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 Resumo:  Esta argumentação toma como verdadeira a idéia de que existe, ou existiu, aquilo que pode ser chamado de “moda brasileira”, não em função de sua origem produtiva, mas pela manifestação de uma estética qu e lhe é particular, ainda que seja no imaginário das pessoas. Investigando a procedência desse discurso, constata-se em sua base a presença de um ideal nacionalista estetizado em cores, formas e volumes próprios da gramática visual da moda, ainda carente de um estudo própri o, pois a “moda brasileira” tem sido abordada prioritariamente por meio de sua história ou da sociabilidade de seus signos, mas raramente em sua estrutura como linguagem. Este trabalho sugere modos de análise para este fenômeno. . Luz García Neira 1 Palavras-chave: moda brasileira; linguagem visual; sociabilidade Key-words: brazilian fashion, visual language, sociability  Abs tract:  This article considers true the idea that exists, or existed, what we might call “Brazilian fashion”, not due to its productive origin, but, because of the manifestation of an aesthetics which is specific of it, even though it lies with the imagination of people.  While investigating the origin of this statement, we noticed in its foundation the presence of an aesthetic nationalist ideal, with the use of colors, shapes and volumes which are peculiar to the visual grammar of fashion, this last one still lacking its own study. The “Brazilian fashion” has primarily been dealt with its history or with the sociability of their signs, but rarely had its structure studied as a language. This work suggests methods to analyse this phenomenon. 1 1 1 Licenciada em Artes Plásticas e Mestre em Ciências da Comunicação, é docente do curso de Bacharelado em Design de Moda do Centro Universitário SENAC-SP. E-mail: [email protected]   A  A  A  A  A invenção da moda brasileira invenção da moda brasileira invenção da moda brasileira invenção da moda brasileira invenção da moda brasileira

Moda e Semiótica

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Moda e Semiótica

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  • Resumo: Esta argumentao toma como verdadeira a idia deque existe, ou existiu, aquilo que pode ser chamado de modabrasileira, no em funo de sua origem produtiva, mas pelamanifestao de uma esttica que lhe particular, ainda que seja noimaginrio das pessoas. Investigando a procedncia desse discurso,constata-se em sua base a presena de um ideal nacionalistaestetizado em cores, formas e volumes prprios da gramtica visualda moda, ainda carente de um estudo prprio, pois a moda brasileiratem sido abordada prioritariamente por meio de sua histria ou dasociabilidade de seus signos, mas raramente em sua estrutura comolinguagem. Este trabalho sugere modos de anlise para este fenmeno.

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    Luz Garca Neira 11111

    Palavras-chave: moda brasileira; linguagem visual; sociabilidade

    Key-words: brazilian fashion, visual language, sociability

    Abstract: This article considers true the idea that exists, or existed,what we might call Brazilian fashion, not due to its productiveorigin, but, because of the manifestation of an aesthetics which isspecific of it, even though it lies with the imagination of people.While investigating the origin of this statement, we noticed in itsfoundation the presence of an aesthetic nationalist ideal, with theuse of colors, shapes and volumes which are peculiar to the visualgrammar of fashion, this last one still lacking its own study. TheBrazilian fashion has primarily been dealt with its history or withthe sociability of their signs, but rarely had its structure studied as alanguage. This work suggests methods to analyse this phenomenon.

    11111 Licenciada em Artes Plsticas eMestre em Cincias da Comunicao, docente do curso de Bachareladoem Design de Moda do CentroUniversitr io SENAC-SP. E-mail :[email protected]

    AAAAA inveno da moda brasileirainveno da moda brasileirainveno da moda brasileirainveno da moda brasileirainveno da moda brasileira

  • Consideraes iniciais sobre a idia de uma moda brasileiraConsideraes iniciais sobre a idia de uma moda brasileiraConsideraes iniciais sobre a idia de uma moda brasileiraConsideraes iniciais sobre a idia de uma moda brasileiraConsideraes iniciais sobre a idia de uma moda brasileira

    O debate em torno da idia de uma moda brasileira 22222 travado, comomnimo, desde os anos 20 do sculo passado quando as indstrias txteisbrasileiras nivelaram-se tecnicamente em relao s europias e s americanas,no sentido de capacitarem-se para a produo de tecidos concorrentes, o quesupe a produo de bens equivalentes com preo competitivo. Devido scaractersticas climticas e culturais que nos diferem do sistema de criao-produo-consumo de moda europeu, personalidades atuantes no setor, comoos editores das revistas de moda e os dirigentes das indstrias txteis, passarama questionar implicitamente se deveramos continuar a seguir, em termos deindumentria, as referncias estticas estrangeiras que chegavam at ns pelocinema e pelas revistas e, alm disso, tambm pelo amplo e legitimado discursode bom gosto e elegncia constitudo na Europa e, alguns anos mais tarde, nosEstados Unidos da Amrica.

    A pesquisa histrica exploratria demonstra que essa insatisfao surgiuno seio da indstria txtil (SILVA, 1989) e, portanto, tratou-se muito mais deuma ao que visava proteo econmica do setor do que um pleito pelodireito expressividade nacional por meio das roupas. Essa preocupao, noentanto, aconteceu em momento oportuno quando a defesa pela industrializaoe pelo emprego alinhou-se com as preocupaes da arte no perodo que, demodo mais evidente desde a Semana de 22, tambm buscava seu prprio caminhoe se opunha aos modelos estrangeiros.

    No perodo de instalao e desenvolvimento inicial das indstrias txteise do vesturio, destacaram-se aes comerciais em direo a uma pretensamoda brasileira por meio de um aprimoramento tcnico que via a cpia comoetapa inerente ao processo criativo. Um exemplo para comprovar essa prticadiz respeito Casa Canad 3 3 3 3 3 que, desde os anos 1930, trazia roupas femininasdiretamente de Paris e reproduzia duas ou trs rplicas de cada modelo:

    Mas nem tudo era copiado. Havia tambm criao local, inspirada nos modelos europeus, svezes adaptados ao clima do Rio de Janeiro e do Brasil. Dona Mena j dizia, em junho de1956, referindo-se moda e elegncia da mulher brasileira que inspirar-se na Frana ouna Itlia no quer dizer que no se tenha esprito criador. Sbios, cientistas, artistas e literatosno buscam sabedoria nos quatro cantos do mundo? (SEIXAS, 2001 p. 251)

    Esse tipo de atuao foi motivado por um desenvolvimento tecnolgicointerno que tornara o pas preparado para a produo de txteis. Ao no haver,no entanto, nenhuma trajetria cultural que adubasse a criao, no nos libertamosdos padres da esttica europia e, muito pelo contrrio, ela se tornou refernciaabsoluta quando avanamos na industrializao de txteis e de roupas,notadamente a partir de 1920. A cpia adaptada climaticamente marcou odestino esttico de praticamente todas as casas de prt--porter que surgiram noperodo e ofereciam no s roupas, mas tambm um ambiente cenogrfico(desfiles, concursos, campanhas publicitrias etc.), ideal para a solidificao dessecomportamento, muito semelhante ao modelo europeu.

    Em paralelo a esse tipo de atuao, no mesmo perodo, surge um dosprimeiros exemplos de estetizao alegrica do Brasil na forma de roupas, que potencializado pelo sucesso no exterior: Carmem Miranda. Seu figurino, idealizadopor Alceu Penna (1911-1980), levava as frutas e os balangands brasileiros parafora de nossas fronteiras, ajudando a criar midiaticamente uma idia de estticatropical que coincidia com tudo aquilo que foi representao do Brasil desde oseu descobrimento.

    22222 No entender de Roland Barthes(2004, p.261), todo sistemaindumentrio regional ouinternacional, nunca nacional, o quepoderia confrontar-se com a afirmaode uma moda brasileira. Ocorre, noentanto, que se pressupe a existnciade uma esttica precisa que assim podeser denominada devido aos seus traoscaractersticos e que foi elaboradaprioritariamente a partir de uma visoestrangeira (miditica), ou seja, no equivalente ao traje folclrico.

    33333 Funcionava no Rio de Janeiro at1977 e fundada, possivelmente, em 1927.Foi o endereo do mais alto luxo em peles e roupasfemininas no Brasil, tendo importadopeas de estilistas famosos e, mais tarde,confeccionando cpias idnticas. Essetipo de ao, no decorrer dos anos1940, era vista como incentivo indstria nacional.

  • Fotomontagem de representaes demoda brasileira: pginas dos anos 1970da Revista Manequim (Ed. Abri l) ,fotograf ia de criaes da Rhodia,fotografias dos corners do Brasil nasGalerias Lafayete durante o Ano Brasilna Frana em 2005. Abaixo desenhode ndio tupinamb no sculo XVI e demameluca de Albert Eckout.

  • Carmem Miranda, devido sua posio de celebridade, ocupou e aindaocupa ocasionalmente o papel de esttica genuna em moda brasileira, mas notem papel preponderante em este debate. O fato em anlise est desvinculadode qualquer indivduo, e parece ser justamente o ponto nevrlgico do confrontode idias, pois d indcios da presena na constituio da imagem visual dabrasilidade, tanto de aspectos relacionados estratgia empresarial e miditicaque pretendiam fazer deslanchar a moda brasileira, quanto da sua insero nocampo da arte, cujas aes pioneiras foram empreendidas por Pietro Maria Bardi.Em ambos os casos fala-se do perodo 1940-1970.

    Em maio de 1952, Prof. Bardi, o ento Diretor do Museu de Arte (atualMASP), endereou carta ao Dr. Alberto Alves Lima, diretor da Casa Anglo Brasileira(Mappin), solicitando patrocnio para a realizao de um evento que contribussepara a constituio e o estmulo de uma moda brasileira. Buscava, com essainiciativa, o apoio tcnico e em materiais para a realizao de um desfile deroupas inteiramente idealizadas e confeccionadas dentro do prprio museu, quepossua uma seo reservada ao estudo e realizao de modelos com afinalidade de permitir uma segura afirmao da moda brasileira (BARDI, 1952).

    Essa proposta em direo inveno 4 4 4 4 4 da moda brasileira iniciou-sepor um convite feito por Bardi aos artistas Sambonet, Carib e Burle Marx para acriao de estampas e peas com o propsito de incrementar o estudo e odesenvolvimento da moda (BARDI, 1952b). Bardi pretendia demonstrar apossibilidade de revelar na moda aqui produzida aspectos vivos da nossa cultura,alm de estimular a autonomia da nossa moda como expresso das reaisnecessidades populares, ainda que, como se sabe, a Mappin Store estava muitomais voltada para as mulheres de classe mdia e alta ou para a mulher moderna(BONADIO, 2005b).

    A apresentao da coleo aconteceu em novembro de 1952. O desfile,apresentado por moas oriundas de uma escola de manequins que funcionavano prprio museu, trouxe cena cinqenta modelos de roupas cujos nomesrelacionavam-se a cidades, animais, alimentos ou produtos brasileiros, comoperequ, jacar, ararauna, confetis, foguete, Iguau, fronteira e outros. Ainda que aacolhida dessa proposta tenha sido favorvel por toda a imprensa que finalmenteapontava a democratizao da moda e a sua libertao dos padres europeus,Bardi, anos mais tarde, declarou que o projeto no deu certo (BARDI, 2004),muito possivelmente porque ainda percebia que a moda continuou a guiar-se,em grande medida, por padres estrangeiros.

    As idias de um pas eternamente extico tambm foram reformuladas(ou aproveitadas) no transcorrer dos anos 1960 pela empresa de fios sintticosRhodia, numa associao da arte brasileira sua matria prima. A empresaplanejou uma ao de marketing integrada, na qual o fabricante desses fioscusteava as publicidades das tecelagens que exibiam o selo da marca, expondopadres de artistas e modelos criados por estilistas brasileiros. Em associaocom a companhia area VARIG e a Revista Cruzeiro, a Rhodia levava as criaesnacionais para serem desfiladas na Europa, nos Estados Unidos e at no Japo.As suas principais colees anuais e artistas convidados foram:

    n Em 1962: Brazilian Nature por Livio Abramo;n Em 1963: Brazilian Look por Heitor dos Prazeres;n Em 1964: Brazilian Style, Aldemir Martins;n Em 1965: Brazilian Primitive por Isabel Pons;n Em 1966: Brazilian Fashion Team por Hrcules Barsotti;n Em 1967: Brazilian Fashion Follies por Willy de Castro.Alm dessas criaes, a empresa investiu em uma estratgia de marketing

    igualmente associada produo cultural local. No final da dcada, a temtica

    4 Segundo o Dicionrio Houaiss,inveno refere-se capacidadecriadora ou coisa imaginada que se dcomo verdadeira e, ainda, toda invenohumana indita que possa seraproveitada industrialmente. noconjunto destes sentidos a propostado termo.

  • tropicalista foi mote para a organizao em 1968 e em 1969 de shows-desfilescomandados por nossos tropicalistas, que promoviam a utilizao dos fios sintticospor meio da associao de artistas e estilistas brasileiros s indstrias txteis(BONADIO, 2005).

    A partir dos anos 1970, a idia da moda brasileira traduzida somente emimagens adquire conotao quase folclrica. Mesmo no trabalho realizado porZuzu Angel (1921-1976), verifica-se um vnculo de criao intrinsecamente relacionadacom representaes do pas, quando se sabe que essa adjetivao extremamentelimitada por no levar em considerao, tambm, os processos de produo, comrcio/circulao e uso. Fazendo uso somente dos atributos estticos, tornou-se possvelproduzir moda brasileira desde qualquer lugar do globo.

    Desse modo, condenada a uma constituio que se restringiu quaseunicamente linguagem visual, continuamos presos (dados apurados em pesquisaexploratria que indicam que a moda brasileira vista, por vezes, como produoda cultura popular), de modo mais evidente depois do tropicalismo, a ver amoda ou a temtica autodenominada brasileira impregnada de signos alegricos.Assim, durante um longo perodo, a idia de moda brasileira resumiu-se utilizao de cores primrias e secundrias, traos simplificados de ferramentasartesanais que resgatam a representao da natureza tropical, adornos comsementes, contas, conchas, penas ou escamas 5 5 5 5 5 .Tambm esto sempre presentesformas reveladoras curtas ou decotadas, esvoaantes, entreabertas etc., com aspectosfinalizadores do feito e acabados mo, como amarrados, desfiados, tintosdesuniformemente e assim por diante. Lembram-nos, constantemente, da nossanudez indgena que deixou perplexos nossos descobridores.

    A moda: linguagensA moda: linguagensA moda: linguagensA moda: linguagensA moda: linguagens

    Se prioritariamente ao longo do sculo XIX, no Brasil e no mundo, que aroupa ocupa lugar de elemento de distino porque a ela foi atribudo umdeterminado valor distintivo no decorrente de seu custo produtivo, mas simresultante do binmio demanda-sacrifcio, tema esse amplamente estudado pelasociologia e que confere moda, unicamente, o status de mercadoria.

    Essa exposio de distines, ao lidar fundamentalmente com as aparncias, tomada como uma manifestao artstica orientada pela deciso de umsegmento cultural dominante que tem o poder de ditar os valores e, inclusive,sua morte (BERGAMO, 2004), quando entende que se homogenezam e, portanto,perdem o seu valor distintivo. Apesar de incorporar (mesmo sem perceber)contribuies da teoria da informao para justificar as transies prprias danatureza desse fenmeno, a viso determinista da moda, na condio deabordagem preferida pela sociologia, hesita em compreend-la como umalinguagem visual e, portanto, sujeita tambm organizao discursiva. Umaimportante tentativa de argumentao sobre essa tese foi construda por RolandBarthes (2004) ao explorar as semelhanas estruturais entre a moda e a linguagem.

    Apontou o autor que tanto a linguagem como o vesturio 66666 so assuntosque, simultaneamente, devem ser considerados em sua individualidade einstitucionalizao, isto , em seu prprio sistema e na histria. Essacorrespondncia permitiu-lhe explorar a lngua como indumentria lngua como indumentria lngua como indumentria lngua como indumentria lngua como indumentria (cadapea de roupa individualmente), a fala como traje fala como traje fala como traje fala como traje fala como traje (a escolha pessoal de cadaindivduo, que o que Barthes associa idia de moda) e, ainda, o vesturiovesturiovesturiovesturiovesturiocomo linguagem como linguagem como linguagem como linguagem como linguagem (o uso geral, as ofertas, as disponibilidades e as selees),possibilitando a percepo das potencialidades expressivas de cada nvel e,portanto, identificar que a significao s pode ser explorada e atingida em suaplenitude no nvel do vesturio 77777 .

    55555 Anlise inicial elaborada para afundamentao do artigo, mas sempretenso de ser tomada como final.

    66666 uma tarefa bastante complexa aadequao das terminologias nessesegmento. Vesturio, por vezes, podesignificar apenas a disponibilidade decerto conjunto de elementos (calas,blusas , sapatos etc .) , mas nonecessariamente a sua seleo para umdeterminado uso. Por outro lado, autilizao do termo moda, de algumamaneira, indicaria um posicionamentode um conjunto de elementos frente auma diretriz esttica (dentro ou forade), o que tambm no seria o caso.Barthes (2004) utiliza o termo vesturioe, com isso, quer dizer a seleoindividual ou coletiva e sua inserono sistema da moda.

    77777 A partir desse momento, substitui-se o termo vesturio por moda poracreditar que a palavra correspondamelhor ao propsito do debate. Barthes(2004), no entanto, pensa na modacomo traje, como escolha pessoal.Neste artigo a moda entendida comodiscurso.

  • Para Barthes (2004), portanto, a troca social pela moda decorrente deuma formao e oferta no voluntria (lngua) e uma seleo individual (fala)para que, finalmente, se a efetive como linguagem, pois, neste caso o autor notoma a moda como uma bandeira idealista de qualquer discurso, o que deve serpercebido quando se identifica, esteticamente, aquilo que pretendemos denominarcomo moda brasileira.

    Na contramo da linguagem: a moda brasileiraNa contramo da linguagem: a moda brasileiraNa contramo da linguagem: a moda brasileiraNa contramo da linguagem: a moda brasileiraNa contramo da linguagem: a moda brasileira

    Diferentemente da lngua como instituio social que nos preexistente,quando nos referimos idia de moda brasileira, a indumentria (como lngua)torna-se uma produo cultural com construo premeditada, pois o sensocomum no leva em conta os fatores de produo-circulao-consumo (e osvalores/significados que lhes so correspondentes), mas apenas a esttica daquiloque se apresenta. Logo, a indumentria brasileira (cada unidade de pea dovesturio) como objeto de estudos codificao que funda uma linguagemvisual especfica (a unio de recursos expressivos materiais nas peasindividualmente ou em sua composio) que no se renovano se renovano se renovano se renovano se renova de acordo comas mediaes sociais que se estabelecem no tempo e no espao.

    possvel afirmar que cada unidade de peas do vesturio rene e suportaos cdigos que determinam o que e o que no moda brasileira. Assim,contrariando qualquer obviedade de que os significados so determinados namediao dos signos e, ainda, de que haveria possibilidade de flexibilizar suasignificao, o conceito de moda brasileira resultante de caractersticasmateriais bem especficas, tanto em sua forma modelada (a construo de cadapea) quanto em sua materialidade (tecidos e adornos). O seu significado dado a priori e sua seleo e o seu uso social pelos indivduos pode pretenderapenas confirm-lo ou refut-lo, mas dificilmente reconstru-lo.

    Assim, as formas que a indumentria (lngua) categorizada como modabrasileira adquiriu para representar os conceitos de brasilidade desejados, oresultado de uma srie de processos de atribuio de formas visuais aos discursosde nacionalidade em nosso caso particular, pois, como se sabe, os conceitos denacionalidade so diferentes em cada lugar. Esse fato, ao opor-se novamente idia de Barthes (2004) que afirma que a moda nunca pode ser nacional,demonstra que a moda brasileira ocupa lugar de fato folclrico (conhecimento ouprtica coletivizada instituda e dinmica pela sua manuteno), ou seja, com significadospontuados que pretendem ser conservados. Isso, de certo modo, faz com que os significadosdessa esttica sejam determinados de modo rgido e, portanto, no abertos s atualizaesconceituais das quais a moda globalizada se alimenta.

    As hipteses fundamentais que norteiam este debate - mas que ainda devemser comprovadas por meio de estudo mais aprofundado -, entendem que o conceitode moda brasileira pretendeu alinhar-se s descries estrangeiras que dominaramos relatos verbais ou visuais sobre o Brasil entre os sculos XVI e XIX e que, emcontrapartida, tambm serviram para despertar o esprito de nacionalidade em nossosartistas e literatos. Assim, pretende-se sugerir inicialmente que:

    n A linguagem visual da moda brasileira que se desenvolveu no perodo1940-1975 pautada em uma esttica prpria relacionada aos recursos naturaisbrasileiros e s manifestaes da cultura popular;

    n Esse conceito de moda brasileira tem relao com as manifestaesartsticas que tambm pregam o nacionalismo na arte;

    n Por se remeter a referncias fixas (flora, fauna, clima, habitante aborgineetc.), o conceito de moda brasileira no se transformou em sentido lingstico,o que a circunscreveu a alguns segmentos (como a moda-praia) e a localizou

  • no tempo-espao. Isso impede que, assim como a moda europia ou norte-americana, se evidenciem as caractersticas prprias do fenmeno da moda,como a temporalidade, a sazonalidade etc.;

    n Essa fixao referencial constrangeu o desenvolvimento de uma modaglobalizada, inserida no sistema de design industrial.

    Como analisar a moda brasileira do ponto de vista daComo analisar a moda brasileira do ponto de vista daComo analisar a moda brasileira do ponto de vista daComo analisar a moda brasileira do ponto de vista daComo analisar a moda brasileira do ponto de vista dal inguagem?l inguagem?l inguagem?l inguagem?l inguagem?

    De acordo com as postulaes anteriores, faz-se necessrio inverter oprocesso de anlise sugerido por Barthes (2004), partindo daquilo que a sociedadeem geral toma como moda brasileira com significao dada a priori para, emseguida, compreender que visualidade capaz de adquirir dita conotao. S entoseria possvel compreender quais visualidades so capazes de incorporar tais conceitose comprovar ou refutar a idia inicial de que ainda estamos relacionados s primeirasdescries estrangeiras do Brasil, conforme tabela a seguir:

    Evidentemente, tanto a materialidade quanto a modelagem da indumentria,muito embora possam existir em grande quantidade e em inmeras combinaes,se repetem em diferentes pontos geogrficos e momentos histricos (o que chamado de carter cclico ou espiralado, a depender do autor), de maneira queos diferentes usos e as significaes que podem ser dados a um mesmo tipo deroupa se tornam um dos grandes desafios dessa rea de estudos. Ainda que

    A SER ANALISADOA SER ANALISADOA SER ANALISADOA SER ANALISADOA SER ANALISADO

    TTTTTOOOOOMMMMMANDO OS DISCURSOSANDO OS DISCURSOSANDO OS DISCURSOSANDO OS DISCURSOSANDO OS DISCURSOS

    A SER ANALISADOA SER ANALISADOA SER ANALISADOA SER ANALISADOA SER ANALISADO

    A PA PA PA PA PARTIR DOS OBJETARTIR DOS OBJETARTIR DOS OBJETARTIR DOS OBJETARTIR DOS OBJETOSOSOSOSOS

    O QUE INDICAMO QUE INDICAMO QUE INDICAMO QUE INDICAMO QUE INDICAM

    MMMMMODODODODODAAAAA

    A DISPONIBILIZAOEM OBJETOS E EM

    DISCURSOS

    A SOCIEDA SOCIEDA SOCIEDA SOCIEDA SOCIEDADEADEADEADEADE

    O que a sociedadenomeia e identifica

    como moda brasileira

    O que o discursosocial (arte, academia,

    mdia, indivduos,organizaes etc.)

    oferece ao debate naqualidade de moda

    brasileira, tanto o quelhe pertence, como oque se entende como

    falta.

    TRAJETRAJETRAJETRAJETRAJE

    A SOMA DAS PEASEM SEU USOINDIVIDUAL

    O INDIVDUOO INDIVDUOO INDIVDUOO INDIVDUOO INDIVDUO

    Possveis usos pelosindivduos

    O que reconhecidocomo moda brasileira

    (a viso nacional eestrangeira); a questo

    contempornea; aquesto folclrica.

    INDUMENTRIAINDUMENTRIAINDUMENTRIAINDUMENTRIAINDUMENTRIA

    CADA UMA DASPEAS

    SEPARADAMENTE

    A INSA INSA INSA INSA INSTITUIOTITUIOTITUIOTITUIOTITUIO 88888

    Formas produzidas eoferecidas para o

    consumo

    Quais os elementosvisuais (formas,

    volumes, cores, texturasetc.) so propostos

    pelas empresas, mdiasou sujeitos legitimados

    para a emisso dediscursos sobre a moda

    88888 Entende-se por inst i tuio,nesse momento, as empresas ou osindivduos que ditam a moda, isto, as indstrias e a mdia de modomais amplo.

  • fosse possvel decifrar todos os modos de sua codificao, qualquer investigaopoderia pretender abarcar somente um determinado tempo-espao.

    Os significados que as roupas em seu uso social adquirem o nveldiscursivo tm sido investigados muitas vezes a partir do deslocamento doestudo da visualidade do objeto para a sua apropriao, ou seja, exatamente nomesmo percurso em que Barthes (2004) identifica seu funcionamento: 1) alngua; 2) a fala; e 3) a linguagem, e que acaba por atribuir, linguagem, papelpreponderante sobre a designao de significados s roupas. Essa abordagem,apesar de possibilitar a verificao da constante negociao social das significaes(sempre em mutao) e a viso da moda como uma experincia capaz de materializaras trocas sociais e no somente espelh-las, parece insuficiente para explicar acriao dos sistemas de cdigos visuais que articulam trocas.

    Entende-se, a partir da pesquisa exploratria, que o discurso da modabrasileira tornou-se mais divulgado a partir dos anos 1950 (coincidindo,obviamente, com a ampliao da ao dos meios de comunicao de massa e,de modo especial, a televiso) devido pretenso de apresentar ao mundo anossa capacidade criativa com base na cultura local. A visualidade que a ele seassociou acabou por afirmar algumas especificidades que possibilitam suadistino imediata de outras modas (como as europias ou orientais, porexemplo), mas que, na verdade, est vinculada a discursos no relativos moda(ou eminentemente estticos), mas que se define pelo lugar ocupado pelo pas.A visualidade gerada e tomada como moda brasileira parece ser compartilhadatanto por brasileiros quanto por estrangeiros.

    O que interessa, no entanto, no compreender como uma sociabilidadeespecfica adquire determinada visualidade, mas, ao contrrio, investigar como asvisualidades podem ser consideradas objetos significantes (GREIMAS et al.,1989) dessa mesma sociabilidade. Transfiro minha ateno do modo deinterpretarinterpretarinterpretarinterpretarinterpretar para o modo de representarrepresentarrepresentarrepresentarrepresentar a moda brasileira.

    Assim, o que cabe ainda analisar um conjunto de formas que tem emcomum traos materiais e modelares. A sua observao prev a produo deassociaes entre a sua visualidade e um determinado corpo de significadospreviamente estabelecido, e no a busca de referentes especficos naquilo queGreimas (1989) chama de mundo natural. Estima-se a compreenso dessavisualidade no por meio da leitura individual de cada elemento isoladamente(forma, cor, volume etc.), mas por sua expressividade, que a transforma em umafigura de expresso, no entender de Louis Hjlmslev (1974), e possibilita comometodologia de pesquisa a anlise da figuratividade de suas formas visuais.

    Se deve ser considerado, no entender de Greimas (1989), que nossosprocessos de interpretao so conduzidos por algo generalizado e regular quecompe o significante em questo, porque esse mesmo significante possuium significado independente de seu uso em uma determinada situao. Assim,no momento da produo de sentido, o que fazemos comparar e contrastarum determinado sistema de smbolos a um sistema de significados, de onde seprope uma semitica semi-simblica que atua, prioritariamente, entre dois nveisde linguagem, diferentemente dos sistemas simblicos que procuram acorrespondncia entre planos de contedo e de expresso ou, ainda, nos sistemassemiticos onde essa correspondncia no existe (FLOCH, 1985).

    Daquilo que podemos entender como contedo de uma moda brasileirae que pode originar-se a partir de uma seleo inicial (como a que as fotografiasda Galeria Lafayette resumem) possvel estabelecer categorias semnticas (apenascom funo referencial) que se dirigem a, no entender de Hjlmslev (1974), adeterminada expressividade (funo potica). Esta, em termos de linguagem visual,

  • NVELNVELNVELNVELNVELFUNDFUNDFUNDFUNDFUNDAMENTAMENTAMENTAMENTAMENTALALALALAL

    Determinao deoposies semnticas

    elementares

    NVEL NARRANVEL NARRANVEL NARRANVEL NARRANVEL NARRATIVTIVTIVTIVTIVOOOOOEfetivao de valores

    pelos sujeitos

    NVEL DISCURSIVONVEL DISCURSIVONVEL DISCURSIVONVEL DISCURSIVONVEL DISCURSIVOMecanismos de

    instaurao

    Modelagem:Modelagem:Modelagem:Modelagem:Modelagem:

    Tipo de peaSilhueta

    ComprimentoVolume

    Fechamento

    Materiais eMateriais eMateriais eMateriais eMateriais ematerialidades:materialidades:materialidades:materialidades:materialidades:

    Matria-prima (quandohouver referncia)Estamparia e/ou

    tingimento

    Anlise deAnlise deAnlise deAnlise deAnlise denveis: nveis: nveis: nveis: nveis: representao,abstrao, simbolismo

    Anlise de geraoAnlise de geraoAnlise de geraoAnlise de geraoAnlise de geraode imagens:de imagens:de imagens:de imagens:de imagens: pr-

    fotogrficas;fotogrficas; ps-

    fotogrficas

    Anlise deAnlise deAnlise deAnlise deAnlise decomposio:composio:composio:composio:composio:

    harmonia e contraste(forma, escala, cor)

    CONTEDOCONTEDOCONTEDOCONTEDOCONTEDO EXPRESSOEXPRESSOEXPRESSOEXPRESSOEXPRESSO

    pode ser analisada de acordo com os estatutos da prpria gerao/transporte earmazenamento de imagens.

    Dado que a visualidade da moda no pode ser analisada pela soma desuas partes (a matria + o comprimento + a cor, por exemplo), a sua fragmentaopode conduzir compreenso mais precisa da articulao de discursos. Aindaque este no seja um procedimento que possa ser definido completamente apriori, algumas teorias de estudos das composies visuais bem como dasimagens, contribuem para esta anlise.

    Consideraes finaisConsideraes finaisConsideraes finaisConsideraes finaisConsideraes finais

    Os fatos visuais, como a moda em seu aspecto esttico, so um fatosocial completo no entender de Barthes (2004, p. 275) devido sua funosignificante, que s possvel, obviamente, devido s trocas sociais que aslinguagens possibilitam.

    Tomando como premissa a necessidade de se estabelecer uma dadasociabilidade (objeto de estudo da moda-mercadoria), a anlise da modabrasileira, estimada a priori, s pode ter sua compreenso mais aprofundada apartir da contribuio de teorias lingsticas, que poderiam explicar a ao daprpria imagem como enunciadora e, portanto, como sujeito da ao discursiva.Nas palavras de Ulpiano Menezes (2005) [...] a Semitica no pode neutralizarou enfraquecer o fato, to importante para a Histria, de que a imagem, alm designo, tambm age, executa o papel de ator social, produz efeitos (p. 48).

    de responsabilidade dos processos semi-simblicos, portanto, a fundaode uma moda brasileira cuja reverberao evidente no campo econmico ousocial. No primeiro, relacionam-se, com a estrutura empresarial, as questestrabalhistas, os aspectos econmicos das riquezas geradas por essa indstria etc.;e no segundo, com os padres de status, elegncia, gnero, classe e tantosoutros que o fenmeno da moda permite visualizar.

    A partir do aprofundamento de teorias lingsticas, pode-se determinarquais auxiliaro no estudo do problema instaurado. Esta proposta parte de uma

  • constatao sobre fatos de linguagem (a visualidade da moda brasileira) queoutras cincias analisam como fatos dados. na sua construo, cujas lacunasainda so enormes, que as cincias da linguagem dariam sua grande contribuio.

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