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www.canalmoz.co.mz | ano 5 | numero 912 | Maputo, Sexta-Feira 08 de Março de 2013 Director: Fernando Veloso | Propriedade da Canal i, lda Sede: Av. Samora Machel n.º 11 - Prédio Fonte Azul, 2º Andar , Porta 4, Maputo | Registo: 18/GABINFO-DEC/2009 e-mail: [email protected] | grafi[email protected] | Telefones: 823672025 - 842120415 - 828405012 Publicidade Na abertura paralela do ano judicial Historiador Egídio Vaz diz que Moçambique convive com leis desumanas e manipuladoras Maputo (Canalmoz) – O acadé- mico e historiador Egídio Vaz dis- se durante a cerimónia de aber- tura paralela do ano judicial de 2013, organizada esta quarta-feira pela Liga dos Direitos Huma- nos, que Moçambique vive com leis desumanas e manipuladoras. “Estamos a conviver com mui- tas leis desumanas e manipula- doras. Por exemplo, há 10 anos que convivemos com uma lei anti- -midia (Lei de Imprensa)”, disse. Afirmou que o trabalho rea- lizado pela Liga moçambicana dos Direitos Humanos será uma oportunidade para a dinamiza- ção dos anseios da sociedade. “O número de assinaturas exigi- do pelo Conselho Constitucional é muito. Deveria ser reduzido de 2 mil para 100 ou 10 assinaturas. Se os Bilhetes de Identidade são bio- médicos, porque é que é obrigatório que sejam reconhecidos, esta é uma outra brincadeira?”, questiona Vaz. Justiça rápida e célere precisa-se O presidente da Comissão Nacio- nal dos Direitos Humanos, Custódio Duma, disse que o que as pessoas precisam é acesso rápido à justiça. “A justiça neste país é onero-

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www.canalmoz.co.mz | ano 5 | numero 912 | Maputo, Sexta-Feira 08 de Março de 2013Director: Fernando Veloso | Propriedade da Canal i, lda

Sede: Av. Samora Machel n.º 11 - Prédio Fonte Azul, 2º Andar , Porta 4, Maputo | Registo: 18/GABINFO-DEC/2009

e-mail: [email protected] | [email protected] | Telefones: 823672025 - 842120415 - 828405012

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Na abertura paralela do ano judicial

Historiador Egídio Vaz diz que Moçambique convive com leis desumanas e manipuladoras

Maputo (Canalmoz) – O acadé-mico e historiador Egídio Vaz dis-se durante a cerimónia de aber-tura paralela do ano judicial de 2013, organizada esta quarta-feira pela Liga dos Direitos Huma-nos, que Moçambique vive com leis desumanas e manipuladoras.

“Estamos a conviver com mui-

tas leis desumanas e manipula-

doras. Por exemplo, há 10 anos que convivemos com uma lei anti--midia (Lei de Imprensa)”, disse.

Afirmou que o trabalho rea-lizado pela Liga moçambicana dos Direitos Humanos será uma oportunidade para a dinamiza-ção dos anseios da sociedade.

“O número de assinaturas exigi-do pelo Conselho Constitucional é muito. Deveria ser reduzido de 2

mil para 100 ou 10 assinaturas. Se os Bilhetes de Identidade são bio-médicos, porque é que é obrigatório que sejam reconhecidos, esta é uma outra brincadeira?”, questiona Vaz.

Justiça rápida e célere precisa-se O presidente da Comissão Nacio-

nal dos Direitos Humanos, Custódio Duma, disse que o que as pessoas precisam é acesso rápido à justiça.

“A justiça neste país é onero-

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sa. As pessoas devem ir rapida-mente ao tribunal e ver seu assun-to resolvido. O custo é elevado e está longe do cidadão”, disse.

Duma reafirmou que a justi-ça deve ser pontual onde cada cidadão deve falar na sua lín-gua e em tempo útil ter resultado.

Conselho Constitucional

inacessível

A presidente da Liga dos Direitos Humanos, Alice Mabota, disse que o Conselho Constitucional é ina-cessível para a população devido à barreira de duas mil assinaturas reconhecidas impostas para a inter-

Maputo (Canalmoz) - A Rio Tinto re-tomou ontem as suas operações minei-ras que estavam interrompidas “por ra-zões de força maior”, desde o passado dia 20 de Fevereiro. Na verdade, o que havia paralisado as actividades da mul-tinacional que explora carvão em Tete são as chuvas que danificaram a Linha de Sena, impedindo deste modo a im-

venção da jurisdição constitucio-nal, sempre que o cidadão se sinta prejudicado na matéria de justiço.

“O Conselho Constitucional é de difícil acesso. Para os políticos, dois mil assinaturas é fácil, mas para a Liga não foi fácil. Não devia ser as-sim, devido ao carácter colectivo dos interesses que defende. Enquanto os tribunais comuns resolvem litígios de particulares, as decisões do Con-selho Constitucional reflectem-se na vida de todos os cidadãos”, explicou.

Mabota disse que precisou de cerca de dois anos para juntar as-sinaturas de dois mil cidadãos necessárias ao pedido de verifi-cação da constitucionalidade de

portação de carvão. Para evitar acumu-lar stock armazenados na mina, a Rio Tinto decidiu parar com a exploração.

“A retomada das operações mineiras da RTBL surge após a comunicação oficial da empresa CFM, operadora da Linha de Sena, recebida ontem, 6 de Março, segundo a qual a Linha Fér-rea de Sena já se encontra reparada e

vários artigos do Código Penal.

Afastar a barreira

O jurista da Liga dos Direitos Hu-manos, Arquimedes Varimelo, falou da necessidade de o país afastar a exi-gência de duas mil assinaturas para o acesso ao Conselho Constitucional.

Na ocasião, Varimelo apresentou uma comunicação sobre o lema “Os desafios e perspectivas da justi-ça constitucional em Moçambique”.

“Qualquer cidadão devia ter legi-timidade para suscitar a intervenção da jurisdição constitucional, sempre que se sentisse prejudicado nessa matéria”, afirmou. (Cláudio Saúte)

pronta a acolher novamente o tráfego ferroviário para o transporte de car-vão”, explica a Rio Tinto. No entanto, a RTBL considera “provisórias as repa-rações feitas e que as restrições impos-tas vão onerar o transporte de carvão, sendo, por isso, necessário restabele-cer a capacidade operacional efectiva da linha”, diz a empresa. (Redacção)

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Retomou ontem a exploração de carvão

Rio Tinto exige restabelecimento total da Linha de Sena

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Maputo (Canalmoz) - O partido Frelimo é famoso por instalar cé-lulas partidárias nas instituições públicas. Nas escolas, hospitais, ministérios… a Frelimo usa os re-cursos humanos ali empregues para realizar as suas actividades. A Reportagem do Canalmoz foi saber como funciona a célula do partido Frelimo na Escola Primária da Munhuana, cidade de Maputo.

Segundo apurámos no local, uma das missões da célula é garantir que todos os docentes e demais funcio-nários ali afectos adiram às fileiras do partido no poder. Para tal, a di-rectora da escola, Esperança Sitoe, é que dirige directamente a célula.

A célula integra ainda dois pro-fessores, nomeadamente: Cons-tantino Mafuiane e Margarida Guirruta, e o director adjunto pe-dagógico, Guilherme Nhanga-

la. Estes coagem professores para aderirem à célula e ao partido.

“Um dia perguntaram-me de que lado estava”, conta um professor ao Canalmoz. Assim trabalha o nú-cleo para identificar os professo-res que não pertencem ao partido no poder. Uma vez identificados são convidados a adquirir o cha-mado “cartão vermelho” ou a se-rem hostilizados para sempre com o risco de perderem o emprego.

A decisão de aderir ao partido não é directamente imposta, mas por temer represálias somos obri-gados a aderir”, diz outro professor.

Segundo a fonte, os funcioná-rios que não aderem ao partido são isolados da maioria e vistos como inimigos. A fonte conta igualmente que a célula usa recorrentemente o anfiteatro da escola para reuniões dos “camaradas”. Na mesma escola

está ainda instalado um secretariado do bairro que também se descon-fia que tenha alguma ligação com o partido dirigido por Guebuza.

Este não é o primeiro caso em que a Frelimo abusa do poder fazen-do uso de instituições do Estado e violando o direito dos professores.

Aquando da realização do 10˚ Congresso, o partido lidera-do por Armando Guebuza des-contou de forma ilegal salário de professores em Nampula e Zam-bézia para financiar o congresso.

A sociedade civil, parti-dos políticos e outros segmen-tos da sociedade vêm se quei-xando da partidarização do Estado por parte do Governo do dia.

A Escola Primária da Munhuana está afecta à Direcção de Educa-ção e Cultura do Distrito Munici-pal KaMfumo. (André Mulungo)

Na cidade de Maputo

Saiba como actua núcleo da Frelimo na Escola Primária da Munhuana

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PGR na campanha de luta contra tráfico de pessoas na África do Sul

Maputo (Canalmoz) - A Procura-doria-Geral da República (PGR) par-ticipa hoje numa campanha de pre-venção e combate ao tráfico de seres humanos, organizado pelo Departa-

mento de Justiça e Desenvolvimento Constitucional da África do Sul, em coordenação com a equipa multis-sectorial de luta contra o tráfico de Mpumalanga. A campanha tem lu-

gar no Município de Nkomazi em Mpumalanga, vizinha África do Sul.

Moçambique e África do Sul são dois países com grande ocorrência de tráfico de pessoas. Geralmente

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as pessoas são traficadas das zonas pobres de Moçambique e levadas para África do Sul para trabalhar nas farmas (homens) ou escravas sexuais (as meninas). O caso mais propalado de tráfico de pessoas de Moçambique para RSA ficou conhe-cido como “Caso Diana”, nome da cidadã moçambicana que explora-va sexualmente meninas recrutadas

A morte, num suposto acidente rodoviário em Julho de 2012, de Oswaldo Payá, activista cubano de direitos humanos, continua a susci-

em Moçambique para Joanesburgo.Os sucessivos relatórios do Depar-

tamento do Estado dos EUA têm vin-do, igualmente, a denunciar casos de tráfico de pessoas. A campanha que tem lugar hoje visa, segundo a PGR, “educar as comunidades em matérias de tráfico de seres huma-nos e capacitá-las para que tenham conhecimento suficiente que lhes

tar a solidadriedade da comunidade internacional. O jornal «Washington Post», num editorial publicado esta semana, apelou à convocação de uma investigação internacional que possa ser verdadeiramente indepen-dente e sem estar manchada pelos métodos repressivos do regime de Havana. As autoridades cubanas ale-gam que a viatura em que Oswaldo Payá seguia, acompanhado de Án-gel Carromero, vice-secretário geral do Partido Popular espanhol, actual-mente no poder, e de Harold Cepe-ro, activista cubano, havia chocado contra uma árvore devido a excesso de velocidade. A família deOswal-do Payá negou a versão do regime.

De regresso a Espanha, Ángel Car-romero declarou à comunicação social que o acidente, ocorrido na Província de Granma a 22 de Julho do ano passado, fora provocado

permita detectar e denunciar às au-toridades competentes; Reforçar par-cerias com as autoridades sectoriais envolvidas na matéria; Encorajar as instituições sociais a serem mais sensíveis e eficientes no tratamen-to dos assuntos da comunidade”.

Moçambique será representa-do na campanha pelo magistrado do Ministério Público. (Redacção)

por um choque deliberado contra as traseiras do carro por uma viatu-ra do governo cubano. Ángel Car-romero, que era quem conduzia o carro, disse ter visto através do espelho retrivosor a matrícula do carro e que apurou ser pertencente ao regime dos Castro-Ruz. Carro-mero acrescentou que foi obrigado a declarar, sob o efeito de drogas que lhe haviam sido injectadas no corpo, que o carro não havia sofri-do nenhum embate nas traseiras.

De 60 anos de idade Oswaldo Payá havia conquistado o Prémio Sakharov atribuído pela União Eu-ropeia em reconhecimento da sua posição firme em defesa dos direitos humanos em Cuba. Payá foi nomea-do para Prémio Nóbel da Paz por Va-clav Havel, antigo presidente checo.

Ao longo da sua vida Oswaldo Payá evidenciou-se por uma postura

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Cuba

Editorial do Washington Post exige inquérito internacional à morte de activista

de direitos humanos

Oswaldo Payá, activista cubanos de direitos humanos, assassinado pelo

regime no poder em Havana

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independente, tendo recusado filiar--se na Liga da Juventude Comunista. Como jovem estudante de 16 anos,

Washington (Canalmoz) - Na mi-nha primeira semana como secre-tário de Estado dos Estados Unidos, tive a honra de me encontrar com um grupo de mulheres corajosas de Mianmar. Duas eram ex-prisioneiras políticas e, embora tivessem passado por tremendas dificuldades na vida, estavam empenhadas a ir em frente – fornecendo educação e capacitação para meninas, procurando empre-gos para os desempregados e defen-dendo maior participação na socie-dade civil. Não tenho dúvida de que elas continuarão a actuar como po-derosas agentes de mudança, levan-do o progresso às suas comunidades e ao seu país nos próximos anos.

São oportunidades como essa que nos lembram por que é tão vital que os Estados Unidos continuem a tra-balhar com governos, organizações e indivíduos em todo o mundo para proteger e fazer avançar os direitos de mulheres e meninas. Afinal, as-sim como no nosso país, os proble-mas económicos, sociais e políticos mais prementes do mundo simples-mente não podem ser resolvidos sem a plena participação das mulheres.

Segundo o Fórum Económico Mundial, os países em que homens e mulheres estão mais próximos de desfrutar direitos iguais são muito mais competitivos economicamen-te do que aqueles onde a diferen-ça de género deixou mulheres e meninas com acesso limitado ou sem nenhum acesso a assistência médica, saúde, cargos electivos e ao mercado. Do mesmo modo, a

Oswaldo Payá recusou-se a apoiar a invasão soviética contra a República da Checoslováquia em 1968, contra-

Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultu-ra estima que se as agricultoras ti-vessem o mesmo acesso que os homens a sementes, fertilizantes e tecnologia, elas poderiam reduzir em 100 milhões a 150 milhões o número de subnutridos do mundo.

No entanto, num número muito grande de sociedades e num núme-ro muito grande de lares, mulheres e meninas ainda são subvaloriza-das, não têm a oportunidade de frequentar a escola e são forçadas a casar ainda crianças. Muitas vidas têm sido perdidas ou mudadas para sempre pela violência de género. Como pai de duas filhas, não pos-so imaginar a dor sofrida pelos pais da jovem conhecida como “Nir-bhaya”, a estudante de medicina de 23 anos assassinada num auto-carro de Nova Delhi simplesmente por ser mulher, ou a angústia sofrida pelos pais de Malala Yousafzai, a menina paquistanesa baleada por extremistas ao subir num autocarro, simplesmente por querer ir à escola. Mas é para mim uma inspiração o compromisso destemido de Mala-la à sua causa, a determinação de Nirbhaya de levar seus agressores à Justiça mesmo estando à beira da morte, e a coragem dos seus pais de falar em nome das suas filhas e das mulheres de todos os lugares.

Nenhum país pode progredir se deixar metade de sua população para trás. É por isso que os Estados Unidos acreditam que a igualda-de de género é crucial para nos-

riando assim a linha defendida pelo regime de Havana de colagem polí-tica para com a URSS. (Redacção)

sas metas comuns de prosperida-de, estabilidade e paz e é por isso que investir nas mulheres e meni-nas no mundo é um aspecto cru-cial da política externa dos EUA.

Investimos na capacitação e asses-soria de mulheres empreendedoras para que elas possam não apenas melhorar a situação da sua família, mas também ajudar a fazer crescer a economia do seu país. Investimos na educação das meninas para que elas possam escapar do casamento precoce forçado, quebrar o ciclo de pobreza e transformar-se em lí-deres comunitárias e cidadãs enga-jadas. Melhorar a educação de me-ninas e mulheres e o seu acesso a recursos também melhora a saúde e a educação da próxima geração.

Trabalhamos com parceiros em todo o mundo para melhorar a saúde materna, fortalecer agricul-toras e impedir e solucionar a vio-lência de género, porque todas as sociedades se beneficiam quando as mulheres são saudáveis, têm segurança e contribuem com seu trabalho, liderança e criatividade para a economia global. Os diplo-matas dos EUA em todos os países trabalham para integrar plenamen-te as mulheres nas negociações de paz e nos esforços de segurança, porque levar as experiências, as preocupações e as percepções das mulheres para a mesa de negocia-ção pode evitar futuros conflitos e construir uma paz mais duradoura.

Hoje, Dia Internacional da Mu-lher, é dia de comemoração. É

Por que as mulheres são centrais para a política externa dos EUA

por John Kerry, Secretário de Estado dos EUA*Canal de Opinião

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também o dia em que cada um de nós precisa renovar o seu compro-misso com o fim da desigualdade que impede o progresso em to-dos os cantos do globo. Podemos e devemos nos comprometer com

Beira (Canalmoz) - Cada passo que Moçambique dá acaba logo depois em passo não dado ou concretizado, na verdade. Os arranjos ou acordos assinados contêm premissas para a sua anulação ou para o não cumpri-mento do acordado. Com a justiça blindada a democracia esfuma-se…

De uma maneira insidiosa e per-sistente, surgem sinais indicativos de que os próximos tempos pode-rão ser difíceis, complicados e por que não dizer violentos. Os condi-mentos para que isso aconteça têm sido reunidos há já muitos anos num processo lento mas inexorável.

Os estrategas do regime no poder souberam de maneira indisfarçável blindar o aparelho judicial de tal modo que nada acontece sem que as altas instâncias partidárias aceitem ou concordem. As pedras do sistema judicial foram colocadas no tabulei-ro de modo tão consistente com a agenda desejada que não resta possi-bilidades práticas para que surjam al-terações concretas nos procedimen-tos vigentes ao nível governativo.

Aquele teatro judicial que se tem seguido a todos os pleitos eleitorais, em que as reclamações legítimas de

isso para que as nossas filhas pos-sam subir no autocarro para ir à escola sem medo, todas as nossas irmãs possam alcançar a sua capa-cidade total e todas as mulheres e meninas possam realizar plena-

opositores não são tratadas a conten-to, em que legalismos convenientes são explorados e estabelecidos como factos, tem sustentação no domínio completo que alguém possui, do apa-relho judicial nacional. Não se pode pensar nem em “sonho” que os co-mandos do sistema judicial validem pretensões legítimas da oposição. Isso tem sido comprovado pelas delibe-rações dos órgãos nos últimos anos.

Não se pode falar de problemas de hoje sem nos referirmos a sua génese. As “cartas foram baralhadas e distribuídas” de maneira aberta-mente contrária os preceitos de-mocráticos. O facto de isso não ser formalmente reconhecido nem trata-do na comunicação social não sig-nifica que não esteja acontecendo.

Logo à partida, os detentores do poder governamental organizaram--se no sentido de garantir que o con-trole dos instrumentos e órgãos de decisão não saíssem de suas mãos.

Os retrocessos e hesitações frequen-tes, sempre que se tem de decidir no sentido de um desenvolvimento mais abrangente e com impacto visível na vida dos cidadãos são patentes. Veri-fica-se um recuo e recusa por parte

mente o seu potencial. (John Kerry) * Artigo escrito por ocasião do

“Dia Internacional da Mulher” e enviado ao Canalmoz pela em-baixada dos EUA em Maputo

dos que supõem que ceder aos impe-rativos democráticos seria perder pro-tagonismo e eventualmente o poder.

Não é fácil diagnosticar as cau-sas dos desarranjos institucionais e orgânicos no país. Passado algum tempo após a assinatura do triste-mente famoso AGP é possível ver qual foi a motivação dos actores na-quele histórico acordo. Todos que-riam sair vencedores num processo em que a superioridade de uns era militar e a de outros era política, diplomática. Uns estavam conven-cidos de que a vitória militar ou os êxitos que garantiram a inviabiliza-ção de um regime que não estava habituado a ceder, fosse o suficiente para ascenderem ao poder político e governamental em Moçambique.

Outros se prepararam e organi-zar no sentido de assegurar a con-tinuação de seu domínio nas insti-tuições encarregues da validação doa actos governativos e eleitorais.

Desde sempre que quem domi-na nos corredores da justiça mo-çambicana tem sido figuras fiéis e obedientes ao partido Frelimo. Concordam com esta afirmação?

Uma das heranças do regime de

Nó que emperra o processo político em Moçambique precisa de ser encontrado, desatado, desactivado em definitivo…

O emaranhado que comanda o sistema judicial deve ser equacionado e questionado com urgência…Blindagem e controle em absoluto do sistema judicial determinam e produzem impunidade…

por Noé NhantumboCanal de Correspondência

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Sexta-Feira

partido único vigente logo após a proclamação da independência de Moçambique foi sem dúvidas um sistema judicial politicamente mo-tivado e bem distante de conceitos e práticas como o respeito pelos di-reitos políticos e económicos dos cidadãos. Direitos humanos sem-pre estiveram longe da abordagem adoptada pelo poder em 1975.

Só quem não viveu os primeiros anos da independência moçambi-cana é que poderá ignorar o tipo de justiça que era administrada no país.

Um movimento de oposição com uma história de êxito no campo da guerrilha, da guerra, não conseguiu construir uma capacidade de enten-der e interpretar os dossiers jurídicos e suas implicações práticas. Isso teve como consequência directos desai-res eleitorais de difícil explicação. A tese da fraude e manipulação jamais largou o país. Diga-se em abono da verdade que há muito “fumo escu-ro” rodeando os processos eleitorais em Moçambique. Mas com o partido no poder em Maputo comandando e “puxando os cordelinhos”, toda a máquina administrativa e judicial tem tomado decisões a favor dele.

É como que dizer que a Freli-mo organizou estrategicamente “a cama em que a Renamo acei-tou deitar-se” sem aperceber-se

que se tratava de uma armadilha.Alguns dirão que o ex-beligerante,

opositor político no processo multi-partidário que se iniciava terá “em-bandeirado em arco”. Outros dirão que houve nas hostes da oposição política uma manifesta recusa em in-tegrar conselheiros e peritos em as-suntos judiciais que se tornaram de crucial importância como logo se viu. Outras teses podem existir e a reali-dade pode ser diferente de todas elas. O crescimento da musculatura políti-ca é processo que leva o seu tempo. A maturidade política e a capacidade de criar mecanismos de participação alargada na esfera política são fe-nómenos exigindo uma clarividên-cia nem sempre disponível. Política activa é um processo de aprendiza-gem permanente em que da parte da liderança se exige uma atenção e alerta permanente. Quem “dorme na sombra da bananeira em política acaba como o camarão que dorme”.

Lutas intestinas e provocações por agentes de inteligência exter-nos minaram ou corroerão algu-ma coesão que existia no principal partido de oposição em Moçam-bique. A Renamo enfraqueceu--se em momentos políticos vitais.

Com uma liderança pouco disposta a admitir ou permitir o florescimento de alas no seio de seu partido, viu-

-se figuras proeminentes sendo ex-cluídas e quadros afastando-se. Não temos conhecimento qualificado so-bre o que aconteceu mas a verdade é que a saída de alguns políticos trou-xe para a opinião pública uma ima-gem de um partido com problemas.

Em geral o país possui uma cul-tura política incipiente e a maio-ria dos cidadãos não se preocu-pa em analisar as maquinações e jogadas dos bastidores políticos.

Quem tenha uma massa crítica de quadros posicionada em lugares nevrálgicos como o aparelho judi-cial sai em vantagem numa com-petição como um pleito eleitoral.

O controlo da máquina judicial, dos mecanismos de decisão dos recursos, tem permitido limitar a participação da oposição nos pleitos eleitorais.

Se no último ciclo eleitoral a Re-namo e o MDM foram excluídos de participar em muitos círculos eleitorais isso tem reflexos na com-posição dos órgãos eleitos. A As-sembleia Provincial de Sofala tem a sua actual composição exactamente porque muitos candidatos da oposi-ção foram eliminados antes do voto.

Esta maneira de organizar vi-tórias eleitorais antecipadas só pode acontecer em circunstân-cias em que o controle do siste-ma judicial se apresenta assimé-

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trico e inquinado na sua génese.Todos os abusos de meios do

Estado para realizar campanhas político-eleitorais, documenta-dos jamais foram investigados pela Procuradoria-Geral da República. A utilização de dinheiro do Minis-tério das Finanças para proceder a pagamentos de propaganda da Fre-limo em Inhambane, por exemplo, jamais mereceu tratamento apro-priado e legal de quem de direito.

Um vice-ministro foi encontrado utilizando viatura do Estado numa altura em que se encontrava fazendo campanha eleitoral de seu partido em Cuamba. Falou-se do caso mas sem consequências por aí além…

Engana-se quem pensa que a demo-cracia é um processo que se concre-tiza sem que seus sujeitos abdiquem de vícios do passado monopartidário.

A carga cultural transportada pe-los “políticos” moçambicanos, pelos que se querem manter no poder a qualquer custo está interferindo aber-tamente com a agenda proclamada.

Moçambique está manietado por forças sinistras do passado, vi-vendo no presente e recusando--se a reconhecer que seu tem-po e utilidade prática se esgotou.

Aquela teimosia evidenciada pe-los discursos e aparições na comu-nicação social moçambicana, por parte de pessoas que se consideram os únicos interlocutores validos na arena política nacional, é sintoma de que os sistemas que implanta-ram estão gravemente doentes. Há que ver essas pessoas reformando--se efectivamente, e suas políticas sendo substituídas por posiciona-mentos que correspondam aos an-

seios da maioria dos moçambicanos. Seu elitismo parasita é contrário as

aspirações dos moçambicanos. Essas pessoas só podem subsistir através da imposição e da impunidade judicial.

A frente de batalha política hoje é o estabelecimento de um siste-ma político que garanta estabili-dade e desenvolvimento no país. Nesse sentido e para que se almeje o fundamental é necessário que se desamarre o país de todos os cons-trangimentos elaborados por forças arreigadas ao poder, pelo poder si.

É uma batalha complexa e titâ-nica mas o único caminho para que se garanta a paz e o respeito pela moçambicanidade de todos.

Basta de Moçambique ser “coman-dado” a “remoto controlo” por um gru-po restrito de “supostos eleitos e espe-ciais cidadãos… (Noé Nhantumbo)

para o Fim de Semana de 08 a 10 de MarçoAgenda Cultural

Maputo (Canalmoz) – O final de se-mana se avizinha e o caro leitor não vai passá-lo em branco. O Canalmoz em parceria com a IVERCA lhe traz a ementa para a sua distracção e des-contração. Desde roteiros turísticos, teatro, música ao vivo,… Confira:

Sexta-Feira, 08 de Março

· Roteiro Turístico. 10h-12h. Roteiro Turístico na periferia de Maputo. Bairro da Mafalala. Associação IVERCA -Mar-cações: 824 180 314/848 846 825

· Expo-Fotográfica.18h30. “Mulher de Todas as Formas”. CCFM (08 de Março a 04 de Abril)

· Teatro. 18h30. Gungu apresenta “Corredores do Poder”. Cine Teatro Gilberto Mendes 200Mts

· Concerto. 20h30. Likute Comemo-rando 5 anos. CCFM

· Concerto. 21h30. Spirits Indige-nous ao Vivo. Modaskavalu

· Concerto. 22h. Noite de Jazz. Bar&Bar

· Concerto. 22h. Jay Jay Biancco. Dolce Vita

· Concerto. 22h. Ary ao Vivo. Big

Brother· Concerto. 23h.Tanselle ao Vivo. Gil

Vicente 150Mts

Sábado, 09 de Março

· Roteiro Turístico. 9h -12h. Roteiro Turístico na periferia de Maputo. Bairro da Mafalala. Associação IVERCA -Mar-cações: 824 180 314/848 846 825

· Roteiro Turístico. 15h. Swimming Po-ols. Hotel Cardozo. Jane Flood - Marca-ções: 82 41 90 574

· Teatro. 18h30. Gungu apresenta “Corredores do Poder”. Cine Teatro Gil-berto Mendes 200Mts

· Concerto. 21h30. Música ao Vivo. ModasKavalu

· Concerto. 22h. Música ao Vivo. Bar&Bar

· Concerto. 22h. Dj Marcel e Jay Jay Biancco –Percussion In Tha House. Dol-ce Vita

· Concerto. 22h. Música ao Vivo. Complexo Mulombela

· Concerto. 22h. Concerto ao Vivo. Jabulani

· Concerto. 22h30. Xixel - Electronics ao Vivo. Gil Vicente 200Mts

Domingo, 10 de Março

· Roteiro Turístico. 9h -12h. Roteiro Turístico na Periferia de Maputo. Bairro da Mafalala. Associação IVERCA -Mar-cações: 824 180 314/848 846 825

· Roteiro Turístico. 9h. Maputo Top Ten. Hotel Rovuma – Café Bula Bula . Jane Flood - Marcações: 82 41 90 574

· Roteiro Turístico. 15h. Maputo Co-lonial. Hotel Polana. Jane Flood - Mar-cações: 82 41 90 574

· Dança. 16h. Tarde de Kizomba. Centro Social da RM

· Concerto.18h. Stewart Sukuma e Banda Nkhuvu – “O Regresso da Bo-leia Africana”. Ambients Bar

· Concerto. 18h. Kakana ao Vivo. Parque dos Poetas

· Concerto. 18h. Walter Mabas apre-senta Mr. Mabas Project. Jabulani BBJ

· Concerto Acústico. 18h. VitAcusti-co. Dolce Vita

· Teatro. 18h30. Gungu apresenta “Corredores do Poder”.Cine Teatro Gil-berto Mendes 200Mts

· Concerto.18h30. Música ao Vivo Núcleo de Arte. 100Mts

(Redacção/ Iverca)