Neoplasticismo

1 – Contexto histórico

O neoplasticismo surge no início do século XX, na Holanda, de 1917 a 1932, nesse período destacam-se a consolidação cada vez maior do capitalismo, a ocorrência da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a grande industrialização e urbanização das cidades provocada pela Revolução industrial, onde as cidades nunca mais iriam ser as mesmas. Este movimento de vanguarda trata-se de uma doutrina estética proposta pelo pintor holandês Piet Mondrian. Ele sofre influência do cubismo o qual introduziu pela primeira vez a noção de abstração da forma e da Teosofia, que pregava o fim do conflito entre a espiritualidade e a ciência e o trilhar de um caminho evolutivo pessoal. Em 1913, foi conhecer a exposição de arte cubista na cidade de Amsterdã, esta visita impressionou muito Mondrian e teve grande influência na formação de seu estilo artístico. Em 1916 conheceu o pintor e arquiteto Theo van Doesburg, onde juntos em 1917 criam e publicam o primeiro número da revista De Stijl, com o objetivo de criar um forúm de arquitetos, designers e pintores que compartilhavam de uma estética abstrata semelhante. Além de Mondrian e Doesburg, como representantes também estavam: o pintor Wilmos Huszár, o escultor Georges Vantongerloo e os arquitetos Jacobus Johannes Pieter Oud e Gerrit Thomas Rietvel, entre outros.

Figura1: Composição A, 1917. Fonte: http://selectasoldier.wix.com?pietmondrian#!obras. Figura 2: Revista De Stijl, 1923. Fonte: http://dc247.4shared.com/coc/1pZ-llyb1 /preview . html.

2 – Características gerais

Movimento artístico holandês, que se organizou em torno da necessidade de clareza, certeza e ordem, têm como propósito central encontrar uma nova forma de expressão plástica, liberta de sugestões representativas e composta a partir de elementos mínimos. Utiliza as cores primárias, azul, vermelho e amarelo, juntamente com o preto, o branco e cinza. Os artistas influenciados pelo jazz e pela música erudita contemporânea usavam contrastes de cores para criar equivalentes visuais de notas que ouviam. Os elementos composicionais eram as linhas verticais e horizontais, bem como superfícies retangulares. Assim a mistura desses elementos gerava um contraponto para conseguir um equilíbrio de opostos desiguais, a fim de criar uma arte de ordem e harmonia, qualidades essas ausentes no mundo revirado pela guerra.

3 - Principais artistas e obras

Piet Mondrian (1872-1944)

Nasceu na cidade holandesa de Amersfoort, acreditava na arte como uma composição de cores e desta forma apresentou ao mundo. Busca a total limpeza espacial das pinturas, reduzindo-a a seus elementos mais puros e prioriza composições geométricas puras, claras, não figurativas e simplicidade rítmica, convidando o observador a explorar o quadro.

Produções sobre influências impressionistas, fauvistas e cubistas.

Figura 3: Vista de Winterswijk, 1899. Figura 4: A árvore vermelha, 1910. Figura 5: Ainda v vo com o gengibre 2, 1912. Fonte: http://www.slideshare.net/TCHOKAN/piet-mondrian-11820750.

Produção com características próprias do Neoplasticismo. Nota-se o uso de cores primárias azul, amarelo e vermelho e das não primárias branco, preto e cinza e linhas negras formando retângulos. As linhas verticais representavam vitalidade e as linhas horizontais tranqüilidade, o cruzamento entre ambas era o ponto de equilíbrio dinâmico.

Figura 6: Composição na grelha IX, 1919. Fonte: www.slideshare.net/TCHOKAN/piet-mondrian-11820750. Figura 7: Composição A, 1923. Fonte: http://dc339.4shared.com/ doc/bs9_qvhl/preview.html. Figura 8: Brodway Boogie – Woogie, 1942-43. Fonte: http:// www.bonde.com.br/?id_bonde=1-12--12-20130201.

Theo Van Doesburg (1883-1931)

Foi um dos fundadores do grupo e do periódico de Stijl e junto de Mondrian criou pinturas abstratas limitadas por linhas verticais e horizontais. Um de seus projetos de decoração de interiores foi a do

Restaurante Aubette. A partir de 1924 publicou Princípios da arte neoplástica e passou a usar as linhas diagonais nas suas obras, afirmando que a grade diagonal cria uma tensão dinâmica entre o formato retilíneo da tela e sua composição, chamando essa fase de elementarismo. Por esse motivo cria uma rixa com Mondrian, que sai do grupo tempo depois.

Figura 9: Contraposição de dissonâncias. XVI, 1925. Fonte: http://selectasoldier.Wix.co m/pietmondrian#!obras. Figura 10: Restaurante Aubette, Strasbourg, 1928. Fonte: http : //kempis.nl/mag/centre-pompidou-paris-mondriaan-de-stijl.

Gerrit Rietveld

Destaque na arquitetura neoplástica, ficou conhecido por projetar a Cadeira Vermelha e Azul, na qual conseguiu levar para o tridimensional todas as características propostas por Mondrian.

Figura 11: Cadeira vermelha e azul, 1923. Fonte: http://rietveidgerrit.blogspot.com.br/2011/12/neoplasticismo.html.

Seu ápice foi 1920 com o projeto da Casa Schroeder, na Holanda. Ela possui tanto por dentro como por fora uma ruptura radical com toda arquitetura anterior. A casa de dois andares foi construída no final de um bloco de casas, mas não faz nenhuma tentativa para se relacionar com os edifícios circundantes. As fachadas são uma colagem de planos e linhas cujos componentes são separados de propósito e parecem deslizar umas sobre as outras. Isso permitiu a criação de varandas. Como na cadeira vermelha e azul, cada componente tem seu próprio formato, posição e cor. As cores foram escolhidas para melhorar a plasticidade das fachadas e superfícies utilizadas em tonalidades de preto e cinzento, janelas e portas em preto, e uma série de elementos lineares em cores primárias. O projeto foi feito com base nos princípios do Neoplasticismo, é até hoje é considerada uma referência de arquitetura.

Figura 12: Casa Schroeder, 1925. Fonte: http://www.archdaily.com.br/46426/classicos-da-arquitetura-residencia-rietveld-schroeder-gerrit-rietveld/.

Georges Vantongerloo (1886-1965)

Pintor, escultor e arquiteto. Na escultura Inter-relação de volumes, esculpida a partir de um bloco único de arenito, ele demonstra uma forte sensação arquitetônica como se tivesse adiantado no tempo e realizado uma versão tridimensional do neoplasticismo.

Figura 13: Inter-relação de volumes, 1919. Fonte: http:// www.tate. org.uk/art/artworks/vantongerloo-interrelation-of-volumest0-2306/text-catalogue-entry.

4 – Conclusão

Conclui-se que tal vanguarda artística resultou em uma grande mudança no campo das artes. A abstração da forma, o equilíbrio e a harmonia proposta pela colocação das formas geométricas e das linhas junto às cores, nos mostra como uma obra não precisa necessariamente representar algo, significar alguma coisa para ser apreciada. Os artistas queriam simplesmente fazer uma obra que com seus requisitos não simbolizassem e nem representassem formas naturais orgânicas. Queriam demonstrar que a arte é uma criação humana, artificial e ilusória. O movimento influenciou consideravelmente a arquitetura moderna nas obras de Gerrit Rietveld e outras produções dos dias atuais como mostrado nas fotos abaixo:

Figura 14: Vetido Yves Saint Laurent, 1965. Figura 15: Modelo Nike, DUNK MONDRIAN,

2008. Figura 16: Álbum do grupo The White Stripes, 2000. Fonte: http:/ /dois po rum .com/ neoplasticismo-stijl/.

5 – Referências Bibliográficas

Definição neoplasticismo. Enciclopédia Itaú cultural. Artes visuais, 2005. Disponível em:<http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=termos_texto&cd_verbete=3812>. Acesso em 10 Abr. 2013.

PACIEVITCH, Thais; Neoplasticismo. Infoescola. Disponível em: <http://www.infoescola.com/movimentos-artisticos/neoplasticismo/ >. Acesso em 10 Abr. 2013.

Neoplasticismo. Infopédia. Disponível em: < http://www.infopedia.pt/$neoplasticismo>. Acesso em: 11 de Abr. 2013.

Gerrit Rietveld Neoplasticismo. Disponível em: <http://rietveldgerrit.blogspot.com.br/2011/12/neoplasticismo.html>. Acesso 12 Abr. 2013.

Piet Mondrian. Sua pesquisa.com. Disponível em: <http://www.suapesquisa.com/biografias/piet_mondrian.htm >. Acesso 11 Abr. 2013.

FARTHING, Stephen, Tudo sobre arte. 2ª ed. Editora Sextante, 2011.

LITLLE, Stephen, Ismos- para entender a arte. São Paulo: Globo, 2011.

H.W. JANSON e ANTHONY F. JANSON. Iniciação a história da arte. 3ª ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009.

CHIPP, H.B., Teorias as Arte Moderna. São Paulo: Martins Fontes, 1999.