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MOTIVAÇÃO DE PESSOAS DENTRO DE UMA EMPRESA Olívia Cristina Perez 1 Andressa Duaibs Vieira 2 RESUMO O presente trabalho tem por objetivo verificar a motivação dos colaboradores dentro da empresa de pequeno porte. Para isso, foi utilizado o método do estudo de caso e aplicado um questionário para verificar se a recompensa financeira é o principal fator motivacional para os funcionários. Os resultados indicaram que para os profissionais da empresa, a recompensa financeira é um fator motivacional importante para sua permanência na organização. Palavras-chave: Motivação, Recompensa Financeira, Reconhecimento. 1 Doutora em Ciência Política e Professora titular na Universidade Paulista (UNIP/Santos). [email protected] 2 Graduada em Administração de empresas pela Universidade Paulista (UNIP/Santos). [email protected]

MOTIVAÇÃO DE PESSOAS DENTRO DE UMA EMPRESA · MOTIVAÇÃO DE PESSOAS DENTRO DE UMA EMPRESA ... foi utilizado o método do estudo de caso e aplicado ... As teorias organizacionais

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MOTIVAÇÃO DE PESSOAS DENTRO DE UMA EMPRESA

Olívia Cristina Perez1

Andressa Duaibs Vieira2

RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo verificar a motivação dos colaboradores dentro da

empresa de pequeno porte. Para isso, foi utilizado o método do estudo de caso e aplicado um

questionário para verificar se a recompensa financeira é o principal fator motivacional para os

funcionários. Os resultados indicaram que para os profissionais da empresa, a recompensa

financeira é um fator motivacional importante para sua permanência na organização.

Palavras-chave: Motivação, Recompensa Financeira, Reconhecimento.

1 Doutora em Ciência Política e Professora titular na Universidade Paulista (UNIP/Santos).

[email protected] 2 Graduada em Administração de empresas pela Universidade Paulista (UNIP/Santos).

[email protected]

1 INTRODUÇÃO

Esta pesquisa tem como finalidade trazer uma abordagem sobre a motivação dos

colaboradores dentro de empresa de pequeno porte. Segundo Sobral e Peci (2008), a empresa

deve motivar seus empregados, despertando a identificação dos colaboradores com a

organização e a permanência dos mesmos na instituição.

Complementando, Chiavenato (2004) explica que a motivação dos empregados

impulsiona e estimula o comportamento e o desempenho do empregado. As organizações

devem conhecer os principais elementos motivadores, e descobrir os principais pontos

causadores da rotatividade. Deste modo, a valorização do funcionário torna-se uma

ferramenta de gerenciamento indispensável para as organizações.

Há grandes fatores que influenciam diretamente a motivação e o comprometimento dos

colaboradores, como a remuneração, a eficácia da liderança, programas de incentivo com o

grupo de trabalho, desenvolvimento e reconhecimento (MAYO, 2003). De forma contrária, a

principal razão que os empregados deixem à organização é a falta de um plano estratégico de

captação de talentos, sensação de que não está fazendo progresso ou de que não têm

oportunidades para crescimento (MAYO, 2003).

Sendo o colaborador a peça indispensável para a organização, gerador do seu sucesso ou

insucesso, cabe à empresa dar condições físicas e psicológicas para o bem estar dos mesmos,

motivando-os, e proporcionando um ambiente em que possam encontrar satisfação, para que

assim, mediante a simetria de ambos os objetivos, resulte no alcance das metas

organizacionais e individuais.

Levando-se em conta a influência das organizações para obter e garantir um ótimo

desempenho dos empregados, as empresas devem capacitar e motivar os mesmos,

promovendo principalmente desenvolvimento pessoal e profissional, e, satisfazendo as

expectativas financeiras.

A presente pesquisa contribui para essa reflexão ao observar a motivação dos

colaboradores dentro da organização, compreendendo os motivos que direcionam e mantêm

os profissionais satisfeitos no ambiente de trabalho, mantendo os mesmos por mais tempo na

empresa, com elevada produtividade e excelência nos resultados.

Mais especificamente, a pesquisa parte da constatação da importância da motivação

dentro da empresa e pretende diagnosticar se a recompensa financeira é o principal fator

motivacional para os colaboradores.

Tem-se como hipótese que - em que pese outros fatores envolvidos na motivação, tais

como: possibilidade de crescimento dentro da empresa, trabalho em equipe, desafio e

realização profissional, - a motivação é proporcionada principalmente pela questão salarial.

Logo, o objetivo da pesquisa é observar os fatores considerados essenciais pelos

colaboradores para que os mesmos se sintam motivados e permanecerem na empresa.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Para Sobral e Peci (2008), no âmbito organizacional, a motivação é um processo

essencial na vida de qualquer pessoa e pode ser definida como a predisposição individual para

exercer esforços que busquem o alcance de metas organizacionais, condicionada pela

capacidade de esses esforços satisfazerem, simultaneamente, alguma necessidade individual.

Conforme a definição, a motivação não é uma característica individual, mas sim o resultado

da interação entre a pessoa e determinada situação. Três elementos podem ser destacados

nessa definição de motivação – esforço, metas organizacionais e necessidades. Conforme os

autores:

A motivação se refere a um esforço individual. Indivíduos motivados se esforçam

mais, mas nem sempre na direção dos objetivos organizacionais. Por isso, além da

intensidade, são importantes a qualidade e a direção desse esforço individual. O

desafio do administrador é canalizar esses esforços individuais para o alcance das

metas organizacionais, buscando a melhoria do desempenho dos indivíduos no cargo. De modo simultâneo, a motivação é um processo que busca a satisfação de

alguma necessidade (SOBRAL e PECI, 2008, pág. 208).

Os indivíduos se esforçam como consequência do desconforto e da tensão criados por

uma necessidade não satisfeita. O comportamento resulta da tensão gerada pelas necessidades

internas e da busca em satisfazê-las. Para a organização, a motivação dos trabalhadores no

desempenho de suas funções deve ser consistente e compatível com a satisfação das

necessidades individuais. Pessoas que perdem horas de trabalho navegando pela Internet ou

jogando conversa fora estão motivadas do ponto de vista individual, porque preenchem uma

necessidade psicológica ou social, mas estão desmotivadas do ponto de vista organizacional

(SOBRAL e PECI, 2008).

Visão geral das teorias de motivação

As teorias organizacionais e administrativas sempre foram responsáveis pela introdução

de várias concepções acerca da motivação. Essas diferentes concepções influenciaram a

prática administrativa, mas seu conteúdo e relevância devem ser compreendidos a partir de

uma análise histórica (SOBRAL e PECI, 2008). Ou seja:

A escola clássica de administração, especificamente a contribuição de Taylor, é

conhecida por introduzir a visão tradicional sobre a motivação, segundo a qual o administrador especifica os objetivos, divide as tarefas e treina os funcionários para

realizar as tarefas, buscando motivá-los por meio de um sistema de incentivos,

principalmente de ordem material (salários). Dessa forma, quanto mais o funcionário

produz, mais ganha em termos de salário. Baseia-se no pressuposto do homem

econômico, segundo o qual as pessoas buscam maximizar seus interesses materiais e

são motivadas unicamente por esse tipo de incentivo. Essa forma de incentivo

funcionou (e continua a funcionar) enquanto o foco da administração era o aumento

da eficiência (SOBRAL e PECI, 2008, pág. 208).

A escola de relações humanas foi responsável por introduzir o lado humano na

administração e reconhecer a importância das necessidades sociais na motivação. Baseada no

pressuposto do homem social, a teoria direciona os administradores a trabalhar com os grupos

formais e informais nas organizações e a motivar os empregados, criando condições propícias

para a satisfação no trabalho. Se no modelo anterior a autoridade do administrador era aceita

em troca de melhores salários, neste modelo ela é aceita em troca do tratamento atencioso que

os superiores despendem aos funcionários. Por isso, a contribuição dessa escola é criticada

pelo caráter mais manipulativo e por certa ingenuidade dos pressupostos motivacionais, uma

vez que trabalhadores satisfeitos nem sempre são os que produzem mais (SOBRAL e PECI,

2008). Ainda segundo os autores:

A partir da década de 1950, começa a ser desenvolvido um conjunto amplo de

teorias de motivação mais abrangentes e complexas. As teorias comportamentais

vão além dos conceitos de homem econômico e homem social, começando a trabalhar com o pressuposto do homem complexo, considerando que o trabalhador é

influenciado por incentivos econômicos, biológicos, sociais e psicológicos, difíceis

de serem compreendidos com simples teorias de motivação. Essas teorias buscavam

identificar os fatores que poderiam afetar a motivação. Elas são classificadas em três

categorias:

A. Perspectivas de conteúdo acerca da motivação: trata-se de um conjunto de teorias

que busca entender as necessidades internas que motivam as pessoas. Além disso,

auxilia os administradores na compreensão dos fatores que possibilitam a satisfação

dessas necessidades no ambiente de trabalho; B. Perspectivas de processo acerca da

motivação: reúnem as teorias que enfatizam o ‘como’ da motivação, ou seja, os

processos de seleção das ações comportamentais. C. Perspectivas de reforço acerca

da motivação: conjunto de teorias que enfatiza a forma como se aprende o

comportamento desejado, analisando a relação comportamento-consequências (SOBRAL e PECI, 2008, pág. 208-209).

Muitas dessas teorias atualmente são questionadas e criticadas; no entanto, seus

conceitos definiram, em boa medida, o que hoje se entende por motivação, assim como as

práticas motivacionais prevalecentes nas organizações contemporâneas. A seguir, serão

apresentadas as principais teorias que compõem cada uma das perspectivas destacadas

(SOBRAL e PECI, 2008).

Motivação no Âmbito Profissional

Segundo Maximiano (2002) nos diversos campos de suas atividades, as pessoas são

estimuladas por razões as quais algumas são conhecidas e conscientes, já outras são por

instinto e inconscientes. Tais estímulos movimentam, movem, motivam em direção a

objetivos diversos. Observa-se que essas palavras expressam a mesma ideia pois derivam da

palavra latina motivus, que significa aquilo que movimenta, faz andar. Ainda segundo o

mesmo autor, a palavra motivação indica as causas ou motivos que produzem determinado

comportamento, seja ele qual for.

A motivação é a energia ou força que movimenta o comportamento e que tem três

propriedades: direção: o objetivo do comportamento motivado ou a direção para a

qual a motivação leva o comportamento; intensidade: magnitude da motivação;

permanência: duração da motivação (MAXIMIANO, 2002, pág. 275).

A principal maneira de motivar, antes da Revolução Industrial, consistia no uso de

punições, criando, dessa forma, um ambiente generalizado de medo e, tais punições, não eram

unicamente de natureza psicológica, podendo acontecer sob forma de restrições financeiras,

chegando a se tornar reais sob a forma de prejuízos de ordem física (MAXIMIANO, 2002).

Já a teoria da Administração Científica defendia o uso de formas de controle sobre os

subalternos para que se conseguisse fazê-los atingir níveis predeterminados de produtividade.

Em lugar do clima de punição, adotou-se a crença de que o dinheiro seria a principal fonte de

incentivo à motivação e acreditou-se que os trabalhadores escolheriam seus empregos não

pelo tipo de trabalho ou conteúdo dos cargos, mas o fariam tomando por base as perspectivas

de remuneração (MAXIMIANO, 2002).

Sobral e Peci (2008) consideram a motivação um estado de espírito positivo, que

permite ao indivíduo a realização das tarefas do cargo e de seu pleno potencial. É a gasolina

interior para se enfrentarem os desafios da função e da organização. É a paixão com que o

indivíduo exerce uma missão, alcançando satisfação quando os objetivos são alcançados.

A preocupação com a motivação funcional teve início a partir dos estudos de Elton

Mayo entre 1927 e 1932, com as experiências na Fábrica Hawthorne, com a Teoria das

Relações Humanas. As experiências de Hawthorne apresentam um novo conceito de homem

(CHIAVENATO, 2000).

Fatores motivacionais

Sobral e Peci (2008) complementam que os fatores motivacionais estão relacionados

com o conteúdo do cargo e com a natureza das tarefas que a pessoa executa. Os fatores

motivacionais estão sob o controle do indivíduo, pois estão relacionados com aquilo que ele

faz e desempenha. Envolvem sentimentos de crescimento individual, reconhecimento

profissional e auto realização, e dependem das tarefas que o indivíduo realiza no seu trabalho.

Segundo Chiavenato (2000), tradicionalmente, as tarefas e os cargos eram arranjados e

definidos com a preocupação de atender aos princípios de eficiência e economia, eliminando

o desafio e a criatividade individual. Com isto, perdiam o significado psicológico para o

indivíduo que os executa e criavam um efeito de desmotivação, provocando apatia,

desinteresse e falta de sentido psicológico. O efeito dos fatores motivacionais sobre as pessoas

é profundo e estável. Quando os fatores motivacionais são ótimos, eles provocam a satisfação

nas pessoas. Porém, quando são precários, eles evitam a satisfação.

Sobral e Peci (2008), concluem que a cada dia que passa o trabalhador se conscientiza

de que não é um fator de produção e sim o fator principal do processo produtivo, e entende

que o seu sucesso está diretamente ligado ao sucesso da empresa. Diante disso as

organizações tendem a aproveitar mais seus Recursos Humanos.

Valorização Profissional

O reconhecimento ou valorização profissional apresenta-se na forma de recompensas

que poderão ser intrínsecas enquanto programas de reconhecimento e extrínsecas enquanto

sistemas de compensação (ROBBINS, 2010).

Com o intuito de reconhecer aqueles profissionais que ofereceram grande contribuição

à empresa, a organização concede prêmios a estas pessoas, tornando-as exemplo para os

demais profissionais (CHIAVENATO, 2004). Detalhando melhor:

Um exemplo de sistema espetacular de recompensa desenvolvido pela Toyota nos

Estados Unidos é o prêmio de assiduidade perfeita usado em todas as instalações

americanas de manufatura da Toyota. A assiduidade é fundamental na Toyota, pois os funcionários são muito capacitados e fazem parte de uma equipe, e o número de

empregados é enxuto. O sistema de assiduidade perfeita recompensa a assiduidade

total – nenhuma falta não justificada em um ano. Os que integram o grupo da

assiduidade perfeita são convidados a participar de um grande banquete em um

importante centro de convenções. Cerca de uma dúzia de veículos Toyota novos são

apresentados no palco. Um sorteio aponta os ganhadores que levarão os veículos

para casa com todos os impostos e taxas pagos. Cerca de 60 a 70% dos funcionários

da Toyota integram o grupo da assiduidade perfeita – nenhum dia de falta ou de

atraso. O custo total dessa extravagância de uma noite da Toyota para fazer com que

milhares de funcionários sejam pontuais e assíduos no trabalho é uma ninharia

(LIKER, 2005, pág. 198).

Pode-se notar que o processo de remuneração das organizações que antes se limitava a

administrar as políticas de cargos, salários e os planos de benefícios, atualmente busca criar

um processo de compensação e de reconhecimento dos resultados da empresa, que possam ser

alinhados aos objetivos estabelecidos na estratégia empresarial (GARRETT, 2006).

Os processos de recompensar pessoas são fundamentais para o incentivo e motivação

dos funcionários da organização, considerando os objetivos organizacionais a serem, assim

como os objetivos individuais a serem atendidos. Recompensa significa uma retribuição,

premio ou reconhecimentos pelos serviços de alguém. A recompensa é fundamental no

reconhecimento do desempenho de um profissional na organização (CHIAVENATO, 2004).

Os programas de reconhecimento de funcionários vão desde um muito obrigado até

programas formais nos quais tipos específicos de comportamento são encorajados e as regras

destes programas são identificados claramente (ROBBINS, 2010).

Entender os objetivos estabelecidos e projetar o sistema de compensação que melhor

direcione e incentive a atuação dos colaboradores é o grande desafio das organizações. A

administração de cargos e salários, em conjunto com o sistema de avaliação de desempenho e

do planejamento de carreiras, forma o processo de reconhecimento e recompensas

(GARRETT, 2006).

O prêmio de reconhecimento pode ser indicado pelo gerente ou cliente interno de um

funcionário ou equipe e, deve comunicar à direção o reconhecimento pela contribuição

(CHIAVENATO, 2004).

Muitos críticos argumentam que os programas de reconhecimento dos funcionários

são muito suscetíveis à manipulação por parte de dirigentes de empresas, pois em diversas

funções, os critérios para definir o que é um bom desempenho não são assim tão evidentes, o

que dá margem para que os gestores manipulem o programa para beneficiar seus funcionários

favoritos (ROBBINS, 2010).

Presume-se que a compensação financeira e os benefícios associados, são a chave para a

retenção da mão de obra. Embora isso seja verdade em muitos casos, a chance de aumento

salarial em outra instituição, não é o principal motivo pelo qual a maioria dos empregados

deixa a empresa em que trabalha. Mesmo em cargos operacionais, nos quais o valor do salário

tem sido visto como principal incentivo, a satisfação no trabalho é uma das variáveis mais

importantes do nível de comprometimento dos empregados (CHAPMAN, 2007).

O ato de pensar em sair do emprego está intimamente relacionado ao nível de satisfação

de um indivíduo no cargo que ocupa. Baixos níveis de satisfação no trabalho estão

relacionados a um grau mais elevado de consideração sobre a saída do emprego. Os

funcionários com maior probabilidade de deixar o emprego são aqueles que possuem mais

talento, são mais bem treinados e têm capacidade para contribuir positivamente para a

organização (CHAPMAN, 2007).

Satisfação no trabalho e valorização pessoal

A satisfação no trabalho está relacionada a fatores como: complexidade no trabalho

(quanto mais complexo, maior satisfação); retorno financeiro; condições gerais no trabalho;

Reconhecimento; chance de usar habilidades e talentos e carga de trabalho (CHAPMAN,

2007).

Conforme Chapman (2007), o anseio por valorização pessoal não está relacionado a

posição hierárquica. O desejo por consideração, também não está limitado à atividade ou ao

tipo de trabalho realizado.

Ainda para Chapman (2007), a valorização pessoal no ambiente profissional tornou-se

uma importante área de pesquisa em diversos campos acadêmicos. Isso está relacionado ao

papel significativo que a valorização pessoal desempenha na satisfação do trabalho. Afirma-se

intuitivamente que trabalhar num ambiente onde há senso de apreciação por aquilo que

contribuímos é mais agradável o que realizar a mesma tarefa (pelo mesmo salário) e não se

sentir valorizado por quem está ao redor.

Do mesmo modo, comunicar apreço em relacionamentos profissionais tem se mostrado

uma maneira de melhorar a qualidade das relações entre funcionários e seus supervisores,

assim como entre colegas de trabalho. Subordinados valorizam muito o fato de saber como

comunicar encorajamento e apreciação por seus companheiros (CHAPMAN, 2007).

Palavras de afirmação representam na linguagem na qual as palavras são usadas para

comunicar uma mensagem positiva a outra pessoa. Quando fala essa linguagem, está

apoiando verbalmente uma característica positiva de alguém. Como acontece com todas as

linguagens da valorização pessoal, existem muitos dialetos. Um dialeto é uma maneira

singular de falar determinada linguagem (CHAPMAN, 2007).

O processo de implementação da motivação através da valorização pessoal

normalmente pode ser estabelecido em reuniões já existentes na rotina da empresa e em

estruturas atuais. O modelo de motivação através da valorização pessoal foi positivamente

desenvolvido de modo a manter baixos custos financeiros (CHAPMAN, 2007).

Segundo Wood & Picarelli (2004), a remuneração funcional, ou remuneração por cargo,

é a forma mais tradicional utilizada pelas empresas para recompensar seus funcionários por

seu trabalho, representando ainda hoje a âncora, ou seja, a maior parcela do mix total de

remuneração.

A remuneração funcional é implantada junto com um sistema de cargos e salários. Em

empresas que experimentam crescimento rápido ou transformações profundas, o sistema de

cargos e salários ajuda a dar coerência interna à organização, proporcionando definições

básicas que apoiam a estruturação do trabalho;

A remuneração funcional permite a equidade externa. Por meio de pesquisas salariais, a

empresa pode comparar seus salários com os praticados no mercado e, assim estabelecer

diretrizes adequadas para atrais e reter a mão-de-obra desejada;

A remuneração funcional permite a equidade interna. Ter os salários estabelecidos a partir

de regras aplicáveis a todos na empresa produz um sentimento de justiça entre os

funcionários. Essas, porém, não são as únicas razões pelas quais a remuneração funcional é

amplamente utilizada. Pesquisadores que estudam a adoção de sistemas de gestão, com o

sistema de cargos e salários, advogam que eles nem sempre são adotados por serem eficazes e

gerarem soluções comprovadas. Frequentemente, isto nem mesmo ocorre. As empresas

tendem a imitar umas às outras na adoção desses sistemas e nem sempre existe uma

justificativa racional para esse comportamento.

Segundo Chiavenato (2002), os benefícios podem ser classificados a partir de sua

natureza em:

Assistenciais: visam prover o empregado e sua família de segurança e suporte para casos

imprevistos. Estão nessa categoria benefícios como assistência médica, assistência financeira,

suplemento de aposentadoria etc.;

Recreativos: procuram proporcionar para o empregado e sua família lazer, diversão e

estimulo para produção cultural. Estão nessa categoria clubes, promoções e concursos

culturais, colônia de férias etc.;

Serviços: proporcionam para o empregado e sua família serviços e facilidades para

melhorar sua qualidade de vida, como restaurante, estacionamento, comunicação etc. Os

benefícios oferecem suporte para os empregados que lhes permitem segurança a que de outra

forma não teriam acesso. A composição da remuneração fixa e benefícios deve ser efetuada

com cuidado para otimizar os recursos utilizados na satisfação das necessidades dos

empregados abrangidos por eles. Muitas empresas procuram destacar o valor dos benefícios

oferecidos para que os empregados consigam avaliar sua importância em relação à

remuneração fixa.

Já em Wood & Picarelli (2004), são descritas as etapas necessárias para o

desenvolvimento de um plano de remuneração por cargo, conforme segue:

Diagnóstico da organização;

Divulgação;

Planejamento;

Levantamento das atividades;

Descrição de cargos;

Análise de cargos;

Avaliação de cargos;

Pesquisa salarial;

Construção da estrutura salarial;

Elaboração das políticas salariais.

Fatores que geram a insatisfação no trabalho

Considerando a dessemelhança nos padrões de satisfação no trabalho, é necessário,

ainda, após a implantação de cargos, verificarem as necessidades individuais de participação

de cada trabalhador, além da adoção de fatores tecnológicos, requerendo alguns fatores

psicológicos (CHIAVENATO, 2002).

Para obtenção de tais fatores, Chiavenato (2002) afirma ser necessário: elevada

motivação intrínseca do trabalho, desempenho de alta qualidade no trabalho, elevada

satisfação com o trabalho, redução das faltas (absenteísmo) e dos desligamentos espontâneos

(rotatividade). Dentro do contexto referente à satisfação no cargo e trabalho, Herzberg

instituiu a teoria dos dois fatores. A satisfação no cargo é função do conteúdo ou atividades

desafiadoras e estimulantes do cargo, são os chamados "fatores motivadores". A insatisfação

no cargo é função do ambiente, da supervisão, dos colegas e do contexto geral do cargo,

enriquecimento do cargo (ampliar as responsabilidades) são os chamados "fatores higiênicos".

Em relação à motivação para o trabalho, apregoando o chamado enriquecimento do cargo,

obtendo assim a satisfação através do mesmo. Para algumas pessoas o cargo, em relação ao

crescimento pessoal, é pequeno demais. Sendo necessário aumentar decididamente os

objetivos, as responsabilidades e os desafios das tarefas do cargo. Para melhorar a qualidade

de vida no trabalho, os cargos estão sendo transformados em atividades de equipes, deixando

de ser individuais, proporcionando maior satisfação das pessoas com a tarefa desenvolvida e

com sua organização.

3 METODOLOGIA

A presente pesquisa objetiva descrever os fatores motivacionais encontrados em uma

empresa de pequeno porte que conta com 30 funcionários. Para tanto foi elaborado um

questionário direcionado aos profissionais de maneira geral. O questionário foi respondido

por todos os 30 funcionários.

O instrumento aplicado para a coleta de dados foi a escala de Likert com variância de

5 pontos. A principal vantagem dessa escala é a facilidade de construção e aplicação, além

dos entrevistados entenderem rapidamente como utilizar a escala (MALHOTRA, 2001).

Para análise dos itens da escala de Likert utilizou-se o cálculo do Ranking Médio

(RM). No RM atribui-se um valor de 1 a 5 para cada item, para obtenção da média ponderada

de cada pergunta, baseando-se na frequência das respostas.

A cada item foi atribuída uma escala quantitativa, conforme a seguir: Discordo

totalmente (1), Discordo (2), Nem Concordo nem Discordo (3), Concordo (4) e Concordo

totalmente (5). Quanto mais próximo de 5 estiver o RM, maior é o nível de motivação dos

profissionais. Desta forma foi obtido o RM através da fórmula abaixo:

Média Ponderada (MP) = Σ ( fi.Vi)

Ranking Médio (RM) = MP / (NS)

4 RESULTADOS

Gráfico 1- Motivação em relação aos objetivos

Afirmação: A empresa em que eu trabalho me motiva a alcançar os objetivos propostos

O gráfico 1 mostra se a empresa motiva seus funcionários a alcançar os objetivos

propostos pela mesma: 37% dos respondentes disseram discordar totalmente, enquanto 10%

discordam, 23% não concordam nem discordam, 27% concordam e 3% concordam

totalmente.

A partir das respostas, obteve-se um Ranking Médio (RM) de 2,5, ou seja, as opiniões

estão igualmente dividas. Por este resultado, não é possível obter uma conclusão específica

em relação à motivação do alcance dos objetivos, pois as respostas foram espalhadas. Nota-se

que Sobral e Peci (2008) afirmam que no âmbito da organização, a motivação é um processo

essencial na vida de qualquer pessoa.

Gráfico 2 – Motivação no trabalho

Afirmação: O meu chefe me motiva dentro do trabalho

Observando-se o gráfico 2 percebe-se que os respondentes, quando questionados sobre

a motivação exercida por seus chefes no ambiente de trabalho, 7% responderam que

discordam totalmente, 10% discordam, 37% nem concordam nem discordam, e 47%

concordam.

Por meio das respostas, obteve-se um Ranking Médio (RM) de 3,2. Esse resultado

demonstra que a empresa pratica o que diz Sobral e Peci (2008), quando afirma que cabe ao

administrador descobrir onde o funcionário está situado na hierarquia e tomar medidas que

possam satisfazer as necessidades do nível em que ele se encontra.

Gráfico 3 - Dinheiro como motivador

Afirmação: O dinheiro é o que me motiva a trabalhar mais

Nota-se no gráfico 3 que os entrevistados, quando questionados se o dinheiro lhes

motivam a trabalhar mais, 20% responderam que discordam totalmente, 13% disseram que

discordam, 10% não concordam nem discordam, 40% concordam, e 17% concordam

totalmente.

Através destas respostas, foi obtido um Ranking Médio (RM) de 3,2, o que sustenta o

que escreve Maximiano (2002) quando afirma que adotou-se a crença de que o dinheiro seria

a principal fonte de incentivo à motivação e acreditou-se que os trabalhadores escolheriam

seus empregos não pelo tipo de trabalho ou conteúdo dos cargos, mas o fariam tomando por

base as perspectivas de remuneração.

Gráfico 4 - Reconhecimento no trabalho

Afirmação: A minha empresa reconhece o meu trabalho

No gráfico 4 é possível notar que os entrevistados ao serem questionados sobre o

reconhecimento do seu trabalho pela empresa, 20% responderam que discordam totalmente,

7% responderam que discordam, 53% não concordam nem discordam, 17% concordam e 3%

concordam totalmente.

Foi obtido com essas respostas, um Ranking Médio (RM) de 2,8, o que vai a favor do

que diz Chiavenato (2004) que ressalta o reconhecimento como fundamental à organização

empresarial.

Gráfico 5 - Necessidade dos funcionários

Afirmação: A minha empresa procura identificar as necessidades dos funcionários para

poder motivá-los

Quando questionados se a organização na qual trabalham procura identificar a

necessidade dos funcionários para poder motivá-los, 30% responderam que discordam

totalmente, 20% disseram discordar, 27% não concordam nem discordam, 23% concordam,

enquanto ninguém concorda totalmente.

Com base nestas respostas, obteve-se um Ranking Médio (RM) de 2,4, o que vai

contra Sobral e Peci (2008) ao afirmarem que para a organização, a motivação dos

trabalhadores no desempenho de suas funções deve ser consistente e compatível com a

satisfação das necessidades individuais.

Gráfico 6 - Importância da motivação

Afirmação: A motivação é um fator importante para que eu permaneça na organização

Com a análise do gráfico 6 nota-se que os entrevistados, ao serem questionados se a

motivação é um fator importante para que permaneçam na empresa, 7% discorda, 7% nem

concorda nem discorda, 30% concordam e 57% concordam totalmente.

Com base nestas respostas, obteve-se um Ranking Médio de 4,4, o que comprova o

que diz Sobral e Peci (2008) ao afirmarem que a motivação é a “gasolina” interior para se

enfrentarem os desafios da função e da organização. É a paixão com que o indivíduo exerce

uma missão, alcançando satisfação quando os objetivos são alcançados.

5 CONCLUSÃO

Considerado por vezes tema repetitivo para fins de estudos, o fato é que identificar a

real motivação das pessoas é além de necessário no ambiente organizacional, um dos grandes

desafios dos gestores, dada a complexidade de cada indivíduo. Um dos pontos que aparece

como unanimidade entre gestores e pesquisadores é de que aquelas equipes que se encontram

altamente motivadas, alcançam resultados excepcionais em suas tarefas, ao contrário dos

resultados obtidos por equipes não motivadas.

Diante desta afirmativa, observou-se que a motivação, e a falta dela, são assuntos muito

discutidos nas organizações. Motivação e liderança são conceitos que estão intimamente

ligados. Um bom líder deve estar motivado e simultaneamente, deve ser capaz de motivar os

elementos da sua equipe.

Com este estudo, procurou-se observar a motivação dentro de uma empresa de pequeno

porte. A pesquisa buscou diagnosticar se a recompensa financeira é considerada o principal

fator motivacional para os profissionais da organização, fazendo com que permaneçam na

empresa. A hipótese apresentada foi a de que, apesar de existirem outros fatores envolvidos

na motivação - possibilidade de crescimento dentro da empresa, trabalho em equipe, desafio e

realização profissional - a motivação é proporcionada principalmente pela questão salarial.

Para verificar se a recompensa financeira é considerada pelos funcionários o principal

fator motivacional foram aplicados 30 questionários para os funcionários da empresa. Em

ambos os questionários foi utilizado o método de escala Likert, para obtenção do Ranking

Médio e posterior análise dos dados.

Após a análise dos dados, conclui-se que a hipótese apresentada foi parcialmente

confirmada, pois em uma escala que varia de 1 a 5, o RM obtido foi de 3,2 quando

questionado a influência da recompensa financeira, na sua motivação e permanência na

organização.

Quando se fala em recompensa financeira recebida em decorrência do trabalho

realizado, além do salário em si, evolve neste contexto, por exemplo, os benefícios oferecidos,

as gratificações, a participação nos lucros, entre outros.

Face aos resultados obtidos através desta pesquisa e o confronto com as características

previstas na literatura, é correto afirmar que a importância da remuneração oferecida pela

empresa está ligada à influência da motivação e permanência dos funcionários, e que é preciso

que os indivíduos sejam remunerados corretamente, de forma que o dinheiro (ou a falta dele)

não seja um problema para os mesmos. Nesse aspecto, notou-se que os incentivos financeiros

proporcionados pela empresa são importantes quando relacionados à motivação dos

profissionais.

6 REFERÊNCIAS

CHAPMAN, Elwood N. Relações Humanas na Empresa – Desenvolvendo Habilidades

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