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8/8/2019 Módulo - Finanças http://slidepdf.com/reader/full/modulo-financas 1/73 20 Administração Financeira - Prof. Renato de Souza Meirelles MÓDULO 01 INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA 1. INTRODUÇÃO Ao iniciar o estudo de finanças é de suma importância discutir o sistema econômico que é uma interligação econômica definida por quatro elementos essenciais: a. Fatores de Produção ((composto por recursos naturais (por exemplo, terra, minérios e água); trabalho (englobando os aspectos intelectuais, físicos e de capacidade empreendedora dos recursos humanos disponíveis) e capital (bens econômicos materiais));  b) Agentes Produtivos (empresas: As empresas que desempenham a função de produzir e oferecer bens e serviços à população através da transformação dos fatores de produção). Desta maneira, possui os agentes produtivos com dupla função: demanda de fatores de produção e oferta de bens e serviços. c) Produtores (empresários: que podem vir da área estatal ou privada). A eles se atribui a responsabilidade da produção. São também os produtores que remuneram os proprietários dos fatores de produção. d) Consumidores (população: para quem são oferecidos os bens e serviços produzidos). Na interligação econômica, os consumidores assumem também dupla função, ou seja, a de  proprietários dos fatores de produção e a de consumidores propriamente dito. Posteriormente se faz necessário entender um pouco mais do que venha a ser empresa, empreendimento, negócio, firma. Você pode enxergar a empresa de várias formas diferentes, a saber: Classificação das empresas (Aspecto Econômico) 

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Administração Financeira - Prof. Renato de Souza Meirelles

MÓDULO 01

INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA 

1. INTRODUÇÃO 

Ao iniciar o estudo de finanças é de suma importância discutir o sistema econômico que é umainterligação econômica definida por quatro elementos essenciais:

a. Fatores de Produção ((composto por recursos naturais (por exemplo, terra, minérios e água);trabalho (englobando os aspectos intelectuais, físicos e de capacidade empreendedora dosrecursos humanos disponíveis) e capital (bens econômicos materiais));

 b) Agentes Produtivos (empresas: As empresas que desempenham a função de produzir eoferecer bens e serviços à população através da transformação dos fatores de produção). Desta

maneira, possui os agentes produtivos com dupla função: demanda de fatores de produção eoferta de bens e serviços.

c) Produtores (empresários: que podem vir da área estatal ou privada). A eles se atribui aresponsabilidade da produção. São também os produtores que remuneram os proprietários dosfatores de produção.

d) Consumidores (população: para quem são oferecidos os bens e serviços produzidos). Nainterligação econômica, os consumidores assumem também dupla função, ou seja, a de proprietários dos fatores de produção e a de consumidores propriamente dito.

Posteriormente se faz necessário entender um pouco mais do que venha a ser empresa,empreendimento, negócio, firma. Você pode enxergar a empresa de várias formas diferentes, asaber:

Classificação das empresas (Aspecto Econômico) 

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1) Setor primário, onde se relacionam as empresas cujas atividades se identificam diretamentecom o cultivo e a exploração do solo, com a finalidade de obter alimentos, matérias-primas ecombustíveis.

2) Setor secundário, onde se relacionam as empresas de transformação, ou seja, as empresasindustriais. Pela utilização dos fatores de produção, essas empresas elaboram, por diversos

 processos, um produto diferente do original, para posterior comercialização.3) Setor terciário, onde se relacionam as atividades de comércio e de prestação de serviços. Aempresa comercial atua como intermediária entre o produtor e o consumidor, através da comprade mercadoria para revenda. Por outro lado, a empresa de serviço atua na prestação de serviços,através de pessoas e equipamentos.

Classificação das empresas (Aspecto Administrativo) 

1. Público (Estatal): Capital e administração é de responsabilidade do poder público.

Relativamente recente a participação do estado em empreendimentos notadamente após asegunda guerra mundial

As causas que podem justificar:

a) Baixa rentabilidade em determinados projetos;

 b) O excessivo capital requerido e o largo prazo de maturação que apresentam determinadosinvestimentos;

c) Alguns empreendimentos são básicos ao interesse público e à segurança nacional, e o Estado

deve tomar para si esta responsabilidade.2. Mista: Capital se origina de parte do setor público e do setor privado, normalmente a

administração é do poder público.

  Neste caso, o poder público associa-se ao privado para a consecução de grandesempreendimentos julgados relevantes à economia, e também como forma de melhor participar dedeterminadas atividades econômicas consideradas de interesse nacional.

3. Privada: Capital e administração é de total responsabilidade da iniciativa particular.

Seus objetivos, sua estrutura e política de funcionamento são definidos pelo empresário privado,sendo que a influência do Estado se concentra, basicamente, mais nos aspectos legais defuncionamento.

Classificação das empresas (Aspecto Jurídico) 

a) Firma individual: é constituída por um (ou dois) empresário(s) que responde pelo negócio(obedecendo aos limites legais previsto em lei, inclusive para obter o direito de utilização do

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SIMPLES (simplificação de impostos e carga tributária nas esferas estadual e federal)). É aempresa cujo proprietário é uma pessoa que opera em seu próprio benefício.

Cumpre lembrar que todos os bens do proprietário podem ser reivindicados para satisfazer oscredores.

 –Vantagens da firma individuala) Propriedade de todo o lucro;

 b) O proprietário recebe o fruto de seu próprio esforço;

c) Baixos custos organizacionais;

d) Não se exige nenhum documento legal formal para se abrir a firma;

e) Economias fiscais;

f) O lucro da firma é tributado como renda pessoal do proprietário;

g) O sigilo e facilidade de dissolução.

 –Desvantagens da firma individual

a) Responsabilidade ilimitada;

 b) A riqueza total do proprietário e não só montante que ele insistiu, pode ser utilizada para pagar seus credores;

c) Limitações na dimensão;

d) A capacidade do financiamento do proprietário está limitado ao momento que uma única pessoa pode carregar certamente não é o suficiente para operações de longa escala;

e) Dificuldade na administração falta de incentivo a longo prazo para os bons funcionários e faltade continuidade quando o proprietário morre.

 b) As sociedades de pessoas: são constituídas de dois ou mais proprietários que se associam nomesmo negócio, com o objetivo pré – determinado.

Sendo a responsabilidade limitada de cada cotista até o valor de suas respectivas participações emcotas da sociedade.

Cota: é a menor fração ideal de uma empresa, normalmente expressa em valor monetário.

A sociedade de pessoas apresenta várias vantagens, a saber:

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1) Economias fiscais: redução em certos tributos e economia nos custos operacionais.

2) Maior capital: pois os recursos financeiros provêm de mais de um indivíduo.

3) Mais facilidade de crédito: principalmente quando os bens pessoais dos sócios garantem osvalores emprestados;

4) Cooperação e habilidades administrativas de vários sócios envolvidos no negócio.

5) Retenção de bons funcionários, pois esse recebem incentivos a longo prazo.

Desvantagens de uma sociedade de pessoas

1) Responsabilidade não limitada, pois estão sujeitas as responsabilidades solitárias e conjuntas;

2) Tecnicamente quando um sócio morre ou afasta-se da sociedade ela é dissolvida;

3) Dificuldade na liquidação ou transferência do investimento feito por um sócio

C. Sociedade anônima: deve ser constituída por sete ou mais sócios idôneos, pode ser de capitalaberto ou fechado.

 –“É um ente artificial, invisível, intangível, e que existe apenas perante a lei”.

 – Pelo fato de ser um ente artificial, esta é muitas vezes chamada de entidade legal, e possui os poderes de um ser humano, podendo processar e ser processada elaborar e tornar parte em

 partidos e adquirir propriedades em seu próprio nome. – Organização das sociedades anônimas. As principais partes interessantes são os acionistas, oconselho de administração e o presidente.

  – Obs: Já que os acionistas que são donos da empresa são eles que elegem o conselho deadministração que por sua vez elege o presidente.

Ação: corresponde a menor fração ideal do capital de uma empresa, normalmente constituída por lote. As ações podem ser ordinárias (op- portador / on- nominativas / oe- nominativasendossáveis) ou preferenciais (idem)

A sociedade traz inúmeras vantagens, a saber:

a) Responsabilidade limitada: cada acionista é um sócio com responsabilidade limitada, não podendo perder além do que investiu no negócio;

 b) Dimensão do negócio: o capital pode ser obtido a partir de muitos investidores, pela facilidadecom que as ações podem ser negociadas. A propriedade pode ser pulverizada entre umainfinidade de acionistas, pequenos, médios ou grandes;

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c) Transferência da propriedade: a propriedade é comprovada pelos certificados de ações, que podem ser facilmente transferidos a outras pessoas. As bolsas de valores facilitam enormemente avenda e compra de ações;

d) Vida ilimitada: a S/A não se dissolve com a morte ou retirada de um proprietário e pode perdurar indefinidamente no tempo;

e) Crescimento: a S/A pode expandir-se através de aumento de capital devido ao rápido acessoaos mercados de capitais;

f) Administração profissional: a direção da empresa passa para administradores profissionaiscontratados e que podem ser promovidos ou substituídos quando necessário.

Debêntures: são títulos de crédito emitidos por sociedades anônimas sob a orientação e afiscalização da comissão de valores mobiliários (CVM), tendo:

Valor nominal, remuneração, modalidade (portador ou endossável), conversibilidade (em açõesou não) e garantias (real ou não), sendo as clausulas definidas na assembléia geral.

Classificação das empresas (Porte) 

Baseada no número de funcionários e/ou faturamento bruto anual

• t Micro Empresa (Me)•

Pequena Empresa (EPP)• t Média Empresa• t Grande Empresa

Finanças, Economia e Contabilidade. 

A administração financeira está estreitamente ligada à economia e a contabilidade, pois se utilizade conceitos econômicos, bem como de dados da contabilidade.

• “O conhecimento básico de economia é necessário para se compreender tanto o ambientequanto as técnicas de tomada de decisão em administração financeira.” Lawrence J. Gitman

• O administrador pode usar as teorias econômicas como diretrizes para realizar operaçõescomerciais com eficiência;

• Análise marginal princípio econômico segundo o qual devem ser tomadas decisões financeiras.

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Para isto é importante ter a noção do que vem a ser macroeconomia, microeconômica econtabilidade.

Macroeconomia: estuda a estrutura institucional do sistema bancário, intermediário financeiros eas políticas econômicas de que o governo federal dispõe para controlar satisfatoriamente o nívelde atividade econômica dentro da economia. Cumpre lembrar que a teoria e a política

macroeconômica visam estabelecer uma estrutura internacional segundo a qual os recursos fluamlivremente entre instituições e nações.

Microeconomia: as teorias microeconomias fornecem a base para a operação eficiente daempresa, pois transmitem as relações entre oferta e demanda e as estratégias de maximização dolucro. Questões relativas à composição de fatores produtivos, níveis “ótimos” de vendas eestratégias de determinação de preço do produto são todas afetadas por teorias microeconômicas.

MÓDULO 02

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA 

• É a arte e a ciência de administrar fundos (Lawrence J. Gitman). Ocupa-se do processo,instituições, mercados e instrumentos envolvidos na transferência de fundos entre pessoas,empresas e governos.

• Administração financeira é a arte e a ciência de administrar recursos financeiros, paramaximizar a riqueza dos acionistas (Lemos Junior).

• De acordo com Ross (1998), é objetivo normativo da empresa “maximizar o valor de mercadodo capital dos proprietários existentes”.

•principais áreas:

•a) Serviços financeiros (é a área voltada à concepção e a prestação de assessoria).

•b) Administração Financeira (é a área de responsabilidade do administrador financeiro dentrodas organizações)

Oportunidades de carreira na área financeira 

1) Analista financeiro: Prepara e analisa os planos financeiros e orçamentários da empresa.

2) Analista/gerente de orçamento de capital: Avalia e recomenda as propostas de investimentosem ativos.

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3) Gerente de projetos financeiros: Obtenção de financiamentos para investimentos em ativos.

4) Gerente de caixa: Mantém e controla os saldos diários de caixa da empresa.

5) Analista/gerente de crédito: Administra a política de crédito da empresa.

6) Administrador de fundos de pensão: Coordena os ativos e passivos do fundo de pensão dosempregados.

O papel da ética na administração financeira 

 – Motivação de empresas a aderir ao espírito de leis a todos os aspectos da prática empresarial e profissional.

 – Fortalecer sua posição competitiva mantendo elevados padrões de ética adotando um código

ético por parte das empresas.Visão atual 

•Vinculação da compensação ao desempenho.

•Desenvolvimento de novos planos que associem melhor o desempenho da administração com acompensação.

•O principal objetivo é a maximização do valor da ação.

Considerações éticas •Enfoque da questão ética, estabelecendo políticas e diretrizes de ética empresarial.

•Exigir que os empregados ajam de acordo com as mesmas.

•Treinamentos e seminários sobre ética que transmitem e demonstrem a política éticaempresarial.

O papel da administração financeira na empresa 

A extensão e a importância da função financeira dependem, em grande parte, do tamanho daempresa. normalmente em empresas pequenas, a função financeira é exercida pelo gerente(diretor), com a área contábil sendo realizada fora da empresa; à medida que a empresa sedesenvolve passa a desenvolver a contabilidade internamente e a função financeira passa a ser tratada como uma área (seção ou departamento) dentro da organização com a contratação de

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colaboradores que passam a desenvolver atividades como caixa, tesouraria, contas a pagar, contasa receber entre outras.

Funções do Administrador Financeiro 

Pode se colocar que há três funções primordiais ao administrador financeiro:

1. A análise e planejamento financeiro

Esta função envolve a transformação dos dados financeiros em uma forma que possa ser usada para orientar a posição financeira da empresa, avaliar a necessidade de aumento da capacidade produtiva e determinar que tipo de financiamento adicional deve ser feito;

2. A administração da estrutura de ativo da empresa

Determina a composição e os tipos encontrados no balanço da empresa. Refere – se ao valor emdinheiro dos ativos circulantes e permanentes da empresa, bem como manter certos níveis ótimosda estrutura da empresa, esta determinação não é um processo simples, requer o conhecimentodas operações passadas, presentes e futuras da empresa, e a compreensão dos objetivos quedeverão ser atingidos pela empresa.

3. A administração de sua estrutura financeira.

Esta função é relacionada com o lado direito do balanço patrimonial. Observando duas ponderações, primeiro, a composição mais adequada de financiamento a curto, médio e longo prazo precisa ser determinado. Segundo é saber as melhores fontes de financiamentos.

Portanto a função financeira compreende os esforços dispendidos objetivando a formulação deum esquema que seja adequado à maximização dos retornos dos proprietários das açõesordinárias da empresa, ao mesmo tempo em que possa propiciar a manutenção de um certo graude liquidez.

A Meta do Administrador Financeiro 

Maximização da riqueza do acionista

•O objetivo da empresa e, conseqüentemente de administradores e empregados é maximizar ariqueza dos proprietários;

•A riqueza dos proprietários de uma sociedade anônima é medida pelo preço da ação da empresa;

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•É preciso administrar fatores como “risco” e “retorno” para se obter valorização das ações,aumentando a riqueza dos acionistas.

A principal meta do administrador financeiro é a maximização da riqueza, por cinco razões

 básicas:a. o retorno realizável do proprietário;

O proprietário espera receber seu retorno sob a forma de pagamentos periódicos de dividendos,ou através de valorizações no preço da ação, ou ambos.

 b. uma perspectiva a longo prazo;c. a época de ocorrência dos retornos;

A abordagem de maximização do lucro não consegue refletir diferenças na época de ocorrência

de retornos, ao passo que a maximização da riqueza tende a considerar tais diferenças.d. risco;

Premissa básica da administração financeira, quanto maior o risco maior deve ser o retorno.

e. a distribuição dos retornos.

O uso do objetivo da maximização do lucro não permite considerar que os acionistas possamdesejar receber uma parte dos retornos da empresa sob a forma de dividendos periódicos.

ESTRUTURA DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL 

a) Mercado Financeiro: conjunto formado pelo mercado monetário, de capitais, cambial e decrédito. Abrange todas as transações com moedas e títulos e as instituições que as promovem.

  b) Mercado Monetário: características; operações de curto e curtíssimo prazo, suprir asnecessidades de caixa dos agentes econômicos e dos próprios intermediários. Tem-se como

exemplos Letras do tesouro, commercial paper e certificados de depósito negociáveis emitidos pelo governo, empresas e instituições financeiras.

c) Mercado de Crédito: função precípua de atender às necessidades de crédito no curto e médio prazo. Ex: crédito ao consumidor.

d) Mercado de Capitais: atende as necessidades de financiamento de médio e longo prazo. Fazem parte deste segmento as bolsas de valores.

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e) Mercado Cambial: é onde se determina a taxa de câmbio, influenciada pela oferta e demandade divisas e pela política cambial.

MÓDULO 03 

ORGANIZAÇÃO DO DEPARTAMENTO FINANCEIRO

a. Organização da Área de Finanças 

Sabe-se que a área de Finanças é aquela responsável pela gestão do capital da empresa, seja esse capitalrelacionado ao conceito econômico ou ao conceito financeiro, seja esse capital relacionado ao curto ou

ao longo prazo. Esse gestão, tem como pressupostos os mesmos postulados que regem a administraçãode Produção, de RH, Marketing, Suprimentos, etc, dessa forma, cabe conceituar a área de finanças deuma empresa como aquela que visa planeja, organizar, comandar e controlar o recurso chamado capital para a empresa.

A gestão financeira de uma organização normalmente é associada a um alto executivo da empresa,denominado freqüentemente diretor financeiro como demonstrado na figura 1.1.

Como é possível verificar através desse organograma, a área de finanças tem uma importante divisãoenvolvendo a Controladoria e a Tesouraria. Apesar desses conceitos muitas vezes ser confundidos etratados como uma mesma área, tem funções e responsabilidades bem discrepantes. Abaixo destaca-se

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de maneira sucinta cada uma das seções em questão visando eximir as dúvidas quanto a área definanças.

1.2 A Controladoria 

O Departamento nomeado como Controladoria preocupa-se com a contabilidade de custos e acontabilidade financeira, com os pagamentos de impostos e com os sistemas de informação gerencial.Trata-se do departamento responsável pela coordenação de todas as funções de controle econômico daempresa.

Dentre as funções básicas de coordenação que são responsabilidades da Controladoria, o institutochamado Controllers Institute of América define como principais:

• Implantação e supervisão do plano contábil da empresa;• Preparação e interpretação dos relatórios financeiros da empresa;

• Verificação contínua das contas e dos registros em toda empresa;• Compilação dos custos de produção;• Compilação dos custos de distribuição;• Realização e custeio das contagens físicas dos estoques;• Preparação, apresentação e supervisão de assuntos tributários;• Preparação e interpretação das estatísticas e relatórios para decisão;• Preparação do orçamento global da empresa;• Manutenção do seguro de todos os bens da empresa;• Fixação de normas padrão relativas a contabilidade;• Supervisão dos planos de aquisição de Ativo Fixo (parte econômica).

Todo o trabalho da Controladoria está focado em tornar estratégicas as informações processadas nasseções de Contabilidade e Orçamento, sendo que ambas as seções estão voltadas para a geração deinformações chamadas econômicas, ou seja, tomam como fato gerador de uma receita, despesa ouinvestimento a sua efetivação como negócio ou realização e não o seu pagamento ou recebimento.Exemplo: ao final do mês de Janeiro o trabalhador tem o direito de 1/12 do seu décimo terceiro salário por haver trabalhado nessa proporção no ano em questão, e, independente do mês de pagamento daobrigação, a Contabilidade registra o fato com despesa, pois o fato gerador (trabalho, no caso) jáocorreu.

A grande habilidade exigida ao controller reside em seus conhecimentos contábeis e econômicos e em

sua capacidade de processar e comunicar de forma eficiente as informações econômicas geradas para aalta administração.

a. Tesouraria 

O departamento titulado de tesouraria é aquele que tem por responsabilidade o controle da custódia daempresa, respondendo pela obtenção de recursos financeiros tanto externos quanto internos e pela

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administração dos valores e propriedades da empresa. Em suma, Trata-se do departamento responsável pela coordenação de todas as funções de controle financeiro da empresa.

Pode-se colocar que a tesouraria é o departamento responsável por todo o controle do terceiroelemento da empresa: o capital . Controlando de maneira eficaz todas entradas e saídas de dinheiroocorridas na organização.

Em uma organização tradicional da área financeira de uma empresa, o departamento de tesouraria possui quatro seções ligadas ao mesmo:

• Contas a receber : fundamentada no conceito de crédito (troca de bens presentes por bensfuturos), essa seção é responsável pela análise e controle dos valores a receber, ou seja, dasvendas a prazo. O contas a receber desempenha funções importantes, das quais destacam-se:

1. Manter o relacionamento da empresa com os bancos;

2. Complementar o relacionamento da área comercial com os clientes;

3. Suprir a administração financeira com informações sobre as entradas de caixa;

4. Aplicação e controle da política de crédito estabelecida pela empresa.

• Contas a pagar : seção que tem como principal meta efetuar os pagamentos da empresa comrapidez e confiabilidade, almejando o menor custo financeiro possível. Existe uma grandeinteração desta seção com todos os departamentos produtivos e administrativos da empresas, pois todos departamentos consomem recursos, esses recursos consumidos tem um custo quedeve ser validado e monitorado, tarefa desempenhada por um eficiente departamento de Contasa Pagar.

• Captação de recursos financeiros: seção responsável pelo planejamento das necessidades e acorreta avaliação dos custos financeiros e riscos envolvidos a obtenção de recursos financeirosde curto e longo prazo. Os trabalhos dessa seção tem total sinergia com o Contas a Pagar, porém difere-se do mesmo por sua postura mais analítica e menos operacional, focando semprea redução de despesas financeiras e a falta de recursos para fomentar as operações da empresa.

•   Administração de caixa: seção da Tesouraria responsável pelo gerenciamento dasdisponibilidades financeiras da empresa, focando sempre a gestão de informações sobre aliquidez da empresa, buscando evitar que ocorra uma falta de capital de giro necessário para aempresa operar de maneira menos onerosa e com mais potencial de crescimento. Assim como aseção de Captação de recursos financeiros, possui uma postura mais analítica do queoperacional.

Abaixo pode ser visualizado um organograma funcional da Tesouraria:

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A tesouraria responsabiliza-se pela gestão de caixa e da área de crédito da empresa, por seu planejamento financeiro, e pelos gastos de investimento. Todas essas atividades de tesouraria estão aoseu reflexo no capital da empresa, ou seja, toda a gestão da Tesouraria visa a transformação dasinformações estratégicas oriundas das seções de Contas a Receber, Contas a Pagar, Captação deRecursos Financeiros e Administração de Caixa para a alta administração da empresa.

Posto estes conceitos básicos, trataremos um pouco da contabilidade, responsável pelas informaçõesfidedignas das empresas.

MÓDULO 04 

CONTABILIDADE E AS INFORMAÇÕES ECONÔMICAS -FINANCEIRAS

1. ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 

Contabilidade: responsável pela escrituração contábil da organização, com escrituração dasreceitas e despesas, apuração da situação financeira.

A contabilidade, na qualidade de metodologia especialmente concebida para captar, registrar,acumular, resumir e interpretar os fenômenos que afetam as situações patrimoniais, financeiras eeconômicas de qualquer ente, seja este pessoa física, entidade de finalidades não lucrativas(creches, ong, etc), empresas, ou mesmo pessoa de direito público, tais como: estado, município,união, autarquias, etc.

Grupos de pessoas e de interesses que necessitam da informação contábil:

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a) Sócios, acionistas e proprietários de quotas societárias;

 b) Administradores, diretores e executivos dos mais variados escalões;

c) Bancos, capitalistas e emprestadores de dinheiro;

d) Governo e órgãos governamentais;e) Pessoas físicas.

Para Nelson Gouveia, contabilidade é uma arte. É a arte de registrar todas as transações de umacompanhia, que possam ser expressas em termos monetários. E é também a arte de informar osreflexos dessas transações na situação econômico-financeira dessa companhia.

Contabilidade como sistema de mensuração e informação 

Ao adotar a política contábil (princípios contábeis), o contador e/ou a área de contábil da empresadesenvolve três fases distintas, a saber:

1. Fase de coleta dos dados2. Fase de ajustes3. Saídas do sistema

As saídas do sistema contábil podem ser classificadas em quatro categorias: 

1. Relatórios sobre a posição financeira em determinado momento (exemplo: BalançoPatrimonial).

2. Relatórios sobre mudanças (fluxos) durante determinado período (demonstrativos de fluxos)

2.1) Demonstração de Resultados

2.2) Demonstração de Fontes e Usos de Capital de Giro Líquido (Origens e Aplicações deRecursos)

2.3) Demonstração de Fluxo de Caixa.

3. Dados para planejamento e controle de lucro, principalmente dados e relatórios de orçamento,experiência real em comparação com previsões de orçamento.

4. Dados para estudos especiais que podem ser necessários a decisões relativas a investimentos decapital, combinação de produtos, entre outros.

Estrutura das demonstrações contábeis 

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A lei das sociedades por ações estabelece que ao fim de cada exercício social (ano), a diretoriafará elaborar, com base na escrituração contábil, as seguintes demonstrações financeiras (oudemonstrações contábeis)

a. Balanço Patrimonial; b. Demonstração do Resultado do Exercício;

c. Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados;d. Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos.

Diante disto, é necessário revisarmos a composição do balanço patrimonial e da demonstração doresultado do exercício, bem como dos demais demonstrativos.

Exercício Social: tem a duração de um ano, não havendo necessidade de coincidir com o anocivil. (01/01 a 31/12)

Balanço Patrimonial: reflete a posição das contas patrimoniais em determinado momento,normalmente no fim do ano ou de período prefixado.

O balanço patrimonial é constituído de duas colunas (ativo e passivo)

Ativo: são todos os bens e direitos de propriedade e controle da empresa, que são avaliáveis emdinheiro e que representam benefícios presentes ou futuros para a empresa.

Passivo: simplificadamente evidencia toda a obrigação (dívida) que a empresa tem com terceiros.

Patrimônio Líquido: evidencia recursos dos proprietários aplicados no empreendimento.

Requisitos do Balanço Patrimonial 

a. Cabeçalho: denominação da empresa, título e data do encerramento. b. Corpo: duas colunasc. Colunas Comparativas:d. Redução de dígitos:

Grupos de contas do balanço patrimonial:

Ativo: ao lado esquerdo do Balanço Patrimonial, se encontra subdivido em três subgrupos, asaber:

a. Ativo Circulante: Direitos (por exemplo: Caixa e Conta Corrente Bancaria); DireitosRealizáveis (por exemplo: Contas a Receber e Estoques); Diferimento (por exemplo Despesasdo Exercício Seguinte);

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 b. Ativo Realizável a Longo Prazo;c. Ativo Permanente (que pode ser subdividido ainda em: Investimento, Imobilizado, Diferido).

Passivo: ao lado direito do Balanço Patrimonial, se encontra subdividido em três subgrupos

(embora em alguns balanços publicados destaca-se participação de acionistas minoritários).a. Passivo Circulante; b. Exigível a Longo Prazo;c. Resultado de Exercícios Futuros;d. Patrimônio Liquido (composto por Capital Social, Reservas de Capital, Reserva de Reavaliação,

Reservas de Lucro, Lucros ou Prejuízos Acumulados).

Demonstração do resultado do exercício 

Desenvolvido de forma dedutiva, utilizado na apuração das movimentações ocorridas na

empresa.(+) Receita Operacional Bruta.

(-) Deduções (Abatimentos, Cancelamentos e Devoluções de Vendas)

(-) Deduções ((Impostos (IPI, ICMS, ISS, IUM, PIS, FINSOCIAL))

= RECEITA LÍQUIDA

(-) Custo ((CPV – custo do produto vendido, industria; CMV – custo das mercadorias vendidas,

comércio; CSP – custo dos serviços prestados, prestação de serviços))= LUCRO BRUTO

(-) Despesas Operacionais (Vendas, Administrativas e Financeiras)

= LUCRO OPERACIONAL

(+/-) Receitas e despesas não operacionais

= LAIR (Lucro antes do imposto de renda)

(-) PIR (provisão para imposto de renda)

= Lucro

(-) deduções (debêntures, empregados e administradores, partes beneficiárias e doações)

= Lucro Líquido do Exercício.

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Demonstração de lucros ou prejuízos acumulados 

A destinação do lucro líquido para os proprietários (distribuição de dividendos) ou oreinvestimento na própria empresa (retenção do lucro) serão evidenciados na demonstração de

lucros ou prejuízos acumulados.

Demonstração das mutações do patrimônio liquido (DMPL) 

Evidencia a movimentação de todas as contas do PL ocorrida durante o exercício social.

Assim todo acréscimo ou diminuição do patrimônio liquido é evidenciado através destademonstração.

Notas explicativas 

Também conhecidas como “notas de rodapé”, são normalmente destacadas após asdemonstrações financeiras (quando publicadas), conforme imposição legal, as notas explicativasdevem indicar:

a. Os principais critérios de avaliação dos elementos patrimoniais; b. Os investimentos em outras sociedades, quando relevantes;c. O aumento de valor de elementos do Ativo que resultam de novas avaliações;

d. Os ônus reais constituídos sobre elementos do ativo, as garantias prestadas a terceiros e outrasresponsabilidades eventuais ou contingências;e. A taxa de juros, as datas de vencimento e as garantias das obrigações a longo prazo devem ser 

destacadas;f. O número, as espécies e as classes das ações do capital social;g. As opções de compra de ações outorgadas e exercidas no exercício;h. Os ajustes de exercícios anteriores.

Auditoria (Parecer dos Auditores Independentes) 

Para maior segurança do usuário, as empresas auditadas apresentam parecer, em que se expressahaver um exame nas demonstrações financeiras, efetuado de acordo com os padrões de auditoriageralmente aceitos.

A empresa de auditoria, através de seu representante legal emite sua opinião e informa se asdemonstrações financeiras representam, adequadamente, a situação patrimonial e a posiçãofinanceira na data do exame. Informa se as demonstrações financeiras foram levantadas de

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acordo com os princípios de contabilidade geralmente aceitos e se há uniformidade em relação aoexercício anterior.

Relatório da Diretoria (Carta da Diretoria) 

São informações de caráter não financeiro que abrangem:

a. Dados estatísticos diversos; b. Indicadores de produtividade;c. Desenvolvimento tecnológico;d. Contexto sócio-econômico da empresa;e. Políticas diversas (recursos humanos, exportações, etc.)f. Expectativas com relação ao futuro;g. Dados do orçamento de capital;h. Projetos de expansão;

i. Desempenho em relação aos concorrentes.

Demonstração de origens e aplicações de recursos (DOAR) 

 Na verdade, a demonstração de fontes e usos de capital de giro líquido foi construída diretamentea partir do balanço patrimonial, demonstração dos resultados e demonstração de mutações patrimoniais, foi utilizada a técnica de diferença de saldos entre os grupos não circulantes, a fimde derivar as fontes e usos de capital de giro.

Abrangência da expressão análise de balanços 

Ao usarmos esta expressão análise de balanços, estaremos nos referendo não só o balanço patrimonial, mas também a demonstração do resultado do exercício, d.o.a.r. (demonstração defontes e usos de capital de giro liquido), demonstração das mutações do patrimônio líquido.Lembrando que todas as demonstrações e relatórios contábeis podem ser úteis à análise (o fluxode caixa é outro exemplo).

Condições necessárias para um bom entendimento da análise de balanços

Depreende-se que a análise de balanços tem valor somente à medida que o analista:

a. Estabeleça uma tendência (uma série histórica) dentro da própria empresa; b. Compare os índices e relacionamentos realmente obtidos com os mesmos índices e

relacionamentos expressos em termos de metas;c. Compare os índices e relacionamentos com os da concorrência, com outras empresas de

amplitude nacional e/ou internacional.

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 Análise das Demonstrações Financeiras 

A análise das demonstrações financeiras visa fundamentalmente ao estudo do desempenhoeconômico-financeiro de uma empresa em determinado período do passado para diagnosticar, em

conseqüência, sua posição atual e produzir resultados que sirvam de base para a previsão detendências futuras. Na realidade, o que se pretende avaliar são os reflexos que as decisõestomadas por uma empresa determinam sobre sua liquidez, estrutura patrimonial e rentabilidade.

Portanto é importante realizar sempre que possível uma análise temporal (envolve normalmentede 3 a 5 anos) e comparação setorial que é desenvolvida por meio de confronto dos resultados daempresa em análise com os de seus principais concorrentes e, também, com as médias demercado e de seu setor de atividade. Para esse estudo são utilizadas, normalmente, como fontesde informações, as principais publicações de índices setoriais disponíveis, como melhores emaiores, estudos setoriais do Serasa, conjuntura econômica, etc.

MÓDULO 05 

ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS – ANÁLISE VERTICAL / HORIZONTAL

1. ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 

 Na realidade, a análise das demonstrações financeiras, principalmente o Balanço Patrimonial e aDemonstração do Resultado do Exercício, tratam-se de um estudo extremamente importante para oadministrador interno da empresa, que busca avaliar o desempenho ou os resultados das decisõeseconômicas e financeiras tomadas, mas, o principal usuário das análises das demonstrações financeirassão os agentes externos a organização, isso pela sua dificuldade (bem maior que a do administrador interno) de coletar informações da empresa e pela sua necessidade de avaliar o desempenho da mesma,estando este agente externo na visão de credor (bancos, fornecedores, etc) ou investidor (acionistas,debenturistas, etc).

A análise de uma empresa é fundamentalmente desenvolvida por meio de comparações, sejam estasfeitas a partir de índices passados ou mediante indicadores setoriais. No entanto, esse processo éeficazmente completado por comparações com outros valores afins (relacionáveis), obtidos a partir deuma mesma demonstração financeira (por exemplo, lucro com vendas, capital de giro com ativo total,

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etc.) e também pela evolução dos diversos montantes patrimoniais e de resultados absolutos ao longodo tempo, o que permite que se identifiquem inclusive determinadas tendências futuras.

As análises de valores absolutos através do tempo e, entre si, são desenvolvidas respectivamente por análise horizontal e análise vertical.

o 1.1 Análise Horizontal 

Análise que permite que se avalie a evolução dos vários itens de cada demonstração financeira emintervalos seqüenciais de tempo, na realidade, a idéia é demonstrar como a evolução de cada contamostra os caminhos trilhados pela empresa e as possíveis tendências. Pode-se, por exemplo, avaliar aevolução das vendas, dos custos e dos lucros de uma empresa através da análise horizontal aplicada àssuas respectivas demonstrações de resultados dos últimos anos.

Fórmula: a evolução horizontal dos valores é obtida através de números índices, relacionando cada

resultado obtido em determinada data com o verificado na data anterior, definida como data base, emultiplicando-se esse cociente por 100.

Veja o Exemplo da análise horizontal da Cia Carrasca nos anos de X7, X8 e X9:

Observe que, no caso em questão, a data base foi o ano de X7, apresentando uma evolução de vendas

de 107,69% (7.000/6500), ou seja, cresceu 1,07 vezes em X8 e 118,46% (7.700/6500), ou seja, cresceu1,18 vezes em X9 (o crescimento sempre é em relação a data-base, no caso, o ano de X7). Analisando ocaso, é possível perceber que em X8, a evolução das Receitas foi menor do que a evolução dos custos,causando uma evolução dos lucros em apenas 4,44% ao invés dos 7,69% de aumentos da vendas. Já emX9, o aumento dos lucros foi 18,56%, ou seja, foi de 0,10% acima da evolução das vendas, isso porqueo aumento dos custos foi de apenas 18,25% contra 18,46% das vendas.

Alguns casos especiais devem ser analisados quanto a análise horizontal:

A. Quando ocorre uma involução dos valores contábeis em avaliação

Exemplo:

A variação foi negativa, ou seja, os índices encontrados em X8 e X9 foram menores que o índice dadata base, dessa forma, calcula-se a diferença pelo número índice encontrado e a base 100. No casoem questão, a involução foi de 10% (90 -100) em X8 e 5% (95-100) em X9.

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B. Quando ocorre o confronto de valores invertidos, sendo o valor base positivo e o valor posterior negativo.

Exemplo:

A variação de X7 para X8 apontada pelo cálculo foi de 50% negativo. Dessa forma, observa-se quequando o valor base for positivo e o valor posterior for negativo, o número índice será negativo, e, paraajustar o índice para o valor correto, deve-se subtrair ao índice ajustado (pois houve decréscimo)por 100%. No caso acima, em X8 houve, na realidade, um decréscimo de -150% (-50%-100%) e emX9 houve um decréscimo de 180% (-80% -100%).

C. Quando ocorre o confronto de valores invertidos, sendo o valor base negativo e o valor  posterior positivo.

Exemplo:

A variação de X7 para X8 apontada pelo cálculo foi de 200% negativo, mas, na realidade, não houveum decréscimo do lucro, mas um acréscimo. Dessa forma, observa-se que quando o valor base for negativo e o valor posterior for positivo, o número índice será negativo somente pela razão matemáticado valor base, e, para ajustar o índice para o valor correto, deve-se corrigir o valor base para - 100%e somar ao somar ao índice 100%.

 No caso acima, em X8 houve, na realidade, um acréscimo de 300% (200%+100%) e em X9 houve umacréscimo de 200% (100% +100%).

1.2 Análise Vertical 

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Assim como a análise horizontal, a análise vertical também constitui um processo comparativo, e édesenvolvida por meio de verificações relativas entre valores afins ou relacionáveis identificados emuma mesma demonstração contábil, ou seja, considera percentualmente as proporções existentes entreas diversas contas de cada demonstração.

Para a análise vertical é preciso se calcular o percentual de cada conta em relação a um valor base, onde

“o percentual de cada conta mostra sua real importância no conjunto”. No caso do Balanço Patrimonial, a análise vertical é efetuada pelo percentual de cada conta em relaçãoao total do Ativo (valor Base).

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 Na análise vertical da Demonstração do Resultado do Exercício calcula-se o percentual de cada contaem relação a receita Líquida. Dessa forma, obviamente, o valor das vendas é igualado a 100.

a. Relação entre Análise Vertical e Análise Horizontal 

 Na realidade, é recomendável que os dois tipos de análises sejam usados conjuntamente. Não se devetirar conclusões exclusivamente da Análise Horizontal, pois determinado item, mesmo apresentando

variação de 2.000%, por exemplo, pode continuar sendo um item irrelevante dentro demonstraçãofinanceira a que pertence, caso essa conta represente 0,2% do Ativo total e após esse crescimento passe a representar 0,7% do Ativo total, ou seja: nada significativa para a análise no primeiro Balanço econtinua a não significar nada no segundo Balanço, apesar do imenso crescimento. Pode ocorrer também o fato de uma conta importante como o lucro líquido modificar-se em percentual muito pequeno na Análise Vertical, por exemplo de 12% para 18%, e a sua Análise Horizontal demonstrar que houve um crescimento nominal de 50% na conta.

O correto é analisar primeiramente a Análise Vertical e complementá-la verificando a AnáliseHorizontal, ou seja, as análises devem ser utilizadas como somente uma técnica, por isso é denominadaAnálise Horizontal / Vertical.

Em termos genéricos, os objetivos da Análise Horizontal/Vertical são os seguintes:

• Análise Vertical: demonstrar a relevância de cada conta em relação a demonstraçãocontábil/financeira a que pertence e, através da comparação com padrões do ramo ou com percentuais da própria empresa em anos anteriores, permitir analisar se existem contas fora dastendências normais.

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• Análise Horizontal: demonstrar a evolução de cada conta das demonstrações financeiras e, pela comparação entre si, permitir tirar conclusões sobre a evolução da empresa.

Quanto à análise horizontal, é interessante observar comparativamente os seguintes itens:

• Crescimento dos Totais de cada grupo de contas do Ativo e do Passivo para o Balanço, assim

como o crescimento das contas de Resultados do DRE (Ex: Receita líquida, Lucro Bruto, etc);• Crescimento do Patrimônio Líquido em relação ao Passivo Exigível a Longo Prazo;• Crescimento do Patrimônio Líquido + Passivo Exigível a Longo Prazo comparado com o Ativo

Permanente.• Crescimento do Ativo Circulante em relação ao Passivo Circulante.

a. Análise Horizontal/Vertical: Um Exemplo 

A análise será processada com através dos Demonstrativos Financeiros da Cia Big, onde pode-se

realizar verificações envolvendo a estrutura patrimonial(Balanço) e de resultados (DRE) pela AnálisesHorizontal e Vertical. Os dados são dos anos de X5, X6 e X7.

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Analisando as Demonstrações da Cia Big entre os anos de X5, X6 e X7, é possível verificar ocrescimento de 107% do patrimônio da empresa, aumento este que foi aplicado principalmente nosrecursos de longo prazo (Ativo Permanente), sendo que os investimentos em recursos correntes ou decurto prazo foram aumentados em apenas 50% e provocaram uma mudança na estrutura de bens edireitos da empresa, que passou a ter um equilíbrio entre recursos de longo prazo e recursos de curto prazo. Houve um aumento considerável em aplicações de recursos no estoque.

Para financiar esse aumento de recursos de longo prazo foram utilizados capitais de terceiros de longo

 prazo através de financiamentos e empréstimos bancários. A conta Fornecedores do Passivo Circulanteque apresentava uma participação relevante nas origens de recursos, podendo financiar todo valor deestoques em X5, manteve-se estável apesar do aumento geral de financiamentos em X6 e X7. Pareceter havido uma substituição do financiamento pelos fornecedores para financiamentos bancários, mais potencializado a longo prazo, mas também ocorrido a curto prazo. Essa postura não é favorável pelofato dos fornecedores representarem uma fonte estável e barata de recursos. O Patrimônio Líquidomanteve sua participação no total de financiamentos da empresa, dessa forma, cresceu menos que oPassivo Exigível a longo prazo, aumentando a dependência e o risco financeiro a longo prazo. Fica

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então claro que a empresa se financiou de capital de terceiros de longo prazo para aplicar eminvestimentos no Ativo Permanente da empresa.

Como o Ativo Circulante cresceu mais que o Passivo Circulante, houve um aumento da folgafinanceira de curto prazo, sendo que, a partir recursos financiados no longo prazo, foram feitos algunsinvestimentos no curto prazo (possivelmente estoques). De maneira sucinta, apesar de aumentar seu

risco global pela maior dependência de capital de terceiros, financeiramente a empresa apresenta uma posição financeira, principalmente no curto prazo, cômoda e estável.

Economicamente, apesar do pequeno aumento nas Receitas Líquidas (22%), o acréscimo de apenas16% do Custo dos Produtos Vendidos permitiram a empresa alcançar uma rentabilidade maior no seumix de produtos (Lucro Bruto). Essa alavancagem poderia provocar um aumento de pelo menos 4% noLucro Líquido pelo fato do Lucro Bruto representar 28% da Receita Líquida em X7 ao invés dos 24%de X5, mas isso somente ocorreria caso as despesas operacionais e financeiras se mantivessem namesma proporção. Como ocorreu um aumento muito excessivo das Despesas Financeiras quecresceram 2,14 vezes e passaram a representar 15% das Receitas Líquidas em X7 (até como um reflexodo aumento de empréstimos e financiamentos), o Lucro Líquido apresentou uma queda de 4% emrelação das Receitas Líquidas, com uma diminuição de 25% em seu valor absoluto. Resumindo, apesar de ainda apresentar um resultado econômico positivo, a empresa teve diminuído sua rentabilidade peloalto custo de seus financiamentos e empréstimos.

MÓDULO 06 

ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS – ANÁLISE POR ÍNDICES

1. A IMPORTÂNCIA DOS ÍNDICES FINANCEIROS NA ANÁLISE DASDEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 

Um índice, em Análise de Demonstrações Contábeis, pode ser considerado como a relação entre contase grupos de contas de uma demonstração que visa evidenciar determinado aspecto da situaçãoeconômica ou financeira de uma organização.

Assim como um médico usa certos indicadores como pressão e temperatura, para elaborar o quadroclínico do paciente, os índices financeiros permitem construir um quadro de avaliação da empresa, porém, diferente do organismo humano, nem sempre um indicador ruim significa o fim da empresa,mas é um alarme. Quando indicadores não são suficientes, o médico solicita exames e testes maisaprofundados, da mesma forma, nem sempre somente os índices são o bastante para se analisar umaempresa.

O importante não é o cálculo de um grande número de índices, mas de um conjunto de índices que permita conhecer a situação da empresa, segundo o grau de interesse do usuário, ou seja, no caso de um

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fornecedor que deseja vender para a empresa, a análise é mais simples que a de um empresário quedeseje adquirir uma empresa.

A análise de índices é do tipo que começa muito bem e vai perdendo a eficácia a medida em queacrescentam índices, ou seja, a partir de um patamar, apresenta um rendimento decrescente. A análisede empresas industriais e comerciais através de índices tradicionais deve ter, no mínimo, 4, e não é

 preciso estender-se além dos 11 índices.Pode-se subdividir a análise das Demonstrações Contábeis em análise de situação financeira e análiseda situação econômica. Os índices da situação financeira, por sua vez, são divididos em índice deestrutura de capitais e índices de liquidez.

2.1 Descrição Detalhada dos Índices 

2.1.1 Índices de Estrutura de Capitais 

Os índices ou indicadores utilizados para analisar a composição das fontes de recursos da empresa,verificando, as formas pelas quais os recursos de terceiros são usados pela empresa e sua participaçãorelativa em relação ao capital próprio, fornecendo elementos para avaliar o nível de endividamentofinanceiro da empresa perante seus credores e sua capacidade de cumprir os compromissos assumidos alongo prazo. Abaixo relacionam os seus principais índices:

a) Participação do Capital de Terceiros: 

Fórmula:

{[Capital Terceiros (Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo)] ÷ Patrimônio Líquido]} x 100 

Exemplo:

 No caso da Cia Big, utilizada no capítulo anterior:

X5  X6 a. Capital de 3os. à PC + PELP 1.655.317 2.576.865  b. Patrimônio Líquido (PL) 1.070.861 1.407.185

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Índice de Participação do Capital de 3os. (a.÷ b.) 

154%  183% 

Os índices mostram que em X5, para cada $100 financiados por capital dos sócios (PL), a empresatomava $154 de capital de terceiros, passando, em X7, para $183 emprestados para cada $100 de

capital próprio.O índice de Capital de Terceiros relaciona as duas grandes fontes de recurso da empresa, ou seja,Capital Próprio e Capital de Terceiros. É um indicador de risco ou dependência a terceiros, por parte daempresa. Do ponto de vista financeiro, quanto maior a relação de capitais de terceiros sobre capitais próprios, menor será a liberdade de decisões financeiras pela maior dependência. Por esses motivos,esse índice é conhecido como índice de Grau de Endividamento.

Algumas variáveis importantes na definição da capacidade de endividamento:

• Geração de Recursos: uma empresa capaz de gerar recursos (lucratividade) para amortizar as

dívidas tem mais capacidade de endividar-se;• Liquidez: se a empresa emprega ou aplica os recursos de terceiros em ativos como o giro

comercial ao invés de imobilizar todos recursos próprios e de terceiros, provavelmente sualiquidez será maior;

• Renovação: se a empresa renovar as dívidas vencidas, não terá problemas de liquidez, seguindoa máxima que diz: “dívidas não se paga, administra-se”.

b) Composição do Endividamento: 

Fórmula:

{Passivo Circulante ÷ [Capital de Terceiros (Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo)]}*100 

Exemplo:

X5  X6 a. Passivo Circulante (PC) 1.340.957 1.406.077 b. Capital de 3os. à PC + PELP 1.655.317 2.576.865Índice de Composição do Endividamento (a.÷ b.) 

81%  54% 

Conhecido o endividamento da empresa, é importante analisar onde está concentrado esseendividamento, se é com dívidas a serem pagas no curto prazo (Passivo Circulante) ou se é com dívidasa serem pagas no longo prazo ( Passivo Exigível a Longo Prazo).

 No caso da Cia Big., em X5 mais que 80% das dívidas se concentravam no curto prazo, já em X6 esse percentual caiu para 54% do total de dívidas, melhorando muito o perfil da dívida da empresa por aumentar seu prazo de exigibilidade.

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c. Imobilização do Patrimônio Líquido 

Fórmula:

(Ativo Permanente ÷ Patrimônio Líquido) * 100 

Exemplo:

X5  X6 a. Ativo Permanente (AP) 765.698 1.714.879  b. Patrimônio Líquido (PL) 1.070.861 1.407.185Índice de Imobilização do Patrimôniolíquido(a. ÷ b.) 

71%  121% 

 No caso da Cia Big, os índices demonstram que em X5 a empresa investiu no Ativo Permanente cercade 71% do Patrimônio Líquido, sendo que o restante foi aplicado no Ativo Circulante. Já em X6 esse percentual passou para 121%.

A parcela do Patrimônio Líquido que é investida no Ativo Circulante é chamada de Capital Circulante

 Próprio (CCP), podendo ser encontrada pela seguinte fórmula:

CCP = PL -AP 

O ideal em termos financeiros é interessante que a empresa disponha de um Patrimônio Líquido (PL)suficiente para cobrir o Ativo Permanente (AP) e sobrar uma parcela para financiar o Ativo Circulante(AC), ou seja, obter um CCP positivo. Analisando os anos de X5 e X7 pela Cia Big, observa-se que emX5 a empresa obteve um CCP positivo de R$305.163, podendo então aplicar essa quantia em recursosde curto prazo (AC). Já em X6, a empresa imobilizou todo seu PL e ainda utilizou cerca de R$307.694de recursos de terceiros, dependendo desses terceiros para o financiamento dessa parte do seu parqueindustrial. Pode-se dizer que a situação da empresa industrial que chegou a esse nível não é tranqüila.

d. Imobilização dos Recursos Não Corrente 

Fórmula:

[Ativo Permanente ÷ (Patrimônio Líquido + Passivo Exigível a Longo Prazo)]*100 

Exemplo:

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X5  X6 a. Ativo Permanente (AP) 765.698 1.714.879  b. Patrimônio Líquido (PL) 1.070.861 1.407.185c. Passivo Exgivel a Longo Prazo (PELP) 314.360 1.170.788d. Recursos Não Correntes ( b. + c.) 1.385.221 2.577.973Índice de Imob. dos Recursos não Correntes

(a. ÷ d.) 

55%  66% 

Como os itens do Ativo Permanente tem vida útil de 2 à 10 ou até 50 anos, não é necessário financiá-losomente com recursos próprios, por isso, pode-se utilizar recursos de terceiros, desde que eles sejamexigidos em um prazo condizente com o Ativo em que foi aplicado, no caso do AP, devem ser financiados por recursos longo prazo (não correntes), sendo eles próprios (PL) ou recursos de terceirosde longo prazo (PELP). A parcela dos recursos de longo prazo aplicados no Ativo Circulante échamada de Capital Circulante Líquido (CCL), ou folga financeira de curto prazo, que será explicadamais adiante.

 No caso da Cia Big, a empresa aplicou em X5 cerca de 55% dos recursos de longo prazo no AtivoPermanente, disponibilizando o restante (45%) para o Ativo Circulante, obtendo um CCL positivo. Atendência se manteve em X6, porém com uma diminuição do CCL para apenas 34% dos recursos delongo prazo (100 – 66).

2.1.2 Índices de Liquidez 

A principal função dos índices de liquidez é demonstrar a base da situação financeira e nãodemonstrar a capacidade de pagamento, pois não são extraídos do fluxo de caixa projetado quecompara as entradas com as saídas de dinheiro. Uma empresa com bons índices de liquidez temcondições de ter boa capacidade de pagar suas dívidas em dia em função de outras variáveis como o prazo, renovação de dívidas, etc. Abaixo estão relacionados seus principais índices:

a. Liquidez Geral (LG) 

Fórmula:

(Ativo Circulante + Ativo Realizável a L. P.) ÷ (Passivo Circulante + Passivo Exigível a L.P.) 

Exemplo:

X5  X6 a. Ativo Circulante (AC) 1.960.480 2.269.71  b. Ativo Realizável a Longo Prazo (ARLP) 0 0c. Passivo Circulante (PC) 1.340.957 1.406.077d. Passivo Exgivel a Longo Prazo (PELP) 314.360 1.170.788

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Índice de Liquidez Geral (a.+b.) ÷ (c.+ d.)  1,18  0,88 

O índice buscar verificar se o excedente de recursos próprios (CCP) encontrado no índice deImobilização do PL e aplicado nos Ativos de curto e longo prazo são suficientes para pagamentos dasdívidas de curto e longo prazo da empresa.

 No caso da Cia Big, foi verificado que, em X5, para cada R$ 1,00 de dívidas a vencer, existem R$ 1,18de investimentos a se realizar, ou seja, tem uma folga financeira de 18%. Já em X6, para cada R$ 1,00de dívidas a vencer existem apenas R$ 0,88 de investimentos a se realizar, ou seja, não somente oAtivo Circulante perdeu recursos próprios como também perdeu 12% do capital de terceiros (PC +PELP). Isso não quer dizer que a empresa esteja em insolvência, porém, em X5 ela não precisava degeração futura de recursos (lucros) para liquidar suas dívidas, mas em X6 criou essa dependência.

b. Liquidez Corrente (LC) 

Fórmula:

(Ativo Circulante ) ÷ (Passivo Circulante) 

Exemplo:

X5  X6 a. Ativo Circulante (AC) 1.960.480 2.269.71  b. Passivo Circulante (PC) 1.340.957 1.406.077Índice de Liquidez Corrente (a. ÷b.)  1,46  1,61 

Quando o índice de Liquidez Corrente é maior do que 1,00, o excesso deve-se a existência de Capital Circulante Líquido (CCL). O CCL pode ser encontrado também pela diferença do Ativo Circulante(AC) com o Passivo Circulante (PC).

CCL = AC - PC

 Na realidade o índice de liquidez corrente não significa que para cada R$1,00 que sair vão entrar R$1,46 (no caso de X5), pois isso acarretaria uma situação boa, mas fantasiosa de que, depois de algumtempo, se acumularia uma quantia enorme de caixa. O índice significa, na verdade, que há recursos oAtivo Circulante que são superiores as dívidas junto a terceiros na proporção de 1,46 para 1,00. Já emX6, apesar de ser eliminado o investimento do PL no Ativo Circulante, como houve um grande

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aumento do Passivo Exigível a Longo Prazo, esses recursos foram aplicados no Ativo Circulante e permitiram uma liquidez corrente de 1,61.

c. Liquidez Seca 

Fórmula:

(Ativo Circulante - Desp. Antecipadas - Estoques) ÷ (Passivo Circulante) 

Exemplo:

X5  X6 a. Ativo Circulante (AC) 1.960.480 2.269.71  b. Estoques 751.206 1.039.435c. Despesas Antecipadas 0 0d. Passivo Circulante (PC) 1.340.957 1.406.077Índice de Liquidez Seca (a.-b.-c.) ÷ (d.)  0,90  0,87 

Sabe-se que os estoques, apesar de serem considerados itens circulantes (curto prazo), não apresentamnormalmente liquidez compatível com outros itens do Ativo Circulante, ou seja, sua liquidação é maisdemorada e difícil. Já as despesas antecipadas não representam valores a receber, mas sim serviços ou produtos a receber. Dessa forma, buscando excluir da análise de liquidez a curto prazo de itens poucolíquidos, criou-se o índices de Liquidez Seca, que indica o percentual das dívidas de curto prazo que podem ser resgatados mediante ativos circulantes de maior liquidez.

 No caso da Cia Big, em X5 ela conseguia pagar cerca de 90% de suas dívidas com seu disponívelsomado ao crédito para clientes, independentemente dos padrões, é uma boa performance. Em X6 foiregistrado o mesmo bom desempenho com uma leve queda.

d. Liquidez Imediata 

Fórmula:

(Disponibilidades) ÷ (Passivo Circulante) 

Exemplo:

X5  X6 a. Ativo Circulante (AC) 1.960.480 2.269.71  b. Estoques 15.000 39.000c. Despesas Antecipadas 51.206 139.435d. Passivo Circulante (PC) 1.340.957 1.406.077Índice de Liquidez Imediata (b.+c.) ÷ (d.)  0,05  0,13 Embora pouco utilizado, este índice representa o valor de quanto dispomos imediatamente para saldar nossas dívidas de curto prazo. No numerador temos fundos imediatamente disponíveis. Nodenominador, dívidas que, embora de curto prazo, vencerão em prazos variáveis, tais como, 30, 60, 90,180 e até 365 dias. Assim, a comparação mais correta seria com o valor presente de tais vencimentos.

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2.1.3 Índices de Rentabilidade 

Esses índices procuram demonstrar qual a rentabilidade dos capitais investidos, isto é, quanto renderamos investimentos e, portanto, qual o grau de êxito econômico da empresa. Uma análise baseada somenteno valor absoluto do lucro líquido não conclui se o resultado gerado foi condizente com ou não com o potencial econômico da empresa, dessa forma, deve-se relacionar os resultados com o Ativo total, o

Patrimônio liquido e as Receitas de Vendas, como é demonstrado nos índices abaixo:a. Giro do Ativo

Fórmula:

(Receita Líquida ÷ Ativo Total) 

Exemplo:

X5  X6 a. Receita Líquida 4.793.123 4.425.866  b. Ativo Total 2.726.178 3.984.050Giro do Ativo (a. ÷b.)  1,76  1,11 

O sucesso de uma empresa depende em primeiro lugar de um volume de vendas adequado. Porém,como o volume de vendas tem relação direta com o montante de investimento, não se pode analisar asvendas sem a medição de seu volume em relação ao capital total investido.

 No caso da Cia Big, a empresa vendeu, em X5, para cada R$1,00 investido: o volume de 1,76 vezes ovolume de investimentos, já em X6 houve uma queda acentuada do giro do ativo, pois para cada R$1,00 investido, vendeu-se R$ 1,11. A razão dessa queda pode ter três diferentes causas:

a. Retração do mercado: mercado passou a comprar menos produtos de todas empresas do ramo; b. Perda de participação de mercado ( share): empresa perdeu mercado para concorrentes;c. Estratégia da empresa: vender em menor volume, porém, com maior margem de lucro.

b. Margem Líquida 

Fórmula:

(Lucro Líquido ÷ Receita Líquida)*100 

Exemplo:

X5  X6 a. Lucro Líquido 411.604 307.438

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  b. Receita Líquida 4.792.123 4.425.866Margem Liquida (a. ÷b.)  8,59%  6,95% 

A idéia central desse índice é verificar a rentabilidade gerada por cada R$ 1,00 vendido, visando avaliar a margem de lucratividade por vendas. A Cia Big apresentou uma queda de sua rentabilidade de 8,59%

em X5 para 6,95% em X6, refutando a hipótese de que a empresa diminui seu giro de Ativo (calculadoanteriormente) para aumentar sua margem de lucro (apontado no item c. do índice de giro de ativo).

c. Rentabilidade do Ativo (ROA) ou Return on Assets

Fórmula:

(Lucro Operacional ÷ Ativo Total)*100 

Exemplo:

X5  X6 a. Lucro Líquido 411.604 307.438  b. Ativo Total 2.726.178 3.984.050Retorno sobre o Ativo (a. ÷b.)  15,10%  7,72% 

Essa medida revela o retorno produzido pelo total das aplicações realizadas por uma empresa em seus

ativos. É uma medida do potencial de geração de lucro da parte da empresa. O indicador é totalmenteinfluenciado pelos resultados do Giro do Ativo (volume de vendas relativo) e Margem Líquida (ganho por unidade vendida), onde:

ROA = Giro do Ativo x Margem Líquida

ROA = ( Rec. Líquida / Ativo) x ( Lucro Líquido / Rec. Líquida)

ROA = Lucro Líquido / Ativo

A Cia Big, pela queda acentuada tanto do volume relativo de vendas (Giro) quanto da margem liquida,

apresentou uma queda no ROA no ano de X6 em relação a X5 de mais de 50%, reduzindodrasticamente seu poder de capitalização.

d. Retorno do Patrimônio Líquido (ROE) ou Return On Equity 

Fórmula:

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(Lucro Líquido ÷ Patrimônio Líquido Médio)*100 

* Patrimônio líquido Médio = (Patrimônio líquido Inicial + Patrimônio líquido Inicial) ÷ 2

Exemplo:

X5  X6 a. Lucro Líquido 411.604 307.438  b. Patrimônio Líquido Inicial 821.827 1.070.861c. Patrimônio Líquido Final 1.070.861 1.407.185d. Patrimônio Líquido Médio (b.+c.) ÷ 2 946.344 1.239.023ROE (a.) ÷ (d.)  43,49%  24,81% 

O ROE procura demonstrar a rentabilidade sobre o capital próprio investido na empresa, ou seja, arentabilidade do acionista ou dos sócios da companhia. A taxa encontrada pode ser comparada comoutros rendimentos alternativos de mercado como a poupança, CDB’s, letras de cambio, ações,

aluguéis, etc. Com isso podem avaliar se a empresa oferece rentabilidade superior ou inferior a essasopções. Normalmente, espera-se da empresa rentabilidade superior à dos títulos de renda fixa pelocapital de risco do investimento na organização em relação ao título de renda fixa.

A Cia Big apresentou uma taxa de 43,49% em X5, ou seja, um número bem superior ao que oferecemtítulos no mercado. Em X6, continua havendo uma rentabilidade interessante, porém com uma grandequeda de lucro para o acionista.

e. Retorno do Investimento (ROI) ou Return On Investments 

Fórmula:

(Lucro Operacional (antes Desp. Financeira)÷ Investimentos1)*100 

1 à Investimento = Patrimônio Líquido + Passivo Oneroso

Exemplo:

X5  X6 a. Lucro Operacional (Antes das Desp. Fin.) 683.994 742.692  b. Patrimônio Líquido 1.070.861 1.407.185c. Passivo Oneroso 671.158 1.648.102d. Investimentos (b. + c.) 1.742.019 3.055.287ROI (a.) ÷ (d.)  39,26%  24,31% 

Uma alternativa ao ROA para a avaliação o retorno produzido pelo total de recursos aplicados por acionistas e credores nos negócios é a medida do ROI. O investimento é composto pelas origens derecursos (passivos) onerosos captados pela empresa (empréstimos e financiamentos), os chamados Passivos Onerosos, e as origens de recursos próprias (Patrimônio Líquido). As dívidas e obrigaçõesgeralmente sem ônus, entendidos como inerentes à atividade da empresa (salários, encargos sociais,

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tributos, etc.) não são recursos investidos na empresa por seus credores a acionistas, dessa forma, sãoconsiderados   Passivos de Funcionamento. Dessa forma, através do ROI, pode-se analisar arentabilidade do negócio (atividade que a empresa exerce) para aqueles que aplicaram recursos (sóciose credores), ou seja, a rentabilidade da empresa sobre os investimentos efetuados.

 No caso da Cia Big, acompanhando o desempenho do Retorno do Ativo (ROA) e do Retorno sobre o

Patrimônio Líquido (ROE), o Retorno sobre o Investimento apresentou-se alto no período analisado, porém, com uma grande queda que acena para problemas em relação à rentabilidade da empresa, quevem tendendo a decrescer e pode tornar o negócio não rentável.

2.1.4 índices de Rotatividade 

Estes quocientes, importantíssimos, representam a velocidade com que elementos patrimoniais derelevância se renovam durante determinado período de tempo. Por sua natureza têm resultadosnormalmente apresentados em dias, meses. A importância de tais quocientes consiste em expressar 

relacionamentos dinâmicos que acabam, direta ou indiretamente, influindo bastante na posição deliquidez e rentabilidade. Normalmente, tais quocientes envolvem itens do demonstrativo de posição(balanço) e do demonstrativo de resultados, simultaneamente.

a. Rotatividade do Estoque de Produtos Acabados

Fórmula:

(Custo dos Produtos Vendidos ÷ Estoque Médio de Produtos Acabados) 

Este quociente, muito divulgado, procura (mensurando pelo custo das vendas) representar quantasvezes se “renovou” o estoque por causa das vendas.

b. Prazo Médio de Recebimento de Contas a Receber

Fórmula:

(Contas a Receber Médio ÷ Vendas Médias) 

Este quociente indica quantos dias, semanas ou meses a empresa deverá esperar, em média, antes dereceber suas vendas a prazo.

c. Prazo Médio de Recebimento de Contas a Pagar

Fórmula:

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(Fornecedores (Médio) ÷ Compras Médias a Prazo) 

Este quociente indica da mesma forma que o indicador anterior, quanto tempo em média, a empresahonra seus compromissos junto aos fornecedores.

d. Quociente de Posicionamento Relativo 

Fórmula:

(Prazo Médio de Recebimento ÷ Prazo Médio de Pagamento) 

A empresa deveria fazer o possível para tornar este quociente inferior a um ou, pelo menos, ao redor deum, a fim de garantir uma posição neutra.

2.1.5 Cuidados no Manuseio dos Índices 

Uma vez calculados os índices, pode-se primeiro analisar cada índice individualmente, definindo seucomportamento (quanto maior à melhor ou quanto menor à melhor), depois, agrupá-los segundo suavisão (liquidez, estrutura de capital, rentabilidade) e tabular os valores encontrados para analisar ecomparar os resultados com outros períodos ou empresas do ramo.

A análise de empresas é um processo essencialmente comparativo e por isso, para um estudo mais

eficiente sobre o desempenho de uma empresa é importante que os indicadores sejam comparadoshistoricamente (com os obtidos em períodos anteriores), com os padrões estabelecidos pela gerência(metas estabelecidas pela empresa) e com índices de empresas do mesmo ramo e padrões do setor deatividade e da economia em geral.

A análise das relações entre custo, volume e lucro 

Também denominada análise do ponto de equilíbrio ou ponto de ruptura, é um instrumento de gestãofinanceira tipicamente de curto prazo, e utiliza projeções ou resultados obtidos dos lucros, custos,

receitas e volume de produção.Ponto de equilíbrio é a quantidade de produção e venda de bens ou serviços cujos custos e receitastotais são iguais. Nesse ponto há o equilíbrio, pois não há lucro nem prejuízo operacional.

Pode – se medir o ponto de equilíbrio em unidades ou reais de vendas. Seu cálculo pode ser efetuado algebricamente ou determinado graficamente. Abaixo do ponto de equilíbrio, a empresasofre um prejuízo; acima dele, o LAJIR é maior do que zero. Os pontos de equilíbrio sãosensíveis as mudanças em custos fixos, o preço de venda do produto e custos variáveis. À medida

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que os custos fixos crescem, o ponto de equilíbrio aumenta e vice-versa. Elevações no preço devenda unitário baixam o ponto de equilíbrio e vice-versa. À medida que o custo variável unitárioaumenta, o ponto de equilíbrio também se eleva e vice-versa. A análise do ponto de equilíbrio pode ser feita em base de caixa, deduzindo dos custos fixos quaisquer despesas que não exigemdesembolso, como a depreciação, e então, determina-se o ponto de equilíbrio. A análise do pontode equilíbrio apresenta inúmeras deficiências, sendo as principais: a suposição de linearidade, a

dificuldade de classificar custos conforme se exige, os problemas causados por situações de produtos múltiplos e sua natureza de curto prazo.

Ponto de equilíbrio operacional

X = _ CF_ 

PV – CV

onde: X = volume de vendas em unidades

PV = preço de vendas por unidade

CF = custo operacional fixo por período

CV = custo operacional variável por unidade

A alavancagem operacional está intimamente relacionada à análise do ponto de equilíbriooperacional. É definida como a capacidade da empresa usar custos fixos operacionais paraaumentar os efeitos de variações nas vendas sobre o LAJIR. Quanto maior for os custos fixosoperacionais, tanto maior sua alavancagem operacional. O grau de alavancagem operacional a umdado nível de vendas pode ser calculado de duas maneiras. À medida que os custos fixosoperacionais aumentam, o volume de vendas necessário para cobrir esses custos também aumenta(e vice-versa); por isso, o risco do negócio está diretamente relacionado ao seu grau dealavancagem operacional.

Medição do grau de alavancagem operacional (GAO)

GAO = variação porcentual no LAJIR__ 

Variação porcentual nas vendas

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A alavancagem financeira é definida como a capacidade da empresa usar custos financeiros fixos para maximizar os efeitos das variações no LAJIR sobre o LPA. Quanto maior for os seus custosfixos financeiros – geralmente juros e dividendos preferenciais – maior será a sua alavancagemfinanceira. O grau de alavancagem financeira a um dado nível de LAJIR pode ser calculado deduas formas. A alavancagem financeira pode ser visualizada graficamente e o nível de LAJIR necessário para cobrir todos os encargos financeiros fixos pode ser considerado um tipo de ponto

de equilíbrio financeiro. Quando vários planos de financiamento são traçados em gráficos deeixos LAJIR – LPA, os diferentes níveis de alavancagem financeira são refletidos nas inclinaçõesdos planos. Quanto mais pronunciada for a inclinação, maior será a alavancagem financeiracorrespondente a um dado plano de financiamento. Os maiores custos fixos financeirosacompanham a maior alavancagem financeira.

GAF = variação porcentual no LPA__ 

variação porcentual no LAJIR 

O risco associado à cobertura desses encargos financeiros é o risco financeiro da empresa.

A alavancagem combinada ou total da empresa é definida como a capacidade dela usar os custosfixos – tanto operacionais, quanto financeiros - para aumentar os efeitos de variações nas vendassobre o lucro por ação.

A alavancagem total reflete o efeito combinado da alavancagem operacional e financeira. O graude alavancagem combinada a um dado nível de vendas pode ser medido de duas maneiras. Eletambém pode ser obtido multiplicando-se o grau de alavancagem operacional pelo grau dealavancagem financeira. O risco total da empresa, o qual está associado a sua capacidade decobrir custos fixos operacionais e financeiros, aumenta com a maior alavancagem combinada evice-versa.

GAC = GAO x GAF

O termo alavancagem envolve um conceito importante bastante usado para descrever acapacidade que a empresa possui para usar ativos ou recursos com um custo fixo, a fim deaumentar os retornos de seus proprietários. Variações na alavancagem acarretam mudanças nonível do retorno e do risco associado. Risco neste contexto refere-se ao grau de incertezaassociado à capacidade de a empresa cumprir suas obrigações fixas de pagamento. Geralmente,quando se eleva a alavancagem, o resultado é um aumento no risco e retorno; reduções naalavancagem resultam em menor risco e retorno. A qualidade de alavancagem na estrutura deuma empresa pode afetar significativamente seu valor, afetando o risco e o retorno.

Formato geral e simplificado de uma demonstração do resultado 

Receita de vendas

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Menos: custo das mercadorias vendidas

Alavancagem Operacional Lucro bruto

Menos: despesas operacionais

Lucro antes de juros e imposto de renda (LAJIR)Menos: despesas de juros

Lucro antes do imposto de renda (LAIR)

Menos: provisão para imposto de renda

Alavancagem Financeira Lucro líquido do exercício

Menos: dividendos às ações preferenciais

Lucro disponível para acionistas comuns

MÓDULO 07 

ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA

1. ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA 

A administração de caixa é o segmento da Tesouraria responsável pelo gerenciamento dasdisponibilidades financeiras da empresa. Nos últimos anos, a administração de caixa tem desfrutado decrescente prestígio dentro e fora da empresa. Este fato é explicado pela importância cada vez maior das

informações sobre a liquidez da empresa.

Em muitas decisões da empresa, se torna necessário fazer uma distinção clara entre geração de caixa egeração de resultados. Para essas decisões, as informações referentes aos resultados, geradas naContabilidade, são insuficientes. É preciso saber qual o volume de dinheiro de que dispõe a empresa.Desse modo, conhecer apenas o valor do patrimônio da empresa informado pela Contabilidade não ésuficiente para a tomada de decisões. Uma informação mais dinâmica, como a reserva de dinheirodisponível na empresa, é extremamente importante.

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Atividades como a otimização das aplicações financeiras, programação e escolha dos recursosfinanceiros a serem captados e a gestão de custo e preços dependem de informações geradas pelaadministração de caixa para serem bem conduzidas.

Também em momentos de crise, a administração de caixa assume um papel crucial para os destinos daempresa. Tudo que ela faz ou deixa de fazer dependerá de sua posição de caixa.

A importância da administração de caixa também é sentida fora da empresa. Bancos, fornecedores eclientes utilizam informações sobre a situação de caixa das empresas com as quais transacionam.

A administração de caixa também foi valorizada pela disseminação das novas técnicas degerenciamento da produção, onde os processos de otimização utilizados conduzem à busca deeficiência na geração de caixa.

Alguns tópicos referentes á administração de caixa estão incluídos nos módulos anteriores, principalmente Contas a Pagar e Contas a Receber. Por exemplo, a negociação com clientes, bancos efornecedores, embora esteja relacionada com a administração de caixa, está apresentada nos módulos

anteriores por ter uma ligação mais específica com os temas neles apresentados.Procurou-se dar aos assuntos abordados um tratamento bastante objetivo. Por este motivo, alguns temasteóricos, freqüentemente encontrados no ensaio tradicional de administração financeira, mas sem maior aplicabilidades práticas, não foram incluídas.

1.1 Razões da Demanda de Moeda e Manutenção de Caixa 

A administração de caixa visa, fundamentalmente, manter uma liquidez imediata necessária para

suportar as atividades de uma empresa. Em um sentido teórico, por ser um investimento que não geraretorno operacional nenhum para a empresa e ainda tem um custo de manutenção, o saldo de caixaideal deveria ser nulo. Porém, essa posição extremada é inviável na prática, pois a empresa necessitamanter uma valor mínimo de caixa para ter uma segurança quanto a incerteza que ocorre a cerca dosfluxos de pagamento e recebimento.

As razões ligadas a necessidade de manutenção de caixa estão intimamente ligadas as razões da procura de moeda, e, quanto a este assunto, o econômicas J. KEYNES[1] identificou três motivos quelevam as entidades (empresas ou pessoas) a manterem dinheiro em caixa:

1. Motivo Negócio: necessidade que a empresa apresenta de manter dinheiro em caixa para pagamento das operações normais da empresa. Em um ciclo de caixa (período entre o primeiro pagamento das contas e recebimento das vendas), normalmente existem momentos em que há anecessidade de reservas monetárias. Na verdade, a falta de sincronização entre os momentos deentradas e saída de caixa é que determina a demanda por caixa nas empresas;

2. Motivo Precaução: é comum ocorrerem certas despesas ou desembolsos que estavamimprevistos no fluxo de entrada e saída de recursos, e, quanto maior forem as reservasfinanceiras para enfrentar essas dificuldades, maior a margem de segurança da empresa. É umasegurança para a variação negativa entre o orçado e o realizado de caixa;

3. Motivo Especulação: refere-se ao aproveitamento de oportunidades com itens não monetários,como a compra de estoques ou máquinas, imóveis ou outros bens que estejam com preços

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interessantes e que a empresa acredite na valorização desses bens, aproveitamento esse quedemanda de desembolsos de caixa.

2. CONCEITOS BÁSICOS EM ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA 

A administração de caixa está baseada em alguns conceitos financeiros. Estes conceitos sãoreconhecidamente úteis para subsidiar a tomada de decisões no âmbito da administração de caixa.

2.1 Ciclo de caixa 

É o período compreendido entre a data de pagamento das compras e a data de recebimento das vendas.

Sob um enfoque mais abrangente, o ciclo de caixa pode ser definido como o intervalo entre a saída e aentrada dos recursos financeiros na caixa da empresa. Ë o período em que a empresa terá anecessidade de recursos em dinheiro, ou seja, caixa. 

Como as compras e as vendas da empresa acontecem em diversas datas, para fins de determinação dociclo de caixa consideramos seus prazos médios de pagamento e recebimento.

 Na determinação do ciclo de caixa, consideramos que os eventos envolvidos ocorrem na seguinteseqüência:

- compras

- fabricação

- vendas

O ciclo de caixa tem significativa influência sobre a administração de caixa da empresa, já que afetadecisões de estoque, capital de giro, financiamento, etc.

2.1.1 Representação algébrica do ciclo de caixa 

Sejam:

PMP = prazo médio de pagamento das compras

PMF = prazo médio de fabricação (industria) ou estocagem (comércio)

PMR = prazo médio de recebimento das vendas

CICX = ciclo de caixa

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Admitindo-se que a empresa efetua a venda imediatamente após a fabricação começa imediatamenteapós a compra, o ciclo de caixa é dado pela seguinte relação:

CICX = PMF + PMR – PMP 

Exemplo:

A empresa ALFA apresenta os seguintes parâmetros:

• Prazo médio de fabricação (PMF) = 60 dias• Prazo médio de pagamento (PMP)= 30 dias

• Prazo médio de recebimento (PMR)= 60 dias

Calculando o ciclo de caixa, temos:

CICX = PMF + PMR - PMP

CICX = 60 + 60 – 30

CICX= 90

Esse ciclo de caixa significa que a empresa Alfa necessitará de recursos financeiros por 90 dias.

2.1.2Representação gráfica do ciclo de caixa 

Utilizando os dados de PMF, PMP e PMR da empresa ALFA, temos a seguinte representação gráficado seu ciclo de caixa na Figura 4.1 abaixo:

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Figura 4.1: Ciclo de Caixa Graficamente

É possível perceber a partir da figura 4.1 que a duração do ciclo de caixa é menor que a do ciclooperacional exatamente no tempo do prazo concedido pelos fornecedores (PMP). Neste caso, asnecessidades de financiamento da empresa ocorrem desde o pagamento das compras até o recebimentodas vendas.

2.2 Giro de caixa 

É o número de vezes em que o caixa operacional gira ou é renovado durante um período, normalmenteum ano.

Dado que:

GICX = giro de caixa

CICX = ciclo de caixa;

Período: 01 anos ou 360 dias.

Temos:

GICX = 360 ÷ CICX Exemplo: Calcular o giro de caixa da empresa ALFA.

Como o ciclo de caixa dessa empresa é de 90 dias, o giro de caixa será:

GICX = 360 : 90

GICX = 4.

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O Giro de Caixa de Cia Alfa é de 4 vezes, ou seja, os recursos alocados ao disponível revezam-se 4vezes no período anual.

2.2.1 Representação gráfica do giro de caixa 

Considerando que o ciclo de caixa da empresa ALFA é de 90 dias, temos a seguinte representação

gráfica do giro de caixa na Figura 4.2:

Figura 4.2: Giro de Caixa 

2.3 Caixa Mínima Operacional  

Ouve-se muitas vezes dizer que determinada empresa costuma manter em caixa 10 dias de desembolsosfinanceiros fixos mensais, determinando desse valor o mínimo de caixa operacional. Apesar de estar   baseado na própria experiência da empresa, esse valor é uma estimativa subjetiva, que leva emconsideração apenas o motivo negócio, não avaliando os motivos  precaução e especulação (já vistos

no tópico 1.1 deste módulo). Além disso, entradas e saídas oriundas de decisões de investimento nãocostumam ser regulares (são esporádicos e irregulares) mas devem integrar a necessidade mínima decaixa.

O Caixa Mínimo Operacional é o menor valor de caixa (caixa pequeno, depósito bancário à vista eaplicações financeiras de alta liquidez) necessário à operação da empresa, considerando umdeterminado volume anual de vendas.

Do ponto de vista financeiro, é recomendável que as organizações procurem trabalhar com a menor caixa mínima operacional possível. A principal razão para isso é que a manutenção de uma caixamínima operacional tem um custo financeiro.

Embora seja difícil quantificar, o custo financeiro de manutenção da caixa mínima operacional decorredo fato de que os retornos das aplicações financeiras de curto prazo são menores do que os retornos dosativos permanentes da empresa. Isso posto, quanto menor for a caixa mínima operacional, maior será arentabilidade da empresa.

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2.3.1 Representação algébrica da caixa mínima operacional 

O valor da caixa mínima operacional é igual ao valor dos desembolsos anuais dividido pelo giro decaixa.

Dado que:

DA = desembolsos anuais

CXMO = caixa mínima operacional

GICX = giro de caixa

A caixa mínima operacional é expressa através da seguinte relação:

CXMO = DA ÷ GICX 

Exemplo:Supondo-se que a empresa ALFA tenha desembolsos de caixa de R$ 8.000.000,00 por ano, e como seugiro de caixa é 4, sua caixa mínima operacional será:

CXMO = DA ÷ GICX

CXMO =8.000.000,00÷4 = 2.000.000,00

A Cia Alfa deve investir $2.000.000 no seu “caixa” no inicio do período para ter condições financeirassuficientes para saldar todos seus compromissos operacionais, não havendo necessidades de captações

de recursos ao longo do período.É importante ressaltar que esse tipo de método de levantamento do Caixa Mínimo Operacional não levaem consideração:

• A sazonalidade do negócio, que pode evitar a necessidade de manter todo esse valor por todo o período;

• As geração de lucro ao longo do período, que pode reduzir a necessidade de caixa;• A variável incerteza e riscos associados aos fluxos de entrada e saída não entram no modelo;• Os efeitos inflacionários.

Para evitar esses problemas, os procedimentos a se tomar são os seguintes:

• Trabalhar com horizontes de tempos mais curtos na fixação do saldo mínimo de caixa, ligandoesses horizontes a sazonalidade da empresa;

• Trabalhar com moeda constante, ou seja, levantar o caixa mínimo em US$, por exemplo.

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3. FLUXO DE CAIXA 

O fluxo de caixa é um relatório financeiro onde constam a previsão das entradas e saídas de dinheiro nacaixa da empresa em determinados intervalos de tempo (dia, semana ou mês) e num determinado

 prazo(semana, mês, ano, etc.)O fluxo de caixa é o único instrumento capaz de projetar os reais valores de disponibilidade financeirada empresa e ainda apresentá-los em intervalos tão pequenos como um dia. Os demonstrativoscontábeis não desempenham esta função, pois destinam-se a mostrar a evolução da situação patrimonialda empresa e sua geração de resultados num determinado período. Além disso, os resultadosapresentados não representam valores efetivos de caixa.

3.1 Objetivos do fluxo de caixa 

As informações geradas pelo fluxo de caixa podem ser utilizadas com diversos objetivos.

 Nas organizações menores, o fluxo de caixa costuma ser utilizado apenas para avaliar a capacidade de pagamento dos compromissos financeiros. O prazo abrangido é geralmente curto, de uma semana a ummês.

À medida que a atividade de planejamento e controle financeiro na empresa se torna mais complexa,como ocorre nas grandes organizações, aumentam as utilidades do fluxo de caixa.

As principais utilizações do fluxo de caixa em uma grande organização são as seguintes:

1.  Projetar a liquidez da empresa: o objetivo fundamental do fluxo de caixa é projetar a situação

financeira da empresa, informando as sobras ou insuficiências de caixa.2.  Fazer a distinção entre geração de lucro e geração de caixa.: o valor da geração de lucros numaempresa é diferente do valor da geração de caixa. É importante fazer a distinção entre os dois parâmetros porque algumas decisões são tomadas com base na posição de caixa enquanto outras sãoorientadas pelos resultados. Podemos ter o caso onde a contabilidade apresenta um valor de lucro maior do que o valor do dinheiro mostrado no fluxo de caixa. Isso por que o lucro apurado ainda não édinheiro, mas apenas um valor escritural baseado no regime de competência. Também pode ocorrer asituação inversa, onde o lucro apurado tem um valor menor que aquele apresentado no fluxo de caixa.Isto acontece com empresas bem capacitadas pois parte do dinheiro existente em caixa não é lucro jáque representa uma reserva para manutenção do capital de giro. O fluxo de caixa permite acompanhar a efetiva geração de caixa ocorrida na empresa que, como mostrado, é diferente da geração de lucros.Isto permite que as decisões financeiras sejam tomadas com acerto.

3. Otimizar o rendimento dos recursos financeiros ocioso: a rentabilidade das aplicações financeirascresce à medida que o prazo de aplicação é ampliado. Entretanto, é preciso que o prazo dedisponibilidade do dinheiro a ser aplicado esteja bem estimado para que a empresa não incorra em perdas. Essa estimativa é fornecida pelo fluxo de caixa da empresa. Por exemplo, se uma empresa sabeque terá dinheiro ocioso durante 30 dias, deverá aplicá-lo num ativo financeiro com esse prazo deresgate e não num ativo financeiro com liquidez diária. Porém, se a estimativa de prazo da ociosidadedo dinheiro estiver errada, a empresa arcará com perdas financeiras. Se a empresa precisar do dinheiro

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antes do prazo previsto, precisará fazer um resgate antecipado, com perda da rentabilidade. Caso venhaa precisar do dinheiro depois do prazo previsto, também perderá, pois teria deixado de aplicar numativo financeiro de maturidade mais longa, onde obteria uma taxa de juros mais elevada;

4.  Programar a captação de recursos financeiros: suponhamos que uma empresa utiliza capital deterceiros, sob a forma de empréstimos ou financiamentos de curto prazo, para fazer face a eventuais

deficits de caixa. Uma vez que a contratação dessas linhas de crédito demanda algum tempo para finsde negociação e implementação, a empresa precisa estimar com antecedência, quanto e por que prazoirá necessitar do capital de terceiros. Essa informação também é fornecida pelo fluxo de caixa;

5.  Avaliar o impacto financeiro de variações de custos e preços: quando os custos ou preços daempresa estão variando, além de afetar os resultados financeiros, também influenciam a situação decaixa. Se a empresa estiver com problemas financeiros, as alterações de caixa, em decorrência devariações de custos ou preços podem ter muita influência sobre eles. Nesse caso, o fluxo permite que seconheça com antecedência as dificuldades financeiras que a empresa irá enfrentar.

3.2 Elaboração do Fluxo de Caixa 

Para elaborar é necessário observar as seguintes etapas:

• Definir as informações a serem geradas pelo fluxo;• Definir o intervalo e prazo do fluxo;• Montar o fluxo de dados e informações que irá alimentar o fluxo de caixa;• Estabelecer os procedimentos operacionais com os outros setores que enviarão informações

 para o fluxo de caixa;• Criar uma sistemática para reduzir as incertezas das projeções utilizadas.

3.3 Identidade Fundamental do Fluxo de Caixa 

O fluxo de caixa visa refletir a movimentação de dinheiro na empresa, mostrando o estoque inicial, asentradas e o saldo final de dinheiro, que é a informação mais importante. Existe uma relação algébricaentre as parcelas que compõem o fluxo de caixa. Ela é denominada identidade fundamental do fluxo decaixa.A relação entre os elementos da identidade fundamental é a seguinte:

Saldo inicial de caixa + entradas de caixa – saídas de caixa = saldo final de caixa  

Descrição dos elementos da identidade fundamental: 

1.Saldo inicial de caixa: o saldo inicial de caixa correspondente ao saldo final de caixa do períodoanterior;

2. Entradas de caixa: as entradas de caixa aumentam o estoque de dinheiro na caixa;

3. Saídas de caixa: as saídas de caixa reduzem o estoque de dinheiro no caixa.;

4. Saldo final de caixa: corresponde ao saldo inicial, mais as entradas e menos as saídas de caixa.

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3.4 Modelos de fluxo de caixa 

Existem dois modelos básicos de fluxo de caixa:

1.  Fluxo de Caixa Simplificado: as entradas e saídas de caixa são reunidas em itens genéricos como objetivo de obtenção do saldo de caixa final;

2.  Fluxo de Caixa Detalhado: em determinados casos, a empresa precisa ter em seu fluxo de caixamais informações do que apenas o saldo periódico de caixa. Dessa forma, é necessário abrir ositens de entradas e saídas de caixa com maior detalhamento possível. Quando utiliza um fluxode caixa detalhado, a empresa tem um melhor controle sobre a qualidade das projeçõesutilizadas no fluxo.

MODELO: FLUXO DE CAIXA SIMPLIFICADO 

MODELO: FLUXO DE CAIXA DETALHADO 

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3.5 Periodicidade e extensão do fluxo de caixa 

As informações contidas num fluxo de caixa se referem a uma determinada unidade de tempo e cobremum determinado prazo. As definições dessas duas características dependem do uso a ser dado ao fluxode caixa.

Teoricamente, a unidade e o prazo podem se combinar de diversas maneiras. Entretanto, na prática, onúmero de combinações é mais reduzido.

Unidade de Tempo  Prazo Dia Semana, quinzena ou Mês

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Mês Trimestre, Semestre ou AnoO fluxo de caixa com prazo de até um mês utiliza valores correntes nas projeções. Quando o prazo dofluxo de caixa é maior do que um mês, os valores são apresentados em moeda referente à data atual. Nesse caso, apenas as eventuais variações de valores em moeda constante são incluídas no fluxo decaixa.

3.6 Fluxo de informações no fluxo de caixa As informações usadas no fluxo de caixa são obtidas a partir dos principais sistemas informatizadosexistentes na empresa. Estes podem conter apenas os dados previstos de entradas e saídas de caixa(por exemplo, vendas já colocadas e compras já contratadas), como também fornecer projeções a seremutilizadas pelo fluxo de caixa.

Quando os sistemas informatizados não produzem projeções ou as efetuam fora das especificaçõesutilizadas pelo fluxo de caixa, a própria tesouraria deverá efetuá-las.

3.7 Sistemas de informações no fluxo de caixa 

O fluxo de caixa pode ser visto como um grande sistema de informações financeiras, alimentado por diversos outros sistemas da empresa (vendas, compras, contratos, pessoal, etc). Desse modo, as fontes básicas de informação para o fluxo de caixa são os diversos sistemas existentes na empresa.

Os diversos dados de entradas e saídas de caixa originam-se das diversas áreas da empresa e fluem parao fluxo de caixa através de sistemas de informação ou relatórios impressos.

O desejável seria que o fluxo de caixa tivesse uma interface com os sistemas informatizados que lheenviam dados. Assim, o processo de recebimento das informações seria automático.

Mesmo quando a interligação existe, as informações geradas pelos diversos sistemas da empresa nemsempre estão no formato de que necessita o fluxo de caixa. Este aspecto é mais evidente quando se tratadas projeções de entradas e saídas de caixa. A maioria dos sistemas de informação, não contém as projeções de valores no formato utilizado pelo fluxo de caixa.

 Na maioria das vezes, a administração de caixa precisa fazer suas próprias projeções com base nasinformações já existentes ou nos dados verificados no passado. Em muitas empresas, apenas as projeções de vendas e pagamentos a fornecedores costumam se aproximar do perfil utilizado pelo fluxode caixa.

MÓDULO 08 

ADMINISTRAÇÃO DO CONTAS A PAGAR 

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1. Introdução 

Em sentido amplo, a meta do Contas a Pagar é efetuar os pagamentos da empresa com rapidez econfiabilidade, ao menor custo possível. A eficácia do contas a pagar depende da sua forma de

organização, dos recursos humanos disponíveis e dos recursos materiais empregados.De modo geral, as atividades do Contas a Pagar podem ser racionalizadas com resultadosimpressionantes. O desenvolvimento da informática e das telecomunicações tem sido o principalresponsável pelos grandes processos de mudança observados no contas a pagar. O exemplo maisdramático foi registrado na Ford Motor Company, onde o número de empregados do Contas a Pagar,até então considerado como satisfatório, foi reduzido de mais de 500 para apenas 80.

Entretanto, a tecnologia de informática ainda não é uma realidade em todas as empresas. Algumasdelas, principalmente as pequenas empresas, ainda julgam que é economicamente justificável que parteou todo o trabalho do Contas a Pagar não esteja informatizado. A economia decorre do uso intensivo de

mão de obra barata em processos de pagamento relativamente simples e sem grandes exigências dequalidade e rapidez. Porém, essa economia tende a ser superada pela crescente redução de custosdecorrente do uso da teleinformática.

Também deve ser destacada a importância da cultura da empresa sobre o processo de organização doContas a Pagar. As três variáveis críticas do Contas a Pagar: Qualidade, Rapidez e Custo, precisammanter uma relação harmoniosa. A experiência tem demonstrado que a ênfase em apenas uma das trêsvariáveis não é a melhor decisão.

Por exemplo, a obtenção de segurança total no processo de pagamento às custas de uma demoraexcessiva na sua execução ou de um custo elevado é indesejável.

Desse modo, podemos dizer que a administração do Contas a Pagar deve buscar a melhor combinaçãode qualidade, rapidez e custo na realização de pagamentos. Isto precisa ser feito em sintonia com asestratégias estabelecidas para a empresa como um todo.

1.1 Organização do Contas a Pagar 

A forma de organização mais freqüente do Contas a Pagar é aquela onde constam uma área de processamento de pagamentos e outra de controle. Por sua vez, cada uma dessas áreas se subdivide emoutras duas. O processamento de pagamentos abrange aprovação e execução, e o controle se compõe deanálise e registro.

O organograma seguinte ilustra essa forma de organização.

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Figura 3.1: Organograma da Área de Contas a Pagar 

As atribuições de cada uma das áreas constantes do organograma são:

Área de processamento de pagamentos.

A área de processamento de pagamentos tem como função básica aprovar e executar os diversos pagamentos da organização. Tradicionalmente é a área forte do Contas a Pagar, já que em todaorganização a ênfase costuma ser colocada nas atividades de execução.

Área de controle de pagamentos

A atividade de controle do Contas a Pagar tem por objetivo analisar e registrar os pagamentosexecutados. O registro do Contas a Pagar existe em todas as organizações, independentemente dotamanho. Erroneamente, em algumas organizações, o controle tende a ser considerado supérfluo. Emempresas pequenas e médias, o controle inadequado dos pagamentos efetuados pode ser fatal atémesmo para sua sobrevivência. Numa grande organização, acarreta perdas financeiras não detectadas.

1.2 Processamento de Pagamentos 

A seção de processamento de pagamentos está relacionada com a aprovação, provisão e registro dosvalores a pagar ou compromissos financeiros da empresa. Todos procedimentos relacionados a seçãode processamento de pagamentos diz respeito ao período pré-pagamento.

 Na realidade, o Contas a Pagar se relaciona com todas as áreas da empresa, recebendo e transmitindoinformações, ou seja, atuando como cliente ou fornecedor interno da empresa.

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São determinados fornecedores do Contas a Pagar:

• Compras: geram as Ordens ou Pedidos de Compra que deverão ser autorizados e provisionados pela área financeira;

• Recursos Humanos: geração de provisonamentos ou apuração de valores a pagar para osrecursos humanos consumidos pela empresa;

• Contratos: emissão de contratos de contratos para aquisição de imobilizados ou mesmomercadorias que representem um alto investimento e muitas parcelas de pagamento;• Outros: quaisquer outras áreas que venham a gerar compromissos de pagamento.

São determinados clientes do Contas a Pagar:

• Caixa: recebe provisões do Contas a Pagar para elaboração do Fluxo de Caixa projetado;• Orçamento: geração de valores a pagar por divisão, departamento ou área causadora, servindo

de base para o controle orçamentário da empresa;• Contabilidade: tanto a geração quanto a quitação de valores a pagar geram movimentações no

 patrimônio da empresa, devendo então ser registradas na contabilidade;• Custos: muitos dos custos estruturais (fixos) das organizações, pela sua característica não

estocável, são gerados a partir do Contas a pagar. Exemplo: aluguel, energia, água, etc.

Dentre os clientes do Contas a Pagar, cabe ressalvas quanto as áreas de Orçamento e Caixa. Normalmente o Contas a Pagar gera projeções de desembolsos de recursos financeiros para ofluxo de caixa e, a partir dos pagamentos efetuados, alimenta o sistema de controleorçamentário. Em períodos de situação financeira difícil, a administração de caixa ou doorçamento pode enviar informações ao Contas a Pagar, limitando ou restringindo os pagamentos já programados, dessa forma, as duas áreas atuam como fornecedores e clientes daárea de Contas a Pagar.

Através da figura 3.2 abaixo podem ser visualizados o relacionamentos típicos do Contas aPagar:

Figura 3.2: Relacionamentos do Contas a Pagar 

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1.2.1 Aprovação dos Pagamentos 

Os pagamentos têm dois estágios de aprovação, estágios estes que pode ser realizados no momento danegociação ou compra do produto/serviço ou no momento do recebimento dos mesmos:

a) Aprovação técnica e/ou contratual: é a confirmação, pela área responsável pela contratação, do

recebimento da compra ou da prestação do serviço e da conformidade do recebimento com o que foinegociado;

 b) Aprovação Orçamentária / Financeira: é a autorização para a provisão e a futura movimentaçãofinanceira (emissão de cheque, transferência bancária, etc.) para a cobertura do pagamento. Emsituações especiais (pagamentos de juros de mora, multas, etc.) a aprovação financeira é precedida deuma a provação especial obtida num nível hierárquico superior. Caso exista um sistema orçamentáriona empresa, é necessário que o compromisso financeiro seja avaliado quanto a sua conformidade com averba orçamentária definida para área que se comprometeu com essa aquisição de produto ou serviço.

Alguns pagamentos necessitam de cálculos financeiros prévios, mesmo quando liquidados na data

normal de seu vencimento. Esses cálculos devem ser feitos na área de processamento de pagamentos,de modo a obter-se mais agilidade no processo.

Em qualquer alternativa adotada pela empresa para a realização dos cálculos financeiros no processo de pagamento, é fundamental que haja pessoal habilitado e em quantidade suficiente. Jamais deve-se permitir a concentração desses cálculos em uma única pessoa. Além disso, é de todo recomendável quehaja um processo de conferência desses cálculos por outras pessoas.

Quando o volume de cálculos financeiros é grande e relativamente padronizado, pode ser conveniente ouso de softwares específicos para automatização dos cálculos.

1.2.2 Execução ou Emissão do Contas a Pagar 

A emissão do Contas a Pagar diz respeito a todo o trabalho necessário para a emissão dos documentono sistema do contas a pagar, seja este sistema informatizado ou não. O registro do compromissofinanceiro somente pode ser realizado após a sua aprovação técnica e financeira e deve conter asseguintes informações:

• Valores totais a pagar;•  Número de parcelas a pagar;• Valor e vencimentos das parcelas;• Taxas e multas por atraso de pagamento;

• Área geradora do compromisso financeiro (normalmente conhecida como Centro de Custo);• Conta Contábil referente a natureza do compromisso pactuado (Exemplo: fretes sobre compras,

salários, etc.).

A importância do procedimento de execução do Contas a Pagar está não somente para suafutura utilização no controle e quitação do documento mas também para a geração deinformações para outras áreas da empresa.

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1.3 Controle de Pagamentos 

A seção de Controle do Contas a Pagar diz respeito a todo período após a realização da dívida ouobrigação, ou seja, todos o procedimentos relacionados ou com a finalidade de efetivar o pagamento dotítulo.

Dessa forma, próximo ao prazo de liquidação de um título a pagar deve ser analisada a forma e a fontede pagamento a ser utilizada, procedimento entendido como análise do Contas a Pagar,e, após aliquidação do título, deve-se registrar a transação efetuada.

1.3.1 Análise do Contas a Pagar 

Os pagamentos a fornecedores e prestadores de serviço representam a parcela mais significativa docontas a Pagar.

A forma de realização desses pagamentos depende do porte da empresa, poder de barganha junto afornecedores e prestadores de serviços, filosofia administrativa e do processo de cobrança usado pelos

fornecedores e prestadores de serviço. De forma geral, os pagamentos podem ser realizados de duasformas distintas:

 A) Pagamento em Tesouraria 

Algumas empresas efetuam o pagamento a fornecedores e prestadores de serviços na própria tesouraria.Os favorecidos se apresentam na empresa, na data da liquidação do seu crédito, e recebem o cheque oudinheiro correspondente.

Freqüentemente, o pagamento em tesouraria não atende aos interesses do favorecido. É o caso típico daempresa que tem um grande poder de barganha junto a seus fornecedores e prestadores de serviço e,

 por isso, pode adotar um processo conservador para pagamento de suas obrigações junto a terceiros.Vantagens dos pagamentos em tesouraria: 

• Permite a generalização dos pagamentos: os pagamentos realizados em tesouraria atendem aqualquer favorecido e, portanto, mesmo aqueles que não possuem conta bancária;

• Dá mais agilidade ao processo de pagamento: sendo realizado na própria tesouraria, um pagamento pode ser efetuado a qualquer momento;

• Permite o aproveitamento do float dos cheques emitidos: está comprovado estatisticamente queuma parcela dos cheques emitidos não é depositado de imediato pelos favorecidos, ou seja, é possível beneficiar-se com o float decorrente dos cheques que são depositados com atraso.

 Desvantagens dos pagamentos em tesouraria: 

• Possível insatisfação dos fornecedores e prestadores de serviços: quando, por imposição daempresa compradora ou contratante, um fornecedor ou prestador de serviços tem que sedeslocar até a empresa para receber seu crédito é natural que fique insatisfeito. Em geral, elesdesejam receber os créditos em conta-corrente.

• Sobrecarga no processamento do pagamento: a realização dos pagamentos na tesouraria, exigeo adequado dimensionamento da estrutura encarregada do seu processamento. Quando isto não

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acontece, verifica-se uma sobrecarga de trabalho com reflexos indesejáveis em diversas áreasda empresa.

 Balanço de vantagens e desvantagens 

Apesar de algumas vantagens operacionais e econômicas, a liquidação generalizada das obrigações

financeiras na própria empresa, pode ser factível apenas para pequenas e médias empresas. Para umaempresa de grande porte, com uma multiplicidade de fornecedores e prestadores de serviços, o usoexclusivo dessa modalidade de pagamento é, geralmente, inviável. Nesse caso, o pagamento emtesouraria é utilizado em escala reduzida, como uma alternativa secundária de pagamento.

 B) Pagamento em Bancos 

 Na maioria das empresas a liquidação dos compromissos financeiros é efetuada basicamente através dosistema bancário. Duas modalidades de liquidação são utilizadas:

a.  Liquidação financeira comum: através da liquidação financeira comum, os fornecedores ou

 prestadores de serviços emitem um documento de cobrança contra seu, usando seu própriosistema de cobrança. Na data de vencimento, a empresa que adquiriu os bens ou contratou osserviços efetua os pagamentos desses documentos de cobrança na rede bancária. O crédito aosfornecedores ou prestadores de serviço é realizado através do sistema de compensação.

 b.  Liquidação financeira através de transferência bancária: outra modalidade de liquidação éaquela onde os fornecedores e prestadores de serviço não precisam emitir documentos decobrança bancária para recebimento do crédito. A empresa compradora ou contratante tem umaconta específica em seu banco pagador para efetuar os pagamentos a seus fornecedores e prestadores de serviço. As informações de pagamento podem ser colocadas numa listagem ougeradas em meio magnético (fita, disquete,etc.) e enviadas ao banco.

1.3.2 Registro do Contas a Pagar 

Após o cumprimento das etapas anteriores, ocorre a execução do pagamento que consiste naemissão do cheque, DOC, ordem de pagamento ou depósito em conta corrente. Uma cópiadesses documentos é acrescentada ao processo de pagamento que é enviado para registro econtrole.

O registro deve conter as seguintes informações:

Data da quitação da parcela ou título;• Forma de pagamento; cheque, dinheiro, DOC, etc;• Banco onde foi realizada a transação;• Documento e fornecedor que foi baixado;•  Número do documento de pagamento. Exemplo: número do cheque, DOC, etc.

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Caso a empresa seja optante pelo pagamento em cheque, embora o processo de emissão de cheques possa variar entre as empresas, em linhas gerais, a ele se aplicam as seguintes recomendações:

1. Sempre que possível, emitir os cheques com antecedência de pelo menos um dia.

2. Emitir os cheques com uma cópia para fins de controle;3. Juntar aos cheques encaminhados para a assinatura o respectivo documento de autorização;4.  Não emitir cheques ao portador, independentemente do valor.

1.4 Controle do Processo de Contas a Pagar 

O controle do processo de pagamento se destina a prevenir e detectar erros ou fraudes e, assim, é umadas atividades mais importantes da Tesouraria. As principais medidas de controle do processo de pagamento são as seguintes:

a. Dupla assinatura nos documentos de pagamento

O procedimento de segurança mais comum na liquidação de contas a pagar, bem como namovimentação de recursos financeiros em geral, é a utilização da dupla assinatura em cheques e outrosdocumentos capazes de liberar numerário.A dupla assinatura instituiu um procedimento natural decontraposição de interesses já que duas pessoas são solidariamente responsáveis pelo numerárioliberado.

 b. Conciliação bancária

Destina-se a conferir os lançamentos efetuados pelos bancos na conta-corrente da empresa. Assim, é possível constatar se os cheques emitidos foram debitados exatamente pelo banco. É importante que aconciliação bancária seja feita sem atrasos, permitindo que eventuais erros sejam detectados em tempo.

c. Verificação de procedimentos operacionais

Esta medida visa assegurar o cumprimento das normas e orientações da empresa para a área de Contasa Pagar. A atividade deve ser executada por uma área fora do Contas a Pagar, tal como a auditoriainterna ou uma seção de inspeção financeira.

d. Verificação das negociações efetuadas com fornecedores e prestadores de serviços

O objetivo desse controle é confirmar a economicidade, para a empresa das negociações envolvendofornecedores e prestadores de serviços. Este procedimento se torna imprescindível quando essasnegociações são conduzidas de forma descentralizada e, portanto envolvem um número maior de pessoas.

e. Separações de funções

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As tarefas básicas do processo de pagamento (autorização de compra, certificação de recebimento,autorização para pagamento e liquidação financeira) não devem ser executadas por uma mesma pessoa,visando obter-se maior segurança e controle do processo de pagamento como um todo. Se mais pessoasestão envolvidas com o processo de pagamento, torna-se mais difícil a ocorrência de erros ou fraudes.Mesmo numa grande empresa, a concentração de funções é encontrada dependendo de como sejaexecutado o processo de pagamento. O desejável é que o processo de pagamento seja desmembrado,

mas sem acarretar a perda de agilidade.f. Revezamento de funções

Além de separar as funções no processo de pagamento, a empresa também deve promover orevezamento dos empregados pelas funções.

Por exemplo, não é recomendável que uma mesma pessoa permaneça anos e anos atestando as faturasde fornecedores. Com o rodízio de pessoas pelas funções, torna-se mais difícil a ocorrência de erros efraudes.

g. Utilização de Auditoria InternaA Auditoria Interna é um eficaz instrumento de controle financeiro, e como tal pode prestar umagrande contribuição para detectar erros, fraudes e práticas financeiras inadequadas. Embora atue a posteriori, a Auditoria Interna, devidamente apoiada pela cúpula da empresa, e com o auxílio de outrosinstrumentos de controle, tem um alcance muito amplo em termos de controles financeiros.

3.5 Decisões de Antecipação de Compras 

Sempre que há a previsão de elevação nos preços de insumos básicos para uma determinada empresa,surge a grande tentação de efetuar compras estratégicas ou antecipar as compras aumentando o volumede estocagem. Esse opção se lastreia no fato de a empresa obter ganhos adicionais ou como maneia de proteger a substancia econômica do capital aplicado, ou seja, buscar reduzir os efeitos do aumento dos preços por um determinado período.

Para esses casos, pode-se utilizar um critério simplista de decisão que propõe mensurar em quantotempo o beneficio da compra antecipado seria consumido pelo custo do dinheiro seguindo a fórmula do juros compostos, buscando encontrar o n: 

FV = PV x (1 + i)n 

Exemplo:

Caso uma empresa, sabendo que o valor de uma matéria-prima vai aumentar 8%, resolva antecipar R$100.000 em compras dessa matéria-prima captando recursos no mercado financeiro com uma taxa de2,6% ao mês. Em quanto tempo a empresa precisará vender esse estoque excedente para não perder com a antecipação de compras?

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PV = $100.000;

FV = $108.000 (100.000 x 1,08);

i = 2,6%

n = ???Então temos:

FV = PV x (1 + i)n .... à 108.000 = 100.000 x (1 + 0,026)n 

Pela Calculadora Financeira HP 12C®: 

100.000 à PV;

108.000 (CHS) à FV;

2,6 à i;

à n = 3 

Ou seja, o prazo de antecipação de compras em relação as vendas nunca poderá ser superior a trêsmeses. Se o consumo for inferior a esse limite, a antecipação de compra será benéfica a empresa, casocontrário, é inviável economicamente comprar agora.

É importante lembrar que o caso em questão parte dos seguintes princípios:

• Compra a vista: caso seja uma compra a prazo, deve-se somar a data limite, o prazo médio dofornecedor;• Venda a vista: seja uma compra a prazo, deve-se subtrair a data limite, o prazo médio de

faturamento;• Prazo de estocagem: parte-se do principio que o estoque será recebido e então utilizado, caso

ocorra uma estocagem do produto, o seu prazo médio deve ser subtraído da data limite.

PMA = PA + PMC – PMF – PME

Onde,

PMA = Prazo máximo de antecipação de Compra;

PA = Prazo de Antecipação simples;

PMC = Prazo Médio de Compras;

PMF = Prazo Médio de Faturamento;

PME = Prazo Médio de Estocagem.

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 No caso do exemplo acima, o prazo da compra é de 30 dias, o prazo médio das vendas é de 45dias e prazo de estocagem é de 15 dias, então:

PA = 3 meses ou 90 dias;

PMC = 30 dias;

PMF = 45 dias;

PME = 15 dias.

Dessa forma:

PMA = 90 + 30 - 45 - 15 à 60 dias ou dois meses. 

3.6 Investimentos em Estoques como Forma de Redução dos Custos de Produção Outra atração em relação a maiores aplicações financeiras em estoques referem-se aoincremento do nível de produção como forma de baratear o custo unitário dos produtosacabados. Essas diminuições dos custos são explicadas em razão da possibilidade de introduzir uma economia de escala no planejamento da produção, ou seja, os custos e despesas fixos,inalteráveis por definição as variáveis nos volumes de atividade, decrescem por unidadeadicional produzida. Ou seja, de maneira geral, uma elevação no volume de estocagem seráinteressante financeiramente se os custos para investimentos no estoque sejam inferiores aredução nos custos provenientes da economia de escala.

Exemplo: Caso seja feito um investimento de $200.000 a partir de uma captação de recursoscom custos de 2,5% ao mês e esse investimento permita a empresa reduzir o custo do seu  produto totais unitários de $64.000 para $56.000, pode-se afirmar que esse investimento éinteressante financeiramente?

Ou seja, o investimento será interessante, ocasionando um ganho de R$3.000. Caso o custofinanceiro fosse de 4%, o investimento seria indiferente, financeiramente falando:

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MÓDULO 09 

ADMINISTRAÇÃO DO CONTAS A RECEBER 

a. O Crédito Mercantil e o Contas a Receber 

De modo sucinto, existem duas modalidades de crédito: o crédito interempresarial  ou o créditomercantil , envolvendo de um lado as empresas e de outro os clientes; e o crédito pessoal ou crédito

direto ao consumidor , administrado por instituições financeiras. Ciente de que o crédito pessoal propicie, de forma indireta, incentivo as vendas e, por conseqüência, ao crédito mercantil, o módulo emquestão abordará efetivamente somente o crédito mercantil, o qual adota certas características que odiferenciam significamente do crédito pessoal.

Para muitas empresas, os investimentos em valores a receber representam uma parte significativa deseus ativos circulantes, exercendo, em conseqüência, importantes influências em sua rentabilidade.

 Em relação ao crédito mercantil, a maioria das vendas entre empresas não é realizada à vista,

devido à tradição comercial e as características operacionais do processo de venda.

 A tradição comercial estabelece que a empresa compradora dispõe de um prazo para pagar seu

 fornecedor, o que é denominado crédito mercantil. O prazo em questão depende do setor econômico

em que atua a empresa vendedora. 

Quando um varejista adquire produtos junto a uma indústria, somente após eles serem recebidos, avenda estará caracterizada. Para o comprador seria muito complicado, e em alguns casos impossível,concluir o processo de pagamento, no mesmo instante em que recebe a mercadoria. Esta característicaoperacional do processo de compra e venda também justifica o crédito mercantil.

O processo de recebimento das vendas a prazo incluindo as atividades correlatas é conduzido pela áreade tesouraria denominada Contas a Receber. 

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O Contas a Receber da empresa é uma das áreas da empresa que mais dependem da informação, tantointerna quanto externa. Seu grande desafio é conseguir essa informação com qualidade e rapidez e acustos aceitáveis.

Por conta de suas características, o Contas a Receber desempenha funções importantes entre as quais sedestacam:

• Manter o principal relacionamento da empresa com os bancos;• Complementar o relacionamento da área comercial com os clientes;• Suprir a administração financeira da empresa com informações sobre entradas de caixa.

 Na maioria das empresas, o Contas a Receber é a atividade operacional mais importante da tesouraria.Por isso, concentra importante parcela dos recursos materiais e humanos.

Internamente, o principal relacionamento do contas a receber é com a área de vendas. A nível externo,os bancos com os quais a empresa opera e os clientes constituem o elo de ligação mais importante doContas a Receber . 

a. Organização do Contas a Receber 

Embora possam variar as formas de organização do Contas a Receber, a mais freqüente é aquelacomposta de uma atividade de crédito e outra de cobrança. Na realidade, o Contas a Receber manter um relacionamento com vendas e o faturamento. A organização do departamento de Contas a Receber aqui apresentado não considera essas ligações, demonstrando apenas a atividade de Contas a Receber  propriamente dita.

A figura 2.1 abaixo apresenta o organograma representativo da forma de organização usual para oContas a Receber:

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As atribuições de cada uma das áreas constantes no organograma são:

a) Área de Crédito 

Tem como função básica dar suporte, através de dados e informações financeiras, às decisões de vendaa crédito. Embora as decisões sejam geralmente tomadas pela área de vendas, os principais dadosutilizados são de natureza financeira. Por este motivo, as políticas e diretrizes de crédito devem ser daalçada do Contas a Receber.

A área de crédito é formada por uma seção de cadastro e uma de análise de crédito:

Seção de Cadastro: administra um conjunto de dados e informações sobre os clientes que sãoutilizados pela análise de crédito. Nas pequenas empresas, geralmente não existe uma atividade deanálise de credito a partir das analises de demonstrações contábeis. Nelas a análise de crédito serestringe à elaboração e análise de cadastro.

Seção de Análise de Crédito: onde é avaliado o risco da venda a prazo aos clientes que pretendemutilizar o crédito mercantil da empresa. Esta análise pode ser feita internamente através de análises dedemonstrativos contábeis ou através de terceiros.

b) Área de Cobrança 

A área de cobrança desenvolve todas as atividades financeiras vinculadas ao recebimento dasduplicatas emitidas na empresa, relacionando-se intensamente com os clientes e bancos que prestam o

serviço de cobrança a empresa. Apesar de ser apenas uma separação convencional por estarem bastanteinterrelacionadas, na área de cobrança estão alocadas uma seção de operações e outra de análise econtrole,

Seção de Operações: todo processo de cobrança é executado pela seção de operações, concentrandoentão a maior parte da mão de obra do Contas a Receber. Tem como principais atribuições:

•  Negociar com bancos e clientes;• Encaminhas borderôs aos bancos;• Providenciar as baixas dos títulos quitados;• Controlar boletos, duplicatas, etc.

Seção de Análise e Controle: atividades de apoio ao processo de cobrança, tendo como atribuições:

• Preparar relatórios de acompanhamento de cobrança;• Conferir estornos e ajustes decorrentes de erros e devoluções verificadas no processo de venda e

faturamento.•  

a. Política de Crédito 

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 Nas empresas que concedem crédito comercial, as duplicatas a receber representam 15 a 20%de seus ativos totais. Por ser um percentual bastante significativo, é necessário que a empresavendedora tenha uma política de crédito bem definida.

Uma política de crédito é um conjunto de diretrizes, temporárias ou permanentes, que orientamas decisões de crédito comercial. O objetivo de uma política de crédito é estabelecer as

diretrizes gerais para reger as decisões de crédito de uma empresa.A administração de caixa e o gerenciamento do endividamento da empresa são afetados pela  política de crédito da mesma. Por isso, a formulação da política de crédito demanda oentendimento de alguns conceitos:

•  Prazo Médio de Faturamento (PMF) 

O Prazo Médio de Faturamento (PMF) é o prazo que a empresa vendedora concede a seus clientes parao pagamento das duplicatas, considerando-se a média dos prazos praticados, ponderada pelosrespectivos valores.

O prazo médio de faturamento pode ser calculado pela seguinte fórmula:

PMF = [(F1÷TV) x P1] + [(F2÷TV) x P2] + [(F3÷TV) x P3] + ……. + [(FN÷TV) x PN)]

Onde,

PMF = prazo médio;

F1, F2, F3, ..,FN = valores faturados nos prazos P1, P2, P3, …, PN;

TV = Total de Vendas;

P1, P2, P3,...,PN = Prazos do faturamento.

• Giro de Contas a Receber (GCR) 

Indicador que define quantas vezes no ano ocorre a rotação do saldo aplicado em duplicatas a receber.É calculado pela seguinte fórmula:

GCR = 360 ÷ PMF

Em um exemplo está ilustrado no gráfico:

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 PMF = 90, então o GCR = 4

• Margem de Contribuição (MC) 

É a parcela do preço das vendas destinada a cobrir os custos fixos e propiciar a remuneração do capitalinvestido na empresa.

MC = RVtotal – (C/DVtotal)

Onde,

RV à Receita de Venda;

C/DV à Custo/Despesa Variável;

•  Investimento Médio em Contas a Receber (ICR) 

Indicador que busca representar o valor dos recursos financeiros que, em termos médios, continua  permanentemente como crédito aos clientes da empresa. É igual ao total das vendas anuais,descontadas da margem de contribuição, dividido pelo giro de contas a receber.

O investimento médio em contas a receber pode ser calculado pela seguinte fórmula:

ICR = [1 - (MC ÷ 100) x VA] ÷ GCR 

Onde,

ICR = Investimento Médio em Contas a Receber.

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VA = Vendas Anuais.

MC = Margem de Contribuição em %.

GCR = Giro de Contas a Receber.

1.3.1 Fatores Determinantes da Política de Crédito 

A política de crédito é estabelecida pela influência de três fatores principais, fatores estes queinfluenciam de forma isolada ou combinada a definição dos elementos que constituem a política decrédito da empresa. Os fatores são os seguintes:

a.  Administração do Lucro 

Toda política de crédito destina-se a restringir ou liberalizar o crédito, visando influenciar as vendas e,conseqüentemente, os lucros.

Adotando uma política de crédito liberal a empresa provavelmente alcançará um maior volume devendas e, em conseqüência, um maior volume de lucro econômico no curto prazo, porém, comocontrapartida, o risco da empresa com a inadimplência dos clientes também crescerá, provocando a possibilidade de diminuição do lucro pelas perdas financeiras.

Em contrapartida, adotando uma política de crédito restritiva, a empresa provavelmente alcance um baixo risco de inadimplência às custas de um menor valor de vendas e de lucros. Em suma, a decisão

de liberalizar os padrões de crédito é tomada quando: O lucro gerado pelo aumento de vendas exceder o aumento da soma dos custos de dívidas incobráveis somadas ao custo de oportunidade do

investimento em contas a receber.

O exemplo seguinte ilustra esse tipo de decisão:

Uma empresa vende pelo crédito comercial R$ 12.000.000 por ano alcançando uma margem decontribuição de 8% sobre as vendas. Está analisando a introdução de uma nova política de crédito e, para isso, tem duas alternativas:

- Alternativa 1: mais conservadora, aumentará as vendas em 5% e acarretará perdas com inadimplência

na ordem de 3% sobre as vendas;- Alternativa 2: mais agressiva, alcançando um aumento de 6% sobre as vendas e acarretando perdascom inadimplência na ordem de 5 % sobre as vendas.

Sabendo que o PMF (Prazo Médio de Faturamento) é de 30 dias e que, em conseqüência, o Giro doContas a Receber (GCR) é de 12 (360 ÷ 30) e ainda que o custo de oportunidade do capital investido éde 20% ao ano para o acionista, calculando e comparando os resultados econômicos gerados por cadauma das alternativas, tem-se:

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a. Características do setor econômico da empresa 

O prazo para pagamento dos títulos a receber em alguns ramos de negócio é muito padronizado e com pouca liberdade para fixar prazos de pagamento menores do que o costumeiro, onde qualquer alteração pode custar uma fatia de mercado. Sabendo que o prazo de pagamento é um dos pilares da política decrédito, nessas situações a sua importância como diferencial competitivo torna-se muito menor e pressiona a empresa a buscar prazos de pagamentos maiores que aqueles praticados pelos fornecedores

do setor buscando uma melhor liquidez para a empresa.

a. Setor financeiro da empresa 

Obviamente quanto mais confortável for a liquidez da empresa, maior sua liberdade para estabelecer uma política de crédito, podendo explorar as mudanças que acontecem no quadro econômico efinanceiro do país.

Uma decisão de alongar os prazos concedidos aos clientes para captar uma maior fatia de mercadoacarretará um maior investimento em crédito com reflexos nas necessidades de capital de giro e noscustos de manutenção desse capital de giro. Em contrapartida, algumas empresas em má situação

financeira, na tentativa de evitar a insolvência são pressionadas a estabelecer políticas de crédito queincentivem a geração rápida de caixa. Esse procedimento é arriscado e poderá agravar as dificuldadesfinanceiras já existentes.

1.3.2 Elementos de uma Política de Crédito 

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Uma vez que os fatores determinantes de uma política de crédito variam de empresa para empresa, oselementos de uma política de crédito também são bastante diferenciados. Esses elementos são osseguintes:

a.  Prazo de Pagamento 

A lucratividade da empresa é diretamente afetada pelo prazo de pagamento concedido aos clientes pelofato de um prazo médio de cobrança exigir um maior investimento em capital de giro, investimentoeste que implica na necessidade de maior capital próprio ou maior endividamento da empresa. A idéiacentral é que o aumento de um prazo de pagamento possibilite a empresa um aumento de vendas e atéuma possível margem de contribuição maior pelo fato de fornecer ao cliente um diferencial de prazoem relação aos concorrentes.

 b.  Limite de Crédito 

Uma vez que os clientes diferem entre si quanto ao seu porte e situação financeira, é necessárioestabelecer um limite de crédito que trate os diferenciais de cada um. Esse procedimento permite a

empresa reduzir os riscos da concessão de crédito e diminuir a dependência de um pequeno grupo declientes.

Relacionar o limite de crédito a um percentual de vendas totais da empresa e/ou do cliente permite quenão a deixe dependente do cliente e também minimize o risco de insolvência.

c. Valor Mínimo de Crédito 

Aliado aos mesmos motivos do limite de crédito (busca de minimizar riscos e dependência) e pela busca de reduzir alguns custos relacionados à venda a prazo, é interessante a empresa verificar qualseriam os valores que permitam a mesma ofertar crédito aos clientes. Normalmente, uma escala maior de vendas dilui os custos fixos relacionados a mesma e viabilizem a venda a prazo. Dessa forma, cabeao Contas a Receber a valorização dos custos fixos inerentes as operações de crédito mercantil paradeterminar o valor mínimo exigido para o oferecimento de vendas a prazo.

d. Condições Financeiras 

Algumas variáveis de natureza financeira precisam ser definidas quando das vendas a prazo:

Taxa de desconto por pagamento antecipado: pode ser considerado um bônusoferecido ao cliente pelo fato do mesmo reduzir o investimento em crédito etodos os custos de manutenção da venda. Normalmente a taxa de desconto deveser menor ou igual ao custo financeiro do crédito que seria concedido;

Valores de atualização monetária e juros a serem aplicados aos recebimentos

em atraso: da mesma forma como beneficia clientes que adiantam recursos aempresa, a mesma deve onerar aqueles que atrasam seus compromissos edificultam o seu planejamento financeiro. A definição dos valores de multas e  juros por atraso são de suma importância para coibir possíveis atrasos eesclarecer as regras da venda para o cliente. As taxas de juros devem ser iguaisou maiores que os custos financeiros do crédito concedido.

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e. Tratamento aos Inadimplentes 

A política de crédito também deverá estabelecer algumas diretrizes em relação ao tratamento dosclientes inadimplentes relacionados a:

 Prazo de tolerância para entrar em contato com o cliente inadimplente; 

 Freqüência e forma de contato com cliente inadimplente;   Prazo de tolerância antes de protestar um título vencido. 

1.3.3 Características de uma boa política de crédito 

Resumidamente, uma boa política de crédito é aquela capaz de permitir a obtenção das principais metasestabelecidas pela administração superior da empresa, de maneira genérica, tendo as seguintescaracterísticas:

Ter metas realistas;• Ser flexível sem ser inconstante;• Ter execução simples;• Basear-se em princípios sólidos e não em dogmática;• Administra com eficácia os naturais conflitos com as áreas envolvidas.

É importante salientar que o ótimo do todo não é o ótimo das partes, dessa forma, mesmo quando uma política de crédito não ser a ideal quando analisada isoladamente, pode ser aquela que traz o melhor resultado para a empresa como um todo.

1.4 Análise de Crédito 

A análise de crédito pode ser conceituada como o processo de levantamento de dados e informaçõesque permitem a empresa avaliar o risco de concessão de crédito a determinado cliente. Uma análise decrédito simples envolve apenas a elaboração do cadastro do cliente, já as análises mais complexasenvolvem dados e informações financeiras e comerciais, buscando informar situação financeira docliente quanto aos aspectos de liquidez, grau de endividamento e lucratividade.

1.4.2 Fontes de Informação 

A análise de crédito dispõe de diversas fontes de informação que podem ser utilizadas isoladamente ouem conjunto. Obviamente, quanto maior o número de informações a utilizar, maior o tempo e recursosdespendidos e também melhor o resultado. Dois fatores importantes na escolha das fontes deinformação são: o porte da empresa e o segmento onde atua.

Algumas fontes de informação:

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1.  Ficha Cadastral do cliente: fonte de informação básica para análise de crédito onde são obtidosos principais dados a serem averiguados, e, onde, em alguns casos, pode-se até racionalizar otrabalho de análise evitando se aprofundar desnecessariamente em eventos cujos resultados podem ser verificados rapidamente. Envolvem tarefas como: verificação da existência da firma,nome dos administradores e principais credores;

2.   Informações Comerciais de Empresas Especializadas: após checar os dados cadastrais, o

analista de crédito deverá dispor de informações comerciais através de órgãos e/ou empresasespecializadas como SERASA, empresas de rating . Essas empresas enviam relatórios contendodiversas informações como: existência de títulos atrasados ou protestados; grau de pontualidadeno pagamento das dívidas; índices financeiros de liquidez, endividamento e rentabilidade eclassificação da empresa quanto ao grau de crédito (rating ).

3.  Bancos: fonte valiosa de informação sobre as empresas que podem ser acessadas de maneirainformal, baseadas no relacionamento entre empresa e banco.

4. Outras empresas fornecedoras: o acervo de informações dos fornecedores da empresa querequer o crédito também são de grande valia;

5.  Análise de Balanço: se todas informações comerciais obtidas sobre a situação atual e passadados clientes foram aprovadas, o analista de crédito pode buscar informações sobre a situaçãoeconômico financeira dos clientes tanto no presente quanto suas perspectivas. O instrumentomais utilizado para previsão da situação financeira de uma empresa é a análise dos seusdemonstrativos contábeis, principalmente o Balanço Patrimonial e o Demonstrativo doResultado. A análise de dados pode ser feita através de índices financeiros enfocando: aliquidez; a estrutura de capital e a rentabilidade.

1.4.2 Modelo Estatístico de Análise Financeira 

Uma das aplicações da análise financeira é a previsão de insolvência. Existem diversos modelos que a partir de estudos estatísticos e usando grupos de índices, permitem prever a insolvência de umaempresa. O modelo apresentado a seguir foi desenvolvido pelo professor da USP chamado Charles Kanitz .

FATOR DE INSOLVÊNCIA DE KANITZ 

(0,05 x I1) + (1,65 x I2) + (3,55 x I3) - (1,06 x I4) – (0,33 x I5) 

Onde;

I1: Índice de Rentabilidade do Capital Próprio

I1 = Lucro líquido ÷ Patrimônio Líquido

I2: Índice de Liquidez Geral:

(Ativo Circulante + Ativo Realizável a Longo Prazo) ÷ (Passivo Circulante + Passivo E.Longo Prazo)

I3: Índice de Liquidez Seca:

(Ativo Circulante - Estoque) ÷ (Passivo Circulante)

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I4: Índice de Liquidez Corrente:

(Ativo Circulante) ÷ (Passivo Circulante)

I5: Índice de Endividamento

(Passivo Circulante + Passivo E. Longo Prazo) ÷ (Patrimônio Líquido)A partir do cálculo do  Fator de Insolvência de Kanitz  chega-se a um valor que deve ser avaliado daseguinte forma:

a) Caso o Fator encontrado seja maior que 0: empresa solvente, crédito recomendável;

b) Caso o Fator encontrado esteja entre 0 e -3: o crédito poderá recomendável ser recomendável ounão. A decisão dependerá de outros fatores.

c) Caso o Fator encontrado seja menor que -3: empresa insolvente, crédito não recomendável.

1.4.3 Limitações na análise de crédito 

A análise de crédito tem suas limitações e nem sempre irá produzir diagnósticos precisos, devendoentão ser entendida como instrumento auxiliar para as decisões de crédito a serem tomadas pelaempresa. As principais causas das limitações da análise de crédito são as seguintes:

a) Fragilidade dos Demonstrativos Contábeis: existem problemas relacionados a confiabilidade eatualidade dos relatórios contábeis (principalmente de empresas não auditadas); atrasos na divulgação

de informações; não divulgação dos relatórios em moeda constante e principalmente pela incerteza emse medir o futuro sem considerar as variáveis exógenas ao modelo;

 b)  Falha no critério da tradição: a análise de crédito baseia-se na tradição, ou seja, se uma empresatem honrado seus compromissos financeiros e nunca teve títulos protestados, é consideradarecomendável para fins de concessão de crédito, porém, uma empresa é boa pagadora enquanto temcondições financeiras para ser, o que pode ser mudado no decorrer do tempo. Por esta razão, utilizar atradição como único elemento para a avaliação de crédito pode conduzir a decisões erradas.

1.4.4 Garantias de Crédito  Nas situações em que a análise de crédito contra indica a venda a prazo ou quando ela não pode ser efetuada, a empresa pode contornar o problema exigindo garantias de crédito exigindo garantias decrédito da empresa compradora.

Os principais instrumentos utilizados como garantia de crédito são os seguintes:

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a.  Aval: garantia dada por uma terceira pessoa, física ou jurídica, que se obriga a fazer o pagamento do título caso o emitente não o faça. O aval é dado através de assinatura no própriotítulo ou em documento anexo.

 b.  Fiança bancária: é a garantia dada por instituição financeira de fazer o pagamento do título emcaso de inadimplência do emitente. É formalizado através de contrato.

c. Caução: forma de garantia do cumprimento da obrigação, dada pelo devedor ou por terceiros,

geralmente sob a forma de depósitos em dinheiro ou títulos.Embora diminuam em muito o risco de crédito, os instrumentos de garantia são muito trabalhosos e podem emperrar o processo de venda a prazo, por isso, devem ser utilizados em situações especiais enão como uma prática rotineira.

[1] KEYNES, J. M. A teoria geral do emprego, do juro e da moeda. São Paulo: Atlas, 1982.