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Primeira República: a “modernização” e os conflitos sociais.

Movimentos sociais da Primeira República

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Primeira República: a “modernização” e os conflitos

sociais.

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Com a proclamação da República, as elites que passaram a governar o país pretendiam “modernizar” o Brasil e apagar da história um passado considerado atrasado.

A ideia das novas elites era a de tornar o Brasil um país industrializado e moderno. As primeiras medidas adotadas pelo governo foram abrir a economia aos capitais estrangeiros, sobretudo ingleses e americanos e incentivar a abertura de novas empresas.

Em fins do século XIX e início do XX, o Brasil era um país formado por uma população majoritariamente analfabeta. A desigualdade social era gritante e havia uma grande quantidade de pessoas marginalizadas, já que a promessa de progresso trazida pela República atendia à elite branca e proprietária. Havia uma grande quantidade de ex escravos que, sem moradia, emprego e educação não tinha outra opção a não ser viver na informalidade.

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A cidade do Rio de Janeiro, então capital da República, contava com cerca de 1 milhão de habitantes, formada por uma maioria de negros remanescentes dos escravos, ex escravos, libertos e seus descendentes. Grandes levas de ex escravos migraram das fazendas de café em busca de oportunidades ligadas às atividades portuárias da capital.

Essa população, extremamente pobre, se concentrava em antigos casarões do início do século XIX, localizadas no centro, ao redor do porto. Os casarões eram geralmente subdivididos em cubículos alugados a famílias inteiras que viviam em condições precárias, os chamados cortiços.

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Interior de um cortiço, 1906

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Para as autoridades, essa população representava uma ameaça à ordem, à segurança e à moralidade públicas. Por esta razão, foram proibidos os rituais religiosos, cantorias e danças de tradições negras, associadas a feitiçaria e a imoralidade.

A população negra, seus descendentes e os vários grupos que com eles conviviam, davam o tom peculiar ao cotidiano, aos rituais, festas e celebrações na cidade do Rio de Janeiro. Com a “Regeneração”, a capital é transformada na vitrine do regime republicano. Os grupos populares e costumes tradicionais são reprimidos, e a cidade assume ares europeizados.

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A cidade do Rio de Janeiro estava acometida por uma série de endemias, que assolavam e vitimavam a população e atingiam os estrangeiros, que não possuíam os anticorpos da população local. O Rio apresentava focos permanentes de difteria, malária, tuberculose, lepra, varíola e febre amarela.

Além desse problema, as instalações portuárias do Rio eram consideradas um impeditivo para a modernização, pois tornavam impraticável transportar o crescente volume de transações comerciais.

As autoridades conceberam um plano em três dimensões para enfrentar esses problemas: executar a modernização do porto, o saneamento da cidade e a reforma urbana. Um time de técnicos foi nomeado pelo então presidente Rodrigues Alves: o sanitarista Oswaldo Cruz para o saneamento, Pereira Passos para a reforma urbana e Lauro Müller para a reforma do porto. Aos três foram dados poderes ilimitados para executar suas tarefas.

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Charge de 1903, publicada na revista Tagarela, ironizando o “bota abaixo” de Pereira Passos. Para as elites brasileiras, nosso passado monárquico tornou-se motivo de vergonha. Para afastá-lo, instalou-se o “bota abaixo” de cortiços e estalagens, considerados obstáculos para nossa ordem e progresso.

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Os três se voltaram para a área central, iniciando um processo de demolição das residências, que a imprensa denominou com simpatia de “Regeneração”.

Não estavam previstas quaisquer indenizações para os despejados e suas famílias, nem se tomou qualquer providência para realocá-los. Na inexistência de alternativas, essas multidões juntaram os restos de madeira de caixotes deixados no porto e se puseram a montar barracos nas encostas dos morros. Era a disseminação das favelas.

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Foto de 1905. Em nome do progresso, da civilização e da ordem, as autoridades cariocas demoliram cerca de seiscentas habitações coletivas e setecentas casas, privando de teto pelo menos quatorze mil pessoas.

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Morro da Favela, 1912. Como este morro era um dos mais habitados, todo morro passou a ser chamado de favela. Os moradores das favelas eram em sua maioria afrodescendente.

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A administração da Saúde se voltou contra os cortiços para erradicar a varíola. Foram criados mutirões de visitadores, que acompanhados da força policial, invadiam as casas sob o pretexto de vistoria e de vacinação dos residentes. Se encontrassem uma situação de risco, tinham autorização de mandar evacuar a casa. Foi a gota d’água para a população pobre, despejada e humilhada. Massas de cidadãos se voltaram contra os batalhões de visitadores e a polícia, dirigindo-se para o centro da cidade, fazendo um motim. Esse fato ficou conhecido como a Revolta da Vacina (1904).

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A “Regeneração” se completou no fim de 1904. Seu marco foi a inauguração da Avenida Central, onde hoje é a Avenida Rio Branco. Lá instalaram-se prédios com arquitetura baseada em construções francesas, a moderna iluminação elétrica, lojas de artigos finos importados. O acesso dos que não pudessem usar trajes finos ficava proibido. Festas populares, como o carnaval, não seriam toleradas na região.

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A cidade, de acordo com as elites, deveria ser o espaço do conforto propiciado pela modernidade, com seus bondes movidos à eletricidade, seus cafés, suas salas de cinema. Os projetos de urbanização e os modelos de conduta inspiravam-se nas cidades europeias, especialmente Paris, tida como expressão máxima do progresso material e civilizatório

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No início do século XX, o mundo vivia um momento de otimismo: ciência e tecnologia avançavam muito e acreditava-se que isso traria felicidade para toda a humanidade. Por isso, esses tempos ficaram conhecidos como Belle époque, expressão francesa que significa bela época. No Brasil, apenas uma pequena parcela da população pode usufruir dos benefícios da modernização.

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Essas fotografias, de Augusto Malta, feitas por volta de 1910, retratam o interior e a entrada do luxuoso Cinematógrafo Rio Branco. Augusto Malta foi contratado pela prefeitura do Rio de Janeiro para registrar as transformações urbanísticas da capital.

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Comércio Parc Royal, Rio de Janeiro. Na década de 1910 tornou-se um imenso magazine especializado no comércio de tecidos e roupas. Uma mostra da Belle époque carioca: senhoras vestidas de acordo com a moda europeia.