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14 1 INTRODUÇÃO A Educação é uma área da abrangência humana, construída de erros-acertos, teorias-práticas, sonhos-realidades, imaginário-concreto, pensamentos-argumentos, problemas-soluções, pesquisas-resultados, tradicional-inovador, semente-planta... É aqui que eu entro. Semeei há anos, no meu imaginário infantil, a vontade de estudar em uma escola diferente, constituída por um mundo colorido, acolhedor, encantador, onde em cada canto da sala de aula tivesse uma novidade, um atrativo, uma surpresa renovada diariamente. Onde o professor fosse mais um amigo, que nos colocasse em um caminho, ensinando-nos a andar, a valorizar a beleza, reforçando o correto e o justo, corrigindo os nossos erros e nos mostrando que eles existem para nos fortalecer; assim, levando-nos a consciência de que, acertar é muito mais gostoso. Para compor o(a) professor(a) utópico(a) dos sonhos meus, poderei citar os professores e personalidades que se enquadram em algum componente de seu caráter neste perfil de profissional, os quais fazem ou fizeram parte de minha vida. Este professor imaginário teria que ter: a força da minha mãe Izabel (minha educadora de vida e para a vida); a doçura da Gelda (Professora da 3ª série primária); o bom gosto visual e charme da Inês (professora de 4ª série Ensino Fundamental); a criatividade e animação da minha prima Maria da Paz Ferreira Neves (hoje, professora de Inglês no Colégio Humberto Dona Inês/PB); o domínio de sala de aula da Maria da Paz Silva (minha professora de Língua Portuguesa na 5° e 6° séries do Ensino Fundamental e no 1º e 3º anos do Ensino Médio). Também, a elegância da Fátima (professora de História); a classe e a paciência da professora Dorinha; a inteligência da Professora e advogada Vilma Almeida; a educação da professora Bel (1ª série Mairinque/SP); a persistência, ordem, exigência e determinação do professor de Matemática, tão temido por muitos - o Pedro; a paciência da Professora Nevinha e a tranqüilidade da professora de GEOGRAFIA - Noélia...

Monografia de IZABEL C C A RODRIGUES - ICCAR

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1 INTRODUÇÃO

A Educação é uma área da abrangência humana, construída de erros-acertos,

teorias-práticas, sonhos-realidades, imaginário-concreto, pensamentos-argumentos,

problemas-soluções, pesquisas-resultados, tradicional-inovador, semente-planta... É aqui que

eu entro. Semeei há anos, no meu imaginário infantil, a vontade de estudar em uma escola

diferente, constituída por um mundo colorido, acolhedor, encantador, onde em cada canto da

sala de aula tivesse uma novidade, um atrativo, uma surpresa renovada diariamente. Onde o

professor fosse mais um amigo, que nos colocasse em um caminho, ensinando-nos a andar, a

valorizar a beleza, reforçando o correto e o justo, corrigindo os nossos erros e nos mostrando

que eles existem para nos fortalecer; assim, levando-nos a consciência de que, acertar é muito

mais gostoso.

Para compor o(a) professor(a) utópico(a) dos sonhos meus, poderei citar os

professores e personalidades que se enquadram em algum componente de seu caráter neste

perfil de profissional, os quais fazem ou fizeram parte de minha vida. Este professor

imaginário teria que ter: a força da minha mãe Izabel (minha educadora de vida e para a vida);

a doçura da Gelda (Professora da 3ª série primária); o bom gosto visual e charme da Inês

(professora de 4ª série – Ensino Fundamental); a criatividade e animação da minha prima

Maria da Paz Ferreira Neves (hoje, professora de Inglês no Colégio Humberto – Dona

Inês/PB); o domínio de sala de aula da Maria da Paz Silva (minha professora de Língua

Portuguesa na 5° e 6° séries do Ensino Fundamental e no 1º e 3º anos do Ensino Médio).

Também, a elegância da Fátima (professora de História); a classe e a paciência da professora

Dorinha; a inteligência da Professora e advogada Vilma Almeida; a educação da professora

Bel (1ª série – Mairinque/SP); a persistência, ordem, exigência e determinação do professor

de Matemática, tão temido por muitos - o Pedro; a paciência da Professora Nevinha e a

tranqüilidade da professora de GEOGRAFIA - Noélia...

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Balizada por estes perfis, hoje tenho a chance de ser uma professora que

leciona em uma Escola Ativa, a qual possui uma metodologia que acredito como motivadora e

construtora de futuros cidadãos.

Há seis anos, em 1999, prestei Concurso Público Municipal para a Categoria de

Professor “A” em minha cidade, Dona Inês/PB, no qual fui aprovada e classificada. E nesse

mesmo ano, passei no vestibular desta Universidade – UEPB – Campus III - Guarabira/PB,

para o Curso de Geografia, ficando na sétima colocação do segundo período. Em seguida, no

ano de 2000, comecei a lecionar na Rede Municipal de Ensino, especificamente nas Escolas

Municipais de “Serra do Sítio I” (turno tarde) e “Mata” (turno manhã), ambas na zona rural

deste município e em turmas multisseriadas. E assim foi... Em 2001, trabalhei nas Escolas

“Serra do Sítio I” (turno tarde) e “Pedra Lisa” (turno manhã), também com turmas

multisseriadas e, da mesma forma, sem muita orientação metodológica que pudesse me ajudar

a propiciar um ensino eficiente para muitos daqueles alunos.

No ano seguinte, em 2002, foi que houve a grande mudança. Passei a lecionar

na escola municipal “Zé Paz II” (turno tarde) no Assentamento Zé Matias e com turma

multisseriada de 3ª e 4ª séries; porém em “Pedra Lisa” (turno manhã), situada também na

zona rural de Dona Inês, com turma multisseriada e em comunidade de assentamento; seu

alunado tinha uma problemática a mais, atendia as quatro séries (1ª a 4 ª) com um total de 30

alunos que variavam de 06 a 26 anos de idade.

Com esse retrato diversificado, fui selecionada naquele mesmo ano para aplicar

a Metodologia Escola Ativa, na Escola Municipal “Pedra Lisa”; junto com outras seis Escolas

da rede municipal de ensino de Dona Inês.

Foi assim que a partir daquele ano procurei me envolver e participar mais

ativamente como educadora das atividades em turmas multisseriadas. Também, ao entrar no

Curso de Geografia dessa Instituição foi que nasceu o desejo em estudar sobre esta

16

Metodologia, a partir do olhar do ensino da Geografia que, nesse nível de ensino, está inserido

na área de Estudos Sociais.

Portanto, este estudo pretende conhecer a metodologia aplicada ao ensino da

Geografia, na perspectiva da Escola Ativa, o qual acontece através de Módulos de

Aprendizagens. Com isso, esperamos contribuir com a discussão sobre essa metodologia e

sobre o ensino da Geografia para crianças e adolescentes de turmas multisseriadas de zona

rural, em um país cuja educação ocupa o 71° no ranking de qualidade em educação, segundo a

Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO 2005).

A educação da zona rural passa por diversos problemas, dentre estes, a falta de

uma escola capaz de motivar estes alunos para uma aprendizagem efetiva, bem como de

recursos adequados à realidade de seus alunos e de professores qualificados para este fim.

Também, o aumento da desigualdade social e da exclusão, a barbárie provocada pela

implantação violenta do modelo capitalista de agricultura, como também a ausência de

políticas públicas que garantam o direito à educação e à escola para os

camponeses/trabalhadores do campo etc. (CALDART, 2004). A educação no campo,

segundo análise de Caldart (2004, p. 17-18):

[...] assume sua particularidade, que é o vínculo com sujeitos sociais

concretos, e com um recorte específico de classe, mas sem deixar de

considerar a dimensão da universalidade: antes (durante e depois) de

tudo ela é educação, formação de seres humanos. Ou seja, a Educação

do Campo faz o diálogo com a teoria pedagógica desde a realidade

particular dos camponeses, mas preocupa-se com a educação do

conjunto da população trabalhadora do campo e, mais amplamente,

com a formação humana.

Portanto, este estudo, poderá trazer algumas luzes para o ensino da Geografia

(Estudos Sociais); propiciando reflexões sobre este ensino em turmas multisseriadas da zona

rural do município em estudo, dentre estas, a formação humana e cidadã de alunos e alunas

17

inseridos nessa realidade sócio-educacional e geográfica. Como já dizia Ariovaldo Umbelino

de Oliveira1, a Geografia vem passando por uma crise mundial nas ultimas décadas, com

intensos debates sobre o teórico-metodológico e prático em suas frentes: “New Geography”,

“Geografia Tradicional” e a “Geografia Crítica”, já na prática não se sabe qual hegemonia de

maior perpetuação. E com esta pesquisa descobriremos em que frente a Escola Ativa pratica

o ensino da Geografia.

Dessa forma, o presente estudo tratará de abordar sobre o ensino da Geografia

(Estudos Sociais) segundo a metodologia da Escola Ativa. Dentre os objetivos, destacam-se:

analisar a prática metodológica da Escola Ativa no ensino de Geografia em turmas

multisseriadas da Primeira Fase do Ensino Fundamental; como também, relatar a estrutura de

abrangência ambiental e a estratégia no ensino de geografia nesta modalidade; analisar e

avaliar os Módulos de Aprendizagem de Geografia (Estudos Sociais) em seus conteúdos

seqüenciais específicos para cada série e em suas teorias e práticas promovidas pelos mesmos;

e, descrever as ferramentas da Escola Ativa no tocante ao ensino da Geografia em turmas da

zona rural aplicadoras desta Estratégia Educativa no município de Dona Inês/PB.

1 Doutor em Geografia Humana e Professor do Departamento em Geografia – FFLCH-USP , também autor de

vários livros.

18

2 O CAMINHO PERCORRIDO: AS CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS

Trata-se de um estudo qualitativo que, segundo Richardson (1999) caracteriza-

se como sendo aquele que é realizado fora dos ditames da quantificação. Como professora e

militante desta metodologia de ensino e também por considerar-me uma entusiasta da

Estrutura Escolar deste Ensino Personalizado que é a Escola Ativa, foi que escolhemos o

município de Dona Inês/PB. Dentre as escolas existentes, elegemos aquela na qual desenvolvi

no ano de 2005 minha prática docente, a Escola Municipal “Zé Paz II” situada na zona rural,

especificamente no Assentamento Zé Matias de Araújo, localizada na Área IV2 ao Sul da sede

do município.

Esta escola, em 2005, funcionou em dois turnos distintos, atendendo a um

corpo discente de 39 (trinta e nove) alunos. Ficando 1ª e 2ª séries pala manhã, cuja turma

Multisseriada composta por 21 (vinte e um) discentes, e a 3ª e 4ª séries pela tarde com o

número de 18 (dezoito) alunos matriculados. A faixa etária variava entre 6 e 14 anos

completos. Em ambos os turnos esta faixa etária era presente, portanto, a distorção idade/série

também era realidade nesta escola.

A equipe docente do ano 2005 foi formada por duas professoras. Uma formada

em Pedagogia pela UVA - Universidade Estadual do Vale do Acaraú, em Regime Especial e

hoje, cursando Especialização na mesma área, porém em outra Universidade. Já a segunda

professora, se encontra em fase de conclusão do curso de Licenciatura Plena em Geografia

pela UEPB – Campus III em Guarabira/PB.

Para completar o quadro de funcionários da Instituição de Ensino, a Escola

contava com duas auxiliares de serviços gerais, uma em cada turno.

2 Divisão estratégica das Unidades Escolares da Rede Municipal de Ensino de Dona Inês/PB. São subdivididas

em áreas seqüenciais da I a V.

19

2.1 Coleta de dados: fontes, técnicas e instrumentos

Na Escola Ativa Municipal “Zé Paz II”, detectamos em suas fontes, uma

facilidade espantosa na diversidade de materiais existentes. Esta Escola tinha em arquivo toda

sua documentação atualizada, além de documentações extras que fazem parte da exigência

Metodológica como: o Memorial Escolar, a Monografia, o Mapa da Comunidade local e o

Projeto Político Pedagógico (PPP). Todos nos ajudaram a montar esta monografia.

Além destes, foram consultados: apostilas do FUNDESCOLA; manual do

professor de Escola Ativa; livros diversos sobre o ensino da Geografia; fitas de vídeo sendo

uma da Escola Ativa no Brasil e outra da Escola Ativa em Dona Inês/PB; textos diversos; os

Módulos de Aprendizagem de Estudo Sociais; além de tudo isso, dados estatísticos do

Departamento de Educação e Cultura e da Secretaria Geral da Prefeitura Municipal de Dona

Inês/PB.

Também foi utilizada a técnica de entrevista informal para coleta de

informações entre os atores principais da escola em estudo. Segundo Minayo (2004, p.57): “A

entrevista é o procedimento mais usual do trabalho de campo. Através dela, o pesquisador

busca obter informações contidas na fala dos atores sociais”. Com essas entrevistas foi

enriquecido todo o conteúdo deste trabalho.

2.2 Os sujeitos da pesquisa

Foram sujeitos dessa pesquisa, os professores e a coordenadora da Escola Ativa

do município supracitado, os quais, voluntariamente, se dispuseram a colaborar com o nosso

estudo, através de depoimentos orais, empréstimos de documentos visuais e escritos; foram

20

feitas também, entrevistas informais com alguns professores e com a coordenadora da

Metodologia, sendo colhido os seus relatos.

2.3 Caracterização Geográfica do Município de Dona Inês/PB

O município de Dona Inês, localiza-se no Estado da Paraíba, na Mesorregião

do Agreste e na Microrregião do Curimataú Oriental. Sua altitude mediana ao nível do mar é

de 480 metros. A sua extensão territorial é de 54,1 Km² de acordo com o IBGE3 2000.

A população de todo o município cadastrada pelo Censo Demográfico

realizado pelo IBGE em 2000 é de 11. 056 (onze mil e cinqüenta e seis) habitantes. Ficando

7.078 (sete mil e setenta e oito) habitantes na zona rural e 3.978 na parte urbana, com uma

porcentagem de 35% urbano para 65% rural. As pessoas do sexo masculino têm uma pequena

maioria com 50,3% sobre 49,7%, do sexo feminino.

Em seu território geográfico, subdividi-se em uma sede, um povoado (Lagoa

de Cozinha) e 63 (sessenta e três) Sítios4, sendo que, destes, 13 possuem escolas que atuam

com a Metodologia Escola ativa.

2.4 Os desafios encontrados e a superação dos obstáculos no percurso da pesquisa

Um dos maiores obstáculos que enfrentei, foi o dilema de escolha do tema para

esta pesquisa. Eu queria pesquisar a princípio sobre a fauna e flora do meu município na parte

física da Geografia, tenho paixão pelo Meio Ambiente; porém, encontrei resistência por parte

3 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

4 É a Zona Rural propriamente dita. No nosso município esses Sítios não públicos, sendo de vários

proprietários, cujo eles, têm pequenos pedaços de terra para plantar e criar. Além de existirem três áreas de

Assentamento do INCRA, antes eram de grandes latifundiários que se estendiam com limite de até cinco Sítios

de extensão territorial, hoje são divididos em pequenos lotes de terra e que atende um número aproximado de um

mil de famílias assentadas.

21

do orientador que atendia nesta área, o qual não se mostrou interessado por esta temática.

Após outras tentativas frustradas, fui selecionada pelo Departamento de Educação e Cultura

(DEC) do município de Dona Inês para participar de um treinamento sobre a Metodologia

Escola Ativa, uma espécie de atualização pedagógica. Este Treinamento teve duração de uma

semana em abril/2005, realizado no Convento Ipuarana, Lagoa Seca/PB, próximo a Campina

Grande. Foi a partir deste evento, que me encontrei com esta temática. Faltava no momento

um professor comprometido e de certa forma disponível para me ter como orientanda. Só que

não foi fácil, porém segura do que eu queria, não medi esforços e limites, pois “enfrentar” era

meu lema e “persistir” era meu objetivo. Muitos obstáculos foram vencidos durante seis

meses de procura até encontrar o orientador deste estudo, o qual me acolheu com humildade e

entusiasmo.

A partir daí, fomos construindo este estudo. Em muitos momentos, esbarrei

nos parcos recursos bibliográficos existentes no acervo da biblioteca desta Universidade.

Mesmo assim, conseguimos finalizar esta monografia que hoje apresentamos ao Curso de

Licenciatura Plena em Geografia.

22

3 A ESCOLA ATIVA: UMA METODOLOGIA DE ENSINO

A Escola Ativa, também conhecida como Escola Nova, é uma inovação

metodológica de ensino personalizado que veio para atender as turmas multisseriadas das

zonas rurais e de periferias das grandes cidades. Tem uma estrutura social que promove a

socialização do aluno dentro da escola, dando-lhe uma visão de mundo compreensiva e

funcional à sociedade existente (ADURRAMÁN, 2004).

A Escola Ativa pode ser entendida como sendo metodologia criada para

combater a reprovação e o abandono da sala de aula pelos alunos de escolas localizadas em

zonas rurais das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. É uma metodologia desenvolvida

especialmente para as classes multisseriadas (NOGUEIRA, 2005).

Essa metodologia está em funcionamento em diversos países Latino-

Americanos, a exemplo de: Bolívia, Colômbia, Costa Rica, Chile, Equador, El Salvador,

Guatemala, México, Paraguai, Republica Dominicana e Brasil5, tendo uma boa aceitação e

crescimento de expansão em toda a América Latina.

Caracterizou-se como um movimento pedagógico-cultural mais importante da

Europa e Estados Unidos nas primeiras décadas do século XX, que rompeu com a educação

tradicional, passiva, rotineira e autoritária. Propôs novos conceitos e princípios pedagógicos,

com características mais progressistas (ADURRAMÁN, 2004).

O contexto da Escola Ativa tem em sua estrutura filosófica, a promoção e a

socialização do aluno dentro da escola, dando-lhe uma visão de mundo compreensiva e

funcional à sociedade existente. Desenvolve no aluno a autonomia e a cidadania.

5 No Brasil, atente as regiões: Norte, Nordeste e Centro-Oeste Com aproximadamente 2.500 estabelecimentos

implantados com a Metodologia Escola Ativa.

23

3.1 Filosofia da Escola Ativa

A Escola Ativa tem em sua filosofia o despertar de uma estrutura educacional

diferenciada das demais estruturas existentes. Partindo do slogan, “O PASSO, EU FAÇO”,

essa metodologia pretende desenvolver no educando sua autonomia enquanto pessoa e sujeito

do seu processo de ensino-aprendizagem, isto é, fazer do aluno um ser capaz de trilhar o seu

próprio estudo, até concluí-lo com autonomia e elevada auto-estima.

Ilustração 1 – Logomarca da Escola Ativa. Fonte: FUNDESCOLA.

Arte: ICAAR.

Esta metodologia procura despertar no aluno sua autonomia através de

atividades escolares diárias, além de fazer uma ponte em suas atitudes de cidadão perante a

sociedade. Despertando neste a visão de que o professor é só mais um ponto de apoio para

sanar suas dificuldades e valorizar seus avanços. O aluno para essa metodologia é o centro

de todo o processo didático-pedagógico.

Cabe então ao aluno contar com o apoio do professor, o qual organiza as

atividades para tentar suprir uma provável deficiência em seu processo de ensino-

aprendizagem.

24

3.2 Componentes Básicos e Estruturais da Escola Ativa

A Escola Ativa está dividida em quatro pilares de sustentação: o Currículo; a

Capacitação e Acompanhamento; a Comunidade; e o Setor Administrativo. Todos esses

elementos são trabalhados ativamente e em conjunto, visando dar um equilíbrio necessário

para a implantação junto à implementação, ambas contínuas na metodologia desta Escola. Em

seguida, apresentamos um quadro que demonstra os quatro elementos básicos e as

ferramentas estruturais da Escola Ativa para uma demonstração.

CURRÍCULO

CAPACITAÇÃO E

ACOMPANHAMENTO

COMUNIDADE

SETOR

ADMINISTRATIVO

Governo

estudantil

Guias de

Aprendizagem

Cantinhos de

Aprendizagem

Supervisão

Micro-centro

Encontro e eventos

pedagógicos

Integração às

ações da escola

Intercâmbio de

experiências

Resgate de

valores

Melhoria das

condições

sociais

Legalização do

Projeto da Escola

Ativa e

institucionalização

pela Secretária

Municipal

Condições Mínimas

de Funcionamento

das escolas

Quadro 1 – Componentes Básicos da Escola Ativa.

Fonte: FUNDESCOLA.

3.2.1 Currículo: Governo Estudantil (GE)

O GE é uma representação dos alunos, eleita por eles6, através do exercício do

voto secreto. Com as ferramentas confeccionadas e aplicadas por eles mesmos. Nessa eleição

não existem perdedores, pois as suas disputas têm como alvo principal a Presidência, que será

assumida pelo primeiro colocado, o segundo, terá como cargo a vice-presidência, e os

6 Na eleição do GE só os alunos têm o direito de votar, isto quer dizer: o professor ou coordenador não efetuaram

os seus votos e não opinaram por qualquer que seja o candidato.

25

terceiro e quarto lugares assumirão o secretariado. A seguir apresentamos algumas fotografias

referentes à mobilização dos alunos em dias de eleição para o governo estudantil.

Foto 01 – Eleição do GE 2005 – nos últimos reajustes para a eleição. Fonte: Escola

Municipal “Zé Paz II” – Dona Inês/PB.

Os alunos envolvidos no GE formam suas coligações, escolhendo seus partidos

no qual irão se candidatar. Logo abaixo, apresentamos um modelo de uma Cédula da Eleição

2005 e o Título de Eleitor, utilizados na Escola Municipal “Zé Paz II” – Dona Inês/PB.

Ilustração 2 – Cédula Eleitoral 2005. Ferramenta partidária

utilizada pela Escola Municipal Zé Paz II - Dona Inês/PB.

Escola Municipal "Zé Paz II" - Dona Inês/PB.

ELEIÇÃO 2005

GESTÃO ESTUDANTIL

JOADNA - 4ª SÉRIE

PARTIDO: ESTRELA

EDILANE - 2ª SÉRIE PARTIDO: PAZ

JOSEILMA – 4ª SÉRIE

PARTIDO: CORAÇÃO

ALESSANDRA - 2ª SÉRIE

PARTIDO: FLOR

PAZ

26

TÍTULO ELEITORAL ESCOLAR

NOME DO ELEITOR

DATA DE NASCIMENTO

N° INSCRIÇÃO ZONA SEÇÃO

MUNICÍPIO/UF

DATA DE EMISSÃO

JUIZ ELEITORAL

POLEGAR DIREITO

ASSINATURA OU IMPRESSÃO DIGITAL DO ELEITOR

Ilustração 3 – Título Eleitoral Escolar 2005. Título Eleitoral personalizada para Escola Ativa. Arquivo:

Escola Municipal “Zé Paz II” - Dona Inês/PB.

Segundo Francisca B. Nicola, Supervisora da Escola Ativa do Rio Grande do

Norte, no ano 2002, “o GE proporciona desenvolvimento sócio-afetivo dando moral aos

alunos em todas as atividades de sala de aula” (DEPOIMENTO NO VÍDEO ESCOLA

ATIVA NO BRASIL - 2002).

Em todas as atividades de confecções de materiais e preenchimentos de

documentos para eleição, os alunos participam do ato da democracia; já que os candidatos e

a Comissão Eleitoral têm uma participação direta na elaboração e preenchimento de

inúmeros formulários, organizando assim, a parte burocrática do pleito, no entanto, os

demais, também atuam na campanha eleitoral, participando dos debates, aquisição do título

eleitoral estudantil, escolha do candidato com direito a voto secreto.

Junto ao Registro do Candidato será anexada por cada candidato sua carta de

intenções e compromissos para com a Escola, seu Plano de Ação do Governo – PAG. Neste

plano, os candidatos registram suas pretensões para beneficiamento da escola na qual estuda.

Tudo com a orientação do professor que pode apenas sugerir e nunca direcionar.

VÁLIDO SOMENTE COM MARCA D’ÁGUA- JUSTIÇA

ELEITORAL

VÁLIDO SOMENTE COM MARCA D’ÁGUA- JUSTIÇA

ELEITORAL

REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

27

Após o processo eletivo, o Presidente, o Vice e os Secretários eleitos, se

reúnem com os professores da Escola e elaboraram uma única Carta de Ação, esta será um

resumo do PAG, anteriormente produzida por cada candidato.

3.2.2 Guias de Aprendizagem (GA) ou Módulos de Aprendizagem (MA)

REPÚBLICDERATIVA DO BRASI

Por se tratar de um ensino personalizado, a Metodologia Escola Ativa tem

como ferramenta principal os Módulos de Aprendizagens. Em outras palavras, os módulos

são livros didáticos específicos para esse projeto metodológico, guiando os alunos ao

conhecimento; daí vem o apelido dado pelos alunos e professores da Metodologia: “Guias de

Aprendizagens”, os quais abrangem as seguintes áreas de conhecimento: Língua Portuguesa,

Matemática, Ciências e Estudos Sociais7 (integrando a História e Geografia).

A estrutura dos Módulos de Aprendizagens é organizada em unidades e, dentro

destas, encontram-se seqüências de atividades, que podem ser: “A” - Atividade Básica; “B” -

Atividade de Prática; “C” e “D”8 - Atividade de Aplicação e Compromisso e “E”

9 Atividades

Extras de reforço à aprendizagem. Além das Atividades para casa e Exercícios Avaliativos,

também há as tarefas lúdicas10

, as quais são promovidas pelos Guias junto ao professor e

também partindo do docente para reforçar os conteúdos dos Guias.

7 Os Guias de Aprendizagens de Estudos Sociais e seus respectivos conteúdos geográficos serão analisados no

capítulo V desta monografia. 8 As Atividades “D”, só contêm nos GA de Português.

9 Atividade Extra é uma aula que pode ser de reforçar os conteúdos dos Módulos de Aprendizagem, procurando

solucionar algumas dúvidas que até então não tiradas; de prática dentro da Metodologia e também este momento

pode ser uma aula diferenciada abordando outros conteúdos e temas diversos não presentes nos Guias de

Aprendizagens. 10

É uma palavra muito usada por educadores, quando se referem à aprendizagem junto com as brincadeiras; ou

seja, o "aprender brincando”. Exemplo: introduzir em um conteúdo atividades práticas como jogos, brinquedos,

experimentações etc. Também tende a facilitar e reforçar o aprendizado dos discentes. Na própria estrutura dos

Guia de Aprendizagem estas atividades é encontradas em todo o seu percurso de conteúdos, assim facilitando a

compreensão e levando o aluno a experimentação (transformando a teoria em prática e em uma fixação para

vida).

28

Para compreender melhor o interior de GA, vejamos abaixo as páginas 80

(oitenta) e 81 (oitenta e um) do Guia de Estudos Sociais com conteúdo de Geografia,

mostrando o início de um módulo determinado pela letra “A” e concluído com a letra “C”.

Figura 1: Final de Módulo. Parte interna do Guia,

determinado pela letra C. Fonte: Página 80, Segunda

Unidade, final do Módulo nove Guia de Estudos

Sociais 3.

Figura 2: Início de Módulo na parte interna do

Guia, determinado pela letra A. Fonte: Página 81,

Segunda Unidade, início do Módulo dez, Guia de

Estudos Sociais 3.

No início de qualquer Guia de Aprendizagem, após o índice é encontrado os

ícones, que são desenhos demonstrativos para ajudar o aluno a identificar o tipo de atividade

que irá realizar. Os ícones espalham-se em toda extensão dos Guias de Aprendizagem, onde

cabe ao aluno conhecê-los, identificá-los e relacioná-los a sua personalizada mensagem e,

desse modo, realizar todas as atividades de forma autônoma.

No Quadro 2, apresentamos os ícones e seus respectivos significados, e

também, nas fotos 9 e 10, há demonstrações de como orientar esta aprendizagem, como

veremos, será por meio de cartazes informativos expostos na sala de aula em locais

estratégicos, e assim reforçará a auto-aprendizagem na utilização correta dos GA. Há apenas

29

07 (sete) ícones nos Guias de Aprendizagem de Estudos Sociais, isto quer dizer que, nos

outros GA‟s, como exemplo: Língua Portuguesa há num total de nove.

ÍCONES DOS MÓDULOS DE APRENDIZAGENS ( disciplina Estudos Sociais)

DESENHOS DOS ÍCONES

SIGNIFICADOS

Atividade Individual

Atividade em Dupla

Atividade em grupo

Atividade coletiva com o Professor

Leitura

Avaliação

Tarefa para casa

Quadro 2 – Ícones dos Guias de Aprendizagens.

Fonte: Módulo de Estudos Sociais – 2ª série.

30

Foto 2 – Ícones dos Módulos de Aprendizagens em

exposição em sala de aula – acima do alfabeto –

varal/2005. Arquivo: Escola Municipal “Zé Paz II” –

Dona Inês/PB.

Foto 3 – Ícones dos Módulos de Aprendizagens em

exposição em sala de aula – acima do Cantinho de

Matemática – em cartazes individuais feitos pelos

alunos/2002. Fonte: Escola Municipal “Pedra Lisa” –

Dona Inês/PB. Arquivo Pessoal: Izabel C. C. A.

Rodrigues.

3.2.3 Cantinhos de Aprendizagens – CA

A estrutura funcional da Escola Ativa está organizada em Cantinhos de

Aprendizagens, que são locais pré-delimitados dentro da sala de aula, com um título

específico, com materiais acerca deste título, onde fica exposto entre outros materiais o Kit-

Pedagógico11

.

A denominação Cantinho de aprendizagem vem de uma estrutura simples em

um canto no contorno da sala de aula. Cada “Cantinho” recebe os materiais de acordo com o

seu tema, no entanto, tem que ter uma ou mais funcionalidades pedagógicas, isso quer dizer

11

São materiais Didáticos Pedagógicos que tem a utilidade de recursos no auxílio da aprendizagem discente,

além de facilitar as aulas de reforço, expositiva e individual, dando um suporte extra de experimentação aos

alunos e riqueza nas estratégias-aulas do professor.

31

que, deverá especificamente auxiliar e facilitar a aprendizagem discente além de servir

também como recurso didático para o docente. O aluno tem toda a autonomia de utilizar esses

materiais a qualquer momento que necessitar, sem formalidades.

Os Cantinhos de Aprendizagens Básicos12

- CAB são montados segundo as

áreas de conhecimentos: Língua Portuguesa, Matemática, Ciências e Estudos Sociais.

Partindo daí a escola junto à comunidade organizará materiais que façam jus a cada disciplina,

respeitando-se autonomia e criatividade de cada estabelecimento escolar.

3.2.3.1 O Cantinho de Aprendizagem de Estudos Sociais

Observando apenas o Cantinho de Estudos Sociais, com foco para a área da

Geografia, nele ficam expostos os seguintes recursos: globo terrestre; mapa-múndi, mapa do

Brasil, mapa do Estado da Paraíba e da Região Nordeste - NE; Atlas geográfico; Bandeiras do

Brasil, do Estado da Paraíba e do município de Dona Inês e os Módulos de Aprendizagens (os

quais também fazem parte do Kit-Pedagógico). Também são expostos outros materiais

didáticos confeccionados pelos alunos e professores envolvidos no projeto, como podem

visualizar nas fotos seguintes.

12

Cantinhos de Aprendizagens Básicos são Cantinhos existentes em toda e qualquer Escola Ativa.

32

Foto 4 – Cantinho de Estudos Sociais 2004.

Escola Municipal “Zé Paz II” – Dona Inês/PB.

Foto 5 – Cantinho de Estudos Sociais 2005.

Escola Municipal “Zé Paz II” – Dona Inês/PB.

Foto 6 – Cantinho de Estudos Sociais 2002. Escola

Municipal “Pedra Lisa” – Dona Inês/PB. Arquivo:

Professora Izabel C.C.A. Rodrigues

Foto 7 – Cantinho de Estudos Sociais 2005. Escola

Municipal “Zé Paz II” – Dona Inês/PB. Arquivo:

Professora Izabel C.C.A. Rodrigues

Há dois recursos de grande importância do Cantinho de Estudos Sociais. Os

mesmos são confeccionados pelos alunos com orientação direta do professor. Têm a função

33

de instigar os alunos em uma visão geográfica, centrada na comunidade em que vivem,

moram e estudam. Concretizando um esboço territorial de sua localidade, praticando todos os

seus conhecimentos prévios adquiridos no simples ir e vir nas estradas, trilhas e inúmeras

casas locais, agora, com uma importância fotográfica sem igual, sendo o espaço de seu

estudo. E assim confeccionarão as ferramentas de grande importância para seu saber

geográfico: Maquete13

e o Croqui14

da comunidade. Os quais levam os alunos a pesquisar,

analisar, visualizar e debater os seus conhecimentos espaciais.

Assim, concretizando em um mapa, o retrato planisfério de seus caminhos,

flora, moradias, escola, igreja, açudes, cercados, porteiras e outras importantes informações

físicas e cartográficas existentes. E a Maquete vem após o mapa, em uma confecção mais

elaborada e trabalhada, fazendo do Croqui a sua fonte de pesquisa.

Como é importante para Geografia ter estes registros, o qual pedagogicamente

criado, aprovado e exposto pelos alunos em um trabalho coletivo de talento e aptidão.

Vejamos nas fotos 15 e 16 a seguir o registro destas atividades.

Foto 8 – Croqui de Comunidade – Ano: 2003. Arquivo: Professora Izabel C.C.A. Rodrigues

13

É um esboço da Comunidade em alto relevo, ou seja, moldada todas as informações do Croqui em uma visão

tridimensional. 14

É um mapeamento planisfério visual feito pelos alunos envolvendo toda a turma com orientação direta do

professor.

34

Foto 9 – Maquete da Comunidade – Ano: 2003. Arquivo: Professora Izabel C.C.A. Rodrigues

3.2.4 Kit Pedagógico

A Escola Ativa é uma Metodologia planejada para atender a turmas

multisseriadas. Assim sendo, como aprender em uma sala de aula com um único professor

para atender em média quatro séries ao mesmo tempo? A resposta vem junto com a

Metodologia e todos os seus recursos, inclusive o KIT PEDAGÓGICO15

, que é um dos

recursos mais importantes para a Metodologia.

No município de Dona Inês, o Kit Pedagógico é atendido pelo poder municipal

em primeira necessidade. A Secretaria Municipal de Educação do Município16

conhece as

necessidades da Metodologia para com esse Kit e entende que o mesmo é imprescindível para

viabilizá-la, junto com ela o aprendizado dos alunos. Assim, cada sala de aula da Escola

Ativa, recebe um kit composto por 32 itens, como ilustra o Quadro 3.

15

O qual é composto de um material riquíssimo em funcionalidade educativa. Comprado na Região Sul de nosso

país, na cidade de Curitiba/Paraná, produzido pela Brink Móbil – Equipamentos Educacionais. 16

Foi o Prefeito Luiz José da Silva junto a Diretora do DEC Vilma Almeida da Silva que implantaram em 2002

no Município de Dona Inês/PB a Metodologia Escola Ativa.

35

SELEÇÃO DO KIT PEDAGÓGICO DA ESCOLA ATIVA

ITEM MATERIAL ILUSTRAÇÃO QUANTIDADE

1.

GLOBO TERRESTRE

01

2.

MAPA MUNDI POLÍTICO 01

3.

MAPA DO BRASIL POLÍTICO

01

4.

MAPA DO ESTADO

01

5.

MAPA DA REGIÃO 01

6.

ATLAS GEOGRÁFICO

01

7.

CALCULADORA 05

8.

DOMINÓ ATÉ NOVE

02

9.

POLIMINÓS

02

10.

RELÓGIO DE PAREDE

01

11.

RELÓGIO DIDÁTIDO

02

12.

ÁBACO ABERTO

01

13.

MATERIAL DOURADO 01

14.

NÚMEROS COM PINOS

02

15.

BALANÇA

01

16.

TRENA 01

17.

FITA MÉTRICA

04

18.

ELÁSTICO (ROLO) 01

19.

ESQUELETO

01

20.

LUPA 01

21.

TORSO HUMANO ASSEXUADO

01

36

22. BONECOS DE FANTOCHE (SEIS

CONJUNTOS)

Fantoches família Branca com sete

peças

Fantoches Família Negra com sete peças

Fantoches Família indígena com sete

peças

Fantoches Profissões com dez peças

Fantoches animais domésticos com

quatorze peças

Fantoches animais selvagens com

quatorze peças

23.

DICIONÁRIO

02

24.

ALFABETO CURSIVO

02

25.

ALFABETO SCRIPT

02

26.

ALFABETO MÓVEL

02

27.

FAMÍLIA SILÁBICA

02

28.

CORDA COM CINCO METROS

01

29.

BOLA DE BORRACHA

03

30.

BOLA DE FUTEBOL

01

31.

PINCÉIS (JOGOS)

01

32.

TINTA GUACHE

10

Quadro 3 – Kit Pedagógico para Escola Ativa. Fonte: Secretaria Municipal de Educação de Dona Inês/Paraíba.

O Kit Pedagógico fica exposto na sala de aula nos Cantinhos de Aprendizagem

para os alunos ter a chance de observá-los, compará-los, experimentá-los, pesquisá-los,

aplicá-los e manuseá-los na realidade do dia-a-dia escolar, promovendo dessa forma, a

37

utilização de experiências concretas que levem os alunos ao conhecimento de fatos práticos e

não apenas os verbais (ADURRAMÁN, 2004).

O que podemos observar com esse kit, é que o mesmo apresenta materiais

importantes para o ensino da Geografia, tais como os mapas, os fantoches com a diversidade

étnica do povo brasileiro etc. Um dos fins declarado para se ensinar, é espaçar a vida concreta

do aluno (Jean-Michel Brabant). Com todo esse aparato de material, a Escola Ativa propõe

que o aluno tenha na experiência com o concreto a sua segura aprendizagem e assim levando

para a vida conceitos e teorias que eles mesmos constituirão.

38

4 IMPLANTAÇÃO E ATUAÇÃO METODOLÓGICA DA ESCOLA ATIVA NO

MUNICIPIO DE DONA INÊS/PB

No ano de 2002 a Escola Ativa foi implantada em Dona Inês/PB, pela

Coordenadora Estadual Wellingta Magnólia L. Leite de Andrade, sendo recepcionada pelo

Departamento de Educação e Cultura - DEC, representado pela Secretária de Educação e

Professora Vilma Almeida da Silva, designando para a Coordenação Municipal a historiadora

e professora Maria da Conceição Gomes dos Santos. A Pedagoga Mirian Batista de Almeida

foi escalada para o conhecimento da Metodologia, e assim, apoiar e orientar os professores

em suas aptidões e dificuldades.

As escolas atendidas no mesmo ano, contaram com uma Capacitação

promovida pelo Município com parceria do Governo Estadual, ocorrida no próprio município,

durante uma semana de treinamento para quinze professores convidados pelo DEC para serem

capacitados na Metodologia e aplicarem em suas respectivas escolas. Dos quinze professores

treinados e capacitados, apenas sete deles foram selecionados para desenvolverem a

metodologia da Escola Ativa.

Assim, as sete escolas do município, situadas na zona rural ficaram distribuídas

da seguinte forma: ao sul, as escolas municipais de “Pedra Lisa”, “Pimenta I“ e “Caco“; ao

norte, “Educador Paulo Freire”; ao leste, “Mulungu” e ao oeste, “Mata” e “Marias Pretas”,

como ilustra o mapa 01.

39

Mapa 1 – Mapa do Município de Dona Inês/PB. Localizando as sete Escolas Ativas Pilotos. Fonte: Arquivo da

Prefeitura municipal de Dona Inês/PB. Ano 2002.

4.1 As matrículas nas Escolas Ativas em Dona Inês/PB

No primeiro ano de sua implantação, segundo dados da Secretaria Municipal

de Educação de Dona Inês, foram matriculados 247 alunos, nas quatro primeiras séries do

ensino fundamental, como ilustra o gráfico 01 a seguir.

6850 56

73

0

50

100

1ª 2ª 3ª 4ª

Matrículas por série 2002

Gráfico 1 – Matrículas por Série na Escola Ativa no município de D. Inês/PB, 2002.

Fonte: Secretaria Municipal de Educação de Dona Inês, Paraíba.

40

O Gráfico 1, ilustra o total de alunos matriculados nas 7 (sete) escolas pioneiras

na metodologia da Escola Ativa no município de D. Inês/PB. Portanto, por serem escolas de

zona rural, as mesmas são de pequeno porte, com um número de matrícula correspondendo a

esse perfil. Como exemplo, na escola municipal “Mata,” no ano de 2002, foram matriculados

na primeira série, cinco alunos, na segunda, mais cinco, já na terceira, foram nove e na quarta,

apenas sete alunos; com um total de 30 alunos.

Assim observamos que esse número não é adequado para dividir em quatro

turmas seriadas. Desse modo, vários municípios, inclusive Dona Inês, optam em organizar

suas turmas em um único espaço, denominadas de turmas multisseriadas. Com o objetivo de

atender melhor a comunidade no próprio setor e assim, não ter que deslocá-los para uma outra

comunidade.

No ano seguinte, em 2003, o número de escolas com a metodologia Escola

Ativa, passou de sete para dez, bem como houve aumento no número de alunos matriculados

de 247, em 2002, para 384, em 2003, como podemos visualizar no Gráfico 2.

100 11283 89

0

50

100

150

TOTAL

DE

ALUNO

MATRÍCULAS 2003

1ª 2ª 3ª 4ª

SÉRIES

Gráfico 2 – Matrículas por Série na Escola Ativa no município de D.Inês PB. Ano: 2003.

Fonte: Secretaria Municipal de Educação de Dona Inês, Paraíba.

As novas escolas que aderiram ao Projeto no ano de 2003 trouxeram um corpo

discente maior do que a média das escolas já veteranas. Como podemos comprovar nos

41

documentos fornecidos pelo DEC. Nas escolas com um ano de existência, havia uma média

de 30 alunos no total, já as escolas que efetuaram sua entrada na aplicação da metodologia em

2003, iniciaram suas atividades com um total aproximado de 50 alunos. (Isto pode ser visto

nos Documentos fornecidos pelo DEC nos Anexos desta monografia).

No ano de 2004, a Escola Ativa recebeu mais três escolas em seu quadro

efetivo, chegando ao total de treze estabelecimentos desenvolvendo essa Metodologia.

Assim, o número de alunos atendidos contabilizou um de total de 450.

Entretanto, no ano seguinte, 2005, teve uma redução de 23 alunos, em decorrência de

transferências e aprovação para segunda fase do Ensino Fundamental que a metodologia não

atende.

Atualmente treze escolas desenvolvem suas atividades balizadas por esta

metodologia de ensino.

Para visualizarmos melhor as matrículas efetuadas neste período de projeto

Mapa 2. As 13 (treze) Escolas Ativas em Dona Inês/PB. Fonte: Arquivo da Prefeitura Municipal de Dona

Inês/PB. Adaptação: Izabel Cristina C. A. Rodrigues.

42

As treze Escolas Municipais Ativas têm uma distância média da zona urbana

de dois a onze quilômetros. Algumas Escolas, são de difícil acesso, no caso da Escola

Municipal “Pedra Lisa” que fica a 6,5 (seis e meio) Km da sede do município. Localizada em

área ribeirinha do Rio Curimataú, no limite de Dona Inês com Bananeiras/PB; para chegar à

mesma, é preciso descer um vale17

de 4 (quatro) quilômetros de extensão por um percurso de

estrada de barro que no período chuvoso fica intransitável.

A seguir, no quadro 04, citaremos as treze Escolas Ativas, sua localização,

distância em relação à sede do município, número de alunos matriculados e quantidade de

professores atuantes com os turnos de funcionamento da unidade de ensino.

ESCOLA ATIVA/ 2006

NOME DA

ESCOLA

LOCALIDADE

DISTÂNCIA

EM Km. DA

SEDE

Nº. de

alunos

matric

ulados/

2006

Nº. de

Professo

r – total

de turno

01 Escola Municipal

Professor Odilon

Matias de Araújo

Assentamento Zé

Matias no Sítio Zé

Paz

3,0 km

39

alunos

1 – 2

02 Escola Municipal

“Pedra Lisa”

Sítio Pedra Lisa 6,5 km 26

alunos

1 – 1

03 Escola Municipal

Ana da Conceição

Melo

Sítio Mulungu 5,8 km 38

alunos

2 – 2

04 Escola Municipal

“Marias Pretas”

Sítio Marias Pretas 8,5 km 14

alunos

1 – 1

05 Escola Municipal

“Serra do Sítio II”

Sítio Serra do Sítio 8,4 km 31

alunos

2 – 2

06 Escola Municipal

“Boa Vista”

Sítio Boa Vista 11,0 km 22

alunos

1 – 1

07 Escola Municipal

“Caco”

Sítio Caco 1,5 km 44

alunos

1 – 2

17

Vale é uma depressão na superfície da terra, geralmente ocupada por um rio. A geologia considera a erosão

produzida pelos cursos d'água como o principal agente que atua na formação dos vales, auxiliado pela

decomposição natural causada pela meteorização das rochas em que o seu leito se apóia, no lugar dos vales em

„V‟ criados pelos cursos d'água.

43

08 Escola Municipal

“Oiticica”

Sítio Oiticica 10,4 km 26

alunos

1 – 1

09 Escola Municipal

“Zé Paz I”

Sítio Zé Paz 6,0 km 23

alunos

1 – 1

10 Escola Municipal

“Mata”

Sítio Mata 2,7 km 26

alunos

1 – 1

11 Escola Municipal

“Elizabete Guedes”

Sítio Lajedo Preto 5,7 km 30 1 – 2

12 Escola Municipal

Educador Paulo

Freire.

Sítio Cruz da

Menina

2,0 km 21 1 – 1

13 Escola Municipal

“Pimenta II”

Fazenda Sítio –

Sítio Pimenta

2,5 km 29 1 – 2

Quadro 04 – Escolas Ativas de Dona Inês/PB. Ano: 2006. Fonte: Departamento de Educação e Cultura e

Prefeitura Municipal. Montagem da tabela: Izabel Cristina. Dados de distância: Neco de Lolô.

4.2 O ensino da Geografia hoje: perspectivas e desafios

No mundo globalizado, onde “todos” valores estão em decadência, a nossa

fauna e flora sendo exploradas sem limites, situação de extinção18

e extinto são palavras de

discurso para uns, de indignação para outros, porém, é um “problemão” para o mundo.

Torna-se difícil para nós geógrafos, professores e alunos de Geografia, falar

em Meio Ambiente, Beleza Natural sem ficar indignado com a destruição e desrespeito

desenfreado que assolam o nosso Estado e porque não dizer todo o país, o Continente e o

mundo. Nesse contexto, como está o ensino de Geografia? Alguns professores dizem que vai

indo... Indo para onde? Este é o nosso grande dilema. Será que o caminho trilhado pelos

nossos educadores do passado tem haver com a atual situação, ou esta parcela de culpa é

dividida entre outras frentes, como as que têm o poder nas mãos? Na verdade todos nós temos

nossa parcela de responsabilidade, basta tomarmos consciência disto.

18

Extinção, em biologia, desaparecimento de populações de organismos, como conseqüência da perda de

habitat, predação ou incapacidade de adaptação a mudanças ambientais.

44

Para Vesentini (1992), o ensino da Geografia de forma crítica deveria tomar o

espaço da educação para educação, para assim termos um ensino Geográfico de qualidade;

pois, o correto é se estudar o homem na sociedade e só depois partir para a terra, fuso

horários, relevo, clima vegetação (cujas informações estão nos mapas), estrutura geológica e

outras. O Ensino tradicional inverte estes conteúdos, só vai chegar ao homem no final do ano

letivo e não tem mais tempo.

O Ensino de Geografia na Escola Ativa, não fica fora deste discurso; fazendo

parte das várias tendências educativas, podemos até afirmar que ela aplica em sala de aula um

multisseriado de tendências. O tradicional e o Crítico são aplicados nas aulas nas mais

diversas práticas e situações didáticas pedagógicas, além das ferramentas que esta

Metodologia introduz.

4.3 Análise dos conteúdos do Guias de Aprendizagens de Estudos Sociais

Com relação aos Guias de Aprendizagem de Estudos Sociais, há uma

integração das disciplinas de História e Geografia, havendo assim, uma interdisciplinaridade

em todos os conteúdos estruturais dos mesmos que, de acordo com Santos (1996), o princípio

da interdisciplinaridade está presente em todas as ciências.

Ainda conforme esse mesmo autor, fazendo menção a Jacques Boudeville,

reforça que “toda a ciência se desenvolve nas fronteiras de outras disciplinas e com elas se

integra em uma filosofia. A geografia, a sociologia, a economia, são interpretações

complementares da realidade humana” (SANTOS, 1996, p. 102). O caso não é diferente no

que diz respeito à História e a Geografia. Elas, de certa forma, foram sempre ensinadas juntas,

uma completando a outra e vice e versa.

45

No entanto, a partir do século passado, houve a separação dos conteúdos

didáticos de ambas. Entretanto, na Escola Ativa há um só livro que promove as duas

disciplinas na primeira fase do Ensino Fundamental (de 1ª a 4ª séries).

A geografia deve levar em conta as formações sociais no interior das quais se

colocam as questões de diferenciação do espaço social, o que implica que, a história não é

concebida como fator de explicação da geografia (estoicismo); mas, ao contrário, a geografia

é que é pensada historicamente (GRATALOUP e LEVY, 1977 – apud. Milton Santos, 1996).

No quadro 05 a seguir, apresentamos os conteúdos trabalhados na área da

Geografia, objeto do nosso estudo.

SÉRIES

UNIDADES

CONTEÚDOS

Primeira

Segunda

Terceira

Como são as pessoas? Como é você?

- As pessoas são diferentes – Como é você?

- Minha vida de bebê.

- Você conversa, brinca, faz coisas, faz história de vida.

- Como identificar as pessoas.

- Conhecendo documentos.

Vivendo em família

- A família;

- As famílias moram em casas;

- Cuidado da casa;

- Como gastar o dinheiro que se ganha?

- Convivendo em família;

- Como se formam as famílias?

Minha vida na escola

- Conhecendo minha turma;

- Uma escola nova para você;

- A sala de aula;

- A maquete da sala de aula;

- A planta da sala de aula;

- O caminho da escola.

Primeira

Segunda

Minha escola tem historia

- Escola também tem historia;

- Ouvindo histórias de vida;

- Consultando documentos;

- Documentando a história da escola.

Conhecendo minha escola

- Observando a escola;

- Representando a planta de escola;

46

Terceira

Quarta

Quinta

- Descobrindo as direções cardeais.

A vizinhança da escola

- Observando a vizinhança da escola;

- Maquete da vizinhança da escola;

- Construindo o mapa da vizinhança da escola;

- Construindo com a vizinhança da escola.

O lugar onde vivo

- O lugar onde vive nosso grupo social;

- A preservação da natureza;

- O homem transforma a natureza;

- As relações de trabalho;

- A organização do trabalho e da produção.

Raízes do meu povo

- Origem de todos nós;

- Descobrindo o folclore;

- Poesias e cantos da minha terra;

- Festa e comemorações;

- Comidas que todos apreciam;

- Produzindo arte;

Primeira

Segunda

Terceira

O município onde moro

- O município, o estado, o país;

- Situando no estado o município onde você vive;

- Representando o município em mapas;

- Aspectos naturais do município;

- Localizando o município;

- Interligando o município;

- O município no estado e no Brasil.

A vida no campo e a vida na cidade

- A cidade, sede do município;

- O município, área natural;

- Aprendendo para melhor produzir;

- Melhorando a produção no campo;

- Comunicando e vendendo produtos;

- Sem trabalho não há produção;

- O turismo gera riqueza e trabalho;

- Nem só de trabalho vive o homem;

- Governando o município;

- O governo escolar.

Como se formou o município?

- Você faz a historia! Todos fazem história;

- Como surgem as cidades;

- Documentos contam história;

- O município guarda memória, mantém tradições.

Primeira

Localização no Brasil e organização do estado brasileiro

- Lendo informações no globo terrestre e no planisfério;

- O Brasil na América do Sul;

- Brasil – divisão política;

47

Segunda

Terceira

Quarta

- Governando o Brasil e o estado.

O homem usa a natureza e constrói o seu espaço

- Preservando a natureza;

- Conhecendo a superfície terrestre e preservando o solo;

- Os rios são companheiros do homem;

- Moro em um país tropical;

- Defendendo a vegetação, a fauna e a flora.

O processo industrial no seu município, no estado, no Brasil.

- A indústria muda à forma de viver do homem;

- A indústria precisa de energia;

- Matéria-prima que vem dos vegetais;

- Desenvolvimento industrial no Brasil;

- Sem comunicação e comercio nada feito;

- Apoiando o trabalhador e o produtor rural.

O Brasil conta a sua história

- Construindo a história;

- Os donos da Terra;

- Os brancos chegaram e ficaram com as terras;

- E os negros vieram para o Brasil;

- Participando e comemorando as conquista do Brasil;

- As pessoas vão e vêm. Quadro 5 – Conteúdos dos Guias de Estudos Sociais referentes a cada série. Fonte: Proposta Política

Pedagógica da Escola Municipal “Zé Paz II” – 2004/2005.

Há na Escola Ativa quatro coleções de Módulos de Aprendizagem, todos eles

compostos de quatro volumes. Estes abrangem as seguintes áreas do conhecimento:

Português, Matemática, Ciências e Estudos Sociais. Cada coleção se dispõe de uma cor

padrão, no caso de Estudos Sociais, é a cor marrom. Vejamos a seguir a coleção de Estudos

Sociais.

Figura 3: Os quatro Módulos de Aprendizagem de Estudo Sociais. Fonte: Programa Escola Ativa.

48

4.3.1 Guia de Aprendizagem 1ª série

O Módulo de Aprendizagem de primeira série é subdividido em três unidades.

Logo na primeira unidade é abordada a diversidade da etnia humana, levando os alunos a

observarem-se em espelho e diferenciarem as suas características e de seus colegas, com

respeito, pois todos são diferentes, em cabelos, olhos, cor da pele e muitas outras

características.

A estatística é um assunto para o trabalho com dados da vida da criança, seu

crescimento e desenvolvimento.

Um documento estudado é a identidade, onde é analisado a nacionalidade,

naturalidade, impressão digital, estado civil e outros dados importantes. O Título Eleitoral

Escolar – TEE, também é citado como reflexo de cidadania e logo depois vem uma entrevista

já proposta pelo Guia com o GE, que é a Democracia viva e ativa da nossa escola.

Na segunda unidade, a localização Geográfica, os tipos de moradia e

condições sociais são estudados com gravuras, propondo descrição individual das casas de

cada aluno, para montagem de um mapa, ou seja, o Croqui da Comunidade local, que será

montado junto com o professor.

A valorização do campo como fonte de alimentos, leva o aluno a refletir que a

produção agrícola e a criação de animais diversos, abastecem os mercados das cidades.

Também, é estudado o trabalho artesanal, como um dos meios de sobrevivência para o povo

nordestino e brasileiro.

Minha vida na escola é o tema da terceira unidade, propiciando ao alunado a

construírem uma nova visão da sua escola, descobrindo junto com os colegas a importância

do trabalho em grupo, a organização espacial, as posições dos objetos e assim produzirem o

49

croqui da sala de aula criando legenda personalizada. E além de conter as instruções práticas

para confecção da maquete da sala de aula a partir do Croqui.

4.3.2 Guia de Aprendizagem 2ª série

Este Guia constitui-se em um reforço e aprofundamento do Módulo anterior.

Tem uma subdivisão mais extensa do que o primeiro com o total de cinco unidades com

atividades que aborda mais a Geografia do que a História.

Logo no início da primeira unidade há um resgate Geo-Histórico, levando em

consideração a Escola na Comunidade local, induzindo os alunos à realização de pesquisas

em documentos existentes e a produzirem seus próprios documentos, através da coletânea de

informações obtidas pela entrevista e investigação práticas.

O Croqui da escola também faz parte do Guia de 2ª série, ficando na segunda

unidade, porém com uma instrução mais detalhada, trazendo uma orientação de medições

exatas e tendo a escala (trabalhada no GA de 1ª série) como um instrumento indispensável

para os trabalhos nesta unidade.

Há no final desta unidade, as posições geográficas com os pontos cardeais e

uma experimentação bem prática para que o aluno compreenda como funciona a existência do

dia e noite.

No início da terceira unidade é abordada a localização da Unidade Escolar

dentro do contexto geográfico comunitário, porém com uma visão mais abrangente do que na

unidade anterior, observando agora a vizinhança da escola e se aprofundando nos pontos

cardeais, os alunos confeccionam o Croqui e a Maquete de toda comunidade.

50

A quarta unidade aborda o lugar em que vivem, para agora identificarem as

transformações feitas pelos homens, além de instruí-los a percepção das relações de trabalho

do homem do campo com outras profissões.

Já na quinta unidade e última deste módulo, são abordados os valores

culturais do povo da comunidade local, onde os conteúdos administram uma investigação com

pesquisa, promoção festiva e resgate da valorização cultural existente, além de tentar por em

prática costumes até então esquecidos.

4.3.3 Guia de Aprendizagem 3ª série

No Guia da Aprendizagem de 3ª série, há três unidades distintas, trabalhando a

leitura de mapa como pontos estratégicos de coleta de dados e informações cartográficas

importantes para a vida escolar e social do alunado.

A primeira unidade tem como ponto de partida, o estudo do próprio

município, motivando os alunos à pesquisa de dados relevantes sobre o município. Em

seguida, o conteúdo a ser abordado é o Estado da Paraíba e o Brasil, a través de leitura de

mapas e confecção da rosa-dos-ventos para distinguir os pontos cardeais inerentes aos

mesmos.

O trabalho com legenda facilita a compreensão de desenhos cartográficos,

portanto a interpretação e produção personalizada de uma legenda para um mapa ou maquete

facilitarão o entendimento de terceiros. Isto tudo é trabalhado intensamente ainda na primeira

unidade para que o aluno fixe o conteúdo e assim, com autonomia e segurança possa produzir

futuramente trabalhos deste tipo e com sucesso.

Com a segunda unidade, o aluno viajará da zona rural para zona urbana e vice

e versa, fazendo relações e diferenciações oportunas para compreensão de ambas as divisões

51

geográficas. Estuda a escala (já aprendida nos módulos anteriores) como base, para leitura e

produção de mapas, maquetes e planta de cidade.

Também leva o alunado da 3ª série a raciocinar sobre os meios de produção e

suas conseqüências positivas e negativas geradoras do turismo; o avanço tecnológico; a

violência; a riqueza e a pobreza; o crescimento distorcido das metrópoles e outras.

Ao final desta unidade, trabalha-se a cultura local e regional de forma dinâmica

e atrativa, levando em consideração prender o interesse do aluno. E para finalizar esta

unidade, o Guia aborda o direito ao voto; o porquê e para quê votar? Qual a utilidade do

Título Eleitoral? E a administração municipal, qual sua serventia e atuação? Fazendo assim

uma comparação com o GE, avaliando-o e promovendo mudanças.

A terceira unidade aprofunda a parte histórica nas formações das cidades,

levando o aluno a refletir “porque as cidades têm origens diferentes?” Os instrumentos criados

pelo homem e para o homem, visando seu conforto. “O porquê do nome da minha cidade”... É

Dona Inês, e o porquê19

...

4.3.4 Guia de Aprendizagem 4ª série

O Guia de Aprendizagem de número 4 vem completar e complementar as

informações diversificadas para o ensino de Estudos Sociais nos conteúdos intrínsecos a

Geografia. E assim viabilizar a transição do alunado para a segunda fase do ensino

fundamental, com uma base feita de conhecimentos geográficos.

19

Contam os mais velhos que por volta de 1850, vaqueiros que vinham de outras regiões à procura de gado

desgarrado, avistaram uma coluna de fumaça. Achando este fato estranho, já que o local era desabitado,

resolveram verificar e encontrou à sombra de um cajueiro, ao lado de uma cacimba, uma senhora chamada Inês,

acompanhada de um negro, os quais nunca mais foram vistos. Seu povoamento aconteceu, possivelmente, como

forma de diminuir as distâncias entre as grandes feiras da região: Nova Cruz/RN, Araruna e Bananeiras/PB,

(uma vez que Dona Inês situa-se em uma área de transição que engloba os referidos Municípios). Desta forma,

os senhores José Paulino da Costa, Pedro Teodoro da Silva e Pedro José Teixeira, trouxeram para cá suas

famílias e batizaram o lugar como “Serra de Dona Inês”... Hoje Município de Dona Inês/PB.

52

A localização do Brasil e a organização do estado brasileiro é o título da

primeira unidade deste GA, onde em toda unidade se trabalha com manuseio de mapas, o

globo terrestre e tabelas. Estes instrumentos facilitam a compreensão dos conteúdos propostos

perpetrando comparação entre o globo terrestre e o planisfério, levando o aluno a tirar suas

próprias conclusões referentes aos dois instrumentos. Os quatro hemisférios da terra com a

linha imaginária do Equador e o meridiano de Greenwich promovem uma busca de respostas

bem movimentada no percurso do estudo.

A leitura de mapas marca presença também neste Guia com a divisão política

do Brasil; seus estados e capitais. Há um debate informativo levando para a plenária os três

poderes efetivos do Brasil: o Legislativo, o Executivo e o Judiciário; com esse tema é

abordada a cidadania de forma comparativa com o GE.

Na segunda unidade o tema é: o homem usa a natureza e constrói o seu

espaço, onde a questão ambiental é digna de debates fortes, levando os alunos a repensar suas

atitudes e posturas para com a Natureza. O estudo do solo é acompanhado com a construção

de uma maquete em alto relevo; a parte hídrica convida os alunos à pesquisa; o clima e a

vegetação são estudados em mapas e fotografias do próprio Guia e do Kit Pedagógico da

Escola Ativa.

O processo industrial no seu município, no estado, no Brasil é o tema desta

terceira unidade, a qual traz informações importantes e detalhadas para compreensão do

aluno deste segmento; o estudo com a escala é reforçado, praticado para a descoberta de

subsídios relevantes na leitura e produção de unidades cartográficas. Os conteúdos como

Energia; Matérias-Prima Animal, vegetal e Mineral e o Comércio são fontes para

informações, pesquisas e análises importantíssimas no mundo globalizado atual.

Já na quarta e última unidade deste Módulo, trata do Brasil, conta a sua

história, havendo uma mistura homogênea da Geografia com a História, onde faz um resgate

53

histórico breve do Brasil, descobrimento, exploração, cultura, povo mistificado. Tudo com

informações históricas com bases geográficas.

54

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na Escola Ativa, o ensino da Geografia tem sido de suma importância para a

formação dos seus alunos e alunas inseridos nesta metodologia. Ensinar a geografia, não está

limitado apenas aos guias de aprendizagem. Como foi possível observar, recursos diversos

são empregados para contribuir com a educação geográfica de seus alunos(as).

Assim, tanto os Guias de Aprendizagem de Estudos Sociais, como também o

Cantinho de Estudos Sociais, oportunizam aos alunos da Escola Ativa, uma formação sólida e

a construção de seus próprios conhecimentos com autonomia.

Esta constatação também nos leva a refletir que o aluno(a) da Escola Ativa,

quando estimulado; leva para a sua vida escolar e social um diferencial, ou seja, este aluno(a)

é motivado a pensar, a pesquisar, a experimentar e a construir o seu próprio saber geográfico,

partindo da sua realidade de vida, a zona rural de Dona Inês. Isto ocorre, como foi observado,

a partir da construção de maquetes, croquis e da monografia da comunidade, os quais

promovem no aluno a idéia de localização espacial, construída passo a passo. Desse modo, os

Guias de Aprendizagem se constituem em um recurso didático que oportunizam ao aluno(a)

uma boa educação em geografia.

Quanto ao Kit pedagógico, outro recurso didático, também contribui para a

aprendizagem satisfatória dos alunos inseridos na metodologia da Escola Ativa. No entanto, o

Kit só tem funcionalidade quando exposto para consulta e pesquisa dos alunos no Cantinho da

Geografia, com seus recursos: mapas, globo terrestre, Atlas geográfico, fantoches, bandeiras

nacional, estadual e municipal, além os guias, os livros de pesquisas e os próprios materiais

confeccionados pelos alunos. Estes corroboram também, para a efetivação de uma

aprendizagem voltada para a formação em geografia dos alunos(as) da Escola Ativa no

município de Dona Inês.

55

Portanto, foi possível constatar que, dentro do modelo metodológico

empregado pela Escola Ativa, em Dona Inês, Paraíba, o ensino da geografia, inserido no

componente curricular de Estudos Sociais, aponta para uma formação e informação centrada

na construção crítica e autônoma do saber geográfico de seus educando. Entretanto, não

descartamos que esta formação em geografia para os alunos e alunas da zona rural daquele

município, onde a escola está instalada; só se efetiva satisfatoriamente, através do

compromisso do educador para com a formação daqueles aprendizes, seja na área em foco, ou

nas diversas áreas do saber presentes nessa metodologia de ensino-aprendizagem.

Assim, a guisa da conclusão dessa monografia, apontamos que, o ensino da

geografia na Escola Ativa no município de Dona Inês, alcança seus objetivos desde que,

exista a parceria e o compromisso de educadores em querer fazer uma educação diferente e

compromissada com as classes populares; em especial, com os mais de 400 alunos da zona

rural deste município, muitos dos quais, fora da faixa/série de ensino em uma turma

multisseriada. Desde modo, concordamos com Mészáros (2005) quando afirma que educar

não é mera transferência de conhecimentos, mas sim conscientização e testemunho de vida,

que, ao nosso olhar, parte do ator principal de todo esse processo, o educador.

56

REFERÊNCIAS

ADURRAMÁN, Wilson Leon et al. Escola Ativa: capacitação de professores. 3. ed. Brasília:

Fundescola/MEC, 2004.

ALMEIDA, Rosângela Doin de; PASSINI, Elza Yasuko. O espaço geográfico: ensino e

representação. São Paulo: Editora Contexto, 1992.

Documentário em Vídeo VHS - ESCOLA ATIVA NO BRASIL. Ministério da Educação.

Brasília, 2002.

Documentário em Vídeo VHS – Microregião do Curimataú: Projeto Escola Ativa. Prefeitura

Municipal de Dona Inês/PB, 2004.

MÉSZÁROS, István. A educação para além do capital. Tradução de Isa Tavares. São Paulo:

Boitempo, 2005.

MINAYO, Maria Cecília S. Ciência, técnica e arte: o desafio da pesquisa social. In: ______;

et al. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 1995. p. 07-29.

MOLINA, Mônica Castagna; JESUS, Sônia Meire Santos Azevedo (Orgs.). Por uma

educação do campo: contribuições para a construção de um projeto de educação do campo.

Brasília/DF: Articulação Nacional, 2004.

NOGUEIRA, Maria Luzia Latour. Escola Ativa. Disponível em:

<http://www.portal.mec.gov.br/sebe - PortalSeb>. Acesso em 16 out. 2005.

PARÂMETROS Curriculares Nacionais: História e Geografia/ Secretaria de Educação

Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1997.

RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3. ed. rev. e ampl. São

Paulo: Atlas, 1999.

57

SANTOS, Milton. Por uma Geografia Nova. São Paulo: Hucitec, 1996.

______. Ensaio de Geografia Contemporânea. São Paulo: Hucitec, 2001.

SILVA, Eduardo Jorge Lopes. Fórum de Educação de jovens e Adultos: uma nova

configuração em movimentos sociais. João Pessoa/PB: Editora Universitária/ UFPB, 2005.

VESENTINI, José William. Para uma Geografia Crítica na Escola. São Paulo: Editora

Ática S. A., 1992.

______. Geografia e Ensino – Textos Críticos. 4. ed. Campinas/SP: Parirus, 1995.

OLIVEIRA, Ariovaldo Umberlino de et al. Para onde vai o ensino de Geografia? São

Paulo: Editora Contexto, 2005.

58

59

ANEXO A – REGISTRO DO CANDIDATO – GE

Escola Municipal “Zé Paz II” – Dona Inês – Paraíba – Brasil.

Turma: Multisseriada.

Turno: tarde.

Séries 3ª e 4ª.

Professora: Izabel Cristina Costa de Araújo Rodrigues.

Data: ____/________________/2006.

GESTÃO ESTUDANTIL 2005.

REGISTRO DO CANDIDATO DO GE.

Aos _____ dias do mês de ____________________, obtivemos o registro da

candidatura do (a) aluno (a)___________________________________________,

_____ anos, _____ série, turno ____________, ao cargo de Presidente da Gestão

Estudantil desta Escola Ativa, durante o ano 2005. Como condição para a validade de

sua candidatura, o (a) candidato (a) deve apresentar no ato deste registro, sua Carta

de Intenções, assinada e datada onde contém suas proposta e compromissos.

______________________, _____ de _______________ de 2005.

Local e data. Candidato (a): Comissão Eleitoral: Professores:

______________________________________________ 1.____________________________________________ 2.____________________________________________ 3.____________________________________________ 1.____________________________________________ 2. ___________________________________________

60

ANEXO B – FORMULÁRIO DE ATA DA ELEIÇÃO DO GE

ESCOLA MUNICIPAL “ZÉ PAZ II” – DONA INÊS – PARAÍBA –

BRASIL. COMUNIDADE: ASSENTAMENTO ZÉ MATIAS.

MUNICÍPIO: DONA INÊS.

GOVERNO ESTUDANTIL

ATA DAS ELEIÇÕES 2005

Aos_________________________ dias do mês de ___________________,

do ano de ___________________________, ocorreram, na comunidade

__________________________,

Eleições para o Governo Estudantil da Escola

Municipal______________________________________________

em cinco etapas: Registro da Candidatura, Propaganda e divulgação das

Cartas de intenções dos candidatos com debates, Votação, Apuração dos

Votos e Cerimônia de Posse dos Candidatos. Foram registradas as

Candidaturas dos Alunos ____________________________________

____________________________________, _____ anos. ____ série.

Turno ___________.

___________________________________________, ____anos, ____série.

Turno _________.

____________________________________________,____anos, ____série.

Turno _________.

__________________________________________, ____anos, ____série.

Turno ______.

Após o registro de suas candidaturas, os candidatos fizeram propagandas

e apresentação de sua Carta de Intenção em debates, durante o que se

comportam como bons cidadãos civilizados. As __________horas e

_____________ minutos iniciou-se a votação em que dos

________________ alunos aptos a votar, _________ votaram e

____________ se absteve (tiveram). A apuração dos votos teve inicio às

_______________ horas e _________________

minutos, tendo o seguinte resultado_____________ votos validos,

___________ votos brancos e ______________ votos nulos. Para

Presidente foi eleito o

candidato________________________________________________ com

____________ votos. Para Vice-Presidente, foi eleito o candidato

____________________________________

_____________ com ________________ votos. Para Secretários

_______________________

______________________ com ___________ votos e

________________________________

_________________________________ com ____________ votos. Para

conclusão de todo o processo, houve a Posse dos candidatos eleitos, que

assumem a partir da presente data lavrada e assinados pelos seguintes

61

membros da Comissão Eleitoral __________________,

_________________ e ________________ do turno ________. E

__________________, _________________ e ________________ do turno

__________, orientados pelas (os) professoras (os) _________________ e

______________________, e apoiados pela supervisora Municipal

______________________, todos abaixo assinados.

Comissão Eleitoral:

____________________________________________________________

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

Professoras (os)

_____________________________________________________________

______________________________________________

________________

Supervisor (a)

Municipal_______________________________________________________

ANEXO C - ELEIÇÃO E DISCURSO DO GE 2004 – Escola Municipal Zé Paz II –

Dona Inês/PB.

62

ANEXO D - ELEIÇÃO DO GE 2005 – Escola Municipal Zé Paz II – Dona Inês/PB.

63

ANEXO E - CANTINHOS DE APRENDIZAGEM DA ESCOLA ATIVA 2004 – Escola

Municipal Zé Paz II – Dona Inês/PB.

64

ANEXO F - CANTINHOS DE APRENDIZAGEM DA ESCOLA ATIVA 2004 – Escola

Municipal Zé Paz II – Dona Inês/PB.

65

ANEXO G - CANTINHOS DE APRENDIZAGEM DA ESCOLA ATIVA 2002 – Escola

Municipal Pedra Lisa – Dona Inês/PB.

66

ANEXO H – ATIVIDADE DOCENTE E PEDAGÓGICA 2004: Microcentro e Comitê

de Recepção acolhendo a Coordenadora Conceição na Escola Municipal “Zé Paz II” –

Dona Inês/PB

67

ANEXO I – CASINHA DE ARTE: um trabalho feito pelos discentes com o docente.

Ano: 2004/2005. Escola Municipal “Zé Paz II” – Dona Inês/PB

68

ANEXO J – Escola Ativa em seu Lazer, Cultura e Arte. Escola Municipal “Zé Paz II” –

Dona Inês/PB

69

ANEXO L – DEMOCRACIA NA ESCOLA ATIVA – Eleições 2002, 2004 e 2005.

70

Escola Municipal “Zé Paz II” – Ano: 2004

Escola Municipal “Zé Paz II” – Ano: 2004

Escola Municipal “Pedra Lisa” – Ano: 2002

Escola Municipal “Zé Paz II” – Ano: 2005

71

ANEXO M – ANTES E DEPOIS: Escola normal 2001 X Escola Ativa 2005 –

Organização espacial (foto da mesma Unidade Escolar e aproximadamente o mesmo

ângulo) – Escola Municipal “Zé Paz II” – Dona Inês/PB.