16
Mulheres e mobilidade O transporte como direito social considerando questões de gênero Letícia Bortolon, ITDP Brasil Câmara dos Deputados, Comissão de Legislação Participativa / Setembro de 2017 Photo: Fabio Nazareth

Mulheres e mobilidade th Letícia Bortolon - camara.leg.br · Mulheres e mobilidade O transporte como direito social considerando questões de gênero ... no Brasil desde 2003

  • Upload
    vudung

  • View
    213

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Mulheres e mobilidadeO transporte como direito social considerando questões de gênero

Letícia Bortolon, ITDP Brasil

Câmara dos Deputados, Comissão de Legislação Participativa / Setembro de 2017

Ph

oto

: F

ab

io N

aza

reth

• Organização social sem fins lucrativos

• Sede em Nova Iorque, no Brasil desde 2003

• Articulação com órgãos governamentais,

organizações da sociedade civil e setor privado

Sobre o ITDP

Temos dedicado a maior parte do espaço do sistema viário das nossas cidades para o carro e quase a mesma área construída das edificações para estacionamentos

São Paulo / Espaço viário e transporte público17.000 km de vias4.500 km utilizados pelos ônibus

87% dessa vias são compartilhadas com outros modos de transporte

Rio de Janeiro / Espaço para estacionamentosÁrea de estacionamento em edificações de uso residencial – 35%Área de estacionamento em edificações em geral – 43%

O transporte como direito e o espaço ubano

Priorizar modos de transporte coletivos e ativos

Fonte: ITDP Transporte motorizado individual

Modo a pé

Bicicletas

Transporte Coletivo

Carga

Política Nacional da Mobilidade Urbana – Lei n° 12.587/12

Os desafios das mulheres

- As mulheres brasileiras trabalham, em média, 7,5 horas a mais que os homens por semana

- Mulheres e a tripla jornada de trabalho- trabalho doméstico – dentro e fora de casa - trabalho remunerado- cuidados com a família – nuclear e estendida- e às vezes, estudos

- Trabalhos domésticos- Mulheres 25 horas- Homens 10 horas

(Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça, IPEA, 2017)

As diferenças de gênero, raça e classe

Os desafios das mulheres

- As mulheres a tem um padrão de viagem mais complexo que os dos homens

- 17% das trabalhadoras brasileiras são trabalhadoras domésticas (OIT)

- 13% das mulheres fazem viagens em carros, comparado com 27% dos homens.

- Das viagens realizadas por carros pelas mulheres, 3% são feitas pelas mulheres mais pobres, contra 45% de viagens feitas pelas mulheres mais ricas.

- 74% das viagens diárias das mulheres são feitas em transporte público ou a pé

(Pesquisa OD São Paulo, 2007))

As diferenças de gênero, raça e classe

O PNT mensura o percentual da população de uma cidade ou região metropolitana que reside em um raio de até 1 km de estações de transporte público de média e alta capacidade, como metrô, trem, BRT e VLT.

Indicador de proximidade ao transporte

22% da mulheres negras da região metropolitana do Recife vivem a uma distância de até 1 km da rede de transporte de média e alta capacidade

- Violência urbana e violência de gênero

- Maior medo é o medo do estupro- Até Agosto/2017 foram 424 casos na região metropolitana do

Recife e 231 na capital (Secretaria de Defesa Social / PE)

- Segundo dados da ActionAid (2016):

- Assédio pela polícia - 84% no Cabo de Santo Agostinho- 78% no Recife- 62% em Olinda

Mulheres, violência e mobilidade

- As mulheres podem optar por modos mais caros e menos eficientes se forem percebidos como mais seguros

- Percepções sobre os ônibus- Demora, atraso, falta de confiabilidade nos horários- Baixa frequência- Redução da frequência à noite e finais de semana- Superlotação, assédio e violência- Ônibus sem conforto físico e térmico, sujos e velhos- Circulam de forma lenta, pois estão, como os carros,

sujeitos aos engarrafamentos

- A parada de ônibus é o pior lugar para se estar

- Medo de esperar o ônibus sozinha- 92% em Olinda- 86% no Cabo de Santo Agostinho- 84% no Recife

A experiência das mulheres nos ônibus

- A bicicleta é vista pelas mulheres como um meio de transporte.

- Em São Paulo- < de 10% dos ciclistas são mulheres- < 15% de mulheres ciclistas nas áreas com maior proporção de mulheres

ciclistas- < 2% de mulheres ciclistas nas áreas menos centrais

(Fonte: Fonte: Harkot, Lemos, Santoro (2017)

- O maior impedimento para uso da bicicleta pelas mulheres é a ausência de infraestrutura cicloviária adequada.

O sonho da bicicleta

O PNT mensura o percentual da população de uma cidade ou região metropolitana que reside a uma distância de até 300 metros da rede cicloviária.

Indicador de proximidade à rede cicloviária

12% das mulheres negras do Recife vivem próximas à rede cicloviária

O que fazer?

- Dados desagregados por gênero, raça e classe

- Identificar as diferentes demandas e necessidades, por território, idade, mulheres mães, etc.

- Mais indicadores com impacto em gênero

- Mais mulheres no planejamento

- Paridade nos espaços institucionais

- Processos participativos que incluam a visão das mulheres

Fonte: ITDP

Desenvolvimento Orientado ao Transporte Sustentável

[COMPACTAR] Reorganizar regiões para encurtar viagens

[ADENSAR] Aumentar a densidade no entorno das estações

de transporte de alta capacidade[MISTURAR] Estimular o uso misto do solo, para reduzir o

número de viagens e estimular um cenário de rua mais vibrante

[USAR TRANSPORTE

PÚBLICO] Oferecer sistemas de

transporte rápidos, frequentes, confiáveis,

integrados e de alta capacidade

[CONECTAR]Criar redes densas e

conectadas de vias e caminhos

[PEDALAR] Dar prioridade o uso da bicicleta

[CAMINHAR] Criar ambientes que

estimulem as pessoas a andar a pé

[MUDAR] Promover mudanças para incentivar o uso de transporte público, à

pé ou bicicleta

Simulação situação atual

Fonte: NACTO Urban Street Design Guide

Redistribuir o espaço para…

Fonte: NACTO Urban Street Design Guide

Simulação 6 anos

…um desenho de ruas completas!

Uma cidade boa para mulheres é uma cidade boa para todos!

[email protected] www.itdpbrasil.org.br