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1 INTRODUÇÃO O mercado apresenta-se como um sistema formado por vários segmentos, dentre eles encontra o sistema turístico (BENI, 2004). O turismo, por sua vez, divide-se subsistemas turísticos voltados a suprir as necessidades dos viajantes que se deslocam buscando atender objetivos diversos, o que podemos chamar de modalidades de turismo. Essas modalidades são decorrentes das diversas motivações de viagens, bem como por fatores subjetivos de cada consumidor, como: educação, status social, faixa etária, sexo, etc. A segmentação visa dividir o mercado em “pequenas fatias”, auxiliando as empresas a ajustar seus produtos as necessidades e anseios do público alvo. Surgem então os tipos de turismo dentre os quais está o turismo de terceira idade ou turismo da melhor idade, que compreende pessoas com mais de 60 anos, aposentadas, com filhos adultos e condições financeiras favoráveis para usufruir o tempo livre e investir em melhoria de vida (MOLETTA, 1999). Atualmente, com o avanço da tecnologia, da ciência e da medicina a população idosa está vivendo mais e melhor. O crescimento desse grupo significa que existem milhões de consumidores que estão à disposição do mercado turístico, em busca de novos conhecimentos, culturas, integração com o meio ambiente, lazer, saúde, etc. De acordo com FREIRE (1997, p.63), “dentre as atividades de lazer a de turismo é considerada uma das mais completas”. Essa afirmação permite descrever a importância do 12

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1 INTRODUÇÃO

O mercado apresenta-se como um sistema formado por vários

segmentos, dentre eles encontra o sistema turístico (BENI, 2004). O turismo, por sua

vez, divide-se subsistemas turísticos voltados a suprir as necessidades dos viajantes

que se deslocam buscando atender objetivos diversos, o que podemos chamar de

modalidades de turismo. Essas modalidades são decorrentes das diversas

motivações de viagens, bem como por fatores subjetivos de cada consumidor, como:

educação, status social, faixa etária, sexo, etc. A segmentação visa dividir o

mercado em “pequenas fatias”, auxiliando as empresas a ajustar seus produtos as

necessidades e anseios do público alvo. Surgem então os tipos de turismo dentre os

quais está o turismo de terceira idade ou turismo da melhor idade, que compreende

pessoas com mais de 60 anos, aposentadas, com filhos adultos e condições

financeiras favoráveis para usufruir o tempo livre e investir em melhoria de vida

(MOLETTA, 1999).

Atualmente, com o avanço da tecnologia, da ciência e da medicina a

população idosa está vivendo mais e melhor. O crescimento desse grupo significa

que existem milhões de consumidores que estão à disposição do mercado turístico,

em busca de novos conhecimentos, culturas, integração com o meio ambiente,

lazer, saúde, etc.

De acordo com FREIRE (1997, p.63), “dentre as atividades de lazer a de

turismo é considerada uma das mais completas”. Essa afirmação permite descrever

a importância do turismo para o grupo de terceira idade, no qual é oferecido ao

idoso: sociabilidade, o conhecimento e alteridade. Ou seja, o turismo propiciará a

terceira idade diversão e conhecimento como também interações sociais e novas

experiências, conseqüentemente, melhoraram a qualidade de vida desses

indivíduos.

Entretanto, para atender esta demanda, é necessário que o trade turístico

ofereça serviços e produtos compatíveis com a necessidade do público idoso. O

setor de hospedagem, por sua vez, deve oferecer dispositivos hoteleiros adequados

que visem o conforto, a comodidade e segurança do cliente, além de proporcionar

atendimento especial e preferencial. É necessário ressaltar que o setor hoteleiro

juntamente com os demais setores turísticos – agências, restaurantes, companhias

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Page 2: Monografia Roberta

aéreas, etc – devem trabalhar em sociedade para garantir a satisfação dessa

clientela.

Diante disso, o presente trabalho tem como objetivo principal o estudo

sobre as adaptações do HOTEL SESC OLHO D’ÁGUA e a verificação das

condições necessárias para agregar o turismo da melhor idade como forma de

incremento durante a baixa estação. Especificamente, apresentaremos a demanda

do segmento de terceira idade; descreveremos a estrutura física e organizacional do

hotel, identificando as adaptações existentes para receber o público de terceira

idade e verificando se os produtos e serviços oferecidos estão compatíveis para

esse tipo de demanda turística. Essa delimitação do objetivo está voltada para a

seguinte questão. O hotel SESC Olho D’Água tem condições física e organizacional

de agregar o turismo da melhor idade e incrementá-lo como solução alternativa

durante a baixa estação?

Dado o exposto cabe afirmar que a importância deste estudo reside na

possibilidade de verificar se o estabelecimento possui serviços e produtos

compatíveis para atender este tipo de segmento, que pode vir a se tornar uma

solução viável para aumentar a taxa de ocupação durante a baixa estação,

diminuindo os efeitos da sazonalidade no empreendimento.

Vale apontar que sua metodologia deu-se através de uma pesquisa

aplicada e descritiva, sendo sua abordagem de natureza quantiqualitativa. Sobre a

coleta e analise de dados, utilizou-se a investigação bibliográfica, documental e de

campo, onde foram observadas as condições físicas e organizacionais do

estabelecimento.

O presente estudo encontra-se dividido em oito capítulos: segmento de

mercado: o produto turístico para um público específico; compreendendo a terceira

idade; acessibilidade, o setor hoteleiro e adequação dos meios de hospedagem,

apresentação do Hotel SESC Olho D’Água, metodologia do estudo, análise dos

dados e discussões e as considerações finais do trabalho.

Inicialmente, o segundo capítulo propõe descrever o que seja a

segmentação, por que as empresas escolhem segmentar seus produtos e os

benefícios que tal estratégia propicia tanto para a empresa quanto para os

consumidores. Também, é possível assinalar a segmentação turística e suas

especificidades comparadas com os demais produtos do mercado, as motivações

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Page 3: Monografia Roberta

que levam as pessoas a escolha de tal produto e a importância do marketing para a

divulgação do produto turístico, inclusive para o produto hoteleiro.

Quanto ao terceiro capitulo, será salientado o público da terceira idade,

suas especificidades, bem como as motivações que o leva a procura dos produtos

turísticos ou atrativos diferenciados, onde será confrontada a importância do turismo

para a terceira e vice-versa.

O quarto capítulo fala sobre o conceito de acessibilidade, suas origens e

aplicações. Apresenta também as leis e normas criadas que vigoram no Brasil e

garantem os direitos das pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida.

O quinto capítulo faz uma breve descrição da hotelaria e as suas

ramificações, possibilitando um melhor entendimento desse campo. Além disso,

serão apresentadas algumas normas e leis vigentes no país direcionados aos

equipamentos turísticos e meios de hospedagens que garantem acessibilidade

àqueles que possuem alguma restrição locomotora ou deficiência, focando

primordialmente nas adequações necessárias para atender o público da melhor

idade.

No sexto capitulo descreve-se o objeto do estudo. Apresenta-se um breve

histórico do surgimento e atuação do SESC no Brasil , bem como sua presença no

maranhão. Faz-se também uma descrição do Hotel SESC Olho D’Água, objeto deste

estudo.

O sétimo capitulo aborda a metodologia utilizada para o desenvolvimento

deste trabalho.

No oitavo capítulo refere-se às análises dos dados de pesquisa e

discussão dos resultados, onde será verificado as informações obtidas com relação

ao Hotel Sesc Olho D’Água: capacidade estrutural e organizacional, bem como os

equipamentos que o mesmo possui para receber tal grupo.

No nono e conclusivo capítulo, pode-se observar a importância desse

estudo para o HOTEL SESC OLHO D’ÁGUA e sua colaboração efetiva capaz de

reduzir as lacunas provocadas pela sazonalidade, indicando novas possibilidades de

atendimento e receptividade de um público tão seletivo que é a terceira idade.

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Page 4: Monografia Roberta

2 SEGMENTO DO MERCADO: O PRODUTO TURÍSTICO PARA O PÚBLICO

ESPECÍFICO

Atualmente, com a expansão da globalização e o surgimento de novas

tecnologias, o mercado tornou-se competitivo e acirrado. A busca por produtos e

serviços de qualidade e com preços acessíveis fizeram com que as empresas

adotassem uma nova estratégia de marketing: a segmentação de mercado. Tal

estratégia visa a procura de um público especifico ou grupo de clientes que

apresente determinadas características, preferências e objetivos similares.

Wanderley (2004) detalha de forma mais ampla as peculiaridades dos

consumidores comparadas com os produtos oferecidos:

A existência de diferenças significativas entre os consumidores em termos de gostos, desejos, necessidades, personalidade, comportamento, características geográficas e socioeconômicas, determinam diferentes sistemas de consumo, levando as pessoas a desenvolverem atitudes distintas em relação aos produtos que lhes são ofertados (WANDERLEY, 2004, p. 14).

Conhecendo tais particularidades, as empresas buscam satisfazer os

desejos dos consumidores, nivelando os serviços e produtos de acordo com as suas

necessidades e conseqüentemente garantindo a fidelização para com a empresa. A

empresa, por sua vez, usa como estratégia de marketing os benefícios que tal

produto ou serviço possa oferecer ao comprador, de forma que chamem a atenção

pela diferenciação, diversificação, preço e promoções.

A estratégia de marketing envolve elementos essenciais nos quais

auxiliam na escolha de segmentação do produto e, por conseguinte, no seu

sucesso, como análise de mercado: a descoberta daquilo que o consumidor deseja;

o planejamento do produto: o desenvolvimento e aperfeiçoamento dos serviços; a

publicidade e propaganda; informações aos consumidores sobre o produto que

deseja comprar; canais de distribuição: orientações sobre onde e como comprar o

produto; e preço: valores atribuídos à venda do produto, de forma que a empresa

alcance o objetivo principal, o lucro.

Dessa forma, observa-se que no setor turístico essa concepção não é

diferente. O que irá determinar o tipo de produto ou serviço prestado pela empresa

turística será a demanda do público especifico. Logo, as necessidades e anseios

que levam a escolha do produto turístico - busca de status, fuga do cotidiano,

descanso, conhecimento de novas culturas, etc. - orientará uma demanda que

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Page 5: Monografia Roberta

procura de certa forma um objetivo em comum, algo mais personalizado e

direcionado que vai ao encontro de suas expectativas.

Beni (2003) define e avalia a importância da segmentação para o

mercado de turismo como:

[...] a técnica estatística que permite decompor a população em grupos homogêneos, e também a política de marketing que divide o mercado em partes homogêneas, cada uma com seus próprios canais de distribuição, motivações diferentes e outros fatores. Essa segmentação possibilita o conhecimento dos principais destinos geográficos e tipos de transporte, da composição demográfica dos turistas, como faixa etária e ciclo de vida, nível econômico ou de renda, incluindo a elasticidade-preço da oferta e da demanda, e da sua situação social, como escolaridade, ocupação, estado civil e estilo de vida (BENI, 2003, p. 153).

Surgem então os chamados “novos segmentos de mercado” ou “nichos

de mercado”, que constituem vários benefícios empresa x cliente como: ampliação

da oferta de produtos específicos, maior proximidade entre estes e consumidores,

satisfação com os produtos oferecidos, aumento da concorrência no mercado,

empresas deixam de trabalhar em um mercado geral e passam a melhor direcionar

seus recursos e produtos, criam-se novas formas de publicidade e políticas de

preços. Com o aparecimento desses novos nichos torna-se possível adotar vários

critérios de classificação de acordo com as características do produto a ser ofertado.

Aliando esses critérios às estratégias de marketing estudadas pelo mercado, é

provável conhecer as destinações do cliente e o seu o perfil (idade, capacidade de

compra, motivações, status social, etc.). Ao mesmo tempo, pode-se estabelecer o

ciclo de vida do produto e o preço da oferta e demanda.

Assim, dentro da segmentação, cabe atender a um conjunto homogêneo,

o qual se chama mercado-alvo ou demanda especifica. Saber qual será demanda

real auxilia a empresa a definir quais produtos serão ofertados. A demanda é

definida como “a quantidade de um produto ou serviço que as pessoas estão

dispostas a comprar por cada preço deste produto ou serviço. Existe, portanto, uma

relação entre preço de mercado e quantidade demandada (IGNARRA, 2003, p.26)”.

a demanda turística pode ser segmentada a partir de vários critérios, tais como: a

idade, tipos de acompanhamento, nível de renda, âmbito geográfico, duração da

viagem, motivação da viagem, local de pratica do turismo e os meios de transporte.

Cobra (1992) também aponta alguns requisitos devem ser levados em

consideração no momento em que a empresa segmentar seu produto: deve-se definir quem

está dentro ou fora do segmento; um segmento precisa evidenciar um potencial atual ou uma

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Page 6: Monografia Roberta

necessidade potencial; ser economicamente acessível; reagir aos esforços de marketing e ser

estável; segmentos que surgem e desaparecem não são interessantes. Uma boa segmentação

envolve a divisão do mercado por uma sucessão de variáveis. Ainda, o autor apresenta as

bases mais conhecidas para a segmentação de um mercado, conforme quadro 1:

Quadro 1: bases para segmentação do mercado.

Localização geográfica Cidades, regiões, estados, países, etc.

Características demográficas Idade, sexo, sub-cultura, estado cível,

raça, religião, etc.

Características socioeconômicas Renda familiar, profissão, educação, etc.

Características psicológicas Personalidade, atitudes, estilo de vida.

Características relativas ao tipo de

produto

Durabilidade, benefícios, configuração.

Comportamento consumidor Motivo de compra, influencias, taxa de

uso do produto, como a compra é feita,

etc.

Fonte: Cobra, 1997, p. 74

Além disso, Cobra (1997) enfatiza que o conhecimento e identificação de

um determinado grupo de clientes demandam uma pesquisa profunda do mercado

através das bases para segmentação. São estas que buscam identificar grupo de

pessoas com características e comportamentos razoavelmente similares para efeito

de compra, e que permite adequar os produtos de acordo com as exigências e

necessidades dos compradores.

Todos os critérios podem ser combinados entre si de inúmeras formas, ou

seja, quando uma empresa turística decide segmentar seu produto, ela não usa

exclusivamente uma forma de segmentação, ela apenas foca mais em um

determinado segmento sem deixar de lado os demais já trabalhados. Por exemplo,

uma pousada rural - situada perto de rios, cachoeiras, fauna e flora diversificadas -

pode agregar além do turismo rural, outros segmentos como turismo de lazer, de

descanso, de aventura, ecológico, etc. O que vai decidir tal segmentação utilizada

por uma empresa será o foco na demanda e suas principais motivações e

conseqüentemente no produto que ela irá comercializar.

2.1 O Produto Turístico

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Page 7: Monografia Roberta

O produto turístico nada mais é que o conjunto de serviços, atrativos,

infra-estrutura, atividades, transportes, hotelaria, restaurantes e equipamentos

devidamente organizados e oferecidos por uma localidade turística que visa atrair o

público visitante durante um período determinado tempo.

Ignarra (2003) define cada componente do produto turístico, onde os

quais isoladamente não possuem valor, mas quando agrupados formam o produto.

Na figura 1 é possível observar, segundo a definição de Ignarra (2003) o produto

turístico e seus componentes.

O consumidor vai de encontro as suas necessidades, buscando satisfazer

suas necessidades através dos produtos apresentados pelo mercado turístico,

sendo a sua motivação o principal fator determinante das características do produto.

Pimenta e Richers (1991) destacam um quadro de comparações entre

produto turístico e produto industrial, onde são determinadas características do

produto:

Quadro 2: comparações entre produto turístico e produto industrial.

Bens e produtos Produto turístico

18

Fonte: IGNARRA, 2003, p. 50.Figura 1: O produto turístico e seus componentes.

Page 8: Monografia Roberta

São materiais, tangíveis e podem ser

avaliados previamente por uma amostra.

É matéria e intangível, podendo ser visto

antes da compra por meio de sua

viagem.

A produção ocorre, em geral,

anteriormente ao consumo e em local

distinto.

A produção e o consumo ocorrem no

mesmo lugar.

Em geral, podem ser transportados. É necessário que o turista se desloque

até o produto, que não pode

transportado.

Podem ser estocados e vendidos a

posteriori.

Não pode ser estocado. Se não for

vendido, é perdido.

Passiveis de controle de qualidade Dificilmente sua qualidade pode ser

controlada.

Não há, necessariamente, uma relação

de complementaridade entre os

produtos.

Existe complementaridade entre os

elementos que compõem o produto

turístico.

Demonstram ocorrência menos de

sazonalidade.

É mais suscetível à sazonalidade.

São mais fáceis de serem adaptados às

alterações do publico consumidor.

É estático, ou seja, é impossível mudar

sua localização, e é difícil alterar suas

características.

São passiveis a transferência por venda

ou doação a outro consumidor.

Uma vez adquirido, não pode ser

vendido novamente pelo turista.

Passam a ser uma propriedade do

consumidor.

Não passa a ser propriedade do

consumidor pela compra. O turista, por

exemplo, não leva consigo o hotel, mas

sim fotos e recordações.

Fonte: PIMENTA E RICHERS, 1991, p.18

Ambos os autores destacam bem as características dos produtos

turísticos e os comparam com os demais produtos, sempre levando em

consideração as exclusividades e especificidades de cada produto. Dessa forma, o

trade turístico de uma localidade pode se adequar de acordo com a clientela, pois

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Page 9: Monografia Roberta

conhecendo o tipo de segmentação ou o mercado potencial, a empresa conseguirá

atingir sucesso, lucratividade e conquistará uma fatia do mercado. Logo, o produto

ou serviço oferecido deve garantir a satisfação dos consumidores, onde

conseqüentemente haverá fidelização e uma boa propaganda por parte deles.

Entretanto, para isso, é imprescindível entender o motivo que leva uma

pessoa a se deslocar de sua cidade, a fazer turismo, bem como a identificação do

tipo de turismo que as pessoas desejam fazer, são fundamentais para o sucesso e

desenvolvimento dos produtos turísticos. É importante compreender que a

motivação é uma força que impulsiona a pessoa a optar por quais caminhos seguir

em busca de suas metas. O impulso é que leva as pessoas à escolha de tal produto,

e podem ser motivados por diversos fatores. Esses fatores são que as direcionam a

satisfazer suas necessidades. Por sua vez, as necessidades variam de acordo com

os níveis hierárquicos das motivações.

Beni (2004) faz uma comparação entre a teoria da motivação de Abraham

Maslow (apud Beni, 2004), enfatizando o que motiva uma pessoa a viajar, a procurar

tal atrativo:

“Necessidades fisiológicas: sol, praia, ar puro, alimentação, sexo e outras; necessidades de proteção: segurança, estabilidade, ordem; necessidades de amor: identificação, afeto por amigos e familiares; e necessidades de auto-estima: prestígio, êxito, respeito e outras” (MASLOW, 1943, p.50 apud BENI, 2004, pág. 252).

A necessidade humana nada mais é que um estado de privação de

alguma satisfação básica. As pessoas precisam de alimentação, moradia,

vestuários, segurança, etc. Essas necessidades não podem ser criadas por

empresas, elas são inerentes das condições humanas, partindo do interior para

exterior. Na teoria motivacional de Maslow (apud Beni, 2004), as necessidades são

agrupadas de acordo com o grau de importância, onde se classificam das mais

urgentes para as menos urgentes. À medida que cada necessidade é saciada, a

necessidade seguinte mais importante ocorrerá. Ou seja, quando as necessidades

fisiológicas começam a ser satisfeitas passa a existir a necessidade de segurança e

assim consecutivamente até a última escala hierárquica de Maslow. Na figura 2 fica

explicito os cinco níveis hierárquicos.

20

Page 10: Monografia Roberta

Kotler (1998, p. 173) afirma que “A teoria de Maslow ajuda [...] a entender

como vários produtos se ajustam aos planos, metas e vidas de consumidores

potenciais”. Na verdade, são as características dos consumidores que determinam o

tipo de produto a ser comercializado, as empresas vão à procura dessas

características, ajustando-se de acordo com as necessidades e anseios.

Para que um segmento turístico seja específico e se converta em unidade

de atuação para as estratégias de marketing, o mesmo deve reunir uma serie de

requisitos: homogeneidade em agrupar seus compradores, ser substancialmente

rentável, acessível, adequação e quantificação em relação ao que se é ofertado e

capacidade de resposta.

A empresa que decide atuar em um mercado específico, principalmente

direcionado a terceira idade, necessita entender e compreender tal segmento, quem

são estes turistas? Quais as motivações que os levam a escolha do produto

turístico? Quais as opções para atendimento a essas motivações?

2.2 O hotel como produto turístico.

21

Fonte: adaptação de MASLOW, 1943, p.50 apud BENI, 2004, p. 252.

Figura 2: Hierarquia das necessidades de Maslow.

Page 11: Monografia Roberta

A hotelaria, espinha dorsal do turismo (ANDRADE, 2004) tem como

principal função acomodar as pessoas e oferece-lhes condições básicas que

atendam suas necessidades e expectativas.

Torre (2001, p. 29) define o meio de hospedagem como “uma instituição

de caráter público que oferece ao viajante alojamento, alimentação e bebida, bem

como entretenimento e que opera com a finalidade de obter lucro”.

A indústria hoteleira não visa apenas atender as necessidades básicas do

hóspede (alimentação alojamento), também procura encantá-lo, apresentando

serviços de qualidade e com excelência.

Segundo Castelli (2003, p. 24) o hotel tem como objetivo comum oferecer

o melhor para hóspede: “o melhor serviço, o melhor atendimento, melhor preço, a

melhor satisfação. O hóspede procura os serviços hoteleiros em busca de conforto,

segurança, entretenimento, alimentação, descanso, etc”.

Por conseguinte, o principal produto a ser comercializado dentro de um

hotel é a acomodação e junto a ela estão atrelados diversos outros produtos e

serviços que são oferecidos no decorrer da estada do hóspede. A forma como é

ofertada esses produtos e serviços ao cliente é que irá definir o apelo da empresa,

ou seja, será a diferenciação destes que distinguirá um hotel de outro.

Estes produtos estão intrinsecamente ligados a prestação de serviços de

um hotel, onde todas as atividades executadas estão vinculadas ao propósito em

comum: a satisfação do cliente. Dentre as atividades pode-se citar: serviços de

quarto, lavanderia, eventos, frigobar, transfer, restaurante, cafeteria, etc.

O produto hoteleiro, por ter algumas características que lhe são próprias,

está exposto a diversas variáveis, principalmente a sazonalidade. Ela pode ser

representada pela baixa e alta temporada, em que se diferenciam por férias

escolares ou de trabalho, estações do ano, fins de semana, etc.

A sazonalidade gera diversas distorções no produto hoteleiro, o que

acarreta certos prejuízos a empresa, sobretudo nas diárias. O hotel passa a oferecer

tarifas de alta e baixa estação para conseguir atingir a meta financeira. Entretanto,

com os preços das diárias inferiores, o hotel corre o risco de baixar o nível de sua

clientela e consequentemente o nível do próprio estabelecimento. Para amenizar

esta situação, o hotel deve analisar o mercado, oferecendo promoções de diárias e

serviços no decorrer do ano, levando em consideração os momentos de menor e

maior fluxo de clientes. Vale lembrar que o objetivo do hotel é elevar a taxa de

22

Page 12: Monografia Roberta

ocupação, especialmente na baixa temporada, buscando atingir novos públicos e

aumentando o rendimento financeiro.

Assim, definir qual público o meio de hospedagem deseja alcançar,

requer um estudo sobre qual segmento deve atingir e para isto é necessário planejar

estratégias que se enquadram na preferência do público almejado.

No caso da terceira idade, é perceptível que quanto mais essas pessoas

apresentam preferências, hábitos e restrições, maiores se tornam a procura por

atrativos específicos, conseqüentemente, maior será a diversificação dos serviços e

produtos oferecidos pela hotelaria.

Segmentar na hotelaria, inclusive para o público em questão – terceira

idade – requer dos estabelecimentos uma preparação em conformidade ajustando

excelência, qualificação e oferta, de forma que propicie ao hóspede espaços de fácil

acesso e ambientes seguros e confortáveis.

A terceira idade, quando resolve escolher visita uma localidade turística,

propicia inúmeros benefícios, inclusive a redução da sazonalidade. A maioria do

público de terceira idade gosta mais de viajar no período de baixa estação, uma vez

que busca por locais sossegados, com boa estrutura, preços menores e uma gama

de promoções que as empresas turísticas oferecem nessa época, melhorando

assim, a oferta dos equipamentos turísticos nas baixas temporadas e diminuindo os

impactos econômicos negativos da sazonalidade.

Equivale destacar que a terceira idade ainda ajuda a diminuir os preços

das tarifas de hotéis, companhias aéreas, locadoras de carros e outros, gerando

descontos e promoções em certas épocas do ano.

3 COMPREENDENDO A TERCEIRA IDADE

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Page 13: Monografia Roberta

Este capítulo tem por finalidade uma aproximação com o tema objeto

deste estudo, onde serão apresentados subsídios que permitam entender a terceira

idade e seus conceitos iniciais, bem como contextualizar o turismo para esta

segmentação e as motivações que os levam a praticar o turismo. Assim, serão

abordados aspectos inerentes ao processo de envelhecimento e ao turismo para a

melhor idade, as motivações turísticas e as principais dificuldades encontradas pelo

turismo para atender este segmento.

3.1 A terceira idade e suas especificidades

Inicialmente convém apresentar os inúmeros termos encontrados na

língua portuguesa que estão relacionados ao processo de envelhecimento: velhice,

velho ancião, idoso, decrépito, de terceira idade, de melhor idade, senil, dentre

outros. Contudo, se torna difícil definir e determinar quando uma pessoa pode ser

considerada idosa.

Araújo (2004, p. 98) enfatiza citações de diversos especialistas sobre o

conceito da velhice e, sobretudo de que “não é possível estabelecer definições e

terminologia universalmente aceitáveis, ou que encaixem perfeitamente em

situações, lugares e épocas distintas”. Logo, é possível observar que as questões

referentes ao idoso não são recentes e que decorrem de um longo processo

histórico - cultural e social. Todavia, cabe indagar a raiz histórica desse processo e o

que levou a sociedade a visualizar com mais seriedade a terceira idade.

Tal preocupação passou a ser considerada quando os idosos começaram

a ser inseridos no contexto social a partir da mudança de pensamento da população,

da valorização do idoso e da importância de seu papel na sociedade. Entretanto,

essa valorização – que havia sido esquecida por alguns anos – é notória desde a

Antiguidade, quando as pessoas mais velhas eram vistas como fonte de sabedoria e

conhecimento, eram consideradas guardiãs da cultura de sua tribo. Ainda, no

Império Romano o homem mais velho de um grupo familiar, por ocupar posição de

maior destaque, era o que tinha o poder decisório sobre as demais pessoas da

família. Apesar do valor ao mais velho, até o século XIX não existia diferenciação

alguma entre as faixas etárias. Até a idade moderna a criança era vista como um

pequeno adulto, sem quaisquer disparidades de tratamentos. É a partir da

classificação da infância que surgem as primeiras discussões sobre o ser humano

24

Page 14: Monografia Roberta

agrupado por categorias etárias. Esta, por sua vez, nada mais é que uma forma de

classificar as modificações ocorridas em uma sociedade (ZIMERMAN, 2000, p. 17-

39).

Daí surge à fase da velhice e a preocupação com este grupo social. Alem

disso, observar-se que as pessoas passaram a viver mais, havendo um aumento

expressivo na expectativa de vida e diminuição taxa de natalidade.

Diante desses fatos históricos, pode-se dizer que a terceira idade - ou

melhor idade como prefere ser chamados aqueles com mais de 65 anos - tinham

suas características ligadas a fragilidade, falta de saúde, limitações e acúmulo de

doenças. Tradicionalmente, eram atribuídas a essas pessoas atividades passivas

como assistir TV, tricotar, ajudar a cuidar dos netos, leitura, etc. Entretanto, esta

concepção vem mudando. Com o progresso da ciência e a mudança de costumes

que aumentam a expectativa de vida, o cenário se transformou. Análises

demonstram que atualmente o processo natural de envelhecimento não é um fator

impeditivo para a maioria das atividades cotidianas de um adulto de qualquer outra

idade. Mas como saber que uma pessoa encontra-se na terceira idade? Quais os

critérios necessários para determinar isto?

Salgado (1982) expõe que a velhice é uma etapa da vida onde em

decorrência da alta idade cronológica, ocorrem modificações de ordem

biopsicossocial que afetam a relação do indivíduo com o meio. Ou seja, o idoso

sofre alterações tanto biológicas – mutações do organismo, desgastes físicos e

psicológicos – quanto sociais - perda do papel profissional, exclusão familiar, crise

de identidade, diminuição do contato social, etc.

Na visão de Costa (1998) existem três critérios básicos no

estabelecimento da idade das pessoas, que implicarão na definição de velhice:

cronológico, biológico e pessoal. A idade cronológica (real) é obtida pela subtração

da data de nascimento com a data atual, sendo o desenvolvimento humano aferido

ao decurso do tempo. A idade biológica (etapa vital) é aquela estabelecida pelas

condições e modificações do organismo e suas funções. É a etapa que traz certas

limitações, da mesma maneira que as demais etapas da vida de um ser humano. A

idade pessoal (existencial) é aquela que a própria pessoa determina, é o que seu

“espírito sente”, é a sensação de estar com a idade respectiva.

A idade existencial também está relacionada ao somatório de

experiências pessoais acumuladas no decorrer dos anos. Já a idade cronológica

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Page 15: Monografia Roberta

fora criada apenas para suprir as questões burocráticas, sendo considerada a mais

objetiva, já que independente de situações sócio – psicológicos. Além disso, a idade

cronológica torna-se abstrata, pois um grupo de pessoas com a mesma idade pode

apresentar características diferentes, aspectos funcionais, emocionais e psicológicos

variados.

Apesar de a idade cronológica ser a mais considerada, é importante frisar

que existem outros fatores que devem ser observados para definir uma pessoa

como idosa. Fatores estes que variam de acordo com a pessoa (biológicos,

psicológicos, mentais) e outros variantes do meio em que vive (sociais, econômicos

e culturais).

Acredita-se que por meio do conhecimento do processo de envelhecimento, será possível a sociedade olhar para idosos como pessoas tais quais as demais, apresentando especificidades próprias, apenas por estarem em diferente estágio de ciclo de vida (ARAÚJO, 2004, p. 27).

Assim, compreendendo a terceira idade e suas especificidades,

valorizando e respeitando o idoso como cidadão é possível inserir o turismo como

atividade que ampliará as possibilidades de aliar o lazer ao desenvolvimento

pessoal, criando assim produtos turísticos que atendam as suas necessidades e

anseios.

3.2 Turismo para melhor idade

O mercado turístico encontra-se dividido em vários segmentos, dentre ele

destaca-se o turismo direcionado para a terceira idade. Este tipo de turismo está

orientado para pessoas com mais de 60 anos, que apresentam condições

financeiras estáveis e dispõem de tempo livre (MOLETTA, 1999).

Já se foi à época em que essas pessoas eram consideradas sedentárias

e inativas, com inúmeros problemas de saúde e algumas limitações de

deslocamento. Hoje em dia, há uma preocupação maior com a importância da

atividade física e lazer, em que as pessoas estão estimuladas a valorização de

hábitos saudáveis, ao contato com a natureza e busca de novas culturas.

Pesquisas apontam que hoje em dia a taxa de mortalidade vem

diminuindo gradativamente, ou seja, a população está vivendo mais na terceira

idade. Tal crescimento constitui a existência de milhões de consumidores com mais

de 60 anos de idade a disposição do mercado, que procuram no turismo uma forma

26

Page 16: Monografia Roberta

de aliar o lazer à ocupação do tempo disponível para conhecer novos lugares e fazer

novas amizades.

Esse fator está explicito em censos estatísticos extraídos do IBGE (2000)

que demonstram o processo de envelhecimento da população e que isto vem

acontecendo de maneira acelerada e irreversível. No quadro 3 pode ser observado

características sócio – demográficas divididas pelas regiões Norte, Sul, Nordeste,

Sudeste e Centro-Oeste. Nestas características esta apontada a população idosa do

país com 14.621.060 habitantes, sendo que para cada região existe um percentual

equivalente. Assim, Região Norte detém 5,40% (789537,2 hab.); a Região Nordeste

com 27,50% (4020792 hab.); Região Centro-Oeste com maior percentual 46,00%

(6725688 hab.); Região Sudeste com 15,80% (2310127 hab.); e Região Sul com a

menor quantidade de pessoas idosas 5,30% (774916,2 hab.).

Vale ressaltar que o mito de que o Brasil é um país de jovens está sendo

quebrado. O Brasil deixa de ser um país predominantemente de jovens, estendendo-

se a uma faixa etária mais concentrada, a terceira idade. Tal acréscimo populacional

é decorrente da diminuição da fecundidade e da elevada taxa de crescimento

vegetativo no decorrer dos anos.

O IBGE (2000) ainda estima para o Brasil em 2050 terá mais de 56

milhões de pessoas com 60 anos ou mais; o que equivalerá a 28% da população

brasileira comparados com os 8,5% registrados em 2000, conforme demonstra a

figura 3 abaixo.

27

Quadro 3: Distribuição regional quanto as caracteristicas da população

brasileira.

Page 17: Monografia Roberta

Também

nota-se que

atualmente uma em cada dez pessoas tem sessenta anos ou mais. Já as projeções

para

2050

destacam que uma em cada cinco estará com sessenta anos ou mais. Assim, pela

primeira vez na história da humanidade, a quantidade de pessoas dessa faixa etária

será maior que a população infantil e jovem (IBGE, 2000). Em termos relativos,

observa-se o aumento da expectativa de vida da população idosa foi maior do que a

da população como um todo.

28

Figura 3: Pirâmide populacional do Brasil em 2000 com estimativas para 2025 e 2050.

Page 18: Monografia Roberta

A prática da atividade turística é significante para o bem-estar daqueles

que se encontram na terceira idade, trazendo diversos benefícios para esta

segmentação turística (MOLETTA, 1999), tais como:

Conhecimento: as pessoas nesta faixa etária estão mais

preparadas para absorver novas culturas. Por estarem desobrigadas de

compromissos sociais e familiares, elas investem na realização de seus

sonhos e na busca de experiências novas que possuam de alguma forma

significado para elas;

Alteridade: o contato com diversas pessoas de idades diferentes

propicia ao idoso a melhoria da auto-estima com a reconstrução da própria

imagem;

Sociabilidade: cada vez mais as pessoas estão à procura do

convívio social, do contato com novas pessoas de varias faixas etárias. O

turismo facilita a inclusão social do idoso na sociedade e elevando sua auto-

estima.

Por sua vez, a terceira idade apresentar ao turismo várias melhorias,

como:

Diminuição da sazonalidade: ocupação dos meios de

hospedagem e destinos turísticos na baixa estação. A maioria do público da

melhor idade procura lugares relativamente mais calmos, aliados as

promoções e preços mais acessíveis ofertados pelas empresas que

trabalham com atividade turística. Assim, o turismo pra melhor idade diminui

os impactos econômicos negativos provocados pela sazonalidade e melhora

a oferta dos produtos e serviços oferecidos na baixa temporada.

Melhoria e expansão dos meios de hospedagem: cada vez mais

se observa a ampliação da cadeia hoteleira nas localidades turísticas.

Surgem novos modelos de hotéis direcionados a atender esta segmentação

turística, como hotéis de lazer, spas, casas de saúde, pousadas, etc.

Qualificação da mão-de-obra local: para receber este público é

imprescindível uma gama de profissionais capacitados, com treinamento

especializado não só na área turística - garçons, arrumadeiras, cozinheiros,

etc. -, como também na área da saúde - médicos, enfermeiros, massagistas,

nutricionistas, etc.

29

Page 19: Monografia Roberta

Melhoria da infra-estrutura da cidade receptora: por ser um

turista extremamente exigente, o idoso observa as condições físicas da

localidade como saneamento básico e trade turístico (hotéis, restaurantes,

bares, atrativos, equipamentos, etc). A cidade então investe em melhoria dos

seus atrativos, na modernização da infra-estrutura, bem como na orientação

dos investidores do setor turístico e na própria comunidade, gerando novos

empregos.

Esta comparação - entre a importância do turismo para terceira idade e a

importância da terceira idade para o turismo - determina o quanto é viável investir

em uma localidade para atender um segmento como este. Bem como a facilidade de

se trabalhar com um público que sempre estar motivado a descobrir fatos novos,

outras culturas e lugares diferentes, ao contato com diversas pessoas, natureza,

religiosidade, etc.

A motivação, por sua vez, é uma das ferramentas imprescindíveis para a

determinação de localidade receptora, ou seja, é ela que impulsiona um turista a

visitar um determinado lugar. O turismo através das diversas segmentações que o

constitui, procura apresentar ao turista um leque de alternativas que vão de encontro

as suas necessidades e que o motiva a viajar. Mas o que leva um turista a escolher

e viajar para tal localidade?

Segundo Vaz (1999, p. 41), “é uma sensação ou circunstância de pressão

sobre o indivíduo, que o leva a viajar. Essa pressão pode ser analisada sob três

aspectos: Fonte Motivadora, Grau de Escolha e Natureza da Pressão.”.

Fonte Motivadora: Divide-se em pressão pessoal (vontade de

conhecer uma determinada localidade ou de viajar por problemas de saúde);

familiar (visitas a parentes, casamentos, aniversários); social (participação em

grupos comunitários, esportivos, associativos em geral) e organizacional

(viagens por obrigações profissionais).

Grau de Escolha: A necessidade de viajar surge desde a livre

escolha, quando não existe nenhum fator condicionante exterior, passando

por diversas etapas intermediárias de opções de negociação, até a completa

incerteza que uma obrigatoriedade impõe.

Natureza da Pressão: Está relacionada diretamente às

necessidades e aos desejos que definem os motivos. Maslow definiu as

diversas necessidades que as pessoas apresentam em cinco categorias

30

Page 20: Monografia Roberta

dentro de uma visão hierárquica: necessidades fisiológicas (fome, sono, sexo

e assim por diante); necessidades de segurança (estabilidade, ordem);

necessidades de amor e pertinência (família, amizade); necessidades de

estima (auto-respeito, aprovação); necessidades de auto-atualização

(desenvolvimento de capacidades).

Observa-se que existe inúmeros fatores determinantes para

complexidade da motivação de um turista em escolher uma localidade, ficando

explicito que o turismo depende das motivações das pessoas, bem como de suas

necessidades e anseios que as levam a visitar tal ambiente.

Para o público de terceira esta concepção não fica tão obstante. Os

idosos buscam atrativos bem específicos, geralmente direcionados a saúde, lazer,

recreação, cultura, ecologia e eventos.

Segundo Moletta (1999) os atrativos mais visitados por esse segmento

são:

Atrativos relacionados a saúde: atrativos que garantem uma

melhoria na qualidade de vida. Termalismo e balneários hidroterápicos –

banhos diversos, como o de lama e areia, saunas, duchas, piscinas. Também

existem casas de spas, hospitais geriátricos, etc.

Atrativos culturais: as pessoas viajam a fim de conhecer novas

culturas e trocar experiências. Visitam atrações ligadas ao patrimônio cultural

como museus, monumentos e prédios históricos. A gastronomia local também

é apreciada por turistas que desejam degustar a culinária e conhecer

profundamente suas raízes.

Atrativos naturais ou ecológicos: o contato direto com a

natureza, a fauna e flora de uma região. Valoriza os hábitos saudáveis das

pessoas.

Atrativos de recreação: são os mais procurados por esta

categoria. As danças e as artes são ótimas distrações para este publico.

Além dessas, existem várias outras formas de turismo que pode ser

praticado pelo público de terceira idade, como: turismo de aventura, religioso,

turismo de aventura (aventura especial), de pesca esportiva, rural, de cinema,

náutico, de sol e praia, negócios e eventos, etc.

Vale lembrar que uma localidade que visa o turismo como fator

econômico, gerador de renda e empregos, tem por necessidade apresentar um trade

31

Page 21: Monografia Roberta

turístico adequado e planejado, com produto turístico apropriado a atender a

demanda almejada: serviços de qualidade, atrativos, infra-estrutura, equipamentos

conservados, etc. A terceira idade, por ser um público bastante exigente, observa

todos os aspectos concernentes ao produto turístico da localidade e

conseqüentemente verificam se estes estão correspondendo as suas necessidades

e anseios.

Levando em consideração que o turismo é uma forma de promover o bem

estar social, onde não se deve impedir ou limitar o acesso aos equipamentos,

serviços e produtos turísticos, é necessário adotar práticas que garanta aos idosos

igualdade de direitos, preferência e tratamento adequado.

4 ACESSIBILIDADE: CONCEITOS E CARACTERISTICAS

Atualmente, o tema sobre lugares acessíveis e de fácil acesso às pessoas

portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida vem sendo bastante discutido.

32

Page 22: Monografia Roberta

A preocupação sobre o assunto aumentou após a Segunda Guerra Mundial, onde o

número de pessoas com deficiência de locomoção, de audição e de visão cresceu.

Em suas origens, a acessibilidade tradicional preocupava-se com a facilidade de

quem se acede e interage com o ambiente. Com a evolução da sociedade, a

definição de acessibilidade também evoluiu (REGO, 2006).

Acessibilidade constitui a utilização com segurança e autonomia, total ou

assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos

serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e

informação, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida (MANUAL DE

ORIENTAÇÃO, 2006).

Logo, o termo acessibilidade atinge todos os aspectos referentes a

eliminação das barreiras arquitetônicas urbanísticas, do transporte e da

comunicação, ou seja, torna-se imprescindível no cotidiano de uma sociedade a

inclusão na arquitetura, na sinalização e na informação.

Um ambiente com acessibilidade atende, diferentemente, uma variedade

de necessidades dos usuários, tornando possível uma maior autonomia e

independência. Entendendo autonomia como a capacidade do indivíduo de desfrutar

dos espaços e elementos espontaneamente, segundo sua vontade. E independência

como a capacidade de usufruir os ambientes, sem precisar de ajuda (GUIMARÃES,

2002).

A pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida está sujeita à

diversas barreiras, conforme O Manual de Orientações (2006), estas barreiras

podem ser classificadas como:

Barreiras Físicas: são as que impedem fisicamente a pessoa com deficiência de acessar, sair e permanecer em determinado local como escada, portas estreitas que impedem a circulação de cadeira de rodas, elevadores sem controles em Braille, portas automáticas sem sinalização visual para deficientes auditivos. Podem ainda se dividir em barreiras arquitetônicas, urbanísticas de transporte e comunicação.Barreiras Sistêmicas: relacionadas a políticas formais e informais. Por exemplo: escolas que não oferecem apoio em sala de aula para alunos com deficiência, bancos que não possuem tratamento adequado para pessoas com deficiência.Barreiras Atitudinais: preconceitos, estigmas e estereótipos sobre pessoas com deficiência, como, por exemplo, achar que a deficiência é contagiosa, discriminar com base na condição física, mental ou sensorial etc. (Manual de Orientações, 2006, p. 12).

A complexidade de compreender essas barreiras encontradas na

sociedade e os inúmeros atos necessários para eliminá-las, permitiu a inclusão de

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Page 23: Monografia Roberta

diferentes ações sobre a questão de acessibilidade universal. Inicialmente, devem-

se desenvolver trabalhos ligados à acessibilidade arquitetônica, onde só após a

eliminação das barreiras arquitetônicas é que a sociedade poderá identificar as

demais barreiras existentes e excluí-las.

De acordo com o censo do IBGE 2000, No Brasil 14,5% da população

possui algum tipo de deficiência, ou seja, aproximadamente 24,5 milhões de

pessoas são portadores de alguma deficiência. Diante disso, foram criadas várias

leis que regulamentam as necessidades das pessoas por lugares acessíveis. Graças

a promulgação da Constituição de 1988, o Brasil vem adotando estas comumente de

forma a promover os direitos das pessoas com deficiência e com mobilidade

reduzida. Além disso, há normas criadas pela ABNT – Associação Brasileira de

Normas Técnicas que definem padrões e critérios de acesso a locais turísticos em

geral. Destacam-se algumas delas:

Lei nº. 10.741, de 01 de outubro de 2003 - Dispõe sobre o Estatuto do

Idoso- O estatuto do idoso fora criado para garantir os direitos e estipular os deveres

para a melhoria de vida das pessoas com mais de 60 anos no país. O código

também regulamenta os direitos dessas pessoas, determinando obrigações que as

entidades e intuições devem exercer, assim como as penalidades que as mesmas

sofrem quando desrespeitam um idoso. O idoso passa a ter descontos de 50% em

atividades culturais, de lazer e esportiva, como academias, teatro e cinema, e há ter

gratuidade em transportes coletivos públicos (ANEXO 1);

Lei nº. 10.098, de 19 de dezembro de 2000 - constituem normas e

critérios fundamentais para a promoção do acesso as pessoas com deficiência ou

com mobilidade reduzida;

Lei nº. 11.126, de 27 de junho de 2005 - Dispõe sobre o direito da

pessoa com deficiência visual de ingressar e permanecer em ambientes de uso

coletivo acompanhado de cão-guia

Decreto nº. 5.626, de 22 de dezembro de 2005 - Regulamenta a Lei nº

10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais -

Libras, e o art. 18 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000.

Decreto nº 5.904, de 21 de setembro de 2006 - Regulamenta a Lei nº

11.126, de 27 de junho de 2005, que dispõe sobre o direito da pessoa com

deficiência visual de ingressar e permanecer em ambientes de uso coletivo

acompanhada de cão-guia e dá outras providências.

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Page 24: Monografia Roberta

Decreto nº. 5.296, de 02 de dezembro de 2004 - Regulamenta a Lei nº

10.048/2000 e a Lei nº 10.098/2000, que dá prioridade e atendimento às pessoas

com deficiência ou mobilidade reduzida, promovendo acessibilidade;

NBR 9050:2004 - Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e

equipamentos urbanos;

NBR 14022:1998 - Acessibilidade à pessoa com deficiência em ônibus,

para atendimento urbano e intermunicipal;

NBR 14273:1999 - Acessibilidade da pessoa com deficiência no

transporte aéreo comercial;

NBR 13994:2000 - Elevadores para transporte de pessoa com

deficiência;

NBR 15320:2005 - Acessibilidade à pessoa com deficiência no

transporte rodoviário;

NBR 14021:2005 - Acessibilidade no sistema de trem urbano e

metropolitano;

NBR 15250:2005 - Acessibilidade em caixa de auto-atendimento

bancário.

NBR 15290:2005 - Acessibilidade em comunicação na televisão

5 O SETOR HOTELEIRO E A ADEQUAÇÃO DOS MEIOS DE HOSPEDAGEM

Percebe-se que a atividade hoteleira possui papel de destaque para a

viabilização do turismo em uma localidade, cujo se torna indispensável em qualquer

segmento turístico, como turismo de aventura, de lazer, de negócios, etc. O setor

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Page 25: Monografia Roberta

hoteleiro em resposta a diversidade de demandas turísticas, assim como a

competição com outros estabelecimentos e perante a captação de hóspedes fez

surgir ao longo dos anos muitos tipos de hotel, com características próprias em

função da sua localização e do segmento de mercado ao qual está voltado,

conseqüentemente, surgem novas segmentações de produtos e serviços na

hotelaria, como hotéis de fazenda, hotéis de negócios, hotéis de lazer, etc.

Lemos e Erdmann (1984) relatam que a segmentação hoteleira tem como objetivos

Facilitar a identificação do mercado lucrativo, criar projetos de produtos que atendam ás necessidades dos hospedes, estabelecer melhor forma de fazer promoções, escolher a melhor mídia para divulgar o estabelecimento hoteleiro e otimizar os recursos para alcançar os melhores resultado (LEMOS E ERDMANN, 1998, pág.4).

O hotel seja qual for seu porte, deve apresentar subsídios que favoreça a

acessibilidade de qualquer hóspede, inclusive os que pertencem ao grupo da

terceira idade. As leis de acessibilidade auxiliam os empreendimentos hoteleiros a

se adequarem conforme o exigido por lei, promovendo assim o lazer de forma

igualitária independente de raça, idade, etnia e restrições. Deve-se também definir

procedimentos e capacitar os colaboradores para atendimento prioritário a essas

pessoas, bem como o cumprimento da legislação e normas técnicas de edificação.

Vale ratificar que as pessoas idosas, de um modo geral, acarretam algumas

necessidades especiais, visto que seu organismo degrada com a idade, levando a

pessoa a surdez, cegueira, redução de movimentos. Assim, qualquer pessoa, seja

qual for a idade ou a limitação física pode usufruir de componentes que lhe propicie

acesso com conforto e segurança.

Em suma, a legislação brasileira orienta hotéis a terem alguns

apartamentos adaptados para pessoas com algum grau de deficiência, bem como

suas instalações e equipamentos devem ser de fácil acesso e transitável.

O Manual da EMBRATUR (2006), criado a partir das normativas

supracitadas, demonstra de forma mais minuciosa o emprego destas em relação aos

meios de hospedagem, entre outros equipamentos, estabelecendo padrões

arquitetônicos e dimensionamento das dependências, sugerindo adaptações a estes

e proporcionado condições adequadas e seguras ao segmento de pessoas

portadoras de alguma deficiência. Segundo o Manual (2006) as adaptações

previstas abrangem áreas, dependências e equipamentos dentro e fora do hotel.

36

Page 26: Monografia Roberta

Vale ressaltar que neste segmento, encontram-se os idosos que também

necessitam de condições favoráveis. Incluem nelas:

Pisos antiderrapantes, com superfície regular;

Em caso do uso de carpetes deve-se embuti-los no piso de forma que

não fique acentuado e evite acidentes;

As áreas de circulação, como hall e corredores não devem oferecer

barreiras e obstáculos;

As rampas devem obedecer aos limites de inclinação e de largura

estabelecidos pela norma, pisos ásperos, proteções laterais;

As escadas não podem ser vazadas ou com piso saliente,

principalmente nas áreas de grande fluxo;

É obrigatório o uso de corrimão nos dois lados de rampas e escadas,

onde devem estar fixados nas paredes laterais e ter suas extremidades com

acabamentos encurvados;

Elevadores devem atender a norma especifica da ABNT (NBR

13994/97);

As portas devem possuir maçanetas tipo alavanca na altura de uma

pessoa sentada, com revestimento resistente a impactos onde se pode utilizar

cartões magnéticos para abertura automática;

A recepção e portaria devem possuir balcão de atendimento rebaixado;

As UHS devem ser confortáveis e amplas, sem obstáculos e desníveis;

Todos os controles, tomadas e interruptores devem estar a altura de

acessibilidade das pessoas;

As camas, cadeiras e poltronas devem prover de encostos e ter altura

um pouco menor que o assento de uma cadeira de rodas;

Os armários e gavetas devem ser instalados distante do chão de modo

que propicie uma aproximação frontal em caso de cadeirantes.

Os sanitários devem estar bem sinalizados e ter vasos adaptados,

barra de apoio, torneiras acionados a partir de dispositivos sensoriais;

Os banheiros devem ter chuveiros e duchas que acionam a partir de

comandos ou dispositivos sensoriais.

Essas normas equivalem não só ao público da terceira idade, mas

aqueles que possuem alguma restrição ou habilidade locomotora reduzida e

garantem os direitos previstos por lei: colocar o lazer no mesmo patamar.

37

Page 27: Monografia Roberta

Observa-se que a hotelaria atual procura se adequar as necessidades de

seus clientes de forma que venha proporcionar atendimento com mais excelência e

segurança. O público de terceira idade, por ser bastante exigente, aprecia este tipo

de atendimento, com estruturas adequadas que viabilize o acesso, a circulação e a

comunicação durante a estada. É por isso que se deve ter bastante atenção no

momento de planejar um estabelecimento voltado às pessoas com alguma restrição

locomotora, inclusive as pessoas idosas. A forma mais adequada, seja ela estrutural

ou organizacional remete um complemento de sucesso para o estabelecimento,

propiciando ao mesmo crescimento financeiro e boa propaganda, pois o hóspede

quando bem tratado, atinge suas expectativas e considera perfeito o local visitado.

Além disso, atender a esse grupo que possui uma renda definida e

estável agrupado com o tempo livre em qualquer época do ano. É assim que a

hotelaria deve se comportar diante de seus consumidores, oferecendo serviços e

produtos flexíveis de modo a proporcionar o bem-estar daqueles que deixam seus

lares em busca de novos horizontes.

6 SERVIÇO SOCIAL DO COMERCIO - O SESC

Durante a década de 40 o Brasil passava por diversas transformações. O

país crescia e democratizava, porem o panorama apresentava um país carente,

atrasado e com graves conflitos sociais.

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Page 28: Monografia Roberta

Diante deste cenário, o empresariado percebeu que a solução exigia

novos procedimentos nas relações entre capital e trabalho. Somente através de uma

relação harmoniosa entre as forças produtivas daria ao país condições de superar

os graves problemas com que se defrontava.

Essas soluções foram expostas na reunião de lideranças empresariais do

comércio, indústria e agricultura, organizada na cidade de Teresópolis na Primeira

Conferência das Classes Produtoras – I Conclap. A partir daí, após a aprovação da

CARTA DA PAZ SOCIAL, surgiu o conceito e a filosofia de serviço social promovido

pelo empresariado, começava assim uma iniciativa inédita em todo o mundo e na

história da relação entre capital e trabalho.

A proposta contida na CARTA DA PAZ SOCIAL foi submetida ao Governo Federal. E, naquele mesmo ano de 1946, no dia 13 de Setembro, o Presidente Eurico Gaspar Dutra assinava o Decreto-Lei n° 9.853 que autorizava a Confederação Nacional do Comércio a criar o Serviço Social do Comércio – SESC (DEPARTAMENTO NACIONAL SESC, 2001p. 17).

Através desse Decreto, sob a liderança de João Daudt d’Oliveira em

conjunto com empresários e organizações sindicais, o SESC – Serviço Social do

Comércio - iniciou as suas atividades no Brasil, prestando serviços assistenciais ao

servidor do comércio de bens e serviços.

O SESC tinha como finalidade melhorar as condições de vida dos comerciários e suas famílias, bem como promover o aperfeiçoamento moral e cívico da coletividade. Na execução desses objetivos, a entidade deveria levar em conta, sobretudo, assistência em relação aos problemas de âmbito doméstico (nutrição, habitação, vestuário, saúde, educação e transporte), a defesa do salário real dos comerciários, incentivo a atividade produtiva, a promoção de praticas educativas e culturais visando a valorização do homem e de pesquisas econômicas e sociais. (DEPARTAMENTO NACIONAL SESC, 2001, p. 19-20).

Dessa forma, levando em consideração a origem, história, princípios fundamentais e o ambiente em que atua, o SESC reafirma as finalidades que lhe deram origem, que são:

Contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores no comércio e de seus dependentes; Contribuir, no âmbito de suas áreas de ação, para o desenvolvimento econômico e social, participando do esforço coletivo para assegurar qualidade de vida para todos (D I R E T R I Z E S G E R A I S D E A Ç Ã O D O S E S C , 2 0 0 6 , p . 7 ) ..

Vale ressaltar que esta qualidade de vida está voltada para as condições

materiais e imateriais da existência do trabalhador e de sua família, bem como as

condições de emprego e de salário que garantem o estado físico, psíquico e social

dos componentes do grupo familiar.

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Page 29: Monografia Roberta

Durante todos esses anos, o SESC se expandiu por todas as regiões do

país, prestando serviços de qualidade aos usuários em geral, englobando assim

campos de educação, lazer e entretenimento, saúde, cultura e assistência.

De acordo com dados extraídos do site oficial do SESC, em 2006, cerca

de 4,9 milhões de pessoas beneficiaram-se da ação social do SESC. A grande

maioria dos beneficiários são trabalhadores do comércio de bens e serviços, seus

familiares e dependentes. Mas o SESC abrange também as populações da periferia

das cidades, que são assistidas pela entidade através de parcerias com o poder

público, empresas privadas, sindicatos e associações de moradores.

No campo turístico, o SESC desenvolve programas de turismo social cujo

objetivo é atender as camadas menos favorecidas, de baixo poder aquisitivo,

oportunizando-as o direito ao lazer, a cultura e a convivência social. Vale ressaltar

que o SESC oferece passeios, excursões, viagens e hospedagens próprias e com

preços acessíveis. Apresenta-se em 20 estados brasileiros com 38 unidades

voltadas para o lazer e entretenimento. Considerando que os 38 centros juntos

somam 13.552 leitos e 3968 Unidades habitacionais espalhados no país, sendo que

87% deles são empreendimentos de pequeno e médio porte (DEPARTAMENTO

NACIONAL SESC, 2004). Os freqüentadores mais assíduos dessas unidades são os

grupos de terceira idade que procuram o estabelecimento principalmente nos

períodos de baixa estação.

De acordo com dados extraídos do Departamento Nacional do Sesc

(2004) a rede hoteleira do Sesc aumentou 19,39% de 1994 a 2002, com média

permanente de hóspedes de 1 a 3 dias, ou seja, a procura pelos centros de lazer e

turismo social do SESC aumentou consideravelmente.

6.1 Sesc Maranhão

Atualmente, no Maranhão existem seis unidades: quatro em São Luis,

uma em Caxias e outra em Itapecuru – Mirim. Em São Luis os quatros

40

Page 30: Monografia Roberta

estabelecimentos – SESC ADMINISTRAÇÃO, SESC DEODORO, SESC SAÚDE E

SESC TURISMO oferecem diversos serviços e organizam vários projetos

direcionados a comunidade, em busca da inserção no contexto social como central

de matrículas, galeria de arte, biblioteca, inclusão social para melhor idade, espaços

para educação, cultura, esporte e lazer, dentre outros.

O SESC é uma das instituições pioneiras em atender o púbico da terceira

idade. Desde 1989, a empresa compreendeu a necessidade que o idoso tinha em

ocupar o seu tempo tirando da ociosidade e do isolamento. Recentemente existem

grupos de convivência do Sesc São Luis e Caxias que desenvolvem trabalhos e

projetos voltados para a melhoria de qualidade de vida dos idosos.

O SESC Turismo, complexo turístico, esportivo e hoteleiro fica localizado

na Praia do Olho D’Água, acerca de duzentos metros da praia. Combinando o

conforto urbano com o exotismo de uma paisagem praiana, o complexo apresenta

uma gama de opções de entretenimento e serviços qualificados. Dispõe dos

seguintes ambientes e atrativos:

Sala de Leitura com 20 lugares.

Sala de jogos – tênis de mesa, bilhar, xadrez, damas, etc.

Piscina para adultos e crianças

Jardins amplos

Academia de ginástica com instrutores especializados

Sala de Internet para hóspedes.

Restaurante. Café da manhã, almoço e jantar, apresentando cardápio

de comida regional.

Estacionamento

Lanchonete com serviço de drinks e conveniências.

Sauna masculina e feminina.

Quadras de esportes.

Loja de souvenier.

Lavanderia. Atende as demais unidades do SESC de São Luis.

Serviço de táxi permanente

Traslado, excursões e passeios na agência de turismo do hotel.

Hotel com 53 unidades habitacionais – UH’s

A empresa divide-se em Hotel e área de entretenimento. Todos que

trabalham no comércio têm direito de desfrutar do complexo. Apesar de ser voltado

41

Page 31: Monografia Roberta

para o comerciário, o SESC Turismo atende a todo o público maranhense e até de

outras regiões.

6.2 Organização do Hotel Sesc Olho D’Água.

O hotel fica localizado nas dependências do complexo, com uma

arquitetura bem arrojada e cores vibrantes. Na entrada é possível ver uma varanda

com cadeiras confortáveis e TV de plasma. A recepção conta com um design

versátil, hall amplo e bem arejado (Foto 1).

Os quartos são decorados, com ar-condicionado, armários, camas de

casal e solteiro, iluminação natural e artificial e escritório para executivos. No total,

existem 53 apartamentos e suítes, sendo subdivididos em apartamentos simples,

dublo, triplo, suíte petit e executiva. Cada quarto possui uma TV, cofre, frigobar, ar

condicionado, telefone e varanda privativa com uma bela vista para o mar.

O Hotel oferece desconto para categoria de comerciário; também podem

se hospedar pessoas conveniadas e usuários, porém pagam sem desconto. As

diárias são estabelecidas conforme o tipo de apartamento (suíte petit e executiva-

(foto 2), apartamentos dublo e triplo – (foto 3), sendo que pode adicionar uma cama

extra) e a categoria do hóspede (usuário, conveniado e comerciário).

42

Fonte: acervo da autora

Foto 1 – Recepção e hall do hotel

Page 32: Monografia Roberta

A estrutura organizacional do Hotel é do tipo funcional simples conforme

figura 4, totalizando 29 funcionários, entre gerente, camareiras, governanta,

recepcionistas, mensageiros, etc.

43

Fonte: acervo da autoraFoto 2: Suíte petit.

Fonte: acervo da autoraFoto 3: Apartamento duplo.

Page 33: Monografia Roberta

Esse meio de hospedagem possui cadastro na Embratur e Associação

Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) desde o ano de 2001. o que garante ao

Hotel credibilidade diante dos demais hotéis de lazer.

As diárias dos apartamentos são baseadas de acordo com a categoria do hóspede

(quadro 4):

Quadro 4: Preço das Tarifas

Comerciário

Apartamento Solteiro - SGL – R$ 60,00

Apartamento Duplo - DBL- camas solteiro – R$ 60,00

Apartamento Triplo - TPL – R$ 75,00

Suíte Petit (até 4 pessoas - cama casal) – R$ 96,00

Conveniado

Apartamento Solteiro - SGL – R$ 64,00

Apartamento Duplo - DBL – camas solteiro - R$ 77,00

Apartamento Triplo-  TPL –  R$ 93,00

Suíte Petit (até 4 pessoas – cama casal) R$  120,00

44

Fonte: elaboração própria através de dados da pesquisaFigura 4: Organograma de funcionários do hotel.

Page 34: Monografia Roberta

Usuário

Apartamento Solteiro - SGL – R$ 80,00

Apartamento Duplo - DBL - camas solteiro – R$ 96,00

Apartamento Triplo-  TPL – R$ 116,00

Suíte Petit (até 4 pessoas - cama casal) R$  150,00

Fonte: http://www.sescma.com.br

Os descontos sobre as tarifas são oferecidos apenas para categoria de

usuário, com desconto de 10% e autorizado pela gerência de hospedagem. Na

recepção pode-se observar os preços das diárias, os horários das diárias (com inicio

ao meio-dia) e a inclusão do café da manhã nas diárias.

Verificou-se também o período de baixa e alta estação. O primeiro,

acontece no período onde o fluxo de turistas é considerável: meses de férias

(dezembro, janeiro, julho), Festas Juninas (junho) e feriados. O segundo, refere-se

ao período onde é menor a entrada de hospedes no hotel: março, agosto, setembro

e novembro.

7 METODOLOGIA DO ESTUDO

45

Page 35: Monografia Roberta

7.1 Técnica do estudo de caso

O estudo aborda pesquisas descritiva, exploratória e de campo com variáveis

quantitativas e qualitativas, sendo voltada para o tema adaptações hoteleiras para

terceira idade com enforque no Hotel Sesc Olho D’Água.

A pesquisa bibliográfica foi contemplada pela revisão da literatura sobre o

tema, descritiva porque relata com precisão a realidade de um fato ou

acontecimento, neste caso os serviços e equipamentos do Hotel voltados ao público

de terceira idade. Descritiva, pois relata de forma exata os fatos de um determinado

acontecido, neste caso, as adaptações do Hotel Sesc Olho D’Água para atender o

público da terceira idade. A pesquisa de campo refere-se a investigação das

adaptações no hotel em questão, bem como a demanda do público de terceira idade

existente no hotel.

7.2 Objeto da pesquisa

O objeto de pesquisa a ser analisado parte do pressuposto de que o público

da terceira idade pode representar um fator positivo para aumentar a taxa de

ocupação na baixa estação no Hotel Sesc Olho D’Água. A seleção do Hotel Sesc

Olho D’Água se enquadra na averiguação da estrutura física e organizacional em

atender esta demanda turística. Portanto, busca-se identificar as adaptações

necessárias para atender este público e verificar se elas estão presentes no Hotel

Sesc Olho D’Água. Para isto foi realizada entrevista com a gerente de hospedagem,

em que as questões eram mistas com questões fechadas e abertas. A coleta de

dados foi realizada entre os meses de outubro de 2008 a março de 2009, com

verificação in loco das condições estruturais do Hotel.

8 ANÁLISE DOS DADOS E DISCUSSÕES

46

Page 36: Monografia Roberta

O presente estudo foi baseado a partir da análise dos ambientes dentro

do hotel, assim cada tópico a seguir tratará das observações de forma analítica,

visando as adequações existentes na estrutura física e organizacional do Hotel

SESC Olho D’Água. Vale ressaltar que as adaptações observadas no Hotel tende a

atender as necessidades das pessoas idosas, levando em consideração as

restrições motoras que elas apresentam. Em certos casos a dificuldade de

mobilidade dos idosos leva ao uso de andadores, bengalas ou cadeira de rodas,

resultando assim que o hotel se adapte oferecendo equipamentos turísticos mais

seguros e bem planejados. Os idosos em geral são portadores de necessidades

especiais, pois seu organismo desgasta com a idade. Deficiências auditivas e

visuais, assim como redução dos movimentos por falta de exercícios com as

articulações, são alguns dos casos mais freqüentes.

O público de terceira idade, segundo entrevista realizada com a gerente

geral, corresponde a 40% dos hóspedes que se hospedam no hotel durante a baixa

estação. São poucos os hóspedes de terceira que chegam sozinhos, a maioria

pertence a grupos ou excursões que o próprio Sesc de outros organizam.

Destaca-se também que o hotel segue algumas normas relacionadas a

acessibilidade, sendo que são poucas as informações que os profissionais do hotel

tem sobre o assunto. Vale ressaltar que o hotel não tem serviço preferencial quanto

aos setores de recepção e governança. Apenas o setor de reservas trabalha com o

Programa Viaja Mais Melhor Idade, criado pelo Ministério do Turismo.

Serão destacados ainda os principais problemas referentes a

acessibilidade de equipamentos e serviços utilizados pelos idosos no hotel,

correlacionando assim, a literatura pesquisada e as informações da autora.

8.1 Estacionamento do hotel.

Existe um amplo estacionamento para carros tanto na frente quanto na

lateral do hotel (fotos 4 e 5). Entretanto, o hotel não oferece vagas preferenciais de

estacionamento para cadeirantes com sinalizações previstas pela legislação.

47

Page 37: Monografia Roberta

Segundo o Manual de Acessibilidade (2006) as vagas para

estacionamento de veículos às pessoas portadoras de dificuldade motora devem

obrigatoriamente possuir sinalizador com o selo internacional de acesso, ter as

vagas para veículos dimensionadas conforme a legislação nacional de trânsito e

possuir rebaixamento de guias e rampas de passeios, livres de barreiras e

obstáculos (figura 5).

48

Fonte: acervo da autoraFoto 5: Estacionamento lateral.

Fonte: Manual de Acessibilidade (2006)Figura 5: Dimensionamento de vagas.

Fonte: acervo da autoraFoto 4: Estacionamento frontal

Page 38: Monografia Roberta

O acesso de veículos dirigidos por pessoas portadoras de deficiência ambulatória deve ser sinalizado com o Símbolo Internacional de Acesso, acompanhado, quando necessário, de seta indicativa do sentido de deslocamento, bem como deve estar de acordo com a Legislação Nacional de Trânsito. As vagas para estacionamento de veículos dirigidos por pessoas portadoras de deficiência ambulatória devem ser identificadas de forma que sejam visíveis a distância. As vagas devem ser demarcadas com linha contínua na cor branca sobre o pavimento e ter o Símbolo Internacional de Acesso pintado no piso (MANUAL DE ACESSIBILIDADE, 2006, p.55).

As vagas de estacionamento reservadas para uma pessoa portadora de

deficiência física ou que tenha alguma restrição locomotora não são feitas por

conveniência e sim por necessidade, visto que o espaço exibe certas alterações

quando comparadas com as vagas usuais como, lugar mais largo e próximo a

entrada do estabelecimento, permitindo assim o fácil acesso. Dessa forma, o hotel

deve apresentar pelo menos uma vaga preferencial a essas pessoas, com

sinalizações adequadas e próximas da entrada do hotel.

8.2 Áreas de acesso e circulação do hotel.

Ao acesso a entrada se dá tanto por intermédio de rampas quanto por

escadas. O acesso pelas escadas impede as pessoas com restrição de usá-la, pois

não oferece nenhum corrimão lateral ou intermediário (foto 6).

49

Fonte: acervo da autoraFoto 6: Entrada por intermédio de escadas.

Page 39: Monografia Roberta

Além disso, o acesso secundário por meio da rampa também impede

aqueles que dependem de cadeiras de roda, visto que a rampa é muito íngreme e o

piso não é antiderrapante e o corrimão está presente apenas em um dos lados. O

acesso pela rampa feita por cadeirantes depende do auxilio de outras pessoas, ou

seja, apenas com a ajuda das pessoas é possível chegar efetivamente a recepção

do hotel (foto 7).

O manual de acessibilidade enfatiza que o uso de corrimão é obrigatório

nos dois lados das rampas e escadas, onde devem ser fixados às paredes laterais e

suas extremidades ter acabamento recurvado de modo que ofereça condições

seguras para sua utilização (figura 6).

50

Fonte: Manual de Acessibilidade (2006)Figura 6: Uso de corrimão lateral.

Fonte: acervo da autoraFoto 7: Entrada por mediação de rampa.

Page 40: Monografia Roberta

Ainda, devem-se observar os limites de inclinação das rampas, levando

em consideração a inclinação máxima de 2% e largura entre 1,20m e 1,50m para

rampas transversais, conforme quadro 5 abaixo e figura 8.

Com relação ao piso utilizado para revestir a escadas e a rampa, o

indicado seria de texturas antiderrapantes, evitando-se cerâmicas com espaçamento

que propiciam acidentes.

O hotel ainda apresenta carpetes em sua entrada de modo que o uso

destes inviabiliza a segurança de idosos que utilizam bengalas, andadores e

cadeiras de rodas (foto 8).

51

Fonte: Manual de Acessibilidade (2006)Quadro 5 : Dimensionamento de rampas.

Fonte: Manual de Acessibilidade (2006)Figura 7: Inclinação de rampas transversais.

Fonte: acervo da autoraFoto 8: Utilização de carpetes.

Page 41: Monografia Roberta

O uso de carpetes também deve ser evitado na entrada do hotel ou

embutidos no piso e nivelado de modo que estejam firmemente fixados ao piso e

não exceda 1,5cm de elevação (figura 8).

8.3 Recepção do hotel.

A recepção possui cores fortes que estimulam a percepção das pessoas,

bem como iluminação uniforme, decoração proporcional ao tipo de hotel, ambiente

espaçoso, livre de obstáculos. Todavia, percebe-se a dificuldade dos idosos

cadeirantes quanto à altura do balcão (foto 9).

52

Fonte: Manual de Acessibilidade (2006)Figura 8:Utilização de carpetes.

Fonte: Acervo da autoraFoto 9: Balcão da recepção.

Page 42: Monografia Roberta

Segundo O Manual de Acessibilidade (2006) para o atendimento

adequado, a recepção deve

Possuir balcões de atendimento automáticos ou prever o rebaixamento de uma parte do balcão a uma altura livre mínima de 0,70m do piso, que permita a aproximação frontal de pelo menos uma cadeira de rodas, possibilitando, ainda, o atendimento a pessoas idosas, gestantes e de baixa estatura, que precisam sentar para preencher fichas e cheques. Esse trecho deve ser sinalizado com o Símbolo Internacional de Acesso e deve dispor sempre de uma cadeira próxima para

utilização das pessoas anteriormente referidas (Manual de Acessibilidade, 2006, p. 12). .

O hotel, ainda, dispõe cadeira de rodas, embora a mesma não esteja em

perfeita condições (foto 10).

8.4 Áreas internas do hotel.

No que diz respeito aos banheiros sociais encontrados perto da recepção,

estes não possuem adaptação que facilite o acesso, ou seja, não apresentam os

dispositivos necessários, conforme o estabelecido pelo regulamento. Ainda, os

banheiros sociais oferecem espaços reduzidos, restringindo os idosos que

dependem de cadeiras de rodas (foto 11).

53

Fonte: acervo da autoraFoto 10: Condições da cadeira de rodas do hotel.

Page 43: Monografia Roberta

Com relação aos banheiros sociais, o Manual de Acessibilidade enfatiza que

Devem situar-se em locais acessíveis, próximos à circulação principal, devidamente sinalizado, com, no mínimo, 5% do total de cada peça adequado ao uso de portador de deficiência ambulatória ou, em caso de sanitários menores, com uma unidade de cada peça adequada a esse fim. Essas disposições aplicam-se tanto ao sanitário masculino quanto ao feminino.

Os acessórios e registros dos banheiros sociais devem fornecer

localização de acordo com o que às normas apresentadas, permitindo o fácil uso. A

utilização de barras de apoio, a altura da peça sanitária e lavatório, a localização dos

dispositivos e a área do ambiente simplificam os usuários que necessitam dessa

prioridade (figura 9)

54

Fonte: Acervo da autoraFoto 11: Banheiros sociais do hotel.

Page 44: Monografia Roberta

As providências que devem ser consideradas em relação ao hotel são: a

troca do piso utilizado no banheiro, a instalação de barras de apoio laterais, de

torneiras mono-comando, de vaso adaptado, maior espaço interno suficiente para

manobrar uma cadeira de rodas ou que garanta a circulação de pelo menos duas

pessoas e a porta deve ser aberta para fora e não para dentro.

Em consideração as demais dependências, o hotel oferece elevador com

localização privilegiada, garantindo acessibilidade aos apartamentos para todas as

pessoas, inclusive cadeirantes. As escadas de acesso aos andares possuem

corrimão lateral de ambos os lados e não tem degraus vazados, ou seja, não existe

um vão entre cada degrau (foto 12).

55

Fonte: Manual de Acessibilidade (2006)Figura 9: Acessórios sanitários de banheiros sociais do hotel.

Fonte: acervo da autoraFoto 12: Escadas de acesso aos andares

Page 45: Monografia Roberta

8.5 Unidades habitacionais - dormitórios

O hotel apesar de não fornecer nenhuma informação referente a

acessibilidade, dispõe de um quarto universal. Destaca-se neste a aplicação de

algumas normas: espaço suficiente para manobras de cadeira de rodas ao lado das

camas, mobiliário e equipamentos de fácil acesso, porta disposta com abertura para

fora e localização adequada de dispositivos de acionamento de sistemas como

interruptores, tomadas, maçanetas de portas, dentre outros (foto 13).

Não obstante, é observado um ponto negativo quanto à altura excessiva

do armário e cabideiro. As gavetas e prateiras são as únicas partes que podem ser

utilizada dentro do armário (foto 14).

56

Fonte: acervo da autoraFoto 13: Disposição do quarto adaptado

Page 46: Monografia Roberta

Os demais apartamentos oferecem condições de fácil acesso para os

idosos que possuem restrição motora, mas que independem de cadeira de rodas.

As unidades habitacionais de cada andar são diferenciadas pelas cores, o que

também facilita a pessoa distinguir o apartamento que está hospedado.

8.6 Banheiros privados.

De acordo com o Manual de Acessibilidade (2006) a aplicação das

normas em banheiros privados deve seguir os seguintes padrões, conforme a figura

10.

57

Fonte: acervo da autoraFoto 14: Armários dos quartos adaptados

Page 47: Monografia Roberta

No banheiro do apartamento universal do hotel observam-se vários

pontos positivos como: barra de apoio firmemente instalado próximo ao vaso

acoplado, altura do vaso adequada, chuveiro, ducha em forma de telefone, torneiras

acionadas por alavancas, barras vertical e horizontal no boxe, acessórios sanitários

devidamente localizados (saboneteira, cabide, papeleira, válvula de descarga).

Quanto aos pontos negativos: dimensões do boxe inferiores ao previsto

pela norma (0,80m x 1,10m), porta do banheiro com abertura para lado interno, falta

do banco tipo basculante ou cadeira de banho, espelho sem inclinação, altura da pia

inadequada (fotos 15 e 16).

58

Fonte: Manual de acessibilidade (2006)Figura 10: Perspectiva de banheiro privado.

Page 48: Monografia Roberta

59

Fonte: acervo da autoraFoto 14: Instalação do boxe-banheiro adaptado.

Fonte: acervo da autoraFoto 15: instalações de equipamentos e acessórios - banheiro adaptado.

Fonte: acervo da autoraFoto 16: Instalação do boxe-banheiro adaptado.

Page 49: Monografia Roberta

Nota-se que o hotel apresenta subsídios básicos de infra-estrutura para

atender o público de terceira de idade, embora destaque-se a falta de mais

investimentos quanto à infra-estrutura dos apartamentos, o que diminui a

acessibilidade do hotel.

O hotel, para se tornar acessível ao público de terceira idade, deve investir

não apenas em infra-estrutura, como em treinamento da equipe envolvida no

empreendimento turístico, desde ao porteiro ao gerente geral, pois todos, de certa

forma, estarão em contato com as pessoas de terceira idade. Vale lembrar que o

Hotel Sesc Olho d’Água encontra-se em um complexo turístico formado por outros

equipamentos, o que facilita a viabilidade do turismo de terceira, inclusive quando o

hotel estiver na baixa estação.

8.7 Programa Viaja Mais Melhor Idade - Hospedagem

Esse programa fora criado em 26 de novembro de 2007 pelo ministério do

turismo em parceria com a Federação Nacional de Hotéis, Bares, Restaurantes e

Similares, o Instituto Marca Brasil, a Confederação Nacional do Comércio, o Fórum

de Operadores Hoteleiros do Brasil, a Associação Brasileira de Resorts e a

Associação Brasileira da Indústria de Hotéis.

É uma iniciativa do Ministério do Turismo com diversos parceiros para promover a inclusão social dos idosos, aposentados e pensionistas proporcionando-lhes oportunidades de viajar e de usufruir dos benefícios da atividade turística, ao mesmo tempo que fortalece o turismo interno regionalizado. São parceiros deste projeto: Associação Brasileira das Operadoras de Turismo BRAZTOA, Projeto Vai Brasil, Associação Brasileira de Agências de Turismo - ABAV, Ministério da Previdência Social, Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Ministério do Trabalho, Associação Brasileira dos Clubes da Melhor Idade – ABCMI, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, Serviço Social do Comércio – SESC e Órgãos Oficiais de Turismo das Unidades da Federação (VIAJA BRASIL, 2007).

Os meios de hospedagem que participam do programa estão sujeitos ao

cumprimento de certas condições durante a prestação de serviços, tais como:

Desconto de 50% (cinqüenta por cento) em hotéis cadastrados no programa para o

público de terceira idade durante períodos de baixa estação; Publicação no site do

portal de hospedagem como forma de comprovação do tarifário; O desconto também

inclui 1(um) acompanhante, desde que ocupe a mesma acomodação; O desconto

será direcionado ao público da melhor idade através de comprovação de

60

Page 50: Monografia Roberta

documentos; e Serão aceitas somente as reservas que tiverem sido feitas com

7(sete) dias de antecedência.

O Hotel Sesc Olho D’Água participa deste programa há quase dois anos,

onde capta os hóspedes da terceira idade através do portal de hospedagem ao qual

é cadastrado. A reserva é feita de forma fácil e rápida, o que facilita o próprio idoso a

fazê-la, além disso, o setor de reservas tem a preocupação reservar os andares do

térreo para o público em questão, de modo que não seja preciso a utilização de

escadas e elevador.

Após o cadastro no programa Viaja Mais Melhor Idade percebe-se que o

hotel aumentou a taxa de ocupação durante os períodos sazonais, o que leva a crer

o percentual de pessoas idosas cresceu mais na baixa estação. Vale ressaltar que a

captação dos hóspedes da terceira idade desses não se dá somente pelo programa,

eles chegam ao hotel em grupos e excursões feitos pelo próprio SES.

61

Page 51: Monografia Roberta

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Percebe-se que o público de terceira demonstra ser um segmento

promissor para o turismo, pois a concepção de que o idoso é frágil, com saúde

debilitada e certas limitações por acúmulo de doenças, já fora superada. O idoso,

apesar de certas limitações por causa da idade, busca no turismo diversos

benefícios a sua saúde e ao bem-estar, visando novos conhecimentos e outras

experiências.

O interesse deste estudo é analisar as adaptações física e organizacional

do hotel para agregar o público de terceira idade e diminuir a sazonalidade do hotel.

Entretanto, com o decorrer da pesquisa, pode-se observar que o hotel apresenta

certos obstáculos de acessibilidade para este segmento, como também oferece

alguns equipamentos e serviços que interferem no uso adequado dos mesmos.

O objetivo da análise aqui apresentada, não é a de criticar as adaptações

existentes no hotel, mas, destacar a intenção da empresa em possuir um produto

adequado ao público potencial. É interessante ressaltar que é mais fácil construir

corretamente do que reformar o que está errado. Por isso, é importante que a os

responsáveis pela construção tenha uma visão holística em seus futuros projetos e

que o exemplo da correta aplicação da Lei venha dos órgãos que a implementaram.

Infelizmente, observa-se que o hotel não possui total conhecimento sobre

as normas que garante acessibilidade as pessoas com restrição motora. Na análise

dos dados da pesquisa no hotel Sesc olho D’Àgua detectou-se que, apesar de

possuir boa estrutura com uma gama de variedades em equipamentos e serviços

turísticos, é necessário alguns ajustes e adaptações que podem amenizar a até

resolver problemas referentes a acessibilidade de idosos no hotel. Modificação do

guarda-roupa encontrado no quarto universal; mudanças ou novas alternativas que

facilite a entrada do idoso até a recepção: colocação de barras de apoio em ambos

os lados da rampa de acesso, troca do piso da rampa e escadas, retirada de tapetes

da entrada do hotel; banheiros sociais adaptados e de fácil localização,

estacionamentos preferenciais são algumas das providencias que o hotel deve

tomar como soluções parciais.

Ainda, A pesquisa apontou que as barreiras físicas do hotel não são as

únicas enfrentadas pelos hóspedes com mobilidade reduzida. Existem as barreiras

relacionadas à atitude das pessoas que os atendem, decorrentes muitas vezes da

62

Page 52: Monografia Roberta

falta de conhecimento, ou melhor, por desconhecimento das necessidades

específicas do cliente em questão.

O público da terceira idade zela por lugares planejados e com

atendimento a sua altura, onde a estrutura turística se torna fator determinante na

escolha do hotel. Logo, o hotel deve levar em consideração algumas adaptações

quanto a infra-estrutura básica, o fácil acesso, alojamento amplo e confortável,

equipamentos especializados e equipe qualificada.

Sendo assim, é sempre importante que o meio de hospedagem esteja

preparado para atender aos casos de necessidades especiais e adotar práticas que

garantam aos idosos e às pessoas com deficiência igualdade de direitos, já que o

turismo é uma forma de promoção de bem estar social, que não se deve impedir

negar ou limitar o fácil acesso.

63

Page 53: Monografia Roberta

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