolvimento dos profissionais de saúde e da redução do custo dos seguros

privados de saúde (em relação aos seguros públicos);

7. Impulso ao desenvolvimento em infraestruturas até 10% do PIB;

8. Assegurar a sustentabilidade ambiental e a capacidade de proteção contra choques externos;

9. Reforma do espaço geográfico, aumentando a densidade populacional das cidades, melhorando o sistema de

transportes, criando empregos mais próximos das zonas residenciais e desenvolvendo o mercado imobiliário; e

10. Redução da criminalidade através do reforço da justiça criminal e da melhoria do ambiente comunitário.

As ações prioritárias têm por base um conjunto de medidas e objetivos futuros definidos pelo Governo, até 2030 nas diversas dimensões.

Economia

O PIB deverá aumentar 2,7 vezes em termos reais, o que implica uma taxa de crescimento médio

anual do PIB de aproximadamente 5,4%. O PIB per capita deverá aumentar de R50 000 por pessoa,

em 2010, para R110 000 por pessoa em 2030 (preços constantes);

As exportações (medidas em volume) deverão registar uma taxa de crescimento de 6% ao ano em

2030, com a rubrica das exportações “não tradicionais” a crescerem cerca de 10% ao ano;

As poupanças nacionais deverão aumentar de 16% do PIB para 25% do PIB até 2030;

O nível da formação bruta de capital fixo deverá crescer de 17% para 30%, com o nível de

investimento fixo do setor público a aumentar cerca de 10%

até 2030.

Comércio

O comércio intrarregional da África Austral deverá aumentar, de 7% para cerca de 25% até 2030;

49

Fontes: NDP 2030 – Governo África do Sul / BPI Research agosto 2013

Aumento estimado do comércio intrarregional na África Austral de 7% para

25% em 2030

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81

O comércio da África do Sul com os países vizinhos deverá aumentar de 15% para 30% até 2030.

Emprego

A taxa de desemprego deverá baixar de 24,9% em 2012 (junho 2012) para 14% em 2020 e 6% em

2030. Seguindo estas previsões, o “emprego total” deverá aumentar de 13 milhões para 24 milhões de

pessoas empregadas;

A percentagem da população adulta a trabalhar deverá aumentar de 41% para 61% até 2030;

A percentagem da população adulta a trabalhar, nas áreas rurais, deverá aumentar de 29% para 40%

até 2030;

Os programas do Governo para o apoio ao emprego deverão atingir 1 milhão de pessoas em 2015 e 2

milhões de pessoas até 2030.

Tabela 5 - Objetivos definidos pelo Governo para o mercado de trabalho, 2030

Objetivos 2010 2015 2020 2030

Taxa de desemprego (%) 25% 20% 14% 6%

Emprego (milhões) 13 15,8 18,9 23,8

Energia

A proporção de pessoas com acesso à rede elétrica deverá aumentar pelo menos 90% até 2030

(segundo dados da IEA, World Energy Outlook 2011, a taxa de eletrificação na África do Sul é de

cerca de 75% nas zonas urbanas / centrais, e o número de pessoas sem eletricidade é de cerca de

12.3 milhões).

Até 2030, a África do Sul precisará de mais 29 000 MW de eletricidade disponível, e será dada maior

importância ao setor das energias renováveis. Este deverá registar um desenvolvimento considerável

até 2030.

Água

Assegurar que toda a população tenha acesso a água limpa e potável, (estima-se que cerca de 94%

da população tenha acesso a água potável, de acordo com o Department water affairs – Rep of South

África) e que este recurso é suficiente para satisfazer as necessidades relativas à agricultura e

indústria.

Transportes

Futuramente, a percentagem de utilizadores de transportes públicos no seu dia-a-dia deverá aumentar substancialmente. Um dos objetivos do Governo para 2030 é tornar os transportes públicos mais “amigos do utilizador e do ambiente” e mais económicos.

Portos

É esperado um aumento da capacidade portuária de Durban, de aproximadamente 3 milhões de

contentores por ano para 20 milhões em 2040. O porto de Durban concorre diretamente com o Porto

de Maputo no qual foi anunciado em 2011 um investimento de US$ 750 milhões até 2030.

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82

2.4. Infraestruturas e energia

Panorâmica das infraestruturas na África do Sul

Situada no extremo sul do continente Africano, a África do Sul

faz fronteira com a Namíbia, o Botsuana, o Zimbabué e

Moçambique, possuindo uma área de 1,1 milhões de

quilómetros quadrados.

Desde as eleições de 1994, que o país se encontra dividido em nove províncias distintas. A densidade populacional, como se poderá apreender da tabela ao lado, varia bastante de província para província

Figura 9 - Panorâmica das infraestruturas em África - África do Sul, PwC, 2013

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83

Tabela 6 - Características das Províncias Sul-Africanas50

A atual degradação de infraestruturas

é comumente apontada como um

constrangimento ao crescimento

(destacando-se o défice na rede de

fornecimento elétrica, na rede de

transportes e nas rodovias), o que é

ampliado pelo fraco investimento no

desenvolvimento das estruturas de

apoio à capacidade produtiva.

Note-se que de acordo com o índice

de Competitividade Global do World

Economic Fórum para 2012-2013, a

África do Sul está, a nível de

infraestruturas, acima do nível padrão

da região. Mas, ainda assim, o país

encontra-se posicionado em 63.º

lugar (de um total de 144 países). As

suas infraestruturas requerem

manutenção, e muitas delas

encontram-se obsoletas.

Apesar de em 2012 o investimento público ter aumentado em estradas, linhas ferroviárias, em portos e no

setor energético, continua a existir falta de dinamismo no setor, muito devido aos baixos níveis de investimento

privado.

Na tabela seguinte pode-se ver o investimento público previsto em infraestruturas, por setor, entre 2010 e

2015.

Tabela 7 - Investimento público em infraestruturas, por setor, 2010 - 201551

(US$M)

Setor Total

Serviços Económicos 677

Energia 296.2

Água e saneamento 75.2

Transporte e logística 262.0

Outros serviços económicos 43.6

Serviços sociais 140.2

Saúde 36.0

Educação 40.7

Serviços às comunidades 57.6

50

Fonte: Census 2011 51

Fonte: Análise do Orçamento de Estado para 2012

Província População (2011)

Área (km²)

Densidade populacional

(por km²)

Gauteng 12.272.263 18.178 675.1

KwaZulu-Natal 10.267.300 94.361 108.8

Mpumalanga 4.039.939 76.495 52.8

Western Cape 5.822.734 129.462 45.0

Limpopo 5.404.868 125.755 43.0

Eastern Cape 6.562.053 168.966 38.8

North West 3.509.953 104.882 33.5

Free State 2.745.590 129.825 21.1

Northern Cape 1.145.861 372.889 3.1

África do Sul 51.770.561 1.220.813 42.4

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84

Energia

O setor elétrico na África do Sul é dominado pela Eskom, que detém e opera a maioria

das infraestruturas elétricas, fornecendo 95% da energia do país.

O índice Doing Business de 2013 do Banco Mundial, estabelece que um dos aspetos mais negativos no

investimento na África do Sul está relacionado com a obtenção de eletricidade, encontrando-se o país em

150.º lugar (de 185.º posições possíveis).

As infraestruturas elétricas deficitárias constituem graves obstáculos à produção, especialmente quanto à

produção mineira.

Figura 10 - Infraestrutura da rede de eletricidade da África do Sul52

Como resultado de baixos investimentos no setor, o total de energia passível de distribuição é inferior aos

níveis de 2006.

O país não se encontra capaz de gerar a energia necessária para fazer face à procura, acrescendo ainda que,

reflexo do avançado estado de degradação das infraestruturas, a Eskom, empresa de distribuição elétrica Sul-

Africana, não tem conseguido responder às necessidades da população. A falta de manutenção adequada tem

resultado numa recorrência cada vez maior nos cortes energéticos imprevistos, reduzindo assim a capacidade

elétrica nacional. As reservas marginais de energia da Eskom têm vindo a descer abaixo de 1% nos passados

meses, o que, quando comparado com uma norma internacional de 15% não deixa de ser preocupante.

52

Fonte: Eskom (2011)

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85

Apesar de a Eskom deter o monopólio no setor, existem hoje expetativas claras relativas à alteração das

regras que vigoram presentemente, e à implementação de regulação económica neste âmbito, visando a

quebra do atual monopólio na energia Sul-Africana.

Transportes

Os transportes, a par da energia, são o setor que tem atraído maior atenção por parte

do Governo, por se estabelecer como uma área bastante deficitária.

Cumpre salientar as seguintes caraterísticas da rede ferroviária da África do Sul (figura abaixo):

Ligação dos oito principais portos marítimos ao interior do país;

Os comboios de passageiros e de mercadorias utilizam as mesmas linhas ferroviárias (pelo menos em

serviços intercidades); e

Ligação da África do Sul à Namíbia, ao Botsuana, a Moçambique e ao Zimbabué (e através do

Zimbabué, liga o país à Zâmbia). A linha ferroviária percorre ainda a Suazilândia.

A rede ferroviária Sul-Africana é constituída por quase 21 mil quilómetros de linha (num total de mais de 30 mil

quilómetros, quando consideramos as rotas ferroviárias principais que têm linhas duplas).

Figura 11 - Principais rotas ferroviárias e portos Sul-Africanos53

Na África do Sul existem oito

principais portos marítimos

comerciais (cuja localização pode

ser vista na figura ao lado):

Durban;

Baía de Richards;

Cidade do Cabo;

Baía de Saldanha;

Nggura / Coega;

Porto de East London;

Baía de Mossel;

Porto Elizabeth.

Os portos sul-Africanos

encontram-se divididos em três

grupos: ocidentais, centrais, e

orientais. A divisão geográfica

decorre da respetiva área de

influência que cada porto serve.

Os vários portos encontram-se ligados, por corredores, aos centros industriais e mineiros de Gauteng e

Mpumalanga, sendo a operação dos portos efetuada na sua maioria pela Transnet (que detém uma posição

dominante nos portos Sul-Africanos).

53

Fonte: Transnet, Ltd (2010)

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86

Considerando que os portos são compostos por uma mistura complexa de infraestruturas físicas e serviços

operacionais, a sua eficácia é avaliada através da eficiência com que os portos conseguem servir quem os

utiliza, criando assim valor para a economia nacional.

De referir que os portos sul-Africanos abrangem várias funções – enquanto uns estão focados quase

exclusivamente em produtos a granel, outros dão apoio apenas a determinados setores (a Baía Mussel, por

exemplo, presta apoio à indústria off-shore petrolífera). Existem portos que, por outro lado, se especializam

num só tipo de carga.

Porto Categoria de mercadorias por porto e suas especializações

Baía de Richards e Durban 65% de todo o fluxo de carga e passageiros

Baía de Richards e de Saldanha 80% de carga de granéis sólidos (principalmente minérios)

Durban e Baía de Saldanha 84% de granéis líquidos

Durban e Porto de East London 98% de todas as importações e exportações de veículos

Durban e Cidade do Cabo 82% do comércio de contentores

Figura 12 - Infraestrutura do Porto de Durban (o maior porto do país) 54

54

Fontes: Trasnet, Ltd, 2010

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87

Porto Principais características

Durban

É o porto que oferece o maior leque de infraestruturas e serviços em todo o país.

Entre os principais produtos movimentados contam-se os contentores, veículos, grãos (arroz e milho), produtos florestais (incluindo aparas de madeira), granéis líquidos (petróleo bruto, produtos petrolíferos e químicos), carvão, fertilizante, aço, fruta, açúcar e passageiros (incluindo navios de cruzeiro).

O porto pertence à Transnet, através da Associação Nacional dos Portos, ainda que alguns terminais sejam operados por empresas privadas.

Baía de

Richards

Maior porto de granéis sólidos do país.

A carga a ser movimentada neste porto tem crescido, uma vez que muitas empresas têm estado a sair de Durban (devido ao ambiente menos congestionado à volta da zona de Richards).

O comércio do porto é dominado por exportações de carvão e de fluxos de granéis sólidos.

Cidade do

Cabo

Não tem a relevância do porto de Durban e da Baía de Richards em termos de comércio nacional, servindo uma função mais regional.

Não obstante, e estando localizado na muito preenchida rota marítima oriental-ocidental, desempenha um papel relevante enquanto centro de transbordo para mercadoria destinada à África Ocidental.

Mais do que uma infraestrutura facilitadora do comércio, o Porto da Cidade do Cabo dispõe de atividade piscatória, reparação de navios e instalações de lazer.

Desempenha um importante papel na reparação de navios, especialmente nos setores da indústria petrolífera, diamantífera e piscatória do Atlântico Sul.

Baía de

Saldanha

É o porto com maior profundidade do país, estando apto a receber embarcações até 21,5 m de calado.

Grande parte da carga que passa pelo porto é a granel.

Porto

Elizabeth

Tem seis terminais, que servem diferentes funções (de contentores, de carga a granel, de carga a granel fracionada, de veículos, de navios petroleiros, e de produtos alimentares frescos).

Os terminais do porto estão, na sua maioria, equipados com carros e guindastes pórticos de última geração.

Os principais bens a serem transacionados no porto são carga contentorizada (destinada tanto a exportações como a importações), apoiando a indústria automóvel, bem como as exportações de minério de manganês.

Está previsto um plano de expansão para o porto.

Nggura /

Coega

É o porto mais recente do país, tendo começado a sua atividade em outubro de 2009.

Fica apenas a 20 km nordeste do porto Elizabeth.

Porto de

East London

É, atualmente, o único porto fluvial do país.

Dispõe de um terminal multiusos (incluindo um terminal de contentores), um terminal de granel, e um terminal de veículos.

As exportações e importações de veículos são hoje a principal atividade do porto.

Baía de

Mossel

É quase totalmente dedicado a prestar apoio à indústria off-shore petrolífera.

Relativamente à rede rodoviária Sul-Africana, esta compreende, aproximadamente, 154 mil quilómetros de

estradas pavimentadas, e 454 mil quilómetros de estradas de cascalho. As estradas são classificadas como

estradas nacionais, provinciais ou municipais.

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88

Existem, no entanto, estradas “não reclamadas” cuja

dimensão ascende aos 140.000 quilómetros e que se

encontram normalmente nas áreas rurais do país. Não

são incluídas nas contagens oficiais, nem existe

qualquer entidade responsável pela sua manutenção.

A má condição da rede rodoviária Sul-Africana é geral,

mas afeta mais gravemente as estradas de cascalho

localizadas na província. Para além de melhorias na

qualidade da rede rodoviária, mostra-se também

necessário um planeamento de acesso a estradas

rurais, que assegurem ligações a estradas provinciais

e distritais, possibilitando um acesso eficiente a

localidades mais dispersas, e com baixa densidade

populacional.

Apesar da condição das estradas Sul-Africanas se ter deteriorado devido à sobreutilização e parco

investimento há, contudo, estabilidade na condição dos eixos rodoviários principais (como resultado de

investimentos mais elevados ao longo dos últimos anos).

Figura 13 - Principais redes rodoviárias Sul-Africanas55

A distância entre Maputo e Joanesburgo é de cerca de 460 kms. O principal eixo rodoviário que liga estas

duas cidades é a estrada N4/EN4 passando pelo eixo principal de Lebombo, conhecida em Moçambique como

Ressano Garcia. A estrada entre Maputo e Joanesburgo é alcatroada e dispõe de facilidades de acesso, como

postos de combustíveis. É um dos principais eixos viários do país e é muito utilizada por camiões de carga

provenientes da África do Sul.

Em termos ferroviários são necessárias melhorias na qualidade do serviço oferecido aos utilizadores da rede,

e na capacidade operacional da rede ferroviária.

55

Fonte: Infraestrutura Económica do Estado da África do Sul: Oportunidades e Desafios de 2012, Presidência da República da África do Sul e Banco de Desenvolvimento da África do Sul

A deterioração das estradas sul-Africanas

acarreta três principais consequências:

Estima-se que o custo para reparar a

deterioração sofrida é, á data, sete vezes

maior do que se a manutenção tivesse

sido feita atempadamente;

Os custos pelos utilizadores numa estrada

em más condições são o dobro quando

comparados com uma estrada em boas

condições; e

A acumulação do investimento subiu aos R

65 mil milhões em 1999.

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

89

Uma vez que é dada prioridade, na rede ferroviária Sul-Africana aos comboios de mercadorias, a maioria dos

comboios de passageiros estão limitados à velocidade máxima de 70 km/h. Assim, o período de viagem em

comboios tem-se revelado mais longo quando comparado a viagem por autocarro.

Mostram-se ainda prementes alterações institucionais que visam tornar a rede ferroviária mais eficiente, como

por exemplo a introdução de um regulador económico para o efeito, separando-se a gestão das infraestruturas

das operações, e publicitando-se o papel desempenhado pela rede ferroviária no comércio internacional sul-

Africano.

Mais, 78% da rede ferroviária do país já ultrapassou os vinte anos de vida útil inicialmente previstos, o que

indica necessidades urgentes de reabilitação.

Água e saneamento56

A África do Sul é um dos países onde a água mais escasseia, sendo que, dentro da SADC, é o membro que utiliza, em maior grau, os seus recursos hídricos. Os rios e as barragens sustentados pela água da chuva constituem a maior fonte de água, o que não tem chegado para colmatar as necessidades do país (sendo que a água existente para consumo é mal repartida entre a população).

A escassez da água representa um dos maiores obstáculos em termos de infraestruturas. As suas bacias

hidrográficas já estão totalmente utilizadas. Cerca de 77% da água da superfície (armazenada em barragens e

rios) está a ser usada.

O Governo definiu 2014 como meta para garantir o financiamento dos serviços básicos de abastecimento de

água e saneamento a todos os cidadãos sul-Africanos.

Em 2013, 74% da população Sul-Africana dispõe de acesso a saneamento básico no país.57

TIC58

As telecomunicações são dominadas pelo setor privado, apesar de o Governo

exercer uma influência significativa através de políticas nacionais e regulamentação.

Estima-se que 17,4%59 da população tenha acesso à internet, sendo que existem dois

sistemas de acesso digital no país:

A internet;

Os sistemas móveis.

O setor encontra-se atualmente numa fase decisiva da evolução para a internet de banda larga, encontrando-

se os operadores de telecomunicações a investir em novas infraestruturas.

As redes móveis não estão a conseguir acompanhar a procura que tem havido pelos seus serviços.

Por outro lado, grande parte da população continua sem acesso à internet de banda larga, tendo vindo a ser

alocados recursos para a criação de uma infraestrutura digital nacional.

56

Fonte: Infraestrutura Económica do Estado da África do Sul: Oportunidades e Desafios de 2012, Presidência da República da África do Sul e Banco de Desenvolvimento da África do Sul 57

Fonte: Organização Mundial de Saúde, Estatísticas Mundiais de Saúde, 2013 58

Fonte: Fonte: Infraestrutura Económica do Estado da África do Sul: Oportunidades e Desafios de 2012, Presidência da República da África do Sul e Banco de Desenvolvimento da África do Sul 59

Estatísticas Mundiais da Internet, 2012

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

90

É pouca a população Sul-Africana que atualmente tem

acesso a computadores, ou a dispositivos de utilizadores

finais, havendo uma repartição inapropriada de recursos.

Mas, e não obstante, o futuro não deixa de ser otimista –

estima-se que a maioria da população adulta estará a

utilizar a internet no final da década.

2.5. Grandes projetos de investimento previstos com infraestruturas

60

A criação e a coordenação das políticas comerciais e industriais na África do Sul está a cargo do

Departamento de Comércio e Indústria (DTI).

Entre os cinco objetivos estratégicos do DTI, encontra-se o estabelecimento de um ambiente regulatório justo

que tenha em vista possibilitar o investimento, o comércio e o desenvolvimento empresarial de modo equitativo

e socialmente responsável.

Neste âmbito, são também de destacar outros departamentos e agências responsáveis por iniciativas

marcantes quanto às políticas de comércio e de investimento, entre as quais se contam o Departamento do

Tesouro Nacional, o da Agricultura, o de Saúde e o de Assuntos Minerais e Energéticos. O Banco Central

desempenha, naturalmente, um papel decisivo no desenvolvimento destas iniciativas.

Note-se que a África do Sul possui diversos acordos que complementam os tratados multilaterais, sendo de

destacar o Acordo de Comércio, Desenvolvimento e Cooperação (ACDC), assinado em 1999 com a União

Europeia (UE), configurando esta última não só a principal fonte de IDE do país, mas ainda o principal parceiro

comercial da África do Sul.

O Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN) para 2030, elaborado em finais de 2011, contribuirá em larga

medida para o investimento e correspondente desenvolvimento em infraestruturas a curto prazo, prevendo-se

um investimento para os próximos três anos – o equivalente a 25,8% do PIB de 2012/201361

. Do valor global

do investimento estima-se que parte do investimento projetado (cerca de 4%) possa ocorrer por recurso a

PPPs.

60

Fonte: África do Sul – Perfil e Oportunidades Comerciais, 2011 (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) 61

Fonte: Fonte: Infraestrutura Económica do Estado da África do Sul: Oportunidades e Desafios de 2012, Presidência da República da África do Sul e Banco de Desenvolvimento da África do Sul

A África do Sul tem o objetivo claro de reforçar a sua centralidade em África, apoiando a cadeia de valor do setor da construção e promovendo a exportação de serviços

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91

Gráfico 45 - Gastos do Governo em infraestruturas (incluindo parcerias público-privadas)62

Este investimento deverá resolver, ainda que parcialmente, os problemas ao nível da produção e do

fornecimento de eletricidade, dos transportes, dos combustíveis, e da captação e distribuição de água e

alojamento.

Energia

Dado o crescimento económico da África do Sul, e dadas as necessidades energéticas

do país, há um conjunto de medidas que se encontram a ser adotadas de modo a

aumentar a capacidade de produção e distribuição de energia elétrica.

Tabela 8 - Expansão da capacidade de produção e de distribuição de energia elétrica

Objetivo Medidas Políticas

Pretende-se que a escassez

de energia não constitua um

entrave ao potencial

crescimento da economia.

Aumentar a proporção da população com energia elétrica

Redução da intensidade energética

Desenvolvimento das infraestruturas de transmissão

Redução da utilização do carvão

Maior recurso ao gás e às energias renováveis

Estas medidas integram-se no Plano de Desenvolvimento Nacional e em projetos específicos que permitirão atingir os índices de capacidade e distribuição necessários ao país. Tabela 9 - Projetos previstos para a África do Sul no setor energético

63

Projeto Montante

Plano de Desenvolvimento Nacional para 2030 Até 10% do PIB

Funcionamento das estações de energia elétrica de Kesuli e de Medupi (que irão adicionar

4.800 MW à capacidade de distribuição da Eskom, cada uma) US$ 1.4 mil milhões

62

Fonte: Análise Orçamental de 2012 do Tesouro Nacional 63

Fonte: E.E.F., Mercados Financeiros (África do Sul) agosto 2013, BPI; Financing of Kusile and Medupi Power Plants – a research paper prepared for BankTrack and Pacific Environment, Profundo Economic Research, outubro 2010.

22%

18%

5% 4%

48%

Departamentos Provinciais

Autoridades locais

Instituições fora do orçamento

Parcerias Público-Privadas

Empresas públicas não-financeiras

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92

Transportes

Igualmente, o crescimento económico de África do Sul tem vindo a revelar uma

crescente necessidade de aumentar a eficiência dos transportes. Nesse sentido há um

conjunto de medidas programáticas que orientam os investimentos no setor dos

transportes.

Tabela 10 - Eficiência dos transportes

Objetivo Medidas Políticas

Melhorar a eficiência da

rede rodoviária, dos portos e

da rede ferroviária

Aumentar a capacidade ferroviária

Recapitalização total da frota ferroviária

Expansão dos terminais dos portos, ampliação dos canais, e reconstrução de algumas estruturas dos portos

Promover uma utilização maior dos transportes públicos

Melhorias na qualidade da rede ferroviária (ao invés de se aumentar apenas o comprimento das estradas)

Estas medidas programáticas irão resultar num conjunto vasto de investimentos que se estima virem a totalizar cerca de US$ 12.5 mil milhões.

Tabela 11 - Projetos previstos para a África do Sul no setor dos transportes

64

Projeto Montante

Projetos no setor dos transportes públicos US$ 9.2 mil milhões

Melhorias nos principais portos comerciais do país US$ 496 milhões

Projetos no setor rodoviário US$ 2.8 mil milhões

Água e saneamento

No setor da água e saneamento há um conjunto de medidas programáticas que visam melhorar o acesso, bem como a própria rede das infraestruturas de saneamento básico.

Tabela 12 - Abastecimento de água e saneamento básico

Objetivo Medidas Políticas

Garantir o abastecimento de

água e de saneamento

básico a todos os cidadãos

sul-Africanos

Gestão dos escassos recursos hídricos do país

Assegurar que a população tem acesso a água e a saneamento básico

Alocação da água mais eficiente

Redução de perdas de água

64

Fonte: Fonte: Infraestrutura Económica do Estado da África do Sul: Oportunidades e Desafios de 2012, Presidência da República da África do Sul e Banco de Desenvolvimento da África do Sul; Trasnet, Ltd 2010.

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

93

Para se atingirem estes objetivos o Governo encontra-se a elaborar um programa nacional de gestão de

recursos hídricos com medias a médio e longo prazo, ainda não tendo definido o montante global de

investimentos.

Tabela 13 - Projetos previstos na África do Sul no setor da água e saneamento65

Projeto Montante

Programa de gestão dos recursos hídricos n.d.

O PND visa ainda incentivar o investimento privado, de forma coordenada com o investimento público (de forma a evitar duplicações) na área dos transportes públicos, no setor das TIC, na área das energias renováveis e no desenvolvimento de mais infraestruturas, promovendo a facilitação para a entrada do investimento privado no país, e o crescimento de parcerias público-privadas (especialmente em matéria de instalação de redes de fibra ótica nacionais, regionais e municipais).

65

Fonte: Fonte: Infraestrutura Económica do Estado da África do Sul: Oportunidades e Desafios de 2012, Presidência da República da África do Sul e Banco de Desenvolvimento da África do Sul.

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

94

2.6. Abertura da Economia e Relações Comerciais

A África do Sul apresenta uma economia relativamente aberta, com valores de exportação elevado e

diversificado.

Tabela 14 - Abertura da economia Sul-Africana

África do Sul 2008 2009 2010 2011 2012

Taxa de câmbio (US$ /ZAR) 8,20 7,23 7,30 8,40 8,23

Inflação 3,40% 4,64% 7,10% 11,54% 7,13%

Balança Comercial (em % do PIB) (3,06%) (0,88%) (0,20%) (0,62%) (3,05%)

Balança Corrente (em % do PIB) (7,35%) (3,99%) (2,79%) (3,41%) n.d.

Fonte: Banco Mundial; OANDA

Relativamente à taxa de câmbio, importa referir que vigora um sistema de câmbio flutuante, sem intervenção

do Banco Central. O Rand desvalorizou face ao Dólar, comparando com 2009 e 2010, e é expetável que assim

permaneça.

Ao nível da taxa de inflação identifica-se uma tendência crescente, tendo atingido um pico em 2011 justificado

pelo aumento mundial dos preços dos alimentos e do petróleo.

A balança comercial apresenta-se continuamente deficitária entre 2008 e 2012, assim como a balança

corrente.

Importações

As importações têm apresentado um ritmo crescente desde 2009,

mantendo-se a China e a Alemanha como principais mercados de

origem.

Tanto a China como a Alemanha exportam, na sua maioria, maquinaria

e equipamentos de transporte, tendo representado no primeiro caso

61%, e no segundo caso 46%, em 2012, no total das importações da

África do Sul.

A África do Sul enquanto plataforma de acesso aos mercados da região da SADC tem um importante papel de destaque dentro da comunidade perante o mercado externo, maximizado pela sua entrada no grupo dos BRIC

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

95

Importações Sul-Africanas – Top produtos

Gráfico 46 - Evolução das importações de África do Sul e principais países de origem, 2008-2012

Fonte: Centro Internacional de Comércio; UNCTAD, UNCTADstat

As importações Sul-Africanas correspondem essencialmente a maquinaria e equipamentos de transporte e

combustíveis minerais, lubrificantes e materiais relacionados, representando este dois grupos de produtos

cerca de 60% do total das importações da África do Sul.

Gráfico 47 - Importações Sul-Africanas - Top produtos

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

O país da CPLP com maior relevo nas importações de África do Sul é Angola, pelas exportações de petróleo,

tendo representado 2,25% do total das importações da África do Sul.

11% 13% 14% 14% 14%

11% 12% 11% 11% 10%

6% 5% 4% 4% 8%

8% 8% 7% 8% 7%

6% 5% 5% 5% 5%

3% 3% 4% 4% 5%

101,640

74,054

94,226

121,606 122,760

-

20,000

40,000

60,000

80,000

100,000

120,000

140,000

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

2008 2009 2010 2011 2012

Peso

nas im

po

rtaçõ

es t

ota

is d

e Á

fric

a d

o S

ul

Índia

Japão

EUA

Arábia Saudita

Alemanha

China

Importações

36%

24%

11%

11%

9%

5% 2%

Maquinaria e equipamentos de transporte

Combustíveis minerais, lubrificantes e materiaisrelacionados

Químicos e produtos relacionados

Bens manufaturados

Outros artigos manufaturados

Alimentos e animais vivos

Matérias-primas (exceto combustíveis)

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

96

Em segundo lugar surge o Brasil que apresentou uma maior variedade de produtos

exportados para a África do Sul, destacando-se as exportações de carne, açúcar, trigo

e Minério de ferro e seus concentrados.

Moçambique exportou essencialmente combustíveis minerais: petróleo (50%), gás

natural (19%) e eletricidade (15%), em 2012.

Portugal tem uma dimensão reduzida no global das trocas, principalmente em 2012,

representando apenas 0,13% do total das importações de África do Sul. Com maior

peso surgem as exportações portuguesas de veículos e outro material de transporte e

as exportações de cortiça.

Gráfico 48 - Importações Sul-Africanas da CPLP

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

As importações a partir de países da CPLP têm aumentado de forma relativamente consistente e expressiva

nos últimos 3 anos, com especial destaque para os parceiros da CPLP inseridos na SADC, Angola e

Moçambique, com crescimentos, respetivamente, de cerca de US$ 2.6 mil milhões em 2011 para cerca de

US$ 4 mil milhões em 2012.

398 420 528 1,052

1,270

1,661 1,242

1,354

1,667 1,671

2,686

1,371

1,998

1,585

2,805

4.79%

4.23%

4.25%

3.65%

4.81%

(500)

500

1,500

2,500

3,500

4,500

5,500

6,500

2008 2009 2010 2011 2012

Imp

ort

açõ

es (

mil

es U

S$)

Portugal Moçambique Brasil Angola

A CPLP representou, em 2012, apenas 4,81% das importações sul africanas

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

97

Importações Sul-Africanas de Angola

Figura 14 - Principais importações Sul-Africanas de Angola

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Angola apresenta um forte fluxo de exportação de petróleo para África do Sul, potenciado pelos diversos

acordos comerciais existentes que incluem a cooperação neste setor.

Importações Sul-Africanas do Brasil

Figura 15 - Principais importações Sul-Africanas do Brasil

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Angola 2,25% das importações sul africanas

Brasil 1,36% das importações sul africanas

Angola e África do Sul mantêm um acordo para exploração, refinação e distribuição de petróleo entre as principais empresas do ramo de ambos os países - a Sul-Africana PetroSA e a angolana Sonangol

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

98

Nos últimos anos o perfil de exportações do

Brasil para a África do Sul têm vindo a alterar-

se, ocorrendo um aumento do peso dos

produtos relacionados com o setor alimentar.

De facto, em 2012, são os produtos

alimentares que ocupam o lugar cimeiro da

pauta alfandegária brasileira para este país,

com especial destaque para o abate e a

preparação de produtos de carne e de

pescado.

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Gráfico 49 - Importações Sul-Africanas do Brasil

Importações Sul-Africanas de Moçambique

Figura 16 - Principais importações Sul-Africanas de Moçambique

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

33%

27%

14%

9%

7%

Alimentos e animais vivos

Maquinaria e equipamentos de transporte

Bens manufaturados

Matérias-primas (exceto combustíveis)

Químicos e produtos relacionados

Moçambique 1,03% das importações sul africanas

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

99

Moçambique tem um peso pouco expressivo

nas importações Sul-Africanas, as quais

correspondem essencialmente (87%) a

exportações de petróleo, gás natural e

eletricidade, não obstante a facilidade logística

de acesso ao mercado.

Gráfico 50 - Importações Sul-Africanas de Moçambique

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Importações Sul-Africanas de Portugal

Figura 17 - Principais importações Sul-Africanas de Portugal

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

87%

5% 3% 3%

Combustíveis minerais, lubrificantes e materiais relacionados

Alimentos e animais vivos

Bens manufaturados

Matérias-primas (exceto combustíveis)

Portugal Representação marginal nas importações sul africanas

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

100

As empresas nacionais não aproveitam o

mercado Moçambicano como ponte para o

mercado sul-africano, o que pode justificar a

fraca penetração no referido mercado.

Graças ao forte desenvolvimento do setor

automóvel da África do Sul (atualmente entre

os 20 primeiros a nível mundial em termos de

produção automóvel), Portugal tem visto o seu

fluxo de exportações de veículos e outro

material de transporte aumentar.

A cortiça também merece destaque,

representando 7,17% do total das exportações

portuguesas para África do Sul em 2012.

Gráfico 51 - Importações Sul-Africanas de Portugal

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat,2012

Exportações

Tal como ao nível das importações, os lugares cimeiros dos clientes Sul-Africanos são preenchidos pela China

e pelos Estados Unidos da América. O Japão surge em 3º lugar, seguido da Alemanha.

Gráfico 52 - Evolução das exportações de África do Sul e principais países de destino

Fonte: International Trade Center; UNCTAD, UNCTADstat, 2008-2012

36%

29%

13%

11%

6% 2%

Maquinaria e equipamentos de transporte

Bens manufaturados

Químicos e produtos relacionados

Outros artigos manufaturados

Alimentos e animais vivos

Matérias-primas (exceto combustíveis)

6% 11% 11% 13% 12%

11% 9% 10% 9% 9%

11% 8% 9% 8%

6%

8% 7% 8% 6%

5%

3% 4% 4% 4%

4%

7% 6% 5%

4%

4%

5% 4%

3% 3%

4%

73,966

61,677

80,892

92,976

86,712

-

10,000

20,000

30,000

40,000

50,000

60,000

70,000

80,000

90,000

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

2008 2009 2010 2011 2012

Peso

nas e

xp

ort

açõ

es t

ota

is d

e Á

fric

a d

o S

ul

Países Baixos

Reino Unido

Índia

Alemanha

Japão

EUA

China

Exportações

As empresas portuguesas gozam de um acordo comercial celebrado entre a África do Sul e a União Europeia que prevê a redução ou mesmo isenção de tarifas nos produtos importados

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

101

Quanto à estrutura das exportações Sul-Africanas, o top 3 dos produtos mais exportados foi preenchido em

2012 pelas exportações de ferro (13%), carvão (8%) e platina (7%).

Exportações Sul-Africanas – Top produtos

Gráfico 53 - Exportações Sul-Africanas - Top produtos

Fonte: International Trade Centre, 2012

Relativamente à CPLP, a África do Sul exporta mais para Moçambique, o que se justifica em grande parte pela

proximidade geográfica dos dois países, como anteriormente referido. Em segundo lugar surge Angola,

seguido do Brasil e de Portugal. Destes 4 países, apenas Portugal apresenta uma tendência decrescente.

Gráfico 54 - Exportações Sul-Africanas - CPLP

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2008-2012

26%

23%

17%

11%

7%

7%

6% 2%

Matérias-primas (exceto combustíveis)

Bens manufaturados

Maquinaria e equipamentos de transporte

Combustíveis minerais, lubrificantes e materiaisrelacionados

Químicos e produtos relacionados

Commodities e transações n.e.

Alimentos e animais vivos

Outros artigos manufaturados

Bebidas e tabaco

Óleos vegetais e animais, gorduras e ceras

338 193 163 107 85

593 368

709 744 728

747

629

773 777 1,142

1,116

1,324

1,270

2,026

2,077 3.78% 4.08%

3.61%

3.94% 4.65%

-

500

1,000

1,500

2,000

2,500

3,000

3,500

4,000

4,500

2008 2009 2010 2011 2012

Ex

po

rta

çõ

es

(m

ilh

õe

s U

S$

)

Portugal Brasil Angola Moçambique

A CPLP representou, em 2012, 4,65% das exportações sul africanas, com destaque para Moçambique

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

102

Exportações Sul-Africanas para Moçambique

A CPLP, na sua relação comercial com a África do Sul, apresenta um peso relativamente reduzido,

apresentando no entanto uma balança comercial superavitária, sustentada fundamentalmente pelas

exportações de petróleo de Angola.

Figura 18 - Principais exportações Sul-Africanas para Moçambique

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

A África do Sul representa cerca de 31% na

quota de importações de Moçambique, sendo

fornecedor de inúmeros produtos, traduzindo

uma forte relação comercial.

São, no entanto, de destacar as exportações

Sul-Africanas de eletricidade e carvão e ainda

de maquinaria e equipamentos de transporte.

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Gráfico 55 - Exportações Sul-Africanas para Moçambique

28%

23% 18%

14%

9%

6%

Maquinaria e equipamentos de transporte

Combustíveis minerais, lubrificantes e materiais relacionados

Bens manufaturados

Alimentos e animais vivos

Químicos e produtos relacionados

Outros artigos manufaturados

Moçambique 2,39% das exportações sul africanas

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

103

Exportações Sul-Africanas para Angola

Figura 19 - Principais exportações Sul-Africanas para Angola

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Com Angola o fluxo de exportações não é tão

intenso como em relação a Moçambique, mas

apresenta ainda assim uma grande diversidade

de produtos exportados.

Os maiores fluxos em 2012 foram as

exportações de fertilizantes (13%), veículos de

transporte de mercadorias (8%) e bebidas

alcoólicas (6%).

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Gráfico 56 - Exportações Sul-Africanas para Angola

28%

26% 18%

11%

8%

5% 4%

Maquinaria e equipamentos de transporte

Químicos e produtos relacionados

Alimentos e animais vivos

Bens manufaturados

Bebidas e tabaco

Outros artigos manufaturados

Combustíveis minerais, lubrificantes e materiaisrelacionados

Angola 1,32% das exportações sul africanas

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104

Exportações Sul-Africanas para o Brasil

Figura 20 - Principais exportações Sul-Africanas para o Brasil

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

As exportações de África do Sul para o Brasil

têm muito pouca representatividade no total

das importações brasileiras, cerca de 0,38%

em 2012 e das exportações sul-africanas

(0,84%). O seu crescimento médio anual foi de

2,36% entre 2008 e 2012.

Ao nível dos combustíveis minerais exportados

para o Brasil, destaca-se o carvão, que liderou

em 2012 a pauta alfandegária quando

analisada em maior detalhe. Em segundo lugar

surgem as exportações de inseticidas e em

terceiro materiais plásticos.

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Gráfico 57 - Exportações Sul-Africanas para o Brasil

33%

33%

18%

8%

5%

Combustíveis minerais, lubrificantes e materiaisrelacionados

Maquinaria e equipamentos de transporte

Matérias-primas (exceto combustíveis)

Alimentos e animais vivos

Outros artigos manufaturados

Brasil 0,84% das exportações sul africanas

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105

Exportações Sul-Africanas para Portugal

Figura 21 - Principais exportações Sul-Africanas para Portugal

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

No que se refere às importações Portuguesas

de produtos Sul-Africanos o grau de

especialização é superior.

Em 2012, a importação portuguesa de bens

alimentares liderou a tabela, sendo de

destacar as compras de frutas e nozes e de

peixe.

As compras de ouro não monetário também

merecem destaque, representando 20% do

volume de importações de África do Sul, sendo

este país o principal fornecedor de ouro de

Portugal neste mesmo ano.

No entanto a relevância proporcional nas

importações nacionais e nas exportações sul-

africanas é diminuta.

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Gráfico 58 - Exportações Sul-Africanas para Portugal

52%

20%

12%

8%

5%

Alimentos e animais vivos

Commodities e transações n.e.

Químicos e produtos relacionados

Maquinaria e equipamentos de transporte

Bens manufaturados

Portugal 0,10% das exportações sul africanas, com tendência decrescente

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106

2.7. Principais setores de oportunidade

As oportunidades decorrentes das necessidades de investimento

em infraestruturas e energia já apresentadas podem constituir

áreas de oportunidade de negócio para investidores

internacionais, em particular nos domínios das áreas de projeto,

fiscalização e construção civil e obras públicas.

Acresce que as prioridades do Governo, a nível setorial e a seguir

referidas originam um conjunto de oportunidades adicionais de

negócio, nas mais variadas áreas da Economia, sendo de

destacar:

Desenvolvimento de tecnologias na área agroindustrial, promovendo o desenvolvimento agrícola de

pequenos e médios negócios agrários, para os países adjacentes e pertencentes à SADC, os quais

apresentam forte dependência do setor agrícola, nomeadamente o Lesoto, Maláui, Moçambique,

República Democrática do Congo, Zâmbia e Zimbabué;

Desenvolvimento de serviços e equipamentos associados ao Cluster da indústria extrativa, que

representa cerca de 10% do PIB da África do Sul e cujo potencial de crescimento mantém-se positivo;

Turismo (de lazer e de negócios), com alavancagem nos objetivos da África do Sul de se tornar um

hub da África Austral para ligações intra e intercontinentais.

A tabela seguinte visa sintetizar as prioridades governamentais nos vários setores de atividade e, portanto, os

setores mais favoráveis ao investimento oriundo da SADC em geral, e de Portugal em particular.

Tabela 15 - Prioridades do Governo a Nível Setorial (NDP 2030) 66

Principais

Setores

Económicos

Apostas do Governo

Agro - indústria Investimentos substanciais em infraestruturas de irrigação, incluindo o armazenamento de água, distribuição pelo país, assim como o investimento numa tecnologia de poupança de água, em regiões com elevado número de recursos naturais;

Apoio aos pequenos agricultores (tecnologia e acesso aos mercados);

“Segurança de investimento”: os agricultores só devem investir em determinada área, quando a garantia de retorno seja total. Esta medida irá garantir a disponibilidade de rendimento para os agricultores existentes, para novos agricultores, e o retorno do investimento necessário;

Desenvolvimento de tecnologia: O crescimento da produção agrícola foi sempre alimentado pelo desenvolvimento de novas tecnologias, sendo que os retornos do investimento relacionados com I&D neste campo são elevados;

Medidas políticas para estimular o aumento do consumo de frutas e legumes por parte da população;

Exploração de medidas “inovadoras”, como por exemplo o estabelecimento de contratos com pequenos agricultores com o objetivo de melhorar a gestão da produção.

Indústria extrativa Diagnóstico dos principais constrangimentos que impedem o crescimento e desenvolvimento do setor mineiro e implementação de um conjunto de medidas de combate aos mesmos;

Aprofundamento dos vínculos deste setor com os outros setores da economia, como por exemplo reforço das relações entre vários fabricantes ou fornecedores ligados ao setor da mineração;

Promover a I&D, permitindo a melhoria dos métodos de extração, maior eficiência energética e redução do desperdício de água; Identificação de oportunidades que aumentem o envolvimento regional do Cluster (o setor mineiro apresenta-se como um dos setores mais importantes da economia Sul-Africana, tendo contribuído, em 2011, com cerca de 10% para o PIB. A importância deste setor resulta do facto da África do Sul ser um país notoriamente rico em recursos minerais).

66

Fontes: NDP 2030 – Governo África do Sul

“O pólo agroindustrial de Capanda tem uma área de 411 mil hectares. A meta é substituir 50% do que Angola gasta a importar alimentos.”

Revista Exame. 2013

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

107

Principais

Setores

Económicos

Apostas do Governo

Manufatura Dar prioridade aos produtos que são mais “dinâmicos” e apresentam maior grau de ligação ao uso doméstico;

Aproveitamento de contratos públicos e privados para promover a localização e a diversificação industrial;

Intensificação e apoio à I&D, com o objetivo de promover o desenvolvimento de novos produtos, inovação e comercialização. No ranking de competitividade 2013 - 2014 “Global Competitiveness Report”, que analisa a competitividade de vários países com base numa serie de critérios, a África do Sul classificou-se em 33º lugar (em 148 países) no critério “capacidade de inovação” e em 43º no critério “gastos das empresas em I&D”.

Turismo e Cultura Promoção do país enquanto destino de conferências e eventos;

Melhoria do nível de infraestruturas, nomeadamente rede de transportes, alojamento e ofertas turísticas;

Posicionar o país como um Centro de Negócios;

Promoção do país enquanto destino internacional, pela sua biodiversidade, beleza e recursos naturais. Facilidade de deslocação para os turistas que viajam entre países da região (o setor do turismo apresenta-se como um importante setor da economia do país, tendo representado, em 2011, 14,5% do PIB).

Setor financeiro Desenvolvimento do setor e garantia de acesso à população Sul-Africana (em 2030, é esperado um aumento de cerca de 63% das pessoas com acesso a serviços financeiros). O setor bancário da África do Sul encontra-se bastante desenvolvido, podendo ser visto como estando entre iguais, ao nível da banca europeia.

Desta lista merecem destaque as potencialidades abertas pela necessidade de equipamentos e tecnologia

para a agroindústria e indústria regular, bem assim como pela promoção do Turismo. A aposta nas

infraestruturas a seguir mencionada, reitera, mais uma vez, a relevância dos equipamentos, a par

naturalmente da exportação do leque total de serviços ligados à construção e às obras públicas.

Tabela 16 - Potencialidades ao nível das infraestruturas67

Principais Setores de

Infraestruturas

Potencialidades / Apostas do Governo

Construção /

Infraestruturas

Aumento da capacidade do Governo relativa à gestão do Orçamento destinado a infraestruturas, assim como outras questões relevantes para o setor, especialmente no que respeita à gestão de projetos, planeamento a longo prazo e monotorização e avaliação das despesas de construção e outros trabalhos;

Promoção das exportações dos setores da construção civil e indústrias fornecedoras, através da criação de um centro Financeiro para a África e mais apoio nas relações diplomáticas comerciais;

Intensificação do apoio às indústrias fornecedoras, como por exemplo materiais de construção, aço, vidro ou cimento;

Criação de condições para uma indústria cíclica menos volátil, dando prioridade a pequenos projetos regionais, que são mais facilmente acessíveis para as pequenas empresas ou pequenos operadores.

67

Fontes: NDP 2030 – Governo África do Sul

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108

2.8. Investimento direto estrangeiro na África do Sul

O período de 2010 a 2012 reflete um aumento exponencial do IDE Sul-Africano para o exterior, bem como

uma continuação da capacidade de captação da IDE para o país (inward), mantendo-se um saldo positivo

entre os fluxos de IDE de, e para a África do Sul.

África do Sul Dados referentes aos últimos 24 meses

Número de projetos: 277

CAPEX: US$ 13.037 milhões

Postos de trabalho criados: 28.393

Empresas/investidores: 245

Principais cidades recetoras de IDE

Joanesburgo: 89 projetos

Cidade do Cabo: 42 projetos

Durban: 13 projetos

Pretória: 10 projetos

Porto Elizabeth: 9 projetos

Fonte: FDI markets

De facto o investimento sul-africano no exterior tem vindo a aumentar, em particular para o resto de África,

(cerca de 18 mil milhões de US$). Segundo o “World Investment Report 2013”, o aumento dos fluxos outward

de IDE africanos, deve-se sobretudo aos investimentos Sul-Africanos para o exterior, em particular no setor

mineiro, no setor grossista, e em produtos do setor da saúde.

Por outro lado, em termos de IDE a África do Sul é o país africano que mais investimento chinês recebeu em

2011 (cerca de US$ 16 mil milhões). Adicionalmente, segundo um estudo desenvolvido pelo UNCTAD, a África

do Sul surge em 15º lugar no “TNCs’ top prospective host economies for 2013–2015”.

Gráfico 59 - Fluxos de IDE na África do Sul, 2008-2012

9,006

5,365

1,228

6,004

4,572

-3,134

1,151

-76 -257

4,369

(4,000)

(2,000)

-

2,000

4,000

6,000

8,000

10,000

2008 2009 2010 2011 2012

Flu

xo

s d

e ID

E (

milh

ões U

S$)

Inward Outward

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

109

Tabela 17 - Inward stock de IDE na África do Sul (milhões de US$)

Setor 2009 2010

Indústria extrativa 39.115 58.569

Outros serviços 32.688 39.610

Atividades empresariais 31.708 36.427

Transporte, armazenagem, telecomunicações 8.764 12.646

Comércio grosso e a retalho 4.204 5.199

Construção 275 308

Agricultura 126 140

Serviços de comunicação, sociais e pessoais 77 87

Eletricidade, gás e água 4 4

Fonte: Centro de Comércio Internacional

2.9. Financiamento à Economia

2.9.1. Principais bancos presentes

Tendo um sistema regulamentar eficiente,

mercados financeiros bem desenvolvidos e

instituições financeiras sólidas, o sistema

financeiro da África do Sul é bastante estável. De

acordo com o Relatório sobre a Competitividade

Global para 2012-2013 do Fórum Económico

Mundial, o país ficou classificado em terceiro lugar

num total de 144 países, quanto ao

desenvolvimento do mercado financeiro, e em

primeiro lugar no quadro jurídico do setor

financeiro e da regulamentação dos mercados dos

valores mobiliários.

O setor bancário da África do Sul é composto por

19 bancos e 12 sucursais de bancos estrangeiros.

No entanto, o setor é ainda bastante concentrado,

com 4 bancos a representarem 86% do total de

ativos. Destaca-se o “The Standard Bank of South

África”, com uma quota de 24.6% em termos de

depósitos, e de 26% em termos do crédito

concedido (no final de 2011), banco que se

posiciona no ranking mundial na posição 112. Os

rácios de capitalização dos bancos encontram-se,

claramente, acima dos níveis regulatórios exigidos,

com uma média de 14.1% para o rácio de RWC

(risk weighted capital) e de 11.8% no Tier 1.

No contexto da SADC, a África do Sul é o país em que se verifica o maior nível de protecionismo do setor

financeiro, verificando-se uma predominância de bancos cuja estrutura acionista é fundamentalmente local.

A indústria mineira lidera a captação de IDE na África

do Sul

Predominantemente local

Equilibrada

Estrangeira e Governo

Predominantemente estrangeira

Predominantemente Governo

Excluído

(Fonte: World Bank Staff Estimates, 2007)

Estrutura acionista bancáriaFigura 22 - Estrutura acionista bancária em África

Estes dados, para pequenas economias

pouco expostas ao exterior, reiteram a

relevância dos setores referidos na secção

anterior como setores apetecíveis para IDE

no País em função das apostas estratégicas

do Governo.

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

110

2.9.1. Bancarização da população68

O nível de bancarização da África do Sul é dos

mais elevados da SADC e de toda a África.

O Finscope Survey 2012, refere que 67% da

população adulta da África do Sul tem conta

bancária, e desses, cerca de 72%, além de terem

conta bancária, utilizam também produtos

bancários, tendo-se verificado um aumento da

utilização de contas poupança (30% para 39%) e

de máquinas eletrónicas e cartões de débito (52%

para 61%). Já a utilização de produtos bancários

manteve-se nos 25%.

A maioria dos adultos (70%) usa

produtos/serviços não bancários formais e 51%

dos adultos usa mecanismos informais. No

entanto, cerca de 19% da população não usa

produtos nem serviços bancários.

Existem diferenças significativas entre os níveis

de inclusão financeira nas zonas rurais e urbanas:

enquanto cerca de três quartos dos adultos (74%)

das áreas urbanas têm conta bancária, apenas

54% dos adultos usam produtos bancários nas

zonas rurais. O setor informal, mais acentuado

nas zonas rurais, desempenha um papel

importante em quebrar as barreiras da inclusão

financeira.

O setor bancário tem-se empenhado em melhorar o nível de inclusão financeiro da população Sul-Africana. O

Financial Sector Charter (FSC) e o Black Economic Empowerment Act (BBBEE) têm sido os principais pilares

da transformação do setor. Assinado em 2003 e implementado em 2004, o FSC é um acordo de

transformação voluntária para o setor financeiro.

O setor financeiro em geral e as instituições financeiras, em particular, assumiram o compromisso de

"promover ativamente um setor financeiro globalmente competitivo, que reflita a demografia do país, e que

contribua para o estabelecimento de uma sociedade justa através de uma eficaz prestação de serviços

financeiros acessíveis direcionando investimentos para setores-alvo da economia". O Governo criou ainda

canais alternativos para o financiamento das pequenas e médias empresas (PME).

Figura 24 - Evolução dos níveis de inclusão financeira, 2010 - 201269

68

Fonte: www.bna.ao 69

Fontes: http://www.banking.org.za, Finscope Survey 2012, OCDE

67

63

63

6

5

5

8

5

9

19

27

23

0% 20% 40% 60% 80% 100%

2012

2011

2010Bancários

Formais (não bancários)

Informais

Não servido

%

< 10%

Entre 10% e 20%

Entre 20% e 30%

Entre 30% and 40%

> 40%

Não disponível

(Fonte: World Bank, Global Financial Inclusion Database, 2011)

Contas bancárias (% +15anos)Figura 23 - Contas bancárias (% +15 anos) em África

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

111

2.9.2. Microcrédito

O setor do microcrédito na África do Sul surgiu em 1980 e tem sido impulsionado por várias Empresas,

Organizações Não Governamentais e Agências Governamentais, das quais se destacam:

Small Enterprise Foundation – é a mais antiga e mais conhecida organização de microcrédito na África

do Sul e tem como público-alvo os residentes das zonas rurais do Limpopo e Mpumalanga, onde os

níveis de pobreza são dos mais elevados do país;

Marang Financial Services – organização sem fins lucrativos dedicada a melhorar o acesso dos mais

pobres aos serviços financeiros;

Women’s Development Businesses – é composta por três organizações: WDB Micro Finance, WDB

Trust e WDB Investment Holdings - todas trabalham em conjunto para ajudar as mulheres Sul-

Africanas a encontrar uma solução duradoura para a pobreza;

FINCA South Africa – tem o objetivo de melhorar a qualidade de vida da população mais

desfavorecida através da prestação de serviços financeiros para empreendedores com pouca

capacidade financeira;

Paradigm Shift - organização sem fins lucrativos que tem o objetivo de capacitar as igrejas dos países

em desenvolvimento para dar formação aos mais desfavorecidos sobre negócios, microcrédito,

orientação e disciplina.

Apesar de ter vindo a crescer ao longo dos anos, em 2000 o setor entrou na chamada “Fase de

Consolidação”, uma vez que o rápido crescimento das instituições de microcrédito se tornou insustentável.

Primeiro porque o número limitado de pessoas que necessitavam desses créditos levou a um aumento da

competitividade entre as instituições, o que levou a uma redução das margens de lucro. Segundo, o Governo

proibiu o crédito consignado e criou um Conselho Regulador das Micro Finanças (Micro Finance Regulatory

Council), com a finalidade de regular o microcrédito.

A diminuição dos lucros, a eliminação de um mecanismo de cobrança estável e os elevados custos de

cumprimento da legislação fizeram com que muitos credores saíssem do mercado. Considerando que existiam

cerca de 3.500 instituições de microcrédito registadas em 1997, apenas 1.334 permaneciam em 2000.

2.9.3. Taxas de juro de financiamentos70

A África do Sul tem um sistema de câmbio flutuante. Por forma a minimizar o impacto negativo de excesso de

fluxos de capitais de curto prazo e de volatilidade cambial, o Banco Central Sul-Africano (South African Reserv

Bank) intervém no mercado cambial, aligeirando os controlos cambiais e acelerando a acumulação das

reservas cambiais externas. Estas reservas atingiram, em agosto de 2011, um máximo histórico de US$ 51.4

mil milhões, tendo-se mantido próximas deste nível (US$ 50 mil milhões) até agosto de 2012. O Banco Central

Sul-Africano tem vindo a utilizar a acumulação de reservas como um instrumento de gestão da sua liquidez

internacional, ao invés de aplicar esta acumulação numa política cambial ativa.

A política monetária assegurou a estabilidade dos preços, mantendo-se a inflação dentro das taxas previstas

(3-6%) na primeira metade de 2012. No entanto, a inflação de base aumentou significativamente em dezembro

de 2012 para 4,9%, bem acima da média a longo prazo de 4,9%. A taxa de inflação global anual homóloga

(year-on-year inflation), impulsionada pelos preços do petróleo, da eletricidade, da educação e da comida,

registou uma subida para os 5,7% em dezembro de 2012, depois de se ter mantido nos 5,6% em novembro.

No entanto e apesar de uma taxa de juro historicamente baixa, a procura de crédito pelo setor privado

permanece relativamente baixa. Por outro lado, entre julho e agosto de 2012 o crescimentoda massa

monetária desceu de 8,3% para 7,8%.

70

Fonte: African Economic Outlook

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

112

2.9.4. Bolsa de valores71

Em junho de 2012, a bolsa de valores de Joanesburgo – JSE – tinha 401 empresas cotadas, tendo a

capitalização da bolsa atingido os US$ 734 milhões, o que representa um crescimento médio anual de 56%

desde 2000.

Segundo dados da World Federation Exchange disponibilizados pela JSE, a bolsa de valores Sul-Africana

ocupa o 19º lugar num conjunto de 54 membros, o 21º em volume de transações, e o 29º em liquidez de

mercado. As transações em bolsa estão totalmente automatizadas, realizando-se através de um sistema

eletrónico de compensação e liquidação.

71

Fonte: Research BPI – África do Sul 2012

O investimento na África do Sul deverá igualmente ter em consideração o cumprimento das regras para combater a desigualdade previstas pelo programa “Broad-Based Black Economic Empowerment (B-BBEE)”

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

113

3.Moçambique

Principal potência no setor do gás

natural

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

114

3. Moçambique. Uma potência no setor do

carvão, uma potência emergente no setor do gás

natural

3.1. Macroeconomia 3.1.1. PIB da economia moçambicana

Moçambique é um dos países da região em processo de convergência. No passado recente registou algumas

das taxas de crescimento do PIB mais elevadas a nível mundial, acima de 7%. No entanto, a sua enconomia

em 2010, representava apenas 2,24% do PIB da região da SADC.

Gráfico 60 - Crescimento anual PIB Moçambicano (últimos 5 anos)

O crescimento, muito embora generalizado, assentou na produção de carvão, na agricultura, na construção

civil e serviços financeiros, sustentado pela contínua capacidade da atração de investimento estrangeiro. As

previsões para 2014 apontam para um crescimento de 8%. Estas previsões têm como pressupostos o

crescimento da produção de carvão, o desenvolvimento de infraestruturas (“mega projetos”) e o alargamento

da concessão de crédito à Economia.

O sólido crescimento dos últimos anos, não permitiu ainda ultrapassar as caraterísticas menos positivas da economia Moçambicana (apontadas de forma consistente pelos principais organizações internacionais): (i) o frágil capital humano; (ii) o elevado custo do crédito; (iii) as deficientes infraestruturas, e (iv) a regulamentação demasiado complexa. Os obstáculos referidos são, no entanto, as principais prioridades do Governo de Moçambique, como se irá ilustrar ao longo do estudo, o que permite perspetivar o desenvolvimento económico com otimismo moderado. Não obstante, chamamos a atenção sobre este rápido crescimento económico potenciado por recursos naturais, o qual poderá conduzir a enviesamentos estruturais da Economia denominada “doença holandesa” (“dutch disease”).. O otimismo é transversal às instituições económicas do país, especificamente o Banco Central de Moçambique, num misto de previsão e aspiração, refere que Moçambique atingirá a qualificação de “país de rendimento médio até 2025”.

9,891 9,674 9,274

12,568 14,588

6.8% 6.3%

7.1%

7.3% 7.4%

6%

6%

6%

6%

7%

7%

7%

7%

7%

8%

0

2,000

4,000

6,000

8,000

10,000

12,000

14,000

2008 2009 2010 2011 2012

Cre

sc

ime

nto

an

ua

l P

IB (

%)

PIB

mil

es

US

D

Anos

PIB (Milhões US$) Crescimento anual PIB (em %)

Fonte: Banco Mundial

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

115

De notar que, no início de 2013, as inundações ocorridas, nomeadamente no Sul, danificaram de forma

significativa estradas, os caminhos-de-ferro e linhas de transmissão de eletricidade. No entanto, tal não afetará

a tendência de crescimento, dada a materialização do crescimento das exportações de carvão, e a

implementação dos megaprojetos de infraestruturas.

Para ilustrar o referido note-se que produção de carvão, que se iniciou em 2010, havia atingido 5 milhões de

toneladas em 2011, tendo-se multiplicando e atingido 50 milhões de toneladas em 2012. A produção é na sua

maioria exportada, suportando o crescimento.

3.1.2. Orçamento Geral do Estado72

As despesas do Orçamento Geral do Estado (“OGE”) constituem um importante indicador do peso e da forma

como o Estado influencia (ou pretende influenciar) o desenvolvimento económico. Em Moçambique a despesa

do Estado, medida pelas despesas imputadas no OGE (e sem considerar o papel estratégico do seu setor

empresarial) no ano de 2012 atingiu 34% do PIB.

Gráfico 61 - Despesas de natureza económica do OGE 2013 (%)

Fonte: Relatório de execução do Orçamento do Estado 2013

Um dos principais desafios

orçamentais consiste na conciliação

entre o crescimento da despesa

(nomeadamente do sistema de

segurança social e de despesas de

investimento em infraestruturas) e a

capacidade de gerar receitas

orçamentais.

72 African Economic Outlook; Relatório Nacional do FMI n.º 13/1, dados de 2013

54.4%

19.5%

17.3%

4.7% 2.2%

Pessoal

Bens e serviços

Transferências correntes

Encargos da dívida

Exercícios findos edemais despesascorrentes

A distribuição funcional da despesa do OGE dá prioridade aos serviços públicos gerais (28,3%), aos assuntos económicos (23,6%) e à educação (17,4%)

28.3%

3.0%

7.3%

23.6%

4.2%

8.3%

17.4%

5.9%

Serviços públicos gerais

Defesa

Segurança e ordem pública

Assuntos económicos

Habitação e desenvolvimentocoletivo

Saúde

Educação

Segurança e ação social

Fonte: Relatório de execução do Orçamento do Estado 2013

Gráfico 62 - Despesas de natureza funcional do OGE 2013 (%)

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116

A redução do peso da ajuda externa está a dificultar esta harmonização. A ajuda externa diminuiu para 5,4%

do PIB em 2012, face a 7.8% do PIB% em 2011. Esta diminuição foi compensada parcialmente pelo aumento

da arrecadação das receitas internas, sobretudo devido aos ganhos de eficiência na cobrança de impostos.

O FMI prevê que o défice orçamental (incluindo donativos internacionais) se mantenha superior a 5.5% no

período de 2013 a 2018, dado que:

(i) O aumento antevisto das receitas das indústrias extrativas surgirá apenas a médio prazo (os grandes

projetos de carvão estão ainda em fase inicial de produção), estabilizando o seu peso em 5% do PIB;

(ii) As despesas com infraestruturas registarão incrementos significativos entre 2013 e 2014, com o seu

peso no PIB a incrementar-se de 12,5% em 2012 para cerca de 14,5%, em 2013 e 2014; e

(iii) O Plano de Ação para Redução da Pobreza (PARP 2011-2014) estabelece que os gastos em áreas

prioritárias sejam aumentados de 66.9% para 71.5% da despesa total, onde se incluem dotações para a

Segurança Social, e ainda um possível financiamento adicional do Banco Mundial com vista a apoiar o

programa de investimentos públicos nesta área.

Diminuição da dependência da ajuda internacional e diplomacia política

A ajuda internacional foi determinante para assegurar a coesão de Moçambique e para financiar a balança de

pagamentos altamente deficitária. O IDE, pela primeira vez em 2011, foi o principal contribuinte para financiar o défice,

ultrapassando as ajudas internacionais.

Refira-se que a ajuda a Moçambique foi, e é, relativamente fragmentada (do ponto de vista dos doadores) no contexto

Africano, podendo ser encarada como um entrave à sua eficiência.

Número de dadores em Moçambique vs. Médias globais e continente Africano

Moçambique Média global Média do continente Africano por país

36 21 24

Fonte: Transformação Económica de Moçambique, Discussion Paper 12/2013

Analisando o ranking dos principais doadores em 2011, verificamos o papel ativo que Portugal tem no apoio a

Moçambique:

Top 10 dadores APD em termos brutos (média 2010-2011) (Milhões US$)

1 EUA 332

2 Portugal 170

3 Instituições UE 161

4 Reino Unido 148

5 IDA 136

6 Canadá 106

7 Dinamarca 101

8 Suécia 97

9 Alemanha 89

10 Noruega 79

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117

3.1.3. Dívida pública

O rácio entre a dívida pública e o PIB tem-se mantido relativamente estável – em 40% desde 2006, ano em

que o FMI aprovou a Iniciativa Multilateral de Alívio da Dívida, estabelecendo-se um perdão parcial da dívida

do país.

Não obstante, e considerando o esforço exigido pelos planos de investimento, referido no ponto anterior, os

valores nominais de dívida deverão aumentar, podendo atingir cerca de 50% do PIB em 5 anos, de acordo

com as projeções do FMI. É de referir que mais de 80% da dívida é detida por entidades externas, e desde

2007 que a dívida tem notação correspondente ao segundo maior nível de classificação de investimento

especulativo, de acordo com as principais agências internacionais de notação de risco.

De referir que até 2012, o Governo recorreu apenas a 16% dos empréstimos autorizados, totalizando 900

milhões de US$, os quais foram previamente acordados com o FMI no âmbito do “Instrumento de Apoio à

Política Económica”. No entanto, e em 2012, a assinatura de contratos relativos a três novos projetos de

infraestruturas, totalizando 1.23 mil milhões de US$, levou à renegociação com o FMI do plafond de crédito

para 1.5 mil milhões de US$, e a um pedido adicional de 100 milhões de US$.

3.1.4. Reservas de moeda estrangeira

O gráfico abaixo representa a evolução ocorrida ao nível das reservas de moeda estrangeira e ouro para o

período de 2004-2012. O valor em 2011 representa 3,7 meses de cobertura de importações. No entanto, a

diminuição do influxo de ajudas externas, e as cheias de 2013, conduziram a uma diminuição significativa das

reservas internacionais para aproximadamente US$ 2.300 milhões, tendo implícito um rácio de cobertura de

importações de 3,1 meses.

Gráfico 63 - Evolução da reserva em moeda estrangeira e ouro

Fonte: FMI

O menor nível de reservas não deverá ser considerado preocupante, dado ter resultado de aspetos

conjunturais, retendo Moçambique fortes fatores económicos que sustentam o potencial crescimento das suas

reservas.

3.1.5. Nível de financiamento à Economia

Conforme referido, este é um dos aspetos que requer melhorias para que o potencial da economia

Moçambicana se materialize. Segundo o FMI, o sistema bancário tem apresentado crescente liquidez. No

entanto, este acréscimo tem sido canalizado de forma limitada para as PMEs e para o setor produtivo em

1.206 1.051

1.353 1.445 1.606

1.829 1.982

2.469

0

0.5

1

1.5

2

2.5

3

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Reserva em moeda estrangeira e ouro (US$)

Moçambique

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118

geral, mantendo-se concentrado em grandes empresas e megaprojetos, não contribuindo para uma adequada

diversificação da Economia e melhoria da competitividade.

Acresce que, a um volume de crédito abaixo do ótimo, se adicionam custos de financiamento elevados.

3.1.6. Evolução das taxas de juro e variação da liquidez

Desde 2012 a autoridade monetária procedeu a uma diminuição da taxa de referência (associada às

operações de cedência de liquidez). À descida das taxas de referência, seguiu-se a descida das taxas de juro

gerais da Economia, embora ainda a um ritmo lento.

Apresenta-se de seguida uma tabela que representa a evolução das taxas de juro referente ao período 2007-

2012:

Tabela 18 - Evolução da taxa de juro

2007

Dez.

2008

Dez.

2009

Dez.

2010

Dez.

2011

Dez.

2012

Mar.

2012

Jun.

2012

Jul.

Depósitos

91-180 dias 12.1 11.2 8.8 11.5 12.7 12.5 11.6 10.8

181-365 dias 12 11 10 12 13 12 12 12

1-2 anos 7 a 12.2 6 a 11.1 2 a 9.4 2 a 14.3 4 a 13.2 9 a11.5 6 a 11.4 2 a 11.4

Crédito

Até 180 dias 23 22 18 22. 24 23. 22 22

181-365 dias 0 a 22.2 0 a 21.8 6 a 19.2 0 a 21.7 4 a 23.7 4 a 22.9 0 a 22.0 9 a 21.8

1-2 anos 22.1 20.7 18.8 22.6 24.9 24.6 23.7 23.1

Taxas de referência

Facilidade Permanência

de cedência 15.5 14.5 11.5 15.5 15.0 13.8 11.5 11.5

Bilhetes do Tesouro 14.8 14.0 9.5 14.7 11.8 8.6 4.2 3.8

Fonte: Banco de Moçambique, Fundo Monetário Internacional

No que respeita ao regime cambial, a moeda nacional de Moçambique, o metical, tem apresentado uma

valorização nominal em comparação com as restantes moedas de referência para Moçambique, ou seja,

relativamente ao dólar norte-americano, euro e rand sul-africano. Porém, a partir de 2012, registou-se uma

desvalorização nominal de cerca de 5% da moeda nacional comparativamente com o rand sul-africano e o

dólar norte-americano.

A gestão do risco cambial deverá estar presente na análise de investimento dos diferentes agentes.

A taxa de câmbio real teve um comportamento semelhante.

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119

3.2. Política Económica Visão do FMI e EIU

As previsões do FMI apontam para um crescimento

de 8,4% para 2013 e 7.2% para 2014, a EIU de

7.8% para ambos os períodos.

Estas previsões fundamentam-se em expetativas

de um aumento da produção no setor da indústria

extrativa decorrente da crescente exploração dos

recursos naturais e alargamento das atividades

financeiras através do aumento da concessão de

empréstimos à economia como consequência da

expansão prevista no setor produtivo.

Fonte: FMI / EIU

Visão do Governo de Moçambique, Proposta do Plano Económico e Social para 2014 (PES 2014)

A visão do governo de Moçambique, expressa no “Quadro Macroeconómico de Referência para 2012-2014”

onde se definem as premissas e metas para os principais agregados económicos (bem como o quadro

macroeconómico estabelecido na Estratégia de Moçambique) é consistente com os valores apresentados

pelos organismos internacionais, verificando-se unanimidade nas expetativas e nos pressupostos inerentes a

estas.

Segundo o Plano Económico e Social 2012 – 201473

, é expectável a seguinte evolução da economia:

Tabela 19 - Principais Indicadores Macroeconómicos 2012-2014

2012

Real

2013

PL

2013*

2014*

PIB Nominal (Milhões de US$) 14.363 15.811 15.365 17.034

Taxa de crescimento (%) 7.2 8.4 7.0 8.0

PIB Per Capita (US$) 606 648 631 680

Taxa de Inflação média anual (%) 2.1 7.5 6.6 5.6

RIL (Meses de Cobertura de import.) 3.8 4.8 3.7 3.7

Exportações (Milhões de US$) 3.470 3.558 3.788 4.774

População (Milhares de Hab) 23.339 23.760 23.760 25.042

*Previsão

73

Fonte: Proposta do Plano Económico e Social 2014

7.5%

8.4%

7.2% 7.4%

7.8%

7.8%

6.5%

7.0%

7.5%

8.0%

8.5%

2012 2013 2014

Previsões FMI Previsões EIU

Gráfico 64 - Previsões de crescimento para Moçambique

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120

Plano Económico e Social

Prioridades Estratégicas para o país

O PES (2012-2014) define o enquadramento

estratégico de longo prazo estabelecido pela

Estratégia Nacional que fixa as Grandes

Orientações para o Desenvolvimento de

Moçambique, destacando-se:

1. Crescimento económico de 8.0%; 2. Taxa de inflação média anual de 5.6%; 3. US$ 4.774 milhões em exportações de

bens, correspondendo a um crescimento de 21%, comparativamente ao montante previsto para 2013;

4. Constituição de reservas internacionais líquidas no montante de US$ 320 milhões, passando para um saldo de US$ 3 mil milhões, correspondente a 3,7 meses de cobertura das importações de bens e serviços;

5. Prosseguir com a criação de oportunidades de emprego e de um ambiente favorável ao investimento privado e desenvolvimento do empresariado nacional, salvaguardando, no entanto, uma correta gestão do meio ambiente;

6. Melhorar em quantidade e qualidade os serviços públicos de educação, saúde, água e saneamento, estradas e energia;

7. Prosseguir com a consolidação de uma Administração Local do Estado e Autárquica, pautada pelo serviço do cidadão.

1. População e desenvolvimento social

O Governo pretende diminuir as disparidades

económicas e sociais, nomeadamente em termos de

condições de acesso à saúde e educação oferecidas

à população, que têm um impacto direto no Índice de

Desenvolvimento Humano (“IDH”) publicado pelas

Nações Unidas.

Em 2013, Moçambique encontra-se na posição 185,

dentre 187 países no IDH, sendo no entanto o país

que tem vindo a apresentar índices de crescimento

mais elevados desde o ano de 2000.

Porém, com níveis de escolaridade mínimos,

esperança média de vida e riqueza muito baixos,

Moçambique apenas se situa à frente do Níger e da

República Democrática do Congo.

Um “IDH médio” é a meta do Governo para 2017 na

SADC. A África do Sul, o Botsuana, a Namíbia ou a

Suazilândia são exemplos de países que já registam

um IDH médio.

Tabela 20- IDH Moçambique (PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – Evolução desde 2000)

Indicador 2000 2005 2007 2010 2011 2012

IDH 0.247 0.287 0.301 0.318 0.322 0.327

Fonte: Nações Unidas

A melhoria do indicador assenta, nomeadamente, no crescimento do PIB, sendo classificado como “Baixo”.

Para atingir o objetivo proposto será necessário efetuar investimentos significativos no setor da educação

primária e cuidados de saúde primários, o que implicarão investimentos por parte do Governo, contemplados

nas previsões orçamentais.

2. Estabilidade e Regulação Macroeconómica

O Governo tem vindo a promover a condução coordenada das políticas fiscais, monetária e cambial,

acentuando o papel da Programação Financeira como instrumento balizador da articulação entre o Ministério

das Finanças e o Banco de Moçambique, tal é atestado pelas organizações internacionais que acompanham o

desenvolvimento da economia (FMI, Banco Mundial).

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121

*Previsões

Depois de em 2012 a taxa de inflação ter tido uma variação média anual de 2,1%, registou-se nos primeiros

meses de 2013 a aceleração da taxa de inflação.

As expectativas do Governo são consistentes com a previsão do Banco de Moçambique, podendo o país

alcançar uma inflação média anual de 6.5% determinada pelo desenvolvimento da atividade económica

mundial, pela pressão de preços na Economia (dado o incremento da procura de recursos) e pela política

financeira do Banco Central de Moçambique, uma política acomodatícia/expansionista.

3. Promoção do Crescimento Económico, do Aumento do Emprego e de Diversificação

Económica

3.1 Diversificação da Estrutura Económica Nacional As projeções do governo de Moçambique não apontam para alterações muito significativas na estrutura produtiva por setores, excetuando um incremento de peso da indústria extrativa e dos serviços financeiros no PIB. No entanto, atendendo ao elevado crescimento previsto da Economia, tal implica uma evolução positiva da globalidade dos setores, demonstrando a existência de oportunidades para diversos agentes privados. Entende-se que a projeção apresentada é conservadora, podendo vir a verificar-se um maior peso dos setores que suportam a cadeia de valor da indústria extrativa, sendo esses os que gerarão maiores oportunidades.

Tabela 21 - Objetivo do Ministério da Planificação e Desenvolvimento – Ministério das Finanças: Previsão da contribuição setorial do PIB

74

Indicadores dos objetivos 2016

Indicadores

Ano base Metas

2012 2013 2014 2015 2016

Agro-pecuário e silvicultura 23.4% 22.6% 22.9% 22.5% 22.3%

Pesca 1.4% 1.4% 1.3% 1.3% 1.2%

74

Ministério da Planificação e Desenvolvimento - Ministério das Finanças (Cenário Fiscal de Médio Prazo 2014-2016)

2.1

7.5

6.6 6.5 6.5 6.5

0

1

2

3

4

5

6

7

8

2012 2013 OE 2013 2014* 2015* 2016*

Taxa de Inflação Média Anual (%)

Gráfico 65 - Taxa de Inflação - valores reais e estimativas

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

122

Indicadores dos objetivos 2016

Indústria extrativa 1.7% 2.0% 2.2% 2.5% 2.4%

Indústria transformadora 12.0% 11.9% 11.5% 11.1% 10.9%

Eletricidade e água 4.5% 4.5% 4.4% 4.5% 4.5%

Construção 3.4% 3.5% 3.6% 3.6% 3.7%

Comércio 11,1% 11.1% 11.2% 11.3% 11.4%

Restaurante e hotéis 1.4% 1.4% 1.4% 1.4% 1.4%

Transporte e comunicações 12.3% 12.4% 12.5% 12.7% 12.9%

Serviços financeiros 5.6% 6.2% 6.3% 6.7% 7.1%

Alugueres de imóveis e serviços de empresas 5.8% 5.5% 5.2% 4.9% 4.6%

Administração pública e defesa 3.8% 3.8% 3.9% 3.9% 3.9%

3.2 Promoção do Emprego e Capacitação e Valorização dos Recursos Humanos Nacionais

O crescimento económico que se tem verificado em Moçambique tem permitido a diminuição da pobreza. A

paz e estabilidade políticas e sociais sentidas presentemente no país são, simultaneamente, uma

consequência desse processo e um fator de reforço destas circunstâncias.

A Estratégia de emprego e formação profissional em Moçambique 2006-2015 pretende dar uma contribuição

para a redução do desemprego e diminuição do nível de pobreza da população moçambicana.

Em relação ao mercado de trabalho continua a persistir um desequilíbrio entre oferta e procura conduzindo a

uma elevada taxa de desemprego (próxima dos 19%, segundo o INE de Moçambique). Este desequilíbrio

resulta da incapacidade da Economia em gerar postos de trabalho necessários a acomodar (i) o crescimento

populacional; (ii) o elevado abandono escolar; e (iii) a reduzida oferta educativa.

Acresce que as diversas avaliações do impacto das estratégias de redução da pobreza anteriores revelam que

a pobreza não sofreu alterações significativas no período 2005 a 2009. Residindo um dos principais motivos,

tal como reconhecido nas avaliações, no fato dessas estratégias não terem dado prioridade ao setor da

agricultura. O modelo económico do país, baseado principalmente no investimento direto estrangeiro em

indústrias de capital intensivo, não produziu nenhum efeito sobre a taxa de desemprego desde a última

medição em 2004, permanecendo a taxa em 18,7%.

Este é um vetor de desenvolvimento fundamental por assegurar uma melhor distribuição do rendimento

gerado, para incrementar a atratividade de investimento estrangeiro e por permitir minorar o risco de

instabilidade social (e acima de tudo, ser a melhor forma de assegurar a melhoria da qualidade de vida da

população).

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

123

Programa redução da pobreza em Moçambique

Nos últimos anos, Moçambique registou um clima de estabilidade macroeconómica que favoreceu o crescimento económico e o desenvolvimento social. Mas, apesar do referido, o impacto na redução da pobreza tem sido mínimo. Deste modo, o governo tem vindo adotar desde 2000 uma série de políticas articuladas, com vista à redução da pobreza, nomeadamente, o Plano de Ação para a Redução da Pobreza (PARP 2011-14). Este programa de médio prazo tem como objetivos o aumento da produção agrícola, a promoção do emprego associado ao desenvolvimento das pequenas e médias empresas (PME) e o investimento em desenvolvimento humano e social.

Conta com o apoio do Banco de Desenvolvimento Africano e do Banco Mundial, que no âmbito do Crédito de Apoio à Redução da Pobreza (PRSC) vai conceder um empréstimo de € 110 milhões. A Agência Francesa de Financiamento contribui também para o PARP, sendo o montante da subvenção entre 2010-2014 igual a € 10 milhões.

A percentagem de população que pode ser considerada pobre, em termos de propriedade e consumo,

atinge ainda níveis extremamente elevados (40%) tendo tido uma evolução praticamente nula desde

2002/2003 até 2008/2009.

Emprego em Moçambique

O crescimento económico Moçambicano não teve uma proporcional repercussão na criação e na alteração da estrutura

de emprego. O país continua a ter a sua base de emprego em trabalhadores rurais de baixa produtividade e valor

acrescentado. Os dados de emprego urbano também não são positivos.

É no entanto expectável que, especialmente devido ao aumento na produção de carvão e à correção do problema de

falta de crédito para a Economia, que o número de postos de trabalho e a estrutura de emprego seja melhorada,

especialmente no longo prazo.

Distribuição da força de trabalho por status de emprego

Urbano

96/97

02/03

04/05

08/09

Totalmente

empregado

52.6

42.5

46.4

49.0

-3.5

Sub empregado

37.5

39.5

33.1

34.5

-3.0

Trabalho+

Estudos

0.9

5.9

6.5

7.6

6.8

Desempregado

9.1

12.2

13.9

8.9

-0.2

Rural

Totalmente

empregado

27.3 36.5 37.3 42.9 15.7

Sub empregado

69.4 57.7 56.1 49.2 -20.2

Trabalho+

Estudos

0.5 3.2 5.8 7.5 7.0

Desempregado

2.8 2.7 0.8 0.4 -2.4

Nota: A coluna final indica a diferença absoluta entre 2008/2009 e 1996/1997

Fonte: Poverty is not being reduced in Mozambique, Open Research Online, 2010

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124

3.3 Apoio às Exportações75

Um elemento importante para a sustentabilidade do processo de desenvolvimento de Moçambique reside no

seu relacionamento com o exterior. As exportações moçambicanas mantiveram uma estrutura similar entre

2005 e 2011, embora com uma tendência crescente.

Fonte: INE Moçambique. Não inclui a totalidade dos produtos, pelo que não concilia com a informação da UNCTAD.

Tabela 22 - Objetivo do PND 2013 - 2017: Exportações

Indicadores dos Objetivos 2016

Indicadores Ano base Metas

2012 2013 2014 2015 2016

Exportações (Milhões de US$) 3.470 3.787 4.195 4.553 4.728

Fonte: Ministério da Planificação e Desenvolvimento- Ministério das Finanças (Cenário Fiscal de Médio Prazo 2014-2016)

Os objetivos propostos pelo governo apontam para um crescimento anual das exportações na ordem de 8%. Atendendo aos valores históricos, crescimento de 9% entre 2005-2011, e dado este assentar no desenvolvimento da indústria extrativa, as projeções do Governo parecem atingíveis (e consequentemente, a materialização do crescimento, progresso e desenvolvimento do país).

75

Moçambique Overview – perspetivas económicas para 2013 - PLMJ

Alumínio 5%

Energia Elétrica 13%

Tabaco 27%

Gás 7%

Açúcar 15%

Madeira 5%

Algodão (7%)

Camarão (10%)

Crescimento 2005/2011

1,021

1,401 1,480 1,452

868 1,160

1,357

142

178 240 221

274

277

299

43

110 52 132

181

153

180

100

110 121 152

78

134

153

38

71 62

71

58

88

88

32

36 32

26

38

66

42

242

343 322 506

570

383

720

-

500

1,000

1,500

2,000

2,500

3,000

3,500

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

US

D e

m m

ilh

õe

s

Evolução das exportações por principais produtos

Alumínio Energia Eléctrica Tabaco Gas

Açucar Madeira Camarão Algodão

Outros Outros

Gráfico 66 - Evolução das exportações

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

125

4. Reforço do Posicionamento de Moçambique no Contexto Internacional e Regional, em

particular na União Africana e na SADC76

As opções estratégicas relativas ao posicionamento de Moçambique no contexto internacional e regional

encontram-se expressas no plano quinquenal do Governo 2010-2014, dando ênfase à sua ambição em ter um

papel crítico no desenvolvimento integrado da SADC, nomeadamente através de:

Reforço da posição na SADC;

Apoio à inserção competitiva na economia global, via:

o Aprofundamento da coordenação com os Bancos Centrais da região da SADC, com vista à

harmonização de políticas e objetivos de convergência macroeconómica;

o Assegurar a implementação dos Protocolos e outros instrumentos da Comunidade para o

Desenvolvimento da África Austral (SADC);

o Defesa dos interesses nacionais no âmbito da defesa da Comunidade de Desenvolvimento da

África Austral (SADC);

o Estreitamento da cooperação entre o governo e as instituições responsáveis pela segurança

interna dos Países Membros da SADC e da CPLP.

A prossecução dos objetivos da Política de Reforço do Posicionamento de Moçambique no Contexto

Internacional e Regional será concretizada através do desenvolvimento das seguintes ações prioritárias:

a) Participação no processo de criação da União Aduaneira da SADC;

b) Identificação das várias potencialidades do país para beneficiar das oportunidades no âmbito da

integração regional;

c) Promover iniciativas para a diversificação de exportações;

d) Mobilização de fundos para apoio à produção e promoção das exportações;

e) Reforço da implementação e execução dos acordos comerciais;

f) Assegurar o envolvimento do setor privado na formulação de posições negociais.

Moçambique é um dos países da CPLP no qual a estratégia de desenvolvimento formalizada pelo governo dá

maior preponderância à sua integração numa comunidade económica regional.

Moçambique reconhece que tem um papel relevante na região e que a sua integração, juntamente com o

desenvolvimento da sua indústria extrativa, formarão as bases de um crescimento sustentado.

Os investidores da CPLP deverão alavancar as suas oportunidades na vontade expressa do governo de

Moçambique, desempenhando um papel ativo na prossecução da estratégia definida.

76 Fonte: Plano quinzenal do Governo 2010-2014

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

126

3.3. Estrutura produtiva

3.3.1. PIB por setor

Moçambique iniciou uma alteração, para muitos observadores, uma transformação, partindo de uma economia

de base agrícola e assente em setores tradicionais, para uma economia com maior preponderância da

indústria extrativa e serviços financeiros A vantagem de “first mover” pode vir a ser explorado por investidores

privados, que anteciparão/antecipem as tendências económicas.

Gráfico 67 - Produto Interno Bruto por setor – Moçambique

Fonte: INE de Moçambique, FMI, 2011

3.3.2. Setor empresarial do Estado

Conforme referido, o Estado exerce um papel preponderante na economia e a dimensão do setor público

empresarial assim o atesta. Muitas das empresas públicas operam no mercado em situação monopolista em

setores estratégicos, nomeadamente: transportes aéreos e ferroviários, energia e água, combustíveis e

seguros. Estima-se que existam cerca de 130 empresas estatais.

Apesar de Moçambique ter conduzido, nos anos 90, o programa de privatização mais ambicioso de África, os

resultados ficaram aquém do esperado, em termos de investimento, de produção nacional e de criação de

emprego. Não são expectáveis privatizações nos próximos anos.

As principais empresas do setor empresarial do estado são:

A MCEL, uma empresa pública no setor de telecomunicações. É líder em telecomunicações móveis em

Moçambique. Possui mais de 3 milhões de clientes em todo o País, sendo a sua quota de mercado

avaliada em 70%.

“A estratégia de

Moçambique assenta no

desenvolvimento e

incremento da

competitividade, com

crescente integração nos

espaços CPLP e SADC,

podendo para o efeito

desempenhar uma papel de

“role model” neste estudo,

e, acima de tudo, funcionar

como facilitador para

investidores da CPLP na

região.”

PwC

29%

15.50%

14.60%

9.00%

4.30%

4,10%

3,70%

3.50%

1.40%

15.40%

Moçambique PIB por setor

Agricultura, pecuária, silvicultura e pescas

Comércio e serviços de reparação

Indústria transformadora e construção

Transportes e comunicações

Alug. Imob.e serviço prest. emp.

Eletricidade e água

Educação

Serviços financeiros

Indústria de extração mineira

Outros

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

127

No setor dos Transportes, o estado detém a Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique

(CFM), responsável por gerir os sistemas ferroviário e portuário moçambicanos.

A Petromoc, distribuidora estatal de derivados do petróleo;

A Electrotec, uma empresa líder em infraestruturas de distribuição de energia elétrica em todo o país.

Nesta fase encontra-se focalizada na construção e na reabilitação de redes de média e baixa tensão.

A Eletricidade de Moçambique (EDM), uma empresa também no setor de energia caraterizada pela

exploração dos serviços de produção, transporte, distribuição e comercialização de energia elétrica. No

âmbito do desenvolvimento da sua atividade, a sociedade detém cinco centrais hidroelétricas no país e

seis centrais térmicas.

O setor empresarial do estado, no sentido mais tradicional, encontra-se estabilizado. No entanto, como

consequência da descoberta de recursos minerais e a necessidade de desenvolvimento de infraestruturas, o

Governo tem desenvolvido formas alternativas de manter a sua presença na economia, nomeadamente

através de contratos de concessão e/ou contratos de parcerias público-privadas.

Lei das empresas Públicas

As empresas públicas moçambicanas têm vindo a desempenhar um papel crescente – seja através da

gestão direta, seja através de Parcerias Público-Privadas, com empresas nacionais e internacionais. A

recente Lei das Empresas Públicas (Lei n.º6/2012, de 8 de fevereiro, “LEP”), visou adequar o regime

jurídico às prioridades estatais quanto à gestão do setor empresarial. Cumpre destacar que a LEP introduz

um regime transitório, com um prazo de 90 dias para a revisão dos atuais estatutos das empresas públicas,

após o qual prevalecerá o regime previsto pela LEP.

A regulamentação, a ser ainda aprovada pelo Governo, deverá fixar, entre outros aspetos, o modelo de

Estatutos a adotar por este tipo de empresas, as competências e o funcionamento das tutelas financeira e

setorial, bem como o modelo e conteúdo dos contratos-programa.

Presentemente, e desde de fevereiro de 2012, as empresas públicas passam a estar unicamente sujeitas à

tutela setorial e financeira, afastando-se do regime anterior que estabelecia a subordinação destas ao

Estado. A tutela setorial fica agora a cabo do Ministro, ou dirigente responsável pela atividade objeto da

empresa, mantendo-se a tutela financeira no Ministro que tem a seu cargo a área das Finanças. Atento o

acima exposto, são as próprias empresas públicas que administram e dispõem dos bens que integram o

seu património, respondem pelas suas dívidas, gerindo ainda os bens de domínio público estatal afetos às

atividades a seu cargo.

De notar que a LEP prevê ainda a possibilidade do Conselho de Ministros formular orientações estratégicas

para as empresas públicas no seu conjunto.

Para além das disposições constantes da LEP, o regime jurídico do setor empresarial do país será

complementado pelos diversos instrumentos disponíveis para a gestão e desenvolvimento das atividades

deste setor, como é o caso da Lei das Parcerias Público-Privadas.

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

128

“Segundo o presidente do Instituto Nacional de Petróleo, Arsénio Mabote, Moçambique possui mais de 2,8 biliões de metros cúbicos de reservas de gás natural. De acordo com dados oficiais, o país estaria em 14° lugar entre os países mais ricos do mundo

em gás natural”

3.4. Aproveitamentos hídricos e recursos naturais

Os principais aproveitamentos hídricos e recursos naturais de Moçambique são (1) a produção hidroelétrica (Cahora Bassa), (2) gás natural, (3) carvão (Moatize), e (4) petróleo (ainda em desenvolvimento).

Recursos hídricos e aproveitamentos hidroelétricos

Moçambique tem uma grande capacidade de produção hidroelétrica através da Hidroelétrica de Cahora Bassa (HCB). A Eletricidade de Moçambique (EDM) é a empresa pública que adquire a quase totalidade da eletricidade da HCB. A EDM detém apenas uma pequena central térmica a gás, perto de Vilanculos, e a distribuição à fábrica de alumínio MOZAL, que é o maior consumidor de energia no país (cerca de 85% do consumo do setor industrial) é feita através da Motraco, a partir da África do Sul, com energia importada da HCB. A inexistência de uma rede de transporte e distribuição com cobertura global do território conduz a um elevado volume de trocas de energia com África do Sul, uma área atualmente em desenvolvimento.

Tabela 23– Energia

Energia Mwh 2009 2010 1ºT 2011

Produção 16.279.379 16.137.418 4.083.273

Importação 7.955.522 7.953.463 2.078.125

Consumo Interno 7.955.522 7.760.701 2.080.286

Exportações 12.746.864 12.127.099 3.032.123

De forma a responder a uma procura crescente de energia por parte de alguns países da região, particularmente da África do Sul, e também a um aumento da procura interna (atendendo à progressiva eletrificação do território e incremento da base industrial), existem vários projetos em curso para a produção de eletricidade, conforme referido à frente neste estudo.

Gás Natural

Moçambique possui mais de 2,8 mil milhões de metros cúbicos de reservas de gás, comparáveis às reservas do Iraque. Futuramente, a gestão desses recursos naturais determinará o estado de desenvolvimento do país. De acordo com estimativas dos organismos internacionais, os rendimentos provenientes do gás natural poderão reduzir substancialmente a dependência da ajuda internacional. A dimensão e a qualidade do gás natural descoberto justifica o estudo sobre o desenvolvimento, em larga escala, de um projeto de GNL, eventualmente no distrito de Palma, Norte da Província de Cabo Delgado, vocacionado para os mercados nacional, regional e internacional.

Fonte: Manual do Empreendedor_Versão2011, Estudo Realizado pela CESO CI Portugal para a AIP - Feiras, Congressos e Eventos no âmbito do QREN

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

129

Moçambique poderá vir a tornar-se, em 2018, no segundo maior exportador de gás natural de África, apenas atrás da Nigéria, podendo vir a colocar-se entre os detentores das dez maiores reservas de gás natural à escala mundial.

77

O mapa seguinte ilustra as regiões com maior potencial: Figura 25 - Potencial de gás natural em Moçambique

Legenda

77

African Economic Outlook

Região 1 – Costa do Rovuma Norte

Região 2 – Costa do Rovuma Sul

Região 3 – Costa do Rovuma

Região 4 – Bacia do Maniamba

Região 5 – Costa central

Região 6 – Sul e Oeste interior

Região 7 – Costa Sul

Descoberta Anadarko e

ENI

Bacia do Rovuma

Bacia do Maniamba Bacia do

Lago Niassa

Graben do baixo Zambeze Graben do

médio Zzambeze

Bacia de Moçambique

Campos de Pande e Temane

Fonte: Banco Mundial

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

130

“Na área do carvão,

Moçambique é

considerado um

dos países com

maior potencial, a

nível mundial, e

tudo indica que em

breve terá uma

posição de relevo na

arena internacional

como produtor e

exportador deste

recurso mineral”

Tabela 24 - Principais Multinacionais com Investimentos na Indústria Extrativa - Gás

Empresa Mineral

Companhia Moçambicana de Hidrocarbonetos (CMH) Gás

Sasol Petroleum Temane Gás

Empresa Nacional de Hidrocarbonetos Gás

Anardarco Moçambique Petróleo / Gás

Buzi - Hydrocarbons Gás

ENI East Africa SPA Gás Fonte: Manual do Empreendedor_Versão2011, Estudo Realizado pela CESO CI Portugal para a AIP - Feiras, Congressos e Eventos no âmbito do QREN

Carvão

No setor do carvão, Moçambique é considerado um dos países com maior potencial a nível mundial. O carvão é considerado um recurso de extrema importância para o país, devido à sua grande procura no mercado internacional, particularmente pela China, Brasil, a Índia, o Japão e a Coreia do Sul. A maioria dos recursos Moçambicanos de carvão está localizada na província de Tete, estando também referenciados nas províncias de Manica e Niassa. Os recursos de carvão existem dentro de três bacias: Moatize; baixo Zambeze, e Mucanha-Vusi. Depósitos de carvão foram igualmente confirmados nos distritos de Changara, Cahora Bassa, e áreas de Magoe dentro da província de Tete, como resultado da recente atividade de exploração. Grandes empresas internacionais como a brasileira Vale (Moatize), a australiana Rio Tinto (Benga e Zambeze), as britânicas Ncondezi Coal Company (Ncondezi) e Beacon Hill Resources – Minas de Moatize (Moatize), a JSPL da Índia (Changara), a Eta Star do Dubai (Moatize), a ENRC (Cahora Bassa), Minas de Revubuè – Talbot/Nippon Steel (Revubué) estão a operar em Moçambique.

Tabela 25 - Principais Multinacionais com Investimentos na Indústria Extrativa - Carvão

Empresa Mineral

Vale Moçambique Ltd Carvão

Minas Moatize Carvão

Rio Tinto Carvão Fonte: Manual do Empreendedor_Versão2011, Estudo Realizado pela CESO CI Portugal para a AIP - Feiras, Congressos e Eventos no âmbito do QREN

Petróleo

O potencial do setor petrolífero em Moçambique encontra-se ainda por explorar, sendo uma das bases da estratégia do setor energético do país.

Recentemente, a empresa americana Anadarko Petroleum Corporation detetou a existência de hidrocarbonetos na bacia do Rio Rovuma, mas no entanto não se sabe se este recurso tem ou não viabilidade comercial.

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

131

O petróleo encontra-se localizado a mais de 5 mil metros de profundidade, equivalente à da camada do pré-sal na costa Brasileira. Foi localizado a 30 kms da costa do Oceano Índico, na província de Cabo Delgado, que faz fronteira com a Tanzânia.

3.5. Infraestruturas e energia

O estado das infraestruturas em Moçambique

Em termos geográficos, Moçambique possui uma localização privilegiada e estratégica. Moçambique está localizado na costa oriental de África e partilha fronteira com a Tanzânia, a norte, com a Zâmbia e Maláui, a noroeste, com o Zimbabué a oeste, com a África do Sul e Suazilândia, ao sul, e é banhado pelo Oceano Índico, a leste.

Figura 26 - O Estado das Infraestruturas em África - Moçambique

Fonte: Africa gearing up, PwC 2013

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

132

“A descoberta recente de abundantes recursos naturais com elevada

procura nos mercados internacionais poderá ditar o desenvolvimento de

Moçambique nos próximos anos.

Tendo como comparativo a evolução das economias semelhantes, será

expectável um enviesamento da estrutura produtiva do país, em favor da

exploração dos recursos naturais e um claro desenvolvimento das

infraestruturas e serviços de apoio (materialização da “dutch disease”) e

consequentemente uma pressão sobre os preços.

O efeito na população, através do aumento de rendimento dependerá da

velocidade do efeito de “trickle down”. O governo terá um papel primordial

em gerir os impactos na economia.

A sua posição estratégica é atestada pela pelo número de “corredores”, vitais à Africa Austral, que cruzam o território (e que se entram desenvolvidos nesta seção). A deterioração das infraestruturas devido i) a manutenção imprópria, ii) danos provocados pela guerra civil nunca reparados, e iii) o acréscimo de procura das infraestruturas por uma indústria extrativa em crescendo, exige de Moçambique uma alocação de recursos aos denominados megaprojetos.

Fonte: Banco Mundial

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

133

Energia78

Moçambique tem efetuado investimentos no setor energético desde 2001, data da

aprovação do Plano Estratégico de Eletrificação (2001-2019). Possui diversas zonas

geográficas onde se concentra a produção de energia, coincidentes com as regiões onde

existem aglomerados populacionais, localizados sobretudo nas zonas Sul-Centro e Sul do país.

Para o crescimento da produção de energia têm contribuído a construção de infraestruturas de transporte e de

distribuição.

Os custos com energia comparam positivamente na região Subsaariana.

Gráfico 13 - Os custos de produção de energia elétrica em Moçambique em perspetiva79

Apesar de Moçambique possuir um grande potencial hidroelétrico, que poderá constituir o ponto de partida

para o desenvolvimento do mercado energético regional, ainda subsiste uma parte muito considerável da

população que não possui acesso à eletricidade.

O Ministério da Economia de Moçambique está a desenvolver uma

estratégia de desenvolvimento de energias novas e renováveis (EDNR)

para o período de 2011-2025, tornando-se assim um dos países da SADC

que lidera os esforços na utilização da energia renovável.

Desafios do setor

Os principais desafios que se colocam no setor energético são a criação

de condições para aumentar o acesso a formas de energia de modo a

contribuir para a diminuição da pobreza e para melhorar das condições de

vida dos moçambicanos, como seguidamente se descreve melhor:

Desenvolvimento do acesso à energia.

78

Fontes: African Infrastructure Country Diagnosis (AICD) - As Infraestruturas de Angola: Uma perspetiva continental, Março 2011 Proposta do PES 2014 79

Fonte: Áfrican Infrastructure Country Diagnosis (AICD) - As Infraestruturas de Angola: Uma perspetiva continental, Março 2011 Baseado em Briceño-Garmendia e Shkaratan (2010-); baseado em dados de 2005 –06. Os custos de Angola são baseados em estimativas feitas pela SFI e relativos a 2010. kWh = kilowatt-hora

“A melhoria da atratividade do

setor para potenciais

investidores implicará a

definição de uma

regulamentação credível,

assente num regulador

eficiente que assegure o seu

efetivo cumprimento. As

empresas Portuguesas

apresentam competências

significativas na cadeia de

valor, sendo a presença em

Moçambique relevante. É um

setor a continuar a explorar.”

PwC

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

134

Tabela 26 - Indicadores de energia elétrica de Moçambique

Unidade 1997 2003 2006-07

Acesso nacional à eletricidade % da população 6,6 8,1 9,4

Acesso urbano à eletricidade % da população 25,8 25 26

Acesso rural à eletricidade % da população 2,1 1,1 1,7

Fonte: República de Moçambique, Ministério da Energia

O das populações rurais à energia é praticamente inexistente, muito embora se tenha registado uma melhoria

de cobertura nas zonas urbanas. Este aspeto é fundamental para permitir maior equidade entre as populações

e regiões, e de forma a incentivar o desenvolvimento das zonas rurais:

Melhoramento da sustentabilidade financeira do setor, através de um modelo de regulação apropriado

Aproveitamento das oportunidades oferecidas pelo comércio energético na região dependendo da

capacidade de interligação com as redes elétricas das restantes Economias

Transportes80

A posição geoestratégica de Moçambique só poderá ser efetivamente explorada, e

desta forma o comércio regional incentivado, com infraestruturas de transporte

adequadas e recorrentemente mantidas, nomeadamente aquelas que servem os

denominados corredores.

No entanto, as infraestruturas de transportes continua a ser um dos setores que apresenta mais desafios em

Moçambique. O Plano Económico e Social 2014 (PES 2014) prevê uma taxa de crescimento de 13,6% ao

nível do setor dos transportes rodoviários, ferroviários e dos serviços de auxílio aos transportes

(manuseamento portuário, serviços de dragagem e serviços portuários).

Tabela 27 - Transportes e comunicações – Taxa de crescimento81

Designação BL 2012 Prev 2013 PL 2014

Ferroviária 96,9 0,0 36,5

Rodoviário 8,9 4,7 13,3

Oleodutos e gasodutos 28,2 7,1 8,7

Transportes por água 80,3 (49,2) 73,4

80

African Infrastructure Country Diagnosis (AICD) - As Infraestruturas de Angola: Uma perspetiva continental, Março 2011, Proposta do PES 2014

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

135

Designação BL 2012 Prev 2013 PL 2014

Transportes aéreos 6,0 59,2 21,3

Serviços anexos e auxiliares dos transportes 25,8 19,5 24,0

Comunicações 15,7 2,9 1,4

TOTAL 14,2 6,7 13,6

Transportes aéreos

O PES 2014 prevê um crescimento de 21,3% no setor dos transportes aéreos como

consequência do reforço da frota de aviões, através da aquisição de dois aviões em

2013 (Aviões Embraer 145) em Tete e Nampula. Tal permitindo o reforço das

ligações ao nível regional.

Encontra-se previsto igualmente o reforço das Linhas Aéreas de Moçambique (“LAM”) e a abertura do tráfego

internacional no aeroporto de Nacala.

De acordo com a Aeroportos de Moçambique, EP,

existem 10 aeroportos em Moçambique, 5 dos quais

internacionais. Apesar disso, todos os 486 voos

internacionais realizados em 2010 tiveram como

partida, ou destino, Maputo.

As principais companhias aéreas a operar no

aeroporto de Maputo são a LAM (a companhia aérea

de bandeira), a TAP, a South African Airlines, a South

African Express, Kenya Airways, Ethiopian Airlines e

a Qatar Airways.

Em 2012, o número de passageiros transportados

pela LAM atingiu 612.765, um acréscimo de 9% face

a 2011.

Através da Aeroportos de Moçambique, EP, tem sido

realizada uma aposta na modernização e

melhoramento das infraestruturas aeroportuárias,

com obras realizadas no aeroporto internacional de

Maputo, no aeroporto internacional de Nampula, no

aeroporto internacional de Vilanculo, entre outros.

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

136

Desafios do setor

O Setor da indústria aérea enfrenta desafios recorrentes como seja a elevada rivalidade dos players e o

aumento do preço dos combustíveis. A abertura de um segundo aeroporto internacional em Moçambique

poderá libertar capacidade do aeroporto de Maputo e incrementar o nível de eficiência das operações

aeroportuárias.

Portos e transportes ferroviários

As condições geográficas de Moçambique, com a sua extensa costa marítima por um

lado, e por fazer fronteira com vários países sem ligação marítima (Maláui, Zimbabué,

Suazilândia, e também com a Zâmbia, via Maláui) por outro, conduzem à

oportunidade/necessidade de uma forte integração das redes de transportes, especialmente no que diz

respeito aos portos e transportes ferroviários. Desta forma, exige-se análise conjunta destas redes.

O setor ferroviário é constituído por 3.130 Km, existindo três redes ferroviárias fundamentais. Cada uma

destas redes serve um dos três principais portos marítimos do país (Nacala no Norte, Beira no Centro e

Maputo no Sul), como abaixo se descreve:

Corredor de Nacala que compreende o Porto de Nacala e a linha ferroviária de Nacala que liga o porto

de Nacala aos caminhos-de-ferro da África Central e Oriental do Maláui;

Corredor da Beira que compreende o Porto da Beira, a linha de Machipanda, da Beira até Harare,

Zimbabué, e Zâmbia (linha reaberta em outubro de 2013, após 25 anos de inatividade) e a linha do

Sena que liga o Porto com os campos de carvão de Moatize;

Corredor de Maputo que compreende o Porto de Maputo, a linha Ressano Garcia que liga Maputo a

África do Sul, a linha de Limpopo, do Porto de Maputo até ao Zimbabué e a linha de Goba que liga

Maputo à linha Ferroviária Suazilandesa.

Figura 27 - Corredores ferroviários em Moçambique

Fonte: Banco Mundial

Os corredores já existentes pretendem ser

complementados com 3 novos corredores,

conforme ilustrado no mapa anterior.

- Corredor do Libombo, liga Maputo à Africa do

Sul, junto à costa.

- Corredor de Lichinga, via terrestre que liga o

porto de Pemba a Lichinga

- Corredor de Mueda, complementa os

corredores de Lichinga e Nacala

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

137

Para suportar os corredores referidos, as principais infraestruturas existentes são:

A. Linhas férreas

Tabela 28 - Principais linhas férreas de Moçambique

Região Linha Porto Destino Linhas (km)

Sul Ressano Garcia Maputo África do Sul 88

Sul Goba Maputo Suazilândia 74

Sul Limpopo Maputo Zimbabué 534

Centro Machipanda Beira Zimbabué 314

Centro Sena Beira Moatize 625

Norte Cuamba Nacala Maláui 600

Fonte: Ministério dos Transportes e Comunicações de Moçambique

Investimentos no setor

Estão a ser realizados significativos investimentos no setor,

em variados projetos, dos quais se destacam:

Construção de uma nova linha entre Moatize, na

província de Tete, e Macuse na costa da Zambézia;

Construção de um porto de águas profundas na

Zambézia;

Duplicação da capacidade de escoamento de carga da

linha do Sena;

Construção de uma nova ponte sobre o rio Umbeluzi,

na linha de Goba;

Construção de um troço de 250 quilómetros, e

reparação de 580 quilómetros da linha de caminho-de-

ferro de Nacala.

A integração dos corredores, em pleno funcionamento, diminuirá de forma significativa as distâncias na região

e aproximará as economias, funcionando Moçambique como plataforma em competição com a África do Sul.

Uma aspiração legítima.

Desafios do setor

O desafio que se tem colocado neste setor tem sido a diminuição do número de passageiros e de carga

transportada que se tem verificado. Esta diminuição poderá ter ocorrido devido à deterioração das linhas

ferroviárias e à falta de capacidade dos vagões.

“O governo moçambicano e a empresa Thai

Moçambique Logística assinaram (…), dois

contratos de concessão para a construção do

terminal portuário de Macuse, na província

central da Zambézia, e da linha férrea que

liga aquela região à bacia carbonífera de

Moatize, na província central de Tete.

Rubricaram os acordos o ministro dos

Transportes e Comunicações, Gabriel

Muthisse, em representação do governo

moçambicano, e Premchai Karnasuta, pela

companhia Thai Moçambique Logística.

O valor total de ambas as obras está orçado

em cinco biliões de dólares, com arranque

previsto para 2016 e duração de cinco anos.

A linha-férrea terá uma extensão de 525

quilómetros.”

Jornal “O País”, 16 de Dezembro 2013

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

138

Os corredores ferroviários demostram a relevância geoestratégica de Moçambique na região. Uma

manutenção adequada, e mesmo o seu desenvolvimento, poderão ser um fator determinante no processo de

integração da SADC.

A linha ferroviária, se adequadamente explorada, assim como a diminuição das atuais barreiras não

alfandegárias poderão dinamizar as trocas comerciais na região, bem como permitir uma maior eficiência no

desenvolvimento das cadeias de valor na região.

B. Portos

Relativamente ao setor marítimo, este tem tido um papel fundamental na economia

moçambicana, devido não só, à atividade portuária, parte integrante dos corredores,

mas também ao setor das pescas, um setor com elevadas oportunidades em

Moçambique.

Os principais portos do país encontram-se a ser operados por consórcios privados, sendo que os Caminhos de

Ferro de Moçambique detêm uma participação de 49%, nos mesmos.

Em junho de 2010 a concessão para exploração do porto de Maputo foi estendida por mais 15 anos. Em

termos de eficiência e de competitividade de preços, os portos moçambicanos competem bem com os

restantes portos do sudeste africano.

Moçambique possui sete portos dos quais se destacam três:

Tabela 29 - Comparação da capacidade e eficiência dos portos da região

País Moçambique Angola Madagáscar Namíbia África do Sul

Porto Maputo Beira Nacala Luanda Toamasina Walvis

Bay Durban

Cidade do

Cabo

Cap

acid

ad

e

Capacidade

movimentados

(TEU*/ano)

44.000 50.000 70.000 377.208 92.529 71.456 690.895 1.899.065

Capacidade do

contentor (TEU*/ano)

100.000 100.000 100.000 400.000 500.000 100.000 950.000 1.450.000

Capacidade de carga

geral (toneladas/ano)

1.200.000 500.000 1.000.000 4.000.000 2,750.000 2.000.000 1.100.000 n.d.

Capacidade de carga a

granel (toneladas/ano)

410.000 n.d. n.d. n.d. 1.500.000 1.000.000 7.500.000 n.d.

Efi

ciê

ncia

Tempo de espera do

contentor (dias)

22 20 20 12 8 8 6 4

Tempo de

processamento de

camião (horas)

4 6,8 6,5 14 3,5 3 4,8 5

Produtividade de grua

(contentores/hora)

11 10 n.d. 6,5 n.d. n.d. 18 15

Produtividade de grua

(toneladas/hora)

11 7,5 n.d. 16 9 n.d. 15 25

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139

Ma

nu

seam

en

to

Carga de contentor

(navio até ao portão,

$/TEU*)

155 125 138 320 N/A 110 258 258

Carga geral ($/

tonelada)

6 6,5 6,7 8,5 6 15 n.d. 8,4

Secos a granel

($/tonelada)

2-3 2,5 n.d. 5 3 5 6,3 1,4

Líquidos a granel

($/tonelada)

0,5-1,0 0,8 1 n.d. n.d. 2 0,4 n.d.

Fonte: AICD Mozambique Country Report

*TEU – Unidade equivalente a 6,1 metros.

Porto de Maputo

O Porto de Maputo é o segundo maior porto da costa oriental de África.

A carga manuseada passou de 10 milhões de toneladas em 2010 para 15 milhões de toneladas em 2012. O

objetivo para 2020 é que esse valor atinja 40 milhões de toneladas. A sua importância é especialmente

relevante para o comércio internacional com a Suazilândia e para duas das principais cidades industriais da

África do Sul (Joanesburgo e Pretória). Entre os principais bens e mercadorias manuseados contam-se o

alumínio (Mozal) e viaturas.

Porto de Nacala

Atualmente, o porto de Nacala processa cerca de 1,3 milhões de toneladas por ano.

No entanto, a Vale Moçambique, empresa do grupo brasileiro Vale, responsável pela exploração das minas de

carvão de Moatize anunciou que irá investir cerca de US$ 4,5 mil milhões para a construção de um troço de

250 quilómetros e reparação de 580 quilómetros da linha de caminho-de-ferro de Nacala, para escoar o carvão

de Moatize pelo porto de Nacala. Complementarmente, estão a ser realizadas obras de construção de um

novo porto de águas profundas, que permitirão aumentar a capacidade de processamento para 18 milhões de

toneladas por ano.

Porto da Beira

Estima-se que o terminal possua uma capacidade instalada de processamento de 6 milhões de toneladas por

ano.

Durante 2012 foram finalizadas as obras de construção de um novo terminal de carvão mineral. O

investimento ascendeu a US$ 200 milhões e vai permitir a viabilização das exportações do carvão. A obra

RESULTA de uma parceria entre a Vale Moçambique e a Rio Tinto. Estas empresas irão partilhar a

capacidade útil daquela infraestrutura, na proporção de 68% para a Vale e 32% para a Rio Tinto.

Durante 2013 o porto da Beira sofreu com o desvio de cargas de empresas do Zimbabué, Zâmbia, Maláui e

RD Congo, devido à exigência de garantias bancárias na declaração de importações.

Desafios do setor

O desafio que se tem colocado neste setor tem sido principalmente a baixa capacidade dos portos na

obtenção de tráfego, mais especificamente no porto da Beira.

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140

Transportes rodoviários

O setor rodoviário é composto por uma rede de estradas na extensão de 32.500 kms e tem

sido notável a melhoria deste setor nos últimos anos. O esforço de melhoria mantem-se, e

em 2013 os projetos em curso cobriam uma extensão de cerca de 1.450 kms.

O PES 2014 prevê um crescimento de 13,3% no setor dos transportes rodoviários como consequência do

aumento na procura.

Tal como no sector ferroviário, as obras realizadas e programadas visam dar suporte ao desenvolvimento dos

três corredores estratégicos de Moçambique.

Gráfico 68 - Condições da rede rodoviária principal na África subsariana

Fonte: African Infrastructure Country Diagnosis (AICD) - As Infraestruturas de Angola: Uma perspetiva continental, março 2011

Desafios do setor

O desafio que se tem colocado neste setor é a baixa extensão territorial da rede rodoviária e a baixa qualidade

das estradas rurais.

Água e saneamento

Moçambique tem feito importantes progressos neste setor, conforme resulta da tabela

seguinte. No entanto a margem de progressão é ainda significativa. Este é um aspeto

muito relevante dado o impacto que tem no bem- estar da população e,

consequentemente, na possibilidade de melhores resultados ao nível de saúde pública e melhoria de

classificação no IDH.

Tabela 30 - Indicadores hídricos e de saneamento

Unidade 1997 2003 2008

Acesso à água canalizada % da população 7,0 8,0 8,7

Acesso a pontos de água % da população 19,0 20,6 16,7

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141

Acesso a poços/furos % da população 47,0 54,7 59,0

Acesso a água de superfície % da população 27,2 16,9 15,6

Acesso a fossa céticas % da população 4,4 2,6 5,5

Fonte: Banco Mundial

Desafios do setor:

Moçambique registou melhorias neste setor nomeadamente no que toca às formas de abastecimento de água

e de saneamento. No entanto, estas melhorias pretendiam-se mais céleres, pois não têm conseguido

acompanhar o crescimento e exigência da população.

Esta é uma área onde estão previstos investimentos e onde as empresas portuguesas têm competências

adquiridas.

Tecnologias de informação

O setor das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) é um setor emergente em

Moçambique, em parte devido à ação do governo moçambicano, que criou uma política

para este setor estabelecendo um órgão regulador (o Instituto Nacional das Comunicações de Moçambique ou

INCM), criando um fundo para suportar o serviço universal e liberalizando progressivamente o mercado das

telecomunicações. O papel facilitador do governo proporcionou a entrada de novos prestadores de serviços e

um aumento da competitividade que originou uma melhoria dos serviços em termos de cobertura, qualidade e

preço.

Telecomunicações

Apesar dos progressos referidos a cobertura das comunicações móveis em Moçambique continua aquém dos

restantes países da África Austral. Atualmente, esta indústria conta com 3 grandes players que disputam entre

si o mercado:

A Mcel, que resultou da cisão da Empresa Pública de Telecomunicações (“TDM”) por imposição do

regulador, em 2001. O regulador exigiu a separação entre as operações fixa e móvel, que durante

muitos anos funcionou como monopolista;

A Vodacom, subsidirária do gigante de comunicações inglês Vodafone, domina a rede móvel;

A TDM ( Empresa de Telecomunicações de Moçambique) é o principal operador fixo (empresa de

capitais públicos).

Potencial privatização da TDM

Está atualmente em curso no país uma profunda reforma apoiada pelo Banco Mundial no setor das

comunicações, com o objetivo primário de melhorar não só o acesso mas também a qualidade deste tipo de

serviços, através da criação de um ambiente de negócio propício ao aparecimento de privados que operem

eficazmente nesta área, através da privatização da TDM. É também intenção do governo moçambicano que

seja reforçada a cobertura nas zonas rurais, com o objetivo destas promoverem os seus produtos mais

eficazmente, utilizando novas tecnologias.

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

142

Atualmente, a rede fixa conta com 70 mil assinantes e a rede móvel com 2,7 milhões de utilizadores. É

importante também referir o crescimento do setor móvel, que demonstra que a liberalização do setor e

consequente aumento da competitividade, com campanhas publicitárias competitivas, e uma competição ao

nível do fator preço elevada, fatores estes que produziram um efeito positivo em termos de número de

utilizadores.

Tabela 31 - Indicadores de acesso às TIC em 2010, Moçambique e outras regiões – telefones

Indicador Angola Moçambique Namíbia África do Sul

Telefones fixos por 100 habitantes 1,6 0,4 6,7 8,4

Telemóveis por 100 habitantes 46,7 30,9 67,2 100,5

Fonte: Angola - Perfil do Sector Privado do País 2012 (Áfrican Development Bank)

Internet

Um dos grandes desafios que Moçambique tem enfrentado no setor das tecnologias de informação tem sido a

internet, na medida em que se encontra pouco desenvolvida especialmente no que diz respeito à receção da

Internet e também ao nível da Banda Larga Internacional.

O Banco Mundial tem apoiado um projeto de informatização e ligação à rede dos serviços governamentais

(programa de EGovernment).

Encontra-se em planeamento e desenvolvimento a construção de um cabo subaquático de fibra ótica que liga

a parte oriental e meridional de África à Europa e à Ásia, e que permite que a banda larga chegue

efetivamente a Moçambique, aumentando a qualidade do serviço de internet prestado aos subscritores e,

acima de tudo, permitindo uma redução do preço (que pode chegar até aos 90%).

Segundo estudos do Banco Mundial, um aumento das ligações de internet de banda larga permite a criação de

emprego, aumento de exportações, e consequentemente a promoção da inclusão social, visto que esta

tecnologia serve de base a serviços tais como call-centers ou indústrias baseadas nas comunicações que,

com o baixo preço da mão-de-obra local, se poderão estabelecer no país. Este será um desafio muito

importante para Moçambique.

Tabela 32 - Indicadores de acesso às TIC em 2010, Moçambique e outras regiões – internet

Indicadores Angola Moçambique Namíbia África do Sul

Utilizadores de internet por 100 hab. 10 4,2 6,5 12,3

Percentagem de agregados familiares com computador 7,1 7,5 15,4 18,3

Assinantes de internet de banda larga fixa, por 100 hab 0,1 0,1 0,4 1,5

Subscrições ativas de banda larga móvel por 100 habitantes 5,6 1,5 7,5 16,6

Fonte: Angola - Perfil do Sector Privado do País 2012 (Áfrican Development Bank)

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143

Desafios

Desde o início do processo de liberalização do mercado de TIC em Moçambique que se assiste a um

crescimento exponencial neste sector, embora haja ainda margem para diversas melhorias, até porque a

população moçambicana ultrapassou ou 25 milhões de habitantes, e a taxa de penetração é de cerca de 1/3.

É ainda importante que seja feita uma aposta crescente na utilização de tecnologias de informação por parte

das populações fora de Maputo, visto que estas estão demasiado centradas na capital.

Este poderá ser um setor a dinamizar, dadas as competências dos investidores estrangeiros. A identificação

de um parceiro local com competências complementares é crítica. É importante referir que, devido a acordos

comerciais existentes, as importações de países da SADC estão sujeitas a uma taxa de importação de 0%. Há

também um acordo com a União Europeia, segundo o qual a importação de telefones para redes móveis e

outras redes não está sujeita a tributação aduaneira.

3.6. Grandes projetos de investimento previsto em infraestruturas82 O crescimento económico que se tem verificado reclama investimentos em infraestruturas (principalmente em torno dos três principais corredores logísticos moçambicanos – Maputo, Beira e Nacala).

A importância das infraestruturas rodoviárias e ferroviárias moçambicanas deve ser salientada, uma vez que

estas possibilitam o acesso ao mar dos países vizinhos sem costa – Zâmbia, Zimbabué, Maláui, Suazilândia,

República Democrática do Congo e Botsuana. Este tipo de infraestruturas propulsiona ainda o

desenvolvimento do interior do país.

Em geral, as várias infraestruturas do país precisam de ser melhoradas para fazerem face ao crescimento do

país, mostrando-se particularmente premente o investimento em zonas onde existam potencialidades em

termos de recursos minerais e agrícolas, por forma a poder potenciar os investimentos efetuados e o respetivo

impacto sobre o tecido económico e empresarial moçambicano.

Projetos estruturantes de iniciativa pública83

Energia

Tabela 33 - Expansão da capacidade de produção e de distribuição de energia elétrica

Objetivo Medidas Políticas

Fazer com que a escassez

de energia não constitua um

obstáculo ao potencial

crescimento da economia.

Aumentar a proporção da população com energia elétrica

Desenvolver as infraestruturas de distribuição elétrica

Reforço significativo da capacidade atual do sistema elétrico

Desenvolver as energias renováveis (Governo aprovou estratégia com este intuito em maio de 2011)

82

Plano Diretor do Desenvolvimento de Infraestrutura Regional da SADC; BES, Espírito Santo Research, Conjunto Internacional de Oportunidades de Apoio, Moçambique, junho 2012 83

Plano Diretor do Desenvolvimento de Infraestrutura Regional da SADC

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144

Os principais projetos identificados pretendem responder aos objetivos traçados.

Tabela 34 - Projetos previstos em Moçambique no setor energético

Projeto Montante (US$ Milhões)

Fase I e II das linhas de transmissão da ‘estrutura dorsal’ em Moçambique 1.700

Central de energia da margem esquerda de Cahora Bassa 800

Central Hidroelétrica de Mphanda Nkuwa 2.000

Transportes

Tabela 35 - Intervenção profunda ao nível das infraestruturas logísticas em Moçambique

Objetivo Medidas Políticas

Melhorar a qualidade e a eficiência das

infraestruturas logísticas do país

Aumentar a capacidade ferroviária e recuperação das principais linhas ferroviárias

Construção e modernização dos aeroportos do país

Os principais projetos identificados pretendem responder aos objetivos traçados.

Tabela 36- Projetos previstos em Moçambique no setor dos transportes

Projeto Montante (US$

Milhões)

Modernização e expansão do Porto de Nacala 200

Memorando de entendimento assinado com o governo do Maláui, prevendo a construção de

uma linha ferroviária entre Moatize e Nacala, atravessando o sul de Maláui n.d.

Modernização do aeroporto internacional de Maputo n.d.

Continuação da construção do aeroporto internacional de Nacala n.d.

Construção de dois novos aeroportos (de Pemba e de Tete) n.d.

Negociação com o Banco de Desenvolvimento da China para desenvolver o Porto de Nacala-

a-Velha n.d.

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

145

Água e saneamento

Tabela 37 - Abastecimento de água e saneamento básico

Objetivo Medidas Políticas

Garantir o

abastecimento de água

e de saneamento básico

a um maior leque de

cidadãos

A Estratégia Nacional de Gestão de Recursos Hídricos tem em vista vários objetivos (a curto, médio e longo prazo), de entre os quais se destacam a implementação de critérios para a alocação racional da água, assegurando do uso efetivo e sustentável deste tipo de recursos, o desenvolvimento e a correspondente manutenção das infraestruturas hidráulicas, bem como a mitigação dos impactos das cheias e das secas;

A Estratégia Nacional prevê também a expansão dos serviços de saneamento a uma maior percentagem da população.

Investimento privado por fonte, 1999-2011

Muito embora esta seja uma área muito sensível, não foram identificados projetos significativos.

Projetos estruturantes de iniciativa privada84

Em 2012, o investimento privado aprovado pelo Centro de Promoção de Investimento subiu 11% (totalizando US$ 3.200 milhões), prevendo-se um aumento para os anos subsequentes.

Gráfico 69- Investimento privado por fonte, 1999-2011 (em % do investimento privado total aprovado)

84

Bloomberg; Centro de Promoção de Investimento Privado

57%

37% 6%

Empréstimos

IDE

IDN “A influência da China em Moçambique é incontornável, à semelhança da tendência identificada em outras economias Africanas abundantes em recursos naturais. Este é um aspeto em que uma CPLP economicamente ativa se deverá posicionar.”

PwC

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146

3.7. Abertura da economia e relações comerciais

A economia de Moçambique, embora relativamente pequena, beneficia de uma localização estratégica na

SADC, podendo assumir-se como um facilitador do desenvolvimento do comércio regional e da integração

económica na região. No entanto, conforme evidenciado no capítulo anterior apresenta ainda um défice de

infraestruturas, assim como um nível de burocracia, que não lhe permite usufruir na plenitude deste

posicionamento.

A sua economia é relativamente aberta e integrada, mas com um constante défice ao nível da balança

comercial, o qual influencia consideravelmente o défice externo do país, que necessita de financiar.

Tabela 38 - Abertura da economia moçambicana

Moçambique 2008 2009 2010 2011 2012

Abertura da economia 78,62% 68,10% 70,78% 75,67% 73,84%

Taxa de câmbio ($ /MNZ) 24,3 27,52 33,96 29,07 28,37

Inflação 10,33% 3,25% 12,70% 10,35% 4,34%

Balança Comercial (em % do PIB) -13,69% -16,72% -14,25% -21,49% -18,47%

Balança Corrente (em % do PIB) -12,07% -12,88% -17,09% -19,40% -25,5%

Fonte: BES Research 2012 e 2013 – base FMI, Bloomberg / African Economic Outlook 2012, Banco Mundial, Trading Economics.

O défice da conta corrente externa é elevado e

perspetiva-se que assim continue, sendo financiado

através de atividades mineiras e relacionadas (por

fontes privadas) e também por ajuda internacional.

Importações

No âmbito da CPLP, Portugal e Brasil são os países que mais exportam para Moçambique, tendo vindo a

aumentar o seu peso no total das importações moçambicanas, com especial destaque para o crescimento do

Brasil.

O crescimento das importações do Brasil deve-se, essencialmente, às importações de mandioca (83%), fluxo

que em 2012 disparou graças à inauguração de uma destilaria com capacidade de produção de 2 milhões de

litros de etanol de mandioca.

O peso de Portugal é também crescente (crescimento médio anual das importações de 28% no período em

análise).

Em Maio de 2011 as autoridades moçambicanas

anunciaram a aceitação das obrigações previstas no

artigo VIII dos Estatutos do FMI, prosseguindo,

faseadamente, com a eliminação efetiva de todas as

restrições cambiais existentes sobre pagamentos e

transferências relacionadas com transações

correntes. O Banco Central de Moçambique tomou

ainda a decisão “formal” de acabar com as práticas

de taxas de câmbio diferenciadas, o que constitui

um aspeto diferenciador das economias da região

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Os restantes países da CPLP não têm um peso significativo nas exportações moçambicanas.

Gráfico 16 - Importações moçambicanas da CPLP

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

Figura 28 - Principais importações moçambicanas de Portugal

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

126 143 195

276 333

30

74

37

74

104

3.97%

5.78% 5.05%

5.58%

6.46%

-

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

2008 2009 2010 2011 2012

Imp

ort

açõ

es (

milh

ões U

S$)

Portugal Brasil

Portugal 5% das importações moçambicanas

A CPLP representou, em 2012, 6,46% das importações moçambicanas, com preponderância do Brasil

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148

Impostações moçambicanas do Brasil

Figura 29 - Principais importações moçambicanas do Brasil

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

O grupo das máquinas e equipamentos

liderou em 2012 as importações

moçambicanas de Portugal, seguido

pelos livros e brochuras. Em terceiro

lugar surgem as partes e estruturas de

ferro, aço e alumínio (incluindo para o

setor energético).

Destaca-se a diferença significativa da

estrutura de exportações de Portugal

para Moçambique, quando comparada

com Angola, onde os bens de consumo

em geral têm um peso mais significativo.

Os investidores Portugueses deverão

antecipar o esperado acréscimo de

rendimento disponível em Moçambique e

posicionarem-se no sentido de

diversificarem a base de exportação,

nomeadamente ao nível de bens de

consumo e agroindustrial. Note-se que

50% das importações se relacionam com

energia (gasóleo e energia elétrica) e

automóveis, nas quais Portugal não

apresenta vantagens competitivas.

Gráfico 70 - Importações moçambicanas de Portugal

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

44%

18%

17%

9%

7% 3%

Maquinaria e equipamentosde transporte

Bens manufaturados

Outros artigosmanufaturados

Químicos e produtosrelacionados

Alimentos e animais vivos

Bebidas e tabaco

Brasil 2% das importações moçambicanas

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149

Em 2012 as importações moçambicanas do Brasil mais relevantes foram as aeronaves, muito devido à vendas

de aviões pela Embraer à companhia aérea moçambicana LAM.

Destacam-se também as exportações brasileiras de trigo e de carne de galinha congelada.

O Brasil, baseado nas suas competências, adquiridas e nas sólidas relações desenvolvidas entre os estados

tem uma presença significativa na economia Moçambicana, consubstanciada não apenas através de trocas

comerciais, mas também pelo desenvolvimento de “green field projects”, na indústria extrativa e no setor

agroalimentar.

Gráfico 72 - Evolução das importações de Moçambique e principais países de origem, 2008-2012

Fonte: International Trade Center; UNCTAD, UNCTADstat

29% 35% 34% 34% 31%

17% 13% 18%

11% 9%

3% 2% 1%

6% 7%

7% 0%

3% 2% 6%

1%

1%

2% 4%

6% 4%

5%

4% 6%

6% 3%

4%

4% 4%

5%

1% 1%

1% 1%

5%

4% 4%

2% 5%

4% 4007.763

3764.207 4600.0

6305.647

6800.0

-

1,000

2,000

3,000

4,000

5,000

6,000

7,000

8,000

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

2008 2009 2010 2011 2012

Peso

na

s im

po

rtaçõ

es t

ota

is d

e M

am

biq

ue

EUA

Brasil

Portugal

China

Reino Unido

Bahrein

Emirados ÁrabesUnidos

Países Baixos

África do Sul

Importações

Gráfico 71 - Importações moçambicanas do Brasil

38%

36%

9%

8%

4% 3%

Maquinaria e equipamentos de transporte

Alimentos e animais vivos

Outros artigos manufaturados

Bens manufaturados

Óleos vegetais e animais, gorduras e ceras

Químicos e produtos relacionados

Combustíveis minerais, lubrificantes emateriais relacionados

Matérias-primas (exceto combustíveis)

Bebidas e tabaco

Commodities e transações n.e.

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

150

São a África do Sul e os Países Baixos os principais parceiros ao nível das importações de Moçambique – em

conjunto representaram 41% do total, em 2012. O elevado peso dos Países Baixos na estrutura das

exportações moçambicanas deverá refletir o chamado efeito “Roterdão”, cidade que acolhe um porto onde

desembarca uma parte considerável das mercadorias destinadas à União Europeia (UE). Por outro lado, i) a

proximidade, ii) o desenvolvimento do país e iii) a posição dominante na SADC, explicam o facto da África do

Sul ser também um importante fornecedor de Moçambique, e claramente se apresentar como um concorrente

da CPLP.

Globalmente Moçambique tem vindo a registar um crescimento médio anual das suas importações na ordem

dos 14%, entre 2008 e 2012. Os produtos que mais contribuíram para o crescimento das importações

moçambicanas neste período foram os combustíveis minerais, máquinas e o alumínio.

Os principais produtos importados de África do Sul são máquinas e equipamento de transporte (27%)

combustíveis (20%), bens manufaturados (18%) – onde se destacam as importações de metais. As

importações dos Países Baixos consistem na sua maioria em alumínio (98%).

Impostações moçambicanas – Top produtos

Gráfico 73 - Importações moçambicanas - Top produtos

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

A importação de combustíveis tem como principais fornecedores o Bahrein, a África do Sul, os Emirados

Árabes e o Reino Unido. Todos exportam petróleo para Moçambique, enquanto a África do Sul exporta energia

elétrica.

Em termos de maquinaria, o principal fornecedor é a África do Sul, embora tenham vindo a crescer a um ritmo

acelerado as importações de peças com origem nos Estados Unidos da América e no Reino Unido.

27%

20%

18%

13%

10%

7% 2%

Maquinaria e equipamentos de transporte

Combustíveis minerais, lubrificantes e materiaisrelacionados

Bens manufaturados

Alimentos e animais vivos

Químicos e produtos relacionados

Outros artigos manufaturados

Óleos vegetais e animais, gorduras e ceras

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

151

Exportações As exportações moçambicanas para os países da CPLP têm oscilado em termos de volume e peso no total,

destacando-se Portugal, Angola e Brasil, apresentando uma taxa média de crescimento anual de 11%.

A CPLP

representou, em

2012, 2,35% das

exportações

moçambicanas.

Relações Sino-Moçambicanas

Desde a independências nacional que as relações entre a China e Moçambique se têm vindo a desenvolver e intensificar, inicialmente ao nível de infraestruturas militares a projetos de abastecimento de água. Refira-se que o Parlamento Moçambicano, construído em 1999, resultou de um a doação do governo Chinês, tendo sido construído pela Anhui Foreign Economic Construction Corporation (AFECC), emprea que também construiu o Centro de Conferências Joaquim Chissano em 2003, e o edifício que alberga o Ministério dos Negócios Estrangeiros.

O apoio do governo Chinês alastrou-se também à construção de equipamentos sociais em regiões menos desenvolvidas, bem como no perdão de dívidas ao estado Moçambicano. Em 2007, com a visita do presidente Chinês, as linhas de crédito foram reforçados, novos valores disponibilizados para a reabilitação de infraestruturas, e foram efetuadas doações às forças armadas Moçambicanas.

O número de empresas Chinesas com sede em Maputo ultrapassa as 3 dezenas. Os investimentos efetuados são financiados não só por bancos chineses, mas também pelo Banco Mundial, pelo governo Moçambicano e com base em fundos próprios.

De entre as principais empresas a operar em solo Moçambicano destacam-se:

(i) A China Henan International Cooperation Group (CHICO), que tem uma presença significativa na construção de estradas, pontes e outras infraestruturas;

(ii) China EXIM Bank, que tem financiado projetos hidrelétricos (barragem de Moamba, outros aproveitamentos hidroelétricos, pavimentação da pista do aeroporto).

Outros interesses significativos podem ser identificados na agricultura (no Zambéze), no setor das telecomunicações (subconcessões para operar nas zonas rurais) e nos transportes (por exemplo em 2007, os Transportes Públicos de Maputo iniciaram operações com 4 autocarros a gás fornecidos pela empresa Chinesa Yutong), assim como na exploração de concessões florestais para a extração de madeira (esta última tendo gerado problemas diplomáticos entre os dois países).

A China prossegue, e com relativo sucesso, a estratégia de expandir a sua influência económica, em países com abundantes recursos naturais. Neste aspeto o governo Português, alavancado na CPLP deveria ser uma força de equilíbrio nesta contenda, demonstrando capacidade de competir com a influência da China.

40 46

80

51

75 0 2

2

20

16

10 9

3 4

6

1.87% 2.64%

2.80% 2.08%

2.35%

-

20

40

60

80

100

120

2008 2009 2010 2011 2012

Exp

ort

açõ

es (

milh

ões U

S$)

Portugal Brasil Angola

Gráfico 74 - Exportações moçambicanas - CPLP

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

A CPLP representou, em 2012, 2,35% das exportações moçambicanas

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152

Principais exportações moçambicanas para Portugal

Figura 30 - Principais exportações moçambicanas para Portugal

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Em 2012, Moçambique exportou para

Portugal, na categoria de alimentos,

essencialmente crustáceos e açúcar,

representando estas duas categorias de

produtos 70% das exportações para Portugal.

Em segundo lugar surgem as exportações de

tabaco, enquanto matéria-prima,

representando 17% do total.

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Gráfico 75 - Exportações moçambicanas para Portugal

71%

17%

5% 4%

Alimentos e animais vivos

Bebidas e tabaco

Matérias-primas (exceto combustíveis)

Bens manufaturados

Portugal 2% das exportações moçambicanas

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

153

Figura 31 - Principais exportações moçambicanas para o Brasil

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Os produtos mais comprados pelo Brasil a Moçambique foram equipamentos associados à aeronáutica

transístores montados, circuitos integrados monolíticos, assentos com armação de madeira, conetores, feixes

ou cabos de fibra ótica, entre outros.

Em conjunto, os Países Baixos, a África do Sul e a China representaram 64% do total das exportações

moçambicanas em 2012. As exportações para os Países Baixos revestiram-se essencialmente em

exportações de alumínio (93%); para a África do Sul, Moçambique tem vindo a exportar gás de petróleo

liquefeito (GPL), representando cerca de 37% das exportações para este país, seguindo-se a energia elétrica

(29%).

Em 2012 a presença chinesa ganhou peso nas exportações moçambicanas, consistindo essencialmente em

exportações de carvão (68% do total das exportações para a China) e madeira (17%).

Brasil 0,15% das exportações moçambicanas

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154

Evolução das exportações de Moçambique e principais países de destino

Gráfico 76 - Evolução das exportações de Moçambique e principais países de destino, 2008-2012

Fonte: International Trade Center; UNCTAD, UNCTADstat

Em termos globais, as exportações de Moçambique apresentam um volume mais elevado ao nível do

alumínio, gás de petróleo liquefeito e energia elétrica, que foram também os produtos que mais contribuíram

para o crescimento das exportações moçambicanas entre 2008 e 2012.

Gráfico 77 - Exportações Moçambicanas - Top produtos

Fonte: International Trade Centre, 2012

56%

42%

53%

39%

27%

10%

21%

21%

16%

19%

2% 3%

4%

5% 18%

6% 5%

3% 2%

4% 1%

3% 3%

3%

4%

2% 2,653 2,147

3,000 3,604

4,100

-

500

1,000

1,500

2,000

2,500

3,000

3,500

4,000

4,500

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

2008 2009 2010 2011 2012

Peso

nas e

xp

ort

açõ

es t

ota

is d

e M

oçam

biq

ue

EUA

Zimbabué

Suiça

Itália

Índia

Reino Unido

China

África do Sul

Países Baixos

Exportações

48%

24%

10%

9%

4% 3%

Bens manufaturados

Combustíveis minerais, lubrificantes e materiaisrelacionados

Alimentos e animais vivos

Matérias-primas (exceto combustíveis)

Bebidas e tabaco

Maquinaria e equipamentos de transporte

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

155

A Mozambique Aluminium Smelter (Mozal) é uma das maiores fábricas de alumínio a nível mundial, situada na

província de Maputo, que explica o peso significativo das exportações de alumínio na economia moçambicana.

Este foi um dos megaprojetos no continente africano, alvo de inúmeros “case studies” que começou a operar

em 2000, e que resultou de uma joint-venture entre a BHP Billiton (47%), a Mitsubishi Corporation (25%), a

International Development Corporation (IDC) (24%) e o Governo da República de Moçambique (4%).

Gráfico 78 - Exportações moçambicanas de alumínio (US $milhões)

Fonte: International Trade Centre

Moçambique exporta essencialmente gás de petróleo liquefeito (GPL) e energia elétrica para a África do Sul e

carvão para a China. O GPL viu o seu peso crescer exponencialmente nas exportações moçambicanas desde

2008.

Gráfico 79 - Exportações moçambicanas de combustíveis (US$ milhões)

Fonte: International Trade Centre

Países Baixos 857

Reino Unido 147

Suiça ; 84

Resto do mundo 1

(20%)

0%

20%

40%

60%

80%

100%

(30%) (25%) (20%) (15%) (10%) (5%) 0% 5% 10%

Qu

ota

nas e

xp

ort

açõ

es d

e M

oçam

biq

ue

de a

lum

ínio

Crescimento médio entre 2008-2012 da exportação de alumínio de Moçambique

África do Sul 434

China 455

Resto do mundo 74

(10%)

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

(500%) 0% 500% 1000% 1500% 2000% 2500%

Qu

ota

nas e

xp

ort

açõ

es d

e

Mo

çam

biq

ue d

e c

om

bu

stí

veis

Crescimento médio entre 2008-2012 da exportação de combustíveis de Moçambique

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

156

3.8. Investimento direto estrangeiro de, e para Moçambique

Moçambique

Dados referentes aos últimos 24 meses

Número de projetos: 50

CAPEX: US$ 17.127 milhões

Postos de trabalho criados: 14.201

Empresas/investidores: 42

Top cidades recetoras de IDE

Maputo: 14 projetos

Tete: 2 projetos

Beira: 2 projetos

Chimoio: 1 projeto

Matola: 1 projeto

Fonte: fDI markets

De acordo com informação publicada pelo CIP, Portugal foi o maior investidor em Moçambique entre 2005 e

2010, destacando-se ainda a África do Sul, Maurícias, Reino Unido, Emirados Árabes Unidos, Estados Unidos

da América, Noruega, China e Índia.

Em 2011, a China foi a maior fonte de investimento direto estrangeiro (ver caixa na secção anterior), seguida

pela África do Sul e Portugal.

Tal como muitos dos países africanos, Moçambique atrai os investidores em grande parte devido aos seus

recursos naturais. Desde 1992 até 2010, foram desenvolvidos cerca de 10 “mega projetos” em Moçambique, a

maioria dos quais relacionados com a indústria extrativa, que representaram cerca de 70% dos fluxos de

entrada de IDE.

Em 2012, 83% do IDE líquido,

o equivalente a 35,7% do PIB

foi absorvido pelo setor da

indústria extrativa e cerca de

76% direcionado para grandes

projetos

Gráfico 80 - Fluxos de IDE em Moçambique, 2008-2012 (African

Economic Outlook)

592

5365

1228

6004

4572

-44

-2834

775

-3382

-8511 -10000

-8000

-6000

-4000

-2000

0

2000

4000

6000

8000

2008 2009 2010 2011 2012

Flu

xos

IDE

(milh

õe

s U

S$)

Inward Outward

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

157

Fonte: Moçambique - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil

Tabela 39- IDE em Moçambique: projetos greenfield de maior dimensão, anunciados entre 2003-2010

Empresa Investimento

estimado (US$ milhões)

Criação de postos de trabalho estimada

Ano País de origem

Setor Função de negócio chave

Ayr Logistics 5.500 1.267 2008 EUA Carvão, petróleo e gás

natural Indústria

produtiva/transformadora

Portucel Soporcel Group

2.300 3.000 2010 Portugal Papel, impressão e

embalagem Indústria

produtiva/transformadora

Rashtriya Chemicals &

Fertilizers 2.000 3.000 2008 Índia Químicos

Indústria produtiva/transformadora

Jindal Organisation

1.587 171 2008 Índia Carvão, petróleo e gás

natural Indústria

produtiva/transformadora

Vale 1.209 308 2007 Brasil Carvão, petróleo e gás

natural Extração

SASOL 1.200 238 2004 África do Sul Carvão, petróleo e gás

natural Extração

Vale 749 120 2009 Brasil Carvão, petróleo e gás

natural Eletricidade

Norsk Hydro 522 215 2006 Noruega Carvão, petróleo e gás

natural Extração

Riversdale Mining

522 215 2008 Austrália Carvão, petróleo e gás

natural Extração

SASOL 522 215 2008 África do Sul Carvão, petróleo e gás

natural Extração

Kenmare Resources

500 734 2007 Irlanda Metais Extração

Riversdale Mining

481 289 2010 Austrália Carvão, petróleo e gás

natural Extração

Seacom 468 131 2009 Maurícias Comunicação TIC e infraestruturas de

internet

Kenmare Resources

365 536 2004 Irlanda Metais Extração

Telkom 260 1.400 2003 África do Sul Comunicação TIC e infraestruturas de

internet

Vale 250 59 2008 Brasil Carvão, petróleo e gás

natural Extração

ArcelorMittal 223 448 2008 Luxemburgo Metais Indústria

produtiva/transformadora

ArcelorMittal 223 448 2007 Luxemburgo Metais Indústria

produtiva/transformadora

Cimpor 211 260 2008 Portugal Construção Indústria

O investimento direto estrangeiro tem sido crítico para o desenvolvimento económico de

Moçambique, destacam-se:

Exploração de Carvão em Moatize (província de Tete, a 1.200 kms de Maputo). A Companhia

Brasileira Vale do Rio Doce já investiu cerca de US$ 202 milhões em atividades preliminares;

MOZAL: Investimento total no valor US$ 1,3 biliões para a produção de alumínio, a 17 km da cidade

de Maputo;

Projeto de Ferro e Aço de Maputo (MISP): Investimento total no valor US$ 2 bilhões para a produção

de placas de aço com localização ainda a ser definida, tendo como alternativas a zona do Porto da

Matola ou Beluluane;

Projeto da Zona Franca Industrial da Beira e de Ferro e Aço de Beira (700 kms ao norte de Maputo),

com investimentos previstos no valor US$ 950 milhões;

Complexo Petroquímico da Beira: para a transformação de gás natural em diesel, amônia e metanol;

Investimentos de US$ 900 milhões em estradas rurais e de US$ 42 milhões em saneamento;

Investimento de € 470 milhões em exploração e produção de petróleo entre 2008 e 2011 pela

petrolífera portuguesa Galp Energia.

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

158

Empresa Investimento

estimado (US$ milhões)

Criação de postos de trabalho estimada

Ano País de origem

Setor Função de negócio chave

produtiva/transformadora

BHP Billiton 204 447 2003 Austrália Metáis Indústria

produtiva/transformadora

Dubai World 200 564 2008 Emirados Árabes Unidos

Hotelaria Construção

Galp Energia 171 152 2009 Portugal Energias renováveis Indústria

produtiva/transformadora

Tongaat-Hulett 159 383 2007 África do Sul Alimentação e tabaco Extração

Rezidor Hotel Group

128 211 2008 Bélgica Hotelaria Construção

Elsewedy Electric

100 12 2010 Egito Carvão, petróleo e gás

natural Eletricidade

Kenmare Resources

100 147 2008 Irlanda Metáis Extração

African Queen Mines

93 994 2008 Canadá Minerais Extração

Svensk Etanolkemi

90 166 2008 Suécia Energias renováveis Indústria

produtiva/transformadora

Moncada Costruzioni

90 166 2008 Itália Energias renováveis Indústria

produtiva/transformadora

Ayr Logistics 80 703 2008 EUA Imobiliário Construção

Vodafone 60 86 2010 Reino Unido Comunicação TIC e infraestruturas de

internet

Universal Leaf 55 1.600 2006 EUA Alimentação e tabaco Indústria

produtiva/transformadora

Tongaat Hulett 52 345 2003 África do Sul Alimentação e tabaco Indústria

produtiva/transformadora

PescaNova 52 345 2009 Espanha Alimentação e tabaco Indústria

produtiva/transformadora

African Medical Investments

48 172 2010 Reino Unido Saúde Construção

Lonrho 47 399 2009 Reino Unido Alimentação e tabaco Indústria

produtiva/transformadora

Nestle 47 260 2010 Suíça Alimentação e tabaco Indústria

produtiva/transformadora

Massmart 43 230 2004 África do Sul Produtos de consumo Retalho

Nestle 33 171 2010 Suiça Alimentação e tabaco Logística, distribuição e

transporte

Cotton Company (Cottco)

31 561 2003 Zimbabué Textêis Indústria

produtiva/transformadora

Bakhresa 30 167 2010 Tanzânia Alimentação e tabaco Indústria

produtiva/transformadora

Grupo Visabeira 30 85 2003 Portugal Hotelaria Construção

Jaipuria Group 30 261 2010 Índia Bebidas Indústria

produtiva/transformadora

Pick n Pay 24 275 2010 África do Sul Alimentação e tabaco Retalho

SABMiller 21 262 2009 Reino Unido Bebidas Indústria

produtiva/transformadora

Capital Africa Steel

21 100 2009 África do Sul Maquinaria Indústria

produtiva/transformadora

Yu Xiao Real Estate

20 25 2007 China Materiais de construção Indústria

produtiva/transformadora

TOTAL 21.151 22.343

Fonte: UNCTAD, “Foreign Direct Investment in LCDs: Lessons Learned from the decade 2001-2010 and the way forward

De acordo com dados do FMI, os fortes fluxos de IDE registados surgem graças a vários “mega projetos”,

nomeadamente, devido às operações de sondagem de Gás Natural Liquefeito (GNL) no Oceano Índico, no

norte do país, onde foram identificadas grandes reservas de gás natural.

Esta evolução positiva explica-se também pelas condições oferecidas a nível de incentivos fiscais e pela

estabilidade política e social sentida nos últimos anos.

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

159

14%

6%

3.9. Principais polos de desenvolvimento

Os principais polos de desenvolvimento de Moçambique concentram-se em 4 províncias, Nampula, Tete,

Sofala, Cidade de Maputo e região de Maputo.

Gráfico 81 – Moçambique – Peso das Regiões no PIB

De seguida são apresentados os setores mais relevantes por província e os constrangimentos que deverão ser considerados por potenciais investidores:

Província de Tete

PIB CAGR 2005-2009 : 6.5%

Indústria de extração de carvão como foco dinamizador, consequência da emissão de licenças em

larga escala:

Concessão à Vale S.A (empresa brasileira) por 35 anos com objetivo de se tornar maior

estação de mineração do mundo. Prevê-se que represente 15% da receita pública em 2015,

e crie12 mil empregos diretos e indiretos;

Prospeção de ouro, ferro, vanádio e titânio

Efeitos de “spill over” expectados:

Forte afluência de trabalhadores de outras províncias e países;

Melhoria nas infraestruturas energéticas (nova barragem a jusante de Cahora Bassa,

estações hidroelétricas, a gás e a carvão, ligação às redes de Moçambique e África do Sul);

Melhoria das infraestruturas de transportes (esforços combinados entre Moçambique e

Malawi para nova linha férrea entre Moatize e Nancala).

Aspetos a considerar pelos investidores

Burocracia e coordenação entre os organismos para licenciamento e processos aduaneiros;

Base de empresas locais reduzida e consequente elevado custo dos fatores de produção;

Fator trabalho e capital humano em escassez.

Fonte: Governo Moçambique

14%

6%

12%

31%

37% Nampula

Tete

Sofala

Maputo (*)

Outros

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

160

12%

31%

Maputo e província de Maputo

PIB CARG 2005-2009 : 6.5 %

Centro económico e financeiro do país

Inclui o maior parque industrial do país, Beluluane, ver caixa em

detalhe.

Empresas mais relevantes nas áreas de, alimentação,

bebidas,cimento.

Principais universidades e escolas técnicas.

Investimento significativo no sector do Turismo, (reserva de

elefantes e acesso ao parque Kruger)

Província de Sofala

PIB CARG 2005-2009 : 7.5%

• Elevado potencial agrícola e de

exploração de carvão, tendo captado

investimentos em larga escala;

• Doadores internacionais financiaram

investimentos em infraestruturas para o

comércio da região, tais como a

modernização do Porto e do aeroporto

da Beira.

O Governo moçambicano aprovou em

2012 a criação da Zona Económica

Especial da Manga-Mungassa que

visa, a construção de um Centro

Logístico Internacional com vista a

maximização das potencialidades do

Corredor da Beira. Incluí benefícios

fiscais e não fiscais.

Aspetos a considerar:

• Burocracia e complexidade da

regulamentação no licenciamento

• Capacidade e eficiência do Porto e

custo dos serviços portuários.

• Fator trabalho e capital humano em

escassez.

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

161

Zona Económica Especial de Nacala (Nampula)

O parque de Beluluane é uma zona industrial e zona franca com uma área total de aproximadamente 700

hectares localizado a 16 km de Maputo. 24 hectares já possuem infraestruturas para acomodar pequenas

e médias indústrias. O principal residente é a MOZAL (fábrica de alumínio). É uma Zona de Comércio Livre

e um Parque Industrial com incentivos fiscais, isenções de impostos, com preços dos terrenos bonificados,

e apoio do Governo na criação de empresas.

Duas áreas foram projetadas para a implantação da Zona Económica Especial (ZEE) e a Zona Franca

Industrial (ZFI) em Nacala, com um total de cerca de 500 hectares, a 10 minutos do Porto e a 20 minutos

do Aeroporto.

A Zona Franca Industrial encontra-se aberta a oportunidades de investimento (Parcerias) para as áreas de

infraestruturas, como operador de zona franca industrial, mas sobretudo para o exercício de atividade

industrial, (nomeadamente têxteis e calçado, Construção civil e materiais de construção, montagem de

máquinas e linhas de produção e/ou montagem de viaturas, locomotivas, embarcações, entre outras) e

agroindustrial (milho, amendoim, gergelim, mandioca, feijão e hortícolas). Esta zona pretende albergar

como projeto-âncora uma refinaria de petróleo com capacidade mínima entre 100 a 300 mil barris por dia.

A ZEE e ZFI beneficiam-se de incentivos fiscais e não fiscais, nomeadamente: Isenção no pagamento de

impostos na importação (Incluindo o Imposto Sobre o Valor Acrescentado), de materiais de construção,

equipamentos, acessórios, peças e outros bens destinados à prossecução da atividade licenciada nas

ZEEs, bem como isenção do IVA nas aquisições internas, isenção ou redução de IRPC, concessão de

terras, regime flexível de circulação de pessoas e capital.

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

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3.10. Principais setores de oportunidades

Podem-se sintetizar os 3 principais objetivos de médio prazo do Governo Moçambicano:

A implementação de novos projetos estruturantes em diversos setores por forma a atingir o nível de

crescimento de 8%;

Promover projetos de pequena e média que potenciarão a economia Moçambicana nos seus diversos

setores;

Criação de emprego e melhoria das prestações sociais do estado que se consubstanciem na melhoria do

IDH, e consequentemente para a melhoria das condições de vida dos Moçambicanos;

De forma mais detalhada, destacam-se os setores abrangidos e respetivas potencialidades:

Tabela 40 - Potencialidades a Nível Setorial

Setor Potencialidades

Agricultura 36 Milhões de hectares de terra arável, dos quais somente 10% está cultivada;

País dispõe de grandes possibilidades em termos de irrigação;

Grandes bacias hidrográficas permanecem largamente inexploradas;

No contexto dos países da SADC, Moçambique é um dos países mais abundantes no fator terra.

Pescas Localização costeira, com uma extensão de litoral de 2.750 km e uma Zona Económica Exclusiva (ZEE) de 586 mil km

2 de superfície oceânica;

Grande diversidade de recursos de pesca;

Na área da pesca de crustáceos de profundidade (gambas, lagostim, lagosta e caranguejo) existe margem para aumentar a produção.

Indústria extrativa Diversidade de recursos, atualmente atestado pelas enormes reservas identificadas de gás natural;

Posição de relevo na arena internacional como produtor e exportador de carvão;

Produção Forte investimento no setor de cimento, que vai triplicar a capacidade de produção este ano (2013);

Entrada no mercado empresas da China, da Índia e da África do Sul com investimentos que poderão triplicar a produção de cimento em Moçambique, onde a Cimentos Moçambique (Cimpor) tem tido uma posição dominante.

Construção Potencial de investimento na área da habitação, estimando-se um défice de 2,5 milhões de fogos e respetivas infraestruturas de água, saneamento, energia e acessibilidade.

Energia Potencial energético de 12.500 MW. O Governo moçambicano pretende o envolvimento de investidores privados na área das energias renováveis.

Hotelaria e Turismo Caraterísticas naturais atrativas: praias paradisíacas e florestas onde podem funcionar reservas ecológicas;

País com os recursos costeiros mais fortes da África Austral: o litoral permanece inexplorado e é muito diversificado em paisagem, flora e fauna; a vida marinha está presente em grandes quantidades e o mergulho e a pesca correspondem aos padrões internacionais de alta qualidade.

O desenvolvimento dos setores referidos exigirá e, em certo sentido contribuirá, para a melhoria generalizada

das infraestruturas que dotem a economia Moçambicana dos recursos necessários ao desenvolvimento da

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atividade privada através da redução dos custos de produção e de contexto (tão importantes para os

investidores estrangeiros).

Em termos de infraestruturas são identificadas as seguintes potencialidades.

Tabela 41 - Potencialidades a Nível Infraestrutural

Setor Potencialidades

Energia Desempenho dos serviços e boa qualidade dos mesmos.

Água Minimização da dependência da água de superfície e da prática da defecação a céu aberto. Alargamento de poços, furos e latrinas.

Telecomunicações e Tecnologias

de informação

Liberalização do mercado das telecomunicações.

Transportes Melhoria das redes de transporte (rodoviário, marítimo, ferroviário e aéreo):

No setor rodoviário: melhoria ao nível das estradas. Obras previstas neste setor;

No setor marítimo: melhoria através de parcerias público-privadas;

No setor ferroviário: atração do setor privado para o desenvolvimento deste setor;

No setor aéreo: construção de novos terminais em Maputo e Nacala.

O governo de Moçambique para a prossecução dos objetivos propostos terá de efetuar reformas significativas

das instituições, sendo uma oportunidade para agentes privados (universidades, setor tecnológico,

consultores), mas também para a própria CPLP que poderia providenciar apoio técnico e “know how”

resultante do acumular de experiência dos diversos países.

Pode-se apresentar como áreas que deverão ser ponderadas pelos agentes públicos e privados as referidas

seguidamente.

Tabela 42 - Potencialidades a Nível Institucional (Fonte: Proposta do PES 2014)

Principais Setores

Institucionais

Potencialidades / Apostas do Governo

Setor do estado (key

policies)

Combate à pobreza e criação de emprego enquanto prioridade do sistema público;

Implementação de medidas de caráter social e reforço do papel do estado na comunidade

através da promoção de acesso aos bens públicos (infraestruturas e outros serviços

públicos);

Melhoria dos serviços públicos;

Combate à corrupção;

Fortalecimento da cooperação internacional.

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

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3.11. Financiamento à economia

3.11.1. Principais bancos presentes

Moçambique tem atualmente dezoito Bancos licenciados e a operarem no seu sistema financeiro,

nomeadamente: Banco Internacional de Moçambique, Barclays Bank Moçambique, Standard Bank, Banco

Comercial e de Investimentos, (BCI) Internacional Comercial Bank (Moçambique), The Mauritius Commercial

Bank Moçambique, African Banking Corporation (Moçambique), FNB Moçambique, Socremo Banco de

Microfinanças, Banco Mercantil e de Investimentos, Banco ProCredit, Banco Oportunidade de Moçambique,

Banco Terra, Moza Banco, Banco Tchuma, Banco Nacional de Investimento, Banco Único, United Bank for

Africa Moçambique.

Ao nível da banca comercial os quatro maiores bancos concentram entre si mais de 80% do volume de

negócios. O Millennium BIM (Banco Internacional de Moçambique), detido pelo grupo português BCP e pelo

Tesouro Moçambicano, mantém-se como maior banco do país, com a maior quota de mercado em volume de

negócios, cerca de 40% e maior banco em projetos de expansão da rede de balcões.

Seguem-se, na lista dos maiores bancos moçambicanos, o Banco Comercial e de Investimentos (BCI), do

grupo Caixa Geral de Depósitos (51%) e BPI

(30%), e do grupo Moçambicano Insitec, ambos

com uma quota em volume de negócios acima de

15%. O grupo BES, aumentou recentemente a

sua participação no Mozabanco para 44% através

da sua participada BES Africa, enquanto a

Moçambique Capitais, grupo de investimentos

moçambicanos, com 50,4%, mantém-se acionista

maioritária deste banco, após o recente reforço da

sua participação em 18,9% através da compra da

participação da Geocapital - Gestão de

Participações na instituição

No ano de 2011 verificaram-se algumas

movimentações importantes no sistema financeiro

moçambicano com a entrada no mercado de um

novo player, o Banco Único pertencente aos

grupos portugueses Visabeira e Amorim, que

atualmente detêm uma participação de 36,4% da

instituição após a venda ocorrida em Maio de

2013 de metade da sua participação ao banco sul-

africano NedBank.

Por outro lado, o Banco Nacional de

Investimentos (BNI), que contava também com

uma participação de 49,5% da Caixa Geral de

Depósitos em representação do Estado por português, viu em dezembro de 2012 essa posição ser adquirida

pelo Estado Moçambicano que passou a assumir a totalidade do capital do banco, transformando este num

banco de fomento.

O sistema bancário é sólido e, até setembro de 2012, 19,1% dos bancos apresentavam um adequado rácio de

fundos próprios, ao mesmo tempo que 8% respeitavam o rácio mínimo regulamentar. A taxa de rentabilidade

dos capitais próprios (“ROE”) dos três principais bancos é de 35%, uma taxa elevada, enquanto o crédito mal

parado (vencido) diminuiu para menos de 4% em 2012. Em 1 de janeiro de 2013, serão implementados os

regulamentos bancários recomendados nos Acordos de Basileia I e II, e está prevista a implementação dos

regulamentos de Basileia III em 2014.

Predominantemente local

Equilibrada

Estrangeira e Governo

Predominantemente estrangeira

Predominantemente Governo

Excluído

(Fonte: World Bank Staff Estimates, 2007)

Estrutura acionista bancária

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3.11.2. Bancarização da população

O governo, através do Banco Central de

Moçambique, tem envidado esforços criando

politicas comerciais para incentivar e promover a

abertura de mais instituições financeiras, junto dos

distritos localizadas nas zonas interiores do país.

Todas as 12 capitais provinciais têm instituições

bancárias abertas. A expansão da rede bancária

para os distritos em Moçambique continua a ser uma

prioridade do Banco Central, tendo aumentado o

número de distritos com agências bancárias de 27

para 63, entre 2007 e 2013. Atualmente encontram-

se em funcionamento 502 balcões, estando

autorizados 522.

No entanto, 42 distritos, mantêm-se em situação de

exclusão financeira sem qualquer instituição

financeira. As províncias de Sofala, Inhambane e

Tete foram as que observaram maiores taxas de

crescimento do Índice de Inclusão Financeira (“IIF”)

nos últimos sete anos.

Para além dos bancos comerciais, o sistema

financeiro Moçambicano é dotado de outras

instituições financeiras tais como: sete cooperativas

de crédito nomeadamente: Cooperativa de

Poupança e Crédito, UGC-CPC - Cooperativa de

Poupança e Crédito, Cooperativa de Crédito dos Micro-empresários de Angónia, Cooperativa de Crédito dos

Produtores do Limpopo, Caixa Cooperativa de Crédito, Sociedade Cooperativa de Crédito das Mulheres de

Nampula, Caixa das Mulheres de Nacala, Cooperativa de Crédito, uma sociedade de investimento, Sociedade

de Gestão e Financiamento para a Promoção de Pequenos Projetos de Investimentos, uma sociedade de

locação financeira: African Leasing Company (Moçambique), e oito micro bancos: AC MicroBanco, Caixa

Financeira de Catandica, Caixa de Poupança Postal de Moçambique, Microbanco NGR, Yingwe Microbanco,

The First Microbank, Caixa Financeira de Caia, Letshego Financial Services Moçambique.

Tabela 43- Número de balcões e máquinas automáticas existentes por província

Províncias Balcões em

Funcionamento (2013)

Total ATM (2013)

Cidade de Maputo 186 356

Província Maputo 51 88

Nampula 50 92

Sofala 46 84

Tete 34 61

Gaza 31 58

Inhambane 30 63

Manica 24 36

Zambézia 24 54

Cabo Delgado 16 43 Niassa 10 26

Fonte: Relatório anual Banco Central de Moçambique

< 10%

Entre 10% e 20%

Entre 20% e 30%

Entre 30% and 40%

> 40%

Não disponível

(Fonte: World Bank, Global Financial Inclusion Database, 2011)

Contas bancárias (% +15anos)

Figura 32 - Contas bancárias (% +15 anos) em África

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166

3.11.3. Taxas de juro de empréstimo

As taxas de juro tanto das operações ativas, como das operações passivas, tiveram ao longo do período em

análise uma tendência decrescente. O Banco Central de Moçambique relaxou a política monetária, tendo

baixado a taxa de desconto 8 vezes desde 2011. No entanto, o movimento de descida não se alastrou na

mesma proporção à globalidade dos agentes económicos.

Figura 33 - Taxas de juro em Moçambique

3.11.4. Bolsa de valores

A Bolsa de valores de Moçambique, denominada BVM, foi constituída pelo decreto n° 49/98, de 22 de

setembro, em resultado do cumprimento de um dos objetivos da política económica e financeira do Governo

Moçambicano. A criação da bolsa de valores tinha como principais objetivos: promover a poupança e a sua

conversão em investimento produtivo e diversificar as alternativas de financiamento para o Estado e para as

empresas.

Empresas admitidas a BVM (Bolsa de valores de Moçambique)

As obrigações do Estado e os títulos das empresas cotados na Bolsa de Moçambique, representam 3% do

PIB. O desenvolvimento do mercado interno de ações e obrigações faz parte dos objetivos da nova estratégia

de gestão da dívida de médio prazo.

Os principais títulos cotados são: Cervejas de Moçambique (CDM), Empresa Nacional de Hidrocarbonetos

(ENH), e a CETA, construções e serviços SA, bem como obrigações do Tesouro de Moçambique.

Os títulos admitidos à cotação na Bolsa de Valores de Moçambique aumentaram de 25 em 2011 para 32 em

2012.

Em Moçambique a Bolsa de Valores tem servido como uma das principais fontes de financiamento do

Orçamento de Estado, assim como das empresas públicas e privadas, tendo sido admitidos à cotação, desde

a sua inauguração, 54 valores mobiliários, no valor conjunto de MZN 24.500 milhões (cerca de US$ 816

milhões).

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

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A BVM admite também as negociações das Unidades de Participação em Fundos de Investimento, porém

apenas quando estes sejam fechados.

A Bolsa de Valores de Moçambique (BVM) e as vantagens oferecidas:

Os títulos negociados em bolsa beneficiam de 50% de isenção do

Imposto sobre o Rendimento (IRPC/IRPS), o que obviamente

aumenta os ganhos que daí advêm;

No ato de emissão e na realização de transações, os valores

mobiliários beneficiam de isenção do imposto de selo;

O custo de financiamento é reduzido em relação ao crédito bancário

(emissão de ações, obrigações, papel comercial, entre outros);

É um meio de acesso a financiamentos internacionais através da

mobilização de investidores internacionais.

Permite tomar conhecimento do valor das empresas, através da

definição de um preço de mercado.

O Estado tem utilizado a bolsa de valores para;

Empréstimos obrigacionistas (obrigações do tesouro);

Privatizações (venda de participações do Estado nas Empresas).

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4. Investir em

Moçambique

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

170

4. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de segurança social

85

4.1. População Ativa

Está a ser implementada desde 2006 a Estratégia de Emprego e Formação Profissional em Moçambique (até

2015), visando a atuação concertada do Governo, dos parceiros sociais e da sociedade civil, com o objetivo de

estimular o emprego, o empreendedorismo, boas práticas de negociação e o diálogo social tripartido.

O principal objetivo é a promoção do crescimento do emprego a curto e a médio prazo por forma a propiciar o

desenvolvimento de uma economia pró-emprego.

A população ativa estimada é de cerca de 11 milhões de pessoas – das quais 62.1% são trabalhadoras por conta própria, 24.6% são trabalhadores familiares não remunerados, sendo que apenas 10.9% estão empregadas (4.1% são funcionários públicos, e 6.8% trabalham no setor privado).

4.2. Desemprego

A percentagem de desemprego é de 18,7% (apesar de ser

estimado um valor mais alto, especialmente no que concerne às

áreas rurais).

Cerca de 300.000 jovens ingressam no mercado de trabalho

anualmente, mas, dado os desequilíbrios entre oferta e procura

contribuem para um incremento da taxa do desemprego.

Cumpre referir que a força de trabalho em áreas urbanas tem

vindo a aumentar a uma percentagem anual de 3%, apesar de

persistirem lacunas significativas do lado da oferta.

4.3. Desigualdades

Moçambique tem vindo a promover um conjunto de iniciativas para incrementar a igualdade do género e a

integração e participação das mulheres na sociedade. Há um conjunto de indicadores que já revelam avanços

em algumas áreas como o número de mulheres no parlamento (39% ) e a paridade no género de alunos

inscritos no ensino primário.

A aplicação da legislação sobre violência doméstica, direito de família, o Protocolo da SADC, a Carta Africana

dos Direitos Humanos e dos Povos sobre os Direitos das Mulheres em África (mais conhecido como o

Protocolo de Maputo), têm ajudado a reforçar a agenda de igualdade de género no país.

85

http://www.portaldogoverno.gov.mz/Servicos/segurancaSoc/; http://www.unicef.org/mozambique/media_9464.html; República de Moçambique, Estratégia Nacional de Segurança Básica 2010-2014

Objetivos da Estratégia de

Emprego e Formação Profissional:

1. Optar por políticas e programas de

desenvolvimento económico que

maximizem o crescimento do

emprego

2. Criar um sistema de informação

sobre o mercado de emprego (SIME)

3. Promover o emprego, através do

estabelecimento de políticas ativas

4. Apoiar a inserção laboral de grupos

alvo especiais

5. Promover a criação de emprego

qualificado através de micro,

pequenas e médias empresas

(MPME’s)

6. Apoiar o setor informal pelo seu

papel na economia e na criação de

emprego

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

171

4.4. Breve descrição do regime de Segurança Social

Encontram-se abrangidos pelo sistema de segurança social em Moçambique os trabalhadores assalariados

nacionais e estrangeiros residentes, bem como os familiares deles dependentes.

A taxa de contribuição para o sistema de segurança social é de 7% (3% descontados da remuneração do

trabalhador, e 4% de responsabilidade da entidade patronal).

Existem três modelos de segurança social no país:

Segurança social obrigatória

Segurança social obrigatória (gerida pelo Instituto Nacional de Segurança

Social), que inclui os trabalhadores por conta de outrem, cuja relação

laboral com a entidade patronal esteja formalizada, e cujo rendimento

exceda determinado limite;

Segurança social complementar Segurança social complementar, é normalmente utilizada no setor privado,

através de seguros;

Segurança social básica

Segurança social básica que, e ao contrário dos outros dois modelos, não

implica qualquer tipo de pagamento pelos seus beneficiários, antes sendo-

lhes diretamente atribuído tendo em consideração um conjunto de

condicionalismos e requisitos como, por exemplo, a idade ou estado de

saúde. O Programa de Subsídio de Alimentos é um exemplo deste tipo de

segurança social.

Não obstante, nos últimos anos tem-se verificado um incremento das tensões sociais resultado das

desigualdades existentes e da persistência de um elevado nível de pobreza.

4.5. Como investir?

O investimento em Moçambique é regulado pela Lei de Investimentos, Lei n.º 3/93, de 24 de junho e pelo

Decreto n.º 43/2009, de 21 de agosto, excecionando porém, os investimentos realizados ou a realizar nas

áreas de prospeção, pesquisa e produção de petróleo, gás e indústria extrativa de recursos minerais.

O valor mínimo de Investimento Direto Estrangeiro (IDE) para efeitos de repatriamento de lucros é de MZN

2.500.000, ou aproximadamente USD 82.372).

O direito a transferir lucros para o estrangeiro é também aplicável aos investimentos promovidos em

Moçambique que cumpram com um dos seguintes requisitos:

Volume de vendas anual não inferior ao triplo de 7.500.000 MZN (aproximadamente USD 247.117), a partir do terceiro ano de atividade;

Exportações anuais de bens ou serviços sejam no mínimo equivalentes a 1.500.000 MZN (aproximadamente USD 49.432);

Criação e manutenção de emprego direto para, pelo menos, 25 trabalhadores com nacionalidade moçambicana, devidamente inscritos no sistema de segurança social a partir do segundo ano de atividade.

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

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O investimento direto estrangeiro (IDE) é definido como qualquer forma de contribuição de capital estrangeiro

suscetível de avaliação pecuniária, que constitua capital ou recursos próprios ou sob conta e risco do

investidor estrangeiro, proveniente do exterior e destinado à sua incorporação no investimento para realização

de um projeto de atividade económica, através de uma empresa registada em Moçambique e a operar a partir

do território Moçambicano.

É importante que um investimento seja qualificado de IDE no âmbito desta Lei, uma vez que a mesma confere

um conjunto de benefícios para o investidor e o direito ao repatriamento dos lucros obtidos e do capital

investido.

Formas de investimento

O investimento estrangeiro direto em Moçambique pode realizar-se através de qualquer uma das seguintes formas, desde que suscetíveis de avaliação pecuniária:

Moeda externa livremente convertível;

Equipamentos e respetivos acessórios, materiais e outros bens importados; e

Cedência, em determinadas circunstâncias, dos direitos de utilização de tecnologias patenteadas e de marcas registadas.

O investimento indireto, por sua vez, compreende, isolada ou simultaneamente, qualquer uma das seguintes formas:

Empréstimos;

Suprimentos;

Prestações suplementares de capital;

Tecnologia patenteada;

Segredos e modelos industriais;

Franchising;

Marcas registadas;

Assistência técnica e outras formas de acesso à utilização ou de transferência de tecnologia e marcas registadas cujo acesso à sua utilização seja em regime de exclusividade ou de licenciamento restrito por zonas geográficas ou domínios de atividade e/ou comercial.

Em Moçambique através da lei de investimento, o processo de implantação e estabelecimento de

investimentos estrangeiros têm sido simplificados evitando deste modo o excesso de burocracia e diminuindo

o tempo de espera neste tipo de procedimentos.

A Lei de Investimentos não se aplica aos investimentos relacionados com prospeção, pesquisa, e produção de

petróleo, gás e indústria extrativa de recursos minerais.

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4.5.1. Fases/Etapas a observar no Processo de estabelecimento em Moçambique

Para que um investidor efetua um investimento em território Moçambicano deverá apresentar a sua proposta

de projeto de investimento ao Centro de Promoção de Investimentos (CPI) ou, se o respetivo investimento a

realizar se localizar nas Zonas Económicas Especiais (ZEE) ou nas Zonas Francas Industriais (ZFI), a referida

proposta de investimento terá que ser necessariamente apresentada ao Gabinete das Zonas Económicas de

Desenvolvimento Acelerado (GAZEDA).

As propostas de investimentos são apresentadas em formulário próprio, em língua portuguesa ou inglesa e

acompanhadas da documentação necessária para a sua apreciação:

Cópia do documento de identificação do investidor proponente;

Certidão do registo comercial ou da reserva da denominação social da empresa implementadora do

projeto;

Planta topográfica ou esboço da localização onde se pretende implantar o projeto;

Cópia da licença de representação comercial (apenas quando se trate de projetos a realizar mediante

estabelecimento de representação comercial estrangeira).

Numa fase posterior à apresentação da proposta do projeto de investimento, o CPI ou o GAZEDA procedem à

comunicação aos proponentes dos projetos de investimento a sua decisão. A decisão sobre projetos de

investimento recebidos no CPI é da autoria de várias categoria e de órgãos institucionais do pais conforme for

o valor que se pretende alocar ao projeto.

É da responsabilidade do Governador Provincial, quando o projeto de investimentos nacionais avaliados

até e não superior a MZN 1.500.000.000 (aproximadamente USD 52.000.000), a mesma decisão deverá

ser tomada num prazo de três dias úteis;

É da responsabilidade do Diretor Geral do CPI, no prazo de três dias úteis, quando o investimento

nacionais e/ou estrangeiros em causa estiver avaliadoate MZN 2.500.000.000 (aproximadamente USD

86.500.000), ou equivalente;

É do ministro que superintende a área da planificação e desenvolvimento, no prazo de três dias úteis,

quanto à realização de projetos de investimento nacionais e/ou estrangeiros cujo valor total envolvido

não exceda o equivalente a MZN 13.500.000.000 (aproximadamente USD 467.000.000).

Por fim cabe ao Conselho de Ministros (no prazo de 30 dias úteis), a decisão de autorizar os investimentos

nacionais e/ou estrangeiros nos seguintes casos:

Realização de projetos de investimento cujo valor seja superior ou equivalente a MZN 13.500.000.000

(aproximadamente USD 467.000.000);

Projetos de investimento que requeiram extensão de terra cuja área seja superior a 10.000 hectares;

Projetos de investimento que requeiram a concessão florestal de área superior a 100.000 hectares;

Quaisquer outros projetos com previsíveis implicações de ordem política, social, económica, financeira

ou ambiental.

Relativamente ao gabinete GAZEDA, a decisão sobre os projetos de investimento em regime de ZEE e das

ZFI compete ao Diretor-Geral do GAZEDA, o qual deverá tomar a decisão no prazo máximo de três dias úteis

a contar da data de receção da respetiva proposta de projeto de investimento.

Decorrida esta fase, se o projeto for aprovado, a sua implementação deve ocorrer no prazo de 120 dias (se

outro prazo não tiver sido fixado na respetiva autorização. O investidor estrangeiro deve efetuar o registo do

investimento direto estrangeiro junto do Banco de Moçambique no período de 90 dias a contar da data da

autorização da entidade competente ou da efetiva entrada do valor do investimento.

Para efeitos de exportação de lucros e reexportação do capital investido, o estatuto de investidor estrangeiro

vigora por tempo indeterminado (enquanto se mantiverem inalterados os termos e condições que concorreram

para a atribuição desse estatuto), podendo a posição do investidor ser transmitida (mediante transmissão ou

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cessão de participações sociais detidas pelos respetivos investidores) desde que a transmissão ocorra em

território nacional, seja notificada a entidade decisória competente (e obtida a consequente autorização) e seja

comprovado o cumprimento de obrigações fiscais e legais, quando devidas.

Por outro lado a lei do investimento permite a revogação da autorização concedida para realização do

investimento quando se observe uma das seguintes situações:

1. Pedido fundamentado dos investidores;

2. Termo do prazo estabelecido para o início da implementação do projeto, sem que esta se tenha

iniciado;

3. Paralisação da implementação ou exploração do empreendimento por um período contínuo superior a

três meses sem que tenha havido uma comunicação prévia à entidade competente;

4. Verificação de situações de incumprimento quer da Lei de Investimentos e do Regulamento da Lei de

Investimentos quer das condições previstas na respetiva autorização ou noutros instrumentos legais

aplicáveis.

O investidor externo pode implementar o seu negócio em Moçambique através de formas societárias previstas

na legislação comercial Moçambicana (Código Comercial).

O Código Comercial prevê os seguintes tipos societários: sociedade em nome coletivo, sociedade em

comandita simples, sociedade em comandita por ações, sociedade por quotas, sociedades anónimas.

4.6. Incentivos e benefícios ao investimento Ainda no âmbito dos incentivos decorrentes do investimento em Moçambique podem também mencionar-se os benefícios fiscais consagrados no Código dos Benefícios fiscais (CBF), aprovado pela Lei n.º 4/2009, de 12 de janeiro, que consagra vários benefícios aplicáveis ao investimento estrangeiro em Moçambique, sendo que os mesmos podem ser agrupados em duas categorias: benefícios genéricos e benefícios específicos.

4.6.1. Benefícios genéricos O código de benefícios fiscais (CBF) considera benefícios genéricos aplicáveis ao investimento estrangeiro os seguintes:

Isenção do pagamento de direitos aduaneiros e do IVA (na importação de bens): sobre os bens de

equipamento classificados na classe «K» da pauta aduaneira e respetivas peças e acessórios que os

acompanhem (durante os primeiros 5 anos de implementação do projeto);

Crédito fiscal por investimento (CFI) - possibilidade de os investimentos beneficiarem de uma dedução

de 5% ou 10%, consoante o investimento ocorra na Cidade de Maputo ou nas restantes províncias, do

total de investimento efetivamente realizado na coleta do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas

Coletivas (IRPC), até à concorrência deste, na parte respeitante à atividade desenvolvida no âmbito do

projeto (durante cinco exercícios fiscais);

Amortizações e reintegrações aceleradas - permite-se a reintegração acelerada dos imóveis novos

utilizados na prossecução do projeto de investimento, que consiste em incrementar em 50% as taxas

normais legalmente fixadas para o cálculo das amortizações e reintegrações consideradas como custos

imputáveis ao exercício na determinação da matéria coletável do Imposto sobre o Rendimento das

Pessoas Coletivas (IRPC) ou Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRPS);

Deduções à matéria coletável e à coleta - possibilidade de os custos com (i) a modernização e

introdução de novas tecnologias e com (ii) a formação profissional de trabalhadores moçambicanos

poderem ser deduzidos à matéria coletável até ao limite de 10% ou 5%, respetivamente (durante os

primeiros cinco anos);

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Outras despesas consideradas custos fiscais - os investimentos elegíveis para efeitos da atribuição dos

benefícios fiscais ao abrigo do Código dos Benefícios Fiscais (CBF) podem ainda considerar como

custos para a determinação da matéria coletável do IRPC os seguintes limites:

a) 110% (para os investimentos na cidade de Maputo) e 120% (para os investimentos nas restantes províncias) das despesas realizadas na construção e na reabilitação de estradas e caminho-de-ferro, aeroportos, correios, telecomunicações abastecimento de água, energia elétrica, escolas, hospitais e outras obras consideradas de utilidade pública (durante cinco exercícios fiscais);

b) 50% Das despesas realizadas na compra, para património próprio de obras consideradas de

arte e outros objetos representativos da cultura moçambicana, bem como as ações que contribuam para o desenvolvimento desta, nos termos da Lei de Defesa do Património Cultural (Lei n.º 10/88, de 22 de dezembro).

4.6.2. Benefícios Específicos São considerados benefícios específicos no âmbito do investimento efetuado em determinados setores de atividade considerados de grande relevância para o crescimento e o desenvolvimento do país.

Descrição da Área de

Investimento Incentivos atribuídos

Infraestruturas Básicas de

utilidade pública

(exemplo: estradas, aeroportos,

abastecimento de água)

Isenção do pagamento de direitos aduaneiros e do IVA na importação de bens de equipamento classificados na classe «K» da Pauta Aduaneira;

Redução em 80% da taxa de IRPC nos primeiros 5 exercícios fiscais;

Redução em 60% da taxa de IRPC do 6º ao 10º exercício fiscal;

Redução em 25% da taxa de IRPC do 11º ao 15º exercício fiscal;

Redução da taxa de IRPS.

Comércio e indústria nas zonas

rurais

Isenção do pagamento de direitos aduaneiros e do IVA na importação de bens de equipamento classificados na classe «K» da Pauta Aduaneira, bem como de outros indispensáveis à prossecução da atividade.

Indústria transformadora e de

montagem

Isenção do pagamento de direitos aduaneiros na importação de matérias-primas e de equipamentos destinados ao processo de produção industrial que demonstrem e assumam o compromisso de manter a faturação anual não inferior a 3.000.000 MZN, e cujo o valor final acrescentado ao produto corresponda a um mínimo de 20%.

Agricultura e Pescas (Aquacultura)

Isenção do pagamento de direitos aduaneiros e do IVA na importação de

bens de equipamento classificados na classe «K» da Pauta Aduaneira;

Redução em 80% da taxa de IRPC até 31/12/2015;

Redução em 50% da taxa de IRPC entre 2016 e 2025;

Benefícios complementares:

o Dedução de despesas realizadas com a formação profissional de

trabalhadores moçambicanos;

o Dedução de determinadas despesas como custos fiscais;

Redução da taxa de IRPS;

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Hotelaria e Turismo

Isenção do pagamento de direitos aduaneiros e do IVA na importação de bens de equipamento classificados na classe «K» da Pauta Aduaneira, bem como de determinados bens considerados indispensáveis à prossecução da atividade nas quantidades necessárias para a construção e apetrechamento do projeto;

Crédito fiscal por investimento (5% ou 10% consoante a localização do investimento);

Reintegração acelerada;

Benefícios complementares: o Dedução de despesas realizadas com a modernização e

introdução de novas tecnologias; o Dedução de determinadas despesas como custos fiscais.

Parques de Ciência e Tecnologia

Isenção de direitos aduaneiros e do IVA na importação de material e equipamento;

Isenção de IRPC nos primeiros 5 exercícios fiscais;

Redução em 50% da taxa de IRPC do 6º ao 10º exercício fiscal;

Redução em 25% da taxa de IRPC do 11º ao 15º exercício fiscal;

Isenção e reduções igualmente aplicáveis em sede de IRPS.

Projetos de grande dimensão (que

excedam 12.milhões e 500 MNZ;

investimentos em infraestruturas

de domínio público, em regime de

concessão)

Isenção de direitos aduaneiros e do IVA na importação de materiais e equipamentos;

Benefícios complementares: o Crédito fiscal por investimento; o Amortizações e reintegrações aceleradas; o Dedução de despesas realizadas com a modernização e

introdução de novas tecnologias;

Dedução de determinadas despesas como custos fiscais

Zonas de Rápido Desenvolvimento

(ZRD):

Isenção do pagamento de direitos aduaneiros e do IVA na importação de bens de equipamento classificados na classe «K» da Pauta Aduaneira;

Crédito fiscal por investimento (20%);

Benefícios Complementares: o Dedução de despesas realizadas com a formação profissional de

trabalhadores moçambicanos; o Dedução de determinadas despesas como custos fiscais.

Zonas francas Industriais (ZfI):

Isenção do pagamento de direitos aduaneiros e do IVA na importação de materiais e bens;

Isenção de IRPC nos primeiros 10 exercícios fiscais;

Redução em 50% da taxa de IRPC do 11º ao 15º exercício fiscal;

Redução em 25% da taxa de IRPC pela vida do projeto.

Zonas Económicas Especiais

(ZEE):

Isenção do pagamento de direitos aduaneiros e do IVA na importação de materiais e bens;

Isenção de IRPC nos primeiros 5 ou nos primeiros 3 exercícios fiscais, consoante seja operador de ZEE ou empresa de ZEE;

Redução em 50% da taxa de IRPC do 6º ao 10º exercício fiscal ou do 4º ao 10º exercício fiscal, consoante seja operador de ZEE ou empresa de ZEE;

Redução em 25% da taxa de IRPC pela vida do projeto ou entre o 11º e o 15º exercício fiscal, consoante seja operador de ZEE ou empresa de ZEE.

Fonte: Código dos Benefícios Fiscais, Lei n.º 4/2009, de 12 de janeiro.

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177

4.7. Principais mecanismos de financiamento

Existem vários mecanismos alternativos para investir em Moçambique, sendo que alguns dos bancos

comerciais que operam em Moçambique recorrem a financiamento junto de instituições multilaterais

financeiras, como por exemplo, o Banco Africano de Desenvolvimento, o Banco Europeu de Investimento e o

Banco Mundial, que lhes concedem financiamento para concederem crédito à economia e às empresas.

Uma das principais fontes de financiamento estrangeiro consubstancia-se na ajuda pública ao

desenvolvimento (APD) proveniente de entidades multilaterais financeiras, como o Banco Mundial, o Banco de

Desenvolvimento Africano, e demais entidades da APD (como sejam as agências bilaterais).

Acresce que muitos países, entre eles Portugal, através do fundo investimoZ, têm disponibilizado linhas de

crédito a fim de facilitar e promover as suas próprias exportações para Moçambique e, nalguns casos, para

efetuar investimentos.

Portugal dispõe de linhas de crédito específicas de apoio à internacionalização das empresas e à exportação,

sendo de salientar a linha de crédito ao importador do bem com origem em Portugal, com o apoio da Caixa

Geral de Depósitos e outros mecanismos de apoio às empresas exportadoras.

Para grandes projetos de investimento com impacto económico em países em desenvolvimento e cujo plano

de investimento permita desenvolver a economia existem instrumentos financeiros em algumas destas

instituições multilaterais financeiras para apoiar o investimento diretamente às empresas.

Para além destas entidades, na Europa existem as Instituições Financeiras ao Desenvolvimento (IFD) que

podem financiar projetos de investimento em países em desenvolvimento desde que cumpridos um conjunto

de requisitos, entre os quais contribuir para o desenvolvimento económico do país do investimento.

Estas instituições poderão constituir um importante mecanismo de financiamento aos investimentos das

empresas nos países em desenvolvimento, uma vez que beneficiam de apoios do estado europeu da sua

origem e podem aceder a fundos de comunitários orientados para o apoio ao desenvolvimento, permitindo-

lhes financiar projetos de internacionalização de pequenas e médias empresas a condições de mercado mais

competitivas, por prazos mais longos e com outros instrumentos alternativos para diminuição dos riscos da

operação. Estas instituições também financiam projetos em outros países da CPLP como Angola, São Tomé e

Principe, Cabo Verde e Guiné Bissau.

As IFD europeias constituíram uma associação designada por European Development Finance Institutions (EDFI), que no final do ano de 2012, em conjunto, detinham um portfolio de 4.705 projetos num total de cerca de 26 mil milhões de euros, sendo que só no ano de 2012 foram aprovados 4,7 mil milhões de euros em 714 novos projetos

86.

Mas nem todas as áreas ou setores de atividades são

elegíveis para efeitos de atribuição de financiamento.

Em Portugal a Instituição Financeira ao

Desenvolvimento é a SOFID, que disponibiliza:

Empréstimos;

Participações de Capital;

Garantias Bancárias;

Acesso ao Fundo Português de Apoio ao

Investimento em Moçambique (InvestimoZ);

Acesso EU/Africa Infrastructure Trust Fund (ITF);

o O ITF tem por objetivo captar e mobilizar

recursos financeiros e competências técnicas

86 De acordo com o Relatório Anual EDFI 2012, acessível: http://www.edfi.be/component/downloads/downloads/92.html

FMO - Netherlands Development Finance

Company é uma das maiores Instituições

Financeiras de apoio ao desenvolvimento, com

um portfolio de projetos de 6.280 milhões de

euros sendo que deste montante cerca de

67% são empréstimos concedidos para

investimentos em países em desenvolvimento.

Em Portugal a Instituição Financeira de Apoio

ao Desenvolvimento SOFID (que integrará o

futuro banco de fomento) dispõe de um fundo

específico de apoio ao investimento em

Moçambique designado por InvestimoZ,

reestrurado em Março de 2014

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178

para apoiar o investimento em infraestruturas transfronteiriças com impacto regional, em 47 países

da África Subsariana, neles se incluindo todos os PALOP;

Acesso Neighbourhood Investment Facility (NIF);

Acesso Latin America Investment Facility (LAIF);

o A LAIF é um instrumento criado pela Comissão Europeia que visa mobilizar financiamentos

adicionais para apoiar investimentos na América Latina;

Fundo InvestimoZ - Fundo Português de Apoio ao Investimento em Moçambique que financia projetos

de investimento de iniciativa pública ou privada em Moçambique, promovidos por empresas portuguesas

ou por parcerias Luso-Moçambicanas

A SOFID, (que será integrada no futuro banco de fomento português), apresenta condições de financiamento

específicas de apoio a projetos de internacionalização, nomeadamente:

Montante mínimo por promotor do projeto de investimento de 250 mil euros; máximo de 2,5 milhões de

euros;

Prazo: até 10 anos;

Carência: até 3 anos;

Reembolso: em prestações trimestrais, semestrais ou anuais;

Taxa de Juro: variável indexada à Euribor, de acordo com o preçário da SOFID no momento, podendo

ocorrer eventuais bonificações associadas à mobilização de fundos nacionais ou internacionais

disponíveis para ajuda ao desenvolvimento, como sejam o ITF, o NIF e o LAIF;

Moeda: Euro, com possibilidade de outras divisas com curso internacional;

Garantias dos promotores: garantia internacional ou local, receitas do projeto, hipoteca ou penhor sobre

ativos do projeto, garantias pessoais ou outras cauções;

Utilização: total ou por tranches (em função da natureza do projeto e sua evolução);

Comissões de acordo com o preçário em vigor.

Regra geral, os produtos financeiros disponibilizados pelas IFD são:

Empréstimos de longo prazo, com taxas a juros de mercado;

Empréstimos de longo prazo, com taxas a juros bonificados;

Participações de capital;

Financiamento “mezzanine”;

Garantias;

Donativos destinados ao financiamento de atividades específicas nos países de menor rendimento;

Produtos de gestão de risco;

Apoio à realização de estudos de sustentabilidade do projeto.

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Gráfico 82 - Percentagem do valor dos projetos por modalidade de financiamento e setores de atividade

Fonte: Relatório Anual EDFI 2012

Outro instrumento disponível para o financiamento de investimentos de grande dimensão e com reconhecido impacto económico é o Fundo de Cooperação China-Países de Língua Portuguesa.

Este fundo, criado em 2010 com intuito de fortalecer a cooperação e as relações de investimento entre a China e os países de língua Portuguesa, disponibiliza um total de mil milhões de USD para projetos de investimento que promovam a melhoria da qualidade de vida das populações e o desenvolvimento social e económico dos países destinatários do financiamento. Um dos critérios elegíveis para obtenção do financiamento é a aposta na utilização de tecnologia industrial avançada.

O acesso a este fundo faz-se através do preenchimento da candidatura por parte da empresa ou investidor interessado, e depende da decisão da comissão de investimento, composta por membros da equipa de gestão do fundo. Os montantes máximos de investimento em cada projeto são determinados pela equipa de gestão do fundo e podem variar entre 5 e 20 milhões de USD.

No que se refere aos veículos de investimentos, o fundo admite a utilização de diversos instrumentos, adaptados em função das características das empresas e da natureza dos projetos. Nesse sentido, para além dos instrumentos de capital diretos, tais como ações ordinárias de empresas ou projetos, admite-se ainda investimentos de quase capital (instrumentos híbridos de capital e obrigações convertíveis).

51% 46%

3%

Modalidades de financiamento EDFI

Participações de capital e equiparáveis

Empréstimos

Subvenções

33%

26%

22%

6%

13%

Setores de atividade

Financeiro

Infraestruturas

Indústria

Agroindústria

Outros

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180

4.8. Competitividade de Moçambique

4.8.1. Atratividade de Moçambique no contexto regional

No conjunto de relatórios e indicadores que procuram caraterizar os mercados dos vários países mundiais,

Moçambique encontra-se classificado na parte inferior do ranking. A título exemplificativo o relatório do Banco

Mundial sobre a facilidade de fazer negócio indica que Moçambique se encontra na posição 146, à frente do

Maláui, Angola, Zimbabué e da Republica Democrática do Congo.

Tabela 44 - Doing Business 2013 – Posição por país da SADC

Países Facilidade de se

fazer negócios

Abertura de

empresas

Obtenção de

alvarás de

construção

Obtenção

eletricidade

Registo de

propriedade

Obtenção de

crédito

Maurícias 19 14 62 44 60 53

África do

Sul 39 53 39 150 79 1

Botsuana 59 99 132 90 51 53

Seicheles 74 117 57 144 66 167

Namíbia 87 133 56 87 169 40

Zâmbia 94 74 151 151 96 12

Suazilândia 123 165 41 156 129 53

Tanzânia 134 113 174 96 137 129

Lesoto 136 79 140 133 157 154

Madagáscar 142 17 148 183 147 180

Moçambique 146 96 135 174 155 129

Malawi 157 141 175 179 97 129

Angola 172 171 124 113 131 129

Zimbabué 172 143 170 157 85 129

Congo 181 149 81 140 106 176

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

181

Identificam-se como aspetos positivos a rapidez e facilidade na constituição/abertura de uma empresa e a

facilidade na obtenção de crédito. No entanto os custos de contexto mantêm-se significativos.

Os fluxos do IDE em Moçambique indicados pela UNCTAD, indicam que os valores oficiais de IDE atingiram

em 2012 o montante de 5,2 mil milhões de dólares, comparando de forma muito positiva com os restantes

países da SADC.

Na SADC, Moçambique é o primeiro destino de fluxo de IDE da SADC com cerca de 29% do total de IDE para

a região que é revelador da atratividade que a sua economia tem vindo a gerar.

Foram vários os fatores que contribuíram para o crescimento do Investimento Direto Estrangeiro (IDE) em

Moçambique, de USD 5.2 mil milhões de em 2012, na sua maioria canalizado para as indústrias extrativas,

juntamente com o forte crescimento agrícola e o investimento em infraestruturas.

Já no ano anterior, em 2011, o investimento do setor privado atingiu mais de 1,9 mil milhões de USD, como

resultado do IDE em mega projetos do carvão. Um total de 30.000 novos empregos foram criados pelos 285

novos projetos, dos quais 13 na zona Económica Exclusiva de Nacala, representando um investimento 400

milhões de USD por parte de empresas exportadoras.

Há um conjunto de novos indicadores que sustentam a manutenção de valores elevados de IDE,

nomeadamente:

Um forte investimento no setor de cimento estimando-se que a produção triplique até 2013, através do

investimento realizado por empresas chinesas (África Great Wall Cement Manufacturer, China

International Fund, GS Cimento e Bill Wood) e da África do Sul, Pretoria Portland Cement com um

investimento global de 450 milhões de USD;

Um novo operador móvel, Movicel com investimento recente no montante de USD 400 milhões, que

resulta de uma joint-venture entre a Viettel, uma empresa de telecomunicações da propriedade do

Ministério da Defesa do Vietname e a SPI (Gestão e Investimentos).

A descoberta de extensas reservas off-shore de gás natural.

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

182

4.9. Principais constrangimentos ao IDE e Exportação

No que diz respeito às principais dificuldades e/ou constrangimentos à exploração do mercado interno e ao

investimento direto estrangeiro em Moçambique pode enumerar-se um conjunto de constrangimentos.

4.9.1. Alfândegas – Barreiras aduaneiras: tarifas, barreiras não tarifárias, outros impedimentos

4.9.1.1. Licenciamento das Importações para Moçambique

Moçambique faz parte da Organização Mundial do Comércio e tem vindo a adotar medidas que visam

harmonizar a importação de produtos em linha com as orientações da OMC.

O documento necessário para o Despacho Alfandegário das mercadorias que entram ou saem de

Moçambique é designado por Documento Único (DU) e o processamento de toda a informação e despachos é

realizado através de uma plataforma informática designada por JUE – Janela Única Eletrónica.

A declaração aduaneira é submetida às Alfândegas diretamente pelo importador ou exportador ou pelo seu

representante legalmente habilitado.

A importação não está sujeita, por regra, a restrições especiais, mas existem produtos cuja importação estão

proibidos, nos termos do Decreto n.º 34/2009, de 6 de julho, que estabelece as regras de desembaraço

aduaneiro de mercadoria.

As taxas de direitos aduaneiros e demais imposições aplicáveis no caso de importação, são as constantes da

Pauta Aduaneira, à data da aceitação da declaração aduaneira pelas Alfândegas.

Além da taxa de direitos aduaneiros e de outras obrigações da responsabilidade do importador ou do

exportador é devida uma Taxa de Serviços Aduaneiros (TSA), prevista na Lei n.º 6/2009, de 10 de março,

fixada no valor de cerca de USD 85 por cada operação de importação com isenção de direitos aduaneiros e é

cobrado em todos DU.

Por outro lado, alguns dos produtos exportados para Moçambique estão sujeitos ao procedimento de Inspeção

Pré-Embarque de acordo com a respetiva restrição indicada por produto na posição pautal, como sucede com

algumas carnes, farinhas, cimento, produtos químicos, medicamentos, fósforos, pneus novos e usados e

veículos, com algumas exceções.

Há empresas privadas que estão devidamente licenciadas para procederem às inspeções pré-Embarque.

É importante para o exportador conhecer quais os produtos sujeitos a esta classificação, pré-embarque,

atendendo a que as mercadorias sujeitas à inspeção pré-embarque que não sejam submetidas à mesma no

processo de importação, são sujeitas a inspeção pós-desembarque e ao pagamento da multa de 10% sobre o

valor da importação ou, quando não respeitem as especificações técnicas e outros requisitos previstos na lei,

são sujeitas a devolução ou destruição, consoante o caso, correndo por conta do importador e exportador

todas as despesas inerentes à realização da operação de devolução ou destruição.

Existe igualmente um conjunto de mercadorias sujeitas a um regime especial, tais como medicamentos,

armas, selos e valores selados, ouro, prata e platina, notas e moedas estrangeiras.

Moçambique tem ainda um conjunto de regimes aduaneiros especiais que permitem soluções diferenciadas

para os investidores em Moçambique ou na SADC. São regimes aduaneiros especiais os de: exportação

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183

temporária, reimportação, reexportação, trânsito aduaneiro, transferência, armazéns de regime aduaneiro,

lojas francas, zonas francas, entre outros previstos por lei.

Um dos regimes especiais, o de importação temporária para futura reexportação (por exemplo para outro

estado da SADC), permite a suspensão no pagamento de direitos aduaneiros e demais imposições, desde que

satisfeitas as condições determinadas em legislação específica, entre outras, a prestação de garantia em

percentagem do valor da importação.

Entre as mercadorias elegíveis para o regime de importação temporária estão, entre outros, os animais

reprodutores, os aparelhos, utensílios, ferramentas e máquinas para utilização temporária em atividades

agrícolas, industriais e de construção e outros. O período de suspensão varia entre 30 a 360 dias consoante a

mercadoria.

Todas as mercadorias objeto de importação /exportação devem apresentar etiqueta que identifique o País de

fabrico.

Todas as

mercadorias

importadas devem

ter uma fatura

comercial com os

seguintes requisitos:

Número e data da fatura;

Número de ordem ou «de encomenda»;

Nome completo e endereço do vendedor e do comprador;

Nome completo do consignatário se for diferente do comprador;

Descrição completa da mercadoria;

Quantidades de mercadorias fornecidas;

Preço por unidade (preço unitário);

Preço total, (preço unitário vezes o número de unidades) por extenso;

Preço total e a moeda utilizada na emissão da fatura;

Outros custos (encargos adicionais e particulares);

Acordos/termos de venda;

Acordos/termos de pagamento;

País de origem;

Autenticação.

Nota: Quando as faturas vierem emitidas em língua estrangeira as Alfândegas podem solicitar a sua

tradução para a língua portuguesa.

Direitos aduaneiros

As mercadorias exportadas para Moçambique por qualquer via estão sujeitas ao pagamento dos direitos e ao

regime pautal em vigor no dia em que sejam desembaraçadas da acção fiscal, mesmo que se encontrem

depositadas em entrepostos ou armazéns de regime aduaneiro ou livre.

No que respeita aos direitos aduaneiros estes são calculados numa base ad valorem sobre o valor CIF (custo,

seguro e frete) das mercadorias e variam de acordo com a pauta aduaneira de Moçambique, entre 2,5%

(matérias-primas, como o Zinco) e 20% (bens de consumo não essenciais).

Além dos direitos alfandegários, os produtos importados estão sujeitos a outros impostos:

Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) - Estão submetidas a IVA as transmissões de bens e as

prestações de serviços efetuadas em território nacional e as importações de produtos, tendo sido fixada

uma taxa única no valor de 17%;

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Imposto sobre Consumos Específicos (ICE) - Imposto aplicável a um conjunto diferenciado de bens,

com taxas variáveis, como por exemplo: cerveja (10%); vinho (55%); e cigarros (75%).

4.9.1.2. Entrada e saída de capitais

Repatriamentos dos lucros

No ordenamento jurídico Moçambicano os investidores estrangeiros (sejam eles pessoas singulares ou

coletivas) podem beneficiar das garantias e incentivos previstos na Lei de Investimentos, nomeadamente, o

direito ao repatriamento do capital investido e dos lucros obtidos, a garantia de segurança e proteção pelo

Estado aos investimentos e à propriedade privada, e os incentivos fiscais e aduaneiros.

Transferência de fundos para o exterior

A Lei de Investimentos atribui ao investidor estrangeiro o direito de transferir para o exterior os fundos obtidos

em consequência da sua atividade em Moçambique desde que verificado o cumprimento de alguns requisitos,

nomeadamente:

Lucros exportáveis resultantes de investimentos elegíveis à exportação de lucros nos termos da

regulamentação da Lei de Investimentos;

Royalties ou outros rendimentos de remunerações de investimentos indiretos associados à cedência

ou transferência de tecnologia;

Amortizações e juros de empréstimos contraídos no mercado financeiro internacional e aplicados em

projetos de investimento realizados em Moçambique;

Produto de indemnizações que resultem da nacionalização ou expropriação de bens e direitos que

constituam investimento autorizado;

Capital estrangeiro investido e reexportável, independentemente da elegibilidade ou não do respetivo

projeto de investimento à exportação de lucros nos termos da regulamentação da Lei de Investimentos.

4.9.1.3. Direito e Uso de Aproveitamento da Terra (DUAT) em Moçambique

Em Moçambique, a terra é propriedade do Estado, não podendo ser vendida, hipotecada ou mesmo

penhorada.

No âmbito do investimento estrangeiro qualquer investidor que pretenda realizar o investimento tem de se

estabelecer em solo Moçambicano por forma a desenvolver a sua atividade.

Sendo o direito de propriedade titularidade do estado, este facto origina alguns constrangimentos, visto a

Constituição da República atribuir um direito real menor o direito de uso e aproveitamento da terra (DUAT).

A forma de concessão do direito e uso aproveitamento da terra (DUAT) segue regras bastante complexas que

por vezes tornam o processo bastante moroso e burocrático.

Formas de atribuição do DUAT

As condições de uso e aproveitamento da terra são determinadas pelo Estado. O direito de uso e

aproveitamento da terra é conferido às pessoas singulares ou coletivas tendo em conta o seu fim social.

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Na titularização do direito de uso e aproveitamento da terra, o Estado reconhece e protege os direitos

adquiridos por herança ou ocupação, salvo havendo reserva legal ou se a terra tiver sido legalmente atribuída

a outra pessoa ou entidade.

O direito de uso e aproveitamento da terra, não pode ser concedido nas zonas de proteção total e parcial, visto

tratar-se de zonas de domínio público (zonas destinadas à satisfação do interesse público). Nestas zonas só é

permitido o exercício de determinadas atividades mediante emissão de licenças especiais.

A aprovação do pedido do DUAT não dispensa a obtenção de licenças ou outras autorizações exigidas por

legislação aplicável ao exercício de atividades económicas pretendidas (agropecuária ou agroindustriais,

industriais, turísticas, comerciais, pesqueiras e mineiras e à proteção do meio ambiente). As referidas licenças

terão o seu prazo definido de acordo com a legislação aplicável, independentemente do prazo autorizado para

o exercício do direito de uso e aproveitamento da terra.

O direito de uso e aproveitamento da terra para fins de atividades económicas está sujeito ao prazo máximo

de 50 anos, renovável por igual período a pedido do interessado. Após o período de renovação, um novo

pedido deve ser apresentado.

4.9.1.4. Falta de mão-de-obra qualificada e a contratação de mão-de-obra estrangeira

A falta de mão-de-obra qualificada em setores técnicos específicos como o de petróleo, gás, carvão, saúde e

outros setores essenciais para o desenvolvimento do país apresenta-se como um dos maiores

constrangimentos ao investimento estrangeiro em Moçambique. Apesar disso, tem-se verificado um

abrandamento destes constrangimentos, essencialmente causado pela massificação do ensino. Os

constrangimentos ainda existentes tornam necessário o recurso por parte do investidor à contratação de mão-

de-obra estrangeira como forma de solucionar o problema.

Contratação de mão-de-obra estrangeira

A Lei do trabalho em Moçambique prevê expressamente a possibilidade de contratação de trabalhadores

estrangeiros, a qual se rege pelo princípio da igualdade de tratamento e oportunidades. Tal princípio não

afasta, porém, o dever que impende sobre os empregadores, nacionais e estrangeiros, de criar condições para

a integração de trabalhadores moçambicanos nos postos de trabalho de maior complexidade técnica e em

lugares de gestão e administração da empresa e a possibilidade de, por razões ponderosas, nomeadamente

de interesse público, o Estado moçambicano reservar exclusivamente a cidadãos nacionais determinadas

funções ou atividades.

O exercício de uma atividade profissional remunerada em Moçambique por parte do trabalhador estrangeiro

está condicionado à atribuição prévia do visto de entrada adequado a esse fim.

O regime geral da contratação de estrangeiros encontra-se regulado pelo Decreto n.º 55/2008, de 30 de

Dezembro, que prevê os termos e os regimes admissíveis de contratação de trabalhadores estrageiros que

pretendam trabalhar em Moçambique.

Nos termos do decreto-lei anteriormente referido, o contrato de trabalho celebrado com cidadão estrangeiro

obedece às seguintes regras:

a) Deve revestir a forma escrita;

b) É sempre celebrado a termo certo e por período não superior a dois anos, podendo ser renovado

mediante a apresentação de novo pedido;

c) É convertido em contrato de trabalho por tempo indeterminado, independentemente do número de

renovações.

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

186

No caso de cessação, por qualquer motivo, o empregador deve comunicar o fato à entidade que superintende

a área do trabalho e aos serviços de migração da província do local de trabalho no prazo não superior a 15

dias a contar da data da cessação.

Nos termos do regime geral, a contratação de estrangeiros obedece a vários regimes alternativos:

Regime de contratação

de estrangeiros Caracterização

Contratação no âmbito

do regime de quotas

Nas grandes empresas, 5% da totalidade dos trabalhadores;

Nas médias empresas, 8% da totalidade dos trabalhadores;

Nas pequenas empresas, 10% da totalidade dos trabalhadores, com o limite

mínimo de um trabalhador.

No âmbito do regime de quotas, a admissão de trabalhadores estrangeiros não

carece de autorização ministerial, mas apenas de comunicação ao ministro que

superintende a área do trabalho ou entidade a quem este delegue, acompanhada de todos

os documentos legalmente exigidos

Contratação ao abrigo

de projetos de

investimento

aprovados pelo

Governo

Em projetos de investimento aprovados pelo Governo nos quais se preveja a

contratação de trabalhadores estrangeiros em percentagem inferior ou superior às quotas

acima indicadas, é igualmente dispensada a autorização de trabalho;

Apenas é suficiente a comunicação ao ministro que superintende a área do

trabalho ou à entidade a quem este delegar;

Também a contratação de trabalhador estrangeiro para prestação de trabalho de

curta duração (não superior a 30 dias, seguidos ou interpolados) não carece de autorização

ministerial, sendo suficiente a comunicação dos elementos legalmente exigidos à entidade

provincial competente, podendo o seu período ser prorrogado, desde que obtida a

competente autorização e a sua duração total não exceda 90 dias.

Trabalho em regime

de curta duração Considera-se curta duração o período de trabalho não superior a 30 dias. Não

carece de autorização de trabalho.

Contratação mediante

autorização de

trabalho (fora do

regime de quotas)

Os trabalhadores estrangeiros poderão ainda ser contratados fora de quota, desde

que, após requerimento acompanhado de todos os documentos legalmente exigidos, a

entidade patronal consiga a necessária autorização do Ministro que superintende a área do

trabalho ou da entidade a quem este delegar;

Neste último caso, a contratação do trabalhador estrangeiro só é admissível

quando este possua as qualificações académicas ou profissionais necessárias e não haja

cidadãos nacionais que possuam tais qualificações ou, havendo, o seu número seja

insuficiente e determine a indisponibilidade no mercado de trabalho;

A contratação de trabalhadores estrangeiros para prestar serviço nas zonas francas industriais e setores de

atividade específicos, tais como função pública e setor de petróleos e minas, é regulada por regimes especiais.

No que respeita ao setor mineiro e petrolífero, a contratação de trabalhadores estrangeiros não difere, no

essencial, do regime geral descrito (Decreto n.º 63/2011, de 7 de dezembro), com exceção da qualificação do

regime de trabalho de curta duração como aquele que não excede 180 dias, seguidos ou interpolados, no

mesmo ano civil, ainda que o cidadão estrangeiro se encontre vinculado por contrato com a empresa titular,

concessionária, operador, subcontratado ou suas representadas sediadas num outro país.

Regra geral, a contratação de trabalhadores estrangeiros está sujeita ao pagamento de taxas legalmente

fixadas e o incumprimento das respetivas normas legais sujeita o empregador a sanções várias, tais como

suspensão e multa.

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187

4.9.2. Estabilidade legal e fiscal – Barreiras legais, fiscais e regulamentares

O Governo de Moçambique tem vindo a realizar esforços significativos para melhorar a eficiência fiscal,

encontrando-se em curso a reforma fiscal.

O sistema fiscal Moçambicano é composto por diversos impostos e taxas, nomeadamente os seguintes:

Tabela 45 - Quadro resumo com os principais impostos de Moçambique

Imposto Taxa Sujeito passivo/base tributável

Imposto Único

sobre o Rendimento

(Pessoas

Singulares)

Taxas

Progressivas

(entre 11,67% e

35%)

Pessoas singulares residentes em Moçambique (nomeadamente os que permanecem em Moçambique por mais de 180 dias ou que mantenham uma residência permanente em Moçambique) sobre o valor global anual dos rendimentos;

Pessoas singulares não residentes que obtenham rendimentos em Moçambique;

Rendimentos obtidos em Moçambique, excluindo-se aqueles que foram obtidos fora do território do país;

Os rendimentos obtidos por pessoas singulares dividem-se pelas seguintes categorias: 1ªCategoria – rendimentos trabalho dependente, pensões ou outros equiparáveis; 2ªCategoria – rendimentos empresariais e profissionais; 3ªCategoria-rendimentos de capitais e mais-valias; 4ªCategoria- rendimentos prediais; 5ª Categoria – incrementos patrimoniais, ganhos efetivamente pagos ou colocados à disposição provenientes, nomeadamente de sorteiros e lotarias

Imposto Único

sobre o Rendimento

(Pessoas Coletivas)

32% /10%

Pessoas coletivas residentes em Moçambique e pessoas coletivas não residentes mas que aí possuam estabelecimento estável, ou que obtenham rendimentos no território;

Mais-valias – incluídas no lucro tributável; diferimento de tributação em caso de reinvestimento;

Isenção de tributação da totalidade dos dividendos distribuídos por subsidiárias no estrangeiro (20%, 2 anos consecutivos);

Reporte de prejuízos fiscais: 5 anos;

Crédito de imposto sujeito à existência de convenção para evitar a dupla tributação – CDT);

Taxa reduzida 10% aplicável : agricultura; criação de gado.

SISA 2%/10

Transmissões onerosas – taxa normal (2%);

10% (Residentes em países com regime fiscal privilegiado)

Imposto sobre o

Valor Acrescentado 17%

Transmissão de bens, prestação de serviços e importação de bens;

Imposto do Selo Variável (0,03%

a 2%) Financiamento, hipotecas e outras garantias, juros e comissões de

contraprestação de serviços bancários, transmissões de imóveis.

Imposto sobre

Sucessões e

Doações

Variável (2% a

10%)

Transmissões gratuitas de bens, incluindo heranças ou legados, doações ou transações judiciais;

Imposto sobre

Consumos

Específicos

Taxas ad

valorem variam

de 5% a 75%)

Bebidas alcoólicas, tabaco, produtos de cosmética, joalharia e pedras preciosas, veículos automóveis, entre outros.

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Comparabilidade do sistema fiscal de Moçambique no contexto da SADC

Moçambique, comparativamente com outras economias a nível mundial, encontra-se classificado em 105º lugar, a meio da tabela em termos mundiais, no que diz respeito à tabela de competitividade do Relatório do Banco Mundial, o “Paying Taxes”.

Este indicador mede não só a complexidade do sistema fiscal do país, associada ao número de pagamentos a efetuar e ao tempo despendido anualmente no cumprimento das obrigações fiscais por parte das empresas, mas também a taxa de imposto total que incide sobre as empresas a atuar no território.

No contexto da SADC, conclui-se que a posição mediana de Moçambique nesse ranking deriva da elevada média de números de pagamentos, associado à elevada carga de imposto sobre os lucros.

Tabela 46 - Paying Taxes - SADC

Países Rank Pagamentos

(número)

Tempo

(horas

por

ano)

Imposto

sobre os

lucros (%

lucros)

Contribuições

e impostos

sobre o

trabalho (%

lucros)

Outros

impostos

(% lucros)

Total (%

lucros)

Maurícias 12 7 161 11,6 9,6 7,3 28,5

Seicheles 20 27 76 23,3 1,7 0,7 25,7

África do Sul 32 9 200 24,3 4,1 4,9 33,3

Botsuana 39 32 152 21,7 0,0 3,6 25,3

Zâmbia 47 37 132 1,1 10,4 3,7 15,2

Maláui 58 26 175 23,6 7,7 3,5 34,7

Swazilândia 58 33 104 28,1 4,0 4,7 36,8

Madagáscar 68 23 201 14,0 20,3 1,6 36,0

Lesoto 95 33 324 13,1 0,0 3,0 16,0

Moçambique 105 37 230 27,7 4,5 2,1 34,3

Namíbia 112 37 350 17,2 1,0 4,5 22,7

Tanzânia 133 48 172 20,2 18,0 7,1 45,3

Zimbabué 134 49 242 20,5 5,1 10,1 35,8

Angola 154 31 282 24.6 9.0 19.5 53.2

Congo 171 32 336 58.9 7.9 272.8 339.7

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

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Tabela 47 - Paying Taxes – CPLP

Países Rank Pagamentos

(número)

Tempo

(horas

por

ano)

Imposto

sobre os

lucros (%

lucros)

Contribuições

e impostos

sobre o

trabalho (%

lucros)

Outros

impostos

(% lucros)

Total (%

lucros)

Timor-Leste 61 18 276 14,9 0,0 0,2 15,1

Portugal 77 8 275 14,5 26,8 1,4 42,6

Cabo Verde 102 41 186 18,0 18,5 0,7 37,2

Moçambique 105 37 230 27,7 4,5 2,1 34,3

São Tomé e

Príncipe 144 42 424 22,1 6,8 3,6 32,5

Guiné-Bissau 146 46 208 14,9 24,8 6,1 45,9

Angola 154 31 282 24,6 9,0 19,5 53,2

Brasil 156 9 2,6 24,6 40,8 3,8 69,3

4.9.3. Obtenção de vistos, disponibilidade de mão-de-obra

A dificuldade de obtenção de vistos de entrada tem sido um dos grandes entraves ao investimento direto

estrangeiro (IDE).

Para a entrada no território Moçambicano é exigido qualquer um dos seguintes documentos:

Passaporte ou documento equiparado válido para o país e visto de entrada emitido pelas autoridades

moçambicanas competentes, igualmente válidos;

Outros documentos estabelecidos em convenções ou acordos internacionais a que Moçambique se

encontre vinculado.

Acordos de supressão de vistos

Os países com os quais Moçambique assinou acordos de supressão de vistos até a data são os seguintes:

África do Sul, Botsuana, Maláui, Maurícias, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué.

No âmbito da CPLP, Moçambique é signatário de um acordo que visa a supressão de vistos para os cidadãos

desses países, titulares de passaportes especiais (diplomáticos ou de serviço).

Visto de entrada em Moçambique – Tipos e requisitos gerais de obtenção

Os vistos de entrada para Moçambique podem ser obtidos nas Missões Diplomáticas e Consulares de

Moçambique no estrangeiro, nos postos fronteiriços autorizados para o efeito, nos Serviços de Migração e no

Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação.

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

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A escolha do visto deve ser adequado às finalidades de deslocação a esse país, sob pena de o estrangeiro

ficar sujeito às penalidades previstas pelo regime em caso de incumprimento.

Regra geral, a concessão depende dos seguintes requisitos, sem prejuízo da documentação específica

que poderá ser requerida em função da natureza do visto solicitado: Passaporte ou documento

equiparado com prazo de validade igual ou superior a 6 meses;

Comprovativo de meios de subsistência;

Pagamento da taxa devida.

O visto pode revestir qualquer das modalidades previstas no regime que regula a entrada e permanência de

estrangeiros em Moçambique, nomeadamente os seguintes: Visto de residência, visto turístico, visto de

trânsito, visto de visita, visto de negócios, visto de estudante.

O visto de entrada pode ser individual ou coletivo, simples ou múltiplo, em função do número de pessoas a

quem é concedido, e número de entradas permitidas no país, respetivamente

A entrada no país deve ser feita pelos postos fronteiriços oficialmente estabelecidos para o efeito. No

momento da entrada, o cidadão estrangeiro está sujeito aos procedimentos migratórios das autoridades

competentes, entre outros previstos na lei.

4.9.4. Modelos de cobertura de risco – Financeiros, operacionais, propriedade

Apesar de não ser obrigatório é recomendável estabelecer um contrato de seguro sobre as mercadorias e

bens com destino a Moçambique, que poderá ser realizado por empresas seguradoras privadas.

Os seguros de crédito à exportação são importantes instrumentos críticos na promoção e sucesso das

exportações.

A concessão, ou não, dos seguros e o seu preço são, por vezes, entraves à atividade exportadora e à

concretização de oportunidades de negócio.

Os seguros de crédito possibilitam aumentar a confiança nos negócios com os agentes compradores,

incentivando assim as transações, diminuindo o risco de incumprimento em matéria de pagamento das

mercadorias exportadas.

A concessão de seguro às empresas exportadoras materializa-se com operações de empréstimo às

empresas, logo dependentes de plafonds que as empresas têm no sistema financeiro e sujeitas a taxas

indexadas ao risco que o seu perfil determina.

São dois os principais riscos cobertos pelos seguros de exportação:

Risco comercial: Como por exemplo o risco de falência ou insolvência do devedor; atraso de

pagamento (mora); insuficiência de meios; concordata ou moratória;

Risco Político: Como por exemplo o risco da ocorrência de atos como nacionalizações, guerras,

revoluções, motins, anexações e riscos derivados (confisco de bens, dificuldades de

transferência/conversão, etc.).

Estado tem procurado reduzir os custos dos seguros de crédito através da minimização do risco das entidades

seguradoras, ou seja, substituindo-se em parte ao devedor.

Este objetivo é conseguido através da criação de linhas de seguro de crédito com garantia do Estado. Esta garantia pode ser concedida diretamente ou indiretamente através do financiamento público de sociedades de garantia mútua. Atualmente a segunda opção é a mais utilizada

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No caso dos seguros de créditos com Garantia do Estado, o operador único, por protocolo com o Estado Português, é a empresa Companhia de Seguro de Créditos (COSEC) que, para além do seguro de crédito à exportação dispõe de um mecanismo de garantias de seguro de caução.

Existe igualmente uma linha de seguro de créditos à exportação para para Países Fora da OCDE, Turquia e

México com Garantia do Estado.

Além destas soluções, existem um conjunto de outros instrumentos financeiros que estão disponíveis não só

na banca comercial como em fundos de investimento que visam mitigar o risco do investimento estrangeiro.

Nessa situação, há instrumentos que visam assegurar o risco cambial e outros riscos associados ao

investimento que poderão ser devidamente avaliados em fase de decisão de internacionalização ou

exportação.

4.9.5. Sistema jurídico e judicial

O sistema judiciário de Moçambique está estruturado em 3 categorias principais para além das estruturas tradicionais como os tribunais comunitários e os tribunais que surgiram recentemente (tribunal superior de recursos, tribunal de polícia):

1- Tribunais Judiciários - Tribunal Supremo, Tribunais Provinciais e Tribunais Distratais;

2- Tribunais Administrativos - Agrega o tribunal de contas;

3- Tribunal Constitucional - Anterior conselho constitucional.

Os Tribunais judiciários podem ser descritos, fundamentalmente, da seguinte forma:

Tabela 48 – Tribunais judiciários em Moçambique.

Tipos de Tribunais

Judiciários Competência Organização Nº de Tribunais

Tribunal Supremo

O tribunal Supremo é o mais

alto órgão da hierarquia dos

tribunais judiciários e tem

jurisdição em todo o território

nacional

Constituído pelo Plenário e

Secções de

competência/Especializadas

1

Tribunais Superiores

de Recurso

Os tribunais superior se

recursos são por essência

tribunais de recursos

Secções de competência

genérica e Secções de

competência especializadas

3

Tribunais Provinciais

Os tribunais de província têm

competência cível e criminal

Os tribunais provinciais podem

organizar-se em Secções de

competências genéricas ou

especializadas a estabelecer

por despacho do presidente do

tribunal supremo

11

Tribunais Distritais

São tribunais de primeira e

segunda instancia

Competência genérica em

matéria cível, Familiar e criminal

Os tribunais distritais são

tribunais por regra de

competências genéricas

podendo organizar de forma

especializada quando assim for

necessário

-

-

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

192

Ao Tribunal Administrativo compete a fiscalização da legalidade dos atos administrativos e da execução de

normas regulamentares emitidas pela Administração Pública, assim como das contas do Estado e da despesa

pública.

O Conselho Constitucional tem competência nas matérias de âmbito constitucional e eleitoral, e tem jurisdição

em todo o território Moçambicano.

4.9.6. Resolução extrajudicial de litígios em Moçambique

Em Moçambique, a resolução de litígios através da arbitragem encontra-se regulada na Lei de Arbitragem,

Conciliação e Mediação (Lei n.º 11/99, de 8 de julho), que estabelece equivalência entre a decisão tomada por

um Tribunal Arbitral a uma sentença de um Tribunal Judicial de Primeira Instância, reconhecendo-lhe

igualmente a respetiva força executiva necessária à sua execução

Moçambique aderiu à Convenção de Nova Iorque sobre o reconhecimento e execução de sentenças arbitrais

estrangeiras. A Lei do Investimento admite que em caso de diferendo entre um investidor estrangeiro e o

Estado Moçambicano, desde que não haja disposição legal imperativa em contrário, a possibilidade de recurso

à arbitragem comercial internacional nos termos das seguintes regras:

Arbitragem da Câmara de Comércio Internacional, com sede em Paris;

Regras da Convenção de Washington, de 15 de março de 1965, sobre a Resolução de Diferendos

Relativos a Investimentos entre Estados e Nacionais de Outros Estados e do Centro Internacional para

a Resolução de Diferendos Relativos a Investimentos entre Estados e Nacionais de Outros Estados

(ICSID);

Regras do Regulamento do Mecanismo Suplementar, aprovado a 27 de setembro de 1978 pelo

Conselho de Administração do ICSID, se a sociedade estrangeira não preencherem as condições de

nacionalidade previstas no artigo 25 da Convenção de Washington.

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

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4.10. Principais características dos acordos Moçambicanos no domínio do comércio e investimento 4.10.1. Protocolos existentes e posicionamento de Moçambique face aos mesmos

O Tratado da Fundação da SADC e a adesão da República de Moçambique. Moçambique é membro de pleno direito da SADC desde a criação desta organização regional em 1990, o Tratado da SADC como um instrumento legal inicial que permitiu a cooperação politica numa primeira fase entre os países da SADC.

Processo de implementação dos vários protocolos da SADC em Moçambique No âmbito da integração regional em curso na SADC, a República de Moçambique assinou e ratificou quase todos os Protocolos da SADC e outros instrumentos jurídicos que visam facilitar a cooperação e integração sócio-económica entre os países da SADC.

Tabela 49 - Protocolos da SADC e posicionamento de Moçambique face aos mesmos

Nome do Protocolo/Tratado/ Acordo/ Memorando de entendimento Data da Assinatura Data da entrada em

vigor

Tratado da SADC 17 de agosto 1992 30 de setembro 1993

Protocolo sobre Imunidades e Privilégios 17 de agosto 1992 30 de setembro 1993

Protocolo sobre Sistemas de Cursos de Água Partilhados 28 de agosto 1995 28 de setembro 1998

Protocolo sobre Energia 24 de agosto 1996 17 de abril 1998

Protocolo sobre Transportes, Comunicações e Meteorologia 24 de agosto 1996 6 de julho 1998

Protocolo sobre Combate a Drogas Ilícitas 24 de agosto 1996 20 de março 1999

Protocolo sobre Comércio 24 de agosto 1996 25 de janeiro 2000

Protocolo sobre Educação e Formação 8 de setembro 1997 31 de julho 2000

Protocolo sobre Minas 8 de setembro 1997 10 de fevereiro 2000

Protocolo sobre Desenvolvimento do Turismo 14 de setembro 1998 26 de novembro 2002

Protocolo sobre Conservação da Fauna Brava e Policiamento 18 de agosto 1999 30 de novembro 2003

Memorando de entendimento Cooperação na Padronização, Qualidade,

Segurança, Acreditação Meteorologia SADC 9 de novembro 1999 16 de julho 2000

Protocolo sobre Tribunais e Normas de Procedimento 7 de agosto 2000 22 de setembro 2003

Protocolo Revisto sobre Recursos Hídricos Comuns 7 de agosto 2000 7 de agosto 2000

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194

Nome do Protocolo/Tratado/ Acordo/ Memorando de entendimento Data da Assinatura Data da entrada em

vigor

Acordo sobre Emenda ao Tratado da SADC 14 de agosto 2001 14 de agosto 2001

Protocolo sobre Cooperação em Política, Defesa e Segurança 14 de agosto 2001 2 de março 2004

Protocolo sobre Pescas 14 de agosto 2001 8 de agosto 2003

Acordo sobre Emenda do Protocolo sobre Tribunais e Normas de

Procedimentos 3 de outubro 2002 3 de outubro 2002

Memorando de entendimento sobre Cooperação em Impostos e

Matérias Afins 8 de agosto 2002 8 de agosto 2002

ME sobre Convergência Macroeconómica 8 de agosto 2002 8 de agosto 2002

Carta dos Direitos Sociais Fundamentais 26 de agosto 2003 26 de agosto 2003

A Prevenção e Erradicação da violência contra mulheres e crianças,

uma adenda à Declaração sobre Género e Desenvolvimento 14 de setembro 1998 Não requer ratificação

A implementação do Protocolo de livre circulação de pessoas e bens em Moçambique

Moçambique ratificou o acordo de supressão de vistos no quadro jurídico do protocolo da livre circulação da SADC com 8 Estados Membros nomeadamente: África do Sul, Botsuana, Suazilândia, Maurícias, Maláui, Tanzânia, Zimbabué, Zâmbia, permitindo desta forma a livre circulação das pessoas entre estes países, estando previsto para os próximos anos a assinatura de acordos de livre circulação para os restantes países da região. Neste âmbito, as negociações com a Namíbia e Angola estão numa fase mais avançada.

Protocolo sobre o comércio na SADC

África Austral e a SADC

A SADC para além de pretender a abolição das barreiras tarifárias e não tarifárias (Zona de Comércio Livre)

cuja implementação passa pela constituição de um Regime Geral de Origem "regras de Origem" – ela assume

também as características de um Mercado Comum (Livre circulação dos fatores de produção e de União

Económica) Coordenação e harmonização das Políticas Económicas.

O Protocolo do Comércio entrou em vigor a 25 de janeiro do ano 2000, e tem como Estados a adesão de

quase todos os Estados Membros da SADC com a exceção de Angola, República Democrática do Congo e

Seicheles.

No âmbito do Protocolo da SADC, os Estados Membros iniciaram um processo de eliminação de taxas de

importação.

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Programa de Eliminação de Taxas de importação na SADC

Categoria A - Liberalização imediata Todas as linhas tarifárias dentro desta categoria são imediatamente reduzidas a 0 % desde a data de implementação. Categoria B - Liberalização gradual (O Princípio de Assimetria)

Adiantamento – liberalização gradual pela SACU (União Aduaneira dos Países da Africa Austral) – as linhas tarifárias são reduzidos em prestações iguais desde o 1º ao 8º ano (desde o ano 2000 ate 2008).

Normalização – liberalização gradual pelas Maurícias e Zimbabué – as linhas tarifárias são reduzidas por prestações iguais desde 4º ao 8º ano.

Atraso – liberalização gradual pelo MMTZ (Moçambique, Maláui, Tanzânia, Zâmbia) - as linhas tarifárias são reduzidas por prestações iguais desde o 6º ao 8º ano.

Categoria C - mercadorias Sensíveis Este refere-se às mercadorias de importância económica aos Estados-membros.

A redução tarifária de tais mercadorias só começa depois do período de 8 anos.

Representam 15 % ou menos das linhas tarifárias. Categoria E - Lista de exclusão Na lista de exclusão entram mercadorias, tais como armas de fogo. Desde janeiro de 2008, quando a SADC atingiu o estatuto de ZCL, os produtores e os Consumidores não pagam taxas de importação em aproximadamente 85 % de todo o comércio de bens de primeira necessidade nos 12 países iniciais. As linhas tarifárias restantes serão quase totalmente eliminadas até 2015.

4.11. Acordos críticos estabelecidos (PTA, DTT, BTA e BIT)

Acordos especiais MMTZ (Moçambique, Maláui, Tanzânia e Zâmbia)

Ao abrigo das Regras de Origem da SADC, Moçambique, Maláui, Tanzânia e Zâmbia (MMTZ) têm dispensa especial para os artigos de vestuário e tecidos exportados para África do Sul e para os países da SACU (união aduaneiras dos países da africa austral) parceiros do Botsuana, Lesoto, Namíbia e Suazilândia. Estes acordos oferecem maior flexibilidade e facilitam as transações comerciais entre países da região.

Acordos Bilaterais celebrados por Moçambique

Há um conjunto de acordos bilaterais que são essenciais para compreender os mecanismos que poderão

facilitar o acesso dos investidores estrangeiros, nomeadamente Portugueses, aos mercados: os acordos

comerciais de investimento, os acordos de promoção e proteção recíproca de investimentos e os acordos para

evitar a dupla tributação.

Face aos riscos acrescidos que o investimento no exterior envolve é importante que o investidor tenha

conhecimento dos mercados em que o investimento é seguro e com relativa proteção da ordem jurídica local.

Os Acordos de Promoção e Proteção Recíproca de Investimentos são importantes instrumentos de regulação

e proteção do investimento entre investidores dos vários Estados, assegurando, em regime de reciprocidade,

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

196

um tratamento mais favorável e a garantia de proteção e segurança plena dos investimentos realizados. Regra

geral, abrangem quatro grandes áreas: admissão dos investimentos, tratamento dos investimentos,

expropriação e perdas no investimento e resolução de conflitos.

Tabela 50- Acordos Bilaterais de Moçambique

Acordos Bilaterais SADC África Mundo

Acordos Comerciais e de

Investimento

África do Sul

Maurícias

República da Argélia

Egito

Bélgica

Dinamarca

França

Portugal

Suíça

Indonésia

Índia

Irlanda do Norte

Luxemburgo

Reino Unido

Estados Unidos de América

Vietname

Acordos de Promoção e

Proteção Reciproca de

Investimentos

África do Sul

Maurícias

República da Argélia

Egito

Bélgica

Dinamarca

França

Portugal

Suíça

Indonésia

Índia

Irlanda do Norte

Luxemburgo

Reino Unido

Estados Unidos de América

Vietname

4.11.1. Acordos entre Estados Unidos e Moçambique – AGOA

A Lei de Crescimento e Oportunidades para África (AGOA), aprovada em 2000, tem vindo a permitir a

exportação de bens e produtos para os Estados Unidos sem estes estarem sujeitas a taxas alfandegárias.

Para beneficiarem deste regime fiscal é necessário que os produtos sejam de origem Africana, e que os

países em causa estejam a adotar medidas para a implementação duma economia de mercado livre, através

de políticas democráticas.

Moçambique, tal como outros países da África Subsaariana, beneficia das condições e vantagens proporcionadas pela AGOA na exportação dos produtos para os Estados Unidos.

Apesar de serem os produtos petrolíferos os mais destacados nas trocas comerciais entre os países africanos beneficiários da Lei AGOA e os EUA, representando mais de 90% do volume das importações, os países têm vindo a realizar um esforço adicional para alargar a base das trocas comerciais para produtos como o vestuário, calçado, produtos agrícolas processados e produtos manufaturados.

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

197

4.11.2. Acordos entre a União Europeia e Moçambique

O Acordo Cotonu

O Acordo de Cotonu, assinado por 79 países em 2000, é o principal instrumento para a prestação de

assistência da UE em matéria de cooperação para o desenvolvimento com os Estados de África, das Caraíbas

e do Pacífico, e de cooperação da UE com os países e territórios ultramarinos.

O Acordo Cotonu tem por objetivo promover e acelerar o desenvolvimento económico, cultural e social dos

países ACP e O Acordo de Cotonu trouxe uma nova visão da cooperação. A nova parceria combina a ajuda

para o desenvolvimento, a dimensão política e os aspetos comerciais. O seu principal objetivo é a redução da

pobreza nos Estados ACP, do qual faz parte Moçambique.

O Acordo de Cotonu previu a criação de um importante instrumento financeiro de apoio aos seus objetivos, o

Fundo Europeu de Desenvolvimento (FED).

No âmbito do FED o montante global disponibilizado pela UE a Moçambique durante o período de 2008 a

2013, através do acordo designado por “O Documento de Estratégia para Moçambique (2008-2013)”, foi de

cerca 622 milhões de euros.

O Acordo Cotonu prevê também a promoção de instrumentos de dinamização do IDE para os países ACP:

Promoção do investimento;

Apoio e financiamento dos investimentos nos países da ACP através de subsídios para

assistência financeira e técnica, serviços de assessoria e consultoria, capitais de risco para

participações no capital ou operações assimiláveis, garantias de apoio a investimentos privados,

nacionais e estrangeiros, bem como empréstimos e linhas de crédito, empréstimos a partir dos

recursos próprios do Banco Europeu de Investimento;

Criação de instrumentos de garantias de investimento, através da disponibilização e utilização

crescentes, entre outros, de:

Seguros de risco enquanto mecanismo de diminuição do risco, no intuito de aumentar a

confiança dos investidores nos Estados ACP;

Fundos de garantia para cobrir os riscos associados a investimentos elegíveis, em especial,

regimes de resseguros destinados a cobrir o investimento direto estrangeiro realizado por

investidores elegíveis;

Proteção dos investimentos, a promoção de acordos de promoção e de proteção dos

investimentos que possam igualmente constituir a base de sistemas de seguro e de garantia;

Estes mecanismos de apoio às empresas têm vindo a ser promovidos, entre outros, pelas Instituições

Financeiras para o Desenvolvimento.

Para além do Acordo de Cotonu que regula as relações entre Moçambique e a UE, há um conjunto de outros

instrumentos de APD que permitiram o reforço das relações, a saber:

Acordo de Parceria Económica (APE) interino, assinado em junho de 2009, com Moçambique,

Botsuana, o Lesoto e a Suazilândia na configuração SADC-EU.

O APE interino já está a ser aplicado pela EU, conferindo um regime de isenção de direitos e sem limite de

contingentes, a todos os bens provenientes de Moçambique. Do lado de Moçambique, uma vez ratificado, o

acordo vai permitir a liberalização de 80,5% dos bens. Os restantes – principalmente produtos agrícolas

incluindo laticínios, produtos à base de carne e produtos à base de peixe, produtos de madeira, bem como

alguns produtos químicos e minerais – estão excluídos da liberalização.

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

199

5.CPLP

Atratividade de Moçambique no

contexto da CPLP

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

200

5. Atratividade de Moçambique no contexto

CPLP

O valor global dos fluxos de IDE nos países da CPLP ascende a 79,5 mil milhões de dólares, sendo que

Moçambique apenas representa cerca de 6,56% desse valor.

Gráfico 83 - Valores (milhões USD) e percentagens de IDE na CPLP no ano de 2012, UNCTAD

No contexto da CPLP, e relativamente à facilidade de se fazer negócios, Moçambique encontra-se bem

posicionado face aos restantes países africanos. Contudo, este indicador poderia ser potenciado se fossem

minimizados alguns constrangimentos, quanto, por exemplo, à obtenção de eletricidade, às formalidades para

registar a propriedade ou obter alvarás.

No contexto da CPLP Moçambique é um dos países com maior potencial de crescimento atendendo à forte

riqueza em matérias-primas, às descobertas de gás e a integração que tem vindo a realizar na SADC.

Moçambique tem adotado uma estratégia de abertura de economia ainda que dependente da exploração do

potencial de gás e da requalificação das redes de infraestruturas que permita a exploração adequada da

matéria-prima, como o carvão.

Tabela 51 - Doing Business 2013 – Posição por país da CPLP

Países Facilidade de se

fazer negócios

Abertura de

empresas

Obtenção de

alvarás de

construção

Obtenção de

eletricidade

Registo de

propriedade

Obtenção

de crédito

Portugal 30 31 78 35 30 104

Cabo Verde 122 129 122 106 69 104

Brasil 130 121 131 60 109 104

Moçambique 146 96 135 174 155 129

Brasil 82.02%

Portugal 11.20%

Moçambique 6.56%

Cabo Verde 0.09%

São Tomé e Príncipe 0.06%

Timor-Leste 0.05%

Guiné-Bissau 0.02%

Outros 0.22%

IDE na CPLP

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

201

Países Facilidade de se

fazer negócios

Abertura de

empresas

Obtenção de

alvarás de

construção

Obtenção de

eletricidade

Registo de

propriedade

Obtenção

de crédito

São Tomé e

Príncipe 160 100 91 72 161 180

Timor-Leste 169 147 116 40 185 159

Angola 172 171 124 113 131 129

Guiné-Bissau 179 148 117 182 180 129

A intensificação das trocas comerciais exige complementaridade industrial das economias, implicando níveis

de especialização diferenciada entre parceiros.

Tabela 52 - TCI (Trade Complementary Index) da CPLP e Macau (%)87

Fonte: Cálculo realizado pela PwC com base nos dados do UNCTAD, UNCTADstat

O nível de complementaridade comercial das economias da CPLP e Macau é muito baixo, excetuando no

relacionamento entre Portugal e Angola.

De facto apenas 2,9% das exportações dos países da CPLP destinam-se a outros países da CPLP, peso

relativo que tem vindo a reduzir-se desde 2008. Apesar das exportações intrarregião evidenciarem um

decréscimo médio anual 0,4% de 2008 a 2012, verifica-se uma retoma favorável das exportações intrarregião

de 20,8% (crescimento médio anual) a partir de 2010.

Verifica-se um elevado potencial de complementaridade recíproco no relacionamento comercial entre alguns

países da CPLP.

O índice de complementaridade entre Portugal e Angola (83 pts e 80 pts) revela uma relação potencial

biunívoca.

A estrutura de importações de Portugal poderá também potenciar as suas relações com o Brasil (48 pts),

Guiné-Bissau (38 pts), Moçambique (66 pts), São Tomé e Príncipe (51 pts) e Timor Leste (37 pts). Por seu

lado a estrutura de importações do Brasil poderá apresentar algum grau de complementaridade com as

estruturas exportadoras de Angola (40 pts) e Portugal (47 pts). Por outro lado, o índice de complementaridade

entre Portugal e Cabo Verde evidencia uma relação potencial unívoca, apresentando um grau de

complementaridade de 72 pts.

87

O Trade Complementary Index (TCI) é um indicador utilizado para medir a compatibilidade do perfil comercial, através da comparação das estruturas de exportação e de importação entre países. Índices mais elevados revelam potenciais de complementaridade superiores e maior correspondência entra a estrutura de exportações/importações dos 2 países. TCI nulo é sinónimo de não complementaridade.

Angola Brasil Cabo Verde Guiné-Bissau Moçambique São Tomé e

Príncipe Timor Leste Portugal Macau

Angola 5 1 2 4 2 1 80 0Brasil 40 32 19 31 24 23 47 13

Cabo Verde 6 5 3 8 4 3 2 7Guiné-Bissau 2 5 3 4 1 1 1 0

Moçambique 15 12 13 10 11 10 9 9

São Tomé e Príncipe 18 13 18 19 19 6 3 8

Timor Leste 5 1 5 3 7 4 1 4

Portugal 83 48 72 38 66 51 37 35

Macau 11 8 9 5 12 6 5 1

País

impo

rtad

or

País exportador

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

202

De facto, é notório que a alavancagem comercial intra-CPLP poderá ser potenciada fundamentalmente por 2

motores, por Angola - país com maior relevância nas exportações intrarregião e por Portugal – país CPLP que

mais destaca nas importações intrarregião.

Nesta medida Portugal poderá potenciar-se como hub comercial da CPLP, assumindo um papel fundamental de porta de entrada para os países da CPLP e destes para a UE.

Moçambique – Valor total das importações US$ 6 mil milhões, 2012

Principais produtos importados Potenciais fornecedores CPLP

Maquinaria e equipamento de

transporte

Veículos a motor para transporte de

mercadorias

Maquinaria especializada

Máquinas e peças industriais

Máquinas para a construção civil

Outras máquinas e aparelhos para as

indústrias particulares

Eixos de transmissão

Máquinas e aparelhos elétricos

Equipamentos de aquecimento e

refrigeração

Veículos automóveis para transporte de

pessoas

Brasil

Portugal

Maquinaria e equipamento de

transporte Equipamento de telecomunicação Brasil

Combustíveis minerais

Óleos de petróleo ou de minerais

betuminosos> óleo de 70%

Produtos residuais de petróleo

Angola

Brasil

Timor-Leste*

Produtos manufaturados

Barras de ferro e aço, cantoneiras,

perfis e seções

Pneus de borracha e câmaras-de-ar

Tubos e perfis ocos, acessórios de ferro

e aço

Brasil

Portugal

Alimentos Arroz; Trigo e centeio em grão Brasil

Alimentos Gorduras vegetais e óleos, refinado Portugal

Produtos químicos

Fertilizantes

Medicamentos (incluindo medicamentos

veterinários);

Sabonetes, limpeza e de polimento

Brasil

Portugal

Matéria prima (exceto

combustíveis)

Alumínio

Brasil

Matéria prima (exceto

combustíveis)

Estruturas e peças de ferro, aço,

alumínio

Brasil

Portugal

Outros artigos manufaturados Mobiliário e peças Portugal

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat *Indiretamente, produz matéria prima

Alguns dos produtos com potencial de produção local*

Maquinaria e equipamento de transporte Máquinas e peças industriais

Materiais de construção

Produtos manufaturados

Ferro e aço

Têxtil

Vestuário e calçado

Alimentos Atividade agrícola e da agroindústria

*Para mais dados ver setores.

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

203

Índice de Tabelas

Tabela 1 - Caracterização dos países membros da SADC ................................................................................................... 31

Tabela 2 - TCI (Trade Complementary Index) intra-SADC .................................................................................................... 46

Tabela 3 - Comunidades económicas regionais em perspetiva (2012) ................................................................................. 47

Tabela 4 - Investimento Direto Estrangeiro nos países-membros da SADC – inward (milhões US$) ................................... 63

Tabela 5 - Objetivos definidos pelo Governo para o mercado de trabalho, 2030 .................................................................. 81

Tabela 6 - Características das Províncias Sul-Africanas ....................................................................................................... 82

Tabela 7 - Investimento público em infraestruturas, por setor, 2010 - 2015 (US$M) ............................................................ 83

Tabela 8 - Expansão da capacidade de produção e de distribuição de energia elétrica ....................................................... 91

Tabela 9 - Projetos previstos para a África do Sul no setor energético ................................................................................. 91

Tabela 10 - Eficiência dos transportes .................................................................................................................................. 92

Tabela 11 - Projetos previstos para a África do Sul no setor dos transportes ....................................................................... 92

Tabela 12 - Abastecimento de água e saneamento básico ................................................................................................... 92

Tabela 13 - Projetos previstos na África do Sul no setor da água e saneamento ................................................................. 93

Tabela 14 - Abertura da economia Sul-Africana .................................................................................................................... 94

Tabela 15 - Prioridades do Governo a Nível Setorial (NDP 2030) ...................................................................................... 106

Tabela 16 - Potencialidades ao nível das infraestruturas .................................................................................................... 107

Tabela 17 - Inward stock de IDE na África do Sul (milhões de US$) .................................................................................. 109

Tabela 18 - Evolução da taxa de juro .................................................................................................................................. 118

Tabela 19 - Principais Indicadores Macroeconómicos 2012-2014 ...................................................................................... 119

Tabela 20- IDH Moçambique (PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – Evolução desde 2000) 120

Tabela 21 - Objetivo do Ministério da Planificação e Desenvolvimento – Ministério das Finanças: Previsão da contribuição

setorial do PIB ..................................................................................................................................................................... 121

Tabela 22 - Objetivo do PND 2013 - 2017: Exportações ..................................................................................................... 124

Tabela 23– Energia ............................................................................................................................................................. 128

Tabela 24 - Principais Multinacionais com Investimentos na Indústria Extrativa - Gás ....................................................... 130

Tabela 25 - Principais Multinacionais com Investimentos na Indústria Extrativa - Carvão .................................................. 130

Tabela 26 - Indicadores de energia elétrica de Moçambique .............................................................................................. 134

Tabela 27 - Transportes e comunicações – Taxa de crescimento ...................................................................................... 134

Tabela 28 - Principais linhas férreas de Moçambique ......................................................................................................... 137

Tabela 29 - Comparação da capacidade e eficiência dos portos da região ........................................................................ 138

Tabela 30 - Indicadores hídricos e de saneamento ............................................................................................................. 140

Tabela 31 - Indicadores de acesso às TIC em 2010, Moçambique e outras regiões – telefones ........................................ 142

Tabela 32 - Indicadores de acesso às TIC em 2010, Moçambique e outras regiões – internet .......................................... 142

Tabela 33 - Expansão da capacidade de produção e de distribuição de energia elétrica ................................................... 143

Tabela 34 - Projetos previstos em Moçambique no setor energético .................................................................................. 144

Tabela 35 - Intervenção profunda ao nível das infraestruturas logísticas em Moçambique ................................................ 144

Tabela 36- Projetos previstos em Moçambique no setor dos transportes ........................................................................... 144

Tabela 37 - Abastecimento de água e saneamento básico ................................................................................................. 145

Tabela 38 - Abertura da economia moçambicana ............................................................................................................... 146

Tabela 39- IDE em Moçambique: projetos greenfield de maior dimensão, anunciados entre 2003-2010 ........................... 157

Tabela 40 - Potencialidades a Nível Setorial ....................................................................................................................... 162

Tabela 41 - Potencialidades a Nível Infraestrutural ............................................................................................................. 163

Tabela 42 - Potencialidades a Nível Institucional (Fonte: Proposta do PES 2014) ............................................................. 163

Tabela 43- Número de balcões e máquinas automáticas existentes por província ............................................................. 165

Tabela 44 - Doing Business 2013 – Posição por país da SADC ......................................................................................... 180

Tabela 45 - Quadro resumo com os principais impostos de Moçambique .......................................................................... 187

Tabela 46 - Paying Taxes - SADC....................................................................................................................................... 188

Tabela 47 - Paying Taxes – CPLP ...................................................................................................................................... 189

Tabela 48 – Tribunais judiciários em Moçambique. ............................................................................................................ 191

Tabela 49 - Protocolos da SADC e posicionamento de Moçambique face aos mesmos .................................................... 193

Tabela 50- Acordos Bilaterais de Moçambique ................................................................................................................... 196

Tabela 51 - Doing Business 2013 – Posição por país da CPLP .......................................................................................... 200

Tabela 52 - TCI (Trade Complementary Index) da CPLP e Macau (%) .............................................................................. 201

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

204

Índice de Gráficos

Gráfico 1 – Crescimento médio anual países SADC 2008-2012 ........................................................................................... 32

Gráfico 2 - Relacionamento do crescimento do PIB e variação no índice global de competitividade 2008-2013 .................. 33

Gráfico 3 - Análise do PIB per capita em 2012 de cada um dos países, da taxa de crescimento média do PIB 2008-21012 e

do peso do PIB do País no total da SADC ............................................................................................................................ 34

Gráfico 4 - Produto Interno Bruto por setor 2012 – Angola % ............................................................................................... 36

Gráfico 5 - Produto Interno Bruto por setor 2011 – Moçambique % ...................................................................................... 37

Gráfico 6 - Produto Interno Bruto por setor (%) - África do Sul ............................................................................................. 39

Gráfico 7 - Produto Interno Bruto por setor (%) – Lesoto ...................................................................................................... 40

Gráfico 8 - Produto Interno Bruto por setor (%) - Madagáscar .............................................................................................. 41

Gráfico 9 - Produto Interno Bruto por setor (%) - Maláui ....................................................................................................... 41

Gráfico 10 - Produto Interno Bruto por setor (%) - República Democrática do Congo .......................................................... 41

Gráfico 11 – Produto Interno Bruto por setor (%) – Suazilândia ............................................................................................ 41

Gráfico 12 - Produto Interno Bruto por setor 2011 (%) – Seicheles ...................................................................................... 42

Gráfico 13 - Produto Interno Bruto por setor (%) – Maurícias % ........................................................................................... 43

Gráfico 14 - Produto Interno Bruto por setor (%) – Botsuana ................................................................................................ 44

Gráfico 15 - Produto Interno Bruto por setor (%) – Namíbia .................................................................................................. 45

Gráfico 16 - Produto Interno Bruto por setor (%) – Zâmbia ................................................................................................... 45

Gráfico 17 - Evolução do comércio intra-SADC vs. Evolução do PIB da região .................................................................... 48

Gráfico 18 - Peso das exportações/importações intra-SADC no total da região ................................................................... 48

Gráfico 19 - Produtos transacionados intra-SADC (2012) ..................................................................................................... 49

Gráfico 20 - Evolução das importações da SADC e principais países de destino ................................................................. 52

Gráfico 21 – Importações da SADC - Top produtos, 2012 .................................................................................................... 53

Gráfico 22 - Importações SADC da China ............................................................................................................................. 54

Gráfico 23 - Importações SADC da Alemanha ...................................................................................................................... 54

Gráfico 24 - Importações SADC dos EUA ............................................................................................................................. 55

Gráfico 25 - Importações SADC da Índia .............................................................................................................................. 55

Gráfico 26 - Importações SADC do Reino Unido .................................................................................................................. 56

Gráfico 27 – Evolução das exportações da SADC e principais países de destino, 2008-2012 ............................................. 57

Gráfico 28 – Exportações da SADC - Top produtos, 2012 .................................................................................................... 57

Gráfico 29 - Exportações SADC para a China ...................................................................................................................... 58

Gráfico 30 - Exportações SADC para os EUA ....................................................................................................................... 58

Gráfico 31 - Exportações SADC para a Índia ........................................................................................................................ 58

Gráfico 32 - Exportações SADC para o Reino Unido ............................................................................................................ 58

Gráfico 33 - Importações da SADC aos países da CPLP (valor e crescimento médio) ........................................................ 59

Gráfico 34 - Importações SADC a Portugal ........................................................................................................................... 60

Gráfico 35 - Importações SADC do Brasil ............................................................................................................................. 61

Gráfico 36 - Exportações da SADC para a CPLP (valor e crescimento médio) .................................................................... 61

Gráfico 37 - Exportações SADC para Portugal ..................................................................................................................... 62

Gráfico 38 - Exportações SADC para o Brasil ....................................................................................................................... 62

Gráfico 39 - IDE na SADC - inward e outward, 2008-2012 ................................................................................................... 63

Gráfico 40 – Representação da percentagem do PIB dos EM na SADC .............................................................................. 74

Gráfico 41 - Evolução anual do PIB per capita em US$ ........................................................................................................ 75

Gráfico 42 - Taxa de crescimento anual do PIB .................................................................................................................... 75

Gráfico 43 - África do Sul, PIB por setor 2011 ....................................................................................................................... 77

Gráfico 44 - Crescimento anual do PIB (1994-2018), África do Sul ...................................................................................... 79

Gráfico 45 - Gastos do Governo em infraestruturas (incluindo parcerias público-privadas) .................................................. 91

Gráfico 46 - Evolução das importações de África do Sul e principais países de origem, 2008-2012 .................................... 95

Gráfico 47 - Importações Sul-Africanas - Top produtos......................................................................................................... 95

Gráfico 48 - Importações Sul-Africanas da CPLP ................................................................................................................. 96

Gráfico 49 - Importações Sul-Africanas do Brasil .................................................................................................................. 98

Gráfico 50 - Importações Sul-Africanas de Moçambique ...................................................................................................... 99

Gráfico 51 - Importações Sul-Africanas de Portugal ........................................................................................................... 100

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

205

Gráfico 52 - Evolução das exportações de África do Sul e principais países de destino .................................................... 100

Gráfico 53 - Exportações Sul-Africanas - Top produtos ...................................................................................................... 101

Gráfico 54 - Exportações Sul-Africanas - CPLP .................................................................................................................. 101

Gráfico 55 - Exportações Sul-Africanas para Moçambique ................................................................................................. 102

Gráfico 56 - Exportações Sul-Africanas para Angola .......................................................................................................... 103

Gráfico 57 - Exportações Sul-Africanas para o Brasil ......................................................................................................... 104

Gráfico 58 - Exportações Sul-Africanas para Portugal ........................................................................................................ 105

Gráfico 59 - Fluxos de IDE na África do Sul, 2008-2012 ..................................................................................................... 108

Gráfico 60 - Crescimento anual PIB Moçambicano (últimos 5 anos) .................................................................................. 114

Gráfico 61 - Despesas de natureza económica do OGE 2013 (%) ..................................................................................... 115

Gráfico 62 - Despesas de natureza funcional do OGE 2013 (%) ........................................................................................ 115

Gráfico 63 - Evolução da reserva em moeda estrangeira e ouro ........................................................................................ 117

Gráfico 64 - Previsões de crescimento para Moçambique .................................................................................................. 119

Gráfico 65 - Taxa de Inflação - valores reais e estimativas ................................................................................................. 121

Gráfico 66 - Evolução das exportações ............................................................................................................................... 124

Gráfico 67 - Produto Interno Bruto por setor – Moçambique ............................................................................................... 126

Gráfico 68 - Condições da rede rodoviária principal na África subsariana .......................................................................... 140

Gráfico 69- Investimento privado por fonte, 1999-2011 (em % do investimento privado total aprovado) ............................ 145

Gráfico 70 - Importações moçambicanas de Portugal ......................................................................................................... 148

Gráfico 71 - Importações moçambicanas do Brasil ............................................................................................................. 149

Gráfico 72 - Evolução das importações de Moçambique e principais países de origem, 2008-2012 .................................. 149

Gráfico 73 - Importações moçambicanas - Top produtos .................................................................................................... 150

Gráfico 74 - Exportações moçambicanas - CPLP ............................................................................................................... 151

Gráfico 75 - Exportações moçambicanas para Portugal ..................................................................................................... 152

Gráfico 76 - Evolução das exportações de Moçambique e principais países de destino, 2008-2012 ................................. 154

Gráfico 77 - Exportações Moçambicanas - Top produtos .................................................................................................... 154

Gráfico 78 - Exportações moçambicanas de alumínio (US $milhões) ................................................................................. 155

Gráfico 79 - Exportações moçambicanas de combustíveis (US$ milhões) ......................................................................... 155

Gráfico 80 - Fluxos de IDE em Moçambique, 2008-2012 (African Economic Outlook) ....................................................... 156

Gráfico 81 – Moçambique – Peso das Regiões no PIB ....................................................................................................... 159

Gráfico 82 - Percentagem do valor dos projetos por modalidade de financiamento e setores de atividade........................ 179

Gráfico 83 - Valores (milhões USD) e percentagens de IDE na CPLP no ano de 2012, UNCTAD ..................................... 200

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Moçambique – Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

206

Índice de Figuras

Figura 1 - Risco dos países da SADC 2013 .......................................................................................................................... 22

Figura 2 - Principais etapas na criação da SADC ................................................................................................................. 23

Figura 3 – Índice Global de Competitividade 2013 ................................................................................................................ 30

Figura 4 - Estimativas de crescimento do PIB em 2014 ........................................................................................................ 33

Figura 5 - Principais exportações de África do Sul intra-SADC, por produto ......................................................................... 50

Figura 6 - Principais exportações de Angola intra-SADC, por produto .................................................................................. 51

Figura 7 - Principais destinos das exportações portuguesas para a SADC .......................................................................... 59

Figura 8 - Principais destinos das exportações brasileiras para a SADC .............................................................................. 60

Figura 9 - Panorâmica das infraestruturas em África - África do Sul, PwC, 2013 ................................................................. 82

Figura 10 - Infraestrutura da rede de eletricidade da África do Sul ....................................................................................... 84

Figura 11 - Principais rotas ferroviárias e portos Sul-Africanos ............................................................................................. 85

Figura 12 - Infraestrutura do Porto de Durban (o maior porto do país) ................................................................................. 86

Figura 13 - Principais redes rodoviárias Sul-Africanas .......................................................................................................... 88

Figura 14 - Principais importações Sul-Africanas de Angola ................................................................................................. 97

Figura 15 - Principais importações Sul-Africanas do Brasil ................................................................................................... 97

Figura 16 - Principais importações Sul-Africanas de Moçambique ....................................................................................... 98

Figura 17 - Principais importações Sul-Africanas de Portugal .............................................................................................. 99

Figura 18 - Principais exportações Sul-Africanas para Moçambique .................................................................................. 102

Figura 19 - Principais exportações Sul-Africanas para Angola ............................................................................................ 103

Figura 20 - Principais exportações Sul-Africanas para o Brasil ........................................................................................... 104

Figura 21 - Principais exportações Sul-Africanas para Portugal ......................................................................................... 105

Figura 22 - Estrutura acionista bancária em África .............................................................................................................. 109

Figura 23 - Contas bancárias (% +15 anos) em África ........................................................................................................ 110

Figura 24 - Evolução dos níveis de inclusão financeira, 2010 - 2012 .................................................................................. 110

Figura 25 - Potencial de gás natural em Moçambique ........................................................................................................ 129

Figura 26 - O Estado das Infraestruturas em África - Moçambique ..................................................................................... 131

Figura 27 - Corredores ferroviários em Moçambique .......................................................................................................... 136

Figura 28 - Principais importações moçambicanas de Portugal .......................................................................................... 147

Figura 29 - Principais importações moçambicanas do Brasil .............................................................................................. 148

Figura 30 - Principais exportações moçambicanas para Portugal ....................................................................................... 152

Figura 31 - Principais exportações moçambicanas para o Brasil ........................................................................................ 153

Figura 32 - Contas bancárias (% +15 anos) em África ........................................................................................................ 165

Figura 33 - Taxas de juro em Moçambique ......................................................................................................................... 166

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Apoio: Projeto Co-Financiado:

Um estudo realizado no âmbito do projeto nº 30030, apoiado pelo QREN, através do SIAC do Programa Operacional Fatores de Competitividade (COMPETE) pela: