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Modelo de Halle e Vergnaud (1987) A representação de acento no modelo de Halle e Vergnaud (1987) dá-se pela implementação da grade parentetizada. Os elementos prosódicos mais proeminentes são indicados por meio de asteriscos sendo os constituintes delimitados por parênteses. Para essa representação, há parâmetros a serem seguidos, sendo eles construídos por meio das características de cada língua. Os parâmetros básicos configuram-se em: head terminal right/left (+-HT), bounded (+-BND) e direcionamento na formação dos constituintes. Head terminal (+HT) – cabeça está nas bordas dos constituintes. (-HT) – o cabeça não está no final ou no início das bordas, é medial; Bounded – o constituinte limitado (+BND) ou ilimitado (- BND). Como forma de orientar as construções dos constituintes há quatro condições a serem seguidas: condição de recuperabilidade, que ambiguidades sejam evitadas; condição de exaustividade, os constituintes devem ser construídos exaustivamente, todos devem portar parênteses; condição de maximalidade, impede a construção de pés binários e ternários simultaneamente, bem como pés degenerados em seguimento e a condição de fidelidade, estabelece que output respeite a distribuição dos cabeças.

Modelo de Halle

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Modelo de Halle

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Page 1: Modelo de Halle

Modelo de Halle e Vergnaud (1987)

A representação de acento no modelo de Halle e Vergnaud (1987) dá-se pela

implementação da grade parentetizada. Os elementos prosódicos mais

proeminentes são indicados por meio de asteriscos sendo os constituintes

delimitados por parênteses. Para essa representação, há parâmetros a serem

seguidos, sendo eles construídos por meio das características de cada língua.

Os parâmetros básicos configuram-se em: head terminal right/left (+-HT),

bounded (+-BND) e direcionamento na formação dos constituintes. Head

terminal (+HT) – cabeça está nas bordas dos constituintes. (-HT) – o cabeça

não está no final ou no início das bordas, é medial; Bounded – o constituinte

limitado (+BND) ou ilimitado (-BND).

Como forma de orientar as construções dos constituintes há quatro condições a

serem seguidas: condição de recuperabilidade, que ambiguidades sejam

evitadas; condição de exaustividade, os constituintes devem ser construídos

exaustivamente, todos devem portar parênteses; condição de maximalidade,

impede a construção de pés binários e ternários simultaneamente, bem como

pés degenerados em seguimento e a condição de fidelidade, estabelece que

output respeite a distribuição dos cabeças.

Ressaltam-se também dois assuntos no modelo de Halle e Vergnaud para a

representação de acento: a extrametricidade e o peso silábico. A

extrametricidade é um recurso utilizado para tornar invisível um elemento

prosódico no momento da aplicação da regra. No que se refere ao peso

silábico, línguas que são sensíveis ao peso recebem asteriscos na primeira

linha formando constituintes obrigatórios.

A título de exemplificação, esses estudiosos mostram os parâmetros que lidam

com o acento em várias línguas, destaquemos, aqui, o turco:

Page 2: Modelo de Halle

O acento do Turco, geralmente, cai na última sílaba tanto em palavras não-

derivadas como as derivadas. Todavia há algumas exceções, existem palavras

com acento inerente, isto é, que não muda com a derivação, em outras, o

sufixo não suporta o acento.

Portanto, nessa língua, o acento cai na última sílaba, abaixo, exemplos

informados por Halle e Vergnaud (1987) que designam o acento turco:

(1)

a) adám

b) adam-lár

c) adam-lar-á

No exemplo (1) nota-se que o acento recai sobre a última sílaba tanto em

palavras derivadas e não-derivadas.

(2)

a) mása

b )mása-lar

c) mása-lar-a

Nesse exemplo percebe-se que o acento é inerente, mantendo-se na mesma

posição mesmo com a derivação da palavra.

(3)

a) Adám-im

b) Gít-me-di-m

c) Yorgún-dur-lar

Page 3: Modelo de Halle

O acento, nesse exemplo, cai na sílaba precedente ao sufixo.

(4)

a) yorgun-lár

Nessa palavra o sufixo é portador de acento

(5)

a) Kenédi-di-ler

b) Kenédi-ler

Em raízes de palavras estrangeiras com sufixos não-acentuáveis, o acento se

mantém, não indo para a sílaba precedente.

Portanto, o acento em palavras turcas cai, geralmente, na última sílaba,

embora em alguns morfemas, o acento recai na sílaba precedente. Em raízes

de palavras estrangeiras o acento é mantido.

Percebe-se que a grande maioria das palavras turcas o acento está na

penúltima sílaba, tanto na raiz como no sufixo. No entanto, em palavras

emprestadas do Ocidente o acento cai na penúltima sílaba, exceto quando a

sílaba finaliza com vogal curta e a antepenúltima termina com consoante, o

acento vai para a antepenúltima sílaba. Exemplos:

a) Ke.né.di, ju.bí.le, A.dá.na, Va.sín.gton, Ay.zin.hó:.ver – o acento está

na penúltima sílaba.

b) Sév.ro.le, as.mán.di.ra, Án.ka.ra – o acento cai na antepenúltima

sílaba devido à penúltima sílaba finalizar com uma vogal curta e a

antepenúltima terminar com uma consoante.

Na grade de constituintes do Turco, Halle e Vergnaud (1987) postula que é

atribuído asterisco em sufixos não-acentuáveis. No mesmo modelo, em

palavras estrangeiras, atribui asterisco na penúltima sílaba. Mas caso seja

assumido as regras de acento do Komi que também é aplicado no Turco, todas

Page 4: Modelo de Halle

as palavras nativas com sufixos acentuáveis e todas as estrangeiras o acento

cai na penúltima sílaba. Algumas palavras seguem a regra seqüente:

Apague a linha 0 asterisco da sílaba acentuada se o acento cair e um

sufixo não-acentuável ou em palavras estrangeiras onde a penúltima

sílaba está com vogal curta e a antepenúltima com consoante.

A seguir estão os parâmetros de acento no Turco:

A. As vogais são acentuadas.

B. atribua asterisco na linha 1 para sufixos não-acentuáveis e para a

penúltima sílaba se for palavras estrangeiras;

C. parâmetro para a linha 0: [+HT, -BND, direita];

D. construa constituintes de fronteira na linha 0;

E. localize os cabeças da linha 0 na linha 1;

F. parâmetros para a linha 1: [+HT, -BND, esquerda];

G. construa constituintes de fronteira na linha 1;

H. localize os cabeças da linha 1 e constituintes na linha 2;

I. conflate linhas 1 e 2;

J. apague a linha 0 asterisco da sílaba acentuada se o acento cair e um

sufixo não-acentuável ou em palavras estrangeiras onde a penúltima sílaba

está com vogal curta e a antepenúltima com consoante.

Page 5: Modelo de Halle

a) * * * * L0

a.dam.lar.á

b) Não aplica

c) (* * * *) L0

a.dam.lar.á

d) – e)

. . . * L1

(* * * *) L0

a.dam.lar.á

f)-g)

. . . (*) L1

(* * * *) L0

a.dam.lar.á

h) . . . * L2

. . . (*) L1

(* * * *) L0

a.dam.lar.á

i) e j) Não aplica

Modelo de Hayes (1995)

Page 6: Modelo de Halle

Para Hayes o acento é uma unidade rítmica, as línguas tendem

naturalmente distribuírem o acento com alternância regular (forte/fraco),

portanto propôs um modelo que relacionado ao ritmo. Para ele, os

constituintes são formados através de pés métricos, iambicos e tracaicos.

Esses pés parametrizados são: o troqueu silábico, o troqueu mórico, e

iambo.

O pé troqueu moraico e o iambo são sensíveis ao peso, portanto atraem

acento, sendo o troqueu de cabeça à esquerda e o iambo de cabeça à

direita. O pé troqueu silábico não é sensível ao peso, tendo sua

proeminência acentual à esquerda. Os parâmetros postulados por Hayes

são: tipo de pé; direção de construção de pés, construção (iterativa ou não

iterativa); regra final (direita ou esquerda) e pé degenerado (proibição forte

ou fraca). Exemplo com o Hixkaryana:

Hayes (1995) mostra que o acento dessa língua é representado pelo rítimo

iâmbico. O acento cai na sílaba pesada e nas sílabas pares não-finais na

série de sílabas leves. Vogais curtas acentuadas em sílabas abertas não-

finais sofrem a regra de alongamento: Observe em (1):

(1)

a) /ki-hananihi-no/ → khananihno → [khaná:níhno]

/˘ ˘ ˉ ˘/

b) /mi-hananihi-no/ → mihananihno → [mihá:naníhno]

/˘ ˘ ˘ ˉ ˘/

c) /owto-hona/ → [ówtohó:na]

/ˉ ˘ ˘ ˘/

Page 7: Modelo de Halle

d) /tóhkurje-hona-hašaka/ → [tóhkurjé:honá:haša:ka

/ˉ ˘ ˘ ˘/

O padrão dessa língua pode ser derivado da direita para esquerda entre

os iambos, (2):

a) sílaba pesada: /-/ = CVC, /˘/ = CV

b) sílaba extramétrica: ơ→<ơ>/_____] palavra fonológica

c) construção do pé: formam iambos da direita para esquerda; pés

degenerados são absolutamente proibidos.

Para Hayes (1995), a regra da extrametricidade impede que sílabas

finais recebam proeminência métrica, por conseguinte, alonguem.

Adiante, a regra de alongamento da vogal (alongamento iâmbico), (3):

(. x)

ơ ơ

׀

Ø → μ / μ μ

O alongamento iâmbico é escrito em notação moraica e enfatiza a criação de

pés iambos canônicos, /μ μμ/ = /˘ ˉ/

a) ki-hananihi-no

Regras Segmentais:

khananihno

Page 8: Modelo de Halle

Sílaba extramétrica e construção do pé:

(. x) (x)

˘ ˘ ˉ<˘>

Alongamento iambico:

(. x) (x)

˘ ˉ ˉ <˘>

khana:nihno

b) Sílaba extramétrica e construção do pé

(x) (. x)

ˉ ˘ ˘ <˘>

Owtohona

Alongamento iambico:

(x) (. x)

ˉ ˘ ˉ <˘>

Owtoho:na

O Hixkaryana bloqueia o pé degenerado; há palavras que podem finalizar em

duas sílabas sem pés, exemplo:

Sílaba extramétrica e construção do pé;

(x) (. x)

ˉ ˘ ˘ ˘ <˘>

tohkurjehona

Alongamento iambico;

(x) (. x)

Page 9: Modelo de Halle

ˉ ˘ ˉ ˘ <˘>

tohkurje:hona

Percebe-se nesse exemplo que o final está extramétrico e a penúltima

sílaba é insuficiente para formar um pé.