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RESUMO A Lei nº 12.529/2011 introduziu no ordenamento jurídico brasileiro o sistema obrigatório de análise prévia dos atos de concentração. A introdução desse novo sistema, que é adotado na maior parte das legislações antitruste no mundo, põe em evidência no Brasil a questão do gun-jumping, que passou a preocupar os operadores do Direito que atuam na área de fusões e aquisições. Gun-jumping é expressão que se refere ao conjunto de condutas realizadas por empresas no momento pré-notificação ou durante a análise do ato de concentração pela autoridade antitruste competente. Geralmente, tais práticas objetivam a manutenção do valor da empresa adquirida, tendo a adquirente especial interesse nessas ações. Visa também a assegurar que a futura concentração ocorra, bem como sua facilitação. Tendo em vista que a análise ex ante dos atos busca a manutenção do status quo competitivo de um mercado, as preocupações acerca do gun-jumping decorrem do fato de que a coordenação prematura das atividades das empresas em processo de concentração poderá prejudicar os objetivos da análise prévia e gerar problemas anticompetitivos para o mercado quando ainda há incerteza quanto à viabilidade concorrencial de operação sujeita à aprovação. Assim, é necessário identificar das condutas que são permitidas e proibidas às empresas para fazer cumprir a “obrigação de preservar as condições de concorrência 1 ” até a aprovação do Cade. Como a alteração é recente, ainda não há decisões sobre o tema, nem parâmetros precisos estabelecidos pelo legislador ou pelas autoridades antitruste, o objetivo desse trabalho é identificar quais atividades das empresas requerentes podem ser consideradas gun-jumping pelo Cade. 1 Art. 88, § 4º, da Lei 12.529/2011.

Monografia 1 9 Concurso Lei 12529

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RESUMO

A Lei nº 12.529/2011 introduziu no ordenamento jurídico brasileiro o sistema

obrigatório de análise prévia dos atos de concentração. A introdução desse novo sistema, que

é adotado na maior parte das legislações antitruste no mundo, põe em evidência no Brasil a

questão do gun-jumping, que passou a preocupar os operadores do Direito que atuam na área

de fusões e aquisições. Gun-jumping é expressão que se refere ao conjunto de condutas

realizadas por empresas no momento pré-notificação ou durante a análise do ato de

concentração pela autoridade antitruste competente. Geralmente, tais práticas objetivam a

manutenção do valor da empresa adquirida, tendo a adquirente especial interesse nessas

ações. Visa também a assegurar que a futura concentração ocorra, bem como sua facilitação.

Tendo em vista que a análise ex ante dos atos busca a manutenção do status quo

competitivo de um mercado, as preocupações acerca do gun-jumping decorrem do fato de que

a coordenação prematura das atividades das empresas em processo de concentração poderá

prejudicar os objetivos da análise prévia e gerar problemas anticompetitivos para o mercado

quando ainda há incerteza quanto à viabilidade concorrencial de operação sujeita à aprovação.

Assim, é necessário identificar das condutas que são permitidas e proibidas às

empresas para fazer cumprir a “obrigação de preservar as condições de concorrência1” até a

aprovação do Cade. Como a alteração é recente, ainda não há decisões sobre o tema, nem

parâmetros precisos estabelecidos pelo legislador ou pelas autoridades antitruste, o objetivo

desse trabalho é identificar quais atividades das empresas requerentes podem ser consideradas

gun-jumping pelo Cade.

                                                            1 Art. 88, § 4º, da Lei 12.529/2011.

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O NOVO SISTEMA DE ANÁLISE PRÉVIA DOS ATOS DE CONCENTRAÇÃO E A

QUESTÃO DO GUN-JUMPING:

TRAÇANDO OS LIMITES

1. Sistemas de Análise de Atos de Concentração

O Sistema adotado pela Lei nº 8.884/1994 era o de análise posterior dos atos de

concentração. Conforme a redação do artigo 54, §4º, do referido diploma, os atos de

concentração deveriam ser submetidos à apreciação do Cade,2 previamente ou no prazo de

quinze dias úteis de sua realização3. Neste arcabouço, preponderantemente, a análise feita

pelo Cade era posterior à sua consumação. Embora as empresas estivessem legalmente

autorizadas a notificar previamente a operação, poucas foram as vezes em que essa autarquia

teve a oportunidade de se manifestar antes da consumação do ato, principalmente em razão da

demora da análise pelo Cade.

Durante a vigência da Lei nº 8.884/1994, a experiência mostrou diversos aspectos

positivos e negativos do sistema de análise posterior dos atos de concentração. Por um lado,

ao autorizar, desde logo, que as partes consumassem a operação antes da manifestação do

CADE, o sistema de controle posterior permitia que o negócio não fosse desvalorizado e que

fossem asseguradas, com maior facilidade, as eficiências decorrentes da operação, que

poderiam ser perdidas em razão da longa demora na análise realizada pelos órgãos de defesa

da concorrência. Por outro lado, a possibilidade de as requerentes consumarem desde logo a

operação criava um desincentivo na apresentação de informações necessárias à avaliação do

ato. Esta questão, somada a um sistema institucional altamente burocratizado e à permissão

legal de suspensão dos prazos para a análise dos atos pelos órgãos de defesa da concorrência,

acirrava o problema da lentidão4 da revisão das operações5. Ademais, a possibilidade de

                                                            2 Art. 54, caput, Lei nº 8.884/1994. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8884.htm>. Acesso em 08 de setembro de 2012. 3 Art. 54, § 4º, Lei nº 8.884/1994. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8884.htm>. Acesso em 08 de setembro de 2012. 4 De acordo com o Relatório de Gestão do Conselho Administrativo de Defesa Econômica de 2010, último relatório disponível na página eletrônica do CADE, o pior tempo de análise pelo CADE ocorreu em 2004, quando a média foi de 125 dias. Desde então, a performance desta autarquia tem melhorado. Em 2010, o tempo médio de análise de atos de concentração foi de 41 dias. Apesar dessa evolução, este tempo ainda estava acima

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implementação imediata da operação fazia com que as requerentes não levassem em

consideração os possíveis efeitos anticoncorrenciais decorrentes da transação antes de realizá-

la, tendo a reversibilidade da operação, no caso de sua reprovação, se mostrado extremamente

difícil e cara. Embora a legislação até então vigente dispusesse de mecanismos que visassem a

assegurar a manutenção do status quo, como as medidas cautelares e os acordos de

preservação da reversibilidade da operação, dificilmente estes mecanismos atingiam seus

objetivos. Finalmente, a análise ex post dos atos gerava ainda o problema da insegurança

jurídica para as requerentes, que, em muitos casos, não conseguiam recuperar os

investimentos inicialmente feitos para viabilizar o negócio, caso a operação fosse rejeitada.

A Lei nº 12.529/2011 introduziu no Brasil a obrigatoriedade da análise prévia dos

atos de concentração. Esta alteração visou resolver os problemas existentes no sistema ex

post, principalmente relacionados à falta de incentivos por parte das empresas requerentes em

buscar a rápida aprovação do Cade e às dificuldades de reverter os efeitos de concentrações já

consumadas, conforme já descrito.

O artigo 88, parágrafo 2º, da Lei nº 12.529/2011 determina que o controle dos atos de

concentração seja prévio. O parágrafo 3º do mesmo dispositivo, por sua vez, dispõe que os

atos de submissão obrigatória não poderão ser consumados antes de apreciados por esta

autarquia, sob pena de nulidade e imposição de multa pecuniária. Por fim, o parágrafo 4º

dispõe que “até a decisão final sobre a operação, deverão ser preservadas as condições de

concorrência entre as empresas envolvidas, sob pena de aplicação das sanções previstas no

parágrafo 3º”. O caput do artigo 108 do Regimento Interno do Cade (“RICade”)6, também

dispõe que o controle feito por esta autarquia será prévio. O parágrafo 2° deste mesmo artigo,

por sua vez, determina que as

partes deverão manter as estruturas físicas e as condições competitivas

inalteradas até a apreciação final do Cade, sendo vedadas, inclusive,

                                                                                                                                                                                          da tempo considerado como ótimo pelas práticas internacionais, que é de até 30 dias para casos simples. (“Relatório de Gestão do Exercício de 2010”. Disponível em: < http://www.cade.gov.br/upload/RelatorioGestao2010_atu150811_14h25_TCU.pdf>. Acesso em 09 de setembro de 2012. 5 A título exemplificativo, citamos aqui a fusão da Sadia e da Perdigão, formando a BrFoods. Esta operação, apresentada ao CADE em junho de 2009, somente foi decida pelo Conselho em julho de 2011. Portanto, quase 2 anos depois da submissão. 6 Resolução do Cade nº 1/2012. Disponível em: < http://www.cade.gov.br/Default.aspx?c27684956fa47bb84dfa4d1a3616>. Acesso em 07 de outubro de 2012.

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quaisquer transferências e qualquer tipo de influência de uma das partes

sobre a outra, bem como a troca de informações concorrencialmente

sensíveis que não seja estritamente necessárias para a celebração do

instrumento formal que vincula as partes.

Assim como a Lei nº 12.529/2011, o RICade não definiu um prazo para que as partes

submetam a operação previamente ao Cade, se limitando a estabelecer que "as notificações de

atos de concentração devem ser, preferencialmente, protocoladas após a assinatura do

instrumento formal que vincule as partes antes de consumado qualquer ato relativo à

operação7". Já o Cade dispõe de prazo de 240 (duzentos e quarenta) dias, a contar do

protocolo da petição ou de sua emenda para realizar a análise. Contudo, esse prazo poderá ser

exclusivamente estendido "por até 60 (sessenta) dias, improrrogáveis, mediante requisição das

partes envolvidas na operação" ou “por até 90 (noventa) dias, mediante decisão fundamentada

do Tribunal8”. Assim, a análise de uma operação poderá chegar ao limite de 330 dias, sendo

prevista aprovação automática no caso de descumprimento dos prazos legais9.

Uma vez que a operação não poderá ser consumada antes de sua análise, o sistema

obrigatório de análise prévia inverte os incentivos das requerentes e induz participação mais

ativa no fornecimento de informações e documentos, o que faz com que o Cade tenha mais

subsídios para realizar análises mais eficientes e céleres. Segundo Fernando de M. Furlan:

Com a inversão dos incentivos à tomada final de decisão, visto que as

requerentes passam a ser as grandes interessadas em uma decisão célere,

torna-se mais crível que as respostas e informações sejam fornecidas mais

natural e rapidamente pelas empresas. Isso porque, quanto mais rápidas e

completas forem as informações prestadas, mais rapidamente a operação de

concentração poderá ser consumada10.

Outro benefício decorrente do sistema de análise prévia diz respeito à manutenção das

condições do mercado até a autorização final da operação. Além disso, a análise ex ante afasta

a insegurança jurídica que vigia sob o sistema anterior, pois as empresas somente farão os

                                                            7 Artigo 108, § 1°, RICade. 8 Artigo 88, § 9º, Lei nº 12.529/2011. 9 Artigo 133, RICade. 10 FURLAN, Fernando de Magalhães. Impactos gerais do Projeto da Nova Lei de Defesa da Concorrência sobre Atos de Concentração Econômica. In Concentração de empresas no direito antitruste brasileiro – teoria e prática dos atos de concentração. São Paulo: Editora Singular, 2011. Pp. 173.

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investimentos necessários para concluir a operação após terem conhecimento da opinião do

Cade. Dessa forma, é esperado que a análise prévia dos atos de concentração reduza o número

de ações judiciais que questionam as decisões do Cade.

Contudo é importante observar que o Cade dispõe de prazo que, por si só, é

extremamente longo para analisar as operações que lhe são submetidas, o que desafia as

práticas adotadas internacionalmente, em que as operações são, em regra, aprovadas em até

30 (trinta) dias, pelo menos no que diz respeito a casos não complexos. Este longo prazo

poderá dificultar, e até mesmo inviabilizar, a consumação da operação e retardar ou prejudicar

a realização de eficiências. Esta preocupação ainda é mais sensível nos casos em que a

operação é estratégica para sanar problemas financeiros de determinada empresa ou ainda

integrante do plano de recuperação judicial. Em um cenário de demora na análise, não será

incomum que empresas desenvolvam estratégias que, se por um lado, buscam assegurar a

concretização do ato e suas eficiências, por outro, poderão levar à sua consumação precoce.

Apesar da discussão acerca do prazo concedido ao Cade, é necessário mencionar que a

análise dos casos já decididos por esta autarquia sob a nova sistemática11 parece indicar que

esta autarquia não pretende fazer do prazo limite de 330 dias uma prática constante, pelo

menos em relação aos casos simples. Em verdade, o Cade parece estar atento às práticas e

recomendações internacionais relativas à razoabilidade dos prazos, o que, somado às

inovações institucionais trazidas pela Lei nº 12.529/2011, é refletido nos exames já feitos por

esta autarquia nos meses iniciais da vigência da nova lei, quando as análises ocorreram em

períodos inferiores a 30 dias.

2. A atual importância de se discutir gun-jumping no Brasil

É no contexto da análise prévia dos atos de concentração que a figura do gun-jumping

passa a ter relevância no Brasil. Gun-jumping ou premerger coordination é expressão que

corresponde às atividades praticadas pelas partes já nos momentos que antecedem a

submissão (das negociações iniciais até a assinatura do instrumento formal) e durante a sua

                                                            11 Esta análise se limitou à data de 22 de setembro de 2012, data em que este capítulo foi redigido.

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análise12 para facilitar e até mesmo garantir consumação da operação. Segundo Leonor

Cordovil,

ambos os termos – gun-jumping e premerger coordination – se

prestam a denominar os atos imediatamente anteriores à efetiva

concentração econômica entre dois grupos ou empresas, momento

em que é necessário que estes agentes troquem informações,

dialoguem, comuniquem-se. O maior desafio é delinear quando esta

movimentação é saudável para a concorrência e, quando, ao contrário,

ela ultrapassa os limites necessários à futura concentração, passando a

ser uma boa e ilegal oportunidade para troca de estratégias e

coordenação entre concorrentes13.

Como o tema é relativamente novo no Brasil, ainda não há posicionamento claro da

doutrina brasileira quanto ao sentido que será adotado para a expressão. Igualmente, ainda não

há posicionamento da doutrina, nem dos legisladores e das autoridades antitruste quanto às

atividades que estariam proibidas ou autorizadas pelas partes nos momentos antecedentes ao

fechamento da operação. Tanto a Lei nº 12.529/2011, quanto o RICade ainda não elucidaram

suficientemente o que seria “consumar” a operação. Pelo contrário, o regimento utilizou

diversos conceitos abertos e indeterminados, como “informações concorrencialmente

sensíveis” ou “estritamente necessária”, exigindo, por um lado, um esforço maior do

intérprete e garantindo, por outro, uma maior liberdade para os aplicadores do Direito, à qual

corresponde certa insegurança jurídica por parte dos administrados. O que seria “manter as

estruturas físicas e as condições competitivas inalteradas”? Seriam vedadas todas e quaisquer

alterações nas estruturas físicas? O que caracterizaria a influência de uma parte sobre a outra?

O seriam “informações concorrencialmente sensíveis estritamente necessárias para a

celebração do instrumento formal que vincule as partes”?

                                                            12 O gun-jumping pode ocorrer desde as negociações iniciais até a autorização das autoridades antitruste ou o encerramento do período de análise, quando, então, é possível ocorrer a integração das atividades. No caso brasileiro, mais especificamente, esse período ainda se estende por 15 dias após a aprovação pela Superintendência-geral de casos simples, tendo em vista a possibilidade de impugnação por terceiros e pelo Tribunal Administrativo. Dessa forma, o artigo 132 do RICade dispõe que “aprovado o ato de concentração pela Superintendência-geral, a operação somente poderá ser consumada depois de encerrado o prazo para o recurso ou para a avocação”. 13 CORDOVIL, Leonor. Gun-Jumping or cartel: Is Brazil prepared for this analysis? Disponível em: <www.direitogv.com.br/subportais/eventos/Leonor%20Cordovil.doc>. Acesso em: 03 de maio de 2012.

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Evidentemente, em alguns casos, a ilicitude é latente, como no caso de coordenação de

preços e condições de venda oferecidas a clientes antes do aval do Cade. Contudo, há uma

zona cinzenta em que a análise da ilicitude das atividades praticadas se torna mais sensível,

principalmente no que diz respeito à troca de informações necessárias para fins de due

diligence, avaliação do valor da empresa e dos ativos adquiridos e planejamento da transição.

3. Utilizando a experiência estrangeira para elucidar questão do gun-jumping no

Brasil: União Europeia e Estados Unidos

Na Europa, a questão do gun-jumping é tratada pela Comissão Europeia sob o enfoque14

do Regulamento 139/2004, que dispõe sobre o controle das concentrações de empresas (EC

Merger Regulation), exigindo a notificação atos de concentração antes de sua realização,

seguida de um período de espera (artigo 4º).

Nos Estados Unidos, a Divisão Antitruste do Departamento de Justiça (Department of

Justice Antitrust Division – “DOJ”) e a Federal Trade Commission (“FTC”) analisam a

questão do gun-jumping principalmente sob o enfoque15 da Seção 7A do Clayton Act (ou

Hart-Scott-Rondino Antitrust Improvements of 1976 – “HSR Act”), que prevê a

obrigatoriedade de notificação prévia de determinados atos de concentração ao DOJ e à FTC e

estabelece um período de espera, geralmente de 30 dias, ao final do qual a operação poderá

ser consumada. De acordo com Michael C. Naughton16, o HSR Act será violado se uma

pessoa “adquirir ações com direito a voto ou ativos de outra até que ambas tenham notificado

a operação e o período de espera do HRS tenha expirado”. Como o HSR não define o que

seria “adquirir”, para o autor, é possível que se busque a interpretação deste dispositivo a

partir do significado de “pessoa adquirente”, expressão que é definida pela legislação

americana como aquela pessoa que passará a deter (hold) a propriedade (de fato) dessas ações

e/ou ativos antes mesmo da devida transferência (beneficial ownership). Embora o conceito

de beneficial ownership não esteja definido na legislação americana, Janet G. Feldman e

Richard L. Teberg explicam que o conceito tem a intenção de excluir as pessoas que apenas                                                             14 A questão também é tratada sob o enfoque do artigo 101 do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia, o qual não será abordado para fins desse trabalho. 15 A questão também é tratada sob o enfoque da Seção 1 do Sherman Act e da Seção 5 do Federal Trade Commission Act, os quais não serão tratados nesse trabalho. 16 Naughton, Michael C. Gun-jumping and Premerger Information Exchange: Counseling the Harder Questions. Pp. 4. Disponível em: <http://www.stblaw.com/google_file.cfm?TrackedFile=4B46116201D9F48682B3&TrackedFolder=585C1D235281AED996A07D5F9F9478AB5A90188899>. Acesso em: 27 de setembro de 2012.

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detenham o título legal (a propriedade nua): “a palavra “beneficial ownership” significa

“tendendo para o benefício de uma pessoa; rendendo um lucro, vantagem ou benefício17”18.

Como visto acima, tal qual a legislação brasileira, a legislação antitruste da União

Europeia e dos Estados Unidos também não são capazes de elucidar o que estaria proibido ou

autorizado às partes em processo de concentração. Por isso a importância da análise da

jurisprudência dessas jurisdições, que atenderá melhor aos propósitos desse trabalho.

Em relação à jurisprudência dos EUA, no caso Titan Wheel International, Inc. e Pirelli

Armstrong Tire Corporation19, o DOJ entendeu que a previsão contratual de posse e uso

imediatos (ainda que reversível) violaria a Seção 7A do Clayton Act (ou HSR Act), bem

como a operação dos ativos da empresa adquirida pela adquirente. Note que, neste caso,

houve clara mudança das condições competitivas entre as empresas envolvidas na operação,

uma vez que a partir da posse imediata dos bens e sua operação tornou-se possível que a

empresa adquirente passasse a determinar o processo produtivo da empresa-alvo e, assim,

pudesse reduzir a quantidade dos produtos, qualidade, etc. Já o caso Input/Output20, além de

refletir a alteração das condições competitivas, permite ilustrar o que o CADE poderá

considerar como influência de uma parte sobre a outra. Nesse caso, a instalação de equipe de

gerenciamento da empresa adquirente para tratar das atividades da empresa adquirida

e a efetivação de antigos funcionários da adquirida em cargos e instalações da

adquirente, tendo-lhes sido, inclusive, fornecido endereços de e-mail corporativo e acesso a

informações sensíveis dos negócios de ambas as empresas, foram considerados infrações às

regras de análise prévia pelo DOJ.

                                                            17 Pp. 1058. 18 Transportando esta interpretação para o Brasil, é possível concluir que, de forma geral, se antes da aprovação a empresa adquirente já detiver mais que o título, i.e., também os poderes de um proprietário (conforme a legislação brasileira – art. .1.228, CC), quais sejam usar, gozar, usufruir, dispor ou ainda reaver os ativos ou ações objeto da operação, então poderá se configurar o gun-jumping. Essa conclusão, entretanto, ainda é bastante genérica e não responde integralmente às questões formuladas no capítulo anterior. 19 Ação Civil Nº 1:96CV01040. United States of America, Department of Justice v. Titan Wheel International Inc. Disponível em: < http://www.ftc.gov/os/caselist/9410110/960507titanwheelcmpt.pdf>. Acesso em 07 de outubro de 2012. 20 Ação Civil Nº 1:99CV00912. United States of America, Department of Justice v. Input/Output e The Laitram Corporation. Disponível em: < http://www.justice.gov/atr/cases/f203600/203653.htm>. Acesso em 07 de outubro de 2012.

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A questão da influência de uma parte sobre a outra também foi abordada no caso

Computer Associates International, Inc. e Platinum Technology International, Inc.21. Nesse

caso, o DOJ entendeu que a violação ocorreu em razão de cláusula contratual que

estabelecia os compromissos e a forma pela qual a Platinum (empresa adquirida)

deveria conduzir suas atividades durante o período pré-consumação, proibindo-a de

prestar determinados serviços por período superior a 30 dias por preços fixos, de realizar

negócios de venda ou licenciamento com clientes fora dos termos padrões ou de oferecer

descontos superiores a 20% da lista de preços. O contrato ainda exigia a "pré-aprovação" de

propostas da Platinum pela Computer, pela qual eram analisados os clientes, produtos e

serviços, preços e descontos. Por fim, também houve a instalação de funcionários da

adquirida nas instalações da adquirente, em contado com informações confidenciais.

Nos casos Smithfield Foods, Inc., e Premium Standard Farms, LLC.22 e Qualcomm

Incorporated e Flarion Technologies, Inc. 23, a violação também ocorreu em razão de

determinadas cláusulas contratuais que exigiam a autorização prévia da empresa

adquirente para a realização de atividades ordinárias da empresa adquirida, o que

caracteriza a influência de uma parte sobre a outra, bem como a alteração das condições

competitivas do mercado. No segundo caso, especificamente, as cláusulas proibiam a Flarion

(empresa adquirida) de realizar algumas atividades relacionadas ao negócio sem o prévio

consentimento da Qualcomm, reduzindo a discricionariedade da empresa adquirida para

conduzir seus negócios diários, como a celebração de acordos de licenciamento de

propriedade intelectual para terceiros; de contratos que envolvessem a obrigação de pagar ou

o direito de receber determinado valor; de contratos que dissessem respeito à alienação ou

aquisição de direitos sobre propriedade intelectual, entre outros. Também era exigida

autorização para a contratação de funcionários, exceto no curso ordinário dos negócios, para a

apresentação das propostas a clientes e para o desenvolvimento de tecnologia em

determinados países. Ainda segundo com o DOJ, a ingerência da Qualcomm sobre as

atividades da Flarion ultrapassou até mesmo os termos do contrato, tendo em vista que a

                                                            21 Ação Civil N° 01-02062 (GK). United States of America v. Computer Associates International, Inc. e Platinum Technology International, Inc. Disponível em: <http://www.justice.gov/atr/cases/f214300/214391.htm>. Acesso em 07 de outubro de 2012. 22 Ação Civil N° 1:10-cv-00120. United States of America United States Department of Justice, Antitrust Division V. Smithfield Foods, Inc. e Premium Standard Farms, LLC. 23

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Flarion chegou a solicitar a autorização da Qualcomm para negócios, muitos dos quais de

rotina, cujo consentimento prévio não era exigido pelo contrato.

Contraposta à experiência americana, na União Europeia, por muitos anos, não foi

dada a adequada atenção para o tratamento da questão do gun-jumping, sendo que a maior

parte dos casos diz repeito à não submissão da operação às autoridades24 e não à sua

implementação antes do período de espera. O caso mais relevante é o

Bertelsmann/Kirch/Premiere25, em que as empresas requerentes, antes mesmo da notificação,

integraram parte de suas atividades, oferecendo conjuntamente seus serviços e tecnologia aos

consumidores, o que era o cerne da operação, e, assim, alterando as condições competitivas

do mercado. Apesar de reconhecer que a referida prática violaria o regulamento europeu sobre

o controle de operações de fusão e aquisição, a Comissão Europeia optou por não instaurar

um procedimento investigatório para fins de imposição de multas. Contudo, determinou que a

Bertelsmann e Kirch separassem suas atividades no que diz respeito a serviço de TV por

assinatura digital e tomassem as medidas necessárias para acabar com possíveis efeitos

deletérios causados ao mercado pela comercialização conjunta.

Como visto acima, a jurisprudência da União Europeia e dos Estados Unidos nos

ajudam a identificar diversas condutas que poderão ser questionadas pelas autoridades de

defesa da concorrência no Brasil. Contudo, não respondem integralmente às questões

formuladas nesse trabalho, principalmente no que diz respeito à troca de informações. Por

esse motivo, outras metodologias, foram desenvolvidas nesse trabalho, como a análise de

acordos de preservação da reversibilidade da operação feita a seguir.

4. Utilizando a Análise de Acordos de Preservação de Reversibilidade da Operação

– APROs – para elucidar a questão do gun-jumping no Brasil

Os acordos de preservação da reversibilidade da operação eram, na sistemática da Lei

n° 8.884/1994, mecanismos pelos quais as autoridades antitruste buscavam impedir a

consumação de operação pendente de análise a fim de conservar o status quo do mercado e

evitar os efeitos deletérios de concentrações com alta probabilidade de serem rejeitadas ou

                                                            24 São exemplos os seguintes casos: Processo n° IV/M.969 - A. P. Møller. Decisão da Comissão Europeia em 10 de fevereiro de 1999; Processo n° IV/M.920 – Samsung/AST. Decisão da Comissão Europeia de 18 de fevereiro de 1998 e COMP/M.4994 – Electrabel/Compagnie Nationale du Rhône. 25 Processo n° IV/M.993 – Bertelsmann/Kirsh/Premiere. Decisão da Comissão Europeia em 27 de maio de 1998.

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aprovadas com restrições pelo Cade. Assim, os APROs poderão servir de base para verificar o

que, para o Cade, poderá levar à consumação da operação e, assim, deverá ser evitado.

Para este trabalho, foram analisados 22 APROs26 disponíveis na página eletrônica do

Cade. Tal análise revelou que, em regra, o conteúdo estabelecido nesses acordos não variava

muito de um para o outro e as suas obrigações e proibições estabelecidas eram pouco

detalhadas. De forma geral, para garantir que as concorrentes mantivessem o status quo

concorrencial que vigia no momento anterior à notificação da operação, o CADE determinava

que a personalidade jurídica das requerentes fosse mantida autônoma, bem como seus

registros de funcionamento. Em se tratando de reorganização societária, as empresas deviam

abster-se de atos que implicassem a mudança do controle.

No que diz respeito à administração das requerentes, suas atividades administrativas

deviam ser mantidas independentes, sendo vedado o exercício de funções administrativas por

membros do Conselho de Administração, Diretores, Gerentes ou quaisquer funcionários de

uma requerente na outra. Contudo, em relação às atividades de tesouraria, no AC

08012.004423/2009-18, o Cade chegou a permitiu que as requerentes alterassem suas

atividades próprias em favor de uma atuação mais próxima.

Quanto às condições operacionais, estas deviam ser mantidas nos mesmos patamares

anteriores à operação. Deste modo, as unidades produtivas e comerciais deviam ser mantidas

em funcionamento, bem como os bens e ativos ser preservados, sendo vedados os atos que

implicassem o prejuízo ou a diminuição da capacidade produtiva e da eficiência das unidades

fabris, além da redução do potencial operacional das requerentes. O Cade também estabelecia

que as empresas mantivessem as atividades nas unidades adquiridas, preservando o volume de

vendas para o mercado interno em condições não inferiores àquelas anteriores à operação.

Para manter a capacidade produtiva também era estabelecida a manutenção do nível

geral de emprego e do quadro de funcionários, sendo somente permitidas aquelas alterações

decorrentes do curso normal do negócio ou da alteração da conjuntura econômica. Quanto aos

                                                            26 AC 08012.011196/2005-53; AC 08012.001885/2007-11; AC 08012.011518/2006-45; AC 08012.002813/2007-91; AC 08012.002816/2007-25; AC 08012.002818/2007-14; AC 08012.002820/2007-93; AC 08012.003267/2007-14; AC 53500.002423/2003; AC 08012.003302/2007-97; AC 53500.029160/2004; AC 53500.012477/2008; AC 08012.005789/2008-23; AC 08012.003189/2009-10; AC 08012.004423/2009-18; AC 08012.005889/2010-74; AC 08012.010038/2010-43; AC 08012.008378/2011-95; AC 08012.010473/2009-34; AC 08012.002149/2012-48; AC 08012.002148/2012-01; AC 08012.003367/2012-08.

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11 

 

 

contratos já firmados que estejam em curso, o Cade determinava que fosse dada continuidade

aos mesmos a fim de manter o curso normal das atividades vinculadas aos ativos-objeto da

operação.

As estruturas de compra, comercialização, distribuição e logística deviam ser

mantidas, proibindo-se, assim, alterações substantivas nas mesmas. Os investimentos em

propaganda e marketing não podiam ser inferiores aos patamares mínimos equivalentes à

média verificada nos últimos exercícios sociais.

Em relação à troca de informações, eram vedadas aquelas consideradas

comercialmente sensíveis pelo Cade. Em regra, eram consideras sensíveis as seguintes

informações: (i) faturamento por produto, linha de negócio, região ou tipo de cliente, exceto

dados históricos; (ii) lista de fornecedores; (iii) lista de clientes; (iv) estrutura de custos; (v)

planejamento estratégico ou de marketing; (vi) lançamento de produtos e/ou serviços; (vii)

preços de produtos e serviços e política de preços; (viii) estratégia de negociação; (ix)

segredos industriais e comerciais; (x) condições comerciais e descontos; (xi) comercialização

do produto e; (xii) atividades específicas de processamento, produção e exportação.

Contudo, é importante observar que esses acordos do Cade, no que diz respeito às

trocas de informações, apenas revelam aquelas que, na opinião desta autarquia, são

consideradas sensíveis. Não é possível concluir da análise feita no parágrafo anterior que a o

acesso a todas essas informações serão proibidas, até porque eventual posicionamento do

Cade nesse sentido inviabilizaria atividades de due diligence, de valoração dos ativos/da

empresa e de planejamento da transição e, consequentemente, as operações de M&A.

5. A troca de informações sensíveis e a questão do gun-jumping no Brasil

Em relação à identificação das atividades que estariam proibidas ou autorizadas às

partes em processo de concentração, a questão mais tênue a ser elucidada é aquela que diz

respeito à troca de informações concorrencialmente sensíveis. Quais seriam as informações

estritamente necessárias para uma operação?

Como visto acima, a análise dos APRO’s apenas permitiu que fossem identificadas

aquelas informações que serão possivelmente consideradas sensíveis pelo Cade, não sendo,

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conduto, capaz de indicar quais destas informações poderão ser consideradas essenciais para

os fins de operações societárias.

Uma possível solução para a identificação dos limites da troca de informações pode

ser a diferenciação entre a avaliação e a estratégia empresarial. Nesse caso, informações sobre

a operação e sobre o seu objeto de forma a exclusivamente permitir uma avaliação do negócio

deverão ser autorizadas pelo Cade, por serem essenciais. Já informações que impliquem a

divulgação das escolhas estratégicas (escolhas sobre o futuro) das empresas poderão ser

vedadas. Por exemplo, no caso em que a avaliação é feita através de método avaliativo

baseado no balanço patrimonial, o acesso ao balanço da empresa adquirida e a informações

relativas aos seus ativos serão essenciais. Nesse caso, informações sobre preços praticados,

estratégias de precificação e planejamento estratégico ou de marketing, por exemplo, não

serão consideradas essenciais, principalmente porque podem identificar estratégias da

empresa.

É claro que a forma de avaliação utilizada para cada caso variará conforme as

limitações de cada modelo e o objeto negociado na operação. Também não deve ser

descartada a possibilidade de utilização de mais de um método avaliativo, desde que

necessário para se estimar corretamente o valor do negócio. Mesmo nessa hipótese, as

informações trocadas serão consideradas essenciais.

6. Conclusão

Assim como a recente legislação brasileira sobre a análise prévia de atos de

concentração, as legislações americanas e europeias também não são muito claras nos que diz

respeito à definição das atividades que implicariam a integração prematura das empresas.

Entretanto, os casos analisados, sobretudo os dos EUA, puderam nos dar uma base sobre o

que o Cade poderá vir a considerar como gun-jumping. Igualmente, a análise dos APROs

também se revelou útil aos objetivos desse trabalho, embora o conteúdo dos acordos pouco

variasse ou chegasse a explicar mais detalhadamente as condutas que seriam proibidas.

No caso de troca de informações, como visto acima, embora tenha sido possível

identificar o que o Cade poderá considerar como informação sensível, não é possível, nem

desejável, concluir todas essas informações serão proibidas pelo Cade. A própria dicção do

artigo 108 do RICade, ao falar em “informações estritamente necessárias”, permite essa

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conclusão. Os modelos avaliativos de empresa podem ajudar a identificar aquelas

informações que seriam imprescindíveis para fins das avaliações de M&A.

Por fim, é válido mencionar que, na experiência estrangeira, a questão da troca de

informações costuma ser solucionada pelo uso de informações agregadas, históricas ou já

disponíveis para o mercado. A contratação de auditores e advogados externos para que atuem

nas due diligences e no planejamento da transição também é comum.

A estruturação e organização de uma equipe interna encarregada da realização da

operação, desvinculada de atividades ordinárias das empresas requerentes, como a

precificação e a comercialização de produtos também deve ser considerada como uma opção

para evitar o problema das trocas de informações. Finalmente, é comum é a celebração de

acordos de não divulgação e utilização do conteúdo fornecido, exceto para fins da operação e

exclusivamente pelos empregados nela envolvidos.

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14 

 

 

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