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MONOGRAFIA APRESENTADA AO SUPERVISOR DO PROGRAMA DE RESIDÊNCIA MÉDICA EM PEDIATRIA DO HOSPITAL
REGIONAL DA ASA SUL
Marcadores Inflamatórios e Infecção em Pediatria: Revisão
Bibliográfica
Sylvia Maria Leite FreireOrientador: Dr. Bruno Vaz da Costa
Hospital Regional da Asa Sul
www.paulomargotto.com.br 10/11/2009
Introdução
Infecções bacterianas: morbidade e mortalidade em pediatria
- Inespecificidade dos sintomas:doença bacteriana invasiva x quadro auto-
limitado ?- Decisão diagnóstica:
antibioticoterapia precoce x observação ?Recursos diagnósticos- Cultura de materiais biológicos: padrão ouro –
demora dos resultados
Introdução
Marcadores biológicos- Alta sensibilidade e especificidade, baixo custo,
resultados rápidos, capacidade de estratificação e orientação do prognóstico
Reação inflamatória marcadores inflamatórios
Introdução
Velocidade de hemossedimentação- Baixa especificidade- Sujeita a variações do número, tamanho e forma
das hemáceas e às concentrações de imunoglobulinas
Citocinas- Interleucinas 1, 6, 8 e 10; TNF alfa- Alto custoProteína C reativaProcalcitonina
Objetivo
Revisar aspectos relativos à utilização da Proteína C reativa e da procalcitonina como
marcadores de infecção bacteriana em pacientes pediátricos
Método
Revisão da literatura - seleção das publicações pertinentes a partir dos termos: proteína C reativa; procalcitonina; marcadores biológicos; infecção bacteriana e criança.
- Bancos de dados : LILACS-BIREME, MEDLINE; MD Consult e PUBMED.
- Incluídos artigos originais, revisões de literatura, metanálises, editoriais e livros texto
- Excluídas publicações com mais de 15 anos de divulgação
Aspectos Bioquímicos
Proteína C reativa
1930 – isolamento a partir do plasma de pacientes com pneumonia pneumocócica
Sintetizada nos hepatócitos e macrófagos alveolares em resposta a citocinas (interleucina 6)
Função pró e antiinflamatória: - modulação do complemento- regulação da opsonização e fagocitose
BOCK, J. L. Evaluation of Cardiac Injury and Function. In: McPherson; Pincus. Henry’s Clinical Diagnosis and Management by Laboratory Methods. 21 ed. Estados Unidos: Saunders Elsevier, 2007.
Proteína C reativa
Concentração habitual: 0,1 mg/dl - eleva-se cerca de 4 a 6 horas após estímulo- Atinge de 100 a 1.000 x os valores de referência em
um a três diasProduzida em vigência de estados
inflamatórios:- 15 a 35 mg/dl – infecção bacteriana invasiva- 2 a 4 mg/dl – infecção viralAvaliação do risco de doença coronariana
Procalcitonina
Pró-hormônio da calcitonina, codificado pelo gene CALC -1, secretado pelas células C da tireóide em condições habituais
- Liberação extra-tireoidiana induzida durante processos inflamatórios (macrófagos e monócitos)
Pré-procalcitonina
PROCALCITONINA
Catacalcina
Calcitonina
N - procalcitonina
Procalcitonina
Síntese in vitro: inoculação de pequenas quantidades de endotoxinas bacterianas
- Detectável no plasma aproximadamente 2 a 3 horas após o insulto
- Meia-vida: 20 a 24 horas
Procalcitonina
REINHART, K. et. al. Markers for sepsis diagnosis: what is useful? Critical Care Clinics, v. 22,, 2006.
Procalcitonina
Não possui efeito imunológico bem definido- Identificação de sítios de ligação da calcitonina nos
linfócitos T e B- Evidências distintas sobre a produção de citocinasEstabilidade em amostras coletadasColeta em EDTA ou heparinaFluidos corporais: ausência de associação
positivaVia de eliminação: controversa
Aplicação Clínica
Sepse
Sinais específicos se apresentam tardiamenteParâmetros laboratoriais tradicionais se
elevam em situações de resposta inflamatóriaPCR- freqüentemente utilizada- baixa especificidadePCT- marcador mais específico- uso bem estabelecido em adultos
Sepse
PCR x PCT- Arkader et.al 2006:
PCR: 0,5 mg/dlPCT: 2,0 ng/ml
Avaliação da evolução do quadro- Padrões distintos de comportamento da PCT
entre os pacientes que se recuperaram e os que foram a óbito (Jensen et. al., 2006)
PCR PCTSensibilidade 76% 88%Especificidade 40% 100%
Meningite
Inespecificidade dos sintomas e achados bioquímicos em fases iniciais
Elevação dos marcadores inflamatórios no plasma e no LCR
PCR – elevado valor preditivo negativo- PCR no LCR: sensibilidade 86,6%; especificidade 92%- PCR plasmática: sensibilidade 76%; especificidade 86%
Prasad et. al., 2004
Sensibilidade: 96% Especificidade: 100%
Meningite
PCT- Testes de maior valor preditivo (Dubos et. al., 2006) :
PCT plasmáticaProteinorraquia
- Utilidade no seguimentoredução marcante após 48 a 72 horas do
início do tratamento
Infecção do Trato Urinário
ITU: cistite? pielonefrite?Inespecificidade dos sinais clínicos
necessidade de métodos não invasivos - PCR , VHS e leucograma – baixos valores preditivos- PCR – positivamente relacionada a alterações
cintilográficas. Menor sensibilidade e especificidade que a PCT.
Infecção do Trato Urinário
PCT- Kotoula et. al. 2008:
Associação com refluxo vesico-ureteral- PCT > 0,5 ng/ml: risco de refluxo vesico-
ureteral 2,5 x maior (Leroy et. al., 2007)
lesão PCT (ng/ml)grau I 1,6grau II 2,0grau III 11,2
Pneumonias
Exames radiológicos + achados clínicos: baixo poder na diferenciação da etiologia do quadro
Uso abusivo de antibióticosPCR – baixo valor preditivo positivo; baixa
especificidadePCT – marcador útil em imunocompetentes- maior especificidade - 87,5% x 40% ( Moulin et. al., 2001)- Orientação da terapêutica – redução do uso de
antimicrobianos de 83% para 44% (Crain et. al., 2004)
Utilização da Proteína C reativa e da Procalcitonina em Populações
Específicas
Neonatos
PCR- Não atravessa a barreira placentária- Elevado valor preditivo negativo- Marcador diagnóstico superior ao leucograma e
comparável à IL- 6 e o TNF alfa (Caldas et. al., 2008)PCT- Sensibilidade: 50 – 99%- Elevados níveis séricos nos primeiros dias de vida
(5µg/l)- Superioridade em relação à avaliação de neutrófilos
totais e imaturos – 78 prematuros. (Flender, 2008)
Doença Falciforme
Estado hipermetabólico mesmo em fases assintomáticas
- padrão de resposta inflamatória distintoProteínas de fase aguda:- moderadamente aumentadas em assintomáticos e
significativamente aumentadas nas crises de vaso-oclusão
Faltam estudos sobre o uso de marcadores inflamatórios como preditores de infecção nesse grupo
Neutropênicos
Infecções principal causa de mortalidade em crianças
Ausência de sinais de doença grave atraso no início do tratamento
Utilização de marcadores biológicos independentes das alterações orgânicas provocadas pela doença de base e seu tratamento
Elevação da PCR: > 9 mg/dl – fator de risco independente para sepse (Santolaya et. al., 2008)
Neutropênicos
PCT – marcador mais sensível e específico (Fleishhack et. al., 2002)
Classificação do paciente em faixas de risco- Diferenças estatisticamente significativas entre os
níveis de PCR e PCT em pacientes de alto e baixo risco
- Níveis elevado de PCR e evolução para o óbito: p < 0,001 (Santolaya et. al., 2008)
Martinez Albarran et. al., 2009
Conclusão
PCR- Baixa especificidade- Elevado valor preditivo
negativo- Uso rotineiro no
período neonatal
Procalcitonina- Melhor especificidade- Elevado valor preditivo
negativo- Elemento orientador da
terapêutica- Custo elevado
• Avanços no conhecimento da resposta inflamatória: marcadores biológicos.
Conclusão
Não existe marcador inflamatório disponível na prática cotidiana capaz de isoladamente identificar uma infecção bacteriana
Evidências laboratoriais devem estar impreterivelmente associadas à clínica
Faltam estudos controlados, com amostras adequadas, que orientem o uso dos marcadores estudados na população pediátrica
Obrigada!