Nação inviável ou do futuro?: o racismo científico na transição do

Império para a República

Aluísio de Azevedo

Maranhense, filho de família portuguesa, seu pai era vice-cônsul português no Brasil. Era filho de um segundo casamento ―não oficial‖.

Desde jovem demonstrou talentos artísticos, especialmente no desenho e na literatura. Em 1881 publicou o romance ―O mulato‖ que teve uma repercussão altamente negativa no Maranhão que motivou Aluísio a se mudar para um Rio de Janeiro mais ―progressista‖.

Aluísio apresentava um sentimento ambíguo em relação ao país, típico dos intelectuais de sua época, por um lado criticava a influência portuguesa (estrangeira) no país; por outro desconfiava da viabilidade de uma nção mestiça.

O cortiço (1890)

Considerado a obra prima do naturalismo brasileiro.

Naturalismo: estética literária do final do século XIX marcada pela denúncia social e uma narrativa crua.

Aluísio foi duramente criticado pela publicação de ―O mulato‖ em 1881

Um cortiço carioca no século XIX

Cortiço carioca no século XIX

Capítulo VI

A chegada de Rita Baiana ao cortiço

Descrições naturalistas comparam o ser humano a animais -> cientifização dos indivíduos

A sensualidade da brasileira como meio de corrupção comportamental:

―E toda ela respirava o asseio das brasileiras e um odor sensual de trevos e plantas aromáticas‖

João Romão observa a festa de uma posição superior.

Demografia

Censo de 1872: 84% livres, 16% escravos, 9.9 milhões de habitantes (U:6% R:94%) Censo de 1900: 17 milhões de habitantes, 33,4 anos de expectativa de vida (U:6,8% R:93,2) Censo de 1920: 30 milhões (U: 10,7 R:89,3) - > 1920-1940 (U: 31,24% R:68,76%)

Demografia por cor

Imigração entre 1872-1920 3,3 milhões sendo 1,4 italianos

Escolaridade

Economia exportação

A situação das populações negras na República Velha

Durante as primeiras décadas da república a situação das comunidades negras se deteriorou rapidamente no Brasil. O processo abolicionista do país não previa nenhuma forma de inserção social dos ex-escravos.

Conforme demonstrou José Murilo de Carvalho (2002) a participação política após a república diminuiu. Embora não houvesse mais cláusula financeira as eleições eram apenas masculinas e para alfabetizados, o que não representava 10 % da população.

Havia entre as populações negras e mulatas uma sensação de traição em relação à república.

República Velha

República da Espada (1889-1894)

República Oligárquica (1894-1930)

Política dos Estados

O ―presidente mulato‖

Nilo Peçanha e Delfim Moreira

Charge de Nilo Peçanha

Revoltas sociais na república velha

Guerra de Canudos: 25 mil mortos

Revolta da Vacina: 30 mortos

Guerra do Contestado: 9 mil mortos

Revolta da Chibata: +- 200 mortos e 2 mil expulsos

João Candido

As teorias racistas do século XIX

Ao longo do século XIX se desenvolveram as ciências sociais conforme as conhecemos.

Civilização e Progresso

As características das sociedades humanas seriam definidas pelas condições geográficas onde se desenvolveram.

Influências do clima, do solo, do relevo, dos ventos, da hidrografia, na formação de um povo e seu caráter.

Raça e nação: Espanhóis e Visigodos, franceses e Francos.

O Determinismo Geográfico

Para Hippolyte Adolphe Taine os três elementos:

Raça: dispositivo cultural que governa a vida dos indivíduos, sem seu conhecimento ou adesão

Ambiente: local particular que vai determinar o desenvolvimento da raça. Em Taine, embora a raça seja o elemento mais importante o geográfico é o mais dinâmico, capaz de transformações.

História: experiência acumulada pelos indivíduos

Euclides da Cunha e os sertões

Contexto de produção. Taine citado já na introdução

Divisão interna:

A Terra: Descrição física da viagem entre Rio de Janeiro e Canudos; elementos climatológicos; a seca cíclica

O Homem: A mestiçagem como degeneração/ A formação dos tipos regionais: o sertanejo forte, o mestiço neurasténico do litoral

A Luta: Relato sobre a Guerra de Canudos

Mestiçagem para Euclides: a questão psicológica

A mistura de raças mui diversas é, na maioria dos casos, prejudicial. Ante as conclusões do evolucionismo, ainda quando reaja sobre o produto o influxo de uma raça superior, despontam vivíssimos estigmas da inferior. A mestiçagem extremada é um retrocesso. O indo-europeu, o negro e o brasílio-guarani ou o tapuia, exprimem estádios evolutivos que se fronteiam, e o cruzamento, sobre obliterar as qualidades preeminentes do primeiro, é um estimulante à revivescência dos atributos primitivos dos últimos. De sorte que o mestiço — traço de união entre as raças, breve existência individual em que se comprimem esforços seculares — é, quase sempre, um desequilibrado. Foville compara-os, de um modo geral, aos histéricos. Mas o desequilíbrio nervoso, em tal caso, é incurável: não há terapêutica para este embater de tendências antagonistas, de raças repentinamente aproximadas, fundidas num organismo isolado (Os Sertões, p.62)

O Determinismo Racial

Lineau (1707-1778): divisão racial em cor da pele e geografia: Asiático, Africano, Americano, Europeu.

Curvier (1769-1832): Três grandes raízes - caucasiana, etiópica e mongólica – da qual se dividiriam em outras caracteristicas

Gobineau: ―Eu não acredito que viemos dos macacos mas creio que estamos indo nessa direção‖. Para Gobineau, nenhuma civilização prosperou sem o sangue branco (Ariano). Toda mestiçagem seria uma forma de ―degeneração‖

Mas se, em vez de se reproduzir entre si, a população brasileira estivesse em condições de subdividir ainda mais os elementos daninhos de sua atual constituição étnica, fortalecendo-se através de alianças de mais valor com as raças europeias, o movimento de destruição observado em suas fileiras se encerraria, dando lugar a uma ação contrária.

Monogenia x Poligenia Francis Galton (1822-1911): Definição de Eugenia Lombroso: Antropologia criminal

Cesare Lombroso

Nina Rodrigues e o determinismo racial

Nina Rodrigues

O Problema da abolição

A ciência que não conhece estes sentimentos, está no seu pleno direito exercendo livremente a crítica e a estendendo com a mesma imparcialidade a todos os elementos étnicos de um povo (RODRIGUES, 1906, p. 12)

Para a ciência não é esta inferioridade mais do que um fenômeno de ordem perfeitamente natural, produto da marcha desigual do desenvolvimento filogenético da humanidade nas suas diversas divisões ou seções (IBID).

A desigualdade Racial levaria o Brasil à secção entre norte (mestiço negro) e sul (branco teutônico)

Crime e raça: atenuação de penas a negros e índios

A redenção de Cam (Modesto Broco, 1895)