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1 CENTRO UNIVERSITÁRIO GERALDO DI BIASE FUNDAÇÃO EDUCACIONAL ROSEMAR PIMENTEL DEPARTAMENTO DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO ESTUDO E ANALISE DE RISCOS EM GASODUTOS Segurança em Gasodutos TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Priscilla Araujo Miranda Vicente Sacramento Junior

MONOGRAFIA consolidada

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CENTRO UNIVERSITÁRIO GERALDO DI BIASE

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL ROSEMAR PIMENTEL

DEPARTAMENTO DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO

ESTUDO E ANALISE DE RISCOS EM GASODUTOS

Segurança em Gasodutos

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Priscilla Araujo MirandaVicente Sacramento Junior

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Volta Redonda, 2012CENTRO UNIVERSITÁRIO GERALDO DI BIASE

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL ROSEMAR PIMENTEL

DEPARTAMENTO DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO

ESTUDO E ANALISE DE RISCOS EM GASODUTOS

Segurança em Gasodutos

Priscilla Araujo Miranda (matricula)Vicente Sacramento Junior - 1400125

Renzo Verreschi MannarinoOrientador

Renzo Verreschi MannarinoCoordenador do Curso

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Volta Redonda, 2012

Agradecemos a Deus que sempre guiou nosso

meu caminho até aqui. Nossos sinceros

agradecimentos aos nossos pais que foram

guerreiros até o fim lutando ao nosso lado,

nossos familiares, à todos professores, futuros

colegas que sempre acreditaram muito no meu

trabalho e me ajudaram no que foi preciso, à

todos os meus amigos e colegas de trabalho

que de alguma maneira ajudaram para esta

realização.

Agradecemos de maneira especial a Eng. de

Segurança Maria Beatriz Caputo, o

aprendizado e com toda sua vontade de dividir

conosco seu conhecimento e ao nosso

professor orientador Renzo Mariano que

sempre deu o suporte necessário para que este

trabalho se concretizasse. Foram muitos

aqueles que contribuíram para a conquista do

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objetivo então alcançado, que confiaram no

nosso potencial para esta conquista.

OBJETIVO

Identificar os riscos potenciais nos trabalhos em gasodutos, através de um estudo dos métodos

de analise de riscos, para que se possam ser tomadas ações preventiva e decisões gerencias,

com o intuito de evitar a ocorrência de acidentes.

Conhecer os riscos do gás natural, estabelecer medidas para os trabalhadores, sistemas e

processos, visando à identificação dos riscos, perigos e aspectos ambientais relacionados com

o empreendimento de instalação de um gasoduto.

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RESUMO

O transporte de gás natural entre as fontes de produção e centros de consumo é realizado através de navios, caminhões e dutos. Entretanto, os dutos tornaram-se o preferencial, devido a razões econômicas e de segurança. Duto é a designação da ligação de tubos destinados ao transporte de petróleo e seus derivados. Os dutos que transportam gás natural das fontes produtoras até os centros consumidores são chamados de Gasodutos. O Gás Natural é uma mistura de hidrocarbonetos leves, mais leve que o ar. Apresenta riscos de asfixia, incêndio e explosão. A falha de uma tubulação pode trazer diversos prejuízos para a população e propriedades próximas. Para poder se prevenir é necessária uma avaliação dos riscos. As avaliações qualitativas e quantitativas dos riscos tornaram-se importantes por controlar o nível de perigo efetivo do gasoduto. De um modo geral, os perigos estão presentes em todas as atividades, por isso é necessário identifica-los, o que pode causar danos às pessoas, à propriedade, ao meio ambiente e até à imagem de uma empresa. É necessário verificar com que frequência esse evento, uma falha, pode acontecer, ou seja, estudar a probabilidade de ocorrência daquele evento adverso, por fim, precisamos prever quais os impactos, ou quais as consequências desses eventos.

Palavras-chaves: Gasoduto, Análise de Risco, Perigo, Segurança, Gás Natural.

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ABSTRACT

The natural gas transmission between sources of production and consumption centers is performed by ships, trucks and pipelines. However, the pipelines have become the preferred, due to economic reasons and security. Duct is the name of the connection pipes for the transport of oil and its derivatives. The pipelines that transport natural gas from production sources to the consumer centers are called pipelines. Natural gas is a mixture of light hydrocarbons, lighter than air. Presents risks of suffocation, fire and explosion. The failure of a pipe can bring many losses to people and property nearby. In order to prevent is a necessary risk assessment. The qualitative and quantitative assessments of risk have become important for controlling the level of actual danger of the pipeline. In general, the dangers are present in all activities, so it is necessary to identify them, which may cause harm to people, property, environment and even the image of a company. You need to check how often this event, a failure can occur, ie, to study the probability that an adverse event, finally, we need to predict what the impact or the consequences of these events.

Key words: Gas Pipeline, Risk Analysis, Risk, Safety, Natural Gas.

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ERRATA

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ERRATA

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ERRATA

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................111.1. METODOLOGIA........................................................................................................13

2. O QUE É GÁS NATURAL..............................................................................................142.1. CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS AO GÁS NATURAL..........................142.2. CADEIA DO GÁS NATURAL DO BRASIL...........................................................17

3. TRANSPORTE DE GÁS NATURAL.............................................................................183.1. TRANSPORTE MARÍTIMO DE GÁS NATURAL ..................................................183.2. TRANSPORTE RODOVIÁRIO.................................................................................19

3.2.1.Gás Natural Comprimido (GNC)..........................................................................193.2.2.Gás Natural Liquefeito (GNL).......................................................................................20

3.3. TRANSPORTE DUTOVIÁRIO.................................................................................20

4. ANÁLISE DO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE GASODUTOS .......................224.1. PRINCIPAIS ATIVIDADES DE UMA OBRA DE CONSTRUÇÃO E

MONTAGEM DE DUTOS ........................................................................................234.1.1. Recebimento, Inspeção e Armazenamento De Materiais .................................234.1.2. Projeto Executivo .............................................................................................234.1.3. Locação E Marcação de Faixa de Domínio e da Pista .....................................234.1.4. Abertura de Pista ..............................................................................................244.1.5. Transporte, Distribuição e Manuseio de Tubos ................................................254.1.6. Curvamento ......................................................................................................264.1.7. Revestimento Com Concreto ............................................................................274.1.8. Soldagem ..........................................................................................................284.1.9. Inspeção de Soldagem ......................................................................................284.1.10. Revestimento Externo Anticorrosivo ...............................................................274.1.11. Abertura E Preparação Da Vala .......................................................................294.1.12. Abaixamento E Cobertura ................................................................................304.1.13. Cruzamentos E Travessias ................................................................................314.1.14. Sinalização ........................................................................................................324.1.15. Proteção, Restauração Da Pista E Revegetação ...............................................334.1.16. Teste Hidrostático .............................................................................................334.1.17. Limpeza Interna E Inspeção Dimensional Interna Do Duto ............................344.1.18. Comissionamento .............................................................................................35

5. CONCEITOS ....................................................................................................................375.1. DEFINIÇÃO DE PERIGO E RISCO .........................................................................37

5.1.1. Perigo ................................................................................................................375.1.2. Risco .................................................................................................................375.1.3. Riscos Ocupacionais .........................................................................................37

6. AVALIAÇÃO E GESTÃO DE RISCOS .......................................................................38

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6.1. MATRIZ DE TOLERABILIDADE DE RISCOS .....................................................39

7. TÉCNICAS DE ANÁLISE DE RISCOS UTILIZADAS PARA TRABALHOS COM GASODUTOS ...................................................................................................................417.1. TÉCNICAS DE IDENTIFICAÇÃO DE PERIGOS ..................................................42

7.1.1. Análise Histórica De Acidentes (Aha) .............................................................417.1.2. Estudo De Perigos E Operabilidade – Hazop ...................................................42

7.2. AVALIAÇÃO QUALITATIVA DE RISCOS ..........................................................437.2.1. Análise Preliminar De Riscos (APR) ...............................................................43

7.3. ANÁLISE DE CONSEQUÊNCIAS............................................................................447.3.1. Análise De Vulnerabilidade..............................................................................45

7.4. ANÁLISE DE FREQUÊNCIA....................................................................................467.4.1. Análise Por Árvore De Eventos (Aae) Ou Event Tree Analysis (Eta)..............46

7.5. AVALIAÇÃO QUANTITATIVA DE RISCOS.........................................................487.6. CRITÉRIOS DE TOLERABILIDADE DE RISCOS................................................507.7. ALARP........................................................................................................................507.8. ESTIMATIVA E AVALIAÇÃO DOS RISCOS.........................................................53

7.8.1. Risco Individual ................................................................................................537.8.2. Risco Social.......................................................................................................56

8. RESULTADOS .................................................................................................................598.1. PROJETO DO GASODUTO VOLTA REDONDA X MANGARATIBA (PROJETO

FICTÍCIO)...................................................................................................................588.1.1. Caracterização Do Empreendimento.................................................................588.1.2. Normas..............................................................................................................598.1.3. Material Dos Tubos...........................................................................................598.1.4. Aspectos Construtivos......................................................................................608.1.5. Transposição Da Serra Do Piloto......................................................................618.1.6. Válvulas De Bloqueio Automático....................................................................618.1.7. Traçado Do Gasoduto Gasman Com Fotos Aéreas Do Pontos Sensíveis.........62

8.2. FREQUÊNCIAS DE FALHAS (EGIG – REFERÊNCIA DE BANCO DE DADOS)......................................................................................................................65

8.2.1. Analise Histórica Usando Os Dados Do Egig Em Estudos De Risco – Implantação Do Gasman.......................................................................................69

8.2.1.1. Interferência Externa.............................................................................718.2.1.2. Falha Na Trepanação.............................................................................728.2.1.3. Movimentação Do Solo.........................................................................72

8.2.2. Avaliação E Gestão De Riscos Em Gasoduto, Com A Nova Frequência De Falha Obtida..........................................................................................................72

8.2.3. Recálculo Do Risco Individual E Social...........................................................738.3. ANÁLISE DE RISCOS DA PRÉ-OPERAÇÃO.........................................................74

8.3.1. Analise Preliminar De Risco (Apr) Da Fase De Pré-Operação Do Gasoduto Gasman...................................................................................................................75

9. CONCLUSÃO...................................................................................................................79

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS............................................................................80

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1 INTRODUÇÃO

O tema abordado são as possíveis ferramentas para analise de risco das tarefas inerentes ao

projeto, implementação, operação e manutenção em gasodutos. Gasoduto é uma rede de

tubulações que leva o Gás Natural das fontes produtoras até os centros consumidores. O Gás

Natural é uma mistura de hidrocarbonetos leves e depois de processado se torna um gás

inodoro e incolor, e mais leve que o ar. Apresenta riscos de asfixia, incêndio e explosão.

O Duto constitui a forma mais segura e eficiente de transportar os produtos de petróleo.

Olhando em volta é possível comprovar que os dutos estão indiretamente presentes em todas

as atividades: nos automóveis, com a gasolina; nos caminhões, locomotivas e embarcações,

com o diesel; nos aviões, com o querosene; nas residências, com gás de cozinha; nas fabricas,

com a geração de energia; e nas indústrias, no suprimento de matéria prima.

A observação dos perigos e riscos existentes nas atividades com o gás natural, nos garante que

as tarefas sejam cumpridas, sem que ocorram prejuízos à saúde, ao meio ambiente e à

segurança da força de trabalho. O controle e minimização dos riscos ocupacionais é uma

tarefa diária, na qual se faz necessário o empenho de todos, na execução de suas atividades

laborais.

(...) Apesar de todos os avanços em segurança operacional, do desenvolvimento de novas tecnologias e da aplicação de possíveis penalidades e sanções, a sociedade se mostra bastante condescendente com os acidentes causados pela indústria de petróleo e gás no transporte de seus produtos. Normas mais rigorosas, novas regulamentações e maiores demandas por segurança, por parte da sociedade com certeza virão. A indústria de dutos não pode ser passiva na busca de soluções mais inovadoras. (GUEDES, Marcelino, 2009, p.33)

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Na busca da realização do projeto, preocupou-se em estabelecer o que de mais moderno os

órgãos licenciadores do Estado do Rio de Janeiro (INEA) e São Paulo (CETESB), bem como

critérios internacionais atuais.

1.1 METODOLOGIA

Para uma melhor analise, foi necessário conhecer os riscos do gás natural, o sistema de

gerenciamento de risco prescrito em toda fase da construção e operação de um gasoduto, uma

vez que se faz uma análise dos principais parâmetros que contribuem na determinação de

melhores métodos para aumentar a segurança durante as fases de planejamento, construção de

um novo gasoduto e modificação do mesmo.

Buscou-se a analise das atividades deste tipo de empreendimento, o levantamento diferentes

dos métodos utilizados para analise e compreensão dos riscos, materiais disponível para

pesquisa no programa de qualificação profissional em transporte de gás natural (PQGN),

procedimentos e Normas internas Petrobras e Transpetro, livros, apostilas, sites e experiências

profissionais, bem como banco de dados internacionais, relacionados na atividade.

É de vital importância relembrar conceitos e definições, aprendidos ao longo do curso de

engenharia de segurança do trabalho, Entender porque devemos avaliar e gerenciar os riscos,

Explicar as fases da Gestão de Riscos e Identificar a documentação que trata de Avaliação e

Gestão de Riscos.

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2 O QUE É GÁS NATURAL

O gás natural é uma energia de origem fóssil, mistura de hidrocarbonetos leves entre os quais

se destaca o metano (CH4), que se localiza no subsolo da terra e é procedente da

decomposição da matéria orgânica espalhada entre os extratos rochosos. Tal e como é

extraído das jazidas, o gás natural é um produto incolor e inodoro, não é tóxico e é mais leve

que o ar. Tanto o gás natural quanto o gás manufaturado não têm cheiro, eles são odorizados

na companhia de distribuição, para que sejam percebidos em caso de escapamentos. Além

disso, o gás natural é uma energia carente de enxofre e a sua combustão é completa, liberando

como produtos da mesma o dióxido de carbono (CO2) e vapor de água, sendo os dois

componentes não tóxicos, o que faz do gás natural uma energia ecológica e não poluente.

Uma vez extraído do subsolo, o gás natural deve ser transportado até as zonas de consumo,

que podem estar perto ou bastante distante. O transporte, desde as jazidas até estas zonas, é

realizado através de tubulações de grande diâmetro, denominadas gasodutos. Quando o

transporte é feito por mar e não é possível construir gasodutos submarinos, o gás é carregado

em navios metaneiros. Nestes casos o gás é liquefeito a 160 graus abaixo de zero reduzindo

seu volume 600 vezes para poder ser transportado. No porto receptor, o gás é descarregado

em plantas ou terminais de armazenamento e regasificação.

Sendo assim o gás permanece armazenado em grandes depósitos na pressão atmosférica e é

injetado depois na rede de gasodutos para ser transportado aos pontos de consumo. Todas

estas instalações são construídas preservando o meio ambiente, sendo em grande parte

subterrâneas favorecendo a possível restituição da paisagem.

2.1 CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS AO GÁS NATURAL

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Densidade Relativa ao Ar Atmosférico Inferior a 1. Isto significa que o gás natural é mais leve

que o ar. Assim, sempre que alguma quantidade de gás natural for colocada livre no meio

ambiente esta subirá e ocupará as camadas superiores da atmosfera.

Ainda por sua densidade, o gás natural não provoca asfixia. A asfixia ocorre quando um gás

qualquer ocupa o espaço do ar atmosférico ao nível do ser humano, impedindo que este

respire. A asfixia é a privação de oxigênio e independe da toxidade do gás em questão. Como

o gás natural não se acumula nas camadas inferiores e se dissipa rapidamente, não oferece

risco de asfixia em ambientes abertos.

O gás natural é considerado um Asfixiante Simples, ou seja, são gases inertes, porém, quando

em altas concentrações em ambientes confinados, reduzem a disponibilidade do oxigênio.

Desta forma, a substância ocupa o espaço do oxigênio, desta forma ele provoca asfixia.

Não Toxidade. O gás natural não é quimicamente tóxico. As substâncias componentes do gás

natural são inertes no corpo humano, não causando intoxicação. Porém no caso de inalação

em concentração pode provocar irritação das vias aéreas superiores, tosse espasmódica, dor de

cabeça, náusea, tonteira e confusão mental.

Tabela 1 – Composição e propriedades do gás Natural

COMPOSIÇÃO TÍPICA DO GÁS

Componente (%) Volume

METANO 88,82

ETANO 8,41

PROPANO+ 0,55

NITROGÊNIO 1,62

DIÓXIDO DE CARBONO 0,60

ALGUMAS PROPRIEDADES

DENSIDADE RELATIVA DO AR 0,62

PODER CALORÍFICO SUPERIOR (Kcal/m³)

9.400

PODER CALORÍFICO INFERIOR (Kcal/m³)

8.500

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Limite de Inflamabilidade Inferior é Alto. Isto significa que para atingir as condições de auto-

sustentação da combustão se faz necessária uma quantidade significativa de gás natural em

relação à quantidade total de ar em um ambiente. Assim, na ocorrência de um escapamento de

gás natural em um ambiente interior, as probabilidades de manutenção da combustão após a

iniciação por uma fonte externa (interruptor de luz, brasa de cigarro) são muito reduzidas. Isto

porque o gás é leve e se dissipa, dificultando o atingimento do limite de inflamabilidade

inferior, e como também o limite inferior é elevado, afastam-se ainda mais as chances de ser

atingido.

Faixa entre os Limites de Inflamabilidade Inferior e Superior é Estreita. Significa dizer que,

embora seja difícil alcançar o limite inferior de inflamabilidade em um escapamento de gás

natural em ambiente interior, caso isso ocorra, a condição de diluição da mistura ar-gás

natural que permite a auto sustentação da combustão após um incitação inicial é rapidamente

perdida, pois logo se atinge o limite superior de inflamabilidade e o gás natural torna-se

diluente do ar.

Para o Gás Natural, os limites de inflamabilidade inferior e superior são, respectivamente, 5%

e 15% do volume. Assim, verifica-se que a promoção de uma mistura ar-gás natural nas

condições adequadas à combustão autossustentada é difícil de ocorrer aleatoriamente e

depende da intervenção humana para se realizar.

Não Explosividade. A explosão é um processo de combustão de intensidade tal que a pressão

gerada pela expansão dos gases é superior à resistência da estrutura que o comporta. Assim,

considerando que o gás natural não se acumula em ambientes internos com orifícios de

ventilação, que as condições de inflamabilidade não são facilmente atingidas e que nestas

condições a velocidade de propagação da combustão do gás natural é a menor entre os gases

combustíveis, a ocorrência de explosões por escapamento de gás é praticamente nula, a não

ser que haja uma fonte de ignição.

Não se podem desconsiderar os processos de detonação, que ocorrem em ambientes fechados,

a altas pressões e a partir de uma onda de choque provocada. Estes processos podem ocorrer

em vasos de armazenagem ou tubulações de transporte. Tratando-se de gás natural que é

sempre transportado e armazenado puro, sem contato com o ar, a ocorrência de processos

explosivos só é possível nas manobras de partida e parada do sistemas quando ar está presente

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nas tubulações e vasos. A aplicação de um gás inerte, como o nitrogênio, para realizar a purga

do ar é suficiente para eliminar os riscos;

A contribuição do metano para o aquecimento global como gás de efeito estufa deve ser

sempre considerada e os lançamentos deste gás na atmosfera devem ser evitados, entretanto,

os volumes em questão não provocam impactos ambientais.

2.2 CADEIA DO GÁS NATURAL DO BRASIL

Figura1: Cadeia de gás natural

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3 TRANSPORTE DE GÁS NATURAL

O transporte de gás natural pode ser realizado basicamente por três tipos de forma diferentes,

entre eles: Transporte marítimo (navios), Transporte Dutoviário e Transporte Rodoviário.

3.1 TRANSPORTE MARÍTIMO DE GÁS NATURAL

O gás natural para se tornar líquido é refrigerado e mantido à temperatura de -160ºC à pressão

próxima da atmosférica, exigindo um complexo sistema de armazenamento e transporte

específico para operar com o gás natural nessas condições.

Pode-se dizer que, em média, 600 m3 de gás natural quando liquefeito ocupam l m3 razão

pela qual esta é a forma mais conveniente para ser transportado em navios ou barcaças e

armazenado no terminal.

Normalmente, o terminal marítimo armazena o GNL em tanques criogênicos e o gás natural é

enviado ao sistema de transporte dutoviário com o auxílio de bombas centrífugas e

vaporizador de GNL.

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Figura 2: Navio de GNL

3.2 TRANSPORTE RODOVIÁRIO

Este tipo de transporte pode ser Gás natural Comprimido ou Liquefeito

3.2.1 GÁS NATURAL COMPRIMIDO (GNC)

O GNC é o Gás Natural comprimido e armazenado a uma pressão de 250 bar, transportado e

distribuído para regiões não-atendidas pelos gasodutos convencionais.

O produto é transportado em carretas especiais, o Gasoduto Móvel, e cestas de cilindros

especialmente desenvolvidas para as demandas de indústrias, postos e plantas de

processamento, num raio de até 300 Km da unidade de compressão.

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Figura 3: Fluxograma de transporte do GNC

3.2.2 GÁS NATURAL LIQUEFEITO (GNL)

O gás natural é liquefeito através de um processo de resfriamento criogênico. A uma

temperatura de -160ºC, o gás tem seu volume reduzido em 600 vezes, e assim pode ser

armazenado em quantidades muito maiores e transportado em carretas, com capacidade de até

trinta mil m3 de GNL, para regiões não abastecidas por gasodutos.

Figura 4: Fluxograma de transporte rodoviário de GNL

3.3 TRANSPORTE DUTOVIÁRIO

A estrutura de abastecimento de petróleo e derivados interliga, através de várias modalidades

de transporte, três pontos distintos: fontes de produção, refinarias e centros de consumo.

Destes três pontos apenas as refinarias podem terá sua posição definida por estudos logísticos.

Duto é a designação genérica de instalação constituída por tubos ligados entre si, destinada à

movimentação de petróleo e seus derivados (oleodutos), e gás natural (Gasodutos). Quando

um oleoduto é utilizado para transporte de diversos tipos de produtos ele também pode ser

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chamado de poliduto. Os dutos têm uma classificação em relação ao meio que atravessam,

podendo ser classificados como dutos de Transporte ou de Transferência.

A classificação dos dutos pode ser feita pelo material de constituição: aço, materiais "não

metálicos", etc., pela sua localização em relação ao meio: enterrado, aéreo, submarino,

flutuante, pela rigidez: rígido ou flexível, pela temperatura de operação: normal ou aquecido.

Figura 5: Scraper Gasoduto GASBEL II

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4 ANÁLISE DO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE GASODUTOS

O processo de construção e montagem de dutos consiste na ligação de vários tubos de

comprimento e diâmetro variável. Após a confecção do duto, este é enterrado a cerca de 1,5m

de profundidade, dependendo do tipo de solo e área da faixa.

A atividade de construção e montagem de dutos terrestres, quando comparada com a indústria

automobilística, assemelha-se a uma linha de montagem invertida. Na montagem de dutos as

pessoas não permanecem paradas nas estações de trabalhos, aguardando que os produtos se

desloquem em sua direção; ao contrario, são as pessoas que se deslocam em sua direção; ao

contrario, são as pessoas que se deslocam ao longo do traçado, divididas em equipes

especializadas, a fim de executarem suas tarefas.

4.1 PRINCIPAIS ATIVIDADES DE UMA OBRA DE CONSTRUÇÃO E MONTAGEM

DE DUTOS:

4.1.1 RECEBIMENTO, INSPEÇÃO E ARMAZENAMENTO DE MATERIAIS:

Previamente ao início da obra, é necessária a instalação dos canteiros de apoio, que servem

como ponto base para as diversas frentes de trabalho e onde ocorre a divisão dos trabalhos

que ocorrerão em determinado dia.

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Em obras de dutos são utilizados canteiros centrais de apoio além de pequenos canteiros de

apoio (áreas de montagem) que são instalados para a implantação das travessias (ex:

travessias de cursos d’água), cruzamentos (ex: cruzamentos de rodovias e ferrovias) e demais

obras especiais.

Composto por áreas adequadas para serviços de apoio logístico, serviços de manutenção,

áreas fabris (pipeshop), almoxarifados e escritórios, a área de armazenamentos de tubos

seguem vários critérios.

- o numero máximo de empilhamento de tubos, para evitar deformações e queda dos tubos;

- O espaçamento entre as pilhas de tubos, afim de garantir a circulação adequadas para

veículos pesados;

- área nivelada e com caimentos adequados para evitar acumulo de água de chuva

Figura 6: Canteiro de Recebimento e Armazenamento

4.1.2 PROJETO EXECUTIVO:

O projeto executivo, também é conhecido como detalhamento de projeto, deve ser realizado

tomando por base o projeto básico e os levantamentos de campo.

4.1.3 LOCAÇÃO E MARCAÇÃO DE FAIXA DE DOMÍNIO E DA PISTA:

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A faixa de domínio e a pista são demarcadas topograficamente a partir da diretriz estabelecida

nos documentos de projeto.

Faixa de domínio limita a área de acesso da empresa dona do duto nas proximidades atingidas

pelo traçado deste ultimo, tanto para atividades de construção, quanto para operação e

manutenção do duto durante todo seu período de vida útil. Pista de dutos é a parcela da Faixa

de Domínio efetivamente utilizada para construção do duto.

Nessa fase, geralmente ocorre à abertura de picadas e clareiras. Há perigo de acidentes com

animais e ferimentos diversos, relacionados à atividade de desmatamento, envolvendo apenas

os executantes. Em caso de necessidade de se utilizar motosserra para a abertura de picadas,

em regiões de mata fechada, o risco de acidentes para os executantes aumenta, pois esse

equipamento é mais perigoso que o facão.

Figura 7: Estaca para marcação de pista

4.1.4 ABERTURA DE PISTA:

A abertura de pista é constituída em supressão vegetal, nivelamento, construção de pontilhões,

bueiros e estivas e remoção de entulhos.

Nessa fase, há a possibilidade de desmonte de rochas, de grande movimentação de terra e,

ainda, de se atravessar cursos d’água, comunidades e reservas florestais. É necessário verificar

interferências com vias, tubulações de água, esgoto e gás, cabos elétricos, telefônicos e de

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fibra ótica, drenos, valas de irrigação, canais e outras instalações superficiais e subterrâneas.

Nesta etapa também são feitos acessos para pista.

Tem-se um intenso deslocamento de mão de obra, equipamentos pesados, como máquinas de

terraplanagem, uso de explosivos no caso de desmonte de rochas, e também, como ocorre na

maioria das etapas, o deslocamento de ferramentas e suprimentos. Os maiores riscos de

acidentes com pessoas são os associados à utilização de máquinas de terraplenagem, ao

desmatamento e, eventualmente, ao uso de explosivos.

Figura 8: Abertura e Limpeza de Pista

4.1.5 TRANSPORTE, DISTRIBUIÇÃO E MANUSEIO DE TUBOS:

Transporte, a distribuição e o manuseio de tubos, desde o canteiro de obras ate o local de

realização dos serviços fazem parte desta etapa. O transporte implicará a utilização da malha

viária local, rodovias federais, estaduais e municipais, assim como estradas vicinais e a

própria pista.

A distribuição de tubos consiste no alinhamento dos mesmos de forma que sejam

posicionados para serem unidos em sequência. As cargas devem ser dispostas de modo que

permita amarração firme, impedindo movimentos inesperados.

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Essa fase envolve enorme s máquinas de elevação de carga, guindastes, que normalmente são

as maiores utilizadas durante a obra. Além disso, no caso do transporte rodoviário, ocorre

aumento do tráfego de caminhões em regiões às vezes não preparadas para tal situação. Há o

risco de acidentes de trânsito envolvendo terceiros, bem como o perigo de queda de tubos nas

estradas.

Figura 9: Colocação de dutos na faixa

4.1.6 CURVAMENTO:

De acordo com o traçado especificado no projeto, muitas vezes se torna necessário curvar o

tubo. O duto irá requerer curvamento para acomodar mudanças de direção e elevação da vala.

O curvamento pode ser de 3 tipos:

- Curvamento natural, dentro do limite elástico do material do duto;

- Curvamento a frio, dentro do limite plástico do material do tubo, sem necessidade de

qualquer aquecimento adicional e controle de temperatura;

- Curvamento a quente, dentro do limite plástico do material do tubo, porem com

aquecimento controlado.

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Figura 10: Curvadora

4.1.7 REVESTIMENTO COM CONCRETO:

Para os casos em que o traçado do duto atravessa cursos d’água ou existe água na vala, por

exemplo, é necessário que os tubos sejam revestidos com concreto para evitar corrosão. O

revestimento externo com concreto é realizado no canteiro de obras. O risco de acidentes é

maior para o pessoal executante, sendo esse risco, normalmente, encontrado em construção

civil. Há também o perigo de esmagamentos e atropelamentos, devido à necessidade de

movimentação dos tubos.

Figura 11: Aplicação de Revestimento em concreto

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28

4.1.8 SOLDAGEM:

O duto é produto da emenda dos tubos, ou seja, da soldagem. O processo de soldagem mais

utilizado é a solda elétrica com utilização de eletrodos revestidos;

Principais perigos apresentados: queimaduras provenientes do contato direto com partes

aquecidas ou da exposição à radiação ultravioleta, choques elétricos e intoxicação por fumos.

Figura 12: Soldagem do duto

4.1.9 INSPEÇÃO DE SOLDAGEM:

As tubulações devem ser inspecionadas, efetuando-se posteriormente a limpeza interna dos

tubos para a remoção de detritos e/ou impurezas existentes. Limpeza do cordão de solda

(lixamento e escovamento) – Essa operação se caracteriza por significativo risco de

ferimentos aos trabalhadores e pessoas que transitem próximo ao local de realização dos

serviços, causados por agentes contundentes lançados ao ambiente na operação de

escovamento. Há também a possibilidade de ocorrência de lesões graves no operador, se este

for atingi do pelo disco ou escova, no caso de operação inadequada do equipamento.

Em seguida, será submetida a exames de ultrassom ou gamagrafia. Nessa fase existe o risco

de exposição de terceiros à radiação. Uma boa alternativa é a utilização de ultrassom,

substituindo a gamagrafia, atendendo às necessidades técnicas e eliminando o risco de

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29

exposição à radiação. Por fim, podemos citar o risco de contam inação do meio ambiente,

devido à disposição inadequada dos rejeitos, provenientes da revelação dos filmes, tais com o

chumbo, nitrato de prata etc.

4.1.10 REVESTIMENTO EXTERNO ANTICORROSIVO:

As juntas soldadas devem receber um revestimento externo anticorrosivo. Todas as áreas de

solda requerem limpeza e revestimento após o ensaio não-destrutivo ter se completado. Dutos

pré-revestidos e cinturões de solda revestidos são eletricamente checados. Reparos serão

feitos quando necessário.

Nesta fase existe riscos de queimaduras, em razão da temperatura de aplicação (em torno de

150ºC), ou de intoxicação por emanação de gases tóxicos, oriundos da fumaça gerada ou dos

solventes. Por fim, podemos citar o perigo de contaminação do meio ambiente, apor causa da

disposição inadequada dos rejeitos provenientes do processo e materiais plásticos.

Figura 13: Aplicação de Manta Asfáltica

4.1.11 ABERTURA E PREPARAÇÃO DA VALA:

O duto, na maioria de sua extensão, é enterrado, para isso é feita a abertura da vala. A

execução desse serviço deve ser feita de forma rápida, atentando para haver uma sincronia

com o tempo em que a tubulação estiver pronta para ser lançada, minimizando o tempo de

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abertura da vala. Nessa fase, também pode haver necessidade do uso de explosivos para

desmonte de rochas.

Esta fase implica os riscos de queda dentro da escavação, tanto para animais como para

transeuntes, além do perigo de afogamento, caso haja alagamento da vala.

Figura 14: Abertura da Vala, Escavação

4.1.12 ABAIXAMENTO E COBERTURA:

Esta é a etapa em que o tubo é colocado dentro da vala. O abaixamento da tubulação será feito

gradual e uniformemente, para evitar eventuais danificações na tubulação. Após o

abaixamento, a vala deverá ser recoberta imediatamente, com o mesmo solo da escavação. O

material deverá ser compactado, visando prevenir futuros problemas de erosão. A colocação

do tubo na vala é feita utilizando-se sides booms, que são posicionados em fila ao lado dos

tubos. Em seguida, os tubos são erguidos e é, então, feito o seu abaixamento dentro da vala.

A cobertura da vala deve ser realizada na mesma jornada de trabalho em que for realizado o

abaixamento. O material de preenchimento será compactado usando-se equipamento pesado.

Existe também o perigo de deslizamento da coluna no sentido transversal, geralmente em

direção à vala, ou no sentido longitudinal, em terrenos em aclive ou declive, devido a falhas

nos equipamentos.

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Figura 15: Abaixamento do duto com Side Boom

4.1.13 CRUZAMENTOS E TRAVESSIAS:

Durante a construção e montagem de dutos terrestres, estão previstas travessias de cursos

d’água, canais, áreas alagadas e reservatórios, bem como cruzamentos sob rodovias, ruas e

ferrovias. Previamente aos cruzamentos e travessias, devem ser realizados todos os estudos

geológicos, hidrológicos e de perfil de erosão.

Existe a possibilidade de cruzamentos com linhas de transmissão de energia elétrica. Deve ser

realizado o aterramento de tubos, equipamentos ou veículos, sempre que houver proximidade

que possa provocar interferência ou indução de tensão no duto, em equipamentos, veículos ou

outras estruturas, colocando em risco a integridade física das pessoas envolvidas nos serviços.

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Figura 16: Travessia de Rio

4.1.14 SINALIZAÇÃO:

A faixa de domínio deve ser sinalizada, com o objetivo de proteger as novas instalações,

impedindo a escavação ou o tráfego de veículos. As placas e marcos utilizados nas

sinalizações devem ser padronizados. Deverão ser ainda introduzidas sinalizações educativas

de proteção à fauna e à flora e proibição da caça e da pesca predatórias, nas proximidades das

áreas de interesse ecológico. A exposição do risco acontece quando os trabalhadores não

usam máquinas como auxilio da colocação de marcos, e querem levantar os marcos

manualmente, podendo acontecer de não aguentarem e o este cair sobre eles.

Figura 17: Marco e placa de sinalização

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4.1.15 PROTEÇÃO, RESTAURAÇÃO DA PISTA E REVEGETAÇÃO:

O duto finalizado deve ser protegido da erosão durante sua operação para prevenir danos e

possível falha. Os principais métodos de controle de erosão são reconstituição vegetal e

instalação de bancos de areia em inclinações para controlar deslizamento de terra e água na

superfície.

Drenos devem ser instalados para prevenir que tenha água ao longo da vala. Grama adequada

pode ser plantada na faixa de domínio ou replantada a vegetação natural. Além da

reconstrução de cercas, restauração dos locais onde foram executadas travessias de rios, lagos,

reservatórios, recomposição das margens, e remoção de sobras de materiais usados na

construção.

Figura 18: Faixa reconstruída, com cobertura vegetal

4.1.16 TESTE HIDROSTÁTICO:

O teste hidrostático é feito para se verificar a estanqueidade do duto. Ele é executado após a

construção e montagem do duto, para provar a integridade dos materiais e permitir o alívio

das tensões mecânicas, resguardando a segurança da tubulação. O teste será feito em toda a

extensão do duto, vedando-o e preenchendo-o com água. Qualquer perda significante de

pressão indicará que algum vazamento está ocorrendo.

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Nessa fase os riscos são os decorrentes do trabalho com um a tubulação pressurizada,

agravados pelo fato de ser grande a extensão da área testada. Cuidados especiais devem ser

tomados com o descarte da água utilizada para o teste, evitando-se contam inações, erosões e

alagamentos.

4.1.17 LIMPEZA INTERNA E INSPEÇÃO DIMENSIONAL INTERNA DO DUTO:

O duto será internamente inspecionado para garantir que está livre de remanescentes da obra,

sujeiras e ovalidades, amassos ou relevos. A inspeção interna é feita com a utilização de pigs

de limpeza, que são propulsionados através de ar comprimido. Lançadores e recebedores

adequados são necessários para conter o pig e colher os remanescentes da obra e as sujeiras

encontradas. A passagem do pig Geométrico, em toda extensão do duto, tem a finalidade de

verificar as variações ocorridas no diâmetro interno da tubulação depois de abaixada a

cobertura.

Esta fase é bem critica, o perigo está nos recebedores de pigs, chamados de “canhão”. Após a

chegada do pig, o canhão está pressurizado e não se tem garantia de onde o pig está acoplado.

Este deverá ser despressurizado, antes da abertura da tampa do canhão, e certificar-se que não

haja nenhuma pressão residual atrás do pig, pois assim o mesmo não será lançado sobre as

pessoas.

Figura 19: Colocação do Pig Instrumentado no Canhão

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4.1.18 COMISSIONAMENTO:

São todas as atividades necessárias para, após o término do teste hidrostático, colocar o duto

em condições de ser pré-operado com o produto previsto. Para isso, seu interior deve estar

limpo e seco, em toda a sua extensão. O comissionamento do duto é finalizado quando o duto

entra em operação e todos os meios de medição já foram calibrados e colocados em operação,

apropriada e precisamente. No caso de gasodutos, o condicionamento consiste, pelo contrário,

na retirada de toda a água e umidade existentes no interior da tubulação, o que é feito através

da passagem de diversos pigs e do enchimento parcial da linha com gás inerte ou nitrogênio.

Nessa fase os riscos são os decorrentes do trabalho com um a tubulação pressurizada e o uso

de um gás asfixiante.

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5 CONCEITOS

5.1 DEFINIÇÃO DE PERIGO E RISCO

O controle e minimização dos riscos ocupacionais é uma tarefa diária, na qual se faz

necessário o empenho de todos, na execução de suas atividades laborais. A observação dos

perigos e riscos existentes nos garante que as tarefas sejam cumpridas, sem que ocorram

prejuízos à saúde, ao meio ambiente e à segurança da força de trabalho e da comunidade.

5.1.1 PERIGO

AIChE (American Institute of Chemical Engineers) define perigo como“ Uma condição

física ou química que tem o potencial para causar danos às pessoas, à propriedade ou ao meio

ambiente”. O perigo consiste numa propriedade ou condição inerente à uma substância ou

atividade, e ainda pode ser caracterizado como uma fonte de riscos.

Em diversas situações percebemos que o perigo é parte integrante da execução ou da natureza

da atividade, e com isso não existe a possibilidade de execução da atividade/tarefa sem a

exposição ao perigo. Cabe assim o correto planejamento da atividade visando à minimização

da exposição ao perigo dos envolvidos na atividade/tarefa.

5.1.2 RISCO

Risco é a combinação da probabilidade de ocorrência e das consequências de um determinado

evento. É a combinação da probabilidade de ocorrência do risco e as consequências que dele

podem resultar. Utilizando o mesmo exemplo podemos avaliar, para o perigo de queda, que

haveria uma pequena probabilidade de severidade crítica, considerando as possíveis lesões

que pudessem ocorrer. Para cada situação de perigo, deve-se então avaliar a probabilidade e a

severidade, para uma boa avaliação do risco.

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5.1.3 RISCOS OCUPACIONAIS

São os riscos existentes nos locais de trabalho e que possuem potencial para causar danos à

saúde dos trabalhadores.

Quando falamos de riscos ocupacionais, é importante lembrar que conforme a NR-15, do

Ministério do Trabalho, a exposição dos trabalhadores a determinados riscos deve respeitar o

Limite de Tolerância (LT), definido como a concentração ou intensidade máxima, relacionada

com a natureza e o tempo de exposição ao agente, que não causará dano à saúde do

trabalhador, durante a sua vida laboral.

Conforme os agentes de risco, eles podem ser classificados em: físicos, químicos, biológicos,

ergonômicos e de acidentes.

a) Riscos físicos: São riscos gerados por agentes que atuam por transferência de energia

sobreo organismo. Quanto maior a quantidade e a velocidade dessa transmissão, maiores são

os danos à saúde.

b) Riscos químicos: São riscos associados a substâncias, compostos ou produtos que

possam penetrar no organismo pela via respiratória, cutânea e/ou digestiva na forma de

poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases e vapores, ou que, pela natureza da atividade de

exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por

ingestão.

Os danos à saúde advêm de exposição de curta ou longa duração, e vão desde irritações até

queimaduras, que podem ter sido causadas por contato de produtos químicos tóxicos com a

pele e olhos. Outros danos são as doenças respiratórias crônicas, as doenças do sistema

nervoso, as doenças nos rins e fígado, e até mesmo alguns tipos de câncer, conforme o tipo de

agente.

É importante que todo trabalhador tenha acesso à FISPQ (Ficha de Informações de Segurança

de Produtos Químicos) do produto manuseado e adquira o hábito de observar as orientações

de segurança descritas na embalagem do produto químico antes da execução do trabalho.

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c) Riscos biológicos: Os riscos biológicos ocorrem por meio de microrganismos que, em

contato com o homem, podem provocar inúmeras doenças. São as bactérias, fungos, bacilos,

parasitas, protozoários e vírus. Embora estes riscos apareçam como mais evidentes na área

hospitalar, eles também podem existir na área de transferência e estocagem de combustíveis.

Um exemplo de contaminação são os contatos com esgoto sanitário durante o reparo de

tubulações.

d) Riscos ergonômicos: São os riscos resultantes do relacionamento entre o homem e o

seu trabalho, equipamento ou ambiente. Exemplos:

Postura inadequada: trabalhos que exijam continuamente o esforço do corpo em

posições inadequadas que causem cansaço e dor;

Esforço excessivo: movimentação de cargas incompatíveis com a capacidade física do

executante;

Iluminação inadequada: iluminação insuficiente ou excessiva de forma que prejudique o

conforto ou o desempenho do trabalho;

Organização do trabalho inadequada: trabalhos repetitivos, ritmo excessivo, etc.

e) Riscos de acidentes: O risco de acidente de uma maneira geral é ocasionado pelo

desvio comportamental e condição insegura. Os desvios comportamentais são aqueles

praticados de maneira consciente ou não, realizados em não conformidade com as normas e

padrões de execução das tarefas. Já as condições inseguras são aquelas que independem da

interferência do trabalhador, visto que ocorrem quando o ambiente de trabalho, equipamentos

e/ou acessórios oferecem perigo aos envolvidos na tarefa.

Para que tenhamos controle dos riscos é preciso saber:

a) Identificar: os perigos que possam ocorrer no local/atividade de trabalho são listados e

identificados;

b) Reconhecer: os riscos dos perigos presentes são qualificados e/ou quantificados;

c) Controlar: os responsáveis pelo atendimento da demanda e as medidas de controle

pertinentes são definidos.

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6 AVALIAÇÃO E GESTÃO DE RISCOS

Os riscos devem ser avaliados de acordo com um grau de tolerabilidade considerando a força

de trabalho, o meio ambiente, as instalações e equipamentos, os processos associados e

possíveis impactos à saúde da comunidade vizinha. Uma vez que os riscos tenham sido

avaliados qualitativa e/ou quantitativamente, devem ser recomendadas medidas para controlá-

los ou reduzi-los. Posteriormente, devem ser elaborados os planos de ação para

implementação das recomendações até a sua conclusão.

A CETESB (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) define as Fases da Gestão

de Risco como sendo:

a) Análise de risco: Estudo quantitativo de risco de uma instalação industrial, baseado em

técnicas de identificação de perigos, estimativa de frequências e consequências, avaliação de

vulnerabilidade e na estimativa do risco;

b) Avaliação de risco: Processo pelo qual os resultados da análise de risco são utilizados para

a tomada de decisão, por meio de critérios comparativos de risco, para definição da estratégia

de gerenciamento do risco;

c) Gerenciamento de risco: Processo de controle de risco compreendendo a formulação e a

implantação de medidas e procedimentos técnicos e administrativos que têm por objetivo

prevenir, reduzir e controlar o risco, bem como manter uma instalação operando dentro de

padrões de segurança considerados toleráveis ao longo de sua vida útil.

Cada empresa desenvolve a sua Matriz de Tolerabilidade de Riscos, utilizando sua

experiência, seus históricos, seus critérios de tolerabilidade.

6.1 MATRIZ DE TOLERABILIDADE DE RISCOS:

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a) é aplicável a situações de processos;

b) é recomendável para as demais situações.

Figura 20: Matriz de tolerabilidade, Transpetro

A utilização da Matriz de Tolerabilidade de Riscos é dispensada nos casos de liberação de

serviço. É importante estar atento à aplicação da Matriz de Tolerabilidade de Riscos. Durante

a classificação dos riscos, é importante a participação de uma equipe multidisciplinar. Uma

vez que a matriz fornece índices qualitativos, e não quantitativos, e existe um grau de

subjetividade, quanto mais experiências e exemplos puderem ser utilizados, mais próxima da

realidade será a classificação do risco.

Categorizando o risco, é possível priorizar os investimentos, os recursos e a aplicação de

controles.

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7 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE RISCOS UTILIZADAS PARA TRABALHOS COM

GASODUTOS

7.1 TÉCNICAS DE IDENTIFICAÇÃO DE PERIGOS

As mais importantes técnicas de identificação de perigos são as seguintes:

Análise Histórica de Acidentes (AHA),

Lista de Verificação (Checklist),

E se?(What If?),

Identificação de Perigos (HAZID),

Análise Preliminar de Perigos(APP),

Estudo de Perigos e Operabilidade (HAZOP)

Análise de Modos e Efeitos de Falhas (FMEA).

7.1.1 ANÁLISE HISTÓRICA DE ACIDENTES (AHA)

A Análise Histórica de Acidentes (AHA) constitui-se de uma avaliação de acidentes já

ocorridos em instalações industriais semelhantes a que se está estudando. Com esse tipo de

análise é possível obter subsídios para a avaliação qualitativa das possíveis causas iniciadoras

e de suas consequências para a instalação industrial. Essas informações são obtidas por meio

de consultas a Bancos de Dados de Acidentes nacionais e/ou internacionais, ou ainda, obtidas

em relatos técnicos ou literatura especializada. Se pudéssemos descrever essa técnica em uma

frase, seria: “Aprender com os acidentes já ocorridos”.

Os objetivos da Análise Histórica de Acidentes são:

a) Realizar estatísticas de acidentes, ex.:

• Número de acidentes por unidades similares.

• Causas iniciadoras de acidentes.

• Consequências físicas e perdas econômicas.

• Distribuição de fatalidades, por eventos acidentais típicos.

b) Validar premissas em estudos de Análise de Riscos;

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c) Fornecer subsídios para identificação e classificação de cenários acidentais.

Seus pontos relevantes podem ser descritos como: AHA não gera números absolutos; Fornece

subsídios para compreensão de riscos; Não deve ser aplicada isoladamente como ferramenta

de Análise de Riscos.

7.1.2 ESTUDO DE PERIGOS E OPERABILIDADE - HAZOP

O HAZOP é uma técnica indutiva e estruturada para identificar perigos de processo e

potenciais problemas de operação associando, de forma sistemática, um conjunto de palavras-

guia às variáveis de processo. Para cada desvio identificado são relacionadas suas causas,

consequências, modos de detecção e salvaguardas existentes, recomendando medidas

adicionais, quando necessário. Fluxograma para Aplicação da Metodologia Durante as

Reuniões de

Os documentos mínimos necessários para aplicação de HAZOP são:

a) fluxogramas de engenharia (P&ID) com indicação dos controles e intertravamentos;

b) matriz de causa e efeito, nos casos em que os P&IDs não indiquem as ações de

intertravamento.

Recomenda-se que a equipe de HAZOP seja multidisciplinar, formada por profissionais das

áreas de processo, operação, instrumentação e controle, segurança industrial e manutenção.

Especialistas de áreas, tais como equipamentos estáticos, térmicos, dinâmicos ou elétricos,

devem ser consultados pela equipe de avaliação sempre que houver necessidade de se

confirmar premissas assumidas nas estimativas de risco envolvendo tais especialidades.ET

Os desvios mínimos a serem aplicados no HAZOP, que devem ser registrados na planilha.

Caso algum desvio não seja aplicável ou tenha consequências consideradas irrelevantes, as

frases “não aplicável” ou “não relevante” devem ser registradas, de forma a se garantir que

todos os desvios tenham sido analisados.

7.2 AVALIAÇÃO QUALITATIVA DE RISCOS

Page 43: MONOGRAFIA consolidada

43

As avaliações qualitativas de risco identificam, de forma qualitativa, os riscos operacionais de

processos industriais, com suas respectivas causas. Elas atribuem ao risco uma “categoria” ao

invés de um “valor”.

Após a identificação e avaliação dos riscos, devem ser estabelecidas ações corretivas e ações

preventivas para eliminar ou reduzir sua probabilidade de ocorrência e consequências

adversas, para as pessoas (força de trabalho e comunidade), instalações, meio ambiente e

imagem da empresa.

As mais importantes técnicas de avaliação qualitativa de riscos são as seguintes:

Estudo de Perigos e Operabilidade (HAZOP);

Análise Preliminar de Riscos (APR);

Análise de Modos, Efeitos e Criticidade de Falhas (FMECA).

7.2.1 ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS (APR)

A APR é uma técnica indutiva estruturada para identificar os principais perigos e situações

acidentais, suas possíveis causas e consequências, avaliar qualitativamente seus riscos,

analisar as medidas existentes e propor medidas adicionais (recomendações). Apresenta um

fluxograma com as etapas de aplicação da metodologia de APR.

Terminologia aplicada durante a APR:

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Possíveis Causas: Podem advir de falhas de equipamentos, erro humano, uma

condição de operação do processo não prevista, fatores externos etc;

Possíveis Efeitos: São os resultados decorrentes da concretização do perigo

identificado, incluindo os efeitos físicos das possíveis perdas de contenção, a saber:

incêndio em poça, incêndio em jato, explosão, dispersão de produto tóxico ou

inflamável etc;

Frequência: As categorias de frequência visam permitir uma avaliação da frequência

do cenário acidental. Para a classificação da frequência do cenário acidental deve ser

considerada a atuação das salvaguardas preventivas existentes ou previstas em projeto.

Para esta categorização deve ser utilizada a matriz de tolerabilidade de riscos;

Severidade: Categorias de severidade atribuídas aos possíveis efeitos levantados para o

cenário analisado, em relação às seguintes dimensões: segurança pessoal, patrimônio,

meio ambiente e imagem da Companhia. Para esta categorização deve ser utilizada a

matriz de tolerabilidade de riscos;

Riscos: Categorias de risco resultantes da combinação da frequência de ocorrência

com a severidade do cenário analisado, em relação às dimensões consideradas no

estudo. Para esta categorização deve ser utilizada a matriz de tolerabilidade de riscos;

Medidas Preventivas/ Mitigadoras: Medidas propostas para prevenir a ocorrência do

evento acidental ou mitigar suas consequências, sempre que as salvaguardas existentes

forem consideradas insuficientes. As observações, quando necessárias, podem ser

registradas nesta coluna com o objetivo de auxiliar o esclarecimento relativo ao

cenário analisado;

Cenário: Número sequencial de identificação do cenário acidental.

7.3 ANÁLISE DE CONSEQUÊNCIAS

Na Análise de Consequências são realizadas estimativas dos raios de alcance dos efeitos

físicos associados aos cenários acidentais, que podem ser:

Volume vazado, para vazamentos;

Radiação térmica, para incêndios;

Sobrepressão, para explosões;

Concentração, para dispersões de produtos tóxicos.

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A Análise de Consequências também deve ser efetuada como subsídio à revisão da

localização de instalações. Na elaboração de Planos de Resposta a Emergências, é necessário

conhecer as consequências (alcances) de um dado cenário acidental para subsidiar decisões

relativas aos procedimentos de resposta a emergências, e garantir que a empresa esteja

preparada para atender a uma emergência em determinado raio de ação.

As mais importantes técnicas de Análise de Consequências são as seguintes:

Análise por Árvore de Eventos (ETA),

Modelagem de efeitos físicos, tais como: propagação de incêndio, explosão, dispersão

de gases inflamáveis, tóxicos e fumaça;

Modelagem de Vulnerabilidade.

7.3.1 ANÁLISE DE VULNERABILIDADE

Na Análise de Vulnerabilidade, é feita uma correlação entre os alcances dos efeitos físicos e a

probabilidade de fatalidade de uma pessoa em decorrência destes efeitos. A determinação das

áreas vulneráveis requer o uso de relações semi-empíricas que correlacionam a intensidade do

efeito físico (sobrepressão, radiação térmica x tempo de exposição e concentração tóxica x

tempo de exposição) com um dado nível de dano para um percentual das pessoas expostas.

Para calcular esses alcances, são utilizados modelos dos principais cenários acidentais com

gás natural:

Dispersão;

Incêndio em Nuvem;

Incêndio em Jato;

Bola de Fogo;

Explosão (em caso de confinamento do gás natural).

Conhecidos os efeitos de um cenário acidental, deseja-se conhecer suas consequências. Para

isso, deve-se fazer uma estimativa do que se espera ocorrer quando esses efeitos atuam sobre

pessoas, equipamentos, materiais e meio ambiente. Essa estimativa pode ser realizada

mediante uma série de dados tabulados e gráficos, ou mediante os chamados modelos de

vulnerabilidade. Os resultados são aproximações, cuja validade depende da correta aplicação

destes modelos, e, assim como tantas outras áreas de engenharia, é também função de bons

critérios e da experiência do analista responsável pelo estudo de risco.

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As possíveis respostas aos efeitos dos cenários acidentais com gás natural são:

Incêndios

• Mortes por queimadura térmica;

• Queimadura não letal de 1º grau;

• Queimadura não letal de 2º grau.

Explosões

• Mortes hemorragia pulmonar;

• Ruptura de tímpanos;

• Dano por colapso estrutural;

• Quebra de vidraças;

• Mortes por impacto;

• Lesões por impacto (pela onda de choque);

• Lesões pessoais por fragmentos voadores.

7.4 ANÁLISE DE FREQUÊNCIA

As mais importantes técnicas de análise de frequência são as seguintes:

Análise por Árvore de Falhas (FTA);

Análise por Árvore de Eventos (ETA);

Redes bayesianas.

7.4.1 ANÁLISE POR ÁRVORE DE EVENTOS (AAE) OU EVENT TREE ANALYSIS

(ETA)

A análise por árvore de eventos é uma técnica para análise de consequências de eventos

perigosos indesejados, que podem ser desencadeados por ocorrência de falhas em

equipamentos, perturbações em determinados sistemas ou por desvios operacionais durante a

realização de determinada atividade.

As árvores de evento descrevem a sequência temporal das ocorrências que se desenvolvem

para que um acidente seja produzido, definindo quais são as possíveis consequências geradas

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47

pelo mesmo, e estabelecendo uma série de relações entre o evento inicial e os eventos

subsequentes, que quando combinados resultam nas consequências do acidente.

Ao ocorrer um evento iniciador de acidente numa instalação, este pode, dependendo dos

eventos subsequentes, evoluir de diversas maneiras, dando origem a vários cenários de

acidentes. Tal evolução depende de sistemas de segurança e procedimentos de emergência

existentes.

Os sistemas de segurança e os procedimentos são acionados a fim de evitar a propagação do

acidente podendo-se ter falha ou sucesso na atuação destes sistemas ou na execução de

procedimentos. Em cada uma destas situações tem-se uma evolução subsequente do acidente,

que determina, no final, um conjunto de cenários de acidentes possíveis de ocorrer para o

dado evento iniciador.

A análise por árvore de eventos pode ser realizada em diferentes fases do ciclo de vida de uma

instalação, com diferentes finalidades. São exemplos de aplicação:

Na fase de projeto: Para identificar e avaliar as possíveis consequências de um

potencial acidente;

Na fase de operação: para avaliar a eficiência dos sistemas de segurança em utilização,

ou para a verificação da necessidade de implantar outros dispositivos que aumentem o

nível de segurança da instalação.

A árvore de eventos pode ser empregada para se identificar e avaliar quantitativamente os

vários cenários de um acidente, que podem se originar de uma única liberação de material

perigoso.

A técnica da árvore de eventos consiste num processo lógico indutivo para identificação de

cenários possíveis, tendo na origem um determinado evento iniciador. Essa técnica é de

extrema utilidade em análises quantitativas de risco para identificação de cenários de

acidentes e suas respectivas probabilidades de ocorrência.

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Figura 21: Exemplo de Árvore de Eventos: furo seguido de incêndio em duto de gás natural

Quando o evento iniciador pode resultar em vários cenários de acidentes, o uso da árvore de

eventos é adequado. Se o evento iniciador ocasionar diretamente somente um determinado

acidente, o uso da árvore de eventos deixa de ser necessário e neste caso, uma árvore de falhas

é suficiente.

Os resultados provenientes de árvores de eventos podem ser qualitativos ou quantitativos.

Para um dado evento iniciador, a análise por árvore de eventos fornece a identificação de cada

um dos cenários de acidentes, a determinação dos sistemas ou componentes utilizados na

mitigação dos efeitos provocados pelo evento iniciador (natureza qualitativa) e estimativa de

suas respectivas probabilidades de ocorrência (natureza quantitativa).

7.5 AVALIAÇÃO QUANTITATIVA DE RISCOS

Os estudos quantitativos de riscos quantificam (calculam) os riscos a partir da combinação de

resultados da análise de frequência com a avaliação da severidade das consequências. A

técnica aplicável nesses estudos é conhecida como ARQ, ou Análise Quantitativa de Riscos.

A sigla AQR (Avaliação Quantitativa de Risco) é uma designação que se refere a análises

específicas de riscos. Quando solicitada por órgãos oficiais, normalmente requer o cálculo dos

riscos social e individual para indivíduos das comunidades circunvizinhas.

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A grande diferença entre a Análise Qualitativa e a Quantitativa de riscos é que na qualitativa é

atribuída uma “categoria” ao risco. Já na quantitativa, é atribuído um número, um valor ao

risco, e esse valor pode ser comparado com outro valor pré-estabelecido, como por exemplo,

critérios de tolerabilidade, raios de alcance, valores de risco individual e/ou social. Um estudo

quantitativo de riscos pode compreender as seguintes etapas:

Identificação de perigos - Esta etapa deve ser efetuada no estudo qualitativo do

subsistema. Nas análises iniciais de um subsistema, pode não ser evidente a

necessidade de estudos quantitativos. Quando já se tem como certo um estudo

quantitativo, esta sequência de etapas se aplica integralmente.

Avaliação da frequência de ocorrência, na qual podem ser utilizadas as seguintes

técnicas: - análise por árvores de falhas – utilizadas para a quantificação da

probabilidade de ocorrência de um evento pré-selecionado; - análise por árvores de

eventos – utilizada para identificar a sequência de efeitos, que constituem os possíveis

cenários resultantes da ocorrência de um determinado evento iniciador, permitindo

quantificar a frequência de ocorrência desses eventos.

Avaliação das consequências, na qual podem ser utilizadas as seguintes técnicas: -

avaliação dos efeitos físicos de cenários acidentais, tais como explosões, incêndios ou

liberações tóxicas; - cálculo da vulnerabilidade – permite a estimativa do percentual de

recursos humanos. e/ou materiais que podem ser impactados em função das

características das consequências dos cenários.

Avaliação dos riscos – combinando-se as frequências de ocorrência com as

severidades das consequências, obtém-se os riscos, que podem ser expressos em: -

risco individual – utilizado para avaliar, extra ou intra-muros, qual a probabilidade de

um indivíduo isoladamente sofrer algum tipo específico de lesão ou fatalidade, em

consequência dos cenários acidentais; - risco social – utilizado para a obtenção da

frequência esperada com que um determinado número de indivíduos, como um grupo,

em uma área definida ou em uma comunidade, sofra fatalidade devido à ocorrência de

um cenário acidental.

Page 50: MONOGRAFIA consolidada

50

O resultado das Análises Quantitativas de Risco deve ser comparado com um critério de

tolerabilidade, deve ser usado como subsídio para decisões gerenciais que envolvam

priorização de recursos, implantação de medidas para reduzir o risco, entre outras.

7.6 CRITÉRIOS DE TOLERABILIDADE DE RISCOS

São referenciais utilizados para a tomada de decisões técnico-gerenciais, de forma a manter

tais riscos dentro de níveis moderados ou toleráveis. Podem ser de natureza qualitativa ou

quantitativa, conforme o tipo de estudo aplicável.

Critério Qualitativo: para os riscos avaliados na forma qualitativa, devem ser utilizados a

Matriz de Tolerabilidade de Riscos e os outros meios de análise.

Critério Quantitativo: para avaliação dos riscos que forem determinados numericamente,

devem ser consideradas as frequências dos eventos e as respectivas magnitudes dos efeitos de

interesse (radiação térmica, sobrepressão e concentração tóxica ou inflamável). Para as

situações em que haja necessidade de determinação de valores numéricos de risco individual

ou risco social intramuros, para um indivíduo ou um grupo de indivíduos (força de trabalho),

devem ser adotados os critérios que eventualmente tenham sido estabelecidos pelos Órgãos de

Controle. Caso esses critérios não existam, podem ser utilizadas referências nacionais ou

internacionais. Caso se opte pela utilização de critério de risco individual ou de risco social,

deve ser considerada como boa prática a utilização dos critérios mais restritivos adotados no

país.

7.7 ALARP

“ALARP” significa “tão baixo quanto razoavelmente praticável”, e se refere ao

processo de gestão de riscos avaliado, seja em estudos qualitativos ou quantitativos, frente às

medidas de controle aplicadas para a redução dos riscos.

O processo de gestão de riscos deve assegurar que a magnitude do risco foi reduzida, pela

aplicação de medidas apropriadas de prevenção e controle, a um nível tão baixo quanto

razoavelmente praticável, e que medidas adicionais para a sua redução seriam

desproporcionalmente custosas frente ao benefício de redução adicional.

Page 51: MONOGRAFIA consolidada

51

O conceito deve ser aplicado à região “moderada” da Matriz de Tolerabilidade de Riscos.

Todos os riscos da região “não tolerável” da Matriz devem ser inicialmente trazidos para as

regiões de menor magnitude de risco.

Figura 22: Matriz de tolerabilidade indicando ALARP

Aspectos importantes a serem considerados na análise de uma situação ALARP:

a) Boa prática: a adoção de boas práticas pode ser um indicador adequado para

demonstrar que a situação ALARP foi atingida. Todavia, deve ser enfatizado que a

“boa prática” evolui com o tempo, necessitando atualização pelas equipes de estudo de

riscos e de projetos. É recomendável que referenciais de excelência sejam mantidos

pelas áreas envolvidas;

b) Aplicação do princípio da precaução em projetos e tecnologias inovadoras: este

princípio pode ser descrito como uma abordagem na qual é exercida, criteriosamente,

cautela especial nos casos de perigos vinculados a incertezas técnico-científicas em

processos, tecnologias ou operações inovadoras, com impactos pouco conhecidos e

avaliados em SMS. Este princípio deve ser observado quando:

Page 52: MONOGRAFIA consolidada

52

• Existem boas razões para se acreditar na possibilidade de ocorrência de efeitos

prejudiciais ao homem ou ao meio ambiente;

• O nível de incerteza quanto às consequências ou a possibilidade dos eventos é tal

que o risco não pode ser avaliado com a confiança suficiente para uma tomada de

decisões.

c) Aplicação do conceito de projeto ou processo intrinsecamente seguro: este conceito se

aplica a um projeto ou processo, no qual se promove a eliminação ou a redução dos

riscos a ele associados, incorporando-se ao mesmo um ou mais dos seguintes

princípios: substituição, minimização ou intensificação, simplificação e moderação.

Exemplos:

• substituição: mudança do traçado para maior afastamento do duto em relação à

população;

• minimização: colocação de placas de concreto acima do duto para proteção contra

ação de terceiros, aumento no aprofundamento do duto;

• simplificação: a redução de complexidade, os sistemas tolerantes a erros e a

separação dos passos dos processos;

• moderação: o uso de condições menos severas ou críticas de processos, redução das

condições operacionais (temperatura, pressão).

d) Incertezas nas avaliações quantitativas: devem ser bem compreendidas as incertezas

inerentes às avaliações quantitativas de cenários acidentais, pois as condições de

contorno e as premissas de entrada podem variar significativamente, em função da

abordagem utilizada pelos analistas, sua experiência, julgamento da dinâmica dos

eventos, etc.

• As estimativas numéricas de riscos, portanto, não devem ser a única fonte de

decisão, sendo necessária uma conjugação destas com estudos complementares de

engenharia e operação.

e) Conceito de esforço desproporcional: se uma medida é praticável e o esforço de

implementação não for considerado desproporcional ao benefício de redução dos

riscos, então a medida será considerada “razoavelmente praticável”, sendo sua

implementação recomendada.

Page 53: MONOGRAFIA consolidada

53

Para exemplificar o estabelecimento da região ALARP, temos o critério de Risco Individual

definido pelo HSE (Órgão Regulador do Reino Unido sobre as questões de SMS). Este

critério define duas retas-guia formando 3 regiões distintas.

Região aceitável: onde todos os eventos localizados nesta região possuem um risco

individual considerado aceitável não necessitando de medidas preventivas e/ou

mitigadoras para a sua redução;

Região tolerável ou ALARP: localizada entre as duas retas guia, para os eventos

localizados nessa região deverão ser propostas medidas preventivas e/ou mitigadoras,

e estas medidas deverão ser avaliadas do ponto de vista de “custo x benefício”;

Região inaceitável: onde todos os eventos localizados nesta região possuem um risco

individual considerado inaceitável, logo necessitando a implantação de medidas

preventivas e/ou mitigadoras para a sua redução.

7.8 ESTIMATIVA E AVALIAÇÃO DOS RISCOS

7.8.1 RISCO INDIVIDUAL

Pela definição da CESTESB, o Risco Individual é o risco, para uma pessoa presente na

vizinhança de um perigo, em período de tempo definido. O risco individual tem caráter

cumulativo e geográfico, razão pela qual sua expressão decorre da soma do risco individual de

cada cenário acidental contribuinte nos pontos x,y localizados no entorno do empreendimento.

Pode ser expresso por meio de contornos de risco (ou de isorrisco). Os critérios de risco

individual são destinados a mostrar que os trabalhadores ou membros do público não estão

expostos a riscos excessivos.

Risco individual é calculado através da identificação de todas as fontes de riscos de letalidade

a um dado indivíduo, resultante da contribuição de cada fonte e, em seguida, somando todos

esses riscos para ter o risco global.

Tipicamente para os trabalhadores da indústria de óleo, gás e petroquímica as fontes primárias

de risco são:

Ocupacional – Por exemplo: Escorregões e quedas, afogamentos;

Page 54: MONOGRAFIA consolidada

54

Transportes – Por exemplo: Acidentes rodoviários e acidentes aéreos;

Relacionados aos hidrocarbonetos - Por exemplo: Perda de contenção produzindo

emissões tóxicas, incêndios ou explosões.

Os critérios de risco individual são mais comumente expressos na forma de risco individual

por ano (IRPA). Para esse critério de IRPA os valores apresentados a seguir, são geralmente

considerados internacionalmente aplicáveis para indústrias perigosas.

Tabela 2: Critérios de Risco Individual

Uma forma de se representar o Risco Individual é através da apresentação de curvas de

isorriscos. As curvas de isorriscos expressam a distribuição geográfica do Risco Individual,

elas mostram a frequência esperada de um evento acidental capaz de provocar certa extensão

de dano em um lugar específico, não se importando com a presença ou não de um indivíduo

no local, para sofrer este dano.

Como exemplo, no EAR (Estudo de Análise de Riscos) da Estação de Compressão de Taubaté

(TRANSPETRO), foi demonstrado que a curva de isorrisco correspondente a 10-5 (Limite

máximo tolerável estabelecido pela Norma P.4261/2003 da CETESB, critério utilizado no

Page 55: MONOGRAFIA consolidada

55

licenciamento do empreendimento) está situada dentro da área da PETROBRAS, não

atingindo população sensível. O Risco Individual foi considerado, portanto, tolerável.

No caso de estudos de risco em dutos, é bastante usual a expressão do risco individual sob a

forma de perfil de risco, o qual fornece, em forma de gráfico, os níveis de risco em diferentes

distâncias, a partir do eixo central do duto, conforme exemplificado abaixo.

Gráfico 1: Níveis de risco em diferentes distâncias

7.8.2 RISCO SOCIAL

Todos os acidentes fatais são um motivo de pesar, mas a sociedade em geral tende a ser mais

preocupada com múltiplas vítimas fatais num único evento. Embora tais eventos de baixa

frequência e alta consequência possam representar um risco muito pequeno para um indivíduo

isoladamente, eles podem ser encarados como eventos inaceitáveis quando uns grandes

números de pessoas estão expostas.

Page 56: MONOGRAFIA consolidada

56

Pela definição da CETESB, o risco, expresso na forma de risco social (RS), refere-se ao risco

para um determinado número ou agrupamento de pessoas expostas aos efeitos físicos

decorrentes de um ou mais cenários acidentais.

É possível que vários trechos com aglomerado populacional sejam cruzados ou tangenciados

pelo traçado de um duto. O risco social deve ser estimado para todos esses pontos com

aglomerado populacional e varia em função do número de ocupantes expostos.

Critérios de risco social podem ser definidos para limitar o risco de acidentes graves e

contribuem no estabelecimento de medidas que ajudem na meta de redução dos riscos sociais,

tais como: restrição às atividades concorrentes ou utilização do solo, reforço de salvaguardas

de engenharia, melhoria de características construtivas ou de segurança.

O mais amplamente difundido dos critérios de risco social é a chamada Curva FN. A curva

FN é um diagrama referente ao risco social que determina-se pela plotagem num plano

cartesiano em escala logarítmica no eixo das ordenadas: a frequência acumulada anual de

acidentes com até N fatalidades e no eixo das abcissas também em escala logarítmica a

intensidade de consequências expressa em número de fatalidades. É definido por duas retas

paralelas que limitam as três regiões do gráfico: Intolerável, ALARP ou Risco a ser reduzido

e Tolerável. A curva F-N obtida deve ser comparada com o critério para avaliação do risco

social. O critério de Risco Social estabelecido pela CETESB define duas retas-guia formando

3 regiões distintas:

Região negligenciável: onde todos os eventos localizados nesta região possuem um

risco individual considerado aceitável não necessitando de medidas preventivas e/ou

mitigadoras para a sua redução;

ALARP ou Região de risco a ser reduzido: localizada entre as duas retas guia, para os

eventos localizados nessa região deverão ser propostas medidas preventivas e/ou

mitigadoras, e estas medidas deverão ser avaliadas do ponto de vista de “custo x

benefício”;

Região Intolerável: onde todos os eventos localizados nesta região possuem um risco

individual considerado inaceitável, logo necessitando a implantação de medidas

preventivas e/ou mitigadoras para a sua redução.

Page 57: MONOGRAFIA consolidada

57

Gráfico 2: Regiões de tolerabilidade

Para exemplificar a aplicação da curva F-N, utilizamos o EAR (Estudo de Análise de Riscos)

do Gasoduto Cacimbas-Vitória. O risco social foi avaliado para as localidades estudadas que

apresentaram fatalidades, em determinados núcleos habitacionais e numa área industrial.

Os pares de frequência (F) e de fatalidades (N) e as curvas do risco social para cada localidade

onde apresentaram fatalidades foram determinados, e dois deles estão mostrados a seguir.

Nesses dois casos, o Risco Social foi considerado tolerável.

8 RESULTADOS

Page 58: MONOGRAFIA consolidada

58

8.1 PROJETO DO GASODUTO VOLTA REDONDA X MANGARATIBA (PROJETO

FICTÍCIO)

8.1.1 CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO

O Gasoduto Volta redonda x Mangaratiba – GASMAN será composto por uma linha tronco

com aproximadamente 60 km de extensão e diâmetro nominal de 28”, interligando os

municípios de Volta Redonda - RJ e Mangaratiba - RJ.

O projeto contempla duas áreas de lançamento e recebimento de “pig” nas extremidades do

gasoduto, sendo uma a ser construída na Estação de Volta redonda (Esvol) e outra na Estação

de Mangaratiba (Esman) - pertencentes à TRANSPETRO.

O gasoduto poderá operar com capacidade máxima de 1.000.000 m³/d (condição de referência

para vazão: 1 atm e 20°C). As principais características operacionais do GASMAN são

apresentadas Abaixo:

Tabela 3: Características operacional do gasoduto

GeralFluido Gás natural

Estado Físico Gás

Vazão x 103 m3/diaMáximo 1000

Mínimo 100

Pressãokgf/cm²

manométrico

Normal 65 a 100

Máxima de Projeto 100

Temperatura(ºC)

Operação 4,7 a 45

Projeto 0 / 55

Atendendo o preconizado no item 1.4.1 da IT DECON No 12/2007, para a caracterização da

região, com fins para o Estudo de Análise de Riscos, estabeleceu-se como Área de Influência

Direta – AID uma faixa de 200 metros para cada lado, a partir do eixo do duto levando em

consideração as características do empreendimento.

Page 59: MONOGRAFIA consolidada

59

Define-se ponto notável como um elemento que pode interferir na integridade do duto ou ser

impactado pelos efeitos físicos decorrentes de eventual incidente. Os pontos notáveis

representam principalmente as ocupações sensíveis que consistem em residências, creches,

escolas, cadeias, presídios, ambulatórios, casas de saúde, hospitais e afins, isto é, nas suas

proximidades.

8.1.2 NORMAS

O Gasoduto será construído de acordo com a norma de construção e montagem de dutos da

PETROBRAS N-464, bem como com as normas ABNT NBR-12712 e ASME B 31.8, com

requisitos adicionais do projeto. As principais normas a serem utilizadas neste Gasoduto estão

apresentadas na Tabela abaixo:

Tabela 4 – Principais Normas

Projeto ABNT NBR-12712 / ASME B 31.8Tubos API 5L X70

Elétricas IECFlanges ASME B 16.5 e MSS SP-44Medição AGA Reports n° 8 e n° 9Válvulas API 6DConexões MSS SP-75

8.1.3 MATERIAL DOS TUBOS

O gasoduto será construído com tubos de diâmetro nominal de 28”, fabricados em aço

carbono conforme especificações da norma API 5L X70 e requisitos adicionais de projeto.

A classe de pressão das conexões e flanges deste gasoduto será de 600# de acordo com a

ASME B16.5. As conexões fabricadas com aço de alta resistência serão de acordo com a

MSSSP 75, com requisitos adicionais de projeto. Da mesma forma, flanges em aço de alta

resistência serão fabricados conforme MSS-SP 44, com requisitos adicionais de projeto.

Os tubos usados neste gasoduto terão espessuras de 0,625”, 0,750” e 0,875” distribuídas

conforme definido no projeto básico. Estes tubos serão revestidos externamente para evitar

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60

processos corrosivos. Este revestimento será de polietileno tripla camada. As juntas soldadas

serão revestidas com mantas termo-contrátil.

Como proteção adicional contra a corrosão externa será instalado um sistema de proteção

catódica. Serão instaladas juntas de isolamento elétrico no duto, antes dos pontos de

enterramento, nas áreas de lançamento e recebimento de “pig”, de modo a evitar fugas de

corrente do sistema de proteção catódica para os trechos aéreos.

Os tubos serão revestidos internamente para reduzir a rugosidade, aumentando a eficiência de

transporte do duto. Este revestimento interno será em epóxi. As juntas internas não serão

revestidas.

Não é esperada corrosão interna neste duto devido às características do gás natural com o qual

o este irá operar, contudo serão instalados conjuntos de provadores de corrosão ao longo do

gasoduto, composto, cada conjunto, de dois provadores por perda de massa e dois por

resistência elétrica. Os provadores serão locados nas caixas de provadores de corrosão

existentes ao longo da faixa.

8.1.4 ASPECTOS CONSTRUTIVOS

O gasoduto será enterrado em toda a sua extensão com uma cobertura mínima de 1,00 m,

exceto em trechos rochosos, onde será admitida uma profundidade de 60 cm. Em áreas de

cultura mecanizada e em regiões próximas aos centros urbanos ou com possibilidade de

ocupação, o projeto prevê uma cobertura mínima de 1,50 m.

Em áreas com possibilidade de interferência de terceiros no duto, tais como, nas travessias de

rios e cruzamento com rodovias, ferrovias e outros dutos, serão adotadas proteções adicionais,

como placas de concreto, fitas de aviso, sinalização de advertência, aumento da profundidade

de enterramento, jaquetas de concreto e tubo camisa.

As soldas de campo serão 100% inspecionadas, garantindo a qualidade e a rastreabilidade das

juntas soldadas. Serão realizadas, após enterramento do duto, inspeções com “pigs”

geométricos e placas calibradoras para garantir que não haja defeitos de amassamento e

ovalização nos tubos.

Page 61: MONOGRAFIA consolidada

61

Equipamentos e dispositivos pré-fabricados, tais como válvulas, lançadores e recebedores de

“pig” e cavalotes, serão pré-testados hidrostaticamente antes de sua montagem no gasoduto.

Atendendo aos dispostos nas normas ABNT NBR-12712 e ASME B31.8, no final da

montagem, o gasoduto será testado hidrostaticamente com procedimentos para teste de

estanqueidade e de resistência mecânica. Finalmente, o gasoduto será submetido a um

processo de secagem, preparando-o para o início da operação com gás natural.

8.1.5 TRANSPOSIÇÃO DA SERRA DO PILOTO

A faixa de dutos Volta Redonda x Mangaratiba, atravessa a região da Serra do piloto,/RJ. A

transposição da Serra do piloto se dará pela construção de um túnel, evitando o trecho com

topografias acidentadas e a supressão vegetal de área de mata atlântica nativa. Desta forma

será construído um túnel atravessando um trecho de serra com uma extensão aproximada de

2,5 quilômetros.

A seção transversal do túnel deve ser formulada com 4m de altura e 5m de largura, com teto

em abóbada curva, correspondendo a uma área aproximada de 20 m².

8.1.6 VÁLVULAS DE BLOQUEIO AUTOMÁTICO

No gasoduto serão instaladas 05 válvulas de bloqueio intermediárias automáticas (SDV),

“Shut Down Valve” (SDV) –, com DN 28”. Estas válvulas serão instaladas para reduzir o

inventário de gás lançado para atmosfera em caso de um vazamento. Seus atuadores serão

dotados de pilotos para fechamento da válvula em caso de baixa pressão no duto ou alta

velocidade de queda de pressão. As válvulas serão enterradas e dotadas de "by-pass" com 12”

de diâmetro nominal para instalação de dispersores, que serão utilizados caso seja necessário

despressurizar trechos do gasoduto. A localização e o espaçamento entre as válvulas

obedecem as normas de projeto.

Tabela 5 – Localização das Válvulas de Bloqueio Automático

Válvula km

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SDV- 01 0,000

SDV- 02 15,537

SDV- 03 30,127SDV- 04 45,692SDV- 05 60,365

8.1.7 TRAÇADO DO GASODUTO GASMAN COM FOTOS AÉREAS DO PONTOS

SENSÍVEIS.

Figura 23: Km 7 - Haras Malboro próximo a faixa 20 m

Figura 24: Km 9 - Bairro moinho de vento a 100 metros da faixa

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63

Figura 25: Km 12 - Travessia da rodovia RJ 155 e residência a 60 metros da faixa.

Figura 26: Km 15 – Travessia da rodovia RJ 155, estrada rural e casa rural prox. 30 metros da faixa.

Figura 27: Km 19 – Travessia de córrego e acesso de fazenda.

Page 64: MONOGRAFIA consolidada

64

Figura 28: Km 23 – Supressão vegetal, Travessia do Rio Barra Mansa e da RJ 155

Figura 29: Km 29 - Travessia de estrada rural, casa 50 m canavial

Figura 30: Km 32 - Travessia linha férrea e estrada rural, 20 m de casas, 100 m de um colégio

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65

8.2 FREQUÊNCIAS DE FALHAS (EGIG – REFERÊNCIA DE BANCO DE DADOS)

O EGIG (Grupo Europeu de Dados sobre Acidentes em Gasodutos – European Gas pipeline

Incident data Group) é uma cooperação entre 15 grandes operadoras do sistema de transporte

em gasodutos na Europa, e é dono de um extenso banco de dados, coletado desde 1970.

O EGIG tomou a iniciativa de registrar os dados de liberações não-intencionais de gás no

sistema de transporte em gasodutos na Europa, tornando-se uma fonte de informação valiosa e

confiável, utilizada para ajudar as operadoras a demonstrar e melhorar seu desempenho em

SMS. Também provê uma grande base de dados para uso estatístico. Os relatórios do EGIG

são publicados a cada 3 anos. O 8º relatório, que cobre o período de 1970 a 2010.

O sistema de gasodutos formado pelas 15 operadoras Europeias possui as seguintes

características:

Acima de 135.000km de extensão;

Número total de acidentes de 1970 a 2010: 1.249 km;

A exposição total, que expressa a extensão de um gasoduto e o seu período de operação, é

de 3.15 milhões de km por ano.

Foram estabelecidos os seguintes critérios para o registro de acidentes no banco de dados do

EGIG:

O acidente deve levar a uma liberação de gás não intencional.

O gasoduto deve se enquadrar nas seguintes especificações:

- Ser feito de aço;

- Estar localizado em terra;

- Ter uma pressão máxima de operação maior que 15 bar;

- Ser localizado “fora da cerca” das instalações de gás.

Nesse banco de dados, são providas informações gerais sobre o sistema de gasodutos, por ano,

por extensão dos gasodutos, categorizadas de acordo com: Diâmetro, Pressão, Ano de

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Construção, Tipo de revestimento, Profundidade do gasoduto, Grau do material e Espessura

do duto.

As informações específicas sobre os acidentes compreendem:

Características do Gasoduto

Dimensões do Furo

Causas:

- Ocorrência (ou não) de ignição.

- Consequências.

Meios de detecção do acidente.

O EGIG caracteriza os furos quanto às suas dimensões:

Furos pequenos (alvéolos) e trincas: o diâmetro do furo é menor ou igual a 2 cm.

Furo: o diâmetro do furo é maior que 2 cm e menor ou igual ao diâmetro do duto.

Ruptura: o diâmetro do furo é maior que o diâmetro do duto.

As frequências de falha do sistema de gasodutos, por período, são apresentadas na Figura

abaixo:

Tabela 6: Frequências de falha do sistema de gasodutos

Período IntervaloNumero de

acidentes

Exposição total

do sistema

[km.ano]

Frequência

Primária de falha

[1000km.ano]

1970-2007 7th report 38 anos 1173 3.15 x 106 0.372

1970-2010 8th report 41 anos 1249 3.55 x 106 0.351

1971-2010 40 anos 1222 3.52 x 106 0.347

1981-2010 30 anos 860 3.01 x 106 0.286

1991-2010 20 anos 460 2.25 x 106 0.204

2001-2010 10 anos 207 1.24 x 106 0.167

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67

2006-2010 5 anos 106 0.654 x 106 0.162

As frequências de falha têm reduzido nos últimos anos, embora a taxa de redução tenha

desacelerado recentemente. A redução dessas frequências de falha é relacionada aos

desenvolvimentos tecnológicos, como soldas, inspeções, proteção catódica, passagem de pig

instrumentado, monitoramento das condições e melhores procedimentos para prevenção de

danos e detecção de danos. Analisando as causas dos acidentes podemos ter uma noção de

quais esforços/controles são prioritários.

As causas dos acidentes do EGIG foram divididas em 6 categorias:

- Interferência Externa/Ação de terceiros - 48,4%

- Defeito de construção/Falha de Material – 16,7%

- Corrosão – 16,1%

- Movimentação do Solo – 7,4%

- Falha na trepanação – 4,8%

- Outras / não conhecidas – 6,6%

Interferência externa/ação de terceiros continua sendo a maior causa de todos os acidentes em

gasodutos, como pode ser observada na Figura.

Gráfico 3: Causas dos acidentes em dutos

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A principal causa da categoria “Outras causas e causas desconhecidas” é descarga atmosférica

(raio). A sub-causa descarga atmosférica (raio) representa quase 25% dos acidentes dentro

desta categoria. No período de 1970 a 2010, 21 acidentes causados por descarga atmosférica

(raio) foram registrados no banco de dados do EGIG, o que representa uma frequência de

falha devida a descarga atmosférica (raio) de 0,0059 acidentes por 1.000km/ano. Dos 21

acidentes causados por descarga atmosférica (raio), 19 foram pequenos vazamentos (alvéolos

e trincas) e somente 2 acidentes resultaram em um grande vazamento (furo). Uma vez que

descarga atmosférica (raio) é uma grande fonte de energia, a ignição do vazamento é bastante

provável.

O EGIG mostra diversas relações entre as causas de acidentes e outros parâmetros, como por

exemplo:

Relação entre interferência externa, tamanho do vazamento e classe de espessura da

parede do duto;

Relação entre corrosão, tamanho do vazamento e ano de construção do duto;

Relação entre movimentação do solo, tamanho do vazamento e diâmetro do duto.

Os dados apresentados no relatório do EGIG nos permitem chegar às seguintes conclusões:

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As estatísticas de acidentes em gasodutos compiladas no banco de dados do EGIG nos

dão frequências de falhas confiáveis. A frequência geral de acidentes é igual a 0,35

acidentes por ano, por 1.000 km, no período de 1970 a 2010;

Tendência: o número de acidentes está diminuindo enquanto a extensão do sistema de

gasodutos está aumentando;

As frequências de falha têm reduzido nos últimos anos, embora a taxa de redução tenha

desacelerado recentemente;

A causa principal de acidentes continua sendo interferência externa/ ação de terceiros

(50% de todos os acidentes), seguida de defeitos de construção/falha de material (16%) e

corrosão (15%);

A contribuição relativamente alta da interferência externa/ação de terceiros enfatiza a

importância da implementação de ações visando o seu controle, tanto para as operadoras

quanto para as autoridades. Acidentes causados por interferência externa/ação de

terceiros são caracterizados por resultar em consequências potencialmente severas;

Melhorias adicionais na prevenção de Interferência Externa/Ação de Terceiros podem ser

obtidas através: o de um maior reforço das políticas de uso e ocupação do solo;

8.2.1 ANALISE HISTÓRICA USANDO OS DADOS DO EGIG EM ESTUDOS DE RISCO

– IMPLANTAÇÃO DO GASMAN

Para demonstrar uma aplicação prática dos dados retirados do relatório do EGIG, foi utilizado

um exemplo do Estudo de Análise de Riscos da implantação do Gasoduto GASMAN. O

passo a passo desta aplicação envolvendo cálculos de Risco Individual e Social, além de

cálculos de frequência é apresentado a seguir.

O critério de tolerabilidade utilizado no desenvolvimento do EAR (Estudo de Análise de

Riscos) em questão foi o definido no item 1.4.8 do Anexo I da Instrução Técnica para

Elaboração de Estudo de Impacto Ambiental EIA – e seu Respectivo Relatório de Impacto

Ambiental – RIMA para a Implantação do Gasoduto GASMAN - DECON Nº 07/2010 , no

qual a curva de isorrisco correspondente a 1,0E-06/ano não deve envolver parcial ou

totalmente uma ocupação sensível.

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70

Analisando os resultados obtidos nos perfis de risco, verifica-se que o nível de risco de 1,0E-

06/ano atinge, em ambos, uma distância de aproximadamente 330 metros, sendo que esta

envolve ocupações sensíveis significativas.

Conforme Instrução Técnica da FEEMA em função do risco apurado encontrar-se intolerável,

foram realizadas algumas considerações e sugeridas algumas medidas visando promover a

melhoria da segurança da instalação.

Gráfico 4: Perfil de risco inicial

Foi utilizado o 8th EGIG Report (vigente na época da elaboração do EAR), e considerada a

frequência original de 0,17 oc/1000 km.ano (1,7E-04 oc/ km.ano), tanto para a ocorrência de

ruptura catastrófica como para furo e fenda.

As causas dos acidentes, segundo o EGIG, estão distribuídas da seguinte forma:

- Interferência Externa/Ação de terceiros - 48,4%

- Defeito de construção/Falha de Material – 16,7%

- Corrosão – 15,1%

- Movimentação do Solo – 7,1%

- Falha na trepanação – 4,8%

- Outras/não conhecidas – 6,7%

8.2.1.1 INTERFERÊNCIA EXTERNA

Page 71: MONOGRAFIA consolidada

71

Foi sugerida a instalação de placas de concreto nos pontos onde encontram se as ocupações

sensíveis significativas, na extensão em que as mesmas se encontram. A partir desta medida,

as frequências estimadas anteriormente foram reanalisadas, de forma a atenuar os valores em

função da instalação de placas de concreto.

A medida mitigadora sugerida (instalação de placas de concreto sobre o duto) tem como

principal objetivo minimizar as causas relacionadas a interferências externas, que representam

48,4% do total do valor da frequência de falha.

No relatório do 6th EGIG é informado que as principais causas das interferências externas são:

escavações (38%), trabalhos de drenagem (8%), trabalhos públicos (8%) e atividades

relacionadas a agricultura (8%). As porcentagens registradas acima totalizam 63% de

participação em relação ao total, somente relacionado a interferências externas, restando 37%

para causas não identificadas.

Com a instalação das placas de concreto, a possibilidade das interferências registradas pelo

EGIG podem ser minimizadas, aplicando-se uma redução de 63% na porcentagem total

somente da interferência externa. Assim, tem se a participação reduzida de 48,4% para 18,4%.

8.2.1.2 FALHA NA TREPANAÇÃO

O 8th EGIG-Report mostra que, para dutos com diâmetros superiores e iguais a 24”, não há

registro de ocorrência de acidente devido a falha na trepanação.

Desta forma, verificou-se que para dutos maiores que 28” não à incidência de registros de

falha na trepanação, portanto a contribuição de 4,6 % foi desconsiderada da frequência inicial

do EGIG.

8.2.1.3 MOVIMENTAÇÃO DO SOLO

Page 72: MONOGRAFIA consolidada

72

Outro fator de relevância a ser considerado está relacionado à movimentação do solo. No

projeto do GASMAN foram adotadas medidas para que não ocorra este tipo de acidente,

Como:

Analise do tipo do solo e terreno através de programas de Geoprocessamento, avaliando

qualquer tipo de possibilidade de movimentação do solo.

Construção de diques de contenção para aumentar a capacidade de fixação do solo.

Realização de inspeção diária da faixa por um inspetor, avaliando a estabilidade do solo,

possibilidade de intervenção humana, integridade da faixa, comunidades próximas,

vegetação, etc.

Vistoria aérea trimestral, para visualização de pontos de interesse e sensíveis.

Realização de manutenção da faixa, como dos seus acessos.

Estas avaliações são representadas em diferentes níveis classificados como: Riscos

Geotécnicos Alto (Severos), Riscos Geotécnicos Médios (Moderados) e Riscos Geotécnicos

Baixos, dando sequência a um processo de priorização quanto aos tratamentos em trechos

pontuais da faixa, dependo das criticidades.

Com base nestas informações, foi feita uma estimativa para a faixa onde percorrerá o

Gasoduto GASMAN, permitindo-se concluir que a faixa pode ser classificada em sua grande

maioria, como de risco baixo.

8.2.2 AVALIAÇÃO E GESTÃO DE RISCOS EM GASODUTO, COM A NOVA

FREQUÊNCIA DE FALHA OBTIDA

Com base nas premissas citadas nos itens anteriores, a distribuição das causas de acidentes

foram reavaliadas e estão apresentadas a seguir:

- Interferência Externa/Ação de terceiros – 18,4%

- Defeito de construção/Falha de Material – 16,7%

- Corrosão – 15,1%

- Outras/não conhecidas – 6,7%

TOTAL: 56,9%

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Desta forma o valor de 1,7E-04 oc/km.ano foi multiplicado por 56,9%, obtendo- se o valor de

9,67E-05 oc/km.ano. Tanto o risco individual quanto o risco social foram reavaliados tendo

por base o valor específico para taxa de falha do gasoduto em questão.

8.2.3 RECÁLCULO DO RISCO INDIVIDUAL E SOCIAL

O Risco Individual foi reavaliado e traçado um novo Perfil de Risco Individual (com medidas

para redução do risco). Analisando os resultados obtidos considerando as medidas

mitigadoras, observa-se que o nível de 1,0E-06/ano não foi atingido, fazendo com que o Risco

Individual passasse à região tolerável.

Gráfico 5: Perfil de risco após avaliação

Os dados do EGIG foram utilizados para avaliar especificamente as frequências deste

empreendimento em particular e para propor medidas que reduzissem a frequência das causas

iniciadoras de acidentes.

Os cálculos iniciais demonstraram que os Riscos Individual e Social foram considerados

intoleráveis quando comparados ao critério da FEEMA.

Page 74: MONOGRAFIA consolidada

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Foi realizada uma revisão dos cálculos, incorporando placas de concreto nos locais com

presença de população e outras considerações referentes às causas iniciadoras de acidentes

(desconsiderou-se a ocorrência de falha por trepanação e movimentação do solo), o que

propiciou a redução dos níveis dos perfis de Risco Individual, que foi então considerado

tolerável.

Com o recálculo, para a maioria dos pontos analisados, o Risco Social foi considerado

tolerável. Entretanto, 2 pontos apresentaram Risco Social intolerável, sendo necessária a

adoção da medida mitigadora proposta que consiste na alteração de traçado no trecho. Os

cálculos do risco social considerando a medida foram reavaliados e encontraram-se na região

tolerável.

8.3 ANÁLISE DE RISCOS DA PRÉ-OPERAÇÃO.

A fase de pré-operação consiste no enchimento do gasoduto com gás natural, remoção do

fluido existente, preparação e adequação das instalações (válvulas da linha tronco, lançadores

e recebedores de “pig” e outras instalações envolvidas), visando atingir as condições normais

e estáveis para operação.

Durante a execução dos serviços de condicionamento e pré-operação, as seguintes

recomendações devem ser seguidas:

a) antes de iniciar o procedimento de pré-operação, obter a devida Permissão para Trabalho.

As áreas de trabalho envolvidas devem ser isoladas, limpas, secas, livres de óleo e todo o

resto de construção removido;

b) utilizar sempre os EPI’s (equipamentos de proteção individual), sendo obrigatório no

mínimo botas, capacete e óculos de proteção;

c) delimitar a área de serviços, se necessário, com cordões de isolamento e placas com avisos

de perigo;

d) providenciar todos os dispositivos de segurança necessários/ recomendados ao tipo de

serviço a ser executado, bem como verificar se estão funcionando satisfatoriamente;

e) colocar etiqueta de advertência em todos os equipamentos a serem testados antes de se

iniciar os trabalhos, e colocar etiquetas de interdição de entrada após a conclusão dos

serviços;

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75

8.3.1 ANALISE PRELIMINAR DE RISCO (APR) DA FASE DE PRÉ-OPERAÇÃO DO GASODUTO GASMAN

Empresa de Engenharia de Segurança do Trabalho

ANALISE PRELIMINAR DE RISCO (APR) Código:

Instalação / Local: GASODUTO GASMAN Data Aprovação: Revisão:

Processo: Construção e Montagem de Dutos Tarefa: Pré-Operação

Equipe da APR e Pessoas Consultadas: Priscilla Araujo Miranda; Vicente Sacramento Junior

Etapa Fase Aspecto/ Perigo

Causas Impactos/ Consequências

Freq. Severid. Risco Medidas Preventivas e/ou Mitigadoras

Enchimento e descarte de água

Enchimento do duto

Vazamento de água/ Equipamento pressurizado

1- Abertura de flange utilizando máquina de torque pneumática;

2- Rompimento de mangueira;

3- Conexão defeituosa, falha mecânica, falha humana; falha na operação do equipamento; equipamento em más condições de uso; falta de manutenção em equipamento.

Lesões Pessoais, Danos Materiais e Ambientais/ Erosão da faixa

Pouco Provável

Crítica Moderado 1 - Inspecionar as mangueiras, tubulações e conexões;

2 - Manter sinalizado e isolado a área da atividade em execução;

3 - Utilizar tubos, mangueiras, mangotes, conexões e instrumentos com capacidade superior ao range de operação da máquina;

4 - Utilizar conector de segurança entre as mangueiras;

5 - O serviço só poderá ser realizado por pessoas autorizadas e habilitadas;

6 - Manter afastada pessoas não envolvidas com a atividade.

Descarte de Inundação Lançamento de Alteração da Extrema Crítica Tolerável 1- Garantir a decantação dos resíduos

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água grande volume de água à altas vazões

qualidade do solo. Erosão da faixa

mente Remota

sólidos existentes na água, antes da sua reintegração ao meio ambiente, através da construção de um fosso com fundo forrado em pedras de mão (Para dutos novos).

2- Para descartes dos líquidos, deve ser utilizado o sistema de drenagem;

3- Controlar a abertura das válvulas de vent;

4- Manter caminhão vácuo em stand-by.

Lançamento e recebimento de PIGs

Abertura da tampa do Lançador de PIGs

Deslocamento brusco da tampa

Pressão remanescente no interior da câmara.

Canhão não despressurizado;

Válvula com passagem;

Lesões pessoais e/ou danos materiais.

Pouco Provável

Crítica Moderado 1-Elaborar e seguir procedimento operacional de abertura de canhão;

2- Não permitir a presença de quaisquer pessoas no raio de abertura da tampa;

3- Certificar que o canhão está despressurizado;

4- Verificar se o manômetro está zerado; Está deverá permanecer zerada durante toda a operação de abertura da tampa;

5- Manter válvulas de dreno e vent do canhão abertas no momento da abertura;

Descarte de gases

Ruído excessivo

Purga dos Gases para a Atmosfera;

Abertura brusca dos vent’s de grande diâmetro

Lesão pessoal;

Poluição sonora;

Transtorno à comunidade vizinha

Pouco Provável

Marginal Tolerável 1-Abertura do Vent moderadamente, de acordo com a pressão;

2-Utilização de Protetor auricular combinado;

3-Comunicar a comunidade o serviço a ser realizado e consequências.

Pré- Secagem da Vazamento de 1- Rompimento de Lesões Pessoais, Provável Média Moderado 1 - Inspecionar as mangueiras, tubulações e

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operação linha gás/ Equipamento pressurizado

mangueira;

2-Valvula ou vent aberto inadequadamente;

3- Conexão defeituosa, falha mecânica, falha humana;

4- Falha na operação do equipamento; equipamento em más condições de uso;

5- Falta de manutenção em equipamento.

Danos Materiais conexões;

2 - Manter sinalizado e isolado a área da atividade em execução;

3 - Utilizar tubos, mangueiras, mangotes, conexões e instrumentos com capacidade superior ao range de operação da máquina;

4- Verificar se todas as conexões e vents que não serão utilizados estão fechados;

5 - Utilizar conector de segurança entre as mangueiras;

6 - O serviço só poderá ser realizado por pessoas autorizadas e habilitadas;

7 - Manter afastada pessoas não envolvidas com a atividade.

Inertização da linha

Vazamento de gás/

Equipamento pressurizado/

Asfixia

1-Valvula ou vent aberto inadequadamente;

2- Conexão defeituosa, falha mecânica, falha humana;

3- Falha na operação do equipamento; equipamento em más condições de uso;

Lesões Pessoais, Danos Materiais

Pouco Provável

Critica Moderado 1 - Inspecionar as mangueiras, tubulações e conexões;

2 - Manter sinalizado e isolado a área da atividade em execução;

3- Verificar se todas as conexões e vents que não serão utilizados estão fechados;

4 - O serviço só poderá ser realizado por pessoas autorizadas e habilitadas;

5 - Manter afastada pessoas não envolvidas com a atividade.

Gaseificação Explosão Mistura explosiva, causada pela

Lesões pessoais, Pouco Critica Moderado 1- Garantir que o duto esteja totalmente preenchido com gás inerte ou ar seco com

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entrada de oxigênio na linha após a inertização.

Danos Materiais Provável selo de gás inerte;

2- Na fase inicial de enchimento com gás natural, para o deslocamento dos gases contidos no duto de gás, utilizar fluxo contínuo de gás natural mantido a uma vazão , cuja velocidade de escoamento evite a laminação dos gases e minimize o tamanho da interface;

3- Manter o monitoramento dos gases através do detector multigás, para garantir a entrada do GN e a expulsão do Gás Inerte.

4- Manter Extintor no local.

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9 CONCLUSÃO

As metodologias propostas para a avaliação da área de perigo e do risco apresentam uma

análise dos principais parâmetros que contribuem na determinação de melhores métodos para

aumentar a segurança durante as fases de planejamento, construção e pré-operação de um

novo gasoduto e modificação do mesmo.

Verificamos que na implantação de um Gasoduto, é de vital importância a analise e gestão

dos riscos, em todas as fases do projeto, além dos fatores que respeitem a segurança do

trabalho, temos que levar em consideração o contexto aonde este empreendimento será

inserido e quais riscos a comunidade do seu entorno esta sendo exposta.

Durante o processo de avaliação histórica, a adoção de medidas para a redução de riscos foi

considerada nos cálculos dos Riscos Individual e Social. O presente exemplo nos mostra que

ao considerar as medidas de redução de riscos nesses cálculos, o empreendimento tornou-se

viável em termos de critérios de tolerabilidade.

Para este tipo de análise de risco é fundamental respeita as leis impostas pelos órgãos

ambientais, do país, deixando de buscar as melhores praticas utilizadas pelo mundo, um bom

exemplo é o relatório europeu de históricos de acidentes em Gasodutos, que exemplificam em

forma de dados e valores, os acidentes em gasodutos das maiores empresas europeias. Outro

aprendizado é que conhecendo o risco e muitas das vezes com medidas simples e objetivas é

possível alterar a categoria do risco, eliminando ou mitigando os seus impactos.

Page 80: MONOGRAFIA consolidada

80

10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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