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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO - DEDC CAMPUS VII COLEGIADO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS EDVAN OLIVEIRA MACEDO AS NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE APLICADAS ÀS COOPERATIVAS DE CRÉDITO: um estudo sobre a implantação do CPC nº 39/2009 Senhor do Bonfim 2011

Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

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Ciências Contábeis 2010

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Page 1: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO - DEDC CAMPUS VII COLEGIADO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

EDVAN OLIVEIRA MACEDO

AS NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE APLICADAS ÀS COOPERATIVAS DE CRÉDITO: um estudo

sobre a implantação do CPC nº 39/2009

Senhor do Bonfim

2011

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EDVAN OLIVEIRA MACEDO

AS NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE APLICADAS ÀS COOPERATIVAS DE CRÉDITO: um estudo

sobre a implantação do CPC nº 39/2009

Monografia apresentada à Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Educação – Campus Vll, Senhor do Bonfim – BA, Colegiado de Ciências Contábeis, como requisito final para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Contábeis. Orientador: Prof. Francisco Marton G. Pinheiro

Senhor do Bonfim 2011

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EDVAN OLIVEIRA MACEDO

AS NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE APLICADAS ÀS COOPERATIVAS DE CRÉDITO: um estudo

sobre a implantação do CPC nº 39/2009

Aprovada em _______/________/__________ ______________________________________________ Orientador _______________________________________________ Avaliador

_______________________________________________ Avaliador

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Dedico este trabalho a Deus, aos meus pais José e Maria Angélica, ao meu irmão Alencar e a minha noiva Gérsica Santana.

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AGRADECIMENTOS

Inicialmente, agradeço a Deus o qual tem me proporcionado a vida, saúde, fé e perseverança, além de ser quem sempre poderei contar.

À meus pais pelo zelo e amor que têm me dado e por sempre acreditar que eu posso realizar o sonho de concluir o nível superior que eles não tiveram a oportunidade de realizar.

À minha noiva pela compreensão das horas não dedicadas à ela, em busca do sucesso do trabalho realizado.

À instituição da qual faço parte por sempre confiar em meu trabalho e pela compreensão às horas dispensadas para participação em aulas de TCC.

Aos colegas Adaltro Júnior, Luana, Claudivan, Matheus, Gilberto, Fernando, Ronaldo, Tamilles e todos os demais que de forma direta e indireta participaram de toda a minha trajetória enquanto graduando.

Ao meu professor e orientador Francisco Marton G. Pinheiro, pela paciência na condução das idéias e esclarecimento das dúvidas levantadas

À todos os professores da faculdade que foram os guias durante os anos de faculdade, pois através deles pude escolher os melhores caminhos.

À todos aqueles que estiveram do meu lado.

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A cada bela impressão que causamos, conquistamos um inimigo. Para ser popular é indispensável ser medíocre.

Oscar Wilde

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RESUMO

Esta monografia de conclusão de curso tem como objetivo, inicialmente, analisar os conceitos, características e informações outras pertinentes às Cooperativas de Crédito, demonstrando ao leitor a sua importância no mercado em que atua. Em seguida serão apresentadas as normas internacionais para cooperativas de crédito, já envolvendo uma discussão sobre a importância da convergência das normas contábeis brasileiras às normas internacionais. Também será apresentado estudo sobre o conteúdo do CPC 39, que obriga as cooperativas a reclassificarem a participação dos cooperados registrada até então no PL como Passivo Exigível. Com o objetivo de discutir as possíveis implicações na estrutura dos balanços das Cooperativas de Crédito, este estudo foi fundamentado por meio de uma pesquisa qualitativa, a qual, inicialmente, apresentou características de uma pesquisa documental, partindo de questões teóricas amplas que foram afunilando-se no decorrer da investigação. Após essa etapa descritiva, foi realizado estudo de caso analisando-se os principais indicadores financeiros e os impactos da aplicação do Pronunciamento CPC 39 no balanço da Cooperativa de Crédito Rural Senhor do Bonfim – Sicoob Bonfim. Verificou-se que a cooperativa estudada, não está tecnicamente preparada para adotar as mudanças imediatas, assim como também cumprir maiores exigências legislativas.

Palavras-Chave : Cooperativas de Crédito; Contabilidade de Instituições Financeiras; Contabilidade Internacional; Instrumentos Financeiros.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Ramos do cooperativismo no Brasil 19

Quadro 2 - Classificação das Cooperativas de Crédito 22

Quadro 3 - Estrutura do Sistema Financeiro Brasileiro 30

Quadro 4 - Fatores que influenciam o ambiente da contabilidade 32

Quadro 5 - Cronograma de compromissos para publicação das Demonstrações Contábeis em IFRS 38

Quadro 6 - Principais Indicadores financeiros empregados no setor 54

Quadro 7 – Aderência aos parâmetros RCA do Sicoob Central BA nº 28/2009 55

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – A difusão do cooperativismo no mundo 17

Tabela 2 – Cálculo dos indicadores quanto à estrutura 57

Tabela 3 – Cálculo dos indicadores quanto à análise financeira 59

Tabela 4 – Cálculo dos indicadores quanto à dependência de recursos de terceiros 60

Tabela 5 – Cálculo dos indicadores quanto à rentabilidade 61

Page 10: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Abrasca - Associação Brasileira das Companhias Abertas

AGO - Assembléia Geral Ordinária

AGE - Assembléia Geral Extraordinária

Apimec - Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais

Bacen - Banco Central do Brasil

Bancoob - Banco Cooperativo do Brasil

BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

Bovespa - Bolsa de Valores de São Paulo

CFC - Conselho Federal de Contabilidade

CMN - Conselho Monetário Nacional

Compe - Compensação de Cheques e Outros Papéis

Cosif - Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional

CPC - Comitê de Pronunciamentos Contábeis

Fipecafi - Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras

IAS - International Accounting Standards (Normas Internacionais de Contabilidade)

IASB - International Accounting Standards Board (Comitê de Normas

Internacionais de Contabilidade)

Ibracon - Instituto dos Auditores Independentes do Brasil

IFRIC - International Financial Reporting Interpretations Committee (Comitê de Interpretação das Normas Internacionais de Reporte Financeiro)

NIC - Norma Internacional de Contabilidade

OCB - Organização das Cooperativas Brasileiras

PEA - População Economicamente Ativa

Sebrae - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

Sicoob - Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil

Sicredi - Sistema de Crédito Cooperativo

WOCCU - World Council of Credit Unions (Conselho Mundial de Cooperativas de Crédito)

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 12

1 AS COOPERATIVAS DE CRÉDITO 15

1.1 O COOPERATIVISMO 15 1.1.1 O cooperativismo no Brasil e no mundo 16 1.1.2 Ramos do cooperativismo 18 1.2 VALORES E PRÍNCIPIOS DE UMA COOPERATIVA 20 1.3 ORGANIZAÇÃO DAS COOPERATIVAS DE CRÉDITO 22 1.3.1 Sistemas cooperativistas de crétido 23 1.4 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DE UMA COOPERATIVA 25 1.5 LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA E CONTÁBIL DAS COOPERATIVAS 27 1.6 COOPERATIVISMO DE CRÉDITO E O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

29

2 NORMAS INTERNACIONAI S DE CONTABILIDADE VOLTADAS PARA AS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS

32 2.1 INTERNATIONAL ACCOUTING STANDARDS BOARD - IASB 33 2.2 COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS - CPC 35 2.3 APLICAÇÃO DAS IFRS ÀS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS NO BRASIL

37

2.4 IAS/IFRS E AS COOPERATIVAS 39 2.5 CPC 39: INSTRUMENTOS FINANCEIROS: APRESENTAÇÃO CORRELAÇÃO À NIC 32

41

2.5.1 Efeitos do CPC 39 nas Demonstrações Contábeis das Cooperativas de Crédito

45

3 APLICAÇÃO DO CPC 39 NO BALANÇO DA COOPERATIVA DE CRÉDITO RURAL SENHOR DO BONFIM – SICOOB BONFIM

47 3.1 O SICOOB BONFIM 47 3.1.1 Histórico 47 3.1.2 Missão, Visão, Valores 48 3.1.3 Descrição do negócio e do mercado de atuação 49 3.2 APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ANOS DE 2008 E 2009

50

3.2.1 O Balanço Patrimonial 51 3.3 APLICAÇÃO DO CPC 39 NO BP DE 2008 E 2009 53

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11

3.4 PRINCIPAIS ÍNDICES UTILIZADOS NO SETOR E O IMPACTODO CPC 39 SOBRE ELES

53

3.4.1 Quanto à estrutura 57 3.4.2 Quanto à análise financeira 58 3.4.3 Quanto à dependência de recursos de terceiros 60 3.4.4 Quanto à rentabilidade 61 3.5 ANÁLISE DAS LIMITAÇÕES E RESTRIÇÕES DE CAPITAL PROPOSTAS NO ITEM 2.5.1

62

CONSIDERAÇÕES FINAIS 64

REFERÊNCIAS 66

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INTRODUÇÃO

Uma cooperativa de crédito é uma instituição financeira, a qual se ocupa em

eliminar o intermediário na captação de recursos, nos investimentos e na concessão

de empréstimos, fazendo do tomador e do investidor uma só pessoa. Além disso, ela

apresenta um importante papel na sociedade e no desenvolvimento do sistema

financeiro nacional, e por razões como estas o setor cooperativo está crescendo e

recebendo incentivos do governo.

Atualmente estão ocorrendo grandes discussões e estudos acerca da

convergência entre as diferentes normas contábeis existentes no mundo, já que a

contabilidade é a principal linguagem de comunicação dos agentes econômicos para

a avaliação de investimentos ou do risco de suas transações, logo, a pesquisa em

apresentação terá como área de estudos a Contabilidade de Instituições

Financeiras.

No Brasil e em diversos outros países, já foram tomadas as providências

necessárias para a convergência às normas internacionais publicadas e revisadas

pelo International Accounting Standards Board (IASB) com o objetivo de permitir a

compreensão e interpretação de dados gerados por entidades de diferentes

economias e tradições, focando-se nas demonstrações financeiras que são

preparadas para o propósito de prover informações úteis na tomada de decisões

econômicas.

O tema principal do estudo envolve o melhor entendimento sobre a

empregabilidade da norma internacional IAS 32, traduzida pelo CPC 39, que

significa uma reclassificação de todas as contribuições sociais (capital social) ao

passivo de uma cooperativa. Tecnicamente, essa norma, se aplicada nas

demonstrações contábeis das cooperativas de créditos poderia ocasionar distorções

analíticas apontando para a insolvência e aumento do risco financeiro, assim, o

problema de investigação tende-se a seguinte questão: qual o impacto da aplicação

do CPC 39 nas demonstrações da Cooperativa de Crédito Rural Senhor do Bonfim?

A fim de responder-se ao problema levantado, foi sugerida como possível

solução a seguinte hipótese:

Page 14: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

13

A adoção das normas brasileiras de contabilidade, alteradas com base nas

normas internacionais de contabilidade, apontam para a necessidade de

apresentação de uma nova sistemática para a análise dos indicadores financeiros

relacionados às cooperativas de crédito.

O objetivo geral da pesquisa foi analisar o impacto da aplicação do CPC 39

nas demonstrações contábeis do Sicoob Bonfim, a fim de se identificar a melhor

alternativa para implementação e convergência às normas internacionais e, como

objetivos específicos:

• Compreender a gestão administrativa financeira das cooperativas

de crédito;

• Apresentar o CPC 39, destacando a importância dos padrões

internacionais para a cooperativa de crédito em questão, o Sicoob

Bonfim; e

• Avaliar os possíveis riscos e impactos, quando da aplicação do CPC

39 nas demonstrações contábeis do Sicoob Bonfim, analisando-se

os principais indicadores financeiros e os efeitos da norma em cada

um.

Várias normas internacionais do IASB têm ou poderiam ter grande relevância

para as Cooperativas de Crédito, mas o IAS 32 é a norma que mais teve

repercussão, pois, em sua primeira tradução, pelo CPC 39, a aplicação do IAS 32

significaria uma reclassificação de todas as contribuições sociais (capital social) ao

passivo de uma cooperativa. Na prática, o principal problema da aplicação desta

norma em todos seus extremos, é que em geral a maior parte do patrimônio das

cooperativas de crédito é composta pelas contribuições sociais dos associados, ao

reclassificar esse montante de contribuições como passivo isso geraria uma

insuficiência de patrimônio deixando grande número de cooperativas com problemas

de solvência.

A intenção dessa discussão é alertar sobre a necessidade de mudanças nas

normas brasileiras que facilitem a aplicação das normas internacionais nas

demonstrações contábeis na Cooperativa de Crédito Rural Senhor do Bonfim, assim

como, a análise dos reais efeitos dessa aplicação, justificando-se assim a relevância

científica da pesquisa, pela busca de um meio de harmonizar as normas brasileiras

Page 15: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

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com as normas internacionais e contribuindo de um modo geral para o

aperfeiçoamento da relação de uma Cooperativa de Crédito com os seus

associados, resultando daí, sua importância social. Por ser colaborador da entidade

na qual os demonstrativos contábeis foram utilizados nesta pesquisa, surgiu-se

então o interesse pessoal para uma realização satisfatória do trabalho, devido à

preocupação com o impacto que a adoção de certas normas internacionais poderia

ocasionar na entidade em questão.

A pesquisa focou-se numa busca de respostas significativas para uma dúvida

ou um problema, assim, a mesma foi fundamentada por meio de uma pesquisa que

inicialmente apresentou características de uma pesquisa documental, partindo de

questões teóricas amplas que foram afunilando-se no decorrer da investigação.. Na

primeira etapa foi realizado o embasamento teórico com a análise e descrição da de

uma cooperativa de crédito e das normas contábeis brasileiras para cooperativas de

crédito.

Posteriormente serão apresentadas as normas internacionais para

cooperativas de crédito, já envolvendo uma discussão sobre a importância da

convergência das normas contábeis brasileiras às normas internacionais. Em

seguida foi realizada uma pesquisa qualitativa em abordagem ao problema,

apresentado estudo detalhado sobre as particularidades do conteúdo do CPC 39

com o objetivo de discutir as possíveis implicações na estrutura dos balanços das

Cooperativas de Crédito. Após essa etapa descritiva, será realizado estudo de caso

a partir da adoção retroativa do CPC 39, a título didático, nos Balanços dos

Exercícios de 2008 e 2009 do Sicoob Bonfim com vistas a identificar o impacto.

Finalmente, foram analisados os impactos da aplicação do Pronunciamento

CPC 39, seguida por uma discussão das possibilidades de sua adoção e

aplicabilidade.

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15

1 AS COOPERATIVAS DE CRÉDITO

De acordo com a definição do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas

Empresas – SEBRAE (2004), as Cooperativas tratam-se de uma sociedade com

dupla natureza, que contempla o lado econômico e social de seus associados. “O

cooperado é ao mesmo tempo dono e usuário da cooperativa: enquanto dono vai

administrar a empresa e enquanto usuário vai utilizar os serviços” (SEBRAE, 2004).

E é esse tipo de empresa, sem fins lucrativos, que pode ser uma boa alternativa ao

atual desemprego e a quem deseja colocar em prática seus talentos

empreendedores.

Uma cooperativa de crédito é uma associação de pessoas, que buscam

através da ajuda mútua, sem fins lucrativos, uma melhor administração de seus

recursos financeiros e o objetivo primordial da cooperativa é prestar assistência

creditícia e a prestação de serviços de natureza bancária a seus associados.

Niyama e Gomes (2006, p.17) descrevem as cooperativas de crédito como

sendo:

[...] instituições financeiras privadas, com personalidade jurídica própria, especializadas em propiciar credito e prestar serviços a seus associados, constituídas sob a forma de sociedade de pessoas de natureza civil. [...] Quanto ao objeto ou natureza das atividades desenvolvidas, podem ser dos seguintes tipos: de economia e crédito mútuo; Luzzati ou popular; de crédito rural.

Este capítulo visa proporcionar um aprofundamento teórico sobre a atuação e

a gestão administrativa financeira das cooperativas de crédito no cenário atual.

1.1 COOPERATIVISMO

Cooperativismo é um movimento, filosofia de vida e modelo socioeconômico

capaz de associar desenvolvimento econômico e bem-estar social. Seus

norteadores fundamentais são: participação democrática, solidariedade,

independência e autonomia. (OCB, 2009)

Page 17: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

16

Tendo como característica principal a união de pessoas e, associado a

valores universais, o cooperativismo se desenvolve de forma rápida e positiva

independentemente de território, língua, credo ou nacionalidade.

Ainda sobre o conceito do que vem a ser o movimento cooperativista, no site

da Organização das Cooperativas Brasileiras, temos a seguinte definição:

É o sistema fundamentado na reunião de pessoas e não no capital. Visa às necessidades do grupo e não do lucro. Busca prosperidade conjunta e não individual. Estas diferenças fazem do cooperativismo a alternativa socioeconômica que leva ao sucesso com equilíbrio e justiça entre os participantes.

1.1.1 O cooperativismo no Brasil e no mundo

Segundo Pinheiro (2008) idéia do cooperativismo tomou campo no mundo e

se expandiu rapidamente. O modelo cooperativista que se iniciou em Rochdale

(Inglaterra, 1844), se espalhou de forma imediata e crescente. Em 1848, na França,

foram criadas cooperativas de produção por operários e na Alemanha e Itália

surgiram as primeiras cooperativas de crédito. A cooperativa de Rochdale, ao fim do

primeiro ano de atividades, tinha aumentado de 28 para 180 libras o seu capital

integralizado. Em 1855, já possuía 1.400 associados.

Em seu artigo publicado na edição 59, a Revista Vencer (2004), publicou o

seguinte trecho acerca da história do cooperativismo:

Tudo começou na Europa, em 1844, quando um grupo constituído por 28 tecelões na pequena cidade de Rochdale, na Inglaterra, teve a idéia de formar uma sociedade democrática e de propriedade coletiva, em que a sobra líquida era repassada uniformemente aos participantes do grupo, de maneira proporcional às respectivas contribuições individuais. Nasceram, então, as cooperativas.

O progresso demonstrado pela experiência em Rochdale foi responsável pelo

rápido crescimento do cooperativismo de consumo: em 1881, já existiam mil

cooperativas deste tipo, contando com, aproximadamente, 550 mil cooperados.

Como se vê, o cooperativismo persiste ao longo do tempo e continua se

expandindo. É uma idéia que está presente em toda a parte. Ele faz parte das

sociedades de economia planejada e das sociedades de livre mercado. No momento

atual, o cooperativismo no mundo cresce muito velozmente e de modo sólido,

Page 18: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

17

executando seus objetivos com o intuito de driblar as contradições do capitalismo

internacional.

Reportando-se para as turbulências e crises que o sistema financeiro mundial

vem sofrendo no cenário do mercado atual e em se tratando das cooperativas, o

presidente da Organização das Cooperativas de Crédito Brasileiras (OCB) Márcio

Lopes de Freitas afirma “As cooperativas brasileiras vão muito bem, distantes dos

problemas que afetam a economia desde que a crise financeira internacional tornou-

se mais aguda”.

Através da tabela que segue, podemos observar a abrangência do

cooperativismo no mundo, tendo como base os principais indicadores estatísticos

extraídos do informativo estatístico anual do World Council of Credit Unions -

WOCCU.

A DIFUSÃO DO COOPERATIVISMO DE CRÉDITO NO MUNDO

Base: 2008 CONTINENTE COOPERATIVAS ASSOCIADOS PENETRAÇÃO

(*) CRÉDITO

(US$ MILHÕES)

ATIVOS (US$

MILHÕES) África 18.220 20.116.921 8,81% 3.748 3.042

Américas Central e do Sul

2.083 14.919.786 4,71% 18.413 27.501

América do Norte

8.977 100.816.442 44,06% 728.274 1.010.858

Oceania 282 3.885.401 17,79% 24.778 32.013

Ásia 21.076 35.002.737 2,57% 55.338 92.010 Caribe 482 2.330.035 23,41% 2.297 3.426

Europa 2.569 8.728.915 3,71% 14.207 24.959 TOTAL 53.689 185.800.237 7,71 % 847.055 1.193.809 (*) Percentual de associados a cooperativas de crédito, em relação à População Economicamente Ativa (PEA) Tabela 1: A difusão do cooperativismo de crédito no mundo Fonte: Conselho Mundial de Cooperativas de Crédito – WOCCU (2009)

Analisando-se os dados constantes na tabela acima, podemos visualizar que

de fato, as cooperativas de crédito são um importante instrumento de

desenvolvimento e sustentação em inúmeros países.

Segundo afirma o SEBRAE [2009?], os primeiros indícios da prática do

cooperativismo iniciou-se por volta de 1.600, através de um movimento que

indicaria uma organização fundamentada na idéia do comunitarismo. A fundação

das primeiras missões jesuítas foi o marco da idéia cooperativista no país. Suas

Page 19: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

18

ações se baseavam nos princípios de solidariedade humana, em que o trabalho

coletivo era privilegiado como mecanismo de gerar bem-estar à coletividade,

superando todo e qualquer individualismo. Esse modelo de organização social foi

desenvolvido por mais de 150 anos.

Efetivamente, a primeira cooperativa seguindo as diretrizes do modelo

rochdaleano foi criada em 1847, sob a liderança do médico francês Jean Maurice

Faivre, à frente de um grupo de colonos europeus, dando vez à fundação da

Colônia Tereza Cristina, no Paraná. Baseando-se nas diretrizes do modelo

desenvolvido em Rochdale, na Inglaterra, esta organização articulou e solidificou os

princípios do cooperativismo brasileiro, servindo de referencial aos novos

empreendimentos coletivos. Conforme assevera artigo publicado na edição 59 da

Revista Vencer (2004, p. 1-3).

Historicamente, o cooperativismo teve predominância em vários movimentos no Brasil, como a Colônia Tereza Cristina, fundada no Paraná em 1847. Há a história da cooperativa dos empregados da companhia telefônica, do município de Limeira, em 1891. Mas somente em 1932 houve a promulgação da lei básica de cooperativismo no Brasil.

Veiga (2001, apud VIEIRA, 2005), afirma que como consciência do

desenvolvimento do movimento cooperativista, surgiram no país novas

organizações, tais como: Cooperativa de Consumo dos Empregados da Cia.

Paulista, em Campinas (SP), em 1887; Cooperativa de Consumo dos Funcionários

da Prefeitura de Ouro Preto (MG), fundada em 1889; Associação Cooperativa dos

Empregados da Companhia Telefônica, em Limeira (SP), fundada em 1891;

Cooperativa Militar de Consumo do Rio de Janeiro (RJ), em 1894; Cooperativa de

Consumo de Camaragibe, em Recife (PE), em 1895.

1.1.2 Ramos do cooperativismo no Brasil

No Brasil, as cooperativas do Sistema OCB são organizadas em 13 ramos

diferentes, conforme enumera Pacheco Filho (2009), são eles:

Page 20: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

19

Ramo Constituição Objetivo/Forma

Agropecuário Cooperativas de qualquer

atividade agropecuária

Comercialização e Industrialização dos produtos

agropecuários

Consumo Constituída por pessoas físicas Compra e venda de bens duráveis

Crédito Cooperativas de Crédito Rural Atender os produtores do setor agropecuário, e

de crédito mútuo (urbano).

Educacional Cooperativas de alunos Onde alunos constituem as cooperativas para

comercializar os produtos.

Especial Cooperativas não plenamente

autogestionadas

Atende pessoas de menor idade ou

relativamente incapazes, necessitando de um

tutor para seu funcionamento.

Habitacional Cooperativas de construção,

manutenção e administração

Atender as necessidades de conjuntos

habitacionais

Infra-estrutura Cooperativas de serviço coletivo Prestar serviço aos próprios associados

Mineral Cooperativas de Mineradores Têm a finalidade de exploração de minérios

Produção Cooperativas exploradas pelo

quadro social

Os cooperados formam seus quadros diretivos,

técnicos e funcionais

Saúde Profissionais de Saúde Visam prestar serviços a terceiros

Trabalho Cooperativas de Profissionais Visam prestar serviços a terceiros

Transporte Cooperativas de Profissionais de

Transporte

Visam prestar serviços na área de transporte de

cargas e passageiros

Turismo e Lazer Cooperativas de Profissionais Prestar serviços na área de Turismo e Lazer

Quadro 1: Ramos do cooperativismo no Brasil

Segundo enumera Crúzio (2005, p. 17), as vantagens proporcionadas pelas

cooperativas de crédito quando comparadas com as demais instituições financeiras

são:

� Retenção e aplicação dos recursos de poupança e renda no próprio município, contribuído com o desenvolvimento local;

Page 21: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

20

� Acesso de seus associados ao credito, poupança e outros bancários; � Atendimento personalizado, pois o cliente é o associado; � Oportunidade de maior rendimento nas aplicações financeiras � Oportunidade de menores taxas nas operações de empréstimos; � Possibilidade dos associados se beneficiarem da distribuição de sobras ou excedentes; � Possibilidade de criação, a partir das sobras ou excedentes, de fundos para investimentos em ações sociais e de educação para os próprios cooperados;

Para demonstrar a relevante notabilidade do cooperativismo no Brasil,

segundo dados da OCB (2009), no ano de 2008 existiam cerca de 7.682

cooperativas no país divididas em treze diferentes ramos, espalhadas por 26

unidades da federação e o Distrito Federal em um total de 1.407 municípios. O

cooperativismo hoje, no Brasil, contempla cerca de 7,88 milhões de associados e

emprega aproximadamente 254.556 colaboradores, todos esses indicadores

expressam de maneira clara a participação do cooperativismo no desenvolvimento

da sociedade, pois ele promove educação, emprego, saúde, dentre outros

benefícios.

O Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (SESCOOP) é

integrante do Sistema Cooperativista Nacional. Foi criado pela Medida Provisória nº

1.715, de 3 de setembro de 1998, e suas reedições, regulamentado pelo Decreto nº

3.017, de 6 de abril de 1999. O SESCOOP tem como missão promover o

cooperativismo, a capacitação, a formação profissional, a autogestão e

desenvolvimento social nas cooperativas, e sua visão é ser o agente formador e

propulsor do desenvolvimento do cooperativismo.

Portanto, há cooperativismo para tudo e todos. Basta utilizar a criatividade, ter

ousadia e visão de futuro, estudar a viabilidade e, principalmente, construir a

cooperativa com associados e colaboradores que acreditem neste tipo de

empreendimento.

1.2 VALORES E PRINCÍPIOS DE UMA COOPERATIVA

As cooperativas em sua essência baseiam-se em valores de ajuda mútua,

igualdade, equidade, solidariedade, democracia, liberdade, honestidade, e

responsabilidade social. Uma cooperativa é uma associação de pessoas e também

Page 22: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

21

uma empresa econômica, o que leva a se pensar que ela representa uma instituição

de dupla natureza. Conforme afirma Pacheco Filho (2009), já que a cooperativa é

uma associação de pessoas, nela cada pessoa te apenas um voto, enquanto que

em outras empresas, o número de votos depende do capital que cada um tem

nessas empresas.

Com base no que define a OCB (2009) podemos descrever os princípios

norteadores do cooperativismo aplicados para levar os seus valores à prática:

Quanto à adesão, é livre e voluntária, visto que as cooperativas são

organizações voluntárias e abertas às pessoas sem qualquer discriminação social,

racial, política, religiosa e de gênero. As cooperativas existem porque cidadãos,

voluntariamente resolveram associar-se para a criação.

As cooperativas são organizações de gestão democrática, controladas pelos

sócios, que participam ativamente dos rumos de sua administração e na tomada de

decisões Os sócios contribuem e controlam democraticamente o capital. As sobras

do exercício, após as destinações legais e estatutárias, são postas a disposição da

Assembléia Geral para deliberarem e, da mesma forma, as perdas liquidas, quando

a reserva legal é insuficiente para sua cobertura, serão rateadas entre os associados

de forma estabelecida no estatuto social, não devendo haver saldo pendente ou

acumulado de exercício.

Quanto à autonomia, as cooperativas são autônomas, controladas por seus

sócios, condição que deve ser sempre assegurada na eventualidade de entrarem

em acordo com outras organizações ou angariarem recursos de fontes externas.

As cooperativas proporcionam educação e treinamento para os sócios,

representantes eleitos, gerentes e empregados. Dessa forma, eles podem contribuir

efetivamente para o desenvolvimento de suas cooperativas. Além de atender a seus

sócios mais efetivamente e fortalecem o movimento cooperativo, trabalhando juntas

através de estruturas locais, nacionais, regionais e internacionais por meio da

intercooperação. As cooperativas trabalham pelo desenvolvimento sustentável de

suas comunidades através de políticas aprovadas por seus membros, ou seja,

trabalham com recursos naturais sem provocar a depredação ou a poluição. As

cooperativas têm responsabilidade para com a sociedade, por isso o serviço

prestado é confiável e de boa qualidade.

Page 23: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

22

A Aliança Cooperativa Internacional para o continente americano (ACI

Américas) irá apresentar, na próxima assembléia geral da organização, ainda em

2010, proposta para a criação do 8º princípio cooperativista, que seria a preservação

do meio ambiente.

1.3 ORGANIZAÇÃO DAS COOPERATIVAS DE CRÉDITO

Conforme a dimensão e objetivos de uma sociedade, as cooperativas se

enquadram em uma classificação específicas. Ao todo as cooperativas podem ser

classificadas em três tipos, em conformidade com a determinação da OCB (2009),

são elas:

Singular ou de

1º Grau

Objetiva prestar serviços diretos ao associado. É constituída por um mínimo de 20 pessoas físicas. Não é permitida a admissão de pessoas jurídicas com as mesmas ou correlatas atividades econômicas das pessoas físicas que a integram;

Central e

Federação ou de

2º Grau

Seu objetivo é organizar em comum e em maior escala os serviços das filiadas, facilitando a utilização recíproca dos serviços. É constituída por, no mínimo, três cooperativas singulares. Excepcionalmente, pode admitir pessoas físicas;

Confederação

ou de 3º Grau

Organiza em comum e em maior escala, os serviços das filiadas. Três

cooperativas centrais e ou federações de qualquer ramo são a quantidade

mínima para constituir uma federação.

Quadro 2: Classificação das Cooperativas de Crédito

As Cooperativas Centrais de Crédito (cooperativas de 2° grau), também

denominadas federações de cooperativas, são constituídas de, no mínimo, 3 (três)

Cooperativas Singulares (cooperativas de 1º grau).

Segundo a Resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) nº 3.321, de

30/09/2005, as Cooperativas Centrais de Crédito devem prever, em seus estatutos e

normas operacionais, dispositivos que possibilitem prevenir e corrigir situações

anormais. Situações anormais são consideradas aquelas que possam configurar

infrações a normas legais ou regulamentares ou causar risco para a solidez das

cooperativas filiadas e do sistema associado, inclusive a possibilidade de constituir

Fundo Garantidor de Depósitos.

Page 24: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

23

Segundo informações constantes no site do COSIF (2010), para os gestores

de Cooperativas Singulares (ou de 1º grau), a Cooperativa Central se reveste da

maior importância para o sucesso de sua instituição, pois compete à Central

supervisionar o funcionamento de suas associadas, zelar pela sua saúde financeira,

promover programas de capacitação dos dirigentes e funcionários além das funções

de auditoria das demonstrações financeiras.

Ainda sobre a Cooperativa Central, o COSIF (2010), afirma que ela, como

uma grande aliada do gestor de cooperativas, deverá estar preparada para:

• Suprir as cooperativas singulares associadas de instrumentos contratuais

padronizados;

• Administrar os seus recursos financeiros excedentes (centralização

financeira);

• Fornecer assessoria em questões jurídicas, contábeis e de recursos

humanos.

1.3.1 Sistemas cooperativistas de crédito

Para atuar como rede, nos moldes dos bancos comerciais e múltiplos, com

ganhos de escala, atendimento em tempo real, oferta de serviços e produtos

interessantes e com a confiabilidade necessária, é vital que os sistemas sejam

proprietários de bancos cooperativos.

Segundo o Bancoob (2010) a principal função dos bancos cooperativos é

prestar serviços às cooperativas de crédito, especialmente o de representá-las na

Compensação de Cheques e de Outros Papéis - COMPE, mediante a celebração de

convênios com as cooperativas centrais em cada estado, conforme autorizado pelo

Banco Central do Brasil. Oferecem, ainda, aos associados das singulares, linhas de

repasse de bancos oficiais, tais como Programa Nacional de Agricultura Familiar

(Pronaf), Financiamento de Máquinas e Equipamentos (Finame), Banco Nacional de

Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) etc. São agentes do Ministério da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento para aplicação dos recursos do Fundo de

Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé).

Page 25: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

24

Informações do Banco Central do Brasil (BACEN) afirmam que, atualmente, o

Sistema de Crédito Cooperativo do Brasil (Sicoob) e o Sistema de Crédito

Cooperativo (SICREDI) já constituíram seus bancos. O sistema Sicoob é proprietário

do Banco Cooperativo do Brasil S/A (Bancoob) e o Sicredi, do Banco Cooperativo

Sicredi S/A (BANSICREDI). As cooperativas integrantes de outros sistemas e as

independentes, chamadas de “solteiras”, atuam com bancos de sua livre escolha,

não se constituindo, propriamente, em redes de atendimento.

O primeiro banco cooperativo foi criado em 1995. Trata-se do Banco

Cooperativo Sicredi S/A - Bansicredi sediado em Porto Alegre - RS, ligado às

cooperativas filiadas ao Sistema de Crédito Cooperativo Sicredi.

Em 16 de outubro, autorizadas pelo Conselho Monetário Nacional, as cooperativas filiadas à Central do SICREDI-RS constituem o Banco Cooperativo SICREDI S.A, primeiro banco cooperativo privado brasileiro, para ter acesso a produtos e serviços bancários vedados às cooperativas pela legislação vigente e administrar, em maior escala, os seus recursos financeiros. (SICREDI, 2010, p. 2)

De acordo com o Bancoob (2010) em julho 1997 aconteceu a homologação

da autorização de funcionamento do Banco Cooperativo do Brasil S/A (Bancoob)

pelo Banco Central, criado pelas cooperativas integrantes do Sistema de Crédito do

Sicoob. Sua sede é em Brasília, DF.

Conforme enumera o Sebrae (2006) atualmente, o Sistema Cooperativista de

Crédito do Brasil contempla algumas diferentes confederações, são elas:

Confederação Brasileira das Cooperativas de Crédito - CONFEBRÁS,

fundada em 01/11/86, em substituição a “Federação Leste-Meridional de

Cooperativas de Crédito – FELEME, cuja constituição deu-se em 03/08/61. Sua

sede fica em Brasília, é o órgão de representação nacional do Sistema.

Confederação Nacional das Cooperativas do Sicoob - Sicoob Brasil -, criada

em 2002, e também tem sede em Brasília - DF. Seu objetivo é orientar, ordenar e

coordenar as atividades das instituições que integram o Sistema Cooperativo de

Crédito do Sicoob.

Confederação Interestadual das Cooperativas Ligadas ao Sicredi - Sicredi

Serviços -, com sede em Porto Alegre - RS, tem como principal objetivo desenvolver

tecnologia de informática e de processos para as cooperativas associadas ao

Sistema Cooperativo de Crédito Sicredi.

Page 26: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

25

A Confederação Nacional das Centrais das Cooperativas Unicreds - Unicred

do Brasil - com sede em São Paulo – SP, tem a missão de coordenar as ações

políticas e administrativas para implantação pelas centrais do Sistema Unicred,

visando a padronização dos processos e a defesa da marca Unicred, de forma a

promover a integração de todo o sistema, em nível nacional.

Os Sistemas Ecosol e Cresol não constituíram, ainda, confederações. Para a

constituição de uma Confederação são necessárias, pelo menos, três cooperativas

centrais. Hoje, o Sistema Ecosol dispõe de uma Central e o Cresol, de duas. A

entidade representativa do movimento cooperativista da América Latina é a

Confederação Latino-americana de Cooperativas de Trabalho e Crédito – COLAC -,

constituída em 13/08/1970, com sede no Panamá, país da América Central.

1.4 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DE UMA COOPERATIVA

Conforme Pacheco Filho (2009), a estrutura organizacional de uma

cooperativa se subdivide em: Assembléia Geral, Conselho Fiscal, Conselho de

Administração.

A Assembléia Geral é o órgão supremo da cooperativa que, conforme o

prescrito na legislação e o Estatuto Social, tomará toda e qualquer decisão de

interesse da sociedade e se divide em duas: Assembléia Geral Ordinária (AGO) e

Assembléia Geral Extraordinária (AGE).

O Sebrae/SP (2010) apresenta em seu site o modelo de estatuto social

de para constituição de uma cooperativa de crédito, o qual diz que a AGO deve ser

realizada obrigatoriamente uma vez por ano, no decorrer dos três primeiros meses,

após o encerramento do exercício social, para deliberar sobre:

� Prestação de Contas, do Conselho Diretor, acompanhado do parecer do

Conselho Fiscal, compreendendo, Relatório de Gestão e Demonstrações

Contábeis;

� Plano de atividades para o próximo período;

� Destinação de resultado ou rateio das perdas;

Page 27: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

26

� Fixação dos honorários (pró-labore) da Diretoria Executiva e quando previsto,

fixação do valor da verba de representação, das diárias e das cédulas de

presença dos membros do Conselho Diretor e do Conselho Fiscal;

� Eleição do Conselho Diretor, Conselho Fiscal e Conselho de Ética

Cooperativista, quando for o caso;

� Aprovação do Orçamento anual da Organização:

� Qualquer assunto de interesse geral e social, excluídos os de competência da

Assembléia Geral Extraordinária.

As decisões na AGO são tomadas por maioria simples dos cooperados

presentes, aptos a votar.

No mesmo modelo de estatuto social, o Sebrae/SP (2010) aponta que

a AGE realizar-se-á sempre que necessário e poderá deliberar sobre qualquer

assunto de interesse da cooperativa, desde que citado na Ordem do Dia constante

do Edital da Convocação. E compete-lhe privativamente, deliberar sobre;

� Reforma Estatutária;

� Fusão, incorporação e desmembramento de cooperativas;

� Alienação ou desoneração de bens imóveis;

� Destituição de membros do Conselho Diretor, Conselho Fiscal e Conselho de

Ética Cooperativista;

� Dissolução voluntária da sociedade, nomeação do liquidante e aprovação das

contas do liquidante;

� Quaisquer outros assuntos desde que conste do edital.

Em relação aos assuntos exclusivos da AGE, as decisões são tomadas por

2/3 dos cooperados presentes, aptos a votar.

Formado por 6 membros, três efetivos e três suplentes, eleitos para a função

de fiscalização da administração, das atividades e das operações da cooperativa.

Órgão independente da administração, o Conselho Fiscal tem por objetivo

representar a Assembléia Geral no desempenho de funções, por um período de 12

meses podendo ser reeleito apenas 1/3 dos componentes. Também se reúne pelo

menos uma vez por mês. (PACHECO FILHO, 2009)

Page 28: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

27

É o órgão superior na administração da cooperativa. É de sua competência a

decisão sobre qualquer interesse da cooperativa e de seus cooperados nos termos

da legislação, do Estatuto Social e das determinações da Assembléia Geral.

O Conselho de Administração se forma por cooperados no gozo de seus

direitos sociais, com mandatos de duração e de renovação estabelecidos pelo

Estatuto Social, não podem ser superior a quatro anos e com renovação mínima de

1/3 dos componentes. (PACHECO FILHO, 2009)

Funções do Conselho de Administração:

� Programar os planos de trabalhos e serviços;

� Fixar as taxas de serviços a serem pagas pelos associados;

� Estabelecer normas administrativas e financeiras para o funcionamento da

cooperativa;

� Contratar gerentes e contadores;

� Deliberar sobre a admissão/demissão, exclusão e eliminação dos associados;

� Zelar pelo cumprimento da legislação;

1.5 LEGISLAÇÃO APLICADA ÀS COOPERATIVAS

No que tange a legislação pertinente, vigente e aplicável às cooperativas de

crédito, tem-se como principais normas as seguintes:

Lei nº 5.746, de 12 de dezembro de 1971, que estabelece a política de cooperativismo. A resolução nº 3.041, de 28 de novembro de 2002, do Banco Central do Brasil (BC) estabelece condições para o exercício de cargos estatutários em instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil. A resolução nº 3.106, de 25 de junho de 2003, também do BC, dispõe sobre os requisitos e procedimentos para a constituição, funcionamento e alterações estatutárias de cooperativas de credito. (SEBRAE, [2009?], p.46)

Em 16 de dezembro de 1971, a Lei n° 5.764 definiu a nova Política Nacional

do Cooperativismo e instituiu o regime jurídico das sociedades cooperativas. Na

década de 70 e início dos anos 80, o cooperativismo de crédito no país restringiu-se

praticamente às cooperativas de crédito mútuo (urbanas) e às de crédito rural,

vinculadas às cooperativas de produção. A proposta de criação de cooperativas de

crédito rural ocorreu em razão das alterações na política de financiamentos

Page 29: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

28

agrícolas, com drástica redução de recursos e fim dos subsídios, via equalização da

taxa de juros.

A Constituição Federal de 1988 (Art. 192) confirmou que as cooperativas de

crédito como instituições financeiras integram o Sistema Financeiro Nacional. Em

decorrência, as cooperativas tiveram de assumir a autogestão em plenitude,

passando a ser responsáveis pelo próprio êxito ou fracasso.

Em 20 de dezembro de 2002, o Banco Central divulgou a Resolução 3.058 do

Conselho Monetário Nacional onde, pela primeira vez, foi permitida a constituição de

cooperativas de crédito de micro e pequenos empresários, ou empreendedores,

definindo as regras para seu funcionamento.

Pouco depois, em 25 de junho de 2003, a Resolução 3.106 consolidou as

normas cooperativistas e permitiu a constituição ou transformação de cooperativa de

crédito existente em “cooperativas de livre admissão de associados”, sob regras

bem definidas.

Em 27 de novembro do mesmo ano, a Resolução 3.140 completou as

reformas do cooperativismo de crédito, ao permitir a formação de cooperativas de

empresários cujas empresas fossem filiadas a órgão de classe patronal.

Finalmente, em 30 de setembro de 2005, o Conselho Monetário Nacional

consolidou os normativos para a abertura e o funcionamento das cooperativas de

crédito, divulgados pela Resolução 3.321. Esta Resolução é a que atualmente vigora

(nov/2009) para o cooperativismo de crédito. Foram mantidas todas as modalidades

de cooperativas até então permitidas, clareando os detalhes operacionais para cada

uma.

O funcionamento do sistema contábil de uma cooperativa de crédito tem, de

certo modo, nomenclaturas diferentes, em certos termos contábeis, quando

comparado ao sistema de contabilidade tradicional das demais empresas. Com a

criação da Resolução do CFC nº 920, de 2001, foi aprovada a NBC T 10, a qual

estabelece os critérios e procedimentos específicos de avaliação, de registro das

variações patrimoniais e de estrutura das demonstrações contábeis, e as

informações mínimas a serem incluídas em notas explicativas para as Entidades

cooperativas em geral.

Page 30: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

29

Publicada em 28/02/07, a Resolução do Banco Central do Brasil nº. 3.442

dispõe sobre a constituição, a autorização para funcionamento, o funcionamento, as

alterações estatutárias e o cancelamento de autorização para funcionamento de

cooperativa de crédito.

Em 17/4/2009, foi aprovada a Lei Complementar 130 que Dispõe sobre o

Sistema Nacional de Crédito Cooperativo e revoga dispositivos das Leis nº. 4.595,

de 31 de dezembro de 1964, e nº. 5.764, de 16 de dezembro de 1971. Essa lei

solucionou muitas dúvidas na gestão de cooperativas de crédito, a propósito de

assuntos não abrangidos pela legislação até então existente.

Dessa forma, as cooperativas de crédito estão sujeitas, conforme art 1º, § 1º,

LC 130, à regulação e à supervisão do Banco Central do Brasil que, inclusive, é

responsável pela avaliação do cumprimento, pelas instituições financeiras, das

determinações contidas nas resoluções do Conselho Monetário Nacional.

1.6 COOPERATIVISMO DE CRÉDITO E O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

A Constituição Federal de 1988 deu mais autonomia ao cooperativismo

brasileiro, com as cooperativas de crédito sendo confirmadas como instituições

financeiras que integram o Sistema Financeiro Nacional. Em decorrência, tiveram de

assumir a autogestão plena, passando a ser responsáveis pelo próprio sucesso ou

fracasso.

A Lei n° 4.595/64, em seu Art. 17, caracteriza como instituições financeiras as

pessoas jurídicas públicas e privadas, que tenham como atividade principal ou

acessória a coleta, a intermediação ou a aplicação de recursos financeiros próprios

ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de

propriedade de terceiros. Complementarmente, seu parágrafo único, diz: "Para os

efeitos desta Lei e da legislação em vigor, equiparam-se às instituições financeiras

as pessoas físicas que exerçam qualquer das atividades referidas nesse artigo, de

forma permanente ou eventual".

As cooperativas de crédito, bem como todas as outras instituições do sistema

financeiro, são subordinadas às normas emanadas do Conselho Monetário Nacional

Page 31: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

30

e do Banco Central do Brasil. Suas decisões, divulgadas ao mercado sob a forma de

Resoluções, Circulares, Cartas-circulares e Comunicados, podem permitir ou não as

atividades das cooperativas.

Assim, é importante que os gestores de cooperativas de crédito conheçam a

estrutura do Sistema Financeiro Nacional, para que situem com propriedade sua

cooperativa nesse ambiente.

No quadro a seguir é mostrada a estrutura do sistema financeiro brasileiro,

com indicação de competência de cada órgão de supervisão.

Órgãos normativos

Entidades supervisoras

Operadores

Conselho Monetário

Nacional - CMN

Banco Central do Brasil - Bacen

Instituições financeiras captadoras de depósitos à vista

Bancos de câmbio e demais

instituições financeiras

Outros intermediários financeiros e administradores de recursos de terceiros

Comissão de Valores

Mobiliários – CVM

Bolsas de mercadorias e futuros

Bolsas de valores

Conselho Nacional de Seguros Privados - CNSP

Superintendência de Seguros

Privados - Susep

IRB – Brasil Resseguros

Sociedades seguradoras

Sociedades de

capitalização

Entidades abertas de previdência complementar

Conselho de Gestão da Previdência

Complementar – CGPC

Secretaria de Previdência

Complementar – SPC

Entidades fechadas de previdência complementar (fundos de pensão)

Quadro 3: Estrutura do Sistema Financeiro Brasileiro. Fonte: Banco Central do Brasil (2009)

Os bancos cooperativos merecem um destaque especial, pois representam

um grande avanço para o cooperativismo de crédito, na qualidade de instrumento de

autonomia operacional dos Sistemas.

As cooperativas de crédito operam, exclusivamente, com seu quadro de

associados, por meio da captação de depósitos e da realização de financiamentos e

empréstimos. Ao firmar convênios com bancos comerciais, as cooperativas de

crédito possibilitaram a ampliação do leque de produtos financeiros e bancários

oferecidos a seus sócios. A criação dos bancos cooperativos racionalizou os custos

desses convênios e levou as cooperativas de crédito a um novo patamar de

prestação de serviços.

Page 32: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

31

Por intermédio do Bancoob e do Bansicredi a liquidez dos respectivos

Sistemas passou a ser rentabilizada no mercado interfinanceiro, a taxas mais

atraentes, resultando em ganhos para os associados.

Outro aspecto relevante a ser considerado foi a garantia do acesso das

cooperativas de crédito a programas de repasses de recursos governamentais, tais

como, Pronaf (Programa Nacional de Agricultura Familiar), Finame (Financiamento

de Máquinas e Equipamentos), Fundos agrícolas do BNDES (Banco Nacional de

Desenvolvimento Econômico e Social). Além disso, os bancos cooperativos captam

recursos compulsórios dos bancos comerciais para aplicação em crédito rural. As

aplicações, nesse caso, são diretamente aos cooperados, com interveniência, isto é,

com a garantia da cooperativa.

Em 29 de março de 2004, o Conselho Monetário Nacional, com a Resolução

nº 3.188, autorizou aos bancos cooperativos a captação de poupança rural,

utilizando-se da rede de cooperativas de crédito rural e das de livre admissão de

associados.

A seguir trataremos da questão contábil para as Instituições Financeiras, em

especial as Cooperativas de Crédito, com base nas Normas Internacionais de

Contabilidade, dando destaque ao pronunciamento técnico CPC 39.

Page 33: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

32

2 NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE VOLTADAS PARA AS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS

Para Santos (2008), a contabilidade é fortemente influenciada por diversos

fatores no ambiente em que atua, conforme podemos verificar no quadro abaixo:

Quadro 4: Fatores que influenciam o ambiente da contabilidade

Santos (2008), acerca dos fatores observados no quadro acima, afirma que

os internacionais têm sido motivo de inquietação entre a comunidade financeira. O

contato direto entre economias internacionais, inclusive com a negociação de títulos

nas bolsas de maior movimento no mundo, permitiu o alcance de investidores

sediados em diversos países. Como consequência desse contato, ficou evidente que

a diversidade de práticas contábeis entre as diversas economias representa um

significativo custo extra e uma dificuldade a mais para a indispensável troca de

informações.

Devido à necessidade de convergência, o mundo espera um conjunto único

de normas contábeis globais de alta qualidade para ajudar a tomar decisões

econômicas a fim de se obter melhor alocação de capital e menor custo de

captação, isso tudo, através de demonstrações contábeis dotadas de:

Transparência; Qualidade de Informações; Confiabilidade; e Tempestividade. Assim,

o desafio de harmonização das normas contábeis passou a fazer parte das

preocupações dos principais organismos envolvidos com tais assuntos, os quais

passaram a criar meios de padronizar as práticas contábeis em uma abrangência

mundial. (PLOGER, 2009)

Page 34: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

33

2.1 INTERNATIONAL ACCOUTING STANDARDS BOARD – IASB

Importante instrumento, que fornece o máximo de informações úteis para a

tomada de decisões dentro e fora da empresa, a contabilidade é a linguagem dos

negócios, utilizada pelos agentes econômicos que buscam informações para

avaliação dos riscos e oportunidades que rodeiam a entidade (SANTOS, 2008).

Evidentemente, os gerentes (administradores) não são os únicos que se utilizam da Contabilidade. Os investidores (sócios ou acionistas), ou seja, aqueles que aplicam dinheiro na empresa, estão interessados basicamente em obter lucro, por isso se utilizam dos relatórios contábeis, analisando se a empresa é rentável. (MARION, 2006, p. 27)

Para o American Institute of Certified Public Accountants (1970, apud

HENDRIKSEN e BREDA, 1999, p. 93) a divulgação das demonstrações financeiras

de uma entidade deve fornecer informações que sejam úteis para investidores e

credores e em potencial, bem como para outros usuários que visem a tomada

racional de decisões de investimento, crédito e outras semelhantes. As informações

devem ser compreensíveis aos que possuem uma noção razoável dos negócios e

das atividades econômicas e estejam dispostos a estudar as informações com

prudência.

O comitê de pronunciamentos contábeis internacional chamado International

Accounting Standards Committee (IASC) em inglês foi criado em 1973 pelos

organismos profissionais de contabilidade de 10 países: Alemanha, Austrália,

Canadá, Estados Unidos da América, França, Irlanda, Japão, México, Países baixos

e Reino Unido. A nova entidade foi criada com o objetivo de formular e publicar de

forma totalmente independente um novo padrão de normas contábeis internacionais

que possa ser mundialmente aceito. O IASC foi criado como uma fundação

independente sem fins lucrativos e com recursos próprios procedentes das

contribuições de vários organismos internacionais assim como das principais firmas

de auditoria. Os primeiros pronunciamentos contábeis publicados pela IASC foram

chamados de International Accounting Standard (IAS). Numerosas normas IAS

ainda estão vigentes atualmente, a pesar de terem sofrido alterações ao longo do

tempo (CARVALHO, 2006).

Em 1997, o IASC criou o Standing Interpretations Committee (SIC) um comitê

técnico dentro da estrutura do IASC responsável pela publicação de interpretações

Page 35: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

34

chamadas SIC cujo objetivo era responder as dúvidas de interpretações dos

usuários.

Em 1º de abril de 2001, foi criado o International Accounting Standards Board

(IASB) na estrutura do IASC que assumiu as responsabilidades técnicas do IASC. A

criação do IASB teve objetivo de melhorar a estrutura técnica de formulação e

validação dos novos pronunciamentos internacionais a serem emitidas pelo IASB

com o novo nome de pronunciamentos International Financial Reporting Standard

(IFRS). O novo nome que foi escolhido pelo IASB demonstrou a vontade do comitê

de transformar progressivamente os pronunciamentos contábeis anteriores em

novos padrões internacionalmente aceites de reporte financeiro com o fim de

responder as expectativas crescentes dos usuários da informação financeira

(analistas, investidores, instituições etc.).

Dentre todos, o sistema alemão e canadense foram considerados os mais

adequados, enquanto os sistemas inglês e americano como os que mais necessitam

de adaptações. Em dezembro do mesmo ano o nome do SIC (Standing

Interpretations Committee), foi mudado para IFRIC (International Financial Reporting

Interpretations Committee). O IFRIC passou, portanto a ser responsável pela

publicação a partir de 2002 de todas as interpretações sobre o conjunto de normas

internacionais (CARVALHO, 2006)

As Normas Internacionais de Contabilidade (International Accounting

Standard – IAS), atualmente conhecidas como normas IFRS (Internacional Financial

Reporting Standard) são um conjunto de pronunciamentos internacionais de

contabilidade publicados e revisados pelo International Accounting Standards Board

(IASB).

Essas normas foram adotadas pelos países da União Européia desde 01 de

janeiro de 2005, com o objetivo de harmonizar as demonstrações financeiras

consolidadas publicadas pelas empresas abertas européias. A comunidade

financeira acolheu esta iniciativa tomada pela União Européia. Atualmente inúmeros

países têm projetos oficiais, inclusive em andamento, de convergência das normas

contábeis locais para as normas internacionais publicadas até o momento, inclusive

o Brasil.

Page 36: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

35

No Brasil, no decorrer do processo de convergência aos padrões

internacionais, já em andamento, têm-se percebido problemas na aplicação dos

mesmos, conforme aponta Santos (2008):

� Tradução das normas internacionais;

� Frequência, volume e complexidade das mudanças das normas

internacionais;

� Limitação do conhecimento sobre as normas internacionais;

� Introdução no sistema de difusão da informação ao mercado.

Diante do exposto, fica clara a necessidade de se empenhar esforços para o

processo de convergência contábil, pois entre os diversos benefícios, podemos citar

o caso das empresas que desejam financiamentos de baixo custo, onde as

oportunidades surgem além das fronteiras, também as diferenças entre os padrões

contábeis de um país para o outro, dificultam as comparações dos demonstrativos

financeiros.

2.2 COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS – CPC

O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) foi idealizado a partir da

união de esforços e comunhão de objetivos das seguintes entidades: Associação

Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca); Associação dos Analistas e

Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec Nacional); Bolsa de

Valores de São Paulo (BOVESPA); Conselho Federal de Contabilidade (CFC);

Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi); e o

Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon). (CPC, 2009)

Tal idealização se deu em função das necessidades de:

• convergência internacional das normas contábeis (redução de custo de

elaboração de relatórios contábeis, redução de riscos e custo nas análises e

decisões, redução de custo de capital);

• centralização na emissão de normas dessa natureza (no Brasil diversas

entidades o fazem);

Page 37: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

36

• representação e processo democráticos na produção dessas informações

(produtores da informação contábil, auditor, usuário, intermediário, academia,

governo).

As cinco entidades solicitaram ao CFC a formalização da criação do CPC, o

qual foi criado pela Resolução CFC nº 1.055/05, e estabeleceu-se como objetivo (art.

3º da Resolução):

Art. 3º O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) tem por objetivo o estudo, o preparo e a emissão de Pronunciamentos Técnicos sobre procedimentos de contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza, para permitir a emissão de normas pela entidade reguladora brasileira, visando à centralização e uniformização do seu processo de produção, levando sempre em conta a convergência da contabilidade brasileira aos padrões internacionais.

Em aplicação da nova Lei 11.638/07, que altera alguns dispositivos legais da

Lei 6.404/76 – Lei das Sociedades Anônimas, as normas IFRS estão sendo

atualmente adaptadas pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) e

incluídas nas práticas contábeis brasileiras pela Comissão de Valores Mobiliários

(CVM), Conselho Federal de Contabilidade (CFC), pela Superintendência de

Seguros Privados (SUSEP) e agências reguladoras (ANEEL). A Comissão de

Valores Mobiliários (CVM) confirmou que a partir de 2010 as companhias abertas

brasileiras adotarão obrigatoriamente as normas internacionais definidas pelo

Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade (IASB) em suas

demonstrações contábeis financeiras. A regra foi acatada pela Instrução CVM nº

457, que permaneceu em audiência pública por cerca de dois meses. (CPC, 2009)

O primeiro ponto a ser considerado é que todo o conjunto de

pronunciamentos que estão sendo editados pelo Comitê de Pronunciamentos

Contábeis – CPC, com a consequente aprovação do Conselho Federal de

Contabilidade – CFC, implicam, necessariamente, em maior transparência perante

os usuários das informações.

De outro lado, é visível que o novo padrão contábil vai exigir maior

capacitação sobre como aplicar julgamentos, análise e pensamento crítico à

contabilidade, pois os registros deixam de ser feitos com base em regras e “fórmulas

prontas”. Desta forma, a contabilidade passa a explicitar aspectos que impactam a

situação econômica e financeira das entidades e que até então eram omitidos.

(OCB, 2010)

Page 38: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

37

2.3 APLICAÇÃO DAS IFRS ÀS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS NO BRASIL

No Brasil, é estabelecido em lei que os bancos estão sujeitos à supervisão do

Banco Central do Brasil (BACEN), como a Lei 4.595/64 e a 6.385/76, a primeira que

compete ao Conselho Monetário Nacional (CMN) expedir normas gerais e a

segunda para legislar e emitir resoluções, ambas as leis voltadas para a

contabilidade das instituições financeiras, temos ainda a Lei 11.491/2009, que

confirma a supervisão do BACEN sobre as instituições financeiras em conformidade

com as leis acima. (MOURAD; PARASKEVOPOULOS, 2010)

Para a Consultora do Departamento de Normas do Sistema Financeiro

Nacional (SFN), Sílvia Marques de Brito e Silva, existem alguns fatores

determinantes para a aplicação das IRFS às Instituições Financeiras no Brasil, dente

eles podemos mencionar a integração dos mercados financeiros internacionais, o

que proporcionará também a consolidação dos blocos econômicos. Outro fator

determinante é a atuação das instituições financeiras em vários países, o que

ocasionará a alavancagem dos negócios, além de gerar estabilidade financeira.

Neste sentido não há dúvida de que é missão do Bacen, o desafio de

implantação das IFRS ás instituições financeiras no Brasil, visando a melhoria na

qualidade e lisura das demonstrações contábeis para usuários domésticos e

estrangeiros, proporcionando a inserção das instituições brasileiras no mercado

internacional.

Em relação ao papel do Bacen, Sílvia Marques (2008), afirma que ele precisa

de uma infra-estrutura para implementação de IFRS no Brasil, dotada de cinco itens:

a) Compromisso e suporte;

Adicionalmente, no uso das suas atribuições, o Bacen emitiu em março de

2006 o Comunicado 14.259 que estabeleceu um cronograma para a publicação de

demonstrações financeiras em IFRS a partir de 31 de dezembro de 2010, o qual

segue abaixo:

Page 39: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

38

Comunicado 14.259 – Compromissos

Prazos: 31/12/2006 30/11/2007 31/12/2010

1) Diagnóstico

2) Plano de Ação

3) Elaboração e publicação de demonstrações

contábeis – padrão IFRS

Quadro 5: Cronograma de compromissos para publicação das DC’s em IFRS

Para garantir a execução dos compromissos estabelecidos, o BACEN conta

com o suporte de vários “stakeholders” – instituições financeiras, contadores,

auditores, analistas, investidores, academia etc.

b) Arcabouço legal e principais avanços;

Os instrumentos legais para auxílio na implementação da convergência é a lei

11.638/2007, além da criação do CPC, com o envolvimento de todos os grupos

interessados, e do Comitê Gestor da Convergência (CGC), criado pela Resolução

CFC 1.103, de 2007, e envolve profissionais e reguladores.

Podemos destacar como avanços positivos a Adoção dos IFRS por várias

empresas brasileiras de atuação global e pelo BACEN em suas demonstrações

financeiras.

c) Comunicação e informação;

A questão da comunicação envolve a criação do cronograma citado no item

de infra-estrutura I, e a realização de Audiências Públicas e Grupos de discussões

com a indústria e com outras agências reguladoras como a Abrasca e CFC, para

apresentação das principais alterações normativas.

d) Treinamento e desenvolvimento;

É necessário o estabelecimento de grupos técnicos formados por

profissionais capacitados e atualizados, também existe a carência pela

implementação de um programa específico de capacitação, além de programas de

incentivo aos profissionais em participar mais intensivamente em fóruns nacionais e

internacionais de discussão técnica.

e) “Enforcement’.

É preciso bastante empenho e esforço para garantir a qualidade e adequação

das informações, preservando a confiabilidade e atentando-se para a preparação

Page 40: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

39

das demonstrações financeiras, revisão e aprovação com observância do prazo

limite, 31 de dezembro de 2010, para garantir a consistência na aplicação das novas

normas baseadas em princípios.

As preocupações mais importantes do BACEN sobre a adoção de IFRS são

que as instituições no Brasil deveriam ter um processo de convergência suave e

responsável, além de um prazo adequado para adaptação e treinamento. Entretanto,

diversas outras evoluções são esperadas após debates entre grupos de maior

entendimento dos impactos do IFRS no ambiente econômico e em aspectos

regulatórios. Neste sentido, o BACEN quanto à manutenção da estabilidade

financeira no país, tem sido reconhecido como um órgão altamente responsável.

(MOURAD; PARASKEVOPOULOS, 2010)

2.4 IAS/IFRS E AS COOPERATIVAS

A Lei 11.638, instituída em 2007, estabeleceu que as práticas contábeis no

Brasil devem estar em consonância com as normas internacionais de contabilidade

(IFRS). Até o final de 2010, toda a implantação do IFRS deverá estar finalizada.

Para que essas diretrizes sejam cumpridas à risca, foi criado o Comitê de

Pronunciamentos Contábeis (CPC), que tem por objetivo regular e orientar essa

transição, por meio de comunicados técnicos. (OCB)

O primeiro ponto a ser considerado é que todo o conjunto de

pronunciamentos que estão sendo editados pelo Comitê de Pronunciamentos

Contábeis – CPC, com a conseqüente aprovação do Conselho Federal de

Contabilidade – CFC, implicam, necessariamente, em maior transparência perante

os usuários das informações.

De outro lado, é visível que o novo padrão contábil vai exigir maior

capacitação sobre como aplicar julgamentos, análise e pensamento crítico à

contabilidade, pois os registros deixam de ser feitos com base em regras e “fórmulas

prontas”. Desta forma, a contabilidade passa a explicitar aspectos que impactam a

situação econômica e financeira das entidades e que até então eram omitidos.

Page 41: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

40

A seguir estão, destacadas as normas, detectados pelos integrantes do

Comitê Contábil e Tributário da OCB, que podem impactar de forma importante as

cooperativas:

a) CPC 38 (IAS 39) – Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração;

b) CPC 01 (IAS 36) – Redução ao Valor Recuperável de Ativos;

c) CPC 25 (IAS 37) – Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes; e

d) CPC 39 (IAS 32) – Instrumentos Financeiros: Apresentação:

Para Matthias Arzbach, representante da Confederação Alemã de

Cooperativas (Deutscher Genossenschafts- und Raiffeisenverband e.V. - DGRV) no

Brasil, de certo modo, a adoção e aplicação das IAS/IFRS não seria obrigatório para

as cooperativas, pois elas não têm orientação de mercado de capitais, não

negociam nas bolsas e a maioria não emite debêntures. Nas cooperativas os

receptores da informação são sócios e não acionistas, mas por outro lado as

cooperativas não querem/deveriam ser de “segunda categoria” do ponto de vista

contábil. Cooperativas de crédito estão em outro nível de exigência face à relação

que mantém com os cooperados.

Neste sentido a importância da aplicação dessas normas é descrita pelo

especialista da Gerência de Mercados da OCB, Edimir Oliveira Santos: “A adesão a

estas normas emitidas pela International Accounting Standards Board (IASB) –

entidade internacional que trata do tema – vai gerar mais confiança dos investidores

nas empresas brasileiras, estendendo-se às cooperativas de crédito.”

Em estudo, o gerente de mercados da OCB, Edimir Oliveira Santos afirma

que o processo de convergência deve ocorrer mediante a elaboração de diagnóstico

detalhado acerca das necessidades de implantação para cada pronunciamento

identificado, feito esse diagnóstico é preciso elaborar uma proposta de cronograma

de convergência conforme as prioridades.

As principais mudanças provocadas pelas IAS/IFRS na contabilidade das

cooperativas foram:

� Obrigatoriedade de confecção do Demonstrativo do Valor Adicionado;

� Lançamento do Intangível (ex: valor de mercado da marca);

� Revisão periódica do Imobilizado, Intangível e Diferido;

� Extinção da Reserva de Reavaliação; e

Page 42: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

41

� Critérios de Avaliação – Ativo e Passivo (ex: provisões de contingências).

2.5 PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 39: INSTRUMENTOS FINANCEIROS: APRESENTAÇÃO. CORRELAÇÃO À NORMA INTERNACIONAL DE CONTABILIDADE – IAS 32

Em Audiência Pública nº 21/2009 realizada em 21 de agosto de 2009 o CPC

divulgou a Minuta do Pronunciamento Técnico CPC 39, o qual teve por objetivo

estabelecer a forma de classificação e de apresentação dos instrumentos financeiros

no balanço patrimonial. O Pronunciamento trata dos instrumentos financeiros

primários e dos derivativos e está referenciado ao IAS 32, emitida pelo International

Accounting Standards Board (IASB).

Recentemente o IASB tornou público o seu plano com relação à revisão e

simplificação desse assunto e colocou em audiência pública a primeira proposta de

modificação, que afeta a classificação e a mensuração desses instrumentos

financeiros.

Todavia, como o IASB anunciou que essas modificações são para vigência

obrigatória apenas a partir de 2012, o CPC, que vinha retendo o presente

documento e mais outros três sobre a matéria (Pronunciamentos Técnicos CPC 14

R1, CPC 38 e CPC 40) à espera das definições de ação por parte do IASB,

deliberou colocá-los em audiência pública porque são necessários para aplicação a

partir de 2010 no Brasil.

Em 02 de outubro e 2009, a aprovação do Pronunciamento Técnico CPC 39

foi registrada na Ata da 40ª Reunião Ordinária do Comitê de Pronunciamentos

Contábeis.

Os termos seguintes são utilizados no CPC 39, e descritos no item 11 do

pronunciamento com os seguintes significados:

Instrumento financeiro: é qualquer contrato que dê origem a um ativo

financeiro para a entidade e a um passivo financeiro ou instrumento patrimonial para

outra entidade.

Page 43: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

42

Ativo financeiro: é qualquer ativo que seja caixa, instrumento patrimonial de

outra entidade, direito contratual ou um contrato que seja ou possa vir a ser

liquidado por instrumentos patrimoniais da própria entidade.

Passivo financeiro: é qualquer passivo que seja uma obrigação contratual de

entregar caixa ou outro ativo financeiro a uma entidade ou trocar ativos financeiros

ou passivos financeiros com outra entidade sob condições que são potencialmente

desfavoráveis para a entidade, ou um contrato que será ou poderá ser liquidado por

instrumentos patrimoniais da própria entidade.

O objetivo deste Pronunciamento é melhorar a compreensão dos usuários

quanto os demonstrativos financeiros, a relevância dos instrumentos financeiros na

posição financeira, o rendimento e os fluxos de caixa.

O CPC 39 deve ser aplicado por todas as entidades para todos os tipos de

instrumentos financeiros, conforme exposto no item 4 do pronunciamento, exceto:

(a) as participações em controladas, coligadas e sociedades de controle

conjunto (joint ventures) que sejam contabilizados de acordo com os

Pronunciamentos Técnicos CPC 35 – Demonstrações Separadas, CPC 36 –

Demonstrações Consolidadas, CPC 18 - Investimento em Coligada e CPC 19 –

Investimento em Empreendimento Controlado em Conjunto (Joint Venture). No

entanto, em alguns casos esses Pronunciamentos permitem que a entidade

contabilize participações em controlada, coligada ou empreendimento conjunto

utilizando o Pronunciamento Técnico CPC 38 – Instrumentos Financeiros:

Reconhecimento e Mensuração; nesses casos a entidade deve aplicar os requisitos

deste Pronunciamento. A entidade também deve aplicar este Pronunciamento a

todos os derivativos ligados a participações em controladas, coligadas e sociedades

de controle conjunto (joint ventures);

(b) direitos e obrigações da entidade empregadora/patrocinadora decorrentes

de planos de benefício de empregados, aos quais se aplica o Pronunciamento

Técnico CPC 33 - Benefícios a Empregados;

(c) [eliminado];

(d) contratos de seguro, tais como definidos no Pronunciamento Técnico CPC

11 - Contratos de Seguro. No entanto, este Pronunciamento aplica-se aos

derivativos que estão embutidos nos contratos de seguro, se o Pronunciamento

Page 44: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

43

Técnico CPC 38 exigir que a entidade os contabilize separadamente. Além disso,

um emitente deve aplicar este Pronunciamento a contratos de garantia financeira se

o emitente aplicar o Pronunciamento Técnico CPC 38 no reconhecimento e

mensuração dos contratos, mas deve aplicar o Pronunciamento Técnico CPC 11 -

Contratos de Seguro, caso o emitente opte, de acordo com o item 4(d) do

Pronunciamento Técnico CPC 11, por aplicar o CPC 11 no reconhecimento e

mensuração dos mesmos;

(e) instrumentos financeiros que estejam dentro do alcance do

Pronunciamento Técnico CPC 11 - Contratos de Seguro, porque contêm

característica de participação discricionária. O emitente desses instrumentos está

dispensado da aplicação, a esta característica, dos itens 15 a 32 e AG25 a AG35

deste Pronunciamento no que diz respeito à distinção entre passivos financeiros e

instrumentos patrimoniais. Entretanto, esses instrumentos estão sujeitos a todos os

demais requisitos deste Pronunciamento. Além disso, este Pronunciamento aplica-

se aos derivativos que são embutidos nesses instrumentos (ver Pronunciamento

Técnico CPC 38 – Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração);

(f) instrumentos financeiros, contratos e obrigações relacionados a transações

com pagamentos baseados em ações às quais o Pronunciamento Técnico CPC 10 -

Pagamento baseado em Ações deve ser aplicado, exceto para:

(i) contratos dentro do âmbito dos itens 8 a 10 deste Pronunciamento, aos

quais este Pronunciamento é aplicável;

(ii) itens 33 e 34 deste Pronunciamento, que devem ser aplicados às ações

em tesouraria compradas, vendidas, emitidas ou canceladas em conexão com

planos de opção de ações para empregados, planos de compra de ações

para empregados, e outros acordos de pagamento baseado em ações.

O princípio fundamental do CPC 39 é que o emissor de instrumento financeiro

deve classificar o instrumento, ou parte de seus componentes, no reconhecimento

inicial como passivo financeiro, ativo financeiro ou instrumento patrimonial de acordo

com a essência do acordo contratual e as definições de passivo financeiro, ativo

financeiro e instrumento patrimonial.

Page 45: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

44

O item 16 do pronunciamento diz que um instrumento financeiro será um

instrumento patrimonial se, e somente se, estiver de acordo com ambas as

condições (a) e (b) a seguir:

(a) o instrumento não possuir obrigação contratual de:

(i) entregar caixa ou outro ativo financeiro à outra entidade; ou

(ii) trocar ativos financeiros ou passivos financeiros com outra entidade sob

condições potencialmente desfavoráveis ao emissor.

(b) se o instrumento será ou poderá ser liquidado por instrumentos

patrimoniais do próprio emitente, é:

(i) um não derivativo que não inclui obrigação contratual para o emitente de

entregar número variável de seus próprios instrumentos patrimoniais; ou

(ii) um derivativo que será liquidado somente pelo emitente por meio da troca

de um montante fixo de caixa ou outro ativo financeiro por número fixo de

seus instrumentos patrimoniais. Para este efeito, os instrumentos patrimoniais

do emitente não incluem instrumentos que têm todas as características e

satisfazem as condições descritas nos itens 16A e 16B ou itens 16C e 16D,

ou instrumentos que são contratos para futuro recebimento ou entrega de

instrumentos patrimoniais do emitente.

O item 16E do referido pronunciamento prevê que:

A entidade deve classificar um instrumento financeiro como instrumento patrimonial de acordo com os itens 16A e 16B ou itens 16C e 16D a partir da data em que o instrumento possuir todas as características e satisfizer as condições previstas nesses itens. A entidade deve reclassificar um instrumento financeiro a partir da data em que o instrumento deixa de ter todas as características ou satisfaça as condições previstas nos referidos itens. Por exemplo, se a entidade repactuar todos os seus instrumentos emitidos sem opção de venda e quaisquer instrumentos com opção de venda que permaneçam pendentes, tenham todas as características e satisfaçam todas as condições dos itens16A e 16B, a entidade deve reclassificar os instrumentos com opção de venda como instrumentos patrimoniais a partir da data da repactuação dos instrumentos sem opção de venda. (CPC, 2009, p. 13)

O CPC 39 compreende as informações a serem divulgadas abordando vários

elementos, como informações sobre:

� as políticas de gestão do risco e atividades de cobertura;

� as divulgações acerca dos termos e condições dos instrumentos financeiros;

� o risco de tipo de juro;

Page 46: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

45

� o Risco de Crédito;

� o valor de mercado dos instrumentos financeiros;

� os ativos em garantia;

� os instrumentos financeiros compostos com múltiplos derivados implícitos;

� os ativos financeiros e passivos financeiros ao valor de mercado, com as

alterações nos resultados;

Esses pontos do pronunciamento não serão profundamente analisados, pois

esses elementos não são relevantes ao foco desse estudo, o qual está direcionado

exclusivamente ao problema causado pela adoção do CPC 39 no que tange a

classificação das quotas dos associados das cooperativas serem classificados como

passivo financeiro ou instrumento de patrimônio (capital social).

2.5.1 Efeitos do CPC 39 nas Demonstrações Contábeis das Cooperativas de Crédito

Em correlação ao IAS 32, o CPC 39 prevê a reclassificação de todas as

contribuições ao passivo. Como isto teria levado a uma situação de insolvência e

quebra técnica do cooperativismo, o IASB, se deparou com muitas críticas, e

colocou em andamento um processo de consulta pública mundial que resultou na

emissão da Interpretação das Normas Internacionais de Reporte Financeiro 2 –

IFRIC 2 – que relata sobre as participações dos sócios em entidades cooperativas e

instrumentos similares. (SANTOS, 2008)

A IFRIC 2 esclarece a respeito da classificação das participações em cotas de

cooperativas, em função das condições de resgate. A classificação deve se

sustentar na fundamentação econômica e não na forma jurídica.

Em alguns casos as participações não atendem ao conceito de PL, o

elemento chave diferenciador é que um passivo está vinculado a uma obrigação do

emissor de reembolsar o titular.

Características dos títulos de participações em cooperativas:

� Alguns têm características de PL, com direito a voto e remuneração dos

associados (sobras);

Page 47: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

46

� Outros dão direito ao titular de requerer resgate (às vezes esse resgate

depende do cumprimento de determinadas condições); e

� Os depósitos à vista, à prazo ou contratos similares dos sócios são passivos

da entidade.

As condições de resgate devem ser avaliadas a fim de classificar a

participação como passivo ou PL. A entidade deve ter em conta a regulamentação

aplicável e os próprios estatutos. As participações em cooperativas serão

reconhecidas no PL:

� Se a cooperativa tem o direito incondicional de recusar seu reembolso; ou

� Existem proibições, legais ou estatutárias, para realizar o reembolso.

A proibição incondicional de resgate prevista na IFRIC 2, pode ser absoluta

ou parcial. É parcial quando o resgate é limitado a um nível mínimo de capital, então,

as participações que excedem o nível mínimo são passivos. A variação dos níveis

mínimos de capital ensejará uma transferência entre passivos e PL, essas

transferências requerem a evidenciação do valor, data e o motivo da reclassificação.

No quadro que segue podemos observar a classificação das participações

dos sócios em entidades cooperativas e instrumentos similares em função das

condições de resgate:

Classificação das participações em função das condições de resgate. Fonte: Banco Central do Brasil (2008)

Page 48: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

47

3 APLICAÇÃO DO CPC 39 NO BALANÇO DA COOPERATIVA DE CRÉDITO RURAL SENHOR DO BONFIM – SICOOB BONFIM

Inicialmente, este capítulo visa fornecer dados acerca da entidade na qual as

demonstrações contábeis foram utilizadas na pesquisa, explicando o seu

relacionamento com as normas internacionais como cooperativa de crédito.

Logo após é apresentado o cálculo dos principais índices adotados no setor,

seguida da aplicação do que determina o CPC 39 quanto à reclassificação do capital

social.

3.1 O SICOOB BONFIM

A Cooperativa de Crédito Rural Senhor do Bonfim, reconhecida junto ao

público com o nome fantasia de Sicoob Bonfim, situado à Praça Dr. José

Gonçalves, 280, centro de Senhor do Bonfim, como cooperativa de crédito, é

protagonista na elaboração e implementação de políticas de interesse público.

Cabe a ela relevante papel no desenvolvimento econômico e social do

município, como órgão agregador do empresariado local. Assim, é importante

que ela garanta, por um lado, estar presente em todos os conselhos e iniciativas

que planeje, assim como implementar o desenvolvimento do município, e, por

outro lado, que apresente competência na definição e implementação de

propostas para alcançar este objetivo.

Atualmente o Sicoob Bonfim conta com o apoio de 16 colaboradores,

sendo 12 funcionários, 3 estagiários e 1 diretor presidente, atuando como

instituição financeira não bancária sem fins lucrativos.

3.1.1 Histórico

Segundo o Presidente da Cooperativa de Crédito Rural Senhor do Bonfim,

ela iniciou suas atividades em 07 de novembro de 2000, constituída por 40

sócios fundadores, que na busca de melhores condições de créditos para o

Page 49: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

48

financiamento de sãs atividades agropecuárias criaram esta cooperativa, o

Sicoob Bonfim.

Como cooperativa, o Sicoob Bonfim é uma sociedade de pessoas com

forma e natureza jurídica próprias, constituída para prestar serviços a seus

associados, que são ao mesmo tempo donos e usuários da cooperativa, uma

vez que administram e utilizam os serviços prestados pela cooperativa.

O Sicoob Bonfim, em conjunto com outras cooperativas singulares, é

filiada à Cooperativa Central de Crédito da Bahia - SICOOB CENTRAL BA, que

representa o grupo formado por suas afiliadas perante as autoridades

monetárias, organismos governamentais e entidades privadas.

No ano de 2009, o Sicoob Bonfim expandiu sua rede atuação através da

implantação de um PAC em Ponto Novo/BA, concretizando a vitória de um

desafio imposto em 2008. Assim o Sicoob Bonfim continua sua história, centrado

nos ideais daqueles cooperados fundadores.

3.1.2 Missão, visão, valores

Conforme previsto no seu Estatuto Social, o Sicoob Bonfim tem por meta

o cumprimento de sua missão que é: “ser uma cooperativa de crédito rentável

prestando serviços de intermediação financeira com solidez para associados e

usuários, disseminando o cooperativismo, contribuindo para o desenvolvimento

econômico da região e promovendo a inclusão social”.

A visão do Sicoob Bonfim é: “ser referência em cooperativismo de crédito,

com excelência no atendimento e na prestação de serviços, primando pela

solidez e rentabilidade”.

A Cooperativa de Crédito Rural Senhor do Bonfim baseia-se em valores

de ajuda mútua e responsabilidade, democracia, igualdade, equidade e

solidariedade. Na tradição dos seus fundadores, os membros do Sicoob Bonfim

acreditam nos valores éticos da honestidade, transparência, responsabilidade

social e preocupação pelo seu semelhante.

3.1.3 Descrição do negócio e do mercado de atuação

Page 50: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

49

Segundo seu Estatuto Social, o Sicoob Bonfim tem como atividade

preponderante a operação na área creditícia, tendo como finalidade:

(i) Proporcionar assistência financeira aos associados;

(ii) A formação educacional de seus associados, no sentido de fomentar o

cooperativismo, através da ajuda mútua da economia sistemática e do uso

adequado do crédito; e

(iii) Praticar, nos termos dos normativos vigentes, as seguintes operações

dentre outras: captação de recursos, concessão de créditos, prestação de

garantias, prestação de serviços, formalização de convênios com outras

instituições financeiras e aplicação de recursos no mercado financeiro, inclusive

depósitos a prazo com ou sem emissão de certificado, visando preservar o

poder de compra da moeda e remunerar os recursos.

Merece destaque no mercado regional a agricultura familiar que serve de

sustento para uma parcela considerável da população, geralmente esta

produção é comercializada na feira livre, pelos próprios produtores.

Além do baixo custo operacional, devido a sua reduzida estrutura física e

de pessoal, o Sicoob Bonfim pode fornecer empréstimos com juros menores que

os praticados pelos bancos locais e, ainda, remunerar as aplicações de seus

associados com taxas superiores às do mercado. Nas cidades médias e

pequenas que dispõem de uma ou mais cooperativas de crédito bem

estruturadas, a formação das taxas de captação e empréstimo locais é feita pela

cooperativa, forçando os bancos comerciais concorrentes a acompanhá-la. Nas

grandes cidades e capitais, esse fenômeno pode ser verificado nos bairros onde

há ocorrência de cooperativas de crédito, principalmente daquelas de

comerciante.

Como as cooperativas de crédito só podem operar com seus associados,

a maior parte dos seus recursos tende a ficar no próprio município, contribuindo

para o seu desenvolvimento. Os bancos comerciais, os correspondentes

bancários e os bancos postais retiram de recursos da comunidade, captando as

poupanças locais e aplicando-as nas praças que oferecem maiores

possibilidades de lucro. Enquanto os bancos precisam aplicar apenas 25% de

Page 51: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

50

seus “depósitos à vista” na agricultura e pecuária, as cooperativas de crédito

rural aplicam, no mínimo, 60%; a maioria dos bancos privados prefere depositar

no Banco Central o valor referente aos 25% de seus “depósitos à vista” do que

financiar as atividades rurais.

3.2 APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ANOS 2008 E 2009

Conforme informações constantes no Relatório Anual 2009, as

demonstrações contábeis de 2008 e 2009 do Sicoob Bonfim foram elaboradas

de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil, considerando as

Normas Brasileiras de Contabilidade, especificamente aquelas aplicáveis às

entidades cooperativas, a Lei do cooperativismo nº 5.764/71, normas e

instruções do Banco Central do Brasil - BACEN e apresentadas conforme o

Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional - COSIF e pela

Lei nº 11.638/07 de 28 de dezembro de 2007 que entrou em vigor a partir do

exercício 2008.

Em 28 de dezembro de 2007, foi promulgada a Lei nº 11.638/07, em 12 de

dezembro de 2008, foi editada a Medida Provisória nº 449, que foi convertida na

Lei nº 11.941 de 27 de maio de 2009. Ambos normativos legais alteraram

significativamente a Lei das Sociedades por Ações, quanto às práticas contábeis

adotadas no Brasil, para os exercícios sociais encerrados após 31.12.2007.

Segundo a nova legislação, a emissão de normativos contábeis pelo CPC

(Comitê de Pronunciamentos Contábeis) e pela CVM (Comissão de Valores

Mobiliários) para as companhias brasileiras deverá ser feita em consonância

com os padrões internacionais.

Parcela representativa das principais alterações promovidas pela Lei já

são substancialmente adotadas pela Cooperativa, em decorrência dos

normativos editados pelo BACEN, CFC entre outros.

No momento, a Cooperativa está promovendo estudos, avaliações e

determinados ajustes decorrentes dos impactos dessa nova Lei, inclusive com

apoio das entidades representativas dos setores. Dentre as principais alterações

promovidas pela Lei, destacamos:

Page 52: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

51

• Reclassificação do ativo em dois grandes grupos conforme determinação

dos art. 178, 179 e 180, o Ativo Circulante e Ativo não Circulante. No Ativo não

Circulante passou a contemplar uma nova estrutura composta pelos subgrupos:

Realizável à Longo Prazo, Investimentos, Imobilizado e Intangível;

• O subgrupo “Intangível” inclui, formalmente, os direitos que tenham por

objeto os bens incorpóreos, destinados à manutenção da companhia ou

exercidos com essa finalidade;

• O ativo imobilizado passa a incluir os bens decorrentes de operações em

que há transferência de benefícios, controle e risco, independentemente de

haver transferência de propriedade.

• O ativo diferido deixa de existir, porém como consta na própria

legislação, o saldo existente em 30 de junho de 2009 no ativo diferido que, pela

sua natureza, não puder ser alocado a outro grupo de contas, poderá

permanecer no ativo sob essa classificação até sua completa amortização;

• Obrigatoriedade de análise periódica para verificar o grau de

recuperação dos valores registrados nos subgrupos, investimentos, imobilizado

e intangível, e o grupo Resultado de Exercícios Futuros deixa de existir.

O Sicoob Bonfim opera com diversos instrumentos financeiros, com

destaque para disponibilidades, títulos e valores mobiliários, relações

interfinanceiras, operações de crédito, depósitos a vista e a prazo, e

empréstimos. Os instrumentos financeiros ativos e passivos estão registrados no

balanço patrimonial a valores contábeis, os quais se aproximam dos valores

justos, conforme critérios mencionados nas correspondentes notas explicativas.

3.2.1 O Balanço Patrimonial

Segue abaixo os dados integrantes do Balanço Patrimonial (BP),

disponível no Relatório Anual 2009 divulgado pela cooperativa em análise:

Page 53: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

52

COOP. CRÉDITO RURAL DE SENHOR DO BOMFIM - BALANÇO PATRIMONIAL - FINDO EM 31/12/2009 E 2008 Em Reais

Descrição 31/12/2009 31/12/2008

ATIVO

CIRCULANTE 2.422.108 2.059.505

DISPONIBILIDADES 29.567 23.292

CAIXA 29.567 23.292

TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS 85.703 -

CARTEIRA PRÓPRIA 35.522 -

VINC.À PRESTAÇÃO DE GRARANTIAS 50.181 -

RELAÇÕES INTERFINANCEIRAS 932.703 1.092.060

CENTRAL. FINANCEIRA – COOPERAT 932.703 1.092.060

OPERAÇÕES DE CRÉDITO 1.345.515 919.860

OPERAÇÕES DE CRÉDITO 1.404.544 957.238

(POV.P/OPER.CRÉD.LIQ.DUVID.) (59.029) (37.377)

OUTROS CRÉDITOS 28.620 24.292

RENDAS A RECEBER 12.168 11.692

DIVERSOS 16.452 12.600

NÃO CIRCULANTE 410.188 96.196

REALIZÁVEL A LONGO PRAZO 178.374 96.196

OPERAÇÕES DE CRÉDITO 178.374 96.196

PERMANENTE 231.814 77.222

INVESTIMENTOS 46.919 38.513

AÇÕES E COTAS 46.919 38.513

IMOBILIZADO 107.326 38.709

IMOBILIZADO DE USO 174.562 104.194

(DEPRECIAÇÕES ACUMULADAS) (67.236) (65.485)

DIFERIDO 39.568 -

GASTOS DE ORGANIZ.E EXPANSÃO 58.674 5.722

(AMORTIZAÇÃO ACUMULADA) (19.106) (5.722)

INTANGÍVEL 38.000 -

ATIVOS INTANGÍVEIS 40.000 -

(AMORTIZAÇÃO ACUMULADA) (2.000) -

TOTAL DO ATIVO: 2.832.296 2.232.923

PASSIVO

CIRCULANTE 2.341.928 1.847.920

DEPÓSITOS 2.093.026 1.587.902

DEPÓSITOS À VISTA 781.242 572.802

DEPÓSITOS A PRAZO 1.272.398 971.457

OUTROS DEPOSITOS 39.386 43.643

RELAÇÕES INTERDEPENDÊNCIAS 4.259 2.159

RECUR.EM TRÂNSITO DE TERCEIROS 4.259 2.159

OBRIGAÇÕES POR EMPRÉSTIMOS - 119.478

EMPRÉST NO PAÍS - OUTRAS INST. - 119.478

OUTRAS OBRIGAÇÕES 244.643 138.381

COB.E ARRECAD.DE TRIB.E ASSEM. 630 495

SOCIAIS E ESTATUTÁRIAS 6.811 6.433

FISCAIS E PREVIDENCIÁRIAS 14.394 9.306

DIVERSAS 222.808 122.147

PATRIMÔNIO LÍQUIDO 490.368 385.003

CAPITAL DE DOMICILIADOS NO PAÍS 459.651 320.667

(CAPITAL A REALIZAR) (1.150) (980)

RESERVA LEGAL 28.770 21.141

SOBRAS OU PERDAS ACUMULADAS 3.097 44.176

TOTAL DO PASSIVO: 2.832.296 2.232.923

Page 54: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

53

3.3 APLICAÇÃO DO CPC 39 NO BP DE 2008 E 2009

Para se aplicar o CPC 39 retira-se o Capital Social do PL (pois este passa

e ser classificado no passivo), baseado nisso, segue a reclassificação do

Passivo e PL do Balanço Patrimonial de 2008 e 2009 da cooperativa em

questão, dentro do alcance do CPC 39, abrangendo os instrumentos financeiros

(quotas-partes) emitidos a favor dos associados da cooperativa, os quais

constituem participações na propriedade da entidade:

PASSIVO EM 31/12/2009 E 2008 – RECLASSIFICADO (CPC 39)

Em Reais

Descrição 31/12/2009 31/12/2008

PASSIVO

CIRCULANTE 2.800.429 2.167.607

DEPÓSITOS 2.093.026 1.587.902

DEPÓSITOS À VISTA 781.242 572.802

DEPÓSITOS A PRAZO 1.272.398 971.457

OUTROS DEPOSITOS 39.386 43.643

QUOTAS-PARTE 458.501 319.687

CAPITAL DE DOMICILIADOS NO PAÍS 459.651 320.667

(CAPITAL A REALIZAR) (1.150) (980)

RELAÇÕES INTERDEPENDÊNCIAS 4.259 2.159

RECUR.EM TRÂNSITO DE TERCEIROS 4.259 2.159

OBRIGAÇÕES POR EMPRÉSTIMOS - 119.478

EMPRÉST NO PAÍS - OUTRAS INST. - 119.478

OUTRAS OBRIGAÇÕES 244.643 138.381

COB.E ARRECAD.DE TRIB.E ASSEM. 630 495

SOCIAIS E ESTATUTÁRIAS 6.811 6.433

FISCAIS E PREVIDENCIÁRIAS 14.394 9.306

DIVERSAS 222.808 122.147

PATRIMÔNIO LÍQUIDO 31.867 65.316

RESERVA LEGAL 28.770 21.141

SOBRAS OU PERDAS ACUMULADAS 3.097 44.176

TOTAL DO PASSIVO: 2.832.296 2.232.923

A seguir será feita uma análise dos principais índices utilizados como

balizadores da cooperativa de crédito em questão, tanto antes quanto depois da

aplicação norma CPC 39.

3.4 PRINCIPAIS ÍNDICES UTILIZADOS NO SETOR E O IMPACTO DO CPC 39 SOBRE ELES

Segundo Albuquerque (2008), as cooperativas de crédito têm respondido

as exigências do Governo incrementando os processos de gestão com a

Page 55: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

54

utilização mais frequente dos indicadores de desempenho no monitoramento do

negócio. Toda informação gerencial relacionada à cooperativa tem potencial

para se tornar um indicador de desempenho, mas somente algumas escolhidas

de maneira deliberada e criteriosa, à luz dos propósitos da avaliação, se

transformarão em indicadores. Indicadores de desempenho são informações

gerenciais quantitativas, e até mesmo qualitativas, que resultam da ligação entre

a execução com o planejamento estratégico e a tomada de decisão.

O Índice “é a relação entre contas ou grupos de contas das

Demonstrações Financeiras, que visa evidenciar determinado aspecto da

situação econômica ou financeira de uma empresa” (MATARAZZO 1998, p.153,

apud QUIROGA; BRESSAN; BRAGA, 2008).

Existem diversos indicadores de desempenho voltados à avaliação do

desempenho econômico-financeiro das cooperativas de crédito. A seguir são

apresentados nove desses indicadores adaptados do Plano Contábil do Sistema

Financeiro – o COSIF:

INDICADOR FÓRMULA

Estrutura

Capitalização = Patrimônio Líquido/ Passivo Real

Imobilização = Ativo Permanente/ Patrimônio Líquido

Capital de Giro = Patrimônio Líquido – Ativo Permanente/ Patrimônio Líquido

Análise financeira

Liquidez Corrente = Disponibilidade/ Depósitos a Vista

Liquidez Geral = Ativo circulante e não circulante/ Passivo circulante e não circulante

Volume de Crédito Operações de Crédito/ Patrimônio Líquido

em relação ao PL = Dependência de recursos de terceiros

Grau de endividamento = Passivo Circulante + Não Circulante/(Passivo Circulante + Não Circulante + PL)

Rentabilidade

Rentabilidade do PL = Sobras Líquidas / PL Médio

Quociente de Retorno Sobras Líquidas/Ativo Total Médio

sobre o Investimento=

Termos utilizados

Ativo Real Ativo total – Relações interfinanceiras – Relações interdependências

Passivo Real Passivo total – Relações interfinanceiras – Relações interdependências

Quadro 6 – Principais Indicadores financeiros empregados no setor

As cooperativas, assim como as demais instituições financeiras, precisam

Page 56: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

55

ter um capital mínimo para proteção de sua atividade. Deste modo, conforme

estabelecido na Resolução do Conselho de Administração do Sicoob Central BA

- RCA nº 28/2009, faz-se necessário o cálculo de alguns indicadores, dentre

eles valor do Patrimônio de Referência (PR). No quadro abaixo, fornecido pela

própria cooperativa, podemos visualizar este cálculo, realizado pela auditoria

interna do Sicoob Central – BA:

Descrição Dispositivo Regulamentar Limite Singular Situação

Patrimônio de Referência II do Art. 27 da Resolução CMN 3.442/2007

60.000,00 450.799,33 Cumprindo

Quadro 7 – Aderência aos parâmetros RCA do Sicoob Central BA nº 28/2009 Fonte: Sicoob Bonfim

Como cooperativa singular filiada a Central o Sicoob Bonfim, deve

observar o disposto na Resolução 3.442/2007 do CMN, a qual define o limite de

integralização inicial de capital de R$3.000,00 e PR de R$60.000,00 após cinco

anos da data de autorização para funcionamento.

O PR, para fins da verificação do cumprimento dos limites operacionais

das instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo

Banco Central do Brasil, exceto as sociedades de crédito ao micro

empreendedor e a empresa de pequeno porte, consiste no somatório do Nível I

e do Nível II, observado que: (Res. 3.444/2007 CMN art. 1º parágrafo 1º/3º)

a) o Nível I do PR é apurado mediante a soma dos valores

correspondentes ao patrimônio líquido, aos saldos das contas de resultado

credoras e ao depósito em conta vinculada para suprir deficiência de capital,

constituído nos termos do art. 2°, § 4°, da Resolução nº 3.398, de 29 de ago sto de

2006, excluído os valores correspondentes à: (Res. 3444 art. 1º parágrafo 1º

I/VI)

I - saldos das contas de resultado devedoras; (Res. 3444 art. 1º parágrafo

1o I)

II - reservas de reavaliação, reservas para contingências e reservas

especiais de lucros relativas a dividendos obrigatórios não distribuídos;

(Res. 3444 art. 1º parágrafo 1º II)

III - ações preferenciais emitidas com clausula de resgate e ações

preferenciais com cumulatividade de dividendos; (Res. 3444 art. 1º

Page 57: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

56

parágrafo 1º III)

IV - créditos tributários definidos nos termos do item 21; (Res. 3444 art. 1º

parágrafo 1º IV)

V - ativo permanente diferido, deduzidos os ágios pagos na aquisição de

investimentos; (Res. 3444 art. 1º parágrafo 1º V)

VI - saldo dos ganhos e perdas não realizados decorrentes do ajuste ao

valor de mercado dos títulos e valores mobiliários classificados na

categoria "títulos disponíveis para venda" e dos instrumentos financeiros

derivativos utilizados para hedge de fluxo de caixa; (Res. 3444 art. 1º

parágrafo 1º VI)

b) o Nível II do PR e apurado mediante a soma dos valores

correspondentes as reservas de reavaliação, as reservas para contingências e

as reservas especiais de lucros relativas a dividendos obrigatórios não

distribuídos, acrescida dos valores correspondentes a: (Res. 3444 art. 1º

parágrafo 2º I,II)

I - instrumentos híbridos de capital e dívida, instrumentos de divida

subordinada, ações preferenciais emitidas com clausula de resgate e ações

preferenciais com cumulatividade de dividendos emitidos por instituições

financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do

Brasil; (Res. 3444 art. 1º parágrafo 2º I)

II - saldo dos ganhos e perdas não realizados decorrentes do ajuste ao

valor de mercado dos títulos e valores mobiliários classificados na categoria

"títulos disponíveis para venda" e dos instrumentos financeiros derivativos

utilizados para hedge de fluxo de caixa; (Res. 3444 art. 1o parágrafo 2ºII)

c) para fins da apuração do PR, a dedução dos valores de que tratam os

incisos V e VI da alínea "a" e o acréscimo de que trata o inciso II da alínea

anterior referem-se a valores constituídos a partir de 2/3/2007. (Res. 3444 art. 1º

parágrafo 3º)

Page 58: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

57

3.4.1 Quanto à estrutura

Os indicadores de capitalização, imobilização e capital de giro compõem o

grupo de estrutura. A capitalização informa a relação entre o valor do patrimônio

da cooperativa e suas obrigações. O crescimento das empresas é dependente

da forma como se estrutura o seu capital. Para se expandir as empresas

necessitam de capital, seja de origem própria ou de terceiros. É importante que

os cooperados avaliem esse indicador, pois, quanto maior a capitalização

melhor a situação financeira da cooperativa. A maneira pela qual a empresa

organiza esta necessidade de capital se denomina estrutura de capital, e esta

nos indica as proporções de financiamento com capital próprio e capital de

Terceiro de curto e de longo prazo.

Nas cooperativas existem diferentes formas de melhorar estes índices,

uma delas é aumentar o patrimônio líquido por meio de integralização de capital

por parte dos cooperados, ou integrar as sobras ao capital social da cooperativa.

Fazer destinações ao fundo de reserva legal e ao fundo de assistência técnica

educacional e social também influenciam de forma positiva os índices voltados a

estrutura. (QUIROGA; BRESSAN; BRAGA, 2008).

INDICADOR ANTES DA NORMA

DEPOIS DA

NORMA

Estrutura 2009 2008 2009 2008

Capitalização = 0,21 0,21 0,01 0,03

Imobilização = 0,47 0,20 7,27 1,18

Capital de Giro = 0,53 0,80 -6,27 -0,18

Tabela 2 – Cálculo dos indicadores quanto à estrutura

Tomando-se como base o quadro 7 e a tabela 1, o Sicoob Bonfim é

considerado solvente, com um patrimônio formado por 21% dos recursos

disponíveis em 2009 e 2008, no entanto fica evidente a participação de 79% de

capital de terceiros em relação ao capital próprio, o que torna a cooperativa

vulnerável a qualquer intempérie.

Após a aplicação da norma a cooperativa passa a descumprir o PR

estabelecido no quadro 7, assim ela torna-se tecnicamente insolvente, com uma

capitalização de 1% e uma participação de 99% de capital de terceiros em 2009

Page 59: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

58

e capitalização de 3% e uma participação de 97% de capital de terceiros em

2008.

De acordo com as normas do Banco Central do Brasil, o total de recursos

aplicados no Ativo Permanente (imobilizações) não pode passar de 70% do

valor do patrimônio líquido das instituições financeiras e das demais instituições

autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil (RESOLUÇÕES: Res.

2.283, art. 3.o, parágrafo 1, art. 4.o; Res. 2.669, artigos 1.o, 3.o e 4.o; Res.

2.802, art. 4.o). Antes da norma a cooperativa estava enquadrada no limite com

uma imobilização de 47% em 2009 e 20% em 2008, após a aplicação da norma

este índice pulou para 727% em 2009 e 118% em 2008, sobre esta distorção,

KANITZ (1978, apud QUIROGA; BRESSAN; BRAGA, 2008) destaca que

quando o ativo permanente for 100% maior que o patrimônio líquido, a empresa

estará se descapitalizando perigosamente e abrindo caminho para a insolvência,

mesmo que tenha lucros elevados.

Para Quiroga, Bressan e Braga (2008) o indicador de capital de giro das

cooperativas informa o quanto a cooperativa tem disponível de capital próprio

para sua movimentação financeira, ou seja, demonstra o quanto de recursos

próprios as empresas possuem, descontando-se os valores em permanente,

pois a conversibilidade desses ativos não é rápida.

Pode-se constatar que o Sicoob Bonfim como cooperativa solvente pois,

antes da norma possui um bom capital de giro, ou seja, possuía 0,53 dos

recursos próprios para movimentação financeira em 2009 e 0,80 em 2008, além

de o grau de imobilização encontrar-se em faixa aceitável pelo Banco Central do

Brasil. No entanto, após a aplicação da norma a cooperativa passa a ser

insolvente ao trabalhar exclusivamente com capital de terceiros, pois temos um

capital de giro negativo de -6,27 em 2009 e -0,18 em 2008.

3.4.2 Quanto à análise financeira

Nesse grupo serão avaliados antes e depois da aplicação do CPC 39, os

indicadores de liquidez corrente, liquidez geral e volume de crédito, em relação

ao patrimônio líquido, do Sicoob Bonfim.

Page 60: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

59

INDICADOR ANTES DA NORMA

DEPOIS DA

NORMA

Análise Financeira 2009 2008 2009 2008

Liquidez Corrente = 1,23 1,95 1,23 1,95

Liquidez Geral = 1,21 1,17 1,01 0,99

Vol. Crédito em relação ao PL = 2,74 2,39 42,22 14,08

Tabela 3 – Cálculo dos indicadores quanto à análise financeira

O indicador de liquidez corrente demonstra o quanto de recursos a

cooperativa tem disponível, em relação aos depósitos a vista. Este indicador

permitirá verificar, no caso de algum cooperado precisar de algum recurso

imediato, se a cooperativa terá condições de atendê-lo em função de seus

depósitos a vista. É importante, então, que os dirigentes estejam atentos a essa

relação de contas, para que possam atender aos associados eficientemente.

A conta disponibilidades representa os recursos que compõem o ativo da

cooperativa e os depósitos pertencem ao passivo, ambas as contas são de curto

prazo. Tanto antes quanto depois da norma este índice manteve-se em R$ 1,23

de disponibilidade para cada R$ 1,00 em depósito à vista em 2009 e R$ 1,95 em

2008, isto porque as rubricas de disponibilidades e deposito à vista não sofrem

alteração quando da aplicação do CPC 39.

Para o Banco Central do Brasil (2001, apud QUIROGA; BRESSAN;

BRAGA 2008), o risco de liquidez de um banco decorre da sua capacidade de

promover reduções em seu passivo ou financiar acréscimos em seus ativos.

Quando um banco apresenta liquidez inadequada, perde a capacidade de obter

recursos, seja por meio de um aumento de seus exigíveis, seja pela pronta

conversão de seus ativos, a custos razoáveis, afetando, assim, a rentabilidade.

Dessa forma, a finalidade da administração de liquidez é assegurar que o banco

seja capaz de cumprir, integralmente, todos os seus compromissos contratuais.

O índice de liquidez geral da cooperativa em questão ficou em 1,21 em

2009 e 1,17 em 2008, antes da norma, isso indica que o volume de direitos é

satisfatório quando comparado ao volume de obrigações, e depois da norma

1,01 em 2009 e 0,99 em 2008, o que indica uma situação de alerta, pois os

valores em ativo circulante e realizável no longo prazo são praticamente iguais

ao passivo circulante e exigível no longo prazo.

Page 61: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

60

Segundo Quiroga, Bressan e Braga (2008) o indicador de volume de

crédito em relação ao patrimônio líquido avalia o volume de crédito que está

sendo concedido aos associados, relacionado com o patrimônio líquido da

cooperativa, que permite verificar, em caso de não cumprimento das obrigações

por parte dos associados, se a cooperativa teria como manter-se no mercado,

dado seu volume de patrimônio.

Este indicador antes da norma ficou em 2,74 no ano de 2009 e 2,39 em

2008, mostrando que o volume de crédito concedido aos associados representa

aproximadamente duas vezes e meia o PL, já depois da norma este indicador foi

para 42,22 em 2009 e 14,08 em 2008, representando cerca de quarenta e duas

vezes o valor do PL em 2009 e quatorze vezes em 2008. Este valor indica que

as operações de crédito estão maiores que o patrimônio líquido, caso não sejam

cumpridos os prazos de pagamentos, junto à cooperativa, possivelmente a

cooperativa estará entrando em dificuldade financeira.

3.4.2 Quanto à dependência de recursos de terceiros

O grau de endividamento mede o volume de Recursos Externos

necessários ao financiamento dos investimentos da cooperativa a curto prazo e

a longo prazo.( CARVALHO; BIALORKORSKI NETO, 2007)

Abaixo podemos observar o cálculo do grau de endividamento do Sicoob

Bonfim:

INDICADOR

ANTES DA

NORMA

DEPOIS DA

NORMA

Dependência de recursos de terceiros 2009 2008 2009 2008

Grau de endividamento = 0,83 0,83 0,99 0,97

Tabela 4 – Cálculo dos indicadores quanto à dependência de recursos de terceiros

Antes da norma o grau de endividamento mostra-se muito alto, chegando

a 0,83 nos dois anos, depois da aplicação da norma CPC 39 este índice piora,

pois a participação do capital de terceiros alcança 99% dos recursos disponíveis

em 2009 e 97% em 2008, o que evidência que tecnicamente a cooperativa está

Page 62: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

61

totalmente vulnerável a qualquer intempérie.

3.4.1 Quanto à rentabilidade

As Cooperativas conceitualmente não visam lucro, porém devem obter

resultados econômicos positivos para manter o seu crescimento. Os indicadores

de rentabilidade demonstram o grau de êxito econômico das Cooperativas. No

caso destes índices não foi possível o cálculo dos indicadores de 2008 devido à

necessidade de dados do balanço de 2007, os quais não foram disponibilizados.

INDICADOR ANTES DA NORMA

DEPOIS DA

NORMA

Rentabilidade 2009 2008 2009 2008

Rentabilidade do PL = 0,01 - 0,06 -

Quociente Retorno s/ o

Investimento= 0,00 - 0,00 -

Tabela 5 – Cálculo dos indicadores quanto à rentabilidade

A rentabilidade do PL exprime a rentabilidade da Cooperativa no Período,

sem aplicação da norma este índice era de 1% ao ano, com a aplicação da

norma ele sofreu uma mutação positiva, pois aumentou para 6 %. Já o quociente

do retorno sobre o investimento Demonstra a capacidade de a cooperativa gerar

sobras em relação ao total dos seus investimentos no ativo, o que chamamos de

taxa de Retorno, essa taxa manteve-se em 0% tanto antes quando depois da

aplicação da norma.

Os índices de rentabilidade do Sicoob Bonfim estão relativamente baixos,

no entanto é necessário analisar que um valor alto de geração de renda pode

estar sendo pago pelo aumento de taxas cobradas aos associados, fato que no

sistema cooperativista não é benéfico. No entanto, se estiver ocorrendo aumento

do quadro de associados, é importante que haja crescimento de geração de

renda.

Page 63: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

62

3.5 ANÁLISE DAS LIMITAÇÕES E RESTRIÇÕES DE CAPITAL PROPOSTAS NO ITEM 2.5.1

Quanto às limitações propostas no item 2.6.1, podemos observar algumas

particularidades encontradas no Estatuto Social da cooperativa analisada, são:

a) A cooperativa analisada remunera o capital social, com juros limitados

ao valor de 100% da taxa SELIC, essa remuneração é característica de

componentes do PL de uma entidade;

b) Das sobras líquidas, depois de deduzidos os fundos obrigatórios e

indivisíveis 30% (trinta por cento) vão para o Fundo de Reserva e 5% (cinco por

cento) para o Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social – FATES. O

saldo remanescente será distribuído em dinheiro ou incorporado ao capital dos

associados proporcionalmente às operações realizadas com a cooperativa, ou

ainda destinado a constituição de outros fundos salvo deliberação em contrário

da assembléia geral. Estes fundos são importantes para aumentar o PL e a

segurança da cooperativa.

Analisando o Estatuto Social da Cooperativa observa-se que não é

alcançada a definição do conceito de devolução incondicional absoluta, pois dá

a seus associados o direito ao resgate de suas participações, mas é possível

perceber cláusulas favoráveis aos princípios exigidos pelo IFRIC 2 quando da

devolução incondicional parcial:

a) A cooperativa somente restitui o capital dos cooperados, quando da

saída dos mesmos, após a aprovação do balanço do exercício social em que se

deu o desligamento. Ainda assim, a critério do Conselho de Administração

ocorrendo o desligamento de associado em que a devolução do capital possa

afetar a estabilidade econômico-financeira da Cooperativa, a restituição poderá

ser parcelada em prazos que resguardem a continuidade de funcionamento da

sociedade. Essa cláusula vai ao encontro das exigências de restrição sugeridas

pelo IFRIC 2, pois aumenta a estabilidade e a segurança diminuindo

consideravelmente o risco de insolvência das cooperativas quando da

desfiliação de cooperados.

b) O estatuto do Sicoob Bonfim define em seu Art. 14 parágrafo único que

Page 64: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

63

o capital social mínimo da Cooperativa não poderá ser inferior a 3 mil reais. Também

em seu Art. 24 é previsto que a restituição de quotas de capital depende,

inclusive, da observância dos limites de patrimônio exigíveis na forma da

regulamentação vigente, sendo a devolução parcial solicitada pelo associado,

condicionada, ainda, à autorização específica do Conselho de Administração,

que observará critérios de conveniência e oportunidade e demais condições

normativas.

As cláusulas são de suma importância, pois representa a principal

possibilidade de se limitar a devolução do capital social de forma incondicional e

parcial, pois quando da aplicação da CPC 39 o capital mínimo instituído neste

artigo poderá ser alocado no PL, já que o restante será considerado no passivo.

Porém, o valor do capital mínimo adotado acima é baixo quando comparado ao

valor do capital social, representam apenas 0,61% em 2009, e 0,78% em 2008,

assim o valor considerado como capital mínimo deve ser mais representativo em

relação ao capital social para que a adoção dessa cláusula tenha importância na

melhoria da estabilidade financeira da cooperativa.

Diante do exposto, identificou-se que a mudança ocasionada pela

classificação das quotas partes como passivo exigível altera de forma

substancial os índices financeiros do Sicoob Bonfim, deixando clara e evidente a

necessidade de adoção de novos métodos/cálculos para se obter indicadores

capazes de exprimir a situação financeira da cooperativa, de forma que não seja

exposta uma situação de total descontrole e fragilidade patrimonial.

Page 65: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

64

CONSIDERAÇÕES FINAIS

É visível que o novo padrão contábil vai exigir maior capacitação sobre como

aplicar julgamentos, análise e pensamento crítico à contabilidade, pois os registros

deixam de ser feitos com base em regras e “fórmulas prontas”. Desta forma, a

contabilidade passa a explicitar aspectos que impactam a situação econômica e

financeira das entidades cooperativas e que até então eram omitidos.

Atualmente, as normas contábeis brasileiras passam por um processo de

convergência com as normas internacionais de contabilidade. A adoção de uma das

mais recentes publicações do CPC obriga as cooperativas de crédito brasileiras a

classificarem e apresentarem, a partir de 31 de dezembro de 2010, os instrumentos

financeiros, conforme o pronunciamento 39, equivalente ao IAS 32. As quotas dos

cooperados (capital social da cooperativa) são um desses instrumentos financeiros,

cujo tratamento no Brasil, antes do CPC 39, divergia substancialmente das normas

internacionais de contabilidade.

Quanto ao problema que norteou este trabalho, a análise financeira através

do cálculo dos principais indicadores do setor de cooperativismo de crédito, foi

crucial para demonstrar que a liquidez do Sicoob Bonfim tem sido suportada por

maior endividamento mesmo antes da adoção da norma. Tal fato pode piorar, caso o

capital social seja reclassificado do Patrimônio Liquido para o Passivo Exigível, pois

até mesmo os índices quanto à estrutura, a exemplo da imobilização e do capital de

giro, passam a expressar a situação de uma empresa extremamente vulnerável.

Os resultados obtidos no estudo de caso não foram surpresa, pois era

esperado que ao aplicar a CPC 39, alocando-se as participações dos cooperados ao

passivo, os indicadores financeiros sofressem mutações negativas.

Motivado pelo resultado, adicionalmente, foram verificadas as limitações

determinadas no Estatuto Social da cooperativa quanto à devolução de capital, que

podem amenizar os efeitos da reclassificação das quotas dos cooperados, de capital

próprio para capital de terceiros.

A maioria das limitações tem características de proteção ao risco de

insolvência, porém não são capazes de garantir a estabilidade do PL devido à

possibilidade de retirada de capital por parte dos cooperados e também, no

Page 66: Monografia Edvan Ciências Contábeis 2010

65

momento as poucas sobras não são suficientes para criar reservas significativas. A

cooperativa poderia passar a adotar um valor de capital mínimo a um percentual

relevante em relação ao montante do capital social da cooperativa de modo que o

impacto do CPC 39 não fosse tão sentido.

Não é possível afirmar que os resultados obtidos possam ser generalizados e

refletem a realidade de todas as cooperativas. Mas é possível afirmar que grande

parte das cooperativas tenha seus indicadores financeiros alterados de forma

negativa, portanto estas cooperativas apontam para a necessidade de apresentação

de uma nova sistemática para a análise dos indicadores financeiros, confirmando-se

assim a hipótese levantada como possível solução para o problema de investigação.

Sugere-se realizar novas pesquisas com outras cooperativas, devido à

existência de realidades diferentes em regiões diferentes. Outra possibilidade é

realizar estudos após a efetiva implementação do CPC 39, uma vez que todos os

efeitos contábeis deste pronunciamento já serão efetivamente conhecidos.

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