Monografia Greve e Dissídio Coletivo

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Momografia apresentada a ESAMC Campinas - como parte dos requisitos para obter o título de Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais

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ESCOLA SUPERIOR DE ADMINISTRAO, MARKETING E COMUNICAO ESAMCFRANCISCO SELINGARDI

DIREITO COLETIVO DO TRABALHO GREVE E DISSDIO

CAMPINAS - SP 2011

FRANCISCO SELINGARDI

DIREITO COLETIVO DO TRABALHO GREVE E DISSDIO

Projeto

de

Graduao

ESAMC

Trabalho de Concluso de Curso apresentado como exigncia parcial para a obteno do ttulo de Bacharel em Cincias Jurdicas e Sociais da Escola Superior de Administrao, Marketing e Comunicao. Orientadores: Professores Caio

Ravaglia e Vivian de Souza.

CAMPINAS - SP 2011

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FICHA CATALOGRFICA SELINGARDI, Francisco. Direito Coletivo do Trabalho Greve e Dissdio. Francisco Selingardi. Campinas: Comunicao. 40 p. Escola Superior de Administrao, Marketing e

Projeto de Graduao em Cincias Jurdicas e Sociais - ESAMC Escola Superior de Administrao, Marketing e Comunicao, 2011. Palavras Chave: 1.Acordo. 2.Autocomposio. 3.Autodefesa.4. Dissdio. 5.Empregado. 6.Empregador. 7.Greve. 8.Heterocomposio

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FRANCISCO SELINGARDI

DIREITO COLETIVO DO TRABALHO GREVE E DISSDIO

Projeto de Graduao ESAMC Trabalho de Concluso de Curso apresentado como exigncia parcial para a obteno do ttulo de Bacharel em Cincias

Jurdicas e Sociais da Escola Superior de Administrao, Comunicao. Marketing e

Data de aprovao: ____/____/______.

Banca Examinadora:

CAMPINAS - SP 2011

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Ao meu pai Durval Selingardi (in memoriam). A minha me Alia Rezek Selingardi e a minha amada esposa Valquria, pelo apoio e pela presena constante em todos os momentos da minha vida. Em especial a minha irm Eduarda que foi minha fiadora no FIES.

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AGRADECIMENTOSQuero expressar meus sinceros agradecimentos aos professores do Curso de Direito da ESAMC- Campinas pelo apoio, dedicao e pela aplicao de cada um no ensino de suas respectivas disciplinas, ensinamentos de grande valor para a realizao da presente monografia.

Quero deixar meu especial agradecimento ao pro fessor Caio Ravaglia, bem como professora Vivian de Souza, pelo empenho e orientao de ambos, para que o presente trabalho acadmico atingisse os seus objetivos.

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EPGRAFE

O que mais me preocupa no o grito dos violentos, dos corruptos, dos desonestos, dos sem carter, dos sem tica. O que mais me preocupa o silncio dos bons. "A greve, no fundo, a linguagem dos que no so ouvidos." (Martin Luther King)

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RESUMO

A presente monografia, dividida em duas partes, tem por objetivo a abordagem e discusso jurdica-conceitual-histrica-jurisprudencial do gnero temtico Direitos Coletivos do Trabalho, em especial no que tange as suas espcies Greve, que ser tratada na primeira parte e Dissdio Coletivo , na segunda parte.Palavras Chave:

Acordo. Autocomposio. Autodefesa. Dissdio.

Empregado. Empregador. Greve. Heterocomposio

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ANEXO A - LISTA DE ILUSTRAES

................................ ................................ ................................ ........... 00 ................................ ................................ ................................ ........... 00 ................................ ................................ ................................ ........... 00 ................................ ................................ ................................ ........... 00 ................................ ................................ ................................ ........... 00

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ANEXO B - LISTA DE TABELAS

................................ ................................ ................................ ........... 00 ................................ ................................ ................................ ........... 00 ................................ ................................ ................................ ........... 00 ................................ ................................ ................................ ........... 00 ................................ ................................ ................................ ........... 00 ................................ ................................ ................................ ........... 00 ................................ ................................ ................................ ........... 00 ................................ ................................ ................................ ........... 00 ................................ ................................ ................................ ........... 00 ................................ ................................ ................................ ........... 00

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SUMRIOINTRODUO GERAL ................................ ................................ ........................ 12 CAPITULO I Direito de Greve ................................ ................................ .......... 13 01. Um Breve Histrico Legislativo ................................ ................................ ... 13 1.1 Um Breve Histrico Legislativo no Brasil ................................ .............. 15 02. A Origem do Vocbulo Greve ................................ ................................ ... 20 03. O Conceito de Greve ................................ ................................ .................... 20 04. A Natureza Jurdica da Greve ................................ ................................ ...... 22 05. A Classificao das Greves ................................ ................................ ......... 22 06. As Limitaes ao Direito de Greve ................................ .............................. 23 07. A Legitimidade no Direito de Greve ................................ ............................. 24 08. A Constituio da Assemblia Geral ................................ ........................... 24 09. As Atividades Essenciais................................ ................................ ............. 25 10. Os Direitos e Deveres Envolvidos na Greve ................................ ............... 26 11. O Abuso do Direito de Greve ................................ ................................ ....... 27 12. O Pagamento dos Dias Parados ................................ ................................ .. 27 13. A Greve Setor Pblico ................................ ................................ .................. 28 INTRODUO SEGUNDA PARTE ................................ ................................ . 33 CAPITULO II Dissdio Coletivo ................................ ................................ ........ 33 01. O Conceito de Dissdio Coletivo ................................ ................................ .. 34 02. a Classificao das Formas de Dissdio ................................ ..................... 36 03. A Distino entre Dissdio Individual e Coletivo ................................ ......... 37 04. O Processo e o Procedimento no Dissdio Coletivo ................................ ... 38 05. Os Requisitos da inicial ................................ ................................ ............... 38 06. A Sentena................................ ................................ ................................ .... 41 07 Jurisprudncias Concernentes ao Dissdio Coletivo- Ementas .................. 42 08. Consideraes Finais ................................ ................................ .................. 43 09. Bibliografia ................................ ................................ ................................ ... 24

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INTRODUO GERALAntes de adentrarmos aos temas especficos do presente trabalho acadmico, necessrio de faz tecer algumas consideraes relativas matria, vez tratarem-se, os institutos jurdicos da greve e dos dissdios coletivos de gnero igual, porm de espcies diferentes, ou seja, ambos os institutos so espcies, cujo gnero so os Conflitos Coletivos do Trabalho, que por sua vez so normatizados pelo Direito Coletivo do Trabalho. Cabe salientar que, a greve dever ser o ultimo recurso utilizado pelos reivindicantes, isso depois de exauridos todos os meios de solues pacificas de conflitos, dentre os quais no esto includos o dissdio coletivo, pois este tem natureza processual trabalhista, ou seja, no dissdio , as vias pacificas tambm foram exauridas, sendo competncia da jurisdio trabalhista a soluo da pendenga. Destarte, a greve, bem como os dissdios coletivos so meios de solues no pacficas, sendo que tratam estes ltimos de aes:propostas por determinadas pessoas jurdicas, legitimadas (sindicatos, federaes ou confederaes de trabalhadores ou de empregadores), por meio das quais se busca uma soluo, junto Just ia do Trabalho, para questes que no solucionadas por meio da negociao direta entre as partes. Trata-se de instrumento de direito processual por meio do qual se permitir que o conflito coletivo seja canalizado a um nico processo 1.

Acerca da metodologia empregada na presente monografia , destacam-se: a pesquisa doutrinria e a pesquisa histrica, ambas realizadas em publicaes de diversos autores, devidamente identificados na bibliografia . Concatenada as citadas no pargrafo anterior, foram utilizadas pesquisas legislativas e jurisprudenciais, executadas na Rede Mundial de Computadores. Feitas as consideraes iniciais, passaremos a tratar dos temas propostos para o trabalho acadmico, que, como j explicitado em tpico anterior, est dividido em duas partes, ou seja, Greve na primeira e Dissdio Coletivo na segunda.

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http://www.lfg.com.br/public_html/article. php?story=20081211163214797&mode=print

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PRIMEIRA PARTE - DIREITO DE GREVE CAPITULO I1. Um Breve Histrico Legislativo

de salientar-se, em primeiro plano, que no mbito histrico o hodierno instituto jurdico da greve foi alvo de profundas transformaes, como conseqncia da prpria evoluo das Cincias Jurdicas , at ser considerada um direito. Nos primrdios da industrializao, a greve foi considerada um delito, depois sinnimo de liberdade (no Estado liberal), para at ento ser considerada um direito (nos regimes ditos democrticos). A lei de Le Chapellier (1791) no permitia qualquer forma de agrupamento dos trabalhadores, que tivesse o fim de atender a seus interesses. Vejamos:

O Le Chapelier2 Lei (14 de junho de 1791)

Artigo 1. Em que a abolio de qualquer tipo de corporao, cidado no mesmo ofcio ou da mesma profisso uma das bases fundamentais da Constituio francesa, proibido restabelec-las sob qualquer pretexto ou sob qualquer forma. Artigo 2. Cidados do mesmo ofcio ou profisso, os empresrios, aqueles que se estabeleceram trabalhadores e jornaleiros de qualquer habilidade no podem, quando montado, nomear um presidente, secretrios, ou curadores, manter contas, aprovar decretos ou resolues, ou projetos de regulamentos sobre sua alegada interesses comuns. Artigo 3. Todos os rgos de administrao ou municipal esto proibidos de receber qualquer endereo ou petio em nome de uma ocupao ou profisso, ou para fazer

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qualquer resposta ao mesmo. Alm disso, eles so intimados para declarar nula e sem efeito qualquer resolues foram feitas de tal maneira, e para se certificar de que nenhum efeito ou execuo ser dada aos mesmos. Artigo 4. contrrio aos princpios da liberdade e da Constituio para os cidados com a mesmas profisses, artes ou ofcios para deliberar ou fazer acordos entre si para definir os preos projetados para a sua indstria ou seu trabalho. Se tais deliberaes e que sejam celebrados acordos, seja acompanhada por juramento ou no, eles vo ser declarada inconstitucional, prejudicial liberdade e Declarao dos Direitos do Homem, e ser nula e sem efeito. rgos da administrao municipal e sero obrigados a declar-los como tal. Os autores, lderes e instigadores que provocou elaborado, ou presidida estes acordos devem ser cobrados pela polcia e, a pedido do advogado comum ser multado em 500 libras, suspenso por um ano a partir da fruio de todos os direitos da cidadania activa, e impedidos de admisso nas assemblias primrias. Artigo 5. Todos os rgos da administrao municipal e so proibidos, mesmo que os membros esto usando seus prprios nomes, para empregar, admitir, ou permitir que, para ser admitido em qualquer de suas profisses obras pblicas, os empresrios, trabalhadores, ou jornaleiros que tm provocado ou assinado o referido deliberaes ou convenes, salvo se, por vontade prpria, eles se apresentaram ao secretrio do tribunal de polcia a retratar-se ou repudiar-los. Artigo 6. Se o disseram deliberaes ou

convocaes, cartazes postados, ou circulares conter quaisquer ameaas contra os empresrios, artesos, trabalhadores, ou estrangeira diaristas que trabalham l, ou contra os salrios mais baixos aceitar, todos os autores, instigadores e signatrios de tais atos ou escritos punido com uma multa de 1.000 libras cada um e preso por trs meses.

John Stewart Hall, A Pesquisa Documental da Revoluo Francesa (New York: Macmillan, 1951), 165-66. (Traduo Literal)

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Artigo 7. Aqueles que usam ameaas ou violncia contra os trabalhadores que esto se aproveitando das liberdades concedidas aos trabalhadores da indstria e pela lei constitucional ser sujeito a processo criminal e ser punido em toda a extenso da lei, como perturbadores da paz pblica. Artigo 8. Todos os conjuntos compostos por artesos, operrios, jornaleiros, diaristas, ou aquelas incitada por eles contra o livre exerccio da indstria e do trabalho, pertencentes a qualquer tipo de pessoa e em todas as circunstncias mutuamente acordado, ou contra a ao da polcia e do execuo de sentenas proferidas em tal conexo, bem como contra leiles pblicos e adjudicaes de vrias empresas, deve ser considerado assemblias sediciosas, e como tal devem ser dispersos pelos guardies da lei, mediante licena judicial feita sobre ela, e ser punido com toda a extenso das leis sobre os autores, instigadores e lderes das referidas assemblias, e todos aqueles que tenham cometido assaltos e atos de violncia.

O Cdigo de Napoleo (1810) punia a greve com priso e multa , em semelhante diapaso o Combination Act Britnico (1799 e 1800) considerava crime de conspirao contra a Coroa a reunio de trabalhadores , com o objeto de obter vantagens do empregador. As manifestaes trabalhistas no mais foram consideradas crime em 1825, na Inglaterra, e em 1864, na Frana , contudo a greve s veio ser reconhecida como direito em 1947, na Itlia:Articolo 40 [Diritto di sciopero]3

Il diritto di sciopero si esercita secondo le leggi che lo regolano

1.1. Um Breve histrico Legislativo no Brasil

Em 1890 a greve era proibida no Brasil, a fundamentao legal era o Cdigo Penal. O decreto n 1.162 de 1890 derrogou essa orientao. E a lei n 38 de 1932 definiu a greve como delito:

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Fonte: http://www.senato.it/BibliotecaCatalogoStorico/

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DECRETO N. 847 DE 11 DE OUTUBRO DE 1890 4 Promulga o Codigo Penal. O Generalissimo Manoel Deodoro da Fonseca, Chefe do Governo Provisorio da Republica dos Estados Unidos do Brazil, constituido pelo Exercito e Armada, em nome da Nao, tendo ouvido o Ministro dos Negocios da Justia, e reconhecendo a urgente necessidade de reformar o regimen penal, decreta o seguinte: CODIGO PENAL DOS ESTADOS UNIDOS DO BRAZIL CAPITULO VI DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE DE TRABALHO Art. 204. Constranger, ou impedir alguem de exercer a sua industria, commercio ou officio; de abrir ou fechar os s eus estabelecimentos e officinas de trabalho ou negocio; de trabalhar ou deixar de trabalhar em certos e determinados dias: Pena de priso cellular por um a trs mezes. Art. 205. Seduzir, ou alliciar, operarios e trabalhadores para deixarem os estabelecimentos em que forem empregados, sob promessa de recompensa, ou ameaa de algum mal: Penas de priso cellular por um a trs mezes e multa de 200$ a 500$000. Art. 206. Causar, ou provocar, cessao ou suspenso de trabalho, para impor aos operarios ou patres augmento ou diminuio de servio ou salario: Pena de priso cellular por um a trs mezes. 1 Si para esse fim se colligarem os interessados: Pena aos chefes ou cabeas da colligao, de priso cellular por dous a seis mezes. 2 Si usarem de violencia: Pena de priso cellular por seis mezes a um anno, alm das mais em que incorrerem pela violencia DECRETO N. 1162 - DE 12 DE DEZEMBRO DE 18905

Altera a relaco dos arts, 20 (ilegvel) e 206 do Codigo Criminal. O Chefe do Governo Provisorio da Republica dos Estados Unidos do Brazil, considerando que a redaco dos arts. 205 e 206 do Codigo Criminal pde na execuo dar logar a duvidas e interpretaes erroneas e para restabelecer a clareza indispensavel, sobretudo as leis penaes, decreta:

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http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes. action?id=66049http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaNorm as. action?numero=1162&tipo_norma=DEC&data=18901212&link=s

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Art. 1 Os arts. 205 e 206 do Codigo Penal e seus paragraphos ficam assim redigidos: 1 Desviar operarios e trabalhadores dos estabelecimentos em que forem empregados, por meio de ameaas e constrangimento: Penas - de priso cellular por um a tres mezes e de multa de 200$ a 500$000. 2 Causar ou provocar cessao ou suspenso de trabalho por meio de ameaas ou violencias, para impr aos operarios ou patres augmento ou diminuio de servio ou salario: Penas - de priso cellular por um a tres mezes. Art. 2 Revogam-se as disposies em contrario. O Ministro e Secretario de Estado dos Negocios da Justia assim o faa executar. Sala das sesses do Governo Provisorio, 12 de dezembro de 1890, 2 da Republica.

A Constituio do Estado Novo 6, de ndole autoritria e centralizadora, Outorgada por Getulio Vargas, por meio de um golpe de estado em 1937 considerava a greve um movimento anti-social, que trazia malefcios ao trabalho. Contudo, essa mesma Carta Magna institua a Justia do Trabalho, bem como permitia a existncia dos sindicatos:Art. 138 - A associao profissional ou sindical livre. Somente, porm, o sindicato regularmente reconhecido pelo Estado tem o direito de representao legal dos que participarem da categoria de produo para que foi constitudo, e de defender-lhes os direitos perante o Estado e as outras associaes profissionais, estipular contratos coletivos de trabalho obrigatrios para todos os seus associados, impor-lhes contribuies e exercer em relao a eles funes delegadas de Poder Pblico. Art. 139 - Para dirimir os conflitos oriundos das relaes entre empregadores e empregados, reguladas na legislao social, instituda a Justia do Trabalho, que ser regulada em lei e qual no se aplicam as disposies desta Constituio relativas competncia, ao recrutamento e s prerrogativas da Justia comum. A greve e o lock-out so declarados recursos anti-sociais nocivos ao trabalho e ao capital e incompatveis com os superiores interesses da produo nacional.

6

Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Constituicao37.htm

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Decreto-Lei n 1.237/39, que regulamentou a Justia do Trabalho estabeleceu que a greve fosse passvel de punies que podiam ser de despedida, de suspenso e at priso:DECRETO-LEI N 1.237, DE 2 DE MAIO DE 1939 . Organiza a Justia do Trabalho O Presidente da Repblica, usando da faculdade que lhe confere o art. 180 da Constituio decreta: Art. 83 Todo aquele que empregado ou empregador ou mesmo estranho s categorias em conflito, instigar prtica de infraes previstas neste captulo, ou se houver feito cabea de e coligao de empregadores ou empregados, incorrer :na pena de seis meses a trs anos de priso, sem prejuizo das demais sanes cominadas neste captulo7

A greve era considerada crime em 1940, uma vez que o ent o vigente Cdigo Penal assim o estabelecia. Para o Diploma Legal Penal s haveria subsuno a norma se a ocorrncia da greve trouxesse consigo contrariedade aos interesses pblicos, como tambm na incidncia de transtorno da ordem pblica. Hodiernamente o fenmeno da Inconstitucionalidade est sempre rondando a produo legislativa ordinria, contudo, como observamos abaixo, j poca da edio do Decreto Lei n 9.070 de 1946 havia franco desacordo com a Lei Maior de 1937. Em outros termos , o Decreto Lei permitia a greve nas atividades acessrias, a contrario sensu do que determinava a Carta Magna vigente.DECRETO-LEI N 9.070, DE 15 DE MARO DE 1946. Dispe sbre a suspenso ou abandono coletivo do trabalho e d outras providncias. Art. 3 So consideradas fundamentais, para os fins desta lei, as atividades profissionais desempenhadas nos servios de gua, energia, fontes de energia, iluminao, gs, esgotos, comunicaes, transportes, carga e descarga; nos estabelecimentos de venda de utilidade ou gneros essenciais vida das populaes; nos matadouros; na lavoura e na pecuria; nos colgios, escolas, bancos, farmcias, drogarias, hospitais e servios funerrios; nas indstrias bsicas ou essenciais defesa nacional. 1 O Ministro do Trabalho, Indstria e Comrcio, mediante portaria, poder incluir outras atividades entre as fundamentais.7

http://legislacao.planalto.gov.br/LEGISLA/Legislacao. nsf/ /Organiza a Justia do Trabalho

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2 Consideram-se acessrias as atividades no classificadas entre as fundamentais. CONSTITUIO DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL (DE 10 DE NOVEMBRO DE 1937) Art 138 - A associao profissional ou sindical livre. Somente, porm, o sindicato regularmente reconhecido pelo Estado tem o direito de representao legal dos que participarem da categoria de produo para que foi constitudo, e de defender-lhes os direitos perante o Estado e as outras associaes profissionais, estipular contratos coletivos de trabalho obrigatrios para todos os seus associados, impor-lhes contribuies e exercer em relao a eles funes delegadas de Poder Pblico. Art 139 - Para dirimir os conflitos oriundos das relaes entre empregadores e empregados, reguladas na legislao social, instituda a Justia do Trabalho, que ser regulada em lei e qual no se aplicam as disposies desta Constituio relativas competncia, ao recrutamento e s prerrogativas da Justia comum. A greve e o lock-out so declarados recursos anti-sociais nocivos ao trabalho e ao capital e incompatveis com os superiores interesses da produo nacional

O Estado Novo foi um rtulo fantasioso de um "governo de fato". Contra esse governo - personalssimo encabeado por Getlio Vargas, a nao reagiu em 1945, sendo a Constituio de 1946 a manifestao concreta da recuperao da liberdade, e o restabelecimento dos rgos democrticos. No que concerne ao Direito de Greve, a Carta Magna de 1946 o reconheceu, contudo, consoante a mesma, aquele deveria ser regulado em lei. Importante salientar, que o Direito de Livre Associao foi tambm reconhecido pelo Diploma Legal Mximo brasileiro , de 1946.CONSTITUIO DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL (DE 18 DE SETEMBRO DE 1946)8

Art. 158 - reconhecido o direito de greve, cujo exerccio a lei regular. Art. 159 - livre a associao profissional ou sindical, sendo regulados por lei a forma de sua constituio, a sua representao legal nas convenes coletivas de trabalho e o exerccio de funes delegadas pelo Poder Pblico.

Quando lcita, a greve no rescindia o contrato de trabalho, nem extinguia os direitos e de veres dele resultantes.

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http://www.planalto.gov.b r/ccivil_03/constituicao/constituicao46.htm

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A Constituio de 1967 outorgava o dir eito de greve aos trabalhadores, todavia os funcionrios pblicos e funcionrios de atividades essenciais no tinham esse direito:CONSTITUIO DA REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1967 promulga a seguinte CONSTITUIO DO BRASIL Art 158 - A Constituio assegura aos trabalhadores os seguintes direitos, alm de outros que, nos termos da lei, visem melhoria, de sua condio social XXI - greve, salvo o disposto no art. 157, 7. Art 157 - A ordem econmica tem por fim realizar a justia social, com base nos seguintes princpios: 7 - No ser permitida greve nos servios pblicos e atividades essenciais, definidas em lei.9

O Congresso Nacional, invocando a proteo de Deus, decreta e

Em 1988, a Constituio chamada cidad, especificamente no seu artigo 9, assegurou o direito de greve, sendo prerrogativa dos trabalhadores a deciso acerca da oportunidade de exerc-lo, bem como os interesses que deviam por meio dele defenderCONSTITUIO DA REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 198810

Art. 9 assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exerc-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. 1 - A lei definir os servios ou ativid ades essenciais e dispor sobre o atendimento das necessidades inadiveis da comunidade. 2 - Os abusos cometidos sujeitam os responsveis s penas da lei.

Acerca do Direito de greve, hodiernamente a lei n 7.783/89 dispe sobre o exerccio ao referido, definindo as atividades essenciais e regulando o atendimento das necessidades primordiais da sociedade.2. A Origem do Vocbulo greve

Usado pela primeira vez no final do sculo XVII, o termo grve significa, originalmente, "terreno plano composto de cascalho ou areia

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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Constitui%C3%A7ao67.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm

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margem do mar ou do rio 11", local onde se acumulavam inmeros gravetos. Da a Praa com o mesmo nome e o surgimento etimolgico do vocbulo.GREV, E (gre-v, ve) part. pass de grever 1.12

Qui a subi un tort, un grief, une peine. RGNIER, Sat. VIII: D'un fardeau si pesant ayant l'me greve LA FONT., Fabl. X, 10: ....On cabale, on suscite Accusateurs et gens grevs par ses arrts : De nos biens, dirent-ils, il s'est fait un palais 2. Qui est affect de quelque charge. Un hritage, un legs grev de quelque condition onreuse.

3. Terme de jurisprudence. Grev de substitution, qui est hritier ou lgataire charge de substitution. Substantivement. Le grev. Les enfants du grev.

Operrios de Paris se reuniam na citada Praa Pblica, quando no estavam satisfeitos com as condies de trabalho para discutir o assunto. Em francs usa-se o termo grve para determinar as paralisaes dos trabalhadores, em espanhol huelga, em italiano sciopero, em alemo streik, em ingls strike e em portugus greve.3. O Conceito de Greve

uma paralisao passageira e sem emp rego de violncia realizada pelos trabalhadores, com o objetivo de adquirir melhores condies de trabalho, sendo que por estes considerada a nica arma de que dispe para pressionar o empregador a lev-lo a atender s reivindicaes que periodicamente formulam.13

Para Amauri Mascaro Nascimento (in Curso do Direito do trabalho, 19 edio, Editora Saraiva 2004 - So Paulo.):Observa-se de um modo geral que greve , primeiro, a suspenso temporria do trabalho, segundo, um ato formal condicionado a aprovao do sindicato mediante assemblia; terceiro a paralisao dos servios que tem como causa o interesse dos trabalhadores e no de qualquer pessoa , o que exclui do mbito da disciplina legal paralisaes de pessoas que no sejam11 12

http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k5762365b/f7.image.hl.r=FROUILLER.langFR http://artflx.uchicago.edu/cgi-bin/dicos/pubdico1look. pl?strippedhw=Gr%C3%A8ve&dicoid=LITTRE1872

NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso do Direito do trabalho, 19 edio, Edito ra Saraiva 2004 So Paulo. (p.417)

13

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trabalhadores ; quarto, um movimento que tem por finalidade a reivindicao e a obteno de melhores condies de trabalho ou o cumprimento de obrigaes assumidas pelo empregador em decorrncia das normas jurdicas ou do prprio contrato de trabalho, definidas expressamente mediante indicao formulada pelos empregados ao empregador, para que no haja dvidas sobre a natureza dessas reivindicaes.

A greve s pode ser feita pelos trabalhadores (subord inados), jamais pelo empregador, ou seja, o denominado lock-out proibido por lei. A greve considerada em nossa legislao, como a suspenso coletiva, temporria e pacfica, total ou parcial, de prestao pessoal de servios a empregador (art. 2 da lei n 7.783/89). importante observarmos que a suspenso tem que ser coletiva, pois, se apenas um trabalhador resolver suspender o trabalho a greve no estar configurada, e ainda poder ensejar uma dispensa por justa c ausa. A greve uma garantia constitucional. considerado um direito social dos trabalhadores, tratando -se de garantia fundamental. Greve um direito individual de exerccio coletivo, manifestando -se como autodefesa; exerce uma presso necessria que le va reconstruo do direito do trabalho quando as normas vigentes no atendem s exigncias do grupo social. O objetivo primordial da greve f orar o empregador a fazer concesses que no faria de outro modo. Obriga o legislador a se manter vigilante e reformular a ordem jurdica. Logo, apesar dos seus inconvenientes, a greve necessria e compatvel com as estruturas capitalistas. A doutrina rica em conceituaes de greve, seno vejamos: Consoante Paul Durand:toda interrupo de trabalho, de carter temporrio, motivada por reivindicaes suscetveis de beneficiar todos ou parte do pessoal e que apoiada por um grupo suficientemente representativo da opinio obreira.

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Para Hlne Sinay:a recusa coletiva e combinada de trabalho, manifestando a inteno dos assalariados de se colocarem provisoriamente fora do contrato, a fim de assegurar o sucesso das suas reivindicaes.

No entendimento de Niceto Alcal-Zamora y Castillo: uma das tcnicas autocompositivas de soluo dos conflitos.

Esto excludas do conceito de greve as figuras, antes includas e popularmente conhecidas, como por exemplo, a operao tartaruga, que nada mais que reduo intencional das atividades para prejudicar o processo de produo; a greve de zelo, na qual o trabalhador esmera-se

exageradamente na confeco, mais do que o necessrio, burocratizando o servio; a greve de ocupao, na qual o estabelecimento tomado pelos trabalhadores; a sabotagem etc. So estes meios de luta cada vez mais condenados pelo direito do trabalho, antes classificados pela doutrina como tipos de greve, hoje, como j dito, no mais. O fundamento da greve, como direito est no princpio da liberdade de trabalho. Uma pessoa no pode ser constrangida a trabalhar contra a sua vontade e em desacordo com as suas pretenses. O trabalho subordinado prestado nas sociedades modernas com base no contrato, e este de ve ter condies justas e razoveis.

04. A Natureza Jurdica da greve

A greve um direito do trabalhador, cuja coero tem a finalidade de resolver um conflito coletivo. A greve envolve um fato jurdico, no uma declarao de vontade, mas um comportamento do trabalhador. Envolve , por fim, um direito subjetivo.5. A Classificao das Greves

Quanto a sua legalidade:

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y y

Lcitas - So aquelas que atendem as determinaes legais; Ilcitas So aquelas as quais as prescries legais no so observadas;

y

Abusivas So aquelas durante as quais so cometidos abusos, indo alm das determinaes legais;

No Abusivas So aquelas durante as quais no so cometidos abusos. Quanto a sua extenso:y y

Globais Atingem vrias empresas Parciais Podem alcanar algumas empresas ou certos setores destas;

y

Greves de Empresa S ocorrem nas imediaes da empresa.

Quanto ao seu exerccio:y y y y

Rotativa praticada por vrios grupos alternadamente; Intermitente aquela que vai e volta; Contnua aquela sem interrupes; Greve Branca aquela que os trabalhadores permanecem no seu local de trabalho, mas deixam de prestar os servios;

Quanto ao seu objetivo:y

Polticas

H

reivindicaes

ligadas

a

um

aspecto

macroeconmicos, inerentes ao governo;y

Greves de Solidariedade So aquelas em que os trabalhadores se solidarizam com os outros para fazer suas reivindicaes.

6. As Limitaes ao Direito de Greve

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A Constituio impe limites a esse direito, tendo em vista que, antes de tudo, a nossa Lei Maior assegura o direito vida, liberdade, segurana (art. 5). Verifica-se ainda, em seu art. 4 inciso VII, que nas relaes internacionais adota-se a soluo pacfica dos conflitos. Asseguram tambm, em seu art. 5, o direito a vida privada e a livre locomoo. No que concerne ao direito de propriedade o art. 5 inciso XXII da Carta Magna preceitua que mesmo a greve sendo um direito, no possvel que venha a danificar bens ou coisas. A lei n. 7.783/89 tambm impe limites ao direito de greve. Em seu art. 2 esclarece que esta deve ser pacfica, vedando, portanto, greves violentas, inclusive por meio de tortura ou de tratamento desumano. Em seu art. 6 a Lei n. 7.783/89 protege a propriedade, no sendo possvel causar dano propriedade ou a pessoa. A moral e a imagem da pe ssoa tambm so protegidas pela nossa Constituio, portanto, se a greve ofend -las, as vtimas tero que ser indenizadas. Os militares esto proibidos de fazer greve (art. 142, 3, IV da CF), contudo, permitido aos funcionrios pblicos exercerem o direito de greve, obedecendo aos limites a serem definidos em lei especfica (art. 37, VII da CF).7. A Legitimidade no Direito de Greve

Os titulares do direito de greve so os trabalhadores. Todavi a, para exercer esse direito necessrio presena do sindicato, ou seja, a legitimao para a instaurao da greve do sindicato, tendo em vista que um direito coletivo.08. A Constituio da Assemblia Geral

Est previsto no art. 4 da lei n. 7.78 3/89 que o sindicato dos trabalhadores ter que convocar assemblia geral para definir as reivindicaes e deliberar sobre a paralisao coletiva. A assemblia geral ser convocada nos termos dos estatutos dos sindicatos.

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Os estatutos dos sindicatos devero tratar das formalidades para a convocao da greve, como o edital, o quorum para a deliberao. O quorum de votao tambm deve est previsto no estatuto com suas especificaes, pois no indicado na lei. O art. 8 inciso III da Constituio Federal estabelece competncia ao sindicato para defender os direitos coletivos e individuais da categoria. O art. 8 tambm defende a obrigatoriedade da presena do sindicato nas negociaes coletivas. Qualquer membro da categoria pode participar da assemblia sind ical, mesmo com a proibio para os no associados ao sindicato, prevista pelo art. 612 da CLT, pois, deve ser respeitado o art. 8, inciso V da Lei Maior que assegura a liberdade da pessoa de ingressar ou no no sindicato. E ainda no h qualquer previso na lei n. 7.783/89. Caso no haja sindicato, a assemblia geral ser convocada pela federao, no havendo federao, ser convocada pela confederao. Desta forma, dever tambm os estatutos das federaes e confederaes tratarem da assemblia geral. Todavia, pode no haver entidade sindi cal, inclusive de grau superior, em ocorrendo isto, os trabalhadores no sero cerceados do exerccio do direito de greve. Formaro uma comisso de negociao para discutir a soluo do conflito. At mesmo se a entidade de grau superior no se interessar pelas reivindicaes, poder ser formada a comisso de negociao. Contudo, essa comisso no ter personalidade jurdica ou sindical.9. As Atividades Essenciais

A Constituio de 1988 no probe a greve em atividade s essenciais, apenas determina que a lei ir defini r os servios ou atividades essenciais. A lei n. 7.783/89 descreve taxativamente, em seu art. 10, as at ividades ou servios essenciais, seno vejamos:

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Tratamento e abastecimento de gua; produo e distribuio de energia eltrica, gs e combustveis; Assistncia mdica e hospitalar; Distribuio e comercializao de medicamentos e alimentos; Funerrios; Transporte Coletivo; Captao e tratamento de esgoto e lixo; Telecomunicaes; Guarda, uso e controle de substncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares; Controle de trfico areo; Compensao bancria.10. Os Direitos e Deveres dos Envolvidos na Greve

De acordo com a lei n. 7.783/89 art. 6 os grevistas tem os seguintes direitos dentre outros: o emprego de meios pacficos tendentes a persuadir os trabalhadores a aderirem greve, a arrecadao de fundos e a livre divulgao do movimento. O direito a livre divulga o do movimento de extrema necessidade para o movimento grevista, pois uma forma de persuadi r o empregador, alm de estimular outros trabalhadores a aderirem greve. Pode -se usar megafone, distribuir panfletos, enfim, pode ro ser usados quaisquer meios de propaganda, contanto que no ofendam o empregador. Como j foi dito em tpico anterior, os grevistas tm que respeitar os limites constitucionais, principalmente aqueles elencados no art. 5 como o direito vida, liberdade, segurana e proprie dade. importante destacar que os trabalhadores que quiserem trabalhar no podem ser impedidos pelos grevistas. Contudo permitido o piquete que

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uma forma de presso para os trabalhadores que no se interessam na greve, aderirem paralisao. J a sabotagem, que o emprego de meios violentos para que o empregador ceda s vantagens reivindicadas pelos trabalhadores no ser permitida. Por seu turno, o empregador tambm respeitar alguns limites, como o de no constranger o empregado a trabalhar nem frustrar a divulgao da greve. proibido tambm ao empregador contratar substitutos para os grevistas, de acordo com o art. 7 da lei n. 7.783/89.11. O Abuso do Direito de Greve

Haver uso abusivo do direito de greve se este no for exercitado na conformidade da lei. O art. 14 da lei n. 7.783/89 estabelece que a inobservncia de suas determinaes, bem como a manuteno da paralisao aps a celebrao do acordo, conveno ou deciso da Justia do Trabalho, so caracterizadas como abuso do direito de greve. No entanto, no constitui abuso do direito de greve a paralisao com o fito de exigir o cumprimento de clusula ou condio prevista no acordo, na conveno ou na sentena normativa. H ilegalidade quando h o descumprimento de algum dos requisitos contidos na lei. Contudo, h abuso de direito quando h excesso do estabelecido em lei. Abuso de direito representa gnero, incluindo ilegalidade. O abuso de direito d ensejo responsabilidade, que pode ser trabalhista, civil ou penal.12. O Pagamento dos Dias Parados

H uma grande discusso a respeito do pagamento dos dias parados.

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Alguns tribunais regionais, considerando abusiva o u no a greve, tm ordenado o pagamento dos dias parados, que sero compensados

futuramente, desde que os grevistas voltem ao trabalho imediatamente. No entanto, a lei n. 4.330/64 determinava que "a greve suspende o contrato de trabalho, assegurando aos grevistas o pagamento dos salrios durante o perodo da sua durao e o cmputo do tempo de paralisao como de trabalho efetivo, se deferidas, pelo empregador ou pela Justia do Trabalho, as reivindicaes formuladas pelos empregados, total ou parcialmente". Em princpio, se a greve fosse considerada no abusiva, o mais correto seria o pagamento dos salrios dos dias parados, principalmente quando as reivindicaes so atendidas. Porm, observando por outro aspecto, no seria justo o pagamento de salrio tendo em vista que o salrio devido em troca da prestao de servio, e se no houve prestao de servio no deveria haver pagamento de salrio. Seria injusto tambm com os trabalhadores que no aderiram greve, pois os que no trabalharam receberiam salrio igual queles que prestaram servio. A greve considerada uma suspenso do contrato de trabalho, e na suspenso do contrato de trabalho no h pagamento de salrios nem cmputo do tempo de servio. Se for atendido o previsto na lei n. 7.783/89 haver a suspenso do contrato de trabalho, portanto n o haver pagamento de salrios. Todavia, se as partes ajustarem o pagamento de salrios durante a greve, por acordo ou conveno coletiva, ou at mesmo por determinao da Justia do Trabalho, haver interrupo do contrato de trabalho, e no sua suspenso. O TST tem entendido que, mesmo que a greve seja considerada no abusiva, os dias parados no sero devidos (TST E -RR, 383.124, Ac. SBDI-1, j. 27-9-99, Rel. Min. Leonaldo Silva, LTr 63-11/1494-5).

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13. A Greve no Setor Pblico

Como foi explanado em tpico anterior, o direito de greve do servidor pblico ser exercido nos termos e limites a serem definidos em lei especfica (art. 37, VII, da CF). De acordo com o art. 142, 3, inciso IV da Constituio Federal , o militar no tem direito a greve. A lei n. 7.783/89 , porm, lei ordinria e no complementar, sendo inaplicvel aos funcionrios pblicos, sendo observada somente no setor privado. No mbito da Administrao Pblica direta, autrquica e fundacional no h negar que a mora legislatoris em regulamentar o inciso VIl do art. 37 da Constituio, que tem suscitado calorosas discusses doutrinrias e

jurisprudenciais. Acerca do tema duas correntes se destacam: A primeira sustenta a eficcia contida no preceito em exame, pelo que possvel o exerccio do direito ante s mesmo da edio de lei complementar, sendo aplicvel, por analogia, a Lei 7783/89. A segunda, entendendo ser o referido dispositivo not self-executing, advoga no sentido de que o servidor somente poder exercer o direito de greve depois de editada norma infraconstitucional (antes, lei complementar; agora, "lei especfica"), exigida, tambm, pela Emenda Constitucional n. 19/98. Dito de outro modo, a segunda corrente sustenta que a norma constitucional de eficcia limitada. O STF, acerca do inciso VII do art. 37 da CF, adotou a segunda corrente, como observamos no seguinte julgado:"Insuficincia de relevo de fundamentao jurdica em exame cautelar, da argio de inconstitucionalidade de decreto estadual que no est a regular (como propem os requerentes) o exerccio do direito de greve pelos servidores pblicos; mas a disciplinar uma conduta julgada inconstitucional pelo Supremo Tribunal, at que venha a ser editada a lei complementar prevista no art. 37, VII, da Carta de 1988 (M.I. n. 20, sesso de 19.5.94).' (STF-TP- ADIN n.

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1306-BA, Rel. Min. Octavio Galloti, requerentes: Parti do dos Trabalhadores - PT e outros; requerido: Governador do Estado da Bahia, j. 30.06.95, DJU 27.10.95, p. 01806) .

No que concerne a Emenda Constitucional n. 19 e a Recepo da Lei n 7.783/89 observamos que, em virtude da Emenda Constitucional 19/98, que no mais menciona 'lei complementar", mas, sim, "lei especifica", a orientao at ento reinante na Constituio Federal requer urgente modificao. Diante do atual texto constitucional, parece -nos que, enquanto no for editada a referida lei especfica para regular o exerccio do direito de greve do servidor pblico, mostra-se perfeitamente aplicvel, por analogia, a atual Lei (especfica) de Greve (Lei ri. 7.783/89). Com efeito, o art. 16 da lei n. 7.783189, que exigia lei complementar para regular o exerccio do direito de greve do servidor pblico, no mais vigora no nosso ordenamento jurdico, pois incompatvel com o texto atual da Carta Magna. Em outros termos, o art. 16 da LG no foi recepcionado pelo art. 37, VII, da Constituio. Ademais, se no h, no sistema referente ao processo legislativo, distino entre as leis ordinrias e especficas (a expresso "lei especfica", a rigor, no encontra previso no art. 59 da Constituio), tambm no h falar em hierarquia entre tais modalidades no rmativas. Dessa forma, diante da lacuna existente e, considerando o fenmeno da recepo da atual Lei de Greve pela nova Emenda Constitucional n. 19, cabe ao intrprete, pelo menos at que sobrevenha (se que isso verdadeiramente venha a acontecer) a nova "lei especifica", dar a mxima efetividade norma constitucional, mediante a integrao do sistema. Destarte, a Lei 7.783/89 foi recepcionada, sendo, doravante, aplicvel aos servidores pblicos, porque resta em perfeita compatibilidade vertical formal-material com o Texto Constitucional. Operou-se o chamado fenmeno da eficcia construtiva da norma constitucional, visto que a Lei 7.783/89, que trata do direito de greve, recebeu da Carta Poltica uma revalorizao para a ordem jurdica nascente, ou seja,

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aquilo que a tcnica jurdico -constitucional denomina de recepo da lei anterior. Finalmente, sobre o tema, o STF, j na vigncia da EC 19/98, decidiu que o direito de greve do servidor pblico civil ainda continua dependendo de regulamentao, diante do exposto citamos o proferido acrdo:"EMENTA: FEDERAL. AO Texto DIRETA destinado DE INCONSTITUCIONALIDADE. regulamentao do estgio PORTARIA N 1.788, DE 25.08.98, DA SECRETARIA DA RECEITA probatrio, que se acha disciplinado pelo art. 20 da Lei n 8.112/90, com a alterao do art. 6 da EC n 19/98 e, por isso, insuscetvel de ser impugnado pela via eleita. Inviabilidade, declarada pelo STF (MI n 20, Min. Celso de Mello), do exerccio do direito de greve, por parte dos funcionrios pblicos, enquanto no regulamentada, por lei, a norma do inc. VII do art. 37 da Constituio. No conhecimento da ao" (STF ADI-1880 / DF, Ac. TP, Rel. Min. ILMAR GALVAO, DJ 27-11-98, p. 7, julg. 09-09-1998).

Ressaltamos, contudo, que o referido acrdo no enfrenta a questo da recepo ou no da Lei federal n. 7.783/89 que, como j frisado, a nica norma prevista no ordenamento vigente que pode ser aplicada analogicamente ao servidor pblico civil.

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SEGUNDA PARTE DISSDIO COLETIVO CAPITULO I I

INTRODUO SEGUNDA PARTE

Antes de adentrarmos ao assunto, objeto dessa segunda parte, necessrio se faz comentar a norma procedimental para chegar a um acordo ou conveno coletiva de trabalho, ou seja, acerca do que um conflito coletivo e quais so as formas de solucion-los. Em principio, para que haja um acordo coletivo, necessariamente, dever existir um conflito coletivo, tambm denominado controvrsia ou dissdio. O vocbulo conflito encontra sua origem etimolgica no latim conflictus, cujo significado combater, lutar, determinando posies antagnicas . Os conflitos coletivos do trabalho podem ser econmicos ou de interesse e jurdicos ou de direito. Os conflitos econmicos so aqueles nos quais os trabalhadores reivindicam novas ou melhores condies de trabalho ou salrios. Por seu turno, os conflitos jurdicos tm por objeto a declarao da existncia ou no da relao jurdica controvertida, ou seja, o que acontece na deciso em dissdio coletivo , em que declarada a legalidade ou ilegalidade da greve. Em seguida apresentamos as formas de soluo de conflitos. Seno vejamos:

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AutodefesaNa esfera trabalhista so a greve e o lockout. maneira de soluo de conflitos pelas partes envolvidas neste, na qual, cada parte busca seus prprios interesses. A autodefesa como forma de soluo de conflitos no regra, mas sim exceo, vez que enseja o uso da fora e conseqente sobrepujana do mais fraco. Advm da a presena do Estado nas resolues em sede de Direito do Trabalho.

AutocomposioNo mbito tcnico a resoluo de conflitos pelos prprios interlocutores, mediante o ajuste de vontades e sem emprego de violncia. Os envolvidos chegam soluo de suas controvrsias sem a interveno de um terceiro. Exemplos de formas autocompositivas de soluo de conflitos trabalhistas so os acordos e as convenes coletivas. Os acordos coletivos so realizados entre o sindicato de empregados e uma ou mais empresas. A conveno coletiva, por seu turno, ocorre entre o sindicato de trabalhadores e o de empregadores.

HeterocomposioQuando a soluo dos conflitos trabalhistas determinada por um terceiro temos a heterocomposio So exemplos de heterocomposio a mediao, a arbitragem e a tutela ou jurisdio, sendo esta ltima forma fruto da criao do Estado e sua da monopolizao da fora, assim sendo, cabe a ele (Estado) resolver os conflitos trabalhistas quando no h acordo entre as partes envolvidas, ou seja, resolver o dissdio.

Destarte, dado um conflito coletivo trabalhista, no qual so tentadas, sem xito, as formas mais brandas de solues de conflitos, e uma vez que tal questo seja posta em julgamento, sua soluo ser imposta s partes envolvidas pelo Estado, de modo coercitivo. Cumpre salientar, ainda, que no competncia da Justia do Trabalho homologar acordo extrajudicial, pois a funo da mesma resolver controvrsias por intermdio de acordo, mas nunca a de pacificar partes que j se acham em concordncia.01. O Conceito de Dissdio Coletivo

Trata-se o Dissdio Coletivo, em primeiro lugar, de procedimento de soluo de conflitos coletivos de trabalho perante a jurisdio , sendo, portanto, um dos meios de composio dos conflitos coletivos. Consoante Dlio Maranho, citado por Amauri Mascaro Nascimento, os Processos de Dissdios Coletivos so aqueles destinados a solucionar os conflitos coletivos do trabalho. Neles,34

est em jogo o interesse abstrato de um grupo ou categoria

Importante ressaltar, ainda,

que o interesse, n o Dissdio Coletivo

transindividual, sendo que a afinidade com a tutela processual trabalhista resta presente, em razo das caractersticas desse ramo do direito, no qual as

organizaes de trabalhadores sempre exerceram influncia marcante, mesmo quando no reconhecidas pelo Estado . Acerca da transindividualidade , no mbito trabalhista, caso concreto segue como exemplo:Os trabalhadores da Empresa X tm direito a meio ambiente de trabalho em condies de salubridade e segurana. Se esse grupo de trabalhadores objetiva a eliminao dos riscos vida, sade e segurana, emerge a o interesse coletivo do grupo (transindividual), de natureza indivisvel (eliminando -se os riscos, todos sero beneficiados indistinta e simultaneamente), cujos titulares (o grupo dos trabalhadores da Empresa X ) esto ligados entre si (empregados da mesma empresa) e com a parte contrria (empregador), atravs de uma relao jurdica base (vnculo organizacional, no primeiro caso, e relao empregatcia, no segundo).

Por vezes as relaes de trabalho se desenvolvem com perturbaes, disso resultando os conflitos. Os citados conflitos, surgem quando uma das partes lesa o direito da outra, quando divergem na interpretao ou alcance de uma norma, ou quando crem que necessrio mudar as condies existentes. Em todas essas situaes ou em anlogas, produz-se uma distoro nas relaes que se mantinham resultando em um conflito. Destarte, o conflito coletivo de trabalho formaliza -se mediante uma relao de litgio estabelecida entre uma coletividade homognea de trabalhadores e uma empresa ou grupo de empresas, que tem como matria ou objeto prprio a confrontao de direitos ou interesses comuns categoria profissional. So duas as espcies de dissdios: Os de natureza jurdica e os de natureza econmica; neste a justia determina o aumento salarial, reduo de jornada de trabalho etc. Apesar da redao do artigo 114 da CF no mais descrever os de natureza jurdica, pois foi alterado pela EC 45, entendemos que o mesmo continua em vigor, pois so nestas demandas que se interpretam normas

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coletivas, no servindo para que sejam firmad as novas convices, e sim servem somente para interpretar normas coletivas.

02. A Classificao das Formas de Dissdios Coletivos

Uma das caractersticas da soluo dos conflitos coletivos pelo Judicirio trabalhista que se profere uma sent ena de carter normativo, na qual h a criao do direito na prpria deciso, substituindo a conveno ou acordo coletivos anteriores. Do mesmo modo que os conflitos coletivos de trabalho, estudados em tpico anterior, os dissdios coletivos dividem-se em dissdios de natureza econmica e dissdios de natureza jurdica, ou seja, os dissdios coletivos, entendidos como procedimentos para soluo jurisdicional dos conflitos coletivos de trabalho, classificam-se em econmicos e jurdicos:Dissdios de Nos Dissdios de carter econmico a sentena possui carter constitutivo, tendo em vista que cria normas de ordem geral e abstrata, que disciplinam as relaes jurdicas de emprego. Os dissdios de carter econmico possuem poder normativo quando os Tribunais do Trabalho tm a possibilidade de estabelecer normas e condies de trabalho, oponveis erga omnes s categorias econmicas (ou s empresas) e s categorias profissionais envolvidas no litgio. Dissdios de carter jurdico

Nos dissdios de carter jurdico, a sentena de natureza declaratria da existncia ou inexistncia de certa relao jurdica,

Destarte, quando o que se pretende a criao de normas e condies de trabalho, o dissdio ter carte r econmico. Por seu turno, quando os conflitos so fundados em normas preexistentes, em torno da qual divergem as partes, quer na sua aplicao quer na sua interpretao, estaremos diante de dissdio de carter jurdico.

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O dissdio de greve possui natureza de dissdio jurdico, uma vez que supe a apreciao do carter abusivo desta, ou seja, enseja uma ao de natureza declaratria. Contudo, na maioria das vezes, so discutidas, no bojo do dissdio de greve, questes concernentes s condies de trabalho, circunstncia que, consoante Ives Gandra Martins Filho, lhe confere carter misto. O doutrinador citado no pargrafo anterior classifica os dissdios coletivos conforme a seguir:Dissdios originrios Dissdios de reviso Dissdios de declarao Quando inexistentes ou em vigor normas e condies especiais de trabalho, com a criao de condies especiais de trabalho, conforme o art. 867 (CLT). Destinados a rever normas e condies coletivas de trabalho preexistentes e que se tornaram ineficazes ou injustas de acordo com as circunstncias (arts. 873 a 875 da CLT). Versam sobre paralisao de trabalho em decorrncia de greve. Dissdios de extenso Tm como objetivo estender as condies de trabalho a outros trabalhadores (arts. 868 a 871 da CLT).

03. A Distino entre Dissdio Individual e Dissdio ColetivoDistino no que tange a (o):

Dissdio individual

Dissdio coletivo

Interesse

Bem definido e especifico de um ou vrios trabalhadores.

Abstrato de toda uma categoria profissional e/ou os seus empregadores.

Propositura da Ao Contraditrio

Ao proposta perante uma Vara do Trabalho. Desenvolve-se entre um empregado e um patro.

Ao proposta perante um Tribunal do Trabalho. Contraditrio no concretizado diretamente por todos os trabalhadores e uma ou mais empresas. Os sujeitos dessa relao so os sindicatos, salvo algumas excees.

Sentena

A sentena que fizer coisa julgada reverter-se- de imutabilidade e de perenidade. A sentena que se tornar irrecorrvel no dissdio individual ser lei para as partes.

Ter vigncia por tempo determinado. A sentena normativa proferida em processo coletivo vlida inclusive para as empresas e os trabalhadores que, posteriormente ingressarem no grupo profissional ou econmico envolvido no processo.

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04. O Processo e o Procedimento no Dissdio Coletivo

As partes legtimas para o ajuizamento do dissdio coletivo , ou seja, o suscitante so as entidades sindicais dos trabalhadores e/ou dos

empregadores, ou na inexistncia de entidade sindical patronal representativa, somente os empregadores, caso os interesses em conflito sejam

particularizados. Na ocorrncia de paralisao do trabalho, pela greve, sem ajuizamento do correspondente dissdio coletivo, o Ministrio Pblico do Trabalho poder instaurar a instncia judicial, quando a defesa da ordem jurdica ou o interesse pblico assim o exigir. Neste caso, as demais partes sero chamadas de suscitadas. A interveno do Ministrio Pblico autorizada pela Constituio Federal (art. 127).05. Os Requisitos da Inicial

No que tange ao dissdio coletivo, a exordial dever conter sua proposta de conciliao, conforme estabelece o artigo 858 da CLT:Art. 858 - A representao ser apresentada em tantas vias quantos forem os reclamados e dever conter: a) designao e qualificao dos reclamantes e dos reclamados e a natureza do estabelecimento ou do servio; b) os motivos do dissdio e as bases da conciliao.

Em tempo, oportuno salientar ser a prvia tentativa conciliatria requisito indispensvel para o ajuizamento do dissdio coletivo, consoante o art. 114, 2, da CF/88. Cumpre, contudo, observar que a nova redao do citado dispositivo disposto na Carta magna considera a Emenda Constitucional n 45 de 08 de dezembro de 2004 (DOU 31.12.2004), na redao do artigo 114: "Art. 114. Compete Justia do Trabalho processar e julgar:I as aes oriundas da relao de trabalho, abrangidos os entes de direito pblico externo e da administrao pblica direta e indireta da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios; II as aes que envolvam exerccio do direito de greve;

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III as aes sobre representao sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores; IV os mandados de segurana, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver matria sujeita sua jurisdio; V os conflitos de competncia entre rgos com jurisdio trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, o ; VI as aes de indenizao por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relao de trabalho; VII as aes relativas s penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos rgos de fiscalizao das relaes de trabalho; VIII a execuo, de ofcio, das contribuies sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acrscimos legais, decorrentes das sentenas que proferir; IX outras controvrsias decorrentes da relao de trabalho, na forma da lei. 1 Frustrada a negociao coletiva, as partes podero eleger rbitros. 2 Recusando-se qualquer das partes negociao coletiva ou arbitragem, facultado s mesmas, de comum acordo, ajuizar dissdio coletivo de natureza econmica, podendo a Justia do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposies mnimas legais de proteo ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente. 3 Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de leso do interesse pblico, o Ministrio Pblico do Trabalho poder ajuizar dissdio coletivo,competindo Justia do Trabalho decidir o conflito." (NR)

Salienta-se, ainda, que foi deferida liminar na Ao Direta de Inconstitucionalidade n 3395-6, tendo como requerente a Associao dos Juzes Federais do Brasil, e Relator o Ministro Cezar Peluso, no sentido de excluir da competncia da Justia do Trabalho servidor pblico estatutrio ou de carter jurdico-administrativo. Segue o final da deciso monocrtica:"Suspendo, ad referendum, toda e qualquer interpretao dada ao inciso I do art. 114 da CF, na redao dada pela EC 45/2004, que inclua, na competncia da Justia do Trabalho, a "(...) apreciao

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... de causas que ... sejam instauradas entre o Poder Pblico e seus servidores, a ele vinculados por tpica relao de ordem estatutria ou de carter jurdico-administrativo"

A redao antes da proferida E.C. era:Art. 114. Compete Justia do Trabalho conciliar e julgar os dissdios individuais e coletivos entre trabalhadores e empregadores, abrangidos os entes de direito pblico externo e da administrao pblica direta e indireta dos Municpios, do Distrito Federal, dos Estados e da Unio, e, na forma da lei, outras controvrsias decorrentes da relao de trabalho, bem como os litgios que tenham origem no cumprimento de suas prprias sentenas, inclusive coletivas. 1. Frustrada a negociao coletiva, as partes podero eleger rbitros. 2. Recusando-se qualquer das partes negociao ou arbitragem, facultado aos respectivos sindicatos ajuizar dissdio coletivo, podendo a Justia do Trabalho estabelecer normas e condies, respeitadas as disposies convencionais e legais mnimas de proteo ao trabalho. 3. Compete ainda Justia do Trabalho executar, de ofcio, as contribuies sociais previstas no artigo 195, I, a, e II, e seus acrscimos legais, decorrentes das sentenas que proferir. (Pargrafo acrescentado pela Emenda Constitucional n 20/98, DOU 16.12.1998)

Como vimos acima, o procedimento dos dissdios coletivos foi profundamente alterado, conforme tabela comparativa abaixo, referente ao art. 114 da Constituio Federal:Antes da EC 45/042 Recusando-se qualquer das partes negociao ou arbitragem, facultado aos respectivos sindicatos ajuizar dissdio coletivo, podendo a Justia do Trabalho estabelecer normas e condies, respeitadas as disposies convencionais e legais mnimas de proteo ao trabalho Sem correspondente anterior

Aps a EC 45/042 Recusando-se qualquer das partes negociao coletiva ou arbitragem, facultado s mesmas, de comum acordo, ajuizar dissdio coletivo de natureza econmica, podendo a Justia do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposies mnimas legais de proteo ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente.

3 Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de leso do interesse pblico, o Ministrio Pblico do Trabalho poder ajuizar dissdio coletivo, competindo Justia do Trabalho decidir o conflito

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Em tempo anterior a promulgao da Emenda Constitucional N 45/2004, a exigncia para a instaurao dos dissdios coletivos era apenas a de que tivessem sido esgotadas as tentativas de negociao entre as partes . Depois da promulgao da citada E.C, concatenado a da Reforma do Judicirio, restou alterado o 2, do art. 114 da Constituio Federal, que passou a incluir a expresso comum acordo como condio para o ajuizamento do dissdio c oletivo de natureza econmica, seno vejamos:Recusando-se qualquer das partes negociao ou arbitragem, facultado s mesmas, de comum acordo, ajuizar dissdio coletivo de natureza econmica, podendo a Justia do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposies mnimas legais de proteo ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente.

No Supremo Tribunal Federal tramitaram vrias ADINs questionando a validade do termo comum acordo. Os Tribunais Regionais do Trabalho comearam a se manifestar acerca do tema, e vm proferindo entendimento de que nada foi alterado, importante ressaltar, que a instaurao do dissdio coletivo dispensa o consentimento da parte contrria.06. A Sentena

A sentena proferida em sede de dissdio coletivo denominada de sentena normativa, ou seja, o chamado acrdo do Tribunal Regional do Trabalho ou da Seo Especializada em Dissdios Coletivos do Tribunal Superior do Trabalho. A sentena normativa dever ser fundamentada, sob pena de nulidade, devendo traduzir, em seu conjunto, a justa composio do conflito de interesse das partes, bem como guardar adequao com o interesse da coletividade. A sentena normativa cria o direito para as partes em litgio, criando normas mais favorveis que aquelas estabelecidas na conveno e na lei, consoante preceitua o texto constitucional (CF, art. 114, 2). O rgo julgador examina, preliminarmente, a competncia, os pressupostos processuais e as condies da ao e, se corretas examina e decide a pauta de reivindicaes expostas em clusulas. estas,

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As referidas clusulas constantes do acrdo so classificadas por Martins Filho como:A. Clusulas econmicas: dizem respeito ao reajustes salariais, ao

acrscimo de produtividade, ao aumento real, ao salrio normativo, ao piso salarial, etc.B. Clusulas sociais : dizem respeito quelas de contedo econmico

indireto,C.

tais

como

auxlio -creche,sindicais:

auxlio-alimentao, aquelas que

auxlio-funeral, o

estabilidade provisria, multa pelo descumprimento da sentena normativa etc.Clusulas

so

regulamentam

relacionamento do sindicato com as empresas, estabelecem as contribuies a serem descontadas dos empregados em favor dos sindicatos, as garantias dos dirigentes sindicais etc. tambm fixada a vigncia da sentena normativa, normalmente de 1 ano, mas que legalmente pode ser fixada at 4 anos. As custas so impostas ao vencido e sero calculadas sobre o valor arbitrado pelo Presidente do rgo julgador (CLT, art. 790). O acrdo dever ser publicado no prazo de 15 dias da data do julgamento.07. Jurisprudncias Concernentes ao Diss dio Coletivo- Ementas

DISSDIO COLETIVO. IRREGULARIDADE FORMAL. FALTA DE FUNDAMENTAO DAS CLUSULAS NA REPRESENTAO E PAUTA REIVINDICATRIA NO REGISTRADA EM ATA. NO-OBSERVNCIA DE PRESSUPOSTO DE DESENVOLVIMENTO E CONSTITUIO VLIDO E REGULAR DO PROCESSO COLETIVO. EXTINO DO FEITO SEM RESOLUO DO MRITO. A inobservncia da apresentao da ata da assemblia de trabalhadores, com o registro da pauta reivindicatria, e da fundamentao das reivindicaes da categoria enseja o indeferimento da petio inicial e a extino do processo sem resoluo do mrito. No observados os pressupostos essenciais constituio e desenvolvimento vlido e regular do processo coletivo, extingue -se o feito, sem resoluo do mrito, nos termos do art. 267, I e IV, do CPC - inteligncia das Orientaes Jurisprudenciais n8 e 32 da SDC do col. TST. ( Processo: 00540-2009-000-1000-5 DC TRT 10 Regio/Julgado em 03/03/2010).

DISSDIO COLETIVO. REAJUSTE SALARIAL. PERCENTUAL CORRESPONDENTE AO INPC/IBGE ACUMULADO NO PERODO ANTERIOR AO REAJUSTAMENTO REQUERIDO. LEI N 10.192/2001. PROIBIO DE INDEXAO. A jurisprudncia do col. TST tem-se mostrado refratria ao reajustamento sala rial com base na integralidade do percentual correspondente inflao do perodo, em razo do que reza o artigo 13 da Lei42

n 10.192/2001 no sentido de que "No acordo ou conveno e no dissdio, coletivos vedada a estipulao ou fixao de clusula de re ajuste ou correo salarial automtica vinculada a ndice de preos". Assim, em observncia lei de poltica salarial que rege a matria, concede -se 6% a ttulo de reajuste salarial categoria para o perodo de vigncia da norma coletiva. Dissdio coletivo julgado procedente em parte. (Processo: 00220-2009-000-10-00-5 DC TRT 10 Regio/Julgado em 17/10/2009) .

ABONO SALARIAL. CONCESSO EM DISSDIO COLETIVO. EXTENSO AOS INATIVOS. POSSIBILIDADE. Parcela destinada a compensar perdas e defasagens salariais, em decorrncia da ausncia da implementao de reajustes anteriores. Caracterizada a natureza salarial da parcela, deve haver extenso do benefcio aos inativos, complementando -lhes a aposentadoria. Recurso Ordinrio da reclamante provido. (TRT/SP - 01896200501102000 RO - Ac. 12aT 20090282269 - Rel. Davi Furtado Meirelles - DOE 28/04/2009) DISSDIO COLETIVO - 'COMUM ACORDO' ESTABELECIDO NO ART. 114, 2 DA CF - O texto constitucional quando estabelece a faculdade das partes em comum acordo ajuizar dissdio coletivo no quis impor qualquer restrio ao direito de ao constitucionalmente assegurado, mas to -somente obstar o ajuizamento de dissdios coletivos de natureza econmica sem a tentativa de negociao amigvel para a soluo do conflito, exprimindo, portanto, a expresso 'comum acordo' a idia de que as partes concordam quanto impossibilidade de chegarem a um consenso sobre os pontos controvertidos, no restando outra alternativa para a composio do dissdio seno pela tutela normativa desta Justia do Trabalho. Portanto, no h se falar em necessidade de ambas as partes subscreverem a petio de Dissdio Coletivo em conjunto. (TRT23. DC - 00068.2008.000.23.00 -9. Publicado em: 25/04/08. Tribunal Pleno. Relator: DESEMBARGADORA LEILA CALVO

08. Consideraes Finais

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09. BIBLIOGRAFIAy

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