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ÁREA TEMÁTICA: Sociologia da Educação PROPOSTAS PARA O ENSINO DE SOCIOLOGIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA: O CASO BRASILEIRO NEUHOLD, Roberta dos Reis Mestre em Sociologia Universidade de São Paulo [email protected]

NEUHOLD, Roberta. 2012. Propostas Para o Ensino de Sociologia Na Educação Básica

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NEUHOLD, Roberta. 2012. Propostas Para o Ensino de Sociologia Na Educação Básica

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REA TEMTICA: Sociologia da Educao PROPOSTAS PARA O ENSINO DE SOCIOLOGIA NA EDUCAO BSICA: O CASO BRASILEIRO NEUHOLD, Roberta dos Reis Mestre em Sociologia Universidade de So Paulo [email protected] 2 de 15 3 de 15 Palavras-chave:ensinodeSociologia;ensinosecundrioBrasil;propostascurriculares;ParmetrosCurriculares Nacionais; Orientaes Curriculares Nacionais para o Ensino Mdio.Keywords:teachingofSociology;HighSchoolBrazil;curriculumguidelines;ParmetrosCurricularesNacionais (NationalCurriculumFramework);OrientaesCurricularesNacionaisparaoEnsinoMdio(Nationalcurriculum guidelines for High School). PAP1363 Resumo Estacomunicaotrazummapeamentodasorientaescurricularesparaoensinode Sociologia na educao bsica no Brasil, a partir de meados da dcada de 1990. A inteno realizarumaprimeiraleiturasobreasdiretrizeselaboradas,nombitodoMinistrioda Educao, para orientar o ensino daquela disciplina. Analisa-se, tambm, a participao dos membrosdacomunidadecientficanaconstruodaspropostascurriculares, problematizandocomoasdiscussesacadmicasforamincorporadasaosdocumentos oficiaisouestiveramrelacionadasaeles.Otrabalhorecorrepesquisadocumentale bibliogrfica, e tem como foco duas publicaes: os Parmetros Curriculares Nacionais e as OrientaesCurricularesNacionaisparaoEnsinoMdio.Comumhistricode descontinuidadenasmatrizescurricularesdasescolasbrasileirasdesde1925,quando comeouaseroferecidacomodisciplinadoensinosecundrio,aSociologiatornou-se obrigatria em 2008, com a aprovao da lei 11.684. Hoje, ela ensinada em todo o sistema escolar.Aponta-se,nestetrabalho,quecomessamudanalegal,oMinistriodaEducao temampliadoediversificadoaproduodemateriaisqueversamsobreaSociologia, contando com a participao de professores e pesquisadores de universidades brasileiras. Abstract Thiscommunicationprovidesamappingofcurriculumguidelinesfortheteachingof sociology in basic Brazilian education since the mid-1990s. The intention is to reflect on the guidelinesdevelopedundertheMinistryofEducationtoguidetheteachingofthat discipline. Also it analyses the participation of members in the scientific community on the constructionoftheproposedcurriculum,examininghowacademicdiscussionswere incorporatedintotheofficialdocumentsorwererelatedtothem.Theworkisbasedon documentedresearchandbibliographicalliterature.Itfocusesontwopublications:the ParmetrosCurricularesNacionais(NationalCurriculumFramework)andtheOrientaes CurricularesNacionaisparaoEnsinoMdio(NationalcurriculumguidelinesforHigh School). With a history of discontinuity in the curricular matrices of Brazilian schools since 1925,whenitbegantobeofferedasasubjectinsecondaryeducation,sociologybecame mandatoryin2008,withtheapprovalofLaw11,684.Today,itistaughtthroughoutthe schoolsystem.Thispapershowsthatbymakingthechangetolegislation,theMinistryof EducationhasextendedanddiversifiedtheproductionofmaterialsrelatedtoSociology, counting on the participation of professors and researchers from Brazilian universities. 4 de 15

5 de 15 1.Breves apontamentos sobre a histria da Sociologia no ensino secundrio brasileiro No Brasil, depois da tentativa empreendida pelo Ministro da Instruo Pblica Benjamin Constant, ainda nos primrdiosdaRepblica,deinseriraSociologianoensinosecundrioi,aqueladisciplinapassouaintegrar oficialmenteoscurrculosdosistemaescolarapsasreformaseducacionaisRochaVaz,de1925,e FranciscoCamposii,de1931.Em1942,aLeiOrgnicadoEnsinoSecundriotornouaSociologia disciplina optativa ou facultativa, carter mantido por decretos posteriores. A discusso sobre a sua presena nocurrculo da educao bsica seria retomada apenasem 1982, durantea abertura democrtica,depoisde dezoitoanosdeditaduramilitar.Adisciplinavoltouafigurarnamatrizcurriculardealgumasescolas, pblicas e privadas, mas o seu oferecimento permanecia optativo.Em 1996, a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (lei n 9.394/96) estabeleceu que, ao final doensinomdio,osestudantesdeveriamdemonstrardomniodosconhecimentosdeFilosofiaede Sociologianecessriosaoexercciodacidadania.AsDiretrizesCurricularesNacionaisparaoEnsino Mdio(resoluoCEB/CNEn3,de26dejunhode1998)sistematizaramosprincpiosediretrizesda educaoinscritosnaquelalei.AoregulamentaremasituaodaSociologiaetambmdaFilosofiano currculo,acabarampornegar-lhesoestatutodedisciplinasdabasenacionalcomum,indicandoqueos seus contedos poderiam ser abordados de forma interdisciplinar pelos diferentes componentescurriculares. Durante muitos anos, socilogos, sociedades cientficas, professores da educao bsica e do ensino superior de todo o Brasil mobilizaram-se para reverter a situao, at que, em 2008, a lei 11.684 revogou o item III da Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional, tornando obrigatrio o ensino de Sociologia e de Filosofia ao longo dos trs anos de durao do ensino mdio. A disciplina passou a ser lecionada prioritariamente por licenciados em Cincias Sociaisiii e em Sociologia, podendo tambm ser ministrada por egressos de cursos de licenciaturaemHistria,emGeografiaeemFilosofiaquetenhamcursadoumacargahorriamnimaem Cincias Sociais.EssasnotaspreliminaressobreapresenadaSociologianosistemaescolarnosconduzemaalgumas indagaes. Uma delas diz respeito justificativa para a sua insero nos currculos das escolas brasileiras. Ora, muito se tem falado sobre a sua inegvel contribuio para a formao dos jovens para o exerccio da cidadania,umdosprincpiosefinsdaeducaonacional.Nessesentido, emboranosejaprerrogativada Sociologia, a formao para a cidadania adquiriria contornos mais objetivos a partir dos seus contedos. H, contudo,quemcritiquetaldiscurso,indicandoquehcontribuiesmaisobjetivaseespecficasdaquela disciplina ao jovem do ensino mdio (Brasil, 2006), ou mesmo afirmando que a formao intelectual nem semprecriacondies [aos alunos] para [orientar suas] aes como agentes do processo (Takagi, 2007, p. 83). Uma perspectiva hoje em voga (Brasil, 2006) entende que os estudos sociolgicos sobre as instituies sociais e polticas, sobre a cultura, sobre o mundo do trabalho e sobre as desigualdades sociais e sobre tantos outros assuntos favoreceriam a compreenso da realidade como uma totalidade concreta, diversa, conflituosa e contraditria. Por isso, criaria a oportunidade do aluno desenvolver o que Whright Mills (1965) denominou imaginaosociolgica,ouseja,aquelacapacidadederelacionarbiografiaehistria,afastandoos estudantes das explicaes imediatas do senso comum. Umasriedeoutras questes permeiaosdebates sobreo ensino daSociologia.Isso porqueasua presena descontnua nos currculos da educao bsica gerou uma srie deconsequncias, as quais incluem desde a dificuldadededelinearseusobjetivos,decriarconsensossobreoscontedosaseremdesenvolvidos,de produzirmateriaisdidticosdiversificadosedeconstituirumatradiodeensino,atadeformaruma comunidade de professores fortalecida e de fomentar pesquisas acadmicas sobre o assunto.Umolharmaisatentoparaaspropostascurriculareselaboradaspelosrgoseducacionaisbrasileiros apresenta-secomoumbompontodepartidaparaanalisaralgumasdessasquestesquedizemrespeitoao ensinodaSociologia.oquesefaznapresentecomunicao.Elapartedomapeamentodasorientaes curriculares para o ensino da Sociologia na educao bsica brasileira para colher subsdios para a reflexo sobre as diretrizes elaboradas, pelo Ministrio da Educao, para o ensino da Sociologia. Delimita, tambm, a participao de membros da comunidade cientfica na construo de tais documentos, problematizando em quemedidaasdiscussesacadmicasforamincorporadasspropostascurricularesouestiveram relacionadasaelas.Paratanto,recorre-sepesquisadocumentalebibliogrfica,tendocomofocoa legislaoeducacionalepublicaesdoMinistriodaEducaocontemporneasaprovaodaLeide Diretrizes e Bases da Educao Nacional. 6 de 15 2.Notas sobre o sistema educacional brasileiro Antesdeprosseguir,convmesclareceralgunsaspectossobreaorganizaodosistemaeducacional brasileiro.NoBrasil,aeducaobsicacompreendeaeducaoinfantilprimeiraetapadaeducao bsicaque atendecrianasentrezero etrsanosdeidadenascreches,eentrequatro eseisanosnapr-escola; o ensinofundamentalobrigatrioegratuitonasescolaspblicas,comduraodenoveanos;oensino mdio,etapafinaldaeducaobsicacujaduraode,nomnimo,trsanos;aeducaoprofissional tcnica de nvel mdio; e a educao de jovens e adultos, voltada aos indivduos que no tiveram acesso ao ensino escolar na idade considerada apropriada.O ensino mdio, foco da presentecomunicao, atende jovens na faixa etria entre 15 e 18 anos e equivale ao que, em muitos pases, denomina-se ensino secundrio. O ttulo dessa comunicao remete educao bsicapois,emboraoensinodeSociologiasejaobrigatrioapenasnoensinomdio,hcasosdeescolas que oferecem-na j nos anos finais do ensino fundamental.AatualLeideDiretrizeseBasesdaEducaoNacionaldefineoensinomdiocomoaetapafinalda educaobsica.Entreassuasfinalidadesencontra-seadeaprofundarosconhecimentosadquiridosno ensinofundamental,possibilitandooprosseguimentodeestudos;adeprepararparaotrabalhoeparaa cidadania,paracontinuaraprendendo,demodoasercapazdeseadaptarcomflexibilidadeanovas condies de ocupao ou aperfeioamento posteriores; a de aprimorar o educando como pessoa humana, incluindoaformaoticaeodesenvolvimentodaautonomiaintelectualedo pensamentocrtico;eode compreender os fundamentos cientfico-tecnolgicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prtica, no ensino de cada disciplina. Asescolasbrasileirastmautonomiaparaescolheroseuprojetopedaggico,adotandoumaorganizao curricular estruturada em disciplinas ou uma organizao curricular flexvel, no estruturada por disciplinas. Em ambos os casos, a Lei de Diretrizes eBases determina, no seu artigo 26, que os currculos do ensino fundamental e mdio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino eestabelecimentoescolar,porumapartediversificada,exigidapelascaractersticasregionaiselocaisda sociedade,dacultura,daeconomiaedaclientela.Essabasecomumrefere-seaoensinoobrigatrioda LnguaPortuguesa,daMatemtica,daArteedecontedosrelacionadosaomundofsicoenatural,bem comorealidadesocialepoltica,sobretudodoBrasil.AEducaoFsicafiguracomocomponente curriculardaeducaobsica,facultativonoscursosnoturnos.Napartediversificada,oensinodepelo menos uma lngua estrangeira, a partir da 5 srie / 6 ano do ensino fundamental, obrigatrio.AlmdaLeideDiretrizes eBasesda EducaoNacional indicar deformabastante genrica qual abase nacionalcomum,nohumprogramacurricularnacionalobrigatrioqueprescrevaoscontedosaserem ministrados no sistema escolar. H, todavia, documentos que norteiam a seleo de contedos de ensino das diferentesdisciplinasequeacabamconfigurando-secomoparmetrosparaaelaboraodaspropostas curriculares no mbito dos Estados e dos municpios. Entre eles, possvel citar os Parmetros Curriculares Nacionais: ensino mdio (PCNs) (Brasil, 2000), complementados pelo PCN+: ensino mdio (Brasil, 2002), e as Orientaes Curriculares Nacionais para o Ensino Mdio (Brasil, 2006). Ficaaquesto,contudo,sobrecomoasescolaseredesdeensinolidamcomessarelativaautonomiaque possuemparadefinirsuaorganizaocurricular.Ora,senoexistemprescriessobreoscontedos obrigatriosaseremministrados, hparmetroseorientaes curriculares nacionaisque, em certamedida, configuram-se como referncia para a elaborao dos programasdas redes de ensino e das escolas pblicas e privadas. Outro parmetro sos os exames vestibulares que do acesso ao ensino superior: o programa dessas provas muitas vezes torna-se o prprio programa das escolas interessadas em ampliar o acesso de seus alunos smaisprestigiadasuniversidadespblicasdopas.Nomais,emboraasescolastenhamautonomiapara adotar uma organizao curricular flexvel, por um lado, ou estruturada em disciplinas, por outro, a segunda opoprevalecenaquasetotalidadedasinstituiesdeensino.Naprtica,asdisciplinasministradasno ensinomdiososempreasmesmas:Arte,LnguaPortuguesaeLiteratura,LnguaInglesa,Lngua Espanholaiv,EducaoFsica,Filosofia,Geografia,Histria,Sociologia,Biologia,Fsica,Qumicae Matemtica.Umaououtraescolainsere,napartediversificada,outrasdisciplinasouatividades,massem nunca retirar de suas matrizes curriculares aquelas anteriormente citadas. 7 de 15 3.PropostasparaoensinodeSociologia:osParmetrosCurricularesNacionaiseasOrientaes Curriculares Nacionais para o Ensino Mdio OsParmetrosCurriculares Nacionais (PCNs), osPCN+easOrientaes Curriculares Nacionais para o Ensino Mdio (OCNs) so publicaes do Ministrio da Educao que, desde o fim da dcada de 1990, tm orientadoaseleodecontedosdeensinodasdiferentesdisciplinasereasdoconhecimentodoensino mdio.ApesardeseremanterioresinserodaSociologianabasenacionalcomum,incorporamessa disciplinanareadeCinciasHumanasesuasTecnologiasv,aoladodaFilosofia,daGeografiaeda Histria, reservando-lhe uma seo para discutir seus aspectos epistemolgicos, didticos e metodolgicos. OsParmetrosCurricularesNacionais:ensinomdio(Brasil,2000)possuemumaseodedicadas Cincias Humanas e suas Tecnologias. Com setenta e cinco pginas, dividem-se em (1) uma apresentao inicial; (2) um texto sobre o sentido da rea de Cincias Humanas; (3) um panorama sobre as competncias ehabilidadesdesenvolvidaspelosconhecimentosde(3.1)Histria,(3.2.)Geografia,(3.3)Sociologia, Antropologia e Poltica e (3.4.) Filosofia. Ao final, as consideraes sobre os rumos e desafios da rea de CinciasHumanasindicam,porexemplo,anecessidadedecontemplaremconhecimentosdeDireito, EconomiaePsicologia,edefavoreceremotrabalhointerdisciplinar,inclusivecomoutrasreasdo conhecimento.Umconjuntodeconsultores,coordenadopelohistoriadorAvelinoRamosSimesPereira,elaborouo documentodeCinciasHumanas.Fizerampartedogrupoprofessoresdoensinosuperioremdioe pesquisadores da rea de Filosofia (Aldir de Arajo Carvalho Filho), de Geografia (Ctia Antonia da Silva) e deCinciasSociais(JanecleideMouradeAguiar).Comexceodaprofessoradoensinosecundrio JanecleideAguiar,comdoisartigospublicadossobreoensinodeSociologia(Aguiar&Carneiro,2007. Aguiar, 2009), nenhum dos outros autores possui produo bibliogrfica significativa sobre metodologia do ensinodasdisciplinasincorporadasreadeCinciasHumanas,nemmesmoocoordenadordarea.Essa informaoimportante,pois,comoserdiscutidoposteriormente,osdocumentosmaisatuaistmcomo autorespessoasquevmsededicandoformaodeprofessoresepesquisanareaespecficasobreo ensino de Sociologia.Quadro1CompetnciasehabilidadesaseremdesenvolvidasnadisciplinadeSociologia,segundoosParmetros Curriculares Nacionais (Brasil, 2000) CAMPOSCOMPETNCIAS (1) Representao e comunicao Identificar,analisarecompararosdiferentesdiscursossobrea realidade:asexplicaesdasCinciasSociais,amparadasnosvrios paradigmas tericos, e as do senso comum. Produzir novos discursossobreas diferentes realidadessociais,apartir das observaes e reflexes realizadas. (2) Investigao e compreenso Construir instrumentos para uma melhor compreenso da vida cotidiana, ampliandoavisodemundoeohorizontedeexpectativas,nas relaes interpessoais com os vrios grupos sociais. Construirumavisomaiscrticadaindstriaculturaledosmeiosde comunicaodemassa,avaliandoopapelideolgicodomarketing enquanto estratgia de persuaso do consumidor e do prprio eleitor. Compreender e valorizar as diferentes manifestaes culturais de etnias e segmentos sociais, agindo de modo a preservar o direito diversidade, enquantoprincpioesttico,polticoeticoquesuperaconflitose tenses do mundo atual. (3) Contextualizao scio-cultural Compreenderastransformaesnomundodotrabalhoeonovoperfil de qualificao exigida, gerados por mudanas na ordem econmica. Construir a identidade social e poltica, de modo a viabilizar o exerccio da cidadania plena, no contexto do Estado de Direito, atuando para que haja,efetivamente,umareciprocidadededireitosedeveresentreo poder pblico e o cidado e tambm entre os diferentes grupos. Pelo ttulo da seo Conhecimentos de Sociologia, Antropologia e Poltica , nota-se que a disciplina que temsidodenominadaSociologiaabarcatambmconhecimentosdeAntropologiaeCinciaPoltica, embora relegando esses dois ltimos a um plano secundrio. Como se observa no Quadro 1, os contedos e mtodosdaSociologiasesobressaem,quantitativamente,diantedaquelesrelacionadosAntropologiae CinciaPoltica.Hinclusive,segundoTakagi(2007),umusoindiscriminadodotermoSociologiapara 8 de 15 referir-se a qualquer contedo das Cincias Sociais, alm de uma concepo equivocada, presente no prprio ttulodaseo,sobreaCinciaPoltica,identificando-aapenascomoPolticaoquenoremete diretamente ao conjunto de conhecimentos e mtodos daquela cincia.OsautoresdosParmetrosCurricularesNacionaisoptarampornoapresentartemaseconceitos,mas apenas as habilidades e competncias a serem desenvolvidas em cada disciplina. No caso da Sociologia, tais habilidades e competncias estariam integradas em trs grandes campos Representao e comunicao; Investigao e compreenso; e Contextualizao scio-cultural (Quadro 1). Entretanto, um olhar atento paraodocumento diagnostica que h sim um conjunto de contedosconceituais sugeridos aoprofessor, os quais no so devidamente discutidos. No prprio quadro de competncias, fcil diagnosticar alguns temas carossCinciasSociais,taiscomoindstriacultural,meiosdecomunicaodemassa,ideologia, manifestaesculturais,direito,cidadania,diversidade,identidade,EstadodeDireito,dentreoutros.No corpododocumento,tambmpossvelcontarmaisdesessentaconceitosdestacadoscomrecursos grficosvi: Ainda assim, como o texto no explicita a existncia de um recorte conceitual, tambm no prope uma reflexo aprofundada sobre a seleo dos contedos e sobre as condies de ensino da Sociologia.Quadro 2 Contedos conceituais a serem desenvolvidos na disciplina de Sociologia, segundo oPCN + ensino mdio (Brasil, 2002) EIXOS TEMTICOS TEMAS SUBTEMAS Indivduo e sociedade As Cincias Sociais e o cotidiano As relaes indivduo-sociedade. Sociedades, comunidades e grupos. Sociologia como cincia da sociedade Conhecimento cientfico versus senso comum. Cincia e educao. As instituies sociais e o processo de socializao Famlia, escola, igreja e justia. Socializao e outros processos sociais. Mudana social e cidadania As estruturas polticas. Democracia participativa. Cultura e sociedade Culturas e sociedade Cultura e ideologia. Valores culturais brasileiros. Culturas erudita e popular e indstria cultural As relaes entre cultura erudita e cultura popular. A indstria cultural no Brasil. Cultura e contracultura Relaes entre educao e cultura. Os movimentos de contracultura. Consumo, alienao e cidadania Relaes entre consumo e alienao. Conscientizao e cidadania. Trabalho e sociedade A organizao do trabalho Os modos de produo ao longo da histria. O trabalho no Brasil. O trabalho e as desigualdades sociais As formas de desigualdades. As desigualdades sociais no Brasil. O trabalho e o lazer O trabalho nas sociedades utpicas. Trabalho, cio e lazer na sociedade ps-industrial. Trabalho e mobilidade social Mercado de trabalho, emprego e desemprego. Profissionalizao e ascenso social. Poltica e sociedade Poltica e relaes de poder As relaes de poder no cotidiano. A importncia das aes polticas. Poltica e Estado As diferentes formas do Estado. O Estado brasileiro e os regimes polticos. Poltica e movimentos sociais Mudanas sociais, reforma e revoluo. Movimentos sociais no Brasil. Poltica e cidadania Legitimidade do poder e democracia. Formas de participao e direitos do cidado. Deformageral, trata-se deum documento panormico quenoapresentatpicos temticos nem permite umaprofundamentonosconceitoslistados(Takagi,2007,p.99).Emoutraspalavras,aseosobreos conhecimentosdeSociologia,AntropologiaeCinciaPolticadosParmetrosCurricularesNacionaisno discuteascondiesreaisdetrabalhodosprofessoresououtrasdificuldadesqueprejudicariamoseu desenvolvimento (TAKAGI, 2007, p. 99), tampouco enfrenta o desafio de propor um conjunto de contedos 9 de 15 conceituaiseestratgiasde ensino paraabord-los.A questoda transposiodidtica, por exemplo, no problematizada, deixando o professor sem referncias durante a difcil tarefa de trabalhar os conhecimentos de Sociologia. Nesse sentido, o documento isenta-se deanalisar a transferncia dos contedos e prticas do ensino superior para o ensino mdio sem as devidas mediaes ou mesmo a sua simplificao excessiva para se tornar acessvel aos alunos do ensino mdio (Brasil, 2006, p. 108).DoisanosapsapublicaodosParmetrosCurricularesNacionaisdoensinomdio,oMinistrioda EducaolanouoPCN+ensinomdio:orientaeseducacionaiscomplementaresaosParmetros CurricularesNacionais(Brasil,2002).Emumapropostadiferenteenoexatamentecomplementar quela apresentada no documento de 2000, o documento definiu um rol de contedos para nortear o ensino deSociologia.ElesistematizouaquelesconceitoscitadosaleatoriamentenosParmetrosCurriculares Nacionais,organizando-osemquatroeixostemticosIndivduoesociedade,Culturaesociedade, Trabalho e sociedade e Poltica e sociedade e estes em temas e subtemas. Contedos de Antropologia e deCinciaPolticaforamcontemplados,emboraosdeSociologiaaindacorrespondessemcinqentapor cento do total.OvolumedasOrientaesCurricularesNacionaisparaoEnsinoMdio(Brasil,2006)dedicados CinciasHumanasesuasTecnologiasdivide-seentreosconhecimentosdeFilosofia,deGeografia,de HistriaedeSociologiaestaltimadenominadaagoraapenascomoSociologia,emboraabarcando conhecimentos de Antropologia e de Cincia Poltica. Com trinta e sete pginas, o captulo Conhecimentos de Sociologia inicia-se com um breve histrico sobre a presena da Sociologia no ensinosecundrio, para ento analisar os princpios epistemolgicos e metodolgicos que envolvem o seu ensino no sistema escolar. Aofinal,asrefernciasbibliogrficasabarcamdesdeautoresclssicos(Durkheim,1975.Weber,1983)e contemporneos(Cndido,1995.Bourdieu,1998.Fernandes,1980),attemasmaisgeraisdasCincias Sociais(Arendt,1968.Popper,1974)etextossobreoensinodaSociologia(Giglio,1999.Guelfi,2001. Machado, 1987, 1996. Meucci, 2000. Sarandy, 2004. Silva et alli, 2002). O documento foi elaborado por trs consultores, todos eles professores de universidades pblicas brasileiras, comdiversasproduessobreaSociologianoensinomdio.AmauryCsarMoraes,porexemplo, professordaUniversidadedeSoPaulo,lecionando,dentreoutrasdisciplinas,MetodologiadoEnsinode Cincias Sociais. Sua produo bibliogrfica inclui diversos artigos sobre o ensino de Sociologia (Moraes, 2012,2009,2008,2005,2003,2002,2001,1999),pareceres(Moraes,2007),publicaesdeorientaoao trabalhodocente(Moraes,2010)ematerialaudiovisual(Moraes&Tomazi,2008).NelsonDacioTomazi, professor aposentado da Universidade Estadual de Londrina, por seu turno, destaca-se pelo desenvolvimento de manuais didticos direcionados formao de alunos do ensino mdio (Tomazi, 2000; 2007), de material audiovisualvoltadoaosprofessores(Moraes&Tomazi,2008),almdeartigoselivrossobreoensinode Sociologia na educao bsica (Tomazi, 2006,2005a, 2005b, 2004, 1997) e sobre a Sociologia da Educao (1997).Porfim,ElisabethdaFonsecaGuimarescoordenaoLaboratriodeEnsinodeSociologiada Universidade Federal do Esprito Santo, possui diversos trabalhos sobre o ensino de Sociologia que incluem, dentrediversostemas,adiscussosobrerecursosemateriaisdidticos(Guimares,2011,2010a,2010b, 2007,2004a,2004b,1994),formaodeprofessores(Guimares,2005,2004a),aimplementaoda Sociologiacomodisciplinadoensinomdioeasuapresenanosexamesparaacessosinstituiesde ensino superior (Guimares, 2000, 2004). Os autores das Orientaes Curriculares Nacionais, em certa medida, criticam a justificativa que se tornou sloganouclichqueresumeaimportnciadaSociologianoensinomdiossuascontribuiesparaa formaodocidado crtico.Segundoeles,existiriamoutras justificativasmaisobjetivasqueexplicitariam seupapelnaformaodojovemestudante,dentreasquaisadeaproxim-lodalinguagemespecial daqueladisciplina,dosdebatessobretemasquemobilizaramautoresclssicosecontemporneosdas Cincias Sociais e sobre resultados de pesquisas, modificando, assim, concepes de mundo, de economia e desociedadee,aomesmotempo,fornecendoferramentastericaseconceituaisparaqueconstrusseme desconstrussem argumentos(Brasil, 2006, p. 105). Convmressaltarque,assimcomonosParmetrosCurricularesNacionais(Brasil,2000),osautoresdasOrientaesCurriculares Nacionais (Brasil, 2006) noselecionam um rol decontedosessenciaisaserem abordadosnadisciplinadeSociologia.Indicam,outrossim,aimportnciadapresenadaSociologiacomo componente curricular do ensino mdio, as habilidades e competncias que ajuda a desenvolver e possveis estratgiasdeensino.Talvezessaopodeva-seaodiagnsticodequenoexista,comoemoutras disciplinasescolares,umconjuntomnimodecontedossobreosquaishajaunanimidade,poissequerh consenso sobre alguns tpicos ou perspectivas (Brasil, 2006, p. 115). Todavia, assim como o documento de 2000,tambmcitam,apartirdeexemplos,umasriedeconceitosquejtmsidorecorrentesemoutras propostascurriculares(Quadro3).Aindaassim,osautoressejustificam,frisandosemprequesoapenas reflexes para orientar a discusso: No constituem em si uma proposta programtica. Objetivam apenas 10 de 15 a levar os professores a elaborarem suas prprias propostas, com esses ou outros temas, conceitos e teorias, recolhendodesuasexperinciasoudesuaimaginaooutrosexemplospassveisdedesenvolvimentoem sala de aula. (Brasil, 2006, p. 117). Nesse sentido, as Orientaes Curriculares Nacionais seriam um ponto de partida, antes de tudo uma avaliao das vantagens e desvantagens de um ou outro recorte programtico, e sugestes metodolgicas de ensino, alm de breve discusso acerca de recursos didticos (Brasil, 2006, p. 131). O trecho a seguir, retirado do documento, esclarece a posio dos autores: Visa-secomesta proposta [seo de Sociologia dasOrientaes Curriculares Nacionais] a evitar os efeitos negativos que poderiam advir daapresentao de um programa ou lista de contedosparaadisciplina,querpelocarteroficialquepudesseassumireentoser entendidocomoobrigatrio,aceitoourejeitadoporseroficial,querpelasupressoda liberdadeepeloexercciodacriatividadequeosprofessoresdevemmanterequeseriam importantesparaaconsolidaodadisciplina,tendoemvistaavariedadedeexperincias de ensino que pode produzir. Poressesmotivos,estapropostaapresenta-secomomaisumpassonumprocessoque,se espera,sejadeconsolidaodefinitivadapresenadadisciplinanocurrculodoensino mdio [...]. Tudo isso deve ser entendido como uma tentativa de superar propostas rgidas e sempre falhas, mas tambm propostas abertas em excesso, que se mostram incuas por no conseguiremapresentarsequerumaorientaomnimaparaosprofessores,muitosem inciodecarreirae,portanto,semexperinciaemqueestribemsuasescolhas;outrosque, apesardaexperincia,queremsuperaratendnciarotinizaoouaomodismo,duas graves doenas das prticas escolares (Brasil, 2006, p. 131). Recorrendo a uma imagem, o que se pensa fazer dar um amplo mapa da questo, como se fosse o mapa de uma cidade, para cada um se localizar no processo de ensino da Sociologia. Agoracadaumdeveprocurarconstruirosroteirosparasuaprticaemcadaescola.O mapadacidadepermitevisualizarasgrandeslinhasbairros,parques,avenidas,etc., masostrajetos,oscaminhosnosparques,ospercursospelacidade,cadaumquefaze define, conforme necessidades pessoais ou coletivas, do professor, da escola, dos alunos, da comunidade... (Brasil, 2006, pp. 131-132). Senoassumem,declaradamente,aposturadeelegerumroldecontedosconceituaisaserem desenvolvidosnasaulasdeSociologia,asOrientaesCurricularesNacionaisvoltam-separaareflexo sobre dois princpios epistemolgicos o estranhamento e a desnaturalizao e sobre alguns princpios metodolgicos,verificadosemtrsrecortesconceitos,temaseteoriasquepermeiamoensinoda disciplina.Noquedizrespeitoaosprincpiosepistemolgicos,coloca-seemdebatetantoopapeldaSociologiano processodedesnaturalizaodasconcepesouexplicaessobreosfenmenossociaisquantoo incentivo a uma postura de estranhamento (Brasil, 2006, pp. 105-106). A desnaturalizao implicaria o resgatedahistoricidadedosacontecimentossociais,bemcomodesuasrazesobjetivasehumanas.Jo estranhamento seria o esforo de estranhar, questionar, se incomodar diante de situaes vistas como ordinrias,normaiseconhecidasdeimediato,paratransform-lasemobjetodereflexo.Essasseriam importantes aprendizagens aos alunos do ensino mdio dos estudos de Sociologia. Quantoaosprincpiosmetodolgicos,percebidospormeiodosrecortes,socitadoscomouma sistematizao do que ocorre na prpria sala de aula e na organizao dos manuais didticos. Nesse sentido, construirumplanodeensinooumesmoapropostadeumadisciplinacentradosemconceitos,temasou teoriastmsidoprticascomuns.Contudo,paraMoraes,TomazieGuimares(Brasil,2006),pens-losde formaisoladacontrariariaaprpriaconfiguraodoconhecimentonasCinciasSociais.Porisso, aconselhamosprofessoresa,casonecessrio,tomaremumdosrecortescomofoco,masconsiderandoos demais como referenciais de apoio (Brasil, 2006, p. 117). Japesquisadescritacomomaisumelementocentral etransversalnoensino deSociologia.Assim,sua presena seria independente do recorte que o programa de um curso viesse a assumir como predominante, jqueseconfigurariacomoumprocedimentoqueforneceelementosquesustentamasexplicaesdadas pelas teorias acerca dos fenmenos sociais (Moraes & Guimares, 2001, pp. 53-54): OconhecimentonocampodasCinciasSociais,antesdetudo,umexercciode autoconhecimento,masdemodosistemtico,rigorosoeintersubjetivo,umavezquea investigao sociolgica oferece ao estudante instrumentais que lhe garantem um tratamento coerenteeanalticodasquestesqueestosuavolta,compreendidascomracionalidade. 11 de 15 Iralmdoqueimediatamentevisveleaceitocomonaturalumadosobjetivosdese trabalhar a pesquisa sociolgica no Ensino Mdio (Moraes & Guimares, 2001, pp. 53-54) As Orientaes Curriculares Nacionais abordam diversos outros aspectos, como as prticas de ensino e os recursosdidticos,atransposiodidtica,aspossibilidadesderealizarinterlocuesentreasdiferentes disciplinas e at mesmo com o currculo como um todo (Brasil, 2006, p. 111).Quadro3ContedosconceituaiscitadosnasOrientaesCurricularesNacionaisparaoensinomdiocomo exemplos de conhecimentos a serem desenvolvidas na disciplina de Sociologia, a partir de possveis recortes (Brasil, 2006) Recortes possveis Exemplos de contedos Conceitos Ideologia. Indivduo. Sociedade. Trabalho. Produo. Classe social. Poder. Dominao. Ideologia. Cultura. Mudana social. Temas Violncia. Globalizao. Questo racial. Etnocentrismo. Preconceito. Sexualidade. Gnero. Meio ambiente. Cidadania. Direitos humanos. Religio e religiosidade. Movimentos sociais. Meios de comunicao de massa. Teorias Funcionalista. Marxista. Compreensiva. Fenomenolgica. Estruturalista. Dialtica. 4.Consideraes finais Comumhistricodedescontinuidadenaspropostascurricularesnacionaisdesde1925,quandocomeou a seroferecidacomodisciplinadoensinosecundrio,aSociologiatornou-seobrigatriaem2008,coma aprovao da lei 11.684. Contudo, sua presena intermitente nos currculos da educao bsica ao longo de muitos anos, soma-se a ausncia de uma tradio de ensino e a escassez de materiais didticos, de relato de experincias, de discusses sobre a formao de professores. No prprio meio acadmico, chama a ateno a carncia de estudos cientficos sobre o ensino da Sociologia no sistema escolar (Neuhold, 2011).Aindaassim,vmocorrendomudanassignificativas,sobretudodepoisdeaprovadaaobrigatoriedadedo ensinodaSociologianosistemaescolar.Ensinadaatualmenteemtodasasescolasbrasileiras,pblicase privadas,nostrsanosdoensinosecundrio,aSociologiaconsolida-secomocomponentecurricularda educao bsica da base nacional comum.Muitaslacunasdeixadasou caminhos abertospor documentosnacionais como osParmetrosCurriculares Nacionais (Brasil, 2000 e 2002) e as Orientaes Curriculares Nacionais para o Ensino Mdio (2006) vm 12 de 15 sendo supridas ou ao menos problematizadas em fruns diversos, em pesquisas, em laboratrios de ensino e emvariadaspublicaes.Recentemente,porexemplo,oMinistriodaEducaolanouumvolumeda coleo Explorando o Ensino (Moraes, 2010), dedicado inteiramente Sociologia, no qual h uma srie de textosedesugestesdeestratgiasdeensinoaosdocentes.Em2011,pelaprimeiravez,osmanuais didticos de Sociologia foram submetidos apreciao dos membros do Ministrio da Educao, no mbito doProgramaNacionaldoLivroDidtico(PNLD),dandoorigemanovospareceresereflexessobreas possibilidades de ensino.Ressalte-se, por fim, que tais documentos e publicaes tm contado com a participao ativa de professores universitrios e pesquisadores envolvidos com estudos sobre as metodologias de ensino da Sociologia e com aformaodeprofessores,oquevemdandoqualidadeelegitimidadeparaosdiscursosconstrudos,ao contrriodoqueocorreracompropostasdatadasdeumadcadaatrs,cujosautoresestavampouco articulados com discusses mais amplas e pouco produziam sobre o assunto. 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Trinta e cinco anos mais tarde, em uma perspectiva que se distanciava da positivista, mas que ainda se atrelava de desenvolvimento nacional, a Reforma Rocha Vaz voltou a integrar a Sociologia matriz curricular do ensino secundrio, proposta que ganhou repercusso nacional em 1931 com a Reforma Francisco Campos. iiEracomum,noBrasil,queasreformaseducacionaisficassemconhecidaspelonomedosministrosdaeducaooudainstruo pblica. Da o decreto 981/1890 ser denominado Reforma Benjamin Constant, o decreto 16.782-A/1925 Reforma Rocha Vaz, o decreto19.890/1931ReformaFranciscoCamposealeiorgnicadoensinosecundrio(decreto-lei4.244/1942)Reforma Capanema. iiiNoBrasil,comumqueoscursossuperioresdeCinciasSociaisabranjamaAntropologia,aCinciaPolticaeaSociologia.A especializao em uma dessas trs reas acontece, geralmente, apenas na ps-graduao. iv Nos termos da lei 11.161, de 5 de agosto de 2005, as escolas so obrigadas a ofertar o ensino da lngua espanhola no ensino mdio, mas a matrcula dos alunos facultativa. vAsoutrasreasdoconhecimentoedisciplinaspresentesnosParmetrosCurricularesNacionais enasOrientaesCurriculares Nacionais do Ensino Mdio so: Lngua Portuguesa, Lngua Estrangeira Moderna, Arte e Educao Fsica, na rea de Linguagens, Cdigos e suas Tecnologias; Biologia, Fsica, Qumica e Matemtica, na rea de Cincias da Natureza e suas Tecnologias. vi Os conceitos destacados (grafados em negrito) na seo Conhecimentos de Sociologia, Antropologia e Poltica dosParmetros CurricularesNacionaisso:aoindividual;alienao;castas,estamentoseclassessociais;centralizaoedescentralizao; cidadaniaplena;cinciadasociedade;comunicao;concentrao;conscientizao;cotidiano;cultura;democracia;direitosdos cidados; diversidade; Estado; estrutura; estrutura de funcionamento; excluso; experincias culturais; famlia; fato social; formas de governo;formasdeparticipaopoltica;identidadessociais;ideologia;indstriacultural;instituiosocial;interao;interao social; legalidade; legitimidade; linguagem; manuteno da ordem; meios de comunicao de massa; movimentos sociais; mudana social;normasepadres;objetivaoesubjetivao;observaoparticipante;papissociais;poderpblico;poltica;privado; processodesocializao;processosocial;pblico;redederelaes;redederelaessociais;regimespolticos;relaesdepoder; sentido;sistemasdepoder;sistemaseconmicos;sistemassociais;soberania;socializaototal;sociedadescomplexas;trabalho; vida social.