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MATERIAL DIDÁTICO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E LÍQUIDOS UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010 Impressão e Editoração 0800 283 8380 www.ucamprominas.com.br

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estudar resíduos sólidos tem se mostradocrescente. O assunto tem se tornado tópico de debates em diversas áreas doconhecimento

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MATERIAL DIDÁTICO

GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS

SÓLIDOS E LÍQUIDOS

U N I V E R S I DA D E

CANDIDO MENDES

CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................... 3

UNIDADE 1 – O CRESCIMENTO DAS CIDADES – CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS .............................. 5

UNIDADE 2 – RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS – RSU .............................................................................. 10

UNIDADE 3 - RESÍDUOS DOS SERVIÇOS DE SAÚDE – RSS .................................................................. 23

UNIDADE 4 - RESÍDUOS SÓLIDOS INDUSTRIAIS – RSI E RESÍDUOS DAS CONSTRUÇÕES CIVIS

............................................................................................................................................................................... 27

UNIDADE 5 - RESÍDUOS LÍQUIDOS ............................................................................................................. 31

UNIDADE 6 – POLUIÇÃO SONORA .............................................................................................................. 35

UNIDADE 7 – A LEGISLAÇÃO E O PLANO DE GESTÃO INTEGRADO E SUSTENTÁVEL DE

RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS – GISRSU ................................................................................................. 37

UNIDADE 8 - OS ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS, SOCIAIS, ECONÔMICOS E AMBIENTAIS DOS

RESÍDUOS URBANOS ...................................................................................................................................... 49

REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................. 57

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INTRODUÇÃO

A globalização, por um lado facilitou a vida das pessoas, já por outro ângulo,

proporciona, a cada dia, o consumo exagerado dos mais variados produtos aliada ao

aumento da população e aglomerações nos núcleos urbanos, ou seja, nas cidades,

trouxe problemas ambientais e consequências diretas para a vida das pessoas, tais

como carência de saneamento básico, poluição nas suas mais diversas formas,

conflitos de uso do solo, inadequação na localização de atividades especializadas,

etc.

Todos esses fatores levam a gestão urbana a ser complexa, exigindo entre

outras posturas, respostas técnicas a partir de planejamentos urbanos pensados

com muito critério e seriedade, integrando os aspectos ecológicos, econômicos e

sócio-culturais, além, é claro, de incorporar a dimensão política no enfrentamento

dos problemas do meio ambiente e do desenvolvimento urbano.

Dentre os problemas mais graves surgidos e enfrentados pela sociedade

contemporânea, encontramos a crescente produção de lixo urbano, quer seja ele

sólido ou líquido, proveniente das residências, das indústrias, das construções ou

dos serviços de saúde. É preciso entender toda a dinâmica dessa produção para

desenvolver medidas cabíveis na solução dos problemas, caracterizando os

resíduos e seu acondicionamento, coleta, transporte, tratamento e destinação final,

enfatizando, obviamente, os aspectos sanitários e ambientais envolvidos.

Segundo Cunha e Caixeta Filho (2002) o próprio significado da palavra

transmite a impressão de que lixo é algo sem valor, sem importância e que deve ser

jogado fora. Ainda hoje, muitas vezes, o lixo é tratado com a mesma indiferença da

época das cavernas, quando o lixo não era verdadeiramente um problema, seja pela

menor quantidade gerada, seja pela maior facilidade da natureza em reciclá-lo.

Entretanto, em tempos mais recentes, a quantidade de lixo gerada no mundo tem

sido grande e seu mau gerenciamento, além de provocar gastos financeiros

significativos, pode provocar graves danos ao meio ambiente e comprometer a

saúde e o bem-estar da população.

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É por isso que o interesse em estudar resíduos sólidos tem se mostrado

crescente. O assunto tem se tornado tópico de debates em diversas áreas do

conhecimento e sua importância crescente se deve a três fatores principais:

1. Grande quantidade de lixo gerada – de acordo com dados de Brown (1993), a

produção de lixo pode variar de aproximadamente 0,46 kg/hab./dia, em Kano

(Nigéria), a 2,27 kg/hab./dia, em Chicago (Estados Unidos). Segundo Caixeta Filho

(1999), o índice per capita brasileiro está em torno de 0,50 a 1,00 kg/hab./dia;

2. Gastos financeiros relacionados ao gerenciamento de resíduos sólidos

urbanos, de acordo com Brasil (2000), no Brasil, em média, os serviços de limpeza

demandam de 7% a 15% do orçamento dos municípios;

3. Segundo Cunha e caixeta Filho (2002), impactos ao meio ambiente e à saúde

da população, a destinação final, inadequada, dos resíduos, pode levar à

contaminação do ar, da água, do solo e à proliferação de vetores nocivos à saúde

humana.

A literatura sobre os resíduos urbanos e toda a problemática urbana é

enorme, extensa e até mesmo um pouco controversa. Esta apostila pretende

compilar os resultados de alguns estudos sobre o tema, apresentando os conceitos

pertinentes, mostrando as causas e consequências do crescimento das cidades, a

legislação e o plano integrado e sustentável de resíduos sólidos urbanos e os

aspectos epidemiológicos, sociais, econômicos e ambientais decorrentes da grande

produção de lixo.

Salientamos que o assunto não se esgota e que as referências ao final da

apostila têm muito a acrescentar. Boa leitura!

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UNIDADE 1 – O CRESCIMENTO DAS CIDADES – CAUSAS

E CONSEQUÊNCIAS

Quando o assunto é planejamento urbano, principalmente planejar pensando

em um futuro melhor, precisamos levar em consideração o poder ou a grande

capacidade que o ser humano tem em construir e destruir tudo aquilo que a

sociedade constitui.

Neste sentido, a cidade tanto se constitui em condição para o

desenvolvimento econômico, como também é resultado do desenvolvimento, que

tanto pode caminhar num sentido positivo quanto negativo, concentrando riquezas e

pobrezas.

Especificamente no caso do Brasil, e dos países em desenvolvimento, essa

questão da geração de resíduos em ambientes urbanos atinge contornos muito

graves, quer sejam os resíduos sólidos ou líquidos.

De acordo com Ambiente Brasil (2008), o desenvolvimento das cidades sem

um correto planejamento ambiental resulta em prejuízos significativos para a

sociedade. Uma das consequências do crescimento urbano foi o acréscimo da

poluição doméstica e industrial, criando condições ambientais inadequadas e

propiciando o desenvolvimento de doenças, poluição do ar e sonora, aumento da

temperatura, contaminação da água subterrânea, entre outros problemas.

O desenvolvimento urbano brasileiro concentra-se em regiões metropolitanas,

na capital dos estados e nas cidades pólos regionais. Os efeitos desta realidade são

possíveis verificarmos sobre todo aparelhamento urbano relativo a recursos hídricos,

ao abastecimento de água, ao transporte e ao tratamento de esgotos cloacal e

pluvial.

No entanto, segundo Ambiente Brasil (2008), atualmente, muitos fatores

interferem nesse ciclo, comprometendo a qualidade das águas urbanas, pois

desenvolvimento e o crescimento das cidades geram o acréscimo da poluição

doméstica e industrial, propiciando o aumento de sedimentos e material sólido, bem

como a contaminação de mananciais e das águas subterrâneas.

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De modo geral, os problemas ecológicos são mais intensos nas grandes

cidades do que nas pequenas ou no meio rural. Além da poluição atmosférica, as

metrópoles apresentam outros problemas graves:

Acúmulo de lixo e de esgotos, boa parte dos detritos pode ser recuperada

para a produção de gás (biogás) ou adubos, mas isso dificilmente acontece.

Normalmente, esgotos e resíduos de indústrias são despejados nos rios. Com

frequência esses rios perdem toda sua fauna característica e tornam-se imundos e

malcheirosos. Em algumas cidades, amontoa-se o lixo em terrenos baldios, o que

provoca a multiplicação de ratos e insetos.

Congestionamentos frequentes, especialmente nas áreas em que os

automóveis particulares são muito mais importantes que os transportes coletivos,

muitos moradores da periferia das grandes cidades dos países em desenvolvimento,

em sua maioria de baixa renda, gastam três ou quatro horas por dia só no caminho

para o trabalho.

Poluição sonora, provocada pelo excesso de barulho (dos veículos

automotivos, fábricas, obras nas ruas, grande movimento de pessoas e propaganda

comercial ruidosa). Isso pode ocasionar neuroses na população, além de uma

progressiva diminuição da capacidade auditiva.

Carência de áreas verdes (parques, reservas florestais, áreas de lazer e

recreação, etc.). Em decorrência da falta de áreas verdes, agrava-se a poluição

atmosférica, já que as plantas através da fotossíntese contribuem para a renovação

do oxigênio no ar. Além disso, tal carência limita as oportunidades de lazer da

população, o que faz com que muitas pessoas acabem passando seu tempo livre na

frente da televisão, ou assistindo a jogos praticados por esportistas profissionais (ao

invés de eles mesmos praticarem esportes).

Poluição visual, ocasionada pelo grande número de cartazes publicitários,

pelos edifícios que escondem a paisagem natural, etc.

Na realidade, é nos grandes centros urbanos que o espaço construído pelo

homem, a segunda natureza, alcança seu grau máximo. Quase tudo aí é artificial e,

quando é algo natural, sempre acaba apresentando variações, modificações

provocadas pela ação humana. O próprio clima das metrópoles – o chamado clima

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urbano – constitui um exemplo disso. Nas grandes aglomerações urbanas,

normalmente faz mais calor e chove um pouco mais que nas áreas rurais vizinhas,

além disso, nessas áreas são também mais comuns as enchentes, após algumas

chuvas. As elevações nos índices térmicos do ar são fáceis de entender: o

asfaltamento das ruas e avenidas, as imensas massas de concreto, a carência de

áreas verdes, a presença de grandes quantidades de gás carbônico na atmosfera

(que provoca o efeito estufa), o grande consumo de energia devido à queima de

gasolina, óleo diesel querosene, carvão, etc., nas fábricas, residências e veículos

são responsáveis pelo aumento de temperatura do ar. Já o aumento dos índices de

pluviosidade se deve principalmente à grande quantidade de micropartículas (poeira,

fuligem) no ar, que desempenham um papel de núcleos higroscópicos que facilitam

a condensação do vapor de água da atmosfera. E as enchentes decorrem da

dificuldade da água das chuvas de se infiltrar no subsolo, pois há muito asfalto e

obras, o que compacta o solo e aumenta sua impermeabilização.

Nesse contexto, de acordo com Brasil (1995), os dados levantados no Censo

de 1991 apontaram que menos de 64% dos domicílios brasileiros possuíam algum

sistema de destinação do esgoto sanitário, sendo que, do esgoto coletado nos 49%

dos domicílios que são atendidos pela rede pública de coleta, 80% não recebem

qualquer tipo de tratamento, sendo despejado diretamente no solo ou nos corpos

d’água, gerando sérios impactos aos ambientes de vida. O mesmo Censo aponta

que quase 79% dos domicílios têm seus resíduos domiciliares coletados, mas que

76% desse material é depositado a céu aberto, sem qualquer tipo de tratamento ou

controle.

Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB), realizada pelo

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2002), citada por Pinto (1999), a

população brasileira é de aproximadamente 170 milhões de habitantes, produzindo

diariamente cerca de 126 mil toneladas de resíduos sólidos. Quanto à destinação

final, os dados relativos às formas de disposição final de resíduos sólidos

distribuídos de acordo com a população dos municípios, obtidos com a PNSB,

indicam que 63,6% dos municípios brasileiros depositam seus resíduos sólidos em

“lixões”, somente 13,8% informam que utilizam aterros sanitários e 18,4% dispõem

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seus resíduos em aterros controlados, totalizando 32,2 %. Os 5% dos entrevistados

restantes não declaram o destino de seus resíduos.

Essas estatísticas afirmam a grave situação dos resíduos e suas

consequências que decorrem da concentração populacional e do processo de

industrialização que acontece a partir do século XX, aumentando a quantidade de

lixo e também mudanças na sua composição. Ao lixo, que até então era formado por

restos de alimentos, cascas e sobras de vegetais e papéis, foram sendo

incorporados novos materiais como vidro, plásticos, isopor, borracha, alumínios

entre outros de difícil decomposição. Para se ter uma ideia, enquanto que os restos

de comida se deterioram rapidamente, o papel demora entre 3 a 6 meses para se

decompor, o plástico dura mais de cem anos e o vidro cerca de 1 milhão de anos

quando jogados na natureza.

Segundo Alberguini (2008) o impacto desse volume de lixo no meio ambiente

das cidades é grande. A quantidade de dejetos só tende a aumentar e pode

ocasionar escassez e esgotamento de recursos naturais, poluição do ar, da água, do

solo, além de problemas de saúde pública, devido à proliferação de parasitas e

surgimento de doenças. Nessa esteira, o crescente número de catadores, que

garantem o sustento de suas famílias com a venda do que é encontrado nos

depósitos de lixo, é outro desafio para muitas prefeituras. Diversos municípios

tentam reverter essa situação, incorporando esses trabalhadores ao processo

produtivo, criando cooperativas de catadores a partir da instalação de programas de

reciclagem na cidade.

Alguns organismos governamentais e não-governamentais, nacionais e do

exterior, têm se preocupado com pessoas, inclusive crianças, sobrevivendo dos

lixões, como veremos no último capítulo.

Alberguini (2008) cita três medidas urgentes para diminuir a quantidade de

lixo e o impacto dos resíduos no meio ambiente que são a coleta seletiva, a

reciclagem de materiais e a compostagem, que devem ser realizados de forma

integrada, dentro de um programa contínuo, com apoio do poder público municipal,

de empresas e conscientização da população.

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Enfim, adensamento populacional nas grandes cidades, falta de uma política

que incentive as práticas agrícolas levando as pessoas do campo para as cidades

na ilusão de melhores condições de vida, igualmente falta de planejamento urbano,

levam as cidades a se tornarem um imenso canteiro onde são encontrados todos os

tipos de “lixo” e que, a priori, ou seja, a curto prazo não tem solução. É preciso

conscientização imediata da população em relação aos problemas decorrentes dos

resíduos para que as futuras gerações tenham alguma condição de sobrevivência.

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UNIDADE 2 – RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS – RSU

2.1 Definição

De acordo com o Dicionário de Aurélio Buarque de Holanda, “lixo é tudo

aquilo que não se quer mais e se joga fora; coisas inúteis, velhas e sem valor.”

Já a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT – define o lixo como

os “restos das atividades humanas, considerados pelos geradores como inúteis,

indesejáveis ou descartáveis, podendo-se apresentar no estado sólido, semi-sólido

ou líquido, desde que não seja passível de tratamento convencional.”

Normalmente, os autores de publicações sobre resíduos sólidos se utilizam

indistintamente dos termos “lixo” e “resíduos sólidos”. Para Monteiro et al (2001),

resíduo sólido ou simplesmente “lixo” é todo material sólido ou semi-sólido

indesejável e que necessita ser removido por ter sido considerado inútil, por quem o

descarta em qualquer recipiente destinado a este ato.

Segundo a classificação para resíduos sólidos que consta na norma brasileira

NBR 10004, de 1987, resíduos sólidos são:

Aqueles resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades da comunidade de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em face a melhor tecnologia disponível. (ABNT. NBR-10.004, 1987)

2.2 Classificação

Dentre as várias maneiras de se classificar os resíduos sólidos, temos: em

relação aos riscos potenciais de contaminação do meio ambiente e quanto à

natureza ou origem, ou seja, se baseiam em determinadas características ou

propriedades identificadas.

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A classificação é relevante para a escolha da estratégia de gerenciamento

mais viável. A NBR 10.004/87 trata da classificação de resíduos sólidos quanto a

sua periculosidade, ou seja, característica apresentada pelo resíduo em função de

suas propriedades físicas, químicas ou infectocontagiosas, que podem representar

potencial de risco à saúde pública e ao meio ambiente.

De acordo com sua periculosidade os resíduos sólidos podem ser

enquadrados como:

Classe I – resíduos perigosos

São aqueles que apresentam periculosidade ou uma das características

seguintes: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade ou patogenicidade.

Classe II – Não-inertes

São aqueles que não se enquadram na classe I ou III. Os resíduos classe II

podem ter as seguintes propriedades: combustibilidade, biodegradabilidade ou

solubilidade em água.

Classe III - inertes

Segundo Zanta e Ferreira (2006), são aqueles que, por suas características

intrínsecas, não oferecem riscos à saúde e ao meio ambiente. Além disso, quando

amostrados de forma representativa, segundo a norma NBR 10.007, e submetidos a

um contato estático ou dinâmico com água destilada ou deionizada, a temperatura

ambiente, conforme teste de solubilização segundo a norma NBR 10.006, não têm

nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões

de potabilidade da água, conforme listagem nº 8, constante do Anexo H da NBR

10.004, excetuando-se os padrões de aspecto, cor, turbidez e sabor.

De acordo com Monteiro et al (2001), a origem é o principal elemento para a

caracterização dos resíduos sólidos. Segundo este critério, os diferentes tipos de lixo

podem ser agrupados em cinco classes, a saber:

1. Lixo doméstico ou residencial;

2. Lixo comercial;

3. Lixo público;

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4. Lixo domiciliar especial: entulho de obras, pilhas e baterias, lâmpadas

fluorescentes, pneus;

5. Lixo de fontes especiais: industrial, radioativo, de portos, aeroportos e

terminais rodoferroviários, agrícola e resíduos dos serviços de saúde.

Quanto aos componentes do lixo, eles podem ser diferenciados nas seguintes

categorias: matéria orgânica putrescível; plástico; papel/papelão; vidro; metal

ferroso; metal não ferroso; pano, trapo, couro e borracha; madeira; contaminante

biológico e contaminante químico; pedra, terra e cerâmica; e diversos. Deve-se

sempre explicitar o teor de umidade presente, uma vez que o peso dos resíduos

orgânicos é determinado em condição úmida. No Quadro 1 abaixo, apresentam-se

exemplos de materiais que podem compor cada categoria, observando-se a grande

diversidade de materiais.

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1 – Exemplos básicos de cada categoria de resíduos sólidos urbanos

Fonte: Zanta e Ferreira (2006, p. 8) adaptado de Pessin et al (2002).

Segundo Monteiro et al (2001), em consonância com a NBR 10.004/87, os

resíduos sólidos podem ser classificados de acordo com suas características físicas,

químicas e biológicas.

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CARACTERÍSTICAS FÍSICAS:

A “geração per capita” que relaciona a quantidade de resíduos urbanos

gerada diariamente e o número de habitantes de determinada região. Muitos

técnicos consideram de 0,5 a 0,8kg/hab./dia como a faixa de variação média para o

Brasil.

A composição gravimétrica que traduz o percentual de cada componente em

relação ao peso total da amostra de lixo analisada.

O Peso específico aparente que é o peso do lixo solto em função do volume

ocupado livremente, sem qualquer compactação, expresso em kg/m3. Sua

determinação é fundamental para o dimensionamento de equipamentos e

instalações. Na ausência de dados mais precisos, podem-se utilizar os valores de

230kg/m3 para o peso específico do lixo domiciliar, de 280kg/m3 para o peso

específico dos resíduos de serviços de saúde e de 1.300kg/m3 para o peso

específico de entulho de obras.

O Teor de umidade que representa a quantidade de água presente no lixo,

medida em percentual do seu peso. Este parâmetro se altera em função das

estações do ano e da incidência de chuvas, podendo-se estimar um teor de umidade

variando em torno de 40 a 60%.

A Compressividade que é o grau de compactação ou a redução do volume

que uma massa de lixo pode sofrer quando compactada. Submetido a uma pressão

de 4kg/cm², o volume do lixo pode ser reduzido de um terço (1/3) a um quarto (1/4)

do seu volume original.

CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS:

O poder calorífico indica a capacidade potencial de um material desprender

determinada quantidade de calor quando submetido à queima. O poder calorífico

médio do lixo domiciliar se situa na faixa de 5.000kcal/kg.

Potencial hidrogeniônico (pH) indica o teor de acidez ou alcalinidade dos

resíduos. Em geral, situa-se na faixa de 5 a 7.

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A composição química que consiste na determinação dos teores de cinzas,

matéria orgânica, carbono, nitrogênio, potássio, cálcio, fósforo, resíduo mineral total,

resíduo mineral solúvel e gorduras.

A Relação carbono/nitrogênio (C:N) indica o grau de decomposição da

matéria orgânica do lixo nos processos de tratamento/disposição final. Em geral,

essa relação encontra-se na ordem de 35/1 a 20/1.

Características biológicas:

As características biológicas do lixo são aquelas determinadas pela

população microbiana e dos agentes patogênicos presentes no lixo que, ao lado das

suas características químicas, permitem que sejam selecionados os métodos de

tratamento e disposição final mais adequados.

O conhecimento das características biológicas dos resíduos tem sido muito

utilizado no desenvolvimento de inibidores de cheiro e de retardadores/aceleradores

da decomposição da matéria orgânica, normalmente aplicados no interior de

veículos de coleta para evitar ou minimizar problemas com a população ao longo do

percurso dos veículos.

Da mesma forma, estão em desenvolvimento processos de destinação final e

de recuperação de áreas degradadas com base nas características biológicas dos

resíduos.

2.3 Acondicionamento

De acordo com Cunha e Caixeta (2002), a primeira etapa do processo de

remoção dos resíduos sólidos corresponde à atividade de acondicionamento do lixo.

Podem ser utilizados diversos tipos de vasilhames, como: vasilhas domiciliares,

tambores, sacos plásticos, sacos de papel, contêineres comuns, contêineres

basculantes, entre outros. No Brasil, percebe-se grande utilização de sacos

plásticos. O lixo mal acondicionado significa poluição ambiental e risco à segurança

da população, pois pode levar ao aparecimento de doenças. O lixo bem

acondicionado facilita o processo de coleta.

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Ainda segundo os autores acima, acondicionar os resíduos sólidos

domiciliares significa prepará-los para a coleta de forma sanitariamente adequada,

como ainda compatível com o tipo e a quantidade de resíduos. A qualidade da

operação de coleta e transporte de lixo depende da forma adequada do seu

acondicionamento, armazenamento e da disposição dos recipientes no local, dia e

horários estabelecidos pelo órgão de limpeza urbana para a coleta. A população

tem, portanto, participação decisiva nesta operação.

A importância do acondicionamento adequado está em:

• evitar acidentes;

• evitar a proliferação de vetores;

•minimizar o impacto visual e olfativo;

• reduzir a heterogeneidade dos resíduos (no caso de haver coleta seletiva);

• facilitar a realização da etapa da coleta.

De acordo com Monteiro et al (2001), infelizmente, o que se verifica em

muitas cidades é o surgimento espontâneo de pontos de acumulação de lixo

domiciliar a céu aberto, expostos indevidamente ou espalhados nos logradouros,

prejudicando o ambiente e arriscando a saúde pública.

2.4 Recolhimento

Coletar o lixo significa recolher o lixo acondicionado por quem o produz para

encaminhá-lo, mediante transporte adequado, a uma possível estação de

transferência, a um eventual tratamento e à disposição final.

A coleta e o transporte do lixo domiciliar produzido em imóveis residenciais,

em estabelecimentos públicos e no pequeno comércio são, em geral, efetuados pelo

órgão municipal encarregado da limpeza urbana. Para esses serviços, podem ser

usados recursos próprios da prefeitura, de empresas sob contrato de terceirização

ou sistemas mistos, como o aluguel de viaturas e a utilização de mão-de-obra da

prefeitura.

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De acordo com Monteiro et al (2001), o lixo dos “grandes geradores”

(estabelecimentos que produzem mais que 120 litros de lixo por dia) deve ser

coletado por empresas particulares, cadastradas e autorizadas pela prefeitura.

2.5 Coleta Seletiva e os “R’s”

A operação de coleta engloba, desde a partida do veículo de sua garagem,

compreendendo todo o percurso gasto na viagem para remoção dos resíduos dos

locais onde foram acondicionados aos locais de descarga, até o retorno ao ponto de

partida.

A coleta normalmente pode ser classificada em dois tipos de sistemas:

sistema especial de coleta (resíduos contaminados) e sistema de coleta de resíduos

não contaminados. Nesse último, a coleta pode ser realizada de maneira

convencional (resíduos são encaminhados para o destino final) ou seletiva (resíduos

recicláveis que são encaminhados para locais de tratamento e/ou recuperação).

Os tipos de veículos coletores são os mais diversos. Uma primeira grande

classificação seria dividi-los em motorizados e não-motorizados (os que utilizam a

tração animal como força motriz). Os motorizados podem ser divididos em

compactadores, que, segundo Roth et al citado por Cunha e Caixeta Filho (2002),

podem reduzir a 1/3 o volume inicial dos resíduos, e comuns (tratores, coletor de

caçamba aberta e coletor com carrocerias tipo prefeitura ou baú). Há também os

caminhões multi-caçamba utilizados na coleta seletiva de recicláveis, em que os

materiais coletados são alocados, separadamente dentro da carroceria do

caminhão.

Para Cunha e Caixeta Filho (2002), no Brasil, a escolha do veículo coletor é,

ainda, bastante empírica. Os resíduos coletados poderão ser transportados para

estações de transferência, para locais de processamento e recuperação (incineração

ou usinas de triagem e compostagem) ou para seu destino final (aterros e lixões).

A reciclagem, uma das etapas da coleta seletiva, consiste de uma série de

processos industriais que permitem separar, recuperar e transformar os

componentes dos resíduos sólidos do lixo urbano (domiciliar/comercial).

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A necessidade de poupar e preservar os recursos naturais não-renováveis

vem motivando cada vez mais o aproveitamento de resíduos, visto que crescem

exponencialmente a população e o consumo, o que não acontece com as reservas

naturais.

Segundo Dias ( 2008), outro fato agravante é a disposição final dos resíduos

produzidos nos centros urbanos, de forma desordenada e sem um planejamento

técnico, pois áreas são ocupadas com a deposição de lixo sem tratamento, áreas

estas que, a curto e médio prazo, inviabilizam a sua utilização para outros fins,

agredindo de forma drástica o meio ambiente e tornando vulneráveis à

contaminação, os mananciais de água, sem contar que geralmente são áreas o mais

próximo possível dos centros produtores de lixo, no sentido de diminuir os custos

operacionais de transporte, e se caracterizam em pouco tempo em áreas nobres

(em função da proximidade dos centros urbanos), com o rápido esgotamento de seu

uso.

Assim, segundo o mesmo autor, de modo a evitar estes problemas, o papel

da reciclagem está em desenvolver ao consumo da população, dentro do possível,

as substâncias e a energia contida nos resíduos do lixo, de modo que se extraiam

da natureza as quantidades de matérias-primas mínimas, de forma racional e

organizada, protegendo de maneira prática os recursos naturais disponíveis,

preservando efetivamente o meio ambiente.

Segundo UFV/Lesa (2008), para ajudar a diminuir o lixo temos a fórmula dos

RE's que consiste numa apresentação sugestiva de como se pode atingir o objetivo

de conscientização para a prática de reaproveitamento de materiais em busca da

qualidade de vida e preservação do meio ambiente.

1. RE duzir a geração de lixo - é o primeiro passo e a medida mais racional, que

traduz a essência da luta contra o desperdício. São inúmeros os exemplos

domésticos e industriais para a minimização dos resíduos. Sempre que for possível,

é melhor reduzir o consumo de materiais, energia e água, a fim de produzir o mínimo

de resíduos e economizar energia.

2. RE utilizar os bens de consumo - significa dar vida mais longa aos objetos,

aumentando sua durabilidade e reparabilidade ou dando-lhes nova personalidade ou

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uso, muito comum com as embalagens retornáveis, rascunhos, roupas, e nas

oficinas de Arte com Sucatas. Após a utilização de um produto ou material (sólido,

líquido, energia, etc.) deve-se recorrer a todos os meios para reutilizá-lo.

3. RE cuperar os materiais - as usinas de compostagem são unidades

recuperadoras de matéria orgânica. Os catadores recuperam as sucatas, antes

delas virarem lixo.

4. RE ciclar - é devolver o material usado ao ciclo da produção, poupando todo

o percurso dos insumos virgens, com enormes vantagens econômicas e ambientais.

A agricultura e a indústria absorvem grandes quantidades de resíduos, aliviando a

“lata de lixo” das cidades. A reciclagem deve ser aplicada somente para materiais

não reutilizáveis. Embora a reciclagem ajude a conservar recursos naturais, existem

custos econômicos e ambientais associados à coleta de resíduos e ao processo de

reciclagem.

5. RE pensar os hábitos de consumo e de descarte, pois para a maior parte das

pessoas tais atos são compulsivos e, muitas vezes, poluentes. É preciso também

desmistificar a ação de jogar fora, porque, na maioria dos casos, o “fora” não existe.

O lixo não desaparece depois da coleta e acaba sendo destinado a aterros,

incineradores ou usinas, localizados próximos à nossa residência. A educação

ambiental é básica para que os esforços em prol dos 5 RE's sejam vistos com

seriedade pela população.

2.6 Tratamento

Monteiro et al (2001), define tratamento como uma série de procedimentos

destinados a reduzir a quantidade ou o potencial poluidor dos resíduos sólidos, seja

impedindo descarte de lixo em ambiente ou local inadequado, seja transformando-o

em material inerte ou biologicamente estável. O tratamento mais eficaz é o prestado

pela própria população, quando está empenhada em reduzir a quantidade de lixo,

evitando o desperdício, reaproveitando os materiais, separando os recicláveis em

casa ou na própria fonte e se desfazendo do lixo que produz de maneira correta, que

acaba por fazer parte da coleta seletiva.

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Além desses procedimentos, o mesmo autor diz que existem processos

físicos e biológicos que objetivam estimular a atividade dos micoorganismos que

atacam o lixo, decompondo a matéria orgânica e causando poluição. As usinas de

incineração ou de reciclagem e compostagem interferem sobre essa atividade

biológica até que ela cesse, tornando o resíduo inerte e não mais poluidor, pois a

incineração do lixo é também um tratamento eficaz para reduzir o seu volume,

tornando o resíduo absolutamente inerte em pouco tempo, se realizada de forma

adequada. Mas sua instalação e funcionamento são geralmente dispendiosos,

principalmente em razão da necessidade de filtros e implementos tecnológicos

sofisticados para diminuir ou eliminar a poluição do ar provocada por gases

produzidos durante a queima do lixo.

As usinas de reciclagem e compostagem geram emprego e renda e podem

reduzir a quantidade de resíduos que deverão ser dispostos no solo, em aterros

sanitários.

De acordo com Monteiro et al (2001), a economia da energia que seria gasta

na transformação da matéria-prima, já contida no reciclado, e a transformação do

material orgânico do lixo em composto orgânico adequado para nutrir o solo

destinado à agricultura representam vantagens ambientais e econômicas

importantes, proporcionadas pelas usinas de reciclagem e compostagem.

Um aterro sanitário é uma forma para a deposição final de resíduos sólidos

gerados pela atividade humana. Nele são dispostos resíduos domésticos,

comerciais, de serviços de saúde, da indústria de construção, ou dejetos sólidos

retirados do esgoto.

Segundo Monteiro et al (2001), a base do aterro sanitário deve ser constituída

por um sistema de drenagem de efluentes líquidos percolados (chorume1) acima de

uma camada impermeável de polietileno de alta densidade - PEAD, sobre uma

camada de solo compactado para evitar o vazamento de material líquido para o solo,

evitando assim a contaminação de lençóis freáticos. O chorume deve ser tratado

1 É o Líquido malcheiroso e escuro produzido a partir da composição da matéria orgânica contida no

lixo. É ácido e apresenta alto potencial contaminante, podendo poluir o solo e os lençóis de água subterrâneos, principalmente em locais de deposição não controlada de lixo, onde a grande quantidade desse líquido se infiltra facilmente no solo.

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e/ou recirculado (reinserido ao aterro) causando assim uma menor poluição ao meio

ambiente.

Para o mesmo autor, o seu interior deve possuir um sistema de drenagem de

gases que possibilite a coleta do biogás, que é constituído por metano, gás

carbônico(CO2) e água (vapor), entre outros, e é formado pela decomposição dos

resíduos. Este efluente deve ser queimado ou beneficiado. Estes gases podem ser

queimados na atmosfera ou aproveitados para geração de energia. No caso de

países em desenvolvimento, como o Brasil, a utilização do biogás pode ter como

recompensa financeira a compensação por créditos de carbono ou CERs do

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, conforme previsto no Protocolo de Quioto,

como já é feito por diversos aterros sanitários no Brasil: aterro de Nova Iguaçu,

aterro dos Bandeirantes e São João em São Paulo, Embralixo-Arauna em Bragança

Paulista, entre outros.

Sua cobertura é constituída por um sistema de drenagem de águas pluviais,

que não permita a infiltração de águas de chuva para o interior do aterro.

Quando atinge o limite de capacidade de armazenagem, o aterro pode ser

alvo de um processo de monitorização especifico, e se reunidas as condições, pode

albergar um espaço verde ou mesmo um parque de lazer, eliminando assim o efeito

estético negativo. Uma das principais vantages é o fato de poder ser deslocado de

um lugar para outro sem prejudicar a vida animal.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) define da seguinte

forma os aterros sanitários:

Aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos, consiste na técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar danos ou riscos à saúde pública e à segurança, minimizando os impactos ambientais, método este que utiliza os princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos ao menor volume permissível, cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão de cada jornada de trabalho ou à intervalos menores se for necessário. (ABNT, 1992)

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De acordo com monteiro et al (2001), além do aterro sanitário, temos o aterro

controlado, sendo que este prescinde de uma coleta e tratamento do chorume,

assim como da drenagem e queima do biogás.

Um aterro sanitário conta necessariamente com as seguintes unidades:

Unidades operacionais: células de lixo domiciliar; células de lixo hospitalar

(caso o Município não disponha de processo mais efetivo para dar destino final a

esse tipo de lixo); impermeabilização de fundo (obrigatória) e superior (opcional);

sistema de coleta e tratamento dos líquidos percolados (chorume); sistema de coleta

e queima (ou beneficiamento) do biogás; sistema de drenagem e afastamento das

águas pluviais; sistemas de monitoramento ambiental, topográfico e geotécnico;

pátio de estocagem de materiais.

Unidades de apoio: cerca e barreira vegetal; estradas de acesso e de serviço;

balança rodoviária e sistema de controle de resíduos; guarita de entrada e prédio

administrativo; oficina e borracharia.

O Aterro controlado, por não possuir sistema de coleta de chorume, esse

líquido fica retido no interior do aterro. Assim, é conveniente que o volume de água

de chuva que entre no aterro seja o menor possível, para minimizar a quantidade de

chorume gerado. Isso pode ser conseguido empregando-se material argiloso para

efetuar a camada de cobertura provisória e executando-se uma camada de

impermeabilização superior quando o aterro atinge sua cota máxima operacional.

Também, é conveniente que a área de implantação do aterro controlado

tenha um lençol freático profundo, a mais de três metros do nível do terreno.

Normalmente, um aterro controlado é utilizado para cidades que coletem até

50t/dia de resíduos urbanos, sendo desaconselhável para cidades maiores.

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UNIDADE 3 - RESÍDUOS DOS SERVIÇOS DE SAÚDE – RSS

Os resíduos dos serviços de saúde compreendem todos os resíduos gerados

nas instituições destinadas à preservação da saúde da população. Segundo a NBR

12.808 da ABNT, os resíduos de serviços de saúde seguem a classificação

apresentada no Quadro 2, abaixo:

TIPO NOME CARACTERÍSTICA

CLASSE A – RESÍDUOS INFECTANTES

A.1 Biológicos Cultural, inoculo, mistura de microorganismos e meio de cultura inoculado provenientes de laboratório clínico ou de pesquisa, vacina vencida ou inutilizada, filtro de gases aspirados de áreas contaminadas por agente infectantes e qualquer resíduo contaminado por estes materiais.

A.2 Sangue e hemoderivados Sangue e hemoderivados com prazo de validade vencido ou sorologia positiva, bolsa de sangue para análise, soro, plasma e outros subprodutos.

A.3 Cirúrgicos, anatomopatológicos e

exsudato

Tecido, órgão, feto, peça anatômica, sangue e outros líquidos orgânicos resultantes de cirurgia, necropsia e resíduos contaminados por estes materiais.

A.4 Perfurantes e cortantes Agulha, ampola, pipeta, lâmina de bisturi e vidro.

A.5 Animais contaminados Carcaça ou parte de animal inoculado, exposto a microorganismos patogênicos ou portador de doenças infecto-contagiosas, bem como resíduos que tenham estado em contato com eles.

A.6 Assistência a pacientes Secreção e demais líquidos orgânicos procedentes de pacientes bem como os resíduos contaminados por estes materiais, inclusive restos de refeições.

CLASSE B – RESÍDUOS ESPECIAIS

B.1 Rejeitos radioativos Material radioativo ou contaminado com radionuclídeos, proveniente de laboratório de análises clínicas, serviços de medicina nuclear e radioterapia.

B.2 Resíduos farmacêuticos Medicamento vencido, contaminado, interditado ou não utilizado.

B.3 Resíduos químicos perigosos Resíduo tóxico, corrosivo, inflamável, explosivo, reativo, genotóxico ou mutagênico.

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CLASSE C – RESÍDUOS COMUNS

C Resíduos comuns São aqueles que não se enquadram nos tipos A e B, por sua semelhança aos resíduos domésticos, não oferecem risco adicional à saúde pública.

O lixo de serviços de saúde e hospitalar se constitui dos resíduos sépticos, ou

seja, que contêm ou potencialmente podem conter germes patogênicos; ou de

resíduos assépticos destes locais, constituídos por papéis, restos da preparação de

alimentos, resíduos de limpezas gerais (pós, cinzas etc.), e outros materiais que não

entram em contato direto com pacientes ou com os resíduos sépticos, anteriormente

descritos, que são considerados como domiciliares.

Há, no Brasil, mais de 30 mil unidades de saúde, produzindo resíduos e, na

maioria das cidades, a questão da destinação final dos resíduos urbanos não está

resolvida. Predominam os vazadouros a céu aberto.

Segundo Ferreira (1995), da mesma forma que para os resíduos sólidos, em

geral, as propostas de gerenciamento para os resíduos hospitalares têm-se

fundamentado em padrões do Primeiro Mundo.

A questão central que se coloca é sobre a periculosidade ou não dos resíduos

hospitalares. Embora esta seja uma questão não-resolvida, os países desenvolvidos

adotam uma política cautelosa e consideram tais resíduos como resíduos que

exigem tratamento especial. De acordo com Ferreira (1995), a recomendação de

incineração dos resíduos, ou de parte deles, é uma constante. As prefeituras

brasileiras precisam estruturar-se para resolver com maestria os seus problemas,

principalmente pelo fato de termos unidades de saúde em todas elas, ajudando a

maximizar o problema destes resíduos.

3.1 Coleta, tratamento e destinação

De acordo com Monteiro et al (2001), a higiene ambiental dos

Estabelecimentos Assistenciais à Saúde – EAS ou simplesmente Serviços de Saúde

(hospitais, clínicas, postos de saúde, clínicas veterinárias etc.), é fundamental para a

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redução de infecções, pois remove a poeira, os fluidos corporais e qualquer resíduo

dos diversos equipamentos, dos pisos, paredes, tetos e mobiliário por ação

mecânica e com soluções germicidas. O transporte interno dos resíduos, o correto

armazenamento e a posterior coleta e transporte completam as providências para a

redução das infecções.

Sobre as áreas hospitalares, o mesmo autor, mencionado anteriormente, as

classificam em três categorias:

1. Áreas críticas: que apresentam maior risco de infecção, como salas de

operação e parto, isolamento de doenças transmissíveis, laboratórios etc.;

2. Áreas semicríticas: que apresentam menor risco de contaminação, como

áreas ocupadas por pacientes de doenças não-infecciosas ou não-transmissíveis,

enfermarias, lavanderias, copa, cozinha etc.;

3. Áreas não-críticas: que teoricamente não apresentam riscos de transmissão

de infecções, como salas de administração, depósitos etc.

Existem regras a seguir em relação à segregação (separação) de resíduos

infectantes do lixo comum, nas unidades de serviços de saúde, quais sejam:

Todo resíduo infectante, no momento de sua geração, tem que ser disposto

em recipiente próximo ao local de sua geração;

Os resíduos infectantes devem ser acondicionados em sacos plásticos

brancos leitosos, em conformidade com as normas técnicas da ABNT, devidamente

fechados;

Os resíduos perfurocortantes (agulhas, vidros etc.) devem ser acondicionados

em recipientes especiais para este fim;

Os resíduos procedentes de análises clínicas, hemoterapia e pesquisa

microbiológica têm que ser submetidos à esterilização no próprio local de geração;

Os resíduos infectantes compostos por membros, órgãos e tecidos de origem

humana têm que ser dispostos, em separado, em sacos plásticos brancos leitosos,

devidamente fechados;

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Os resíduos infectantes e especiais devem ser coletados separadamente dos

resíduos comuns;

Os resíduos radioativos devem ser gerenciados em concordância com

resoluções da Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN;

Os resíduos infectantes e parte dos resíduos especiais devem ser

acondicionados em sacos plásticos brancos leitosos e colocados em contêineres

basculáveis mecanicamente em caminhões especiais para coleta de resíduos de

serviços de saúde. Tais resíduos representam no máximo 30% do total gerado.

Para Monteiro et al (2001), são muitas as tecnologias para tratamento de

resíduos de serviços de saúde. Até pouco tempo, a disputa no mercado de

tratamento de resíduos de serviços de saúde era entre a incineração e a

autoclavagem, já que, em muitos países, a disposição em valas sépticas não é

aceita. Recentemente, com os avanços da pesquisa no campo ambiental e a maior

conscientização das pessoas, os riscos de poluição atmosférica advindos do

processo de incineração fizeram com que este processo tivesse sérias restrições

técnicas e econômicas de aplicação, devido à exigência de tratamentos muito caros

para os gases e efluentes líquidos gerados, acarretando uma sensível perda na sua

parcela de mercado.

Os processos comerciais disponíveis que atendem às premissas

fundamentais são: a incineração (de grelha fixa ou de leito móvel), fornos rotativos,

pirólise, autoclavagem, microondas, radiação ionizante, desativação eletrotérmica e

tratamento químico.

O único processo de disposição final para esse tipo de resíduo é a vala

séptica, método muito questionado por grande número de técnicos, mas que, pelo

seu baixo custo de investimento e de operação, é o mais utilizado no Brasil. De

acordo com Monteiro et al (2001), a rigor, uma vala séptica é um aterro industrial

Classe II, com cobertura diária dos resíduos e impermeabilização superior

obrigatória, onde não se processa a coleta do percolado.

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UNIDADE 4 - RESÍDUOS SÓLIDOS INDUSTRIAIS – RSI E

RESÍDUOS DAS CONSTRUÇÕES CIVIS

Segundo Monteiro et al (2001) a indústria da construção civil é a que mais

explora recursos naturais. Além disso, a construção civil também é a indústria que

mais gera resíduos. No Brasil, a tecnologia construtiva, normalmente aplicada,

favorece o desperdício na execução das novas edificações.

Enquanto em países desenvolvidos a média de resíduos proveniente de

novas edificações encontra-se abaixo de 100kg/m2, no Brasil este índice gira em

torno de 300kg/m2 edificado.

Em termos quantitativos, esse material corresponde a algo em torno de 50%

da quantidade em peso de resíduos sólidos urbanos coletados em cidades com mais

de 500 mil habitantes de diferentes países, inclusive o Brasil.

Segundo Monteiro et al (2001), em termos de composição, os resíduos da

construção civil são uma mistura de materiais inertes, tais como concreto,

argamassa, madeira, plásticos, papelão, vidros, metais, cerâmica e terra, não

recebem solução adequada, impactam o ambiente urbano e constituem local

propício à proliferação de vetores de doenças, aspectos que aumentam os

problemas de saneamento nas áreas urbanas.

De acordo com Pinto (1999) e Monteiro et al (2001), os resíduos de

construção e demolição (RCD) são partes dos resíduos sólidos urbanos que incluem

também os resíduos domiciliares com todos os problemas anteriormente relatados.

Porém, para os resíduos de construção e demolição há agravantes: o profundo

desconhecimento dos volumes gerados, dos impactos que eles causam, dos custos

sociais envolvidos e, inclusive, das possibilidades de seu reaproveitamento, fazem

com que os gestores dos resíduos se apercebam da gravidade da situação

unicamente nos momentos em que, acuados, vêem a ineficácia de suas ações

corretivas.

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4.1 Geração, classificação, tratamento e disposição

Segundo Swana citado por Pinto (1999), a classificação da origem dos RCD

proposta pela The Solid Waste Association of North América, é bastante útil para a

quantificação de sua geração:

Material de obras viárias;

Material de escavação;

Demolição de edificações;

Construção e renovação de edifícios;

Limpeza de terrenos.

A composição dos RCD originados em cada uma dessas atividades é

diferente em cada país, em função da diversidade de tecnologias construtivas

utilizadas.

De acordo com Pinto (1999), a madeira é muito presente na construção

americana e japonesa, tendo presença menos significativa na construção européia e

na brasileira; o gesso é fartamente encontrado na construção americana e européia

e só recentemente vem sendo utilizado de forma mais significativa nos maiores

centros urbanos brasileiros. Da mesma forma acontece com as obras de infra-

estrutura viária, havendo preponderância do uso de pavimentos rígidos em concreto

nas regiões de clima frio.

Segundo o mesmo autor, além de se tornarem resíduos, acontece um grande

desperdício que implica em custos maiores, sendo considerada como perda a

quantidade de material sobre-utilizada em relação às especificações técnicas ou às

especificações de um projeto, podendo ficar incorporada ao serviço ou transformar-

se em resíduo. O quadro mais comumente encontrado nos municípios de médio e

grande porte é a adequada disposição dos grandes volumes de RCD em aterros de

inertes, também denominados de “bota-foras”. Constitui o problema mais

significativo na destinação dessa parcela dos resíduos o inexorável e rápido

esgotamento das áreas designadas para disposição.

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De acordo com Pinto (1999), os “bota-foras” são áreas de pequeno e grande

porte, privadas ou públicas, que vão sendo designadas oficial ou oficiosamente para

a recepção dos RCD e outros resíduos sólidos inertes. A designação dessas áreas

pela administração pública se faz necessária pelo fato de a ampla maioria das Leis

Orgânicas Municipais prever como competência das municipalidades a definição do

destino dos resíduos municipais. A oferta dessas áreas por agentes privados se faz

em função principalmente do interesse de planificá-las e, com isso, conquistar

valorização no momento da sua comercialização.

Dentre os impactos, que muitas vezes são extremamente visíveis, causados

pelos resíduos das construções, temos: extenso comprometimento da qualidade do

ambiente e da paisagem local; prejuízos às condições de tráfego de pedestres e

veículos; obstrução de córregos; dentre outros.

A presença dos RCD e outros resíduos cria um ambiente propício para a

proliferação de vetores prejudiciais às condições de saneamento e à saúde humana;

é comum nos “bota-foras” e locais de deposições irregulares a presença de

roedores, insetos peçonhentos (aranhas e escorpiões) e insetos transmissores de

endemias perigosas (como a dengue).

Para Pinto (1999), não há dúvidas de que a elevada geração de resíduos

sólidos, determinada pelo acelerado desenvolvimento da economia neste século,

coloca como inevitável a adesão às políticas de valorização dos resíduos e sua

reciclagem, nos países desenvolvidos e em amplas regiões dos países em

desenvolvimento. Os processos de gestão dos resíduos em canteiro, de sofisticação

dos procedimentos de demolição, de especialização no tratamento e reutilização dos

RCD, vão conformando um respeitável e sólido ramo da engenharia civil, atento à

necessidade de usar parcimoniosamente recursos que são finitos e à necessidade

de não sobrecarregar a natureza com dejetos evitáveis.

A reciclagem dos resíduos de construção e demolição no Brasil é bastante

recente, mas vem chamando a atenção dos gestores urbanos pelas possibilidades

que apresenta enquanto solução de destinação dos RCD e solução para a geração

de produtos a baixo custo.

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Segundo Pinto (1999), os primeiros estudos sistemáticos foram realizados a

partir de 1983, PINTO (1986), ocorrendo na sequência os estudos de SILVEIRA

(1993), ZORDAN (1997), LEVY (1997), LATTERZA (1998) e LIMA (1999), além de

uma série de outros estudos pontuais.

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UNIDADE 5 - RESÍDUOS LÍQUIDOS

Os resíduos líquidos ou esgotos sanitários segundo a NORMA NBR 9648/86

são definidos como: “o despejo líquido constituído de esgoto doméstico e industrial,

água de infiltração e a contribuição parasitária”.

- esgoto doméstico: é o despejo líquido resultante do uso da água para

higiene e necessidade fisiológicas humanas.

- esgoto industrial é o despejo líquido resultante dos processos industriais,

respeitados os padrões de lançamento.

- água de infiltração é toda água proveniente do subsolo, indesejável ao

sistema separador e que penetra nas canalizações.

- contribuição parasitária é a parcela do deflúvio superficial inevitavelmente

absorvida pela rede de esgoto sanitário. Como exemplo, temos a penetração direta

nos tampões de poços de visita, ou outras eventuais aberturas, ou ainda pelas áreas

internas das edificações e escoam para a rede coletora, ocorrendo por ocasião das

chuvas mais intensas com expressivo escoamento superficial.

De acordo com UNESP (2008), a coleta e o movimento da drenagem

superficial de águas pluviais, esgotos sanitários e despejos industriais exige a

solução de problemas de natureza diferente dos existentes no sistema de

abastecimento de água. Os esgotos domésticos, por exemplo, que se constituem

das águas servidas, provenientes da utilização da água potável em zonas

residenciais e comerciais, devem ser coletados e removidos para suas áreas de

disposição final ou tratamento, o mais rápido possível, a fim de que se possa evitar o

desenvolvimento de suas condições sépticas.

Os despejos industriais são constituídos pelas águas servidas provenientes

das indústrias que podem, em muitos casos, apresentar produtos químicos que

impossibilitam a sua coleta no mesmo sistema empregado para os aspectos

sanitários.

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Assim, os sistemas de coleta e remoção de resíduos líquidos (também

chamado de esgoto ou águas servidas) podem ser classificados de acordo com a

composição ou espécies das águas a esgotar, tomando designações especiais,

como: sanitário (água usada para fins higiênicos e industriais); sépticos (em fase de

putrefação); pluviais (águas pluviais); combinado (sanitário + pluvial); cru (sem

tratamento); fresco (recente, ainda com oxigênio livre). Existem soluções para a

retirada do esgoto e dos dejetos, havendo ou não água encanada.

Segundo UNESP (2008), existem três tipos de sistemas de esgotos:

1. Sistema unitário: é a coleta dos esgotos pluviais, domésticos e industriais

em um único coletor. Tem custo de implantação elevado, assim como o tratamento

também é caro.

2. Sistema separador: o esgoto doméstico e industrial ficam separados do

esgoto pluvial. É o usado no Brasil. O custo de implantação é menor, pois as águas

pluviais não são tão prejudiciais quanto o esgoto doméstico, que tem prioridade por

necessitar tratamento.

3. Sistema misto: a rede recebe o esgoto sanitário e uma parte de águas

pluviais.

Todos esses sistemas são constituídos de canalizações enterradas,

geralmente assentadas com declividades suficientes para o escoamento livre por

gravidade.

Nesse contexto, o saneamento é o conjunto de medidas, visando a preservar

ou modificar as condições do ambiente com a finalidade de prevenir doenças e

promover a saúde. Saneamento básico se restringe ao abastecimento de água e

disposição de esgotos, mas há quem inclua o lixo nesta categoria. Outras atividades

de saneamento são: controle de animais e insetos, saneamento de alimentos,

escolas, locais de trabalho e de lazer e habitações.

Normalmente, qualquer atividade de saneamento tem os seguintes objetivos:

controlar e prevenir doenças, melhorar a qualidade de vida da população, melhorar a

produtividade do indivíduo e facilitar a atividade econômica.

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Investimentos em saneamento, principalmente no tratamento de esgotos,

diminui a incidência de doenças e internações hospitalares e evita o

comprometimento dos recursos hídricos do município.

A percepção de que a maior parte das doenças é transmitida, principalmente,

através do contato com a água poluída e esgotos não tratados, levou os

especialistas a procurarem soluções integrando várias áreas da administração

pública.

Atualmente, emprega-se o conceito mais adequado de saneamento ambiental. Com

o crescimento desordenado das cidades, no entanto, as obras de saneamento têm

se restringido ao atendimento de emergências, como: evitar o aumento do número

de vítimas de desabamento, contornar o problema de enchentes ou controlar

epidemias.

O saneamento é de responsabilidade do município. No entanto, em virtude

dos custos envolvidos, algumas das principais obras sempre foram administradas

por órgãos estaduais ou federais e quase sempre restritas a soluções para o

problema, como enchentes.

Esgotos, Coleta e Tratamento

Ainda que só 0,1% do esgoto de origem doméstica seja constituído de

impurezas de natureza física, química e biológica, e o restante seja água, o contato

com esses efluentes e a sua ingestão é responsável por cerca de 80% das doenças

e 65% das internações hospitalares. Atualmente, apenas 10% do total de esgotos

produzido recebem algum tipo de tratamento, os outros 90% são despejados “in

natura” nos solos, rios, córregos e nascentes, constituindo-se na maior fonte de

degradação do meio ambiente e de proliferação de doenças.

Investir no saneamento do município melhora a qualidade de vida da

população, bem como a proteção ao meio ambiente urbano. Combinado com

políticas de saúde e habitação, o saneamento ambiental diminui a incidência de

doenças e internações hospitalares. Por evitar comprometer os recursos hídricos

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disponíveis na região, o saneamento ambiental garante o abastecimento e a

qualidade da água. Além disso, melhorando a qualidade ambiental, o município

torna-se atrativo para investimentos externos.

Nas obras de instalação da rede de coleta de esgotos poderão ser

empregados os moradores locais, gerando emprego e renda para a população

beneficiada, que também pode colaborar na manutenção e operação dos

equipamentos.

De acordo com Ambiente Brasil (2008), conduzido pela administração pública

municipal, o saneamento ambiental é uma excelente oportunidade para desenvolver

instrumentos de educação sanitária e ambiental, o que aumenta sua eficácia e

eficiência. Por meio da participação popular, ampliam-se os mecanismos de controle

externo da administração pública, concorrendo também para a garantia da

continuidade na prestação dos serviços e para o exercício da cidadania.

Ainda segundo Ambiente Brasil (2008), apesar de requerem investimentos

para as obras iniciais, as empresas de saneamento municipais são financiadas pela

cobrança de tarifas (água e esgoto) o que garante a amortização das dívidas

contraídas e a sustentabilidade a médio prazo. Como a cobrança é realizada em

função do consumo (o total de esgoto produzido por domicílio é calculado em função

do consumo de água), os administradores públicos podem implementar políticas

educativas de economia em épocas de escassez de água e praticar uma cobrança

justa e escalonada.

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UNIDADE 6 – POLUIÇÃO SONORA

Segundo Pereira Jr (2002) a emissão de sons e ruídos em níveis que causam

incômodos às pessoas e animais e que prejudicam, assim, a saúde e as atividades

humanas, enquadram-se perfeitamente no conceito de poluição legalmente aceito

no Brasil, o qual é, também, de consenso do meio técnico. Como a poluição sonora

pode causar danos à saúde humana, afetando os sistemas auditivo e nervoso das

pessoas, pode aquele que a provocar, ser enquadrado pela lei, sujeitando-se a

penas de reclusão de um a quatro anos, além de multa.

Para Pereira Jr (2002), está entre as competências da União, portanto, a de

estabelecer normas gerais sobre o controle da poluição, entendida esta de forma

ampla, bem como nos planos urbanísticos municipais, onde, por exemplo, as

atividades urbanas devem ser distribuídas de modo a não haver incompatibilidades,

tais como a localização de uma grande metalúrgica no meio de uma área residencial

ou, pior ainda, ao lado de um hospital. São também decisões municipais que

determinam outras medidas mitigadoras da poluição sonora, como: a restrição ao

uso de buzinas em determinadas áreas; e os horários e locais em que podem

funcionar atividades naturalmente barulhentas, como espetáculos musicais e

esportivos, bares, boates, obras civis, etc.

De acordo com o caput do art. 18 da Constituição Federal, o disciplinamento

do uso do solo e das atividades urbanas é estabelecido por meio das leis municipais

de ordenamento urbano e pelos códigos municipais de obras e de posturas. Se, em

determinado Município, essas leis – ou a ausência delas – permitem a poluição

sonora, nada pode ser feito em termos de legislação federal ou estadual, pois o

“Pacto Federativo” garante a autonomia administrativa dos entes federados,

respeitando-se as competências constitucionais de cada um deles.

De acordo com Pereira Jr (2002), para controlar a poluição sonora, os

Municípios e os órgãos ambientais e de trânsito se valem de normas técnicas

editadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT e pelo Instituto

Brasileiro de Normatização e Metrologia – INMETRO, as quais definem os limites de

ruído acima dos quais se caracteriza a poluição. Como normas técnicas, esses

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instrumentos são periodicamente atualizados, de acordo com a evolução

tecnológica, o que não poderia ocorrer – ou seria muito mais difícil de ocorrer – se

fossem leis. Isto sem se levar em conta que as normas técnicas tratam de assuntos

altamente complexos, de natureza especializada e, portanto, impossíveis de serem

tratados pelos poderes legislativos.

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UNIDADE 7 – A LEGISLAÇÃO E O PLANO DE GESTÃO

INTEGRADO E SUSTENTÁVEL DE RESÍDUOS SÓLIDOS

URBANOS – GISRSU

Observamos, ainda nos dias de hoje, principalmente em municípios

pequenos, o depósito de resíduos sólidos a céu aberto ou lixão que é uma forma de

deposição desordenada sem compactação ou cobertura dos resíduos, o que

propicia a poluição do solo, ar e água, bem como a proliferação de vetores de

doenças. Por sua vez, o aterro controlado é outra forma de deposição de resíduo,

tendo como único cuidado a cobertura dos resíduos com uma camada de solo ao

final da jornada diária de trabalho com o objetivo de reduzir a proliferação de vetores

de doenças.

Segundo Zanta e Ferreira (2006), a predominância dessas formas de

destinação final pode ser explicada por vários fatores, tais como: falta de

capacitação técnico-administrativa, baixa dotação orçamentária, pouca

conscientização da população quanto aos problemas ambientais ou mesmo falta de

estrutura organizacional das instituições públicas envolvidas com a questão nos

municípios, o que acaba refletindo na inexistência ou inadequação de planos de

GIRSU.

Para reverter essa situação, uma das ações possíveis é a busca de

alternativas tecnológicas de disposição final sustentável, entendida como aquela que

atente para as condições peculiares dos municípios de pequeno porte quanto às

dimensões ambiental, sócio-cultural, política, econômica e financeira, e que,

simultaneamente, seja integrada às demais etapas do Gerenciamento Integrado e

Sustentável dos Resíduos Sólidos Urbanos (GISRSU).

Nesse sentido, de acordo com Zanta e Ferreira (2006), o aterro sustentável é

uma tecnologia para municípios pequenos que pode ser alternativa para o GISRSU

atendendo vários objetivos, dentre eles:

O manejo ambientalmente adequado de resíduos sólidos urbanos;

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A capacitação técnica das equipes responsáveis pelo projeto, operação,

monitoramento e encerramento do aterro;

A geração de emprego e renda;

Custos adequados à realidade sócio-econômica dos municípios;

O efetivo envolvimento dos atores políticos e institucionais e da população

local.

Para Zaneti e Sá (2004) a gestão integrada dos resíduos sólidos urbanos

deveria implicar na necessidade de compreender a complexidade da questão

socioambiental, ou seja, da ecologia urbana que é alvo do sistema de gestão

proposto, o que inclui conhecer a natureza das fontes geradoras de resíduos, seus

impactos na população e ambiente urbanos, estudando-se a realidade local em seus

aspectos sócio-econômicos, políticos, e pessoais/coletivos, além de articulá-los com

os impactos da dimensão global, para que se obtenha uma visão real da

complexidade da questão.

Essa integração exige a criação de redes relacionais de sustentação da

comunicação entre os atores, que, no caso dos resíduos sólidos urbanos, são os

produtores, catadores, o poder público, os serviços privados, os intermediários e as

empresas que utilizam os resíduos como matéria prima.

As instituições responsáveis pelo sistema de GISRSU devem contar com a

existência de uma estrutura organizacional que forneça o suporte necessário ao

desenvolvimento das atividades do sistema de gerenciamento. A concepção desse

sistema abrange vários subsistemas com funções diversas, como de planejamento

estratégico, técnico, operacional, gerencial, recursos humanos, entre outros.

Esta concepção é condicionada pela disponibilidade de recursos financeiros e

humanos, como também pelo grau de mobilização e participação social. Para

municípios de pequeno porte, observa-se muitas vezes uma organização hierárquica

construída com base no princípio da especialização funcional, no qual a cadeia de

comando flui do topo para a base da organização, como ilustrado pela figura abaixo:

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Exemplo de estrutura organizacional do sistema de gerenciamento integrado de

RSU para um município de pequeno porte.

Fonte: Zanta e Ferreira (2006, p. 11).

Nesse exemplo, observa-se que o sistema de GIRSU constitui-se em uma

das gerências da Secretaria de Saneamento Ambiental da Prefeitura Municipal,

assistida pelo Conselho de Saneamento Ambiental, formado por segmentos

representativos da comunidade com função de contribuir com a proposição e o

controle do GIRSU.

A essa gerência de resíduos sólidos urbanos, com atribuição técnica de

planejamento, projeto e operação, está subordinado o setor de fiscalização e

atendimento, ao qual compete a fiscalização do desempenho das atividades e a

comunicação com a população quanto às demandas e esclarecimentos, não

possuindo estruturas próprias de suporte jurídico, financeiro e administrativo.

Alguns aspectos do arranjo institucional, como normas municipais para a

limpeza urbana, a capacitação técnica continuada dos profissionais e sua motivação

para o melhor desempenho de suas atribuições e a existência de um canal de

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comunicação a fim de possibilitar a participação social nos processos decisórios,

ouvir e atender demandas, divulgar os serviços prestados, bem como permitir a

formação de consciência coletiva sobre a importância da limpeza pública por meio

da educação ambiental, quando implementados, favorecem a melhoria dos serviços

prestados.

As diretrizes das estratégias de gestão e gerenciamento de resíduos sólidos

urbanos buscam atender aos objetivos do conceito de prevenção da poluição,

evitando-se ou reduzindo a geração de resíduos e poluentes prejudiciais ao meio

ambiente e à saúde pública. Desse modo, busca-se priorizar, em ordem decrescente

de aplicação: a redução na fonte, o reaproveitamento, o tratamento e a

disposição final. No entanto, cabe mencionar que a hierarquização dessas

estratégias é função das condições legais, sociais, econômicas, culturais e

tecnológicas existentes no município, bem como das especificidades de cada

tipo de resíduo.

A redução na fonte pode ocorrer por meio de mudanças no produto, pelo uso

de boas práticas operacionais e/ou pelas mudanças tecnológicas e/ou de insumos

do processo. De acordo com Valle citado por Zanta e Ferreira (2006), a estratégia de

reaproveitamento engloba as ações de reutilização, a reciclagem e a recuperação.

Observa-se que no reuso, o resíduo está pronto para ser reutilizado, enquanto a

reciclagem exige um processo transformador com emprego de recursos naturais e

possibilidade de geração de resíduos, embora possa produzir um bem de maior

valor agregado. Por último, têm-se as ações de tratamento e disposição final que

buscam assegurar características mais adequadas ao lançamento dos resíduos no

ambiente.

As ações de gerenciamento podem ser promovidas por meio de instrumentos

presentes em políticas de gestão. Segundo Milanez citado por Zanta e Ferreira

(2006), os instrumentos econômicos compreendem os tributos, subsídios ou

incentivos fiscais; os instrumentos voluntários, as iniciativas individuais; e os

instrumentos de comando e controle, as leis, normas e punições.

O sistema de GIRSU pode ser composto por atividades relacionadas às

etapas de geração, acondicionamento, coleta e transporte, reaproveitamento,

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tratamento e destinação final. Na etapa de geração de resíduos sólidos, alteração

no padrão de consumo da sociedade que promova a não geração, incentivar o

consumo de produtos mais apropriados ambientalmente ou mesmo o

compartilhamento de bens, contribui para melhoria da condição de vida da

comunidade. Ainda nessa etapa, a ação de segregar os resíduos com base em suas

características possibilitará a valorização dos resíduos e maior eficiência das demais

etapas subsequentes de gerenciamento por evitar a contaminação de quantidades

significativas de materiais reaproveitáveis em decorrência da mistura de resíduos.

Segundo Zanta e Ferreira (2006), o acondicionamento dos resíduos sólidos,

por sua vez, deve ser compatível com suas características quali-quantitativas,

facilitando a identificação e possibilitando o manuseio seguro dos resíduos, durante

as etapas de coleta, transporte e armazenamento. A coleta e transporte consistem

nas operações de remoção e transferência dos resíduos sólidos urbanos para um

local de armazenamento, processamento ou destinação final. Essa atividade pode

ser realizada de forma seletiva ou por coleta dos resíduos misturados. A coleta dos

resíduos misturados, denominada de regular ou convencional, é realizada, em geral,

no sistema de porta em porta ou ainda, em áreas de difícil acesso, por meio de

pontos de coleta onde são colocados contêineres basculantes ou intercambiáveis. A

coleta seletiva é a coleta de materiais segregados na fonte de geração passíveis de

serem reutilizados, reciclados ou recuperados. Pode ser realizada de porta em porta

com veículos coletores apropriados ou por meio de Postos de Entrega Voluntária

(PEVs) dos materiais segregados.

Para Zanta e Ferreira (2006), o dimensionamento da frota de veículos

coletores empregados para o transporte é estabelecido com base nas características

quali-quantitativas dos resíduos a serem coletados e da área de coleta, como, por

exemplo, o tipo de sistema viário, pavimentação, topografia, iluminação e outras.

Vários tipos de veículos coletores podem ser utilizados, como caminhões

compactadores, caminhões basculantes, caminhões com carroceria de madeira

aberta, veículos utilitários de médio porte, caminhões-baú ou carroças.

Independentemente do tipo de coleta a ser adotado, a educação ambiental é peça

fundamental para a aceitação confiabilidade nos serviços prestados, motivando a

participação da comunidade.

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O reaproveitamento e o tratamento dos resíduos são ações corretivas cujos

benefícios podem ser a valorização de resíduos, ganhos ambientais com a redução

do uso de recursos naturais e da poluição, geração de emprego e renda e aumento

da vida útil dos sistemas de disposição final. Essas ações devem ser precedidas de

estudos de viabilidade técnica e econômica, uma vez que fatores como qualidade do

produto e mercado consumidor podem ser restritivos ao uso de algumas dessas

alternativas.

Essas ações, quando associadas à coleta seletiva, ganham maior eficiência

por utilizarem como matéria prima, resíduos de melhor qualidade. Os resíduos

coletados também podem ter maior valor agregado se beneficiados por meio de

procedimentos como segregação por tipo de materiais constituintes, lavagem,

trituração, peneiramento, prensagem e enfardamento, de acordo com as exigências

do mercado consumidor.

Segundo Zanta e Ferreira (2006), para municípios de pequeno porte, a

disposição final dos RSU deve ser realizada segundo técnicas de engenharia de

modo não prejudicar o meio ambiente e a saúde pública. Algumas técnicas

recomendadas na literatura para municípios de pequeno porte são: aterros em valas

(Cetesb, 1997), aterro simplificado (Fiuza et al., 2002) e aterro manual (Jaramillo,

1991).

Temos, abaixo, algumas das atividades operacionais de GISRSU relativas

aos RSU domésticos e àqueles oriundos dos serviços de limpeza pública que

abrangem, neste exemplo, atividades de varrição, capina, raspagem, poda, limpeza

de feiras e limpeza de boca-de-lobo.

Atividades operacionais relacionadas aos resíduos sólidos domésticos e de limpeza

pública.

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Fonte: Zanta e Ferreira (2006, p. 14).

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (2001):

O plano de gerenciamento é um documento que apresenta a situação atual do sistema de limpeza urbana, com a pré-seleção das alternativas mais viáveis, com o estabelecimento de ações integradas e diretrizes sob os aspectos ambientais, econômicos, financeiros, administrativos, técnicos, sociais e legais para todas as fases de gestão dos resíduos sólidos, desde a sua geração até a destinação final. (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, BRASIL, 2001).

Considerando essa definição, no plano de gerenciamento deve haver um

diagnóstico da situação atual que apresente os aspectos institucionais, legais,

administrativos, financeiros, sociais, educacionais, operacionais e ambientais do

sistema de limpeza pública, como também, informações gerais sobre o município. As

informações relativas ao município abrangem: a coleta de dados sobre os aspectos

geográficos, sócio-econômicos, de infra-estrutura urbana e da população atual,

flutuante e prevista. Em relação ao sistema de limpeza pública são informações de

interesse:

Características quantitativas e qualitativas dos resíduos sólidos urbanos;

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44

Identificação e análise das disposições legais existentes, incluindo contratos

de execução de serviços de limpeza urbana municipal por terceiros;

Identificação e descrição da estrutura administrativa (organização e alocação

de recursos humanos);

Identificação, levantamento e caracterização da estrutura operacional dos

serviços prestados (infra-estrutura física, procedimentos e rotinas de trabalho);

Identificação dos aspectos sociais (presença de catadores na disposição final,

coleta informal, existência de cooperativas ou associações);

Identificação, levantamento e caracterização da estrutura financeira do

serviço de limpeza urbana (remuneração e custeio, investimentos, controle de

custos);

Identificação e caracterização de ações ou programas de educação

ambiental.

Depois da obtenção e da sistematização de dados e informações, é possível

realizar um diagnóstico em que sejam identificados os problemas, as deficiências e

as lacunas existentes e suas prováveis causas. Esta primeira fase subsidiará a

elaboração do prognóstico contendo a concepção e o desenvolvimento do plano de

gerenciamento. A concepção, as proposições e as alternativas apresentadas no

plano fundamentam-se em princípios e diretrizes de políticas públicas existentes ou

a serem propostas que precisam estar claramente mencionadas no texto do plano.

O plano de gerenciamento deve contemplar:

O modelo tecnológico, sua estrutura operacional e estratégia de implantação

com as devidas justificativas e com definição de metas e prazos;

A estrutura financeira e estudos econômicos com a definição das fontes de

captação dos recursos necessários à implantação e operacionalização do sistema

previsto pelo plano (organograma, remuneração e custeio);

A proposição de uma estrutura organizacional e jurídica necessária ou a

adequação da estrutura existente, com a inserção da participação e do controle

social;

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Planos que promovam a inserção social para os grupos sociais envolvidos;

Programas e ações de atividades de educação ambiental.

Monitoramento dos programas de gestão, empregando-se como ferramentas,

indicadores que resumem de forma inteligível e comparável uma série de

informações, tais como, os de desempenho, os econômico-financeiros e sócio-

econômicos e ambientais.

De acordo com Zanta e Ferreira (2006), além da Constituição Federal, o

Brasil já dispõe de uma legislação ampla (leis, decretos, portarias, etc.) mas que, por

si só, não tem conseguido equacionar o problema do GIRSU. A falta de diretrizes

claras, de sincronismo entre as fases que compõem o sistema de gerenciamento e

de integração dos diversos órgãos envolvidos com a elaboração e aplicação das leis

possibilitam a existência de algumas lacunas e ambiguidades, dificultando o seu

cumprimento.

Nas diferentes esferas governamentais, ainda são iniciativas recentes ou

inexistem leis específicas de Políticas de Gestão de Resíduos Sólidos que

estabeleçam objetivos, diretrizes e instrumentos em consonância com as

características sociais, econômicas e culturais de Estados e municípios. Alguns dos

principais instrumentos legais e normativos de interesse para o tema são citados e

comentados brevemente.

Segundo IPT/Cempre citado por Zanta e Ferreira (2006), a Constituição

Federal, promulgada em 1988, estabelece em seu artigo 23, inciso VI, que “compete

à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios proteger o meio ambiente

e combater a poluição em qualquer das suas formas”. No artigo 24, estabelece a

competência da União, dos Estados e do Distrito Federal em legislar

concorrentemente sobre “[...] proteção do meio ambiente e controle da poluição”

(inciso VI) e, no artigo 30, incisos I e II, estabelece que cabe, ainda, ao poder público

municipal “legislar sobre os assuntos de interesse local e suplementar a legislação

federal e a estadual no que couber”. A Lei Federal n. 6.938, de 31/8/81, que dispõe

sobre a Política Nacional de Meio Ambiente, institui a sistemática de Avaliação de

Impacto Ambiental para atividades modificadoras ou potencialmente modificadoras

da qualidade ambiental, com a criação da Avaliação de Impacto Ambiental (AIA). A

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AIA é formada por um conjunto de procedimentos que visam assegurar que se

realize exame sistemático dos potenciais impactos ambientais de uma atividade e de

suas alternativas. Também no âmbito da Lei n. 6.938/81 ficam instituídas as licenças

a serem obtidas ao longo da existência das atividades modificadoras ou

potencialmente modificadoras da qualidade ambiental.

A Lei de Crimes Ambientais (Brasil, n. 9.605, de fevereiro de 1998) dispõe

sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades

lesivas ao meio ambiente e dá outras providências. Em seu artigo 54, parágrafo 2º,

inciso V, penaliza o lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos em

desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos. No parágrafo

3º, do mesmo artigo, a lei penaliza quem deixar de adotar, quando assim o exigir a

autoridade competente, medidas de precaução em caso de risco de dano ambiental

grave ou irreparável.

Outras legislações federais de interesse são:

Resolução Conama n. 005, de 31 de março de 1993 – Dispõe sobre o

tratamento de resíduos gerados em estabelecimentos de saúde, portos e aeroportos

e terminais ferroviários e rodoviários;

Lei ordinária 787, de 1997 – Dispõe sobre o Programa de Prevenção de

Contaminação por Resíduos Tóxicos, a ser promovido por empresas fabricantes de

lâmpadas fluorescentes, de vapor de mercúrio, vapor de sódio e luz mista e dá

outras providências;

Resolução Conama n. 237, de 19 de dezembro de 1997 – Estabelece norma

geral sobre licenciamento ambiental, competências, listas de atividades sujeitas a

licenciamento, etc.;

Resolução Conama n. 257, de 30 de junho de 1999 – Define critérios de

gerenciamento para destinação final ambientalmente adequada de pilhas e baterias,

conforme especifica;

Resolução Conama n. 283/2001 – Dispõe sobre o tratamento e a destinação

final dos resíduos dos serviços de saúde. Esta resolução visa aprimorar, atualizar e

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complementar os procedimentos contidos na Resolução Conama n.05/93 e estender

as exigências às demais atividades que geram resíduos de serviços de saúde.

Da normalização técnica da Associação Brasileira de Normas Técnicas

(ABNT) são citadas somente algumas mais específicas ao tema tratado:

NBR 7039, de 1987 – Pilhas e acumuladores elétricos – Terminologia.

NBR 7500, de 1994 – Símbolos de riscos e manuseio para o transporte e

armazenamento de materiais.

NBR 7501, de 1989 – Transporte de produtos perigosos – Terminologia.

NBR 9190, de 1993 – Sacos plásticos – Classificação.

NBR 9191, de 1993 – Sacos plásticos – Especificação.

NBR 9800, de 1987 – Critérios para lançamento de efluentes líquidos

industriais no sistema coletor público de esgoto sanitário – Procedimento.

NBR 10004, de 1987 – Resíduos sólidos – Classificação.

NBR 10005 – Lixiviação de resíduos.

NBR 10006 – Solubilização de resíduos.

NBR 10007 – Amostragem de resíduos.

NBR 11174, de 1990 – Armazenamento de resíduos classe II, não-inertes, e

III, inertes – Procedimentos.

NBR 12245, de 1992 – Armazenamento de resíduos sólidos perigosos –

Procedimentos.

NBR 12807, de 1993 – Resíduos de serviço de saúde – Terminologia.

NBR 12808, de 1993 – Resíduos de serviço de saúde – Classificação.

NBR 12809, de 1993 – Manuseio de resíduos de serviço de saúde –

Procedimento.

NBR 13055, de 1993 – Sacos plásticos para acondicionamento de lixo –

Determinação da capacidade volumétrica.

NBR 13221, de 1994 – Transporte de resíduos – Procedimento.

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NBR 13463, de 1995 – Coleta de resíduos sólidos – Classificação.

NBR 8419, de 1992 – Apresentação de projetos de aterros sanitários de

resíduos sólidos urbanos.

NBR 13896, de 1997 – Aterros de Resíduos não Perigosos – Critérios para

Projeto, Implantação e Operação.

Segundo Zanta e Ferreira (2006), deve-se ressaltar que, até o momento, não

há legislação específica sobre o procedimento de licenciamento ambiental ou da

ABNT para aterros de disposição de resíduos em município de pequeno porte. Esta

falta de regulamentação faz com que alguns órgãos ambientais questionem a

adoção de tecnologias como a do aterro sustentável, que, apoiado em métodos

científicos, apresente a simplificação de alguma etapa clássica de dimensionamento

ou de operação, sem implicar a redução da eficácia da solução.

Para Monteiro et al (2001), o Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos

Urbanos é, em síntese, o envolvimento de diferentes órgãos da administração

pública e da sociedade civil com o propósito de realizar a limpeza urbana, a coleta, o

tratamento e a disposição final do lixo, elevando assim a qualidade de vida da

população e promovendo o asseio da cidade, levando em consideração as

características das fontes de produção, o volume e os tipos de resíduos – para a

eles ser dado tratamento diferenciado e disposição final técnica e ambientalmente

corretas – as características sociais, culturais e econômicas dos cidadãos e as

peculiaridades demográficas, climáticas e urbanísticas locais.

Para tanto, as ações normativas, operacionais, financeiras e de planejamento

que envolvem a questão devem se processar de modo articulado, segundo a visão

de que todas as ações e operações envolvidas encontram-se interligadas,

comprometidas entre si.

De acordo com Zanta e Ferreira (2006), para além das atividades

operacionais, o gerenciamento integrado de resíduos sólidos destaca a importância

de se considerar as questões econômicas e sociais envolvidas no cenário da

limpeza urbana e, para tanto, as políticas públicas – locais ou não – que possam

estar associadas ao gerenciamento do lixo, sejam elas na área de saúde, trabalho e

renda, planejamento urbano etc.

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UNIDADE 8 - OS ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS, SOCIAIS,

ECONÔMICOS E AMBIENTAIS DOS RESÍDUOS URBANOS

Antes de analisarmos os aspectos epidemiológicos, sociais, econômicos e

ambientais dos RSU, vamos mostrar algumas estatísticas e fazer algumas

pontuações pertinentes.

De acordo com Alberguini (2002), cerca de 76% do lixo (ou resíduos sólidos)

produzido no Brasil vai para lixões, 13% para aterros controlados, 10% para aterros

sanitários e apenas 1% passa por processos de compostagem, reciclagem ou

incineração.

O processo de coleta, transporte, tratamento e destinação final dos resíduos

sólidos é de responsabilidade dos municípios e transformou-se em um dos grandes

problemas enfrentados por inúmeros governantes que não sabem o que fazer com

tanto lixo.

Segundo Alberguini (2002), os lixões, para onde vai a maior parte do lixo

doméstico, são depósitos a céu aberto, onde os resíduos, depositados de forma

regular ou clandestinamente, formam verdadeiras montanhas. Além da poluição

visual, do risco de contaminação do solo, de rios e águas subterrâneas - caso os

resíduos alcancem o lençol freático - nos lixões proliferam parasitas causadores de

doenças. Muitas pessoas, ainda, lançam seus lixos em vias públicas, rios, praias,

mares, em terrenos baldios, margens de vias públicas, redes de esgoto, entre outros

locais impróprios.

Os aterros sanitários são uma forma um pouco mais sofisticada de depósito

desses materiais, mas que também possuem vida útil limitada.

Ficou bem claro, até o momento, que os resíduos sólidos e líquidos se

constituem em graves problemas para as cidades, as quais têm crescido em ritmo

acelerado e desordenado, ou seja, sem planejamento algum. As cidades, por sua

vez, se constituem de pessoas, as quais sofrem em vários aspectos, como veremos

a seguir, mas de imediato podemos fazer algumas relações que mostram o aumento

da geração de lixo nas cidades.

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Demograficamente, quanto maior a população, maior a geração per capita e,

por conseguinte, maiores os problemas com a geração de resíduos.

Sócio-economicamente:

Quanto maior o nível cultural, maior a incidência de materiais recicláveis e

menor a incidência de matéria orgânica;

Quanto maior o nível educacional, menor a incidência de matéria orgânica;

Quanto maior o poder aquisitivo, maior a incidência de materiais recicláveis e

menor a incidência de matéria orgânica (no mês – maior o consumo de supérfluos).

No que diz respeito à relação com a comunidade, reciclagem e catadores, um

dos aspectos sociais mais degradantes nos serviços de limpeza urbana é a catação

de recicláveis nos aterros e lixões, onde pessoas de todas as idades, misturadas ao

lixo, entre animais e máquinas, e em condições de insalubridade e risco, lutam pela

sobrevivência. Aqui podemos juntar todos os aspectos epidemiológicos, sociais e

econômicos, pois os lixões transmitem doenças as mais variadas e são locais

degradantes para a condição humana.

De acordo com Monteiro et al (2001), a participação de catadores na

segregação informal do lixo, seja nas ruas ou nos vazadouros e aterros, é o ponto

mais agudo e visível da relação do lixo com a questão social. Trata-se do elo perfeito

entre o inservível – lixo – e a população marginalizada da sociedade que, no lixo,

identifica o objeto a ser trabalhado na condução de sua estratégia de sobrevivência.

A dimensão ambiental, no seu sentido positivo, configura-se crescentemente

como uma questão que envolve um conjunto de atores do universo educativo,

potencializando o engajamento dos diversos sistemas de conhecimento, a

capacitação de profissionais e a comunidade universitária numa perspectiva

interdisciplinar. Nesse sentido, a produção de conhecimento deve necessariamente

contemplar as inter-relações do meio natural com o social, incluindo a análise dos

determinantes do processo, o papel dos diversos atores envolvidos e as formas de

organização social que aumentam o poder das ações alternativas de um novo

desenvolvimento, numa perspectiva que priorize novo perfil de desenvolvimento,

com ênfase na sustentabilidade socioambiental.

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Tomando-se como referência o fato de a maior parte da população brasileira

viver em cidades, observa-se uma crescente degradação das condições de vida,

refletindo uma crise ambiental. Isto nos remete a uma necessária reflexão sobre os

desafios para mudar as formas de pensar e agir em torno da questão ambiental

numa perspectiva contemporânea. Leff citado por Jacobi (2003), fala sobre a

impossibilidade de resolver os crescentes e complexos problemas ambientais e

reverter suas causas sem que ocorra uma mudança radical nos sistemas de

conhecimento, dos valores e dos comportamentos gerados pela dinâmica de

racionalidade existente, fundada no aspecto econômico do desenvolvimento.

Nesse sentido, a educação ambiental, assume uma função transformadora na

realidade, na qual a co-responsabilização dos indivíduos torna-se um objetivo

essencial para promover um novo tipo de desenvolvimento – o desenvolvimento

sustentável.

Somando-se os esforços através da iniciativa dos gestores públicos, apoiados

por especialistas, a educação ambiental é condição necessária para modificar um

quadro de crescente degradação socioambiental, inclusive os problemas com a

grande geração de resíduos sólidos urbanos.

Como diz Jacobi (2003):

A problemática da sustentabilidade assume neste novo século um papel central na reflexão sobre as dimensões do desenvolvimento e das alternativas que se configuram. O quadro socioambiental que caracteriza as sociedades contemporâneas revela que o impacto dos humanos sobre o meio ambiente tem tido consequências cada vez mais complexas, tanto em termos quantitativos quanto qualitativos. (JACOBI, 2003, p.195).

Ainda na dimensão ambiental e epidemiológica encontramos agentes físicos,

químicos e biológicos presente nos RSU e mesmo nos processos dos sistemas de

seu gerenciamento que podem interferir na saúde humana e no meio ambiente, a

saber:

Agentes físicos: o odor emanado dos resíduos pode causar mal-estar,

cefaléias e náuseas em trabalhadores e pessoas que se encontrem proximamente a

equipamentos de coleta ou de sistemas de manuseio, transporte e destinação final.

Ruídos em excesso, durante as operações de gerenciamento dos resíduos, podem

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promover a perda parcial ou permanente da audição, cefaléia, tensão nervosa,

estresse, hipertensão arterial. Um agente comum nas atividades com resíduos é a

poeira, que pode ser responsável por desconforto e perda momentânea da visão, e

por problemas respiratórios e pulmonares. Em algumas circunstâncias, a vibração de

equipamentos (na coleta, por exemplo) pode provocar lombalgias e dores no corpo,

além de estresse. Responsáveis por ferimentos e cortes nos trabalhadores da

limpeza urbana, os objetos perfurantes e cortantes são sempre apontados entre os

principais agentes de riscos nos resíduos sólidos.

Agentes químicos: nos resíduos sólidos municipais pode ser encontrada uma

variedade muito grande de resíduos químicos, dentre os quais merecem destaque

pela presença mais constante: pilhas e baterias; óleos e graxas;

pesticidas/herbicidas; solventes; tintas; produtos de limpeza; cosméticos; remédios;

aerossóis. Uma significativa parcela destes resíduos é classificada como perigosa e

pode ter efeitos deletérios à saúde humana e ao meio ambiente. Metais pesados

como chumbo, cádmio e mercúrio, incorporam-se à cadeia biológica, têm efeito

acumulativo e podem provocar diversas doenças como saturnismo e distúrbios no

sistema nervoso, entre outras. Pesticidas e herbicidas têm elevada solubilidade em

gorduras que, combinada com a solubilidade química em meio aquoso, pode levar à

magnificação biológica e provocar intoxicações agudas no ser humano (são

neurotóxicos), assim como efeitos crônicos (Kupchella & Hyland, 1993 apud Ferreira

e Anjos, 2001).

Agentes biológicos: transmitem doenças direta e indiretamente.

Microorganismos patogênicos ocorrem nos resíduos sólidos municipais mediante a

presença de lenços de papel, curativos, fraldas descartáveis, papel higiênico,

absorventes, agulhas e seringas descartáveis e camisinhas, originados da

população; dos resíduos de pequenas clínicas, farmácias e laboratórios e, na

maioria dos casos, dos resíduos hospitalares, misturados aos resíduos domiciliares

(Collins & Kenedy, 1992; Ferreira, 1997). Alguns agentes que podem ser ressaltados

são: os agentes responsáveis por doenças do trato intestinal (Ascaris lumbricoides;

Entamoeba coli; Schistosoma mansoni); o vírus causador da hepatite

(principalmente do tipo B), pela sua capacidade de resistir em meio adverso; e o

vírus causador da AIDS, mais pela comoção social que desperta do que pelo risco

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associado aos resíduos, já que apresenta baixíssima resistência em condições

adversas. Além desses, devem também ser referidos os microorganismos

responsáveis por dermatites. A transmissão indireta se dá pelos vetores que

encontram nos resíduos, condições adequadas de sobrevivência e proliferação

(FERREIRA E ANJOS, 2001).

Riscos ocupacionais: a saúde do trabalhador envolvido nos processos de

operação do sistema de gerenciamento dos resíduos sólidos municipais está

relacionada não só aos riscos ocupacionais inerentes aos processos, mas também

às suas condições de vida (Anjos et al., 1995; Velloso, 1995 apud Ferreira e Anjos,

2001).

Novamente, englobando todas as dimensões, encontramos os riscos de

acidentes e de agravos à saúde que mesmo dependendo da atividade exercida pelo

trabalhador, tem relação com o manuseio direto de RSU e que merecem ser

destacados para reflexão e prevenção por parte dos gestores públicos.

Cortes com vidros: caracterizam o acidente mais comum entre trabalhadores

da coleta domiciliar e das esteiras de catação de usinas de reciclagem e

compostagem, e também entre os catadores dos vazadouros de lixo. As estatísticas

deste tipo de acidente são subnotificadas, uma vez que os cortes de pequena

gravidade não são, na maioria das vezes, informados pelos trabalhadores, que não

os consideram acidentes de trabalho.

A principal causa destes acidentes é a falta de informação e conscientização

da população em geral, que não se preocupa em isolar ou separar vidros quebrados

dos resíduos apresentados à coleta domiciliar. A adoção obrigatória de sacos

plásticos para o acondicionamento dos resíduos sólidos municipais, com efeitos

positivos na qualidade dos serviços de limpeza urbana, infelizmente amplia os riscos

pela opacidade dos mesmos e ausência de qualquer rigidez que possa proteger o

trabalhador. A utilização de luvas pelo trabalhador atenua, mas não impede a maior

parte dos acidentes, que não atingem apenas as mãos, mas também braços e

pernas.

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Cortes e perfurações com outros objetos pontiagudos: espinhos, pregos,

agulhas de seringas e espetos são responsáveis por corriqueiros acidentes

envolvendo trabalhadores. Os motivos são semelhantes aos do item anterior.

Queda do veículo: a natureza dos trabalhos no sistema de limpeza urbana,

em especial na coleta domiciliar e operações especiais de limpeza de logradouros,

acaba por obrigar o transporte dos trabalhadores nos mesmos veículos utilizados

para a coleta e transporte dos resíduos. Isso faz com que as quedas de veículos

sejam comuns. Dois aspectos são importantes como causas destes acidentes

(muitos dos quais fatais): a inadequação dos veículos para tal transporte, onde o

exemplo maior é o veículo de coleta em que os trabalhadores são transportados

dependurados no estribo traseiro, sem nenhuma proteção (os veículos de coleta são

construídos com base na tecnologia dos países desenvolvidos, onde a coleta é

realizada por guarnições de no máximo dois homens, que viajam na cabine junto

com o motorista); e a elevada presença de alcoolismo entre trabalhadores da

limpeza urbana (Robazzi et al., 1992 apud FERREIRA E ANJOS, 2001).

Atropelamentos: a eles estão expostos tanto os trabalhadores da coleta

domiciliar e limpeza de logradouros como os trabalhadores de locais de

transferência e destinação final dos resíduos. Além dos riscos inerentes à atividade,

contribuem para os atropelamentos a sobrecarga e a velocidade de trabalho a que

estão sujeitos os trabalhadores e o pouco respeito que os motoristas em geral têm

para os limites e regras estabelecidas para o trânsito. Também deve ser lembrada a

ausência de uniformes adequados (roupas visíveis, sapatos resistentes e

antiderrapantes) como um fator de agravamento dos riscos de atropelamento.

Outros: ferimentos e perdas de membros por prensagem em equipamentos

de compactação e outras máquinas, mordidas de animais (cães, ratos) e picadas de

formigas também fazem parte da relação de acidentes com resíduos sólidos

municipais.

Especificar doenças ocupacionais relacionadas aos resíduos sólidos

municipais é tarefa complexa. Os trabalhadores dos sistemas de limpeza urbana

estão expostos a poeiras, a ruídos excessivos, ao frio, ao calor, à fumaça e ao

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monóxido de carbono, à adoção de posturas forçadas e incômodas e também a

microorganismos patogênicos presentes nos resíduos municipais.

Além disso, entende-se que as condições de trabalho devam ser

consideradas, de acordo com Mattos citado por Ferreira e anjos (2001), como:

forma mais integrada e global, onde as cargas de trabalho são determinadas por fatores relativos ao processo de trabalho - a organização do trabalho e as condições ambientais; e por fatores relativos ao indivíduo - sexo, idade e condições de inserção na produção, nível de aprendizagem, condições de vida, estado de saúde física e emocional, motivação e interesse (MATTOS apud FERREIRA E ANJOS, 2001, p.11)

Ainda com relação a doenças ocupacionais relacionadas às atividades com

resíduos sólidos municipais, de acordo com Ferreira e Anjos (2001), as micoses são

comuns, aparecendo mais frequentemente (mas não exclusivamente) nas mãos e

pés, onde as luvas e calçados estabelecem condições favoráveis para o

desenvolvimento de microorganismos.

Segundo Ferreira e Anjos (2001), em todas as operações, a exposição a

poeiras orgânicas e microorganismos pode ser causadora de doenças do trato

respiratório. A exposição a acidentes com agulhas hipodérmicas e a eventual

presença de microorganismos patogênicos podem ser responsáveis por

acometimentos de hepatite B e AIDS entre outras doenças, nos trabalhadores. No

entanto, não existem estudos que comprovem o nexo causal destas doenças nos

trabalhadores envolvidos com os resíduos sólidos municipais.

Por fim, segundo Ferreira e Anjos (2001), também, deve-se fazer referência

ao estresse, como resultado das tensões a que os trabalhadores estão sujeitos, dos

longos períodos de transporte no trajeto casa-trabalho-casa, dos problemas de

sobrevivência e agravos nutricionais (tanto desnutrição quanto obesidade)

resultantes dos baixos salários e do desgaste que a carga fisiológica do trabalho

pode produzir. O estresse pode ser a causa invisível de muitos dos acidentes de

trabalho, pela redução da capacidade de autocontrole dos trabalhadores, e de

doenças ocupacionais, pela redução das defesas naturais e do desgaste dos

organismos.

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Desse modo, os impactos ambientais e econômicos são a decorrência da

inexistência de solução para o descarte correto e para a captação racional dos

resíduos. Nesse sentido, os gestores precisam balizar suas ações, conhecendo os

volumes reais de resíduos sólidos gerados e relacioná-los com importantes agentes

do processo. Entretanto, o que deveria ser feito seria o planejamento das cidades

como prioridade de governantes que pensam no futuro de seus pares.

Em últimas palavras, nós sabemos que as necessidades humanas são

inúmeras e ilimitados os meios para o suprimento delas. Com isto, o homem passa a

não ter limites para satisfazer suas necessidades e desse modo, o que era “luxo”

passado passa a ser uma necessidade primordial no presente. Nesse sentido, a

produção excessiva de bens de consumo passa a ser o próprio estorvo para o ser

humano.

Esse desenvolvimento pautado na produção de bens a uma taxa decrescente

de utilidade, chamamos de lixo. Neste cenário, a produção de resíduos advêm da

crescente produção do luxo.

Aproveitar, tratar ou destinar o que chamamos de lixo se torna uma

responsabilidade da qual a sociedade não tem como se esquivar e que deve ser

incentivada pela gestão pública local. Assim, passa a ser uma questão de cidadania

propor alternativas para que a sociedade trate de maneira menos impactante ao

meio ambiente e a si mesma, o que é atualmente considerado rejeito.

É preciso que as pessoas passem a refletir sobre o problema, pois se cada

indivíduo cuidasse adequadamente dos próprios resíduos que produz, ele já estaria

contribuindo para, se não diminuir, amenizar a situação que caminha para um

descalabro.

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REFERÊNCIAS

ABNT. NBR 9.648 (Classifica resíduos líquidos e esgotos). Associação Brasileira de Normas técnicas, 1986.

ABNT. NBR-10.004 (Classificação dos Resíduos Sólidos) Associação Brasileira de Normas Técnicas, 1987.

ABNT. NBR-8.419 (Apresentação de Projeto de Aterros Sanitários de Resíduos Sólidos Urbanos) Associação Brasileira de Normas Técnicas, 1992.

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BIBLIOGRAFIA BÁSICA:

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PEREIRA NETO, João Tinôco. Gerenciamento do Lixo Urbano: Aspectos Técnicos e Operacionais. Viçosa: Editora da UFV, 2007. 129 p.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR:

ASSAD, Carla; COSTA, Gloria; BAHIA, Sérgio R. Manual higienização de estabelecimentos de saúde e gestão de seus resíduos. Rio de Janeiro: IBAM/COMLURB, 2001. 44 p.

MONTEIRO, José Henrique Penido et al. Manual de Gerenciamento Integrado de resíduos sólidos. Coordenação técnica Victor Zular Zveibil. Rio de Janeiro: IBAM, 2001. 200 p.

VARGAS, Heliana Comim; RIBEIRO, Helena. Novos instrumentos de Gestão Ambiental Urbana. São Paulo: Edusp, 2006, 160 p.