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0 FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS – ESUDA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LOGÍSTICA EMPRESARIAL DANIELA LIMA DE SOUZA LEÃO NAVEGAÇÃO DE CABOTAGEM EM CONTÊINER Sua importância para o Estado de Pernambuco RECIFE MAIO/2014

NAVEGAÇÃO DE CABOTAGEM EM CONTÊINER Sua importância para o … · Este estudo visou ratificar a importância da navegação de cabotagem para a logística, enfatizando o posicionamento

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FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS – ESUDA

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LOGÍSTICA EMPRESARIAL

DANIELA LIMA DE SOUZA LEÃO

NAVEGAÇÃO DE CABOTAGEM EM CONTÊINER

Sua importância para o Estado de Pernambuco

RECIFE

MAIO/2014

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FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS – ESUDA

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LOGÍSTICA EMPRESARIAL

DANIELA LIMA DE SOUZA LEÃO

NAVEGAÇÃO DE CABOTAGEM EM CONTÊINER

Sua importância para o Estado de Pernambuco

Trabalho de Pós-graduação desenvolvido pela aluna Daniela Leão, orientada pelo Professor Paulo Ney Barata e, apresentado ao Curso de Especialização em Logística Empresarial da Faculdade de Ciências Humanas Esuda, como requisito final para obtenção do grau de Especialista.

RECIFE

MAIO/2014

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FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS – ESUDA

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LOGÍSTICA EMPRESARIAL

NAVEGAÇÃO DE CABOTAGEM EM CONTÊINER

A importância e perspectivas do Estado de Pernambuco

DANIELA LIMA DE SOUZA LEÃO

Monografia submetida ao Corpo Docente do Curso de Especialização em Logística Empresarial da Faculdade de Ciências Humanas Esuda e aprovada em _____________.

Banca examinadora:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

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Ao anjo da minha vida, Gabriel.

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Agradeço a todos que contribuíram para a realização deste trabalho, lendo meus rascunhos e fazendo críticas preciosas, por vezes contundentes, mas que certamente enriqueceram o conteúdo desta monografia.

Pelas intervenções de amigos como Karina, Edmilson, Fábio, sugerindo leituras de alguns artigos, alterações no enfoque e assim como eu, ansiosos pela conclusão, pois já não toleravam mais este assunto.

Agradecimento especial ao Dr. Sergio Kano, por ter me apresentado ao fabuloso mundo da logística e por ter acreditado em meus valores.

Ao amigo Fernando Lucato, pelos ensinamentos constantes e pela paciência.

E ao meu sereno amigo, irmão, parceiro e eterno companheiro, Mário Dias.

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RESUMO

Este estudo visou ratificar a importância da navegação de cabotagem para a logística,

enfatizando o posicionamento do estado de Pernambuco neste contexto.

A análise dos textos apresentou a importância dos modais na cadeia logística, como

facilitadores para a redução de custos e eficiente entrega das cargas. Para melhor

entendimento do assunto em foco, foram mencionados os tipos de contêineres utilizados no

transporte e foi esplanada a navegação marítima e suas rotas, com ênfase no transporte de

cabotagem.

A partir desta análise, foi apresentada a evolução da cabotagem no estado e por fim,

foram mencionadas a contribuição, importância e perspectivas da cabotagem para

desenvolvimento e futuro do estado de Pernambuco e consequentemente, do país.

Através deste levantamento bibliográfico, método utilizado para estudo do artigo,

verificou-se também a grande tendência do estado de Pernambuco surgir como um porto

concentrador, devido à sua posição geográfica, acessibilidade e investimentos na região,

sendo um provável grande centro distribuidor para as cargas dos demais estados do país.

Palavras-chaves: Cabotagem. Carga. Navegação.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA

Figura 01 – Distribuição dos custos logísticos..........................................................................11

Figura 02 – Participação e custos modais.................................................................................13

Figura 03 – Malha Aérea Brasileira..........................................................................................14

Figura 04 – Movimentação de carga.........................................................................................16

Figura 05 – Dutos de gás natural..............................................................................................18

Figura 06 – Dutovias.................................................................................................................18

Figura 07 – Malhas de dutos e terminais..................................................................................19

Figura 08 – Contêiner Dry........................................................................................................21

Figura 09 – Contêiner Open Top..............................................................................................21

Figura 10 – Contêiner High Cube.............................................................................................21

Figura 11 – Contêiner Reefer....................................................................................................22

Figura 12 – Contêiner Flat Rack...............................................................................................22

Figura 13 – Contêiner Tank......................................................................................................22

Figura 14 – Terra Brasilis.........................................................................................................23

Figura 15 – Navegação Interior................................................................................................25

Figura 16 – Embarcações..........................................................................................................26

Figura 17 – Proporção dos modais............................................................................................29

Figura 18 – Movimentação de Contêineres Cabotagem (1999 a 2010)....................................30

Figura 19 – Posição geográfica.................................................................................................31

Figura 20 – Evolução da carga de cabotagem no Estado..........................................................32

Figura 21 – Evolução de contêineres de arroz (2005-2011).....................................................33

Figura 22 – Crescimento do Estado de Pernambuco................................................................35

Figura 23 – Matriz de Transporte no País em 20 anos..............................................................39

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LISTA DE TABELAS

TABELA

Tabela 01 – Movimentação da Cabotagem (1854 a 1873).......................................................29

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AFRMM - Adicional de frete para renovação da marinha mercante

ANTAQ - Agência Nacional de Transportes Aquaviário

ANTT - Agência Nacional de Transportes Terrestre

BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia

IPI - Imposto sobre Produtos Industrializados

ISO - International Standardization of Organization

PAC - Plano de Aceleração do Crescimeto

PIB - Produto Interno Bruto

PNLT - Plano Nacional de Logística e Transporte

PPP’s - Parcerias Público-Privadas

PROREFAM - Programa de Renovação da Frota de Apoio Marítimo

SUFRAMA - Superintendência da Zona Franca de Manaus.

TEU - Twenty feet ou Equivalent Unit (unidade de medida que corresponde a 20’)

TON - Tonelada

TUP’s - Terminais de uso privado

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SUMÁRIO

DEDICATÓRIA

AGRADECIMENTOS

RESUMO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

LISTA DE TABELAS

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................10

2 OBJETIVOS.........................................................................................................................12

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA......................................................................................13

3.1 A IMPORTÂNCIA DOS MODAIS NA CADEIA LOGÍSTICA... ..............................13

3.1.1 Modal Aéreo....................................................................................................................14

3.1.2 Modal Ferroviário............................................................................................................15

3.1.3 Modal Hidroviário/Marítimo...........................................................................................15

3.1.4 Modal Rodoviário............................................................................................................17

3.1.5 Modal Dutoviário.............................................................................................................18

3.2 O TRANSPORTE MARÍTIMO DE CARGAS EM CONTÊINER... ..........................20

3.2.1 Alguns tipos de contêiner.................................................................................................20

3.3 A NAVEGAÇÃO MARÍTIMA E SUAS ROTAS..........................................................23

3.3.1 Tipos de rota.....................................................................................................................24

3.3.1.1 Navegação de longo curso............................................................................................24

3.3.1.2 Navegação interior........................................................................................................25

3.3.1.3 Navegação de cabotagem..............................................................................................26

3.4 EVOLUÇÃO DA CABOTAGEM EM CONTÊINER NO ESTADO... .......................28

3.5 A IMPORTÂNCIA DA CABOTAGEM PARA O ESTADO DE PE. .........................32

METODOLOGIA...................................................................................................................37

CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................38

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................40

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1 - INTRODUÇÃO

Devido à sua constituição de aproximadamente setenta e cinco por cento da superfície

terrestre ser composta por água, nosso planeta poderia ser chamado de Planeta Água. Com

esta abundância e consequentes facilidades que a zona costeira oferece, cerca de setenta por

cento da população mundial vive a menos de 50 km do mar.(LUNA, 2011)

No Brasil, os maiores centros urbanos também foram formados e desenvolvidos

próximos à costa, o que facilitou a expansão do mercado de produção, distribuição e consumo

através do modal marítimo. Este crescimento se deu no mercado internacional, com a

exportação de mercadorias produzidas no país ou com a importação de cargas, mas também

expandiu o mercado nacional, com a circulação e transporte de mercadoria entre os portos do

país, sendo a importância desta navegação de cabotagem para o estado de Pernambuco, o

tema deste trabalho.

O transporte, de maneira geral, é parte de extrema importância para toda a cadeia

logística, atuando desde a entrega de insumos, retirada do produto acabado até distribuição e

entrega, sendo seu custo um fator primordial para o valor final da mercadoria.

Tamanha importância faz com que as empresas procurem pela eficiência e ao mesmo

tempo, redução de custos no transporte das cargas, especialmente na navegação de

cabotagem, onde foram geradas mudanças importantes e investimentos público-privados para

melhor adequação às necessidades exigidas por este mercado.

Visando a melhoria no desempenho de toda a cadeia logística, o mercado tem se

mostrado empenhado em aperfeiçoar o sistema de transporte, já que ele representa um dos

elementos mais relevantes no custo total, como mostra a figura abaixo, além de ser

indispensável para que ocorra uma entrega segura e íntegra da carga transportada.

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Figura 1: Distribuição dos custos logísticos Fonte: ILOS 2014

A comparação dos resultados das pesquisas realizadas em 2005, 2009, 2011 e 2013 na

figura acima, aponta a evolução dos custos logísticos com o passar dos anos. Analisando as

informações, comprova-se a importância da viabilidade para a redução do custo logístico com

o transporte, e isto ocorre através dos estudos e direcionamento para um modal mais adequado

para realizar o transporte das mercadorias.

A prestação de serviço com qualidade se inicia desde a análise pelo melhor modal para

transportar a carga do cliente até a sua entrega. Para Ballou (2001), a escolha de um modal de

transporte pode ser utilizada para se obter uma vantagem competitiva no serviço prestado.

Segundo Alvarenga e Novaes (2000), para ter um sistema de transporte organizado,

precisamos ter uma visão sistêmica e planejada, onde pelo menos se conheça o nível de

serviço atual e o nível de serviço esperado.

Com o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), várias estratégias de crescimento

e desenvolvimento estão sendo estudadas pelas áreas diretamente ligadas ao Ministério dos

Transportes, a fim de melhorar o sistema de transporte de cargas do país e alterar a matriz de

transporte atual. (ANTAQ, 2011)

Certamente, a viabilidade e crescimento da cabotagem, redirecionará grande parte do

volume do modal rodoviário para o marítimo, ratificando a evolução da intermodalidade

como vantagem competitiva para o país.

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2 - OBJETIVO

Este capítulo tem a finalidade de dirimir os objetivos geral e específicos do trabalho,

mencionando o foco do estudo e tornando sua leitura mais clara.

2.1 Objetivo geral:

O objetivo geral do estudo é explanar a importância e crescimento dos portos do

estado de Pernambuco no tocante ao transporte de cargas dentro do país, tornando-se um

potencial porto concentrador e distribuidor de cargas.

2.2 Objetivos Específicos:

Para esboçar com mais clareza esta perspectiva, os objetivos específicos traçados foram:

- Apresentar os tipos de modais utilizados no transporte de cargas e sua matriz;

- A utilização dos contêineres para o transporte;

- As rotas da navegação marítima, com ênfase na cabotagem;

- A evolução da cabotagem e sua importância para o Estado de Pernambuco.

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3 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 A importância dos modais na cadeia logística

Iniciando o estudo, é importante mencionar o quanto a matriz de transportes de carga

brasileira mostra-se ineficiente por usar de forma inadequada os modais disponíveis.

Conforme mostra a figura abaixo, existe uma sobrecarga no transporte rodoviário no Brasil,

em função dos baixos preços de frete, o que acaba servindo como uma barreira ao uso dos

demais modais.

Participação e custos dos modais – Brasil x EUA

Figura 2: Participação e custos dos modais Fonte: ILOS/CSCMP - 2014

Segundo Ballou (2001), o mercado dispõe de cinco tipos de modais para transporte de

cargas e a opção por cada um destes dependerá da análise das características da mercadoria a

ser transportada. Esta análise é imprescindível, pois cada modal terá seu custo e características

operacionais próprias, tornando-o assim mais indicado e vantajoso para determinado tipo de

operação.

A escolha da melhor opção será baseada na análise das características do serviço, dos

custos, das rotas possíveis, da capacidade de transporte, versatilidade, segurança e agilidade.

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3.1.1 Modal Aéreo

É o transporte realizado através de aeronaves e pode ser dividido em Nacional e

Internacional. Este tipo de transporte é o mais indicado para mercadorias de alto valor

agregado, volumes de menor tamanho ou cargas com urgência na entrega, por ter como

característica a agilidade na entrega, segurança e menor custo de seguro, estocagem e

embalagem. (KEEDI, 2001)

O aéreo é muito utilizado para remessa de amostras, brindes, bagagem

desacompanhada, parte e peças de reposição, mercadorias perecíveis, animais e outros. Para

Vieira (2003) a principal vantagem do transporte aéreo é,

A sua maior rapidez, o que facilita a utilização de estratégias just in time,com a consequente redução dos estoques e sua influência no capital de giro; por isso é o modal mais indicado para mercadorias de alto valor e pouco peso/ volume e para o transporte de amostras e mercadorias urgentes. (VIEIRA, 2003, p.115)

Dentre as vantagens deste modal, Vieira (2003) afirma que podemos considerá-lo o

mais rápido e por seu manuseio ser mais cuidadoso, não necessita de embalagem tão

reforçada. Como desvantagem pode-se destacar a menor capacidade de carga e alto valor de

frete.

Figura 3: Malha Aérea Brasileira Fonte: Olhar Logístico 2006

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3.1.2 Modal Ferroviário

A malha ferroviária brasileira possui aproximadamente 29.000 km. O processo de

privatização do sistema iniciou-se em 1996, e as empresas que adquiriram as concessões de

operação desta malha, assumiram com grandes problemas estruturais. A transferência da

operação das ferrovias para o setor privado foi fundamental para que esse setor voltasse a

operar, já que há um elevado custo de investimento na manutenção e funcionamento de todo o

sistema. (ANTT, 2006)

Analisando as vantagens deste modal, pode-se considerar indicado para longas

distâncias e grandes quantidades de carga, baixo custo de seguro e de frete. Como

desvantagens, pode-se citar a diferença na largura das bitolas na malha ferroviária, que é a

distância entre as faces interiores das cabeças de dois trilhos, sendo esta incompatibilidade um

limitador para a integração da malha no país, gerando com isto mais transbordos das cargas e

consequentemente o aumento do custo e baixo nível de eficiência e flexibilidade no trajeto.

O transporte ferroviário torna-se mais barato por não ser tão ágil e por não possuir

tantas vias de acesso quanto os outros modais, transportando grandes volumes por um menor

frete, além de não estar sujeito a riscos de congestionamentos. (FIESP, 2010)

3.1.3 Modal Hidroviário/Marítimo

De acordo com Alvarenga (2000), este modal é o mais utilizado no comércio

internacional, ou seja, na importação e exportação de mercadorias entre o Brasil e outros

países, porém o mercado nacional e o transporte entre os estados também vêm direcionando o

transporte de suas cargas para este modal, especialmente em contêineres, sendo este objeto de

estudo desta monografia.

Segundo a Secretaria dos Portos da Presidência da República,

No decorrer de 2013, o Complexo Portuário do país movimentou 931 milhos de toneladas de carga bruta, apresentando um crescimento de 2,9% em relação a 2012. Em 2013 os Portos Organizados e TUPs movimentaram 8,9 milhões de TEUs (98 milhões de toneladas), retratando um crescimento de 9% em relação ao mesmo período de 2012. Dos cinco principais Portos Organizados em movimentação de contêineres, o Porto de Santos respondeu por 47% da movimentação total do país em TEUs, seguido pelos Portos de Paranaguá com 11%, Rio Grande com 9% e Itajaí e Suape com 6% cada um. (Secretaria dos Portos, 2014)

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Figura 04: Movimentação de carga – 2012 e 2013 Fonte: Secretaria dos Portos

Quanto à fiscalização, Silva e Porto (2003) dizem que a Agência Nacional de

Transportes Aquaviário (Antaq),

Deverá fiscalizar o transporte aquaviário com vistas a garantir a movimentação de pessoas e bens, em cumprimento a padrões de eficiência, segurança, conforto, regularidade, pontualidade e modicidade nos fretes e tarifas.[...] a fiscalização deve abranger as empresas brasileiras de navegação, em relação à autorização para funcionamento, afretamento de embarcações, acordos bilaterais, fretes, acordos de associação e empresas estrangeiras de navegação. (SILVA; PORTO, 2003, p. 83)

A privatização dos portos em 1993, associada à redução de custos operacionais e

isenção de impostos para aquisição equipamentos portuários (Reporto) e à redução do custo

para a construção de embarcações e ampliação da economia de escala, tem estimulado o

crescimento deste modal.

O Reporto isenta a aquisição de equipamentos portuários do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), PIS/Pasep, Cofins e do Imposto de Importação (no caso de equipamentos sem similar nacional). Desde 2004, é o que vem permitindo aos terminais nacionais alcançar os mesmos padrões dos mais modernos portos do mundo. E agora sua vigência foi estendida até 2015, possibilitando a continuidade dos investimentos para atender à crescente movimentação de cargas. (DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 2012)

Para Ballou (1995), como vantagens nesta modalidade de transporte, podem-se citar a

maior capacidade de carga; não havendo restrição quanto ao tipo de carga, sendo algodão,

veículos, bebidas, máquinas e etc., e menor custo de transporte, tornando-se inclusive, uma

das modalidades mais utilizadas para o escoamento de produtos agrícolas. Este modal também

tem papel importante na logística das matérias primas, particularmente na movimentação de

graneis e insumos, sendo os principais produtos transportados: soja, óleo vegetal, trigo, milho,

açúcar, cana de açúcar, sorgo e madeira.

Algumas das desvantagens deste modal são: necessidade de transbordo nos portos

quando não há rota direta; distância dos centros de produção; maior exigência no tipo de

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embalagem e congestionamentos nos portos, devido à falta de estrutura para recebimento e

expedição das cargas. (BALLOU, 1995)

3.1.4 Modal Rodoviário

Segundo reportagem publicada na revista Exame (2013), a malha rodoviária brasileira

é a quarta maior do mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, China e Índia.

Devido à grande movimentação nas estradas, o estado de conservação é precário,

aumento assim os custos com a manutenção dos veículos.

A Agência Nacional de Transportes Terrestre (ANTT) é responsável por autorizar as

empresas para a operação de serviços de transporte, tanto nacionalmente como

internacionalmente, fiscalizando e aplicando as devidas penalidades, quando necessárias.

(KEEDI, 2001)

Como estratégia para melhorar as condições das estradas e sua conservação, o governo

federal tem feito Parcerias Público-Privadas (PPP’s), onde as concessionárias têm a obrigação

de manter um bom estado da estrada, deve prestar atendimento aos usuários no atendimento a

emergências em acidentes, inclusive de guincho.

De acordo com Werneck (2001, p.46) o transporte rodoviário “é mais flexível,

podendo levar praticamente a mercadoria de porta em porta, desde que não exista mar no

percurso”.

Uma das principais características do transporte rodoviário é a simplicidade em seu

funcionamento, pois a mercadoria é estufada na origem e desembarcada diretamente ao

importador, sem manuseio. (SILVA; PORTO, 2003)

Este modal torna-se muito vantajoso por sua agilidade no acesso às cargas, seu

manuseio e menor exigência de embalagem, além da maior frequência e disponibilidade de

vias de acesso.

Vieira (2003, p.103) diz que “o transporte rodoviário é indicado para curtas e médias

distâncias e para as cargas de maior valor agregado, sendo utilizado na maior parte dos

transportes realizados no MERCOSUL”.

Pode-se citar como desvantagem o alto custo do frete, a depender do tipo de carga;

menor capacidade de transporte, entre os outros modais; menos competitivo para longas

distâncias e menos eficiente em períodos de grandes congestionamentos.

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3.1.5 Modal dutoviário

O modal dutoviário é realizado através de canos/tubos cilíndricos, desenvolvidos de

acordo com as normas de segurança internacional. Este transporte é geralmente utilizado para

produtos derivados de minério, também chamado de mineroduto, bem como gases e grãos.

(SILVA e PORTO, 2003)

Figura 05: Dutos de gás natural Fonte: Transpetro

Figura 06: Dutovias Fonte: Transpetro

As dutovias são compostas por três elementos: os terminais, que fazem a propulsão

dos produtos, os tubos e as juntas que os unem. Em geral, são instaladas sobre o solo, no

subsolo ou submarina, sendo fixa infraestrutura deste sistema e assim, esta modalidade de

transporte não apresenta qualquer flexibilidade de rota. (ED. VALETE, 2010)

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De acordo com a Power – Petróleo, Eletricidade e Energias alternativas (2010),

Com a inauguração do Gasoduto Rio de Janeiro-Belo Horizonte, o Gasbel II, o Brasil atingiu 22 mil quilômetros de dutos em operação, entre gasodutos, minerodutos e dutos submarinos. Especialistas do setor consideram pequeno este número, tomando por base as dimensões do Brasil e a produção de petróleo e da mineração, principais demandadores desse tipo de transporte.

De acordo com o relatório de sustentabilidade da Petrobrás (2010), o Brasil ocupa a

16ª posição no ranking mundial, sendo sua malha dutoviária muito inferior inclusive a países

com extensão territorial menor, como México (40 mil quilômetros), Argentina (38 mil) e

Austrália (32 mil).

Figura 07: Malhas de dutos e terminais Fonte: Editora Valete

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3.2 O transporte marítimo de cargas em contêiner

Através do Decreto n° 8.145 de Agosto de 1977, o Governo Federal definiu o container

e padrões como:

Art . 4º O container é um recipiente construído de material resistente, destinado a propiciar o transporte de mercadorias com segurança, inviolabilidade e rapidez, dotado de dispositivos de segurança aduaneira e devendo atender às condições técnicas e de segurança previstas pela legislação nacional e pelas convenções internacionais ratificadas pelo Brasil. § 1º - Enquanto não houver a padronização nacional promovida pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO), da Secretaria de Tecnologia Industrial do Ministério da Indústria e do Comércio, aplicar-se-ão os padrões editados pela International Organization for Stendardization (ISO).

O contêiner e suas medidas foram instituídos com o objetivo de criar uma unidade de

medida padrão para o transporte e evitar problemas com diferentes tipos de embalagens. Com

relação às medidas, o impasse perdurou por muito tempo, desde o início das negociações de

padronização, 1950, onde a Europa defendia as medidas da ISO (International Organization

for Standardization) e os Estados Unidos da América, seguiria a ASA (American Standards

Association), até 1968, quando após muitas discussões, o mundo adotou as normas ISO como

padrão internacional. (KEEDI, 2001)

A revolução na logística mundial provocada pelo advento e ascensão da movimentação de cargas por meio de contêineres alavancou o multimodalismo, passando o porto a ser um elo fundamental na cadeia de transporte. Suas principais virtudes são a velocidade nas operações de carga e descarga e a proteção às mercadorias. Inicialmente acondicionando cargas gerais soltas de diferentes tamanhos, atualmente os contêineres também são usados para transportar minérios em fretes de retorno, assim como cereais e grãos que por pouca quantidade não justificam o transporte a granel. (ANTAQ, 2009)

3.2.1 Alguns Tipos de Contêiner

Os contêineres têm nomenclaturas diferentes, variando de acordo com sua

configuração e tipo de carga (peso/volume).

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Figura 08: Contêiner Standard / Dry box Fonte: Google

É o mais utilizado entre todos devido à sua

versatilidade, atendendo às necessidades de

cargas secas, granéis e também as cargas

úmidas e/ou líquidas.

Figura 09: Contêiner Open Top

Fonte: Google

A solução para cargas de tamanhos irregulares e/ou que só possam ser carregadas por cima. A

proteção da carga é feita por uma lona fixada no topo do container.

Figura 10: Contêiner High Cube

Fonte: Google

Indicado para cargas de pequena densidade, onde o volume supera o peso, como rouparia,

fumo, cigarros, brinquedos, mobiliário, entre outros.

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Figura 11: Contêiner Reefer

Fonte: Google

Esse modelo de container é isolado termicamente. Com piso em alumínio e paredes internas de aço

inoxidável. Indicado para transportas carnes, sucos e frutas.

Figura 12: Contêiner Flat Rack

Fonte: Google

São ideais para cargas que excedem em altura e largura, disponíveis no mercado em quatro

modelos: com cabeceiras fixas, móveis manuais, móveis por molas e sem cabeceiras.

Figura 13: Contêiner Tank

Fonte: Google

A melhor maneira de carregar líquidos tóxicos, inflamáveis, voláteis, etc.

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3.3 A Navegação Marítima e suas rotas

A Navegação no Brasil, mais que uma tradição, uma ciência e uma arte, sempre foi uma necessidade imperiosa e se confunde com a defesa do território e com a formação da nação brasileira em cinco séculos de nossa história, nos 7.367km de linha de costa atlântica brasileira. (Marinha do Brasil)

Figura 14: Terra Brasilis Fonte: Marinha do Brasil

É movimentada anualmente na costa brasileira uma média 700 milhões de toneladas

de mercadorias diversas e de acordo com o Ministério das Relações Exteriores,

O sistema portuário brasileiro é composto por 37 portos públicos, entre marítimos e fluviais. Desse total, 18 são delegados, concedidos ou tem sua operação autorizada à administração por parte dos governos estaduais e municipais. Existem ainda 42 terminais de uso privativo e três complexos portuários que operam sob concessão à iniciativa privada. (MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, 2011)

Com o acelerado crescimento e intensificação do comércio mundial, o setor portuário

no Brasil foi obrigado a sofrer grandes modificações e tem o desafio de modernizar de forma

acelerada sua infraestrutura e logística, a fim de reduzir seus custos operacionais e aumentar

sua eficiência.

Segundo a Antaq (2011), a frota marítima brasileira ao longo dos últimos cinco anos

apresentou uma expansão de 87% e esta evolução foi impulsionada pela implementação, em

1999, do Programa de Renovação da Frota de Apoio Marítimo (Prorefam), da Petrobras. Em

2006, esta frota contava com 212 embarcações e em dois anos passou ao número de 316,

chegando a 2011 com 397 embarcações.

Assim como o Brasil ampliou sua frota, também intensificou a utilização de

contêineres e esta imposição do uso do contêiner inicialmente foi determinada pelos

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importadores norte-americanos de calçados, da Kodac e da Ford Corporation. Como

consequência do aumento da utilização de contêineres na importação e exportação de cargas,

aumentou também a capacidade dos navios porta-contêiner, que conjugados com os navios

“feeder” (distribuidor), distribuem entre os demais portos brasileiros os contêineres que

descarregaram em portos concentradores (hub port) suas cargas de longo curso. (ASLOG,

2011)

Com relação a esta tendência de crescimento dos portos concentradores de cargas e

posterior utilização dos navios de cabotagem ou navios distribuidores de cargas, a Revista do

BNDES diz que,

O aumento dos transbordos está também relacionado ao aumento do tamanho dos navios porta-contêineres, pois as empresas de navegação buscam concentrar a carga em algum porto principal de cada região, a fim de obter grande quantidade de carga para o transporte nas rotas longas, em navios maiores. Quanto maiores os navios, menores os custos de transporte dos contêineres, o que significa dizer que a atividade apresenta economias de escala. (BNDES, 2004, pg. 215)

3.3.1 Tipos de rota

No transporte marítimo, as rotas são divididas em Navegação de Longo Curso,

Navegação Interior e a Navegação de Cabotagem, e esta divisão não é feita baseando-se na

distância percorrida, mas sim pela característica no tipo de rota.

3.3.1.1 Navegação de longo curso

A Navegação de longo curso é a navegação internacional, transportando pessoas ou

bens entre portos de diferentes países.

Segundo Lacerda (2004), a Navegação de Longo Curso é o transporte mais

desenvolvido no mundo, já que através dele acontece o comércio exterior mundial.

Para o renomado economista com especialização na área de transporte internacional,

Keedi (2001), A navegação de longo curso é

... aquela que ocorre no mar, entre dois ou mais países. Como exemplo, temos uma navegação de transporte de mercadorias do porto do Rio de Janeiro até o porto de Hong Kong. Se houver a utilização de um rio ou um lago para complemento da navegação, esta não muda para fluvial ou lacustre e continua sendo uma navegação de longo curso. (KEEDI, 2001, pg. 135)

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De acordo com o Art. 5º da Lei 9.432 de 08 de janeiro de 1997, “A operação ou

exploração do transporte de mercadorias na navegação de longo curso é aberta aos armadores,

às empresas de navegação e às embarcações de todos os países, observados os acordos

firmados pela União, atendendo o princípio da reciprocidade”.

Sobre o crescimento deste tipo de rota no Brasil, o BNDES (1997) diz, “A navegação

de longo curso no país teve grande impulso nos anos 70 com a implementação de diversos

planos de construção naval apoiados em fortes incentivos e subsídios governamentais. Até

então, todas as empresas eram estatais”.

3.3.1.2 Navegação interior

A navegação interior é realizada em hidrovias interiores, em percurso nacional ou

internacional, sendo em águas abrigadas ou parcialmente abrigadas por rios, represas, canais e

baías.

Figura 15: Navegação Interior

Fonte: Google

De acordo com o inciso X, do artigo 2º, do capítulo II da Lei nº 9.432 de 08 de janeiro de

1997, “ a navegação interior: a realizada em hidrovias interiores, em percurso nacional ou

internacional ”. Este tipo de navegação permitiu a expansão de atividades comerciais e sociais

dentro do território nacional, sendo a via de acesso ao Mato Grosso, Rondônia, Acre e

Amazonas.

Para o BNDES (1997), esta navegação é de extrema importância no desenvolvimento do

país, sendo estratégica para a expansão de fronteiras agrícolas e minerais e viabilizadoras das

atividades econômicas e sociais.

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Analisando a postura do governo em relação a este modal, o BNDES (1997) pontua que a

- Atividade implantada antes dos outros modais, permanece operando tal como nos séculos passados sem ajuda do governo, e até sofrendo de suas ações; - A decisão estratégica de ampliar a navegação interior requer a aprovação política de condições adequadas às suas atividades, entender e aceitar as diferenças regionais; - Apoiar a navegação é crítico para a manutenção e o crescimento econômico, bem como manutenção do território nacional; - A estratégia política desta atividade, requer adequação ao acesso ao crédito para a renovação e expansão da logística de transporte.

Figura 16: Embarcações Fonte: Google

3.3.1.3 Navegação de cabotagem

De acordo com o inciso IX, da Lei no 9.432 de 08 de janeiro de 1997, “a navegação

de cabotagem: é a realizada entre portos ou pontos do território brasileiro, utilizando a via

marítima ou esta e as vias navegáveis interiores”.

A navegação de cabotagem consiste no transporte marítimo realizado ao longo da

costa brasileira e só pode ser explorada por navios de bandeira brasileira, salvo quando não

houver disponibilidade de embarcação brasileira adequada ao transporte; quando for de

interesse público, porém devidamente justificado e quando estiver substituindo alguma

embarcação brasileira em construção.

Art. 7º As embarcações estrangeiras somente poderão participar do transporte de mercadorias na navegação de cabotagem e da navegação interior de percurso nacional, bem como da navegação de apoio portuário e da navegação de apoio marítimo, quando afretadas por empresas brasileiras de navegação, observado o disposto nos arts. 9º e 10. Parágrafo único. O governo brasileiro poderá celebrar acordos internacionais que permitam a participação de embarcações estrangeiras nas navegações referidas neste artigo, mesmo quando não afretadas por empresas brasileiras de navegação, desde

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que idêntico privilégio seja conferido à bandeira brasileira nos outros Estados contratantes. (Lei no 9.432 de 08 de janeiro de 1997)

A cabotagem no Brasil é realizada por navios graneleiros, transportando granéis

sólidos e líquidos, e por navios de contêineres, que transporta qualquer tipo de carga

utilizando o tipo de contêiner específico para a mercadoria. (VASQUEZ, 2003)

Muitos navios de cabotagem navegam até portos de países do Mercosul e este tráfego

é geralmente chamado de “grande cabotagem”, o que é criticado por muitos, por não ter

nenhum respaldo legal, pois apesar de o Mercosul ser um bloco onde o Brasil está envolvido,

os países mantém a independência entre si. (PORTAL MARÍTIMO, 2011)

O país enfrenta muitos entraves para a expansão deste tipo de transporte no Brasil e a

fim de melhorar a recepção nos portos e otimizar a liberação das cargas sem passar pelo

excesso de burocracia aduaneira, o país teria que tomar sérias medidas como simplificar os

processos junto aos órgãos Federal e Estadual como AFRMM, Siscarga, Suframa (AM) e

liberações de notas fiscais junto à Secretaria da Fazenda Estadual, além de ampliar a retro-

área portuária destinada à cabotagem e assim como as empresas internacionais, ter a isenção

do ICMS na compra do combustível. (MERCOSUL LINE, 2011)

Apesar das barreiras enfrentadas e da grande demanda ainda reprimida, o comércio de

cabotagem no Brasil tem crescido consideravelmente. Em face disto, podem-se citar algumas

vantagens da cabotagem no Brasil:

- menor índice de avaria;

- menor índice de sinistros;

- redução dos desgastes das malhas rodoviárias;

- redução de acidentes nas estradas;

- menor consumo de combustível;

- menor índice de poluição.

De acordo com as declarações de alguns Armadores e usuários da cabotagem, alguns

dos maiores empecilhos estão na regulamentação, nos impostos e na infraestrutura portuária

precária, podendo citar também outras desvantagens, como:

- baixa frequência;

- concentração de volume em embarque único;

- aumento no nível do estoque;

- a cobrança do “bunker surcharge” , ou sobretaxa de combustível, que é um percentual

cobrado sobre o frete básico para cobrir custos com o combustível.

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Uma forma de alavancar a cabotagem no país foi o uso da multimodalidade. Os

Armadores em geral oferecem a cabotagem como um serviço multimodal, investindo no

mercado porta-a-porta, retirando a mercadoria na origem e entregando diretamente ao

importador, como diz o Armador

...oferece o serviço de cabotagem integrado ao do Mercosul, cobrindo os mercados desde a Amazônia até a Patagônia com uma autêntica logística multimodal porta a porta, agregando o melhor de cada um dos modais - marítimo, ferroviário, rodoviário e fluvial. Tudo para maximizar a segurança e integridade das cargas com sustentabilidade, confiabilidade e tempos de trânsito competitivos. (ALIANÇA, 2011)

A multimodalidade surge como forma de diminuir os custos logísticos. Ela se define

como um transporte eficiente realizado por mais de um modal, em uma cadeia de transporte

integrada, com vários transbordos, e uma única fatura de prestação de serviço, caracterizando-

se como um serviço porta-a-porta. Assim, um perfeito funcionamento da multimodalidade no

Brasil será a forma de viabilizar os produtos brasileiros em qualquer mercado a preços

competitivos e condições favoráveis. (TECNOLOGÍSTICA, 2011)

A intenção do mercado de cabotagem não é concorrer com o transportador rodoviário,

mas sim, complementar o negócio do transportador, desta forma as transportadoras e

armadores tendem a fazer parcerias e continuar atuando nas entregas, porém em menores

percursos.

3.4 Evolução da Cabotagem em contêiner no Estado

De acordo com o Ministério da Marinha, os censos marítimos realizados pelas

Capitanias dos Portos de algumas províncias entre 1854 e 1873 não apresentavam a realidade

na movimentação da cabotagem do país, pois o estado de Pernambuco estava invariavelmente

ausente nesta série. Este senso era composto do tráfego de cabotagem marítima, dos portos e

rios, e pescaria.

Devido à volta de Pernambuco aos sensos em 1873, houve uma mudança expressiva

na movimentação de navios, passando de 89 em 1870 para 133, em 1873, sendo destes 76

navios destinados ao Rio de Janeiro e 54 a Pernambuco. (Marinha do Brasil)

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Anos Províncias recenseadas Cabotagem de "longo curso" Cabotagem de "pequeno curso"

1854 10 75 1.415

1856 10 96 1.472

1858 13 86 1.634

1860 13 100 1.519

1862 10 78 1.351

1864 6 76 969

1866 10 97 1.236

1868 7 91 989

1870 11 89 1.393

1873 11 133 1.663 Tabela 1: Movimentação da Cabotagem (1854 a 1873) Fonte: Censos Marítimos, Relatório do Ministério da Marinha.

De acordo com Furtado (1989), a cabotagem no Brasil foi muito utilizada na década

de 30, sendo o principal modal para carga granel, devido à precariedade do transporte

ferroviário e rodoviário.

Este movimento se intensificava à medida que alguns centros comerciais do país como

Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e Recife ampliavam seus negócios com os outros estados,

utilizando assim a navegação de cabotagem para chegar às cidades, já que o país cresceu do

litoral para o centro.

Segundo a Revista do BNDES (2004), na década de 50 a cabotagem chegou a

transportar 27,5% das cargas do país, mas ao longo do tempo este modal deixou de ser

densamente utilizado e suas cargas foram transferidas para o modal rodoviário, que ainda hoje

atende à maior parte da parcela deste mercado, o que conforme o Plano Nacional de Logística

e Transporte (PNLT) informa através do gráfico, corresponde a 58% do transporte de cargas

da produção nacional.

Figura 17: Proporção dos modais Fonte: Ministério dos Transportes

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Desde 1999, com a desvalorização da moeda, o Brasil se tornou um mercado atrativo

às empresas estrangeiras de logística e as empresas nacionais, consequentemente, se voltaram

ao mercado interno. Com o crescimento do comércio exterior, cresce também o mercado de

cabotagem e “feeders” para distribuir as cargas importadas pelo litoral brasileiro.

Como mostra o gráfico abaixo, em 11 anos o transporte brasileiro de contêineres na

cabotagem cresceu 34 vezes.

Figura 18: Movimentação de Contêineres Cabotagem no Brasil (1999 a 2010) Fonte: Ministério dos Transportes (2011)

Neste contexto, surge a grande viabilidade de participação do Estado de Pernambuco

no mercado de cabotagem, principalmente devido à sua localização estratégica, localizado no

centro da região Nordeste do país, bem como em relação às principais rotas marítimas de

navegação, com linhas diretas para a Europa, América do Norte e África. (Cais do Porto,

2008)

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Figura 19: Posição Geográfica Fonte: Tecon Suape

Por estar situado na extremidade oriental da costa da América do Sul, o estado

localiza-se a apenas oito dias da costa norte-americana e do Oeste Europeu, interligando-o a

mais de 160 portos em todos os continentes. Esta posição, além de colocar o estado como uma

eficiente opção de centro receptor e distribuidor de cargas internacionais há também a

promissora viabilidade de ser um porto concentrador e distribuidor para carga nacional e de

grande cabotagem. (VEIGA, 2011)

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3.5 Importância do mercado de cabotagem para o estado de Pernambuco

O crescimento do comércio exterior do país e a busca pela redução dos custos com o

transporte, preservando a qualidade no recebimento e entrega das cargas, está levando o

governo a repensar seus investimentos na navegação e consequentemente, os Armadores de

navios se sentem estimulados a intensificar seus negócios no mercado interno. Atualmente, os

armadores de cabotagem que atuam no estado são Aliança Navegação, Log-in e Mercosul

Line.

O gráfico abaixo destaca a evolução da movimentação de contêineres no Estado de

Pernambuco, porém analisando especificamente o crescimento da cabotagem, ratifica-se o

retorno e tendência da utilização deste modal, assim como a eficiente participação do estado

neste mercado.

Figura 20: Evolução da carga de cabotagem em PE Fonte: Tecon Suape S.A (2014)

Um dos fatores de influência para o crescimento do mercado de cabotagem é a

migração gradual de grande parte da carga geral para contêiner. Como exemplo, pode ser

citada a evolução da importação de cabotagem de arroz em contêiner para Suape,

provenientes do sul do Brasil, conforme gráfico abaixo:

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Figura 21: Evolução cntrs arroz 2005-2011 Fonte: Tecon Suape S.A (2012)

Nos últimos anos, o Estado de Pernambuco teve um crescimento diferenciado em

relação ao país e em especial, o Complexo Industrial e Portuário de Suape, com a implantação

de grandes investimentos como o Tecon Suape, a Petroquímica, a Siderúrgica Nacional, a

Refinaria Abreu e Lima, os Estaleiros Atlântico Sul e Promar, dentre outros.

A escolha de Suape para implantação do porto-indústria, conceito de porto com

instalação de indústrias em seu entorno, já existente no Porto de Marseille, França e em

Kashima, localizado no Japão, se deu por ter águas profundas junto à linha da costa, com

cerca de 1 km de cordão de arrecifes; quebra-mar natural; área para implantação do parque

industrial e pela sua localização estratégica em relação às diversas rotas marítimas de

navegação. (GOVERNO DO ESTADO DE PE, 2012)

Com relação ao porto do Recife, apesar dos investimentos e atuação das empresas

Rodrimar e Gulftainer como operadores portuários de navios de contêiner, o porto ainda não

se destacou neste segmento. Porém, de maneira geral, os últimos anos foram especiais para o

Porto de Recife, pois o porto passou a ser de fato uma alternativa ao comércio local e de

exterior na navegação.

Com a promessa e visível investimento por parte do governo do estado e ainda

incluído no PAC da dragagem, o Porto do Recife tende a consolidar-se como um forte

parceiro no desenvolvimento logístico do estado e da região Nordeste.

A cabotagem no estado também está sendo reforçada com a indústria automobilística

iniciada com a Fiat. A chegada desta indústria atraiu não somente fornecedores em geral,

como as empresas nacionais de suporte a este mercado, mas também atrai os setores moto

ciclísticos e de autopeças, que trazem suas cargas em contêiner.

0

5000

10000

15000

Volume de arroz - TEU's (2005 a 2013)

VOLUME

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O crescimento do mercado automobilístico mobiliza não só a indústria, mas também os fornecedores, que por sua vez movimentam as empresas de logística e de cabotagem. Nesse caso, o transporte marítimo de cargas por contêineres torna-se uma opção viável para compor a cadeia de logística. (PORTAL MARÍTIMO, 2011)

Por enquanto, grandes empresas que estão se instalando no Estado e que atualmente

dividem suas importações com carga de projeto (equipamentos) e carga conteinerizada, tem

realizado reuniões com os Portos do Estado a fim de discutir a logística que será demandada

quando da implantação das fábricas para atender ao mercado nacional, a exemplo da

Petroquímica Suape, Refinaria Abreu e Lima e a montadora Fiat.

De acordo com a Brito (2011), este acelerado crescimento do estado de Pernambuco e

suas perspectivas têm mudado não só a vida dos pernambucanos que permaneceram, mas

também está trazendo de volta os retirantes que emigraram em busca de oportunidades de

emprego. Ratificando a celeridade do crescimento, o gráfico abaixo mostra, dentre outras

informações, o PIB do estado que em 2010 foi de R$ 87 bi e cresceu 15,78% em 2011.

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Figura 22: Crescimento do Estado de Pernambuco Fonte: Folha de São Paulo, 2011

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Este rápido crescimento também traz ao estado gargalos operacionais e sociais. O

Professor Universitário e consultor em logística, Marcilio Cunha (Cais do Porto – Dezembro

2008) já dizia que medidas importantes deveriam ser tomadas para atender a este grande fluxo

e promessa de crescimento do estado, como: dragagem permanente do canal, investimento em

máquinas para movimentação de contêineres, analisar os gargalos de acesso rodoviário e

ferroviário e reduzir a burocracia dos órgãos anuentes.

Analisando todos estes indicadores, é claramente percebido que o estado de

Pernambuco mostra seu papel especial no crescimento do país, com grande potencial e

perspectivas de aumentar significativamente o mercado da cabotagem e corrigir estes entraves

que surgem junto com o desenvolvimento da região, com a geração de empregos, distribuição

de renda e investimento em segurança.

A participação dos portos do estado como receptores, concentradores e distribuidores

de contêineres para os demais estados da região Nordeste e para todo o país é

indiscutivelmente uma efetiva tendência, sendo um fator de extrema importância para o

desenvolvimento da logística de transporte no país.

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METODOLOGIA

Com o propósito de apresentar a importância deste modal, este trabalho foi realizado

através de pesquisa de caráter exploratório, que permitem diversas fontes com explanações

diversificadas, análise de matérias relevantes consultadas em estudos de tema semelhante e já

realizados como revistas, livros, artigos e sites da internet.

O levantamento bibliográfico é um método que permite corroborar ou delinear uma

nova abordagem do tema, servindo de embasamento também para pesquisas futuras.

Segundo Gil (2005), a pesquisa exploratória tem como objetivo proporcionar melhor

entendimento sobre um determinado tema, buscando levantar informações relacionadas a fim

de maximizar o conhecimento sobre o estudo escolhido.

Para Marconi e Lakatos (2003), este tipo de pesquisa funciona como uma investigação

de alguma questão ou problema identificado pelo pesquisador, aumentando sua familiaridade

e ampliando seu conhecimento sobre o assunto.

Esta fundamentação teórica foi subdividida em cinco tópicos.

O primeiro, fala sobre a importância dos modais na cadeia logística, pontuando a

importância e as características de cada um dos cinco modais, bem como sua matriz de

transporte.

O tópico seguinte apresenta a utilização do contêiner para o transporte marítimo e

menciona alguns tipos mais utilizados.

A navegação marítima é explorada no terceiro tópico, onde é apresentada a rota de

longo curso, ou internacional; a navegação interior, utilizada entre lagos e rios; e por fim, a

navegação de cabotagem, que é realizada na costa brasileira.

No quarto tópico deste trabalho, coloca-se a evolução da cabotagem em contêiner no

estado de Pernambuco, através de estudos já realizados e gráficos.

E por fim, no quinto tópico é apresentada a importância e perspectivas de crescimento

do mercado de cabotagem para o Estado e consequentemente, para o país.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Atendendo aos objetivos do estudo, foram apresentadas informações sobre os modais

utilizados para movimentação das cargas, como o modal aéreo, ferroviário,

hidroviário/marítimo, dutoviário e rodoviário, sendo este o mais comum no país. Além disto,

foram apresentados os principais tipos de contêineres para movimentação e transporte de

cargas, mencionando algumas das suas características.

Antes de focar no tema da cabotagem, foram também apresentadas as rotas de

navegação de longo curso e de interior. A partir destas explanações, o estudo foi voltado para

a navegação de cabotagem e sua importância para o Estado de Pernambuco, apresentando o

latente desenvolvimento dos portos do Estado, se consolidando como um centro estratégico

dentro do plano de desenvolvimento do país, recebendo investimentos públicos e privados de

diversos setores da economia.

Dentre outras razões, este interesse pelo Estado como um concentrador e distribuidor

das cargas de cabotagem ocorre devido à sua estratégica localização geográfica, atraindo as

empresas de norte a sul do país com a intenção de montar seus centros de distribuição no

Estado, a fim de facilitar a pulverização das cargas junto aos demais estados da região Norte e

Nordeste.

Analisando o cenário nacional, ratifica-se a importância do modal marítimo e em

especial o tráfego da cabotagem para o desenvolvimento e escoamento de cargas no país e

para melhor entendimento, é importante apresentar a matriz de transporte num horizonte de

20 anos a partir de 2005, conforme mostra a figura abaixo, onde o Ministério dos Transportes

através do Plano Nacional de Logística e Transporte (PNLT) têm como uma das principais

metas a recuperação dos níveis de investimento em infraestrutura, destinando pelo menos 1%

do PIB ao transporte no período de 2008 a 2023, tentando alcançar assim patamares como

China, Rússia, Índia e outros países em desenvolvimento, que investem entre 4% a 6%

(PERRUPATO, 2010).

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Figura 23: Matriz de transporte do país num horizonte de 20 anos Fonte: PNLT - considerando o consume de energia

Com a consolidação da cabotagem e da intermodalidade/multimodalidade, a cadeia

logística no Brasil tende a ser mais eficiente, lucrativa, com custos reduzidos e menor índice

de avarias às cargas.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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