8
 Modelo de Defesa Lei Maria da Penha Resposta a Acusação EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 00ª VARA CRIMINAL DA CIDADE – CE. FORMULA PEDIDO DE JULGAME!O A!E"IPADO A#$OL%I&'O $UM(RIA ) "PP* art+ ,-.* inc+ III   Ação Pena P!o". n#. $$$$.%%.&&&&.'.0(.)))).  A*+o!, M-n-+/!-o P1-"o E+a2*a  A"*a2o, 3!an" -"o 3-"+4"-o  In+e!5e2-a2o 6o! e* 5an2a+7!-o ao 8-na 8-!5a2o9 "a*42-"o -n"!-+o na O!2e5 2o  A2:o;a2o 2o <!a-9 Seção 2o Cea!79 o1 o n#. == &&%%9 "o56a!e"e o A"*a2o9 +e56e+-:a5en+e >CPP9 a!+. %?(9 "a6*+@9 "o5 +o2o !e6e-+o 6!eença 2e Voa EB"en"-a9 6a!a a6!een+a!9 "o5 a1!-;o no a!+. %?(A 2a Le;-ação A2e+-:a Pena9 a 6!een+e RE$PO$!A / A"U$A&'O* e:-2en"-an2o 8*n2a5en+o 2e8en-:o e5 !aFão 2a 6!een+e Ação Pena a;-+a2a e5 2e 8 a:o! 2e 3RANCISCO 3ICTÍCIO9 7 G* a -8 -"a2 o na eBo!2-a 2a 6e ça a"*a+!-a9 "onoan+e a1a-Bo 2e-nea2o. 0 ) $1 !E$E DO$ FA!O$ Con+a 2a 2enn"-a G*e o A"*a2o9 no 2-a 00 2e a1!- 2o ano e5 "*!o9 6o! :o+a 2a &0 ,)' 9 a; !e2-!a 8- -"a5en+e *a eB "o 56 an e-!a9 6! o: o"an2o e e

Modelo de Defesa Lei Maria Da Penha Resposta a Acusação

Embed Size (px)

DESCRIPTION

pecas processual de defesa em crimes baseado na lei maria da penha

Citation preview

Modelo de Defesa Lei Maria da Penha Resposta a AcusaoEXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 00 VARA CRIMINAL DA CIDADE CE.

FORMULA PEDIDO DE JULGAMENTO ANTECIPADOABSOLVIO SUMRIA CPP, art. 397, inc. IIIAo PenalProc. n. 7777.33.2222.5.06.4444.Autor: Ministrio Pblico EstadualAcusado: Francisco FictcioIntermediado por seu mandatrio ao final firmado, causdico inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, Seo do Cear, sob o n. 112233, comparece o Acusado, tempestivamente (CPP, art. 396, caput), com todo respeito presena de Vossa Excelncia, para apresentar, com abrigo no art. 396-A da Legislao Adjetiva Penal, a presenteRESPOSTA ACUSAO,evidenciando fundamentos defensivos em razo da presente Ao Penal agitada em desfavor de FRANCISCO FICTCIO, j qualificado na exordial da pea acusatria, consoante abaixo delineado.1 SNTESE DOS FATOSConsta da denncia que o Acusado, no dia 00 de abril do ano em curso, por volta das 20:45h, agredira fisicamente sua ex-companheira, provocando leses corporais na face direita do rosto da mesma. Destaca ainda a pea acusatria que o Ru, totalmente embriagado, distribuiu palavras de ameaa de morte contra a vtima, causando-lhe, desse modo, verdadeiro temor quanto sua integridade fsica. Restou preso em flagrante delito, por esses motivos.O que motivou esse crime, segunda ainda a denncia, o fato do Acusado no aceitar um novo relacionamento de sua ex-companheira.Diante disso, denunciou o Acusado como incurso nas penas contidas no art. 147 e art. 129, 9, ambos do Estatuto Repressivo c/c art. c/c art. 5 da Lei 11.340/06 (Lei Maria da Penha).2 NO MAGO DA DEFESA2.1. Legtima defesa Ausncia de Crime (CP, art. 25)A pea acusatria traz grave omisso quanto descrio dos acontecimentos. E essa lacuna, por si s, capaz de colocar por terra toda pretenso condenatria.A leso perpetrada, encontrada no rosto da vtima, fora proveniente de gesto defensivo do Acusado. A ofendida, na verdade, no meio de uma discusso acalorada, partiu para tentar desfechar uma tapa na cara do Ru. Nessa ocasio, obviamente procurando defender-se, esse tentou afast-la da agresso segurando o rosto da vtima e empurrando-a para trs. Todavia, a fora empregada na reao defensiva provocou as marcas caractersticas de dedos na face daquela. altamente ilustrativo o seguinte julgado:APELAO CRIMINAL. LESO CORPORAL. VIOLNCIA DOMSTICA. MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS. LEGTIMA DEFESA. ABSOLVIO. POSSIBILIDADE.Se a dinmica dos fatos narrados pelo suposto ofensor e vtima, assim como o laudo pericial, demonstram que esta ltima primeiro agrediu o ru, o qual passou a agir em legitima defesa, utilizando-se moderadamente dos meios necessrios, de se manter a sentena que a reconheceu. Recurso conhecido e no provido. (TJDF; Rec 2012.05.1.001862-4; Ac. 773.946; Segunda Turma Criminal; Rel. Des. Souza e vila; DJDFTE 02/04/2014; Pg. 509)Nesse contexto, tendo-se em conta que o Ru agiu almejando defender-se da agresso em lia e, mais, utilizando-se moderadamente dos meios(empurro), necessrio se faz aplicar a excludente da ilicitude da legtima defesa.2.2. Ausncia de doloO Ru jamais tivera a inteno de praticar o ato imputado ao mesmo, no caso a ameaa de morte. Outras desavenas entre o casal ocorreram e, do mesmo modo, palavras dessa ordem foram desferidas de um para o outro. Nada disso ocorreu, claro. No seria desta vez.Ademais, a denncia rebatida assevera (fl. 07) que o acusado estava completamente embriagado no momento do episdio delituoso. (sublinhamos) consabido que a embriaguez voluntria no isenta o agente de ser responsabilizado penalmente. (CP, art. 28, inc. II) No se discute isso. No entanto, concernente ao dolo essa regra penal deve ser sopesada com outras circunstncias fticas.O crime em espcie somente ocorre com a inteno dolosa do agente.Ora, se a acusao pauta-se que o Ru agira completamente embriagado, isso reflete, nesse caso especfico, na ausncia de dolo. Explicamos.O estado de ebriedade certamente traduz ausncia de lucidez ao contedo expressado. Insistimos. No estamos querendo dizer que a embriaguez isenta o agente da pena. No isso. O que estamos a dizer que o crime pode at existir( o que no acreditamos). Todavia, nesse determinado caso em estudo, a norma penal reclama o ato volitivo doloso; uma vontade consciente de perpetrar o crime.Com esse mesmssimo enfoque, vejamos o magistrio deCleber Masson:Igual raciocnio se aplica ameaa proferida pelo brio. A embriaguez, como se sabe, no exclui a imputabilidade penal (CP, art. 28, inc. II). Em algumas situaes, subsiste o crime, pois o estado de embriaguez pode causar temor ainda maior vtima; em outros casos, todavia, retira completamente a credibilidade da ameaa, levando a atipicidade do fato. (MASSON, Cleber Rogrio. Direito penal esquematizado: parte especial. 2 Ed. So Paulo: Mtodo, 2010, p. 223)(os destaques so nossos)Nesse diapaso, impende destacar as lies deLuiz Regis Prado:De semelhante, tampouco pode ser havida como sria a ameaa realizada em estado de embriaguez. (PRADO, Luiz Regis. Curso de direito penal brasileiro. 9 Ed. So Paulo: RT, 2010, vol. 2, p. 274)Alm disso, importa ressaltar que o Acusado, diante do quadro etlico em anlise, tambm proferiu outras expresses desconexas e espalhafatosas. Segundo narrado por uma das pessoas que presenciara o fato, senhora Maria das Tantas, vizinha do casal, o Ru falara que: essa casa de ouro, voc no t vendo? Tudo eu que fiz. Vale dez milhes e que vou querer minha parte. Disse mais: Eu tenho uma proposta do Bill Gates para comprar essa casa. Quero ver para onde voc vai?Nesse sentido:CRIMINAL. RESISTNCIA (ART. 329, CP). CRIME NO CONFIGURADO.Ausncia de livre e consciente vontade de resistir em razo de estado de embriaguez. Ausncia de dolo. Sentena reformada. Recurso provido. (TJRO APL 0000966-34.2011.8.22.0601; Rel. Juiz Franklin Vieira dos Santos; Julg. 21/02/2014; DJERO 26/02/2014; Pg. 155)APELAO CRIMINAL. CRIMES DE EMBRIAGUEZ NA CONDUO DE VECULO AUTOMOTOR E DESACATO. ABSOLVIO QUANTO AO DELITO TIPIFICADO NO ART. 331, DO CP. POSSIBILIDADE. AUSNCIA DE DOLO ESPECFICO. CONDUTA ATPICA SUSPENSO DA HABILITAO PARA CONDUZIR VECULOS. DIMINUIO DO PRAZO, DE OFCIO. ADMISSIBILIDADE. MODIFICAO DA PENA RESTRITIVA DE DIREITOS. INVIABILIDADE. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.O delito de desacato exige dolo especfico por parte do agente, que deve demonstrar o propsito de desprezar, faltar com o respeito ou humilhar o funcionrio pblico, no podendo ser consideradas para tal fim expresses de baixo calo proferidas durante um entrevero e acentuadas pelo estado de embriaguez do agente. A pena de suspenso de habilitao para conduzir automveis deve se subsumir proporcionalidade com a pena privativa de liberdade, quando inexistir motivao suficiente para uma imposio maior, sendo de rigor a sua modificao de ofcio. A alterao, nesta seara recursal, da pena restritiva de direitos imposta ao apelante na sentena afigura-se francamente inoportuna, nada impedindo, contudo, que o acusado formule o pedido que entender conveniente perante o Juzo da Execuo. vv. DESACATO. AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS. DESRESPEITO A POLICIAIS MILITARES NO EXERCCIO DA FUNO. DELITO CARACTERIZADO. EMBRIAGUEZ. VOLUNTARIEDADE. NO-INFLUNCIA NA CONDENAO OU NA REPRIMENDA. CONDENAO MANTIDA. I. Impositiva a manuteno da sentena condenatria quando autoria e materialidade se encontram devidamente demonstradas nos autos, restando suficientemente provado ter o ru desacatado policiais militares em plena via pblica quando estes procediam a uma regular fiscalizao de trnsito. II. O dolo restou configurado, uma vez que eventuais alteraes de nimo e embriaguez ou estado toxicolgico voluntrios no so causas excludentes de ilicitude ou culpabilidade. (TJMG APCR 1.0024.10.001580-9/001; Rel Des Feital Leite; Julg. 03/04/2013; DJEMG 09/04/2013)Com efeito, ante ausncia de dolo, a conduta do Acusado atpica em relao ao crime de ameaa.2.3. Pretensa ameaa mal presente Ausncia de crimeIgualmente a pea acusatria descreve outro fato totalmente atpico, luz da Lei Substantiva Penal.Relata a denncia que o motivo reiterado da intriga do casal seria que o Acusado . . . no aceitaria um novo relacionamento da vtima. Mais a frente, na mesma pea processual, descreve que, diante disso, . . . adentrou a casa ameaou-a mat-la com um tiro de revlver, isso diante da filha. Antes de tudo, a verdade no essa. O motivo da desavena foi a preocupante atitude da vtima em razo de sua filha menor. Relatos srios e seguros demonstram com fidelidade que a vtima trocava carcias obscenas na frente da infante. Ser apurado com maior vagar durante a instruo.Outra situao ftica descrita na denncia afasta por completo o suposto crime de ameaa, no caso uma ameaa atual e no futura. Veja que h a seguinte passagem: ameaou mat-la com um tiro de revlver, isso diante da filha. Percebe-se, desse modo, que o suposto mal (tiro de revlver) era de realizao naquela ocasio do quadro narrado. dizer, inexistiu qualquer promessa de mal futuro.Com esse sentir:JUIZADO ESPECIAL. PENAL. AMEAA (CP, ARTIGO 47, CAPUT). CONCURSO MATERIAL (ARTIGO 69 DO CDIGO PENAL). NO CARACTERIZAO. PROVA TESTEMUNHAL. FRAGILIDADE EM RELAO A UMA VTIMA. PRINCPIO IN DUBIO PRO REO. APLICAO. AUTORIA E MATERIALIDADE. COMPROVAO SOMENTE QUANTO A UMA VTIMA. CONDENAO. PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE. SUBSTITUIO POR RESTRITIVAS DE DIREITOS. IMPOSSIBILIDADE. PRESENA DE GRAVE AMEAA. ELEMENTAR DO TIPO. VEDAO DO ARTIGO 44 DO CDIGO PENAL. RECURSO CONHECIDO E PACIALMENTE PROVIDO.Apelao interposta pelo ru em face da sentena que, julgando procedente a pretenso punitiva oferecida pelo rgo acusador, condenou-o pena de 02 meses de deteno, pela prtica do crime previsto no artigo 147 do Cdigo Penal c/c o artigo 69 do mesmo diploma legal por supostamente haver ameaado de mau injusto e grave 02 (duas) vtimas, obstando a substituio da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos sob o fundamento de que o crime foi praticado pelo ru com grave ameaa s vtimas (Cdigo Penal, artigo 44, inciso I). oComete o delito previsto no artigo 147, caput, do Cdigo Penal quem ameaa algum, por palavras, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simblico, de causar-lhe mal injusto ou grave, sob pena de deteno, de 1 (um) a 6 (seis) meses ou multa. oNo presente caso, em relao a 01 (uma) das vtimas, o porteiro do condomnio no qual o ru reside, apesar dos depoimentos da vtima e da testemunha serem convergentes quanto ao fato de que houvera uma discusso entre o ru e essa vtima na portaria do condomnio, mostram-se divergentes quanto ocorrncia de uma efetiva ameaa de que iria causar-lhe mau, notadamente porque em juzo, sob o plio do contraditrio e da ampla defesa, a vtima negou que o ru tenha o ameaado de mau injusto, grave e futuro. oSomente ocorre o delito previsto no artigo 147 do Cdigo Penal quando a ameaa pronunciada fazendo referncia a uma conduta que ser praticada no futuro, ou seja, ameaar significa procurar intimidar algum, anuciando-lhe a ocorrncia de um mal futuro, ainda que prximo (NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal. Parte Geral e Especial. 5 Edio, rev. , atual. e amp. So Paulo. Editora Revista dos Tribunais, 2009, p. 678), o que no ocorreu no presente caso, pois no restou demonstrado que o mau injusto e grave seria futuramente praticado pelo ru, no sendo ele prenunciado. o Meros indcios ou conjecturas no tm o condo de sustentar um Decreto condenatrio, devendo o conjunto probatrio carreado aos autos comprovar de forma estreme de dvidas o dolo especfico do ru consistente na vontade de expressar ameaa de mal injusto, grave e futuro vtima, capaz de causar-lhe efetiva intimidao. oAusente a certeza de que o ru praticou a conduta delitiva que lhe foi imputada na denncia quanto a 01 (uma) vtima, milita em seu favor, nessa fase processual, o princpio in dubio pro reo, devendo ser ele absolvido com base no artigo 386, III, do Cdigo Penal, excluindo-se o concurso material de crimes considerado em sua condenao CP, art. 69), permanecendo sua condenao to-somente quanto segunda vtima. o As provas carreadas aos autos so firmes quanto comprovao da autoria e materialidade delitiva do crime de ameaa imputado ao ru em relao segunda vtima, pois restou demonstrada a sua conduta de amea-la, de forma indireta, por meio dos porteiros do condomnio, de mau injusto, grave e futuro, sendo incabvel a desclassificao do crime de ameaa para o crime de injria, j que a sua conduta amolda-se ao tipo penal previsto no artigo 147 do Cdigo Penal, sendo sua condenao nas iras desse artigo medida impositiva. oNo possvel a substituio da pena privativa de liberdade por restritivas de direito, ante a vedao expressa constante no artigo 44, inciso I, do Cdigo Penal, quando o crime houver sido praticado com grave ameaa vtma (Precedente. Acrdo n.458123, 20080310336422APJ, Relator. Jos GUILHERME, 2 Turma Recursal dos Juizados Especiais Cveis e Criminais do DF, Data de Julgamento. 19/10/2010, Publicado no DJE. 28/10/2010. Pg. 212). oRecurso conhecido e parcialmente provido. Sentena reformada para absolver o ru do crime de ameaa que lhe foi quanto a uma das vtimas, revisando-se, por consequencia, a dosimetria de sua pena para reduzi- la ante a excluso do concurso material. (TJDF Rec 2011.12.1.000766-6; Ac. 763.953; Terceira Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito Federal; Rel. Juiz Carlos Alberto Martins Filho; DJDFTE 11/03/2014; Pg. 228)Com a mesma sorte de entendimento lecionaCezar Roberto Bitencourtque:S a ameaa de mal futuro, mas de realizao prxima, caracterizar o crime, e no a que se exaure no prprio ato; ou seja, se o mal concretizar-se no mesmo instante da ameaa, altera-se a sua natureza, e o crime ser outro, e no este. Por outro lado, no o caracteriza a ameaa de mal para futuro remoto ou inverossmil, isso , inconcretizvel. (BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal. 11 Ed. So Paulo: Saraiva, 2011, vol. 2, p. 408)Bem adverteAndr Estefamque prepondera na doutrina e na jurisprudncia a linha de entendimento aqui lanada:Significa, no contexto do art. 147 do CP, um mal que possa ser cumprido em tempo breve. Discute-se nos tribunais, se a promessa de inflio de mal presente (isto , no exato momento) configura crime. Prepondera o entendimento negativo, ao argumento de que o mal deve ser sempre futuro. (ESTEFAM, Andr. Direito penal. 2 Ed. So Paulo: Saraiva, 2012, vol. 2, p., 308)(sublinhamos)Por esse norte, no h que se falar no crime de ameaa, maiormente quando a denncia descreve um quadro ftico de mal atual, na ocasio do desfecho do pretenso delito.2.4. Ofensas mtuas com nimos alterados Ausncia de dolo Atipicidade de condutaCom clareza percebe-se que o contexto narrado na denncia ocorrera quando ambos estavam com nimos alterados. E isso, sem qualquer dvida, afasta a lucidez das palavras e, via de consequncia, a vontade de praticar o ato delituoso.Das lies do professorGuilherme de Souza Nucci, extramos a seguinte passagem:Em uma discusso, quando os nimos esto alterados, possvel que as pessoas troquem ameaas sem qualquer concretude, isto , so palavras lanadas a esmo, como forma de desabafo ou bravata, que no correspondem vontade de preencher o tipo penal. (NUCCI, Guilherme de Souza. Cdigo penal comentado. 13 Ed. So Paulo: RT, 2013, p. 741)De toda convenincia salientar o seguinte julgado:EMBARGOS INFRINGENTES. AMEAA NO MBITO DOMSTICO. MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS. ATIPICIDADE DA CONDUTA POR AUSNCIA DE DOLO. DESCABIMENTO. CONDENAO MANTIDA. EMBARGOS REJEITADOS. VOTO VENCIDO.I. Restando plenamente demonstrado que o ru prometeu causar mal grave e injusto na vtima, impingindo-lhe medo, de rigor a manuteno da condenao pelo art. 147 do CP, na medida em que o estado de ira no exclui o propsito de intimidao. II. Embargos infringentes rejeitados. V.V. O crime de ameaa somente se caracteriza quando presente o nimo calmo e refletido, no se configurando, portanto, quando evidente o estado de raiva ou clera, o que, por si s, exclui o dolo caracterizador do tipo, ou seja, a inteno de intimidar (Des. Corra Camargo). (TJMG; EINF-NUL 1.0024.09.715385-2/002; Rel. Des. Eduardo Brum; Julg. 21/08/2013; DJEMG 30/08/2013)Em arremate, por mais esse motivo no assiste razo ao Ministrio Pblico.3 EM CONCLUSOEspera-se, pois, o recebimento desta Resposta Acusao, onde, com supedneo no art. 397, inc. III, do Cdigo de Ritos, pleiteia-se a ABSOLVIO SUMRIA do Acusado, em face da atipicidade da conduta delitiva. No sendo esse o entendimento, o que se diz apenas por argumentar, reserva-se ao direito de proceder em maiores delongas suas justificativas defensivas nas consideraes finais, protestando, de logo, provar o alegado por todas as provas em direito processual penal admitidas, valendo-se, sobretudo, dos depoimentos das testemunhas infra-arroladas.Sucessivamente, de se esperar, aps a colheita das provas em destaque, o julgamento direcionado a acolher os argumentos da defesa, findando em deciso de mrito absolutria (CPP, art. 386, inc. III).Respeitosamente, pede deferimento.Cidade (CE), 00 de maro do ano de 0000.Alberto BezerraAdvogado OAB(CE) 112233ROL TESTEMUNHAL (CPP, art. 401)01) FULANO .X.X., residente e domiciliado em Cidade (CE), na Av. Des. Moreira, n. 000, apto. 333;02) FULANO .X.X., residente e domiciliado em Cidade (CE), na Av. Des. Moreira, n. 000, apto. 333;03) FULANO .X.X., residente e domiciliado em Cidade (CE), na Av. Des. Moreira, n. 000, apto. 333;04) FULANO .X.X., residente e domiciliado em Cidade (CE), na Av. Des. Moreira, n. 000, apto. 333;Data Supra.