Upload
trinhkhanh
View
221
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
MODELAGEM NUMÉRICA DO IMPACTO GERADO POR CARGA EXPLOSIVA NA
REMOÇÃO DE CONCRETO REFRATÁRIO FIBROSO
Guilherme Quinderé Romano
TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS
PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS
PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA
CIVIL.
Aprovada por:
_____________________________________________
Prof. Ronaldo Carvalho Battista, Ph.D.
_____________________________________________
Prof. Romildo Dias Toledo Filho, D.Sc.
_____________________________________________
Prof. Eduardo de Moraes Rego Fairbairn, Dr. Ing.
_____________________________________________
ProfP
aP. Eliane Maria Lopes Carvalho, D.Sc.
RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL
ABRIL DE 2005
I
ii
ROMANO, GUILHERME QUINDERÉ
Modelagem Computacional do
Impacto Gerado Por Carga Explosiva na
Remoção de Concreto Refratário Fibroso.
[Rio de Janeiro] 2005.
IX, 110p. 29,7cm (COPPE/UFRJ,
M.Sc., Engenharia Civil, 2005).
Tese – Universidade Federal do Rio
de Janeiro, COPPE
1. Análise Dinâmica de Estruturas;
2. Concreto Refratário;
3. Explosivos;
I. COPPE/UFRJ II. Título (série)
iii
A Deus, aos meus pais Lucy Quinderé Gomes
e Renato Romano, minhas irmãs Renata
Quinderé Bittencourt e Roberta Quinderé
Romano e ao meu cunhado Júlio César
Bittencourt.
iv
AGRADECIMENTOS
A Deus pelo dom da vida e da fortaleza para superar os obstáculos e pela iluminação.
Aos professores Ronaldo Carvalho Battista e Romildo Dias Toledo Filho pelos
ensinamentos, paciência, dedicação e orientação deste trabalho de tese.
Ao meu amigo e colega Joatan Izolan e ao Pesquisador Marcos Silvoso pelo apoio no
desenvolvimento deste trabalho em especial na utilização do programa DIANA.
A toda a minha família que tanto me apoiou e acreditou na realização deste trabalho.
A Indústria de Material Bélico do Brasil - IMBEL em especial à sua Diretoria,
Superintendência da Fábrica Presidente Vargas e Gerência do Departamento de
Engenharia e Qualidade da Fábrica Presidente Vargas pela oportunidade oferecida e
confiança depositada em mim na realização deste trabalho.
A Asea Brown Boveri – ABB e a Petrobras que apoiaram o desenvolvimento da
tecnologia que motivou este trabalho.
Aos engenheiros Joel Ligiéro, Adyles Arato, Afonso Verges e Renato Bernardes que
em conjunto trabalharam para o desenvolvimento da tecnologia que proporcionou este
trabalho. E a equipe técnica que tive a honra de coordenar ao longo do
desenvolvimento da tecnologia Refratex, em especial aos técnicos: Clarus Antônio
Magalhães de Oliveira Senne, Jorge Luiz dos Reis e Miguel José de Vilas Boas a aos
colegas de trabalho Giancarlo Cantaluppi e Arivando Moraes.
Aos amigos Marcos Rocha, Marcos Citeli, Renato Pinheiro, Mariana Lôbo e Rubens
Migliaccio. Aos amigos e também colegas Jonylson Amarante, Ana Maria Teixeira,
Nelson Patrício, Janine Vieira, Roberta Sallaberry, Roberta Viana, Danilo de Hollanda,
Vitalino Venanci, Bruno Perdigão e Rogério Rosa pela paciência, ensinamentos e
carinhosa atenção a mim dispensados.
Aos funcionários do PEC Thelmo, Luzidelle, Jairo e Beth pelo apoio que prestaram.
A todos aqueles que, de uma forma ou de outra, contribuíram para a realização deste
trabalho e que não foram, aqui, citados. Muito obrigado!
v
Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários
para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)
MODELAGEM NUMÉRICA DO IMPACTO GERADO POR CARGA EXPLOSIVA NA
REMOÇÃO DE CONCRETO REFRATÁRIO FIBROSO
Guilherme Quinderé Romano
Abril/2005
Orientadores: Ronaldo Carvalho Battista
Romildo Dias Toledo Filho
Programa: Engenharia Civil
Nas Refinarias de Petróleo a remoção de refratários em unidades de
Craqueamento Fluido - Catalítico - FCC é feita, mundialmente, mediante o emprego
de marteletes pneumáticos, exigindo um grande contingente de operários, num
serviço de elevada insalubridade e periculosidade. O lucro cessante de uma unidade
de FCC pode alcançar várias centenas de milhares de dólares por dia e a remoção
de refratários, diversas vezes, constitui o caminho crítico em paradas de
manutenção. Deste modo, qualquer redução no prazo dessa atividade resulta
diretamente em ganhos expressivos.
Neste trabalho são resumidos os conhecimentos básicos sobre explosivos,
isoladores de choque e concretos refratários no intuito de melhor esclarecer a
tecnologia Refratex para remoção de refratários com o uso de micro-detonações,
desenvolvida no país.
O programa computacional DIANA v.8, é utilizado para gerar modelos
numéricos que reproduzem os resultados experimentais obtidos no desenvolvimento
dessa nova tecnologia.
Exemplos de aplicação são apresentados para demonstrar que o modelo
numérico produz respostas deformação x tempo bem próximas das experimentais e,
portanto, pode ser utilizado como uma eficiente ferramenta numérica para simular o
emprego da tecnologia Refratex em estruturas cilíndricas com diferentes tipos de aço
e espessuras de parede.
vi
Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)
COMPUTATIONAL MODELING OF THE IMPACT PRODUCED BY EXPLOSIVE
CHARGE IN THE REMOVAL REFRACTORY FIBER CONCRETE
Guilherme Quinderé Romano
April/2005
Advisors: Ronaldo Carvalho Battista
Romildo Dias Toledo Filho
Department: Civil Engineering
Removal of concrete refractory lining of thin-walled steel components of
industrial equipments, as for example of FCC units in petroleum refinery, by means of
pneumatic hammers is an usual and worldwide well known practice. However, although
usual this operation is carried out by many workers under very unhealthy and
dangerous conditions.
In general, the usual practice of refractory removal is a not-safe time-
consuming operation which may be the critical path in maintenance turnarounds, as the
loss of profit of a FCC unit may reach many hundreds of thousand dollars. Therefore,
any safe and time-saving technology that can employed instead of the usual one,
would result in significant gains.
Towards this end, the Indústria de Material Bélico do Brasil (IMBEL) and the
Asea Brown Boveri (ABB), with the support of Petrobras, have developed a refractory
removal technology, known as Refratex, that uses micro-detonations.
Basic knowledge on shock isolators, refractory concrete and explosives are
summarized in order to help the understanding of the Refratex technology.
The software DIANA v.8 is used as the computational tool to create a model
whose numerical results, in terms of strain x time histories, closely reproduce the
experimental responses registered during the field tests and measurements that were
needed for the development of this new technology.
Examples of application are presented to demonstrate that the numerical model
may be used as a rational tool to assess the performance of this technology when
applied to thin-walled steel cylindrical structures having different parameters.
vii
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS......................................................................................................xi
LISTA DE TABELAS....................................................................................................xiv LISTA DE SIGLAS E SÍMBOLOS.................................................................................xv
I INTRODUÇÃO........................................................................................................ 1
I.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ......................................................................... 1
I.2 ESCOPO DO TRABALHO.............................................................................. 3
II CONCRETO REFRATÁRIO................................................................................... 5
II.1 INTRODUÇÃO................................................................................................ 5
II.2 MATERIAIS COMPONENTES ....................................................................... 5
II.3 PROJETOS DE MISTURA E CLASSIFICAÇÃO ............................................ 6
II.3.1 Projetos de Mistura ............................................................................... 6
II.3.1.1 Concretos Cerâmicos...................................................................... 6
II.3.1.2 Concretos Resistentes ao Calor...................................................... 7
II.3.1.3 Concretos para Temperaturas Menores do que 500 ° C ................ 7
II.3.2 Conteúdo de Água ................................................................................ 7
II.4 FABRICAÇÃO, INSTALAÇÃO E CURA ......................................................... 8
II.4.1 Fabricação e Instalação........................................................................ 8
II.4.1.1 Moldagem no Local ......................................................................... 8
II.4.1.2 Concreto Projetado ......................................................................... 9
II.4.1.3 Moldagem com Pistola Pneumática ................................................ 9
II.4.2 Cura ...................................................................................................... 10
II.4.3 Secagem e Queima ............................................................................. 11
II.5 PROPRIEDADES FÍSICAS, TÉRMICAS E QUÍMICAS................................ 11
II.5.1 Porosidade e Permeabilidade ............................................................ 11
II.5.2 Fragmentação Térmica Explosiva ..................................................... 12
II.5.3 Expansão e Retração .......................................................................... 12
II.5.4 Calor Específico .................................................................................. 13
II.5.5 Condutividade Térmica ...................................................................... 13
II.5.6 Resistência à Abrasão e Erosão........................................................ 14
II.5.7 Comportamento na Presença de Gases ........................................... 15
II.5.8 Interação com Escória ou Líquidos Corrosivos .............................. 15
viii
II.5.9 Interação com Metal Fundido ............................................................ 16
II.6 PROPRIEDADES MECÂNICAS ................................................................... 16
II.6.1 Resistência à Compressão ................................................................ 17
II.6.2 Resistência à Flexão ou Módulo de Ruptura.................................... 18
II.6.3 Módulo de Elasticidade ...................................................................... 19
II.6.4 Fluência................................................................................................ 20
II.6.5 Choque térmico e Ciclo térmico ........................................................ 21
II.6.6 Aderência entre Concreto Refratário e Reforços de Aço................ 21
II.6.7 Concreto Refratário Reforçado com Fibras de Aço ........................ 22
II.6.8 Concreto Reforçado com Fibras sob Ação de Cargas Dinâmicas . 22
II.7 APLICAÇÕES ............................................................................................... 24
III EXPLOSIVOS EM ENGENHARIA ....................................................................... 26
III.1 HISTÓRICO E CLASSIFICAÇÃO................................................................. 26
III.2 TERMINOLOGIA .......................................................................................... 27
III.3 CARACTERÍSTICAS DOS EXPLOSIVOS.................................................... 28
III.4 DINÂMICA E BALANÇO DA ENERGIA DA DETONAÇÃO.......................... 30
III.5 EXPLOSIVOS E ACESSÓRIOS................................................................... 31
III.6 PRINCIPAIS APLICAÇÕES EM ENGENHARIA .......................................... 35
III.7 FORMULAÇÕES PARA APLICAÇÃO DE EXPLOSIVOS............................ 36
IV ISOLAMENTO DE CHOQUE ............................................................................... 39
IV.1 INTRODUÇÃO.............................................................................................. 39
IV.2 IDEALIZAÇÃO DO SISTEMA ....................................................................... 40
IV.3 PROBLEMAS DE ISOLAMENTO DE CHOQUE .......................................... 40
IV.3.1 Equivalente Matemático dos Problemas Classe II ........................... 42
IV.4 FORMA GERAL DAS CARACTERÍSTICAS DO ISOLADOR....................... 44
IV.4.1 Exemplos de Características Particulares de Isoladores ............... 45
IV.4.1.1 Mola Linear.................................................................................... 45
IV.4.1.2 Mola Enrijecida (Elasticidade Tangente)....................................... 45
IV.4.1.3 Mola Amaciada (Elasticidade Tangente Hiperbólica).................... 46
IV.4.1.4 Mola Linear e Amortecimento Viscoso.......................................... 47
IV.5 PULSO DE ACELERAÇÃO PARA SISTEMA DE CORPO RÍGIDO............. 49
IV.5.1 Espectro do Choque ........................................................................... 50
ix
V TECNOLOGIA REFRATEX.................................................................................. 53
V.1 INTRODUÇÃO.............................................................................................. 53
V.2 HISTÓRICO E ESCOPO DA PESQUISA..................................................... 53
V.3 FASES DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO......................................... 53
V.3.1 Fase Preliminar ................................................................................... 54
V.3.2 Fase 1 ................................................................................................... 55
V.3.3 Fase 2 ................................................................................................... 57
V.3.4 Fase 3 ................................................................................................... 59
V.4 RESUMO DA TECNOLOGIA REFRATEX.................................................... 61
V.5 APLICAÇÕES E VANTAGENS DA TECNOLOGIA REFRATEX.................. 61
VI METODOLOGIA E RESULTADOS EXPERIMENTAIS ....................................... 63
VI.1 INTRODUÇÃO.............................................................................................. 63
VI.2 SEÇÕES DE FCC PARA TESTE ................................................................. 63
VI.3 METODOLOGIA ........................................................................................... 64
VI.3.1 Sistema de Medição e de Aquisição de Sinais Dinâmicos ............. 65
VI.3.2 Montagem do Experimento ................................................................ 65
VI.3.3 Procedimento Experimental............................................................... 66
VI.4 INFLUÊNCIA DOS PARÂMETROS.............................................................. 70
VI.4.1 Influência do Tipo de Explosivo ........................................................ 71
VI.4.2 Influência da Espessura do Costado ................................................ 71
VI.4.3 Gradiente de Deformação .................................................................. 72
VII MODELAGEM NUMÉRICA E RESULTADOS..................................................... 74
VII.1 INTRODUÇÃO.............................................................................................. 74
VII.2 ETAPAS NA ELABORAÇÃO DA MODELAGEM.......................................... 74
VII.3 MODELOS PARA ANÁLISE ESTRUTURAL ................................................ 75
VII.4 RESULTADOS NUMÉRICOS OBTIDOS...................................................... 83
VII.4.1 Resultados para os Modelos Implementados .................................. 83
VIII ANÁLISE DOS RESULTADOS............................................................................ 91
VIII.1 ASPECTOS GERAIS.................................................................................... 91
VIII.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS DA MODELAGEM NUMÉRICA .................. 91
VIII.2.1 Apreciação da Modelagem Estrutural ............................................... 91
VIII.2.2 Dimensões do Modelo Estrutural ...................................................... 91
x
VIII.2.3 Quantidade de Elementos .................................................................. 92
VIII.2.4 Intervalo de Integração ....................................................................... 93
VIII.2.5 Tipo de Elemento ................................................................................ 93
VIII.3 RESULTADOS NUMÉRICOS X EXPERIMENTAIS ..................................... 94
IX CONCLUSÕES E SUGESTÕES.......................................................................... 97
IX.1 CONCLUSÕES............................................................................................. 97
IX.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS............................................ 97
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 99
ANEXO ELABORAÇÃO DE MODELOS ESTRUTURAIS COM iDIANA ................. 101
xi
LISTA DE FIGURAS
Figura I.1 - Unidade de FCC....................................................................................... 2
Figura II.1 - Módulo de Ruptura de Concretos Refratários, Petzold [2]..................... 18
Figura II.2 - Módulo de Ruptura de Concretos Refratários, Bakker [2]...................... 19
Figura III.1 - Cadeia Explosiva.................................................................................... 30
Figura III.2 - Dinamites ............................................................................................... 31
Figura III.3 - ANFO ..................................................................................................... 32
Figura III.4 - Aquagéis ou Lamas Explosivas ............................................................. 32
Figura III.5 - Emulsões Gelatinosas............................................................................ 32
Figura III.6 - Espoletim................................................................................................ 33
Figura III.7 - Retardadores.......................................................................................... 34
Figura III.8 - Cordel Detonante ................................................................................... 34
Figura III.9 - Não - Elétrico.......................................................................................... 35
Figura III.10 - Reforçador.............................................................................................. 35
Figura III.11 - Bancada ................................................................................................. 37
Figura IV.1 - Casca Cilíndrica de Aço com Concreto Refratário Aplicado e
Martelete realizando Impactos na Camada de Concreto Refratário.. . 41
Figura IV.2 - Impacto do Martelete na Camada de Concreto Refratário, sem
isolador (a) e com isolador de choque (b).......................................... 41
Figura IV.3 - Curva Força x Tempo do Impacto do Martelete no Concreto
Refratário .............................................................................................. 42
Figura IV.4 - Sistema geral de dois graus de liberdade [10]....................................... 43
Figura IV.5 - Sistema idealizado mostrando o uso de um isolador não – amortecido
para proteger o equipamento dos efeitos do movimento do suporte u .
A força transmitida pelo isolador é FBsB(δ ) [10]....................................... 44
Figura IV.6 - Representação adimensional da máxima aceleração transmitida ••
x BmB
para um isolador que possui uma mola linear e amortecimento
viscoso [10]. .......................................................................................... 48
Figura IV.7 - Representação adimensional da capacidade de absorção de energia
de um isolador que possui mola linear e a mortecimento viscoso.
A ordenada é uma medida inversa da capacidade de absorção de
energia [10]. .......................................................................................... 48
Figura IV.8 - Pulso de Meio – Seno........................................................................... 50
xii
Figura IV.9 - Transmissibilidade do choque para um sistema linear não –
amortecido como uma função da freqüência angular ω Bn Be
duração efetiva do pulso τ Br B. B BO movimento do suporte é um pulso
de aceleração meio – seno [10]. ........................................................... 50
Figura IV.10 - Transmissibilidade do choque para um sistema com mola linear
e amortecimento viscoso. O movimento do suporte é um pulso
de aceleração meio – seno de altura ••
u Bm B e duração efetiva τ Br B. As
curvas são para valores discretos da fração de amortecimento
crítico ζ no isolador como indicado [10]. ............................................... 52
Figura V.1.a - Malha Explosiva Preparada ................................................................... 54
Figura V.1.b - Resultado da Detonação ....................................................................... 54
Figura V.2 - Ilustrativo da Aplicação da Tecnologia Refratex....................................... 55
Figura V.3 - Etapa 1 do Ensaio..................................................................................... 56
Figura V.4 - Resultado após a 1PU
aUP Detonação ............................................................... 56
Figura V.5 - Etapa 2 do Ensaio..................................................................................... 56
Figura V.6 - Resultado após 2PU
aUP Detonação .................................................................. 56
Figura V.7 - Preparação da Malha Explosiva ............................................................... 58
Figura V.8 - Resultado do Ensaio................................................................................. 58
Figura V.9 - Extensômetro .................................................................................... 58
Figura V.10 - Medição de Deformação......................................................................... 58
Figura V.11 - Abertura de frente livre ........................................................................... 59
Figura V.12 - Resultado da detonação ......................................................................... 59
Figura V.13 - Câmara de Orifício - REPLAN ................................................................ 60
Figura V.14 - Parede após Furação ............................................................................. 60
Figura V.15 - Escorvamento dos Cartuchos................................................................. 60
Figura V.16 - Montagem Final da Malha ...................................................................... 60
Figura VI.1 - Seção de Riser ........................................................................................ 63
Figura VI.2 - Crossover................................................................................................. 64
Figura VI.3 - Variação da deformação específica axial x tempo causada
pela detonação teste................................................................................ 67
Figura VI.4 - Variação da deformação específica circunferencial x tempo causada
pela detonação teste................................................................................ 68
Figura VI.5 - Variação da deformação específica axial x tempo causada
pela detonação para remoção. ................................................................ 69
xiii
Figura VI.6 - Variação da deformação específica axial x tempo causada
pela detonação para remoção. Mesmo ponto de medição da
deformação mostrada na figura VI.6....................................................... 69
Figura VI.7 - Extensômetro usado para a medição do gradiente de deformação ........ 72
Figura VI.8 - Instalação do extensômetro para medição do gradiente de deformação.72
Figura VI.9 - Valores obtidos em pontos vizinhos, na direção circunferencial,
para o pico de deformação e para a deformação residual,
após detonação, na parede externa do tubo dentro do perímetro da
região do furo (Figura VI.9) ...................................................................... 73
Figura VII.1 - Estrutura do Riser e Subestrutura Gerada ............................................. 76
Figura VII.2 - Malha com 100 Elementos para Subestrutura 1..................................... 77
Figura VII.3 - Malha com 625 Elementos para Subestrutura 2..................................... 77
Figura VII.4 - Malha com 2500 Elementos para Subestrutura 3................................... 78
Figura VII.5 - Gráfico Pressão x Tempo [18] ................................................................ 79
Figura VII.6 - Curva Pressão x Tempo para explosivo Composto B (TC1) .................. 80
Figura VII.7 - Curva Pressão x Tempo calibração proposta (TC2)............................... 80
Figura VII.8 - Condições de Contorno .......................................................................... 81
Figura VII.9 - (a) Quadrilátero de 4 nós e (b) Quadrilátero de 8 nós [19] ..................... 81
Figura VII.10 - Estrutura gerada através do iDIANA..................................................... 82
Figura VII.11 - Campo de Deformação gerado pelo iDIANA ........................................ 83
Figura VII.12 - Resultado obtido com a Modelagem M1R1.......................................... 84
Figura VII.13 - Resultado obtido com a Modelagem M1R2.......................................... 85
Figura VII.14 - Resultado obtido com a Modelagem M1R3.......................................... 85
Figura VII.15 - Resultado obtido com a Modelagem M2R1.......................................... 86
Figura VII.16 - Resultado obtido com a Modelagem M2R2.......................................... 86
Figura VII.17 - Resultado obtido com a Modelagem M3R1.......................................... 87
Figura VII.18 - Resultado obtido com a Modelagem M4R1.......................................... 87
Figura VII.19 - Resultado obtido com a Modelagem M5R1.......................................... 88
Figura VII.20 - Resultado obtido com a Modelagem M6R1.......................................... 88
Figura VII.21 - Resultado obtido com a Modelagem M7R1.......................................... 89
Figura VII.22 - Resultado obtido com a Modelagem M8R1.......................................... 89
Figura VII.23 - Resultado obtido com a Modelagem M9R1.......................................... 90
Figura VIII.1 - Comparação entre os Resultados Experimental e Numérico
para a variação da deformação específica (µS) x tempo (µs) .............. 95
xiv
LISTA DE TABELAS
TUTabela III.1 - Distribuição Percentual de Energia para Desmonte de Rochas [8]UT ........ 31
TUTabela VI.1 - Características do Aço ASTM A 516 70 [16] UT........................................... 68
TUTabela VI.2 - Picos e Residuais de Deformação para Dinamite e RefratexUT ................. 71
TUTabela VI.3 - Deformações para Costados de Espessura DiferentesUT .......................... 71
TUTabela VII.1 - Propriedades Físicas e do Material UT........................................................ 78
TUTabela VII.2 - Parâmetros e Elementos Utilizados nas Modelagens NuméricasUT ......... 84
xv
LISTA DE SIGLAS E SÍMBOLOS
Siglas
A/D – Analógico / Digital
ABB – Asea Brown Boveri
ACI – American Concrete Institute
ANFO – Ammonium Nitrate and Fuel Oil
APR – Análise Preliminar de Riscos
ASTM – American Society for Testing and Materials
CENPES – Centro de Pesquisas da Petrobras
DC – Corrente contínua
DEE – Departamento de Engenharia Elétrica
EPP – Enhanced Parallel Port, Porta Paralela Ressaltada
FCC – Fluidized Catalytic Cracker, Craqueador Fluido - Catalítico
HMX – Hexa Methylene Tetramine ou High Melting Explosive
IMBEL – Indústria de Material Bélico do Brasil
MEF – Modelagem em Elementos Finitos
MXRY – Nomenclatura dada aos modelos e resultados, onde X é o número do modelo
e Y o número do resultado
RECAP – Refinaria de Capuava, SP
REPLAN – Refinaria de Paulínia, SP
REVAP – Refinaria do Vale do Paraíba – São José dos Campos, SP
RPBC – Refinaria Presidente Bernardes Cubatão, SP
TCC – Thermal Catalytic Cracker, Craqueador Catalítico Térmico
TNT – Trinitrotolueno
UFCC - Unit of Fluid Catalytic Cracking, Unidade de Craqueamento Fluido - Catalítico
UNESP – Universidade do Estado de São Paulo
URFCC – Unit of Residue Fluid Catalytic Cracking, Unidade de Resíduo de
Craqueamento Fluido - Catalítico
Símbolos Latinos
0
_v – valor de disparo
° C – grau Celsius
a – amortecimento
B – afastamento
xvi
c – coeficiente de amortecimento do bloco
c B1 B– coeficiente de amortecimento do isolador ou suporte (classe I e classe II,
respectivamente)
c B2B – coeficiente de amortecimento do elemento a ser protegido ou isolador (classe I e
classe II, respectivamente)
cal – caloria
c Bc B– coeficiente de amortecimento crítico
cm – centímetro
cmP
2P – centímetro quadrado
d – deflexão limite
D – Diâmetro
d B1 B– deflexão limite para isolador amaciado
d Bf B – diâmetro do furo carregado com explosivo
e – espessura
E – módulo de elasticidade
e BaB – espessura do costado metálico
e Br B– espessura da camada de refratário
F – força exercida na massa pela mola
F B1 B– força exercida sob o isolador ou suporte (classe I e classe II, respectivamente)
F Bc B – força transmitida pelo isolador
F BFB – força exercida sob a base
F Bm B– máxima força da mola
F Bs B – força desenvolvida pelo isolador em uma extensão δ
g – grama
GPa – GigaPascal
H – altura
k – coeficiente de condutividade térmica
k B1B – rigidez do isolador ou suporte (classe I e classe II, respectivamente)
k B2 B– rigidez do componente a ser protegido ou isolador (classe I e classe II,
respectivamente)
k BeB – fator de extensômetro ou ganho de extensômetro
kg – quilograma
kgf – quilograma força
kHz – quiloHertz
k Bi B – inclinação inicial da curva
k BmB – rigidez da mola
kN – quiloNewton
xvii
L – voltagem lida pelo conversor A/D
L Ba B– Comprimento de arco
L BS B– Comprimento
m – metro
mB1 B– massa do isolador ou suporte (classe I e classe II, respectivamente)
mB2 B– massa do componente a ser protegido ou isolador (classe I e classe II,
respectivamente)
mP
3P – metro cúbico
mBaB – massa do bloco ou equipamento
mBc B – massa do componente flexível
mBF B– massa da base
MHz – MegaHertz
MJ – MegaJoule
mm – milímetro
mmP
2 P– milímetro quadrado
MPa – MegaPascal
ms – milisegundos
P – Passo
Pa – Pascal
Q – ganho do amplificador
Q20SH – elemento quadrilátero para cascas
QU4 – elemento quadrilátero de 4 nós
rad – radianos
S – espaçamento
s – segundo
T – período
t – tempo
TC1 – Curva de tempo 1
TC2 – Curva de tempo 2
u – deslocamento do suporte
cu•
– mudança de velocidade •
u – velocidade do suporte ••
u – aceleração do suporte
B
•
uB
– passo de velocidade
xviii
B mu••
B– amplitude do pulso
V – voltagem de excitação da ponte de Wheatstone
Vdc – voltagem em corrente contínua
VBo B– voltagem de saída
B x B– deslocamento absoluto ••
x – aceleração absoluta
B 1x B– deslocamento absoluto do sub-sistema 1 – isolador ou suporte (classe I e classe
II, respectivamente)
B 2x B– deslocamento absoluto do sub-sistema 2 – componente a ser protegido ou
isolador (classe I e classe II, respectivamente)
B
••
xB
– aceleração máxima
Símbolos Gregos
δ – deflexão da mola •
δ – taxa de deflexão da mola ••
δ – aceleração da deflexão da mola
B 1δ B– deflexão da mola para o sub-sistema 1 – isolador ou suporte (classe I e classe II,
respectivamente)
B 1
•
δ B– taxa de deflexão da mola para o sub-sistema 1 – isolador ou suporte (classe I e
classe II, respectivamente)
B 2δ B– deflexão da mola para o sub-sistema 2 – componente a ser protegido ou isolador
(classe I e classe II, respectivamente)
2
•
δ – B Btaxa de deflexão da mola para o sub-sistema 2 – componente a ser protegido ou
isolador (classe I e classe II, respectivamente)
B mδ B– máxima deflexão B
ε – deformação •
ε – taxa de deformação
µS – microstrain; deformação específica; (m/m) x 10 P
-6 P
ν – B Bcoeficiente de poisson
xix
π – 3.14159256
ρ – B Bmassa específica
σB B– tensão
τ – duração do pulso
τ BτB – duração efetiva do pulso
ωBn B– freqüências naturais
ζ – amortecimento crítico
1
CAPÍTULO I
I INTRODUÇÃO
I.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Existem, no mundo, milhares de equipamentos industriais que possuem
concreto refratário como revestimento interno. Estes equipamentos encontram-se
instalados em diversos setores industriais como, por exemplo: refino de petróleo,
siderurgia, cimento, papel e celulose, petroquímica, dentre outros.
O refratário, que tem como principal função isolar termicamente esses
equipamentos, sofre desgaste, e perde suas propriedades com o tempo, tornando
necessária a sua substituição. Para tanto, é necessário realizar a remoção do
refratário instalado. Esta atividade, em geral, é feita em paradas de manutenção
programada ou mesmo de emergência quando ocorrem imprevistos.
Atualmente, a remoção de refratários é realizada através do emprego de
marteletes pneumáticos. Esta técnica torna a atividade de remoção de refratário muito
insalubre, bastante insegura e extremamente lenta. As conseqüências principais são
então: péssimas condições de trabalho, alta exposição ao risco e grandes perdas
financeiras para a unidade de produção principalmente quando a remoção é caminho
crítico.
Em refinarias de petróleo, por exemplo, uma parada de um FCC - Fluidized
Catalytic Cracker (Craqueador Catalítico em Leito Fluidizado) – figura I.1, possui um
lucro cessante, em média, da ordem de US$ 300.000 a US$ 500.000 por dia [1]. Ou
seja, a redução do tempo de parada que pode ser obtida através da diminuição no
tempo de execução de atividades que estão no caminho crítico, como pode ser o caso
da remoção de refratários, é fundamental para a diminuição das perdas de produção
nesse importante setor da economia.
Desta forma, torna-se necessário o advento de novas técnicas para que as
paradas de manutenção possam ser feitas em um tempo cada vez menor. Contudo, é
importante ressaltar que estas tecnologias devem ser acompanhadas de respaldo
técnico consistente de forma a proporcionar segurança no emprego destas inovações.
2
Figura I.1 - Unidade de FCC
A Indústria de Material Bélico do Brasil - IMBEL em parceria com a Asea Brown
Boveri - ABB e com apoio da Petrobrás desenvolveu uma tecnologia para a remoção
de concreto refratário em equipamentos de FCC com o uso de micro-detonações que
foi batizada com o nome de Tecnologia Refratex.
Este desenvolvimento ocorreu no período de 2000 a 2003 quando a Petrobrás
validou os resultados obtidos, homologando a nova tecnologia. Muito já foi feito desde
que começou este desenvolvimento; mas de forma a contribuir para a ampliação dos
conhecimentos nesta área, este trabalho tem como objetivo realizar uma modelagem
numérica do problema dinâmico das micro-detonações e conseqüentes deformações
localizadas na estrutura metálica, cilíndrica tubular, de um riser de FCC, utilizando o
método dos elementos finitos.
Riser
Crossover
3
I.2 ESCOPO DO TRABALHO
O objetivo principal deste trabalho é avaliar as deformações locais produzidas
na seção metálica do riser pelas micro-detonações, necessárias para realizar a
remoção de concreto refratário antierosivo C que reveste um riser de FCC. Para tanto,
é implementado um modelo em elementos finitos com o uso do programa DIANA. O
modelo implementado é calibrado com os resultados experimentais disponíveis. Uma
vez calibrado, o modelo gerado em elementos finitos se constitui uma ferramenta útil
tanto para pré-programar e pré-avaliar o desempenho da atual técnica, quanto para
realizar novos desenvolvimentos, e melhoramentos dessa tecnologia.
O trabalho está dividido em nove capítulos (incluindo esta introdução), os quais
versam sobre os seguintes assuntos:
II. Concreto Refratário
III. Explosivos em Engenharia
IV. Isolamento de Choque
V.Tecnologia Refratex
VI. Metodologia e Resultados Experimentais
VII. Modelagem Numérica e Resultados
VIII. Análise dos Resultados
IX. Conclusões e Sugestões
Os quais têm o seguinte escopo:
• UFundamentos Teóricos da Tecnologia Refratex Esta etapa tem como objetivo fazer uma abordagem dos conhecimentos
teóricos básicos mais importantes para um melhor entendimento do processo de
desenvolvimento da tecnologia de remoção de concreto refratário com o uso de
explosivos.
De forma a tornar mais didática a apresentação deste trabalho de tese, esta
etapa está dividida em quatro capítulos, a saber:
II. Concreto Refratário;
III. Explosivos em Engenharia;
IV. Isolamento de Choque;
V. Tecnologia Refratex;
4
Os capítulos II a IV abordam distintos conhecimentos necessários para o
entendimento da Tecnologia Refratex descrita no capítulo V.
• UMetodologia e Resultados Experimentais
Este capítulo tem como objetivo apresentar resultados experimentais obtidos
em ensaios de campo. Os principais tópicos abordados serão: procedimento
experimental, dificuldades encontradas e os resultados experimentais propriamente
ditos.
• UModelagem Numérica e Resultados
Neste capítulo são descritos: os processos de geração e visualização de
resultados através da modelagem com elementos finitos realizada com a utilização do
software DIANA. São também apresentados os resultados obtidos por meio desse
software.
• UAnálise dos Resultados
Neste capítulo, os resultados experimentais e os numéricos obtidos, através da
modelagem computacional, são comparados e analisados. A validade dos resultados
obtidos é também avaliada a luz das limitações e desvios das metodologias e das
técnicas de modelagem utilizadas.
• UConclusões e Sugestões
O objetivo desse capítulo é apresentar um resumo das contribuições do
presente trabalho e algumas conclusões com base nos resultados numéricos obtidos.
São também citadas as principais dificuldades encontradas na sua elaboração e,
ainda, feitas algumas sugestões para futuros trabalhos na mesma área.
5
CAPÍTULO II
II CONCRETO REFRATÁRIO
II.1 INTRODUÇÃO
Em primeiro lugar, é importante esclarecer que este estudo se baseia em grande
parte em [2] e [3].
Concretos refratários são concretos especiais, conforme definido em (American
Society for Testing and Materials - ASTM C71), que tem propriedades químicas e
físicas que os tornam aplicáveis para estruturas, ou como componentes de sistemas,
os quais são expostos em ambientes acima de 538 ° C e adequados para uso em
temperaturas de até 1870 ° C [3].
Os concretos refratários devem resistir a forças destrutivas que não são
normalmente encontradas no concreto comum produzido com cimento Portland. A
seleção do concreto refratário mais apropriado para uma determinada aplicação
depende dos requisitos específicos da operação.
II.2 MATERIAIS COMPONENTES
O concreto refratário como qualquer outro tipo de concreto é de maneira geral
composto por um meio aglomerante (cimento + água) e agregados.
O cimento utilizado para a produção dos concretos refratários, em geral, é o
cimento cálcio aluminoso. Contudo, existem alguns tipos de cimento Portland definidos
pela ASTM que podem ser utilizados para a produção de concretos refratários.
O cimento cálcio aluminoso é normalmente classificado em três categorias:
baixa pureza, intermediária pureza e alta pureza.
Os agregados para a produção de concreto refratário são materiais granulares
que podem ser misturados ao cimento cálcio aluminoso mais água para formar uma
massa de concreto adequada. A seleção apropriada do tipo e granulometria dos
agregados é essencial para obtenção das propriedades refratárias desejadas em uma
aplicação específica [3].
Existem diversos tipos de agregados para a produção de concreto refratário.
Os principais tipos e respectivas especificações podem ser encontrados em [3].
6
II.3 PROJETOS DE MISTURA E CLASSIFICAÇÃO
Para se obter um concreto refratário de qualidade é necessário ter um projeto
de mistura adequado e seguir rigorosamente os procedimentos para a fabricação.
II.3.1 Projetos de Mistura
O objetivo do projeto de mistura do concreto e o cálculo das proporções de
mistura têm sido estabelecidos pela Portland Cement Association [2] como “a mais
econômica e prática combinação de materiais facilmente disponíveis para produzir um
concreto que satisfaz os requisitos de desempenho sob condições particulares de
uso”. Existem vários métodos (Portland Cement Association, 1979; American Concrete
Institute, 1989; Shacklock, 1974; Teychenné et al., 1975) usados para dosagem de
mistura de concreto, dos quais o método do American Concrete Institute é
provavelmente o mais largamente utilizado na prática. Deve ser mencionado, contudo,
que muitas variáveis estão envolvidas no projeto de mistura do concreto e não é
possível projetar uma mistura que irá teoricamente satisfazer todas as condições
especificadas.
Na classificação e projeto de misturas de concreto não é apenas a densidade
em volume, mas também a temperatura de operação ou limite de serviço que são
definidas. Desta forma, os concretos refratários têm sido considerados pertencentes
às três seguintes subclasses baseadas na temperatura de serviço [3].
II.3.1.1 Concretos Cerâmicos
São aqueles utilizados para temperaturas superiores a 900 ° C. Em concretos
normais o tamanho e a qualidade dos agregados podem afetar a razão cimento –
agregado, a demanda de água e a trabalhabilidade do concreto. Estes fatores são
importantes para: porosidade, resistência, peso unitário e deformação linear de
concretos normais. Para resistência, em especial, em temperaturas superiores a 300 –
400 ° C as ligações hidráulicas entre o cimento hidráulico e o agregado decrescem.
Em altas temperaturas as ligações hidráulicas possuem menor importância do que a
sinterização que pode iniciar em temperaturas acima de 900 ° C. Nestas temperaturas,
a pasta de cimento e as partículas agregadas finas reagem termoquimicamente para
formar uma cerâmica ou fase de sinterização.
7
II.3.1.2 Concretos Resistentes ao Calor
Este concreto é geralmente utilizado em temperaturas entre 500 e 900 ° C.
Ótima qualidade e tamanho do agregado são importantes para a resistência do
concreto uma vez que o cimento tornou-se completamente desidratado sem
sinterização [3].
II.3.1.3 Concretos para Temperaturas Menores do que 500 ° C
A terceira subclasse consiste de concretos para uso em temperaturas abaixo
de 500 ° C. Neste limite, o concreto retém algumas ligações hidráulicas quando
aquecido e possui desempenho satisfatório quando sujeito ao ciclo térmico [2].
II.3.2 Conteúdo de Água
O conteúdo de água de concretos refratários moldáveis é importante, pois afeta
a trabalhabilidade ou consistência do concreto fresco bem como as propriedades de
resistência e retração por secagem. Existem consideráveis variações nas
propriedades dos agregados utilizados nos refratários e concretos resistentes ao calor.
O comportamento reológico de vários cimentos utilizados no concreto refratário
também exibe diferenças significantes [2,3] A determinação de uma razão água –
cimento, específica para obter um conteúdo de água ótimo requerido para a
consistência e outras propriedades do concreto, não tem aplicação geral para
concretos refratários especialmente para aqueles que contêm estabilizadores
cerâmicos.
Os concretos refratários geralmente são fabricados com cimentos cálcio -
aluminosos. A quantidade de água requerida para a hidratação deste tipo de cimento é
maior do que a necessária para a hidratação do cimento Portland. Pastas de cimento
aluminoso, portanto, tem menos água evaporável e menor porosidade do que as
pastas de cimento Portland de misturas em proporções similares. Todavia, as pastas
de cimento aluminoso quando aquecidas perdem sua água evaporável e
quimicamente combinam água de modo análogo às pastas de cimento Portland,
Bazant et al., [2].
Pode-se afirmar também que uma das vantagens especiais do uso de cimentos
aluminosos para concretos refratários resistentes ao calor é que eles perdem sua água
8
gradualmente quando aquecidos, uma vez que em cimentos Portland o processo é
mais descontínuo, Petzold e Röhrs [2]. Isto torna mais estáveis as estruturas de
concreto de cimentos aluminosos quando aquecidas.
II.4 FABRICAÇÃO, INSTALAÇÃO E CURA Nas seções a seguir serão descritos os processos de fabricação e instalação
mais comuns e também como se processa a cura deste tipo de concreto.
II.4.1 Fabricação e Instalação
A tecnologia normal para a fabricação e instalação de concretos comuns para
propósitos gerais tem sido estudadas e descritas extensivamente. Muito desta
experiência é também aplicável para concretos refratários, apesar de certos fatores
necessitarem ser considerados quando aplicados para a fabricação de concretos
refratários. Existem, por exemplo, diferenças com respeito à trabalhabilidade própria
para o uso de certos agregados especiais não utilizados normalmente em concreto
comum, e agregados muito finos utilizados em conexão com a sinterização. As
temperaturas, durante a mistura e cura de concreto cálcio aluminoso, requerem
também atenção especial.
Existem vários métodos de instalação de concretos refratários tais como:
moldagem no local, concreto projetado, bombeamento e extrusão, moldagem com
pistola pneumática, aplicação com espátula e compactação a seco [3]. Moldagem no
local e concreto projetado são os métodos mais utilizados freqüentemente.
II.4.1.1 Moldagem no Local
A moldagem no local é provavelmente o método mais comum de instalação ou
colocação de concretos refratários. As propriedades reológicas do concreto, em
função de tempo e conteúdo de água são particularmente importantes. O concreto
deve ter boa trabalhabilidade para um baixo conteúdo de água. Como o tempo para
trabalhar pode ser curto, é recomendado por [3] que todos os concretos refratários
moldáveis sejam moldados imediatamente após a mistura. Petzold e Röhrs [2]
estabeleceram que, para concreto cálcio aluminoso, a cura molhada deve ser iniciada
não mais do que 4 a 5 horas depois da instalação.
9
Givan et al [2] mostraram que a temperatura durante a mistura e cura do
concreto refratário feito com cimento cálcio aluminoso tem um efeito significante na
resistência do concreto.
II.4.1.2 Concreto Projetado
O método do concreto projetado consiste no transporte de agregado e
aglutinante pneumaticamente através de um tubo para o bocal do alimentador de uma
pistola onde o ar comprimido é utilizado para aumentar a velocidade, os materiais
misturados são então projetados em uma superfície. No método de “mistura seca” a
maior quantidade de água é adicionada no bocal, enquanto que no método de “mistura
molhada” a água é misturada com o aglutinante e o agregado antes de ser
transportada para o bocal. No método do concreto projetado, como na moldagem no
local, as propriedades reológicas do concreto, particularmente durante os primeiros 20
minutos de operação, são muito importantes.
Foi estabelecido por [3] que o método do concreto projetado pode aumentar a
densidade dos concretos refratários com conseqüentes mudanças em outras
propriedades físicas. O crescimento na densidade para aplicação de concretos por
projeção, comparado com o concreto refratário isolante moldado, pode afetar
seriamente o valor do seu isolamento e deve ser levado em conta.
II.4.1.3 Moldagem com Pistola Pneumática
Esta técnica é similar ao concreto projetado (mistura seca) exceto ao fato de
que um dispositivo redutor de energia é conectado ao corpo do bocal de alimentação
em substituição a ponta padrão do bocal utilizado no método do concreto projetado. A
maior vantagem desse dispositivo conectado ao bocal é um maior controle do
conteúdo de água que é adicionado à mistura e também a redução da velocidade com
que o material é lançado. A redução de velocidade no lançamento do material traz
como principal vantagem uma menor necessidade de acabamento final tornando o
serviço mais rápido que o realizado pelo método do concreto projetado. No mais, os
requisitos para a moldagem com pistola pneumática são similares ao do método do
concreto projetado. Este método é utilizado para executar a aplicação de pequenos e
grandes volumes de agregado fino e/ou agregado grosso de concretos refratários em
locais restritos e normalmente inacessíveis [3].
10
II.4.2 Cura
Uma cura apropriada de todos os concretos, incluindo os concretos refratários,
é um requisito fundamental para as suas propriedades. A reação de hidratação de
cimentos de alta-alumina, que geralmente é utilizada em concretos refratários, é muito
mais rápida do que para os cimentos Portland comuns. A hidratação do cimento de
alta alumina pode se completar quase nas primeiras 24 horas após a mistura. O
desenvolvimento de resistência é também muito alto e cerca de 80 % de sua
resistência última pode ser atingida dentro das primeiras 24 horas após a mistura. A
hidratação dos cimentos cálcio aluminosos de alta alumina é uma reação exotérmica e
grandes quantidades de calor são produzidas resultando em um rápido acréscimo na
temperatura do concreto enrijecido. As superfícies expostas do concreto devem ser
mantidas úmidas de forma que o cimento tenha uma presença de água suficiente para
satisfazer a hidratação. Pode-se notar conforme o exposto que a temperatura de cura
do concreto refratário feita com cimento cálcio aluminoso tem um efeito significante na
resistência última, Givan et al. [2].
Baixas temperaturas de cura aumentam a possibilidade de fragmentação
térmica explosiva. Desta forma [3] recomenda-se que, quando possível, o concreto
refratário deve ser mantido fresco para temperaturas de cura menores do que 99 ° C,
pois:
(a) A máxima temperatura de serviço de um concreto refratário, aplicado em
um equipamento, não será normalmente atingida,
(b) Altas temperaturas no concreto durante o seu enrijecimento podem produzir
tensões térmicas grandes o bastante para causar fissuras durante o
resfriamento.
Por estas razões uma atenção especial deverá ser dispensada para a cura do
concreto refratário particularmente durante as primeiras 24 horas depois da
moldagem. A cura deve iniciar tão logo seja possível, após a preparação inicial do
concreto, que pode ocorrer de 4 a 10 horas depois da mistura em temperatura
ambiente normal. O concreto deve ser mantido úmido por ao menos 24 horas,
preferencialmente mais, pelos métodos de cura usualmente adotados na prática tais
como cobertura com materiais que mantêm a mistura constantemente molhada, spray
contínuo de água, ou a aplicação de componentes adequados para uma cura líquida
que formam uma membrana de retenção da mistura na superfície do concreto.
11
II.4.3 Secagem e Queima
Depois de curado, o concreto refratário deve ser seco e então aquecido ou
queimado para atender os requisitos de operação ou temperatura de serviço. Os
procedimentos de secagem e queima têm efeitos importantes nas propriedades dos
concretos que estarão sujeitos a altas temperaturas.
O calor de hidratação do cimento de alta-alumina em concretos refratários seca
parcialmente o concreto, mas não pode eliminar completamente a água livre presente
nele. Assim sendo, o concreto refratário deve ser seco em 105 °C antes de ser
exposto em temperaturas de operação.
Devido à água presente e a baixa permeabilidade da maioria dos concretos
refratários, a taxa de aquecimento durante o primeiro aquecimento depois da secagem
do concreto deve ser baixa o bastante para evitar fissuras [3].
II.5 PROPRIEDADES FÍSICAS, TÉRMICAS E QUÍMICAS
Em muitos aspectos, os concretos refratários são similares ao concreto normal.
Contudo, eles possuem algumas diferenças salientes. São descritas as seguintes
propriedades físicas e térmicas: porosidade e permeabilidade, expansão térmica
explosiva, expansão e retração, calor específico, condutividade térmica, resistência à
abrasão e erosão. São abordadas também as seguintes características químicas:
comportamento na presença de gases, interação com escória ou líquidos corrosivos e
interação com metal fundido.
II.5.1 Porosidade e Permeabilidade
A estrutura porosa do concreto afeta suas propriedades físicas e mecânicas. O
conhecimento da permeabilidade em diferentes temperaturas permite melhores
estimativas de taxas de secagem para concretos refratários e a penetração de gases e
líquidos. Os fatores mais importantes que afetam a porosidade de concretos refratários
depois de aquecidos são: o nível de temperatura e a formação de ligações cerâmicas
entre os aglutinantes e os agregados. Um crescimento gradual na temperatura do poro
causa um crescimento no seu volume e uma mudança na distribuição de tamanhos de
poros nas pastas de cimento Portland endurecido. O crescimento no volume ocorre,
pois, a desidratação cria um espaço adicional no poro.
12
II.5.2 Fragmentação Térmica Explosiva
Se estiver presente umidade no concreto antes do primeiro aquecimento ou
queima, ou se ele é aquecido muito rapidamente, pode ocorrer formação de vapor
quando o concreto é exposto a temperaturas de operação. A formação de vapor pode
também ser devida a um repentino desenvolvimento de vapor úmido causado pela
desidratação de vários compostos hidratados no cimento. Há conseqüentemente uma
possibilidade de fragmentação térmica explosiva durante a queima, ou o aquecimento
inicial, de concretos refratários feitos com cimento hidráulico.
Gitzen e Hart [2] referiram-se a parâmetros como o teor de umidade,
permeabilidade, distribuição do tamanho de poro, estrutura física, condutividade
térmica, resistência das ligações e método de colocação, os quais são considerados
terem efeito na fragmentação explosiva. A permeabilidade de concretos refratários
isolantes é geralmente considerada suficientemente alta para prevenir a possibilidade
de fragmentação térmica explosiva, Crowley e Johnson [2].
Controlar a temperatura de cura, realizar uma secagem cuidadosa e programar
a queima, são medidas necessárias para evitar a expansão térmica explosiva nos
concretos refratários, Bazant et al., [2] e Gitzen e Hart [2].
II.5.3 Expansão e Retração
O concreto não retorna usualmente ao seu comprimento inicial em
subseqüentes resfriamentos, isto é, ele é dimensionalmente instável. Harmanthy e
Allen [2] relataram que para concretos feitos com agregados de silício, aquecidos a
1000 ° C e subsequentemente resfriados, existe uma expansão residual, enquanto que
para concretos feitos com agregados de escória ocorre uma contração residual. Essas
mudanças dimensionais residuais irreversíveis devêm-se a mudanças químicas e
físicas que ocorrem quando o concreto é aquecido.
Em geral, foi concluído que as mudanças dimensionais residuais irreversíveis
são principalmente influenciadas pelas propriedades do cimento, dos agregados, do
teor de umidade e da temperatura máxima na qual o concreto é aquecido.
O comportamento de expansão e retração de concretos refratários é muito
complexo e quando é medida a expansão térmica observa-se que durante o primeiro
aquecimento ocorre retração em vez de expansão em certos intervalos de
temperatura. Mais precisamente isto ocorre entre 204 e 316 ° C, Fowler e Farris [2].
Estes intervalos de temperatura correspondem aproximadamente aos intervalos da
13
reação de desidratação do cimento. A taxa de aquecimento também afeta a dilatação
térmica, Farris [2].
A maioria dos concretos refratários de peso normal exibe uma retração
permanente de menos de 1,0 % depois de aquecido a 1093 ° C, enquanto que a uma
temperatura de 1649 ° C ocorre expansão permanente de 0,7 % como relatado por [3].
Já os concretos refratários de peso leve exibem uma retração permanente linear de
menos de 1,5 % quando aquecidos a 1232 ° C e então resfriados.
II.5.4 Calor Específico
Dados do calor específico do concreto refratário são necessários para se fazer
cálculos térmicos. Como os agregados constituem a maior parte do volume do
concreto, o calor específico dos agregados domina o valor do calor específico do
concreto de forma relevante. Em geral, tem-se admitido como um valor médio, em
baixas temperaturas, 0.20 cal g P
-1 P° C P
-1P podendo ser utilizado para todos os materiais
de concretos refratários. O calor específico cresce com a temperatura, e a 1400 ° C,
ele é de 0.28 – 0.30 cal g P
-1 P° C P
-1P [2].
II.5.5 Condutividade Térmica
O coeficiente de condutividade térmica k de um material é geralmente
considerado ser uma função não apenas de sua composição, mas também da sua
porosidade e temperatura. A porosidade tem um importante efeito na condutividade
térmica de concretos refratários (especialmente no caso de concretos refratários de
peso leve). Esta característica do concreto refratário é geralmente similar ou um pouco
menor do que o valor k do agregado no concreto.
Para concreto refratário produzido com cimento aluminoso e agregado tipo
chamotte, os valores de k relatados tem sido entre 0.55 e 0.95 kcal m P
-1P h P
-1P ° C P
-1P. [2].
Valores para concretos refratários feitos com minério de cromo-magnésio, sillimanite,
bauxita calcinada, magnésio sinterizado, corundum fundido e magnésio fundido tem os
seguintes valores 1.0, 1.25, 1.5, 1.5, 2.0 e 3.0 kcal mP
-1P h P
-1P ° C P
-1P, respectivamente
Petzold e Röhrs [2].
O coeficiente de condutividade térmica, em geral, cresce com o crescimento da
temperatura, apesar de que para os concretos de alta alumina o valor de k decresce
com a temperatura. Os efeitos da temperatura na condutividade térmica dos concretos
14
refratários são complexos. Wallace e Criss [2], por exemplo, mostraram que o pré-
aquecimento dos concretos produzidos com cimento aluminoso e agregados de sílica
– alumina possui valores maiores de k quando pré-aquecidos a 1316 ° C do que
quando aquecidos a 927 ° C. A condutividade térmica então cresce com a temperatura
bem como as ligações cerâmicas se desenvolvem. Diferentes valores foram obtidos
durante o ciclo de aquecimento, ao contrário do que foi obtido para o ciclo do
resfriamento, e isto indica a importância da história térmica.
Os resultados de testes de condutividade térmica realizados em concretos
refratários têm sido interpretados em termos de quantidades relativas de cimento
hidráulico e ligações cerâmicas, Larsen e Nakamura [2]. Três zonas ou regiões de
comportamento têm sido sugeridas, os quais correspondem a níveis de temperatura
que consistem de:
(a) manutenção do material hidratado;
(b) perda da água quimicamente combinada;
(c) desenvolvimento de ligações cerâmicas.
A existência destas zonas é dependente do tempo, pois a desidratação e a
formação das ligações cerâmicas dependem do tempo e da temperatura.
A condutividade térmica dos concretos refratários de peso leve é uma das mais
importantes propriedades físicas e eles são largamente utilizados como um material
isolante.
II.5.6 Resistência à Abrasão e Erosão
Em vários processos industriais os concretos refratários são sujeitos à abrasão
e à erosão. Wygant e Buckley [2] relataram os resultados de investigações a este
respeito referindo-se particularmente às condições na indústria de refino de petróleo.
Poucos anos depois, Gitzen et al., [2] mostraram que os concretos de cimento de alta
alumina tinham, particularmente, boa resistência à erosão quando comparados a
outros concretos.
Os concretos refratários que tem maior resistência à abrasão ou resistência ao
uso são aqueles de maior densidade e maior resistência mecânica. Fisher [2] indicou o
efeito do excesso de água, e conseqüentemente resistência mais baixa, na redução da
resistência à abrasão dos concretos refratários. Wygant e Buckley [2] também
15
indicaram que na abrasão a superfície inteira do material é atacada, enquanto que na
erosão apenas as fases minerais com mais baixa resistência são atacadas.
A resistência à erosão é geralmente maior para concretos feitos com cimentos
de alumina de alta pureza do que para aqueles feitos com cimento de alumina de
baixa pureza, Bakker [2].
II.5.7 Comportamento na Presença de Gases
Sob condições de operação, os concretos refratários podem ser expostos a
uma grande variedade de gases. Contudo, muito pouca informação está disponível
sobre os efeitos dos gases nos concretos refratários sob condições de operação.
Os concretos refratários feitos com cimento cálcio aluminoso podem
desintegrar em um ambiente rico em monóxido de carbono e quando o concreto
contém ferro livre ou óxidos de ferro, Gitzen et al., [2]. Particularmente na presença de
vapor, pode ser mostrado que o monóxido de carbono tende a reduzir o módulo de
ruptura em até 95 % do seu valor inicial, no concreto que possui Al B2BOB3B, B Bdepois de um
período relativamente curto de 18 dias, Bakker [2]
A alta pressão dos gases reduz a resistência dos concretos refratários feitos
com cimento hidráulico, Fuller et al., [2] e Crowley [2]. A presença de compostos
voláteis de álcali em um ambiente gasoso tem um efeito muito prejudicial e pode
causar a desintegração do concreto refratário. Isto se deve à formação dos silicatos de
álcali-alumina de baixa resistência, Bakker et al., [2]
II.5.8 Interação com Escória ou Líquidos Corrosivos
Em alguns processos industriais, líquidos corrosivos tais como escórias podem
ser formadas e podem afetar o concreto refratário quando entram em contato com ele.
Os aluminatos de cálcio no concreto reagem em altas temperaturas com os silicatos
de alumínio nos agregados dos refratários para formar os silicatos de cálcio alumínio
de baixo ponto de fusão; isto freqüentemente resulta em um rápido desgaste, Bakker
et al., [2]. Concretos refratários feitos com agregados de alumina tabular e cimento
aluminoso de alta pureza, e que, portanto, tem alto conteúdo de Al B2BOB3B, tem boa
resistência às escórias mais comuns.
16
II.5.9 Interação com Metal Fundido
Concretos refratários feitos com cimento de alta alumina e agregados de
corundum têm mostrado possuir boa resistência ao sódio enquanto bons resultados
podem ser esperados quando feitos com alumina tabular, aglomerado chamotte,
zircônio, magnésio ou agregados de carbeto de silício. Isto ocorre, provavelmente,
devido ao fato de que estes concretos não contêm grandes quantidades de sílica,
Bazant et al.,[2] e Bazant [2]. Agregados de minério de cromo devem, portanto, ser
evitados.
Concretos refratários feitos com cimentos não-hidráulicos tais como: concreto
fosfato-colados, magnésio-colados ou waterglass-colados, têm sido considerados de
interesse, por Bazant [2], pois possuem considerável resistência ao sódio líquido. Isto
se deve ao fato destes cimentos não precisarem de água para o seu endurecimento
químico e, portanto não contêm colagem química da água que pode soltar em altas
temperaturas e reagir violentamente com sódio prejudicando as propriedades do
concreto. Apesar da reatividade química do concreto waterglass com o sódio líquido
ser consideravelmente insignificante, o uso do concreto waterglass é considerado
questionável devido a sua alta porosidade, alta permeabilidade e baixa resistência,
Bazant et al., [2].
II.6 PROPRIEDADES MECÂNICAS
Em termos de propriedades mecânicas, os concretos refratários mostram
muitas similaridades aos concretos produzidos com cimento Portland comum.
Contudo, as características dos materiais, tais como resistência ou fluência específica
podem possuir valores diferentes, especialmente quando temperaturas de 1000 ° C,
que estão bem além do campo de atuação do concreto produzido com cimento
Portland, são consideradas. Além disso, em altas temperaturas, algumas importantes
diferenças qualitativas são encontradas – por exemplo, um crescimento da ductilidade
(decréscimo de fragilidade) associado com um grande crescimento da fluência
específica (deformação por unidade de tensão), pois o ponto de fusão está próximo;
ou o crescimento da componente fluxo viscoso da fluência e a supressão da parte
elástica retardada da fluência [2].
Não existem grandes dificuldades para as aplicações tradicionais de concreto
refratário para revestimentos em vasos de tecnologia química por três razões:
17
(a) Estes revestimentos já foram testados para grandes escalas e assim os
projetos são baseados largamente na experiência;
(b) Os revestimentos não estão carregados e desta forma sua falha não teriam
conseqüências catastróficas;
(c) Seus projetos são para vida útil limitada, depois da qual o revestimento
refratário é substituído.
Contudo, se as aplicações prometidas de concretos refratários para vasos de
reatores nucleares e algumas outras aplicações não-tradicionais se materializarem,
será necessário expandir as bases experimentais e desenvolver modelos matemáticos
para avaliar o comportamento mecânico dos concretos refratários.
Serão objetos de análise desta seção: a resistência à compressão, a
resistência à flexão, o módulo de elasticidade, a fluência, o choque e o ciclo térmico, a
aderência entre o concreto refratário e reforços de aço, o uso de fibras para melhorar a
ductilidade e o limite de ruptura dos refratários bem como o comportamento de
concretos fibrosos sob ação de cargas dinâmicas.
II.6.1 Resistência à Compressão
As propriedades mecânicas dos concretos refratários são avaliadas pela
determinação das mudanças na resistência à compressão que ocorre durante o pré-
aquecimento ou queima do concreto. A resistência à compressão uniaxial do concreto
refratário que foi resfriado em uma sala de temperatura controlada, depois de ter sido
aquecido em uma temperatura particular, nem sempre corresponderá a sua resistência
quando quente. Petzold e Röhrs [2] estabeleceram, contudo, que a resistência à
compressão do concreto frio pode ser utilizada para se avaliar a resistência real
quando quente bem como a variação da resistência com a mudança de temperatura.
Muitas medidas foram feitas em salas de temperatura controlada, depois do concreto
aquecido em várias temperaturas, apesar de Bakker [2] ter enfatizado que o teste mais
realístico de resistência à compressão na temperatura real de serviço deveria tornar-
se mais popular.
Para o concreto refratário cálcio aluminoso com o crescimento da temperatura
decresce a resistência à compressão. O decréscimo ocorre em uma larga faixa de
temperaturas e alcança valores mínimos entre 1000 ° C e 1200 ° C. O decréscimo da
resistência deve-se principalmente às transformações químicas que ocorrem nos
minerais hidratados no cimento hidráulico com o crescimento da temperatura. Isto
18
resulta na desidratação e perda da pega química da água e causa uma redução na
pega química da pasta de cimento e conseqüentemente um decréscimo na
resistência. A desidratação do cimento promove a formação de partículas muito finas
desidratadas (sinterização) que são capazes de reagir no estado sólido e que
produzem novos produtos químicos na interface com os agregados. Após a formação
da sinterização a resistência à compressão volta a crescer novamente.
II.6.2 Resistência à Flexão ou Módulo de Ruptura
A resistência à flexão ou módulo de ruptura, obtida pelos principais testes de
flexão, é basicamente uma medida da resistência à tração, ASTM C268 [2]. Apesar de
Petzold e Röhrs [2] expressarem sua opinião de que os testes de resistência à
compressão são mais aceitos por serem mais comuns do que os de resistência à
tração ou flexão, resultados do módulo de ruptura tem sido relatados.
Para concretos produzidos com alumina de alta pureza pode-se observar, pela
figura II.1, que quando os ensaios são realizados com corpos de prova resfriados
existe um decréscimo significativo no módulo de ruptura o qual se deve à desidratação
do cimento, seguida de um fino acréscimo nas temperaturas de 1093 ° C a 1371 ° C.
Quando os corpos de prova ensaiados são aquecidos o decréscimo não apresenta a
mesma extensão que o apresentado para corpos de prova resfriados, mas de 816 ° C
a 1510 °C há uma grande perda no módulo de ruptura do concreto em altas
temperaturas. Isto ocorre devido à fase vítrea que é formada em altas temperaturas.
No caso dos espécimes quentes a fase vítrea torna a viscosidade maior e traz a
redução da resistência.
Figura II.1 – Módulo de Ruptura de Concretos Refratários, Petzold [2]
19
Para concretos produzidos com alumina de pureza intermediária os resultados
são similares (vide figura II.2), porém são mais irregulares. Para 1371 ° C a resistência
de espécimes frios para concretos feitos com alumina de alta pureza é de 15.8 MPa e
para os concretos de alumina de pureza intermediária de 10.3 MPa. Para espécimes
quentes nessa mesma temperatura os valores do módulo de ruptura são 3.4 MPa e
1.4 MPa para cimentos de alta pureza e pureza intermediária, respectivamente. A
resistência inicial dos concretos depois de secos a 105 ° C está em torno de 8.3 MPa.
Em geral, o módulo de ruptura de concretos refratários de peso normal tem
apresentado resultados variando de 4.8 MPa a 10.3 MPa depois de secos a 105 ° C,
Bakker et al., [2]. Deve-se observar também que a taxa de aquecimento afeta o
módulo de ruptura dos concretos refratários.
Figura II.2 – Módulo de Ruptura de Concretos Refratários, Bakker [2]
II.6.3 Módulo de Elasticidade
Em salas de temperatura controlada, o módulo de elasticidade E de concretos
refratários de peso normal feitos com cimento Portland ou cimento aluminoso têm
obtido valores entre 29 GPa e 39 GPa. Quando aquecido em um estado não queimado
o valor de E a 800 ° C decresce de 5 % a 25 %, Petzold e Röhrs [2]. Schneider e
Mong [2] relataram resultados de investigações no relacionamento entre o módulo de
elasticidade e a temperatura para concretos refratários produzidos com cimentos de
alta alumina e agregados chamotte e realizaram testes em um estado de não-
queimado. Comparando os resultados obtidos com resultados depois da queima se
20
observa variações significativas que ocorrem devido às variações na sinterização, a
formação de novas fases minerais e ao processo de recristalização.
McCullough e Rigby [2] relataram resultados de testes em concreto refratário
produzidos com cimentos aluminosos de alta e de baixa pureza. Como conclusão
deste estudo curvas que possuem forma muito similar àquelas obtidas para o módulo
de ruptura foram produzidas, e em geral há uma boa correlação entre a resistência e E
com as mudanças de temperatura [2].
Além do teste convencional de tensão-deformação o módulo de elasticidade
pode também ser calculado pela determinação da deflexão de vigas quando
carregadas. Schneider e Mong [2] relataram resultados de testes em concreto
refratário feitos com 20 % de cimento aluminoso e 80 % de agregado de pedra –
argila, Estes resultados confirmaram que mudanças no valor de E causadas pelo
crescimento da temperatura são devido a mudanças mineralógicas no cimento e no
processo de desidratação o qual reduz o módulo de elasticidade dos concretos entre
300 ° C e 800 ° C, Bazant et al., [2].
II.6.4 Fluência
Foi estabelecido por Petzold e Röhrs [2]; e Bazant et al., [2] que, para muitas
aplicações práticas de concretos refratários, a resistência à fluência em altas
temperaturas, ou refratividade sob carga, é mais importante do que a resistência ao
calor ou a resistência mecânica. Isto ocorre porque o concreto refratário sob condições
de operação não é normalmente exposto a sua resistência última ao calor e nem a sua
resistência mecânica última. Ao passo que ele é sujeito a cargas constantes em
temperaturas de operação em longos períodos de tempo.
Segundo Petzold e Röhrs [2] os resultados obtidos em testes para concreto
refratário produzido com cimento aluminoso e minério de cromo indicam que a
deformação irreversível por fluência apenas se torna importante em temperaturas de
cerca de 1000 ° C e em cargas relativamente altas. Eles também indicam que, em
altas temperaturas, a fluência torna-se mais fortemente não-linear como função da
tensão.
Bray et al., [2] relataram resultados de testes feitos em concreto refratário feito
com cimento cálcio aluminoso de alta pureza e agregado de alumina que continha
mais de 90 % de alumina. Estes testes indicaram que a fluência do concreto cresce
com a temperatura e a duração do carregamento e os espécimes de pasta de cimento
puro tinham valores de deformação de fluência mais altos que para o concreto. As
21
indicações foram que a fluência do concreto foi devida principalmente à deformação
da matriz da pasta de cimento.
II.6.5 Choque térmico e Ciclo térmico
Petzold e Röhrs [2] se referem à habilidade de um material resistir a variações
rápidas na temperatura como sua “estabilidade sob temperatura flutuante”. O método
usual de testar esta capacidade tem sido aquecer o espécime de teste a uma
temperatura específica (850 ou 950 ° C) e então resfriá-lo na água ou através de spray
de água ou por um sopro de ar frio. A estabilidade do material sujeito ao choque
térmico e ao número de resfriamentos ou choques térmicos devido ao rápido
resfriamento é medida através da determinação do número de resfriamentos antes de
ocorrer danos ao espécime testado.
Os resultados de testes realizados com esta metodologia indicam que os
efeitos do uso de diferentes agregados no concreto refratário são muito significantes.
Concretos contendo alumina geralmente tem maior resistência a repetidos
resfriamentos do que quando possuem magnésio, minério de cromo-magnésio ou
minério de cromo usado como agregados no concreto.
A ótima distribuição de poros nos concretos refratários é quebrada quando
ocorre sinterização. Bakker [2] mostrou que experiências práticas indicam que os
concretos refratários têm melhor resistência ao choque, quanto maior a quantidade de
fase de sinterização não formada. O concreto refratário instalado em condições
apropriadas com cura, secagem, queima inicial programadas geralmente tem boa
resistência ao choque térmico e ao ciclo térmico [3].
II.6.6 Aderência entre Concreto Refratário e Reforços de Aço
Em estruturas de concreto expostas em altas temperaturas é necessário que a
aderência entre o aço e o concreto seja satisfatória. Considerando a aderência entre
reforços de aço e concreto em altas temperaturas deve-se observar que as
propriedades do aço são também de grande importância. Em temperaturas de 400 ° C
a resistência do aço é reduzida significativamente. O ponto de ruptura do aço decresce
com o crescimento da temperatura e há um grande crescimento na fluência. Em altas
temperaturas os efeitos das diferenças em coeficientes de expansão térmica e
condutividade térmica de concretos refratários e aço, tornam-se de grande
importância. O coeficiente de expansão linear do aço pode, por exemplo, ser cem por
22
cento maior do que o do concreto refratário. Diferentes aços e concretos, também têm
propriedades distintas em diferentes temperaturas e isto afeta a aderência entre o
concreto e o aço [2].
II.6.7 Concreto Refratário Reforçado com Fibras de Aço
Define-se concreto fibroso segundo [4] como o concreto contendo um cimento
hidráulico, água, agregados miúdos e/ou graúdos e fibras discretas descontínuas.
Nesta seção, será tratado mais especificamente dos concretos refratários fibrosos.
Investigações têm sido realizadas com o uso de fibras de aço para fornecer
reforço integral aos concretos refratários. Lankard e Sheets [2] têm relatado, por
exemplo, os resultados de testes para verificar os efeitos da incorporação de 1 a 2 por
cento de fibras de aço inoxidável, em volume, em concretos refratários produzidos
com cimento de alta alumina. Estes testes mostram que os concretos refratários
reforçados com fibras de aço inoxidável possuem módulos de ruptura e resistência à
compressão maior do que a dos concretos refratários sem reforço.
Outras investigações têm também indicado que a incorporação de fibras de
aço inoxidável ou fibras de carbono dentro de concretos refratários tem resultado em
significantes melhoras na resistência mecânica, resistência ao choque térmico e outras
propriedades do concreto em altas temperaturas Hackman e Baker [2]; Babcock e
Wilcox Co [2] e Lankard [2]. Fibras de aço resultam em fissuras os quais são mais bem
distribuídas, mais estreitas e possuem espaços menores entre elas. Desde 1971
concretos refratários reforçados com fibras têm sido utilizados com sucesso em
numerosas aplicações industriais, Lankard [2] e [3]. Sob condições de serviço, a
degradação de fibras de aço pode, contudo, ocorrer em altas temperaturas os quais
pode limitar o seu completo potencial, Fowler [2] e [3]. Skrovanek e Herron [2]
relataram que a incorporação de quatro por cento em peso de fibras de aço inoxidável
em variados refratários moldados não melhorou os seus módulos de ruptura em altas
temperaturas.
II.6.8 Concreto Reforçado com Fibras sob Ação de Cargas Dinâmicas
O reforço fibroso é indubitavelmente uma das formas mais efetivas de melhorar
a resistência do concreto ao impacto e à explosão. Infelizmente, as propriedades
dinâmicas do concreto reforçado com fibras estão até o momento pouco entendidas
23
[5]. O desenvolvimento de novos concretos fibrosos para serem utilizados sob a ação
de cargas dinâmicas necessita de mais informações do desempenho destes materiais
para projetar fibras mais adequadas para estas aplicações.
O concreto em geral, é carregado com taxas de deformação aproximadas em
testes padronizados. Contudo, existem eventos dinâmicos nos quais as taxas de
deformação podem exceder significativamente os valores os quais estes testes são
aplicados, como por exemplo: movimento rápido de tráfico (•
ε = 5 x 10 P
-6P – 5 x 10 P
-5P s P
-1P),
explosão de gases (•
ε = 5 x 10 P
-5P – 5 x 10 P
-4P s P
-1P), terremotos (
•
ε = 5 x 10 P
-3P – 5 x 10 P
-1P s P
-1P),
empilhadeira (•
ε = 10 P
-2P – 10 P
-0P s P
-1P) e aterrisagem de avião (
•
ε = 5 x 10 P
-2P – 2 x 10 P
-0P s P
-1P)
[5]. A causa principal para a falta de entendimento destas situações é a ausência de
um de teste padronizado para materiais cimentíceos sob a ação de impactos [6].
O entendimento da mecânica da fratura para concretos fibrosos sob a ação de
cargas dinâmicas também precisa ser bastante estudado ainda. Em particular, as
seguintes variáveis precisam ser estudadas: influência da taxa de carregamento,
fração volumétrica de fibras, tipo de fibra e geometria, revestimento da fibra e
modificações na superfície da fibra, tamanho da fissura inicial, taxa de deslocamento,
características do agregado, temperatura do ambiente, resistência da matriz de
concreto e presença de uma fibra secundária na matriz [5].
Pode-se afirmar que os conhecimentos que hoje se têm sobre o concreto
fibroso sob a ação de cargas dinâmicas são qualitativos. Enquanto uma melhoria nas
propriedades é largamente relatada, a magnitude exata desta melhoria é incerta [5].
Sabe-se que os concretos fibrosos possuem maior resistência ao impacto do
que as matrizes cimentíceas sem a adição de fibras. Ou seja, os concretos fibrosos
são mais tenazes que suas respectivas matrizes. Uma forma de constatar este
resultado é realizar o teste proposto em [6]. Este teste consiste basicamente em um
martelo especial que corre através de trilhos até atingir um espécime de concreto que
fica em um suporte instrumentado. O martelo é solto e ao atingir o espécime pode-se
observar o estado dos corpos de prova após o impacto e através da instrumentação se
obter os valores para energia de fratura sob diversas circunstâncias.
Os principais resultados extraídos destes ensaios são: uma maior absorção
dos impactos do concreto fibroso com relação a sua matriz, um crescimento na
resistência ao impacto devido ao crescimento na fração em volume de fibras no
concreto, o desempenho das micro-fibras de carbono é inferior a das micro-fibras de
aço, um melhor desempenho na absorção de energia dos concretos fibrosos com
24
reforços de macro-fibras em relação aos concretos com reforços de micro-fibras de
aço ou carbono [6].
Dos testes realizados em [6] também são obtidos resultados do comportamento
de concretos fibrosos em temperaturas ambientes e temperaturas abaixo da ambiente.
A principal conclusão é: em geral, os concretos fibrosos requerem menos tempo para
falhar em baixas temperaturas em comparação com estes mesmos concretos em
temperaturas ambientes. Assim para a mesma altura de queda do martelo, o
compósito possui uma maior taxa de tensão em temperaturas mais baixas [6].
Por fim, pode-se dizer que muito ainda precisa ser estudado para se obter um
bom embasamento de como se comportam os concretos fibrosos quando submetidos
à ação de cargas dinâmicas.
II.7 APLICAÇÕES Os concretos refratários são correntemente utilizados em uma grande
variedade de aplicações industriais onde o processamento a quente ou a contenção
térmica são requeridas. Como qualquer outro material de construção, os concretos
refratários têm uma esfera definida de operação, e deve-se atentar para o uso
indiscriminado em aplicações que não estão definidas e que podem ocasionar falhas
catastróficas quando realizadas.
Os concretos refratários apresentam vantagens potenciais em relação a formas
convencionais de aplicações de refratário. São elas:
- Maior flexibilidade no projeto físico e térmico;
- Minimização, ou eliminação de juntas;
- Redução na instalação e tempo de construção;
- Redução nos custos de construção,
- Redução na manutenção em muitos casos;
- Eficiência e economia na manutenção;
- Economia potencial de combustível;
- Disponibilidade de uma grande variedade de concretos refratários;
Existem centenas de tipos de concreto refratário, desta forma torna-se
impossível a discussão de cada uma das composições e suas aplicações. Contudo, as
principais aplicações conhecidas são:
25
- Altos fornos na indústria siderúrgica;
- Fornos elétricos na indústria metalúrgica;
- Craqueadores Catalíticos em refinarias de petróleo;
- Caldeiras para geração de vapor;
- Fabricação de vidro;
- Isolamento de reatores para a produção de gás;
- Incineradores;
26
CAPÍTULO III
III EXPLOSIVOS EM ENGENHARIA
III.1 HISTÓRICO E CLASSIFICAÇÃO
Uma explosão é um fenômeno físico ou físico-químico no qual, em um espaço
de tempo muito curto uma grande quantidade de energia é liberada pela produção de
um grande volume de gases em temperaturas e pressões muito altas; mesmo
pequenas quantidades de explosivo geram efeitos mecânicos, visuais e acústicos de
considerável intensidade.
Uma explosão é também definida [7] como um processo termoquímico no qual
uma mistura de gases, sólidos ou líquidos reage com a formação quase instantânea
de gases pressurizados e liberação de calor.
O primeiro explosivo a ser utilizado pelo homem foi a pólvora negra, uma
mistura de nitrato de potássio, enxofre e carvão. Na Europa foi utilizada pela primeira
vez no século 13. A pólvora negra foi inicialmente aplicada com propósitos militares,
mas não foi utilizada na mineração para o desmonte de rochas até o século 16. Até a
primeira metade do século 19 a pólvora foi, talvez, o único explosivo conhecido, e
certamente o único explosivo utilizado para mineração. O túnel Frejus, um túnel
ferroviário de 12000 metros de extensão que atravessa os Alpes ocidentais, foi
construído entre 1857 e 1871 usando apenas pólvora negra; o que representa a
primeira grande aplicação em obras de engenharia na Europa [8].
Após a descoberta da nitroglicerina por Sobrero em 1847 e a invenção da
primeira dinamite feita por Nobel em 1867, os trabalhos com explosivo em mineração
e construção começaram a adotar gradualmente, e logo em seguida de forma mais
genérica, esses produtos, os quais, apesar das diferenças em suas composições
químicas, tinham características comuns de reações explosivas extremamente rápidas
(velocidades de detonação dos explosivos de 1800 m/s até cerca de 8000 m/s), muito
mais rápidas do que a pólvora negra que é geralmente abaixo de 600 m/s [8]. Nos
anos de intervalo entre as duas guerras mundiais, a pólvora negra continuou a ser
utilizada em pequenas operações de mineração.
Estas reações extremamente rápidas são classificadas como detonações, e
explosivos detonantes é o nome para estes explosivos caracterizados por esta reação
de detonação. Uma detonação é também definida [7] como uma reação explosiva
supersônica que cria uma onda de choque de alta pressão, calor e gases.
27
Dependendo da sua sensibilidade ao estímulo térmico, os explosivos
detonantes são divididos dentro de duas categorias:
- Explosivos primários, para o qual a detonação inicia-se a partir do contato com
chama e desta forma são utilizados como cargas primárias em detonadores;
- Explosivos secundários, para a detonação no qual a aplicação de chama é
insuficiente, e a aplicação de ondas de choque é necessária (na prática uma onda
de choque é fornecida por um detonador).
Atualmente, o uso de pólvora negra é limitado para o corte ornamental de rocha
e em atividades similares, onde o explosivo fornece uma ação de "empurrão" sem
esmagamento ou destruição que é um efeito típico dos explosivos detonantes [8].
III.2 TERMINOLOGIA
Alguns termos merecem ser definidos explicitamente [7]:
Alto Explosivo - Qualquer explosivo que é sensível ao detonador número 8 e reage
supersonicamente;
ANFO - Explosivo muito comum consistindo de Ammonium Nitrate and Fuel Oil;
Detonador - Dispositivo contendo uma carga detonante que é utilizada para iniciar um
explosivo secundário;
Diâmetro Crítico - Diâmetro mínimo de um explosivo para a propagação de uma
detonação estável;
Dinamite - Alto explosivo inventado por Alfred Nobel. Qualquer alto explosivo contendo
nitroglicerina como substância sensível é considerada uma dinamite.
Reforçador – Carga de alto explosivo utilizada para melhorar a estabilidade e a
intensidade da reação explosiva;
Sobrepressão Atmosférica - Ar carregado pela onda de choque resultante da
detonação dos explosivos. Pode ser causada pelo
movimento das rochas ou pela liberação de gases em
expansão no ar;
Plano de Fogo - Planejamento realizado para se executar uma detonação. Definição
do tipo de explosivo, peso das cargas, conexões e tempos das
cargas, acionamento, furação, entre outros.
28
Uma definição que também merece ser feita, mas que não se encontra em [7] é:
TNT – Alto explosivo, conhecido como trinitrotolueno, possui grande velocidade de
detonação e é muito utilizado para fins militares.
III.3 CARACTERÍSTICAS DOS EXPLOSIVOS
Os explosivos possuem diversas características. Contudo, serão descritas
neste item apenas aquelas mais relevantes:
UMassa Específica U - é a razão entre a massa e o volume de explosivo, e é expressa em
kg/mP
3P. Varia com a natureza dos componentes dos explosivos e seu grau de
compactação. Um explosivo com uma grande massa específica ou alta densidade dá
uma boa concentração e é particularmente útil em furos de pequeno diâmetro. Por
outro lado, uma baixa densidade proporciona uma distribuição mais uniforme na rocha
e é particularmente mais adequada para operações com explosivos em grandes
diâmetros [8].
UVelocidade de Detonação U - é a velocidade com a qual o processo de reação se
propaga na massa do explosivo [8]. A velocidade de detonação de um explosivo é
mais alta quando os explosivos estão confinados [7]. Os explosivos comerciais
utilizados em mineração possuem velocidades de detonação variando de 1800 m/s a
8000 m/s. Hoje em dia, a velocidade de detonação pode ser medida com considerável
precisão. Junto com a densidade ela é um importante elemento que influencia o
rendimento da energia transmitida às rochas [8].
USensibilidade à Iniciação U - é o indicador da capacidade de um explosivo ser iniciado
em uma detonação de maneira sustentável. Ela é definida pela força do detonador, o
qual certamente iniciará o explosivo para uma detonação contínua e sustentável. A
referência é feita na escala de Sellier-Bellot que consiste de uma série de 10
detonadores, do número 1 ao número 10, cada qual correspondendo a um acréscimo
no peso da carga do detonador. Na prática todos os explosivos no mercado hoje são
sensíveis ao detonador de número 8, cuja carga corresponde a dois gramas de
fulminato de mercúrio. Contudo, no caso do ANFO ele é iniciado de uma forma mais
eficiente com um detonador número 10, onde a carga corresponde a três gramas de
29
fulminato de mercúrio. É importante a referência ao ANFO, pois ele é um explosivo
muito comum no mercado hoje em dia [8].
UEnergia de Explosão U - é uma quantidade que pode ser deduzida indiretamente e
teoricamente da composição de um explosivo ou medida diretamente através de
calorímetro. Ela é expressa em unidades térmicas (calor de explosão) ou em unidades
mecânicas (energia de explosão) na base de unidades como MJ/kg [8].
UPressão Específica U - indica a pressão que pode ser alcançada na situação onde 1000
kg de carga é detonado em uma câmara de 1 mP
3P, assumindo como insignificantes o
volume dos resíduos sólidos e o covolume (volume dos gases segundo a lei dos gases
perfeitos). O valor da pressão específica (expressa em MPa) é um importante fator
quando o principal interesse são os efeitos da pressão quase estática (em detonações
controladas, por exemplo) [8].
UGases U- Os gases os quais, em teoria, são produzidos quando um explosivo comercial
detona são: dióxido de carbono, nitrogênio e vapor de água, nenhum dos quais são
tóxicos. Na prática esta situação ideal não ocorre e toda detonação produz alguma
quantidade de monóxido de carbono e dióxido de nitrogênio os quais são tóxicos. O
maior cuidado que deve haver quando se projeta explosivos para uso em operações
subterrâneas ou em ambientes fechados é assegurar que eles executarão o mesmo
trabalho de maneira satisfatória em diferentes condições de carregamento. Quanto
mais completa for a reação mais ficaremos próximos do modelo ideal e a porcentagem
de gases tóxicos é mantida no mínimo. Uma ventilação adequada da mina é o fator
mais importante para assegurar uma boa atmosfera depois da detonação. Certos tipos
e classes de explosivos produzem menos gases tóxicos do que outros. Sob as
mesmas condições ambientes (seção de passagem do túnel, ventilação, temperatura,
umidade, entre outras) os gases produzidos por diferentes tipos de explosivos
utilizados em operações subterrâneas de mineração apresentam diferentes
atmosferas de gases na mina. Assim sendo, o tempo de dispersão e espera
obrigatória antes de retornar para o local das operações varia de acordo com o
explosivo utilizado [8].
Existe uma característica que não foi citada como principal, mas que merece
ser comentada: Uo diâmetro crítico de um explosivo U. O diâmetro crítico, conforme
apresentado na seção terminologia, é o mínimo a partir do qual a detonação ocorre de
forma estável. Os principais explosivos comerciais possuem um diâmetro crítico da
30
ordem de 20 mm que é um fator limitante para a execução de detonações com furos
menores que esses.
III.4 DINÂMICA E BALANÇO DA ENERGIA DA DETONAÇÃO
A principal característica de qualquer detonação é a liberação de uma grande
quantidade de energia na forma de ondas de choque e gás sob uma pressão muito
alta e num período de tempo muito curto.
No furo onde está aplicado o explosivo a frente de detonação viaja através da
carga explosiva a uma velocidade de milhares de m/s (velocidade de detonação).
A frente de detonação é caracterizada por uma pressão dinâmica muito alta
com pico superior a 10 P
4P MPa. Por outro lado o nível de pressão na esteira da onda de
choque é "quase estático", na ordem de 10 P
3P MPa [8]
A Cadeia Explosiva pode ser representada pela figura III.1.
Figura III.1 - Cadeia Explosiva
Quanto ao balanço de energia de uma detonação, os resultados (vide Tabela
III.1) de um exemplo para o uso de explosivos na fragmentação de rochas, indicam de
modo aproximado como a energia produzida pelos explosivos se distribui e quais são
os seus principais efeitos.
Explosivo Secundário Reforçador Explosivo Primário
Sensibilidade -
+31
Tabela III.1 – Distribuição Percentual de Energia para Desmonte de Rochas [8]
Efeito Percentual de Energia
Fratura no Local < 1 %
Quebra de Rocha 15 %
Deslocamento de Rocha 4 %
Esmagamento na vizinhança do furo 1,5 a 2 %
Lançamento de Rocha < 1 %
Deformação de rocha sólida atrás do tiro < 1 %
Vibrações no solo 40 %
Sobrepressão atmosférica 38 - 39 %
Da tabela III.1, descontando os efeitos de vibrações no solo e sobrepressão
atmosférica que representam cerca de 79 % do total de energia gerado pela
detonação calcula-se que a quantidade de energia dos explosivos (dinamites, em
geral) utilizada para realizar o desmonte de rochas é cerca de 21 % da energia total
gerada pela sua detonação. Vibração do solo e sobrepressão atmosférica são efeitos
indesejáveis que sempre acompanham a detonação.
III.5 EXPLOSIVOS E ACESSÓRIOS
Adotando-se a classificação dos explosivos em primários e secundários pode-
se afirmar que os explosivos que constituem a carga principal em uma detonação são
sempre secundários enquanto os acessórios podem ser primários ou secundários.
Os explosivos que constituem a carga principal e são utilizados modernamente
podem ser classificados da seguinte forma:
Dinamites - tem como base ativa a nitroglicerina. Podem ser gelatinosas ou
pulverulentas. O seu uso está diminuindo cada vez mais devido ao alto
custo e maior risco na fabricação.
Figura III.2 - Dinamites
32
ANFO - são utilizados largamente, pois são de fácil fabricação e possuem um custo
muito baixo. Possuem restrições no uso em furos molhados, pois, não são
resistentes à água. São aplicados diretamente nos furos, não sendo, portanto,
encartuchados.
Figura III.3 - ANFO
Aquagéis ou Dinamite-Lama - São explosivos modernos e seguros, contudo estão
sendo substituídos pelas emulsões que tem custo
mais baixo e desempenho semelhante.
Figura III.4 - Aquagéis ou Lamas Explosivas
Emulsões Explosivas - são explosivos de baixo custo, seguros e amplamente
utilizados hoje em dia. São fabricados em forma líquida
(emulsão bulk) ou gelatinosa (emulsões encartuchadas).
Figura III.5 - Emulsões Gelatinosas
33
Os acessórios são dispositivos explosivos utilizados para auxiliar o
acionamento das cargas principais em uma detonação. São descritos a seguir os
principais tipos de acessórios existentes.
Espoletas - São dispositivos utilizados para dar início à cadeia de detonação. São
constituídas de explosivos primários e podem ser de três tipos: espoletas
comuns, espoletas elétricas e espoletas eletrônicas.
Estopins - São constituídos de pólvora negra envolvida em uma capa de tecido e
materiais impermeabilizantes em forma de cordão. São utilizados para
fornecer a chama necessária para acionar as espoletas comuns.
Espoletim - É um conjunto composto de uma espoleta comum e um estopim
devidamente conectado e pronto para acionamento.
Figura III.6 - Espoletim
Retardadores - São dispositivos utilizados para retardar a detonação. Em geral, são
constituídos de substâncias químicas que possuem velocidade menor
que a dos explosivos e que uma vez conectados à cadeia de
detonação proporcionam os diferentes tempos de detonação
necessários em um plano de fogo.
34
Figura III.7 – Retardadores
Cordel Detonante - É um dispositivo que tem como finalidade principal conduzir as
ondas de choque às diversas cargas em uma detonação. Em
geral, são compostos do explosivo Nitropenta protegido por um
invólucro à prova d'água. São acionados por estopins, espoletas
elétricas ou eletrônicas.
Figura III.8 - Cordel Detonante
Não - Elétrico - É um dispositivo utilizado para a condução da onda de choque. É
constituído de: um tubo plástico que possui uma fina camada do
explosivo HMX aplicada em suas paredes e em uma das
extremidades uma espoleta que pode já está acoplada a um
retardador. Apesar de possuir a mesma finalidade do cordel
detonante, o não - elétrico apresenta uma grande vantagem, pois,
proporciona um acionamento mais silencioso do que o feito com
cordel detonante e ainda substitui a espoleta elétrica tornando o
acionamento da carga principal imune a interferências elétricas.
35
Figura III.9 - Não - Elétrico
Reforçadores - Como o próprio nome diz são dispositivos utilizados para reforçar a
iniciação de uma detonação. Existem casos em que a energia
necessária para acionar uma detonação é maior do que a
proporcionada pelas espoletas e desta forma é preciso dispor de um
suplemento de energia para a detonação se processar. Os
reforçadores são constituídos geralmente de explosivos secundários.
Figura III.10 - Reforçador
Existem muitos outros tipos de explosivos utilizados para carga principal e
como acessório que não foram citados. É importante salientar que este texto abrange
apenas os dispositivos explosivos comerciais excluindo os de uso militar. O único
explosivo de uso militar que foi mencionado nesse estudo é o TNT.
III.6 PRINCIPAIS APLICAÇÕES EM ENGENHARIA
As principais aplicações dos explosivos em engenharia são na mineração e em
grandes obras de engenharia civil como, por exemplo: a abertura de túneis,
construções de barragens e estradas. Estas aplicações caracterizam-se pelo uso de
36
grandes quantidades de explosivo, da ordem de toneladas. Para essas aplicações
existem diversos estudos feitos e muitos dados disponíveis que possibilitam análises
mais precisas e confiáveis.
Contudo, outras aplicações vêm sendo desenvolvidas nas últimas décadas
como, por exemplo: a implosão de edificações e a soldagem de chapas metálicas [9].
Estas técnicas utilizam pequenas quantidades de explosivo que são da ordem de
quilogramas. São conhecidas e aplicadas por poucos especialistas e existem poucos
dados disponíveis para estudo relacionados a elas.
A tecnologia Refratex para remoção de camadas de material refratário em
componentes e dutos industriais, que será apresentada mais adiante neste trabalho,
foi desenvolvida poucos anos atrás e caracteriza-se pela utilização de ínfimas
quantidades de explosivo, da ordem de gramas, quando comparadas as outras
aplicações aqui citadas.
De forma a ilustrar melhor a ordem de grandeza das aplicações dos explosivos
em engenharia sugere-se a seguinte classificação:
- Detonações - aplicação de explosivos em mineração e grandes obras de engenharia
civil (toneladas de explosivo);
- Mini-Detonações - aplicações de explosivos em implosões de edificações e soldagem
de chapas metálicas (kg de explosivos);
- Micro-Detonações - aplicação de explosivos na remoção de camada de concreto
refratário - tecnologia Refratex (gramas de explosivo).
III.7 FORMULAÇÕES PARA APLICAÇÃO DE EXPLOSIVOS
Para as aplicações mais comuns de explosivos como o desmonte de rochas ou
mesmo a abertura de túneis existem formulações que auxiliam na preparação do plano
de fogo. Para o Desmonte de bancadas (vide figura III.11) uma expressão muito
utilizada é a fórmula de Langefor [7]:
BBmax B= B B
BSfcspd f
/...
33 (III.1)
37
onde,
BBmax B– afastamento máximo (m)
d Bf B – diâmetro do furo carregado com explosivo (mm)
p – densidade de carregamento do furo (kg/dm P
3P)
s – densidade do explosivo (kg/mP
3P)
c – constante da rocha (kg/mP
3P)
c – c + 0.05 para BBmaxB entre 1.4 m e 15.0 m
f – grau de fixação, 1.0 para furos verticais e 0.95 para furos com inclinação 3:1
(altura da bancada : afastamento)
S/B – razão entre espaçamento e afastamento
Figura III.11 - Bancada
Para um melhor entendimento desta formulação se fazem necessários alguns
conceitos:
UAfastamento (S) U – é a menor distância entre o furo e a face da bancada ou a
menor distância entre duas linhas de furo.
UEspaçamento (B) U– é a distância entre dois furos da mesma fila
UDensidade de Carregamento (p) U – é a quantidade de explosivo carregada em um
furo, geralmente expressa em (kg/dmP
3P).
38
Esta formulação pode ser utilizada em desmontes de bancada, por exemplo,
para as seguintes aplicações:
• Mineração a céu aberto;
• Construção de usinas hidrelétricas;
• Cortes de estradas e ferrovias;
Para a abertura de túneis existem diversas formulações que correspondem a cada
uma das etapas necessárias para realizar esse tipo de obra. Não cabe aqui a
descrição dessas etapas, mas em [7] pode-se obter esse detalhamento bem como as
suas respectivas formulações.
39
CAPÍTULO IV
IV ISOLAMENTO DE CHOQUE
IV.1 INTRODUÇÃO
O Problema dinâmico que ocorre na remoção de concreto refratário, em risers
de FCC, utilizando micro- detonações se divide em três, a saber:
- Choque provocando deformação localizada;
- Vibração de casca esbelta;
- Propagação e dissipação de ondas na estrutura da casca metálica e no
concreto refratário aderido a mesma.
Um choque que é bem caracterizado pela sua curva força x tempo é um
transiente de curtíssima duração. Uma situação que pode exemplificar um choque é o
impacto produzido por um martelo, que possui ação semelhante ao da carga
explosiva, causando uma deformação local na casca cilíndrica no mesmo intervalo de
tempo desse transiente. Após esse transiente, ocorrem vibrações da casca cilíndrica
em várias formas modais e também propagação de ondas nesse meio se dissipando
ao longo do tempo e com a distância em relação ao ponto de impacto. O problema de
choque por ser o mais crítico na utilização de micro-detonações para a remoção de
concreto refratário será abordado nesse trabalho.
Este capítulo apresenta um tratamento analítico do isolamento de choque, e
tem como principal referência os conceitos sobre isolamento de choque que podem
ser encontrados em [10].
Duas classes de choque são consideradas: (1) choque caracterizado pelo
movimento de um suporte ou fundação onde um isolador reduz a severidade do
choque experimentado pelo equipamento montado no suporte e (2) choque
caracterizado por forças aplicadas ou originadas dentro de uma máquina onde o
isolador de choque reduz a severidade do choque sofrido pelo suporte. Para um
conceito simplificado de isolamento de choque, o equipamento e o suporte são
considerados corpos rígidos, e a efetividade do isolador é medida pelas forças
transmitidas através do isolador (resultando na aceleração do equipamento se
assumido rígido) e pela deflexão do isolador. Isoladores lineares, ambos amortecidos
e não-amortecidos, juntos com isoladores que possuem tipos especiais de elasticidade
40
não-linear são considerados. Quando o equipamento ou solo não é rígido, a deflexão
dos membros não - rígidos é significativa na avaliação da efetividade dos isoladores.
Analisar o isolamento de choque inclui-se no que se considera a resposta de
componentes não - rígidos de equipamentos e solo.
IV.2 IDEALIZAÇÃO DO SISTEMA Nas aplicações de isoladores de choque para equipamentos reais, as
localizações dos isoladores são geralmente determinadas por considerações
mecânicas práticas. Como conseqüência isto resulta em tipos de modos acoplados e
assimétricos que não se adaptam bem a uma análise simplificada. Assim sendo, é
conveniente no projeto de isoladores de choque idealizar um sistema que
hipoteticamente possua modos de movimento simétricos e desacoplados. Na próxima
seção serão detalhados alguns desses modelos idealizados.
IV.3 PROBLEMAS DE ISOLAMENTO DE CHOQUE
É conveniente dividir os problemas de isolamento de choque em duas
classificações maiores de acordo com as condições físicas:
Classe I – Atenuação dos efeitos do movimento da base de um equipamento, induzido
por fonte externa de vibração;
Classe II – Atenuação dos efeitos da força gerada pelo equipamento numa estrutura.
Isoladores da primeira classe incluem itens como: as ligações entre os vagões
de trem, o absorsor de choque no trem de pouso de uma aeronave aterrissando e o
papel corrugado utilizado para empacotar bulbos de lâmpadas. A segunda categoria
inclui, por exemplo, os cilindros de recuo nas bocas das armas, os isoladores de
queda dos martelos e teares.
Os objetivos nestas duas classes de problemas estão alinhados, mas são
distintos. Na classe I o objetivo é limitar as tensões induzidas pelo choque nos
componentes críticos do equipamento protegido. Na classe II o propósito é limitar as
forças produzidas pelo equipamento sobre a estrutura (por exemplo: a estrutura de
suporte do equipamento).
‘
41
O problema de classe II é o que mais interessa neste trabalho. Para iniciar o
seu estudo será apresentada uma situação relacionada à atividade de remoção de
concreto refratário com o emprego de marteletes pneumáticos.
Considere a necessidade da remoção de uma camada refratária aplicada sob
uma casca metálica e ancorada através de grampos metálicos. Esta remoção pode ser
executada através de marteletes pneumáticos que produzem impactos sob a camada
refratária com o objetivo de fraturá-la, vide figuras IV.1, IV.2 (a), (b) e IV.3.
Figura IV.1 – Casca Cilíndrica de Aço com Concreto Refratário Aplicado e Martelete
realizando Impactos na Camada de Concreto Refratário.
Figura IV.2 – Impacto do Martelete na Camada de Concreto Refratário, sem isolador
(a) e com isolador de choque (b)
42
Figura IV.3 – Curva Força x Tempo do Impacto do Martelete no Concreto Refratário
Caso se queira remover a camada de concreto refratário com o uso de
marteletes produzindo um menor impacto sob a camada de aço faz-se necessário o
uso de isoladores de choque.
IV.3.1 Equivalente Matemático dos Problemas Classe II
O problema descrito anteriormente pode ser generalizado pelo sistema da
figura IV.4. Para representar o equipamento, no exemplo anterior o martelete, (massa
mB2B) está anexado ao seu suporte por um isolador de choque. A terminação esquerda
da mola é fixada ao suporte da estrutura e há uma força aplicada externamente a
massa. A força F pode ser uma força externa real ou pode ser uma “força de inércia”
gerada por partes em movimento do equipamento. A equação do movimento pode ser
escrita por:
mB2••
δ B+ F(•
δ ,δ ) = F (IV.1)
onde F é uma força externa aplicada a uma massa em quilogramas e o deslocamento
relativo δ da terminação da mola é igual ao deslocamento absoluto x deslocamento
da massa. Assumindo o sistema inicialmente em equilíbrio (•
δ = 0, δ = 0), a equação
IV.1 é resolvida para valores extremos de δ e F(•
δ ,δ ) onde F é conhecida como
função de tempo. Estes valores são comparados com as limitações de deslocamento e
43
força do isolador de choque. Com freqüência os suportes da estrutura são
suficientemente rígidos de modo que a força máxima no isolador pode ser considerada
como uma força aplicada estaticamente ao suporte.
Figura IV.4 - Sistema geral de dois graus de liberdade [10].
O lado direito da equação IV.1 (- mu••
ou F) é dado como uma função de tempo,
e os valores extremos de δ e F(•
δ ,δ ) são desejados. Quando o sistema real é
representado por dois sistemas de um grau de liberdade separados, a história no
tempo de F(•
δ ,δ ) é também requerida. A figura IV.4 pode ser considerada como uma
forma generalizada do sistema aplicável. Na classe II, u = 0, F B2 B(•
δ B2B,δ B2B) representam
as propriedades do isolador, e m B1B,F B1 B(•
δ B1B,δ B1B) representam a estrutura.
O sistema da figura IV.4, com a mola unitária não-linear, requer o uso de um
computador digital ou analógico para investigar as características de desempenho.
Métodos analíticos são praticáveis se o sistema é linearizado por assumir que cada
mola unitária tem uma força característica na forma:
F(•
δ ,δ ) = c•
δ + k BmB δ (IV.2)
onde c = coeficiente de amortecimento, Kg-s/cm, e k BmB = rigidez da mola, kg/cm.
Mesmo fazendo esta simplificação, o número de parâmetros (m B1B,c B1B,k B1B, mB2B,c B2B,k B2B) é tão
grande que é necessário confinar a análise a um sistema particular. Se o
amortecimento puder ser negligenciado (com c = 0 na equação IV.2), então será
possível obter equações em uma forma adequada para ser utilizada em rotina.
Sub – Sistema 2 Sub – Sistema 1
44
IV.4 FORMA GERAL DAS CARACTERÍSTICAS DO ISOLADOR
A equação diferencial do movimento para um sistema não – amortecido, de um
grau de liberdade, mostrada na figura IV.5 é:
mBa••
δ B + F Bs B(δ ) = - mBa••
u B (IV.3)
Figura IV.5 - Sistema idealizado mostrando o uso
para proteger o equipamento dos efei
força transmitida pelo isolador é F Bs B(δ
onde mBaB representa a massa do equipamento cons
representa o movimento do suporte que caracteriza
a força desenvolvida pelo isolador em uma extens
efeito do passo de velocidade (degrau de velocida
considerado pela escolha das condições iniciais: em
primeira integração da equação IV.3 e considerand
do isolador δ = δ Bm Be velocidade •
δ de deflexão igua
∫ =m
dFsδ
δδ0 2
1)( •
u
O lado direito da equação representa a ener
relativa ao suporte, e a integral do lado esquerd
isolador. A última quantidade é igual à energia poten
desde que não ocorra amortecimento.
a
de um isolador não – amortecido
tos do movimento do suporte u . A
) [10].
iderado como um corpo rígido, u
a condição de choque, e F Bs B(δ ) é
ão δ (positivo quando tração). O
de) de magnitude •
u BmB em t = 0 é
t = 0, δ = 0 e •
δ = •
u BmB. Após a
o como valor extremo de deflexão
l a zero, temos a equação IV.4.
BmB P
2 P (IV.4)
gia cinética inicial do equipamento
o representa o trabalho feito no
cial elástica estocada no isolador,
45
IV.4.1 Exemplos de Características Particulares de Isoladores
IV.4.1.1 Mola Linear
A força – deflexão característica de uma mola linear é:
FBs B(δ )=k BmB δ (IV.5)
Onde k BmB = rigidez da mola, kg/cm e m BaB = massa, kg. Utilizando a notação:
ωBn B= a
m
mk
rad/s (IV.6)
a aceleração máxima é ••
x BmB= ωBnPB
2P δBm B(IV.7)
Das equações IV.4 e IV.6, a relação entre a mudança de velocidade é:
•
u BmB = ωBnB δBm B(IV.8)
Combinado as equações IV.8 e IV.7, temos então:
••
x BmB = ωBn•
u m B(IV.9)
IV.4.1.2 Mola Enrijecida (Elasticidade Tangente)
A mola do isolador pode ser não-linear com um “enrijecimento” característico;
isto é, a inclinação da curva representando a força da mola versus a deflexão cresce
com o crescimento da deflexão. Borracha em compressão tem este comportamento.
Uma curva que tem esta característica é definida por:
FBs B(δ ) = d
dki
2tan
2 πδπ
(IV.10)
46
onde, a constante k Bi B é a inclinação inicial da curva (kg/cm) e uma assíntota vertical é
definida por δ = d (cm). Utilizando a notação da equação IV.6 e a relação m••
x Bm B=
F Bs B(δ BmB), a equação IV.11 fornece a seguinte relação entre a máxima aceleração e
máxima deflexão:
dd
x m
n
m
2tan2
2
πδπω
=
∗∗
(IV.11)
Note que ω BnB, a freqüência natural angular para um sistema linear, tem o
mesmo significado para pequenas amplitudes (pequena δ BmB) de movimento do
sistema não – linear. Para grandes amplitudes a freqüência natural depende de δ BmB.
Utilizando a equação IV.6, substituindo por F Bs B(δ ) da equação IV.10 na equação IV.4,
e executando a integração indicada, a relação entre mudança de velocidade e
deslocamento máximo é
⎟⎠⎞
⎜⎝⎛=
∗
ddu m
en
m
2seclog8
222
2 πδπω
(IV.12)
Uma representação gráfica relacionando as importantes variáveis •
u BmB , ••
x Bm B, e
δ Bm Bsão convenientes para projeto e análise. Tais dados são apresentados
compactamente como relações entre os parâmetros adimensionais δ BmB/d, •
u BmB/ ω BnBd e ••
x Bmδ mB/ •
u BmPB
2P, O significado físico da razão
••
x Bmδ mB/ •
u BmPB
2 Pé interpretada pela multiplicação
de ambos numerador e denominador por m. Então o numerador representa o produto
da máxima força da mola F BmB (= mBa••
x mB) e a máxima deflexão da mola δ BmB. Este produto
é a máxima energia que poderia ser armazenada na mola. O denominador m BaB •
u BmPB
2P é
duas vezes a energia que é estocada na mola. O valor mínimo possível da razão ••
x Bmδ mB/ •
u BmPB
2 Pé 1/2. Valores reais da razão, sempre maiores do que 1/2 podem ser
considerados sendo uma medida de partida da capacidade ótima.
IV.4.1.3 Mola Amaciada (Elasticidade Tangente Hiperbólica)
Um isolador não-linear também pode ter uma característica “amaciada”; isto é,
a inclinação da curva que representa a força versus a deflexão decresce com o
47
crescimento da deflexão. A força-deflexão característica para um típico isolador
“amaciado” é:
FBs B(δ ) = kd B1B tanh1d
δ (IV.13)
onde, k Bi B é a inclinação inicial da curva. Se F Bs B(δ ) é substituído por mBaB
••
x BmB , δ por δ BmB, e
k Bi B por mBa B ω BnPB
2P , a equação IV.13 torna-se,
B
112 tanh
ddx m
n
m δω
=
••
B(IV.14)
onde, δ Bm B e ••
x Bm B são valores máximos de deflexão e aceleração, respectivamente, e
ω BnB pode ser interpretado como a freqüência natural para pequenos valores de δ BmB.
Para relacionar •
u Bm Ba δ Bm, Bsubstitui-se F Bs B(δ ) da equação IV.13 na equação IV.4, seja
ω BnPB
2P = k Bi B/mBaB, e integra-se:
⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛=
•
1
22
12
2
coshlogdd
u me
n
m δω
B B(IV.15)
IV.4.1.4 Mola Linear e Amortecimento Viscoso
A adição de amortecimento viscoso pode quase dobrar a capacidade de
absorção de energia de um isolador de choque linear. Considere o sistema com mola
linear como definido pela equação IV.2 e as condições iniciais como •
δ = •
u BmB, δ = 0,
quando t = 0; para t > 0, ••
u = 0. Fazendo c Bc B = 2mBaB ω Bn Be ζ = c/c Bc B, a equação de
movimento torna-se:
••
δ + 2ζω BnB
•
δ + ω BnPB
2P δ = 0 (IV.16)
Soluções da equação IV.16 para máxima deflexão δ Bm Be máxima aceleração ••
x BmB como funções de ζ estão disponíveis na forma analítica; as soluções são
mostradas graficamente nas figuras IV.6 e IV.7. Na figura IV.7, a razão adimensional ••
x BmB/•
u BmB ω Bn Bé plotada como função da fração do amortecimento crítico ζ. Note que a
presença de pequeno amortecimento reduz a aceleração máxima. Como ζ cresce
além de 0.25, a aceleração máxima cresce novamente. Para ζ > 0.50, a aceleração
48
máxima ocorre em t = 0 e excede aquela sem amortecimento; ela é contada somente
para a força de amortecimento c•
δ = c•
u BmB.
Figura IV.6 - Representação adimensional da máxima aceleração transmitida ••
x BmB para
um isolador que possui uma mola linear e amortecimento viscoso [10].
Figura IV.7 - Representação adimensional da capacidade de absorção de energia de
um isolador que possui mola linear e amortecimento viscoso. A ordenada
é uma medida inversa da capacidade de absorção de energia [10].
49
Na figura IV.7 o parâmetro ••
x BmPB
P δ BmB/(
•
u BmB) P
2P é plotado como função de ζ. A figura
IV.7 mostra também que a presença de amortecimento melhora a efetividade de
estocagem de energia do isolador além de ζ = 0.50. Na vizinhança de ζ = 0.40, o
parâmetro ••
x BmPB
P δ BmB/(
•
u BmB) atinge um valor mínimo de 0.52 apenas levemente acima do
valor mínimo teórico de 0.50. Este parâmetro tem o valor 1.00 para um sistema linear
não amortecido, e valores ainda maiores para uma mola enrijecida. Por outro lado, o
parâmetro ••
x BmPB
P δ BmB/(
•
u BmB) pode se aproximar de 0.50 para uma mola amaciada.
IV.5 PULSO DE ACELERAÇÃO PARA SISTEMA DE CORPO RÍGIDO A resposta de uma mola – montada em um corpo rígido para vários pulsos de
aceleração fornece informações úteis. Por exemplo, estabelecem limitações sobre o
uso do degrau de velocidade em vez de um pulso de aceleração, e é significante na
determinação da resposta de um componente de um equipamento quando o suporte
do equipamento está sujeito a um degrau de velocidade. Informações úteis adicionais
são fornecidas pela comparação das respostas aos pulsos de aceleração.
Para pulsos positivos (••
u > 0) obtêm-se um único valor máximo e duração finita,
três características básicas do pulso são de importância: máxima aceleração ••
u BmB,
duração τ, e velocidade •
u Bc B. A relação entre aceleração, duração e mudança de
velocidade é:
•
u Bc B = ∫•τ
0
dtu (IV.17)
onde o valor da integral corresponde a área sob a curva aceleração versus tempo.
Considere o pulso de aceleração de “meio-seno” (vide figura IV.8) de amplitude
••
u Bm Be duração τ:
••
u = ••
u Bm Bsenτ
π t. [0 ≤ t ≤ τ] (IV.18)
••
u = 0 [t > τ]
e a duração efetiva como:
πτττ
2= (IV.19)
50
Figura IV.8 – Pulso de Meio – Seno
IV.5.1 Espectro do Choque
A abscissa ωBnBτ Br B na figura IV.9 pode ser tratada como uma medida da duração
do pulso (proporcional a τ Br B) para um dado sistema massa-mola com ωBnB fixo.
Alternativamente, a duração do pulso pode ser considerada fixa; então as curvas
mostram o efeito de variação das freqüências naturais ωBnB de um sistema massa-mola.
A curva da figura IV.9, mostra a máxima aceleração induzida por um pulso de
aceleração de meio-seno sobre sistemas massa-mola de várias freqüências naturais
ωBnB; assim, a figura IV.9 pode ser utilizada para determinar as freqüências naturais
necessárias de um isolador, se ••
x BmB e ••
u BmB são conhecidos.
Figura IV.9 - Transmissibilidade do choque para um sistema linear não – amortecido
como uma função da freqüência angular ω Bn Be duração efetiva do pulso
τ Br B. B BO movimento do suporte é um pulso de aceleração meio – seno [10].
51
Cada curva mostrada na figura IV.9 pode ser interpretada como uma descrição
do pulso em termos de uma resposta induzida em um sistema sujeito a um pulso. A
curva de resposta máxima como função de freqüências naturais de sistemas de
resposta é chamada de espectro de resposta ou espectro de choque. Um pulso é uma
forma particular de um sinal de choque; assim, cada sinal de choque tem um espectro
de choque característico. Um sinal de choque tem um valor efetivo característico de
duração de tempo τ Br B o qual não precisa ser definido especificamente; em vez disso os
espectros são feitos para serem aplicados explicitamente para um dado sinal de
choque pelo uso das freqüências naturais ωBnB como um parâmetro dimensional na
abscissa. Considerando a montagem do isolador e sendo o equipamento o sistema de
resposta, a freqüência natural do isolador pode ser escolhida para encontrar alguma
aceleração máxima específica ••
x BmB do equipamento suportado pelos isoladores. Os
espectros das máximas deflexões δ BmB dos isoladores podem ser desenhados, e são
úteis na predição da máxima deflexão dos isoladores quando a freqüência natural do
isolador é conhecida.
Quando o amortecimento é adicionado ao isolador, a análise da resposta torna-
se muito mais complexa. Em geral, é possível determinar o valor máximo da
aceleração de resposta ••
x BmB, apenas pelo cálculo da história do tempo da aceleração
de resposta sobre o intervalo de tempo total suspeito de incluir a resposta máxima. Um
computador digital tem sido utilizado para encontrar os espectros de choque para os
pulsos de aceleração de meio-seno com várias frações de amortecimento crítico no
sistema de resposta, como mostrado na figura IV.10. Espectros similares poderiam ser
obtidos para indicar os valores máximos de deflexão do isolador. Na seleção de um
isolador de choque para uma aplicação específica, pode ser necessário utilizar ambos
espetros de aceleração e deflexão máxima.
52
Figura IV.10 - Transmissibilidade do choque para um sistema com mola linear e
amortecimento viscoso. O movimento do suporte é um pulso de
aceleração meio – seno de altura ••
u BmB e duração efetiva τ Br B. As curvas
são para valores discretos da fração de amortecimento crítico ζ no
isolador como indicado [10].
53
CAPÍTULO V
V TECNOLOGIA REFRATEX
V.1 INTRODUÇÃO
A tecnologia de remoção de concreto refratário com o uso de micro-detonações
desenvolvida pela IMBEL e ABB é conhecida como tecnologia Refratex. A técnica foi
desenvolvida com o apóio da Petrobras para a utilização na remoção de concreto
refratário em unidades de craqueamento catalítico em leito fluidizado mais conhecidos
pela sigla UFCC.
V.2 HISTÓRICO E ESCOPO DA PESQUISA
Em linhas gerais a IMBEL foi responsável pelo desenvolvimento técnico, a ABB
pelo aporte financeiro e a Petrobras apoiou fornecendo informações, seções de
equipamento para teste e validando cada fase do projeto.
A remoção de refratários é uma atividade de manutenção comum a diversos
setores industriais. Contudo, foi escolhida como escopo inicial para pesquisa e
desenvolvimento a remoção de concreto refratário em UFCC, pois a parceria
estabelecida entre a IMBEL e ABB obteve o apoio da Petrobras.
Nas UFCC existem diversos tipos de concreto refratário em distintas regiões do
equipamento. Desta forma, foi definida como situação crítica para a aplicação da
tecnologia a remoção do concreto antierosivo C em risers. Isto se deve ao fato do
concreto antierosivo ser o mais resistente e os risers possuírem uma das menores
espessuras de costado metálico onde o refratário está aplicado.
Assim, o escopo inicial e a situação crítica para a aplicação da tecnologia a ser
desenvolvida foram definidas.
V.3 FASES DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO
De forma a facilitar o processo de pesquisa e desenvolvimento, foram
estabelecidas fases que deveriam ser cumpridas para que a tecnologia atingisse os
objetivos propostos, que eram os seguintes:
54
- Segurança Máxima para as Pessoas;
- Avaliação e Atenuação dos Impactos no Costado Metálico;
- Remoção do Refratário de forma Eficiente e Rápida;
Para contemplar estes aspectos o projeto foi dividido nas seguintes fases:
- Fase Preliminar - Avaliação Conjunta destes três objetivos;
- Fase 1 - Avaliação dos Parâmetros que Influem na Remoção com Micro-Detonações;
- Fase 2 - Garantia da Integridade Estrutural;
- Fase 3 - Testes em Campo para Avaliar a Viabilidade e Segurança do Emprego;
Cada fase estabelecida deveria ser validada pela Petrobras.
V.3.1 Fase Preliminar
UObjetivo U – Avaliar a Viabilidade do Desenvolvimento Tecnológico
UPeríodo U – Fev 2000 a Jul 2000
Esta fase, que teve como principal objetivo avaliar a viabilidade do
desenvolvimento tecnológico, foi marcada pela execução de testes preliminares que
verificaram, de forma sucinta, o potencial para alcançar os três objetivos essenciais
estabelecidos. As figuras V.1.a e V.1.b ilustram um dos ensaios feito em uma das
peças cedidas pela RPBC – Refinaria Presidente Bernardes Cubatão, SP.
Figura V.1.a - Malha Explosiva Preparada Figura V.1.b - Resultado da Detonação
UDificuldades Encontradas U:
A maior dificuldade encontrada nesta fase foi vislumbrar uma forma para se
obter a remoção efetiva do refratário com o uso de explosivos. Foram testadas
diversas formas até se chegar a solução hoje empregada, que consiste na execução
de furos na parede de refratários a ser removida, conforme ilustra a figura V.2.
UVal
V.3
UObj
UPer
de
ens
se
exp
ade
Ancoragem
r
Concreto Refratário
55
Figura V.2 - Ilustrativo da Aplicação da Tecnologia Refratex
idação Petrobras U – 11/07/2000
.2 Fase 1
etivo U – Avaliar os Parâmetros para a Remoção do Refratário
íodo U – Jul 2000 a Abr 2001
A primeira fase do projeto se dedicou a desenvolver a remoção d
forma mais rápida que pelo método tradicional. Para tanto, foram feitos
aios, que tiveram como finalidade avaliar os diversos parâmetros neces
obter uma remoção mais eficiente do refratário. Foram avaliados desd
losivo, carga a ser utilizada até a configuração de furos (malha exp
quada.
Confinamento
Capa de Plástico
Micro Carga Explosiva
Iniciado
e
c
lo
Absorsor de Choque
refratários
erca de 60
sários para
e o tipo de
siva) mais
56
As figuras V.3, V.4, V.5 e V.6 apresentam a seqüência de um ensaio realizado
para se avaliar a abertura de frente livre e a efetividade de uma determinada malha
explosiva.
Figura V.3 - Etapa 1 do Ensaio Figura V.4 - Resultado após a 1 PU
aUP Detonação
Figura V.5 - Etapa 2 do Ensaio Figura V.6 - Resultado após 2 PU
aUP Detonação
UDificuldades Encontradas U:
O processo de abertura de frente livre (primeira região em que o refratário é
removido para abrir a clareira necessária para se prosseguir com o processo de
remoção por micro-detonação) e a seleção de equipamentos para furação e
desenvolvimento de brocas, adequadas para furar o concreto refratário, foram
algumas das maiores dificuldades encontradas no transcurso desta etapa.
A abertura de frente livre nesta fase foi desenvolvida conforme as figuras V.3,
V.4, V.5 e V.6. Quanto à seleção de equipamentos chegou-se a conclusão que o mais
adequado seria o uso de marteletes pneumáticos para a furação com brocas especiais
tipo cone bit, onde o bit é a uma ferramenta cortante que é presa a uma haste para
formar a broca. Em regiões de difícil acesso, são utilizados marteletes pneumáticos
mais leves (especiais) e furadeiras elétricas de alta rotação.
57
UValidação Petrobras U– 10/04/2001
V.3.3 Fase 2
UObjetivo U – Avaliar a Integridade Estrutural
UPeríodo U – Abr 2001 a Jul 2002
A fase 2 foi a que apresentou as maiores dificuldades e portanto os maiores
desafios a serem superados. O foco da pesquisa nesta fase foi a garantia da
integridade estrutural dos equipamentos. Para a execução das centenas de ensaios
desta etapa foram utilizados uma seção de riser e um crossover, cedidos pela
Refinaria do Vale do Paraíba – São José dos Campos , SP - REVAP. Foi fundamental
a consultoria realizada pela UNESP [11,12] para o desenvolvimento da metodologia de
medição da deformação.
A avaliação estrutural do FCC foi realizada pela REVAP que encaminhou um
relatório mais detalhado sobre as conclusões obtidas para o Centro de Pesquisas da
Petrobras - CENPES.
Podem-se extrair algumas conclusões do estudo realizado para análise da
integridade estrutural. Em primeiro lugar, pode-se afirmar que o explosivo atua de
forma localizada na estrutura. Em outras palavras, a detonação de uma carga
explosiva gera apenas uma deformação pontual, que é muito pequena, devido à
atuação do absorsor de choque. Assim sendo, foram estabelecidos limites máximos de
deformação que estão em função da espessura da estrutura onde o concreto está
ancorado e da carga explosiva. Outra conclusão importante é que não ocorre
propagação de trincas quando é feita a detonação.
As figuras V.7, V.8 mostram um ensaio realizado para a calibração de malha no
riser cedido pela REVAP. As figuras V.9 e V.10 mostram sensor e equipamento
utilizados para avaliação da integridade estrutural. Na figura V.9 é mostrado um
extensômetro elétrico de resistência instalado na parede do tubo metálico para
medição da variação de deformação no tempo, produzida pela micro-detonação.
58
Figura V.7 - Preparação da Malha Explosiva Figura V.8 - Resultado do Ensaio
Figura V.9 - Extensômetro Figura V.10 - Mediçã
UDificuldades Encontradas U:
Os grandes obstáculos dessa fase foram: a seleção e de
técnica mais adequada para se medir o valor do impacto gerado
estrutura metálica, o desenvolvimento de um absorsor de choq
calibração dos parâmetros, obtidos na fase 1, em peças reais.
Depois de avaliar várias técnicas, chegou-se a conclusão
forma de medir o valor do impacto gerado pelo explosivo na estrut
através da extensometria (medida da deformação). No que diz respe
choque foram testados mais de dez tipos diferentes dos quais tr
eficientes. Quanto à calibração dos parâmetros foi necessário real
testes para se redefinir carga e distância entre furos. O maior proble
dos parâmetros foi a ineficiência do processo de abertura de frente
fase 1. Foi desenvolvido um outro processo que consiste na remoção
de refratário, cortes para delimitar uma faixa a ser removida e uma
INSTRUMENTAÇÃO
o de Deformação
senvolvimento da
pelo explosivo na
ue eficiente e a
de que a melhor
ura metálica seria
ito ao absorsor de
ês se mostraram
izar uma série de
ma na calibração
livre adotado na
de um quadrado
malha explosiva
59
específica para essa tarefa, conforme mostram as figuras V.11 e V.12.
Figura V.11 - Abertura de frente livre Figura V.12 - Resultado da detonação
Validação Petrobras – 11/07/2002
V.3.4 Fase 3
UObjetivo U – Avaliar o Emprego da Tecnologia dentro de Refinarias
UPeríodo U – Jul 2002 a Jan 2003
Ao longo de todo o projeto, foram desenvolvidas formas de se garantir
segurança máxima para as pessoas. Contudo, foi esta fase que possibilitou testar os
procedimentos técnicos e de segurança elaborados. Foram executados testes nas
seguintes refinarias de petróleo da Petrobras: RECAP, Capuava, SP; REVAP, São
José dos Campos, SP e REPLAN, Paulínia, SP. Cada refinaria elaborou sua Análise
Preliminar de Risco – APR em conjunto com a IMBEL e ABB.
Os primeiros testes foram realizados na RECAP. Nesta refinaria foi utilizado
para os ensaios o equipamento de TCC desativado, equipamento este que é um
antecessor do FCC, localizado dentro da área de processo a uma distância de 20
(vinte) metros do URFCC, que é um equipamento mais moderno que o FCC, e 15
(quinze) metros da torre fracionadora, ambos em funcionamento. Nesta ocasião, foram
realizadas palestras para o pessoal de todas as áreas envolvidas com o teste e
demais interessados. Havia uma grande preocupação quanto ao impacto que seria
gerado pelas detonações, mas a realização dos ensaios mostrou que a sobrepressão
não causava danos à instrumentação e o ruído apresentou valores dentro dos limites
aceitáveis.
A figura V.13 apresenta uma das peças que foi utilizada na REPLAN para os
ensaios da fase 3 do projeto Refratex. As figuras V.14, V.15 são referentes ao preparo
da área que foi removida em outra peça ensaiada na REPLAN. Enquanto a figura V.16
corresponde ao aspecto final da malha explosiva pronta na peça da figura V.13. Cabe
60
ressaltar que o termo escorvamento mencionado na figura V.15 refere-se à conexão
da espoleta (explosivo primário) com o cartucho (explosivo secundário).
Figura V.13 - Câmara de Orifício - REPLAN Figura V.14 - Parede após Furação
Figura V.15 - Escorvamento dos Cartuchos Figura V.16 - Montagem Final da Malha
UDificuldades Encontradas U:
A grande dificuldade nesta fase foi o aspecto psicológico. Outra grande
dificuldade encontrada foi o surgimento de línguas de fogo, chamas de grande
comprimento saindo para o exterior, em equipamentos fechados.
Devido ao aspecto psicológico foram elaboradas APR´s, que apresentam
aspectos conservativos. Estes documentos foram elaborados em conjunto com
representantes da Petrobras, ABB e IMBEL e específicas à realidade de cada
refinaria, ou seja, foram elaboradas três APR´s. Em cada refinaria onde houve
testes, os técnicos em explosivo participaram da integração proporcionada pela
refinaria. As línguas de fogo foram eliminadas com o desenvolvimento de um
processo de inicialização da detonação através de espoletas não-elétricas.
UValidação Petrobras U – 24/01/2003
61
V.4 RESUMO DA TECNOLOGIA REFRATEX De forma resumida o desenvolvimento tecnológico é representado por:
- Procedimentos de execução para o emprego da tecnologia em UFCC;
- Procedimentos de segurança para o emprego da tecnologia em UFCC;
- Processo de inicialização das micro-detonações;
- Cartucho Refratex composto por absorsor de choque, carga explosiva e
cordel detonante;
- Conjunto bucha – parafuso para confinamento;
- Metodologia para avaliação da integridade estrutural;
- Especificações técnicas para furadeiras elétricas e pneumáticas;
- Especificações técnicas para parafusadeira elétrica e serra hidráulica;
- Paiol móvel para transporte e armazenamento de explosivos;
- Telas para proteção adicional contra lançamento de fragmentos.
V.5 APLICAÇÕES E VANTAGENS DA TECNOLOGIA REFRATEX
Apesar de a tecnologia Refratex ter sido inicialmente desenvolvida para ser
empregada na remoção de concreto refratário em equipamentos de FCC, é possível
que sua aplicação possa ser estendida para outros equipamentos industriais.
A técnica não se limita a equipamentos que possuam concreto refratário como
revestimento, mas também pode ser utilizada em equipamentos que possuam
incrustações que precisam ser removidas. Os setores industriais que podem usufruir
desta tecnologia são: siderurgia, papel, cimento e petroquímica, entre outros.
A tecnologia Refratex apresenta diversas vantagens em relação à técnica
convencional de remoção de concreto refratário que atualmente é feita com marteletes
pneumáticos.
A primeira grande vantagem é a redução do tempo para a execução da
atividade de remoção. Quando esta atividade está no caminho crítico da parada é
possível diminuir os dias de paralisação do equipamento e como conseqüência reduzir
o lucro cessante da planta industrial.
A remoção de concreto refratário com marteletes pneumáticos exige um
grande número de operários expostos a condições de risco durante um longo período
de tempo. Assim, outro aspecto vantajoso de grande importância é um menor tempo
62
de exposição de um menor número de operários durante um trabalho sob condições
de risco.
Os operários que são necessários na remoção com marteletes pneumáticos
podem agora ser utilizados em uma nova função na remoção com micro-detonações.
Com esta nova técnica eles não perderão o seu trabalho, pois, poderão executar a
furação necessária para a colocação das micro-cargas explosivas dentro do concreto.
Com a vantagem adicional de estarem realizando uma atividade muito menos
insalubre que aquela realizada com a técnica convencional.
Por fim, pode-se afirmar que o fator Custo x Benefício é muito melhor a favor
da tecnologia Refratex quando comparada com a técnica convencional em situação
onde ocorre a redução do tempo de parada.
63
CAPÍTULO VI
VI METODOLOGIA E RESULTADOS EXPERIMENTAIS
VI.1 INTRODUÇÃO
A tecnologia Refratex precisava de dados consistentes para afirmar que as
cargas explosivas utilizadas para remoção de concreto refratário não danificariam o
costado metálico de risers de FCC. Assim sendo foram executados ensaios de
extensometria pelas empresas ABB e IMBEL com o apoio da Petrobras e o suporte
técnico em extensometria do Departamento de Engenharia Mecânica da UNESP –
Campus de Ilha Solteira, SP.
Inicialmente, foram executados ensaios para definição da metodologia. Estes
testes tinham por finalidade definir o sistema de medição, a montagem do experimento
e o procedimento experimental.
Uma vez definida a metodologia foram executados diversos ensaios, cujos
resultados estão apresentados mais adiante neste capítulo.
VI.2 SEÇÕES DE FCC PARA TESTE
A Petrobrás, através da Refinaria do Vale do Paraíba – REVAP, cedeu uma seção
de riser e um crossover de FCC para execução destes ensaios. A seção de Riser
(Figura VI.1) e o Crossover (Figura VI.2) possuíam as seguintes dimensões:
- Seção de Riser – comprimento Ls = 7,4 m, diâmetro D = 1,28 m, espessura e = 12,7
mm e 140 kN de peso.
- Crossover – comprimento Ls = 10,0 m, diâmetro D = 1,9 m, espessura e = 25,4 mm e
330 KN de peso.
Figura VI.1 - Seção de Riser
64
Figura VI.2 - Crossover
As duas seções de FCC disponíveis para teste podem ser consideradas como
cascas cilíndricas tubulares, pois têm relações D/e ≥ 50 e se encaixam nas definições
dadas por [13] que define cascas como elementos estruturais laminares esbeltos
tridimensionais de superfície média curva.
VI.3 METODOLOGIA
Determinar a deformação através da extensometria foi a forma mais adequada
encontrada para avaliar os reais danos que o Riser de FCC sofreria com a detonação
de micro cargas explosivas. A ABB e IMBEL tinham pouca experiência na área de extensometria e de
forma a produzir resultados confiáveis e transparentes optaram por contratar os
serviços de uma universidade ou instituto de pesquisa. Várias instituições, do estado
de São Paulo, foram contatadas e optou-se por se contratar a UNESP por ter
apresentado a proposta mais adequada para as pretensões da ABB, IMBEL e
Petrobras.
No entanto, seria preciso definir detalhadamente o sistema de medição, a
montagem do experimento e o procedimento experimental para se obter resultados
confiáveis. A seguir, será descrito como ocorreu o desenvolvimento necessário para
estabelecer o formato do ensaio pretendido.
65
VI.3.1 Sistema de Medição e de Aquisição de Sinais Dinâmicos
Após estudos realizados e verificada a disponibilidade de equipamentos foi
proposta pela UNESP o seguinte sistema de medição:
• Extensômetro elétrico unidirecional de resistência de 350 Ω, com ganho k BeB = 2,07 e
deformação admissível de 12000 µS. Sabe-se que um extensômetro unidirecional
isolado é capaz de fornecer uma deformação específica apenas na sua própria
direção [14].
• Amplificador / Condicionador de sinais tipo DC, com resposta em freqüência de
100 kHz, filtro passa baixa de 30 kHz, voltagem de excitação de 10,24 Vdc, ganho
de 31x, sem controle de Offset. (Protótipo desenvolvido pelo DEE/UNESP –
Campus de Ilha Solteira). O uso de amplificador se impõe pelo fato das pequenas
variações de voltagem serem de difícil leitura por voltímetros normais [15].
• Sistema de aquisição de sinais e conversor A/D modelo WaveBook da IOtech, com
12-bit de resolução, taxa de amostragem de 1MHz, taxa de aquisição controlada
por software de até 500 kHz, oito canais de entrada e comunicação com
computador digital via interface de alta velocidade tipo EPP.
• Computador digital tipo NoteBook, e software de controle e aquisição DasyLab,
específico para o sistema WaveBook.
Para esse sistema de medição e de aquisição de sinais ser testado seria preciso
ainda definir a montagem do experimento e o procedimento experimental.
VI.3.2 Montagem do Experimento
A instrumentação foi realizada com circuito elétrico na forma de ponte de
Wheatstone. Os extensômetros passivos, referentes a três dos braços da ponte foram
instalados sobre uma barra de aço carbono, depositada sobre a mesa de
instrumentação, isenta de esforços mecânicos, sujeita apenas a variação de
temperatura ambiente. O quarto braço da ponte é o extensômetro de serviço (ativo),
que foi colado sobre a superfície externa da casca cilíndrica metálica que sofre o
impacto da detonação. Desta forma, a instrumentação foi feita numa configuração de
ligação elétrica em um quarto de ponte, com compensação de temperatura.
66
Para esta configuração se V é voltagem de excitação da ponte, no caso 10,24
Vdc, a voltagem de saída (VBoB) devido ao desequilíbrio provocado pela deformação (ε)
do extensômetro ativo será:
εε ⋅⋅
=⋅⋅
=4
07,224,104
eo
kVV (VI.1)
A voltagem transmitida para o conversor A/D pelo amplificador será: oVQL ⋅= ,
onde Q é o ganho do amplificador, no caso igual a 31. Resulta que a deformação do
extensômetro colado sobre a chapa, em µS (m/m x 10P
-6P) é dada por:
LL ⋅=⋅⋅⋅
= 608707,224,1031
4ε [µS] (VI.2)
onde L é a voltagem lida pelo conversor A/D.
VI.3.3 Procedimento Experimental
Com o objetivo de se estabelecer as condições ideais de aquisição do sinal, e
se adquirir o domínio do procedimento experimental, foram realizadas inicialmente
quatro detonações em placas testes. Estas detonações foram feitas com cargas bem
menores que a pretendida na aplicação real, e serviram apenas para se regular os
parâmetros do amplificador, por se tratar de um protótipo sem recursos de ajuste por
botões ou chaves externas. As mudanças foram feitas por grampos (jampers) e pela
troca de componentes tais como resistências e capacitores. Os gráficos desses sinais
não serão apresentados.
A seguir se instrumentou o trecho de tubo riser cedido pela Petrobras, que foi o
modelo real utilizado para se obter os resultados desejados. Foram colados
extensômetros em três posições, sendo que em duas delas se colou dois
extensômetros, um para medir deformação segundo a direção axial e outro na direção
circunferêncial do tubo. No terceiro ponto se colou apenas para medição segundo a
direção axial.
Apesar do cuidado de se realizar os testes anteriormente citados, foram
enfrentados problemas sérios de ruídos externos e com o aterramento. Para
solucioná-los, se retirou o controle de calibração e ajuste zero do sinal DC (off-set) do
amplificador, o que implicou em se estabelecer um valor de disparo 0
_v (trigger) mais
elevado.
67
Para suprir a perda do controle de off-set, se acrescentou ao procedimento a
aquisição de sinais em cada ponto de instrumentação, antes de cada detonação e sem
qualquer outra ação sobre o tubo. Dessa forma o sinal DC (off-set) foi subtraído
posteriormente, via software, do sinal deformação x tempo devido à detonação.
Após algumas detonações para testes preliminares, foram realizadas cinco
detonações com aquisição de sinais com os parâmetros de ajuste considerados
adequados. Os gráficos de quatro respostas de deformação específica x tempo são
mostrados a seguir.
Foram realizadas em cada ponto duas micro-detonações com cargas parciais
(menores que a padrão), considerando como carga padrão aquela necessária para
realizar a remoção do concreto refratário, sendo uma com medição da deformação
específica x tempo no sentido axial, e outra no sentido circunferencial do tubo. Pode-
se verificar que como a deformação da parede do tubo é localizada e tem
aproximadamente o formato de uma calota esférica, as medidas não sofreram
variação significativa com a direção de posicionamento do extensômetro em relação
ao eixo do tubo, (Figuras VI.3 e VI.4).
ms0.00 0.25 0.50 0.75 1.00 1.25 1.50 1.75 2.
4000
3500
3000
2500
2000
1500
1000
500
0
Figura VI.3 - Variação da deformação específica axial x tempo causada pela
detonação teste.
µS, (m/m x 10P
-6P)
ms, (s x 10 P
-3P)
68
ms0.00 0.25 0.50 0.75 1.00 1.25 1.50 1.75 2.00 2.25 2.50 2.75 3.
4000
3500
3000
2500
2000
1500
1000
500
0
Figura VI.4 - Variação da deformação específica circunferencial x tempo causada pela
detonação teste.
Na figura VI.3, observa-se uma deformação específica máxima de 2055 µS,
correspondendo a uma voltagem da ordem de 430 MPa (43 kgf/mmP
2P), e uma
deformação residual de 935 µS. Analisando-se estes resultados, se verifica que o fato
de ocorrerem duas detonações sucessivas no mesmo ponto, ainda que com cargas
parciais, produziu um encruamento do material, pois a deformação residual indicada
pelo extensômetro na segunda detonação foi pouco maior que para a primeira. É
importante salientar que as duas detonações possuem a mesma carga e o aço da
casca metálica é o ASTM A 516 grau 70 (tabela VI.1).
Tabela VI.1 – Características do Aço ASTM A 516 70 [16]
ITEM VALOR
Limite de Resistência 260 MPa (mínimo)
Limite de Ruptura 485 MPa à 620 MPa
Módulo de Elasticidade 224 GPa
µS, (m/m x 10P
-6P)
ms, (s x 10 P
-3P)
69
Na detonação cujo gráfico é apresentado na figura VI.4, a deformação máxima
é de 2321 µS, correspondendo a uma tensão de 487 MPa (48,7 kgf/mmP
2P), e a
deformação residual foi de 1249 µS, representando um incremento de 314 µS.
ms0.00 0.25 0.50 0.75 1.00 1.25 1.50 1.75 2.00 2.25 2.50 2.75 3.
4000
3500
3000
2500
2000
1500
1000
500
0
Figura VI.5 – Variação da deformação específica axial x tempo causada pela
detonação para remoção.
ms0.00 0.25 0.50 0.75 1.00 1.25 1.50 1.75 2.00 2.25 2.50 2.75 3.
4000
3500
3000
2500
2000
1500
1000
500
0
Figura VI.6 – Variação da deformação específica axial x tempo causada pela
detonação para remoção . Mesmo ponto de medição da deformação
mostrada na figura VI.6
Na figura VI.5, é apresentado o gráfico para o caso da detonação com a
intensidade necessária para a remoção do material. A deformação específica máxima
µS, (m/m x 10P
-6P)
ms, (s x 10 P
-3P)
µS, (m/m x 10P
-6P)
ms, (s x 10 P
-3P)
70
atingida foi de 3038 µS, indicando que o material superou a faixa elástica, confirmada
pela presença de uma deformação residual de 1275 µS.
O gráfico da figura VI.6 é uma segunda detonação com intensidade de
remoção. O valor de deformação específica máxima alcançada foi de 2427 µS e a
deformação residual foi de 1227 µS. Essa discrepância dos resultados, de deformação
específica máxima e residual, pode ser atribuída ao fato de que o concreto refratário a
ser removido já estava trincado e parcialmente solto devido às outras detonações.
Do ponto de vista de medições mecânicas, deve-se observar que em todos os
casos o intervalo de tempo, referente ao sinal transiente de deformação específica da
chapa devido à detonação, é de 25 ms para detonações parciais (Figuras VI.3 e VI.4)
e cerca de 50 ms para detonações de maior intensidade (Figuras VI.5 e VI.6).
Supondo-se que esses intervalos de tempo fossem correspondentes aos períodos T
de sinais estacionários senoidais, teriam freqüências de 4,0 kHz e 2,0 KHz,
respectivamente, mostrando que as detonações geram sinais transientes de grande
intensidade.
VI.4 INFLUÊNCIA DOS PARÂMETROS
Apresentam-se resultados experimentais de testes realizados na seção de tubos
cilíndricos de um riser e de um crossover, fornecidos pela REVAP - Refinaria do Vale
do Paraíba, São José dos Campos, SP com o intuito de mostrar a influência dos
parâmetros. Os resultados apresentados se referem ao pico do sinal de deformação x
tempo e a deformação residual restante após o carregamento.
Os principais parâmetros que podem ser alterados são: o tipo de explosivo, a
carga explosiva, a espessura do costado metálico, o tipo e a espessura do absorsor de
choque. Contudo, neste trabalho serão apresentados apenas os resultados referentes
ao tipo de explosivo e a espessura do costado metálico. Além destes resultados será
apresentado o ensaio feito para obtenção do gradiente de deformação.
Todos os ensaios foram realizados para revestimento de concreto refratário
antierosivo C coqueado com espessura de 127 mm, ancorados com grampo tipo V. Os
furos para colocação dos explosivos possuíam 20 mm de diâmetro e 127 mm de
profundidade.
71
VI.4.1 Influência do Tipo de Explosivo
Alguns ensaios tiveram como objetivo avaliar a influência do tipo de explosivo
para os picos e residuais de deformação específica resultante do emprego de
diferentes tipos de explosivo. Foram avaliados dois tipos de explosivo: dinamite
comum e Refratex. O explosivo Refratex é uma formulação especial desenvolvida para
a aplicação em questão. Os demais parâmetros característicos foram os mesmos para
esses ensaios. A Tabela VI.2 apresenta os resultados obtidos para dois tipos de
explosivos testados.
Tabela VI.2 - Picos e Residuais de Deformação para Dinamite e Refratex
Figura 7
Figura 8
Nota: µS = microstrain ou (m/m) x 10 P
-6
VI.4.2 Influência da Espessura do Costado
Alguns outros ensaios tiveram como objetivo avaliar a influência da espessura
do costado metálico para os picos e residuais de deformação causados por uma
mesma carga e mesmo tipo de explosivo, a dinamite comum. Foram executados
testes na seção de riser e no crossover que possuem espessuras de costado distintas.
O riser tem 12.7 mm de parede enquanto o crossover possui 25.4 mm de parede. Os
demais parâmetros foram os mesmos. A Tabela VI.3 apresenta os resultados obtidos
para cada uma das situações descritas.
Tabela VI.3 - Deformações para Costados de Espessura Diferentes
Explosivo Deformação (Pico- µS)
Deformação (Residual- µS)
Dinamite 19454 14029 Refratex 4700 1810
Explosivo Deformação Pico (µS)
Deformação Residual (µS)
Dinamite 19454 14029 Refratex 4700 1810
Espessura do Costado (mm)
Deformação Pico (µS)
Deformação Residual (µS)
Riser - 12.7 19454 14029 CrossOver - 25.4 2213 1073
72
VI.4.3 Gradiente de Deformação
Foi observado ao longo dos ensaios que uma pequena variação no
posicionamento dos extensômetros, com relação ao centro do furo, ocasionava uma
grande variação nos resultados de deformação. Este ensaio teve como intuito avaliar a
deformação ao longo das diagonais na região de detonação obtendo dessa forma o
gradiente de deformação. Para tanto foi utilizado um extensômetro especial do tipo
KFG –2–120–D9-11 N10C2 da KYOWA. Este extensômetro tem os elementos
montados igualmente espaçados com passo (P) de 3 mm, com direção sensível
segundo o seu eixo de alinhamento.
Figura VI.7 - Extensômetro usado para a medição do gradiente de deformação
O extensômetro foi colado no costado do tubo riser (espessura da chapa de
aço = 12,7 mm, concreto = 127 mm), a partir da região central do furo de colocação da
carga, com sua direção sensível alinhada com a direção circunferêncial do tubo,
segundo o esquema apresentado na figura VI.8. O centro do furo foi obtido através da
inserção de uma fonte de calor dentro do furo e visualizado através de uma câmera
termográfica posicionada do lado externo do equipamento.
Figura VI.8 - Instalação do extensômetro para medição do gradiente de deformação.
Os sinais das deformações x tempo dos quatro extensômetros foram
registrados simultaneamente, utilizando-se um condicionador de sinais de quatro
canais, com excitação DC e resposta em freqüência de 100KHz em cada canal. A
aquisição do sinal foi realizada pelo sistema ARGUS da ABB, onde cada canal é
digitalizado simultaneamente com uma freqüência de amostragem de 40 KHz.
O experimento foi realizado com a detonação de uma carga padrão de
explosivo Refratex, em uma região onde não ocorreria a remoção do refratário. Assim
as deformações específicas máximas atingidas na chapa são maiores que as
encontradas quando ocorre a remoção.
Na figura VI.9 são apresentados, de forma gráfica, os resultados obtidos, onde
os pontos sobre a curva tracejada são os picos de deformação no instante da
detonação e os pontos na curva cheia se referem as deformações residuais, medidas
após a detonação. Nessa figura é feita, com o intuito de ilustração, a repetição
espelhada dos dados segundo o eixo de simetria (paralelo à direção axial do tubo),
levando-se em conta a simetria do dispositivo de montagem da carga e também do
furo na camada de refratário.
[µStrain]0
10002000
3000
4000
50006000
7000
8000
-9 -6 -3 0 3 6 9
Figura VI.9 - Valore
pico d
pared
VI.9)
Pode-se verif
µS e que a deforma
ponto de detonação
4500 µS.
]
Posição radial da medição no furo [mm
73
s obtidos em pontos vizinhos, na d
e deformação e para a deformação
e externa do tubo dentro do perím
icar que os valores máximos ating
ção da parede do tubo fica fortem
do explosivo. A deformação resid
♦ - deformação residual
ire
re
etr
ido
ent
ua
- pico de deformação
ção circunferencial, para o
sidual, após detonação, na
o da região do furo (Figura
s estão na ordem de 7000
e localizada no entorno do
l máxima foi da ordem de
74
CAPÍTULO VII
VII MODELAGEM NUMÉRICA E RESULTADOS
VII.1 INTRODUÇÃO
Este capítulo tem como objetivo descrever a modelagem numérica elaborada
com o método dos elementos finitos e os diversos parâmetros utilizados, bem como
apresentar simulações da pressão dinâmica de detonação e também os resultados
que foram obtidos a partir dos vários modelos.
VII.2 ETAPAS NA ELABORAÇÃO DA MODELAGEM
Esta seção tem como finalidade descrever quais são as etapas para a
elaboração de um modelo estrutural. O programa escolhido para implementar os
modelos foi o DIANA v.8. Esta ferramenta computacional possui dois módulos de
trabalho. O módulo iDIANA que é utilizado para a geração e visualização dos
resultados e o módulo DIANA_w que é onde se definem os critérios de análise, como
por exemplo se a análise vai ser linear ou não-linear, estática ou dinâmica, dentre
outros critérios. Desta forma, a elaboração de um modelo estrutural através do DIANA
pode ser feita conforme o seguinte roteiro.
As etapas principais são:
A – Geração
B – Análise
C – Visualização
Cada uma delas possui uma tarefa específica:
A - Geração
a – Geometria
b – Propriedades Físicas e do Material
c – Carregamento
d – Condições de Contorno
75
e – Geração da Malha
f – Gravação (.dat)
Após a execução desta atividade o resultado final é a geração de um
arquivo.dat que contêm os dados que representam o modelo estrutural que será
analisado.
B – Análise
Uma vez gerado o modelo estrutural pode-se realizar análises que tem como
objetivo a calibração e validação do modelo. Os passos necessários para realizar esta
tarefa são descritos a seguir:
a – Seleção e Verificação do Arquivo de Entrada de Dados (.dat)
b – Configuração
b.1 - Inicial
b.2 - Tipo
b.3 – Execução (.com)
b.4 - Saída
d – Execução
C – Visualização
a – Seleção do Carregamento
b – Seleção do Tipo de Resultado
c – Forma de Apresentação do Resultado
d – Geração de Gráfico
VII.3 MODELOS PARA ANÁLISE ESTRUTURAL
Os modelos estruturais que foram elaborados para representar a estrutura do
riser de FCC sob a ação de uma micro-detonação são cascas metálicas carregadas
sem o uso de absorsor de choque e sem concreto refratário aplicado as mesmas.
76
O objetivo principal destes modelos é implementar a ação de uma carga de
impacto gerado pela ação de um explosivo sob uma casca metálica e verificar a
deformação produzida por este carregamento na estrutura. Isto é, simular o problema
dinâmico que se traduz em cargas e respostas da estrutura variando ao longo do
tempo [17].
A montagem dos modelos propostos com o uso do programa iDIANA é
detalhada no anexo Elaboração de Modelos Estruturais com iDIANA. É importante
salientar que os modelos implementados e seus resultados são indicados com a
simbologia MXRY, onde:
X representa o número da modelagem utilizada;
Y representa o número do resultado gerado.
A – UGeração
a – Geometria
Todos os modelos gerados são seções da estrutura do riser (subestruturas).
Foram utilizadas três subestruturas diferentes, em termos de dimensões, a saber:
- Subestrutura 1 (Modelos 1, 2 e 5): Altura H = 0.20 m, comprimento de arco L BaB = 0.20
m e diâmetro D = 1.28 m;
- Subestrutura 2 (Modelos 3, 4, 6, 8 e 9): Altura H = 0.50 m, comprimento de arco LBaB =
0.50 m e diâmetro D = 1.28 m;
- Subestrutura 3 (Modelo 7): Altura H = 1.00 m, comprimento de arco L BaB = 1.00 m e
diâmetro D = 1.28 m.
Figura VII.1 – Estrutura do Riser e Subestrutura Gerada
77
A figura VII.1 apresenta a estrutura do riser e o aspecto da subestrutura que foi
selecionada para a modelagem do riser. As subestruturas geradas são apresentadas,
com malhas que foram utilizadas para a geração dos resultados, através das figuras
VII.2, VII.3 e VII.4.
Figura VII.2 – Malha com 100 Elementos para Subestrutura 1
Figura VII.3 – Malha com 625 Elementos para Subestrutura 2
78
Figura VII.4 – Malha com 2500 Elementos para Subestrutura 3
b – Propriedades Físicas e do Material
O aço que compõe o costado metálico é o aço estrutural 516 grau 70 e os
dados que foram necessários para implementação do modelo foram obtidos através
de [16]. A espessura do costado metálico, utilizada na modelagem numérica, foi de
127 mm ou 0.5”. Este valor corresponde a espessura do riser onde foram obtidos os
resultados experimentais apresentados no capítulo VI. A tabela VII.1 apresenta os
dados utilizados para definir as propriedades físicas e do material.
Tabela VII.1 Propriedades Físicas e do Material
Propriedade Valor
Densidade (ρ) do Aço 7800 kg/mP
3P
Módulo de Elasticidade do Aço (E) 224 GPa
Limite Elástico do Aço (σ) 260 MPa
Coeficiente de Poisson (ν) 0,3
Coeficiente de Amortecimento Estrutural (a) 0,5 %
Espessura do Costado Metálico (e BaB) 12,7 mm
79
c – Carregamento
Foi escolhida a carga tipo pressão por ser a mais adequada para representar a
ação de um explosivo. Esta carga foi aplicada em uma área de 4 cmP
2P que representa a
área dos furos que são feitos no concreto para o carregamento dos cartuchos com
explosivo. Sendo este um carregamento dinâmico foi fornecido também a variação da
pressão ao longo do tempo. Os gráficos de pressão x tempo que representam esta
carga dinâmica são apresentados nas figuras VII.6 e VII.7 e foram extraídos de [18]
que é representado pelo gráfico da figura VII.5. Para facilitar a calibração dos
resultados se optou por trabalhar com valores unitários para pressão nos gráficos
implementados no iDIANA. Desta forma, a magnitude da carga aplicada na estrutura é
obtida por um valor definido através de um comando no iDIANA multiplicado pelo valor
unitário do gráfico. T
O gráfico da figura VII.5 foi extraído do trabalho [18] realizado com o explosivo
composto B. Apesar deste explosivo não possuir características iguais ao do explosivo
Refratex o seu comportamento de pressão x tempo serve como uma primeira
aproximação para a geração dos resultados do modelo proposto.
Figura VII.5 - Gráfico Pressão x Tempo [18]
O gráfico da figura VII.6 (TC1) foi produzido a partir da digitalização do gráfico
da figura VII.5 com o uso do programa GETDATA v.2.20 e o da figura VII.7 (TC2) é
uma curva ajustada a partir de TC1 para representar melhor o explosivo refratex. A
80
curva TC1 foi utilizada para os modelos e resultados M1R1, M1R2, M1R3, M2R1,
M2R2, M3R1, M4R1. M5R1, M6R1 e M7R1, enquanto que a curva TC2 foi utilizada
para os modelos M8R1 e M9R1, este último utilizado para fazer, mais a frente, uma
comparação numérico – experimental.
Pressão x Tempo
0,00
0,30
0,60
0,90
1,20
1,50
1,80
0 15 30 45 60 75 90
Tempo (Microsegundos)
Pre
ssão
(Uni
tária
)
Figura VII.6 - Curva Pressão x Tempo para explosivo Composto B (TC1)
Pressão x Tempo
0,00
0,30
0,60
0,90
1,20
1,50
1,80
0 200 400 600 800 1000
Tempo (Microsegundos)
Pres
são
(Uni
tária
)
Figura VII.7 - Curva Pressão x Tempo calibração proposta (TC2)
d – Condições de Contorno
Para todos os modelos gerados foram utilizadas as mesmas condições de
contorno. Duas faces foram restringidas com relação à translação ao eixo Y, enquanto
as outras duas faces foram restringidas com relação à translação aos eixos X e Y.
Estas condições de contorno podem ser visualizadas melhor através da figura VII.8.
Figura VII.8 – Condições de Contorno
e – Geração da Malha
As malhas foram geradas com 100, 625, 1600, 2500 e 3600 elementos. Os
elementos utilizados foram elementos de casca quadriláteros de 4 ou 8 nós. As figuras
VII.9 (a e b) mostram respectivamente os elementos quadrilátero de 4 nós e
quadrilátero de 8 nós.
F
a b
igura VII.9 - (a) Quadrilátero
81
de 4 nós e (b) Quadrilátero de 8 nós [19]
82
f – Gravação (.dat)
Para encerrar o processo de geração do modelo os dados são gravados em
um arquivo de dados que posteriormente são utilizados para produzir as análises
desejadas.
A figura VII.10 mostra o aspecto da estrutura gerada através do programa
iDIANA. É possível observar a malha gerada, suas condições de contorno e o
carregamento. A malha apresentada nesta figura é composta por 1600 elementos para
a subestrutura 1 e foi utilizada para gerar alguns dos resultados que são apresentados
neste capítulo.
Figura VII.10 - Estrutura gerada através do iDIANA
B – Análise
A análise que foi realizada em todos estes modelos é não – linear, com passos
de tempo. Estes passos de tempo são frações do intervalo de tempo total da análise e
também são conhecidos como intervalos de integração. Para a produção dos
resultados foram utilizados diferentes passos de tempo, conforme será apresentado no
fim deste capítulo na tabela VII.2. Todos os resultados apresentados são relativos ao
elemento central da superfície onde está aplicada a carga. Como se pode ver pela
figura VII.11 a deformação da superfície metálica é muito pontual e o pico de
deformação encontra-se justamente no elemento central da superfície onde a carga foi
aplicada.
83
Figura VII.11 - Campo de Deformação gerado pelo iDIANA
C – Visualização
Não foi utilizado este recurso na produção dos resultados, pois ele possui uma
limitação quanto ao número de passos de tempo que é de apenas 100. Desta forma,
optou-se pelos resultados tabulados, ou seja, resultados em forma de arquivos de
texto que podem ser utilizados para a elaboração de gráficos em outros softwares.
Neste trabalho os gráficos foram elaborados com o auxílio do software EXCEL.
VII.4 RESULTADOS NUMÉRICOS OBTIDOS
Todos os resultados obtidos são deformações ao longo do tempo. Eles foram
gerados com as chamadas deformações principais. Entende-se por deformações
principais, segundo [20], como deformações lineares específicas nas direções
principais (direções ortogonais) em relação às quais a distorção é nula. A direção
ortogonal escolhida foi aquela que produziu os maiores valores de deformação que
neste caso foram na direção circunferencial.
VII.4.1 Resultados para os Modelos Implementados
Os resultados serão apresentados através dos gráficos das figuras VII.12 a
VII.23. A tabela VII.2 mostrará sob quais condições eles foram obtidos.
84
Tabela VII.2 – Parâmetros e Elementos Utilizados nas Modelagens Numéricas
Modelagem Numérica
Elemento Utilizado
Qte de Elementos
Tempo Total
Pico de Pressão
Intervalo de Integração Numérica
M1R1 P
(1)P QU4, Q20SH 1600 90 µs 195 MPa 2 x 10 P
-7 Ps
M1R2 P
(1)P QU4, Q20SH 1600 90 µs 195 MPa 5 x 10 P
-8 Ps
M1R3 P
(1)P QU4, Q20SH 1600 90 µs 195 MPa 1 x 10 P
-8 Ps
M2R1 P
(1)P QU8, CQ40S 1600 90 µs 195 MPa 2 x 10 P
-7 Ps
M2R2 P
(1)P QU8, CQ40S 1600 90 µs 195 MPa 5 x 10 P
-8 Ps
M3R1 P
(2)P QU4, Q20SH 2500 90 µs 195 MPa 2 x 10 P
-7 Ps
M4R1 P
(2)P QU4, Q20SH 3600 90 µs 195 MPa 2 x 10 P
-7 Ps
M5R1 P
(1)P QU4, Q20SH 100 90 µs 195 MPa 2 x 10 P
-7 Ps
M6R1 P
(2)P QU4, Q20SH 625 90 µs 195 MPa 2 x 10 P
-7 Ps
M7R1 P
(3)P QU4, Q20SH 2500 90 µs 195 MPa 2 x 10 P
-7 Ps
M8R1 P
(2)P QU4, Q20SH 2500 1000 µs 146 MPa 1 x 10 P
-6 Ps
M9R1 P
(2)P QU4, Q20SH 2500 1000 µs 127 MPa 1 x 10 P
-6 Ps
OBS: (1) Estrutura de (0,20 m x 0,20 m), correspondente a (1/20 do perímetro).
(2) Estrutura de (0,50 m x 0,50 m), correspondente a (1/8 do perímetro).
(3) Estrutura de (1,00 m x 1,00 m), correspondente a (1/4 do perímetro).
Deformação x Tempo
0
5001000
15002000250030003500
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Tempo (Microsegundos)
Defo
rmaç
ão (M
icro
stra
ins)
Figura VII.12 - Resultado obtido com a Modelagem M1R1
85
Deformação x Tempo
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Tempo (Microsegundos)
Defo
rmaç
ão (M
icro
stra
ins)
Figura VII.13 - Resultado obtido com a Modelagem M1R2
Deformação x Tempo
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Tempo (Microsegundos)
Defo
rmaç
ão (M
icro
stra
ins)
Figura VII.14 - Resultado obtido com a Modelagem M1R3
86
Deformação x Tempo
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Tempo (Microsegundos)
Defo
rmaç
ão (M
icro
stra
ins)
Figura VII.15 - Resultado obtido com a Modelagem M2R1
Deformação x Tempo
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Tempo (Microsegundos)
Def
orm
ação
(Mic
rost
rain
s)
Figura VII.16 - Resultado obtido com a Modelagem M2R2
87
Deformação x Tempo
0
5001000
1500
2000
25003000
3500
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Tempo (Microsegundos)
Defo
rmaç
ão (M
icros
train
s)
Figura VII.17 - Resultado obtido com a Modelagem M3R1
Deformação x Tempo
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Tempo (Microsegundos)
Def
orm
ação
(Mic
rost
rain
s)
Figura VII.18 - Resultado obtido com a Modelagem M4R1
88
Deformação x Tempo
0
50
100
150
200
250
300
350
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Tempo (Microsegundos)
Defo
rmaç
ão (M
icro
stra
ins)
Figura VII.19 - Resultado obtido com a Modelagem M5R1
Deformação x Tempo
0
100
200
300
400
500
600
700
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Tempo (Microsegundos)
Def
orm
ação
(Mic
rost
rain
s)
Figura VII.20 – Resultado obtido com a Modelagem M6R1
89
Deformação x Tempo
0
100
200
300
400
500
600
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Tempo (Microsegundos)
Def
orm
ação
(Mic
rost
rain
s)
Figura VII.21 - Resultado obtido com a Modelagem M7R1
Deformação x Tempo
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100
Tempo (Microsegundos)
Def
orm
ação
(Mic
rost
rain
s)
Figura VII.22 - Resultado obtido com a Modelagem M8R1
90
Deformação x Tempo
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100
Tempo (Microsegundos)
Defo
rmaç
ão (M
icro
stra
ins)
Figura VII.23 - Resultado obtido com a Modelagem M9R1
91
CAPÍTULO VIII
VIII ANÁLISE DOS RESULTADOS
VIII.1 ASPECTOS GERAIS
Este capítulo tem como objetivo realizar uma análise dos resultados numéricos
obtidos com os modelos estruturais gerados com o programa DIANA; apresentados no
capítulo VII, e também compará-los com os resultados experimentais apresentados no
capítulo VI.
VIII.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS DA MODELAGEM NUMÉRICA Antes de realizar qualquer tipo de comparação dos resultados numéricos com
os resultados experimentais, serão analisados os resultados numéricos obtidos
através da modelagem computacional.
VIII.2.1 Apreciação da Modelagem Estrutural
Os modelos gerados podem ser implementados e analisados sob diversas
formas. De maneira a demonstrar isso foram gerados modelos e resultados distintos a
partir da alteração de alguns aspectos característicos:
- Dimensões do Modelo Estrutural;
- Quantidade de Elementos;
- Intervalo de Integração.
- Tipo de Elemento;
VIII.2.2 Dimensões do Modelo Estrutural
A estrutura que se deseja modelar é parte de um cilindro com as seguintes
dimensões: comprimento L BSB = 7,4 m, diâmetro D = 1,28 m e casco com espessura e BaB =
1,27 cm. Considerando que o efeito das cargas explosivas é pontual, como mostram
os resultados experimentais obtidos, optou-se por gerar modelos seccionais (ou
92
subestruturas na forma de painéis cilíndricos), como ilustrado na figura VII.1, os quais
foram usados para realizar as análises numéricas.
A maior vantagem desta escolha foi à redução do esforço computacional para a
obtenção de resultados numéricos. Contudo, o modelo seccional da estrutura deve
possuir dimensões mínimas para que os resultados sejam representativos. Caso o
modelo seccional seja muito pequeno, aspectos como a curvatura e os efeitos de
bordo tornarão os resultados numéricos muito diferentes dos resultados experimentais.
Desta forma, foram geradas subestruturas (cascas cilíndricas) com três tamanhos
distintos, a saber: 0,20 m de altura x 0,20 m de comprimento de arco (M5R1); 0,50 m
de altura x 0,50 m de comprimento de arco (M6R1) e 1,00 m de altura x 1,00 m de
comprimento de arco (M7R1), como foi apresentado no capítulo VII.
Comparando os resultados numéricos, em termos das deformações x tempo,
obtidos com os modelos M5R1, M6R1 e M7R1, observa-se que os modelos M6R1 e
M7R1 fornecem resultados muito próximos, enquanto o modelo M5R1 é bastante
distinto dos anteriores. Deve-se observar também que esses modelos foram gerados
com o mesmo tipo de elementos, mesmo refinamento (quantidades de elementos
equivalentes) e mesmo intervalo de integração. A única diferença são as dimensões
estruturais. Pode-se concluir que o modelo M6R1 possui as dimensões mais
adequadas para a análise de deformações, pois exige um menor esforço
computacional que M7R1 apresentando resultados numéricos muito próximos.
VIII.2.3 Quantidade de Elementos
A quantidade de elementos de uma malha é um aspecto importante da
modelagem numérica. Resultados representativos podem ser conseguidos com uma
malha refinada com grande quantidade de elementos. Contudo, isto demanda um
grande esforço computacional, traduzido pelo tempo necessário para realizar a
análise. Desta forma, há interesse em obter uma malha otimizada que produza
resultados representativos com um menor número de elementos. Foram obtidos
resultados com vários modelos, com 625 (M6R1), 2500 (M3R1) e 3600 (M4R1)
elementos.
Os resultados desses três modelos foram gerados com o mesmo tipo de
elemento, mesmo intervalo de integração e mesmas dimensões. Desta forma, a única
diferença entre esses é a quantidade de elementos. Constatou-se que os resultados
obtidos com os modelos M3R1 e M4R1 são iguais, enquanto o resultado obtido com o
modelo M6R1 é distinto dos anteriores. Assim sendo, verificou-se que a malha M3R1
93
com 2500 elementos produziu resultados representativos num tempo de
processamento menor do que com a malha M4R1 com maior quantidade de
elementos (3600 elementos).
VIII.2.4 Intervalo de Integração
O intervalo de integração como já foi mencionado no capítulo VI recebe a
denominação de passo de tempo no módulo de análise DIANA_w. Em geral, divide-se
o intervalo de tempo total da análise em intervalos menores de forma que os passos
de tempo cheguem à convergência com poucas iterações. No módulo de análise
DIANA_w é possível selecionar o máximo de iterações necessárias para a
convergência. Foram selecionadas 50 iterações como o limite para convergência.
Neste aspecto o interesse é o mesmo que para a quantidade de elementos. Busca-se
obter um resultado representativo com boa precisão e com o menor número de passos
de tempo possível. Foram selecionados alguns passos de tempo conforme descritos
na tabela VII.2 de forma a avaliar este aspecto.
Os resultados obtidos com o modelo 1, M1R1, M1R2 e M1R3 com as mesmas
dimensões correspondem respectivamente, aos seguintes intervalos de integração, 2 x
10 P
-7 Ps P
P, 5 x 10 P
-8 Ps e 1 x 10 P
-8 Ps e mesmos tipos e quantidades de elementos. O único
aspecto que diferencia estes resultados é, então, o intervalo de integração. Pode-se
observar que os três resultados gerados são iguais apesar de possuírem intervalos de
integração distintos. Desta forma, trabalhar com o intervalo de integração de 2 x 10 P
-7 Ps
representa uma grande economia de tempo e esforço computacional, produzindo
ainda resultados representativos.
VIII.2.5 Tipo de Elemento
O DIANA oferece uma grande diversidade de elementos que podem ser
empregados para a modelagem estrutural. Para a estrutura em questão optou-se por
trabalhar com elementos de casca. O DIANA possui seis tipos de elementos de casca
que são os triangulares de 3, 6 e 9 nós e os quadriláteros de 4, 8 e 12 nós. Foram
produzidos resultados com os elementos quadriláteros de 4 e 8 nós. É bem sabido [21]
que os elementos quadriláteros têm aplicação muito ampla e são utilizados
largamente.
94
Os resultados produzidos com estes tipos de elementos e que podem ser
comparados são M1R1, M1R2, M2R1 e M2R2 obtidos com as modelagens 1 e 2, os
quais possuem a mesma quantidade de elementos e as mesmas dimensões. Para as
modelagens M1R1 e M2R1 foi utilizado um intervalo de integração igual a 2 x 10 P
-7P s e
para M1R2 e M2R2 um intervalo de integração de 5 x 10 P
-8 Ps. Desta forma,
comparando-se os resultados obtidos com as modelagens M1R1 com M2R1 e M1R2
com M2R2 observa-se que a mudança de tipo de elemento produz uma diferença
pouco significativa nos resultados. Nota-se então que os resultados produzidos com os
quadriláteros de 4 nós se aproximam bastante daqueles produzidos com os
quadriláteros de 8 nós, com a vantagem de gerar uma menor quantidade de nós e
graus de liberdade e, portanto, um tempo menor de processamento.
VIII.3 RESULTADOS NUMÉRICOS X EXPERIMENTAIS
A comparação dos resultados numéricos com os resultados experimentais
exige em primeiro lugar uma apresentação detalhada das diferenças entre certos
aspectos importantes dos modelos físico (experimental) e numérico (gerado com
DIANA). O modelo físico (experimental) possui algumas diferenças em relação ao
modelo numérico:
Parede de concreto refratário com espessura e Br B = 127 mm aderida à superfície
metálica, conforme a figura V.2;
Dimensões estruturais diferentes dos modelos numéricos implementados;
Cartucho explosivo envolvendo a carga explosiva, o que representa mais uma
resistência a ser vencida, conforme a figura V.2;
Absorsor de choque entre a carga explosiva e a chapa metálica, conforme
ilustra a figura V.2;
Ponto de aplicação da carga explosiva, possivelmente não coincidente com o
nó do elemento central escolhido para análise no modelo numérico;
Colocando em um mesmo gráfico o resultado experimental proveniente da
figura VI.5, considerando apenas a região da curva entre 0 e 1000 µs para comparar
com o resultado numérico M9R1 gerado pelo DIANA, obtêm-se a figura VIII.1.
95
Figura VIII.1 – Comparação entre os Resultados Experimental e Numérico para a
variação da deformação específica (µS) x tempo (µs)
É importante salientar que o modelo numérico gerado, apesar de não possuir o
absorsor de choque implementado, foi submetido a uma carga resultante equivalente à
condição experimental com absorção de choque para que esta comparação fosse
possível.
Através do gráfico da figura VIII.1 pode-se observar que os resultados
experimental e numérico são muito próximos. Contudo, existem algumas diferenças
que podem ser explicadas em grande parte por dois fatores:
• A curva de pressão x tempo utilizada para geração, em termos de deformação
x tempo é, uma simulação aproximada da variação de pressão x tempo que
produziu o resultado experimental apresentado;
• O ponto onde a pressão foi aplicada, no modelo numérico, pode diferir do
ponto real de aplicação da carga na condição experimental; e o extensômetro
que realizou a medição experimental de deformação x tempo pode ter sido
colado em um ponto não correspondente ao nó do modelo MEF da estrutura
10P
-6P
96
gerado pelo programa DIANA, onde foi observada a resposta numérica
deformação x tempo.
Apesar de tantos detalhes a serem observados para gerar resultados
numéricos representativos, pode-se verificar que o modelo produzido é bastante
válido, pois, as respostas deformação x tempo numérica e experimental se comparam
muito bem.
Pode-se atribuir a diferença entre os resultados numéricos e experimentais no
intervalo de 600 a 800 microsegundos às condições de contorno consideradas. O
modelo numérico considerou apenas as condições de contorno cinemáticas quando na
realidade existem condições de contorno cinemáticas, inerciais e de amortecimento.
As condições de contorno inerciais e de amortecimento não foram consideradas, pois
os modelos numéricos gerados não são fruto de uma comparação direta, mas sim de
ajustes.
Outra constatação interessante é que pequenas diferenças de carga podem
gerar resultados bastante distintos. Isto pode ser observado quando são comparados
os resultados numéricos M8R1 e M9R1. Esta mesma situação ocorreu nos testes
experimentais.
97
CAPÍTULO IX
IX CONCLUSÕES E SUGESTÕES
IX.1 CONCLUSÕES
Este trabalho teve como objetivo a implementação de modelos em elementos
finitos com a finalidade de simular o impacto gerado pela carga explosiva utilizada
para a remoção de concreto refratário fibroso em um riser de FCC.
Foi utilizada a ferramenta computacional DIANA v.8 para gerar os modelos
numéricos e produzir respostas da estrutura em termos de deformações x tempo.
Os modelos gerados foram otimizados e os resultados obtidos foram calibrados
com os resultados experimentais. A maior dificuldade encontrada nesse trabalho foi
calibrar os resultados numéricos com os experimentais.
Desta forma, pode-se afirmar que o trabalho atingiu os objetivos iniciais mesmo
que os modelos produzidos ainda possam ser bastante melhorados. No ponto em que
os modelos se encontram já é possível utilizá-los para simular a aplicação da carga
Refratex em estruturas tubulares que sejam de um outro aço ou que possuam
espessura diferente da implementada realizando pequenas alterações nos modelos
gerados.
Com vistas a estas futuras implementações foi feita uma revisão bibliográfica
nos assuntos: concreto refratário e isoladores de choque, informações estas que
podem contribuir bastante para gerar modelos mais próximos da realidade, bem como
proporcionar a simulação da fissuração do concreto ou mesmo do efeito gerado pelo
absorsor de choque.
IX.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
As principais sugestões para o desenvolvimento de trabalhos futuros são:
UExperimentais:
- Obter experimentalmente a curva de pressão x tempo para o explosivo Refratex;
- Caracterizar concretos refratários fibrosos coqueados;
98
UNuméricas:
- Implementar a parede de concreto refratário aderida à superfície metálica;
- Implementar o absorsor de choque conforme a situação real;
- Implementar numericamente o cartucho plástico que envolve o explosivo de forma a
prever sua influência em todo o processo;
- Realizar análises para concretos refratários novos x concreto refratários coqueados;
- Realizar análises para concretos refratários mais resistentes;
- Estudar o emprego de absorsores de choque mais eficientes;
- Realizar estudos sobre a aderência entre o concreto refratário e a superfície metálica
proporcionada pelos grampos de ancoragem;
- Realizar estudos sobre a fissuração de concretos refratários coqueados;
Estas sugestões, de forma geral, visam o desenvolvimento de modelos
numéricos mais próximos da realidade que possam ser utilizados como uma
ferramenta para analisar aplicações da tecnologia Refratex, bem como novos
desenvolvimentos na própria tecnologia.
99
X REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] National Petrochemical & Refiners Association, HTUhttp://www.npra.org/publications UTH,
Washington, acessado em 03/2005.
[2] BAZÃNT, Z. P., KAPLAN, M. F., Concrete at High Temperatures – Material
Properties and Mathematical Models. Great Britain, Longman, 1996.
[3] American Concrete Institute, Refractory Concrete – ACI 547R-79, Detroit, 1983.
[4] MEHTA, P. K., MONTEIRO, P. J. M., Concreto - Estrutura, Propriedades e
Materiais, São Paulo, Brasil, PINI, 1994.
[5] BANTHIA, N., BINDIGANAVILE, V.,MINDESS, S. , Impact and Blast Protection
With Fiber Reinforced Concrete. 6th RILEM Symposium on Fibre-Reinforced
Concretes (FRC) – BEFIB, pp. 31-44, v.1, Set, 2004.
[6] BANTHIA, N., YAN, C., SAKAI, K., “Impact Resistence of Fiber Reinforced
Concrete at Subnormal Temperatures”, Cement and Concrete Composites, v. 20,
n. 5, pp. 393-404, Out. 1998.
[7] OLOFSSON, S. O., Applied Explosives Technology For Construction And Mining.
Ärla, Sweden, Nora Boktryckeri AB, 1988.
[8] BERTA, G., Explosives: An Engineering Tool. Milano, Itália, Italesplosivi, 1990.
[9] ISEE; ISEE Blaster´s Handbook, 3 P
rdP, USA, 2003
[10] NEWTON, R. E., “Theory of Shock Isolation”. In: Harris, C.M., Crede, C.E., Shock
& Vibration Handbook, McGrawHill, 3 P
rdP edition, chapter 31, 1988.
[11] JÚNIOR, A. A., 2002, Relatório de Experimento de Campo – Medição de
Deformação Instantânea em uma Chapa devido a Detonação de Cargas
Explosivas Pontuais, Laboratório de Vibrações e Instrumentação – UNESP –
Campus de Ilha Solteira, Ilha Solteira, São Paulo.
100
[12] JÚNIOR, A. A., 2002, Relatório de Experimento de Campo – Medição de
Gradiente de Deformação Instantânea em uma Chapa devido a Detonação de
Cargas Explosivas Pontuais, Laboratório de Vibrações e Instrumentação –
UNESP – Campus de Ilha Solteira, Ilha Solteira, São Paulo.
[13] NOVOZHILOV, O.V.; The Theory of Thin Shells, Noordhoff LTD, The
Netherlands, 1959.
[14] KOBAYASHI, A.S. (Editor); Handbook on Experimental Mechanics, Second
Edition, Society for Experimental Mechanics, VCH Publishers, INC, 1993.
[15] MAGLUTA, C., ROITMAN, N., Análise Experimental de Estruturas. Notas de
Aula, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro.
[16] Usiminas, HTUhttp://www.usiminas.com.br/produtos/ UTH, Belo Horizonte, acessado em
12/2004.
[17] BATTISTA, R. C.,Dinâmica Estrutural. Notas de Aula, COPPE/UFRJ, Rio de
Janeiro, 1990.
[18] MULLIN, S. A. , WALKER, J. D., DROTLEFF,J.E., VINCENT, C.T., LOTTERO,
R. , “Research in Close-in Blast Loading From High Explosives”, 31 P
stP United
States Department of Defense Explosives Safety Seminar, Aug, 2004.
[19] DIANA, 2003. User’s Manual, TNO Build and Construction Research,
Netherlands, pp. 5-315, Lakerveld b.v.
[20] VILLAÇA, S. F., GARCIA, L. F. T., Introdução à Teoria da Elasticidade, 4 ed.,
COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil, 2000.
[21] BATHE, K. J., Finite Element Procedures, Prentice-Hall, Inc., New Jersey, 1996.
101
XI ANEXO XII XIII
XIV ELABORAÇÃO DE MODELOS ESTRUTURAIS COM iDIANA
Este anexo detalha a geração dos modelos estruturais produzidos pelo iDIANA.
UGeração dos Modelos
a – Geometria
Estes comandos são destinados à construção de uma casca metálica (seção
de cilindro) com dimensões de 0.20 m de altura, 0.20 m de comprimento de arco e raio
de 0.64 m e foram utilizados para os modelos e resultados M1R1, M1R2, M1R3,
M2R1, M2R2 e M5R1.
GEOMETRY POINT C1 0 0 0
GEOMETRY LINE CIRCLE C1 0.64
GEOMETRY POINT ONLINE P5 L1 0.1
GEOMETRY POINT ONLINE P6 L1 - 0.1
GEOMETRY POINT C2 0 0 0.2
GEOMETRY LINE CIRCLE C2 0.64
GEOMETRY POINT ONLINE P11 L5 0.1
GEOMETRY POINT ONLINE P12 L5 - 0.1
GEOMETRY LINE L9 P5 P11
GEOMETRY LINE L10 P6 P12
GEOMETRY LINE ARC C3 P5 P6 C1
GEOMETRY LINE ARC C4 P11 P12 C2
GEOMETRY SURFACE 4SIDES C3 L10 C4 L9
EYE FRAME
Estes comandos são destinados à construção de uma casca metálica (seção de
cilindro) com dimensões de 0.50 m de altura, 0.50 m de comprimento de arco e raio de
0.64 m e foram utilizados para os modelos e resultados M3R1, M4R1, M6R1, M8R1 e
M9R1.
GEOMETRY POINT C1 0 0 0
GEOMETRY LINE CIRCLE C1 0.64
102
GEOMETRY POINT ONLINE P5 L1 0.25
GEOMETRY POINT ONLINE P6 L1 - 0.25
GEOMETRY POINT C2 0 0 0.5
GEOMETRY LINE CIRCLE C2 0.64
GEOMETRY POINT ONLINE P11 L5 0.25
GEOMETRY POINT ONLINE P12 L5 - 0.25
GEOMETRY LINE L9 P5 P11
GEOMETRY LINE L10 P6 P12
GEOMETRY LINE ARC C3 P5 P6 C1
GEOMETRY LINE ARC C4 P11 P12 C2
GEOMETRY SURFACE 4SIDES C3 L10 C4 L9
EYE FRAME
Estes comandos são destinados à construção de uma casca metálica (seção
de cilindro) com dimensões de 1.00 m de altura, 1.00 m de comprimento de arco e raio
de 0.64 m e foi utilizado para o modelo M7R1.
GEOMETRY POINT P1 0 0 0
GEOMETRY POINT P2 0.64 0 0.64
GEOMETRY POINT P3 0.64 1 0.64
GEOMETRY POINT P4 0 1 0
GEOMETRY POINT P5 0.64 0 0
GEOMETRY POINT P6 0.64 1 0
GEOMETRY LINE L1 P2 P3
GEOMETRY LINE L2 P4 P1
GEOMETRY LINE ARC C1 P1 P2 P5
GEOMETRY LINE ARC C2 P4 P3 P6
GEOMETRY POINT P7 0 0.20 0
GEOMETRY POINT P8 0 0.40 0
GEOMETRY POINT P9 0 0.60 0
GEOMETRY POINT P10 0 0.80 0
GEOMETRY POINT P11 0.64 0.20 0.64
GEOMETRY POINT P12 0.64 0.40 0.64
GEOMETRY POINT P13 0.64 0.60 0.64
GEOMETRY POINT P14 0.64 0.80 0.64
GEOMETRY POINT P15 0.64 0.20 0
GEOMETRY POINT P16 0.64 0.40 0
103
GEOMETRY POINT P17 0.64 0.60 0
GEOMETRY POINT P18 0.64 0.80 0
GEOMETRY POINT ONLINE P19 C1 0.20
GEOMETRY POINT ONLINE P20 C1 0.40
GEOMETRY POINT ONLINE P21 C1 0.60
GEOMETRY POINT ONLINE P22 C1 0.80
GEOMETRY POINT ONLINE P23 C2 0.20
GEOMETRY POINT ONLINE P24 C2 0.40
GEOMETRY POINT ONLINE P25 C2 0.60
GEOMETRY POINT ONLINE P26 C2 0.80
GEOMETRY LINE L4 P19 P23
GEOMETRY LINE L5 P20 P24
GEOMETRY LINE L6 P21 P25
GEOMETRY LINE L7 P22 P26
GEOMETRY POINT ONLINE P27 L4 0.20
GEOMETRY POINT ONLINE P28 L4 0.40
GEOMETRY POINT ONLINE P29 L4 0.60
GEOMETRY POINT ONLINE P30 L4 0.80
GEOMETRY POINT ONLINE P31 L5 0.20
GEOMETRY POINT ONLINE P32 L5 0.40
GEOMETRY POINT ONLINE P33 L5 0.60
GEOMETRY POINT ONLINE P34 L5 0.80
GEOMETRY POINT ONLINE P35 L6 0.20
GEOMETRY POINT ONLINE P36 L6 0.40
GEOMETRY POINT ONLINE P37 L6 0.60
GEOMETRY POINT ONLINE P38 L6 0.80
GEOMETRY POINT ONLINE P39 L7 0.20
GEOMETRY POINT ONLINE P40 L7 0.40
GEOMETRY POINT ONLINE P41 L7 0.60
GEOMETRY POINT ONLINE P42 L7 0.80
GEOMETRY LINE L8 P1 P7
GEOMETRY LINE L9 P7 P8
GEOMETRY LINE L10 P8 P9
GEOMETRY LINE L11 P9 P10
GEOMETRY LINE L12 P10 P4
GEOMETRY LINE L13 P19 P27
GEOMETRY LINE L14 P27 P28
104
GEOMETRY LINE L15 P28 P29
GEOMETRY LINE L16 P29 P30
GEOMETRY LINE L17 P30 P23
GEOMETRY LINE L18 P20 P31
GEOMETRY LINE L19 P31 P32
GEOMETRY LINE L20 P32 P33
GEOMETRY LINE L21 P33 P34
GEOMETRY LINE L22 P34 P24
GEOMETRY LINE L23 P21 P35
GEOMETRY LINE L24 P35 P36
GEOMETRY LINE L25 P36 P37
GEOMETRY LINE L26 P37 P38
GEOMETRY LINE L27 P38 P25
GEOMETRY LINE L28 P22 P39
GEOMETRY LINE L29 P39 P40
GEOMETRY LINE L30 P40 P41
GEOMETRY LINE L31 P41 P42
GEOMETRY LINE L32 P42 P26
GEOMETRY LINE L33 P2 P11
GEOMETRY LINE L34 P11 P12
GEOMETRY LINE L35 P12 P13
GEOMETRY LINE L36 P13 P14
GEOMETRY LINE L37 P14 P3
GEOMETRY LINE ARC C3 P1 P19 P5
GEOMETRY LINE ARC C4 P19 P20 P5
GEOMETRY LINE ARC C5 P20 P21 P5
GEOMETRY LINE ARC C6 P21 P22 P5
GEOMETRY LINE ARC C7 P22 P2 P5
GEOMETRY LINE ARC C8 P7 P27 P15
GEOMETRY LINE ARC C9 P27 P31 P15
GEOMETRY LINE ARC C10 P31 P35 P15
GEOMETRY LINE ARC C11 P35 P39 P15
GEOMETRY LINE ARC C12 P39 P11 P15
GEOMETRY LINE ARC C13 P8 P28 P16
GEOMETRY LINE ARC C14 P28 P32 P16
GEOMETRY LINE ARC C15 P32 P36 P16
GEOMETRY LINE ARC C16 P36 P40 P16
105
GEOMETRY LINE ARC C17 P40 P12 P16
GEOMETRY LINE ARC C18 P9 P29 P17
GEOMETRY LINE ARC C19 P29 P33 P17
GEOMETRY LINE ARC C20 P33 P37 P17
GEOMETRY LINE ARC C21 P37 P41 P17
GEOMETRY LINE ARC C22 P41 P13 P17
GEOMETRY LINE ARC C23 P10 P30 P18
GEOMETRY LINE ARC C24 P30 P34 P18
GEOMETRY LINE ARC C25 P34 P38 P18
GEOMETRY LINE ARC C26 P38 P42 P18
GEOMETRY LINE ARC C27 P42 P14 P18
GEOMETRY LINE ARC C28 P4 P23 P6
GEOMETRY LINE ARC C29 P23 P24 P6
GEOMERTY LINE ARC C30 P24 P25 P6
GEOMETRY LINE ARC C31 P25 P26 P6
GEOMETRY LINE ARC C32 P26 P3 P6
GEOMETRY SURFACE 4SIDES S1 C3 L13 C8 L8
GEOMETRY SURFACE 4SIDES S2 C4 L18 C9 L13
GEOMETRY SURFACE 4SIDES S3 C5 L23 C10 L18
GEOMETRY SURFACE 4SIDES S4 C6 L28 C11 L23
GEOMETRY SURFACE 4SIDES S5 C7 L33 C12 L28
GEOMETRY SURFACE 4SIDES S6 C8 L14 C13 L9
GEOMETRY SURFACE 4SIDES S7 C9 L19 C14 L14
GEOMETRY SURFACE 4SIDES S8 C10 L24 C15 L19
GEOMETRY SURFACE 4SIDES S9 C11 L29 C16 L24
GEOMETRY SURFACE 4SIDES S10 C12 L34 C17 L29
GEOMETRY SURFACE 4SIDES S11 C13 L15 C18 L10
GEOMETRY SURFACE 4SIDES S12 C14 L20 C19 L15
GEOMETRY SURFACE 4SIDES S13 C15 L25 C20 L20
GEOMETRY SURFACE 4SIDES S14 C16 L30 C21 L25
GEOMETRY SURFACE 4SIDES S15 C17 L35 C22 L30
GEOMETRY SURFACE 4SIDES S16 C18 L16 C23 L11
GEOMETRY SURFACE 4SIDES S17 C19 L21 C24 L16
GEOMETRY SURFACE 4SIDES S18 C20 L26 C25 L21
GEOMETRY SURFACE 4SIDES S19 C21 L31 C26 L26
GEOMETRY SURFACE 4SIDES S20 C22 L36 C27 L31
GEOMETRY SURFACE 4SIDES S21 C23 L17 C28 L12
106
GEOMETRY SURFACE 4SIDES S22 C24 L22 C29 L17
GEOMETRY SURFACE 4SIDES S23 C25 L27 C30 L22
GEOMETRY SURFACE 4SIDES S24 C26 L32 C31 L27
GEOMETRY SURFACE 4SIDES S25 C27 L37 C32 L32
CONSTRUCT SET OPEN
CONSTRUCT SET APPEND CENTRO SURFACES S11 S12 S13 S14 S15 S1
S8 S18 S23
CONSTRUCT SET CLOSE
EYE FRAME
b – Propriedades Físicas e do Material
Para todos os modelos e resultados foram utilizadas as seguintes propriedades
físicas e do material.
Entra-se no Menu Tools e escolhe-se Property Manager (Material –
Properties e Physical - Properties) para se definir MA1 E PH1.
Um material TMA1 T foi especificado com propriedades isotrópico elástico (E =
224 x 10 P
9 PPa, ν = 0.3, ρ = 7800 kg/mP
3P) através do aspecto TLinear Elasticity T e o
conceito TIsotropic T. Foi ainda especificado através do aspecto Dampimg o
conceito isotropic de valor 0.005 (a = 0.5% de amortecimento estrutural). Como
propriedade física TPH1 T foi definida uma espessura uniforme (e BaB = 0.0127)
através do aspecto TGeometry T e o conceito TCurved Shell T TRegular T.
Para os parâmetros de plasticidade foi aberto o aspecto Static
Nonlinearity, o conceito Metals e os subconceitos Von Mises plasticity, Ideal
plasticity e especificou-se o limite elástico em σB B= 260×10 P
6 PPa.
Finalmente, o comando TPROPERTYT TATTACHT atribuiu as propriedades
para todos os elementos dos modelos.
PROPERTY ATTACH ALL MA1 PH1
c – Carregamento
A magnitude da carga aplicada na estrutura é obtida por um valor definido
através de um comando no iDIANA multiplicado pelo valor unitário do gráfico pressão
x tempo fornecido como entrada.
107
Para os resultados M1R1, M1R2, M1R3, M2R1, M2R2, M3R1, M4R1, M5R1,
M6R1 e M7R1 o valor definido foi de 130 MPa que multiplicado pelo pico do gráfico
TC1 da figura VII.6 que é 1,5 corresponde a uma carga de 195 MPa no pico. Este
valor foi definido através de uma calibração feita com o resultado experimental da
figura VI.5, que apresenta um pico de 3000 µS de deformação para as condições
estabelecidas no resultado M1R1. Este valor de 195 MPa de pico foi utilizado para os
resultados M1R1, M1R2, M1R3, M2R1, M2R2, M3R1, M4R1, M5R1, M6R1 e M7R1.
Estes comandos definem a implementação do carregamento:
PROPERTY LOADS PRESSURE S1 -130000000 NORMAL - M1R1 a M7R1, ou
PROPERTY LOADS PRESSURE S1 -90000000 NORMAL - M8R1, ou
PROPERTY LOADS PRESSURE S1 -78000000 NORMAL - M9R1
CONSTRUCT TCURVE LIST FILE GRAFICO1.TXT
CONSTRUCT TCURVE TC1 TSCALE 0.000001
PROPERTY ATTACH LO1 TC1
CONSTRUCT LMASK SURFACE .45 .55 .45 .55 - M1R1 à M2R2, M5R1 e M7R1, ou
CONSTRUCT LMASK SURFACE .48 .52 .48 .52 - M3R1 à M9R1, sem M5R1 e M7R1
PROPERTY ATTACH LO1 LM1
Enquanto para M8R1 e M9R1 foram utilizados, respectivamente, os valores de
146 MPa e 127 MPa calculados pela multiplicação de 90 MPa e 78 MPa por 1,62 que
é o valor do pico do gráfico TC2 da figura VII.7. Assim, para M8R1 e M9R1 a 4 PU
aUP, 5 PU
aUP e
6 PU
aUP linhas de comando foram substituídas por:
CONSTRUCT TCURVE LIST FILE GRAFICO2.TXT
CONSTRUCT TCURVE TC2 TSCALE 0.000001
PROPERTY ATTACH LO1 TC2
O gráfico da figura VII.5 foi utilizado como base para construir as curvas de
tempo a serem utilizadas para geração do carregamento. O gráfico da figura VII.6 foi
utilizado para os modelos e resultados de M1R1 a M7R1 e o da figura VII.7 foi utilizado
para os modelos M8R1 e M9R1.
108
d – Condições de Contorno
Para os modelos e resultados M1R1, M1R2, M1R3, M2R1, M2R2 e M5R1:
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT C3 Y
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT C4 Y
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT L9 X
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT L9 Y
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT L10 X
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT L10 Y
Para os modelos M3R1, M4R1, M6R1, M8R1 e M9R1:
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT C7 Y
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT C8 Y
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT C9 Y
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT C16 Y
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT C17 Y
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT C18 Y
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT L14 Y
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT L15 Y
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT L16 Y
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT L23 Y
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT L24 Y
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT L25 Y
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT C7 X
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT C8 X
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT C9 X
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT C16 X
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT C17 X
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT C18 X
Para o modelo M7R1, temos:
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT C3 Y
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT C4 Y
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT C5 Y
109
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT C6 Y
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT C7 Y
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT C28 Y
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT C29 Y
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT C30 Y
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT C31 Y
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT C32 Y
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT L8 X
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT L9 X
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT L10 X
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT L11 X
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT L12 X
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT L8 Y
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT L9 Y
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT L10 Y
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT L11 Y
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT L12 Y
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT L33 X
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT L34 X
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT L35 X
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT L36 X
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT L37 X
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT L33 Y
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT L34 Y
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT L35 Y
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT L36 Y
PROPERTY BOUNDARY CONSTRAINT L37 Y
e – Geração da Malha
MESHING DIVISION SURFACE ALL 40 40 (*)
MESHING TYPES ALL QU4 Q20SH (**)
MESHING GENERATE
VIEW OPTIONS SHRINK MESH 0.95
LABEL MESH CONSTRNT
LABEL MESH ELEMENTS
110
(*) Este comando define o número de elementos que constitui a malha.
40 40 gera uma malha com 1600 elementos para quadriláteros de 4 nós
(**) Este comando define o tipo de elemento que constituíra a malha.
QU4 representa quadrilátero de 4 nós e Q20SH representa quadrilátero para cascas.
Para os resultados M1R1, M1R2 e M1R3, as duas primeiras linhas são:
MESHING DIVISION SURFACE ALL 40 40
MESHING TYPES ALL QU4 Q20SH
Para os resultados M2R1 e M2R2, as duas primeiras linhas são:
MESHING DIVISION SURFACE ALL 40 40
MESHING TYPES ALL QU8 CQ40S
Para os modelos M3R1, M7R1, M8R1e M9R1 as duas primeiras linhas são:
MESHING DIVISION SURFACE ALL 50 50
MESHING TYPES ALL QU4 Q20SH
Para o modelo M5R1, as duas primeiras linhas da geração de malha são:
MESHING DIVISION SURFACE ALL 10 10
MESHING TYPES ALL QU4 Q20SH
Para o modelo M6R1, as duas primeiras linhas da geração de malha são:
MESHING DIVISION SURFACE ALL 25 25
MESHING TYPES ALL QU4 Q20SH
Para o modelo M4R1, as duas primeiras linhas da geração de malha são:
MESHING DIVISION SURFACE ALL 60 60
MESHING TYPES ALL QU4 Q20SH
f – Gravação (.dat) UTILITY WRITE DIANA