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NO BRASIL! mag MUND ANO PARA COMEÇAR 2015 COM BOAS VIBRAÇÕES JANEIRO DE 2015 Nº 04 + O DJ MAIS FAMOSO DO MUNDO FAZ UMA SUPER TURNÊ POR TODO PAÍS (SAIBA ONDE E QUANTO) + TODAS AS ESTREIAS DO CINEMA AS PROMESSAS DE ANO NOVO QUE VOCÊ NÃO IRÁ CUMPRIR + A HISTÓRIA DA MÚSICA COMEÇAR DE NOVO SHERLOCK HOLMES

Mundano Mag №04

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A Mundano Mag de janeiro está cheia de matérias que irão tornar seu início de 2015 muito interessante. Temos a nossa agenda especial com todos os shows do DJ David Ghetta no Brasil além de dicas excelentes para quem estiver de férias pelo país e também pelo exterior. Sem contar as estreias dde janeiro das séries e filmes. A estreia muito mal humorada e escancarada da atriz Ana Carolina Feraboli que nos fala, sem hipocrisia, como foi o nosso Natal. E outra Carol, a Caroline Nogueira, é responsável por uma matéria com aquelas promessas de ano-novo que nunca cumprimos e uma crônica sobre a verdadeira beleza. Para quem não dispensa uma boa leitura, um trecho da aventura de Sherlock Holmes “Um Estudo Em Vermelho” . E nada melhor do que levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima. É o que diz a canção de Ivan Lins “Começar de novo” que você descobre nessa edição como ela foi concebida.

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NO BRASIL!

mag MUNDANO PARA COMEÇAR 2015 COM BOAS VIBRAÇÕES

JAN

EIRO

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15 N

º 04

+

O DJ MAIS FAMOSO DO MUNDO

FAZ UMA SUPER TURNÊ

POR TODO PAÍS

(SAIBA ONDE E QUANTO)

+

TODAS AS ESTREIAS

DO CINEMA

AS PROMESSAS DE ANO NOVO QUE VOCÊ NÃO IRÁ CUMPRIR

+ A HISTÓRIA DA MÚSICA COMEÇAR DE NOVO

SHERLOCK HOLMES

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MUNDANO mag Número 4

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MUNDANO mag

DE

TUD

O U

M P

OU

CO

A Mundano Mag de janeiro está cheia de matérias que irão tornar seu

início de 2015 muito interessante.

Temos a nossa agenda especial com todos os shows do DJ David Ghetta

no Brasil além de dicas excelentes para quem estiver de férias pelo país e

também pelo exterior. Sem contar as estreias dde janeiro das séries e filmes.

A estreia muito mal humorada e escancarada da atriz Ana Carolina Fera-

boli que nos fala, sem hipocrisia, como foi o nosso Natal. E outra Carol, a Caro-

line Nogueira, é responsável por uma matéria com aquelas promessas de ano-

novo que nunca cumprimos e uma crônica sobre a verdadeira beleza.

Para quem não dispensa uma boa leitura, um trecho da aventura de

Sherlock Holmes “Um Estudo Em Vermelho” .

E nada melhor do que levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima. É

o que diz a canção de Ivan Lins “Começar de novo” que você descobre nessa

edição como ela foi concebida.

Bom ano e boa leitura.

Anderson Leal

Editor Chefe

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Nº 04

Janeiro 2015

Foto da capa: Andrew McPherson / EMI

ÍND

ICE

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7 MUNDANO mag

Editor

Anderson Leal

Supervisão Geral

Caroline Nogueira

Colaboração

Ana Carolina Feraboli

Revista Mensal Distribuição online

Gratuita

DE TUDO UM POUCO 05 AGENDA CULTURAL 09 UM ROTEIRO DE JANEIRO EM TODA PARTE DO BRASIL E DO MUNDO INFANTIL 10 MUSEUS 12 DAVID GHETTA 15 CINEMA 18 SÉRIES 20 A HIPOCRISIA DO NATAL 22 COMEÇAR DE NOVO 24 PROMESSAS DE 2015 26 AS PROMESSAS QUE SEMPRE FAZEMOS E NUNCA CUMPRIMOS SENDO MUNDANO 32 A VERDADEIRA BELEZA 40 FICÇÃO - SHERLOCK HOLMES 42 UM ESTUDO EM VERMELHO

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8 MUNDANO mag

AGENDA CULTURAL Por Anderson Leal

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AGENDA CULTURAL

Para ver seu evento aqui, man-de um e-mail para: [email protected] que ana-lisaremos e nas próximas edi-ções poderá estar aqui.

Importante: A Mundano Mag não se

responsabiliza por qualquer altera-

ção. Confirme sempre com a organi-

zação ou com o local do evento.

Especial de ano novo:

brasil e exterior

DAVID GHETA

INFANTIL

MUSEUS

CINEMA

SHOWS

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O Teatro Juarez Machado apresenta a

incrível e divertidíssima paródia de um

dos grandes sucessos do cinema, encan-

tando toda a família com efeitos especi-

ais de luzes e som, além dos figurinos

fantásticos dos personagens.

A versão para os palcos promete surpre-

ender e empolgar crianças e adultos.

Teatro Juarez Machado

Avenida José Vieira, 315

Dia 18/01 a partir das 15:45h

Ingressos: R$ 55 (meia R$27,50)

Informações: (48)40529001

www.blueticket.com.br

Frozen - Uma Trapalhada na Neve em Joinville (SC)

Outro espetáculo infantil que está em car-

taz esse mês, o clássico Branca de Neve.

O espetáculo estará em São Paulo de 10 de

janeiro a 01 de fevereiro, sempre aos sába-

dos e domingos às 16:30 e 19h (consulte a

programação).

Ingressos de R$40 à 175

wwww.ingressorapido.com.br ou 40031212

Teatro Bradesco

Rua Turiassú, 2100 - 3º piso do Bourbon

Shopping - São Paulo (SP)

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

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LULU SANTOSLULU SANTOS

O jurado do O jurado do The Voice Brazil The Voice Brazil se apre-se apre-

senta no HSBC Brasil no dia 23 e 24 as senta no HSBC Brasil no dia 23 e 24 as

22h e dia 25 as 20h. Além das música 22h e dia 25 as 20h. Além das música

do novo álbum, “Luiz Maurício” (25º do novo álbum, “Luiz Maurício” (25º

da carreira), o cantor relembra os bons da carreira), o cantor relembra os bons

momentos de sua carreira. Os ingres-momentos de sua carreira. Os ingres-

sos varia de R$60 à 260. Censura 14 sos varia de R$60 à 260. Censura 14

anos.anos.

HSBC Brasil HSBC Brasil -- São Paulo (SP)São Paulo (SP)

Rua Bragança Paulista 1281Rua Bragança Paulista 1281

Informações e ingressos: 40031212 Informações e ingressos: 40031212

www.ingressorapido.com.brwww.ingressorapido.com.br

Foto: Divulgação

MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES

A Mostra de Cinema da cidade de Tiradentes (MG)

chega em sua 18ª edição de 23 a 31 de janeiro de

2015, mostrando ao público a diversidade de pro-

duções cinematográficas no país – uma tradição ri-

ca e abrangente que ocupa espaço de destaque no

centro da trajetória do audiovisual e no circuito de

festivais realizados no Brasil. É considerado o mai-

or evento do cinema brasileiro contemporâneo. O

tema central do festival é “Qual O Lugar do Cinema

Hoje?” e a homenageada é a atriz paraense Dira

Paes. O evento ainda tem exposições, intervenções

artísticas, shows e é gratuito. Acontecerá em três

pontos da cidade: Largo das Forras, Largo da Rodo-

viária e na Rua Direita (nº168).

Programação completa e outras informações:

www.mostratiradentes.com.br

Foto

: Leo Lara/U

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Foto: Divulgação IN

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YOUR FAVORITE MAGAZINE ALSO IN ENGLISH

SPECIAL ISSUE

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MUSEU OSCAR NIEMEYER

O Museu Oscar Niemeyer (MON) é um espaço dedicado à exposição de Artes Visuais, Ar-

quitetura, Urbanismo e Design. Possui cerca de 35 mil metros quadrados de área construí-

da e mais de 17 mil metros quadrados de área expositiva, considerada a maior da América

Latina. Em janeiro há uma programação especial:

Das Vozes da Cidade expõe os 50 anos de arquitetura e urbanismo de Jaime Lerner e traz o panorama da

carreira do arquiteto. No início de 1970, quando foi pela primeira vez prefeito da capital paranaense

(1971-1975), projetou Curitiba como uma referência internacional, tornando-o um dos nomes mais co-

nhecidos e respeitados da arquitetura e urbanismo.

Isolde Hötte fez parte da primeira geração dos discípulos de Alfredo Andersen. Este é um projeto especial

do Museu Oscar Niemeyer realizado periodicamente, cuja finalidade é apresentar ao público a trajetória

de um artista de grande importância.

Genesis, do fotógrafo Sebastião Salgado. A mostra é resultado de oito anos de trabalho, com 245 ima-

gens selecionadas, divididas em cinco seções geográficas. Dentro delas, o visitante pode observar as foto-

grafias com temas como montanhas, desertos, florestas, tribos, aldeias, animais. Seu trabalho se mantém

forte e focado na temática social, fotografias em preto e branco e bastante contrastadas.

IDEA/Brasil (edição brasileira do IDEA Awards). A mostra segue até dia 1º de março de 2015 e exibe mais

de 100 projetos premiados de design que estão em exibição no MON.

“Da matéria do mundo”, da artista Eliane Prolik. Apresenta a instalação “Atravessamento” e três núcleos

de esculturas. A instalação de 160 metros quadrados de eletrocalhas, envolve e captura o espectador

com seu engenho, rumor e desvios.

A mostra João Turin – vida, obra, arte expõe 130 bronzes, sendo grande parte deles inéditos. Entre as

peças estão as que o consagraram como um dos principais escultores animalistas brasileiros: “Marumbi”,

“Luar do Sertão”, “Tigre pisando na cobra” e “Onça à espreita”. Os visitantes também podem admirar de

perto o “Frade”, escultura selecionada pelo governo brasileiro para presentear o Papa Francisco em sua

visita ao Brasil em 2013, o que coloca João Turin entre os raríssimos artistas brasileiros presentes no Mu-

seu do Vaticano.

Cones. A opção por formas geométricas – cilindros, cones, círculos, anéis, carretéis – tem sido

a tônica da obra do cearense Eduardo Frota (1959), apontado como autor de uma obra única

na produção contemporânea brasileira.

Além das exposições citadas, há ainda o Espaço Niemeyer e o Espaço Expositivo Ao Ar Livre

com obras expostas em caráter permanente.

Museu Oscar Niemeyer

Rua Marechal Hermes 999 - Curitiba (PR)

Informações: (41) 3350.4400 www.museuoscarniemeyer.org.br

Horário: Terça a domingo, das 10h às 18h (fecha dia 1º/01).

Ingressos: R$ 6,00 inteira e R$3,00 (meia). Grátis para menores de 12 anos, maiores de 60 e

grupos pré-agendados de estudantes de escolas públicas (ensino médio e fundamental).

Toda primeira quinta-feira do mês: das 10h às 20h, entre 18h e 20h e todo primeiro domingo

do mês das 10h às 18h, a entrada é gratuita.

Foto: Jaime Lerner Advogados Associados

Foto: Sebastião Salgado

Foto: Eliana Prolik/Divulgação

Foto: Marcello Kawase

Reprodução: Isolda Hötte

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MUSEU GOELDI

O Museu Paraense Emílio Goeldi é a mais antiga insti-

tuição pesquisadora na região amazônica, localizado

em Belém, capital do estado do Pará . As atividades se

concentram no estudo científico dos sistemas naturais

e culturais da Amazônia, assim como na difusão de co-

nhecimentos e coleções relacionadas à região. É reco-

nhecido mundialmente como uma das mais importan-

tes instituições de investigação científica sobre a Ama-

zônia brasileira.

Museu Paraense Emílio Goeld Parque Zoobotânico Av. Magalhães Barata, 376 Informações: (91) 2193369 www.museu-goeldi.br

Horário: terça a domingo, das 9h às 17 h. Ingressos: R$ 2,00. Mediante apresentação de carteira estudantil, os estudantes pagam meia entrada. Entrada grátis para crianças até 10 anos e maiores de 65 anos.

Foto: Lea Maimone

Foto: Jaime Lerner Advogados Associados

Foto: Sebastião Salgado

Foto: João Turin/Divulgação

Foto: Eliana Prolik/Divulgação

Foto: Marcello Kawase

Reprodução: Isolda Hötte

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S LA GIOCONDA O famoso retrato foi pintado em Flo-

rença entre 1503 e 1506. Ele foi enco-

mendado para ser de Lisa Gherardini,

esposa de um mercador de tecidos flo-

rentino chamado Francesco del Gio-

condo - daí o título alternativo, La Gio-

conda. No entanto, Leonardo da Vinci

mudou de ideia e levou consigo a obra

para a França, em vez de dá-la para a

pessoa que o encomendou. Quando

finalmente voltou para a Itália por alu-

no e discípulo, Salai. Não se sabe como

a pintura veio para a coleção de Fran-

çois I. Hoje podemos vê-la em Paris, no

Museu do Louvre, além de todas as

memoráveis obras do acervo do mais

famoso museu do mundo.

Museu do Louvre - França

Rue di Rivolli, 99 Funcionamento: O museu está aberto diariamente das 9h às 18h, exceto na terça-feira. Às quartas e sextas-feiras até as 21h45. Ingressos: € 12 a 16 Informações: 33 (0)1 40 20 53 17 www.louvre.fr

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BEATRIZ MILHAZESBEATRIZ MILHAZES A primeira grande retrospectiva dos EUA sobre a artista brasileira Beatriz Mi-lhazes, contará com uma grande escala de pinturas abstratas da artista, inspira-dos em formas brasileiras e modernismo europeu, barroco, cultura popular e as decorações de carnaval. São pinturas em superfícies ricas em texturas que parecem prematuramente envelhecido. A exposição vai incluir trabalhos pro-duzidos nos últimos 25 anos de carreira de Beatriz e analisar a sua evolução a partir de formas mais suaves e decorativas.

Pérez Art Museum Miami - EUA 1103 Biscayne Blvd. Miami, (FL) Informações: www.pamm.org De terça a domingo :10:00-06:00, quinta-feira: 10:00-09:00 Ingressos: Membros e crianças (até 6 anos) gratuito, Adultos US$ 16, Idosos (+62), estudantes, jovens (7-18): US$ 12)

Page 15: Mundano Mag №04

15 MUNDANO mag

Os brasileiros fãs de David Guetta já podem comemorar. Em 2015, o DJ fran-cês virá ao país para uma turnê em 13 cidades. A primeira apresentação acontecerá em Florianópolis, depois seguirá para Xangri-Lá, Guarapari, Olinda, Salvador, Fortaleza, Belo Horizonte, Uberlân-dia, Brasília, São Paulo, Ribeirão Preto e Rio de Janeiro. Tornando-se a maior turnê já realizada por um DJ internacional no Brasil. O mais famoso DJ é adorado pelos amantes de música eletrônica e mantém uma relação carinhosa com o Rio de Janeiro onde gravou parte do clipe da música “Without You”. A Mundano Mag conseguiu a agenda completa, confira os locais e os ingres-sos em todos os shows. Confira: >

BRAZILIAN TOUR Fotos: Andrew Mc Pherson

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16 MUNDANO mag

Dia 02Dia 02 Arena One Arena One –– Florianópolis (SC)Florianópolis (SC) Rodovia SCRodovia SC--401, Km 17401, Km 17 Ingressos:R$90 a 330Ingressos:R$90 a 330 Informações: (48) 3225.1266 www.eccopass.comInformações: (48) 3225.1266 www.eccopass.com Censura: 16 anosCensura: 16 anos

Dia 03Dia 03 Maori Beach Club Maori Beach Club -- XangriXangri--Lá (RS)Lá (RS) Rodovia RS 389 Rodovia RS 389 -- Km 29 Km 29 Ingressos: R$143 a 352Ingressos: R$143 a 352 Informações: (48) 40529001 www.blueticket.com.brInformações: (48) 40529001 www.blueticket.com.br Censura: 18 anosCensura: 18 anos

Dia 04Dia 04 Pedreira Adventure Park Pedreira Adventure Park –– Guarapari (ES)Guarapari (ES) Av. Padre José de Anchieta S/NAv. Padre José de Anchieta S/N Ingressos: R$165 a 506Ingressos: R$165 a 506 Informações: (48) 40529001 Informações: (48) 40529001 www.blueticket.com.brwww.blueticket.com.br Censura: 16 anosCensura: 16 anos

Dia 08Dia 08 Centro de Convenções de Centro de Convenções de Pernambuco Pernambuco -- Olinda (PE)Olinda (PE) Av. Professor Andrade Bezerra, S/N Av. Professor Andrade Bezerra, S/N

–– Área ExternaÁrea Externa Ingressos: R$ 65 a 10.000 Ingressos: R$ 65 a 10.000 (camarote/suíte)(camarote/suíte) Informações: (81) 3106Informações: (81) 3106--0155 0155 www.recifeingressos.comwww.recifeingressos.com Censura: 18 anosCensura: 18 anos

Dia 09Dia 09 Parque de Exposição Salvador (BA)Parque de Exposição Salvador (BA) Avenida Luís Viana, 0Avenida Luís Viana, 0 Ingressos: R$ 110 a 400Ingressos: R$ 110 a 400 Informações: 40031212 www.ingressorapido.com.brInformações: 40031212 www.ingressorapido.com.br Censura: 16 anosCensura: 16 anos

Dia 10Dia 10 Centro de EventosCentro de Eventos –– Fortaleza (CE)Fortaleza (CE) Av. Washington Soares S/NAv. Washington Soares S/N Ingressos: R$ 75 a 480Ingressos: R$ 75 a 480 Informações: (41) 30426262 Informações: (41) 30426262 www.ingressando.com.brwww.ingressando.com.br Censura: 16 anosCensura: 16 anos

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Dia 11Dia 11 ExpoMinas ExpoMinas –– Belo Horizonte (MG)Belo Horizonte (MG) Avenida Amazonas, 6.030Avenida Amazonas, 6.030 Ingressos: R$ 110 a 440Ingressos: R$ 110 a 440 Informações: (48) 40529001 www.blueticket.com.brInformações: (48) 40529001 www.blueticket.com.br Censura: 16 anosCensura: 16 anos

Dia 15Dia 15 Estádio João Havelange Estádio João Havelange –– Uberlândia (MG)Uberlândia (MG) Avenida Anselmo Alves dos SantosAvenida Anselmo Alves dos Santos Ingressos: R$ 121 a 385Ingressos: R$ 121 a 385 Informações: (48) 40529001 Informações: (48) 40529001 www.blueticket.com.brwww.blueticket.com.br Censura: 16 anosCensura: 16 anos

Dia 16Dia 16 Pavilhão de Exposições Pavilhão de Exposições –– Brasília (DF)Brasília (DF) Parque da Cidade, 01Parque da Cidade, 01 Ingressos: R$ 77 a 286Ingressos: R$ 77 a 286 Informações: 40071108 Informações: 40071108 www.bilheteriadigital.comwww.bilheteriadigital.com Censura: 16 anosCensura: 16 anos

Dia 17Dia 17 Pavilhão do Anhembi Pavilhão do Anhembi –– São Paulo (SP)São Paulo (SP) Avenida Olavo Fontoura, 1.209Avenida Olavo Fontoura, 1.209 Ingressos: R$ 130 a 300Ingressos: R$ 130 a 300 Informações: (11) 20270777 www.ticket360.com.brInformações: (11) 20270777 www.ticket360.com.br Censura: 18 anosCensura: 18 anos

Dia 18Dia 18 Estádio do Botafogo Estádio do Botafogo –– Ribeirão Preto (SP)Ribeirão Preto (SP) Avenida Costábile Romano, S/NAvenida Costábile Romano, S/N Ingressos: R$ 104,50 a 462Ingressos: R$ 104,50 a 462 Informações: (48) 40529001 www.blueticket.com.brInformações: (48) 40529001 www.blueticket.com.br Censura: 18 anosCensura: 18 anos

Dia 19Dia 19 Riocentro Riocentro –– Rio de Janeiro (RJ)Rio de Janeiro (RJ) Avenida Salvador Allende, 6555Avenida Salvador Allende, 6555 Ingressos: R$ 90 a 600Ingressos: R$ 90 a 600 Informações: 40031212 Informações: 40031212 www.ingressorapido.com.brwww.ingressorapido.com.br Censura: 18 anosCensura: 18 anos

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ESTREIAS DIA 01: Se Fazendo de Morto; Uma Noite no Museu 3 - O Segredo da

Tumba; Barbecue

DIA 08: Acima das Nuvens; Loucas para Casar; Whiplash - Em Busca da Perfeição

DIA 15: Amor; Plástico e Barulho; Antes de Dormir; De Pernas pro Ar 3; Depois

da Chuva; Invencível; Leviatã; Livre; O Amor É Estranho; O Segredo das Águas;

Os Pinguins de Madagascar

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AS ESTR

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DIA 22: A Mulher de Preto 2 - Anjo da Morte; A Teoria de Tudo; Birdman; Foxcatcher - Uma Histó-

ria que Chocou o Mundo; Minúsculos; Simplesmente Acontece; Sniper Americano; Strange Magic

DIA 29: Busca Implacável 3; Caminhos da Floresta; Cássia; Duas Irmãs, Uma Paixão; Eco Plante 3D.

Grace de Mônaco; Joe; Nick Cave - 20.000 Dias na Terra; O Jogo da Imitação; O Mistério da Felici-

dade; Sem Direito a Resgate; Tamo Junto; Two Men in Town; Via Crucis

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AS ESTREIAS NO CINEMA

Galavant (estreia, ABC) – 4 de janeiro

Agent Carter (estreia, ABC) – 6 de janeiro

Cougar Town (6ª temporada, TBS) – 6 de janeiro

Pretty Little Liars (estreia da 2ª parte da 5ª temporada, ABC Family)

– 6 de janeiro

Switched at Birth (4ª Temporada, ABC Family) – 6 de janeiro

People’s Choice Awards 2015 (CBS) – 7 de janeiro

Hindsight (estreia, VH1) – 7 de janeiro

Empire (estreia, Fox) – 7 de janeiro

Archer (6ª temporada, FX) – 8 de janeiro

Babylon (estreia, Sundance) – 8 de janeiro

Portlandia (5ª temporada, IFC) – 8 de janeiro

Banshee (3ª temporada, Cinemax) – 9 de janeiro

Glee (6ª e última temporada, Fox) – 9 de janeiro

Shameless (5ª temporada, Showtime) – 11 de janeiro

Episodes (4ª temporada, Showtime) – 11 de janeiro

Girls (4ª temporada, HBO) – 11 de janeiro

House of Lies (4ª Temporada, Showtime) – 11 de janeiro

Looking (2ª temporada, HBO) – 11 de janeiro

Togetherness (estreia, HBO) 11 de janeiro

Eye Candy (estreia, MTV) – 12 de janeiro

Parks and Recreation (7ª temporada, NBC) – 13 de janeiro

Melissa & Joey (4ª temporada, ABC Family) – 14 de janeiro

Baby Daddy (4ª temporada, ABC Family) – 14 de janeiro

Broad City (2ª temporada, Comedy Central) – 14 de janeiro

It’s Always Sunny in Philadelphia (10ª temporada, FX) – 14 de janeiro

Workaholics (5ª temporada, Comedy Central) – 14 de janeiro

Man Seeking Woman (estreia, FX) – 14 de janeiro

12 Monkeys (estreia, Syfy) – 16 de janeiro

Helix (2ª temporada, Syfy) – 16 de janeiro

The Fall (2ª temporada, Netflix) – 16 de janeiro

The Musketeers (2ª temporada, BBC America) – 17 de janeiro

The Fosters (estreia da 2ª parte da 2ª temporada, ABC Family) – 19 de janeiro

Chasing Life (estreia da 2ª parte da 1ª temporada, ABC Family) – 19 de janeiro

Justified (6ª e última temporada, FX) – 20 de janeiro

Backstrom (estreia, Fox) – 22 de janeiro

Black Sails (2ª temporada, Starz) – 24 de janeiro

Sons of Liberty (estreia, History Channel) – 25 de janeiro

Sirens (2ª temporada, USA) – 27 de janeiro

The Americans (3ª temporada, FX) – 28 de janeiro

Suits (estreia da 2ª parte da 4ª temporada, USA) – 28 de janeiro

SÉRIES

Page 21: Mundano Mag №04

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AS ESTREIAS NO CINEMA

Galavant (estreia, ABC) – 4 de janeiro

Agent Carter (estreia, ABC) – 6 de janeiro

Cougar Town (6ª temporada, TBS) – 6 de janeiro

Pretty Little Liars (estreia da 2ª parte da 5ª temporada, ABC Family)

– 6 de janeiro

Switched at Birth (4ª Temporada, ABC Family) – 6 de janeiro

People’s Choice Awards 2015 (CBS) – 7 de janeiro

Hindsight (estreia, VH1) – 7 de janeiro

Empire (estreia, Fox) – 7 de janeiro

Archer (6ª temporada, FX) – 8 de janeiro

Babylon (estreia, Sundance) – 8 de janeiro

Portlandia (5ª temporada, IFC) – 8 de janeiro

Banshee (3ª temporada, Cinemax) – 9 de janeiro

Glee (6ª e última temporada, Fox) – 9 de janeiro

Shameless (5ª temporada, Showtime) – 11 de janeiro

Episodes (4ª temporada, Showtime) – 11 de janeiro

Girls (4ª temporada, HBO) – 11 de janeiro

House of Lies (4ª Temporada, Showtime) – 11 de janeiro

Looking (2ª temporada, HBO) – 11 de janeiro

Togetherness (estreia, HBO) 11 de janeiro

Eye Candy (estreia, MTV) – 12 de janeiro

Parks and Recreation (7ª temporada, NBC) – 13 de janeiro

Melissa & Joey (4ª temporada, ABC Family) – 14 de janeiro

Baby Daddy (4ª temporada, ABC Family) – 14 de janeiro

Broad City (2ª temporada, Comedy Central) – 14 de janeiro

It’s Always Sunny in Philadelphia (10ª temporada, FX) – 14 de janeiro

Workaholics (5ª temporada, Comedy Central) – 14 de janeiro

Man Seeking Woman (estreia, FX) – 14 de janeiro

12 Monkeys (estreia, Syfy) – 16 de janeiro

Helix (2ª temporada, Syfy) – 16 de janeiro

The Fall (2ª temporada, Netflix) – 16 de janeiro

The Musketeers (2ª temporada, BBC America) – 17 de janeiro

The Fosters (estreia da 2ª parte da 2ª temporada, ABC Family) – 19 de janeiro

Chasing Life (estreia da 2ª parte da 1ª temporada, ABC Family) – 19 de janeiro

Justified (6ª e última temporada, FX) – 20 de janeiro

Backstrom (estreia, Fox) – 22 de janeiro

Black Sails (2ª temporada, Starz) – 24 de janeiro

Sons of Liberty (estreia, History Channel) – 25 de janeiro

Sirens (2ª temporada, USA) – 27 de janeiro

The Americans (3ª temporada, FX) – 28 de janeiro

Suits (estreia da 2ª parte da 4ª temporada, USA) – 28 de janeiro

ESTEVE NAS BANCAS EM JANEIRO

A mais bizarra revista do mundo.

A HARA KIRI foi publicada na França de 1960

a 1985. Com capas e matérias de virar o es-

tômago, a publicação não incomodava ape-

nas os leitores. Os políticos e os defensores

da moral e dos bons costumes conseguiram

por diversas vezes proibir a revista de ir às

bancas.

Mesmo com suas matérias cruéis, chocantes

e um exagerado mal gosto, havia uma infini-

dades de leitores que admiravam a coragem

dos editores.

Aqui a edição de janeiro de 1963 , escolhe-

mos a menos impressionante para não ferir

os olhos dos mais sensíveis. Para quem tiver

estômago para ver outras edições da HARA

KIRI, acessem: www.lifelounge.com.au/the-

lounge/gallery/the-stupid-and-evil-french-magazine

-of-the-60s-_-hara-kiri.aspx#gallerytop

Page 22: Mundano Mag №04

22 MUNDANO mag

Mês de dezembro as pessoas já começam

a se preparar para as festas de fim de

ano, compram roupas, presentes e se

preparam para a ceia,. As festas geral-

mente são feitas na casa de algum paren-

te mais velho e são chamados os familia-

res, chamam todos, os ditos como exem-

plos, as ovelhas negras, a tia fofoqueira, a

mal amada, a mal comida, o gay e todos

os outros com suas classificações, afinal é

Natal e nesse dia temos que nos despir

da hipocrisia e amar todo mundo.

As pessoas vão chegando para festa, cada

um leva um “pratinho”, mesa farta, povo

com roupa nova, criança correndo e

aquela “felicidade” paira no ar. A tia mal

amada que falava mal da sobrinha ovelha

negra da família o ano todo a cumpri-

menta e diz “essa é minha sobrinha que-

rida”, o machista preconceituoso que faz

piada o ano todo com o parente gay o

chama de corajoso e o admira por ter re-

velado sua condição sexual, a mulher que

é maltratada pelo marido nesse dia colo-

ca um sorriso no rosto e o marido a trata

como princesa, a parente drogada, que é

excluída o ano todo por ser má influen-

cia, é vista como ícone de superação, e

por aí vai, rolando a hipocrisia com um

gosto de glacê.

E a tia beata resolve fazer uma oração an-

tes da ceia, rezam o Pai Nosso e a Ave

Maria, a parente evangélica se despe de

preconceitos também reza a Ave Maria e

diz “Deus é um só, vou orar com vocês.”

Então começam a comer, todos se

amando, se abraçando. Deu meia noite.

Todos choram, falam que amam a famí-

lia, estarão lá para o que der e vier e

apesar de tudo são sangue do mesmo

sangue. Passa de meia noite, todos com

o “bucho cheio”, são formados os grupi-

nhos e retiram a mascara do “amor nata-

lino” e dão a vez ao veneno da cobra, e

começam: “Aquela menina não tem jei-

to, drogadinha, tenho vergonha de ser

da família, nem a chamo para ir em casa,

vai que rouba algo né?”, “Eu sabia que

ele era viado desde criança, que desgos-

to pra essa mãe, será que ele tem AIDS?

Tá até magrinho”. “ Coitada, ela apanha

do marido, vive roxa, para mim mulher

assim gosta de apanhar, merece então.”,

“ Deus é mais, rezei a ave Maria, espero

que Jesus me perdoe, que meu pastor

não saiba, vou queimar no fogo do infer-

no.” “Olha a roupa daquela ali, não tem

vergonha de vir numa festa vestida desse

jeito?”, “Não comi o que eles trouxeram,

são pobres, vai saber como foi feito.”, e

assim continuam, um falando do outro,

um querendo ser melhor que o outro,

escondendo seus próprios defeitos e

apontando o dos outros, coisa de gente

fraca e hipócrita. E no ar a gente sente

aquela vibração de falsidade, sorrisinhos

falsos, até a hora do suposto nascimento

de Jesus todos estão cobertos pelo seu

manto de compaixão, após o tiram e mos-

tram a verdadeira cara que é usada 363

dias por ano, pois Natal e Ano novo eles

retiram do armário a fantasia de Madre

Tereza de Calcutá, Jeová, Oxalá, Odin e por

aí vai.

Isso me causa uma repulsa, durante a fes-

ta vomito meu pâncreas em doses home-

opáticas, vontade de ficar num quarto es-

curo trancada onde a maldade alheia não

possa me atingir, usam a data do Natal pa-

ra apontar o dedo agora mais próximo da

pessoa, já que o restante do ano nem se

falam direito, esquecem que Jesus não jul-

ga, não castiga, ampara e perdoa. Imagino

Jesus nessa hora sentado num banquinho

olhando esse show de horrores com a

mão no rosto e com vergonha alheia, ele

chama um anjo e fala, “Meu amigo, vamos

ali comigo tomar um vinho, pois essa cena

que vejo em vários lares me dá vontade

de pregá-los na cruz, bora amigo, vamos

que hoje vou transformar aquele rio em

vinho, pois só bebendo para eu esquecer

que criei esse povo para serem felizes e

eles estão se matando com o próprio ve-

neno”.

Enfim, passou e já é outro ano. Próximo

dezembro tem mais...

Então é Natal, a hipocrisia chegou Por Ana Carolina Feraboli

Page 23: Mundano Mag №04

23 MUNDANO mag

Mês de dezembro as pessoas já começam

a se preparar para as festas de fim de

ano, compram roupas, presentes e se

preparam para a ceia,. As festas geral-

mente são feitas na casa de algum paren-

te mais velho e são chamados os familia-

res, chamam todos, os ditos como exem-

plos, as ovelhas negras, a tia fofoqueira, a

mal amada, a mal comida, o gay e todos

os outros com suas classificações, afinal é

Natal e nesse dia temos que nos despir

da hipocrisia e amar todo mundo.

As pessoas vão chegando para festa, cada

um leva um “pratinho”, mesa farta, povo

com roupa nova, criança correndo e

aquela “felicidade” paira no ar. A tia mal

amada que falava mal da sobrinha ovelha

negra da família o ano todo a cumpri-

menta e diz “essa é minha sobrinha que-

rida”, o machista preconceituoso que faz

piada o ano todo com o parente gay o

chama de corajoso e o admira por ter re-

velado sua condição sexual, a mulher que

é maltratada pelo marido nesse dia colo-

ca um sorriso no rosto e o marido a trata

como princesa, a parente drogada, que é

excluída o ano todo por ser má influen-

cia, é vista como ícone de superação, e

por aí vai, rolando a hipocrisia com um

gosto de glacê.

E a tia beata resolve fazer uma oração an-

tes da ceia, rezam o Pai Nosso e a Ave

Maria, a parente evangélica se despe de

preconceitos também reza a Ave Maria e

diz “Deus é um só, vou orar com vocês.”

Então começam a comer, todos se

amando, se abraçando. Deu meia noite.

Todos choram, falam que amam a famí-

lia, estarão lá para o que der e vier e

apesar de tudo são sangue do mesmo

sangue. Passa de meia noite, todos com

o “bucho cheio”, são formados os grupi-

nhos e retiram a mascara do “amor nata-

lino” e dão a vez ao veneno da cobra, e

começam: “Aquela menina não tem jei-

to, drogadinha, tenho vergonha de ser

da família, nem a chamo para ir em casa,

vai que rouba algo né?”, “Eu sabia que

ele era viado desde criança, que desgos-

to pra essa mãe, será que ele tem AIDS?

Tá até magrinho”. “ Coitada, ela apanha

do marido, vive roxa, para mim mulher

assim gosta de apanhar, merece então.”,

“ Deus é mais, rezei a ave Maria, espero

que Jesus me perdoe, que meu pastor

não saiba, vou queimar no fogo do infer-

no.” “Olha a roupa daquela ali, não tem

vergonha de vir numa festa vestida desse

jeito?”, “Não comi o que eles trouxeram,

são pobres, vai saber como foi feito.”, e

assim continuam, um falando do outro,

um querendo ser melhor que o outro,

escondendo seus próprios defeitos e

apontando o dos outros, coisa de gente

fraca e hipócrita. E no ar a gente sente

aquela vibração de falsidade, sorrisinhos

falsos, até a hora do suposto nascimento

de Jesus todos estão cobertos pelo seu

manto de compaixão, após o tiram e mos-

tram a verdadeira cara que é usada 363

dias por ano, pois Natal e Ano novo eles

retiram do armário a fantasia de Madre

Tereza de Calcutá, Jeová, Oxalá, Odin e por

aí vai.

Isso me causa uma repulsa, durante a fes-

ta vomito meu pâncreas em doses home-

opáticas, vontade de ficar num quarto es-

curo trancada onde a maldade alheia não

possa me atingir, usam a data do Natal pa-

ra apontar o dedo agora mais próximo da

pessoa, já que o restante do ano nem se

falam direito, esquecem que Jesus não jul-

ga, não castiga, ampara e perdoa. Imagino

Jesus nessa hora sentado num banquinho

olhando esse show de horrores com a

mão no rosto e com vergonha alheia, ele

chama um anjo e fala, “Meu amigo, vamos

ali comigo tomar um vinho, pois essa cena

que vejo em vários lares me dá vontade

de pregá-los na cruz, bora amigo, vamos

que hoje vou transformar aquele rio em

vinho, pois só bebendo para eu esquecer

que criei esse povo para serem felizes e

eles estão se matando com o próprio ve-

neno”.

Enfim, passou e já é outro ano. Próximo

dezembro tem mais...

FALE COM A GENTE

SUGESTÕES, DÚVIDAS E CRÍTICAS:

[email protected]

Page 24: Mundano Mag №04

24 MUNDANO mag

Começar de Novo Mesmo quem tem menos de trinta anos já ouviu essa canção. É um clássico da MPB e da tele-

dramaturgia brasileira. A música embalava a série Malu Mulher em meio a uma acirrada Ditadu-

ra Militar vigente. A história de uma mulher desquitada e independente ouriçou os militares mas,

conseguiu ir ao ar. “Começar de novo” é a canção mais regravada do mestre Ivan Lins. Além

das várias regravações e do sucesso da minissérie, não foi na voz do cantor que ela fez suces-

so. Ele contou a história da canção em sua página oficial do Facebook, confiram:

“Ela foi uma canção de encomenda, quando em 1979, o diretor de séries da Rede Globo, o ex-

celente Daniel Filho, através da direção da emissora, encomendou a mim e ao poeta e letrista

Vitor Martins, uma canção para a abertura da série "Malu Mulher".

A sinopse foi mandada ao Vitor, que escreveu a letra falando sobre recomeços de vida após o

fim de uma relação, tema central da série vivida por Regina Duarte.

Nas entrelinhas, Vitor deixou uma releitura, dizendo que nós brasileiros precisávamos recome-

çar uma nova vida, sem as garras, molduras, escoras, esporas (citação ao General Figueiredo,

na época presidente do Brasil, oficial de cavalaria e que disse que preferia cheiro de cavalo a

cheiro de povo) do Regime Militar vigente.

Bem, a letra veio para as minhas mãos e comecei a musicá-la. Levei uma surra. Foi realmente

difícil. Levei quase um mês.

A primeira pessoa (sem contar minha família) a ouvir a música pronta, fresquinha, saída do for-

no, foi a maravilhosa cantora Wanda Sá, que nos fez uma visita por aqueles dias.

A Elis Regina já tinha estado em minha casa uma semana antes, com seu marido César Camar-

go Mariano e não pude mostrar, pois não estava pronta, mas bem que teria adorado.

Terminei em cima do laço e mandei para a Globo. Sucesso geral.

E aí, perdi o controle sobre o destino dela.

A Globo, em conversas com duas mega gravadoras, chegou a três intérpretes: Elis, Maria

Bethânia e Simone. Não sei que critérios usaram para escolher Simone para interpretar a can-

ção, mas ela cantou belissimamente e teve um up-date na carreira.

A série foi um sucesso.

Além de a canção ter se tornado um de meus maiores sucessos também, sendo a minha canção

mais gravada no mundo.

Nunca imaginei que ela teria essa impressionante trajetória. “

Ivan Lins

SIC

A

Foto

Leo A

versa/Divu

lgação

Page 25: Mundano Mag №04

25 MUNDANO mag

LEIA TODAS AS NOSSAS EDIÇÕES

Page 26: Mundano Mag №04

26 MUNDANO mag

Quase todo mundo que conhecemos já fez alguma

promessa na virada do ano. Promessas essas encon-

tradas em diversas áreas de nossas vidas. São tantas

que a Mundano Mag listará as mais “pedidas”,

aquelas que ouvimos sempre e nunca cumprimos.

PROMESSAS 2015

Page 27: Mundano Mag №04

27 MUNDANO mag

Texto: Caroline Nogueira

(DE NOVO) PROMESSAS 2015

São Judas Tadeu, o santo das causas impossíveis

>

Page 28: Mundano Mag №04

28 MUNDANO mag

EMAGRECER

Talvez essa seja a campeã de todas as promessas. Depois da imensa co-

milança das ceias e muitos quilos a mais, o arrependimento bate em

muitos de nós e o projeto verão vai por água abaixo. Recentemente,

academias estão brotando em todos os cantos das cidades brasileiras e

a prática está cada vez mais comum, mas nem mesmo os novos atletas

escapam das comidas deliciosas que forram nossas mesas. Se você faz

parte do time dos sedentários, só fazer a promessa não tirará os quilos

acumulados durante o ano. Quem já se matriculou na academia?

PARAR DE FUMAR

Caro leitor, é preciso força de

vontade para tal. Você precisa

largar esses anos todos de pro-

messa e agir. Na edição de de-

zembro da Mundano, a Marcia

Valentin deu uma super dica pa-

ra você sair do seu 14º ano de

promessa. Sai dessa!

TROCAR DE EMPREGO

Quem não quer um salário

melhor? Ou mesmo mandar

o chefe dar um passeio nas

profundezas do inferno? Se

você não está feliz com seu

cargo hoje, sim, mude para

algo que te faça melhor, não

necessariamente pelo salá-

rio, mas para que você não

seja preso ao tentar matar

seu supervisor.

NÃO COMPRAR MAIS NADA

Você é daquelas pessoas que compram, compram e compram

mais um pouco? Ainda usa Natal e Ano Novo como desculpa

para comprar, comprar e comprar? Sem esquecer as liquida-

ções de janeiro. Para tudo! Cadê o seu 13º? Sumiu! Abra o

guarda-roupa, talvez esteja lá.

Page 29: Mundano Mag №04

29 MUNDANO mag

ENCONTRAR UM NOVO AMOR ou NUNCA MAIS SE APAI-

XONAR NOVAMENTE

Essa é difícil, não? Difícil porque não depende só de você

e as pessoas estão cada vez mais, mais... não dá para de-

finir. Eu sei que você já cansou de sofrer por aquela pes-

soa que só engana e é imatura, talvez. Mas calma, não

adianta trocar 6 por meia dúzia, não é mesmo? Então

nada de assinar a palavra AMOR do número 99999 e tra-

te de sair do chat do UOL já! (OBS: Isso ainda existe?)

E se você está cansado de procurar, só quebrar a cara e

prometeu para si mesmo que não quer saber mais de

ninguém, já sei como isso termina...

Aposto que você se identificou com al-

guma dessas promessas, se não, a Mundano Mag

espera que tenha se divertido e lembrado de alguma

promessa que seu amigo, primo, vizinho, tio , tenha

feito e você duvidou, apostou que ele não cumpriria

e ganhou, claro! Se você lembrou de alguma promes-

sa que tenha feito e não cumpriu, vai lá em nossa

Fanpage e conta qual foi, vamos adorar saber.

Que seu 2015 seja recheado de promessas

cumpridas!

Page 30: Mundano Mag №04

30 MUNDANO mag

Acesse a de onde você estiver

Page 31: Mundano Mag №04

31 MUNDANO mag

Acesse a de onde você estiver

Page 32: Mundano Mag №04

32 MUNDANO mag

Sendo MUNDANO

Page 33: Mundano Mag №04

33 MUNDANO mag

Ouro Preto by C. Silva

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34 MUNDANO mag

Sendo MUNDANO

Page 35: Mundano Mag №04

35 MUNDANO mag

Sidney by ChntX

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36 MUNDANO mag

Sendo MUNDANOMUNDANO

Page 37: Mundano Mag №04

37 MUNDANO mag

Londres by Anderson Leal

Page 38: Mundano Mag №04

38 MUNDANO mag

MUNDANO A Mundano Mag quer saber o que você pensa,

como você reage com o mundo a sua volta.

Mande seu texto, sua história, sua forma de in-

terpretar o que você sente. Queremos ver co-

mo você se expressa. Publicaremos na próxima

edição um texto de um leitor da revista, não

importa o tema, o que importa é a forma que

você pensa: [email protected]

Page 39: Mundano Mag №04

39 MUNDANO mag

mag MUNDANO

Page 40: Mundano Mag №04

40 MUNDANO mag

Foto: SplitShire

Page 41: Mundano Mag №04

41 MUNDANO mag

A Verdadeira

Beleza

Na idade média, o padrão de beleza era ser gordinha. Quanto mais gordi-

nha, melhor a mulher era vista por todos, era sinal de saúde e de pertenci-

mento à uma família rica, pois ela comia bem. Hoje as passarelas nos dizem

que quanto mais magra, melhor a roupa irá vesti-la.

Agora esqueça todos esses padrões e olhe para você. Quantas vezes você

passou por um tratamento intensivo via Photoshop? Quantos maquiadores

profissionais você tem a sua disposição? Já viu aquela atriz linda que você

baba, sem maquiagem?

Felizmente ou não, vivemos no mundo real, cheio de imperfeições e nada

de super produções. Pessoas bonitas são aquelas que vemos todos os dias

nas ruas, aquelas que se arrumam correndo para não perder a hora do tra-

balho, aquelas que terminam de se produzirem no metrô, usam maquiagem

sem marca e ainda assim conseguem manter tudo no lugar até a hora de

chegar em casa.

Mas antes desses pontos, aqui vai o que acredito ser a verdadeira beleza. A

real beleza é aquela que vemos todos os dias no espelho. Sim, o que real-

mente importa é como você se vê e se sente ao olhar-se no espelho, ele é o

termômetro de tudo. Há aqueles dias que não queremos nem tirar o pijama

de tão horrível que nos sentimos, mas no dia seguinte você tem vontade de

se arrumar nem que seja para ficar em casa ou ir na padaria. Somos assim,

inconstantes, e uns dias vamos nos sentir lindos, em outro, péssimos.

Não é necessário importar-se com o que os outros enxergam em você. A

forma como nos sentimos é que traduz a nossa beleza, se nos sentirmos fei-

os, é assim que as pessoas nos enxergarão. E acho válido mudar uma coisi-

nha aqui, outra ali, se isso fizer você sentir-se melhor, claro que tudo sem

perder a identidade. Você não quer virar uma Donatella Versace, quer? Faça

o que te faz feliz e olhe-se sempre no espelho, esse é seu maior aliado na

busca pela beleza.

PRA PENSAR

Caroline Nogueira

Page 42: Mundano Mag №04

42 MUNDANO mag

SHERLOCK HOLMES UM ESTUDO EM VERMELHO

FI

ÃO

ARTHUR CONAN DOYLE

Foto: New Old Stock

Page 43: Mundano Mag №04

43 MUNDANO mag

Encontramo-nos no dia seguinte, con-forme o combinado, e examinamos o apartamento 221 B da Baker Street. Eram dois quartos confortáveis e uma sala ampla e arejada, mobiliada com graça e iluminada por duas grandes ja-nelas. A moradia era tão atraente e seu preço tão razoável, na medida em que seria dividido entre nós, que decidimos no ato e, na hora, tomamos posse das instalações.

Na mesma tarde, transportei meus per-tences do hotel e, na manhã seguinte, Sherlock Holmes trouxe várias caixas e malas. Durante um ou dois dias, estive-mos ocupados em desempacotar nossas coisas e dispô-las da melhor maneira. Feito isso, gradualmente fomos nos aco-modando ao novo ambiente.

Não era difícil conviver com Holmes. Era um sujeito sossegado e com hábitos muito regulares. Era raro encontrá-lo em pé depois das dez da noite e, invariavel-mente, quando eu levantava pela ma-nhã, já tinha tomado café e saído. As ve-zes, passava o dia no laboratório quími-co; outras, na sala de dissecação, e havia ocasiões em que dava longas caminha-das às partes mais baixas da cidade.

À medida que as semanas passavam, meu interesse por ele e a curiosidade pelos objetivos de sua vida cresciam ca-da vez mais. Ele próprio, com sua apa-rência, chamava a atenção do observa-dor mais casual.

Media em torno de um e oitenta de al-tura, mas era tão magro que dava im-pressão de ser ainda mais alto. Seu olhar era aguçado e penetrante, a não ser naqueles períodos de torpor a que já me referi. O nariz, fino e adunco como o de um falcão, dava ao semblante um ar de vivacidade e decisão. Também o queixo, quadrado e proeminente, carac-

terizava-o como homem de determinação. Suas mãos estavam sempre manchadas com tinta e produtos químicos, mas seu toque era muito delicado, conforme pude observar inú-meras vezes, enquanto ele manipulava seus frágeis instrumentos de alquimista.

Talvez o leitor esteja me julgando um bisbi-lhoteiro incurável, porque confesso o quanto aquele homem espicaçava minha curiosidade e quantas vezes procurei romper todas as re-ticências presentes em tudo que dizia respei-to a Sherlock Holmes. Antes de me julgar as-sim, porém, tenha presente o quanto minha vida carecia de objetivos e quão poucas coisas havia para despertar minha atenção. Minha saúde impedia que eu me aventurasse fora de casa, a menos que o tempo estivesse excepci-onalmente bom. Não tinha amigos que pu-dessem me visitar, quebrando a monotonia de meus dias. Sob tais circunstâncias, desfru-tava com ansiedade o pequeno mistério que cercava meu companheiro e passava a maior parte do tempo tentando decifrá-lo.

Holmes não estudava medicina. Ele próprio, em resposta a uma pergunta, confirmara a opinião de Stamford a esse respeito. Tampou-co parecia ter frequentado qualquer curso que lhe tivesse dado um título em ciência ou qualquer outro crédito que garantisse sua en-trada no mundo acadêmico. No entanto sua dedicação a certos estudos era notável e, em-bora limitado a temas excêntricos, seu conhe-cimento era de extensão e minúcias extraor-dinárias. Suas observações me deixavam im-pressionado.

Sem dúvida, ninguém trabalharia de forma tão devotada nem acumularia informações tão precisas sem ter algum objetivo em vista. Leitores fortuitos dificilmente se destacam pela exatidão de seus conhecimentos.

Homem nenhum sobrecarregaria a mente com minúcias, sem ter uma boa razão para isso.

A ignorância de Holmes era tão notável quan-

>

Page 44: Mundano Mag №04

44 MUNDANO mag

to seu conhecimento. O que sabia de lite-ratura, filosofia e política contemporâneas era praticamente nada. Quando citei Tho-mas Carlyle, ele me perguntou, da forma mais ingênua, de quem se tratava e o que havia feito.

Minha surpresa maior, porém, foi desco-brir,

incidentalmente, que ele desconhecia a Te-oria de Copérnico e a composição do siste-ma solar. Encontrar um homem civilizado, em pleno século XIX, ignorando que a Terra gira em torno do Sol, era algo difícil de acreditar, de tão extraordinário.

- Você parece espantado - disse ele, rindo da minha surpresa. - Agora que sei, farei o possível para esquecer.

- Esquecer?

- Veja bem - explicou. - Para mim, o cére-bro humano, em sua origem, é como um sótão vazio que você pode encher com os móveis que quiser. Um tolo vai entulhá-lo com todo tipo de coisa que for encontran-do pelo caminho, de tal forma que o co-nhecimento que poderia ser-lhe útil ficará soterrado ou, na melhor das hipóteses, tão misturado a outras coisas que não conse-guirá encontrá-lo quando necessitar dele. O especialista, ao contrário, é muito cuida-doso com aquilo que coloca em seu sótão cerebral. Guardará apenas as ferramentas de que necessita para seu trabalho, mas dessas terá um grande sortimento mantido na mais perfeita ordem. É um engano pen-sar que o quartinho tem paredes elásticas que podem ser estendidas à vontade. Che-ga a hora em que, a cada acréscimo de co-nhecimento, você esquece algo que já sa-bia. É da maior importância, portanto, evi-tar que informações inúteis ocupem o lu-gar daquelas que têm utilidade.

- Mas o sistema solar! - protestei.

- O que isso tem a ver comigo? - interrom-

peu com impaciência. - Você disse que gira-mos ao redor do Sol. Se girássemos em tor-no da Lua, não faria a menor diferença para mim e para meu trabalho.

Era o momento certo para perguntar-lhe que trabalho era esse, mas algo me dizia que a pergunta não seria bem recebida. Fi-quei pensando sobre essa nossa breve con-versa e procurei tirar minhas conclusões. Ele dissera que não adquiria conhecimentos que não servissem a seus objetivos. Portan-to os conhecimentos que tinha eram os que serviam a seus objetivos.

Enumerei mentalmente os temas nos quais ele havia demonstrado ser excepcionalmen-te bem informado. Cheguei a pegar um lá-pis para anotá-los. Não pude deixar de sor-rir quando completei a lista. Ficou assim: Sherlock Holmes - seus limites

l. Conhecimento de literatura: nulo.

2. Conhecimento de filosofia: nulo.

3. Conhecimento de astronomia: nulo.

4. Conhecimento de política: fraco.

5. Conhecimento de botânica: variável.

Entende de beladona, ópio e venenos em geral.

Não sabe nada sobre plantas úteis.

6. Conhecimento de geologia: prático, mas limitado.

Distingue, à primeira vista, diferentes tipos de solos.

Depois de suas caminhadas, mostra-me manchas em suas calças e diz, a partir da cor e da consistência, de que parte de Lon-dres são.

7. Conhecimento de química: profundo.

8. Conhecimento de anatomia: acurado, mas assistemático.

9. Conhecimento de publicações sensacio-nalistas: imenso. Parece conhecer cada de-talhe de todos os horrores perpetrados nes-te século.

10. Toca violino bem.

11. Perito em esgrima e boxe. Um espa-dachim.

12. Bom conhecimento prático das leis inglesas.

Quando cheguei a esse ponto da lista, de-sanimado, joguei-a ao fogo.

- Se para descobrir o que esse sujeito faz preciso compor todos esses atributos e deduzir que profissão precisa de todos eles - disse para mim mesmo -, é melhor desistir logo.

Já me referi a seus dotes de violinista. Eram notáveis, mas tão excêntricos quan-to suas outras habilidades. Tocava peças difíceis, eu sabia, pois, a meu pedido, ha-via executado Lieder', de Mendelssohn, e outras de minha preferência. Por conta própria, porém, nunca executava qual-quer música ou tentava alguma ária co-nhecida. À tardinha, recostava-se em sua poltrona e, olhos fechados, tocava sem atenção o violino, que pousava sobre os joelhos.

Às vezes os acordes eram sonoros e me-lancólicos; outras, fantásticos e anima-dos. Com certeza, refletiam seus pensa-mentos, embora não se pudesse dizer se os acordes ajudavam-no a pensar ou se eram, apenas, o resultado de capricho ou fantasia. Eu teria me insurgido contra aqueles solos irritantes, se ele não costu-masse encerrá-los com uma rápida se-quência de minhas músicas preferidas, tocadas por inteiro, como uma compen-sação ao fato de ter abusado de minha paciência.

Durante a primeira semana, talvez um pouco mais, não recebemos visita alguma e eu já começara a pensar que meu com-panheiro, como eu, não tinha amigos. Vim descobrir, mais tarde, que tinha mui-tas relações e nas mais diversas classes

sociais.

Havia um sujeitinho pálido, com olhos escu-ros e cara de rato, apresentado como Sr. Lestrade, que chegou a aparecer três ou quatro vezes numa só semana.

Uma manhã, veio uma jovem, muito bem vestida, que se demorou por uma meia hora ou mais. Nesse mesmo dia, à tarde, o visi-tante foi um senhor espigado e grisalho, pa-recendo ser um pequeno negociante judeu, que dava a impressão de estar muito excita-do. Logo a seguir, apareceu uma mulher de idade, com sapatos entortados pelo uso.

Noutra ocasião, um cavalheiro de cabelos brancos teve uma entrevista com meu com-panheiro. Depois, recebeu um guarda de es-trada de ferro vestido com um uniforme de algodão veludoso.

Quando surgia algum desses visitantes, Sherlock Holmes costumava pedir-me que desocupasse a sala de estar, e eu me retira-va para meu quarto. Ele sempre ¡ se descul-pava por isso.

- Tenho de usar a sala como lugar de traba-lho - dizia -, e essas pessoas são meus clien-tes.

Era, mais uma vez, a oportunidade para per-guntar-lhe o que fazia, mas, como nas ou-tras ocasiões, a discrição me impediu de for-çar alguém a confiar em mim.

Imaginei, então, que teria alguma forte ra-zão para não falar a respeito, mas ele desfez essa ideia, abordando o assunto espontane-amente.

Foi num quatro de março, tenho boas razões para lembrar a data. Eu havia levantado um pouco mais cedo que o habitual e Sherlock não terminara seu desjejum. A empregada, acostumada com o fato de eu levantar mais tarde, não preparara meu lugar à mesa nem minha refeição.

Com toda a irracional petulância de que um ser humano é capaz, toquei a sineta e disse-

SHERLOCK HOLMES UM ESTUDO EM VERMELHO

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to seu conhecimento. O que sabia de lite-ratura, filosofia e política contemporâneas era praticamente nada. Quando citei Tho-mas Carlyle, ele me perguntou, da forma mais ingênua, de quem se tratava e o que havia feito.

Minha surpresa maior, porém, foi desco-brir,

incidentalmente, que ele desconhecia a Te-oria de Copérnico e a composição do siste-ma solar. Encontrar um homem civilizado, em pleno século XIX, ignorando que a Terra gira em torno do Sol, era algo difícil de acreditar, de tão extraordinário.

- Você parece espantado - disse ele, rindo da minha surpresa. - Agora que sei, farei o possível para esquecer.

- Esquecer?

- Veja bem - explicou. - Para mim, o cére-bro humano, em sua origem, é como um sótão vazio que você pode encher com os móveis que quiser. Um tolo vai entulhá-lo com todo tipo de coisa que for encontran-do pelo caminho, de tal forma que o co-nhecimento que poderia ser-lhe útil ficará soterrado ou, na melhor das hipóteses, tão misturado a outras coisas que não conse-guirá encontrá-lo quando necessitar dele. O especialista, ao contrário, é muito cuida-doso com aquilo que coloca em seu sótão cerebral. Guardará apenas as ferramentas de que necessita para seu trabalho, mas dessas terá um grande sortimento mantido na mais perfeita ordem. É um engano pen-sar que o quartinho tem paredes elásticas que podem ser estendidas à vontade. Che-ga a hora em que, a cada acréscimo de co-nhecimento, você esquece algo que já sa-bia. É da maior importância, portanto, evi-tar que informações inúteis ocupem o lu-gar daquelas que têm utilidade.

- Mas o sistema solar! - protestei.

- O que isso tem a ver comigo? - interrom-

peu com impaciência. - Você disse que gira-mos ao redor do Sol. Se girássemos em tor-no da Lua, não faria a menor diferença para mim e para meu trabalho.

Era o momento certo para perguntar-lhe que trabalho era esse, mas algo me dizia que a pergunta não seria bem recebida. Fi-quei pensando sobre essa nossa breve con-versa e procurei tirar minhas conclusões. Ele dissera que não adquiria conhecimentos que não servissem a seus objetivos. Portan-to os conhecimentos que tinha eram os que serviam a seus objetivos.

Enumerei mentalmente os temas nos quais ele havia demonstrado ser excepcionalmen-te bem informado. Cheguei a pegar um lá-pis para anotá-los. Não pude deixar de sor-rir quando completei a lista. Ficou assim: Sherlock Holmes - seus limites

l. Conhecimento de literatura: nulo.

2. Conhecimento de filosofia: nulo.

3. Conhecimento de astronomia: nulo.

4. Conhecimento de política: fraco.

5. Conhecimento de botânica: variável.

Entende de beladona, ópio e venenos em geral.

Não sabe nada sobre plantas úteis.

6. Conhecimento de geologia: prático, mas limitado.

Distingue, à primeira vista, diferentes tipos de solos.

Depois de suas caminhadas, mostra-me manchas em suas calças e diz, a partir da cor e da consistência, de que parte de Lon-dres são.

7. Conhecimento de química: profundo.

8. Conhecimento de anatomia: acurado, mas assistemático.

9. Conhecimento de publicações sensacio-nalistas: imenso. Parece conhecer cada de-talhe de todos os horrores perpetrados nes-te século.

10. Toca violino bem.

11. Perito em esgrima e boxe. Um espa-dachim.

12. Bom conhecimento prático das leis inglesas.

Quando cheguei a esse ponto da lista, de-sanimado, joguei-a ao fogo.

- Se para descobrir o que esse sujeito faz preciso compor todos esses atributos e deduzir que profissão precisa de todos eles - disse para mim mesmo -, é melhor desistir logo.

Já me referi a seus dotes de violinista. Eram notáveis, mas tão excêntricos quan-to suas outras habilidades. Tocava peças difíceis, eu sabia, pois, a meu pedido, ha-via executado Lieder', de Mendelssohn, e outras de minha preferência. Por conta própria, porém, nunca executava qual-quer música ou tentava alguma ária co-nhecida. À tardinha, recostava-se em sua poltrona e, olhos fechados, tocava sem atenção o violino, que pousava sobre os joelhos.

Às vezes os acordes eram sonoros e me-lancólicos; outras, fantásticos e anima-dos. Com certeza, refletiam seus pensa-mentos, embora não se pudesse dizer se os acordes ajudavam-no a pensar ou se eram, apenas, o resultado de capricho ou fantasia. Eu teria me insurgido contra aqueles solos irritantes, se ele não costu-masse encerrá-los com uma rápida se-quência de minhas músicas preferidas, tocadas por inteiro, como uma compen-sação ao fato de ter abusado de minha paciência.

Durante a primeira semana, talvez um pouco mais, não recebemos visita alguma e eu já começara a pensar que meu com-panheiro, como eu, não tinha amigos. Vim descobrir, mais tarde, que tinha mui-tas relações e nas mais diversas classes

sociais.

Havia um sujeitinho pálido, com olhos escu-ros e cara de rato, apresentado como Sr. Lestrade, que chegou a aparecer três ou quatro vezes numa só semana.

Uma manhã, veio uma jovem, muito bem vestida, que se demorou por uma meia hora ou mais. Nesse mesmo dia, à tarde, o visi-tante foi um senhor espigado e grisalho, pa-recendo ser um pequeno negociante judeu, que dava a impressão de estar muito excita-do. Logo a seguir, apareceu uma mulher de idade, com sapatos entortados pelo uso.

Noutra ocasião, um cavalheiro de cabelos brancos teve uma entrevista com meu com-panheiro. Depois, recebeu um guarda de es-trada de ferro vestido com um uniforme de algodão veludoso.

Quando surgia algum desses visitantes, Sherlock Holmes costumava pedir-me que desocupasse a sala de estar, e eu me retira-va para meu quarto. Ele sempre ¡ se descul-pava por isso.

- Tenho de usar a sala como lugar de traba-lho - dizia -, e essas pessoas são meus clien-tes.

Era, mais uma vez, a oportunidade para per-guntar-lhe o que fazia, mas, como nas ou-tras ocasiões, a discrição me impediu de for-çar alguém a confiar em mim.

Imaginei, então, que teria alguma forte ra-zão para não falar a respeito, mas ele desfez essa ideia, abordando o assunto espontane-amente.

Foi num quatro de março, tenho boas razões para lembrar a data. Eu havia levantado um pouco mais cedo que o habitual e Sherlock não terminara seu desjejum. A empregada, acostumada com o fato de eu levantar mais tarde, não preparara meu lugar à mesa nem minha refeição.

Com toda a irracional petulância de que um ser humano é capaz, toquei a sineta e disse-

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lhe, sumariamente, que estava aguardan-do. Peguei uma revista que estava sobre a mesa para passar o tempo, enquanto meu companheiro mastigava silenciosamente sua torrada. Um dos artigos havia sido sublinhado a lápis e, como é natural, mi-nha atenção foi atraída por ele. ' O título - "O livro da vida" - era um tanto pretensio-so, e o autor desejava demonstrar o quan-to um homem observador pode aprender com o exame acurado e sistemático do que está a seu redor. Pareceu-me uma no-tável mistura de absurdo e perspicácia. A argumentação era cerrada e intensa, mas as deduções tendiam ao exagero e à in-consequência. Afirmava que uma expres-são momentânea, uma contração de mús-culos ou um movimento de olhos podiam denunciar os pensamentos mais íntimos de um homem. Segundo ele, era impossí-vel que alguém, treinado para a observa-ção e a análise, errasse. Suas conclusões seriam tão infalíveis quanto as proposi-ções de Euclides'. Aos não-inicia-dos, suas conclusões pareciam tão espantosas que, enquanto não conhecessem o método pe-lo qual ele havia chegado até elas, pensa-riam que se tratava de um bruxo.

"A partir de uma gota de água", dizia o articulista, "um pensador lógico poderá inferir a possibilidade de um Atlântico ou de um Niágara, sem ter jamais visto um ou outro ou, sequer, ouvido falar a respei-to.

Assim, a vida é uma grande cadeia, cuja natureza pode ser depreendida a partir do simples confronto com um de seus elos. Como todas as artes, a Ciência da Dedução e da Análise só pode ser adquiri-da mediante um longo e paciente apren-dizado, mas a vida não é longa o bastante para permitir que um mortal atinja o mais alto grau de perfeição nessa área. Antes de voltar-se para esses aspectos morais e

mentais da questão, que são os que apre-sentam as maiores dificuldades, o pesqui-sador deve começar pelo domínio dos problemas mais elementares. Ao conhecer um homem, que ele aprenda a deduzir, só por olhá-lo, qual sua história, seu ofício ou profissão. Por mais infantil que esse exer-cício possa parecer, desenvolve as faculda-des de observação e ensina para onde se deve olhar e com que intenção. As unhas de um indivíduo, as mangas de seu casaco, seus sapatos, os joelhos de suas calças, os calos do indicador e do polegar, sua ex-pressão, os punhos de sua camisa, todos esses detalhes revelam a profissão de * Matemático grego, viveu na primeira me-tade do século III a.C., autor de Elementos, obra dividida em treze livros, um dos mais notáveis compêndios de Matemática. (N. do T.) um homem. E quase inconcebível que tudo isso reunido deixe de esclarecer um observador competente" .

- Quanto disparate! - desabafei, jogando a revista sobre a mesa. - Nunca li tanta bo-bagem na vida.

- O que é? - perguntou Sherlock Holmes.

- É este artigo - disse, apontando-o com a colher para o ovo, enquanto me preparava para iniciar o desjejum. - Você já o leu, es-tá assinalado a lápis. Não nego que foi es-crito com inteligência, mas é irritante.

Sem dúvida, é teoria de desocupado, al-guém que desenvolve todos esses peque-nos paradoxos a portas fechadas em seu gabinete. Não é nada prático. Gostaria de vê-lo sacolejando num vagão de terceira classe do trem subterrâneo para pergun-tar-lhe quais as profissões de seus compa-nheiros de viagem. Apostaria mil por um contra ele.

- Perderia seu dinheiro - observou Holmes calmamente. - Quanto ao artigo, eu o es-crevi.

- Você?

- Sim. Tenho tendência a observar e a de-duzir.

As teorias que expus aí, e que lhe pare-cem tão fantasiosas, são extremamente práticas, tanto que dependo delas para comer e beber.

- E como? - perguntei sem querer.

- Bem, trabalho por conta própria. Imagi-no que seja o único no mundo com meu ofício. Sou um detetive-consultor, se en-tende o que quero dizer. Aqui, em Lon-dres, há muitos detetives particulares e a serviço do governo. Quando eles têm difi-culdades, procuram por mim e tento co-locá-los na pista certa. Apresentam-me todos os indícios e, graças a meus conhe-cimentos da história do crime, geralmen-te consigo encaminhá-los corretamente. Existe uma grande similaridade entre os delitos, de tal modo que, se você tem os detalhes de mil casos na cabeça, dificil-mente deixará de resolver o milésimo pri-meiro. Lestrade é um detetive completo.

No entanto, há pouco tempo, atrapalhou-se com um caso de falsificação e veio me procurar.

- E aquelas outras pessoas?

A maioria foi enviada por agências parti-culares de investigação. Têm algum pro-blema e vêm em busca de esclarecimen-to. Escuto suas histórias; ouvem os co-mentários e eu embolso meu dinheiro.

- Você está querendo dizer - falei - que, sem sair de seu quarto, deslinda o misté-rio que outros não conseguem esclarecer, mesmo com conhecimento dos detalhes?

- Exato. Tenho uma certa intuição sobre esse tipo de coisa. Às vezes, surge um ca-so um pouco mais complexo. Então, te-nho que andar por aí e ver as coisas com meus próprios olhos. Você sabe que te-nho conhecimento especializado para aplicar à solução dos problemas, e isso

facilita de modo fantástico a situação.

As regras de dedução expostas no artigo, e que você considerou desprezíveis, são inesti-máveis para meu trabalho prático.

Observação é minha segunda natureza.

Você ficou surpreso quando lhe disse, à pri-meira vez em que nos encontramos, que você havia estado no Afeganistão.

- Alguém lhe contou, sem dúvida.

Nada disso. Eu sabia que você vinha do Afega-nistão. Como o hábito é antigo, a sequência de pensamentos se formou tão rápido em minha mente que cheguei à conclusão sem ter cons-ciência das etapas intermediárias. No entanto elas existiram. A sequência foi a seguinte: "Aqui temos um cavalheiro com aparência de médico, mas que também parece um militar. Trata-se de um médico do exército, portanto. Veio há pouco dos trópicos, porque seu rosto está bronzeado e esta não é a cor natural de sua pele, uma vez que seus pulsos são claros. Sofreu doenças e privações, seu rosto abatido denuncia isto. Feriram-lhe o braço esquerdo, pois ele o mantém rígido numa postura nada natural.

Em que lugar dos trópicos um médico do exér-cito britânico enfrentaria dificuldades e pode-ria ter seu braço ferido? No Afeganistão, é cla-ro". Toda essa corrente de pensamentos não levou um segundo. Aí, comentei que você vi-nha do Afeganistão e deixei-o espantado.

Do modo como você explica, tudo parece mui-to simples - ponderei, sorrindo. - Você me lembra o Dupin', de Edgar Allan Poe. Nunca pensei que indivíduos como ele pudessem existir fora das páginas dos livros.

Sherlock Holmes ergueu-se e acendeu seu ca-chimbo.

Com certeza, pensa estar me fazendo um cumprimento ao me comparar com Dupin - observou. - Bem, em minha opinião, Dupin era um tipo inferior.

Aquele truque de interromper o pensamento

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lhe, sumariamente, que estava aguardan-do. Peguei uma revista que estava sobre a mesa para passar o tempo, enquanto meu companheiro mastigava silenciosamente sua torrada. Um dos artigos havia sido sublinhado a lápis e, como é natural, mi-nha atenção foi atraída por ele. ' O título - "O livro da vida" - era um tanto pretensio-so, e o autor desejava demonstrar o quan-to um homem observador pode aprender com o exame acurado e sistemático do que está a seu redor. Pareceu-me uma no-tável mistura de absurdo e perspicácia. A argumentação era cerrada e intensa, mas as deduções tendiam ao exagero e à in-consequência. Afirmava que uma expres-são momentânea, uma contração de mús-culos ou um movimento de olhos podiam denunciar os pensamentos mais íntimos de um homem. Segundo ele, era impossí-vel que alguém, treinado para a observa-ção e a análise, errasse. Suas conclusões seriam tão infalíveis quanto as proposi-ções de Euclides'. Aos não-inicia-dos, suas conclusões pareciam tão espantosas que, enquanto não conhecessem o método pe-lo qual ele havia chegado até elas, pensa-riam que se tratava de um bruxo.

"A partir de uma gota de água", dizia o articulista, "um pensador lógico poderá inferir a possibilidade de um Atlântico ou de um Niágara, sem ter jamais visto um ou outro ou, sequer, ouvido falar a respei-to.

Assim, a vida é uma grande cadeia, cuja natureza pode ser depreendida a partir do simples confronto com um de seus elos. Como todas as artes, a Ciência da Dedução e da Análise só pode ser adquiri-da mediante um longo e paciente apren-dizado, mas a vida não é longa o bastante para permitir que um mortal atinja o mais alto grau de perfeição nessa área. Antes de voltar-se para esses aspectos morais e

mentais da questão, que são os que apre-sentam as maiores dificuldades, o pesqui-sador deve começar pelo domínio dos problemas mais elementares. Ao conhecer um homem, que ele aprenda a deduzir, só por olhá-lo, qual sua história, seu ofício ou profissão. Por mais infantil que esse exer-cício possa parecer, desenvolve as faculda-des de observação e ensina para onde se deve olhar e com que intenção. As unhas de um indivíduo, as mangas de seu casaco, seus sapatos, os joelhos de suas calças, os calos do indicador e do polegar, sua ex-pressão, os punhos de sua camisa, todos esses detalhes revelam a profissão de * Matemático grego, viveu na primeira me-tade do século III a.C., autor de Elementos, obra dividida em treze livros, um dos mais notáveis compêndios de Matemática. (N. do T.) um homem. E quase inconcebível que tudo isso reunido deixe de esclarecer um observador competente" .

- Quanto disparate! - desabafei, jogando a revista sobre a mesa. - Nunca li tanta bo-bagem na vida.

- O que é? - perguntou Sherlock Holmes.

- É este artigo - disse, apontando-o com a colher para o ovo, enquanto me preparava para iniciar o desjejum. - Você já o leu, es-tá assinalado a lápis. Não nego que foi es-crito com inteligência, mas é irritante.

Sem dúvida, é teoria de desocupado, al-guém que desenvolve todos esses peque-nos paradoxos a portas fechadas em seu gabinete. Não é nada prático. Gostaria de vê-lo sacolejando num vagão de terceira classe do trem subterrâneo para pergun-tar-lhe quais as profissões de seus compa-nheiros de viagem. Apostaria mil por um contra ele.

- Perderia seu dinheiro - observou Holmes calmamente. - Quanto ao artigo, eu o es-crevi.

- Você?

- Sim. Tenho tendência a observar e a de-duzir.

As teorias que expus aí, e que lhe pare-cem tão fantasiosas, são extremamente práticas, tanto que dependo delas para comer e beber.

- E como? - perguntei sem querer.

- Bem, trabalho por conta própria. Imagi-no que seja o único no mundo com meu ofício. Sou um detetive-consultor, se en-tende o que quero dizer. Aqui, em Lon-dres, há muitos detetives particulares e a serviço do governo. Quando eles têm difi-culdades, procuram por mim e tento co-locá-los na pista certa. Apresentam-me todos os indícios e, graças a meus conhe-cimentos da história do crime, geralmen-te consigo encaminhá-los corretamente. Existe uma grande similaridade entre os delitos, de tal modo que, se você tem os detalhes de mil casos na cabeça, dificil-mente deixará de resolver o milésimo pri-meiro. Lestrade é um detetive completo.

No entanto, há pouco tempo, atrapalhou-se com um caso de falsificação e veio me procurar.

- E aquelas outras pessoas?

A maioria foi enviada por agências parti-culares de investigação. Têm algum pro-blema e vêm em busca de esclarecimen-to. Escuto suas histórias; ouvem os co-mentários e eu embolso meu dinheiro.

- Você está querendo dizer - falei - que, sem sair de seu quarto, deslinda o misté-rio que outros não conseguem esclarecer, mesmo com conhecimento dos detalhes?

- Exato. Tenho uma certa intuição sobre esse tipo de coisa. Às vezes, surge um ca-so um pouco mais complexo. Então, te-nho que andar por aí e ver as coisas com meus próprios olhos. Você sabe que te-nho conhecimento especializado para aplicar à solução dos problemas, e isso

facilita de modo fantástico a situação.

As regras de dedução expostas no artigo, e que você considerou desprezíveis, são inesti-máveis para meu trabalho prático.

Observação é minha segunda natureza.

Você ficou surpreso quando lhe disse, à pri-meira vez em que nos encontramos, que você havia estado no Afeganistão.

- Alguém lhe contou, sem dúvida.

Nada disso. Eu sabia que você vinha do Afega-nistão. Como o hábito é antigo, a sequência de pensamentos se formou tão rápido em minha mente que cheguei à conclusão sem ter cons-ciência das etapas intermediárias. No entanto elas existiram. A sequência foi a seguinte: "Aqui temos um cavalheiro com aparência de médico, mas que também parece um militar. Trata-se de um médico do exército, portanto. Veio há pouco dos trópicos, porque seu rosto está bronzeado e esta não é a cor natural de sua pele, uma vez que seus pulsos são claros. Sofreu doenças e privações, seu rosto abatido denuncia isto. Feriram-lhe o braço esquerdo, pois ele o mantém rígido numa postura nada natural.

Em que lugar dos trópicos um médico do exér-cito britânico enfrentaria dificuldades e pode-ria ter seu braço ferido? No Afeganistão, é cla-ro". Toda essa corrente de pensamentos não levou um segundo. Aí, comentei que você vi-nha do Afeganistão e deixei-o espantado.

Do modo como você explica, tudo parece mui-to simples - ponderei, sorrindo. - Você me lembra o Dupin', de Edgar Allan Poe. Nunca pensei que indivíduos como ele pudessem existir fora das páginas dos livros.

Sherlock Holmes ergueu-se e acendeu seu ca-chimbo.

Com certeza, pensa estar me fazendo um cumprimento ao me comparar com Dupin - observou. - Bem, em minha opinião, Dupin era um tipo inferior.

Aquele truque de interromper o pensamento

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SHERLOCK HOLMES UM ESTUDO EM VERMELHO de seus amigos com um comentário opor-tuno, após um quarto de hora de silêncio, é exibicionista e superficial. Tinha um cer-to gênio analítico, sem dúvida. Mas, de maneira alguma, era o fenômeno que Poe imaginava que fosse.

- Já leu as obras de Gaboriau"? - pergun-tei.

- Lecoq corresponde a sua ideia de deteti-ve?

Sherlock fungou com sarcasmo.

- Lecoq era um pobre estúpido - disse, com irritação. - A única coisa que o reco-mendava era sua energia. Esse livro me deixou doente. A questão era identificar um prisioneiro desconhecido. Eu o teria feito em vinte e quatro horas. Lecoq levou seis meses ou mais.

Esse deveria ser o livro didático dos dete-tives: para ensinar-lhes o que não deveri-am fazer!

Eu estava realmente indignado por ver tratados dessa forríza dois personagens que tanto admirava. Caminhei até a janela e fiquei olhando o movimento da rua.

"Esse sujeito pode ser muito esperto", pensei, "mas, sem dúvida, é muito arro-gante".

- Hoje em dia, não há mais crimes nem criminosos - disse ele, lamentando-se. - De que adianta cérebro em nossa profis-são? Sei que tenho inteligência suficiente para ser um nome famoso. Não há e ja-mais houve alguém com a profundidade de conhecimentos e o talento natural para a investigação de crimes que tenho.

E para quê? Não há crimes para desven-dar. No máximo, alguma vilania mal exe-cutada e causada por motivos tão transpa-rentes, que até um oficial da Scotland Yard consegue resolver.

A presunção com que falava me aborrecia e resolvi mudar de assunto.

- O que aquele sujeito estará procurando? - perguntei, apontando para um homem for-te, vestido com simplicidade, que caminha-va devagar, no outro lado da calçada, obser-vando com ansiedade os números das ca-sas. Trazia um grande envelope azul na mão e, sem dúvida, estava encarregado de en-tregar uma mensagem.

- Está falando daquele ex-sargento da Mari-nha?

- perguntou Holmes.

"Mas que fanfarrão!", pensei. "Sabe que não posso confirmar uma coisa dessas." Mal tinha esse pensamento me ocorrido, quando o homem que observávamos viu o número da nossa casa e, com rapidez, atra-vessou a rua. Ouvimos uma batida forte, uma voz grave no andar de baixo e, a seguir, passos pesados na escada.

- Para o Dr. Sherlock Holmes - disse, entran-do na sala e estendendo a carta a meu ami-go.

Ali estava a oportunidade para acabar com tanta presunção. Holmes não previra isto fazendo a observação ao acaso.

- Posso perguntar-lhe, jovem - falei com a maior suavidade possível -, qual a sua pro-fissão?

- Mensageiro, senhor - respondeu com as-pereza. - Estou sem uniforme porque foi preciso consertá-lo.

- E o que fazia antes? - perguntei, dirigindo a meu companheiro um olhar enviesado e malicioso.

- Era sargento, senhor, da Real Infantaria Li-geira da Marinha. Não há resposta, Sr. Hol-mes? Perfeito, senhor.

Bateu nos calcanhares, ergueu a mão em continência e se foi.

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