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Necessidades Educativas Especiais: Acesso, Igualdade e Incluso
Textos do Seminrio Organizado pelo Centro de Estudos de Polticas Educativas (CEPE) em
parceria com a Faculdade de Cincias da Educao e Psicologia (FACEP), Faculdade de
Educao Fsica e Desporto e Delegao de Montepuez da Universidade Pedaggica, em
Montepuez, 2014.
Reitor da Universidade Pedaggica: Prof. Doutor Rogrio Uthui
Pr-Reitor para a Ps-Graduao, Pesquisa e Extenso: Prof. Doutor Jos Castiano
Comisso Organizadora
Eduardo Machava (Coordenador)
Stela Duarte
Germano Tiroso
Daniel Ernesto Canxixe
Luciano Mrio Jacinto
Quirino Cornlio Mpiuka
Tima Ftima Dinis
Comisso Cientifica
Lcia Suzete Simbine (Coordenadora)
Juvncio Nota
Lucas Mangrasse
Ali Cossing
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Ficha Tcnica:
Titulo: Necessidades Educativas Especiais: Acesso, Igualdade e Incluso
Organizadores: Camilo Ussene e Lcia Suzete Simbine
Capa: Dia da Criana - Curso de Educao de Infncia - FACEP
Editora: EDUCAR-UP
Nmero de registo: 8529/RLINLD/2015
Ano: 2015
Maputo, Setembro de 2015
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ndice
0. Nota introdutria 5
1. Alunos com Sndrome de Down em turmas inclusivas. Contribuies para repensar a
incluso de alunos com Necessidades Educativas Especiais em Moambique
JofredinoFaife 8
2. A escolarizao de alunos com Necessidades Educativas Especiais associadas ao Atraso
Mental
Alcido L. Dengo 20
3. As peculiaridades do comportamento de crianas e adolescentes com distrbios
funcionais como factor determinante no processo de sua integrao social
Jos Matemulane 32
4. Dificuldades de Aprendizagem
Fernando Loureno Fernandes Pinto
e Leonete Guilhermina Ferro Fernandes 45
5. A Prtica de Incluso nas Aulas de Educao Fsica
Eduardo Jaime Machava 52
6. Interveno Psicopedaggica: Contribuies para o Desenvolvimento da Criana do
Ensino Bsico (1 e 2 Graus) Estudo de Caso
Daniel Ernesto Canxixe e
Lcia Suzete Simbine 66
7. O Papel da Famlia no contexto da Educao Inclusiva
Ana Paula Moiane de Sousa 77
8. Concepo de Professores sobre Educao Inclusiva e sua influncia no atendimento de
alunos com Necessidades Educativas Especiais por Deficincia da EPC de Matola Gare
(1998-2009)
Jane Andr Mangumbule 91
9. Educao Inclusiva: Uma Reflexo sobre a Formao do Formador do Ensino Bsico
para Necessidades Educativas Especiais
Albino Guirrengane Nhaposse 102
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0. Nota Introdutria
Este livro, composto por nove artigos, elaborados pelos docentes da disciplina de
Necessidades Educativas Especiais (NEE) de nove das onze Delegaes da Universidade
Pedaggica (UP), resultado das actividades desenvolvidas pelo Ncleo de Necessidades
Educativas Especiais (NEE) do Centro de Estudos de Polticas Educativas (CEPE), uma das
Unidades da UP. Trata-se de uma colectnea de artigos apresentados no 1 Seminrio Nacional
de Necessidades Educativas Especiais, realizado em Montepuez provncia de Cabo Delgado,
Norte de Moambique. O Seminrio, cujo lema foi ACESSO, IGUALDADE E INCLUSO foi
organizado pelo CEPE em parceria com a Faculdade de Cincias da Educao e Psicologia
(FACEP), Faculdade de Educao Fsica e Desporto (FEFD) e a Delegao da UP Montepuez,
visando fortalecer o Ensino, a Pesquisa e a Extenso na rea de NEE na UP.
A introduo da disciplina de NEE, para quase todos os cursos da UP, vista como um
testemunho de uma nova abordagem, na maneira de ver, entender e interpretar, ao mesmo tempo
que se assumem os princpios de uma Educao Inclusiva para Todos na perspectiva de um
atendimento pedaggico equilibrado na sala de aulas, tendo em conta a diversidade nas
diferentes vertentes. A poltica de Educao para Todos prev que todas as crianas tenham
acesso educao, independentemente da sua origem, prev tambm que o Ensino Bsico seja
de carcter obrigatrio e gratuito. Neste contexto, a preparao de todos os estudantes, em
matrias de NEE, contribuir para que os professores e outros quadros graduados pela UP, a
partir do currculo de 2010, estejam altura de responder o preconizado pela Unesco, que indica
que se atenda a todas as crianas matriculadas em qualquer sistema de ensino,
independentemente das diferenas que possam apresentar em relao maioria (UNESCO,
1994).
Importa reconhecer que, apesar de muitos esforos (e.g., legislao publicada, boa vontade
de quem dirige as polticas nesta rea, alteraes nos programas de formao de professores) a
educao inclusiva em Moambique representa um ideal a alcanar. Isso significa que h muito
ainda por se fazer para transformar a escola num espao de incluso em que todos aprendam de
acordo com as suas particularidades individuais.
O livro testemunha a grande preocupao dos docentes de NEE da UP em relao
educao inclusiva, trazendo resultados e propostas para a transformao das prticas actuais
para uma prtica mais inclusiva.
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Esperamos que esta colectnea de artigos possa contribuir para a melhoria do desempenho
de todos os professores, que se empenham no bem-estar dos alunos com NEE, isto , aqueles que
assumem o desafio de proporcionar um ambiente de aprendizagem saudvel para os menos
favorecidos devido s suas caractersticas individuais diferentes das da maioria. um livro que
poder servir de material de consulta para a comunidades universitria e ainda um contributo
para a continuidade da reflexo sobre a temtica central que o orientou.
Por ltimo, chamamos ateno ao leitor que os contedos dos textos e o respectivo estilo
de escrita so da inteira responsabilidade dos autores.
Os organizadores
Camilo Ussene
Lcia Suzete Simbine
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1. Alunos com Sndrome de Down em Turmas Inclusivas. Contribuies para Repensar a
Incluso de Alunos com Necessidades Educativas Especiais em Moambique
Jofredino Faife1
Resumo
Largamente conhecida como Sndrome de Down (SD), a Trissomia 21 resulta de uma diviso
cromossmica inusual caracterizada pela triplicao e no duplicao do 21 par de
cromossomas. Em geral, esta alterao gentica tem por consequncia problemas gerais de
desenvolvimento associados deficincia mental. Estas caractersticas resultam num quadro geral
que conduz a problemas de adaptao ao mundo escolar, colocando os portadores desta sndrome
na categoria de estudantes que demandam uma ateno educativa especial. Neste artigo, com
recurso pesquisa bibliogrfica, apresentam-se, de forma reflexiva, a etiologia, manifestaes
psicossomticas e a influncia geral da SD no ambiente escolar, particularmente em turmas
inclusivas. Como objectivo geral, propomo-nos repensar o princpio da incluso de alunos com
NEE nas classes regulares em Moambique, partindo do exemplo da SD. Apesar de geralmente os
portadores da SD serem tomados como uma massa de estudantes indistintos nas necessidades e
potencialidades, abraamos uma lente pedaggica que permite-nos ler a SD como uma dificuldade
evolutiva que gera mau funcionamento educativo e de aprendizagem em nveis que se expressam
segundo a unicidade de cada educando. Esta premissa lana luzes sobre algumas das questes mais
prementes no debate sobre o estatuto dos alunos com NEE na escola moambicana.
Palavras-chave: Necessidades Educativas Especiais (NEE); Sndrome de Down (SD); Dificuldade
Evolutiva (DE); Funcionamento Educativo e de Aprendizagem (FEA).
Introduo
O presente artigo discute a incluso escolar de alunos com Necessidades Educativas
Especiais (NEE) na escola moambicana, partindo do exemplo da Sndrome de Down (SD). A
escolha de uma NEE em particular justifica-se pela necessidade de ancorar a pesquisa num
contexto relativamente concreto. Assim, embora o objecto formal da nossa anlise (incluso)
apresente-se relativamente amplo, o uso da SD como ponto de partida permite tornar a discusso
mais delimitada. Do ponto de vista cronolgico, o estudo tomar em considerao os passos que
o pas marcou rumo incluso, ao longo da ltima dcada e meia, desde a introduo das escolas
inclusivas em 1998.
1 Mestre em Cincias Pedaggicas pela Universit degli Studi di Bergamo (UniBg - Itlia), Doutorando em
Educao e Interculturalidade pela Uab (Portugal), docente e pesquisador nas reas de Educao Especial e
Pedagogia Social, na Universidade P