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FAUTL – MESTRADO INTEGRADO EM ARQUITECTURA – CONSERVAÇÃO, RESTAURO E REABILITAÇÃO – PROFESSOR JOSÉ AGUIAR NÃO BOMBARDEIEM O MIGUEL BOMBARDA - ARTE BRUTA NO MUSEU Autores: Camila Matos 20108168, Carolina Fonteles 20108170, Cibele Bonfim 20108169, Francesca A. Scapoli 20108103 “Em 1848 Portugal vê fundado o primeiro hospital psiquiátrico, o Ho- spital de Alienados em Rilhafoles, por iniciativa do chefe de governo, Duque de Saldanha, aproveitando as instalações do antigo Convento dos Padres de S. Vicente de Paula que foi ampliado para se adaptar às novas funções e realidade.” (documento de classificação da ZEP de Rilha- folles) O trecho acima, refere-se ao edifício erguido na colina ao norte do Campo de Santana, freguesia da Pena, e que recebeu posterior- mente o nome de Hospital Miguel Bombarda, em homenagem ao importante médico ativista do Mo- vimento Republicanodo do 5 de outubro de 1910. Posteriormente, o Hospital Miguel Bombarda transforma-se num com- plexo de edifícios, que se esten- de por sobre a antiga “Quinta de Rilhafolles”, do qual podemos de- stacar como elementos de relevên- cia histórica e social: o já citado edifício principal (antigo convento de Rilhafolles); 5ª e 6ª enfermarias, balneário D. Maria II (1853), Pa- vilhão de Segurança (1853), sendo estes dois últimos classificados como conjunto de interesse públi- co. Atualmente o complexo já foi qua- se totalmente desativado enquanto hospital psiquiátrico. E deixa como legado anos e anos de história de evolução do tratamento de doentes mentais, além de um acervo de quase 4000 obras de arte bruta (ou outsider art) produzidas pelos inter- nos do Hospital, durante terapia. Balneário D. Maria II O edifício do balneário, inaugurado pela Rainha D. Maria II em 29 de Outubro de 1853, é uma pequena construção térrea com planta em forma de «U», e arcada de elegante risco. Apresenta uma curiosa conjugação de correntes estéticas de finais do século XIX: revivalismo renascentista e gótico, decorativismo português com utilização de azulejaria de fachada. O somatório de registos formais e mate- riais que apresenta reafirma o seu carác- ter ecléctico e consequente vínculo ao gosto da época. Edifício inovador para a época, foi o primeiro edifício especificamente con- struído para assistência hospitalar psiquiátrica em Portugal, com ele se introduziram os banhos terapêuticos — hidroterapia utilizados em psiquiatria. Exprime a histórica mudança de atitude, verificada no século XIX, da sociedade e da medicina perante os doentes mentais. exposicao no hospital fonte: arquivo pessoal fachada lado sul do hospital M. Bombarda fonte: arquivo pessoal pátio interior fontes: arquivo pessoal edificio do projeto edificio edificios classificados Hospital Miguel Bombarda Antigo convento dos padres de S. Vicen- te de Paulo, o edifício do século XVIII então conhecido por Convento de Rilha- foles foi utilizado em 1829 para alojar a recém fundada Missão de Portugal da Companhia de Jesus. Poucos anos mais tarde, e no seguimento do decerto de extinção das ordens religiosas de 1834, ainda aí funcionou o Colégio MIlitar. Foi transformado em hospital para doentes mentais pelo marechal Duque de Saldanha, que fundou o Hospital de Alienados de Rilhafoles em 1848, e recebeu o seu nome actual em home- nagem ao Dr. Miguel Bombarda, ilustre médico e director da instituição, activista do movimento do 5 de Outubro de 1910, assassinado na véspera dos eventos. 2 1ª a 4ª enfermarias alpendre garagem depósito pavilhão de segurança 5ª e 6ª enfermarias oficinas portaria abrigo hospital Miguel Bombarda casa Miguel Bombarda Balneário D. Maria II cozinha hospital 2 1 3 3 Pavilhão de segurança O Pavilhão de Segurança è considerado “imóvel de interesse público” pelo IPAR. Foi construído entre 1893 e 1896, por iniciativa do Prof. Miguel Bombarda. Os bancos e os vãos das portas são arredondados, para evitar contusões em doentes agitados. Este é um dos poucos edifícios circula- res panópticos do mundo, antecipando muitas soluções fomais do design indu- strial e da arquitectura dos anos 20 e 30 do século XX (cfr. FREIRE, 2009) 1 vista 5 fontes: arquivo pessoal vista 2 fontes: arquivo pessoal vista 3 fontes: arquivo pessoal vista 6 fontes: arquivo pessoal vista 1 fontes: arquivo pessoal vista aerea fonte: www.google.it balneário D. Maria II fontes: arquivo pessoal 2 3 6 4 5 1 vista 4 fontes: arquivo pessoal ligacao Panóptico/Hospital M. Bombarda espaco de transição entradas/saidas A partir da importância deste complexo arquitetônico, propomos uma inter- venção de restauro e reabilitação, com foco no edifício principal do hospital, que abriga também a casa onde viveu o médico Miguel Bombarda. Para tal, sugerimos novo uso para o edifício, a partir da análise de seu caráter históri- co, mas recolocando sua funcionalidade e forma, de acordo com o contexto urbano atual. ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ! ! ! entrada/saida do museu distribução fragmentada do espaço inclinação do pátio espaço de transição diferente material construtivo distribução do espaço interno em celas preservar a circulação vertical manter as fachadas do edifício N

Não bombardeiem o Miguel Bombarda

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Proposta de restauro para a enfermaria principal do recém desativado Hospital Miguel Bombarda, em Lisboa. O hospital, pioneiro no uso de arte terapia para o tratamento de pacientes psiquiátricos, possui em seu complexo, um dos poucos panópticos do mundo para alojamento de pacientes em condição inimputável por algum crime. O edifício da enfermaria principal era originalmente um convento no século IX e possui imenso valor histórico por ter sido habitado pelo Dr. Miguel Bombarda até o fim da sua vida. O presente trabalho foi desenvolvido durante a disciplina de Conservação, Reabilitação e Restauro do Mestrado Integrado em Arquitectura da FA UTL e orientado pelo professor José Aguiar.

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Page 1: Não bombardeiem o Miguel Bombarda

FAUTL – MESTRADO INTEGRADO EM ARQUITECTURA – CONSERVAÇÃO, RESTAURO E REABILITAÇÃO – PROFESSOR JOSÉ AGUIAR

NÃO BOMBARDEIEM O MIGUEL BOMBARDA - ARTE BRUTA NO MUSEU

Autores: Camila Matos 20108168, Carolina Fonteles 20108170, Cibele Bonfim 20108169, Francesca A. Scapoli 20108103

“Em 1848 Portugal vê fundado o primeiro hospital psiquiátrico, o Ho-

spital de Alienados em Rilhafoles, por iniciativa do chefe de governo,

Duque de Saldanha, aproveitando as instalações do antigo Convento dos

Padres de S. Vicente de Paula que foi ampliado para se adaptar às novas

funções e realidade.”(documento de classificação da ZEP de Rilha-

folles)

O trecho acima, refere-se ao edifício erguido na colina ao norte do Campo de Santana, freguesia da Pena, e que recebeu posterior-mente o nome de Hospital Miguel Bombarda, em homenagem ao importante médico ativista do Mo-vimento Republicanodo do 5 de outubro de 1910.

Posteriormente, o Hospital Miguel Bombarda transforma-se num com-plexo de edifícios, que se esten-de por sobre a antiga “Quinta de Rilhafolles”, do qual podemos de-stacar como elementos de relevên-cia histórica e social: o já citado edifício principal (antigo convento de Rilhafolles); 5ª e 6ª enfermarias, balneário D. Maria II (1853), Pa-vilhão de Segurança (1853), sendo estes dois últimos classificados como conjunto de interesse públi-co.

Atualmente o complexo já foi qua-se totalmente desativado enquanto hospital psiquiátrico. E deixa como legado anos e anos de história de evolução do tratamento de doentes mentais, além de um acervo de quase 4000 obras de arte bruta (ou outsider art) produzidas pelos inter-nos do Hospital, durante terapia.

Balneário D. Maria II O edifício do balneário, inaugurado pela Rainha D. Maria II em 29 de Outubro de 1853, é uma pequena construção térrea com planta em forma de «U», e arcada de elegante risco.Apresenta uma curiosa conjugação de correntes estéticas de finais do século XIX: revivalismo renascentista e gótico, decorativismo português com utilização de azulejaria de fachada.O somatório de registos formais e mate-riais que apresenta reafirma o seu carác-ter ecléctico e consequente vínculo ao gosto da época.Edifício inovador para a época, foi o primeiro edifício especificamente con-struído para assistência hospitalar psiquiátrica em Portugal, com ele se introduziram os banhos terapêuticos — hidroterapia utilizados em psiquiatria. Exprime a histórica mudança de atitude, verificada no século XIX, da sociedade e da medicina perante os doentes mentais.

exposicao no hospitalfonte: arquivo pessoal

fachada lado sul do hospital M. Bombardafonte: arquivo pessoal

pátio interiorfontes: arquivo pessoal

edificio do projeto

edificio

edificios classificados Hospital Miguel Bombarda

Antigo convento dos padres de S. Vicen-te de Paulo, o edifício do século XVIII então conhecido por Convento de Rilha-foles foi utilizado em 1829 para alojar a recém fundada Missão de Portugal da Companhia de Jesus. Poucos anos mais tarde, e no seguimento do decerto de extinção das ordens religiosas de 1834, ainda aí funcionou o Colégio MIlitar.Foi transformado em hospital para doentes mentais pelo marechal Duque de Saldanha, que fundou o Hospital de Alienados de Rilhafoles em 1848, e recebeu o seu nome actual em home-nagem ao Dr. Miguel Bombarda, ilustre médico e director da instituição, activista do movimento do 5 de Outubro de 1910, assassinado na véspera dos eventos.

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1ª a 4ª enfermariasalpendre

garagem

depósito

pavilhão de segurança

5ª e 6ª enfermarias

oficinas

portaria

abrigo

hospitalMiguel Bombarda

casaMiguel Bombarda

Balneário D. Maria II

cozinha hospital

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Pavilhão de segurança

O Pavilhão de Segurança è considerado “imóvel de interesse público” pelo IPAR.Foi construído entre 1893 e 1896, por iniciativa do Prof. Miguel Bombarda.Os bancos e os vãos das portas são arredondados, para evitar contusões em doentes agitados. Este é um dos poucos edifícios circula-res panópticos do mundo, antecipando muitas soluções fomais do design indu-strial e da arquitectura dos anos 20 e 30 do século XX (cfr. FREIRE, 2009)

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vista 5 fontes: arquivo pessoal

vista 2 fontes: arquivo pessoal vista 3 fontes: arquivo pessoal

vista 6 fontes: arquivo pessoal

vista 1 fontes: arquivo pessoal

vista aerea fonte: www.google.it

balneário D. Maria IIfontes: arquivo pessoal

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vista 4 fontes: arquivo pessoal

ligacao Panóptico/Hospital M. Bombarda

espaco de transição

entradas/saidas

A partir da importância deste complexo arquitetônico, propomos uma inter-venção de restauro e reabilitação, com foco no edifício principal do hospital, que abriga também a casa onde viveu o médico Miguel Bombarda. Para tal, sugerimos novo uso para o edifício, a partir da análise de seu caráter históri-co, mas recolocando sua funcionalidade e forma, de acordo com o contexto urbano atual.

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entrada/saida do museu

distribução fragmentada do espaço

inclinação do pátio

espaço de transição

diferente material construtivo

distribução do espaço interno em celas

preservar a circulação vertical

manter as fachadas do edifício

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