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NA IDADE DA PEDRA LASCADA: REGRESSO DA CAÇA AO URSO Os homens da Idade da Pedra Lascada tinham uma dura existência, sustentavam-se com os produtos da caça e da pesca, e a colheita de frutos e raízes. Nada sabiam da agricultura, nem de como trabalhar os metais. Tampouco entendiam da modelagem de vasilhas ou da fabricação de tecidos; as peles dos animais eram suas únicas vestimentas. Serviam-se de cavernas e grutas como habitações, e preferiam as que tivessem entradas para o sul ou para leste, e que por isso recebessem sol e fôssem protegidas contra o vento frio, a chuva e a neve. Os homens da Idade da Pedra Lascada inventaram alguns instrumentos da maior importância: as primeiras ferramentas e armas, feitas de madeira, osso, chifre ou — o que é característico do período — de sílex tôscamente trabalhado. Êste livro se inicia tratando da vida humana de há dez mil anos, e, portanto, quase do fim da época da pedra lascada. Cêrca de quatro mil anos mais tarde principiaria a Idade da Pedra Polida, na qual as armas e as ferramentas já seriam desbastadas e polidas. Corno introdução, oferecemos alguns textos e gravuras dos tempos primitivos. A AGULHA É INVENTADA — A ARTE DE COSTURAR Na Idade da Pedra Lascada, á fiação e a tecelagem eram ainda desconhecidas; as peles de animais eram a única Vestimenta nos dias frios de inverno. A fim de se poder prender essas peles em tôrno do corpo, passavam-se, através de buraquinhos apropriadamente dispostos, tendões de animais, correias finas ou cordões de fibras vegetais. Em lugar do longo espinho, usado a princípio para perfurar as peles, usou- se mais tarde um instrumento de osso, marfim ou chifre, em forma de sovela. Então, em momento feliz, um pensamento do mais alto poder criador atravessou o espírito de um homem da Idade da Pedra: “Se no osso fino e pontudo existisse um buraquinho, poder-se-ia introduzir nêle um fio que o acompanhasse no ato da perfuração, de buraco em buraco.” É verdade que fazer um furo numa varinha fina não era, a êsse tempo, coisa muito fácil. Mas, com um sílex aguçado conseguiu o genial descobridor fazer isto também. Havia sido descoberta a agulha!

Na Idade Da Pedra Lascada

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NA IDADE DA PEDRA LASCADA: REGRESSODA CAÇA AO URSOOs homens da Idade da Pedra Lascada tinham uma dura existência, sustentavam-se com os produtos da caça e da pesca, e a colheita de frutos e raízes. Nada sabiam da agricultura, nem de como trabalhar os metais. Tampouco entendiam da modelagem de vasilhas ou da fabricação de tecidos; as peles dos animais eram suas únicas vestimentas. Serviam-se de cavernas e grutas como habitações, e preferiam as que tivessem entradas para o sul ou para leste, e que por isso recebessem sol e fôssem protegidas contra o vento frio, a chuva e a neve. Os homens da Idade da Pedra Lascada inventaram alguns instrumentos da maior importância: as primeiras ferramentas e armas, feitas de madeira, osso, chifre ou — o que é característico do período — de sílex tôscamente trabalhado. Êste livro se inicia tratando da vida humana de há dez mil anos, e, portanto, quase do fim da época da pedra lascada. Cêrca de quatro mil anos mais tarde principiaria a Idade da Pedra Polida, na qual as armas e as ferramentas já seriam desbastadas e polidas. Corno introdução, oferecemos alguns textos e gravuras dos tempos primitivos.

A AGULHA É INVENTADA — A ARTE DE COSTURARNa Idade da Pedra Lascada, á fiação e a tecelagem eram ainda desconhecidas; as peles de animais eram a única Vestimenta nos dias frios de inverno. A fim de se poder prender essas peles em tôrno do corpo, passavam-se, através de buraquinhos apropriadamente dispostos, tendões de animais, correias finas ou cordões de fibras vegetais. Em lugar do longo espinho, usado a princípio para perfurar as peles, usou- se mais tarde um instrumento de osso, marfim ou chifre, em forma de sovela. Então, em momento feliz, um pensamento do mais alto poder criador atravessou o espírito de um homem da Idade da Pedra: “Se no osso fino e pontudo existisse um buraquinho, poder-se-ia introduzir nêle um fio que o acompanhasse no ato da perfuração, de buraco em buraco.” É verdade que fazer um furo numa varinha fina não era, a êsse tempo, coisa muito fácil. Mas, com um sílex aguçado conseguiu o genial descobridor fazer isto também. Havia sido descoberta a agulha!

DESCOBRE-SE O COZIMENTO DA ARGILA(Idade da Pedra Polida)A observação ensinara que o barro, levado ao fogo, torna- se duro como pedra. Talvez tenha sido de uma mulher a idéia maravilhosa de modelar vasilhas de barro e depois cozêlas ao fogo. Inventaram-se assim recipientes para líquidos e vasilhames de cozinha. Dêsse momento em diante, foi possível, não si,mente assar os alimentos, mas também cozinhá-los na água fervente. Que coisa magnífica! Que enorme transforma ção não causou isso às refeições! Existiam agora as sopas, as papas de milho e as verduras cozidas, além da carne, que já era aproveitada em grande quantidade. As panelas antigas chamam a atenção por causa da variedade e da beleza de suas formas. O barro úmido, depois de cuidadosamente amassado, era estendido em longos cilindros; com a mão e uma pedra lisa aprimorava-se a forma; suprimiam-se as rugosidades a fim de que a água não penetrasse a argila. Depois de cozidas, as belas vasilhas vermelhas e brilhantes eram passadas de mão em mão e convenientemente admiradas.

DA FERRAMENTA À MÁQUINAO grande uso que tinham, na Idade da Pedra Lascada, os pequenos furadores de sílex é demonstrado pelos mariscos e pérolas de madeira perfurados para pendurar no pescoço, bem como pelas agulhas de marfim, perfuradas também, e que foram encontradas na mesma camada da terra. Na Idade da Pedra Polida (de 4 000 a 2 000 anos antes de

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Cristo), o furador passou a ter ainda maior importância. Servia, então, para perfurar pedras a fim de se introduzirem nelas cabos de machados e martelos. Inicialmente, o furador de sílex era articulado num bastão de madeira para uil&së girar entre as palmas das mãos. A verrum-a representou um valioso melhoramento. Solução ainda mais perspicaz foi, porém, descoberta: a corda de um arco era enlaçada em tôrno do instrumento perfurante, e o arco, movido de um para outro lado. Pouco depois o aparelho perfurante foi construído numa armação fixa. E que pensamento genial: como furadores usaram-se também bastões de junco que, por meio de areia, posta por baixo dêles, furavam em forma de anel!

CONSTROEM-SE ALDEAMENTOSOs homens das habitações lacustres não edificaram suas residências isoladamente, mas sim reunidas em aldeias, ou mesmo em cidades. Isso representou uma grande idéia e real progresso. Realmente, novas condições de vida resultariam do fato de se abandonarem as cavernas, que haviam sido habitadas desde os tempos pre históricos Não terá sido tambem uma prova de sentimentos de comunidade e de colaboz ação o terem os nossos antepassados deixado as suas casas esparsas para se reunirem em aldeias O aldeamento lacustre de Morges cobria uma area de 40 000 m2 (400 x 100), no de Robenhausen, junto ao Pfaeffikersee, calcularam se as estacas existentes em mais de 100 000 (*) O que e admiravel e que tão grandes obras tenham podido ser levadas a cabo, durante muito tempo, apenas com instrumentos de pedra Dizem que as habitações lacustres surgiram para proteção contra os animais ferozes e grupos inimigos Mas, quando se indaga a habitantes lacustres, dos tempos atuais, que vivem em terras tropicais, por que residem sôbre a agua, êles respondem ‘Por causa da higiene”.

PESCADORES DOS TEMPOS DAS HABITAÇÕES LACUSTRES (5000-1050 a. C.)A julgar pelos enormes anzois de que se serviam os pesca-dores de antanho, devem ter existido nos lagõs e nos rios,lúcios, trutas e salmões gigantescos. Os grandes peixes eram pescados também com lanças de ponta de osso ou de bronze. De noite, os habitantes das águas eram atraidos por fogachos colocados no interior de botes; e a pescaria era então abundante. A rêde, porém, provou logo ser instrumento de maiseficiência para a pesca. O homem assimilou essa idéia do ib duo da aranha, astuciosa caçadora Havia ja muito tempo que a mulheres entendiam da fabricação de cestas e de fiação. Por isso. no terá sido trabalho excessivo, para suas mãos dii gen 1 e. lazer as malhas da réde e consertar as cordasquando se rompessem por causa de alguma prêsa excessivameme pesada. Os pescadores, bem equipados com as rêdes, conseguiam mios lagos e rios abundante alimento, quando ecassease a aça ou a colheita de plantações.

OS PRIMEIROS ANIMAIS DOMÉSTICOSEm épocas remotas, os animais eram considerados pelo homem apenas sob o ponto de vista Eda caça. Não se pensava ainda em proteger e alimentar determinadas espécies zoológícas. Mais tarde, porém, surgiu uma época muito importante na evolução da humanidade. Os sábios a denominam Idade Média da Pedra, por compreender a transição no uso de rudes insiiumentos de sílex para o emprêgo de instrumentos afiados e cuidadosamente polidos. Fõi essa, também, a época em que o homem se tornou sedentário, domesticando animais, cultivando cereais e aprendendo a cozer o barro. O

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animal doméstico mais antigo é o cão. Proveniente de uma espécie de pequenos lôbos, tornou-se fiel companheiro do homem, guardião e auxiliar nas caçadas. O bezerro, o porco, o carneiro e o cabrito descendem de animais selvagens de espécies semelhantes: o bisonte, o javali, o carneiro montês e a cabra montesa. Smente nos princípios da Idade do Bronze é que o cavalo, descendente de cavalos selvagens mongóis, passou a figurar entre os animais domésticos.

A INVENÇÃO DO ARADONada modificou tanto a face da Terra como o arado. As matas virgens tiveram de recuar para que êle preparasse os campos cultiváveis, abrindo néles os seus sulcos. Antiqüíssimas experiências haviam ensinado o homem a distinguir os vegetais venenosos dos comestíveis. A idéia mais próxima dessa era foi, sem dúvida, a de arrancar as plantas inútejs que cresciam em tôrno das casas. Onde, por causa dêsse arrancamento a terra fôsse revolvida, aí germinavam Outras plantas com redobrado vigor. Partiu daí a idéia de rasgar-se o chão e de fazer.se a sementeira sôbre o solo revolvido. Empregou- se para êsse fim a enxada, a princípio simples pedaço de madeira em forma de forquilha. A enxada se transformou em arado, quando, ao invés de ser levantada para o golpe, passou a ser arrastada pelo solo. De acôrdo com êsse novo uso, instrumento valioso foi construído, na Idade do Bronze. Grande aperfeiçoamento se obteve depois, com a domesticação de bois, para que servissem como animais de tração.O índio brasileiro empregava em suas derrubadas o machado de pedra encastoado em madeira. Só com a chegada dos primeiros europeus, veio a conhecer o machado, a foice e a enxada de ferro. Entretanto, muitos lustros se passaram ainda, até que, enfim, o arado fôsse introduzido no Brasil.

CULTIVO E PREPARO DE CEREAISQuase tôdas as plantas úteis provieram de países longínquos. O trigo e a cevada foram cultivados inicialmente na China. E o milho na América. O linho é originário do Egito e da Babilônia. É maravilhoso como tais povos souberam escolher essas plantas entre milhares de espécies, aperfeiçoando-as através de continuado cultivo. É também maravilhoso o modo pelo qual as sementes encontraram seu caminho, difundindo- se, nas obscuras fases pré-humanas, por enormes territórios, e chegando aos lavradores das Idades da Pedra e do Bronze. Encontraram-se em edificações lacustres suíças diversas espécies de cereais, inclusive três qualidades de trigo, uma das quais idêntica a outra encontrada em túmulos de reis do Egito. O comércio naquelas épocas era muito mais intenso do que em geral se supõe. Observe-se também que, em todos os lugares, os cereais eram triturados da mesma forma, ou seja, entre duas pedras.

A RODA — UM MiLAGRE TÉCNiCOA roda é descoberta! Sem eia seriam inconcebíveis quaisquer espécies de carros ou máquinas. Um homem da Idade da Pedra Polida fêz essa descoberta, milhares de anos antes de Cristo. Ela supera em importância a tôdas as conquistas da técnica moderna. A invenção da roda merece ai da particular admiração porque não existia, para ela, modêlo na natureza. Dessa vez, o homem não se serviu de nada que já existisse: criou algo original. Antes arrastavam-se pesadas cargas sôbre uma espécie de trenó, ou sôbre paus roliços. O pensamento genial consistiu em substituírem-sé os paus roliços por um eixo fixo, em cujas extremidades se colocaram discos de madeira, ou rodas. Para que um

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veículo de quatro rodas não fôsse forçado a andar apenas em linha reta, seria necessário colocar-se, entre as rodas e a parte superior do carro, uma armação articulada Isso representava dificuldade ainda maior, que só viria a ser resolvida muito mais tarde.

A DEBULHADORA NA ANTIGUIDADE E NOS TEMPOS MODERNOSA frase bíblica: “Não ligarás a bôca ao boi que debulha” lembra o método mais antigo e primitivo de debulhar, a saber: o pisoamento dos cereais com o auxílio de animais. (Na gravura: A debulha no Egito).Na Antiguidade empregava-se também o mangual, instrumento para debulhar cereais, ainda hoje usado em muitoslugares.A debulhadora mecânica só se tornou conhecida no século XVII, mas o invento do escocês Meilde (1788) deu diretrizes definitivas para a fabricação de máquinas debulhadoras eficientes.Para movimentá-las usava-se a fôrça hidráulica. O inglês Frevithick, que, em 1804, construiu uma das primeiras locomotivas, e que inventou os trilhos, construiu, em 1811, a primeira debulhadora movida a vapor. A debulhadora moderna que, além de debulhar, limpa e separa os cereais, foi inventada na Inglaterra em 1860.

AS PRIMEIRAS MINASQue imenso progresso foi realizado quando os homens da Idade da Pedra escavaram as primeiras minas, quando penetraram o interior da terra para aproveitar seus tesouros metálicos! Uma nova era começava, a do metal. O aproveitamento do carvão não era ainda conhecido. Cavava-se à luz de tochas de madeira, com martelos de pedra e picaretas de cobre a fim de encontrar-se sílex, cobre, zinco, chumbo e ouro. Os fenícios deram grande impulso à mineração, e não tardou fôsse introduzida também na Grécia, na Itália, na Espanha e em Portugal. No curso superior do Tigre, e na Índia, obtinham-se grandes quantidades de ouro, prata e zinco. Os egípcios abriam minas por volta de 3000 a. C., no Egito superior e na península de Sinai. O desenvolvimento do poder e da riqueza de Atenas fundava-se principalmente nos lucros das minas das montanhas de Laurion. Plínio, o grande historiador romano, fala-nos da grande quantidade de minas existentes nos territórios conquistados e dominados pelos romanos.

ÉPOCA DO METAL: FORNO DE FUNDIÇÃO COM FOLEDurante muitos milênios, os homens só fabricavam suas armas e utensílios, utilizando pedra. Parece que foram os hindus, ou os egípcios, que descobriram os metais e seu uso. Lentamente êsses importantes conhecimentos se espalharam pelos demais povos da Terra. Já em 3000 a. C., fundiam-se no Egito estátuas de bronze de grande beleza. A Idade do Bronze, na Europa, começou mais ou menos 2000 a. C. Os antigos povos comerciantes importavam primeiramente artigos de metal e, depois, as respectivas matérias-primas. Mais importantes do que os chamados metais nobres, ouro e prata, eram o cobre, o zinco e o ferro. Misturando-se cobre e zinco obteve-se uma liga muito resistente, o bronze. Nossos antepassados eram mestres em fundir e forjar. Fabricavam até recipientes e jóias. A partir de 750 a. C., o ferro, o mais importante de todos os metais, tomou o lugar do bronze. Seu uso foi mais tardio por ser êsse metal de mais difícil obtenção, fundindo apenas à temperatura de 1 5300.

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MONUMENTOS DA IDADE DA PEDRA EIDADE DO BRONZENossa gravura representa ‘ima parte do “Templo do Sol”, construído com gigantescos rochedos, no Sul da Inglaterra. Na época do solstício do verão, o sol nasce sôbre a pedra de sacrifícios, que se encontra no exterior do templo, desde que o observador se coloque junto do altar. Hoje isso não se dá exatamente dêsse modo, porque, no correr dos tempos, houve pequenas alterações na posição do sol. Foi assim que os astrônomos conseguiram fixar a data da edificação dó templo em 1700 a. C., o que coincide com as informações prestadas pelos investigadores da história primitiva, que haviam chegado a essa conclusão com base em Outros fundamentos. Magníficos monumentos da Idade da Pedra são encontrados em tôda a Europa, desde a Escandinávia até Portugal. São os “Menhires” (pedras grandes) e os “Dolmens” (mesas de pedra). A Bretanha é célebre, por seus 4 747 monumentos de pedra, erigidos em honra aos deuses e a heróis. Muitos dêsses monumentos, que chegam a atingir 20 metros de altura e 350 toneladas de pêso, estão dispostos em fileiras.

ANTIGUIDADE

A idade antiga — a irrigação previne contra a fome.....................................................O arroz, o mais valioso dos cereaiS Já havia sêda na China há 3000 anos..................A fivela — Alfinête de gancho da Antiguidade...............................................................Bússolas chinesas...............................................................................................................A Índia, país das maravilhas............................................................................................Escultura hindu..................................................................................................................Tecelões hindus..................................................................................................................Maravilhosa invenção da Antiguidade: O tôrno do oleiro............................................Já há milênios existia uma agricultura modelar............................................................A semeadeira, invento da Antiguidade...........................................................................Depósitos de cereais Silos de cereais, importante celeiro Navios mercantes cruzam os mares.............................................................................................................................A cultura de plantas úteis estrangeiras............................................................................Hieróglifos, escrita simbólica dos gípcios........................................................................Colhèita do papiro.............................................................................................................Templos — Estátuas — Pirâmides...................................................................................Móveis com incrustações de marfim...............................................................................Escultores e ourives..........................................................................................................Estátuas gigantescas.........................................................................................................De um simples arbusto a tecidos finos............................................................................A arte da fiação e a tecelagem........................................................................................Peles de animais servem de odres...................................................................................A arte antiqüfssima de curtir...........................................................................................Os fenícios navegam os mares..........................................................................................Instrumentos de medir o tempo:Relógios de sol e de água............................................Templos gregos..................................................................................................................O comércio cria a riqueza da Grécia...............................................................................Pombos-correios, os mais velozes mensageiros...............................................................Mulher grega ao tear.........................................................................................................O uso de calçados...............................................................................................................Pintores de cerâmica.........................................................................................................

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A arte de escrever faz progressos.....................................................................................A retórica............................................................................................................................Músicos gregos...................................................................................................................A pátria da representação teatral....................................................................................Filósofos gregos..................................................................................................................As fábulas de Esopo..........................................................................................................Sólon dita as suas leis........................................................................................................O homem torna-se criador de abelhas............................................................................Fontes minerais na Idade do Bronze Povo primitivo forja a primeira tesoura..........O parafuso, importante invenção técnica.......................................................................Arte etrusca.......................................................................................................................Aquedutos..........................................................................................................................Sinais com fachos, os precursores do telégrafo..............................................................A grande rêde de estradas do Império Romano............................................................A instrução na Roma antiga............................................................................................A cópia dos manuscritos Termas luxuosas Cântaros para óleo e outras vasilhas Da videira selvagem à moderna viticultura..........................................................................A fabricação do vidro.......................................................................................................As caravanas traçam caminhos.......................................................................................Fabricantes de foices há 2000 anos..................................................................................Os antigos celtas inventam o barril Os cristãos reuniam-se em catacumbas..............

A IDADE ANTIGAA IRRIGAÇÃO PREVINE CONTRA A FOMEQuando o homem começou a se fixar ao solo, dedicando-se à agricultura, logo percebeu que uma colheita má significava a fome, ou mesmo a morte, e que era principalmente com tun bom sistema de irrigação que êle podia precaver-se contra êsse risco. Especialmente nos países quentes, onde apenas raramente chovia, a agricultura e, conseqüentemente, a fixação humana, só seriam possíveis com o emprêgo da irrigação artificial. As mais antigas instalações para a irrigação dos campos foram construídas há 5 000 anos ou mais. Encontram-se junto ao Eufrates, na Síria, na Índia, no Egito e na China. Construíam-se canais amplamente ramificados, com rodas e elevadores, para fazer vir de longe a água e trazê-la até à superfície. Mais desenvolvidas eram as instalações de irrigação feitas pelos mouros: encontram-se ainda hoje na Espanha e estão mesmo em condições de utilização parcial. As instalações de irrigação da Antiguidade foram seguidas pelas gigantescas reprêsas e canais, construídos pela engenharia moderna.

A FIVELA ALFINÉTE DE GANCHO DAANTIGUIDADENa Antiguidade e mesmo até o século VIII, as vestimentas largas que eram usadas, não se faziam sob medida nem eram costuradas. Os vestuários daquela época consistiam num grande pano que envolvia todo o corpo, prêso no peito ou no ombro por uma espécie de alfinête de gancho.As fivelas mais simples eram feitas de bronze ou de fio de ferro, mas cüidaram logo de enfeitar e embelezar a parte visível. Com o decorrer do tempo, sua riqueza em forma e feitio tornou-se infinitamente variada e a fivela passou a ser um cobiçado e indispensável adôrno. Para ornamentá-la, usava-se marfim, coral, súcino (âmbar amarelo), pérolas, ouro batido, etc.

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Em escavações realizadas nos antigos lugares onde houve cultura foram encontradas fivelas usadas há mais de 1 000 anos, as quais serviram ao historiador como fontes de informações sôbre a época da existência de civilização nesses lugares e a ascendência dos seus antigos habitantes.

BÚSSOLAS CHINESASUma agulha magnética que flutue livremente toma, em conseqüência do magnetismo da Terra, a direção aproximada de norte-sul; e permite, dessa forma, que se reconheça a direção da abóbada celeste. Os chineses foram os primeiros a tirar proveito dessa propriedade da agulha magnética, descobrindo a bússola. Seu precursor foi o carro magnético dos chineses, veículo sôbre o qual uma pequena figura amarrada, com uma pedra magnética, livremente se movia, e, com a mão, apontava o sul. É o que nos mostra a gravura. Os carros magnéticos já eram utilizados, no ano de 235 a. C. No século VIU os árabes conheceram a agulha magnética. Também Colombo e Cabral utilizaram a bússola em suas viagens. Com o progresso da ciência e da técnica, a bússola tornou-se recurso seguro para orientação nos mares, na terra e no ar. Foi, certamente, descoberta de imensa importância, .que ajudou a descobrir novos países, possibilitando, ao mesmo tempo, o desenvolvimento dos transportes e do comércio.

A ÍNDIA, PAÍS DAS MARAVILHASJá há 3 000 anos atrás, o grande reino indiano da Ásia Oriental possuía cultura extremamente desenvolvida. A arte e as ciências floresciam. Preciosos conhecimentos a êsse respeito, transmitiu-nos a coleção de poesias “Veda”, produzida naquela época. Os antigos hindus já possuíam também extensa agricultura. Uma interminável abundância de tesouros da Terra ajudou o país na obtenção de sua lendária riqueza. Maravilhoso progresso alcançou a indústria do ferro que, por muito tempo, deve ter estado em grau bastante elevado. Admiráveis ao máximo são as gigantescas peças fundidas, como por exemplo, as colunas de 6 000 quilos, em Delhi. Pelas antiqüíssimas rotas de comércio, muitas vêzes através de elevados desfiladeiros, os produtos do solo e belos tecidos, que ainda hoje admiramos, alcançaram os países do Ocidente. Também valiosos conhecimentos sôbre a astronomia e a matemática, assim como os das artes industriais do ferro, parecem ter alcançado outros povos por essa mesma rota.

ESCULTURA HINDUA escultura hindu é muito antiga. No correr dos tempos passou por diversas transformações. Estêve primeiramente sob a influência persa, passando depois a sofrer a influência grega. Posteriormente originaram-se obras de espírito puramente hindu: os relevos e esculturas com representações da vida religiosa da Índia. No século IV, principiou a época clássica da escultura do país. Provêm dessa época as grandiosas estátuas de Buda, Siva e Vischnu. Templos magníficos, ricamente ornados com esculturas maravilhosas, atestam ainda hoje o trabalho ingente e a capacidade criadora dos antigos hindus. Depois do décimo século, porém, a escultura hindu adquiriu um caráter mais decorativo. Os templos cobriran-se de trabalhos plásticos cujos motivos eram restritos à religião. O misterioso país das maravilhas , a Ídia, possui ainda hoje grande numero de templos magníficos, erigidos em homenagem a seus deuses.

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TECELÕES HINDUSA arte de tecer chegou à Europa proveniente de paíseslongínquos da Ásia, como a China e• a Índia. Alguns milêniosantes de Cristo, os hindus já conheciam o tear. O pêlo macioda cabra Kaschmir, o fio tênue e brilhante do bicho-da-sêda, e os fios da semente do algodão forneciam material para delicados tecidos, que ainda hoje são apreciados em todo o mundo. Panos de sêda pura eram usados já em épocas muito remotas para vestimentas nupciais. Dakka era o centro produtor das finíssimas sêdas “musseline”. Benares foi sempre celebrada por seus tecidos dourados e prateados. Os lenços Kaschmir, coiiheciclos em todo o mundo por sua harmonia de côres, provêm da região do mesmo nome. Do século XVI ao XVIII, foi muito grande a exportação para a Europa. Ainda hoje a produção de mercadorias têxteis é a principal indústria da Índia. Nove milhões e meio de fusos estão ai atualmente em atividade.

MARAVILHOSA INVENÇÃO DA ANTIGUIDADE:O TÔRNO DO OLEIROO tôrno do oleiro foi das primeiras máquinas inventadas pelo homem. Os egípcios já a usavam 5 mil anos antes de Cristo. A necessidade de panelas de tôdas as formas era antigamente muito maior do que hoje, porque não eram elas usadas apenas para conservar líquidos e gêneros alimentícios, mas também para outros fins. Mesmo o conhecido tonel de Diógenes era de barro e não de madeira, porque os gregos desconheciam a fabricação de barris de madeira. O tôrno do oleiro não mudou, através dos milênios, em seus característicos essenciais. Impulsionado pela mão ou pelo pé, permitia que o barro tomasse a forma desejada, por efeito da preâsão da mão sôbre a peça que se fabricasse. Sômente no ano de 1855, introduziu Bellay, em Paris, o método de dar autornàticamente forma ao barro. Que excelente idéia era essa de dar forma às vasilhas num suporte giratório! O trabalho se processava mais fàcilmente, e os objetos se tornavam muito mais proporcionados, graças ao movimento rotatório. Na verdade, porém, êste trabalho exigia grande habilidade.

JÁ HÁ MILÉNIOS EXISTIA UMA AGRICULTURAMODELARFicaram-nos muitas notícias e desenhos de trabalhos agrícolas do Egito antigo. Dão-nos uma idéia de como êsse grande povo de há muitos milênios era adiantado na cultura dos campos. Os egípcios conheciam a adubagem da terra e o afolhamento, isto é, a plantação alternada de diversas espécies de vegetais úteis, a fim de que o solo não se esgotasse. O principal trabalho dos egípcios para tornar produtivos os seus campos era feito pelas inundações artificiais das águas enlameadas do Nilo. Com arados leves, traçavam sulcos pouco profundos na superfície do solo fértil. A semente era geralmente lançada diante do arado e, imediatamente, coberta por êste. Os egípcios empregavam também a grade para partir os torrões, dilacerar as raízes de grama e destruir as ervas daninhas. Bois possantes serviam como animais de tração para o arado e a grade.

A SEMEADEIRA, INVENTO DA ANTIGUIDADE

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Já os chineses e babilônicos conheciam há 4000 anos a semeadeira. A gravura nos mostra um arado babilônico, usado mais ou menõs 500 a. C. Um homem está enchendo o funil com cereais e êstes caem no sulco que o arado prepara e logo depois fecha por meio duma tábua.De maneira idêntica trabalha a moderna semeadeira. Na Europa, durante vários mil anos os camponeses lançaram as sementes com a mão. Sàmente por volta do século XV, Cavalina construiu, em Bologua, uma semeadeira. Em 1665, o camponês Locateili mostrou ao imperador, em Viena, a semeadeira construída por êle. No século XVIII outras se- meadeiras foram fabricadas na França, Inglaterra e Espanha.Em 1830, o médico Alban de Mecklenburg criou a semeadeira em linha. Sàmente nos últimos decênios foi ela introduzida no uso comum economizando sementes e trabalho. Foi aperfeiçoada pelos norte-americanos.

DEPÓSITOS DE CEREAISTrigo e cevada eram os principais produtos da agricultura que, desde tempos imemoriais, floresceu no vale do Nilo. Por ocasião das colheitas fartas s egípcios guardavam os cereais excedentes em grandes depósitos. Se a colheita era fraca por causa da sêca, pu em virtude do flagelo dos gafanhotos, ficavam muito satisfeitos com o que haviam guardado, pois assim se livravam da fome. Já a Bíblia nos narra episódios dêsse tipo: lembremo-nos do sonho de José, dos sete anos gordos e dos sete anos magros. Ainda na época de Roma, o Egito tinha o nome de Celeiro de Cereais, pois exportava muitos para outros países. Os antigos egípcios possuíam um sistema de irrigação excelente para a sua época, com reprêsas, açudes e extensa rêde de canais. Hoje, os canais, que atravessam grandes extensões de terra, provêm da imensa reprêsa de Assuã, que é uma maravilha da técnica moderna. Ela possibilita a irrigação regular por ocasião das sêcas.

SILOS DE CEREAIS, IMPORTANTE CELEIROSabemos que os velhos egípcios possuíam grandes silos de cereais, nos quais guardavam o trigo para os tempos de penÚria (ver a gravura). Os hebreus e árabes logo após as colheitas faziam tulhas subterrâneas, no próprio campo, para guardar os cereais trilhados e debulhados. Êste método de armazenar era vantajoso, especialmente para os povos nômades, pois evitava a necessidade de transportar consigo os cereais e &es se conservavam escondidos dos inimigos durante muito tempo.Até o século XIX, os húngaros também possuíam silos no subsolo. As paredes dessas “tulhas de trigo”, bem preparadas, eram queimadas à maneira de tijolos, antes de serem enchidos OS silos,.Sômente em 1846 é que apareceram as instalações modernas de silos na América. São recipientes gigantescos, como a clarabóia duma mina, que, com o auxílio de elevadores e cabos de aço, são abastecidos pela parte superior.Esvazia-se o silo por uma abertura afunilada existente emsua parte inferior.

NAVIOS MERCANTES CRUZAM OSMARESJá os antigos egipcios mantinham relações comerciais com outros paises, de cujos produtos necessitassem Procuravam obtê-los por meio de troca de mercadorias. Já três mil anos antes de Cristo, navios a remo e a vela dos egípcios iam até à Síria, de onde

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traziam cedro do Líbano. Incenso e mirra eram trazidos do país do incenso, o Ponto, localizado nas costas da Somália. O rei Necho procurou, por volta de 600 a.entrar em relações com a Síria, e iniciou a construção de um canal que ligasse o Nio ao Mar Vermelho. Dano, soberano que existiu depois, fêz completar êsse canal para objetivos comerciais, e iniciou com a Síria e as ilhas do Mar Egeu movimentado comércio. Ricamente carregados de metais e produtos agrícolas, os navios egípcios cruzavam o Mar Vermelho para trocar tais mercadorias na Arábia, por óleo de oliva, pano de sêda e especiarias. Foi o comêço de uma fase de intenso comércio.

A CULTURA DE PlANTAS ÚTEIS ESTRANGEIRASTambém a horticultura interessava muito aos antigos egípcios. Muitas plantas úteis e decorativas, muitas vêzes importadas de terras longínquas, foram por êles conhecidas. Há já mais de três milênios os egípcios entendiam bastante de pomicultura. As frutas provinham, em sua maioria, de terras estrangeiras, com as quais os egípcios trocavam mercadorias. Dêsse modo, por meio do comércio, outros povos também chegaram a conhecer frutas e plantas de países distantes. Mais tarde, também, plantaram-se em terras estrangeiras diferentes espécies de frutas. As peras e os pêssegos provêm da China, as ameixas da Turquia, e a maçã da Ásia Ocidental. Entre outras coisas, os negociantes levaram também plantas úteis para serem plantadas em terras com climas semelhantes aos de seu país de origem. E assim elas se desenvolviam magnificamente. Bons exemplos são ainda os casos da banana, do algodão, do café, dos cereais, da batata e do açúcar.

HIERÓGLIFOS, ESCRITA SIMBÓLICA DOS EGÍPCIOSA escrita merece ser citada em primeiro lugar dentre os inumeráveis bens culturais da humanidade, pois representa a base e premissa para o variegado desenvolvimento espiritual do homem. Os antigos egípcios, que tinham um padrão cultural bem elevado, possuíam, já há 6 000 anos, uma escrita simbólica bastante desenvolvida. Anotações da mais variada espécie ou eram esculpidas em pedra ou escritas em rolos de papiro. Foi através dêstes escritos que se teve notícia dos feitos e da cultura dos antigos egípcios e de outros povos. Durante longo tempo, porém, zombou dos esforços dos sábios a decifração dos. hieróglifos, que se compõem de simbolos figurados e letras. Coube ao francês Champoilion, depois de prolongados estudos, decifrar, em 1822, o mistério. Esta descoberta foi da maior relevância para a ciência, pois permitiu uma avaliação mais exata da vida e atividade de um povo civilizado antigo cujas obras ainda hoje nos causam admiração.

COLHEITA DO PAPIROA planta da qual se fêz pela primeira vez uma espécie de papel para escrever é o papiro. Crescia ela em estado nativo e em grandes quantidades nas imediações da foz do rio Nilo, mas hoje desapareceu dessa região. Já por volta do ano 3000a. C., os egípcios utilizavam a polpa do papiro, depois de comprimida e preparada, como papel. Com tinta indelével, feita de fuligem, e um talo de junco cortado (mais tarde, com penas de bambu), foram escritas obras literárias das mais diversas espécies, bem como documentos e cartas. Os mortos m acompanhados aos túmulos pelos chamados “livros dos mortos”. Eram rolos de papiro com textos e gravuras que nos dão notícia da cultura e da sabedoria daqueles tempos. Que progresso não representava essa

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esèrita em papiro, em relação à penosa gravação dos hieróglifos na pedra! Os rolos de papiro com escritos podiam ter muitos metros de comprimento. Fei encontrado um, de cêrca de 40 metros, preparado na época de Ramsés III.

ESCULTORES E OURIVESCom perfeita capacidade técnica, cinzelavam os escultores egípcios as suas estátuas de granito, diorito, pedra calcária e outros materiais. Dava-se grande valor à representação exata dos traços característicos do rosto. As formas do corpo, foram, porém, tratadas de modo esquemático. Primitivamente, as estátuas eram feitas apenas para os túmulos. Sõmente mais tarde, estátuas em tamanho natural passaram a ser colocadas nos templos, ou diante dos portais de entrada das pirâmides. Também ourives e artistas de metais diversos foram hábeis no seu trabalho, e emprestaram a suas obras formas de beleza clássica. Os ourives criavam jóias de ouro e de prata, finamente cinzeladas, assim como baixelas finamente trabalhadas. Introduziam pedras preciosas em anéis valiosíssimos, talhavam gemas e as esculpiam em forma de escaravelho. Nas escavações, têm-se encontrado mesmo pequenas estátuas, inteiramente de ouro.

ESTÁTUAS GIGANTESCASNossa gravura representa escultores do antigo Egito trabalhando numa estátua gigantesca. Tais obras ornavam as galerias dos templos. Eram representações de poderosos reis ou de deuses. Ainda hoje podemos admirar as estátuas enormes do rei Amenófis III, os chamados “Colossos de Menmon”. Também a estátua gigantesca de Ramsés 1, que se quebrou e rolou por terra, dá testemunho de sua antiga beleza e grandiosidade. Tinha 17 metros de altura, cinzelada num muco bloco de granito vermelho de mais de mil toneA Esfinge, diante da pirâmide de Quéops, com 19 metros de altura, tem mais de 5 000 anos de idade. Foi trabalhada na rocha viva. A cabeça humana, sôbre o corpo do leão em repouso, tem os traços do grande rei egípcio Quefren. Tôdas estas representações dão prova da alta cultura e da capacidade de trabalho e produção dos egípcios, que nos parecem quase sôbre-humanos. Mais tarde, gregos e romanos serviram-se dessas obras de arte como fonte de inspiração.

DE UM SIMPLES ARBUSTO A TECIDOS FINOSO historiador grego Heródoto menciona, já por volta de 450 a. C., a existência de importante indústria de algodão no Egito; restos de tecidos finos de algodão descobertos nos túmulos egípcios confirmam as suas declarações. O algodão egípcio, graças ao comprimento das fibras, maciez e brilho semelhante ao da sêda, pode produzir finos tecidos. Grata admiração é devida aos antigos povos cultos, chineses, hindus e egípcios, que de um simples arbusto cultivaram uma planta para a tecelagem, cuja importância na vida dos povos é agora enorme. Milhões de indivíduos hoje se ocupam em produzir e industrializar o algodão. Os Estados Unidos lideram a sua produção. Segum-se as Índias, a Rússia, a China e o Brasil.Com uma área cultivada de cêrca de 2,7 milhões de hectares, o Brasil figura hoje em quinto lugar na produção mundial dessa malvácea. O algodão é de origem indígena. Hans Staden conta que os índios do litoral paulista comerciavam com os franceses, que traziam em suas embarcações facas, machados, etc. e os indígenas lhes davam em troca pau-brasil, algodão e outras mercadorias.

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A ARTE DA FIAÇÃO E A TECELAGEMA gravura nos mostra duas mulheres, que colocam o fio recém-fiado na dobadoura, enquanto uma terceira vai tecendo. A arte da fiação e da tecelagem já estava desenvolvida no Egito, por volta de 2 000 anos antes de Cristo. Nos túmulos antigos, encontraram-se vestidos e cobertas de cama e mesa admiràvelmente tecidos. Tôdas as múmias eram envolvidas em faixas de linho, de enorme comprimento. Naquela época, também os sacerdotes usavam roupagens de linho. Nos tempos ma antigos, fabricavam-se principalmente panos brancos e lis Mais tarde, passaram a ser freqüentemente bordados a ouzo, ou com fios de púrpura, ou ainda estampados em padrões vstosos Os antigos egípcios conheciam, não só o tear horizontal, originario da Ásia, como também o tear de cadilhos, armado verticalinente, e que foi mais tarde utilizado pelos gregos e pelos romanos. Através do comércio, já então bastante desenvolvido, muitas inovações passavam de um para outro povo. É possível que se tenha assim difundido o tear vertical.

PELES DE ANIMAIS SERVEM DE ODRESOs odres, recipientes para transportar água, eram objetos indispensáveis aos assírios e a outros povos do Oriente. Nos países de clima sêco, tinha-se muitas vêzes de ir buscar muito longe a água, que era assim um bem precioso, a ser econômicamente utilizado. Nós não compreendemos bem a significação da água, para êsses povos, porque para nós ela existe em quantidade. Os assfrios não usavam vasilhames de barro, por causa de sua fragilidade, mas peles de animais, costuradas em forma de odres e de sacos. O movimentado comércio, através de extensas zonas pobres de água, sômente se podia processar transportando-se com êsses odres a água indispensável aos homens e animais. Quando se atravessava um rio a nado, enchiam-se com ar os odres vazios. Ainda hoje são êles usados no Oriente.

A ARTE ANTIQÜÍSSIMA DE CURTIRFoi sempre muito importante ao homem de tôdas as épocas a fabricação de mil coisas úteis como sola, calçados, vestimentas, correias, arreios, etc., com o aproveitamento de peles verdes de animais.- Para tornar as peles imputrescíveis, muitos processos foram inventados. As peles eram lavadas, postas de môlho e embrandecidas em leite de cal, limpas e raspadas com facas chamadas raspadores e finalmente estendidas e esticadas. Eram depois raspadas em ambos os lados, pois sõménte a parte central servia para fazer o couro prôpriamente dito adequado ao uso. Os couros eram curtidos durante quase dois anos, empregando-se o tanino ou o ácido tânico, extraído de várias plantas, especialmente da casca de carvalho, da casca de pinheiro e de nozes de galha. Mas êstes processos antigos têm hoje a concorrência de outros mais rápidos, que abreviam o tempo de curtimento a poucas semanas.No curtume de peles finas, o alume e solução de sal decozinha tornam as peles imputrescíveis, obtendo-se desta forma peles macias e brancas.

OS FENÍCIOS NAVEGAM OS MARESEsse ousado povo de navegadores habitava, na Antiguidade, a fértil Fenícia, nas fraldas do monte Líbano, onde está a Síria atual. Já por volta do ano 1000 antes de Cristo, empreendiam as frotas comerciais lenícias longas viagens pelo mar. Os fenícios fundaram numerosas colônias comerciais nas costas do Mediterrâneo, especialmente em

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Chipre, no Sul da Espanha e no Norte da África. Sendo os mais hábeis navegantes daquele tempo, alcançaram mesmo os Açôres. O seu amplo comércio de trocas estabeleceu ligações entre outros povos altamente desenvolvidos. Seus navios transportavam, através dos mares, alimentos, tecidos, objetos metálicos, plantas úteis e ornamentais, e também valores espirituais. Os gregos conheceram as culturas da Ásia Menor através dos fenícios e, mais tarde, continuaram as amplas relações comerciais por êstes iniciadas. O comércio marítimo, tão importante desde aquêle tempo, deve o seu nascimento ao corajoso e resoluto povo fenício.

INSTRUMENTOS DE MEDIR O TEMPO:RELÓGIOS DE SOL E DE ÁGUAA possibilidade de medir-se o tempo preocupou sempre a inteligência do hmem, -e o relógio representa uma de suas invenções mais importantes. Os chineses empregaram, principalmente, o relógio de sol (1100 a. C.). Era êle constituído por uma haste vertical, ou por uma pedra, cuja sombra se projetava de modo sempre igual, em cada época do ano e a cada hora do dia. Vieram daí os modernos relógios de sol. Os assírios já empregavam, em 640 a. C. (gravura), relógios de água, nos quais o líquido gotejava por uma abertura existente no fundo de um pequeno recipiente cilíndrico. Apregoadores avisavam tôda vez que se esvaziava o recipiente, o que acontecia seis vêzes por dIa. Ao nascer do sol, êle era cheio pela primeira vez. Relógios de água foram também usados nos acampamentos militares para determinar o tempo das rondas noturnas. Os romanos possuíam relógios de água, nos quais se afixava um calendário. O papa Paulo 1 presenteou o rei dos francos, Pepino, o Breve, com um relógio de água que acionava um despertador.

TEMPLOS GREGOSEm suas linhas nobres, o templo grego resume tôda a beleza da antiga arquitetura. Seu estilo próprio e harmônico originou-se do refinado espírito dos antigos gregos dos séculos VII a IV a. C. As madeiras primitivas e os tijolos de argila, secados ao ar, serviam de material de construção. Durante o período do apogeu, o mais fino mármore foi preferido. Cenas cheias de movimento, do mundo dos deuses e das lendas, obras-primas esculpidas em pedra, adornavam o frontispício dos templos, sôbre imensas filas de colunas. As colunas da antiga arquitetura grega eram divididas em três categorias, de acôrdo com a sua forma. A coluna dórica (estilo dórico) provinha da arquitetura da Grécia coutinçntal; a jônia (estilo jônico) era a usada nos edifícios das colônias gregas da costa da Ásia Menor, e a coríntia (estilo coríntio) originou-se, porvolta de 400 a. C., no istmo de Corinto.

O COMÉRCIO CRIA A RIQUEZA DA GRÉCIADepois da subjugação dos fenícios, os gregos tomaram para si o comércio fenício, já bastante desenvolvido, e levaram-no a progresso ainda maior. Navios mercantes gregos navegavam o mar Negro, visitavam a Ásia Menor e percorriam as costas do Mediterrâneo. Já por volta de 600 a. C., fundavam-se as colônias gregas da Ásia Menor, no mar Negro. Foram os gregos que, na embocadura do Ródano, fizeram as primeiras construções de Massília, hoje a cidade de Marselha, na França; colônias gregas nasceram igualmente em Rodes, Corinto, Egina e Sicília, na Gália, na Sardenha, na Córsega, no Norte da África e na Espanha. Intenso comércio desenvolveu-se entre a

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metrópole e as colônias. A troca de mercadorias era grande e variada. Os povos que mantinham relações comerciais com os gregos conheceram frutos, cereais, tecidos e utensílios de terras distantes. É assim que se encontraram conchas de mariscos de Kauni, do Oceano Índico, na Pomerânia; e corais vermelhos em certas partes da Suíça.

POMBOS-CORREIOS, OS MAIS VELOZESMENSAGEIROSComo meio de transporte de notícias, o pombo-correio já era empregado entre os antigos chineses e egípcios. No século V a. C., os gregos, por meio de pombos-correios, difundiam em poucas horas, por todo o país, os nomes dos vencedores dos jogos olímpicos. Os romanos organizaram, no tempo de César, um serviço de notícias por meio de pombos-correios. Na Idade Média, os velozes animaizinhos, buscando seu lar, transportavam correspondência de castelo para castelo. Prestaram também aos sitiados de todos os tempos, valiosos serviços. Assim foi ainda em Paris, em 1870. Os pombos voam guiados pelo seu instinto do lar, sempre em direção a êste, mesmo com chuva ou tempestade. Essa propriedade já era utilizada nos tempos mais antigos, para o transporte de mensagens. Hoje, as notícias a enviar são reduzidas a microfotografias, fechadas num cano de pena prêso à cauda do pombo, ou em um anel de borracha ou de alumínio, que é amarrado na perna da ave.

MULHER GREGA AO TEARAs mulheres da Grécia antiga, ricas e pobres, dedicavamse à fiação e à tecelagem. Homero, o maior poeta da Grécia antiga, que viveu no século IX a. C., deixou-nos a bela lenda de Penélope, espôsa de Ulisses, que, sendo requestada por pretendentes durante as viagens de seu marido, manteve-os a distância, sob o pretexto de que precisava primeiro tecer o manto funerário de Laertes, seu sogro. À noite desmanchava o que produzira durante o dia. Já nos tempos mais antigos os gregos conheciam o tear; os panos grosseiros eram feitos em teares verticais, e os linhos e sêdas, em teares com corrente em posição horizontal. A tecelagem na Antiguidade não era, porém, apenas caseira, já era feita, também, em fábricas. Os tecidos gregos, por sua qualidade e beleza de padrões em côres maravilhosas, eram famosos e cobiçados em tôda parte.

O USO DE CALÇADOSNáufragos, que durante muitos anos levaram uma vida semelhante à de Robinson Crusoe, contam que conseguiam, pouco a pouco, fabricar os objetos e utensilios mais necessários. Não conseguiram, no entanto, fazer bons calçados. A fôrça feiticeira que era atribuída ao calçado, podemos conhecê-la através de muitas lendas e fábulas (A Gata Borralheira, O Gato de Botas, O Pequeno Polegar, os costumes da festa de S. Nicolau).Considerava-se o calçado sinal de dignidade e de poder.Antigamente o calçado consistia em simples peles amarradas aos pés.Os gregos e romanos usavam sandálias. (A gravura nosmostra uma senhora grega com o sapateiro).Com o decorrer do tempo, a sandália na fabricação manual,caseira, evoluiu para o sapato.Em 1790 foi montada a primeira máquina para costurarsapatos. No ano de 1810 passou-se a usar pregos de metal

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para fixar a sola, e, em 1839, tornos.Hoje, o calçado é fabricado principalmente a máquina. O papel do operário limita-se à vigilância destas, ou a dirigir seus movimentos, na execução do corte, curvatura, costura, montagem, etc.

PINTORES DE CERÂMICAA Grécia antiga produziu grande variedade de vasilhame de barro, de formas muito elegantes: xícaras, garrafinhas delgadas, ânforas. As oficinas de cerâmica, que trabalhavam também para exportação, formavam todo um bairro de Atenas. Encontraram-se grandes quantidades dos melhores vasos gregos nos túmulos etruscos da Baixa Itália e no Sul da Rússia. Às vêzes os vasos eram cobertos apenas por uma camada de esmalte, que, ao queimar-se, tornava-se vermelho, marrom escuro ou prêto brilhante. Na maioria, porém, eram pintados, com motivos de lendas de deuses e heróis, ou com representações alusivas aos acontecimentos da época. As vasilhas encontradas narram-nos, muito mais minuciosamente do que a transmissão oral, o que foi a vida dos antigos gregos. Através dêstes desenhos, recebemos uma imagem completa de sua elevada cultura. Ao mesmo tempo, os desenhos dos vasos, belos na forma, dão-nos conta da grande capacidade artística dêsse povo.

A ARTEDE ESCREVER FAZ PROGRESSOSDa antiga escrita de figuras, usada pelos chineses e egípcios, originaram-se as escritas de palavras e sflabas. Os fenícios formaram, com diversas consoantes, uma escrita de sílabas. Ésse alfabeto fenício tornou-se o ponto de partida de quase tôdas as escritas dos povos cultos modernos. Os gregos receberam-no também dos fenícios, e o completaram pelo acréscimo das vogais. A escrita grega tornou-se, por isso, o modêlo para o desenvolvimento das formas européias de escrita. A denominação alfabeto deriva dos nomes dos dois primeiros sinais da coleção de letras gregas, Alfa e Beta. Por isso, as duas primeiras letras de nosso alfabeto são chamadas A e B. A trânsmissão da arte da escrita é clara demonstração de quanto uns povos devem aos outros, e como se podem desenvolver, com êsse auxilio mútuo, em relações pacíficas. A escrita é especialmente apropriada para manter essas relações de paz, e para conduzir os povos a níveis de progresso cada vez maiores.

A RETÓRICANossa gravura representa o orador e estadista grego Demóstenes (384-322 a. C.) durante um de seus inflamados discursos. A oratória (retórica) era, na Antiguidade, zelosamente cultivada, pois a palavra era uma arma importante nas lutas políticas. Ainda não havia jornais; a palavra era o melhor meio de se influir sôbre o povo. Existiam inúmeras obras que ensinavam a eloqüência; os jovens gregos preparavam-se para oradores com professôres de oratória. Estadistas, políticos e chefes militares da Antiguidade aprendiam esta arte. Os primeiros professôres de oratória foram os “sábios” (sofistas). Aristóteles (o verdadeiro fundádor da retórica como ciência), Cícero e Quintiiano escreveram minuciosas obras didáticas a respeito. Os alunos dêsses mestres da eloqüência aprendiam a maneira de apresentar os fatos aos ouvintes, de modo claro e incisivo; pois o objetivo da eloqüência é convencer os de opinião contrária e conquistar adeptos.

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MÚSICOS GREGOSOs antigos gregos tinham o ouvido educado para o ritmo e a melodia. Seus instrumentos prediletos eram a lira (gravura), a cítara e a flauta de Aulos, dos quais extraíam melodias em uníssono, geralmente acompanhadas de canto. Do século II a. C. ficaram-nos alguns estudos para cítara (instrumento semelhante à lira), além de trechos de três hinos, que foram gravados na câmara do tesouro ateniense, em Delfis. Do século V a. C. resta-nos apenas pequeno fragmento de uma tragédia musicada. Essas descobertas fizeram saber que os gregos foram o primeiro povo em que a música se desenvolveu como verdadeira arte. Ela não servia apenas para distração. Devia também ser nobre e bela e dar felicidade aos homens. Por volta de 600 a. C. surgiu pela primeira vez uma escrita de notas a qual, porém, posteriormente, não pôde ser interpretada. Os monges do convento de St. Gailen (Suíça) usavam no século IX uma notação, que foi mais tarde aperfeiçoada.

A PÁTRIA DA REPRESENTAÇÃO TEATRALA pátria do teatro é a antiga Hélade. O teatro era prirnitivameute apenas uma área circular (a orquestra), sôbre aqual se representava, e em tôrno da qual se localizavam osespectadores. Pouco a pouco, porém, o espaço dos espectadores(o tiieatron) foi sendo separado do local das representações.Ëste ficava, geralmente, ao pé de uma colina, a fim de queisteutes pudessem olhar do alto para a orquestra. Inicial-ite apenas um ator sustentava diálogos com o côro; maistarde passaram a ser diversos os artistas. Usavam máscarasmcgafones. Os papéis femininos eram representados porhmnem, que usavam máscaras e vestimentaS apropriadas. Noconer do século IV a. C. surgiram teatros ao ar livre, feitosde pedra, em várias cidades. O de Atenas comportava 14000pessoas; o de Megalópolis, 20 000. O teatro grego alcançou oseu apogeu no século IV a. C. Ésquilo, Sófocles e Eurípedesforam dramaturgos famosos dessa época.

FILÓSOFOS GREGOSQuase tôdas as grandes indagações da filosofia (que, etimolàgicamente, significa amor à sabedoria) foram expostas por pensadores gregos (Sócrates, Platão e Aristóteles, por exemplo) que tentaram resolvê-las. O mistério da existência do mundo e do homem já agitava naquela época os filósofos gregos. Tratavam, em diversas escolas, dos mais variados problemas filosóficos. Muitos mestres de filosofia saíram dessas escolas. Seus ensinamentos influenciam até hoje o nosso pensamento. O fundador da filosofia clássica foi Sócrates, um dos mais eminentes sábios da Antiguidade (470-399 a. C.). Èle procurava jovens de talento para produzir, através de seus ensinamentos, homens de caráter forte. Sócrates ensinava por meio de perguntas hàbilmente formuladas. Êsse método é valioso ainda hoje. Os ensinamentos de Sócrates, cuja primeira exigência era “conhece-te a ti mèsmo”, exerceram grande influência em todos os tempos.

AS FÁBULAS DE ESOPOQuem não conhece as fábulas de Esopo, narrativas cheias de significação? Foram escritas no século VI a. C. na Grécia e, ao que se diz, na prisão, por Esopo, um escravo

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corcunda da Ásia Menor. Surgiu assim uma nova espécie de poesia, éxtraída do íntimo da alma popular. Esopo empresta voz e inteligência aos animais e faz das ações dêstes um espelho dos defeitos dos homens. As fábulas, graças à sua simplicidade e riqueza de idéias, passaram de povo para povo e foram mais tarde traduzidas para todos os idiomas. Nas literaturas modernas, La Fontaine contou as fábulas de Esopo com espírito e graça, e Lessing, de maneira mais sintética. Coube exatamente a êsses dois poetas apresentar muito bem e de forma divertida e popular, os ensinamentos que existem no fundo de tôdas as fábulas. Algumas das fábulas de Esopo mais conhecidas chamam-se “O lôbo e o cordeiro”, “O corvo e a rapôsa”, “O leão e o camundongo” e “A rapôsa e as uvas”.

SÓLON DITA AS SUAS LEISJá os antigos gregos compreendiam o enorme valor das boas leis. Sólon, que viveu de 640 a 560 a. C., regulou o direito ateniense com grande sabedoria. Em versos persuasivos, exortava o povo à compreensão e à justiça. Sólon aliviou as grandes dificuldades dos pobres com leis novas e democráticas, que influenciaram mais tarde o direito romano e mesmo o direito atual. Por volta de 880 a. C., Licurgo havia aplainado contendas nascidas por causa de duas dinastias espartanas, mas, em seguida, deu a seu povo leis excessivamente severas. Os cidadãos não pertenciam mais a si mesmos e, sim, ao Estado; eram educados para a guerra através de rígida disciplina e fortalecimento; a indústria, o comércio, a navegação, a arte e a ciência eram desprezados. Esparta pôde dominar fàcilmente os povos vizinhos, mas sua fôrça, fundada num poder brutal, aniquilou-se e- tornou-se inglória, enquanto a alta cultura de Atenas ficou como exemplo brilhante para tôdas as idades.

O HOMEM TORNA-SE CRIADORDE ABELHASEntre os desenhos encontrados em cavernas da Espanha, deixados por homens da Idade -da Pedra, encontra-se a representação de uma colhedora de mel. No tôpo de um tronco, aí se vê uma corajosa mulher, que furta das abelhas agitadas os favos pôr elas cuidadosamente preparados numa pequena cavidade. Com o tempo, porém, o homem provou ser mais inteligente que o urso, que também gosta de mel. Observou que as colmeias atacadas ficavam vazias no ano seguinte. Em vez de deixar morrer as abelhas, no cam’ço eai eias junto à própria moradia humana. Isso exigiu exata observação da vida das abelhas. O homem reuniu enxames e lhes preparou habitação em uma espécie de barril. Não será inexato dizer que a abelha é o mais antigo dos animais domésticos. O mel representou para o homem maravilhoso manjar dos deuses. Na Antiguidade, foi a única substância adoçante que êle conheceu.

FONTES MINERAIS NA IDADE DO BRONZEO estudo de aldeamentos lacustres tem provado que os homens de remotos tempos sabiam muito mais coisas do que a princípio supúnhamos. Aquêles. nossos antepassados, que domesticavam animais, e escolhiam para cultivo as plantas mais apropriadas, conheciam, também, certamente, as melhores plantas medicinais e seu emprêgo. Em 1907, descobriu-se que não ignoravam até os efeitos salutares das águas minerais. Quando se reformou a fonte Mauritius, de água ferruginosa, em St. Moritz, encontrou-se um velhíssimo conduto, feito de grandes troncos escavados. Ferramentas de bronze, que apareciam, conjuntamente, demonstravam que essa obra havia sido

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executada por volta do ano de 1200, antes de Cristo. Há mais de 3 000 anos, portanto, conhecia-se, para o bem de tôdas as gerações, o efeito salutar de certas fontes. Muitas fontes minerais dos romanos foram, por certo, anteriormente usadas por povos mais antigos que êles.

POVO PRIMITIVO FORJA A PRIMEIRA TESOURAA tesoura, invenção dos fins da Idade do Ferro, foi encontrada pela primeira- vez entre os helvécios, antepassados celtas dos suíços. Uma tesoura primitiva de ferro já estava também entre os achados de La Têne, pequeno estabelecimento celta junto à atual Marin, nas margens do lago de Neuenburg. A tesoura facilitou o corte das peles, fios e tecidos. Foi também utilizada para a tosquia de carneiros, cuja lã era anteriormente obtida por arrancamento. Por volta de 300 a.a tesoura foi conhecida pelos romanos. Antigamente êsse instrumento tão útil, que hoje não podemos dispensar, tinha uma aparência muito simples: duas lâminas, com os cortes-colocados um defronte ao outro, ligadas entre si por um arco de mola. Essa forma permaneceu como a mais usual até o século XVI. Além dessa, existia a tesoura de dois braços, com charneira, e abertura para os dedos. Diversas são hoje as mo-dalidades de tesouras, a cuja descoberta nem sempre se dá o devido valor.

O PARAFUSO, IMPORTANTE INVENÇÃO TÉCNICAO parafuso faz parte das conquistas mais importantes e tem prestado à humanidade, desde há muitos séculos, serviçosinestimáveis.Seu genial inventor é desconhecido. Sabemos que o parafuso não era usado ainda no antigo Egito. Na idade de bronze servia únicamente de enfeite, especialmente em colares.O físico grego Heron já o conhecia no ano 110 da nossa era, bem como sua respectiva porca. Esta, no entanto, não possuía ainda a rôsca, que depois veio a ter no lado interno, mas usava-se um pino, que passava pelo parafuso e com o qual se obtinha o efeito da rôsca.Os romanos usavam parafusos em prensas de óleo, de vinho e de panos, como podemos observar na gravura.Antigamente faziam-se os filêtes da rôsca no tôrno mecânico, límando ou cortando.Desde 1500 usa-se a tarraxa de palmatória para a preparação de parafusos e o macho de tarraxa para as porcas.A primeira máquina para fazer paraf usos pequenos foi inventada em 1806.

ARTE ETRUSCAOs etruscos dominaram a Itália Central antes dos romanos. À semelhança do que haviam feito os gregos e do que fariam posteriormente os romanos, muito colaboraram para o desenvolvimento cultural dos povos do Ocidente. O florescimento da arte etrusca produziu-se entre os anos de 800 e 400 a. C. É dêsse tempo a maioria das belas pinturas murais, das obras de escultura e dos magníficos bronzes fundidos. Os etruscos eram excelentes artistas. Pintavam de preferência cenas sombrias onde eram reproduzidos os terrores da morte e do inferno. Existem, porém, ao lado dessas, pinturas de cerimônias

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alegres e de jogos festivos, feitos com bastante propriedade e correção. Também em outros terrenos demonstraram muitas vêzes os etruscos sua grande capacidade. Belos trabalhos em ouro e prata e importantes realizações técnicas como a construção de abóbadas de pedra e de boas estradas são devidas a êsse povo. Também chegaram até nós escritos etruscos.

AQUEDUTOSA gravura representa uma gigantesca construção romana, sob a forma de ponte lançada sôbre vales e rios. Estende-se sôbre ela um canal coberto de pedras, pelo qual a água potável corre da fonte, nas montanhas, para a cidade. Os romanos davam a êsses condutores de água o nome de aquae ductus (condutor de águas), originando-se daí a denominaçãà de aqueduto. O primeiro aqueduto foi construído no ano de 305 a. C., para servir à cidade de Roma. A partir dessa data surgiram aquedutos, alguns dos quais com parte enterrada, em todos os lugares onde houvesse uma cidade romana. Muitos dêles tinham mais de cem quilômetros de extensão. Traziam água de montanhas situadas a distâncias muito grandes, passando por vales, desfiladeiros e precipícios. Essas grandiosas construções, para as quais, muitas vêzes, enormes pedras tinham de ser transportadas de longe, existem ainda em parte, e servem, como há quase dois mil anos, para o abastecimento de água. Os aquedutos são testemunhas eloqüentes da alta importância que já os antigos romanos davam à higiene pública.

SINAIS COM FACHOS, OS PRECURSORESDO TELÉGRAFOO exemph mais célebre de notícia transmitida por meiode sinais de fogo é o da propalação da queda de Tróia (1184 A.C.). A notícia da vitória, conquistada na Ásia Menor, chegou naquela mesma noite à cidade de Argos, na Grécia, a 555 quilômetros de distância. Ela foi transmitida, através de terras e mares, graças a estações de sinais luminosos. Já em 150 a. C., conheciam os gregos um sistema de difusão de notícias por meio de fachos, com o qual transmitiam, de estação para estação, frases inteiras a grandes distâncias. Ésse sistema pode ser considerado como um dos precursores da moderna telegrafia. Também os romanos possuíam um aperfeiçoado serviço de difusão de notícias. Roma era ligada a tôdas as províncias por uma cadeia de tôrres de sinalização, pelas quais, graças ao telégrafo de fachos, se transmitiam tôdas as notícias. No século XV, surgiram nos Alpes os “guarda-picos”. Sendo preciso rechaçar algum inimigo que houvesse invadido o país, davam os “guarda-picos” sinal de alarma que passava, em poucas horas, de pico para pico.

A GRANDE RÉDE DE ESTRADAS DO IMPÉRIO ROMANOMuito antes dos romanos, já os chineses, hindus, fenícios, assírios, persas, gregos e etruscos haviam construído estradas para objetivos militares e comerciais. Mas foram .os romanos os primeiros a construir verdadeiras obras-primas nesta matéria, autênticas vias de tráfico. Essas estradas possibilitaram o domínio militar do vasto império e, paralelamente, intensa troca de mercadorias com as regiões mais afastadas. De Roma partiam cinco estradas principais para todos os países do império mundial: por sôbre os Alpes para o Mar do Norte, para a Escócia, para a África longínqua e ardente, para a Espanha, para Bizâncio e para a Mesopotâmia. Por volta do ano 100 a. C., ao tempo do imperador Traj ano, a extensão das estradas romanas elevava-se a 80 000

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quilômetros, isto é, duas vêzes a circunferência da Terra. A mais famosa delas era a Via Ápia, que tinha 540 quilômetros de comprimento, 8 metros de largura e ótimo calçamento de pedras de lava. Nas regiões pantanosas os romanos construíam caminhos suspensos, montados em plataformas de madeira.

A INSTRUÇÃO NA ROMA ANTIGAA gravura representa dois estudantes que lêem em rolos de papiro, enquanto outro, à esquerda, carrega tabuinhas de madeira cobertas de cêra. Era sôbre essas tabuinhas de cêra que se faziam os exercícios de escrita e de cálculo. Muitos romanos, mesmo em tempos anteriores ao Cristianismo, sabiam ler e escrever. As crianças de níveis sociais mais elevados eram, além disso, instruídas nos diversos ramos da ciência, bem como na arte da õratória. Os filhos dos escravos, à parte da escola, eram preparados para as profissões industriais e técnicas. A instrução era ministrada em escolas privadas, ou por professôres particulares. Mais tarde, o Estado chamou a si a educação: passou a formar professôres e a remunerá-los.O Estado Romano concedia privilégios especiais às escolas superiores. Durante a Invasão dos Bárbaros (375 a 444 d. C.), desfez-se a organização escolar em tôda a Europa. Coube mais tarde aos conventos reorganizar a instrução.

A CÓPIA DOS MANUSCRITOSEnquanto os romanos -escreviam cartas e avisos em tabuinhas de madeira revestidas de céra, para livros e escritas mais longas usavam fôlhas de papiro ou pergaminho, preparado de peles de animais. Êles adquiriam as fôlhas de papiro do Egito em grande quantidade. Ali, desde 3300 a. C., já conheciam a arte de preparar papel para escrever com a medula de uma planta “Papirus”, muito conhecida antigamente no delta do rio Nilo. (Daí o nome — papel). Até o ano 400 da nossa era, aproximadamente, todos os documentos romanos eram guardados em rolos e sempre escritos a mão, pois a imprensa só foi descoberta no século XV. Para multiplicar êstes textos, eram êles ditados simultâneamente aos copistas — que em geral eram escravos.Desta maneira foram feitas cópias infindas, que, vendidas em praça pública, renderam muito dinheiro. Por isso as obras de Vergílio, Horácio, Ovídio, etc., eram bastante conhecidas em tôda parte.

TERMAS LUXUOSASJá na Antiguidade se reconhecia que o banho é importante fator de saúde. O uso dos banheiros desenvolveu-se especialmente entre os romanos, - onde cada nobre possuía o seu, luxuosamente instalado Muito se apreciavam os banhos quentes. As banheiras eram aquecidas por meio de um compartimento cheio de ar quente, que ficava por baixo delas. Imperadores romanos (Nero, Vespasiano, Tito, Traj ano, Caracala e Diocleciano) edificaram construções soberbas para termas, nas quais existiam banheiras para água quente e fria, vestíbulos para repouso, bibliotecas e galerias para os espectadores. As termas de Caracala tinham capacidade para 1 600 banhistas. As de Diocleciano, para 3 000. Assim como em Roma, surgiram casas de banho por todo o Império. Onde os romanos encontravam fontes de águas minerais, ampliavam nas e construíam termas. Numerosas são as estações de águas minerais hoje exploradas na Europa, bem como na América. No Brasil, existem fontes de águas muito afamadas.

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CÂNTAROS PARA ÓLEO E OUTRAS VASILHASNos tempos antigos, a oliveira era árvore sagrada. Tinha para os povos orientais valor muito grande. A oliveira, que cresce nas costas do Mediterrâneo e no Oriente Próximo, produz a azeitona, de que se extrai óleo, ou azeite, condimento imprescindível na alimentação cotidiana. O óleo de oliva oferecia outrora, pràticamente, o único recurso para a conservação dos alimentos, e, assim, o de preparo de reservas para os períodos de fome. Existiam nas adegas, parcialmente enterrados no solo, grandes cântaros para a conservação de óleo e vasilhas para provisões e alimentos diversos (gravura). Tais cântaros foram descobertos nas ruínas de Pompéia, bem como cm Outras localidades. Ainda hoje, certos povos conservam peixes em barris abertos, sob uma camada de óleo de oliva. A moderna indústria de conservas de peixe emprega êsse óleo em grande quantidade. E, até hoje, as azeitonas representam alimento popular, muito estimado na Europa Meridional e no Oriente.

DA VIDEIRA SELVAGEM À MODERNA VITICULTURAEncontra-se a videira espalhada por largas regiões da Terra. Mas seu cultivo regular, ou viticultura, só se tornou possívd onde os frutos amadurecessem por igual, o que acontecia na Ásia Menor, na Síria, na Palêstina e no Egito. A Bíblia nos conta que Noé, tronco da estirpe humana, plantou, depois do• dilúvio, a primeira parreira; outros episódios bíblicos igualmente se referem muitas vêzes a parreiras e à viticultura. Também os antigos egípcios eram excelentes viticultores e conhecedores de vinho. A videira cultivada foi levada para a Grécia. Os heróis de Homero já conheciam tôdas as virtudes do vinho. No século VI a. C., a videira foi introduzida pelos gregos em suas colônias da Itália, da Espanha e de Massília (Marselha). Dêste último ponto, ela se difundiu pela Gália (França), passando de lá para a Alemanha e a Suíça. Os antigos romanos promoviam a viticultura em tôdas as suas províncias. No Brasil, a viticultura acha-se muito desenvolvida em vários Estados do sul, principalmente no Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

A FABRICAÇÃO DE VIDROObtém-se o vidro pela fusão de diversas substâncias, entre as quais a areia de quartzo e potassa. A temperatura de fusão é de cêrca de 1 8000 C. A primeira prova da fabricação do vidro foi encontrada entre os egípcios, já no ano de 2500 a.C. Nos princípios da Era Cristã, inventou-se no Egito o “cachimbo” para soprar o vidro, que facilitava a produção de vasilhas ôcas. Os romanos, que receberam a fabricação do vidro dos egípcios, já sabiam, no século 1, fazer vidraças. Apesar de estas não apresentarem transparência perfeita, melhoraram as condições das habitações. Os romanos sabiam também produzir recipientes ocos (vasos e copos) art’isticamente trabalhados. As desordens oriundas da Invasão dos Bárbaros destruíram a indústria vidreira romana, que só muito mais tarde voltou a atingir o antigo nível.

AS CARAVANAS TRAÇAM CAMINHOSJá nos tempos pré-históricos existia tráfico comercial entre os povos; mercadorias estrangeiras viajavam de povo para povo. As sêdas chinesas e os adereços e pedras preciosas la Índia eram muito negociados pelos romanos, entre os quais alcançavam alto preço. As rotas das caravanas estabeleciam, há milhares de anos, na Ásia, o comércio regular entre a China e os países do Mediterrânep, embora de maneira indireta: de país para país. Os mercadores que pela primeira vez seguiram êsse caminho, cada vez mais

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trilhado, não necessitavam menos coragem e perseverança do que os primeiros navegantes, a fim de se aventurarem em longas viagens através dos desertos da Ásia Central. O cavalo, o camelo e o dromedário eram os meios de transporte em terra. Deve-se ao mercador veneziano Marco Pólo e a outros que a alta cultura do Oriente da Ásia viesse a ser conhecida nos países do Ocidente. Na África, ainda hoje, o comércio se desenvolve sôbre as rotas das caravanas que atravessam o cálido deserto do Saará.

FABRICANTES DE FOICES HÁ 2 000 ANOSA gravura representa dois fabricantes de foices trabalhando na bigorna, fixada em um bloco de madeira. Bigornas de bronze foram encontradas nas habitações lacustres de Auvernier, no lago de Neuenburg e em Wollishofen, perto de Zurique. Uma delas é ricamente ornamentada, e possui um dispositivo especial, para a fabricação de anéis. Há, já, dois mil anos os antigos celtas usavam instrumentos de ferro parecidos com as nossas foices. A foice parece ter provindo de um instrumento menor, usado pelos homens da Idade da Pedra, que foram os primeiros agricultores. Na Dinamarca, foi encontrada uma dessas foicinhas, cuja lâmina era feita de sílex. Tem a idade aproximada de 5 500 anos. Êsse instrumento é dos testemunhos mais antigos e importantes da cultura pré-histórica. A foice é, ainda hoje, na mesma forma prática de antanho, um dos utensílios mais usados na agri. cultura.

OS ANTIGOS CELTAS INVENTAM O BARRILNa Antiguidade não se conheciam ainda os barris de madeira. Os líquidos eram conservados em odres, ou em recipientes de barro, que chegavam a ter dois metros de altura, por um de diâmetro. O romano Plínio escreveu, no ano 77 de nossa era: “Os celtas da Gália, no sopé dos Alpes, guardam vinho em barris de madeira circundados por anéis”. Êste modo de conservação, não usado em outra parte, foi logo imitado. Na coluna de Traj ano, construída em Roma no ano de 114, vêem-se carros carregados de barris. Na Idade Média, o barril não servia apenas para guardar líquidos, mas também para acondicionamento das mercadorias, em geral. Pela grande resistência, e graças à forma fàdilmente manejável, podendo ser rolado, prestava-se o barril especialmente para a remessa de mercadorias a lugares distantes. Muitos dos barris que se vêem nas gravuras antigas não continham vinho, e sim, sal, pólvora, livros ou outros objetos, que devessem ser transportados.

OS CRISTÃOS REUNIAM-SE. EM CATACUMBASAs catacumbas eram subterrâneos que serviam de cemitérios aos antigos cristãos. Ainda hoje encontram-se catacumbas no Oriente (Alexandria), no Norte da África, em Nápoles e em Siracusa. As mais famosas, porém, são as de Roma. Consistem em um vestíbulo de onde partem muitas passagens, ramificadas à maneira de labirintos. Os túmulos são escavados nas paredes. Na época da perseguição dos cristãos (séculos II a IV), as catacumbas eram também o local de suas reuniões secretas, pois o Cristianismo era, por êsse tempo, religião proibida. Seus partidários negavam-se a cultuar as divindades romanas, e eram por isso perseguidos como inimigos do Estado. Muitos cristãos sacrificaram a vida naqueles dias, em holocausto às suas crenças e à sua fé! Sõmente no século IV é que o Cristianismo foi reconhecido como religião livre. A partir daí, suplantou completamente as antigas religiões.

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IDADE MÉDIA

Ciência árabeAntiga entalhação chinesaUma nova planta útil: o cháMarco Pólo e a conquista do OrienteA invenção do sabão e a sua indústriaO florescimento do estilo arquite tônico romanoO sino no Oriente e no Ocidente Cânticos sacros Músicos Medievais Da história dos antigos instrumentos musicaisPrecursor dos Grupos EscolaresO homem domina a fôrça d’águaO vento impele navios e moinhosA agricultura metódicaO linho e sua industrializaçãoA roda de fiar substitui a fiação manualDo tear à máquina de tecer Como se coloriam os fios e os panos A habilidade dos carpinteiros Maravilhosas obras de arte esculpidas em madeiraA escultura através dos temposO estilo gótico na arquiteturaAperfeiçoamento dos abastecimentos de águaA primeira fabricação de papelO apogeu do bordado manualOs primeiros relógios de rodasAnimais de carga transportam mercadoriasOs carteiros A navegação fluvial, valioso recurso do comércioFeiras de mercadorias, entrepostos comerciaisDo comércio de permutas ao paga-mento com moedasOs algarismos arábicos prestam relevantes serviçosA arte da pintura em vidro Aquecimento das habitaçõesOs estudos da zoologia As florestas cuidadas fertilizam oscamposMáquinas de tecer meiasA enfermagem a serviço da humanidadeO preparo da lã em outros temposPreparação da manteiga e do queijoSoprador de vidro, velho ofício - . -Alquimistas, os pioneiros da qui102 micaO primeiro aproveitamento do car104 vãoPeixes em salmoura, como alimento popularOrigem das casas de câmbio e dosbancosO reflorescimento do comércioAmbiciosos comerciantesPolé e guindaste, fôrças gigantescasa serviço do homem Organizações operárias

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Da gravura em madeira à gravuraem cobreArte popular revelada no ofícioO estilo da arte renascentista e otrabalho artísticoProgresso no estudo da botânicaAs primeiras UniversidadesOs óculos — milagre da óptica - -Grandes artistas na fabricação deviolinosDa arte de cozinharO sal é indispensável na cozinhaO açúcar substitui o mel como ado120 çante

CIÊNCIA ÁRABEOs sábios árabes tinham conhecimentos muito variados e eram ativos como pesquisadores e escritores nos mais diversos ramos da ciência. Alcançaram importantes êxitos nos terrenos da matemática, da astrologia e da astronomia, da medicina, da alquimia, da mineralogia, além de outros. Encontramos, ainda hoje, trabalhos a êsses respeitos, que foram colecionados nas bibliotecas árabes, e conservados até nós. Por volta de 150 anos antes de Maomé (nascido em 570), já possuíam os árabes variada literatura de conteúdo extremamente rico. As letras árabes, que tanto influíram sôbre a poesia dos países ocidentais, apresentaram inúmeras obras poéticas cheias de encanto. Eram, geralmente, belas descrições da natureza, histórias de beduínos magnificamente compostas, delicadas lendas e, a partir do século IX, contos maravilhosos. Quem não conhece as interessantes histórias de Sindbad e Ali Babá, reunidas a muitas outras nas “Mil e uma Noites”?

ANTIGA ENTALHAÇÃO CHINESAA gravura acima representa um entalhador chinês em seu trabalho. Ële grava um desenho num bloco de madeira, que servirá depois para imprimir sôbre papel ou fazenda. Já por volta do ano 593 antes de Cristo, os chineses imprimiam quadros e escritos, utilizando blocos assim entalhados. Essa arte tanto se desenvolveu que foi logo possível a produção de matrizes para impressão a várias côres. Verdadeira predecessora da imprensa, a impressão por meio de tábuas entalhadas alcançou a Europa nos princípios do século XIII. Devemos a entalhação, como tantas outras artes, à cultura milenar dos chineses. Foi o grande pintor Albrecht Dürer (147 1-1528), que levou ao apogeu a entalhação na Alemanha. Mais tarde, sucedeu o mesmo com Holbein, o jovem (1497-1543). Também o pintor e poeta de Berna, Niklaus Manuel, teve fama de hábil desenhista para gravura em madeira.

UMA NOVA PLANTA ÜTIL: O CHÁObtém-se o chá das fôlhas do arbusto do mesmo nome, quer pela fermentação lenta (chá prêto), quer pelo aqueci. mento rápido depois da colheita (chá verde). No século VIId. C. seu uso se tornou popular na China. A princípio comiam-se as fôlhas trituradas e cozidas com arroz, gengibre, sal, especiarias e leite. No século VIII, os bonzos chineses

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transplantaram o arbusto para o Japão. O chá só foi para a Europa no século XVI, através de mercadores holandeses. O hábito de tomar chá fêz progressos lentos, pois a nova bebida foi inicialmente considerada um luxo e sua importação altamente taxada. A verdade, porém, é que o chá tem efetivamente uma ação refrigerante e estimulante que não pode ser desprezada. É muito cultivado pelos russos o hábito de tomar chá. Seu uso tornou-se costume nacional na Inglaterra e na Holanda. O chá é importante produto comercial. As maiores culturas se encontram na China, Japão, Índia, Ceilão e Java.Na América do Sul é consumida em larga escala a ervamate. Foram os índios guaranis os primeiros a se utilizarem das fôlhas dêsse arbusto, mascando-as como estimulante em suas longas caminhadas.

MARCO PÓLO E A CONQUISTA DO ORIENTENo ano de 1295, três negociantes venezianos, depois de uma ausência de 24 anos, voltaram, carregados de tesouros, à sua pátria. Eram os irmãos Mafeo e Nicolo Pólo e Marco, filho do último. Éles tiveram a ousadia de investigar o lendário e imenso Oriente. Marco Pólo, capturado em 1298 na luta naval contra os genuenses, aproveitou-se dêsse descanso forçado de vários anos para ditar a um companheiro um minucioso relato de suas viagens. Essa narrativa foi vertida para muitas línguas.Pela primeira vez os povos europeus tiveram conhecimentodas enormes dimensões do continente asiático.As descrições exatas de Marco Pólo sôbre o então Império Chinês, já bem desenvolvido sob o domínio de Cublai Cã, e sôbre a Índia, país das maravilhas, deram grande impulso às viagens de conquista do século XV.

A INVENÇÃO DO SABÃO E A SUA INDÜSTRIAPoucos refletem sôbre o enorme progresso que a invenção do sabão representou para o homem. Por isso é que houve espanto quando os índios americanos disseram que, de tudo quanto lhes havia sido trazido pelõs brancos, o bem mais precioso fôra o sabão. Na Antiguidade, corno meio de higiene empregava-se terra argilosa que contivesse calcário, planta- sabão, cinza de madeira -e, principalmente, urina, que se deixava apodrecer para produzir amoníaco. Os lavadores, na Roma antiga, tinham o privilégio da coleta da urina. Sàrnente no século IV é que se inventou o sabão, utilizado a princípio exdusivamente para lavagem dos cabelos. Carlos Magno f avoreceu aos que se dedicassem ao ofício de produzir sabão. No século IX, desenvolveu-se em Marselha uma importante indústria de sabão. Mas, ainda no século XIV, o sabão era empregado apenas pelos abastados, para a higiene pessoal e lavagem dos tecidos mais finos. Só depois quç Leblanc cõnseguiu obter soda cáustica do sal de cozinha (1792), e depois que se veio a conhecer o processo de saponificação das gorduras, é que a fabricação do sabão se tornou corrente.

O FLORESCIMENTO DO ESTILO ARQUITETÔNICO ROMANOA gravura representa um claustro. Aí vemos de pilar a pilar, arcos redondos, que são característkos da arquitetura romana. Por volta de 900 depois de Cristo, criou-se por aperfeiçoamento de antigos estilos, o estilo romano, que predominou na Europa Central até o ano de 1250, aproximadamente. Ésse estilo se desenvolveu nos magníficos trabalhos da arquitetura do Império Romano. Muitos templos e conventos belíssimos, assim como castelos e palácios grandiosos, foram construídos nesse estilo. As naves das

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antigas basílicas eram cobertas por tetos pIanos. Depois, surgiram as abóbadas, e as naves em cruz. As igrejas no estilo romano tinham algo de severo e imponente. Seus interiores eram ornados por pinturas e baixos- relevos. O exterior dos templos era também ricamentç trabalhado. Basta que nos lembremos das magníficas frontarias e pórticos. Os maiores e os mais perfeitos monumentos da arquitetura romaria representam-se em igrejas construídas na Lombardia (Itália) e ao longo do Reno (Alemanha).

O SINO NO ORIENTE E NO OCIDENTEEntre todos os povos dotados de cultura, o sino era muito conhecido como arauto de alegrias e de tristezas. Já nos mais remotos tempos a fundição de sinos estava bem desenvolvida em Babilônia, na Assíria e principalmente na China.Em Roma usavam-se pequenos sinos de bronze nas portas dascasas e para anunciar reuniões públicas. O uso dos sinos entrounas igrejas cristãs no século VI, depois de Cristo.Conforme o método técnico usado, o fabrico era diferente. Os sinos mais simples ou consistiam de chapas de ferro curvadas e arrebitadas ou eram forjados. No entanto a fundição de bronze (ver a gravura) usada até em nossos dias, exigia uma técnica de extrema perfeição que passava de família a famfliGrande celebridade conseguiram nos séculos XIV e XVcertas famílias de fundidores de sinos em Nürnberg, Augsburg(Alemanha) e Wouw (Holanda).

CÂNTICOS SACROS•No Egito, na Grécia e em Roma, na Antiguidade, já existia uma arte do canto, com côro e solistas. Com a difusão do Cristianismo, nasceu uma nova cultura, proveniente dos conventos. Ao lado das ciências, também o canto e a música foram cuidados pela Igreja. O canto sacro, ou religioso, permaneceu, até o século IX, com uma única voz. No século V foi funXada em Roma uma escola de canto, depois seguida, no século VIII,. por outras, em Metz e St. Gallen. A última foi particularmente famosa, e a ela acorriam muitos alunos. Durante a Idade Média, anexa a cada matriz, era erigida urna escola de canto, onde se cuidava predominantemente dos cantos litúrgicos. Em 1025, o monge italiano Güido d’Arezzo inventou a escrita das notas, criando os alicerces sôbre os quais pôde ser desenvolvida a arte musical, tal como hoje a conhecemos.

MÚSICOS MEDIEVAISOs instrumentos musicais representados na gravura são o timbale, o saltério e a viola. Na Idade Média eram também conhecidos a guitarra, a flauta pastoril, a trombeta, o triângulo, a rabeca (violino) e a harpa. Até à metade do século XV a harpa gozava de tão alto prestígio que, em muitos lugaÈes, existia proibição de tomá-la por dívidas. Dos séculos XV ao XVII, desenvolveu-se o uso da viola, instrumento que foi introduzido na Europa pelos árabes, durante o século VIII. tste nome hoje se aplica tanto a instrumentos de arco, como a outros, de cordas dedilhadas. Primitivamente, a viola tinha simente 4 cordas, mais tarde, 6, 8, ou mais. De origem írabe ou persa é também a rabeca, instrumento semelhante ao violino, mas de caixa mais estreita. As trombetas foram usadas pelos arautos e pelos vigias das tôrres. As flautas pastons chegaram à Europa, no século XIII, também provenientes do Oriente. já no século XI, praticava-se a música de dança, utilizada pelos menestréis. Cem anos depois, começou o apogeu dos trovadores. Seu instrumento predileto era a harpa.

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DA HISTÓRIA DOS ANTIGOS INSTRUMENTOS MUSICAISCarrilhão, órgão e cometas formam o conjunto musical representado acima. O carrilhão provém do Oriente. Já era conhecido pelos chineses, há muitos séculos, quando soara pela primeira vez em terras do Ocidente. As formas primitivas do órgão são o realejo e a flauta de Pã. Já 250 anos antes de Cristo parece que o mecânico grego Ktesibios construiu um órgão de água. Para a produção dos sons, o ar era comprimido por deslocamento de água em canos. Depois do século IV, o órgão de água foi sendo substituído por órgãos ligados a foles. Até a Idade Média, o órgão foi instrumento muito generalizado. Era tocado para dança e apreciado nas festas populares ao ar livre. Lentamente foi depois adotado nas igrejas. Em nosso tempo, o órgão aperfeiçoou-se muito tendo agora grande sonoridade. Grandes mestres da música como Bach, Liszt, Brahms e Reger, compuseram peças para órgão.

PRECURSOR DE GRUPOS ESCOLARESNo princípio da Idade Média, conheciam-se sômente escolas nos mosteiros e nas catedrais, que cuidavam, em primeiro lugar, da preparação para o sacerdócio. Estas escolas, no fim da Idade Média, desenvolveram-se em escolas leigas de latim, nas quais se ensinava gramática, aritmética, geometria e até línguas estrangeiras. Desenvolveram-se também em Universidades, das quais as primeiras se fundaram em 1119 em Bolonha e 1150 em Paris. Os “Escolares” das Universidades visitavam- se mituamente para trocar idéias e enriquecer seus conhecimentos. Desde a “Reforma” (século XVI), fundaram-se escolas leigas (escolas do povo) — grupos escolares, quç, pouco a pouco, podiam ser freqüentados pelas camadas mais inferiores do povo e nas quais o ensino não mais era administrado em Latim, mas na língua vernácula.O povo aprendia a ler, escrever, contar e textos piedosos.Embora não houvesse obrigação de freqüentar as escolas,a cultura geral do povo elevou-se enormemente graças a estasinstituições escolares.

O HOMEM DOMINA A FÔRÇA D’ÁGUAA princípio, o homem teve de empregar a sua própria fôrça para executar determinados serviços coma, por exemplo, a moagem de cereais. Aprendeu depois a utilizar-se dos animais para impulsionar moinhos. Finalmente, algum espírito criador teve a idéia magnífica de servir-se, para êsse fim, da fôrça da água em movimento. A partir daí, foi a água que moveu os moinhos e impeliu as serrarias. A roda d’água mais antiga de que temos conhecimento foi empregada por volta de 230 a. C., em Roma, para impulsionar uma cadeia de baldes que elevavam água. Os moinhos de água difundiram-se por tôda a Europa. Encontram-se ainda, em alguns vales ermos, lembrança dos tempos idos. Hoje aproveita-se melhor a fôrça da água. A velha roda transformou-se em turbina de aço. Re. présas regulam a quantidade de água. Casas de fôrça transformam a energia hidráulica em eletricidade, que, por seu variado emprêgo, facilita a vida do homem moderno (*).

O VENTO IMPELE NAVIOS E MOINHOSMilhares de anos antes de o homem compreender a fôrça da água, havia êle tornado submissa a poderosa fôrça do vento. Por meio de velas enfunadas, tornaram-se possíveis as ousadas navegações de povos da Antiguidade e da Idade Média. Foram também

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navios a vela os que, no século XV, transportaram sôbre mares desconhecidos os descobridorés de novos continentes. Até o aparecimento do primeiro navio a vapor, os navios a vela serviram ao comércio. Não é de admirar-se que povos navegadores hajam empregado os ventos costeiros e os das planícies para impulsionar moinhos e para tirar água de poços. Os primeiros moinhos de vento surgiram na Europa, no século XI. Tornaram-se logo motivo característico da paisagem de diversos países, especialmente da Holanda. Hoje, entretanto, estão desaparecendo em quase todos os lugares. A fôrça hidráulica, de ação mais constante, como outras formas de energia, tem substituído o vento.

A AGRICULTURA METÓDICASàmente depois da destruidora Invasão dos Bárbaros é que floresceram na Europa as pzirneiras tentativas de agricultura racional. Monges inteligentes passaram a estudar livros sôbre a agricultura dos romanos. Difundindo os conhecimentos assim obtidos, despertaram no povo, que antes não se ocupava senão da caça e da guerra, o prazer da agricultura. De par com os cereais (aveia, centeio, trigo, etc.) cultivaram-se logo leguminosas, cuidando-se igualmente do cultivo de frutas. O sistema da terra alqueivada, introduzido por Carlos Magno, trouxe mais compreensão do valor dos elementos do solo. Depois de cada período de três anos, o terreno utilizado deveria repousar um ano, a fim de recuperar o seu vigor. Cultivavam-se relativamente, no mesmo campo, o trevo, a cenoura, o nabo, leguminosas ou batatas. Assim não se esgotava a terra apenas com os cereais. Depois, praticou-se também a cultura alternada dos frutos. A alternação dos cereais, das plantas de fôlhas e dos frutos não podia, por si só, preservar os campos de empobrecimento. Tornava-se necessário um sistema conveniente de adubação.

O LINHO E SUA INDUSTRIALIZAÇÃOA fabricação da linha com fibras de linho é uma das mais antigas indústrias. Já os antigos habitantes de palafitas fiaramlinho.Durante vários mil anos os múltiplos trabalhos para aextração de fibras e a fabricação do fio faziam-se exclusiva-mente a mão.(Gravura: Trituração do linho que se faz batendo-o com maços e em seguida com a espadela e com as cardas, instrumentos êstes semelhantes a pentes de dentes grossos). Na Idade Média o linho tornou-se um importante artigo caseiro. A invenção da roda de fiar, mais ou menos em 1530, proporcionou o aumento da produção para o duplo, até que, no século XIX, a indústria do linho foi suplantada pela do algodão.

A RODA DE FIAR SUBSTITUI A FIAÇÃO MANUALDurante milênios, conheceu-se apenas a fiação manual. Necessitava-se, para êsse fim, de uma roca, cm tôruo da qual se punha o fio (linho ou cânhamo), e de um fuso com um anel amovível. O fio, fiado com as mãos, era enrolado no fuso. Êstc, ao rodar, torcia o fio. No século XV, introduziu-se a roda de fiar. Éste invento foi da maior importância para o trabalho doméstico. O progresso trazido pela roda de fiar consistiu na introdução de um mecanismo que transferia aos pés parte do trabalho, dando assim maior liberdade às mãos. Desta maneira, duplicou.se a capacidade produtora das fiandeiras. O aumento contínuo da fabricação do pano de linho foi conseqüência da invenção da roda de fiar.

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Durante quatro séculos, até a introdução da máquina de fiar (Hargreaves1764, Arkwright-1769) as rodas de fiar continuaram em uso por tôda parte.

DO TEAR À MÁQUINA DE TECERNo Ocidente a fiação e a tecelagem constituíam preocupações primordiais das mulheres. Linho tecido por elas próprias enchia cofres e caixas, e representava o orgulho da dona de casa. Todos os panos eram tecidos de linho, ou cânhamo, de plantação própria. O fio era tecido no tear, transformando-se em fazenda (gravura). Na Idade Média surgiu, ao lado da tecelagem caseira, urna indústria importante de tecelagem. Teve grande significação para o desenvolvimento dessa indústria o invento do “atirador”, pelo inglês John Kay, no ano de 1733. A lançadeira, usualmente guiida pela mão, era agora movida muito mais ràpidamente por meios mecânicos. Os tecelões, entretanto, temeram que, por êsse invento, lhes fôsse roubado o ganha-pão e tentaram matar o inventor. Foi, no entanto, graças à introdução do “atirador” que foi dado o primeiro passo no sentido da tecelagem mecânica. O primeiro tear mecânico, que pôde ser usado, foi construído em 1784 pelo eclesiástico inglês Cartwright, iniciador da moderna tecelagem.

CO{O SE COLORiAM OS FIOS E OS PANOSLogo depois de os homens iniciarem a arte da tecelagem, começou a desenvolver-se também a da tinturaria. Foram, provàvelmente, as roupagens coloridas, que a natureza forneceu a tantas de suas criações, que induziram à imitação. Na maioria dos casos, as matérias-primas dos tecidos eram coloridas com sucos vegetais, como, por exemplo, o da giesta, o da granza, o do pau-brasil e o da casca de nogueira. A côr purpúrea já era obtida, na Antiguidade, da secreção produzida pelo caramujo da púrpura. No século XVI chegou à Europa, proveniente da Índia, o azul obtido do índigo. Da América foi a cochonilha, inseto que fornecia o tom avermelhado, denominado carmim. Diversas madeiras de tinturaria atravessaram também o oceano. Os tintureiros florentinos foram particularmente hábeis na arte de colorir. A invenção da primeira anilina de alcatrão, pelo químico inglês William Perkin, em 1856, representou grande progresso. Atualmente, as anilinas dominam de maneira quase completa a produçãode corantes.

A HABILIDADE DOS CARPINTEIROSOs ofícios estavam, na Idade Média, estreitamente ligados à arte. Fizeram-se edificações de madeira de belos estilos, que ainda hoje existem parcialmente. Arrojadas pontes cobertas transpunham os rios, por vêzes bastante largos. Belos e antigos celeiros de vários países da Europa dão boa prova da carpiutaria antiga. Graciosas casas de madeira com agradves caramanhoes, com pruàentes ‘rnscr’ições e maravilhosas esculturas nas tábuas e nas vigas, patenteiam também essa preocupação do belo. Além da construção de casas e da produção de móveis simples, os carpinteiros sabiam construir também artísticos moinhos e navios. Experiência e capacidade artística em alto grau eram próprias dos carpinteiros da 1itai1e Mêclia. Muitas vêzes eram êles cbamados de longe para a constrüção de grandes edifícios.

MARAVILHOSAS OBRAS DE ARTE ESCULPIDAS EM MADEIRAJá em tempos muito remotos, artistas chineses, hindus e persas esculpiam maravilhas na madeira. Outros povos cultos antigos eram, também, mestres. nesta arte. Exemplo disso é a fiel, expressiva e conhecida escultura egípcia “O Alcaide da Aldeia”. Na Idade Média, a -escultura em madeira teve grande desenvolvimento. As igrejas eram

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adornadas com santos e madonas, com altares cobertos de imagens e com os assentos do côro ricamente trabalhados. Artistas alemães, como Riemenschneider, Veit Stoss, Syrlin e Pacher criaram verdadeiras obras-primas. Também na Flandres e nos países latinos (França, Itália, Espanha) grandes entalhadores produziram suas obras. Além disso, entre os séculos XV e XVI, teve início uma grande atividade na produção de móveis belíssimos, como arcas, armários e mesas. Também os painéis artísticos dos tetos e das paredes demonstram-nos o alto conhecimento artístico daqueles tempos.

A ESCULTURA ATRAVÉS DOS TEMPOSA escultura, que foi cultivada por todos os povos cultos, desenvolvia-se, em geral, intimamente ligada à arquitetura. A ornamentação por meio de estátuas dava às casas encantador aspecto. A esfinge e as estátuas de reis, deuses e animais, cujo tamanho, muitas vêzes, é bem maior do que o dos originais, e que se localizavam junto aos templos e palácios, demonstram-nos a grande habilidade dos antigos egípcios. Despertam a nossa admiração pela concepção artística de acontecimentos espirituais e pela reprodução do homem e dos animais, tanto em repouso como em movimento. Na Idade Média, por volta do século XII, teve início uma intensa atividade artística. Mestres pedreiros produziram, com o trabalho de decênios, estátuas das mais belas para as catedrais romanas e góticas (gravura). Entre os séculos XV e XVI (Renascença), os escultores começaram a trabalhar independentemente da arquitetura (Donatelio, Michelangelo). No Brasil, o escultor mais notável foi Antônio Francisco Lisboa, vulgo Aleijadinho, nascido em Ouro Prêto (1730).

O ESTILO GÓTICO NA ARQUITETURAO estilo arquitetônico góticó é uma das mais admiráveis e valiosas manifestações do trabalho artístico. Desde os tempos dos antigos gregos que nada se fazia tão sublime. No Norte da França encontrou o estilo gótico, nos templos, sua mais poderosa forma de expressão. Originou-se do estilo romano. Em meados do século XIII já o novo estilo se havia espalhado pela maior parte da Europa e, até 1350, alcançava o seu apogeu. Os altos interiores das ricas catedrais eram adornados com estátuas. Tudo tende para cima por meio de um sistema genial de pilares, ogivas, sustentáculos e tôrres. Através de janelas altas e multicores, fluía ricamente a luz para o interior. As igrejas góticas são imagens suntuosas, que orientam para Deus os pensamentos e sentimentos daquela época. Entre as mais importantes estão as catedrais de Chartres e Reims, o mosteiro e a Sé de Estrasburgo, as igrejas de Ulm, Berna e Viena.

APERFEIÇOAMENTO DOS ABASTECIMENTOS DE ÁGUAJá na Antiguidade dava-se a devida importância a um serviço de abastecimento de água, que a fornecesse de boa qualidade e em quantidade suficiente. Instalaram-se importantes depósitos de onde o precioso líquido era enviado para as grandes cidades, localizadas, muitas vêzes, a regular distância. Em Mohenjo Daro, antiga capital da Índia, 6 000 anos atrás, as casas possuíam um grande banheiro. As antigas cidades romanas podiam também orgulhar-se de possuir um bom serviço de abastecimento de água e luxuosos banheiros. A Idade Média contentou-se com menos: a água chegava ao poço da cidade, ou da aldeia, através de canais abertos, ou de canos de madeira. Sômente na segunda metade do século XIX é que, com o uso dos canos metálicos, obteve-se grande progresso: a água, colocada num reservatório situado em lugar alto, pôde ser enviada sob pressão aos andares superiores. Cada indivíduo consome diàriamente de 60 a 200 litros de água. As fábricas exigem muito mais, porque, por exemplo, para a produção de um quilo de papel, necessita-se de 1 500 a 3 000 litros de água.

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A PRIMEIRA FABRICAÇÃO DE PAPELAntes da invenção do papel, as peles, os pergaminhos, as placas de cêra, madeira e metal serviam como material para a escrita. Os egípcios escreviam no papiro, e disto provém ó nome de papel. O nosso atual papel de fibras é originàriamente uma invenção chinesa (105 d. C.). A arte da fabricação do papel, depois que se tornou conhecida no Japão, Arábia e Pérsia, alcançou, no século XII, também a Europa. A mais antiga fábrica de papel ainda existente é a de Fabriano, na Itália (1340). Do mesmo modo que entre os chineses, o papel foi feito a princípio de fibras trançadas de linho. A partir de 1760 o algodão também foi empregado. Para o papel de carta, as fibras moídas do tecido são diluídas na água até que se tornem como um líquido leitoso. Se se tira êsse líquido do recipiente com uma peneira, nela fica retida uma tênue camada de fibras. Por meio da compressão e da secagem preparavamse as fôlhas de papel. No Brasil, a primeira fábrica de papel foi fundada em 1843, em Conceição (Bahia).

O APOGEU DO BORDADO MANUALA arte de bordar, entregue hoje quase exclusivamente às mulheres, é muito antiga. Foi transmitida pelos egípcios e babilônios ao Ocidente cristão, através dos gregos e romanos. Na Idade Média, o artista bordador (gravura), pertencia às mais destacadas classes sociais. Primitivamente, os bordados artísticos eram usados apenas - para vestimentas de gala, e tapêtes de residências nobres ou das igrejas. Foi sõmente no século XV, com a moda das roupas muito enfeitadas, que os bordados tiveram maior aplicação. Empregavam-se fios de ouro e prata e telas de metal, sêda ou lã, em bordados feitos a mão, e com auxílio de bastidores, ou não. O bordado progrediu muito com a invenção da máquina de bordar de Josua Heilmann, de Mühlhausen (1828).

OS PRIMEIROS RELÓGIOS DE RODASOs relógios de rodas e com pêndulo tomaram, desde os princípios do século XIV, o lugar dos antigos medidores de tempo: relógios de sol, de areia, ou de água. A fôrça motriz dos relógios 1e roda era dada por pesos. Tais relógios empregaram-se na Inglaterra e na Itália em tôrres e igrejas. Um dos mais completos dêsses antigos relógios foi colocado, em 1370, na tôrre do castelo de Paris. Nos séculos XV e XVI, fabricaram-se valiosos relógios artísticos, munidos de complicados mecanismos. Ainda hoje são dignos de ser vistos. Cenas bíblicas, representações alegóricas das estações do ano e de estrêlas, carrilhões, etc., eram apresentadas por êsses relógios. Já em fins do século XV, existiam pequenos relógios de mesa com mecanismo de rodas. Uma caixa de bronze, artisticamente ornada, encerrava geralmente o mecanismo, inteiramente de ferro.

ANIMAIS DE CARGA TRANSPORTAM MERCADORIASNa Idade Média, bêstas de carga transpunham ininterruptamente os passos e estreitos alpinos (Grande São Bernardo, Simplon, Splügen e Julier). Intenso comércio foi estabelecido entre o Norte e o Sul da Europa. As cidades italianas forneciam mercadorias do Oriente ao Norte, e vice-versa. Numerosos animais de carga, a serviço de grandes comerciantes (Fugger, Welser, Medici), transpunham, pesadamente carregados, os passos alpinos. Foi com sucesso que o poderoso comerciante de Briges, Kaspar von Stockalper, procurou incrementar o trânsito comercial pelo Wallis. Estava êle em contato comer- dai com Milão, com a Flandres, com a França setentrional e com a Alemanha, e tinha relações com todos os príncipes do Ocidente. Tropas de animais de carga atravessavam os passos, em grande número, em direção à Alta Itália, onde a orgulhosa Veneza formava a ponte para o Oriente. Por outras regiões, dava-se o mesmo.

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No comércio dos primeiros tempos da América, o meio normal de transporte eram também as tropas de animais.

OS CARTEIROSA organização do serviço de correios tal como atualmente existe, era desconhecida na Idade Média. Não era o Estado, como em alguns povos cultos da Antiguidade e dos tempos modernos, mas as cidades, os bispados e os conventos que mantinham carteiros. As comunicações das autoridades efetuavam-se de cidade para cidade através de mensageiros oficiais. Ainda nos séculos XIV e XV apenas as autoridades públicas possuíam seus próprios carteiros. As cartas particulares eram confiadas a monges, peregrinos e caixeiros-viajantes, tanto para a entrega como para a execução de encargos. Também os comerciantes de gado, viajando pelo mundo para comprar gado, cuidavam do transporte de cartas particulares (Correio de Açougueiro). A organização de mensageiros das cidades teve papel de destaque na vida comercial da Idade Média Essa instituição de mensageiros, subvencionada pelas municipalidades, era utilizada também pelos príncipes, comerciantes e industriais. Com o desenvolvimento do comércio surgiram pouco a pouco, por tôda parte, carteiros particulares que tinham por ofício o transporte de encomendas postais.

A NAVEGAÇÃO FLUVIAL, VALIOSO RECURSO DO COMÉRCIONa Idade Média, o transporte de mercadorias no interior dos países realizava-se, sempre que possível, pelos rios, porque as estradas estavam, em geral, em péssimas condições de conservação. Por êsse motivo as principais feiras, como Francfurt, Paris, etc., encontravam-se à margem dos rios. Em grandes batéis de mais de 20 metros de comprimento e que possuíam capacidade de cêrca de 500 quilos de carga, os produtos comerciais, rio abaixo, chegavam mais depressa e com maior comodidade aos mercados. Quando a corrente era muito forte para os barcos tornarem, rio acima, ao ponto de partida, vendiam-nos, no próprio local, como madeira para construção ou lenha. Para a viagem de volta, com a bôlsa cheia de dinheiro, os mercadores serviam-se de cavalos. No Reno, navegavam mesmo barcas com capacidade para mil quilos. Quanto era importante e difuixdiia a na’re,aço u’wa, ?o’Jam-no as muitas “Sociedades de Marinheiros”. Grande significação tinha também a “descida” dos troncos de madeira, os quais, em número enorme, flutuavam pelo Reno abaixo a fim de, mais tarde, ornar, em forma de grandes mastros, os veleiros holandeses (*)

FEIRAS DE MERCADORIAS, ENTREPOSTOS COMERCIAISAtravés da organizaço. de feiras de mercadorias é que, na Idade- Média, se iniciaram e progrediram as relações comerciais entre os diversos povos. As feiras, ao contrário dos mercados semanais, realizavam-se apenas duas vêzes por ano, mas duravam muitos dias. Mercadorias eram transportadas de longe, em carrêtas pesadas, que caminhavam com grande dificuldade, para as cidades das feiras. Rio abaixo, também se utilizavam. os barcos. Muitos artezãos viajavam para êsses locais a fim de vender pessoalmente os frutos de seu trabalho, e para comprar os artigos de que necessitassem. Nas grandes feiras comerciais de hoje apenas se exibem amostras dos produtos à venda, pelas quais os interessados fazem as encomendas. Mas as pequenas feiras do interior ainda representam verdadeiros entrepostos comerciais.

DO COMERCIO DE PERMUTAS AO PAGAMENTO COM MOEDASO comércio começou com a troca 4e mercadorias. O pagamento com metais nobres constituiu grande progresso. Para evitar quaisquer prejuízos em relação ao pêso e à

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qualidade do metal, fabricaram-se moedas que apresentavam, como garantia, o sêlo das autoridades públicas. Já nos séculos quinto e sexto antes de Cristo, os gregos possuíam moedas de bela aparência, cunhadas em ambas as faces. Eram, em sua maioria, moedas de prata ornadas com a cabeça de Palas Atenéia (deusa da sabedoria), com a coruja, ou com outros motivos artísticos. Também os romanos sabiam produzir belas moedas de cobre, de prata e de ouro. Para evitar que se limasse o ouro, perdendo então as moedas uma parte de seu valor, os cantos recebiam cunhagem especial. Também no tempo de Carlos Magno existiam moedas de prata em grande quantidade e de bela execução. Muitas vêzes cunharam-se no Ocidente, no século XII, belas moedas de prata fina. Até o século XVI, a gravação foi sempre feita a mão.

OS ALGARISMOS ARÁBICOS PRESTAM RELEVANTES SERVIÇOSQuem já tenha tentado fazer contas com números romanos, deve ficar muito satisfeito com os algarismos que atualmente usamos. O valor de cada um dêles muda sempre, segundo a sua posição. Veja-se, por exemplo, o algarismo 1, no número 1 111. Os antigos hindus eram grandes astrônomos e matemáticos. Ëles inventaram, no século V, êste sistema genial de numeração, completado posteriormente pelo 0, sem o qual o nosso método aritmético não seria possível. Quem se lembra, quando fazemos as contas por escrito, que estamos grafando símbolos hindus dos mais antigos? Os algarismos são as letras iniciais, um pouco transformadas, dos nomes dos antigos algarismos hindus. O modo de contar dos hindus transmitiu-se de povo para povo até chegar aos árabes. Êstes transmitiram-no aos europeus por volta do ano 1000 (gravura). O valor desconhecido, “0” (zero), era chamado sifr pelos árabes, e foi daí que se originou a palavra cifra, cujo sentido posterior- mente foi alterado. Fibonacci, de Pisa, publicou, em 1202, um livro de matemática destinado a difundir o uso dos algarismos arábicos.

A ARTE DA PINTURA EM VIDRONada melhor que grandes janelas coloridas para imprimir aõ interior das igrejas um ambiente elevado e solene. Em 880, o monge Ratpert dç St. Galien louvou as janelas ornadas a côres da igreja “Fraumünster” de Zurique. Esta é a primeira referência histórica à pintura em vidro, pràpriamente dita. Primitivamente, esta arte se executava apenas em alguns mosteiros. Na Renascença, encarregaram-se grandes pintores, como Dürer e Holbein, da feitura das janelas. Os artistas faziam um esbôço — a planta da janela — segundo a qual o trabalhador artístico, ou pintor de vidro, compunha a janela de partes coloridas, executando a seguir o desenho, em côr preta. Depois da cozedura, as diversas partes eram ligadas a chumbo. Do século XV ao século XVII, a pintura em vidro não se expandiu em lugar algum com a intensidade com que se desenvolveu na Suíça. Mestres suíços e de outros países criaram verdadeiras jóias de arte em vitrais, tanto para edifícios do govêrno como para residências particulares.

AQUECIMENTO DAS HABITAÇÕESDa lareira primitiva, ao redor da qual se reunia a família, proveio, sem dúvida, o fogão. Primeiramente, êle foi usado só para assar e cozer; depois de aperfeiçoado, passou a ser empregado para aquecimento das habitações. Isso permitiu a divisão da casa em quartos, habitáveis todos, mesmo no mais rigoroso inverno, pela possibilidade de aquecimento. Dos toscos fogões de tijolo, proveio a estufa de ladrilhos (séc. XIII), sempre ornada e colorida; mais tarde constituíram verdadeiras obras de arte em cerâmica. Contudo, o uso dos fogões ladrilhados se circunscrevia às casas dos nobres e das pessoas abastadas. Os mais belos dêsses fogões provieram, por muito tempo, de

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oficinas suíças. Ornados de adornos pitorescos, os fogões dessa procedência eram procurados e afamados em tôda a Europa.

OS ESTUDOS DA ZOOLOGIAÁrabes e monges cristãos preservaram as obras zoológicas da Antiguidade, tornando-as conhecidas na Idade Média. A excelente “História dos Animais” do filósofo grego Aristóteles foi traduzida e aí, então, se enquadraram os animais, como o fizeram os antigos, nas classes de animais aquáticos, terrestres e aéreos. Apesar dêsse progresso, no pensamento do povo continuavam a existir idéias confusas sôbre a vida do mundo animal. Não eram poucas as histórias de animais fabulosos (dragões, monstros marinhos, gansos gerados de árvores, etc.). O primeiro livro de zoologia, que se escreveu em lingua alemã, é de autoria de K. von Megenberg (séc. XIV). Contudo, simente no século XVI, outros estudiosos, como o suíço Gessner, iniciaram as investigações sôbre a matéria, pondo maior ordem nesse gênero de estudos. Destaca-se, na época, o seu “Livro Geral dos Animais”. Também se tornaram célebres as obras botânicas, que então se escreveram. Mais tarde, com o invento do microscópio, não só o estudo descritivo dos animais, mas também o estudo da anatomia e da fisiologia tomou grande impulso.

AS FLORESTAS. CUIDADAS FERTILIZAM OS CAMPOSNo século XIV, dado o aumento da população, em certas regiões da Europa, fêz-se notar a falta de madeira. Em conseqüência, os governos expediram decretos determinando a replantação dos territórios devastados. A silvicultura, que é ciência recente, provou no século XIX que a cultura exaustiva, as derrubadas e a falta de reflorestamento não só diminuem a reserva de madeiras, mas também determinam, pelas conseqüentes modificações climáticas, a desolação completa de extensas glebas de terra. Pelo fato de reter as chuvas e o orvalho, a floresta impede a formação de torrentes destruidoras, e evita as inundações, às quais, como ensina a experiência, seguem-se sêcas contínuas e, depois, areais desérticos. A floresta regula a alimentação das fontes, evita a erosão e protege o homem contra as tempestades; suaviza os extremos da temperatura e melhora o clima. Já se obtiveram grandes progressos, recentemente, graças a leis severas de proteção às niatas, e à obrigação do plantio de novas árvores que substituam as abatidas.

MÁQUINAS DE TECER MEIASPensa-se que um tecelão ou tecelã, hábil e inteligente, tenha imaginado entrelaçar os fios de lã de tal maneira que, pronto o trabalho, pudesse envolver o corpo de forma elástica e sem deixar rugas. E isso era de grande utilidade, principalmente para a cobertura dos pés. É certo que se faziam, desde muito tempo, meias de couro ou de lã. Mas elas eram rígidas. Como os pés são muito sensíveis à pressão, logo se percebe a importância que teve a inovação. Data de 1539 a primeira referência a meias tecidas; Henrique VIII, da Inglaterra, vestia, nessa época, meias tecidas de sêda, provàvelmente de procedência espanhola. As meias sem costuras se fizeram pela primeira vez, de maneira comprovada, na Suíça; em lugar de duas, como até então, passaram a ser usadas cinco agulhas. A primeira máquina para tecer meias foi construída em 1589, pelo professor inglês de teologia, William Lee. E já funcionava tão bem que poderia ser usada, perfeitamente, ainda em nossos dias. Tem-se notícia de uma máquina de tecer construída em 1685, que, de três em três horas, poderia produzir cêrca de mil pares de meias.

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A ENFERMAGEM A SERVIÇO DA HUMANIDADEJá nos tempos mais remotos existiam pessoas cuja vocação era amenizar as necessidades dos fracos e doentes. Sabemos que os egípcios e os romanos possuíam um serviço público de enfermagem. Da Idade Média até o século XIX, porém, a enfermagem foi entregue quase exclusivamente à atividade particular de misericórdia. Muitos hospitais eram fundados por benfeitores nobres e dirigidos e administrados por irmãs pobres, ou por uma irmandade chefiada por um prior. Para os homens dos tempos antigos, os remédios não eram tão fáceis como na medicma moilerna. 1Or isso é dX Xe ep1icat-se que o tratamento medieval da peste, que nos séculos XIV, XV e XVI assolou as populações do Ocidente, fôsse impotente para contê-la. Apesar disso, médicos conscienciosos, padres e mulheres de grande piedade procuraram auxiliar os doentes.

O PREPARO DA LÃ EM OUTROS TEMPOSComo ainda hoje acontece, já há milhares de anos, a lã era utilizada não só contra o frio, como também contra o calor excessivo. Por sua natureza, a lã presta-se a manter a uniformidade do calor do corpo, qualidade que não é encontrada em produtos vegetais. Por isso, de há muito se empregava, para os vestuários, a lã de cabra, de camelo e de ovelha. Note-se que a ovelha, desde os tempos da Pedra Polida, era criada como animal doméstico; de seu leite obtinha-se o queijo e, da pele, faziam-se abrigos contra o inverno. Contudo, o preparo da lã só se efetivou nos fins da Idade do Bronze; daí por diante, a lã exerceu papel importante na indumentária do homem. Da lã comprida e sedosa se originaram as peles, os cobertores e os pequenos tapêtes. Deve-se à Austrália a maior produção de lã; seus cento e quinze milhões de ovelhas fornecem, anualmente, quatrocentas e trinta mil tõneladas de lã, ou seja, um têrço da produção mundial. A produção de lã, no Brasil, tem crescido nos últimos tempos.

PREPARAÇÃO DA MANTEIGA E DO QUEIJOHá muitos séculos que o homem domesticou o gado bovino. Contudo, nem todos os povos pensaram logo no aproveitamento do leite. Os agricultores do Leste da Ásia davam muito valor aos serviços de tração que o gado lhes prestava, mas não se utilizavam do leite; para os põvos do Ocidente, entretanto, a obtenção do leite e o seu aproveitamento constituíram sempre ramo importante da indústria pecuária. Preferiu-se, primeiramente, o leite de ovelha e de cabra. Em Roma já se conheciam variadas espécies de queijos. Com os citas, que habitavam vastos territórios à margem do Mar Negro, aprenderam os romanos o preparo da manteiga. Os árabes já conheciam o seu fabrico e lhe davam grande valor. Os povos germânicos conheciam, desde cedo, o preparo do queijo e da manteiga, ao que tudo faz presumir; no entanto, as primeiras informações a respeito da sua obtenção datam da época de Carlos Magno (742-814). No Brasil, a indústria de lacticínios é hoje um importante ramo de produção.

SOPRADOR DE VIDRO, VELHO OFÍCIOO ofício de soprar vidro é antiqüíssimo.. Mestres na arte foram os egípcios, os fenícios, os gregos e os romanos. Com a Invasão dos Bárbaros, e conseqüente migração dos povos, a arte vidreira decaiu. No século V, porém, houve o seu reflorescimento, principalmente no país dos francos. A gravura acima representa sopradores de vidro, na Idade Média. Com o instrumento chamado “cachimbo de vidreiro”, um dêsses sopradores está retirando do recipiente que se encontra no forno uma pequena quantidade de vidro em estado de fusão; dois outros estão dando ao vidro a forma

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desejada, o que fazem pelo sôpro e pela ação de girar a peça que está em preparo. Assim se produziram garrafas, copos e canecas para uso doméstico, e peças maiores, como retortas de alquimistas. Foram célebres os copos da Boêmia e de Veneza dos séculos XVI e XVII. Ainda hoje, alguns dêles constituem preciosidades. Os conventos também possuíam vidrarias, onde se preparavam vidros coloridos para vitrais das igrejas e de residências nobres. Enfim, no século XVII, iniciou-se a produção manufatureira do vidro. Várias fábricas de vidro existem no Brasil, e unia delas para vidro plano.

ALQUIMISTAS, OS PIONEIROS DA QUÍMICAEm todos os tempos existIram pesquisadores de ouro, pois êsse metal confere ao seu possuidor riqueza e poder. Ao lado de todos os que escavaram na areia dos rios ou sob a terra, à cata do rei dos metais, existiu, durante muitos séculos, outra multidão de ativos pesquisadores. Éstes queriam fabricar o ouro em aposentos fechados, cercados de estranhas vasilhas, cadinhos, tenazes, retortas e escritos amarelecidos. Muitos homens instruídos de todos os países tornaram-se alquimistas e aprofundaram.se na busca da “pedra filosofal”, com a qual acreditavam que poderiam preparar o ouro. No final do século XV, a alquimia, ou “arte negra”, caiu em descrédito por causa da falsificação de moedas. Tanto os alquimistas da Antiguidade como os da Idade Média fizeram muitas descobertas de grande valor. Nos esforços que êsses alquimistas empregaram para fabricar ouro, descobriram, por exemplo, a porcelana e o fósforo.

O PRIMEIRO APROVEITAMENTO DO CARVÃOFoi idéia de grande alcance a de usar como combustível o carvão mineral, ou hulha, conhecida, aliás, desde 1113. Os restos animais e vegetais do período antediluviano, por influências físicas e químicas, produziram no correr dos tempos a linhita, e, em depósitos mais antigos, o carvão de pedra. À têcnca a exraÇao & t ‘ea m1itoveu com a obra de Agrícola sôbre as minas (1556). Com a introdução da máquina a vapor, aumentou a necessidade de bom combustível. A máquina a vapor data de 1769. O carvão de pedra, como distribuidor de calor e como produtor de energia motriz e de iluminação, é atualmente substituído, em grande parte, pela eletricidade, obtida da fôrç4 das quedas d’água. É essa a razão pela qual a energia hidráulica é chamada de “hulha branca”. A química moderna destila o carvão, obtendo numerosos subprodutos dos mais valiosos,o gás de iluminação, o alcatrão, as anilinas, o benzol, a sacarina, o amoníaco e o breu.

PEIXES EM SALMOURA, COMO ALIMENTO POPULARPor suas qualidades nutritivas e preço módico, os peixes do mar têm, cada vez mais, aceitação em nossas mesas. Em muitos países os peixes de água salgada, e de maneira especial os arenques, tornaram-se alimento popular, constituindo mes mo, em muitos lugares, o alimento principal da populaçãG mais pobre. Já na Antiguidade se sabia que o salgamento conservava a carne e o peixe. O pescador flamengo Willeni Beukelsz melhorou o processo de maneira radical, por volta de 1400. Antigamente só se aproveitavam da pesca os habi- tantes do litoral; hoje, porém, países inteiros usam o pescado,. graças à conservação mais aperfeiçoada e a condições especiais de transporte, em carros refrigerados. Ao lado da pescada, do bacalhau e do lúcio, têm grande aceitação o arenque (fresco, defumado ou salgado) e a sardinha. Grandes fábricas de peixe em conserva já existem no Brasil.

ORIGEM DAS CASAS DE CÂMBIO E DOS BANCOS

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Do X ao XVI século, desenvolveram-se, na Europa, importantes indústrias e, em conseqüência, ativo comércio entre seus povos. Apareceu, assim, a necessidade de enviar dinheiro sem os perigos de transporte inseguro. Surgiram, assim, em várias cidades da Europa, os cambiadores, homens que trocavam o dinheiro estrangeiro pelo dinheiro do país, e que se prontificavam a enviar a outros lugares determinadas quantias em dinheiro, quando pagos pelo que chamavam de “carta de câmbio”. Emprestavam ainda dinheiro sob penhor. Èsses negócios, que tinham estado quase sempre em mãos dos judeus, passaram, inteiramente, às mãos dos lombardos (italianos do Norte) do século XIII ao século XV. Muitas expressões da vida bancária, como banca (mesa), conto (conta), giro (movimento do dinheiro), provêm daquele tempo. Os juros onzenários (40 a 80 %) tornaram os cambistas lombardos odiados pelo povo. Comerciantes de várias cidades fundaram, então, casas de câmbio e bancos particulares. Contudo, passaram-se séculos para que se atingisse o desenvolvimento atual da vida bancária.

O REFLORESCIMENTO DO COMÉRCIO As Cruzadas auxiliaram o restabelecimento das relações comerciais, que tinham existido antes das Invasões dos Bárbaros, entre a Europa e o Oriente. No século XII, os maiores comerciantes eram os venezianos e genoveses. De Veneza, Gênova, Pisa e outras cidades partiam para o Norte importantes rotas comerciais. Numerosas firmas e organizações de mercadores surgiram no apogeu do comércio italiano (séculos XIII a XV). No mar Báltico e no mar do Norte, o comércio era dominado pela Liga Hanseática, que reunia, sob a direção de Lübeck, as cidades comerciais da Baixa Alemanha. Através das viagens de descobrimentos dos fins do século XV e princípios do XVI, começou uma revolução no comércio mundial. As repúblicas italianas perderam sua liderança em favor dos portuguêses e dos espanhóis. A Liga Hanseática destroçou-se, e a Inglaterra e a Holanda tomaram o seu lugar. Mais tarde também a França veio juntar-se a elas.

AMBICIOSOS COMERCIANTESO reavivamento do comércio na Idade Média deve-se, em boa parte, a comerciantes ativos e ambiciosos. Não se contentavam êles em trazer mercadorias do Oriente à Europa; procuravam, também, mercados consumidores para as mercadorias aí produzidas, como por exemplo, as fazendas de lã e de sécia. Famílias célebres de negociantes, como os Medici de Florença, os Fugger e Welser de Augsburg, possuíam filiais em muitas partes. Nesse desenvolvimento do comércio, tornou- se necessária uma contabilidade exata. Os italianos se tornarani mestres na matéria. Em 1494, Lucas de Burgo mandou imprimir as primeiras indicações para a matemática comerciária. As grandes casas comerciais conseguiram riquezas vultosas, que lhe deram conceito e poder. Assim, o célebre comerciante de Bourges, Jacques Cuer, tornou-se ministro das finanças do rei Carlos VII, de França; e é certo também que, para as necessidades do Estado, emprestou ao reino alguns milhões de francos.

POLÉ E GUINDASTE, FÔRÇAS GIGANTESCAS ASERVIÇO DO• HOMEMNo ano 330 antes de Cristo, o filósofo grego Aristóteles já mencionava as polés como algo de muito conhecido; é, portanto, invenção muito antiga e de que não se conhece o autor. Na Idade Média, construíram-se polés sem rolos; usava- se também a alavanca, em sua forma primitiva, mas ainda assim muito prática. Só no século XIX melhorou-se a polé. Hoje em dia, é grande o seu emprêgo no levantamento de cargas pesadas, com

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pequeno esfôrço. O guindaste é, também, muito velho; os romanos conheciam os grandes guindastes de construção, movidos por homens ou por animais. A gravura acima representa um guindaste do século XV, utilizado no levantamento de barris. Para fins de construção, entrou em uso na Idade Média o guindaste móvel, de circuito completo. A forma dos guindastes tem sofrido a influência dos séculos. Seu princípio de funcionamento e de trabalho tem permanecido, no entanto, o mesmo: levanta-se o pêso por ação de um sarilho, e dá-se movimento circular por efeito de um braço que se movimenta. Há, porém, guindastes elétricos modernos, que podem girar, como uma só peça, sôbre um eixo central.

ORGANIZAÇÕES OPERARIASO progresso contínuo do comércio e da indústria, que permitiu o florescimento de muitas cidades a partir do século XII, fêz surgir, nas ruas, muitos aspectos novos. Grupos de operários, pertencentes a uma mesma família, uniram-se para oferecer, em determinados lugares, produtos variados. As barracas de venda formavam, muitas vêzes, ruas inteiras, onde era ativo o comércio varejista. Ofereciam-se, também, mercadorias ao lado das igrejas e nas feiras. Para a salvaguarda dos interêsses da classe, os operários se uniram em centros, dando origem, nos séculos XIII e XIV, a corporações operárias. Esforçavam-se estas por manter o bom nome dos operários, exigindo dêles trabalho cuidadoso. Para conseguir a qualidade de mestre, cada operário deveria aprésentar um trabalho que se considerasse “obra de mestre”. Hoje, ainda, algumas corporações de trabalho exigem de seus associados provas de capacidade para obtenção de um certificado ou “carta de ofício”.

DA GRAVURA EM MADEIRA À GRAVURA EM COBREO ofício dos gravadores em cobre, altamente considerado, desenvolve-se largamente a partir do século XV. Na época, ao lado da xilografia, ou gravura em madeira, só a gravura em cobre possibilitava a multiplicação de desenhos. Gravava-se o desenho em uma placa de cobre, sôbre a qual, depois, passava-se a tinta. Limpando-se a placa, a côr ficava retida apenas nos sulcos. Por meio de uma prensa manual, apertava-se a placa contra o papel a ser impresso: surgia daí a cópia. A primeira gravura em cobre data de 1441. Entre os gravadores célebres na especialidade, que trabalhavam com desenhos próprios, figuram Dürer, Rembrandt, Chodowiecki. Dürer, notadamente, aperfeiçoou a gravura em cobre, tanto sob o aspecto técnico como sob o aspecto artístico. Experimentou também a gravação a frio, as águas-fortes em placas de metal. Essas inovações da técnica da gravura em cobre, empregadas então pela primeira vez, são ainda hoje de uso corrente,

ARTE POPULAR REVELADA NO OFíCIOEm todos os povos há o sentimento e o amor pelo belo, e isso se comprova pela observação de velhas casas de famílias camponesas. Em certos instrumentos de uso doméstico, admiramos formas nobres, embora simples, e ornamentos perfeitamente proporcionados. Até ao século XVIII tinha-se especial preferência pela entalhação. Mais tarde, tudo era pintado:cama e berço, trenós, cômodas e caixas. Principalmente os armários, de grandes superfícies, prestavam-se para a fantasia do pintor. A peça de mobília preferida, em muitos países, foi a arca. Muitos belos trabalhos de simples marceneiros de aldeia adornam, hoje, os nossos museus. Ë admirável o espírito criador dos trabalhadores de então, que não imitavam tão-sõmente as formas tradicionais, mas criavam, com ativo

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espírito artístico, novas formas e motivos, O aparecimento das máquinas determinou certo desprêzo pelo trabalho manual, agora, felizmente, de novo apreciado como arte.

O ESTILO DA ARTE RENASCENTISTA E O TRABALHO ARTÍSTICOA literatura, a arquitetura, a pintura e os ofícios artísticos voltaram a florescer no período que decorreu do século XIII ao XVI, por isso mesmo chamado de época do Renascimento. Esta transição da Idade Média à Idade Moderna, que teve suas origens na Itália, èaracterizou..se pela riqueza crescente das cidades; o espírito artístico, que se desenvolveu nos séculos XV e XVI, foi genuinamente criador e da mais alta qualidade; influenciou tôdas as facêtas da vida diária e se pôs a serviço de refinado gôsto e de elevado nível de vida. Os burgueses afortunados edificavam as próprias casas, cuidando bastante da decoração interior. Os marceneiros e os entalhadores for.. neciam móveis de fina execução, de ornamentos e talhes maravilhosos. Os objetos metálicos apresentavam cinzelações trabalhadas por artistas consumados; as produções de cerâmica recebiam pinturas coloridas e ornameutos diversos; os livros eram ornados com encadernações das mais belas.

PROGRESSO NO ESTUDO DA BOTÂNICAA botânica, que se originou no Ocidente, apoiava-se a princípio em preciosos estudos do médico grego Dioscórides, que, por volta do século 1 d. C. descreveu quase 600 plantas medicinais dos países mediterrâneos. O médico e naturalista sueco Linneu (1707-1778) fêz, depois, uma descrição sistemática das plantas, que formou, mais tarde, a base da terminologia botânica. Linneu organizou um herbário com mais de 7 000 plantas. Com a invenção do microscópio, em 1590, tor-nou-se possível a investigação da estrutura interna das plantas, ou de sua anatomia. O naturalista alemão Alexander von Humboldt (1768-1859), é tido como o fundador da Geografia das plantas (estudo da distribuição e difusão das plantas(*). Martius (1794-1868), outro eminente naturalista alemão, liiiciou a FLORA BRASILIENSIS, a maior obra botânica de quantas têm sido publicadas por qualquer povo e em qualquer época e na qual colaboraram 65 naturalistas de diversas nacionalidades (**).

AS PRIMEIRAS. UNIVERSIDADESNão se conheciam, no início da Idade Média, instituições escolares no sentido atual da expressão. Existiam apenas escolas conventuais e seminários, especialmente destinados à formação de eclesiásticos. Só nos fins da Idade Média, dessas escolas surgiram as Universidades, órgãos que impulsionaram de maneira mais ampla a vida espiritual, e se tornaram, pouco a pouco, núcleos de pesquisas científicas. No século XII, as primeiras Universidades surgiram em Bolonha, Salerno e Pádua, na Itália, em Paris, na França, e no século XIII, em Oxford e Cambridge, na Inglaterra. Já possuíam diversas divisões: Teologia, Direito, Medicina, Filosofia. Instituições de utilidade pública forneciam manutenção gratuita aos estudantes pobres. Em uma Universidade podiam estudar milhares de estudantes. Muitas vêzes os estudantes viajavam em grupos por diversas terras, de uma para outra Universidade, a fim de completar a sua instrução. Thomas Platter, órfão de Wallis (morto em 1582, como reitor em Basiléia) contou de maneira viva sua sorte como estudante viajante (*).

OS ÓCULOS — MILAGRE DA ÓPTICAO inventor dos óculos não é conhecido. Deve-se admitir, no entanto, que a tentativa de melhorar e completar a capacidade visual com o emprêgo de lentes é verdadeiramente notável. Os óculos apareceram, pela primeira vez, na Itália, no século XIII. Nessa

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época, êles se fixavam no nariz, durante a leitura, por uma mola, mais ou menos como se dá com a luneta, ainda agora usada por muitas pessoas. Na cidade de Nuremberg, por centenas de anos, houve fabricação de óculos dessa espécie, que eram exportados para tôda parte. A êsse tempo, não se conhecia a correção óptica individual, mediante emprêgo de lentes perfeitamente adaptadas a cada deficiência visual, e que são agora preparadas, segundo critério científico. O conhecimento da Óptica aplicada só se desenvolveu, nos dois últimos séculos; hoje podemos corrigir totalmente as falhas da visão, o mais precioso dos sentidos humanos.

GRANDES ARTISTAS NA FABRICAÇÃO DE VIOLINOSNenhum instrumento de cordas foi tão querido quanto o violino. Proveio da viola, em meados do século XVI. A música exigia, então, meios mais vigorosos de expressão e foi por isso que surgiu o violino, cujo som é dos mais claros e nítidos. Na fabricação dos instrumentos sobressaíram mestres tiroleses, especialmente Kaspar Tieffenbrucker (1514-1571), que dizem ter feito os primeiros violinos. Outro artista nessa especialidade foi Gasparo da Saio (1524-1609) que fundou a célebre escola de Brescia, no Norte da Itália. Maior ainda foi a glória da escola de fabricação de violinos de Cremona. Seus representantes principais, Nicola Amati (1596-1684), Antônio Stradivari (1644-1737) e Giuseppe Guarneri (1687- 1742) criaram violinos de sonoridade inigualável. Por mais exatamente que se imite hoje a construção dêsses antigos instrumentos, não se consegue o mesmo som maravilhoso. Um “Stradivari” autêntico vale hoje uma grande fortuna.

DA ARTE DE COZINHAR“Bom cozinheiro é bom médico” diz um antigo provérbio. Já na Idade da Pedra inventaram nossos antepassados processos para cozinhar, assar e defumar. Cobriam muitas vézes a carne com barro, que endurecia no fogo, retendo no assado todos os sucos. Ëste processo, ainda hoje estimado pelos ciganos, dizem ter sido a razão da invenção das louças. Os antigos grego apreciavam comidas simples, mas bem preparadas. Em 450 a. C. já existiam numerosos livros para ensinar a cozinhar. Na Roma antiga, cozinhava-se com prodigalidade. Na Idade Média, dava-se maior importância à quantidade de comida que à sua qualidade. Procedendo da Itália, surgiu então na França uma arte culinária mais refinada. Gozava das maiores honrarias. O grande filósofo Montaigne (1533-escteveu um Yi’vto a tespeito. O tei Luis XIII tiihaorgulho dos confeitos por êle mesmo preparados. Muitas denossas melhores receitas provêm daquele tempo.

O SAL É INDISPENSÁVEL NA COZINHAEm todos os tempos, o sal teve na vida dos povos uma importância que nunca poderá ser devidamente considerada. Em virtude de não existir sal em todos os pontos da Terra, foi êle desde logo considerado como produto comercial. É obtido pela purificação de sal-gema (gravura, século XVI), de fontes salinas (Sole), e principalmente pela evaporação da água do mar. Quão gigantesco é o consumo do sal de cozinha na alimentação humana! Na criação dos animais e na indústria, está demonstrado pela atual produção mundial, ser seu consumo anual superior a 24 milhões de toneladas. Em muitos países o Estado mantém o contrôle sôbre o comércio do sal. No Brasil, o sal foi durante muito tempo importado, mas depois passou a ser produzido em grandes salinas, situadas nas costas do Estado do Rio Grande cio Norte e do Estado do Rio de Janeiro. Mossoró e Cabo Frio são grandes centros produtores.

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O AÇÚCAR SUBSTITUI O MEL COMO ADOÇANTEDesde os tempos mais antigos, hindus e chineses extraíam açúcar da cana, que só medrava nas regiões tropicais. Faziam- no por meio da compressão das hastes e do cozinhamento do caldo obtido. A cana-de-açúcar já havia deixado, anteriormente, sua pátria, a Cochinchina, e tinha-se espalhado pela Ásia Menor. Os médicos árabes usavam o açúcar como remédio, e foram árabes, também, os que o trouxeram pela primeira vez para Veneza, em 996. Depois do descobrimento da América, a cana-de-açúcar veio para a América Central, cujo clima quente e úmido era manifestamente favorável ao seu crescimento. Com o movimento das Cruzadas, o açúcar tornou-se conhecido em tôdas as partes da Europa. O açúcar de cana passou logo a ser valiosa mercadoria do comércio mundial, mas, ainda no século XVII, era tão caro que só os abonados podiam comprá-lo. Isso se modificou com a fabricação do açúcar de beterraba, a partir de 1801. A cana-de-açúcar, trazida para o Brasil, por Martim Afonso, foi a nossa primeira cultura organizada e a produção de açúcar e de álcool constitui, ainda hoje, uma de nossas grandes riquezas.

IDADE MODERNA

Surgem as cartas geográficas universaisColombo descobre um novo continenteDcobrimento dos caminhos para as índiasOs descobrimentos estabelecem o comércio marítimo internacionalEmigrantes criam novos e grandes paísesA batata, planta cultivada pelos índios peruanosO cacau, planta cultivada pelos índios mexicanosGutenberg inventa a imprensaA expansão da palavra escritaO comércio de livrosOs primeiros jornaisHigrômetro, medidor do grau da umidade atmosféricaO florescimento da pintura A arte da ourivesaria O “Ôvo de Nuremberg”, primeirorelógio de bôlso O emprêgo do vidro Aperfeiçoamento técnico da mineraçãoPrata, o metal difícil de produzir Todos são iguais perante a lei Os comerciantes holandeses do século XVIIDos princípios da poesiaMédicos e farmacêuticosDifusão do emprêgo das frações decimaisDa educação e do comportamento à mesaA biblioteca, instrumento de difusão da culturaO teatro

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O homem e os milagres do UniversoO telescópio e a visão das mais longínquas estrêlasBarômetro, aparelho para medir a pressão do arCronômetro, relógio de grande precisãoExperiências que provam a pressão atmosféricaA velocidade de transmissão da luz O correio moderno As primeiras caixas de coleta de correspondência e os primeiros selospostaisAuxílio na luta contra o fogoA primeira iluminação das ruasSêres infinitamente pequenos, mas de imensa significaçãoO pêndulo de relógio e o balanço O invento de fechaduras artísticas Como os surdos-mudos aprenderama falarA jangada de ontem e de hojePrecursores das modernas máquinasa vaporA primeira fabricação de porcelana na EuropaMestres da música de órgãoPiano forte — o instrumento sonoroUm grande século da músicaComo o café se tornou uma das plantas mais úteisO caucho dos índios, torna-se objeto de comércio mundialDescobre-se a eletricidade, fôrça preciosa da naturezaEmprêgo do efeito de ponta eletrificada: o pára-raiosAs plantas recebem nomes de validade universalOrigem das enciclopédiasInventam-se serras novas e mais possantesOs faróis, indicadores de caminhosmarítimosA importância de canais e eclusaspara o transporte de mercadoriasDa máquina de fiar, origina-se umagrande indústriaO vapor inaugura a época da máquinaO descobrimento e a exploração da AustráliaO progresso da indústria do ferro no século XVIIIO homem vence obstáculos, edificando pontesAs primeiras pontes de ferroAs primeiras viagens em balão .A lâmpada de segurança dos mineirosA canção popular, espelho da alma do povoA abolição do comércio de escravos As primeiras bicicletas, denominadas “máquinas de andar”O primefro navio a vapor atravessa o oceano

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O salvamento de vidas em naufrágiosPeixes do mar, alimento do povoA primeira estrada de ferroO trem de ferro na AméricaO conhecimento dos sêres vivos deépocas remotasAnálise espectralO desbravamento das montanhas ..Pestalozzi prega o verdadeiro amoraos homens pela educação

SURGEM AS CARTAS GEOGRÁFICAS UNIVERSAISO comércio e o transporte seriam muito dificultados sem cartas geográficas exatas. Os povos cultos da Antiguidade, como os babilônios, os egípcios e os gregos, já possuíam representações cartográficas dos territórios por êles conhecidos. Mas, durante a Idade Média, a geografia permaneceu por muito tempo sem maior progresso. Voltou-se mesmo à crença de que a Terra fôsse um disco, e não uma esfera. Entretanto, com as viagens dos Vikings por volta do ano 1000, e com as viagens comerciais para o Oriente (Marco Pólo, século XIII) ampliaram-se os horizontes. A introdução da bússola, no século XIII, permitiu medidas mais exatas para as cartas marítimas universais. Então, em 1492, começou a grande era das viagens de descobrimentos. Ousados navegantes, muitos dos quais portuguêses, circundaram as partes da Terra ainda desconhecidas e desvendaram-lhes os contornos. O esfôrço constante dos exploradores, que se lhes seguiram, forneceu conhecimentos cada vez mais exatos, inclusive de regiões centrais dos continentes. Lentamente, as manchas brancas dos mapas estão desaparecendo.

COLOMBO DESCOBRE UM NOVO CONTINENTEAtravés das viagens do veneziano Marco Pólo, de 1271 a 1295, haviam os povos europeus tido notícia da imensa extensão do continente asiático, e também do enorme território da China e da Índia, terra de maravilhas. O infante português Henrique, “o Navegador”, deu a idéia para as viagens de descobrimentos a países longínquos. As viagens empreendidas conduziam ao imenso desenvolvimento da navegação marítima cio século XV. Em 1486, Bartolomeu Dias alcançou o extremo sul da África. Doze anos mais tarde, Vasco da Gama chegou às Índias Orientais. Nesse meio tempo, o genovês Cristóvão Colombo, auxiliado pela coroa de Espanha, procurava chegar às Índias Orientais navegando em direção ao Ocidente. Assim deparou êle, em 1492, as ilhas americanas de Cuba e Haiti e, em viagens posteriores, a América do Sul e a América Central. Colombo estêve sempre na crença de encontrar-se na Índia. Ële não pressentia haver descoberto um novo e imenso continente.

DESCOBRIMENTO DOS CAMINHOS PARA AS ÍNDIASA inesperada descoberta do Novo Continente por Colombo foi de enorme importância para o Velho Mundo, para a ciência, para o comércio e para a indústria. O isolamento das idéias e do comércio medieval havia sido suplantado: outros ousados descobridores preparavam-se para novas viagens. Em 1498, Vasco da Gama alcançou a Índia, de riquezas lendárias, circunavegando a África; em 1500, Pedro Álvares Cabral, a caminho das Índias, descobria a “Terra da Santa Cruz”, que posteriormente viria a chamar-se

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Brasil; em 1519, Fernão de Magalhães levantou âncoras para a primeira circunavegação do globo. Descobriu um estreito a que se deu depois o seu nome, mas encontrou a morte nas Filipinas, em luta contra os nativos. Sua gente encontrou, em uma ilha de especiarias, portuguêses que ali haviam chegado em seu caminho para Leste (gravura). Um de seus navios chegou de volta, em 1522, e completou assim a primeira circunavegação do globo. Magalhães abriu caminho à navegação mundial com o sacrifício de sua vida através de uma emprêsa de coragem sem exemplo. Sua viagem marítima figura entre as mais importantes, e vale como o maior feito dos navegantes de todos os tempos.

OS DESCOBRIMENTOS ESTABELECEM O COMÉRCIO MARÍTIMO INTERNACIONALVasco da Gama havia encontrado o caminho marítimo para as Índias Orientais. Á partir de então seguiram-se uns aos outros os descobrimentos: Malaca (1511), o Sul da China com Cantão (1516), Nova Guiné (1526), Japão (1542). No ano de 1513, Balboa transpôs o istmo de Panamá e avistou, pela primeira vez, um mar enorme, até então desconhecido, o oceano Pacífico. Uma multidão de aventureiros procurava explorar as grandes descobertas, extrair o máximo possível de riquezas e levá-las para casa. Em nome de seus países tomavam posse de enormes territórios. Cortês conquistou a Nova Espanha (México), em 15 19.1521, e Pizarro, o Peru, em1532-34. Depois de muito disputarem, Portugal e Espanha chegaram a um acôrdo quanto à divisão do novo continente. Os inglêses, os holandeses e os franceses haviam também empreendido, no entanto, ousadas navegações e lutavam pelo predomínio. A “Invencível Armada” da Espanha foi batida, em 1588, pelos inglêses. O poderio de Portugal, por volta de 1600, passou para a Holanda e a Inglaterra.

EMIGRANTES CRIAM NOVOS E GRANDES PAÍSESNa tomada de posse e na colonização dos territórios recém- descobertos, os conquistadores agiam, muitas vêzes, com desnecessária dureza. Velhas nações de cultura foram aniquiladas sem a menor compaixão. Os novos dominadores procuravam tirar de sua propriedade o maior proveito possível. Foi necessário, para isso, um grande afluxo de colonos europeus. Vinham em multidões. A velha Europa estava excitada pelas lutas e guerras, intolerante política e religiosamente. Pouca oportunidade oferecia aos empobrecidos para conseguirem, pelo trabalho, melhor futuro. Aos oprimidos que deixavam seu país, grandes dificuldades se apresentavam. Existiam desertos para serem cultivados, florestas para serem desbastadas, lutas para serem sustentadas contra as fôrças da natureza os selvagens e os animais ferozes. O que os colonos realizaram com trabalho, perseverança, espírito empreendedor e coragem, pertence aos mais gloriosos feitos da criatura humana. Da união de esforços, do amor .à liberdade e do sentido do Direito, originaram-se os grandes países dêste lado do oceano, hoje tão admirados. E, entre êles, está o Brasil, construído pelo esfôrço dos primeiros colonizadores portuguêses, índios, africanos, e imigrantes de quase tôdas as partes da Europa, de que resultou a nossa gente de hoje.

A BATATA, PLANTA CULTIVADA PELOS ÍNDIOS PERUANOSA batata, que crescia nativa nas encostas da cordilheira dos Andes, tinha cheirosas flores, azuis e brancas; mas as raízes eram pequenas, aguadas e pouco saborosas. Os índios peruanos plantaram a batata nos campos e, durante milhares de anos, aperfeiçoaram a sua cultura. No ano de 1524, uma horda de aventureiros espanhóis, sob o comando de Pizarro, ávida de prêsa, invadiu o país e aniquilou o venerável reino dos

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Incas. Tivessem sido êsses conquistadores mais humanos para com os nativos e teriam, certamente, tido notícia da grande importância que a cultura da batata já havia alcançado; e, assim, algumas fomes terríveis teriam sido poupadas à Europa. Alguns séculos transcorreram, antes que os europeus descobrissem, por si mesmos, o grande valor da cultura da batata. Para a sua divulgação na Europa, colaboraram, de forma importante, os navegadores Francis Drake e Walter Raleigh, o químico Parmentier e o físico Volta.

O CACAU, PLANTA CULTIVADA PELOS ÍNDIOS MEXICANOSOs espanhóis conheceram em 1519, em suas viagens de descobrimentos, entre os mexicanos, bebidas espumosas de alta qualidade. Eram tôdas preparadas com os frutos do cacaueiro. Algumas eram aromatizadas com pimenta vermelha, outras adoçadas com mel e perfumadas com baunilha. Essa bebida chamava-se chocolate (“choco”, cacau; “lati”, água). Para conservação, os índios também já conheciam a torrefação e a moagem dos grãos e preparo de pães de cacau. Através dos conquistadores espanhóis, o cacau chegou, em 1520, à Espanha onde, em 1580, surgiu a primeira fábrica de chocolate. A preparação foi por longo tempo segrêdo do govêrno espanhol. No entanto, um italiano conseguiu, em 1606, conhecer o processo de fabricação e utilizá-lo em seu país natal. Pouco a pouco surgiram fábricas de chocolate também na França, na Holanda, na Suíça e em outros lugares. O Brasil é hoje um dos grandes produtores de cacau.

GUTENBERG INVENTA A IMPRENSAEm meados do século XV,. inaugurou-se na Europa nova era de progresso. Igualando-se aos eclesiásticos e nobres, queria o povo participar de todos os conhecimentos. Tudo impelia à multiplicação dos manuscritos. Foi então que surgiu Johann Gutenberg, fundidor e ourives de Mainz (Alemanha), com sua invenção genial da imprensa, feita em 1436. Gutenberg fundiu isolados tipos de chumbo, que depois reuniu na ordem adequada e colocou numa prensa de imprimir. As letras podiam ser novamente usadas mais tarde. A primeira obra impressa de Gutenberg ainda hoje é exemplar, e insuperada no tocante à execução técnica e à beleza do estilo. Êste processo possibilitou o desenvolvimento rápido da impressão de livros e jornais. Nenhum outro invento influenciou tanto o progresso do pensamento humano, nem promoveu de melhor forma a educação popular.

A EXPANSÃO DA PALAVRA ESCRITAAntes da invenção da imprensa, os livros escritos em pergaminho eram tão caros que apenas pessoas ricas podiam aprender a ler e a escrever. O grande feito de Gutenberg criou, do dia para a noite, novas e gigantescas possibilidades:tôdas as camadas populares podiam apossar-se do saber. Começava o período da educação moderna. Depois de 1400, o papèl substituiu o pergaminho, muito mais caro, possibilitando assim a expansão rápida da impressão dos livros. Em tôda parte, surgiram as fábricas de papel que produziam êsse material de escrita e impressão novo e barato. A venda de livros impressos crescia cada vez mais. Grandes artistas como Dürer, Holbein, o jovem, Hans Baldung, Lucas van Leiden, Aldegrever, Altdorfer, incentivaram a impressão de livros pela produção de gravuras em madeira. No Brasil, a primeira tipografia foi estabelecida pelo Príncipe Regente D. João (depois D. João VI), em 1808.

O COMÉRCIO DE LIVROS

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Já no século V a. C. existiam na Grécia, e mais tarde também em Roma e nos países orientais, produtores e mercadores de livros. Cada um ocupava grande número de escravos, que escreviam sob ditado de um leitor. A venda, mesmo para o exterior, era muito importante. Mas a decadência da arte e das ciências, que se seguiu, devia influir no comércio dos livros. No século IV d. C., os livros de pergaminhos, lisos e quadrados, tomaram o lugar dos rolos de papiro. Eram, em sua maioria, escritos nos conventos e custavam muito caro. Só depois da criação das Universidades, da descoberta da fabricação do papei, e tia arte da imprensa, é que o comércio regular de livros voltou a desenvolver-se. Os impressores visitavam as feiras de livros com êstes acondicionados em tonéis, como se vê na gravura. E aí faziam trocas entre si, e providenciavam para a fundação de livrarias no interior e no exterior. Originou-se daí, no correr do tempo, o atual comércio livreiro, tão importante para a vida espiritual de todos os povos.

OS PRIMEIROS JORNAISPrecursores dos jornais foram os primeiros editais diários que Júlio César introduziu na velha Roma, em 59 a. C. A honra de ter publicado os primeiros jornais dizem que cabe aos chineses. Pelo menos, parece certo o aparecimento regular do jornal “Tshin-Pao” (Jornal de Pequim), desde o ano 1161 d. C. Saía na forma de um pequeno caderno de 12 páginás. Durou até poucos anos atrás, e foi, através de séculos, impresso em sêda. Em nossa gravura, alguns burgueses admiram o primeiro jornal europeu. Apareceu em 1505, em Augsburg (Augusta) e trazia o título “Cópias das Novas Notícias”. Que campo magnífico para a utilização da imprensa, descoberta em 1436 por Gutenberg! Não obstante, um século se passou até que a futurosa novidade triunfasse e surgissem semanários de publicação regular. O “Jornal de Leipzig”, fundado em 1660, foi o primeiro jornal diário. No Brasil, há cêrca de mil jornais, dos quais mais de cem com edições diárias.

HIGRÔMETRO, MEDIDOR DO GRAU DA UMIDADE ATMOSFÉRICAPara previsão do tempo (por exemplo, das geadas) e para determinar o estado de umidade em quartos e fábricas, o higrômetro é de grande proveito. Existem vários tipos dêsses aparelhos.No ano de 1437, L. B. Alberti dependurou num braço debalança uma esponja sêca para pesar a umidade que porventura nela se acumulasse (ver a gravura).Em 1440, Nicolau Kues usou lã em vez de esponja. Desde 1676 conhece-se a casinha para indicar o tempo. Nela usa-se uma qualidade especial de corda de cânhamo ou de tripa, que, com o aumento ou diminuição da umidade do ar, se estica ou se encolhe, abrindo ou fechando a casinha.O primeiro medidor utilizável foi inventado em 1783 pelo cientista II. B. de Saussure, de Genebra. No seu higrômetro, um cabelo esticado distendia-se com o aumento da umidade do ar, movendo o ponteiro no mostrador.

O FLORESCIMENTO DA PINTURAAté os fins da Idade Média, os pintores e escultores criavam as suas obras especialmente para a arte sacra. A partir de 1500, pouco a pouco, teve início a representação de motivos profanos. Principalmente os retratos, que já eram muito estimados na Antiguidade, começaram a reviver. Os primeiros mestres nesta arte foram os holandeses Van Eyck e Van der Weyden, e os italianos Botticelli (1447-1510), Ghirlandajo (1449-1494). Elevadíssima posição atingiu a pintura através de Leonardo da Vinci, Rafael e Tiziano. Sabiam exprimir magistralmente a vida psicológica dos

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retratados. Também os pintores do Norte, como Dürer (1471-1528), Holbein, o jovem (1497-1543), e o francês Clouet (1510-1572) fizeram excelentes pinturas, bem caracterizadas e muito atraentes pela sua fide lidade. A pintura conquistou, por fim, importante posição na produção artística da Humanidade.

A ARTE DA OURIVESARIAO ouro, metal nobre e raro, preocupou desde cedo os desejos e as intenções dos homens. Lendas e fábulas orientais falam-nos de tesouros incomensuráveis, talheres de luxo e jóias dos príncipes orientais. Os túmulos reais egípcios continham maravilhosos trabalhos de ourivesaria, em jóias, vasilhas e estátuas. A Bíblia nos informa da riqueza em ouro do templo de Jerusalém. Na Europa, já nos inícios da Idade do Bronze, existiam jóias e instrumentos de ouro. Encontraram-se mesmo machados e machadinhas de ouro maciço. Excelentes ourives trabalharam na Grécia antiga, em Roma, na Escandinávia e nos países do Danúbio. A terrina de ouro, ricamente enfeitada, que se descobriu perto de Zurique, tem a idade de mais ou menos 2500 anos. Em Avenches foi encontrado o busto de ouro de um imperador romano. Os ourives da Idade Média também produziram milagres de arte, no estilo de seu tempo. Para isso, grandes artistas lhes forneciam os planos.

O “ÔVO DE NUREMBERG”, PRIMEIRO RELÓGIO DE BÔLSOPeter Henlein, inteligente artífice de Nuremberg, conseguiu, depois de trabalhos ininterruptos, fabricar, rio ano de 1509, o primeiro relógio de bôlso. Era de ferro, andava dutante 40 horas, possuía apenas um ponteiro e um maquinismo para badalar. Uma prova do espírito inventivo de Henlein foi o emprêgo do pêlo de porco no lugar da pequena mola em espiral, que é usada hoje. Os relógios de Henlein foram mais tarde artisticamente trabalhados também externamente. Ricos ornatos valorizavam as caixas de ouro e prata, sem vidro. Em virtude de sua forma e do local• de sua fabricação eram chamados “Ovos de Nuremberg”. A fim de que também fôsse possível saber as horas durante a noite, os algarismos eram em relêvo. Os relógios de bôlso de Peter Henlein constitufram enorme progresso. Nossos modernos relógios de precisão provieram do invento genial do artífice de Nuremberg.

O EMPRÊGO DO VIDROJá sabemos que os romanos usavam vidros em suas janelas. Por causa das invasões dos bárbaros, entretanto, perdeu-se esta arte por mais de mil anos. Em nossa gravura vemos um vidraceiro que liga pequenos pedaços de vidro por meio de barras de chumbo (1550). Embora estas janelas não fôssem transparentes, em virtude do vidro curvo empregado, representavam um grande melhoramento em relação às janelas providas de papel ou de pano embebido em óleo. Pouco a pouco, porém, a fabricação de vidro se desenvolveu. Do simples vidro de janela passou-se ao vidro artístico, cuja perfeição em forma e material nunca foi superada. Já no século XVI produziam-se vidros finos, inclusive para fins ópticos, espelhos e vidros coloridos. Hoje existe vidro flexível e vidro inquebrável.

APERFEIÇOAMENTO TÉCNICO DA MINERAÇÃODesde os mais remotos tempos, o homem procura extrair do seio da terra ricos tesouros de cobre, ferro, sal, prata e ouro; a partir do século XII, extrai também o carvão. Para chegar ao interior da terra, onde haja maiores depósitos minerais, têm sido abertas minas profundas, com grandes dificuldades. Os poços de mineração e as galerias horizontais devem ser assegurados contra o desmoronamento, havendo, ainda, o

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problema da ventilação. Grave perigo constituem o gás desprendido na mineração e a água, que tudo pode inundar. A gravura acima representa um sistema de bomba hidráulica do século XVI. Foi justamente nessa época que teve grande desenvolvimento a técnica da mineração, incentivada pelos primeiros livros da especialidade, devidos a G. Bauer, ou, segundo o nome latino, que adotou, Agrícola. Graças a inúmeros inventos, como a máquina a vapor, a lâmpada de segurança, a dinamite, as máquinas elétricas de perfuração, os carros de extração, pode hoje a mineração satisfazer plenamente às grandes e crescentes solicitações da vida moderna.

PRATA, O METAL DIFíCIL DE PRODUZIRA prata é um dos metais nobres que mais cedo foram conhecidos pelo homem. Entrou em uso, aliás, depois do cobre, ouro e zinco, pois raramente é encontrada pura no seio da terra. Graças a isso êsse metal branco possuía ffiaior valor que o ouro no tempo dos egípcios. Já no século VII a. C. a prata ganhou maior significação pela gravação de moedas.A expansão do poder e riqueza de Atenas baseou-se principalmente no produto das minas de prata da montanha de Laurion. Os ourives gregos mundialmente famosos enviaram a Roma preciosos vasos.A gravura nos mostra uma loja romana de prataria.Os fenícios e mais tarde os romanos exploraram as ricasminas de prata da Espanha.Depois da descoberta da América, devido às grandes minasde prata encontradas no México e no Peru, êsse metal perdeumuito do seu valor.

TODOS SÃO IGUAIS PERANTE A LEIO maior dos bens terrenos é a liberdade; livres, têm os cidadãos o dever de obedecer à justiça. Boas leis são a melhor garantia dos povos. Segundo a forma de govêrno, a tradição e os costumes, os povos tiveram conceitos jurídicos diversos. Os juízes foram, em geral, os príncipes ou seus representantes. Na Idade Média, diversas eram as leis que se destinavam aos nobres, aos burgueses e aos escravos; houve época, mesmo, em que as questões se decidiam pelo punho do mais forte. Na Idade Moderna, os cidadãos são protegidos e defendidos pela Constituição, lei fundamental que não só regula a organização do Estado, e sim assegura o respeito à autonomia do indivíduo. A mais antiga Constituição do mundo é a da Inglaterra, a célebre Magna Carta (1215) que, até hoje, lá continua em vigor, sendo seus artigos, entretanto, paulatinamente, postos à margem. O Brasil possuiu quatro Constituições. Desde a extinção da escravidão, todos no Brasil são iguais perante a lei. A nova Constituição, promulgada em 18 de setembro de 1946, assegura a todos, mesmo aos estrangeiros residentes no País, a inviolabilidade dos direitos concernentes à vida, à liberdade, à segurança individual e à propriedade. Não há fôro privilegiado nem juízes e tribunais de exceção.

OS COMERCIÁNTES HOLANDESES DOSÉCULO XV1IA circunavegação da África, no ano de 1497, por Vasco da Gama, foi um feito de íncornensurável importância. O tráfico comercial para os países orientais estendeu-se enormemente, porque o transporte de mercadórias pôde ser feito mais rápida e econômicamente pelo mar, em vez de o ser penosamente pelos caminhos continentais, com o attxílio de caravanas. Os comerciantes holandeses do século XVII foram ousados co-fundadores do comércio mundial. Em 1602 fundaram a Companhia das Índias

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Orientais. Em Java, Sumatra e Célebes, em Malaca, Ceilão e na África do Sul (Cidade do Cabo) surgiram colônias. Batávia era o centro de seu poder. Em 1637, a sociedade conseguiu o direito exclusivo de comércio (monopólio) com o Japão (Nagasaki). O comércio marítimo fêz tia flolanda dêsse tempo o país mais rico da Europa. Sua frota comercial contava, então, 35 mil navios. A.os incansáveis pioneiros do século XVII devem os Países Baixos seu atual poder econômico, sua abastança e suas florescentes colônias.

DOS PRINCÍPIOS DA POESIAEm todos os povos cultos, mereceu sempr a poesia a mais alta consideração. Grandes pensadores glorificavam, na mais bela das linguagens, os acontecimentos históricos. Pintavam cenas do mundo exterior e encantavam seus leitores com lendas cheias de fantasia, ou com profundos ensinamentos de filosofia. A literatura chinesa já se mostrava altamente desenvolvida há 4 000 anos. A coleção de poesias Rigveda, documento do saber hindu, compreende pro4uções que vão até dois mil anos antes de Cristo. Famosas ainda hoje são as epopéias (cantos de heróis), lUada e Odisséia, e os dramas dos grandes poetas Ésquilo, Sófocles e Eurfpedes. A antiga literatura persa e a arábica apresentam fonte inesgotável de encantadores contos, como As Mil e Uma Noites. Também os povos do Centro e do Norte da Europa tiveram antigamente valiosa literatura, que ficou conservada em diversas lendas como por exemplos os Eddas, os Cantos dos Nibelungen, e as lendas do Rei Artur. A gravura nos mostra o poeta italiano Petrarca (1304-1374), em sua mesa de trabalho.

MÉDICOS E FARMACÊUTICOSGrande número de receitas medicinais nos foram transmitidas por textos de caracteres cuneiformes, deixados por babilônios e assírios (2000 a. C.). Velhos povos de cultura oriental possuíam, também, e desde muito, preciosos métodos de cura. Os médicos, quase sempre sacerdotes, possuíam raras qualidades de saber, misturadas a superstições. Os gregos abriram novos horizontes ao estudo da medicina. As escolas médicas formavam excelentes médicos e cirurgiões. A “teoria dos humores”, de Hipócrates, o mais célebre dos médicos (séc. V a. C.) dominou até ao século XVI. Dessa época, datam as primeiras investigações anatômicas mais exatas do corpo humano, tendo sido decisivas as experiências de Vesal, Paracelsus e Paré. Em 1628, Harvey descobriu a circulação do sangue. Sucederam-se depois inúmeras descobertas. Com a amplitude e a complexidade da medicina, deixaram os médicos de preparar os medicamentos, cuidados, de então para diante, por farmacêuticos de formação de base científica.

DIFUSÃO DO EMPRÉGO DAS FRAÇÕES DECIMAISAs operações com frações ordinárias, como por exemplo 1/3, 3/4, 4/17, não ofereciam as facilidades que se desejavam. Para substituí-las, inventaram-se as frações decimais, que se tornaram tão conhecidas. Devemos a sua invenção aos indianos, por volta de 600 d. C. Só muito mais tarde, porém, é que os árabes as levaram à Europa. A primeira exposição clara e precisa da matéria foi feita, na Europa, pelo holandês Stevin, num livro que data de 1596. Em 1600, pela primeira vez, o grande matemático Jost Bürgi, de Lichtensteig (St. Gailen), empregou o ponto para limitação dos números decimais (0.25). Bürgi era relojoeiro da côrte e construía instrumentos astronômicos em Kassel e Praga. Nos anos de 1603 a 1611, antes, portanto, do escocês Napier (1614), inventou os logaritmos; solicitado embora pelo astrônomo alemão Kepler, só posteriormente, em 1620, publicou a sua invenção. As operações com frações eram tidas, ainda em 1600,

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como conhecimento reservado a sábios. Hoje, as fazem meninas e rapazes, por onde haja escolas de bom ensino.

DA EDUCAÇÃO E DO COMPORTAMENTO À MESANa época dos cavaleiros, nobres e trovadores, primava-se por excelente comportamento. Eram essenciais as boas maneiras à mesa, principalmente porque não se conheciam a colher e o garfo; usava-se, sõmente, um colherão comum e, em lugar de pratos, utilizavam-se tabuinhas redondas. Logo depois de impressa a Bíblia, consideraram-se dignos de impressão os ensinamentos de atitudes, ou as boas maneiras à mesa. A êsse respeito, recomendava-se, por exemplo: “À mesa, não se devem pôr as mãos nas terrinas ou assoar-se na toalha”. Hans Sachs (*) escreveu, em versos, os preceitos de conduta à mesa, editando-os num livro ornado de excelentes gravuras. Essas regras de comportamento eram postas num quadro, na sala de jantar. As crianças eram, então, obrigadas a decorá-las. Empregou-se a colher, pela primeira vez, em 1530, na Suíça. Luxo ridículo se considerava, ainda em fins do século XVI, o uso de garfos, guarcianapos e lenços.

A BIBLIOTECA, INSTRUMENTO DE DIFUSÃO DA CULTURAA biblioteca oferece-nos hoje a todos, ricos e pobres, oportunidade para os conhecimentos, não só para as ocupações habituais como para a cultura geral. Nem sempre, porém, foi assim. Na Idade Média, só os conventos possuíam bibliotecas, que se compunham de valiosos manuscritos, às mais das vêzes, escritos em latim. As bibliotecas universitárias se desenvolveram a partir do século XIV, salientando-se as de Salamanca, de Paris, Praga e Viena. A invenção da imprensa trouxe, no século XVI, extraordinário desenvolvimento à indústria dos livros. Criaram-se bibliotecas municipais e bibliotecas de principados, que foram formar depois as grandes coleções. O interêsse pela cultura geral, de horizontes cada vez mais amplos, fêz que fôssem criadas, a partir de 1850, bibliotecas populares, principalmente nos Estados Unidos e na Inglaterra. Há, hoje, bibliotecas imensas como a de Paris, com mais de 4 milhões de volumes, e a do Congresso, em Washington, com5 milhões. A Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, possui mais de um milhão de volumes e rica coleção de manuscritos.

O TEATROO teatro já desempenhava papel de grande importância na vida espiritual da Grécia antiga. As representações se faziam ao ar livre, em anfiteatros. Os romanos possuíam, também, imensos teatros ao ar livre, sendo gratuitas as representações. Muito tempo depois, no século XII, apareceram as representações eclesiásticas (peças de Mistérios e Paixões), apresentadas pelos clérigos nas igrejas. Aumentando, cada vez mais, o mundanismo de tais peças, passaram a ser representadas em estrados montados em praças públicas. Vagueando de cidade para cidade, levando em carros todo o material de representação, apareceram, depois de 1430, artistas profissionais. No século XVI, estabeleceram-se os primeiros teatros fechados, com cortinas e palco. Aliando.se aos poetas, compositores escreveram também obras para o teatro, e assim se criou à ópera. A gravura acima representa o palco usado, em 1599, pelo grande dramaturgo e ator Shakespearé.

O HOMEM E OS MILAGRES DO UNIVERSOAos homens da Antiguidade as estrêlas já pareciam algo de maravilhoso, que participava da divindade. Povos de cultura antiga, como os indianos, os babilônios, os

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egípcios e os gregos fizeram observações extraordinàriamente exatas, e que nos espantam, quando consideramos a precariedade de meios de que dispunham. Pitágoras reconheceu, já em 500 a.mais ou menos, a forma arredondada da Terra. Platão ensinava que o movimento do céu é apenas aparente, pois a Terra, girando em redor de seu eixo, é que nos daria semelhante impressão. Por ímpios, combateram-se, mais tarde, tais conhecimentos, lançando-os ao olvido. Sõmente a partir do século XIII, incitados provàvelmente pelos árabes, começaram os sábios do Ocidente a preocupar-se, de novo, com a astronomia. Copérnico é considerado o fundador da astronomia moderna; foi êsse sábio quem comprovou o movimento de rotação da Terra e o seu giro ao redor do Sol. Desenvolveram os seus ensinamentos Tycho Brahe, Kepler (*) e Galileu. Em 1471, Regiomentanus fundou em Nuremberg o primeiro observatório da Europa. O invento do telescópio, em 1608, muito concorreu para o notável desenvolvimento que a astronomia hoje apresenta.

O TELESCÓPIO E A VISÃO DAS MAIS LONGÍNQUAS ESTRÊLAS— “Papai! Papai! O galo está descendo da tôrre da igreja!” exclamou o filho do oculista holandês Lippershey, quando brincava à janela com duas lentes de vidro. O pai convenceu- se de que as lentes, colocadas em certa posição, pareciam trazer tudo mais perto. Fundado nesta observação, Lippershey montou, em 1608, o primeiro telescópio. Depressa se espalhou a notícia do invento do miraculoso instrumento. Galileu, físico e astrônomo italiano, assimilou o ensinamento e construiu, em 1610, um telescópio para observação do céu. Descobriu quatro luas do planêta Júpiter e as montanhas lunares. Numerosos astrônomos se dedicaram ao aperfeiçoamento do telescópio, como Kepler (1611), e Olaf Roerner (1700). Usou- se o nome “telescópio” pela primeira vez em 1618. Em 1671, o astrônomo Newton teve a iniciativa de montar um telescópio de espelhos, usando, em lugar de lentes de vidro, espelhos côncavos. Tornou-se célebre o telescópio de Herschel (1785); o diâmetro do espelho tinha 1,22 m.

BARÔMETRO, APÀRELHO PARA MEDIR A PRESSÃO DO ARO ar exerce forte pressão sôbre a terra. Ao nível do mar é de 1,033 kg por centímetro quadrado. Reconheceu êsse fato, pela primeira vez, o físico italiano Torriceili, no ano de 1643. E a descoberta veio permitir o desenvolvimento de muitos conhecimentos da física. Fatos até então inexplicáveis passaram a ser ensinados com plena segurança. Torricelli comprovou a sua hipótese usando uma coluna de mercúrio num recipiente de vidro, com vácuo; conforme previra o sábio, em face da pressão atmosférica, o mercúrio comportou-se da maneira esperada. Estava inventado o barômetro. Pascal, célebre sábio francês, bateu-se pelo estudo da nova teoria; recomendou que se fizessem observações sôbre a pressão do ar com a coluna de Torricelli no Puy de Dôme, a 1 465 m de altura; isso se deu no ano de 1648. Comprovaram as experiências que, quanto mais se sobe, menor é a pressão atmosférica. Conclui-se, portanto, que, com o auxílio do barômetro, é possível determinar-se a altitude, tomando-se por base o nível do mar. As mudanças barométricas, causadas pelas correntes do ar, são empregadas para a previsão do tempo.

CRONÔMETRO, RELÓGIO DE GRANDEPRECISÃOÉ de grande importância para a navegação um instrumento de exata medida do tempo, pois, por seu intermédio, consegue-se determinar, em alto mar, a latitude geográfica, conforme propôs Huygens em 1675.

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O relógio indica o tempo em determinado grau de longitude, contada em geral, a partir do meridiano de Greenwich,cidade da Inglaterra (meridiano zero).Comparando êsse tempo com o tempo determinado por um cálculo astronômico, o marinheiro conhece perfeitamente a longitude geográfica. O Parlamento inglês ofereceu três valiosos prêmios aos inventores de cronômetros exatos. Depois de 26 anos de experiências H. Harrison construiu o primeiro cronômetro idôneo. (Cronômetro é palavra que vem do grego e quer dizer medidor do tempo). Roy de Paris, em 1772, eJ. Arnold, em 1775, introduziram nesse aparelho substanciais melhoramentos. Hoje os cronômetros são usados, onde fôr necessário o cálculo exato do tempo.Na determinação geográfica do tempo em alto mar, usa-setambém e principalmente a telegrafia sem fio.

EXPERIÉNCIAS QUE PROVAM A PRESSÃO ATMOSFÉRICACoube ao burgomestre de Magdeburgo, Otto von Guéricke, a palma de haver demonstrado os poderosos efeitos da pressão atmosférica. Ajustadas duas semi-esferas, fêz o vácuo, com o emprêgo de uma bomba, adrede preparada. Apesar de se terem ajustado pesadas cargas para separar as semi-esferas, todos os esforços foram baldados; não se conseguia separar as peças; a pressão do ar externo era maior. Em 1654, Guericke realizou a célebre experiência de Regensburgo. Não se conseguiu a separação das semi-esferas nem com a fôrça de tração de dezesseis cavalos; no momento, contudo, em que se permitia a entrada de ar, as peças se separavam por si mesmas. Pelas bem sucedidas experiências de Torricelli e de Guericke, Outros grandes problemas se apresentaram à ciência. Mister se fazia que se investigassem os efeitos da pressão atmosférica, já que tem grande influência no organismo humano, sôbre o tempo e muitos instrumentos técnicos, como por exemplo, sôbre as bombas. A gravura acima representa uma das experiências de Guericke.

VELOCIDADE DE TRANSMISSÃO DA LUZA luz, como o som, precisa de certo tempo para sua transmissão. A sua velocidade é tão grande, que os sinais luminosos percorrem instantâneamente as distâncias terrestres. Foi por isso que quando o astrônomo dinamarquês Olaf Romer quis em 1676 averiguar a velocidade da transmissão da luz, precisou usar de “sinais luminosos celestes”. Observou êle numa das 14 luas que giram em volta do planêta Júpiter um escurecimento regular, quando essa lua passava pela sombra do citado planéta. Romer verificou que o escurecimento se repetiu mais tarde quando a Terra estava mais afastada de Jiípíter.Da comparação entre tempo e espaço, calculou, então, quea luz percorre em um segundo uma distância de 300.000quilômetros (conforme estudos modernos o número exato éde 299.776 quilômetros)Um raio de luz, portanto, percorre, em um segundo, umadistância igual a sete e. meia vêzes a da periferia da Terra.A

O CORREIO MODERNOAntigamente, e de modo especial em Roma, o correio era exclusivamente usado pelo Estado, para servir às atividades oficiais. Nem mesmo mãis tarde, na Idade Média, se conheceu um serviço de correios prôpriamente dito. No século XVI, Henrique IV, de França, permitiu o livre uso dos côches de correio para o transporte, tanto de pessoas como de mercadorias: para isso, Richelieu, em 1627, fixou determinados impostos. A

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família Thurn e Taxis possuía o monopólio do serviço de correio para os Países Baixos e para a Alemanha, nos séculos XVI e XVII. Entretanto, foi só após a instituição do sêlo postal que os correios dos diversos países foram passando paulatinamente para as mãos do Estado, com o caráter de serviço público. A criação do correio brasileiro, com êsse caráter, data de 1864, sendo antes dessa época explorado por particulares.

AS PRIMEIRAS CAIXAS DE COLETA DE CORRESPONDÊNCIA E OS PRIMEIROSSELOS POSTAISA caixa de coleta de correspondência procede do ano 1653. Luís XIV conferiu ao conselheiro de Estado Vélayer o privilégio de colocar, em Paris, caixas para o transporte do correio da cidade. Pelo preço de um “sou” vendia-se um “bilet de port payé”. Isso era o precursor do sêlo postal. Em 1837, na Inglaterra, o diretor-geral dos correios, R. 11h11, defendeu a idéia de uma taxa postal para o transporte de correspondência dentro de um país, independentemente da distância. E essa idéia se tornou vencedora. No mesmo ano o livreiro J. Chalmers propôs à tesouraria a utilização de selos postais gomados para as franquias. Em 1848, Archer descobriu o processo de separar fàcilmente os selos do bloco por meio de perfuração nas bordas. Antes, êles eram cortados a tesoura. Estava assim criado o sêlo postal que rápida e vitoriosamente começou a caminhar pelo mundo todo. Com a fundação da União Postal Universal, em 9 de outubro de 1874, em Berna, foi possível a introdução de taxas internacionais uniformes.O Brasil foi dos primeiros países a adotar os selos postais, em 1843. São dêsse tempo os famosos selos “ôlho de boi” e “ôlho de cabra”, que ainda não eram picotados.

AUXÍLIO NA LUTA CONTRA O FOGOAinda até o século XVII, nossos antepassados viviam sob o mêdo constante de incêndios. Guardas-noturnos, de hora em hora, faziam ouvir o seu brado de advertência nas ruas para que as luzes fôssem bem apagadas. As cidades consistiam geralmente apenas de casas de madeira cobertas de palha, o que aumentava o perigo. Das luzes desprotegidas usadas antigamente (velas, lamparinas a óleo, etc.) irrompia fàcilmente o fogo que, quando tocado pelo vento, depressa se espalhava. Extensos incêndios de cidades eram freqüentes. Cada família devia possuir baldes de couro para a água, que eram passados de mão em mão em caso de incêndio. Éstes e as bombas manuais não podiam fazer muito contra a devastadora fúria do fogo. A partir do século XVII, passaram a existir grandes melhoramentos. O ferreiro de Nuremberg, Hautsch, construiu em 1655 uma bomba de água que podia lançar um jacto contínuo. Da maior importância foi o invento das mangueiras, em 1671, por Jan van der Heyde, de Amsterdam.

A PRIMEIRA ILUMINAÇÃO DAS RUASA iluminação das ruas era coisa desconhecida na Antiguidade e na Idade Média. Quem saía à noite, devia achar o seu caminho pelas ruas escuras, fôsse com lanternas, fôsse com criados que, à frente, levassem tochas acesas. Em Paris, em 1662, podiam-se alugar carregadores de lanternas; seus salários baseavam-se no tempo gasto, que era marcado por um relógio de areia que levavam consigo. A falta de iluminação pública significava o paraíso para os ladrões. E foi, justamente, o abuso dos salteadores que incitou às primeiras experiências para a iluminação das ruas. Paris a introduziu em 1667, mas sômente para a época de inverno (20 de outubro a 31 de março). Em determinados lugares, obrigavam-se os habitantes a iluminar as janelas, à noite. Em 1679, exigia-se em Berlim que, de três em três casas, houvesse uma lanterna. Depois, outras cidades

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adotaram a iluminação regular das ruas. No século XIX, apareceu a iluminação a gás, em substituição à luz das velas e a óleo; mais tarde, veio a época da iluminação elétrica.

SÉRES INFINITAMENTE PEQUENOS, MAS DE IMENSA SIGNIFICAÇÃOO microscópio, genial combinação de lentes diversas, tornou-se indispensável auxiliar a quase todos os ramos da pesquisa científica. Muitos germes responsáveis por doenças foram reconhecidos com o auxílio apenas dêsse instrumento; e, uma vez conhecidos, foi possível combatê-los. Ëste abençoado instrumento de óptica foi inventado em 1590, por Janssen, oculista holandês; no correr dos séculos, foi melhorado por Galileu, Newton, Hertel, Euler e outros pesquisadores. A gravura acima representa um microscópio usado pelo inglês Hooke, em 1665, e já munido de aparelho de iluminação, possibilitando investigações exatas. Em 1903, Siedentopf e Zsigmondy inventaram o ultramicroscópio, com possibilidade de aumentar 2 000 vêzes o tamanho natural; tornaram-se mais fáceis, portanto, importantes descobertas na química e na biologia. Nos mais recentes supermicroscópios, usam-se raios eletrônicos, em vez de raios de luz; imagens assim obtidas, permitem o reconhecimento de porções da milionésima parte de um milímetro.

O PÉNDULO DE RELÓGIO E O BALANÇOO século XVII trouxe ao relógio de parede um importante melhoramento: o emprêgo do pêndulo. Inventou-o, em 1656, o astrônomo holandês Huygens. Já antes dêsse sábio, outros cientistas, como Galileu, tentaram o uso do pêndulo para a medição do tempo; a sólução prática, contudo, só foi encontrada por Huygens. Construiu, além disso, a roda de balanço, acionada por pequena mola em espiral, que serve, no relógio de bôlso, para regular o andamento da mesma forma que o pêndulo o faz no relógio de parede. Graças a êste mecanismo tão simples, tornou-se possível a montagem de relógios exatos. O relógio de bôlso moderno é construído sob as mesmas bases; os melhoramentos que sofreu se devem à mecânica de precisão, que teve grande progresso. O relógio de hoje, pequena obra milagrosa, deve a sua existência a trabalho secular do espírito humano.

O INVENTO DE FECHADURAS ARTÍSTICASComo nas épocas mais remotas os homens unidos se defendiam dos inimigos por meio de cêrca de paliçada, valetas, trincheiras e castelos, assim também hoje cada um em particular usa na sua moradia trancas, ferrolhos e fechaduras, para proteger a sua vida e os seus bens.Desde os tempos mais remotos são numerosos os meios adotados para garantir a segurança do lar. Grossas trancas fecharam portas internas ou externas. Um grande progresso foi o invento do trinco, a princípio de madeira, depois de ferro, que por meio da chave de alavanca, dava ao proprietário a faculdade de abrir a porta pelo lado de fora. Fechaduras com chave, como as usadas hoje, já eram conhecidas no Império Romano. Os artífices da Idade Média forjaram artísticas fechaduras.A chave tornou-se símbolo do poder e da propriedade. Na rendição duma cidade sitiada, o vencedor exigia a entrega solene da chave de sua entrada (como se pode observar na gravura).As modernas fechaduras de segurança remontam ao inventode Bramak (1784), Chubb, Yale e outros.

COMO OS SURDOS-MUDOS APRENDERAM A FALARAbrindo horizontes para a educação de nossos semelhantes, tolhidos pela natureza, trabalhava na Holanda o médico Amman, de Schaffhausen. Partindo da proposição de que existe o poder da fala no surdo-mudo, explicou, em 1692, na obra “O Surdo que

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Fala” um novo método de ensino. A criança devia ler as letras da bôca do professor que falava, seguindo com a mão o movimento da laringe (gravura). A primeira casa para a educação de crianças surdas-mudas foi fundada, em 1770, pelo Abade de l’Epée, em Paris. Inventou êle alfabeto mímico, por meio do qual se entendiam os seus discípulos. Por seu trabalho incansável, obteve sucesso admirável, despertando iniciativas semelhantes em outros países. Hoje os surdos-mudos empregam a linguagem de sinais, usando, em outros casos, da fala a pouco e pouco aprendida.

A JANGADA DE ONTEM E DE HOJE Antigaménte o papel da madeira em alguns países europeus era de muito maior importância que hoje. Para a construção de casas e de móveis, gastava-se grande quantidade dêsse material. Existia, portanto, o problema do transporte para os vales da madeira cortada nas imensas matas. Êsse transporte se fazia quase exclusivamente pelos rios, pois sômente no século XIX foram construídas as estradas de ferro e de rodagem. As toras, que eram conduzidas em jangadas pelos rios até chegar a um rio navegável por embarcação de calado, eram ligadas entre si, formando sôbre a água uma espécie de plataforma, como se pode observar na gravura.Hoje a jangada é usada apenas em grandes rios (onde não existam usinas elétricas) ou nas costas marítimas de certos países. Uma jangada holandesa conduz cêrca de 2 000 a 5 000 toras e chega a medir 60 metros de largura por 300 de comprimento.Na América do Norte e no Canadá, países possuidores deimensa riqueza em madeira, jangadas gigantescas de 5 000toras fazem longas viagens pelos rios.

PRECURSORES DAS MODERNAS MÁQUINAS A VAPORDesde a Antiguidade, inúmeras experiências para o aproveitamento prático da energia do vapor vinham sendo feitas. Nunca, porém, haviam elas chegado a alcançar o objetivo desejado. Partia-se do princípio falso de que o vapor era expelido da água pelo fogo. Mas, certo dia, o físico francês Papin reconheceu a verdadeira natureza do vapor. Inventou êle uma marmita, com tampa aparafusada, que recebeu o seu nome. O vapor não podia sair da vasilha e, assim, a temperatura subia a mais de 100°. Essa panela já era uma espécie de caldeira. Em 1698, em Kassel, Papin construiu sua primeira máquina a vapor. Aproveitou a fôrça de expansão do vapor a fim de mover, para diante e para trás, um êmbolo no interior de um cilindro. Essa idéia genial provocou novas experiências de outros inventores. O progresso seguinte das “máquinas de fogo”, como eram anteriormente chamadas as máquinas a vapor, deu-se na Inglaterra. Depois de Savery, Newcomen construiu máquinas a vapor que serviam para puxar água das minas.

A PRIMEIRA FABRICAÇÃO DE PORCELANA NA EUROPACom justo orgulho, Boettger olha uma vasilha de porcelana, absolutamente branca, cuja fabricação êle conseguiu pela primeira vez no ano de 1710. Em experiências, que visavam à fabricação de ouro, empregara êle, acidentalmente, a terra branca, ou caulim, e, ao queimá-la, obtivera a porcelana. Fundou em Meissen, na Alemanha, a primeira fábrica de porcelana da Europa. A partir dessa data a fabricação do produto nobre do barro deixou de ser um segrêdo dos chineses. Ëstes conheciam a fabricação da porcelana desde o século VII, e belas peças chinesas, trazidas pelos navegadores para a Europa, desde o século XVI, causavam admiração. Ésse tipo ideal de vasilhas para comer e guardar alimentos, que existe atualmente em tôdas as casas, era ainda muito caro nos séculos XVIII e XIX. Barateado o produto, suplantou êle ràpidamente as vasilhas de estanho e de barro, pois não se arranhavam como as primeiras, nem se

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rachavam como as últimas. A porcelana, que é muito fácil de ser conservada limpa, aperfeiçoou, além disso, os hábitos higiênicos da mesa.

MESTRES DA MÚSICA DE ÓRGÃOOs sons do órgão como que têm a faculdade de elevar os sentimentos do homem. No início do século XVIII, graças a Johann Sebastian Bach (1685-1750), experimentou a música de órgão enorme progresso. Bach, o muito admirado organista e compositor que vemos na gravura, produziu grande quantidade de peças de música sacra: prelúdios, fugas, cantatas, corais, paixões e missas. A música de Bach é polifônica, isto é, tem mais de uma voz, em oposição ao estilo homofônico, que se seguiu, e no qual só há uma voz melódica; as outras são acompanhautes. Mestrçs posteriores da música de órgão foram, antes de todos, E. Mendelssohn (1807-1847), Liszt (1811-1886) e César Franck (1822-1890). Liszt mostrouà estrutura do órgão novos caminhos, através do colorido dos sons predominantes em sua obra. As grandes criações corais de Bach ressurgiram com Brahms (1833-1897) e Reger (1873- 1916). Atualmente, são muito executadas as obras de compositores do século XVII, como por exemplo Heinrich Schütz.

PIANO FORTE — O INSTRUMENTO SONOROO piano moderno é invenção de Bartolomeo Cristofori. Em 1709 inventouem Florença o piano de martelo (Ilustração).Esta invenção consistia no uso de martelinho de madeira, que ao se bater a tecla, percutia levemente a corda correspondente, produzindo o som. Êste piano forte, devido à sua maior sonoridade e melhor possibilidade de expressão, suprimiu os instrumentos de tato, clavicórdio, espineta, címbalo, conhecidos desde o século XVI.Nestes instrumentos os sons eram produzidos pela percussãodas cordas, por meio de chapinhas de metal.Enquanto o piano forte (piano de cauda) é geralmente mais usado em sa1es, o piano vertical, devido ao pequeno espaço que ocupa, tem um lugar de honra nos lares, onde a música é sempre ouvida com prazer.O piano vertical, que é o mais comum, assim se chama por ter as cordas e a caixa de harmonia dispostas verticalmente.

UM GRANDE SÉCULO DA MÚSICANo século XVIII, houve na música uma das maiores reformas de todos os tempos. Deu-se a passagem da música puramente religiosa, ou sacra, de estrutura polifônica, para a música leiga, mais variada. A opulência dos círculos aristo cráticos e sua compreensão da música foram condições favoráveis ao florescimento da nova arte musical. Além disso, produzia efeitos também uma compreensão mais livre do domínio das artes. Viena tornou-se o centro da nova música. Mozart (1756-1791), Haydn (1732-1809) e Beethoven (1770- 1822), formam a constelação dos chamados clássicos vienenses. Muitos ramos da música surgiram então. Assim, Haydn passa. por ser o pai da moderna sinfonia e da música de câmera. Mozart revelou-se como gênio universal, apesar de ter vivido apenas 35 anos. Suas óperas, canções, danças e peças de orquestra são perfeitas pela forma e pelo conteúdo melódico. Na gravura vemos Mozart ao piano, convindo lembrar que aos seis anos de idade, já tocava êle em público.

COMO O CAFÉ SE TORNOU UMA DAS PLANTAS MAIS ÚTEISOs bilhões de cafeeiros, que crescem hoje no Brasil e em outros países da América, parecem descender da àrvorezinha que o capitão Desclieux trouxe, em 1720, do Jardim Botânico de Paris para a Martinica. Só depois que o café se cultivou, na América, em

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gigantescas plantações é que se tornou bebida popular. A atual área cultivada de 1 750 000 hectares fornece colheita anual de 2 200 000 toneladas de grãos de café, em números redondos. A pátria õriginal do café parece ser a Abissínia, onde ainda cresce sem cultivo. Ignora-se quando foi descoberta a torrefação dos grãos. Na Pérsia, já era costume beber café, por volta de 875 d. C. No século XV, o café alcançou a Arábia e os venezianos trouxeram grande quantidade dêle para a Europa em 1624. Aí permaneceu por longo tempo proibido ou sobrecarregado de impostos, pois era tido como “o mais afamado sedutor do povo”. No Brasil, o café foi introduzido em 1727, no Pará; daí passou para outros Estados, desenvolvendo-se excelentemente. Nosso país produz dois terços de todo o café consumido no mundo.

O CAUCHO DOS ÍNDIOS TORNA-SE OBJETO DE COMÉRCIO MUNDIALMuito antes de ser conhecido pelos europeus, o caucho era obtido pelos índios, na parte norte da América do Sul. La Condamine enviou, em 1736, as primeiras amostras de caucho do Peru para Paris. Em 1751, o engenheiro francês Fresneau observou em Caiena (Guianas) a maneira pela qual os índios obtinham o leite da seringueira e o aproveitavam. Foi êle quem fabricou as primeiras luvas de borracha. A “fazenda nova”, elástica, recebeu ainda maior difusão depois do processo de vulcanização, criado por Goodyear em 1839, e aperfeiçoado por Hancock em 1843. A exploração desordenada dos seringais nativos levou ao cultivo da seringueira em outros países tropicais, na África e em Java. As plantações da Malaia e da Índia Neerlandesa fornecem, hoje, mais de 80 % da produção mundial, que atualmente ultrapassa 1 milhão de toneladas por ano. Estas cifras provam a importância da borracha no comércio mundial. O Brasil já foi o maior produtor de borracha do mundo e, ainda hoje, tem nesse produto uma de suas riquezas.

DESCOBRE-SE A ELETRICIDADE, FORÇAPRECIOSA DA NATUREZAJá seis séculos antes de Cristo, Tales de Mileto havia observado a fôrça de atração do âmbar, quando friccionado na lã. Contudo, só em 1600 o médico inglês Gilbert reconheceu essa fôrça de atração como energia independente, dando-lhe, em virtude da denominação grega do âmbar (eléctron), o nome de “fôrça elétrica”. Por suas experiências, Gilbert atraiu a atenção de numerosos sábios para o terreno ainda não investigado da eletricidade. O burgomestre de Magdeburgo, Otto von Guericke, construiu a primeira máquina para a obtenção da eletricidade por fricção. Compunha-se de uma bola de enxôfre, que devia ser girada e friccionada com a mão, transformando assim a energia mecânica em elétrica. Suas experiências despertaram grande interêsse. A gravura desta página apresenta uma demonstração feita em 1744. Um disco de vidro, pôsto em movimento e tocado pela mão, produz eletricidade, que, conduzida adiante, incendeia o álcool.

EMPRÉGO DO EFÉITO DE PONTA ELETRIFICADA: O PÁRA-RAIOSExperiências sucessivas determinaram a descoberta de outras propriedades da eletricidade. Em 1727, o inglês Gray estudou a passagem da eletricidade através de um fio de 130 m, com o que reconheceu a existência de corpos condutores e não condutores, ou isoladores, da eletricidade. Dufay descobriu, em 1730, a diferença entre eletricidade positiva (+) e eletricidade negativa (—), estabelecendo a fórmula: “corpos carregados com eletricidade do mesmo nome se repelem; corpos carregados com eletricidade de nome contrário se atraem”. Benjamim Franidin, usando um papagaio de sêda, verificou o efeito da ponta eletrificada durante uma tempestade. Nessa verificação

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baseou o princípio do pára-raio, que Frauklin usou pela primeira vez em 1752, como proteção a um edifício (gravura). Uma barra dê metal, passando por cima da casa, comunica-se com a terra. A ponta, apanhando parte da eletricidade contida nas nuvens, conduz o raio à terra, porque a haste é boa condutora de eletricidade.

AS PLANTAS RECEBEM NOMES DE VALIDADE UNIVERSALEnorme é a riqueza e a multiplicidade dos recursos naturais. Sõmente no reino das plantas, distinguiram os naturalistas mais de 220 000 espécies; os botânicos se esforçaram, sempre, por trazer um pouco de ordem nessa diversidade. Variados sistemas produziram bom trabalho preparatório; contudo, tornavam-se sempre incompletos, dada a quantidade de novas plantas trazidas por viajantes e cultivadas nos Jardins Botânicos. O naturalista sueco Linneu (1707-1778) teve, por fim, a idéia genial de ordenar as plantas, de acôrdo com a flor e o fruto que produziam (gravura). Com extremo cuidado, Linneu fêz exata descrição das plantas, dando a cada uma delas denominação dupla, segundo a espécie e o gênero (nomenclatura binária). A abreviação L, depois de tais nomes significa que Linneu foi o primeiro a dar o nome a tais plantas. O Sistema usual de classificação “natural” das plantas baseia-se, hoje, nos elementos de tôdas as partes que as compõem. Criaram-no Jussieu, de Candoile (1813) e outros.

ORIGEM DAS ENCICLOPÉDIASCom a invenção da imprensa e as crescentes investigações em todos os ramos do Saber, tornou-se gigantesco o número de livros. Era impossível a um indivíduo isolado dominar todos os ramos do saber; originou-se, daí, o interêsse por obras que permitissem uma visão geral de todo o saber, de modo fácil e resumido. Não só os sábios tinham nisso interêsse: o povo também queria participar do banquete da sabedoria. As enciclopédias vieram satisfazer a êsse desejo, preenchendo, assim, a condição tão necessária para que se mantivesse desperto o interêsse por todos os ramos do saber e a possibilidade de sua compreensão. Estas obras tiveram grande difusão. A “Encyclopédie” de Diderot e d’Alembert precedeu as demais enciclopédias. tsses dois sábios franceses (gravura), num esfôrço que perdurou por vinte longos anos, conseguiram editar uma obra de 35 volumes, ricamente ilustrados, e que fizeram época. A obra apareceu em Paris, nos anos de 1751 a 1780.

INVENTAM-SE SERRAS NOVAS E MAIS POSSANTESEntre as ferramentas mais importantes, que os homens têm manejado através dos tempos, está a serra. Desde a pedra com bordas tôscas, dos- homens da Idade da Pedra, até as modernas serras de fita de aço, existiram as mais variadas formas. Além das serras manuais, serviram durante séculos (desde o século IV) serras impelidas por rodas d’água para o trabalho em pedra e madeira. Eram as chamadas serras de grade, com diversas fôlhas de serra colocadas lado a lado. Um grande melhoramento nos trabalhos de madeira e metais, para cortar e entalhar, representou a serra circular, ou serra sem fim. Foi inventada em 1799 por Albert, em Paris, e introduzida na Inglaterra em 1805, por Brunel. Em 1807, o engenheiro inglês Newberry inventou a serra de fita, que possui uma fôlha de serra sem fim, que se estende, como uma correia, sôbre dois rolos A serra de fita é uma máquina utilíssima porque possibilita o corte em curvas fechadas.

OS FARÓIS, INDICADORES DE CAMINHOS MarítimosO farol é, certamente, um dos mais belos monumentos da solidariedade humana Ja a pacifica navegação da Antiguidade costumava tornar visieis de longe, a noite, por meio de sinais luminosos, os pontos perigosos da costa e os baixios traiçoeiros dos mares

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navegados O poderoso farol da ilha Faros, diante de Alexandria, era tido como uma das sete maravilhas do mundo. Foi edificado em 285 antes de Cristo e prestou serviços até o século XII. Do local onde estava situado originou-se o nome de “farol”, que receberam todos êsses marcos no mundo. É célebre, também, o farol Eddystone, diante de Plymouth, no Canal da Mancha, num rochedo batido pelo mar violento. Desde 1 693 teve de ser reedificado quatro vêzes. A tôrre de pedra que Smeaton edificou, de 1756 a 1759, era uma das obras de engenharia mais arrojadas que se conheciam (gravura). Smeaton reinventou o cimento para aumentar a resistência das fundações dessa tôrre. Diz-se “reinventou” o cimento, porque o seu preparo já era conhecido pelos romanos.

A IMPORTÂNCIA DE CANAIS E ECLUSAS PARA OTRANSPORTE DE MERCADORIASJá na Antiguidade foram construídos muitos canais e eclusas para encurtar os caminhos marítimos e para resolver o problema da diferença entre dois diversos níveis de água. Infelizmente, o seu inventor não nos é conhecido. Ptolomeu II, no ano 260 a. C., mandou reformar os canais entre o Nilo e o Mar Vermelho, e ordenou que se “fizessem eclusas bem construídas, que pudessem ser abertas e fechadas imediatamente na passagem de um navio”.O transporte de mercadorias por via marítima, sempre foi o mais barato. Devido a isso e com a expansão gigantesca do mercado europeu, construíram no século XIII importantes canais marítimos, que, quando necessário, eram dotados de eclusas artísticas.Êsses canais permitiam o transporte direto das mercadoriasdo mar até o interior dum país.As maiores eclusas do mundo são: a eclusa de Gatum (canaldo Panamá); a nova eclusa de Bremerhaven; a eclusa deYmuiden (400 m de comprimento e 50 m de largura).

DA MÁQUINA DE FIAR ORIGINA-SE UMA GRANDE INDÚSTRIAQuando, no século XVIII, se inventou a lançadeira mecânica, a fiação e a tecelagem receberam grande impulso. Conta-se que o tecelão Hargreaves interrompia sempre o tra balho, porque sua espôsa não conseguia fabricar fios suficientes para alimentar seu tear; inventou então uma máquina que fiava ao mesmo tempo 8 fios, como se vê na gravura. Essa máquina foi destruída por operários que temiam ficar desempregados. Hargreaves não desanimou. Montou uma fiação mecanizada destinada a preparar algodão. Seguiram-se outras invenções, como a máquina de água de Arkwright, em 1769; a de Robert, com auto-alimentador, em 1825: e a circular de fiação, de Jenks, na América do Norte, em 1830. A Inglaterra proibira a exportação dessas máquinas; conseguiu-se, contudo, a introdução de algumas no convento de St. Gailen, em 1800. Desde então a fiação e a tecelagem desenvolveram-se intensamente em outros países da Europa. No Brasil, a indústria de tecidos representa grande fonte de riqueza e conta com mais de dois e meio milhões de fusos.

O VAPOR INAUGURA A MÁQUINA DA ÉPOCAEm 1769, James Watt, mecânico de precisão, nascido na Escócia, presenteou o mundo com a primeira máquina a vapor bem construída. Concebeu-a tão excelentemente que ultrapassou com facilidade as que a precederam, tôdas mais simples. Possuía-se agora uma fonte de energia capaz de mover as mais diversas máquinas de trabalho; A Metalúrgica de M. Boulton, em Soho (Birmingham), que produziu as primeiras máquinas a vapor de Watt, forneceu mais de mil máquinas a diversos países até o ano

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de 1800. E essa aplicação racional do vapor inaugurou a grandiosa época da construção de maquinismos; a ela realmente se deve o desenvolvimento rápido da indústria, baseado numa grande quantidade de inventos, bem como o aperfeiçoamento dos transportes, com a locomotiva e o navio a vapor. Da máquina a vapor, movida a êmbolo, derivou, em tempos mais recentes (1900) a turbina a vapor, mais econômica. Nessa turbina, o vapor impele uma roda de pás curvadas, dentro de uma caixa, à qual é encaminhado com grande pressão.

O DESCOBRIMENTO E A EXPLORAÇÃO DA AUSTRÁLIAO oficial de marinha inglês James Cook chegou, em 1770, numa de suas viagens ao redor do mundo, até a costa leste da Austrália. As viagens dos marinheiros holandeses dos inícios do século XVII haviam caído no esquecimento, especialmente porque Abel Tasman, depois da viagem de 1644, ao longo da costa noroeste, havia descrito a terra como essencialmente inóspita. Não se realizaram, por isso, durante 125 anos, novas viagens para essa terra do Sul, de aparência gigantesca. Cook firmou, numa segunda viagem, os contornos da Austrália (por êsse tempo chamada Nova Holanda). Explorou, também, a multidão de ilhas dos arredores e mandou fundar as primeiras colônias inglêsas. A penetração para o interior, procedeu-se a princípio muito devagar. Só na metade do século passado é que foram empreendidas expedições exploradoras pelo interior, por lugares de matas crescidas e quase impenetráveis. Elas prepararam o estabelecimento e a utilização econômica dêsse novo continente.

O PROGRESSO DA INDÚSTRIA DO FERRO NO SÉCULO XVIIINa Antiguidade e na Idade Média, os métodos para a obtenção do ferro eram muito primitivos. O emprêgo do ferro limitava-se, quase exclusivamente, à fabricação de armas e utensiios mais simples. Grandes inovações apareceram, no entanto, no século XVIII, transformando os processos de fabricação e alargando a utilização do metal. O ponto capital da mudança residia no uso do carvão de pedra em lugar do carvão de madeira, nos altos fornos, o que começou a ser feito na Inglaterra, em 1713. Conseguiu-se, então, produção muito maior e mais perfeita. Ao mesmo tempo, as formas de utilização do ferro foram multiplicadas. O ferro fundido, o ferro forjado e, principalmente, o aço, constituíam material indispensável à construção de máquinas de fiar e tecer, e, mais tarde, de locomotivas, etc. No Brasil, que possui dos mais ricos depósitos de ferro, a sua exploração começou a ser tentada já na era colonial. Mas só nos últimos anos é que se desenvolveu a grande indústria siderúrgica, com possantes usinas, como a de Volta Redonda, que está fabricando ferro e aço da melhor qualidade.

IDADE CONTEMPORÂNEA

Da grafita ao lápis comumA vacina contra a varíolaSenefelder descobre a litografiaA unificação de pesos e medidas e o comércioA eletricidade por contato e a pilha elétrica

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O açúcar de beterrabaGás de carvão de pedraEsterilização de alimentosPredecessora da locomotivaO tear Jacquard para tecidos com padrõesPor meio do alfabeto Brailie muitos ofícios se abrem aos cegosA pena de aço substitui a pena de gansoOs navios a hélice superam oS movidos a rodasOs fósforos, meio cômodo de produzir fogoGeladeiras e refrigeradores O telégrafo elétrico, maravilha das comunicações a distânciaA química torna a agricultura mais lucrativaAs ruas iluminadas a eletricidade..A fabricação de papel de madeiraA fotografia, arte de gravura diretaO martelo-pilão, importante máquina de forjarMatemáticos calculam a trajetória dos corpos celestesA máquina de Costura conquista o mundoA cultura popular, os livros e os jornaisA turbina hidráulicaA roda pneumática melhora os car233 ros e bicicletasA desinfecção salva milhões de vi-das humanasO alivio da dor nas operaçõesO movimento de rotação da TerraO alumínio, metal leve e resistenteO processo Bessemer na fabricaçãodo açoo primeiro poço de petróleoA Cruz Vermelha, uma vitória dohumanitarismoProgresso na prevenção das infecçõespós-operatóriasO dínamo, nova fonte de energiaA dinamite possibilita grandes obraspacificasO engenho humano liga os maresO desbravamento da ÁfricaDo deslizar dos caçadores nórdicosao esporte do esquiEstações meteorológicas para previsão do tempoA estrada de Rigi, a primeira estrada de ferro em montanhas daEuropaAs primeiras máquinas de escreverO telefone, maravilha da técnicamodernaUm predecessor dos bondes elétricosA primeira gravação e retransmissão

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de ondas sonorasÉdison e a primeira lâmpada elétrica incandescenteA primeira usina de energia elétricaA construção de túneiskdor de pessoas e de cargas..Cáibate às epidemias por métodos dztíficosUm memorável vôo em dirigívelA primeira motocicleta sai à ruaLkis princípios do automóvelVadnaço contra a raivaA Tôrre Eiffel, primeira grande anstrução de açoVôo de planadores com aproveitamento das correntes aéreasA enxertia de plantas Dicilos transmjssores de moléstias e soros curativosExames com raios XO exame prévio de alimentosO concreto armado, novo e importante material de construçãoGinematógrafo e filme sonoroO telégrafo sem fioO primeiro motor DieselO radium possibilita novas curasO dirigível no século XXOs primeiros aeroplanosO tráfego aéreoA exploraçfo dos pólos da TerraSêda artificial e celofaneA televisão

As maiores descobertas científicas do milênio

 

Renato Sabbatini

Este é o último artigo de uma série de três, na qual me propus detalhar as maiores invenções e descobertas do milênio que termina no final deste ano. No primeiro artigo escrevi sobre as dez maiores invenções, no segundo sobre as dez maiores invenções médicas, e hoje termino com as dez maiores descobertas científicas dos últimos mil anos.

Ao contrário das invenções, que geralmente são a obra de uma pessoa só, ou de um número pequeno de colaboradores, as grandes descobertas científicas (geralmente denominadas de teorias, pois consistem de um conjunto de explicações cientificamente comprovadas sobre algum fenômeno natural) na

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maioria das vezes envolvem um número grande de cientistas, que contribuem com partes da teoria, seja através de trabalhos de pesquisa experimental, seja através da elaboração das leis. No entanto, é claro que alguns dos maiores avanços científicos devem muito a uma única pessoa, como é o caso de Darwin, Newton, Copérnico ou Einstein.

Na apresentação das descobertas, vou seguir o critério cronológico, pois não podemos dizer que uma é mais importante do que a outra.

1) Teoria heliocêntrica: os povos antigos acreditavam que o sol girava em torno da Terra. As religiões monoteístas, particularmente o catolicismo, transformaram isso em dogma, ao dar ao ser humano um lugar no centro do Universo. Por isso, a teoria proposta pelo astrônomo polonês Nicolau Copérnico, ao conseguir explicar a mecânica celeste de maneira mais racional, teve a força de um cataclisma filosófico, social e religioso, e que quase levou Galileu à fogueira, por apresentar provas científicas para a teoria. Depois disso, toda a ciência mudou, livrando-se da herança de Aristóteles para sempre.

2) Teoria da gravitação universal: proposta pela primeira vez pelo maior gênio científico de todos os tempos, o físico inglês Isaac Newton, representou uma solução teórica brilhante para o problema da atração entre massas, e explicou milhares de fenômenos naturais, particularmente na astronomia. Newton também inventou toda uma nova área da matemática para descrever fenômenos físicos dinâmicos, o cálculo diferencial e integral; revolucionando para sempre as ciências da natureza.  

4) A célula: os naturalistas descobriram, através do uso de um novo instrumento, o microscópio, que os organismos eram constituídos por unidades muito pequenas, denominadas células. Bactérias, protozoários e alguns tipos de algas são unicelulares, mas a complexidade da vida aumentou muito com o surgimento dos seres pluricelulares. Seu funcionamento pode ser explicado como uma cooperação integrada entre grupos de células especializadas em determinados tipos de funções, como suporte, nutrição, respiração, comando, etc. A teoria celular deu origem também à medicina científica, ao levar-nos a entender que as doenças surgem em decorrência do malfuncionamento ou morte de grupos dessas células, e abriu as portas para o diagnóstico e a terapia modernos.

5) Teoria da evolução: Até a publicação do pioneiro estudo do naturalista inglês Charles Darwin no século XIX, existiam muitas teorias que procuravam explicar, de forma insatisfatória, a diversidade das espécies vivas no planeta e o fato evidente de que algumas descendiam de outras. Darwin propôs, brilhantemente, o mecanismo para a evolução, através da teoria da seleção natural, ou da adaptação seletiva, pela qual pequenas mudanças nos

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organismos vivos afetam sua sobrevivência em relação a mudanças ambientais, e que os mais aptos conseguem se reproduzir em maior quantidade. Constitui, até hoje, o embasamento que tudo explica, na biologia.

 

Charles Darwin

6) Teoria da relatividade: descoberta no começo do século pelo físico alemão, Albert Einstein, alterou de forma profunda e radical nossa percepção acerca do Universo, da matéria, da energia e do tempo. Abalou e alterou a física newtoniana, predominante por mais de 200 anos, e abriu campos inteiros novos da física, principalmente nos fenômenos de larga escala e enorme velocidade, como a astrofísica e a cosmologia. Não é à toa que Einstein foi eleito a personalidade do século pela revista Time.  

Albert Einstein Max Planck

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7) Física quântica: proposta inicialmente por outro gênio, compatriota e contemporâneo de Einstein, o físico Max Planck, foi outro grande terremoto científico, ao reformular profundamente nossa continentes ao longo dos milênios. As colisões e atritos entre as placas explicam os terremotos e os vulcões, e incontáveis outros fenômenos físicos, como o próprio clima, a distribuição e evolução das espécies vivas.

9) Big-Bang: qual é a origem do Universo? Muitas evidências indicam que toda a matéria e a energia nele existentes, e o próprio espaço e tempo, se originaram há uns 20 bilhões de anos, a partir de um único ponto, chamado singularidade, que "explodiu" e ainda está se expandindo. A expressão foi cunhada por um físico russo-americano, George Gamow. Continua sendo uma teoria, pois suas evidências são indiretas; seria impossível observá-lo. Mas o Big-Bang mudou tudo na maneira de encararmos a criação, inclusive do ponto de vista filosófico.

10) Código genético: a descoberta da estrutura e da função do DNA e do RNA na codificação genética e nos mecanismos da herança e das funções celulares é um dos mais espetaculares avanços científicos de todos os tempos, tendo revolucionado profundamente a biologia e a medicina. O feito é devido a dois cientistas ingleses na década dos 50s, Crick e Watson (que ainda estão vivos). Abriu o caminho para uma nova era da humanidade, através da engenharia genética, a terapia gênica, a síntese de novas formas de vida, e assim por diante. É o ser humano brincando de Deus.