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O que torna uma acção moralmente correcta?
TEXTO
Primeiro, imaginamos a possibilidade de um determinado estado de coisas que gostaríamos de ver concretizado – um estado de coisas no qual todas as pessoas sejam tão felizes e abastadas quanto possível.
De acordo com o princípio da maior felicidade (...), o fim último, relativamente ao qual e em função do qual todas as outras coisas são desejáveis (quer consideremos o nosso próprio bem como o bem de outras pessoas) é uma existência tanto quanto possível isenta de dor, e tão rica quanto possível de prazeres» J.S.Mill, O Utilitarismo.
STUART MILL(1806-1873)
A regra moral que orienta as nossas acções afirma que a busca do prazer e a recusa do sofrimento são apenas elementos que servem de guia para a realização da felicidade.
Em que consiste a felicidade?
Na possibilidade de alcançar o bem-estar para o maior número de pessoas.
O bem-estar consiste no maior número de prazeres e no menor número de dores.
O critério utilitário não consiste na maior felicidade do agente, mas na maior soma de felicidade geral.
OBJECTIVOS
• Propiciar o máximo de felicidade possível para o maior número de pessoas e o mínimo de dor para o menor número de pessoas. Desse modo a felicidade estava ligada ao prazer e a infelicidade à dor.
CRITÉRIO DA UTILIDADE
• A decisão de agir deve considerar a utilidade das consequências que dela resultam.
• Só assim será possível garantir que estas acções produzam o maior grau de felicidade possível.
• Nas situações concretas da vida, quando somos chamados a decidir se devemos praticar esta ou aquela acção, o que devemos ter em conta é qual delas produzirá resultados mais úteis.
CRITÉRIOS VALORATIVOS PARA OS
PRAZERES Tipos de prazeres
Superiores (espirituais) durabilidade, fecundidade, dignidade,
preferência
Inferiores (sensoriais) efémeros, vitais, individuais
SUPERIORES
Intelectuais - ler uma obra literária
Sociais- acções de solidariedade
Estéticos - contemplar uma obra de arte
Morais – participar numa acção de solidariedade
INFERIORES
Necessidades físicas/fisiológicas – comer, beber, dormir, sexo
«Aqueles homens que buscam os prazeres
superiores podem não alcançar tanta satisfação na
vida como os que se contentam com os prazeres
do corpo. Todavia, é inegável que, por mais
insatisfeito que um homem sábio e justo se encontre,
ele será, sempre, superior a um porco satisfeito por chafurdar na lama. »
RESUMINDO
• Uma acção será correcta do ponto de vista moral, se das suas consequências resultar o maior grau de felicidade e bem-estar para o maior número possível de pessoas.Um médico que, pelo exercício da sua profissão, salvasse um grande número de pessoas, praticaria uma acção moralmente louvável, quer a sua intenção fosse ajudar o próximo, quer fosse alcançar a fama e a fortuna.
O UTILITARISMO É UMA MORAL CONSEQUENCIALISTA
• O valor moral das acções não se mede , nem pela «pura intenção do agente», nem pela sua submissão a um princípio estabelecido «a priori», mede-se pelas consequências que produz.
imparcialidade
A ética utilitarista exige que o agente se coloque de um ponto de vista imparcial e desinteressado. Determinar o valor moral das acções praticadas. O progresso moral dos indivíduos deve ser acompanhado pelo aumento do bem estar da humanidade.
CRÍTICAS AO UTILITARISMO
Ao reduzir o princípio da moralidade à mera satisfação das nossas necessidades sensíveis, o ser humano fica reduzido ao mais baixo grau de animalidade.
«Não se pode comparar a felicidade
que os indivíduos pretendem alcançar
com aquilo que torna um porco feliz»
«Os prazeres deixam-se analisar
segundo a qualidade e não só pela quantidade»
«É pela qualidade que é possível
distinguir duas ordens de prazeres: os primeiros dizem
respeito ao corpo, os segundos são de
ordem moral e intelectual»
«É a satisfação dos prazeres superiores, de
natureza moral e intelectual, que os
homens buscam e é neles que encontram
maior felicidade»
A utilidade não é o único critério para determinar o que é ou não é moralmente correcto.
As consequências não são a única coisa que importa.
OBJECÇÕES AO UTILITARISMO
Argumentos anti-utilitarismo
Justiça - A justiça exige que tratemos a pessoa com equidade, segundo as suas necessidades e méritos individuais. Assim, uma teoria ética segundo a qual a utilidade é tudo o que conta não pode estar correcta.
Direitos - O utilitarismo está em conflito com a ideia de que as pessoas têm direitos que não podem ser espezinhados apenas porque alguém antecipa bons resultados. O indivíduo não pode ser tratado como meio para atingir um fim, mesmo que esse fim traga felicidade para a maioria.
O utilitarismo pode justificar muitas acções que habitualmente são consideradas imorais numa perspectiva tradicional
Aspectos positivos do utilitarismo
Contribui para alterações de vida social e económica
Alerta para o empenhamento social dos indivíduos
Instituições Sociedade
Para a responsabilidade na construção do bem geral.