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Movimentos abolicionistas no século XIX

Movimentos abolicionistas no século XIX · Cenário: Rio de Janeiro início do século XIX . ... agente dentro do mercado da escravidão, passou a exercer pressão para o fim deste

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Movimentos abolicionistas no século XIX

Pai Contra Mãe

Conto publicado postumamente no livro ―Relíquias da Casa Velha‖. É uma história curta e que se divide em duas partes. A primeira é uma reflexão do autor acerca do contexto da escravidão em seu tempo. A segunda é a história em si do capitão do mato empobrecido e sua família.

Personagens: Cândido Neves, Clara (esposa), Mônica (tia), Arminda (escrava fugida).

Cenário: Rio de Janeiro início do século XIX

Pai Contra Mãe

Estilo narrativo bastante direto e visceral. O tema da pobreza da fome e a questão familiar permeiam a trama. A angústia de Cândido Neves (nome irônico para um capitão do mato) é a possibilidade de abandonar seu filho na Roda dos Expostos.

A virada da história se dá quando Cândido encontra e captura Arminda, conseguindo bastante dinheiro.

A brutalidade da surra que Arminda grávida recebe, resultando em um aborto, contrasta com a serenidade e o amor ao não ter de se desfazer da criança.

Roda dos expostos

Trechos

―Arminda caiu no corredor. Ali mesmo o senhor da escrava abriu a carteira e tirou os cem mil-réis de gratificação. Cândido Neves guardou as duas notas de cinqüenta mil-réis, enquanto o senhor novamente dizia à escrava que entrasse. No chão, onde jazia, levada do medo e da dor, e após algum tempo de luta a escrava abortou. O fruto de algum tempo entrou sem vida neste mundo, entre os gemidos da mãe e os gestos de desespero do dono. Cândido Neves viu todo esse espetáculo. Não sabia que horas eram.‖

―Cândido Neves, beijando o filho, entre lágrimas, verdadeiras, abençoava a fuga e não se lhe dava do aborto.

— Nem todas as crianças vingam, bateu-lhe o coração‖

Capitão do Mato

Recapitulando

Segunda fase da colonização brasileira:

1690 – Descoberta de ouro nas regiões de Minas Gerais e Mato Grosso

1750 – Transferência da capital para o Rio de Janeiro

Século XVIII como um todo -> aumento considerável na proporção de escravos traficados para o país

Consolidação territorial do Brasil.

O século XIX e as profundas transformações sociais no Brasil

A chegada da corte ao Rio de Janeiro trouxe uma verdadeira revolução administrativa ao país, acirrando a disputa política nas províncias.

O Brasil começava a criar uma identidade, apesar das dezenas de tentativas de independência e separatismo ocorridas em diversas províncias. Uma das maiores foi a Revolução Pernambucana de 17.

Com a chegada da corte ao Brasil a importação de escravos disparou

Chegada da Corte Real ao Rio

Mapa do Brasil pós-independência

A pressão anti-escravidão

Desde o final do século XVIII a Inglaterra, principal agente dentro do mercado da escravidão, passou a exercer pressão para o fim deste sistema.

As razões para esta mudança de mentalidade inglesa foram diversas:

Econômica: o uso de escravos ia contra o desenvolvimento da Revolução Industrial, no qual a Inglaterra largou na frente.

Social: Desde meados do século XVIII ganhou força na Inglaterra o discurso dos movimentos abolicionistas, que passaram a exercer pressão política contra a escravidão.

Medalhão Antiescravidão

Legislação Antiescravagista anglo brasileira

1807: Banimento do tráfico de escravos em suas colônias (Brasil assina)

1826: Tratado com o Reino Unido que impunha o fim da importação de escravos (deu origem à expressão ―lei para inglês ver‖)

1851: Aprovação do Alberdeen Act -> permissão para navios ingleses afundarem navios negreiros

1871: Lei do Ventre Livre

1885: Lei do Sexagenário

1888: Lei Áurea

Pressão e vácuo de poder: O período regencial

Após a morte de D. Pedro I a sucessão real se viu ameaçada pois seu filho, Pedro II tinha apenas 5 anos, não podendo assumir a Coroa, o que ocorreu apenas em 1841, tendo o príncipe 15 anos.

O período regencial favoreceu a organização de movimentos antiescravistas tendo em vista o vácuo institucional que ocorreu no governo.

Abolicionismo no Brasil

Um dos grandes adversários do abolicionismo no Brasil foi a visão racista e pejorativa em relação aos negros disseminada em camadas da sociedade. Muitos políticos e proprietários de escravos afirmavam que os negros não seriam capazes de se adaptar ao sistema de trabalho livre.

Neste sentido, o discurso mais difundido (oficialmente) acerca da abolição foi, de acordo com BETHEL (2002), a transição lenta e gradual do sistema seguida do incentivo para a vinda de imigrantes europeus para cobrir os postos de trabalho em aberto. Tal visão era razoavelmente majoritaria entre os liberais brasileiros.

Abolicionismo no Brasil

Apesar deste discurso dominante outras vozes se levantavam contra o cativeiro no país, com destaque para alguns negros e mulatos que haviam conhecido de alguma forma a experiência da escravidão.

Não havia, contudo, unidade quanto à solução para o sistema de escravidão. Alguns como André Rebouças enfatizavam que não se tratava apenas de libertar escravos mas de criar cidadãos e que sem cidadania não havia libertação. Tal linha era compartilhada por Luiz Gama.

André Rebouças e José do Patrocínio

Abolicionismo no Brasil

Haviam também tendências mais radicais. Cipriano Barata na Bahia incentivava a libertação via ação popular dos escravos e não através de disputas jurídicas.

José do Patrocínio, por sua vez, denunciava a relação entre escravidão e racismo e defendia uma visão mais positiva de escravos e libertos

Outros personagens como Machado de Assis tiveram uma atuação mais discreta, em geral com breves artigos em jornais.

As insurreições de escravos

Desde o final do século XVIII a pressão dos escravos contra o cativeiro tornou-se mais aguda, especialmente após a Revolução do Haiti. Inspirados pelo reino negro do Caribe escravos e crioulos passaram a liderar insurreições por todo o país. Poderíamos destacar neste caso

- Revolta dos Alfaiates (Conjuração Baiana) - 1798

- Revolta dos Malês (Bahia) – 1835

As principais revoltas escravas ocorreram na Bahia, estado com um grande número de escravos e pioneiro em organizações sociais.

Heróis da conjuração baiana

Os despojos dos heróis da conjuração

Os despojos dos executados foram expostos da seguinte forma: a cabeça de Lucas Dantas ficou espetada no Campo do Dique do Desterro; a de Manuel Faustino, no Cruzeiro de São Francisco; a de João de Deus, na Rua Direita do Palácio (atual Rua Chile); e a cabeça e as mãos de Luís Gonzaga ficaram pregadas na forca, levantada na Praça da Piedade, então a principal da cidade.

Mulheres abolicionistas

Promulgação da Lei Áurea