MONOGRAFIA PERSPECTIVA DA ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL

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CRISTIANE ROSE MACHADO DE LIMA

A ATUAO DO MINISTRIO PBLICO DO TRABALHO (MPT) NA EXPLORAO DO TRABALHO INFANTO-JUVENIL: PERSPECTIVA PARA SUA ERRADICAO NO BRASIL

Rio de Janeiro, 14 de fevereiro de 2011

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A ATUAO DO MINISTRIO PBLICO DO TRABALHO (MPT) NA EXPLORAO DO TRABALHO INFANTO-JUVENIL: PERSPECTIVA PARA SUA ERRADICAO NO BRASIL

CRISTIANE ROSE MACHADO DE LIMA

MONOGRAFIA APRESENTADA COMO REQUISITO PARCIAL PARA OBTENO DO TTULO DE PS-GRADUADA EM DIREITO ESPECIAL DA CRIANA E DO ADOLESCENTE

_______________________________________________ Prof. Orientador: Geraldo Tadeu M. Monteiro

Rio de Janeiro 2011

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar quero agradecer minha famlia, marido e filhos por me aconselharem a continuar o curso, uma vez que por diversas vezes pensei em desistir, devido a escassez de tempo, visto que na primeira etapa do curso, em 2005, precisei me afastar por ter que trabalhar em outro pas.

Ao retornar ao Brasil em 2008 procurei a instituio e resolvi retomar as atividades que faltavam para que eu pudesse obter a especializao proposta pelo curso. Quero agradecer a responsvel de secretaria Teresinha pelo esclarecimento de todas as informaes

necessrias para a concluso deste curso e tambm no posso deixar de agradecer ao Anderson, atendente de secretaria pela pacincia e ateno ao longo desses anos.

Quero agradecer a todos os professores do curso, tanto da turma de 2005 quanto da turma de 2009, mas quero agradecer em especial as professoras, Tnia que foi atenciosa em acolher meus pedidos quando precisei, professora Jaqueline que por muitas vezes foi companheira e amiga me prestando suporte e me auxiliando na resoluo de problemas que surgiram ao longo do curso, e por fim quero agradecer ao professor e

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orientador Geraldo Tadeu pelo carinho e ateno que me disponibilizou nos momentos cruciais da entrega desta monografia mantendo seu rigor de exigncia que certamente contriburam muito para meu aprendizado na elaborao deste trabalho e de outros que certamente viro.

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NDICEINTRODUO .................................................................................................................................................. 6 CAPTULO I ...................................................................................................................................................... 8 1. DA ERRADICAO DO TRABALHO INFANTIL NO MUNDO E NO BRASIL .............................. 8 1.1. Incio da Explorao do Trabalho Infantil: A Revoluo Industrial ............................. 8 1.2. Do surgimento das primeiras leis de proteo ao trabalho infantil......................... 11 1.3. O Trabalho da Criana e do Adolescente no ordenamento jurdico ptrio ........... 12 1.4. Cooperao Internacional para o Combate Explorao do Trabalho .................. 18 1.4.1. Documentos Internacionais ................................................................................................ 19 1.4.2. A ONU Organizao das Naes Unidas ..................................................................... 22 1.4.3. A OIT Organizao Internacional do Trabalho......................................................... 23 1.4.4. O UNICEF Fundo das Naes Unidas para a Infncia ........................................... 32 CAPTULO II .................................................................................................................................................. 33 2. DOS DIREITOS DA CRIANA E DO ADOLESCENTE ................................................................... 33 2.1. A Legislao Ptria da Proteo Integral ............................................................................ 33 2.2. Dos Princpios inerentes a proteo da Criana e do Adolescente ............................ 35 CAPTULO III ................................................................................................................................................ 39 3. A INSTITUIO DO MINISTRIO PBLICO .................................................................................. 39 3.1. Atribuies do Ministrio Pblico .......................................................................................... 39 3.2. O Ministrio Pblico do Trabalho .......................................................................................... 41 CAPTULO IV ................................................................................................................................................. 43 4. A ESTRUTURA E COMPETCIA DO MINISTRIO PBLICO DO TRABALHO MPT ........... 43 4.1. reas de Atuao do MPT ........................................................................................................ 43 4.2. Atuao do MPT atravs do TAC ........................................................................................... 46 CAPTULO V.................................................................................................................................................... 51 5. ESTATSTICAS ....................................................................................................................................... 51 5.1. Estatsticas do nmero de Criana e Adolescentes Trabalhadores no Brasil ........ 51 5.2. ndice de Reduo do Trabalho Infanto-Juvenil ............................................................... 54 CAPTULO VI ................................................................................................................................................. 57 6. CONCLUSO ............................................................................................................................................ 57 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ....................................................................................................... 62

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INTRODUO

Esta pesquisa na rea do Direito da Criana e do Adolescente tem como tema a Explorao do Trabalho Infanto-Juvenil: perspectivas para sua erradicao no Brasil. A delimitao do tema reflete um compromisso com a proteo integral da criana e do adolescente, em consonncia com os direitos fundamentais amparados pela Legislao Ptria bem como em Documentos Internacionais dos Direitos da Criana e do Adolescente.

O

estudo

apresenta

uma

breve

exposio

das

legislaes

protecionistas no Brasil e no Mundo nas quais o Direito apresenta-se como um dos elementos constitutivos da realidade. O objetivo do trabalho trazer as experincias bem sucedidas da atuao governamental atravs de polticas pblicas e da atuao do ministrio do Pblico do Trabalho no enfrentamento da situao das crianas e adolescentes que vivem em situaes de explorao.

Atravs de pesquisas documentais esse sucinto trabalho apresenta a realidade atual e as mais recentes aes utilizadas para erradicar o trabalho infanto-juvenil no pas. Sabe-se que a erradicao do trabalho infantil no se faz somente com o afastamento da criana e do adolescente do trabalho, pois precisa estar articulada com um conjunto de

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medidas jurdicas e polticas de proteo e atendimento s crianas, aos adolescentes e s famlias.

A investigao jurdica sobre o tema justifica-se pela necessidade de compreenso e sistematizao das alternativas e caminhos para a erradicao do trabalho infantil no Brasil, resgatando os princpios e regras do Direito da Criana e do Adolescente e analisando o sistema de garantias de direitos como instrumento efetivo e indispensvel para a transformao social.

O principal objetivo deste trabalho trazer as principais aes que esto acontecendo no Brasil e no Mundo na tentativa de afastar as crianas e adolescentes do trabalho proibido, e ainda demonstrar a importncia do papel do Ministrio Pblico na sociedade, atuando na proteo dos direitos dos cidados e acima de tudo preservando o futuro dessas crianas e desses adolescentes.

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CAPTULO I

1. DA ERRADICAO DO TRABALHO INFANTIL NO MUNDO E NO BRASIL

1.1. Incio da Explorao do Trabalho Infantil: A Revoluo Industrial

Faz-se necessrio apresentar um breve histrico das legislaes que regem o trabalho infanto-juvenil no mundo, na tentativa de retirar do mercado de trabalho principalmente as crianas que so submetidas a trabalhos, muitas vezes forados, e degradantes, em situaes que influenciam diretamente na sade fsica e mental de milhes de crianas e adolescentes expostos a essas condies, estas foram enquadradas pela OIT como as piores formas do trabalho infantil, que ser melhor esclarecido no decorrer deste trabalho.

Segundo Custdio em seu trabalho acadmico define quando o tema passou a ter relevncia na sociedade:

O trabalho infantil tem registros que remontam prpria histria da humanidade, sua utilizao sempre variou conforme o grau de desenvolvimento civilizatrio. No entanto, considerando a histria recente da humanidade, com o incio da Revoluo Industrial o tema passou a ganhar maior importncia em funo da evidente

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degradao fsica que estava ocorrendo na infncia, que alarmava, at mesmo, os mais conservadores. 1

A Revoluo industrial no incio do sculo XVIII foi fator primordial para criao de condies desumanas e degradantes para os

trabalhadores daquela poca, as fbricas no incio da revoluo industrial eram sujas, abafadas e com pouca iluminao, os salrios recebidos pelos trabalhadores eram muito baixos e assim eram comuns problemas srios de sade gerados pela alimentao deficiente, pelo cansao e as condies de insalubridade e o esforo exagerado contribuam para os desgastes fsicos e mentais daqueles trabalhadores.

Com a inteno de reduzir ao mximo os custos os capitalistas industriais passaram a empregar o trabalho infantil e feminino em suas fbricas. Os empregados trabalhavam quase 20 horas por dia. E quando desempregados passavam por situaes de precariedade, uma vez que no havia nenhum tipo de direito trabalhista poca.

______________________________________ 1. CUSTDIO, Andr Viana. O trabalho da criana e do adolescente: Florianpolis, Monografia de Graduao, Centro de Cincias Jurdicas, Universidade Federal de Santa Catarina, 1999

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A explorao do trabalho infantil e feminino representava muito lucro para os capitalistas, visto que a mo-de-obra era barata, disciplinada e com baixo poder reivindicativo.

O trabalho infantil tem registros que remontam prpria histria da humanidade, sua utilizao sempre variou conforme o grau de desenvolvimento civilizatrio. No entanto, considerando a histria recente da humanidade, com o incio da Revoluo Industrial o tema passou a ganhar maior importncia em funo da evidente degradao fsica que estava ocorrendo na infncia, que alarmava, at mesmo, os mais conservadores.

(...) milhares de braos tornaram-se de sbito necessrios. [...] Procuravam-se principalmente pelos pequenos e geis. [...] Muitos, milhares desses pequenos seres infelizes, de sete a treze ou quatorze anos foram despachados para o norte. O costume era o mestre (o ladro de crianas) vestlos, aliment-los e aloj-los na casa de aprendizes junto a fbrica. Foram designados supervisores para lhes vigiar o trabalho. Era interesse destes feitores de escravos fazerem as crianas trabalhar o mximo possvel, pois sua remunerao era proporcional quantidade de trabalho que deles podiam extrair. (...) Os lucros dos fabricantes eram enormes, mais isso apenas aguava-lhes a voracidade lupina. Comearam ento a prtica do trabalho noturno, revezando, sem soluo de continuidade, a turma do dia pelo da noite o grupo diurno ia se estender nas camas ainda quentes que o grupo noturno ainda acabara de deixar, e vice e versa. Todo mundo diz em Lancashire, que as camas nunca esfriam. 2

____________________________________2 - MARX, Karl. O Capital. Ed. Difel, 2001, p. 87-88

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1.2. Do surgimento das primeiras leis de proteo ao trabalho infantil

A primeira legislao de proteo da criana e do adolescente surgiu, na Inglaterra, em 1802, foi proibido o trabalho noturno do menor. E Ainda na Inglaterra, aprovou-se em 1819, a lei que regulava o trabalho de crianas e adolescentes nas atividades algodoeiras, proibindo o emprego de menores de nove anos e fixando em doze horas dirias o trabalho dos menores de dezesseis. No ano de 1833, outra lei inglesa foi aprovada, desta vez veio restringir a jornada de trabalho dos menores de treze anos para nove horas, alm de manter a vedao do trabalho noturno.

Em 1813, uma lei na Frana tornou ilegal o trabalho de crianas em minas. E uma lei de maro de 1841 proibiu o trabalho de menores de oito anos nas fbricas e manufaturas e fixou em oito horas dirias a jornada de trabalho das crianas.

A Alemanha, seguindo a linha que vinha sendo adotada na Inglaterra e na Frana, aprovou, em 1839, lei que proibiu o trabalho de menores de nove anos e restringiu a dez horas a jornada mxima diria dos menores de dezesseis.

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A Itlia tambm aprovou lei em 1886 a lei que vedou certas espcies de trabalho e proibiu o emprego de menores de nove anos em qualquer tipo de trabalho.

1.3. O Trabalho da Criana e do Adolescente no ordenamento jurdico ptrio

O trabalho infantil est presente no Brasil desde o incio do seu povoamento, com origens na colonizao portuguesa e no sistema escravocrata, conforme leciona MINHARRO:

(...) os escravos deveriam trabalhar assim que tivessem desenvolvimento fsico para tanto e, muitas vezes, eram separados dos pais ainda crianas e vendidos para outros senhores. Aos quatro anos de idade os escravos desempenhavam tarefas domsticas leves nas fazendas, aos oito anos poderiam pastorear o gado; as meninas aos onze anos costuravam e, aos quatorze anos, tanto os meninos quanto as meninas, j laboravam como adultos . Com a abolio da escravatura, os filhos dos escravos que no conseguiam trabalho ficavam pelas ruas, assim como os filhos dos brancos que encontravam-se tambm desempregados com a crise econmica que avassalou o pas na poca. Assim, dentro deste contexto, a mo-de-obra infantil continuou a ser explorada por ser mais dcil, mais barata e com facilidade de adaptao ao trabalho. A partir da, iniciou-se o processo de industrializao que obrigou o ingresso de grandes contingentes de crianas e adolescentes nas

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fbricas. Exerciam funes iguais as dos operrios adultos embora recebessem salrios bem inferiores. O trabalho era desumano, em ambientes imprprios, horrio noturno e sem direito a descanso semanal. As crianas eram consideradas aprendizes e no freqentavam a escola. As denncias sobre explorao dos aprendizes, as greves por salrios, as greves por reduo de horas de trabalho, eram feitas igualmente por crianas e adultos. 3

A primeira lei que regulamentou o trabalho infanto-juvenil nas fbricas foi o decreto n 1.313 de 1891, este decreto regulamentou o trabalho de crianas e adolescentes de 8 a 15 anos nas fbricas, determinando que os menores do sexo feminino de 12 a 15 anos e do sexo masculino de 12 a 14 anos teriam uma carga horria de no mximo sete horas por dia e no consecutivas e no poderia exceder em quatro horas o trabalho contnuo.

Nas fbricas de tecidos poderiam ser admitidas crianas a partir dos 8 anos de idade porm com uma jornada de no mximo trs horas dirias.

_______________________________________ 3 - MINHARRO, Erotilde Ribeiro dos Santos. A Criana e o Adolescente no Direito do Trabalho. Ed. LTR, 2006, p. 41

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A partir da dcada de 20 passaram a existir as colnias agrcolas para filhos de imigrantes, vindos aps a abolio da escravido para substituir a mo-de-obra escrava, respaldadas pela idia de que a criana o melhor imigrante trabalhador.

Outro decreto, o n 16.300, que tambm nunca foi obedecido, foi institudo no Brasil em 1923. Ele procurava limitar em seis horas dirias a jornada dos menores de dezoito anos.

O Brasil foi o primeiro Pas na Amrica Latina a editar o Cdigo de Menores, o chamado Cdigo de Mello Mattos aprovado em 12 de outubro de 1927 atravs do Decreto n17.943-A, foi que o Brasil passou a efetivamente proteger o trabalho das crianas e jovens. Esse diploma limitava a idade mnima para o trabalho a partir dos 12 anos; e proibia o trabalho aos de menores de 14 anos com instruo primria incompleta ou em atividades insalubres ou perigosas e o trabalho de menores de 18 anos em horrio noturno.

Aps

a

Revoluo

industrial

em

1930,

diversas

medidas

protecionistas foram adotadas, iniciando-se pelo Decreto n 22.042 de 1932, que fixou a idade mnima para o trabalho na indstria. Os cursos de aperfeioamento profissional dos 18 aos 21 anos foram criados atravs do Decreto n 1.238 de 02 de maio de 1939. O ltimo diploma legal expedido

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antes da Consolidao das Leis do Trabalho foi o Decreto-lei n 3.616 de 1941 que instituiu a carteira de trabalho do menor de 18 anos.

Em 1973 sistematizando toda legislao existente alm de introduzir disposies inovadoras, foi aprovada a Consolidao das Leis do Trabalho (CLT), em meio as presses populares no governo de Getlio Vargas, entrando em vigor em 10 de novembro do mesmo ano. Foi estabelecido a idade mnima para o trabalho aos 12 anos de idade.

A Constituio de 1934 foi a primeira do pas a tratar da ordem social, protegendo o trabalho infantil ao proibir a distino salarial, por motivo de idade, para um mesmo trabalho, o trabalho de menores de 14 anos, o trabalho noturno aos menores de 16 e em locais insalubres aos menores de 18 anos. No que tange proteo do trabalho infantil, a Constituio Federal de 1937 manteve o disposto na Constituio anterior.

A Constituio de 1946 pouco acrescentou em termos de amparo ao trabalho infantil. Manteve a proibio de diferena de salrio para um mesmo trabalho por motivo de idade e adicionou, por motivo de sexo, nacionalidade ou estado civil.

A Carta Magna de 1967 alterou a idade mnima para o ingresso da pessoa no mercado de trabalho de 14 anos para 12 e vedou o trabalho

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noturno de menores de 18 anos, assim como o trabalho nas indstrias insalubres.

Em 5 de outubro de 1988 foi promulgada a Constituio Federal vigente, apelidada de Constituio Cidad, em Sesso da Assemblia Nacional Constituinte, em 27 de julho de 1988, discursou Ulysses Guimares, poca deputado federal:

Repito: essa ser a Constituio cidad, porque recuperar como cidados milhes de brasileiros, vtimas da pior das discriminaes: a misria.

A CRFB/88 retornou a tradio brasileira de fixar a idade mnima de trabalho em 14 anos, salvo na condio de aprendiz, que havia sido rompida pela Emenda Constitucional n 1 de 1969 ao fixar a menor idade trabalhista aos 12 anos.

Em 1990 ocorre a edio da Lei 8.069 publicada em 27 de setembro o ECA, que dispe sobre a proteo integral da criana e do adolescente. O Captulo V do Titulo II dos artigos de 60 a 69 regula a proteo do trabalho. O ECA veio regulamentar os direitos e garantias assegurados s crianas e adolescentes pela Constituio de 1988, dentre eles o direito ao trabalho. O ECA revogou todas as disposies legais contrrias a ele, inclusive os dispositivos da CLT que contrariavam seus princpios.

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Em 15 de dezembro de 1998 a Emenda Constitucional de n 20 altera o inciso XXXIII do artigo 7, passando a ter o seguinte texto: proibio de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de 18 anos e de qualquer trabalho a menores de 16 anos, salvo na condio de aprendiz a partir de 14 anos. Sendo assim a idade mnima para o trabalho passou de 14 anos para 16 anos de idade.

Nos atuais textos legislativos ptrios a idade mnima para o ingresso no mercado de trabalho de 16 anos, equiparando-se aos Estados Unidos e a Frana. Na Inglaterra, por exemplo, a idade mnima de 13 anos; na Blgica e na maioria dos pases da Amrica Latina de 14 anos; e em pases como Sua, Alemanha, Itlia e Chile, a idade mnima de 15 anos. Todavia h um descompasso entre a lei e a realidade dos fatos, j que a norma jurdica no pode, por si s, resolver o problema do trabalho infantil existente no pas.

O ECA fundamenta-se no art. 227 da Constituio Federal Brasileira. A Carta Magna tem por princpio a formao integral da criana e adolescente, sendo assegurado o direito sade, alimentao, educao, ao lazer, profissionalizao, cultura, dignidade, ao respeito, liberdade e convivncia familiar e comunitria, alm de coloc-los a salvo de toda forma de negligncia, discriminao,

explorao, violncia, crueldade e opresso. Sendo assim, as jornadas de

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trabalho deve guiar-se por esses princpios. O direito profissionalizao no pode ser interpretado isoladamente dos demais direitos. Assim, sua formao profissional deve assegurar-lhes tempo e condies para as outras atividades que tambm so de igual importncia.

Infelizmente ainda nos dias de hoje, mesmo diante de diversas leis protecionista o trabalho de crianas e adolescentes explorado sob as mais variadas justificativas. Diversos estudos elaborados sobre o tema acreditam que devido ao baixo custo da mo-de-obra, da necessidade de composio de renda familiar, dentre os mais variados motivos.

1.4. Cooperao Internacional para o Combate Explorao do Trabalho

Sem

sombra

de

dvidas

a

Comunidade

Internacional

vem

contribuindo muito para o combate ao trabalho infantil, hoje esse tema foi incorporado ao conjunto das grandes questes sociais, isso porque se tem percebido ao longo dos anos que a ateno a criana deve pertencer ao plano de desenvolvimento social de todos os pases.

certo que propostas para a erradicao total do trabalho infantojuvenil no mundo tm surgido de diversas fontes, porm uma situao que requer uma compreenso plena do fenmeno que bastante complexo, o problema est associado a misria de alguns pases, a

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desigualdade e a excluso social, bem como em muitas situaes de natureza cultural dificultam o debate do tema.

A Comunidade Internacional vem desenvolvendo diferentes metas que determinam um alcance imediato em medidas emergenciais e outras que devem ser alcanadas ao longo do tempo, pois demandam estratgias mais complexas para que se tornem efetivas.

A cooperao internacional deve ser um elemento complementar das polticas de combate ao trabalho infantil desenvolvidas por cada pas de acordo com prioridades definidas nacionalmente. O importante para que se alcance o sonho almejado que esses pases cumpram seu papel na Comunidade Internacional e dividam experincias bem sucedidas.

1.4.1. Documentos Internacionais

A

Conveno

um

instrumento

concebido

como

Tratado

Internacional. O Estado que ratifica uma Conveno contrai obrigaes legais que deve cumprir e que esto sujeitas a um permanente controle internacional.

A Recomendao, por sua vez, embora no imponha obrigaes, complementa a Conveno e, como expressa o prprio termo, recomenda

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medidas e oferece diretrizes com vista viabilizao da implementao, por leis e prticas nacionais, das disposies da Conveno.

Os Tratados se apresentam de forma fundamental para as relaes entre Estados, visando acordos dos mais variados interesses, admitem cooperao de toda ordem. A comunidade internacional recorre a esse instituto para solucionar conflitos, firmar convnios e principalmente proteger a humanidade das aes que atentem contra a sua dignidade.

No Brasil para que um tratado incorpore na legislao interna necessrio um processo que passa por trs fases, onde a primeira fase a celebrao do tratado que ocorre no plano internacional esse

procedimento vale para qualquer tratado seja ele de direitos humanos ou no.

A segunda fase a aprovao pelo poder legislativo, se o tratado for aprovado por maioria simples do Congresso Nacional esse tratado ter paridade normativa com a lei ordinria, essa uma regra. Ocorre que se o tratado internacional for de direitos humanos e for aprovado por 3/5 em dois turnos em cada casa do Congresso Nacional sero equivalentes as emendas constitucionais, essa uma exceo a regra.

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J na terceira fase necessria a participao do Presidente da Repblica, Ele ir participar de duas formas, uma no plano internacional onde dever ser feito a ratificao com o depsito do tratado aprovado pelo legislativo. Depsito o ato formal de entrega do tratado aprovado que passar a ter eficcia e exeqibilidade internacional. Se o tratado for multilateral, ou seja, acordo entre vrios Estados comum que esses Estados escolham um Organismo Internacional (OIT, ONU, etc) para receber o depsito.

No plano interno o Presidente da Repblica faz um decreto e esse decreto tem como objetivo promulgar e publicar os termos do tratado que passar a ter executoriedade interna no pas, porm o art. 49, I, da Constituio Federal dispe ser da competncia exclusiva do Congresso Nacional "resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimnio nacional". Combinado com o art. 84, VIII, este dispositivo forma a base constitucional da apreciao legislativa dos tratados celebrados pelo Brasil.

O alcance da obrigatoriedade da apreciao legislativa controverso na doutrina e na prtica. H juristas e agentes pblicos que a entendem obrigatria para todos os tratados concludos pelo pas. H os que interpretam o art. 49, I, como exigindo a aprovao legislativa apenas dos

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tratados que acarretem encargos ao patrimnio nacional neste caso o Tratado aprovado pelo Congresso Nacional por meio de decretolegislativo.

1.4.2. A ONU Organizao das Naes Unidas

A Organizao das Naes Unidas (ONU) foi fundada em 1945 com o objetivo de manter a paz e a segurana internacionais alm de estabelecer relaes cordiais entre as naes do mundo, obedecendo aos princpios da igualdade de direitos e da autodeterminao dos povos e incentivar a cooperao internacional na resoluo de problemas

econmicos, sociais, culturais e humanitrios.

O mais importante documento sobre os Direitos das Crianas aps a Declarao dos Direitos das Crianas de 1959 da ONU a CONVENO SOBRE OS DIREITOS DA CRIANA DE 1989 essa Conveno promove todos os direitos humanos das crianas e assim como a educao um direito das crianas, o trabalho tambm um direito humano. A sua principal premissa de que todas as crianas nascem com liberdades fundamentais e dos direitos inerentes a todos os seres humanos. um tratado internacional de direitos humanos.

A Conveno das Naes Unidas sobre os Direitos da Criana, que

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consagrou, por um lado, a doutrina de proteo integral e de prioridade absoluta aos direitos da criana, e, por outro, o respeito aos direitos civis, polticos, econmicos, sociais e culturais da criana. Firmado pelo Governo brasileiro na ocasio em que foi aberto assinatura dos Estados-membros da ONU, esse instrumento foi ratificado pelo Decreto Legislativo n 28, de 14 de setembro de 1990. Ainda em setembro daquele mesmo ano, o Brasil esteve representado no Encontro Mundial de Cpula pela Criana, realizado na sede das Naes Unidas. Naquela ocasio, 71 Presidentes e Chefes de Estado, alm de representantes de 80 pases, assinaram a Declarao Mundial sobre Sobrevivncia, Proteo e Desenvolvimento da Criana, e adotaram o Plano de Ao para a dcada de 90, assumindo o compromisso de implementar de imediato, a Conveno das Naes Unidas sobre os Direitos da Criana.

Esta Conveno usada por muitos movimentos e programas internacionais para fazer a luta pela erradicao do trabalho

infantil. Ratificada por praticamente todas as naes e referendada em seus prprios pases.

1.4.3. A OIT Organizao Internacional do Trabalho

Em 1919 criada a Organizao Internacional do Trabalho (OIT), com a atribuio de estabelecer garantias mnimas ao trabalhador e, tambm, evitar a explorao do trabalho de crianas.

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neste momento, que os diversos pases no mundo comeam a estabelecer uma srie de garantias contra a explorao do trabalho infantil visando garantir a reproduo da fora de trabalho para a manuteno do sistema capitalista que se consolidava.

Cumpre lembrar que a OIT, desde suas origens at sua atual estrutura e suas funes no mbito da ONU, tem deliberado por meio de Convenes, que tm natureza jurdica de tratados internacionais e, por isso, para gerarem efeitos no ordenamento jurdico brasileiro, devem passar pelo mesmo processo de internalizao pelo qual passam os demais tratados internacionais. As Convenes da OIT transformar-se-o em Decretos. Os Decretos contm, portanto, o texto aprovado pelo Congresso Nacional da Conveno da OIT.

A OIT rene-se anualmente em Conferncia Geral, da qual emanam normas internacionais do Recomendaes. O fundamento trabalho: as Convenes e doutrinrio da constituio as da

Organizao Internacional do Trabalho encontra-se no prembulo da parte XIII do Tratado de Versalhes, estabelecendo que considerando que a no adoo por qualquer nao de um regime de trabalho realmente humano serve de obstculo aos esforos das outras naes desejosas de melhorar a sorte dos trabalhadores em seus prprios pases

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No mbito do trabalho infantil, o Brasil ratificou:

I) II)

Conveno n 5, referente idade mnima na indstria (1919); Conveno n 7, relativa idade mnima no trabalho martimo (1920); Conveno n 58, tambm atinente idade mnima no trabalho martimo (1936). Conveno n 138 Previa que os pases Membros especificassem uma idade mnima de admisso ao emprego (15 anos) Foi ratificado em 28.06.2001; Conveno n 182, Combate as piores formas de trabalho infantil Foi ratificado em 02.02.2000 Conveno das Naes Unidas sobre Direitos da Criana e do adolescente de 1989 Ratificada em 1999 pelo Brasil

III)

IV)

V)

VI)

de suma importncia destacar neste trabalho a Recomendao de n 190 da OIT referente a conveno de n 182, hoje trabalhada em vrios projetos desenvolvidos no Brasil.

RECOMENDAO 190 SOBRE PROIBIO DAS PIORES FORMAS DE TRABALHO INFANTIL E AO IMEDIATA PARA SUA ELIMINAO Aprovada em 17/06/1999. No Brasil, promulgada pelo Decreto 3597 de 12/09/2000. A Conferncia Geral da Organizao Internacional do Trabalho, convocada em Genebra pelo Conselho de Administrao da Secretaria Internacional do Trabalho e reunida em 1 de junho de 1999, em sua 87 Reunio. Tendo adotado a Conveno sobre as Piores Formas de Trabalho Infantil, 1999; Tendo decidido pela adoo de diversas proposies relativas a trabalho infantil,

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matria que constitui a quarta questo da ordem do dia da Reunio e Aps determinar que essas proposies se revestissem da forma de recomendao que complemente a Conveno sobre as Piores Formas de Trabalho Infantil, 1999, adota, neste dcimo stimo dia de junho do ano de mil novecentos e noventa e nove, a seguinte Recomendao que poder ser citada como a Recomendao sobre as Piores Formas de Trabalho Infantil, 1999.

1 - As disposies desta Recomendao suplementam as da Conveno sobre as Piores Formas de Trabalho Infantil, 1999 (doravante a Conveno) e juntamente com elas deveriam ser aplicadas.

Programas de Ao: Os programas de ao mencionados no artigo 6 da Conveno deveriam ser elaborados e executados em carter de urgncia, em consulta com instituies governamentais pertinentes e organizaes de empregadores e de trabalhadores, tomando em considerao o que pensam as crianas diretamente afetadas pelas piores formas de trabalho infantil, suas famlias e, se for o caso, outros grupos interessados nos objetivos da Conveno e desta Recomendao.

Esses programas deveriam visar, entre outras coisas:

(a) (b)

identificar e denunciar as piores formas de trabalho infantil; evitar a ocupao de crianas nas piores formas de trabalho infantil ou retir-las dessas formas de trabalho, protegendo-as contra represlias e assegurando sua reabilitao e integrao social por meio de medidas que levem em conta suas necessidades educacionais, fsicas e psicolgicas; dispensar especial ateno: criana mais pequena; menina

(c) (d) (e)

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(f)

ao problema de situaes de trabalho oculto, em que as meninas esto particularmente expostas a riscos; a outros grupos de crianas com vulnerabilidades ou necessidades especiais; identificar e alcanar comunidades em que haja crianas expostas a riscos especiais e trabalhar com elas; informar, sensibilizar e mobilizar a opinio pblica e grupos interessados, inclusive as crianas e suas famlias.

(g)

(h)

(i)

Trabalho perigoso:

Ao determinar os tipos de trabalho a que se refere o artigo 3 (d) da Conveno e ao identificar sua localizao, dever-se-ia, entre outras coisas, levar em conta:

(a)

trabalhos que expem a criana a abuso fsico, psicolgico ou sexual; trabalho subterrneo, debaixo dgua, perigosas ou em espaos confinados; em alturas

(b)

(c)

trabalho com mquinas, equipamentos e instrumentos perigosos ou que envolvam manejo ou transporte manual de cargas pesadas; trabalho em ambiente insalubre que possa, por exemplo, expor a criana a substncias, agentes ou processamentos perigosos, ou a temperaturas ou a nveis de barulho ou vibraes prejudiciais a sua sade; trabalho em condies particularmente difceis, como trabalho por longas horas ou noturno, ou trabalho em que a criana injustificadamente confinada ao estabelecimento do empregador.

(d)

(e)

No que concerne aos tipos de trabalho referidos no artigo 3 (d) da Conveno, assim como no pargrafo 3 supra, leis e regulamentos nacionais ou a autoridade competente, aps consulta com as organizaes de trabalhadores e de

28

empregadores interessadas, poderiam autorizar o emprego ou trabalho a partir da idade de 16 anos, contanto que a sade, a segurana e a moral da criana estivessem plenamente protegidas e a criana tivesse recebido adequada instruo especfica ou treinamento profissional no ramo pertinente de atividade. Aplicao: Informaes detalhadas e dados estatsticos sobre a natureza e extenso do trabalho infantil deveriam ser compilados e atualizados para servir de base para a definio de prioridades da ao nacional com vista abolio do trabalho infantil, especialmente proibio e eliminao de suas piores formas em carter de urgncia. Essas informaes e dados estatsticos deveriam, na medida do possvel, incluir dados em separado por sexo, faixa etria, ocupao, ramo de atividade econmica, condio no emprego, freqncia escolar e localizao geogrfica. Dever-se-ia levar em considerao a importncia de um eficiente sistema de registro de nascimentos que inclusse a emisso de certides de nascimento. Dever-se-iam compilar e ser mantidos atualizados dados pertinentes com relao a violaes de disposies nacionais com vista a proibio e eliminao das piores formas de trabalho infantil. A compilao e o processamento de informaes e dados, a que se refere o pargrafo 5 supra, deveriam ser feitos com o devido respeito pelo direito privacidade. As informaes compiladas nos termos do pargrafo 5 acima deveriam ser encaminhados regularmente Secretaria Internacional do Trabalho. Os Estados-membros, aps consulta com organizaes de empregadores e de trabalhadores, deveriam criar ou adotar mecanismos nacionais apropriados para acompanhar a aplicao de disposies nacionais com vista proibio e eliminao das piores formas de trabalho infantil. Os Estados-membros deveriam velar por que as autoridades competentes, que tm a seu encargo a aplicao de disposies nacionais sobre proibio e eliminao das piores formas de trabalho infantil, cooperassem umas com as outras e coordenassem suas atividades.

29

Leis e regulamentos nacionais ou a autoridade competente deveriam definir as pessoas consideradas como responsveis no caso de descumprimento de disposies nacionais com vista proibio e eliminao das piores formas de trabalho infantil. Os Estados-membros deveriam, desde que compatvel com a legislao nacional, cooperar, em carter de urgncia, com esforos internacionais com vista proibio e eliminao das piores formas de trabalho infantil, mediante:

(a)

compilao e intercmbio de informaes referentes a infraes penais, inclusive as que envolvessem redes internacionais; identificao e enquadramento legal de pessoas implicadas em venda e trfico de crianas, ou na utilizao, demanda ou oferta de crianas para fins de atividades ilcitas, para prostituio, produo de material pornogrfico ou espetculos pornogrficos; fichamento de autores desses delitos.

(b)

(c)

Os Estados-membros deveriam dispor para que fossem criminalizadas as seguintes piores formas de trabalho infantil:

(a)

todas as formas de escravido ou prticas anlogas escravido, como venda e trfico de crianas, sujeio e servido por dvida, trabalho forado ou compulsrio, inclusive recrutamento forado ou compulsrio de crianas para serem utilizadas em conflitos armados; utilizao, demanda e oferta de crianas para prostituio, para produo de material pornogrfico ou para espetculos pornogrficos; utilizao, demanda e oferta de crianas para atividades ilcitas, particularmente para produo e trfico de drogas conforme definidos nos tratados internacionais pertinentes, ou para atividades que envolvam porte ou uso ilegal de armas de fogo ou outras armas.

(b)

(c)

Os Estados-membros deveriam velar por que sanes fossem impostas, inclusive de natureza penal, conforme o caso, a

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violaes de disposies nacionais sobre proibio e eliminao de qualquer dos tipos de trabalho referidos no artigo 3 (d) da Conveno. Quando conviesse, os Estados-membros deveriam tambm criar, em carter de urgncia, outros instrumentos penais, civis ou administrativos, para assegurar a efetiva aplicao de disposies nacionais sobre proibio e eliminao das piores formas de trabalho infantil, tais como superviso especial de empresas que tivessem utilizado as piores formas de trabalho infantil e, em caso de persistncia, considerar a revogao temporria ou definitiva do alvar de funcionamento. Outras medidas com vista proibio e eliminao das piores formas de trabalho infantil poderiam incluir as seguintes:

(a)

informar, sensibilizar e mobilizar a opinio pblica, especialmente lderes polticosnacionais e locais, parlamentares e autoridades judicirias; envolver e treinar organizaes de empregadores e de trabalhadores e organizaes civis; promover adequado treinamento para funcionrios pblicos interessados, especialmente inspetores e funcionrios responsveis pela aplicao da lei e outros profissionais do ramo; incentivar todo Estado-membro a processar seus cidados que infringissem suas disposies nacionais relativas proibio e imediata eliminao das piores formas de trabalho infantil, mesmo quando essas infraes fossem cometidas em outro pas; simplificar os procedimentos legais e administrativos e assegurar que fossem apropriados e geis; incentivar o desenvolvimento de polticas que atendessem os objetivos da Conveno; acompanhar e divulgar as melhores prticas relativas eliminao do trabalho infantil; divulgar disposies legais ou outras referentes a trabalho infantil nas diferentes lnguas ou dialetos;

(b)

(c)

(d)

(e)

(f)

(g)

(h)

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(i)

estabelecer procedimentos especiais de queixa e disposies para proteger, contra discriminao e represlias, pessoas que denunciem legitimamente qualquer violao de disposies da Conveno e criar linhas telefnicas de ajuda ou centros de contato ou ouvidores; adotar medidas apropriadas para melhorar a infraestrutura educativa e a formao de professores para atender s necessidades de meninos e meninas; levar em conta, se possvel, nos programas nacionais de ao: (K.1) a necessidade de criao de emprego e de formao profissional para pais e adultos nas famlias de crianas que trabalhem nas condies cobertas pela Conveno; (K. 2) a necessidade de sensibilizar os pais para o problema de crianas que trabalhem nessas condies.

(j)

(k)

Esforos nacionais deveriam ser complementados por estreita cooperao e/ou ajuda internacional entre os Estados-membros com vista proibio e efetiva eliminao das piores formas de trabalho infantil e, conforme o caso, essa cooperao poderia desenvolver-se e ser exercida em consulta com organizaes de empregadores e trabalhadores. Essa cooperao e/ou ajuda internacional deveria incluir:

(a)

mobilizao de recursos para programas nacionais ou internacionais; assistncia jurdica mtua; assistncia tcnica, informaes; que inclusse intercmbio de

(b) (c)

(d)

apoio ao desenvolvimento econmico e social, a programas de erradicao da pobreza e educao universal.

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1.4.4. O UNICEF Fundo das Naes Unidas para a Infncia

O Fundo das Naes Unidas para a Infncia (UNICEF) foi criado em 11 de dezembro de 1946, pela Organizao das Naes Unidas (ONU), para atender, na Europa e na China, s necessidades emergenciais das crianas durante o perodo ps-guerra. Em 1950, o mandato do Fundo foi estendido com a finalidade de atender, em projetos de longo prazo, crianas e mulheres nos pases em desenvolvimento. O UNICEF tornou-se parte permanente das Naes Unidas em 1953.

O UNICEF est presente no Brasil desde 1950, liderando e apoiando algumas das mais importantes transformaes na rea da infncia e da adolescncia no pas, dentre elas a aprovao do artigo 227 da Constituio Federal e o Estatuto da Criana e do Adolescente, o movimento pelo acesso universal educao, os programas de combate ao trabalho infantil, essas aes tm como objetivo oferecer uma vida melhor para as crianas e adolescentes de todo mundo.

No Brasil o Unicef possui diversos projetos em parceria com organizaes no-governamentais e empresas privadas, unindo esforos para um objetivo comum: retirar as crianas e adolescentes da explorao do trabalho infantil ilegal.

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CAPTULO II

2. DOS DIREITOS DA CRIANA E DO ADOLESCENTE

2.1. A Legislao Ptria da Proteo Integral

Em 1987 uma organizao no-governamental apresentou um documento Absoluta, o a Assemblia referido Nacional denominado conseguiu Criana Prioridade de

documento

alcanar

milhares

assinaturas e no ano de 1988 o texto foi promulgado e incorporado a Doutrina da Proteo Integral da Constituio da Repblica Federativa do Brasil em seu artigo 227:

dever da famlia, da sociedade e do Estado assegurar criana e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito vida, sade, alimentao, educao, ao lazer, profissionalizao, cultura, dignidade, ao respeito, liberdade e convivncia familiar e comunitria, alm de coloc-los a salvo de toda forma de negligncia, discriminao, explorao, violncia, crueldade e opresso.

A Doutrina da Proteo Integral, segundo a Declarao de 1959, constituda por dez princpios elementares e fundamentais reconhecidos para todas as crianas, envolvendo: o reconhecimento de direitos sem distino ou discriminao; a proteo especial; a identidade e

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nacionalidade; a proteo sade, maternidade, alimentao, habitao, recreao e assistncia mdica; ao tratamento e aos cuidados especiais criana incapacitada; ao desenvolvimento sadio e harmonioso com amor e compreenso com a proteo da famlia, da sociedade e das autoridades pblicas; educao; ao melhor interesse da criana; a primazia de socorro e proteo; a proteo contra quaisquer formas de negligncia, crueldade e explorao e, por fim, a proteo contra atos de discriminaes raciais, religiosas ou de qualquer outra natureza.

O Estatuto da Criana e do Adolescente, Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990, define criana como sendo toda pessoa com idade at doze anos incompletos e, adolescente, aquele com idades entre doze e dezoito anos, nos termos de seu art. 2o. A partir de ento a criana e o adolescente foram reconhecidos como sujeitos de direitos.

O reconhecimento dos direitos fundamentais da criana e do adolescente na Constituio de 1988 veio acompanhado de uma srie de polticas de direitos com sistemas prprios e particulares para que realmente se efetive tais direitos elencados, por meio de apoios polticos e de aes de uma sociedade inovadora e transformadora exigindo o cumprimento da aplicao do artigo 227 da CF.

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E dessa forma foram construdos na prtica compromissos jurdicos, polticos e sociais formando um verdadeiro Estado Democrtico de Direito, envolvendo uma poltica crtica diferente e inerente aos novos princpios diante dos valores ticos exigidos aos novos tempos.

2.2. Dos Princpios inerentes a proteo da Criana e do Adolescente

Os principais princpios relacionados a proteo do direito da criana e do adolescente se encontram na Conveno Internacional sobre Direitos da Criana, na Constituio da Repblica Federativa do Brasil, no Estatuto da Criana e do Adolescente e nas Convenes Internacionais de proteo aos direitos humanos.

Dentre os principais princpios dos direitos fundamentais da criana e do adolescente podemos destacar alguns de grande importncia para compreenso do tema, que so eles: princpio da universalizao, segundo o qual os direitos so suscetveis de reivindicao e efetivao para todas as crianas e adolescentes, superando, portanto, a velha dicotomia entre crianas regulares e menores irregulares em harmonia com o princpio da universalizao dos direitos sociais como queles que dependem de uma prestao positiva por parte do Estado, no importando a classe social, a cor, raa ou quaisquer discriminao para a sua devida aplicao.

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Outro importante princpio o do interesse superior da criana, este princpio decorrente do reconhecimento da condio peculiar da criana como pessoa em processo de desenvolvimento. Conforme previsto no art. 3, 2, da Conveno:

Os Estados Partes comprometem-se a assegurar criana e proteo e o cuidado que sejam necessrios ao seu bem estar, levando em considerao os direitos e deveres de seus pais, tutores ou outras pessoas responsveis por ela perante a lei e, com essa finalidade, tomaro as medidas legislativas e administrativas adequadas.

O artigo 4 do Estatuto da Criana e Adolescente em seu pargrafo nico vem determinar o alcance da garantia de absoluta prioridade:

A garantia de prioridade compreende: a) primazia de receber proteo e socorro em quaisquer circunstncias; b) precedncia de atendimento nos servios pblicos ou de relevncia pblica; c) preferncia na formulao e na execuo das polticas sociais pblicas; d) destinao privilegiada de recursos pblicos nas reas relacionadas com a proteo infncia e juventude

A efetiva participao da sociedade deu origem ao princpio da participao popular no Direito da Criana e do Adolescente uma vez que a sociedade como agente produtor do direito, passa a regular e controlar

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as polticas pblicas adequadas s necessidades e as realidades locais, assim destaca VERONESE:

No que tange participao, esta importa na atuao sempre progressiva e constante da sociedade em todos os campos de ao. Faz-se assim imperiosa a edificao de uma cidadania organizada, ou seja, o prprio corpo social a mobilizar-se. Eis a o porqu do grande estmulo que o ECA d as associaes, na formulao, reivindicao e controle das polticas pblicas. 3

Outro importante princpio o da desjurisdicionalizao que veio para afastar do campo do Poder Judicirio a funo assistencial, pois no essa a razo da Justia. o Poder Pblico atravs do Poder Executivo quem deve prover os servios necessrios de atendimento criana e ao adolescente. Ao Poder Judicirio cabe a funo de dizer o direito, ou seja, posicionar-se diante dos conflitos aplicando principalmente, as leis de proteo a criana e ao adolescente, bem como observando os princpios aqui elencados de modo comprometido e eficiente. neste contexto que os operadores do direito devem ser, aduz VERONESE:

[...] mais do que tcnicos habilitados a trabalhar com a dogmtica jurdica, queremos ser nesta funo, provocadores de justia. E a nesse contexto se apresenta o novo, o empenho de construirmos uma Justia que seja realmente uma Justia Social, esta, entendida como a concretizao de condies dignas de vida para toda a sociedade e garantia de participao nos destinos da mesma. O que importa afirmar que a

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utopia, enquanto sonho possvel de ser realizado, no depende nica e exclusivamente de leis, aspecto este por demais importante nos dias atuais, em que se verifica o fenmeno da inflao legislativa, na tentativa inslita de querer que se resolvam problemas sociais atravs da criao tosomente normativa.4

Para a Douta Veronese o Estatuto da Criana e do Adolescentes tem por fundamento a liberdade, o respeito e a dignidade, e sua violao no atinge somente o carter fsico, mas tambm o psquico, para ela dentre as vrias formas de violncia, como por exemplo a sexual, os maus tratos, devemos incluir tambm a explorao ao trabalho infantil, que atingir futuramente de forma brusca o desenvolvimento mental desses futuros cidados.

Dessa forma a legislao ptria em conjunto com a doutrina nos apresenta uma srie de princpios norteadores da proteo integral das crianas e adolescentes, como forma de analis-los antes da aplicao de qualquer lei bem como na elaborao das mesmas.

____________________________________ 3-4 VERONESE, Josiane Rose Petry. Direito da Criana e do Adolescente. Ed. OAB/SC, 2006

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CAPTULO III

3. A INSTITUIO DO MINISTRIO PBLICO 3.1. Atribuies do Ministrio Pblico

O Ministrio Pblico uma Instituio autnoma, permanente, essencial funo jurisdicional do Estado, e possui a misso de atuar na guarda dos interesses sociais que podem ser tanto direitos coletivos (direito de um determinado grupo de pessoas) como direitos sociais difusos (direito de um nmero incontvel de pessoas). Demais o MP tambm defende os interesses individuais, desde que indisponveis, ou seja, aqueles inalienveis, que no se pode prescindir ou dispor, por exemplo, a vida ou a liberdade.

Assim afirma a Constituio da Repblica Federativa do Brasil, em seu artigo 127, caput:

Art. 127. O Ministrio Pblico instituio permanente, essencial funo jurisdicional do Estado, incumbindolhe a defesa da ordem jurdica, do regime democrtico e dos interesses sociais e individuais indisponveis.

A Lei orgnica do Ministrio Pblico da Unio (Lei complementar n 75 de 1993) em seu artigo 5 define as funes institucionais do ministrio Pblico da Unio e dentre elas encontra-se no inciso III da

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alnea os direitos e interesses coletivos, especialmente das comunidades indgenas, da criana, do adolescente e do idoso. Neste diapaso, no que concerne ao Ministrio Pblico essa instituio tem o dever de adotar medidas que venham assegurar tais direitos.

O enfoque deste trabalho apresentar a atuao do Ministrio Pblico do Trabalho na erradicao do trabalho infantil no Brasil, sendo assim necessrio entendermos como se posiciona a instituio na estrutura organizacional, o Ministrio Pblico do Trabalho um dos ramos especializados do Ministrio Pblico da Unio, conforme institudo no artigo 24 da Lei Complementar n 75, de 20 de maio de 1993:

Art. 24. O Ministrio Pblico da Unio compreende: I - O Ministrio Pblico Federal; II - o Ministrio Pblico do Trabalho; III - o Ministrio Pblico Militar; IV - o Ministrio Pblico do Distrito Territrios.

Federal

e

Pargrafo nico. A estrutura bsica do Ministrio Pblico da Unio ser organizada por regulamento, nos termos da lei.

Deste modo, o Ministrio Pblico do Trabalho uma Instituio permanente Judicirio. e autnoma, completamente desvinculado do Poder

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3.2. O Ministrio Pblico do Trabalho

importante neste momento uma breve explanao da origem do Ministrio Pblico do Trabalho no Brasil, visto que hoje uma importante Instituio em defesa dos direitos e interesses dos

trabalhadores, e principalmente quanto a defesa dos direitos dos trabalhadores adolescentes e interveno em contratos com trabalhadores que se enquadrem da definio do Estatuto da Criana e do Adolescente como crianas, a instituio propositora legtima da Ao Civil Pblica, tanto nos interesses individuais, como nos coletivos.

Em 1930 na era Vargas surgiu o Ministrio do Trabalho, indstria e Comrcio onde atuavam os procuradores do Conselho do Trabalho.

Em 1932 foram institudas no mbito do Ministrio do Trabalho, as Juntas de Conciliao e Julgamento e as Comisses Mistas para soluo de conflitos coletivos de trabalho. Os procuradores do Departamento Nacional do Trabalho passaram a ser designados para promover a execuo das sentenas proferidas pelas Juntas perante a justia comum.

Somente em 1934 com o advento da Constituio foi criada a Justia Especializada do Trabalho, dependente do poder executivo, e ainda com a Constituio de 1937 a Justia do Trabalho continuava na condio

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de rgo administrativo, sem autonomia e sem independncia funcional.

As primeiras Procuradorias Regionais do Trabalho criadas em 1941 foram: uma em So Paulo e outra na Bahia

O grande desenvolvimento da instituio surgiu com o nascimento da Constituio de 1988, o Ministrio Pblico passou a atuar com independncia funcional a favor dos direitos coletivos, passou a se destacar dos poderes executivo, judicirio e legislativo, possuindo

caractersticas prprias de uma instituio permanente e essencial a promoo da Justia.

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CAPTULO IV

4. A ESTRUTURA E COMPETCIA DO MINISTRIO PBLICO DO TRABALHO MPT

4.1. reas de Atuao do MPT

O Ministrio Pblico do Trabalho dividi-se em vrias reas de atuao que so elas: promoo da igualdade, trabalho infantil, trabalho escravo, meio ambiente do trabalho, fraudes trabalhistas, administrao pblica, trabalho porturio e aquavirio e liberdade sindical, e cada uma dessas reas de atuao subdividem-se em vrias outras, e os

procuradores so alocados em reas especficas de atuao.

Este trabalho tem como objetivo esclarecer como a instituio pode contribuir para a erradicao do trabalho infanto-juvenil no Brasil, sendo assim o que nos interessa a rea de atuao do MPT no trabalho infantil. Esta rea de atuao denominada Coordinfncia que possui como principal foco o combate a explorao do trabalho de crianas e adolescentes. A rea possui diversos projetos e programas destinados a esse fim, algumas prticas foram to bem sucedidas que deram reconhecimento mundial ao Brasil, como foi o caso do projeto Peteca, iniciado em 2008, foi desenvolvido a partir da parceria entre o Ministrio Pblico do Trabalho (MPT) no Cear, a Unio dos Dirigentes Municipais de

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Educao (Undime-CE) e a Universidade Federal do Cear (UFC) e consiste em levar a abordagem do tema trabalho infantil s salas de aula do ensino fundamental de escolas pblicas municipais. Em um ano de funcionamento, o programa atendeu a mais de 90 mil estudantes de cerca de 900 escolas em 51 municpios cearenses.

A OIT visita os projetos existentes em todo o mundo e a cada perodo de dois anos a organizao indica, as boas prticas mundiais no combate a explorao do trabalho infanto-juvenil e o projeto PETECA (Programa de Educao contra a Explorao do Trabalho de Crianas e Adolescentes) foi indicado como referncia no ano de 2010.

Em 2009 a Coordinfncia estendeu o projeto a todas as unidades da Federao, o lanamento do Projeto e a divulgao do material de apoio pedaggico foram realizados em junho de 2009, em cada Regional da Capital, em comemorao ao dia 12 de junho estabelecido como dia Mundial e Nacional do Combate ao Trabalho Infantil.

O MPT ao longo desses anos, desde a criao da Coordinfncia, tem desempenhado importante papel de conscientizao da sociedade,

colocando-a como principal propagadora dos direitos da criana e do adolescente, porm, ainda assim, no est sendo suficiente para exterminar de vez com a explorao do trabalho infantil.

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Passadas duas dcadas, mesmo com o forte trabalho do MPT em conjunto com associaes no-governamentais e com rgos do governo, no foram suficientes para que a sociedade passasse a conceber a criana e o adolescente como sujeitos de direito. A estratgia do MPT de educar diretamente o alvo, ou seja, a prpria criana e adolescente, investindo na formao desses futuros cidados dentro da prpria escola tornando-os conscientes e comprometidos, conhecendo os limites e garantias impostos pela legislao brasileira quanto aos seus direitos trabalhistas e

fortalecendo o principal objetivo do projeto que o comprometimento para transformao de uma sociedade sem explorao de crianas e adolescentes, foi um passo adequado, uma vez que o projeto toca o presente e o futuro daqueles diretamente envolvidos: a criana e o adolescente de hoje e de amanh.

O projeto sem dvida grandioso, visto que envolve todas as regionais do pas, o projeto MPT na Escola saiu de uma regional, que teve sua origem no Cear com o nome de PETECA e passou a ser aplicado em todo Brasil. E sem dvida um projeto desta proporo envolve no s a mo-de-obra dos procuradores, educadores dentre outros como tambm deve estar previsto no oramento pblico.

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Foi estabelecido inicialmente como padro quantitativo em ralao ao material disponibilizado para o projeto, para cada regional da capital, 7.000 cartilhas, 700 boletins e 280 cartazes com a idia de que cada escola receba 50 cartilhas, 5 boletins e 2 cartazes, esses materiais devero ser armazenados de forma permanente nas bibliotecas das escolas.

Os trabalhos se iniciaram efetivamente em fevereiro de 2010 em todo pas, metas foram estabelecidas, professores forma treinados, as tarefas foram organizadas por cada escola participante do projeto, e as melhores tarefas que apresentassem os melhores resultados na prtica seriam apresentadas as secretarias de educao estas seriam

selecionadas e encaminhadas a coordenao Coordenadoria Regional da Coordinfncia e os melhores trabalhos sero divulgados para toda sociedade brasileira, para os rgos parceiros, para o Ministrio do Trabalho e Emprego e a Organizao Internacional do Trabalho (OIT), fortalecendo ainda mais a importncia do Ministrio Pblico do Trabalho na defesa e na promoo da ordem jurdica tanto nas atividades preventivas quanto nas atividades repressivas.

4.2. Atuao do MPT atravs do TAC

O TAC o Termo de Ajuste de Conduta, tambm conhecido como Termo de Compromisso de Ajuste de Conduta, o TAC um acordo firmado

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entre o Ministrio Pblico e a parte interessada de modo que esta se comprometa a agir de acordo com as leis trabalhistas, sob pena de multa, conforme dispe o artigo 5 &6 da lei 7.347/1985 - Lei da Ao Civil Pblica: Os rgos pblicos legitimados podero tomar dos interessados compromisso de ajustamento de sua conduta s exigncias legais, mediante cominaes, que ter eficcia de ttulo executivo extrajudicial.

Um

ttulo

executivo

extra-judicial,

significa

dizer

que

seu

descumprimento enseja uma ao de execuo, proposta pelo Ministrio Pblico do Trabalho junto Justia do Trabalho, sem necessidade de uma ao judicial anterior.

O TAC poder ser proposto tanto na preveno quanto na reparao de danos tendendo dessa forma a um maior alcance do objetivo do TAC. Segundo MAZZUOLLI:

No raro o rgo pblico legitimado e o causador do dano ajustam quaisquer tipos de obrigaes, ainda que no apenas de fazer ou no fazer, e esse ajuste convalidado seja pelo seu carter inteiramente consensual, seja pelo fato de que prejuzo algum traz ao interesse transindividual tutelado, pois constituem garantia mnima e no limitao mxima de responsabilidade do causador de danos a interesses difusos.5

______________________________________ 5 - MAZZUOLI, Valrio de Oliveira. Direitos Humanos, Constituio e os Tratados Internacionais, Ed. Juarez de Oliveira, 2005.

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O MPT tem competncia para propor TAC nas empresas que descumprirem as normas trabalhistas aps prvia investigao e constatar que a empresa investigada emprega crianas e adolescentes com menos de 16 anos, ou descumpre a norma que prev a impossibilidade de trabalhos noturnos, insalubres ou perigosos para os menores de 18 anos e maiores de 16 anos. O termo de ajuste de conduta define as multas que devero ser aplicada no caso de descumprimento das clusulas

estabelecidas no TAC, em sendo descumprido o acordo firmado o termo poder ser imediatamente executado.

Essas multas so revertidas para instituies em prol da sociedade como, por exemplo, hospital do Cncer, cestas bsicas para instituies que auxiliam os desamparados socialmente dentre varias outras

possibilidades.

A poltica dos direitos da criana e do adolescente envolve a obrigatoriedade de uma resposta imediata na defesa dos seus direitos e a aplicao de medidas decorrentes dos crimes e infraes administrativas praticados contra a criana e o adolescente, previstos nos artigos 225 do Estatuto da Criana e do Adolescente:

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Artigo 225: Este captulo dispe sobre crimes praticados contra a criana e o adolescente por ao ou omisso, sem prejuzo do disposto na legislao penal.

No Brasil, o trabalho infantil em geral no enquadrado como crime, entretanto, algumas das formas mais nocivas de trabalho infantil so tipificadas como crime. Entre elas esto: Trabalho infantil escravo Reduzir o trabalhador condio anloga de escravo, por meio de trabalhos forados, jornada exaustiva ou condies degradantes de trabalho (artigo 149 do Cdigo Penal), com a agravante de se tratar de criana ou adolescente ( 2, item I) A agravante foi introduzida pela Lei n 10.803, de 11/12/2003, e aumenta a pena em metade; Maus-tratos (artigo 136 do Cdigo Penal), Expor a perigo a vida ou a sade de criana ou adolescente, sob sua autoridade, guarda ou vigilncia, sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado. Se a pessoa for menor de 14 anos, h ainda a agravante do 3, introduzida pelo Estatuto da Criana e do Adolescente (ECA - Lei n 8.069/90), que aumenta a pena em um tero. Explorao sexual de crianas e adolescentes considerada pela OIT (Organizao Internacional do Trabalho) como uma das piores formas de trabalho infantil. crime previsto no artigo 244-A do ECA e ainda tipificado como crime Pornografia envolvendo crianas e adolescentes - Crime previsto nos artigos 240 do cdigo penal e 241 do ECA e Venda ou trfico envolvendo crianas e adolescentes - Crime previsto no artigo 239 do ECA.

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Algumas infraes contra a criana e o adolescente ainda que na esfera trabalhista sejam determinadas como infrao penal, nestes casos no necessita o MPT requisitar a instaurao de inqurito policial, pode ser instaurado pelo prprio MPT, aps o conhecimento da autoridade, uma sindicncia de carter investigatrio para apurao do fato. Aps a concluso do inqurito o MPT poder iniciar uma Ao Civil Pblica com base nas informaes obtidas com a investigao ou recorrer a aplicao do TAC, importante frisar que ainda que a suposta empresa infratora venha a ser condenada ao pagamento da multa do TAC pelo no cumprimento deste no a isenta de uma posterior condenao na esfera cvel e/ou penal.

A Ao Civil Pblica (ACP) foi instituda no Brasil pela lei 7.347/1985 e incorporada ao sistema jurdico brasileiro como resultado de uma grande mobilizao de segmentos da sociedade objetivando a construo de um microssistema jurdico para a tutela dos interesses e direitos difusos, coletivos e individuais homogneos. A ACP no est exclusivamente prevista nesta lei, outros diplomas legais dela tambm cuidam como, por exemplo, a lei 8079/1990, o Cdigo de Defesa de Consumidor e como no poderia ser diferente a lei 8069/1990, o Estatuto da Criana e do Adolescente trouxe a previso da ACP, quando o objeto da ao refere-se a violao de direitos protegidos pela referida lei.

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CAPTULO V

5. ESTATSTICAS

5.1. Estatsticas do nmero de Criana e Adolescentes Trabalhadores no Brasil

Segundo o IBGE, 4,5 milhes de crianas e adolescentes entre 5 e 14 anos trabalham hoje no Brasil.

O estado do Piau o estado com maior incidncia de trabalho infantil em todo o pas enquanto que o Rio de Janeiro junto com DF e Amap tm o menor ndice, segundo dados obtidos com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios (PNAD), divulgada em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE). No Piau, o percentual da populao entre 5 e 17 anos trabalhadora de 13,59%. O menor ndice do Rio de Janeiro com 3,93% e o segundo melhor ndice do Amap com 3,69%.

Na segunda posio do ranking entre os estados com maior ndice de crianas trabalhando esto os estados Tocantins com 15,71% e em terceiro lugar est o Cear com 15,07% do total de crianas e adolescentes em atividade

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As estatsticas so preocupantes:

* 1280 crianas e adolescentes entre 10 e 14 anos trabalham na agricultura, sendo que mais de 59% trabalham mais de 40 horas semanais;

* Trabalhadores semi-escravos cumprem jornada de at 12 horas e no recebem nada por isso;

* 57,8% destes jovens no so remunerados pelo seu trabalho (o pagamento est embutido na remunerao dos pais);

* 70% recebem, em mdia, meio salrio mnimo;

* 67,1% dos que esto entre 15 e 17 anos trabalham sem carteira assinada;

* 1.400.000 crianas que trabalham tm menos de 4 anos de instruo escolar;

* 4,5 milhes de crianas dos 7 aos 14 anos (fase de ensino obrigatrio) no freqentam a escola;

* De cada 1.000 alunos da rea rural matriculado na 1 srie, apenas 15 concluem o 1 grau;

* 15% das crianas de 10 a 14 anos (rea rural) no sabem ler e escrever. Dos 15 aos 17 anos, existem 10% de analfabetos. Fonte IBGE

O trabalho infanto-juvenil tem mostrado tendncia de declnio no Brasil, o que mostrou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), na Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios (PNAD) de 2009.

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No Pas, o nmero de trabalhadores na faixa etria entre 5 e 17 anos recuou de 4,452 milhes para 4,250 milhes de 2008 para 2009, o que representou a retirada de cerca de 202 mil jovens do mercado de trabalho, uma queda de 4,5% no perodo. No entanto, a queda no nmero de crianas e adolescentes de 2007 para 2008 no mercado de trabalho foi mais intensa, de 7,6%, e o nmero de jovens que no mais realizavam trabalho infantil foi maior, de 367 mil.

No levantamento, o IBGE revelou que o nmero de crianas de 5 a 13 anos trabalhando caiu de 993 mil para 908 mil de 2008 para 2009, uma queda de 8,5%. J entre os adolescentes de 14 a 17 anos, o nmero de pessoas no mercado de trabalho recuou de 3,459 milhes para 3,343 milhes no perodo, uma queda de apenas 3,3%.

No entanto, ao detalhar o comportamento do trabalho infantil por regies, possvel perceber que nem todas as localidades apresentaram queda no nmero de jovens no mercado de trabalho. No Nordeste, o nmero de adolescentes de 14 a 15 anos trabalhando subiu de 443 mil para 464 mil de 2008 para 2009, um avano de 4,7%, no perodo. Ainda segundo o instituto, os do sexo masculino continuam sendo maioria entre os trabalhadores de 5 a 17 anos, e representam mais da metade do total (2,7 milhes).

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Fonte IBGE

5.2. ndice de Reduo do Trabalho Infanto-Juvenil

Nos ltimos anos, os estados conseguiram diminuir o ndice de crianas trabalhando entre 5 e 14 anos. Em todo o pas, eram 2,6 milhes de crianas trabalhando, 8% da populao na faixa etria. Em 2002, por exemplo, o Piau tambm estava no topo do ranking, com 20% das crianas ocupadas. O percentual agora de 13,59%.

Segundo estudos de metas do milnio da ONU de eliminao das piores formas de trabalho infantil, reduo deveria estar mais acelerada, caso contrrio no ser cumprido o objetivo de erradicar o trabalho da criana e do Adolescente.

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O Brasil se comprometeu externamente com as organizaes mundiais e internamente com o Brasil, definindo o ano de 2015, como data limite para eliminar as piores formas de trabalho infantil e 2020 para o fim do trabalho escravo e com o objetivo de cumprir as metas prestabelecidas que o MPT tem trabalhado fortemente para implantar seus programas, aprovar projetos e fiscalizar as tarefas distribudas como o exemplo do projeto MPT na Escola.

O projeto MPT na Escola inserido nacionalmente pelo Ministrio Pblico do Trabalho vem apresentando grande nmero de adeses dos municpios, porm, ainda no foi implantado em todas as regionais, a inteno do MPT continuar com as aes que deram resultados alm de implantar outros projetos capazes de reduzirem os ndices ainda

considerados altos pela OIT conforme discurso de Juan Somavia, DiretorGeral da OIT em Genebra ao apresentar o novo relatrio global sobre Trabalho Infantil.

(...) O progresso no foi suficientemente rpido ou exaustivo para alcanar os objetivos que estabelecemos, disse o Diretor-Geral da OIT, Juan Somavia. So necessrios novos esforos e em uma escala maior. A atual situao nos chama para revitalizar a campanha contra o trabalho infantil. Devemos intensificar a ao e acelerar o ritmo.6

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A Coordinfncia pretende apresentar anualmente o relatrio do projeto MPT na Escola, para dar conhecimento aos rgos pblicos e a sociedade, os municpios que aderiram ao projeto bem como prestar contar a populao de suas atividades.

vlido anexar a este trabalho o primeiro relatrio com a insero dos dados relativos aos municpios participantes do projeto, bem como o nmero de escolas, educadores e alunos. Os dados apresentados so parciais visto que o projeto MPT na Escola continua em andamento com a adeso de municpios de todo Pais.

____________________________________ 6.SOMAVIA, Juan, diretor- Geral da OIT discurso na Conveno de Genebra em relao ao relatrio Global da OIT sobre o Trabalho infantil, Disponvel em HTTP://www.oitbrasil.org.br, acesso em 25 de fevereiro de 2011.

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CAPTULO VI

6. CONCLUSO O estudo apresentado no tem a inteno e nem a pretenso de esgotar o assunto, este simples trabalho possui o objetivo de apresentar para aqueles que no conhecem a grandiosa atuao do MPT, e para aqueles que j conhecem a instituio, trazer alguns dos projetos da rea do Ministrio Pblico do Trabalho com enfoque nos projetos voltados a erradicao do trabalho infanto-juvenil.

Portanto, o assunto da erradicao do trabalho infanto-juvenil deve ser debatido e estar sempre presente na sociedade para que todos cooperem para o desenvolvimento e aperfeioamento do trabalho do MPT, tanto o governo, quanto a sociedade civil, empresas e organizaes assistenciais tem obrigao conforme dispe a Constituio Federal no seu artigo 227 de zelar pelas nossas crianas, deve-se, cada vez mais, elaborar e criar projetos voltados para apurar e fatos que prejudiquem o adequado desenvolvimento dos futuros cidados da sociedade em que vivemos.

Prticas contrrias a ordem jurdica devem ser denunciadas e levadas ao conhecimento das autoridades, O MPT depende do cidado comum para desenvolver seu trabalho, uma vez iniciado um projeto ele

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deve ser contnuo, fiscalizado, e mantido pela populao, caso contrrio nunca chegaremos a um fim comum que a defesa e a segurana de nossas crianas e adolescentes.

Deve-se exigir uma poltica de promoo dos direitos essenciais a vida, uma postura ativa das comunidades, e uma credibilidade na capacidade dessas crianas e adolescentes que poderiam ser

potencializadas se houvesse uma contribuio mais efetiva do governo, dos meios de comunicao e das organizaes sociais.

Para muitos a pobreza ainda considerada como principal motivo que leva a criana ao trabalho precoce, este trabalho trouxe uma estatstica que descarta tal posicionamento, como,por exemplo, o Amap que possui um ndice muito prximo ao do Rio de Janeiro ou seja um pouco mais de 3% das crianas entre 5 e 17 anos do total delas trabalham nestes estados, e os referidos estados possuem realidades completamente diferentes porm com os ndices mais baixos dentre os estados brasileiros.

Desta forma podemos concluir que as disparidades regionais e as variaes nos ndices de participao de crianas no trabalho no oferecem evidncia de que o nico determinante do trabalho infantil seja a pobreza. Embora seja observada uma associao negativa entre a incidncia do trabalho infantil e o nvel de renda familiar per capita,

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porm esse dado insuficiente para que se conclua que a pobreza possa ser considerada a causa principal do trabalho infantil no pas. Em suma, a pobreza uma das causas importantes do trabalho infantil no

constituindo, entretanto, seu nico determinante.

Estudos indicam que, na rea urbana, o ndice de participao de crianas e adolescentes no trabalho maior entre aqueles que nunca freqentaram escola do que entre os que tm de 1 a 4 anos de estudos completos. Isso quer dizer que a falta de educao tambm um grande fator que leva a criana ao trabalho precoce.

No adianta somente justificarmos a causa que leva o trabalho infanto-juvenil ao mercado de trabalho, se a pobreza, a misria, ou qualquer outro motivo, o que se precisa, chegar a uma concluso que solucione de vez esse mal que aflige toda a nao. O MPT com sua iniciativa de orientar, esclarecer e apresentar os direitos a essas crianas atravs de um trabalho especfico e direcionado nas escolas, projeto que foi apresentado neste trabalho, acredito que tenha contribudo para a reduo do trabalho infantil, visto que a maior riqueza da sociedade o conhecimento, com ela podemos avistar uma sociedade mais justa e digna para todos.

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Combater o trabalho infantil uma tarefa complexa e rdua, principalmente quando o pas apresenta distintas caractersticas nas suas vrias regies como o caso do Brasil. Dessa forma as aes precisam ser diferenciadas em cada regio, foi demonstrado neste trabalho que o MPT se divide em reas regionais e suas aes so direcionadas as

necessidades de cada regio atendendo as especificidades de cada uma delas, bem como foi demonstrado que quando uma ao alcana resultados efetivos a coordinfncia estende essas aes para outras regies como forma de reconhecimento e aproveitamento das boas prticas.

As aes destinadas a informao tanto das crianas como da sociedade so essenciais para o sucesso dos programas de combate ao trabalho infantil. imperativo, portanto, estabelecer uma ao integral para evitar que crianas retiradas do trabalho retornem ou pior, procurem outra alternativa de renda em atividades criminosas por ausncia de boas oportunidades educacionais.

O objetivo de todos deve ser o de assegurar s crianas um espao de cidadania. Nessa tarefa, importante que todas as naes estejam conscientes do desafio imposto, estabelecendo uma estreita cooperao com as instituies internacionais e as organizaes no-governamentais, de forma que se erradique o trabalho infantil em todas as partes do

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mundo. A efetiva cooperao da OIT um passo importante para integrao dos pases e troca de experincias para que se consiga alcanar o objetivo to almejado por toda sociedade mundial onde as crianas de hoje possam cumprir seu nico papel: se preparar para ser um cidado honesto, digno e capaz de criar um mundo melhor para as futuras crianas, sem trabalho, sem misria, e sem preconceito, e que essas crianas sejam capazes de transformar o ldico em realidade.

Tancredo Neves disse um dia: A criana a nossa mais rica matria-prima. Abandon-la sua prpria sorte ou desassist-la em suas necessidades de proteo e amparo crime de lesa-ptria.

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