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AVALIAÇÃO DE PROPOSTAS PARA A GARANTIA DO ABASTECIMENTO DE ÁGUA DA REGIÃO METROPOLITANA OESTE DO RIO DE JANEIRO Frederico Menezes Coelho Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil, COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Engenharia Civil. Orientadores: José Paulo Soares de Azevedo Isaac Volschan Júnior Rio de Janeiro Outubro de 2008

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AVALIAÇÃO DE PROPOSTAS PARA A GARANTIA DO ABASTECIMENTO

DE ÁGUA DA REGIÃO METROPOLITANA OESTE DO RIO DE JANEIRO

Frederico Menezes Coelho

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-graduação em Engenharia

Civil, COPPE, da Universidade Federal do Rio

de Janeiro, como parte dos requisitos necessários

à obtenção do título de Mestre em Engenharia

Civil.

Orientadores: José Paulo Soares de Azevedo

Isaac Volschan Júnior

Rio de Janeiro

Outubro de 2008

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Coelho, Frederico Menezes

Avaliação de Propostas para a Garantia do

Abastecimento de Água da Região Metropolitana Oeste do

Rio de Janeiro/ Frederico Menezes Coelho. – Rio de Janeiro:

UFRJ/COPPE, 2008.

XXIV, 277 p.: il.; 29,7 cm.

Orientadores: José Paulo Soares de Azevedo e Isaac

Volschan Júnior

Dissertação (mestrado) – UFRJ/ COPPE/ Programa de

Engenharia Civil, 2008.

Referências Bibliográficas: p. 263-277

1. Abastecimento de Água. 2. Rio Guandu. 3. Modelo

Multicritério. 4. Estações de Tratamento. 5. Qualidade de

Água. 6. Outorgas e Intrusão Salina. 7. Transposição de

Bacias. 8. Reúso. 9. Gestão de Recursos Hídricos. I. Azevedo

et al., José Paulo Soares de. II. Universidade Federal do Rio

de Janeiro, COPPE, Programa de Engenharia Civil. III.

Título.

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Dedico este trabalho totalmente

a minha amada mulher Silvia e

ao meu querido filho Luiz Frederico.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais e irmãos, aos meus colegas da CEDAE, que forneceram

importantes informações, e ao engenheiro Sérgio Pinheiro, pelo apoio, tão necessário

para a conclusão desta dissertação.

Também agradeço aos meus orientadores José Paulo e Isaac Volschan, pela paciência e

pela confiança em todos os meus passos, estimulando a realização deste trabalho até o

fim.

Não deixo também de agradecer a Silvia, minha companheira em todos os momentos,

que se manteve sempre paciente e compreensiva em minha longa pesquisa até a defesa,

mesmo após o nascimento de nosso tão sonhado filho Luiz Frederico nesse período.

Presto também homenagens a minha sogra, que cuidou muito bem do meu filho no

decorrer dos meus momentos vagos destinados à elaboração da dissertação.

Agradeço ainda a todos que colaboraram, de alguma forma, para a realização deste

ardoroso e importante trabalho.

Por fim, deixo uma homenagem especial ao professor Paulo Roberto Pereira de Araujo,

membro eterno da minha banca de dissertação, mesmo não podendo estar presente.

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Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)

AVALIAÇÃO DE PROPOSTAS PARA A GARANTIA DO ABASTECIMENTO

DE ÁGUA DA REGIÃO METROPOLITANA OESTE DO RIO DE JANEIRO

Frederico Menezes Coelho

Outubro/2008

Orientadores: José Paulo Soares de Azevedo

Isaac Volschan Júnior

Programa: Engenharia Civil

Atualmente, muitos estudos, planos e relatórios técnicos sobre o abastecimento

de água da região metropolitana do Rio de Janeiro e sobre as mazelas da bacia

hidrográfica do rio Guandu foram realizados ou estão em fase de elaboração. Como os

problemas são bastante conhecidos, há diversas propostas de soluções, tanto pela

comunidade científica quanto por órgãos públicos responsáveis. Esta dissertação analisa

as principais alternativas existentes e propõe algumas soluções para a garantia da

qualidade e da quantidade das águas na bacia hidrográfica do rio Guandu, objetivando

prioritariamente o abastecimento de água potável para o consumo humano. Um

diagnóstico da atual situação apontou os seguintes problemas de qualidade da água: a

forte presença dos indicadores de poluição doméstica; o aumento da turbidez causada

pelos areais; e os riscos inerentes de um possível acidente industrial. Quanto à

quantidade, foram avaliados os processos de outorgas recentes, a transposição Paraíba

do Sul–Guandu e a cunha salina. Nesse caso, o abastecimento humano foi tomado como

prioritário nas análises de futuras outorgas, em detrimento do aumento da cunha salina.

Os cenários existentes e futuros foram previamente descritos para, então, realizar uma

análise multicritério por um método consagrado. Finalmente, espera-se que os

resultados auxiliem nas questões do gerenciamento da bacia e do abastecimento de água

para nove milhões de pessoas no estado do Rio de Janeiro.

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Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)

EVALUATION OF PROPOSALS TO THE GUARANTEE WATER SUPPLY TO

THE METROPOLITAN REGION WEST OF THE RIO DE JANEIRO

Frederico Menezes Coelho

October/2008

Advisors: José Paulo Soares de Azevedo

Isaac Volschan Júnior

Department: Civil Engineering

Currently, many studies, plans and technical reports address the water supply to

the metropolitan region of Rio de Janeiro and the problems related to the Guandu river

watershed. Since the problems are fairly well known, there are many proposed solutions

from both the scientific community and the public institutions involved. This

dissertation examines the main existing alternatives and proposes some solutions for

ensuring the water quality and water quantity in the Guandu river watershed, aiming

primarily the drinking water supply for human consumption. A diagnosis of the current

situation highlighted the following problems of water quality: the strong presence of

indicators of domestic pollution, the increased turbidity due to sand, and the inherent

risks of a possible industrial accident. With respect to water quantity, the recent

processes for allowing water use, the water transfer from Paraiba do Sul river to the

Guandu river, and saline wedge were evaluated. In this case, the human supply has been

taken as a priority in the analyses of future permission for water use, rather than

increasing saline wedge. The existing and future scenarios were previously described to

then make an analysis by a multi-criteria method. Finally, it is expected that the results

provide support for the watershed management and for the water supply of nine million

people in the State of Rio de Janeiro.

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ÍNDICE

1) INTRODUÇÃO........................................................................................................ 1

1.1) Motivação ......................................................................................................... 1

1.1.1) Ações para melhoria da qualidade da água captada no manancial........... 8

1.1.2) Ações para o aumento da oferta de água para o abastecimento ............... 9

1.2) Objetivos......................................................................................................... 11

1.3) Metodologia.................................................................................................... 12

1.4) Escopo ............................................................................................................ 14

2) SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA POTÁVEL DA RMRJ ........... 19

2.1) Histórico ......................................................................................................... 19

2.1.1) Do poço Cara de Cão ao sistema Guandu .............................................. 19

2.1.2) A evolução do sistema Guandu .............................................................. 22

2.1.3) A criação do Lameirão ........................................................................... 25

2.1.4) O surgimento da Nova CEDAE ............................................................. 27

2.2) Situação atual.................................................................................................. 35

2.2.1) Mananciais locais ................................................................................... 35

2.2.2) Sistema Acari.......................................................................................... 37

2.2.3) Sistema Ribeirão das Lajes.....................................................................38

2.2.4) Sistema Guandu...................................................................................... 40

2.2.5) Municípios fora da RMRJ abastecidos pela bacia do rio Guandu.......... 45

3) AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE ÁGUA NOS MANANCIAIS... ................ 47

3.1) Estações de amostragem................................................................................. 47

3.2) Qualidade das águas ....................................................................................... 55

3.3) Ocorrência de cianobactérias.......................................................................... 69

3.4) Qualidade dos sedimentos .............................................................................. 74

3.5) Condições e padrões de qualidade e enquadramento ..................................... 79

4) DIAGNÓSTICO DA QUALIDADE DE ÁGUA NOS MANANCIAIS ............... 83

4.1) Principais atividades poluidoras ..................................................................... 86

4.1.1) Esgotos domésticos ................................................................................ 86

4.1.2) Efluentes agropecuários.......................................................................... 89

4.1.3) Efluentes industriais ............................................................................... 89

4.1.4) Extração de areia .................................................................................... 96

5) CENÁRIOS COM MELHORIA DA QUALIDADE DA ÁGUA CAPTADA ... 100

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5.1) Plano diretor de esgotamento sanitário 1994................................................ 100

5.1.1) Situação do esgotamento sanitário ....................................................... 100

5.1.2) Bacias de drenagem e de saneamento................................................... 101

5.1.3) Parâmetros utilizados............................................................................ 103

5.1.4) Diagnóstico da qualidade das águas dos corpos receptores em 1994... 105

5.1.5) Proposta de enquadramento da qualidade dos corpos receptores......... 106

5.1.6) Estudos de influência das cargas poluidoras ........................................ 108

5.1.7) Corpos receptores selecionados............................................................ 109

5.1.8) Proposição de soluções.........................................................................109

5.2) Esgotamento sanitário nos municípios da bacia........................................... 117

5.3) Desvio dos rios dos Poços, Queimados e Ipiranga....................................... 118

5.4) Desvio de pedras secas ................................................................................. 121

5.5) Barreiras flutuantes (Ecobarreiras)............................................................... 126

5.6) Unidade de Tratamento de Rio (flotação por ar dissolvido) ........................ 132

5.7) Dragagem dos sedimentos da lagoa Guandu................................................ 152

5.8) Desidratação de lodo e sedimentos com tubos geotêxteis............................ 156

6) BALANÇO HÍDRICO NA BACIA DO RIO GUANDU.................................... 160

7) CENÁRIOS COM AUMENTO DA OFERTA DE ÁGUA TRATADA............. 171

7.1) Plano diretor de abastecimento 1985............................................................ 171

7.1.1) ETA Marajoara ..................................................................................... 173

7.2) Revisão do plano diretor de abastecimento (2004-2007) ............................. 178

7.2.1) Modernização da ETA Guandu ............................................................ 183

7.2.2) ETA Ribeirão das Lajes........................................................................ 184

7.2.3) ETA Guandu Novo............................................................................... 188

7.2.4) Desativação do sistema Acari............................................................... 192

7.2.5) Redução de perdas ................................................................................ 197

7.3) Plano diretor da região hidrográfica da Baía de Guanabara (2005) ............. 201

7.3.1) Redução de perdas ................................................................................ 201

7.4) ETA Guandu II ............................................................................................. 206

7.5) ETA Novo Guandu....................................................................................... 212

7.6) Ribeirão das Lajes (reserva estratégica) ....................................................... 218

7.7) Rejeito Zero (ETA Guandu)......................................................................... 219

7.8) Gerenciamento da bacia do rio Guandu (Plano Estratégico 2006)............... 224

7.8.1) Transposição Paraíba do Sul-Guandu................................................... 224

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7.8.2) Cunha salina ......................................................................................... 241

7.9) Mananciais fora da bacia do rio Guandu...................................................... 247

7.9.1) Regularização do sistema Acari ........................................................... 247

7.9.2) Mananciais locais ................................................................................. 249

7.9.3) Reservatórios de acumulação na região serrana................................... 249

7.9.4) Dessalinização ...................................................................................... 250

8) ANÁLISE FINAL DOS CENÁRIOS DE ABASTECIMENTO ......................... 251

8.1) Método multicritério..................................................................................... 252

8.2) Definição dos parâmetros ............................................................................. 255

8.3) Resultados e discussões................................................................................ 259

9) CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES............................................................ 260

9.1) Melhoria da qualidade da água captada no manancial ................................. 260

9.2) Aumento da oferta de água para o abastecimento público ........................... 261

9.3) Análise multicritério ..................................................................................... 262

10) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 263

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ÍNDICE DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Abastecimento de água no estado do Rio de Janeiro (Fonte: CIDE, 2005) .. 3

Gráfico 2 – Mananciais que abastecem a RMRJ oeste (Fonte: CIDE, 2005) .................. 4

Gráfico 3 – Principais mananciais do estado do Rio de Janeiro (Fonte: CIDE, 2005) .... 5

Gráfico 4 – OD e DBO nas estações de amostragem (Fonte: FEEMA)......................... 59

Gráfico 5 – Coliformes fecais nas estações de amostragem (Fonte: FEEMA) .............. 59

Gráfico 6 – Temperatura nas estações GN200 e EA_GN200 da FEEMA..................... 60

Gráfico 7 – Condutividade nas estações GN200 e EA_GN200 da FEEMA.................. 61

Gráfico 8 – pH nas estações GN200 e EA_GN200 da FEEMA .................................... 62

Gráfico 9 – Oxigênio Dissolvido nas estações GN200 e EA_GN200 da FEEMA........ 62

Gráfico 10 – Carbono Orgânico Total nas estações GN200 e EA_GN200 da FEEMA 63

Gráfico 11 – OD na sub-bacia do rio Guandu, 2006-2007 (FEEMA, 2008) ................ 64

Gráfico 12 – DBO na sub-bacia do rio Guandu, 2006-2007 (FEEMA, 2008)............... 64

Gráfico 13 – Ortofosfato na sub-bacia Guandu, 2006-2007 (FEEMA, 2008) ............... 65

Gráfico 14 – Fósforo na sub-bacia do rio Guandu, 2006-2007 (FEEMA, 2008)........... 65

Gráfico 15 – Nitrogênio na sub-bacia Guandu, 2006-2007 (FEEMA, 2008) ................ 66

Gráfico 16 – Nitrato na sub-bacia do rio Guandu, 2006-2007 (FEEMA, 2008)............ 66

Gráfico 17 – Condutividade na sub-bacia Guandu, 2006-2007 (FEEMA, 2008) .......... 67

Gráfico 18 – Qualidade na captação ETAG, 2005-2006 (DA COSTA et al., 2007) ..... 67

Gráfico 19 – Cianobactérias nas estações de amostragem da FEEMA em 2001........... 71

Gráfico 20 – Cianobactérias nas estações de amostragem da FEEMA em 2002........... 71

Gráfico 21 – Cianobactérias nas estações de amostragem da FEEMA em 20/06/02..... 72

Gráfico 22 – Concentrações médias mensais cél/ml de cianobactérias na lagoa Guandu

(LGA-14), na Captação e no rio Guandu (Fonte: SOARES et al., 2005) .............. 73

Gráfico 23 – Concentração (células/ml) de cianobactérias na Captação (RGN-17) e no

rio Guandu (RGN-16), em agosto de 2003 (Fonte: SOARES et al., 2005) ........... 73

Gráfico 24 – Ferro nos sedimentos amostrados (Fontes: MASSENA e FEEMA)......... 78

Gráfico 25 – Chumbo nos sedimentos amostrados (Fontes: MASSENA e FEEMA) ... 78

Gráfico 26 – Média de turbidez na água bruta da ETAG em 1995 (OLIVEIRA, 2004) 97

Gráfico 27 – Consumo de coagulantes na ETAG em 1995 (OLIVEIRA, 2004) ........... 97

Gráfico 28 – População nos sistemas Guandu e Macacos (STE, 1994)....................... 114

Gráfico 29 – Carga orgânica nos sistemas Guandu e Macacos (STE, 1994) ............... 114

Gráfico 30 – Vazões de esgotamento nos sistemas Guandu e Macacos (STE, 1994).. 115

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Gráfico 31 – Custos de implantação do esgotamento na bacia rio Guandu (PDES).... 115

Gráfico 32 – Curva de custo para implantação das tubulações do PDES 1994 ........... 116

Gráfico 33 – Curva de custo para implantação das EEE’s do PDES 1994 .................. 116

Gráfico 34 – Curva de custo para implantação das ETE’s do PDES 1994 .................. 117

Gráfico 35 – Cronograma físico das obras de Pedras Secas (Fonte: OTTONI, 2002). 124

Gráfico 36 – Custo O & M UTR Pampulha (Fonte: adaptado de COUTINHO, 2007)147

Gráfico 37 – Tipos de gasto nas UTR’s Flotflux® (Fonte: COUTINHO, 2007)......... 148

Gráfico 38 – Curvas de custos para UTR’s tipo Flotflux® em cursos d’água............. 149

Gráfico 39 – Custos de dragagem com outras alturas de lodo na lagoa Guandu ......... 155

Gráfico 40 – Prazo de execução para a dragagem do lodo da lagoa Guandu............... 155

Gráfico 41 – Vazões mínimas ao longo do rio Guandu (SONDOTÉCNICA, 2006)... 161

Gráfico 42 – Vazões médias ao longo do rio Guandu (SONDOTÉCNICA, 2006) ..... 161

Gráfico 43 – Demanda x Produção, PDA e RPDA (ENGEVIX, 1985, CNEC, 2004) 172

Gráfico 44 – Demanda x Produção máxima, RPDA 2004 (CNEC, 2004)................... 181

Gráfico 45 – Custo dos sistemas de produção propostos no RPDA (CNEC, 2004) .... 182

Gráfico 46 – Custos de implantação de todos os sistemas no RPDA (CNEC, 2004) .. 183

Gráfico 47 – Vazão mensal aduzida na Linha São Pedro, RPDA (CNEC, 2004)........ 194

Gráfico 48 – Vazão mensal aduzida na Linha Rio D’Ouro, RPDA (CNEC, 2004)..... 194

Gráfico 49 – Vazão mensal aduzida na Linha Tinguá, RPDA (CNEC, 2004) ............ 195

Gráfico 50 – Vazão mensal aduzida na Linha Xerém, RPDA (CNEC, 2004)............. 195

Gráfico 51 – Vazão mensal aduzida na Linha Mantiquira, RPDA (CNEC, 2004) ...... 196

Gráfico 52 – Índices de atendimento e perdas da CEDAE (Fonte: SNIS) ................... 199

Gráfico 53 – Índices de atendimento e perdas das companhias (Fonte: SNIS)............ 200

Gráfico 54 – Projeção de vazões com 40% de perdas nos sistemas para a RHBG...... 205

Gráfico 55 – Projeção de vazões com redução de perdas nos sistemas para a RHBG. 205

Gráfico 56 – Custos das unidades do sistema produtor Guandu II (BCM, 2005)........ 211

Gráfico 57 – Custos de implantação do sistema produtor Guandu II (BCM, 2005) .... 211

Gráfico 58 – Consumo de produtos químicos em uma ETA........................................ 215

Gráfico 59 – Volumes dos reservatórios no rio Paraíba do Sul 2003-2007 (ANA)..... 234

Gráfico 60 – Volumes dos reservatórios no rio Paraíba do Sul 2005-2008 (ANA)..... 234

Gráfico 61 – Volumes do reservatório equivalente no rio Paraíba do Sul (ANA)....... 235

Gráfico 62 – Histórico de vazões no reservatório Paraibuna 2004-2006 (ANA)......... 236

Gráfico 63 – Histórico de vazões no reservatório Paraibuna 2007-2008 (ANA)......... 236

Gráfico 64 – Histórico de vazões no reservatório Santa Branca 2004-2006 (ANA) ... 236

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Gráfico 65 – Histórico de vazões no reservatório Santa Branca 2007-2008 (ANA) ... 237

Gráfico 66 – Histórico de vazões no reservatório Jaguari 2004-2006 (ANA) ............. 237

Gráfico 67 – Histórico de vazões no reservatório Jaguari 2007-2008 (ANA) ............. 237

Gráfico 68 – Histórico de vazões no reservatório Funil 2004-2006 (ANA) ................ 238

Gráfico 69 – Histórico de vazões no reservatório Funil 2007-2008 (ANA) ................ 238

Gráfico 70 – Histórico de vazões no reservatório Santa Cecília 2004-2006 (ANA) ... 238

Gráfico 71 – Histórico de vazões no reservatório Santa Cecília 2007-2008 (ANA) ... 239

Gráfico 72 – Histórico de vazões no reservatório Ponte Coberta 2004-2006 (ANA).. 239

Gráfico 73 – Histórico de vazões no reservatório Ponte Coberta 2007-2008 (ANA).. 239

Gráfico 74 – Cunha salina no Canal de São Francisco (SONDOTÉCNICA, 2006).... 242

Gráfico 75 – Curvas de gastos e consumo de energia elétrica em ETA’s.................... 248

Gráfico 76 – Gastos operacionais com pessoal e produtos químicos em ETA’s ......... 249

Gráfico 77 – Evolução dos custos de dessalinização (CHAUDHRY, 2003) ............... 250

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ÍNDICE DE FOTOS

Foto 1 – Estruturas de captação do sistema Guandu ...................................................... 41

Foto 2 – Estação de Tratamento de Água do Guandu (ETAG)...................................... 43

Foto 3 – Localização das estações de amostragem estudadas e da RH-II Guandu ........ 53

Foto 4 – Detalhe dos locais das estações de amostragem próximas à captação ETAG . 54

Foto 5 – Localização e situação de areal no rio Guandu (Fonte: OLIVEIRA, 2004) .... 98

Foto 6 – Cavas submersas na “reta de Piranema” (Fonte: GOOGLE, 2006)................. 99

Foto 7 – Sistemas propostos de desvios para melhoria da água bruta da ETAG ......... 120

Foto 8 – Tipos de Ecobarreiras da SERLA (as setas indicam o fluxo hídrico)............ 127

Foto 9 – Ecobarreira da Lagoa da Tijuca no Rio de Janeiro (Fonte: SERLA)............. 127

Foto 10 – Ecobarreira do Arroio Fundo (e a UTR Arroio Fundo em construção) ....... 131

Foto 11 – UTR do rio Carioca na praia do Flamengo no Rio de Janeiro / RJ.............. 135

Foto 12 – UTR do córrego da Rocinha em São Conrado no Rio de Janeiro / RJ ........ 135

Foto 13 – Captação da ETAG entre os anos de 1950 e 1960 (Fonte: CEDAE)........... 152

Foto 14 – Captação da ETAG em 2005 (Fonte: CEDAE) ........................................... 153

Foto 15 – Preparação da célula para tubos geotêxteis (Fonte: ALLONDA, 2007)...... 157

Foto 16 – Funcionamento do sistema tubular geotêxtil (Fonte: ALLONDA, 2007) ... 158

Foto 17 – Canal de descartes da ETA Guandu (Fonte: CEDAE)................................. 221

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 – RMRJ atual e a bacia do rio Guandu (Fonte: adaptado de CIDE, 2001)........ 1

Figura 2 – Fluxograma dos problemas e soluções para a qualidade da água captada...... 6

Figura 3 – Fluxograma das possíveis fontes para o aumento da oferta de água............... 7

Figura 4 – Regiões do estado do Rio de Janeiro (Fonte: adaptado de CIDE, 2001) ...... 15

Figura 5 – Mapa hidrográfico da bacia do rio Guandu e a APA Guandu ...................... 16

Figura 6 – Cronologia da origem da Nova CEDAE (Fonte: CEDAE)........................... 35

Figura 7 – Sistemas de abastecimento de água da RMRJ oeste (CNEC, 2004)............. 36

Figura 8 – Mananciais do sistema Acari (Fonte: CNEC, 2004)..................................... 37

Figura 9 – Mapa das estações de amostragem estudadas na bacia do rio Guandu......... 52

Figura 10 – Os distritos industriais e a ETAG (Fonte: adaptado de CODIN, 2006a) .... 91

Figura 11 – Indústrias na região do rio Guandu (Fonte: adaptado de CODIN, 2006b) . 92

Figura 12 – Planta do distrito industrial de Queimados (Fonte: CODIN, 2008a).......... 93

Figura 13 – Planta do distrito industrial de Santa Cruz (Fonte: CODIN, 2008b) .......... 94

Figura 14 – Sistemas de esgotamento sanitário para a bacia do Guandu (STE, 1994) 102

Figura 15 – Opção 01 para desvio de pedras secas (Fonte: OTTONI, 2002)............... 122

Figura 16 – Opção 02 para desvio de pedras secas (OTTONI, 2002).......................... 122

Figura 17 – Opção 03, a escolhida para desvio de pedras secas (OTTONI, 2002)...... 123

Figura 18 – Sistema de flotação em fluxo (Fonte: CARON, 2006) ............................. 134

Figura 19 – Esquema flotação em fluxo (Fonte: adaptado de ANGELIS et al., 2001) 136

Figura 20 – Clarificação acelerada (Fonte: HILSDORF, 2002)................................... 139

Figura 21 – Sistema de produção e adução Marajoara, PDA (ENGEVIX, 1985) ....... 177

Figura 22 – Novo sistema produtor de Ribeirão das Lajes (CNEC, 2004) .................. 187

Figura 23 – Novo sistema produtor Guandu Novo, pelo RPDA (CNEC, 2004).......... 191

Figura 24 – Abastecimento de água na RHBG (ECOLOGUS-AGRAR, 2005) .......... 202

Figura 25 – Comparativo de áreas nos processos de decantação (SABESP, 2002)..... 209

Figura 26 – Esquema da decantação lamelar com micro-areia (SABESP, 2002)........ 209

Figura 27 – Sistema produtor ETA Guandu II (Fonte: BCM, 2005) ........................... 210

Figura 28 – Processo de tratamento do sistema Novo Guandu (CEDAE, 2007) ......... 213

Figura 29 – Concepção inicial proposta ETA Novo Guandu (CEDAE, 2007)............ 216

Figura 30 – Sistema Novo Guandu proposto inicialmente (CEDAE, 2007)................ 217

Figura 31 – Processo atual de descartes de água e lodo da ETAG (BIORIO, 2006) ... 219

Figura 32 – Processo esperado de descartes da ETAG (BIORIO, 2006)..................... 220

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xvi

Figura 33 – Destino atual dos descartes da ETA Guandu (BIORIO, 2006)................. 222

Figura 34 – Proposta para o reúso dos descartes da ETAG (BIORIO, 2006) .............. 222

Figura 35 – Parque gerador de energia no estado do Rio de Janeiro (LIGHT, 2008).. 225

Figura 36 – Aproveitamento hidrelétrico do sistema LIGHT (LIGHT, 2003)............. 225

Figura 37 – Perfil hidráulico do subsistema Paraíba-Piraí da LIGHT (2003).............. 229

Figura 38 – Esquema do sistema hidrelétrico do rio Paraíba do Sul (ANA, 2008)...... 231

Figura 39 – Esquema de vazões do sistema hidrelétrico Paraíba do Sul (ANA) ......... 231

Figura 40 – Salinidade no cenário mais desfavorável (SONDOTÉCNICA, 2006) ..... 243

Figura 41 – Ciclo das tomadas de decisão (Fonte: PETRIE et al., 2006) .................... 251

Figura 42 – Processos de um planejamento ambiental (Fonte: ZUFFO, 1998) ........... 253

Figura 43 – Modelo multicritério ELECTRE III (Fonte: PETRIE et al., 2006) .......... 255

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xvii

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 – Dados sobre os municípios da RMRJ (adaptado de IBGE e CIDE, 2008)..... 2

Tabela 2 – Porte adotado para os sistemas de esgotos sanitários ................................... 10

Tabela 3 – Regiões do estado do RJ (Fontes: CIDE, 2005, CERHI 18, 2007) .............. 14

Tabela 4 – Mananciais do sistema Acari (Fonte: STE, 1994)........................................ 38

Tabela 5 – Características do sistema de adução de Ribeirão das Lajes (CNEC, 2004) 38

Tabela 6 – Consumo de produtos químicos na ETAG (Fonte: OLIVEIRA, 2007) ....... 43

Tabela 7 – Elevatórias de água tratada do sistema Guandu ........................................... 45

Tabela 8 – Estações de amostragem (Fontes: FEEMA, CEDAE e MASSENA, 2003). 48

Tabela 9 – Médias nas estações de amostragem FEEMA (bacia do rio Guandu).......... 55

Tabela 10 – Médias nas estações de amostragem da FEEMA (continuação) ................ 57

Tabela 11 – Qualidade nos postos da CEDAE, 2005-2006 (DA COSTA et al., 2007) . 68

Tabela 12 – Cianobactérias nas estações de amostragem da FEEMA ........................... 69

Tabela 13 – Cianobactérias nas estações de amostragem da FEEMA (continuação) .... 70

Tabela 14 – Qualidade dos sedimentos na estação da FEEMA ..................................... 74

Tabela 15 – Qualidade dos sedimentos na estação da FEEMA (continuação) .............. 75

Tabela 16 – Qualidade dos sedimentos nos pontos de amostragem............................... 76

Tabela 17 – Qualidade dos sedimentos nos pontos de amostragem (continuação)........ 76

Tabela 18 – Qualidade dos sedimentos nos pontos de amostragem (continuação)........ 77

Tabela 19 – Limites de Cianobactérias cf. o Documento FUNASA de outubro de 2001,

a Portaria MS número 518/2004 e a Resolução CONAMA número 357/2005 ..... 79

Tabela 20 – Classes de uso destinadas ao abastecimento para consumo humano ......... 80

Tabela 21 – Classes de uso propostas nos locais das estações de amostragem.............. 81

Tabela 22 – Caracterização da situação sanitária atual (Fonte: FEEMA, 2001a) .......... 86

Tabela 23 – Principais corpos receptores dos efluentes industriais (FEEMA, 2001a)... 95

Tabela 24 – Principais métodos de extração de areia (Fonte: FEEMA, 2001a)............. 96

Tabela 25 – Afluentes do canal de São Francisco (STE, 1994) ................................... 101

Tabela 26 – Per capita de esgotos sanitários (STE, 1994)........................................... 103

Tabela 27 – Critérios para os diagnósticos de qualidade (STE, 1994)......................... 105

Tabela 28 – Classificação e padrões (Fonte: CONAMA 20, 1986) ............................. 107

Tabela 29 – Proposta de enquadramento do PDES 1994 (STE, 1994) ........................ 107

Tabela 30 – Alternativas de disposição final no PDES 1994 (STE, 1994) .................. 108

Tabela 31 – Bacias de esgotamento sanitário no PDES 1994 (STE, 1994) ................. 110

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xviii

Tabela 32 – Sistema Guandu de esgotamento sanitário (STE, 1994) .......................... 112

Tabela 33 – Sistema Macacos de esgotamento sanitário (STE, 1994)......................... 113

Tabela 34 – Vazões encontradas na foz dos rios dos Poços, Queimados e Ipiranga.... 119

Tabela 35 – Vazões de cheia nos afluentes da lagoa Guandu (COPPE, 2000) ............ 119

Tabela 36 – Custos de implantação do Desvio de Pedras Secas (OTTONI, 2002)...... 125

Tabela 37 – Estruturas de Desvio de Pedras Secas projetadas (OTTONI, 2002) ........ 125

Tabela 38 – Ecobarreiras no estado do Rio de Janeiro (Fonte: SERLA) ..................... 129

Tabela 39 – Custos para as barreiras flutuantes existentes e propostas........................ 130

Tabela 40 – Tecnologias de tratamento primário (PCA AMBIENTAL, 2002) ........... 138

Tabela 41 – Sistemas primários (PCA AMBIENTAL, 2002, COUTINHO, 2007)..... 140

Tabela 42 – Eficiência de UTR’s flotação em fluxo (Fonte: COUTINHO, 2007) ...... 140

Tabela 43 – Sistemas Flotflux® implantados no Brasil (Fonte: DT Engenharia)........ 146

Tabela 44 – Custos de UTR’s tipo Flotflux® em cursos d’água.................................. 148

Tabela 45 – Índices médios dos custos nas UTR’s em fluxo de cursos d’água ........... 149

Tabela 46 – Características dos sistemas Flotflux® propostos na lagoa Guandu ........ 151

Tabela 47 – Orçamento para a dragagem e o aterro do lodo da lagoa Guandu............ 154

Tabela 48 – Vazões na bacia do rio Guandu (Fonte: SONDOTÉCNICA, 2007) ........ 160

Tabela 49 – Demandas atuais na bacia do rio Guandu (Fonte:SERLA, 2006b e 2007)163

Tabela 50 – Possíveis demandas futuras na bacia do rio Guandu (Fonte: CEDAE).... 164

Tabela 51 – Balanço hídrico atual e futuro na bacia do rio Guandu ............................ 169

Tabela 52 – Comparativo dos locais aventados para o novo sistema (PDA 1985)...... 176

Tabela 53 – Evolução das vazões (m³/s) dos sistemas na RPDA (CNEC, 2004) ........ 182

Tabela 54 – Unidades do novo sistema produtor Ribeirão das Lajes (CNEC, 2004) .. 185

Tabela 55 – Unidades do novo sistema produtor Guandu Novo (CNEC, 2004) ......... 188

Tabela 56 – Mananciais estudados pela RPDA 2004 (CNEC, 2004) .......................... 196

Tabela 57 – Regiões abrangidas no estudo de perdas totais do sistema (CNEC, 2004)198

Tabela 58 – Volumes produzidos e faturados de água na RMRJ oeste (CNEC, 2004) 198

Tabela 59 – Produção de água potável para a Baía de Guanabara (PDRH-BG).......... 201

Tabela 60 – Programas do PDRH-BG que afetam sistemas da bacia do rio Guandu .. 204

Tabela 61 – Decantação com micro-areia X Convencional (SABESP, 2002)............. 208

Tabela 62 – Características do sistema de reúso proposto na ETAG (BIORIO, 2006) 223

Tabela 63 – Geração de energia elétrica pela LIGHT Energia (LIGHT, 2008)........... 224

Tabela 64 – Características do complexo hidrelétrico da LIGHT Energia S.A. .......... 226

Tabela 65 – Regulamentação do sistema hidráulico Paraíba do Sul (ANA, 2008)...... 233

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xix

Tabela 66 – Cenários simulados com intrusão salina (SONDOTÉCNICA, 2006)...... 242

Tabela 67 – Restrições do PERH Guandu para outorgas no canal de São Francisco .. 244

Tabela 68 – Possíveis adutoras individuais de água doce no Canal de São Francisco. 245

Tabela 69 – Custos estimados para adequar e regularizar o sistema Acari .................. 248

Tabela 70 – Valores adotados para os pesos dos critérios no modelo multicritério..... 258

Tabela 71 – Faixa adotada para os valores dos cenários no modelo multicritério ....... 258

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LISTA DE SIGLAS

ABES Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

AGEVAP Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia Hidrográfica do Rio

Paraíba do Sul

AMBEV Companhia de Bebidas das Américas

ANA Agência Nacional de Águas

APA Área de Proteção Ambiental

APBF Adutora Principal da Baixada Fluminense

ARG Alto Recalque do Guandu

ARL Adutora Ribeirão das Lajes

ASEAC Associação dos Empregados de Nível Universitário da CEDAE

BID Banco Interamericano de Desenvolvimento

BNH Banco Nacional de Habitação

CAG Carvão Ativado Granular

CAN Companhia de Águas de Niterói S/A

CCO Centro de Controle Operacional

CEDAE Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro

CEDAG Companhia Estadual de Águas da Guanabara

CEF Caixa Econômica Federal

CEIVAP Comitê para Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do

Sul

CEPT Chemically Enhanced Primary Treatment

CERHI Conselho Estadual de Recursos Hídricos do Rio de Janeiro

CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental de São Paulo

CGU Controladoria-Geral da União

CIDE Fundação Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro

CODIN Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de

Janeiro

COMGUANDU Comitê da bacia hidrográfica dos rios Guandu, da Guarda e

Guandu-Mirim

COMPERJ Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro

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xxi

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

COPASA Companhia de Saneamento de Minas Gerais

COPPE Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de

Engenharia da UFRJ

COSIGUA Companhia Siderúrgica da Guanabara

COT Carbono Orgânico Total

CRESTA Centre for Risk, Environment and Systems Technology and Analysis

da Universidade de Sydney na Austrália

CSA Companhia Siderúrgica do Atlântico

CSF Canal de São Francisco

CSN Companhia Siderúrgica Nacional

DBO Demanda Bioquímica por Oxigênio

DQO Demanda Química de Oxigênio

EA Estação de monitoramento Automático da FEEMA

EEAB Estação Elevatória de Água Bruta

EEAT Estação Elevatória de Água Tratada

ELECTRE ELimination Et Choix Traduisant la Realité

EMOP Empresa de Obras Públicas do estado do Rio de Janeiro

EPA United States Environmental Protection Agency

ESAG Empresa de Saneamento da Guanabara

ETA Estação de Tratamento de Água

ETAF Estação de Tratamento de Águas Fluviais

ETAG Estação de Tratamento de Água do Guandu

ETE Estação de Tratamento de Esgotos

FCC Fábrica Carioca de Catalisadores

FECAM Fundo Estadual de Conservação Ambiental

FEEMA Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente do Rio de

Janeiro

FUNDREM Fundação para o Desenvolvimento da Região Metropolitana do Rio

de Janeiro

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDH Índice de Desenvolvimento Humano do Banco Mundial

IFAI Industrial Fabrics Association International

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xxii

IGAM Instituto Mineiro de Gestão das Águas

IGL Interligação Guandu – Lameirão

INPI Instituto Nacional de Propriedade Industrial

IQA Índice de Qualidade das Águas da CETESB

ITA Instituto Tecnológico de Aeronáutica

LIGHT Companhia de eletricidade do Rio de Janeiro (francesa – EDF)

MS Ministério da Saúde

NARG Novo Alto Recalque do Guandu

NEL Nova Elevatória do Lameirão

NETA Nova Estação de Tratamento de Água do Guandu

NEZR Nova Elevatória da Zona Rural

NUSEG Núcleo Superior de Estudos Governamentais da UERJ

OD Oxigênio Dissolvido

PAC Programa de Aceleração do Crescimento do Governo Federal

PCB’s Bifenilas Policloradas

PCRJ Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro

PDA Plano Diretor de Abastecimento de Água da CEDAE

PDBG Programa de Despoluição da Baía de Guanabara

PDES Plano Diretor de Esgotamento Sanitário da CEDAE

PDRH-BG Plano Diretor de Recursos Hídricos da Região Hidrográfica da Baía

de Guanabara

PEAD Polietileno de Alta Densidade

PERH Plano Estratégico de Recursos Hídricos das bacias hidrográficas dos

rios Guandu, da Guarda e Guandu-Mirim

PET Politereftalato de Etila

PI Patente de Invenção

PLANASA Plano Nacional de Saneamento

PNRH Política Nacional de Recursos Hídricos

PROFACE Programa das Favelas da CEDAE

PROSAB Programa de Pesquisas em Saneamento Básico do Governo Federal

PROSANEAR Programa de Vida Nova com Saúde

RAFA Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente (UASB)

REDUC Refinaria de Duque de Caxias da Petrobrás

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xxiii

RFT Resíduos Filtráveis Totais

RH Região Hidrográfica

RHBG Região Hidrográfica da Baía de Guanabara

RMRJ Região Metropolitana do Rio de Janeiro

RMSP Região Metropolitana de São Paulo

RNFT Resíduos Não Filtráveis Totais

RPDA Revisão do Plano Diretor de Abastecimento de Água da CEDAE

SABESP Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo

SANERJ Companhia de Saneamento de Estado do Rio de Janeiro

SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

SERLA Secretaria Estadual de Rios e Lagoas do Rio de Janeiro

SINAOP Simpósio Nacional de Auditoria em Obras Públicas

SisBAHIA Sistema Base de Hidrodinâmica Ambiental da COPPE/UFRJ

SNIS Sistema Nacional de Informações sobre o Saneamento

SOSP Secretaria de Estado de Obras e Serviços Públicos do Rio de Janeiro

Ssed Sólidos sedimentáveis

SST Sólidos em Suspensão Totais

STF Supremo Tribunal Federal

SUDECAP Superintendência de Desenvolvimento da Capital – Prefeitura de

Belo Horizonte (MG)

SURSAN Superintendência de Urbanização e Saneamento

TAGUBAR TAngential GUanabara Bay Aeration and Recovery

TAS Taxa de Aplicação Superficial

TCU Tribunal de Contas da União

TR Tempo de Recorrência

UASB Upflow Anaerobic Sludge Blanket (RAFA)

UEL Usina Elevatória

UERJ Universidade do Estado do Rio de Janeiro

UFF Universidade Federal Fluminense

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

UFRRJ Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRuralRJ)

UHE Usina Hidrelétrica de Energia

UNB Universidade de Brasília

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xxiv

UTE Usina Termelétrica de Energia

UTR Unidade de Tratamento de Rio

VETA Velha Estação de Tratamento de Água do Guandu

VMP Valor Máximo Permitido

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1

1) INTRODUÇÃO

1.1) Motivação

O problema do abastecimento da região metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ) é

histórico, desde os primórdios do Brasil colônia até os dias atuais. As soluções

grandiosas adotadas para combater a falta de água vertiam desde mananciais de serra até

aos grandes rios que cruzam o estado, em conformidade com o aumento populacional da

região. Entretanto, atualmente, o encorpado rio Guandu tem sido a única solução viável

para o abastecimento ora em questão, pois a revisão do plano diretor de abastecimento

de água da região metropolitana oeste (CNEC, 2004) revelou a inexistência de outras

fontes além daquelas já amplamente estudadas, e que já abastecem a região, tais como:

o próprio rio Guandu, o reservatório de Ribeirão das Lajes, o sistema Acari e os

mananciais locais de pequeno porte. Destas fontes, a grande maioria pertence à bacia

hidrográfica do rio Guandu. Portanto, a área em estudo foi limitada pela RMRJ e pela

bacia do rio Guandu (vide Figura 1).

Figura 1 – RMRJ atual e a bacia do rio Guandu (Fonte: adaptado de CIDE, 2001)

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2

A porção oeste da RMRJ foi escolhida por receber cerca de 80% da vazão distribuída

pelos sistemas produtores de água atuais (vide Gráfico 1), que atendem a maioria da

população do estado, ou seja, 9.552.068 habitantes (vide Tabela 1). Já a bacia do rio

Guandu foi estudada porque é a maior fonte atual de água para a região, cf. Gráfico 2.

Neste estudo, mesmo situada no município do Rio de Janeiro, a ilha de Paquetá está na

porção leste da RMRJ, pois sempre recebeu água de sistemas produtores desta região.

Tabela 1 – Dados sobre os municípios da RMRJ (adaptado de IBGE e CIDE, 2008)

Área (1) População (2) Instalação (3) Município

(km²) % (2008) % Ano Origem

Belford Roxo 80 0,18 495.694 3,12 01/01/1993 Nova Iguaçu

Duque de Caxias 465 1,06 864.392 5,45 01/01/1944 Nova Iguaçu

Japeri 83 0,19 100.055 0,63 01/01/1993 Nova Iguaçu

Mesquita 35 0,08 187.949 1,18 01/01/2001 Nova Iguaçu

Nilópolis 19 0,04 159.005 1,00 22/08/1947 Nova Iguaçu

Nova Iguaçu 524 1,20 855.500 5,39 29/07/1833 Rio de Janeiro

Paracambi 179 0,41 44.629 0,28 13/11/1960 Itaguaí e Vassouras

Queimados 77 0,18 137.870 0,87 01/01/1993 Nova Iguaçu

Rio de Janeiro 1.182 2,71 6.161.047 38,8 01/03/1565 -

São João de Meriti 35 0,08 468.309 2,95 22/08/1947 Duque de Caxias

Seropédica 284 0,65 77.618 0,49 01/01/1997 Itaguaí

RMRJ oeste 2.963 6,8 9.552.068 60,2 (4)

Guapimirim 361 0,83 48.688 0,31 01/01/1993 Magé

Itaboraí 424 0,97 225.309 1,42 22/05/1883 (5)

Magé 386 0,88 240.940 1,52 12/06/1789 (6)

Niterói 129 0,30 477.912 3,01 11/08/1819 Rio de Janeiro

São Gonçalo 249 0,57 982.832 6,19 23/02/1893 Niterói

Tanguá 147 0,34 30.139 0,19 01/01/1997 Itaboraí

RMRJ leste 1.696 3,88 2.005.820 12,6 (7)

Total RMRJ 4.659 10,7 11.557.888 72,8 01/07/1974 (8)

TOTAL RJ 43.696 100 15.872.362 100 15/03/1975 Fusão RJ e GB (8)

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3

Notas da Tabela 1: (1) Fonte: IBGE - Cidades@, 2008, cf. resolução n° 05 de 10 de outubro de 2002; (2) Estimativas das populações residentes, em 1° de julho de 2008, segundo os

municípios. Fonte: IBGE/DPE/COPIS, 29 de agosto de 2008; (3) Fonte: Fundação CIDE, 2008; (4) Os municípios de Itaguaí e Mangaratiba foram excluídos da RMRJ oeste por

meio da lei estadual complementar n° 105 de 04/07/2002;

(5) Município emancipado de Cachoeiras de Macacu e São José De El-Rey; (6) Município emancipado de Cachoeiras de Macacu e Rio de Janeiro; (7) Os municípios de Petrópolis e Maricá saíram da RMRJ leste nas leis estaduais

complementares n° 64 de 21/09/1990 e n° 97 de 02/10/2001, respectivamente; (8) Conforme lei federal complementar n° 20 de 01/07/1974.

A região metropolitana do Rio de Janeiro ou Grande Rio foi instituída pela lei federal

complementar n° 20 de 01/07/1974 (LEI 20, 1974), após a fusão dos antigos estados do

Rio de Janeiro (RJ) e da Guanabara (GB). Anos depois, os municípios de Petrópolis,

Itaguaí, Mangaratiba e Maricá foram excluídos, e os municípios emancipados na região

foram incluídos. Entretanto, diferente da Tabela 1, o IBGE ainda inclui os municípios

de Itaguaí, Mangaratiba e Maricá na RMRJ, para fins estatísticos (IBGE, 2008).

Capacidade de atendimento (habitantes)dos sistemas de abastecimento de água no Estado

(excluindo as perdas na distribuição)

Demais regiões 2.115.724

14%

Região Metropolitana

Oeste 11.640.000

76%

Região Metropolitana

Leste1.540.379

10%

Vazão distribuída (l/s)pelos sistemas de abastecimento de água no Estado

(excluindo as perdas na produção)

Demais regiões 6.309,32

10%Região

Metropolitana Oeste

48.500,0080%

Região Metropolitana

Leste6.334,90

10%

=

Gráfico 1 – Abastecimento de água no estado do Rio de Janeiro (Fonte: CIDE, 2005)

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4

Vazão distribuída (l/s)pelos mananciais de água na RMRJ oeste

São Pedro

Rio d'Ouro

Tinguá

3 5007%

Xerém

Rio Guandu 40 000,00

83%

Ribeirão das Lajes (Represa)

5 000,0010%

Mantiquira

bacia do rio Guandu

bacia da Baía de Guanabara

Gráfico 2 – Mananciais que abastecem a RMRJ oeste (Fonte: CIDE, 2005)

A falta de outros mananciais de superfície, com um aporte suficiente para suprir as

demandas por água na RMRJ oeste, pode ser constatada após uma breve visão espacial

da hidrografia do estado do Rio de Janeiro, juntamente com os dados de vazões

mínimas disponíveis em cada manancial (cf. Gráfico 3). Nesse caso, as fontes com as

maiores vazões mínimas situam-se nas regiões norte e noroeste fluminense, ou seja,

muito distantes da RMRJ oeste, o que encareceria demais uma possível obra de adução.

Os mananciais que abastecem a porção leste da RMRJ (canal Imunana e outros rios em

Itaboraí e adjacências, correspondentes aos 87m³/s no Gráfico 3) estão comprometidos

com os usuários desta região, sendo, portanto, excluídos do presente estudo.

A bacia hidrográfica do rio Guandu abrange o reservatório de Ribeirão das Lajes, o rio

Guandu e as vazões transpostas dos rios Piraí e Paraíba do Sul. Logo, os afluentes

destes mananciais também influenciam o abastecimento de água da RMRJ oeste, tanto

diretamente quanto indiretamente. Por exemplo, a alocação de vazões para outorga de

usuários em afluentes do rio Paraíba do Sul (rio Negro, rio Carangola, rio Muriaé, rio

Pomba e outros de menor porte) pode diminuir a vazão disponível no rio Guandu.

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Principais mananciais de superfície do Estado do RJ

130

10

3

87

2

2

50

2

20

20

16

2

2

150

10 20 3 0 4 0 50 60 70 80 90 10 0 110 12 0 130 140 150

Rio Paraíba do Sul

Rio Guandu

Ribeirão das Lajes

Rio Piraí

Canal Imunana

Rio Preto

Rio Paquequer

Rio Macaé

Lagoa Feia

Rio Itabapoana

Rio Muriaé

Rio Pomba

Rio Carangola

Rio Negro

Vazões mínimas (m³/s)

Gráfico 3 – Principais mananciais do estado do Rio de Janeiro (Fonte: CIDE, 2005)

A partir dessas premissas de elevada importância, muitos trabalhos e vastas discussões

sobre o abastecimento da região metropolitana têm sido realizados ao longo de várias

décadas, esgotando o assunto, aparentemente. Então, qual seria a motivação e a real

contribuição deste presente trabalho para o relevante tema?

Em um primeiro plano, pode-se dizer que os problemas são bem conhecidos, porém as

soluções idealizadas são extremamente divergentes e conflitantes. Nesse sentido, o

presente estudo atualiza as informações e apresenta a coletânea das principais ações

propostas, estudos e projetos listados nos itens (1.1.1) e (1.1.2), que objetivam a

melhoria da qualidade da água captada no manancial da bacia (vide grupos da Figura 2)

e o aumento da oferta de água potável para a região (vide grupos da Figura 3). A partir

desse referencial, esta dissertação apresenta uma análise comparativa das soluções para

fornecer subsídios aos tomadores de decisão na escolha da melhor situação, tanto para a

população da região metropolitana do Rio de Janeiro quanto para a bacia hidrográfica

do rio Guandu.

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Figura 2 – Fluxograma dos problemas e soluções para a qualidade da água captada

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Figura 3 – Fluxograma das possíveis fontes para o aumento da oferta de água

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1.1.1) Ações para melhoria da qualidade da água captada no manancial

Ações estruturais paliativas

Desvio dos rios dos Poços, Queimados e Ipiranga, integrado por meio de diques

a jusante da confluência e canais ou tubulações de desvio;

Desvio dos rios dos Poços, Queimados e Ipiranga, por intermédio de canais de

desvio distintos para cada rio, a montante da confluência;

Desvio de pedras secas, composto de estruturas submersas para a retenção dos

sedimentos na barragem auxiliar pertencente à captação da ETA Guandu;

Estações de tratamento de águas fluviais por processos de coagulação,

floculação e flotação (sistema FLOTFLUX® – flotação em fluxo);

Despoluição de corpos hídricos por meio da oxidação da matéria orgânica pelo

oxigênio injetado com a água, isto é, por meio das estações previstas no projeto

para a aeração tangencial e recuperação da baía de Guanabara (TAGUBAR ou

TAngential GUanabara Bay Aeration and Recovery);

Dragagem de rios com remoção do lodo de fundo;

Secagem de lodo e de sedimentos com tubos geotêxteis;

Barragens ou barreiras para remoção de materiais flutuantes;

Sistema de interceptação da rede de drenagem de águas pluviais contendo

ligações clandestinas de esgotos sanitários para tratamento em tempo seco

(galerias de cintura).

Ações estruturais efetivas

Implantação de sistemas de esgotamento sanitário nas bacias contribuintes, com

soluções centralizadas através de médios e grandes sistemas de coleta, transporte

e tratamento de esgotos domésticos (médios e grandes diâmetros de tubulações e

estações para médias e grandes vazões cf.Tabela 2 – concepção do plano diretor

de esgotamento sanitário de 1994 e dos projetos Sepetiba 02 e Guandu-Mirim);

Implantação de sistemas de esgotamento sanitário nas bacias contribuintes, com

soluções descentralizadas através de pequenos sistemas de coleta, transporte e

tratamento de esgotos domésticos, de acordo com o porte pequeno da Tabela 2

mais adiante – soluções localizadas com sistemas acessíveis de tratamento

(lagoas de estabilização, fossa-filtro anaeróbio, entre outros);

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Controle efetivo dos efluentes industriais, principalmente dos complexos

industriais a montante da captação da ETA Guandu;

Adequação das unidades de tratamento de água à Portaria 518 (MS, 2005),

incluindo a implantação da estação de tratamento da água captada no

reservatório de Ribeirão das Lajes;

Proteção das margens dos mananciais com reflorestamento, ou seja, o programa

Muda Guandu da CEDAE e o projeto Replanta Guandu do COMGUANDU;

Proteção dos mananciais de abastecimento com a criação de áreas de proteção

ambiental, tal qual a APA Guandu (vide Figura 5).

1.1.2) Ações para o aumento da oferta de água para o abastecimento

Estudo do potencial de mananciais subterrâneos como fonte de abastecimento,

que se revela bem aquém das necessidades, com aproximadamente 1m³/s;

Pesquisa de outros mananciais de superfície como alternativas para o

abastecimento, que também seria insuficiente, com menos de 1m³/s;

Viabilidade do aumento da água transposta (atualmente em 119m³/s) pelo

sistema hidrelétrico de Lajes para o rio Guandu, com todas as implicações

possíveis em relação à cobrança e ao uso pela bacia do rio Paraíba do Sul;

Estudo de aumento da água captada diretamente do reservatório de Ribeirão das

Lajes pelo sistema de abastecimento (atuais 5,5m³/s), com suas implicações no

sistema de produção de energia elétrica (aproximadamente 18% do volume do

reservatório podem ser utilizados para outros fins, como o abastecimento);

Implantação de novo sistema de produção de água com captação no rio Guandu,

bem a montante da captação da ETA Guandu e da confluência dos rios dos

Poços, Queimados e Ipiranga, ou seja, a criação da ETA Marajoara no bairro

Jardim Marajoara, com 31,5m³/s, conforme plano diretor de água de 1985, e

com 24m³/s, conforme revisão do plano em 2004, além de reservatório e

distribuição independentes do sistema Guandu atual;

Implantação de novo sistema de produção de água com 36m³/s, chamado de

Guandu II, em 3 etapas, aproveitando-se a captação atual (projetada para até

80m³/s) da ETA Guandu e instalando a ETA Guandu II em terreno próximo aos

desarenadores existentes, tendo ainda a ampliação do reservatório de

distribuição – o Marapicu 2;

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Implantação de novo sistema de produção de água chamado Guandu Novo, com

24m³/s em 2 etapas (proposto na revisão do plano diretor de água de 2004),

semelhantes ao Guandu II, mas com processos de tratamento diferentes;

Implantação de novo sistema de produção de água chamado Novo Guandu, com

24m³/s em 2 etapas (proposto pela CEDAE com recursos do PAC 2007),

semelhantes ao Guandu Novo, mas com processos de tratamento diferentes;

Projeto Rejeito Zero, para o total reaproveitamento das águas de processo da

ETA Guandu atual (com capacidade para 47m³/s e vazões médias em torno de

45m³/s), com o lodo recebendo tratamento especial, isto é, a recirculação das

águas de descarte da decantação e da lavagem dos filtros, que são atualmente

encaminhadas para fora da bacia do rio Guandu, a uma vazão média de 4,5m³/s;

Ações gerenciais na bacia do rio Guandu e adjacências para o controle da

demanda de água para outros fins não tão prioritários quanto o abastecimento

público de água potável, ou seja, controle adequado das outorgas de uso dos

recursos hídricos da bacia, incluindo o problema da intrusão salina na foz do rio

Guandu, isto é, no canal de São Francisco;

Ações e práticas localizadas e coletivas de reúso da água, tais como: substituição

de peças sanitárias, aproveitamento de águas pluviais, reaproveitamento de

águas de descargas sanitárias, entre outros tipos;

Estudo e combate às perdas nos sistemas adutores e distribuidores de água, ou

seja, o controle de vazamentos, a eliminação de ligações clandestinas, entre

outras atividades;

Pesquisa e gestão do consumo per capita de água potável, objetivando

campanhas de educação ambiental para a minimização do uso menos nobre da

água e, conseqüentemente, para a diminuição do per capita a ser atendido;

Dessalinização da água do mar para abastecimento público.

Tabela 2 – Porte adotado para os sistemas de esgotos sanitários

PORTE Vazão média da ETE (l/s) Diâmetro do tronco coletor (mm)

Pequeno Até 70 Somente rede coletora (até 300mm)

Médio >70 a 300 150 a 300

Grande >300 >300

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1.2) Objetivos

A presente dissertação tem como objetivo principal analisar as diversas alternativas para

solucionar a problemática do abastecimento de água potável na região metropolitana

oeste do estado do Rio de Janeiro. Enfocam-se as necessidades de ações emergenciais,

estruturais e gerenciais, após um diagnóstico da bacia do rio Guandu, tanto em termos

de qualidade quanto em quantidade de água disponível para o abastecimento público.

Para tanto, reúnem-se os principais componentes existentes sobre a bacia do rio Guandu

e sobre o abastecimento de água da região metropolitana através de diversos elementos

ilustrativos e dados tabelados para proporcionar fácil consulta de terceiros em

posteriores trabalhos sobre o tema. Portanto, a dissertação tem a pretensão de ser uma

referência sintética sobre o assunto, após um extenso e árduo trabalho de pesquisa

bibliográfica.

O trabalho ainda agrega e atualiza diversos dados e informações correspondentes ao

Plano Estratégico de Recursos Hídricos da Bacia do Rio Guandu (SONDOTÉCNICA,

2006 e 2007), ou seja, ao guia do comitê da bacia hidrográfica dos rios Guandu, da

Guarda e Guandu-Mirim (COMGUANDU), ao apresentar o seguinte:

Dados abrangentes com análise de qualidade das águas, incluindo os sedimentos

e as cianobactérias, a fim de complementar as informações prestadas pelo plano;

Dados com a avaliação das outorgas, demandas e disponibilidade de água na

bacia, com informações mais atuais em relação ao plano.

Por fim, esta dissertação apresenta o emprego do método multicritério, que é um

modelo mais flexível e mais criterioso para analisar as alternativas do que a relação

custo-benefício aplicada em órgãos governamentais, que são tomadores de decisão na

gestão dos recursos hídricos da bacia do rio Guandu. As situações com tendência real

para acontecer foram analisadas com o auxílio desse modelo, em vez de casos

hipotéticos, valorizando, assim, os resultados encontrados. Mais especificamente,

optou-se por utilizar o modelo ELECTRE III (ROY, 1978).

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1.3) Metodologia

Primeiramente, foi realizada uma completa pesquisa bibliográfica sobre o assunto, com

as seguintes atividades principais:

Série de coleta de dados e de informações nos diversos órgãos envolvidos

(CEDAE, SERLA, FEEMA, LIGHT, entre outros);

Estudo dos planos diretores de abastecimento de água potável e de esgotamento

sanitário da CEDAE e de outros;

Análise dos planos estratégicos de recursos hídricos das bacias hidrográficas

inerentes (Guandu, Baía de Guanabara e Paraíba do Sul);

Identificação dos planos, programas e projetos desenvolvidos ou em fase de

desenvolvimento para a questão;

Consultas bibliográficas diversas (artigos, mídia eletrônica, mídia impressa,

entre outras).

Em função da grande quantidade de elementos, os dados e as informações coletados na

pesquisa foram reunidos em gráficos, fotos, figuras e tabelas. Os gráficos apresentam as

curvas, os histogramas ou similares, com base em dados provenientes das coletas

efetuadas. Por outro lado, as fotos são os elementos puramente fotográficos, trabalhados

ou não. Já as figuras representam os outros elementos visuais, oriundos das fontes de

consulta, com ou sem adaptações, tais como: fluxogramas; diagramas esquemáticos;

mapas; entre outros. Por fim, as tabelas agregam também todos os quadros existentes.

Com as informações reunidas, procederam-se os diagnósticos de qualidade das águas,

de demandas, de outorgas e de disponibilidade hídrica da bacia do rio Guandu. Em

relação ao abastecimento de água potável e às propostas de solução, tabelas de

eficiência e curvas de consumo versus custos foram elaboradas para auxiliar a análise

técnica e econômica, tanto da situação existente quanto das alternativas aventadas.

A análise individual de cada proposta foi discutida de forma crítica em cima do

diagnóstico, dos dados coletados e das informações recebidas, sendo que as

considerações do próprio autor desta dissertação aparecem onde não há citações

bibliográficas nos textos.

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A metodologia multicritério auxiliou a análise final dos cenários propostos e existentes.

O modelo adotado foi o ELECTRE III (ELimination Et Choix Traduisant la REalité),

criado por Bernad Roy em 1978 (ZUFFO, 1998).

A matriz multicritério do modelo englobou os cenários existentes, os cenários

propostos, os critérios de avaliação e os pesos de cada critério. Esses pesos foram

adaptados a partir de informações presentes em trabalhos similares na área de

planejamento ambiental de recursos hídricos, tal qual o elaborado por ZUFFO (1998)

sobre a bacia do rio Cotia em São Paulo.

Os dados da matriz foram inseridos no programa computacional ELECTRE III®, versão

demo 3.1, da MCDA SOFTWARES (1994), da Universidade de Paris na França, que

foi criado por Bernard Roy. O programa permitiu incorporar a modelagem conceitual

adotada e apresentou os resultados das situações simuladas. A versão de demonstração

possui uma limitação de entrada de dados, sendo permitido somente 06 alternativas e 05

critérios. Com isso, as simulações não agregaram todos os 07 critérios definidos ao

mesmo tempo.

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1.4) Escopo

A região metropolitana do Rio de Janeiro é uma das oito regiões de governo (RG) do

estado do Rio de Janeiro criadas pela lei estadual n° 1.227 de 17 de novembro de 1987,

que aprovou o plano de desenvolvimento econômico e social 1988/1991 (CIDE, 2005).

A bacia hidrográfica do rio Guandu foi concebida por algum tempo como uma sub-

bacia da antiga bacia de Sepetiba. Por grau de importância, a FEEMA separava a bacia

de Sepetiba em duas sub-bacias: a do rio Guandu e a da baixada da baía de Sepetiba. Já

o comitê Guandu engloba as bacias hidrográficas dos rios Guandu, da Guarda e

Guandu-Mirim, tendo a baía de Sepetiba como a foz de todos eles. Atualmente, a região

da bacia de Sepetiba é denominada região hidrográfica Guandu (RH-II), conforme

resolução CERHI–RJ número 18 de oito de novembro de 2006, republicada no diário

oficial do estado do Rio de Janeiro em 15 de fevereiro de 2007.

Então, para fins de gestão administrativa e de gestão dos recursos hídricos, as regiões de

governo (RG) e as regiões hidrográficas (RH) do estado do Rio de Janeiro estão

denominadas segundo a Tabela 3. Desse modo, a Figura 4 mostra as regiões do estado,

com destaque para a área em estudo composta pela porção oeste da RMRJ e pela bacia

hidrográfica do rio Guandu.

Tabela 3 – Regiões do estado do RJ (Fontes: CIDE, 2005, CERHI 18, 2007)

RG Região de Governo RH Região Hidrográfica

I Metropolitana I Baía da Ilha Grande

II Noroeste Fluminense II Guandu

III Norte Fluminense III Médio Paraíba do Sul

IV Serrana IV Piabanha

V Das Baixadas Litorâneas V Baía de Guanabara

VI Do Médio Paraíba VI Lagos São João

VII Centro Sul-Fluminense VII Dois Rios

VIII Da Costa Verde ¹ VIII Macaé e das Ostras

IX Baixo Paraíba do Sul ¹ antiga região da Baía da Ilha Grande

X Itabapoana

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Figura 4 – Regiões do estado do Rio de Janeiro (Fonte: adaptado de CIDE, 2001)

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O mapa da Figura 5 apresenta a bacia hidrográfica em estudo e a APA Guandu.

Figura 5 – Mapa hidrográfico da bacia do rio Guandu e a APA Guandu

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A RH-II abrange totalmente os municípios discriminados na seqüência: Mangaratiba,

Itaguaí, Seropédica, Queimados, Engenheiro Paulo de Frontin, Japeri, Paracambi;

engloba, parcialmente, os seguintes municípios: Miguel Pereira, Vassouras, Barra do

Piraí, Mendes, Nova Iguaçu, Piraí, Rio Claro e Rio de Janeiro. Além disso, suas

principais bacias hidrográficas são: bacia do Santana, bacia do São Pedro; bacia do

Macaco, bacia do Ribeirão das Lajes, bacia do Guandu (Canal de São Francisco),

bacia do Rio da Guarda, bacias contribuintes à represa de Ribeirão das Lajes, bacia

do Canal do Guandu, bacias contribuintes ao litoral de Mangaratiba e de Itacurussá,

bacia do Mazomba, bacia do Piraquê ou Cabuçu, bacia do Canal do Itá, bacia do Ponto,

bacia do Portinho, bacias da Restinga de Marambaia, bacia do Piraí.

O foco desta dissertação está no abastecimento de água potável para o consumo humano

da RMRJ oeste, portanto o escopo engloba apenas a bacia do rio Guandu e as suas

bacias afluentes (em destaque acima e na Figura 5), devido às razões apresentadas no

item (1.1). Entretanto, dados e conceitos relevantes sobre as outras bacias que afetam

direta ou indiretamente o rio Guandu e o abastecimento de água potável estão

devidamente considerados, caso das outorgas no Canal de São Francisco, das análises

de qualidade e quantidade das águas transpostas do rio Paraíba do Sul, entre outros.

Este Capítulo (1) apresenta, então, as considerações iniciais, a motivação, os objetivos e

o escopo da dissertação.

O Capítulo (2) descreve a história completa do sistema de abastecimento de água do Rio

de Janeiro e o conseqüente surgimento da CEDAE. Optou-se por deixar a maior parte

do relato presente em algumas publicações da companhia porque foram poucos

divulgados externamente, sendo retirado do texto o cunho promocional existente.

As características dos sistemas existentes de produção de água para abastecimento

público também estão presentes no Capítulo (2), elaborado a partir de informações de

diversas fontes da CEDAE, principalmente.

O Capítulo (3) apresenta os valores das amostras coletadas pela FEEMA (2001a, 2001b,

2002a, 2002b, 2002c, 2008) e pela CEDAE na bacia do rio Guandu, que permitiram a

avaliação da situação atual das águas nos mananciais, tais como os parâmetros de

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qualidade da água, de eutrofização e de sedimentos. No Capítulo (3), estão presentes

também os valores das amostras encontradas em outros trabalhos, como o de

MASSENA (2003), além de citações da legislação ambiental e das classes de

enquadramento adotadas pelo PERH Guandu (SONDOTÉCNICA, 2006 e 2007).

O Capítulo (4) contém o diagnóstico de qualidade das águas na bacia do rio Guandu,

com a identificação das principais atividades poluidoras. Este diagnóstico foi baseado

nos relatórios de avaliação dos valores apresentados pelo Capítulo (3).

O balanço hídrico da bacia do rio Guandu está no Capítulo (6), que possui os dados de

disponibilidade hídrica da SERLA (2005b) e do PERH Guandu (SONDOTÉCNICA,

2006 e 2007). As demandas estão baseadas nos cenários propostos e nas portarias de

outorga da SERLA, emitidas entre janeiro de 2006 e dezembro de 2008.

Os Capítulos (5) e (7) discorrem sobre todos os estudos e projetos aventados para a

melhoria da qualidade da água no manancial e para o aumento da oferta de água, ambos

destinados ao abastecimento público de água potável para a região metropolitana do Rio

de Janeiro porção oeste. As análises individuais e os comentários preliminares já foram

agregados no decorrer do texto dos referidos capítulos, expressando assim a visão do

autor desta dissertação sobre cada proposta, com base na bibliografia e em dados

coletados de diversas fontes de pesquisa: CEDAE; SERLA; Prefeitura da Cidade do Rio

de Janeiro (PCRJ); entre outras. As principais ações, estudos e projetos analisados ou

passíveis de serem analisados futuramente foram relacionados nos itens (1.1.1) e (1.1.2).

O Capítulo (8) apresenta a análise final dos cenários estabelecidos. Neste item, o

modelo multicritério, adotado para auxiliar na análise, é descrito. São definidos os

parâmetros de entrada e mostrados os resultados obtidos pelo modelo ELECTRE III,

para alguns cenários agregados.

Enfim, os Capítulos (9) e (10) contém as considerações finais da dissertação e as

bibliografias consultadas. Cabe citar que as diversas figuras e tabelas não foram

transferidas para anexos, porque prejudicaria a compreensão de todo o texto, face à

gama de informações.

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2) SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA POTÁVEL DA RMRJ

A região hidrográfica do rio Guandu abastece somente o lado oeste da região

metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ), principalmente a cidade do Rio de Janeiro e a

Baixada Fluminense. Já a porção leste da RMRJ é abastecida basicamente pelo sistema

Imunana-Laranjal, pertencente à outra região hidrográfica, fora dos limites de estudo,

casos de Niterói e São Gonçalo. Portanto, a RMRJ em estudo refere-se somente a sua

porção oeste.

O relato histórico abaixo foi extraído de documentos elaborados pela CEDAG (1969 e

1970), por DA SILVA (1988) e pela CEDAE (2001), principalmente.

2.1) Histórico

2.1.1) Do poço Cara de Cão ao sistema Guandu

Os portugueses já haviam descoberto o Brasil, quando Américo Vespúcio navegava pela

costa brasileira até chegar à foz do que acreditava ser um grande rio. Como era 10 de

janeiro nasceu: Rio de Janeiro, que, mais tarde, seria São Sebastião do Rio de Janeiro.

A cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro tinha na água uma parte importante

daquilo que viria a se tornar um estado com o mesmo nome. Começou ali também o

que, 473 anos depois, seria a Companhia Estadual de Águas e Esgotos – CEDAE.

Estácio de Sá, sobrinho do governador geral do Brasil, Mem de Sá, escolheu o morro

Cara de Cão para morar, entre a Urca e o Pão de Açúcar, em 1565. A cidade não tinha

água doce. Havia apenas o que, na época, era chamada de "lagoa de água ruim". Então,

um poço foi aberto e, com o tempo, não mais abastecia os moradores que chegavam de

Portugal. Com isso, os índios Tamoios cederam as águas do rio Carioca, mesmo crendo

que as águas tinham poder de aumentar a virilidade masculina e embelezar as mulheres.

Martim Sá, governador em 1602, foi pressionado a resolver o problema da água, que já

não era suficiente para abastecer a todos. Em 1617, com Vaz Pinto, quem bebesse vinho

passaria a custear as obras solicitadas pela população com o pagamento de uma taxa.

Nessa época, moravam na cidade quase quatro mil pessoas.

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20

Em 1723, um aqueduto foi construído para levar água até o centro. O duto descia pelo

morro do Desterro, das Mangueiras, passava pelos chamados "Arcos Velhos da

Carioca", seguia até a Ajuda para chegar ao campo de Santo Afonso. Com a nova

construção, o Largo da Carioca recebeu o primeiro chafariz da cidade, ao lado da

escadaria que dá acesso ao convento de Santo Antônio. Quase dez anos depois, o

chafariz já estava totalmente degradado e a falta de água começou novamente a ameaçar

os moradores da cidade. Aí, então, os Arcos Velhos foram substituídos pelos grandiosos

Arcos da Lapa, que ainda emoldura o bairro da Lapa até os dias de hoje.

Para ajudar a distribuição de água no Largo da Carioca, outro grande chafariz, o da

Pirâmide, foi construído no Largo do Paço, atual Praça XV, em 1829. Muitos outros

chafarizes foram erguidos, e os moradores também se serviram de poços e cisternas,

construídas para recolher as águas das chuvas que caíam dos telhados.

A estrutura de abastecimento permaneceu a mesma até 1876. Em 1833, uma companhia

chegou a cogitar o transporte de águas até as residências. Sebastião da Costa Aguiar

criou uma frota de carroças com pipas de água que ficou conhecida como "A boa água

do Vintém" e, a partir desse período, vários mananciais foram descobertos.

Com essa nova realidade, em 1877, foi concluída a obra que marca o início de uma nova

fase: a adutora do rio São Pedro. Em 1880, foram captados os rios Santo Antônio e

d’Ouro e concluída a obra do reservatório do Pedregulho, com capacidade para 74

milhões de litros ou 74.000m³. O Pedregulho passou a formar o sistema abastecedor de

água da cidade junto com os reservatórios construídos no morro de São Bento e no

morro da Viúva.

Após nove anos, a cidade viveu um momento que ficou conhecido como "água de seis

dias". O engenheiro Paulo de Frontin assinou um contrato que o obrigava a realizar em

seis dias obras que garantissem o abastecimento de 13 a 15 milhões de litros de água

para a cidade. No final desse prazo, as chuvas aumentaram o volume dos mananciais e

as adutoras voltaram a todo vapor. Então, mais pelos méritos pluviométricos do que

pelas obras provisórias, que acabaram sendo destruídas pelas águas das chuvas.

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21

Em 1893, o abastecimento foi reforçado pela conclusão da adutora de água captada nos

mananciais da bacia do Tinguá. O plano de adução do Rio de Janeiro – executado por

Sampaio Correia através do aproveitamento dos mananciais das bacias do Xerém e do

Mantiquira – previa reforço para atender o crescimento da população em 15 anos. No

entanto, as obras não foram realizadas, agravando ainda mais a situação do sistema já

debilitado pela estiagem.

De 1911 a 1930, sete reservatórios foram construídos na cidade visando diminuir a

situação deficitária do abastecimento, muitas vezes causada pelas constantes rupturas

nas adutoras, particularmente na de Xerém e na de Mantiquira. Destaca-se, entre esses

reservatórios, o Vitor Konder, inaugurado em 1927 e com capacidade para 16 milhões

de litros. Em 1924, a Repartição de Águas e Obras Públicas foi transformada na

Inspetoria de Águas e Esgotos, que achou extremamente necessária a construção de

elevatórias. Assim sendo, a estação elevatória de Acari foi inaugurada em 1933, com

três conjuntos motor-bomba centrífugas, a fim de recalcar a água do reservatório

adjacente à elevatória – o poço de sucção que recebia as águas das duas linhas adutoras.

Diante da rigorosa estiagem e com o déficit de adução chegando a 200 milhões de litros

por dia, foi decidida em 1937 a construção da primeira etapa da adutora do Ribeirão das

Lajes. A extensão total da tubulação era de 76.200 metros, que aduzia 210 milhões de

litros por dia. Com a situação do abastecimento sob controle, a Inspetoria de Águas e

Esgotos passou a investir na realização da medição do consumo por hidrômetros e na

desinfecção das águas através do cloro. A segunda etapa da adutora de Lajes não foi

realizada pela empresa contratada, que alegou dificuldades financeiras. O Governo teve,

então, que assumir a obra entregando a empreitada à Inspetoria de Águas e Esgotos e,

depois, ao Serviço Federal de Água e Esgotos que, em 1945, foi passado à prefeitura do

Distrito Federal. O Rio de Janeiro vivia novamente uma situação complicada de

abastecimento e a prefeitura resolveu duplicar a adutora de Lajes usando uma nova

tubulação, paralela à primeira. As obras foram concluídas somente no início de 1949,

com um acréscimo de 220 milhões de litros por dia.

Em 1951, iniciou-se um planejamento que suprisse as necessidades de água até 1970, e,

anos depois, foi assinado o contrato para a obra da captação e estação de tratamento do

Guandu, com capacidade para 1,2 milhão de litros por dia. O manancial escolhido, o rio

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Guandu, recebia grande parte das águas dos rios Piraí, Paraíba do Sul e Ribeirão das

Lajes. A Estação de Tratamento de Água do Guandu (ETAG) é considerada um marco

na história do abastecimento do Rio de Janeiro. O projeto inicial acabou se estendendo

e, ao invés de terminar no reservatório do Engenho Novo, a adutora foi aumentada e o

trabalho terminou somente em 1958, com a chegada à zona sul do Rio de Janeiro. Nessa

época, havia o ideal de abastecer 7,5 milhões de pessoas no ano 2000 e, por esse motivo

foi inaugurada a segunda adutora do Guandu, a Veiga Brito, em 1966.

Outra obra de grande importância foi a da estação elevatória do Lameirão, inaugurada

em 1966 e considerada a maior estação subterrânea de água potável do mundo na época,

dimensionada para uma vazão total de 2,4 milhões de litros por dia.

2.1.2) A evolução do sistema Guandu

Os estudos para a realização das obras de adução do rio Guandu tiveram início em

meados de 1951. O projeto previa três etapas, cada uma com capacidade para reforçar o

abastecimento da cidade em 400 milhões de litros por dia. As águas do rio seriam

bombeadas através de uma elevatória para a estação de tratamento ao pé do morro do

Marapicu, na divisa do estado do Rio de Janeiro. Dali, as águas seriam novamente

bombeadas e levadas para um reservatório situado naquele morro, onde teria início uma

adutora com tubos em concreto armado que alcançaria o reservatório final previsto no

Engenho Novo. Duas subadutoras situadas neste local seriam responsáveis pelo

transporte da água até os reservatórios do Pedregulho e dos Macacos. Com a abertura da

concorrência para realização das obras, o projeto foi desmembrado em oito partes. O

prefeito João Carlos Vital assinou oito contratos correspondentes às obras de adução do

rio, em 1952. O trabalho deveria estar concluído em dois anos, mas alguns problemas na

área de abastecimento da cidade e as sucessivas mudanças na administração do

Departamento de Águas atrasaram o início do projeto.

Além disso, a necessidade de levar água à zona sul do Rio de Janeiro alterou o plano

inicial fazendo com que a parte final da adutora do Guandu tivesse que ser estendida

àquela região, através da perfuração de um túnel atravessando as serras dos Pretos

Forros, da Tijuca e da Carioca, até alcançar o reservatório dos Macacos. A obra foi

concluída em 1958, um ano após a adutora Henrique de Novaes – nome dado à primeira

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adutora do Guandu – ser finalmente concluída. Desde 1955, ano da inauguração oficial,

a cidade já pôde beneficiar-se de alguma melhoria no abastecimento, embora não

estivessem totalmente concluídas as obras do Guandu.

Nos anos 40, o volume de água aduzido era de 510 milhões de litros por dia, Em 1959,

apesar de o total da população ter quase duplicado, o volume de água aduzido chegou a

1.155 milhões de litros por dia. Por isso, o ex-governador Carlos Lacerda considerava a

adução do Guandu como a "obra do século".

Apesar das melhorias, havia grande dificuldade de se manter a média de fornecimento

graças aos freqüentes acidentes na segunda adutora de Lajes e nas centenárias

tubulações de ferro fundido das chamadas “linhas pretas”: São Pedro, Rio d’Ouro,

Tinguá, Xerém e Mantiquira. Por esse motivo, iniciaram-se, nessa época, estudos

definitivos para a segunda etapa do Guandu, que previa elevar a capacidade de adução

para 2,4 bilhões de litros por dia. A extensão total da obra seria de 36.325m, com um

extenso túnel adutor a ser construído sob o maciço rochoso desde o Guandu até o

Engenho Novo.

Uma parte dessa obra atingiria a zona sul, através do túnel Engenho Novo – Macacos,

em operação desde 1958, e o restante deveria ser levado ao reservatório do Pedregulho

por meio de outra galeria. No plano elaborado pelo Departamento de Águas, previa-se o

abandono da primitiva tomada de água do Guandu e da estação elevatória de baixo

recalque. Com a nova adutora, seria feita não só a retirada no rio de toda a água

necessária como também o seu recalque para a estação de tratamento. As demais obras

do sistema inicial seriam aproveitadas e a ampliação da estação de tratamento, prevista

inicialmente, seria concluída nesta fase. O sistema de bombeamento também seria

reformulado considerando o aumento da demanda de água para a população.

Em 1961, o governador Carlos Lacerda decretou estado de calamidade pública no

estado da Guanabara. Diversos acidentes estavam ocorrendo no sistema alimentador da

cidade, em especial, no sistema da primeira adutora do Guandu, que diminuiu em 35 %

a capacidade de abastecimento de água para a população. A situação era emergencial.

Um crédito especial chegou a ser aberto para financiar a subadutora de Jacques-Acari, a

consolidação da segunda adutora de Lajes e a correção de defeitos no sistema, o que

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proporcionou um reforço de 205 milhões de litros por dia para a cidade. Diante desta

realidade, as obras da nova adutora tiveram início em novembro de 1961, sendo

paralisadas após um mês sob o pretexto de se encontrarem novas alternativas para o

projeto. Posteriormente, uma deliberação governamental determinou o reinício dos

trabalhos que alcançaram novo ritmo e foram concluídos em meados de 1966.

Nos primeiros 18 meses de funcionamento da nova adutora, ocorreram centenas de

paralisações por causa do suprimento energético deficiente. Foram instaladas linhas de

transmissão de 132 mil volts entre Campo Grande e Lameirão para solucionar os

problemas energéticos. Assim, as instalações do sistema Guandu ficariam completas, e

as paralisações poderiam chegar ao fim. No entanto, em 1967, um vazamento no sifão

de Jacarepaguá e uma queda do nível piezométrico na entrada da elevatória do

Lameirão mexeram com as estratégias das autoridades públicas. Em 1966, foram 25.779

pontos da rede de distribuição e do sistema adutor consertados. Em 1967, esse número

subiu para 36.120 e, em 1968, para 40.424. Além dos consertos, para se adequar aos

padrões da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), foram necessárias

também melhorias no tratamento da água.

Ao longo de toda a história do Guandu, foram muitas as obras realizadas para

aperfeiçoar o sistema. Em 1955, ano da primeira grande inauguração, eram três

decantadores com capacidade para 4,6m³/s. Em 1963, já eram seis decantadores com

9,2m³/s. Após dois anos, o número total de decantadores chegou a nove com 13,8m³/s

de capacidade. Hoje, a capacidade dos decantadores chega a 43m³/s.

Em 1975, ano da fusão dos estados e da criação da CEDAE, foi concluída a obra do

novo alto recalque do Guandu (NARG), considerada, na época, a salvação para o

abastecimento de água na cidade. Em 1982, foi inaugurada a nova estação de tratamento

de água (NETA), que ampliou a captação de água e agilizou todo o processo de

tratamento na estação.

Em 1992, as obras de outra grande ampliação do sistema foram iniciadas, para atender

exclusivamente a população carente da Baixada Fluminense, zona oeste e Leopoldina.

As obras abrangiam a instalação de um novo túnel de captação de água bruta com

capacidade para mais 40 mil litros por segundo e a interligação por canais adutores a um

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novo desarenador, cuja capacidade chegava a 24 mil litros por segundo. Além de um

novo sistema de alto recalque, capaz de enviar mais 10 mil litros por segundo para o

reservatório de Marapicu, por intermédio de adutoras com 2,4 metros de diâmetro.

Devido à crise de energia elétrica, a obra do Guandu foi projetada com um horizonte de

50 anos. Por esse motivo, no momento da criação da CEDAE, o sistema Guandu teve

capacidade para absorver a demanda de abastecimento da Baixada Fluminense, onde

não havia qualquer obra de saneamento e qualquer manancial sendo utilizado. De lá pra

cá, a ETAG foi a que mais aumentou sua capacidade em todo o mundo. Quando

inaugurou, tinha uma produção de aproximadamente 2,5 mil litros de água por segundo.

Hoje, chega a 47 mil litros por segundo.

Além da ampliação de seu potencial original, o sistema Guandu foi adaptando-se à

modernidade desde a sua inauguração. O centro de controle operacional (CCO) é

responsável pela supervisão e controle de operação do sistema de produção de água

tratada. A estação possui um sistema informatizado de sensores de campo e estações

remotas inteligentes que enviam os dados aos computadores do CCO. Através da

telemetria, pode-se supervisionar a qualidade e a vazão da água bruta, o controle e

estoque de produtos químicos e a qualidade e a vazão da água tratada aduzida à

população durante 24 horas por dia. O CCO atual é equipado para monitorar a qualidade

da água em dez fases de tratamento, identificando poluentes inorgânicos, impurezas

orgânicas e possíveis microorganismos presentes na água.

2.1.3) A criação do Lameirão

Inaugurada em 1966 como a maior estação subterrânea de água potável do mundo, a

estação elevatória do Lameirão foi dimensionada para uma vazão total de 2,4 bilhões de

litros diários. A elevatória é totalmente escavada em rocha viva e foi necessária a

retirada de 70.000m³ de rocha do morro do Lameirão, tendo consumido 35.000m³ de

concreto simples e armado durante a construção.

Quando inaugurada, a estação era formada por uma unidade pequena, de apenas

4.500HP, a chamada unidade 5. Nessa época, a obra foi realizada com o intuito de

resolver os problemas de abastecimento até o ano 2000; no entanto, um acidente no

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túnel Guandu-Lameirão obrigou os engenheiros e técnicos a idealizarem a nova

elevatória do Lameirão (NEL).

Na inauguração da NEL, em 1975, a tubulação que ligava a estação elevatória ao

Guandu (ETA) ficou praticamente fechada, literalmente, após ativar os motores.

Contam que houve uma compressão de ar na tubulação, obrigando os engenheiros a

injetarem água do Guandu para o Lameirão a fim de que a situação voltasse ao normal.

Após um ano de funcionamento, a NEL teve suas funções paralisadas, mas todos os

envolvidos no funcionamento da elevatória perceberam sua importância ao longo do

tempo. Quando o Brasil conquistou o tricampeonato mundial, em 1970, um dos

transformadores do Lameirão explodiu, obrigando a estação a funcionar com apenas um

transformador. Apesar disso, a re-inauguração da NEL só ocorreu em 1997, quando a

necessidade de abastecimento cresceu consideravelmente. Par tal, a NEL recebeu duas

novas bombas de recalque, sendo ampliada de 146.880.000 para 518.400.000 de litros

por dia, reforçando o abastecimento de água da zona oeste, regiões da Baixada

Fluminense e zona da Leopoldina.

Distante cerca de 300m da elevatória do Lameirão, a NEL é abastecida pelo reservatório

do Marapicu através de uma linha adutora (IGL) com 1.750mm de diâmetro,

proveniente da ETAG. A NEL recalca diretamente para o túnel canal de distribuição,

através de uma adutora com o mesmo diâmetro. Em sua re-inauguração, a NEL

proporcionou a ampliação da capacidade de captação de água no rio Guandu, que

passou a ser de 43 mil litros por segundo, atendendo a mais 850 mil pessoas.

Hoje, o sistema Lameirão é responsável por 80% do abastecimento de água do Rio de

Janeiro e funciona da seguinte maneira: a água do Guandu é elevada a uma altura de

120m e desce por gravidade para abastecer os pontos mais baixos da cidade. Para os

pontos mais elevados, foram construídas elevatórias em linha (boosters), que

impulsionam a água até essas regiões onde a pressão no sistema é insuficiente. Esse

processo é considerado inédito em todo o mundo.

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2.1.4) O surgimento da Nova CEDAE

Em 1957, foi criada a Superintendência de Urbanização e Saneamento (SURSAN) e, em

1961, ocorreu um caos no abastecimento da cidade a partir de uma ocorrência na

elevatória de alto recalque da antiga adutora do Guandu. Nesse mesmo ano, o

Departamento de Águas foi incorporado a SURSAN, e a administração pública teve que

recorrer a um empréstimo externo para realizar obras, através de um contrato de

aproximadamente US$ 90 milhões com o Banco Interamericano de Desenvolvimento

(BID). Com o empréstimo, foram realizadas diversas obras, como as construções dos

reservatórios de Vila Valqueire e Bangu. Neste período, foi criada a Companhia de

Águas do Estado da Guanabara (CEDAG).

Em 1966, o governo do estado deu a CEDAG o direito de cobrar contas de água. Com

isso, a companhia remodelou reservatórios, substituiu tubulações e montou um cadastro

próprio de consumidores. Outra iniciativa da empresa foi comprar um computador

eletrônico, fruto de um empréstimo feito pela agência do governo dos Estados Unidos.

Foram adquiridos ainda instrumentos de telemetria, transformando a CEDAG em uma

das empresas mais modernas do ramo.

As atividades da adutora do Guandu acabaram em 1969, prejudicadas por deficiências

no suprimento energético, obrigando o estado a realizar convênios com a Comissão

Estadual de Energia e a RIO-LIGHT. Então, o plano diretor de abastecimento de água

do Rio de Janeiro foi concluído antes dos anos 70, prevendo obras até 1973. Com o

novo empréstimo, foi aberto um novo túnel de alimentação do reservatório dos Macacos

e da subadutora da Zona Sul, além de serem realizadas melhorias no sistema de

distribuição e da urbanização das novas áreas, como Barra da Tijuca, Jacarepaguá e

conjuntos habitacionais.

Em 15 de março de 1975, fundiram-se o estado da Guanabara e o estado do Rio de

Janeiro, com o nome de estado do Rio de Janeiro, assumindo o governo da nova

unidade federativa o Almirante Faria Lima. Com isso, a CEDAG foi unificada com a

Empresa de Saneamento da Guanabara (ESAG) e a Companhia de Saneamento de

Estado do Rio de Janeiro (SANERJ), que cuidava do serviço de água e esgoto do antigo

estado do Rio de Janeiro. Da união das três companhias, nasceu a Companhia Estadual

de Águas e Esgotos (CEDAE), em 24 de março de 1975.

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A fusão entre a CEDAG, a SANERJ e a ESAG provocou uma completa revolução nas

políticas de saneamento e abastecimento do novo estado. As estratégias adotadas nas

três empresas foram completamente reformuladas e a fusão de dois estados distintos

com legislações específicas e condições socioeconômicas diferentes dificultou ainda

mais o nascimento efetivo da CEDAE. Durante algum tempo após a fusão, existiam

quatro empresas ao invés de uma: a CEDAE, a CEDAG, a SANERJ e a ESAG. Aliás, a

logomarca antiga da companhia tinha três linhas diagonais simbolizando as três

empresas anteriores (CEDAG, SANERJ e ESAG), que se uniam para o surgimento da

quarta linha, a CEDAE, que perpassa a letra A (Água) e a letra E (Esgoto). Essa

logomarca perdurou até o ano 2006, pois em 2007 surgiu a Nova CEDAE.

Com o surgimento de um único estado, a ampliação do sistema Guandu, que resolveria

os casos de falta de água na capital por um longo espaço de tempo, acabou sendo

aproveitada para abastecer a Baixada Fluminense. A região já havia começado a se

desenvolver, mas era praticamente desprovida de abastecimento. Com isso, a obra no

Guandu passou a ser de utilização total e imediata. Nessa época, então, iniciou-se a

implantação de todo o sistema da Baixada, cuja maioria das ruas não tinha nem tubos

ligados nas adutoras da companhia. Existiam ramais muito finos, onde cada morador

fazia a sua própria ligação – os ditos “ramais de viagem”.

Dos valores destinados às obras de água e esgoto em todo o estado, cerca de 5% foram

empregados na construção de redes de água na Baixada Fluminense. Duque de Caxias,

por exemplo, recebeu uma nova rede de 2.200 m de extensão que elevou o fornecimento

de 100 para 350 litros por segundo. Nilópolis passou a ser abastecido pelo sistema de

Lajes, o que melhorou também a situação de São João de Meriti, que antes fornecia

água para o município vizinho.

Ao contrário da CEDAG, uma companhia de grandes recursos, a CEDAE teve de

utilizar recursos do Plano Nacional de Saneamento (PLANASA) que, na época, previa

uma companhia responsável pelo abastecimento em cada estado. O Banco Nacional de

Habitação (BNH) era o órgão gestor do PLANASA e liberava recursos para a ampliação

dos serviços de água e esgoto. Os municípios tinham a liberdade de dar ou não

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concessão à companhia. Até hoje, algumas cidades, como Resende e Friburgo, não

deram essa concessão e não fazem parte das áreas de atuação da CEDAE.

Na primeira fase, iniciou-se um processo de descentralização de algumas atividades

comerciais da companhia, que passaram a ser de responsabilidade dos Distritos de Água

e Esgotos (DAE). O mapeamento dos corpos de água e das unidades de tratamento

quantificou a água disponível em cada manancial, o que permitiu o desenvolvimento de

diversos projetos para o estado. As informações obtidas através do centro de controle de

abastecimento e telemedição da CEDAE possibilitaram maior confiabilidade na

operação do sistema que atendia o Rio de Janeiro. Em 2001, esse centro continuava em

funcionamento, fornecendo também informações sobre vazão, pressão e qualidade da

água de nove estações da região metropolitana.

Outra inauguração foi a da oficina de hidrômetros da CEDAE, em 1979. Seu objetivo

era instalar 50 mil medidores por ano, até 1987, permitindo cobrar a tarifa de água de

acordo com o gasto de cada consumidor. Até então, apenas grandes consumidores,

como indústrias, comércios e prédios, pagavam a água de acordo com o gasto. Com a

inauguração, a CEDAE pretendia controlar o consumo e adiar novas obras no sistema

Guandu por um período de oito anos após o término da nova ampliação, que ficou

pronta em 1982. A oficina ficava no bairro de Engenho de Dentro e tinha capacidade

para fazer a manutenção de 100 mil aparelhos por ano.

Passados os primeiros anos da CEDAE, começa uma nova fase na companhia, marcada

por um planejamento mais amplo na área de abastecimento e pelos créditos adquiridos

junto ao PLANASA. A meta do Plano era alcançar 85% da população atendida com

abastecimento de água e 65% da população com sistema de esgotamento sanitário

completo. Estavam começando os anos 80, batizados de "a década da água", e Antonio

Pádua Chagas Freitas assumia o governo do estado.

Aproveitando a disponibilidade de produção do Guandu, foi construída a adutora

principal da Baixada Fluminense (APBF), responsável pela triplicação da capacidade de

água para a região. Se as centenárias linhas pretas de ferro fundido traziam, no máximo,

de 1.500 a 2.000 litros por segundo, a adutora da Baixada elevou esse total para 8.000

litros por segundo. Neste momento, ocorreu a interiorização da Baixada, iniciada após a

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criação da companhia. Foram realizadas as construções de várias adutoras na região e

muitas redes foram ampliadas. As obras atingiram seu ponto máximo, e Nilópolis

transformou-se no primeiro município brasileiro a atingir 100% de abastecimento.

A NETA foi construída, ampliando a capacidade da ETAG em 16m³/s, uma das maiores

ampliações da história do sistema. A elevatória do Lameirão também foi ampliada,

intensificando o abastecimento em todas as áreas já contempladas.

O novo rumo tomado pela companhia em 1984 foi acompanhado pela elaboração de

projetos originais. Foi criado o programa das favelas da CEDAE (PROFACE),

responsável pela coleta de esgotos e distribuição de águas em comunidades carentes.

Antes do PROFACE, a CEDAE limitava-se a instalar bicas de água comunitárias, onde

muitas vezes os moradores tinham que descer dos morros para se abastecer.

Através do PROFACE, os morros do complexo Pavão-Pavãozinho em Copacabana

receberam um novo sistema de águas e esgotos. Em 1983, um dos antigos reservatórios

que compunham o sistema de abastecimento de água precário do complexo desabou,

causando diversas vítimas fatais. No Terreirão, numa das áreas mais carentes da favela

da Rocinha, foram construídos dois reservatórios com capacidade para 12m³ cada um e

implantados 5.770m de rede de distribuição e 760 ligações prediais, além de 2.502 m de

coletores de esgoto. No complexo do Alemão, em Inhaúma, as obras beneficiaram

12.235 moradias. Foram construídas 04 elevatórias, sendo que uma delas passou a

funcionar como uma companhia de águas por reforçar o sistema de abastecimento das

outras favelas do complexo. Em Vila Isabel, o esgoto do morro dos Macacos corria em

valas abertas.

Com as obras do PROFACE, 2.760m de coletores foram implantados e interligados à

rede oficial da CEDAE. Em 1985, o Plano Diretor (PDA) elaborado incluiu as obras da

adutora da Maré, melhorando o abastecimento do centro e Santa Tereza. Antes, a usina

elevatória não funcionava com toda a sua capacidade e, com a maior oferta de água,

intensificou sua produção. Inaugurados há anos, os distritos de água também foram

incluídos no PDA e passaram por reformas para melhora de suas instalações.

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Na mesma época, o projeto piloto de saneamento básico da Baixada Fluminense foi

criado para atender a região com sistema completo de esgotamento sanitário,

beneficiando também a zona oeste do Rio de Janeiro e São Gonçalo. O projeto integral

incluiu a construção de mais de 2.000m de rede coletora de esgoto, drenagem dos rios e

urbanização das ruas. Desde 1983, a meta da Companhia era levar o máximo de

saneamento básico às populações mais carentes. Segundo pesquisas realizadas, uma

criança morria a cada hora no estado em conseqüência da falta de estrutura sanitária.

Em 1985, o presidente José Sarney criou o Ministério de Desenvolvimento Urbano e

Meio Ambiente. Por esse motivo, foi criada a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e

Regional nos moldes do órgão federal, que era responsável pela administração direta da

CEDAE. Para iniciar as mudanças implementadas pela Secretaria, a companhia voltou a

gerir seus próprios recursos. Logo no início do ano de 1987, foram assinados diversos

contratos com a Caixa Econômica Federal (CEF) que herdou do BNH toda a

administração de financiamentos de obras de abastecimento de água e esgotamento

sanitário do estado. Com isso, foram reformadas diversas dependências da CEDAE. O

serviço de reparo de vazamentos foi colocado em dia com o atendimento às solicitações

no prazo de 48 horas e foi dado o início em uma série de obras.

Nos anos seguintes, só na RMRJ foram instalados 1.200km de rede e aumentou-se a

produção de água em mais 380 milhões de litros por dia, através da quinta linha com

3.080m e de conjunto motor-bomba, beneficiando 1.900.000 pessoas. No interior, a rede

instalada chegou a 600km e o aumento da produção da água a 359 milhões de litros por

dia, com 600.000 pessoas atendidas.

Através do programa de setorização do abastecimento de água da Baixada Fluminense,

instalaram-se 30km de rede distribuidora e 32.000 ligações domiciliares. Na região,

334km de rede coletora de esgotamento sanitário foram executadas.

Na época, a central de atendimento ao usuário da companhia recebia 20 mil solicitações

mensais através do número 195, e os pedidos do interior demoravam de três a quatro

meses para serem atendidos. O modelo de conta tornou-se mais prático e informativo e

várias campanhas de combate a vazamentos foram realizadas.

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Em 1992, a CEDAE inicia outra ampliação do sistema Guandu, onde foi escavado um

novo túnel com 290m de comprimento na rocha. Uma nova tomada de água bruta foi

construída para atender a ampliação do sistema de produção, além de muro guia e canal

adutor. Houve ainda a duplicação da adutora Jacques-Acari e as construções de: nova

elevatória de baixo recalque do Guandu; 2.500mm da adutora de interligação com a

quinta linha existente; uma chaminé de equilíbrio; canal desarenador com 130m de

comprimento; canal de transição com 116m; nova elevatória para a zona rural; e um

booster do sistema simultâneo de sucção e bombeamento.

Houve ainda a substituição das tubulações na via de comunicação com o Riocentro por

tubos de alta densidade, garantindo o fim dos vazamentos na região, que era um dos

principais pontos de encontro do evento internacional organizado na cidade – a RIO 92.

A partir de 1995, os investimentos diminuem e surge a possibilidade de privatização da

CEDAE. O setor de operação e manutenção, um dos principais da companhia, estava

sem materiais para trabalhar e sem recursos. Então, o improviso era usado para resolver

os problemas do dia-a-dia, a exemplo dos remendos com borracha amarrada em

tubulações com pequenos rompimentos.

O edital de privatização da CEDAE, que chegou a ser publicado no Diário Oficial do

dia 04 de agosto de 1998, estabelecia um preço mínimo de R$ 4,881 bilhões, para a

venda da empresa. O grupo que assumisse teria que desembolsar R$ 1,201 bilhão na

liquidação do leilão marcado para o dia 10 de setembro do mesmo ano. Os restantes R$

3,680 bilhões seriam pagos em 276 parcelas mensais. A concessão, segundo o edital,

teria duração de 25 anos renováveis pelo mesmo período, sendo que a concessionária

vencedora seria responsável pela captação, tratamento e distribuição de água, além da

coleta e tratamento de esgoto na RMRJ e nos municípios participantes do processo.

Vinte e oito empresas demonstraram interesse em comprar a CEDAE e, a princípio, o

leilão chegou a ser adiado duas vezes. Os funcionários da CEDAE faziam greve em

protesto contra privatização da companhia e ameaçavam iniciar o movimento toda vez

que se aproximava da data do leilão. As prefeituras do Rio de Janeiro e de Niterói e o

Tribunal de Contas da União (TCU) foram apenas alguns dos órgãos que questionaram

judicialmente vários termos do edital de privatização. Em outubro de 1998, o leilão foi

suspenso pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

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33

A partir de 1999, a CEDAE reestruturada focou o trabalho nas grandes obras, como as

do programa de despoluição da Baía de Guanabara (PDBG), a obra de reforma do

emissário submarino de esgotos de Ipanema e o programa de Vida Nova com Saúde

(PROSANEAR) que beneficiava 479.000 pessoas. Recursos do Fundo Estadual de

Conservação Ambiental (FECAM) eram utilizados para executar as obras, caso da

galeria de cintura da Lagoa Rodrigo de Freitas.

Em 2000, convênios com a UERJ – NUSEG e com a Fundação Getúlio Vargas foram

firmados na gestão, além de uma parceria com o SENAI para o treinamento de

servidores que atuariam como operadores nas novas ETE’s e nas elevatórias de esgotos.

Em 2001, além da Presidência e das Diretorias Administrativa, de Produção e

Tratamento e de Empreendimentos, a CEDAE passou a atuar com cinco diretorias

regionais: Interior, Baía de Guanabara Leste, Oceânica, Baía de Guanabara Oeste e de

Sepetiba. A autonomia das diretorias regionais descentralizadas foi inspirada nas

unidades de negócios regionais da SABESP, onde cada regional era responsável pela

coleta e distribuição da água e pelo transporte do esgoto em cada uma das localidades

incluídas em sua área de atuação. Na Baía de Sepetiba, por exemplo, que registrou um

crescimento populacional muito grande nos últimos anos, a Diretoria Regional atendia a

demanda de abastecimento de água e esgotamento sanitário em Itaguaí, Angra dos Reis,

Parati, Seropédica, Queimados e Paracambi, áreas que anteriormente eram assessoradas

por serviços locais. Nesse mesmo ano, a CEDAE era responsável por 59 dos 92

municípios do estado com abastecimento de água e 17 com rede de esgoto. Ao todo,

eram 13.506km de rede de água e 4.749km de rede esgoto.

O PDBG envolvia ainda a recuperação e implantação de aterros sanitários e o

tratamento adequado à disposição final do lixo, além da melhoria no abastecimento de

água da Baixada Fluminense, de São Gonçalo e da Ilha do Governador, onde foram

assentados 15km de rede distribuidora para 240.000 moradores.

A duplicação da APBF forneceria mais 774 milhões de litros de água por dia para a

Baixada. A vazão de água do sistema Guandu para a região passaria a dez mil litros por

segundo, atendendo cerca de três milhões de pessoas em Nova Iguaçu, Meriti, Mesquita,

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Belford Roxo, Duque de Caxias e Queimados. Antes, dos seis mil litros de água por

segundo que passavam pela adutora, somente dois mil litros chegavam ao booster da

Baixada para serem distribuídos à população. Parte da obra foi finalizada em 2002,

tendo sua complementação prevista para 2008, com recursos do PAC para saneamento.

Outras obras na Baixada também ficaram a cargo do PDBG. Dentre elas, a recuperação

das unidades de filtração e drenagem do complexo do Guandu, a ampliação do sistema

de abastecimento de água para Nilópolis, Pilar e Imbariê e as obras para garantir maior

segurança ao reservatório de Marapicu e das linhas de recalque. Algumas já estavam em

andamento em 2008, com recursos também do PAC, caso do complexo do Guandu.

A tarifa social nas contas de água e esgoto foi outro exemplo de mudança radical na

companhia. Destinada às comunidades de baixa renda, foi inicialmente implementada

nas favelas e, posteriormente, nos conjuntos habitacionais, atingindo cerca de 10,5%

dos usuários. Representava um subsídio que reconhece a situação de carência

econômica de certos grupos sociais. Na prática, o valor cobrado era inferior aos custos

da CEDAE, que compensava o prejuízo com o resultado de suas atividades em outras

áreas. Na realidade, a tarifa social da CEDAE era zero, devido a grande evasão nas

comunidades de baixa renda. Outras concessionárias já cobravam a tarifa social.

Entre 2002 e 2006, planejamentos de setorização e ampliação do sistema de produção

de água para a RMRJ foram discutidos ou realizados, a exemplos da revisão do PDA de

1985 ou RPDA 2004 (item 7.2) e da ETA Guandu II (item 7.4).

Em 2007, houve outra mudança radical na CEDAE, com alteração até do nome para

Nova CEDAE e da logomarca (vide Figura 6). As obras previstas para o abastecimento

de água eram de grande vulto, caso da ampliação do sistema Guandu com a construção

da ETA Novo Guandu, financiada pelo PAC. Aliás, o PAC financiaria diversas obras de

saneamento, não somente da CEDAE, como também de outros órgãos. Além disso, com

as outorgas concedidas em 2007, a ETAG tornou-se oficialmente a maior estação de

tratamento de água do mundo em funcionamento. Então, a adução do rio Guandu não é

somente a obra do século passado – é também a obra deste século, já que veio e ainda

virá revolucionar o abastecimento de água na RMRJ.

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Figura 6 – Cronologia da origem da Nova CEDAE (Fonte: CEDAE)

2.2) Situação atual

2.2.1) Mananciais locais

Pequenas adutoras atendem as áreas urbanizadas em cotas elevadas e representam

atualmente uma pequena percentagem da produção total de água. Essas fontes de

suprimento não têm capacidade de atender a demanda das áreas altas, pois sofrem

acentuadas reduções durante as estiagens (STE, 1994).

A grande maioria dos mananciais locais que abastecem a RMRJ oeste está situada fora

da bacia hidrográfica do rio Guandu. Em contrapartida, alguns mananciais dentro da

bacia em questão suprem municípios fora da RMRJ. A Figura 7 mostra todos os

sistemas de abastecimento de água para a RMRJ oeste, inclusive os sistemas projetados.

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Figura 7 – Sistemas de abastecimento de água da RMRJ oeste (CNEC, 2004)

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2.2.2) Sistema Acari

As 05 (cinco) adutoras de ferro fundido, construídas entre 1877 e 1908, abastecem

quase que exclusivamente as áreas dos municípios da Baixada Fluminense e apresentam

uma vazão média de 2,5m³/s, que se reduz bastante durante as estiagens (STE, 1994).

As captações relativas a cada adutora, que se localizam na vertente Atlântica da Serra

do Mar, estão na Tabela 4. Alguns dos mananciais ficam na bacia do rio Guandu. A

Figura 8 apresenta o sistema Acari completo e atual. Nota-se o limite com as linhas

adutoras do sistema Guandu, na elevatória (booster) da Baixada em Belford Roxo. O

sistema possui ainda dois pontos de clarificação (Registro e João Pinto) na quarta linha

adutora e diversas caixas de reunião das vazões oriundas das captações presentes nos

municípios de Duque de Caixas e Nova Iguaçu, conforme a RPDA 2004 (CNEC, 2004).

Figura 8 – Mananciais do sistema Acari (Fonte: CNEC, 2004)

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Tabela 4 – Mananciais do sistema Acari (Fonte: STE, 1994)

Adutora Captação Mananciais

São Pedro Barragem São Pedro

Rio D’Ouro Barragens de derivação Limeira, Honório, Soldado, Néri, Santo

Antônio, Rio D’Ouro, Sabino e Boa Vista.

Tinguá Represas das águas Sertão, Brava, Macacos, Beco, Serra Velha

Superior, Bucurubu, Boa Esperança, Giro

Comprido, Córrego de Ponte e Colomi.

Xerém Represas das águas Cova, Paraíso, Alta, Perpétua e João Pinto.

Mantiquira Barragens Ribeira, Meio Fazenda, Hamilton, Aniceto,

Guerra e Mantiquira.

2.2.3) Sistema Ribeirão das Lajes

O sistema de Ribeirão das Lajes é constituído pela captação no canal de fuga da UHE de

Fontes Nova (antigamente era da Velha), situada dentro da bacia do rio Guandu. As

adutoras componentes desse sistema são duas de 1,75m de diâmetro e cerca de 70km de

extensão e aduzem aproximadamente 5,5m³/s, construídas a partir de 1940 (STE, 1994).

Tabela 5 – Características do sistema de adução de Ribeirão das Lajes (CNEC, 2004)

Comprimento em metros Trecho Denominação

Túneis Ø 2,40m 2 Ø 1,75m

Canal adutor

2,00x2,75m, L=1.313 m

(Calha da CEDAE)

Túnel I 776

Tubulação 135

Túnel II 135

Trecho Inicial:

Canal adutor –

Túnel II

Sifão de baixa pressão 383

Sifão Cacaria 5.534

Túnel III 429

Trecho

intermediário:

Túnel II – Túnel V Sifões Rio – São Paulo 1.304

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Túnel IV

(Desinfecção com cloro) 333

Sifões do Cabral 2.130

Derivações:

ø 300mm (Lajes) na 1ª linha

e ø 100mm (quartel de

Paracambi) na 2ª linha

Túnel V 294

Sub-Trecho 1: Túnel V -

“Stand-Pipe” do Guandu

Sub-Trecho 2: “Stand-Pipe”

do Guandu - “Stand-Pipe”

do Pedregoso

Sub-Trecho 3: “Stand-Pipe”

do Pedregoso -: “Stand-

Pipe” do Formiga

Sub-Trecho 4: “Stand-Pipe”

do Formiga - “Stand-Pipe”

do Retiro

Sub-Trecho 5: “Stand-Pipe”

do Retiro - “Stand-Pipe” do

Jacques

Sub-Trecho 6: “Stand-Pipe”

do Jacques - “Stand-Pipe”

do Juramento

Trecho Final:

Túnel V –

Reservatório

Pedregulho

Sub-Trecho 7: “Stand-Pipe”

do Juramento - Reservatório

do Pedregulho

Notas:

Os túneis são em forma de ferradura escavados em rocha, revestidos de concreto,

área de seção com 5,67m² e perímetro molhado com 5,60m;

Todos os sub-trechos possuem várias derivações.

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2.2.4) Sistema Guandu

Conforme história relatada anteriormente, o sistema Guandu (com estação de tratamento

de água) foi projetado inicialmente para produzir 13,8m³/s, cuja construção teve início

na década de 1950 e terminada em 1955 com a inauguração da velha estação de

tratamento de água (VETA), sendo posteriormente (1961-64) ampliada para 24m³/s

juntamente com a construção do túnel adutor Guandu - Engenho Novo e da elevatória

do Lameirão. No período de 1978-82, a estação do Guandu foi novamente ampliada

para 40m³/s em conseqüência da ampliação da área de atendimento após a fusão dos

antigos estados da Guanabara e do Rio de Janeiro, surgindo, então, a nova estação de

tratamento de água (NETA), ao lado da VETA. Já entre os anos de 1993 e 1994, uma

ampliação para 47m³/s foi executada (STE, 1994). A vazão atual outorgada é de 45m³/s.

Grandes acréscimos de vazão no sistema são previstos para os próximos anos, da ordem

de 12 a 36m³/s, facilmente comportados pelo sistema de captação existente (80m³/s).

A captação do sistema é feita no rio Guandu, que recebe água do sistema de reversão do

rio Paraíba do Sul através de duas elevatórias (Santa Cecília e Vigário) e das

hidroelétricas de Nilo Peçanha e Fontes. Esse sistema de transposição do rio Paraíba do

Sul, iniciado no município de Barra do Piraí, provê a calha do rio Guandu com um

grande volume de água (maior que 120m³/s) da geração de energia hidrelétrica das

usinas de Fontes, Nilo Peçanha e Pereira Passos (vide item 7.8.1). As normas operativas

da transposição são regulamentadas pela Agência Nacional de Águas (ANA). Enquanto

que o sistema de captação tem a supervisão e o controle dos comitês de bacia CEIVAP e

COMGUANDU e dos conselhos estaduais de recursos hídricos (OLIVEIRA, 2007).

O sistema de captação situa-se em Nova Iguaçu, divisa com Seropédica, a 45km jusante

da usina de geração de energia de Pereira Passos e a 22km montante da baía de

Sepetiba. A capacidade total da captação atual é de 80m³/s, com estruturas de barragens

de nível de sete e de três comportas, barragem flutuante, duas tomadas de água com

gradeamento, túneis com 270 metros de extensão e canais desarenadores para remoção

de areia (OLIVEIRA, 2007).

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Foto 1 – Estruturas de captação do sistema Guandu

Após a captação e a desarenação, a água bruta é recalcada pela antiga e pela nova

elevatória de baixo recalque do Guandu (BRG e NBRG) até a estação de tratamento de

água do Guandu (ETAG). O bombeamento dos 43m³/s (vazão média) de água bruta é

feito por 22 grupos motor-bomba, sendo a vazão unitária variando entre 2.500 e 3.500l/s

e as potências entre 700 e 900hp. O transporte da água bruta para a ETAG é feito

através de cinco adutoras com extensão de 3,2km cada uma, sendo quatro de diâmetro

2,5m e uma de diâmetro 2,1m (OLIVEIRA, 2007).

Um dado interessante é presença de uma elevatória de água bruta para 2m³/s, específica

para a Refinaria de Duque de Caxias da Petrobrás (REDUC), na área do BRG-NBRG. A

CEDAE opera essa elevatória, além de operar e manter todo o sistema de recalque,

incluindo uma linha de transmissão de 25.000 volts com extensão de 4,5km e uma

subestação rebaixadora de energia elétrica de 25 para 6,9 kv (OLIVEIRA, 2007).

A ETAG localiza-se na antiga estrada Rio São Paulo, km 19,5, Prados Verdes, no

município de Nova Iguaçu. É considerada a maior estação de tratamento de água do

mundo, possuindo o certificado do Guinnes World Records graças à obtenção de

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outorga em 2007 para a captação de 45m³/s junto ao órgão responsável (SERLA-RJ).

Essa vazão equivale aos 43m³/s da ETAG mais os 2m³/s da REDUC.

Os dados da ETAG realmente impressionam. A vazão média é de 43m³/s, distribuídos

entre a Velha Estação de Tratamento de Água (VETA) e a Nova Estação de Tratamento

de Água (NETA). O tratamento é do tipo convencional, composto de: treze

floculadores, sendo tipo chicanas na VETA e tipo agitação mecânica na NETA; quinze

decantadores, retangulares na VETA e com colméias na NETA; e cento e trinta e dois

filtros de areia, cobertos na VETA e descobertos na NETA (OLIVEIRA, 2007).

Devido às perdas de 4,54m³/s, em média, na lavagem dos filtros e nas descargas dos

decantadores, a vazão média aduzida para abastecimento gira em torno dos 40m³/s,

equivalendo a 3,5 bilhões de litros por dia, aproximadamente 70% de toda a produção

de água da CEDAE. A ETAG abastece então cerca de 8,5 milhões de pessoas em nove

municípios: Rio de Janeiro, Nova Iguaçu, Duque de Caixas, São João de Meriti, Belford

Roxo, Nilópolis, Itaguaí, Queimados e Mesquita. O sistema abrange 85% do município

do Rio de Janeiro e 70% da Baixada Fluminense (OLIVEIRA, 2007).

A ETAG possui duas subestações de energia elétrica alimentadas por duas linhas de

138.000 volts da LIGHT, sendo uma única entrada de energia elétrica para as estações

de tratamento (VETA e NETA), as elevatórias de água bruta (BRG e NBRG), as

elevatórias de água tratada (ARG, NARG e NEZR) e para os serviços auxiliares. A

demanda contratada da LIGHT é de 41 mega watts. Então, o consumo mensal na ETAG

gira em torno dos 26.000MWh, o que acarreta um altíssimo custo de energia elétrica,

chegando aos R$ 4.500.000,00/mês (OLIVEIRA, 2007).

O consumo de produtos químicos na ETAG também é exorbitante, com custos na ordem

de R$ 3.500.000,00/mês. A movimentação em média de vinte carretas por dia, cada uma

contendo vinte toneladas de produtos químicos, gera quarenta pesagens diárias, com a

carreta cheia na ida e com a carreta vazia na volta. A Tabela 6 apresenta o consumo

diário de produtos químicos utilizados na estação de tratamento de água do Guandu,

sendo o sulfato de alumínio o de maior contribuição em peso (OLIVEIRA, 2007).

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Tabela 6 – Consumo de produtos químicos na ETAG (Fonte: OLIVEIRA, 2007)

Produto Químico Consumo (toneladas/dia)

Sulfato de alumínio 200

Cloreto férrico 30

Cloro gasoso 15

Cal virgem 25

Ácido Fluossilícico 10

TOTAL 280

A área total da estação de tratamento de água do Guandu também é vultuosa, cerca de

270.000m², dentro da qual existe um laboratório de controle de qualidade que realiza

30.000 análises por mês (OLIVEIRA, 2007).

Foto 2 – Estação de Tratamento de Água do Guandu (ETAG)

Dois subsistemas de abastecimento de água tratada partem da ETAG para a rede

distribuidora – o subsistema Marapicu e o subsistema Lameirão.

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O subsistema Marapicu é composto de três elevatórias de água tratada nas proximidades

da ETAG: o Alto Recalque do Guandu (ARG), o Novo Alto Recalque do Guandu

(NARG) e a Nova Elevatória da Zona Rural (NEZR), configuradas de acordo com a

Tabela 7. O transporte da água tratada é feito por cinco adutoras de diâmetro 1,5m até o

reservatório do Marapicu de 20.000m³, localizado em morro de mesmo nome. Do

reservatório partem seis adutoras para as redes de distribuição da zona oeste e zona

norte do município do Rio de Janeiro e para as redes da Baixada Fluminense, com a

exceção de Nilópolis. Essas adutoras possuem diâmetros de 800mm, 1.500mm (2x),

1.750mm (2x) e 2.000mm (OLIVEIRA, 2007).

O subsistema Lameirão é composto da maior elevatória subterrânea da América do Sul

– a elevatória do Lameirão, construída 63 metros abaixo do nível do terreno, toda

escavada em rocha e localizada na rua Irapuru, sem número, no bairro de Santíssimo do

município do Rio de Janeiro. Onze quilômetros de túnel pressurizado transportam uma

vazão de 20m³/s da ETAG para esta elevatória, correspondendo aos 50% restantes da

vazão de água tratada do sistema Guandu. Da elevatória, a água segue pelo túnel-canal,

com seção de 3,50m x 3,00m e 35 quilômetros de extensão, até o reservatório dos

Macacos, no bairro Jardim Botânico do município do Rio de Janeiro, donde é

distribuída para a região. Três pontes-canais e o sifão de Jacarepaguá também fazem

parte da adução por gravidade do túnel-canal (OLIVEIRA, 2007).

Considerada a obra do século na época de sua construção, a elevatória do Lameirão tem

um consumo mensal de energia elétrica similar ao da ETAG, com 21.000Mwh a R$

3.500.000,00/mês e uma demanda contratada da LIGHT de 30Mw. Uma subestação

com entrada em 180Kv e duas linhas de alimentação da LIGHT de 138.000 volts

suprem essa demanda de energia elétrica (OLIVEIRA, 2007).

A potência total instalada nos subsistemas Marapicu (ARG, NARG e NEZR) e

Lameirão está presente na Tabela 7 a seguir, assim como algumas características

hidráulicas dos conjuntos de bombeamento tais como: o número de bombas, a vazão

unitária, a vazão total máxima de cada elevatória e a potência unitária dos conjuntos de

cada elevatória. A vazão total inclui os conjuntos reservas, ou seja, a potência total

instalada difere da potência total consumida.

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Tabela 7 – Elevatórias de água tratada do sistema Guandu

Elevatória

de água

tratada

Número de

Bombas

(un)

Vazão

unitária

(l/s)

Vazão total

elevatória

(l/s)

Potencia

unitária

(hp)

Potência

instalada

(hp)

ARG 5 1.050 5.250 1.800 9.000

NARG 5 2.300 11.500 4.500 22.500

NEZR 5 2.000 10.000 3.500 17.500

Subsistema

Marapicu 15 -

26.750

(20.000) - 49.000

5 4.600 23.000 9.000 45.000 Lameirão

2 2.300 4.600 4.500 9.000

Subsistema

Lameirão 7 -

27.600

(20.000) - 54.000

Nota:

• (20.000) equivale à vazão média recalcada.

2.2.5) Municípios fora da RMRJ abastecidos pela bacia do rio Guandu

Alguns municípios fora da área da RMRJ também são dependentes de certos mananciais

dentro da bacia hidrográfica do rio Guandu, tais como: Piraí, Paracambi, Itaguaí e

Seropédica.

O município de Piraí possui captação no reservatório de Lajes para abastecer parte de

seu território.

O município de Paracambi apresenta um único distrito de mesmo nome e atualmente o

abastecimento de água é efetuado por duas fontes dentro da bacia do rio Guandu: a

captação do rio Saudoso e a adutora de Lajes. As águas são captadas do rio Saudoso em

uma barragem de nível e abastece a cidade de Paracambi por meio de uma adutora de

200mm de diâmetro. Já a localidade de Lajes é abastecida através de uma derivação da

2ª adutora de Lajes. Essa linha de 300mm de diâmetro conecta-se diretamente na rede

distribuidora (STE, 1994).

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O município de Itaguaí possui captações em mananciais fora da bacia do rio Guandu. O

distrito de Itaguaí é abastecido através de uma barragem de nível no rio Mazomba

donde sai uma adutora de 300mm de diâmetro que é ligada à rede de distribuição do

distrito de Itaguaí. Já o distrito de Coroa Grande é abastecido por uma adutora de

250mm de diâmetro originada da barragem de nível no rio Itingussú. Por fim, o distrito

de Ibituporanga não possui sistema de água oficial (STE, 1994).

O município de Seropédica não possui sistema de água oficial (STE, 1994). O plano

diretor de 1985 previa o abastecimento de água através da adução de Lajes (ENGEVIX,

1985).

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3) AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE ÁGUA NOS MANANCIAIS

3.1) Estações de amostragem

A qualidade das águas nos corpos hídricos da bacia do rio Guandu foi avaliada a partir

dos valores encontrados em postos ou estações de amostragens da FEEMA (2001a,

2001b, 2002a, 2002b, 2002c e 2008), da CEDAE (SOARES et al., 2005 e DA COSTA

et al., 2007) e de MASSENA (2003).

Para o monitoramento sistemático da qualidade de água da sub-bacia do rio Guandu, a

FEEMA conta com 10 estações de amostragem localizadas em pontos distintos da

bacia, com coletas mensais. Já em relação ao monitoramento da sub-bacia dos rios da

Baixada da Baía de Sepetiba (a jusante da captação da ETA Guandu), a FEEMA possui

sete estações de amostragem com freqüência bimestral de coletas. Os dados coletados

destas 17 estações são referentes ao período de 1990 a 1999 (FEEMA, 2001a). Por outro

lado, os dados de 2006 e 2007 (FEEMA, 2008), que foram também avaliados, são

referentes somente aos postos de coleta da sub-bacia do rio Guandu.

A FEEMA (2001b e 2002a) também conta com uma estação de monitoramento

automático contínuo (EA) para alguns parâmetros de qualidade de água na captação da

ETAG, desde 1999, devido à importância desta para o abastecimento da população da

RMRJ. Os valores referentes ao período de 1999 a 2001 da EA foram agregados e

comparados com os da estação de monitoramento sistemático correspondente (GN 200).

A estação de amostragem da FEEMA (2002b) pertencente à bacia do rio Paraíba do Sul

e localizada na primeira entrada de bombeamento da represa de Santa Cecília foi

também considerada, devido à transposição do rio Paraíba do Sul para a bacia

hidrográfica do rio Guandu. Com isso, as águas provenientes do rio Paraíba do Sul

foram também avaliadas, durante o período de 1990 a 2001.

Os dezessete postos de amostragem da CEDAE (DA COSTA et al., 2007 e

SONDOTÉCNICA, 2006) estão todos localizados a montante da captação da ETA

Guandu, a fim de avaliar, com maior abrangência, a qualidade das águas que chegam na

própria ETA Guandu, a partir de coletas mensais executadas entre os anos 2002 e 2006.

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MASSENA (2003) coletou e avaliou algumas amostras de sedimentos no rio Guandu,

na “Lagoa” Guandu e nos decantadores da ETAG, entre os anos 2002 e 2003, com o

intuito de avaliar os impactos na ETAG. Além disso, MASSENA (2003) comparou os

valores dessas amostras com os valores de outras amostras coletadas em 1984 e 1985.

As estações ou postos de amostragem da FEEMA e da CEDAE e os pontos de coleta de

MASSENA (2003), relevantes ao estudo de qualidade das águas na bacia do rio

Guandu, estão listados na Tabela 8, que lista também todos os parâmetros avaliados.

Tabela 8 – Estações de amostragem (Fontes: FEEMA, CEDAE e MASSENA, 2003)

Nº Estação Corpo hídrico Latitude Longitude Período *

FEEMA

01 SC 200 Represa Santa Cecília 22º28’57” 43º50’10” 1990-2001 1

02 MC 410 Rio Macacos 22º37’47” 43º42’08” 1990-2007 2

03 LG 350 Ribeirão das Lajes 22º41’04” 43º47’01” 1990-2007 2

04 LG 351 Ribeirão das Lajes 22º41’38” 43º47’03” 1990-2007 2

05 GN 200 Rio Guandu 22º48’32” 43º37’35” 1990-2007 3

06 GN 201 Rio Guandu 22º39’21” 43º39’51” 1990-2007 2

07 PO 290 Rio dos Poços 22º43’39” 43º37’49” 1990-2007 2

08 QM 271 Rio Queimados 22º43’44” 43º35’32” 1990-2007 2

09 QM 270 Rio Queimados 22º45’40” 43º36’52” 1990-2007 2

10 CU 650 Rio Cabuçu 22º46’56” 43º35’49” 1990-2007 2

11 IR 251 Rio Ipiranga 22º47’16” 43º35’33” 1990-2007 2

12 SF 080 Canal de São Francisco 22º53’48” 43º43’59” 1990-1999 4

13 GR 100 Rio da Guarda 22º53’17” 43º45’07” 1990-1999 0

14 GM 180 Rio Guandu-Mirim 22º52’22” 43º40’35” 1990-1999 0

15 VS 660 Vala do Sangue 22º55’45” 43º41’37” 1990-1999 0

16 IT 040 Canal do Ita 22º54’29” 43º41’41” 1990-1999 0

17 PR 000 Rio Piraquê 22º59’50” 43º46’28” 1990-1999 0

18 EN 670 Rio Engenho Novo 22º59’28” 43º32’35” 1990-1999 0

19 EA_GN200 Rio Guandu (ETAG) 22º48’32” 43º37’35” 1999-2001 5

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MASSENA

20 Sistema 1 Rio Guandu (montante) 22º44’47” 43º38’41” 2002-2003 6

21 Sistema 2 Captação ETAG 22º48’24” 43º37’35” 2002-2003 6

22 L. Poços Lagoa Poços 22º47’24” 43º37’49” 2002-2003 6

23 L. Ipiranga Lagoa Ipiranga 22º48’08” 43º37’23” 2002-2003 6

CEDAE

24 RPS-01 Rio Paraíba do Sul 22°28’55” 43°50’20” 2005-2006 7

25 RPI-02 Rio Piraí 22°45’19” 44° 7’23” 2005-2006 7

26 LRL-03 Lago de Lajes 22°41’32” 43°51’51” 2005-2006 7

27 RRL-04 Ribeirão das Lajes 22°41’31” 43°47’17” 2005-2006 7

28 RMC-05 Rio Macaco 22°38’9” 43°42’17” 2005-2006 7

29 RSA-06 Rio Santana 22°38’58” 43°40’12” 2005-2006 7

30 RSP-07 Rio São Pedro 22°39’30” 43°37’52” 2005-2006 7

31 RGN-08 Rio Guandu 22°40’33” 43°38’58” 2005-2006 7

32 RPÇ-09 Rio dos Poços 22°45’18” 43°37’33” 2005-2006 7

33 RQM-10 Rio Queimados 22°43’41” 43°35’24” 2005-2006 7

34 RQM-11 Rio Queimados 22°44’60” 43°36’52” 2005-2006 7

35 RIG-12 Rio Ipiranga 22°48’10” 43°37’28” 2005-2006 7

36 LGA-13 Lagoa Guandu 22°47’14” 43°37’47” 2005-2006 7

37 LGA 14 Lagoa Guandu 22°47’45” 43°37’42” 2002-2006 8

38 LGA-15 Lagoa Guandu 22°48’17” 43°37’35” 2005-2006 7

39 RGN-16 Rio Guandu 22°48’15” 43°37’47” 2002-2006 8

40 RGN-17 Rio Guandu 22°48’26” 43°37’34” 2002-2006 9

Notas da Tabela 8:

* Tipos de coleta: parâmetros avaliados na estação de amostragem;

1 Àguas: temperatura, condutividade, cloreto, turbidez, pH, R.N.F.T., O.D., D.B.O,

D.Q.O, nitrogênio Kjeldahl total, nitrogênio amoniacal, nitrogênio nitrito, nitrogênio

nitrato, fósforo total, orto fosfato dissolvido, fenóis, cianeto, cromo total, cromo

hexavalente, cromo trivalente, manganês, ferro, níquel, cobre, zinco, cádmio,

mercúrio, chumbo, coliforme fecal, alcalinidade, dureza, sódio, magnésio, potássio,

sulfato, ferro solúvel, PCB´s, R.F.T., fósforo filtrável total e benzo-a-pireno;

cianobactérias (nos anos 2001 e 2002); e sedimentos: PCB’s, D.Q.O, nitrogênio

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Kjeldahl total, fósforo total, cromo total, manganês, ferro, níquel, cobre, zinco,

cádmio, mercúrio, chumbo, benzo-a-pireno, cromo disponível, manganês

disponível, ferro disponível, níquel disponível, cobre disponível, zinco disponível,

cádmio disponível, chumbo disponível, umidade e argila-silte;

2 Águas (1990 a 1999 e 2006 a 2007): condutividade, D.B.O, fósforo total,

nitrogênio nitrato, nitrogênio amoniacal, O.D. e orto fosfato dissolvido; águas (1990

a 1999): temperatura, cloreto, turbidez, pH, R.N.F.T., D.Q.O, nitrogênio Kjeldahl

total, nitrogênio nitrito, fenóis, cianeto, cromo total, cromo hexavalente, cromo

trivalente, manganês, ferro, níquel, cobre, zinco, cádmio, mercúrio, chumbo,

coliforme fecal, alcalinidade, dureza, sódio, magnésio, potássio, sulfato, ferro

solúvel, PCB´s, R.F.T., fósforo filtrável total e benzo-a-pireno; e cianobactérias

(nos anos 2001 e 2002);

3 Águas (1990 a 2001 e 2006 a 2007): condutividade e O.D.; águas (1990 a 1999 e

2006 a 2007): D.B.O, fósforo total, nitrogênio nitrato, nitrogênio amoniacal e orto

fosfato dissolvido; águas (1990 a 2001): temperatura, pH e C.O.T.; águas (1990 a

1999): cloreto, turbidez, R.N.F.T., D.Q.O, nitrogênio Kjeldahl total, nitrogênio

nitrito, fenóis, cianeto, cromo total, cromo hexavalente, cromo trivalente, manganês,

ferro, níquel, cobre, zinco, cádmio, mercúrio, chumbo, coliforme fecal, alcalinidade,

dureza, sódio, magnésio, potássio, sulfato, ferro solúvel, PCB´s, R.F.T., fósforo

filtrável total e benzo-a-pireno; e cianobactérias (nos anos 2001 e 2002);

4 Águas: temperatura, condutividade, cloreto, turbidez, pH, R.N.F.T., O.D., D.B.O,

D.Q.O, nitrogênio Kjeldahl total, nitrogênio amoniacal, nitrogênio nitrito, nitrogênio

nitrato, fósforo total, orto fosfato dissolvido, fenóis, cianeto, cromo total, cromo

hexavalente, cromo trivalente, manganês, ferro, níquel, cobre, zinco, cádmio,

mercúrio, chumbo, coliforme fecal, alcalinidade, dureza, sódio, magnésio, potássio,

sulfato, ferro solúvel, PCB´s, R.F.T., fósforo filtrável total e benzo-a-pireno; e

cianobactérias (nos anos 2001 e 2002);

5 Águas: temperatura, condutividade, pH, O.D. e C.O.T.;

6 Sedimentos: cromo disponível, manganês disponível, ferro disponível, níquel

disponível, cobre disponível, zinco disponível, cádmio disponível e chumbo

disponível;

7 Águas: sólidos totais (somente em 2005), temperatura, O.D., turbidez, pH,

alcalinidade e condutividade; e cianobactérias;

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8 Águas (período de 2005 a 2006): temperatura, O.D., turbidez, pH, alcalinidade,

condutividade e sólidos totais (somente em 2005); e cianobactérias (2002 a 2006);

9 Águas (período de 2005 a 2006): temperatura, O.D., turbidez, pH, alcalinidade,

condutividade, nitrogênio total, fósforo total e sólidos totais (somente em 2005); e

cianobactérias (2002 a 2006);

0 As estações de números 13, 14, 15, 16, 17 e 18 não foram avaliadas porque estão

fora da bacia hidrográfica do rio Guandu, isto é, fora da região em estudo.

A Figura 9 mostra o mapa de localização dos postos ou estações de amostragem

pertinentes ao estudo das águas na bacia hidrográfica do rio Guandu.

A Foto 3 apresenta as estações de amostragem dentro da área de delimitação da RH-II

Guandu.

Optou-se por estudar os corpos hídricos logo a montante (SC-200 da FEEMA e RPS-01

e RPI-02 da CEDAE) e logo a jusante dos reservatórios do sistema LIGHT (vide

esquema da transposição no item 7.8.1). Por isso, alguns postos ou pontos de

amostragem existentes na bacia do rio Guandu não foram estudados nesta dissertação.

Nessa situação estão as estações de amostragem da FEEMA dentro dos reservatórios de

Santana (estação SN-218), de Vigário (estações VG-610 e VG-370) e de Lajes (estação

LG-399) e os postos de monitoramento da UNIRIO dentro do reservatório de Lajes (P1,

P2, P3, P4, P5, P6, P7 e P8).

O PERH Guandu (SONDOTÉCNICA, 2006 e 2007) estudou também os postos da

UNIRIO e realizou algumas simulações de qualidade das águas nos rios a montante da

captação da ETAG, para efeito de enquadramento dos corpos hídricos da bacia. Apesar

dessas informações não constarem nesta dissertação, assim como os dados de outros

trabalhos sobre a qualidade das águas na bacia do rio Guandu, a maioria dos trabalhos

existentes foram consultados, especialmente os do seminário “Bacia hidrográfica do rio

Guandu – Problemas e soluções”, realizado em 05 de março de 2002 na UFRRJ.

A maior concentração de pontos de coleta de amostras está logo a montante da captação

da ETAG, conforme mostra a Foto 4 (ampliação da Foto 3). Tal situação confirma a

elevada importância da ETA Guandu para a RMRJ e para a bacia do rio Guandu.

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Figura 9 – Mapa das estações de amostragem estudadas na bacia do rio Guandu

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Foto 3 – Localização das estações de amostragem estudadas e da RH-II Guandu

A posição das estações de amostragem está baseada em informações do PERH Guandu,

da CEDAE, de MASSENA e da FEEMA. Desconsideram-se as estações nos 13 ao 18.

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Foto 4 – Detalhe dos locais das estações de amostragem próximas à captação ETAG

A lagoa Guandu abrange as lagoas Queimados-Poços e Ipiranga (vide acima).

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A lagoa Guandu foi formada após a construção da barragem do rio Guandu para a

captação da ETAG (vide detalhes no item 5.7). Portanto, a lagoa Guandu nada mais é do

que o lago ou reservatório formado após a contenção do rio Guandu. Assim sendo, o seu

espelho de água vem aumentando ao longo dos anos, devido às operações da barragem

principal da ETAG e ao assoreamento causado pela poluição, observada neste capítulo.

Notam-se a cor verde das algas (cianobactérias) na lagoa Queimados-Poços e a cor

escura de poluição industrial na foz do rio Queimados na lagoa Ipiranga (vide Foto 4).

O nome lagoa Guandu é referente ao seu funcionamento como amortecedor da poluição,

tal qual uma lagoa de estabilização. Nesse sentido, a lagoa Guandu armazena os

efluentes domésticos e industriais que recebe dos seus afluentes – os rios Queimados e

Ipiranga. Porém, como não é oficialmente uma ETE do tipo lagoa de estabilização, o

lodo depositado ao longo dos anos não é removido. Sendo assim, a altura do seu espelho

de água vem diminuindo à medida que o lodo é acumulado no fundo. Em conseqüência

disso, a área da lagoa também aumenta em trechos onde não há diques de contenção (na

Foto 4, o trecho retilíneo da margem direita da lagoa Queimados-Poços é um dique).

3.2) Qualidade das águas

Os valores médios encontrados pela FEEMA estão na Tabela 9 e na Tabela 10.

Tabela 9 – Médias nas estações de amostragem FEEMA (bacia do rio Guandu)

AMOSTRA ESTAÇÕES DE AMOSTRAGEM

Valores médios dos parâmetros (medianas)

PARÂMETROS Unidade SC200 MC410 LG350 LG351 GN200 GN201

Temperatura ºC 22 23 23 23 23 23

Condutividade µmho/cm 76 160 78 78 80 80

Cloreto mg Cl/l 8 15 8 8 8 9

Turbidez UT 11 23 17 10 23 18

pH U.pH 6,9 6,9 6,9 6,9 7 6,9

R.N.F.T. mg/l 16 48 10 10 22 15

O.D. mg/l 6,8 4 7,8 7,8 7,8 8,4

D.B.O mg/l 2 9,6 2 2 2 2

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D.Q.O mg/l 10 30 10 10 10 10

N. Kjeldahl total mg N/l 0,8 2 0,6 0,8 0,8 0,6

N. Amoniacal mg N/l 0,1 0,7 0,1 0,07 0,09 0,07

N. Nitrito mg N/l 0,03 0,08 0,02 0,02 0,02 0,02

N. Nitrato mg N/l 0,7 0,65 0,65 0,7 0,7 0,7

Fósforo Total mg P/l 0,08 0,4 0,07 0,08 0,1 0,08

Orto Fosf. Diss. mg P/l 0,02 0,06 0,01 0,02 0,02 0,01

Fenóis mg/l 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001

Cianeto mg CN/l 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01

Cromo Total mg Cr/l 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01

Cromo Hexav. mg Cr/l 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01

Cromo Trival. mg Cr/l 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01

Manganês mg Mn/l 0,045 0,2 0,05 0,055 0,05 0,06

Ferro mg Fe/l 0,8 3 0,9 0,9 1,1 0,95

Níquel mg Ni/l 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01

Cobre mg Cu/l 0,005 0,005 0,005 0,005 0,005 0,005

Zinco mg Zn/l 0,02 0,03 0,01 0,015 0,01 0,015

Cádmio mg Cd/l 0,002 0,002 0,002 0,002 0,002 0,002

Mercúrio µg Hg/l 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1

Chumbo mg Pb/l 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02

Coliforme fecal NMP/100ml 24000 160000 1300 1700 13000 5000

Alcalinidade mgCaCO3/l 17

Dureza mgCaCO3/l 15

Sódio Mg Na/l 5

Magnésio mg Mg/l 1,5

Potássio mg K/l 2,6

Sulfato mg SO4/l 9

Ferro Sol. mg Fe/l 0,3

PCB´s µg/l

R.F.T. Mg/l 75

Fósforo filt.total mg P/l 0,04

Benzo-a-Pireno µg/l 0,01

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Tabela 10 – Médias nas estações de amostragem da FEEMA (continuação)

AMOSTRA ESTAÇÕES DE AMOSTRAGEM

Valores médios dos parâmetros (medianas)

PARÂMETROS Unidade PO290 QM271 QM270 CU650 IR251 SF080

Temperatura ºC 23 24 23 24 23 23

Condutividade µmho/cm 130 550 550 330 300 78

Cloreto mg Cl/l 15 60 58 40 35 8

Turbidez UT 20 30 30 10 10 24

pH U.pH 6,7 7,2 7,1 7,1 7 6,9

R.N.F.T. mg/l 44 60 50 22 28 30

O.D. mg/l 3,6 0,8 0,8 2 1,6 8

D.B.O mg/l 4 26 30 8 10 2

D.Q.O mg/l 20 80 80 30 40 10

N. Kjeldahl total mg N/l 2 16 13 7 5,5 0,6

N. Amoniacal mg N/l 0,9 9 6 3,4 2,4 0,1

N. Nitrito mg N/l 0,08 0,008 0,01 0,02 0,01 0,02

N. Nitrato mg N/l 0,6 0,05 0,06 0,07 0,1 0,65

Fósforo Total mg P/l 0,4 3 2 1 1,5 0,1

Orto Fosf. Diss. mg P/l 0,09 1,3 0,7 0,6 0,6 0,02

Fenóis mg/l 0,001 0,008 0,01 0,002 0,001 0,001

Cianeto mg CN/l 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01

Cromo Total mg Cr/l 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01

Cromo Hexav. mg Cr/l 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01

Cromo Trival. mg Cr/l 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01

Manganês mg Mn/l 0,25 0,35 0,3 0,55 0,4 0,1

Ferro mg Fé/l 3 3,5 2 1,4 1,7 1,4

Níquel mg Ni/l 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01

Cobre mg Cu/l 0,005 0,005 0,005 0,005 0,005 0,005

Zinco mg Zn/l 0,02 0,03 0,02 0,015 0,02 0,015

Cádmio mg Cd/l 0,002 0,002 0,002 0,002 0,002 0,002

Mercúrio µg Hg/l 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1

Chumbo mg Pb/l 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02

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Coliforme fecal NMP/100ml 30000 160000 160000 50000 30000 5000

Alcalinidade mgCaCO3/l

Dureza mgCaCO3/l

Sódio mg Na/l

Magnésio mg Mg/l

Potássio mg K/l

Sulfato mg SO4/l

Ferro Sol. mg Fé/l 0,65 0,25

PCB´s µg/l 0,01

R.F.T. mg/l

Fósforo filt.total mg P/l

Benzo-a-Pireno µg/l

Notas da Tabela 9 e da Tabela 10:

9,6 = Valor fora dos limites classe 02 de águas doces pela CONAMA 357 (2005);

0,01 = Valor medido menor que o limite de detecção do método.

As amostras coletadas apresentaram valores excessivos de ferro e de coliformes fecais

em todas as estações, mesmo em Ribeirão das Lajes (LG350 e LG351). Coliformes

fecais indicam a presença de esgotos domésticos, principalmente nos rios Macacos e

Queimados, onde a malha urbana é mais densa (vide Gráfico 5). Altos valores de DBO

e baixos de OD também indicam uma grande carga orgânica no rio Macacos e nos rios

afluentes à lagoa Guandu e, conseqüentemente, à captação da ETAG (Queimados,

Poços, Ipiranga e Cabuçu), conforme mostra o Gráfico 4.

A poluição industrial pode ser medida pela relação entre DQO e DBO. Quanto maior o

valor de [DQO / DBO] maior a probabilidade de existirem poluentes químicos de

origem industrial nas águas. As amostras da estação do rio dos Poços PO290 tiveram as

maiores diferenças, indicando assim a poluição oriunda dos efluentes das empresas do

distrito industrial do município de Queimados. Além disso, esta estação de amostragem

apresentou uma relação de baixo valor de DBO e baixo valor de OD, comprovando a

presença de poluentes químicos (vide Gráfico 4).

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Gráfico 4 – OD e DBO nas estações de amostragem (Fonte: FEEMA)

Gráfico 5 – Coliformes fecais nas estações de amostragem (Fonte: FEEMA)

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60

Os afluentes diretos da lagoa Guandu foram enquadrados como classe 03 para águas

doces pelo PERH 2006 (SONDOTÉCNICA, 2006 e 2007), ou seja, os valores dos

parâmetros nas estações de amostragem seriam comparados com aqueles exigidos pela

CONAMA 357 (2005). No caso dos coliformes fecais, as amostras apresentaram

valores muito superiores ao valor máximo maximorum permitido de 4.000NMP/100ml.

Já no parâmetro OD, os resultados foram sempre menores do que o mínimo exigido de

4mg/l. Em contrapartida, os valores da DBO atenderam aos critérios da resolução ao

ficar abaixo dos 10mg/l, exceto no rio Queimados.

Durante os anos de 1990 a 2001, as estações de monitoramento sistemático GN200 e

automático EA_GN200 avaliaram os principais parâmetros dos pontos de amostragem

para a captação da ETA Guandu, face à importância desta para o abastecimento de água

da RMRJ e a sua vulnerabilidade a poluição industrial e a acidentes tóxicos.

Neste período, a variação da temperatura da água (Gráfico 6) oscilou de 15,7º a 34,6º,

com médias em torno de 24º.

Temperatura (GN-200 e Estação Automática)

18

20

21

23

25

27

28

17

23,5

33

18

24,5

32

20

20,8

25,5

27

28,3

15,9

22,1

22,7

23,7

27,1

15,7

21,3

24,3

25,8

34,6

21,6

22,9

25,9

27,3

29

15

20

25

30

35

mínimo 5% 25% Mediana 75% 95% máximo

Estatística básica das amostras

Tem

pera

tura

(ºC

)

GN-200 (1990-1999)

GN-200 (1999)

GN-200 (2000)

GN-200 (2001)EA (1999)

EA (2000)

EA (2001)

Gráfico 6 – Temperatura nas estações GN200 e EA_GN200 da FEEMA

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61

A condutividade elétrica (Gráfico 7) variou entre 10 a 130µmho/cm, com medianas

dispersas entre 40 a 83µmho/cm.

Condutividade (GN-200 e Estação Automática)

44

64

76

80

88

110

130

7780

117

56

83

124

50

70

80 80

100

10

40 40

50

80

10

50

60 60

130

50

60

70 70

110

0

20

40

60

80

100

120

140

mínimo 5% 25% Mediana 75% 95% máximo

Estatística básica das amostras

Con

dutiv

idad

e (m

mho

/cm

)

GN-200 (1990-1999)

GN-200 (1999)

GN-200 (2000)

GN-200 (2001)

EA (1999)

EA (2000)

EA (2001)

Gráfico 7 – Condutividade nas estações GN200 e EA_GN200 da FEEMA

Os parâmetros pH (Gráfico 8) e Oxigênio Dissolvido (Gráfico 9) apresentaram, em

algumas ocasiões, valores críticos abaixo dos limites preconizados pela Resolução

CONAMA 357 (2005) para rios tipo classe 2, ou seja, abaixo da classificação desejada

para o rio Guandu neste trecho. No caso do pH, os valores mínimos (5,7 na GN200 em

1999 e 5,9 na EA_GN200 em 2000) foram próximos àqueles exigidos para classe 2 (6),

não sendo tão preocupantes para a captação, mas indicam a presença de poluição

industrial na lagoa Guandu – a lagoa de captação formada após a construção do sistema

Guandu.

Apesar dos valores de oxigênio dissolvido nas amostras de água oscilarem quase sempre

acima do valor exigido de 5mg/l, os mínimos encontrados foram muito baixos,

chegando a 1mg/l. As causas prováveis para tal foram os altos índices de coliformes que

compõem os indicadores de poluição orgânica de origem doméstica, ou seja, os esgotos

domésticos lançados sem tratamento nos rios Guandu e respectivos afluentes à montante

da captação da ETAG.

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62

pH (GN-200 e Estação Automática)

5,7

6,1

6,7

7

7,2

7,5

7,9

5,7

6,5

7,7

6,3

6,5

7,2

6,3

6,76,8

7

7,9

6,2

6,8 6,8

6,9

7,8

5,9

6,8

6,9 6,9

7,6

6,97 7 7

7,2

5,5

6

6,5

7

7,5

8

8,5

9

9,5

mínimo 5% 25% Mediana 75% 95% máximo

Estatística básica das amostras

pH (

U.p

H)

GN-200 (1990-1999)

GN-200 (1999)

GN-200 (2000)

GN-200 (2001)

EA (1999)

EA (2000)

EA (2001)

CONAMA 357Classe 2

CONAMA 357Classe 2

Gráfico 8 – pH nas estações GN200 e EA_GN200 da FEEMA

O.D. (GN-200 e Estação Automática)

1

5,8

7,2

7,8

8,4

8,89

6,6

8,1

8,8

4

7,7

9,4

6,8

7,2

7,8

8,3

9,8

1,1

8,3

9

9,3

10,9

1,6

7,2

8

8,6

10,7

4

5,6

7

8,1

11,5

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

mínimo 5% 25% Mediana 75% 95% máximo

Estatística básica das amostras

O.D

. (m

g/l)

GN-200 (1990-1999)

GN-200 (1999)

GN-200 (2000)

GN-200 (2001)

EA (1999)

EA (2000)

EA (2001)

CONAMA 357Classe 2

Gráfico 9 – Oxigênio Dissolvido nas estações GN200 e EA_GN200 da FEEMA

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63

O parâmetro Carbono Orgânico Total (C.O.T.) também foi analisado pela estação

automática EA_GN200 da FEEMA durante o período de 1999 a 2001, tendo variado

entre os valores 0,2 e 7,8mg/l, com medianas entre 2,1 e 2,4mg/l (vide Gráfico 10).

C.O.T. (GN-200 e Estação Automática)

0,4

1,7

2,1

2,5

4,7

0,2

1,9

2,4

3,3

7,8

1,5

2

2,4

2,8

6,1

0

1

2

3

4

5

6

7

8

mínimo 5% 25% Mediana 75% 95% máximo

Estatística básica das amostras

C.O

.T. (

mg/

l)

GN-200 (1990-1999)

GN-200 (1999)

GN-200 (2000)

GN-200 (2001)

EA (1999)

EA (2000)

EA (2001)

Gráfico 10 – Carbono Orgânico Total nas estações GN200 e EA_GN200 da FEEMA

O excesso de nutrientes (nitrogênio e fósforo) em um ambiente lótico e, principalmente,

em um ambiente lêntico, caso da lagoa Guandu, proporciona um aumento de seres

autotróficos que sintetizam estes elementos: as macrófitas e os fitoplânctons. Ocorre

uma proliferação de algas tóxicas ou cianobactérias (FEEMA, 2002c). O nutriente

fósforo esteve excessivo nos rios Macacos (Tabela 9) e nos afluentes da lagoa Guandu

(Tabela 10): Poços; Queimados; Ipiranga; e Cabuçu.

A lagoa Guandu logo a montante da captação da ETAG certamente amortece os

impactos das poluições industriais e domésticas advindas dos rios Guandu, Poços,

Queimados e Ipiranga, principalmente. Porém, o excesso de nutrientes (eutrofização) já

chega a afetar profundamente a captação com a proliferação de algas tóxicas ou

cianobactérias na lagoa Guandu, obrigando a ETAG aumentar o custo de tratamento ou

diminuir sua capacidade de tratar a água bruta para não prejudicar o abastecimento.

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64

Os gráficos seguintes referem-se aos dados da FEEMA (2008) entre 2006 e 2007.

Gráfico 11 – OD na sub-bacia do rio Guandu, 2006-2007 (FEEMA, 2008)

Gráfico 12 – DBO na sub-bacia do rio Guandu, 2006-2007 (FEEMA, 2008)

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65

Gráfico 13 – Ortofosfato na sub-bacia Guandu, 2006-2007 (FEEMA, 2008)

Gráfico 14 – Fósforo na sub-bacia do rio Guandu, 2006-2007 (FEEMA, 2008)

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66

Gráfico 15 – Nitrogênio na sub-bacia Guandu, 2006-2007 (FEEMA, 2008)

Gráfico 16 – Nitrato na sub-bacia do rio Guandu, 2006-2007 (FEEMA, 2008)

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67

Gráfico 17 – Condutividade na sub-bacia Guandu, 2006-2007 (FEEMA, 2008)

Observa-se que os padrões recentes de qualidade das águas pouco diferem dos anos

anteriores, ou seja, continuam o OD baixo e a DBO alta, nos afluentes da lagoa Guandu

e no rio Macaco, inclusive nos dados da CEDAE (DA COSTA et al., 2007) a seguir.

0

5

10

15

20

25

30

35

mai

o

junh

o

julh

o

agos

to

sete

mbr

o

outu

bro

nove

mbr

o

deze

mbr

o jan fev

mar

abril

mai

o jun jul

set

0

50

100

150

200

250

300

Temperatura (°C)

OD (mg.l-1)

NT (mg.l-1)

PT (mg.l-1)

Turbidez (NTU)

pH

RGNRGN--17 = 17 = Captação ETAGCaptação ETAG

0

5

10

15

20

25

30

35

mai

o

junh

o

julh

o

agos

to

sete

mbr

o

outu

bro

nove

mbr

o

deze

mbr

o jan fev

mar

abril

mai

o jun jul

set

0

50

100

150

200

250

300

Temperatura (°C)

OD (mg.l-1)

NT (mg.l-1)

PT (mg.l-1)

Turbidez (NTU)

pH

RGNRGN--17 = 17 = Captação ETAGCaptação ETAG

Gráfico 18 – Qualidade na captação ETAG, 2005-2006 (DA COSTA et al., 2007)

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68

Tabela 11 – Qualidade nos postos da CEDAE, 2005-2006 (DA COSTA et al., 2007)

Nota: a Tabela 11 também apresenta os dados mais recentes de cianobactérias na bacia.

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69

3.3) Ocorrência de cianobactérias

A Tabela 12, a Tabela 13, o Gráfico 19, o Gráfico 20 e o Gráfico 21 compõem os

dados relativos à ocorrência de cianobactérias obtidos pela FEEMA (2002c), no período

de novembro de 2001 a junho de 2002. Já o Gráfico 22 e o Gráfico 23 têm os valores

da CEDAE (SOARES et al., 2005), entre outubro de 2002 e dezembro de 2004.

Tabela 12 – Cianobactérias nas estações de amostragem da FEEMA

nov/01-

jun/02

ESTAÇÕES DE AMOSTRAGEM

Valores totais encontrados em células/ml de Cianobactérias

DATAS SC200 MC410 LG350 LG351 GN200 GN201 PO290

12/11/01 1.481 2.245

13/11/01 2.842

16/11/01 717

19/11/01

21/11/01 2.512 295

22/11/01

27/11/01 8.421

05/12/01 25.092.249

24/01/02

29/01/02 619.750

31/01/02

19/02/02 5.293.000

14/03/02 491.304

22/03/02

03/04/02 589.600

02/05/02 370.175

09/05/02

28/05/02 405.350

29/05/02

20/06/02 1.721.900 87.100 134.000 110.550 284.750 16.750

27/06/02 40.200

TOTAL 2.025.075 1.721.900 87.100 134.000 31.003.076 286.995 17.045

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70

Tabela 13 – Cianobactérias nas estações de amostragem da FEEMA (continuação)

nov/01-

jun/02

ESTAÇÕES DE AMOSTRAGEM

Valores totais encontrados em células/ml de Cianobactérias

DATAS QM271 QM270 CU650 IR251 Chaparral SF080

12/11/01

13/11/01

16/11/01

19/11/01

21/11/01 40.871

22/11/01 2.446

27/11/01

05/12/01

24/01/02

29/01/02

31/01/02

19/02/02

14/03/02

22/03/02

03/04/02

02/05/02

09/05/02

28/05/02

29/05/02

20/06/02 77.722.320 38.235.808 64.336.750 149.816.425

27/06/02

TOTAL 77.722.320 38.276.679 64.336.750 149.816.425 2.446

Notas (Tabela 12 e Tabela 13):

Lagoa Chaparral = areal às margens do rio Guandu;

Os valores destacados (verde, amarelo e vermelho) referem-se aos alertas de

vigilância (vide Tabela 19).

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71

Gráfico 19 – Cianobactérias nas estações de amostragem da FEEMA em 2001

Gráfico 20 – Cianobactérias nas estações de amostragem da FEEMA em 2002

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72

Cianobactérias (células/ml)FEEMA em 20/06/02

MC4101.721.900

LG35087.100

LG351134.000

GN200110.550

GN201284.750

PO29016.750

QM27177.722.320

QM27038.235.808

CU65064.336.750

IR251149.816.425

Chaparral ¹0

SF0800

SC2000

0

10.000.000

20.000.000

30.000.000

40.000.000

50.000.000

60.000.000

70.000.000

80.000.000

90.000.000

100.000.000

110.000.000

120.000.000

130.000.000

140.000.000

150.000.000

SC200MC410LG350LG351GN200GN201PO290QM271QM270CU650IR251Chaparral ¹SF080

Gráfico 21 – Cianobactérias nas estações de amostragem da FEEMA em 20/06/02

Os gráficos dos dados amostrados pela FEEMA (2002c) mostram duas situações

importantes. A primeira foi o surgimento de uma enorme quantidade de cianobactérias

na captação da ETAG (GN200) em episódios nos anos de 2001 e 2002, sendo

independente do aparecimento em outros locais como a represa de Santa Cecília, que

apresentou valores também consideráveis deste parâmetro em 2002. Na segunda

situação, valores elevadíssimos de cianobactérias foram encontrados nos afluentes da

lagoa Guandu em 20 de junho de 2002, logo a montante da captação da ETAG. Estas

situações elevaram a importância de um monitoramento contínuo da qualidade da água

e dos sedimentos na captação da ETAG, constatada pela FEEMA (2002c), sugerida por

MASSENA (2003) e ratificada pela CEDAE (SOARES et al., 2005), que propuseram

uma solução paliativa com barragem de desvio dos afluentes para jusante da captação,

pois já houve desabastecimento devido à impossibilidade de tratar a água bruta com alta

concentração de cianobactérias, potenciais precursores dos cancerígenos trihalometanos

(FEEMA, 2002c), conforme observado no mês crítico de agosto de 2003 (vide Gráfico

22 e Gráfico 23). Essa barragem de desvio proposta está detalhada no item 5.3).

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73

Gráfico 22 – Concentrações médias mensais cél/ml de cianobactérias na lagoa Guandu

(LGA-14), na Captação e no rio Guandu (Fonte: SOARES et al., 2005)

Gráfico 23 – Concentração (células/ml) de cianobactérias na Captação (RGN-17) e no

rio Guandu (RGN-16), em agosto de 2003 (Fonte: SOARES et al., 2005)

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74

3.4) Qualidade dos sedimentos

Os indicativos de qualidade das amostras de sedimentos superficiais na estação SC200

da FEEMA (2002b) estão na Tabela 14 e na Tabela 15.

Tabela 14 – Qualidade dos sedimentos na estação da FEEMA

AMOSTRAS de ESTAÇÃO DE AMOSTRAGEM – FEEMA

sedimento superficial SC200 (PERÍODO 1990-2001)

PARÂMETROS Unidade 22/08/1991 24/09/1996 22/10/1996 15/07/1997

D.Q.O % C 0,96 0,92 0,75

Cromo Total µg Cr/g 50,00

Manganês µg Mn/g 1.200,00

Ferro µg Fe/g 50.000,00

Níquel µg Ni/g 5,00

Cobre µg Cu/g 30,00

Zinco µg Zn/g 160,00

Cádmio µg Cd/g 1,00

Mercúrio µg Hg/g 0,20

Chumbo µg Pb/g 600,00

PCB´s µg/kg 1,00 1,00 1,00 1,00

Benzo-a-Pireno µg/kg 1.200,00 290,00 290,00 750,00

Cromo (disp.) µg Cr/g 9,00 18,00

Manganês (disp.) µg Mn/g 320,00 1.100,00

Ferro (disp.) µg Fe/g 5.900,00 10.700,00

Níquel (disp.) µg Ni/g 3,00 4,00

Cobre (disp.) µg Cu/g 12,00 20,00

Zinco (disp.) µg Zn/g 36,00 160,00

Cádmio (disp.) µg Cd/g 0,60 0,20

Chumbo (disp.) µg Pb/g 42,00 510,00

Umidade % 47,80 41,40 49,10

Argila-Silte % 90,00 95,00

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75

Tabela 15 – Qualidade dos sedimentos na estação da FEEMA (continuação)

AMOSTRAS de ESTAÇÃO – FEEMA

sedimento superficial SC200 (PERÍODO 1990-2001)

PARÂMETROS Unidade 02/10/1997 17/09/1998 14/12/2000

D.Q.O % C 1,44 0,75

N. Kjeldahl Total mg N/g 0,30

Fósforo Total mg P/g 1,40

Cromo Total µg Cr/g 90,00 60,00

Manganês µg Mn/g 420,00 620,00

Ferro µg Fe/g 24.000,00 36.000,00

Níquel µg Ni/g 5,00 18,00

Cobre µg Cu/g 26,00 28,00

Zinco µg Zn/g 260,00 200,00

Cádmio µg Cd/g 1,00 1,00

Mercúrio µg Hg/g 0,30 0,30

Chumbo µg Pb/g 30,00 55,00

Benzo-a-Pireno µg/kg 180,00 950,00 72,00

Cromo (disp.) µg Cr/g 60,00

Manganês (disp.) µg Mn/g 360,00

Ferro (disp.) µg Fe/g 10.000,00

Níquel (disp.) µg Ni/g 1,50

Cobre (disp.) µg Cu/g 20,00

Zinco (disp.) µg Zn/g 220,00

Cádmio (disp.) µg Cd/g 0,20

Chumbo (disp.) µg Pb/g 32,00

Umidade % 47,70 35,80

Argila-Silte % 90,00 60,00

Notas da Tabela 14 e da Tabela 15:

Vide as notas da Tabela 16, da Tabela 17 e da Tabela 18 mais adiante.

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Os valores das amostras coletadas por MASSENA (2003) no rio Guandu, na lagoa

Guandu, no rio dos Poços e até mesmo no lodo da ETAG estão presentes na Tabela 16,

na Tabela 17 e na Tabela 18.

Tabela 16 – Qualidade dos sedimentos nos pontos de amostragem

AMOSTRAS de RIO GUANDU (RG)

sedimento superficial Sistema 1

PARÂMETROS unidade fev/1984 mar/1985 Mar/2002 fev/2003

Cromo (disp.) µg Cr/g 110,00 320,00 18,00 0,10

Manganês (disp.) µg Mn/g 530,00 690,00 275,00 587,00

Ferro (disp.) µg Fe/g 35.000,00 30.000,00 21.312,00 30.562,00

Níquel (disp.) µg Ni/g 19,00 60,00 25,00 30,23

Cobre (disp.) µg Cu/g 40,00 130,00 26,00 18,62

Zinco (disp.) µg Zn/g 110,00 200,00 54,00 90,00

Cádmio (disp.) µg Cd/g 0,10 0,15 0,05 0,05

Chumbo (disp.) µg Pb/g 100,00 60,00 25,00 33,00

Tabela 17 – Qualidade dos sedimentos nos pontos de amostragem (continuação)

AMOSTRAS de RIO DOS POÇOS

sedimento superficial Lagoa Kaiser antes RG

PARÂMETROS unidade mar/2002 fev/2003 fev/2003

Cromo (disp.) µg Cr/g 23,20 0,10 0,10

Manganês (disp.) µg Mn/g 85,00 204,00 60,00

Ferro (disp.) µg Fe/g 11.388,00 31.788,00 40.245,00

Níquel (disp.) µg Ni/g 11,00 27,00 40,00

Cobre (disp.) µg Cu/g 15,00 29,64 22,70

Zinco (disp.) µg Zn/g 43,60 194,00 162,00

Cádmio (disp.) µg Cd/g 0,05 0,05 0,05

Chumbo (disp.) µg Pb/g 19,30 35,00 0,10

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Tabela 18 – Qualidade dos sedimentos nos pontos de amostragem (continuação)

AMOSTRAS de LAGOA Rio dos ETAG

sedimento superficial IPIRANGA Cachorrinhos LODO

PARÂMETROS unidade mar/2002 fev/2003 mar/2002

Cromo (disp.) µg Cr/g 10,00 0,10 59,00

Manganês (disp.) µg Mn/g 34,00 188,00 182,00

Ferro (disp.) µg Fe/g 11.929,00 36.314,00 17.779,00

Níquel (disp.) µg Ni/g 10,00 20,00 42,00

Cobre (disp.) µg Cu/g 14,00 30,20 21,00

Zinco (disp.) µg Zn/g 46,00 200,00 68,00

Cádmio (disp.) µg Cd/g 0,05 0,05 0,05

Chumbo (disp.) µg Pb/g 15,00 47,00 16,00

Notas (tabelas de sedimentos acima):

9,6 = Valor fora dos limites estabelecidos na resolução CONAMA 357 (2005);

0,01 = Valor medido menor que o limite de detecção do método;

Os valores já estão majorados com a margem de erro da amostragem;

As análises físico-químicas foram realizadas no sedimento na fração <2mm, sem

separação de finos;

Metal total (extração com água régia a quente) = concentração na fração fina (<200

mesh) do sedimento, em peso seco, representando a fração antropogênica total;

(disp.) = Metal disponível (lixiviação com HCl 0,1M a frio) = concentração na

fração fina (<200 mesh) do sedimento, expresso em peso seco, representando a

fração antropogênica utilizável pela biota;

A Portaria MS-518/04 refere-se à qualidade da água potável para consumo humano,

com VMP (Valor Máximo Permitido) expresso em peso por litros de amostra.

O Gráfico 24 e o Gráfico 25 representam a montagem gráfica dos dados amostrados.

Nota-se que os ambientes lênticos funcionaram como um amortecedor ou bacia de

diluição da poluição mais concentrada oriunda dos afluentes lóticos ou intermediários.

Tal fato ocorreu na lagoa Guandu, com a presença de elementos poluentes industriais

que os organismos aquáticos bioacumulam, tais quais o ferro e o chumbo disponível.

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Gráfico 24 – Ferro nos sedimentos amostrados (Fontes: MASSENA e FEEMA)

Gráfico 25 – Chumbo nos sedimentos amostrados (Fontes: MASSENA e FEEMA)

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3.5) Condições e padrões de qualidade e enquadramento

As condições e os padrões de qualidade de água aceitáveis estão definidos na resolução

n° 357 de 17 de março de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA),

que estabelece também as diretrizes ambientais de enquadramento e classificação dos

corpos de água. Esta resolução é uma evolução da antiga CONAMA 20 (1986).

Os limites permitidos de cianobactérias pela legislação vigente estão na Tabela 19, ou

seja, um documento da FUNASA de outubro de 2001 (FEEMA, 2002c), a Portaria do

Ministério da Saúde n° 518 de 2004 (MS, 2005) e a resolução CONAMA 357 (2005).

Tabela 19 – Limites de Cianobactérias cf. o Documento FUNASA de outubro de 2001,

a Portaria MS número 518/2004 e a Resolução CONAMA número 357/2005

Monitoramento das Cianobactérias

Doc. FUNASA (outubro/2001) Portaria MS nº518/2004 CONAMA 357/05

Limites

(células/ml)

Limites

(células/ml)

Limites

(cél/ml)

Inferior Superior

Níveis de

alerta Inferior Superior

Freqüência

amostral Superior

Águas

doces

[classe]

10.000 Vigilância 10.000 Mensal

10.000 20.000 Alerta 1 10.000 20.000 Semanal 20.000 Classe 1

20.000 100.000 Alerta 2 20.000 Semanal 50.000 Classe 2

100.000 Alerta 3 100.000 Classe 3

Como o interesse maior é o abastecimento para consumo humano, as classes de uso

preponderantes para tal fim serão utilizadas na comparação entre os valores encontrados

nas amostras e os padrões de qualidade exigidos na resolução CONAMA 357 (2005).

Portanto, as águas salinas estão descartadas como fonte de abastecimento, assim como

as classes especial, 2 e 3 das águas salobras e a classe 4 das águas doces, conforme

indicado na Tabela 20. É importante salientar que, a proibição da utilização das águas

salinas em abastecimento para consumo humano limita-se a área da bacia hidrográfica,

então não existe impeditivo legal para a dessalinização da água do mar, fora da bacia.

Contudo, este processo será sugerido como opção concreta para abastecimento público.

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Tabela 20 – Classes de uso destinadas ao abastecimento para consumo humano

N° Qualidade Águas (salinidade ‰) Tratamento para o abastecimento

01 Classe especial Doces (≤0,5‰) Desinfecção

02 Classe 1 Doces (≤0,5‰) Simplificado

03 Classe 2 Doces (≤0,5‰) Convencional

04 Classe 3 Doces (≤0,5‰) Convencional ou avançado

05 Classe 4 Doces (≤0,5‰) Não permitido o abastecimento

06 Classe especial Salobras (0,5<S<30‰) Não permitido o abastecimento

07 Classe 1 Salobras (0,5<S<30‰) Convencional ou avançado

08 Classe 2 Salobras (0,5<S<30‰) Não permitido o abastecimento

09 Classe 3 Salobras (0,5<S<30‰) Não permitido o abastecimento

10 Classe especial Salinas (≥30‰) Não permitido o abastecimento

11 Classe 1 Salinas (≥30‰) Não permitido o abastecimento

12 Classe 2 Salinas (≥30‰) Não permitido o abastecimento

13 Classe 3 Salinas (≥30‰) Não permitido o abastecimento

O enquadramento dos corpos de água da bacia hidrográfica do rio Guandu será aquele

sugerido no Plano Estratégico de Recursos Hídricos das Bacias Hidrográficas dos rios

Guandu, da Guarda e Guandu-Mirim (SONDOTÉCNICA, 2006 e 2007). Com isso,

dados qualitativos medidos nas estações de amostragem serão comparados com os

padrões referentes às classes de uso definidas neste plano. Anteriormente, os dados

amostrados já foram comparados com as classes 02 e 03 de águas doces da resolução

CONAMA 357 (2005).

As estações de amostragem com suas respectivas classes de enquadramento propostas

pelo PERH Guandu (SONDOTÉCNICA, 2006 e 2007) estão definidas na Tabela 21.

Os ambientes lóticos são os corpos com águas continentais moventes, a saber: os rios;

os córregos; e outros cursos de água. Em contrapartida, os ambientes lênticos equivalem

a corpos com a água parada, estagnada ou em movimento lento: represas; lagos; e

lagoas (CONAMA 357, 2005).

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Tabela 21 – Classes de uso propostas nos locais das estações de amostragem

Nº Estação Corpo hídrico Classe Águas Ambiente

01 SC 200 Represa Santa Cecília - - -

02 MC 410 Rio Macaco 2 Doces Lótico

03 LG 350 Ribeirão das Lajes 2 Doces Lótico

04 LG 351 Ribeirão das Lajes 2 Doces Lótico

05 GN 200 Rio Guandu 2 Doces Lótico

06 GN 201 Rio Guandu 2 Doces Lótico

07 PO 290 Rio dos Poços 3 Doces Lótico

08 QM 271 Rio Queimados 3 Doces Lótico

09 QM 270 Rio Queimados 3 Doces Lótico

10 CU 650 Rio Cabuçu 3 Doces Lótico

11 IR 251 Rio Ipiranga 3 Doces Lótico

12 SF 080 Canal de São Francisco 2 Salobras Lótico

13 GR 100 Rio da Guarda 2 Salobras Lótico

14 GM 180 Rio Guandu-Mirim 3 Doces Lótico

15 VS 660 Vala do Sangue - - Lótico

16 IT 040 Canal do Ita - - Lótico

17 PR 000 Rio Piraquê - - Lótico

18 EN 670 Rio Engenho Novo - - Lótico

19 EA_GN200 Rio Guandu (ETAG) 2 Doces Lótico

20 Sistema 1 Rio Guandu (montante) 2 Doces Lótico

21 Sistema 2 Captação ETAG 2 Doces Lótico

22 L. Poços Lagoa Poços 3 Doces Lêntico

23 L. Ipiranga Lagoa Ipiranga 3 Doces Lêntico

24 RPS-01 Rio Paraíba do Sul - - -

25 RPI-02 Rio Piraí - - -

26 LRL-03 Lago de Lajes 2 Doces Lêntico

27 RRL-04 Ribeirão das Lajes 2 Doces Lótico

28 RMC-05 Rio Macaco 2 Doces Lótico

29 RSA-06 Rio Santana 2 Doces Lótico

30 RSP-07 Rio São Pedro 2 Doces Lótico

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31 RGN-08 Rio Guandu 2 Doces Lótico

32 RPÇ-09 Rio dos Poços 3 Doces Lótico

33 RQM-10 Rio Queimados 3 Doces Lótico

34 RQM-11 Rio Queimados 3 Doces Lótico

35 RIG-12 Rio Ipiranga 3 Doces Lótico

36 LGA-13 Lagoa Guandu 3 Doces Lêntico

37 LGA 14 Lagoa Guandu 3 Doces Lêntico

38 LGA-15 Lagoa Guandu 3 Doces Lêntico

39 RGN-16 Rio Guandu 2 Doces Lótico

40 RGN-17 Rio Guandu 2 Doces Lótico

A única estação em local classificado como água salobra dentro da região de interesse é

a do Canal de São Francisco (SF 080), importante e estratégica região industrial e

portuária do estado do Rio de Janeiro, que sofre o avanço do prisma de salinidade. As

estações de amostragem de número 13 ao 18 não fazem parte da bacia do rio Guandu

em estudo e sim da região hidrográfica do Guandu, RH-II.

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4) DIAGNÓSTICO DA QUALIDADE DE ÁGUA NOS MANANCIAIS

Para se fazer um diagnóstico da situação da qualidade das águas nos mananciais da

bacia do rio Guandu, incorporaram-se as avaliações da FEEMA, da CEDAE e de

MASSENA (2003) a partir de diversos dados coletados entre 1984 e 2007 (vide os

valores no item 3), traçando-se, assim, um perfil dos principais problemas detectados.

Os problemas da região hidrográfica do rio Guandu (antiga bacia de Sepetiba) devem

ser abordados com as áreas a montante e a jusante da captação da ETAG, sendo este um

divisor importante de qualidade das águas da bacia como um todo (FEEMA, 2001a).

A poluição proveniente do rio Paraíba do Sul faz-se presente no rio Guandu de forma

atenuada, devido ao tempo de trânsito das águas e sedimentação nos reservatórios do

sistema hidrelétrico da LIGHT. Contudo, a maior ameaça à tomada de água do sistema

Guandu está nas atividades antrópicas na bacia hidrográfica após os reservatórios do

sistema hidrelétrico da LIGHT, a montante da captação da ETA Guandu, visto que o

impacto dessa poluição é muito mais imediato, sem qualquer mecanismo de mitigação

de acidentes e / ou contaminação sistemática (FEEMA, 2001a).

A ocupação urbana da bacia do rio Guandu contribui significativamente para a poluição

do rio e seus afluentes através de altos teores de coliformes fecais encontrados nas

amostras das coletas (vide item 3), principalmente a montante da ETAG.

Em relação aos resíduos sólidos, a degradação ambiental é grave, pois grande parte dos

municípios da bacia do rio Guandu não tem coleta de lixo urbano e outros resíduos

sólidos. Além disso, a disposição final desses resíduos é totalmente inadequada, em

lixões que margeiam rios e encostas, próximos a aglomerações urbanas. A exceção é o

centro de tratamento de resíduos de Nova Iguaçu, com poucos anos de operação.

O distrito industrial de Queimados (antigo distrito industrial de Nova Iguaçu) é um

grande entrave ambiental para a tomada de água do sistema Guandu, pois está a apenas

7km a montante da captação, com seus efluentes industriais lançados no rio Queimados,

afluente do rio Guandu. Além desses efluentes, os dejetos domésticos e agrícolas

influenciam na má qualidade da água captada pela ETA Guandu, já que não há tempo

hábil para a mistura completa e para a autodepuração desses esgotos.

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Outras atividades causam danos ambientais, como: a extração de areia, de reparação

muito difícil quando se procura restabelecer as condições naturais; a retificação de rios

para aumento da velocidade de escoamento e diminuição do caminho percorrido; as

obras de combate às cheias locais, devido às pressões da ocupação urbana; e a invasão

das áreas marginais dos rios, aumentando a erosão e o conseqüente assoreamento de

diversos trechos dos rios e nos deltas.

As atividades acima ocorrem principalmente à jusante da captação do rio Guandu até a

sua foz, onde áreas drenantes à baía de Sepetiba estão sujeitas à influência crescente de

atividades urbanas e industriais da região metropolitana.

Além das indústrias existentes com grande potencial poluidor, tais como a Usina

Termelétrica de Santa Cruz e a COSIGUA (Companhia Siderúrgica da Guanabara) do

grupo Gerdau, outras serão ou estão sendo implantadas nessa região nos próximos anos,

caso das siderúrgicas CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) e CSA (Companhia

Siderúrgica do Atlântico), que, com o porto de Itaguaí (antigo porto de Sepetiba) e o

arco rodoviário, deverão aumentar ainda mais o crescimento urbano desordenado da

região com o conseqüente problema de qualidade das águas dos mananciais.

A poluição industrial nos afluentes do rio Guandu é um dos principais problemas para o

abastecimento público da RMRJ, pois um efluente tóxico não tratado ou um acidente

industrial nos mananciais das sub-bacias dos rios Queimados, dos Poços, Ipiranga,

Cabuçu e Sarapó proporcionariam grandes riscos ao tratamento da ETAG. Nesse caso, o

abastecimento deveria ser paralisado a tempo de não prejudicar os milhões de habitantes

da RMRJ. De qualquer modo, a conseqüente falta de água potável prejudicaria a todos.

A exceção da poluição doméstica, causada pela falta de infra-estrutura de esgotamento

sanitário na bacia do rio Guandu, os outros tipos de poluição hídrica contribuem em

menor escala, porém não são insignificantes, como o uso de agrotóxicos nas atividades

agrícolas, os resíduos sólidos lançados e a erosão das margens dos corpos de água. Essa

erosão ocasiona o aumento da vazão sólida, o assoreamento, a diminuição da velocidade

de escoamento e o aparecimento de zonas estagnadas com macrófitas, que se alimentam

da alta concentração de esgotos domésticos presentes nos rios da bacia em estudo.

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No âmbito do planejamento da bacia hidrográfica do rio Guandu e adjacências, há de se

considerar o equilíbrio em toda a bacia em termos de uso dos recursos hídricos com

qualidade adequada, apesar do abastecimento para o consumo humano ser o uso mais

nobre e prioritário por lei federal Nº 9.433 (PNRH, 1997). Com isso, mesmo sendo a

ETAG o principal usuário do rio Guandu, na medida que o foco desta dissertação trata

sobre a garantia do abastecimento público para a RMRJ oeste, devem ser considerados

todos os agentes envolvidos na bacia do rio Guandu, principalmente as indústrias, que

proporcionam um ganho econômico e social para a região. Nesse sentido, um ganho de

qualidade hídrica para os usuários a jusante da captação da ETAG pode proporcionar

melhores técnicas de uso da água e, por conseguinte, um aumento da disponibilidade

hídrica para os usuários a montante da captação ou para a própria ETAG.

Portanto, diretrizes de ganho ambiental devem ser tomadas em toda a extensão do rio

Guandu e afluentes, de forma abrangente, pois usos a montante afetam diretamente os

de jusante, como, por exemplo, o uso industrial no canal de São Francisco pode gerar

conflitos em usos pesqueiro e turístico da baixada da baía de Sepetiba (FEEMA, 2001a).

As intrusões salinas no canal de São Francisco e em outros rios e canais da baía de

Sepetiba afetam diretamente a disponibilidade hídrica para os usuários próximos à foz,

restringindo o uso de água doce ou salobra. Esses movimentos de maré da baía podem

transportar também os poluentes presentes nessas águas para outros rios e canais de

zonas estuarinas que não recebem normalmente esse tipo de poluição. Em outras

palavras, apesar dos lançamentos diretos, na baía, desses usuários poluidores, os rios

que desembocam na baía também receberão esses poluentes altamente tóxicos, podendo

assim restringir o uso das águas até certo ponto a montante da foz (FEEMA, 2001a).

Os ecossistemas dos rios da região são constantemente alterados por espécies menos

restritivas quanto à qualidade de água. No caso da baía de Sepetiba, que recebe toda a

poluição de rios pouco autodepurados devido a grande carga poluidora, os passivos

ambientais estão presentes afetando o ecossistema da região, como é o caso da

Companhia Mercantil Ingá, desativada, mas com uma enorme quantidade de efluentes

industriais estocados em lagoas sem destino adequado ainda (FEEMA, 2001a).

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86

4.1) Principais atividades poluidoras

4.1.1) Esgotos domésticos

A carga orgânica produzida na bacia de Sepetiba é da ordem de 70.000kgDBO/dia

(FEEMA, 2001a), sendo 33.114kgDBO/dia (Gráfico 29) somente na bacia do rio

Guandu, com tendência de aumento bastante acelerado nos próximos anos, por ser uma

região de amplo interesse industrial e habitacional, ainda mais com as obras vindouras

do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), como o arco rodoviário. Porém, a

degradação dos ecossistemas aquáticos de toda bacia pode ser facilmente observada, já

que as parcelas de coleta de esgotos sanitários e de tratamento são poucos significativas,

com os efluentes lançados diretamente nos corpos de água.

Na maior parte da bacia, os esgotos são conduzidos diretamente aos corpos de água ou

via galerias de águas pluviais, após tratamento primário individualizados em fossas

sépticas sem tratamento complementar (filtros anaeróbios, sumidouros, entre outros).

Porém, esses sistemas de tratamento individualizados não depuram os esgotos sanitários

adequadamente devido à falta de manutenção. Por conseguinte, as fossas sépticas

funcionam como meras caixas de passagem, poluindo os recursos hídricos da região

mais importante para a oferta de água potável da RMRJ oeste.

De modo geral, as populações da bacia carecem de um atendimento satisfatório no

tocante ao esgotamento sanitário. A situação agrava-se ainda mais com as inundações

periódicas nas áreas de baixada. Um diagnóstico global da situação atual está abaixo.

Tabela 22 – Caracterização da situação sanitária atual (Fonte: FEEMA, 2001a)

Município Principais corpos d’água Situação sanitária local

Rio de Janeiro Rios Cabuçu, Piraquê,

Campinho, Guandu-Mirim,

Guandu, Prata do

Mendanha, Itá, Cação

Vermelho e Ponte Branca,

Baía de Sepetiba.

A bacia da baía de Sepetiba abrange

uma área de 60.352ha, dos quais

32.500ha correspondem a regiões

urbanas dotadas parcialmente de

esgotamento sanitário. Engloba os

bairros de Campo Grande, Cosmos,

Paciência, Inhoaíba, Santíssimo,

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87

Santa Cruz, Sepetiba, Barra de

Guaratiba e Pedra de Guaratiba,

sendo que apenas Pedra de

Guaratiba, a Zona Industrial de

Santa Cruz e o Distrito Industrial de

Palmares, contam com sistema

separador. A baía recebe os esgotos

diretamente das localidades situadas

ao longo da costa.

Nova Iguaçu Rios Queimados, Guandu,

Guandu-Mirim, São Pedro,

Santo Antônio e D’Ouro.

Os esgotos são lançados, “in natura”,

nos corpos receptores da região,

através de galerias de águas pluviais

ou de valas a céu aberto.

Queimados Rios Queimados, dos Poços,

Sarapó, Abel, Camorim e

Camboatá.

Implantação no distrito sede de um

sistema separador de coleta de

esgotos; no restante do município, a

rede existente encaminha os esgotos

domiciliares, despejados em fossas

sépticas, através de galeria de águas

pluviais, diretamente aos cursos de

água locais, sem qualquer

condicionamento.

Japeri Rios Guandu e Santana em

Japeri, e rio dos Poços em

Engenheiro Pedreira.

As duas áreas urbanas principais,

que correspondem ao distrito sede e

ao distrito de Engenheiro Pedreira,

contam com um sistema de coleta de

esgotos sanitários.

Miguel Pereira Rio Santana, afluente do rio

Guandu.

Na localidade de Conrado, o esgoto

domiciliar é conduzido a cursos de

água, sendo o principal corpo

receptor o rio Santana, que cruza a

área urbana de Conrado e é afluente

do rio Guandu.

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88

Eng° Paulo de

Frontin

Rio Macacos. Os esgotos são conduzidos a fossas

sépticas individuais, ou lançados

diretamente em valas, a céu aberto,

ou ainda diretamente nas galerias de

águas pluviais. Os esgotos têm como

destino final o rio Macacos, que

cruza a área urbana e é o principal

curso de água da região. Nos novos

loteamentos implantados na

localidade de Morro Azul, no distrito

de Paulo de Frontin, os esgotos são

coletados em redes de drenagem

pluvial e lançados em cursos de água

locais, os quais vêm a ser afluentes

do rio Santana.

Paracambi Rio Macacos. Os esgotos sanitários do distrito sede

Paracambi e do distrito de Lajes são

lançados em valas a céu aberto e em

fossas sépticas.

Seropédica Valão dos Bois e o rio

Guandu.

O distrito sede Seropédica não

dispõe de sistema de esgotamento

sanitário, sendo os esgotos

domiciliares despejados em valas a

céu aberto, que cruzam a área urbana

até os cursos de água locais. A

localidade de Campo Lindo conta

com disposição de esgotos em fossas

sépticas, normalmente providas de

sumidouros; nas demais localidades,

os esgotos são lançados em valas a

céu aberto, para finalmente partirem

em direção aos corpos receptores,

inclusive na Universidade Rural.

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89

Itaguaí Rios Cação, Piloto, Meio

Dia, Mazomba e Itaguaí, a

Vala do Sangue e o Valão

do Dendê. Canais Viana, do

Trapiche e Santo Inácio.

Baía de Sepetiba.

O sistema utilizado é o de fossas

sépticas sem sumidouro, existindo,

também, lançamentos em valas a céu

aberto. Na área urbana e mais central

da cidade de Itaguaí, os esgotos são

lançados na rede de águas pluviais.

Mangaratiba Pequenos cursos d’água da

região.

O sistema utilizado é, de modo geral,

o de fossa séptica sem sumidouro,

operado em condições inadequadas.

Ocorrem também lançamentos de

esgotos em valas a céu aberto e em

galerias de águas pluviais, que

conduzem os esgotos aos cursos de

água que, desaguando no mar, seu

destinatário final, comprometem a

qualidade das praias para recreação

de contato primário.

4.1.2) Efluentes agropecuários

A oleicultura e a fruticultura são as principais atividades agrícolas da região,

predominando em Itaguaí e Santa Cruz, sendo a fruticultura baseada basicamente na

cultura de banana e coco.

Na região do canal de São Francisco, localizam-se algumas áreas com atividades

agropecuárias. A utilização de defensivos agrícolas e carrapaticidas é intensa, podendo

trazer graves conseqüências, tanto para os rios quanto para as águas da baía, tendo em

vista que muitos desses compostos são resistentes e acumulativos na cadeia biológica

(FEEMA, 2001a).

4.1.3) Efluentes industriais

A região da baía de Sepetiba contempla um dos maiores pólos industriais do estado do

Rio de Janeiro, situação esta que, além de contribuir com o agravamento da poluição

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90

proveniente dos efluentes líquidos, pressupõe o risco de poluição por acidentes no

transporte de produtos, nas rodovias que cruzam os rios.

Existe uma grande concentração de indústrias na bacia da baía de Sepetiba,

notadamente nos municípios do Rio de Janeiro, Queimados e Itaguaí. Apesar da maioria

do parque industrial ser de médio porte, já está definida a implantação de grandes

indústrias, como as Companhias Siderúrgicas do Atlântico e Nacional (CSA e CSN),

que irão se aliar às existentes (Gerdau COSIGUA, UTE Santa Cruz, entre outras). Os

riscos ambientais atuais e futuros são distintos face à grande variedade de matérias-

primas empregadas nos diversos processos produtivos, que geram diferentes efluentes.

A tipologia industrial é bastante variada, a saber: editorial, gráfico, metalurgia, química,

têxtil, bebidas, minerais não metálicos, entre outros (vide Figura 11). Entretanto, o

setor mais relevante é o metalúrgico, não só pela atual Gerdau COSIGUA como

também pela expansão industrial e subseqüente expansão residencial, advindas com a

futura implantação dos parques da CSA e CSN e do arco rodoviário, que interligará o

futuro COMPERJ, em Itaboraí, ao porto de Itaguaí, isto é, ao antigo porto de Sepetiba

(Figura 10). Já as indústrias químicas ocupam o segundo lugar em importância, devido

ao seu potencial de contaminação por efluentes líquidos e resíduos sólidos.

O setor de bebidas está atualmente representado pela AMBEV e possui estação de

tratamento de efluentes líquidos. Em contrapartida, a Kaiser fechou suas instalações,

conforme informações de outorga dadas pela SERLA (2005b).

O distrito industrial de Queimados é motivo de grande preocupação, pois se constitui na

maior ameaça à tomada de água da CEDAE, ao concentrar as empresas poluidoras mais

significativas junto ao rio Guandu, localizando-se a apenas 7km a montante da captação

da ETA Guandu, conforme Figura 10, que mostra também todos distritos industriais do

estado do Rio de Janeiro, segundo a CODIN (2006a).

Os distritos industriais de Queimados (Figura 12) e de Santa Cruz (Figura 13) e o pólo

industrial de Itaguaí possuem plantas com efluentes potencialmente tóxicos,

demandando um maior estudo ecotoxicológico de caracterização, seguindo a

recomendação da resolução CONAMA 357 (2005).

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91

Figura 10 – Os distritos industriais e a ETAG (Fonte: adaptado de CODIN, 2006a)

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Figura 11 – Indústrias na região do rio Guandu (Fonte: adaptado de CODIN, 2006b)

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93

Figura 12 – Planta do distrito industrial de Queimados (Fonte: CODIN, 2008a)

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Figura 13 – Planta do distrito industrial de Santa Cruz (Fonte: CODIN, 2008b)

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95

A falta de saneamento geral na bacia do rio Guandu leva a uma grande quantidade de

carga poluidora doméstica, superior àquela gerada pelas indústrias. Outrossim, os riscos

das cargas dos processos produtivos estritamente industriais são consideráveis para o

abastecimento de água da RMRJ, pois a ocorrência de um vazamento industrial na

planta ou em um acidente rodoviário, a montante da captação de água bruta para o

abastecimento humano, acarretará o corte do fornecimento por um tempo proporcional

às características do despejo (volume, duração e concentração tóxica), como ocorreu em

outras bacias hidrográficas. Citam-se dois exemplos de vazamentos na bacia do rio

Paraíba do Sul: o de 1.200.000m³ de produtos tóxicos de uma fábrica de papel em

Cataguases (MG), que atingiu os rios Pomba e Muriaé e prejudicou o abastecimento das

regiões norte e noroeste do estado do Rio de janeiro (SOSRIOPOMBA, 2003); e o de

1,5m³ de inseticida com alto teor tóxico no rio Pirapetinga em Resende (RJ), que causou

a paralisação temporária da transposição das águas para o rio Guandu, a fim de evitar a

captação da ETAG e não prejudicar o abastecimento da RMRJ (CEIVAP, 2008).

Os principais rios receptores dos efluentes industriais estão citados na Tabela 23

adiante. Conforme a FEEMA (2001a), o problema mais urgente dos resíduos sólidos

industriais situa-se no equacionamento dos passivos ambientais acumulados, devido à

precariedade das condições de estoque de cargas acumuladas.

Tabela 23 – Principais corpos receptores dos efluentes industriais (FEEMA, 2001a)

Rios receptores Bacia correspondente Distrito industrial

Poços e Queimados Rio Guandu Queimados

Prata do Mendanha Rio Guandu-Mirim Campo Grande

Prata do Mendanha Rio Guandu-Mirim Lavagem ETA Guandu

Campinho Rio Guandu-Mirim Campo Grande

Canal do Ita Canal do Itá Campo Grande

Canal de Santo Agostinho Canal de Santo Agostinho Santa Cruz

Uma ameaça ao abastecimento de água para o consumo humano está nos efluentes

industriais potencialmente tóxicos, caso sejam lançados sem o prévio tratamento nos

afluentes do rio Guandu, a montante da captação da ETAG, mais precisamente, nos rios

Poços, Queimados e Ipiranga, receptores do distrito industrial de Queimados.

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96

O potencial poluidor das indústrias à jusante da captação (COSIGUA, AMBEV, Ingá,

CSA, CSN) não afeta o tratamento de água pela ETAG. Entretanto, essas indústrias

podem ser um risco com a introdução de metais pesados na baía de Sepetiba, foz para

todos os rios das bacias, e agravar a poluição existente (LOUREIRO et al., 2003).

4.1.4) Extração de areia

A região de Itaguaí e Seropédica chamada de “reta de Piranema” é a principal fonte de

fornecimento de areia para a região metropolitana do Rio de Janeiro. Os métodos

extrativos são os seguintes:

Tabela 24 – Principais métodos de extração de areia (Fonte: FEEMA, 2001a)

Métodos de extração Características

Cava submersa Depósitos nas planícies de inundação.

Mecanizada em leito de rio Dragagem dos sedimentos por sucção.

Manual em leito de rio Em coluna de água pouco profunda, retirada

com pás e depositada em caixas de madeira.

Nessa região, observa-se a formação de lagos de coloração verde-piscina nas lavras de

areia, principalmente em ambientes de cavas submersas, que alcançam profundidades

muito grandes (Foto 6). Contornos irregulares e de grande profundidade, interligadas

em superfície com a calha do rio, são observadas em cavas abertas.

A extração de areia no rio Guandu altera as condições físico-químicas da água e

descaracteriza as margens com seu repovoamento por um tipo de vegetação que se

desprende facilmente, seguindo o curso do rio. Esses fatores aumentam a turbidez da

água bruta captada, induzindo a um maior consumo de produtos químicos (coagulante

de sulfato de alumínio) e trazendo problemas operacionais para a ETAG, conforme

estudos realizados pela CEDAE (OLIVEIRA, 2004). O Gráfico 26 e o Gráfico 27

ilustram essa influência do crescimento da turbidez no aumento do consumo de

coagulantes químicos na estação de tratamento durante o período de 1995.

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66

92

41

22

38

28

34

21

46

31

1717

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

JAN

FE

V

MA

R

AB

R

MA

I

JUN

JUL

AG

O

SE

T

OU

T

NO

V

DE

Z

MESES

(FT

U)

Gráfico 26 – Média de turbidez na água bruta da ETAG em 1995 (OLIVEIRA, 2004)

8000

7000 6900

4950

3531

7900

3176

5000

5400

60006100

3600

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

JAN

FE

V

MA

R

AB

R

MA

I

JUN

JUL

AG

O

SE

T

OU

T

NO

V

DE

Z

MESES

(TO

N.)

Gráfico 27 – Consumo de coagulantes na ETAG em 1995 (OLIVEIRA, 2004)

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A Foto 5 mostra um corte acentuado da margem esquerda (montante para jusante) do

rio Guandu, realizado no período entre 1987 (foto montada baseada em planta da

FUNDREM) e 1994, com o emprego de sete bombas extratoras e seis caixas de areia,

localizadas 6km a montante da captação da ETAG (OLIVEIRA, 2004).

Foto 5 – Localização e situação de areal no rio Guandu (Fonte: OLIVEIRA, 2004)

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A extração de areia na “reta de Piranema” (estrada RJ-099) não influencia diretamente a

ETAG, pois é executada em áreas da bacia do rio da Guarda, à jusante da captação da

ETA Guandu (vide localização na Foto 5).

Foto 6 – Cavas submersas na “reta de Piranema” (Fonte: GOOGLE, 2006)

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100

5) CENÁRIOS COM MELHORIA DA QUALIDADE DA ÁGUA CAPTADA

5.1) Plano diretor de esgotamento sanitário 1994

5.1.1) Situação do esgotamento sanitário

A região hoje conhecida como Baixada Fluminense originou-se do antigo Distrito de

Iguaçu e faz parte da Baixada da Guanabara (STE, 1994). Compreende os municípios

de Nova Iguaçu, Belford Roxo, Queimados, Nilópolis, São João de Meriti, Duque de

Caxias, Japeri (após 1994) e Mesquita (após 1994), que ocupam uma área de 1.318km²

(cf. Tabela 1). Aí, em 1994, concentravam-se quase três milhões de habitantes (STE,

1994), cerca de um quarto da população da RMRJ. Em 2008, esse valor subiu para

3.268.774 habitantes (cf. Tabela 1), quase um terço da população da RMRJ.

A Baixada Fluminense, pelo baixo nível das condições sociais e precariedade na infra-

estrutura dos serviços públicos, em particular, de saneamento, tem sido alvo das

atenções governamentais, visando inverter esse quadro. Assim, pouco antes de 1994,

com relação a esgotamento sanitário, foram implantados 400km de rede coletora no

sistema separador, realizadas 12.562 ligações prediais e construídas 04 elevatórias e 01

estação de tratamento. Entretanto, todas essas obras limitaram-se a pequenas áreas da

bacia do rio Sarapuí, beneficiando, apenas, alguns bairros dos municípios de Nova

Iguaçu, São João de Meriti e Duque de Caxias (STE, 1994).

Na Baixada Fluminense, o baixo percentual de atendimento no setor de saneamento,

apresentado em 1994 (STE, 1994), perdura ainda hoje, mesmo com a execução dos

programas Baixada Viva 1, Baixada Viva 2, Nova Baixada e PDBG, pois ainda não

foram terminadas as obras de interligação com as ETE’s: Pavuna, Sarapuí, Orquídea,

entre outras na RH-V. Nesse sentido, os efluentes sanitários de toda a região da Baixada

Fluminense são lançados “in natura” diretamente na baía de Guanabara e nos rios,

córregos e canais que nela deságuam. Em termo de poluição, a Baixada constitui-se

numa das áreas mais poluidoras da baía de Guanabara. Como essas ETE’s não

pertencem à bacia do rio Guandu, considera-se também que não existem sistemas de

esgotamento sanitário na área em estudo pertencente à Baixada Fluminense, de acordo

com a Tabela 22. Cabe citar que, segundo o STE (1994), o sistema no município de

Nilópolis é unitário, ou seja, a rede combina esgotos sanitários e águas pluviais.

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101

A inexistência de rede de esgotamento sanitário é uma constante nos municípios de

Itaguaí e de Seropédica. Em 1994, apenas no distrito sede de Itaguaí existia uma rede de

águas pluviais com cerca de 9km, que drenava o setor de maior densidade populacional

e recebia os seus efluentes sanitários. No restante, os esgotos corriam a céu aberto em

valas negras de drenagem pluvial, cujo destino final era a baía de Sepetiba (STE, 1994).

Tal situação pouco melhorou de 1994 para 2008.

O município de Paracambi não contava com rede de esgotamento sanitário em 1994,

sendo os efluentes encaminhados, na sua totalidade, “in natura”, para a rede pluvial ou

diretamente nos rios e canais da região (STE, 1994). A mesma situação ainda perdura

no ano de 2008.

5.1.2) Bacias de drenagem e de saneamento

Os rios de interesse dentro da bacia do rio Guandu, que foram investigados pelo Plano

Diretor de Esgotamento Sanitário da RMRJ e das bacias contribuintes à baía de

Guanabara – PDES 1994 (STE, 1994), estão na Tabela 25, com suas respectivas ordens

de afluência. Os rios localizam-se nos municípios do Rio de Janeiro, Nova Iguaçu,

Queimados (era Nova Iguaçu em 1994), Seropédica (era Itaguaí em 1994) e Itaguaí.

Tabela 25 – Afluentes do canal de São Francisco (STE, 1994)

1ª ordem 2ª ordem 3ª ordem 4ª ordem 5ª ordem

Rio Guandu Rio Ipiranga Rio Cabuçu

Rio Queimados Rio dos Poços Rio Morto

Canal do Aníbal

Rio Santo Antônio

Rio do Ouro Rio Morto

Rio Camboatá

Rio São Pedro

Rio Santana

Valão da Areia

Ribeirão das Lajes Rio Macaco Rio do Retiro

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As bacias de saneamento e os sistemas de esgotamento sanitário propostos, pertinentes

ao estudo da bacia hidrográfica do rio Guandu, estão presentes na Figura 14. Nesse

caso, dois sistemas de esgotamento sanitário foram estudados: o sistema Macacos e o

sistema Guandu. Cabe lembrar que esse sistema Guandu de esgotamento sanitário das

bacias de saneamento, proposto pelo PDES 1994 (STE, 1994), é totalmente diferente do

sistema Guandu para o abastecimento de água da RMRJ oeste (cf. visto no item 2.2.4).

Figura 14 – Sistemas de esgotamento sanitário para a bacia do Guandu (STE, 1994)

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103

5.1.3) Parâmetros utilizados

O consumo per capita de água (q) e o consumo per capita de esgotos sanitários (qe)

adotados para cada bacia foram:

Tabela 26 – Per capita de esgotos sanitários (STE, 1994)

Bacia de

saneamento

Sistema de

esgotamento

Q

(l/hab/dia)

qe = q x C

(l/hab/dia)

Dos Macacos 31 Macacos 250 200

Do Guandu 03 30 Guandu 250 200

De São Pedro 30 Guandu 275 220

De Santo Antônio 30 Guandu 275 220

Do Ouro 30 Guandu 275 220

Do Guandu 02 30 Guandu 275 220

Dos Poços 30 Guandu 275 220

De Camboatá 30 Guandu 275 220

De Queimados 30 Guandu 275 220

De Ipiranga 30 Guandu 275 220

Do Guandu 01 30 Guandu 313 250

O consumo per capita de esgotos equivale ao consumo per capita de água (q)

multiplicado pelo coeficiente de retorno (C = 80% adotado), então qe = q x C.

Os coeficientes de reforço e infiltração (k1, k2 e i) adotados foram:

Coeficiente de máxima vazão diária = k1 = 1,2;

Coeficiente de máxima vazão horária = k2 = 1,5;

Taxa média de infiltração = i = 0,2 l/s/km.

Para os estudos demográficos, dados censitários do IBGE para 1980 e 1991,

correspondentes aos distritos e aos bairros do Rio de Janeiro, foram utilizados nos

cálculos de projeção populacional, com vistas à definição da taxa anual de crescimento

e da população de saturação.

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As fórmulas adotadas nos cálculos populacionais foram:

P = d1 x A1 + d2 x A2 + d3 x A3 (Equação 1)

PS = (A x 0,70 x IAT / 55) x 4,5 (Equação 2)

Tx = (p2/p1)(1/n) x 100 (Equação 3)

Sendo:

P = população dos bairros ou distritos (IBGE 1991) nas bacias;

PS = população de saturação nas bacias do município do Rio de Janeiro;

Tx = taxa anual de crescimento nas bacias de outros municípios;

A1 = áreas de baixa densidade predial (até 40hab/ha);

A2 = áreas de média densidade predial (> 40 a 100hab/ha);

A3 = áreas de alta densidade predial (>100hab/ha);

d1 = densidade ponderada para A1 = 0,4 x d2;

d2 = densidade ponderada para A2 = 1;

d3 = densidade ponderada para A3 = 1,9 x d2;

A = área total antrópica;

0,70 = 100%(área total) - 30%(sistema viário);

IAT = índice de aproveitamento de terreno;

55 = 55m² / unidade residencial;

4,5 = 4,5hab / unidade residencial (média);

p1 = população IBGE 1980;

p2 = população IBGE 1991;

n = 1991-1980 = 11anos = período entre medições;

100 = 100%.

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105

As metodologias para as definições das vazões de esgotos e da carga orgânica estão

descritas a seguir.

DBO1 = Carga doméstica = 0,054kg/hab/dia x População na bacia (Equação 4)

DBO2 = (Carga comercial + pública + industrial) x DBO1 = c1 x DBO1 (Equação 5)

DBO3 = Carga industrial pontual (grandes poluidores) (Equação 6)

DBO = DBO1 + DBO2 + DBO3 (Equação 7)

DBO = Concentração / Vazão (Equação 8)

5.1.4) Diagnóstico da qualidade das águas dos corpos receptores em 1994

Os critérios de classificação pelo PDES 1994 (STE, 1994) estão na Tabela 27.

Tabela 27 – Critérios para os diagnósticos de qualidade (STE, 1994)

Critério (situação) OD (mg/l) DBO (mg/l)

Livre 6,0 a 8,2 < 6,0

Transição 4,0 a 6,4 6,0 a 10,0

Crítico < 4,0 > 10,0

O diagnóstico em 1994 da qualidade das águas na bacia da Baía de Sepetiba, atualmente

região hidrográfica do rio Guandu, confunde-se bastante com o exposto anteriormente

como situação atual (vide item 4), confirmando, assim, a validade atual das premissas

utilizadas nesse plano diretor. Então, conforme o PDES 1994 (STE, 1994), segue o

diagnóstico da região de interesse.

Para a baía de Sepetiba (RH-II Guandu), dirigem-se os rios que recebem os esgotos

sanitários e industriais dos municípios de Itaguaí, Seropédica, Mangaratiba, Paracambi,

Queimados, Nova Iguaçu (parte) e Rio de Janeiro (Santa Cruz e Campo Grande).

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106

Em toda essa região, o esgotamento era precário em 1994 (STE, 1994), estando a maior

parte da rede construída ligada à galeria de águas pluviais, alcançando assim os rios e a

baía. No entanto, como a ocupação era ainda rarefeita e apenas concentrada em pontos

específicos, a conseqüência da poluição orgânica não era significativa nas águas da baía.

O mesmo não se pode dizer de alguns rios afluentes, que se mostraram críticos com a

contribuição também de despejos de complexos industriais localizados na região

(distrito industrial de Santa Cruz, COSIGUA, Companhia Ingá, Companhia Docas do

Rio do Janeiro, Minerações Brasileiras Reunidas e outras).

Vale lembrar que, além das sub-bacias naturais responsáveis por cerca de 75% do

volume de água doce afluente à baía, esta recebe ainda uma parcela proveniente da

reversão do rio Paraíba do Sul em Santa Cecília, formadora do rio Guandu, onde se

localiza a captação principal de água da RMRJ. As análises disponíveis mostraram uma

situação de boa qualidade das águas na bacia formadora do rio Guandu, salvo a bacia do

rio dos Poços, em que a poluição orgânica era significativa (situação de transição de

acordo com o critério inicial proposto). O distrito industrial de Queimados contribuiu

diretamente para essa bacia, a montante da tomada de água do rio Guandu, sendo

razoável propor-se, em princípio, tratamento específico conjunto para os efluentes

domésticos e industriais nessa região, solução que pode ser cotejada com um desvio do

leito do rio dos Poços para jusante da tomada d’água (STE, 1994).

5.1.5) Proposta de enquadramento da qualidade dos corpos receptores

A classificação, os padrões e as propostas para o enquadramento dos corpos receptores

adotados no plano diretor estão presentes na Tabela 28 e na Tabela 29. Mesmo

desatualizadas, as informações são ainda válidas, bastando executar as adaptações

necessárias para a resolução CONAMA 357 (2005) e traçar um paralelo com as

proposições do plano estratégico da bacia do rio Guandu. Nesse sentido, os rios de

cabeceiras em área de preservação foram identificados pelo PDES 1994 (STE, 1994)

como classe especial (E), enquanto que o rio Guandu teve a classificação diferenciada

por trechos a montante e a jusante da ETAG. Neste plano, ainda, o canal de São

Francisco foi definido como classe 2 (padrão da Tabela 28), ou seja, para águas doces e

não para águas salobras, conforme o PERH Guandu (SONDOTÉCNICA, 2006 e 2007).

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Tabela 28 – Classificação e padrões (Fonte: CONAMA 20, 1986)

Classificação das águas (classe) Padrões - parâmetros

principais Doces Salinas Salobras

Parâmetro Unidade E 1 2 3 4 5 6 7 8

DBO mg/l O2 - 3 5 10 - 5 10 5 -

OD (mín) mg/l O2 - 6 5 4 2 6 4 5 3

Turbidez UNT - 40 100 100 - - - - -

Cor mg Pt/l - 30 75 75 - - - - -

Colif. Fecal NMP/100ml 0 200 1000 4000 - 1000 4000 1000 4000

Tabela 29 – Proposta de enquadramento do PDES 1994 (STE, 1994)

Classe 1 Corpos hídricos das

bacias em estudo Inicial Final Características locais

Rio Cabuçu * 4 2 Centros urbanos densamente ocupados

Rio Guandu 4 2 Centros urbanos densamente ocupados

Rio Guandu (até ETAG) 2 2 Fonte urbana de abastecimento d’água

Rio Ipiranga * 2 2 Fonte urbana de abastecimento d’água

Rio Queimados * 2 2 Fonte urbana de abastecimento d’água

Rio dos Poços * 2 2 Fonte urbana de abastecimento d’água

Rio São Pedro * 2 2 Fonte urbana de abastecimento d’água

Rio Santana * 2 2 Fonte urbana de abastecimento d’água

Rio Macaco * 2 2 Fonte urbana de abastecimento d’água

Rio Ribeirão das Lajes * 2 2 Fonte urbana de abastecimento d’água

Canal de São Francisco 2 2 Após a captação da ETAG

Rio d’Ouro E E Cabeceiras em área de preservação

Rio São Pedro E E Cabeceiras em área de preservação

Rio Santo Antônio E E Cabeceiras em área de preservação

Baía de Sepetiba 5 5 Águas salinas de boa qualidade em geral

Notas:

* = incluindo seus respectivos afluentes;

1 = conforme resolução CONAMA 20 (1986);

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108

Deve-se chamar atenção especial para os afluentes do rio Guandu, tendo em vista a

proximidade com a captação e da respectiva estação de tratamento (ETAG). O

planejamento do sistema de coleta e afastamento de esgotos sanitários nessa região deve

eliminar as opções de lançamento de águas servidas nesses rios, mesmo tratadas, pelo

risco da presença de matérias e substâncias orgânicas potencialmente tóxicas. A

necessidade de proteção dessa bacia, por outro lado, deve ser enfatizada junto aos

poderes municipais, em relação à legislação específica de uso do solo, e junto às

autoridades ambientais, em relação ao exame e concessão de licenças para implantação

de atividades poluidoras.

Preocupa a localização do distrito industrial de Queimados, na bacia contribuinte ao rio

dos Poços, a montante, portanto, da tomada de água do rio Guandu: as opções de coleta

e afastamento de esgotos domésticos e industriais nessa região devem contemplar

preferencialmente a transposição da bacia para jusante da captação.

5.1.6) Estudos de influência das cargas poluidoras

Diferentes filosofias de sistemas de esgotamento sanitário foram estudadas no PDES

1994 (STE, 1994), tais como: sistemas locais com menores dimensões de coletores e

pequenas estações de tratamento de esgotos (ETE’s), sistemas de maior porte com

grandes coletores e ETE’s maiores, entre outros tipos. As alternativas de disposição

final estudadas estão citadas na Tabela 30 adiante.

Tabela 30 – Alternativas de disposição final no PDES 1994 (STE, 1994)

Tipo de alternativas Características

A ETE’s locais Tratamento local (na geração de esgotos) e tratamento

conjunto (menos ETE’s e várias bacias contribuintes)

B Graus de tratamento ETE’s de forma gradativa (grau: nenhum, 1º, 2º e 3º)

C Pontos de lançamento Efluentes tratados lançados junto à costa ou à baía

O PDES 1994 (STE, 1994) utilizou-se apenas da alternativa de ETE’s locais (A),

buscando economia de escala, mas com uma maior extensão de interceptores.

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109

A baía de Sepetiba, embora menos estudada que a da Guanabara, é razoavelmente

conhecida do ponto de vista técnico pelos especialistas da área de engenharia sanitária e

ambiental. Os levantamentos e estudos de qualidade de suas águas foram caracterizados

em:

Campanhas de amostragem de rotina iniciadas em 1968, mantidas até 1972,

sofrendo a partir de então modificações para atender estudos específicos, e de

acordo com a disponibilidade de recursos humanos e financeiros da FEEMA-RJ;

Campanhas preparatórias para estudos em modelo de qualidade de 1973 a 1979;

Levantamentos relativos ao estudo de avaliação de impacto ambiental do pólo

petroquímico de Itaguaí, de 1985, analisando a qualidade das águas e os efeitos

positivos e negativos no meio-ambiente;

Modelo unidimensional de 1973 do antigo Instituto de Engenharia Sanitária

(atual FEEMA), baseado no prisma de maré e disponibilidade de OD até 2000,

após lançamento de cargas polidoras;

Modelo SPAM da Hydroscience de Nova Jersey (EUA) para OD e coliformes

em segmentos da baía, aplicado em 1979 e no PDES 1994 (STE, 1994);

Modelos computacionais de salinidade e de qualidade das águas (SisBAHIA)

feitos mais recentemente pela COPPE-UFRJ (SONDOTÉCNICA, 2006).

5.1.7) Corpos receptores selecionados

O corpo da baía de Sepetiba junto à costa ou ao canal principal e todos os rios da bacia

podem ser receptores, com a exceção dos seguintes:

Cabeceiras dos rios d’Ouro, São Pedro e Santo Antônio;

Rio Guandu a montante da captação da ETAG;

Rios Ipiranga, Queimados, dos Poços, São Pedro, Santana, Macacos e Ribeirão

das Lajes, com os respectivos afluentes.

5.1.8) Proposição de soluções

A RMRJ foi dividida em trinta e quatro sistemas (bacias) de esgotamento sanitário, mas

apenas os sistemas Guandu e Macacos estão na área em estudo, conforme Tabela 31.

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110

As hipóteses não adotadas podem ser consultadas no relatório do PDES (STE, 1994).

Tabela 31 – Bacias de esgotamento sanitário no PDES 1994 (STE, 1994)

Sistema de esgotamento sanitário Macro-bacia de drenagem

Nº Nome do sistema Hipótese UN

02 Alegria C

03 Penha E

04 Pavuna – Meriti C

05 Sarapuí C

06 Bangu A

07 Bota B

08 Iguaçu -

09 Estrela B

10 Roncador -

11 Macacu -

12 Guaxindiba -

13 Alcântara A

14 Imboassu A

15 Centro e norte de Niterói -

16 Sul de Niterói B

17 Ilha do Governador -

Baía de Guanabara

(Atual RH-V)

18 Paquetá -

17

19 Águas Lindas -

21 Bispo -

23 Guandu A

24 Ibicuí -

26 Macacos B

27 Piraquê A

28 Da Prata -

29 Sepetiba D

30 Guarda A

Baía de Sepetiba

(Atual RH-II Guandu)

31 Guandu-Mirim A

10

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111

01 Ipanema C

16 Praias oceânicas de Niterói B

20 Bambu -

22 Cidade -

25 Guarapina -

32 Barra de Tijuca / Jacarepaguá B

Oceano Atlântico

32 Recreio dos Bandeirantes B

07

RMRJ (PDES 1994) Total de sistemas = 34

Notas:

Hipótese = solução adotada no PDES 1994 (STE, 1994), sendo - = Hipótese única;

(Guandu e Macacos) = sistemas dentro da bacia em estudo

Em cada sistema, hipóteses de diferentes locais para as etapas de tratamento foram

consideradas, inclusive a transposição de bacias.

O critério para a escolha da alternativa foi o de menor custo de investimento inicial,

desde que tecnicamente equivalentes. Entretanto, mesmo adotando sistemas calcados

em outras modalidades de tratamento (lagoas de estabilização, entre outras), a

comparação dos custos baseou-se no processo de lodos ativados convencional.

Conforme descrito no próprio PDES 1994 (STE, 1994), os estudos e as alternativas

escolhidas (hipóteses adotadas) são ainda preliminares, dependendo de modelagens

matemáticas de disposição final dos efluentes. Portanto, as soluções não são definitivas,

a exemplo atual dos sistemas Ipanema e Alegria, onde o segundo, implantado pelo

PDBG, engloba a bacia do centro do município do Rio de Janeiro, ao contrário do

proposto no PDES 1994 (STE, 1994), onde a bacia do centro seria esgotada pelo

primeiro. Aliás, todos os planos diretores são indicativos das possíveis melhores

soluções, não eliminando assim a existência de outras mais apropriadas.

Sistema Guandu

O sistema Guandu localiza-se nos município de Nova Iguaçu, Mesquita e em parte no

município do Rio de janeiro.

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112

Os estudos desenvolvidos para essa região foram realizados de forma que não

comprometesse a captação de água do rio Guandu pela ETAG, sendo a mais viável

economicamente a hipótese A, que considera a implantação de duas estações de

tratamento (ETE 1 e ETE 2), em vez da hipótese B, que considerava a implantação de

apenas uma ETE.

Portanto, a solução adotada foi a coleta dos despejos de todo o sistema e os lançamentos

dos efluentes tratados (ETE 1 e ETE 2) após a captação de água pela ETAG.

As bacias contribuintes do sistema são: Guandu 01; Guandu 02; Guandu 03; São Pedro;

Santo Antônio; Ouro; Poços; Camboatá; Queimados e Ipiranga (vide Figura 14).

Tabela 32 – Sistema Guandu de esgotamento sanitário (STE, 1994)

Sistema Guandu Sub-sistema

Parâmetros Ano ETE 1 ETE 2 Sistemas

isolados

Total do

sistema

inicial 1993 33.765 179.547 5.338 218.650 População (hab)

final 2035 81.649 366.530 10.888 459.067

inicial 1993 111 484 15 610 Vazão média (l/s)

final 2035 268 988 30 1.286

inicial 1993 191 836 26 1.053 Vazão máxima (l/s)

final 2035 464 1.707 52 2.223

Sistema Macacos

O sistema Macacos está localizado no município de Paracambi, que apresentava baixa

densidade populacional, tendo uma maior concentração na parte central dentro da bacia

do rio dos Macacos.

A hipótese mais viável economicamente foi a opção B, que considera a implantação de

duas estações de tratamento (ETE 1 e ETE 2), em vez da hipótese A, que considerava a

implantação de apenas uma ETE.

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113

A única bacia contribuinte do sistema é a bacia dos Macacos.

Tabela 33 – Sistema Macacos de esgotamento sanitário (STE, 1994)

Sistema Macacos Sub-sistema

Parâmetros Ano ETE 1 ETE 2 Sistemas

isolados

Total do

sistema

inicial 1993 20.810 13.623 34.433 População (hab)

final 2035 41.806 27.296 69.102

inicial 1993 51 33 84 Vazão média (l/s)

final 2035 104 68 172

inicial 1993 90 59 149 Vazão máxima (l/s)

final 2035 181 118 299

Bacia Guandu (sistemas Guandu e Macacos)

A área de abrangência dos sistemas da bacia Guandu possui ainda pequena percentagem

de cobertura de coleta e nenhum tratamento secundário de esgotos sanitários em

funcionamento. O resultado desta ausência de tratamento é a poluição orgânica

traduzida em altas concentrações de DBO, de coliformes termotolerantes (fecais) e de

cianobactérias e em baixas concentrações de OD, presentes nas amostras de qualidade

de água nos rios Macacos (MC410), Poços (PO290), Queimados (QM271 e QM270),

Cabuçu (CU650) e Ipiranga (IR251).

O Gráfico 28, o Gráfico 29 e o Gráfico 30 mostram a quantificação do impacto da

carga orgânica dentro da bacia hidrográfica do rio Guandu, ao longo do horizonte do

plano. Nota-se a grande carga final de 33.114kgDBO/dia correspondente a uma

população total de 528.169 habitantes. A vazão máxima (Qmáx) total seria de 2.525l/s.

O Gráfico 31 indica os custos para implantação dos sistemas de esgotamento sanitário

dentro da bacia hidrográfica do rio Guandu. O Gráfico 32, o Gráfico 33 e o Gráfico 34

apresentam as curvas de custos para implantação do PDES 1994 (STE, 1994), elaborada

a partir dos valores individuais de cada unidade do sistema, respectivamente: coletor

tronco e linha de recalque; elevatórias (EEE) e estações de tratamento (ETE) tipo lodos

ativados, principalmente. Os valores estão em dólares americanos (US$).

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114

226.258246.602

268.974293.587

320.665350.460

383.248

419.337

459.067

35.58538.622 42.00745.64049.58853.87758.537 63.60069.102

261.843285.224

310.981339.227

370.253

404.337

441.785

482.937

528.169

218.650

34.423

253.073

-

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

300.000

350.000

400.000

450.000

500.000

550.000

19

90

19

95

20

00

20

05

20

10

20

15

20

20

20

25

20

30

20

35

20

40

Po

pula

ção

(ha

b)

.

Sistema Guandu

Sistema Macacos

Total Bacia Guandu

Gráfico 28 – População nos sistemas Guandu e Macacos (STE, 1994)

14.36515.644

17.05118.599

20.30322.177

24.239

26.510

29.010

2.297 2.495 2.711 2.946 3.200 3.477 3.778 4.105

17.94119.547

21.31023.248

25.377

27.717

30.288

33.114

13.887

2.1142.045

16.47915.931

-

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

30.000

35.000

19

90

19

95

20

00

20

05

20

10

20

15

20

20

20

25

20

30

20

35

20

40

DB

O (k

g/d

ia)

Sistema Guandu

Sistema Macacos

Total Bacia Guandu

Gráfico 29 – Carga orgânica nos sistemas Guandu e Macacos (STE, 1994)

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115

1.0541.091

1.190

1.299

1.419

1.551

1.696

1.855

2.031

2.225

632689

752822

898982

1.074

1.176

1.288

168 183 198 216 234 255 277 301

1.2041.246

1.358

1.482

1.617

1.766

1.930

2.110

2.308

2.525

721786

857936

1.022

1.116

1.220

1.335

1.461

611

155150

173159146135124114105978986

696

-

500

1.000

1.500

2.000

2.500

1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040

Vazõ

es

(l/s)

Sistema Guandu (Qmáx)

Sistema Guandu (Qméd)

Sistema Macacos (Qmáx)

Sistema Macacos (Qméd)

Total Bacia Guandu (Qmáx)

Total Bacia Guandu (Qméd)

Gráfico 30 – Vazões de esgotamento nos sistemas Guandu e Macacos (STE, 1994)

Sistemas de esgotamento sanitário completosBacia do rio Guandu (PDES 1994)

Re

de

co

leto

ra =

2

9,9

17

Re

de

co

leto

ra =

4

7,5

48

Co

leto

r tr

on

co =

9

1,3

90

Co

leto

r tr

on

co =

9

1,3

90

Ele

vató

ria

=

5,6

52

Ele

vató

ria

=

5,6

52

Lin

ha

de

re

calq

ue

=

7,9

31

Lin

ha

de

re

calq

ue

=

7,9

31

ET

E =

1

9,4

08

ET

E =

4

2,4

83

Re

de

co

leto

ra =

3

,32

3

Re

de

co

leto

ra =

5

,03

1

Co

leto

r tr

on

co =

2

,17

4

Co

leto

r tr

on

co =

2

,17

4

Ele

vató

ria

=

-

Ele

vató

ria

=

-

Lin

ha

de

re

calq

ue

=

-

Lin

ha

de

re

calq

ue

=

-

ET

E =

2

,67

9

ET

E =

5

,88

3

Re

de

co

leto

ra =

3

3,2

40

Re

de

co

leto

ra =

5

2,5

79

Co

leto

r tr

on

co =

9

3,5

64

Co

leto

r tr

on

co =

9

3,5

64

Ele

vató

ria

=

5,6

52

Ele

vató

ria

=

5,6

52

Lin

ha

de

re

calq

ue

=

7,9

31

Lin

ha

de

re

calq

ue

=

7,9

31

E

TE

=

48

,36

6

GU

AN

DU

=

15

4,2

98

GU

AN

DU

=

19

5,0

04

MA

CA

CO

S =

1

3,0

88

MA

CA

CO

S =

8

,17

6

ET

E =

2

2,0

87

TO

TA

L =

2

08

,09

2

TO

TA

L =

1

62

,47

4

-10

2030

4050

6070

80

90100

110

120

130140150

160170

180190

200210

2010 2035

Cus

to a

cum

ula

do (m

ilhõ

es U

S$

) .

GUANDUMACACOSTOTAL

Gráfico 31 – Custos de implantação do esgotamento na bacia rio Guandu (PDES)

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116

Tubulações por gravidade e recalque

y = -0,00010x2 + 1,36554x + 263,69437

R2 = 0,99032

-

500

1.000

1.500

2.000

2.500

3.000

- 500 1.000 1.500 2.000

Diâmetro (mm)

Cus

to (U

S$

/m) .

Gráfico 32 – Curva de custo para implantação das tubulações do PDES 1994

Estações elevatórias de esgotos sanitários (EEE)

y = 18,657793x0,512170

R2 = 0,943910

-

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1.000

0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800

Qmáx (l/s)

Cus

to (m

ilha

res

US

$) .

Gráfico 33 – Curva de custo para implantação das EEE’s do PDES 1994

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117

Estações de tratamento de esgotos sanitários (ETE)

y = 19,398308x

R2 = 0,998779

-

5

10

15

20

25

30

35

40

0 500 1000 1500 2000Qmáx (l/s)

Cus

to (

milh

ões

US

$) .

Gráfico 34 – Curva de custo para implantação das ETE’s do PDES 1994

5.2) Esgotamento sanitário nos municípios da bacia

Na maioria das vezes financiados pelo PAC (vide detalhes sobre o PAC no item 7.5), os

sistemas de esgotos sanitários adotados pelos municípios são do tipo descentralizada

com ETE’s locais de pequeno porte (vide Tabela 2). Então, são várias ETE’s pequenas

para operar e profundidades mais rasas de coletores. Existe também a filosofia de

captações e tratamento em tempo seco, com grandes diâmetros de tubulações (vide os

tipos de porte na Tabela 2), principalmente nos locais aonde não há retorno financeiro –

favelas e comunidades de baixa renda. Então, seria um sistema unitário ou combinado

(esgotos domésticos mais águas pluviais), tal qual os antigos sistemas de esgotamento,

isto é, um retrocesso causado pela ineficiência dos órgãos competentes na regularização

do uso do solo urbano, que teve um crescimento desordenado. Esse sistema unitário

deve ser encarado como uma solução paliativa até a execução do sistema separador.

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118

5.3) Desvio dos rios dos Poços, Queimados e Ipiranga

A resolução SOSP n.44 de 1° de março de 1978 nomeou uma comissão entre os órgãos

estaduais responsáveis pelo saneamento e recursos hídricos na época, SERLA, FEEMA

e CEDAE, para solucionar os graves problemas de poluição das águas a montante da

captação da ETAG no rio Guandu (COPPE, 2000 e 2001). Os planos diretores de

abastecimento de água (ENGEVIX, 1985 e CNEC, 2004) e de esgotamento sanitário

(STE, 1994), os monitoramentos da bacia (vide item 3) e os programas de gestão do rio

Paraíba do Sul e do rio Guandu reafirmaram essa necessidade. Entretanto, mais de 30

anos se passaram e nenhuma intervenção ainda foi feita para mitigar os problemas.

Existem algumas propostas de solução, tais como: o desvio dos cursos de água afluentes

para jusante da captação; o desvio dos sedimentos do rio Guandu para a barragem

auxiliar (item 5.4); a implantação de sistema completo de esgotamento sanitário com

tratamento secundário na bacia (item 5.1.8); e a implantação de sistema provisório com

unidades de tratamento de rio (item 5.6), entre outras propostas. A primeira refere-se ao

sistema de desvio dos rios dos Poços, Queimados e Ipiranga, com o projeto executivo

em fase de estudos e relatórios de impactos ambientais na CEDAE, atualmente.

Esse sistema de desvio invariavelmente encaminha as águas poluídas dos rios dos

Poços, Queimados e Ipiranga para jusante da captação da ETAG, tanto em suas

primeiras versões quanto no projeto executivo atual. O grau de poluição industrial e

doméstica e o risco de eutrofização pode ser atestado pela avaliação da qualidade das

águas nas estações: PO290; QM271; QM270; CU650; e IR251 da FEEMA, entre outras

(item 3), que serviram de base para os diversos cenários qualitativos e quantitativos

modelados pelo plano da bacia do rio Guandu, a fim de definir o enquadramento das

classes de uso atual e futura nos afluentes do rio Guandu (SONDOTÉCNICA, 2006).

Em relação ao transporte das águas poluídas para a captação, campanhas de traçadores

fluorescentes no final do ano de 1990 revelaram que as águas do rio Queimados se

misturavam de forma bem homogênea às do rio Guandu, com uma ligeira tendência de

escoamento pelas comportas 2, 3, 4 e 5 da barragem principal da captação, e que as

águas do rio Ipiranga escoavam principalmente para o túnel da tomada d’água da ETAG

(COPPE, 2000). As sete comportas da barragem principal foram numeradas da direita

para a esquerda, nas campanhas em questão.

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119

O primeiro projeto de desvio dos rios afluentes a lagoa Guandu adotou vazão nominal

de 360m³/s, correspondente a uma vazão de cheia com tempo de recorrência de 5.000

anos. Recentemente, as vazões nominais de projeto adotadas foram baseadas nas curvas

de permanência de vazões médias mensais na foz dos rios dos Poços, Queimados e

Ipiranga, durante o período entre 1931 e 1997, e nas vazões de cheia para diversos

tempos de recorrência, conforme projeto PROÁGUA – FASE III (COPPE, 2000).

A Tabela 34 mostra as vazões mínimas de estiagem (Q7,10) e as vazões médias (Qméd)

encontradas pelo PERH Guandu (SONDOTÉCNICA, 2006), além de apresentar as

vazões médias mensais com diferentes tempos de permanência (Q25% a Q95%) do projeto

PROÁGUA (COPPE, 2000) e a vazão nominal (QUTR) adotada para o tratamento das

águas na foz dos rios afluentes (vide as UTR’s no item 5.6). A Tabela 35, por sua vez,

apresenta as vazões de cheias utilizadas nos estudos do projeto PROÁGUA para o dique

da lagoa Guandu. Todas as vazões foram calculadas ou medidas na foz de cada rio.

Tabela 34 – Vazões encontradas na foz dos rios dos Poços, Queimados e Ipiranga

Vazões (m³/s) Afluentes da lagoa Guandu

(rio Guandu) Projeto ...-2006 1931-1997

Foz do rio QUTR Q7,10 Qméd Q25% Q50% Q75% Q95%

Poços / Queimados 2,00 - - 4,17 2,40 1,53 0,74

Ipiranga 0,50 - - 0,58 0,34 0,21 0,10

Poços, Queimados e Ipiranga 2,50 0,241 3,89 4,75 2,74 1,74 0,84

Tabela 35 – Vazões de cheia nos afluentes da lagoa Guandu (COPPE, 2000)

Afluentes do Guandu Área Cheias (m³/s) nos tempos de recorrência (anos)

Foz do rio (km²) 03 05 10 20 50 100 500 1000

Rio dos Poços 123,0 - 103 130 163 - - 411 -

Queimados + Ipiranga 95,0 - 103 129 159 - - 379 -

Poços / Queimados 171,4 128 153 191 237 311 378 578 687

Ipiranga 46,4 60 74 95 120 162 200 315 380

Lagoa Guandu 229,6 137 163 204 253 331 402 612 727

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A distribuição das vazões em tempo seco, no período chuvoso e de cheias foi

apresentada pelo projeto PROÁGUA (COPPE, 2000), no entanto, somente as vazões de

cheia foram utilizadas no dimensionamento das estruturas de cada alternativa proposta.

O custo adicional de produtos químicos (sulfato, cloro e cal) no tratamento da água

bruta da ETAG é de R$ 1,5~2,0 milhões por ano, devido ao alto grau de poluição

advinda dos afluentes da lagoa Guandu que escoa para a tomada d’água da estação

segundo a CEDAE (COPPE, 2001). Tal valor equivale a aproximadamente 5% dos

gastos totais com produtos químicos durante um ano na ETAG (vide item 2.2.4).

O projeto executivo do sistema de desvio dos rios dos Poços, Queimados e Ipiranga foi

elaborado pela TECNOSOLO (2004), conforme a Foto 7, sendo que as obras de desvio

foram orçadas em cerca de R$ 30.000.000,00 (SONDOTÉCNICA, 2007). A Foto 7

mostra também a locação das estruturas de desvio propostas por OTTONI (2002), a fim

de melhorar a qualidade da água captada pela ETA Guandu (item 5.4).

Foto 7 – Sistemas propostos de desvios para melhoria da água bruta da ETAG

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121

5.4) Desvio de pedras secas

As cargas de poluição afluentes à captação da ETAG também estão diretamente

relacionadas ao transporte de sedimentos na massa de água, isto é, à vazão sólida. Em

períodos chuvosos, a poluição se agrava com o aumento da turbidez e dos materiais

flutuantes carreados no curso de água. Além disso, a extração ilegal de areia, no leito do

rio Guandu a montante da captação, também aumenta a vazão sólida e a turbidez na

estação. Tais fatos foram confirmados no diagnóstico apresentado anteriormente.

O sistema de desvio de pedras secas teria como principal objetivo otimizar o controle

hidrossedimentológico da tomada de água da ETAG, destinado ao abastecimento de

água da RMRJ. Esse controle seria por intermédio de obras de desvio dos sedimentos e

de conformação da calha do rio Guandu, logo a montante da barragem auxiliar, na

bifurcação do braço esquerdo (sentido barragem principal) e do braço direito (sentido

barragem auxiliar) do rio, que formam uma ilha. Os resultados seriam a minimização

dos custos nos processos de tratamento da água (OTTONI, 2002). Esses mesmos fins

justificariam também o sistema de desvio dos rios dos Poços, Queimados e Ipiranga.

Após a realização de serviços de topografia, batimetria, sondagens, medições de vazão e

estudos em modelo reduzido, as três opções de desvio de sedimentos aventadas foram:

Opção 01 – Septo submerso da margem esquerda até o bico da ilha (Figura 15);

Opção 02 – Espigão na margem esquerda e soleira no braço esquerdo (Figura 16);

Opção 03 – Espigão na margem direita e soleira no braço esquerdo (Figura 17).

A opção 03 foi escolhida como a de melhor performance ao atender as seguintes

premissas: condições operativas do braço direito levando em conta o regime

hidrossedimentológico do curso de água e a conveniência em transferir para esse braço

a maior parte possível dos sedimentos e materiais flutuantes transportados pelos

escoamentos naturais do rio Guandu; forma geométrica adequada para a extremidade de

montante da ilha repartidora de vazões; ajuste na geometria da calha de escoamento do

rio Guandu na região de influência da repartição de vazões para os braços do curso de

água; e condições operativas do braço esquerdo, o da tomada, com o fim de passar a

funcionar como um decantador natural, com capacidade para atender às vazões de

engolimento das obras de captação com água de melhor qualidade do curso de água

(OTTONI, 2002). As características das estruturas projetadas estão na Tabela 37.

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Nas plantas das opções a seguir, a barragem auxiliar fica no canto inferior direito.

Figura 15 – Opção 01 para desvio de pedras secas (Fonte: OTTONI, 2002)

Figura 16 – Opção 02 para desvio de pedras secas (OTTONI, 2002)

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Figura 17 – Opção 03, a escolhida para desvio de pedras secas (OTTONI, 2002)

O estudo do projeto executivo de pedras secas concluiu que a opção 03 apresentaria as

vantagens a seguir:

Melhoria significativa no direcionamento do transporte sólido para a margem

direita, inclusive para a barragem auxiliar;

Formação de uma zona de retorno de correntes que propiciaria um aumento da

velocidade junto à ponta do espigão, carreando dessa forma o material de fundo

para a margem direita;

Zona de retorno que acarretaria repartição do material de fundo, parte retornando

ao espigão e outra escoando na direção da barragem auxiliar;

O posicionamento do espigão mais para jusante estrangularia o acesso ao braço direito,

o que seria inconveniente quando da ocorrência de enchentes no rio. Em contrapartida,

o posicionamento mais a montante criaria uma menor zona de retorno e,

conseqüentemente, uma chamada menos intensa do material para a margem direita.

Dessa forma, a posição do espigão a cerca de 120m a montante da barragem auxiliar

seria a mais adequada quanto aos aspectos hidrodinâmicos necessários ao atendimento

das premissas que consideram a maior carga de sedimentos para o braço direito

(OTTONI, 2002).

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O posicionamento da soleira submersa seria junto ao braço esquerdo, na extremidade a

montante da ilha. Quanto maior a altura da soleira, melhor seria o desempenho em reter

a entrada dos sedimentos de fundo e em suspensão pelo braço esquerdo. No entanto,

esta altura da estrutura da soleira não deverá promover o controle do escoamento na

entrada do braço esquerdo que deverá ser sempre em regime fluvial tranqüilo, isto é, a

velocidade do rio deverá ser menor do que a velocidade crítica (OTTONI, 2002).

Como pode ser observado, o sistema de desvio seria mais uma solução paliativa, pois o

problema da vazão sólida seria transferido para jusante da captação da ETAG. Além

disso, a retirada de sedimentos deveria ser mais freqüente tanto no braço direito, logo a

montante da barragem auxiliar (vide zona de sedimentação na Figura 17), quanto no

braço esquerdo que funcionaria como um bacia de decantação na própria calha do rio

Guandu (decantador natural), conforme premissa operativa do braço esquerdo.

O cronograma físico e os custos para as obras de implantação do sistema de desvio de

pedras secas (opção 03) estão no Gráfico 35 e na Tabela 36, respectivamente.

Gráfico 35 – Cronograma físico das obras de Pedras Secas (Fonte: OTTONI, 2002)

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Tabela 36 – Custos de implantação do Desvio de Pedras Secas (OTTONI, 2002)

Item Discriminação dos serviços Custo (R$)

01 Serviço de escritório, laboratório e campo. 30.001,00

02 Canteiro de obras 336.942,00

03 Transporte, carga e descarga. 109.382,00

04 Serviços complementares 93.205,00

05 Controle do rio (1ª e 2ª Fase) 2.033.851,00

06 Execução do espigão de pedra 377.824,00

07 Execução da soleira submersa em pedra 413.717,00

08 Desmobilização 108.524,00

Total DESVIO DE PEDRAS SECAS 3.503.446,00

Notas:

O controle do rio é feito por duas linhas de estacas-prancha em aço;

Estaqueamento etapa “R” = estaca cravada a ser retirada após a execução do

estaqueamento definitivo (estaca etapa “D”);

Os custos das obras são referentes ao mês de outubro de 2002.

Tabela 37 – Estruturas de Desvio de Pedras Secas projetadas (OTTONI, 2002)

Características Espigão Soleira submersa

Posicionamento da

estrutura de pedras

120m a montante de

barragem auxiliar

Bico de montante da ilha

existente entre os braços

Rio Guandu Na margem direita No braço esquerdo

Dimensões (C x L x H) (30~40)m x 3m x 5,5m 35m x (3~8)m x 1,55m

Talude da saia (V:H) 1:1,5 até o leito 1:1,5 nas laterais

Cota do coroamento +10,50m (=10,3+0,2 laje) + 6,55m

Diâmetro (D50) do

material da estrutura

40cm (núcleo), 50cm (saia

interna) e 70cm (saia circular). 30 ≤ D50 ≤ 50cm

Método construtivo Lançamento e arrumação Lançamento e arrumação

Nível operacional +10,80 a 11,50m (cheias) + 5,30m ± 0,20m (fundo)

Proteção Gabiões e enrocamento Enrocamento nas margens

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5.5) Barreiras flutuantes (Ecobarreiras)

A degradação dos corpos hídricos dificulta e encarece cada vez mais a operação dos

sistemas de abastecimento de água existentes nas regiões metropolitanas. Os resíduos

sólidos, os esgotos domésticos e os esgotos industriais lançados nos corpos de água

promovem a eutrofização e o surgimento mais freqüente de materiais flutuantes, tais

como o lixo doméstico e as macrófitas (gigogas), que atingem captações de água bruta.

A solução definitiva certamente recai na coleta e tratamento dos resíduos sólidos e dos

esgotos domésticos e industriais a montante das captações de água bruta, além de um

amplo programa de educação ambiental definitivo nas comunidades locais. Enquanto

tais objetivos não são alcançados, as soluções paliativas quase sempre são as estruturas

de retenção flutuantes ou, simplesmente, barreiras flutuantes.

As barreiras flutuantes podem ser de diversos tipos e materiais. Um exemplo é o dique

flutuante proposto pela CEDAE para a captação da ETAG, composto de uma estrutura

mista de: dois flutuadores longitudinais (bóias) fabricados com tubos em polietileno de

alta densidade (PEAD com diâmetro externo igual a 800mm) tamponados em módulos

(soldados com ar no interior); estrutura de perfis e chapas de aço; e plataforma superior

com guarda-corpo em poliéster reforçado com fibra de vidro, tal qual um píer flutuante.

De acordo com a CEDAE (2004), esse dique substituirá o existente na captação, tendo

as ancoragens no dique de concreto da barragem principal e no continente, totalizando

assim 128m de extensão de estruturas flutuantes (vide Foto 1). Além da necessidade de

manutenção, o motivo mais marcante é o risco iminente de floração de macrófitas na

lagoa Guandu, originárias da poluição doméstica nos seus afluentes.

Outro exemplo de barreira flutuante é a Ecobarreira criada há poucos anos atrás pela

SERLA, que é feita com materiais reciclados, tais como: garrafas plásticas PET; tonéis;

tambores; e madeiras, todos unidos por corda ou cabo de aço ancorado em cada margem

do corpo de água. A ecobarreira pode ser também em caixões flutuantes de aço com

plataformas de madeira ou aço, quando a carga do volume retido for muito superior à

carga projetada para a ecobarreira feita somente de materiais recicláveis, sendo assim

mais caras e sofisticadas, a exemplo da ecobarreira da Lagoa da Tijuca para contenção

de gigogas (vide Foto 9). A Foto 8 mostra os tipos mais usuais de ecobarreiras.

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Foto 8 – Tipos de Ecobarreiras da SERLA (as setas indicam o fluxo hídrico)

Foto 9 – Ecobarreira da Lagoa da Tijuca no Rio de Janeiro (Fonte: SERLA)

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Conforme a SERLA (2007a), ecobarreira é também um projeto de pesquisa na área do

desenvolvimento sustentável que envolve a análise socioeconômica e ambiental de

técnicas de redução do aporte e de reciclagem dos resíduos sólidos flutuantes em bacias

hidrográficas. Portanto, também inclui a educação ambiental das comunidades locais e a

participação popular através de cooperativas, que reciclam ou reutilizam o material

coletado pelas ecobarreiras instaladas em seções transversais dos corpos de água. Após

a triagem ou separação, cerca de 50% dos resíduos sólidos possuem materiais que

podem ser reutilizados ou reciclados (SERLA, 2007a).

As pesquisas e os trabalhos de campo contam com a seguinte infra-estrutura:

Ecobarreiras – barreiras flutuantes para contenção de materiais flutuantes

construídas em madeira, material reciclado e aço (vide Foto 8);

Ecopontos – áreas de separação, pesagem e estocagem do lixo reciclável,

instaladas provisoriamente junto às ecobarreiras na faixa marginal de proteção

do corpo de água, autorizada pela SERLA (vide Núcleo operacional na Foto 9);

Ecogaris – responsáveis pela operação dos ecopontos, ou seja, pela remoção e

triagem do lixo a ser reciclado, sendo uma equipe de 05 ecogaris para cada

ecoponto (valor médio a ser ajustado em função do volume esperado),

selecionados e treinados pela equipe do projeto ecobarreira;

Cooperativa de reciclagem – responsável por contratar e coordenar as equipes de

ecogaris e por comercializar o material a ser reciclado;

Ecobarco – embarcação apropriada, como catamarã ou traineira, para coleta de

material flutuante e apoio às atividades de educação ambiental;

Equipamentos de remoção – escavadeiras flutuantes (retroescavadeira) ou não

(Clam-Shell; hidráulica) que auxiliam na remoção de materiais flutuantes em

grandes quantidades, durante a floração de gigogas, por exemplo (Foto 9);

Equipamentos de transporte – esteiras transportadoras e caminhões basculantes

responsáveis pelo transporte do material removido em grandes e pequenas

quantidades do ecoponto (vide Transporte do material na Foto 9).

O projeto piloto da ecobarreira começou no rio Irajá, onde foi instalado um ecoponto no

estacionamento do Hipermercado Makro da Penha, no município do Rio de Janeiro. A

Tabela 38 apresenta a relação das ecobarreiras instaladas no estado.

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Tabela 38 – Ecobarreiras no estado do Rio de Janeiro (Fonte: SERLA)

Ecobarreira (corpo hídrico) Município Extensão * Início

Rio Irajá ¹ Rio de Janeiro 75 2004

Canal do Cunha ¹ Rio de Janeiro 110 2005

Rio Meriti ¹ Duque de Caxias 100 2005

Canal do Arroio Fundo Rio de Janeiro 40 2006

Lagoa da Tijuca Rio de Janeiro 180 2006

Canal de Marapendi (número 1300) Rio de Janeiro 55 2007

Canal de Marapendi (posto Mega) Rio de Janeiro 25 2007

Canal das Tachas Rio de Janeiro 10 2007

Canal do Mangue Rio de Janeiro 25 2007

Rio Ramos - - 2007

Rio Suruí Magé 50 2007

Rio Brandão - - 2007

Rio São Francisco - - 2007

Rio das Pedras (lagoa de Camorim) ² Rio de Janeiro 300 2008

Rio Sarapuí ² Mesquita 15 2008

Notas:

¹ = Em reforma e com barreira provisória de garrafas PET em cabo de aço, em 2008;

² = Ainda em fase de projeto, em 2008;

* = Valores aproximados em metros extraídos de fotos de satélite.

Em relação à operação do sistema, a SERLA recolheu das ecobarreiras uma carga de

material flutuante com cerca de 56.600kg, entre os dias 20 e 26 de julho de 2007 (uma

semana) nos Jogos Pan-Americanos no Rio de Janeiro – PAN 2007, com a ajuda

também de 06 ecobarcos. Já no primeiro semestre de 2008 foram retidos 1.448.968kg

(SERLA, 2007b e 2008a). Então, a remoção de material flutuante em todas ecobarreiras

esteve na faixa de 8t/dia (= 56.600kg / 1.000kg/t / 7dias = 8,09t/dia ~ 1.448.968kg /

1.000kg/t / 180dias = 8,05t/dia). Desprezando os hábitos diferenciados por comunidade

e considerando as 13 Ecobarreiras já existentes nesse dois períodos, a produção de

material flutuante foi de aproximadamente 620kg/dia/ecobarreira.

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130

As três situações propostas de barreiras flutuantes para mitigar os impactos de materiais

(lixo e gigogas) advindos do rio Guandu e da lagoa Guandu na captação da ETAG são:

Opção 01 – substituir a estrutura flutuante existente pelo dique proposto pela

CEDAE, já com financiamento do PAC, pois faz parte das obras do sistema de

desvio dos rios dos Poços, Queimados e Ipiranga;

Opção 02 – instalar ecobarreiras nos afluentes da lagoa Guandu e no rio Guandu

logo antes da barragem auxiliar, com os respectivos ecopontos no continente;

Opção 03 – instalar uma ecobarreira de aço no lugar do dique flutuante existente

da CEDAE, com o respectivo ecoponto no continente.

A primeira solução proposta poderia ter também o ecoponto, porém sem abrir mão dos

mesmos princípios de educação ambiental e gestão participativa da comunidade local,

tanto na operação quanto no aproveitamento do material recolhido. Nos outros dois

casos, que existem somente nesta dissertação, a gestão do ecoponto seria compartilhada

entre a CEDAE, a SERLA e a comunidade local.

A composição dos custos para uma ecobarreira de materiais reciclados e seu ecoponto

foi baseada em processos licitados pela SERLA (2004, 2005a, 2006a e 2007c). Para as

ecobarreiras metálicas em aço, o custo adotado foi o mesmo orçado pela CEDAE para o

dique flutuante (CEDAE, 2004), acrescido com o respectivo ecoponto. As ecobarreiras

da Lagoa de Tijuca (com materiais reciclados também) e do canal do Arroio Fundo

(Foto 10) possuem essa conformação. A Tabela 39 apresenta os custos encontrados ou

estimados para as opções de barreiras flutuantes propostas.

Tabela 39 – Custos para as barreiras flutuantes existentes e propostas

Implantação Operação (R$ / mês) Barreira

flutuante

Tipo de

Material m Total (R$) R$ / m UN Total / UN

PILOTO Reciclado 75 166.466,06 2.220 01 7.483,23 7.483

SERLA Reciclado 565 1.012.810,88 1.793 06 167.332,89 27.889

Opção 01 Aço e PEAD 128 1.546.240,00 12.080 01 20.000,00 20.000

Opção 02 Reciclado 100 200.000,00 2.000 03 30.000,00 10.000

Opção 03 Aço 128 1.280.000,00 10.000 01 20.000,00 20.000

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131

Notas da Tabela 39:

PILOTO – rio Irajá, com os custos de junho e novembro de 2004 (SERLA);

SERLA – fonte SERLA, com custos de implantação (novembro de 2004) e de

operação (outubro de 2005) para as ecobarreiras dos rios Meriti, Sarapuí, Arroio

Fundo, Rio das Pedras e Canal do Cunha, e de operação (outubro de 2005) para

a Ecobarreira do rio Irajá;

Opção 01 – fonte CEDAE com custos de abril de 2004 para instalação e custos

unitários estimados com base nas ecobarreiras SERLA para a operação;

Opção 02 – custos unitários estimados com base na ecobarreira PILOTO, sendo

uma ecobarreira com 50m no rio Guandu, uma com 25m no rio Ipiranga e outra

com 25m no rio Queimados;

Opção 03 – custos unitários estimados com base nas ecobarreiras SERLA.

Dependendo da velocidade do curso de água, as ecobarreiras de materiais reciclados não

resistem e se rompem, sendo geralmente substituídas por estruturas metálicas flutuantes.

Tal fato poderia ocorrer na ecobarreira do rio Guandu na opção 02. Caso se comprove a

necessidade, o valor de implantação da opção 02 passaria, então, de R$ 200.000,00 para

R$ 600.000,00 [=50m x R$ 10.000,00/m + (25+25)m x R$ 2.000,00/m].

Foto 10 – Ecobarreira do Arroio Fundo (e a UTR Arroio Fundo em construção)

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5.6) Unidade de Tratamento de Rio (flotação por ar dissolvido)

Nos últimos dez anos, as unidades de tratamento de rio (UTR) ganharam destaque no

cenário do saneamento, como uma solução para a despoluição ou melhoria dos corpos

de água do Brasil, contaminados pela poluição difusa contendo principalmente esgotos

domésticos não tratados lançados em rede pluvial e fluvial. Nesse âmbito, a principal

tecnologia empregada foi a flotação por ar dissolvido no próprio ambiente lótico – a

Flotflux® patenteada no INPI pela empresa brasileira DT Engenharia S/C Ltda, tendo

número PI 9702430-9 de 11/07/1997 válida de 06/11/2002 até 11/07/2017. Em 03 de

dezembro de 2002, a patente foi transferida para o novo nome DT Engenharia de

Empreendimentos Ltda, com o certificado de averbação Nº 021229/01 (INPI, 2002a).

A patente de invenção (PI) com o título “Processo de remoção de materiais e / ou

substâncias poluentes contidas em cursos d’água” compreende as seguintes etapas,

conforme Carta Patente Nº PI 9702430-9 de 05/02/2002 (INPI, 2002b):

• Aplicar, através de mistura rápida ou não, material floculante ou coagulante em

um trecho do curso de água a ser tratado;

• Permitir que a partir desse trecho surja, ao longo do curso de água, uma bacia de

floculação, de modo que a jusante ocorra uma agregação de partículas em

suspensão, definindo flocos de maiores dimensões;

• Submeter essas partículas agregadas e de maiores dimensões à jusante do curso

de água a, pelo menos, uma etapa de dissolução e injeção de ar, ocasionando

uma flotação de ditas partículas agregadas;

• Permitir que, a partir desse trecho, surja, ao longo do curso de água, uma bacia

de flotação, de modo que a jusante ocorra uma aglomeração do material flotado,

na superfície e junto às margens do curso de água, definindo concentração e

densificação de material flotado em uma área restrita da superfície do curso de

água;

• Remover do curso de água o material flotado e concentrado nesta área de

superfície restrita do curso d’água.

A reivindicação (1) da PI especifica as fases acima descritas:

• A aplicação de material floculante deve permitir que, após um certo tempo,

ocorra uma agregação das partículas em suspensão, formando flocos de maior

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dimensão e densidade, que, a jusante do curso de água, definem uma bacia de

floculação;

• A estação para dissolução e injeção de ar deve possibilitar a ocorrência do

processo de flotação das partículas agregadas, sendo dita estação de diluição e

injeção de ar composta basicamente por unidades de bombeamento de água,

unidades de compressores de ar, misturadores e / ou clarificadores;

• O volume ideal de ar dissolvido necessário a ser injetado é de cerca de 10% da

vazão existente no curso de água, sendo que para o fornecimento da água

necessário ao sistema são empregados equipamentos dotados de bombas de

sucção e recalque com vazão de água já tratada suficiente para permitir a

dosagem ideal da mistura;

• A tubulação de recalque das bombas é acoplada a estação que mistura e dissolve

o ar na água pressurizada;

• Após a fase de dissolução, deve ocorrer a retenção do material flotado no canal,

que é feita através de uma cerca flutuante instalada a uma distância pré-

determinada do local de início do processo, permitindo que o lodo orgânico

esteja na superfície, quando dita cerca for atingida, possibilitando

conseqüentemente a captação da totalidade do material flotado;

• Para a remoção do material flotado do canal, podem ser empregados quaisquer

equipamentos com capacidade de recolher o material concentrado;

• Empregar os diversos tipos de coagulante, a saber: cal, cloreto férrico, sulfato de

alumínio, polímeros, lodo da ETA, lodo da ETA acidificado com HCl e solução

de HCl e amido de batata polimerizado com HCl, entre outros.

O fluxograma do processo pode ser observado na Figura 19. O esquema inclui o

tratamento preliminar, com gradeamento para retenção do lixo flutuante e bacia de

desarenação em fluxo (caixa de areia) para contenção da areia, e a desinfecção com

cloro. O tratamento preliminar foi incluso porque os resíduos sólidos (lixo) e a areia

prejudicam fisicamente o processo, tal qual uma estação de tratamento convencional de

esgotos e até mesmo de água para abastecimento. Já a cloração depende da classe de uso

para o corpo de água, pois o processo quase sempre não atende aos critérios de

classificação CONAMA 357 (2005), apesar da remoção chegar a 99% (cf. Tabela 42).

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A Figura 18 apresenta o desenho esquemático de UTR com flotação a ar dissolvido em

fluxo no curso de água. Já a Foto 11 e a Foto 12 mostram UTR’s instaladas do tipo.

Figura 18 – Sistema de flotação em fluxo (Fonte: CARON, 2006)

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Foto 11 – UTR do rio Carioca na praia do Flamengo no Rio de Janeiro / RJ

Foto 12 – UTR do córrego da Rocinha em São Conrado no Rio de Janeiro / RJ

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Figura 19 – Esquema flotação em fluxo (Fonte: adaptado de ANGELIS et al., 2001)

A caixa de areia na UTR em fluxo nada mais é do que um rebaixo na calha do curso de

água, semelhante ao utilizado em algumas lagoas de estabilização, porém não

recomendável nestas, devido à dificuldade de remoção. Em geral, a areia deve ser

periodicamente dragada nos rios de médio e grande porte, e retirada nos cursos de água

de pequeno porte. A caixa de areia pode ser dispensada quando o curso de água não

apresenta problemas de assoreamento, porém quase sempre ocorrem assoreamentos em

cursos de água poluídos, objeto das UTR’s.

A importância da remoção da areia é percebida nos pareceres técnicos para justificar as

propostas de implantação de UTR em fluxo nos cursos de água, caso da confluência dos

córregos Ressaca e Sarandi, afluentes da lagoa da Pampulha em Belo Horizonte – MG.

Conforme esse parecer (SUDECAP, 2001), as garantias do processo de tratamento estão

condicionadas às características do afluente às unidades de tratamento, ou seja, para a

sua eficiência são necessários mecanismos de controle e retirada dos sedimentos

oriundos dos córregos a montante das estações, que ficariam a cargo da Prefeitura de

Belo Horizonte, neste caso.

Como a deposição da vazão sólida em cursos de água poluídos geralmente ocorre, caso

não sejam retidos, os sedimentos (areia) poderão entupir os mecanismos de difusão

(membrana) localizados sobre o leito do curso de água, interrompendo o processo de

micro-aeração da massa líquida (flotação) e, conseqüentemente, o tratamento.

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A utilização da própria água a jusante da UTR para a solução micropulverizada de água

e ar no processo de flotação constitui-se também num possível problema de manutenção

constante, pois a água ainda pode conter elementos passíveis de incrustações e

entupimentos que impossibilitem a oxigenação, ou seja, a formação das micro-bolhas

necessárias ao sistema de flotação. Então, se não oxigenar, não funciona o tratamento.

Isto pode ocorrer principalmente em rios muito poluídos e / ou com elementos químicos

(metais pesados ou não) oriundos de efluentes industriais, a exemplo dos afluentes do

rio Guandu a montante da captação da ETAG (Poços, Queimados e Ipiranga) e também

do rio Cachoeira em Joinville, receptor dos efluentes industriais sem tratamento do

maior parque fabril de Santa Catarina, onde o módulo experimental instalado no córrego

do Mathias (5l/s, Joinville) não conseguia despoluir a água contaminada com produtos

químicos, conforme veiculado na mídia de Joinville (SAAVEDRA J., 2001). Já a UTR

do rio Cachoeira instalada em 2004 encontra-se atualmente desativada.

Invariavelmente, o sistema completo é dimensionado somente para vazões de estiagem,

ou seja, as unidades de tratamento de corpos de água são estações de tempo seco.

Contudo, as estações de tempo seco tradicionais operam paralelamente ao curso de

água, desviando o fluxo nas estiagens e fechando as entradas quando as vazões fluviais

ultrapassam o limite projetado, evitando maiores impactos nas estruturas do sistema de

tratamento. Já as UTR’s em fluxo estão sujeitas a toda sorte de abalos decorrentes das

enxurradas, principalmente dos materiais flutuantes de grandes dimensões. Além disso,

são pontos para o acúmulo do lixo carreado, que podem represar o curso de água se não

houver uma manutenção rápida e constante durante os períodos chuvosos.

A diferença entre a vazão de estiagem (ou vazão de projeto) e as vazões com tempo de

recorrência (TR) 10, 20 e 50 anos pode ser elevadíssima, a exemplo do curso da bacia

do Arroio Fundo e Rio Grande, em Jacarepaguá no município do Rio de Janeiro – RJ.

No trecho a jusante da Banca da Velha, foi instalada uma UTR de tempo seco com

vazão de projeto 1,8m³/s, hoje desativada. As vazões em tempo seco e com TR 10, TR

20 e TR 50 anos, são respectivamente: 1,78m³/s; 117,3m³/s; 153,2m³/s; e 189,7m³/s.

Portanto, as vazões podem ser de 66 a 106 vezes maiores do que a vazão de estiagem,

conforme o estudo da PCRJ (STAEL, 1996) para a bacia de Jacarepaguá. Com isso, a

vida útil das instalações da UTR em fluxo seria fatalmente abreviada, caso não estejam

preparadas para tal.

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O processo da DT Engenharia era geralmente contratado no Brasil por inexigibilidade,

isto é, sem licitação, ao partir do pressuposto da inviabilidade da competição por ser

produtor, empresa ou representante comercial exclusivo, vedada a preferência de marca,

sendo ainda seu trabalho essencial e indiscutivelmente o mais adequado para o objeto

do contrato, de acordo com o artigo 25 da lei federal n° 8.666 (LEI 8666, 1993). Um

exemplo é a UTR do Arroio Fundo, que foi contratada por inexigibilidade (RIO-

ÁGUAS, 2004).

Em julho de 2002, a PCA AMBIENTAL (2002) realizou um relatório técnico

comparativo das tecnologias disponíveis para tratamento de águas contaminadas do

Ribeirão Ibirité, no município de Ibirité – MG. As tecnologias constam na Tabela 40.

Tabela 40 – Tecnologias de tratamento primário (PCA AMBIENTAL, 2002)

Tecnologia Empresa detentora Aplicações semelhantes Usuário

ACTIFLO® OTV / Vivendi Water

Systems Brasil Ltda. ETA Vargem das Flores

COPASA – MG

(Betim)

DENSADEG® Ondeo / Degrémont

Ltda.

ETE Córrego Itupu

Guarapiranga

SABESP – SP

(São Paulo)

FLOTFLUX® DT Engenharia Ltda. ETE Córrego Sapateiro

ETE Parque Aclimação

SABESP – SP

(São Paulo)

Todos os processos tecnológicos estudados são para tratamento primário de águas

servidas, inclusive o Flotflux®. Então, os processos raramente removem 75% de DBO.

A tecnologia Actiflo® é a mesma proposta para a ETA Guandu II (vide item 7.4), ou

seja, floculação com sedimentação lamelar lastreada com micro-areia, onde os flocos

formados pela combinação sólido, coagulante (cloreto férrico) e polímero são aderidos

aos grãos de micro-areia que confere a estes o peso extra, aumentando a velocidade de

sedimentação. Na ETA Guandu II, o tratamento seria da água bruta do rio Guandu. A

Figura 26 mostra o esquema do tratamento primário (decantação) Actiflo® para águas

servidas ou água bruta de rio (ETA Guandu II).

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O processamento do sistema Densadeg® ocorre em três etapas, sendo: uma zona de

floculação com floculador mecânico vertical, uma zona de clarificação e uma zona de

espessamento de lodo. A câmara de reação recebe a água bruta dos tanques de

homogeneização, onde será dosado o polieletrólito, ocorrendo então a floculação. Na

saída da câmara de floculação parte da mistura floculada recircula para o início dessa

mesma câmara, sendo novamente misturada com a água bruta que chega e o

polieletrólito dosado, de tal forma que quando a mistura passa para a câmara seguinte

ela esteja com uma densidade adequada a etapa de clarificação. Da câmara de

floculação essa mistura passa através de uma chicana para a câmara de clarificação.

Durante a passagem ocorre uma separação dinâmica dos sólidos e do sobrenadante. Os

sólidos em sua maior parte descerão para a zona de espessamento e o sobrenadante

seguirá para a zona de clarificação. A zona de espessamento é dotada de um

espessamento mecânico com objetivos de otimizar o processo de separação do lodo. O

lodo espessado é em parte recirculado para a câmara de floculação e parte recalcado

para desidratação. Na câmara de clarificação o sobrenadante passa através de diversos

tubos lamelares existentes para remoção dos sólidos remanescentes. A água clarificada

sai acima destes tubos lamelares e segue para a neutralização (PCA AMBIENTAL,

2002). A Figura 20 mostra todo o processo em questão, acrescido da coagulação prévia

da água bruta, presente em outra versão do sistema (Densadeg® 2D TGV).

Figura 20 – Clarificação acelerada (Fonte: HILSDORF, 2002)

A Tabela 41 mostra as médias dos sistemas e a Tabela 42, somente as da Flotflux®.

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Tabela 41 – Sistemas primários (PCA AMBIENTAL, 2002, COUTINHO, 2007)

TAS (m³/m²/h) Eficiência média de remoção (%) Tecnologia

empregada Esgoto Rio SST DBO DQO P Total

Lodo

(Seco)

Convencional 1,0 - 50 30 30 25 -

CEPT 2,0 1,0 80 50 50 75 -

ACTIFLO® 120,0 60,0 80 50 50 75 -

DENSADEG® - - - - - - 4%

FLOTFLUX® ¹ 10,0 3,0 70 71 65 74 3,6%

Tabela 42 – Eficiência de UTR’s flotação em fluxo (Fonte: COUTINHO, 2007)

Qualidade da água UTR Pampulha (MG)¹ UTR Ibirapuera (SP)² ³

(Classe 2 = CONAMA 357) Valor (mg/l)* Eficiência Valor (mg/l)* Eficiência

Parâmetro Classe 2 Afluente Efluente % meta Afluente Efluente % %

Turbidez 100 36,2 8,4 71 92 8,28 0,65 92,11 93

Cor 75 - - - - 11,3 5,0 55,56 -

SST - 76,1 13,8 70 92 24,25 2,00 91,75 93

Ssed 500 1,4 0,1 68 - - - - 99

DBO 5,0 29,5 7,6 71 70 38,00 15,00 61,33 80

DQO - 66,9 24,5 65 65 89,00 32,00 63,66 79

OD 5,0 4,8 5,2 2,9 - 1,9 5,8 - -

N Amoniacal 3,7 13,5 11,1 8 20 - - - 32

N Orgânico - 3,0 2,5 -4 50 - - - 65

P Solúvel - 0,91 0,22 66 97 - - - -

P Total 0,05 1,34 0,31 74 95 1,113 0,033 97,08 97

Sulfato 250 12 13 -7 - - - - -

Sulfeto 0,002 0,1 0,09 1,4 95 - - - -

Óleos e graxas Ausente 7,8 4,4 27 80 8,7 1,6 81,7 86

Alumínio 0,10 0,51 0,24 39 - - - - -

Ferro sol. 0,30 0,43 0,49 -195 - - - - -

Coliformes

termotolerantes 1000 7,2.106 57700 93,9 99,0 1,0.107 62000 99,39 99

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Notas da Tabela 41 e da Tabela 42:

CEPT – chemically enhanced primary treatment ou tratamento primário

quimicamente assistido;

TAS – taxa de aplicação superficial;

Afluente – água bruta logo a montante da UTR;

Efluente – água tratada logo a jusante da UTR;

Eficiência – valor médio estatístico das eficiências que pode ser igual (²) ou não

(¹) a eficiência dos valores médios;

Meta – eficiência prevista pelo projeto da UTR (750l/s) dos córregos Ressaca e

Sarandi, afluentes da represa da Pampulha, em Belo Horizonte – MG;

0,43 – valor médio do parâmetro amostrado não atende aos critérios classe 02

para águas doces da resolução CONAMA 357 (2005);

93,9 – valor médio das eficiências do parâmetro não atingiu a meta prevista;

* – todas as unidades dos parâmetros de qualidade são em (mg/l), exceto

turbidez (UNT), cor (mg Pt/l) e coliformes termotolerantes (NMP/100ml);

¹ – valores médios de amostragem no período de julho de 2003 a fevereiro de

2006 pela COPASA – MG;

² – valores médios amostrados em janeiro de 2001 pela CETESB – SP e entre

setembro de 2000 e março de 2001 pela SABESP – SP, na UTR (150l/s) do

córrego do Sapateiro, no parque do Ibirapuera , em São Paulo – SP;

³ – eficiências médias de janeiro a junho de 2001 em amostras realizadas pela

SABESP – SP, na UTR (50l/s) do Parque da Aclimação, em São Paulo – SP.

Ao comparar os sistemas de tratamento primário (Tabela 41), nota-se que o processo

Flotflux® apresenta algumas vantagens como maior eficiência de remoção de DBO e

DQO, porém fica atrás nos parâmetros sólidos em suspensão totais (SST) e fósforo total

(P Total). Já o processo Actiflo® necessita de menor área de implantação, devido à

grande taxa de aplicação superficial (TAS), que é muito maior do que as demais. Então,

quanto maior a TAS maior a velocidade de sedimentação. Enquanto isso, o sistema

Densadeg® gera um lodo químico mais adensado, com uma maior quantidade de

sólidos secos. Aliás, à exceção do sistema convencional, todos os outros geram lodo

químico porque utilizam produtos químicos no processo.

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Em geral, o lodo gerado nas UTR’s Flotflux® existentes é recalcado para o sistema de

esgotamento sanitário local, a exemplo das UTR’s Arroio Fundo (RJ, desativada), São

Conrado (RJ), Carioca (RJ) e Pampulha (MG). Uma exceção é o lodo da UTR Pinheiros

(SP) que vai ser condicionado e transportado para um aterro específico.

A UTR do rio Pinheiros tem vazão de projeto de 10.000l/s, a maior em funcionamento

até então. O projeto já foi para 50.000l/s e não tinha destino adequado para o lodo. O

tratamento das águas das sub-bacias hidrográficas Billings e Guarapiranga, isto é, do rio

Pinheiros tinha dois objetivos principais: o de refrigerar o sistema da Usina Termelétrica

Piratininga a baixo custo e o de aumentar a produção de energia elétrica na Usina Henry

Borden, em média 59MW, para atender a Baixada Santista. O bombeamento para a

represa Billings das águas servidas do rio Pinheiros tinha sido proibido por decisão

judicial (GOVERNOSP, 1992), devido ao enorme contingente de poluentes presentes

no rio. Por isso, o tratamento antes de bombear, ou seja, o sistema Flotflux® implantado

sem licitação (NETO, 2003). Entretanto, o Tribunal de Justiça de São Paulo autorizou o

início do sistema de flotação em 2004, que não será feito em toda a extensão do rio

Pinheiros, mas apenas na parte final antes da represa, e que terá uma produção de lodo

químico de cerca de 540t/dia, destinados ao aterro (ISA, 2004).

As UTR’s de flotação em fluxo geralmente tratam foz de cursos d’água que deságuam

em baías, mares, lagos e lagoas, que são o objeto de preservação ou melhoria ambiental.

Portanto, as UTR’s tratam tributários diretos de ambientes lênticos, caso da UTR

Pampulha (Lagoa da Pampulha), ou do mar, a exemplo das UTR’s Guarujá (praia da

Enseada) e Carioca (praia do Flamengo).

As estações de tratamento de esgotos mistos existentes recebem os esgotos domésticos e

pluviais de sistemas únicos. Estas estações são também de tempo seco, porém como o

sistema de coleta e transporte é unificado, usualmente existem um ou poucos pontos a

serem tratados antes de chegar ao corpo receptor ou curso d’água. Enquanto isso, a

UTR é pontual e melhora somente as condições do curso d’água imediatamente a

jusante da estação, pois as condições de poluição a montante permanecem inalteradas.

Portanto, UTR’s deveriam ser construídas em todos os afluentes para parar de poluir um

determinado corpo d’água somente em tempo seco, encarecendo muito o sistema.

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A qualidade da água esperada para o corpo d’água depende do seu uso, conforme os

critérios das resoluções CONAMA. Normalmente, adotam-se os critérios e padrões para

águas doces classe 02 da resolução CONAMA 357 (2005) e balneabilidade conforme

resolução CONAMA 274 (2000).

Baseado principalmente nos dados estatísticos oriundos da campanha de maior

amostragem (32 meses), isto é, na qualidade das águas tratadas pela UTR a montante da

Pampulha (MG), verifica-se que apenas o parâmetro de DQO atendeu aos requisitos da

CONAMA 357 (2005) e à meta de projeto. Esta meta é entendida como a eficiência

média normalmente encontrada nas estações de flotação em fluxo de cursos d’água,

segundo a DT Engenharia (Tabela 42).

A eficiência média do parâmetro analisado tende a diminuir à medida que aumenta a

vazão projetada, após comparar as eficiências das três UTR em fluxo: Pampulha de

750l/s; Ibirapuera de 150l/s; e Aclimação de 50l/s. Isto só não ocorre nos parâmetros

orgânicos DBO e DQO. A diminuição não é devida somente as diferentes condições

operacionais, mas também a grande variação das vazões afluentes (COUTINHO, 2007).

De acordo com as amostras coletadas, a UTR com flotação a ar dissolvido em fluxo não

consegue remover elementos-traço (metais pesados) a contento, tais como: o alumínio

(39% de remoção) e o ferro solúvel, sendo ainda um grande contribuinte deste no

efluente (-195% = acréscimo de 195%), comprovando o fato citado anteriormente para

o rio Cachoeira em Joinville. O grande acréscimo de ferro solúvel no corpo d’água

deve-se ao uso do coagulante cloreto férrico no processo de tratamento que não

consegue removê-lo (COUTINHO, 2007).

Além do transtorno para o meio ambiente, o cloreto férrico pode ocasionar a corrosão

de tubulações metálicas do sistema de esgotamento sanitário local, se o lodo flotado for

transferido para este sistema. Tal corrosão ocorreu com o sistema de recalque do

esgotamento sanitário de São Conrado, pertencente à bacia de esgotamento do emissário

de Ipanema (Rio de Janeiro, RJ), que recebia o lodo químico flotado com cloreto férrico

da UTR São Conrado, antes da mudança para outro coagulante não reativo: o sulfato de

alumínio ou outro, segundo a CEDAE. Essa mudança aumentou o custo operacional da

UTR São Conrado (SURFRIDER, 2007).

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144

Cabe ressaltar que o lodo flotado tanto da UTR São Conrado quanto da UTR Carioca

são encaminhados para o interceptor oceânico e deste para o emissário de Ipanema no

Rio de Janeiro – RJ. Este interceptor possui diversas captações de tempo seco que

recebem as águas pluviais contaminadas com esgotos de comunidades mais carentes,

além de receber os esgotos sanitários do sistema separador absoluto, cf. CEDAE.

A balneabilidade das praias de São Conrado e Flamengo foi o principal motivo para a

implantação das UTR’s São Conrado e Carioca, respectivamente. O objetivo era

eliminar as “línguas negras” nas praias, de acordo com a SERLA.

Apesar da elevada eficiência na remoção de coliformes termotolerantes (Tabela 42), as

UTR’s pesquisadas não atenderam aos padrões e critérios deste parâmetro nas

resoluções CONAMA 274 (2000) e 357 (2005), tanto para uso classe 02 (águas doces)

quanto para balneabilidade (recreação de contato primário). Tal fato era de se esperar de

um tratamento primário, pois normalmente nem o secundário e somente com um

terciário atinge-se aos padrões estabelecidos. Com isso, o tratamento de cursos d’água

com flotação a ar dissolvido em fluxo parte para a última fase – desinfecção com cloro.

O problema da utilização de produtos químicos em estações de tratamento de águas

servidas (ETE ou UTR) incide nos possíveis impactos negativos causados por

subprodutos do processo que permanecem ou reagem com o efluente, caso do cloreto

férrico citado anteriormente e do cloro. A cloração pode formar os organoclorados que

afetam as comunidades aquáticas, pois ainda existe uma quantidade considerável de

matéria orgânica nas águas tratadas, isto é, um residual de 30% em média de DBO, cf.

Tabela 42. Por isso, a cloração não é recomendada, exceto em plantas instaladas

diretamente a montante do oceano ou mar aberto (COPPE, 2000).

Sem a desinfecção (cloração), dificilmente as UTR’s a montante de praias mantém um

efluente tratado com até 1.000 NMP/100ml, se os rios estiverem contaminados com

esgotos sanitários. Na UTR Carioca da praia do Flamengo, a quantidade de coliformes

chegou a um pico de 8.800 NMP/100ml durante seu funcionamento até 2007, alardeado

pela mídia (BRANDÃO, 2007).

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145

Para combater a eutrofização de corpos d’água, todos os processos químicos (CEPT,

Actiflo®, e Flotflux®) apresentaram uma boa eficiência média de remoção do nutriente

fósforo, na faixa de 75% (Tabela 41). Por outro lado, o processo Flotflux® não

alcançou as eficiências esperadas de remoção do outro nutriente limitante – nitrogênio,

ficando bem abaixo da meta estabelecida pelo projeto da UTR Pampulha. Ocorreu até

um acréscimo de em média 4% de nitrogênio orgânico (Tabela 42), a jusante da UTR.

Como um dos principais objetivos do tratamento em cursos d’água é a preservação dos

ambientes lênticos (lagoas, por exemplo), o processo Flotflux® pode ser ineficaz se o

fator limitante for o nitrogênio. Cita-se ainda que somente o tratamento terciário do

efluente garante a remoção dos nutrientes de acordo com as normas ambientais

vigentes, não sendo o caso dos sistemas primários quimicamente assistidos.

O aumento de oxigênio dissolvido (OD) no curso d’água imediatamente após a UTR em

fluxo chegou a 51%, na Pampulha (COUTINHO, 2007) ou mais, em Ibirapuera. Como

o processo consiste em flotação a ar dissolvido, obviamente logo a jusante da estação

haverá um aumento na concentração de oxigênio dissolvido na água. Ressalta-se que o

benefício do aumento de OD é muito importante para as comunidades aquáticas

presentes nos ambientes lênticos e, até mesmo, lóticos a jusante. Porém, como existe

matéria orgânica residual (20 a 40% de DBO), os valores de OD tendem a diminuir ao

longo do curso d’água e dentro do ambiente lêntico. Então, quanto maior a carga

orgânica, maior a quantidade de oxigênio consumido pelos microorganismos para a

depuração da mesma e, conseqüentemente, menor a concentração de OD na água.

A Tabela 43 apresenta as unidades de tratamento tipo flotação a ar dissolvido Flotflux®

implantadas ou em fase de planejamento no Brasil, com os seus locais de instalação, as

suas respectivas funções do tratamento e vazões de projeto (Q = capacidade).

Como o processo Flotflux® é o mais utilizado em melhoria de corpos d’água, os outros

tipos de UTR’s não foram avaliados economicamente. Porém, parafraseando um parecer

jurídico acerca da inexigibilidade de licitação do sistema em tela e baseado em laudo

técnico (PCA AMBIENTAL, 2002), os dados orçamentários preliminares evidenciaram

que o Flotflux® em Ribeirão Ibirité (MG) apresentou um custo preliminar menor, de

34% e 58% inferior ao Densadeg® e Actiflo®, respectivamente (MOTTA, 2002).

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146

Tabela 43 – Sistemas Flotflux® implantados no Brasil (Fonte: DT Engenharia)

LOCAL Município UF Tratamento Q (l/s)

Bairro Aclimação Uberlândia MG UASB 15

Ribeirão Imboassica (ZEN de Rio das Ostras) Macaé RJ UASB 25

Bairro Ipanema Uberlândia MG UASB 25

Setor Teixeirinha Betim MG UASB 30

Córrego Mathias ² Joinville SC Curso d’água 50

Parque da Aclimação São Paulo SP Curso d’água 50

Parque do Horto Florestal São Paulo SP Curso d’água 50

Parque do Jaraguá ¹ São Paulo SP Curso d’água 50

Praia da Enseada - canal da rua Acre Guarujá SP Curso d’água 50

Praia das Pedrinhas ² São Gonçalo RJ Água do Mar 50

Córrego Jaguarão ¹ Joinville SC Curso d’água 100

Córrego Morro Alto ¹ Joinville SC Curso d’água 100

Praia da Enseada - canal av.Guadalajara Guarujá SP Curso d’água 100

Praia de Ramos Rio de Janeiro RJ Água do Mar 100

Rio Cotia São Paulo SP UASB 120

Córrego Bucarein ¹ Joinville SC Curso d’água 150

Parque Ibirapuera (córrego Sapateiro) São Paulo SP Curso d’água 150

Ribeirão Guavirituba São Paulo SP Curso d’água 200

Rio Alto Cachoeira ² Joinville SC Curso d’água 200

Rio Pavuninha ¹ Rio de Janeiro RJ Curso d’água 270

Rio Carioca (Flamengo) ² Rio de Janeiro RJ Curso d’água 300

Córrego da Rocinha (São Conrado) ² Rio de Janeiro RJ Curso d’água 325

Ressaca / Sarandi / Lagoa da Pampulha Belo Horizonte MG Curso d’água 750

Rio Anil ¹ Rio de Janeiro RJ Curso d’água 830

Rio das Pedras ¹ Rio de Janeiro RJ Curso d’água 930

Ribeirão Ibirité / Lagoa Petrobrás Ibirité MG Curso d’água 1.000

Arroio Pavuna ¹ Rio de Janeiro RJ Curso d’água 1.000

Arroio Fundo ² Rio de Janeiro RJ Curso d’água 1.800

Rio Uberabinha Uberlândia MG UASB 4.000

Rio Pinheiros São Paulo SP Curso d’água 10.000

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147

Notas (Tabela 43):

¹ = Estação não implantada (em projeto);

² = Estação atualmente (2008) desativada;

UASB = Efluente de reator anaeróbio de fluxo ascendente (RAFA).

Diversas fontes de consulta embasaram a composição dos custos de implantação,

operação e manutenção do sistema Flotflux®, conforme Tabela 44. Os percentuais de

custos de operação e manutenção (O & M) da Estação de Tratamento da Águas Fluviais

(ETAF ou UTR) dos córregos Ressaca e Sarandi na Lagoa da Pampulha (vide Gráfico

37) complementaram os valores faltantes das outras fontes, principalmente do parecer

técnico da Fundação RIO-ÁGUAS (2004) sobre a Despoluição do sistema lagunar de

Jacarepaguá, no município do Rio de Janeiro (RJ).

Os custos operacionais da UTR Pampulha variaram com as vazões afluentes durante o

período considerado de 2004 a 2006, como pode ser observado no Gráfico 36, onde o

custo foi extrapolado para a capacidade máxima do sistema de 750l/s. Por outro lado, o

percentual de consumo de produtos químicos, energia elétrica e pessoal em relação ao

total gasto pouco variou, ficando respectivamente entre: 66 e 73%; 12 e 19%; 15 e 16%.

As médias do período aparecem no Gráfico 37.

Custo operacional ETAF Pampulha

Máx750l/s

R$3,12mi

2006634l/s

R$2,88mi

2005440l/s

R$2,20mi

2004410l/s

R$1,20mi

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

0 100 200 300 400 500 600 700 800

Milh

õe

s

Vazão média anual (l/s)

(R$)

Gráfico 36 – Custo O & M UTR Pampulha (Fonte: adaptado de COUTINHO, 2007)

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148

Gastos O&M na UTR Pampulha (MG)

Energia elétrica15,3%

Produtos químicos e material de consumo68,3%

Pessoal16,4%

Gráfico 37 – Tipos de gasto nas UTR’s Flotflux® (Fonte: COUTINHO, 2007)

Tabela 44 – Custos de UTR’s tipo Flotflux® em cursos d’água

Fonte Qmáx

(l/s)

Implantação

(R$) I

O & M

(R$/ano) O

O & M

(R$/ano) *** UTR (=ETAF)

I O

150 1.800.000,00 360.000,00 2.198.026,80 Parque Ibirapuera ¹ ¹

200 5.000.000,00 342.000,00 2.088.125,46 Rio Alto Cachoeira ** *

300 3.539.458,06 470.457,60 2.872.440,04 Rio Carioca ¹ ¹

750 7.305.000,00 3.123.046,87 3.123.046,87 Lagoa da Pampulha ² ²

1.000 11.678.258,12 715.257,50 4.367.097,65 Arroio Pavuna ¹ ¹

1.800 23.217.955,20 715.257,50 4.367.097,65 Arroio Fundo ³ ¹

10.000 54.000.000,00 12.000.000,00 73.267.560,01 Rio Pinheiros ¹ ¹

Notas:

I = Exclusive centrifugação e inertização do lodo, exceto Arroio Pavuna;

O = Sem produtos químicos e sem energia elétrica, exceto Pampulha;

*** = Inclusive produtos químicos e energia elétrica, ao acrescentar 83,6%

(=68,3%+15,3%) no custo de pessoal, ou seja, ao dividir por 16,4% (Gráfico

37), exceto na Lagoa da Pampulha, que foi a referência;

¹ = RIO-ÁGUAS, 2004;

² = COUTINHO, 2007;

³ = CGU (2008), valor noticiado em dezembro de 2007;

* = Adaptado de CARON (2006), adotando o custo médio R$ 28.500/mês;

** = GAZETA (2007), valor noticiado em julho de 2007.

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149

As curvas de custos e os índices correspondentes a Tabela 44 estão no Gráfico 38 e na

Tabela 45. As diferenças relativas às atualizações da moeda foram desprezadas.

Custos do sistema FLOTFLUX®

y = -0,8104x2 + 13506x

R2 = 0,9935

y = 0,4656x2 + 2666,5x

R2 = 0,9964

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 1.000 2.000 3.000 4.000 5.000 6.000 7.000 8.000 9.000 10.000

Milh

ões

Vazão máxima (l/s)

(R$

)

Implantação (R$) O&M (R$/ano) Implantação O&M

Gráfico 38 – Curvas de custos para UTR’s tipo Flotflux® em cursos d’água

Tabela 45 – Índices médios dos custos nas UTR’s em fluxo de cursos d’água

Qmáx Implantação Operação e Manutenção

(l/s) R$/(l/s) R$/ano/(l/s) R$/ano/m³ R$/mês R$/mês/(m³/s)

150 12.000,00 14.653,51 0,465 183.168,90 1.221.126,00

200 25.000,00 10.440,63 0,331 174.010,46 870.052,28

300 11.798,19 9.574,80 0,304 239.370,00 797.900,01

750 9.740,00 4.164,06 0,132 260.253,91 347.005,21

1.000 11.678,26 4.367,10 0,138 363.924,80 363.924,80

1.800 12.898,86 2.426,17 0,077 363.924,80 202.180,45

10.000 5.400,00 7.326,76 0,232 6.105.630,00 610.563,00

Média 11.126,49 6.680,85 0,212 - 556.737,87

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150

Cabe citar que os custos relativos ao tratamento (desidratação e inertização) do lodo

flotado não estão inclusos nos gráficos e tabelas anteriores, pois geralmente o lodo é

encaminhado ao sistema coletor de esgotos sanitários local, a exceção da UTR

Pinheiros, conforme já comentado anteriormente. Entretanto, o custo do tratamento e

destino final do lodo desta UTR não está computado neste estudo. Enquanto isso,

somente o custo para a implantação da UTR Arroio Pavuna inclui o tratamento do lodo.

A média do custo de implantação das UTR’s em fluxo foi cerca de R$ 11.000,00/(l/s),

ou seja, R$ 1.100.000,00 por cada 100l/s ou R$ 11.000.000,00 por cada 1m³/s. Este

valor ficou muito próximo do R$ 1.000.000,00 por cada 100l/s tratado (COUTINHO,

2007) e onze vezes maior do que o R$ 1.000.000,00 por cada 1m³/s tratado (COPPE,

2000), estimados em outros estudos.

O custo operacional e de manutenção das UTR’s em fluxo apresentou também uma

discrepância de valores, com médias de R$ 0,21/ano/m³ e R$ 600.000/mês por cada

1m³/s, aproximadamente. O primeiro valor foi 60% superior ao R$ 0,13/ano/m³ tratado

da UTR Pampulha (COUTINHO, 2007) e dez vezes maior do que R$ 0,02/ano/m³

tratado (COPPE, 2000). Já o segundo indicador ficou dez vezes maior do que os R$

60.000,00/mês por cada 1m³/s tratado (COPPE, 2000).

O custo operacional da Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) tipo lodos ativados

convencional do Ribeirão Arrudas da COPASA-MG gira em torno de R$ 0,07/m³ de

esgotos tratados (ano base 2006), ou seja, aproximadamente metade dos gastos do

processo físico-químico da UTR Pampulha (COUTINHO, 2007). Contudo, ao comparar

com o valor médio agora encontrado, a operação de uma ETE secundária tipo lodos

ativados convencional com tratamento de lodo fica três vezes mais barata.

Os custos subestimados provavelmente não incluem os gastos com produtos químicos,

por isso a grande diferença nos índices encontrados.

É importante destacar que os custos foram avaliados para as vazões máximas de cada

UTR em fluxo, isto é, os custos podem variar de acordo com a vazão afluente, a

exemplo da UTR Pampulha (vide Gráfico 36).

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151

Para avaliar os possíveis custos dos sistemas Flotflux® na foz dos rios a montante da

lagoa Guandu, antes da captação da ETAG, serão utilizados os índices médios da

Tabela 45, juntamente com os dados de vazões dos rios Poços / Queimados e Ipiranga e

de produção de lodo flotado e beneficiado presentes no Projeto PROÁGUA – Fase III

(COPPE, 2000), que estudou alternativas para a melhoria da água a logo montante da

captação da ETAG. O resultado está na Tabela 46.

Tabela 46 – Características dos sistemas Flotflux® propostos na lagoa Guandu

Características do sistema Unidade Sistema Poços

e Queimados

Sistema

Ipiranga

Vazão (permanência 50%) l/s 2.000 500

Concentração de SST afluente mg/l 75 75

Lodo bruto flotado (3,5% sólidos) m³/dia 351,80 87,95

Lodo beneficiado (seco e inerte) m³/dia 39,6 9,9

Custo unitário de implantação R$/(l/s) 11.126,49 11.126,49

Custo de implantação R$ 22.252.980,00 5.563.245,00

Custo unitário anual de O & M R$/ano/(l/s) 6.680,85 6.680,85

Custo parcial anual de O & M R$/ano 13.361.700,00 3.340.425,00

Custo mensal de O & M R$/mês 1.113.475,00 278.368,75

Transporte do lodo beneficiado km 50 50

Custo estimado de transporte R$/mês 150.000 50.000

Custo total mensal de O & M R$/mês 1.263.475,00 328.368,75

O custo total para implantação dos sistemas logo a montante da lagoa Guandu seria de

R$ 27.816.225,00 e o de operação e manutenção ficariam em R$ 16.702.125,00/ano ou

R$ 1.391.843,75/mês, exclusive o tratamento e transporte do lodo beneficiado.

Se utilizassem os mesmos índices da UTR Pampulha, os valores dos custos operacionais

do sistema Poços / Queimados e do sistema Ipiranga cairiam para R$ 8.328.120,00/ano

e R$ 2.082.030,00/ano, respectivamente, totalizando R$ 10.410.150,00/ano, exclusive o

tratamento e transporte do lodo. Contudo, os valores continuariam elevados.

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152

5.7) Dragagem dos sedimentos da lagoa Guandu

A lagoa Guandu foi formada após a barragem do rio Guandu para a construção da

tomada d’água da ETAG, nos anos de 1950 e 1960. A vazão do rio estava ampliada com

as transposições do rio Paraíba do Sul, para gerar energia hidrelétrica.

A Foto 13 e a Foto 14 mostram a influência do represamento do rio Guandu nos seus

afluentes: rio Queimados, rio Ipiranga e rio dos Poços – afluente do rio Queimados.

Nota-se a formação do reservatório de regularização denominado lagoa Guandu na foto

mais atual, inexistente na imagem anterior. Além disso, as calhas dos afluentes foram

recuando para dar lugar ao lago do reservatório, ou seja, ocorreram remansos.

A poluição doméstica e industrial oriunda dos rios afluentes ao rio Guandu (Queimados

e Ipiranga) já preocupa há bastante tempo o abastecimento de água da RMRJ, conforme

o diagnóstico (item 4) e até o PDA (ENGEVIX, 1985). Para mitigar os efeitos, os

principais métodos foram discutidos em itens anteriores. Contudo, a dragagem da lagoa

Guandu seria ainda novidade como solução paliativa, porém necessária em qualquer

método para despoluir ou parar de poluir o rio Guandu logo a montante da captação.

Foto 13 – Captação da ETAG entre os anos de 1950 e 1960 (Fonte: CEDAE)

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153

Foto 14 – Captação da ETAG em 2005 (Fonte: CEDAE)

A lagoa Guandu pode ser dividida em: lagoa Queimados-Poços e lagoa Ipiranga,

referentes aos trechos formados na foz dos rios Queimados e Ipiranga, respectivamente.

As lagoas apresentaram elementos químicos em níveis elevados, tais como chumbo

disponível e ferro disponível, de acordo com as análises de qualidade dos sedimentos

(item 3). Entretanto, os maiores níveis foram encontrados nos rios afluentes da lagoa

Guandu, que funcionaria então como um amortecedor da poluição oriunda destes rios

antes da captação da ETAG.

Devido ao passivo ambiental da poluição industrial, a dragagem dos sedimentos (lodo)

da lagoa Guandu seria cuidadosa, para não revolver o fundo composto por metais

pesados ou não pesados que se acumulam biologicamente nos seres aquáticos. Com

isso, o material dragado não poderia ser lançado em qualquer corpo d’água, como

costuma acontecer em algumas situações. O destino deveria ser um aterro apropriado,

de lodo ou industrial, ou o reaproveitamento na indústria após estudos em escala piloto,

para fabricação de tijolos não estruturais a exemplo do projeto Rejeito Zero (item 7.7).

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154

Os custos estimados para dragagem e destinação do lodo em aterro estão no orçamento

da Tabela 47. A área dragada foi estimada pelos mapas da SONDOTÉCNICA (2006).

Tabela 47 – Orçamento para a dragagem e o aterro do lodo da lagoa Guandu

EMOP Descrição do serviço Quantidade Ud R$/Ud Total (R$) Fórmulas

03.037.300-0

Dragagem com draga flutuante de sucção

e recalque, utilizando tubulação de 12”,

extensão ate 1200 m, em produção de

80,00 m³/h

1.000.000,00 m³ 6,10 6.100.000,00 = A.H

04.005.121-0

Transporte de carga de qualquer

natureza,exclusive as despesas de carga e

descarga,tanto de espera do caminhão

como do servente ou equipamento

auxiliar, a velocidade media de 40 km/h,

em caminhão basculante a óleo diesel,

com capacidade útil de 8t

36.000.000,00 t.km 0,41 14.760.000,00 = A.H.D.P

04.011.052-1

Carga e descarga mecânica, com pá-

carregadeira,com 1,50m³ de capacidade,

utilizando caminhão basculante a óleo

diesel, com capacidade útil de 8t

considerados para caminhão os tempos de

espera ,manobra, carga e descarga e, para

a pá-carregadeira, os tempos de espera e

operação para cargas de 100 t por dia de

8h.

1.800.000,00 T 4,36 7.848.000,00 = A.H.P

04.018.010-0 Recebimento de carga de caminhão

basculante em serviços de carga mecânica 1.800.000,00 T 0,24 432.000,00 = A.H.P

03.046.001-0

Espalhamento de material de 1a

categoria,com trator com potencia em

torno de 140 cv, com lamina

1.000.000,00 m³ 1,85 1.850.000,00 = A.H

CANTEIRO

DE OBRAS

Implantação, administração e supervisão

do canteiro de obras, inclusive despesas

diretas e indiretas

5% Global 3,10E+07 1.549.500,00 = A.H

Dragagem dos sedimentos e aterro do lodo da lagoa Guandu TOTAL R$ 32.539.500,00

NOTAS:

O lodo (sedimento) retirado da Lagoa seria todo levado ao aterro apropriado;

EMOP = (EMOP, 1997) com custos sem BDI de janeiro de 2008;

CANTEIRO DE OBRAS = valor adotado sobre o subtotal = 5%;

A = Espelho d’água da lagoa Guandu (estimado) = 1.000.000,00m²;

H = Altura da camada de lodo = 1,00m;

D = Distância entre a lagoa Guandu e o aterro de lodo = 20,00km;

P = Peso específico do lodo do fundo da lagoa Guandu = 1,80t/m³.

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155

O Gráfico 39 e o Gráfico 40 indicam os prazos, os valores e as equações para qualquer

altura de lodo (sedimento) a ser dragado na lagoa Guandu.

Lodo da Lagoa Guandu - dragagem e aterro a 20km

16,27

32,54

48,81

65,08

81,35

97,62

113,89

130,16

146,43

162,70

y = 32.539.500,00x

R2 = 1,00

0

20

40

60

80

100

120

140

160

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0

Milh

ões

Altura da camada de lodo (m)

Cus

to to

tal (

R$

) EM

OP

Ja

n/2

00

8 .

Gráfico 39 – Custos de dragagem com outras alturas de lodo na lagoa Guandu

Lodo da Lagoa Guandu - dragagem e aterro a 20km(24h/dia com 1 draga flutuante, 12 pás-carregadeiras e 18 caminhões-basculantes)

0,71347

1,42694

2,14041

2,85388

3,56735

4,28082

4,99429

5,70776

6,42123

7,13470

y = 1,42694x

R2 = 1,00000

0

1

2

3

4

5

6

7

8

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0

Altura da camada de lodo (m)

Pra

zo d

e ex

ecu

ção

(ano

s) ,

Gráfico 40 – Prazo de execução para a dragagem do lodo da lagoa Guandu

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156

Para calcular os prazos de execução das obras de dragagem, considerou-se a operação

de uma draga flutuante, que percorreria toda a área da lagoa Guandu, além de 12

carregadeiras (11,52 aproximados) e 18 caminhões basculantes para carga e transporte

dos sedimentos (lodo), que possuiriam os mesmos tempos de produção da draga. O

canteiro de obras teria uma área aproximada de 20.000m² (=200m x 100m), para cada

metro de altura de lodo na lagoa Guandu.

Cabe ressaltar que os custos não incluíram a desidratação ou secagem do lodo retirado

da Lagoa, nem por métodos convencionais tampouco especiais. Entretanto, previu-se a

desidratação ao natural sem leitos de secagem, dentro do próprio canteiro de obras, a

ser implantado ao lado da lagoa Guandu, preferencialmente em um ponto a jusante da

captação da ETAG (vide Foto 14), ou seja, o percolado retornaria enfim ao canal de São

Francisco, causando maiores impactos na baía de Sepetiba.

Para evitar a transferência de poluição à jusante da captação da ETAG seria necessário o

pré-tratamento provisório do efluente, o percolado, durante a realização dos serviços.

Contudo, deveria ser uma estação de tratamento de efluentes industriais complexa e

ampla, que atendesse a todos os tipos de sedimentos compostos pela gama de diferentes

metais encontrados. Provavelmente, a estação seria inviável técnica e economicamente.

Os tubos geotêxteis seriam uma opção de pré-tratamento do lodo com secagem.

5.8) Desidratação de lodo e sedimentos com tubos geotêxteis

Os sistemas tubulares com material geotêxtil são uma alternativa recente para conter o

lodo e os sedimentos contaminados oriundos de dragagens de corpos de água no Brasil e

no mundo. Na realidade, a principal função dos tubos geotêxteis é permitir uma maior

desidratação do material dragado, após contê-lo dentro de sacos com pequenas ou

grandes dimensões longitudinais, por isso são denominados tubos. O efluente dos tubos

são filtrados nas malhas existentes no próprio geotêxtil feito de tecido de alta

resistência, diminuindo assim significativamente alguns parâmetros de poluição das

águas, principalmente orgânicos e sólidos em suspensão. A costura do geotêxtil deve ser

resistente a pressões, principalmente, durante as operações de bombeamento do material

dragado para dentro do tubo (CASTRO, 2005).

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157

A disposição dos tubos geotêxteis é semelhante à de um aterro sanitário, pois os sacos

podem ser empilhados para economizar espaço, que deverá possuir células previamente

preparadas com mantas geotêxteis impermeáveis (geomembranas), bermas e filtros de

brita graduada (colchão drenante). Os tubos inferiores são feitos geralmente de não

tecido, para estruturalmente suportar as cargas dos tubos superiores.

A aplicação de polímero serve para auxiliar no condicionamento do lodo armazenado

nos sacos, ou seja, para formar os flocos que permitem a separação prévia entre a parte

sólida e a parte líquida do lodo.

A Foto 15 apresenta a seqüência de preparação de uma célula para os receber tubos

geotêxteis, desde a terraplenagem até o enchimento com o lodo já floculado. Ressalta-se

que terraplenagem é essencial porque todos os materiais cortantes e o desnivelamento

do terreno prejudicam o funcionamento do sistema tubular geotêxtil.

Foto 15 – Preparação da célula para tubos geotêxteis (Fonte: ALLONDA, 2007)

A Foto 16 mostra o esquema geral de funcionamento do sistema com tubos geotêxteis.

Notam-se a entrada do afluente com polímeros na parte superior e a saída do efluente

filtrado na parte inferior do saco.

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158

Foto 16 – Funcionamento do sistema tubular geotêxtil (Fonte: ALLONDA, 2007)

Apesar do tubo ficar exposto às intempéries e à radiação solar, tal qual uma célula de

aterro sanitário, o sistema não é afetado significativamente, caso o material geotêxtil

tenha uma costura correta e uma malha de filtração com as dimensões apropriadas para

as características do sedimento, conforme ALLONDA (2007). Contudo, quanto maior a

radiação solar maior a desidratação do material contido.

O sistema tubular geotêxtil é parte integrante na recuperação ambiental de alguns corpos

de água com sedimentos contaminados no mundo. Sendo que, o exemplo mais próximo

para a futura recuperação da lagoa Guandu é a despoluição do rio Fox em Appleton, no

estado de Wisconsin dos Estados Unidos da América (IFAI, 2006).

Por mais de 50 anos, as fábricas de papel localizadas ao longo do rio Fox contribuíram

para a sua contaminação industrial com PCB’s. Atualmente, os tubos geotêxteis estão

sendo utilizados para conter e desaguar um volume que varia entre 575.000 e 765.000m³

de sedimentos contaminados. Unidades geotêxteis com 18,30 m de circunferência foram

empilhadas em três e quatro linhas de altura. A operação de dragagem mantém uma

vazão de 480m³/h. Os sólidos desidratados estão numa percentagem de 50% e a

tecnologia de tubos geotêxteis apresentou uma relação custo-benefício maior do que

filtros-prensa e outros métodos de desidratação (TENCATE, 2007).

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159

O planejamento das obras para despoluição do rio Fox teve início em 1998 (EPA,

1998). Porém, somente após diversos estudos comparativos com outros tipos de

soluções (aterro submersos ou capping, entre outras), o sistema de tubos geotêxteis foi

adotado, com os objetivos de acelerar o processo de desidratação e reduzir

drasticamente o volume do material contaminado, proporcionando, assim, uma

economia nos custos de disposição final do lodo ou dos sedimentos (EPA, 2001).

Considerando um custo unitário estimado em R$ 10 (adotado com base no mercado de

janeiro de 2008), para cada metro cúbico a ser desidratado em tubos geotêxteis, o custo

total para desidratar todo o lodo removido da lagoa Guandu seria de R$ 10.000.000,00,

por cada metro cúbico de lodo seco, se a altura da camada de lodo no fundo fosse de um

metro.

Portanto, além do prazo de execução demorado, o custo para remediar um passivo

ambiental na lagoa Guandu é bastante elevado, em torno de 43 milhões de reais, para

cada metro de lodo depositado no fundo. Outra solução mais viável seria o aterro

submerso (capping), no entanto, essa solução não é definitiva para o problema da

poluição, já que o lodo continuaria no fundo da lagoa.

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160

6) BALANÇO HÍDRICO NA BACIA DO RIO GUANDU

A disponibilidade mínima de água para os usuários da bacia hidrográfica do rio Guandu

(Qoutorga da Tabela 48), ou seja, das sub-bacias do rio Guandu e dos rios da baixada da

baía de Sepetiba, está diretamente ligada à transposição do rio Paraíba do Sul para a

bacia do rio Guandu, isto é, para os reservatórios da LIGHT (item 7.8.1). Fatores

limitantes de uso também diminuem a potencialidade do rio Guandu, caso da penetração

da cunha salina no canal de São Francisco a partir de sua foz na baía de Sepetiba,

obrigando uma reserva mínima de água necessária para impedir o avanço (item 7.8.2).

Tabela 48 – Vazões na bacia do rio Guandu (Fonte: SONDOTÉCNICA, 2007)

Vazão disponível = Q (m³/s) Corpo hídrico contribuinte

poços 7,10 ³mínima média outorga

Rio Paraíba do Sul (Sta Cecília) - ¹119,00 -

Rio Piraí (Tocos e Santana) - - -

Ribeirão das Lajes

0,40

0,37 16,40 5,90

²6,67

UHE Pereira Passos (a jusante) ¹120,00 - 163,00 ¹120,00

Ribeirão da Floresta 0,001 0,22

Rio Cacaria 0,081 1,31

Rio da Onça 0,059 0,95

Córrego dos Macacos 0,054 0,87

Rio Macaco 0,083 1,34

Valão da Areia 0,032 0,52

Rio Santana 0,378 6,09

Rio São Pedro 0,117 1,88

Rio Poços/Queimados/Ipiranga 0,241 3,89

Rio Guandu (outros afluentes)

2,20

0,10

3,18

1,59

²3,35

Disponibilidade hídrica total 2,60 121,52 138,58 187,56 130,02

Notas:

¹ = Vazões mínimas cf. resoluções ANA (vide Tabela 65);

² = Vazão natural superficial + Vazão renovável das reservas subterrâneas (Qpoços);

³ = Vazões mínimas disponíveis (SERLA, 2005b);

7,10 = Vazões mínimas durante 07 dias com tempo de recorrência de 10 anos.

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161

O Gráfico 41 e o Gráfico 42 mostram as vazões ao longo dos 66,7km do rio Guandu.

120,0

120,2

120,4

120,6

120,8

121,0

121,2

121,4

121,6

121,8

122,0

0 10 20 30 40 50 60

Distância (km)

Dis

poni

bilid

ade

(m3 /s

)

rio Cacaria0,081 m3/s

UH

E P

erei

ra P

asso

s rio Macaco0,083 m3/s

rio Santana0,378 m3/s

Fozrio São Pedro

0,117 m3/s

rio dos Poços0,241 m3/s

Gráfico 41 – Vazões mínimas ao longo do rio Guandu (SONDOTÉCNICA, 2006)

160,0

165,0

170,0

175,0

180,0

185,0

190,0

195,0

200,0

0 10 20 30 40 50 60

Distância (km)

Dis

poni

bilid

ade

(m3 /s

)

rio Cacaria1,31 m3/s

UH

E P

erei

ra P

asso

s

Foz

rio Macaco1,34 m3/s

rio Santana6,09 m3/s

rio São Pedro1,88 m3/s

rio dos Poços3,89 m3/s

Gráfico 42 – Vazões médias ao longo do rio Guandu (SONDOTÉCNICA, 2006)

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162

A demanda pela utilização das águas doces na bacia do rio Guandu é calculada a partir

das vazões solicitadas pelos usuários outorgados ou em processo de outorga, além da

restrição imposta pela penetração do prisma de salinidade no canal de São Francisco.

Para o cálculo do balanço hídrico, serão consideradas tanto as vazões captadas quanto as

vazões lançadas por cada empresa, inclusive daqueles empreendimentos propostos que

pretendem usar os recursos hídricos da bacia. Foram consultadas todas as portarias de

concessão de outorga na bacia do rio Guandu até dezembro de 2008, fornecidos pela

SERLA (2006b) ou presentes nos boletins de serviço da SERLA (2007d) e nos diários

oficiais do estado do Rio de Janeiro neste período (DOERJ, 2007 e 2008).

Uma relação de todos os usuários atuais, futuros e propensos estão na Tabela 49 e

Tabela 50. Empreendimentos ainda em fase de estudos ambientais ou presentes em

planos foram incluídos para uma melhor visão de todas as possibilidades de cenários

das demandas finais da bacia do rio Guandu.

Os efluentes lançados em outras bacias obviamente não estão computados, portanto não

constam no cálculo da disponibilidade hídrica da bacia, caso dos efluentes da ETAG,

oriundos da lavagem dos filtros e da descarga dos decantadores, que são lançados no rio

Guandu-Mirim.

Os usuários atuais incluem grandes consumidores outorgados recentemente em 2007,

como a Estação de Tratamento de Água do Guandu (ETAG) da CEDAE.

A CEDAE (2007) pretende implantar mais uma estação de tratamento de água de

grande porte denominada Novo Guandu, com 24m³/s de água bruta captada no rio

Guandu, a ser implantada no mesmo local e com a mesma vazão nominal da ETA

Guandu Novo do plano diretor de abastecimento da Região Metropolitana do Rio de

Janeiro (RMRJ), revisado em 2004 (CNEC, 2004). A Companhia também estuda a ETA

Guandu II (BCM, 2005), com algumas diferenças tecnológicas, que retiraria um total de

36m³/s do rio Guandu. Portanto, a CEDAE também é um propenso usuário de peso.

Alguns possíveis usuários citados são concorrentes, ou seja, não significa que todos

serão implantados, caso das ETA’s Marajoara, Guandu Novo, Guandu II e Novo

Guandu (vide item 7). Portanto, cenários hídricos distintos deverão ser avaliados.

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163

Tabela 49 – Demandas atuais na bacia do rio Guandu (Fonte:SERLA, 2006b e 2007)

Vazões atuais (m³/s) Usuários outorgados Finalidade

Captação Lançamento

Prefeitura Paracambi Abastecimento 0,006

Recreação Paradiso (NI) [poços] Abastecimento e lazer 0,058

CEDAE – Miguel Pereira Abastecimento público 0,100

CEDAE – ETAG Abastecimento público 45,000

CEDAE – Sistema Acari Abastecimento público 1,617

CEDAE – Paracambi Abastecimento público 0,029

CEDAE – Ribeirão das Lajes Abastecimento público 6,000

CEDAE – Piraí Abastecimento público 0,050

Prefeitura Nova Iguaçu (ETE) Esgotamento sanitário 0,023

LIGHT – UTE Paracambi Geração de energia 0,400 0,100

Inepar (termelétrica) Geração de energia 1,400

LIGHT Paracambi (hidrelétrica) Geração de energia 210,000 210,000

COSIGUA / Gerdau Industrial 3,472

AMBEV Industrial 0,389

FCC – Catalisadores Industrial 0,050

Eletrobolt Industrial 0,083 0,010

El Paso Industrial 0,122 0,022

Duke Energy 3 Brasil Industrial 0,227 0,056

REDUC (Petrobrás) Industrial 0,500

Petroflex Industrial 0,089

Rio Polímeros Industrial 0,250

Santa Cruz (Furnas) Industrial 0,040 0,005

UTE Termorio Industrial 0,448

Jolimode Industrial 0,003 0,002

CSA Industrial 3,000 2,500

CSN (mineração) Industrial 2,000

CSA Produção de energia 18,000

Total das vazões atuais Saldo atual = -80,614 -293,332 212,718

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164

Tabela 50 – Possíveis demandas futuras na bacia do rio Guandu (Fonte: CEDAE)

Vazões futuras (m³/s) N° Possíveis usuários Finalidade

Captação Lançamento

01 CEDAE – Rejeito Zero ETAG Abastecimento público 4,540

02 CEDAE – ETA Marajoara Abastecimento público 31,500

03 CEDAE – ETA Guandu Novo Abastecimento público 24,000

04 CEDAE – ETA Guandu II Abastecimento público 36,000

05 CEDAE – ETA Novo Guandu Abastecimento público 24,000

06 CEDAE – ETA Rib.das Lajes Abastecimento público 5,500 5,500

07 CEDAE – Sistema Guandu Abastecimento público - 5,000

08 CEDAE – Sistema Lajes Abastecimento público - 1,000

09 CEDAE – Sistema Acari Abastecimento público - 1,617

10 CEDAE – Sistemas locais Abastecimento público - 0,179

11 COMPERJ Industrial 3,000

12 Desvio dos rios dos Poços Melhoria da água bruta 2,500 2,500

13 Desvio de Pedras Secas Melhoria da água bruta 0,000 0,000

Combinações prováveis CENÁRIO Hídrico -Q +Q

D 04+11 Desfavorável 39,000 0,000

T 01+05+06+12+13 Tendencial 32,000 12,540

F 01+03+07+08+09+10+12+13 Favorável 26,500 14,836

Os usuários futuros compõem principalmente os grandes empreendimentos planejados

para a região da bacia da Baía de Sepetiba, caso da Companhia Siderúrgica do Atlântico

(CSA) e da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Os valores outorgados da CSA e

os pedidos pela CSN são as demandas diretas das siderúrgicas. As demandas indiretas

advindas do grande crescimento populacional da região provocado pela implantação e

posterior operação das companhias devem ser incluídas no balanço hídrico da região. O

atual plano diretor de água da RMRJ (CNEC, 2004) não considera o crescimento desse

pólo de desenvolvimento da região do porto de Itaguaí, antigo porto de Sepetiba,

renomeado em 2006 pelo governo federal por intermédio da LEI 11.200 (2005).

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165

Um propenso usuário da bacia do rio Guandu é o Complexo Petroquímico do Estado do

Rio de Janeiro (COMPERJ), em Itaboraí, mesmo estando na região hidrográfica da Baía

de Guanabara e ainda em fase final de estudos (SEINPE, 2006a) e de discussões pelos

diversos órgãos envolvidos. A demanda hídrica final necessária do COMPERJ é de

3,0m³/s (SEINPE, 2006b). Já a demanda complementar gerada em função da

implantação está estimada pela CEDAE (2006) em 2,0m³/s.

O Plano Diretor de Recursos Hídricos da Bacia da Baía de Guanabara – PDRH-BG

(ECOLOGUS-AGRAR, 2005) não considera o COMPERJ. Esse plano propõe ações

estruturais e não estruturais de reforço do sistema Imunana-Laranjal da CEDAE para

abastecimento d’água da RMRJ leste, sendo o déficit hídrico deste sistema previsto para

o ano de 2020 de 6,641m³/s. No caso, as ações estruturais incluem a utilização de

vazões regularizadas com a implantação da tomada d’água no rio Caceribu (1,60m³/s),

da Barragem de Tanguá (1,40m³/s) e da Barragem de Duas Barras (1,12m³/s). Já as

outras ações correspondem à ativação de água subterrânea (0,30m³/s) e à gestão das

demandas locais (2,221m³/s), isto é, à redução das perdas no sistema (cf. item 7.3.1).

Estudos da CEDAE (2006) e da COPPE (SEINPE, 2006c) para suprir a demanda do

COMPERJ avaliaram alternativas para o atendimento integrado entre o abastecimento

público suprido pelo sistema Imunana-Laranjal e o COMPERJ, considerando a captação

da ETA Marajoara no rio Guandu, pertencente à bacia hidrográfica de mesmo nome.

Segundo a COPPE (SEINPE, 2006c), a implantação da ETA Marajoara atenderia ao

déficit de demanda em 2020 para abastecimento de água da população na bacia

hidrográfica da Baía de Guanabara e ao COMPERJ. No caso, o déficit total dos sistemas

Imunana-Laranjal e de outros da RMRJ leste, em 2020, seria de 9,12m³/s, sendo que:

3m³/s diretos do COMPERJ; 2m³/s indiretos do COMPERJ; e 4,12m³/s das ações

estruturais de reforço do Imunana-Laranjal pelo PDRH-BG (vide também item 7.3).

Entretanto, a RPDA 2004 da CEDAE (CNEC, 2004) para o abastecimento da RMRJ

descarta a ETA Marajoara, substituindo-a pela ETA Guandu Novo, em outro local.

Uma alternativa estudada pela COPPE (SEINPE, 2006c) foi o aproveitamento do lago

da Barragem de Ribeirão das Lajes para atendimento das demandas da bacia da Baía de

Guanabara e do COMPERJ. Ribeirão das Lajes foi descartada por ser reserva

estratégica do abastecimento da RMRJ oeste (cf. item 7.6).

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166

A CEDAE propôs em reuniões da Secretaria de Energia, de Indústria Naval e do

Petróleo do Estado do Rio de Janeiro (SEINPE, 2006c) a água de reúso do Projeto

Rejeito Zero proveniente do descarte de lodo dos decantadores e da retro-lavagem dos

filtros da ETA Guandu, após um tratamento prévio, para o suprimento direto do

COMPERJ. A vazão tratada hoje pela ETAG é de 43m³/s, sendo 27m³/s pela chamada

VETA e 16m³/s pela NETA (cf. item 2.2.4), enquanto que as águas para futuro reúso na

ETAG somam uma vazão média de 4,54m³/s, despejadas atualmente no rio Guandu-

Mirim (vide item 7.7). Essa vazão é suficiente para suprir os consumos iniciais e finais

do COMPERJ, pois a Petrobrás estimou um consumo de água em 0,8m³/s na fase de

obras, devendo aumentar nas fases de comissionamento, subindo para 1,5m³/s em 2012

até chegar ao máximo de 3m³/s, para atender as expansões vindouras (SEINPE, 2006d).

De acordo com a CEDAE (SEINPE, 2006d), a água de reúso da ETA Guandu poderia

ser transportada pela adutora que abastece a REDUC (Refinaria de Duque de Caxias).

Essa adutora é operada pela CEDAE e pode transportar até 2m³/s, mas atualmente

somente 0,8m³/s são conduzidos. Portanto, a diferença poderia ser aproveitada para a

demanda na fase de obras do COMPERJ, restando a construção do trecho entre a

REDUC e o COMPERJ. A adutora poderia ser ampliada nas fases seguintes para suprir

as demandas de água durante a operação do COMPERJ, de 1,5 a 3m³/s, e da REDUC.

A vazão de água de reúso da ETA Guandu é um valor considerável em termos de ganho

hídrico na bacia hidrográfica do rio Guandu, podendo ser utilizada pela própria ETAG

ou pelas indústrias no canal de São Francisco (cf. item 7.8.2), caso não venha a ser

utilizada pelo COMPERJ e pelo sistema de reforço do Imunana-Laranjal, localizados na

região hidrográfica da baía de Guanabara. Em contrapartida, o reúso seria um déficit

para a bacia do rio Guandu-Mirim, atual destino dos efluentes de lavagem dos filtros e

de descarga dos decantadores da ETA Guandu, por ser uma bacia de pequena vazão.

Outras fontes de água para o COMPERJ foram citadas pela COPPE (SEINPE, 2006c),

tais como: o rio Paraíba do Sul – descartada face ao conflito com os usuários a

montante; a transposição da represa de Juturnaíba – mais viável tecnicamente segundo a

COPPE; e a barragem de Guapi-Açu.

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167

Recentemente, acontecem discussões sobre a implantação da barragem de Guapi-Açu

para aumentar as vazões regularizadas em 5,93m³/s e atender às demandas restantes da

bacia e do COMPERJ (SERLA, 2008b). Entretanto, as ações estruturais do PDRH-BG

(ECOLOGUS-AGRAR, 2005) deveriam ser também implantadas para atender ao déficit

total de demanda de 9,12m³/s, cf. CEDAE (2006), encarecendo mais a solução final.

Apesar da boa receptividade para a proposta de reúso dos efluentes da ETAG pela

Petrobrás, responsável pelo COMPERJ (SEINPE, 2006e), outros tipos de consumo a

partir do reúso de efluentes foram sugeridos pela ASEAC (Associação dos empregados

de nível universitário da CEDAE), em reunião na câmara técnica do comitê da bacia

hidrográfica da Baía de Guanabara. No caso, a água viria do reúso de efluentes das

Estações de Tratamento de Esgotos (ETE’s) da CEDAE (ASEAC, 2006).

As ETE’s situadas na RMRJ, incluindo Niterói e Baixada Fluminense, possuirão uma

capacidade máxima de gerar cerca de 11m³/s de esgotos tratados em níveis primário e

secundário, em final de plano. Somente a ETE Alegria responderá por cerca de 5m³/s de

vazão tratada a nível secundário, ao término das obras em andamento da segunda etapa

do Programa de Despoluição da Baía de Guanabara (PDBG). Para suprir o COMPERJ,

seriam necessários aproximadamente 30km em tubulações de transporte dos efluentes

tratados da ETE Alegria, que, mesmo assim, teria menor distância até o COMPERJ do

que em relação a ETA Guandu (~97km) ou ao reservatório de Juturnaíba. Essa água

serviria em caldeiras, para o resfriamento, entre outros usos (ASEAC, 2006). Hoje, a

ETE é tratamento primário convencional com vazão média de 2,2m³/s (CEDAE, 2008).

A ETE São Gonçalo é mais próxima do futuro COMPERJ, mas é de menor porte, com

vazão máxima em torno de 0,8m³/s, e o tratamento secundário não está funcionando a

contento, necessitando ainda de obras para complementação das fases líquida e sólida

(ASEAC, 2006), já contratadas e financiadas pelo PAC (2008) com R$ 25.285.000,00.

O abastecimento de água potável pelo sistema Imunana-Laranjal da CEDAE seria

afetado, se o COMPERJ utilizasse o mesmo manancial – o canal de Imunana, que já

está quase todo aproveitado pela captação de 5,1m³/s da ETA Laranjal, embora a

capacidade máxima da ETA seja de 7m³/s (ASEAC, 2006).

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168

Os efluentes tratados em Estações de Tratamento de Esgotos (ETE’s) compõem uma

modalidade de reúso bastante considerável para o atendimento não só do COMPERJ

como também de outros ramos de atividade, diminuindo assim o consumo de água

potável para usos menos nobres. Contudo, o reúso dos efluentes das ETE’s e também

das ETA’s poderão aumentar a disponibilidade hídrica no rio Guandu, pois diminuiriam

as vazões captadas pelos usuários envolvidos, aumentado a oferta, como no caso dos

4,54m³/s do projeto de reúso da ETAG. Por outro lado, as bacias seriam afetadas com as

transposições, como é o caso da bacia da baía de Guanabara sem parte dos 11m³/s das

ETE’s, por exemplo. As conseqüências ambientais e sociais deverão ser analisadas.

Como os recursos hídricos locais em Itaboraí e São Gonçalo já estão escassos,

principalmente em estiagens (ASEAC, 2006), uma opção para atender ao COMPERJ

seria a da ASEAC (2006), já que o reúso da ETAG é imprescindível para o aumento da

oferta de água potável disponibilizada pela estação, sem a necessidade de acréscimo na

vazão captada do rio Guandu. Cabe lembrar que a capacidade máxima da ETAG –

VETA e NETA – é de 47m³/s e não os 43m³/s atuais; então, os 4,54m³/s seriam

absorvidos pela ETA sem ampliar as estruturas atuais, além de implantar as unidades de

tratamento do lodo e de recirculação dos efluentes na ETAG (vide item 7.7),

logicamente. Contudo, mesmo que o reúso da ETAG tenha outro destino senão a

própria estação, o projeto Rejeito Zero é necessário para mitigar os impactos ambientais

na bacia do rio Guandu-Mirim.

Para o início das obras em 2008 e também para o início da operação do COMPERJ em

2012 com 1,5m³/s, o sistema Imunana-Laranjal será ampliado, com a ajuda do PAC

(2008), que financiará as obras de duplicação de adutora e ampliação da capacidade de

tratamento de água do sistema, já contratadas por R$ 87.150.000,00.

O balanço ou saldo hídrico está na Tabela 51. O cálculo considera a disponibilidade de

vazão mínima para outorga (Qmín e Qoutorga), os possíveis cenários futuros de demanda

(cf. CEDAE) e as vazões reservadas para conter a cunha salina, isto é, as demandas

ambientais atuais e futuras adotadas pela SERLA (2005b) e pelo PERH Guandu

(SONDOTÉCNICA, 2006 e 2007). As outras demandas são as demandas em 2005 e

2025 adotadas pelo PERH Guandu (SONDOTÉCNICA, 2007) para as áreas: industrial

(+16,09m³/s); mineração (0,2 e 0,4m³/s); agropecuária e aqüicultura (0,24 e 0,24m³/s).

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169

Tabela 51 – Balanço hídrico atual e futuro na bacia do rio Guandu

Vazões (m³/s) Cenário Tipo de vazões Fonte

Captação Lançamento TOTAL

Mínima disponível Qmín 138,580

Demandas outorgadas SERLA -293,332 212,718 -80,614

Possíveis demandas CEDAE 0,000 0,000 0,000

Outras demandas PERH -0,440 0,000 -0,440

Demanda ambiental SERLA -50,000 0,000 -50,000

ATUAL

Saldo hídrico 7,526

Mínima disponível Qoutorga 130,015

Demandas outorgadas SERLA -293,332 212,718 -80,614

Possíveis demandas CEDAE -39,000 0,000 -39,000

Outras demandas PERH -16,730 0,000 -16,730

Demanda ambiental PERH -25,180 0,000 -25,180

FUTURO

Desfavorável

Saldo hídrico -31,509

Mínima disponível Qoutorga 130,015

Demandas outorgadas SERLA -293,332 212,718 -80,614

Possíveis demandas CEDAE -32,000 12,540 -19,460

Outras demandas ¹ PERH -0,640 0,000 -0,640

Demanda ambiental PERH -25,180 0,000 -25,180

FUTURO

Tendencial

Saldo hídrico 4,121

Mínima disponível Qoutorga 130,015

Demandas outorgadas SERLA -293,332 212,718 -80,614

Possíveis demandas CEDAE -26,500 14,836 -11,664

Outras demandas PERH -16,730 0,000 -16,730

Demanda ambiental PERH -25,180 0,000 -25,180

FUTURO

Favorável

Saldo hídrico -4.173

Notas:

PERH = Demandas das bacias do Ribeirão das Lajes e do rio Guandu somadas;

¹ = Exclusive acréscimo na demanda industrial previsto pelo PERH Guandu.

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170

O saldo hídrico do cenário atual seria negativo (7,526-60+50=-2,474m³/s), se utilizasse

a demanda ambiental de 60m³/s do PERH Guandu (SONDOTÉCNICA, 2006) para a

simulação da intrusão salina atual (vide item 7.8.2), e seria ainda menor (-11,039m³/s)

com o uso da vazão disponível para outorga (Qoutorga) adotada pelo mesmo plano.

O cenário futuro tendencial (T) sem a previsão de aumento da demanda industrial é o

único que não apresenta vazões negativas. Esse deverá ser o cenário adotado para gerir

as futuras outorgas na bacia hidrográfica do rio Guandu.

Ressalta-se que não restará a vazão ambiental prevista no cenário futuro do PERH

Guandu (SONDOTÉCNICA, 2006 e 2007) de 25m³/s, correspondente à vazão natural

média do rio Guandu na foz antes da existência das transposições. Logo, a previsão do

PERH para um acréscimo na demanda industrial de 16,09m³/s, em 2025, afeta o saldo

hídrico aqui encontrado. Contudo, existem duas opções claras para solucionar a questão:

restringir a disponibilidade hídrica para a vazão industrial futura até o máximo de

4,121m³/s em vez de 16,09m³/s; ou manter a previsão industrial de 16,09m³/s e diminuir

a demanda ambiental no rio Guandu para menos de 25m³/s. A primeira opção seria a

mais lógica e teria menos complicações ambientais, pois a diminuição da demanda

ambiental poderia provocar o avanço não somente da cunha salina como também do

oceano dentro do canal de São Francisco, semelhante ao que ocorre na foz do rio

Paraíba do Sul (vide item 7.8.1), podendo trazer ainda elementos químicos poluentes,

tais como metais pesados oriundos do passivo ambiental da baía de Sepetiba

(LOUREIRO et al., 2003).

Ressalta-se que, recentemente, a CSA modificou sua outorga de 18m³/s (produção de

energia) de água doce para água salobra, transferindo essa vazão para o rio Guandu-

Mirim. Por outro lado, a demanda de 26m³/s para produção de energia da UTE Santa

Cruz não foi considerada no balanço hídrico, porque não possui outorga de água doce

para tal. Então, mesmo retirando a CSA (18m³/s) do balanço hídrico, a UTE de Santa

Cruz deveria computada no saldo, caso suas instalações não se adaptem à água salobra.

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171

7) CENÁRIOS COM AUMENTO DA OFERTA DE ÁGUA TRATADA

7.1) Plano diretor de abastecimento 1985

As diretrizes do plano diretor de abastecimento de água da RMRJ de 1985 (ENGEVIX,

1985) estavam obviamente focadas em estudos de projeção populacional para abastecer,

de consumo per capita doméstico e de demanda industrial da RMRJ mais os municípios

de Paracambi, Itaguaí, Seropédica e Magé. Os consumos assumidos pelo plano diretor

de 1985 (ENGEVIX, 1985) foram os seguintes:

Consumo em 1985 = 53,136m³/s

Consumo na 1ª etapa = 66,093m³/s

Consumo do Plano Diretor (2010) = 81,807m³/s

O suprimento de água às cidades da RMRJ é sobremodo difícil, exigindo rigoroso

controle das fontes de abastecimento, de tratamento de água, dos reservatórios, das

estações elevatórias e, até mesmo, de manobras nas adutoras e sub-adutoras para o

abastecimento das redes de distribuição de água. Além disso, a produção de água

potável para as cidades do Rio de Janeiro e da Baixada Fluminense parece ser

insuficiente para as necessidades presentes na região, mesmo que as perdas dos sistemas

em decorrência de vazamentos, extravazões, infiltrações, defeitos e acidentes nas

instalações fossem reduzidas a níveis toleráveis de 20% da demanda total (STE, 1994).

Estudos sobre o aproveitamento dos recursos hídricos da RMRJ revelaram ser o rio

Guandu o único recurso hídrico capaz de propiciar o desenvolvimento do novo sistema

produtor de água e mais, de atender a qualquer ampliação de vulto, conciliável com o

melhor aproveitamento das instalações existentes (ENGEVIX, 1985). Portanto, o

sistema Marajoara captaria do rio Guandu a vazão necessária para atender a demanda,

cerca de 31,50m³/s.

O Gráfico 43 apresenta a evolução prevista para a demanda e a produção necessária de

água potável (oferta) no Plano Diretor de Abastecimento de 1985 – PDA 1985

(ENGEVIX, 1985) e na Revisão do Plano Diretor de Abastecimento de Água de 2004 –

RPDA 2004 (CNEC, 2004). O crescimento populacional previsto pelo RPDA é menor.

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172

Oferta x Demanda RMRJ oeste

53,152,751,9

57,6

61,5

66,1

73,3

81,8

39,9

61,061,0 61,0

82,282,2 82,2 82,2

41,6

56,8

61,4

66,2

69,9

41,6

56,8

53,1

57,4

59,7

41,6

56,858,4

63,0

66,7

41,6

56,8

50,1

54,1

56,3

52,5

56,8

60,4

68,870,1 70,5 71,0 71,1 71,3 71,4 71,5

46,3 46,3

69,1 69,1 69,1 69,1 69,1 69,1 69,1 69,1

57,1

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

85

1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 2045 2050

Ano

Va

zão

(m³/

s)

PDA1985 (c/k1 e 20%perdas) Oferta PDA1985RPDA2004 (c/k1 e 30%perdas) RPDA2004 (c/k1, 30%perdas e RES)RPDA2004 (c/k1 e 25%perdas) RPDA2004 (c/k1, 25%perdas e RES)RPDA2004 (c/k1 e 30%perdas) Oferta RPDA2004

Gráfico 43 – Demanda x Produção, PDA e RPDA (ENGEVIX, 1985, CNEC, 2004)

Notas:

k1 = 1,25 (coeficiente de máxima vazão diária);

RES = Construção de reservatórios (setorização).

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173

7.1.1) ETA Marajoara

Primeiramente, a seleção do local para a implantação do sistema Marajoara foi cotejada

entre algumas opções na margem esquerda do rio Guandu, entre os paralelos 22º35’ e

22º45’:

Opção 01: Adjacente ao sistema Guandu existente (ETA Guandu);

Opção 02: Adjacente ao distrito industrial de Queimados (CODIN);

Opção 03: Limítrofe à rodovia Presidente Dutra, a montante da ponte;

Opção 04: 5km a jusante da confluência do rio São Pedro.

Opção 01

A opção 01 tinha a vantagem de aproveitar as estruturas existentes de captação no rio

Guandu, porém atenuava a inconveniência de concentrar-se, em um só local, a quase

totalidade do volume de produção de água para os municípios do Rio de Janeiro e da

Baixada Fluminense. Quase todo o abastecimento de água estaria então suscetível a

paralisações causadas pela má qualidade da água captada e por sérios acidentes, casos

da altíssima turbidez causada pelas grandes enchentes de 1966 e dos desabamentos

ocorridos nos túneis de adução do sistema Guandu.

A localização da ampliação da ETA do Guandu (NETA), com capacidade nominal de

16m³/s, foi decorrente da existência de capacidade disponível em vazão, nas instalações

de barramento do rio Guandu, tomada de água, adução de água bruta, elevatória de

baixo recalque e elevatória de água tratada (alto recalque). Essa decisão de posicionar a

ampliação do tratamento junto à primeira ETA (VETA), já ampliada para a capacidade

nominal de 24m³/s, trouxe como conseqüência, conforme plano diretor de 1985

(ENGEVIX, 1985), esgotar as áreas disponíveis, próximas às instalações existentes,

para uma possível construção de um novo sistema de tratamento de água. Entretanto, o

atual plano diretor (CNEC, 2004) desconsiderou esta afirmação, posicionando a ETA

(Guandu Novo) próximo aos desarenadores existentes.

Mesmo com as condições adversas apontadas anteriormente, o plano diretor de 1985

(ENGEVIX, 1985) não descartou a viabilidade de ampliação das instalações existentes

(ETAG) e mesmo, a implantação de um novo sistema de abastecimento de água do rio

Guandu, nas cercanias das instalações existentes, integrado, ou não, ao sistema, já que

não havia, na época, o aproveitamento da total capacidade das adutoras de água tratada

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174

do sistema do rio Guandu (sistema Marapicú e Lameirão), estimada em

aproximadamente 44m³/s. Como a produção em 1985 era de 33,333m³/s, faltaria ainda

acrescer a capacidade de captação, transporte, bombeamento de água bruta e tratamento

em cerca de 11m³/s. Todavia, o plano considerou as obras e serviços necessários ao

acréscimo da adução dos 11m³/s como partes integrantes do sistema em construção na

ocasião, a NETA.

De acordo com o plano diretor de 1985 (ENGEVIX, 1985), a posição dos novos e

prováveis centros de consumo em relação às instalações atuais e futuras de

abastecimento, se localizadas em suas adjacências, não era a desejável para um traçado

técnico-econômico de um futuro sistema de adução de água tratada. Assim sendo, outras

áreas limites ao rio Guandu permitiria o desenvolvimento de um sistema de adução de

menor extensão e, portanto, tecnicamente mais adequado e menos oneroso.

Opção 02

Na oportunidade da organização do distrito industrial de Queimados (CODIN), foi

considerada a possibilidade de uso de uma área plana de aproximadamente 67ha, à

margem esquerda do rio Guandu, para localização de um complexo de produção de

água potável, que possivelmente ficaria sujeita a condições adversas e imediatas de

poluição.

No provável local para a tomada de água, aproximadamente 2,5 km a jusante da ponte

da Rodovia Presidente Dutra sobre o rio Guandu, a vegetação fluvial era abundante e as

margens não eram tão bem definidas, devido a desmoronamentos ocasionados pelo

aproveitamento intensivo e desordenado dos areais ali situados. Essa vegetação

flutuante obrigaria certamente providências saneadoras, com gastos e preocupações

semelhantes àqueles aplicados na atual tomada de água da ETAG.

Devido as áreas urbanas a serem abastecidas estarem situadas em cotas elevadas, seria

obrigatório a implantação de um novo sistema de abastecimento de água potável do rio

Guandu com o iniciar das adutoras de água tratada em cota piezométrica aproximada

130,00m. Terrenos no entorno desta cota, próximos à área cogitada para as instalações

de tratamento de água, só eram encontrados em elevações situadas na direção Oeste-

Leste, a uma distância de 5 km. A localização, nesta elevação, da estrutura de início das

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175

adutoras por gravidade e do reservatório de capacidade nominal de 160.000m³

acarretaria um traçado para as linhas de recalque com aproximadamente 5,2km,

atravessando os talvegues dos rios Poços, Queimados e Sarapó. Além disso, as linhas de

transmissão de energia elétrica em alta tensão situavam a uma distância de cerca de

4,0km da área prevista para localização do complexo, do outro lado da Rodovia

Presidente Dutra.

Além das dificuldades logísticas citadas, a implantação do sistema na área selecionada

junto a CODIN expõe a tomada d’água a contaminações decorrentes de possíveis

acidentes na Rodovia Presidente Dutra, com transportes de agentes tóxicos que, caso

alcançasse o rio Guandu, provavelmente não haveria tempo útil para evitar a entrada dos

contaminantes nas instalações, devido à pequena distância entre a tomada de água e a

rodovia.

Opção 03

Em área plana que se desenvolve entre os rios dos Poços e Guandu, desde a Rodovia

Presidente Dutra até a faixa de domínio da linha de transmissão de alta tensão da Rio-

Light, estudou-se uma alternativa para a implantação de um complexo de produção de

água tratada. O local previsto para a tomada de água situava-se em trecho retilíneo do

rio Guandu, que se apresentava livre de vegetação e com suas margens satisfatoriamente

definidas. Essa área localizava-se a aproximadamente 1,2km de uma elevação, na qual

era possível instalar um reservatório com capacidade de 160.000m³, no entorno da cota

130,00m, necessário para operação do sistema de abastecimento das áreas

comprometidas no plano diretor de 1985 (ENGEVIX, 1985).

Finalmente, a localização para o complexo de água tratada a montante da ponte da

Rodovia Presidente Dutra sobre o rio Guandu excluiria a possibilidade da presença de

poluentes na tomada de água, decorrentes de acidentes de trânsito junto àquela ponte.

Opção 04

Para o PDA 1985 (ENGEVIX, 1985), a opção 04 não apresentava vantagens hidráulicas

na tomada d’água e teria maior custo de adução devido à elevada extensão de

tubulações com grandes diâmetros.

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176

Local escolhido (Opção 03)

Para o plano diretor de abastecimento de água (ENGEVIX, 1985), as inconveniências

de implantação de um novo complexo de produção de água tratada nas adjacências do

sistema existente de abastecimento de água do Guandu conduziram à escolha de novo

local, afastado das atuais instalações. Assim, descartou-se a opção 01, evitando-se

principalmente expor a quase totalidade do fornecimento de água aos mesmos riscos de

poluição e situar o futuro sistema de abastecimento de água em posições mais afastadas

dos novos e prováveis centros de consumo de água. Porém, o plano não invalidou a

possibilidade das instalações existentes de captação e tratamento serem ampliadas.

Como a opção 04 foi descartada de imediato, a escolha do local de implantação do novo

sistema produtor de água esteve entre as opções 02 e 03. Comparando-as, o plano

diretor definiu a opção 03 como a mais convincente. A tabela abaixo mostra o resumo

qualitativo das opções aventadas.

Tabela 52 – Comparativo dos locais aventados para o novo sistema (PDA 1985)

ITENS Opção 01 Opção 02 Opção 03 Opção 04

Terreno Mesmos valores venais, pois pertencem a terceiros.

Tomada d’água

(implantação)

Captação

existente

Margens

indefinidas

Margens

definidas

Desvantagens

hidráulicas

Tomada d’água

(operação)

Material

flutuante

Material

flutuante

Margens sem

vegetação

Sem

flutuantes

Qualidade da

água captada

Poluição e

turbidez

Poluição e

turbidez

Menor

Poluição

Menor

Poluição

Paralisação por

acidentes tóxicos

ponte rodoviária

Suscetível

(a jusante)

Suscetível

(a jusante)

Não

suscetível

(a montante)

Não

suscetível

(a montante)

Requerimento de

Energia elétrica

<1km (linha

transmissão)

4km (linha de

transmissão)

0,5km (linha

transmissão)

-

Recalques de

água tratada

- 5,2km

3xØ2500mm

1,2km

3xØ2500mm

-

Adutoras por

gravidade

L > (maiores

extensões)

L + 3,2km

Ø2400mm

L + 6,9km

Ø2400mm

L>> (grandes

extensões)

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177

Novo sistema de produção (Marajoara = ETA Planejada) – 1ª etapa

Figura 21 – Sistema de produção e adução Marajoara, PDA (ENGEVIX, 1985)

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178

7.2) Revisão do plano diretor de abastecimento (2004-2007)

A Revisão do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Região Metropolitana do Rio

de Janeiro – RPDA 2004 (CNEC, 2004) estudou os municípios atendidos pelos sistemas

Guandu, Ribeirão das Lajes e Acari, tendo sua conclusão em outubro de 2004.

Os estudos hídricos apontaram o rio Guandu como praticamente o único manancial

capaz de suprir a demanda da RMRJ oeste (vide Gráfico 43), chegando a mesma

conclusão do Plano Diretor de Abastecimento de Água de 1985 (ENGEVIX, 1985).

As três opções estudadas visaram conceber um novo sistema de produção, a partir de

adequação e melhorias das unidades existentes, com ou sem ampliação, ou de novos

sistemas para operação em paralelo, caso dos sistemas Guandu Novo e Marajoara,

sendo este mais a montante da captação da ETAG, para atender as áreas da Baixada

Fluminense.

Para todas as opções aventadas, três pontos foram comuns, o aproveitamento integral do

sistema de produção existente – o sistema Guandu, a implantação do Novo Sistema de

Produção de Ribeirão das Lajes e a gradativa desativação do Sistema Acari, como

abastecedor no sistema integrado de abastecimento da RMRJ oeste.

Os sistemas novos de produção capazes de suprir o déficit final de demanda de 24m³/s

(vide Gráfico 44) e seus respectivos locais estudados pela RPDA (CNEC, 2004) foram:

Opção A: Sistema Guandu Novo adjacente ao sistema Guandu existente

(ETA Guandu);

Opção B: Sistema Guandu Novo adjacente ao sistema Guandu existente

(ETA Guandu) mais o sistema Marajoara às margens do rio Guandu e

limítrofe à rodovia Presidente Dutra, a montante da ponte;

Opção C: Sistema Marajoara às margens do rio Guandu e limítrofe à

rodovia Presidente Dutra, a montante da ponte.

Opção A

Esta opção propunha a ampliação da produção com a implantação de um novo sistema

produtor denominado Guandu Novo, integralmente junto às unidades existentes do

sistema Guandu, utilizando-se a mesma tomada d’água da ETAG.

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179

O sistema futuro passaria então a ser composto pelo Guandu, com uma vazão nominal

de produção de 40m³/s (menor que os 43m³/s atuais), e pelo Guandu Novo, com uma

capacidade total de 24m³/s.

Opção B

Opção mista que propunha a implantação de novo sistema em etapas e unidades

distintas, convenientemente definidas. A 1ª etapa compreenderia um novo sistema de

produção a ser implantado junto às unidades existentes, o Guandu Novo, dentro do

conceito de permitir a paralisação destes para as obras requeridas de reforma. A 2ª etapa

compreenderia um sistema similar ao da 1ª etapa, que seria implantado em local

previsto no Projeto Marajoara , às margens do rio Guandu, junto à rodovia Presidente

Dutra, no município de Queimados e a montante das instalações existentes.

Assim, o sistema futuro seria composto pelas unidades existentes do sistema Guandu

com uma vazão de 40m³/s (menor que os 43m³/s atuais) de produção, por um novo

sistema de 1ª etapa (sistema Guandu Novo) com 12m³/s de capacidade nominal e outro

de 2ª etapa (sistema Marajoara ), também com 12m³/s de vazão nominal.

Opção C

A terceira opção para a concepção do sistema futuro de produção foi baseada no antigo

sistema Marajoara , previsto no PDA (ENGEVIX, 1985), que seria integralmente

implantado às margens do rio Guandu, junto à rodovia Presidente Dutra, no município

de Queimados e a montante das instalações existentes (local da 2ª etapa da opção “B”).

O sistema futuro seria enfim composto pelas unidades existentes do sistema Guandu

correspondendo aos 40m³/s (menor que os 43m³/s atuais) de produção e pelo sistema

Marajoara com uma capacidade total de 24m³/s.

Sistema escolhido (Opção A)

Segundo a Revisão do Plano Diretor, a opção “C” caracterizava o sistema que, na

ocasião do plano diretor de 1985 (ENGEVIX, 1985), representava a melhor solução

para atender a evolução demográfica e de demandas, pois tinha como finalidade o

aumento no fornecimento de água para a região da Baixada Fluminense e parte do

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180

município do Rio de Janeiro. Entretanto, conforme a RPDA 2004 (CNEC, 2004), esta

opção ficou prejudicada e mesmo tornou-se inadequada, tendo em vista a evolução

ocorrida no sistema de abastecimento de água, com a implantação de obras que não

necessariamente obedeceram às diretrizes fornecidas no PDA 1985, tais como: a

implantação da Adutora Principal da Baixada Fluminense (APBF), atualmente contando

com duas linhas de grande diâmetro que partem do reservatório do Marapicu; as

subaduções até os reservatórios; e as unidades de recalque complementares implantadas.

Então, de acordo com a RPDA 2004 (CNEC, 2004), a opção “C” foi descartada em

primeira análise, pois seriam necessárias adaptações e soluções, principalmente no que

se refere ao sistema adutor, que conduziriam a obras inviáveis, técnica e

economicamente. Com isso, restou apenas o confronto entre as opções “A” e “B”.

A primeira etapa da opção “B” seria idêntica a da opção “A”, em termos de produção.

Porém, as diferenças na adução surgiriam naturalmente na medida em que as unidades

previstas para a opção “A” fossem dimensionadas dentro de uma economia de escala,

procurando-se otimizar diâmetros abrangendo as duas etapas de implantação. Já na

segunda etapa das obras, enquanto a opção “B” teria a implantação de um novo sistema

de produção em outra localidade, a opção “A” seria apenas uma ampliação com obras

complementares num mesmo local. Além disso, as obras de adução da segunda etapa

passariam a ter as mesmas características das obras da opção “C”, ou seja, com as

necessárias adaptações e soluções específicas, que iriam suprir o atendimento à

população através de situações inadequadas, de acordo com a RPDA (CNEC, 2004).

Finalmente, a opção “A” foi definida pela Revisão do Plano Diretor de 2004 (CNEC,

2004) como a mais adequada para o sistema futuro de abastecimento de água da RMRJ

oeste, ou seja, para suprir o déficit de vazão na demanda populacional, revisada em

relação ao PDA 1985 (ENGEVIX, 1985), de aproximadamente 24m³/s (sendo que,

69,5-46,3=23,2~24m³/s), conforme o Gráfico 43 e o Gráfico 44 (oferta).

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181

Oferta x Demanda RMRJ oeste (RPDA 2004)

52,5

56,8

60,4

68,8

70,170,5

71,0 71,1 71,3 71,4 71,5

46,3 46,3

69,1 69,1 69,1 69,1 69,1 69,1 69,1 69,1

51,7 51,7

61,0

69,5 69,5 69,5 69,5 69,5 69,5 69,5 69,5

57,1

45

50

55

60

65

70

75

2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 2045 2050Ano

Va

zão

(m³/

s)

RPDA2004 (c/k1 e 30%perdas)

Oferta RPDA2004

Produção máxima (RPDA2004)

Gráfico 44 – Demanda x Produção máxima, RPDA 2004 (CNEC, 2004)

Notas:

k1 = 1,25 (coeficiente de máxima vazão diária);

RDPA 2004 é a demanda com 30% de perdas e sem setorização;

Oferta é igual à produção mínima necessária para atender a demanda;

Produção máxima equivale às vazões nominais máximas definidas para

os sistemas estudados: Ribeirão das Lajes, Guandu e Acari (Tabela 53).

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182

Tabela 53 – Evolução das vazões (m³/s) dos sistemas na RPDA (CNEC, 2004)

Sistema Produtor 2000 2005 2010 2015 2020

Opção A

Guandu 43 43 40 40 40

Ribeirão das Lajes 4,9 4,9 5,5 5,5 5,5

Acari 3,5 3,5 3,5 - -

Guandu Novo - - 12 24 24

TOTAL 51,4 51,4 61,0 69,5 69,5

Opção B

Guandu 43 43 40 40 40

Ribeirão das Lajes 4,9 4,9 5,5 5,5 5,5

Acari 3,5 3,5 3,5 - -

Guandu Novo - - 12 12 12

Marajoara - - - 12 12

TOTAL 51,4 51,4 61,0 69,5 69,5

Opção C

Guandu 43 43 40 40 40

Ribeirão das Lajes 4,9 4,9 5,5 5,5 5,5

Acari 3,5 3,5 3,5 - -

Marajoara - - 12 24 24

TOTAL 51,4 51,4 61,0 69,5 69,5

Os custos para a implantação dos sistemas propostos pelo RPDA 2004 estão a seguir:

Custo total (R$) dos sistemas produtores no RPDA 2004

721.580.00048%

128.728.0009%

631.305.10043%

ETA Guandu Novo

ETA Ribeirão das Lajes

Intervenções na ETAG(existente)

Gráfico 45 – Custo dos sistemas de produção propostos no RPDA (CNEC, 2004)

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183

O Gráfico 45 e o Gráfico 46 apresentam os custos de todas as obras necessárias, de

acordo com a RPDA 2004 (CNEC, 2004), para atender a demanda futura da RMRJ

oeste. Cabe lembrar que os valores são referentes ao ano de 2004, correspondente a

etapa imediata das obras. A primeira etapa seria de 2005 a 2010 e a segunda etapa, de

2011 a 2020. Além disso, as intervenções na ETAG referem-se a obras de melhorias e

recuperação sem aumento de vazão, ou seja, sem modernização.

Custos (R$) de implantação dos sistemas no RPDA 2004

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

2ª ETAPA (2020) 194 .152.550 48.200.000 0 0 9 .536 .050 1.838 .750 15.074 .0006 .720 .000

1ª ETAPA (2010 ) 0 80.528.000 721.580.000428.560.000230.582.95030.960.050 111.818 .000 15.543 .000

IMEDIATO (2004 ) 437.152.550 0 0 264.000.00076 .209.300 0 26.052.000 0

ETA Guandu Novo

ETA Ribeirão das Lajes

Intervenções na ETAG

(existente)

Sistema Guandu (túneis )

Sistema Guandu

(adução )

Sistema de Lajes

(adução)

Sistema Guandu

(reservação )

Sistema de Lajes

(reservação )

Gráfico 46 – Custos de implantação de todos os sistemas no RPDA (CNEC, 2004)

7.2.1) Modernização da ETA Guandu

A ampliação do sistema Guandu existente, para atender o aumento de produção

preconizado pela revisão do plano, recaiu na modernização das unidades de tratamento

da ETAG, particularmente dos decantadores da VETA, que tem mais de 40 anos.

O aumento de produção para a VETA seria da ordem de 40% sobre a vazão nominal, ou

seja, 24m³/s x 40% = 9,6m³/s, obtidos com a reformulação do processo de decantação

convencional para sedimentação lamelar e com a manutenção dos filtros atuais

operando com taxas mais elevadas, compatíveis com as características do leito filtrante

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184

existente e com uma redução na carreira de filtração. Já as outras estruturas da VETA

deveriam ser adaptadas à nova vazão, tais como: as unidades de coagulação, as unidades

de floculação, os canais, as galerias, os dispositivos de entrada e saída dos filtros, os

tubos de saída de água filtrada e tratada, os poços de tomada das bombas e as unidades

de recalque de água bruta e de água tratada.

Ressalta-se que todas as intervenções para o aumento da capacidade nominal da VETA

necessitariam de diversas paralisações demoradas no sistema Guandu existente,

tornando-se então prioritária a execução de outro sistema produtor independente da

ETAG, para a execução das obras sem prejudicar o abastecimento da RMRJ oeste por

um longo período.

Então, conforme a RPDA 2004 (CNEC, 2004), essas intervenções em todos os níveis do

processo aliadas ao não atendimento da vazão final necessária de 24m³/s (faltariam

ainda 14,4m³/s = 24m³/s – 9,6m³/s) inviabilizaram um novo sistema a partir do aumento

da capacidade nominal da estação existente (VETA). Sendo assim, a revisão do plano

preconizou a manutenção das unidades de produção existentes dentro de suas

capacidades atuais com 40m³/s (24 m³/s da VETA + 16m³/s da NETA), o sistema

Ribeirão das Lajes com 5,5m³/s e o novo sistema produtor com 24m³/s (Guandu Novo e

/ ou Marajoara).

Este novo sistema produtor de água potável também permitiria as paralisações no

sistema existente para as obras necessárias de recuperação e melhorias da VETA e da

NETA, sem aumento de vazão, previstas no diagnóstico da RPDA (CNEC, 2004).

7.2.2) ETA Ribeirão das Lajes

A Estação de Tratamento de Água (ETA) de Ribeirão das Lajes foi definida pela RPDA

2004 (CNEC, 2004) devido à Portaria MS n° 518/2004 (artigos 22 e 23) do Ministério

da Saúde, que estabelece a necessidade do tratamento por desinfecção e filtração para

casos de abastecimento público. Como atualmente o sistema Ribeirão das Lajes possui

somente unidade de fluoretação e desinfecção com cloro no trecho Túnel IV, seria

necessário implantar uma unidade de filtração para uma vazão de aproximadamente

5m³/s. Além disso, a ETA completa também foi definida pela piora gradativa da

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185

qualidade de água do reservatório Ribeirão das Lajes, baseada em informações

operacionais da CEDAE obtidas pela RPDA (CNEC, 2004), sem esta apresentar dados

corroborando com o visual processo de eutrofização. Entretanto, o aumento da

concentração de cianobactérias pode ser visualizado nas estações de amostragem da

FEEMA em Ribeirão das Lajes – LG350 e LG351 (vide Gráfico 21).

O novo sistema produtor de Ribeirão das Lajes seria então composto de: adutora de

água bruta (por gravidade); estação de tratamento de água; reservatório-pulmão;

elevatória de água tratada; adutora de água tratada (por recalque); reservatório de carga;

e adutora de água tratada (por gravidade). Ressalta-se que não haveria aumento de

captação de água no manancial, já que o novo sistema interceptaria as Adutoras

Ribeirão das Lajes (ARL’s) existentes para tratar a água em local próximo ao rio

Cacaria, entre os Túneis II e III da ARL. A Tabela 54 e a Figura 22 retratam o novo

sistema de Ribeirão das Lajes proposto pela revisão do plano diretor de abastecimento

de água, que ainda atenderia municípios vizinhos ao Rio de Janeiro e parte deste.

Tabela 54 – Unidades do novo sistema produtor Ribeirão das Lajes (CNEC, 2004)

UNIDADE TIPO CARACTERÍSTICAS

ARL’s Existente Interligação nas 1ª e 2ª linhas ARL com válvulas

para controle de vazão e pressão e de parada.

Adutora de

água bruta Gravidade

~250m de tubo Ø 1.800mm em aço carbono e

dispositivo de medição de vazão.

Estação de

tratamento

de água

1ª ETAPA

Filtração direta

de fluxo

descendente

Reator de acidificação e alcalinização;

Calha Parshall na mistura rápida do coagulante;

2módulos x 12 filtros/módulo, para operação

com taxas declinantes variáveis, leito filtrante

duplo com areia e antracito com 1,25m de altura,

velocidade de filtração média de 240m/dia e

limpeza por auto-lavagem com ar e água;

Tanque de contato para t=30min, com aplicação

de cloro (desinfecção), flúor e hidróxido de sódio

para correção do Ph, ao início, no primeiro terço

e na metade do circuito, respectivamente;

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186

Unidade de tratamento de rejeitos, inicialmente

para sedimentação das descargas de lavagem dos

filtros, adensamento gravimétrico do lodo

descartado e do centrado recirculado do

desaguamento do lodo adensado, desaguamento

mecânico e eventual secagem por estufa, este

processo contemplaria aplicação de coagulantes;

Prédio de administração e apoio operacional;

Prédios operacionais e de produtos químicos;

Áreas de tancagem de produtos químicos;

Subestação rebaixadora de tensão;

Vias de circulação, carga, descarga e acesso.

Estação de

tratamento

de água

2ª ETAPA

Processo

complementado

por coágulo-

clarificação

Floculador para t=15min, com 2 câmaras

compostas de 3 compartimentos em série,

providos de agitador vertical tipo turbina, para

gradientes de velocidade de 90s-1 a 15s-1;

Flotador por ar dissolvido, para t=200m³/m²/dia,

com recirculação de água clarificada (10%) e

raspador de superfície.

Estação de

tratamento

de água

3ª ETAPA

Ozonização

Reator de ozonização pressurizado, para t=20min

e dosagem de 2,0mg/l, com previsão de unidade

de produção e unidade de inertização de gases.

Reservatório-

pulmão

Retangular

apoiado

T=120min, volante para operações emergenciais,

correção de distorções na qualidade da água

tratada e sua equalização ao longo do tempo;

2câmaras x 10000m³/câmara=20000m³(1ª etapa);

NA mín = 54,95m e NA máx = 59,01m.

Elevatória de

água tratada

Poço seco das

bombas

Poço de sucção e casa de bombas em poço seco

com os conjuntos de recalque afogados;

3 (2 + 1 reserva) conjuntos de recalque

Vazão Q = 2,75m³/s/conjunto;

Altura manométrica Hman = 40,00m;

Potência dos motores = 2.000cv/conjunto.

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187

Adutora de

água tratada Recalque

350m de tubo Ø 1800mm em aço carbono;

Travessia sobre o rio Cacaria;

Proteção contra transientes hidráulicos.

Reservatório

de carga

Retangular

apoiado

2 câmaras x 5.000m³/câmara (ambas na 1ªetapa);

NA máx = 90,00m.

Adutora de

água tratada Gravidade 250m de tubo Ø 1800mm em aço carbono.

Adutoras

Ribeirão das

Lajes

(ARL’s)

Existente Interligação nas 1ª e 2ª linhas ARL com válvulas

para controle de vazão e pressão e de parada.

Figura 22 – Novo sistema produtor de Ribeirão das Lajes (CNEC, 2004)

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188

7.2.3) ETA Guandu Novo

A nova estação de tratamento de água (ETA) Guandu Novo foi concebida para

implantação em área contígua às unidades de desarenação e recalque de água bruta

existentes da ETAG e ao longo da estrada da Lagoinha, com cerca de 27ha. Trata-se de

uma estação de tratamento por processo convencional com capacidade nominal para

tratar 24m³/s, dividida em duas etapas de implantação com 12m³/s cada. A primeira

etapa permitiria as paralisações necessárias na VETA para as intervenções previstas.

O sistema produtor Guandu Novo começaria na interligação com o túnel canal de água

bruta existente da ETAG, que está apto para receber um acréscimo de vazão da ordem

de 24m³/s, pois as estruturas de tomada d’água da ETAG já estão construídas para a

vazão final de plano de 80m³/s, conforme PDA (ENGEVIX, 1985). O sistema produtor

completo estaria assim composto: canal de água bruta; desarenadores; bacia de

aproximação; elevatória de água bruta; adutoras de água bruta; estação de tratamento de

água; reservatório-pulmão; elevatória de água tratada; adutoras de água tratada;

reservatório de carga; e interligação entre os reservatórios Marapicu II e JK.

A estação elevatória de água bruta (EEAB) seria similar ao BRG existente, tal qual a

estação elevatória de água tratada (EEAT) seria semelhante às atuais ARG e NARG. As

unidades de produção terminariam no reservatório denominado Marapicu II , a ser

implantado em cota semelhante ao do atual reservatório Marapicu, na mesma encosta e

nas proximidades das instalações existentes. Este reservatório operaria como

reservatório de carga do sistema, para a água tratada chegar aos centros de consumo na

Baixada Fluminense, por intermédio da implantação do túnel entre o reservatório

Marapicu II, em Nova Iguaçu, e o reservatório JK existente, localizado em Mesquita.

Tabela 55 – Unidades do novo sistema produtor Guandu Novo (CNEC, 2004)

UNIDADE TIPO CARACTERÍSTICAS

Canal de água

bruta Túnel canal

Interligação com túnel de água bruta da ETAG;

~350m de túnel canal de água bruta.

Desarenadores Retangular 4 canais x 80m/canal x 24m³/s/canal.

Aproximação Canal aberto Bacia em curva até o poço de sucção da elevatória.

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189

Elevatória de

água bruta

Operação

Valve-less

Poço de sucção;

10conjuntos (5 + 1 reserva, + 5 na 2ª etapa);

Tipo do conjunto = eixo vertical prolongado;

Vazão Q = 3,0m³/s/conjunto;

NA mín no poço de sucção = 9,60m;

NA crista da soleira de chegada na ETA = 22,00m;

Altura manométrica Hman = 13,40m;

Potência dos motores = 720cv/conjunto.

Adutoras de

água bruta Recalque

2 (1 na 1ª etapa, + 1 na 2ª etapa) x 110m de tubo Ø

2500mm em aço carbono.

Estação de

tratamento de

água

Processo

convencional

1ªETAPA

(1módulo de

12m³/s)

2ªETAPA

(1módulo de

12m³/s)

Pré-condicionamento de água bruta com agente

oxidante e de adsorção, para auxílio na coagulação

e na floculação;

Reator de alcalinização;

Calha Parshall, para mistura rápida de coagulantes;

2módulos x 6 Floculadores/módulo, t=25,6min,

com agitadores verticais tipo turbina de fluxo

radial, para gradientes de 90s-1 a 15s-1 e 4 câmaras

de floculação;

2módulos x 6 Sedimentadores/módulo, lamelares

com placas planas montadas a 60°, taxa de

escoamento de 119m³/m²/dia (bruta), extratores de

lodo por manifold de sucção, vertedores e canaletas

longitudinais para coleta do sobrenadante;

2módulos x 1Reator de ozonização pressurizado

por módulo, para t=20min a dosagem de 2,0mg/l;

2módulos x 36filtros/módulo, tipo taxa declinante

variável, para média 240m/dia, com leito duplo de

areia e carvão ativado de 1,95m de altura, com

limpeza por auto-lavagem com ar e água;

2módulos x2Tanques de contato/módulo, t=30min,

desinfecção (cloro), flúor e ajuste Ph, ao início, a

um terço e na metade do circuito, respectivamente;

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190

Unidade de tratamento de rejeitos, descarga de

lavagem de filtros e descarte de lodo dos

decantadores, sendo: sedimentação, adensamento

gravimétrico, desaguamento mecânico secagem em

estufa eventual, o processo contemplará a

aplicação de coagulantes;

Prédios de administração e de apoio operacional;

Prédios operacionais e de produtos químicos;

Áreas de tancagem de produtos químicos;

Subestação rebaixadora de tensão;

Vias de circulação, carga, descarga e acesso.

Reservatório-

pulmão

Retangular

apoiado

T = 120min, volante para operações emergenciais,

correção de distorções na qualidade da água tratada

e sua equalização ao longo tempo;

4 câmaras x 43.200m³/câmara (2câmaras na 1ª

etapa e 2câmaras na 2ª etapa) = 172.800m³;

NA mín = 8,65m e NA máx = 13,15m.

Elevatória de

água tratada

Poço seco

das bombas

Poço de sucção e casa de bombas em poço seco

com os conjuntos de recalque afogados;

10conjuntos (5 + 1 reserva, + 5 na 2ª etapa);

Vazão Q = 3,0m³/s/conjunto;

Altura manométrica Hman = 125,00m;

Potência dos motores = 6.500cv/conjunto.

Adutoras de

água tratada Recalque

2 (1 na 1ª etapa, + 1 na 2ª etapa) x 3.400m de tubo

Ø 2500mm em aço carbono;

Proteção contra transientes hidráulicos.

Reservatório

de carga

Marapicu II

Retangular

apoiado

2 câmaras x 55.000m³/câmara (1câmara na 1ª etapa

e 1câmara na 2ª etapa) = 110.000m³;

NA máx = 112,80m.

Adutora de

água tratada Túnel

17.660m de túnel entre o Marapicu II (Nova

Iguaçu) e o reservatório JK existente (Mesquita).

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Figura 23 – Novo sistema produtor Guandu Novo, pelo RPDA (CNEC, 2004)

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192

7.2.4) Desativação do sistema Acari

Conforme já mencionando anteriormente, a identificação dos mananciais de superfície

disponíveis apontou que não existiam outras fontes além daquelas já amplamente

estudadas e que já abastecem a região metropolitana oeste ao longo das últimas décadas,

ou seja, o principal manancial abastecedor seria ainda o rio Guandu (Tabela 56).

A viabilidade operacional e de manutenção dos mananciais de superfície utilizados

atualmente dependeria de três principais aspectos legais:

Portaria SERLA nº 307 de 23 de dezembro de 2002;

Leis específicas para Áreas de Preservação Ambiental;

Portaria MS nº 518 de 25 de março de 2004 (MS, 2005).

O artigo 19 (critérios para outorga) da Portaria SERLA número 307 de 23 de dezembro

de 2002 limitou as disponibilidades hídricas dos mananciais estudados, exceto as dos

mananciais de superfície Guandu e Ribeirão das Lajes. Pela legislação, todas as

situações de fornecimento de água a partir de mananciais superficiais passaram a ter sua

vazão máxima utilizável (captação) igual a 50% da Q7.10 (vazões mínimas com duração

de sete dias e período de retorno de dez anos), quando não regularizados, o que

representou uma grande redução na vazão até então considerada como disponível, já

que estes mananciais não possuíam grandes bacias de contribuição, não sendo, em

alguns casos, perenes e estando muitas vezes sujeitos aos regimes das chuvas.

Os mananciais secundários que atualmente abastecem os municípios de Itaguaí e

Paracambi, os mananciais locais que atendem a bairros no Rio de Janeiro e até mesmo o

Sistema Acari que abastece regiões na Baixada Fluminense, ficariam bastante

comprometidos, tendo em vista sua participação no total das vazões de fornecimento de

água para a RMRJ oeste. Pela RPDA 2004 (CNEC, 2004), a regularização de alguns

cursos d’água do sistema Acari não alteraria significativamente suas contribuições face

às demandas previstas, além disso, alguns dos mananciais de Acari estão localizados em

áreas de preservação, o que implicaria em maiores restrições à implementação de obras

de regularização.

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193

O aproveitamento desses mananciais também implicaria no atendimento ao artigo 23 da

Portaria n° 518 de 25 de março de 2004 do Ministério da Saúde (MS, 2005), que

estabelece a necessidade do tratamento por filtração para casos de abastecimento

público com a água suprida por mananciais superficiais e distribuída por meio de

canalizações.

Pelos aspectos então apresentados, a RPDA 2004 (CNEC, 2004) sugeriu o não

aproveitamento imediato ou gradual do sistema Acari e dos sistemas secundários

localizados no Rio de Janeiro, Itaguaí e Paracambi. Os sistemas de abastecimento

d’água da RMRJ oeste seriam somente o Ribeirão das Lajes e o Guandu, sendo este

reformulado e ampliado para atender a demanda futura. Portanto, o sistema Ribeirão das

Lajes (com a inserção de uma Estação de Tratamento de Água completa) forneceria

uma vazão de 5,1m³/s (nominal de 5,5m³/s) e o sistema Guandu teria um acréscimo na

vazão captada do rio Guandu da ordem de 24m³/s.

O Gráfico 47, o Gráfico 48, o Gráfico 49, o Gráfico 50 e o Gráfico 51 ilustram um

histórico recente das vazões aduzidas nos mananciais do sistema Acari, subdividido

pelas linhas (sistemas) São Pedro, Rio D’Ouro, Tinguá, Xerém e Mantiquira,

respectivamente. Os dados mostram a variabilidade das vazões aduzidas pelos sistemas

no período entre os anos 1990 e 2000, devido à inexistência de barragens de

regularização a montante das captações.

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194

VAZÃO MÉDIA MENSAL ADUZIDA NO SISTEMA SÃO PEDRO

0,000

0,200

0,400

0,600

0,800

1,000

1,200

1,400

fev/

90

jun/

90

out/9

0

fev/

91

jun/

91

out/9

1

fev/

92

jun/

92

out/9

2

fev/

93

jun/

93

out/9

3

fev/

94

jun/

94

out/9

4

fev/

95

jun/

95

out/9

5

fev/

96

jun/

96

out/9

6

fev/

97

jun/

97

out/9

7

fev/

98

jun/

98

out/9

8

fev/

99

jun/

99

out/9

9

fev/

00

jun/

00

out/0

0 mês

m³/s

Qmín 0,490m³/s

Qmáx 1,320m³/s

Qméd 0,905m³/s

REVISÃO DO PLANO DIRETOR DE ABSTECIMENTOS DE ÁGUA DA REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO, RELATIVAMENTE AOS MUNICÍPIOS ATENDIDOS PELOS SISTEMAS GUANDU, RIBEIRÃO DAS

LAJES E ACARI-RJ

Gráfico 47 – Vazão mensal aduzida na Linha São Pedro, RPDA (CNEC, 2004)

VAZÃO MÉDIA MENSAL ADUZIDA NO SISTEMA RIO D´OURO

0,000

0,100

0,200

0,300

0,400

0,500

0,600

0,700

0,800

0,900

jan/

90

mai

/90

set/9

0

jan/

91

mai

/91

set/9

1

jan/

92

mai

/92

set/9

2

jan/

93

mai

/93

set/9

3

jan/

94

mai

/94

set/9

4

jan/

95

mai

/95

set/9

5

jan/

96

mai

/96

set/9

6

jan/

97

mai

/97

set/9

7

jan/

98

mai

/98

set/9

8

jan/

99

mai

/99

set/9

9

jan/

00

mai

/00

set/0

0

mês

m³/s

REVISÃO DO PLANO DIRETOR DE ABSTECIMENTOS DE ÁGUA DA REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO, RELATIVAMENTE AOS MUNICÍPIOS ATENDIDOS PELOS SISTEMAS GUANDU, RIBEIRÃO DAS LAJES E ACARI-RJ

Qmáx 0,850m³/s

Qméd 0,516m³/s

Qmín 0,100m³/s

Gráfico 48 – Vazão mensal aduzida na Linha Rio D’Ouro, RPDA (CNEC, 2004)

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195

VAZÃOMÉDIA MENSAL ADUZIDA NO SISTEMA TINGUÁ

0,000

0,100

0,200

0,300

0,400

0,500

0,600

0,700

0,800

0,900

jan/

90

mai

/90

set/9

0

jan/

91

mai

/91

set/9

1

jan/

92

mai

/92

set/9

2

jan/

93

mai

/93

set/9

3

jan/

94

mai

/94

set/9

4

jan/

95

mai

/95

set/9

5

jan/

96

mai

/96

set/9

6

jan/

97

mai

/97

set/9

7

jan/

98

mai

/98

set/9

8

jan/

99

mai

/99

set/9

9

jan/

00

mai

/00

set/0

0

mês

m³/s

Qmáx0,851m³/s

Qméd0,544m³/s

Qmín0,270m³/s

REVISÃO DO PLANO DIRETOR DE ABSTECIMENTOS DE ÁGUA DA REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO, RELATIVAMENTE AOS MUNICÍPIOS ATENDIDOS PELOS SISTEMAS GUANDU, RIBEIRÃO DAS LAJES E ACARI-RJ

Gráfico 49 – Vazão mensal aduzida na Linha Tinguá, RPDA (CNEC, 2004)

VAZÃO MÉDIA MENSAL ADUZIDA NO SISTEMA XERÉM

0,000

0,200

0,400

0,600

0,800

1,000

1,200

1,400

jan/

90

mai

/9

set/9

0

jan/

91

mai

/9

set/9

1

jan/

92

mai

/9

set/9

2

jan/

93

mai

/9

set/9

3

jan/

94

mai

/9

set/9

4

jan/

95

mai

/9

set/9

5

jan/

96

mai

/9

set/9

6

jan/

97

mai

/9

set/9

7

jan/

98

mai

/9

set/9

8

jan/

99

mai

/9

set/9

9

jan/

00

mai

/0

set/0

0

mês

m³/s

Qmín 0,410m³/s

Qmáx 1,250m³/s

Qméd 0,861m³/s

REVISÃO DO PLANO DIRETOR DE ABSTECIMENTOS DE ÁGUA DA REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO, RELATIVAMENTE AOS MUNICÍPIOS ATENDIDOS PELOS SISTEMAS GUANDU, RIBEIRÃO DAS

LAJES E ACARI-RJ

Gráfico 50 – Vazão mensal aduzida na Linha Xerém, RPDA (CNEC, 2004)

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196

VAZÃO MÉDIA MENSAL ADUZIDA NO SISTEMA MANTIQUIRA

0,000

0,200

0,400

0,600

0,800

1,000

1,200ja

n/90

mai

/9

set/9

0

jan/

91

mai

/9

set/9

1

jan/

92

mai

/9

set/9

2

jan/

93

mai

/9

set/9

3

jan/

94

mai

/9

set/9

4

jan/

95

mai

/9

set/9

5

jan/

96

mai

/9

set/9

6

jan/

97

mai

/9

set/9

7

jan/

98

mai

/9

set/9

8

jan/

99

mai

/9

set/9

9

jan/

00

mai

/0

set/0

0

mês

m³/s

Qmín 0,333m³/s

Qmáx1,135m³/s

Qméd 0,749m³/s

REVISÃO DO PLANO DIRETOR DE ABSTECIMENTOS DE ÁGUA DA REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO, RELATIVAMENTE AOS MUNICÍPIOS ATENDIDOS PELOS SISTEMAS GUANDU, RIBEIRÃO DAS

LAJES E ACARI-RJ

Gráfico 51 – Vazão mensal aduzida na Linha Mantiquira, RPDA (CNEC, 2004)

Tabela 56 – Mananciais estudados pela RPDA 2004 (CNEC, 2004)

Vazões (m³/s) Manancial de

superfície Localização

Mínima Média Máxima

Rio Guandu Rio de Janeiro e outros 120,000 - 160,00

Ribeirão das Lajes Rio de Janeiro e outros 5,100 5,500

Sistema Acari Baixada Fluminense 1,603 3,575 5,406

Mananciais locais Bairros do Rio de Janeiro - - -

Rio Itinguçu Itaguaí - - -

Rio Mazomba Itaguaí - - -

Rio Saudoso Paracambi - - -

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197

7.2.5) Redução de perdas

A RPDA 2004 (CNEC, 2004) estabeleceu cenários futuros com e sem um programa de

redução de perdas no sistema de abastecimento de água (vide Gráfico 43), com metas

baseadas em índice de perdas totais, físicas e não físicas.

O índice de perdas totais (IP) nas regiões abrangidas pelo sistema produtor (cf. Tabela

57) considerou o volume total produzido (QProd) e o volume total faturado (QFatur),

em detrimento da relação volume total produzido e volume total consumido (QCons), já

que o valor geral 47,35% obtido por esta foi considerado elevado e irreal, pois nele

incidia o erro de economias não medidas e / ou medidas com pouca confiabilidade, de

acordo com a RPDA 2004 (CNEC, 2004). Por outro lado, um IP de 55% foi informado

ao SNIS pela CEDAE, em 2006 (Gráfico 52 e Gráfico 53). CNEC (2004) utilizou os

seguintes parâmetros adotados e as equações (9 ao 15) na Tabela 57 e na Tabela 58:

Nível de atendimento (%) = População atendida x 100 (9)

População total

Vazão média diária produzida = QProd

Vazão média diária consumida = QCons

Vazão média diária faturada = QFatur

Per capita produzido [l/hab/dia] = QProd [m³/s] x 1.000l/m³ x 86.400s/dia (10)

População atendida [hab]

Per capita faturado [l/hab/dia] = QFatur [m³/s] x 1.000l/m³ x 86.400s/dia (11)

População atendida [hab]

Ligações medidas = ligações com medidores de consumo (hidrômetros)

IP (%) = (QProd – QCons) x 100 = 47,35% (avaliação inicial) (12)

QProd

IP (%) = (QProd – QFatur) x 100 = Tabela 58 (avaliação adotada) (13)

QProd

Perdas [(m³/ano)/ligação] = QFatur [m³/s] x 365dias/ano x 86.400s/dia (14)

Ligações faturadas [un]

Índice de faturamento (%) = 100% - IP (15)

Equação 9 até a Equação 15

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198

Tabela 57 – Regiões abrangidas no estudo de perdas totais do sistema (CNEC, 2004)

População (hab) Zonas

Regiões

[¹fora do município Rio de Janeiro] Total Atendida

(%) Nível de

atendimento

Z–01 Ilha do Governador e Ilha do Fundão 347.000 307.200 88

Z–02 Centro e Adjacências 745.540 745.540 100

Z–03 Zona Sul 506.700 469.000 92,50

Z–04 Tijuca e Adjacências 977.800 941.650 96,3

Z–05 Barra da Tijuca e Jacarepaguá 682.000 593.300 87

Z–06 Leopoldina e Adjacências 1.405.000 1.257.000 89

Z–07 Deodoro e Adjacências 848.300 573.000 67,5

Z–08 Campo Grande e Santa Cruz 856.900 625.600 73

Z–09 ¹Baixada Fluminense 810.000 525.200 65

Z–10 ¹Itaguaí, ¹Seropédica e ¹Paracambi 74.640 20.153 27

Total RMRJ oeste (2004) 7.253.880 6.057.643 83,5

Tabela 58 – Volumes produzidos e faturados de água na RMRJ oeste (CNEC, 2004)

Vazão média

diária (m³/s)

Per capita

(l/hab/d)

Ligações

(un)

Perdas na

distribuição Zona

produ-

zida

fatu-

rada

produ-

zido

fatu-

rado medidas faturadas

IP

(%)

(m³/ano)

/ligação

Índice

(%) de

fatura-

mento

Z–01 1,6 0,51 450 143 20.259 28.300 68,0 1.220 32,0

Z–02 4,0 1,78 463 210 28.748 37.470 55,5 1.870 44,5

Z–03 3,5 1,94 645 357 21.067 25.600 44,6 1.920 55,4

Z–04 2,8 2,7 257 245 83.978 107.860 3,6 36 96,4

Z–05 4,0 1,88 580 274 45.311 70.290 53,0 952 47,0

Z–06 5,0 2,7 344 188 69.159 182.854 46,0 390 54,0

Z–07 4,5 1,27 680 190 67.832 127.325 72,0 800 28,0

Z–08 5,0 1,4 690 195 82.749 191.580 72,0 590 28,0

Z–09 10 4,33 1.645 712 220.586 336.368 56,7 532 43,3

Z–10 0,5 0,19 2.160 822 7.143 14.148 62,0 690 38,0

RMRJ 40,9 18,7 583 266 646.832 1.121.795 54,3 9000 45,7

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199

Gráfico 52 – Índices de atendimento e perdas da CEDAE (Fonte: SNIS)

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200

Gráfico 53 – Índices de atendimento e perdas das companhias (Fonte: SNIS)

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201

7.3) Plano diretor da região hidrográfica da Baía de Guanabara (2005)

7.3.1) Redução de perdas

Os municípios abrangidos pela região hidrográfica da Baía de Guanabara são

historicamente os maiores beneficiados pela bacia do rio Guandu. Portanto, nada mais

justo avaliar os rumos sugeridos pelo Plano Diretor de Recursos Hídricos da Região

Hidrográfica da Baía de Guanabara – PDRH-BG (ECOLOGUS-AGRAR, 2005), de

outubro de 2005. A Tabela 59 e a Figura 24 mostram a importação de água pela região,

uma verdadeira “transposição de bacias hidrográficas” e o maior motivo da transposição

dos rios Piraí e Paraíba do Sul para o rio Guandu, além da energia hidrelétrica.

Tabela 59 – Produção de água potável para a Baía de Guanabara (PDRH-BG)

Sistema produtor Manancial Vazão média Municípios atendidos

Guandu Rio Guandu

Ribeirão das Lajes Ribeirão das Lajes 34,284

Tinguá 0,559

Xerém 0,866 Acari (em parte)

Mantiquira 0,752

Rio de Janeiro, Nilópolis,

Mesquita, Belford Roxo,

São João de Meriti, Nova

Iguaçu e Duque de

Caxias.

Subtotal Bacia rio Guandu 36,461m³/s 7 municípios

Imunana-Laranjal Macacu 6,000

Niterói, São Gonçalo,

Itaboraí e Rio de Janeiro

(Ilha de Paquetá).

Rio Bonito Rio Bacaxá 0,134 Rio Bonito

Tanguá Caceribu Pequeno 0,038 Tanguá

Paraíso 0,040

Pico/Pedras Negras 0,110

Suruí 0,010 Magé

Piabetá/Cach.Grande 0,110

Magé

Soberbo Soberbo 0,080 Guapimirim

Cach.de Macacu Mananciais da serra 0,300 Cachoeira de Macacu

Caxambu Grande Mananciais da serra - Petrópolis

Subtotal Outras bacias 6,822m³/s 10 municípios

Total produzido PDRH-BG em 2000 43,283m³/s 16 municípios atendidos

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202

Figura 24 – Abastecimento de água na RHBG (ECOLOGUS-AGRAR, 2005)

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203

Os sistemas de produção de água potável para a Região Hidrográfica da Baía de

Guanabara (RHBG) são na sua grande maioria administradas pela CEDAE, que

distribui 42,903m³/s dos 43,283m³/s totais, correspondendo a 99% do total produzido

para a região. Já a vazão importada da bacia hidrográfica do rio Guandu corresponde a

84% do total distribuído na região.

O sistema de produção Acari da CEDAE possui outras captações na bacia do rio

Guandu (Rio do Ouro e São Pedro) que não abastecem a RHBG. Já o sistema produtor

Acari restante (Xerém, Tinguá e Mantiquira) apresenta captações dentro da bacia do rio

Guandu e dentro da RHBG, porém ele foi considerado como integrante dos sistemas

produtores da bacia do rio Guandu na Tabela 59, alterada do original PDRH-GB.

Em relação à concessão, o sistema produtor Imunana-Laranjal da CEDAE abastece o

município de Niterói, mas o sistema de distribuição de água é administrado pela CAN

(Companhia de Águas de Niterói S/A). Já o sistema produtor de Magé é administrado

em parte (Piabetá) pela prefeitura de Magé.

As outras empresas concessionárias produzem e distribuem água potável para os

municípios de Guapimirim, Cachoeira de Macacu e Petrópolis, sendo responsáveis por

apenas 1% do total produzido e distribuído na RHBG.

O PDRH-BG usou os índices de perdas presentes no diagnóstico dos serviços de água e

esgoto realizado em 2000 pelo Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento

(SNIS). Os índices divulgados de perdas nos sistemas de abastecimento foram de 42,2%

para a CEDAE e de 34,0% para a CAN. Já, o índice de perdas adotado pelo PDRH-BG

foi de 40% para toda a área de estudo, atendida enormemente pelos sistemas produtores

da bacia do rio Guandu (Guandu, Ribeirão das Lajes e Acari).

Os consumos per capita da população urbana fixa foram baseados nos utilizados pelas

bacias de esgotamento do PDE (STE, 1994), adaptados para as unidades de balanço

(UB) do PDRH-BG e perfazendo um per capita médio da ordem de 266l/hab/dia. Para a

população urbana flutuante o valor adotado foi de 200l/hab/dia, valor este indicado pelo

PDA (ENGEVIX, 1985). Portanto, os valores não são recentes e não foram baseados na

RPDA (CNEC, 2004), que possui valores menores e mais recentes de per capita.

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204

Os saldos hídricos nas captações dos sistemas de abastecimento de água da RHBG

apresentaram déficits no horizonte do plano (2020) da ordem de 13,660m³/s, sendo

6,491m³/s na região atendida pelo sistema Imunana-Laranjal, 6,021m³/s para a região

atendida pelos outros sistemas dentro da Baía de Guanabara e 1,148m³/s na área

atendida pelos sistemas importados Guandu e Ribeirão das Lajes. Estes saldos negativos

representavam a diferença entre vazões disponibilizadas (locais ou importadas) e

demandas hídricas das populações urbanas, com as perdas e os índices de atendimento.

Ações estruturais e gerenciais de redução de perdas e diminuição do consumo per

capita foram sugeridas pelo PDRH-BG para os sistemas importados Guandu e Ribeirão

das Lajes, face ao valor relativamente baixo do déficit hídrico projetado para até 2020.

Em contrapartida, o plano indicou ações estruturais para equacionar o déficit alto dos

sistemas Acari (Tinguá) e Imunana-Laranjal, tais como: a construção de barragens de

regularização (Pati, Duas Barras e Tanguá) e a transferência de vazões (captação) do rio

Caceribu para o sistema produtor Imunana-Laranjal.

O Gráfico 54 e o Gráfico 55 ilustram a participação dos sistemas na produção total de

água potável para a RHBG, antes e depois da implantação de um programa para redução

gradual das perdas e do per capita (q) a partir de 2010. Nesse caso, o índice de perdas

(IP) cairia de 40% para 30% em 2020.

A barragem de Pati e o Plano de Combate ao Desperdício de Água (PDCA) possuem as

metas e os custos de acordo com a Tabela 60. O sistema Acari (Tinguá) teria a vazão

regularizada (Qr) com a barragem de Pati a partir de 2010, que aumentaria a oferta

hídrica do sistema em 0,381m³/s (Qr–Q7,10=0,491-0,110 ou Qr–50%.Q7,10=0,436m³/s).

Tabela 60 – Programas do PDRH-BG que afetam sistemas da bacia do rio Guandu

Programas 2006-2010 2011-2015 2016-2020 2021- Final

PDCA (q) 266-0% 266-2% 266-5% 266-10% 239,4l/hab/dia

PDCA (IP) 40-0% 40-12,5% 40-12,5% 40-25% 30%

PDCA (R$) 145.282.000 253.458.000 225.548.000 19.774¹/ano

Pati (R$) 4.740.763 221.531¹ 221.531¹ 44.306¹/ano

¹Operação e

Manutenção

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205

Vazões médias captadas e vazões médias demandadas (m³/s)

34,2

84

34,2

84

34,5

39

34,5

97

35,1

12

35,4

32

0,559 0,336 0,3650,543 0,661 0,741

0,759 0,8311,202 1,453 1,635

0,752 0,750 0,8391,422 1,824 2,123

6,00

0

5,53

0

6,68

4

7,87

4

8,85

8

9,80

0

0,822 0,826 0,928 1,430 1,852 2,205

0,000 0,005 0,006 0,083 0,139 0,183

0,866

0%5%

10%15%20%25%30%35%40%45%50%55%60%65%70%75%80%85%90%95%

100%

2000(captada)

2000 2005 2010 2015 2020

sistemas locais novosoutros sistemasImunana-LaranjalAcari (Mantiquira)Acari (Xerém)Acari (T inguá)Guandu e Ribeirão das Lajes

Gráfico 54 – Projeção de vazões com 40% de perdas nos sistemas para a RHBG

Vazões médias captadas e vazões médias demandadas com redução de perdas em 25% e redução de per capta em 10% (m³/s)

34,2

84

34,2

84

34,5

39

31,2

96

30,7

88

27,3

36

0,559 0,336 0,3650,492 0,578 0,571

0,759 0,8311,087 1,275 1,262

0,752 0,750 0,8391,285 1,598 1,637

6,00

0

5,53

0

6,68

4

7,12

2

7,77

4

7,57

9

0,822 0,826 0,928 1,296 1,631 1,715

0,000 0,005 0,006 0,076 0,125 0,148

0,866

0%5%

10%15%20%25%30%35%40%45%50%55%60%65%70%75%80%85%90%95%

100%

2000(captada)

2000 2005 2010 2015 2020

sistemas locais novosoutros sistemasImunana-LaranjalAcari (Mantiquira)Acari (Xerém)Acari (T inguá)Guandu e Ribeirão das Lajes

Gráfico 55 – Projeção de vazões com redução de perdas nos sistemas para a RHBG

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206

7.4) ETA Guandu II

O processo proposto para a ETA do sistema produtor Guandu II (BCM, 2005) era o

tratamento físico-químico lastreado por micro-areia com decantação acelerada, seguido

de filtração em manto de areia e carvão ativado. Antes a vazão de projeto era 36m³/s em

três fases de 12m³/s (16m³/s de sobrecarga na 1ª), depois passou para 2 fases de 12m³/s.

O sistema de tratamento proposto era constituído por quatro etapas separadas e

sucessivas que correspondem a duas etapas de mistura rápida, uma etapa de floculação e

uma etapa de sedimentação (BCM, 2005).

O processo iniciaria nas etapas de mistura rápida, seguido de uma etapa de floculação,

terminando na decantação, na qual os flocos lastreados com a micro-areia cresceriam

suficientemente para serem separados da água nos módulos de decantação instalados no

decantador (BCM, 2005).

Na primeira etapa da mistura rápida era aplicado um agente coagulante (sulfato de

alumínio ou outros) que promoveria a coagulação química. Este coagulante seria

disperso na água a ser tratada e sua mistura era assegurada por uma agitação rápida. Em

seguida, na segunda fase da mistura rápida, seriam aplicados produtos auxiliares de

floculação (polieletrólitos ou outros) com o intuito de aumentar a taxa e o grau de

floculação por adsorção, neutralização de carga e ligação entre partículas. Nesta fase era

também adicionada micro-areia visando um aumento na eficiência da floculação. Sob o

efeito da agitação rápida e ação química, partículas se agregariam ao redor da micro-

areia formando flocos fortes e pesados. Esta operação nas duas unidades de mistura

levaria um tempo médio de 6,0 minutos (BCM, 2005).

Após mistura rápida, a água era conduzida a uma unidade de floculação projetada para

gerar agregados grandes que podem sedimentar facilmente causando a colisão entre si

de pequenas partículas formadas nos tanques de mistura rápida, gerando flocos maiores.

Os floculadores seriam constituídos por agitadores mecânicos dimensionados para uma

velocidade tal que impeça o rompimento dos flocos. Esta condição deve ser suficiente

para manter todo o floco lastreado em suspensão. Esta operação levaria um tempo

médio de 10,0 minutos (BCM, 2005).

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207

Na unidade subseqüente, nos decantadores, ocorreria a sedimentação dos flocos

formados durante as fases de mistura rápida e floculação. A eficiência desta unidade era

aumentada devido à utilização da micro-areia como lastro, pois os flocos gerados teriam

maior densidade que os flocos obtidos em processos convencionais. A água coagulada

era introduzida nesta unidade sob os módulos lamelares, que formam pequenos canais

inclinados a 60°, instalados na superfície do decantador. Ao passar pelos canais dos

módulos tubulares, em fluxo vertical ascensional, os flocos seriam depositados nos

módulos, sedimentando por gravidade no fundo do decantador. A água clarificada era

coletada por canaletas com vertedores instalados no topo dos módulos de decantação.

O material sedimentado era composto por uma mistura de micro-areia e lodo. Este

material seria coletado por um raspador de fundo e conduzido por bombeamento a uma

unidade onde é processada a separação da micro-areia que seria reutilizada no processo.

Esta unidade era denominada “Hidrociclone”, cuja função seria separar a micro-areia do

lodo pela ação da força centrífuga e possibilitar a recuperação da micro-areia que,

reciclada no processo, era devolvida diretamente aos tanques de mistura rápida. A água

clarificada, coletada nos decantadores era conduzida ao sistema de filtração constituído

por 24 filtros. Os filtros seriam compostos por manto de areia, suportado por pedregulho

e uma camada adicional de carvão ativado sobre o manto de areia. A água filtrada era

então conduzida a uma câmara de contato onde é promovida a desinfecção e desta

bombeada para um novo reservatório de carga denominado Marapicu II (BCM, 2005).

O processo de micro-areia acelera o tempo de operação nas unidades de uma ETA e

otimiza as taxas de dimensionamento, resultando em unidades menores. Não houve

restrição técnica para a utilização deste processo no tratamento de águas para consumo

pela CEDAE. Entretanto, a companhia descartou o processo de micro-areia por motivos

operacionais e de manutenção, já que ele era inédito no Brasil e seus insumos e

equipamentos exclusivos dos detentores. Em 2004, existia apenas uma jazida de micro-

areia credenciada no Brasil (em SP) e um único fabricante do equipamento principal do

processo, o “Hidrociclone”, o que levaria a custos altos de operação e manutenção do

sistema proposto. O fornecimento da micro-areia para a ETA Guandu custaria R$

16.740,00/mês (= 93t/mês x R$ 180,00/t), para um consumo de 3ppm do produto a cada

12m³/s (=~ 3.100kg/dia x 30dias/mês = 93.000kg/mês = 93t/mês), cf. CONEN (2004).

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208

Ainda em relação ao processo proposto na ETA Guandu II, também chamado de

decantação lamelar lastreada com micro-areia, a SABESP (Companhia de Saneamento

Básico do Estado de São Paulo) realizou estudos em escala piloto com este processo

(ETA Piloto) e comparou-os com os processos de decantação convencional com

decantadores retangulares (ETA Alto da Boa Vista-SP) e de decantação lamelar com

micro-areia, com os seguintes resultados e conclusões em dezembro de 2002:

Tabela 61 – Decantação com micro-areia X Convencional (SABESP, 2002)

ITEM ETA com micro-areia ETA Convencional

Tratamento global Nível muito superior com taxas

operacionais menores

Nível inferior com taxas

operacionais 14 x maiores

Mudanças na qualidade

da água bruta

Mais estável devido a grande

quantidade de sólidos

(reciclagem da micro-areia)

Menor estabilidade a

variações bruscas

Tempo de resposta a

mudança de dosagem

de produtos químicos

20 minutos 2,5 horas

Remoção de turbidez Similar ao convencional Similar ao com micro-areia

Remoção de algas com

policatiônico Média = 99% (97,5~99,8%) Média = 93% (78,5~99%)

Custos globais do

tratamento

Diminuição do uso de produtos

químicos e do volume de água

para lavagem dos filtros

Maior uso de produtos

químicos e maior volume

de água de lavagem

Aplicação de polímeros

(performance)

Totalmente dependente (ideal

= poliacriloamina catiônica)

Não depende (opcional ou

auxiliar)

Uso de carvão ativado

em pó na água bruta

Melhora na qualidade da água

decantada (menos micro-areia)

Melhora na qualidade da

água decantada

Risco de interrupção na

produção de água

Menor risco (melhor qualidade

da água bruta = menos algas)

Maior risco (atenuado se

usar carvão ativado em pó)

A Figura 25 mostra o espaço ocupado entre os processos existentes de decantação. A

Figura 26 esquematiza o processo de decantação lamelar lastreada com micro-areia.

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209

Cabe observar que o maior motivo para a utilização da micro-areia no sistema produtor

ETA Guandu II seria a melhora da qualidade da água bruta para os tratamentos

subseqüentes, devido a crescente piora da qualidade da água captada na lagoa Guandu

pela ETA Guandu existente, já que o novo sistema aproveitaria a mesma captação.

Então, não houve problema de espaço físico para a implantação da ETA Guandu II,

levando a dois projetos diferentes para a mesma, um só com a decantação lamelar

lastreada com micro-areia e o outro um misto entre esta e a convencional retangular.

Figura 25 – Comparativo de áreas nos processos de decantação (SABESP, 2002)

Figura 26 – Esquema da decantação lamelar com micro-areia (SABESP, 2002)

A Figura 27, o Gráfico 56 e o Gráfico 57 apresentam o esquema geral do sistema

produtor ETA Guandu II e os custos (setembro de 2004) de implantação para os 36m³/s.

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210

Figura 27 – Sistema produtor ETA Guandu II (Fonte: BCM, 2005)

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211

Sistema Guandu II

CA

NT

EIR

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E O

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= 33

,39

Can

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e A

duçã

o / D

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35,5

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9,94

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1,2

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0,20

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1,60

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32

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87

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GU

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GU

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87,

23

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83,

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10

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30

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70

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90

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m B

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nida

des

(R$

milh

ões)

Gráfico 56 – Custos das unidades do sistema produtor Guandu II (BCM, 2005)

Custos (R$) do Sistema ETA Guandu II (total=R$ 576.873.455,15)

33.387.009,81 6%

35.795.760,72 6%

57.763.698,56 10%

449.926.986,06 78%

Canteiro de obras

Estação de tratamento de água

Adutora de água tratada

Reservatório de água tratada

Gráfico 57 – Custos de implantação do sistema produtor Guandu II (BCM, 2005)

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212

7.5) ETA Novo Guandu

A ETA Novo Guandu (CEDAE, 2007) receberá investimentos do PAC (2008) para

financiar sua construção, com início previsto para o ano de 2009. O PAC (Programa de

Aceleração do Crescimento) é um programa de investimentos em infra-estrutura no

Brasil, criado pelo governo federal em janeiro de 2007, que aloca recursos financeiros

até 2010, da ordem de R$ 503,9 bi: 170,8 em questões sociais e urbanas, 58,3 em

logística de transporte e 274,8 em energia.

A ETA Novo Guandu será construída próxima às unidades existentes da ETAG, aos

desarenadores, no mesmo local previsto para a ETA Guandu II. A opção escolhida pela

CEDAE (2007), dentre todas as aventadas descritas anteriormente, foi realmente a ETA

Novo Guandu, que tem os recursos financeiros do PAC (2008) em fase de contratação

para iniciar o processo de licitação no ano de 2009. As unidades previstas são:

Canal desarenador partindo do canal existente de água bruta da ETAG;

Elevatória de água bruta;

Unidade de mistura hidráulica rápida com medidor tipo calha parshall;

Floculação hidráulica de fluxo vertical seguida de floculação mecânica;

Decantadores de alta taxa por módulos tubulares;

Filtros de areia com taxas declinantes e autolaváveis;

Tanque de contato com capacidade para 30 minutos;

Tanque-pulmão com capacidade de 2 horas ou canal de água tratada;

Elevatória de água tratada;

Linha de recalque com diâmetro nominal (DN) 2500mm e extensão 3400m;

Novo reservatório de carga com volume de 55.000m³ (Novo Marapicu).

A ETA Novo Guandu está projetada para 24m³/s, em duas etapas de implantação de

12m³/s, sendo a primeira imediata. Está previsto o tratamento da fase sólida constituída

pelo lodo gerado no processo, bem como a recuperação da água de lavagem dos filtros.

Na fase líquida de 1ª etapa, a ETA contemplará uma unidade de pré-condicionamento

da água bruta com produtos químicos, devido ao alto grau de poluição da lagoa Guandu,

corroborado com estudos dos capítulos (3) e (4). Opcionalmente, previu-se o tratamento

futuro da fase líquida com unidades de oxidação e adsorção. A Figura 28 mostra o

esquema das fases dos processos adotados no sistema Novo Guandu.

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213

Figura 28 – Processo de tratamento do sistema Novo Guandu (CEDAE, 2007)

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214

A CEDAE apresentou os seguintes motivos principais para a escolha da concepção da

ETA Novo Guandu como o novo sistema produtor:

Zerar o déficit futuro de vazão demandada de 24m³/s, previsto pela RPDA (CNEC,

2004), principalmente para a população da Baixada Fluminense na RMRJ oeste;

Atender as demandas do sistema Acari, que seria desativado gradativamente

(conforme CNEC, 2004) por falta de regularização das vazões (3,5m³/s de médias e

1,60m³/s em estiagens) e pela exigência de tratamento com unidades de filtração e

desinfecção para mananciais de superfície (Portaria n° 518/2004 do Ministério da

Saúde);

Permitir a reforma, a recuperação e as adequações necessárias nas unidades de

tratamento existentes VETA (24m³/s) e NETA (16m³/s) da ETAG, operando em

capacidade máxima.

Então, seguindo as premissas da RPDA (CNEC, 2004), a CEDAE pretende desativar o

sistema Acari e criar um novo sistema produtor de água potável também no mesmo

local indicado para a ETA Guandu Novo (CNEC, 2004) e para ETA Guandu II (BCM,

2005), porém com outros métodos de tratamento e outra concepção para a estação.

Apesar da denominação de novo sistema produtor de água potável, o Novo Guandu, o

Guandu Novo e o Guandu II podem ser considerados como uma ampliação do sistema

Guandu existente, pelo simples fato de utilizarem a mesma captação.

As vazões máximas de sobrecarga da ETA Novo Guandu seriam de 18m³/s na primeira

etapa de implantação do sistema (de 12m³/s), que está orçada em R$ 460.200.000,00.

Este é o investimento previsto pelo PAC (2008) para a “Ampliação do sistema de

abastecimento de água - nova ETA (complexo Guandu), produção e reservação”.

A proposta inicial da ETA Novo Guandu teria o tanque-pulmão para detenção de duas

horas, porém na concepção atual um canal de água tratada o substituiu. O motivo foi o

alto custo do tanque de grandes proporções, que precisaria de várias estacas para o

suporte das elevadas cargas estruturais. A dimensão proporcional do tanque-pulmão ou

reservatório-pulmão em relação às outras unidades do sistema é claramente visível na

concepção inicial proposta da Figura 29.

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215

O custo do PAC (2008) para o sistema Novo Guandu não incluiu o túnel JK - Novo

Marapicu, uma adutora por gravidade ao qual aumentaria em muito o valor final das

obras. O trajeto do túnel seria semelhante àquele do sistema Guandu Novo (CNEC,

2004), ou seja, no interior dos embasamentos rochosos.

O consumo de produtos químicos na ETA Novo Guandu foi mensurado para 12, 18 e

24m³/s, possibilitando a criação de uma curva operacional (Gráfico 58) que foi

extrapolada para as outras estações propostas: Ribeirão das Lajes, Guandu Novo,

Guandu II e Marajoara. A curva expressa também o gasto com produtos químicos na

ETA Guandu existente ao agregar os valores constantes na Tabela 6.

Consumo de produtos químicos na ETA Novo Guandu

y = 5,6347x

y = 14,73x

y = 2,6675x

-

100

200

300

400

500

600

700

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

vazão da ETA (m³/s)

cons

umo

tota

l (t/d

ia) .

consumo mínimo consumo médio consumo máximo ETAG (médio)

Gráfico 58 – Consumo de produtos químicos em uma ETA

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216

Figura 29 – Concepção inicial proposta ETA Novo Guandu (CEDAE, 2007)

A fase A teria as etapas inicial e final com 12m³/s cada. A fase B seria a etapa opcional

de oxidação com ozônio e adsorção com carvão ativado granular (CAG) nos filtros.

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217

Figura 30 – Sistema Novo Guandu proposto inicialmente (CEDAE, 2007)

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218

7.6) Ribeirão das Lajes (reserva estratégica)

O reservatório Ribeirão das Lajes é administrado pela LIGHT Energia S/A, que realiza

o monitoramento sistemático de qualidade das águas. O PERH (SONDOTÉCNICA,

2006) classificou este manancial como águas doces tipo 2 (Tabela 21), pela piora da

qualidade (vide item 7.8.1), o que exigiria um tratamento convencional para o

abastecimento público, cf. CONAMA 357 (2005) na Tabela 20. Entretanto, a tendência

seria manter o reservatório Ribeirão das Lajes como classe especial (CONAMA 357,

2005) em 2008 ou 2009, com o apoio do COMGUANDU, caindo a exigência de

tratamento para somente desinfecção antes do abastecimento público (Tabela 20).

A implantação de uma ETA convencional para o sistema Ribeirão das Lajes ainda seria

necessária pela Portaria número 518 de 2004 do Ministério da Saúde (MS, 2005), que

exige tratamento por filtração e desinfecção para manancial de abastecimento público.

Atualmente, só é feito desinfecção com cloro gasoso no trecho Túnel IV das adutoras.

A vazão máxima de sobrecarga na primeira etapa das obras de implantação da ETA

Novo Guandu (CEDAE, 2007) seria de 18m³/s, para a estação também receber as

vazões das duas adutoras oriundas do reservatório de Ribeirão das Lajes, eliminado

assim a necessidade de implantar a ETA Ribeirão das Lajes. O reservatório tornar-se-ia

uma reserva estratégica para abastecer a RMRJ oeste. Porém, os municípios de

Paracambi, Itaguaí e Seropédica recebem as águas de Ribeirão das Lajes antes da

chegada na ETAG, o que implicaria novas estações de tratamento com filtração,

desinfecção e fluoretação para as derivações das adutoras a montante da ETAG. As

estações seriam de pequeno e médio porte, diminuindo assim os custos de implantação,

operacionais e de manutenção do sistema Ribeirão das Lajes exigido por lei.

O PERH do Guandu contempla também o reservatório Ribeirão das Lajes como reserva

estratégica, com 18% da capacidade apta para abastecer o sistema Ribeirão das Lajes.

Entretanto, o aumento da vazão no sistema necessitaria de novas adutoras e de nova

estação de tratamento para conduzir e tratar as águas para abastecer a RMRJ. Além

disso, existiria o conflito de interesses entre a CEDAE e a LIGHT Energia (item 7.8.1).

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219

7.7) Rejeito Zero (ETA Guandu)

A CEDAE realizou um convênio com a BioRio e a UFRJ sobre controle de qualidade

da água de abastecimento do estado do Rio de Janeiro, no intuito de estudar o

reaproveitamento das águas de lavagem e do lodo na ETAG dentro da própria estação

de tratamento de água. O resultado foi um “Projeto para reciclagem das águas perdidas

nas operações de descarte do lodo dos decantadores e retrolavagem dos filtros de areia”,

simplesmente chamado de “Rejeito Zero” pela CEDAE (BIORIO, 2006). A Figura 31,

a Figura 32, a Figura 33 e a Figura 34 mostram os fluxogramas da situação atual dos

descartes e da situação esperada após a execução do projeto de reúso na estação.

As vazões médias efluentes na estação giraram entorno de 10% do total afluente bruto,

durante o período de medição realizado entre 2003 e 2004. Sendo assim, os valores

medidos corresponderam aos valores teóricos de dimensionamento para a lavagem dos

filtros, ou seja, ao coeficiente k3, que varia de 1,05 a 1,10 (acréscimo de 5 a 10% na

vazão nominal). Então, somados também os descartes dos decantadores, 5,5m³/s foram

lançados no canal de descarte destinado ao rio Cabenga, afluente do rio Guandu-Mirim.

Figura 31 – Processo atual de descartes de água e lodo da ETAG (BIORIO, 2006)

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220

Figura 32 – Processo esperado de descartes da ETAG (BIORIO, 2006)

As medições de vazão e os testes em escala piloto no ano de 2003 embasaram as

seguintes conclusões (BIORIO, 2006):

É possível utilizar o lodo da ETAG na fabricação de cerâmica vermelha sem

comprometer as características qualitativas do produto obtido, desde que o

mesmo seja incorporado à matriz de argila em base úmida com até 40% de lodo

da ETAG em base úmida a uma temperatura de queima de 950°C;

Pode-se utilizar até 50% do lodo na fabricação de tijolos de vedação e outros

produtos cerâmicos que não tenham função estrutural;

O efluente sólido (lodo) necessitaria de tratamento completo com desidratação

para o aproveitamento na fabricação de cerâmica vermelha (unidade fabril);

O efluente líquido retornaria à caixa de tranqüilização sem a necessidade de

ampliação do sistema de tratamento existente.

Essa proposta de reúso (Tabela 62) custaria R$ 81.720.000,00 (SONDOTÉCNICA,

2007), no entanto, a CEDAE estuda fornecer a água de reúso (efluente líquido) para o

COMPERJ, aproveitando a faixa de domínio da captação da REDUC na ETAG.

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221

Outro possível fim para o reúso da ETAG seria o abastecimento das fábricas a jusante

da captação da ETAG (CSN, CSA, UTE Santa Cruz, COSIGUA, entre outras),

diminuindo assim o uso de água do rio Guandu e, conseqüentemente, a penetração da

cunha salina. As águas de reúso poderiam também ser lançadas diretamente no rio

Guandu, a jusante da captação da ETAG, alcançando os mesmos efeitos de contenção

da cunha salina no Canal de São Francisco e de aumento da oferta hídrica para os outros

usuários da bacia hidrográfica, atuais e futuros.

Qualquer opção adotada para o reúso da ETAG afetaria muito o balanço hídrico no rio

Guandu-Mirim, pois o “afluente” de maior contribuição na bacia é o efluente lançado no

canal de descarte da ETA (Foto 17, que tem como destino final o rio Cabenga, um

afluente do rio Guandu-Mirim. Porém, pelo PERH (SONDOTÉCNICA, 2006), os rios

Cabenga e Guandu-Mirim apresentam vazões médias de 0,45m³/s e 2,77m³/s,

respectivamente, ou seja, bem inferiores ao lançamento medido no canal de descarte.

Foto 17 – Canal de descartes da ETA Guandu (Fonte: CEDAE)

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222

Figura 33 – Destino atual dos descartes da ETA Guandu (BIORIO, 2006)

Figura 34 – Proposta para o reúso dos descartes da ETAG (BIORIO, 2006)

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223

Tabela 62 – Características do sistema de reúso proposto na ETAG (BIORIO, 2006)

UNIDADE TIPO CARACTERÍSTICAS

Água de lavagem dos filtros da ETAG (NETA e VETA)

Estação elevatória

de recuperação de

água de lavagem

dos filtros

Bomba

submersa e

motor de eixo

vertical não

submerso

Poço de sucção;

5conjuntos (4 + 1 reserva);

Tipo do conjunto = eixo vertical prolongado;

Vazão = 3.000l/s, sendo 750l/s/conjunto;

Altura manométrica A.M.T. = 15,64m;

Potência dos motores = 170cv/conjunto;

Ø barrilete= 700mm e Ø recalque= 1400mm.

Caixa de areia Mecanizada 2un de Ø= 11,40m e Lâmina d’água= 0,84m.

Lodo dos decantadores da ETAG (NETA e VETA)

Estação elevatória

de lodo da VETA

Poço seco de

conjuntos

motor-bomba

com eixo

horizontal

Poço de sucção;

5conjuntos (4 + 1 reserva);

Vazão = 900l/s, sendo 225l/s/conjunto;

Altura manométrica A.M.T. = 13,64m;

Potência dos motores = 75cv/conjunto;

Ø barrilete = 400mm e Ø recalque = 900mm.

Lodo da NETA Por gravidade Coleta independente com comporta.

Adensador Por gravidade 4un de Ø = 25m e lâmina de água = 3,5m.

Distribuição de lodo Por gravidade 01 caixa de 11,30m x 8,30m com 04 saídas.

Prédio de

tratamento de lodo

Bombas

helicoidais e

centrífugas

12 Bombas de lodo adensado tipo helicoidal;

Vazão das bombas = 80 a 110m³/h/un;

12 Centrífugas com vazão 80 a 110m³/h/un.

Depósito de lodo

desidratado Mecanizada

06Roscas transportadoras na caixa enterrada;

01Rosca transportadora no plano inclinado.

Estação elevatória

de recirculação

Poço seco de

conjuntos

motor-bomba

com eixo

horizontal

Poço de sucção;

5conjuntos (4 + 1 reserva);

Vazão = 1.540 l/s, sendo 385l/s/conjunto;

Altura manométrica A.M.T. = 11,96m;

Potência dos motores = 100cv/conjunto;

Ø barrilete= 600mm e Ø recalque= 1000mm.

Caixa de tranqüilização existente na entrada da ETAG (NETA e VETA)

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224

7.8) Gerenciamento da bacia do rio Guandu (Plano Estratégico 2006)

7.8.1) Transposição Paraíba do Sul-Guandu

O parque gerador de energia elétrica controlado pela concessionária LIGHT Energia

S.A. está ligado diretamente ao sistema de abastecimento de água para a região

metropolitana oeste do Rio de Janeiro (96% do total suprido pelo complexo de Lajes),

por meio de um complexo hidrelétrico com capacidade total instalada de 853 MW,

baseado no aproveitamento dos recursos hídricos do Ribeirão das Lajes e dos Rios Piraí

e Paraíba do Sul, compreendendo: cincos usinas geradoras, duas usinas elevatórias, dois

reservatórios de regularização e seis reservatórios de pequeno porte (LIGHT, 2008).

A concessionária possui também 115km de linha de transmissão de energia elétrica, na

tensão de 230kV, ligando a usina hidrelétrica Nilo Peçanha com a subestação Santa

Cabeça, em Aparecida do Norte (SP). Então, parte do sistema instalado no estado do

Rio de Janeiro também fornece energia para o estado de São Paulo (LIGHT, 2008).

A Tabela 63, a Tabela 64, a Figura 35, a Figura 36 e a Figura 37 apresentam

resumidamente as características do sistema de geração de energia hidrelétrica pela

LIGHT, que o transformaram no mais importante regulador hídrico e fornecedor de

água bruta para o abastecimento da RMRJ oeste, por intermédio do complexo de Lajes.

Cabe lembrar que a vazão natural média do rio Guandu antes das transposições era da

ordem de 25m³/s (SONDOTÉCNICA, 2006), muito inferior aos 160m³/s atuais (média).

Tabela 63 – Geração de energia elétrica pela LIGHT Energia (LIGHT, 2008)

Complexo Subsistema Usina Hidrelétrica (UHE) MW Localização

Lajes Fontes Nova 132 Piraí (RJ)

Paraíba – Piraí Nilo Peçanha 380 Piraí (RJ) Lajes

Pereira Passos Pereira Passos 100 Piraí (RJ)

- - Ilha dos Pombos 183 Carmo (RJ)

- - Santa Branca 58 Santa Branca (SP)

LIGHT Energia TOTAL 853 RJ e SP

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225

Figura 35 – Parque gerador de energia no estado do Rio de Janeiro (LIGHT, 2008)

Figura 36 – Aproveitamento hidrelétrico do sistema LIGHT (LIGHT, 2003)

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226

Tabela 64 – Características do complexo hidrelétrico da LIGHT Energia S.A.

COMPLEXO DE LAJES : Subsistema Lajes (Piraí e Rio Claro – RJ)

Unidade Tipo Características Mananciais Início

Barragem de

Lajes

Concreto

armado Cotamáx= 404m

Rio Ribeirão

das Lajes

1908

(1905)

Reservatório

de Lajes Regularização ? m³

Rio Ribeirão

das Lajes

1908

(1905)

Usina Fontes

Velha

Usina

hidrelétrica

[desativada]

6un x 4MW = 24MW

Q = 5,5m³/s

Hnom = 276m

Rio Ribeirão

das Lajes

Qméd=5,5m³/s

1908

(1905)

[1973]

Barragem de

Tocos

Concreto

armado

H = 25m; L = 56,7m;

Qdescarga = 541m³/s Rio Piraí

1913

(1907)

Reservatório

de Tocos Acumulação 1,76 x 106 m³ Rio Piraí

1913

(1907)

Desvio Tocos

(galeria de

escoamento)

Túnel por

gravidade

Qmáx = 25m³/s

SΩ = 14,1m²

L = 8.430m

Rio Piraí

Qméd=12m³/s

1913

(1907)

Usina Fontes

Velha

(ampliação)

Usina

hidrelétrica

[desativada]

+2un x 12,5 = 25MW

(Total = 49MW)

Total = 56MW ???

Rio Piraí

Qméd=12m³/s

Qmáx=25m³/s

1913

(1907)

[1987]

Barragem de

Lajes

(alteamento)

Concreto

armado

(em 4 etapas)

Cota1° = 416m (1940)

Cotamáx= 432m (1958)

H = 62m e L = 321m

Rio Ribeirão

das Lajes e rio

Piraí

1940 a

1958

Reservatório

de Lajes

(ampliação)

Regularização

(aumento das

vazões)

Q>5,5m³/s

1.058 x 106m³

(NADecamilenar = 430m)

445 x 106m³

(NAmáx Normal = 415m)

Rio Ribeirão

das Lajes e rio

Piraí

1940 a

1958

Usina Fontes

Nova

Usina

hidrelétrica

3un x 44 = 132MW

(em 3 etapas: 1940,

1942 e 1948)

Rio Ribeirão

das Lajes e rio

Piraí

1940,

1942 e

1948

Galeria sob

pressão –

Lajes

Dois túneis

com chaminé

de equilíbrio

2un x Ø 6,15m

L1=2.220m; L2=930m

2un x Qmáx = 120m³/s

Rio Ribeirão

das Lajes e rio

Piraí

-

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227

COMPLEXO DE LAJES : Subsistema Paraíba-Piraí (Barra do Piraí e Piraí – RJ)

Unidade Tipo Características Mananciais Início

Barragem de

Santa Cecília Com comportas

H = 12,5m; L = 176m;

Qdescarga = 1.710m³/s

Rio Paraíba do

Sul

1952

(1945)

Reservatório

Santa Cecília Acumulação

6 x 106m³

NAmáx = 353m

Rio Paraíba do

Sul

1952

(1945)

Elevatória

Santa Cecília

Usina

elevatória

4 un x 11.000HP =

45.000HP; Hr = 15,5m

Qmáx = 161,6m³/s

Rio Paraíba do

Sul

1952

(1945)

Desvio Santa

Cecília

(Galeria)

Túnel por

gravidade

Qmáx = 160m³/s

SΩ = 43,5m²

L = 3.314m

Rio Paraíba do

Sul

1952

(1945)

Desvio Santa

Cecília (Canal

de descarga)

Canal a céu

aberto

Qmáx = 160m³/s

SU = 15m x 6,5m

L = 2.500m

Rio Paraíba do

Sul

Qméd= 160m³/s

1952

(1945)

Barragem de

Santana

Concreto

armado

H = 11m; L = 52m;

Qdescarga = 1.160m³/s

Rio Piraí

Qmín ≥ Qsanitária

1952

(1945)

Reservatório

de Santana

Acumulação =

inversão rio Piraí

20 x 106m³

NAmáx = 363,6m

Rio Paraíba do

Sul e rio Piraí

1952

(1945)

Elevatória de

Vigário

Usina

elevatória

4 un x ??? HP =

118.000HP; Hr = 35m

Qmáx = 188,8m³/s

Rio Paraíba do

Sul e rio Piraí

1952

(1945)

Barragem do

Vigário

Concreto

armado

H = 41m

L = 180m

Rio Paraíba do

Sul e rio Piraí

1952

(1945)

Reservatório

do Vigário Acumulação

37,7 x 106m³

NAmáx = 399m

Rio Paraíba do

Sul e rio Piraí

1952

(1945)

Canal de

adução –

Vigário

Canal a céu

aberto

Qmáx = 210m³/s

SU = 14m x 9,8m

L = 1.388m

Rio Paraíba do

Sul e rio Piraí

Qméd= 210m³/s

1952

(1945)

Galeria sob

pressão

Túnel c/câmara

de válvulas

SΩ = 64,7m²; L=620m

Qmáx = 300m³/s

Rio Paraíba do

Sul e rio Piraí

1952

(1945)

Usina Fontes

Nova (opção)

Usina

hidrelétrica

3un x 44 = 132MW

Hnom = 310m (312m)

Rio Paraíba do

Sul e rio Piraí

1952

(1945)

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228

Galeria – Nilo

Peçanha

Túnel sob

pressão

Ø 6,10m; L = 496m

Qmáx = 150m³/s

Rio Paraíba do

Sul e rio Piraí

1953

(1945)

Usina Nilo

Peçanha

Usina

hidrelétrica

6un x ??? = 380MW

Hnom = 303m (312m)

Rio Paraíba do

Sul e rio Piraí

1953

(1945)

COMPLEXO DE LAJES : Subsistema Pereira Passos (Piraí – RJ)

Unidade Tipo Características Mananciais Início

Barragem e

Vertedor

Concreto

armado

H = 49m; L = 230m;

Qdescarga = 350m³/s

Lajes, Piraí e

Paraíba do Sul 1962

Reservatório

Ponte Coberta Acumulação 22 x 106m³

Lajes, Piraí e

Paraíba do Sul 1962

Usina Pereira

Passos

Usina

hidrelétrica

2un x 50 = 100MW

Hnom = 37,5m

Lajes, Piraí e

Paraíba do Sul 1962

ILHA DOS POMBOS (Carmo – RJ)

Unidade Tipo Características Mananciais Início

Barragem Ilha

dos Pombos

Concreto

armado

H = 9,5m

L = 514m

Rio Paraíba do

Sul

1924

(1920)

Canal de

adução – Ilha

dos Pombos

Canal a céu

aberto e

Tomada d’água

Qmáx = 690m³/s

SU =170 x 10 x 2910m

STomada = 530 x 11m

Rio Paraíba do

Sul

1924

(1920)

Usina Ilha

dos Pombos

Usina

hidrelétrica

²reformada

[¹antes da reforma]

[5un x ?? = 164MW¹]

5un x ??? = 183MW²

Hnom = 31,7m

NAqueda = 140-108m

Rio Paraíba do

Sul

1924 a

1949¹

(1920)

2002²

(1997)

SANTA BRANCA (Jacareí e Santa Branca – SP)

Barragem e

Vertedor

Concreto

armado

H = 54m; L = 325m;

Qdescarga = 1.300m³/s

Rio Paraíba do

Sul

1999

(1950)

Reservatório

Santa Branca Regularização

439 x 106m³;

V.U. = 308 x 106m³;

NAmáx = 627m

Rio Paraíba do

Sul

1999

(1950)

Usina Santa

Branca

Usina

hidrelétrica

2un x ??? = 58MW

Hnom = 42m

Rio Paraíba do

Sul 1999

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229

Figura 37 – Perfil hidráulico do subsistema Paraíba-Piraí da LIGHT (2003)

As transposições de bacias hidrográficas estão presentes no desvio de Tocos (1913) e no

desvio de Santa Cecília (1952), ou seja, do rio Piraí para Ribeirão das Lajes e do rio

Paraíba do Sul - Piraí para o Ribeirão das Lajes - Guandu. Como o rio Piraí é um

afluente do rio Paraíba do Sul, o desvio de Tocos é a primeira transposição de bacias

(Paraíba do Sul para Ribeirão das Lajes), autorizada pelo governo do estado do Rio de

Janeiro em 1907. Por outro lado, para suprir o mercado do Rio de Janeiro, Distrito

Federal na época, o desvio Paraíba-Piraí em Santa Cecília foi autorizado pelo Decreto

Lei nº 7.542, de 11 de maio de 1945: "Art. 1º. Por medida de conveniência pública, fica

a Companhia de Carris, Luz e Força do Rio de Janeiro Limitada autorizada a derivar as

águas aproveitáveis do ribeirão do Vigário e do Rio Piraí e, até o máximo de 160 metros

cúbicos por segundo, as águas do Rio Paraíba, para utilizá-las na ampliação da usina do

Ribeirão das Lajes", conforme a LIGHT (2008).

O desvio Paraíba-Piraí foi responsável pela ampliação e regularização das vazões no

Rio Guandu, que permitiu a construção da ETAG da CEDAE, em 1955, que hoje retira

ininterruptamente 45m³/s (85% do consumo) para abastecimento do Rio de Janeiro e da

Baixada Fluminense (LIGHT, 2008), conforme já descrito anteriormente.

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230

A última fronteira do Complexo de Lajes com o rio Guandu é a UHE Pereira Passos,

que tem como afluência as vazões turbinadas nas usinas Fontes Nova e Nilo Peçanha,

afora a vazão proveniente do Reservatório de Lajes que supre as duas adutoras da

CEDAE (ARL’s), construídas na década de 1940. As ARL’s são supridas diretamente

com uma vazão de 5,5m³/s pelo Reservatório de Lajes, 10% da água consumida na

RMRJ oeste, após serem turbinadas pela UHE Fontes Nova. Três comportas de fundo

da CEDAE na barragem de Lajes controlam a entrada das águas até a calha da CEDAE,

utilizando o volume entre as cotas 415 e 399m. A partir da calha, partem as ARL’s.

Segundo informações da LIGHT Energia, a concessionária pretende reativar a usina de

Fontes Velha, criando a PCH de Lajes com 17MW de capacidade instalada. Esse

projeto aumentaria a eficiência de bombeamento e desafogaria a UHE Fontes Nova, ao

mudar a calha da CEDAE para a UHE Fontes Velha. No primeiro semestre de 2008, o

projeto da PCH de Lajes estava em fase desenvolvimento e negociação com a CEDAE.

Em 2008, outros projetos em andamento na LIGHT eram os diques em Cacaria e a PCH

de Paracambi, este com capacidade instalada de 26MW e em fase avançada já com

outorga, citada anteriormente. Por outro lado, as reformas dos dois diques em Cacaria

teriam uma área grande inundada, o que afetaria o projeto da ETA Ribeirão das Lajes da

CEDAE. Para resolver a situação, a LIGHT diminuiu a cota de inundação, minimizando

os impactos ambientais da UHE Paracambi e a interferência na futura ETA.

O sistema gerador da LIGHT Energia faz parte do aproveitamento hidrelétrico da bacia

hidrográfica do rio Paraíba do Sul (Figura 38 e Figura 39), que é monitorado pela

ANA desde 2003, principalmente por causa da queda brusca no nível dos reservatórios à

montante da usina elevatória de Santa Cecília (Paraibuna, Santa Branca, Jaguari e

Funil), ocorrida durante o período chamado “apagão”, nos finais dos anos 2001 e 2003.

Os reservatórios no rio Paraíba do Sul controlam os níveis nos reservatórios do

Complexo de Lajes, exceto Ribeirão das Lajes, por isso não há como separá-los dos

estudos de vazão para aumentar os volumes outorgados na bacia do Rio Guandu.

Portanto, cada outorga no rio Paraíba do Sul concedida à montante da usina elevatória

(UEL) de Santa Cecília diminui o volume para outorga no rio Guandu, principalmente

para abastecimento público de água potável.

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231

Figura 38 – Esquema do sistema hidrelétrico do rio Paraíba do Sul (ANA, 2008)

Figura 39 – Esquema de vazões do sistema hidrelétrico Paraíba do Sul (ANA)

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232

O esquema de vazões do sistema Paraíba do Sul da Figura 39 mostra todas as vazões

naturais, artificiais e mínimas por lei (CARDOSO DE OLIVEIRA, 2006).

Em termos práticos, para aumentar a vazão no rio Guandu, seria necessário ampliar a

capacidade de todo o sistema de desvio em Santa Cecília, que escoa no máximo

160m³/s. Outra opção seria fixar a descarga mínima na UHE Pereira Passos acima de

120m³/s, que é o valor atual de acordo com a resolução 465/2004 da ANA (vide Tabela

65). Contudo, qualquer opção necessitaria de alteração na legislação vigente para as

condições operacionais do sistema. Além disso, o conflito entre a produção de água

potável e a geração de energia elétrica seria evidente, pois quanto maior a descarga

menor o volume acumulado (cota) no reservatório para gerar energia (menor a queda).

Uma hipótese para solucionar o conflito de interesses seria transpor um volume maior

de água diretamente para o reservatório Ribeirão das Lajes e implantar mais adutoras

desde a barragem até os pontos de abastecimento. Com isso, se aproveitaria o volume

ocioso de cerca 613 x 106m³ (1.058 x 106m³ – 445 x 106m³), medido entre o nível

d’água máximo com tempo de recorrência 10.000 anos (NADecamilenar = 430m) e o nível

d’água máximo normal do reservatório de Ribeirão das Lajes (NAmáx Normal = 415m).

Contudo, uma estrutura deveria ser construída para verter a água que ultrapassasse o

nível d’água máximo normal estabelecido, de modo a não atingir as usinas Fontes Nova

e Velha à jusante da barragem de Lajes. Cabe citar ainda que, em termos de

abastecimento de água para a RMRJ, a reserva estratégica de Lajes proposta pelo PERH

Guandu e pela LIGHT refere-se ao volume de espera dos 445 x 106m³ totais normais, ou

seja, nada foi cogitado em relação ao volume ocioso ou máximo maximorum.

As outorgas na bacia hidrográfica do rio Guandu poderiam ser concedidas pelos órgãos

controladores conforme períodos sazonais, ou seja, menores vazões nas estações secas e

maiores vazões nas estações chuvosas. Logicamente, buscar-se-ia um sincronismo tal

que permita adequar as oscilações de vazão para cada usuário na bacia, por exemplo,

através de instrumentação com medição em tempo real nos trechos estratégicos, que

incluiriam todos os pontos de captação e lançamento dos usuários na bacia e o ponto de

descarga na UHE Pereira Passos.

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233

Tabela 65 – Regulamentação do sistema hidráulico Paraíba do Sul (ANA, 2008)

O Gráfico 59 e o Gráfico 60 retratam a grande variabilidade dos volumes úteis (V.U.)

nos reservatórios para regularização do rio Paraíba do Sul. Notam-se claramente a

influência dos períodos chuvosos, de novembro a maio, e dos períodos secos, de junho a

outubro, na variação dos volumes. O reservatório de Funil apresentou a maior

variabilidade ao longo dos anos, com os valores críticos (<20%) em cada outubro.

Um histórico completo das vazões nos reservatórios do sistema Paraíba do Sul –

Guandu estão representados graficamente da seguinte maneira, até meados de 2008:

Paraibuna – Gráfico 62 e Gráfico 63;

Santa Branca – Gráfico 64 e Gráfico 65;

Jaguari – Gráfico 66 e Gráfico 67;

Funil – Gráfico 68 e Gráfico 69;

Santa Cecília – Gráfico 70 e Gráfico 71;

Ponte Coberta – Gráfico 72 e Gráfico 73.

O sistema hidrelétrico Paraíba do Sul – Guandu é monitorado pela ANA desde 2004,

com boletins mensais publicados pela própria Agência Nacional de Águas (ANA,

2008). Notam-se os períodos chuvosos e os períodos de seca, com picos em março e

agosto, respectivamente.

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234

Gráfico 59 – Volumes dos reservatórios no rio Paraíba do Sul 2003-2007 (ANA)

Gráfico 60 – Volumes dos reservatórios no rio Paraíba do Sul 2005-2008 (ANA)

O Gráfico 61 mostra somente a variação percentual do reservatório equivalente a soma

acumulada dos volumes dos reservatórios Paraibuna, Santa Branca, Jaguari e Funil.

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235

Gráfico 61 – Volumes do reservatório equivalente no rio Paraíba do Sul (ANA)

Existe um padrão evolutivo no armazenamento do reservatório equivalente durante um

período de retorno de 09 anos, ou seja, a tendência de variação no volume útil entre

agosto de 1994 e agosto de 2003 pode ser extrapolada para o intervalo entre agosto de

2003 e agosto de 2012, em uma primeira previsão. Porém, o gráfico apresenta uma

defasagem de 5 a 10% entre os picos, que pode ser explicada pelo aumento de usuários

na bacia do rio Paraíba do Sul a montante da UEL Santa Cecília, outro importante fator.

O maior volume útil armazenado no reservatório equivalente ocorreu em maio de 1996

(100%) e o menor em agosto de 2003 (15%). Justamente neste último período houve um

grande afloramento de algas (cianobactérias) na lagoa Guandu a montante da ETAG

que, aliada à vazão diminuta nos sistemas hidrelétricos, promoveu o desabastecimento

da RMRJ oeste. Portanto, entre 2001 e 2003, aconteceram picos de desabastecimentos

de água potável e de energia elétrica (“apagão”) na região metropolitana.

Os gráficos a seguir apresentam um histórico completo das vazões nos reservatórios do

sistema hidrelétrico Paraíba do Sul, monitoradas pela ANA (2008) desde 2004.

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236

Gráfico 62 – Histórico de vazões no reservatório Paraibuna 2004-2006 (ANA)

Gráfico 63 – Histórico de vazões no reservatório Paraibuna 2007-2008 (ANA)

Gráfico 64 – Histórico de vazões no reservatório Santa Branca 2004-2006 (ANA)

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237

Gráfico 65 – Histórico de vazões no reservatório Santa Branca 2007-2008 (ANA)

Gráfico 66 – Histórico de vazões no reservatório Jaguari 2004-2006 (ANA)

Gráfico 67 – Histórico de vazões no reservatório Jaguari 2007-2008 (ANA)

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238

Gráfico 68 – Histórico de vazões no reservatório Funil 2004-2006 (ANA)

Gráfico 69 – Histórico de vazões no reservatório Funil 2007-2008 (ANA)

Gráfico 70 – Histórico de vazões no reservatório Santa Cecília 2004-2006 (ANA)

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239

Gráfico 71 – Histórico de vazões no reservatório Santa Cecília 2007-2008 (ANA)

Gráfico 72 – Histórico de vazões no reservatório Ponte Coberta 2004-2006 (ANA)

Gráfico 73 – Histórico de vazões no reservatório Ponte Coberta 2007-2008 (ANA)

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240

Como já citado anteriormente, o PERH Guandu (SONDOTÉCNICA, 2006) também

considera o reservatório de Ribeirão das Lajes estratégico para o abastecimento de água

potável para a cidade do Rio de Janeiro e municípios adjacentes, pois, em caso de

interrupção no bombeamento da UEL Santa Cecília ou o reservatório de Lajes estiver

abaixo do nível mínimo normal, ou, ainda, em caso de acidente no rio Paraíba do Sul,

pode-se abastecer a RMRJ oeste por um período compatível com a reserva hídrica

estratégica estabelecida pelo setor elétrico (LIGHT Energia).

A reserva estratégica seria de 79,665 x 106m³ (hm³), ou seja, o volume armazenado

entre o nível mínimo normal e o nível mínimo minimorum, que representaria 17,9% do

volume útil do reservatório de Lajes (79,665hm³ / 445hm³ = 17,9%). Porém, de acordo

com o PERH Guandu, os dados analisados indicaram que o nível mínimo observado no

reservatório seria superior ao nível mínimo operacional. Por conseguinte, na prática, o

volume armazenado poderia ser superior à reserva estratégica definida pela LIGHT.

Em relação à classe de uso do reservatório de Lajes, o PERH não o considerou como

classe especial, pois, cf. SONDOTÉCNICA (2006), estudos recentes indicaram que esta

condição não ocorreu devido à introdução de criação de peixes em tanques-rede,

atividades decorrentes de práticas esportivas com utilização de motor a combustão e às

cargas de esgotos domésticos que chegam ao reservatório através do Túnel de Tocos.

Estas atividades não são compatíveis com reservatórios de interesse estratégico para

abastecimento público, por isso o PERH Guandu classificou inicialmente o reservatório

de Ribeirão das Lajes como classe 02, definindo metas de enquadramento e ações para

mitigar os impactos decorrentes das atividades antrópicas situadas a montante do túnel

de desvio do reservatório de Tocos. As águas doces de classe 02 exigem tratamento

convencional prévio para abastecer a população (CONAMA 357, 2005), exigindo assim

a implantação da ETA Ribeirão das Lajes, conforme descrito anteriormente.

Ressalta-se que em caso de acidentes na bacia do rio Guandu a montante da ETAG o

único manancial de grande porte disponível seria o Ribeirão das Lajes. O mesmo

aconteceria quando paralisasse a ETAG por motivos diversos, tais como: péssima

qualidade da água bruta (afloração de algas) na captação e manutenção do sistema.

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241

O aumento de usuários na bacia do rio Paraíba do Sul a montante da UEL Santa Cecília

é um fator importante, conforme citado anteriormente. De acordo com o PERH Guandu

(SONDOTÉCNICA, 2006 e 2007), um possível usuário de peso seria a Região

Metropolitana de São Paulo (RMSP). No atual Plano Diretor de Abastecimento de Água

da SABESP, existem duas alternativas de retirada de água da bacia do rio Paraíba do

Sul, variando de 05 a 15m³/s, a partir de 2025 e após esgotar as disponibilidades

hídricas da bacia do Alto Tietê. A solução apontada pelo PERH Guandu seria a

utilização de outros mananciais em São Paulo para abastecer a RMSP, em substituição

ao rio Paraíba do Sul.

A situação dos usuários a jusante da UEL Santa Cecília não foi apontada pelo PERH

Guandu como um possível conflito com a bacia do Rio Guandu. Porém, apesar de

menor magnitude que a RMSP, já ocorrem problemas de intrusão salina e até mesmo de

avanço do mar na foz do rio Paraíba do Sul, em Pontal do Atafona, no município de São

João da Barra – RJ (UFF, 2007), por exemplo.

Todos os conflitos apresentados ratificam a total dependência da bacia do rio Guandu

com a bacia do rio Paraíba do Sul, sendo impossível dissociá-las em qualquer estudo de

abastecimento de água para a RMRJ.

7.8.2) Cunha salina

A penetração (intrusão) da cunha salina no Canal de São Francisco é um limitador de

outorga de uso das águas na bacia do rio Guandu, reservando 50m³/s (SERLA, 4km de

penetração) a 60m³/s (PERH Guandu), de acordo com o balanço hídrico visto

anteriormente. Então, até 50% da vazão mínima (Q7,10) disponível na bacia (SERLA

138,58m³/s e PERH Guandu 121,145m³/s) contém o avanço da cunha salina atualmente.

O PERH Guandu simulou seis cenários (Tabela 66) com intrusão salina utilizando o

SisBAHIA (Sistema Base de Hidrodinâmica Ambiental) da COPPE/UFRJ. Os cenários

se basearam na oferta hídrica crítica de acordo com as resoluções da Tabela 65 e com

as vazões mínimas (Q7,10), nos usuários outorgados ou em fase de outorga (CSA, CSN,

entre outros), nos futuros usuários em 2025 (Guandu Novo e outros) e nas variações das

marés (sizígia típica com ou sem maré meteorológica, usual com 40cm de elevação e

forte com 80cm). O Gráfico 74 mostra os resultados da penetração da cunha salina.

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242

Tabela 66 – Cenários simulados com intrusão salina (SONDOTÉCNICA, 2006)

Cenário Cunha Outorga Oferta hídrica Marés

01 60m³/s Atual (A1) Crítica 120m³/s (C120) Sizígia (S0)

02 60m³/s Atual (A1) Crítica 120m³/s (C120) Sizígia com 40cm (S40)

03 60m³/s Atual (A1) Crítica 120m³/s (C120) Sizígia com 80cm (S80)

04 25m³/s Futura (F1) Crítica 120m³/s (C120) Sizígia (S0)

05 25m³/s Futura (F1) Crítica 120m³/s (C120) Sizígia com 40cm (S040)

06 25m³/s Futura (F1) Crítica 120m³/s (C120) Sizígia com 80cm (S080)

Intrusão Salina ao Longo do Canal de São Francisco(salinidades médias na coluna de água)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000

Distância da Foz (m)

% S

alin

idad

e > 0

.5 u

ps . S

%A1C120S0

%A1C120S40

%A1C120S80

%F1C120S0

%F1C120S040

%F1C120S080

Gráfico 74 – Cunha salina no Canal de São Francisco (SONDOTÉCNICA, 2006)

Considerando a classificação da resolução CONAMA 357 (2005) para salinidade (Sal):

Águas doces (Sal ≤ 0,5‰ ou ups ou g/l);

Águas salobras (0,5< Sal <30‰ ou ups ou g/l);

Águas salinas (Sal ≥ 30‰ ou ups ou g/l).

Os resultados da simulação apresentaram salinidade típica de águas doces, ou seja,

porcentagem de ocorrência 0% para Sal > 0,5ups, a partir de 5,5km da foz, no cenário

01 (caso atual mais favorável) e após 8,0km da foz do Canal de São Francisco, no

cenário 06 (caso futuro mais desfavorável). No geral, a cunha salina penetra de 5,5 a

6,5km nos cenários atuais (01 a 03) e de 7,0 a 8,0km nos cenários futuros (04 a 06).

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243

Destaca-se que SONDOTÉCNICA (2006) já considerou nos estudos uma significativa

redução da vazão necessária na foz do Canal de São Francisco para conter o avanço da

cunha salina na situação futura, passando da atual 60m³/s para 25m³/s, correspondente à

vazão natural do rio Guandu antes das transposições, conforme Tabela 66.

Considerando o avanço da salinidade no pior caso, ou seja, no cenário 06 com até a 8km

foz acima, os principais usuários do canal de São Francisco seriam afetados, tais como:

a UTE Santa Cruz, a CSA, a Gerdau COSIGUA, a White Martins, a Casa da Moeda do

Brasil e a FCC (Fábrica Carioca de Catalisadores), por ordem de proximidade com a

Baía de Sepetiba, porque teriam que utilizar água salobra nos processos produtivos. A

Figura 40 apresenta o resultado espacial da simulação feita para o pior caso, ou seja, o

mapa da distribuição de salinidade no cenário 06.

Figura 40 – Salinidade no cenário mais desfavorável (SONDOTÉCNICA, 2006)

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244

Antes de rever as propostas do PERH Guandu para equacionar os problemas dos

usuários com a intrusão salina no Canal de São Francisco, ressalta-se que o PERH

Guandu utilizou informações de outorga na simulação da intrusão salina que necessitam

de atualização, face às incertezas encontradas em 2006, comprometendo assim

parcialmente a validade das simulações, principalmente na bacia do rio Guandu-Mirim:

A CSA (indústria siderúrgica) não lançará 2,10m³/s (=70% x 3,00m³/s captados,

valor adotado pelo PERH Guandu) e sim 2,50m³/s, conforme portaria nº 451 da

SERLA de 29 de março de 2006;

A CSA (indústria siderúrgica) lançará todo o efluente tratado (2,5m³/s) no Canal

de São Francisco, na bacia do rio Guandu, conforme portaria nº 451 da SERLA

de 29 de março de 2006, e não na bacia do rio Guandu-Mirim (PERH Guandu);

A CSA (geração de energia) captará 18m³/s no Canal de São Francisco da bacia

do rio Guandu e lançará a mesma vazão no Canal do Guandu da bacia do rio

Guandu-Mirim, cf. portaria nº 480 da SERLA de 15 de setembro de 2006;

A ETA Guandu lança no rio Cabenga da bacia do rio Guandu-Mirim uma vazão

média maior do que 3,00m³/s (PERH Guandu), sendo 5,50m³/s atualmente, após

combinar os efluentes da lavagem dos filtros (3,00m³/s) com a descarga dos

decantadores (2,50m³/s), de acordo com o projeto Rejeito Zero (Figura 31).

Em relação às propostas, inicialmente, o PERH Guandu (SONDOTÉCNICA, 2007)

estabeleceu alguns critérios para concessão de outorga, a fim de solucionar os casos de

intrusão salina no Canal de São Francisco, oriunda do mar da baía de Sepetiba:

Tabela 67 – Restrições do PERH Guandu para outorgas no canal de São Francisco

Unidade de outorga Sem intrusão salina Com intrusão salina

Captação futura Sem restrições Não outorgar, a fim de obrigar os

usuários existentes a se adequarem.

Captação não afogada Sem restrições ≥30% de Sal > 0,5g/l em estiagens e

sizígias com marés meteorológicas

Captação afogada

(=NAmín maré sizígia) Sem restrições

Sal > 0,5g/l em estiagens e sizígia,

para não captar água doce.

Lançamento Classe 02 (Doce) Classe 02 (Salobra)

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245

Na realidade, o PERH Guandu (SONDOTÉCNICA, 2007) propôs um programa de

avaliação de projetos estruturais hidráulicos para contenção da intrusão salina, visando o

aumento da disponibilidade de água doce no Canal de São Francisco para futuros

usuários da bacia do rio Guandu, sem bloquear a entrada de embarcações nem elevar os

níveis de enchentes tampouco assorear significativamente o canal. Portanto, o programa

nada tem haver com a implantação de novas adutoras de água bruta ou tratada ou de

canais paralelos para captação de água doce mais a montante, ou seja, de desvios para

pelo menos 8km da foz da Baía de Sepetiba (cenário 06). Entretanto, esses desvios

seriam confrontados com as barragens submersas ou com eclusas, objetos do programa,

que teria 06 meses de duração e custo total estimado em R$ 200.000,00.

Os desvios propostos pela COPPETEC (2003) para a gestão da bacia do rio Paraíba do

Sul já foram executados, cf. SONDOTÉCNICA (2006). Isto é, as adutoras de água bruta

ou tratada com canais laterais atendem hoje os usuários Gerdau COSIGUA, FCC e UTE

de Santa Cruz, no trecho final do canal de São Francisco.

A Tabela 68 apresenta os valores possíveis para o completo atendimento com água

doce, ao invés de água salobra, aos usuários atuais e futuros que sofrem influência da

intrusão salina no Canal de São Francisco (CSF). Constam nesta as vazões utilizadas no

trabalho da (COPPETEC, 2003) e as vazões atuais outorgadas ou em processo de

outorga pela SERLA em 2008. A White Martins não possui vazões outorgadas.

Tabela 68 – Possíveis adutoras individuais de água doce no Canal de São Francisco

Vazão (m³/s) Custo estimado 2008 Usuário do Canal

de São Francisco 2003 2008

Cenário 06

L foz(m) Adutora

(mm) R$ / m R$

UTE Santa Cruz 0,020 0,040 2.800 75 134,66 700.232,00

CSA - 3,000 6.200 500 1067,29 1.921.122,00

Gerdau COSIGUA 0,140 3,472 6.300 600 1438,27 2.445.059,00

Casa da Moeda - 0,004 6.800 50 127,38 152.856,00

FCC 0,060 0,050 7.700 75 134,66 40.398,00

Inepar Energia 1,400 1,400 7.700 400 747,74 224.322,00

CSN - 2,000 12.300 500 1067,29 0,00

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246

Usando a equação da continuidade (Vazão = Área da seção x velocidade), o cálculo do

diâmetro mínimo da adutora em 2008 foi dado por: [Vazão / (velocidade x ¶/4)]1/2 x

1000mm/m, sendo adotado o diâmetro comercial superior. A velocidade adotada foi de

1m/s (valor universal). Já o custo linear foi baseado em preços de mercado de janeiro de

2008, para assentamento no asfalto de adutoras em PVC (até 300mm) ou ferro fundido

(> 300mm). A extensão adotada no custo total foi igual à distância do usuário até a foz

do CSF (Lfoz) menos os 8km de avanço da cunha salina no pior caso da simulação do

PERH Guandu – cenário 06 (SONDOTÉCNICA, 2006).

O custo total mínimo para implantação das adutoras de água doce giraria em torno de

R$ 5.483.989,00, se todos os usuários captassem a 8km da foz do CSF, por meios

próprios. Outra opção seria o abastecimento direto de água potável pela adutora da

CEDAE mais próxima, porém a cobrança pelo uso da água do rio seria substituída pela

tarifa de água da concessionária, já que a primeira estaria também embutida na conta

desta.

A vazão futura de contenção da cunha salina de 25m³/s parece adequada para o balanço

hídrico na concessão de mais outorgas, por ser a vazão natural antes das transposições,

ou seja, voltaria à condição inicial. Entretanto, recomendam-se simulações com vazões

menores na foz do CSF (20, 15, 10, 05 ou 0m³/s) até mesmo zero, para verificar a

proximidade do limite máximo de penetração da cunha salina com a CSN e com a

captação da ETA Guandu. Os usuários atuais e futuros se adequariam à água salobra de

acordo com as restrições impostas (PERH Guandu), a exemplo da CSA que decidiu

utilizar a água salobra do CSF na geração de energia, conforme portaria nº 480 da

SERLA de 15 de setembro de 2006, apesar de aumentar o custo de implantação do

processo de resfriamento dos equipamentos, tais como as caldeiras especialmente

revestidas para material abrasivo (PAUL, 2008).

Quanto menores as vazões para contenção da cunha salina maiores as extensões das

adutoras de água doce da Tabela 68, conseqüentemente maiores os custos de

implantação. Então, o programa de avaliação do PERH Guandu poderia chegar a uma

alternativa mais viável técnica e economicamente com as barragens na foz do CSF, para

aumentar a disponibilidade hídrica na bacia do rio Guandu.

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247

7.9) Mananciais fora da bacia do rio Guandu

7.9.1) Regularização do sistema Acari

O centenário sistema Acari também está no centro das discussões, tanto dentro da

CEDAE quanto fora, a exemplo do PDRH-BG. A concessionária ainda não definiu o

futuro do sistema, ou o desativa de forma imediata ou gradual, conforme proposto pela

RPDA 2004 (CNEC, 2004), ou o aproveita com barragens de regularização nas

captações dentro e fora da bacia do rio Guandu, de acordo com o PDRH-BG.

Caso haja a desativação do sistema, a CEDAE deverá substituí-lo progressivamente

pelos sistemas Guandu e Ribeirão das Lajes. No entanto, a preocupação do setor

ambiental incide no aproveitamento da área para não ocorrer invasões com degradação,

principalmente nas captações fora das unidades de conservação ambiental. Nesse caso,

o tombamento histórico é uma boa opção para as áreas de captação. Por outro lado, a

total desativação desobriga a criação de unidades de filtração em captações de

mananciais de serra pela Portaria 518/2004 do Ministério da Saúde (MS, 2005), ou seja,

excluem os custos de implantação, operação e manutenção (O & M) do antigo sistema.

Os custos relativos ao novo sistema produtor proposto pela CEDAE incluem a absorção

do sistema Acari, tanto pelo Guandu Novo quanto pelo Novo Guandu, porque utilizam

as mesmas demandas. O mesmo se aplica ao sistema Guandu II, que foi extrapolado de

24 para 36m³/s. Portanto, o sistema Acari pode ser desativado nestas condições.

Enquanto isso, o aproveitamento do sistema necessita de regularizar as vazões captadas,

respeitar as vazões mínimas (Q7,10) e atender as leis de unidades de conservação

ambiental (vide item 7.2.4). E, mesmo sendo águas doces classe especial (CONAMA

357, 2005), faz-se mister a implantação de várias estações de tratamento com filtração,

desinfecção e flúor nas captações (vide item 7.9.2), ou ainda de uma única estação do

porte da ETA Ribeirão das Lajes (vide Tabela 56), esta projetada pela RPDA 2004

(item 7.2.2) e pelo relatório de adequação à Portaria 518/2004 – MS (item 7.9.2).

A regularização implicará impactos ambientais após inundar uma área a montante das

represas das captações do sistema. Esses impactos não foram ainda mensurados.

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248

O PDRH-BG apresentou parte dos custos de aproveitamento das cinco “linhas pretas”

(Acari) com a Barragem de Pati da linha Tinguá (Tabela 60), que foi utilizada para

extrapolar os valores, de acordo com as vazões em cada “linha preta”, na Tabela 69.

Tabela 69 – Custos estimados para adequar e regularizar o sistema Acari

Sistema

Acari

Vazão

Qmáx (m³/s)

Implantação

(R$) = I

O & M

(R$ / ano) Fontes

Tinguá 0,851 4.740.763 44.306 Pati (PDRH-BG 2006)

São Pedro 1,320 7.353.475 68.724

Rio D’Ouro 0,850 4.735.192 44.254

Xerém 1,250 6.963.518 65.709

Mantiquira 1,135 6.322.874 59.092

Custos p/ regularização:

I = 5.570.814,33 x Qmáx;

OM = 52.063,45 x Qmáx;

Pati = referência.

ETA Acari 5,406 128.728.000 28.800.000 ETA Lajes (RPDA 2004)

TOTAL 5,406 158.843.822 29.082.085 Regularização e ETA

Os custos das barragens de regularização vieram da linha de tendência para o custo da

barragem de Pati, extrapolada para implantação (I) e para operação e manutenção (OM),

ou seja, o valor é proporcional às vazões de cada barragem e ao valor de Pati. O custo

de implantação da ETA Acari adotou o valor da ETA Ribeirão das Lajes presente na

RPDA 2004. Por outro lado, o custo de operação e manutenção da ETA Acari saiu das

equações contidas nos gráficos de consumo típicos de estações, a seguir.

Consumo de energia elétrica de um sistema produtor de água

y = -15.400,2485x2 + 1.853.979,1558x

R2 = 0,99300

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

Vazão da ETA (m³/s)

milh

ões

kW

h/m

ês .

Gastos com energia elétrica de um sistema produtor de água

y = -2.616,4696x2 + 306.444,2409x

R2 = 0,9930

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45Vazão da ETA (m³/s)

milh

ões

R$

/mês

.

Gráfico 75 – Curvas de gastos e consumo de energia elétrica em ETA’s

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249

Gastos com produtos químicos em ETA's

y = 5,6347x

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

3.000

3.500

4.000

0 10 20 30 40 50Vazão da ETA (m³/s)

Cu

sto

(x1

.00

0 R

$/m

ês) .

consumo médio ETAG (médio)

Custo estimado de pessoal em ETA's

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

0 10 20 30 40 50Vazão da ETA (m³/s)

Cu

sto

(x1

.00

0 R

$/m

ês) .

Gráfico 76 – Gastos operacionais com pessoal e produtos químicos em ETA’s

Então, extraindo os valores de gastos operacionais no Gráfico 75 e no Gráfico 76,

chega-se a R$ 2.400.000/mês (~= R$ 1.600.000,00 de energia elétrica + R$ 387.389,00

de produtos químicos + R$ 189.750,00 com pessoal + 10% com outras despesas). Logo

em um ano seria R$ 28.800.000,00, sendo esse o valor adotado na Tabela 69.

7.9.2) Mananciais locais

A exigência legal de incluir a filtração e a desinfecção fez com que as empresas de

saneamento promovessem a respectiva adequação à Portaria MS 518/04 (MS, 2005).

Com isso, encareceu a permanência de muitas captações locais com somente

desinfecção, que, provavelmente, serão substituídas gradativamente pelos sistemas

maiores (Guandu e Ribeirão das Lajes) ou serão transformadas em estações

convencionais ou simplificadas com filtração.

7.9.3) Reservatórios de acumulação na região serrana

Com a demanda crescente por água potável, uma opção viável seria acumular as vazões

de rios da região serrana do Rio de Janeiro, como Nova Friburgo e Teresópolis, para

abastecer a RMRJ leste e, por que não dizer, a oeste também.

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250

7.9.4) Dessalinização

Com o crescente mercado mundial de reúso e com a consolidação das tecnologias de

membranas filtrantes, a osmose reversa está cada vez mais econômica nos últimos anos,

viabilizando soluções grandiosas de engenharia no tocante dessalinazação de água do

mar, principalmente em Israel, nos países do oriente médio e no estado da Califórnia

nos Estados Unidos. Além disso, já foi criada no condado de Orange, nos Estados

Unidos, uma estação de tratamento de água que tem como o afluente o efluente de uma

estação de tratamento de esgotos sanitários, seria como se fosse um “ETE-ETA”. Na

maioria dos casos, as estações de dessalinização utilizam o processo de membranas por

osmose reversa.

O Gráfico 77 mostra o decréscimo dos custos de dessalinização da água do mar

(seawater desalination) e o acréscimo nos custos de importação de água de outras

bacias hidrográficas (imported water).

Gráfico 77 – Evolução dos custos de dessalinização (CHAUDHRY, 2003)

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251

8) ANÁLISE FINAL DOS CENÁRIOS DE ABASTECIMENTO

A análise final dos cenários de abastecimento será realizada com a ajuda de métodos

multicritérios, que são, na realidade, sistemas de suporte de apoio à decisão.

Os processos de tomada de decisão são normalmente cíclicos, onde mesmo depois de

identificar, estruturar e analisar o problema e de escolher e implementar a solução, a

avaliação dos resultados obtidos pode identificar um outro ou até o mesmo problema

anterior, reiniciando assim todo o ciclo (Figura 41).

Figura 41 – Ciclo das tomadas de decisão (Fonte: PETRIE et al., 2006)

O problema no caso em questão é a degradação e a saturação da bacia hidrográfica do

rio Guandu. Já o objetivo é garantir qualitativa e quantitativamente o abastecimento

público de água potável para a RMRJ oeste, por esta bacia, através de medidas

estruturais e / ou gerenciais para melhoria da qualidade ou aumento da oferta de água.

Esses possíveis cenários alternativos para a solução do problema já foram especificados

e analisados caso a caso em itens anteriores, ou seja, sem comparações entre si.

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252

Seguindo a lógica do ciclo, existem alguns modelos e ferramentas gerenciais para a

estruturação do problema. Como este é bastante conhecido pela comunidade em geral, a

metodologia para estruturá-lo foi extrair propostas reais de planejamentos estratégicos

dos órgãos competentes, isto é, está baseada em escolhas estratégicas definidas pela

CEDAE, SERLA e LIGHT, principalmente. Além disso, algumas soluções foram

sugeridas pelo autor, tais quais: as barreiras flutuantes, a dragagem, a desidratação e a

dessalinização, pois, apesar de hipotéticas, são pertinentes para a solução do problema.

Em relação à análise do problema, muitos modelos e ferramentas são amplamente

utilizados no mundo, sendo mais conhecidos: a análise custo-benefício (monocritério) e

o modelo multicritério. O emprego da primeira alternativa é muito comum nas obras

governamentais, que, de alguma forma, encena um cunho político. O segundo enfoque

ainda é pouco praticado nos órgãos tomadores de decisão do estado do Rio de Janeiro.

8.1) Método multicritério

Os modelos multicritérios incorporam parâmetros distintos que tenham correlações

entre si, colocando geralmente critérios subjetivos, que são também mensurados no

problema. Diferem-se das tomadas de decisão do tipo monocritério, que incorpora o

lado econômico imediato, principalmente em obras governamentais nos âmbitos

municipal, estadual e federal.

O método monocritério tipo análise custo-benefício apresenta uma série de limitações

conceituais e metodológicas e, geralmente, sua aplicação é de difícil compatibilidade

com a avaliação ambiental e não atende às demandas da gestão dos recursos hídricos

geradas pelo arcabouço institucional resultante da criação do atual Sistema Nacional de

Gerenciamento dos Recursos Hídricos e de alguns sistemas estaduais (VILAS BOAS,

2006). Por isso, o método multicritério foi adotado nas análises, por ser mais flexível.

A avaliação das alternativas pelo método multicritério pertence a um segundo estágio da

terceira etapa de um processo de planejamento ambiental, conforme observado na

Figura 42. Nota-se que, no terceiro estágio da terceira etapa, são utilizados métodos

mais sofisticados, tais como: multiatributo e sistemas especialistas de árvore de decisão.

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253

Figura 42 – Processos de um planejamento ambiental (Fonte: ZUFFO, 1998)

Antes de definir o modelo multicritério a ser utilizado e a fim de analisar em conjunto

todas as opções aventadas, os cenários individuais identificados de melhoria e aumento

da oferta de água para abastecimento público serão agregados em três cenários distintos:

Cenário atual – nenhuma proposta será executada, ou seja, as mesmas condições

de qualidade e quantidade de água na bacia do rio Guandu hoje reinantes seriam

mantidas para efeito comparativo;

Cenário paliativo – ao implantar todas as medidas provisórias que os órgãos

responsáveis planejam executar;

Cenário definitivo – ao executar somente as propostas efetivas de solução.

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254

O método de análise multicritério tipo ELECTRE III foi o escolhido dentre os vários

modelos existentes, por ser consagrado em vários trabalhos nacionais e internacionais

na gestão de recursos hídricos, tal qual o PROSAB, que também incorpora outros

modelos. Porém, ele será apenas mais uma ferramenta decisória, onde o mais

importante é a definição correta dos dados e critérios, assim como em qualquer modelo.

O ELECTRE III (ELimination Et Choix Traduisant la REalité) pertence à família de

métodos classe III ou ferramentas baseadas nas aproximações hierárquicas para auxílio

à tomada de decisão, que nasceu das dificuldades encontradas em diversos problemas

concretos, baseado na representação relacional das preferências do tomador de decisão.

A primeira versão – ELECTRE I remonta a 1968, enquanto o ELECTRE III é de 1978,

sendo ambas criadas por Bernad Roy. A família ELECTRE é muito utilizada pela escola

européia por não incluir um direcionamento, que seria considerado como sendo as

preferências do tomador de decisão, representado através de funções (ZUFFO, 1998).

O ELECTRE III possui ordenação de prioridades, comparação com pseudo-critério

utilizando relações hierárquicas nebulosas (fuzzy) e critérios de peso (valores

hierárquicos). Três aspectos são considerados: de aceitação, de rejeição e / ou estimando

a credibilidade da informação (ZUFFO, 1998). A Figura 43 apresenta a matriz e as

relações binárias dos aspectos utilizados no algoritmo do modelo.

O modelo ELECTRE III desenvolve-se nas seguintes etapas (SANTAFÉ JÚNIOR et

al., 1998):

Identificação do conjunto de alternativas;

Identificação dos critérios relevantes;

Definição da escala de julgamento de valores tanto para a importância dos

critérios quanto para o desempenho das alternativas à luz destes;

Determinação de limites de preferência (P e Q) e de limites de indiferença (I);

Avaliação da importância dos critérios (peso dos mesmos);

Avaliação do desempenho das alternativas por especialistas em cada critério;

Análise dos dados obtidos, determinando-se a ordenação final das alternativas e

o grau de concordância (intensidade) com o qual pode-se afirmar que uma

determinada alternativa subordina uma outra.

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Figura 43 – Modelo multicritério ELECTRE III (Fonte: PETRIE et al., 2006)

8.2) Definição dos parâmetros

A matriz multicritério é composta de: alternativas, critérios e os pesos estabelecidos

para os critérios, de acordo com a Figura 43.

As alternativas, no caso em estudo, foram os cenários agregados compostos pelos

cenários individuais, adotando a filosofia de situação atual, paliativa ou definitiva,

sendo que os cenários individuais atuais e propostos foram divididos em três grupos

distintos dentro de cada cenário agregado:

Sistemas de produção de água potável;

Sistemas de transposição de bacias para região hidrográfica do Guandu;

Sistemas de esgotamento sanitário.

Os sistemas de produção de água potável são os sistemas existentes ou propostos para

aumento da oferta de água potável para abastecimento público:

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256

Sistema Acari;

Sistemas locais (dentro e fora da bacia do rio Guandu);

Sistema Ribeirão das Lajes (posto de cloração, ETA convencional);

Sistema Guandu;

Sistema produtor novo (Marajoara, Guandu Novo, Guandu II ou Novo Guandu);

Ampliação e / ou reforma da ETA Guandu;

Proteção do sistema produtor (desvio dos rios dos Poços, Queimados e

Ipiranga);

Rejeito Zero (controle de perdas no sistema produtor);

Dessalinização;

Hidrometração e reparos (controle de perdas no sistema de abastecimento).

Os sistemas de transposição de bacias para a região hidrográfica do rio Guandu são

aqueles que aumentam a oferta hídrica em manancial na bacia:

Ribeirão das Lajes-Guandu (Fontes Velha - calha CEDAE);

Piraí-Ribeirão das Lajes-Guandu (Tócos);

Paraíba do Sul-Piraí-Guandu (Santa Cecília);

Guandu (Pereira Passos);

Cunha salina no canal de São Francisco;

Reservatórios de acumulação na região serrana;

Dessalinização.

Os sistemas de esgotamento sanitário englobam os sistemas propostos para melhoria na

qualidade da água captada para abastecimento público ou na qualidade da água em

manancial da bacia:

Sistema separador centralizado com ETE's centrais maiores e grandes coletores;

Sistema separador descentralizado com ETE's locais menores e pequenos

coletores;

Sistema unitário com ETE's de tempo seco;

Proteção do sistema produtor (barragens e desvios);

Unidades de tratamento de rio (UTR's);

Sistemas de tratamento de ambientes lênticos (aeração);

Limpeza de lagoas (Dragagens);

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257

Desidratação dos sólidos de ETE's, UTR's, aeração e dragagens (tubos

geotêxteis).

Os critérios utilizados no modelo foram baseados em aspectos econômicos, ambientais e

sociais, sendo os seguintes:

Critério 01 – melhoria na qualidade da água em manancial da bacia;

Critério 02 – melhoria na qualidade da água captada para abastecimento público;

Critério 03 – aumento da oferta hídrica em manancial da bacia;

Critério 04 – aumento da oferta de água potável para abastecimento público;

Critério 05 – custo de implantação;

Critério 06 – custo de operação e manutenção;

Critério 07 – risco de interrupção do sistema de produção de água potável.

Os impactos indiretos também poderiam ser utilizados nos critérios de avaliação. Nesse

caso, os impactos sociais poderiam ser medidos pelos índices de desenvolvimento

humano (IDH) do Banco Mundial, enquanto que os econômicos pelos indicadores do

Sistema Nacional de Informações sobre o Saneamento (SNIS). Já os ambientais

poderiam ser medidos por indicadores de qualidade das águas, tal qual o IQA da

CETESB (2008). ZUFFO (1998) incorporou diversos critérios indiretos em seu

trabalho: atratividade; saúde física; saúde mental; qualidade de vida; entre outros.

O índice de qualidade das águas (IQA) incorpora nove parâmetros, considerados

relevantes para a avaliação da qualidade das águas para abastecimento público, a saber:

coliformes fecais, pH, DBO, nitrogênio total, fósforo total, temperatura, turbidez,

resíduo total e oxigênio dissolvido. O índice é uma média ponderada dos valores

amostrados obtidos de curvas médias de variação de qualidade. Caso não se disponha do

valor de um único parâmetro, o cálculo do índice é inviabilizado (CETESB, 2008). No

caso em estudo, foram utilizados somente os parâmetros de DBO e de coliformes

termotolerantes para avaliação da qualidade das águas, ao invés do IQA, por exemplo.

Os pesos de cada critério são, geralmente, definidos após consultar diversos

especialistas na área de saneamento e recursos hídricos, por meio de preenchimento de

formulários. As respostas dadas valoram os pesos estatisticamente.

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A pesquisa geralmente obtém resultados mais imparciais e próximos da realidade sobre

o assunto do que os valores dados por um só especialista, mas é normalmente demorado

e sem resposta plena. ZUFFO (1998) enviou questionários para 73 profissionais da área

no país e no exterior, porém apenas 32 responderam, ou seja, 44% do total.

No caso em estudo, o valor adotado dos pesos para os critérios foram correlacionados

com os dados estatísticos encontrados por ZUFFO (1998), de acordo com a Tabela 70.

Esses variaram entre 1 e 10. Por outro lado, as faixas de pontuação adotadas para

valorar as alternativas (cenários) variaram entre 1 (ruim) e 5 (ótimo), em cada critério,

conforme a Tabela 71.

Tabela 70 – Valores adotados para os pesos dos critérios no modelo multicritério

Critérios Pesos adotados (ZUFFO, 1998)

N° ZUFFO (1998) Média Moda Iguais Mínimo

01 19 Qualidade da Água 9,67 10 10 8

02 19 Qualidade da Água 9,67 10 10 8

03 9 Vazão acrescida 7,04 8 10 2

04 9 Vazão acrescida 7,04 8 10 2

05 1 Econômico 8,63 10 10 10

06 1 Econômico 8,63 10 10 10

07 6 Perigo de acidentes 7,71 8 10 5

Tabela 71 – Faixa adotada para os valores dos cenários no modelo multicritério

Critério Faixa de valores para a pontuação das alternativas

N° unidade 01 ponto 02 pontos 03 pontos 04 pontos 05 pontos

01 mgDBO/l > 20 11 a 20 6 a 10 4 a 5 0 a 3

02 mgDBO/l > 20 11 a 20 6 a 10 4 a 5 0 a 3

03 m³/s 0 a 5 6 a 10 11 a 20 21 a 30 > 30

04 m³/s 0 a 5 6 a 10 11 a 20 21 a 30 > 30

05 106 R$ > 100 51 a 100 11 a 50 6 a 10 0 a 5

06 106 R$/ano > 15 11 a 15 6 a 10 2 a 5 0 a 1

07 10³ cel/ml > 100 51 a 100 21 a 50 11 a 20 0 a 10

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259

8.3) Resultados e discussões

Com os critérios e pesos definidos e com as alternativas individuais caracterizadas, a

matriz multicritério poderá ser elaborada de diversas maneiras, para diversos cenários.

Foi escolhida uma comparação entre os seguintes cenários, num horizonte de três anos:

Cenário atual – sistema de esgotamento sanitário irregular (30% de eficiência de

remoção de DBO);

Cenário paliativo – UTR Flotflux® (70% de eficiência de remoção de DBO) na

foz do rio Ipiranga e do rio Queimados, com 2,5m³/s, conforme Tabela 46;

Cenário defintivo – implantação do sistema de esgotamento sanitário com

tratamento secundário (90% de eficiência de remoção de DBO) na bacia dos

afluentes da lagoa Guandu, antes da captação da ETAG, sendo adotado 30% dos

custos de implantação do sistema Guandu de esgotamento sanitário do PDES

1994 (Gráfico 31), pois a população na bacia dos Poços, Queimados e Ipiranga

representa um terço da população total do sistema Guandu (PDES 1994).

Por não abranger aumento de vazão, na entrada de dados do modelo, os critérios 03 e 04

foram descartados. Por outro lado, a pontuação (performance) para cada critério foi

baseada nas características individuais das alternativas já descritas anteriormente, sendo

a seguinte (Cr):

Cenário paliativo: Cr01 = 4, Cr02 = 4, Cr05 = 3, Cr06 = 1 e Cr07 = 1;

Cenário definitivo: Cr01 = 5, Cr02 = 5, Cr05 = 2, Cr06 = 4 e Cr07 = 1.

Após executar, o modelo ELECTRE III apontou o cenário definitivo como a melhor

opção na tabela de preferência e no fluxograma. Então, o sistema tradicional de

esgotamento sanitário prevaleceu. O modelo gerou os seguintes coeficientes: α = -0,15;

e β = 0,3, no modo de definição direta. Os coeficientes de indiferença e preferência

tiveram valores adotados iguais a 0,5 e o coeficiente de veto não foi utilizado.

Outros inúmeros cenários podem ser modelados. Esse cenário foi apenas um exemplo

da utilidade do modelo multicritério.

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260

9) CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

9.1) Melhoria da qualidade da água captada no manancial

Os pontos críticos de qualidade de água na bacia rio Guandu, que abastece a RMRJ

oeste, estão próximos à captação da ETAG (cf.item 4). Se houver um acidente industrial

ou uma grande floração de algas (cianobactérias), o tempo hábil seria curto para mitigar

a poluição, antes que ela chegue na captação da ETAG, devido à pequena distância de

transporte da água. Atualmente, a lagoa Guandu acumula a poluição industrial e

doméstica, aumentando o seu passivo ambiental a cada dia. Portanto, medidas urgentes

devem ser tomadas, sejam elas definitivas ou não, com a maior brevidade possível.

As medidas paliativas para qualquer problema geralmente são mais imediatas e

econômicas do que as soluções definitivas, entretanto, dependendo da situação, o efeito

paliativo pode se tornar oneroso ao extremo e também não atender às expectativas

técnicas criadas em torno da solução. Com isso, o custo que parecia ser menor no

princípio chega rapidamente ao valor similar de uma solução definitiva, com a operação

desse sistema provisório.

Neste caso, o resultado mais marcante entre todas as comparações de alternativas foi o

desempenho das unidades de tratamento de rio em fluxo, que apresentou custos de

implantação e operação muito mais caros do que os previstos. Tal fato era de se esperar,

pois o tratamento é muito semelhante ao de uma ETA convencional e não ao de uma

ETE convencional, já que uma quantidade de produtos químicos bastante considerável é

utilizada, chegando a custos semelhantes aos processos de uma ETA do mesmo porte.

Cabe lembrar que, a UTR é uma solução paliativa para a bacia e não para a ETAG.

Se a filosofia da gestão fosse implantar estações em linha nos cursos de água, é mais

plausível um desvio de parte do curso para uma ETE convencional tratá-lo em tempo

seco. Um exemplo seria implantar as ETE’s previstas pelo PDES 1994 (STE, 1994) a

montante da captação da ETAG, em vez de jusante, conforme foi previsto, a fim de

tratar o rio Ipiranga e Queimados em sua foz. Com isso, atender-se-iam os princípios do

Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH, 1997). A partir desses princípios, o

usuário lança os seus efluentes poluentes a montante da sua própria captação de água

bruta, a fim de tratá-los adequadamente no curso de água. Além disso, a estação já

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261

estaria apta a se tornar definitiva, depois das implantações dos sistemas de coleta e

transporte dos esgotos nas bacias dos rios dos Poços, Queimados e Ipiranga. Essa

situação seria ainda mais econômica se fossem utilizados sistemas de tratamento por

lagoas em série (não confundir com a lagoa Guandu), instaladas primeiro em caráter

provisório e depois em definitivo. Ressalta-se que existe área disponível suficiente para

a implantação de ETE’s do tipo lagoas de estabilização logo a montante da captação da

ETAG, que poderiam possuir lagoas de maturação, para a remoção de coliformes

termotolerantes de modo mais eficiente do que em uma UTR em fluxo, sendo que a

última é similar a uma ETE com tratamento primário quimicamente assistido.

9.2) Aumento da oferta de água para o abastecimento público

A principal bacia que abastece a RMRJ oeste está praticamente toda comprometida com

os usuários já outorgados, restando pequenas vazões disponíveis, para suprir o vindouro

crescimento da população, do parque industrial e do parque de produção da ETAG, na

região e às margens do caminho do arco rodoviário.

A implantação, ou não, de um novo sistema produtor de água potável não foi simulada

no modelo multicritério, no entanto, como os valores de implantação, de operação e de

manutenção são muito mais elevados do que nos planos de redução de perdas, há como

validar o sugerido por ECOLOGUS-AGRAR (2005). Porém, um programa de redução

de perdas tem resultados efetivos muito mais demorados em nossa realidade de milhões

de usuários moradores de comunidades de baixa renda e de diversas ligações

clandestinas. As mudanças de hábito da população também são demoradas, indicadas

pelo alto valor per capita. Para se ter uma idéia, já foram previstos programas de

redução de perdas no sistema desde o PDA 1985 (ENGEVIX, 1985), com metas ainda

hoje longe de serem alcançadas. Passaram-se mais de 20 anos, porém o per capita

continua alto, mesmo com eventos mais freqüentes de escassez de água. Cabe aos

responsáveis, aumentar a fiscalização e promover campanhas de educação ambiental.

Além disso, o novo sistema produtor está sendo encarado pela CEDAE como uma

alternativa para possibilitar a manutenção corretiva e preventiva da ETAG, que poderia

ser realizada sem interrupções no sistema de abastecimento. Entretanto, como o novo

sistema produtor utilizaria a mesma captação do mesmo manancial, os riscos de

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262

interrupção do sistema de abastecimento poderiam vir de acidentes a montante, tal qual

um derramamento de produtos tóxicos no rio Guandu, nos afluentes do rio Guandu ou

no rio Paraíba do Sul, em um ponto a montante da ETAG, como ocorreu recentemente.

Portanto, o sistema continuaria vulnerável, mesmo se fosse instalado mais a montante

(ETA Marajoara), e se tivesse remoção de cianobactérias (ETA Novo Guandu).

Como recomendação, estudar com maior profundidade a dessalinização, devido ao

decréscimo de seu custo ao longo dos anos, avaliar as ações propostas pelo autor e

outros projetos não citados nesta dissertação. A setorização do sistema de abastecimento

de água, por meio dos reservatórios previstos pela CNEC (2004), é um exemplo de ação

proposta que não foi aqui apresentada. Essa setorização certamente reduziria a

necessidade de maior produção de água para a população da RMRJ oeste.

9.3) Análise multicritério

Em relação às recomendações, múltiplas combinações de cenários agregados com as

alternativas propostas podem ser realizadas, dentro de grupos semelhantes (cf. Figura 2

e Figura 3), possibilitando, assim, várias situações distintas, bastando somente mudar a

matriz multicritério. Além disso, é recomendável ampliar o número de critérios de

avaliação, incorporando critérios sociais, a exemplo do trabalho elaborado por ZUFFO

(1998). Outra recomendação interessante é utilizar os mesmos dados em algoritmos de

outros modelos multicritérios ou, ainda, em modelos mais sofisticados. Cabe lembrar

que a principal medida é a correta definição dos cenários para validar os resultados.

Após a análise, sugere-se a integração de todos os planos municipais com os planos

diretores das bacias hidrográficas, de abastecimento de água e de esgotamento sanitário.

Finalmente, esta dissertação apresentou uma série de opções reais, dentro de alguns

cenários propostos, caso do esgotamento sanitário e da UTR tipo flotação em fluxo na

lagoa Guandu, ambos para melhorar a qualidade da água captada pela ETAG. E, mesmo

nos casos que não foram simulados com o modelo multicritério, a análise crítica e os

resultados obtidos auxiliarão a decisão compartilhada da melhor solução para população

da RMRJ oeste, sem prejuízo para a bacia hidrográfica do rio Guandu.

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