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Revista Brasileira de Educação 177 Resenhas O MST está “na moda”, na mídia, mas ninguém aborda a questão da edu- cação no Movimento, um de seus traba- lhos mais bonitos e importantes. Roseli Caldart chama a atenção para o papel formativo dos processos sociais, desta- cando o Movimento como princípio educativo, resgatando a história e o pro- cesso de formação deste novo sujeito educativo. A autora cumpre esta tarefa de forma exemplar, com um olhar de quase antropóloga, numa análise minu- ciosa e metódica, através de uma visão complexa da educação inserida em vá- rias outras questões. O primeiro capítulo é aberto de forma direta: “como olhar para os sem- terra e para o MST de modo a com- preender o sentido de sua ocupação e preocupação específica com a questão da educação e da escola?” (p. 19, grifo da autora). Para chegar a uma resposta, ela nos mostra que, em primeiro lugar, é necessário compreender a experiência mais ampla de formação humana que se dá no Movimento dos Sem-Terra, e en- tender que a escola é apenas uma parte desta experiência. Para que possamos compreender isto melhor, Roseli intro- duz a noção de sentido sociocultural do MST. Explica que, com a formação dos Sem Terra, formou-se não só um novo sujeito social como também um novo sujeito cultural, através da sua forma particular de realizar sua luta e vivenciar os valores e comportamentos que produz. É a forte dimensão de pro- jeto que distingue a produção destes no- vos sujeitos socioculturais da produção cultural intrínseca à vivência cotidiana de qualquer ser humano. Dentro do MST formam-se estes novos sujeitos sociais e culturais, transformando os trabalhadores desenraizados e isolados. É uma transformação profunda, provocada pela dinâmica da luta pela terra, que permanece mesmo após a aquisição de terra para cultivar. Em seguida Roseli Caldart trata de deixar claro qual o conceito de cultu- ra que usa para olhar o MST. Compre- ende a cultura “como um modo de vida, e como uma herança de valores e obje- tos compartilhados por um grupo hu- mano relativamente coeso, mas manten- do-a como uma dimensão do processo histórico e acrescida de um sentido po- lítico específico, que é o de uma cultura social com dimensão de projeto, tal como o apreendido nas pesquisas feitas no âmbito da história dos movimentos sociais, notadamente aquelas orientadas por uma interpretação marxista da his- tória” (p. 28, grifo da autora). O desdobramento deste sentido sociocultural do MST e desta visão de cultura é o de pensar o MST “como par- te de um processo histórico mais longo, amplo e complexo, e como enraizado em uma cultura que projeta um mundo, ou um tipo de organização da sociedade que ainda não existe, mas cuja idéia re- siste no imaginário de um povo que não sucumbiu ao domínio da ideologia do ‘fim da história’ e do chamado pensa- mento único” (p. 30). É a partir desta visão do MST que se deve compreender as práticas e concepções de escola ela- boradas pelo Movimento. Para sustentar este olhar, através da dimensão sociocultural, Roseli Caldart se apóia em três fontes princi- pais. A primeira é a própria realidade do MST, assim como a leitura desta realidade feita pela sociedade e pelo MST. Desde sua gênese o MST tem uma forte matriz cultural, característica que só faz aumentar conforme a identi- dade social e política do Movimento se afirma. Esta realidade se impõe e faz com que setores, grupos e instituições da sociedade comecem a olhar o MST através da importância da sua produção de valores e dos gestos que expressam estes valores. O MST começa a ser vis- to como criador de uma alternativa cul- tural, alternativa à desumanização, de- gradação moral e individualização provocadas pela indústria cultural do capitalismo. Nos últimos anos, o MST também tem se dedicado mais a essa di- mensão cultural, fazendo um trabalho de resgate de sua memória, de sua his- tória, da mística da luta do povo, de um simbolismo com o qual o povo se iden- CALDART, Roseli Salete. Pedagogia do Movimento Sem Terra: escola é mais do que escola. Petrópolis: Editora Vozes, 2000.

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  • Resenhas

    Revista Brasileira de Educao 177

    Resenhas

    O MST est na moda, na mdia,mas ningum aborda a questo da edu-cao no Movimento, um de seus traba-lhos mais bonitos e importantes. RoseliCaldart chama a ateno para o papelformativo dos processos sociais, desta-cando o Movimento como princpioeducativo, resgatando a histria e o pro-cesso de formao deste novo sujeitoeducativo. A autora cumpre esta tarefade forma exemplar, com um olhar dequase antroploga, numa anlise minu-ciosa e metdica, atravs de uma visocomplexa da educao inserida em v-rias outras questes.

    O primeiro captulo aberto deforma direta: como olhar para os sem-terra e para o MST de modo a com-preender o sentido de sua ocupao epreocupao especfica com a questoda educao e da escola? (p. 19, grifoda autora). Para chegar a uma resposta,ela nos mostra que, em primeiro lugar, necessrio compreender a experinciamais ampla de formao humana que sed no Movimento dos Sem-Terra, e en-tender que a escola apenas uma partedesta experincia. Para que possamoscompreender isto melhor, Roseli intro-duz a noo de sentido sociocultural doMST. Explica que, com a formao dos

    Sem Terra, formou-se no s um novosujeito social como tambm um novosujeito cultural, atravs da sua formaparticular de realizar sua luta evivenciar os valores e comportamentosque produz. a forte dimenso de pro-jeto que distingue a produo destes no-vos sujeitos socioculturais da produocultural intrnseca vivncia cotidianade qualquer ser humano. Dentro doMST formam-se estes novos sujeitossociais e culturais, transformando ostrabalhadores desenraizados e isolados. uma transformao profunda,provocada pela dinmica da luta pelaterra, que permanece mesmo aps aaquisio de terra para cultivar.

    Em seguida Roseli Caldart tratade deixar claro qual o conceito de cultu-ra que usa para olhar o MST. Compre-ende a cultura como um modo de vida,e como uma herana de valores e obje-tos compartilhados por um grupo hu-mano relativamente coeso, mas manten-do-a como uma dimenso do processohistrico e acrescida de um sentido po-ltico especfico, que o de uma culturasocial com dimenso de projeto, talcomo o apreendido nas pesquisas feitasno mbito da histria dos movimentossociais, notadamente aquelas orientadaspor uma interpretao marxista da his-tria (p. 28, grifo da autora).

    O desdobramento deste sentidosociocultural do MST e desta viso decultura o de pensar o MST como par-te de um processo histrico mais longo,

    amplo e complexo, e como enraizadoem uma cultura que projeta um mundo,ou um tipo de organizao da sociedadeque ainda no existe, mas cuja idia re-siste no imaginrio de um povo que nosucumbiu ao domnio da ideologia dofim da histria e do chamado pensa-mento nico (p. 30). a partir destaviso do MST que se deve compreenderas prticas e concepes de escola ela-boradas pelo Movimento.

    Para sustentar este olhar, atravsda dimenso sociocultural, RoseliCaldart se apia em trs fontes princi-pais. A primeira a prpria realidadedo MST, assim como a leitura destarealidade feita pela sociedade e peloMST. Desde sua gnese o MST temuma forte matriz cultural, caractersticaque s faz aumentar conforme a identi-dade social e poltica do Movimento seafirma. Esta realidade se impe e fazcom que setores, grupos e instituiesda sociedade comecem a olhar o MSTatravs da importncia da sua produode valores e dos gestos que expressamestes valores. O MST comea a ser vis-to como criador de uma alternativa cul-tural, alternativa desumanizao, de-gradao moral e individualizaoprovocadas pela indstria cultural docapitalismo. Nos ltimos anos, o MSTtambm tem se dedicado mais a essa di-menso cultural, fazendo um trabalhode resgate de sua memria, de sua his-tria, da mstica da luta do povo, de umsimbolismo com o qual o povo se iden-

    CALDART, Roseli Salete. Pedagogiado Movimento Sem Terra: escola mais do que escola. Petrpolis:Editora Vozes, 2000.

  • Resenhas

    178 Set/Out/Nov/dez 2000 N 15

    tifique, facilitando a difuso das ban-deiras 89de luta do Movimento e orien-tando o resgate da formao de valoresque orientem a postura de seus inte-grantes.

    A segunda fonte que RoseliCaldart utiliza para justificar seu olhar a tradio terica dos estudos da his-tria social marxista. Trata-se de colo-car a nfase na dimenso cultural, aoanalisar os processos de transformaosocial a partir de uma interpretaomarxista da histria. Para isto, recorre aquatro princpios bsicos como ferra-mentas de anlise: compreender a his-tria de baixo para cima (p. 43); con-siderar a experincia humana comoparte fundamental do processo histricoe, portanto, de qualquer leitura que delese faa(p. 46); compreender o proces-so de formao dos sujeitos sociais tam-bm como um processo cultural(p. 49)e, finalmente, olhar para os movimen-tos sociais como lugar onde se desen-volvem processos socioculturais comforte dimenso de projeto(p. 52).

    Finalmente, para sustentar esteenfoque cultural, Roseli Caldart recorrea elementos de teoria pedaggica quepermitem olhar para o processo de for-mao mais amplo provocado pela din-mica do Movimento como um processoeducativo, do qual a escola uma parte.Trata-se de recuperar a viso de educa-o como formao humana qual a es-cola deve ajudar. Ou seja, a educao um processo social no qual se destacamas relaes entre educao e vida pro-dutiva, entre formao humana e cultu-ra, e entre educao e histria. As aeseducativas intencionais e planejadasdas escolas devem se orientar a partirdestas noes e jamais se deve tratar decompreender a escola fora de seus vn-culos com processos sociais concretos.

    Aps haver sustentado e expostoseu olhar ao MST, Roseli Caldart apli-ca-o ao processo de formao dos sem-terra no interior do MST, identificandoos sinais deste processo socioculturalintrnsecos a sua dinmica. A este pro-

    cesso Roseli Caldart atribui duas di-menses: a dimenso histrica do Movi-mento, conjuntura que levou ao seu sur-gimento, o desenvolvimento de suaorganizao e de seu projeto social;e a dimenso de experincia humana, oimpacto de aes e vivncias intrnse-cas dinmica interna do movimentosobre as pessoas que delas participam.Desta segunda dimenso, destaca as ex-perincias de ocupao da terra, de vi-ver no acampamento, de participar daorganizao do assentamento, a expe-rincia de ser do MST experinciaconsiderada maior do que a participaonas atividades j mencionadas e, fi-nalmente, a experincia de ocupar a es-cola. Esta ltima experincia se refere produo da conscincia da necessidadede aprender, da aquisio do direito deter escola, mas no uma escola qual-quer. A escola tem que ser adequada realidade dos sem-terra e ao tipo de for-mao humana que corresponde ao pro-jeto do MST. Esta ocupao da escola,nos diz Roseli Caldart, representa umcaptulo especfico da histria do MST:hoje, a educao e a escola so vistascomo parte da estratgia da luta pelaReforma Agrria.

    Para compreender a base sobre aqual se faz o sujeito sem-terra emambas as dimenses mencionadas aci-ma, Roseli recorre a uma categoria te-rica interessante: o enraizamentoprojetivo. O MST enraza os sem-terraporque os inclui numa coletividade,dando-lhes a oportunidade de se vincu-lar novamente a um passado e a umapossibilidade de futuro. A autora recor-re ao complemento projetivo para cha-mar a ateno sobre a relao entre pas-sado e futuro, e a riqueza que pode sercontida neste movimento de raiz e pro-jeto, quando se trata de compreender adinmica de formao de nossos sujei-tos Sem Terra (p. 57-58).

    No terceiro captulo de seu livro,Roseli Caldart analisa a trajetria hist-rica, o processo da ocupao da escolapelo MST. Para ela, esta ocupao da

    escola tem trs significados: as famliasse mobilizaram para reivindicar seu di-reito escola; organizaram-se para criarsua prpria proposta pedaggica; e a es-cola hoje faz parte da dinmica do Mo-vimento, tanto no quotidiano dos acam-pamentos e assentamentos como nadimenso poltica de estratgia na lutapela Reforma Agrria.

    A autora distingue cinco fatoresprincipais na criao da conjuntura quelevou a este processo de ocupao daescola: o contexto social objetivo deprecariedade educacional no Brasil eprincipalmente no campo; a preocupa-o das famlias sem-terra com a esco-larizao de seus filhos, criando umademanda; a iniciativa de mes e profes-soras que iniciaram os trabalhos educa-cionais; seu carter massivo e popularque induz a participao de mulheres ecrianas, e seu carter poltico, alm decorporativo, que expande sua luta paraalm da aquisio de terra; e o perfildas pessoas que ajudaram a organizar oMST, para a maioria das quais o estudosempre foi visto como muito importante.

    Em seguida, Roseli analisa estefenmeno a partir de dois ngulos. Oprimeiro o desenrolar histrico destaocupao da escola e, o segundo, seuimpacto na configurao atual dos semterra. O desenrolar histrico tem trsmomentos: o primeiro, a ocupao daescola, que surge com a prpria lutapela terra, de lutar por escola e do jeitoque esta luta seria feita. O segundo mo-mento, situado em 1987, coincide com acriao do Setor Nacional de Educaoe o desenvolvimento de uma propostapedaggica especfica do Movimento; aescola passa a ter que estar inserida noMovimento, de acordo com o Movimen-to, ajudando o Movimento como uminstrumento de reforma agrria. O ter-ceiro momento define a educao comoparte de um projeto mais amplo, partedo projeto do MST para o pas. O mar-co desta orientao o I Encontro Na-cional de Educadores da Reforma Agr-ria, ocorrido em 1997. A nfase posta

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    na relao do MST com a sociedade,considerando a Reforma Agrria umaluta de todos.

    Para Roseli Caldart a ocupao daescola trouxe dois impactos principaisna configurao dos Sem Terra hoje.Um deles foi a introduo de novos su-jeitos importantes nos acampamentos eassentamentos: as professoras e crian-as, estas ltimas tendo uma participa-o tambm ativa e um papel simblicomuito forte. O outro foi a transformaono jeito de ser destes sujeitos sem-terraque passaram a ser no s sujeitos queestudam, mas tambm sujeitos fruto desua prpria pedagogia.

    No quarto captulo, a autora analisaminuciosamente a pedagogia produzidapelo Movimento. Ela distingue dentro doMST cinco processos educativos bsicos,formadores deste ser humano/sujeito so-ciocultural, e os chama de matrizes pe-daggicas do MST. A primeira matriz a pedagogia da luta social, a experin-cia de lutar para transformar o mundo: aluta educa, ensina que tudo se pode con-quistar atravs da luta. Roseli Caldartobserva que a luta social to antigaquanto a humanidade, mas em geral desconsiderada pela pedagogia. A segun-da matriz a pedagogia da organizaocoletiva: ao organizar-se para lutar ossem-terra se educam e se transformamnuma coletividade em movimento, quepor sua vez enraza-os. A terceira matriz a pedagogia da terra: a relao com aterra, com o trabalho e com a produo.Uma das primeiras lies desta matriz que as coisas no nascem prontas, devemser feitas. A quarta matriz a pedagogiada cultura, cultura no sentido de proces-so atravs do qual prticas e experin-cias vo se constituindo num modo devida. As aes do MST, por suaradicalidade, exigem uma reflexo econseqentemente um aprendizado. Porltimo, est a matriz da pedagogia dahistria: a educao que se d atravs dacompreenso da histria mais ampla edo cultivo especfico da memria do Mo-vimento.

    Aps analisar as matrizes pedag-gicas do MST, Roseli Caldart abordadiretamente a escola, ou melhor, o en-contro entre o Movimento e a escola. Seo movimento social um sujeito educa-dor, a escola no o centro do processoeducativo, mas no deixa de ser muitoimportante, cada vez mais. Roseli dis-tingue duas tarefas especficas bsicasatribudas escola. Uma delas aconstruo histrica do valor do estudona conformao dos sem-terra estudoaqui compreendido mesmo em sua nfa-se (no exclusividade) na produo doconhecimento (p. 240). Trata-se depropiciar um conhecimento da realidadeem uma perspectiva histrica que indu-za uma participao social crtica e cria-tiva. A segunda tarefa se concentraprincipalmente nos cuidados pedaggi-cos para com as crianas. Desenvolveruma pedagogia que permita uma socia-lizao das crianas no Movimento;uma pedagogia adequada as suas neces-sidades e caractersticas que as insiratambm dentro da pedagogia mais am-pla do Movimento; que as permitavivenciar tambm o processo educativodo Movimento. Uma das grandes preo-cupaes dos pais que a criana com-preenda o que esto vivendo no acam-pamento ou assentamento, queentendam por que esto naquele lugar.

    Como realizar estas tarefas bsi-cas? A escola se constituiu historica-mente como uma instituio social e algica institucional se ope essnciamesma do Movimento. Uma escola cris-talizada em um modelo, com uma formargida, no a escola que o Movimentorequer. O Movimento processo, aoe reflexo permanentes, produo denovas snteses a cada momento. O Mo-vimento como sujeito educativo trata decolocar a escola em movimento, incluin-do-a em sua organicidade. A pedagogiado Movimento maior que a escola eesta deve constituir-se no como ummodelo pedaggico fechado ou um m-todo ou uma estrutura; e sim com umestilo, um jeito de ser escola, uma pos-

    tura diante da tarefa de educar, um pro-cesso pedaggico, um ambiente educati-vo (p. 247, grifos da autora). Com esteobjetivo buscam-se as tarefas pedaggi-cas fundamentais relacionadas com aformao humana, buscando valoreshumanistas seculares, resgatando o pa-pel da escola no processo de formaode sujeitos sociais.

    Roseli Caldart nos mostra que ocampo brasileiro est vivo, com uma di-nmica social e cultural prpria, e que oMST surge no s questionando as es-truturas sociais e a cultura que as legiti-ma, mas tambm questionando a estru-tura escolar e sua concepo pedaggicacorrespondente. A educao no MST um movimento que surge de dentro dadinmica social no campo, colocando nofoco de sua pedagogia a formao hu-mana em sua relao com a dinmicade luta social e, mais especificamentecom a luta pela Reforma Agrria.

    Maria Beatriz FragosoMestranda em EducaoUniversidade Federal Fluminense

    SILVA, Adriana Maria Paulo. Apren-der com perfeio e sem coao.Uma escola para meninos pretos epardos na Corte. Srie Passado/Presente. Braslia: Editora Plano,2000.

    Aprender com perfeio e semcoao fruto de uma dissertao deMestrado em Educao, defendida naUniversidade Federal Fluminense porAdriana da Silva, sobre a histria daeducao na Corte, na primeira metadedo Oitocentos.

    De ampla base bibliogrfica sobrea poca, o trabalho de Adriana da Silvaest apoiado em igualmente ampla basedocumental, desde os conhecidos Rela-trios do Ministrio do Imprio e daInspetoria Geral de Instruo Pblica daCorte aos no to manuseados Ofciosentre a Cmara Municipal e o Ministro.