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Modernismo 1ª fase apresentação

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• Realizada a Semana de Arte Moderna e aindasob os ecos das vaias e gritarias, tem iníciouma primeira fase modernista, que seestende de 1922 a 1930, caracterizada pelatentativa de definir e marcar posições.

Nessa década, a economia mundialcaminha para um colapso, que seconcretizaria com a quebra da Bolsa deValores de Nova Iorque, em 1929.

O Brasil vive os últimos anos da chamadaRepública Velha, ou seja, o período dedomínio político das oligarquias ligadas aosgrandes proprietários rurais.

• Não por mera coincidência, a partir de 1922,com a revolta militar do Forte deCopacabana(descontentamento dos tenentescom o monopólio político do poder no Brasil por

parte das oligarquias), o Brasil passa por ummomento realmente revolucionário, queculminaria com a Revolução de 1930 e aascensão de Getúlio Vargas.

MODERNISMO NO BRASIL

O modernismo brasileiro foi um amplo movimentocultural que repercutiu fortemente sobre a cenaartística e a sociedade brasileira na primeira metadedo século XX, sobretudo no campo da literatura edas artes plásticas.

O movimento no Brasil foi desencadeado apartir da assimilação de tendências culturais eartísticas lançadas pelas vanguardas europeiasno período que antecedeu a Primeira GuerraMundial, como o Cubismo e o Futurismo.

As novas linguagens modernas colocadas pelosmovimentos artísticos e literários europeusforam aos poucos assimiladas pelo contextoartístico brasileiro, mas colocando comoenfoque elementos da cultura brasileira.

Considera-se a Semana de Arte Moderna,realizada em São Paulo, em 1922, como pontode partida do modernismo no Brasil. Porém,nem todos os participantes desse evento erammodernistas: Graça Aranha, um pré-modernista,por exemplo, foi um dos oradores.

Não sendo dominante desde o início, omodernismo, com o tempo, suplantou osanteriores. Foi marcado, sobretudo, pelaliberdade de estilo e aproximação com alinguagem falada, sendo os da primeira fasemais radicais em relação a esse marco.

Didaticamente, divide-se o Modernismo em trêsfases: a primeira fase, mais radical efortemente oposta a tudo que foi anterior,cheia de irreverência e escândalo; uma segundamais amena, que formou grandes romancistas epoetas; e uma terceira, também chamada Pós-modernismo por vários autores, que se opunhade certo modo a primeira e era por issoridicularizada com o apelido de Parnasianismo.

Foi o período mais radical do movimentomodernista, justamente em consequência danecessidade de romper com todas as estruturasdo passado. Daí o caráter anárquico dessaprimeira fase modernista e seu forte sentidodestruidor, assim definido por Mário deAndrade:"...se alastrou pelo Brasil o espíritodestruidor do movimento modernista. Isto éteatro é uma experiência eficaz para o futebol.

Havia a busca pelo moderno, original epolêmico, com o nacionalismo em suasmúltiplas facetas. A volta das origens, através davalorização do indígena e a língua falada pelopovo, também foram abordados. Contudo, onacionalismo foi empregado de duas formasdistintas: a crítica, alinhado a esquerda políticaatravés da denúncia da realidade, e a ufanista,exagerado e de extrema direita.

Manifestos e revistas

Revista Klaxon — Mensário de Arte Moderna (1922-1923);

Manifesto da Poesia Pau-Brasil (1924-1925)

Escrito por Oswald de Andrade e publicadoinicialmente no Correio da Manhã. Em 1924, érepublicado como abertura do livro de poesias Pau-Brasil, de Oswald. Apresenta uma proposta deliteratura vinculada à realidade brasileira, a partir deuma redescoberta do Brasil. Este manifesto dizia quea arte brasileira deveria ser de "exportação" tal qualo Pau-Brasil.

Manifestos e revistas.

Verde-Amarelismo ou Escola da Anta (1916-1929)

Grupo formado por Plínio Salgado, Menotti delPicchia, Guilherme de Almeida e Cassiano Ricardoem resposta ao nacionalismo do Pau-Brasil,criticando-se o “nacionalismo afrancesado” deOswald. Sua proposta era de um nacionalismoprimitivista, ufanista, identificado com o fascismo,evoluindo para o Integralismo. Idolatria do tupi ea anta é eleita símbolo nacional. Em maio de 1929, ogrupo verde-amarelista publica o manifesto"Nhengaçu Verde-Amarelo — Manifesto do Verde-Amarelismo ou da Escola da Anta".

Manifestos e revistasManifesto Regionalista de 1926De 1925 a 1930 foi um período marcado peladifusão do Modernismo pelos estadosbrasileiros. Nesse sentido, o CentroRegionalista do Nordeste (Recife).Presidido ouGilberto Freire busca desenvolver osentimento de unidade do Nordeste nos novosmoldes modernistas. Propõem trabalhar emfavor dos interesses da região, além depromover conferências, exposições de arte,congressos etc. Para tanto, editaram umarevista. Vale ressaltar que o regionalismonordestino conta com Graciliano Ramos.

Manifestos e revistas

Revista de Antropofagia (1928-1929)

É a nova etapa do Pau-Brasil, sendo resposta aEscola da Anta. Seu nome origina-se datela Abaporu (O que come) de Tarsila doAmaral.

O Antropofagismo foi caracterizado porassimilação (“deglutição”) crítica àsvanguardas e culturas europeias, com o fim derecriá-las, tendo em vista o redescobrimentodo Brasil em sua autenticidade primitiva.

TROPICALISMO

O Tropicalismo foi um movimento deruptura que sacudiu o ambiente da músicapopular e da cultura brasileira entre 1967 e1968.

Os tropicalistas deram um histórico passo àfrente no meio musical brasileiro.

TROPICALISMO

A música brasileira pós-Bossa Nova e a definição

da “qualidade musical” no País estavam cada vez

mais dominadas pelas posições tradicionais ou

nacionalistas de movimentos ligados à esquerda.

Contra essas tendências, o grupo baiano e seus

colaboradores procuram universalizar a

linguagem da MPB, incorporando elementos da

cultura jovem mundial, como o rock, a psicodélicae a guitarra elétrica.

Irreverente, a Tropicália transformou oscritérios de gosto vigentes, não só quanto àmúsica e à política, mas também à moral eao comportamento, ao corpo, ao sexo e aovestuário. A contracultura hippie foiassimilada, com a adoção da moda doscabelos longos encaracolados e das roupasescandalosamente coloridas.

O movimento, libertário por excelência,durou pouco mais de um ano e acaboureprimido pelo governo militar. Seu fimcomeçou com a prisão de Gil e Caetano,em dezembro de 1968. A cultura do País,porém, já estava marcada para semprepela descoberta da modernidade e dostrópicos.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS II:• COMBATE-RUPTURA-DESTRUIÇÃO;

• O RADICALISMO;

• O ANARQUISMO;

• O PERFIL ICONOCLASTA;

• A PRESENÇA DO COTIDIANO;

• A LIBERDADE DE EXPRESSÃO;

• O COLOQUIALISMO NA LINGUAGEM;

• A BUSCA PELO ORIGINALIDADE;• A PARÓDIA;

• A SIMPLICIDADE.

Quanto Custa o quadro Abaporu?

Abaporu vem dos termos

em tupi aba (homem), pora (gente)

e ú (comer), significando "homem que

come gente"

O quadro “Abaporu”, de Tarsila do Amaral(1886-1976), é a obra de arte brasileira maiscara já vendida fora do território brasileiro. Estequadro foi leiloado em 1995 por R$ 2,5 milhões.O leilão ocorreu na cidade de Nova York e ocomprador do “Abaporu” foi o colecionadorargentino Eduardo Costantini. Hoje, o quadroestá exposto no Malba, museu de Buenos Aires(Argentina), criado e organizado por Constantini.

MACUNAÍMA

Análise da obra de Mario de Andrade:

Com uma narrativa de caráter mítico, em que osacontecimentos não seguem as convençõesrealistas, a obra procura fazer um retrato dopovo brasileiro, por meio do “herói semcaráter”.

Leia o resumo de Macunaíma

Rapsódia"Macunaíma" é fruto do conhecimento reunido porMario de Andrade acerca das lendas e mitosindígenas e folclóricos. Dessa forma, pode-se dizerque a obra é uma rapsódia, que é uma palavra quevem do grego e designa obras tais como a Ilíada e aOdisseia de Homero. Para os gregos, uma rapsódiaé uma obra literária que condensa todas astradições orais e folclóricas de um povo. Alémdisso, na música (Mario de Andrade tinha formaçãomusical também) uma rapsódia utiliza contostradicionais ou populares de certo povo em temasde composição improvisada.

Há, ainda, uma aproximação ao gêneroépico: à medida que o livro narra, emtrechos fragmentados, a vida de umpersonagem que simboliza uma nação.Sobre a acepção musical dada pelodicionário, chama atenção o improviso danarrativa, que impressiona e surpreende acada momento, tendo como pano de fundoa cultura popular.

O enredo dessa rapsódia pode tornar-seconfuso ao leitor acostumado ao pacto deverossimilhança realista. Por exemplo, énecessário aceitar o fato de o protagonistamorrer duas vezes no romance; ou, então,que Macunaíma, em uma fuga, possa estarem Manaus e, algumas linhas depois,aparecer na Argentina; ou ainda o fato de oherói encontrar uma poça queembranquece quem nela se banha.

A verossimilhança em questão é surrealista edeve ser lida de forma simbólica. A cena em queMacunaíma e seus dois irmãos se banham naágua que embranquece pode ser entendidacomo o símbolo das três etnias que formaram oBrasil: o branco, vindo da Europa; o negro,trazido como escravo da África; e o índio nativo.Nessa cena, Macunaíma é o primeiro a sebanhar e torna-se loiro. Jiguê é o segundo, ecomo a água já estava “suja” do negrume doherói, fica com a cor de bronze (índio); porúltimo, Manaape, que simboliza o negro, sóembranquece a palma das mãos e a sola dospés.

Retrato do povo brasileiroO livro faz parte da primeira fasemodernista – a fase heroica. A influênciadas vanguardas europeias é visível emvárias técnicas inovadoras de linguagemque a obra apresenta. Por isso,"Macunaíma" pode oferecer algumasdificuldades ao leitor desavisado.

Há inúmeras referências ao folclorebrasileiro. A narrativa se aproxima daoralidade – no capítulo “Cartas prasIcamiabas”, Macunaíma ironiza o povo deSão Paulo, que fala em uma língua eescreve em outra. Além disso, não existeverossimilhança realista.

Alguns aspectos históricos motivaram Máriode Andrade a criar tais “empecilhos”. Areferência ao folclore brasileiro e à linguagemoral é manifestação típica da primeira fasemodernista, quando os escritores estavampreocupados em descobrir a identidade dopaís e do brasileiro. No plano formal, essabusca se dá pela linguagem falada no Brasil,ignorando, ou melhor, desafiando o portuguêslusitano. No plano temático, a utilização dofolclore servia como matéria-prima dessabusca.

"Macunaíma" é, portanto, uma tentativa deconstrução do retrato do povo brasileiro. Essatentativa não era nova. O autor romântico José deAlencar, por exemplo, tivera a mesma intenção aocriar, no romance O Guarani, o personagem Peri,índio de aspirações nobres, que se assemelhava,em relação a sua conduta ética, a um cavaleiromedieval lusitano. Não é exagero dizer, secompararmos Peri a Macunaíma, que esse é ooposto daquele. Enquanto o primeiro é valente,extremamente perseverante e encontra suasmotivações nos valores da ética e da moral,Macunaíma, além de indolente, conduz a maioriade seus atos movido pelo prazer terreno, mundano.É “o herói sem nenhum caráter”.

Assim, "Macunaíma" é uma obra que buscasintetizar o caráter brasileiro, segundo asconvicções da primeira fase modernista.Uma leitura possível é a de que o povobrasileiro não tem um caráter definido e oBrasil é um país grande como o corpo deMacunaíma, mas imaturo, característicaque é simbolizada pela cabeça pequena doherói.