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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA TATIANA TELLES CORONIL A CONTRIBUI<;:.ii.O DA TERAPIA OCUPACIONAL NO TRATAMENTO DA ESQUIZOFRENIA: 0 EMPREGO DAS OFICINAS TERAPEUTICAS Monografia apresentada ao Curso de P6s- Gradu8yao "Transtornos do Desenvolvimento Humano - Cas Psicoses as Oeficiencias" . Curso de Psicologia - Universidade Tuiuti do Parana Orientadora: Profa. Ora. Nilse Chiapetti. Curitiba 2005

Monografia apresentada ao Curso de P6s- yao Transtornos dotcconline.utp.br/media/tcc/2016/05/A-CONTRIBUICAO-DA-TERAPIA-OCU... · Benetton (1993) e Shirakawa (1992) acrescentam que

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA

TATIANA TELLES CORONIL

A CONTRIBUI<;:.ii.O DA TERAPIA OCUPACIONAL NO TRATAMENTODA ESQUIZOFRENIA: 0 EMPREGO DAS OFICINAS TERAPEUTICAS

Monografia apresentada ao Curso de P6s-Gradu8yao "Transtornos doDesenvolvimento Humano - Cas Psicoses asOeficiencias" .Curso de Psicologia - Universidade Tuiuti doParana

Orientadora: Profa. Ora. Nilse Chiapetti.

Curitiba2005

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA

A CONTRIBUI<;AO DA TERAPIA OCUPACIONAL NO TRATAMENTODA ESQUIZOFRENIA: 0 EMPREGO DAS OFICINAS TERAPEUTICAS

Monografia apresentada aD CursD de Pos-Gradu8cyao "Transtornos do DesenvolvimentoHumano ~Cas Psicoses as Deficienciasll•Curso de Psicologia - Universidade Tuiuti doParana

Orientadora: Profa. Ora. Nilse Chiapetti.

Curitiba2005

TERMO DE APROVA<;fAO

To'''MT.'',.Coro"'' ./

A CONTRIBUI<;fAO DA TERAPIA OCUPACIONAL NO TRATAMENTODA ESQUIZOFRENIA: 0 EMPREGO DAS OFICINAS TERAPEUTICAS

Esta disserta980 foi julgada e aprovada para obten98o do titulo deEspecialista em Transtornos do Oesenvolvimento Humano no Programado Curso de Psicologia.

Curitiba, 02 de abril de 2005.

Orientador: Prof. Ora. Nilse ChiapettiUniversidade Tuiuti do Parana

"0 Homem em atividade e, antes de tudo, um homem

vivo. A inereia absoluta eorresponde a morte. 0 6eio,

enquanto morte da atividade, signifiea nao 56 a morte

do homem, mas um retorno do mesmo a um estagio

anterior de seu desenvolvimenton

Rui Chamone Jorge.

AGRADECIMENTOS

A Professora Dra. Nilse Chiapetti, meus agradecimentos pela fundamental

orientac;ao, carinho e creditos depositados em mim. Seu auxtlio me ajudou a percebercom maior clareza a imporUmcia de ser Terapeuta Ocupacional.

1.INTRODUCAO ..

2. ESQUIZOFRENIA.

2.1. Defini,ao ..

2.2. Oiagnostico Oiferencial .....

3. TERAPIA OCUPACIONAL ..

SUMARIO

07

10

10

12

15

3.1. 0 emprego das atividades terapeuticas na historia ... 15

3.2. A terapia ocupacional e suas estrategias no tratamento de transtornos 17

menials ...

4. A CONTRIBUiCAO DAS OFICINAS TERAPEUTICAS NO TRATAMENTO 19

DA ESQUIZOFRENIA ..

5. CONSIDERACOES FINAlS ....

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ..

24

26

1.INTRODU9AO

A esquizofrenia e urn transtomo mental caracterizado par urna dissocias;ao

das func;:oes psiquicas e pela perda de contato com 0 mundo exterior. Entre as

sintomas deslaca-s8 a diminuiC;:8o da afetividade, au mesmo sua total supressao

au auseneia, podendo instalar-s8 urn des ligamenta do mundo par parte do doente,

que S8 volta para si mesma (autismo). As func;oes inlelectuais sao igualmente

perturbadas, 0 que resulta numa progressiva alienac;ao acerca do que S8 passa asua volta. (HOBNER, 1993; LOuzA 1993). A esquizofrenia afeta nao s6 a pessoa,

mas tambem toda a sua familia e todas as pessoas a sua volta.

De acordo com Neto, Motta, Wang e Elkis (1995) a esquizofrenia

manifesta-s8 pela primeira vez usualmente no adolescente ou no adulto jovern, na

segunda e terceira decadas de vida. As alterac;6es de comportamento que vao

ocorrendo paulatinamente sao, em geral, interpretadas a luz de fatos do cotidiano.

o paciente dificilmente tem critica de que seu estado e patologico, apresentando

as mais diversas explicac;6es para a que esta ocorrendo consigo. Embora a nivel

de consciencia, a OIientac;ao temporo-espacial, a memoria e a inteligencia nao

sejam diretamente afetados, muitas vezes 0 paciente tern alterac;6es destas

func;oes psiquicas em decorrencia do quadro psicotico que esta vivenciando.

o DSM-IV (APA, 1994) refere um comportamento amplamente

desorganizado, que pode manifestar-se de varias maneiras, indo desde a

comportamento tolo e pueril ate agitac;ao imprevisivel. Pod em ser notados

problemas em qualquer forma de comportamento dirigido a um objetivo,

acarretando dificuldades no desempenho de atividades da vida diaria, tais como

organizar as refeic;6es au manter a higiene.

Apesar dos avanc;os obtidos nos ultimos anos, 0 tratamento do paciente

esquizofrenico continua um grande desafio, exigindo a participaC;ao de diversos

profissionais, que devem atuar de forma integrada em equipe para combinar as

abordagens biologicas, psicologicas e psicossocial. (MOTTA, 1995).

Segundo Wang e Elkis (1995), 0 tratamento do paeiente esquizofrenico

pode ser feito em regime ambulatorial ou de hospitaliza9ao parcial (hospital-dia e

hospital - noite), dependendo das eondi90es de eonten9ao ofereeidas pela familia.

E essencial pensar nas abordagens psicossociais deste paciente. Pressup6e ter

em mente que se trata de uma doenc;;acr6nica com severas limitac;;oesfuncionais.

o processo de reabilitac;;aodos pacientes esquizofrenicos compreende a conjunto

de ac;;oes que sejam capazes de Ihes trazer algum beneficio no sentido de

proporcionar uma melhor integrac;;ao social, profissional, enfim, uma melhor

qualidade de vida dentro dos limites que a doen9a impoe.

A Terapia Oeupacional (TO) e esseneial no tratamento da

esquizofrenia, pais consiste no desenvolvimento de atividades, atraves das quais

o paciente tem a possibilidade de expressar-se utilizando 0 material com a qual

trabalha. Nao ha uma preocupac;;ao imediata com a produtividade, ja que a enfase

e dada no fenomeno do contato com a realidade. Hit diferentes lin has de trabalho,

valorizando em maior ou men or grau a dinamica da relac;;ao que se estabelece

entre paeiente e terapeuta ocupacional durante a atividade. (BENETTON, 1993).

Segundo Hafner (1988) as Ofieinas Terapeuticas consistem numa

importante modalidade de aplicac;ao da TO nos transtornos psiquiatricos. Trata-se

de um programa mais estruturado de treinamento do paciente em uma atividade

especifica, objetivando um trabalho au uma ocupaC;;80 profissional. Ao mesmotempo em que aprende uma determinada ocupac;;ao, e avaliada a sua capacidade

para suportar as pressoes exigidas na execUI;:ao do trabalho, tendo em vista sua

futura inserc;;8.ono mercado de trabalho.

Uma vez que a esquizofrenia incide numa faixa jovem, quando a

individuo esla se preparando para entrar no mercado de trabalho ou esta inserido

nele, e comum que a paciente nao consiga retornar ° nivel de produtividade que

tinha anteriormente. Nesse caso, e preciso reorienta-Io do ponto de vista

vccacicnal, preparando-o para uma nova atividade ou profissao (SHIRAKAWA,

1992).

Tais considera<;:6es evidenciam a pertinencia da Terapia Ocupacional, e

particuJarmente das oficinas terapeuticas no tratamento da esquizofrenia, no

sentido de minimizar as perdas da capacidade funcional do paciente, decorrentes

da doen,a. Segundo Chamone, (1995), as oficinas orientam-se fundamentalmente

para a reinsen;ao social do paciente psiquiatrico, porque oferecem urn espa<;:o

diferenciado, tutelado, fora do espac;o fisico e da orientac;ao asilar e segregadora

dos hospitais psiquiatricos. Orienta-s8 em direc;ao a ucidadania", utilizando 0

trabalho, a produc;ao como recurso terapeuticQ, entendendo que uo trabalho e a

unica terapeutica para a qual em tada a psiquiatria naD ha contra-indicac;6es"

Diante disso, a partir de urna revisao teoriea acerca da esquizofrenia e

das rnodalidades de tratamento aplicaveis a esse trans torno, 0 presente trabalho

tem por objetivo estabelecer considerac;6es que evidenciarn a aplicabilidade e

potenciais beneficios das oficinas terapeuticas, enquanto uma das formas de

emprego da Terapia Ocupacional, no processo de tratarnento dos portadores

desse transtorno mental.

Para que se compreenda a importancia e aplicabWdade das Oficinas

Terapeuticas no tratamento da esquizofrenia, e importante que se abordem

aspectos como 0 conceito de esquizofrenia, diagnostico diferencial, 0 que se

entende por Terapia Ocupacional e Oficinas Terapeuticas, e finalmente, 0

emprego desta ultima modalidade, no ambito da TO, na esquizofrenia. Estes

aspectos sao abordados nas proximas unidades desse trabalho.

10

2. ESQUIZOFRENIA: DEFINlyAO E DIAGNOSTICO DIFERENCIAL

2.1 Defini!(ao

o primeiro a utilizar 0 terma esquizofrenia roi 0 psiquiatra suic;o Eugen

Bleuler em 1911, sobre as pacientes que tinham as caracteristicas de desligados

de seus processos de pensamentos e respostas emotivas. (SHIRAWAKA, 2000).

Caracterizada par uma dissociac;ao das fungoes psiquicas e pela perda de

cantata com 0 mundo exterior, a esquizofrenia afela nao 56 a pessoa, mas

tambem teda a sua familia e todas as pessoas a sua volta. Urn dos seus primeiros

sintomas e a diminuiry80 da afetividade, quando nae a sua total supressao au

ausencia, existindo urn des ligamenta do mundo par parte do daente, que S8 volta

para si mesmo (autismo). As func;;:6es intelectuais sao igualmente perturbadas 0

que acarreta rapidamente a alienaC;8o de tude 0 que S8 passa a sua volta.

(HUBNER. 1993, LOuzA 1993).

Segundo 0 Manual de Diagnosticos e Estatistico de Transtornos Mentais -

DSM-IV (APA. 1994). os aspectos essenciais da Esquizofrenia sao urn misto de

sinais e sintomas caracteristicos, os quais podem ser tanto positiv~s quanto

negativos.

Os sintomas positiv~s parecem refletir em excesso ou com diston;6es as

func;6es normais, enquanto os sintomas negativos parecem refletir uma diminuic;ao

ou perda de func;6es normais. Os sintomas positivos incluem distorc;6es ou

exageros do pensamento inferencial (delirios), da percepc;ao (alucinac;6es), da

linguagem e da comunicagao (discurso desorganizado) e 0 monitoramento

comportamental (comportamento amplamente desorganizado ou catatonico).

Os sintomas negativos incluem restrilfoes na amplitude e intensidade da

expressao emocional (embotamento do afeto), na fluencia e produtividade do

pensamento (alogia) e na iniciac;:ao de comportamentos dirigidos a um objeto

(avoli,ao).

II

Segundo Motta (1995),0 quadro residual ou defeito esquizofrenico consiste

naqueles sinais e sintomas que persistem, em maior au menor grau de

severidade, ap6s a remissao parcial do quadro agudo. Em uma minoria de

pacientes podem permanecer deHrios, vivencias de influencia ou alucinac;oescronicas, em intensidade variiweis.

Para a maioria dos pacientes a quadro residual atinge predominantementea esfera afetivo-conativa da personalidade. Os pacientes apresentam-se com

olhar indiferente, com reduC;:8o da expressao facial e mimica. Seu discurso e pobre

e podem ocorrer comportamentos inadequados. 0 areto e embotado, ha urn

esvaziamento da expressao afetiva e pouca modulac;ao emocional. A perda de

iniciativa e a apatia refletem no cotidiano: as pacientes pass am 0 dia sem fazer

nada, ficam horas sentados no mesmo lugar, limitando-se a obedecer as

solicita90es dos familiares. Os pacientes referem dificuldade para se concentrar

par tempo prolongado ou para executar uma tarefa mais dificil. A percep~ao da

propria deficiencia e particularmente penosa para os pacientes cuja critica esta um

pouco preservada. 0NANG, 1995).

Conforme Louza (1993) 0 efeito desta doen,a e devastador do aspecto

humano no que concerne ao pensamento, emo~ao e expressao. as portadores de

esquizofrenia sofrem na ausencia de cuidados especiais. Tem dificuldades para

trabalhos e seus relacionamentos sao prejudicados e dificeis, mesmo com a

melhora dos sintomas.

Benetton (1993) e Shirakawa (1992) acrescentam que em pacientes com

historias de outras doen9as pode ser diflcil a diagnostico para os sintomas da

esquizofrenia, sendo estes sintomas mascarados pelos outros, nao recebendo,

portanto a aten980 medica e a devida medica9ao.

De acordo com Louza, (1993) a esquizofrenia e uma doen,a ampla que,

alem da psicopatologia, compromete a vida de rela980 do seu portadar. Exige, em

geral, 0 tratamento em equipe multidisciplinar. a pSiquiatra deve ponderar que a

abordagem exclusivamente medica nao da conta da questao. 0 tratamento

psicossocial e imprescindivel para voltar a organizar a vida do paciente. A

12

modalidade da abordagem psicossocial deve ser escolhida de acordo com a

evolw;ao do quadro e das possibilidades do paciente.

o tratamento do paciente na lase aguda da doen9a pode ser leito em

regime ambulatorial ou de internac;8o. Esta se torna necessaria se 0 pacienteapresenta risco de auto ou heteroagressividade, principal mente em decorrencia deansiedade intensa, agitac;ao pSicomotora, presenc;a de delirios DU alucinac;6es. A

intemac;ao deve ter a men or durac;ao passivel e tern como objetivo proteger 0

paciente, propiciando-Ihe urn ambiente tranquilo e com pouca eslimulaC;Elo

sensorial, aliviando 0 quadro de agita9ao e ansiedade. (ARMSTRONG, 1993).

Uma modalidade bastante empregada no tratamento, que freqOentemente

taz parte do tratamento de reabililaC;8o dos pacientes com esquizofrenia, aD lado

do medicamentoso, e a Terapia Ocupacional, que se refere a urna terapia

centrada em atividades. A atividade nao deve ser encarada como tendo funyao

meramente recreativa. Sua finalidade e recuperar a capacidade de voltar a fazer

algo e combater a lalta de vontade. E indicada para aquelas pessoas que estao

em estado de desorganizayoes, isoladas e com a vontade cornprometida. A

atividade faz com que a pessoa se organize e possa desenvolver sua criatividade.

Nao se trata merarnente de fazer uma tapeyaria, urna peya de ceramica ou urn

desenho. Trata-se de concluir urna tarefa objetiva, propiciando a pessoa a

constata9ao concreta de que ela tem capacidade para executa-Ia. (BENETTON,

1993). i

2.2. Diagnostico Diferencial

Segundo 0 DSM-IV (APA, 1994) existe uma ampla variedade de condi90es

rnedicas gerais que podern apresentar-se com sintornas psicoticos:

Transtorno Psicotico Devido a urna Condiyao Medica Geral, delirium ou

dememcia, que sao diagnosticados quando existem evidencias, indicando que

os delirios e alucinayoes sao consequencia fisio16gica direta duma condiyao

medica geral.

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Transtornos Psicoticos Induzidos par Substancia, Delirium Induzido por

Substancia e Demencia Persistente Induzida por Substancia, que sao

diferenciados da Esquizofrenia pelo fata de que uma substancia (drogas,

medicamentos) e considerada etiologicamente relacionada com as delirios e

alucina<;:6es.

Transtorno de Humor com Aspectos Psicoticos e Transtorno Esquizoafetivo,

as quais sao de dificil distinc;ao com Esquizofrenia pelo fata de que a

perturbac;ao do humor e comum durante as rases prodromica, ativa a residual

da Esquizofrenia. (APA, 1994; HAFNER, 1987).

Transtorno Esquizofreniforme, que pode ser diferenciado da Esquizofrenia

com base em sua durac;ao.

Transtorno Delirante, cujo diagnostico diferencial com a Esquizofrenia e

repousa na natureza dos delirios e na aus€mcia de outros sintomas

caracteristicos dessa ultima.

Transtorno Psicotico Sem Outra Especificac;ao: urn diagnostico nessa

direc;ao pode ser feito quando nao ha informac;6es suficientes para decidir

entre Esquizofrenia e outros Transtornos Psicoticos.

Transtorno da Personalidade Esquizotipica, Esquizoide ou Paranoide: a

Esquizofrenia compartilha caracter!sticas e pode ser precedida por esses

transtomos. (APA, 1994).

De acordo com Elkis, (1995) a distin<;ao entre esquizofrenia e transtornos

do humor envolve uma antiga discussao teo rica da nosografia psiquiatrica.

Classicamente, segundo 0 conceito jasperiano de hierarquia, na presenc;a de

sintomas de esquizofrenia e de transtomo do humor, deve prevalecer 0

diagnostico da primeira. No entanto, nota-se nos criterios diagnosticos atuais uma

tendencia a inversao de tal hierarquia. A importancia dessa diferenciac;ao

diagnostica e clara, na medida em que as condutas terapeuticas e 0 prognostico

do paciente sao diferentes em ambas as patologias.

E necessario salientar, entretanto que muitas vezes se tom a dificil

diferenciar entre uma depressao psicotica com delirios incongruentes com 0

humor e uma esquizofrenia com delirios niilistas ou hipocondriacos. Quadros

'4

depressivos podem simular uma esquizofrenia catat6nica; sintomas depressivospod em assemelhar a sintomas negativas esquizofrenicos. Quadros hipomaniacosau maniacos com idea~aodelirante devem ser lembrados no diferencial com

esquizofrenia.

Em certes transtornos de personalidade podem ocorrer sintomas que S8

assemelham aos da esquizofrenia. Os transtomos paranoides (F60. 0), esquizoide

(F60. 1) e emocionalmente instavel tipo borderline (F60. 31) sao aqueles que mais

freqOentemente devem ser diferenciados da esquizofrenia. Os sintomas

apresentam-se estaveis e persistentes por lon905 anos, acompanhandopraticamente a historia de vida do individuo. 0 quadro tende a S8 instalar de forma

progressiva havendo desadapta,ao pessoal e social cronica. (LOUzA e MOTTA

1995).

Segundo Dalgalarrondo, (1993), uma vez que a esquizofrenia ocorre

freqOentemente na segunda decada de vida, e precise considerar 85sa

possibilidade quando urn adolescente comec;a a apresentar alteral;oes

significativas de seu comportamento habitual. Como quadro esquizofrenico pose

ter uma instalal;8o insidiosa, e preciso fazer urn acompanharnento intensive do

paciente para que se possa distinguir urna excentricidade transitoria da

adolescencia de urn quadro processual.

15

3. TERAPIA OCUPACIONAL

3.1. 0 emprego de atividades terapeuticas na hist6ria

A hist6ria da Terapia Ocupacional e bastante recents, pOfsm podemos falar

que a atividade humana enquanto recurso terapeutico fol utilizada, de forma talv8Z

pouco consciente e/ou cientifica, desde os tempos mais remotos.O homem

percebe que as atividades possuem caracteristic8S capazes de influencia-Io,

afeta-Io e transforma-Io e as utiliza, a principia de forma intuitiva, para trabalhar

aspectos ffsicos e principalmente aspectos emocionais.Na Prs-hist6ria, 0 homem utilizava as pinturas nas paredes de cavernas,

representando seus temores e alegrias diarias e conseqOentemente elaborando-

as internamente.

Entre os Egipcios, em 2000ac, havia a inteng80 terapiiutica no tratamento

do humor doentio, quando usavam cantos e dangas ou quando recomendavam ao

paciente ocupar suas horas livres com atividades recreativas.

Os Romanos (293ac) dedicavam-se a cura de doengas mentais e fisicas

com a ajuda de divers6es, entretenimento e leitura.

Em 172ac, Galeno, medico grego, afirmava ser a ocupagao 0 melhor

medico da natureza, sendo essencial a felicidade humana.

Durante a Idade Media esse tipo de tratamento passou por um periodo de

inatividade. E em 1407, retorna com Frei Joffe, que instituiu 0 trabalho como uma

das formas de tratamento dos doentes do Asilo de Saragoga na Espanha.

Com a Revolu,80 Francesa, em 1789, novas ideias surgiram, e Philip Pinel,

entao diretor do Hospital Bicetre, institui a terapia pelo trabalho como forma

integrante da reforma psiquiatrica.

No Brasil, em 1854, no Hospicio Pedro II, havia oficinas de trabalho para 0

tratamento de doentes mentais.

Em 1903, Juliano Moreira, diretor de Assistencia a PSicopatas, impulsionou

a Terapia Ocupacional no Brasil, principal mente no RJ, sendo que em 1911 criou

uma colonia para mulheres onde a terapeutica pelo trabalho passou a ser

16

executada com maior intensidade. Entretanto toi com a criaC;80 da Colonia Juliano

Moreira em Jacarepagua/RJ, que 0 tratamento tomau grande impulso no pais.

Com a depressao econ6mica decorrente da Primeira Guerra Mundial,

novamente vemos urn declinio da ocupac;ao terapeutica, que retorna novamente

com 0 aparecimento de pessoas especializadas para desenvolver esse trabalho. A

primeira escola de Terapia Ocupacional foi aberta em 1915 em Chicago/EUA.

No Brasil, em 1946, foi criado no RJ a Servi90 de Terapia Ocupacional no

Centro Psiquiatrico Nacional, cuja direc;8.o ficou ao encargo da Ora. Nise M. da

Silveira.

Em 1948 a profissao de Terapia Ocupacional toi reconhecida na Europa e

em 1951 foi criada a Federa9ao Mundial de Terapia Ocupacional.

o primeiro curso de Terapia Ocupacional no Brasil, instalado pela ONU,

com dura9ao de 12 meses, foi ministrado no Hospital das Clinicas da Faculdade

de Medicina da Universidade de Sao Paulo, sendo regulamentado em 1964.

Somente em 13 de outubro de 1969, atraves do Decreta-Lei nO938, sao definidas

as atribuic;6es do Terapeuta Ocupacional e a fonnac;ao de nivel superior ereconhecida, ficando a Ministerio da Salide incumbido da fiscaliza9ao do exercicio

profissional.

Em 1975, com a Lei nO6316, cria-se 0 Conselho Federal de Fisioterapia e

Terapia Ocupacional (COFFITO) e as Conselhos Regionais de Fisioterapia e

Terapia Ocupacional (CREFITO's), passando para estes a incumb€mcia de

fiscatizar e normatizar as profiss6es, alem de definir a formac;ao e competencia

dos profissionais.

o C6digo de Etica Profissional que em seus capitulos define as responsabilidades

dos profissionais de Terapia Ocupacional e Fisioterapia foi aprovada pelo

COFFITO em 1978.

Em 1987, com a Resolu,ao COFFIT0-81, a exercicio do profissional de

Terapia Ocupacional e revogado e redefine-se a competencia do Terapeuta

Ocupacional e 0 usa da expressao Terapia Ocupacional. (CARLO; BARTALOTII,

2001).

17

3.2. A terapia Ocupacional e suas estrategias no tratamento de

transtornos psiquiatricos.

A Terapia Ocupacional atua com projetos de vida, com atividades do

cotidiano, com a retina do sujeito. No cotidiano, observa-se 0 usa do tempo, a

ambiente em que ele 8Sta inserido, atividades do seu dia a dia e os papa is que ele

apresenta na vida. Considera-se esses aspectos quantitativa e qualitativamente.

Avalia e promove a saude prchica atuando no potencial criativo, na

expressividade, no aspecto hjdico, na produtividade e na evolutividade humana.

(MACHADO, 2000).

De acordo com Maximino, (2001), urn dos pressupostos basicos da T era pia

Ocupacional e que a fazer, a 8yao, pode exercer urn eteite terapeutico sobre seu

agente.

Outro pressuposto basico e que "fazer junto" (em principia com a terapeuta,

que pode indicar a 8c;ao, ensinar, interpretar etc., dependendo de sua concep\=ao

teorica) facilita a a\=ao e/ou Ihe da outros sentidos, pOis todo fazer implica uma

rela\=ao com 0 mundo das coisas e das pessoas, nao ha um fazer sozinho, a nao

ser um balan\=ar autista, a que seria a exata nega\=ao de uma rela\=ao. Diferentes

"qualidades de rela,ao" marcam diferen,as no fazer. A Terapia Ocupacional eeminentemente social, po is 0 fazer e sernpre urn ato social. Os homens se juntam

para fazer coisas e 0 fazer junto cria um tipo especial de relac;ao, urn identificar-se

pela a980 ou por seus objetivos em comum. Aquilo que e feito, 0 e em urn rnundo

compartHhado.

Winnicott (1982) diz que existe uma diferen<;a entre compreender 0 brincar

infantil- ou 0 fazer - como uma tentativa de elabora9ao de vivencias emocionais,

de pura repetic;ao e treinamento de papeis sociais que deverao ser

desempenhados na vida adulta, eo brincar compreendido como a maneira propria

da crian98 viver; 0 proprio brincar provocando vivencias de fOl"9a extraordinaria.

Seria interessante pensannos que, ao inves de a brincadeira ser

treinamento para a vida adulta, talvez nos adultos e que continuemos brincando

IS

cada vez que exercemos este uimpulso criativo~, cada vez que exercemos ests

"desejo de fazer'. A Terapia Ocupacional trala exatamente disto: de re/estabelecer

uma potencia produtiva, possibilitar uma prodUC;:c30significativ8. Para fazer islo, as

terapeutas ocupacionais lan<;am mao de diversos procedimentos e tecnicas que

podem ser aplicadas tanto em "setling" individual ou grupal. (MAXIMINO, 2001).

Segundo Benetlon (1991), grupos de atividades sempre foram um recurso

multo utilizado na Terapia Ocupacional, principalmente no campo da Psiquiatria.

Refere-s8 a dais tipos de dinamica, ligados diretamente ao usa das atividades. No

primeiro, cada paciente faz sua atividade e mantem com 0 terapeuta uma relac;:ao

individual (grupo de atividades), no segundo, os pacientes fazem uma unica

atividade em conjunto e 0 terapeuta pade manter 0 grupo nessa relac;:ao de

Irabalho conjunto (atividade grupal).As oficinas terapeuticas, que constituem urn espac;:o de atendimento em

grupo em toma do fazer humano, sao uma forma de tratamento utilizada dentro da

Terapia Ocupacional. Uma vez que sao 0 foeo do presente estudo, serao

abordadas com maior profundidade no capitulo que se segue.

19

4. A CONTRIBUIC;:AO DAS OFICINAS TERAPEUTICAS NO

TRATAMENTO DA ESQUIZOFRENIA

De acordo com Lopes (1999), ter a vida par objeto primeiro, significa muito

mais que preservac;ao desta, comumente exemplificada na ausemcia de doenCY8,

au pela assistencia a doenya, mas antes e fundamentalmente, e a qualidade desta

vida 0 que esta em cena, em suas caracteristicas mais diversas, desde 0 acesso a

bens, a cultura, a educa<;:ao, ao trabalho, a convivencia, a historia, ate direito de

cada individuo S8 exercitar sujeito de seu proprio "destine", patamar maximo de

respeito a vida, 0 direito de cidadania, uma especie "rara" de saude.

No ge5to, na expressao, na pratic8, na ac;ao, no fazer, S8 processa a

recuperac;ao. As atividades humanas sao constituidas par urn conjunto de 8yoes

que apresentam qualidades, demandam capacidades, materialidade e

estabelecem mecanismos interiores para sua realiza~ao. A linguagem da a~ao eum dos muitos modos de conhecer a si mesmo, de conhecer 0 outro, 0 mundo, 0

espa~o, 0 tempo em que vivemos, e a nossa cultura. 0 que se estabelece no

decorrer das atividades nas Oficinas Terapeuticas e urn campo de

experimentac;ao, no qual se instala urn processo dinamico, caracterizado como fio

condutor de uma historia peculiar, que se constroi na relaC;80 terapeutica, a cada

momenta ou situayao, de modo singular. (RIBEIRO, 1996).

Segundo Carlo e BartaloUi (2001), a qualidade de vida envolve a percepyao

subjetiva dos individuos sobre seu bern estar e suas condir;6es de vida. Envolve

tambem 0 trabalho para uma organizaC;80 coletiva na estruturac;ao dos direitos a

na construr;ao da cidadania da populac;ao atendida nesse campo. Por isso sao

valorizados momentos de atenc;ao individual e grupal com a finalidade de

potencializar a comunicac;ao, a troca de informac;6es e a participac;ao do sujeito no

mundo. Isso significa constituir urn trabalho artesanal, de desconstruc;ao e

enfrentamento de problemas e de recomposiC;80 e resignificaC;80 dos projetos de

vida, buscando novas formas de conhecimento, de relacionamento e de aC;80

sobre 0 mundo.

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21

de cada urn, 8ssociadas a necessaria reconstitui9ao de uma multiplicidade de

a,Des para a constru,ao da saude. (FRANCISCO, 2001).

Segundo Fuzikawa (1995), 0 objeto concretizado na oficina de Terapia

Ocupacional nao S8 destina a Dutro fim que nao a de sua propria construC;80 e da

aquisic;ao de consciemcia "( ... ) par aquele que fabricou".

Nesse processo, que envolve cinco elementos indispensaveis: paciente,

material, ferramenta, objeto e terapeuta, 0 careiter da critica pelo fazer e 0

resultado alcanc;ado pelo paciente, de fazer/assimilar e projetar/criticar. A prime ira

mediac;ao da-s8 pela experimentac;ao concreta do paciente, quando esle S8

permite ao cantato e a construl(ao de objetos concretos. Tern -S8 a atividade

como fim de 5i mesma. A segunda aconleee na relac,;:aocom 0 terapeuta, quando

este busca estimular a paciente a explorac;ao mental, refiexao sabre a que ele fez.

Estimula~se a paciente a esvaziar, conhecer au reconhecer as partes do todo

construido, a objeto. "Aqui a atividade e meio para a profissional, porem,

resgatada pelo paciente, a partir de suas experiEmcias e novas explicac;;oes de si

para si".(CHAMONE, 1993).

Segundo Chamone (1990), a importancia do exercicio motor-mental e que,

atraves dele, a paciente aprende a ser ator e critlco de sua vida, nao uma vitima

de sua vida. E este principia se aplica a homens norma is, neur6ticos, psicoticos,

letrados e analfabetos.

De acordo com Maximino (2001), 0 principal objet iva e que as pacientes

aprendam a se relacionar com a situac;ao grupal. 0 primeiro passo deve ser ajudar

a paciente no sentido de conhecer a suficiente a respeito dos outros e da proposta

de "estar junto". Com urn paciente mais integrado uma simples apresenta,ao pode

ser suficiente enquanto que urn paciente mais desorganizado pode necessitar de

uma atividade definida que ajude a reduzir a ansiedade e facilitar a contato. Um

paeiente agressivo pode aehar a proposta de atividade alga restrito e a terapeuta

deve evilar pressionar a paciente para que se expresse ate que ele possa sentir-

se segura.

A estrutura grupal perrnite a aparecimento de varios papeis que poderao

suprir as neeessidades dos diversos paeientes simultaneamente, ja que as

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pessoas assumem papeis na medida em que estes satisfazem suas necessidades

emocionais. Ja que as pacientes tandem a S8 comportar no grupo do mesmo

modo que em suas familias, esla abordagem permite ao terapeuta ocupacional

conhecer como e 0 paciente fora do ambiente de tratamento.

o Terapeuta deve ser 0 lider do grupo e e urna figura importante em seu

funcionamento. Sua funt;ao e facilitar 0 processo e criar 0 melhor ambiente que

possa conduzir ao tipo de crescimento e aprendizado para as quais estes grupos

estao dirigidos. 0 terapeuta naD deve assumir responsabilidades em lugar do

grupo, mas sim percebe-Io como urn agente terapeutico. Suas atitudes devem ser

baseadas na crenc;a no direito do paciente de S8 auto determinar e na confianr;a

suficiente para permitir este exercicio de liberdade para explorar e testar suas

proprias capacidades (FIDLER, 1969).

Segundo Benetton (1991), Existem cinco tipos de grupos que pod em ser

trabalhados nas oficinas terapeuticas, descritos a seguir:

.:. Grupo paralelo: agrupamento de pacientes envolvidos em atividades

com a minima necessidade de interar;ao. Os membros do grupo

podem agir como fonte de estimulo uns para os outros ou ainda no

teste de como seu comportamento pode ateta-Ios. No entanto, a

realizar;ao de atividade nao requer interar;ao e 0 terapeuta prove

assistencia a cada paciente individualmente .

•:. Grupo de projeto: Os participantes estao envolvidos em uma

atividade comum de curta durar;ao que requer alguma interar;ao:

definidas por cooperar;ao e competir;ao. 0 objetivo principal e a

realizar;ao da atividade, e relacionamento que nao digam respeito a

esta nao sao esperados. 0 terapeuta auxilia 0 grupo na seler;ao de

atividades que requerem este nivel de interar;ao e prove assistencia

a cada membro individualmente. Ocasionalmente 0 grupo pode estar

envolvido em atividade grupal.

.:. Grupo egocentrico-cooperativo: os membros do grupo selecionam,

implementam e executam atividades de longa durar;ao. A atividade

continua sendo central, mas sao encorajadas as buscas de

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satisfayao das necessidades emocionais atraves de interac;ao

recfproca. 0 terapeuta e ainda suporte e orientador da tarefa e

continua a responder por parte consideravel das necessidades de

cada membra do grupo, mas exerce menos papel de Hderanya .

•:. Grupo cooperativo: os participantes sao encorajados a expressar

emoc;6es, compartilhar ideias e sentimentos, e identificar e gratificar

as necessidades s6cio-emocionais uns dos outros junta mente com a

realiza((ao da atividade. 0 grupo nao e usado para percepc;ao e

modifica((80 de emoy6es, respostas e valores, mas sim para

experimentar 0 prazer de compartilhar um nivel emocional e

aprender a interagir em relayao interpessaais em situa((ao grupa1.

.:. Grupo maduro: caracteriza-se pela realizac;ao de atividades e

desempenha de papeis adequados a um funcionamento grupal. 0

objetivo e a combinac;aa de pradutividade com satisfay80 das

necessidades grupais.

De acordo com Mahler e Tschabrun (1978), as grupos desenvolvidos nas

aficinas terapeuticas, tern como objetivo aumentar opartunidades de sociaHzac;ao,

aumentar a auto-estima e confian((a, e expressar sentimentos, enquanto

trabalhando au planejando atividades conjunlamente, pais tao importante quanta aprodu((ao, sao as diversas possibilidades que resultam dela.

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5. CONSIDERA<;:OES FINAlS

Assim como individuos normais veern a mundo sob sua perspectiva

pessoal, as individuos esquizofrenicos tambem tern sua propria perceplfao da

realidade. Sua visao de mundo, entretanto, e em geral surpreendentemente

diferente da realidade que normalmente e percebida e compartilhada pelas

pessoas que as cercam. Ao viver em urn mundo que pareee distorcido, instavel e

faltando-Ihe as pontcs de refer€mcia confiaveis, que todos n6s usamos para nos

ancorarmos a realidade, a pessoa com esquizofrenia pode sentir-se ansiosa e

confusa.

Como jil foi ressaltada, a esquizofrenia destaca-se entre as transtornos

menta is, causando sofrimento aD paciente e seus familia res. ProvDca limita':(oes e

prejuizos, dificultando suas atividades cotidianas e sua convivencia social. Islo

evidencia a necessidade de uma melhor compreensa.o da doenya para aliviar 0

sofrimento dos individuos e pmporcionar-Ihes uma melher qualidade de vida.

A partir da revisa.o te6rica e reflexa.o resultante que deram origem a este

trabalho, pode-se concluir que quando oterecemos uma atividade ao paciente e

solicitamos que a realizem, muitas coisas podem acontecer e precisamos estar

atentos se desejamos que a terapeutica ocupacional realmente acontec;a. 0 mais

importante e a singularidade de cad a um e a maneira como interagimos e

respeltamos as partlcularidades destes pacientes, po is somente assirn e possivel

criar urn ~setting~ terapeutico adequado com 0 uso de atividades.

As oficinas terapeuticas buscam unir saude, convivio social e cultura, dando

condic;6es para a instalac;a.o de urn pmcesso de possivel transformac;a.o desse

sujeito, em urn sujeito desejante e produtlvo, digno de respeito e inclusa.o social.

Nas oficinas terapeuticas, 0 paciente tern a possibilidade de resgatar 0 seu desejo

com 0 trabalho realizado dentm das mesmas, a produc;ao e expressao livres.

A produc;ao tern eteilos terapeuticos neste sujeito, que chega alienado, e

que nesta atividade pode exercitar sua possibilidade de escolha e expressao. A

oticina terapeutica tern como 61ica a valorizac;ao do sujeito no seu meio social.

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A realiza980 desse trabalho permitiu que a autora percebesse, com maior

clareza, a importiincia do papel do Terapeuta Ocupacional no tratamento dos

transtomos mentais, particularmente da esquizofrenia e da atividade terapeutica

como tratamento. Como ja foi mencionada, a produ9ao permite surgir 0 que ha de

mais particular, 0 desejo do paciente, pois tao importante quanto a prodUl;ao, sao

as diversas possibilidades que resultam dela.

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